o ponte velha | junho de 2016

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RESENDE E ITATIAIA - Junho de 2016 Nº 242. ANO XXI - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com Será que nossa jovem democracia resistirá? Hummmmmm Puliça não, po-lí-ci-a! Vem de pólis, termo grego que significa cidade. Do latim civitas. Polícia tem a ver com civilização e também com repúbli- ca, isto é, o bem comum, que deveria ser cuidado pelos po-lí- -ti-cos. Ou seja, todos nós! Infelizmente nossa “jovem democracia” tornou-se um negócio privado, uma ação entre amigos... do alheio. A violência não vai parar assim. Como disse o Mário Sabino, “o Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios por ano. Em 2014, foram 59.627. Ou 29 em cada 100.000 habitantes. Para mostrar como estamos longe da civilização, na Itália, a proporção é de 0,9 por 100.000 habitantes. Sim, a Itália das grandes máfias. Mais um susto estatístico: somos responsáveis por 10% de todos os assassinatos cometidos no planeta, embora sejamos apenas 3% da população mundial.” Assim não há vaca que aguente! Ô maiada, esse trem de violência é um fragelo! Já tem corregedoria, que é a pulíça da puliça... Vai ter também puliça da puliça da puliça? Somos eternos passageiros no longo comboio da vida .... com data de chegada prevista mas partida desconhecida... Nos encontraremos em alguma estação e nos daremos as mãos com Amor, Fé, Esperança e Paz em nosso coração. Creusa Mascarenhas

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Periódico local Resende e Itatiaia, RJ

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RESENDE E ITATIAIA - Junho de 2016Nº 242. ANO XXI - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

Será que nossa jovem democracia resistirá?

HummmmmmPuliça não, po-lí-ci-a! Vem de pólis,

termo grego que significa cidade. Do latim civitas. Polícia tem a ver com civilização e também com repúbli-

ca, isto é, o bem comum, que deveria ser cuidado pelos po-lí--ti-cos. Ou seja, todos nós! Infelizmente nossa “jovem democracia” tornou-se um negócio privado, uma ação entre amigos... do alheio.

A violência não vai parar assim. Como disse o Mário Sabino, “o Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios por ano. Em 2014, foram 59.627. Ou 29 em cada 100.000 habitantes. Para mostrar

como estamos longe da civilização, na Itália, a proporção é de 0,9 por 100.000 habitantes. Sim, a Itália das grandes máfias. Mais um susto estatístico: somos responsáveis por 10% de todos os assassinatos

cometidos no planeta, embora sejamos apenas 3% da população mundial.”

Assim não há vaca que aguente!

Ô maiada, esse trem de violência é um

fragelo! Já tem corregedoria, que é a pulíça da puliça... Vai ter também puliça da puliça da

puliça?

Somos eternos passageiros no longo comboio da vida ....com data de chegada prevista mas partida desconhecida...

Nos encontraremos em alguma estação e nos daremos as mãos com Amor, Fé, Esperança e Paz em nosso coração.

Creusa Mascarenhas

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2 - O Ponte Velha - Junho de 2016

Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

Reg. 12 . 923Concepção gráfi ca: Afonso PraçaEdição eletrônica: Lila Almendra

Edição: Marcos Cotrim24-98828. 5997

24- 99301 . [email protected]

www.pontevelha.com

Expediente

Joel Pereira

Publicação do Instituto Campo Bello

No Tempo do Fio do Bigode

Aluízio Antonio Balieiro Diniz

14673758/0001-03

PoliticályaFernando António de Castro Maia

Rua Alfredo Whately 151 . Campos Elíseos Resende Tel.: (24) 3354.5111/22.42

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É uma felicidade ainda termos políticos dos quais se pode falar bem, a exemplo do Dr. Aluízio Balieiro. Neste triste momento que vivemos, no qual as man-chetes políticas se confundem com as manchetes policiais, temos que exaltar nossas reservas morais, quando mais não seja para registrar para a posteridade, mostrando que a política também é exercida por cidadãos dignos, honestos e com verdadeiro espí-rito público.

Para falar de Aluízio, rememo-ramos a introdução da entrevista que fi zemos com ele em maio de 2010: “comerciante (posto de gasolina), fruticultor (caqui), médico (oftalmologista) e po-lítico (duas vezes vereador em Resende), Aluízio é bem sucedi-do em tudo aquilo que abraça. Abraçar, no sentido carinhoso do verbo, pois o amor em tudo o que faz é sua marca registrada. Balieiro e Diniz, Aluízio traz no sangue os ingredientes necessá-rios para cada uma das atividades que exerce. Aluízio é também um privilegiado no tocante à família que formou: sua mulher, Marta, é uma rara e feliz combinação de beleza, inteligência e simpli-cidade. O casal tem dois fi lhos – Diogo, que é médico, e Antônio Augusto, que é Juiz de Direito do Estado do Rio. São reconhecidos como honestos e competentes, o que dá uma grande alegria ao casal.

Além de tudo isto, Aluízio é histo-riador... um dicionário ambulante sobre Resende. Filósofo, sabe que a vida é assim: “existem uns 5% de bons; uns 5% de maus, e noventa por cento que acompanham quem estiver dando as cartas. Assim, se os bons estiverem dominando a socie-dade, ela será 95% boa. Se os maus, porém, assumirem o controle...”

Aluízio, antes de cursar Medici-na, estudou dois anos na Escola Preparatória da Aeronáutica, onde aprimorou o Método e a Disciplina, o que até hoje o ajuda no exercício de sua profi ssão e na condução de seus negócios.

A política está no sangue dos Balieiros. Seguindo a linha, Aluízio foi Vereador em Resende, em dois mandatos: 1989 a 1992 e 1993 a

1996, e Presidente da Câmara em 1993. Além de suas marcantes pas-sagens pelo Legislativo resendense, ajudou muito no segundo mandato do Prefeito Noel de Carvalho, quando Josué Setta (sobrinho do Aluízio) foi o Secretário Executivo do Ministério da Ação Social (1990-1992), na ges-tão da Ministra Margarida Procópio, Governo Collor. Dentre as conquistas mais expressivas para nossa cidade, destacou-se a verba para a construção dos embriões de 1.200 casas e a cana-lização do Córrego do Ribeirão Preto, que passa sob o Parque das Águas.

Aluízio foi colega de Aníbal Rocha Pontes –– outra reserva moral da política resendense ––, vereador em cinco mandatos: 1963 a 1966; 1967 a 1970; 1989 a 1992; 1993 a 1996, e 1997 a 2000. Aníbal, sempre que pode, declara que Aluízio foi um dos vereadores mais brilhantes com quem teve oportunidade de conviver e que foi um dos melhores presidentes da Câmara com quem já atuou.

Dr. Aluízio Balieiro é diferente dessas raposas políticas, que vivem de manhas, mumunhas e conversinhas fi adas. Não é homem de meias pala-vras. Sempre expõe seu pensamento de forma clara e objetiva, e não pactua com picaretagem. Isto o torna um político pouco comum, angarian-do até mesmo alguma rejeição. Sadia rejeição, a nosso ver, pois pessoas que são repelidas pela sinceridade e honestidade é até bom que sejam adversárias...

A Ética de Xerém ou cha-mem a moça do cafezinho

Um dia a cerveja Nova Schin contratou o Zeca Pagodinho pra dizer: “experimenta, ex-perimenta”. Logo em segui-da, a peso de ouro, ele voltou para os braços da Brahma, arrependido, e dizendo que aquela sim era uma cerveja de verdade. Questionado se não seria falta de éti ca com a con-corrente, ele respondeu que “a éti ca de Xerém era diferente”.

Me lembrei dessa história porque recentemente apare-ceram gravações que acusam muitos reis republicanos de chafurdarem na lama. Gra-vações feitas pelo ex presi-dente da Transpetro, Sergio Machado. Entre os reis, Re-nan Calheiros e José Sarney.

Para quem não está ligando o nome a pessoa: Sergio Machado, prati camente criado na casa dos Sarney, foi colocado na Transpe-tro pelo Renan e com apoio do Sarney, e durante 12 anos foi seu presidente. O Lula tentou ti rá-lo várias vezes e não conseguiu.

E o que faz Sergio Machado como agradecimento? Grava os dois mais o Romero Jucá. O Sar-ney no hospital. Eram conversas privadas entre compadres. Dona Marly cozinhando para eles e ele gravando o marido na sala.

Eu vi um fi lme, acho que foi O Lobo de Wall Street, em que o personagem estava monitorado pelo FBI para gravar amigos. Um deles, ele pegou um guardanapo de papel e escreveu no início da conversa: cuidado com o que falar, estou te gravando.

Quer dizer, nem bandido tem éti ca? O cara gravava com-padre? E agora detona um monte de senadores, dizen-do que a corrupção chega na casa dos 70 milhões de reais.

Daqui a pouco, o presiden-te Michel Temer consegue o índice olímpico na categoria revezamento de ministros. Cada nomeação um escândalo. E se conti nuar nesse ritmo, vamos ter que convidar a moça do ca-fezinho para assumir uma pasta.

Aliás e a propósito...

Já a nossa Resende conti nua aguardando mais novos acon-tecimentos.

Junho de 2016 - O Ponte Velha - 3

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O Lugar da Nossa AlmaGosto de assistir às sessões

plenárias do Senado de paletó e gravata. O escultor Kaká Versiani, meu vizinho e amigo, fala que eu sou maluco, mas eu me sinto bem, a alma fi ca exaltada por participar de uma coisa importante. Boto um paletó velho que ainda me sobrou e uma gravata que o Zé Leon me emprestou para eu receber o título de cidadão resendense na Câmara. O Kaká diz que eu tinha de calçar sapatos, mas isso também não; fi co de havaina. Só que estou perdendo esse prazer, a alma não quer mais. Me diz, a alma, que, não bastassem os motivos federais, a Câmara para a qual vesti aquele paletó e aquela gravata tem três ex-presidentes que só não estão presos por causa do foro privilegiado. Então não ligo mais a TV Senado.

Mas fi co nervoso, como num processo de abstinência, e outro dia cheguei mesmo a tacar o afi nador eletrônico do cavaquinho em cima de Gleisi Hoffman, Vanessa Grazziotin e Lindbergh Faria, que haviam se empoleirado na janela da cozinha; os coitados dos animais de pena, que não têm culpa de eu fi car botando neles os nomes dos que mais me irritam.

Morreram as lideranças. Numa revolução inesperada, como são as coisas imponderáveis que a vida apresenta. Parece que a casta política votou a lei da delação premiada sem contar que tal lei “pegasse” da forma que pegou, combinada com uma nova geração no judiciário de primeira instância, no Ministério Público, na Polícia Federal, nas redes sociais e nas ruas. É um momento delicado. Como escreveu outro dia o Fernando Gabeira, a casta política precisa implodir e ao mesmo tempo não pode implodir, porque temos que fazer a passagem dentro da “normalidade” institucional - entre aspas porque é sempre a normalidade da nossa natural imperfeição. Mas uma coisa é a imperfeição transformando as coisas, outra é a imperfeição recompondo-se para deixar tudo como está. Com FHC não se pode mexer? Com Sarney e Renan também não? Com Cunha não se consegue?... Se for assim, tanto faz Temer, o vaselina, como Dilma, a grosseirona. Fica quem fi zer o melhor acordo com a máfi a para votar o ajuste.

Só vai ter moral quem encaminhar a reforma política que diminua a distância entre nós e a casta, dando-nos maior representatividade. Quem mudar, quem tiver coragem de pedir ajuda ao povo para enfrentar o monolito podre. A maioria daqueles deputados estão lá pela proporcionalidade das legendas, nós não os escolhemos, nós somos mais honestos que eles. A questão está no ar e vai ser preciso encaminhá-la, sem o que podemos cair no caos social e na intervenção de algum “poder moderador”. O que anima ao se pensar um novo tempo de mais representatividade é a possibilidade de maior participação das pessoas nos rumos da economia, na

ponderação do que seja bom como desenvolvimento. Não a participação de “movimentos sociais” ligados a um partido, mas de toda a população ligada a um país.

Abre-se espaço para o sonho. Não reivindicaríamos

apenas uma distribuição mais

justa de renda, determinaríamos a forma da geração

dessa renda.

Os interesses dos grandes grupos não conversariam apenas com a casta, mas sim com a população, que vetaria o gigantismo, optaria por um desenvolvimento com empreendimentos para o mercado interno, notadamente rurais, resultando em desinchamento de grandes cidades, comida saudável para todos, diminuição da violência. Sonhemos com fé e podemos ver claramente como o nosso médio vale do Paraíba

rejeitaria o atual desenvolvimento industrial episódico,

poluidor e insustentável, fundado na linha horizontal do vale como

“racionalidade” produtiva. Voltar-nos-íamos (como diriam o Temer

e o Jânio) para a tradição das linhas verticais que descem da Mantiqueira junto com os rios formadores da bacia. Dali vem

uma história mais orgânica, mais saudável, com lideranças mais

representativas do que os atuais gerentes insossos.

O pensador Zygmunt Bauman diz que estamos condicionados

a reivindicar e discutir coisas pontuais: a mulher oprimida, o

direito dos gays, o racismo, etc., e afastados inteiramente da questão

maior do tipo de desenvolvimentoa que estamos submetidos. As questões pontuais são importantes, mas se focamos só nelas acabamos um pouco perdidos, como um personagem do Rubem Fonseca que, para combater o racismo, teve um fi lho com uma negra e outro com uma índia, e, comprando um carrinho de bebês para gêmeos, passeava pela cidade

dizendo a todos com quem cruzava: “ meus fi lhos, viu! Um com uma negra e outro com uma índia! Abaixo o racismo!”. Com a garganta cansada, mandou fazer uma tabuleta explicativa que pendurou nos carrinhos.

Nossa participação nos rumos maiores da economia abriria tanta oportunidade de trabalho, de realização pessoal, de educação e cultura, que as questões de cotas e de minorias seriam bem menos prementes.

O brasileiro que a gente admira, e são muitos, não é preconceituoso nem ladrão. É solidário, é sangue bom. Tem só que tirar da sua frente esses loucos obsessivos que têm dado as cartas. Com regras que os inibam.

Nossa alma coletiva precisa drapejar no pau da bandeira e ter orgulho em vestir um paletó e uma gravata e um tailleur quando vai à Casa do Povo.

A Fernanda Montenegro disse que a alma do Brasil é grande demais para caber numa Secretaria. Ela tem razão. É uma alma grande demais também para caber num Ministério. Ela tem que pairar soberana por sobre as instituições.

PS: Com a nova delação do lobista Zwi Skornichi, mostrando o recibo do depósito na conta de João Santana, já não era pra o TSE anular a eleição e convocar outra?

4 - O Ponte Velha - Junho de 2016

Dr. Rafael Procaci

Cirurgião-Dentista CRO/RJ 20333Especialista em Ortodontia e Ortopedia FacialClínica Santo Inácio - Rua Eng. Jacinto l. Filho 140, Bairro Barbosa Lima - Resende, RJTel: (24) 3355.8383 - 999484899

ITATIAIA em Pauta

Francisco de Goya,Cronos devorando um fi lho1819-1823

Abril/2016

1) Graças ao PRODEMI (Programa de Desenvolvimento do Município de Itatiaia), idealizado pelo atual governo e aprovado unanimemente pela Câmara Municipal (2009-2013), o local da antiga Lagoa do Padre já está plenamente desfi gurado. A terraplenagem feita pela Vale Sul para a Ibrame foi um sucesso! O itatiaiense não terá mais nem memória da lagoa, a não ser quando suas águas, agora ca-nalizadas, procurarem saída, aumentando a insônia dos moradores da Vila Ni-terói. Ou quando o Ministério Público impuser algum tipo de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) capaz de pôr panos quentes na omissão da Prefeitura de Itatiaia.

Cabe também a pergunta sobre o resultado fi nal das renúncias fi scais pre-vistas pelo PRODEMI, algumas das quais atreladas ao repasse do Estado ao Município, Estado que hoje tem rombo no orçamento de R$ 23 bilhões...!

2) Segundo o Deputado Marcelo Freixo, o Jornal Extra (1/6) publicou matéria dizendo que o Secretário de Meio Ambiente, André Corrêa, entregou as licenças ambientais para a empresa Jaguar Land Rover, localizada em Itatiaia. Segundo ele, “é a velha estratégia de trazer grandes montadoras e empresas como determinado modelo de desenvolvimento, com pouca preocupação ambiental e econômica”.

Prossegue a crítica afi rmando que quando a empresa “estiver funcionando em plena capacidade”, irá empregar cerca de 400 pessoas. Vale lembrar que a empresa ganhou o terreno do Estado, que se diz falido e incapaz de honrar compromissos. Ademais, o Governo fez uma renúncia fi scal de R$ 64 milhões só no ano de 2014, além da concessão de uma linha de crédito de R$ 629 milhões. Fazendo as contas - argumenta o deputado -, cada emprego oferecido pela Land Rover custou mais de R$ 1,7 milhões aos cofres públicos. E arremata: - Em qual lugar do mundo uma empresa privada, para gerar um emprego, custa este valor a um estado falido?

Comunidade da Itapuca celebra Jubileu“Sem Deus não somos nada!” Há 50 anos, essa frase marcaria para

sempre a história do nosso bairro. Ja-mais seríamos os mesmos novamente.

Na nossa Itapuca, muitas vezes esque-cida do grande centro pulsante do comér-cio e da sociedade resendense, começa-va a pulsar o Coração Sagrado de Jesus.

Nossa história começa muito antes, mas já com a vocação da acolhida. Esse mesmo lugar, onde hoje estão as nossas casas, nossos trabalhos, a nossa escola, nossos amigos e nossas vidas, um dia acolheu os pobres negros marginaliza-dos. Aqueles que não tinham lugar no grande centro, sentiam-se acolhidos nes-se chão onde hoje nós pisamos. Fizeram desse lugar, o lugar dos “Pretos forros”. Pretos Forros eram aqueles negros que assim como Jesus, sentiram o dissabor e a angústia do desterro e da rejeição. Na cidade não havia lugar para eles.

O tempo passou e ganhamos, então, o nome de Itapuca. Esse nome foi es-colhido em homenagem aos índios Puris, primeiros habitantes da cidade de Resende e signifi ca “Pedra Fundida”. Com o novo nome foram vindo as novas famílias, as novas construções, novos moradores. Dentre esses, um simples missionário polonês de sotaque forte e cheio de ideias. Sua primeira lição para nós: “Sem Deus não somos nada!” Padre Leon chegava ao Brasil, juntamente com Padre José como missionários. Ambos eram da Congregação do Cristo Res-suscitado e a convite de Dom Agnelo Rossi, então Bispo da Diocese de Barra do Piraí, abraçaram como missão o cuidado pastoral da Capela de Santa Cecília.

Com a construção da Represa na região de Itatiaia, o pequeno vilarejo de Sant’Ana dos Tocos assistido por esses padres seria inteiramente sacrifi cado. Sua igreja anterior aos tempos de Dom Pedro II seria inteiramente submersa pelas águas do Rio Paraíba do Sul, também as casas e demais edifi cações.

Do acordo entre Mitra e Governo, veio a indenização no valor de Cr.$ 40,000. Cota que foi entregue em 1964. Logo após, Padre Leon adquire o terreno para elevar a futura igreja. A escolha do local conforme consta em ata de fun-dação se dá “de certo inspirada, deu a preferência à Itapuca, zona ainda de-serta, mas considerada vital para a futura expansão da cidade de Resende”.

E assim começávamos a ser o que somos hoje. Nosso coração peque-no já batia forte como o de um recém-nascido na nossa própria “Gruta de Belém”. Crescemos, trabalhamos, erramos e acertamos para cons-truir nossa casa. Éramos guiados pela coragem e trabalho incansáveis de nosso pai, amigo e irmão. Precisávamos amadurecer para formar.

Em 1979 tivemos a nossa primeira experiência como Casa de Formação e em 02 de fevereiro de 1982, terminadas as obras da casa, recebíamos o nosso primeiro seminarista: Luciano Piotrowski. Quantos outros mais nós receberí-amos depois dele? As sendas do Senhor, mesmo ocultas, são maravilhosas.

A vida seguia e o sonho de que a comunidade crescesse contagiava a todos. O padre, sempre pensando nos pobres, criava alternativas para que a comunidade se integras-se e assistisse socialmente o bairro e pessoas dos arredores que procuravam o seu auxílio. Conhecedor das difi culdades materiais e espirituais de seu povo tinha o sonho (infelizmente não realizado) de construir uma creche para atender as crianças e mães.

Como toda família, grande ou pequena, rica ou pobre, tivemos o nosso primeiro golpe. Num dia chuvoso, em dezembro de 1991, perdíamos o nosso pai, nosso amigo e nosso irmão. Quem de nós não sentiu naquele dia o desejo e a saudade do último gesto, da últi-ma benção, da última palavra que fi caram perdidas de maneira tão brusca e dolorosa?

Foram tristes os dias que sucederam aquele acontecimento, o sofrimen-to era grande e as dificuldades exigiam um esforço quase desumano para que nossa comunidade continuasse seu caminho. O futuro parecia incerto.Depois da noite escura, veio a alegria e, enfi m, chegaram os padres diocesanos. E foram muitos. Um novo mundo se abria diante de nossos olhos. A partir daí, vieram as cores da liturgia e o perfume das fl ores que enfeitavam nosso altar passou a ser mais real. Nos tornávamos protagonistas novamente. Aprendemos a ser Igreja.Hoje, seria impossível resumir em poucas palavras tudo que a Comunidade do Sagrado Coração de Jesus signifi ca para cada um de nós. Sabemos que é a casa de nosso Pai e que estaremos sempre preparados e de braços abertos a todos aqueles que vierem a nós para vivenciar conosco os próximos 50 anos de nossa extraordinária jornada em favor do Reino de Deus.

Luciane Pereira

3) O mesmo André Corrêa, secretário estadual de meio-ambiente, publica em seu blogg (www.andrecorrea.com.br/realizacoes/secretario/ ) o êxito da implantação do “Refúgio da Vida Silvestre”... Com área de 12 mil hectares pelas margens do Rio Paraíba do Sul, a nova Unidade de Conservação vai contribuir, afi rma ele, para a segurança hídrica do estado, uma vez que o rio seria a principal fonte de abastecimento da população fl uminense, incluindo a Região Metropolitana. O espaço contemplado pelo Refúgio se estende da Represa de Funil até Três Rios, na Região do Médio Paraíba.

A nova unidade de conservação abrange mais de 130 córregos e nascentes; visa a proteger 63 ilhas fl uviais, essenciais à reprodução das espécies nativas do rio (ninhais de aves, sítios para a construção dos ninhos de tartarugas e jacarés, além das corredeiras, fundamentais para a reprodução de peixes), além de garantir a conservação e a reprodução de espécies ameaçadas de extinção, como o cágado--do-paraíba (Mesoclemmys hogei) e o surubim-do-paraíba (Steindachneridion parahybae).

4) O deputado-secretário ainda acha importante celebrar o Espaço de Tu-rismo e Meio Ambiente do Parque Estadual da Pedra Selada (PEPS), em Mauá, com um total de 990 metros quadrados, em três edificações, com área de exposições, central de informações turísticas, auditório e biblioteca.

Com 8.036 hectares, o parque abrange áreas de Resende e Itatiaia eteria a função de “proteger remanescentes de Mata Atlântica e espécies em risco de extinção”, além de ser um polo de ecoturismo da Região do Médio Paraíba.

Valoriza a implantação do equipamento, o fato de que dentro dos limites da unidade, estão preservadas fl orestas de araucárias e campos de altitude da Serra da Mantiqueira. Entre seus atrativos está o Pico da Pedra Selada, com 1.700 metros de altitude, com acesso pela Estrada Parque (RJ 163), em Visconde de Mauá. A fauna abrange espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, com destaque para o muriqui (Brachyteles arachnoides), considerado o maior macaco das Américas e um dos primatas mais ameaçados do planeta. Dentre as espécies identifi cadas nos limites do parque, nove estão presentes na lista estadual de espécies ameaçadas de extinção e seis na lista nacional.

O confl ito de interesses fi ca fl agrante quando se sabe que a Prefeitura de Itatiaia e vários moradores desapropriados pelo Governo do estado (gestão Minc, por ocasião da Rio+20) entraram na justiça contra a implantação intempestiva e oportunista do PEPS, que para cumprir suas metas precisará terceirizar serviços. A que preço?

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Junho de 2016 - O Ponte Velha - 5

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Francisco de Goya,Cronos devorando um fi lho1819-1823

Tempo de festas e celebra-ções na região, onde o ou-tono seco e azul vem sendo frustrado pela chuvarada. Mas no meio do caminho para a festa havia uma pedra; havia organizadores de even-tos no meio do caminho...

Explico: Saí aturdido da “festa” dos 27 anos de eman-cipação de Itatiaia. A altura do som me impediu de conversar decentemente com amigos e convidados. (Alguns não via há anos!) Só quando en-toamos o Hino de Itatiaia e cantamos: “Itatiaia, seus gritos sagrados...” entendi o mistério da festejada emancipação.

Um fi lósofo pouco conhe-cido, o alemão Josef Pieper, denunciou já nos anos 1950, nossa crescente incapacidade de celebrar festas. A cultura de massa banaliza o “importan-te”, o que merece ser festejado na pausa das atividades de ganhar a vida. Para realmente ganhá-la, diz ele, é preciso perdê-la por algumas horas ou dias de festa. Que o digam os religiosos e artistas, esses inúteis festejadores! Que o digam os amigos e namorados, esses ociosos festejadores!

Mas o fato é que nos es-quecemos do “importante”, com suas imagens sagradas e suas palavras de valor, ca-pazes de nos arrancar do cotidiano e nos autorizar a festejar. Com as tecnologias de edição das fantasias, tudo que era considerado desim-portante tornou-se capaz de virar evento. Mas se tudo é im-portante, nada é importante!

A glamourização do irrele-vante tem tornado a produção e veiculação dos eventos, o evento-em-si. O resultado é que as “festas” se tornaram acontecimentos ocos, sem conteúdo; o objeto da celebra-ção é tão diminuído perante o gigantismo da produção,

que já estamos distantes do espírito de qualquer festa: o encontro entre semelhantes para celebrar valores caros ao grupo. O esquecimento do que seja uma festa nasce da nossa incapacidade de parar e contemplar o que importa.

A massa empoderada- O termo “bárbaro” signifi ca não civilizado. Na origem, queria dizer balbuciante, incapaz de falar bem, mal-educado. As-sim a massa, bárbara, não seria capaz de festejar. Preconceito?

Não. É a lição das coisas. A atual cultura de muita osten-tação visual e escassa troca de palavras inviabiliza as festas. Os produtores culturais e promotores de eventos se bas-tam, ocupam a cena, tapando noivos, formandos, aniversa-riantes... Com o tempo vão-se esquecendo seus reais papeis sociais, suas funções públi-cas; sobram os ritos vazios.

Não preciso chamar atenção para o lugar que o marketing as-sumiu nas eleições (não eram para ser a festa da democra-cia?), com as imagens derro-tando as palavras e os clichês suplantando os argumentos.

Cheios de direitos (oh!), produtores e consumidores

de cultura de massa perde-ram todo bom senso. Quem vive sobressaltado com as “festas” dos vizinhos, de que é obrigado a participar pela altura dos ruídos, ou com a so-norização de supermercados e ruas, carros e assembleias religiosas, quem já sofreu a tortura de uma casa de fes-tas infantis, há de concordar que as leis (que existem!) e a polícia (que é mobilizada sem resultado!) são impo-tentes diante da falta de res-peito da massa empoderada.

Sensibilidade zero. No em-poderamento das massas, não há a esperada conscientização, nem o necessário debate, pos-to que o indivíduo foi deletado.

Remate de males- Os sujei-tos dos tais direitos humanos cessam de existir de fato; apenas os desejos insaciáveis da massa acabam protegidos legalmente e explorados co-mercialmente... plim, plim.

As causas nobres sofrem com isso. Os excluídos que, na verdade, precisam de pro-teção, resgate e tratamen-to legal específi co não con-seguem afirmar seu status de minoria, pois o merca-do que coopta sua luta cor-rompe a justiça distributiva.

E pior, fi ca abolida toda ca-pacidade de serem representa-dos realmente no jogo político. Representar o quê, se não há ideias?! Representar a quem, um diletante faminto para re-ceber a marca de uma etiqueta ideológica em troca de minu-tos de fama nas redes sociais?

Suas excelências sabem que representam esta monstruo-sidade chamada massa, que adula, corrompe e se prostitui. Como realizar uma festa se os muros da cidade foram der-rubados pelo que Mário Fer-reira dos Santos chamou de invasão vertical dos bárbaros?

Na verdade, a invasão que é a penetração gradual e ampla dos bárbaros não só se processa HORIZONTALMENTE pela penetração no território civilizado, mas também VER-TICALMENTE, que é a que penetra pela cultura, solapando os seus fundamentos, e preparan-do o caminho à corrupção mais fácil do ciclo cultural, como acon-teceu no fi m do império romano, e como começa a acontecer agora

entre nós.

Som na caixa! O empoderamento das massas

Mário Ferreira dos Santos, A inva-são vertical dos bárbaros, Prefácio

Marcos CotrimQuase Hai-Kais

Creusa Mascarenhas

Vendemos pelo Construcard da CAIXA e pelo CDC do Banco do Brasil

6- O Ponte Velha - Junho de 2016

Rosel Ulisses Vasconcellos *

*Rosel Ulisses Silva e Vasconcelos é professor de português e literatura, graduado em Letras e com mestrado em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal do Ceará. Em Resende, leciona desde 2002 na AEDB – Associação Educacional Dom Bosco.

Shakespeare entre nós (parte 2)No mês passado, expus no Ponte Velha a

primeira parte de uma pesquisa, nada exaus-tiva, sobre a presença da obra de William Shakespeare entre os autores nacionais, quer sejam poetas, quer sejam fi ccionistas. Na oca-sião, reservou-se o artigo inteiro para um só escritor, justamente o nosso maior escritor: é fato mais que sabido que Machado de As-sis foi herdeiro do legado de Shakespeare e tal fato fi ca evidenciado em romances como Dom Casmurro ou em contos como “A car-tomante”. Mas, para além do que já é notório, que outros nomes de relevo da literatura bra-sileira compartilharam esta mesma herança?

Um primeiro autor a ser lembrado neste sentido é Antônio Gonçalves Dias (1823-1864). Mais conhecido como o poeta que compôs versos memoráveis em textos como a “Canção do exílio” e o curto poema épi-co “I-Juca-Pirama”, Gonçalves Dias é, ao lado de José de Alencar, um dos maiores representantes do indianismo no Brasil. Mas será na sua produção teatral que fi cará mais evidente a infl uência de Shakespeare em sua obra. Em 1846, produz a peça que alguns críticos consideram a mais bela do teatro bra-sileiro no século XIX: Leonor de Mendonça. A trama é baseada em fatos históricos, mas é inevitável a comparação com Otelo, o mouro de Veneza. Em 1512, Leonor de Mendonça é assassinada pelo seu esposo, o Duque de Bra-gança, que é induzido a cometer o homicídio por falsos indícios de adultério.

Apesar de ser fortemente inspirada em Otelo, a peça mostra que, ao contrário do que ocorre no drama de Shakespeare, em que é o amor alucinado do marido que o leva a assas-sinar sua companheira, no incidente de Leo-nor de Mendonça é a honra ferida do Duque e a necessidade de afi rmar a sua nobreza que o compelem ao ato extremo.

A peça de Gonçalves Dias teve a sua ence-nação proibida na época em que foi produ-zida, somente indo ao palco em 1954, sob a direção de Adolfo Celi e com a interpretação de Cleyde Yáconis. O poeta e dramaturgo maranhense morreu aos quarenta e um anos, sem jamais ver um dos seus escritos para o teatro encenado.

Não deve passar despercebida também a dedicação de poetas e escritores brasileiros em traduzir Shakespeare para o português. Merece destaque, neste ponto, a tradução de Macbeth assinada pelo poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968). Conforme nos diz Ricardo Lísias, trata-se de uma tradução exemplar por sua correção e simplicidade na linguagem, pelo acerto das imagens e pela elegância desprovida de afetação.

É ainda Ricardo Lísias que nos chama a atenção para uma relação pouco comentada entre a obra de Shakespeare – no caso, a obra cômica – e um dos mais conhecidos poemas

de Carlos Drummond de Andrade: “Quadri-lha”, publicado em seu livro de estreia, Alguma poesia, no ano de 1930. Na comédia Sonho de uma noite de verão, o dramaturgo inglês expõe uma celebração conjugal em um ambiente de feição onírica. O componente cômico aparece no entrelaçamento dos casais que se encon-tram em um bosque, servindo de inspiração para o texto de Drummond, que aqui transcre-vemos.

O tema que envolve a infl uência da produ-ção teatral shakespeariana nas nossas letras – e olhem que nem falamos da obra poética de Shakespeare!!! – é vasto e demanda uma pesquisa que transpõe em muito os limites restritos deste artigo. No ano em que se com-pletam quatro séculos de seu falecimento, o maior dramaturgo de todos os tempos merece homenagens que ultrapassem em anos-luz o nosso singelo trabalho de interligação entre a sua obra para o teatro e uma lista de autores e textos da nossa literatura. Demos, porém, a nossa contribuição.

Para encerrar, talvez ninguém tenha ex-pressado de forma mais sintética (mas nem por isto menos contundente) a presença de Shakespeare entre nós do que o modernista Oswald de Andrade. Em seu alardeado “Mani-festo Antropófago”, de 1928, Oswald faz uma paródia de uma fala famosíssima de Hamlet – o célebre “To be or not to be, that is the question” (“Ser ou não ser, eis a questão”). Como forma de afi rmar culturalmente os valores nacionais, a partir de uma deglutição simbólica de ele-mentos estrangeiros, o irrequieto modernista proclama: “Tupi or not tupi, that is the ques-tion”. E ponto fi nal.

Gonçalves Dias

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém. João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria fi cou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade. Alguma poesia.

William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1564 — Stratford-upon-Avon, 23 de abril de 1616) foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais infl uente dramaturgo do mundo

Oswald de Andrade

Quadrilha

Junho de 2016 - O Ponte Velha - 7

Bia Albernaz*Educação e cultura: para além de ministérios e de escolas

Movida pela fusão-desfusão do Ministério da Cultura com o da Educação, alinhavo al-gumas ideias para pensar o tripé educação-cultura-escola. O impulso de fato se deu ao longo do fi nal de sema-na seguinte à decisão pelo presidente interino, Michel Temer, nos dias 14 e 15 de maio, quando – ao ler as diversas declarações sobre a questão publicadas no jornal “O Globo” – percebi que nenhum educador havia sido consultado. Foram dois dias de primeira página no “Se-gundo caderno”. No sábado, declarações de artistas, gente de cultura. No domingo, pu-blicou-se uma carta aberta de Caetano Veloso com a sua crí-tica, também essa sem nenhu-ma palavra sobre educação.

Tudo bem, os artistas esta-vam revoltados, mas a ideia que passavam de educação também revolta a gente que, de um outro ponto de vista, pensa as questões que envol-vem aquele tripé educação--cultura-escola. Só para se ter uma noção, ao se diferenciar educação de cultura, foi dito que educação é para ensinar (valei-me, ó santa ignorância) e cultura para engrandecer (acuda, ó Paulo Freire). Fica claro que, no senso comum, infelizmente refletido pelas opiniões dos artistas, mes-mo os supostamente mais cultos, educação se restringe à escolarização. Conforme outro declarante, a educação prepara as pessoas para o mundo real e cultura estimula a inventar mundos (socorro, Anísio Teixeira). Quem falou com mais propriedade foi o cineasta Fernando Meirelles. Segundo ele, a fusão poderia não ser boa para os produ-tores culturais, mas se os alunos já tivessem mais acesso a cultura já estaria valendo.

Impossível que tais afi rma-ções não nos incomodem. No mínimo, falta informação aos artistas e produtores cul-turais a respeito dos debates mais recentes relacionadas com a temática. De qualquer maneira, a situação dá ense-jo à discussão: Escola, sim? Educação, como? Cultura, qual? Tudo bem que a ges-tão da educação e da cultura

permaneça separada, mas vamos fazer conversar os dois campos, contemporaneizar os discursos, atualizar as falas, se fazer presente de modo mais inventivo neste diálogo. Vamos trazer à tona a neces-sidade de proximidade. Pelo menos, aproveitemos para antropologizar a economia da cultura e também para sensibilizar quem vive no chão da escola. Porque hoje, todos sabem, a escola é [obrigatória] para todos, sem atender a nin-guém, a não ser ao – pior até do que a reprodução – retro-cesso social e político, para a manutenção de um estado de coisas cada mais insustentável.

Como e por que é pre-ciso abrir, montar, ar-mar o t r ipé educa-ção-cu l tu ra -esco la?

A relação não é novidade. Existe desde a Grécia antiga pelo menos. Claro, a escola e a sua obrigatoriedade é uma invenção moderna ocidental. Mesmo a palavra “aluno” é uma invenção como cate-goria. A história conta que a escola – originalmente um lugar de ócio para aristocra-tas – passou da elitização à modernização, até se tornar uma obrigação, um dever e um direito, uma máquina que suga para si a função de ensi-nar, o desejo de aprender e até mesmo a guarda das crianças.

Nelson Cavaquinho, poeta formado pela escola de sam-ba da Estação Primeira da Mangueira, canta: “o mundo é uma escola”, “quando piso em folhas secas... estou em minha escola”. Pequenos toques para aqueles que veem a escola

como um prédio, um sistema, um currículo padronizado, diploma, concurso, ordem e progresso. Não somos tão gregos assim. E somos um tantão de outras tribos, outras culturas. A escola do mundo, da vida, é para quem quer aprender, isto é, para todos. Como? Quando essa pergunta se impõe, o campo da edu-cação se apresenta, e então se decide por um jeito de ser escola. Na decisão, residem discussão, teorias, ideologias e muita retórica, pois – iro-nicamente – não há discurso político que abra mão de mencionar a necessidade de educação. A ancestralidade dessa prática, porém, é pou-co estudada. Educação é a latinização da ideia de paideia grega. Naquele tempo (e de-vemos muito aos alemães pela nossa visão atual da Grécia antiga), não se diferenciava educação de cultura. As no-ções de Kultur, Bildung, dentre tantas modernizações desse ideal de educação estética, apontam para a percepção do autoconhecimento como processo paralelo à intensifi -cação da relação entre o ser e o mundo. Por outro lado, multiplicaram-se os nossos modos de transmissão de saberes, com a tardia mas imprescindível orientalização, africanização e indigenização, nos currículos, gestão e didá-tica, mesmo considerando--se a possibilidade de que também o multiculturalis-mo seja mais uma invenção.

Em torno daquele tripé, portanto, gira um círculo que inclui inúmeras visões de mundo, de terra, de natureza. Sabendo que, para conhecer,

é sempre preciso armar um jogo, estipular os seus inte-grantes e definir as regras, compreende-se a urgência em considerar a política como uma emanação da experiência de aprendizagem. Afi nal, de nossa inteligência e sensibili-dade, vêm a força e o desejo de se iniciar, de dar continui-dade, de desdobrar o que se aprende, forjando cultura.

Há algum tempo, estive com o secretário de cultura da cidade de Resende no Rio de Janeiro, em uma conversa no Centro Cultural Viscon-de de Mauá. Na ocasião, concluímos a conversa com a perspectiva de que para ampliar esse diálogo, pois a aproximação educação e cultura é ainda muito tímida e pouco se avança ao ser tratada simplesmente pela im-plementação pontual de ati-vidades culturais nas escolas.

É preciso pensar a esco-la como lugar ativo de cultura. A maioria dos professores não sabe e nem está preparado para isso. Daí a importância de desfazer a redução da educação ao pro-cesso de escolarização.

Também por isso, não é possível isentar todo mun-do não-escolar da res-ponsabilidade de educar.

Contudo, na escola pensada como compartilhamento de conhecimentos, discussão de pensamentos, encenação de ritos de convivência, há quem busque a invenção. Escola é por onde diariamente as nossas crianças passam por um processo de iniciação a fi m de se tornarem “alunos”. Choca se dar conta como às vezes o discurso da cultura antagoniza com o da arte. O artista atravessa barreiras, derruba-as, traz ar para quem sufoca os seus interesses. Ora, dessa repressão sobrevive um modelo de escola, fruto de uma decisão silenciosa pela conservação de poderes, pela conquista de benesses, que apequena e mediocri-za o mundo. No entanto, ao considerar a eficiência desse sistema reprodutor, ecoa questões complexas

mas sobre a qual todos os im-plicados deveriam contribuir: A repetição do mesmo ou a manutenção da normalidade é sustentável, desejável? Até que ponto a falta de qualidade, o abandono e a desigualdade no interior do sistema escolar é necessária e funcional para que tudo continue como está?

De qualquer maneira, na rede pública e na privada, visualiza--se o cenário pintado por Fou-cault, de alunos moldados pela obediência e a docilização dos corpos. Arqueologicamente, o humanismo em geral vem acobertando um modo de ser cindido. Escola se tornou sinônimo de fábrica de aliena-dos. A partir daí, a educação, como um pensamento meta-escolar, reflexivo, voltou-se sobre si mesma para tentar chegar ao seu princípio, ao seu umbigo, e pouco a pouco consolida-se um movimento com propostas de superação daquele cenário de mesmice.

Dada à necessidade social que recai sobre a educação, de cumprir a esperada “pre-paração para o mundo real”, o desejo de invenção de mun-dos e de engrandecimento; de projetos e de autonomia, que existe no meio escolar e aca-dêmico, é bastante reprimido.

Mas muita gente já discute e pratica a desescolariza-ção, a aula fora da sala de aula, o estudo motivado pelo interesse, realizado por projetos, transversa-lizado por uma rede de conhecimentos múltiplos e acessíveis por canais diversos, a aprendizagem sem ensino, a cultura lúdi-ca e, mais recentemente, a reapropriação do território escolar, com as ocupações das escolas pelos alunos, que dessa maneira rein-ventam a sua juventude.

Enfim, esses aspectos são apenas alguns que clamam por reconhecimento e por mudanças nas políticas públi-cas relativas não só à cultura, como tão farta e impropria-mente se discute, mas tam-bém na educação, nas escolas.

Casa do Penedo, Portugal

*Bia Albernaz é escritora e poeta; e professora no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj)

8 - O Ponte Velha - Junho de 2016

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Jazz Mauá

No Audi tór io do PEPS (Par-que Estadual da Pedra Selada) 18 de junho – sábado - 18:00 horas

Abertura - PAINEL ECOLÓGICOParticipações de Antonio Leão (Sec. de Turismo de Resende),Rodrigo Rodrigues (PEPS), Paulo As-sis Brasil (Eco In Jazz Festival), Már-cia Patrocínio (CCVM) e Júlio Buschi-nelli (MauáTur-RVM) e convidados. Aberto a participação do público.

Mostra na Sala de Exposições do PEPS, “Fauna Brasileira pela arte de Tatiana Clauzet”. (Pequeno coquetel)

Apresentações: Marcelo e Em-manuel Hilgenberg pai e fi lho: violão, guitarra, baixo + convi-dado Helbert Santos (baterista). DUO Alex Freitas, saxofone e André Barros, guitarra.BANDA SAMBOP- Hamleto Stamato (teclado), Ney Conceição (baixo), Xande Figueiredo (bateria), Julinho Merlino (sax alto, tenor, soprano) e Paulinho Trompete (trompete).

19 de junho – domingo - 11:00 h

JAM SESSION - apresentações musicais livres com participações dos músicos oficiais do festival e aberto a outros músicos locais, sob coordenação do Eco In Jazz Festival.Previsão de término: 15:00 horas.

Comemorando a Semana do meio ambienteLuis Felipe Cesar

A Semana do Meio Ambiente vai terminando. Algumas atividades duram todo o mês. O Parque Na-cional do Itatiaia realiza um evento no Planalto, dia 14 de junho. O Parque Estadual da Pedra Selada aniversaria no dia 16, promove atividades educativas e um Festival de Jazz nos dias 18 e 19. O Centro Cultural Visconde de Mauá abriu a exposição Borboletas da Mantiquei-ra, com fotos de Lino de Sá Pereira, dia 5, e promoveu um bate papo com o chefe da APA da Serra da Mantiqueira, Paulo Oliveira. A APA também aniversariou e reunirá seu Conselho no dia 20, na Serra do Papagaio. O Mosaico Mantiqueira reuniu seus conselheiros no dia 8. Fiz uma palestra no Colégio João Maia para os participantes do projeto Jovem Montanhista, no dia 7. Pre-feituras de Resende, Porto Real e outras também realizam diversas ati-vidades. É difícil acompanhar tudo.

Enquanto isso o novo ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, declara com razão que não há muito que se comemorar. Mariana e Rio Doce ainda choram, desma-tamento continua alto, persistem as tentativas legislativas de enfraque-cer a legislação ambiental e novas denúncias e prisões são anunciadas quase diariamente. Como diria meu pai, “aonde vamos parar?”.

Na palestra do Jovem Monta-nhista falei sobre as conferências ambientais da ONU, desde Estocol-mo, em 1972, até Paris, ano passa-do, quando o Brasil se comprometeu a reduzir em 43% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, zerar o desmatamento ilegal (sic) na Amazônia e recuperar 12 milhões de hectares de fl orestas desmatadas e

15 milhões de hectares de pasta-gens degradadas até aquele ano.

O investimento para a recu-peração florestal prometida foi estimado entre R$ 31 bilhões e R$ 52 bilhões, em parcelas anuais de R$ 2,2 bilhões e R$ 3,7 bilhões du-rante 14 anos. Parece muito, mas se comparamos com os custos incríveis de obras como a hidrelétrica de Belo Monte, orçada em 2010 por R$ 19 bilhões e hoje ultrapassando R$ 30 bilhões, e ainda considerando que o prejuízo da mudança climática no Brasil pode chegar a R$ 3,6 trilhões até 2050, investir em recuperar fl o-restas é mais viável do que parece à primeira vista. Além disso, é uma atividade geradora de uma rede virtuosa de produção e empregos, além de, logicamente, ajudar na melhoria das condições ambien-tais, das reservas de água etc.

Falar das conferências da ONU me recordou fortemente a emo-ção de chegar nesses eventos (e outros de grande porte), quando parece que algo mudará no pla-neta a partir das decisões que ali serão tomadas. Na medida em que passam os dias a emoção vai se convertendo em sentimentos mais pragmáticos, mas ainda assim fun-damentais para energizar o trabalho ambiental que precisa ser feito. Por isso, creio, participar é preciso.

Dez anos (não consecutivos) participando na gestão pública am-biental de Resende possibilitaram muitas experiências e aprendizados. Vivi etapas muito distintas, desde 1989, quando minha atribuição específica era a criação da APA da Serrinha do Alambari e a co-ordenação do seu Plano Diretor, até 2008, quando minha respon-sabilidade era administrar uma autarquia voltada exclusivamente para a gestão do meio ambiente municipal. Foram muitas semanas e meses e dias do Meio Ambiente.

Comemorando mais uma vez a data, agradeço pelas belezas natu-rais de Resende e pelas condições que nosso município possui para ter prosperidade econômica e social de forma integrada com a conservação da natureza. Tais condições são o nosso ponto de partida, muito já foi feito, mas ainda é necessário muito trabalho: Precisamos coletar e tratar 100% dos esgotos domés-ticos, controlar todas as formas de poluição, ampliar a arborização da cidade com espécies adequadas ao ambiente urbano, incentivar a mobilidade urbana não poluente, atuar em conjunto com outros mu-nicípios para despoluir o rio Paraíba, recuperar as matas ciliares dos rios, estimular proprietários rurais a conservar e replantar fl orestas, fomentar a produção orgânica, diversifi car a base econômica além do setor automobilístico, garantir compensações socioambientais proporcionais à ampliação do nosso polo industrial, fortalecer a edu-cação ambiental dentro e fora da escola, cuidar da nossa maravilhosa montanha e suas comunidades, incrementar o ecoturismo, enfim, ter na Sustentabilidade Ambiental a premissa para o desenvolvimento.

Nilza Macário fala na Semana do Meio Ambiente do Curso de Biologia da Aedb.

Fala, Zé LeonQuando meus poucos, mas

fi éis leitores esti verem lendo essa crônica, eu já serei um cidadão protegido pelo estatuto do idoso.

Não é nada, não é nada... mas já pego fi la preferencial, já sento no ônibus em assento para idosos e defi cientes ou gestantes, já pos-so estacionar em vaga de idoso, pagar meia em cinema ou teatro, entrar de graça no Maracanã...

Mas eu quero aproveitar esse momento tão especial para di-zer que estou lançando minha pré-candidatura para vereador em Resende. E quero aproveitar esse espaço e minha página no Facebook para discuti r políti cas públicas para o nosso município.

A campanha ofi cial não come-çou, ainda não ti ve minha candi-datura confi rmada em convenção parti dária e nem a lei eleitoral me permitiria pedir votos ou falar meu número. Mas fica a dica.

Sugestões para [email protected]

Toda cidade tem seu corpo, que são suas ruas, seus prédios, mas toda cidade tem sua alma, que são as pessoas que nela habitam. E cada vez que nos rou-bam um pouquinho dela, fi ca um senti mento de perda irreparável. Estou falando da morte do meu amigo querido Odylo Franco, que não ti nha nada que ter-se mandado tão cedo. Dizem que com a chegada do Cauby Peixo-to no Céu, Deus encomendou um jantar dançante, e o Cauby falou: só se o Odylo organizar.

O Odylo foi uma das primeiras pessoas que conheci quando me mudei para Resende em 1982, por conta da nossa ligação com o Jornal A Lyra, e nunca deixamos de sempre que pudéssemos, conversar bastante, seja no tem-po de Prefeitura, ACIAR ou CDL.

Vai em paz e que você conti -nue olhando por nós. (ZL)

Junho de 2016 - O Ponte Velha - 9

Renato Serra

Somavilla

Um grito baldio

Nesses incontáveis brasis onde sobejaa miséria escandindo fealdade e violência,

denunciam os monturos das ruelas, dos vazios,ignominias políticas, infâmias do abandono.Tão sem atrativos muitos desses lugares sãoque só o crime os procura para o homizio;varandas, uma a uma foram emparedadas,suscitando enigmas de flores enclausuradas;estropiadas portas e janelas nunca abertas

sufocam rumores comezinhos da existênciaemudecendo também o alarido das crianças;no limite, a solidão indizível dessa gente toda

jazendo sem luz e sem amor em quartos ocres,transmuda-se em figura imensurável, agônica,

o miasma do quadro “O Grito” de Edvard Munch.

O Grito (no original Skrik) é uma série de quatro pinturas do norue-guês Edvard Munch, a mais célebre das quais datada de 1893. A obra representa uma fi gura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O plano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-Sol. O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leo-nardo da Vinci.(https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grito_(pintura))

Adeus, amigo dos homens

Damos um “até logo” para al-guém muito especial, que teve como missão na vida ajudar aos outros, levando conhecimento e informações fora da indústria farmacêutica durante seus bem vividos 91 anos.

Dr. Luiz Moura, pioneiro na divulgação do cloreto de magnésio e seus benefícios, pioneiro e maior divulgador da auto-hemoterapia, que tantos usufruem, pioneiro nas buscas e pesquisas sobre cubos e caixas orgônicas e tantas outras coisas importantes na vida de mui-tas pessoas, nas quais me incluo.

Só tenho a agradecer por toda a saúde que ele me trouxe. Obri-gada, querido Dr. Luiz Moura!

Brasileiro, nascido no Rio de Janeiro em 04 de maio de 1925, Dr. Luiz Moura era fi lho de médico. Estudou na Facul-dade Nacional de Medicina da UFRJ, quando a universidade ainda fi cava na Praia Vermelha, mesmo lugar em que o seu pai se formara nos idos de 1918. Médico clínico geral, Dr. Luiz Moura foi presidente do INPS, na época em que englobava o INAMPS, diretor da DIMED, órgão de fi scalização que deu lugar à ANVISA, diretor de medicina social do estado do Rio de Janeiro, fundador da CEME (Central de Medica-mentos), feito que desagra-dou a indústria farmacêutica.

O Brasil e a saúde pública devem muito a este grande ho-mem, que, do alto de mais de 60 anos de exercício da medicina, sempre ancorado no juramento hipocrático, teve a coragem de enfrentar interesses pode-rosos e escusos, ao divulgar a auto-hemoterapia, retirando do ostracismo essa técnica que foi esquecida por força da ganância dos que enriquecem às custas das nossas doenças.

O Dr. Moura morou em-Mauá e to rnou-se ami -go de muitos resendenses.

Rubia Coelho

Walter Medeiros

Se o Brasil é a terra da jabuticaba, o Rio e a fi na fl or do pé. É o único estado da federação em que para obter o licenciamento anual é obrigatória a vistoria do veículo. Para entender esse absurdo, temos que entender como funciona o maior feudo da ALERJ no estado. O DETRAN tem em seus quadros funcionais estatutários, nomeados e terceirizados. Os estatutários são os funcionários concursados. Já os nomeados e, pasmem, os funcionários que compõe os quadros das em-presas terceirizadas são indicações dos deputados. São cotas distribuídas conforme a votação de cada um. Trata-se de ape-nas mais um órgão público apropriado por políticos inescru-pulosos para acomodação de sua militância, parentes e cabos eleitorais. Assim sendo, fi ca difícil não inventar demandas des-necessária para criar cada vez mais vagas a serem preenchidas.

Esse absurdo chega a ser criminoso. Até pouco tempo ocorreram na cidade de Resende, todo o tipo de abuso de autoridade feita por agentes do DETRAN. Com apoio policial e muita falta de informação. Fatos relatados por populares tais como: Agentes com crachás que se recusavam a apresentar a carteira funcional (só estatutários podem realizar blitz); Vistoria realizadas nas ruas sem instrumentação adequada para aferição de itens como pneus; apreensão de veículos documentados… Uma operação muito lucrativa , levando em consideração que empresas terceirizadas, pela ingerência relatada, tem provavelmente os sócios proprietários não sendo seus legítimos donos… País tropical e frugal, terra das jabuticabas, laranjas, e outros vegetais... Mas voltando ao cerne da questão , tudo gira em torno do dinheiro. Como o dinheiro não anda fácil e as eleições vem chegando, a opera-ção Resende deve ter rendido muito dinheiro. Reboque R$ 175,00 (Empresa A); Diária no Pátio (Empresa B) R$ 80,00; Seus direitos violados… isso não tem preço (no seu C.).

Nós somos vítimas do estado. Somos saqueados e trabalha-mos para que políticos enriqueçam e vivam como nababos, cercados de bufões e capitães-do-mato da era moderna. Falo isso por que no fundo me sinto um escravo. Os grilhões em mim colocados, embora invisíveis, não são menos pesados dos que os fundidos em ferro na antiguidade. Desta vez, porém, os cobradores de impostos da capital foram recepcionados por uma população consciente, articulada, que rapidamente orga-nizou manifestações, abaixo-assinados e ainda levou o relato dos abusos cometidos ao Ministério Público. A derrama foi estancada. Talvez tenham até cumprido a meta estabelecida, quem sabe? O que não há mais dúvida é que não somos mais presas fáceis. Os vampiros que se cuidem, o sol está nascendo.

A fábula do Detran, a jabuticaba e os vampiros

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10 - O Ponte Velha - Junho de 2016

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A Mentira com Responsabilidade- XXXI

Krishna Simpson

Em tempos de grandes surpresas, enquanto o Kama Sutra deverá ser ensinado nas escolas e presidente afastada inicia curso de crochê a distância, delação premiada de Sarney po-deria revelar até o mistério do desaparecimento de Atlântida

Uma decisão do Ministério da Educação está deixando as comunidades escolares em polvorosa: a inclusão de aulas (teóri-cas e práticas) do Kama Sutra nas esco-las públicas. A medida foi tomada após uma excitante reunião a portas fechadas (opa!) entre o ministro da educação e um famoso e bem-dotado (pelo menos é o que dizem) ator de filmes em que os protagonistas costumam usar pouca, bem, muito pouca, quer dizer, na verdade nenhuma roupa durante as fi lmagens, vai ver que o set de fi lmagens é quente, né?

Enfim, a sugestão do ator de liberar geral, quer dizer, de ensinar as chamadas “posições para amar” para nossas inocentes criancinhas, vai entrar para o currículo educa-cional brasileiro, afinal, há que se adaptar aos tempos mo-dernos. Para evitar maiores problemas, as secretarias das escolas irão dispor de um depósito só para os preservativos.

Enquanto isso, a presidenta afastada e isolada que se retirou de cena dando um tempo, para não perder tempo inscreveu--se no “Curso básico de crochê para senhoras distintas, apo-sentadas, emperuadas e endinheiradas a distância”. Nesse curso, deverão ser trabalhadas técnicas básicas de roupinhas de bebê, meinhas, cachecolzinhos e gorrinhos. Parece até que a atual primeira-dama, Marcela Temer, já fez uma enco-menda para seu futuro fi lhinho. Isso se o Michel encontrar as caixas de Viagra que andaram sumindo do quarto do casal.

E no meio dessa confusão, o ex-presidente José Sarney, que corre o risco de ser preso a qualquer momento, poderá fazer uma delação premiada em que muita, mas muita coisa mesmo viria à tona. Especialistas em informática calculam que seria necessário um supercomputador com capacidade de milhões de terabytes para gravar as intermináveis horas de fala do honrado presidente de honra do PMDB. Cientistas e esotéricos do mundo todo estão de olho nas possíveis revelações, inclusive aquelas que poderiam responder se e quando Atlântida existiu, e como a suposta civilização do continente teria desaparecido. Provavel-mente o PMDB naquela época não tinha ainda tanta efi ciência no gerenciamento de confl itos sociais, de enxugamento das contas públicas e de controle da corrupção como possui hoje em dia.

Em vista da situação calamitosa, especialista em política vê como única solução para o Brasil a volta à monarquia

Consultado pelo Ponte sobre a situação trágica-calami-tosa-escabrosa da questão política-econômica-social-fute-bolística brasileira, o renomado doutor PhD por Harvard,

professor de relações internacionais na Cambridge University, Jacintho Leite Kent Aquino Rego (ele é primo do Clark Kent), apontou como única solução solucionável para a insusten-tável manutenção de poder do Brasil como sendo a volta à monarquia. A tese de Aquino Rego, recentemente publicada em primeira página do jornal The Times, vem acompanha-da de fortes argumentos sobre a volta a um país imperial e poderoso.

Petrópolis seria a capital da nação, enquanto Brasília fi caria fi nalmente administrada pela sociedade de ufologia brasileira, tornando-se local de pouso e decolagem de naves extraterrestres (se é que o local já não está cheio de ETs). E para assumir o tro-no, ninguém menos que Bertrand Maria José Pio Januário Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, atual príncipe imperial do Brasil pelo ramo de Vassouras. Doutor Jacintho também explicou que já que o presidencialismo anda meio inteiramente ca-penga, que o parlamentarismo não se encaixaria com o esquema atual brasileiro-partidário-administrativo-larapiano, que o feudalismo geraria problemas ambientais e agronômicos no campo e que o maucaratismo está difícil de aguentar, só mesmo um novo impera-dor empunhando e levantando sua espada (no bom sentido) para reger esses 8.516.000 quilômetros quadrados na América do Sul.

E parece que surge um movimento forte em favor da volta ao comando imperial no país que, segundo nosso especialista, deve eclodir a qualquer momento. O problema é que o riacho do Ipi-ranga anda meio esquecido no centro de São Paulo, e o grito de independência monárquica teria que ser dado mesmo durante a realização das Olimpíadas do Rio, às margens da poluída Marina da Glória, ou ainda à beira do Piscinão de Ramos, para que cha-me mais atenção da comunidade internacional, e esta ratifi que a volta à monarquia, mesmo que no futuro tenhamos que começar tudo de novo, uma nova república, com um novo pensamento de realmente trabalhar em prol do povo brasileiro e não para o engordamento das contas bancárias dos comandantes da nação.

Tô nessa!

Professores,chegou sua vez!

F u n d a ç ã o L o g o s ó f i c a p r o -move Prêmio Literário voltado para os educadores do país

O Prêmio Literário de Logo-sofia promovido pela Funda-ção Logosófica será, desta vez, voltado para os profes-sores de todos os segmen-tos da educação do Brasil.

O objetivo do concurso é divulgar a Logosofia para os professores e estimular a re-flexão sobre a projeção que seus conceitos podem ter na vida e na arte de ensinar.

“Queremos que os professo-res conheçam essa ciência, que é capaz de modifi car essencial-mente o ser humano e oferecer a possibilidade de vislumbrar novos horizontes”, afi rma Marco Cohen, coordenador do con-curso e docente de Logosofi a.

Para participar é preciso ler o livro “O Mecanismo da Vida Consciente”, de autoria de Car-los Bernardo González Peco-tche (foto), pensador, humanista e criador da Ciência Logosófi ca.

As inscrições estarão abertas a partir do dia 1º de fevereiro até o dia 31 de julho de 2016.

O interessado deverá enviar uma redação de apenas uma página sobre o que extraiu da leitura do livro para sua vida.

O texto será avaliado segundo os critérios estabelecidos no Regulamento do Prêmio, desta-cando a criatividade, coerência, objetividade, clareza e adequa-ção ao tema, além do uso da norma padrão da língua por-tuguesa (saiba mais em www.premioliterario.logosofi a.org.br).

O primeiro colocado ganhará um Hyundai HB20. Os prê-mios para o segundo e terceiro colocados serão, respectiva-mente, um MacBook Pro e um MacBook Air. Os classi-ficados do quarto ao décimo lugares receberão um Iphone 6.

A Fundaçao Logosófi ca – em prol da superação humana, encontra-se em Resende na Rua Alan Kardec 50 – 310/G2 Edifício Golden Center – Jar-dim Tropical Tel. 3355-1212

Maiores informações podem ser obtidas pelo email:

rj-resende@logosofi a.org.br ou pelo site: www.premioliterario.logosofi a.

org.br

Junho de 2016- O Ponte Velha - 11

Posto AvenidaBob`s

Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude de-dicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que afl ua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que afl ua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

Unidade de Serviço para Educação IntegralAv. Nova Resende, 320 – sala 204

CEP: 27542-130 – Resende RJ – BrasilTels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065

Martha Carvalho Rocha

Por um simples acaso- Como vai?- Assim, assim... Respondeu-me

com decoro, e fi cou ali, jazido, numa espécie de descanso invo-luntário. Via tudo, e à toa.

- Homem maltratado – este! Honrado e desonrado pela vida, falou o outro. Homem que fi cou entre a chama e a brasa. Nasceu criatura simples e, se teve sabe-doria, foi daquela que se adivinha pelo senso comum.

- Eu pensei em conversar com o moço, que mal conhecia – da mesma forma que mal me co-nheço. Apesar do meu pulso latejando, faltava-me intimidade. Observei-o de soslaio – a hora era escura... Fui, devagar e miúdo, como quem desembarca de um trem noturno numa estaçãozinha esquecida, por simples acaso. Ofereci a ele o meu amor fran-ciscano, vero e singular. E a noite continuava escura, como um den-so véu isolando-nos do mundo – quiçá – das angústias universais.

– Minha vida, moça, é coisa que não consigo sequer defi nir. Ela não chega a ser nem um fato a ser conta-do. Muitas vezes a sensatez pareceu--me vizinha da loucura.

Eu fui fazedor de coisas, experi-mentador de novidades. Percebia a vida com um certo “glamour”. Dias correram, meses tombaram uns so-bre os outros, pouco familiares para mim. Antes, eu tive moradia assobra-dada, mulher de olhos amendoados e pele acetinada, que sentava na soleira, com o seu vestidinho rodado. Cuidava das fl ores. Ornava o alpen-dre, onde sentávamos a cada dia, depois de terminadas as nossas lidas, para conversarmos. Gostávamos de receber visitas, não nos esquiváva-mos. Era prazeroso! No entanto! Ah, no entanto – Maria partiu... Quem sabe, na tentativa de viver mais inten-samente? Na busca de fi ligranas da

beleza, das conversas sussurradas... E eu, que pensava conhecer-lhe a alma? Seus anseios íntimos – meandros internos... Ela sumiu há anos, sem deixar vestígios – rastros...

Eu reduzi os amigos, ao mínimo, esquivei-me das visitas. Passei a pensá-los como personagens dos meus contos. Certo dia, imaginei-me num campo santo. Parecia-me tratar de um enterro sem coroas fúnebres. Ali eu aceitei fi car de boa graça! Isto depois de ter passado por secas, tempos das águas, das fi adas conver-sas. De ter conhecido o abismo da desordem. Foi quando tentei rever a receita de bem existir. Qual delas?

Coloquei-me em constante ave-riguação. Assim, fui começando a tomar vulto. Aos poucos sendo livrado dos meus infortúnios – do meu desagrado – do meu silencioso padecimento.

É uma velha história... História do século passa-do, que quando percebi, estava dentro dela. Bem dentro! Passei a usar ócu-los lembrando um senhor de meia idade. Nunca mais soube de Maria... Não consigo imaginá-la como uma senhora. São passa-dos tantos anos...

– E você moça? Com todo respeito – conte-me alguma coisa. Aprovei-temos a ardência desta madrugada para trocarmos ideias...

Eu? Eu já sou uma se-nhora com os óculos bem ajustados. O que posso lembrar e esquecer é que tive marido de olhos tristes e fala mansa... e que um dia também se foi – para o tudo ou para o nada. Não sei! Pode até ter sido uma missão suicida – por que

não? Por que sim? Igual a você eu percebi, quando jovem, a vida com um certo “glamour”. Isto também é uma velha história... do século passado. Depois vão sendo tecidas as lendas... Às vezes sofro do despertar – insônia diurna!

– Bom, moça, estamos precisando de amigos. Precisando da amizade! Podemos nos presentear com esta peça rara? Com aquela sinceridade da primeira vez experimentada? Aguar-daremos calados, benção às nossas almas... Sei que fomos os fatigados... os desiludidos. Mas...

– Raiava o dia. Abraçamo-nos afe-tuosamente, sabendo que não mais nos veríamos! A não ser por acaso. Escolhemos, por conta daquela sabedoria que se adivinha pelo senso comum, fi carmos no prelúdio.

12 - O Ponte Velha - Junho de 2016

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Caro Sr. Augusto,

Li sua carta, na última edição do Ponte, endereçada à nossa presidente Dilma. Apesar de concordarmos em relação ao risco de se juntar aos porcos e acabar comendo farelo – vide o infa-me Michel Temer –, discordo bastante de sua visão aí do céu, e decidi me pronunciar. Importante ressaltar que faço isso não por plena consciência da verdade, coisa sabidamente impossível, mas por ser testemunha de fenômenos sociais que farão felizes tantos aí no céu. Sou, talvez como representante de uma geração, simpatizante de pro-jetos alternativos de governo – e ser de esquerda, como Deleuze afi rmou, implica desejar mudanças para além do meu bairro, ansiar por um mundo me-lhor além das fronteiras de meu estado.

E foi isso, para a felicidade do Brizola, que minimamente se con-quistou nesses 13 anos do PT no Brasil. Negros e pobres com acesso à universidade comemoram as primei-ras gerações diplomadas de famílias marginalizadas desde a escravidão; via internet pode-se ler artigos sobre o resultado positivo de negros que entraram nas universidades pelas cotas – não querem perder essa chance de ouro, pois gostam de trabalhar e ter a dignidade de cidadãos dessa suposta democracia racial. O bolsa família foi o empoderamento de mulheres no sertão, incluídas numa sociedade que as negligenciara, mas que lançou o olhar sobre seus fi lhos, suas necessidades.

Programas sociais que parecem óbvios em democracias maduras, mas que no Brasil só conseguiram se imple-mentar no século XXI, frente a muito estardalhaço. São mudanças reais e um inédito olhar para os mais fracos, uma vontade real de enfrentar a desi-gualdade e trazer para o jogo milhões de brasileiros à margem. E não para por aí, setores da cultura festejaram a distribuição de políticas regionais, que possibilitaram a artistas populares fora do circuito Rio-São Paulo se engajarem na agenda cultural brasileira, o que lhes dá importância e reconhecimento, como uma amiga artista me contou.

Sinto te dizer que essas conquistas socioculturais estão indo por água abaixo com o governo provisório atual, em formato de circo no congresso.

Obviamente que o governo de Dilma errou nas parcerias e nas prioridades ambientais e econômicas, e em muitos outros pontos, como na manutenção da dívida de uma reforma agrária decente. Mas, e talvez infelizmente, até o momento este foi e é o melhor governo de 2016. Não há prerrogativa que justifi que um governo interino hi-pócrita, integrado por incontáveis “co-ronéis”, a lançar canetadas a torto e a direito desfazendo realizações diversas em âmbitos social, cultural e ambiental.

Se o senhor acompanhasse o que acontece em Brasília no momento veria que o pulso fi rme de Dilma em não se corromper pode ter sido uma das causas de sua retirada do poder.

Essa senhora, que já lutou na clandestinidade pela liberdade e soberania da nação brasileira, ar-riscando a própria vida, segue em luta por um Brasil mais igualitário, mesmo em meio aos que se repro-duzem no poder. Apesar de não concordar inteiramente com seu governo, repito, me sinto impelida a defendê-la, tamanha a covardia com que vem sendo atacada, a primeira mulher presidente do Brasil – que com garra e coragem enfrentou a máfi a da elite política e econômica do país, somada à mídia burguesa, que, salvo raras exceções, ataca a presidente sem lhe dar chance. Em um país dominado por uma cadeia de televisão tão poderosa (chega a ser vergonhoso revelar isso a estran-geiros), Dilma seguiu imponente. Só isso já me dá ânimo para estar do lado dela, e não do deles, que com seus interesses escusos não me re-presentam. Augusto, quem simboli-za a educação no governo provisório é um ator chamado Alexandre Frota (que o senhor felizmente ignora), o ministro das relações estrangeiras é Serra, cuja ânsia neoliberal dá arrepios. O mais recente dos atos federais foi a anulação do veto de Dilma ao aumento surreal para o judiciário, ofi cializado por Temer há poucos dias; num país de milhões de desempregados, é de fato desastroso que irresponsáveis tomem o poder. Ou seja, se estava mal com ela, note que vai bem pior sem ela. Torço para que o senhor consiga outras fontes aí do céu, além da velha mídia brasileira; e, te peço, ore por nós.

Carta-resposta a Augusto de Carvalho - De sua sobrinha-neta, Lila Almendra

O folclorista Claudionor Rosa (detalhe), celebrando 50 anos de cidadaniaresendense, foi escolhido para patrono da FLIR/2016