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Page 1: Modulo 1

Módulo 1 – Conhecimento da emergência e análise preliminar de riscos

Apresentação do Módulo

As substâncias químicas, físico-nucleares e biológicas, quando fora de suas condições de

segurança de manuseio, transporte e armazenamento, podem ser fontes geradoras de

vazamentos, incêndios e explosões. A toxicologia dos produtos por meio de suas

propriedades e formas de exposição pode ajudar você a identificar riscos e perigos

instalados no meio ambiente sinistrado.

A presença do profissional da área da segurança pública, capacitado para responder esse

tipo de ocorrência, pode ser o início da solução do problema, desde que você não se torne

vítima de contaminação e exposição indevida diante dos produtos perigosos presentes no

local sinistrado.

Neste módulo, você estudará sobre os procedimentos que podem orientar o deslocamento e

a chegada segura no meio ambiente sinistrado com emprego da terminologia técnica de

análise preliminar de riscos.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Ampliar seus conhecimentos para:

o Conceituar acidente e incidentes.

o Diferenciar risco e perigo.

o Ler e interpretar mapas de risco.

o Citar princípios fundamentais para a tomada de decisão.

Desenvolver/exercitar habilidades para:

o Classificar produtos perigosos.

o Enumerar as ações para a previsão de socorro a vítimas contaminadas por

produtos.

Page 2: Modulo 1

Fortalecer atitudes para:

o Descrever as atitudes e ações durante o atendimento a emergências.

o Reconhecer a importância de manter o condicionamento físico.

o Defender o cumprimento de normas dos planos locais de emergência.

Estrutura do Módulo

Aula 1 – Emergência: acidente ou incidente com produtos perigosos

Aula 2 – Os agentes perigosos e os procedimentos de emergência básicos em vítimas

contaminadas

Aula 3 – Análise preliminar de riscos no meio ambiente

Aula 1 – Emergência: acidente ou incidente com produtos perigosos

Nesta aula, você estudará as definições, a nomenclatura básica e as características

existentes para entender a dinâmica das emergências.

1.1. Diferenças entre acidente e incidente com produtos perigosos

O acidente é o evento repentino e não desejado em que a liberação de substâncias

químicas, biológicas ou radiológicas perigosas em forma de incêndio, explosão, derrame

ou vazamento causa dano a pessoas, aos bens ou ao meio ambiente.

O incidente é o evento repentino e não desejado que foi controlado antes de afetar

elementos vulneráveis (causar dano ou exposição às pessoas, aos bens ou ao meio

ambiente). Também denominado de “quase acidente”.

Page 3: Modulo 1

Dúvidas importantes

O que é acidente ambiental? Acidente ambiental é o evento não planejado e indesejado,

ou sequência de eventos, com potencial de causar consequências (danos ou impactos)

indesejáveis ao meio ambiente ou à comunidade (CETESB, 1994).

O que não é produto perigoso? Produto perigoso não é sinônimo de carga perigosa.

Carga perigosa pode ser o acondicionamento ou estivagem ruim e insegura da amarração

física de um volume de carga, que possa oferecer riscos de queda ou tombamento do

veículo de transporte, podendo gerar outros riscos.

1.2. Definições do termo “produto perigoso”

Produtos perigosos podem ser definidos como:

Todos os produtos que possuem a capacidade de causar danos às pessoas, aos bens

e ao meio ambiente. (Glossário da SEDEC/MI – Decreto nº 96.044/1988);

Substância que possui risco de causar danos severos à saúde humana durante uma

exposição de curto espaço de tempo em um acidente químico ou em outra

emergência. (US EPA, 1989);

Toda substância ou mistura de substâncias que, em razão de suas propriedades

químicas, físicas ou toxicológicas, isoladas ou combinadas, constitui um perigo.

(Convenção OIT nº 174);

Qualquer material sólido, líquido ou gasoso que seja tóxico, radioativo, corrosivo,

quimicamente reativo ou instável durante a estocagem prolongada em quantidade

que represente uma ameaça à vida, à propriedade e ao meio ambiente. (US DOT,

1998);

Todo agente químico, biológico ou radiológico que tem a propriedade de provocar

algum tipo de dano às pessoas, aos bens ou ao meio ambiente. (REPP/OFDA).

Page 4: Modulo 1

1.3. Pontos a serem observados durante o atendimento a emergências

Diante de uma chamada para o atendimento da emergência com produtos perigosos, você,

como profissional de segurança pública, deverá observar os seguintes pontos vitais para a

intervenção em emergências com produtos perigosos:

Existência de pessoas desorientadas, inconscientes ou em óbito;

Fuga de pessoas e animais;

Mortandade de peixes, aves e animais domésticos e rurais;

Cobertura vegetal queimada, descolorida ou morta;

Surgimento de testemunhas e vítimas que apresentem queimaduras, intoxicação ou

irritação dos olhos, região das axilas e órgãos sexuais;

Presença de tambores, contêineres, tanques, caminhões-tanque, vagões-tanque,

posto de combustível, indústria química ou farmacêutica, laboratórios radioativos,

lixões, aterros sanitários, hospitais, rodovias, ferrovias, dutovias, depósitos, docas

de porto ou hangares;

Tempo estimado decorrido do derrame (líquidos), escape (gases) ou tombamento

(sólidos) perigosos;

Volume estimado do vazamento do local armazenado, processo ou veículo de

transporte;

Área em metros quadrados ou hectares com efetiva presença de agentes,

substâncias, elementos ou compostos orgânicos ou inorgânicos;

Notas fiscais, rótulos, embalagens, placas, documentos de transporte, licenças,

manifestos de carga, fichas de emergência, planos de segurança, documentos do

transportador, embarcador e fabricante.

Page 5: Modulo 1

1.4. Procedimento operacional padrão para o primeiro respondedor

1.4.1. Quais serão suas tarefas?

Os cuidados no deslocamento e especial observação do cenário com suspeita da presença

de produtos perigosos auxiliam você a dimensionar o chamado de reforço de especialistas

ou notificação dos órgãos de governo e organismos não governamentais. Para tanto, a

identificação da forma segura das primeiras ações de intervenção deverão seguir o seguinte

padrão de conduta:

Figura 2. Modelo de POP.

Fonte: SENASP, 2011.

1.4.2. Quais serão suas atividades?

Estacionar veículos de inspeção de via, supervisão de serviço e operações

devidamente sinalizados em posição de fuga ou retirada rápida;

Mantenha-se afastado do produto derramado, vazado ou espalhado no local;

Evite inalar vapores, poeiras, gases e fumaças;

Mantenha distância segura mínima de 100 metros em todas as direções;

Identificar a direção do vento ou das correntes de ar para espaços confinados;

Page 6: Modulo 1

Usar binóculos para reconhecer a presença de vítimas, danos ambientais, telefones,

números, cores, placas, entre outras informações;

Acionar equipes especializadas (bombeiros, suporte médico básico ou avançado,

equipes de trânsito, órgão ambiental, Forças Armadas, Polícia Federal) com

capacidade de emprego de níveis de proteção individual.

1.4.3. Resultados esperados

Cena controlada e policiada quanto à entrada e saída de pessoas;

Afastamento dos curiosos;

Instalação de posto de comando.

Importante!

Em caso de anormalidade, faça a comunicação de risco à comunidade local utilizando-se

da mídia local, regional ou especializada.

Aula 2 – Os agentes perigosos e os procedimentos de emergência básicos em vítimas

contaminadas

Nesta aula, você estudará os agentes que podem provocar algum tipo de dano aos seres

vivos e suas características em acidentes e incidentes com produtos perigosos, bem como

os procedimentos de emergência básicos em vítimas contaminadas.

2.1. Classificação dos agentes perigosos

Os agentes podem se tornar perigosos e provocar algum tipo de dano à vida, ao meio

ambiente e ao patrimônio. Os agentes perigosos são constituídos em:

Agentes químicos

Elementos ou compostos que têm o potencial de gerar queimaduras, intoxicação,

envenenamentos, inconsciência ou morte do ser humano, biota e flora. Os agentes

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químicos possuem características tais como: toxicidade, corrosividade, explosividade,

reatividade, radioatividade, inflamabilidade, instabilidade, entre outros.

Agentes biológicos

São seres vivos que produzem enzimas ou toxinas que podem provocar lesões,

enfermidades ou morte dos indivíduos a eles expostos. Os exemplos são: vírus HIV, ebola,

Marburg, salmonela e arbovírus.

Agentes radioativos

São corpos que emitem radiações ionizantes que provocam lesões, enfermidades ou morte

dos indivíduos a eles expostos. Os exemplos são: Urânio 235, Césio 137, tório, estrôncio e

cobalto.

2.2. Toxicologia

A toxicologia é ciência multidisciplinar que estuda os efeitos adversos dos agentes sobre os

organismos. O profissional que atua nessa área deve ter conhecimentos de diversas outras

áreas, como química, farmacocinética, farmacodinâmica, clínica e legislação. A toxicologia

clínica trata dos pacientes intoxicados, diagnosticando-os e instituindo uma terapêutica

mais adequada; a toxicologia experimental utiliza animais para elucidar o mecanismo de

ação, espectro de efeitos tóxicos e órgãos-alvos de cada agente tóxico; por fim, a

toxicologia analítica identifica e quantifica toxicantes em diversas matrizes, biológicas

(sangue, urina, cabelo, saliva, vísceras, entre outras) ou ambientais (água, ar, solo).

Os agentes podem oferecer riscos de periculosidade e insalubridade em razão das suas

propriedades, que podem ser absorvidas pela respiração cutânea (pele), inaladas pelo

aparelho respiratório, ingeridas pelo aparelho digestivo e causar uma série de lesões nos

tecidos vivos.

2.3. Propriedades das substâncias e compostos

Asfixiantes – Reduzem a disponibilidade do oxigênio ou impedem sua utilização

bioquímica. São exemplos de gases: gás carbônico, metano, propano, butano (GLP). O

monóxido de carbono, gás cianídrico e sulfúrico são exemplos de gases que impedem a

Page 8: Modulo 1

utilização bioquímica do oxigênio.

Corrosivos – Atacam e destroem quimicamente o tecido humano.

Irritantes – Causam irritação temporária e severa dos olhos, pele, trato digestivo e

respiratório.

Sensibilizantes – Causam reações alérgicas devido a repetidas exposições aos produtos.

Fototoxicidade – Ocasionam irritação resultante de alterações moleculares na estrutura de

substâncias químicas aplicadas à pele, induzidas pela luz.

Carcinogênicos –Causam câncer no tecido vivo. Podem levar anos para se manifestar e,

por isso, retardar sua descoberta.

Neurotóxicos – Podem causar dano permanente ou irreversível ao sistema nervoso central

ou periférico (cérebro, medula espinhal, nervos responsáveis pelo movimento do corpo ou

glândulas sudoríparas).

2.4. As características dos produtos perigosos no ambiente

Os produtos perigosos no meio ambiente possuem duas características comuns:

Extrapolação dos limites espaciais – Os produtos extrapolam os limites espaciais

porque sua ação não se restringe ao local onde ocorreu o acidente, uma vez que

esses produtos, em função do seu estado físico, podem espalhar-se na forma de

poeiras, névoas, partículas ou nuvens contaminantes, atingindo regiões territoriais

maiores do que as originalmente atingidas.

Extrapolação dos limites temporais – Os produtos extrapolam os limites

temporais porque seus efeitos podem surgir horas, dias, meses ou anos após a

exposição ao produto. Recomenda-se que os atendentes e as vítimas sejam

orientados a fazer exames médicos e laboratoriais regularmente.

O Programa Internacional de Segurança sobre Substâncias Químicas – PISSQ (1988) –

lista outras características relacionadas com produtos químicos, a saber:

Graus diferenciados de exposição – Uma exposição química sem trauma

mecânico associado pode produzir um número de efeitos previsíveis à saúde

humana, animal e ao meio ambiente natural. Nem todas as vítimas apresentarão os

Page 9: Modulo 1

mesmos tipos de efeitos, pois isso dependerá das vias de exposição, da duração do

contato com a substância, da predisposição individual e da vulnerabilidade

ambiental.

Área de contaminação – Região territorial ou lacustre onde estão ou podem surgir

os produtos perigosos na forma de incidente ou acidente. A zona ou área

contaminada é aquela em que os contaminantes estão presentes e onde os

profissionais da segurança pública e da saúde somente poderão entrar capacitados e

utilizando-se de equipamentos de proteção individual (EPI) em nível completo de

encapsulamento.

Risco de contaminação – Os indivíduos expostos aos agentes perigosos podem

constituir risco para outras pessoas e para o pessoal especializado no resgate, os

quais podem se contaminar com as substâncias impregnadas nas roupas e objetos

das vítimas. Por isso, é necessário realizar a descontaminação das vítimas e

materiais antes da remoção para o tratamento médico definitivo ou devolução de

materiais para seus usuários.

Desconhecimento das propriedades e efeitos dos agentes – No caso de vários

produtos perigosos envolvidos, é difícil conhecer as propriedades e efeitos à saúde.

Assim, é importante estabelecer um sistema eficaz de informação das principais

substâncias envolvidas e divulgar ao pessoal respondente e demais trabalhadores.

Necessidade de oferecer suporte – A realização de um inventário é necessária para

a identificação dos riscos e de recursos disponíveis para tratamento das vítimas

expostas que sofreram queimaduras corrosivas ou térmicas, intoxicações

respiratórias com suporte ventilatório ou envenenamentos.

Essas características certamente exigirão de você atenção, técnicas e cuidados especiais. O

quadro a seguir apresenta a diferença entre as condutas exigidas de um profissional da área

de segurança pública em um acidente com a presença de produtos perigosos e um acidente

sem essa característica.

Page 10: Modulo 1

Quadro 1

Caraterísticas do acidente com e sem produto perigoso

ACIDENTE Chegada ao local

Lesão ao

primeiro

respondedor

Socorro às

vítimas Nível de proteção

Sem produtos

perigosos Imediata Menos severo Imediata EPI tradicional

Com produtos

perigosos

Avaliação

preliminar de

riscos

Intoxicação

Queimaduras

Inconsciência

Procedimento

operacional

padrão

Encapsulamento

completo ou

parcial.

Fonte: SENASP, 2011.

2.5. Formas de exposição

A exposição é o contato do ser vivo com o produto perigoso. As formas de exposição

podem ser por:

Absorção (pele e olhos) – É a entrada do agente contaminante na forma gasosa, líquida ou

material particulado (poeira sólida) com a absorção por meio da pele e da mucosa ocular.

Ingestão (estômago e intestino) – É a entrada do agente contaminante, geralmente líquido

ou sólido, pelas vias aéreas ou pela boca. A absorção é feita no estômago e intestino.

Inalação (pulmões) – É a entrada do agente contaminante, geralmente em forma de gás,

pó, poeira ou névoa por meio da absorção pelos alvéolos pulmonares.

Penetração/injeção (feridas e lesões cutâneas) – É a entrada do agente contaminante por

meio de uma solução de continuidade da pele, que pode ser uma ferida já existente ou feita

por objeto perfurocortante/contundente contaminado, levando o agente contaminante do

meio ambiente diretamente para o interior do organismo.

Page 11: Modulo 1

Figura 3. Vias de exposição do ser humano.

Fonte: SENASP, 2011.

2.6. Sinais gerais de intoxicados

A interpretação da condição física e mental da vítima exige que o socorrista use os sentidos

da visão, do olfato, da audição e do tato. Você deve atentar para a sua própria segurança, ou

seja, há a necessidade de se avaliar a segurança da cena e os riscos de outras

contaminações oriundas da vítima.

Você deve buscar quais foram as causas dos ferimentos, determinando o que aconteceu

com a vítima. Se a vítima queixa-se de cefaleia, náuseas, vômito, sonolência, alteração de

comportamento, convulsões, cor cinza ou azul da pele, dificuldades respiratórias ou fase de

inconsciência, pode existir um indício de intoxicação ou contaminação por produtos

químicos, biológicos ou radiológicos.

Saiba mais...

Saiba mais sobre toxicologia lendo o texto Conceitos Básicos de Toxicologia Industrial. 1

2.7. Procedimentos de emergência básicos em vítimas contaminadas

Utilizar equipamento de proteção individual para efetuar os primeiros socorros em

pessoas contaminadas ou chamar profissionais para fazer essa intervenção;

Pesquisar qual é a atividade profissional que a vítima exerce com vistas a descobrir

as causas da intoxicação;

Identificar o nome do produto tóxico, contaminante, corrosivo, inflamável,

1 Acessar o queivo anexo, Basico de Toxicologia.doc

Page 12: Modulo 1

radioativo, entre outros;

Executar a triagem, ou seja, determinar qual vítima deve ser atendida primeiro em

relação às demais;

Abrir as vias aéreas da vítima;

Verificar a pulsação;

Efetuar a reanimação cardiopulmonar;

Verificar a via de acesso do tóxico no organismo;

Retirar roupas e adornos (pulseiras, relógios, anéis) contaminados que estão em

contato com a pele;

Recolher porções do contaminante tóxico para análises laboratoriais;

Estabilizar e transportar a vítima para hospital apropriado.

Aula 3 – Análise preliminar de riscos no meio ambiente

Nesta aula, você estudará as definições dos termos ameaça, vulnerabilidade, risco e evento

adverso. A aplicação dos princípios da neutralidade e da segurança ocupacional ajuda a

dimensionar a tomada de decisão da primeira resposta em emergências. As definições

servem como um guia para reconhecer e confirmar a presença de ameaças,

vulnerabilidades e riscos a fim de classificar o risco existente para a segurança da operação

de contenção e salvamento de vítimas pelas equipes especializadas.

3.1. Princípios fundamentais para tomada de decisão no cenário emergencial

As decisões e as ações a serem tomadas na primeira resposta deverão estar baseadas em

dois princípios fundamentais:

Imparcialidade – O profissional da área de segurança pública presente em uma

ocorrência com produtos perigosos é o profissional responsável pela instalação da

solução do conflito. Por isso, nunca se deve intervir de forma a tornar-se parte ou

vítima da ocorrência.

Page 13: Modulo 1

Segurança – Todas as decisões devem privilegiar a segurança física, patrimonial e

ocupacional dos respondedores, das vítimas e da população. Deve-se garantir a sua

segurança, a segurança da equipe de trabalho e das vítimas.

A aplicação desses princípios por meio de diferentes formas de atuação contribuirá para

uma resposta eficaz. Porém, para melhor clareza e compreensão, é necessário entender as

definições de termos e expressões ligadas ao tema. As definições a seguir servem de guia

para que o profissional de segurança pública, ao chegar ao local da ocorrência com

produtos perigosos, possa reconhecer a presença destes elementos – ameaças,

vulnerabilidades e riscos – a fim de classificar o risco existente e definir se a operação é

segura com os meios de que o profissional de segurança pública dispõe no momento do

acionamento para o atendimento à ocorrência.

3.2. Estudo de análise de riscos: breve introdução

As definições apresentadas a você constituem apenas a introdução ao estudo e análise de

riscos, ou seja, são elementares, sem a intenção de substituir as metodologias de avaliação

de riscos conhecidas e consagradas pela literatura, como o HAZOP, What´s if ?, árvore de

falhas, análise preliminar de perigos, entre outros.

Figura 4. Conceitos básicos de gerência de risco.

Fonte: SENASP, 2011

Ameaça – É o fator externo às pessoas, objeto ou sistema proposto. Representa o potencial

da ocorrência de um evento de origem natural ou provocado pela atividade humana, que

Page 14: Modulo 1

pode manifestar-se em um lugar específico com certa intensidade e duração determinada.

Palavras-chave: fator externo; evento adverso; capacidade de provocar danos; agente

ativo – faz a ação; dimensão; magnitude.

Vulnerabilidade – É o fator interno de uma pessoa, objeto ou sistema exposto. Relação

existente entre magnitude da ameaça e a intensidade do dano consequente. Palavras-chave:

fator interno; disposição de a pessoa sofrer lesão ou de o objeto sofrer danos; agente

passivo – sofre a ação; intensidade dos danos.

Evento adverso – É a ocorrência desfavorável, prejudicial e imprópria. Acontecimento

que traz prejuízo, infortúnio. Fenômeno causador de um acidente ou desastre. Transtorno

ou impacto ao meio ambiente ou patrimônio de uma comunidade causado por fenômenos

naturais ou antropogênicos (atividade humana).

Impacto ambiental – Alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causado pela forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,

direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as

atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. (Resolução CONAMA 01/1986).

Desastre – Resultante de eventos adversos, naturais ou provocados pelo ser humano, sobre

ecossistema vulnerável, causando lesões em seres vivos, impactos ao meio ambiente e

prejuízos econômicos ao patrimônio. Transtorno às pessoas, aos bens e ao meio ambiente

de uma comunidade, causado por um fenômeno natural ou antropogênico, exercendo a

capacidade de resposta dos órgãos de governo daquela região.

Risco – É a relação entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso (acidente)

se concretize e o grau de vulnerabilidade do receptor (pessoa, objeto ou sistema) aos seus

efeitos.

R ~ f (A,V)

A expressão acima significa que o risco (R) está em função de Ameaça (A) e da

vulnerabilidade (V) e que é diretamente proporcional a ambas. A análise de risco tem como

escopo estimar e reduzir o risco com aplicação de conhecimento das duas variáveis

(ameaça, vulnerabilidade) e das formas de intervenção em uma ou outra.

Análise de risco – É a identificação e avaliação dos tipos de ameaças e dos elementos

Page 15: Modulo 1

vulneráveis dentro de um determinado sistema ou região geográfica. A análise de risco

identifica a ameaça, estima sua importância com a finalidade de definir alternativas de

gestão de processo, controlando e minimizando os riscos e as vulnerabilidades relacionadas

com o meio ambiente e com o grupo populacional em estudo.

Risco aceitável – É o risco cujas consequências são limitadas, associadas aos benefícios

percebidos ou reais tão significativos que o grupo social está disposto a aceitá-lo. A adoção

de medidas minimizadoras baseadas em condutas, técnicas de segurança e na experiência

profissional dos envolvidos na cena da emergência são fatores preponderantes para

minimização das consequências.

Operação segura – É a operação em que os riscos existentes são considerados aceitos

pelos profissionais que vão prestar serviços naquela localidade.

Finalizando...

Neste módulo, você estudou:

As ações procedimentais que podem orientar o deslocamento e a chegada segura no

meio ambiente sinistrado com emprego da terminologia técnica de análise

preliminar de riscos;

As características e os cuidados necessários às ocorrências com produtos perigosos

que auxiliam a dimensionar a resposta inicial e a resposta das equipes

especializadas de forma segura quanto ao reconhecimento dos riscos existentes, à

notificação e acionamento da equipe técnica em intervenção com produtos

perigosos e ao controle da cena sinistrada até a liberação para o uso da comunidade

local.