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SERVIÇO SOCIAL
___________________________________________________________________
GENI VILLA RIOS
DOAÇÃO DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO TOLEDO -
PR: OS MOTIVOS QUE IMPEDEM DOADORES ESPORÁDICOS A SE
TORNAREM FIDELIZADOS
___________________________________________________________________
TOLEDO
2014
GENI VILLA RIOS
DOAÇÃO DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO TOLEDO-PR:
OS MOTIVOS QUE IMPEDEM DOADORES ESPORÁDICOS A SE
TORNAREM FIDELIZADOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em Serviço
Social.
Orientadora: Profa. Sueza Oldoni
TOLEDO
2014
GENI VILLA RIOS
DOAÇÃO DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO TOLEDO-PR:
OS MOTIVOS QUE IMPEDEM DOADORES ESPORÁDICOS A
SE TORNAREM FIDELIZADOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em Serviço
Social.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa. Esp. Sueza Oldoni
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
________________________________________
Profa. Ms. Carmen Pardo Salata
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
________________________________________
Prof. Dr. Alfredo Aparecido Batista
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 12 de novembro de 2014.
Dedico este trabalho a toda a minha família,
meu porto seguro sempre quando surgiram
grandes e pequenas tempestades.
A tia ―Dina‖ (in memoriam) que partiu durante
o processo e percurso deste estudo. Seu
exemplo de doçura, caráter e bondade serão
para sempre lembrados e seguidos.
A Debora Cavalheiro (in memoriam) colega de
sala de aula que partiu tão cedo, mas, ficou
inesquecível ao nosso espaço da sala que ela
mesma denominou ―Cantinho Feliz‖.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade de alcançar esse objetivo tão valioso!
A sociedade brasileira pelos impostos pagos ato que me proporcionou a oportunidade
de estudar em uma universidade pública de qualidade apesar das inúmeras dificuldades que
enfrenta. A UNIOESTE, pela oportunidade de conviver e apreender com os docentes dessa
instituição em especial os do Curso de Serviço Social, que não mediram esforços para
compartilhar conhecimento e experiências.
A minha orientadora nesse trabalho, Sueza Oldoni, por ter aceitado este desafio e
depositado em mim sua confiança. Obrigada pela sua solicitude, paciência, e, sobretudo por
estar sempre disponível nas vezes em que foi necessária sua orientação, sempre com seu lindo
sorriso estampado no rosto, orientando com sabedoria, dedicação, delicadeza e competência.
A minha supervisora de campo Ivanice Salete Primieri, pela sua bondade,
profissionalismo e por me ensinar sempre com sua meiguice e competência. Seu apoio foi
fundamental nos momentos de insegurança. Minha querida ―SUPER‖ suas dicas foram muito
valiosas e nunca esquecerei.
A minha supervisora acadêmica Ane Barbara Voidelo, que nas nossas conversas me
animou nos momentos de incertezas, admiro sua sabedoria para elaborar ideias, foram
preciosas suas observações e orientações.
Aos entrevistados desta pesquisa doadores esporádicos por terem aceitado o convite.
Aos funcionários da UCT-Toledo onde fiz meus dois anos de estágio, obrigada pelo carinho e
atenção com que fui tratada. Ao coordenador da UCT- Toledo Ayres Dalla Bernardina Neto,
pela sua atenção em todas as vezes que precisei e pelas ―dicas‖ preciosas.
Ao Dr. Ronan D’Avilla por, com suas atitudes demonstrar que podemos ser
profissionais sem deixar de ser humanos. Obrigada pelo apoio nos momentos tão necessários.
Ao Alecxandro e Douglas, Katia e Simone, meus sobrinhos ―socorristas‖ para
assuntos de internet. Ao meu sobrinho Gabriel que com sua inocência e carinho me animou
nos momentos de tristeza, e incertezas. A minhas irmãs Dete e Sandra e primas Deisi e
Jovana, pelo apoio incondicional. A minha mãe Maria e meu pai Osmar pelas orações e pela
torcida. Ao meu filho Rafael e cunhado Edilson pelo apoio. Ao Sidnei meu marido pelo apoio
e pelos inúmeros ―cafés da manhã‖ postos à mesa durante a correria desses quatro anos.
A todas as colegas da turma de Serviço Social, as quais dividiram comigo momentos
de aprendizado e experiências. De maneira especial agradeço:
A Adriane Ortiz Condé Kreozer, minha fiel amiga dos momentos difíceis e felizes,
admiro sua persistência e superação, amigas para sempre seremos.
Amiga ―Sol‖ Solange da Cruz Krein batalhadora e guerreira vou sentir saudades das
nossas ―teimosias‖ e de seu apoio.
A amiga Marciana Alexandre, quanta paciência admirável para com nossas dúvidas!
―pequena grande mulher‖ admiro-a.
Amigas, Karine Masiero, Franciely Rauber, Daniela Liesenfeld, Graciella Alves,
Thayssis Nikelli minha querida ―cachinhos dourados‖, Juliana Morante Brita, Ana Carolina
de Paula, Carla Thomaz, Thaís Meinerz, Janaina Campos, Cristiane Sander e amigo Anderson
Tosti. Sempre serão lembrados com um carinho especial em minha vida.
“O Capital não tem a menor consideração pela saúde ou duração
da vida do trabalhador, a não ser quando a sociedade o força a respeitá-la.”
Karl Marx, (1818-1883).
RIOS, Geni Villa. Doação de sangue na unidade de coleta e transfusão Toledo-PR: os
motivos que impedem doadores esporádicos a se tornarem fidelizados. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social) Centro de Ciências Sociais Aplicadas.
Universidade Estadual Oeste do Paraná – Campus – Toledo, 2014.
RESUMO
Esta pesquisa possui como tema: Doação de Sangue na Unidade de Coleta e Transfusão –
Toledo – PR. O problema da pesquisa consiste na seguinte indagação: Quais os motivos que
impedem a doação regular por pessoas aptas a doar sangue e que já vivenciaram essa
experiência na Unidade de Coleta e Transfusão UCT-Toledo-PR de se tornarem doadores
fidelizados. Para atingir este objetivo, concentrou-se em compreender os motivos que
impedem a doação regular por pessoas aptas a doar sangue de se tornarem fidelizados; parte-
se de uma revisão bibliográfica, na qual se almeja analisar a Politica Nacional do Sangue
Componentes e Hemoderivados, procurando conhecer as particularidades dessa politica,
aspectos históricos e suas atribuições; como também compreender o procedimento e o
processo da doação de sangue na UCT-Toledo. Enquanto pesquisa de campo, buscou-se
detectar junto aos doadores esporádicos aspectos que os impedem de se tornarem doadores de
sangue de forma fidelizada e por consequência o perfil desses doadores esporádicos da UCT,
visando assim contribuir para um possível aumento do número de doadores e a sua
fidelização. Neste percurso, o trabalho constitui-se de um método qualitativo, realizado com
20 doadores esporádicos do sexo feminino e 20 do sexo masculino, que compareceram na
UCT-Toledo-PR no período do mês de julho de 2014. Para a coleta de dados foi realizado
entrevistas, a partir de um formulário semiestruturado, com os referidos doadores. Com os
resultados, foi possível identificar que o fator determinante que impede os doadores
esporádicos a se tornarem fidelizados na UCT-Toledo-PR refere-se à impossibilidade de se
ausentar do trabalho. Contudo, permitiu levantar a possibilidade de elaboração de meios para
a conscientização dos doadores apoiada na humanização das relações sociais.
Palavras chave: Doação de sangue. Unidade de Coleta e Transfusão. Doador
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICOS DA ANÁLISE FEMININA
Gráfico I – Faixa etária ....................................................................................................... 42
Gráfico II – Escolaridade .................................................................................................... 43
Gráfico III – Estado Civil ................................................................................................... 44
Gráfico IV - Qual foi o motivo que o levou a realizar a doação?.......................................... 44
Gráfico V– Já foi abordado por alguma campanha de doação de sangue? ............................ 45
Gráfico VI – Gostaria de tornar-se um doador fidelizado doando pelo menos duas a três vezes
ao ano? ................................................................................................................................ 46
Gráfico VII - Porque gostaria de tornar-se doador fidelizado? ............................................. 46
Gráfico VIII – Porque não doa com uma frequência maior? Especifique os motivos ........... 47
Gráfico IX – Como se sente ao realizar a doação de sangue? ............................................... 48
Gráfico X – Sugestões para aumentar o número de doadores de sangue na UCT-Toledo ..... 49
GRÁFICOS DA ANÁLISE MASCULINA
Gráfico I – Faixa etária ....................................................................................................... 50
Gráfico II – Escolaridade .................................................................................................... 51
Gráfico III – Estado Civil ................................................................................................... 51
Gráfico IV- Qual foi o motivo que o levou a realizar a doação? .......................................... 52
Gráfico V – Já foi abordado por alguma campanha de doação de sangue? ........................... 53
Gráfico VI - Gostaria de tornar-se um doador fidelizado doando pelo menos duas a três vezes
ao ano? ................................................................................................................................ 53
Gráfico VII – Porque gostariam de tornarem-se doadores fidelizados.................................. 54
Gráfico VIII – Porque não doa com uma frequência maior? Especifique os motivos ........... 55
Gráfico IX – Como se sente ao realizar a doação de sangue? ............................................... 56
Gráfico X- Sugestões para aumentar o número de doadores de sangue na UCT-Toledo ....... 56
FIGURAS
Figura I- Processo do Fracionamento do sangue.....................................................................77
Figura II - Tipos sanguíneos e o doador e receptor universais................................................17
TABELAS
Tabela 1 – Tabela de compatibilidade sanguínea ................................................................. 17
LISTA DE SIGLAS
AIDS
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
ANVISA Agência Nacional de vigilância Sanitária
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CFESS Conselho Federal do Serviço Social
CISCOPAR Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste-PR.
CFESS Conselho Federal do Serviço Social
CNH Comissão Nacional de Hemoterapia
CNS Conselho Nacional de Saúde
COSAH Coordenação de Sangue e Hemoderivados
DGS Diretoria de Gerenciamento em Saúde
FICV/CV
HEMOSC
Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e
Crescente Vermelho
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina
HEMEPAR
HEMOPA
HEMOPE
HEMOPI
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará
Centro de Referência Nacional em Hematologia e Hemoterapia
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí.
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PLANASHE Plano Nacional de Sangue e Hemoderivados
POP Procedimento Operacional Padrão
RDC Resolução de Diretoria Colegiada
RT Requisição de Transfusão
SBHH Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia
SESA Secretaria da Saúde
SINASAN Sistema Nacional de Sangue
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UCT Unidade de Coleta e Transfusão
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
1 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA HEMOTERAPIA ......................................... 14
1.1.1 A instituição /regulamentação da hemoterapia no Brasil ........................................ 26
2 O PROCESSO DE DOAÇÃO DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E
TRANSFUSÃO-TOLEDO- PARANÁ .............................................................................. 30
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO- TOLEDO –
PARANA ............................................................................................................................ 30
2.1.1 O processo de doação coleta e preparo do sangue para a transfusão, realizado na
Unidade de Coleta e Transfusão- Toledo/PR. ................................................................... 33
2.2 A UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO - TOLEDO/PR E A VINCULAÇÃO
COM O SERVIÇO SOCIAL................................................................................................ 35
3 A PESQUISA: PERCURSO METODOLÓGICO ......................................................... 39
3.1 APRESENTACÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS ... 41
3.1.1 Análise dos dados coletados junto ao sexo feminino ................................................ 42
3.1.2 Análise dos dados coletados junto ao sexo masculino .............................................. 50
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 59
APÊNDICES ...................................................................................................................... 66
ANEXOS ............................................................................................................................ 70
11
INTRODUÇÃO
A motivação para o desenvolvimento dessa pesquisa se deve à experiência vivenciada
no estágio supervisionado I e II em Serviço Social na Unidade de Coleta e Transfusão de
Toledo – PR (UCT -Toledo), durante o período de 2013 a 2014.
Neste contexto, a partir de dados analisados através do sistema de cadastros de
doadores de sangue HEMOVIDA (sistema informatizado utilizado pela rede de Bancos de
Sangue Públicos do Estado do Paraná – Rede Hemepar) sobre os doadores que se fizeram
presentes na UCT-Toledo, no período de 1º de Janeiro de 2013 a 31 de Dezembro de 2013,
verificou-se que dos 7.298 cadastros de doadores que compareceram na UCT de Toledo,
durante esse período, somente 110 destes se tornaram doadores fidelizados1, um número
relativamente baixo em relação ao total de pessoas que doam sangue esporadicamente.
Diante dessa constatação, instigou-se para o problema da pesquisa que consiste na
seguinte indagação: Quais os motivos que impedem os candidatos esporádicos2 à doação de
sangue a se tornarem doadores fidelizados? Para procurar responder a esse questionamento
concentrou-se no objetivo de compreender os motivos que impedem a doação regular por
pessoas aptas a doar sangue e que já vivenciaram essa experiência na Unidade de Coleta e
Transfusão de Toledo a se tornarem doadores fidelizados.
Optou-se pela temática da doação de sangue na UCT-Toledo por acreditar que a partir
do conhecimento do comportamento e percepções dos doadores em relação ao sangue e ao
processo de doação, os bancos de sangue podem melhorar suas relações com futuros
doadores, possibilitando o aumento do número de doadores voluntários e, principalmente,
fidelizados, conscientes e convictos da importância que esta ação representa para a sociedade,
pois, esta atitude simples pode salvar muitas vidas, além de ser um gesto de responsabilidade
social e cidadania.
O Serviço Social nessa UCT preocupa-se em captar indivíduos com o propósito de
interagir, assistindo os doadores em suas necessidades ou dúvidas, como também, mobilizar a
conscientização social para adesão de novos doadores, que de forma consciente tornem-se
participantes e colaboradores na tentativa de suprir a demanda diária de sangue, sendo esse
um dos seus grandes desafios que se apresentam, visto que o número de doadores que
comparecem à UCT não atende a demanda necessária de sangue.
1 Doador fidelizado: O doador de sangue que realiza três doações em um período de 12 meses, todos os anos.
(PARANÁ, 2014). 2 Doador esporádico: doador que repete a doação após intervalo superior a 12 (doze) meses da última doação.
(BRASIL, 2013
12
Para Mota (2014), doar sangue salva milhões de vida, constituindo-se numa prática
fundamental para tal acontecimento. Para muitos casos se faz necessário à transfusão de
sangue como garantia de sobrevivência do paciente. Há pesquisas que apontam que a cada
dois minutos um paciente necessita de transfusão. Nestes casos, há que se contar com a
solidariedade humana, pois não há nenhum substituto para o sangue.
Assim sendo, para atingir o objetivo proposto, a pesquisa encontra-se dividia em três,
capítulos. No primeiro capítulo foram delineadas a significação e função do sangue, a
hemoterapia e seu contexto histórico e político, bem como aspectos da implantação e
regulamentação da hemoterapia no Brasil.
O segundo capítulo, trata da contextualização do processo de doação de sangue na
UCT-Toledo. Iniciando com um breve resgate histórico da implantação dessa Unidade no
município de Toledo e a seguir, relatando como acontece o processo de doação, coleta e
preparo do sangue para a transfusão, a vinculação do Serviço Social neste espaço, a atuação
do profissional Assistente Social e descrição das atribuições e funções privativas deste.
O terceiro capítulo diz respeito à pesquisa de campo, na qual, além de levantar os
motivos que impedem os candidatos esporádicos à doação de sangue a se tornarem doadores
fidelizados, apresentou-se ainda um perfil desses doadores, quantificando os estes dados.
Com a pesquisa pretendeu-se fornecer dados basilares para ampliar os conhecimentos sobre
ações educativas já desenvolvidas, bem como oferecer subsídio à estruturação de novas
campanhas de conscientização para a adesão de doadores espontâneos e fidelizados.
Conclui-se, relatando que o motivo predominante de impedimento da doação
fidelizada foi o trabalho ou a impossibilidade de o candidato à doação ausentar-se do seu
trabalho pelo menos três vezes ao ano, visto que a doação se dá no horário comercial e as
empresas não consideram o ato de doar como ato válido para a compensação da falta na
jornada do trabalho.
Por fim, levantou-se ainda falta de tempo e a distância como motivos de impedimento
da doação fidelizada, motivos que não deixam de se correlacionar quando se observa que o
que determina a falta de doadores fidelizados no resultado deste estudo está intrinsicamente
ligado ao trabalho e as suas mediações.
De acordo com Iamamoto (2000), para o profissional Assistente Social, na atualidade,
constitui-se um dos maiores desafios desenvolver a capacidade de interpretar essa realidade.
13
construindo propostas de trabalho com criatividade preservando a efetivação de direitos,
partindo das demandas que se apresentam no dia a dia sendo um profissional propositivo e
não somente executivo. Portanto, a partir deste estudo, pretende-se contribuir para a
elaboração de estratégias de mobilização, de sensibilização e de composição de doadores
fidelizados.
14
1 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA HEMOTERAPIA
Nesta discussão, será abordada a função do sangue no organismo humano e sua
composição, contextualizando brevemente a história da hemoterapia3 e o início das suas
primeiras transfusões, a fim de demonstrar como esses processos surgiram e como se
tornaram essenciais no contexto social.
Neste sentido, inicia-se a reflexão abordando sobre as funções do sangue, as quais
foram estudadas por Herlihy (2002), que descreve que o sangue exerce três funções gerais: a
primeira de transportar substâncias ao longo do corpo, por exemplo, levar o oxigênio dos
pulmões para cada célula do organismo, recolher materiais residuais das células e os entregar
aos órgãos para serem eliminados do corpo (muitas outras substâncias como íons, hormônios
e nutrientes, fazem uso do sangue como transporte para movimentar-se ao longo do corpo); a
segunda função exercida é a de regular o equilíbrio hidroeletrolítico, o equilíbrio ácido-básico
e da temperatura corporal; a terceira função é a de ajudar a proteger o corpo contra as
infecções. Além disso, o sangue contém fatores coagulantes que auxiliam o organismo na
proteção contra perdas sanguíneas excessivas.
Ainda para Herlihy (2002), a cor do sangue vai desde o vermelho brilhante até um
vermelho azulado escuro. A diferença na cor dependerá da abundância do oxigênio que ele
contém. Sendo bem oxigenado é vermelho brilhante, estando pouco oxigenado é vermelho-
azulado. A quantidade de sangue pode mudar dependendo do tamanho do corpo, sexo e da
idade, no corpo de uma pessoa adulta a média é de quatro a seis litros.
Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente
Vermelho (FICV/CV) (2004), o sangue é fundamental para a existência humana, pois,
transporta nutrientes essenciais para todos os tecidos e órgãos do corpo. Sem o sangue, os
tecidos morrem de inanição. Uma pessoa possui em média 25 bilhões de glóbulos vermelhos
e sendo a pessoa saudável, os glóbulos e outras células regeneram-se constantemente. Do
volume total do sangue 45% é formado por células: glóbulos vermelhos que transportam o
oxigênio, os glóbulos brancos que protegem o corpo contra as doenças e produzem anticorpos
que combatem as infecções, e as plaquetas que auxiliam no controle dos sangramentos,
juntando-se ás superfícies danificadas dos vasos sanguíneos e contribuindo para o acúmulo
dos fatores de coagulação no local lesionado.
A FICV/CV (2004) relata ainda que os outros 55% do volume total do sangue é
composto pelo plasma, (é a parte liquida na qual os glóbulos estão suspensos) o qual se
3 Hemoterapia (Ciência que estuda o tratamento de doenças utilizando o sangue humano). (HEMOPI, 2014)
15
constitui num fluido que tem a função de transportar todos os glóbulos, plaquetas, além de
outras substâncias, como proteínas, fatores de coagulação e elementos químicos. Cada um
desses componentes do sangue pode ser utilizado, visto que cada um exerce um papel
importante para salvar as vidas de várias pessoas. Pessoas saudáveis apresentam estrutura e
mecanismos para produzir mais sangue facilmente.
Além disso, de acordo com a FICV/CV (2004), a partir da doação de sangue realizada
por uma só pessoa pode-se salvar até quatro vidas, isso porque, dependendo das suas
condições clínicas, o paciente muitas vezes necessita de só um componente ou derivado do
sangue, de modo que através do processamento do sangue total que separa os seus
componentes, há a possibilidade de mais de um paciente ser favorecido a partir de uma única
unidade de sangue total. Dessa forma, o sangue exerce um papel tão significativo na vida das
pessoas e no estado de saúde das mesmas que se estiver alterado pode afetar todo o organismo
e a qualidade de vida da pessoa.
Desde os primórdios das civilizações o homem sempre teve sua relação com o espaço
mítico4 tendo suas práticas fundamentadas no senso comum. De acordo com a Fundação Pró-
Sangue (2013), esse foi o espaço ocupado pelo sangue durante muito tempo:
A crença de que o sangue que dá e sustenta a vida também é capaz de salvá-
la vem de tempos remotos. Entretanto, foram necessários séculos e séculos de estudos e pesquisas para a ciência descobrir sua real importância e dar a
ele uso adequado. Até chegar esse dia, prevaleceram as práticas
fundamentadas na intuição e no senso comum. Conta-se que, na Grécia antiga, os nobres bebiam o sangue de gladiadores mortos na arena, a fim de
obterem a cura de diversos males, entre eles a epilepsia. Defendendo a
sangria na cura de qualquer doença, o médico grego Galeno, reportando-se à
teoria de Hipócrates, também concluiu pela existência de quatro humores no corpo humano: o sangue, a bile amarela, a bile negra e a fleuma.
(FUNDAÇÃO PRO - SANGUE, 2013 s.p).
Por meio das informações propostas é possível observar que o sangue é um elemento
envolto por várias discussões, principalmente, quando o assunto é a transfusão de sangue,
classicamente dividida, segundo a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas
Gerais - HEMOMINAS (2013), em três períodos: o primeiro corresponde à era pré-histórica
também denominada como empírica, que vai até a descoberta da circulação sanguínea pelo
médico britânico William Harvey, no início do século XVII; o segundo, período pré-
4 Dessa forma, os homens buscavam através da intuição apreender a realidade e situar-se no mundo, abstendo-se
das explicações racionais demonstradas cientificamente. Comprovavam o poder do sangue, através da realidade
vivida, a partir de pré-reflexões, arraigadas em emoções e efetividades, diretamente ligadas a imaginação
empírica. Por tanto, para compreender o sangue é necessário considerar a evolução humana dentro de um espaço
de desmistificação de fatos não compreensíveis, diante de um desejo de afugentar a insegurança, os temores e as
angústias, diante do desconhecido. (FERNANDES, 2003)
16
científico, vai de 1616, ano da descoberta da circulação, até o início do século XX, quando o
pesquisador austríaco Landsteiner descobre o grupo sanguíneo ABO; o terceiro período,
chamado científico, começa com a descoberta de Landsteiner, chegando até os dias atuais.
Quanto à prática da transfusão de sangue ainda no período empírico Fernandes (2003),
descreve que a primeira transfusão aconteceu em 1492, ocasião em que o Papa Inocêncio
VIII, portador de doença renal crônica, e os médicos da época na tentativa de salvar-lhe a vida
sugeriram que ele fizesse uso do sangue de três jovens. O Papa apresentou melhoras após
receber sangue do primeiro candidato, no entanto, o jovem doador morreu. Na tentativa de
encontrar a cura para essa doença que afetava o Papa, foi coletado sangue do segundo jovem,
sendo que desse foi feito o uso de uma maior quantidade de sangue a ser usado no doente,
porém os rins do Papa entraram em colapso, ele teve febre alta e em seguida foi a óbito, neste
caso, o doador sobreviveu. Não foi necessário o uso do sangue do terceiro candidato. Para
Fernandes (2003), não há certeza de que o sangue utilizado no tratamento do Papa, foi
realizado através de transfusão, de acordo com a data do acontecido acredita-se que o
tratamento ocorreu mediante a ingestão via oral do mesmo.
A Fundação Pró-Sangue (2013), expõe que as primeiras experimentações aconteceram
no Século XVII utilizando animais, tendo como idealizador Richard Lower, autor da
demonstração realizada em Oxford, em 1665. No ano de 1667, em Paris, ocorreu o primeiro
experimento em humanos, realizado por Jean Baptiste Denis, médico do Rei Luiz XIV, o qual
utilizou no procedimento, sangue de animais de espécies variadas.
Segundo Nunes (2010), é apenas em 1818, com um obstetra chamado James Blundell,
que ocorre a constatação da impossibilidade de transfusões de sangue entre diferentes animais
e pressupõe-se que somente o sangue humano poderia ser transfundido em seres humanos. A
primeira transfusão de sangue bem sucedida foi realizada por James Blundell em 26 de
setembro de 1818. Trinta anos depois, em 1840, Verrastro (2006), descreve que em Londres,
Dr. Samuel Lane foi o primeiro a demonstrar que a transfusão de sangue fresco poderia levar
a correção do problema de sangramento em hemofílicos5. Simultaneamente a este período, em
1869 foram realizadas diversas tentativas de se obter anticoagulantes para o sangue sendo
realizadas pelos médicos Neudorfer, Braxton-Hicks e Brown-Séquard, todavia, sem sucesso.
5 Hemofilia é uma doença genético-hereditária que se caracteriza por desordem no mecanismo de coagulação do
sangue e manifesta-se quase exclusivamente no sexo masculino. Existem dois tipos de hemofilia: A e B. A
hemofilia A ocorre por deficiência do fator VIII de coagulação do sangue e a hemofilia B, por deficiência do
fator IX. A doença pode ser classificada, ainda, segundo a quantidade do fator deficitário em três categorias:
grave (fator menor do que 1%), moderada (de 1% a 5%) e leve, acima de 5%. Neste caso, às vezes, a
enfermidade passa despercebida até a idade adulta. O gene que causa a hemofilia é transmitido pelo par de
cromossomos sexuais XX. Em geral, as mulheres não desenvolvem a doença, mas são portadoras do defeito. O
filho do sexo masculino é que pode manifestar a enfermidade. (VARELLA, 2014)
17
Neste mesmo século, várias pesquisas foram realizadas procurando substitutos para o sangue,
como o vinho e o leite, entre 1873 e 1880 nos Estados Unidos. Porém, após a descrição do
soro fisiológico, em 1884, tais investigações foram abandonadas.
De acordo com a HEMOMINAS (2013), com o início do período científico da
transfusão, o cientista Landesteiner (1900), classifica os tipos sanguíneos com a denominação
ABO. No ano de 1902, De Castello e Sturli seus cientistas colaboradores, foram responsáveis
pela descoberta e definição do grupo AB. Moss 1910, e Otemberg no ano de 1917,
introduzem o teste de compatibilidade. O esquema da figura 2 demonstra o grupo ABO e
indica os tipos sanguíneos e o doador e receptor universais:
Figura II - Tipos sanguíneos e o doador e receptor universais:
Receptor universal
AB
A B
O Fonte: Brasil Escola, 2014.
Doador universal
A tabela a seguir demonstra a compatibilidade sanguínea referente aos doadores e receptores
universais:
Tabela 1 – Tabela de compatibilidade sanguínea
Fonte: Fundação Pró-Sangue, 2014.
GRUPO
PODE DOAR
PODE RECEBER
A + A+, AB+ A+,A-,O+,O-
O+ A+, O+,B+,AB+ O+,O-
B+ B+, AB+ B+, B-, O+,O-
AB+ AB+ TODOS
A- A-, A+, AB+,AB- A-, O+
O- TODOS O-
B- B-, B+, AB+, AB- B-, 0-
AB- AB-, AB+ A-, O-, B-, AB-
18
A partir da descoberta desses elementos a transfusão passou a adquirir bases mais
cientificas para sua realização. Carrel (1912) desenvolveu técnicas venovenosas6 e
anastomoses7 entre doador e receptor e que mais tarde foram aprimoradas pelo cirurgião Crile
e médico Berheim.
Verrastro (2006) relata que com o advento de seringas, os médicos Lindman e Unger
fazendo uso do método de uma simples seringa para a injeção de pequenas quantidades de
sangue e tubos específicos onde os cirurgiões Kimpton e Brown (1913) realizando transfusão
de larga escala usando tubos cilíndricos. A partir disso houve uma maior aceitação da
transfusão direta. Contudo, foi com emprego do citrato de sódio como anticoagulante, e
posteriormente com Rous e Turner desenvolvendo soluções contendo anticoagulantes, que
contribuíssem ao metabolismo eritrocitário que se iniciou a estocagem de sangue. A autora
descreve ainda, que é a partir do final da I Guerra Mundial que esse método de estocagem de
sangue foi utilizado, o qual persistiu por 25 anos.
A idealização dos primeiros bancos de sangue ocorreu em Linengrado em 1932,
Barcelona e Chicago, em 1937. Louit e Mollison (1943), desenvolvem frascos específicos do
ACD8 e a partir de então as unidades colhidas na Inglaterra e na América podiam ser
transportadas com grande facilidade até os hospitais de campanha, que se encontravam
próximos a cenas de combate durante a II Guerra Mundial. Assim, com a definição do sistema
Rh9 e soro de Coombs
10, novos avanços aconteceram no conhecimento de grupos sanguíneos
sendo que:
6 Hemodiálise contínua com a ajuda de uma bomba de sangue e utilizando acesso venoso. (ALFALAB, 2014) 7 Em medicina e odontologia, chama-se anastomose à comunicação, natural ou resultante de processo cirúrgico,
entre tubos, vasos sanguíneos ou nervos da mesma natureza. Também é o nome que se dá a uma operação
cirúrgica que promove a união de dois vasos sanguíneos. (BRASIL, 2014) 8 (Ácido Cítrico Citrato de Sódio e Dextrose que preserva as células sanguíneas vermelhas por 21 dias entre
1ºC e 6ºC), usado para imunofenotipagem, cultura celular e todos os testes que necessitam de células vermelhas. (ALFALAB, 2014) 9 Fator Rh é um importante antígeno presente no sangue de determinadas pessoas, cuja presença significa que a
classificação será Rh+. Os indivíduos que não possuem naturalmente o tal antígeno recebem a classificação Rh-
.A designação ―Rh‖ é uma abreviatura do nome do macaco ―Rhesus‖, no qual os cientistas Landsteiner e Wiener
identificaram pela primeira vez a presença do antígeno que denominaram ―fator Rh‖.
Cerca de 85% das pessoas possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por isso, chamados de Rh+ (Rh positivo).
os 15% restantes, que não o possuem, são chamados de Rh – (negativo). (SIGNIFICADOS, 2014) 10 Soro de Coombs. Teste da Antiglobulina Direto (Coombs Direto), muito utilizado na investigação de reações transfusionais, no diagnóstico de doença hemolítica perinatal e de anemias hemolíticas auto-imunes, e Teste da
Antiglobulina Indireto (Coombs Indireto), que determina a ausência ou a presença de anticorpos livres no soro
ou plasma de doadores e pacientes e determina a especificidade desses anticorpos.(HEMOSC,2014
19
[...] com técnicas de fracionamento plasmático (Cohn), do desenvolvimento
de bolsas plásticas (Walters), de processadores celulares para aféreses
(Cohn, Latham e Freireich), de novas soluções de preservação (CPD, CPD-A1, SAG-M), do uso de novas técnicas de compatibilidade (enzimas, meios
de baixa força iônica) e prevenção de doenças. [...]. (VERRASTRO, 2006 p.
238),
A transfusão de sangue desenvolveu-se obtendo grandes avanços nos últimos anos,
principalmente no que diz respeito à qualidade do doador e do receptor do sangue. Estes
avanços tornaram o ato de doar sangue seguro e mais eficaz, corroborando assim, para uma
melhor qualidade do sangue doado e, sobretudo, com a segurança do doador e do receptor do
sangue.
1.1 A POLÍTICA NACIONAL DO SANGUE, COMPONENTES E HEMODERIVADOS
NO BRASIL.
Para compreender como se efetivou e como se chegou à formulação da Política
Nacional do Sangue, faz-se necessário uma contextualização sobre os fatos que levaram a esta
necessidade, pontuando, em específico, nesta seção, a política nacional do sangue,
componentes e hemoderivados no Brasil.
Consoante Barca (2013 p. 37), ―a formulação e execução do sistema de saúde
brasileiro estiveram ligadas às circunstâncias políticas e econômicas vivenciadas em cada
momento histórico do País‖. Muitas conquistas se efetivaram a partir do resultado das lutas da
sociedade e de profissionais de saúde. A assistência à saúde no Brasil alcançou avanços a
partir da composição da previdência social, que privilegiava a medicina curativa e a
contratação de serviços privados de ambulatórios e hospitais para atender aos que tinham o
privilégio de fazer parte da parcela dos segurados desse sistema previdenciário. Fortalecendo-
se assim uma divisão entre as ações preventivas de âmbito coletivo, do Ministério da Saúde
na escala federal, e as ações curativas individuais assumidas pela Previdência Social através
dos serviços próprios do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS) e de contratos realizados com a medicina liberal.
Conforme Junqueira (2005), no Brasil, na fase do período científico, que corresponde
ao início da década de 90, mais especificamente, em 1920, os primeiros a realizarem e
organizarem serviços em hemoterapia foram os cirurgiões do Rio de Janeiro, mesmo que de
forma bastante simples. Eram constantes as atividades científicas, sendo que na década de
20
1940 foi realizado o I Congresso Paulista de Hemoterapia, importante fato que serviu de base
para a fundação da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), em 1950.
Sampaio (2013), destaca que em de 27 de março de 1950, o então presidente da
República Eurico Gaspar Dutra, instituiu a Lei Federal n° 1.075/50 que dispõe sobre a doação
voluntária de sangue e incentivava a doação de sangue à medida que determinava que todo
funcionário público fosse ele civil ou militar, teria o dia de trabalho abonado caso doasse
sangue voluntariamente. Os doadores que não fossem funcionários públicos teriam seu nome
incluído entre os que prestaram serviços relevantes à sociedade e à Pátria. Contudo, o que
permanecia era a ideia de comércio que privilegiava a troca da doação pelo benefício do
abono do dia de trabalho e não a propagação da doação como ato de solidariedade voluntária,
ou seja, o indivíduo doava o sangue em troca de receber benefícios. O comércio prosseguiu
sem a presença de fiscalização, e essa sendo a única lei promulgada em 1950 referente ao
sangue, vigorou até 1964.
As mudanças políticas que ocorreram no país no ano de 1964 (dentre elas o golpe de
estado que depôs o poder da ditadura), levaram ao governo a preocupação de manter um
estoque de sangue para uma possível necessidade, caso houvesse conflito armado,
determinaram mudanças no setor hemoterápico brasileiro, levando o governo a despertar para
a necessidade de se instituir uma política de coordenação das práticas hemoterápicas,
passando a considerar o sangue como questão de segurança nacional.
De acordo com Sampaio (2013), em 1965 o Ministério da Saúde, visando estabelecer
normas para a proteção dos doadores voluntários e receptores de sangue, disciplinar a
atividade industrial, incentivar a pesquisa e criação de recursos humanos, institui através da
Lei 4.701 de 28 de junho de 1965, a Comissão Nacional de Hemoterapia, (CNH) responsável
por grande parte da legislação do setor hemoterápico. Essa comissão, consequentemente,
trouxe bases para a Política Nacional de Sangue.
Conforme Barca (2013), até a década de 1970, devido à inexistência de uma política
pública voltada para a hemoterapia, o que predominava era a atuação do setor privado com
interesses comerciais e financeiros. Não havia um controle rigoroso no processo da doação,
gerando a prática indiscriminada da mesma.
Segundo Smaha (2006), no Brasil, foi a partir da fase científica da hemoterapia (sec.
XX) que se iniciou a valorização do sangue, tanto biologicamente, como comercialmente,
pessoas que passavam por problemas financeiros principalmente os moradores de rua e
famílias em situação de extrema pobreza, faziam uso da venda do seu sangue para garantir
renda e alimentação. Esse tipo de comportamento por parte das pessoas e a compra
21
indiscriminada do sangue levou à contaminação e à transmissão de doenças, pois não eram
realizados testes e exames sendo que o que interessava era a quantidade de sangue a ser
adquirida.
Amorim Filho (2000) relata que a captação de sangue remunerada sempre causou
polêmicas no Brasil, e que no século XX, na década de 70, no Rio de Janeiro:
Ficou famoso o caso de um desempregado carioca que doou sangue tantas
vezes, e a intervalos tão próximos, que acabou morrendo de anemia aguda. Este episódio foi retratado no filme Até a Última Gota. A doação
remunerada foi também tema de versos de Chico Buarque de Holanda —
que, na letra da canção Vai Trabalhar Vagabundo, que contava as aventuras
de um típico malandro carioca, escreveu: "passa o domingo no mangue, segunda-feira vazia, ganha no banco de sangue para mais um dia".
(AMORIM FILHO, 2000, p. 20).
Pimentel (2006) expõe que no Brasil, a emergência da hemoterapia como questão de
política pública e interesse social foi determinada pela oposição ao sistema de saúde vigente
em razão do avanço da contaminação sanguínea, uma vez que as doenças transfusionais (na
época a Doença de Chagas) estavam vinculadas às doações remuneradas.
A partir de 1970, conforme descreve Barca (2013), partindo de uma iniciativa da
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), Dr. Pièrre Cazal elaborou uma análise sobre a
hemoterapia no Brasil. A partir dessa análise surgiu uma proposta para estabelecer novas
bases para a hemoterapia brasileira tendo como referência o modelo implantado na França,
descentralizado, com a coordenação e o comando sob a responsabilidade do governo nacional.
Em 1980, foi estruturado a nível federal, tomando como referência esse modelo proposto por
Cazal, o Sistema Nacional de Hemoterapia. Por meio da criação do Programa Nacional do
Sangue e Hemoderivados (Pró-Sangue), qualificado como programa especial e administrado
por uma coordenação técnica subordinada à Secretaria Geral do Ministério da Saúde, com
sede inicial na Fundação Oswaldo Cruz (Fio cruz) e em seguida no Centro de Hematologia e
Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), estabeleceu-se assim, a composição de uma rede
pública de serviços de hemoterapia.
O mesmo autor supracitado relata ainda que partir da instauração do programa Pró-
Sangue e com o surgimento da AIDS no Brasil, na década de 1980, a área da Hemoterapia e
Hematologia passou a ser considerada como uma área prioritária para investimentos públicos,
devido á possibilidade de o risco de contágio dessa doença estar vinculado as transfusões de
sanguíneas. Em abril de 1988, instituiu-se o Plano Nacional de Sangue e Hemoderivados,
22
denominado (Planashe), relativo ao período 1988-1991, com a finalidade de trazer aspectos
estratégicos e operacionais para a qualificação da hemoterapia no Brasil. Esse plano era:
Composto por nove programas (Expansão da rede física do Sistema
Nacional de Sangue e Hemoderivados; Controle da AIDS transfusional e
demais patologias transfusional; Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos; Desenvolvimento institucional e de modernização administrativa;
Apoio à fiscalização e ao controle de qualidade de serviços e produtos
hemoterápicos; Pesquisa e desenvolvimento tecnológico; Produção de
hemoterápicos; e insumos estratégicos; Educação sanitária e comunicação social; e Atendimento á hemofilia e a outras patologias hematológicas) e
amplamente discutido por representantes do poder público e da sociedade
civil, foi o documento norteador para a estruturação da hemorede nacional no final da década de 1980 e no decorrer da década de 1990. (BARCA,
2013, p.38).
Sampaio (2013), destaca que sendo citado na 8ª Conferencia Nacional de Saúde
(1986) o tema Política Nacional do Sangue e Hemoderivados foi considerado de fundamental
importância dentro da discussão da reforma sanitária, que trazia dentre seus princípios e
diretrizes os seguintes aspectos: o conceito ampliado de saúde, o reconhecimento de saúde
como direito de todos e dever do Estado, a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), os
princípios organizativos da hierarquização e descentralização dos serviços, a atenção integral
ás necessidades da saúde da população e a participação popular; a Política Nacional de
Sangue tem como objetivos: o fortalecimento e a ampliação da rede de hemocentros; a
conscientização do cidadão para a doação voluntaria de sangue; formação de recursos
humanos; ampliação de novas tecnologias e; promoção do controle de qualidade e vigilância
sanitária.
Conforme Bravo (1996), a 8º Conferencia Nacional De Saúde, realizada em 1986,
aconteceu num período de lutas e mobilizações onde os profissionais de saúde, articulados ao
movimento popular, demonstraram a sua inquietação central que era garantir que o Estado
atuasse em função da sociedade democrática, governando na compreensão de Estado
democrático e de direito, responsável pelas políticas sociais e, também pela saúde.
Nesse cenário, Barca (2013), descreve que por volta dos anos 1980, começa a surgir
um movimento de reivindicações entre os profissionais sanitaristas e as lideranças populares,
parlamentares de esquerda, usuários e estudantes da área de saúde, envolvidos com a busca
para o estabelecimento de novas bases para o sistema de saúde brasileiro (que vinha sendo
focado na assistência médica curativa e vinculado ao setor privado e lucrativo). Esse
movimento objetivava a criação de um Sistema Único de Saúde na expectativa da eliminação
23
do duplo comando existente por parte do Ministério da Saúde e do INAMPS. O movimento
caracterizou-se no que se referiu à participação e ao comando ativo da sociedade civil e não a
direção dada pelo governo ou por organismos internacionais.
Dentro deste contexto, a instituição dos hemocentros teve como finalidade a
operacionalização do programa Pró-Sangue que surgiu como marco histórico na estruturação
e execução da hemoterapia brasileira sendo que, conforme informa Hemominas (2013):
Em 1980, cria-se o Programa Nacional de Sangue e Hemocomponentes (Pró-
Sangue) com a finalidade de regularizar a situação da hemoterapia brasileira.
Surgem os Centros de Hematologia e Hemoterapia – os hemocentros. Entre os muitos desafios, o de implantar a doação sistemática de sangue, pondo
fim à doação remunerada. (HEMOMINAS, 2013 s.p).
Em fevereiro de 1987, como relata Bravo (1996), é instalada a Assembleia Nacional
Constituinte, na qual foi tratado o delineamento jurídico do novo sistema de saúde proposto
para o Brasil, o Sistema Único de Saúde - SUS. A maioria dos princípios e diretrizes
propostos pela Reforma Sanitária que serviram de referencia na 8ª Conferência Nacional de
Saúde (1986) foi acatada, em um espaço de luta e conflitos entre os parlamentares que
defendiam o interesse privatista e os que batalhavam pela saúde pública e do Estado.
Nesta perspectiva, Barca (2013), narra que, com a Constituição da Republica
Federativa do Brasil, promulgada em outubro de 1988, instituiu-se o Sistema Único de Saúde
(SUS), política pública brasileira mais inclusiva e de uso mais frequente pela população. A
Constituição Cidadã, assim conhecida por garantir novos direitos sociais a todos os cidadãos,
apresenta no Titulo VIII – Ordem Social, Capitulo II- Seguridade Social, Seção II os artigos
referentes á Saúde. Sendo que o SUS está descrito nos artigos 196 a 200. Para Barca (2013, p.
39), estes artigos certificaram a reformulação ―do sistema de saúde vigente á época baseada
nos princípios e diretrizes da universalidade, equidade, integralidade descentralização,
regionalização, hierarquização, participação e controle social‖.
Conforme Reginato 2013, na década de 1980, o advento da AIDS, e a doação
indiscriminada do sangue, levou a uma grande crise na hemoterapia brasileira afetando o
sistema de transfusão de sangue, pelo grande numero de casos de pessoas contaminadas pelo
vírus do HIV, de acordo com o autor (2013),
Para os proprietários de bancos de sangue não era interessante investir na melhoria do sistema, o que importava, era ter o lucro imediato, fato que tinha
como consequência a distribuição generalizada de sangue contaminado para
a população. Não havia uma fiscalização rigorosa que garantisse o controle dos exames, e também a triagem clínica não era realizada por profissionais
habilitados. A doação remunerada foi um fator determinante que influenciou
24
na transmissão e propagação de doenças infecto contagiosas, via transfusão.
(REGINATO, 2013, p.5).
Solla (2012) expõe que o sociólogo Herbert de Sousa conhecido como Betinho, que
era hemofílico e contraiu o HIV devido a uma transfusão sanguínea, teve destacável papel de
luta num movimento contra as condições de precariedade da hemoterapia no Brasil. Esse
movimento levou os constituintes a incluir o art. 199 da Constituição Federal de 1988
proibindo toda e qualquer forma de comercialização do sangue ou de seus derivados.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.§ 4º - A lei disporá
sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem
como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo
vedado todo tipo de comercialização. (BRASIL, 2013).
Conhecida como ―Lei Betinho‖ ou ―Lei do Sangue‖, em 21 de março de 2001 foi
publicada a Lei nº 10. 205/01, (cujo autor foi o médico sanitarista e deputado Sergio Arouca)
que forneceu base legal para atividades hemoterápicas. De acordo com Barca (2013), tal
legislação:
[...] ratificou a proibição da comercialização do sangue e de seus derivados
em todo o território nacional e regulamentou o parágrafo 4º do artigo199 da
Constituição Federal. Essa regulamentação dispõe sobre a captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, distribuição e
transfusão do sangue, de seus componentes e derivados e apresenta no seu
texto a definição técnica dos termos sangue, componentes e hemoderivados, a definição das atividades hemoterápicas, o ordenamento institucional do
Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (SINASAN), os
princípios e diretrizes da Política Nacional de Sangue, Componentes e
Hemoderivados com a definição da direção, gestão e do seu campo de atuação. (BARCA, 2013, p.41).
Além disso, Barca (2013), informa ainda, que o regulamento técnico que instituiu os
níveis básicos de complexidade dos serviços de hemoterapia com a significação da
coordenação das ações, acatando dessa forma o princípio organizativo da regionalização e
hierarquização na atenção hemoterápica, encontra-se na Resolução de Diretoria Colegiada da
Agência Nacional de vigilância Sanitária - RDC ANVISA nº 151, de 21 de agosto de 2001.
Os artigos da Constituição Federal que se referem ao SUS passaram por um processo de
regulamentação através da publicação das Leis Orgânicas de Saúde: Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990 e Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Para Barca (2013), nessas leis
encontram-se:
25
As referencias com relação à área de Sangue e Hemoderivados
estabelecendo como incluídas no campo de atuação do SUS a formulação e a
execução da política de sangue e seus derivados e que cabe á União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a implantação do Sistema
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados. As competências
específicas para cada esfera de governo também estão estabelecidas,
cabendo à União a normatização e a coordenação nacional do Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados: aos estados a coordenação
da rede estadual de hemocentros e a agencia das unidades que permaneçam
em sua organização administrativa e aos municípios a gerencia dos hemocentros que estão sob a sua responsabilidade. [...] A política Nacional
de Sangue, Componentes e Hemoderivados têm como objetivo garantir o
acesso de todos os brasileiros a sangue com qualidade e em quantidade
suficiente. É uma política que segue os princípios e diretrizes do SUS, bem demonstrados e estabelecidos na sua regulamentação específica, a Lei nº
10.205/01. (BARCA, 2013, p.40).
A Lei do Sangue lei nº 10.205/2001, instituiu os seguintes princípios e diretrizes da
Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados, regularizados e em
conformidade com os princípios do SUS:
I - Universalização da doação voluntária, não renumerada, do sangue, cabendo ao poder público estimulá-la como ato relevante de solidariedade
humana e compromisso social;
II - Utilização exclusiva da doação voluntária, não remunerada, do sangue,
cabendo ao poder público estimulá-la como ato relevante de solidariedade humana e compromisso social;
III - Proibição de remuneração ao doador pela doação de sangue;
IV - Proibição da comercialização da coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, componentes e hemoderivados;
V - Permissão de remuneração dos custos dos insumos, reagentes, materiais
descartáveis e da mão de obra especializada, inclusive honorários médicos, na forma do regulamento desta Lei e das Normas Técnicas do Ministério da
Saúde;
VI - Proteção da saúde do doador e do receptor mediante informação ao
candidato à doação sobre os procedimentos a que será submetido, os cuidados que deverá tomar e as possíveis reações adversas decorrentes da
doação, em como qualquer anomalia importante identificada quando dos
testes laboratoriais, garantindo-lhe o sigilo dos resultados; VII - Obrigatoriedade de responsabilidade, supervisão e assistência médica
na triagem de doadores, que avaliará seu estado de saúde, na coleta de
sangue e durante o ato transfusional, assim como no pré e pós-transfusional
imediatos; VIII - Direito á informação sobre a origem e procedência do sangue,
componentes e hemoderivados, bem como sobre o serviço de hemoterapia
responsável pela origem destes; IX - Participação de entidades civis brasileiras no processo de fiscalização,
vigilância e controle das ações desenvolvidas no âmbito dos Sistemas
Nacional e Estaduais de Sangue, Componentes e Hemoderivados; X - Obrigatoriedade para que todos os materiais e substancias que entrem em
contato com o sangue coletado, com finalidade transfusional, bem como seus
componentes e derivados, sejam estéreis, apirogênicos e descartáveis;
26
XI - Segurança na estocagem e transporte do sangue, componentes e
hemoderivados, na forma das Normas Técnicas editadas pelo Sinasan; e
XII - Obrigatoriedade de testagem individualizada cada amostra ou unidade de sangue coletado, sendo proibida a testagem de amostras ou unidades de
sangue em conjunto, a menos que novos avanços tecnológicos a justifiquem,
ficando a sua execução subordinada á portaria específica do Ministério da
Saúde, proposta pelo Sinasan. (BRASIL, 2001, s.p).
Vale ressaltar, que no Brasil a Hemoterapia é uma especialidade entremeada de Leis e
portarias que permeiam o próprio funcionamento dos hemocentros, onde as mesmas são
delineadas para beneficiar o setor e esses princípios e diretrizes, que foram publicados no
Decreto nº 3.990.de 30 de outubro de 2001, sendo que essa base legal ampara e auxilia o
procedimento de coordenação e estruturação do Sinasan, com o amparo da estrutura do SUS
através da rede de serviços Hemorede pública nacional. Toda a Hemorede,11
bem como a
HEMEPAR12
e as Unidades de Coleta e Transfusão, tem o exercício da sua atuação pautada por
deliberações.
1.1.1 A instituição /regulamentação da hemoterapia no Brasil
Por meio das reflexões até agora realizadas é possível observar que a legislação
brasileira foi um pilar de sustentação para a regulamentação e efetivação da hemoterapia no
Brasil. Assim, a fim de aprofundar a discussão inicia-se esta seção pontuando sobre a Lei
Federal n° 1.075/50, que dispõe sobre a doação voluntária de sangue, incentivava a doação de
sangue e determinava, o dia de trabalho abonado caso a o cidadão doasse sangue
voluntariamente.
Quinze anos mais tarde, em junho de 1965 foi sancionada a lei que continha as
questões principais para o exercício da Política Nacional do Sangue Lei Federal nº 4. 701, de
28 de junho de 1965. Essa lei dispõe sobre o exercício da atividade hemoterápica no Brasil e
apresenta outras providencias; estabelece as competências e atribuições da Comissão
Nacional de Hemoterapia e a constituição dos membros da Comissão Nacional de
Hemoterapia e quem os designará, entre outros detalhes burocráticos. Dois anos mais tarde, é
aprovada lei nº 7.649, de 25 de janeiro de 1988 que estabelece a obrigatoriedade do
cadastramento dos doadores de sangue, bem como a realização de exames laboratoriais no
sangue coletado, visando a prevenir a propagação de doenças.
11 Rede de serviços do HEMEPAR interligados hierarquicamente. (PARANÁ, 2014)
12
O Hemepar - Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná é uma entidade de natureza pública, unidade
prestadora de Serviços da Secretaria de Estado da Saúde – SESA, referência no Estado do Paraná em
Hemoterapia e Hematologia. (PARANÁ, 2014).
27
Assim sendo, com a promulgação da Constituição Federal no dia 5 de outubro de
1998, foram deliberados artigos que tratam com especificidade o direito à saúde, como o Art.
196 da referida lei, conforme segue:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação; Art. 196. § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem
a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante,
pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de
sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. (BRASIL, 1988, s.p).
Nas Leis Orgânicas da Saúde Lei nº. 8.080 19 de setembro de 1990 e Lei 8.142, de 28
de dezembro de 1990 encontra-se as referencias à área de Sangue e Hemoderivados
especificamente no Art.4º parágrafo 1º que estabelece como compreendidas no âmbito de
atuação do SUS a formulação e efetivação da política de sangue e seus derivados cabendo a
União, estados e municípios a efetivação do Sistema Nacional de Sangue, Componentes e
Derivados. Em que se apresenta a seguir:
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o
Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de
insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de
equipamentos para saúde. (BRASIL, 1990).
Em 21 de março de 2001 é sancionada a Lei nº. 10.205/2001 – Que regulamenta o que
se refere à atividade hemoterápica, essa lei:
Regulamenta o § 4
o do art. 199 da Constituição Federal, relativo à coleta,
processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados, estabelece o ordenamento institucional
indispensável à execução adequada dessas atividades, e dá outras
providências. (BRASIL, 2001, s.p).
No mesmo ano, em 21 de agosto de 2001, surge a resolução da Diretoria Colegiada da
Agencia Nacional de Vigilância Sanitária - RDC /ANVISA nº 151/2001, que apresenta o
regulamento técnico que institui os níveis de complexidade e define os níveis de coordenação
das ações dos serviços de hemoterapia.
28
Três meses depois em de 23 de novembro de 2001 – O Estado do Paraná regulamenta
a Lei Estadual nº 13.331 Art.36, parágrafos: 1º e 2º, que dispõe sobre a organização,
regulamentação, fiscalização e controle das ações dos serviços de saúde no Estado do Paraná.
Especificamente na seção IV - DO SANGUE E SEUS DERIVADOS determina:
Art. 36. A captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento,
estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados seguirão a legislação vigente.
§ 1º. É vedada a compra, venda ou qualquer outro tipo de comercialização
do sangue, componentes e hemoderivados, seja por pessoas físicas ou
jurídicas, em caráter eventual ou permanente, que estejam em desacordo com o ordenamento institucional estabelecido pela legislação vigente.
§ 2º. O Poder Executivo regulamentará o sistema de hemovigilância para o
controle efetivo do sangue e derivados. (PARANÁ, 2001).
Em de 16 de dezembro de 2010 a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) através da resolução - RDC nº 57/2010 – Aprova o
regulamento que tem por finalidade instituir os padrões sanitários a serem exercidos pelos
serviços de saúde que desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue e
componentes e procedimentos transfusionais.
Portaria MS nº 1.353, de 13 de junho de 2011 - Esta Portaria tem o objetivo de regular
a atividade hemoterápica no País de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional
de Sangue, Componentes e Hemoderivados. Sendo que no seu At.1º parágrafo 3º, trata da
doação de sangue voluntária e altruísta13
.
Com o objetivo de redefinir o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos a
Portaria nº 2.712, de 12 de novembro de 2013 - Redefine o regulamento técnico de
procedimentos hemoterápicos e em seu Art. 276, que revoga a Portaria nº 1.353/GM/MS, de 6
de junho de 2011.
Em 11 de junho de 2014, a ANVISA publica a resolução RDC nº 34 de 11 de junho de
2014, que dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue e práticas a serem cumpridas pelos
serviços de hemoterapia que desenvolvam atividades relacionadas ao ciclo produtivo do
sangue e componentes, conforme Art. 1° desta resolução:
Art. 1º Fica aprovado o Regulamento Sanitário que estabelece os requisitos de boas práticas para serviços de hemoterapia que desenvolvam atividades
relacionadas ao ciclo produtivo do sangue e para serviços de saúde que
realizem procedimentos transfusionais, Incluindo captação de doadores,
coleta, processamento, testagem, controle de qualidade e proteção ao doador
13
Doação altruísta é aquela, onde o indivíduo doa seu sangue sem receber gratificação alguma. (BRASIL, 2001)
29
e ao receptor, armazenamento, distribuição, transporte e transfusão em todo
o território nacional, nos termos desta Resolução. (BRASIL, 2014, s.p).
Ressalta-se que até o momento essas são algumas das principais deliberações que
foram publicadas e aprovadas com relação à doação de sangue e a as atividades em
Hemoterapia. Tendo em vista que portarias e leis sempre estão sendo formuladas,
reformuladas e promulgadas visto que o sangue e sua significação são parte de um universo
de atuação onde o processo de atividades está sempre se renovando.
Contudo, a partir desse aparato histórico expondo as legislações relativas ao sangue,
adentra-se, na sequência, na exposição sobre o processo de doação de sangue na Unidade de
Coleta e Transfusão de Sangue UCT de Toledo, Paraná.
30
2 O PROCESSO DE DOAÇÃO DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E
TRANSFUSÃO-TOLEDO- PARANÁ
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO- TOLEDO –
PARANA
Inicialmente, será feito um breve resgate do processo de implantação da Unidade de
Coleta e Transfusão de Toledo, para que, posteriormente, seja feita a compreensão de que
forma a mesma se organiza e atua hoje. Assim, inicia-se apresentando o processo hierárquico
que acontece quanto à coordenação desta UCT, localizada em Toledo-PR, a qual é gerida pelo
Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (CISCOPAR), e coordenada pelo
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), de Curitiba, o qual repassa
,seguindo a legislação vigente, deliberações, metas e instruções a serem cumpridas, e
responde às normas do Ministério da Saúde e Política Nacional e Estadual do Sangue
Componentes e Hemoderivados.
O Hemepar é uma entidade de natureza pública, unidade prestadora de Serviços da
Secretaria de Estado da Saúde – SESA, referência no Estado do Paraná em Hemoterapia e
Hematologia. Foi fundado em 31 de março de 1982, a partir de convenio firmado com o
Ministério da Saúde, que estabeleceu a função de unidade prestadora de serviço, ligada a
Diretoria de Gerenciamento em Saúde – DGS. Conforme as normas do Plano Nacional de
Sangue e Hemoderivados (Planashe). A Hemorede é composta por: um Hemocentro
coordenador localizado em Curitiba- PR, quatro Hemocentros regionais , oito Hemonúcleos, e
nove Unidades de Coleta e Transfusão entre elas a UCT- Toledo-PR.
Conforme relata Smaha (2006), foi em 1994, que a Prefeitura Municipal de Toledo
recebeu a concessão para a implantação da Unidade de Coleta e Transfusão de Toledo, data
que se dá o início ao treinamento dos futuros funcionários através do Hemepar de Curitiba.
Participaram deste treinamento um auxiliar de Enfermagem, dois Farmacêutico-Bioquímicos
e uma Enfermeira. As instalações da Unidade de Coleta e Transfusão tiveram sua conclusão
no ano de 1995, sendo que nesse mesmo período outro treinamento ocorreu, agora, no
Hemocentro Regional de Cascavel – PR, cujos participantes foram: um Assistente Social, um
Médico, e um Recepcionista (todos representando a UCT de Toledo).
Ainda, segundo Smaha (2006), um ano depois em 1996 acontece a abertura oficial da
UCT de Toledo, inicialmente com a captação de doadores vindos de Cascavel-PR. A
coordenação da UCT de Toledo no inicio da sua instalação ficou a cargo do Serviço Social,
sendo que no período de 1996 a junho de 1997 duas profissionais Assistentes Sociais
31
estiveram no exercício do cargo. A Unidade começa a funcionar integralmente em junho de
1997, nesse tempo, quem assume o Serviço Social é a Assistente Social Valdenice dos Santos
Souza. Como não havia participado de treinamento anterior não assumiu a coordenação da
UCT, ficando sob a responsabilidade da Enfermeira Ângela Maria Zoletti, a qual desde sua
primeira composição fez parte dos treinamentos, tendo, por conseguinte, maior conhecimento
a respeito dos processos a serem realizados na Unidade.
A UCT de Toledo, conforme Smaha (2006), foi uma conquista com movimentos
políticos de muita negociação entre a Prefeitura de Toledo, Governo do Estado e Ministério
da Saúde, tendo sua concessão assinada em 1994. O seu processo de implantação foi lento, a
Prefeitura Municipal precisou viabilizar e remanejar funcionários da rede pública municipal
através da Secretaria Municipal de Saúde, para poder compor o quadro de funcionários e dar
início as atividades. Em 1995, a UCT fica impossibilitada de exercer suas atividades, visto
que não havia instalações e equipamentos necessários.
Em 1997, a Prefeitura Municipal adequa o espaço físico e equipamentos para a
instalação da UCT junto às dependências do Hospital Municipal – Mini Hospital Dr. Jorge
Milton Nunes. Efetivando-se assim, no ano de 1997, a abertura oficial da UCT de Toledo,
tendo como suporte a assistência do Hemocentro Regional de Cascavel- PR, que processava o
sangue e posteriormente remetia a Toledo. No dia 31 de Agosto de 2005 o CISCOPAR
assume a gerencia da UCT –Toledo, exercendo essa função atualmente.
Esta UCT-Toledo-PR é responsável pelo atendimento, coleta e transfusão de sangue
em toda a abrangência da 20ª Regional de Saúde, que envolve 18 Municípios: Assis
Chateaubriand, Diamante Do Oeste, Entre Rios do Oeste, Guaíra, Marechal Cândido Rondon,
Maripá, Mercedes, Nova Santa Rosa, Ouro verde do Oeste, Palotina, Pato Bragado, Quatro
Pontes, Santa Helena, São José das Palmeiras, São Pedro do Iguaçu, Terra Roxa, Toledo e
Tupâssi.
A UCT-Toledo fornece componentes do sangue a 33 Instituições de saúde
conveniadas, todas atuantes no Paraná, conforme segue a relação: Hospital Quinto Abraão
(Palotina); Hospital Dr. Rodolfo (Pato Bragado); Hospital Quatro Pontes; (Quatro Pontes);
Hospital São Pedro (São Pedro do Iguaçu); Hospital Dr. Ciro, Policlínica Santa Helena e
Hospital Maeda (Santa Helena); Clinica Aparecida do Norte e Hospital Santa Lídia (Terra
Roxa); Hospital Santa Lúcia e Hospital Pe. Palmiro Finato (Tupãssi); Hospital Santa Rita,
Hospital São Lucas e Hospital Osvaldo Cruz (Assis Chateaubriand); Hospital Menino Jesus
(Diamante do Oeste); Hospital São Paulo e Hospital Santa Rita (Guaíra); Policlínica Cristo
Rei (Entre Rios do Oeste); Hospital Rondon, Hospital Fumagali e Hospital Dr.Cruzatti
32
(Marechal Candido Rondon); Hospital Maripá (Maripá); Hospital Lar Belém (Nova Santa
Rosa); Hospital Santa Cruz e Hospital Menino Deus (Palotina); Hospital HOESP, Hospital
HCO, Clínica Intesicor, Hospital Campanholo, Clínica Hematol, Mini Hospital Dr. Jorge
Nunes e Instituto IGAST- (Toledo).
Conforme dados coletados na UCT-Toledo (2013), a Unidade conta hoje, com 21
colaboradores, sendo: um coordenador, uma assistente social, uma enfermeira, um médico,
cinco técnicas em enfermagem, uma farmacêutica, três técnicas em laboratório, quatro
vigilantes, uma zeladora, uma copeira e dois auxiliares administrativos. Os recursos
financeiros são provenientes da SESA e do CISCOPAR e a UCT-Toledo encontra-se
localizada em sede locada à Rua Almirante Barroso, 2490 – Centro –Toledo - Pr.
Segundo dados analisados através do sistema de cadastros de candidatos a doação de
sangue – HEMOVIDA (2013), a UCT – Toledo, coletou em média ao mês 482 bolsas de
sangue sendo que o número de cadastros preenchidos mensalmente foi 608, o que resultou
num total de 7.298 doadores no ano de 2013, dos quais 1.462 (20,03%) foram inaptos e 5.386
(79,97%), candidatos aptos, ou seja, foram coletadas um total de 5.836 bolsas de sangue nesse
mesmo ano.
Ressalta-se ainda que no ano de 2013, os doadores de reposição totalizaram 4.835
(66,25%) de cadastros realizados, sendo que, destes, 973 (13,33%) não doaram e 3.862 (52,92
%) concretizaram sua doação. Dos 2.460 cadastros de doadores voluntários, 489 (6,70%) não
doaram e 1.971 (27,01%) concretizaram sua doação.
Vale lembrar que muitos candidatos à doação não conseguem efetivar sua doação
devido a impedimentos relacionados a sua saúde e/ou comportamentos de risco em relação as
doenças sexualmente transmissíveis.
A equipe que atua na UCT-Toledo, destaca que um dos grandes problemas dos
serviços de hemoterapia, refere-se às dificuldades de se conseguir doadores de sangue
necessários para suprir os estoques e para atender as demandas específicas, emergenciais, com
perfil que garanta o sangue seguro para o ato transfusional. Pois, na maioria dos casos, o
candidato a doador que comparece a UCT apenas realiza a doação por reposição, ou seja,
respondendo a um apelo de um parente, amigo ou conhecido.
33
2.1.1 O processo de doação coleta e preparo do sangue para a transfusão, realizado na
Unidade de Coleta e Transfusão- Toledo/PR.
Todo o processo de coleta até a transfusão de sangue segue um rigoroso padrão de
qualidade. Para a segurança e qualidade dos serviços prestados pela UCT, acontece um
procedimento que passa por um sistema de controle e rastreabilidade do sangue, mantendo-se
o registro de quem realizou a doação, para quem foi transfundido o sangue, data, tipo
sanguíneo e outros dados, tendo como base de informação o código gerado pelo sistema
HEMOVIDA posteriormente afixado na bolsa de sangue. Este processo se dá com o respaldo
da participação do HEMEPAR no programa de Controle de Qualidade em Imunohematologia
da Sociedade Brasileira de Hematologia e da Coordenação de Sangue e Hemoderivados
(COSAH), do controle de qualidade interno e externo, para todas as unidades que realizam
triagem sorológica de doadores.
Ao comparecer ao Banco de Sangue o candidato a doação apresenta um documento
oficial com foto e aguarda ser chamado para efetuar o cadastro do doador. Enquanto isso o
profissional Assistente Social realiza o ―Projeto Sala de Espera‖, onde são repassadas
informações pertinentes à doação de sangue e sobre o cadastro de doadores de medula óssea.
Após o preenchimento do cadastro, o candidato à doação recebe um questionário
(AnexoI) onde responde a questões pessoais e sigilosas, a seguir, é convidado a dirigir-se a
uma sala para realização da triagem clinica, onde um médico ou enfermeiro (a) fará a
entrevista para saber o histórico da saúde do doador, realizando a pesagem, e aferição da
pressão arterial, verificando a temperatura corporal e batimentos cardíacos.
Em seguida, o doador passa pela triagem hematológica, onde é realizado o teste de
hemoglobina para a verificação de presença de anemia, caso o candidato a doador esteja com
os níveis aceitáveis para a doação é encaminhado à sala de coleta de sangue, onde ocorre a
doação. Em média coleta-se 450 ml de sangue para a doação e mais 45 ml para os seguintes
exames gratuitos oferecidos ao doador: Classificação por tipagem sanguínea e fator RH, teste
para identificar sífilis, doença de chagas, hepatite B e C, HTLV I e II (vírus relacionado à
anemia) e HIV I e II. Quando um exame apresenta alguma alteração, é emitida
correspondência para a residência do doador ou é feito o contato por telefone, solicitando o
seu comparecimento a Unidade para receber orientação médica e coletar nova amostra de
sangue para refazer o exame alterado. O processo da doação de sangue leva em torno de 40
minutos.
34
Decorridos trinta dias após a doação, o doador recebe a carteirinha de doador de
sangue em sua residência. Caso o doador seja de outra localidade é enviado para a secretaria
municipal do respectivo endereço e distribuído segundo as regras do próprio município. O
sangue depois da coleta é resfriado até a temperatura de 20º C, e no final da manhã e da tarde
é enviado para o Hemocentro de Cascavel. De acordo com o HEMEPAR, a bolsa de sangue
será enviada para o setor de fracionamento14
do sangue e será liberada para uso, somente se os
exames laboratoriais forem negativos. Na figura 1 (Anexo II) apresenta-se de forma ilustrativa
o processo, no qual acontece a separação do sangue em seus diversos componentes para a
transfusão.
As amostras de sangue do doador são encaminhadas ao laboratório do Hemepar de
Curitiba a fim de serem submetidas a exames sorológicos e hematológicos acima citados.
Estes testes são realizados sob rigoroso controle de qualidade e seguem as normas
estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
O sangue coletado é submetido a uma série de etapas antes de ser liberado para o
emprego em pacientes. Assim, a doação de sangue realizada por uma pessoa pode salvar até
04 (quatro) pacientes que dependem de sangue para continuar a viver. Todo esse processo a
que o sangue é submetido, demora em média três dias para ser divulgado o resultado dos
exames sorológicos, posteriormente, as bolsas são liberadas para uso. No entanto, todos os
dias há bolsas sendo liberadas do Hemocentro de Cascavel para a UCT-Toledo, oriundas de
coletas anteriores.
Nos hospitais, quando o médico constata que um paciente necessita de sangue, faz o
pedido através da RT (requisição de transfusão) (Anexo III), a qual deverá ser corretamente
preenchida com: dados de identificação do paciente, diagnóstico, indicação da transfusão, tipo
de componente, quantidade de bolsas de sangue a serem utilizadas, carácter de urgência,
carimbo e assinatura do médico solicitante, para possibilitar a liberação do sangue pelo banco
de sangue com maior agilidade possível. Ainda, de acordo com Portaria MS 2.712 de 12 de
novembro de 2013, não serão aceitas pelo serviço de Hemoterapia RTs incompletas ,ilegíveis
ou rasuradas.
Após o médico fazer a solicitação, o hospital entra em contato com a Unidade de
Coleta e Transfusão através do telefone exclusivo do técnico de plantão, enviando uma
amostra do sangue do paciente para que seja realizado os testes pré-transfusionais. Ao término
14 Processo em que os componentes do sangue são separados - glóbulos vermelhos, plasma e plaquetas. Esse
processo permite que dois ou mais pacientes sejam atendidos com uma única doação, recebendo apenas o
componente sanguíneo necessário ao seu tratamento.(HEMOPE,2014)
35
dos testes e com o resultado laudado na RT,o profissional do laboratório de Imuno-
hematologia –Setor de Liberação de Hemoconponentes, entra em contato com o hospital
informando a liberação das bolsas para a transfusão.
Para as unidades conveniadas da região, o hospital encaminha a amostra de sangue do
paciente e o teste é realizado normalmente na UCT que posteriormente, libera o sangue para
que o motorista da região conduza até o hospital e o médico enfim realize a transfusão. Em
condições de extrema urgência, libera-se o sangue de tipo O- (o negativo) considerado como
sangue universal, ou seja, que pode ser transfundido para qualquer pessoa, até que se realizem
os procedimentos necessários.
Constata-se, porém, que a preocupação maior de cada serviço de hemoterapia é com
o atendimento das necessidades dos pacientes. Nos casos de urgência é de suma importância o
atendimento realizado com rapidez e eficiência. Além disso, existem pacientes com doenças
crônicas, graves e que necessitam fazer transfusões regulares, cirurgias e outros casos. O que
converte a busca por doadores num processo contínuo e necessário dependente do
compromisso social e consciente das pessoas como doadores voluntários.
Tendo em vista que, como mencionado anteriormente, o maior desafio da UCT-
Toledo – PR é garantir um abastecimento de sangue que seja sustentável, seguro e apropriado
às necessidades dos pacientes.
2.2 A UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO - TOLEDO/PR E A VINCULAÇÃO
COM O SERVIÇO SOCIAL
Segundo Iamamoto (1997), a profissão do Serviço Social surge a partir das
reivindicações e lutas dos trabalhadores, isto é, como fonte de um movimento social mais
amplo onde acontece um agravamento da questão social, com os trabalhadores se mobilizando
na luta por direitos sociais. Logo, o Serviço Social deixa de ser um organismo de distribuição
da filantropia privada dos grupos burgueses que exercem o domínio e passa a ser
prioritariamente, uma das engrenagens de efetivação da política social do Estado (dentre elas
a política da saúde) e de setores empresariais, que passam a ser os seus maiores
empregadores.
Nesta conjuntura, o Conselho Nacional de Saúde por meio da resolução CNS n°. 218
de 6 de março de 1997 legitimou o Assistente Social como profissional de saúde de nível
superior. E conforme parecer da resolução do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS)
n.º 383/99 de 29 de março de 1999, qualificou o Assistente Social como profissional da saúde.
36
A vista disso, o Assistente Social contribui para o desenvolvimento e o fortalecimento
de processos emancipatórios em nossa sociedade. Nos bancos de sangue trabalha para
despertar a sociedade para a cultura da doação de sangue voluntária e altruísta. Assim, se o
sangue é sinônimo de existência, a captação de doadores é de ação prioritária na ação desse
profissional neste local de trabalho, nesse sentido de acordo com Guerra (1995, p. 200), é
preciso desvelar um ―conjunto de saberes que extrapolam a realidade imediata e permitem
apreender a dinâmica conjuntural e a correlação de forças manifestas ou ocultas‖.
O profissional do Serviço Social tem essencial importância atuando dentro desta
Unidade enquanto captador de doadores de sangue, desempenhando um trabalho educativo,
tendo em vista que a sociedade necessita receber informações exatas sobre a doação de
sangue e conscientizar-se do valor da sua participação nesse processo.
Deste modo, na UCT, o Assistente Social trabalha para motivar todos os segmentos da
sociedade a realizar a doação de sangue, a exercer seu papel de cidadania e compromisso
social contribuindo para aumentar a captação de doadores e responder a uma grande questão
da saúde que é a doação de sangue, sendo a mediação indispensável entre a UCT e o doador.
Para tanto, sua atuação é responsável pela captação de doadores tanto individualmente
(entrevistas, com familiares, pacientes, esclarecimento quanto a dúvidas com relação à doação
de medula, contato por telefone etc.) como coletivamente (palestras em Empresas,
Universidades, Escolas, Associações de Moradores, Grupos de Jovens, entrevistas à Imprensa,
etc.).
Neste contexto, o profissional Assistente Social desenvolve na Unidade atividades
como: Palestras em escolas e empresas; Realiza o projeto Sala de espera, no qual são
repassadas várias informações aos candidatos a doação que aguardam para realizar a doação
de sangue; Solicita a colaboração das famílias dos receptores para reposição do sangue; Envia
correspondência (anexo IV) e/ou efetua ligações telefônicas aos doadores cadastrados na UCT
para que, dentro do possível, realizem novas doações; Participa da elaboração de projetos com
a equipe; Executa o trabalho técnico administrativo de entrada e saída de sangue; Realiza
captação de doadores por tipo sanguíneo dentre os quais em especial o O- (negativo) que é um
sangue universal e os doadores são raros (anexo V); Preenche fichas dos receptores a partir da
saída do sangue sendo que os dados se originam da requisição de transfusão (RT).
O Serviço Social tem como ação primordial do seu trabalho dentro do Banco de
Sangue o aumento de doadores nesta unidade, mas para que esse objetivo se concretize
realiza:
37
Captação de doadores voluntários – realizada através de contatos com empresas, palestras em
Instituições e eventos, para aumentar a realização de coletas periódicas e sensibilização dos
doadores de reposição para que se tornem voluntários e fidelizados.
Captação de doadores de reposição – Este é o método habitualmente usado em todo o Brasil,
é realizado através da solicitação individual á familiares de pacientes que necessitaram
transfusão de sangue e fizeram uso de sangue do estoque da UCT, para que realizem
voluntariamente a reposição do sangue utilizado colaborando com a obtenção de doadores
voluntários.
Os maiores desafios enfrentados em relação a estes métodos são: Queda do número
doações em alguns períodos (férias, feriado, inverno); Dificuldade do paciente e familiar para
obter doadores, pois, além da apreensão em relação à doença do ente da família, precisam
ainda, ir à procura de doadores voluntários.
Constata-se, que há uma grande dificuldade em se dispor de sangue suficiente em
estoque no Banco de sangue para atender a todos que necessitam, pois, muitos doadores não
doam voluntariamente, somente quando são convocados a realizar a doação de reposição para
alguém que utilizou o sangue.
A necessidade de sangue é constante e a todo o momento alguém necessita de sangue,
é nessa questão que o Serviço Social atua de forma intensa e contínua, trabalhando na
captação de doadores de reposição, e conscientização dos cidadãos para que se tornem
doadores de sangue voluntários e fidelizados, habituais e saudáveis. Para dar qualidade e
efetividade as suas ações na UCT o Serviço Social tem entre outros os Procedimentos
Operacionais Padrão (POPs) os quais se apresentam a seguir:
1º - P.O.P de captação de doadores de reposição. Objetivo: captação de doadores para
reposição do sangue utilizado pelo paciente, através de contato junto aos familiares.
2º - P.O.P- programa de registro e avaliação de opiniões sobre serviços da UCT. Objetivo:
Registrar e avaliar as opiniões (elogios, criticas, sugestões) recebidas da Unidade de Coleta e
Transfusão .
3º - P.O.P - de planejamento da coleta externa de sangue. Objetivo: Ampliar o universo de
captação e fidelização de novos doadores, através do deslocamento da unidade móvel,
visando facilitar o acesso à população, bem como reforçar os estoques de sangue para o
atendimento da demanda.
4º P.O.P – de mobilização social e ação educativa. Objetivo: Ampliar os percentuais da
população doadora de sangue, com ênfase na doação voluntária e altruísta, através de ações
educativas que promovam mudanças culturais em relação à doação de sangue.
38
5º - P.O.P – de convocação de doadores fenotipados15
. Objetivo: Selecionar e convocar
doadores de sangue para atendimento a pacientes portadores de doenças hematológicas
congênitas com transfusionais atendidos nos hospitais conveniados, conforme solicitação do
Hemocentro Regional de Cascavel.
6º– P.O.P – de captação hospitalar. Objetivo: Intensificar a captação de Doadores de
Reposição junto aos familiares dos pacientes transfundidos nos Hospitais conveniados,
colaborando para a reposição e manutenção dos estoques de hemocomponentes.
É embasado nessas atribuições, nos P.O.Ps nas Leis anteriormente citadas, na Política
de Saúde, Política Nacional do Sangue Componentes e Hemoderivados e Políticas internas do
HEMEPAR, amparado no código de ética do Assistente Social de 1993, na Lei 8.662/93 que
regulamenta a profissão, que o Serviço Social atua, tendo como principal objetivo a captação
de doadores, bem como a conscientização e instrução a respeito da doação de sangue, para a
garantia de um sangue de boa qualidade, com segurança e boa saúde dos receptores.
Indo além dessas atribuições, o Serviço Social ainda trabalha em equipe
multidisciplinar, num espaço onde predomina a presença de profissionais da saúde e que
também tem seu espaço garantido, conquistado e legitimado nessa área da saúde. Neste
espaço, o Assistente Social colabora com um profissional com conhecimento ético-politico e
responde a um Código de Ética CFESS (1993), que prevê a garantia da liberdade, equidade e
direitos do cidadão.
Pautado em Leis e políticas, o Assistente Social desenvolve seu trabalho junto aos
usuários da Unidade, mantendo sua ética profissional e trabalhando para que não falte sangue
para as transfusões. Este profissional tem desenvolvido seu trabalho empenhado na busca da
construção de uma trajetória de trabalho comprometida com a população usuária do banco de
sangue, buscando desenvolver um trabalho que tenha como perspectiva a cidadania, a
qualidade e a segurança da sociedade atendida.
No entanto, apesar de todos os esforços por parte do Serviço Social, medidas ainda
precisam ser tomadas com relação à captação de doadores fidelizados, tendo em vista o baixo
número destes na UCT. É nesse sentido que este estudo vem contribuir e será certamente
fundamental para aprimorar estratégias junto aos indivíduos e buscar outras formas de
sensibilizar futuros doadores.
15
Doadores especiais que possuem sangue fenotipado (o sangue que chega a quase100% igual ao sangue do
paciente necessitado) essa doação fenotipada é destinada para aqueles pacientes que necessitam de várias
transfusões. Normalmente para pacientes portadores de Anemia Falciforme ou Anemias Hemolíticas.
(HEMOPA,2014)
39
3 A PESQUISA: PERCURSO METODOLÓGICO
Este estudo, conforme mencionado, foi motivado pelas observações cotidianas
vivenciadas a partir do estágio curricular supervisionado I e II do curso de Serviço Social da
Universidade UNIOESTE – Toledo- PR, na Unidade de Coleta e Transfusão de sangue –
Toledo-PR.
Neste contexto, verificou-se a necessidade de identificar os motivos que impedem os
candidatos esporádicos à doação de sangue a se tornarem doadores fidelizados, porque, como
se apresentou no início do trabalho, a Unidade de Coleta e Transfusão de Toledo, possui a
necessidade de captar indivíduos dispostos a realizarem a doação fidelizada, tendo em vista,
que o número de pessoas que doam de modo esporádico, não atende a demanda necessária de
sangue.
Para a elucidação do objeto e na tentativa de dar um desfecho ao problema
anteriormente referido, procurou-se traçar um caminho metodológico. Com este propósito, a
pesquisa apresenta-se com abordagem qualitativa, ou seja, foi considerado neste estudo tanto
a quantificação dos dados como a qualificação dos fatos observados no decorrer da pesquisa.
Entendendo que a pesquisa qualitativa é a que mais se aproxima ao propósito do estudo, visto
que de acordo com Minayo (2007),
A pesquisa qualitativa é a que se ―aplica ao estudo da história, das relações,
das representações, das crenças, das percepções e das opiniões , produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem
seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam [...] Esse tipo de método que
tem fundamento teórico além de permitir desvelar processos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de novos
conceitos e categorias durante a investigação. Caracteriza-se pela empiria e
pela sistematização progressiva de conhecimento até a compreensão lógica
interna do grupo ou do processo em estudo‖. (MINAYO 2007, p57).
Nesse sentido, a pesquisa torna-se relevante, considerando que procura identificar
como pensam os doadores à respeito do ato de doar, e tem o intuito de tentar desvelar
conceitos propiciando esclarecimentos e assim colaborar na mudança de conceitos e ideias
pré-estabelecidas. Por se expressar dessa forma a pesquisa é de caráter exploratório, isto
porque, segundo Gil (2008),
As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de
problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores (...) são desenvolvidas com objetivo de proporcionar visão geral, de tipo
aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado
40
especialmente quando o tema é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele
formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. (GIL 2008, p.270).
Com o objetivo de coletar maiores informações quanto à percepção dos doadores
esporádicos da UCT-Toledo, esta pesquisa coletou dados, pois, esse método proporcionou
uma maior proximidade do objeto que se almejou estudar e conhecer. De acordo com Marconi
(2008), a pesquisa de campo:
[...] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles. (MARCONI 2008, p.188).
Desta forma, no trabalho de campo a técnica utilizada na coleta de dados foi a
entrevista a partir de um formulário semi-estruturado com questões abertas e fechadas. Os
sujeitos do estudo recaíram sobre os doadores de sangue esporádicos da unidade acima
referida.
Inicialmente, a composição dos sujeitos da pesquisa referia-se a 10 pessoas do sexo
masculino e 10 do sexo feminino, no entanto, no decorrer do estudo sentiu-se a necessidade
de ampliar este número, tendo em vista a quantidade de pessoas que passam pela UCT
diariamente, cerca de 80 pessoas, buscando conferir uma autenticidade maior na tentativa de
colher respostas ao problema elencado na pesquisa. Portanto, a amostra, corresponde a 40
pessoas, sendo que, destas são: 20 mulheres e 20 homens.
A pesquisa em questão subsidiou-se na definição da amostragem escolhida no
momento em que os candidatos a doadores se fizeram presentes para realizar a doação de
sangue na UCT. O critério para a definição foi o doador ser esporádico e ter comparecido à
unidade para realizar a doação no período de 01 de julho a 31 de julho de 2014, perfazendo
um total de 40 sujeitos.
A aproximação com os sujeitos pesquisados aconteceu no espaço da UCT- Toledo-
PR, quando os mesmos se apresentaram para a doação na unidade. Este contato se deu após o
processo de triagem clínica e hematológica a que os doadores são submetidos, por meio de
abordagem explicativa relativa ao objetivo da pesquisa.
Na sequência, realizou-se um esclarecimento sobre a justificativa e metodologia do
estudo. Depois de aceito participar, solicitou-se a assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido TCLE, (Apêndice I). Neste processo, levou-se em consideração o
consentimento manifestado por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre
Esclarecido dos sujeitos da pesquisa.
41
O instrumento utilizado para coletar dados foi um formulário (apêndice II), que contou
com as categorias relativas à: perfil do doador; motivos da doação e a percepção do doador
esporádico com relação ao ato de doar sangue. A efetivação desse instrumental deu-se nas
dependências da Unidade de Coleta e Transfusão-Toledo-PR
Após a realização do levantamento de dados, todas as informações obtidas foram
analisadas de acordo com o que pressupõe a pesquisa qualitativa. Em seguida, as respostas
foram classificadas e iniciaram-se as transcrições das mesmas. As análises do conteúdo da
pesquisa deram-se seguindo o que Bardin apud Minayo (2007), define ser:
Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção e/reprodução destas
mensagens. (BARDIN apud Minayo, 2007, p. 303).
Sendo assim, a análise se deu por categorias em um procedimento de associação do
quantitativo com o qualitativo. Os dados foram organizados em gráficos que possibilitaram o
agrupamento das informações adotando como base os objetivos do estudo, analisados à luz da
literatura pertinente de modo a respaldar a compreensão da realidade social no conjunto da
produção do estudo.
Vale ressaltar que está resguardada a identidade dos sujeitos entrevistados e para sua
identificação será usada letra seguida de número (D1, D2, D3...) respeitando o Código de
Ética dos/as, Assistentes Sociais e também as deliberações do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP). Resolução 466/2012.
3.1 APRESENTACÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
Os aspectos pesquisados buscam analisar o perfil e percepção dos doadores de sangue
esporádicos da UCT- Toledo – PR, com foco nos motivos que os impedem de se tornarem
doadores fidelizados. Nas análises, apresentadas a seguir, para fins metodológicos e para uma
compreensão assídua dos resultados obtidos, optou-se em dividir o grupo do sexo feminino e
do masculino, tendo em vista que, com esta divisão será possível identificar com maior
precisão o que difere entre esses grupos, procurando, a todo o momento, não perder as
características da pesquisa como um todo, isto é, do grupo de 40 sujeitos envolvidos.
42
3.1.1 Análise dos dados coletados junto ao sexo feminino
Para dar início às análises dos resultados do estudo elegeu-se, primeiramente, a
interpretação das entrevistas realizadas com o grupo feminino o qual corresponde a 20
mulheres na faixa etária de 16 a 69 anos de idade. Optou-se pela demonstração através de
gráficos para uma melhor visualização do estudo realizado.
Gráfico I – Faixa etária
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Conforme demonstra o gráfico acima, a maior frequência de doadoras é concentrada
nos intervalos de 20 a 29 (45%) e 30 a 39 (25%) representando 70% do grupo.
Tal particularidade observada no grupo feminino pode ser evidência de que o trabalho
educativo realizado continuamente para o público jovem, como o projeto ―Doador do Futuro‖
realizado nos colégios públicos e privados, tem obtido resultados favoráveis na motivação e
captação desse grupo, respondendo de modo satisfatório, portanto, às ações efetivadas.
Entende-se também, que a juventude pode ser um fator de relevância na captação de doadores
de sangue fidelizados, haja vista que, segundo Moura (2006, s.p), ―estes não estão imbuídos
das ideias preestabelecidas que ainda perduram na sociedade brasileira acerca da doação de
sangue, e, por conseguinte, mais receptivos às ações educativas propiciadas‖.
Analisou-se, do mesmo modo, que a menor participação de mulheres encontra-se na
faixa etária de 40 a 69 anos, que representam 30% do total de doadoras. Essa menor
participação desta faixa etária pode estar relacionada à prevalência de doenças comuns em
idades mais avançadas que, consequentemente, se tornam um fator de impedimento à doação,
ou ainda, pode-se dizer que este é um público a ser trabalhado no sentido de repassar
informações referentes à Portaria nº 2.712, de 12 de Novembro de 2013 do MS, que redefine
10%
45%
25%
15% 5% 0% 16 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
43
o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos e retifica a idade máxima para a
doação de sangue de 60 para 69 anos.
Gráfico II – Escolaridade
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Verifica-se no gráfico acima que a escolaridade é, um fator relevante quanto à
participação feminina na doação de sangue. A grande maioria do grupo de mulheres que
foram avaliadas possui ensino superior completo, totalizando 40% da amostra. Sendo que
40% possui o ensino superior completo, 25% com ensino médio incompleto, 20% com
ensino superior incompleto e 15% com ensino médio completo.
Este aspecto predominante na amostra pode evidenciar que o programa interventivo
desenvolvido, tem encontrado maior adesão e participação consciente em mulheres com
maior escolaridade ao convite a doação de sangue para manutenção do estoque de sangue.
Para Freire (1980), conscientizar-se não se trata apenas de tomar consciência da realidade,
ultrapassando esse nível perante análise crítica, mas, através do conhecer sobre determinada
situação realizar ação transformadora da mesma.
15%
25%
40%
20% Ensino médio completo
Ensino médio incompleto
Ensino superior completo
Ensino superior incompleto
44
Gráfico III – Estado Civil
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Quanto ao Estado Civil constatou-se que a maioria das mulheres 55%, encontrava-se
solteira e 45% casadas. Vale destacar segundo a Portaria nº 2.712, de 12 de novembro de
2013, MS; as situações em que à doação feminina, diferencia-se da masculina, a mulher não
pode doar sangue: durante a gravidez, ao estar amamentando até um ano, três meses pós-
parto e abortamento, ser cônjuge de pessoa encarcerada, que tenha feito piercing, tatuagem ou
maquiagem definitiva, sem condições de avaliação quanto à segurança do procedimento
realizado; destacando que mesmo durante a menstruação não há contra indicação e o período
máximo de doações para as mulheres é de 90 dias (máximo de 03 doações ao ano). Devido à
reposição dos estoques de ferro, que nas mulheres é mais demorada em virtude das perdas
durante os ciclos menstruais.
Questionou-se as doadoras esporádicas quanto aos fatores motivacionais e o interesse
em tornar-se fidelizadas, cujos resultados estão elencados nos quadros e gráficos que se
seguem.
Gráfico IV - Qual foi o motivo que o levou a realizar a doação?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
45% 55%
0%
Casada
Solteira
Divorciada
Amasiada
52% 31%
17%
Ajudar o próximo
Ajudar amigo
Ajudar parente
45
Para análise dos dados do gráfico IV, foram separados os motivos apresentados pelos
sujeitos pesquisados em três categorias: Ajuda ao próximo; Ajuda a parente e Ajuda a amigo.
Constatou-se que 52% dos motivos apresentados pelas pesquisadas foram os voltados
para a ajuda ao próximo, seguido de 48% das doações voltadas para ajudar aos amigos e
parentes. O que indica que quase a metade das entrevistadas ainda são doadoras esporádicas e
de reposição, ou seja, que comparecem ao Banco de Sangue somente para a doação de
reposição a pedido de outrem. Tal fato vai de encontro com os estudos de Ludwig (2010, p.
14), a qual verificou que ―na maior parte das doações se constata a doação de reposição, ou
seja, devido à necessidade de um parente ou amigo‖.
Gráfico V– Já foi abordado por alguma campanha de doação de sangue?
Fonte: Dados coletados pelo questionário aplicado na pesquisa, 2014.
Quando questionadas sobre o conhecimento de alguma campanha de doação de
sangue, verificou-se que 60% das entrevistadas revelaram nunca terem sido abordadas por
campanha relativa à doação de sangue. Seguidas de 40% das entrevistadas que já participaram
de alguma campanha sobre doação de sangue. Estes dados nos fazem despertar para o fato da
importância de trabalhar a conscientização junto à população.
Entretanto ressalta Araújo (1992, p. 42), que a ―conscientização é um processo pelo
qual o homem compreende o que é e o que deve ser a realidade que o cerca. Só o homem é
capaz de assumir seu destino conscientemente, destino que é também o de seus semelhantes e
do mundo‖. Dessa forma a consciência que leva a transformação não se estabelece facilmente
é preciso criar artifícios que levem a obtenção de resultados.
40%
60% Sim
Não
46
Gráfico VI – Gostaria de tornar-se um doador fidelizado doando pelo menos duas a três vezes
ao ano?
Fonte: Dados coletados pelo questionário aplicado na pesquisa, 2014.
Como se verifica no gráfico acima 90% das entrevistadas declarou serem favoráveis a
se tornarem doadoras fidelizadas. Nos 10% apresentados no estudo onde as entrevistadas
declararam não querer torna-se doadora fidelizada, o motivo apresentado foi a distância do
local de coleta de sangue, uma vez que revelaram morar em outro município.
Este resultado demonstra que as mulheres estão dispostas a se tornarem doadoras
participantes de uma ação voltada á doação fidelizada. No entanto, como pondera Veloso
(2013), é essencial que sejam definidas melhores estratégias que permitam a valorização da
doação feminina a fim de facilitar o seu acesso. Visto que, atualmente, no Brasil, ainda
segundo Veloso (2013), a doação de sangue realizada pelo público feminino está entre 20% e
25% do total das doações.
Gráfico VII - Porque gostaria de tornar-se doador fidelizado?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Conforme resultado ilustrado no gráfico VII fica explicito que 45% das mulheres
manifestaram que o motivo de tornar-se doadora fidelizada é voltado para ajudar o próximo.
O que revela que as mesmas encontram-se conscientes de que o ato solidário de doação de
90%
10%
Sim
Não
50% 39%
11%
Ajudar o próximo
Salvar vidas
Outros
47
sangue contribui para a manutenção da vida. Tanto que, 35% das entrevistadas ainda
declararam querer tornar-se doadoras fidelizadas pelo motivo de salvar vidas. Essa categoria
―salvar vidas‖ revelou o senso de responsabilidade coletiva e sentimento de cooperação
apresentados. Nos outros 11% duas respostas se destacaram: “Porque tenho o conhecimento
do processo e sei que é seguro doar sangue”. (D, 1). Essa resposta revela que a doadora está
informada quanto ao processo da doação do sangue que está disposto na portaria nº 1.376, de
19 de novembro de 1993, e define as Normas Técnicas, constantes do anexo, destinadas a
disciplinar a coleta, o processamento e a transfusão de sangue total, componentes e derivados
em todo o território nacional.
Em outra resposta: “Por que o uso de sangue em hospitais é constante e em grande
volume.” (D. 2). A partir desse dado vale lembrar que, segundo dados da Organização
Mundial da Saúde – OMS (2014), a cada dois minutos uma pessoa precisa de sangue,
aproximadamente 720 pessoas por dia.
Gráfico VIII – Porque não doa com uma frequência maior? Especifique os motivos
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Sobretudo, constata-se a partir dos dados, que mais da metade, 55% das entrevistadas
alegaram não doar com uma frequência maior pelo fato de não poderem ausentar-se do seu
trabalho. Esse é fator que nos remete à reflexão quanto ao sentido efetivo da validação de
direitos, visto que a Lei nº 1.075, de 27 de março de 1950, dispõe sobre a doação voluntária
de sangue e no seu Art. 2º prevê que todo doador trabalhador deve ser dispensado do ponto,
no dia da doação de sangue e receber atestado uma vez ao ano.
Pode-se presumir tanto um desconhecimento dos cidadãos com relação a este direito,
ou ainda, conforme Marx (1848), este pode ser um indicativo da relação contraditória entre o
Estado e Sociedade Civil no processo de produção e reprodução do capital, da condição de
55%
20%
25%
Trabalho
Distância
Falta de tempo
48
alienação e subordinação em que vive o trabalhador, onde o mesmo sente o desejo de ter uma
atitude altruísta, contudo vê-se impedido pelas condições sociais em que se encontra.
Segundo Iamamoto (2011, p.65-66), como trabalhador assalariado sente-se
pressionado pelo empregador e ameaçado pelo ―exército industrial de reserva‖, que se
apresenta cada vez mais explicito no modo de produção capitalista onde o operário trabalha
sob o mando do capitalista, o qual é o detentor da força de seu trabalho e como assalariado
relaciona-se com o capital, deixando de se relacionar entre si.
Verifica-se igualmente no gráfico acima apresentado o fato de que 25% afirmaram não
doar com maior frequência por falta de tempo devido a acelerada rotina de vida que possuem
o que nos leva analisar que esse pode ser um também um pressuposto das condições de
trabalho em que vivem.
Nos outros 20% são dados quanto á distância do Banco de Sangue, onde as
entrevistadas revelaram morar em outro município e não poderiam participar da doação
fidelizada.
Gráfico IX – Como se sente ao realizar a doação de sangue?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
O gráfico acima demonstra que, 50% das mulheres mencionaram o sentimento de
felicidade em poder ajudar o próximo. Deste modo, a doação está vinculada à solidariedade
que se faz presente na esperança de ajudar o próximo e de poder também, no futuro contar
com a ajuda quando, por ventura precisar, criando assim uma ação recíproca.
Da mesma forma, 35% das doadoras apresentaram ao realizar o gesto, a possibilidade
de salvar vidas como a principal importância da doação, evidenciando que a principal
informação acerca da importância da doação de sangue está na garantia de salvar vidas.
35%
50%
15%
Dever cumprido
Feliz em poder ajudar
Salvando vidas
49
Assim como, 15% das entrevistadas manifestaram o sentimento de dever cumprido
revelando que, ao alegar esse sentimento, essas doadoras, mais que o desejo de ajuda ao
próximo, demonstram a consciência de um dever cívico, e senso de participação pelo bem
estar da saúde coletiva. Gohn (2008), trata a participação ―como processo de vivência que
imprime sentido e significado a um grupo ou movimento social, tornando-o protagonista de
sua história [...] gerando novos valores e uma cultura politica nova.‖.
Gráfico X – Sugestões para aumentar o número de doadores de sangue na UCT-Toledo
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Os dados coletados expressam que 70% das doadoras sugeriram que sejam feitas mais
campanhas informativas, pois segundo elas esse será um fator que irá fazer com que se
conquistem mais doadores, visto que, ao possuírem maiores esclarecimentos serão mais
facilmente motivados, já que acreditam que a maioria dos candidatos à doação não o fazem
devido a medos e preconceitos. Conforme Ludwig (2010, p.12), ―o papel da comunicação na
área de saúde é fundamental, pois pode incentivar a participação das pessoas, induzindo – ou
reforçando – onde é necessária uma nova cultura. [...] a assimilação de informações pode
inserir novas atitudes.‖.
Outro dado relevante foi que 15% das entrevistadas apresentaram como sugestão a
flexibilização do horário de coleta, sugerindo como exemplo, horários alternativos no período
da noite e aos sábados.
Sugestões de 10% das mulheres pesquisadas se concentraram na proposta de unidades
móveis para a coleta de sangue fora da UCT- Toledo-PR. Vale lembrar que isso já vem
acontecendo em cada município e é chamada de ―coleta externa‖. No entanto, faz-se
necessária tanto a divulgação dessa ação, quanto a ampliação da frequência com que é
realizada, viabilizando condições como a aquisição de uma unidade móvel que seja de uso
somente da UCT-Toledo, (atualmente é usada a unidade móvel do Hemocentro de Cascavel-
70%
15%
10% 5%
Mais campanhasHorárioUnidades móveisOutros
50
PR) para que esse processo aconteça em outros espaços da sociedade como eventos e
empresas.
Nos outros 5% verificou-se respostas como: ―Conscientizar as pessoas, beneficiá-las
de alguma forma após a doação ou até mesmo idealizar uma lei que torne obrigatório a
doação para quem é apto.” (D, 3). Essa sugestão apresenta-se improcedente quando verifica-
se que no Brasil ,segundo a Lei nº 10.205/2001,a doação deve ser voluntária e altruísta sem
renumeração ou qualquer benefício.
3.1.2 Análise dos dados coletados junto ao sexo masculino
Assim como na análise dos dados da pesquisa feminina, optou-se pela demonstração
através de gráficos para um melhor delineamento e compreensão do estudo realizado. Inicia-
se, portanto esta sessão, com o levantamento do perfil dos indivíduos pesquisados do sexo
masculino. Dentre os 20 homens que estiveram envolvidos na pesquisa, constatou-se que
estes encontravam na faixa etária de 16 a 69 anos de idade, conforme aponta o gráfico a
seguir:
Gráfico I – Faixa etária
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Quanto ao perfil dos doadores masculinos por faixa etária, de acordo com o gráfico I
analisou-se que 53% dos homens que fizeram parte do estudo, estão entre 20 a 29 anos e 17%
de 30 a 39 anos. Tal fato revela o montante de 70% do grupo composto por indivíduos mais
jovens. Nos candidatos com idade entre 40 a 59 anos, somaram-se 24%. Nos doadores com
idade entre 60 a 69 anos, o resultado foi de apenas 6%, o que pode estar relacionado à
prevalência de doenças da terceira idade visto que nesta faixa etária é mais comum os
indivíduos apresentarem problemas referentes à saúde, podendo, portanto ser um agravante
para impedir a sua doação.
0%
53%
17%
12% 12%
6% 16 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
51
Assim como apresentado na análise feminina, não estão totalmente informados sobre o
que preconiza a nova Portaria nº 2.712, de 12 de Novembro de 2013 do MS, que redefine o
regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos e retifica a idade máxima para a doação
de sangue para 69 anos. Apesar desses aspectos que estão atrelados a essa faixa etária de
idade, pode-se afirmar que esse é um indício de que uma atenção voltada para a informação
junto a esse grupo potencial de doadores seria válida.
Gráfico II – Escolaridade
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Os dados analisados no gráfico II revelam uma particularidade quanto à escolaridade
masculina onde, 44% dos homens entrevistados possuem Ensino Médio completo,
contrapondo-se ao resultado feminino onde prevaleceram 40% do Ensino Superior completo.
Ainda, têm-se 28% dos doadores masculinos com Ensino Médio incompleto, 22% revelaram
possuir o Ensino Superior completo e 6% Ensino Superior incompleto. Pode-se observar que
a prevalência quanto ao grau de instrução no sexo masculino é o ensino médio.
Gráfico III – Estado Civil
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
44%
28%
22%
6%
Ensino médio completo
Ensino médio incompleto
Ensino superior completo
Ensino médio incompleto
50%
30%
10%
10%
CasadoSolteiroDivorciadoAmaziado
52
Quanto ao estado civil verifica-se no gráfico III que 50% dos homens da amostra
revelaram ser casados, seguidos de 30% solteiros, 10% divorciados, 10% amasiados. Quando
comparado com a amostra feminina constata-se o inverso, a maioria encontrava-se solteira.
Vale lembrar que os homens também possuem segundo a Portaria nº 2.712, de 12 de novembro
de 2013 MS, impedimento á doação como: ―homens que tiveram relações sexuais com outros
homens.‖.
Os questionamentos a seguir assim como na pesquisa com o grupo feminino foram
direcionados a elencar os fatores motivacionais e o interesse em tornar-se fidelizados, cujos
resultados estão expostos nos gráficos que seguem.
Gráfico IV - Qual foi o motivo que o levou a realizar a doação?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Ainda, procedendo tal como na análise feminina foram separadas as categorias: ajuda
ao próximo, ajuda a amigo e ajuda a parente. No grupo ajudar amigo 40% dos doadores
revelou estar realizando doação a pedido de um amigo, 30% dos homens responderam que sua
doação seria para ajudar um parente que necessitou e fez uso de bolsas de sangue do estoque
da UCT-Toledo, ao qual foi solicitada sua colaboração pelo Serviço Social, no envio de
repositores para colaborar na manutenção do estoque da UCT-Toledo. Nos outros 30% a
resposta foi o motivo de ajuda ao próximo o que revela o sentimento dos doadores como
solidariedade e altruísmo humano. No geral os dados, assim como na análise feminina,
chamam a atenção para o fato de que nos candidatos a doadores masculinos, também há
prevalência da doação somente para fins de reposição solicitada.
30%
40%
30% Ajudar o próximo
Ajudar amigo
Ajudar parente
53
Gráfico V- Já foi abordado por alguma campanha de doação de sangue?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Quanto ao conhecimento á respeito de campanhas de doação de sangue o resultado é
relevante somando 75% dos homens entrevistados que responderem nunca terem sido
abordados por nenhuma campanha relativa á doação de sangue. Vale lembrar que nos dados
femininos 60% também revelaram nunca terem sido motivadas por nenhuma campanha
alusiva á doação de sangue. Nos dados restantes 25% dos doadores homens responderam
afirmativamente.
Gráfico VI - Gostaria de tornar-se um doador fidelizado doando pelo menos duas a três vezes
ao ano?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Conforme destacado no gráfico VI, 95% dos doadores masculinos mostraram-se
favoráveis a adesão da doação fidelizada, comparado à resposta das doadoras femininas,
constata-se que os homens são mais solícitos. Por outro lado dos 5% dos doadores que se
manifestou negativamente, o motivo foi de não querer assumir o compromisso de ter que doar
com frequência, preferem doar somente quando alguém precisar.
25%
75%
Sim
Não
95%
5%
Sim
Não
54
Gráfico VII – Porque gostaria de tornar-se doador fidelizado?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Verifica-se que 50% dos homens do grupo pesquisado manifestou a motivação voltada
para a doação com vistas a ajudar o próximo. Tal fato demostra que os mesmos estão
conscientes da necessidade de doar revelando satisfação e felicidade em ajudar o próximo.
Esse resultado vai de encontro aos estudos de Giacomini (2007), no qual os ―entrevistados
consideram que a doação de sangue é um ato que demonstra solidariedade e caridade
humanas‖. Ainda, 30% dos homens revelaram o desejo de tornarem-se doadores fidelizados
pela possibilidade de poder salvar outras vidas.
Além disso, dos 20% do grupo masculino (Gráfico III) destacam-se respostas como:
―Doar sangue não dói e não faz mal a ninguém, pelo contrário, só precisa de um tempinho
entre 3 em 3 meses”. (D.5).Vale salientar que quanto ao intervalo entre as doações para o
sexo masculino, segundo a Portaria nº 2.712, de 12 de novembro de 2013, os sujeitos do sexo
masculino podem doar mais vezes respeitando o espaço de 2 em 2 meses. Esses intervalos
foram determinados considerando-se o tempo para recuperação das células doadas e a saúde
do doador.
Obtiveram-se ainda respostas como: “Se for o caso de um dia eu precisar tenho
prioridade”. (D.8). Nesta resposta o que se verifica é a perspectiva de reciprocidade onde o
ato de doar não está ligado à doação altruísta propriamente, esse doador entende que o fato
dele doar e ajudar alguém, o leva a ter alguma prioridade, acreditando equivocadamente que
quem já doou alguma vez tem preferência para receber sangue, caso um dia necessite. “[...],
além disso, porque recebe exames gratuitos”. (D.16,). Diante dessas respostas pode-se
verificar que muitos estão ainda associando solidariedade como um bem que irá gerar
benefício próprio.
50%
30%
20%
Ajudar o próximo
Salvar vidas
Outros
55
Gráfico VIII – Porque não doa com uma frequência maior? Especifique os motivos
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Em princípio, como se pode visualizar no gráfico acima, 45% dos entrevistados
manifestaram que o motivo que os leva a não doarem com maior frequência seria a
impossibilidade de ausentar-se do trabalho. Semelhantemente ao que foi revelado na análise
do grupo feminino onde o resultado foi de 55%, nesse estudo o que se verifica é que há falta
de conhecimento quanto à Lei nº 1.075, de 27 de março de 1950, que dispõe sobre a doação
voluntária de sangue e no seu Art. 2º prevê que todo doador trabalhador deve ser dispensado
do ponto, no dia da doação de sangue e receber atestado uma vez ao ano.
Ou, como se verificou na amostra feminina constata-se que o fator determinante do
impedimento da doação fidelizada na Unidade segundo os dados analisados na pesquisa
conforme Iamamoto (2011,) é o trabalho que determina as condições sociais postas nas
relações sociais, onde os trabalhadores não se reconhecem no outro predominando o medo da
concorrência no mundo do trabalho.
Além disso, 35% dos homens alegaram a falta de tempo como fator de impedimento
para o ato de doar com maior assiduidade. Nos outros 20% dos sujeitos masculinos
entrevistados a resposta apresentada foi a distância para chegar até a UCT-Toledo-PR, visto
que residem em outro município.
45%
20%
35% TrabalhoDistânciaFalta de tempo
56
Gráfico IX– Como se sente ao realizar a doação de sangue?
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
O gráfico IX destaca que 55% dos homens revelaram sentirem-se felizes em poder
ajudar pessoas com sua doação, 35% que o sentimento é de estar salvando vidas, que se
encontram precisando de sangue e 10% sentem-se com o dever cumprido. Diante desses
resultados, cita-se os estudos de Moura et al (2006), o qual destaca que os doadores tem
conhecimento que sua doação salva a vida de alguém que esteja em risco eminente de morte.
Gráfico X- Sugestões para aumentar o número de doadores de sangue na UCT-Toledo
Fonte: Dados coletados pelo questionário da pesquisa, 2014.
Da mesma maneira que apresentado no resultado do estudo feminino o que
predominou nas sugestões dos doadores masculinos foi a necessidade de mais informação em
relação à doação de sangue, perfazendo 65% das respostas. Constata-se que apesar de os
doadores entrevistados estarem cientes de que o ato de doar sangue pode salvar vidas,
reiteram significativamente a importância de mais campanhas informativas sobre tal ato. Indo
de encontro com o que diz May (2011, p.81) ―a doação de sangue não faz parte da vida da
maioria da população, por isso, é fundamental o planejamento, o desenvolvimento, a
avaliação de estratégias e a sua socialização, possibilitando novas formas de captação‖.
10%
55%
35% Dever cumprido
Feliz em poder ajudar
Salvando vidas
65% 20%
15%
Mais campanhas
Horário diferenciado
Outros
57
Para 20% dos doadores a sugestão do horário diferenciado seria uma alternativa:
“Horário noturno para doação. Muitas pessoas trabalham durante o dia e mesmo com
atestado seus serviços atrasam se saírem para fazer a doação. No período noturno poderiam
fazer doação regularmente.” (D.14). “Criar horários alternativos, pois, muitos podem doar,
mas não conseguem por causa do horário”. (D.5). Esse fator não se configura com
possibilidades visto que, a UCT-Toledo-PR é somente uma Unidade de Coleta e Transfusão e
não realiza o processo de separação de hemocomponentes, o qual só pode ser realizado por
uma Unidade que possua tal setor. No caso da UCT-Toledo-PR, quem realiza o fracionamento
dos componentes sanguíneos é o Hemocentro Regional de Cascavel, existe a dependência dos
horários do Hemocentro de Cascavel-PR o que torna a possibilidade de horários flexíveis
inviável.
Nos 15% de doadores masculinos verificam-se respostas como: “Obrigar detentos a
doar sangue durante a pena”. (D.4). Essa sugestão demonstra o desconhecimento do
entrevistado com relação aos requisitos para tornar-se um doador, além do que se apresenta
incoerente quando se verifica as condições das penitenciárias brasileiras, onde conforme
estudos de Magnabosco (1998), há a superlotação dos estabelecimentos penais ocasionando a
violência sexual entre os presos, relações sexuais entre parceiros do mesmo sexo, a presença
de drogas, a ausência de higiene que acarreta epidemias gastrointestinais, entre outros tantos
problemas de saúde. Além disso, de acordo com, Portaria nº 2.712, de 12 de novembro de
2013, Art. 64. Inciso – VI fica inapto o candidato a doador que, ―possua histórico de
encarceramento ou em confinamento obrigatório não domiciliar superior a 72 (setenta e duas)
horas, durante os últimos 12 (doze) meses, ou os parceiros sexuais dessas pessoas‖.
Em outra sugestão: ―Criar um mês de doação de sangue em Toledo”. (D.2). Essa
proposta pode ser uma alternativa para ajudar na conscientização e mobilização da sociedade
local, visto que seria um dia no ano onde as atenções de toda a comunidade local estariam
voltadas à doação voluntária do sangue, corroborando para criar o hábito de doar. Vale
ressaltar que, de acordo com a Fundação Pró-Sangue (2014), já é comemorado todos os anos
no dia 14 de junho, o dia mundial do doador de sangue desde o ano de 2004 quando a
Organização Mundial de Saúde (OMS) intitulou como data mundial.
No Brasil o dia nacional do doador de sangue é 25 de novembro, cuja data foi
instituída em 30 de junho de 1964 pelo decreto 53.988, promulgado pelo então Presidente
Castello Branco. Segundo a Fundação Pró- Sangue (2014 s.p), a escolha dessa data não se deu
de maneira aleatória, pois analisando com mais atenção, percebe-se que a comemoração
ocorre 45 dias antes do final do ano, período da validade do concentrado de hemácias (um dos
58
hemocomponentes do sangue mais utilizados), que varia de 35 a 45 dias. Por meio dessa
solenidade, os ―hemocentros buscam atrair um número maior de doadores, antecipando-se no
reforço dos estoques para a época de férias escolares, quando a coleta registra uma queda
considerável‖.
59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os aspectos pesquisados junto aos sujeitos possibilitaram verificar o perfil e percepção
dos doadores de sangue esporádicos da UCT- Toledo – PR com relação a tal processo e,
sobretudo, os motivos que os impedem de se tornarem doadores fidelizados, foco e objetivo
dessa pesquisa.
Para fins de conclusão, ao contabilizar o total de 40 respostas entre feminino e
masculino com relação à problemática levantada neste estudo, relativa aos impedimentos dos
doadores esporádicos a se tornarem fidelizados, chegou-se a um resultado de que 50% dos
entrevistados revelaram não doarem com maior frequência por não poderem ausentar-se do
trabalho. Vale ressaltar que a Lei nº 1.075, de 27 de março de 1950, que dispõe sobre a
doação voluntária de sangue e no seu Art. 2º prevê que todo doador trabalhador deve ser
dispensado do ponto, no dia da doação de sangue e receber atestado uma vez ao ano, não
oferece garantias para o doador fidelizado ausentar-se do trabalho, isto porque a lei prevê
validade do atestado para apenas uma vez ao ano, e no caso de o doador fidelizado ser
homem, ele poderia doar a cada dois meses e até quatro vezes durante o ano, e sendo mulher a
cada três meses no ano e até três vezes no ano, o que acarretaria falta ao trabalho sem
comprovação do atestado.
Do mesmo modo, ainda relativo aos outros 50% dos motivos elencados, 27%
responderam ser a falta de tempo o elemento que os impede de realizar a doação fidelizada.
Se considerarmos que essa falta de tempo pode estar ligada ao tempo dedicado ao trabalho
que suga todas as forças do trabalhador levando-o a ocupar quase todo o seu tempo,
impedindo-o de se relacionar socialmente e pensar no outro, enquanto ser integrante da
mesma classe Marx (1844), retorna-se ao principal impedimento que esse estudo revelou
através das análises supracitadas, o fator trabalho.
Com relação aos 23% dos motivos restantes, o que seria pertinente é a construção de
um Hemonúcleo em Toledo onde seriam feitos todos os procedimentos de separação de
hemocomponentes, visto que a UCT-Toledo é somente uma unidade de coleta de sangue e
centraliza o atendimento a 18 municípios da região.
Com os resultados alcançados foi possível perceber uma contradição na legislação do
processo de doação, no qual por um lado necessita-se de mais doadores, seja esporádico, seja
fidelizado, no entanto, por outro, observa-se nos dados da pesquisa que o fator de
impedimento maior para fidelização na doação é o trabalho, ou melhor, a impossibilidade de
60
se ausentar do trabalho. Logo, depara-se com uma legislação deficiente, que garante apenas
um dia no ano ao trabalhador para realizar tal ato.
Nesse contexto, verifica-se que existe um fator determinante no processo de captação
e fidelização de doadores, predominando as condições postas entre a contradição capital
versus trabalho, no qual o Estado, neste caso, de forma direta/indireta acaba por favorecer
apenas o empregador, sem um compromisso social, implantando uma lei que não oferece
garantias ao trabalhador. É uma estratégia de doação, porém, para Rodrigues (2011, p. 70) ―é
paternalista, mantém o controle, tem a participação do doador de forma limitada‖, não
permitindo ao trabalhador ausentar-se do trabalho mais que uma vez ao ano para realizar sua
doação sem prejuízo no salário.
De acordo com Marx (1844), o trabalhador trabalha sob o comando do capitalista o
qual é dono da sua força de trabalho, gerando a condição de alienação e subordinação em que
vive o trabalhador, que não se reconhecendo como ser genérico com consciência de se
identificar no outro, vive a negação da sua identidade assumindo a identidade do patrão.
Nesse sentido o trabalhador cidadão sente o desejo de ter uma atitude altruísta, contudo vê-se
impedido pelas condições sociais e econômicas em que se encontra.
Logo, seria apropriado elaborar estratégias de integração entre as empresas e a UCT-
Toledo facilitando assim a informação e aproximação da empresa e trabalhadores ao ato de
doar sangue, como também rever o aspecto da Lei 1.075, de 27 de março de 1950 quanto ao
atestado somente uma vez ao ano, demandando mais atestados ao ano, pois acredita-se que
este pode ser é um dos empecilhos que corroboram para a pouca adesão de doadores
fidelizados. Vale ressaltar que alterar leis não está ao alcance da UCT-Toledo, compete
somente ao poder legislativo e a Coordenação Nacional de Sangue e Hemoderivados.
Portanto, foi de grande valia a realização do estudo nesta Unidade, pois além dos
pesquisados se apresentarem muito solícitos, acredita-se que se elencaram respostas ao
principal questionamento dessa pesquisa, bem como uma reflexão em torno do problema
levantado. Esse conhecimento será certamente fundamental para embasar novas campanhas e
até possibilitar um aprimoramento das estratégias junto aos candidatos à doação, como
também buscar outras formas de comunicação para aqueles que não foram sensibilizados
pelas campanhas já realizadas. Acredita-se que os resultados servirão em especial para o
Serviço Social da Unidade realizar mais trabalhos relacionados à captação de doadores.
Reitera-se que este estudo não tem a pretensão de esgotar-se em si e aponta para a realização
de novos estudos em torno da temática
61
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67
APÊNDICE I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DOADORES
ESPORADICOS DA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO UCT - TOLEDO PR.
Título do Projeto: DOAÇÃO DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E
TRANSFUSÃO TOLEDO- PR: os motivos que impedem doadores esporádicos a se tornarem
fidelizados
Pesquisadora responsável: Sueza Oldoni Telefone: (46) 88025533
Pesquisadora colaboradora: Geni Villa Rios Telefone (45) 327-77-501 / 98287421.
Convidamos a participar de nossa pesquisa que tem por objetivo: Compreender os
motivos que impedem a doação regular por pessoas aptas a doar sangue e que já vivenciaram
essa experiência na Unidade de Coleta e Transfusão UCT-Toledo/PR de tornarem-se doadores
fidelizados.
Para isso será realizado o seguinte tratamento a sua pessoa, que consiste em fazer
uma entrevista subsidiada em um formulário que contém perguntas relacionadas à Doação de
Sangue na Unidade de Coleta e Transfusão- Toledo –PR. Tal fato poderá causar algum tipo de
descontentamento por sua parte, embora este não seja o intuito desta atividade, mas caso isso
ocorra poderá ser cancelada a qualquer momento tal entrevista, visto que a sua pessoa se fará
parte fundamental desta pesquisa e por isso mesmo precisa ser de seu livre consentimento. Se
achar necessárias mais informações, o telefone do comitê de ética é 3220-32-72 que poderá
esclarecer maiores dúvidas sobre a pesquisa.
Ainda, é importante lembrar que suas informações serão mantidas em sigilo, ou seja,
somente os pesquisadores envolvidos nesta pesquisa terão contato com as informações
dispostas por sua pessoa, evitando assim qualquer tipo de exposição, riscos ou qualquer outra
situação indesejada. Ao término do projeto, esta pesquisa ficará a disposição dos sujeitos na
Unidade de Coleta e Transfusão -UCT- Toledo –PR. e na Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE) podendo ser consultado por quem dele necessitar conhecer. Logo
deixamos claro que sua participação do processo desta pesquisa não envolve custos ou
benefícios monetários, ou qualquer tipo de remuneração ou gastos. Por fim, informamos que
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será emitido em duas cópias, sendo uma
destinada ao entrevistado e a outra aos pesquisadores.
Declaro estar ciente do exposto e desejo participar da pesquisa.
Toledo, ___ de _______ 2014.
Nome :____________________________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________________________
Nós, Sueza Oldoni e Geni Villa Rios, declaramos que fornecemos todas as informações
referentes ao projeto ao participante.
__________________ ____________________ Sueza Oldoni Geni Villa Rios
Pesquisadora responsável Pesquisadora colaboradora
68
APÊNDICE II
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA COM OS DOADORES ESPORÁDICOS
DA UCT- TOLEDO –PR.
Identificação:
Nome:
______________________________________________________________________
Idade:_________________
Sexo: ( ) masculino ( ..) feminino
Estado Civil: _________________
Grau de Instrução: _________________________
1- Qual foi o motivo que o levou a realizar a doação?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2- Já foi abordado por alguma campanha de doação de sangue?
( ) Sim ( ) Não
3- Gostaria de tornar-se um doador fidelizado doando sangue pelo menos duas a três vezes ao
ano?
( ) Sim ( ) Não
Por quê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO
PROFESSOR (A) ORIENTADOR (A) DE TCC: Sueza Oldoni.
ACADÊMICO (A): Geni Villa Rios.
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA: Compreender os motivos que impedem a doação regular por pessoas aptas
a doar sangue e que já vivenciaram essa experiência na Unidade de Coleta e Transfusão UCT-Toledo/PR de
tornarem-se doadores fidelizados. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: Entrevista semi-estruturada.
SUJEITOS DA PESQUISA: Doadores Esporádicos da Unidade de Coleta e Transfusão - Toledo-PR.
DATA DA ENTREVISTA: ____/____/2014
Nº DA ENTREVISTA: _____________
69
4- Por que você não doa sangue com uma frequência maior? Especifique os motivos.
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5- Como você se sente ao realizar a doação de sangue?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6 – Sugestão para aumentar o número de doadores de sangue na UCT/Toledo.
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
73
Figura I - Processo do Fracionamento do sangue em seus diversos componentes
Fonte: Hemominas, 2014
76
ANEXO IV
CORRESPONDÊNCIA PARA PEDIDO DE DOAÇÃO VOLUNTÁRIA
UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO DE TOLEDO
CISCOPAR - HEMEPAR
Caro Familiar de:
____________________________________________________
Verificamos através dos registros de atendimento transfusional que o paciente acima
citado recebeu sangue no Hospital:_______________ no período de:
_____________________
Foi possível disponibilizar o sangue necessário nesse momento, mediante o gesto de
solidariedade de pessoas que realizaram suas doações anteriormente.
Para que outros pacientes, ou mesmo seu familiar, com indicação clínica de transfusão
sanguínea tenham essa necessidade garantida, faz-se necessário que o sangue utilizado seja
reposto através de doadores, permitindo assim, a manutenção dos estoques de sangue.
Informamos que para cada bolsa de sangue recebida, solicitamos a colaboração de 2
(dois) doadores. Dessa forma solicitamos o comparecimento de _______ doadores na
Unidade de Coleta e Transfusão de Toledo.
As coletas são realizadas de segunda-feira das 7h30 às 11h e de terça, quarta,
quinta e sexta-feira no período da manhã das 7h30 às 11h e a tarde das 13h30 às 15h.
Local: Rua Almirante Barroso, 2490, Centro (duas quadras antes do Hospital Bom Jesus).
Maiores informações e/ou agendamentos poderão ser obtidas pelo fone: (45)3379-1993.
Obs. Se o paciente precisar de mais de 4 doadores para reposição e eles vierem no
mesmo dia, é necessário agendar dia e horário para doação.
Contamos com você, sua família, amigos, colegas e outros que puderem colaborar.
Conforme a Lei nº 1075 de 27/03/1950 e do Decreto Lei nº 229 de 28/02/1967, o
doador de sangue tem direito a afastar-se um dia por ano do seu trabalho para a doação de
sangue. Isso significa que o doador receberá um atestado médico para apresentar em seu
trabalho.
77
Este é um direito de todos os trabalhadores: exerça-o!
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O (A) DOADOR(A):
- Estar em boas condições de saúde;
- Ter entre 16 e 69 anos e peso igual ou superior a 50 quilos;
- Apresentar documento original com foto.
-Pessoas com 16 e 17 anos precisam estar acompanhadas pelo responsável legal
RECOMENDAÇÕES PARA A DOAÇÃO DE SANGUE:
- Dormir na noite anterior a doação, pelo menos 06 horas;
- Não ingerir bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores;
- Evitar fumar pelo menos 2 horas antes da doação;
- Não doe sangue em jejum;
- Homens podem doar a cada 60 dias e mulheres a cada 90 dias.
IMPEDIMENTOS PARA A DOAÇÃO DE SANGUE:
- Gripe ou febre;
- Gravidez ou amamentação;
- Cirurgia de grande porte a menos de um ano, ou de pequeno porte a menos de 6
meses;
- Ter comportamento de risco em relação a AIDS (uso de drogas injetáveis e/ou ter
tido relacionamento sexual com parceiro (a) desconhecido ou eventual nos últimos 12 meses);
- Ter tido Hepatite após 11 anos de idade;
- Ter feito tatuagem ou colocado piercing nos últimos 12 meses.
UMA VIDA PODE ESTAR
EM SUAS MÃOS
Doe Vida. Doe Sangue.
78
ANEXO V
FICHA DE CADASTRO DE DOADORES (O-) NEGATIVO
CADASTRO DE DOADORES (O-) NEGATIVO
NOME:
ENDEREÇO:
BAIRO:
CIDADE:
CEP:
TELEFONE:
DOAÇÕES REALIZADAS
Observações: