serviÇo social -...

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0 SERVIÇO SOCIAL _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ TOLEDO-PR 2012

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SERVIÇO SOCIAL

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA

JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE

ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS

ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

TOLEDO-PR

2012

1

LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA

JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE

ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS

ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Serviço Social, Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção

do grau de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª Dra. Marli Renate von Borstel

Roesler

TOLEDO-PR

2012

2

LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA

JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE

ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS

ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Serviço Social, Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção

do grau de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª Dra Marli Renate von Borstel

Roesler

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Profa. Dra. Marli Renate von Borstel Roesler

(Orientadora)

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________

Profa. Ms. Diuslene Rodrigues Fabris

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

____________________________________

Profa. Ms. Ineiva Terezinha Kreutz Louzada

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Toledo, 19 de novembro de 2012

3

Dedico este trabalho em especial aos meus

pais Lori Teodoro e João Teodoro Filho, ao

meu irmão Emílio Teodoro. Considero esse

passo mais uma conquista em minha vida, a

qual tenho muito a agradecer e, dedico

também a todos que colaboraram e tornaram o

caminho menos difícil e mais compensador..

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus, que em todos os momentos esteve ao meu

lado me amparando e me dando forças em todas as vezes que pensei em recuar. Dou graças a

essa força maior que há acima de nós e que nos conduz nos caminhos certos e exatos. Ao meu

pai João Teodoro Filho, que trabalhou de sol a sol, para que eu pudesse vir a Toledo estudar,

esforçando-se muito para me manter aqui. A minha mãe, Lori Teodoro, que me acompanhou

dia a dia, confortando-me, muitas vezes chorando comigo nos momentos de dificuldade e, na

execução dos trabalhos madrugadas a fora. Minha querida mãe que nunca permitiu eu desistir,

ao meu irmão Emílio Teodoro, por me ajudar na execução dos trabalhos, sempre me

incentivando a continuar a caminhada, sempre ao meu lado, pelas risadas e pelas brincadeiras

compartilhadas. Agradeço ao meu namorado Djeyson Golfetto, pela paciência,

companheirismo, e todo o carinho dedicado a mim. Te amo!

A todos os amigos que contribuíram na conclusão deste trabalho e me fizeram avançar

pela ajuda que me dispensaram.

A todos os professores e, em especial, a minha supervisora de campo de estágio

Melânia Aparecida Agustinha Marin, uma pessoa sábia, meiga e comprometida com o

trabalho, acompanhou-me durante dois anos, transmitindo-me conhecimento que levarei para

sempre comigo e, claro, pela paciência que teve em me ensinar.

E em especial também, a minha orientadora de TCC, Marli Renate von Borstel

Roesler, que admiro muito e a considero uma inspiração como profissional, por demonstrar

tamanha paixão no que faz, sempre dedicada, companheira, amiga e conselheira. Obrigada,

professora de coração!

Agradeço a toda a equipe do PET, a nossa Tutora e as meninas, pelo companheirismo

nesses três anos de caminhada. Dividimos no PET tantas alegrias e oportunidades

maravilhosas que aproveitei e levarei na lembrança para sempre comigo. Muito obrigada a

todos os Petianos!

Agradeço a toda a equipe do Projeto Florir Toledo, que me acolheu muito bem e fez

com que eu me sentisse parte desta instituição.

Aos sujeitos desta pesquisa que se dispuseram e compartilharam suas experiências

com esta pesquisadora.

MUITO OBRIGADA A TODOS!

5

Sustentabilidade é quando podemos ver;

sentir; tocar numa flor, numa árvore,

comer uma fruta, sentir o perfume das

manhãs, respirar ar puro, tomar a

água límpida de um riacho e deixar

tudo lindo para que nossos filhos e netos

possam sentir, comer, tocar, ver, beber

e respirar o mesmo ar puro que um dia

tivemos para nós.

Silvia Aparecida Maia.

6

SILVA, Larissa Teodoro Reckziegel da. Juventude e o Direito Fundamental ao Meio

Ambiente Ecologicamente Equilibrado: reflexões aproximativas às abordagens no Projeto

Florir Toledo. Trabalho de Conclusão de Curso (Bachaelado em Serviço Social). Centro de

Ciências Socias Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo - PR,

2012.

RESUMO

O presente trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é resultado da experiência e da

participação como acadêmica bolsista do Programa de Educação Tutorial PET do Curso de

Serviço Social, da UNIOESTE, com o tema: Meio Ambiente e Uso Sustentável dos Recursos

Naturais, no Projeto de Extensão: OFICINAS DE FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO

AMBIENTAL. Tema: Ação da juventude na defesa da proteção do meio ambiente sadio e

equilibrado e dos direitos humanos, coordenado pela Sala de Estudos e Informações Políticas

Ambientais e Sustentabilidade – SEIPAS, nos anos de 2010 a 2012. Tem por tema e objeto de

estudo reflexões aproximativas à concepção do Projeto Florir Toledo - instrumento de

garantia de direitos fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental, pautado no

seguinte problema: Em que medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do

direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã

dos jovens participantes? O objetivo geral do estudo é trazer reflexões aproximativas quanto à

implementação do Projeto Florir Toledo enquanto um instrumento de garantia de direitos

fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental, aproximada à percepção de jovens

participantes e gestores de políticas municipais. Tendo como objetivos específicos

contextualizar o Projeto Florir Toledo como forma de instrumentalização da política da

juventude, garantia de direitos humanos, enfrentamento de questões ambientais e promoção

do desenvolvimento sustentável; identificar o perfil dos jovens que frequentam o Projeto

Florir Toledo em 2012, expectativas em relação ao desenvolvimento do projeto, das oficinas

de educação ambiental e avaliação de seus impactos à formação e à prática cidadã; abordar a

concepção dos gestores das políticas municipais em relação a sua concepção e

instrumentalização de políticas sociais na promoção de direitos humanos fundamentais;

sistematizar conhecimentos para as ações interventivas no Serviço Social, em áreas e práticas

interdisciplinares no tema: juventude. O trabalho encontra-se dividido em três capítulos,

sendo que o primeiro retrata o modelo de proteção social no Brasil, e em que espaço a

juventude se insere como um segmento de política social. O segundo capítulo aborda o

processo de descentralização da política de proteção social à juventude, no município de

Toledo – PR. O terceiro e último capítulo apresentam os dados da pesquisa e os processos

metodológicos, a análise e a interpretação dos dados.

Palavras chaves: Juventude, Meio Ambiente; Políticas sociais; Direitos Humanos e

Desenvolvimento Sustentável.

7

LISTA DE SIGLAS

CMDCA Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente

CONJUVE Conselho Nacional de Juventude

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

PET Programa de Educação Tutorial

PNJ Política Nacional de Juventude

SAS Secretaria de Assistência Social

SECADI Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

SEIPAS Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade

SNJ Secretaria Nacional de Juventude

UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná

8

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... 6

LISTA DE SIGLAS................................................................................................. 7

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9

1 CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DO SISTEMA DE PROTEÇÃO

SOCIAL BRASILEIRO..................................................................................

11

1.1 BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL

BRASILEIRO...................................................................................................

11

1.2 POLÍTICAS SOCIAIS PARA A JUVENTUDE: UNIVERSALIZAÇÃO E A

CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SISTEMA DE PROTEÇAÕ SOCIAL................

16

1.1.2 Constituição da Política Nacional de Juventude........................................... 20

1.3 A JUVENTUDE COMO PROTAGONISTA NAS DECISÕES COLETIVAS.. 25

1.3.1 A Política Nacional de Juventude e Ações Voltadas à Proteção do Meio

Ambiente: Desafios dos Programas Governamentais...........................................

28

2 O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE

PROTEÇÃO SOCIAL À JUVENTUDE NO MUNICÍPIO DE TOLEDO.........

32

2.1 O PROJETO FLORIR TOLEDO:UM INSTRUMENTO DE GARANTIA DE

DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS.........................................................

34

2.2 O SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO INTERVENTIVA FRENTE ÀS

QUESTÕES AMBIENTAIS: APROXIMAÇÕES REFLEXIVAS..........................

36

3 PROCESSO INVESTIGATIVO JUNTO AOS JOVENS E GESTORES DO

PROJETO FLORIR TOLEDO.............................................................................

39

3.1 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA......................... 40

3.1.1 O Projeto Florir Toledo como Forma de Instrumentalização das

Políticas Sociais, Desenvolvimento da Cidadania e Enfrentamento das

Questões Socioambientais........................................................................................

42

3.1.2 As Expectativas dos Jovens em Relação ao Projeto Florir Toledo, as

Oficinas de Educação Ambiental e Avaliação de Seus Impactos na Formação

e Prática Cidadã........................................................................................................

47

3.1.3 O Envolvimento dos Jovens na Sensibilização e Capacitação Voltadas à

Proteção Ambiental e à Promoção da Cidadania.........................................

53

3.1.4 O Projeto Florir Toledo e a Integralização das Atividades Executadas

com as Políticas Sociais e Demais Projetos Sociais Voltados à Juventude..........

56

CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 60

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 64

APÊNDICES............................................................................................................. 69

ANEXOS.................................................................................................................... 86

9

INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é parte constitutiva da pesquisa

científica e da experiência como acadêmica bolsista do Programa de Educação Tutorial PET

do Curso de Serviço Social, no Projeto de Extensão: OFICINAS DE FORMAÇÃO EM

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Tema: Ação da juventude na defesa da proteção do meio

ambiente sadio e equilibrado e dos diretos humanos, coordenado pela Sala de Estudos e

Informações Políticas Ambientais e Sustentabilidade – SEIPAS, no período letivo de 2010 a

2012.

Este trabalho trata de forma geral sobre o tema/objeto “Juventude e o direito

fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado”, a partir das reflexões

aproximativas à concepção do Projeto Florir Toledo - instrumento de garantia de direitos

fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental. A juventude merece por parte dos

gestores de políticas públicas e como segmento populacional brasileiro, representatividade

nos espaços participativos de tomada de decisões coletivas relacionadas às questões

socioambientais. Portanto, devem ser instituídos e fortalecidos nos instrumentos de

planejamento e implementação de projetos sociais, mecanismos de diálogos permanentes e

espaços plurais de manifestações que garantam a participação dos jovens, para que assumam

seu papel de sujeitos históricos fomentando o protagonismo juvenil.

Desta forma, a participação e o convívio da acadêmica petiana e também extensionista

no Projeto Florir Toledo, permitiram que surgissem inquietações, questionamentos, dentre os

quais: Em que medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do direito

fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos

jovens participantes, aproximada à percepção dos jovens e gestores da política municipal de

Toledo.

Para responder os questionamentos, foi imprescindível a leitura de bibliografias que

abordam temas referentes à Política Nacional de Juventude, Política Nacional do Meio

Ambiente, Política Nacional de Educação Ambiental, questão ambiental, Desenvolvimento

Sustentável e Direitos Humanos, categorias as quais, deram embasamento à compreensão de

todo o contexto estudado e concretização deste trabalho de pesquisa científica.

Diante disso, com a finalidade de alcançar os objetivos propostos neste trabalho e uma

10

proximidade com o tema delimitado, a sistematização da pesquisa1 pauta-se pela dimensão

teórico-metodológica de caráter exploratório. “O processo começa com o que denominamos

fase exploratória da pesquisa, tempo dedicado a interrogar-nos preliminarmente sobre o

objeto, os pressupostos, as teorias pertinentes, a metodologia apropriada e as questões

operacionais para levar a cabo o trabalho de campo” (MINAYO, 2004, p. 26). Os

instrumentais de coleta de dados que possibilitam a realização, a avaliação e a conclusão

desta, pautaram-se em levantamento bibliográfico e documental (atas, resoluções) e

questionário aplicado aos jovens participantes do Projeto Florir Toledo, numa amostra de 6

(seis) jovens, e 4 (quatro) gestores municipais. As entrevistas foram realizadas a partir do

segundo semestre do ano de 2012, possibilitando no conjunto a fundamentação construtiva

desta pesquisa exploratória.

A apresentação do processo de fundamentação do tema de pesquisa, proposto no

presente trabalho, estrutura-se em três capítulos. No primeiro capítulo, priorizou-se descrever

as características históricas do sistema de proteção social brasileiro, para que se possa a partir

daí, possibilitar alguns questionamentos acerca de implementação de políticas de Estado que

detectem as novas formas possíveis de inserção social dos jovens, que não seja unicamente

por via do trabalho e, que reconheça as especificidades das distintas identidades sociais do

segmento juvenil.

No segundo capítulo, descreve-se o processo de descentralização da política de

proteção social à juventude, no município de Toledo, compreendendo os determinantes

históricos que possibilitaram a criação de espaços participativos e estratégias de

desenvolvimento social e constituição de uma política voltada à juventude no município, que

integre questões sociais e ambientais e, sobretudo, promova o protagonismo juvenil.

O terceiro capítulo, após a apresentação da metodologia empregada na pesquisa,

capítulo 3 do presente trabalho, são apresentados os dados coletados, bem como sua análise

por meio de eixos temáticos que buscam responder a problematização desta pesquisa.

Este trabalho busca contribuir na Sistematização de conhecimentos para as ações

interventivas no Serviço Social, em áreas e práticas interdisciplinares no tema: Juventude e o

direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado.

1 Projeto de pesquisa foi submetido e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – CEP/

Unioeste, Parecer nº 136/2012.

11

1 CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL

BRASILEIRO

Neste primeiro capítulo será contextualizado o modelo de proteção social no Brasil e

em que espaços a juventude se insere como um segmento de política social. Desta forma,

resgata-se o histórico de constituição e implementação de políticas que revelam a existência

de novas formas de inserir os jovens nas políticas sociais e compreender as especificidades do

segmento juventude.

1.1 BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO

No Brasil, as políticas sociais2 estão tradicionalmente e basicamente voltas para dois

públicos alvos: os pagantes e os não pagantes; segmentados em grandes grupos sendo:

crianças, gestantes, portadores de deficiência física ou necessitados de cuidados especiais e os

idosos inseridos num período mais recente. Os jovens,3 considerados como protagonistas

4 do

futuro, não estão inseridos nesse desenho (COHN, 2004).

Ainda, conforme Cohn (2004), isto é comum aos países que se fundamentam na

sociedade do trabalho, do pleno emprego e na garantia de direitos universais, ou seja, países

que experimentaram modelos de welfare State,5 sendo assim todos aqueles que não se

encontram sob a responsabilidade da família como as crianças, gestantes, nutrizes, encontram-

se vinculados direta ou indiretamente à responsabilidade do Estado. Os jovens por não

fazerem parte destas categorias e, como a autora descreve [...] “portadores da potencialidade

de sua força de trabalho quando na idade ‘adulta’, situam-se numa categoria transitória – da

infância para a maturidade [...] onde o acesso à saúde e à educação se tornam a única garantia

em que os jovens têm acesso [...]” (COHN, 2004, p.161), ou ainda tendo o acesso aos

instrumentos necessários à qualificação de sua força de trabalho, quando na idade adulta.

2 Conforme Netto (2003), entende-se por política social “[...] respostas do estado burguês do período do

capitalismo monopolista às demandas postas ao movimento social por classes (ou extratos de classes)

vulnerabilizados pela ‘questão social’. A política social pode ser designada como o conjunto das políticas sociais

e também como uma política setorial”. (NETTO, 2003, p.15). 3 “Este é um padrão internacional que tende a ser utilizado no Brasil. Nesse caso, podem ser considerados jovens

os adolescentes-jovens (cidadãos e cidadãs com idade entre os 15 e 17 anos), os jovens (com idade entre os 18 e

24 anos) e os jovens adultos (cidadão e cidadãs que se encontram na faixa-etária dos 25 aos 29 anos)” (BRASIL,

2006, p. 05). 4 “O que é o elemento principal de algum fato”(MAIA; PASTOR; 1997, p.729).

5 O Welfare State se estrutura da “[...] 1) responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos

cidadãos por meio de um conjunto de ações, em três direções: regulação da economia de mercado a fim de

manter elevado nível de emprego; prestação pública de serviços sociais universais, como educação, segurança

social, assistência médica e habitação [...]; 2) universalidade dos serviços sociais; 3) implantação de uma ‘rede

de segurança’ de serviços de assistência social” (MISHRA, apud, BEHRING;BOSCHETTI, 2007, p.94).

12

As características de modelo de proteção social brasileiro ganham uma forma própria

por ser um modelo diferente dos modelos utilizados pelos países europeus. “O vínculo

específico de expansão dos direitos sociais à situação dos indivíduos no mercado de trabalho

radicaliza a marginalização dos jovens da rede de proteção social que vai sendo forjada no

país a partir dos anos 1920” (COHN, 2004, p. 161).

Desta forma, vários conceitos e interpretações são criados com relação à própria

concepção de proteção social na política brasileira e “[...] acabam por traduzir na

implementação das políticas sociais até os dias atuais” (COHN, 2004, p. 161). A mesma

autora afirma que, o fato de a juventude não fazer parte desta política até os dias atuais, acaba

se tornando um paradoxo ao dizer que para esse segmento “[...] não tem lugar, a não ser em

programas pontuais e em regras dissociados de uma concepção mais ampla que embase um

sistema de seguridade social” (COHN, 2004, p. 161).

Todavia, no Brasil, ainda se tem uma concepção fragilizada de seguridade social6,

tanto que a juventude por ser submetida a situações de riscos como exposição às drogas, à

violência, a acidentes, como também exposta a doenças, acaba por não ser contemplada na

rede de políticas de proteção social como um item específico e, isso ocorre devido à lógica

que fundamenta essa concepção.

Por outro lado, não é correto que se deduza daí que um conjunto de políticas

de juventude, ou voltadas para esse grupo etário, entre 15 e 24, significa

reatualizar um velho e permanente traço das políticas de proteção social no

Brasil, vale dizer, a sua fragmentação. A questão é mais complexa e

demanda que se vislumbrem as possibilidades de superar as velhas

dicotomias que norteiam as políticas sociais no país, em que pese a Carta

constitucional de 1988 institucionalizar o conceito de seguridade social, e

com isso afirmar a universalidade dos direitos sociais para todos os cidadãos,

independentemente de sua situação no mercado (COHN, 2004, p. 161-162).

A década de 1990 revela, portanto, a permanência de paradigmas que influenciaram e

organizaram historicamente o sistema de proteção social brasileiro que se traduz em políticas

sociais fragmentadas, contemplando vários segmentos, assim “[...] reatualizando no âmbito da

ação do Estado interesses particulares de distintos grupos e segmentos social em detrimento

de proteção social universal e igualitário” (COHN, 2004, p.162).

6 Conforme disposto na Constituição Federal/88, em seu artigo 194, dispõe do que se trata a Seguridade Social.

“A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da

sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL,

1988, p. 55).

13

A década de 1990 foi um período, que, conforme Behring; Boschetti (2007) de “[...]

‘reformas’ orientadas para o mercado, num contexto em que os problemas no âmbito do

Estado brasileiro eram apontados como causas centrais da profunda crise econômica, vivida

pelo país desde o início dos anos 1980” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p.148).

O processo histórico do sistema de proteção social brasileiro permite uma reflexão

acerca das características que ainda se encontram presentes e se “[...] confrontam quaisquer

propostas inovadoras para transformá-lo num sistema universal, equitativo e que tenha como

matriz central uma concepção redistributiva e de reconhecimento dos direitos dos cidadãos”

(COHN, 2004, p.162).

Neste contexto, o Brasil parte nesse novo século de uma postura de enfrentamento

com a nova conjuntura econômica e social, em que os gastos na área social são extremamente

restritos, decorrentes da “[...] restrição fiscal imposta ao Estado [...]” tanto dos programas

sociais existentes quanto “[...] da formulação e implementação de políticas sociais, da

racionalidade macroeconômica sobre a da justiça social” (COHN, 2004, p.162).

O modelo de proteção social brasileiro, conforme aponta (COHN, 2004), passa por

sucessivas formulações e reformulações, marcando decisivamente o padrão de intervenção na

área social. Isto ocorre devido a esse modelo fundar-se na “[...] vinculação dos indivíduos ao

mundo do trabalho e, portanto, articuladas ao padrão de reprodução social dado pela

sociedade salarial.” (COHN, 2004, p.162-163). Tanto é que o sistema nacional de proteção

social se constitui como um marco histórico na década de 1930 “[...] instituído por Getúlio

Vargas – tido no imaginário social como ‘pai dos pobres’ – e baseado no tripé da legislação

previdenciária, trabalhista e sindical, regulando assim a relação capital/trabalho exigido pelo

projeto de industrialização então em curso” (COHN, 2004, p.163).

Para a autora, o vínculo com o mundo do trabalho expressa a articulação da política

de Estado de proteção social com o desenvolvimento do país e seu processo de acumulação.

Isso ocorre nos distintos momentos históricos do século passado revelando “[...] um projeto

nacional em que a questão social da pobreza e da desigualdade era absolutamente marginal,

responsabilidade do setor filantrópico ou do próprio Estado, mas sob um outro registro”

(COHN, 2004, p.163). A partir daí, cria-se um perfil de atuação do Estado que conforme

afirma a autora, resulta num padrão de intervenção pública, configurando os investimentos na

área social, não só como gastos, mas como gastos limitados quando o Estado tem que investir

nos setores de saúde, educação e quando tem que destinar ou reservar recursos para outros

segmentos sociais que não se encontram inseridos no mercado de trabalho.

14

No entanto, a configuração de modelo de proteção social deixa a desejar quando se

trata de direitos sociais7 repercutindo no enfraquecimento da formação de uma nova esfera

pública em nossa realidade, como por exemplo, aqueles segmentos que não estão inseridos no

mercado de trabalho, incluindo neste contexto a juventude. O segmento juventude passa então

a ser objeto de políticas caracterizadas pontuais, segmentadas e não constituídas pelo modelo

dos direitos sociais (COHN, 2004). Apesar de se estabelecer uma nova concepção de política

social “[...] não foram essas as orientações que sustentaram a implementação das políticas que

compõem a seguridade social na década de 1990” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 158).

Percebe-se conforme Cohn (2004), que até a atualidade, os gastos na área social são

incompatíveis com o projeto econômico em vigor, no qual o social ainda é submetido ao

econômico. Decorrente disto, no final dos anos 1990, ainda conforme retrata a autora, no

decorrer do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, é constituído um novo modelo,

em que a base contributiva da previdência social se desvincula da inserção do trabalhador ao

mercado de trabalho e passa a valer o tempo de contribuição do trabalhador, independente do

tempo em que esteve trabalhando. O rompimento com a lógica antecedente “[...] representa a

radicalização do império da racionalidade contábil da saúde financeira/orçamentária da

previdência social sobre a racionalidade da proteção social em relação aos trabalhadores

vinculados ao mercado formal de trabalho” (COHN, 2004, p. 164). Behring; Boschetti (2007),

ressaltam que vivemos uma experiência na década de 1990, “[...] e principalmente a partir da

instituição do Plano Real, em 1994, algo bastante diferente desse crescimento mal dividido do

tão criticado desenvolvimentismo” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 151).

Cabe também ressaltar que o sistema de proteção social brasileiro passa por algumas

vertentes de mudanças. Cohn (2004), destaca que essas mudanças resultam na progressiva

expansão dos direitos sociais “[...] contributivos e não contributivos, a partir dos anos 1970, a

distintos segmentos de trabalhadores (empregadas domésticas, trabalhadores autônomos,

trabalhadores rurais), [...] e mais recentemente se estendeu para idosos e portadores de

deficiência física [...]” (COHN, 2004, p. 164), significando uma maior cobertura dos direitos

sociais a esses novos segmentos; no entanto, essa ampliação não inclui o segmento juventude

e os que se encontram em “situação de risco” (vulneráveis a vários fatores como violência,

exploração sexual, maus tratos, abandono), sendo ressaltado que diferentemente de outros

segmentos estes não se configuram como direitos (COHN, 2004).

7 “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição”. (BRASIL,

1988, p.10).

15

Conforme explicita Faleiros (2000), as mudanças na política social implicam no

sistema de garantia de direitos “[...] Estado, sociedade e economia, modificando-se nos

embates sociais, políticos, culturais e nas crises econômicas, propiciando a emergência e

ampliação de políticas [...], assim como sua redução ou mesmo sua eliminação” (FALEIROS,

2000, p. 44).

As políticas sociais se caracterizam pela superposição de duas dicotomias: uma a “[...]

articulação entre o Estado e o mercado; outra, à articulação entre o Estado e a sociedade”

(COHN, 2004, p. 165). Desta forma, as políticas sociais se configuram numa dimensão

propriamente econômica, “[...] prevalecendo assim a lógica contábil do orçamento fiscal sobre

a lógica social dos direitos sociais [...](COHN, 2004, p. 165-166). A questão da previdência

social8, também se configura nessa mesma lógica conduzindo à “[...] ‘flexibilização’ dos

direitos sociais securitários historicamente conquistados, desvinculando-os da situação dos

indivíduos no mercado de trabalho” (COHN, 2004, p.166).

A questão da articulação entre o Estado e a sociedade apontada por Cohn (2004), há

uma regulação do Estado nos “[...] subsistemas privados da saúde e da educação, o setor

filantrópico, mas também delegada às organizações sociais a assistência social e programas ou

ações complementares às suas próprias políticas” (COHN, 2004, p.166). A partir daí,

decorrem novas dicotomias relacionadas às políticas sociais, “[...] centralização versus

descentralização; público versus privado; universalização versus focalização” (COHN, 2004,

p. 167). Compreender esses elementos significa pensar em um projeto social para o segmento

juventude, não reproduzir “[...] as dissonâncias que vêm marcando as políticas sócias em

nosso país.” (COHN, 2004, p. 167).

Nesse sentido, a equação centralização versus descentralização, assim como as demais

citadas, incide uma falsa divisão quando se fala em execução das políticas sociais, partindo do

entendimento de que qualquer projeto setorial, cada um com suas características, demandam

ações centralizadas e descentralizadas (COHN, 2004). Ao se pensar na formulação de

políticas sociais, as mesmas “[...] não podem ser pensadas como autônomas em face da

orientação macroeconômica [...], não existe, por um lado, política econômica e, por outro,

políticas sociais” (NETTO, 2003, p.23). Considerando que o Brasil abarca características de

desigualdades, heterogeneidade e também pelo fato de o Estado ser “[...] a única instituição

social que possui instrumentos efetivos de redistribuição de riquezas em nossa sociedade,

8 “A previdência social se constitui como parte integrante da seguridade social. A Previdência Social tem por fim

assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade

avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de

quem dependiam economicamente” (CFESS, 2007, p.125).

16

portanto, capaz de formular e implementar políticas de caráter estruturante e não somente

políticas emergenciais conjunturais” (COHN, 2004, p. 167).

A administração das políticas sociais, no seu caráter democrático e descentralizado,

[...] deve garantir gestão compartilhada entre governo, trabalhadores e

prestadores de serviços, de modo que aqueles que financiam e usufruem

direitos (os cidadãos) devem participar das tomadas de decisão. Isso não

significa, por outro lado, que os trabalhadores e empregadores devem

administrar as instituições responsáveis pela seguridade social. Tal

responsabilidade continua sob a égide do Estado (BEHRING; BOSCHETTI,

2007, p. 158).

Quando se discute descentralização no Brasil, parte-se da ideia de que “[...] muitas são

as nossas disparidades regionais e também as diversidades locais” (JOVCHELOVITCH,

1998, p. 35). Ao discutir descentralização, para Jovchelovitch (1998), as diferentes “[...]

facetas que compõem o processo de descentralização e municipalização no Brasil e as

complexidades de que se reveste o tema, torna esta apenas uma primeira abordagem. Some-se

a isso o fato de que é um processo em movimento e, portanto apresenta avanços e recuos”

(JOVCHELOVITCH, 1998, p. 48).

1.2 POLITICAS SOCIAIS PARA A JUVENTUDE: UNIVERSALIZAÇÃO E A

CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SITEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL

Ao falar em políticas sociais compreende-se que, a mesma, venha garantir o acesso às

condições de vida, à garantia de direitos e de trabalho aos cidadãos. Quando se trata de

políticas para a juventude, se efetivada, abrange a um quinto da população brasileira, ou seja,

34 milhões de jovens cidadãos (COHN, 2004).

Entretanto, considerando a amplitude que toma o segmento juventude, deve-se ter o

entendimento da importância da articulação entre universalização e focalização. Para se

compreender estas especificidades da política, infere-se que o processo que caracteriza esse

entendimento ocorre devido

[...] o modelo de proteção social que se moldou ao longo do século XX, que,

igual ao moldado nos países europeus, pautava-se na sociedade do trabalho –

enquanto tal, defendia seus parâmetros de regulação da concessão de direitos

não só pela capacidade contributiva dos assalariados, criando assim padrões

de solidariedade social, mas também pela trajetória etária da vida dos

indivíduos segurados pautados pelo mercado de trabalho (COHN, 2004, p.

168).

17

A característica de modelo de proteção social brasileiro faz com que as políticas sociais

se tornem frágeis, quando o “[...] segmento etário/social ‘em transição’ da infância para a

idade adulta (trabalhador), não encontra lugar no nosso sistema de proteção social, já que sua

matriz estrutural era exatamente o trabalhador assalariado do mercado formal de trabalho”

(COHN, 2004, p. 168). Isso se dá pelo fato de as políticas sociais serem concebidas pelas

políticas econômicas, sendo priorizados os investimentos econômicos, há, não obstante,

desvantagens para os investimentos sociais, como também pelo fato de questões como a

pobreza serem superáveis se a economia brasileira estiver numa fase de bom desempenho,

[...] as políticas sociais não só não enfrentavam a questão geracional – qual

prioridade dar para os gastos sociais, para os jovens ou para os velhos –

como os jovens, desde que inseridos no mercado formal de trabalho,

contavam com o sistema de solidariedade social da previdência social, que

se dava exatamente entre as gerações (ativos/inativos) (COHN, 2004, p.

169).

Entretanto, as particularidades das políticas ainda permanecem na atualidade, os gastos

sociais continuam a ser incompatíveis com o projeto econômico em vigor, ou seja, pensa-se

em gastos sociais e não em investimentos sociais. Assim, novos desafios surgem quando se

fala em políticas para juventude, no sentido de que se construa uma nova proposta de política,

que venha trabalhar a universalização e a focalização articuladamente, “[...] pautadas pelas

premissas dos direitos sociais, construindo-se um sistema de proteção social não mais pautado

pelo trabalho como mecanismo central de inserção social [...], que lhes garantam fontes de

renda de maneira sustentável [...]” (COHN, 2004, p. 170), há também o desafio de:

[...] romper com dois aspectos das orientações que têm marcado as ações

federais nos últimos anos: o primeiro diz respeito à total ausência dos jovens

nas formulações das políticas; o segundo incide sobre a capacidade do

governo federal de fomentar uma concepção abrangente dos jovens como

sujeitos de direitos, de modo a desconstruir arraigadas formulações que

reiteram o tema do controle dos jovens e de sua identificação como

problemas sociais (SPOSITO, 2008, p. 72).

Contudo, um novo pensar sobre as políticas sociais para a juventude, na perspectiva de

universalidade, é de suma importância, uma vez que o mercado de trabalho não é a única

possibilidade de sua inserção social (COHN, 2004). “A ausência de atores coletivos

articulados ou de redes, em nível nacional, [...], envolvendo não só os jovens como também

outras presenças, dentre elas pesquisadores da universidade e organizações da sociedade

civil” (SPOSITO, 2008, p. 72-73), mostram um logo caminho e uma longa conquista em torno

18

de formulações e conformidade de opiniões sobre as formulações das políticas sociais.

“Advoga-se a importância de nexos entre diferentes movimentos sociais por identidades e

combinações de referências na consideração de políticas de identidade ampliada e de ações

afirmativas” (CASTRO, 2004, p. 276).

Alternativas para a inclusão social da juventude “[...] são pouco conhecidas e

reconhecidas diante da multiplicidade e da riqueza de iniciativas relativas às estratégias de

sobrevivência que vêm emergindo, dificilmente capturadas pelo Estado e traduzidas em ações

públicas que promovam sua potencialidade” (COHN, 2004, p. 171), tendo como o primeiro

passo a ser conquistado a compreensão de qual é o espaço da juventude, na sociedade atual,

[...] sem desconhecer os estreitos limites impostos hoje pelos

constrangimentos de ordem macroeconômica, é exatamente reconhecer as

identidades dos diferentes sujeitos sociais presentes na sociedade,

resgatando-se sua autonomia ante o já instituído por meio de políticas

publicas criativas e inovadoras pautadas pelo paradigma dos direitos de

cidadania (COHN, 2004, p. 172).

Logo, políticas para o segmento juventude apresentam especificidades que devem

caminhar sob a perspectiva da universalidade dos direitos sociais, justo porque se trata “[...]

do ciclo social de vida dos indivíduos [...]” (COHN, 2004, p. 172), e conforme Castro (2004),

“[...] o desenho de um enfoque ‘geracional/juvenil’ apenas se esboça, e pede mais

investimento teórico-político e leitura mais reflexiva a partir da base de pesquisas sobre essa

população, base que vem se ampliando nos últimos anos, no Brasil” (CASTRO, 2004, p. 276).

Dentro dessa reflexão,

A superação estaria em situar as políticas no marco definido entre os

Direitos Humanos, o Estado de Direito e a Democracia. Entretanto, na

prática, isso não é possível até transcender não tanto o esquema do até hoje e

que aponta simplesmente para as reformas dos sistemas de distribuição e

redistribuição da renda, mas sim indo contra a lei desse “até hoje”, que não é

nada mais do que a imposição, transformada uma e outra vez para atualizar

sua vigência da lei do valor (ABAD, 2008, p. 22-23).

Portanto, deve-se estabelecer a compreensão e o reconhecimento da “[...] ação

autovalorizadora da juventude como sujeito em emancipação e libertador” (ABAD, 2008,

p.23), construindo um novo perfil de intervenção do Estado na área social, a partir de políticas

que insiram os segmentos sociais que se encontram excluídos na sociedade (COHN, 2004, p.

173).

19

Outro ponto fundamental que merece destaque para se promover a inclusão social da

juventude como forma de reconstruir a ação do Estado mediante as políticas sociais, diz

respeito ao enfrentamento da “questão social” 9, não por meio de suas consequências inerentes

ao mercado, mas justamente pelo seu início, “[...] sua gênese está na maneira com que os

homens se organizaram para produzir num determinado momento histórico, [...] constituição

das relações sociais capitalistas – e que tem continuidade na esfera da reprodução

social”(BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 52).

Dadas estas características a cerca da “questão social” e suas expressões, conforme

Cohn (2004), demanda uma ação de busca intensificada das características e reconhecimento

dos sujeitos sociais, a partir da compreensão das desigualdades sociais e a gênese das

expressões da questão social, para que a partir dessa busca que caracteriza a sociedade

capitalista, reconheça-se “[...] a diferenciação da ordem social contemporânea e da expressão

dos conflitos sociais em jogo, se amplie o espaço público” (COHN, 2004, p.174), não

bastando racionalizar as políticas sociais, mais enfrentás-la para que seja feita um novo

desenho das políticas, “[...] de redefinir sua qualidade na relação Estado/sociedade, tornando-

as artífices de uma nova relação entre ambos que fortaleça a esfera pública, democratize o

Estado e permita o exercício autônomo da cidadania” (COHN, 2004, p.174).

Para que aconteça essa reformulação, é fundamental a implementação de mecanismos

criativos de controle público, como forma de instrumento valioso para a emancipação dos

indivíduos diante do Estado. A participação da sociedade promove a transparência e torna

visíveis as ações do governo frente às políticas sociais para que, de fato, haja a concretização

de direitos (BEHRING; BOSCHETTI, 2007).

A participação social, traz o desafio de “[...] que se constituam espaços de construção

de uma rede de proteção que tenha como matriz central a concepção dos direitos sociais,

abrangendo pobres e ricos, crianças, jovens, adultos e velhos, homens e mulheres, negros,

brancos e índios” (COHN, 2004, p.176), sem que haja a exclusão de um e outro, uma vez que

as tornam iguais é a condição de cidadãos10

como objetos das políticas sociais, independente

9 “A compreensão em torno da ‘questão social’ considerando‑a também em suas dimensões histórico‑concretas

[...] implica ultrapassar o nível universal do debate, referido ao modo de produção e suas categorias centrais

(capital e trabalho), e apanhar as mediações próprias da formação social. Ou seja, para explicar a ‘questão social’

no Brasil, não basta identificar as categorias centrais ao modo de produção capitalista — a relação antagônica

entre capital e trabalho, por exemplo — que compõem o nível da universalidade. Há que acrescentar a esse nível

a singularidade dos componentes dessa sociedade enquanto formação social concreta, para que se tenha

condições de dimensionar suas particularidades como mediações centrais das expressões da ‘questão

social”(SANTOS, 2012, p. 433 ). 10

De acordo com Bredariol; Vieira (1998), “A cidadania seria composta dos direitos civis e políticos [...] e dos

direitos sociais[...]. Os direitos civis [...] correspondem aos direitos individuais de liberdade, igualdade,

20

da sua posição no mercado. Conforme Bredariol; Vieira (1998), essa concepção implica um novo

entendimento de cidadania,

[...] onde é necessária uma maior igualdade nas relações sociais, novas

regras de convivência social e um novo sentido de responsabilidade pública,

onde os cidadãos são reconhecidos como sujeitos de interesses válidos, de

aspirações pertinentes e direitos legítimos. Esse conceito de cidadania

enterra o autoritarismo social e organiza um projeto democrático de

transformação social, que afirma um anexo constitutivo entre as dimensões

da cultura e da política. [...] estas serão as responsáveis pelas transformações

das prática sociais, pelo aprendizado social e pela construção de novas

formas de relação, que incluem não somente a criação de sujeitos sociais

ativos, mas também a integração das classes privilegiadas com os novos

cidadãos (BREDARIOL; VIEIRA ,1998, p.30)

Os indivíduos vivem num processo permanente de construção social, sua identidade é

resultado dos valores adquiridos, construídos nas relações com outros sujeitos, da participação

ativa na sociedade. Os indivíduos, como atores sociais, passam a participar da tomadas de

decisões, seja no seu bairro, no município ou no Estado, a sua vivência dá um sentido ao

segmento social em que estão inseridos, fazendo com que se tornem protagonistas de sua

história, de sua vida e passem a ter uma consciência mais crítica da realidade, dando sentido e

valor também às novas propostas de políticas sociais e espaços democráticos para desenvolver

e efetivar o protagonismo.

1.2.1 Constituição da Política Nacional de Juventude

Ao longo do período de Ditadura Militar, que perdurou por 20 (vinte) anos entre

meados de 1960 a 1980, o Brasil a partir da década de 1980, sofre um avanço no campo das

políticas, passando por um processo de democratização e politização da sociedade. Esse

marco na história brasileira ocorreu devido às conquistas por meio das lutas sociais populares

e suas estratégias de organização (SILVA, 2005). De acordo com Bidarra; Oliveira (2008),

dentre as conquistas democráticas sociais, destacam-se os setores da sociedade civil ligados à

realidade vivenciada por crianças e adolescentes, cujas instituições acolhiam e trabalhavam

propriedade, de ir e vir, direito à vida, segurança, etc. [...] já os direitos políticos [...] dizem respeito à liberdade

de associação e reunião, de organização política e sindical, à participação política e eleitoral, ao sufrágio

universal, etc. São também chamados direitos individuais exercidos coletivamente [...]” (BREDARIOL;

VIEIRA, 1998, p.22).

21

com essas crianças e adolescentes denominados de menor11

e amparados pelo Código de

Menores.

Estes movimentos organizados [...] tiveram participação direta na elaboração da

constituição Federal de 1988. Além dos princípios democráticos gerais, a Carta Magna traz,

em seu artigo 227, um princípio essencial que diz respeito aos direitos de crianças e

adolescentes [...]. (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 163), como uma conquista no campo da

garantia de direitos fundamentais:

Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança

e ao adolescente com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,

além de colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, p. 62).

Este foi o ponto de partida para a criação de um estatuto que de fato amparasse os

direitos da criança e do adolescente e que superasse o então Código de Menores12

,

[...] representava os ideais dos militares que estavam em crise. Não

correspondia aos interesses das forças políticas e da sociedade civil e nem

representava os interesses das crianças e dos adolescentes, os quais

permaneciam confinados nas instituições totais e submetidos ao poder

discriminatório do juiz de menores (SILVA, 2005, p.32).

Partindo da premissa de se pensar uma nova forma de abordar os interesses das

crianças e dos adolescentes, “[...] a Convenção sobre os Direitos da Criança em 1989, deu

início a novas discussões e mobilizações no país, que culminaram com a promulgação da Lei

federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”

(BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 164).

Ainda, conforme as autoras, essa legislação exigiu a concretização de uma nova

trajetória ao abordar o segmento criança e adolescente. “[...] revogou o Código de Menores de

1979, extinguiu o conceito de ‘menores em situação irregular’, e comprometeu-se com a

perspectiva da ‘doutrina da proteção integral’” (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 164). A

proteção integral constitui-se como prioridade absoluta e responsabilidade de toda a

11

“O termo ‘menor’ aqui usado se justifica conforme a legislação e a literatura da época, pois somente após a

promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, é que passa a existir a definição, em lei, das

terminologias ‘criança’ e ‘adolescente’” (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 159 rodapé). 12

O Código de menores foi a Lei que antecedeu ao Estatuto da Criança e do Adolescente .Ver Bidarra; Oliveira

(2008) .

22

sociedade, a família, a comunidade e o poder público torná-la efetiva, atuando de forma

conjunta (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008).

A conquista de um estatuto que garanta os direitos da criança e do adolescente é um

processo de resultados em que, pode-se observar:

A história das políticas e da infância [...] é vista na dinâmica própria das

relações entre agentes e forças sociais e políticas que se aglutinaram e

confrontaram em diferentes momentos históricos a partir da promulgação da

República. Trata-se na realidade, de um processo contraditório complexo,

que não pode ser reduzido a uma linearidade ou evolução. Destaca-se mais

propriamente um embate de questões que vão se configurando de acordo ao

contexto econômico às ideias e teorias em movimento, às forças políticas em

presença, à forma de Estado em vigor. (FALEIROS, 2011, p. 85-86).

Surge, neste contexto, um novo olhar sobre o segmento infanto-juvenil. A partir da

década de 1990, este segmento passa a considerá-los como sujeitos de direitos fundamentais,

e como descreve Silva (2005), “[...] não podemos considerar o ECA produto de um

movimento nacional uniforme e convergente, oriundo tão somente dos anseios das lutas

sociais, mas também como resultado de diferentes interesses políticos, jurídicos e sociais”

(SILVA, 2005, p. 41). Consideram-se como conquistas de um processo histórico de lutas de

diversos movimentos pela garantia dos direitos infanto-juvenil.

No entanto, como descrito por Iamamoto (2008), há de se destacar que a sociedade

brasileira - em específico o segmento infanto-juvenil - sofreu e vem sofrendo um agravamento

frente às desigualdades expressas na sociedade capitalista, que por sua vez influenciam no

processo de desenvolvimento do país, “[...] carrega a história de sua formação social,

imprimindo um caráter peculiar à organização da produção, às relações entre o Estado e a

sociedade, atingindo a formação do universo político-cultural das classes, grupos e indivíduos

sociais (IAMAMOTO, 2008, p. 128).

O Brasil, em sua formação social, traz particularidades que em seu desenvolvimento

econômico e social se coloca entre a expansão das forças produtivas e as relações sociais na

formação capitalista; logo, isso faz com que se amplie a riqueza e junto as desigualdades

sociais e o consequente aumento da pobreza, deixando à margem da sociedade a maioria dos

segmentos que compõe a sociedade, no que diz respeito ao direito de usufruir as conquistas do

trabalho que se direciona aos direitos políticos, civis, sociais e econômicos como também

culturais, artísticos e jurídicos (IAMAMOTO, 2008).

As desigualdades sociais que afetam as crianças e os adolescentes, como uma das

expressões da “questão social”, vêm diminuindo quando o ECA passa a assegurar os direitos

23

fundamentais desse segmento, que por sua vez estiveram intrinsecamente atrelados ao

processo de construção dos direitos humanos (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008).

Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA (2009), no que se refere

ao segmento juventude, a promulgação do ECA, em 1990, além de viabilizar direitos às

crianças e aos adolescentes, também foi um marco importante para a “[...] questão juvenil,

mesmo reconhecendo que seus avanços se aplicaram apenas aos jovens até a faixa etária de 18

anos incompletos” (IPEA, 2009, p.48). Nesse período, o tema juventude tinha pouca

relevância devido às mobilizações estarem centradas na garantia dos direitos de crianças e

adolescentes, incluindo recentemente os jovens na agenda política, tanto no Brasil quanto a

nível mundial (IPEA, 2009).

A juventude passou a ser incluída nas políticas sociais “[...] de forma mais

consistente, por motivos emergenciais, já que os jovens são os mais atingidos pelas

transformações no mundo do trabalho e pelas distintas formas de violência física e simbólica

que caracterizam o século XXI” (BRASIL, 2006a, p.6). É na década de 1990, que o tema

juventude ganhou maior relevância, “[...] a partir dos esforços de pesquisadores, organismos

internacionais, movimentos juvenis e gestores municipais que enfatizavam a singularidade da

experiência social desta geração de jovens” (BRASIL, 2006a, p.6).

Os debates públicos frente o ECA deram visibilidade aos direitos da criança e do

adolescente, contudo, o segmento juventude,

[...] com idade superior a 18 anos eram atendidos por políticas voltadas para

a população em geral e as políticas públicas de juventude eram marcadas por

uma abordagem emergencial, cujo foco era o jovem em situação de risco

social. Ainda que esta perspectiva seja importante, ela é insuficiente, pois é

preciso considerar as heterogeneidades da juventude. O universo juvenil é

complexo, compreende múltiplas singularidades que precisam ser levadas

em consideração na elaboração e implementação de políticas públicas

(BRASIL, 2006a, p.6).

É fundamental que se compreendam as particularidades deste segmento de sociedade

para formular uma política voltada aos direitos fundamentais dos jovens, garantida, inclusive

pela Lei. Contudo, a juventude como uma demanda política e tema das políticas sociais “[...]

somente irá emergir depois do processo de redemocratização corporificado no processo da

constituinte” (IPEA, 2009, p. 49). Vale ressaltar que, embora separados do processo como

tema, várias organizações juvenis participaram ativamente na luta pela democratização e da

construção de pautas no interior de vários movimentos sociais. (IPEA, 2009). Essas

24

iniciativas “[...] pressionavam o poder público a reconhecer os problemas específicos que os

afetavam e a formular políticas que contemplassem ações para além daquelas que apenas

viam os jovens como sinônimos de problema” (IPEA, 2009, p. 48).

Começa assim, surgir o entendimento de que os jovens são sujeitos de direitos,

especificidades e necessidades, rompendo com a definição de serem caracterizados como

incompletudes ou desvios. E esse novo entendimento deve ser reconhecido no espaço público

como demandas legítimas de um segmento de sociedade (IPEA, 2009).

Deve-se considerar, sobretudo, a importância de se ter uma política direcionada à

juventude como uma demanda específica e não mais como a população em geral, percebendo

os anseios e as perspectivas que a caracterizam. A juventude é uma condição social,

parametrizada por uma faixa-etária. Entretanto, a classificação etária se emprega apenas como

um parâmetro social para o reconhecimento político da fase juvenil, servindo como uma

referência imprescindível e genérica para a elaboração de políticas sociais (BRASIL, 2006a).

Com o propósito de trabalhar a temática juventude, fomenta-se a elaboração de

políticas fundamentadas nos princípios da garantia de direitos sociais; em 2004, iniciam-se no

Brasil iniciativas para criar uma política específica aos jovens, a partir de

[...] um amplo processo de diálogo entre governo e movimentos sociais

sobre a necessidade de se instaurar uma política de juventude no país. O

desafio era o de pensar políticas que, por um lado, visassem à garantia de

cobertura em relação às diversas situações de vulnerabilidade e risco social

apresentadas para os jovens e, por outro, buscassem oferecer oportunidades

de experimentação e inserção social múltiplas, que favorecessem a

integração dos jovens nas várias ESFERAS sociais (IPEA, 2009, p. 49)

Este processo de diálogo para a criação de uma Política para a juventude concedeu

repercussão nacional à temática juventude, sendo que, várias iniciativas foram tomadas

contribuindo para que em fevereiro de 2005, criasse uma estrutura institucional federal para a

implementação de uma Política Nacional de Juventude, formada pela Secretaria Nacional de

Juventude – SNJ e o Conselho Nacional de Juventude – Conjuve; e em 2006, é então

elaborado um diagnóstico13

da condição juvenil no Brasil e, a partir, daí cria-se a Política

Nacional de Juventude (IPEA, 2009).

13

“Na etapa do diagnóstico e da elaboração da proposta da Política Nacional de Juventude, o Grupo

Interministerial, formado por representantes de 19 ministérios, incluindo representantes do Ipea e das secretarias

especiais, realizou mapeamento dos programas federais existentes e que eram voltados direta ou indiretamente

para este segmento da juventude. Foram identificadas nada menos do que 135 ações federais, que estavam

vinculadas em 45 programas e eram implementadas por 18 ministérios ou secretarias de estado. Deste total de

ações, apenas 19 eram específicas para o público jovem do grupo etário de 15 a 24 anos. As outras 112 ações,

ainda que incidissem sobre os jovens, não se voltavam exclusivamente a este público. A partir deste trabalho, o

25

O SNJ e o Conjuve como órgãos representativos constituem-se “[...] com o objetivo de

articular os programas federais de juventude existentes em diversos órgãos do governo federal

e o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), órgão de articulação entre o governo e a

sociedade civil, consultivo e propositivo” (IPEA, 2009, p. 50).

O Conjuve intenciona assegurar e representar politicamente o segmento juventude por

meio do diálogo “[...] entre a sociedade civil, o governo e a juventude brasileira [os quais]

desenvolvem programas e ações voltados para a juventude, e representantes do Fórum de

Gestores Estaduais e da Frente Parlamentar de Políticas Públicas de Juventude e das entidades

municipalistas” (BRASIL, 2006b, p. 9). Este, juntamente com a Conferência Nacional de

Juventude, torna-se “[...] um espaço de realização do controle social da Política Nacional de

Juventude e de todas as ações vinculadas a ela” (BRASIL, 2006b, p. 9).

A efetividade do Conjuve frente à juventude brasileira, vem dar representatividade a

esse segmento de sociedade. A Política Nacional de Juventude, apesar de recente, é o

resultado de lutas e conquistas da juventude, no que se refere à garantia de direitos ,

respeitando a diversidade que caracteriza este segmento e sua identidade. Neste sentido,

espaços de discussões sobre esta temática se constituem nas mais diferentes áreas como forma

de proporcionar a participação dos jovens nas decisões políticas e, além disso, fomentar o

protagonismo juvenil.

1.3 A JUVENTUDE COMO PROTAGONISTA NAS DECISÕES COLETIVAS

Atualmente, a juventude, em grande proporção, é alvo de discussões das políticas

sociais, no sentido de incluir a juventude, dando-lhe uma atenção diferenciada e renovadora.

Efetivar a inclusão dos jovens nas políticas, implica a compreensão da diversidade que

caracteriza os jovens, concretizando democraticamente sua participação14

na tomada de

decisões e na elaboração e definições de políticas sociais, significando, a partir de uma nova

compreensão,

grupo identificou a frágil institucionalidade, fragmentação e superposição das políticas federais de juventude,

sugerindo a urgente necessidade de criação de uma instância de coordenação e de articulação, que tivesse, entre

outras atribuições, a de combater o paralelismo e a fragmentação das ações federais dirigidas ao público jovem”

(IPEA, 2009, p. 50). 14

Conforme Jacobi (2005), “[...] a participação deve ser entendida como um processo continuado de

democratização da vida dos cidadãos, cujos objetivos são: 1) promover iniciativas a partir de programas e

campanhas especiais visando o desenvolvimento de objetivos de interesse coletivo; 2) reforçar o tecido

associativo e ampliar a capacidade técnica e administrativa das associações e 3) desenvolver a participação na

definição de programas e projetos de interesse coletivo, nas suas diversas possibilidades” (JACOBI, 2005, p.

232).

26

[...] não só questionar o Estado para captar o novo, não mais como o “futuro

já previsto da sociedade salarial”, mas a capacidade de técnicos, políticos e

especialistas das mais diferentes áreas captarem o que são essas juventudes

hoje, esses novos sujeitos sociais que não encontram mais no Estado e na

ordem estabelecida a alteridade que permite a construção de sua identidade

social, seja em termos políticos, seja em termos sociais e culturais

(FORACCHINE apud COHN, 2004, p.178).

Cabe ao Estado compreender e reconhecer as características que formam o segmento

juventude, por meio de propostas com o objetivo de “[...] fazer com que as políticas [...]

estejam sintonizadas com a realidade, com a dimensão da diversidade de gênero, etária, racial,

em relação às deficiências e a tudo aquilo que constitui as questões da diferença e da

diversidade” (PONTUAL, 2008, p.113-114). Os jovens por serem um segmento em

desenvolvimento “[...] têm direito ao tratamento diferencial para que possam melhor equacionar

educação/ lazer-esporte / formar-se/ iniciação sexual sem reprodução de estereótipos/ exercer um

pensamento/ ação crítico-criativa que colabore em avanços civilizatórios [...]” (CASTRO, 2004, p.

280).

Esse olhar diferenciado para o segmento juventude legitima “[...] suas demandas e

necessidades, vale dizer, sua legitimidade enquanto sujeitos sociais que vivem experiências

ainda não institucionalizadas pelo Estado” (COHN, 2004, p.177). Deve-se proporcionar à

juventude o diálogo e a participação na tomada de decisões no campo das políticas sociais,

evidenciando seu protagonismo e sua autonomia como sujeitos e atores na sociedade, assim,

Não se pode mais imaginar políticas públicas suficientes e eficazes se elas

não incorporarem os atores diretamente interessados. Essa incorporação

pode envolver momentos de consultas e de escuta, mas elas têm que chegar

ao momento da deliberação. É muito fácil falar em participação, em

discussão, mas o grande desafio é criar espaços específicos, deliberativos

para as pessoas que estão envolvidas na construção dessas esferas de

políticas públicas (PONTUAL, 2003, p.114).

De sobremaneira, esses espaços deliberativos proporcionam a participação social da

juventude, tornando-se um salto na conquista dos direitos. Conforme disposto na política de

juventude, “É preciso que a sociedade e o Estado sejam receptivos às possibilidades e

oportunidades de participação juvenil, não só por motivos de ampliação da democracia, mas

também pela importância da vivência política nos processos de desenvolvimento pessoal dos

jovens” (BRASIL, 2006, p. 37). Todavia, o jovem não deve ser chamado apenas a “[...]

homologar as decisões previamente tomadas pelos governos. Esses, porém, devem promover

o direito de todos à participação” (BRASIL, 2006a, p. 38).

27

Quando pensamos em diálogo e participação é preciso distinguir a necessidade de

organização do segmento juventude na sociedade civil. Os jovens organizados efetivam

autonomia na sociedade. “Por outro lado, esta se complementa com a criação do que se chama

de espaços e canais institucionais de participação em que a juventude está presente”

(PONTUAL, 2003, p.115). De acordo com Pontual (2003), esses canais representativos

devem manter o diálogo com o poder público e compreender qual o seu papel e a diferença

entre organização autônoma da sociedade civil. É importante reconhecer as necessidades

apresentadas pelos espaços autônomos, como também reconhecer as necessidades dos canais

institucionais específicos como o segmento juventude. As demandas apresentadas pela

juventude,

[...] são parte do conjunto das demandas da sociedade, que envolvem outros

segmentos e outros atores. O que é necessário é criar espaços específicos

que, ao mesmo tempo, não se tornem espaços corporativos, nesse caso de

esquecer o conjunto da sociedade. Este é, principalmente, um desafio de

ordem política, cultural, pedagógica, que é a afirmação de um segmento

específico. No caso da juventude, sua afirmação e constituição de identidade

precisa ter interlocução com o outro (PONTUAL, 2003, p.116).

É importante que ao instituir as políticas sociais, sejam reconhecidas as diversidades

que caracterizam os jovens e que se levem em conta ao criar programas e ações, essa

diversidade. “Existem jovens negros, mulheres, homens, portadores de deficiência, jovens

com diferenças econômicas, de acesso diferenciado de direitos” (PONTUAL, 2003, p.116).

Há a necessidade de “[...] transformar a temática da juventude num tema transversal às

políticas sociais, ao mesmo tempo em que ela requer [...] uma abordagem matricial”

(PONTUAL, 2003, p.116). Essa abordagem requer que a juventude seja integrada aos

programas de saúde, educação, esporte, meio ambiente; mas de forma que não sejam

fragmentados e separados estes fatores. Logo, integrar o jovem implica em reconhecer todo o

território onde ele se encontra e, no conjunto de ações das várias políticas públicas

(PONTUAL 2003), sendo estas “[...] uma questão fundamental para o diálogo, para que ele não

fique muito fragmentado, tanto do ponto de vista da juventude, que corre de secretaria em secretaria

para poder obter um espaço, como do ponto de vista do poder público” (PONTUAL, 2003, p.116).

Conforme Castro (2004), os espaços institucionais que promovem a participação da

juventude,

[...] ao tentar diálogo com os demais ministérios, tais secretarias estão indo

além da clássica transversalidade, o que, diga-se de passagem, na arena

28

político-institucional, exige força política – força que, em termos

orçamentários, elas não têm, mas que se configura pelo lugar administrativo

especial, diretamente vinculado à presidência. Tais secretarias têm como

força original sua base em movimentos sociais, ou seja, a transversalidade se

exerce no plano horizontal, no governo, e vertical, entre a sociedade civil e a

sociedade política (CASTRO, 2004, p. 282).

A sociedade civil tem o compromisso de praticar e contribuir para que se concretizem

as ações e implementação de políticas, instigando a participação da juventude nesse processo.

É preciso proporcionar a formação dos atores sociais. Cabem às organizações não

governamentais, às organizações da juventude e ao poder público formar e informar a

sociedade como um todo. “Não vale criar um canal de participação só para dizer que ele

existe e não capacitar os atores para terem a possibilidade efetiva de propor e decidir juntos”

(PONTUAL, 2003, p. 117). Neste sentido, vale reforçar a importância de trabalhar diferentes

linguagens quando se trata de participação e diálogo envolvendo o segmento juventude,

rompendo com a ideia de que,

[...] prevaleceu em décadas passadas – felizmente se está superando isso – de

que o espaço de diálogo e participação tem que ser um espaço discursivo

‘sério’, ou como dizia, ironicamente, o mestre Paulo Freire, ‘sisudo’, aonde

se vai, se volta, se delibera. É preciso propositadamente, arrebentar essa

concepção de espaço de participação quando se quer ter a juventude nele – e

isso não vale só para a juventude, obviamente. No caso da juventude é

fundamental abrir muitas formas possíveis de linguagem e de expressão

(PONTUAL, 2003, p. 118).

A participação da juventude nesses espaços deve ser algo que satisfaça os jovens, que

seja prazeroso participar e que desperte o interesse. Conforme a Política Nacional de

Juventude, partindo dessa “[...] realidade, o poder público deve ser criativo no

desenvolvimento de metodologias e oportunidades que ampliem as condições de participação

de um conjunto cada vez maior de jovens, assegurando a pluralidade de manifestação da

juventude.” (BRASIL, 2006a, p. 37). Como exemplo de espaços enquanto instrumento para a

participação cidadã dos jovens tem-se os voltados para a questão ambiental, que articula o

tema meio ambiente e juventude e vem tomando uma proporção significativa ao instituir

diálogos e mecanismos para que se garanta a participação dos jovens, reforce sua identidade e

se estabeleça a fundamental importância desse segmento na sociedade.

1.3.1 A Política Nacional de Juventude e Ações Voltadas à Proteção do Meio Ambiente:

Desafios dos Programas Governamentais.

29

No Brasil, a preocupação com o meio ambiente15

tem se integrado cada vez mais

como forma de debates e ações aos diversos segmentos da sociedade. Conforme exposto no

Caderno de Debate Agenda 21e sustentabilidade16

, desenvolvida pelo Ministério do Meio

Ambiente, a extrema diversidade e as características específicas de ser e estar da juventude

estabelece ao Governo Federal o desafio de criar políticas ao mesmo tempo universais e

específicas, que correspondam às necessidades básicas desta população, sem desconsiderar

suas características rurais, urbanas, de classe, gênero, etnia, entre outras características que

identificam a juventude (BRASIL, 2012a).

Para tanto, a evolução das políticas sociais direcionadas à juventude na última década,

institui uma série de programas articulados que buscam contemplar esta geração. Na área

ambiental, esta diretriz deu origem a ações que unem a formação de lideranças

socioambientais17

juvenis e o apoio às iniciativas locais destes jovens na temática ambiental

(BRASIL, 2012a).

A garantia dos direitos dos jovens é preconizada pela Constituição Federal em seu

artigo 225, quando afirma: “Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e futuras

gerações” (BRASIL,1988, p.61).

É fundamental que os jovens como protagonistas na sociedade reflitam sobre o mundo

em que vivem e desejam viver futuramente. Para isso, podem e devem ocupar os espaços de

proposição de melhorias nas políticas sociais já existentes ou que venham a ser criadas,

colocando em prática suas potencialidades.

As discussões relacionadas ao meio ambiente começam a ser compreendidas pela

juventude como sendo um espaço significativo para sua inserção nos debates públicos

relacionados à temática ambiental, conforme disposto na Política Nacional de Juventude. Os

jovens se inserem num senário complexo, cujo entendimento da problemática ambiental “[...]

necessita de análises mais integradas”. Não se trata apenas de um problema de controle de

15

“Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis,

influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas

formas” (BRASIL, 1981). 16

Conforme Dias (2004) “A agenda 21, é um plano de ação para o século XXI, visando à sustentabilidade da

vida na terra. É uma estratégia de sobrevivência. Nos seus quarenta capítulos tratam de: dimensões econômicas e

sociais; conservação e manejo de recursos naturais; fortalecimento da comunidade; meios de implementação”

(DIAS, 2004, p. 522). 17

“De acordo com a Política Nacional de Juventude, “Sociedade e meio ambiente são indissociáveis.

Dependemos do ambiente e o transformamos em toda e qualquer atividade biológica, produtiva ou econômica,

por isto utilizamos o termo socioambiental” (BRASIL, 2006a, p. 60).

30

poluição, por exemplo, mas sim de questões sociais, culturais, éticas e políticas. Não é mais

possível abordar a temática sem relacioná-la ao modelo de sociedade, de civilização e de

desenvolvimento (BRASIL, 2006a, p.5).

É de fundamental importância o trabalho conjunto e as parcerias realizadas entre

organizações juvenis e as instituições que trabalham a temática ambiental, oportunizando a

prática dos princípios da Política de Juventude, como um instrumento efetivo de oportunizar o

protagonismo juvenil e a promoção dos direitos dos jovens.

Assim, faz-se necessária a articulação entre a Política Nacional de Juventude e a

Política Nacional do Meio Ambiente compreendendo a relação entre ambas, tendo-se a

mesma preocupação com o meio ambiente saudável, influenciando na qualidade de vida da

população em todos os seus segmentos, como preconizado na Política Nacional do Meio

Ambiente em seu Artigo 2º, tendo o objetivo de “[...] preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao

desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da

dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981).

Estes princípios são considerados um desafio a serem garantidos a toda população,

pensando na complexidade e na importância desta política. Neste sentido, identificam-se no

contexto brasileiro, iniciativas de ações para envolver os jovens em discussões da realidade

social e ambiental. O texto Guia de Políticas Públicas de Juventude, apresenta vinte

projetos/programas federais direcionados à juventude, em diversas áreas e envolvimentos

sociais. São apresentados programas e projetos de contra turno escolar, apoio e incentivo aos

esportes, alfabetização, profissionalizantes, ambientais, inclusivos e educacionais. (BRASIL,

2006b).

A exemplo de programas e projetos ligados à temática ambiental que promova o

protagonismo juvenil, a garantia de direitos e a ampliação de políticas voltadas para a

juventude, tem-se o programa do governo federal “Juventude e Meio Ambiente”, Criado em

2005, “[...] o programa tem por objetivo formar lideranças juvenis para atuar em atividades

voltadas para o meio ambiente, [...] foram criados, em todos os estados brasileiros, os

Conselhos Jovens de Meio Ambiente, compostos por lideranças de diversos movimentos e

organizações”. (BRASIL, 2010 s/p).

Ações como a tomada de decisões e a criação de novas lideranças, vêm sendo

desenvolvidas em muitos países e no Brasil, tanto a nível nacional quanto municipal,

conciliando os fatores econômicos, sociais e ambientais nos planos políticos, “[...] postulando

a necessidade de fundar novos modos de produção e estilos de vida nas condições e

31

potencialidades ecológicas de cada região, assim como na diversidade étnica e na

autoconfiança das populações para a gestão participativa dos recursos” (LEFF, 2001, p.17).

Neste sentido, emerge a necessidade da criação de conselhos municipais para a

juventude, como os já criados Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do

Adolescente – CMDCA. Deve-se considerar que um processo gradual está sendo criado pelos

jovens para que se atendam as suas necessidades e demandas, sobretudo, se reivindiquem

seus direitos enquanto cidadãos e um segmento social.

Ações descentralizadas das políticas públicas são fundamentais para a efetividade das

políticas no âmbito municipal. A exemplo destaca-se a 1ª Conferência Municipal de Políticas

Públicas para a juventude, convocada pelo Decreto Municipal nº604 de 07 de janeiro de 2008,

consolidando os espaços democráticos ao segmento juventude no município de Toledo Paraná

(TOLEDO, 2008). Diante disso, os jovens passam a ter representatividade, proporcionando a

promoção e a proposição de ações voltadas à juventude com o intuito de promover o

desenvolvimento sustentável no município e, essencialmente o protagonismo juvenil.

Deve-se pensar o Meio Ambiente de forma a desenvolver protagonistas na mudança

da realidade social, no que diz respeito ao cuidado com o Meio Ambiente, pensar numa

prática educativa, de forma “[...] que possibilite uma participação que ultrapasse a presença

física em reuniões e nas instâncias de decisão e se manifeste nas atitudes e comportamentos

cotidianos de compromisso com a vida.” (LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO, 2008, p.

17)

Logo, essa prática precisa fundamentar a proposta de “[...] construção de valores,

conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a

atuação lúcida e responsável de atores sociais, individuais e coletivos no ambiente.”

(LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO, 2008, p.69).

É com este propósito que a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão – SECADI, apoia as Secretarias de Educação dos estados, municípios

e Distrito Federal para a implementação da educação ambiental em todas as etapas e

modalidades de ensino (BRASIL, 2012b), contribuindo para que as unidades educacionais se

tornem espaços educadores sustentáveis e de promoção da cidadania.

32

2 O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE PROTEÇÃO

SOCIAL À JUVENTUDE NO MUNICÍPIO DE TOLEDO.

O município de Toledo tem uma população de aproximadamente 119.313 mil

habitantes, segundo dados extraídos do Portal do Município de Toledo, que se dividem entre a

zona urbana e rural, município esse, situado na região do extremo oeste do estado do Paraná,

uma área colonizada a partir de 1946 e municipalizada em 14 de dezembro de 1952

(TOLEDO, 2012a).

Desde sua colonização, ocorreram várias mudanças no processo de desenvolvimento

econômico e político no município. O agravamento da “questão social” fez com que o

município tomasse iniciativas de articular meios para o enfrentamento desta problemática, por

meio de entidades como a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas - OASE e

Associação de Proteção à Maternidade e Infância - APMI, criada em 1954 (ARROYO, 2002)

“[...] como a primeira entidade de direito privado que objetivava prestar atendimento a criança

dentro de seu contexto familiar, nas áreas de educação, saúde, nutrição, saneamento e

aspectos legais”, realizados pelas Irmãs Vicentinas (SILVA apud ARROYO, 2002, p. 28).

A partir do ano de 1961, o trabalho realizado pelas Irmãs Vicentinas assume um

caráter formal de atendimento às famílias e, no final da década de 1990, a Política de

Assistência Social no município de Toledo ganha o reconhecimento como instrumento de

ações políticas. Em 1997, constitui-se a Lei nº 1880, de 14 de julho dando origem à Secretaria

de Assistência Social – SAS, como um órgão responsável pela descentralização e execução da

Política de Assistência Social no município de Toledo, tornando-a efetiva no município de

Toledo (DORÉ, 2009). A partir daí, conforme o aumento da demanda de atendimentos

relacionados à criança e ao adolescente, novas instituições e projetos firmados em parcerias

com o governo estadual, municipal e a sociedade civil se formavam no município de Toledo,

assim,

É preciso desenhar estratégias que permitam operacionalizar nossas leis e

traduzi-las no cotidiano de vida da população. Para isso, o município precisa

estabelecer um processo de planejamento participativo, buscando um

enfoque integrador da administração local. Temos claro que determinados

grupos-alvo, como crianças, adolescentes e famílias, precisam de uma

intervenção intersetorial que não pode mais exclusiva de uma outra área

(JOVCHELOVITCH, 1998, p. 47).

33

Com o propósito de garantir um espaço participativo da população, em 1991, é criado

no município de Toledo, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente –

C.M.D.C.A, Lei nº 1172; o qual tem o objetivo de legitimar a garantia dos direitos sociais de

crianças e de adolescentes. Conforme Gohn (2001), as decisões relacionadas às politicas que

atendem as crianças e os adolescentes são avaliadas e decididas pelo conselho,

Nos municípios, os conselhos municipais temáticos são analisados como um

dos principais resultados das recentes reformas municipais; elas têm buscado

instaurar um regime de ação política de tipo novo, com uma maior interação

entre o governo e a sociedade. [...] foram a grande novidade nas políticas

públicas ao longo dos anos. Com caráter interinstitucional, eles têm o papel

de instrumento mediador na relação sociedade/estado e estão inscritos na

Constituição de 1988, e em outras leis de país, na qualidade de instrumento

de expressão, representação e participação da população (GOHN, 2001,

p.83).

A propósito, este instrumento de representação da sociedade é uma grande conquista

no campo dos direitos e promoção do protagonismo da sociedade, são de competência do

conselho registrar e inscrever Programas de Atendimento às Crianças e aos Adolescentes no

município. É de longa data que o município vem criando programas e projetos na área da

criança e do adolescente, diferente dos programas e projetos voltados para o segmento

juventude que tem sua representatividade recente.

A primeira Conferência Municipal de Políticas Públicas para Juventude, em seu

Decreto Municipal nº 604 de 07 de janeiro de 2008, foi o primeiro passo para construir uma

política voltada para os jovens no município de Toledo (DORÉ, 2009). A conferência teve o

objetivo de,

Contribuir para construção e o fortalecimento da Política Municipal para a

Juventude, fortalecendo a relação entre o governo e a sociedade civil para

uma maior efetividade na formulação, execução e controle da Política

Municipal para a Juventude, qualificando os jovens a fim de garantir a

participação da sociedade, em especial dos jovens, na formulação e no

controle da Políticas Públicas para a Juventude, com subsídios para a

discussão do Sistema Municipal de Políticas para a população jovem do

município entres [sic] outros objetivos de relevância que contribuam para o

fortalecimento de políticas públicas para a juventude (TOLEDO apud

DORÉ, 2009, p. 38).

Portanto, propostas elaboradas por jovens do município foram levadas à conferência,

que “[...] mostram quais são as reais preocupações deste segmento em relação aos seus

direitos, em especial destaca-se neste trabalho as que se referem ao eixo – Meio Ambiente,

34

ressaltando-se a importância desse tema e de sua relação com a juventude (DORÉ, 2009, p.

39). A partir de então, o município de Toledo inicia um trabalho de constituição de uma

política voltada especialmente para a juventude, integrando as discussões sociais e ambientais,

fomentando espaços participativos aos jovens e promovendo o desenvolvimento do município

com o princípio de sustentabilidade; este é um grande desafio posto ao município a partir de

estratégias participativas para os jovens e à sociedade em geral.

Em 2011, é realizada a 2ª Conferência Municipal de Políticas Públicas de Juventude

de Toledo, tendo como tema: “Juventude, Desenvolvimento e Efetivação de Direitos”. A

conferência constitui-se como um Fórum Municipal dos debates sobre a Política social

voltada para a Juventude, aberta a todos os segmentos da sociedade, para discutir e avaliar

sobre a situação das políticas voltadas para a juventude, no âmbito, municipal, estadual e

federal, como também aprovar as propostas elencadas pela sociedade civil e poder público

acerca da Política da Juventude. (TOLEDO, 2011). Estes espaços democráticos de diálogo

fortalecem as discussões políticas sobre a juventude. Os jovens têm a oportunidade de

reivindicar seus direitos, tornando-se protagonistas na sociedade de um segmento social

organizado, em que os próprios jovens têm a oportunidade de elaborar políticas que irão

beneficiar toda a juventude, exercendo assim seu papel como cidadão.

2.1 O PROJETO FLORIR TOLEDO: UM INSTRUMENTO DE GARANTIA DE

DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS

Durante décadas expressivas ações de lutas e conquistas em defesa dos direitos da

criança e adolescentes vêm sendo concretizadas, como também o reconhecimento dos jovens

como sujeitos de um segmento específico de políticas sociais, redirecionando a visão das

instituições, do poder local e da sociedade para “[...] o interesse superior da criança e do

adolescente do direito de expressar-se à medida que vão crescendo em anos e em maturidade,

sobre o modo como se aplicam os seus direitos na prática estabelecendo o interesse maior de

todos pela infância e juventude” (SCUZZIATO, 2006, p.4).

Partindo de propostas advindas das políticas para a juventude, a Secretaria de

Assistência Social, o Departamento de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei e

o Departamento de Atendimento à Criança e ao Adolescente, criam no ano de 2006 o Projeto

Florir Toledo. O mesmo firma-se no propósito de desenvolver uma série de ações para a

melhoria do meio ambiente, proporcionar assim, uma melhor qualidade de vida de toda a

população do município. (SCUZZIATO, 2006).

35

Outro elemento que contribuiu à constituição do Projeto Florir Toledo é a falta de

esclarecimentos maior a respeito do meio ambiente para os jovens no município, sua

importância, seu significado e, tudo que se refere à temática ambiental, no sentido de educar e

transformar os jovens em cidadãos críticos e participativos, envolvendo a comunidade de

Toledo como também as escolas em atividades de educação ambiental (SCUZZIATO, 2006).

Ainda segundo a autora, aspectos de caráter social também devem ser evidenciados,

em que indicadores tornam evidente a necessidade de revisar os modelos de programas sociais

voltados para a juventude; propor também, um novo modelo de desenvolvimento sustentável

integrando objetivos econômicos, sociais e ambientais. Este novo modelo de programa social

se diferencia dos vários programas apenas de cunho assistencial, voltados para um

desenvolvimento econômico de caráter ecológico e com sustentabilidade, no contexto social e

econômico onde os jovens se situam (SCUZZIATO, 2006).

De acordo com Scuzziato (2006), o Projeto Florir Toledo traz em seu objetivo geral

capacitar os jovens envolvidos no projeto por meio de ações ativas na proteção do meio

ambiente no desenvolvimento econômico, social e de geração de renda. Deste modo, “[...]

uma vez identificadas as potencialidades do setor ambiental como gerador de emprego e

renda, devemos [...] oportunizar estes programas de caráter inovador para os jovens em

situação de exclusão social” (SCUZZIATO, 2006, p. 5).

O projeto Florir Toledo propõe atender 50 (cinquenta) jovens e adolescentes de 15 a

18 anos que se encontram em situação de vulnerabilidade social, risco pessoal e social, com

prioridade às famílias inscritas no cadastro único. Estes recebem uma bolsa auxílio no valor

de cem reais, conforme Lei Municipal R nº 19, de 5 de março de 2009. (TOLEDO, 2012b).

O projeto abrange os bairros e distritos do município por meio das parcerias que

contribuem na execução das atividades, divididos em dois turnos matutino e vespertino.

Para que os jovens estejam matriculados no Projeto Florir, os mesmos “[...] são

selecionados através de entrevistas e muitos são encaminhados de outros programas, alguns

são indicados pelos próprios jovens adolescentes, sendo que estes chegam até o projeto e

passam por uma conversa com o coordenador e se aprovados passam a fazer parte do grupo”

(DORÉ, 2009, p. 42).

Segundo (SCUZZIATO, 2006), no planejamento do Projeto Florir Toledo, estão

inscritas seis oficinas, sendo elas: “O Meio Ambiente do nosso município”; “Esporte e

Recreação”; “Cultura e Lazer”; “A Saúde, o Meio Ambiente e a Juventude”; “O Dever e o

Direito da Família”; “Geração de Trabalho e Renda”. Na execução destes projetos estão

envolvidos, a Secretaria do Meio Ambiente, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e

36

Extensão Rural – EMATER, Instituto Ambiental do Paraná – IAP, os quais realizam

discussões, dinâmicas e atividades diversas para a construção de um plano de ação sócio

ambiental. Estas oficinas têm um caráter pedagógico e evolutivo, sendo que os mais diversos

profissionais de áreas afins realizam o acompanhamento em todo o processo metodológico

desenvolvido (SCUZZIATO, 2006).

O Projeto Florir Toledo, em sua organização interna e de recursos humanos, conta

com um Coordenador, Pedagogo, Assistente social, Educadores Social e Administrativo. E

com objetivo de efetivar suas propostas, conta com parcerias que são fundamentais para o

desenvolvimento do projeto. Sendo elas: Secretarias do Meio Ambiente, Educação, Infra

Estrutura Rural, Saúde, Esportes, Cultura; Emater; Instituto Ambiental do Paraná – IAP;

Núcleo Regional de Educação; Poder Judiciário; Ministério Público e Conselho Tutelar dos

Direitos da Criança e do Adolescente (SCUZZIATO, 2006).

Após concluírem o curso no Projeto Florir Toledo, os jovens são encaminhados ao

mercado de trabalho, tendo como intermediários os programas de geração de renda, a

Associação Comercial e Empresarial – ACIT e outras parcerias que são feitas no decorrer do

projeto (SCUZZIATO, 2006). Uma vez identificadas as potencialidades dos jovens e de

compreender a importância que o setor ambiental oferece para promover a inclusão,

potencializa-se este segmento da sociedade na promoção e na participação cidadã. Cabe ao

município e a todas as instituições envolvidas promover a inclusão dessa população juvenil.

2.2 O SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO INTERVENTIVA FRENTE ÀS

QUESTÕES AMBIENTAIS: APROXIMAÇÕES REFLEXIVAS

No contexto da sociedade capitalista, relacionar as questões ambientais como

expressões concretas da “questão social” é fundamental para compreender e apontar as

condições em que a sociedade vive, como também, compreender as particularidades que

trazem essas questões que afetam as relações sociais. Nesta perspectiva, a questão ambiental,

[...] se inscreve no interior das contradições do capitalismo contemporâneo.

Estas contradições somente nos fins do século XX ganham expressão e

evidenciam que, para além das ameaças á reprodução biológica de várias

espécies animais e vegetais, também estão implicados limites à dinâmica do

sistema, especialmente em alguns ramos da atividade econômica, em razão

da escassez de recursos naturais ou dos efeitos danosos da população. O grau

de destrutividade das forças produtivas da natureza escapa ao controle do

capital e impõe-se como uma questão, com implicações em toda a vida

planetária (SILVA, 2010, p. 231-232).

37

Os danos cometidos à natureza pela ação humana trazem consequências preocupantes.

O homem, além de ser visto como parte da natureza, é também entendido como parte superior

a ela, ou seja, apenas participa desta relação quando domina e/ou se apropria dos recursos

naturais. (RODRIGUES; SOUZA, 2009). O enfrentamento da degradação do meio ambiente

tem sido objeto de estudos e debates entre intelectuais, movimentos sociais e ambientais, pelo

Estado e pelo empresariado, além das agências internacionais, dando maior ênfase a esta

temática, como um suporte ao cuidado com a preservação da natureza, do ambiente em que

vivemos e uma “[...] tentativa de estabelecer mecanismos de controle da relação

socioambientalística do capital” (SILVA, 2010, p.232), redirecionando as políticas e ações de

desenvolvimento tanto para o campo econômico com para o social, integrando esses dois

campos para que não fique focado somente no econômico. (SILVA, 2010).

Conforme a autora, este redirecionamento para ações socioambientais, compreende o

campo da gestão ambiental voltado para “[...] reciclagem dos resíduos sólidos, dos

investimentos em pesquisas científicas e em novas tecnologias através da educação ambiental

e da constituição de instrumentos regulatórios da relação ambiental e da relação entre

sociedade e natureza” (SILVA, 2010, p. 232). Críticas à produção e ao consumo desenfreado

vêm sendo feitas, para que assim a sociedade tome consciência dos riscos à vida no planeta.

Contudo, estas ações não são suficientes, no sentido de instrumentalizar ações que realmente

desvendem as questões determinantes que afetam o meio ambiente, sobretudo, seu

entendimento e superação, “[...] encontra-se plasmada na apropriação privada dos elementos

naturais e sua conversão em fatores de produção, medida pelo uso da ciência e da tecnologia,

é na esfera das relações sociais que reside esta superação” (SILVA, 2010, p. 233-234).

No entanto, esta compreensão torna evidente a necessidade de uma reflexão para o

novo caminho a ser percorrido, supõe-se “[...] a manutenção de um equilíbrio como o meio

ambiente que lhe permita a sobrevivência, a adaptação. [...] os esforços de adaptação dos

indivíduos culminam em uma comunidade baseada em um sistema de relações sociais que

permite a manutenção de cada organismo no hábitat” (AGUAYO, GARCÍA, 2009, p. 60).

Assim, para a problemática ambiental, incorporar a dimensão social é fundamental,

tanto nas diferentes políticas como na intervenção do assistente social, garantindo a “[...]

equidade sociopolítica e econômica em um processo de transição para uma sociedade mais

sustentável” (AGUAYO, GARCÍA, 2009, p. 60-61).

O serviço social tem o desafio de “[...] intervir nas refrações da ‘questão ambiental’,

como partícipe da construção de uma cultura que vincula sustentabilidade ambiental e

sociedade ao processo de reprodução da ordem burguesa” (SILVA, 2010, p. 239).

38

O Serviço Social deve propor ações de enfrentamento às questões ambientais, no

sentido de sensibilizar e “[...] identificar as possibilidades de uma intervenção qualificada, a

partir de escolha de estratégias condizentes com os valores universalistas, considerando a

realidade institucional, seus limites e contradições.” (SILVA, 2010, p. 157)

Como profissão interventiva frente às manifestações concretas da questão ambiental,

garante-se por meio do agir profissional a qualidade de vida como direito de todo cidadão,

que por sua vez, está diretamente ligado à qualidade do meio ambiente em que vivem. O

assistente social tem o papel fundamental de promover a conscientização e a autonomia da

população para que se possa refletir sobre as condições sociais e ambientais em que vive e,

assim, modificar sua própria realidade, como também propor mudanças, mostrando seu

protagonismo e suas potencialidades.

Os trabalhos de educação ambiental realizados com a sociedade são uma das

fundamentais ferramentas à efetivação do trabalho do profissional assistente social. É com

esse objetivo que as oficinas de formação em educação ambiental, propostas pela SEIPAS em

parceria com o Programa PET do curso de Serviço social/Unioeste, criam espaços de

aprendizagem, interação, sociabilização de saberes e formação em educação ambiental com

jovens; como também busaca efetivar as diretrizes da Política Nacional de Educação

Ambiental, tanto na Universidade quanto em espaços comunitários, por meio de ações

formativas em educação ambiental formal e informal, vinculadas a projetos de ensino,

pesquisa e extensão (ROESLER, 2012b). Essas iniciativas como forma de subsidiar a

elaboração e o fortalecimento de políticas sociais, sensibilizam e oportunizam a capacitação

de universitários e jovens adolescentes participantes de Projetos Sociais (dentre eles o Projeto

Florir Toledo) para o envolvimento ativo nas discussões e decisões que impliquem a proteção

do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

39

3 PROCESSO INVESTIGATIVO JUNTO AOS JOVENS E GESTORES DO

PROJETO FLORIR TOLEDO

Neste capítulo é apresentado o processo metodológico investigativo e, posteriormente,

o resultado da pesquisa empírica junto aos jovens e gestores do Projeto Florir Toledo, com a

finalidade de provocar reflexões aproximadas sobre o Projeto social, vinculado à secretaria de

Assistência Social do Município de Toledo, enquanto um instrumento de garantia de direitos

fundamentais e de enfrentamento da “questão ambiental”. Para a realização da presente

pesquisa, a mesma foi submetida e aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos – CEP/ Unioeste, Parecer nº 136/2012 (Anexo A).

A aproximação com esta temática se deu através da participação da acadêmica como

bolsista do Programa de Educação Tutorial PET do Curso de Serviço Social, da

UNIOESTE18

, no Projeto de Extensão: OFICINAS DE FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO

AMBIENTAL, coordenado pela Sala de Estudos e Informações Políticas Ambientais e

Sustentabilidade – SEIPAS, nos anos de 2010 a 2012, que permitiu a emergência de alguns

questionamentos; cita-se, dentre eles, em que medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído

à promoção do direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação

e prática cidadã dos jovens participantes?

Não obstante, a universidade se constitui como um espaço privilegiado, onde a

convivência e a construção de saberes legitimam o processo de formação profissional, tendo

como mediador desse processo a pesquisa. A oportunidade, no entanto, de participar do

projeto de extensão no Florir Toledo, proporcionado pela Universidade, é um espaço

riquíssimo e fundamental de integralização da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

extensão; aspectos concomitantes à reflexão e à compreensão dos impasses e limites do

campo de atuação onde o acadêmico está inserido, contribuindo também para a construção de

sua identidade profissional. A pesquisa, portanto, é uma ferramenta fundamental para

construir e compreender esse processo.

Conforme Minayo (2004), a pesquisa constitui-se em atividade da ciência na sua

indagação e construção da realidade “[...] embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula

pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não tiver sido,

18

“O Programa de Educação Tutorial do curso de Serviço Social - PETss, com ênfase na temática meio ambiente

e uso sustentável dos recursos naturais, [...] constituiu-se num mecanismo de capacitação permanente da

formação cidadã e profissional do indivíduo, despertando para o desenvolvimento de atitudes éticas de

aprendizado crítico e propositivo tanto para os acadêmicos e docentes do Curso de Serviço Social da

Unioeste/Toledo, e de áreas afins”(UNIOESTE, 2012).

40

em primeiro lugar, um problema da vida prática” (MINAYO, 2004, p. 17).

3.1 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Para que se tenha uma abordagem da realidade, é preciso construir um caminho que

irá nortear essa busca do real, por meio da metodologia da pesquisa que, segundo Oliveira

(2007), “[...] é um processo que engloba um conjunto de métodos e técnicas para ensinar,

analisar, conhecer a realidade e produzir novos conhecimentos” (OLIVEIRA, 2007, p.43).

Tem-se como objetivo geral fundamentado no tema da pesquisa “Juventude e o direito

fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado” trazer reflexões aproximativas

quanto à implementação do Projeto Florir Toledo, enquanto um instrumento de garantia de

direitos fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental, aproximado à percepção de

jovens participantes e gestores de políticas municipais. De sobremaneira, as etapas para

alcançar o objetivo geral foram definidas nos objetivos específicos: contextualizar o Projeto

Florir Toledo como forma de instrumentalização da política da juventude, garantia de direitos

humanos, enfrentamento de questões ambientais; identificar o perfil dos jovens que

frequentam o Projeto Florir Toledo em 2012, expectativas em relação ao desenvolvimento do

projeto, das oficinas de educação ambiental e avaliação de seus impactos na formação e na

prática cidadã; abordar a concepção dos gestores das políticas municipais em relação a sua

concepção e instrumentalização de políticas sociais na promoção de diretos humanos

fundamentais.

Diante disso, com a finalidade de alcançar os objetivos propostos neste trabalho e uma

proximidade com o tema delimitado, a pesquisa assume a característica de cunho

exploratório, que de acordo com SANTOS (2002), configura-se na forma que “explorar é

tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar familiaridade em relação a um

fato ou fenômeno”. (SANTOS, 2002, p. 26-27). Para a realização e concretização desta

pesquisa e trabalho de conclusão de curso em Serviço Social, foi encaminhada à instituição a

solicitação para a sua realização, discorrido no Termo de Ciência do Responsável pelo Campo

de Estudo (anexo B).

Com a finalidade de construir uma proximidade com o tema, realizou-se

primeiramente uma pesquisa bibliográfica, recorrendo-se a livros e artigos científicos. Logo,

aplica-se à pesquisa a abordagem de caráter quantiqualitativo, que, conforme Minayo (1994),

o conjunto dos dados quanti-qualitativos não se opõem, complementam-se, justo porque a

realidade compreendida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia. Por

41

isso, não serão analisados apenas os números. Antes se fará uma análise qualitativa dos

resultados obtidos.

Identificado, e construído este processo, com os subsídios teóricos ao tema e objetivos

definidos, partiu-se para a pesquisa de campo, objetivando compreender como as atividades

de Oficinas de Educação Ambiental e outras atividades são desenvolvidas no Projeto Florir

Toledo, considerando o Projeto Social, como um instrumental de intervenção junto aos jovens

e à comunidade, na promoção do Meio Ambiente saudável e à formação cidadã, conforme

apresentado anteriormente no capítulo 2.1; além disso, analisam-se as premissas e se atendem

aos objetivos propostos no projeto de execução com os jovens participantes, bem como a

concepção dos gestores das políticas públicas municipais ligados direta ou indiretamente ao

Projeto, quanto à integralização no conjunto de atividades implementadas no dia a dia.

Os instrumentos e as técnicas utilizados na elaboração e na execução deste trabalho

priorizaram também a análise documental que “pode se constituir numa técnica valiosa de

abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras

técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986,

p. 38) Este instrumento objetiva identificar quais são os documentos (atas, resoluções)

disponíveis no Projeto Florir Toledo que venha contribuir para atingir os objetivos

pretendidos na pesquisa, levando-se a construir o Termo de Compromisso para uso de Dados

em Arquivos (apêndice A), que resultou na autorização da consulta destes documentos.

Num segundo momento, utilizou-se um questionário elaborado com perguntas abertas

e fechadas, considerando que este instrumento proporciona ao entrevistado maior liberdade e

mais tempo para responder. Relembrando o propósito de trazer reflexões aproximativas e

avaliativas de como o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do direito

fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos

jovens participantes.

Para a realização da coleta de dados, definiu-se uma amostragem representativa do

universo da pesquisa, no total de 40 (quarenta) participantes matriculados em 2012 no Projeto

Florir Toledo. Definiu-se como critério da amostra a participação dos jovens no Projeto no

período de 2011 a 2012, no turno vespertino, que estão concluindo sua formação no Projeto;

totalizando 6 (seis) jovens, como também os gestores das políticas públicas municipais

ligados direta ou indiretamente ao Projeto, totalizando 4 (quatro) gestores. Para tanto, anterior

ao processo de coleta de dados foi entregue a cada participante da pesquisa o termo de

Consentimento Livre Esclarecido - TCLE (apêndice B), como exigência do Comitê de Ética em

Pesquisa em seres Humanos/UNIOESTE. Com relação aos jovens, o TCLE (apêndice C), foi

42

entregue aos pais e/ou responsáveis dos jovens menores de 18 anos, assim, posteriormente é que

responderam ao questionário.

Em relação aos procedimentos éticos de coleta de dados, ao realizar a pesquisa

observaram-se os princípios do Código de Ética Profissional do Assistente Social, dispostos

no Capítulo V, artigo 16, que trata do sigilo do entrevistador para com o sujeito da pesquisa,

garantindo a proteção do sujeito em tudo aquilo que é levado ao seu conhecimento (CFESS,

2007) e, além disso, apresentam-se ao sujeito as explicações das condições da realização da

pesquisa e, a ciência de participação dos sujeitos.

Tanto para os jovens participantes do Projeto Florir Toledo quanto para os gestores

das políticas municipais, aplicou-se um questionário. Para os gestores, o questionário foi

entregue via e-mail, sendo que houve antecipadamente uma conversa explicando que se

posteriormente surgissem dúvidas quanto ao entendimento da pergunta, estas seriam

esclarecidas pelos responsáveis da pesquisa. Entretanto, no decorrer do tempo que tiveram

para responder ao questionário não houve dúvidas.

Contudo, para aplicar o questionário com os jovens, teve-se uma atenção diferenciada.

Antecipadamente, foi marcado um horário na sede do Projeto Florir Toledo para a realização

da pesquisa para que a acadêmica pudesse acompanhar todo o processo junto aos jovens. As

questões foram lidas uma a uma e, conforme foram surgindo dúvidas quanto à redação, ou à

compreensão do que estava sendo pedido, as mesmas foram lidas novamente, de forma que

não se induzissem às respostas.

Quanto aos dados obtidos mediante o questionário aplicado aos gestores e jovens

(apêndice D), foram analisados e organizados conforme o tema e, os objetivos propostos em

seguida foram interpretados Para tanto, utilizou-se um referencial bibliográfico com o

objetivo de fundamentar e aprofundar as reflexões obtidas. O questionário abordou um

conjunto de 12 (doze) questões aplicadas com os gestores (apêndice E); e 10 (dez) questões

aplicadas com os jovens (apêndice F).

3.1.1 O Projeto Florir Toledo como Forma de Instrumentalização das Políticas Sociais,

Desenvolvimento da Cidadania e Enfrentamento das Questões Socioambientais

Dentre o conjunto de questões formuladas, busca-se compreender como acontece a

relação entre o aprendizado e as atividades práticas executadas no Projeto Florir Toledo, para

o fortalecimento e construção da identidade juvenil e da cidadania, aproximada à percepção

43

dos jovens identificados por (J) e gestores identificados por (G). Responderam ao

questionário 6 (seis) jovens e 4 (quatro) gestores.

As questões formuladas aos gestores, que direcionaram este primeiro eixo da pesquisa,

possibilitaram algumas reflexões acerca de alguns questionamentos: como o Projeto Florir

Toledo tem implementado suas atividades; estas vêm de encontro à promoção dos direitos

fundamentais dos jovens e da cidadania e enfrentamento de questões ambientais; o conjunto

das atividades implementadas no Projeto tem possibilitado aos jovens um processo contínuo

de aprendizado, de iniciação profissional e de melhoria das condições de vida; quais as

dificuldades encontradas para o desenvolvimento das atividades no Projeto Florir Toledo e

facilidades ou potencialidades encontradas. Esses apontamentos são discorridos de modo

qualitativo nas respostas dos seguintes gestores:

Todas as atividades desenvolvidas no Florir Toledo têm contribuído

significativamente para a formação pessoal, desenvolvimento da

cidadania e participação comunitária, interação social e também

para a formação profissional, pois são atividades que não apenas na

área de proteção e preservação ambiental, mas de preparação para o

exercício da cidadania, que auxiliam no desenvolvimento da

qualificação para o trabalho e na escolha de uma profissão (G1).

Sim, temos acompanhado os resultados, que vão desde à

empregabilidade na área em que o participante realizou cursos, até

mesmo ao protagonismo juvenil, onde adolescentes que participaram

ou participam das atividades do Projeto Florir Toledo têm

desenvolvido em comunidades a qual fazem parte (G4).

A partir das respostas descritas nas falas dos sujeitos, pode-se constatar que o Projeto

Florir Toledo tem contribuído à promoção de uma formação e prática cidadã dos jovens

participantes. Constata-se também que as atividades realizadas no Projeto proporcionam o

envolvimento dos jovens e a construção de uma formação humana e de conhecimento, que os

tornam protagonistas de sua história, estando também comprometidos com a proteção do

meio ambiente. Neste contexto, os jovens têm a oportunidade de desenvolver qualificação

profissional para a escolha de uma profissão.

De fato, a participação ativa em atividades realizadas na comunidade proporciona

tanto o estímulo e o desenvolvimento pessoal dos jovens quanto o desenvolvimento da

comunidade. Esta afirmação está presente na fala do gestor 2, quando coloca que:

44

Considero que o objetivo do Projeto é garantido através de todas as

atividades realizadas, pois fortalecem as ações deste sujeito social e

sua comunidade (G2).

Obseva-se que os gestores 3 e 4 citam exemplos sobre o quanto é importante a

participação dos jovens na comunidade e, o envolvimento nas questões ambientais,

reforçando a importância dos projetos sociais que promovem essa temática.

Participando ativamente de todas as campanhas relacionadas ao

meio ambiente (G3).

Como exemplo podemos citar que recentemente participantes estavam

engajados na reestruturação da UTES em nossa cidade, alguns destes

até eram responsáveis pela área de projetos ambientais. Outro fator

importante é a participação dos adolescentes na ECOCLUBE, onde

toda diretoria deste (sic) ONG é de ex participante e participantes do

Florir, onde desenvolve atividades que têm como foco a defesa do

meio ambiente em especial a água (G4).

O Projeto Florir Toledo ao propor e implementar suas atividades e ao questionar se

estas vêm de encontro ou não à garantia de direitos, à construção da cidadania dos jovens e se

vêm tendo efetividade nas suas ações, são apresentadas as seguintes respostas pelos gestores:

São atividades que contribuem na formação de valores essenciais à

vida em sociedade. Não se trata apenas de um trabalho voltado ao

apoio na superação da vulnerabilidade social, mas um projeto que

envolve ações que vão acompanhar o adolescente para a vida toda,

promovendo o ser humano em todos os aspectos, fortalecendo a

educação, promovendo a saúde, o esporte a cultura, orientando

hábitos saudáveis longe da violência e dos vícios (G1).

[...] é observado no engajamento de adolescentes nas atividades de

cidadania em suas comunidades bem como em ONGS, na luta pelos

seus direitos bem como no protagonismo juvenil (G4).

Sim (G3).

Com certeza, mas considero que isso se deva muito à postura e

compromisso do profissional coordenador [...] que através de sua

relação com os adolescentes e com a rede de atendimento tem

atingido ótimos indicadores (G2).

Evidencia-se, portanto, que as atividades desenvolvidas no Projeto têm-se efetivado e

contribuído para a formação dos jovens. A participação e o comprometimento dos gestores

45

municipais é de suma importância tanto para o desenvolvimento do projeto Florir Toledo

quanto aos demais Projetos realizados no município; contudo, outros fatores são fundamentais

para o desenvolvimento das atividades. Ao perguntar aos gestores municipais quais as

maiores dificuldades encontradas para o desenvolvimento das atividades do Projeto Florir

Toledo e facilidades ou potencialidades encontradas para a execução das mesmas, foram

apontas pelos gestores 1, 2, 3 e 4 as seguintes dificuldades:

Estrutura física, recursos humanos e materiais (G2; G3; G4).

Distância da unidade para alguns adolescentes que moram em

bairros mais distantes, o que não impede a participação (G1).

falta de profissional assistente social (G2).

A dificuldade apontada pelo gestor 1, referente à localização do Projeto Florir

Toledo, para o gestor 4, tem-se um outro olhar dado à questão, quando afirma que:

Outro fator positivo é a localização do Projeto Florir Toledo pela

aproximação com as Universidades de Toledo, para a implantação de

projetos e parcerias (G4).

Como facilidades e potencialidades o gestor 2 aponta a seguinte resposta referente à

execução das atividades:

Visibilidade do Projeto, ações práticas, construção coletiva de ações

(G2).

Contudo, os gestores 1 e 3 partem da seguinte resposta:

“Envolvimento dos responsáveis pelo projeto, compromisso com o

trabalho, criatividade, formação de parcerias com outras instituições

e empresas, capacidade de aprender e comprometimento dos

atendidos, apoio e compreensão das famílias envolvidas” (G1).

“Dedicação incondicional do coordenador do Projeto” (G3).

Como apontado anteriormente pelo gestor 2, mostra-se nas respostas do gestor 1 e 2 a

importância do comprometimento que a equipe profissional do Projeto Florir Toledo tem na

execução das atividades e efetivação das mesmas, sendo esses profissionais fundamentais e

indispensáveis à promoção do conhecimento e à transformação da realidade dos jovens.

46

Todavia, a sociedade e a comunidade em que cada jovem se insere, também têm o papel

fundamental de potencializar o protagonismo juvenil, como aponta o gestor 4:

Potencialidade está no público, creio que os olhares para o

adolescente devem ser o mais positivo possível, na perspectiva de

futuro e presente, respeitando as limitações e falta de limitações que

muitos apresentam, sem dúvida eles são o potencial que temos a

utilizar nas execução das atividades, sabendo é claro que eles mesmo

é o foco e objetivo principal a ser alcançados (G4).

Em relação ao processo de aprendizado, os gestores ao serem questionados se o

conjunto das atividades implementadas no Projeto Florir tem possibilitado aos jovens um

processo contínuo de aprendizado, de iniciação profissional e de melhoria das condições de

vida, todos responderam que sim e justificam:

Com toda certeza. O simples fato de estarem resguardados da

violência e das drogas, de aprenderem a viver com dignidade levando

para dentro de suas famílias os conhecimentos adquiridos. Muitos

jovens que passaram pele Florir Toledo já foram encaminhados ao

trabalho nas empresas, tendo bom desempenho e possibilidade de,

com suas potencialidades crescerem profissionalmente, melhorando

assim sua qualidade de vida e de seus familiares (G1).

“Considero que o conjunto de atividades implementadas garante o

processo de aprendizado, iniciação profissional e melhoria das

condições de vida, mas para além disso fortalece o senso crítico dos

adolescentes e as relações e vínculos familiares e comunitários” (G2).

“Sem dúvida, a maioria dos adolescentes do Projeto ao saírem são

encaminhados ao mercado de trabalho e possuem um excelente

currículo” (G3).

Constata-se pelas falas apresentadas, na visão dos gestores municipais, que fica

evidente a relevância de se ter um Projeto social que promova a construção da cidadania dos

jovens participantes.

A ações do Projeto Florir Toledo, ao contribuir para o processo de aprendizado,

fazem com que os jovens identifiquem suas potencialidades, seus gostos, suas vontades e

qual profissão queiram futuramente seguir e, além disso, preparam-se para os novos desafios

que vão enfrentar, tanto no mercado de trabalho quando na vida particular, familiar e em

sociedade.

Neste sentido, para o gestor 4,

47

Hoje podemos apontar o Projeto Florir Toledo como um “estilo de

vida” onde os que participam obtêm ao longo do tempo uma

identificação que mesmo distante do Projeto mantêm alguma forma

de contato. Temos adolescentes que são profissionais formados em

cursos técnicos e outros que estão em formação superior em

andamento. O resultado positivo que observamos em quem passa pelo

Projeto Florir é a honra e alegria que demostram até hoje em ter

participado do Florir Toledo, e com número baixíssimos quase 0

(zero) de adolescentes que iniciaram sua vida no crime e drogas (G4).

Chama-se a atenção para esta resposta, segundo a exposição, os contatos continuados

com os jovens que já passaram pelo Projeto, revelam a influência e os resultados das ações

proporcionadas pelo Projeto Florir Toledo, sobretudo, sobre a vida particular e profissional

dos egressos, a iniciação e a formação profissional em cursos técnicos e outros em formação

superior.

Contudo, há que se destacar as dificuldades que o projeto apresenta. Percebe-se, nas

questões levantadas e nas respostas dadas, que mesmo tendo várias conquistas no campo da

formação cidadã dos jovens, a falta de estrutura, um espaço maior para receber a grande

quantidade de jovens matriculados limitando na maioria das vezes a execução de algumas

atividades e oficinas, é muito presente. Todavia, uma pesquisa realizada em 2009 pela

acadêmica Franciele Doré19

aponta esta mesma questão. Também se faz necessária a

contratação de recursos humanos. O projeto Florir Toledo prevê em seus recursos humanos,

Coordenador, Pedagogo, Assistente Social, Educadores Social e Administrativo.

Atualmente, o Projeto conta somente com um coordenador e uma pedagoga com a

função de assistente em desenvolvimento social. Para tanto o gestor 2, ressalta a importância

de se ter um profissional assistente social diretamente no Projeto Florir Toledo. Como

abordado no capítulo 2.2 deste trabalho, o Serviço Social é uma profissão interventiva e, tem

o desafio de promover a autonomia dos jovens, reafirmar e viabilizar seus direitos e promover

nos jovens a reflexão tanto das questões ambientais quanto das questões sociais em que

vivem, para que assim, possam promover seu protagonismo, modificar sua própria realidade e

da sociedade na proposição de mudanças.

3.1.2 As Expectativas dos Jovens em Relação ao Projeto Florir Toledo, as Oficinas de

Educação Ambiental e Avaliação de seus Impactos na Formação e Prática Cidadã

19

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste

do Paraná. Ver Doré (2009)

48

O Florir Toledo se configura em um espaço de discussões e ações voltadas às questões

socioambientais e, essencialmente, um espaço de aprendizado. Esses espaços oportunizam aos

jovens questionar e propor que desenvolvam seu protagonismo, assumindo responsabilidades

tanto na proteção do meio ambiente como na vida profissional. Assim, é imprescindível

compreender qual significado que o Projeto tem para a vida dos jovens e qual a concepção

que os jovens têm do Projeto Florir Toledo, no que se refere ao desenvolvimento do projeto,

das oficinas de educação ambiental e como eles avaliam os impactos do Projeto na sua

formação cidadã.

O questionário aplicado aos jovens, que norteou esta reflexão, constitui-se pelos

seguintes questionamentos: quando e por que procurou o Projeto Florir Toledo e quais eram

as expectativas dos jovens em relação ao mesmo; o que significa participar das atividades do

Projeto Florir Toledo e como elas são executadas no dia a dia; as atividades do Projeto Florir

Toledo vêm de encontro às expectativas atuais dos jovens.

Ao perguntar o motivo pelo qual os jovens ingressaram no Projeto Florir Toledo,

pode-se constatar que alguns dos jovens procuraram o Projeto por indicação de pessoas do

convívio, como traz a resposta do J1 e J2,

Porque a minha madrinha era do conselho tutelar e ela me incentivou

a entrar no Projeto, que seria bom pro meu futuro e para

desenvolvimento da minha educação e como me comportar melhor

socialmente perto e longe das outras pessoas (J1).

Procurei o Projeto Florir Toledo porque não fazia nada na parte da

tarde, e meus amigos sempre falavam que era bom o projeto então

resolvi frequentar para curtir e conhecer o projeto (J2).

Porém, outros afirmam que procuraram o Projeto Florir Toledo por iniciativa própria,

apresentando as seguintes justificativas:

Procurei o Projeto, para não ficar na rua, pois os crimes em Toledo

aumentaram (J3).

Entrei mais pelo motivo de ocupação diária, pois na época não tinha

nenhum conhecimento do mesmo (J5).

Há procura de lazer, aprendizado, cursos, pessoas para conhecer

(J6).

49

Os jovens, ao procurarem o Projeto Florir Toledo, trazem consigo seus anseios e suas

expectativas de se relacionarem em um ambiente diferente, que proporcione novas vivências e

novas responsabilidades. Isso pode ser verificado ao se questionar quais eram as expectativas

dos jovens ao procurar o Projeto. Quatro dos seis jovens entrevistados responderam que suas

expectativas eram de fazer amizades e buscar novas experiências, como descrito abaixo:

Eu vim para buscar novas experiências, conhecer novos amigos (J4).

[...] conhecer novos amigos, e levar alguns para ao longo da vida

(J1).

Minhas expectativas foram exatamente o que estava procurando.

Pessoas em lugares diferentes, tendo novos conhecimentos, novas

responsabilidades, muitos passeios, muita diversão (J6).

Nas respostas apresentadas acima, além de procurar um novo espaço de convívio, que

não somente a escola, a família ou o bairro, os jovens apresentam outras expectativas. O

mercado de trabalho também perpassa pelos seus interesses na busca de espaços que promova

cursos profissionalizantes, que os preparem para o mercado de trabalho. Isto pode ser

verificado quando afirmam:

Fazer alguns cursos profissionalizantes para quando sair do projeto

provavelmente sair com um emprego garantido (J1).

[...] fazer alguns cursos que o projeto oferece (J2).

Oportunidades de emprego e de cursos (J3).

Considerando a complexidade que traz a questão do trabalho, algumas reflexões

aproximativas se fazem necessárias para compreender esta categoria. Conforme Leite (2008),

há duas formas de compreensão sobre a categoria trabalho: “[...] o trabalho é essencial à

sobrevivência e ao consumo, [mas] é também espaço de socialização, de aprendizagem e

construção da identidade pessoal e grupal, em suma, uma referencia básica de inclusão social”

(LEITE, 2008, p. 156). A partir deste olhar, para o entendimento do que significa o trabalho,

pode-se compreender a importância que o mesmo tem para os jovens entrevistados. “O

trabalho pode ser, neste contexto, espaço vital de aprendizado, de socialização, de afirmação

da identidade do jovem, inclusive de práticas potencialmente libertadoras” (LEITE, 2008, p.

156).

50

Com relação às atividades que o Projeto Florir Toledo realiza, perguntou-se aos jovens

o que significa participar das atividades do Projeto Florir Toledo e se estas vêm ao encontro

das expectativas atuais, as respostas são positivas. Verifica-se a concepção que os jovens têm

sobre esta questão:

[...] acho muito bom as atividades que o projeto oferece, pois além do

preparo físico muito bom você conhece um pouco da natureza (J2).

Melhorar meu desenvolvimento, ajudar minha saúde (J4).

Conhecimento, diversão, disciplina, etc. (J5).

Eu procuro não faltar, pois a cada atividade, o prazer de estar aqui é

imenso, elas são importantes, ganho experiências, e tento aproveitar,

pois as lembranças que tenho aqui já são muito boas, e quero ainda

mais para poder recordar (J6).

Antigamente eu era motivado pela vontade e porque eu gostava muito

de vir, hoje eu me sinto desmotivado pelo projeto ter mudado (J5).

Quando questionado se as atividades desenvolvidas pelo Projeto vêm ao encontro das

expectativas atuais dos jovens, as respostas foram positivas. A maioria dos jovens

responderam que sim, com discordância de uma fala, a qual destaca que antigamente estava

mais motivado a vir e a participar das ações do Projeto. As respostas expressam a importância

da convivência e o aprendizado proporcionado pelo Projeto Florir Toledo. Pontua-se

igualmente a necessidade de avaliações continuadas das ações com o propósito de fomentar a

permanente participação dos jovens no Projeto, tendo em vista seu envolvimento semanal de

20 (vinte) horas - critério exigido à liberação de bolsas e à permanência no Projeto

Observa-se que, segundo as respostas dos jovens, ao justificarem sua aprovação em

relação às atividades realizadas no Projeto Florir Toledo, a maioria argumenta que

direcionou-as ao mercado de trabalho. Para os jovens, a realização das atividades está dirigida

ao preparo de uma nova etapa de suas vidas, a novas responsabilidades, como se comprova

nas falas dos sujeitos:

Porque aqui no Projeto Florir Toledo tem vários cursos

profissionalizantes e que pode ajudar para conseguir um emprego

melhor e não precisar fazer cursos quando estiver trabalhando

porque daí já tinha sido feito antes no Projeto (J1).

51

Os cursos que fazemos aqui pode ser seu futuro de profissão, ajudar a

descobrir do que você gosta (J2).

Os cursos que nós fazemos irá sim afetar no mercado de trabalho, são

cursos muito bons e irá ajudar muito (J3).

Te ajuda a criar mais responsabilidade, compromisso (J4).

Muito dos cursos feitos podemos usar para facilitar nossa entrada em

algumas empresas (J5).

Criamos aqui um vínculo com todos, aprendemos viver como grupo,

percebemos o valor de uma amizade, pois as atividades realizadas é

preciso um do outro, [...] nos oferece cursos profissionalizantes, que

futuramente, fará uma grande diferença na minha área de trabalho

(J6).

Os sonhos, os desafios e o anseio pelo conhecimento, são características que

perpassam a juventude. Ao desenvolver suas potencialidades, o jovem assume o papel de

sujeito transformador de sua própria história e da sociedade. Conforme Leite (2008), ao

assumir“[...] a visão do adolescente/jovem como ator social – e, portanto, sujeito pleno de

direitos – é preciso atentar ao modo como ele interpreta e ressignifica as identificações

impostas pelos adultos, os usos que faz das instituições sociais – família, escola, trabalho,

entre outras” (LEITE, 2008, p.155).

Percebe-se que os jovens procuram por oportunidades que proporcionam a construção

de uma identidade, que é individual; justo porque se encontram em uma fase de escolhas

individuais, de dúvidas, de se identificar na sociedade e, além disso, de fazer uma escolha

profissional. O Projeto Florir Toledo atende a essa perspectiva juvenil. Assim, identifica-se

nas respostas, a compreensão dos jovens quanto ao preparo para essa nova etapa de suas vidas

- a entrada ao mercado de trabalho. Antes de ser uma mera reprodução de condição de vida, é

uma preparação para uma vida de responsabilidades, de compromisso e de construção da

cidadania. É fundamental que haja políticas sociais, instrumentalizadas em projetos sociais

que de forma “[...] ampla, integrada, que enfrente o desafio do mercado, generoso em exigir

experiência, avaro em proporcioná-la. [...]” (LEITE, 2008, p. 158), que possibite aos

trabalhadores em qualquer idade, em especial aos jovens, a oportunidade de adquirir e

comprovar qualificação e experiência que possam servir como credencial para o acesso ao

mercado de trabalho (LEITE, 2008).

Considerando que o Projeto Florir Toledo é um instrumental de políticas sociais, tanto

no que contempla o ECA, quanto a Política Nacional de Juventude, o Projeto propõe a

52

construção da identidade juvenil, por meio do protagonismo que, sobretudo, oportuniza a

construção da cidadania de cada participante. Na metodologia do Projeto Florir Toledo, está

definido: “A formação e iniciação profissional destes jovens deve levar em conta suas

especificidades e prever estratégias que ampliem as oportunidades de trabalho e de renda e, ao

mesmo tempo, ter um caráter educacional e promocional com resgate de cidadania”

(SCUZZIATO, 2006, p.6). Na sociedade em que vivemos, onde “[...] qualidade, eficiência,

eficácia, produtividade, são compreendidos como pilares de desenvolvimento, a mão de obra

menos qualificada é condenada a lutar pela sobrevivência sem condições justas de

competitividade” (SCUZZIATO, 2006, p.16). No processo metodológico do Projeto Florir

Toledo são desenvolvidas oficinas, em que se destaca a “Oficina de Geração Trabalho e

Renda”, que tem por objetivo desenvolver iniciativas as quais buscam construir um novo

modelo de economia. “Uma maneira de trabalhar, gerar renda, pensar o consumo sem

degradar o meio ambiente, respeitando as diversidades, construindo um novo cenário onde as

palavras de ordem são: solidariedade, cooperação, respeito, compreensão, construção e

sustentabilidade”. (SCUZZIATO, 2006, p.17).

De acordo com Oliveira (2002), o artigo 68 do ECA, deixa claro que os programas

sociais devem tratar do trabalho do jovem, sob uma nova perspectiva de não centralizar a

preocupação “[..] em, apenas, inserir o adolescente no mercado de trabalho para execução de

‘qualquer trabalho’, mas envolvê-lo em um ‘trabalho educativo’, visando assegurar-lhe

condições de capacitação para o exercício de futura atividade regular remunerada

(OLIVEIRA, 2002, p. 222).

Pode-se considerar, deste modo, o Projeto Florir Toledo como um instrumental de

políticas sociais, de viabilização de direitos, de protagonismo juvenil e formação cidadã dos

jovens, que muito além de inseri-los no mercado de trabalho, embasa todo um processo

educativo de formação.

Constata-se, também que, quando questionados sobre o envolvimento dos jovens no

planejamento e no desenvolvimento das atividades e oficinas semanais do Projeto Florir

Toledo, há a proposição de discussões e nos debates dos temas; há a participação em

dinâmicas de trabalho em grupo e avaliação de resultados, dentre outros aspectos; neste

aspecto, observam-se as seguintes respostas:

Os adolescentes debatem e selecionam as melhores para ser feito e o

que vai ajustar nas novas futuras (J1).

Nós fazemos debates e escolhemos os cursos e dinâmicas (J3).

53

Sim, ajudamos a escolher cursos que gostaríamos de fazer (J4).

Dou minha opinião quando necessário, e tento agregar meus

conhecimentos tudo que eu acho interessante ou necessário (J5).

Sim, damos sugestões relacionadas ao que gostamos de fazer, e que

sempre que possível [...] nos atende (J6).

A partir das falas expostas, a oportunidade de participação e de envolvimento dos

jovens na elaboração das atividades executadas no Projeto torna-se evidente. De acordo com

Roesler et al. (2009), “Os jovens não desejam mais serem chamados apenas de “protagonistas

ou protagonistas sociais” pelos produtores de projetos: desejam sua inserção na pauta de

discussão e execução dos projetos; mobilizam-se e promovem encontros de juventude e meio

ambiente” (ROESLER et al., 2009, p. 4). Logo, os jovens que se inserem tanto nas políticas

sociais quanto nas ambientais, desejam construir e constroem seus próprios projetos.

(ROESLER et al., 2009).

Infere-se que os jovens incorporados às atividades, propondo e opinando, caracterizam

o projeto Florir Toledo como um espaço democrático de ideias e de afirmação do Projeto, o

que se constitui em transformação para garantir os seus direitos.

3.1.3 O Envolvimento dos Jovens na Sensibilização e Capacitação Voltadas para a

Proteção Ambiental à Promoção da Cidadania.

Neste item, é identificada a importância dos jovens se envolverem de forma ativa em

atividades de sensibilização e capacitação à proteção do meio ambiente. Compreende-se a

partir da visão dos jovens, que os problemas ambientais têm chamado a atenção e, o que pode

ser feito para resolvê-los. Assim, os aprendizados são compartilhados com a família, com os

grupos na escola, no grupo de amigos, na comunidade e com os universitários sobre a

experiência vivida no Projeto Florir Toledo e nas oficinas de educação ambiental e como estas

contribuem para a promoção da cidadania. Conforme Layrargues (2009), deve-se

compreender a importante e necessária relação entre educação ambiental e reprodução social,

e a dupla função na qual a educação se encontra submetida, ou seja, compreender a “[...]

função moral de socialização humana com a natureza, e também a pouco compreendida

função ideológica de reprodução das condições sociais, reprodução esta que pode contemplar

a possibilidade tanto de manutenção como de transformação social” (LAYRARGUES 2009,

p. 11). O autor ainda problematiza a “[...] perspectiva da educação ambiental como um

54

instrumento de reprodução social, para atendê-la além do seu reconhecido papel de mudança

ambiental, também como um fator de mudança social” (LAYRARGUES 2009, p. 11).

Logo, ao analisar as respostas, todos os 6 (seis) jovens entrevistados responderam que

sim, é importante o envolvimento nas atividades do Projeto Florir Toledo relacionadas às

questões ambientais, na organização destas atividades e na contribuição para uma formação

cidadã.

Porque a gente fica sabendo o que a gente vai fazer e sabe o que vai

acontecer no curso e no andamento do que [...] fazer, a gente planta

árvores e fazemos jardins (J1).

Porque adolescente bem articulado é um adolescente bem formado

(J2).

É uma experiência bem legal para os jovens ajudar o meio ambiente e

a cidadania. (J3).

Os cursos me ajudam a ampliar meus conhecimentos [...] (J4).

Isso se agrega a nossa vida, além de beneficiar ao próximo e ao meio

ambiente, me sinto bem por ter ajudado o mundo, e acho que muitos

sentem o mesmo (J5).

Como tanto que a gente gosta muito quando as universidades fazem

atividades com a gente, mostrando como é importante preocuparmos

com o meio ambiente. E ponhamos em prática sempre quando

fazemos um jardim, ou algo parecido (J6).

De fato, o projeto Florir Toledo proporciona espaços onde o jovem interage em

diversas ações, dentre elas, destacam-se a educação ambiental, as atividades culturais, sociais

e esportivas, o cuidado com o meio ambiente, a participação na tomadas decisões no que se

refere à proteção do meio ambiente. Todas estas ações contam com o envolvimento ativo dos

jovens, sendo que para Roesler et al (2009), pode levá-los a uma maior aproximação destes na

tomada de decisões sobre o meio ambiente em que vivem e o processo de desenvolvimento

que desejam para suas necessidades (sociais, culturais, produtivas, tecnológicas, ambientais)”

(ROESLER et al (2009, p. 5).

Quando perguntados sobre a condição dos problemas ambientais, se têm chamado a

atenção e o que pode ser feito para resolvê-los, todos relacionam ações que afetam a

qualidade sadia do meio ambiente, dentre elas:

55

Poluição, desmatamento (J1).

Corte de árvores (J2).

A sujeira em rios e no meio ambiente (J4).

Bom, todos me chamam a atenção (J5).

O desperdício da água, o descuido do lixo, reciclagem, o meio

ambiente no geral (J6).

O que pode ser feito para resolvê-los?

Não jogar lixo nas ruas [...], plantar árvores onde foi desmatado

principalmente nas matas legais (J1).

Temos que ter consciência e tentar amenizar essa situação (J4).

Não podemos acabar com eles, mas conscientizar as pessoas para

diminuição destes (J5).

Poderia ser feito, elaborado, um projeto para que os integrantes do

Florir Toledo possam sensibilizar as pessoas de quanto é importante

cuidarmos do que é nosso (J6).

Estas opiniões, mesmo que particulares, expressam um entendimento maior

relacionado às questões ambientais e como estas afetam a sociedade e a qualidade do

ambiente em que vivem. Percebe-se nas respostas a consciência de que o problema está na

sociedade, em cada indivíduo e, portanto, a importante tarefa de conscientizá-los. Chama-se a

atenção para as respostas dadas pelos jovens. Conforme Spazziani; Gonsalves (2005), esta

consciência ambiental, advém de um processo de aprendizado, fundado em um sujeito que

interage, que não é só receptivo “[...] ao que vem do mundo exterior, e nem apenas ativo,

impulsionado pelos impulsos internos e inatos. Os sujeitos constroem seus conhecimentos e

saberes sobre si e sobre o mundo em situações dialógicas sempre mediadas por outros sujeitos

direta ou indiretamente” (SPAZZIANI; GONSALVES, 2005, p.107).

Os jovens ao interpretarem seus conhecimentos, quando se pergunta se os problemas

ambientais têm chamado a atenção deles e o que pode ser feito para resolvê-los, afirmam que

são expressões que advém de outros sujeitos mediadores de conhecimento. “Essa mediação

não está limitada à presença física dos outros sujeitos, ela se revela nos produtos culturais

produzidos, tais como nos livros, nos modos de utilização de objetos construídos e naturais

[...]” (SPAZZIANI; GONSALVES, 2005, p.107-108). Nesse contexto, o Projeto Florir

56

Toledo nas suas diversas atividades e oficinas, materializa suas ações por meio da prática

educativa, reconhece o processo educacional como meio fundamental à conscientização e à

proteção do meio ambiente por meio das práticas de educação ambiental.

Conforme Brandão (2005), para o trabalho de educação ambiental, a dimensão da

comunidade aprendente é essencial. “[...] Qualquer que seja o contexto em que se esteja

vivendo uma experiência de educação ambiental, as pessoas que se reúnem em “círculos de

experiências e de saberes”, possuem de qualquer maneira de algo de seu, de próprio e de

originalmente importante” (BRANDÃO, 2005, p. 90).

O último item dos objetivos específicos propostos no Projeto de implementação do

Florir Toledo, traz justamente a proposta de uma prática de educação ambiental, “Assegurar o

acesso de todos os jovens a todos os tipos de educação, sempre que apropriado, oferecendo

estruturas de ensino alternativo, assegurando que o ensino reflita nas necessidades

econômicas e sociais dos jovens” (SCUZZIATO, 2006, p. 6).

Os jovens 6 e 3, quando questionados sobre o que os motiva a participar

semanalmente das oficinas de educação ambiental, ressaltam que,

Todos os temas relacionados ao meio ambiente, pois abrange várias

áreas onde podemos ter um conhecimento adquirido aqui (J6).

O que me motiva mais é que nós estamos ajudando Toledo a melhorar

(J3).

Compreende-se o interesse dos jovens pelas questões ambientais e a participação em

atividades práticas de ensino e aprendizagem. Evidencia-se, segundo as respostas, o exercício

do protagonismo juvenil, a iniciativa de melhorar o meio em que vivem decidindo e propondo

mudanças. Aproxima-se aqui novamente, o estímulo à sensibilização e à participação de

jovens e adolescentes na promoção do desenvolvimento sustentável, como descrito na Agenda

21 Global.

3.1.4 O Projeto Florir Toledo e a Integralização das Atividades Executadas com as

Políticas Sociais e Demais Projetos Sociais Voltados à Juventude

Este item traz alguns apontamentos a cerca de como é percebida a integralização das

atividades do Projeto Florir Toledo com as políticas públicas, Criança e Adolescente,

Juventude, Assistência Social, Meio Ambiente e, com os demais projetos sociais. Os gestores

das políticas municipais ao serem questionados, avaliam-nas como sendo positivas e

justificam:

57

A integralização verifica-se no envolvimento e na participação dos

adolescentes nas atividades culturais, esportivas, educativas, na

proteção ambiental através da conscientização das pessoas, na

contribuição com o preparo de mudas de plantas e flores que

embelezam nossas praças e espaços públicos (G1).

Os princípios das Políticas Sociais são verificados nas atividades que

o Projeto realiza, pois apesar de não estar trabalhando no Projeto é

visível as ações comunitárias e atividades que fortalecem a

convivência familiar e comunitária (G2).

Garantindo que o adolescente tenha seus direitos assegurados,

participando de cursos profissionalizantes não tendo que ir para o

mercado de trabalho tão cedo e despreparado e participando das

oficinas de educação ambiental (G3).

Na proposta da Assistência Social, Criança e do Adolescente e

Juventude temos como o principal fundamento, pois temos como

objetivo central dar oportunidades aos participantes a fim de que os

mesmos se motivem a continuar seus estudos distanciando assim do

risco de evasão escolar. Oportunizar ao adolescente participante

ainda cursos e acesso aos seus direitos, como: Cultura, Saúde,

Esporte e Lazer e profissionalização. Meio Ambiente cito a

participação nas atividades de plantios de arvores, criação de

jardins, e engajamento nas atividades do Ecoclube de Toledo (G4).

Estas ações desenvolvidas no Projeto Florir Toledo e, as considerações expostas nas

falas dos gestores, evidenciam a importância do envolvimento dos jovens com a comunidade,

por meio de ações educativas e formadoras da identidade dos jovens, realizadas em conjunto

com a comunidade. O envolvimento da comunidade é fundamental nesse processo de

construção e fortalecimento da cidadania, na troca de experiências e de saberes.

Os espaços participativos que o Projeto Florir Toledo e suas parcerias proporcionam

são fundamentais para que os jovens exerçam seu protagonismo e desenvolvam seu potencial

para a uma formação humana e cidadã, além de garantir os seus direitos.

O acompanhamento e a participação da família do adolescente é

muito importante, por considerar a família como base fundamental

para todo o processo de formação humana. Assim, são promovidas

reuniões periódicas, conversas com os pais, palestras atividades

interativas como gincanas, cursos, confraternizações e outras (G1).

Considero que além das reuniões realizadas pela equipe com os

familiares são encaminhados ou realizados informes para garantir o

acesso dos adolescentes e família em programas, projetos e serviços

(G2).

58

Procuramos na medida do possível fazer com que a família participe

e conheça todo o trabalho realizado e atividades realizadas pelos

adolescentes (G3).

Realizações de reuniões com pais/responsáveis e filhos. Por meio de

cursos onde os responsáveis que por ventura se encontram em

situação de desemprego ou semente na execução dos serviços do lar,

bem como nas atividades do CRAS seja por reunião ou cursos. Há um

projeto conhecido como “FÉRIAS É NO FLORIR”, onde os

participantes realizam acampamento durante as férias e nas noites

jogos e gincanas com a família nos locais onde ocorre a proposta

(G4).

É fundamental destacar a importância da família nesse processo de formação dos

jovens. Tanto os jovens quanto a família são envolvidos nas ações desenvolvidas pelo Projeto

Florir Toledo, como se pode perceber nas falas expostas. A importância de envolver a família

nas atividades do Florir Toledo está bem explicitada no artigo 4º do ECA, o qual institui como

dever da família e da sociedade, em geral do Poder Público “[...] assegurar, com absoluta

prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária (CFESS, 2007, p.321).

Todos esses direitos se efetivam por meio de ações interdisciplinares do Projeto Florir

Toledo com as instituições parceiras. O trabalho interdisciplinar e o envolvimento de outras

instituições, a exemplo das universidades, é visto como positivo, tanto pelos gestores

municipais quanto pelos jovens.

A interdisciplinaridade amplia as possibilidades de desenvolvimento de

uma pedagogia de trabalho eficaz e de resultados, mantendo o entusiasmo e

motivação dos participantes. então sempre em contato com propostas

inovadoras e diferenciadas, o que é essencial para manter os adolescentes

no projeto (G1).

Avalio que a intervenção interdisciplinar da equipe e as parcerias é o que

garante o sucesso e garantia dos objetivos do Projeto (G2).

Positiva e com bons resultados. É por meio destas parcerias que muitas

conquistas do Florir Toledo foram Alcançadas (G4).

Quando perguntado aos jovens como veem estas atividades do Projeto Florir Toledo e,

se estas os levaram a conhecer outras ações desenvolvidas por projetos sociais com jovens nas

comunidades locais e na região, todos responderam que sim,

59

Eco Tech, Eco Club, Jovem Jardineiro, Cultivando Água Boa, Itaipu

Binacional, e alguns outros (J1).

Nos nossos plantios conhecemos pessoas de outros projetos, além de

conhecermos alguns nas nossas apresentações e eventos (J5).

Fazemos muitas visitas a outros projetos como o nosso centro da

juventude, ecoclubes, jovem jardineiro, cultivando água boa.

Preocupação com o meio ambiente, com o lixo da cidade, com as

árvores sendo cortadas, com o papel jogado fora, com a água sendo

usada sem cuidado (J6).

Não obstante, com relação às parcerias, sabe-se que as Universidades desenvolvem um

papel fundamental para garantir o sucesso dos Projetos sociais; e ao se questionar os gestores

sobre como avaliam a parceria da UNIOESTE com a execução das Oficinas de Educação

Ambiental na implementação das atividades do Projeto Florir Toledo, 3 (três) dos 4 (quatro)

gestores responderam que avaliam como positiva. Somente um gestor não respondeu.

Considero uma parceria essencial para o desenvolvimento das

atividades, pois além do aprendizado das oficinas os adolescentes

identificam a universidade com algo possível (G2).

Ótima (G3).

É uma das parcerias mais antigas do Projeto Florir Toledo, esta por

sinal tem nos servido de princípio norteador nas práticas ambientais,

e trazendo a Universidade para dentro do Florir Toledo,

possibilitando assim a interação dos adolescentes com o público

universitário (G4).

A universidade é um espaço múltiplo de aprendizagem, tanto para os acadêmicos que

realizam projetos de extensão no Projeto Florir Toledo, quanto para os que estão envolvidos

nos projetos sociais. Ambos são contemplados com uma formação diferenciada, dividindo

experiências, histórias de vidas e de saberes, de uma sólida formação cidadã. Segundo

Roesler; Fabris (2011), a continuidade das ações desenvolvidas no Projeto Florir Toledo “[...]

está associada à participação contínua das Universidades e de seus acadêmicos, docentes e

técnicos administrativos que através de seus cursos e intervenções institucionais tem

fortalecido as ações de extensão universitária, interinstitucional e interdisciplinar(ROESLER;

FABRIS, 2011, s/p).

60

CONSIDERAÇÕES

O presente trabalho de conclusão de curso teve como propósito compreender em que

medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do direito fundamental ao Meio

Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos jovens participantes.

A participação como bolsista do PET, nos anos de 2010 a 2012, na execução de

atividades extensionistas de educação ambiental com jovens, permitiu o contato direto com a

execução de projetos sociais, convívio e conhecimento da realidade social vivida por jovens

que participam do Projeto Florir Toledo, coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência

Social do Município. Inicialmente, levantou-se a seguinte hipótese e que, a partir dos estudos

aproximados na sistematização e avaliação da pesquisa foi confirmada: o Projeto Florir

Toledo tem contribuído na promoção do direito fundamental ao Meio Ambiente

ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos jovens participantes.

O estudo realizado resulta assim, de fundamentações do tema e objeto recortado à

pesquisa, constituídos em princípios legais, referenciais interpretativos de políticas públicas,

recomendações internacionais dentre outras e de eixos norteadores à execução do Projeto

Florir Toledo - um instrumento de garantia de direitos fundamentais e de enfrentamento da

questão ambiental.

As ações implementadas pelo Projeto Florir Toledo, avaliadas pelos sujeitos

participantes da pesquisa – os gestores e profissionais que atuam diretamente no projeto e dos

jovens que participam do projeto nos anos de 2011 e 2012, a amostra definida – mostram o

reconhecimento, a relevância e a influência que o Projeto proporciona ao desenvolvimento

pessoal dos jovens, tanto na sua formação profissional, quanto na efetivação de uma formação

cidadã e promotora do protagonismo juvenil.

Sobretudo, a pesquisa de campo realizada com os gestores e alguns jovens, igualmente

adolescentes, que se encontram na faixa etária de 14 a 18 anos, contribui para a avaliação

continuada e a eficácia da proposta pedagógica executada no Projeto. O envolvimento dos

jovens nas discussões, nas proposições de atividades e na sua execução, revela as

características do Projeto florir como um espaço participativo e democrático, o qual

oportuniza aos jovens o aprendizado, a responsabilidade e a tomada de decisões, de incentivo

ao crescimento tanto intelectual, pessoal quanto profissional.

No decorrer da pesquisa, pode-se perceber que as principais perspectivas que os

adolescentes tinham antes de entrarem no projeto, diziam respeito ao mercado de trabalho e a

61

melhora do comportamento, a emergência de se ter um emprego, de se auto sustentar e da

consequente melhora de suas condições financeiras; logo, são características fortemente

presentes no modelo de sociedade em que vivemos, sendo que essas perspectivas foram

concebidas pelo projeto, concedendo-lhes a oportunidade de se profissionalizarem e

encaminharem-se ao mercado de trabalho. Há também, cuidadosamente, neste contexto, o

compromisso de inseri-los em atividades que promovam o desenvolvimento humano pessoal.

O Projeto, portanto, propicia no conjunto uma significativa melhora de comportamento, de

disciplina, de relações familiares, de amizade e promove a educação dos jovens relacionada

aos temas ambientais e de diretos humanos. Sobretudo, inscreve-se na educação informal,

uma vez que o projeto ocorre em contra turno escolar, de defesa da garantia desses direitos

fundamentais e sociais, dentre eles, a do meio ambiente ecologicamente equilibrado e da

participação coletiva na promoção do desenvolvimento sustentável.

No entanto, é um projeto ainda frágil, no que se refere à presença e à participação

efetiva e permanente dos recursos humanos, gestores e equipe multidisciplinar de

profissionais envolvidos no dia a dia da implementação do projeto, nos turnos matutino e

vespertinos. Todavia, para se efetivar o compromisso institucional formativo dos jovens

cidadãos participantes do Projeto Florir Toledo, tem-se dentre outros desafios, o de assegurar

a participação, o envolvimento e a permanência em tempo maior, na equipe técnica

interdisciplinar que atua diretamente na sede do projeto Florir Toledo, do profissional

assistente social. Resultando, inclusive, na possibilidade de se desenvolver campo de estágio

curricular aos acadêmicos do Curso de Serviço Social e fortalecimento das atividades

extensionistas.

É importante também, que se assegurem recursos financeiros compatíveis às demandas

das atividades planejadas anualmente, prevendo-se a ampliação predial da estrutura existente

(salas de estudo, laboratório de informática, reforço de materiais pedagógicos, biblioteca,

espaços de lazer e arte, dentre outras acomodações) que resultaria, certamente, na efetivação e

na promoção das expectativas dos jovens e familiares os quais buscam fazer parte do Projeto

Florir Toledo.

Vale ressaltar a importância de projetos sociais, a exemplo do Projeto Florir Toledo,

para convocarem o segmento da juventude ao diálogo, à participação e a assumirem-se como

provedores e transformadores sociais. Ainda, os desafios emergentes para essa nova geração

cobram da sociedade e das instituições executoras da política da juventude, espaços de

autonomia e de reconhecimento dos direitos dos jovens, oportunizando a eles o exercício de

serem atores de sua história.

62

Reafirma-se que, é necessário o envolvimento tanto dos profissionais e técnicos que

atuam no Projeto Florir Toledo, quanto das instituições parceiras que realizam atividades com

os jovens, para que juntos transmitam conhecimentos diferenciados, mas com um objetivo

comum de promover o envolvimento dos jovens na efetivação dos princípios da Agenda 21,

que propõe em capítulo específico, a sensibilização necessária ao envolvimento cada vez mais

expressivo dos jovens na tomada de decisões à promoção do desenvolvimento social e

ambiental, que se propõe ir além do desenvolvimento pessoal, incorporando também

perspectivas de promoção do desenvolvimento sustentável.

Evidencia-se, assim, a importância do tema ambiental que vem sendo trabalhado no

Projeto Florir Toledo, como oportunidade para que os jovens despertem o interesse em

adquirir conhecimentos significativos à promoção da sua própria condição de vida pessoal e

social. Aprendizados esses proporcionados por diálogos, pelos estudos e pelas experiências

práticas em que os jovens se envolvem ao formarem jardins, o cultivo de mudas de plantas, ao

repassarem e socializarem os conhecimentos adquiridos nas oficinas aos familiares, ao grupo

de amigos da escola e da comunidade.

Este trabalho de conclusão de curso possibilitou, portanto, a compreensão da

importância das ações desenvolvidas no Projeto Florir Toledo, como um espaço de efetivação

da Política de Juventude em conjunto com a Política do Meio Ambiente, de forma que se

desenvolva o protagonismo juvenil na promoção de um meio ambiente saudável e sustentável.

Espera-se que com o resultado exposto neste trabalho se compreenda a importância da

promoção do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a formação e

a prática cidadã da juventude. Assim, é importante considerar o comprometimento que os

projetos sociais devem ter em relação à instrumentalização de políticas sociais, a garantia de

direitos humanos fundamentais, o enfrentamento de questões ambientais, a promoção do

desenvolvimento sustentável e avaliação de seus impactos à formação e à prática cidadã da

juventude.

Sinaliza-se também, a necessidade da inserção de um profissional assistente social ao

Projeto Florir Toledo, pressupondo uma intervenção voltada às ações interdisciplinares, em

articulação com a sociedade civil e, em especial, com os segmentos mais envolvidos na

problemática ambiental; este profissional, direcionaria seus conhecimentos no intuito de em

conjunto, fortalecer os sujeitos na construção de uma consciência voltada ao social e ao

mesmo tempo ambiental, de forma mais crítica. Assim, o profissional, atuante no

planejamento e na execução de atividades de educação ambiental, com o papel de formar no

processo de aprendizagem, a sensibilidade e a conscientização da população, na relação que

63

ela tem entre o meio em que vivem e o social. Há, deste modo, a oportunidade de entender a

integração do ecológico e do social e, a promoção do desenvolvimento sustentável visto como

um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem que para isso se

comprometa a qualidade de vida do ambiente e das próximas gerações.

Espera-se que, a sistematização desta pesquisa venha contribuir de modo significativo

para o fortalecimento do trabalho coletivo da equipe do Projeto Florir Toledo, subsidiar o

planejamento participativo anual e a avaliação permanente e propositiva às atividades em

execução no Projeto Florir Toledo, envolvendo a Secretaria Municipal de Assistência Social e

parceiros, dentre eles, o Curso de Serviço Social da UNIOESTE executor de projeto de

extensão de Oficinas de Educação Ambiental.

De sobremaneira, entende-se que possam surgir novas construções de aprendizado,

experiências vindas da participação dos jovens e familiares, em especial nas ações do projeto

para aproximar e promover cada vez mais o entendimento da indissociabilidade de defesa e

garantia dos direitos humanos e de justiça social com a proteção e a sustentabilidade do meio

ambiente.

64

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69

APÊNDICES

APÊNDICE A- Termo de Compromisso Para Uso de Dados em Arquivo.............. 70

APÊNDICE B- Termo De Consentimento Livre E Esclarecido/ Gestores das

Políticas Municipais..........................................................................

71

APÊNDICE C-

APÊNDICE D-

Termo De Consentimento Livre E Esclarecido/Jovens

adolescentes do Projeto Florir Toledo...............................................

Tabulação da Pesquisa: apresentação dos quadros............................

72

73

APÊNDICE E- Formulário de Entrevista para os Gestores das Políticas

municipais.........................................................................................

82

APÊNDICE F- Formulário de Entrevista para os Jovens Participantes do Projeto

Florir Toledo......................................................................................

84

70

APÊNDICE A

TERMO DE COMPROMISSO PARA USO DE DADOS EM ARQUIVO

Título do projeto: Juventude e o direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente

equilibrado: um estudo de caso do Projeto Florir Toledo.

Pesquisador Responsável: Dra. Marli Renate von Borstel Roesler

Pesquisador Colaborador: Larissa Teodoro Reckziegel da Silva

O(s) pesquisador(es) do projeto acima identificado(s) assume(m) o compromisso de:

1. Preservar a privacidade dos sujeitos da pesquisa cujos dados serão coletados;

2. Que as informações serão utilizadas única e exclusivamente para a execução do projeto em

questão;

3. Que as informações somente serão divulgadas de forma anônima, não sendo usadas iniciais

ou quaisquer outras indicações que possam identificar o sujeito da pesquisa.

4. Que serão respeitadas todas as normas da Resolução 196/96 e suas complementares na

execução deste projeto.

Toledo, _____de Junho de 2012

___________________________________

Dra. Marli Renate Von Borstel Roesler

____________________________________

Larissa Teodoro Reckziegel da Silva

71

APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO/GESTORES DAS

POLÍTICAS MUNICIPAIS

72

APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO/JOVENS

ADOLESCENTES DO PROJETO FLORIR TOLEDO

73

APÊNDICE D

TABULAÇÃO DA PESQUISA: APRESENTAÇÃO DOS QUADROS

QUADRO A – Como o Projeto Florir Toledo tem implementado suas atividades

considerando o objetivo de “capacitar os jovens envolvidos no projeto com ações ativas

na proteção do meio ambiente, fomentando o desenvolvimento econômico, social, e de

geração e renda”, na avaliação dos gestores das políticas públicas do município de

Toledo

G1 Todas as atividades desenvolvidas no Florir Toledo têm contribuído significativamente

para a formação pessoal, desenvolvimento da cidadania e participação comunitária,

interação social e também para a formação profissional, pois são atividades que não

apenas na área de proteção e preservação ambiental, mas de preparação para o exercício

da cidadania, que auxiliam no desenvolvimento da qualificação para o trabalho e na

escolha de uma profissão.

G2 Considero que o objetivo do Projeto é garantido através de todas as atividades realizadas,

pois fortalecem as ações deste sujeito social e sua comunidade.

G3 Participando ativamente de todas as campanhas relacionadas ao meio ambiente.

G4 Sim, temos acompanhado os resultados, que vão desde à empregabilidade na área em

que o participante realizou cursos, até mesmo ao protagonismo juvenil, onde

adolescentes que participaram ou participam das atividades do Projeto Florir Toledo têm

desenvolvido em comunidades a qual fazem parte. Como exemplo podemos citar que

recentemente participantes estavam engajados na reestruturação da UTES em nossa

cidade, alguns destes até eram responsáveis pela área de projetos ambientais. Outro fator

importante é a participação dos adolescentes na ECOCLUBE, onde toda diretoria desta

ONG é de ex participantes do Florir, onde desenvolve atividades que têm como foco a

defesa do meio ambiente em especial a água.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO B – Entende que a implementação das atuais atividades vem de encontro com

a promoção dos direitos fundamentais dos jovens e da cidadania na visão dos gestores

das políticas públicas no município de Toledo

Sim Motivo Não Motivo

4 São atividades que contribuem na formação de valores

essenciais à vida em sociedade. Não se trata apenas de um

trabalho voltado ao apoio na superação da vulnerabilidade

social, mas um projeto que envolve ações que vão

acompanhar o adolescente para a vida toda, promovendo

o ser humano em todos os aspectos, fortalecendo a

educação, promovendo a saúde, o esporte a cultura,

orientando hábitos saudáveis longe da violência e dos

vícios.

Com certeza, mas considero que isso deva muita à postura

e compromisso do profissional coordenador Oséias que

através de sua relação com os adolescentes e com a rede

de atendimento tem atingido ótimos indicadores.

Não explicou o motivo

Sim! Como fora dito na resposta anterior é observado no

engajamento de adolescentes nas atividades de cidadania

em sua comunidades (sic) bem como em ONGS, na luta

pelos seus direitos bem como no protagonismo juvenil.

74

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO C – Quais as maiores dificuldades encontradas para o desenvolvimento das

atividades do Projeto Florir Toledo, e facilidades ou potencialidades encontradas para a

execução das mesmas, na visão dos gestores das políticas públicas no município de

Toledo

Dificuldades Facilidades ou potencialidades

G1 Distância da unidade para alguns

adolescentes que moram em bairros mais

distantes, o que não impede a participação

Envolvimento dos responsáveis pelo projeto,

compromisso com o trabalho, criatividade,

formação de parcerias com outras instituições

e empresas, capacidade de aprender e

comprometimento dos atendidos, apoio e

compreensão das famílias envolvidas.

G2 Estrutura física, recursos humanos e

materiais, falta de profissional assistente

social.

Visibilidade do Projeto, ações práticas,

construção coletiva de ações.

G3 Falta de recurso financeiro próprio. Dedicação incondicional do coordenador do

Projeto.

G4 Dificuldade principal está na estrutura física

que nos limita de certa forma para nossas

atividades.

Potencialidade está no público, creio que os

olhares para o adolescente devem ser o mais

positivo possível, na perspectiva de futuro e

presente, respeitando as limitações e falta de

limitações que muitos apresentam, sem dúvida

eles são o potencial que temos a utilizar nas

execução das atividades, sabendo é claro que

eles mesmo é o foco e objetivo principal a ser

alcançados. Outro fator positivo é a

localização do Projeto Florir Toledo pela

aproximação com as Universidades de

Toledo, para a implantação de projetos e

parcerias.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO D – Que espaços participativos são propostos e estimulados aos jovens e seus

familiares e responsáveis no planejamento e execução das atividades do Projeto Florir

Toledo, na visão dos gestores das políticas publicas do município de Toledo

G1 O acompanhamento e a participação da família do adolescente é muito importante, por

considerar a família como base fundamental para todo o processo de formação humana.

Assim, são promovidas reuniões periódicas, conversas com os pais, palestras atividades

interativas como gincanas, cursos, confraternizações e outras.

G2 Considero que além das reuniões realizadas pela equipe com os familiares são

encaminhados ou realizados informes para garantir o acesso dos adolescentes e família em

programas, projetos e serviços.

G3 Procuramos na medida do possível fazer com que a família participe e conheça todo o

trabalho realizado e atividades realizadas pelos adolescentes.

G4 Realizações de reuniões com pais/responsáveis e filhos. Por meio de cursos onde os

responsáveis que por ventura se encontram em situação de desemprego ou semente na

execução dos serviços do lar, bem como nas atividades do CRAS seja por reunião ou

cursos. Há um projeto conhecido como “FÉRIAS É NO FLORIR”, onde os participantes

realizam acampamento durante as férias e nas noites jogos e gincanas com a família nos

locais onde ocorre a proposta.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

75

QUADRO E – De que forma verifica a integralização das atividades do Projeto Florir

Toledo com os princípios das Políticas Públicas (Criança e Adolescente; Juventude;

Assistência Social; Meio Ambiente e outras). E com demais projetos sociais voltados à

juventude, na visão dos gestores das políticas públicas do município de Toledo

Positiva Justificativa Negativa Justificativa

4 A integralização verifica-se no envolvimento e

na participação dos adolescentes nas atividades

culturais, esportivas, educativas, na proteção

ambiental através da conscientização das

pessoas, na contribuição com o preparo de

mudas de plantas e flores que embelezam

nossas praças e espaços públicos.

Os princípios das Políticas Sociais são

verificados nas atividades que o Projeto

realiza, pois apesar de não estar trabalhando no

Projeto é visível as ações comunitárias e

atividades que fortalecem a convivência

familiar e comunitária.

Garantindo que o adolescente tenha seus

direitos assegurados, participando de cursos

profissionalizantes não tendo que ir para o

mercado de trabalho tão cedo e despreparado e

participando das oficinas de educação

ambiental.

Na proposta da Assistência Social, Criança e

do Adolescente e Juventude temos como o

principal fundamento, pois temos como

objetivo central é dar oportunidades aos

participantes a fim de que os mesmos se

motivem a continuar seus estudos distanciando

assim do risco de evasão escolar. Oportunizar

ao adolescente participante ainda cursos e

acesso aos seus direitos, como: Cultura, Saúde,

Esporte e Lazer e profissionalização. Meio

Ambiente cito a participação nas atividades de

plantios de árvores, criação de jardins, e

engajamento nas atividades do Ecoclube de

Toledo.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO F – Como é avaliado a intervenção interdisciplinar da equipe no Projeto

Florir Toledo e com as instituições parceiras, na visão dos gestores das políticas publicas

do município de Toledo

Positiva Justificativa Negativa Justificativa Não justificou

4 A interdisciplinaridade amplia as

possibilidades de desenvolvimento de

uma pedagogia de trabalho eficaz e de

resultados, mantendo o entusiasmo e

motivação dos participantes. Então

sempre em contato com propostas

inovadoras e diferenciadas, o que é

essencial para manter os adolescentes

1

76

no projeto.

Avalio que a intervenção

interdisciplinar da equipe e as

parcerias é o que garante o sucesso e

garantia dos objetivos do Projeto.

Positiva e com bons resultados. É por

meio destas parcerias que muitas

conquistas do Florir Toledo foram

Alcançadas.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO G – Como é avaliada a parceria da UNIOESTE com execução das Oficinas de

Educação Ambiental na implementação das atividades do Projeto Florir Toledo, na

visão dos gestores das políticas públicas do município de Toledo

Positiva Justificativa Negativa Justificativa Não respondeu

3 Considero uma parceria essencial para o

desenvolvimento das atividades, pois

além do aprendizado das oficinas os

adolescentes identificam a universidade

com algo possível.

1

Ótima.

É uma das parcerias mais antigas do

Projeto Florir Toledo, esta por sinal tem

nos servido de princípio norteador nas

práticas ambientais, e trazendo a

Universidade para dentro do Florir

Toledo, possibilitando assim a interação

dos adolescentes com o público

universitário.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO H – O conjunto das atividades implementadas no Projeto Florir tem

possibilitado aos jovens um processo contínuo de aprendizado, de iniciação profissional

e de melhoria das condições de vida, na visão dos gestores das políticas públicas do

município de Toledo Sim Justificativa Não Justificativa 4 Com toda certeza. O simples fato de estarem resguardados da

violência e das drogas, de aprenderem a viver com dignidade

levando para dentro de suas famílias os conhecimentos

adquiridos. Muitos jovens que passaram pele Florir Toledo já

foram encaminhados ao trabalho nas empresas, tendo bom

desempenho e possibilidade de, com suas potencialidades

crescerem profissionalmente, melhorando assim sua qualidade

de vida e de seus familiares.

Considero que o conjunto de atividades implementadas garante o

processo de aprendizado, iniciação profissional e melhoria das

condições de vida, mas para além disso fortalece o senso crítico

dos adolescentes e as relações e vínculos familiares e

comunitários.

Sem dúvida, a maioria dos adolescentes do Projeto ao saírem são

encaminhados ao mercado de trabalho e possuem um excelente

77

currículo.

Hoje podemos apontar o Projeto Florir Toledo como um “estilo

de vida” onde os que participam obtêm ao longo do tempo uma

identificação que mesmo distante do Projeto mantêm alguma

forma de contato. Temos adolescentes que são profissionais

formados em cursos técnicos e outros que estão em formação

superior em andamento. O resultado positivo que observamos

em que passa pelo Projeto Florir é a honra e alegria que

demostram até hoje em ter participado do Florir Toledo, em com

número baixíssimos quase 0 (zero) de adolescentes que

iniciaram sua vida no crime e drogas.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO I – Motivo pelo qual os jovens ingressaram no Projeto Florir Toledo e suas

expectativas Motivo Expectativas

J1 Porque a minha madrinha era do conselho tutelar

e ela me incentivou a entrar no Projeto, que seria

bom pro meu futuro e para desenvolvimento da

minha educação e como me comportar melhor

socialmente perto e longe das outras pessoas.

Fazer alguns cursos profissionalizantes

para quando sair do projeto provavelmente

sair com um emprego garantido e também

conhecer novos amigos e levar alguns para

ao longo da vida.

J2 Procurei o Projeto Florir Toledo porque não

fazia nada na parte da tarde, e meus amigos

sempre falavam que era bom o projeto então

resolvi frequentar para curtir e conhecer o

projeto.

Minhas expectativas era fazer novos

amigos, fazer alguns cursos que o projeto

oferece e com certeza ganhar a bolsa.

J3 Procurei o Projeto, para não ficar na rua, pois os

crimes em Toledo aumentaram.

Oportunidades de emprego e de cursos.

J4 Não respondeu Eu vim para buscar novas experiências,

conhecer novos amigos.

J5 Entrei mais pelo motivo de ocupação diária, pois

na época não tinha nenhum conhecimento do

mesmo.

Minhas expectativas eram principalmente

aprimorar meus conhecimentos botânicos.

J6 Há procura de lazer, aprendizado, cursos,

pessoas para conhecer.

Minhas expectativas foram exatamente o

que estava procurando. Pessoas em lugares

diferentes, tendo novos conhecimentos,

novas responsabilidades, muitos passeios,

muita diversão.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO J – o significado da participação das atividades do Projeto Florir Toledo e

como são executadas no dia a dia, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir

Toledo Significado Como são executadas

J1 É bom porque na maioria das vezes o grupo

inteiro tem que trabalhar em grupo para

conseguir completar as atividades.

Na maioria das vezes tem discussão sobre o

que a gente está fazendo, na maioria das vezes

as atividades são concluídas e bem discutidas

até o final das atividades proposta.

J2 Esse ano eu só gosto de algumas atividades,

acho muito bom as atividades que o projeto

oferece, pois além do preparo físico muito

Não respondeu.

78

bom você conhece um pouco da natureza.

J3 As atividades do Projeto nós aprendemos

cada vez mais com elas.

No dia a dia separamos em dois grupos um

trabalha no galpão e outros nas estufas ou fica

procurando a onde a dengue pode estar e

limpar, para mim isso é muito importante, pois

é um trabalho em grupo.

J4 Melhorar meu desenvolvimento, ajudar

minha saúde.

Não respondeu.

J5 Conhecimento, diversão, disciplina, etc. Geralmente todas eram executadas

normalmente, com pessoas focadas nos

assuntos e alguns distraídos ou bagunçando.

J6 Eu procuro não faltar, pois a cada atividade,

o prazer de estar aqui é imenso, elas são

importantes, ganho experiências, e tento

aproveitar, pois as lembranças que tenho

aqui já são muito boas, e quero ainda mais

para poder recordar.

As atividades são executadas cada dia da

semana, uma diferente com 2 horários, o 1º e o

2º. Onde participamos de jardinagem, natação,

capoeira, aula de música, cursos, entre outros...

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO K – As atividades do Projeto Florir Toledo vêm de encontro com as

expectativas atuais de aproximar a formação escolar com oportunidades de iniciação de

capacitação profissional, por serem desenvolvidas em contra turno escolar, na visão dos

jovens participantes do Projeto Florir Toledo Sim Justificativa Não Justificativa

6 Porque aqui no Projeto Florir Toledo tem vários

cursos profissionalizantes e que pode ajudar para

conseguir um emprego melhor e não precisar fazer

cursos quando estiver trabalhando porque daí já tinha

sido feito antes no Projeto.

Os cursos que fazemos aqui pode ser seu futuro de

profissão, ajudar a descobrir do que você gosta.

Os cursos que nós fazemos irá sim afetar no mercado

de trabalho, são cursos muito bons e irá ajudar muito.

Te ajuda a criar mais responsabilidade, compromisso.

Muito dos cursos feitos podemos usar para facilitar

nossa entrada em algumas empresas.

Criamos aqui um vínculo com todos, aprendemos

viver como grupo, percebemos o valor de uma

amizade, pois as atividades realizadas é preciso um

do outro, sem contar sobre as grandes oportunidades

que nosso coordenador nos proporciona, nos oferece

cursos profissionalizantes, que futuramente, fará uma

grande diferença na minha área de trabalho.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO L – As atividades do Projeto Florir Toledo têm levado a conhecer outras

ações desenvolvidas por projetos sociais com jovens na comunidades locar e região, na

visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo. Sim Justificativa Não Justificativa 6 Eco Tech, Eco Club, Jovem Jardineiro, Cultivando

Água Boa, Itaipu Binacional, e alguns outros.

79

Participo do Florir e conheço muitos outros

projetos.

Em Foz do Iguaçu nós conhecemos os Jovens

Jardineiros que foi uma experiência bem legal.

Jardinagem

Nos nossos plantios conhecemos pessoas

conhecemos pessoas de outros projetos, além de

conhecermos alguns nas nossas apresentações e

eventos.

Fazemos muitas visitas a outros projetos como o

nosso centro da juventude, ecoclubes, jovem

jardineiro, cultivando água boa. Preocupação com o

meio ambiente, com o lixo da cidade, com as

árvores sendo cortadas, com o papel jogado fora,

com a água sendo usada sem cuidado.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO M – A importância de os jovens se envolverem de forma ativa em atividades

de sensibilização e capacitação voltadas à proteção do meio ambiente e promoção da

cidadania, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo Sim Justificativa Não Justificativa

6 Porque a gente fica sabendo o que a gente vai fazer e

sabe o que vai acontecer no curso e no andamento do

que a gente vai fazer, a gente planta árvores e fazemos

jardins.

Porque adolescente bem articulado é um adolescente

bem formado.

É uma experiência bem legal para os jovens ajudar o

meio ambiente e a cidadania.

Os cursos me ajudam a ampliar meus conhecimentos e

me encaminham para o mercado de trabalho.

Isso se agrega a nossa vida, além de beneficiar ao

próximo e ao meio ambiente, me sinto bem por ter

ajudado o mundo, e acho que muitos sentem o mesmo.

Como tanto que a gente gosta muito quando as

universidades fazem atividades com a gente,

mostrando como é importante preocuparmos com o

meio ambiente. E ponhamos em prática sempre quando

fazemos um jardim, ou algo parecido.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO N – O que motiva a participar semanalmente nas oficinas de educação

ambiental e que temas ou assuntos despertam maior atenção, na visão dos jovens

participantes do Projeto Florir Toledo O que motiva a participar Temas ou assuntos que despertam atenção

J1 A participar e terminar as atividades que

são propostas pelo professor e pela

prefeitura.

O que eu mais gosto de fazer é a Ed. Física

que é feito nas sexta-feira e é a atividade que

as pessoas e os adolescentes gostam de fazer

porque envolve as pessoas a fazer um

trabalho em grupo.

J2 O pagamento da bolsa fim do mês. Não respondeu.

80

J3 O que me motiva mais é que nós estamos

ajudando Toledo a melhorar.

O que me desperta é que estamos fazendo

coisa boa.

J4 Os cursos me ajudam a ampliar meus

conhecimentos e me encaminham para o

mercado de trabalho.

Não respondeu.

J5 Antigamente eu era motivado pela

vontade e porque eu gostava muito de vir,

hoje em dia eu me sinto desmotivado pelo

projeto ter mudado.

Não respondeu.

J6 Todos os temas relacionados ao meio

ambiente, pois abrange várias áreas onde

podemos ter um conhecimento adquirido

aqui.

Não respondeu.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO O – O envolvimento no planejamento e desenvolvimento das atividades e

oficinas semanais do Projeto Florir Toledo, por exemplo, na proposição, discussões e

debates dos temas, dinâmicas de trabalho em grupo e avaliação de resultados, dentre

outros aspectos, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo J1 Os adolescentes debatem e selecionam as melhores para ser feito e o que vai ajustar nas

novas futuras.

J2 Só fico na minha, não dou minha opinião , quase sempre ninguém concorda, então sempre

a opinião dos outros são debatidos.

J3 Nós fazemos debates e escolhemos os cursos e dinâmicas.

J4 Sim, ajudamos a escolher cursos que gostaríamos de fazer.

J5 Dou minha opinião quando necessário, e tento agregar meus conhecimentos tudo que eu

acho interessante ou necessário.

J6 Sim, damos sugestões relacionadas ao que gostamos de fazer, e que sempre possível ele

nos atende.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO P – Que problemas ambientais t~em chamado a atenção e o que pode ser feito

para resolvê-los, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo Problemas ambientais que chamam a atenção O que pode ser feito para resolvê-los

J1 Poluição, desmatamento. Não jogar lixo nas ruas e reparar as bocas de

lobo, e plantar árvores onde foi desmatado

principalmente nas matas legais.

J2 Corte de árvores. Plantar mais.

J3 Um dos principais problemas é a poluição. Pode ser feito mais carros elétricos.

J4 A sujeira em rios e no meio ambiente. Temos que ter consciência e tentar amenizar

essa situação.

J5 Bom, todos me chamam a atenção. Não podemos acabar com eles, mas

conscientizar as pessoas para diminuição

destes.

J6 O desperdício da água, o descuido do lixo,

reciclagem, o meio ambiente no geral.

Poderia ser feito, elaborado, um projeto para

que os integrantes do Florir Toledo possam

sensibilizar as pessoas de quanto é

importante cuidarmos do que é nosso.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO Q – O que pode ser compartilhado em família, na escola, no grupo de amigos,

na comunidade, com os universitários sobre a experiência vivida no Projeto Florir

81

Toledo e nas oficinas de educação ambiental, na visão dos jovens participantes do

Projeto Florir Toledo J1 Ajudar as pessoas como plantar e fazerem jardim ou ajudar como cuidar das plantas.

J2 Nada, pois relações escolares fica na escola, relações familiares fica na família, e as

questões da comunidade entra em todos os lugares.

J3 Pode ser compartilhado o trabalho em grupo e o mais importante a amizade.

J4 As amizades verdadeiras e a responsabilidade e compromisso dos professores e

coordenadores.

J5 Acho que eu vou levar e compartilhar tudo que eu aprendi.

J6 O que debatemos, o que aprendemos, as histórias, as lembranças, as brigas, tudo o que

levamos de bom devemos compartilhar com todos, o quanto foi divertido o que vivemos

juntos.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

QUADRO R – Que ações são fundamentais para que os jovens possam participar das

decisões sobre o processo de desenvolvimento social e econômico e de geração de renda,

com a proteção do meio ambiente e garantia dos diretos fundamentais, na visão dos

jovens participantes do Projeto Florir Toledo J1 Participar das reuniões da comunidade, ajudar as pessoas a se comportar no meio da

comunidade e na sociedade.

J2 Os jovens não ligam muito para político, e se fosse o caso , sempre ia sair sacanagens e

brincadeiras de mal gosto.

J3 Deve ser fitas palestras e dinâmicas para os jovens.

J4 Conhecer a cidade e a sujeira dela, conhecendo isso você cria um conceito em sua cabeça,

não fazendo mais coisas erradas e nem sujando mais a cidade e o meio ambiente.

J5 Dar mais espaço a voz jovem na sociedade, pondo jovens nos debates sobre o futuro dos

mesmos, pois nós somos o futuro e temos direito de escolher o mesmo.

J6 Primeiro interesses com o nosso mundo, onde vivemos, para os jovens contra as drogas, o

bulling, a preocupação com o meio ambiente é fundamental, pois são ações feitas para

melhorar o nosso futuro.

FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo

82

APÊNDICE E

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA OS GESTORES DAS POLÍTICAS

MUNICIPAIS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

Curso: Serviço Social – 4º Ano

Professor (a) orientador (a) de tcc: Marli Renate von Borstel Roesler

Acadêmico (a): Larissa Teodoro Reckziegel da Silva

Objetivo geral da pesquisa: Analisar e compreender a implementação do Projeto

Florir Toledo enquanto um instrumento de garantia de direitos fundamentais e de

enfrentamento da questão ambiental, aproximada à percepção de jovens participantes e

gestores de políticas públicas.

Sujeitos da pesquisa: Gestores das políticas municipais.

Local da entrevista: Sede do Projeto Florir Toledo, localizado na Rua Corbélia, 830 Jd.

Santa Maria e Secretaria de Assistência Social do Município de Toledo – PR.

Nome: ______________________________________________ Idade: ____________

Data de Nascimento: ___/___/______ Sexo: F ( ) M ( )

Endereço: _____________________________________________________ Nº ______

Bairro: __________________________________________ Fone: _________________

1. Formação Profissional:

2. Cargo ou função:

3. Quando iniciou as atividades no Projeto Florir Toledo?

4. O que levou você a fazer parte da equipe do Projeto Florir Toledo?

5. Em sua avaliação como o Projeto Florir Toledo tem implementado suas atividades

considerando o objetivo de “capacitar os jovens envolvidos no projeto com ações ativas na

proteção do meio ambiente, fomentando o desenvolvimento econômico, social e de geração

de renda”?

6. Entende que a implementação das atuais atividades vem de encontro com a promoção dos

diretos fundamentais dos jovens e da cidadania?

7. Quais as maiores dificuldades encontradas para o desenvolvimento das atividades do

Projeto Florir Toledo? E, facilidades ou potencialidades encontradas para a execução das

mesmas?

8. Que espaços participativos são propostos e estimulados aos jovens e seus familiares e

responsáveis no planejamento e execução das atividades do Projeto Florir Toledo?

83

9. De que forma se verifica a integralização das atividades do Projeto Florir Toledo com os

princípios das Políticas Públicas (Criança e Adolescente; Juventude; Assistência Social e

Meio Ambiente; e outras)? E, com demais projeto sociais voltados à juventude?

10. Como avalia a intervenção interdisciplinar da equipe no Florir Toledo e com as

instituições parceiras?

11. Como avalia a parceria da UNIOESTE com a execução das Oficinas de Educação

Ambiental na implementação das atividades do Projeto Florir Toledo?

12. Em sua avaliação, o conjunto das atividades implementadas no Projeto Florir Toledo tem

possibilitado aos jovens um processo contínuo de aprendizado, de iniciação profissional e de

melhoria das condições de vida?

Estou ciente dos objetivos da pesquisa e da inclusão dos dados fornecidos no Trabalho de

Conclusão de Curso, da Acadêmica Larissa Teodoro Reckziegel da Silva.

____/____/_____ _____________________________

Data Assinatura do Entrevistado

84

APÊNDICE F

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA OS JOVENS PARTICIPANTES DO PROJETO

FLORIR TOLEDO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

Curso: Serviço Social – 4º Ano

Professor(a) orientador(a) de tcc: Marli Renate von Borstel Roesler

Acadêmico (a): Larissa Teodoro Reckziegel da Silva

Objetivo geral da pesquisa: Analisar e compreender a implementação do Projeto

Florir Toledo enquanto um instrumento de garantia de direitos fundamentais e de

enfrentamento da questão ambiental, aproximada à percepção de jovens participantes

e gestores de políticas sociais.

Sujeitos da pesquisa: Jovens participantes do Projeto Florir Toledo.

Local da entrevista: Sede do Projeto Florir Toledo, localizado na Rua Corbélia, 830

Jd. Santa Maria.

Nome: ______________________________________________ Idade: ____________

Data de Nascimento: ___/___/______ Sexo: F ( ) M ( )

Natural de______________________________________ Estado: _________________

Endereço: _____________________________________________________ Nº ______

Bairro: __________________________________________ Fone: _________________

1. Quando e por que você procurou o Projeto Florir Toledo e quais eram suas expectativas?

2. O que significa para você participar das atividades do Projeto Florir Toledo e como elas são

executadas no dia a dia?

3. As atividades do Projeto Florir Toledo vêm de encontro com as suas expectativas atuais de

aproximar a formação escolar com oportunidades de iniciação de capacitação profissional, por

serem desenvolvidas em contra turno escolar?

4. As atividades do Projeto Florir Toledo têm levado você a conhecer outras ações

desenvolvidas por projetos sociais com jovens na comunidade local e na região?

5. Para você é importante os jovens se envolverem de forma ativa em atividades de

sensibilização e capacitação voltadas à proteção do meio ambiente e promoção da cidadania?

6. O que te motiva a participar semanalmente nas oficinas de educação ambiental e que temas

ou assuntos despertam maior atenção?

85

7. Como você tem se envolvido no planejamento e desenvolvimento das atividades e oficinas

semanais, por exemplo, na proposição, discussões e debates dos temas, dinâmicas de trabalho

em grupo e avaliação de resultados, dentre outros aspectos?

8. Que problemas ambientais têm chamado sua atenção e o que pode ser feito, a seu ver, para

resolvê-los?

9. Em sua avaliação o que pode ser compartilhado em família, na escola, no grupo de amigos,

na comunidade, com os universitários sobre a experiência vivida no Projeto Florir Toledo e

nas oficinas de educação ambiental?

10. Para você que ações são fundamentais para que os jovens possam participar das decisões

sobre o processo de desenvolvimento social e econômico e de geração de renda, com a

proteção do meio ambiente e garantia dos diretos fundamentais?

Estou ciente dos objetivos da pesquisa e da inclusão dos dados fornecidos no Trabalho de

Conclusão de Curso, da Acadêmica Larissa Teodoro Reckziegel da Silva.

____/____/_____ _____________________________

Data Assinatura do Entrevistado

86

ANEXOS

87

ANEXO A

PARECER DE APROVAÇÃO DA PESQUISA

88

ANEXO B

TERMO DE CIÊNCIA DO RESPONSÁVEL PELO CAMPO DE ESTUDO