revista 1 ed 2007

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Mudanças e Renovação

Uma nova etapa começa agora para todos os servidores da Receita Fe-deral do Brasil. Que esse novo momento na Administração Tributáriabrasileira fique marcado na história do País como um período em quepráticas arcaicas, condutas inconsistentes e interesses menores foram dei-xados de lado em favor daquilo que realmente importa, o interesse públi-co. É com esse espírito que os Analistas-Tributários da Receita Federaldo Brasil iniciam esse novo estágio.

A simples mudança de estrutura, por si só, obriga a uma releitura dasrelações e espaços a serem preenchidos, das normas e práticas diárias deconvívio e da execução das tarefas cotidianas. Sabemos que resistênciasa essa nova realidade vão surgir, mas é preciso, especialmente nesse mo-mento, ampliar o campo de visão e enxergar a longo prazo a dimensãodas mudanças que estão ocorrendo. Esse tem sido o espírito de nossacategoria, que luta diariamente pelo reconhecimento de suas reais atribui-ções, que são a competência e a determinação de servir ao Estado.

Nessa edição da revista Tributus, além de apresentar alguns aspectosdas mudanças ocorridas com a criação da Receita Federal do Brasil, tam-bém trazemos uma proposta de discussão para a Lei Orgânica do Fisco.2007 também será um ano de intenso trabalho no Congresso Nacionalque deve discutir temas de interesse de todos os servidores públicos etrabalhadores em geral como mostra o deputado federal e presidente daFrente Parlamentar em Defesa do Serviço Público, Rodrigo Rollemberg,

um dos entrevistados nesta edição. O papel do Estado também éabordado em uma matéria sobre a atuação do Movimento Nacionalem Defesa do Estado Brasileiro, outra iniciativa que tem a partici-pação dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil.

Ainda fomos ouvir o senador Cristovam Buarque que pretendemobilizar o País com a campanha “Educação Já”. Uma ação queconta com o apoio do Sindireceita.

Essa edição da Tributus revela um pouco do que deve ser o ano de2007. Um ano de muitas mudanças e desafios que enfrentaremos.

Por fim, desejo a todos boa leitura e até a próxima edição.

Paulo Antenor de OliveiraPresidente do Sindireceita.

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Frente Parlamentar doservidor tratará dedistorções salariais

Senador lança campa-nha “Educação Já”

Livro resgata históriada Alfândega de PortoAlegre/RS

Sisosp promete reduçãode aposentadoriasprecoces

PresidentePaulo Antenor de Oliveira

Vice-PresidenteJether Abrantes

Secretário -GeralHonório Alves Ribeiro

Dir. Finanças e AdministraçãoIrivaldo Lima Peixoto

Dir. Finanças e Adm. AdjuntoHugo Leonardo Braga

Dir. Comunicação e InformáticaJosé Geraldo do Ó Carneiro

Dir. Assuntos JurídicosDoralice Neves Perrone

Dir. Adj. Assuntos JurídicosRoberto Carlos dos Santos

Dir. Assuntos ParlamentaresRodrigo Ribeiro Thompson

Dir. Defesa Prof. e Est. TécnicosAlcione Policarpo

Dir. Formação SindicalAugusto da Costa Corôa

Dir. de AssuntosPrevidenciários

Edmilson César de LimaDir. Aposentados e Pensionistas

Hélio Bernades

Editora ExecutivaCinda Serra

2466 DRT/MGReportagem

Letícia FigueiredoRafael Godoi

Andréa PóvoasProjeto Gráfico,

capa e diagramaçãoDan Rocha

FotosComunicação Sindireceita,

Radiobrás e Agências Câmarae Senado

Capa: foto meramente ilustrativaIlustrações

OcelosRevisãoCELP

Tiragem15.000 exemplares

*Permitida a reprodução, desde que citada a fonte.Não nos responsabilizamos pelo conteúdo de artigos

assinados.

Para quase 50% dapopulação pirataria é umcrime tolerável

Diretoria Executiva NacionalTriênio 2005/2007

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A Secretaria da Receita Fe-deral do Brasil (SRFB),instituída pela Lei nº

11.475/2007, começou a funcionarefetivamente, com 93 postos de aten-dimento da Receita Federal e daReceita Previdenciária unificados emtodo o País, a partir do dia 02 demaio. “A unificação organizacionalserá plena a partir dessa data, noentanto, a organização física vai de-pender de aportes financeiros e issolevará tempo. A previsão é unificar30 postos de atendimento por mês,antes começamos com 15”, destacao coordenador de transição daSRFB, Marcos Noronha.

Em busca de uma maior efetividadeno atendimento ao contribuinte serácriada uma Coordenação-Geral es-pecífica para essa área, além de equi-pes e setores também voltados parao fortalecimento das unidades inte-gradas. O treinamento de 1.500 ser-vidores que atuam nos postos deatendimento iniciou no dia 16 deabril em todo o país.

De acordo com a Coordenação-Geral de Programação e Logística(Copol) da Receita Federal, as des-pesas previstas com a unificação sãoda ordem de R$ 220 milhões. Nessemontante estão incluídas as despe-sas com custeio e investimento. Osrecursos virão do excesso de arre-cadação das receitas do Fundo Es-

pecial de Desenvolvimento e Aper-feiçoamento das Atividades de Fis-calização (Fundaf) e da receitaprevidenciária.

A Secretaria da Receita Federal doBrasil responderá por 65% da arre-cadação nacional e terá como res-ponsabilidade a administração tribu-tária e aduaneira (atividades de fis-calização, tributação, arrecadação ecobrança dos tributos federais) e re-colhimento das contribuiçõesprevidenciárias.

A Super-Receita, como ficou co-nhecida, terá aproximadamente 32mil servidores, dos quais maisde 22 mil são Analistas-Tri-butários e auditores daReceita Federal e o res-tante da Previdência. Anova estrutura tambémprevê a contratação de1.200 procuradoresda Fazenda Nacio-nal.

Entre os motivosque levaram oGoverno a unifi-car as duas se-cretarias estão amelhoria na fis-calização deimpostos e asimplificação naarrecadação,

por meio do compartilhamento de ca-dastro dos contribuintes; o aumentoda percepção de risco, com o estí-mulo ao cumprimento espontâneodas obrigações dos contribuintes; ea otimização de recursos com a ma-nutenção de uma única estrutura, em

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razão da eliminação da duplicidadede funções nas áreas deprocessamento de informações, co-brança e fiscalização dos contribu-intes.

Durante o planejamento deintegração das unidades de atendi-mento, segundo Noronha, houve doislimitadores: a questão orçamentáriae a compatibilidade dos sistemas deinformática do Serpro, que proces-sa os dados da Recei-ta Federal, e daDataprev, que geren-cia os dados da Pre-vidência. Por essemotivo, num primeiromomento, ainda serãoconsiderados os pro-cessos de trabalho dasduas secretarias. Em2007, também serámantido o planeja-mento de fiscalizaçãoda Receita e da Pre-vidência para não ha-ver queda na arreca-dação e os servidoresda nova estruturabuscarão o incremen-to da arrecadação da contribuiçãoprevidenciária.

As duas receitas passaram a tra-balhar de forma integrada em 15 deagosto de 2005, época da vigênciada Medida Provisória nº 258, queperdeu a validade em novembro domesmo ano por decurso de prazo noSenado Federal. Logo em seguida,o Governo enviou ao Congresso Na-cional o Projeto de Lei nº 6.272/05,praticamente com o mesmo texto daMP aprovada na Câmara dos Depu-tados, e editou o Decreto nº 5.644,de 28 de dezembro de 2005. Enquan-

to o PL nº 6.272/05 tramitava noCongresso, o decreto forneceu res-paldo legal para que as duas secre-tarias funcionassem de forma inte-grada, com o compartilhamento deinformações de interesse e execuçãoconjunta de atividades nas áreas defiscalização, arrecadação e cobran-ça, bem como no atendimento aoscontribuintes.

Dessa forma, quando a Lei nº

11.475/07 foi sancionada pela Pre-sidência da República, em 16 demarço de 2007, onze unidades-pilo-to da Super-Receita já funcionavamunificadas na Bahia, Pará, Ceará,Pernambuco, Minas Gerais, Espíri-to Santo, Paraná, Rio Grande do Sul,Rio de Janeiro, São Paulo e DistritoFederal. O trabalho unificado de fis-calização também foi experimenta-do nesse período nos estados do RioGrande do Sul e em Minas Gerais.

Para o incremento de fiscalização,uma novidade anunciada nessa áreaserá a criação de equipes de baga-

gem (EBG) nas unidades de maiorfluxo, como os aeroportos deGuarulhos/SP, Galeão/RJ, Foz doIguaçu/PR e Brasília/DF. As equi-pes de repressão e vigilância adua-neiras serão mantidas inicialmente eserá criado o cargo de inspetor-che-fe adjunto na Inspetoria de São Pauloe na Alfândega do Porto de Santos.

O coordenador de transição daSuper-Receita acrescenta que atual-

mente a cúpula daReceita trata daintegração culturaldos servidores. Deacordo com ele, emdeterminadas unida-des, a integração seráem maior ou menorprofundidade, emfunção da forma deatuar do dirigente lo-cal. Noronha afirma,inclusive, que estaserá a prioridade daSRFB neste primeiroano. “O secretárioJorge Rachid determi-nou prioridade àcapacitação durante o

processo de unificação. Os recursosorçamentários inicialmente serão in-vestidos nessa área, seja por meiode treinamentos, seja por realizaçãode seminários”.

Como um dos principais fatoresque levou o Governo a criar a Se-cretaria da Receita Federal do Bra-sil foi a otimização de recursos,Noronha explica que poderá ocor-rer a extinção de alguns postos deatendimento, mas que será um nú-mero pequeno de unidades. Ele sali-enta que existiam também postos queforam criados, mas que não funcio-

““

...o contribuintePessoa Jurídica tem a

obrigação de entregar umadeclaração para a

Receita Federal e outra paraa Receita Previdenciária.

Com o tempo, essecontribuinte passará as

informações a umúnico órgão

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navam de fato e que, por meio detrabalho científico da administração,com base em índices econômicos, emdemandas e em arrecadação, defini-ram quais permaneceriam.

Benefícios ao contribuinteO Governo afirma que a unifica-

ção dos órgãos não implicará aumen-to da carga tributária e diz que amedida simplificará a vida do con-tribuinte. “Em médio prazo, a pre-tensão é racionalizaras obrigações dosbrasileiros. Atual-mente, por exemplo,o contribuinte PessoaJurídica tem a obriga-ção de entregar umadeclaração para a Re-ceita Federal e outrapara a ReceitaPrevidenciária. Como tempo, esse contri-buinte passará as in-formações a um úni-co órgão”, explicaNoronha.

Outro aspecto pre-visto na Lei nº11.475/07 beneficiará tanto o con-tribuinte quanto o Governo, devidoà fiscalização integrada. Com acapacitação de servidores das duassecretarias, um único fiscal fará todoo serviço de uma empresa de peque-no porte, por exemplo, e o empresá-rio não terá de submeter a dois pro-cessos de fiscalização. Nas empre-sas de grande porte, porém, já se fa-zia necessária, muitas vezes, umaequipe de dois ou três fiscais.

Noronha afirma também que outraconseqüência será a redução das fi-las no atendimento. Em virtude da

transferência de atividades e de pro-cessos administrativo-fiscais para aSecretaria da Receita Federal doBrasil, o atendimento no InstitutoNacional de Seguro Social (INSS)será melhorado. Permanecerão comocompetências do INSS a concessãoou revisão de benefíciosprevidenciários, a emissão da certi-dão relativa a tempo de contribui-ção, e o cálculo do montante dascontribuições. “O INSS continuará

atendendo os chamados contribuin-tes individuais, aqueles que necessi-tam de atendimento personalizado.Isso diminuirá as filas, um proble-ma recorrente da administração pú-blica”.

Veja a seguir a íntegra da entrevis-ta do coordenador de transição daSuper-Receita, Marcos Noronha.

TRIBUTU$ - Como foi o proces-so de transição das secretarias daReceita Federal e Previdenciária?Quando começou esse processo in-terno?

Coordenador Marcos Noronha -Desde a época da vigência da MP,em 15 de agosto de 2005, traba-lhamos com as duas receitas. Quan-do a medida provisória caiu, conti-nuamos integrados. Evidentemente,que, por trabalharmos num órgãopúblico, temos várias limitações enão podemos efetuar determinadosgastos. Então, nesse período, traba-lhamos no planejamento. No iníciode 2006, construímos núcleos de tra-

balho para atuar noplanejamento e identi-ficação dos processosde trabalho das duascasas. Em termos deplanejamento, tudo oque foi possível foifeito. Trabalhamostambém a diferençaexistente entre jurisdi-ção da Receita Fede-ral e circunscrição daReceita Previdenci-ária. Esse trabalho foiparticipativo e realiza-do em todas as regiõesfiscais. Cada uma de-las possuía quatro ele-

mentos: dois da Receita Federal edois da Receita Previdenciária. Emdois de maio, as duas unidades pas-saram a ser a Receita Federal do Bra-sil. A unificação organizacional foiplena nessa data, no entanto, a or-ganização física dependerá deaportes financeiros e isso levará tem-po. A previsão é unificar 30 postosde atendimento por mês, antes co-meçamos com 15. Como disse o se-cretário da Receita Federal do Bra-sil, Jorge Rachid, esse é um proces-so lento, gradual, mas de forma pla-nejada, para evitar problemas tantopara a administração pública, quan-

““

Os estudose comparações que

fizemos com administraçõestributárias estrangeiras

mostram que quem evadecontribuições previdenciárias,

o faz também comoutros tributos.

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to para o contribuinte que necessitade atendimento.

TRIBUTU$ - Quais são as difi-culdades da administração em ter-mos financeiros?

Coordenador Marcos Noronha -Um processo como esse passa pelaspessoas. A questão tratada atualmen-te é a da integração cultural. Essaunificação, em determinadas áreas,será em maior ou menor profundi-dade em função daforma de atuar do di-rigente local. A outraquestão é a de inves-timento. Sabemos quea Receita Previdenci-ária, criada por inter-médio da Medida Pro-visória nº 222, queposteriormente con-verteu-se na Lei nº9098/05, completoudois anos de existên-cia. Essa ReceitaPrevidenciária aindadependia de aporte dachamada área meiodo INSS. É claro que,para a Receita doBrasil ter essa identidade funcional,ela precisa de investimentos. Comotodo processo, seja na iniciativa pri-vada, seja no serviço público, há ne-cessidade de recursos. O secretárioJorge Rachid determinou prioridadeà capacitação durante o processo deunificação. Os recursos orçamentá-rios inicialmente serão investidosnessa área, seja por meio de treina-mentos, seja por realização de semi-nários.

TRIBUTU$ - Quais são os bene-fícios para a população, para os con-tribuintes? O novo órgão diminuirá

a burocracia e facilitará a vida doempresário?

Coordenador Marcos Noronha -Tínhamos duas estruturas pratica-mente duplicadas para fazer o mes-mo trabalho, somente o fim era dife-rente. Uma para todos os tributos,inclusive os tributos voltados para aárea de comércio exterior, e a outravoltada para um único tributo, a con-tribuição previdenciária. A unifica-

ção trará uma nova visão da socie-dade, do contribuinte que paga to-dos os seus impostos e, com certe-za, diminuirá as obrigações acessó-rias. Hoje, o contribuinte, a PessoaJurídica, por exemplo, apresentauma declaração para a Receita Fe-deral e outra para a ReceitaPrevidenciária com praticamente asmesmas informações. Em médio pra-zo, esse contribuinte passará essasinformações a um único órgão doBrasil. Outro benefício é que a con-corrência desleal tenderá a diminuir.Os estudos e comparações que fize-mos com outras Administrações Tri-

butárias estrangeiras mostram quequem evade contribuiçãoprevidenciária, também o faz comoutros tributos. Quem ganha comisso é a sociedade, pois ficará maisdifícil sonegar impostos. Outro be-nefício para o contribuinte é ainteração nacional, que o fará ganhartempo.

TRIBUTU$ - A partir de agora,como se dará o trabalho de fiscali-

zação? Haverá altera-ções na fiscalização?

Coordenador Mar-cos Noronha – Inici-almente o planeja-mento das duas casasserá mantido. No tem-po de vigência do de-creto, houve dois pro-jetos pilotos, um noRio Grande do Sul eoutro em Minas Ge-rais, onde os fiscaisda previdência e daReceita Federal tive-ram acesso às infor-mações da fiscaliza-ção ao mesmo tempo.

A partir da unificação, os auditoresfiscais devem conhecer sobre uma eoutra área. Com a capacitação deservidores, um único fiscal fará todoo serviço de uma empresa de peque-no porte, por exemplo, e o empresá-rio não terá de se submeter a doisprocessos de fiscalização. Nas em-presas de grande porte, porém, já sefazia necessária, muitas vezes, umaequipe de dois ou três fiscais.

TRIBUTU$ - Quanto às agênci-as, os locais de atendimento, há es-timativa de abertura de novos pos-tos e fechamento de outros?

““

Essa unificaçãotrará uma

nova visão da sociedade,do contribuinte que

paga todos os seus impostos e,com certeza,

diminuirá as obrigaçõesacessórias

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Coordenador Marcos Noronha -Temos três situações possíveis: te-remos, em um primeiro momento,alguns postos atendendo tributosfazendários e outros postos atenden-do, exclusivamente, impostosprevidenciários. Como essa questãopassa pela otimização de recursos,poderá ocorrer a extinção de algunspostos. Outra situação é que existi-am também postos que foram cria-dos, mas que não funcionavam defato e que, por meio de trabalho ci-entífico da administração, com baseem índices econômicos, em deman-das e em arrecadação, definiramquais permaneceriam. Nosso traba-lho é dinâmico em função da pró-pria demanda da sociedade.

TRIBUTU$ - O Centro de Aten-

dimento ao Contribuinte (CAC) deBrasília, por exemplo, recebe cercade 600 contribuintes por dia. Coma unificação, a demanda do atendi-mento aumentará?

Coordenador Marcos Noronha -Unificando o atendimento, o contri-buinte receberá uma senha do servi-ço que procura, o atendimento seráconjunto, mas o serviço ainda seráseparado. Aumentamos a carga ho-rária para 12h de atendimento, das7h às 19h, sendo que às 18h30 asportas fecharão. O funcionamentoestá normal, e o CAC terá capaci-dade para atender mais de 800 con-tribuintes/dia.

TRIBUTU$ - Os benefícios daPrevidência, como o auxílio aposen-

tadoria, continuarão sendo de res-ponsabilidade do INSS?

Coordenador Marcos Noronha –O INSS focará o atendimento daque-les que demandam a repartição parao benefício. Antes mesmo da unifi-cação, o Ministério da PrevidênciaSocial, o INSS e a ReceitaPrevidenciária lavraram um ato emconjunto nesse sentido. O INSS con-tinuará atendendo os chamados con-tribuintes individuais, aqueles quenecessitam de atendimento persona-lizado. Isso diminuirá as filas, umproblema recorrente da administra-ção pública. $

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A criação da Lei nº 11.475/07, que instituiu a Secre-taria da Receita Federal do

Brasil (SRFB), representou um re-levante passo rumo ao reconheci-mento do valor profissional da cate-goria. As alterações ocorridas repre-sentam o aperfeiçoamento da efici-ência da Administração TributáriaBrasileira. Uma grande vitória con-quistada com a publicação da Lei nº11.475/07 foi a nova nomenclaturado cargo Técnico da Receita Fede-ral, que passou a denominar-se Ana-lista-Tributário da Secretaria daReceita Federal do Brasil. A altera-ção do nome do cargo simboliza umamelhor adequação à realidade lógi-ca e histórica da categoria

Outra mudança significativa foi aconsolidação definitiva do nível su-perior para o cargo, que, mesmo sen-do previsto desde 1999, permaneciacomo aspecto de conflito dentro daAdministração Federal. A terceiraalteração diz respeito à retirada dodispositivo que resumia as atribui-ções dos técnicos a de “auxiliar” oauditor fiscal no desempenho de suas

atividades. A definição correta e cla-ra das atribuições exercidas pelosocupantes dos cargos da CarreiraAuditoria da Receita Federal, noentanto, ainda não foi contemplada.

Diversos parlamentares discursa-ram em defesa da categoria durantea tramitação do projeto no Congres-so Nacional. O deputado federalPaulo Pimenta (PT-RS) foi um dosparlamentares que destacaram a im-portância de delinear as funções decada um dos cargos. “Os Técnicosprecisam ser reconhecidos de formaplena nas suas atribuições. Consa-grados como integrantes de uma car-reira de nível superior e, junto comas demais categorias da Receita e daPrevidência, possibilitarão que oPaís avance, a arrecadação melhoree o contribuinte tenha melhor aten-dimento”.

Para o deputado federal JovairArantes (PTB/GO), o reconhecimen-to das atribuições executadas pelosAnalistas aumentaria o rendimentodo corpo funcional disponível na Ins-tituição e motivaria os servidores en-

volvidos. “Não adianta criarmosuma Super-Receita com servidoresdesmotivados, que estejam sedigladiando em função de espaço detrabalho”, comentou.

No Senado Federal, o relatorRodolpho Tourinho estendeu ao tex-to do Projeto de Lei Complementar(PLC) 20/06 algumas formas departicipação dos Analistas-Tributá-rios, como a atuação no exame dematérias e processos administrati-vos. O texto aprovado na Comissãode Assuntos Econômicos (CAE) doSenado incluía também a atuaçãonas atividades de controle, arreca-dação e auditoria da redearrecadadora das receitas federais;a participação das atividades de pes-quisa e investigações fiscais; o acom-panhamento das auditorias dos sis-temas informatizados da ReceitaFederal do Brasil e o gerenciamentodas áreas de tecnologia e informa-ção.

No momento da apreciação da ma-téria na Comissão de Constituição eJustiça (CCJ), porém, os senadores

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alegaram que a questão deveria sermais bem discutida porque o atrasono tramite do projeto implicaria emseveras conseqüências para a recei-ta tributária e, especialmente, paraa Secretaria da Receita Previ-denciária. Na análise do senadorAloízio Mercadante, relator do pro-jeto na CCJ, a solução para o pro-blema de definição das atribuiçõespassa pela abertura da perspectivade promoção da carreira de Analis-ta, por meio de concurso público,questão sempre defendida peloSindireceita. “Para resolver o con-flito que envolve tanto competênciade funções, quanto de remuneração,não vejo outra solução que não sejaa promoção por meio de concursopúblico. Assim, o Analista passa ater do ponto de vista remuneratórioe de função, o status, mesmo porqueesses servidores já assumem partedas atividades relevantes da ReceitaFederal”, destacou. Mercadante pro-pôs a continuidade do debate parase chegar a uma solução definitivapara o assunto. “Não podemos con-tinuar com o nível de conflito e des-gaste que existe na Receita Federalpor conta dessa questão. O auditorfiscal não irá abdicar de suas com-petências, mas poderemos criar umnovo estágio na carreira de Analis-ta-Tributário”.

Esse tema será objeto de novo de-bate durante a regulamentação daLei nº 11.475/07 e também durantea discussão do projeto de lei orgâni-ca das Auditorias Federais, que oExecutivo enviará ao Congresso Na-cional em 2008 e tratará sobre di-reitos, deveres, garantias e prerro-gativas dos servidores. “A questãodo aproveitamento ou não da forçade trabalho dos Analistas-Tributári-os virá à tona novamente. Esse mo-mento, quando ocorrer, trará os mes-mos elementos de oportunidade e ris-co que sempre apresentam nas lidesque dizem respeito aos nossos plei-

tos, mas estamos preparados paraenfrentá-los”, afirma o presidente doSindireceita, Paulo Antenor de Oli-veira.

Veto à paridade da GIFAA extensão integral da GIFA aos

servidores inativos e pensionistashavia sido incluída no projeto daSuper-Receita ainda na primeira de-liberação da Câmara dos Deputadose foi mantida pelas duas Casas doCongresso Nacional em todas as eta-pas subseqüentes, até ser vetada peloPresidente da República.

O Sindireceita abordou a questãoem diversas reuniões, inclusive como secretário da Receita Federal, Jor-ge Rachid. Os diretores trabalharamem todos os momentos e locais quetiveram oportunidades, tanto nocampo jurídico, como no político.

Estima-se que o impacto na folhade pagamento do Executivo com aimplementação da paridade seria deR$ 1 bilhão. E foi justamente o “au-mento de despesas provocado pelaalteração”, que inviabilizou a medi-da, conforme mensagem enviadapelo presidente Lula ao Congresso.A mensagem diz que, de acordo como art. 63 da Constituição, não sepode admitir aumento de despesaprevista nos projetos de iniciativaexclusiva do Presidente da Repúbli-ca. “No projeto originalmente apre-sentado pelo Presidente da Repúbli-ca não constavam os dispositivos quealteram os mecanismos de incorpo-ração da GIFA e do pró-labore, de-terminando sua incorporação, aosproventos de aposentadoria e pen-sões, pelo percentual máximo devi-do ao servidor em atividade, os quaisforam acrescentados por meio deemendas parlamentares”, afirma ajustificativa do veto.

“Na questão da paridade, sabíamosdas dificuldades gigantescas que tí-nhamos pela frente. Mesmo assim,

a forma de abordagem da gestão,feita com inteligência, trouxe nova-mente a matéria para o cenário.Como foi vetada pelo Executivo,continuaremos lutando pela recons-trução dessa garantia aos aposenta-dos e pensionistas”, disse PauloAntenor.

A paridade da GIFA foi incluída naMedida Provisória nº 359/07, quetramita como PLV 15/07 no SenadoFederal, e trata também dareestruturação e agrupamento doscargos da Carreira do Seguro Soci-al, da alteração da Gratificação deDesempenho de Atividade do Segu-ro Social (GDASS) e da criação daGratificação de DesempenhoPrevidenciária (GEP).

Expectativas quanto àSuper-Receita

O Sindireceita apoiou todo o pro-cesso de unificação das duas estru-turas (Receita Federal e ReceitaPrevidenciária) por acreditar que amedida trará o fortalecimento da Ad-ministração Tributária Brasileira.Um dos motivos que impulsionou osAnalistas-Tributários a defenderema Super-Receita foi a adequação daAdministração Tributária às exigên-cias das sociedades contemporâne-as. “A sociedade moderna traz con-sigo uma maior complexidade dosmétodos de arrecadação e fiscaliza-ção, diante das crescentes formas desonegação. A nova estrutura tambémpermitirá que o cidadão emita con-juntamente certidões da Receita Fe-deral, da Procuradoria da FazendaNacional e da Previdência, sem pre-cisar se dirigir a dois órgãos. Issorepresenta um avanço muito gran-de”, destaca Antenor.

A concepção da Secretaria da Re-ceita Federal do Brasil representaainda princípios que sempre guiaramas ações do Sindireceita, entre eles:maior interação com a sociedade,

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modernização, excelência e garantiado financiamento do Estado. No en-tanto, para que isso seja possível, oSindireceita defende também umamudança de consciência, voltadapara a valorização e agregação derecursos humanos disponíveis. Alémdisso, para os Analistas-Tributários,faz-se necessária uma abertura donúcleo decisório para incorporarações concretas de democratizaçãodo processo de construção da novaestrutura. “Nesse processo, é funda-mental ouvir o servidor, valorizarsua participação, premiar suacriatividade e reconhecer os resulta-dos de uma organização como pro-duto do esforço comum de todos”,afirma o diretor de Formação Sindi-cal do Sindireceita, Augusto Corôa.O ideal, na opinião do diretor, seriaa criação de um Fórum de discussãoda administração e dos servidores,que envolvesse todas as categorias.

No dia 16 de abril, houve a primei-ra reunião com os representantes dascategorias unificadas. O presidente

do Sindireceita expôs sua preocupa-ção sobre a estrutura e capacitaçãodos postos de atendimento, que ava-lia ser a área estratégica do órgão.“Este é um tema que o Sindireceitasempre defendeu. “Fico feliz de fi-nalmente estar sendo criada umacoordenação voltada para o relacio-namento com o contribuinte”, des-tacou Paulo Antenor. Ele defendeuainda que fossem estabelecidas al-çadas de valor para análise em defi-nitivo de processos administrativosnas Agências da Receita Federal,com o objetivo de dar celeridade noatendimento ao contribuinte.

O chefe de gabinete da Secretariada Receita Federal, Jânio Castanhei-ra, comentou a respeito da tensão queenvolve os servidores durante o pro-cesso de transição para a nova es-trutura. “Nós teremos a responsabi-lidade de fazer uma transição quepreserve a Instituição e preserve aspessoas que são a mola-mestre des-se processo”, salientou. O chefe degabinete disse que ainda está em aná-

lise a questão da remoção de servi-dores dentro do processo, mas des-tacou que tudo será repassado àscategorias.

Quanto ao Regimento Interno donovo órgão, o Sindireceita se mani-festou por meio de um documentocontendo críticas e sugestões, masdestacou que o curto intervalo detempo (uma semana), entre a apre-sentação da minuta e a análise, nãofoi suficiente para uma discussãoaprofundada do conteúdo. Nessedocumento, o Sindireceita buscou aflexibilidade na definição de compe-tências e objetividade naestruturação do órgão, destacandoquestões importantes como as que sereferem às atribuições dos Analistas-Tributários e a definição de unida-des da Receita Federal. $

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Diretoria do Sindireceita cobra diálogo no processo de transição

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O mundo dá muitas voltas!Aplica-se o ditado à novaReceita Federal do Bra-

sil. Como a escola da vida, temostambém as nossas experiências den-tro da instituição. Vivendo e apren-dendo com os mais velhos que aindacontinuam, com os novos que vãochegando e com os mais recentes,vindos da Previdência também comsuas histórias. Todos ensinam eaprendem, são momentos preciosos.Não se deve dizer aosprevidenciários que sejam bem-vin-dos, mas que sejamos, todos nós,bem-vindos ao novo órgão!

Se não houvesse novas idéias, ouse houvesse e não as aplicássemos,estaríamos utilizando a remington,o mimeógrafo e os arquivos físicosde informações. Porém, os temposmudaram e agora não abrimos mãodo computador, da impressora e doarquivo virtual. Eis a roda viva can-tada pelo poeta.

A receita era o leão e hoje tem odever de ser um órgão público deexcelência. O contribuinte era umnúmero lógico de onze dígitos e ago-ra precisamos entender que é um ci-dadão.

O foro privilegiado era erronea-mente do servidor público, sen-

do agora prerrogativainalienável da socie-

dade, ansiosa pelo

pleno direito de ser bem servida pe-las instituições que criou, mantém eprecisa de sua organização.

Precisamos ater-nos às nossas res-ponsabilidades como servidores daReceita Federal do Brasil, por suagrandeza constitucional, por seus ob-jetivos e por sua harmonia em gerirum contingente, a partir de agora,com mais de 30.000 servidores ati-vos. Sermos seus servidores exige-nos responsabilidade social e,concomitantemente, devemos exer-citar a harmonia em seu ambiente ad-ministrativo.

Por prestarem indispensáveis ser-viços à Receita Federal do Brasil, osanalistas-tributários, os auditoresfiscais, os analistas previdenciários,os servidores serproanos, os pgpese todos os outros cargos merecem osmais efusivos aplausos, acompanha-dos de respeito mútuo, pois somenteassim a vitória será completa.

Façamos nossas as palavras demadre Tereza, quando diz que o mi-lagre não é realizar esse trabalho,mas sermos felizes fazendo-o. $

Geraldo Jorge Oliveira Gonçalves

Analista-Tributário da ReceitaFederal do Brasil

Formado em Ciências Sociais eCiências Contábeis

Delegacia da Receita Federal doBrasil - Montes Claros - MG

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O Receita de Cidadania éum programa doSindireceita, apresentado

pelo presidente Paulo Antenor deOliveira, que trata dos principaisassuntos em debate no CongressoNacional e na sociedade. O progra-ma foi lançado em outubro de 2006e iniciou, primeiramente, com trans-missão em Brasília/DF, pela TVComunitária NET, canal 8. O pro-grama é exibido aos sábados, às 19horas, e nas segundas-feiras, às 20horas, na capital federal. Nos horá-rios da TV Comunitária de Brasília,o Receita de Cidadania tambémpode ser visto na webpelo seguinte endereço:www.tvcomunitariadf.com.br.

O programa foi estendido no mêsde abril à TV Comunitária de SãoPaulo, na NET (canal 9), na TVA(canais 72 e 99) e na TVA digital(canal 186). O programa vai ao artoda quarta-feira na TV Comunitá-ria paulista.

Mais nove emissoras comunitáriascomeçaram a veicular o programado Sindireceita no último dia 11 demaio. $

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As discussões sobre o Pro-jeto de Lei Complementar(PLP) 1/07, do Executivo,

que limita despesas com o serviçopúblico estarão entre as prioridadesda recém criada Frente Parlamentarem Defesa do Serviço Público. Oprojeto faz parte do Programa deAceleração do Crescimento (PAC)e limita o crescimento da folha desalário da União a 1,5% (já descon-tada a inflação) ao ano até 2016.

O presidente da Frente Parlamen-tar em Defesa do Serviço Público,deputado federal RodrigoRollemberg (PSB-DF), defendeumudanças na proposta. “Os índicesprevistos no projeto não condizemcom o PAC. Não há como imaginarque o País irá crescer e ao mesmo

tempo limitar a atuação do Estado”,criticou. O presidente da Frente, dei-xou clara a posição do grupo. Paraele, o reajuste salarial de 1,5% aoano é “insuficiente” e precisa ser am-pliado pelo Congresso. “Se nós pre-tendemos ter um País com melhoreducação, saúde e segurança públi-ca, como vamos reduzir ou limitar oaumento do serviço público? Nósprecisamos qualificar o serviço pú-blico para que possa dar conta daimensa responsabilidade que tem”,afirmou.

Rollemberg também defendeu queo Governo ouça as centrais e os sin-dicatos, ao regulamentar o direito degreve. “É um tema complexo queprecisa ser aprofundado. Não podeficar como está e não pode vir para

o Congresso sem debate. Qualquerregulamentação tem de passar poruma ampla discussão do Governocom as entidades”, disse.

A Frente Parlamentar em Defesa doServiço Público foi lançada emBrasília, no Congresso Nacional, econta com a adesão de mais de 200parlamentares. “A Frente vai lutarpela correção das distorções salari-ais, pela estruturação do plano decarreira, por melhores condições detrabalho e por qualificação perma-nente. Enfim, é uma agenda para me-lhorar a vida do servidor público”,observa o deputado.

Rollemberg adianta que apesar dapauta ampla, os parlamentares queparticipam da Frente têm quatro pri-oridades. O primeiro ponto é o PLP

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1/07. De acordo com ele, os limitesprevistos na proposta são insufici-entes para dar conta das novas res-ponsabilidades do serviço público.“Além desse tema, teremos a apre-ciação de diversos planos de carrei-ra do serviço público, apreciação dofundo de previdência complementardo servidor e a regulamentação dodireito de greve. Todos são temasimportantes e vão exigir a atençãodos parlamentares. Também preci-samos contar com a participação detodas as entidades que lutam pelofortalecimento do serviço público”,disse.

Com relação ao direito de greve noserviço público, o presidente daFrente relatou que o Governo defen-de restrições às paralisações em áre-as consideradas prioritárias, comosaúde e segurança pública. Na opi-

nião de Rollemberg, qualquer pro-posta de limitação desse direito deveser amplamente discutida no Con-gresso e a Frente Parlamentar podeser uma mediadora dos conflitos quesurgirão nas discussões. ParaRollemberg, a defesa do serviço pú-blico é uma questão fundamentalpara um País democrático que tempretensões de se desenvolver comsoberania. O presidente da Frenteanunciou que a Câmara sediará umseminário sobre serviço público.“Todos reconhecemos a importânciado serviço público num país como oBrasil, de dimensões enormes, dife-renças sociais e regionais. A neces-sidade de ter um serviço público pre-sente, qualificado e reconhecido éclara, é contundente”, afirmouRollemberg.

Proposta que limitarecursos para o serviço

público é criticadaParlamentares em defesa do servi-

ço público não pouparam críticas aoProjeto de Lei Complementar (PLP)1/07, do Executivo, que limita a des-pesa com pessoal nos Poderes e ór-gãos da União.

A proposta não condiz com o Pro-grama de Aceleração do Crescimen-to (PAC), na opinião do deputado fe-deral Paulinho da Força Sindical(PDT/SP). “O crescimento econômi-co levará à necessidade decontratação de mais servidores, bemremunerados, para dar conta dasnovas demandas”, disse. O projetofoi discutido durante a cerimônia de

“A Frente vai lutar pela correção dasdistorções salariais, pela estruturaçãodo plano de carreira, por melhorescondições de trabalho e por qualifica-ção permanente. Enfim, é uma agen-da para melhorar a vida do servidorpúblico”, disse o presidente da FrenteParlamentar em Defesa do ServiçoPúblico, deputado federal RodrigoRollemberg (PSB-DF).

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lançamento da Frente Parlamentarem Defesa do Serviço Público. Odeputado Paulinho também aprovei-tou o lançamento da Frente para enu-merar os principais pontos de con-flito. Segundo ele, há hoje um ata-que aos direitos dos trabalhadores,muitas vezes, coordenado por seto-res do próprio Governo. “Dois ca-sos são bastante recentes como o daEmenda 3, que conseguimos segu-rar até agora o veto, mas aindaestamos negociando. O Governotambém quer criar um fundo para oPAC com recursos do FGTS, massem garantias de retorno. Foi assimcom o auxílio-doença que chegou apassar no Senado e reduziu em 80%as garantias para o trabalhador aci-

dentado. Agora há essa questão dolimite aos reajustes dos salários em1,5%. Isso é uma vergonha, não dápara aceitar essa proposta”, criticou.O deputado também se colocou adisposição dos servidores para aju-dar nas negociações com o Gover-no. “O Governo quer dar umpouquinho de aumento e proibir otrabalhador de reclamar e fazer gre-ve. É um absurdo”, disse. “Que ne-gociação vai haver, se as regras jávão estar definidas?”, questionouLeia de Souza Oliveira, da Coorde-nação Nacional das Entidades deServidores Federais, no mesmo de-bate.

O deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) destacou que os parlamentares

que integram a Frente e os trabalha-dores devem ficar atentos porque háno Congresso Nacional uma série deprojetos em discussão que, se apro-vados, poderão eliminar direitos econquistas históricas dos trabalha-dores. “Este é um momento essenci-al e todos temos de nos mobilizarpara impedir novos ataques contraos direitos de todos os trabalhado-res brasileiros”, disse.

Já o presidente do Sindilegis, Mag-no Mello, disse que a presença devários parlamentares da base gover-nista na composição da Frente é po-sitiva. “Este é um aspecto positivo,pois indica que a base está sensívelàs questões do serviço público”.

O Ministro do Trabalho, CarlosLupi participou do lançamento daFrente Parlamentar e destacou a ne-cessidade de substituição de funcio-nários terceirizados por servidoresconcursados . Lupi ainda destacoua importância da unificação das rei-vindicações dos parlamentares e dasentidades sindicais.

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O ministro do Trabalho, CarlosLupi, defendeu a valorização do ser-vidor público e a substituição de fun-cionários terceirizados porconcursados. Para ele, essa deve seruma busca constante do Estado.Carlos Lupi disse que existe umaconfusão no debate sobre a remune-ração do funcionário público e queapenas 0,1% dos servidores é“marajá”. O ministro participou dolançamento da Frente Parlamentarem Defesa do Serviço Público.

Carlos Lupi afirmou que não é suaatribuição tratar de temas relativosao funcionalismo público, uma vezque esse é um assunto do Ministériodo Planejamento, mas se colocou àdisposição para ajudar nas deman-das apresentadas. Segundo Lupi,todas as entidades que representam

o setor público terão o Ministério doTrabalho como um aliado na defesados direitos dos trabalhadores. “Euconsidero de fundamental importân-cia que vocês trabalhem pela unida-de das reivindicações. Eu tambémsou servidor público há 25 anos. Eusei o que é ser servidor público, asdificuldades e, principalmente, comose joga o servidor público na socie-dade brasileira como vilão”, acres-centou.

O ministro do Trabalho, CarlosLupi, pediu também aos parlamen-tares que unifiquem as propostas quetratam do servidor e do serviço pú-blico. “Nós temos de discutir a pro-fundidade dos projetos e o papel doservidor. Serei um aliado para todasas lutas que visam engrandecer oservidor público”, declarou. $

Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, defendesubstituição de terceirizados

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Somente no ano passado, aCorregedoria-Geral da Re-ceita Federal do Brasil

(COGER) analisou 197 denúnciascontra servidores. Desse total, 63 re-sultaram em processos disciplinarese 134 foram arquivadas. O trabalhoda Corregedoria deve ser ampliadoainda mais com a criação da Recei-ta Federal do Brasil, que passa a con-tar com mais de 30mil servidores. Umamissão que ficará acargo do corregedor-geral Antônio Carlosd'Ávila Carvalho e desua equipe.

Desde o ano passa-do, a Receita Federalutiliza as declaraçõesde rendimentos e de-mais informações fis-cais dos funcionáriospara apuração de ca-sos suspeitos de enri-quecimento ilícito. Amedida, que é inéditanos órgãos públicosfederais brasileiros,foi possível após a pu-blicação da Portaria nº 73, de janei-ro do ano passado. De acordo com oartigo primeiro da portaria, a SRF,por intermédio da Corregedoria-Ge-ral, efetuará periodicamente audito-ria das declarações de rendimentose demais informações fiscais dispo-níveis de todos os seus servidores,de forma a identificar indícios depatrimônio incompatível com os ren-dimentos ou enriquecimento ilícito.

Na prática, a portaria permite quea Secretaria da Receita Federal doBrasil, por meio da Corregedoria-Geral, acompanhe de perto a vida detodos os servidores suspeitos.

O corregedor-geral, Antônio Carlosd'Ávila explica que a prioridade esteano será a sindicância patrimonial.Mas, para que o trabalho apresenteresultados, segundo o corregedor, é

preciso focar a atuação da COGER.Nesta entrevista ele apresenta as pri-oridades para 2007, faz um balan-ço das atividades do órgão e falasobre a expectativa de atuação danova Receita Federal do Brasil.

TRIBUTU$ - Quais as ações dacorregedoria da Receita Federal doBrasil para este ano? Como o senhoravalia a atuação da COGER?

Antônio Carlos - Realmente, o tra-

balho da corregedoria não é fácil,especialmente agora que vamos tertambém a presença de todos os ser-vidores que antes estavam na Secre-taria da Receita Previdenciária. Nes-sa nova fase também vamos incor-porar a corregedoria da ReceitaPrevidenciária. Isso vai nos dar res-ponsabilidade ainda maior e acrés-cimo de trabalho, que vai tornar mais

difícil a atuação dacorregedoria.

Mas, ainda assim,este ano, pretendemosdar prioridade à in-vestigação discipli-nar, que inclusive estácontemplada no regi-mento. A corregedoriavai investir fortemen-te na investigação dis-ciplinar porque preci-samos implementar ocombate aos ilícitosfuncionais, principal-mente os de maiorgravidade.

A investigação disci-plinar vai nos propi-ciar instrumentos que

hoje não possuímos e que antecedema figura da ação fiscal, posterioresàs ações que fazemos de auditoria.A investigação disciplinar será rea-lizada em parceria com a Coordena-ção de Investigação, que faz o tra-balho com o público externo comrelação aos ilícitos tributários. Omesmo faremos com o público in-terno, mas com foco nos ilícitos fun-cionais. Sempre trabalhando em par-

““

São 10 anosde correição, que servemde modelo e paradigma

não só para osserviços públicos federais,

estaduais e municipais,mas também

para o exterior.

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ceira porque essas ações têm umainterdependência muito forte.

Este ano também vamos realizarum seminário em agosto, em come-moração aos 10 anos dacorregedoria, um marco que quere-mos estabelecer. São 10 anos decorreição, que servem de modelo eparadigma não só para os serviçospúblicos federais, estaduais e muni-cipais, mas também para o exterior.

TRIBUTU$ - Com quem a RFBmantém contatos no exterior?

Antônio Carlos - Temos listadasações de incremento de intercâmbiointernacional na área de combate àfraude e corrupção. Vamos buscarexperiências e parceiras com insti-tuições internacionais. Participamosrecentemente do Fórum Inter-nacional de Combate àCorrupção na Áfricado Sul, onde intensi-ficamos os trabalhosde parceira com asaduanas norte-ameri-cana, canadense,paraguaia, argentina eda própria África doSul. Também vamos par-ticipar de um painel doFórum do Centro LatinoAmericano de Adminis-tração para o Desen-

volvimento. A corregedoria foi con-vidada justamente para mostrar aexperiência nessa área de investiga-ção disciplinar.

TRIBUTU$ - Que instrumentos aCOGER dispõe para sua atuação?

Antônio Carlos - Estabelecemosque a Auditoria Patrimonial é umadas formas da investigação discipli-nar. Teremos nessa nova RFB maisde 30 mil servidores. Se queremosde fato combater fortemente acorrupção, teremos de fiscalizar.Vamos tentar descobrir realmenteaqueles servidores que denigrem aimagem da instituição por meio dacorrupção.

Vamos trabalhar levando em con-sideração a capacidade operacional

de nossos escritórios regio-nais, em cada região fis-

cal. Teremos uma açãoforte de coordenaçãoem Brasília. Acorregedoria, comoórgão central em

Brasília, não

deve executar, mas coordenar, veri-ficar, definir ações políticas e acom-panhar a implementação dos planoscomo foi definido, ou até rever esseplanejamento quando for o caso. Pre-cisamos, finalmente, estabelecercomo premissa a participação daárea de fiscalização nesse processode autoria patrimonial.

TRIBUTU$ - O senhor acreditaque pode haver algum problema porconta das diferenças que existementre a Secretaria da Receita Fede-ral e a Receita Previdenciária den-tro da nova Super-Receita?

Antônio Carlos – Essa complexi-dade começa quando analisamosapenas o trabalho desenvolvido pe-las corregedorias. A ReceitaPrevidenciária foi criada em 2004 ea corregedoria era, até o ano passa-do, apenas uma unidade central. Porportaria, foram criadas representa-ções nas regiões fiscais, seguindo omodelo que já existia na Receita Fe-deral. Para isso, foi feito um proces-so de remoção interno para colocarservidores nessas unidades. A manei-ra de trabalhar já era diferente na es-trutura, na análise dos fatos que po-dem gerar um processo administra-tivo e disciplinar. Na ReceitaPrevidenciária, abria-se um pro-cesso administrativo, por meio daCorregedoria- Geral, para apuraro desaparecimento de bens epatrimônio. Na Receita Federal,não é que não se apure, mas issoé feito por meio do chefe de cadaunidade. Dentro de sua capacida-de de gestão, ele é responsável poressa apuração. Outra diferençaocorre em relação à condução des-

sas apurações que na ReceitaPrevidenciária eram feitas de

forma descentralizada.

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Na Receita Federal, temos alçadas ecompetências e quem instaura é acomissão de inquérito e o chefe doescritório.

Portanto, temos essas diferenças deprocedimentos, de público alvo, detratamento para contribuiçãoprevidenciária e também teremos deconviver com o aumento de deman-da em função do acréscimo de qua-se 13 mil servidores. É claro que, decerta forma, essas diferenças cultu-rais podem impactar.

O problema maior é que vamos re-ceber um número maior de servido-res e um aumento de demanda, masnão vamos receber um número com-patível de servidores para atuar naCorregedoria-Geral da Receita Fe-deral do Brasil. Tenho a impressãode que isso vai ocorrer em todo oPaís. É complexo, é difícil, mas aReceita Federal sempre deu contadas demandas e desafios. Essas mu-danças são positivas e vão facilitara vida do contribuinte, descomplicare criar benefícios com aumento daarrecadação. Nossos servidores vãodar conta do recado.

TRIBUTU$ - Como funciona naprática o trabalho da corregedoria?É uma ação apenas punitiva?

Antônio Carlos - A atuação dacorregedoria é preventiva, mas tam-bém repressiva. Cerca de 75% dasações são de preservação da integri-dade do servidor, e em sua defesa.Uma das maneiras de investigar odesvio funcional são as denúncias.Então, quando chegam as denúnci-as, fazemos uma análise. Portanto,não é a denúncia em si que enseja aabertura de um processo administra-tivo, mas o fato que é trazido pela

denúncia. Se houver a comprovação,a materialidade e os indícios de au-toria, é aberto um processo adminis-trativo. Mas, em 75% das denúnci-as, ou seja, 75% do trabalho feitopela corregedoria ocorre em defesada integridade do servidor e da ins-tituição. A maneira da corregedoriatrabalhar dentro dessa visão de pre-servar o servidor é discreta, sigilo-sa, com isenção, sem juízo de valor,de forma transparente, sem pré-jul-gamento. O corregedor e acorregedoria não podem aparecermais do que o fato ilícito. Temos deinvestigar de forma rigorosa, dentroda legalidade, que prevê sigilo, dis-crição, direito de defesa. Essa é aforma da corregedoria atuar.

TRIBUTU$ - A corregedoria com-pletou 10 anos. O modelo adotadopela RFB pode ser copiado por ou-tros órgãos?

Antônio Carlos - Tenho convicçãode que sim. Pelos contatos que te-mos com órgãos do Governo e mes-mo com governos de estados e mu-nicípios, acredito que esse é um mo-delo correto. Podemos citar a audi-toria patrimonial. Fazemos um tra-balho de parceria com aControladoria-Geral da União(CGU), onde hoje atuam colegas quejá trabalharam na COGER e estãocedidos. Eles levaram nosso modelode trabalho. Outros órgãos de gover-no têm nos olhado com respeito e nosprocurado para realizar trabalhos emparceira. O modelo de processo ad-ministrativo usado pela própriaCGU é o mesmo da corregedoria daReceita Federal.

TRIBUTU$ - Como tem sido a re-lação com outros órgãos, como o Mi-

nistério Público?

Antônio Carlos – Firmamos par-ceiras internas com todas as áreasda Receita Federal do Brasil, emparticular com a fiscalização e a re-pressão ao contrabando e aodescaminho. Com setores fora daReceita, temos importantes parcei-ras com a CGU, o Ministério Públi-co Federal, o Tribunal de Contas, aPolícia Federal e especialmente como judiciário. Fizemos novos conta-tos e reavivamos outros. Acho fun-damental esse trabalho integrado.Nós precisamos deles, eles precisamde nós e isso é comum em operaçõesnas áreas aduaneiras e tributárias,nas quais essas parceiras são funda-mentais.

TRIBUTU$ - O servidor que atuana corregedoria tem um treinamen-to especial? Há um planejamento es-pecífico?

Antônio Carlos - Temos um pro-grama de pós-graduação pioneiro emdireito administrativo disciplinar,que está encerrando a primeira tur-ma agora. Retomaremos a segundaturma no próximo ano, porque va-mos dar prioridade à realização deum novo seminário. A edição que fi-zemos no ano passado foi fundamen-tal para debater temas de interesseda corregedoria e teve efeitomultiplicador e capacitador muitoforte. Temos, também, alguns cole-gas que trabalham na corregedoriaque percorrem os escritórios regio-nais levando as informações e trei-namentos em processo administrati-vo disciplinar e atuam também napreparação para servidores que pre-sidirão comissões de inquéritos, oponto mais sensível dessas comis-

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sões. Temos de capacitar nosso pes-soal para participar e presidir ascomissões de inquérito, para fazeros juízos de admissibilidade, paradar os pareceres nos relatórios queas comissões de inquérito preparam.Temos de prepará-los para a inves-tigação, o que está sendo feito emparceria com a Coordenação de In-vestigação. São várias áreas, mode-los e programas de treinamento.

TRIBUTU$ - A auditoriapatrimonial foi implementada no anopassado. Já é possível fazer um ba-lanço? Como funciona esse trabalhona prática?

Antônio Carlos - O processo deauditoria patrimonial que começouno ano passado nos permitiu identi-ficar diversas situações de servido-res com patrimônio incompatível.Esses casos foram encaminhadospara a fiscalização, a fim de que fos-se iniciado o devido procedimentofiscal. Ainda não tivemos retornodessas ações, de forma que issoenseja a abertura do processo admi-

nistrativo disciplinar.

O processo de fiscalização é maisdemorado, mas é importante dizerque o enriquecimento ilícito é umadas causas do patrimônio incompa-tível, porém não é só isso. Identifi-cado o patrimônio incompatível, nãoé isso que vai definir a punição doservidor. Uma das formas de puni-ção está prevista na Lei nº 8429, deimprobidade administrativa, e, casoseja comprovado o ilícito, o servi-dor poderá ser demitido porimprobidade.

A auditoria patrimonial nos permi-te identificar patrimônio incompatí-vel, faz-se a ação fiscal e pode serque dessa ação haja materialidade eautoria para que se abra um proces-so administrativo disciplinar, quepode provar se houve enriquecimentoilícito.

Fazemos a auditoria patrimonial, sefor constatado o enriquecimento ilí-cito e o patrimônio for incompatí-vel, será feita uma ação fiscal. En-tão, se concluirmos que houve ilíci-

to tributário e não um ilícito funcio-nal, o assunto é tratado na área tri-butária. Mas, também é possível pro-var que houve ilícito funcional. Dequalquer maneira, temos de provaro enriquecimento ilícito.

TRIBUTU$ - A sociedade podeficar tranqüila quanto à atuação dosagentes do fisco?

Antônio Carlos - Sim. Tenho con-vicção de que nossa instituição é sé-ria e seus servidores são idôneos,competentes e responsáveis. É ób-vio que sempre há um ou outro ser-vidor que não se comporta dessamaneira, mas, de maneira geral aReceita Federal do Brasil e os servi-ços que ela presta são de qualidadee sérios. Tenho certeza de que a co-munidade pode confiar na ReceitaFederal do Brasil e mais ainda naCorregedoria. Se essa pequena quan-tidade de servidores se desviar, porqualquer motivo de conduta ética,que é a linha de conduta que a Re-ceita Federal do Brasil prega, acorregedoria irá pegá-la e, se a pe-gar, haverá punição para servir deexemplo. $

A atuação da corregedoria épreventiva, mas também re-pressiva. Cerca de 75% dasações são de preservação da in-tegridade do servidor, e em suadefesa. Uma das maneiras deinvestigar o desvio funcionalsão as denúncias.

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O Movimento Nacional emDefesa do Estado Brasilei-ro, composto pelas entida-

des representativas do Ciclo de Ges-tão e Fisco Federal, completou umano no dia 17 de maio e terá muitotrabalho a fazer em 2007. Neste ano,os representantes do Movimento vãoacompanhar, no Congresso Nacio-nal, diversas matérias de interesse doservidor público, como a questão daparidade entre ativos, aposentados epensionistas; a regulamentação dedireito de greve no serviço público;o Projeto de Lei Complementar(PLP) 1/07 que limita os gastos coma folha de pagamento dos servido-res previsto no Programa de Acele-ração de Crescimento (PAC) e o pro-jeto de previdência complementar. Aatuação da Frente Parlamentar emDefesa do Serviço Público lançadano mês de abril, na Câmara dos De-putados, em Brasília, também serátema de discussão do Movimento.Na opinião do presidente do Sindi-cato Nacional dos Analistas-Tribu-tários da Receita Federal do Brasil(Sindireceita), Paulo Antenor de Oli-veira, o surgimento da Frente Parla-mentar é um reflexo da atuação doMovimento. “A Frente traz umamaior conscientização dentro doCongresso Nacional graças, em par-te, às ações do nosso Movimento quedespertou nos parlamentares a neces-sidade de se ter um serviço públicobem fortalecido”, afirma. O presi-dente da Associação Nacional dosAuditores Fiscais da PrevidênciaSocial (Anfip), Ovídio Palmeira Fi-

lho, também acredita que o Movi-mento conseguiu alcançar uma re-percussão maior do que a esperada.“Na minha avaliação, tivemos refle-xos na nossa reivindicação salarial,pois imagino que, dentro das circuns-tâncias, foi uma grande vitória, ape-sar do aumento concedido pelo Go-verno Lula ter sido em cima das gra-tificações dos servidores”, destaca opresidente da Anfip.

Paridade da GifaQuanto à questão da paridade inte-

gral aos servidores aposentados epensionistas do Poder Executivo,vetada pelo presidente Lula em mar-ço deste ano, representantes do Mo-vimento afirmam que continuarãolutando. “Uma das questões de de-fesa do Movimento é a igualdade detratamento entre servidores ativos,aposentados e pensionistas. Isso seestende até para os aposentados doINSS que não são servidores públi-cos. O Movimento tem uma leituraclara de que o reajuste tem de serigual para todos e não diferenciadocomo o Governo tem feito nesses úl-timos anos”, ressalta Paulo Antenor.Na opinião da presidente do Sindi-cato Nacional dos Auditores Fiscaisdo Trabalho (Sinait), Rosa MariaJorge, é muito importante que a pa-ridade seja uma das bandeiras de lutados servidores, já que garantir a pa-ridade é garantir o futuro dos servi-dores. “Quem está hoje na ativa estásempre vislumbrando um futuro comuma aposentadoria que satisfaça ointeresse dele, que represente tudo

aquilo que ele lutou e trabalhou avida inteira”. Segundo ela, se o Go-verno quer derrubar o veto à emen-da nº 3 que limita o poder dos fis-cais do trabalho terá de derrubartambém o veto à paridade.

Já para o presidente da Anfip, oGoverno não sinalizou que vetaria aparidade com receio de que as enti-dades prejudicassem a aprovação daReceita Federal do Brasil. “O Go-verno sabia que qualquer Movimen-to, atitude ou ação que sinalizassepara o veto da paridade traria a opo-sição das entidades e isso dificulta-ria bastante a aprovação dos fiscosfederais. Nós vamos continuar tra-balhando pela paridade em todas asinstâncias seja no Executivo, seja noLegislativo”. De acordo com ele, aparidade está garantida na Consti-tuição Federal e qualquer ato doGoverno contrário à paridade éinconstitucional.

PLP nº 1O Projeto de Lei Complementar

(PLP) 1/07 que atinge o funciona-lismo público e os servidores de car-reira de Estado é uma questão quetambém preocupa os membros dasentidades que se reuniram no dia 14de fevereiro, em Brasília, para dis-cutir o assunto. O PLP 1/07, que fazparte do Programa de Aceleração deCrescimento (PAC), limita as des-pesas da União com pessoal. Na opi-nião dos representantes sindicais,caso a medida seja aprovada, peloCongresso Nacional, será bastanteprejudical ao funcionalismo público

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brasileiro, pois, ao alterar a Lei deResponsabilidade Fiscal, a propos-ta impede a renovação dos quadrosno serviço público e congela os sa-lários dos servidores. “As carreirasde Estado existem para fazer comque as medidas do PAC, que dãoprioridade ao crescimento econômi-co, funcionem a contento. Mas oPLP 1/07 tem mais característicasde medida contracionista de renda.Na prática, obriga o congelamentodos salários dos servidores em ge-ral. A limitação de ampliação de gas-tos pelo IPCA (Índice Nacional dePreços ao Consumidor Amplo) mais1,5% aparenta corrigir a inflação,mas nem isso será possível se nãohouver alteração no texto”, explicao presidente da Associação dos Ana-listas de Comércio Exterior (AACE),Rafael Marques. Ele também afir-ma que o Projeto, além de não pro-mover o crescimento econômico doPaís, coloca em risco a capacidadedo Estado em atender à populaçãoem diversas áreas.

A presidente do Sinait, Rosa Ma-ria Jorge, acredita também que essaproposta representa um congelamen-to a longo prazo para o serviço pú-blico. “É uma medida para dez anos,isso pode significar dez anos de con-gelamento salarial, dez anos de con-

gelamento da Administração Públi-ca. Em certa medida é um “tiro nopé”, porque o País que quer crescernão pode congelar a AdministraçãoPública, porque é a máquina que vaigarantir o crescimento”, afirma.

Atividades em 2007Em relação ao “Dia Nacional de

Valorização das Carreiras de Esta-do”, as entidades afirmam que o atopúblico deverá ser realizado nova-mente neste ano. “Temos tido difi-culdades próprias e dedicado tempona luta contra o PLP 1/07, enviadopelo Executivo ao Congresso Naci-onal que quer congelar os nossossalários. Talvez, o Movimento façaum ato em defesa da ética na máqui-na pública ou dirija um comunicadoà sociedade, mas ainda não decidi-mos’, diz um dos membros do Mo-vimento.

A implantação de um Estatuto e acriação de uma Central dos servido-res públicos de carreira de Estadoque discutam os problemas enfren-tados pelo serviço público federalsão alguns dos assuntos a ser deba-tido pelo Movimento neste ano.

Já Paulo Antenor de Oliveira, pre-sidente do Sindireceita, acredita que

o próximo passo é ampliar o Movi-mento com a entrada de novas enti-dades e fortalecer a atuação perantea mídia e ao Congresso Nacional.

Atualmente, integram o Movimen-to 13 entidades do Ciclo de Gestão edo Fisco Federal, dentre elas:Sindireceita (Sindicato Nacional dosAnalistas-Tributários da ReceitaFederal do Brasil), AACE (Associ-ação dos Analistas de Comércio Ex-terior), Afipea (Associação dos Ser-vidores do Ipea), Anesp (AssociaçãoNacional dos Especialistas em Polí-ticas Públicas e Gestão Governa-mental), Anfip (Associação Nacio-nal dos Auditores Fiscais da Previ-dência Social), Assecor (AssociaçãoNacional dos Servidores da Carrei-ra Orçamento), Assup (Associaçãodos Servidores da SUSEP), Fenafisp(Federação Nacional dos AuditoresFiscais da Previdência Social), Sinait(Sindicato Nacional dos AuditoresFiscais do Trabalho), Sinal (Sindi-cato Nacional dos Servidores doBanco Central), SindCVM (Sindi-cato Nacional dos Servidores daCVM) e Unacon (União Nacionaldos Analistas e Técnicos de Finan-ças e Controle). $

“Uma das questões de defesa do Mo-vimento é a igualdade de tratamentoentre servidores ativos, aposentados epensionistas. Isso se estende até paraos aposentados do INSS que não sãoservidores públicos. O Movimento temuma leitura clara de que o reajuste temde ser igual para todos e não diferenci-ado como o Governo tem feito nessesúltimos anos”, ressalta Paulo Antenor.

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Nenhuma sociedade que sepossa dizer civilizada, emnenhum lugar do mundo,

aceitaria que mercadorias ilícitas,quanto a sua essência ou origem,fossem vendidas em praça pública,em grande quantidade, e de modo ab-solutamente ostensivo. Equivaleria averdadeira desmoralização do Esta-do de Direito! Por que será, então,que vemos, diariamente, em nossascidades, vendedores ambulantes acomercializar mercadorias contrafei-tas e pirateadas, aos altos berros, napresença de qualquer um?

E, para piorar a situação, o fazemmuito freqüentemente a poucosmetros das repartições públicas quetêm a competência de combater essecrime. Apenas para amenizar a pés-sima impressão que nos causa essaconstatação, lembramos que, mesmoem países considerados mais "evo-luídos" que o nosso, o problema dapirataria ainda não foi resolvido sa-tisfatoriamente.

No caso do comércio ilegal prati-cado pelos vendedores ambulantesbrasileiros, esse problema socialguarda relação bastante estreita comoutros de semelhante gravidade, taiscomo: elevada carência de empregosformais, baixo nível de instrução ecapacitação, ineficácia ouinexistência de políticas públicas deesclarecimento dos prejuízos que elaprovoca, etc. Do ponto de vista dequem a pratica, em boa parte doscasos, essa pode ter sido sua únicachance de trabalho remunerado, oúnico meio de levar sustento a suafamília.

De fato, como convencer essas pes-soas de que sua atividade é danosapara os próprios trabalhadores?Como conscientizá-los de que a pi-rataria, além de outros males à soci-edade, recrudesce a deficiência devagas no mercado de trabalho for-mal, se, por não terem comumenteboa qualificação profissional, têm anoção clara de que, na prática, difi-cilmente as ocupariam?

Diante desse grave problema soci-al, boa parte da sociedade passou aconviver, de modo leniente, efreqüentemente cooperativo - quan-do compra esse tipo de produto -,com a prática generalizada dessecrime. Esse afrouxamento moral épéssimo, não só para a própria or-ganização da sociedade, mas, fun-damentalmente, pelos perigosos pre-cedentes que encerra.

A prática criminal, qualquer queseja, jamais pode ser banalizada, sobpena de se estar indiretamente incen-tivando a prática de outros crimesaté mais graves.

A falta de conscientização da soci-edade produz um ciclo negativo:quanto mais forte essa tendência,mais difícil é a ação dos mecanis-mos públicos de repressão e vice-versa. A atuação dos agentes incum-bidos dessa tarefa é muito dificulta-da quando não há o apoio da socie-dade, e quando não há naqueles queestão praticando o ilícito, a noçãoclara de que devam ser punidos porisso.

Ora, diante de um contingente tãogrande de pessoas realizando os

mesmos atos, às escâncaras, o sen-timento dos relativamente poucosque vêm a sofrer punição por isso,percepção essa agravada pelo baixonível de esclarecimento, é de que, pornão poder punir todo mundo, o po-der público "persegue" alguns parafins de expiação.

Desse modo, ações isoladas, reali-zadas inopinada e abruptamente,desacompanhadas de campanhas deesclarecimento, podem até produzirum efeito "bombástico" imediato nasredondezas onde ocorrem, mas nãoservem ao combate profilático, am-plo, eficaz e duradouro.

Em vez de essas medidas esporá-dicas formarem consciência críticana sociedade, acabam, ao inverso,piorando a situação: cada vez mais,a população inadvertida tende a sesensibilizar com a situação dos quepraticam esse delito, e a tomar anti-patia em relação às ações públicas.

Então, mais eficaz do que se tentarpegar infratores de surpresa é fazeruma ampla campanha de esclareci-mento dos inúmeros prejuízos que apirataria provoca à sociedade: danosao mercado formal de trabalho, aosconsumidores, ao desenvolvimentotecnológico, riscos à saúde etc. Nes-sa campanha, - que deve utilizar to-dos os meios de informação dispo-níveis (aliás, esse seria um excelen-te investimento governamental empublicidade) - a população deve es-tar plenamente ciente de que a re-pressão ocorrerá com muito maiorrigor: tolerância zero.

Paralelamente, governo e iniciati-

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va privada devem realizar esforçosconjuntos para levar essa imensamassa de trabalhadores ao mercadoformal. Há de se criar condiçõesobjetivas para isso, sobretudo comvistas a dar condições decompetitividade aos produtos de ori-gem lícita.

Para isso, sua aquisição pelo con-sumidor final deve ser facilitada aomáximo, pela diminuição de custosde produção e comercialização, atéonde for economicamente possível aoEstado e aos empresários.

As ações repressivas devem ser re-alizadas de modo bastante freqüen-te, com aparato policial e fiscal ade-quado, de modo itinerante, em todoslugares onde o comércio ilegal este-ja sendo praticado, sem que se dêtempo para sua reorganização.

Em suma: a repressão à pirataria,para ter mais chances de êxito, pre-cisa ser contínua, ostensiva, bemdivulgada e aparelhada, e, principal-mente, necessita do apoio da inicia-tiva privada, da compreensão dapopulação e, tanto quanto possível,do aproveitamento, no mercado for-mal de trabalho, das pessoas anteri-ormente levadas a se envolver nessaprática por questões de sobrevivên-cia. $

Por Roberto Carlos - Analista-Tributário da Receita Federal doBrasil e diretor Jurídico adjunto doSindireceita e Rodrigo Thompson- Analista-Tributário da ReceitaFederal do Brasil diretor de Assun-tos Parlamentares do Sindireceitae coordenador da campanha “Pi-rata: tô fora! Só uso original”.

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Quase a metade das pesso-as que compram produtospiratas não relacionam

essas mercadorias ao crime organi-zado. Essa é uma das principais con-clusões de uma pesquisa realizadaem São Paulo que mostrou tambémque, para a maioria dos consumido-res, o preço é o principal fator dedecisão na hora da compra, não im-

portando a origem do produto, mes-mo que seja ilegal, como é o casodos produtos piratas.

De acordo com a pesquisa, 48,1%dos entrevistados não relacionam osprodutos piratas ao crime organiza-do. Comparando os resultados porgrau de instrução, o estudo mostraque 40,3% dos entrevistados com o“Ensino Fundamental - completo ouincompleto” não percebem a relação

com o crime, enquanto 52% dosentrevistados com “Ensino Mé-

dio – completo ou incompletoe 54,8% daqueles que têm

“Grau Superior/Pós-Gradu-ação – completo ou incom-pleto”, também não per-cebem essa relação. Oprofessor ClaudioFelisoni de Angelo, umdos coordenadores dotrabalho, destaca quequanto maior o grau de

instrução, menos as pessoas perce-bem a estreita relação entre esses uni-versos da contravenção. “É o refle-xo de um dos maiores problemas doBrasil: considerar esse crime tolerá-vel, pois faz bem para o bolso”, ex-plica.

A professora Patrícia Vance, quetambém coordenou os trabalhos,chama a atenção para a necessidadede esclarecimento da população. “Apesquisa sinalizou claramente que,para a maioria dos consumidores, opreço é um atributo mais importan-te que a ética. É preciso mudar essarealidade, principalmente mostrar arelação direta entre pirataria e cri-me organizado”, acrescenta. A pes-quisadora aposta em campanhas deesclarecimento, como a realizadapelo Sindireceita, que há mais de umano lançou a campanha “Pirata: tôfora. Só uso original”. Em sua ava-liação, essas iniciativas precisam ser

“A pesquisa sinalizou claramenteque, para a maioria dos consumido-res, o preço é um atributo mais im-portante que a ética. É preciso mu-dar essa realidade, principalmentemostrar a relação direta entre pira-taria e crime organizado”, conclui aprofessora Patrícia Vance.

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mais difundidas para que haja noPaís uma mudança de postura doconsumidor. “É preciso relacionar oproduto pirata com o crime organi-zado, mas também temos de mostrarque essa prática tira o emprego for-mal, diminui a arrecadação de im-postos e gera a concorrência desle-al, que prejudica as empresas for-mais”, acrescenta. A pesquisadoratambém cobra uma ação mais efeitvados órgãos de repressão e da pró-pria justiça. “Não basta apenas tra-balhar o lado do consumidor, é pre-ciso coibir a venda nas ruas e, prin-cipalmente, punir os principais res-ponsáveis. A justiça tem de agir deforma efetiva”, acrescenta.

EstudoO estudo “Consumo Ético e Cons-

ciente” identificou os motivos que le-vam os brasileiros às compras deprodutos falsificados. Com base emuma amostra levantada em São Pau-lo, o estudo traçou o perfil de con-sumo dos indivíduos que comprame dos que não compram produtos pi-ratas. Os formulários possuíam trin-ta e nove questões do tipo: o senhorcostuma fazer compras no comércioalternativo (camelô, paralelo, pira-ta)? Quanto gasta? Que produto ad-quire? Quais os motivos que o le-vam a comprar? Todas essas inda-gações são apresentadas de formaagregada e também separadas porsegmentos, segundo o sexo, a faixaetária, o estado civil e o nível de ren-da.

“Os dados do estudo permitem quese analise o quadro da informalidadetrazendo importantes subsídios àspolíticas públicas e privadas”, diz acoordenadora do estudo que foi rea-

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lizado pelo Programa de Adminis-tração do Varejo (PROVAR), daFundação Instituto de Administração– FIA, maior centro brasileiro deestudos sobre o mercado de consu-mo, em parceria com a Canal Vare-jo – Consultoria: Mercado de Bense Serviços.

ResultadosDe acordo com a pesquisa, 35,2%

dos entrevistados sempre fazemcompras de produtosdo comércio alterna-tivo, enquanto 55,4%do total dos entrevis-tados, compraram re-centemente algumproduto “pirata”.“Esses resultados re-velam que, embora oconsumo responsávelseja visto como umato de escolha e de ci-dadania e a cada diaos consumidores este-jam mais atentos àsatitudes das empre-sas, o mesmo critérionão é referência quando o consumi-dor se vê diante de seu próprio atode comprar”, afirma o professorCláudio Felisoni de Angelo, coorde-nador-geral do Provar/FIA. Isto é,91,7% dos entrevistados afirmamque o preço é a principal motivação.Ou seja, na prática, a ética no con-sumo é deixada de lado em lugar davantagem de pagar menos e levar umproduto semelhante, embora sem ga-rantias tanto de qualidade, quanto deprocedência.

A pesquisa foi realizada com 500

consumidores da cidade de São Pau-lo e, além de traçar um perfil geral,também dividiu os resultados por gê-nero, idade, grau de instrução, faixade renda e estado civil.

Comparando os produtos mais es-colhidos para as compras, os CDs eDVDs estão em primeiro lugar naclassificação geral com 67,9%.Quando comparados aos resultados

por gênero, os homens indicam pe-queno aumento na preferência com69,4%. Já as mulheres apresentamuma discreta diminuição nessa pre-dileção com 64,6%. Comparados osresultados por faixas etárias, CDs eDVDs também vêm em primeiro lu-gar, apresentando 77,3% na faixaetária “até 25 anos”, 69,7% na fai-xa etária “dos 26 aos 35 anos”,72,4% na faixa etária “dos 36 a 45anos”. Na faixa etária “mais de 45anos”, com 47,4%, os resultados

apresentam significativa queda.

PrejuízosEntretanto, se, em um primeiro mo-

mento, a compra parece vantajosa,dados do Conselho Nacional deCombate à Pirataria revelam o opos-to. Estimativas apontam que paracada emprego informal criado (comouma nova barraca de camelôs nasruas) seis formais são perdidos.

Além disso, cerca dedois milhões de vagasde empregos são fe-chadas (ou deixam deser abertas) todos osanos por causa da pi-rataria que é um pro-blema cultura e socialno Brasil. “O consu-midor, ao adquirir umproduto falsificado,não sabe o mal quecausa a si próprio e aodesenvolvimento doPaís. Ao contrário,nossa pesquisa indicaque 21,2% dos entre-vistados acham que

adquirir esses produtos clandestinostraz status. Um verdadeiro contra-senso”, alerta o professor.

Para os pesquisadores, mais do queapresentar um panorama atual des-sa modalidade clandestina do con-sumo, os dados apresentados pelo es-tudo também servem para indicar anecessidade de formar consumido-res preocupados não só com a qua-lidade dos produtos, mas tambémcom os impactos que as atividadeseconômicas causam ao planeta em

Nosso objetivo émostrar para essas

pessoas quea pirataria pode

afetá-las diretamente.Um estudante de

música hoje pode tersua composição

pirateada amanhã.

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que vivemos. “O papel das institui-ções privadas deve passar a ser vis-to pelos clientes como decisivo parao desenvolvimento sustentável dasnações, principalmente em locaisonde o governo regional se mostraineficaz no tratamento das questõessócioambientais”, complementa ocoordenador da pesquisa.

Sindireceita amplia açõesda campanha “Pirata: tôfora! Só uso Original”

O diretor do Sindireceita e coorde-nador da campanha “Pirata: tô fora!Só uso Original”, RodrigoThompson, avalia que os resulta-dos da pesquisa do Provar só re-forçam a necessidade de se ampli-ar ações como as que vêm sendodesenvolvidas pelo Sindireceita.Segundo ele, este ano a entidadeentra em uma segunda fase dacampanha “Pirata: tô fora! Só usooriginal”, lançada há um ano. Nes-se período, o trabalho foi concen-trado principalmente na divulga-ção da iniciativa e na busca de par-ceiras, o que já vem ocorrendo.

Nessa segunda etapa, a intenção,de acordo com Thompson, é focarprincipalmente as ações deconscientização de jovens entre

15 e 25 anos. “Nosso objetivo é mos-trar para essas pessoas que a pirata-ria pode afetá-las diretamente. Umestudante de música hoje pode ter suacomposição pirateada amanhã. Omesmo ocorre com um profissionalque se dedica ao desenvolvimento deum programa de computador”, ex-plica. Além dessas relações, RodrigoThompson lembra que é preciso dei-xar evidente para todo cidadão quea pirataria não é um crime de menorpotencial. “A piratariacomprovadamente tem relação comoutras práticas criminosas, como ocontrabando e o financiamento dequadrilhas de tráfico de drogas e ar-

mas. Além desse aspecto criminal,existe ainda a concorrência desleal,a sonegação de impostos e, porconsequência o financimento do Es-tado e a própria geração de empre-gos”, acrescentou.

Rodrigo Thompson considera po-sitiva a realização de pesquisas,como a do Provar, que servem tam-bém para subsidiar ações de gover-no. “A pesquisa deixa claro que, nocaso da pirataria, não basta apenasreprimir, é preciso também esclare-cer a populção quanto aos riscos re-lacionados à compra de um produtopirata”, finaliza. $

O diretor doSindireceita ecoordenador

da campanha“Pirata: tô

fora! Só usoOriginal”,

RodrigoThompson

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O senador CristovamBuarque (PDT-DF) temsua história política liga-

da diretamente às lutas pela melhoriada educação no País. Ex-ministro daEducação, no primeiro mandato dogoverno Lula, o senador, que acabade assumir a presidência da Comis-são de Educação do Senado, tambémé o principal articulador de uma cam-panha nacional que tem por objeti-vo colocar a educação no centro detodas as discussões sobre o desen-volvimento e o futuro do Brasil. Acampanha “Educação Já” tem pormissão levar para as ruas do Paísuma mobilização geral em favor daampliação dos gastos com o sistemaeducacional brasileiro, mas, princi-

palmente, conferir à Educação ostatus de prioridade nacional, assimcomo ocorreu em campanhas comoa da redemocratização.

O momento também é oportunopara o senador, que presidirá a Co-missão de Educação do Senado nobiênio 2007-2008. O ex-ministro daEducação e ex-reitor da Universida-de de Brasília defende uma mudan-ça radical no País, que ainda insisteem deixar de lado a educação. O se-nador defende que o País só elimi-nará o atraso e a desigualdade se ospartidos políticos e a sociedade seunirem para fazer a revolução doensino. Cristovam destaca que nãoé por meio da economia que o Paísconseguirá dar a todos e a cada umigualdade de oportunidades. Um de-

bate que Buarque terá a oportunida-de de conduzir dentro da comissão.

Nesta entrevista, concedida para arevista Tributus, Cristovam Buarquefala de sua proposta e destaca quenão falta dinheiro para a execuçãodo projeto de criação de um sistemanacional de educação. Segundo ele,para que essa mudança ocorra é pre-ciso federalizar a educação no Paísque hoje está a cargo de estados emunicípios.

TRIBUTU$ - O que motivou osenhor a criar essa mobilização e olançamento do movimento “Educa-ção Já”?

Cristovam Buarque - Os gover-nos tratam a educação como um pro-blema, não como uma solução. To-

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dos eles atendem àquilo que se sen-tem obrigados a atender. Não vêema educação como vetor das transfor-mações. Todos vêem a economiacomo sendo o instrumento do pro-gresso. Até hoje, nenhum governodisse: “O instrumento do progresso,aquilo que vai dar o salto, é a edu-cação”.

E a educação não será prioridadedos políticos se o povo não demons-trar que é prioridade para eles. Porisso, a população deve ir às ruas parapedir mais atenção à educação. Alémdisso, todas as mudanças que ocor-reram no Brasil começaram com opovo nas ruas. “Diretas Já”, “Cons-tituinte Já”, “Impeachment Já”. Ago-ra, creio eu, está na hora do “Edu-cação Já”.

TRIBUTU$ - O senhor afirma quea divisão do ensino fundamentalmunicipalizado e médio sob gestãodos estados “impedem a qualidade”.Na avaliação do senhor, qual é amelhor forma de gestão da educa-ção para o País e qual a propostadefendida pelo senhor nessa campa-nha de mobilização?

Cristovam Buarque - É necessá-rio promover a federalização da edu-cação. Quer dizer, a responsabilida-de pela educação de base neste País,pelas crianças brasileiras, deve serdo governo federal, como são as uni-versidades, como são os aeroportos,as agências do Banco do Brasil. Épreciso haver metas claras para to-das as 164 mil escolas deste País.Que elas tenham horário integral,professores com piso salarialsatisfatório, professores contratadospor meio de concurso federal e nãoapenas municipal. Essa é a melhorforma de educação e é a que defen-do na campanha.

TRIBUTU$ - Como funcionaria osistema único de educação e qualdeve ser o papel dos Estados e Mu-nicípios dentro dessa nova perspec-tiva?

Cristovam Buarque - A educaçãoficaria a cargo da União, mas o con-trole seria descentralizado e a cargodos estados e dos municípios. OGoverno dirá: “A minha prioridadeé a educação. O legado que vou dei-xar ao meu País é um País caminhan-

do para uma educação de qualida-de, horário integral em todas as es-colas, professores muito bem remu-nerados, para que sejam bem prepa-rados e bem dedicados”. E como fa-zer isso? Federalizando a educação.Investindo na escola nacional, cri-ando um Ministério da Educação deBase, senão não vai conseguir, por-que deixando junto o ensino superi-or e a educação de base, só quemvai se beneficiar é o ensino superior,que tem mais força.

Na federalização dizer: “Nós va-mos fazer com que todas as escolastenham horário integral”. Do mes-mo jeito que se fez anos atrás: “Nósvamos construir a represa de Itaipu”.Levou 12 anos, mas todos os gover-nos se deram conta, um atrás do ou-tro. Agora, dizer: “Nós vamos im-plantar o horário integral, com o se-tor bem remunerado, bem dedicado,bem preparado, escolas bonitas ecom equipamentos. Isso levará 15anos e, para isso, vai se precisar deum grande acordo nacional com aoposição, porque um governo podecomeçar e outro terminar. Então, temde haver um acordo de tal maneiraque os governos continuem, uns de-pois dos outros. Como a Constitui-

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ção, os deveres continuam, como abandeira, o hino nacional, comoItaipu, como a construção deBrasília. Coisas que continuem deum governo ao outro. Se não se fi-zer isso, não vai dar o tom.

TRIBUTU$ - Para o senhor, qualé o modelo ideal para o ensino bási-co, médio e universitário? Há recur-sos para implementação de um pro-grama dessa natureza?

Cristovam Buarque - O atual pro-blema é que o Governo só tem olhospara o ensino superior. Por que sedá tanta prioridade à universidade?Porque os professores e estudantesuniversitários têm capacidade demobilização, de pressão. Em um Paísem que se dá muito valor ao diplo-ma superior, a universidade em si jáé um ganho imediato para as pesso-as. Ao passo que investimento emeducação básica só traz resultadoprático num cenário de pelo menosdez anos.

Além disso, investimento em ensi-no superior só atende os 18% dosjovens que terminam o ensino mé-dio. E os outros 82%? O Governose concentra muito em aumentar onúmero de vagas no ensino superi-or, em vez de aumentar o número dejovens que precisam terminar o en-sino médio. Eles já deveriam termi-nar o ensino médio sabendo algumtipo de ofício. Nós precisamos in-cluir quem está na exclusão. Facul-dade é para quem já saiu da exclu-são e quer dar um passo adiante.

Para tanto, precisamos de cerca deR$ 2 mil ao ano por aluno, para queo Brasil faça com suas crianças omesmo que fez a Coréia. Como são48 milhões de alunos, arredondan-do, precisamos de R$ 100 bilhõesde orçamento. Mas, aí, volto a in-sistir: não é uma questão apenas dedinheiro. Por exemplo, se o Gover-no decidir comprar computadorespara as escolas, muitos não serãoinstalados porque a edificação ou arede elétrica não permitem, ou por-que o professor não sabe usar.

TRIBUTU$ - Quais são as metaspropostas e os resultados previstos,caso haja essa “revolução” no en-sino brasileiro?

Cristovam Buarque - De umamaneira simples, eu poderia dizerque a meta é que a escola dos fi-lhos das favelas e do campo seja

equivalente e tenha a mesma

qualidade da escola dos filhos doscondomínios. Isso significafederalizar a educação com a gerên-cia descentralizada: horário integral,professores com piso salarialsatisfatório e contratados por meiode concurso federal e um padrãomínimo de edificação, de equipamen-tos e de conteúdo. Também temos deter uma Lei de ResponsabilidadeEducacional e temos de ter metas.Criamos a idéia de que basta inves-tir mais na educação, criando-se avinculação orçamentária, mas não sedefiniram metas. Isso não adianta.O que faz a escola ser melhor não émais dinheiro, mas o dinheiro neces-sário para cumprir certas metas. Emquantos anos todas as escolas serãoem horário integral? Em quantosanos vamos abolir o analfabetismo?Em quantos anos todas as criançasestarão terminando a 4ª e a 8ª sériese o ensino médio? É isso que eu cha-mo de federalização da educação bá-sica. Isso não se faz em pouco tem-po. Leva 15, 20 anos.

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TRIBUTU$ - Há espaço políticopara essa mobilização? Como aspessoas podem participar?

Cristovam Buarque - Claro quehá. O ideal seria que houvesse moti-vação por parte donúcleo central do po-der. Que eles disses-sem e agissemcompromissadoscom a educação. Jáque não é o caso, édever da sociedadecivil exigir de nós,parlamentares, e doGoverno que as esco-las dos filhos das fa-velas e do campo se-jam equivalentes e te-nham a mesma qua-lidade das escolasdos filhos dos condo-mínios. Escolas dealta qualidade. Paramim, na hora que fi-zer isso, o resto eles fazem. Veja bem:o que diz o pai de família? “Eu voudar educação ao meu filho e o restoele faz”. Qual um chefe de Estado:“Eu vou dar educação ao meu povo,o resto o meu povo faz”.

Para participar, basta incorporar-se às nossas caminhadas nas cida-

des onde estamos lançando o movi-mento pelo Brasil. Já passamos porFortaleza (CE), Redenção (PA),Curitiba (PR), Serra (ES) e Vila Ve-lha (ES). Breve divulgaremos um ca-

lendário com as datas dos futuroseventos. Você também podemandar uma mensagem [email protected] conversar com os coordenadoresdo movimento. Quando formos ca-minhar na sua cidade, você pode sejuntar aos organizadores, convidar

amigos, distribuir propaganda, en-fim. Entre em contato e descubra oque é mais prático, fácil e prazerosopara você fazer.

TRIBUTU$ - Qual a contribuiçãoque uma categoriacomo a dos Analistas-Tributários da Recei-ta Federal e oSindireceita podemoferecer a esse proces-so?

Cristovam Buarque- A divulgação do mo-vimento “EducaçãoJá” é o mais importan-te agora. O espaçodado pela revista, quecircula entre os Ana-listas-Tributários noBrasil inteiro é umagrande contribuição.Assim, os servidoresda Receita Federal, in-dependentemente de

partido político, de crença, do gêne-ro, da raça poderão ter ciência domovimento e comentarem com os co-legas na pausa do café, falar com osamigos em um bar, conversar emcasa, nas ruas e, se quiserem,participar das mobilizaçõesnas cidades. $

... é dever da sociedadecivil exigir de nós,

parlamentares, e do Governoque as escolas dos filhosdas favelas e do camposejam equivalentes e

tenham a mesma qualidadedas escolas dos filhos dos

condomínios.

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Democracia, Estado esindicalismo (entendidocomo uma das formas

mais ativas do capital social) são trêsfaces, dentre outras, de um sistemaque culmina na determinação da es-trutura organizacional e do controledo poder político na sociedade. A pri-meira, reflete o grau de participaçãoda sociedade no processo de tomadade decisão sobre o destino da coleti-vidade; a segunda, por meio damensuração da forma e do seu graude intervenção na economia, e nasrelações sociais, mostra quais gru-pos determinam esse destino; e aterceira é a face que expõe aconscientização e a capacidade deinterferência, sobre os dois pri-meiros, dos grupos orga-nizados repre-

sentados pelos sindicatos. Como pro-dutos culturais da interação social,têm que ser compreendidos comoprocesso histórico, didaticamenteseparados como processos estanquespara fins de análise, mas intimamen-te relacionados e constituindo a re-presentação do consenso politica-mente hegemônico.

Buscando compreender a inter-re-lação entre esses três elementos noBrasil, podemos res-gatar, nos pe-

ríodos históricos, como eles se ma-nifestam conjuntamente. Assim, co-mecemos analisando a ConstituiçãoImperial de 1824, inspirada na dou-trina constitucio-nalista liberal-conservadoraque previa, alémdos três poderes da dou-trina de Montesquieu, o po-der Moderador, que se

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sobrepunha sobre os demais, propor-cionando poderes ilimitados ao Im-perador. As bases do Estado erampatrimonialista e tiveram suas raízesaprofundadas nessa época. As for-tunas privadas eram garantidas pe-los privilégios concedidos à nobre-za pelo Imperador. A Constituiçãode 1824 proclamou a liberdade detrabalho e facultou ao trabalhador odireito de associação, criando, assim,as bases que resultariam na criaçãodos sindicatos no Brasil. Mesmo semreunir as condições objetivas que

propiciassem o desenvolvimen-to de sindicatos, haja vista oincipiente desenvolvimentoindustrial, entidades como aLiga Operária (1870) e aUnião Operária (1880) já

atuavam na defesa dos

interesses dos segmentos de traba-lhadores que as compunham.

A proclamação da República, em15 de novembro de 1889, conformouum novo regime político no País ins-pirado no federalismo americano. Aautonomia adquirida pelos estadose o encolhimento da autoridade daUnião deu origem, no Brasil, a umaversão do caciquismo latino-ameri-cano. O Estado servia aos interessesdas oligarquias mineira e paulistaque substituíram a antiga burocra-cia imperial pela burocracia estadu-al, mas sem o prestígio que possuía

a primeira.

Nesse período, surgiram as primei-ras formas de associação que trazi-am o gérmen da consciência sindi-cal e da importância da organizaçãodos trabalhadores. Surgiram a Uniãodos Operários Estivadores (1903), aSociedade União dos Foguistas(1903) e a União dos Operários emFábricas de Tecido (1917). Em 1920,foi criada a Confederação Geral dosTrabalhadores, influenciada pelosideais marxistas, disputando com aConfederação Nacional do Trabalhoa direção das lutas dos trabalhado-res. Com uma atuação curta, foi ex-tinta pelo governo. Este temia queos sindicatos pudessem servir de

base à pregação socialista ecomunista, princi-

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palmente com a ocorrência recentedo episódio da Revolução Russa(1917). Mesmo com permissão le-gal de associação e sindicalização,os que se atreviamcorajosamente nessamissão eram perse-guidos, muitas vezesaté a morte, tantopelo governo quantopelos empresários.

O enfraquecimentodas oligarquias docafé com leite, devidoà depressão de 1929,rompeu o dogma libe-ral de não intervençãoestatal. Começa, en-tão, com o apoio daselites industriais,adversárias da eliteagrária dominante no período daRepública Velha, o Estadodesenvolvimentista. Sua missão eramigrar uma economia essencialmen-te agrária para uma economia indus-trial. Para tanto, foi necessária a cri-ação de uma estrutura tecnocráticacomposta por profissionais com de-dicação integral e que atuaria comoo principal agente de transformaçãoeconômica do País. Nascia o em-brião da burocracia, na acepçãoweberiana do termo. Esse novo mo-delo desenvolvimentista deu a luz àlegislação trabalhista e ao que podeser considerada a primeira legisla-ção sindical brasileira. O Decreto nº19.770, promulgado em março de1930, a despeito de significar ummomento histórico para o reconhe-cimento da atividade sindical, traziao ranço autoritário do peleguismo.

A iniciativa de Vargas buscou clara-mente o aparelhamento dos sindica-tos, retirando-os da esfera privada eos tornando pessoas de Direito Pú-

blico atrelados ao governo. A Cons-tituição autoritária de 1937 subor-dinou definitivamente os sindicatosao Ministério do Trabalho.

Entre 1945, com a queda do Esta-do Novo, e 1964, início da ditaduramilitar, a política no Brasil tem oscaracteres populistas herdados daera Vargas. Baseia-se na propagan-da nacionalista e na promoção da in-dustrialização, tendo o Estado comoo seu promotor. Entre o liberalismoe o autoritarismo, com uma gestãoeconômica estatizante e modelo dedesenvolvimento baseado no estímu-lo ao capital nacional e internacio-nal, foi um período onde a GuerraFria, como pano de fundo, incenti-vou os discursos e práticas radicais,tanto no campo da esquerda quantoda direita, que descambou no golpe

militar de 1964. No campo das lutasdos trabalhadores, o aumentodo contingente operariado,concomitantemente com o cresci-

mento de sua organi-zação política e sindi-cal, e alguma liberda-de controlada, culmi-naram com uma sériede greves de cunhopolítico. Reivindica-va-se a liberdade sin-dical, contra a presen-ça de forças america-nas no País, pela de-fesa das riquezas na-cionais, dentre outrasfrentes de contesta-ção. Os sindicatos seuniram em váriospactos que produzi-ram um período de

grande dinamismo na ação sindical.

O Golpe de 1964 foi produto doambiente de distensão entre os blo-cos capitalistas e socialistas. Com arenúncia de Jânio Quadros e a as-censão de João Goulart, contra avontade dos grupos conservadores,houve a abertura às organizaçõessociais, com sua proposta de refor-mas de base, e uma forte reação dasclasses empresariais, banqueiros,militares, igreja católica e da classemédia, além dos EUA, temendo umaguinada do Brasil para o socialismo.Esse período é de sombra para osindicalismo, com a intervenção dogoverno militar sobre os sindicatos.Embora com algumas manifestaçõescontra a ditadura, somente em 1978,com o reinício do processo de aber-tura lenta, gradual e segura do pre-

... a garantia dosdireitos sociais e a

institucionalização dasrelações de trabalho

dependem deum novo pacto entre asorganizações sindicais.

Para isso é preciso reconstruirum projeto de poder para

a classe trabalhadora

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sidente Geisel, o sindicalismo come-ça a renascer, culminando com a cri-ação da Central Única dos trabalha-dores (1983). A CUT pregava umsindicalismo classista, considerandoa classe trabalhadora como produ-tora de riqueza social e buscando amaior participação possível de tra-balhadores e a sua organização emoposição ao poder político do gran-de empresariado. Tinham o socialis-mo como perspectiva geral, buscan-do unir sindicatos e partidos nummesmo movimento de emancipaçãodefinitiva da classe trabalhadora,construída pelos próprios trabalha-dores. Combatiam o chamadoneopeleguismo que se submetia aoslimites estabelecidos pelo poder po-lítico dos empresários para a práti-ca sindical. Os neopelegos pregavama prática sindical desvinculada dapolítica e destinavam-se a promovera conciliação entre os capitalistas eos trabalhadores.

Do fim dos anos 70 até o início dosanos 90, o sindicalismo foi funda-mental para a universalização dasconquistas sociais. Hoje, os sindica-tos da iniciativa privada foram viti-mados pelas transformações estru-turais no mundo do trabalho. Os sin-dicatos dos servidores públicos so-freram um grande desgaste com oavanço da política neoliberal dos go-vernos que se seguiram à Nova Re-pública. A ideologia neoliberal iso-lou o servidor público do cidadão eo voltou contra o servidor, que sem-pre dependeu do apoio da popula-ção para suas reivindicações. Erapreciso romper com a trajetória his-tórica de conquistas de direitos, tan-to no setor público como no priva-do, para a implantação do modeloeconômico atualmente hegemônico.

Vivemos, nos nossos dias, um mo-mento de democracia consolidada.Não existem mais tensões ideológi-cas que justifiquem um endurecimen-to de qualquer setor. Mas as dife-renças de interesses entre os grupossociais ainda são flagrantes. Em-bora o modelo neoliberal tenhasido derrotado em vários países,inclusive no Brasil, deixoumarcas indeléveis como a

reforma do Estado e a inserção doPaís no caminho da economiaglobalizada. Neste cenário, a garan-tia dos direitos sociais e ainstitucionalização das relações detrabalho dependem de um novo pac-to entre as organizações sindicais.Para isso é preciso reconstruir umprojeto de poder para a classe tra-balhadora que seja capaz de unifi-car a ação sindical dos setores pú-blico e privado com foco na preser-vação da democracia, do fortaleci-mento do Estado e na garantia dosdireitos sociais. $

Augusto Corôa é diretorde Formação Sindical

do Sindireceita

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Todos os dias, somos con-frontados com todo tipo deviolência. Buscar as causas

ou justificativas para esse compor-tamento e seus altos índices é umatarefa complicada. Das questões eco-nômicas, políticas, educacionais, doconsumo abusivo de drogas, da mi-séria, dos problemas familiares, dosvalores sociais e morais de uma so-ciedade, até à desnutrição, revelamque a violência urbana pode ser ob-servada de vários aspectos.

No Brasil, nos últimos anos, há uminteresse pela questão social, masisso ainda é muito pouco. Para odeputado federal Fernando Melo(PT/AC), a questão da violência temmuito a ver com a educação. Eleacredita que a desinformação, a ig-norância e a dependência química,são as grandes causas da violência.“A educação, no meu entendimento,é o principal meio para, a longo pra-zo, alcançar um nível decriminalidade aceitável, vamos dizerassim. Por outro lado, também há aviolência no trânsito, um tema quegosto de abordar”, confessou.

O parlamentar salientaque a criminalidade temvárias vertentes. “Em umprimeiro momento, temos a possibi-lidade de atuar com a repressão, umdos instrumentos conhecidos, e coma legislação, a aplicação da lei. Hárepressão por meio das polícias, mas,hoje, no Brasil, temos uma situaçãomuito complexa. Os policiais estãodesvalorizados. Veja o exemplo dosestados do Rio de Janeiro e de SãoPaulo, considerados violentos, ondeo policial militar, ao usar a farda,corre risco de morte. É muito dife-rente do meu estado (Acre). Lá, opolicial não tem problema em usar afarda”, relata.

Fernando Melo evidencia a capa-cidade das instituições policiais, quepossuem um quadro de pessoal com-petente e especializado, mas que nãotêm recebido atenção especial doEstado. “O Governo está trabalhan-do para lançar no Programa de Ace-leração do Crescimento da Seguran-ça as medidas necessárias para ame-nizar essas distorções. O Senado jáaprovou o pacote de medidas da Se-gurança. Aqui, na Casa Legislativa,

nós também estamos fazendo umesforço muito grande para aper-feiçoar a legislação penal. Pela

primeira vez, vejo que a questãoda segurança na Câmara está sen-

do exposta com tranquilidadee sem o apelo e a pressão

provocada por um crime ou caso iso-lado”, adiantou.

LiberdadePara o deputado federal Fernando

Melo, o cidadão brasileiro precisa termedo de perder a liberdade. “Quemestá nos presídios não tem mais nadaa perder. Sou favorável a criar leispenais alternativas ao sistemaprisional para tirar a liberdade. Achoque essa medida terá muito mais efei-to”, acredita.

Para o deputado, a classe médiatem uma grande parcela de contri-buição na crise da violência. “Aclasse média é a que mais reclamada violência, mas ela contribui paraisso. Estou falando dos jovens daclasse média usuários de drogas, quefomentam o tráfico e a criminalidade.O tráfico é um comércio, se não hou-ver comprador, o negócio quebra.Precisamos de um movimentoconscientizador da sociedade paraessa situação”, enfatiza.

ImpunidadeSomente com a mudança na legis-

lação penal será possível amenizara sensação de impunidade, a demo-ra da resposta do Estado e a ineficá-cia dos sistemas policial e judiciáriono País. A punição exemplar dos quecometem crimes diminuirá acriminalidade, desde que adotadacom outras medidas necessárias,

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destaca o parlamentar. “Temos 300mil presos e mais 300 mil mandadosde prisão para serem cumpridos. Nãotemos mais onde colocar tanta gen-te”, destaca. “Tramita na Câmaraum projeto de lei, desde 2001, pro-pondo a redução na quantidade derecursos do processo penal. Esseserá um avanço significativo, por-que a pessoa que cometeu um crimeterá a certeza de que não poderáprocrastinar uma sentença, porquea condenação virá. Isso vai fazer tre-mer, por exemplo, os criminosos decolarinho branco. Quem tem dinhei-ro também irá para a cadeia. NoBrasil, há a crença de que só os po-bres vão para a cadeia, cabe ao Con-gresso Nacional dar essa respostapara à sociedade”, ressalta.

Membro da Comissão de Seguran-ça Pública e Combate ao Crime Or-ganizado, o deputado federalFernando Melo trabalha para que asmatérias de segurança não fiquemparadas na Casa. “Precisamos ace-lerar essa discussão, colocá-la emjulgamento, para que não haja umanova pressão da sociedade e a Co-missão possa votar de forma acele-rada projetos que precisam ser am-plamente debatidos”.

Falta respeito às leis detrânsito

A iniciativa da subcomissão de Se-gurança para acompanhar a violên-cia no Trânsito e a aplicação do

Código de Trânsito Brasileiro, queestá completando 10 anos, é de au-toria do deputado Fernando Melo.Segundo o deputado, a subcomissãofoi aprovada e tem por objetivo cri-ar um movimento junto à imprensa,à sociedade, às instituições e à clas-se média, alertando para a guerra dotrânsito. “Nós vemos uma verdadei-ra guerra não declarada no trânsitoque está matando e aleijando. Essajá é a quarta principal causa de mortede homens no Brasil. Em 2005, fo-ram 35 mil mortes, um número qua-se igual ao de homicídios”, alerta.“A sociedade ainda não deu a devi-da atenção à violência do trânsito.”

Pesquisa realizada pelo Instituto dePesquisa Econômica Aplicada(IPEA), entre os anos 2001 e 2003,quantificou os custos dos acidentesde trânsito em áreas urbanas e con-cluiu que as perdas anuais atingema ordem de R$ 5,3 bilhões de reais.Em 2006, o IPEA demonstrou queos impactos sociais e econômicos dosacidentes de trânsito nas rodovias

brasileiras são bastante significati-vos, estimados em R$ 24,6 bilhões,principalmente relacionados à per-da de produção relacionada às mor-tes das pessoas ou à interrupção dasatividades das vítimas. Também in-tegraram o cálculo os custos com oscuidados em saúde e aqueles associ-ados aos veículos, entre diversosoutros. Para Fernando Melo o prin-cipal componente desse custo vaipara a recuperação das vítimas dotrânsito. “Se não tivéssemos essaguerra os recursos poderiam ser apli-cados na área da educação”,sugere. $

*Deputado Federal Fernando Melo(PT/AC). É advogado, economista ebancário. Foi Secretário de Seguran-ça Pública, Deputado Estadual e Di-retor do Detran, no Acre. No primei-ro mandato, na Câmara dos Deputa-dos terá dois grandes desafios: ver osprojetos de segurança pública anali-sados e votados de forma democráti-ca e o mais rápido possível, e lutar pelaPaz no Trânsito.

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Resgatar a história adminis-trativa e institucional daAlfândega porto-alegrense

é o tema do livro “Alfândega de Por-to Alegre: 200 anos de História” es-crito pelo Analista-Tributário daReceita Federal do Brasil, MárcioEzequiel. “Busco lançar os pensa-mentos à memória de uma institui-ção viva, composta por seu pessoal.Na obra, traço uma cronologia his-tórica evidenciando o cotidiano dosservidores que fizeram a história darepartição e, apesar das diversas cri-ses que a Inspetoria passou, mante-ve-se ativa graças à persistência deseus administradores e à dedicaçãodos funcionários”, conta Ezequiel.

A idéia de retratar em livro a me-mória da Alfândega surgiu em 2004,na gestão do Inspetor da AlfândegaPaulo Renato Valério, que percebeuo interesse do Analista-Tributáriopela história do órgão incentivando-o a pesquisar sobre o assunto. “Logopercebi que seria mais interessanteestender o resgate até as origens darepartição. O atual Inspetor PauloRoberto Cruz da Silva acolheu oprojeto do antecessor”, explicaMárcio Ezequiel.

Em fase final de redação do livro,atualmente Márcio tem colhido de-poimentos de servidores aposentadosque passaram pela repartição. O li-vro “Alfândega de Porto Alegre: 200anos de História”, primeira publica-ção da Inspetoria da Receita Fede-ral de Porto Alegre, deve ser lança-do ainda este ano na própria Inspe-toria de preferência no dia 1º de agos-to, data que coincide com a instala-ção da repartição de Porto Alegre em1804. “Espero que logo, com o apri-moramento dos estudos em memó-ria institucional da Receita Federal,surjam outras pesquisas por todo oBrasil”, conta.

A possível influência da RevoluçãoFarroupilha, iniciada em 1835, nostrabalhos da Alfândega, o início daRepública, a enchente de 1941 e oGolpe de 1964 devem ser retratadosno livro. “Não vou contar muito paranão estragar as surpresas da narra-tiva”, diz. Para contar também a his-tória de uma unidade da redearrecadatória da Alfândega, Ezequielafirmou que contextualizará os pa-noramas do local, do País e do mun-do nos pontos de maior relevância.“Busquei antes colocar os diversostestemunhos coletados 'na viva-voz'

do texto produzido, pois penso queacima de tudo trata-se da história depessoas que formaram uma institui-ção”, explica.

A formação na área de História,com graduação e mestrado na Uni-versidade Federal do Rio Grande doSul (UFRGS) foi determinante parao Analista-Tributário ter interesse emescrever sobre as origens da insti-tuição. “Sou aduaneiro de planeja-mento e programação por profissãoe, por fim, escritor nas horas vagaspor insistência e paixão. Hoje, façoo curso de Escrita Criativa na PUC-RS”, afirma. No ano passado,Márcio Ezequiel foi premiado noconcurso “Histórias do Trabalho daPrefeitura de Porto Alegre” na cate-goria de contos cuja publicação sai-rá nesse ano.

Em 2001, Ezequiel ingressou naReceita Federal, para o cargo de Téc-nico da Receita Federal, hoje Ana-lista-Tributário da Receita Federal

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do Brasil, desde então atua na áreaaduaneira “Minha primeira lotaçãofoi no Chuí onde permaneci por trêsanos. Lá trabalhei na recepção de do-cumentos e vistoria de veículos depasseio e de carga na pista”, afirma.No ano de 2004, ele foi trabalhar naInspetoria da Receita Federal emPorto Alegre na parte de repressãoao descaminho e contrabando e nafiscalização de remessas postais in-ternacionais. Atualmente, é chefesubstituto da Seção de Programaçãoe Logística (SAPOL) da Inspetoriada Receita Federal de Porto Alegretrabalhando na área logística, em co-ordenação com os depósitos de mer-cadorias apreendidas. “Fazemos oacompanhamento e encerramento deprocessos administrativos fiscais,observando a decisão favorável daUnião com respectiva destinação dasmercadorias apreendidas por meio dedoação e incorporação, leilão ou des-truição. Vemos um retorno social dotrabalho. Escolas, creches e entida-des beneficentes recebem as doaçõesde bens apreendidos”, destaca o che-fe substituto da SAPOL.

PesquisaPara fazer a pesquisa e a redação

do livro “Alfândega de Porto Ale-gre: 200 anos de História”, o escri-

tor conta que pesquisou em diversosarquivos históricos e acervos dispo-níveis na capital gaúcha. “Limpei oslivros, relatórios e ofícios achadoscom os quais preenchi algumas la-cunas na reconstrução do passado.Por fim, realizei algumas entrevis-tas com alguns servidores aposenta-dos, que também contribuíram paracompletar o quebra-cabeça”.

Cada vez mais, a preservação damemória institucional dos órgãospúblicos é uma prática comum nosPoderes Executivo, Legislativo eJudiciário. A partir dos acervos fo-tográfico, documental e mobiliárioe de depoimentos de servidores pú-blicos de destaque, ativos e inativosé possível contar as históriasinstitucionais dos órgãos. Na Recei-ta Federal do Brasil, por exemplo,existem algumas iniciativas como ado Analista-Tributário José Godoyque escreveu o projeto memória daReceita Federal retratando as unida-des históricas da instituição em todoo Brasil. Na opinião de MárcioEzequiel, é preciso que a Recei-ta invista mais em projetoscomo o da Inspetoria de

Porto Alegre a fimde proporcionar oauto-conhecimento

funcional dos servidores

do órgão. “O Programa Pró-Pesso-as pode servir para repensar essaquestão. Estamos inseridos no pro-cesso, fazemos parte dessa históriae a conservação dessa bagagem éresponsabilidade de todos, adminis-tradores e servidores”, acredita.Além desse projeto, existe outro daInspetoria de Rio Grande/RS sobrea Alfândega da Cidade do Rio Gran-de, cuja reedição foi patrocinada peloSindicato Nacional dos Analistas-Tributários.

Quem tiver interesse em adquirir olivro, a distribuição será gratuita aosservidores da Super-Receita. Segun-do o Analista-Tributário, a idéia éque cada servidor da todas as uni-dades receba um exemplar da obra,mas dependerá de patrocínio. “Nãoviso ao lucro neste trabalho. Querodeixar minha pequena contribuiçãopara a história de minha cidade e daaduana brasileira”. $

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Servidores públicos adoecem9,5 vezes mais do que os tra-balhadores do Regime Geral

de Previdência Social (RGPS). A in-formação é da Secretaria de Recur-sos Humanos (SRH) do Ministériodo Planejamento, Orçamento e Ges-tão, que também revela que 90,52%dos servidores trabalham em ambi-entes insalubres. Os servidores doExecutivo Federal também sofrem4,2 vezes mais acidentes de trânsitodo que os trabalhadores do RGPS e66% relatam casos de estresse, sen-do que 12% dos afastamentos ocor-rem por conta de doenças mentais.A análise foi feita com base em re-gistros do Ministério do Planejamen-to e divulgada durante reunião doSistema Integrado de SaúdeOcupacional do Servidor PúblicoFederal (Sisosp) com os representan-tes dos servidores que têm posto naMesa Nacional de Negociação Per-manente (MNNP).

A falta de acompanhamento dascondições de trabalho do servidor fezcom que o Governo, através do De-

creto n° 5.961, de 13 de novembrode 2006, instituísse o Sisosp. Entreas finalidades do sistema estão auniformização de procedimentos ad-ministrativo-sanitário na área de ges-tão de recursos humanos e a promo-ção da saúde ocupacional do servi-dor. “Durante muito tempo tivemosa lógica do Estado mínimo nestePaís. A Lei nº 8.112/1990, apesar derepresentar um grande avanço, tirouuma série de benefícios do servidorna área de saúde e segurançaocupacional. O servidor perdeuamparos como os exames periódicos,a avaliação de condições de traba-lho e a aposentadoria especial. Pas-saram-se 16 anos para efetivamentese fazer alguma coisa a respeito. OSisosp vem para resolver essa ques-tão. Trata-se de uma política de Es-tado, não de governo, e a idéia é le-var o servidor público a participarde todo o processo”, afirmou o co-ordenador-geral do Sisosp, LuizRoberto Pires Domingues Júnior,que trabalha na Coordenação-Geralde Seguridade Social e Benefícios doServidor.

O Sisosp funcionará como proje-to-piloto, primeiramente em Brasília/DF, em parceria com a Universida-de de Brasília (UnB). A primeiraunidade será instalada no Departa-mento Nacional de Infra-Estruturae Trânsito (DNIT), no mês de julho.Brasília foi escolhida como localdesse projeto-piloto devido à grandeconcentração de servidores públicosfederais e também com o objetivo deimplantação de uma política internade valorização dos servidores. A pre-visão é atender cerca de 57 mil ser-vidores, tanto ativos como inativos,passíveis de avaliação e revisão deaposentadoria, além do acompanha-mento daqueles que se aposentarampor invalidez. “Temos servidores pú-blicos em mais de 1.800 municípiosbrasileiros. Hoje temos, no Ministé-rio da Saúde, por exemplo, uma po-lítica de saúde voltada para o servi-dor dos outros estados; temos o Mi-nistério do Trabalho fiscalizando osambientes de outros estados. Masnão temos uma lógica interna de va-lorização dos servidores com açõesnesse campo”, destaca o coordena-dor-geral da proposta.

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De acordo com o art. 9ª do Decre-to n° 5.961/06, outros poderes e en-tes da federação podem aderir aoSisosp por meio de convênio. Os es-tados do Ceará e de Mato Grosso,segundo Domingues Júnior, demons-traram interesse em aderir ao siste-ma. O Sisosp, posteriormente, tam-bém deverá ser levado para SantaCatarina, Pernambuco e para o mu-nicípio do Rio de Janeiro.

A criação desse sistema vem sendoestudada pelo Ministério do Plane-jamento desde 2003.Em 2004, foi realiza-do o diagnóstico noServiço Público e em2005, o projeto foidelineado até a publi-cação do Decreto nº5.961/06. Em 2006,foi aprovada adestinação de verbase há previsão no Pla-no Plurianual (PPA)de R$ 30 milhõespara implementaçãodo Sisosp.

Para se ter umaidéia da magnitude doproblema, a taxa deaposentadoria porinvalidez do servidor público do Exe-cutivo atingiu em 2005, 28,4%. ORGPS apresentou, no mesmo ano,um percentual de 12,4% menor deaposentadoria por invalidez. Em umlevantamento do MPOG, a idade mé-dia de aposentadoria precoce é de 14anos antes do prazo normal.

O Sisosp, de acordo com o coorde-nador, terá como metas principais aredução do nível de faltas e de apo-sentadorias precoces. O coordena-dor-geral destaca que as ações nãopodem ficar restritas apenas a con-

cessão de adicionais de insalubrida-de e periculosidade e à instalação deequipamentos de proteção. É preci-so, segundo ele, realizar mudançasprofundas na estruturação da saúdedo servidor público, garantindo aaplicação das resoluções 155 e 161da Organização Internacional doTrabalho (OIT), promover a mudan-ça do ambiente laboral e nos proces-sos de trabalho.

O diretor de Formação Sindical,Augusto Corôa, representante do

Sindireceita no Sisosp, elogiou a ini-ciativa e disse que o Sindicato pre-tende se integrar com as demais en-tidades para atuarem de forma con-junta. O Sindireceita fará uma pes-quisa sobre os ambientes em que osAnalistas-Tributários atuam paralevar ao conhecimento do Ministé-rio do Planejamento.

Em Brasília/DF, as visitas aos am-bientes de trabalho não devem de-morar a começar. Os sindicatos aju-darão na escolha dos locais, indican-do e denunciando. Os técnicos da

UnB também estarão em campo, jun-to com um servidor do local a servisitado. Domingues Júnior afirmaque o processo de seleção dos servi-dores da saúde está em andamento(a intenção é remanejar servidoresque já atuam na área de saúde parao Sisosp, sem perda de rendimentos)e os cursos de capacitação estão sen-do realizados em todas as regiões.Os cursos são de cinco dias e vãodas 8h às 19h. O primeiro foi reali-

zado em Belo Hori-zonte/MG. Em abril,foi a vez de Natal/RN,em maio foi emBelém/PA e em outrascapitais ocorrerá embreve: em junho, noRio de Janeiro/RJ; emagosto, emFlorianópolis/SC.Além desses encon-tros, haverá um noCentro-Oeste, masnão foi definido seserá em Goiânia/GOou Campo Grande/MS.

Um Seminário Inter-no sobre a saúde ocupacional do ser-vidor também foi agendado para omês de junho e deve aprovar a regu-lamentação das Comissões de Vigi-lância. Entre as atribuições dessesgrupos estão a atuação contínua esistemática para detectar e analisaros fatores determinantes dos agra-vos à saúde e a pesquisa dos proces-sos e ambientes de trabalho, em seusaspectos tecnólogo, social,organizacional e epidemológico, como objetivo de executar intervençõescom o intuitos de eliminá-los ou decontrolá-los. $

“ “Trata-se de uma

política de Estado,não de governo,

e a idéia é levar o servidorpúblico a participar de

todo o processo

Coordenador-geral do Sisosp,

Luiz Roberto Pires Domingues Júnior

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Inúmeros são os desafios queo governo Lula terá de supe-rar nos próximos quatro anos,

para realizar os seus objetivos nasáreas econômica, política e social.Espera-se que ogovernante possacumprir adequada-mente o seu plano deGoverno. Realizar es-sas ações governa-mentais, entretanto,não é uma tarefa fá-cil. Fazer cortes e re-duzir despesas namáquina pública, pro-mover a desburo-cratização, gerar estí-mulos para a inova-ção tecnológica oupromover a articulação entre o pro-grama Bolsa Família e os demaisprogramas sociais do governo, porexemplo, não se concretizam pelavontade do governante. Isso exigecompetência da administração públi-ca.

Espera-se que o governo consiga iralém do que alcançou no primeiromandato. Para que isso se torne pos-

sível, exige-se boa governança e éti-ca na administração pública. A per-cepção da população, mensurada naspesquisas de opinião pública, indicaque a administração pública brasi-

leira não se encontra preparada pararesponder às demandas da socieda-de. Pode-se argumentar, assim, queo governo Lula, neste início de go-verno, encontra-se num dilema, di-ante de suas próprias contradições eineficiências, reveladas no seu pri-meiro mandato.

Os governantes, para atender ade-quadamente às demandas da socie-

dade, necessitam de contar com umaadministração pública profissional,especialmente quando se trata de res-paldar decisões que envolvem ques-tões técnicas complexas nas diferen-

tes áreas estratégicaspara o País. As evi-dências de que issonão ocorreu no pri-meiro mandato estãoregistradas nos baixosresultados econômi-cos, políticos e éticosalcançados. Por suavez, proliferou-se nes-se período uma inten-sa politização da ad-ministração públicabrasileira, sem levarem conta o critério da

competência técnica, que refletiu ne-gativamente no desempenho gover-namental.

Verifica-se que é no campooperacional que reside a grande di-ficuldade do segundo governo Lula,pois a administração, para obter su-cesso em suas políticas públicas, de-pende da competência de seus servi-dores. Isso ficou evidenciado com a

““

Os governantes,para atender

adequadamente às demandasda sociedade, necessitam de

contar com umaadministração pública

profissional, especialmentequando se trata de respaldar

decisões que envolvemquestões técnicas

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decisão do Governo, no primeiromandato, de nomear seletivamente osdirigentes sindicalistas e os membrosdo Partido dos Trabalhadores paraocupar uma parcela significativa doscargos de direção na máquina públi-ca do Estado – com 34 ministérios,189 órgãos da administração indire-ta, 11 agências e 11 bancos, e 1,8milhão de servidores civis e milita-res –, sem levar em consideração acapacidade técnica.

Programas e projetos com defici-ências de “gestão” tendem a dificul-tar o alcance dos objetivos das polí-ticas públicas, além de propiciar ageração de corrupção. A decisão dogovernante de promover um “cho-que de gestão” deve ter como pro-pósito elevar a qualidade dos servi-ços públicos. Nesse sentido, irá exi-gir ações efetivas, diante da comple-xidade e extensão de ações que se-rão necessárias para atender às pro-messas de campanha. Por outro lado,a possibilidade de resposta da admi-nistração pública não se revela pro-missora, na medida em que o Go-verno, no esforço de construir asua base de apoio político,sinaliza a disposição deoferecer ministérios eórgãos estratégicosde “porteira fecha-

da” para os partidos aliados.

Torna-se mais nítido, diante dessecenário, que a busca por um Estadomoderno e inteligente, menos buro-crático e que incentive acompetitividade passa pela reformae modernização da administraçãopública. A modernização da gestãopública, entretanto, é uma tarefapermanente, que perpassa váriosgovernos. Assim, torna-se possívelsustentar que a “reforma esquecida”da administração pública necessita

Foto: Daiane Souza/UnB Agência

ser incluída na agenda política dasreformas prioritárias do País. Sem amodernização da administração pú-blica, os esforços para viabilizar aimplementação das políticas econô-micas e das políticas públicas, espe-cialmente as sociais, ficam compro-metidos. $

José Matias Pereira é doutor em

Ciência Política e professor de Ad-

ministração Pública Comparada

do Programa de Pós-Graduação

em Administração da Universida-

de de Brasília (UnB).

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50

Decididamente, a Contabili-dade não precisa de Balan-ços. Precisa, isto sim, de

Demonstrações. Os Balanços nadamais são do que demonstrações fe-chadas e de difícil entendimento.Balanço vem de balança e pressu-põe equilíbrio. Para tanto, precisamser fechados, equili-brados. Para fechá-los, alocamos os re-sultados obtidos nosgrupos ou colunas denatureza diversa dadeles. Vejamos, porexemplo, o caso doBalanço Patrimonial.Caso os valores doAtivo (natureza deve-dora) sejam maioresdo que os do PassivoExigível (naturezacredora) temos o quese chama dePatrimônio LíquidoPositivo, de naturezaoriginalmente deve-dora, já que sobramelementos no grupodo Ativo.

Para fechar o Balanço, temos dealocá-lo ao lado do Passivo, mudan-do-lhe a natureza original, de deve-dora para credora. Nessa condição,os defensores do Balanço não tive-ram outra saída a não ser chamá-lode Passivo Não-Exigível. Ora, nãoexiste obrigação não-exigível. Todaobrigação é exigível, seja no curto,médio ou longo prazos. Na forma dedemonstração essa inadequação de-saparece. As Demonstrações sãoabertas e possuem estrutura vertical

dedutiva, de fácil entendimento. Porexemplo, o Balanço Patrimonial, naforma de Demonstração seria: Ati-vo – Passivo Exigível – Resultadosde Exercícios Futuros (se houver) =Patrimônio Líquido (que pode serpositivo, negativo ou nulo). Outroexemplo de fácil entendimento ocorre

com a Demonstração do Fluxo deCaixa – DFC: Saldo Anterior + In-gressos – Saídas = Saldo Atual. Nemé preciso ter conhecimento de con-tabilidade para saber que o que eutenho agora (saldo atual), em espé-cie, corresponde ao que eu tinha an-tes (saldo anterior) mais o que in-gressou (entradas) menos o que saiu(saídas/vazamentos).

Na Contabilidade Pública, essaDemonstração tomou a forma deBalanço Financeiro e, para tanto, olegislador passou as saídas para o

outro lado da igualdade. A equaçãotomou a forma de Balanço, ou seja:Ingressos + Saldo Anterior = Saídas+ Saldo Atual. Fica evidente a difi-culdade de entendimento dessa es-trutura em forma de Balanço. A De-monstração do Resultado do Exer-cício – DRE é um excelente exem-

plo de como as de-monstrações sãoauto-explicativas e defácil entendimento.Os Balanços até po-deriam ser elabora-dos, principalmente oPatrimonial, mas deforma complementare apenas depois deelaboradas as De-monstrações.

No entanto, os Ba-lanços - principal-mente o Patrimonial -possuem algo inques-tionavelmente positi-vo: por meio deles, ométodo das partidasdobradas é facilmen-

te visualizado e inteiramente respal-dado. Fora deles, o método das par-tidas não encontra amparo. Aalocação, no Balanço Patrimonial,do Patrimônio Líquido Positivocomo sendo de natureza credora(contrária à original) traz outras con-seqüências: para aumentá-lo, as re-ceitas têm de ser credoras (de mes-ma natureza da dele) e, para dimi-nuí-lo, as despesas têm que ser de-vedoras (de natureza contrária à dadele). Mas, a lógica nos faz pensarque as receitas, embora não sejamcontas patrimoniais – são contas de

““

... a adoção daestrutura de Balanços

na elaboração das peçascontábeis dificulta, e muito,

a leitura e o entendimento dasinformações nelas contidas.A forma de Demonstrações éa que deveria ser adotada e o

Balanço seria umainformação adicional

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resultado -, mais se parecem combens ou direitos do que com obriga-ções. Ou seja, deveriam ser devedo-ras. O mesmo raciocínio vale paraas despesas: - a lógica nos leva a crerque são obrigações, embora não se-jam contas patrimoniais, mas a na-tureza devedora, adotada para pro-vocar reduções na Situação LíquidaPatrimonial, faz com que se asseme-lhem a bens ou direitos. O mesmoocorre com as reservas (de lucros,de capital e de reavaliação) que as-sumem natureza credora para pro-vocar acréscimos no Patrimônio Lí-quido. Mas, reservas, como o pró-prio nome está a indicar, nada maissão do que aquilo que se guarda,porque está sobrando, para utiliza-ção posterior. Logo, assemelham-sea direitos (natureza devedora) e nãodeveriam possuir natureza credora.

Certa feita, um aluno me pergun-tou se as reservas poderiam ser apli-cadas no mercado financeiro. Expli-quei-lhe que não, por não serem dis-ponibilidades, mas “obrigações nãoexigíveis”, de natureza credora. Dis-se-lhe, contudo, que o seu raciocí-nio estava correto, pelas razões queora exponho. E, tudo isso, por con-ta da mudança da natureza originaldo patrimônio líquido positivo, deforma a possibilitar o fechamento doBalanço Patrimonial.

Na Contabilidade Pública, todos osdemonstrativos têm a forma de Ba-lanço. Até mesmo a Demonstraçãodas Variações Patrimoniais toma aforma de Balanço ao ter o resultadopatrimonial positivo alocado na co-luna das Variações Passivas e o re-sultado patrimonial negativo alocadona coluna das Variações Ativas. Noentanto, todos eles poderiam ser ela-borados na forma de demonstrações.Repita-se: a adoção da estrutura deBalanços na elaboração das peçascontábeis dificulta, e muito, a leitu-ra e o entendimento das informações

nelas contidas. A forma de Demons-trações (abertas e de fácil entendi-mento) é a que deveria ser adotada eo Balanço seria uma informaçãoadicional. Todos os Balanços podemser abertos e virarem Demonstra-ções: para o bem do usuário das in-formações e para facilitar o estudo eo aprendizado da Contabilidade. $

Nota: O autor é graduado em Enge-nharia Civil pela Universidade Fede-ral da Bahia e Bacharel em CiênciasContábeis pela Fundação Visconde deCairu – Salvador (BA). Exerce, atu-almente, o cargo de Analista-Tribu-tário da RFB e é professor de diver-sas disciplinas em cursos preparató-

rios para concursos públicos.

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A Lei nº 11.457, de 16 demarço de 2007, que crioua Receita Federal do Bra-

sil, no seu artigo 50, prevê o enca-minhamento ao Congresso Nacional,no prazo de um ano da data da suapublicação, de Lei Orgânica dasAuditorias Federais, dispondo sobredireitos, deveres, garantias e prerro-gativas dos servidores integrantesdas Carreiras de que trata a Lei nº10.593, de 2002. A perspectivaquanto ao envio, pelo Poder Execu-tivo, de projeto de lei tratando dessamatéria tem fomentado discussões,entre as categorias funcionais, e suasrespectivas entidades representati-vas, sobre o seu conteúdo e respec-tivos efeitos. Por isso, cabe apresen-tarmos inicialmente alguns concei-tos e idéias gerais sobre o assunto.

Uma lei orgânica tem como objeti-vo principal estruturar o seu objeto,definindo e disciplinando os elemen-tos basilares que o compõem. NoBrasil, quando tratamos desse tema,somos remetidos às leis que regula-mentam dispositivos da ConstituiçãoFederal referentes a funções do Es-tado e às carreiras públicas, como éo caso da Lei Orgânica da Magis-tratura Nacional, da Lei Orgânica doMinistério Público e da Lei Orgâni-ca da Advocacia-Geral da União. Emquase todos os casos, a Constitui-ção demanda lei complementar paratratar da matéria.

Os órgãos e carreiras alvos de leisorgânicas passam a gozar de mais

estabilidade na sua estrutura, quenão pode mais ser alterada por umsimples ato normativo editado porum determinado governo, além dedispor de autonomia, direitos, deve-res, prerrogativas e garantias, o queenvolve, por exemplo, um regimejurídico diferenciado para os seusservidores. Obviamente que, no casode organização por lei complemen-tar, a referida estabilidade é aindamaior, pois nem lei ordinária podealterá-la.

Para as administrações tributárias,apesar de julgarmos que melhor se-ria a existência de lei complementartratando dos elementos mais impor-tantes da sua organização, a Consti-tuição não prevê norma dessa espé-cie ao dispor sobre essa matéria, oque nos leva a descartar a hipótese.No entanto, embora a Carta Magnanão demande, tampouco, de formaexpressa, uma lei ordinária que dis-ponha sobre sua organização, elatrata das administrações tributáriasem alguns dispositivos, concedendo-lhes distinções e prerrogativas queoutros setores da administração pú-blica não possuem, como o status deatividade essencial ao funcionamentodo Estado, prioridade de recursos,precedência sobre demais setores,etc. Cabe transcrever aqui esses dis-positivos:

“Art. 37. A administração públicadireta e indireta de qualquer dos Po-deres da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios obe-

decerá aos princípios de legalidade,impessoalidade, moralidade, publi-cidade e eficiência e, também, aoseguinte:

.XVIII - a administração fazendáriae seus servidores fiscais terão, den-tro de suas áreas de competência ejurisdição, precedência sobre os de-mais setores administrativos, na for-ma da lei;

.XXII - as administrações tributá-rias da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios, ati-vidades essenciais ao funcionamen-to do Estado, exercidas por servido-res de carreiras específicas, terãorecursos prioritários para a realiza-ção de suas atividades e atuarão deforma integrada, inclusive com ocompartilhamento de cadastros e deinformações fiscais, na forma da leiou convênio. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 42, de19.12.2003)”

“Art. 167. São vedados:

.IV - a vinculação de receita de im-postos a órgão, fundo ou despesa,ressalvadas a repartição do produtoda arrecadação dos impostos a quese referem os arts. 158 e 159, adestinação de recursos para as açõese serviços públicos de saúde, paramanutenção e desenvolvimento doensino e para realização de ativida-des da administração tributária,como determinado, respectivamen-te, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37,XXII, e a prestação de garantias às

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operações de crédito por antecipa-ção de receita, previstas no art. 165,§ 8º, bem como o disposto no § 4ºdeste artigo; (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 42, de19.12.2003)”

Para produzir efeitos, esses dispo-sitivos carecem de regulamentaçãopor lei ordinária. Daí a conveniên-cia e oportunidade de criação de umalei orgânica que discipline em umúnico texto todos esses dispositivosconstitucionais. Sem previsão cons-titucional de lei que trate da matériaem nível nacional, impõe-se a exis-tência de uma lei orgânica por entefederativo. Em nível federal, o art.50 da Lei nº 11.457/2007 veio ape-nas reforçar a idéia da criação deuma lei orgânica para a administra-ção tributária federal com o estabe-lecimento de prazo para o seu envioao Legislativo. Embora intitulada“Lei Orgânica das Auditorias Fede-rais”, ela certamente disporá tambémsobre a estrutura da AdministraçãoTributária da União.

O conceito e o papel desempenha-do pela administração tributária fe-deral dentro do Estado provavelmen-te será o tema do primeiro artigo dalei. A sua composição, e as compe-tências de cada órgão, também de-verão ser abordadas. Um ponto re-levante a ser esclarecido nessa opor-tunidade é a definição quanto ao ca-ráter de administração tributária dafiscalização do trabalho. A Secreta-ria da Receita Federal do Brasil,como órgão mais importante da ad-ministração tributária federal, certa-mente terá diversos aspectos relati-vos à sua organização e funciona-mento disciplinados por essa lei.

Serão também definidos os cargose carreiras que compõem a adminis-

tração tributária federal, e estabele-cidos requisitos e critérios para in-gresso, progressão, promoção, remo-ção, férias, licenças, além de garan-tias, prerrogativas, deveres e proi-bições aos seus integrantes. Essescargos e carreiras terão, com essalei, tratamento específico, o que po-derá envolver ônus e bônus aos seusintegrantes.

Cabe a nós, Analistas-Tributários,em primeiro lugar, reivindicar a con-fecção de uma autêntica Lei Orgâ-nica, que abranja no seu corpo to-dos os elementos fundamentais queestruturam a carreira Auditoria daReceita Federal do Brasil, incluindosuas atribuições, estrutura de clas-ses e padrões e forma de remunera-ção adotada. Com isso, teremos aoportunidade de discutir esses assun-tos e buscaremos corrigir os erros einjustiças que prejudicam não só anossa categoria, mas também o ren-dimento da Instituição.

Lutaremos para que assuntos per-tinentes não acabem sendo evitados,ou que sejam adotadas soluções pa-liativas, por razões meramente polí-ticas. Não admitiremos a perpetua-ção e muito menos o agravamentodo status quo atual, que impõe arti-ficialmente um sistema de hierarquiarígida entre os cargos e que discri-mina os Analistas-Tributários, ne-gando a realidade do Órgão. A ten-tativa de agravamento poderá vir pormeio de desarrazoada concessão deprerrogativas, que devem ser da Car-reira, ao cargo de Auditor Fiscal, oque não aceitaremos em hipótese al-guma.

Fiquemos atentos, pois as mesmasforças que foram responsáveis pelodescabido elenco de atribuições pri-vativas de auditores fiscais, podem

agora tentar impor um absurdo rolde garantias e prerrogativas especí-ficas desse cargo. Ressaltamos quenão somos e nem seremos contrári-os à valorização dos auditores fis-cais. Seremos sempre contrários àdesvalorização dos Analistas-Tribu-tários.

Na discussão da Lei Orgânica, te-remos também a oportunidade dereivindicar outras medidas, como ainstituição de diferencialremuneratório para atividades de ris-co ou insalubres, alteração do valordas diárias, atribuição de poder depolícia no desempenho de algumasatividades, isenção de taxas relati-vas ao porte de arma, paridade entreativos e inativos, etc.

A remuneração do nosso cargo,mesmo que não venha a ser tratadapela Lei Orgânica, deve serconcomitantemente debatida com oGoverno. As atribuições, as prerro-gativas, os deveres e as proibiçõesrelativas ao nosso cargo têm íntimarelação com a forma e com os valo-res remuneratórios a serem adotados.A via da remuneração por meio dosubsídio poderá ser colocada empauta novamente.

Pretendemos, a partir de junho, ini-ciar um processo de ampla discus-são com a categoria sobre esse temavisando a elaboração de uma pro-posta que represente os seus anseios,através da realização de plenáriaslocais e seminários regionais. O tra-tamento dado aos Analistas-Tribu-tários nessa lei orgânica definirá oespaço e a posição da categoria naReceita Federal do Brasil, e, comisso, o seu status e nível de impor-tância. Portanto, é hora demobilização, pois o futuro dos Ana-listas-Tributários estará em jogo. $

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Os Encontros Regionais caíram nogosto dos Analistas-Tributários Apo-sentados da Receita Federal do Bra-sil. A fórmula desse sucesso não temnenhum segredo, porque o cuidadoe atenção com que são tratados ospreparativos e realização dos even-tos é recíproco, tanto da DiretoriaExecutiva Nacional (DEN) quantodos participantes. Os objetivos pro-postos têm sido alcançados e, porisso, temos a convicção que os En-contros dos Aposentados já estãoinseridos na agenda ordinária deeventos do Sindireceita.

Segundo Hélio Bernades, diretorde Aposentados e Pensionistas daDEN, a proposta dos EncontrosRegionais é reunir o maior númeropossível de colegas e propiciar umfinal de semana de confraternizaçãoe alegria, tendo como foco a buscada motivação e efetiva participaçãodos aposentados nas lutas em defe-sa da categoria. “Nosso objetivo évalorizar os Analistas-Tributáriosaposentados, incentivá-los para so-mar forças nos trabalhos do sindi-cato, além de tratar das questões deinteresse da categoria”, destaca

Bernades.

Entre os dias 15 a 17 de junho de2007, será realizado o II EncontroRegional dos Analistas-TributáriosAposentados da região sul (Paraná,Santa Catarina e Rio Grande doSul), em Bento Gonçalves/RS. $

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