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Jornal laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba. 14 à 21 de abril de 2003

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2 14 a 21 de abril de 2003

Newton Luís Mamede

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social, produzido e editado pelos alunos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da Universidade de Uberaba ([email protected])

Supervisora da Central de Produção: Alzira Borges Silva ([email protected]) • • • Edição: Alunos do curso de Comunicação Social • • • Projeto gráfico: André Azevedo ([email protected]) Diretor doCurso de Comunicação Social: Edvaldo Pereira Lima ([email protected]) • • • Coordenador da habilitação em Jornalismo: Raul Osório Vargas ([email protected]) • • •Coordenadora da habilitação em Publicidade e Propaganda: Érika Galvão Hinkle ([email protected]) • • • Professoras Orientadores: Norah Shallyamar Gamboa Vela ([email protected]), Neirimar deCastilho Ferreira ([email protected]) • • • Técnica do Laboratório de Fotografia: Neuza das Graças da Silva • • • Suporte de Informática: Cláudio Maia Leopoldo ([email protected]) • • •Reitor: Marcelo Palmério • • • Ombudsman da Universidade de Uberaba: Newton Mamede • • • Jornalista e Assessor de Imprensa: Ricardo Aidar • • • Impressão: Gráfica ImprimaFale conosco: Universidade de Uberaba - Curso de Comunicação Social - Jornal Revelação - Sala L 18 - Av. Nenê Sabino, 1801 - Uberaba/MG - CEP 38055-500 • • • Tel: (34)3319-8953http:/www.revelacaoonline.uniube.br • • • Escreva para o painel do leitor: [email protected] - As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

Os conceitos que se relacionam numestudo, ou num rápido artigo, podem serdecorrentes ou opostos, conforme o aspectoque se deseja considerar. Se opostos, aintenção é expor e destacar a incongruência,ou a incoerência, ou a incompatibilidade entreeles. É o caso de conhecimento científico eargumento de autoridade, ou o poder e osaber, ou quantidade e qualidade, títulossobre os quais já escrevemos neste espaço.E, mesmo que não sejam de todoincompatíveis, nem excludentes, como, porexemplo, democracia e autoridade, há queconsiderar a coexis-tência e harmonia entreesses conceitos, oumesmo certa decor-rência que possamconter.

Já os conceitosdecorrentes são apre-sentados com o intuitode estabelecer a relação íntima ou intrínsecaentre eles, a condição de um determinar,necessariamente, o outro. E, em muitos casos,esses conceitos são relacionados com o fimde apontar a dissociação que deles se faz,contrariando e excluindo a decorrência queum tem do outro. Sob esse aspecto, jáescrevemos, também aqui, sobre qualidade ecompetência, pesquisa e ensino, educação eliberdade. E, agora, este: fama econfiabilidade.

A fama é um poderoso influenciador emodificador de conduta. E age em dupladireção: atinge os outros, os adeptos, os fãs,e atinge, também e principalmente, o própriodetentor da fama. E a progressão se instala:quanto mais cresce a fama, o famoso seconsidera mais importante e acredita commais convicção em seu “valor”, e os adeptose fãs tornam-se mais influenciáveis, maissuscetíveis e vulneráveis à ação do famoso.Isso, em qualquer aspecto da vida social. E,então, no saber e no ensino.

Ah! no saber e no ensino! Sempretendermos apresentar um “tratado” sobreo tema, é universalmente sabido que a famade um intelectual, de um pensador, de umcientista, de um professor é um eficientedeterminante de mentalidades e de convicçõescoletivas, seja de uma restrita platéia ou deum restrito grupo de adeptos, seja da massaou de toda a sociedade. A fama de quemprofere um conceito garante a “verdade”desse conceito. É uma forma de argumentode autoridade, acima citado. A fama de que o“autor” goza na sociedade confere-lhe o

caráter de confiável, e,então, tal conceito éverdadeiro porque quemo proferiu foi Fulano.

A confiabilidade quedeve estar contida nafama, ou dela decorrente,tem de ser legítima, e nãouma confiabilidade falsa

– se é que tal coisa existe. Daí o conceito,também, de responsabilidade, inerente à fama.No meio escolar, e, especialmente, univer-sitário, a fama de um professor ou de umintelectual é um poderoso elemento deconfiabilidade. Agora: será que existe,mesmo, tal confiabilidade? Ou não existemprofessores e “autores” que emitem inver-dades,absurdos, heresias? Ou não existem professoresde fama restrita, apenas no âmbito de sua escola,ou de sua cidade, ou de sua região, que, escoradosna fama de que gozam, não ensinam erros, ouconceitos falsos, ou as tais inverdades?

A fama deve supor, necessariamente, aconfiabilidade. Caso contrário, essa famapode, um dia, ser arranhada, ou desmascarada.Mesmo que seja, também, num âmbitobastante restrito. Uma simples pessoa, séria,responsável e estudiosa, pode “desbancar” ofamoso. E comprometer-lhe a fama.

Newton Luís Mamede é Ombudsman daUniversidade de Uberaba

Fama econfiabilidade

O Revelação desta semana conta com aparticipação de Vinícius Gomes Souza,estudante de zootecnia da Fazu e nosso leitor.Coração Guerreiro, texto assinado por ele, fazreferência à minissérie global“A Casa das Sete Mulheres”.Em um momento muitooportuno, a obra emocionougrande parte da populaçãobrasileira com umainteressante abordagem sobrea guerra.

Todo o longo combate entre farroupilhase imperiais foi mostrado através da visãofeminina. Os telespectadores puderamentender um pouco da dor, da angústia e dosofrimento das mulheres que estavam semprea espera de seus amados. Maridos, irmãos,pais, amigos e namorados, todos se tornaramguerreiros no Rio Grande do Sul.

A discórdia envolvia motivos econômicos.

A guerra no Iraque demostra que nãoaprendemos com os erros do passado.Novamente, inocentes estão sendo mortos efamílias destruídas. Se naquela época,

flechas e poucos revólveres depólvora já foram capazes dedis-serminar a tr isteza,imagine as consequências doatual confli to. Misséis,bombas – que às vezes erramo alvo – e poderossísimas

armas estão sendo utilizadas pelos EstadosUnidos.

“Coração Guerreiro” também lembroudos pensamentos de liberdade, igualdade epaz que impulsionaram a revolução brasileira.A contribuição de Vinícius Gomes Souzapode ser exemplo para estudantes dediferentes áreas. O Revelação é um canalaberto de comunicação e conta com a suaparticipação.

Coraçãoguerreiro

Aqui, agora, nesta mesa e neste momento,após sentir uma grande emoção, meu coraçãobate tão forte que não consigo imaginar nada.Sei que a guerra humilha, destrói pessoas,feitos, e trai a muitos.

Porém, neste ano, eu, um simples serbrasileiro consigo viver um sentimento quehá mais de um século, civis, escravos,mulheres, crianças e guerreiros sentiram.

O ar que respiro é seco e gelado. Meusolhos têm lágrimas por saber que homens– verdadeiros guerreiros – que por quase10 anos acreditaram em uma vida melhor,somente conseguiram cravar seus nomesna história agora, após uma minissérieexibida pela Rede Globo de Televisão.Homens que morreram no esquecimento demuitos de nós. Homens de ideais, que por

muito tempo estiveram dispersos nasimensas pradarias verdes e montanhassaltitantes do Rio Grande do Sul na buscade um ideal.

Os verdadeiros guerreiros que láestiveram, sempre serão os mesmosguerreiros para aqueles que acreditavam tãoverdadeiramente nos ideais Farroupilha.

Agora, passados mais de 100 anos, nós,brasileiros, perdidos em pensamentosestrangeiros, lembramos que aqui viveramideais de liberdade, igualdade e paz. Hoje, omedo de milhões de brasileiros pode serencorajado pelo sorriso de alguns.

Vinícius Gomes SouzaEstudante de Zootecnia da Fazu e

leitor do Jornal Revelação

Nenhum pássaro voa mais alto do que com as suas próprias asas.Willian Blake

Para refletir

A guerra no Iraquedemostra que nãoaprendemos com oserros do passado

No meio escolar, e,especialmente, universitário,a fama de um professor ou deum intelectual é um poderosoelemento de confiabilidade

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3314 a 21 de abril de 2003

Fernando Machado6º período de Jornalismo

Em 1998 a Biblioteca Central daUniversidade de Uberaba abandonou o bloco“A”, onde hoje funcionam os cursos deDireito e Medicina, para transferir-se para umnovo prédio, construído para ser umabiblioteca. Livros da coleção pessoal dofundador da Universidade de Uberaba emembro da AcademiaBrasileira de Letras, MárioPalmério foram integradosàs estantes. Assim, livrosde grandes escritores comdedicatória ao imortaluberabense foram parar nocabedal. Dedicatóriassaídas do punho de Guimarães Rosa e deCarlos Drummond de Andrade, entreoutros. Revistas e jornais antigos tambémficam ali, a exemplo de A Noite Ilustrada,publicação carioca dos anos 30 e a revistaHistoria, publicada na França na décadade 60.

“Alguns dos livros da coleção de MárioPalmério ainda estão no acervo aberto aopúblico”, revela a diretora Dirce Maris Nunesda Silva. “Esses livros serão remanejados eintegrados à seção especial”, informou. Existeda parte da direção a intenção de reunir, em

uma outra seção especial, obras de autoresregionais e memórias de Uberaba.

A seção de obras raras, antigas e especiaisfica no segundo andar e seus livros não podemser retirados. Para fazer consultas neste setor,um funcionário acompanha o usuário. Opatrimônio é formado por obras que cruzamos séculos 17, 18, 19 e 20.

Atualmente, com 41 funcionários, cercade 80 mil livros, além de folhetos, anais,

apostilas e a seção braile, aBiblioteca Central é a maiorde Uberaba. O prédio temcabines de estudo em grupoe salas de audiovisual, 34computadores para consultae acesso à Internet, umagaleria destinada a

exposições culturais e produções acadêmicas,mapoteca, um anfiteatro com espaço para 100pessoas e áreas de leitura e estudo.

A população pode fazer uso dos livrospara leitura no local, não para empréstimosdomiciliares. A retirada de material éexclusividade da comunidade acadêmica,formada por corpo discente, corpo docentee corpo técnico-administrativo daUniversidade. Este semestre o número deempréstimos permitidos por vez aumentoude três para cinco títulos. O que significouum aumento de pelo menos 50 por cento,

segundo os funcionários, na saída de livros.“Em um único dia, fizemos mais de 1300empréstimos”, conta Dirce da Silvamostrando os números. As locações podemser renovadas, e é cobrada multa de R$ 1,00para cada dia de atraso para cada exemplar.A multa, segundo a diretora, tem um carátersimbólico, apenas paraque os livros sejamentregues na data mar-cada. Não obstante,devido à demora na devo-lução de material, algunsalunos já desembolsaramquantias superiores a R$150 para pagar as multas.

A diretora contou que, apesar das 27câmeras e dos vigias no prédio, os índicesde tentativa de furto e de destruição doslivros são bastante elevados. “É raro o diaem que não suspendemos algum usuáriotentando levar livros irregularmente”,disse. Enquanto falava, pipipipipi, oalarme tocou. “Viu, pode ser alguém maisinocente que se esqueceu de registrar asaída do material. Ou então, uma tentativade furto mesmo.” Tanto o distraído quanto

Biblioteca Central conta commais de 80 mil livrosObras raras, filmes e programas de computador compõem o acervo disponível para a comunidade acadêmica

“É raro o dia em que nãosuspendemos algumusuário tentando levarlivros irregularmente”

“Alguns dos livrosda coleção de MárioPalmério ainda estão noacervo aberto ao público”

Márcia Palhares é responsável pelas aquisições e obras especiais da biblioteca

Jornal A Noite Ilustrada fez sucessono Rio de Janeiro da década de 30

Fernando Machado

o mal-intencionado leva uma suspensão de45 dias na primeira vez. Na segundaocorrência, a suspensão dobra de tempo.Na terceira vez é definitiva e a infraçãopode ser registrada no histórico acadêmicoe na ficha funcional. Dirce relatou um casointeressante: “Um aluno recém chegado de

uma universidade do suldo país veio aqui com unslivros dessa outrainstituição. Queria saberse a gente podia desmag-netizá-los para ele”.

Márcia MariaPalhares, responsável pelacoleção de obras especiais

e pelo setor de aquisições, mostra no coloum exemplar do Código Civil totalmentedanificado, com papéis colados sobre quasetodas as páginas. “O livro havia sidocolocado no acervo há dois meses apenas”,diz ela. “As rasuras também são umaconstante”, complementou.

Mais de 1700 títulos de periódicospodem ser lidos no interior da biblioteca.Filmes em VHS e alguns em DVD podemser retirados.

Revista Historia, publicação francesa dadécada de 60, do acervo de Mário Palmério

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Da redação

O trabalho “A Pesquisa e a Extensão noProjeto Pedagógico do Curso de Arquiteturada UNIUBE”, conquistou Menção Honrosado Prêmio Top Educacional “Mário Palmério”versão 2002. A solenidade de entregaaconteceu em Brasília, com a presença doReitor Marcelo Palmério. Ele esteveacompanhado da Diretora do curso deArquitetura e Urbanismo, Carmem Maluf ede um grupo de alunos do curso.

O Prêmio Top Educacional foi criado pelaAssociação Brasileira de Mantenedoras deEnsino Superior, com o objetivo de concedero merecido destaque às propostas inovadorasdas instituições de ensino superior públicas eprivadas.

A partir de 1997, passou a denominar-se

Prêmio Top Educacional “Professor MárioPalmério” numa homenagem ao educador,político, músico, diplomata e escritor,fundador da Universidadede Uberaba, morto em1996.

De uma forma geral, osprojetos das IES têmdestacado a preocupaçãoem realizar estudos,pesquisas e ações voltadospara as questões sociaismais amplas e para odesenvolvimento dealternativas, capazes depromover a melhoria da qualidade do ensinoe de atender aos anseios específicos dacomunidade. Merecem também destaque asações voltadas para a implantação de uma

Curso de Arquiteturaé premiado em BrasíliaPesquisa recebeu menção honrosa no Prêmio Top Educacional

cultura de pesquisa e de avaliação nas IES,bem como o desenvolvimento de programasfacilitadores da inclusão de portadores de

deficiências na escola, notrabalho e no ambientefamiliar.

Para fortalecer aindamais essa iniciativa, aABMES decidiu oferecer, apartir de 1999, umapremiação em dinheiro aoprojeto vencedor e àsmenções honrosas, e dedicaruma edição anual da ABMESCadernos à publicação de

artigos dos respectivos coordenadores.

Um pouco sobre o trabalhoA articulação do ensino, pesquisa e

Gilberto Lacerda5º período de Jornalismo

Antes de 1989, os deficientes físicos deUberaba não tinham voz ativa para exigir osseus direitos, discutir o seu papel nasociedade, nem locais específicos para práticadesportiva. Mas graças à união da classe, apartir do dia 3 de março de 1989, essarealidade começa a mudar. Surge aAssociação dos Deficientes Físicos deUberaba (Adefu).

Vários problemas foram resolvidosatravés da intervenção da associação, porém,surgiram outros, como o imenso número deassociados. No começo algumas dezenas,hoje mais 600.

Graças à parceria com várias entidadespúblicas e privadas a Adefu, vem conseguidomanter um alto padrão de qualidade no seuatendimento que inclui práticas desportivasvariadas, oficinas de trabalho, fisioterapia,atendimento psicológico, médicos,professores e voluntários. São várias asconquistas, mas a entidade quer mais. Opróximo passo é incluir o deficiente físico nomercado de trabalho. Para isso, se faznecessário quebrar as barreiras do preconceito

Deficientes físicos queremespaço no mercado de trabalhoAssociação realiza parcerias e luta para manter a qualidade do atendimento

extensão constitui-se desafio para asuniversidades brasileiras. Procurando asuperação desse desafio, o Curso deArquitetura e Urbanismo da Uniube, buscou,por meio da inserção da atividade comunitáriana sua estrutura curricular, relacionar o ensinocom a pesquisa e extensão. A realização dosprojetos na atividade comunitária, possibilitouo ensino e aprendizagem, situando o estudantecomo investigador da realidade, capaz dereconhecer e valorizar outros espaçoseducativos, além da sala de aula, viabilizandoa relação entre teoria e prática e promovendosua aproximação com a sociedade.

Em 2001 um outro projeto da UNIUBEfoi premiado com menção honrosa no mesmoprêmio. Trata-se do Jornal-laboratórioRevelação editado semanalmente por alunosdo curso de comunicação Social.

e conseguir apoio junto ao empresariadouberabense no sentido de abrir vagas eministrar treinamento. Ônibus adptadostambém fazem parte das reivindicações dosassociados.

O mercado de trabalho não está fácil paraninguém. Para o deficiente físico, adificuldade é ainda maior. Dois fatorescontribuem para esta triste constatação: opreconceito e a falta dequalificação. A diretoraadministrativa daADEFU, Janaína PessatoJerônimo, acredita queessa realidade podemudar: “Basta os empre-sários de Uberaba acre-ditarem na força detrabalho dos deficientes. Eles têm muito aoferecer. “São disciplinados, aplicados equerem provar o seu real valor perante asociedade”, comenta. A diretora faz questãode enfatizar, que o deficiente não quer só oemprego, quer algo mais: “Não basta dartrabalho ao deficiente por filantropia, eles nãoprecisam disso. O que eles realmente queremé ser tratados em condição de igualdade, nadade coitadinho ou coisa do gênero. Eles têm

competência de sobra” explica.A diretora tem vários projetos para a

colocação dos deficientes no mercado detrabalho, mas para isso conta com o empenho,e boa vontade dos empresários: “As empresasde Uberaba poderiam abrir espaço para quepossamos em parceria treiná-los e incluí-losnos quadros de funcionários”.

Janaína cita de improviso cinco profissõesque podem ser exercidaspor um deficiente físico:“Telemarketing, digita-dor, secretária, cobradorde ônibus, atendente,locutor de bingo, radia-lista, assistente de pro-dução, programador ecostureira. Há me des-

culpe, você pediu só cinco eu citei dez, masse quiser tem mais”. finaliza com certa ironianum tom desafiador.

A prática desportiva é o ponto forte daentidade. Centenas de associados praticambasquete, natação, arremesso de peso, tênisde mesa e halterofilismo. Gilmar Ribeiro éum dos praticantes. Ele lembra a importânciado esporte na sua vida depois que perdeu osmovimentos das pernas: “Eu fiquei um mês

em coma depois que sofri o acidente. Quandoacordei, me deram a notícia. Não queriaaceitar de forma alguma que nunca maispoderia correr, e ou andar normalmente.Entrei em parafuso. Meu organismo nãoagüentou, mais três dias de coma. Foi difícilaceitar a nova vida. Mas graças ao esporte eupude me acalmar, minha alto estima voltougradativamente. Pratico todos eles. Minhaagenda esportiva está lotada de segunda asexta”.

Há sete anos tendo uma cadeira de rodascomo a extensão do seu corpo, ele ressaltaque jamais perdeu a esperança: “Eu tenho fénum futuro bem melhor para todos nósportadores de lesão medular. Acreditopiamente que um dia eu voltarei a andar e acorrer como antes”, fala com um brilhoofuscante nos olhos.

Gilmar diz que mora sozinho e que nãonecessita de nenhum cuidado especial por partede ninguém. Para sua liberdade ser completasó basta uma coisa: “Poucos os ônibus deUberaba têm adaptadores para nossas cadeiras.Nós ficamos meio que presos ao transporte daAdefu, mas aos sábados e domingos eu querosair. Esperar pelos ônibus adaptados leva muitotempo” revela decepcionado.

Prêmio foi criado pelaAssociação Brasileirade Mantenedoras deEnsino Superior, com oobjetivo de destacar aspropostas inovadoras

“As empresas de Uberabapoderiam abrir espaço paraque possamos em parceriatreiná-los e incluí-los nosquadros de funcionários”

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3514 a 21 de abril de 2003

Erika Machado5º período de Jornalismo

Para quem gosta de viajar, não faltamopções de agências e roteiros que prometemconforto e tranquilidade aos passageiros. Umasimples viagem pode se transformar em uminesquecível passeio e dois podem ser osmotivos: tudo pode sair como o planejado oumuitos contratempos podem aparecer,transformando os dias de descanso e diversãoem momentos de nervosismo e estresse. E éjustamente para garantir uma boa viagem, quemuitos passageiros procuram agentes para quese preocupem com o transporte, acomodaçãoe passeios turísticos nas cidades visitadas.

Mas é preciso ter cuidado na escolha daempresa. Histórias como da estudante RenataVendramini realmente acontecem, emboraninguém acredite que possa cair numa “fria”dessas.

Como presente de aniversário de 15 anos,Renata pediu a mãe uma viagem a PortoSeguro, de preferência no carnaval.Preocupada com o tumulto e com a fama docarnaval baiano, a mãe de Renata procurouuma agente para organizar a viagem dossonhos da filha. Encontrou uma excursãoaparentemente correta, pagou tudo adiantadoe confiou a filha sobre a responsabilidade dosagentes, que se comprometeram a cuidar detudo que fosse necessário para a viagem serinesquecível. E foi.

Renata conta que no momento da venda daspassagens, a agente assinou um contratogarantindo Hotel 3 estrelas, ônibus executivo etodos os passeios às praias garantidos. Tudodevidamente assinado pela contratada. Doismeses depois de fechado o contrato, no dia daviagem o sonhou foi se transformando em

pesadelo. O transporte executivo prometido nãoapareceu, em seu lugar um ônibus velho e semcondições mecânicas de conduzir os passageiros.

Mesmo assim, a responsável da excursãoinsistiu em continuar a viagem. Por sorte ou azardos passageiros à apenas 20 km de distância deUberaba o ônibus quebrou. Só assim Renata eas outras pessoas que estavam viajando puderamreivindicar outro transporte de mais qualidade.

A empresa que prestou socorro aospassageiros, depois de 12 horas de espera,

garantiu aos 44 passageiros uma viagemsegura à Porto Seguro. Tudo parecia dar certo.

Após 24 horas de viagem, a excursão chegaa cidade baiana e os problemas novamenteapareceram. O hotel não tinha nada de 3estrelas, muito pelo contrário, era uma casa quealugava quartos para excursões. A estudantepassou uma semana mal hospedada, sem ternada que a agência tinha prometido.

Foram dias de decepções sórecompensados pela alegria do carnaval dacidade. Renata voltou revoltada com o golpee prometeu lutar pelosdireitos de consumidora.

ProconO Procon (Órgão de

proteção ao consumidor),já avisou que é precisoreunir provas paraapuração e principalmente deve estar atentoantes da contratação desse tipo de serviço. Aadvogada do Procon, Dra Eliane de Freitasesclarece que a pessoa lesada tem todo odireto de reembolsar o dinheiro. Se nada doque está no contrato foi cumprido a excursãopode pagar uma multa e deve devolver odinheiro ao passageiro.

Quem passa por essa situação deve

Golpe turísticoAgência transforma o sonho da viagem em pesadelo

Apesar de todos os problemas da viagem, Renata se entregou à multidão no Carnaval de Porto Seguro

arquivo pessoal

procurar o Procon, levando o contratoassinado pela agência. O órgão vai analisar ocontrato, procurar a agência acusada e lutarpelo direito do consumidor. Para facilitar aadvogada recomenda que a pessoa junte omaior número de provas possíveis, facilitandoassim o processo. E claro antes de fecharqualquer contrato procure fontes seguras quegarantam a qualidade e profissionalismo daempresa contratada.

A empresa d angelys que prestou socorro àexcursão de Renata faz algumas recomendações

para se ter uma boaviagem: Procure umaempresa reconhecida paragarantir um bom passeio;certifique de que otransporte contratadopassou por uma vistoriae tem condições de

concluir à viagem; peça folder e ligue para ohotel garantindo a qualidade e as reservas; emcaso de problemas mecânicos, em viagensterrestres, a empresa contratada deve ter umônibus reserva; no caso dos vôos, podem sercancelados. A empresa deve garantir o seguroobrigatório para qualquer eventualidade.Cuidado com preços muito abaixo do mercado,o barato pode sair caro.

Dois meses depois defechado o contrato, no diada viagem o sonhou foi setransformando em pesadelo

Alalaô...

Page 6: Revelação 242

Ralfer Zaidan7º período de JornalismoMaurício de Castro6º período de Jornalismo

Na construção de idéias - ou melhor, nareconstituição da história da vida, o própriobicho homem vem desempenhando um papelfundamental diariamente. Por caminhos e tri-lhas, a memória - uma aliada importante naescada do desenvolvimento, prepara a socie-dade para a escola da evolução. Se isso é pos-sível? Claro que sim leitor. A nossa forma deguardar fatos, datas e situações remete o ho-mem ao equilíbrio; balanceando assim, o querealmente aprendendemos com o passado -adaptando o presente e melhorando conside-ravelmente os dias que virão.

Mas, a final, por acaso você leitor, já pa-rou algum instante para pensar no titulado fu-turo? Talvez, sim. Ou até mesmo, já o viveintensamente numa eterna construção de ex-pectativas sóbrias e sorrateiras. Para que tudofuncione na mais perfeita harmonia, começa-mos em certos momentos, a formular areconstituição do mito da “união e do nasci-mento”. Fora da expectativa da gestação,entitulemos um enfoque então, na criação desociedades - das vilas e povoados mais próxi-mos, deste mundão que pouco conhecemos -as Minas Gerais.

Nas trilhas da colonização, façamos agorauma viagem pelo tempo do importante e co-nhecido Sertão da Farinha Podre. No início doséculo passado, esta região funcionou como oprincipal elo de ligação para tropeiros que cru-zavam as terras paulistas emineiras em busca doscampos prósperos goianos.Estrategicamente - o localque pode ser compreendi-do hoje como o antigo Ser-tão da Farinha Podre, limi-ta-se entre as regiões doAlto Paranaíba e Triangulo Mineiro. É estra-nho falar em Farinha Podre. Mas, era sim queos viajantes encontravam presos em árvorespelos caminhos, o restante dos mantimentosdeixados por tropas que passaram pela regiãoanteriormente. Na expectativa de um breve re-torno, acondicionavam alimentos em certoponto da estrada; aliviando assim, o peso dasbagagens.

Boa parte dos tropeiros, firmava residênciapelas bandas goianas; e a outra, se aventuravaem novas jornadas. Na maioria das vezes, nãovoltavam pelo mesmo caminho da viagem deida. Com a chegada de mais tropeiros pelas es-tradas, o encontro com alimentos estragadosacabava se tornando inevitável. Por isso a de-nominação Sertão da Farinha Podre. E nesta

passagem de idas e voltas, cidades como Araxá,Uberaba e Desemboque, foram sendoconstruídas vagarosamente.

Na história do tempo, famílias se forma-ram e destinos - sonhos, romances e ideais, fi-

caram marcados para sem-pre no gosto da lembrança.Ainda ontem, quando crian-ças, fomos testemunhas docrescimento. Molequesbrincando nas ruas, a pipa,o rolimã e até mesmo osrojões, rechearam de

adrenalina pequenos corações afoitos. Nestamesma correria, gente nova foi aparecendo eaqueles guris, agora moços, entendem o signi-ficado do termo união.

Nesta junção, pessoas foram marcando fun-damentais vínculos de progresso no contexto

em que estavam inseridos. Casamentos come-çaram a dar um brilho especial na história docrescimento; e estas famílias, cederam espaçopara mais famílias e novas gerações - desenvol-vendo assim, o então Sertão da Farinha Podre.

Viagem pela históriaQuem nunca viveu um fim de semana na

fazenda, amanheceu com o cantar dos pássa-ros, bebeu um leite tirado na hora, saboreouuma fruta fresquinha e saiu pelas trilhas cor-tando uma mata até che-gar numa bela cachoeira,com águas límpidas etransparentes? Um banhorefrescante com o obser-var dos pássaros e todoesse prazer que um dia jádesfrutamos fazia parte docotidiano dos tropeiros que buscavam as ter-ras de São Domingos do Araxá - conduzindo ogado até as fontes de água para alimentaçãocom sal natural.

E de curiosidades vive o homem. Comaquela inquietação de resgatar um pouco dahistória, que em um fim de semana, conhece-mos o Sr. Alonso José de Aguiar - um dos her-deiros históricos da colonização do Sertão daFarinha Podre. Seu pai, o Coronel José Adolphode Aguiar, juntou patrimônio, riquezas e ami-gos ao longo da vida. Sua fazenda, a conheci-da São Matheus - foi palco de várias festas compresenças ilustres, como chefes de estado e atémesmo, de presidentes da república, comoGetúlio Vargas. Mais tarde, o casarão e a re-gião ganhariam reconhecimento nacional, tor-nando-se cenário de novela.

Em um domingo desses, as portas de SãoMatheus foram abertas. O reencontro com umfragmento da história - aquela que escutamosnos bancos das escolas, ficou ao nosso alcance.O que escutávamos quando éramos crianças,estava ali - naquela tranquila fazenda.

Café, pão de queijo e vitrolaPegamos o carro logo pela tarde. Ambos,

criávamos sucessivamente imagens do quepoderíamos encontrar nas próximas horas.Como combinado, faríamos uma pequena via-gem até o município de Ibiá, MG.

Como companhia, somente os nossos gui-as - Sr. Alonso José de Aguiar, 83 anos; MizaelJosé Adolfo de Aguiar, 40 e o pequeno AdolphoJosé de Aguiar, 7. Para a viagem e como pro-

Nas trilhas doSertão da Farinha PodreA partir do século XVII, as riquezas existentes em Araxá e região foram alvosde disputas que atraíram colonizadores de várias partes do mundo

História

Seu Alonso caminha em direção ao “trapizonga”

Trapizonca é uma engenhoca capaz de socarquatro tipos de farelos ao mesmo tempo

fotos: Maurício de Castro Rosa

No início do século passado,esta região funcionoucomo o principal elo deligação para tropeiros

Trapizonga é uma engenhoca capaz de socarquatro tipos de farelos ao mesmo tempo

Destaque para a originalidadeda campainha

“Tenho nove pocoração e aindJá fiz mais pontmuitos prefeito

Page 7: Revelação 242

gramado, o intuito de todo o trabalho era po-der conhecer um pouquinho do passado. De-pois de conversarmos sobre o assunto, a ansie-dade acabou se tornando personagem e com-panheira durante todo o trajeto.

E discutimos muito. Dialogamos sobre coi-sas da vida e da própria origem destes detalhesque escrevem minuciosamente o tesouro de cul-turas, religiões e tradições. O automóvel conti-nuava cortando o sertão já ibiaense sob o olharatento do daquele senhor octogenário.

O “sô Alonso”, como já o tratávamos, apre-sentava características peculiares. O olhar, erade saudade. Talvez, sentia falta em poder ob-servar diariamente o brilho da natureza. “36kmde asfalto e 5 de terra.”, foram as palavras da-quele senhor que trajava uma calça creme, ca-misa social listrada e um chapeuzinho - estiloChico Xavier. Falava baixinho. Esforçávamosno intuito de não perde nenhum dos detalhescomentados por ele. “Tenho nove pontes nocoração e ainda estou forte. Já fiz mais pontedo que muitos prefeitos...” brincou o tio Aguiar.

A paisagem, esta colorida pelo sol, acaba-va se misturando com uma linha ao longe - que

acidentalmente chamamosde horizonte. Pois bem.Naquele local longe, emmeio a vegetação do cerra-do, surgia lentamente aimagem de uma cerca e deuma aglomeração de árvo-res. O carro foi perdendo

velocidade. Nossos olhares demonstravam sur-presa. Sair do automóvel? Claro que sim. Comocrianças, não acreditávamos no que víamos. Umenorme e intacto casarão, redefinia linhas de umaépoca marcada pelo poder, luxo e conforto. Aentrada, cortada pela antiga estrada de terra queligava Araxá à capital minera, parecia conter umaplaca com os seguintes dizeres: “Seja bem vin-do. Nos próximos metros, uma narrativa com-pleta parada aqui - com fatos que não estão emlivros de história. Faça bom aproveito.”

Estávamos em frente a São Matheus - um

lugar, ou melhor, um refúgio do próprio tempo,que não quis partir. Grandes janelas e uma ad-mirável varanda, faziam-se detalhes de umaconstrução colonial, com dois andares e con-servada até mesmo com ajuda da natureza. Issomesmo leitor. Acabávamos de chegar na sededa fazenda São Matheus - uma propriedade comaproximadamente 700 alqueires. A casa - comdois andares e 38 cômodos, consegue registrarperfeitamente todo o poder do então Coronel naépoca, José Adolpho de Aguiar.

Na varanda principal, cadeirinhas rústicas euma pequena mesa, completavam o ambiente.A campanhia - um objeto de ferro e no formatode uma mão fechadapresa a porta, proporci-onava um som seco,meio grave quandotocada - idêntico à bati-das em filmes de terrorou suspense. Daquelelocal, podia ser vistobem próximo, algumas outras construções quefazem parte da sede da fazenda e que conhece-ríamos nos próximos instantes.

Para aguçar ainda mais a nossa vontade deentrar no casarão, a porta principal estavaemperrada. Neste momento, o braço direito dapropriedade - o caseiro Pedro, que por longa dataacompanha a família, também fazia força pelointerior sem obter sucesso. A solução propostano instante, nos encaminhou logo para o fundoda casa - onde entraríamos por uma porta já aberta.Fizemos então, o percurso contrário - cortandocomodos até chegar a ante-sala principal, ondecomeçaríamos a nossa viagem pela história.

Logo à esquerda, um cômodo totalmentedecorado com pinturas na própria parede e mó-veis de época. Num canto, Sô Alonso abriucomo se fosse uma caixa, um dos aparelhosmusicais mais antigos do país. Antes ainda dofamoso bolachão - disco de vinil, o dispositivocontinha rolos de partituras. Rodando uma pe-quena manivela, o som ecoava-se por todo orecinto - lembrança de um tempo marcado pormuitas festas e visitas ilustres. Em um baú em

baixo do aparelho musical, outras dezenas departituras se misturavam.

No lado oposto da sala, um porta-retrato cha-mou a atenção. Acompanhado por um belo ar-

ranjo, o objeto continha afoto do Coronel JoséAdolpho de Aguiar e desua esposa, Dona Silvéria.Percorrendo todos osquartos do andar superiordo casarão, fomos orien-tados a entrar em um re-

cinto nobre. No local, deparamos com a existên-cia de uma chamativa cristaleira. “Mil e quinhen-tas xícaras. Todas catalogadas neste livro e inclu-sive, com o nome das pessoas que presentearamo coronel.” - afirmou “seu Alonso”.

As páginas - estas já amareladas com o tem-po, acabaram revelando um fato interessante.Enquanto fazíamos uma visita às obras de res-tauração do Grande Hotel de Araxá, um dos fun-cionários responsáveis acabou nos contandouma lenda. Conforme falado - uma rica senhoraque se hospedava no hotel no passado morreuao cair no fosso do elevador. Esta história ficouconhecida por muitos. O que mais nos espan-tou, estava no livro das xícaras presenteadas.Quando nosso anfitrião parou na letra “M”, láestava o nome da senhora - Madame Alegria.De lenda à história real, visitar a fazenda SãoMatheus acabou se transformando em uma vi-agem na imaginação.

Naquele mesmo lugar, a coleção de xícarasdividia espaço com uma outra coleção - a de ca-nivetes. Para mostrar um pouco da nostalgia dostempos de ouro do coronel, Sô Alonso colocou

na vitrola - que está em perfeito funcionamento,um disco de vinil original, gravado na festa de60 anos do ilustre. “A cantora Linda Batista veiopara o baile. Mataram quinze bois e tinha millitros de chopp.” - lembra o senhor.

Um telefone a moda antiga - em funciona-mento; cadeados, esfera pesadas e registroscomprovam que por aquele espaço tambémhouve a presença de escravos. Máquina regis-tradora, esporas, pratarias, oratórios, coleçãode máquinas fotográficas e tachos de cobre,completavam o ambiente antigo da casa.

Após passarmos pelos cômodos mais impor-tantes da sede, houve o convite para conhecer-mos as proximidades. Logo a baixo e seguindoos passos ágeis de Alonso, percorremos um ca-minho totalmente florido. O trapizonga era onosso destino. Isso mesmo leitor - não se assus-te com o nome: trapizonga. A engenhoca - umadas invenções mais modernas da época, substi-tuía o monjolo - em vez de apenas um pilãofazer o serviço de “socamento” dos farelos, otrapizonga fazia o esmagamento de quatros ti-pos de farelos simultaneamente.

Vimos currais, brincamos com o cachorrode estimação e fotografamos. Tentamos guar-dar na imagem estática, apenas o “gostinho” dasaudade e a vontade de um retorno breve ao lo-cal. Anestesiados com toda aquela novidade quejá era antiga quando nascemos, sô Alonso aca-bou nos fazendo um convite irrecusável - tomarum cafezinho e comer pão de queijo lá na sede.Aceitamos sem maiores questionamentos. Namesa, aproveitamos aqueles instantes finais parafalarmos da vida e de negócios. Maurícinho co-mentou de um lote residencial que pretende ven-der futuramente. Sô Alonso - como um bom fa-zendeiro, deu sua opinião e conselho. Adolfinhomolhava o pão de queijo no café e dividia suaatenção com o pai, Mizael.

E toda história de colonização nos remete avontade de conhecer, perguntar e provar. O Sertãoda Farinha Podre acaba se transformando nisso -um pedaço saboroso da evolução. Sem esquecer-mos é claro, que uma viagem de aproximadamen-te cinquenta minutos nos fez perder na linha dotempo. Pão de queijo, café, vitrola e prosa.

ontes noda estou forte.te do queos...”

Seu Alonso manuseia seus aparelhos em perfeito funcionamento

Esfera pesadas e registroscomprovam que por aqueleespaço também houvea presença de escravos

Relíquias da coleção do Coronel

Sala ostenta pinturas gravadas na parede

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Mariana do Espírito Santo2° período de Jornalismo

As atividades humanas produzemimpactos ambientais em todos osaspectos, principalmente no ambientesócio-econômico-cultural. Em muitasatividades, a consciência ecológicaajudou a criar práticas de reduçãodesses choques negativos. Leis foramaprovadas e instituições estruturadas.Criaram-se procedimentos eferramentas como a avaliação de riscose licenciamento ambiental, quecontribuem para prevenir, reduzir ouacabar com tais destruições.Entretanto, esses cuidados ainda nãoforam estendidos à atividade humanapotencialmente mais degradante epoluidora do ambiente.

Dentre todas as atividadeshumanas, a guerra é a que tem maiorpossibilidade de gerar conseqüênciasnegativas e sofrimento para as pessoase ao meio ambiente.

O alto impacto ambiental dasguerras encontra-se presente em todoo ciclo de vida dos conflitos armados:da extração das matérias-primas àindústria de armamentos, passandopelo uso e aplicação desses últimos, atéa sua disposição final, constituída pelosresíduos atômicos, químicos ebacteriológicos. Isso sem falar nasconseqüências tristes dos atos ter-roristas ou do uso de armas biológicasnas guerras convencionais. Comoexemplo, a possível propagaçãointencional do botulismo, da varíola edo antraz e também o desmatamentoocasionado pelo napalm e outras armasde guerra.

O urânio usado nas balascontamina o ambiente com radio-atividade e dissemina doenças como ocâncer. A contaminação dos rios e aperda de potencial do solo peladisseminação das minas terrestres, quemutilam pessoas e animais, ou o uso dabomba de nêutrons - a chamada

A guerra e o meio ambiente

“bomba capitalista” (porque destrói apopulação mas preserva o patrimôniomaterial), são outros exemplos do potencialde degradação e conta-minação ambientaiscausados pelas ativi-dades bélicas.

O emprego da forçae da violência têm,ainda, custos psico-lógicos e subjetivos

importantes e nem sempre considerados,retardando ou prejudicando o desen-volvimento do ser humano devido ao ódio,

aos ressentimentos emágoas que provo-cam e se multiplicam.

Procedimentoscomo as avaliações deimpacto e licencia-mento ambientaldeveriam ser obje-

tos de acordos internacionaisobrigatórios , v isando o bem dahumanidade. Isso ajudaria adesenvolver a consciência humana arespeito das conseqüências daguerra.

A aplicação rigorosa dos proce-dimentos de avaliação prévia deimpactos ambientais às atividadesbélicas poderia levar, no limite, à suainviabilização. Isso implica o exor-bitante aumento de seus custos, e aextensão do tempo para a busca deconsenso em torno da suanecessidade e seu eventual preparo.Nesta fase, inclusive, poderiam edeveriam ser colocadas em práticatodas as técnicas diplomáticas e demediação e resolução não-violenta deconflitos, com vistas a evitar osembates.

Essas podem ser idéias utópicas, masmerecem ser consideradas, já que todasas guerras constituem um fatordestrutivo para o ambiente e, conse-qüentemente, para o ser humano. Asdestruições só serão abolidas quando setornarem psicologicamente intoleráveis,da mesma forma como a abolição dosescravos.

Na fase atual da evolução humana,a ética social costuma seguir osvalores mercantilistas e capitalistas.A crescente pressão sobre os recursosnaturais como água, flora e fauna, osolo, as florestas e especialmente opetróleo (base da matriz energéticada civilização contemporânea), vempotencializando o risco de conflitose propagando a violência entre associedades e grupos sociais.

Nesse contexto, o próprio poderde degradação ambienta l dasguerras poderá tornar-se um fatoradicional que acabará por levar àextinção deste último. Esta seráuma forma de resolver qualquerconflito, mas, acredito, aconteceráem um estágio mais avançado deevolução humana.

O urânio usado nas balascontamina o ambiente comradioatividade e disseminadoenças como o câncer

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Rock’n roll

Felipe Augusto3º período de Jornalismo

Mistura de várias tribos, como Hip-Hop,Jazz, Rock, Funk Music, Ska, Reggae,formaram o cenário para o lançamento doprimeiro CD da U-Ganga. A banda, ecléticaem seu estilo de composição, já tem dez anosde estrada e sempre teve como proposta unirum som pesado com letras positivas. “Nossoobjetivo é misturar nossas influências” afirmaManu, vocal e percussão. As principaisinfluências da banda vão de Black Sabbath,Sepultura, Faith no More, à Bob Marley,Racionais MC’S.

O nome original da banda era GangaZumba, “O rei dos Quilombos dos Palmares”explica Manu. Mas o fato de outras bandas ealguns estabelecimentos já terem esse nome,fez com que criassem outro. “O nome U-Ganga ficou por causa da sonoridade. A galeraperguntava ‘quando o Ganga vai tocar?’achamos legal, aí ficou!” diz o vocalista.

Antes do primeiro trabalho, “AtitudeLótus”, a U-Ganga lançou dois CDs demos,“Antes que o mal cresça” em 1997, e o “100pressa e 100 medo” em 1998. Eleschegaram a participar do programa“Ultrasom” da MTV. As bandas seapresentavam e o público escolhia, portelefone, qual era a melhor - concorrendo

com a banda “Tornado” do Rio de Janeiro.Ainda com nome de Ganga Zumba, eleslevaram o título de “banda da semana”. “Foimuito bom para nós, que além de ganhar oprêmio, o que já era bom, cedemos umaentrevista para a MTV” afirma Manu. Arevista “Rock Brigade” fez uma críticapositiva de um CD da banda, que segundoo vocalista “era uma demo-ensaio do‘Atitude Lótus’”.

Atitude LótusO primeiro CD da U-Ganga foi produzido

de forma completamente independente. “Agrana da produção foi tirada dos shows que agente fez” comenta. A divulgação do CD etambém dos shows é a própria banda quemfaz. O show de lançamento do CD “AtitudeLótus” foi feito no dia 16 de março na“Periferia Cultural” em Uberaba. A festacontou também com a participação da banda3DFATO, que fez o pré-lançamento do seuCD “É precário + é loco”.

O título “Atitude Lótus” vem da flor deLótus. “A flor de Lótus representa pureza. Elanasce do meio da lama, e suas pétalas não

Mistura e letras positivasfazem o somBanda U-Ganga lança seu primeiro CD “Atitude Lótus” na Periferia Cultural

deixam que ela absorva as impurezas. Nósvivemos no meio do caos e das impurezas,mas não devemos absorvê-las assim como aflor.” explica o vocalista.

O CD apresenta treze músicascompostas pela própria banda. Algumascontam com a participação de outrosmúsicos da cidade, como o grupo 3DFATOque toca na faixa “Não ponha tudo aperder”. Destaque para a música “Sai fora”que como diz o próprio Manu, é “uma dasantigas da banda, e a galera já sabe cantaro refrão”. A letra da música fala do respeitodas idéias de cada um.

Para a divulgação do CD a U-Ganga faráshows pelo Triângulo Mineiro. A turnêintitulada como “Turnê do Cerrado”, passarápelas cidades de Araxá, Araguari, Uberlândia,Patrocínio e Uberaba. Os CDs serão vendidosnos shows da banda, pela Internet efuturamente por distribuidoras que ainda nãoconfirmaram. A banda pretende colocar aindamais mil cópias no mercado.

Atitude Lótus está sendo lançado nesteano, pois segundo os músicos só agora elesencontraram o “som deles”. É uma trilhaoriginal com músicos competentes, quesabem misturar suas influências de umaforma realmente positiva, respeitando oespaço do outro sem deixar de lado suaspropostas.

Leonardo Boloni / Divulgação

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Sana Suzara7º período de jornalismo

Paulo Rezende, artista plástico, morou noRio de Janeiro por trinta anos e agora está devolta a Uberaba, sua terra natal. A família éuberabense, tem alguns negócios na cidade,mas sua paixão, é dedicar-se a arte.

Desde a cidade maravilhosa, até hoje, viveexclusivamente da arte. Sempre trabalhoucom textura na tela,colocando diversosmateriais para pro-duzir relevos. Atual-mente, o artista utilizaoxidação, um trabalhorecente em sua vida,que partiu de umaobservação. Estudouos efeitos do desgasteprovocado pelo tem-po, e confessa que aexpectativa de ver as contínuas mudanças lhefascina.

O metal provocado faz texturas, técnicaesta, utilizada por outros artistas, mas comgás carbônico que é mais fácil oxidar ferro.“Eu queria trabalhar com metais nobres. Foinecessário um estudo mais aprofundado parasaber que materiais poderiam ser utilizadospara se obter o efeito de coesão desejado”,diz Paulo Rezende.

“Esse é um processo contínuo, onde estásempre em oxidação, pois o processo demodificações e altera-ções afeta até nacoloração da obra,obtendo um novoquadro para sempre”,explica Paulo.

Para fazer ostrabalhos, ele usaoutros componentespara a confecção dastelas. É o caso demateriais minerais,como: terra, tinta xadrez, pigmento, chapa deferro, sobras de materiais já em processo decorrosão ou mesmo uma chapa virgem queprovoca a oxidação.

Segundo Paulo, algumas pessoas olhamsuas telas e ficam procurando o óbvio e emUberaba muitos acham seu trabalho curioso,diferente. Ele os classifica como

contemporâneo, pois foge das formas decomo eram feitos os trabalhos anteriores.

Tem a presença de obras de linhasgeométricas, não são figurativas com umalinguagem própria. Ora uma simétrica, outranão simétrica. As linhas paralelas tambémchamam bastante atenção.

O artista, estudou no Rio de Janeiro naEscola de Artes Visuais. Com estilocontemporâneo e inovador, na década de 80,

a escola apresentoualguns artistas querevolucionaram aforma de pintar noBrasil. Paulo afirmaque desde seus pri-meiros contadospercebeu que gos-tava do trabalho ges-tual do que a repro-dução de imagens.

Na infância, aobra de Picasso chamava a atenção do artistaplástico, principalmente Guernica, queconferiu durante uma das viagens que fez aoexterior. “Tive a oportunidade de apreciarobras de outros artistas renascentistas,clássicos e a presença de arte contemporânea,que é raro encontrar nos museus”, comenta.

Um de seus primeiros trabalhos foi ogestual que utiliza movimentos como: jogartinta na tela, com um rítmo-fórmico. Para oartista, uma reprodução é a imagem de algoque tem definição fixa e se fizer uma que não

existe é a retratação doartista. Procurou nãopesquisar sobre osartistas para não sofrerinfluência, apenasquanto ao estilo.

Veio para Uberaba,receoso em relação aoque iria encontrar. Aochegar, procurou seinformar sobre osartistas, e foi até à

prefeitura para saber onde é a FundaçãoCultural. Conheceu e recebeu o convite doDiretor de Arte da Fundação Cultural HélioSiqueira, para participar de um salão.

Paulo par t ic ipou do pr imeiro esegundo panorama regional, teve suasobras compradas pela Coca-Cola deUberlândia. Apresentou seu trabalho na

Artista Plástico experimetatexturas em metaisTrabalhos com oxidação de Paulo Rezende permitem realização de uma obra aberta

“Esse é um processo contínuo,onde está sempre em oxidação,pois o processo de modificaçõese alterações afeta até nacoloração da obra, obtendoum novo quadro para sempre”

FAZU e outro, sobre retrato, no Rio deJaneiro.Este último consistia em apenasuma abertura para a luminosidade entrar,e um papel sensível a luz que capta aimagem no fundo da caixa escura.

Em Uberaba, recebeu o convite do HélioSiqueira para realizar uma mostra de arteindividual, Tempo e Matéria, na FundaçãoCultural. Teve inicio 1 de abril, e estará

Para fazer os trabalhos, ele usacomponentes como: terra, tintaxadrez, pigmento, chapa deferro, sobras de materiaisjá em processo de corrosão

exposta a observação e compra na instituiçãoaté o dia 30 deste mês, com 19 quadrosexpostos.

Alunos e professores da Uniube –Universidade de Uberaba, FEU-Faculdadede Educação de Uberaba e FAZU–Faculdades Integradas de Uberaba – eartistas locais, marcaram presença naabertura do evento.

divulgação

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Fernando Machado6º período de Jornalismo

No musical Chicago, Velma Kelly e RoxieHart estão presas por terem, cada uma, matadoum homem. A primeira é uma famosa cantorae dançarina e a segunda, mesmo sem muitotalento, sonha com o estrelato. Uma quer aliberdade e manter a fama, e a outra, aliberdade e construir a fama. Para conseguiro que querem, dão tudo oque têm para umadvogado astuto que,manipulando osjornalistas como sefossem suas marionetes,leva suas vedetes para ascapas dos jornais. É elequem arma o circo daimprensa, quem cria as“notícias quentes”. Asmanchetes falsas e sensacionalistas dostablóides, somadas às dramatizaçõessentimentalistas nos tribunais, acabam tirandoas vigaristas da cadeia e as levando para ospalcos da Chicago de 1930. A dupla deassassinas arrasta multidões para o cabaré.

Sonhos semelhantes ao de Roxie deve terexperimentado Flavinho Beira-Rio –traficante uberabense preso acusado decomandar o crime de dentro da cadeia – aover seu nome ganhando capas e espaçosnobres em um dos jornais de Uberaba.

Só Chicago?Guardadas as proporções, Beira-Rio poderiaver em Beira-Mar o que Roxie via em Velma.Afinal, o traficante do Rio de Janeiro é umacelebridade e está sempre nos jornais. Foradas grades, poderia apresentar um programae distribuir beijos e autógrafos. Fazer papelde malvado também é um excelenteinvestimento. Ou então, Beira-Rio poderiaconvencer Beira-Mar de que uma dupla, aexemplo de Velma e Roxie, agradaria mais

ainda. Que tal? O estilopoderia ser o sertanejo, ofanque ou o rap. Em casode uma dupla, com sorte,o uberabense teria achance de, um dia,subjugar a fama doparceiro. Principalmentese ele morresse. Foiexatamente o queaconteceu com a carreira

dos sertanejos Daniel e Leonardo.Quando cheguei em casa, após o cinema,

o cantor Belo – recentemente acusado deenvolvimento com o crime organizado_saltava de bungee jump em um programa detelevisão. Uma mulher que, da arquibancadado Maracanã, certa vez soltou um foguete emum jogador dentro de campo foi capa daPlayboy. As principais apresentadoras detelevisão comprovam que vale tudo nessejogo: uma ganhou a fama ao conseguir “atransa mais cara da história” com Mick

Jagger, outra por ter namorado Ayrton Senna,e a “rainha” de todas nos foi inicialmenteapresentada no colo do “rei do futebol”. Hojeem dia, a fama de Xuxa é algo tão complexoe cheio de reveses quanto o também famosonariz de Michael Jackson. No circo dosprogramas de fofoca, com o intuito depermanecerem na mídia, celebridadesaparecem desmentindo inverdades que elasmesmas criaram. Os próprios programastambém fazem isto. Em meio à balbúrdia e

aos flashes, a ausência de talento passadespercebida. Tem muita gente famosa porser famosa.

Chicago não é apenas mais um filme deHollywood a dar certo charme para ladrõesde banco, de obras de arte ou para assassinos,mas o simulacro de uma parte da imprensa.Exemplos são o que não nos faltam paraatestar que não era só na Chicago de AlCapone que o grotesco alimentava asociedade.

No circo dos programasde fofoca, com o intuito depermanecerem na mídia,celebridades aparecemdesmentindo inverdadesque elas mesmas criaram

reprodução

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