jornal ponte velha . abril . 2011

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RESENDE E ITATIAIA - ABRIL DE 2011 Nº 180 . ANO 16 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com Por que os lavradores são desprezados? Devia se combater o desprezo pelo camponês. Ele é uma das facetas da falta de amor pela mãe pátria. E isto suscita a falta artificial de terra com suas consequências ruinosas. Inehmo (Deus da terra) não permite que seja ultrajada a criança mais fiel de seu regaço.” (anotações de Toivo Uuskallio, líder da colônia finlandesa, em 1927) de como a grana desarticula a mobilização social [ página 12] ESTRADA PARQUE concentração urbana + consumismo = energia atômica

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Jornal Ponte Velha . Abril . 2011

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Page 1: Jornal Ponte Velha . Abril . 2011

RESENDE E ITATIAIA - ABRIL DE 2011Nº 180 . ANO 16 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

Por que os lavradores são desprezados? Devia se combater o desprezo pelo camponês. Ele é uma das facetas da falta de amor pela mãe pátria. E isto suscita a falta

artificial de terra com suas consequências ruinosas. Inehmo (Deus da terra) não permite que seja ultrajada a criança mais fiel de seu regaço.” (anotações de Toivo

Uuskallio, líder da colônia finlandesa, em 1927)

de como a grana desarticula a mobilização social [ página 12]

Estrada ParquE

concentração urbana + consumismo = energia atômica

Page 2: Jornal Ponte Velha . Abril . 2011

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2 - O Ponte Velha - Abril de 2011

P O L I T I C Á L Y ACabo Euclides e Professor Silva

Queria uma ambulância com meu nome igual

a do Timica...

Cabo Euclides e Professor Silva continuam tecendo comen-tários sobre políticos resendenses já testados nas urnas, atualmente sem mandato, com provável influência nas próximas eleições municipais.

Neste mês, a coluna discorre sobre o QUINTETO BOLA NA TRAVE - os candidatos a vere-ador que, na eleição de 2008, tiveram mais de 1.000 votos, mas não se elegeram. Foi a primeira vez na história política de Resende que candidatos com mais de 1.000 votos não conquis-taram vaga de vereador. Na refe-rida eleição de 2008, três verea-dores foram eleitos com menos de 1.000 votos: Tivo, Gilmar Moreira e Mirim, com 989, 875 e 871 votos, respectivamente. Nosso quinteto não conseguiu se eleger, mas provou que é bom de voto. Dos cinco, apenas o Valdir Macarrão ainda não foi vereador. Bira, Soraia, Mário Rodrigues e Augustão já demonstraram a sua grande capacidade de trabalho como vereadores.

1) UBIRAJARA GARCIA RITTON (BIRA RITTON) - O conceituado Contabilista e Eco-nomista Ubirajara Garcia Ritton, foi candidato a vereador pelo PFL, em 2000, quando obteve apenas 326 votos e não se elegeu. Em 2004, pelo PDT, Bira conse-guiu se eleger vereador, com 982 votos, fazendo uma ótima vere-ança. É muito importante para a classe empresarial um vereador com o perfil do Bira. Em 2008 alcançou 1.124 votos, pelo PMDB, mas ficou apenas como primeiro suplente na coligação de seu partido com o PR.

2) VALDIR MACARRÃO - Em 2004, ainda com seu nome de batismo — José Valdir Dias, concorreu a vereador pelo PL e conquistou apenas 351 votos e não se elegeu. No pleito de 2008

somou 1.055 votos, ficando na primeira suplência da coligação de seu partido PRB com o PSDB. O carismático comerciante tem um mercadinho no Bairro Cabral, onde concentra sua votação, embora sua liderança hoje se estenda por toda a cidade.

3) SORAIA BALIEIRO - Candidata a vereadora pelo PSB, obteve, em 2000, 410 votos e ficou como suplente. Em 2004, pelo PT, foi eleita vereadora com 1.185 votos, passando a difícil barreira dos mil. Em 2008 con-quistou 1.038 votos, mas ficou apenas como primeira suplente do PSB. Atual Secretária de Educação, é Professora muito querida, com raízes no distrito de Fumaça, um grande celeiro de bons políti-

cos (os saudosos Manoel Ramos e Dona Helena Machado; Edilton Machado, Agnelo Nunes, Nelson Dores, José Olimpio, Marcelo Teixeira, Tonhão)

4) MÁRIO DE SOUZA RODRIGUES (PROFESSOR MÁRIO RODRIGUES) - Em 1992, foi eleito vereador com 548 votos, para o mandato 1993-1996. Em 1988 alcançou apenas 232 votos como candidato a vereador pelo PDC. Em 1996 foi eleito vereador, com 754 votos, pelo PL. Em 2000, obteve 563 votos, pelo PL, mas não se elegeu. Em 2004, se reelegeu vereador, pelo PT, com 984 votos. Em 2008, obteve 1.019 votos, ficando na primeira suplên-cia da coligação de seu partido

PP com o PTB. Industriário e Professor, esse atuante político atua em vários segmentos, com preferência para as partes espor-tiva e estudantil.

5) CESAR AUGUSTO DO NASCIMENTO (AUGUSTÃO) - O ex-campeão de basquete já foi comentado em dezembro p.p. Em 2000, foi eleito verea-dor com 572 votos, pelo PSB. Candidato a Deputado Estadual 2006, obteve 5.623 votos em Resende, ficando em 3º lugar, atrás do Carvalho (eleito, com 24.126 votos em Resende) e bem próximo do Oliveira, que teve em

Resende 6.550 votos. Colabora-dor próximo do Eduardo Mehoas, aprendeu fazer política e conquis-tou sua posição própria. Policial militar reformado, é especialista em segurança pública. Em 2004, ultrapassou a barreira dos 1.000 votos, se elegendo vereador pelo PSB, com 1.197 votos. Em 2008, obteve 1.002 votos e ficou como segundo suplente do PSB, apesar de ter rompido, de novo, a difícil barreira dos 1.000 votos.

Nas próximas edições:

- Aécio da Fonseca Ribeiro; Agnelo Nunes da Costa; Albenez da Cruz; Antonio Cardoso Gastão; Dra. Barcita; Célio Laureano Santiago (Cabo Laure-ano); Ciro Dias; Claudina Maria dos Santos; Claudionor Rosa; Dair Ribeiro; Delphim Rocha; Denílson; Delton Luiz da Costa; Edimar Guimarães; Eduardo Tavares (Gandão); Elmo Moreira

Boechat; Fernando Aurélio da Costa Ribeiro; Fernando Quirino; Gilberto Guimarães Diniz; Heliano Marcos de Souza; Iskandar Arbache; João Godoy Azevedo. João Luis de Oliveira e Silva (Cacareco); Jocimar Hermogenes; Jorge Rocha Brito; José Guilherme Caldeira (Teleco); Dr. José Luis Balieiro; José Luis Duarte; Dr. José Mau-ricio Schneider; Leonir Cardoso (Leo Montenegro); Luiz Geraldo Whately; Luiz Tavares; Profes-sora Madalena; Manoel Pacheco (Niquinho); Marcial Siqueira; Marcinho do PT do B; Marcio A. Diniz Albuquerque; Marcos Bueno Rocha; Mário Medeiros; Dr. Mário Sérgio; Merciris de Toledo Thuller; Nelson de Assis; Nelson Dores; Nelson Soares da Rocha; Professor Ney Arataú; Professor Nilson da Costa; Noel Sampaio; Odilon Faria; Osvaldo Luiz Gomes Filho (Ori);

Osvaldo Ribeiro Teixeira; Paulo Moreira Machado; Paulo do Som; Rogério Coutinho; Roque Cer-queira; Sérgio Moisés; Terezinha Aparecida de Almeida Carvalho (Cida do Posto); Vicente Mon-teiro Diogo e muitos outros.

Magalhães Pinto dizia que “ Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.

Feita a ressalva, imaginamos alguns cenários, se a eleição para Prefeito de Resende fosse hoje:

1) Polarização entre Rechuan e Noel de Carvalho - Para ganhar, o Noel precisaria conquistar 20% dos votos mais 1, pois já partiria com os 30% dos carvalhistas fiéis. O Rechuan partiria com a rejeição ao Noel (em torno de 30%) e também precisaria conquistar 20% mais 1 voto. Acreditamos que o Rechuan venceria, por deter alguns diferen-ciais: a força da máquina, o Edu-ardo Mehoas, o Noel de Oliveira, o Ricardo Moraes e a Dra. Ana Paula (meio time). Duas coisas poderão mudar a balança para o lado do Noel: a ocorrência de um escânda-lo no Governo Rechuan ou o Noel conseguir o Pedra para vice.

2) Rechuan, Noel de Carvalho, Julianelli e Pedra candidatos: Ga-nha quem tiver o vice que somar mais. Se o Julianelli conseguir uma coligação do PSB com o PT e lançar a Ana Schneider como vice, fatura a eleição.

3) Rechuan, com o Julianelli de vice: imbatível, em qualquer situação.

4) Noel de Carvalho, com o Ju-lianelli de vice. Vence o Rechuan. Nesta hipótese, muito do eleitorado do Julianelli debandaria.

5) Rechuan (sem o Julianelli de vice), Noel de Carvalho e outros candidatos (que não o Julianelli): Noel ganharia. Quanto mais dividir será bom para o Noel, exceto se a divisão contemplar a dobradinha Julianelli/Ana Schneider.

6) Junianelli e Pedra, juntos - cenário pouco provável, mas, em política, nada é impossível. Se eles se juntarem, o Noel pode preparar a sua próxima campanha para De-putado e o Rechuan pode nomear a equipe de transição.

PREFEITURA 2012

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Abril de 2011 - O Ponte Velha - 3G

usta

vo P

raça

Grande parte dos pe-nedenses gostariam de não estar ligados a Itatiaia. As más administrações que se sucedem no nosso municí-pio são piores ainda para o bairro de Penedo, distante do centro de decisões, ficando quase que como

uma cidade à parte. A emanci-pação de cerca de 20 anos atrás — na onda irresponsável de emancipações — in-corporou Penedo a Itatiaia como uma compensação para que Engenheiro Pas-sos contiuasse fazendo par-te de Resende por interes-ses políticos imediatistas. E para coroar o absurdo os habitantes de Penedo não puderam votar no plebisci-to da emancipação por um empecilho burocrático: se não me engano, porque faziam parte do segundo distrito, junto com Agu-lhas Negras, e Itatiaia era quarto distrito. Se não foi exatamente isso, foi uma bobagem qualquer dessas; uma formalidade toman-do a frente de um direito essencial.

As alternativas hoje seriam voltar a se incorporar ao município de Resende ou tentar uma emancipação. No primeiro caso, se reestabeleceria uma união histórica que de fato existe até hoje: toda a relação e identi-dade de Penedo é com Resende, do comércio à cultura. É como se Resende continuasse a ser a mãe de fato, embora o filho Penedo tenha tido sua tutela de direito entregue a um irmão menor, ainda imaturo. Contra

isso, argumenta-se que se estaria incorrendo em retrocesso, pois Penedo já teria crescido muito para essa volta ao lar materno; estaria na hora de morar sozi-nho.

A vontade de emancipação tem tomado corpo e é inclu-sive objeto de um trabalho de doutorado da advogada Rebecca Lavrador. A primeira vantagem

é que um Penedo autônomo iria gerir exclusivamente o turismo. O turismo não ficaria num segundo plano em relação à in-dústria. Diminuiria a sonegação à medida em que se constatasse a aplicação dos recursos no setor.

O dinheiro seria suficiente para fazermos bem o feijão com arroz — deixar as ruas em estado decente, as cachoeiras com equipamentos mínimos de sina-lização e boa recepção para as

pessoas, etc. Não teríamos verba para uma grande obra como rede de esgoto, mas Itatiaia também não faz. E uma vez bem admi-nistrado e com um bom projeto pode-se conseguir essa verba do governo federal, do CEIVAP, até de instituições internacionais.

Enfrentaríamos o problema do custo da máquina pública. Então, não poderíamos ter uma

máquina administrativa pesada e cara. Nesse ponto é animadora uma das propostas do sena-dor Cristovam Buarque para a reforma política, que, tudo indica, será feita neste governo, porque ninguém aguenta mais esperar por isso. Municípios com menos de 50 mil habitantes não teriam vereadores pagos. Teriam simplesmente um Conselho cujos membros poderiam até receber algum incentivo mas

Penedo Independente

O Jair Bolsonaro não aguenta ver o Gilberto Gil dar selinho em homem. Isso foi um dos motivos por que chamou a família dele de promíscua. Dizem os jornais que ele joga com essa rígida “honradez” para conseguir votos. Não sei não... O Lula tem muito voto e nomeou o Gil ministro.

E eu daqui mando meu recado aos eleitores que o Bolsonaro possa ter na AMAM: diz o dicionário que a ética é a ciência da moral, e a gente sabe que toda ciência com o tempo toma novas formas. O que não muda é a moral, que é a defesa da vida em qual-quer circunstância, como fez aquela senhora no cemitério de São Paulo, encarando os PMs que mataram um sujeito a sangue frio, com o celular no ouvido e dizendo logo a eles que falava com o comando da corporação, para se proteger. Coragem e inteligência.

E quem defende a vida tem sempre um inimigo muito indeterminado em termos de forma — tanto pode ser um PM quanto um pastor quanto o seu vizinho; tanto um empresário do agronegócio quanto uma liderança que incentiva o tumulto no campo pensando na carreira política; tanto um tresloucado e sanguinário ditador árabe quanto bem apessoados líderes de corporações de armamento ou/e petróleo que usam a política e a ideolo-gia liberal capitalista para implementar seus negócios apostando no regime que melhor convier no momento, morram mais ou menos crianças na África.

Como prega a sabedoria oriental, a moral tem que ser procurada no meio disso tudo como o raio do sol no meio do lixo. Mas sempre se a acha, pois, como diz o cristianismo, ela está dentro da gente, é o Espírito Santo.

Divagação sobre a Moralnão indexado aos índices gerais

de salários dos vereadores do país. Quanto à Justiça e Saúde, haveria convênios com o muni-cípio maior e mais próximo. Nos Estados Unidos há municípios pequenos até sem prefeitura. Há um administrador e um Con-selho. E tudo idica que o Brasil possa caminhar para algo assim uma vez que atualmente mais de

dois terços das mais de 5.500 prefeituras só sobrevivem com repasses federais e dos estados .

Outra hipótese aventada para o caso de Penedo seria a cria-ção de um município turístico maior, en-globando Serrinha e a região de Visconde de Mauá. Ou que essa grande área turística fosse gerida por uma empresa, numa par-ceria público/privada com os municípios de Resende e Itatiaia.

Parece mais factí-vel, pelo menos num primeiro momento, o Penedo indepen-

dente. O fato de ser pequeno favorece o gasto mais responsável do dinheiro público. Fica muito mais difícil o superfaturamento por meio de licitações viciadas e os gastos excessivos — cujo excesso vai para bolsos particula-res—, dois dos expedientes mais frequentes de corrupção que a Controladoria Geral da União encontra em suas auditorias.

É ver se este sentimento de independência encontra sua liderança política.

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4 - O Ponte Velha - Abril de 2011

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Se você anda se sentindo meio Fool on The Hill, cansado do Ob-la-di, Ob-la-da dos nossos políticos fanfarrões, faça como aquela garotada lá do norte da África, pegue no fundo da gaveta o seu Revolver e faça uma Revolution. Mas não faça isso sozinho, pode ser perigoso, faça com a Little Help From My Friends. Pode confiar neles, e em mim também, afinal, You Know My Name. Se o poder emana do povo, Power To The People. Pensando bem, antes de partir para a ignorância, Give Peace a Chance. Não adianta apenas resmungar, reclamar, fi-car o tempo todo gritando D’ont Let Me Down. Se você precisar dar um tempo, pensar melhor no que fazer, faça antes uma viagem. Pegue a estrada, Drive My Car, aproveite para apreciar a paisagem, curta Strawberry Fields For Ever. Se a estrada es-tiver esburacada, congestionada, como sempre, pegue um Ticket To Ride, vá de primeira classe no Yellow Submarine. Tenha um bom Day Tripper. Melhor do que isso é viajar Across The Universe. Só tem um problema, evite encontrar Lucy In The Sky With Diamonds. Não Ask Me Why. Se o desânimo persistir, e você continuar naquela de I’m Down, com cara de quem acabou de passar por uma Hard Day’s Night, e alguém estiver enchendo o seu saco, faça uma cara de paisagem e responda apenas, I’m Only Sleeping. Lembre-se de que a vida é The Long And Winding Road. Não permita que seus dias sejam apenas mais um A Day Int The Life. Veja o lado bom da vida,

De Lennon e McCartney, para você

She Loves You. Se a situação fugir do seu controle, não tenha vergonha, grite bem alto, Help. Se ela aparecer, peça delicada-mente, Stand By Me, Love Me Do. Se não der certo, paciência, Let It Be, mesmo sabendo que All You Needs Is Love. Yesterday já passou e o Tomorrow Never Knows. Bola pra frente, olhe em volta, ouça o canto do Black Bird, o barulho da Rain, mesmo sabendo que a sua emporcalha-da rua está repleta de Pyggies. Imagine um mundo melhor, sem eles. Não fique pensando apenas no futuro, naquela de When I’m Sixty Four, comece agora, com as pessoas em quem você confia. Chame a Anna, a Julia, a Lady Madonna, a Eleonor Rigby. Para quem pular fora, diga simplesmente Hello, Goodbye. Mas antes, não se es-queça de agradecer, Thank You, Girl. Você só não pode ficar por

aí dizendo I’m A Loser. O mais importante é você sair da rotina. Calce aquele seu Old Brown Shoe, atravesse a Abbey Road, e vá até Penny Lane, assoviando The Ballad Of John And Yoko, mesmo que você não goste dela (da Yoko). E para concluir, The End.

Este texto me veio à men-te num dia desses em que eu acompanhava as notícias das re-voluções que estão acontecendo em alguns paises norte africanos. Li que jovens desses países não

podem ouvir nem músicas dos Beatles, esses “porcos infiéis”. Lembrei de que já passei por situação semelhante, nos anos de 1960, quando tínhamos que ouvir “caminhando e cantando” (Pra Não Dizer Que Eu Não Falei de Flores, de Geraldo Van-dré) escondidos dos vizinhos. Esta música era proibida pela ditadura. Quem tinha o “com-pacto simples” o guardava com carinho e total segurança. Ser pego com este disco dava cadeia. Não podíamos ouvir o Geraldo

Vandré, mas podíamos ouvir Beatles. Menos mal. Os Beatles fazem parte da revolução que varreu grande parte do mundo, nos anos 60, em quase todos os segmentos da sociedade da épo-ca. Tabus foram quebrados, as mulheres queimavam sutiã nas praças, passeatas de estudantes abalavam a França e o Brasil. Os negros americanos botando pra quebrar. Woodstock, com mi-lhares de pessoas sem violência. Para quem viveu aquela época, o que vemos hoje, principalmente no Brasil, é desanimador. Por isso, dedico este texto aos jovens de todas as idades, que conti-nuam amando os Beatles (e os Rollig Stones). Dedico princi-palmente aos jovens na faixa dos 15 anos, que têm que aturar o bullying dos babacas desta idade, que acham que o mundo começou no dia em que eles nasceram. P.S. Y Love You.

Page 5: Jornal Ponte Velha . Abril . 2011

Abril de 2011 - O Ponte Velha - 5

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1- Ganhei da Daniela algumas pérolas da biblioteca de seu pai, Frederico de Carvalho. Em geral, filosofia e literatura. Revelam o ambiente espiritual que ele fre-qüentava, com Tasso da Silveira, Andrade Muricy e os intelectuais da “Resistência Democrática” e de A Ordem, revista fundada por Jackson de Figueiredo nos idos de 1921, para quem “a boêmia era uma espécie de santidade”. Na edição de março/abril de 1958, encontrei os poemas de Frederico que transcrevo no destaque.

Almas poéticas têm sua fé. Como diz Corção: “Os mesmos homens que gemem sobre o desconcerto do mundo, conduzem a Deus”. Sua fé estranha vem da admiração da beleza, esplendor da verdade. Poetas, pintores, músicos, são “homens espirituais conduzidos pelo sopro de Deus através de um estuário de lágrimas”. A dor integra sua travessia, sua Páscoa. Assim cantaram Camões, Gide e Baude-laire. E Machado (O desconcerto do mundo, 1965, p.77).

Testemunho de Júlio Fleichman: “Eu era um judeu já adulto e tinha um amigo chamado Frederico de Carvalho [... que] conhecia um lugar chamado “Resistência Democrá-tica”, que havia sido fundado por escritores e políticos católicos, e [...] tinha grandes personalidades, como [...] Gustavo Corção. Frederico nos levou a esse ambiente e nos falava de Corção, que então havia lançado A descoberta do outro [1944], saudado pela crítica como uma verdadeira revelação — chegou a ser comparado a Machado de Assis. Comecei a freqüentar esse grupo e me encantei. Na época, não era reli-gioso, não era judeu praticante.[...]”

No convívio com os democra-

A Páscoa de Frederico e as guerras injustastas e os poetas, Fleichman ficou amigo de Chesterton, Santo Tomás e Kierkegaard. Encantou-se. Ao pedir o batismo, Frederico foi seu padrinho. Dom Marcos Barbosa o batizou. (http://www.permanencia.org.br/drupal/node/996)

2. Corção também se convertera, deixando a disponibilidade liberal e a utopia revolucionária pela fé cató-lica em 1939. Além de Machado de Assis, sua referência era Chesterton, um dos responsáveis – junto a H. Belloc, J. R. R. Tolkien, C. S. Lewis e T. S. Eliot – pela recuperação do conceito “democracia” em termos não liberais. Cito-o livremente e a propósito:

“Nunca consegui entender onde as pessoas foram buscar a idéia de que a democracia de algum modo se opunha à tradição. É óbvio que tra-dição é apenas democracia estendida

ao longo do tempo. É confiar num consenso de vozes humanas comuns em vez de confiar nalgum registro isolado ou arbitrário.” (Ortodoxia, 1908).

A tradição é o tempo em que as verdades ganham corpo, identidade, e passam de geração a geração. Tempo para que se transformem em poesia e evitem os individualismos como o da democracia liberal, que vive de clichês. Literários ou políti-cos. A inflação de meios embaça o brilho dos fins. As mídias viram as mensagens principais. Ansiolíticos e anti-depressivos culturais, sedam a dor da criação e impedem a Páscoa possível do artista. Talvez a morte dos poetas esteja na origem das guerras injustas.

3. A guerra injusta da democracia liberal contra o mundo árabe tem a fraqueza da violência, a cupidez do lucro e a estupidez da máquina. Mata-se assaz democraticamente nessas guerras tecnológicas. Nada de olho no olho, coragem contra coragem. Mais uma guerra de extermínio de identidades, promo-vida pelos pacifistas dos Direitos Humanos para impor a democracia liberal ao mundo todo. Isto é guerrear para constranger a uma espécie de fé, uma fé secular, uma falsa fé.

O capitalismo globalizado, com suas ONUs e OTANs, é fundamental para tornar compulsória essa religião universal, etapa de um efetivo governo mundial. Pio X profetizava em 1910: “A democracia [liberal ...] resulta do grande movimento de apostasia organizado em todos os países para o estabelecimento de uma Igreja Universal que não terá dogmas, nem hierarquia, nem regra para o espírito, nem freio para as paixões” (Carta Notre Charge Apostolicque).

O que pensar da imposição

intolerante do princípio de tolerância? O que pensar da legislação “afirmativa” sobre minorias que afirmam um relativismo ético contra toda tradição, e que se torna “politicamente correto” da noite para o dia? E da imprensa liberal que, “democraticamente”, usa seu poder único para legitimar como “opinião oficial” o indiferentismo religioso e moral como se fosse fruto da “evolução natural das coisas”? E das escolas católicas, que abençoam esse irenismo revolucionário? E dos humanistas que, de cima dos muros, invocam o direito de errar como se fosse “cidadania crítica”?

Cada manhã carrego o meu navioPara que Deus sopre nele

a Sua Graça.Iço-lhe velas de humildade

E ele desliza como leve barco.[Comunhão, 1950]

Quanto silêncio é preciso no coração

Para que uma alegria assim, pura e tranqüila,

Suba da alma como um perfume apenas.

[Os monges, 1946]

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6 - O Ponte Velha - Abril de 2011

PONTE: Você é paulista, certo?MALU: Eu nasci em Santos há 48 anos. Nasci em

outubro e meu pai morreu no dia de Natal, e daí minha mãe mudou para São Paulo. Por isso eu me considero paulistana mesmo.

PONTE: E você foi produtora de moda lá.MALU: Olha, eu fiz tanta coisa... Eu comecei minha

vida como datilógrafa, com 15 anos. Ao mesmo tempo eu estava estudan-do química industrial e daí fui traba-lhar na Johnson e Johnson, depois na Nestlé. Com 18 anos achei que tinha errado e resolvi ser secretária executiva. Aí fui para a editora Abril trabalhar na área de recursos huma-nos, e ao mesmo tempo comecei a estudar psicologia à noite, porque eu tinha paixão. Na Abril conheci meu ex-marido, o Chico Santa Rita. E comecei a gostar desse lado de publi-cidade das revistas, e fui trabalhar na revista “Nova”, onde fiquei 10 anos,

PONTE: Aí você e o Chico descobriram Penedo.

MALU: Quando eu conheci o Chico ele já tinha esse terreno, só que ele tinha tido um problema na vida e só tinha pago uma prestação do terreno, precisando vender o aparelho de som dele para isso, etc. Nessa época eu recebi uma herança do meu pai em Portugal, que não era grande coisa mas deu para colocar o terreno em dia e comprar um carro. Por isso é que quando nós nos separamos foi tão difícil a questão desse hotel; acho que era o sonho da vida de nós dois.

PONTE: Seu pai era português então.MALU: Era. E hoje eu acredito que ele e minha mãe

sejam meus anjos da guarda. Porque como eu nunca tive avô, avó nem nada... Sempre fui só eu e eu e eu.

PONTE: Sua mãe morreu cedo também?MALU: Não, minha mãe morreu há um ano. Ela mo-

rou aqui comigo, e seu falecimento foi um dos momentos de grande virada na minha vida. Esses momentos de virada sempre me aproximam de Deus. Minha vida com o Chico era muito “realidade”, “matéria”, porque ele era muito assim. Eu era agnóstica nesse tempo, mas agora

tenho me aproximado cada vez mais de Deus.PONTE: E como a questão religiosa se apresenta

para você?MALU: Olha, eu não sou de nenhuma igreja, não

faço parte de religião nenhuma, nem sou uma devota,

nada disso. Mas eu senti uma coisa muito forte dentro de mim, de ver que existe uma força muito grande, superior, que move todos nós... E hoje eu acho que eu tenho coisas demais. Eu digo “chega”, e as coisas veem e vêm e vêm. E eu também brigo menos com as pessoas, consigo perdo-ar, como perdoei meu ex-marido porque percebo que eu também o magoei muito. Outra coisa que Deus me

ajudou muito foi na relação com meus filhos; me ajudou a compreende-los. Além disso, foram anos de análise... Hoje eu estou em paz.

PONTE: Você se curou daquela doença que se chama “mania de traba-lhar”?

MALU: Mais ou menos, porque eu adoro trabalhar. Pode ser até uma fuga, mas eu acostumei. Desde os 15 anos, não é... Às vezes são duas da manhã e eu estou lá batendo texto, anotando coisas para o dia seguinte, ou até regando uma plantinha, esticando uma toalha na mesa, pensando em remodelar tudo... Eu adoro, sou meio compulsiva.

PONTE: Em que ano começou o Hotel da Cachoeira?

MALU: Começou em 76; faz 20 anos agora em outubro, e eu vou fazer uma grande festa. No começo era uma casa de campo para onde a gente trazia os amigos — eu e o Chico sempre gos-tamos muito de festa, de vida social. Mas acabávamos sempre tendo muito traba-lho e não descansando nada. Aí eu falei:

“Ah, não.. Já que estamos trabalhando vamos ganhar um dinheiro”. Abrimos em 75 uma sauna pública e no fim de 76 começamos a funcionar como hotel. Naquele tempo havia ainda bem poucos hotéis: o Daniela, o Xodó da Elita, o Pousada Penedo e mais algum outro. E você veja como são as coisas: eu, que adorava a badalação e pensava que nunca me adaptaria a viver num lugar mais quieto como Penedo, acabei adorando isso

aqui.PONTE: Você frequenta a vida

social de Resende?MALU: Eu adoro Resende, o

cinema do Shopping, o teatro da Academia, vou a todos os vernis-sages promovidos pela Tetê. Em termos de trabalho eu senti mesmo uma barreira no início, porque eu estava me desquitando. Enquanto

No último mês de março Penedo perdeu a empresária Malu Santa Rita, proprietária do Hotel da Cachoeira e pessoa fundamental na criação da Associação de Hoteleiros e Similares de Penedo — a qual dirigiu por 10 anos — e da ACIAT (Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Turística de Itatiaia). Fez parte também das diretorias da TurisRio, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, do Conselho Municipal de Turismo e da Confederação Nacional

do Comércio, entre outras entidades. Ativa, voluntariosa e sedutora, Malu em geral conseguia chegar aonde queria. Apoiava toda iniciativa que enriquecesse Penedo de alguma forma e tinha sempre boas idéias, como, por exemplo, a do Festival de Trutas. Fundou o hotel da Cachoeira em 1976, junto com seu então

marido, o jornalista Chico Santa Rita, muito bem relacionado em São Paulo e que a ajudou na divulgação de Penedo. Ela tinha 63 anos e morreu vítima de um câncer no fígado. Esta edição do “Ponte Velha” a homenageia publicando uma entrevista que nos concedeu há 15 anos.

“Bem que Penedo podia crescer no ritmo lento do Poder Público”Malu Santa Rita, há 15 anos

Malu com Ney Matogrosso

Page 7: Jornal Ponte Velha . Abril . 2011

25 Anos

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Abril de 2011 - O Ponte Velha - 7

eu era a mulher do Chico ia tudo muito bem, me con-vidavam para todas as coisas; quando eu me separei eu virei aquele “nossa!”. Você pode ver que há anos atrás não tinha muito isso e nem a mulher trabalhava tanto. A mulher resendense tinha mesmo aquele preconceito. E eu sempre tive uma vida livre, sem ninguém que mandas-se em mim, independente completamente. Eu lembro que eu ia a algumas reuniões que só tinha homens e eu. Então foi difícil, mas eu acho que até pela idoneidade, pela força de vontade, eu consegui ter o meu lugar. Hoje tenho casais amigos que eu adoro: Cristiane e o Geraldo Guimarães são o maior exemplo.

PONTE: E no Penedo você participou de um grupo muito ativo de mulheres, que fundou a Associação de Hoteleiros.

MALU: Eu acho que eu tive realmente uma missão no Penedo, com essas mulheres mara-vilhosas. O trabalho de fundar uma associação e seguir com isso esses anos todos, junto com tantas amigas. Acho que, juntas, fizemos um trabalho importante. Fiquei oito anos como pre-sidente, e agora faz um ano que me afastei para descansar um pouco. Mas estou voltando.

PONTE: Eu escuto muito gente dizer que Penedo está acabando, perdendo o encanto...

MALU: Olha, eu me preocupo demais. Eu acho que massificou, e eu tenho muito medo dessas coisas assim, por atacado. Eu acho que antes Penedo tinha um charme — teu pai até falava uma coisa muito bonita, que isso aqui era uma aldeia finlandesa. Mas com o desenvolvi-mento, com o advento agora da Volkswagen, a gente fica meio na função de dormitório. Re-sende agora está tendo novos hotéis, mas houve uma fase de transição aí que marcou a gente. Então, nesse processo todo eu acho que o Penedo está perdendo o encanto, e eu acho que tudo na vida tem que ter um encanto. O Clube Finlândia, por exemplo, que se descaracterizou... É uma judiação. Só tem o baile ali, e ainda rapidamente; depois da meia-noite já vira boate. Quer dizer: não pode..., nada a ver... Então, com essa descaracterização, a gente acaba oferecendo ao turista o mesmo que ele tem em São Paulo ou no Rio, e ele não vem mais, prefere ir para Nova Iorque.

PONTE: Sem falar que, relativamente, está mais barato ir para Nova Iorque.

MALU: Sem dúvida, o turismo nacional está caríssi-mo. Quando eu abri a agência de viagens foi que vi bem isso.

PONTE: Penedo, especialmente, é acusado de ter preços carríssimos.

MALU: Olha, eu cobro caro porque me esforcei para fazer esse hotel com a aura do primeiro quatro estrelas da região, mas eu mesmo agora estou baixando as minhas diárias, porque não adianta. Você anda pelo mundo, com-para e vê como está cobrando caro. Agora, por outro lado eu compro as coisas caro, os impostos são absurdos, tenho 18 funcionários... Então, eu tenho que fazer uma rees-

truturação, e acredito que todos nós devamos fazer isso. Porque a situação já era preocupante e agora é alarmante.

PONTE: Você não acha que a gente está passando por um processo inevitável de deixar de se aquela aldeia finlandesa para ser parte da cidade de Resende? Ainda mais com a ponte do Acesso Oeste, que vai acabar sain-do?

MALU: Então: é difícil tentar impedir essa ponte, um interesse de outro município. Aí já faz aquela ligação por

dentro com Itatiaia (e em vez de fazer bucólico, faz uma via expressa...) E como é que a gente fica? Nós, que não temos infraestrutura nenhuma? Não tem condições. É preocupante. Se a coisa continua nesse ritmo eu vou te contar... Eu às vezes fico fazendo as contas: estou com 48 anos, tenho mais 10 de vid a útil. Dá para eu curtir, para aproveitar... Mas eu ando pensando em sair daqui.

PONTE: Para fazer outro negócio ou para descansar?MALU: Para ler coisas que eu gosto, ir mais ao teatro,

ao cinema; viver um pouco mais a vida, porque eu nunca tive tempo e deixei muita coisa de lado por causa do trabalho.

PONTE: Você acompanhou desde o começo essa história do “Parque Turístico-Ecológico”. Você acha que

isso pode evitar que o Penedo caia na coisa urbana desenfreada?

MALU: Eu, Marie e Anne fomos as primeiras a ir naquela reunião em Angra, deu a maior animação, todo mundo achando que era a solução, que seria maravilhoso. Mas agora eu penso que a coisa não vingou. Na época eu pensei: “puxa, só temos a ganhar”, mas agora eu vejo a coisa andar paquidermi-camente; as engrenagens todas emperram e fica o dividir para reinar. Na verdade, hoje eu acho que o certo teria sido criar uma APA (Área de Proteção Ambiental), que já é uma história juridicamente acertada, com suas leis, etc. O Conselho de Turismo da época — formado pelo Edmundo Serra, pela Dora, pelo Leonardo do Cabanas, pelo Luis Carlos, por mim e por outros — apresentou essa sugestão, que não foi acatada. O Edmundo chegou a trazer a legislação de Resende, mas quando a coisa entrava você sabe como é...

Eu acho também que havia um certo medo de Penedo querer se emancipar, e criou-se o Parque como forma de apagar a idéia.

PONTE: E você acha que Penedo tem condições de se emancipar? Mesmo tendo só a receita do turismo?

MALU: Eu acho que sempre tem condição. Se todo mundo quisesse... Não teria tantas vantagens financei-ras, mas teria muita coisa boa. A gente precisaria de que? Uma sedezinha de prefeitura e a coisa ia caminhar bem. Sem construir outras sedes disso e daquilo: Detran,

Forum, nada disso. Por que não fazer uma coisa fugindo desse monstro burocrático? Uma coisa que ficasse até um pouco parada no tempo? Administrada só com os recursos do turismo? A grande obra de infraestrutura, de esgoto, ninguém faz mesmo... A gente também não faria, mas a gente daria uma freiada nesse cresci-mento acelerado, nessa questão de posseiros, de animais soltos, de di-vidirem a gente. Penedo resolveu que vai parar no tempo: já pensou que coisa maravilhosa! Não entra mais ninguem. Voltaríamos a ser uma família.

PONTE: Isso é um sonho, porque as pessoas têm direito de ir e vir.

A mulher resendense tinha mesmo aquele preconceito. E eu sempre tive

uma vida livre, sem ninguém que mandasse em mim, independente

completamente. Eu lembro que eu ia a algumas reuniões que só tinha homens

e eu. Então foi difícil, mas eu acho que até pela idoneidade, pela força de vontade, eu consegui ter o meu lugar.

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8 - O Ponte Velha - Abril de 2011

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

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MALU: Parar é difícil, mas diminuir o ritmo é possível. Por que só diminui o ritmo das obras públicas? O progresso não diminui o ritmo. Da mesma forma que as coisas andam devagar nas obras públicas, o progresso aqui podia andar devagar também, não é?

PONTE: É muito hotel abrindo, mesmo com a crise. O que as pessoas estão pensando?

MALU: É porque virou um shangrilá. De repen-te as pessoas falam: “É lá que se ganha dinheiro”. Claro, fica meio sem lei.

PONTE: Você corre muito atrás de convenções, não é? É assim que os hotéis estão conse-guindo se safar?

MALU: Exato. Eu parti para o turismo de negócios, principalmente porque esse hóspede comum do final de semana sumiu; praticamente não existe mais. Então, já há algum tempo eu parti para esse turismo de negó-cios, onde você não divide tanto, corre atrás do seu cliente. Eu tentei formar uma estrutura onde ele possa ter muita opção: sala de ginástica, piano- bar, sauna, etc. Porque esse cliente não tem muito tempo para passear, e o pouco tempo que ele tem eu o levo ao Parque Nacional, a Mauá, já programo os passeios dele, para Trutas da Serrinha, Angra, Parati. E ele sai daqui feliz.

PONTE: E como é que essa nova Malu religiosa convive com essas questões da vida empresarial?

MALU: Eu acho que tenho duas Malus dentro de mim, muito distintas, e convivo com essa dupla personalidade muito bem. Na hora do trabalho você tem

que ser firme, se não te puxam o tapete; e quando eu saio e vou para casa é a hora que ouço o meu Pavaroti, que eu leio, que eu medito, que eu caminho de manhã com a querida Egle, converso com a Cecília, minha irmã.

PONTE: Se te convidarem para ser

Eu acho que o Penedo está perdendo o encanto, e eu

acho que tudo na vida tem que ter um encanto. O Clube Finlândia, por exemplo, que se descaracterizou... É uma

judiação. Só tem o baile ali, e ainda rapidamente; depois da meia-noite já vira boate.

Quer dizer: não pode..., nada a ver... Então, com essa

descaracterização, a gente acaba oferecendo ao turista

o mesmo que ele tem em São Paulo ou no Rio, e ele não vem

mais, prefere ir para Nova Iorque.

Secretária de Turismo você aceita?MALU: Nem se me convidarem para

ser dama de companhia de alguém. Eu não quero nada. Eu só quero é deixar algumas coisas. Agora, o problema é que eu gosto de novos desafios. No mo-mento estou empolgada com o Penedo Shopping, para onde eu vou transferir a Cachoeira Tour agora em novembro, e vou dinamizá-la muito, deixando o hotel mais resguardado.

PONTE: Você acha que aquele shop-ping vai arrebentar?

MALU: Eu sempre acho que as coisas vão dar certo. Mesmo quando elas não estão dando eu tenho fé que vai mu-dar. E eu estou sempre na ativa, até por responsabilidade profissional, por respon-sabilidade com as pessoas que trabalham comigo. Eu tenho mesmo dois lados, eu sou balança.

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Abril de 2011 - O Ponte Velha - 9

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Sinto-me ainda capaz de respirar memórias da cidade e delas nutrir-me. Na praça da matriz posso abstrair-me da realidade e fixar-me entre os cinqüentas e setentas a procura de sentimentos e momentos idos, jamais esquecidos. Fico ansiando o ressurgir de um viver mais solidario, esperando ver esta cidade mulher tratada com a dignidade que merecia em outros tempos, pressurosa, vaidosa, bonita, esperando a chegada do circo...

Estaria ficando fora de moda por pensar estas coisas e denun-ciar a fealdade, a degradação de espaços municipais, de fazendas e edificações antigas? Por reclamar do descaso crônico que não permite a ascenção da cultura? Por não me conformar com o medo de andar pelas ruas e lamentar o sumiço da alegria e do riso, das feiras nos bairros, das festas populares, dos mercados tradicionais e, o que mais punge, do circo?

Ora, assumo também indigna-ções Abomino a entidade chamada “o mercado”, corruptos em geral, vendilhões do senso de justiça, exploradores da religiosidade do povo e acima de tudo, praticantes de políticas menores desonrando o sufrágio. A propósito do que foi publicado na edição de fevereiro deste jornal sob o título “TRISTE REALIDADE”, Perplexo, observo a ação de fundamentalistas inse-

Esperando o Circo...Somavilla

atuação mais visível de pessoas que se desesperavam com praças pedindo socorro, fazendas dos tempos do café em ruínas, casa-rões em abandono, santas casas seculares sem recursos, bibliotecas fechadas, casas de cultura esque-cidas nos orçamentos e o circo desaparecendo de nossas vidas.

É compreensivel que alguns tenham se fixado em motivações justas umas, outras a merecer maior reflexão. E não poderia ser de outra forma, ainda mais em se tratando de temas como a defesa de primatas e ararinhas em extinção, florestas atlânticas agonizando, queimadas criminosas, mananciais ameaçados, julgamentos no STF de questoes referentes à reservas Indí-genas, quilombos a serem titulados, etc., de tal modo que assoberbados, podem ter esquecido bandeiras pro-vincianas e bucolismos perdidos. Se for verdade, por um lado, que estas pessoas não podem deixar de incensar os emblemas que reverenciam, por outro não devem consentir que sirvam suas motiva-ções de pretexto para radicalismos cruéis ou interesses escusos de aproveitadores.

Estes assuntos são mais contundentes do que as migalhas de memória que tento recolher no chão das consciências. Carrego estandartes mambembes e, como dizem alguns, gasto a voz em coisas de somenos importância... Mas insisto: Omisso não sou, não perco o foco. Na praça fico assun-tando: Mais do que o mercado de portas cerradas, fazendas e sagas

esquecidas, feiras ainda hoje de grande utilidade em outras cidades, menos aqui (e que tanto facilitavam a vida de Donas Marias heróicas, como minha mãe), preciso saber notícias urgentes do circo. Dizem--me que a trapezista, sem a rede de proteção, sofreu grave acidente. É triste, mas o palhaço irrompeu de tras das cortinas, olhou a plateia intensamente e por fim aliviou a comoção declamando em falsete: “Com deus me deito, com deus me levanto, eu na beirada e a cabrocha no canto...”

De repente surge o triciclo do serviço de alto-falantes! Alardeia que depois do espetáculo no pica-deiro com tigres, leões e chim-panzes, globos da morte, lindas mulheres fazendo malabarismos sobre corcéis, palhaços malasartes endiabrados, mágicos sinistros, tra-pezistas voando para glórias jamais ousadas e, arrebentando a boca do balão, deusas do oriente contor-cendo-se em danças do ventre sensuais e exóticas, será levado à cena o grande final do drama “O Céu Uniu Dois Corações”!

Enfim, sábado e domingo a noite, a platéia assiste o desfecho da trama que nos mergulha no vazio da morte e acaba por des-fazer a minha, a sua, a universal solidão...

Nas derradeiras cenas, quando os amantes atravessam os portais do paraíso, resplendem lantejou-las caídas do alto e nos cenários voejam anjos, passeiam nuvens, fulguram resplendores barrocos, tudo com fogos ruidosos lá fora,

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ridos na luta pelo meio ambiente infelicitando pequenos proprie-tários de terras. Parecem, os que assim atuam, ignorarem o apego ancestral de nossa gente pelo quinhão de terra, heranças muitas vezes centenárias. Admiro os cai-piras dos brasis afora que enfren-tam com dignidade corporações daninhas, exorcizando desígnios incompreensíveis, inaceitáveis.

Quanto às mazelas municipais, indagaria, não obstante tantas e tão relevantes questões a exigir atenção, o que poderemos fazer pelos nossos valores locais e símbolos estropiados. Nem vou falar na siderúrgica, mas não posso deixar de lamentar ter faltado

alem do fundo musical “Manfred” de Tchaikovsky intercalado com noturnos de Chopin. A molecada useira em fazer gozações e saca-nagens não dá um pio. E quando cerram as cortinas, lágrimas das senhoras e dos maridos basba-ques, chiliques das moçoilas, aplausos emocionados de todos. E tome pipoca , tome algodão doce...

Pela meia noite as pessoas saem para a realidade amena da margem do Paraíba(onde agora dormita o fantasma de um parque nati morto) embaladas pelo bolero “Jamais Esquece-rei”, certas de que o verdadeiro amor transcende à morte. A destoar do clima apenas o poeta ébrio, desgrenhado, encanecido, Seu Levy, mastigando entre dentes amarelecidos palavras amargas:Humanidade, seu nome é hipocrisia, ou vice versa, sei lá.

Ah!...Aquela trapezista? Alçou o vôo, pairou no ar... Jamais caiu..

Page 10: Jornal Ponte Velha . Abril . 2011

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Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

Reg.: 12 . 923 Arte gráfica: Afonso Praça

24 . 3351 . 1145 // 9301 . 5687 [email protected]

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expediente:

Carmen Mena Barreto Coirolo Luna já é figura lendário em Penedo. Durante bastante tempo foi proprietário do casarão, que funcionava então como pousada, restaurante e piano bar. Carmen é mãe de Baby Consuelo, e nesse tempo recebia com frequência a visita dos No-vos Baianos, que gostavam de jogar futebol no pequeno campinho de grama ao lado do sobrado. Carmen esteve um tempo no Rio e retornou recente-mente, abrindo seu Hausen Krug Café e Empório, que fica no Formigueiro (bairro comercial de Penedo), em frente à Igreja Católica. Ali ela serve com muito capricho pratos ale-mães, sopas e tábuas de queijos e frios acompanhadas de salada de batatas e chucrute. Os preços são honestos e há grande variedade de vinhos nacionais e importa-dos. E tortas. Carmem guarda a tradição de seus bisavós alemães. Para comer no local é bom fazer reservas, pois são apenas 14 luga-res. A casa tem também serviço de delivery, pelo tel: 3351 1777. Funciona quintas, sextas e sábados das 15 às 23 horas e domingos das 13 às 18h. Todo o material de entrega é de primeira linha.

Boa Comida Alemã

A partir da segunda quinzena de abril Penedo vai ter uma grande novidade. O Eko Art Club, espaço versátil que vai conjugar galeria de arte, cineclube, estúdio fotográfico, exposição de artesa-nato, espaço para workshops e um café. Tudo capitaneado por uma tradicional família de artistas locais: o fotógrafo Christian Meyn — cujo trabalho tem sido premiado e reconhecido até internacio-nalmente —, sua mãe Sosô e sua irmã Karen, que há anos produzem um dos artesanatos mais ricos de Penedo, com destaque para os objetos pintados com motivos rurais alemães, tradição que lhes foi deixada pela avó.

A idéia de clube surgiu a partir da intenção de que o espaço fun-cione como pólo de reunião e oficinas de artistas e artesãos. Para isso, foi feita uma grande reforma na casa que até então abrigava o restaurante e artesanato Sosô´s Biergarten, praticamente dobrando o espaço interno.

No centro ficará o café, com cervejas e salgados especiais para degustação. De um dos lados, a galeria de arte, com exposições permanentes, e o estúdio, que também terá a função de cineclube e espaço para workshops fotográficos. Do outro lado — num amplo salão envidraçado que dá vista para um belíssimo e imenso jardim — a área de artesanato, onde se destacam os objetos pintados por Sosô dentro de uma técnica da tradição alemã chamada Bauerma-lerai. A palavra “bauer” significa campo, e “malerai” é pintura. Os camponeses alemães costumavam pintar seus objetos utilitários — bujões de latão, baldes de tirar leite, etc — com flores, pássaros, figuras humanas trabalhando e outros motivos rurais. Tudo com muita côr e vida. Sosô se encantou com esse universo vendo os objetos de sua sogra, uma alemã antiga moradora de Penedo.

Eko Art Club vai InovarUma coisa importante na nossa

região é a feira de produtos orgâ-nicos que acontece em Visconde de Mauá às quintas feiras (9:00 até 13:00) e também em Maringá, aos sábados (10:00 até 14:00), no Restaurante “Mama Felice”. Hor-taliças, frutas frescas, cereais inte-grais, ervas aromáticas, flores, mel puro e também suco verde, tortas, biscoitos, pastéis, pães integrais e muito mais.

As feiras, de Visconde de Mauá e Maringá estão se tornando um ponto de encontro para todos aqueles que gostam de partilhar suas experiências nas áreas de agricultura e processados como biscoitos, geléias,etc. Ela tem a ajuda da Emater, Sebrae, Senac e prefeitura de Resende.

Feira Orgânica

O terceiro curso para Cuidador de Idosos promovido pelo Asilo Nicolino Gulhot será realizado no campus da AEDB, do dia 9 ao dia 17 de maio. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no Asilo. A renda será revertida para essa instituição, que abriga os idosos desamparados do município.

Curso para cuidador de idosos

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Abril de 2011 - O Ponte Velha - 11

Joel Pereira

Nossa História, Nossa Gente

O objetivo desta coluna é homenagear pessoas que dão nome a logradouros públicos de Resende. O homenageado deste mês empresta seu nome a uma rua no Bairro Boa Vista I. É a primeira rua do Bairro, paralela à antiga Estrada Resende/Riachuelo, atual Avenida Cel. Professor Antonio Esteves. Seu CEP é 27512-150. ALÍPIO nasceu no dia 4 de maio de 1895 e foi um homem muito à frente de seu tem-po, pelas suas idéias e suas realizações.

Casou-se com Joana Moreira e tiveram onze filhos: João Alípio, fazendeiro, já falecido; Pautilha - uma das maiores autoridades mundiais em laticínios; Elça, do lar; Maria - cirurgiã- dentista; Palmira -Pro-fessora Universitária de História; Darcilia - dentista e acupunturista; Altidônio -agrônomo e fazendeiro; Ailton - fazendeiro; Valdair - advogada, já falecida; Valdir - fazendeiro, seresteiro e industrial; Antonio Carlos - economista, técnico em laticínios, industrial e fazendeiro.

Herdou de seus antecedentes lusitanos — a mãe, Dona Palmira e seu avô paterno, Francisco de Paula — o gosto e a coragem de enfrentar o desconhecido. Começou a trabalhar por conta própria, já aos vinte anos. Seus tios foram para Ribeirão Preto, embalados pela pujança do café e praticamente abandonaram sua fazenda Rio Grande, em Rio Preto, distrito de Bocaina de Minas. Ali viviam umas pessoas recém libertadas da escravidão, criando cavalos chucros. Alípio percebeu a oportunidadeformada pelas terras

Alípio Guimarães de Carvalhoboas e a mão de obra abundante. Em lance de abso-luto pioneirismo, fez um contrato de meação com os alforriados, financiando uma grande plantação de milho, consorciada com feijão. O milho, para ele e as duas colheitas de feijão para os meeiros. O sucesso do empreendimento gerou recursos para ele com-prar a própria Fazenda Rio Grande e os seus sócios comprarem uma outra terra

Líder político, também coordenou, junto com o pranteado advogado e poeta mineiro, Dantas Mota, a emancipação da Vila do Livramento, então per-tencente a Aiuruoca, que se constituiu na cidade de Liberdade, MG. Tendo chance de ser o Prefeito, preferiu ser Vereador, função que realizou com garra e amor, como era o seu feitio. Seu lema, na política e na vida, era: “ sem estradas e escolas ficaremos plantados, presos ao chão”.

A primeira escola, no porão da casa materna, inaugurou trazendo a Professora Dona Zezé e o Professor Rosas, de Aiuruoca. Ali, seus onze filhos fi-zeram as primeiras letras, ao lado de inúmeros filhos de colonos. A segunda escola, Escola

Típica Rural, abrangendo Ponte de Souza, Rio Preto, Campo Alegre,

Mirantão, foi inaugurada em 1950, em terreno de Amâncio e Yolanda

Severino, na gestão do prefeito resendense Oswal-do Rodrigues e seu vice Augusto de Carvalho, com a ajuda do Deputado Oswaldo Gomes. A filha e a sobrinha de Alípio, ambas de nome Palmira, minis-traram aulas gratuitas até o formal reconhecimento da escola, quando na primeira matrícula comparece-ram mais de 100 alunos.

A estrada Rodoviária do Mauá ao Rio Preto foi cavada com o suor de Alípio e seus colonos, com o decisivo apoio de Joaquim Maia, então Prefeito de Resende, que entrou com o material da obra. Em 1946 chega à Fazenda Estrela Norte (a segunda fazenda que comprou) o primeiro caminhão, do próprio Alípio, um chevrolet verde comprado no Co-

mércio e Indústria Luiz Rocha, em Resende. Uma ponte de madeira sobre o Rio Preto ligando Minas ao Rio, também foi construída pelo nosso homena-geado, mais tarde substituída pela atual ponte de concreto, em cuja placa comemorativa se pode ler o nome Alípio Guimarães de Carvalho.

Alípio faleceu no dia 7 de junho de 1961. Partiu, como num verso do amigo Dantas Mota: “Deste mundo não sou. E nem lhe temo a noite”!

REFERÊNCIAS: anotações de Darcilia Gui-

marães de Carvalho, filha do homenageado

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A semana foi tensa. Poucos dias após a divulgação do “Seminário sobre os impactos socioambientais e governança na região de Vis-conde de Mauá – referentes à pavi-mentação da RJ-163 e RJ-151”, que seria realizado dias 5, 6, 7 e 8 em Mauá, chega a notícia de que o evento teria sido adiado pelo Inea. A justificativa era que a programa-ção devia ser mais bem ajustada. A notícia chocou a equipe do Conse-lho Gestor da Microbacia do Alto Rio Preto que organizava o evento junto com o Inea. O instituto esta-dual convidou para uma reunião dia 6 de abril no Centro Cultu-ral - Shopping de Mauá, a fim de discutir os ajustes e definir a nova data. O Conselho Gestor se reuniu dia 3, decidindo por continuar no processo do seminário, apesar de discordar do adiamento e se sentir atropelado pelo Inea. E comunicou a decisão por meio de uma carta aberta. Curiosamente, no dia 4 um email assinado pela Mauatur convida para uma reunião sobre o mesmo assunto, na mesma hora, mas em local diferente (na escola).

6 de abril: Na hora combinada, 13 horas, dois grupos se organi-zam simultaneamente: o Conselho Gestor e diversos colaboradores, no Centro Cultural, atendendo ao convite do Inea; e Mauatur e associados, na “casa vermelha” da Uerj (a escola estava sem espaço disponível), auto-convocados. Com cerca de uma hora de atraso chega o helicóptero com os sub-secre-tários de Ambiente e de Obras: Luiz Firmino e Vicente Loureiro. Ainda sem consenso sobre o local da reunião, decidem iniciar pelo

Tensão e revelação em Visconde de MauáLuis Felipe Cesarencontro oficial no Shopping. A

reunião avança com esclarecimen-tos e muitas questões paralelas, até que se definem os consensos: o Inea será o único organizador do seminário, a nova data será na penúltima semana de maio e até lá uma série de reuniões com os parceiros, incluindo Conselho Gestor, revisará a programação. Fica excluída a criação do Con-selho da Estrada Parque naquele momento, tema que foi identificado como causa dos pedidos pela não realização do evento.

O grupo seguiu, então, até a outra reunião, para onde já havia ido o Vicente Loureiro. A pequena sala estava lotada e parte do grupo ficou na varanda. Vicente falou das muitas pressões que a comunidade exerce sobre ele, com dezenas de emails, muitas vezes exigindo “padrões alemães” para a obra da estrada parque. Comentou também as muitas cobranças do Ministério Público, por ele consideradas como rigorosas e muitas vezes baseadas em denúncias descabidas. Mas foi a sua manifestação seguinte que pro-vocou a grande revelação do dia: Ao afirmar que a comunidade local era desorganizada, desunida e que havia uma fissura que impedia as orga-nizações locais de trabalharem de forma unida e integrada, provocou a manifestação de Lauro Caldeira, um dos diretores da Mauatur.

Lauro afirmou que o principal responsável pela cisão da organi-zação local é o próprio Governo

do Estado. E relatou ter sido convidado para uma reunião (em outubro de 2009), numa pousada do Vale da Grama, na qual estavam representantes do governo esta-dual e da Prefeitura de Resende. Na reunião os gestores estaduais informaram que era necessário

enfraquecer o Conselho Gestor porque o mesmo poderia prejudicar o andamento das obras da estrada parque. Para isso, pediam que a Mauatur, a ACVM e a AMA-10 se retirassem do mesmo, garantindo que o governo estadual criaria um Conselho Gestor da Estrada. Um clima simultâneo de alívio, euforia, perplexidade e constrangimento preencheu o ambiente. Ninguém desmentiu o relato.

Voltando a 2009, de fato, poucos dias após, em 13 de outubro, três ofícios, idênticos, foram enviados pelas três entidades à coordenação do Conselho Gestor, informando o desligamento. A coordenação respondeu pedindo que eles reconsiderassem a decisão, mas não houve retorno. Resultados:

A prefeitura de Resende não mais participou das reuniões do cole-giado. O Conselho continuou a se reunir, apesar das ausências. A sede foi demolida sem que novo local fosse disponibilizado. O conselho da Estrada não foi criado até hoje.

Os fatos levam a reflexões inevitáveis e cujas respostas são

fundamentais para compreender-mos as implicações da governança integrada e participativa:

1.Qual o interesse do governo estadual em desmontar um Conse-lho Gestor no qual tinha assento?

2.Qual o interesse da prefei-tura de Resende em apoiar essa demanda, sendo que também tinha assento no Conselho?

3.Por que o Conselho Gestor dificultaria a construção da estrada, se já tinha sido favorável ao licenciamento da obra, com suas respectivas condicionantes legais?

4.Por que Mauatur, AMA-10 e ACVM, organizações civis inde-pendentes, acataram o pedido do governo estadual?

5.Por que até hoje não foi criado o Conselho da Estrada?

6.A quem interessa a inexis-tência de mecanismos de controle social numa região de alta visibi-lidade e que está recebendo quase 100 milhões de reais em obras?

7.Quais as consequências destes 19 meses de gestão partici-pativa fraturada?

8.Quais foram os agentes públi-cos, estaduais e municipais que, investidos de função pública, se prestaram ao papel de fomentar o desmonte de um órgão colegiado?

Finalmente, se havia qualquer desconforto com a estrutura e o funcionamento daquele colegiado, por que não propor seu aperfeiço-amento dentro do foro democrá-tico e institucional formado pelo próprio conselho (constituído por 18 membros, seis do setor público, seis do setor empresarial e seis da sociedade civil)?

Talvez tais respostas nunca sejam conhecidas do público, mas espera-se que pelo menos sirvam para a reflexão daqueles que pro-tagonizaram os fatos e, portanto, as conhecem. E que este momento esclarecedor seja aproveitado como lição de vida para construir uma nova etapa no aprimoramento das relações, da governança e da gestão participativa na Região de Vis-conde de Mauá.

Numa reunião em 2009, as autoridades estaduais informaram que era necessário enfraquecer o Conselho Gestor porque o mesmo poderia prejudicar o andamento das obras da estrada parque.