o ponte velha | maio de 2016

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RESENDE E ITATIAIA - Maio de 2016 Nº 241. ANO XXI - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com O Ponte agora é um jornal vendido... por Aprendiz de feiticeiro mora em Itatiaia !!! Após dois meses de intervenção pesada, e com anuência do Inea, a IBR-Lam desfigurou uma das paisagens históricas que ornavam a entrada de Itatiaia. A produtora de cabos de cobre conseguiu que o órgão ambiental transformasse uma APP (Área de Proteção Permanente) em uma FMP (Faixa Marginal de Proteção) para possibilitar a canalização do córrego que formava a Lagoa do Padre e o aterramento de grande parte de sua bacia de dispersão. Em ronco que aterra, berra o sapo-boi: - “Meu pai foi à guerra!” - “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!” / Urra o sapo-boi: - “Meu pai foi rei!”- “Foi!” - “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!”. O Ministério Público abriu inquérito para apurar responsabilidades e avaliar os riscos da obra, que deve impactar a rodovia Presidente Dutra e os moradores do bairro Vila Niterói. Nossa terceira reportagem sobre o destino do lugar, na página 4, traz à tona o debate que não houve sobre a própria filosofia de desenvolvimento do município, materializada no PRODEMI - Programa de Desenvolvimento Econômico do Muni- cípio de Itatiaia (2009), que pode levar ao colapso a infraestrutura da cidade. Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), falam pelas tripas, - “Sei!” - “Não sabe!” - “Sabe!”. (Manuel Bandeira, Os Sapos, 1918)

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Periódico local | Itatiaia e Resende, RJ

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Page 1: O Ponte Velha | Maio de 2016

RESENDE E ITATIAIA - Maio de 2016Nº 241. ANO XXI - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

O Ponte agora é um jornal vendido... por

Aprendiz de feiticeiro mora em Itatiaia !!!Aprendiz de feiticeiro mora em Itatiaia !!!

Após dois meses de intervenção pesada, e com anuência do Inea, a IBR-Lam desfi gurou uma das paisagens históricas que ornavam a entrada de Itatiaia. A produtora de cabos de cobre conseguiu que o órgão ambiental transformasse uma APP (Área de Proteção Permanente) em uma FMP (Faixa Marginal de Proteção) para possibilitar a canalização do córrego que formava a Lagoa do Padre e o aterramento de grande parte de sua bacia de dispersão.

Em ronco que aterra, berra o sapo-boi: - “Meu pai foi à guerra!” - “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!” / Urra o sapo-boi: - “Meu pai foi rei!”- “Foi!” - “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!”.

O Ministério Público abriu inquérito para apurar responsabilidades e avaliar os riscos da obra, que deve impactar a rodovia Presidente Dutra e os moradores do bairro Vila Niterói. Nossa terceira reportagem sobre o destino do lugar, na página 4, traz à tona o debate que não houve sobre a própria fi losofi a de desenvolvimento do município, materializada no PRODEMI - Programa de Desenvolvimento Econômico do Muni-cípio de Itatiaia (2009), que pode levar ao colapso a infraestrutura da cidade.

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2 - O Ponte Velha - Maio de 2016

Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

Reg. 12 . 923Concepção gráfi ca: Afonso PraçaEdição eletrônica: Lila Almendra

Edição: Marcos Cotrim24-98828. 5997

24- 99301 . [email protected]

www.pontevelha.com

Expediente

Joel Pereira

Publicação do Instituto Campo Bello

No Tempo do Fio do Bigode

Claudionor Rosa

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PoliticályaFernando António de Castro Maia

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Geni e o Zepelim

Para quem não está ligando o nome à pessoa, “Gení e o Ze-pelim” é uma música do Chico Buarque de Holanda composta para o musical “Ópera do Ma-landro”. Na seguinte situação: Gení era um travesti que sofria todo tipo de bullying: Joga pedra na Gení, joga bosta na Gení, ela é feita para apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Gení.

Um dia chegou brilhante, entre as nuvens fl utuantes um enorme zepelim, e seu coman-dante ameaçava destruir toda a cidade com mil canhões. Mas ao ver Gení ele decide que só muda-ria de opinião “se aquela formo-sa dama essa noite lhe servir”.

“Vai com ele, vai Gení, vai com ele, vai Gení, você pode nos salvar, você vai nos redimir, você dá pra qualquer um, bendita Gení”. E ela foi, o comandante do zepelim se lambuza e nem bem amanhecia partiu numa nuvem fria no seu zepelim pra-teado. Gení quando começa a repousar depois de salvar a cidade, ouve da sua janela: “Joga pedra na Gení, joga bosta na Gení, ela é feita para apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Gení”.

Essa música me veio à cabeça porque, caminhando por Re-sende, ouço um certo clamor pela volta do Noel de Carvalho para a prefeitura. O mesmo Noel Gení que levou uma surra do Eduardo Meohas, e levou outra do Rechuan. Joga pedra no Noel, joga bosta no Noel, ele é feito para apanhar, ele é bom pra se cuspir, maldito Noel.

Hoje que Resende é uma cida-de pré-falida, num estado falido, e num governo federal sem rumo, com um presidente inte-rino e outro afastado, as pessoas veem no Noel, com sua enorme experiência administrativa, o único capaz de recolocar Resen-de no trilho do desenvolvimento.

Você pode nos salvar, você vai nos redimir, bendito Noel.

Aliás, e a propósito:

O Tancredo Neves dizia que ninguém é candidato de si mes-mo. Aí eu pergunto: o que faz uma pessoa acordar de manhã e decidir? - Acho que vou me candidatar a prefeito...

Claudionor Cultu-ra Rosa não é mineiro, como muito gente imagi-na, inclusive ele próprio. Seu pai, sim, era mineiro, da cidade de Corinto e se chamava Lúcio Rosa. Ferroviário, foi fazer um estágio na EFCB, em São Paulo, quando morou no bairro de Guaianazes, onde conheceu a saudosa Ordália Guedes, mãe do Claudionor, e onde este foi concebido e nasceu em 13 de março de 1941. Terminado o estágio, Lúcio voltou para Co-rinto, levando sua espo-sa Ordália e o menino Claudionor, muito mais tarde rebatizado, pelo jornalista Laís Amaral, de Preto-Véio, em razão da semelhança física com a imagem daquela entidade da Umbanda, que –– as-sim como o Claudionor –– dedica-se a melho-rar a vida das pessoas. Claudionor foi criado em Corinto, com toda a mi-neirice a que teve direito, tornando-se o paulistano mais mineiro do Brasil.

Por volta de 1964, saiu de Corinto, em busca do mar. Queria conferir se

Teófoli Otoni foi verda-deiro quando disse que “O mar soluça e geme porque está longe das Minas Ge-rais”. Acabou parando no meio do caminho, em Re-sende, onde seu falecido ir-mão Célio Rosa trabalhava na construção da Represa do Funil. Aqui, no frescor (no bom sentido) de seus vinte e três anos, namorou as Marias mais bonitas da cidade e conheceu as mú-sicas do Adelino Moreira pelo lado de dentro da his-tória, sempre bem acom-panhado de amigos, dentre os quais destaca-se o Paulo Moreira Machado, também conhecido por Paulinho

Contador, um primor de pessoa, dessas de guardar no lado esquerdo do peito, como disse o poeta.

Cordelista, escritor e um dos melhores agitadores culturais da região, Clau-dionor consegue promover a cultura, com ou sem dinheiro. Com qualquer duzentos mirréis ele rea-liza um evento. Ficou na História uma exposição de brinquedos artesanais que ele organizou, apro-veitando a grande frente da Agência do Banco do Brasil, no Campos Elíseos.

Fundou, e dirige até hoje, o Museu da Ima-gem e do Som, o Grêmio

Literário de Resende e a Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnava-lescos de Resende.

Candidato a vereador em 1976, obteve 495 votos, fi cando como segundo suplente do MDB. Nova-mente candidato em 1982, pelo PMDB, obteve 512 votos. Em 1988, tentou, pela derradeira vez, ser vereador, pelo PMDB. A política resendense saiu perdendo, mas a Cultura ganhou.

Claudionor assumiu que seu partido é a Cultura, uma ótima decisão para a cidade, pois possibilita sua permanência na área, em qualquer governo.

Além de todas as ativi-dades já enfocadas, Preto--Véio manteve o programa Veredas do Sertão, na Rádio Resende, por 15 anos, até 2006. Paulo Ramiro era operador de som, e eu liga-va para a Rádio, me pas-sando pelo Chico Fortes, amigo meu e do Claudio-nor. Sempre pedia canções do Rolando Boldrin, e aproveitava para convidar o Ramirão e o Claudionor para irem à Fazenda Alian-ça, onde o Chico morava. Fico imaginando quantas visitas o Chico deve ter recebido sem saber do convite ...

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Maio de 2016 - O Ponte Velha - 3

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A Flauta da MantiqueiraFoi no Centro Cultural de

Visconde de Mauá que vi um pequeno quebra-cabecas, em madeira, do fl autista de Ha-melin conduzindo a praga de ratos para fora da cidade. No conto alemão os ratos são conduzidos a um rio onde são afogados. Fantasiei então uma adaptação da lenda ao Brasil de agora: o fl autista é a populacão nas ruas e nas redes, com sua música de insatisfacão e de atenção per-manente aos acontecimentos, e os ratos não são condu-zidos à morte mas sim à redenção, por conta de serem colocados diante de nossos grandes patrimônios, sendo o primeiro deles a janela – da qual não gostam os ratos, uma vez que ventila.

Que me perdoe o Oscar Niemeyer, mas ninguém pode fazer nada de bom numa construção sem janelas como é a do Congresso. Acho aqui-lo um desses enganos em que a idéia de inovação despreza demais coisas que têm vida quase eterna como a janela. Aquilo pode ser uma bela es-cultura, não lugar para se mo-rar ou trabalhar. Ali, as linhas do concreto armado, ainda que poeticamente curvas, representam um pensamento reto, que não considera o contexto em que se dá. Esse mesmo pensamento também não põe bancos, nem fl ores, nem arbustos no gramado da grande esplanada, em meio aos caixotes ministeriais.

A desconsideração por bancos, janelas, arbustos e fl ores é uma pequena mostra da mentalidade que dilapida o patrimônio - natural, arquite-tônico, imaterial. O imaterial, aliás, é indistinto do material, como forma e conteúdo, física e metafísica.

Mas o que é preciso contar é que nossa população--fl autista conduziu toda a classe político-administrativa de Brasília em direção a Resende, e nos municípios por onde passavam, tal qual faz a tocha olímpica, iam arregimentando mais edis, ve-readores e deputados. Muitas vezes em cidadezinhas lindas, cheias de casas históricas, sig-nifi cativas, mas que já haviam construído seus caixotes sem janelas para serem câmaras e prefeituras, pois ninguém quer ser jeca, além do que obra sempre gera dinheiro.

Já em Itatiaia e Resende o cortejo ia vendo pela via Dutra o paroxismo da sem--janelice nasqueles galpões de logística e de montadoras. (Houve uma rápida entrada em Itatiaia para se ver um exemplo de prefeitura com janelas, funcionando numa casa decente; um poder público, portanto, presumi-velmente melhor, embora a câmara esteja num caixote).

Subiu-se a serra, e estáva-mos enfi m em nosso grande patrimônio natural e cultural: a Mantiqueira. O grande monumento de pedra e mata,

do tamanho do Líbano, que gera água para todos os lados. E cravejado de pequenas cidades e vilas que ainda guardam uma notícia vigo-rosa de sua formação, feita a partir do pequeno e médio proprietários, de uma tradi-ção de lavradores que vem da idade média européia e aqui se enriquece com o índio e o negro. Tradição de amor à terra, pelo conhecimento sobre ela, pela necessidade de preservar o seu alqueire.

Aqui não houve o latifún-dio perdulário do nordeste açucareiro, dos pampas gaúchos, do café dos grandes vales e das planícies de São Paulo. Porque a geografi a montanhosa é avessa ao pensamento reto, irmão do gigantismo. Aqui o nosso matuto se autogeriu em pequenos clãs familiares com ligações entre si, por muito tempo longe do poder do Estado. As lideranças se for-javam espontâneamente, as autoridades eram os “auto-res”, os que sabiam fazer as coisas.

Daí resulta um homem mais independente, não sub-misso a um grande senhor

feudal. E a Mantiqueira ainda guarda o DNA do matu-to (será que preciso dizer também “e da matuta?”) sem complexo de vira-latas, sem necessidade de um Estado forte que o conduza.

“É a partir daqui que precisa se dar a reforma agrária” - dizia emocionada a ex-ministra Kátia Abreu, completamente esquecida de representar o agrotóxico, o defensivo, a química, os tentáculos da agroindústria.

“Como erramos ao querer conduzir o povo...” - co-mentava constrangido o José Dirceu. “Esse povo aqui, que sabe o que quer - viver em paz com sua autonomia - é que tem de nos conduzir...É por aqui que vamos recons-truir a esquerda...; ou melhor, vamos não, que não somos oniscientes nem donos da história...; as pessoas é que farão isso, o povo rural e o das cidades, no ritmo de-les....”

Era grande a emoção, uma espécie de iluminação geral

que culminou num grande baile animado a calango e quentão. A certa altura, Zé Dirceu, Michel Temer e Lula resolveram descer para Resende. O primeiro foi ao Rei dos Salgadinhos tomar um chopp e pedir desculpas a seus conterrâneos de Passa Quatro, o Daniel, o Jairo, o Paulinho, que jogavam pelada com ele nas ruelas de terra; o segundo quis dar um abraço na Vilma, mulher do saudoso José Sarquis, e no Eduardo, fi -lho do também saudoso Bady. Ambos, Vilma e Eduardo, lhe fi zeram ver que ele não pode macular a bela história da imigração síria. O terceiro, nosso querido Lula, foi para a porta de uma montadora da via Dutra tomar uma com os companheiros.

“Galera” - dizia ele - “ago-ra não tem mais muro, agora o PT tem que estar junto com o resto da sociedade pra exigir que a Lava Jato meta bronca! E viva a imprensa livre! E viva as denúncias, e viva os vazamentos!, e viva os indiciamentos de Temer e Aécio!”

Foi nessa hora que che-gou a notícia de que Gilmar Mendes, que permanecera em Brasília, livrara a cara de Aécio. O próprio Aécio, que subira a serra e se iluminara diante do patrimônio Manti-queira, desceu furimbundo a estrada parque:

- Não pode me livrar! Nem a mim nem ao Renan! E nem ao Temer! Não podemos continuar a ser uma república de ratos!

Foi tudo muito bom, a fl au-ta não pode parar de tocar.

Walkeré o Fantasmaque anda, o imortal Highlanderda Mantiqueira

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4 - O Ponte Velha - Maio de 2016

Dr. Rafael Procaci

Cirurgião-Dentista CRO/RJ 20333Especialista em Ortodontia e Ortopedia FacialClínica Santo Inácio - Rua Eng. Jacinto l. Filho 140, Bairro Barbosa Lima - Resende, RJTel: (24) 3355.8383 - 999484899

ITATIAIA em Pauta

Francisco de Goya,Cronos devorando um fi lho1819-1823

Filho feio não tem pai

Na edição passada do Ponte Velha, trouxemos a notícia de que deram entrada no Mi-nistério Público de Tutela Coletiva dois processos questionando a canalização e ater-ramento parcial da chamada Lagoa do Padre, alegando razões de natureza ambiental.

A matéria ponderava que, de fato, a “lagoa” serve de bacia de dispersão que infi ltra as enchentes no lençol freático, regulando as cheias e pevenindo inundações. Por isso, não se poderá saber se a vazão do córrego que alimenta a lagoa, uma vez canali-zado, excederá a capacidade de escoamento a jusante. Ou seja, além das dimensões histórico-cultural e ambiental, a questão parece implicar num provável dano social. O s moradores da Vila Niterói, na Linha Velha Norte, temem que o aumento do volume de água devido à canalização torne as enchentes ainda mais prejudicias do que têm sido.

Abril/2016

Na quarta-feira, dia 4/5, o prefeito de Itatiaia, Luis Carlos Ypê, falou à Rádio Ita-tiaia FM (http://www.itatiaiafm.com/index.html/crbst_173.html ) sobre as obras de aterramento da Lagoa do Padre pela IBR-Lam, dizendo que a Prefeitura não tem responsabilidade sobre qualquer possível desvio de conduta perante as normas ambientais. O Inea licenciou e, assim sendo, caberia a este órgão responder. A tese foi reforçada pelo secretário de planejamento, o arquiteto Ruy Saldanha, que adiantou ao Ponte Velha ter mandado notifi car o Inea sobre as denúncias e recla-mações em curso, seguindo a linha de ação iniciada pelo vereador Mantovani.

Um dos diretores da IBR-Lam, o engenheiro Cor Jesus de Miranda, disse estar o Projeto executivo da canalização/aterro coberto pela licença do Inea (IN-026237/18-2-2014), pois as obras iniciaram dois meses antes de expirar a mesma, válida por 2 anos. Com a licença, a área verde que era uma APP (Área de Proteção Permanente) tornou-se uma FMP (Faixa Marginal de Proteção).

O consultor ambiental, engenheiro Paulo Martins, que atuou no projeto master de implantação da IMCO (holding que controla a Ibrame e a IBR-Lam e adquiriu a área à Gessy-Lever), acrescentou que o licenciamento feito à época usou o parâ-metro hidrológico TR-100, isto é, o tempo de recorrência de 100 anos para dimen-sionar as aduelas de 2m2 (foto) que devem dar vazão às águas canalizadas.

Questionados sobre a situação do escoamento a jusante, que passa por baixo da rodovia Presidente Dutra e do antigo leito da Ferrovia, na Vila Niterói, enten-dem que a responsabilidade seria do Inea. Ele seria o órgão a notifi car, seja a concessionária Nova Dutra, seja a Prefeitura Municipal, a respeito da mudança do regime de vazão, e seu provável impacto sobre o entorno.

Quem responde pelas chamadas “externalidades” do desenvolvimento de Itatiaia? Quem paga o preço dos impactos indiretos da implantação das empresas no lugar?

Em 10/6/2009, o prefeito de Itatiaia sancionou a Lei Complementar n.018 que institui e regulamenta o Programa de desevolvimento econômico do Município de Itatiaia - Prodemi. Dois meses antes, em 2/4/2009, a Procuradora do Ministério Público Federal, Izabela Marinho Brant, dirigiu ao prefeito uma Recomendação de que adotasse providências para que:

a) o Município não concedesse licenças, em zona urbana ou rural, para remo-ção de vegetação e/ou construção em áreas de preservação permanente [APP], assim defi nidas no Código Florestal;

b) a população do município fosse informada sobre a importância de preservar as faixas de mata ciliar e acerca das restrições constantes da legislação pátria;

Etc. etc. Com cópias à Câmara, ao Parque Nacional e APA da Serra da Manti-queira.

A Lei do Prodemi, pretendendo atrair empresas para Itatiaia, prevê redução drástica da alíquota dos impostos municipais (ISSQN, ITBI, IPTU), isenção de taxas (localização, alvará de funcionamento, publicidade, inspeção sanitária...) e participação na quota municipal do repasse do ICMS (maior receita do Município) feito pelo Estado do Rio.

Como se tem visto, a lei de incentivo, somada aos benefícios fi scais do estado, têm trazido para cá empresas que optam por fechar as portas nas antigas sedes (como a IBR-Lam e a anunciada Arno), mesmo após décadas de operação... O que leva a indagar sobre seu futuro aqui. As fábricas mudaram o cenário do Município sem que tenham aberto canais de diálogo com a sociedade. As mesmas audiências públicas reclamadas para debater o avanço das zonas de amorteci-mento do Parque Estadual da Pedra Selada, por exemplo, não foram feitas para que se debatessem as externalidades do “desenvolvimento” de Itatiaia. Temos razões para temer o caos viário, hídrico, habitacional e de segurança nos próximos dois anos. (MCB)

O desenvolvimento desencadeado...

Não consta que tenha sido feito um EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental/ Relatório de Impacto Ambiental) ou um EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), instrumento que prevê maior participação social e controle democrático.

Ademais, segundo o Plano Diretor em vigor (o novo ainda não foi publicado), a intervenção na lagoa parece agredir os Artigos 8o e 11 (Unidades de interesse ambiental), 43 e 44 (Diretrizes ambientais), 63 e 65 (Usos geradores de impacto à vizinhança e empreendimentos de impacto), além dos 104 e 105 (implantação de empreendimentos de baixo e médio impacto).

O Promotor de Justiça da Tutela Coletiva/Núcleo Resende, Marco Antônio San-tos Reis, ofi ciou ao Inea e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (4 de abril do corrente) requisitando as medidas necessárias acerca dos problemas expostos na Representação feita ao Ministério Público Estadual. Passados 30 dias, o mesmo Promotor abriu inquérito para apurar o conteúdo das denúncias e voltou a notifi car o órgão ambiental.

A impressão que se tem a respeito é de que falta uma coordenação competente para harmonizar interesses diversos e difusos, envolvendo volumosos investimen-tos e graves consequências para os munícipes. Não é possível que o negociador municipal, autor da lei do Prodemi e gestor de uma Secretaria de Desenvolvimento se isente de responder pelo futuro dos cidadãos. O órgão ambiental, neste caso, não pode servir de legitimador de uma aplicação desastrada da lei municipal, avali-zando uma tragédia anunciada.

As contrapartidas da IMCO (doação de 8.300 m2 para construção de um Centro de Capacitação e de 20.000m2 para abertura de estrada ligando o Jardim Itatiaia à Hyundai) dependem de verbas do Estado do Rio; ou seja, uma quimera...

Abril/2016

Page 5: O Ponte Velha | Maio de 2016

Maio de 2016 - O Ponte Velha - 5

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tudo trago no peito

a cabeça ativa

o olhar explorando os limites do óculoso sentir expandindo os limites do óbvio

os pés no chão

o corpo são por estar todo vivoa percepção no momento preciso

nada sou a não ser

opostos, respiração,um ponto

e nada trago no peito.

consigoO momento é propício

para fazer um balanço de nossos governos. Observan-do as três esferas de poder, a situação local talvez não seja tão alarmante. Talvez, pois Resende não é uma ilha. O que acontece em Brasília ou no Rio de Janeiro de alguma forma tem um paralelo por aqui. Em tempos de impe-achment, de desgoverno, resta a esperança de dias melhores.

Em Resende, podemos ver que a cidade teve em oito anos pontos positivos e negativos. O problema é que os pontos negativos sempre acabam tento mais destaque, mas vamos lá. Uma cidade que praticamente triplicou sua arrecadação no perío-do. O título de Princesinha do Vale foi substituído por Cidade dos Buracos. Estra-nhamente a cidade que mais asfalta sobre paralelepípe-dos, soterrando sua história em nome de uma pseudo modernidade. Uma cidade muito “pintada”, muito “em-placada”. Uma cidade onde prestar serviços à munici-palidade signifi ca enrique-cimento pessoal e a possi-bilidade de se eleger. Uma cidade com uma Câmara sob suspeição, com vereado-res afastados sendo que os demais não têm qualquer dis-posição de julgar os colegas. Uma grande irmandade, uma grande “famiglia”.

Um governo que se notabilizou pela permissivi-dade. Que distribuiu cargos a esmo a fi m de manter uma estrutura eleitoral paga com dinheiro público. Um governo que, ao exemplo do governo federal, com a ampliação irresponsável de ministérios, ampliou também suas secretarias para acomo-dar as diversas legendas que

Balanço Geral

compõem sua base de apoio político. Um governo que desperdiçou recursos precio-sos com obras de péssima qualidade. Obras recém exe-cutadas e demolidas. Obras que ruíram. Um marco deste desperdício se materializa simbolicamente na bem de-nominada “passarela enfeite” na hoje “praça da discórdia”. Uma cidade perdida no po-pulismo e subserviência de seus vereadores ao executivo em troca de nomeações. Neste caso, nada que se dife-rencie dos parlamentos nas esferas estaduais e federal. A casa do povo está mais para uma casa de tolerância, com todo respeito as profi ssionais do ramo do entretenimento adulto. Ufa!

Bem, façamos justiça. Somos nós os maiores cul-pados desta situação. Somos individualistas e egoístas demais. Pouco participa-mos, pouco exigimos. Pouco enxergamos além de nossos problemas pessoais. En-caramos ainda o dinheiro público como dinheiro de ninguém. A maioria não se preocupa com a origem do dinheiro fácil que é despeja-do nas “comunidades” pelos benfeitores de ocasião. Da falta de sinceridade e prepa-ro dos postulantes a cargos públicos. Enfi m não dá para

transferir toda a responsabili-dade para os políticos.

Quanto aos pontos positi-vos, a se destacar a transpa-rência pública cada vez mais presente, e as pessoas que labutam na máquina pública, com todas as limitações, para prestar um serviço de qua-lidade. O esforço individual de uns poucos abnegados que remam contra a maré e conseguem fazer a cidade funcionar. A destacar os fun-cionários do Município. As políticas públicas de estado implantadas e que são coor-denadas por essas pessoas que têm o cidadão como seu fi m maior. Resende se desta-ca no turismo, no lazer, nas atividades esportivas e cul-turais. Há ainda destaque em alguns programas de saúde e no planejamento. Na serieda-de de alguns comissionados que trabalham com afi nco. Estas pessoas fazem a dife-rença em um mar de interes-ses privados que abundam na administração pública. En-fi m, há esperança, nem tudo está perdido. Estamos mais uma vez se aproximando do período eleitoral. Será mais uma prova de maturidade da população. A democracia tem como único caminho a evolução. É através da liber-dade de expressão, da refl e-xão, da consciência cidadã cada vez mais presente é que iremos alcançar a cidade que sonhamos. Mas que ninguém se iluda, depende apenas de nós.

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6- O Ponte Velha - Maio de 2016

Rosel Ulisses Vasconcellos *

*Rosel Ulisses Silva e Vasconcelos é professor de português e literatura, graduado em Letras e com mestrado em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal do Ceará. Em Resende, leciona desde 2002 na AEDB – Associação Educacional Dom Bosco.

Shakespeare entre nós (parte 1)No ano em que se completam exatos

quatro séculos da morte do maior drama-turgo de que se tem notícia, além de um dos nomes mais representativos – senão o maior – de toda a tradição literária ocidental, não seria o caso de nos perguntarmos qual foi a real dimensão da infl uência de William Shakespeare sobre os autores do lado de cá do Atlântico, mais especifi camente os brasileiros?

Obviamente, o tema é por demais vasto e nem sempre existe clareza a seu respeito. O que aqui me disponho a fazer é tão somente um recorte, colocando em relevo aqueles ca-sos que os estudiosos, em peso, consideram indiscutíveis pela força das evidências. Feita a observação, julguei que seria adequado dividir este artigo em duas partes: na primei-ra, que ora se apresenta, contemplaremos o exemplo talvez mais famoso, entre nós, de “fi liação” shakespeariana, e que envolve justamente o nosso maior escritor, Machado de Assis; na segunda parte do artigo, a ser publicada posteriormente, trataremos de ou-tros autores nacionais que manifestaram em algum momento, em suas obras, a inspiração no genial dramaturgo inglês.

Apenas para reavivar a memória, William Shakespeare nasceu em 1564, na cidadezi-nha inglesa de Stratford-upon-Avon, onde também viria a falecer, em 1616, coinciden-temente no dia do seu aniversário, 23 de abril. Autodidata por excelência, sem jamais haver estudado de maneira formal – o que lhe rendeu críticas severas por parte dos seus desafetos – Shakespeare construiu a sua fama escrevendo quase quarenta peças, as quais mudariam os rumos do teatro em praticamente todo o Ocidente. Tais peças costumam ser divididas em três grupos: os dramas históricos (como, por exemplo, Ricardo III), os dramas propriamente ditos (Hamlet, Romeu e Julieta, entre outros) e as comédias (Sonho de uma noite de verão, Muito barulho por nada, só para citar algumas).

Acerca da infl uência de Shakespeare sobre Machado de Assis, há alguns dados bastante reveladores, como o fato bem conhecido de, na biblioteca deste último, encontrarem--se as obras completas do primeiro. Sem sombra de dúvidas, o romance mais famo-so de Machado – e talvez de toda a nossa literatura – possui, no mínimo, uma ligação sutil com um dos mais destacados dramas shakespearianos. Tanto em Dom Casmurro quanto na peça Otelo, é o ciúme doentio de um marido que se julga traído que norteia o enredo. Otelo, o mouro de Veneza foi um drama escrito por Shakespeare por volta de 1603.

Induzido por Iago, personagem traiçoeiro e vingativo que personifi ca a vileza em seu mais alto grau, o general Otelo mata por ciúme a sua esposa, a jovem e bela Desdêmona, que depois ele descobrirá ser inocente. A diferença óbvia em relação ao romance Dom Casmurro é que, neste, como se sabe, Bentinho não chega ao ponto de cometer assassinato e, até hoje, permanece aberta a questão da suposta traição de Capitu.

A estudiosa e ensaísta norte-americana He-len Caldwell, ao se debruçar sobre o romance referido, tenta decifrar supostas alusões nos nomes próprios empregados por Machado de Assis no texto. Em um exercício de ima-ginação, Caldwell supõe que o sobrenome do protagonista, Santiago, seria a aglutinação de Santo + Iago, ou seja, a fusão do Bem e do Mal na alma de Bentinho. O que é certo mes-mo é que o próprio Machado alude ao pérfi do personagem de Otelo no capítulo LXII do seu livro, intitulado “Uma ponta de Iago”.

Também é possível encontrar referências e alusões às criações de Shakespeare em outros textos machadianos. Já no primeiro capítulo de outro célebre romance, Memórias póstumas de Brás Cubas, ao narrar seu próprio óbito, o pro-tagonista se refere ao undiscovered country (algo como “reino desconhecido”), palavras extraídas de uma fala de Hamlet, na peça de mesmo nome. É ainda se apoiando no drama de Shakespeare que Machado de Assis princi-pia um dos seus mais consagrados contos – “A cartomante”. A referência a Hamlet e a Horá-cio e ainda a citação de uma famosa máxima de Shakespeare servem apenas para nos reafi r-mar a importância que teve este na produção literária do maior dos nossos escritores.

“Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa fi losofi a. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o

fazia por outras palavras.”

Machado de Assis. A cartomante.

No nosso pró-ximo encontro, Gonçalves Dias, Carlos Drum-mond de Andrade e outros mais que tenham bebido na fonte encantada de Shakespeare.

Até lá, então!

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Maio de 2016 - O Ponte Velha - 7

José Carlos de Paiva BrunoO sorriso da sociedade

Marcos Cotrim

Ei, ouve!O chão transpira.A madeira estala.

Que alívio.Como é frescaa caverna do

Silente.Como tão longe

late o cão.

Ei-la de volta.Sente a vez

de outra voz.

Vai, suspende!Sem suspirar.Sem insistir.Que fluido.

Livre o ouvido,acende a vela.

Seja anjo,

noite em MauáBiaAlbernaz

Filhos da EsquerdaBom que o WhatsA-

pp tenha sido bloqueado temporariamente pela Justiça nossa. Lembro que Sócra-tes percorria o mercado municipal em Atenas aos sábados, escrevendo sempre uma listinha, perguntado do signifi cado, respondeu: listo sempre os produtos dispo-níveis que não necessito. Explico que ainda resisto ao uso do aplicativo, entenden-do versatilidade e gratuidade que seduzem 100 milhões de brasileiros. Penso que tais inovações são necessárias, desde que não monopólio, onde desejo que a concor-rência cresça, seja Messenger, Instagram, Telegram, etc. Imaginem caso tivéssemos somente uma Cia telefônica, sem concorrência estaría-mos sujeitos ao arbítrio de preços e contingenciamento de inovações. Especialmente como no caso anterior da Apple nos EUA, em que não houve colaboração à Justiça, tal qual agora, em disponibi-lizar e decodifi car conteúdo criminoso. Tenhamos em mente que Justiça é base da Democracia, onde sempre podemos recorrer todos! Pensem terroristas, pedófi los, trafi cantes e contrabandistas de armas comunicando-se fartamente e reservadamen-te, fora do alcance da Lei…

Existem várias formas de tirania, onde mais efi ciente é a do condicionamento infantojuvenil, como na antiga Esparta crianças eram todas entregues ao Exército para crescerem moldadas em treinamento militar. Experiência sofi sticou-se no nazismo com juventude hi-tlerista onde eram recrutadas pela doutrina única e tinham retirada sua capacidade de opção, pois que não tinham discernimento doutros mundos e sistemas. Esquerda brasileira em treze anos con-seguiu aprimoramento do método abandonando nossa juventude num cruel siste-ma educacional banindo-se dedicação, mérito e conteú-do. Aprovação automática, acesso por quotas, e uma

grade escolar desprovida da Educação Moral e Cívica, bem como OSPB. Restrin-gindo também nossa Litera-tura e História à conveniên-cia telúrica seletiva – por eles é claro – acrescida de raízes internacionais africanas ex-clusivamente. Atitudes como a recente ocupação ilegal dum centro administrativo educacional em São Paulo, mostram do que são capazes os soldadinhos da esquerda. Os mesmos que ostentam camisetas do Guevara por fetiche indutivo, desconhe-cendo sua biografi a crimino-sa. Analfabetos funcionais, produzidos por docentes do tipo que defecou e urinou em praça pública na foto dum político como manifes-tação descontente. Preten-dem doutrinariamente esten-der sua ignorância e falta de civilização àqueles que ainda resistem e querem realmente estudar, acompanhados da necessária livre formação e do conhecimento geral.

Democracia e Privacidade são pra gente do bem, assim como não pode haver esta-dista maior do que o povo a que serve. Como bem disse recentemente o Procurador do TCU Júlio Marcelo de Oliveira acabou-se o jargão “O rei não erra”. Aprendi em meus pretéritos tempos de Colégio que liberdade funciona com responsabili-dade. Imagino que a grada-ção da linha tênue seja o res-peito ao amanhã. Afi nal, pior do que propriamente crimes são efetivamente obstruções à justiça! Subversão…

Estou de volta.Solta a vozoutra vez.

seja terrível,seja poeta.

A literatura é como o sorriso da sociedade. Quando ela é feliz, a sociedade, o espírito se lhe compraz nas artes e, na arte literária, com fi cção e com poesia, as mais graciosas expressões da imaginação. Se há apreensão ou sofrimento o espírito se concentra, grave, preo-cupado, e, então, história, ensaios morais e científi cos, sociológicos e políticos são-lhe a preferência imposta pela utilidade imediata.

Afrânio Peixoto (1876-1947)

Nos tempos de formação, futuros professores de fi lo-sofi a perguntávamos por que havia tão poucos filósofos brasileiros ou por que tão poucas mulheres fi lósofas... Heidegger deu-me uma pista, quando associou filosofia, ciência e tecnologia como alavancas para tentar do-minar mundo e destino, e aproximou o impulso origi-nário do pensamento ao que hoje chamamos de poesia.

Certo que o pensador da Floresta Negra falou depois de Pascal (esprit de fi nesse /esprit de géometrie) e de Nietzsche (razão apolínea/vida dioni-síaca), que falaram depois de Shakespeare (“O coração tem razões...”), que falou na sequ-ência de Tomás de Aquino (“A razão é o defeito do inte-lecto”), que refl etia Agostinho (“Ama e faze o que queres”), que por sua vez ecoava Paulo de Tarso (“a ciência incha”).

Mas o fato é que lia eu uma entrevista do esquecido mes-tre Afrânio Peixoto quando surgiu o intempestivo debate sobre ausência de mulheres no ministério Temer e - vejam só! - participávamos de uma mesa promovida pelo Institu-to de Estudos Valeparaibanos sobre a história da mulher na região. A coincidência se exasperou quando o mundo da cultura pulou ao sentir que as verbas para produzir nar-rativas úteis à causa e às ban-deiras iriam minguar. Pensei no Zé Leon e no Marco Esch com seu espetáculo infantil tão distante das razões que imperam no mundo, pensei na lei Rouanet manipulada e nos milhares de poetas anôni-mos que, para sobreviver, pre-cisam vender suas composi-ções ao Chico e ao Roberto...

Onde estaria o erro? Para mim, está no machismo que deseja para as mulheres o mesmo que para os homens!

No ano em que celebramos centenários de Cervantes, de Shakespeare e da primeira gravação de um samba (Pelo telefone), ressalte-se a inutili-dade da arte; que nada tem a ver com as necessidades do artista ou de sua publicação.

Arte engajada é o fi m da picada! Outra coisa é o en-gajamento do artista... A sociedade sorri por sua arte, mesmo que as preocupações do artista (nobres ou vis) re-baixem utilitariamente suas obras a uma gargalhada cínica.

Não sei se isso se passa universalmente (talvez, tal-vez!), mas aqui em Pindorama as mulheres sempre foram protagonistas desse sorriso lúdico, partilhado com os ar-tistas. Sempre foram campeãs do ócio (entendam, não da preguiça, mas dessa dispo-sição aos atos gratuitos, não necessários nem úteis) que é o ritmo e alma da obra de arte.

A resistência de uma cultura nacional, caipira, cabocla ou mulata, onde o ócio de uma visão católico-medieval de mundo, com sua ética não--igualitária, plural, tornou-nos capazes de sorrir poetica-mente ante a pobreza, deve ter ajudado a definir este matriarcado que é o Brasil.

Os últimos poetas dessa nação sorridente e desdentada morreram com o engajamento e seu marketing, mortos pela seriedade que quer resolver o mundo e a tristeza ressentida e moralista que não sabe receber sem odiar. Morrerão agora as últimas mulheres?

Page 8: O Ponte Velha | Maio de 2016

8 - O Ponte Velha - Maio de 2016

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O Pré-Simpósio Resende de História preparou o público de historiadores e interessados para o Símpósio que ocorrerá em Lorena, dias 3 a 6 de agosto.

O evento, que ocorreu no sábado dia14 de Maio no Espaço Z, focalizou as participações de três fi guras resendenses: a primeira professora pública, Bernarda Brandão, e as vereadoras Graciema Cotrim e Aracy Jardim.

O evento realizado pela PMR / Casa da Cultura / Instituto de Estudos Valeparaibano foi apoiado pela Academia Resendense de História e pelo Instituto Campo Bello e foi presidido pelo Prof. Diego Almeida. Os debates foram conduzidos pelo Vice-Presidente do IEV, Prof. Dr. Mário José Dias.

Os interessados a participar do evento em Lorena devem acessar http://www.iev.org.br/simposio. Mais informações: 3354.6927

Hummmmmmmelhor que viraram sapos-boi

em vez de meros anfí bios anuros!

Ô maiada, aquelas pererecas da capa

não são o símbolo do Parque Nacional?

Em Curitiba

Entre Pontos e Nuvens

Mostra de Tatiana Clauzet, paulistana que mora em Itatiaia, pode ser vista no Museu de Arte Moderna

O Museu de Arte Moderna (MAM) recebe a exposição “Entre Pontos e Nuvens”, aberta até 24 de junho, com entrada gratuita.

A exposição integra obras de diversos períodos, utilizando técnicas de pintura sobre tela que expõem as diferentes fases da artista.

Aprofundando sua linguagem artística ao longo dos anos, Ta-tiana desenvolveu seu estilo próprio marcado pela ideia de que “a beleza é um transbordamento... é transcendental”.

Grupos interessados em agendar visitas devem entrar em contato pelos telefones (24) 3360-1470 ou 3360-6155. O local funciona de segunda a segunda a sexta-feira, das 12 às 18h.O MAM de Resende fi ca na Rua Dr. Cunha Ferreira, 104, Centro Histórico.

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Atitude legal

No último dia 2 de maio, teve início a campanha Atitude Legal 2016 com o tema “Aque-ça um coração e alimente um sorriso”, que tem o obje-tivo de arrecadar alimentos não perecíveis e agasalhos para os menos favorecidos. Em sua quarta edição, o “Ati-tude Legal” é um projeto so-cial realizado pela Associa-ção Educacional Dom Bosco - AEDB e organizado, todos os anos, pelos alunos do 4º ano do Curso de Comunicação - Publicidade e Propaganda. O projeto também funciona como “trote solidário” para os alunos ingressantes de todos os cursos de graduação da instituição.

(Com Virgínia Calaes)

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Maio de 2016 - O Ponte Velha - 9

Luis Felipe CesarLuis Felipe Cesar

Somavilla

Ruas sem culpa - II

Dói saber a verdade de que as ruas de per sinão conseguirão extirpar vícios da história

ou afastar definitivamente legiões de demôniosque infelicitam o povo aboletadas nos poderes.

Mas poderão, com fé, solidariedade entre partícipes descontaminar o amanhã que se desenha plúmbeo.

A novel revolução que se espera há de raiar no íntimode cada um lancetando a fundo as próprias culpas.

há muito que fazer pela esperança em extinçãoalém de falácias recorrentes, urnas desmerecidas...Urge que se busque, ainda que nos monturos,

raríssimos germens da ética e da dignidadepara reavivá-los nos santuários das consciências...

que não é chegado, desafortunadamente,o ansiado momento de enxugar o suor e repousar:

Sabem que é imperioso seguir buscando a redenção,o que se espera da democracia nunca alcançada.

metas, enfi m, são muitos e variados os sinais que inspiram humanos, desde sempre, com a ideia de um fi m catastrófi co.

Mas o que é o fi m? A primeira resposta é a nos-sa própria morte, certa e inevitável. Se tudo fi cará apenas nada ou se nossa consciência se libertará dos limites do corpo para transitar numa nova expe-riência somente a própria morte vai responder. O sono, os sonhos e a medi-tação profunda são uma pequena amostra.

Em tese, portanto, o medo do fi m pode ser profundamente egoísta ou profundamente ge-neroso. Explico: egoísta porque pode apenas ser a manifestação caricatu-ral e grandiosa do medo da nossa própria morte. Generoso no caso de ser inspirado pela tristeza com o sofrimento alheio e a destruição da vida em geral. E não precisamos escolher, somos um pou-co dos dois.

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece surgem iniciativas que indicam novos modelos de pensamento e de ação

Para quem acredita no fi m do mundo parece que chegou a hora. Migração em massa e campos de refugiados lotados na Síria, Rio Doce morto, incêndio fl orestal gigante no Ca-nadá, torturadores sendo homenageados, americanos republicanos escolhendo um radical infeliz, suicidas matando gente inocente, corruptos matando gente inocente, ladrões matan-do gente inocente, polícia matando gente inocente, presídios brasileiros amon-toando 600 mil (!) seres hu-manos, obras hipersuper-faturadas ambientalmente perigosas sendo inaugura-das com festa, parlamentos brasileiros desse jeito e política em geral bastante esquisita (faltam palavras para adjetivar com mais precisão esses dois pontos). Como cereja desse belo monte de absurdos, uma ciclovia construída sobre o mar despenca porque foi feita como se o mar não tivesse ondas.

Claro que fi m do mundo é metáfora banalizada por conta das tantas vezes que essa expressão já foi utili-zada. Viradas de século, de milênio, passagens de co-

Hora do fi m, hora do começo

para o futuro. Redes de refl exão e diálogo sobre a política, organizações em defesa dos direitos animais, recuperação de fl orestas, cidadãos que acolhem refugiados, inves-tigações sobre corrupção em todo o mundo que vão desmontando esquemas criminosos, novas políticas sobre drogas que trocam o enfoque criminal pelo enfoque da saúde pública, novas técnicas para apro-veitamento de energia so-lar, passagens para animais atravessarem estradas, redes sociais horizonta-lizando a comunicação. Enfi m, apesar de todos os problemas a própria complexidade e diversi-dade humana parece estar reagindo e criando vetores de esperança.

Com a proximidade das eleições municipais cabe a cada um de nós a enor-me responsabilidade de votar conscientemente, identifi cando candidatos verdadeiramente compro-metidos com esses vetores de transformação. Apesar da escala dos desafi os, um município diferente pode fazer diferença!

Percebem as multidões pacíficas, sem máculas,a maioria sobrevivendo no limiar do desespero,

vestindo só as cores mais emblemáticas da Pátria,

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Ao mesmo tempo, há que se exigir uma justiça célere,elevada, capaz de fulminar os súcubos renitentes

que subtraem o pão e o remédio dos mais simples;Par

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Foto: The Ballerina Project

Page 10: O Ponte Velha | Maio de 2016

10 - O Ponte Velha - Maio de 2016

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A Mentira com Responsabilidade- XXX

Ser ou fazer, eis uma questãoAlgum tempo atrás fui con-vidado para assumir um car-go de gestão acadêmica, de coordenador de curso de ensino superior. A missão era implantar o curso de En-genharia Civil na Faculdade onde já funcionavam outros três cursos de engenharia.

Desde então, sinto-me como um timoneiro de uma embarcação navegando por um mar revolto rumo ao porto do reconhecimento do curso pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) que é o sol de onde irradia toda a luz que nos guia e orienta.

Nesse mar repleto de siglas, que são os obstáculos que de-vem ser contornados, fui me habituando e conhecendo os meandros do funcionamento de uma IES (Instituição de Ensino Superior) e suas re-gulamentações oriundas dos textos legais.

Nossa carta náutica, o PPC (Projeto Pedagógico de Cur-so) nos diz qual a melhor rota a ser seguida e quais objetivos esperamos alcan-çar ao entregar a sociedade os egressos(profissionais formados).

Juntos na embarcação es-tão os docentes, discentes, dirigentes, corpo técnico, corpo administrativo, pessoal de apoio, direção e demais tri-pulantes imbuídos da mesma missão.

Buscando informações no PPI (Projeto Pedagógico

Institucional) constatamos que alguns ajustes deveriam ser feitos. Voltamos ao PPC e o fazemos.

Foi dito que faltou olhar também o PDI (Plano de De-senvolvimento Institucional) pois havia nele informações relevantes que deveriam ser consignadas no PPC. Volta-mos ao PPC e nova correção é feita.

Consultando os membros do NDE (Núcleo Docente Estruturante) constatou-se a necessidade de alguns ajustes de rota para melhor desem-penho durante o trajeto. No-vamente voltamos ao PPC e corrigimos.

Os ajustes de rota foram submetidos aos componentes do CC(Colegiado do Curso) que os considerou adequados

a necessidade levantada com algumas sugestões. Voltamos ao PPC e os acrescentamos.

Eis que somos alertados pelo CTA (Conselho Técni-co Administrativo) que uma melhoria deveria ser implan-tada com vistas a otimizar os recursos. Voltamos ao PPC e refi zemos o item mencionado.

Em dado momento da jor-nada, a CPA (Comissão Pró-pria de Avaliação) veio nos trazer o resultado de suas ob-servações junto aos ocupantes da embarcação com pontos a serem melhorados.

Em novo alerta do CTA, fo-mos instruídos para preparar os discentes para a missão do ENADE (Exame Nacional de Desempenho Estudantil) e, consequentemente, foi ne-

cessário ajustar novamente o PPC.

Ao passarmos pela ilha do PROUNI (Programa Uni-versidade para Todos), novos integrantes são admitidos na embarcação. Outros tentam desembarcar pois não con-seguiram renovar o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) mas conseguiram novas fontes, provenientes do FUNDAPLUB (Fundação da Associação dos Profi ssionais Liberais Universitários do Brasil) e resolvem continuar.

Quase ao fi nal da rota, mui-tos vem reclamar que não conseguirão concluir o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) nem cumprir suas HAC (Horas de Atividade Complementar). Com algu-mas orientações e ajustes, consigo convencê-los que é possível bastando um pouco mais de dedicação.

Já na iminência de atracar a embarcação no porto, solici-tamos ao SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Edu-cação Superior) que fossemos avaliados para saber se foram cumpridos todos os requisitos consignados no PPC.

Lançamos a âncora na baía e permanecemos fundeados até a vinda do bote do INEP (Instituto Nacional de Estu-dos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) trazendo os avaliadores.

Os avaliadores adentraram

a embarcação, passaram dois dias verifi cando suas condi-ções e se foram cumpridas todas resoluções da CONAES (Comissão Nacional de Ava-liação da Educação Superior).

Ante a mobilização total para a etapa fi nal da avaliação, alguns entraves surgiram e foram sendo sanados, sendo necessário, novamente, ajustar o PPC.

Ao fi nal, veio o veredito. A embarcação pode atracar no porto do reconhecimento e proceder alguns reparos ne-cessários. Alívio geral!!

O casco da embarcação sofreu uma avaria quando esbarrou no recife das DCN (Diretrizes Curriculares Na-cionais) manobrando entre os recifes do CES (Conselho de Educação Superior) e do CNE (Conselho Nacional de Educação).

Para que isso não ocorra novamente, a CPA e o NDE devem permanecer na cabine sempre ao lado do timoneiro.

Pela última vez nessa rota, voltamos novamente para ajustar o PPC e estamos pron-tos para cumprir nova rota, rumo a ilha do ENADE.

Agora, obtido o CPC (Con-ceito Preliminar do Curso), podemos , fi nalmente, atraves-sar o triângulo das bermudas da avaliação para alcançar o IGC (Indice Geral de Curso), classifi cação fi nal da embar-cação.

Passado todo o processo, sou obrigado a admitir: ser engenheiro é mais lúdico do que fazer engenheiros.

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Maio de 2016- O Ponte Velha - 11

Posto AvenidaBob`s

Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude de-dicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que afl ua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que afl ua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

Unidade de Serviço para Educação IntegralAv. Nova Resende, 320 – sala 204

CEP: 27542-130 – Resende RJ – BrasilTels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065

Martha Carvalho Rocha

Eu o entendi, quando chegou, como sendo alguém que levara uma pancada no dorso da alma. Por Deus! A dor soçobrava e o iluminava ao mesmo tempo. Era como quem não tivesse junta-do com adequação as beiradas angulosas da existência. Entrou pela cozinha quando eu estava fatiando o pão. De pronto, mos-trou apetite apurado por iguarias e pelas palavras. Seus olhos eram carregados de presságios, como se isso lhe cancelasse as dúvidas. O moço, apesar do aturdimento, falava com descrições soberbas, dando a impressão de ter chegado em carruagem nobre, com alguém aguardando-o de braços carrega-dos de narcisos silvestres, tentan-do – quem sabe – abafar-lhe a postura estudada.

Portador de ideias, mostrou ins-tinto narrativo, o que foi exposto como se o viesse usando desde a

Fatiando o pão ou Vela de promessa

pré-história – desenhando no fun-do das cavernas – e que, ao passar pela Babilônia, deixara seus sinais gráfi cos nos ladrilhos de barro co-zido e secados ao sol. Penso que estava o moço repousando nesta alegoria até então – tombado no êxtase! Por outro lado, era trans-parente que ele encontrava-se sob alguma trama intrincada, laço ou laçada, queimando – o como vela de promessa. Resolvi dar-lhe guarida! Inda que sentindo ter o moço algo mais a confessar-me. Confi ssão esta que nunca me veio. E olha, que aguardei–a quieta, tão quieta como se eu estivesse num local onde ninguém costuma ir e de onde era possível ver o sol descer – apaziguando-se,,, com a manhã recuada, então, chegasse--me a certeza que a natureza me espanta! Que os lírios nas imagens dos santos – apascentam-me! Que minha angústia é fértil, capaz

de dar fl ores e frutos, capaz de reparti-los! Que estou saciada de mim, embora não me considere um fato consumado.

E o viajante da paixão para quem eu dei guarida – aquele - conseguiu assombrar-me com suas atitudes primevas e desas-sombrar-me mostrando a divinda-de da música de Bach.

Chamei por aqueles que não vieram, porque não estavam em posição de ouvir.

Ah, este arfar exagerado e repetido no meu peito, parecendo lamúrias em cantochão...

Não há mágoas em mim – não mais! Elas se me foram lavadas com sabão de pedra e depois, quaradas ao sol, à meia altura. Fi-quei, então, de alma tão arranjadi-nha que senti vontade de convidar o povo a se abancar e tomar parte da minha satisfação,

É sabido, mais que sabido, que eu sou lá do cafundó – lugar que a gente quer fi car para sempre... o cafundó fi ca longe de tudo que é parte – ele não dá para parte nenhuma e dá para tudo que é parte. Depende se a gente viajar pra fora ou viajar pra dentro. Lá não há ninguém não, pra levar ou trazer recado...Eu continuo fatiando o pão e

agradecendo a Deus pela luz que restaura a ordem, entre as acácias fl oridas, onde eu escondo o meu reino.Tem vez que eu choro.. tem vez

que é agradável de chorar...E aquele que alegrou e desale-

grou o meu sítio, eu me lembro dele é assim: foi-me bom ter sido acalmada. “Foi-me bom ter sido afl igida”.

Gregory Peck e Audrey Hepburn, emA Princesa e o plebeu,1953

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12 - O Ponte Velha - Maio de 2016

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Senhora presidente, ou já seria ex-presidente? Daqui do céu, entre uma discussão e outra com o Bri-zola, eu estou acompanhando com atenção seu processo de impeach-ment.

Me lembrei que a senhora havia dito que faria o diabo para se eleger. Lembrei-me também de uma dis-

cussão com meu fi lho Noel em 1982, quando eu insistia em que ele fosse para o PDT, e ele insistia em fi car com o Chagas Freitas e seu candida-to Miro Teixeira. Que se hoje é um excelente parlamentar, na época era um fi lhote da ditadura chaguista. Eu dizia: meu fi lho, quem fi ca com os porcos acaba comendo farelo.

Senhora presidente. Quem se alia ao diabo, acaba abraçada com ele no inferno.

Seu governo começou a acabar quando a senhora não devolveu a cadeira de presidente ao Lula. Continuou quando, se valendo de um estelionato eleitoral, vendeu um Brasil que sonhos, escondidos graças às pedaladas fi scais. Prometeu e não

entregou uma pátria de prosperidade. Baixou o preço da energia elétrica por decreto, segurou os preços dos combustíveis até onde pode. Libe-rando tudo ainda ano passado. O Collor acusou o Lula, na eleição de 1989, que se se eleito, promoveria um confi sco na poupança do brasi-leiro, e quando tomou posse, foi ele que o fez.

Mentira tem pernas curtas, e sua alegada honradez não justifi ca deixar roubar como se roubou nesses anos todos, num enorme esquema de qua-drilha muito bem organizada. Seus principais assessores envolvidos até o pescoço em denúncias e a senho-ra não saber de nada é um pouco demais para nossa inteligência.

Por último, não sei qual foi o gênio que a aconselhou a bater de frente na eleição da Câmara como Eduardo Cunha, lançando o Chinaglia como um adversário que se sabia perdedor. E ainda avisar que fi caria contra ele no Conselho de Ética. Aí foi a pá de cal nas suas pretensões de continuar presidente do Brasil.

Filha, populismo não se justifi ca à custa de se quebrar o país e deixar 11 milhões de desempregados.

Brizola está aqui me enchendo, falando que é golpe da elite contra as classes trabalhadoras. E eu respondi: Governador, desemprego e infl ação são os maiores golpes contra essa mesma classe. Aliás, me explique uma coisa: depois de 13 anos de governo do PT ainda tem sem terra, sem teto, e eles ainda amam esse par-tido? São masoquistas? Ou será que é um ótimo ganha-pão fechar estrada e invadir prédio público?

Abraço do Augusto Carvalho.

Mudando de assunto:

Na coluna passada eu soube que teve candidato chateado comigo. Quero deixar bem claro que eu não ofendi pessoalmente ninguém, todos são ótimas pessoas, que muito admi-ro. Apenas fi z uma análise política da situação. Afi nal, este espaço pretende ser uma cônica do seu próprio tempo..

Da esquerda:Augusto Carvalho, Leonel Brizola, Noel de Carvalho, Augusto Leivas e Oscar Sampaiona Campanha para prefeito em 1988.