ponte velha - março 2011

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RESENDE E ITATIAIA - MARÇO DE 2011 Nº 180 . ANO 16 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com A Saga dos Laaksonen A bonita história de uma família finlandesa que se integrou à colônia de Penedo Ainda Nesta Edição A influência dos ex-vice prefeitos nas próximas eleições Cunha Gago não teria sido o pioneiro em Resende Como reclamar das pelancas da carne no Procon ? Agruras do pequeno produtor às voltas com os órgãos ambientais A Psicanálise na Reforma Política Lembrança de Antônio Morel “Todas as coisas são pequenas”

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Page 1: Ponte velha - março 2011

RESENDE E ITATIAIA - MARÇO DE 2011Nº 180 . ANO 16 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

A Saga dos LaaksonenA bonita história de uma família finlandesa que se integrou à colônia de Penedo

Ainda Nesta Edição

A influência dos ex-vice prefeitos nas próximas eleiçõesCunha Gago não teria sido o pioneiro em ResendeComo reclamar das pelancas da carne no Procon ?

Agruras do pequeno produtor às voltas com os órgãos ambientais

A Psicanálise na Reforma Política

Lembrança de Antônio Morel

“Todas as coisas são pequenas”

Page 2: Ponte velha - março 2011

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2 - O Ponte Velha - Março de 2011

P O L I T I C Á L Y ACabo Euclides e Professor Silva

Ypê vai eleger o Almir em Itatiaia...

Nesta edição falaremos dos vices-prefeitos de Resende no pós--revolução, que certamente terão uma forte influência nas próximas eleições. Excluímos da análise o saudoso Pedrinho Braile que já não está entre nós.

PREFEITOS E VICES-PRE-FEITOS DE RESENDE NO PÓS REVOLUÇÃO: ELEIÇÃO /MANDATO / PREFEITO / VICE--PREFEITO.

1966, 1967, 1970 - Aarão Soare da Rocha + Pedro Braile Neto + ; 1970, 1971, 1972 - José Marcos Pineschi + Virgilio Alves Diniz ; 1972, 1973, 1976 - Aarão Soares da Rocha + João Luis Gomes ; 1976, 1977, 1982; Noel de Carvalho Neto/Oscar Nogueira Sampaio; 1982, 1983, 1988 - Noel de Oliveira /João Bosco de Azevedo; 1988, 1989, 1992 - Noel de Carvalho Neto/Augusto Leivas Nordskog ;1992, 1993, 1996 - Augusto Leivas Nordskog/ Oscar Nogueira Sampaio; 1996, 1997, 2000 - Eduardo Mehoas/Nivaldo de Oliveira e Silva ; 2000, 2001, 2004 - Eduardo Mehoas/Nivaldo de Oliveira e Silva; 2004, 2005, 2008 - Silvio Costa de Carvalho/Paulo César Cardoso; 2008, 2009, 2012 -José Rechuan Junior/Noel de Oliveira;

Existem oito ex-vices-prefeitos vivos em Resende, com atuação em dez mandatos, já que dois deles foram vices duas vezes - O Oscar Sampaio e o Dr. Nivaldo. Quem ficou mais tempo como vice foi o Oscar Sampaio - 10 anos, sendo 6 com o Noel de Carvalho (1977 a 1982) e 4 com o Augusto Leivas (1993 a 1996). Dois desses vices foram também Prefeitos - O Noel de Oliveira, de 1983 a 1988 e o Augusto Leivas, de 1993 a 1996. Cinco vices foram também Vereadores: Noel de Oliveira, Dr. Virgilio, João Luiz Gomes, Dr. Nivaldo e Paulo Cardoso. Os quatro últimos foram Presidentes da Câmara. Cinco foram candi-datos a Deputado Estadual: Oscar,

João Bosco, Augusto Leivas, Nivaldo e Noel de Oliveira. Este assumiu os 2 últimos anos do mandato, em 1976 e 1977. O Paulo Cardoso e o Noel de Oliveira foram candidatos a Deputado Federal. O Noel se elegeu em 1994. Vejamos mais algumas particularidades:

VIRGILIO ALVES DINIZ - Vice-Prefeito do Pineschi, eleito no final de 1970, para o mandato 1971/1972, com 9.534 votos, pela Arena 1. Vereador nos mandatos de 1967 a 1970 e de 1973 a 1976, pela Arena. Presidente da Câmara em 1970, 1973 e 1974. Candidato a Vice do Pineschi, de novo, na eleição de 1976, obtiveram 3.122 votos pela Arena. O eleito naquela eleição foi o Noel de Carvalho, com 8.047 votos. O Dr. Virgilio foi um dos políticos mais influentes da “década do Aarão” - 1966 a 1976. Competente e discretíssimo, mantem, ainda hoje, uma área de influência muito grande. Honra qualquer grupo do qual participe.

JOÃO LUIS GOMES - Vice--Prefeito do Aarão, na eleição de 1972 (mandato 1973 a 1976)quando obtiveram 17.650 votos, pela Arena. Eleito Vereador em novembro de 1970, pela Arena, com 1.215 votos. Presidente da Câmara em 1972. Candidato a vereador em 1976, pela Arena, obtendo apenas 320 votos. É um empresário muito bem conceitu-ado. Muitos reclamam sua volta para a política e todos os líderes buscam o seu apoio

O S C A R N O G U E I R A SAMPAIO - Iniciou sua carreira política, em 15 de novembro de 1976, quando foi eleito Vice--Prefeito do Noel de Carvalho, com 8.047 votos, para o mandato 1977 a 1982. Economista. Ex garçom e motorista profissional. Herdou o profissionalismo de seu pai - o saudoso Benedito Julião, um res-peitado construtor. Em 1982, foi o segundo mais votado na eleição de Prefeito, com 8.290 votos. Perdeu para o Noel de Oliveira, que

obteve 9.055 votos naquela eleição. Candidato a Deputado Estadual, pelo PDT, em 1994, obteve 6.441 votos, em Resende, perdendo para o Eduardo Mehoas, que alcançou 21.013 votos em Resende e foi eleito, pelo PSB, com 23.418 votos totais. Candidato a vereador em 1996, não se elegeu, alcançando 507 votos. Novamente candidato a vereador em 2000, pelo PPS, obteve apenas 243 votos.

JOÃO BOSCO DE AZEVEDO - Destacado desportista e con-ceituado membro da sociedade resendense. Prestigiado líder da Associação dos Fiscais. Candidato a Deputado Estadual, pelo PDT, em 1990, obteve 4.582 votos,

pelo PDT. Vice Prefeito do Noel de Oliveira, em 1982, quando se elegeram com 9.055 votos, pelo PMDB. Candidato a Deputado Estadual, em 2010, pelo PTB, conseguiu 1.103 votos.

AUGUSTO LEIVAS NOR-DSKOG - Ex funcionário da Petro-brás e empresário bem sucedido. Economista. Candidato a Deputado Estadual, em 1982, pelo PMDB, foi o candidato mais votado de Resende, com 12.885 votos. Foi Vice Prefeito do Noel de Carvalho, de 1989 a 1992. Prefeito de 1993 a 1996, eleito com 18.332 votos, ganhando do Mehoas (13.973 votos) e do Noel de Oliveira

(13.674 votos). Candidato a Vice Governador, em 1998, pelo PPS, na chapa de Lúcia Souto, obtiveram poucos votos. Candidato a Pre-feito, pelo PPS, em 2004, alcançou apenas 926 votos, muito aquém de seu portentoso currículo. Tem muita influência no PPS.

NIVALDO DE OLIVEIRA E SILVA - Vice do Eduardo Mehoas, nas vitórias sobre o Noel (eleição 1996, mandato 1997 a 2000) e sobre o Silvio (eleição 2000, mandato 2001 a 2004). Vereador, de 1983 a 1988, eleito com 786 votos, pelo PMDB. Presidente da Câmara, de 1983 a 1985. Candi-dato a Deputado Estadual , em 1986, pelo PMDB, obteve 14.256 votos, ficando como suplente. Candidato a Vereador em 1988, pelo PMDB, obteve apenas 310 votos. É uma referência na cidade e ainda tem seus seguidores. Irmão do Vice-Prefeito atual de Resende, Noel de Oliveira.

PAULO CESAR CARDOSO - Em 2004, ao lado do Silvinho, foi eleito Vice-Prefeito. Economista, empresário e professor universitá-rio. Carvalhista de renome e com vôo próprio. Foi Vereador muito bem votado (951 votos, em 2000, pelo PSB), Presidente da Câmara, em 2003. Candidato a Deputado Federal, em 2006, mais votado em Resende, quando realizou a façanha de aqui vencer o poderoso Eduardo Mehoas. Paulo Cardoso conquistou 13.986 votos, ou 24,87% do total e o Eduardo obteve 10.984 votos (19,53% do total).

NOEL DE OLIVEIRA - Vere-ador em Resende, em dois manda-tos, de 1955 a 1962. Suplente de Deputado Estadual, pelo PMDB, de 1975 a 1978, chegou a assumir nos dois anos finais do mandato. Candidato a Deputado Federal, em 1990, alcançou 19.586, pelo PMDB, ficando como suplente. Em 1994, mandato 1995/1998, se elegeu Deputado Federal, pelo PMDB, com 22.605 votos. É o atual vice-prefeito de Resende.

Nas próximas edições: - Aécio da Fonseca Ribeiro; Agnelo Nunes da Costa; Albenez da Cruz; Ciro Dias; Claudina Maria dos Santos; Claudionor Rosa; Dair Ribeiro; Delphim Rocha; Denílson; Delton Luiz da Costa; Edgard Moreira; Edimar Guima-rães; Eduardo Tavares (Gandão); Elmo Moreira Boechat; Fernando Aurélio da Costa Ribeiro; Gil-berto Guimarães Diniz; Heliano Marcos de Souza; João Godoy Azevedo. João Luis de Oliveira e Silva (Cacareco); Jorge Rocha Brito; José Guilherme Caldeira (Teleco); Dr. José Luis Balieiro; José Luis Duarte; Dr. José Mau-ricio Schneider; Leonir Cardoso (Leo Montenegro); Luiz Geraldo Whately; Luiz Tavares; Profes-sora Madalena; Manoel Pacheco (Niquinho); Marcial Siqueira; Marcinho do PT do B; Marcio A. Diniz Albuquerque; Marcos Bueno Rocha; Mário Medei-ros; Professor Mário Rodrigues; Dr. Mário Sérgio; Merciris de Toledo Thuller; Nelson de Assis; Nelson Dores; Nelson Soares da Rocha; Professor Ney Arataú; Professor Nilson da Costa; Noel Sampaio; Odilon Faria; Osvaldo Luiz Gomes Filho (Ori); Osvaldo Ribeiro Teixeira; Paulo Cardozo; Paulo Moreira Machado; Paulo do Som; Rogério Coutinho; Roque Cerqueira; Sérgio Moisés; Soraia Balieiro; Terezinha Apare-cida de Almeida Carvalho (Cida do Posto); Ubirajara Garcia Ritton (Bira); Valdir Macarrão; Vicente Monteiro Diogo e muitos outros.

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Março de 2011 - O Ponte Velha - 3G

usta

vo P

raça

1- Desvia-se muito dinheiro público, todos sabemos disso, só varia o grau. Um esperto

municipal, por exemplo, que desvie dinheiro público para sua campanha política, deve ter uma admiração imensa por gente como o ex- ditador egípcio Mubara-ck, que tem 70 milhões (ou seriam bilhões?) de dóla-

res “escondidos”, ou ainda por Kadhafi, Berlusconi e que tais, com os ridículos desfiles de suas “grandezas”. Ora, sejamos since-ros: o sujeito ter 70 milhões de dólares “escondidos” é patologia grave, caso para ser internado em Quatis — ou, como dizia o Nél-son Rodrigues, para ficar amar-rado a um pé de mesa tomando água numa cuia de queijo Palmi-ra. Guardadas as proporções, o esperto municipal teria que, no mínimo, ser encaminhado a um tratamento psicanalítico.

E aí está aonde eu queria chegar: não sei se alguém já pro-pôs, mas deveria haver uma lei obrigando os homens públicos a fazer psicanálise e meditação. O crescimento distorcido do capitalismo tem no seu funda-mento um Homem infantil, que não sabe administrar os instintos. Se as pessoas fazem psicanálise, yoga, meditação, etc, para lidar melhor com suas famílias, suas relações amorosas, é claro que o homem público precisa dessas coisas para lidar com a grande família social.

Imaginemos um Carlos Lacerda, um Jânio Quadros, um Collor de Melo chegando ao poder depois de anos de um pro-fundo mergulho em si mesmo. Não haveria a renúncia intem-pestiva nem o saque à poupança das pessoas; teríamos chefes de

Política e PsicanáliseEstado mais maduros.

(Um engraçadinho que lê o que escrevi até agora comen-ta que Rechuan teria que ter tratamento intensivo por conta de grande fixação anal; Noel de Carvalho para cair em si e admitir que foi Deus, e não ele, o criador do rio Paraíba e da Serra da Mantiqueira aqui na região de Resende; Luis Carlos Ypê para imbuir-se da responsabilidade de ser o depositário de uma enorme esperança, e por aí a fora).

Mas, voltando ao sério, o caso é que a lei da psicanálise e me-ditação conjugada à lei proposta pelo Christovam Buarque (todo homem público tem que colo-car os filhos em escola pública — que deveria se estender aos hospitais e postos de saúde) seria importante para a ordem e o progresso; as duas leis, atacando o subjetivo e o objetivo, coloca-riam nosso mundo um pouco mais nos eixos.

2 - E um mundo mais psica-nalisado e meditativo certamen-te se tornaria menos impessoal. Os projetos seriam em ponto menor, guardadas as proporções humanas, porque nos daríamos conta de que nada é bonito quan-do se nivela gente como massa. No carnaval, por exemplo, o trio-elétrico existiria apenas onde surgisse espontaneamente — não seria imposto a tudo que é cidade do Brasil, atropelando a história de cada uma, como ocorre hoje. Nossa festa de aniversário da cidade certamente mudaria de nome; chamar-se-ia “Arraiá do Campo Belo” e não “Exapicor”. Como é feia essa palavra... Anos

atrás, quando a festa ainda acon-tecia no pátio da atual prefeitura, uma amiga do Rio que veio me visitar ficava pronunciando segui-damente “exapicor... exapicor...” — e não se conformava. Porque trata-se de um ajuntamento de iniciais, uma imensa sigla sem radical na história da língua e sem qualquer preocupa-ção com a (falta de) graça de seu som.

E essa palavra exógena (que cresce exteriormente) reflete bem a nossa atual festa: um monte de atrações e de cervejas carimba-das pela mídia. Tudo padrão, tudo medí-ocre, tudo com tão pouca significação de identidade. Esse “apartamento”— essas festas que são trazidas prontas e impostas às pessoas — torna abstratas as rela-ções dos políticos, das lideranças, com a população. As coisas são manipuláveis, são jogo; o dinhei-ro é de ninguém.

Havia muito mais compro-misso dos organizadores com o povo na festa dos Mineiros, ou na festa que ocorria na primeira metade do século passado na Alfredo Whately, em frente à igreja de São Sebastião, que ti-nha participação intensa e direta dos fazendeiros. O passado era menos impessoal, mais orgânico.

(Se bem que, como bem lembra o João Alberto Stagi, os incêndios nas igrejas nos séculos passados começavam sempre nas sacristias porque lá ficava o

registro de imóveis...)Que a gente não tem cura a

gente já sabe, mas sempre pode-mos ter melhoras.

3- E a prova disso é o email que me manda nossa Celina Whately, dando conta de que o

deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF), que foi pro-porcionalmente o mais bem vo-tado do país com 266.465 votos, com 18,95% dos votos válidos do DF, estreou na Câmara dos Deputados fazendo barulho. De uma tacada só, protocolou vários ofícios na Diretoria-Geral da casa. Abriu mão dos salários extras que os parlamentares recebem (14º e 15º salários), reduziu sua verba de gabinete e o número de assessores a que teria direito, de 25 para apenas 9. E tudo em caráter irrevogá-vel, nem se ele quiser voltar poderá voltar atrás. Além disso, reduziu em mais de 80% a cota interna do gabinete, o chamado “cotão”. Dos R$ 23.030 a que teria direito por mês, reduziu

para apenas R$ 4.600,00. Abriu mão também de toda a verba indenizatória, de toda cota de passagens aéreas e do auxílio moradia, tudo também em caráter irrevogável. Sozinho, vai economizar aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões nos quatro anos de mandato.

Se os outros 512 deputados seguissem o seu exemplo, a eco-nomia aos cofres públicos seria superior a R$ 1,2 bilhão.

“A tese que defendo e que pratico é a de que um man-datário parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje. Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte honrando o com-promisso que assumi com meus eleitores”, afirmou Reguffe em discurso no plenário.

Deve ter feito anos de psica-nálise, e na certa medita pela manhã à beira do lago Paranoá.

4 - Em Itatiaia os ventos estão pra volta de Almir, com Dudu de vice e Vitor Márcio de técnico. Mesmo indo pescar e deixando a pref. na mão do Vitor (as más línguas dizem que alugada...) a administração do Almir teria sido a melhor. O povo de Penedo, pelo menos pensa assim, porque o Almir vira e mexe aparecia lá pra ouvir as pessoas, etc, e não deixava tudo tão esburacado como deixam atualmente. Vai ver que ele meditava lá na beira da represa do Funil enquanto pegava seus lambaris.

5- É do Luis Felipe César a frase da primeira página, que, de quebra, agrada aos japoneses.

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4 - O Ponte Velha - Março de 2011

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Neste início de ano letivo, a Secretaria de Educação de Resende, a Faculdade Dom Bosco e a CEG/RIO, entre outros, promo-veram uma palestra do renomado antropólogo Roberto DaMatta. Roberto DaMatta, para quem não sabe, além de antropólogo, é professor da PUC/RIO, escritor, articulista de alguns dos principais jornais do país e Doutor pela Uni-versidade de Harvard. Parabéns aos organizadores do evento por tal iniciativa.

Não é sempre que temos a rara oportunidade de aprender e debater com intelectuais do porte do Professor Roberto. Infelizmente, uma minoria da platéia, formada praticamente por professores, preferiu promover um ruidoso bate papo paralelo, prejudicando sensi-velmente a fala do palestrante.

Um dos temas da palestra e dos debates era educação, ou a falta que ela faz na nossa sociedade. Atualmente, é insuportável ir ao cinema, ao teatro ou qualquer outro local público com platéia. É uma total falta de educação. Conversas em voz alta, celular tocando o tempo todo, gargalhadas fora do contexto. Casa da mãe joana.

A palestra foi aberta com a abordagem das recentes tragédias ambientais, tratadas pelo mediador do encontro, Prof. Júlio Diniz, também da PUC/RIO, como conseqüências da tradicional falta de educação dos nossos dirigentes públicos. Falta de educação para cumprir aquilo que a lei determina.

Quando alguém cobra desses dirigentes públicos o cumprimento da lei, como aconteceu recen-temente quando uma agente do trânsito, da CET/RIO, apreendeu o carro de um juiz, a reação da

“autoridade pública” é, invaria-velmente, a mesma: “você sabe com quem está falando?”. Outro assunto recorrente

nos artigos e nas palestras do Roberto DaMatta é a nossa clás-sica falta de educação no trato do patrimônio público. No Brasil, a rua, por ser pública, é de todos. E se é de todos, é de ninguém. E se é de ninguém, podemos fazer dela o que bem entende-mos: sujar, manter o volume do som do carro no último volume, deixar o cachorro fazer cocô na calçada. De novo, casa da mãe joana.

Perguntei ao Prof. DaMatta como educar pessoas que nasce-

ram ouvindo dizer que política, religião e futebol não são temas para discussão. Porque faz mal para a saúde, assim como “leite

com manga”? Por que não discutir política, se todo dia tem alguém “se dando bem” com ela? Você tem pensão acumulada de ex-governa-dor com a de ex-senador? Nem eu.

Falta de EducaçãoComo não discutir religião, em plena era do “templo é dinheiro” e de pedófilos se escondendo atrás dos altares? Como não

discutir futebol, quando este, que era o nosso maior esporte, transformou-se em um enorme balcão de negócios, com crianças de apenas 12 anos já prisioneiras

de empresários inescrupulosos? O Prof. Roberto respondeu

dizendo que na minha pergunta já estava inserida a resposta. Se o cidadão brasileiro cresce ouvindo e cumprindo asnei-ras como esta, de não discutir assuntos polêmicos, não é tarefa fácil convence-lo do contrário. Precisamos discutir mais, sim. Precisamos acompanhar tudo o que acontece em torno de nós. Precisamos participar das reuni-ões de condomínio, dos conse-lhos comunitários, das sessões das câmaras de vereadores, como já acontece em muitas cidades onde a população se reveza, acompanhando a atuação parla-mentar dos nobres “representan-tes do povo”. Falta-nos também este tipo de educação.

Você sabe qual é o maior problema de quem não gosta de política? É ser governado por quem gosta. Depois, não adianta resmungar.

(CRP 05/25.321)

Fernanda Aboim MedeirosPsicologia Clínica

Psicóloga com especialização em ‘Psicoterapia Junguiana e Imaginário’ pela PUC/RJ

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1- Monsenhor José Pizarro de Araújo esteve como visitador canônico no Campo Alegre em 1795. Suas observações são as mais preciosas para o estudioso da história local. O relatório que produziu, falando da geografia, história, economia, organização de capelas e oratórios privados, dá uma visão do povoado e re-gião seis anos antes da criação da Vila. Agora temos acesso ao texto em edição primorosa: “As visitas pastorais de monsenhor Pizarro: inventário da arte sacra flumi-nense.” Rio de Janeiro: INEPAC, 2008. 2 v. Indispensável nas bibliotecas públicas de Resende, Itatiaia, Quatis e Porto Real.

O relatório é a base do capí-tulo sobre Resende em sua obra de 1820 – Memórias históricas do Rio de Janeiro, 2ª edição em 1946 –, referência constante na historiografia de João Maia e Itamar Bopp, e abre questões interessantes. Pizarro ali diz que os descobridores do Campo Alegre aqui se estabeleceram em 1729 ou 30, e não em 1744. Averiguando tópicos da vida do Pe. Felipe Teixeira Pinto, que veio com Simão da Cunha em 44, parece razoável conside-rar melhor sua participação e revisar a data do descobrimento. “Simão da Cunha em 1744 sob o Timburibá” pode não passar de imagem romântica do nosso mito fundador.

Pizarro observa em 95 que há “abundantíssimo oiro” nas cabe-ceiras do Perapetinga e Lambary. Que o território tem “poucos cultores”, atribuindo o fato ao

O Campo Alegre da Paraíba Nova revisitado“modo como foram distribuídas as sesmarias”. Plantava-se muito milho, feijão e mandioca, sendo “a porcada” de excelente qualida-de engordada com o milho, aqui abatida, salgada e levada para o Rio de Janeiro. Muito gado era criado e, vindo de “serra acima”, mais ainda estanciava para se

recuperar e seguir para a Corte.O Termo de Visitação

permite rever a data de ereção da paróquia da Conceição (de capela passa a freguesia): 1742 e não 1756. Foi elevada a “natu-reza colativa” em 1755. O que combina com a data da escritura do patrimônio da Igreja, 1749. Também a capela da “primeira missa rezada em 25 de maio de 1747” segundo Bopp não pode

ter sido a primitiva, da margem esquerda do rio Paraíba. Nessa data já se tratava da segunda ca-pela, à margem direita, perto do atual templo. Não pode ter sido a “primeira missa”...

2- Padre Manoel da Cunha Carvalho foi o quarto visitador

canônico, em 1803. Antes dele, Pizarro em 1795, fulano em 1778, e o primeiro, Pe. Manoel Antunes Proença, em 1766. O relatório de Carvalho é pitoresco. Após visitar a freguesia de São João Marcos, seguiu “pela estra-da real que vem de São Paulo para Taguahi” até a Capela de Sant’Ana, junto ao Piraí. – Gastei da capela Sant’Ana até a Vila de Rezende 3 dias. 3 léguas até o

Pe. Jozé Gonçalves no ribeirão Maria preta; 6 léguas até a casa do Teixeira no Bananal; 7 léguas até a Vila de Rezende. “Andei 13 léguas pela margem direita do Paraíba.”

Embora tenha chegado “ao Meio-dia”, recebido nos arrabaldes da vila pelo Coronel

Comandante José Pedro Lou-zada de Magalhães, entrou em procissão solene, paramentado, às 17h. Observa que as casas se dispunham em torno de um amplo largo da matriz . “Não há casas de sobrado”. Acha a cidade “triste e tenebrosa pelos altos

Marcos Cotrim

matos de que tudo se vê coberto em circunferência.” Diz que seus moradores são “pobres, tristes e grosseiros [...] parecem sinceros, humildes e francos, mas não pro-metem agradável companhia.” [...] “O Paraíba é melancólico e turvo, mas grande e majestoso. [...] Comi piabas e piabanhas frescas do rio, que me dizem ser melhores do que as traíras e o su-rubi. O rio tem muitos jacarés.”

Além da Matriz, visitou 12 Oratórios particulares, sendo um deles o do Cap. José de Souza Breves, na fazenda Man-ga Larga (hoje Rio Claro!). O de João José Carneiro tinha por capelão o jovem Pe. Manoel Serafim dos Anjos (“um hábil escrivão da Vara”), futuro fundador da Santa Casa. O de Simão José da Rocha, “junto à passagem da barca no caminho para Minas”, cujo capelão era o Pe. Mariano José da Rocha. O do Cap. José Soares, “junto ao Paraíba”, tinha por capelão o Pe. Joaquim José Escobar, (tio-avô de Luis Pereira Bar-reto), “que foi ordenado em São Paulo em 1802, um pobre rapaz, coitado, ignorante, mas que me tocou pela humildade e suma pobreza”.

3- Disponível para os inte-ressados no Arquivo da Cúria Metropolitana da Arquidiocese do Rio de Janeiro (VP.09, Lv.9, A.12, n.14).

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6 - O Ponte Velha - Março de 2011

GUSTAVO: Por que vocês resolveram vir para o Brasil?INKERY: Quando eu me casei meu marido já morava

na Suécia com seus cinco irmãos. Tinham ido para lá de-pois da segunda guerra, porque na Finlândia havia muita dificuldade. E a Suécia não sofreu nada com a guerra; ao contrário, enriqueceu. Meu marido tinha perdido os pais dele na guerra. Meu pai esteve na guerra, e meu marido também, apesar de ser bem jovem. A Rússia tirou um pedaço da Finlândia na guerra e tinha muito interesse em tomar mais. E meu marido tinha medo da terceira guerra.

GUSTAVO: E quando você conheceu o seu marido ele já

morava na Suécia?INKERY: Já. Ele estava de férias na Finlândia. Casa-

mos em 55 e eu fui morar em Estocolmo. Moramos três anos lá. Viemos para cá em 58. Junto com a gente veio um irmão dele com a mulher e ainda um senhor mais idoso, finlandês, que também morava na Suécia.

GUSTAVO: Em 58 o Brasil foi campeão mundial de futebol pela primeira vez, lá na Suécia.

INKERY: Nós assistimos pela televisão, e torcemos para o Brasil contra a Suécia. Já tínhamos as passagens do navio compradas. E depois do jogo final nós fomos passear no centro da cidade e vimos os brasileiros fazendo festa, Pelé carregado. Também encontramos com seleção do Paraguai; alguns até estiveram na nossa casa.

GUSTAVO: E por que vocês escolheram o Brasil? Tinham

notícia da colônia de Penedo?INKERY: Não, não sabíamos nada de Penedo. Meu

marido achou que aqui o clima era bom. Primeiro ele pensou Austrália, mas depois escolheu o Brasil.

GUSTAVO: Ele já era dentista?INKERY: Sim, já trabalhava em Estocolmo como

dentista.GUSTAVO: E vocês tinham alguma referência, alguém aqui

no Brasil.INKERY: Não, não conhecíamos ninguém. Chegamos

no Rio de Janeiro em 30 de julho de 58. A minha cunhada

era filha única, chorava muito, não se acostumava com a comida, achava tudo ruim, quando passava perto de um açougue dizia que a carne estava podre, só comia maçã e banana, gritava à noite quando levantava para ir ao banheiro e via barata; e acabou obrigando meu cunhado a voltar com ela para Suécia.

GUSTAVO: Vocês moraram aonde no começo?INKERY: Em Santa Tereza, em uma pensão. Pensão

de madame Just, uma francesa. E passamos muito tempo tentando tirar nossas coisas da Alfândega. Nós trouxe-mos tudo, até automóvel — um Opel —, eletrodomésti-cos, porque nos diziam que aqui não tinha nada. Estava tudo legalizado, os papéis em ordem, mas um homem da alfândega não deixava tirarmos as coisas; disse que só ia liberar se meu marido desse a ele um gravador Grounding

que tínhamos trazido, um grava-dor excelente, grande. Tivemos que pagar também um dinheirão para tirar o carro, a máquina de lavar roupa, a máquina de costura. Pagar para tudo, por fora, como se diz. Um dinheirão.

GUSTAVO: E aí começaram a aprender como são as coisas aqui.

INKERY: Não estávamos acostumados. E, para ver como

Nem todos os finlandeses de Penedo participavam do grupo de Toivo Uuskallio, marcado por um traço místico e vegetariano. Inkery Laaksonen, por exemplo, chegou aqui em 1958, quase 30 anos após a instalação da colônia (1929), com o marido e uma filha de dois anos. Eles tinham medo de uma terceira guerra na Europa e buscavam oportunidades no país tropical. Não tinham informação sobre a colônia de Penedo, mas acabaram chegando aqui, e nos anos 70 as suas filhas — quatro lindas e risonhas lourinhas - destacavam-se entre a mocidade que circulava por uma Avenida das Mangueiras ainda de terra e margeada pelas árvores nos dois lados, de modo que era um túnel pejado de frutas. Nesta edição, Inkery conta um pouco da história da família: a chegada no Rio de Janeiro — com o achaque que sofreu por parte da Alfândega -, a aventura numa fazenda em Goiás e a luta para criar as quatro filhas. Inkery mora ainda hoje na Av. das Mangueiras, com a filha Meire.

A bonita história da família LaaksonenMais um capítulo da saga dos finlandeses em Penedo

“Minha família na Finlândia era do interior, da roça. Eu tenho até hoje uma toalha tecida por mim com o linho plantado na fazenda dos meus pais. E lá

só se pode plantar no verão, tem que se aproveitar muito bem o tempo. Meus pais plantavam batata, cevada, centeio, trigo, ervilha... Para a gente comer e

para vender também. Sabe o que eu colhi muito quando era criança? Maconha. Ficava com as mãos todas meladas, fedorentas... Sabe para que usava?”

Page 7: Ponte velha - março 2011

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Março de 2011 - O Ponte Velha - 7

vida dá voltas: muitos anos depois, já aqui em Penedo, en-contramos esse homem da Alfândega. Ele tinha uma casa em Penedo. Meu marido olhou ele, ele reconheceu, mas nenhum dos dois falou nada. Nossas filhas, que já tinham conhecido os filhos dele e tinham ido uma vez na piscina deles, pararam de ir lá.

GUSTAVO: E como vocês vieram para Penedo?INKERY: Nós conhecemos um casal de finlandeses

que moravam no Rio mas tinham uma casa atrás de onde era o Cremogema, na via Dutra (onde é hoje o Biochimi-co). Nós alugamos a casa deles e ficamos lá nove meses. A casa ainda existe, hoje é o Hotel Tapera. Eu cheguei, já escurecendo, com minha filha de quase dois anos, saltei do ônibus na Dutra, sabia o quilômetro. Nesse tempo não tinha luz elétrica. Toivo, meu marido, ficou no Rio ainda tratando com o homem da Alfândega. Meire, nossa segunda filha, nasceu nessa casa. A primeira, Mariana, é finlandesa, veio com a gente.

GUSTAVO: E afinal conseguiram tirar as coisas todas da Alfândega?

INKERY: Sim, mas ficamos sem nenhum dinheiro. Meu marido vendeu o carro para um diplomata que tra-balhava em Brasília. E comprou moto Harley-Davidson. Uma vez foi com ela ao Rio, enguiçou na serra das Araras e aí vendeu também a moto, porque era pesado pra burro para empurrar.

GUSTAVO: E nessa casa no Cremogema vocês conheceram os finlandeses de Penedo.

INKERY: Sim, ficamos só nove meses aqui mas conhe-cemos bem eles. Passamos um ano novo em Angra com um grupo numa casa do Carlos Pécola, o primeiro mari-do da Eila. Casa muito engraçada, não tinha portas nem janelas. Angra não tinha nada... Depois fomos para Goiás, em maio de 59, de trem. Vendemos todos os presentes de casamento, porque ia quebrar mesmo tudo no trem.

GUSTAVO: E por que Goiás?INKERY: Porque era mais fácil começar lá quando

você não tem nada. E também porque minha família na Finlândia era do interior, da roça. Eu tenho até hoje uma toalha tecida por mim com o linho plantado na fazenda dos meus pais. E lá só se pode plantar no verão, tem que

se aproveitar muito bem o tempo. Meus pais plantavam batata, cevada, centeio, trigo, ervilha... Para a gente comer e para vender também. Sabe o que eu colhi muito quando era criança? Maconha. Ficava com as mãos todas meladas, fedorentas... Sabe para que usava?

GUSTAVO: Para medicina.

INKERY: Não. Para aproveitar fibra para fazer sacos para cereais. A fibra da maconha é mais forte que a do linho. Fazíamos os sacos lá na fazenda mesmo.

GUSTAVO: E ninguém fumava?INKERY: Não, nem sabíamos que servia para fumar.

Então fomos para Goiás com idéia de meu marido traba-lhar de dentista mas também de a gente um dia ter fazen-da. Junto foi um irmão do Dr. Olímpio, que era famoso dentista em Resende. O irmão também era dentista. Fez consultório junto com Toivo. Primeiro ficamos um tempo em Goiânia e depois fomos para uma cidade a 40 km, cha-

mada Inhumas. Foi lá que nasceram as gêmeas, Irmeli e Ingrid. Ficamos lá seis anos. Eu e meu marido trabalhamos duro e compramos fazen-da; chegamos a ter várias fazendas, uma grande, com cinco mil pés de café; plantamos milho, muita verdura. Era difícil porque os brasileiros de lá não costumavam comer muita verdura, e não compensava levar de caminhão para Bra-sília porque o frete ficava muito caro. Então a gente tratava dos porcos com verdura; os porcos comiam tomate, repolho... A gente plantava mi-lho, fumo... Tinha época da colheita que a gente tinha 40 empregados. Todo mundo no trabalho braçal, não tinha máquina. Lá eu aprendi muita coisa: fazia sabão; enrolava o fumo que a gente plantava, para fazer aqueles rolos; matava porco; fazia linguiça (tinha vizinha italiana que me ensinava); deixava aquela carne conservada no meio da banha, que é uma delícia. A gente tinha macaco preso numa corda. Macaco via a gente lavar roupa, bater a roupa, e aí pegava pano e fa-

zia igual; e aí pegava filhotinho de peru, dava banho nele, às vezes matava batendo ele na pedra como se fosse um pano. Um dia, nós tínhamos ido fazer piquenique perto de Brasília, e quando voltamos macaco tinha se soltado da corda, entrado pela basculante da cozinha e quebrado todos meus vidros de conserva de pimenta. Balançava no

fio da luz e quebrava de um lado e de outro, nas prateleiras. Tivemos também filhotes de onça. Depois compramos uma outra fazenda em Alto Paraíso.

GUSTAVO: Alto Paraíso hoje é um lugar esotérico, com comunidades alternativas.

INKERY: Sim, acabou fazenda. Nós vendemos bem as fazendas, para um engenheiro italiano, por-que elas estavam bem cuidadas. E com o dinheiro compramos casa do Nilo Valtonen, aqui em Penedo (onde é hoje a Cervejaria Brasil). Durante os anos que ficamos em Goiás continuamos amigos dos finlandeses de Penedo, teve até um grupo que nos visitou na Rural

Durante os anos que ficamos em Goiás (Toivo à esquerda na foto) continuamos amigos dos finlandeses de Penedo, teve até um grupo que

nos visitou na Rural do seu Reiman. Quando voltamos meu marido teve um consultório em Resende, numa casa azul que tinha na Praça da Matriz,

em frente ao colégio

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8 - O Ponte Velha - Março de 2011

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

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do seu Reiman. Quando voltamos meu marido teve um consultório em Resende, numa casa azul que tinha na Praça da Ma-triz, em frente ao colégio. Íamos de manhã todos para Resende, eu e meu marido para trabalhar e as quatro filhas para o colégio. Eu fazia massagens e também tratamento dos pés, fiz curso na Suécia, tinha muitos clientes, trabalhava o dia todo. Às vezes nós dormíamos lá mesmo, na casa da praça. Às vezes eu trabalhava até de noite enquanto as meninas faziam curso de inglês e depois voltávamos de carro juntas. Naquele tempo tinha poucos horários de ônibus.

GUSTAVO: E você conheceu bem o Toivo Uuskallio, o líder da colônia?

INKERY: Sim, ele era muito amigo do meu marido, vinha sempre para nossa casa bater papo, ficava comendo castanha e banana que trazia no bolso. Ele tinha mui-tas idéias mas acho que não sabia realizar muito bem. Fiquei muito amiga também da dona Liisa, mulher dele. Ela era uma pessoa muito especial, ajudou muita gen-te, cuidava de quem estava doente.

GUSTAVO: Eu lembro da sua casa cheia de moças e rapazes amigos de suas filhas; muitos interessados em namoro, já que as quatro lourinhas eram lindas. E você na cozi-nha recebendo bem todo mundo, servindo pão caseiro, matando frango que você criava aí no quintal, fazendo almoço e oferecendo a quem estivesse na casa, fazendo geléia...; você sem-pre trabalhando muito. E o seu marido, Toivo, às vezes ficando meio brabo com a gente. Uma vez o André Ramos, que depois foi Secretário de Meio Ambiente em Resende, e que quando rapazinho tinha uma cabeleira enorme, subiu no muro para falar com uma das meninas e o Toivo gritou da janela assim: “Meire, fala pra cabeluda sair de cima da muro”.

MEIRE: O papai era muito engraçado. Quando dava muito mosquito no verão ele deixava as janelas da Variant dele dormi-rem abertas porque dizia que os mosqui-tos gostavam de entrar no carro. E ai, de

manhã cedo fechava rápido as janelas e ia com o carro para o Formigueiro. Dizia que ia soltar os mosquitos lá.

GUSTAVO: Vai ver ia lá tomar uma cerveja e dava essa desculpa. Ele gostava de beber um pouco.

INKERY: Como todos os finlandeses... Ele tinha queda da pressão desde que nós casamos, e um médico receitou uma dose de conhaque; ai, como tempo, e com os bons amigos que ele arranjou por aqui — Sipilla, Mauno...— ele foi aumentando a dose do remédio (risos).

GUSTAVO: Me lembro também de um dia em que a gente passou por uma pinguela um pouco difícil e ele, que estava junto, falou assim: “no guerra ter pinguela muito pior que essa. Se camarada no tem fé no passa. Eu no passa nunca”.

INKERY: A vida é muito engraçada, e foi um tempo muito bom. Nossa casa sempre cheia de amigos dos filhos. Famí-lias do Rio às vezes deixavam filhos virem sozinhos para Penedo porque sabiam que eu tomava conta. A casa vivia lotada de jovens; até no dia das mães eu recebia presentes desses meninos. Hoje em dia a juventude não tem mais o que tinha naquela época, era muito saudável, com essa rua ainda de terra, com mangueiras dos dois lados. A gente tomava sauna e ia para dentro do ribeirão aqui nos fundos da casa, aquela água fresquinha e limpinha. A gente aproveitava muito. Hoje água está suja e também o rio está muito entulhado de areia. E depois que a água ficou muito poluída eu fechei o portãozinho que dá para o rio; fechei para sempre, ninguém entra mais. É triste... aquela água que vinha lá da serra limpinha... Mas a gente aproveitou bem.

GUSTAVO: E isso num lugar que teve uma colonização liderada por um camarada que era ecologista antes mesmo da palavra existir. E como está a vida para você hoje?

INKERY: Está boa. Estou aposentada. Aposentadoria é pouco mas a gente tem

a casa própria, tem a horta que eu faço e aproveito muita coisa. Horta dá muito trabalho, mas compensa porque você tem produtos sem agrotóxicos. Tenho pouco espaço no fundos da casa mas é o sufi-ciente para nós. Tinha 20 pés de café que acabei cortando porque atrapalhavam o sol para a horta. Eu curto muito também meu jardim, minhas flores. E de vez em quando vou ao Rio curtir as minhas netas.

GUSTAVO: E o movimento grande aí na Avenida das Mangueiras te incomoda?

INKERY: Não, a minha casa é um pou-co afastada, e tem essa área de trás que dá para o rio. Nem barulho me incomoda.

GUSTAVO: E você até hoje ainda vende geléia caseira e chutney para fregueses que vão procurar aí na sua casa.

INKERY: Sim, uma receita que a dona Helena Larsson me deu. Agora mesmo acabei de fazer também geléia de acerola. Nossa, como deu acerola esse ano...

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Page 9: Ponte velha - março 2011

Março de 2011 - O Ponte Velha - 9

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Nossa historiadora e boêmia Celina Whately, que foi Secretária de Cultura, integrante do grupo teatral Boca de Cena, editora do jornal A Lira e eterna agitadora cultural, esteve recentemente em Resende (ela mora atualmente no Rio) para fazer uma palestra na Câmara sobre mulheres da nossa regiao. A Câmara comemorava o dia internacional da mulher e Celina lem-brou a história de algumas, dentre elas Maria Benedita Gonçalves (a Rainha do Café), e Narcisa Amália, a poetisa abolicionista.

A primeira, filha de índia, analfabeta, foi a maior produtora de café do meio do século XIX, e lidera-va iniciativas como a implantação da San-ta Casa, a instalação de um hipódromo e a formação de uma banda de música formada só por escravos, a quem foi ensinada a leitura de partituras. Amália, espírito livre na virada para o século XX, que teve sua poesia reconhecida por gente do porte de Machado de Assis, teve que deixar Resende por conta das pressões que so-fria por parte de uma sociedade machista. A palestra de Celina encantou a todos e terminou com a reflexão sobre ter sido o movimento de emancipação da mulher a grande revolução do século; embora lenta e orgânica, muito mais efetiva do que as propaladas revouções políticas, como a Russa ou a Cubana.

Na ocasião, Celina trouxe para o Ponte Velha trechos de um diário que ela escre-via quando era editora da Lira. Publicamos aqui uns trechos a título de curiosidade. Era fins da década de 70 e começo dos anos 80 do século passado (cerca de 30 anos atrás) e é impressionante a mudança que a era da informática efetuou em tão pouco tempo. Segue o texto que Celina deixou.

“Oi, GustavoHoje remexendo nos meus papéis

velhos achei uma coisa interessante, um diário do jornal A lira com anotações do dia a dia da redação. Isso no ano de 1979 quando o jornal era propriedade do Noel de Carvalho e tinha o Frederico de Carvalho como editor, comandando uma

intrépida trupe de jovens rebeldes (nós), cheios de ideias revolucionárias e muita disposição para o trabalho. O jornal era todo composto tipo por tipo, ou seja, letra por letra. Entre as palavras havia os espa-ços — também pecinhas de chumbo.

Conversa registrada como 8 de março de 1979 :

“Pode mandar comprar 3 quilos de espaço” “Que corpo? Dez?” Alguem que não entendia do riscado

argumentou: “E espaço tem corpo?”- Tem sim, aqui na Lira tem.4 abril 1979: Chegou a máquina nova

que roda duas pági-nas de uma só vez!! — mas faz um ba-rulho insuportável. O jornal tinha na época 10 páginas. Quando a página 7 já estava rodada é detectado um erro num anuncio de uma imobiliária - a ADIMOVEIS - que dizia: Aluga--se uma casa no para-raio, quan-do deveria estar “Aluga-se uma casa no Paraiso”

9 maio de 1979 - Chegou a linotipo. Falta agora o linotipista, o Macarrão, que vem do Patronato

para trabalhar com a gente. Já estávamos tão acostumados com aquela composição tipo por tipo...Abandonar Guttenberg...tem suas dores...

4 outubro 1979 - Lançamos a edição especial para as festas da cidade - 29 de setembro -um jornal com 32 pági-nas, com 3 suplementos: o Literario, o de humor - A TOCHA (com subtí-tulo: O que a Lira não traz, a Tocha traz). Escândalo! E mais o suplemento Feminino;Mas para isso tudo tivemos que “virar” 3 noites trabalhando

15 outubro 1979 ; Chegou na Lira um forasteiro - Carlos Alberto Lemos de Andrade, para administrar o jornal e fazer a parte comercial, mas,principalmente, segurar os ânimos da jovem redação. Chegou cheio de segurança, de faço e aconteço e dois dias depois fez as malas de volta, deixando uma carta para o Noel, em que dizia: Missão impossível. Isso não é um jornal que tem uma redação, mas uma redação que tem um jornal. Houve festa na redação.”

Participar de eventos como a audiência pública sobre desassoreamento dos rios Paraíba, Sesmarias e Alambari sempre é interessante e inspirador. Os Tópicos de hoje agradecem a oportunidade e escrevem:

O mundo não se fez em um dia e tudo tem o seu tempo. Nem sempre é possível ou necessário fazer tudo ao mesmo tempo aqui e agora e, sobretudo em tempos de crise, nenhuma idéia ou experiência deve ser descartada.

É muito saudável falar e ouvir sobre todos os assuntos. Manifestações de ex-gestores públicos sempre são bem vindas também!

Todas as coisas evoluem, mesmo que

andem para traz.

Cada qual constrói e percorre os degraus que lhe cabem. Só não vale derrubar a escada.

Tópicos Utópicos 21

Luis Felipe Cesar

Maria Benedita Gonçalves em desenho de Gisele Ferreira

As organizações da sociedade são fundamentais para os gover-nos. Ao olharem a partir de outra perspectiva, podem contribuir de forma decisiva para ajustes de rumo e melhoria das políti-cas públicas. São o contraditório essencial. Pena que geralmente sejam vistas como antagonistas e não como sinergistas.

Os governos se norteiam, geral-mente, pela busca da não oposição. Talvez fossem mais eficientes se fizessem o contrário.

As florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões

de pessoas de todo o mundo e, ainda, garan-tindo, de forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversi-dade terrestre. Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de $ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.

Não devemos nos atormentar com coisas pequenas. Todas as coisas são pequenas.

Mais sobre o Rio Sesmarias em www.ambienteregionalagulhasnegras.blogspot.com/ - Desassoreando rios e métodos

Chega de silêncio! “Palavra é para dizer, não para enfeitar” (Graciliano Ramos).

Page 10: Ponte velha - março 2011

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10 - O Ponte Velha - Março de 2011

Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

Reg.: 12 . 923 Arte gráfica: Afonso Praça

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expediente:

De início, reconheça-se que a proteína vermelha, a carne, sempre faltou e ainda escapa ao poder aquisitivo de consideravel parcela da população. No entanto, as no-vas classes médias, dela privadas ha muito, buscam-na avidamente, queiram ou não os vegetarianos. São milhões de novos consu-midores que adentram a arena.

Ouço muitas queixas neste quesito do bife de cada dia e acrescento as minhas, sabendo que o problema não é apenas local. Todos os cortes tradicionais mais em conta, sem falar nos proibitivos filés mignon e picanhas, apesar dos preços em disparada, são de qualidade discutível. Isto porque as peças nobres dos chamados novilhos precoces vão para as grifes dos consumidores da classe “A” ou para o exterior, principalmente para a China, a preços compensadores para o setor que no momento realiza lucros substanciais, diria até merecidos se observadas algumas ressalvas.

No mundo inteiro cresce a demanda por “commodities”, em especial carne, açúcar, soja, milho, petróleo e etanol. Tal fato, associado a outros fatores, acarreta a alta acentuada de preços em todo o plane-ta.Constatação preocupante,considerada grave pela ONU: Dentre todas estas com-modities, os preços dos alimentos são os que mais sobem. Assim, tão desnecessário (por óbvio) quanto cruel seria acrescentar

Cadê o Bife?que come melhor quem puder pagar mais. Imaginem como estão vivendo povos da África,

Ásia e do resto do mundo. Triste é constatar que em termos de mercado

estamos sendo levados a admitir que tais perversidades conceituais sejam aceitáveis.

Mas, voltando à vaca fria em nossa cozinha, parece que o setor do boi gor-do nesta época das vacas idem, ignora a importância do mercado interno. Ainda há pouco, quase em estado terminal, quando

enfrentou o problema da aftosa, foi man-tido respirando por este mesmo mercado caseiro. O que intriga é a constatação de que os altos preços em voga parecem não compensar eventuais perdas anteriores e ganâncias momentâneas, levando (será verdade?) a decisão de priorizar para nosso consumo animais envelhecidos que já não servem a reprodução ou a outros fins, dourando a pílula com descontos aqui e ali. Resultado: bife duro que pula, some do prato, seja pela carestia, atenuada pelo artifício, seja pela rigidez das fibras e membranas. Enquanto isto os novos ricos da Terra do Centro se locupletam...

Mesmo transitando no terreno de es-pecialistas, assiste a qualquer um o direito de chiar como consumidor. Mas queixar--se a quem se a má qualidade das carnes pulverizada-se em milhares de lares, sendo impossível organizar reação junto aos órgãos de defesa do cidadão? Como levar pelancas e fibroses aos Procons?

Houve tempo em que o abate era feito nas comunidades, em grande parte clan-destino. Embora os preços fossem aces-siveis, isto ninguém quer de volta, ainda mais se lembrarmos surtos recorrentes de zoonoses, como a já mencionada aftosa, brucelose, raiva e tuberculose bovinas. Mas, pensar não é proibido. Nos arredores de nossa e das cidades vizinhas pastam bois vistosos e saudáveis que acabarão sendo abatidos e embarcados para fora do país. Bem que poderiam os pecuaristas do sul do estado, com a participação de prefeituras e com incentivos, reeditarem o abatedouro municipal que já existiu no passado, agora regional, evidentemente maior e associado a frigorifico de porte

médio capaz de servir a todo o sul flumi-nense e a outros centros, até onde pudesse chegar a capacidade empresarial dos envolvidos.

Certamente entraves existiriam, mor-mente por parte dos grandes frigoríficos, mas seria clamada vivamente a presença de órgãos governamentais do estado e dos municípios, falhos de recursos, mas com poderes para fazer concessões e devedores de obrigações inamovíveis para com o povo.

Ah! Se esta moda pega como exem-plo e se espalha. A pressão do mercado internacional seria atenuada, a hegemonia dos grandes conglomerados na formação dos preços seria contestada, os produto-res locais seriam beneficiados, os preços cairiam para o consumidor e a qualidade melhoraria, pois estaria sob nossas vistas.

Enquanto doura no forno o galináceo semanal para salvar aparências, engula-se sapos, pois o pleito será ignorado. Mas não custa sonhar com um churrasco de vez em quanto ou ao menos almejar uma situa-ção em que se possa levar para casa o bife fugidio com preços justos e de boa quali-dade. Quem puder, repercuta o desabafo, antes que derradeiros caninos se desgastem tentando mastigar essas coisas abomináveis que nos vendem e estão por ai, até em restaurantes conceituados.

Somavilla

Page 11: Ponte velha - março 2011

Março de 2011 - O Ponte Velha - 11

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Antônio Alves de Almeida

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Nossa História, Nossa Gente

O objetivo desta coluna é homenagear pessoas que dão nome a logradouros públi-cos de Resende. O homenageado deste mês empresta seu nome a uma rua no Bairro Novo Surubi, antiga Cruz das Almas. É uma das principais ruas do Bair-ro, perpendicular à Estrada Resende/Bulhões. Seu CEP é 27512-150.

ANTÔNIO ALVES DE AL-MEIDA, mais conhecido como ANTONIO MOREL, nasceu no distrito de Bulhões, em 21 de abril de 1900 e faleceu aqui em Resende, no dia 13 de junho de 1972. Casou-se com Dona Adelaide Lopes de Almeida (falecida em 1º/12/87) e tiveram dois filhos: Job Alves de Almeida e Antonio Alves de Almeida Filho, já falecidos.

Foi alfaiate de primeira categoria, sócio da Alfaiataria Guimarães e Almei-da, na Praça Oliveira Botelho. Morava no casarão da esquina da Rua do Rosário com a Praça Municipal. Pessoa íntegra e respeitado, transmitiu aos filhos seu espírito humanitário e seu profissiona-lismo. As atuações do Job, no Banco do Brasil, e do Toninho, no Banerj, foram

referências de retidão e sucesso. ANTÔNIO MOREL era muito espirituo-

so e estava sempre bolando brincadeiras, para o deleite de sua legião de amigos. Uma ocasião, ao tomar um café no Bar do

Ponto, encontrou-se com o seu amigo, Nequinho Sapa-teiro, dono de uma oficina de consertos de sapatos, na Ladeira da Praça (Rua Luiz Barreto). O Nequinho estava chateado, pois havia levado um pedaço de queijo parme-são lá para a sapataria, onde o queijo desapareceu. Anto-nio combinou uma estratégia com o Nequinho e mandou

que ele voltasse para a Sapataria. Alguns minutos depois, o Antonio apareceu, como se naquele momento estivesse encontrando o amigo pela primeira vez, no dia:

- Bom dia, Nequinho!- Bom dia, Antonio Moré!- Você parece que está triste, homem!- Estou chateado, Antonio. Veja você

que eu comprei um pedaço de queijo par-mesão, no qual coloquei um veneno para matar ratos, e perdi o queijo. Imagine se uma pessoa acha e come esse queijo!

- Nossa, Nequi-nho, vamos refazer o trecho de sua caminhada para ver se encontramos o queijo. Esse assun-to é muito sério, já pensou se uma

criança come o queijo?De repente, um auxiliar do Nequinho

Sapateiro, sai de trás do biombo, todo nervoso, pedindo:

- Pelo amor de Deus, seu Nequinho, me leve para a Santa Casa. Eu que comi o queijo!

Difícil foi convencer o rapaz de que o queijo não estava envenenado. Foi só um ardil para descobrir o autor da façanha.

ANTONIO MOREL fez parte da Resende onde a Praça ainda era aquela decantada pelo Somavila e que, agora, o Rechuan, sabiamente, tenta resgatar.

REFERÊNCIAS: anotações de Job Luis Costa de Almeida, neto do homenageado.

Convocam-se os Senhores (as) Sócios (as) Acadêmicos (as) e Efetivos (as) da Aca-demia Resendense de História, a comparece-rem à sua sede na Avenida Marechal Castelo Branco, 104, Resende – RJ (Auditório da ACIAR), no dia 16 de abril de 2011, sábado, às 18:00 horas, em primeira convocação, com a presença de metade mais um dos asso-ciados, ou em segunda e última convocação às 19:00, do mesmo dia, com a presença de qualquer número de associados, para ins-talação da Assembléia Geral Ordinária que deliberará sobre a seguinte ordem do dia:

Apresentação de Relatório de Atividades e Prestação de Contas da Diretoria, no Biênio 2009 / 2011;

Eleição e posse da nova Diretoria, para o biênio 2011 / 2013.

Os associados interessados na apresen-tação de chapas, compostas de Presidente, Vice-presidente e três Conselheiros Fiscais, todos Acadêmicos, deverão fazê-lo até 72 horas antes do início da Assembléia, na sede da Academia.

Marcos Cotrim de BarcellosPresidente

A quem interessar possa, torne-se público que aos 19 dias do mês de março de 2011, às 14:30h, na Granja Chalet, sita à rua Raul Cotrim, n. 302, cidade de Itatiaia, RJ, será reunida assembléia para criação do Instituto Campo Bello, que terá por objetivo constituir e manter uma Associação sem fins lucrativos para atuar na área cultural no município e região.

Itatiaia, 3 de março de 2011

EDITAL DE CONVOCAÇÃOACADEMIA RESENDENSE DE

HISTÓRIA - ARDHIS

CONVITELicenciamento ambiental

Educação ambientalRecuperação paisagísticaLevantamento florístico

Perícia e Auditoria ambientalISO 14000

Av. Nova Resende, 320, sl.402 Campos Elíseos - Resende/RJ

(24) 9245.9851 / (24) 8112.3762

Page 12: Ponte velha - março 2011

Dr. Maurício DiogoCirurgião Dentista - CRO-RJ 10689

R. Nicolau Taranto, 151/209 - Bairro Comercial - Resende - Tel: (24) 3360.4646

ImplantodontiaEspecialista em implantes e prótese sobre implantes

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12 - O Ponte Velha - Março de 2011

Casa sarquisSímbolo de distinção e confiança

Telefones: 3354-2162 / 3354-7245

Brinquedos - Tecidos - ArmarinhosConfecções - Cama e mesa

Prezado Luís, quanto tempoEu sou o Zé, teu colega de

ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra, né, Luis?

Pois é. Estou pensando em mudar para viver aí na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, pas-sarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. Tô vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por causa de uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da

água e pagar uma taxa de uso porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né, Luís?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né .) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre

aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sin-dicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Os bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto do Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei

como encumpridar uma cama, só comprando outra, né, Luís? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa

no quarto do Juca. Disseram ainda que a comida

que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luís, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermer-cado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira

da estrada onde o carro da coope-rativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madei-ras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ia mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, aí quando vocês sujam o rio também pagam multa grande, né?

Agora, pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preo-cupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios aí da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

Mas não é o povo da cidade

que suja o rio, né, Luís? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá--la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei crimi-noso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, aí tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar aí com vocês, Luís Mais fique tranquilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sítio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis. Ah, desculpe Luis, não pude

mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.

Luciano Pizzatto é engenheiro florestal, especialista em direito

sócio ambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e

Reservas do IBDF-IBAMA 88-89, detentor do primeiro Prêmio

Nacional de Ecologia.

Triste realidade!!!Luciano Pizzatto