o ponte velha - janeiro de 2013

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Eu sou como eu sou, Presente, Desferrolhado, indecente, Feito um pedaço de mim. Eu sou como eu sou, Vidente, E vivo, tranquilamente, Todas as horas do fim. RESENDE E ITATIAIA - JANEIRO DE 2013 Nº 201 . ANO 18 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com Eu sou como eu sou, Pronome pessoal intransferível, Do homem que iniciei Na medida do impossível. Eu sou como eu sou agora, Sem grandes segredos dantes, Sem novos secretos dentes, nessa hora. UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA ATRAVÉS DA VIDA DE SEU SÁVIO, DO MERCADO NETINHO, DA PARADA DO MILHO, DE UMA GRANDE FAMÍLIA RESENDENSE Avião, trio-elétrico e salário para vereador (invenções de brasileiro, que é de uma astúcia tão louca, de deixar o mundo com água na boca) poema de Torquato Neto

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Page 1: O Ponte velha - janeiro de 2013

Eu sou como eu sou,Presente,

Desferrolhado, indecente,Feito um pedaço de mim.

Eu sou como eu sou,Vidente,

E vivo, tranquilamente,Todas as horas do fim.

RESENDE E ITATIAIA - JANEIRO DE 2013Nº 201 . ANO 18 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

Eu sou como eu sou,Pronome pessoal intransferível,

Do homem que inicieiNa medida do impossível.

Eu sou como eu sou agora,Sem grandes segredos dantes,

Sem novos secretos dentes,nessa hora.

Um poUco da nossa história através da vida de seU sávio, do mercado netinho, da parada do milho, de Uma grande família resendense

Avião, trio-elétrico e salário para vereador(invenções de brasileiro,

que é de uma astúcia tão louca, de deixar o mundo com água na boca)

poema de

Torquato Neto

Page 2: O Ponte velha - janeiro de 2013

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2 - O Ponte Velha - Janereiro de 2013

P O L I T I C Á L Y ACabo Euclides e Professor Silva1) E AGORA, JOSÉ? Com

relação à eleição na Câmara Muni-cipal de Resende, o José estava indo tão bem... Chegou a falar em uma mesa, onde estava o Professor Silva, que não iria se envolver na disputa, pois os dois concorrentes (Bira e Pedra) eram de sua base eleitoral. Não restam dúvidas de que era a posição mais acertada. Porém, assessores inconsequen-tes ficaram enchendo a cabeça do José, até que, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, ele resolveu entrar na disputa, apoiando o Pedra e subestimando a capacidade do glorioso Ubirajara Garcia Ritton, mais conhecido como Bira. Mesmo com as defec-ções, algumas lamentáveis como a da Soraya, que havia fechado com a chapa 1, Bira venceu de nove a oito. O escrete campeão: Bira, Dr. Irani, Tiago Forastieri, David, Roque, Romério, Tisga, Barra Mansa e Olimpio. Votaram na Chapa 2: Pedra, Kiko, Soraya, Caloca, Mirim, Stenio, Tivo e Valdir Macarrão. Muitas lições ficaram da ferrenha disputa:

1) Soraya precisa ler Augusto dos Anjos: “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Assim, poderá entender porque a campeã de votos se transformou em campeã de vaias;

2) O orgulho da raça negra não se encontra apenas no Supremo Tri-bunal Federal. Aqui em Resende, o trio Tisga, Olimpio e Barra Mansa deu um show de dignidade e com-promisso;

3) O mais estranho de tudo foi o Renato Viegas ficar contra o can-didato do partido que preside.

Ainda assim, José, mais uma vez, deu sorte. Bira não fará opo-sição ao Governo, pois seu perfil não é de incendiário. O Professor Silva conhece o Bira, há muitos anos, desde quando ele brilhava como lateral esquerdo, nos campos de futebol da região, conhecido como Bibi. O novo Presidente da Câmara Municipal de Resende é um sujeito competente, sensato, trabalhador e direito. Formado em Contabilidade e em Econo-

mia, tem uma vasta experiência profissional. Há quarenta anos é titular de um dos maiores escritó-rios de Contabilidade de Resende, além de ser Diretor da Associação Comercial, em vários mandatos. Conhece muito bem a Câmara, pois já foi Vereador de 2005 a 2008. Seu perfil, repetimos, é de bombeiro, em razão do que não será uma pedra (ops...) no sapato do Rechuan. Pelo contrário, fará tudo pela harmonia entre o Poder Executivo e o Legislativo, em benefício de Resende.

Certamente o Rechuan não deixará seus assessores que investiram na campanha do Pedra retaliarem os partidários do Bira. Versado na rica cultura árabe, Rechuan sabe que é sempre bom não confundir serenidade com covardia!

2) PERFIL INFORMAL DOS ATUAIS VEREADORES EM RESENDE - ROQUE - O Roque faz jus à sua euclidiana origem ser-taneja: é, antes de tudo, um forte. Nascido em Mairi, no sertão da Bahia, filho de Abelardo Leandro da Silva (Belo, um nonagenário inteirão) e de Valdivina Cerqueira da Silva, já falecida. Está sempre de bom humor. Aguenta cobranças nas reuniões de secretários, com o maior fairplay. Ganha e perde eleições com a mesma fidalguia. Brinca com o Miguelzinho Bin Laden como se fossem dois meninos. Diverte-se com o apelido de Batatinha (Turma do Manda Chuva) que o Alceuzinho lhe colocou.

Apesar desse gênio bom, se tirado do sério, Roque relembra seus tempos de Duque de Caxias, quando foi jardineiro e motorista do lendário Tenório Cavalcanti, político que dominava Caxias, nas décadas de 50 e 60. Roque não hesita em brigar (até para cima), em defesa dos seus companhei-ros. O velho Belo, pai do Roque,

ensinou o menino muito bem: quem tem medo de assombração, não anda de noite!

É amigo do Vice Governa-dor Pezão e de vários deputados estaduais e federais, mas nunca se escuda nesse fato de ser um dos políticos de Resende com maior influência na área estadual. Pelo contrário, sempre que pode usa seu prestígio em benefício de Resende.

Aos 65 anos, o advogado e empresário volta para a Câmara, pelo PDT, eleito com 1.424 votos. Sua experiência política revela-se pela antiga participa-ção em Resende: candidato a Deputado Federal, dobradinha com Noel de Oliveira, em 1990, alcançou 7.078 votos. Candidato a Deputado Estadual em 1994, pelo PPR, obteve 1.777 votos em Resende. Vereador eleito em 1996, com 815 votos, pelo PMDB. Presidente da Câmara em 1998, deixou sua marca – a reforma da sede. Candidato a vereador, pelo PMDB, em 2000,

obteve 363 votos, não se reelegendo. Em 2008, alcançou 615 votos, ficando como suplente.

Além de seus atributos, ainda desfruta da parceria da Dora (Theo-dora Lobs Cerqueira), sua simpática e eficiente esposa, que, nas reuniões com os amigos, tem a função de pagar as partes do Roque nas despe-sas, já que ele anda com um escor-pião em cada bolso.

3) A DANÇA DAS CADEIRAS

3.1 - MIGUELZINHO DIAS CONTINUA NA AGRICULTURA - Na última segundaferina, a famosa reunião dos secretários, Miguelzinho Bin Laden foi confirmado na Secreta-ria de Agricultura e Pecuária, de viva voz, pelo próprio José Rechuan.

3.2 - MARCELO ALMEIDA NO GABINETE – A coluna lamenta o fato de o Marcelo sair da Superin-tendência do Trânsito, onde estava trabalhando muito ... e bem. Ao mesmo tempo, fica feliz em vê-lo no Gabinete, mais perto do Prefeito,

que, em um gesto de grandeza, nomeou o Marcelo para um cargo até mais importante. Além de suas qualidades intrínsecas, Marcelo é filho de um patrimônio do Bairro Paraíso, o José Ribeiro de Almeida, mais conhecido como Zé da Padaria, um sujeito que “onde chega, tá chegado”!

3.3 - MUDANÇA NA CULTURA - conforme informação no próprio site da Prefeitura, o novo Presidente da Casa de Cultura Macedo Miranda é o Angelo Tra-mezzino, funcionário de carreira daquela Fundação. Sem prejuízo do bom desempenho dos titulares anteriores (André Whately e Lu Gastão), José preferiu profissiona-lizar a Casa de Cultura. Segundo o PC, o novo Presidente é muito capaz e certamente fará uma boa gestão.

3.4 - MUDANÇA NO MEIO--AMBIENTE - Saiu o Fontanezzi e entrou o Wilson Moura, mais conhecido como Broa. Moura já exerceu esse cargo, na gestão Eduardo Mehoas, com atuação reconhecida, tanto pela sociedade, quanto pelo corpo funcional da AMAR. Parabéns ao Broa e ao José, pela excelente escolha.

3.5 – SANEAR – Está custando a sair fumaça branca na chaminé da Sanear. A coluna torce pelo Luiz Cláudio, funcionário de carreira que honra o título de servidor público.

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Page 3: O Ponte velha - janeiro de 2013

Resende teve seu primeiro prefeito em 1913. Foi Antônio Pereira de Souza Botafogo. Era engenheiro da Comissão de Saneamento do Rio de Janeiro, e viera para remodelar a cidade a mando de Oliveira Botelho, então presidindo o Estado. Antes, o executivo era atribuição da Câmara, nomeadamente seu presidente. Por feliz incompetência, a República positivista não conseguiu arrasar a autoridade das “repúblicas municipais”.

Município era coisa respeitável. Era bem mais que mera divisão administrativa loteada por profissionais do poder. A eti-mologia mais aceita diz que o termo vem de munus (privilégio) e capere (receber). Daí, município significar aquela comunidade que recebeu privilégios, autonomia. Mas o conceito tem a ver com “mão” e “serviço”. De múnus vem co-munidade, que se refere ao sentido mais nobre de cidade, antes que ao território e à competência administrativa.

Das instituições provenientes da antiguidade latina que atravessaram os séculos, o município era das mais repre-sentativas da mentalidade comunitária. O chamado “poder local” sempre foi, na América ibérica, um baluarte das liberdades civis perante o processo de centralização que marcou o absolutismo europeu desde a Renascença. Confrontando a pretensão ilu-minista de “planejar a cidade”, o brasileiro que civilizou o sertão dizia: respeitar a lei sempre; obedecer às vezes... Pois planejar a cidade pode acabar querendo planejar as almas.

A tara centralizadora sempre ameaçou a cultura política da vizinhança e seu sentido de pertencimento, seus mutirões e redes de solidariedade naturais. Em grande medida, esta cultura se estribava nos valores e práticas da cristandade colonial, e na possibilidade de se educarem as gerações, de se trans-mitirem os hábitos fundamentais de participação. Por isso o fim do município é sintoma de decaimento e corrupção do espírito público.

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João Maia preocupou-se com a questão em seu “O Município” (1883). Há 130 anos, a visão do nosso bacharel argumentava como era de se esperar de um liberal disposto a europeizar o sertão: a centralização e a burocracia aten-tavam contra a cidadania idealizada

segundo molde europeu; mas não avaliava quanto se perdia em instituição e tradição, que mantinham nossa cidadania barroca.

O desmanche da sociedade tradicional pelo avanço do individualismo e da buroc-racia modernos teve em 1930 um marco. Em 15 anos, o ditador Getúlio Vargas descon-struiu o que restava da sociedade tradi-cional, estatizou o espaço e industrializou as consciências. O pai dos pobres soube ser mãe dos ricos e algoz do município. Destruiu o poder local de coronéis e caudilhos, cangaceiros e beatos, câmaras e concelhos. Destruiu nossa “idade média” e inviabilizou nosso capitalismo.

Involuímos rapidamente. Mas alguns usos e costumes municipais perduraram ao alcance da mão. Cidadãos que ainda tinham duas mãos em vez de quatro patas, faziam toda a diferença. Um homem ou dois, conservando uma estrada vicinal ano após ano à base da enxada, remu-neravam melhor a comunidade do que o serviço de uma empreiteira mal licitada, pelo qual ninguém responde de fato. Tratar com paralelepípedos exigia diálogo e arte para manejar a infiltração da enx-urrada. Guardas de trânsito – ainda que corruptíveis – guardavam melhor o bem público que radares terceirizados.

Artes e ofícios - O poder está cada vez mais distante e mais anônimo. Não só o poder político; também o poder mais prosaico que regula o mundo das coisas, faz aborda-gens criativas e aproximações comuns, tem perdido a sensibilidade manual. O ritmo industrial não substitui as demoras indis-pensáveis que formam o “tato”. E porque demorar é morar, o tato é o grande ministro da sociedade, o eterno tribuno do povo.

Uma pessoa sem tato é um fio desen-capado. Os processos humanos precisam tatear. Ficou famoso o caso da Mercedes-Benz, que andou dispensando mestres mecânicos e os substituindo por softwares. Os programas eram tão precisos que lhes faltava a sensibilidade para o ajuste das suspensões, causando desastres. O mesmo risco se pode ver nos cursos à distância, no fabrico de certos queijos importantes, na indispensável missão do somelier ou na tarefa do domador de cavalos.

A ciência sem arte escapa à escala humana. A tecnologia é a técnica que perdeu o tato. Como a democracia é a solidariedade que enlouqueceu. Com mais de 80% de população vivendo nas cidades, perdeu-se a escala humana do município. Perdeu-se a capacidade de apalpar a realidade. O patológico mundo virtual em que se exer-cita o egoísmo cotidiano, com sua pressa doente e organização abstrata, prescinde do tato, como as cidades hoje prescindem de políticos.

O virtual parece pôr o mundo inteiro em nossas mãos. Esquecemos que viver neste mundo velho sem porteira não pode ser mais que fazer manutenção e bater palmas.

1- Nesta edição, nossa entrevista das páginas centrais cedeu a vez a um texto de Flora Pimentel sobre seu avô, Sávio - do Mercado Netinho, da Parada do Milho, da fábrica de conhaque Villaça - cuja história nos traz um pouco dos costumes, da cultura de uma época recente na cidade. Publicamos também, nas páginas 4 e 5 as saudações que Celina Whately e eu fizemos a Sônia Pozatto e a Joel Pereira, por ocasião da recente posse dos dois como membros da Academia Resendense de História (ARDHIS). Dois per-sonagens cujas vidas também são registros importantes de nossa história.

2 - Quanto tempo vai rolar na justiça essa questão da impugnação do Ypê? O Almir que assumiria? Haveria outra eleição? O jovem e evangélico Sancler seria farinha de um novo saco? Que coisa triste é a vida política de Itatiaia! E que coisa feia é a doença do poder: os cochichos, as armações, o jogo de vendas das almas. Cada vez mais, em todos os lugares, as câmaras são exten-sões do executivo - e se não são é porque tramam por outro exexcutivo do qual serão extensões.Só dando aquele grito de guerra que, no meu tempo de ginásio, ecoava de vez em quando lá do fundo da sala: saco cheio!!

Gustavo Praça

Uma edição com muita história

Page 4: O Ponte velha - janeiro de 2013

Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer Á Direto-ria da ARDHIS pelo convite para fazer a saudação da nova acadêmica Sonia Maria Leite Pereira Pozzato que considero uma cidadã resen-dense da mais alta respei-

tabilidade dada sua longa lista de serviços prestados à comunidade, demonstrando sempre a maior retidão, competência e sensibili-dade no trato da causa pública.

Sonia formou-se no curso Normal no Colegio Santa Angela, graduando-se depois em Letras e Comunicação Social, tendo se especializado em Administração Educacional na AEDB..

Trabalhou em várias Institui-ções de Ensino de Resende, entre as quais: Colégio Estadual Olavo Bilac, Colégio Estadual Marechal Souza Dantas, Colégio Dom Otto-rino Zanon (Patronato), Colégio Dom Bosco, Colégio Salesiano.

Trabalhou no gabinete do Pre-feito Aarão Soares da Rocha e, em 1977, foi contratada como Inspe-tora de Ensino pelo prefeito Noel de Carvalho. Em 1981, através de Concurso Público, foi nomeada Inspetora de Ensino estatutária, função que exerce até hoje na Secretaria Municipal de Educação.

Na primeira administração do prefeito Noel de Carvalho exerceu varias funções dando assessoria ao Gabinete do Prefeito e a várias Secretarias, entre elas à Secretaria de Turismo, dirigida à época por Frede-rico de Carvalho, que criou um Con-selho de Turismo reunindo vários hoteleiros da região. Neste Conselho Sonia era peça fundamental e braço direito de Frederico de Carvalho que foi o grande responsável pela divul-gação do rico potencial turístico da Região das Agulhas Negras na imprensa do Rio e São Paulo.

Foi nessa época que passei a conviver de perto com Sonia que,

4 - O Ponte Velha - Janeiro de 2013

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Celin

a W

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ly Sonia Pozzato: sempre ativa na culturaposso dizer que foi minha “fada madrinha” ao me introduzir aos meandros de Resende, uma cidade ainda bem provinciana, para onde eu tinha me mudado no final da década de 1970, vindo do Rio de Janeiro.

Com ela aprendi, por exemplo, tudo sobre o Carnaval de Resende nas longas reuniões realizadas mensalmente no Gabinete do Prefeito, das quais participavam os representantes das inúmeras agremiações carnavalescas que existiam na época. Foi Sonia, por exemplo, quem organizaou o Pri-meiro Regulamento para o Desfile de Blocos e Escolas de Samba de Resende. Em 1980 participou da criação da Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Resende e, no ano seguinte, em 1981, concorreu para a transferên-cia dos desfiles que aconteciam na Praça Oliveira Botelho para a Avenida Beira-Rio

De seu extenso currículo gosta-ria de ressaltar algumas passagens que evidenciam a variada gama de trabalhos executados por ela em sua trajetória profissional.

Sempre atenta aos problemas sociais, foi durante muitos anos, juntamente com sua mãe, conhe-cida como Tia Dina, membro da Associação das Luisas de Marillac de Resende, entidade sem fins lucrativos que tinha por objetivo principal cuidar dos idosos e dos menores desamparados.

Em 1969, em visita à Biblioteca Municipal, percebeu que havia vários embrulhos encostados na parede e ao perguntar o que conti-nham o responsável pela Biblioteca disse que eram quadros doados pelo jornalista Macedo Miranda (mais conhecido como Zuza) quando foi criado o Museu de Arte Moderna de Resende na década

de 1950. Como não tinham onde guardar os quadros eles estavam na Biblioteca esperando uma provi-dência. Sonia pediu para abrir os pacotes e verificou que se tratava de quadros raros, origi-nais de Santa Rosa, Ivan Serpa e outros. Imediatamente ligou para Carlos Alfredo Macedo Miranda (filho do Zuza) que veio a Resende e constatando a situa-ção ficou indignado e fez uma grande matéria publicada no Jornal do Brasil criticando o desleixo e abandono de tão precioso acervo. Foi a partir desta matéria que o MAM de Resende, em 1970, ressurgiu das cinzas. Na segunda administração do prefeito Noel de Carvalho, Sonia passaria a dirigir o Museu de Arte Moderna de Resende vol-tando, no final do governo, às suas funções no Gabinete do Prefeito.

Em 1976 Sonia coordenou o primeiro Concurso Público realizado na Prefeitura Municipal de Resende. Durante vários anos foi membro da Comissão Organi-zadora da EXAPICOR e membro não governamental do Conselho Municipal de Cultura, colaborando para a elaboração do decreto de 1999 que, entre outras determina-ções, tombou os imóveis históricos do Municipio de Resende. Partici-pou, ainda, do Grupo de Trabalho que elaborou o projeto de regu-lamentação da Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda.

Participou de vários Projetos como o “Resendense Ausente”, “Resendense do Ano”, além do Projeto Turístico para Resende, em conjunto com a Faculdade de

Turismo Estácio de Sá.Com o olhar sempre voltado

para a Cultura, participou ativa-mente do Movimento SOS CINE

VITÓRIA que impediu que esse ícone da cultura resendense fosse vendido para se transformar numa igreja evangélica. A recuperação da PONTE VELHA , a revitaliza-ção do atual ESPAÇO Z, a res-tauração do PAÇO MUNICIPAL, hoje FUNDAÇÃO CASA DA CULTURA MACEDO MIRANDA foram também bandeiras levanta-

das por Sonia.Outra faceta importante a ser

destacada na nossa nova acadê-mica é sua presença constante na imprensa resendense em artigos que revelam sua permanente preocupação com a comunidade, nunca se furtando a aplaudir ou criticar medidas tomadas pelo poder público.

Em toda essa sua longa traje-tória Sonia sempre teve o apoio de seu marido José Roberto Pozzato (conhecido, entre os íntimos, como Zé Vidão) com quem tem dois filhos maravilhosos – Pedro Ernesto e Taís Maria.

A Academia Resendende de História que tem como ênfase o resgate e preservação de nossa identidade acaba, com a posse da nova acadêmica, de ganhar um reforço de peso para os futuros trabalhos a serem realizados

Para encerrar gostaria de citar uma frase de Guimarães Rosa que resume bem a atitude de Sonia diante da vida, quando êle diz

“Comigo as coisas não tem hoje, anteontem, ontem e amanhãs: é sempre.”

Page 5: O Ponte velha - janeiro de 2013

Janeiro de 2013 - O Ponte Velha - 5

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Joel Luiz Pereira da Silva, o Joel Pereira, me telefona um dia cedo:

“Gustavo, tive uma idéia que estou adorando! Já pensou se a gente conse-gue criar uma trilha esotérica aqui em Resende? Saindo da igreja do Paraíso e indo até à igreja de Bocaina de Minas? E passando por uma série de igrejas de

povoados e capelinhas de fazendas? Como isso podia incentivar o turismo e desenvolver peque-nos negócios pelo caminho? Só precisa a gente inventar um milagre, criar uma lenda...”

Pouco depois me liga ele outra vez: “Ô Gustavo, sabe o que a gente podia inventar? Que o Miguel Dias, o Miguelzinho Osama, parou de beber depois que fez essa peregrinação”.

“Mas ô Joel, você já não espalha por aí que ele é um encosto, uma alma penada lá da Bocaina?”

“Não faz mal não. Uma alma penada que parou de beber é um negócio até mais sensacional!”

De outra vez a idéia era um carrinho feito com rodas de bicicleta e as laterais de tela, ideal para os catadores de lixo reciclável. Ele viu um modelo em alguma cidade por aí e desenhou uma adaptação de sua lavra aqui para Resende. Levou o desenho ao prefeito. Cada carrinho poderia ser bancado por uma firma. Idéia excelente, mas que o poder público acabou não aproveitando porque gosta mais das coisas mega. Abriu mão, o poder público, de um designer de primeira, que projetou - e construiu ele mesmo - um marcador de madeira para jogo de truco: gavetinhas dos quatro lados para os parceiros guardarem as peças coloridas, também de madeira, que vão marcar os tentos e as quedas, e, na superfície plana de cima, os buracos necessários para se encaixar as peças conforme as partidas vão se sucedendo.

Eu poderia contar aqui muitas passagens do Joel. Do Joel colecionador, por exemplo, que tem todos os resultados das eleições de Resende desde o golpe militar de 64. Os votos de cada candidato a vereador, a deputado, a prefeito e vice. Informação que não se consegue mais junto à Justiça Eleitoral. Do Joel que guarda, muito organizadamente, alguns livros didáticos de Raul Moreira Neves, que eram adotados nas aulas dadas pelo coronel Fragoso, seu professor de português. E que diz que fica emocionado sempre que os manuseia.

“Ali eu comecei a gostar de poesia” – me conta. “O Fragoso ensinava análise sintática e gramática sempre partindo de uma crônica ou de um poema, ou de um trecho de um romance”

Gus

tavo

Pra

ça

Joel Pereira: o amor pelo homem comumE olha que Joel era um matador de aula de

primeira, como vou contar daqui a pouco. Mas não das aulas do Fragoso – para a gente ver a importância de um bom professor

Minha intenção ao narrar essas passagens é mostrar a alma de garoto - e, portanto, de poeta - que convive com o sóbrio advogado de voz grave, sem dúvida uma das pessoas mais elegantes da cidade, que até num domingo de manhã no Parque das Águas traja bermuda e blusa engo-madas e tênis imaculado. Parece um burguês soberbo, mas é um menino que ama principal-mente as coisas simples e as pessoas simples, as brincadeiras, as bobagens, os duplos sentidos dos jogos de palavras do homem da roça.

“Parece que a roça da minha infância era um outro país, um outro mundo – me diz ele. “Era uma gente não contaminada por novela; uma gente que dividia o pouco que tinha. Eu acho que o matuto medita o tempo todo, é um pensador, e interage com a natureza. Os chamados eco--chatos não conseguem perceber isso”.

A história que ele vem pesquisando a partir dos nomes das ruas da cidade mostra isso. Muitas das ruas têm nomes de pessoas que não foram grandes empresários, nem grandes políti-cos, nem grandes famosos. Mas o Joel admira a saga de cada um. As pequenas histórias de cada um, e que são afinal o que compõe o mosaico de um tempo – “e que são pouco valorizadas por essa época que só dá valor ao lado econômico, que despreza o lado espiritual”.

“Acho que no futuro as ruas vão ser indicadas só com números e letras, como é em Brasília” - me diz ele com tristeza.

Esse gosto pelo homem comum também se revela nas entrevistas que ele me ajuda a fazer, nas pessoas que ele sugere para a gente por na pauta: o motorista de um antigo caminhão leiteiro do tempo em que a cooperativa era forte; a telefo-nista prestativa dos tempos em que uma ligação para o Rio demorava horas - e uma telefonista também poetisa, criadora de sonetos e trovas sem ter tido grande estudo. Os dois - para não citar outros - não só admirados pelo Joel, como também amigos dele. O Joel, inclusive, tem a idéia de fazer, aqui pela Academia de História, um livro só com pessoas que dão nome às nossas ruas. Aproveitando as pesquisas que já fez bem como acrescentando outros autores.

Mas vamos a alguns dados biográficos do nosso novo acadêmico.

Joel nasceu no dia 28 de maio de 1950 na Fazenda Luanda, sertão de São José do Barreiro,

no estado de São Paulo, filho de Luis Pereira da Silva e Maria Letícia Cunha da Silva. Seu pai era o administrador da fazenda, e seu avô, carpinteiro. Joel diz que foi ali, na roça, que pela primeira vez viu reciclagem. Os meninos estica-vam papel de bala e guardavam tampinhas de refrigerante para fazer brinquedos; guardava-se feijão dentro de litros vazios e fazia-se canecas com latinhas.

“Até hoje me sinto um menino tirado da roça” - diz ele - “mas perdi toda a habilidade de fazer as coisas da roça. Mas meus pais vieram para a cidade por um motivo nobre, para os filhos poderem estudar”

Joel estudou no grupo Oliveira Botelho em seu primeiro ano de existência, quando ainda se chamava colégio Alfredo Backer. O ginásio fez no Dom Bosco, onde, segundo me conta, tomou gosto pela bagunça e pela matação de aulas. Tinha 11 anos e ia nadar no Alambari, roubar fruta em quintal e fumar com os colegas.

“Eu era muito fraquinho, e fumar me fazia mais respeitado. Acho que se naquele tempo hou-vesse muita droga como hoje eu teria embarcado também” – diz ele.

Repetiu duas vezes o primeiro ginasial, o pai o tirou do colégio pago e disse que ele fosse trabalhar; em casa teria muito mal o almoço. Foi trabalhar na loja de material de construção de Antônio Delphino. Lá, entre outros clientes, atendia a Overlack Menezes, que era diretor da IQR e gostou daquele garoto solícito. Será que ele gostaria de trabalhar na IQR? Eu e a torcida do Flamengo – respondeu Joel.

Na IQR ele tinha que ter a carteira assinada. Naquela época isso só poderia ser feito depois dos 14 anos, mas o Joel queria muito trabalhar lá, a única indústria existente então em Resende. E insistiu tanto com os diretores que eles foram consultar o advogado Jorge Jayme e este con-seguiu um alvará judicial para assinar a carteira

do garoto. Joel diz que foi um momento de grande satisfação na sua vida. Trabalhava com prazer, às vezes pedalando uma bicicleta pelos jardins da indústria, brincando e trabalhando ao mesmo tempo. E até hoje tem orgulho de ter insistido tanto com o advogado Jorge Jayme, dizendo que tinha que haver um jeito de ele poder trabalhar lá.

“A sociedade só evolui quando começa a derrubar os muros” – me diz ele hoje. “O homem é que faz as leis, não são as leis que fazem os homens. Eu gosto da rebeldia contra o Estado, mas acho que se deve andar muito nos trilhos quando se trata de respeitar as pessoas e as coisas dos outros”.

Na IQR (Indústrias Químicas Resende), Joel ficou de 1964 a 1971, quando entrou para o quadro de funcionários do Banco do Brasil, onde se aposentou em 1995, como Gerente Geral. Nesses 24 anos de banco, já então casado com Sônia Maria Almeida da Silva, criou as filhas Isis, Laís e Luísa, sendo hoje também avô do pequeno Mateus.

Em 1996 foi chefe de gabinete da Prefeitura Municipal de Resende; em 1998 estabeleceu-se na praça com um escritório de administração e venda de imóveis, e em 2006 abriu um escritório de advocacia, ambos funcionando até hoje com êxito, não fosse a sólida formação do nosso novo acadêmico: advogado pós graduado em Direito Público e em Direito Civil; MBA pela Coppead--UFRJ (Treinamento para Altos Executivos do Banco do Brasil); Analista Empresarial (MIPEN -BB), pela Fundação Dom Cabral, na PUC de Belo Horizonte; Técnico em Transações Imobiliá-rias e Técnico em Contabilidade.

Joel é ainda Diretor Secretário da ACIAR em vários mandatos e membro do Instituto Marechal José Pessoa. É autor do livro Relações Humanas no Trabalho, foi colaborador da revista da ACIAR e atualmente tem colaboração fundamental no jornal Ponte Velha.

Para finalizar, quero dizer ainda que vejo no Joel uma grande e rara qualidade: ver o lado bom das pessoas. No varejo da nossa política, por exemplo, ele sempre enaltece o que cada um fez de bom - uma indicação, um projeto, uma luta por seu bairro. A política, ao lado do truco e da cerveja com os amigos, está na linha de frente dos seus prazeres. E mais de uma vez ele já me disse que acredita muito numa frase do Luis Geraldo Whately: “o salário do verdadeiro homem público é o reconhecimento”.

E quem paga esse salário é a história. Em nome de todos eu dou as boas vindas ao Joel.

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Um poUco de resende na história de Um homem

6 - O Ponte Velha - Janeiro de 2013

surgiu uma vaga em Curitiba e ele foi parar lá. Ele viu que o Paraná era um eldorado. Fez muitas amizades. Dizia que toda vez que era perguntado se sabia fazer uma função, respondia que, se fosse como era feito em Resende, sim. Cresceu no banco. Chegou a inspetor bancário, e viajava de avião pelo interior do Paraná, fazendo sindicância das agências.

CASAMENTOEliane Pimentel (filha): O namoro começou porque

os dois frequentavam a casa da Tia Guará (na Gustavo Jardim). O pai foi morar na casa do Tio Dito Ramos (irmão da Vó Filinha), casado com a Tia Guará Villaça naquela época. A mãe também frequentava a casa constantemente porque a sua casa estava sendo reformada. A tia Cyaba (tia do Sávio) começou a brincar que os dois estavam namo-rando, e assim foi. Depois, quando ele foi morar no Paraná, se correspondiam por cartas.

MERCADOLecy Tavares (cunhado): Quando a Ivete nasceu, o

Sávio e a Iva moravam em Curitiba. Ele trabalhava em banco, era muito estimado por aquelas bandas e chegou a ocupar cargos elevados. A Ivete era doente do intestino e o Sávio resolveu voltar para Resende, também devido à necessidade de ajudar na fábrica de conhaque Villaça, de propriedade da família da Iva. O Sávio não sentiu a liber-dade de que precisava para trabalhar lá na fábrica e saiu.

Já eu havia sido demitido da fábrica de coque. O Sávio me propôs sociedade na Peixaria Netinho, nome dado em homenagem ao seu pai. Ela ficava na Rua 15 de novembro, na garagem do sobrado, herança da D. Filinha (mãe dele). Em 1961 compramos o bar ao lado e abrimos o Supermer-cado Netinho, o primeiro supermercado da cidade.

------VOCÊ SABIA? Fernando Lemos (sobrinho): “Quando eles, Sávio e Lecy Tavares resolveram ampliar o negócio, se basearam no “Supermercado Disco” do Rio de Janeiro, e lançaram em Resende o conceito de supermer-cado, que é o que vigora até hoje. Era o autoatendimento chegando, era o “encha o carrinho e pague na saída”. Até então, o que tinha era o sistema de venda no balcão, ainda muito usado nos pequenos negócios e em pequenas cidades no interior. Dá pra imaginar a revolução que isso causou no comércio há mais de 50 anos?”

Lecy: Nós tínhamos confiança total um no outro na sociedade. O Sávio era um homem muito íntegro; ele mesmo dizia que era “fiscal dele mesmo”. Então, no fim do mês, ele fechava as contas e igualava as minhas retiradas e as dele. Ele sempre consumia um pouco mais, já que tinha uma família maior e fazia questão de me dar em dinheiro a diferença. Fomos sócios até 1978, quando comecei a trabalhar com construção, apesar de o Sávio não querer que eu deixasse a sociedade.

Antigamente Resende era uma família. O freguês era fiel e amigo.

O Mercado enchia depois da missa das 7 horas da manhã da matriz. No começo, D. Filinha e a Marlene desciam para ajudar. Na Semana Santa, enchia. No feriado de Finados, vendíamos flores. Recordo-me, certa vez, que a Marlene, grávida, de barrigão, trabalhou no mercado, vendendo flores. O Cléber nasceu no dia 06 de novembro. Além disso, naquela época, todo mundo fazia compras porque cozinhava. Restaurantes eram poucos.

Nós sempre trazíamos produtos inovadores para a cidade. Naquela época não tinha pão de forma, iogurte

Seu Sávio, do Mercado Netinho, da Parada do Milho, de uma grande família...

Flor

a Pi

men

tel Sávio Ramos Pimentel nasceu em 1º de março

de 1930 em Resende. Foi um dos sete filhos do comerciante Netinho e da D. Filinha, citando--os, por ordem de nascimento: Martha, Ruth, Sidinho, Sylvio, Sávio, Sérgio e Marlene. Casou--se com Iva Villaça Pimentel e teve quatro filhos, Ivete, Ricardo, Eliane e Deise. Foi proprietário do mercado Netinho, juntamente com o seu sócio

Lecy Tavares. Era conhecido comerciante na cidade. Faleceu em 13 de novembro de 2013 em Resende.

Com o intuito de não deixar a história do meu avô e da sua família se perderem, eu me propus a entrevistar algumas pessoas próximas a ele, após o seu falecimento. O grande lance é que as lembranças e sensações registradas não se submetem à morte; ganham vida quando relidas. Eu quis descobrir as facetas que não conhecia do meu avô, desvendar suas emoções, suas relações e reviver as suas experiências. Foi uma viagem através das recordações de muitas pessoas que sempre se emocionavam ou sorriam durante as conversas. E o que foi mais precioso foi poder provar o gostinho das sensações que afloraram em cada um dos entrevistados quando reviveram os momentos.

Sei que não consegui falar com todos os amigos e parentes do vô e, de antemão, peço desculpas àqueles que tinham carinho por ele, que teriam muito a dizer, mas que não tiveram a oportunidade de deixar o seu registro neste jornal. Como resolvi escrever a reportagem com um curto prazo para a rodagem do jornal, tenho consciência de que falhei nesse aspecto, mas que não foi um caso “culposo” (rs). De todo modo, gostaria de dizer a todos os que qui-serem me procurar para contar estórias sobre o Seu Sávio após a publicação desta edição, que estarei ansiosa para ouvi-las com toda a atenção e registrá-las.

Selecionei, então, na minha visão, trechos interessantes das entrevistas feitas. Busquei recontar a estória e me ater aos “causos” do dia-a-dia, que nos relembram o jeito de viver do Seu Sávio e que nos remetem a um aspecto da vida simples e cheio de boas lembranças. Dividi o texto didatica-mente em etapas da vida do vô, como o período que passou em Curitiba, o casamento, a dedicação aos negócios e ao mercado, a aposentadoria, as suas relações com a família (pai, mãe, irmãos e sobrinhos), D. Iva, os filhos e netos.

CURITIBARicardo Pimentel (filho): Quando jovem, o pai era um

aluno aplicado. Chegou até a estudar agronomia em inter-nato durante um tempo. Depois fez uma Escola de Comér-cio no Olavo Bilac e começou a trabalhar para Banco. Quando ele trabalhou no Banco da Lavoura, em Resende,

Danone ou caldo Knorr em Resende. Então, eu, como era responsável pelas compras, ia a São Paulo duas vezes por semana e buscava essas coisas que não tinham em Resende.

Ricardo: Na primeira compra da Peixaria, o pai foi ao mercado de peixe de Niterói e o vendedor não pediu dinheiro na hora de entregar as mercadorias. Disse que ele poderia pagar quando voltasse a comprar de novo. Anti-gamente as pessoas confiavam umas nas outras na hora de fazer negócio, era diferente. Lembro de ele falar desse caso com um sorriso na boca. Depois de um tempo, ele passou a ir uma vez por semana à Estação de trem para pegar o peixe, limpar e vender.

Ele almoçava no mercado, correndo, correndo. Disse que queria um negócio que fechasse sábado às 12 horas e que abrisse segunda. Tentou até abrir um bazar, mas durou pouco. Aprendi a lidar com o negócio, vendo o pai tra-balhar. Sávio nunca fazia negócio para perder. Não dava desconto. Para negociar, não era flexível. Quando chegava no preço, se o cliente não quisesse, ele não cedia.

Para o pai não tinha tempo ruim. Ele descarregava cami-nhão de batata e fazia o que tivesse precisando. Era bruto, estabanado. Também era inovador, criativo, mas falava que trabalhava mais com o corpo do que com a cabeça.

Era muito difícil ganhar a vida naquela época. Os homens eram mais brutos, era muito mais complicado ser doutor, mas tiveram algumas pessoas que enriqueceram de uma hora para a outra com oportunidades como a obra de Furnas. A AMAN, instalada em Resende em 1938 para começar a ser construída, também foi uma oportunidade de negócio para muita gente.

Eliane: Eu trabalhava no Netinho também. A convi-vência do Sávio com os filhos era rígida. Não tínhamos as coisas facilmente não. Ele ia para o Rio de Janeiro buscar de ônibus as novidades para o mercado (no lombo). Traba-lhou muito, desde os 7 anos de idade.

Clodoaldo Cunha (gerente da Parada do Milho): O Seu Sávio tinha uma carvoaria; ele inventou o carvão embalado em Resende. Ele comprava o carvão do Haroldo no Paraíso, embalava e distribuía por Resende toda. Ele sempre queria colocar o Ricardo para trabalhar no fim de semana, que era o momento da semana de mais movimento, mas o Ricardo queria jogar bola. O Seu Sávio não admitia, ficava bravo e às vezes dava uns couros nele. Então, o pai (Seu Totonho), vendo isso, falou com o Seu Sávio que ele tinha três mole-ques à toa para ajudá-lo. Foi quando eu, o Guto e o Cássio começamos a trabalhar para o Seu Sávio. Nós peneiráva-mos, embalávamos e distribuíamos o carvão.

O tio Luís ficou desempregado na roça e veio para a cidade. Ele já mexia com milho, sabia cozinhar pamonha, já que esse costume veio da roça. Foi justamente nessa época que o Seu Sávio começou a se interessar pelo milho e a trabalhar sobre a fórmula do suco de milho.

O Seu Sávio inventou uma forma de abrir uma lan-chonete na praça à noite. Em cada porta do mercado, ele vendia uma coisa diferente: algodão/pipoca; milho verde/curau/pamonha; sorvete; bomboniere. O suco de milho era vendido em um copinho de papel descartável sobre um suporte. A venda de espiga de milho era forte. A vida na praça era uma maravilha.

Nós também ajudávamos nessas vendas noturnas e cada um de nós ficava em uma portinha. Com dez anos de idade eu já recebia no caixa. Certa vez, me lembro da gente voltando da praça meia noite e apostando corrida e do Seu

Seu Sávio com dona Iva

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Explicável, pois minha mãe era a irmã mais velha dele, e ela faleceu jovem, aos 32 anos, nos idos de 1954. E me dizia: “Eu também não a esqueço, nunca!””

A minha mãe, filha mais velha da D. Filinha e do Netinho, faleceu de câncer em 1954. No meu parto, os médicos diagnosticaram a doença e, então, ela me entre-gou para a Tia Anita com um bilhetinho, pedindo que ela cuidasse de mim. A Tia Anita era 3 ou 4 anos mais velha do que a minha mãe e eram muito ligadas.

Sobre a Ruth (irmã) e família:Ângela (sobrinha; filha da Ruth): “O que eu me lembro

muito é que quando ele morava no Paraná eu era bem

pequena e ficava feliz quando ele vinha de férias. Ele ia lá para a nossa casa e virava uma criança como nós. Ele brincava muito de tudo, se ajoelhava no chão, nós subíamos nele e ele corria pela casa fazendo cavalinho comigo e com o Maercinho (filho da Ruth, irmão da Ângela). Depois ele nos colocava nas costas e nos ombros e saía pulando, falava que o cavalinho estava trotando e nós adorávamos. Quando ele vinha sempre trazia chocolate para nós. Já com os meus filhos e netos ele sempre brincava fazendo aquelas caretas dele, mexendo as orelhas, colocando a língua para fora, etc.. Se você perguntar para os netos como o tio Sávio faz,eles logo o imitam nas caretas.

Outra coisa, sempre foi muito atencioso com a família, todas as terças-feiras ia tomar o café com a mãe (tia Ruth), nós já sabíamos e procurávamos preparar alguma coisa diferente para esperá-lo.Ele sempre vinha carinhosamente com um potinho de doce feito por ele. Um dia ele esteve aqui em casa e falou que estava sentindo falta do café das terças-feiras e falou que se sentia muito bem entre nós.”

Sobre a D. Filinha (mãe):Ângela: “Uma coisa que eu não participei, mas ele e a

vó Filinha quando viva sempre contava e riam muito foi que quando ele morava no Paraná, ele veio uma vez para levar a Vó Filinha para conhecer e passar uns dias com ele lá no Paraná. A vó Filinha arrumou a malinha dela e foram felizes da vida. Chegando lá, foram atravessar uma rua, a mala da vó Filinha abriu e caiu a roupa toda no meio da rua. Ele não sabia se recolhia a roupa correndo e colocava na mala ou saía do meio da rua e os dois riam sem parar e quem passava ficava olhando.”

Sobre o Sidinho (irmão) e família:Toninho (sobrinho; filho do Sidinho): No domingo, o

tio Sávio tinha um itinerário. Sempre passava na casa do Bosco, do Fernando, do Sidinho e do Lecy. Todo sábado

Janeiro de 2013 - O Ponte Velha - 7

Sávio correndo com a molecada no maior pique.O movimento da praça acabou quando os cinemas

fecharam. Então, o Seu Sávio começou a colocar gente para vender caldo de cana, suco de milho e refresco de maracujá (em barricas de inox) e algodão doce para ele nas ruas. Ele também tinha um carrinho de churros e fazia uma massa muito boa. Um pouco antes do movimento da praça diminuir, por exigência da prefeitura, ele fechou o negócio do milho (que ficava em uma das portinhas do mercado à noite) e abriu a portinha na Gustavo Jardim. Passado um tempo, ele disse que iria se aposentar e perguntou se algum dos filhos queria pegar o negócio. Então, o Ricardo entrou na estória e começou a Parada do Milho.

PAI, MÃE E IRMÃOS:Sobre o Sylvio (irmão):Lecy: O Sylvio era funcionário do Banco do Brasil.

Depois de aposentado, decidiu se formar Engenheiro. E ele dava conta do recado, tanto é que a turma ainda pedia expli-cações sobre a matéria para ele. Como uma homenagem, o Sávio deu para o irmão, então, uma placa em que mandou escrever: “Engenheiro Sylvio”.

Eliane: Era costume de antigamente, a madrinha dar dinheiro ou um agrado ao afilhado quando recebia a sua visita. Então, quando criança, o Sávio costumava ir na casa da madrinha, mas num belo dia, ela deu a benção e logo lhe disse que não tinha dinheiro. Depois desse caso, o tio Sylvio (seu irmão) ficava brincando com ele: “Hoje não tem dinheiro”. E eles passaram um bom tempo sem se falar por causa disso. Um dia, o pai estava a pé e quando o tio Sylvio passou por ele, ele ofereceu carona de uma forma muito boba, com uma palhaçada. A partir de então, eles voltaram a se falar.

Lecy: Outro caso engraçado sobre os irmãos Pimentel era os apelidos que se davam Sidinho e Sylvio. O Sidinho chamava o Sylvio de “Urubu”, por causa do traje preto de seminarista, o Sylvio costumava se referir ao Sidinho, que era policial, como “Periquito da perna preta”.

Sobre o Seu Netinho (pai):Marlene Tavares (irmã): Eu fui a rapa do tacho, a filha

mais nova da família. Das minhas lembranças de infância, raras são as memórias do meu pai, Antônio Pimentel Filho, o Netinho, porque nessa época ele estava sempre fora para se tratar, já que era tuberculoso. A minha mãe, D. Filinha, sustentava a casa com rendas de aluguéis e aposentadoria.

Dizem que o primeiro rádio de Resende ficava no Bar Rádio, o bar do Netinho, onde ficava o Mercado Netinho, na Praça da Matriz. Minha mãe (D. Filinha) dizia que o Netinho ficou doente de tanto trabalhar. Ele mexia com frio e com quente. Fritava bife e fazia sorvete em banho-maria em uma salmora. Ele também foi o primeiro a trazer o sorvete para Resende.

--------VOCÊ SABIA? Fernando Lemos: O primeiro rádio de Resende foi o Netinho quem trouxe. Quando ele chegou em casa com o rádio, a vó Filinha disse que ele era maluco, que eles não tinham condições de ter algo tão caro. E então, ele respondeu que o rádio não era da família, mas do bar. Disse que ela ia ver o movimento que aquele rádio ia dar, que os operários iriam para o bar para ouvir a caixi-nha que falava. E assim foi, dito e feito.

Sobre a Martha (irmã) e família:Fernando Lemos (sobrinho; filho da Martha):“Um dos casos que tenho para contar do Sávio era o

orgulho que eu tinha de apresentá-lo como “meu tio, irmão de minha mãe”... Quando morei no Mirantão e o apresen-tei aos amigos mineiros de lá, ele comentou esse detalhe comigo. E inflado de alegria me disse um dia que adorava quando eu o apresentava com esse detalhamento familiar.

e domingo, o tio Sávio e o pai (Sidinho) tomavam uma pinguinha aqui em casa. O pai não ficava uma semana sem ver o Sávio. Muitas vezes nós chegávamos aqui no fundo da casa e os dois estavam conversando. Logo que viam alguém chegando, faziam: SHIII e colocavam o dedo na boca em sinal de silêncio. E eles riam demais, contando os casos deles.

Chegava aqui em casa e sempre dava um beijinho nas meninas, fazendo um barulho: CLOC-CLOC. E elas o bei-javam também no mesmo ritmo, fazendo: HUM-HUM.

Umas duas semanas antes de ele falecer, fomos no Maercinho e chupamos jabuticaba, nós três juntos, embaixo do pé. Vimos o pé de maracujá, cuja muda ele havia dado para o Maercinho, e ele estava cheio de maracujá verde. No dia em que ele morreu, de manhã, o Maercinho colheu o primeiro maracujá do pé.

Sérgio (irmão) e família:Bosquinho: Em 1971, trabalhei para ele no Netinho.

Os funcionários gostavam muito do Sávio. Ele sempre foi muito justo, buscava ser humano, um bom patrão. Quando o domingo estava ensolarado, ele colocava os funcionários em cima do caminhão para jogar bola. Também costumáva-mos ir ao ribeirão.

Ele sempre foi um segundo pai para mim. Quando o meu pai (Sérgio) esteve internado, ele estava próximo; quando sofremos com assaltos em um bar na Vila Nova e abrimos um novo ponto no Lavapés, ele deu a maior força, nos ajudou. Esteve sempre presente; nas horas mais difíceis, ele estava presente. Devo a ele ter tido estudo, dentista e lazer.

Todo sábado ele ia lá em casa beber uma cachacinha. Quando ele parou de beber, juntou todas as garrafas de cachaça que tinha e levou pra mim. Tinha pinga de tudo quanto era sabor. Eu falei pra ele que eu já podia abrir um bar.

D. IVA (ESPOSA):Eliane: Naquela época não era fácil comprar roupa não,

e a minha mãe batia as nossas roupas à máquina. Quantos vestidos ela fez pra eu ir aos bailes do CCRR! Eu, tudo que podia, fazia pela minha mãe.

Eu nunca me esqueço de uma cena. Tínhamos um bar, do lado da farmácia, na frente da rodoviária. E me lembro da minha mãe fazendo sorvete com um barrigão enorme de grávida da Deise. Ficávamos eu, a Ivete e o Ricardo sentados em banquinhos na frente do balcão, enquanto ela trabalhava. E ela dava chiclete pra gente ficar quietinho. E teve um dia que engoli uns cinco chicletes, é mole?

Ricardo: Quando éramos crianças, a mãe trabalhava muito, estava sempre ocupada, fazendo algo dentro de casa, mas, algumas vezes, ainda sobrava tempo para deitar a gente no colo e fazer um cafuné. Ela me estimulou muito a fazer faculdade, queria muito que eu estudasse porque acreditava que por meio dos estudos eu ia conseguir sair daquela situação de trabalhar demais e ter uma vida tão estressante. Era muito prendada. Kátia: Já vi a Dona Iva cerzir uma meia em cima de um ovo. Teve formação para ser uma boa dona de casa.

APOSENTADORIA: Ricardo: Ele se aposentou muito cedo, com 50 anos.

Cansou. Mas o mercado continuou tendo um bom movi-mento até pelo menos 2008. Ele vendeu o ponto do mercado e passou a ter um aluguel. Fazia outras coisas para ganhar dinheiro. Então, a gente passou a ser mais amigo, conversava mais. E ele começou a valorizar o trabalho da gente. Disse que eu era um vitorioso de ter dado seguimento

Sávio na frente do mercado

(continua na página 8)

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8 - O Ponte Velha - Janeiro de 2013

Av. das Mangueiras, 1500 - Penedo (24) 8122.3315

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desde 2007

ao trabalho dele. No começo, ele achava que eu não ia dar certo. Não confiava. Lembro de uma vez a gente pescando no Paraíba e eu alugando a cabeça dele, falando de ideias para o suco de milho.

Kátia Alencar (nora, casada com Ricardo): O João Salgueiro foi um amigo por quem ele teve consideração muito grande. Eles se aproximaram justamente por serem concorrentes. Faziam campeonatos entre o Netinho e o Salgueiro. O João era muito aven-tureiro, se arriscava. O Sávio tinha uma simpatia pela família dele. Eles iam para Angra, pescar no bote do João Salgueiro. Foi mais ou menos nos anos 80. Ele adorou viver no tempo de Angra.

Ricardo: Ele se aposentou cedo, em 1982 ou 1983. Com a aposentadoria, tinha mais tempo e ele e o João Salgueiro saíam para passear. Uma vez eles saíram em uma caminhonete para Corumbá. Em São Paulo, encheram a caminhonete de maçã. Tinham um rádio amador para se comunicar com Resende. Houve comentá-rios em uma das cidades por que passaram de que o exército estava procurando umas pessoas com rádio e eles passaram a noite toda dirigindo para despistar a polícia. Então, já estavam com as caixas de maça há alguns dias na cami-nhonete, chegaram numa cidade e colocaram as maçãs podres no fundo das caixas. Foram em um sacolão oferecer a mercadoria e a dona gostou das maçãs (porque só olhou a parte de cima). Fizeram a venda e saíram correndo.

Kátia: Ele sentiu muito a morte do João Salgueiro e sonhou com ele por muitos e muitos anos.

ANEDOTAS:Deise Pimentel (filha): Certa

vez estávamos eu e o pai indo à pé para o Mercado e ele brincou comigo, fingindo que estava espir-rando, fez “ATCHIN!”. E a gente só viu a dentadura dele voando e caindo na poça de lama.

Cássio Cunha (filho do Seu Totonho, irmão do Clodoaldo): Como era gostoso o pirão do Seu Sávio! A casa dele vivia cheia. Eram presenças constantes o Seu Sílvio, o Aílton (Mussum), o Dagoberto e a Dona Zezé. Outra recordação é de quando íamos para o mercado para brincar durante a tarde, correr de carri-nho. O Seu Sávio inventava uma sopa maluca, com um monte de coisa dentro pra gente comer. Uma brincadeira que ele sempre fazia era de embalar a Kombi e depois deixá-la no ponto morto e colocar a garotada pra adivinhar até onde a Kombi ia. Eu também tenho muito carinho pela Tia Iva. Lembro da casa dela sempre cheia, alegre.

Kátia: Teve um aniversário do Bruno, filho do Thales e da Renata, neto do Dagoberto, que a D. Iva começou a rir que não parava mais. E todo mundo ria junto sem saber do quê. Até que teve uma hora em que ela apontou para os pés do Seu Sávio. E ele tinha calçado os dois pés com o sapato direito, um azul e outro preto. Estava andando com um pé reto e outro para o lado. O Seu

Sávio ficava puto da vida quando ela ria dele. E aí que ela ria mais ainda.

Nessa época, a D. Iva cos-tumava alugar a garagem da casa dela. Uma dessas pessoas que alugava a garagem era uma senhora que dirigia muito mal. Sempre quando ela saía de carro, todos ficavam preocupados em guiá-la para ela não bater na casa, no portão ou em outro carro. Então, um dia, não tinha ninguém em casa e o louro resolveu dar as coordenadas: “Pode vir, vem, pode vir..”. Pra quê! A senhora bateu de carro...

NETOS:Thiago Pimentel Machado:

Vô, é uma dor que se sente na alma, não é físico; nenhum rémedio é capaz de curar a saudade que sinto de você. Sinto falta de você, sinto falta de sua voz, de suas PIADAS, de suas falas sobre o FUTEBOL. Bom, pior de tudo é que nem sei onde te encontrar, sei que está muito longe de mim. A vida me ensinou dizer ADEUS... Eternas Saudades do meu Vô Sávio.

Leonardo Pimentel: O vô me ensinou a andar de mobi-lete. Eu sempre treinava com ele na minha garupa. Ele dizia que quando eu conseguisse encostar meus pés no chão, eu poderia andar sozinho. Então, eu ficava tentando alcançar o chão, tombava um pouquinho a mobilete para um lado ou para o outro, trapaceando; mas, enfim, chegou o dia em que eu cresci o suficiente...

Gostaria de deixar registrado aqui o meu agradecimento pelo vô ter sido mais do que um avô, mas um grande pai, professor da vida, melhor amigo.

Flora Pimentel: Toda vez que a gente chegava perto do vô pra dar um beijo, cumprimentar, o aparelho de surdez dele apitava e ele dizia: “Perto de moça bonita, ele apita”. Quando eu encontrava com ele e ele estava de suspensó-rio ou tinha colocado uma camisa de botão, eu brincava: “O senhor está engomadinho hoje”. Ele ria, dizendo, “Como? Engomadinho nada...”. Mas no fundo eu via que ele gostava do elogio.

Lembro do vô fazendo macarrão com feijão para a gente quando era criança e das brinca-deiras de careta com a dentadura. A gente ficava com tanto medo daquela careta feia que gritava, saía correndo, e depois falava para ele: “Vô, faz de novo.”

Clara Pimentel Souza: Eu me lembro de um aniversário nosso de criança, o porão ainda era um porão escuro, e ele estava fazendo algodão-doce pros convidados. Acontece que todo mundo foi embora quando acabou a festa e ficamos a Flora, Leonardo, eu e o vô fazendo algodão-doce só pra gente. Era fim de tarde e eu vou sempre lembrar da sensação de me sentir uma das crianças mais sortudas do mundo por ter um avô que fazia algodão-doce particular. E ele estava muito feliz. Nós, também.

Rafael Pimentel Machado: O que falar do meu avô? Um homem muito brincalhão; sempre quando eu estava com ele, nós riamos bastante das piadas que ele contava, das situações engra-çadas que surgiam durante as conversas. Lembro muito das nossas conversas sobre futebol, da ida ao maracanã e ao estádio do Volta Redonda para assistir aos jogos do Resende. Meu vô me ensinou muitas coisas, me ensinou a andar de mobilete, a pescar, a fazer paçoca, etc.. Em um dos passeios de mobilete, quando ele me carregava, teve um dia em que ele caiu comigo quando eu tinha 1 ano e meio de vida. Ele ficou tão preocupado comigo e acabou que essa mobilete hoje é minha. Também me recordo de quando nós fomos pescar no rio Paraíba e rimos muito nossa pescaria, que foi um sucesso: pegamos 1 peixe cada um “hahaha”. E tinha também os jogos de buraco; sempre quando eu fazia uma boa jogada, ele falava assim “-olha a estrela do menino como brilha” ou quando alguma pessoa fazia uma canastra de mil pontos, ele sempre falava “– olha a catedral aí genteee”. Foram muito bons esses 19 anos que convivi com meu vô, aprendi muito com ele. Deixou saudades, vô Sávio.

(continuação da página 7)

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Janeiro de 2013 - O Ponte Velha - 9

Rua A

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Rese

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RJ:: Loterias

:: Livros :: Jornais

:: Revistas

Caminhar, passos lentos e pisadas firmes. A terra pesada sob a pele, a dureza de sua entranhada força. Cada passo, uma busca. Pensado e sentido. Aprendi nas estradas de mim e do outro, que o caminho se faz caminhando.

Sigo meus pés e minha história se constrói.Amigos, abrigos, acolhimento na loucura, na justiça, na beleza do ser humano, o esplêndido real que nos rodeia...

Andarilha nessa terra, vou com as estrelas, as ondas...Reconheço-me ar... caminhando no ventoA impermanência permanente na história. Marina PraçaAdaptação do texto “O Ar e o Vento” de Eduardo Galeano

A Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010 coloca a Biblioteca no patamar adequado de sua respeita-bilidade no conjunto de atividades promotoras de Educação e de Cultura. Há muito que vimos refle-tindo sobre a sua importância nas Escolas, quando, em sua grande maioria apresenta-se como um cômodo reservado a explícito depó-sito de livros e de revistas, às vezes também jornais e panfletos, sem utilidade alguma, a não ser como mantenedores da sobrevivência de traças, carunchos, cupins, ácaros e companhia.

Esta realidade,felizmente, já faz parte de um passado preocupante em nossas Escolas

Se duvidarem do que estamos falando, façam pesquisa, visitem as escolas e constatarão que todas, praticamente, procuram por seus “auxiliares de biblioteca” – pou-quíssimos deles bibliotecários com formação específica, é verdade, que se esforçam para exercerem com dignidade o papel de orien-tadores de leitura, de pesquisas, de materiais videográficos, consulta ou estudo ou simples leitura...

Comovem-me Escolas como Prof. Carlinhos, Jardim das Acácias, Cabral, Noel de Carva-lho, Surubi, Mariúcha, Getúlio, Algodão Doce e outras várias... que tratam as suas bibliotecas com muito carinho, fazendo o possível e o impossível para tornarem-nas um lugar agradável, de aprendizagem, pesquisa e recreação pela leitura. Todas reconhecendo, porém, que há muito o que fazer para se chegar ao ideal. Improvisam até salas de leituras em contra-turnos para suprirem espaços reduzidos para os

Biblioteca: Educação e Cultura José Monteiro Filho

frequentadores das bibliotecas... Um dos objetivos deste Artigo

é sugerir uma maior abertura de espaço para ações da Biblioteca Central, junto às Escolas... e um maior empenho na formação de auxiliares de biblioteca, afim de que os mesmos que agem nas Escolas não se sintam desprovidos dos recursos específicos para o exercício das atividades atinentes ao atendimento multidisciplinar através do uso constante e regular da Biblioteca nas Escolas.

Precisamos melhorar o atendi-mento prestado pelas bibliotecas. É preciso dar-lhes condições técnicas e modernas para que, ao raiar de 2020, todas as Bibliotecas das Escolas estejam satisfatoriamente equipadas para atenderem aos propósitos da Lei 12.244.

A Lei estabelece que, até 2020, “as instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas...” (Art.1º). É claro que há, embutido nesta Lei, um exagero que a gente sabe, pela prática, difi-cilmente será atendido: é quando ela, em seu Parágrafo único, diz: “ Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matri-culado...” mas, quanto ao resto é perfeitamente exequível, desde que haja Projetos bem elaborados capazes de sensibilizarem o MEC na liberação de recursos para o cumprimento das determinações da presente Lei.

Somos defensores de que A Biblioteca Central Municipal Dr .Jandyr César Sampaio precisa ser melhor aproveitada pelo Municí-

pio. Temos lá um Bibliotecário, formado em Biblioteconomia, cedido pela UERJ, capaz de dina-mizar aquela Biblioteca de forma a atender a todas as Bibliotecas das Escolas Municipais, oferecendo recursos e apoio técnico e pedagó-gico, de modo sistemático, pontual, buscando atender às necessidades de cada instituição. A própria Biblioteca Central se destacaria em sua função diante da Comunidade resendense. .

Não vemos dificuldades de aceitação, por parte das Escolas visto que a concretização desta parceria fortaleceria a elaboração de Projetos para aquisição de recur-sos e enfrentamento de Editais da FAPERJ e dos próprios Ministérios da Educação e Cultura em Brasília. Além de se abrirem oportunidades para capacitação do pessoal em função de bibliotecário ou auxiliar

de biblioteca nas Escolas, para a promoção de encontros de leito-res, concursos, oficinas, gincanas, pesquisas de exigências mais profundas, ofertas de acervo mais sofisticado à Comunidade, além de se dispersarem forças no árduo trabalho de montagem de Proces-sos e Projetos para angariar verbas específicas etc.

É preciso elevar o padrão da Biblioteca nas Escolas... Ela não é menos importante do que a sala de aula... mesmo porque ela é a própria, a verdadeira detentora do conhecimento expresso em palavras... e que não vai perder a sua pose ou importância diante dos modernos meios de comunicação. Ela tem o poder de, com persis-tência, preservar os bens culturais do passado e assimilar os bens do presente, levando conhecimento a toda a comunidade infantil, jovem ou adulta, de todas as classes sociais. A Biblioteca é a realidade mais democrática que existe, em se tratando de atender a cérebros inteligentes e inquietos pela busca do saber.

Uma consideração final: As bibliotecas públicas estaduais e as bibliotecas da Rede Privada de Ensino devem estar com as mesmas preocupações e com certeza perseguem os mesmos objetivos. A Biblioteca Central Dr. Jandyr César Sampaio, com certeza, estaria em condições de atendê-las igualmente em sugestões e dicas que promovam a utilização racional e o aproveitamento multidisciplinar oferecidos pelas Bibliotecas de cada uma das unidades de educa-ção presentes no Município.

reconheço-me ar!

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Joel PereiraAdvogado - OAB.RJ - 141147

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Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

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expediente:

A Mentira com Responsabilidade

Seguindo uma onda mundial de ganho monetá-rio com a perda da virgin-dade, o modelo e cantor gospel Henrique Jadhey,

filho de Menthyr Themmedo, pastor-mor do Templo Cósmico do Império Divino (TECOID), um conglomerado gigantesco de igrejas que não para de crescer no Brasil e no mundo, irá leiloar a sua. O jovem, de 24 anos, afir-ma jamais ter ido para a cama com mulheres, mas decidiu que é o momento de fazê-lo em prol da construção do novo mega-super--hiper templo em São Paulo, orçado em 450 milhões de reais. Muito criticado pela comunidade evangélica em geral, mas bas-tante apoiado pelos seguidores do TECOID, Jadhey explicou que muitas vezes, como ensina seu

Filho de pastor leiloará a virgindade em prol da causa de sua igrejapai, “nos caminhos do Senhor os meios justificam o fim”. O médico proctologista Jacintho Doralino Rêgo, especialista em detecção de virgindade em rapazes, fornecerá o laudo que atesta que Jadhey é heterosexu-almente virgem, documento que será entregue para a pessoa que resolver pagar pelo menos o lan-ce mínimo, de cinco milhões de reais. O filho de Temmedo enco-raja outros jovens de sua igreja a fazer o mesmo que ele para que a obra fique pronta o quanto antes. Além do dinheiro com o leilão da virgindade, Jadhey também irá doar todo o valor arrecadado com a recente venda de mais de 100 milhões de cópias de seu último CD, que inclui o sucesso “Aben-çoado dizimista”.

Visita do imperador japonês a Resende ganha o noticiário mundial

A vinda do imperador japo-nês a Resende, no próximo mês, tem sido amplamente divulgada e comentada em diversos meios de comunicação pelo mundo afora. Ontem, em Tókio, todos os periódicos traziam na capa uma

foto da Ponte Velha com o maciço do Itatiaia ao fundo. O imperador virá com uma grande comitiva para conhecer as instalações dos novos empreendimentos japo-neses na região. Um gigantesco palanque está sendo montado numa área de 500 metros, espe-cialmente aterrada para esse fim, em um lago próximo ao pátio de uma das empresas, visando

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abrigar as comitivas, tanto a imperial japonesa quanto a pre-sidencial brasileira. Alguns dos organizadores do evento acham que a área aterrada para abrigar o público é pequena, e sugeri-ram um aterro maior, bem como a construção de deques acima do lago, ou mesmo a adoção de pedalinhos. A presidente Dilma, em comunicado oficial, disse estar empolgadíssima com essa visita ilustre na região que mais cresce do Brasil. O nissei Fugiro Nakombi, em Resende há apenas três meses, e que abriu recente-mente um excelente Sushi bar, ficará responsável pelo coquetel cerimonial.

Tentativa frustrada de sui-cídio de Maluf e Sarney alegra eleitores

Supersticiosos e com medo do fim do mundo, e consequen-temente de suas contas bancá-rias, Paulo Maluf e José Sarney haviam combinado de, no dia 21 de dezembro de 2012, tomarem veneno e pularem juntos pela janela do último andar de um dos prédios da explanada dos ministérios, em Brasília. Poucos ficaram sabendo da façanha, que acabou frustrada, primeiro devido a que o veneno não teria surtido efeito, o que, segundo es-pecialistas médicos, tem origem na doença hereditária “sanguer-ruindadelinear paterna”, da qual os dois são portadores. E ainda, após saltarem pela janela, bem na hora estava passando uma re-voada de morcegos hematófagos, e os dois tiveram a queda amor-tecida pelos animais. Alguns dos morcegos chuparam o sangue de Maluf e Sarney, tendo sido encontrados agonizando ou mor-tos nas ruas da capital, minutos depois do ocorrido. Os eleitores dos dois políticos ficaram muito felizes em saber que Maluf e Sar-ney continuam vivos, e esperam poder continuar votando neles por um bom tempo.

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Janeiro de 2013 - O Ponte Velha - 11

Posto AvenidaBob`s

Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

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CEP: 27542-130 – Resende RJ – BrasilTels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065

E tem político envolvido. Se você está pensando no mais novo e maior escândalo da história política deste país, dos últimos quinze dias, você está enganado. Desta vez é merda do bem, cujo exemplo deveria ser seguido por todos os municípios brasileiros. A merda em questão é a que transita pelos esgotos da Região dos Lagos, e o político envolvido é o Carlos Minc, Secretário esta-dual do ambiente.

A Região dos Lagos será a primeira do estado a aproveitar os resíduos gerados pelas estações de tratamento de esgoto. Ao invés de ser lançado nos corpos hídricos este efluente será aproveitado para a irrigação do solo em propriedades rurais daquela região. Ponto para o Carlos Minc. Que ele conti-nue assim, fiel à suas origens acadêmica e ambientalista.

O esgoto da Região dos Lagos é lançado na Lagoa de Araruama prejudicando o meio ambiente e o turismo. O sistema pode ser aprimorado com a implantação do conceito de permacultura, como acontece na China, Coréia do Sul e outros países onde este con-ceito não encontra tanta resistência quanto no Brasil.

Na permacultura não haveria necessidade de rede de coleta nem estação de tratamento de esgoto públicas, centralizadora, como é hoje. Um condomínio, por exemplo, cole-taria seu próprio esgoto e faria o tratamento no mesmo local, sem cheiro nem outros efeitos indesejáveis. O líquido gerado por este tratamento seria coletado e transportado em caminhão tanque direto para as áreas de consumo, que são as zonas rurais.

Para chegarmos a este ponto muitas barreiras terão que ser vencidas. A primeira delas é a resistência dos municípios, oca-sionada pelo total desconhecimento das

técnicas de permacultura. Outro obstáculo são os interesses econômicos envolvidos, como acontece também no caso do lixo com relação a reciclagem.

Não temos saída: ou começamos já a implantar soluções deste tipo ou pagare-mos um preço muito caro pela degradação ambiental. O que vivemos hoje é apenas prenúncio dos dias terríveis que virão, se não houver uma guinada brusca na direção das nossas políticas públicas. Não dá mais para jogar nos nossos córregos e rios o resultado do “tratamento” das nossas águas e dos nossos esgotos. Em Resende, por exemplo, que tem uma dependência perigosa e arris-cada do Rio Paraíba do Sul, além da fase de crescimento desordenado em curso, deveria pensar urgentemente no desenvolvimento de projetos pilotos nesse sentido.

No âmbito do legislativo municipal de Resende boas notícias poderão surgir. O PPS, partido dos vereadores recém eleitos, Tisga e Barra Mansa, já está desenvolvendo vários projetos de lei para dar uma sacudida na política ambiental do município. Esses novos verea-dores citados não são raposas da velha política, não são adeptos do é dando que se recebe, e têm a humildade e a vontade de apren-der que caracteriza os vitorio-sos. Vamos acreditar, já que os “mestres” da política local pouco fizeram nesses últimos anos em prol da nossa qualidade de vida.

Com a permacultura implan-tada e consolidada, aí sim, pode-ríamos pensar em rede coletora

pública conduzindo este líquido, já tratado, para os postos de distribuição. O efluente gerado neste tratamento tem grande concentra-ção de fósforo e nitrogênio, que são a base dos fertilizantes usados nas atividades rurais. Mais um ganho para a economia local que poderia utilizar este material para a recuperação de áreas degradas e produção de alimentos. Soluções existem, são factíveis, mas esbarram na inoperância e na mesmice dos gestores públicos, principalmente dos municípios.

MUDANÇAS NA AMAR (Agência do Meio Ambiente de Resende)

Saiu Paulo Fontanezzi, entrou Wilson Moura. Fontanezzi esqueceu suas origens de biólogo e ambientalista quando entrou na AMAR. Que Deus ilumine seus novos caminhos. Wilson Moura é um Engenheiro Agrônomo competente, que já exerceu com sucesso a Secretaria do Meio Ambiente de Resende. Boa sorte ao Wilson e ponto para o Rechuan.

Deu Merda

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12 - O Ponte Velha - Janeiro de 2013

Antes que me esqueça (ou que me esqueçam) (X)

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Na verdade eu tinha que en-trar agora no governo do Eduardo Mehoas, mas confesso que tenho muito pouco o que dizer. Foi um período que voltei a morar no Rio de Janeiro, para assumir como Subsecretário de Estado de Cul-tura e depois SEBRAE. Mas, para não deixar passar em branco, fica o registro da brilhante passagem da Sandra Cotrim na presidência da Fundação Casa da Cultura Ma-cedo Miranda e a construção do Parque das Águas. Essas minhas reminiscências hão de virar um livro e vou entrevistar pessoas que estiveram mais próximos ao ex-prefeito.

Mas foi no governo do Edu-ardo que estive a frente talvez do mais espetacular de todos os fes-tivais que organizei em Resende e região.

Era ano de 1998 e ousamos fazer o festival dentro da AMAN, no antigo cinema chamado de auditório Médice. Nossa prin-cipal preocupação era o difícil acesso as pessoas mais simples, que não tivessem carro, que de-pendesse de horário de ônibus, essas dificuldades, e o espírito do festival de teatro, desde o primeiro, era oferecer peças de

Nunca existiu nessa cidade um festival de teatro como o de 1998

qualidade e de graça.E qual foi a nossa surpresa

com o que se viveu dentro da AMAN naqueles nove dias de en-canto e magia. As peças eram as 20h30 e, desde as sete da noite, o retão da Academia virava uma procissão de pessoas de todas as idades e classes sociais e de todas as idades. Os 1.300 lugares do Médice se tornaram poucos, as pessoas tinham que ir na AMAN de dia para pegar senha e eram exigidas sua apresentação no portão monumental.

Tudo conspirou a favor, até

o jornal O Globo mandou um repórter fazer a cobertura do evento. Mas o mais legal foi uma peça que trouxemos, da Escola Paulista de Teatro, do Plínio Marcos, chamada “O Assassinato do Anão do Caralho Grande”. Claro que encurtamos o nome, para não chocar nossa cidade e ficou apenas na divulgação “O Assassinato do Anão”. Eram 52 atores em cena, tudo passado num picadeiro. Uma das atrizes fazia o papel de uma leoa que fi-cava pendurada numa jaula, com uma enorme juba e o corpo todo pintado. Pois bem, com o calor, a tinta dela começou a derre-ter e ela terminou o espetáculo completamente nua, e vista de baixo para cima, uma escândalo, no bom e no mal sentido.

Na hora da entrega dos prê-mios, na plateia o Fernando Ga-beira, Camila Pitanga e o general comandante da época. Como autoridade máxima, ele anuncia-ria o vencedor. Como no Oscar, ele leria os indicados e depois, abrindo o envelope, proclamava o grupo campeão. Ao invés de ler “O Assassinato do Anão”, ele leu: “O Assassinato do Adão”. O auditório veio abaixo.

Da série: poesia numa hora dessas?

Quis o destino matreiro, depois de meses de dor, // que com os meus muitos votos, eu virasse vereador. // Fiz lei pra caramba, fui matéria de jornal. // Mas acabou-se o que era doce, //voltei a ser pobre mortal.

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