panorama do at - revelação progressiva

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1 Estudo Bíblico – Introdução ao Antigo Testamento Panorama Geral da Revelação Progressiva de Deus no AT O presente estudo tem por objetivo apresentar aos professores da E.B.D. um panorama geral da revelação progressiva de Deus no antigo testamento, como elemento complementar ao estudo de teologia bíblica a fim de embasar as lições da revista da escola dominical para o tema semestral dos profetas menores. Mais do que mostrar o ofício de profeta e a profecia como exercício do sacerdote, pretendemos explicar de que forma os profetas são inseridos no contexto da revelação de Deus, a partir de que momento eles são elementos da manifestação divina e como se encaixam na história do povo hebreu. O Antigo Testamento é rico de muitos modos – em seus vários tipos de literatura (história, lei, poesia, profecia), em seu período histórico (da criação a restauração de Israel do exílio), em seus detalhes proféticos concernentes a Primeira e Segunda Vinda de Cristo, e em seu tema multifacetado. Todo aquele que lê o Antigo Testamento percebe nitidamente a gama de temas, entre eles, falando em termos gerais: Deus, o homem, o pecado, a relação ligada a redenção e aliança de Deus com o homem, e o futuro governo messiânico do Filho de Deus, o Messias. Como os vários segmentos da Bíblia se relacionam com estes temas e a função da Teologia Bíblica de mostrar o que a Bíblia ensina teologicamente. (Zuck, Roy B., Biblical Theology ofthe Old Testament, 1991) Este estudo irá conduzir os professores da E.B.D. do Ministério Shalom ao longo do Antigo Testamento, partindo do Pentateuco e chegando a profecia, examinando a consistência e o conteúdo de seus livros nos ensinos doutrinais. Deus escolheu Abraão para ser o progenitor de uma nação por meio da qual Ele mediaria o governo do Reino; e o Filho de Deus, um descendente de Abraão, reinará sobre a humanidade e o universo. O caminho descendente da rebelião do homem contra Deus é por vezes cruzado por misericórdia (Deus é misericordioso aos pecadores) e, outras vezes por julgamento (Deus julga o pecado). Os indivíduos são sábios à medida em que aceitam a graça perdoadora de Deus, seguem o caminha da vida justa, levantam-se em louvor ao Redentor amoroso e Soberano aterrador, e esperam com avidez o prometido estabelecimento do governo do Soberano sobre a Terra. (Zuck, Roy B., Biblical Theology ofthe Old Testament, 1991)

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O presente estudo tem por objetivo apresentar aos professores da E.B.D. um panorama geral da revelação progressiva de Deus no antigo testamento, como elemento complementar ao estudo de teologia bíblica a fim de embasar as lições da revista da escola dominical para o tema semestral dos profetas menores. De Genesis até os profetas.

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Page 1: Panorama do AT - Revelação Progressiva

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Estudo Bíblico – Introdução ao Antigo Testamento

Panorama Geral da Revelação Progressiva de Deus no AT

O presente estudo tem por objetivo apresentar aos professores da E.B.D. um panorama geral da revelação progressiva de Deus no antigo testamento, como elemento complementar ao estudo de teologia bíblica a fim de embasar as lições da revista da escola dominical para o tema semestral dos profetas menores.

Mais do que mostrar o ofício de profeta e a profecia como exercício do sacerdote, pretendemos explicar de que forma os profetas são inseridos no contexto da revelação de Deus, a partir de que momento eles são elementos da manifestação divina e como se encaixam na história do povo hebreu.

O Antigo Testamento é rico de muitos modos – em seus vários tipos de literatura (história, lei, poesia, profecia), em seu período histórico (da criação a restauração de Israel do exílio), em seus detalhes proféticos concernentes a Primeira e Segunda Vinda de Cristo, e em seu tema multifacetado. Todo aquele que lê o Antigo Testamento percebe nitidamente a gama de temas, entre eles, falando em termos gerais: Deus, o homem, o pecado, a relação ligada a redenção e aliança de Deus com o homem, e o futuro governo messiânico do Filho de Deus, o Messias. Como os vários segmentos da Bíblia se relacionam com estes temas e a função da Teologia Bíblica de mostrar o que a Bíblia ensina teologicamente. (Zuck, Roy B., Biblical Theology ofthe Old Testament, 1991)

Este estudo irá conduzir os professores da E.B.D. do Ministério Shalom ao longo do Antigo Testamento, partindo do Pentateuco e chegando a profecia, examinando a consistência e o conteúdo de seus livros nos ensinos doutrinais.

Deus escolheu Abraão para ser o progenitor de uma nação por meio da qual Ele mediaria o governo do Reino; e o Filho de Deus, um descendente de Abraão, reinará sobre a humanidade e o universo. O caminho descendente da rebelião do homem contra Deus é por vezes cruzado por misericórdia (Deus é misericordioso aos pecadores) e, outras vezes por julgamento (Deus julga o pecado). Os indivíduos são sábios à medida em que aceitam a graça perdoadora de Deus, seguem o caminha da vida justa, levantam-se em louvor ao Redentor amoroso e Soberano aterrador, e esperam com avidez o prometido estabelecimento do governo do Soberano sobre a Terra. (Zuck, Roy B., Biblical Theology ofthe Old Testament, 1991)

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Conceito de Teologia do Antigo Testamento

O conceito de Teologia do Antigo Testamento está ligado ao conceito de “teologia”. Por definição, se entendermos “teologia” como sendo “o estudo de Deus e de sua revelação ao homem”, consequentemente a Teologia do Antigo Testamento será “o estudo de Deus e de sua revelação ao homem no Antigo Testamento”.

Quando professamos a nossa fé, começamos dizendo: “Eu creio” ou “nós cremos”. A fé é uma resposta da pessoa humana a Deus que se revela e se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz superabundante à pessoa humana em busca do sentido último de sua vida. Nós cremos em um Deus, infinito e perfeito, o criador e sustentador do universo, que existe eternamente em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, e deseja compartilhar o seu amor de uma maneira pessoal com cada um. Deus dirige a nós um convite para dialogar com ele. Esse diálogo começa com a nossa existência. Se existimos é porque Deus nos criou por amor e, por amor, não cessa de nos dar o ser. Só vivemos plenamente se reconhecermos livremente este amor e nos entregamos ao Criador.

No campo da fé, nós cremos em um Deus pessoal, com consciência, autoconsciência (que é a consciência que reflete sobre si própria), vontade, caráter e que fala e se comunica, Ele se expressa com a sua criatura, e nesse campo da fé, cremos que Deus se revelou através de sua palavra, no caso, a Bíblia Sagrada ao longo de sua história junto ao homem e a nação escolhida por Ele. Em um quadro de progressão podemos observar essa revelação de Deus ao longo da Bíblia Sagrada.

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Como Deus se revelou ?

Tudo o que sabemos sobre o Cristianismo nos foi revelado por Deus. Revelar significa "tirar o véu." Tem a ver com remover a cobertura e descobrir algo que está encoberto.

A Bíblia declara que Deus se revela de várias maneiras. Manifesta sua glória na natureza e por meio dela. Revelou-se nos tempos antigos por meio de sonhos e visões. As marcas da sua providência se manifestam nas páginas da História. Revela-se nas Escrituras inspiradas. O ponto mais alto da sua revelação é visualizado em Jesus Cristo, tornando-se ser humano – o que os teólogos chamam de "encarnação".

O autor da carta aos Hebreus escreveu: Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Hebreus 1.1,2.

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Embora a Bíblia fale das "diversas maneiras" em que Deus se revela, distinguimos entre dois tipos principais de revelação – a geral e a especial. A revelação geral é chamada assim por duas razões: (1) ela é geral no conteúdo e (2) é revelada para uma audiência geral.

Conteúdo Geral

A revelação geral nos proporciona o conhecimento de que Deus existe. "Os céus proclamam a glória de Deus", diz o salmista. A glória de Deus é manifesta nas obras das suas mãos. Essa manifestação é tão clara e visível que nenhuma criatura pode deixar de percebê-la. Ela revela o poder eterno de Deus e sua divindade (Rm.1.18-23). A revelação na natureza, porém, não proporciona uma revelação plena de Deus. Não nos dá informações sobre o Deus Redentor que encontramos na Bíblia. O Deus que se revela na natureza, entretanto, é o mesmo Deus que se revela na Bíblia.

Público Geral

Nem todas as pessoas no mundo já leram a Bíblia ou ouviram a proclamação do Evangelho. A luz da natureza, porém, brilha sobre todos, em todos os lugarem em todo o tempo. A revelação geral de Deus acontece diariamente. Deus nunca fica sem um testemunho de si mesmo. O mundo visível é como um espelho que reflete a glória do seu Criador.

O mundo é um palco para Deus. Ele é o ator principal, que aparece em primeiro plano e no centro. Nenhuma cortina pode fechar-se para obscurecer sua presença. Basta um olhar de relance na criação para se perceber que a natureza não é sua própria mãe. Não existe a tal "Mãe Natureza". A natureza em si mesma não tem poderes para produzir qualquer tipo de vida. A natureza, em si é estéril.

O poder de produzir a vida reside no Autor da natureza – Deus. Colocar a natureza como a fonte de vida é confundir a criatura com o Criador. Todas as formas de adoração da natureza, portanto, são atos de idolatria e são abomináveis para Deus.``A luz da força da revelação geral, todo ser humano sabe que Deus existe. O ateísmo envolve a negação total de algo que é reconhecido como verdadeiro.

Por isso a Bíblia diz: "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus." (Sl. 14.1). Quando as Escrituras tratam tão severamente o ateu, chamando-o de "insensato", elas estão fazendo um julgamento moral dele. Ser insensato, em termos bíblicos, não significa Ter pouco entendimento ou falta de inteligência; é ser imoral. Como o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, assim a negação de Deus é o máximo da loucura.

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Semelhantemente o agnóstico nega a validade da revelação geral. O agnóstico, porém, é menos berrante que o ateu. Ele não nega terminantemente a existência de Deus. Pelo contrário, ele declara que as evidências são insuficientes para se decidir de uma maneira ou de outra quanto à existência de Deus. Prefere suspender seu julgamento, deixando o tema da existência de Deus uma questão em aberto. À luz da clareza da revelação geral, entretanto, a posição do agnosticismo não é menos abominável para Deus do que a do ateísta militante.

Para qualquer pessoa, porém, cuja mente e coração estão abertos, a glória de Deus é maravilhosa de se ver – desde os bilhões de universos no firmamento, até as partículas subatômicas que formam a menor das moléculas. Que Deus incrível nós servimos!

Autor: R. C. Sproul

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As cinco formas da revelação

1 – Revelação Moral

2 – Revelação Natural

3 – Revelação na História

4 – Revelação Final

5 – Revelação Especial

Rm 2:14-15 De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os.

Sl 19:1-4 Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol,

Dt 26:7-8 Então clamamos ao Senhor, ao Deus dos nossos antepassados, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu o nosso sofrimento, a nossa fadiga e a opressão que sofríamos. Por isso o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço forte, com feitos temíveis e com sinais e maravilhas.

Mc 1:9,16-17 Naquela ocasião Jesus veio de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no Jordão. Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens".

Mc 1:9,16-17 E disse-lhes: "Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos". Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras. E lhes disse: "Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas.

Ao longo da história do homem Deus estabelece um processo de revelação que podemos dividir em etapas sequenciais.

1. A criação, a sua presença, Deus e o homem no paraíso, a queda, o pecado e a expulsão do paraíso, o dilúvio e a primeira aliança, babel e a decadência humana.

2. Deus e a eleição dos patriarcas, Abraão, Isaque, Jacó e José, estabelecimento do povo cativo no Egito e Moisés.

3. Moisés lidera a saída do Egito. 4. Moisés recebe o projeto de nação através das tábuas da lei. 5. Deus estabelece através das celebrações do povo hebreu o credo histórico.

Criação - Queda - Dilúvio - Babel

Patriarcas - Abraão - Isaque -

Jacó - José

Moisés - Exodo (saida 1-19)

O Sinai - Lei Mosaica

(projetos)

As celabrações e festas de Israel - Credo histórico

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Lei Mosaica - Apresenta 3 projetos de Deus para o homem

As Festas de Israel Mês Dia Festa Retrospectiva Prospectiva Estabelecida Escritura

1 - Nissan 14 Páscoa Redenção do Primogênito

Morte Redentora de Cristo Lev. 23:4-5

I Cor 5:7 - I Pedro 1:18-19

1 - Nissan 15-21 Pães

Ázimos Separação de outras

nações Viver Santo dos crentes Lev. 23:6-8 I Cor 5:7 -8 Gálatas 5.9,16-17

1 - Nissan 16 Primícias Início da colheita na

terra Ressurreição de Cristo Lev. 23:9-14 I Cor 15:20-23

3 - Sivan 6 Pentecostes Conclusão da Colheita Envio do Espírito Santo Lev. 23:15-22 Atos 2:1-47 I Cor 12:13

O credo histórico – Deuteronômio 26:5-11

5 Então testificarás perante o Senhor teu Deus, e dirás: Arameu, prestes a perecer, foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com pouca gente, porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa, e numerosa. 6 Mas os egípcios nos maltrataram e nos afligiram, e sobre nós impuseram uma dura servidão. 7 Então clamamos ao Senhor Deus de nossos pais; e o Senhor ouviu a nossa voz, e atentou para a nossa miséria, e para o nosso trabalho, e para a nossa opressão. 8 E o Senhor nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; 9 E nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. 10 E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e te inclinarás perante o Senhor teu Deus, 11 E te alegrarás por todo o bem que o Senhor teu Deus te tem dado a ti e à tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.

Projeto de Culto e

Liturgia

Projeto Ético

Projeto de Estado e Nação

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CREDO HISTÓRICO EXPLICADO

• ANTECEDENTES: Meu pai era arameu prestes a perecer, v.5; • AFLIÇÃO: Os egípcios nos afligiram, v.6; • SÚPLICA: Clamamos a Deus, v. 7a; • ATENDIMENTO: Deus nos ouviu e reparou na nossa miséria,

v. 7b; • SALVAÇÃO. Deus nos conduziu para fora do Egito, v.8, e nos

transferiu para este lugar, entregando-nos a terra, v.9; • RESPOSTA DO REDIMIDO: Portanto, eu ofereço...v, 10.

Adorando e jubilando, v.11.

A importância do credo histórico se dá através da realização das celebrações e festas de Israel em obediência a Lei Mosaica, início da tradição oral onde Deus continua a sua revelação, nas canções, poesias, nos salmos, se fazendo conhecer pela sua presente atuação junto ao seu povo. Uma observação interessante e que infelizmente vemos acontecer no decorrer dessa relação com Deus, é a inconstância do povo hebreu em relação a Deus, esquema recorrente no livro de Juízes e Reis, causado principalmente pela falta de conhecimento de Deus e dos seus feitos.

No capítulo final (24) de Josué, o profeta chama a atenção do povo para o cuidado em se observar essa tradição e o povo lhe responde: “Então o povo respondeu: "Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses! Foi o próprio Senhor, o nosso Deus, que nos tirou, a nós e a nossos pais, do Egito, daquela terra de escravidão, e realizou aquelas grandes maravilhas diante dos nossos olhos. Ele nos protegeu no caminho e entre as nações pelas quais passamos. “

Mas infelizmente não é o que ocorre, no capítulo 2 do livro de Juízes temos a constatação

dessa falha: “Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel.”

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Revelação de Deus na história por feitos heroicos e seus heróis

• Elias e os profetas de baal – I Reis 18 • Davi e Golias – I Sm 17 • Daniel na cova dos leões – Daniel 6

Revelação de Deus na história através dos profetas

• Profetas maiores • Profetas menores

O percurso da Bíblia Sagrada na Revelação de Deus

• Acontecimentos e Experiências • Interpretação e formulação • Assimilação (percepção de Deus) • Transmissão oral • Escritura • Cânon • Traduções

Percepção de Deus

Podemos observar no transcorrer do antigo testamento a construção da percepção humana do Divino através de suas narrativas, como elas são interpretadas e assimiladas, criando muitas vezes uma imagem distorcida de Deus e que somente na figura de Jesus podemos corrigir os padrões estabelecidos.

Um exemplo desta percepção, podemos observar no salmo 128 e no capítulo 5 do livro de Mateus. O salmista externa a visão que ele tem de “bem-aventurado”, não está errado, mas na figura de Jesus vemos a verdadeira interpretação de “bem-aventurado”, aos olhos de Deus.

Vejamos:

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Outra passagem interessante de se observar com relação a essa visão e interpretação dos antigos sobre Deus é a oração em precatória do salmista. Oração em precatória é uma oração em que se pede algo, em rogatória:

Observe também o problema de Saul:

I Samuel 15

Samuel disse a Saul: "Eu sou aquele a quem o Senhor enviou para ungi-lo como rei de Israel, o povo dele; por isso escute agora a mensagem do Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Castigarei os amalequitas pelo que fizeram a Israel, atacando-os quando saíam do Egito. Agora vão, ataquem os amalequitas e consagrem ao SENHOR para destruição tudo o que lhes pertence. Não os poupem; matem homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, bois, ovelhas, camelos e jumentos".

Vai, pois, fere Amalec e vota ao interdito tudo o que lhe pertence, sem nada poupar: matarás homens e mulheres, crianças e meninos de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.

Aparentemente a dura ordem de Deus ao rei Saul apresenta uma Deus irado e cruel, mas poucos se lembram da promessa feita a Abraão.

Será que vocês, poderosos, falam de fato com justiça? Será que vocês, homens, julgam retamente? Não! No coração vocês tramam a injustiça, e na terra as suas mãos espalham a violência. Os ímpios erram o caminho desde o ventre; desviam-se os mentirosos desde que nascem. Seu veneno é como veneno de serpente; tapam os ouvidos, como a cobra que se faz de surda para não ouvir a música dos encantadores, que fazem encantamentos com tanta habilidade. Quebra os dentes deles, ó Deus; arranca, Senhor, as presas desses leões! Desapareçam como a água que escorre! Quando empunharem o arco, caiam sem força as suas flechas! Sejam como a lesma que se derrete pelo caminho; como feto abortado, não vejam eles o sol! Os ímpios serão varridos antes que as suas panelas sintam o calor da lenha, esteja ela verde ou seca. Os justos se alegrarão quando forem vingados, quando banharem seus pés no sangue dos ímpios. Então os homens comentarão: "De fato os justos têm a sua recompensa; com certeza há um Deus que faz justiça na terra". Salmos 58:1-11

"Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém lhe tirar a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica. Dê a todo o que lhe pedir, e se alguém tirar o que pertence a você, não lhe exija que o devolva. Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles. "Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os ‘pecadores’ amam aos que os amam. E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os ‘pecadores’ agem assim. Lucas 6:27-33

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Então o Senhor lhe disse: "Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra que não lhes pertencerá, onde também serão escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação a quem servirão como escravos e, depois de tudo, sairão com muitos bens. Você, porém, irá em paz a seus antepassados e será sepultado em boa velhice. Na quarta geração, os seus descendentes voltarão para cá, porque a maldade dos amorreus ainda não atingiu a medida completa". Depois que o sol se pôs e veio a escuridão, eis que um fogareiro esfumaçante, com uma tocha acesa, passou por entre os pedaços dos animais. Naquele dia o Senhor fez a seguinte aliança com Abrão: "Aos seus descendentes dei esta terra, desde o ribeiro do Egito até o grande rio, o Eufrates: a terra dos queneus, dos quenezeus, dos cadmoneus,dos hititas, dos ferezeus, dos refains,dos amorreus, dos cananeus, dos girgaseus e dos jebuseus". Gênesis 15:13-21

Na quarta geração voltarão para cá, porque a taça da iniqüidade dos amorreus ainda não está cheia.

Conquista da terra prometida Josué Juizes Samuel Reis

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Introdução ao Antigo Testamento

PENTATEUCO

A Bíblia é a maior obra de literatura, história e teologia já escrita. EM sua produção, preservação, proclamação e resultado (mudou a história, tem mudado vidas), ela permanece sendo o mais singular livro em existência. É uma unidade numa diversidade de autores, extensão de tempo e formas literárias. O Antigo e o Novo Testamentos se combinam agradavelmente para criar um copioso fluxo desde a eternidade passada até a eternidade futura, desde as altitudes do céu até as profundezas do inferno. Nestes sessenta e seis livros, descobrimos nosso passado, entendemos nosso presente e granjeamos esperança quanto a nosso futuro.

O Antigo Testamento é uma história redentora que lança o fundamento sobre o qual o Novo Testamento se edifica. Há uma revelação progressiva nas Escrituras, e o que se antecipa no Antigo Testamento é desvendado no Novo. O Antigo olha para frente e o Novo olha para trás, para o evento central de toda a história – a morte substitutiva do Messias.

O Antigo Testamento foi originalmente dividido em duas seções: a Lei e os Profetas (vejam-se Mt 7.12; LC 16.16,29,31). Estas por fim, se expandiram numa tríplice divisão: a Lei, os Profetas e os Escritos (Lc 24.44). Todos os trinta e nove livros, em nosso Antigo Testamento, estão contidos nos vinte s quatro livros da Bíblia Hebraica.

A tradução grega do Antigo Testamento organizou os livros nas quatro divisões que usamos atualmente: Lei (5); História (12); Poesia (5); e Proféticos (17). Os cinco livros da lei podem ser combinados os doze livros históricos para obter-se a estrutura a seguir.

Os dezessete livros históricos traçam toda a história de Israel desde o seu início até o tempo do profeta Malaquias. No Pentateuco, Israel foi escolhido, redimido, disciplinado e instruído. Os doze livros históricos restantes registram a conquista da terra, o período dos juízes, a formação de um reino unido e a divisão desse reino ao Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá). Cada reino foi levado para o cativeiro, muitas das pessoas, porém, eventualmente regressaram.

Os cinco livros poéticos focalizam uma correta relação com Deus como a base para uma vida significativa, experiente e bela.

Os dezessete livros proféticos contêm uma mensagem bifurcada de condenação (por causa da iniquidade e idolatria de Israel) e consolação (futura esperança a respeito do juízo presente). Com frequência e a grande custo pessoal, estes homens se recusaram a abrandar as fortes palavras de Deus.

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Do grego, "os cinco rolos", o pentateuco é composto pelos cinco primeiros livros da Bíblia. Entre os judeus é chamado de Torá, uma palavra da língua hebraica com significado associado ao ensinamento, instrução, ou especialmente Lei, uma referência à primeira secção do Tanakh, os primeiros cinco livros da Bíblia Hebraica, atribuído a Moisés. Os judeus também usam a palavra Torá num sentido mais amplo, para referir o ensinamento judeu através da história como um todo. Neste sentido, o termo abrange todo o Tanakh, o Mishnah, o Talmud e a literatura midrash. Em seu sentido mais amplo, os judeus usam a palavra Torá para referir-se a todo e qualquer tipo de ensino ou filosofia.

A Teologia tradicional atribui a autoria a Moisés, entretanto existem outras teorias. A Edição Pastoral da Bíblia sustenta que o Pentateuco tem origem na Tradição oral e foi escrito durante seis séculos, reformulando, adaptando e atualizando tradições antigas e criando novas. Julius Wellhausen (1844-1918) sustenta que o Pentateuco é uma obra redacional, composta de quatro diferentes tradições (documentos): a Javista com textos compostos na época da Monarquia (950 AC), a Eloísta com textos posteriores ao ano 750 AC, a Deuteronomista com textos escritos aproximadamente no ano 600 AC e a Sacerdotal com textos escritos no exílio babilônico (por volta do ano 500 AC).

Genesis - Primeiro livro da Bíblia. Narra acontecimentos, desde a criação do mundo, na perspectiva judaica (o chamado "relato do Genesis"), passando pelos Patriarcas hebreus, até à fixação deste povo no Egito, depois da história de José. Genesis segundo a mitologia Judaica é o início, é o principio da criação dos ceús, da terra, da humanidade e de tudo quanto existe vida, todos os seres. O livro é o primeiro dos cinco livros atribuídos a Moisés.

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Êxodo - O livro conta a história da saída do povo de Israel do Egito, onde foram escravos

durante 400 anos. Narra o nascimento, a vida e o ministério de Moisés diante do povo de Israel, bem como o estabelecimento da Lei e a construção do Tabernáculo. Mostra o início de um relacionamento entre o povo recém-saído do Egito e Deus através de uma aliança proposta pelo próprio Deus. É a organização do Judaísmo.

Levítico - Basicamente é um livro teocrático, isto é, tem caráter legislativo; apresenta em seu texto o ritual dos sacrifícios, as normas que diferenciam o puro do impuro, a lei da santidade e o calendário religioso entre outras normas e legislações que regulariam a religião.

Números - Este livro é de interesse histórico, pois fornece detalhes acerca da rota dos israelitas no deserto e de seus principais acampamentos. Pode ser dividido em três partes:

• O recenseamento do povo no Sinai e os preparativos para retomar a marcha (1-10:10). O capítulo 6 relata o voto de Nazireu.

• A história da jornada do Sinai até Moabe, o envio dos espiões e o relato que fizeram, e as murmurações (oito vezes) do povo contra as dificuldades do caminho (10:11-21:20).

• Os eventos na planície de Moabe, antes da travessia do Jordão (21:21-cap. 36).

Deuteronômio - Contém os discursos de Moisés ao povo, no deserto, durante seu êxodo do Egito à Terra Prometida por Deus. Os discursos contidos nesse livro, em geral, reforçam a idéia de que servir a Deus não é apenas seguir sua lei. O título provém do grego e quer dizer: Segunda Lei, ou melhor, Repetição da Lei. Em Êxodo, Levítico e Números, as leis foram dadas, conforme a necessidade da ocasião, a um povo acampado no deserto. Em Deuteronômio, essas leis foram repetidas a uma geração que, dentro em breve, moraria nas casas, vilas e cidades da terra prometida.

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Introdução ao Antigo Testamento

JOSUÉ

Josué, o primeiro dos doze livros históricos (Josué – Ester), forma um elo de ligação entre o Pentateuco e o restante da história de Israel. Através de três campanhas militares, envolvendo mais de trinta exércitos inimigos, o povo de Israel aprende crucial lição sob a capaz liderança de Josué: A vitória vem por meio da fé em Deus e na obediência à sua Palavra, e não propriamente do poderio militar ou da superioridade numérica.

A primeira metade de Josué (caps. 1-12) descreve os sete anos de conquista da terra; a segunda metade (caps. 13-24) relata a partilha e assentamento da terra entre as doze tribos.

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Introdução ao Antigo Testamento

JUÍZES

O livro de Juízes está em completo contraste com Josué. Ali, um povo obediente conquistou a terra por meio da confiança no poder de Deus. Em Juízes, porém, um povo desobediente e idólatra é frequentemente derrotado em virtude de sua rebelião contra Deus. Em sete ciclos distintos de pecado, Juízes mostra como uma nação se afastou da Lei de Deus, e em lugar disso “fizeram tudo o que era reto a seus próprios olhos” (21.25). Resultado: corrupção de dentro e opressão de fora. De tempos em tempos Deus suscita campeões militares para despedaçar o jugo da escravidão e restaurar a nação ao culto puro. Mas assim que o “ciclo de pecado” recomeça, a temperatura espiritual da nação imediatamente se torna mais fria.

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Uma situação recorrente no livro de Juízes é a inconstante relação entre o povo de Israel e Deus pela falta de conhecimento desta geração dos muitos feitos do Senhor para a nação escolhida. Semelhante fato irá ocorrer também na geração dos reis de Israel, principalmente após a divisão do reino. Veja o quadro a seguir:

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RUTE

Um livro que merece atenção pela sua positiva construção ética e pelo exemplo de relação com Deus é o livro de Rute. Apropriadamente colocado segundo o cânon juntamente com o livro de Juízes, o livro de Rute contrasta positivamente com a decadência de Juízes, pois apresenta uma contraposição em vários aspectos: mostra a justiça e a pureza em contraste a imoralidade; a fidelidade em contraste a idolatria; a devoção em contraste a deslealdade; e etc.

Rute é um belo “interlúdio de amor” situado no período dos Juíze em Israel – uma era marcada pela imoralidade, pela idolatria e pela guerra. Esta ardente história de devoção e fidelidade registra a vida de Rute, uma viúva moabita que deixa a sua pátria para viver com sua solitária sogra judia em Belém. Deus honra seu compromisso guiando-a ao campo de Boaz (um parente próximo), onde ela colhe grãos e eventualmente encontra um esposo. O livro se encerra com uma breve genealogia na qual o nome de Boaz é proeminente como o bisavô do Rei Davi, através de quem adviria o Cristo.

Uma magnífica história de amor, onde o cumprimento de um simples preceito de Deus – deixar algumas migalhas nos campos, para o suprimento dos pobres e miseráveis. Este simples preceito coloca Boaz e Rute, nada mais, nada menos que, na genealogia de Jesus Cristo.

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A contribuição à Bíblia do Livro de Rute é inegável – (1) Literária – Rute é um livro simples, porém, profundo. É um dos melhores exemplos da literatura de amor e piedade filiais. (2) Histórica – Rute provê uma ponte entre os juízes e a monarquia (esta última palavra é “Davi”). Ilustra a fidelidade em meio a infidelidade. (3) Doutrinária – Rute alcança os gentios que estão fora do escopo da redenção. (4) Moral – Rute comunica sublimes ideais de integridade em questão de parentescos e matrimônio. Rute é um dos dois livros bíblicos com um nome de mulher.

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Introdução ao Antigo Testamento

I SAMUEL

Samuel, o último Juiz e o primeiro grande Profeta de Israel, unge o primeiro rei. Ainda que as credenciais físicas de Saul sejam impressionantes, sua atitude de indiferença para com Deus resulta em que o reino é tirado de sua família. Em seu lugar, Samuel unge o jovem Davi como Rei-Eleito. Davi se transforma em crescente ameaça para Saul doentiamente ciumento, e eventualmente foge para o deserto a fim de salvar a própria vida. A mão protetora de Deus, porém, acha-se nitidamente estendida sobre Davi, ainda quando a mão Divina de juízo está sendo sentida por Saul e sua família. Ao consultar insensatamente uma médium em Endor. Saul ouve sua própria ruína pronunciada. Segundo a fiel palavra da profecia, Saul e seus filhos são mortos no dia seguinte em combate.

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Introdução ao Antigo Testamento

II SAMUEL

Logo depois da morte de Saul, Davi, o Rei-Eleito, torna-se monarca primeiro sobre Judá (sobre o qual reina, com Hebron como sua capital, por sete anos e meio) e finalmente sobre todo o Israel (quando faz de Jerusalém a sua capital e reina por trinta e trêis anos e meio. E assim, 2 Samuel, relata os quarenta anos de reinado do homem que viveu exatamente a meio caminho entre Abraão e Cristo – cerca de 1000 a.C. Os triunfos de Davi conduzem a nação ao próprio zênite de seu poder. Mas seus dois pecados, de adultério e homicídio, atraem o castigo pessoal e nacional do Senhor. Ao longo de sua vida, Davi busca zelosamente a Deus e confessa seus pecados com prontidão – atitude própria de alguém que é chamado por Deus de “homem segundo o meu próprio coração” (At 13.22).

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Introdução ao Antigo Testamento

I REIS

A primeira metade de I Reis delineia a vida de Salomão. Debaixo de sua liderança, Israel sobe os pícaros de sua magnitude e glória. Os grandes empreendimentos de Salomão, inclusive o inexcedível esplendor do templo que ele constrói em Jerusalém, granjeiam para ele fama e respeito mundiais. Mas o zelo de Salomão por Deus diminui em seus últimos anos, quando as esposas pagãs desviam seu coração do culto no Templo de Deus. Resultado: o Rei, com o coração dividido, deixa para trás um reino dividido. Para o século seguinte, o Livro de I Reis delineia as histórias gêmeas de duas séries de reis e de duas nações de pessoas desobedientes que avançam indiferentes aos profetas e preceitos de Deus.

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Introdução ao Antigo Testamento

II REIS

II Reis continua sem interrupção a “narrativa de dois reinos” iniciada em I Reis. Os reinos gêmeos de Israel e Judá prosseguem em curso que colide com o cativeiro, quando a glória do antigo reino unido se torna crescentemente remota. A divisão leva ao declínio, e finalmente termina na dupla deportação. Israel é capturado e disperso pelos assírios, enquanto Judá é levado ao exílio babilônico. A despeito dos melhores esforços de profetas como Eliseu para trazer as nações de volta aos seus sentimentos religiosos, é tarde demais. O reino dividido em I Reis se torna o reino dissolvido em II Reis. A paciência de Deus é longa; o aviso de Deus é persistente; mas, quando ignorado, o amor de Deus pode ser também, severo.

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Introdução ao Antigo Testamento

OS PROFETAS MENORES

Embora os dezessete livros proféticos do Antigo Testamento sejam o “continente obscuro da Escritura”, as pessoas têm ainda menor familiaridade com os doze profetas menores como um todo do que com os cinco profetas maiores. Estes doze livros se tornaram conhecidos como os Profetas Menores no final do quarto século d.C., não porque foram considerados menos importantes ou menos inspirados, mas porque são geralmente menores que do que os cinco Profetas Maiores, especialmente os livros de Isaías e Jeremias. Suas mensagens são mais sucintas do que as dos Profetas Maiores, mas igualmente poderosas.

Antes do tempo de Cristo, estes doze livros foram reunidos em um só rolo, coletivamente conhecido como “Os Doze”, sua extensão combinada (sessenta e sete capítulos) é aproximadamente igual à de Isaías. A única importância cronológica da ordem dos Profetas Menores na Bíblia portuguesa é que os seis primeiros foram escritos antes dos seis úlimos:

nr. Ordem

Canônica Ordem

Cronológica Datas

Aproximadas 1 Oséias Obadias 840 2 Joel Joel 835 3 Amós Jonas 760 4 Obadias Amós 755 5 Jonas Oséias 740 6 Miquéias Miquéias 730 7 Naum Naum 660 8 Habacuque Sofonias 625 9 Sofonias Habacuque 607

10 Ageu Ageu 520 11 Zacarias Zacarias 515 12 Malaquias Malaquias 430

Os profetas menores, de Obadias a Malaquias, cobrem quatro séculos de história através dos Impérios Assírio, Babilônico e Persa. Três foram profetas do reino do norte (Jonas, Amós, Oséias); seis foram profetas do reino do sul (Obadias, Joel, Miquéias, Naum, Habacuque); e três foram profetas pós-exílicos (Ageu, Zacarias, Malaquias). Embora todos os profetas menores sejam nomeados, muito pouco se conhece da maioria deles.

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OSÉIAS – A infeliz história de Oséias e sua infiel esposa, Gômer, ilustra o leal amor de Deus e o adultério espiritual de Israel. Oséias expõe os pecados de Israel e os contrasta com a santidade de Deus. A nação seria julgada por seus pecados, mas no futuro seria restaurada em virtude do amor e fidelidade de Deus.

JOEL – Este livro lembra uma recente praga de gafanhotos que dizimara a terra de Judá, para ilustrar o mais terrificante dia do Senhor. A terra será invadida por um terrível exército que fará os gafanhotos parecerem comparativamente suaves. Não obstante, Deus apela ao povo que se arrependa a fim de evitar a iminente hecatombe. Visto que o povo não mudará, o juízo virá, mas será seguido por grande benção.

AMÓS – O reino do norte estava em seu apogeu quando Amós advertiu o povo de sua iminente ruína. Em oito pronunciamentos de juízo, Amós perambula pelos países circunvizinhos antes de se deter em Israel. Ele então pronuncia três sermões para descrever os pecados da casa de Israel e intimá-la ao arrependimento. O povo rejeita as advertências de Amós, e seu iminente juízo é descrito numa série de cinco visões. Amós, porém, termina seu livro com uma breve palavra de esperança futura.

OBADIAS – Este obscuro profeta do reino do sul dirige seu breve oráculo à nação de Edom, o qual fazia fronteira com Judá a sudoeste. Edom (descendente de Esaú) recusou-se agir como guardador de seu irmão, Judá (descendente de Jacó). Visto que se vangloriou quando Jerusalém foi invadida, seu juízo seria nada mais, nada menos que a total destruição.

JONAS – Com uma mensagem profética de apenas uma linha, Jonas é o mais biográfico de todos os profetas. A penitente resposta do povo de Nínive ao conciso oráculo incita a misericórdia de Deus , que poupa a cidade. Mas o ensino central do livro é a lição de compaixão que Deus dá a seu relutante profeta. Jonas aprende a olhar para além de sua nação e a confiar no Criador de todos os povos.

MIQUÉIAS – A profecia de Miquéias começa com uma palavra de retribuição divina contra Israel e Judá em vista da radical corrupção em todos os níveis da sociedade: governantes, profetas, sacerdotes, juízes, homens de negócio e proprietários de terra. As promessas pactuais de Deus, porém, se cumprirão no futuro reino do Messias. O juízo por fim será seguido por perdão e restauração, e o livro termina com uma poderosa nota de promessa.

NAUM – Cerca de 125 anos depois que Nínive se arrependeu ante a pregação de Jonas, Miquéias predisse a iminente destruição da mesma cidade. O povo da capital assíria voltou a idolatria e brutalidade, e a Assíria subverteu o reino do norte de Israel. Em virtude da santidade e do poder de Deus, Nínive indubitavelmente será destruída a despeito de sua aparente invencibilidade.

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HABACUQUE – Bem peto do fim do reino de Judá, Habacuque pergunta a Deus porque ele não cuida da perversidade de sua nação. Quando Deus lhe diz que está prestes a usar os babilônicos como a vara de juízo, Habacuque formula uma segunda pergunta: Como o Senhor poderia julgar Judá pela instrumentalidade de uma nação ainda mais perversa ? Após a segunda resposta do Senhor, o profeta exalta o nome de Deus por seu poder e propósitos.

SOFONIAS – Sofonias desenvolve em termos bem definidos os tema da vinda do Senhor como sendo um dia de pavoroso juízo seguido de grande benção. Sofonias começa com o juízo iminente sobre Judá e amplia seu escopo para incluir também os gentios. Umas vez que Judá se recusa a buscar o Senhor, ele está condenado. Um Remanescente, porém, exultará quando Deus restaurar os destino de seu povo.

AGEU – Depois do exílio babilônico, os judeus começas a reconstruir o templo, mas deixaram que a obra fosse interrompida para a reconstrução de suas próprias casas. Em virtude de seu fracasso de dar a Deus o primeiro lugar, eles não estavam desfrutando de suas bênçãos na terra. Ageu insiste com o povo para concluir o templo, porquanto a promessa de Deus é que ele seria impregnado de glória. Depois de disciplinar o povo por sua contaminação, Ageu termina com uma promessa de futura benção.

ZACARIAS – Contemporâneo de Ageu, Zacarias também exorta os judeus a completar a construção do templo. O método de Zacarias para motivá-los é o do encorajamento – o templo é central à herança espiritual de Israel e está relacionado à vinda do Messias. A série de visões, mensagens e bordões oferece algumas das mais claras profecias messiânicas da Escritura. Deus revela que seu programa para seu povo está longe de ser concluído.

MALAQUIAS – Ao tempo do último profeta do Antigo Testamento, o clima espiritual e moral do povo esfria. Seu culto é insípido e indiferente e, visto que eles estão cada vez mais distantes de Deus, são caracterizados por transigência religiosa e social. Um terrível dia de juízo virá quando “todo arrogante e cada malfeitor será palha” destinada ao fogo, “mas para aquele que teme o meu nome nascerá o sol da justiça trazendo cura em suas asas”.

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Reis do Reino do Norte. Após a morte de Salomão 922–901 Jeroboão I 901–900 Nadab 900–877 Baasa 877–876 Elá 876 Zimri 876–869 Omri 869–850 Acab 850–849 Ocozias 849–842 Jorão 842–815 Jeú 815–801 Joacaz 801–786 Joás 786–746 Jeroboão II 746 Zacarias 745 Salum 745–738 Menaém 738–737 Pecaías 737–732 Peca 732–722 Oséias

Reis do Reino do Sul, após a morte de Salomão 931 - 913 - Roboão, filho de Salomão 913 - 911 - Abias 911 - 870 - Asa 870 - 848 - Josafá 848 - 841 - Jeorão 841 - Acazias - 841 - 835 - Atália (rainha usurpadora) 835 - 796 - Joás 796 - 781 - Amazias 781 - 740 - Uzias 740 - 736 - Jotão 736 - 716 - Acaz 716 - 687 - Ezequias 687 - 642 - Manassés 642 - 640 - Amom 640 - 609 - Josias 609 - Jeoacaz 609 - 598 - Jeoaquim 598 - Joaquim 598 - 587 - Zedequias

Dos 19 Reis do Norte – nenhum serviu ao Senhor - Dos 20 Reis do Sul – somente 8 foram fiéis ao Senhor