jornal ponte velha - outubro de 2012

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RESENDE E ITATIAIA - OUTUBRO DE 2012 Nº 198 . ANO 17 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com A FORÇA DE UM GESTO Jovem finlandês reforma o casarão colonial e dá novo ânimo à idéia de um Centro Histórico de Penedo Família finlandesa com amigos, em ceia de Natal nos anos 50. Simplicidade e dignidade na foto de Marti Aaltonen. A riqueza cultural da Colônia não só pode servir muito ao turismo, sendo melhor explorada, como também tem muito o que ensinar à nossa vida consumista atual. Um jornal que preza a “democracia burguesa” por ser a única que conhece E MAIS: Noel quis ser a Nina, mas não havia nenhuma Carminha Ypê ganhou pelo medo de que Almir voltasse Uma sociedade de imagens, que baniu a reflexão O erro de familiares coordenarem campanhas Como as regatas podem ajudar na despoluição do Paraíba O tempo em que os turistas vão atravessar a camelo o grande deserto de Mato Grosso

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Edição de outubro de 2012 do Jornal Ponte Velha

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RESENDE E ITATIAIA - OUTUBRO DE 2012Nº 198 . ANO 17 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

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A ForçA de um GestoJovem finlandês reforma o casarão colonial

e dá novo ânimo à idéia de um Centro Histórico de Penedo

Família finlandesa com amigos, em ceia de Natal nos anos 50. Simplicidade e dignidade na foto de Marti Aaltonen. A riqueza cultural da Colônia não só pode servir muito ao turismo, sendo melhor explorada, como também tem

muito o que ensinar à nossa vida consumista atual.

Um jornal que preza a “democracia burguesa”

por ser a única que conhece

e mAis:

Noel quis ser a Nina, mas não havia nenhuma Carminha

Ypê ganhou pelo medo

de que Almir voltasse

Uma sociedade de imagens, que baniu a reflexão

O erro de familiares coordenarem campanhas

Como as regatas podem ajudar na despoluição do Paraíba

O tempo em que os turistas vão atravessar a camelo

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2 - O Ponte Velha - Outubro de 2012

P O L I T I C Á L Y ACabo Euclides e Professor Silva

1) OS PARTIDOS POLÍTI-COS EM RESENDE:

PP - foi o grande vitorioso desta eleição. No pleito de 2008, elegeu 2 vereadores: Kiko (1.202 votos) e Pedro Paulo (1.183 votos). Agora, tem o Prefeito Rechuan, reeleito com 46.317 votos (73,44% dos votos válidos), dando de 3 por 1 no segundo colo-cado - Noel, com 15.470 votos (24,53% dos votos válidos). Para Vereador, o PP não se coligou e elegeu 3 vereadores: Kiko ( 1.283 votos), Bira Ritton (1.124 votos) e Tivo (942 votos). O veterano Pedro Paulo ficou na primeira suplência, com 734 votos. Pro-vavelmente será convidado a enriquecer o novo governo.

PDT - saiu da eleição como o segundo partido mais forte em Resende. Na última eleição tinha apenas o Vice-Prefeito Noel de Oliveira. Agora, além da reeleição do Noel, fez, em coligação com o PSDB, 4 vereadores,: Pedra (1.569 votos), Roque (1.424 votos), Valdir Macarrão (1.270 votos) e Stenio (1.192 votos). O “De Araújo do Transporte” ficou na primeira suplência, com 1.136 votos. Os votos do Carlos Santa Rita (PSDB) foram contabilizados como zero, até o desfecho judicial da questão, o que poderá modificar alguma coisa neste quadro.

PMDB - no pleito de 2008, seu candidato a Prefeito, Silvio disputou a eleição, voto por voto. Obteve 28.300 contra 29.346 do vencedor, Rechuan. Além disto, fez 3 vereadores: Romério (1.463 votos), Caloca (1.251 votos) e Timica (1.189 votos). Nesta eleição, como já dissemos acima, o candidato a Prefeito, Noel de Car-valho, obteve apenas 15.470 votos, contra 46.317 votos do Rechuan. O PMDB foi o segundo maior perde-dor desta eleição. O desastre eleito-

ral do partido atingiu, também, os candidatos a vereador. Desta vez, coligado com o PTC, elegeu apenas 2: Romério (1.062 votos) e Célio Caloca (659 votos). Marta Concret ficou na primeira suplência, com 636 votos. O Vereador Timica obteve apenas 298 votos.

PSDB - Não conseguiu segurar o Vereador Carlos Santa Rita eleito em 2008, com 1.294 votos. Seu candidato mais votado -- o De Araújo do Transporte -- conseguiu 1.136 votos. Não foi vitorioso, embora tenha ficado à frente de 9 vereadores eleitos. Como já dito, os votos do Carlos Santa Rita foram contabilizados como zero, até o desfecho judicial da questão, o que poderá modificar alguma coisa neste quadro.

PSB - Na eleição de 2008, elegeu o Vereador mais votado, o Julianelli, com 2.216 votos. Nesta eleição, apesar de ter perdido o Julianelli, conseguiu fazer 2 Vere-adores: a Soraia (2.266 votos) e o Dr. Irani (1.190 votos). Os votos do Dr. Carlos Alberto foram conta-bilizados como zero, até o desfecho judicial do assunto. O PSB fez, de novo, o mais votado da cidade e dobrou sua representação. Em polí-tica, o Presidente do PSB - Paulo César PC, é PHogo (assim mesmo, maiúsculo e com pê e agá)!

PV - Além de ter perdido, para o PP, o Vereador Pedra, eleito em 2008, com 1.930 votos, o PV não conseguiu fazer nenhum Verea-dor, neste pleito. O mais votado do partido - Fernando Menandro - alcançou 628 votos, ficando na primeira suplência da coligação com o PSC/PRTB/PC do B.

DEM - O grande perdedor desta eleição. O Prefeito Rechuan foi para o PP. Além disso, tinha 2 Vereadores: Gilmar Moreira (875 votos) e Mirim (871 votos).

Nesta eleição, coligado com o PR, conseguiu eleger apenas 1 Vereador, o ”Mirim da Comissão de Fábrica”, reeleito com 946 votos. O “Natalino da Habitação” ficou na primeira suplência, com 664 votos. Gilmar Moreira ficou na segunda suplência, com 654 votos.

PPS - O partido, coligado com PTN, conseguiu emplacar 2 Vereadores: Barra Mansa (1.083 votos) e Tisga (675 votos). O PPS foi a grande revelação desta eleição. Além de eleger o popular Barra Mansa (1.083 votos), emplacou, também, o Tisga (Tiago Vieira Martins da Silva, Presidente da Associação dos Moradores do Toyota e Prima-vera), com 675 votos. O Sargento Wilton ficou na primeira suplên-cia, com 529 votos.

PT - O partido foi a grande surpresa negativa da eleição. Não elegeu nenhum Verea-dor e seu candidato a prefeito (Rogério Coutinho) não teve seus 4.000 e poucos votos com-putados, devido a problemas na documentação do Vice de sua coligação. Os votos do PT resen-dense desapareceram na fumaça, como um amor de carnaval ...

PR - Conseguiu ainda salvar um Vereador (o Mirim) da coliga-ção com o DEM. O Pastor Eleon teve apenas 1.278 votos.

PSD - Coligado com o PSL e o PSDC, o partido não conse-guiu fazer legenda. Não elegeu nenhum Vereador, apesar do excelente desempenho do Dr. Aluízio Balieiro Diniz, que alcan-çou 990 votos, ficando à frente de 5 dos vereadores eleitos.

PT do B - Perdeu seu Vere-ador, o Tivo, agora no PP, eleito em 2008, com 989 votos.

PC do B - Elegeu um Vereador, o Olimpio (1.088 votos), em coligação com PSC/PRTB/PV. O sempre bem votado Olimpio, desta vez conseguiu se eleger.

PSC - O partido do peixinho, presidido pelo Dr. Edson Andrade Lima (Pitbull R), amigo do peito do Professor Silva, elegeu o Tiago Forastieri, com 735 votos, em coliga-ção com o PSC/PRTB/PV/Pc do B.

PRB - Elegeu o terceiro mais votado de Resende - Davi é 10 (David Manuel de Jesus Silva), com 1.486 votos, em coligação com o PRP.

2) E AGORA, JOSÉ? - José Rechuan Junior fez barba, cabelo e bigode da oposição. Ganhou de 3 por 1 de seu principal adversário. Elegeu 11 vereadores de 17, e mais o antigo companheiro Mirim, pela adversária coligação “Resende Para Todos”. Mirim certamente voltará para o ombro amigo, de onde se afastou apenas por questões de fidelidade partidária. Especialista em convivên-cia, Rechuan logo atrairá os demais vereadores para a sua base, mantendo 1 ou 2 como adversários, para não perder de vista que seu governo é democrático.

Além dos eleitos, os grandes vitoriosos desta disputa foram: 1) o Totonho Paiva (Carvalho Pinto, na verdade), um dos coorde-nadores da campanha do Rechuan; 2) Cial - além de ajudar na coordenação da campanha, presidiu a Exposição, vitrine do governo, com retumbante sucesso; 3) Ricardos Paiva e Moraes (BN e BJ) - brilhantes marketeiros, como sempre; 4) Paulo César PC - dobrou a representação do partido, além de eleger o mais votado, de novo; 5) Dr. Edson Lima (Pitbull R), maestro da coligação PSC e outros, com 2 vereadores; 6) o indefectível Secretário de Agricultura, Dr. Miguel Osama - na zona rural, o Rechuan venceu de seis por um; 7) todos os

candidatos não eleitos, ajudando, com seus votos, a constituir a legenda necessária para os vitoriosos.

Durante todo o governo, Rechuan irá conviver com a pos-sibilidade de condenação em um dos vários processos que tramitam em face dele. Talvez sirvam de lição para um maior cuidado com as licitações - gênese de todos os problemas jurídicos que enfrenta. Rechuan fez o dever de casa, direi-tinho, na área política e na admi-nistrativa. Na área jurídica, ficou vulnerável. Agora, talvez repita experiências bem sucedidas de criar uma Secretaria de Controle, englobando Licitações, Economici-dade, Controle Interno, Orçamento e Prevenção Jurídica.

Quanto ao futuro, já se fala no lançamento da candidatura da Dra. Ana Paula a Deputado Estadual, em 2014. Segundo nosso enten-dimento, sairia eleita de Resende, ampliando as bases do rechuanismo e dando voz à cidade na Assem-bléia Legislativa, bem como seria um importante coringa do grupo.

Todo mundo sabe que um segundo mandato é um segundo governo, muito diferente do pri-meiro. Agora não se poderá mais dizer (o absurdo) que pegou a cidade do zero e nem culpar o antecessor. É arregaçar as mangas e trabalhar!

Outubro de 2012 - O Ponte Velha - 3

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Réquiem de um duopólio Zé Leon

O Noel era a Nina, mas só que não tinha nenhuma

Carminha...O Rechuan era a novela das seis e o Noel a das nove.

Peço desculpas aos meus poucos, mas fiéis leitores, mas, esse mês eu vou dar uma pausa na minha saga biográfica do Antes Que Me Esqueça Ou Me Esqueçam e dedicar esse meu espaço, tão irresponsavelmente cedido pelo mais novo cidadão resendense, dono deste jornal, e comentar a eleição de 2012.

Separei os motivos que levam um cidadão a votar. Para presidente do Brasil, não importa se as estradas estão um lixo, os aeroportos piores que rodoviárias. Se a política econômica vai bem, se eu posso pagar o meu carnê das Casas Bahia, se eu posso financiar um carro em cinco anos, às favas os demais problemas. Vide a dificuldade do Baraca, que matou o Osama, acabou com a guerra do Iraque e, com a economia americana patinando, ta comendo o pão que o diabo amassou. E como todo mundo sabe, o diabo é um péssimo padeiro. Para governador, não importa se nas escolas faltam professores, se os hospitais estão um caos, se o cara está em Paris dançando com guardanapo na cabeça. Agora tem UPP, Copa do Mundo, Maraca reformado, manifestação pelo pré-sal. Falando sério. Na verdade, para que serve o Estado?

Para prefeito, a relação é mais pessoal. O eleitor esbarra com ele no dia a dia, não consegue se encastelar. Daí a diferença fun-damental que levou o Rechuan para a vitória. Além de não desprezar a herança “bendita” herdada do Silvinho, como a UPA 24 horas, a entrada da cidade e a ligação do acesso oeste à Casa da Lua – é comum os prefeitos quando eleitos não darem continuidade às ações do outro que sai, vide o exemplo do Noel de Oliveira com o Hospital de Emer-gência – o prefeito que agora que se reelegeu não se escondeu num gabinete. Ia a tudo, até à batizado de Barbie.

Outra coisa que facilitou a vida do Rechuan: quando o Silvinho perdeu a eleição

por mil votos, ali estava claro que ele tinha feito um bom governo. Ninguém recebe 28 mil votos tendo feito um mau governo. E o que fez o Silvinho? Ao invés de ocupar as ruas, assumir o papel de líder da oposição, criar um governo paralelo, ao contrário, sumiu de Rezende, deixou os companheiros mais próximos sem um norte, vulneráveis aos convites tentadores do poder. E o que se viu: o prefeito teve quatro anos inteiros para desconstruir a imagem de bom administrador do Silvinho e cooptar as principais cabeças de seu governo.

And last but not the list, Rezende vinha de 16 anos de frustrações, oito anos desses dezesseis, colocados na conta do Noel de Carvalho, que pediu para que votassem no Augusto Leivas que, apesar de ter feito um bom governo (veremos quando retomar minha biografia), teve uma rejeição enorme. Depois mais oito anos de Eduardo Mehoras e mais quatro do Silvinho. E aí aparece um prefeito médico, de fala mansa, que tratava todo mundo com carinho, que andava pelas ruas, um Noel de Oliveira 2.0, com freio abs, ar condicionado e teto solar e pronto. Agora sim Rezende tinha um prefeito, mesmo que esse mesmo prefeito não tenha deixado, em seu primeiro mandato, uma obra estruturante importante.

Que nesse segundo mandato o Rechuan seja mais objetivo, dê uma chacoalhada na goiabeira pra ver se cai uma meia dúzia de

goiaba podre. Afinal, agora são mais quatro anos na mão dessa política pública e eu, como usufrutuário dessa cidade, que mora num distrito distante, que usa o transporte coletivo pra se deslocar, que tem cartão do SUS, não vai adiantar ficar aqui, agora, cho-rando o leite derramado.

Não é por nada não, mas: com a derrota do Noel acaba o Carvalhismo? Fadiga de material? Se sim, vemos o fim de um duo-pólio político que dura mas de 36 anos, pelo menos desde a primeira eleição do Noel, e os grupos adversários, liderados, primeiro,

pelo Noel de Oliveira, depois Eduardo Mehoras e hoje José Rechuan Jr. Há que ressaltar que, se em 2008 elegeram o Rechuan, agora, em 2012, o Rechuan que se reelegeu, com luz e pensamento próprios. Mais uma prova que ódio e rancor não elegem ninguém. A campanha do Rechuan era novela das seis. A do Noel, novela das 9. Só que esquece-rem de avisar a ele que, se ele era a Rita/Nina, do outro lado

não tinha nenhuma Carminha.

****

E a Câmara, agora, a partir do ano que vem, terá 17 nobres edis.

Ficou claro que o poder econômico falou mais forte, quem gastou mais levou mais votos. E o Barra Mansa? 1083 votos fizeram dele o nosso Titirica. Vida que segue.

Gustavo Praça

Água!!!Em Itatiaia, o sentimento é o de termos

evitado o mal pior, que seria o Almir. Muitos votos no Luis Carlos tiveram esse intuito. A Câmara mantém o perfil. Agora é torcer para que nesse segundo mandato o LC se volte mais para o dia a dia das pessoas, mal atendidas na saúde, nas escolas, com ruas esburacadas e falta d’ água. Chega de olhar para as indústrias da Dutra que em tese vão nos dar boa vida. Vamos olhar direto para a vida das pessoas.

A questão da água é vital. Em Penedo continua aquela via crucis de comprar água no caminhão pipa. Homens públicos não podem se associar a isso. Se fosse preciso privatizar a água (e não é) o dinheiro seria do Estado, para investimento público. Vamos organizar a distribuição e tratamento, e cobrar. E os empreendimentos imobiliá-rios da grande várzea da Rubens Mader não podem ser abastecidos com água da bacia do rio das Pedras, pois iríamos secar o grande atrativo turístico. É preciso fazer a capatação no Paraíba, com elevatória e tratamento, como, por sinal, foi prometido por ocasião do Plano Diretor que transformou aquela área rural em zona urbana.

Só pra lembrar: que herança maldita nos foi deixada pelos interesses pessoais, politi-queiros, que deram Penedo para Itatiaia em troca de Engenheiro Passos continuar sendo Resende! Fomos tirados da mãe e entregues a um irmão menor e irresponsável. Penedo não pôde se manifestar na ocasião. Foi mera moeda de troca entre caciques. Mas Penedo pode - e deveria -, agora, exigir a reparação daquele estupro. São bárbaras as violências que o fascínio pelo poder provoca.

4 - O Ponte Velha - Outubro de 2012

Neste mundo de poucas ideias e muitas imagens, a questão política mais uma vez se resolveu com financiamento e marketing. Quem não percebe que as organizações humanas que se chamavam “cidades” só guardaram desse título, o nome?

A marcha revolucionária tem essa peculiar perversida-de de esvaziar o conteúdo das palavras e recheá-las de sen-tido contrário. Assim, ganha nos dois extremos da disputa do poder: ganha se aparelha o estado com os camaradas de partido; mas ganha também se loteia o serviço público. Perde, sempre, a cidade. Perde a so-ciedade. Perde o povo. Arruí-na-se o futuro em nome de um ganho imediato. Para remate dos males, desconstrói-se uma história e se apaga a memória.

Em Resende (no mundo?!), as eleições mostram que o lugar do povo – esse estranho ente comunitário, dotado de identi-dade, história, direitos e deve-res – foi transformado no vácuo horroroso ocupado pela massa. Seguem duas considerações sobre essa patologia moderna.

1. “Povo e multidão amorfa ou, como se costuma dizer, «massa», são dois conceitos diversos. O povo vive e se move com vida própria; a massa é por si mesma inerte, e não pode receber movimento sem ser de fora. O povo vive da pleni-tude da vida dos homens que o compõem, cada um dos quais — em seu próprio lugar e a sua maneira — é pessoa consciente de suas próprias responsabi-lidades e de suas convicções

A vitória das massas e o fim da história

Uma Resende cosmopolita ou snob?

democracia e de seu ideal de liberdade e de igualdade.

Em um povo digno de tal nome, o cidadão sente em si mesmo a consciência de sua personalidade, de seus deve-res e de seus direitos, de sua liberdade unida ao respeito da liberdade e da dignidade dos demais. Num povo digno de tal nome, todas as desigualdades que procedem não do arbítrio, mas sim da natureza mesma das coisas, desigualdades de cultura, de bens, de posição social — sem menosprezo, é claro, da justiça e da caridade mútua —, não são de nenhuma maneira obstáculo à existência e ao predomínio de um autên-tico espírito de comunidade e de fraternidade. Mais ainda, essas desigualdades, longe de prejudicar de maneira alguma a igualdade civil, lhe dão seu significado legítimo.” (Pio XII, Radiomensagem de Natal, 1944)

2. “Um dos mais graves erros do pensamento «mo-derno», cujas salpicaduras ainda padecemos, tem sido confundir a sociedade com a associação, que é, apro-ximadamente, o contrário daquela. Uma sociedade não se constitui do acordo das vontades. Ao contrário, todo acordo de vontades pressupõe a existência de uma socieda-de, de pessoas que convivem, e o acordo não pode consistir senão em precisar uma ou outra forma dessa convivência, dessa sociedade preexistente. A ideia da sociedade como reunião

Marcos Cotrim

Eu, Nerso e “Seu Moço”,Vortando da invernada,Encontremo Ulysse Menandro,No Gansão, lá na estrada.

Perguntemo logo prêlePor que tanta risaiada?E ele disse textualmente,Vivendo de dar risada:É legria insubstitúivelDe uma boa alambicada!

TrovandoPaulo Ramos

Ser Médico - é ser humano,com sublimado destino:viver no mundo profano,sendo emissário divino!

dia do Médico13 de outubro

Maria Amélia Alves

próprias. A massa, pelo con-trário, espera o impulso de fora, joguete fácil nas mãos de um qualquer que explora seus instintos ou impressões[...]. Da exuberância de vida de um povo verdadeiro, a vida se difunde abundante e rica no Estado e em todos os seus órgãos, infundindo neles com vigor, que se renova incessantemen-te, a consciência da própria responsabilidade, o verdadeiro sentimento do bem comum. Da força elementar da massa, habilmente manipulada e usa-da, pode também servir-se o Estado: nas mãos ambiciosas de um só ou de muitos agrupados artificialmente por tendências egoístas, pode o mesmo Estado, com o apoio da massa reduzida a não ser mais que uma simples máquina, impor seu arbítrio à melhor parte do verdadeiro povo: assim o interesse comum fica gravemente ferido e por muito tempo, e a ferida é mui-tas vezes dificilmente curável.

Com o dito aparece clara ou-tra conclusão: a massa — como nós acabamos de defini-la — é a inimiga capital da verdadeira

contratual, portanto jurídica, é o mais insensato ensaio que se fez de pôr o carro adiante dos bois.[...]

Triunfa hoje [...] uma forma de homogeneidade que ameaça onde quer que tenha surgido o homem-massa, um tipo de homem feito de pressa, monta-do tão somente numas quantas e pobres abstrações e que, por isso mesmo, é idêntico em qualquer parte. A ele se deve o triste aspecto de asfixiante mo-notonia que vai tomando a vida. Esse homem-massa é o homem previamente despojado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas cha-madas “internacionais”. Mais do que um homem, é apenas uma carcaça de homem; carece de um “dentro”, de uma inti-midade sua, inexorável e ina-lienável, de um eu que não se possa revogar. Daí estar sempre em disponibilidade para fingir ser qualquer coisa. Tem só apetites, crê que só tem direitos e não crê que tem obrigações: é o homem sem nobreza que obriga - sine nobilitate - snob.” (Ortega y Gasset, A Rebelião das massas, 1929)

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Campanha política exige um projeto, com equipe motivada e multidisciplinar, além de estratégia e competência técnica e política. Ler e aplicar Sun Tzu, Maquiavel e Lee Iacocca, ajuda. Metodologia “Dragon Dreaming”, seria exigir demais. Se, para vencer uma eleição, regras e disciplina são indispensáveis, para perder basta come-ter apenas um erro: entregar a direção da campanha nas mãos de familiares. Não estou sozinho neste pen-samento. Veja este artigo extraído do site “politicapa-rapolitico”:

“Familiares nunca de-vem participar do comando da campanha. A política, sobretudo o processo eleitoral, é intrinsecamente passional. A disputa pelo poder está concentrada de maneira intensa no bre-ve período da campanha eleitoral; o desfecho desta disputa é dramático: as bên-çãos da vitória, ou o amargor da derrota. O fato de que a competição acontece numa arena pública, isto é, tanto os lances, como o resultado final, são do conhecimento de todos os eleitores, expõe o candidato à opinião pública. Os sacrifícios pessoais e familiares, as ambições e os investimentos de tempo e recursos já feitos, são fato-res que inevitavelmente introduzem um componente emocional e até passional na campanha.

O objetivo de uma campanha eleitoral (nunca é demais recordar, por mais óbvio que seja) é a vitória, e não a satisfação de um sentimento pessoal, por mais legítimo e autêntico que seja. A vitória, por outro lado, é o resultado final de uma estratégia vencedora – competentemente concebida e executada com disciplina, inteligência, e método. Estratégia sempre significa a escolha dos meios mais eficientes e dos procedimentos mais adequados para alcançar um objetivo.

A campanha, ao executar um plano estratégico, segue um curso de ação que foi fixado racionalmente, ao qual os senti-mentos, as emoções e as paixões devem se subordinar.

Ora, para os familiares, não obstante as juras em contrário de antes do início da

A Arte da Guerra (e de Perder Eleições)campanha, as questões políticas sem-pre se personalizam e se familiarizam, dificultando o trato racional e estratégico das mesmas. Mais sério ainda. Quando os assessores se retiram, depois de termi-nada a reunião, o candidato fica a sós com a mulher, com os filhos, com os irmãos. Muitas vezes ocorre então uma segunda reunião, sem estranhos, onde questões já discutidas do ângulo estratégico, são

encaradas do ângulo do amor próprio, do orgulho familiar, dos sentimentos mais agressivos, do ressentimento, do desejo de vingança etc.

Esta situação de conflito, família de um lado, e auxiliares e profissionais do outro, sobretudo depois que as pesquisas indicam que a candidatura não vai bem, é absoluta-mente catastrófica para o candidato. Este é o momento em que a campanha descar-rila. O eleitor fica em segundo plano, e os conflitos internos ocupam a maior parte da atenção e do tempo da equipe.

O candidato passa a ter suas descon-fianças sobre o trabalho de sua equipe, sobre o acerto do rumo estratégico que foi dado à sua candidatura.

Como se tudo isto não bastasse, surge então uma pesquisa indicando que o candidato não vai indo bem, e seus índices nas pesquisas estão caindo ou não cres-cem. Abatido por tantas preocupações e desgastes, o candidato fica numa situação de fragilidade psicológi-ca, necessitando o apoio, o estímulo, e o afeto que os familiares lhe proporcionam. Esta é a ocasião mais perigosa do ponto de vista político.

É o momento em que as idéias que vinham sendo marteladas sem sucesso, conse-guem abrir espaços para provocar mu-danças na campanha. Não é incomum, em situações como essa, que rolem cabeças, modifiquem-se as estratégias por motivos emocionais, proceda-se a mudanças pre-cipitadas na equipe e nas ações eleitorais já estruturadas. Instaura-se na campanha um clima de insegurança, timidez e temor.

Uma campanha dominada por reações emocionais não tem chance de vencer. E o que é pior, uma campanha que mescla, de maneira arbi-trária e casuística, sentimen-tos e racionalidade estra-tégica, consegue derrotar o melhor candidato”. Como diria o Muricy Ramalho: “a bola pune”. A urna também, acrescento. O raio cai, sim, mais de uma vez, no mesmo lugar, como ficou comprova-do (novamente) nesta recém

concluída campanha eleitoral. Lamento pelo Noel de Carvalho, o melhor prefeito da história de Resende, na minha modesta opinião. Lamento também pelos compa-nheiros que foram descartados e desacre-ditados ao longo desta caminhada. Junto com eles foram-se as propostas de uma campanha de paz, sem ataques pessoais, baseada em propostas de construção de uma Resende mais justa e sustentável. Era esse o nosso sonho, que não termina aqui.

Não quero palpite seu, quero uma equipe

profissionalVou traçar a estratégia pra você ganhar o concurso leiteiro.

Na quinta-feira dia 11 o atelier da pintora Marlene Lanfredi, em Mauá, abriu suas portas para receber a exposição “O Livro Encantado”, instalação com bonecos artesanais confeccionados pelas artesãs da Oficina “O Papel das Mulheres”, com direção do papeleiro Mauricio Rosa. A mostra faz parte do trabalho da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Itatiaia e está aberta a visitação durante outubro e novembro. O atelier de Marlene fica ao lado do Hotel Bühler, em Maringá.

A ONG ambientalista Crescente Fértil realizou em meados de outubro a “Semana de Mobilização pelo rio Sesmaria”, uma troca de conhecimentos, informações e sentimentos sobre a região dos rios Sesmaria, Formoso e afluentes”. A Semana é uma etapa fundamen-tal para a realização do diagnóstico participa-tivo que objetiva conhecer a região a partir do ponto de vista dos seus moradores. O diagnós-tico irá contribuir com a construção de dire-trizes e ações prioritárias para a recuperação e adequação ambiental da bacia hidrográfica, nos municípios de Resende-RJ e São José do Barreiro-SP. Saiba mais sobre o projeto em: http://crescentefertil.org.br/projetoriosesmaria/

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GUSTAVO: Mika, o que você fazia na Finlândia e o que levou você a vir para Penedo?

MIKA: Eu estudei filosofia, mas sempre fui empreende-dor no ramo da internet, jogos móveis. Há 12 anos eu mudei da Finlândia, morei em Londres, na Bélgica e alguns anos na Estônia. Então, eu já tinha uma vida internacional quando conheci a Soile, minha esposa, há 10 anos, e comecei a fre-quentar o Brasil.

GUSTAVO: Você conheceu a Soile vindo ao Brasil?MIKA: Conheci Soile aqui em Penedo.GUSTAVO: Então você já veio ao Brasil sabendo que

aqui havia a colônia finlandesa.MIKA: Não, eu não sabia nada da colônia de Penedo.

Eu soube quando estava na Ilha Grande e alguns brasileiros disseram que existia uma colônia finlandesa aqui. Eu achei mentira, porque tenho algum interesse cultural e pensei que se existisse essa colônia eu saberia. Mas lá tinha uma loja chamada Sorvete Finlandês...

GUSTAVO: Uma franquia da fábrica da Conceição, aqui de Penedo.

MIKA: Eu fui lá e perguntei sobre a colônia, e eles confirmaram. E uns dias depois eu estava aqui. Conheci a Soile, começamos a namorar, e há uns três anos compramos o casarão da fazenda. O preço original era muito alto, mas o vendedor acabou acertando um preço razoável com a gente. Aí mudamos para o casarão e estamos reformando.

GUSTAVO: Se você, que estudou filosofia e se interessa por cultura, não tinha informação da colônia de Penedo é porque na Finlândia não se divulga essa experiência do grupo do Uuskallio no Brasil.

MIKA: Não muito. Sabe, houve uma época de muita imigração finlandesa e havia algumas colônias utópicas. Além dessa no Brasil, tinha nos Estados Unidos, no Canadá,

Um Jovem Finlandês e a Força Simbólica de um Gesto

mikA Peltonen reFormA o cAsArão coloniAl de Penedo Quando todos achavam que o antigo casarão da Fazenda Penedo ia cair, aparece misteriosamente um jovem finlandês que mal conhecia o Brasil - e não tinha

informação sobre a colônia, lá na Finlândia - compra e reforma o imóvel, num ato de grande força simbólica neste momento em que um grupo de pessoas tenta revigorar o que resta da história da colônia. Mika Peltola, de 42 anos, formado em filosofia e profissional na área de informática, pretende fazer ali dois restaurantes, uma venda na entrada (como era em meados do século passado) e promover eventos culturais. E está trabalhando em cooperação com o Clube Finlândia e alguns empresários no sentido da criação de um Centro Histórico de Penedo, uma alternativa mais cultural a um turismo cada vez mais consumista. Com mais de 200 anos, o casarão passou pelo ciclo do café e recebeu, em 1929, a primeira leva de finlandeses que, liderados por Toivo Uuskallio, moraram junto nos 750m2 dos dois andares do velho sobrado. Abaixo segue a nossa conversa com Mika, sua esposa Soile e Otávio Miranda, dono do Hotel Arboretum (antiga pousada Reiman) e atual presidente do Clube Finlândia.

no Caribe, na República Dominicana. E dessas eu acho que Penedo é a única que ainda resiste, com todas as dificuldades que teve e continua tendo. Eu acho que a gente pode dizer que a colônia de Penedo foi um sucesso, e eu acho estranho haver tão pouca informação sobre ela na Finlândia. Mas vamos consertar isso.

GUSTAVO: Eu sempre ouvi dizer que a situação jurídica do casarão era muito complicada.

MIKA: E era, mas numa época anterior. O último proprie-tário, que nos vendeu, o Sr. Dalmo, é advogado e acertou tudo.

GUSTAVO: E a reforma está sendo muito difícil?

MIKA: Eu posso dizer que a reforma só começou. Ainda vai demorar uns três ou quatro anos. Complicado não é tanto, se a gente pensar na mesma reforma na Finlândia, onde eu teria de pensar no isolamento devido ao frio, ao gelo, à neve. Mesmo com a chuva, eu acho que é mais fácil aqui. O maior problema é que o casarão foi

abandonado por muito tempo; nós somos os primeiros que fazemos uma reforma maior. Então, durante 200 anos foi consertado só uma coisa aqui, outra ali.

SOILE: Os primeiros três meses da reforma, com orienta-ção da firma do arquiteto Raimundo Rodrigues, foram bem difíceis, porque tínhamos que acabar a reforma do telhado antes de começarem as chuvas, do contrário as paredes de pau a pique poderiam cair. E faltava madeira no mercado, havia uma série de problemas...

MIKA: Só 20% da madeira do telhado foi reaproveitada. Três tesouras grandes muito estragadas. Essa parte foi muito complicada, havia uma equipe de 10 pessoas trabalhando.

GUSTAVO: Devia ser tudo madeira de lei; aguentou 200 anos mas uma hora acaba...

MIKA: Era, claro que era tudo madeira de lei... mas cos-tumava chover mais dentro da casa do que fora.

SOILE: Sendo molhada por tanto tempo nenhuma madeira resiste. Sem conservação do telhado...

MIKA: Já os barrotes grossos do piso, que são muito bem ventilados por baixo, estão ótimos ainda, alguns parecem novos, e já têm 200 anos. Mas no telhado a situação estava grave. Agora está novo.

GUSTAVO: Já estão reformando as paredes?MIKA: Estamos

começando a fazer os dois andares juntos, da frente da casa para trás. A coisa mais complicada está sendo a questão dos barrotes entre os dois andares, que sustentam o piso

Eu acho que a gente pode dizer que a colônia de Penedo foi um sucesso, e eu acho estranho haver tão pouca informação sobre ela na Finlândia. Mas vamos consertar isso.

Outubro de 2012 - O Ponte Velha - 7

(continua na página 8)

do segundo andar, que já estão muito comidos pelos cupins, e o soalho do segundo andar já está muito torto.

GUSTAVO: Esses barrotes são peças muito largas, lavradas na mão. Você consegue isso no mercado?

MIKA: Não consegue não. A gente tem que trocar por euca-lípto tratado, é a única coisa que funciona. Em alguns lugares você ainda encontra peças de madeira reciclada, mas é muito caro para nós e também é difícil encontrar do tamanho desses barrotes, que são enormes. E estamos também usando dormentes que compramos da ferrovia.

GUSTAVO: E vocês vão manter as paredes de pau a pique?

MIKA: Algumas não dá para manter, mas vamos manter o máximo possível. Quando finali-zarmos, acho que 70% das paredes, mais ou menos, ainda vão ser de pau a pique.

GUSTAVO: E quais são os planos de vocês para o casarão?

MIKA: O plano fundamental é que seja a casa da nossa família. Nós temos três crianças pequenas, e o nosso sonho é construir um lugar muito lindo para a nossa família, onde as crianças possam ficar livres, no ar puro, aprovei-

tando a natureza, ter muito bicho, isso é fundamental. Mas a gente pensa também em fazer um res-taurante no anexo, a la carte, com comida moderna, saudável, com alguns aspectos escandinavos e finlandeses. Temos até uma cozi-nheira finlandesa. Já na entrada, fora do portão, estamos reformando o prédio do bar e vamos abrir um boteco, procurando ser um pouco parecido com o que era antiga-mente, uma venda, não é?, bem simples, onde se pode comprar um chinelo hawaiano, uma bola, uma boa garrafa de pinga local, uma mesa de sinuca. Um ponto de encontro, onde pode ter uma sopa, um bolinho de bacalhau. Então, aqui dentro uma coisa mais sofis-ticada e um pouco mais cara, e la fora mais simples e mais barata.

OTÁVIO: Como era a venda do Chico Paulino, o nosso centro de gravidade nos anos 60, 70. Você veja que o projeto do Mika já vai fazer um contraponto com a Ulla (Lanchonete Skandinávia), com o clube novo, com a Praça Finlândia. Então você vai criando um entorno, um alargamento do Centro Histó-rico.

MIKA: E vamos também convidar turistas para comer na cozinha do casarão nos fins de semana, que quero que seja uma

cozinha tradicional, da fazenda, com fogão a lenha, servindo um almoço simples. Seria um outro restaurante, mas que vai custar mais a abrir por causa da demora da reforma. Vamos ter mesas simples ao lado do rio, para pic--nics, para se levar algumas coisas

e almoçar lá. Eu até já comprei algumas cestas de pic-nic. E quem sabe podemos promover pequenos festivais de musica, ou de filmes documentários finlandeses, por exemplo, já que a gente tem inte-resse por cultura. Isso seria interes-sante. Mas não temos um plano de fazer um negócio grande aqui, isso eu não acredito muito. É mais um lugar bom para a nossa família, e os clientes vão enriquecer a nossa vida aqui.

GUSTAVO: E você tem idéia de quando inaugura essas coisas?

MIKA: Não. Hoje em dia no Brasil está muito caro fazer refor-mas, e estamos fazendo devagar.

OTÁVIO: A gente pode fazer um paralelo entre esse projeto do Mika e o ideal dos finlandeses

da colônia, que também queriam uma vida sossegada em comu-nhão com a natureza. O Mika é uma família só, mas está no mesmo casarão em que o primeiro grupo de famílias começou em 1929. Só que o projeto dele não é tão fantasioso, não é tão hippini-

que, é uma coisa mais concreta.MIKA: Eu acho muito impor-

tante uma coisa que a Soile me diz, que os finlandeses da colônia sempre recebiam todos no clube, confraternizavam com toda gente, pobre ou rica, do Rio e de São Paulo e também aqui da terra.

GUSTAVO: Ô Mika, você, como um camarada que estudou filosofia, qual é a sua visão sobre o Uuskallio? Ele escreveu alguns livros sobre alimentação, agricul-tura, até sobre misticismo. Eu acho uma pena que esses livros não foram traduzidos até hoje.

MIKA: É uma pena. Eu acho que essa figura do Uuskallio não é bem conhecida. Ele é bem inte-ressante como figura romântica, tem material para muita pesquisa e muita disssertação sobre ele. O que me interessa mais na visão dele é a busca de simplicidade e de tranquilidade na natureza. Eu acho também que ele era um pouco criança no tempo dele, era um pouco radical em algumas coisas, sobre a dieta e tudo isso... Ele seguia um pouco outros do seu tempo, como na idéia do nudismo, que também vigorava muito na Europa. Eu vejo ele não como um

exemplo pessoal, mas como uma figura da história.

GUSTAVO: Quando você diz “criança”, você quer dizer “ingênuo”?

MIKA: (após Soile lhe tradu-zir “ingênuo”). Sim... mas isso também era um aspecto cultural da época, o romantismo. Hoje não seria possível uma figura carismática como Uuskallio tirar dezenas de família de classe média da Finlândia e trazer para Penedo ou qualquer lugar, porque vivemos num tempo em que as pessoas são mais críticas.

GUSTAVO: A gente tem que levar em conta também que no tempo em que ele convenceu aquelas famílias havia a questão de fugir da guerra. A Finlândia tinha sofrido muito com a primeira guerra, as pessoas queriam sair daquele contexto.

MIKA: Com certeza, isso é bem interessante. Foi uma época muito difícil. E tanto Uuskallio

O plano fundamental é que seja a casa da nossa família. Nós temos três crianças pequenas, e o nosso sonho é construir um lugar muito lindo. Mas a gente pensa também em fazer um restaurante no anexo, a la carte, com comida moderna, saudável, com alguns aspectos escandinavos e finlandeses. Temos até uma cozinheira finlandesa.

8 - O Ponte Velha - Outubro de 2012

(continuação da página 7)

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desde 2007

quanto Suni eram da Carélia, que fica na divisa entre Finlândia e Rússia. A revolução bolchevista aconteceu a alguns quilômetros das casas deles, e Finlândia tinha ao mesmo tempo uma guerra civil, e então isso tudo foi um trauma enorme, especialmente para quem morava perto da fronteira.

GUSTAVO: Parece que a família do Uuskallio perdeu a fazenda.

MIKA: Sim, porque as fazen-das das famílias de Uuskallio e de Suni ficam hoje no lado da Rússia. Olha, eu tenho pensado sobre isso e acho que, mesmo com a ingenui-dade que nós falamos, eu acho que esses tipos de almas românticas, de almas bem artísticas, como Suni e Uuskallio, eles sentiram que Europa estava num caminho muito ruim. Veja que só 10 anos depois da fundação do Penedo aconteceu a outra guerra, que foi a maior tragédia da humanidade.

SOILE: E logo após a segunda guerra foi que veio a segunda grande leva de finlandeses para Penedo, também fugindo da Europa.

MIKA: Então, na verdade, essas figuras românticas salvaram muitas familias dessas tragédias que para nós finlandeses ainda é bem difícil, bem marcado.

GUSTAVO: Você não acha que o Penedo poderia explorar bem mais essas figuras sob o aspecto do turismo? Principalmente o Uuskallio, que tem livros escritos sobre alimentação, ecologia, até misticismo, tudo tema muito atual. Poderiamos fazer seminários, trazer filósofos e ambientalistas para conversas em torno das idéias dele.

MIKA: Eu concordo comple-tamente. E acho que o interesse não fica só no Uuskallio. Claro que ele era um líder, mas tem também o tema da comunidade, que é um aspecto muito moderno: montar um grupo, fazer um projeto enorme, juntos, e aí não é a questão só de um líder e seus discípulos mais próximos; é um trabalho coletivo. Eu não sou vegetariano, mas tenho muita simpatia por essa filosofia, e acho que foi aqui em Penedo que de uma certa forma nasceu o vega-nismo brasileiro, o vegetarianismo brasileiro. Pelo menos foi aqui que aconteceu essa onda de vegeta-rianismo muito forte. Esse é um aspecto que interessa a um público

bem sofisticado, de São Paulo, do Rio de Janeiro.

OTÁVIO: Eu quero dizer que a chegada do Mika, e a compra do casarão, foi muito importante para ajudar a unir os descendentes dos colonos finlandeses, porque a gente enfrenta um distancia-mento entre os membros, que tem

até um aspecto histórico, porque algumas famílias que vieram com o Uuskallio fizeram investimento na colônia e naturalmente queriam ressarcimento. O Uuskallio trouxe gente que pudesse botar dinheiro, e quem bota dinheiro em algum momento quer de volta. Se você lê alguns depoimentos, alguns trabalhos de membros da colônia - não vou citar nomes - você vê que há um questionamento sobre isso, que resulta numa certa distensão entre os membros. Há alguns anos nós começamos um trabalho de superação, de união, com a revita-lização do baile dos sábados, com uma feirinha no clube com senho-ras finlandesas oferecendo os seus produtos, etc. E o Mika e a Soile chegaram nesse novo momento e são extremamente importantes. E dentro desse novo espírito estamos com a idéia da revitalização dessa área entre o casarão, o clube velho

e o Pequena Suécia, ainda preser-vada, ainda não impactada por esse crescimento que não para. Como um Centro Histórico de Penedo.

GUSTAVO: Vocês já fizeram inclusive um folheto com um mapa do Centro Histórico.

OTÁVIO: Foi no bojo desse movimento da prefeitura para

fazer um novo Plano Diretor para Penedo. Aproveitamos que uma das reuniões era no dia do imigrante finlandês, que é 28 de janeiro, e apresentamos às autoridades do município o projeto do Centro Histórico de Penedo. Veja bem, não é Centro Histórico Finlandês, é de Penedo, porque começa pelo casarão que foi construído por portuguêses, ainda no Brasil do Império. E nesse corredor estão a casa do Suni, hoje Hotel Vivenda; a do Uuskallio, hoje Hotel Pousada Penedo; o atelier da Eila; a casa do Rauno; o Pequena Suécia que se chamava Chácara das Duas e per-tencia a duas finlandesas; o antigo clube, etc.

GUSTAVO: E o que eles acharam do projeto?

OTÁVIO: Olha, aí é que é o problema: nós não temos ainda em Penedo uma mentalidade de valorização do aspecto histórico,

seja pelas autoridades, seja pelos empresários, seja pela maioria das pessoas. Vamos ter que cons-truir isso aos poucos, uma coisa homeopática. Mas nós estamos dizendo para eles que gostaríamos que essa parte tenha um tratamento diferenciado. A nossa parte qual seria? Projetos como o do Mika e da Soile, projetos de valorização do clube, num processo que vá se ampliando por osmose. Existe uma parte da população de Penedo que acha que este Plano Diretor não deveria estar sendo feito, porque o outro não foi colocado em prática, mas nós estamos aproveitando o ensejo para encaixar nosso projeto. Para que a colônia se faça outra vez presente. Se você olhar os últimos eventos de Penedo, ou os programas de trabalho dos atuais candidatos a prefeito, você nem vê direito a colônia. Isso é de uma infelicidade enorme, porque é a única colônia do Brasil e nós temos um patrimônio riquíssimo sobre ela.

GUSTAVO: O baile não está sendo mais todos os sábados.

OTÁVIO: Porque a gente realiza o baile com trabalho abnegado das pessoas, e é muito difícil concorrer com empresários da diversão. A idéia então é fazer um baile ao mês, num sábado, que comece cedo com a feirinha, prossiga com alguma palestra e culmine no baile. Assim temos feito até dois bailes ao mês, quando coincide com um feriado. O Clube Finlândia não era mais ouvido pela comunidade, e agora voltou a ser.

MIKA: O baile revitalizou muito nos últimos seis meses. O

último, então, foi muito animado. Estou muito feliz com esse pro-gresso.

GUSTAVO: A gente vive uma mediocrização dos valores, que cria um tipo de gente que não se interessa por coisas como a histó-ria, o aspecto cultural do lugar. O que fazer? Para tornar viável um projeto como esse?

MIKA: Eu acho que há um progresso muito grande no Brasil, na verdade, e que há muito o que fazer com a nova classe média. Uma classe que tem um novo poder financeiro, que cria mercado, abre perspectiva para o empreendedor de Penedo também. Mas isso tem um outro lado, eu acho: é que o público que tinha um interesse cultural foi esquecido. E não é só em Penedo. Se você vê televisão hoje em dia, tem pouca progra-mação boa. Se a gente olhar a nossa região, me parece que há 20 anos tinha mais eventos cultu-rais, eventos com caráter artístico. Então, eu acho que existe uma demanda que não está satisfeita. O que precisa fazer é apresentar coisas de qualidade. Mas é difícil fazer uma coisa aqui, outra lá, e por isso é importante a gente ter junto esse ideal da colônia, esse projeto, trabalhando em cooperação. Falta um pouco de divulgação. Mas se juntarmos força, há uma demanda. Esse processo na Finlândia, na Europa, na área do turismo, foi parecido; demora um pouco, e eu acho que aqui vai ser até mais rápido.

OTÁVIO: Na parte sul de Manhatan foi feito um projeto his-tórico, está sendo feito um no cais

Esses tipos de almas românticas, de almas bem artísticas, como Suni e Uuskallio, eles sentiram que Europa estava num caminho muito ruim. Veja que só 10 anos depois da fundação do Penedo aconteceu a outra guerra, que foi a maior tragédia da humanidade. Então, na verdade, essas figuras românticas salvaram muitas familias

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do porto do Rio... Aqui a gente quer que, se houver pavimento, que não seja asfáltico; que você tenha retentores de velocidade; o patrimônio bem apresentado fisicamente. Que ali seja um lugar para caminhar. Só o morador ou o hóspede dos hoteis de dentro do Centro é que poderiam usar carro, mas com velocidade contro-lada. Não dá para blindar, igual em Paraty, mas dá para fazer como Ouro Preto fez: no Centro Histórico não passa mais ônibus, cargas só pequenas, só em dias de semana, etc.

GUSTAVO: E a própria nova classe média brasileira, que é muito consumista, pode se tornar uma consumidora de cultura, se boas ofertas a chamarem para isso. A pessoa que está comprando nas lojinhas vai se interessar por uma passeio por um corredor histórico, se a coisa estiver bem apresentada. Claro. É uma pessoa inteligente, com interesse potencial por essas coisas. O Museu Finlandês, por exemplo, é uma beleza, uma riqueza de fotos, de pinturas, de peças, de história.

OTÁVIO: Mas até há pouco ele estava muito relegado: se viesse visitante muito bem; se não viesse, paciência. Hoje nós temos um corpo a corpo, chamamos para o Museu, convidamos para o baile, levamos para ver o casarão. Há voluntários fazendo isso. Nós criamos um documento importante que é o roteiro finlandês de Penedo, que damos a todo visitante do Museu, com hotéis, restaurantes e artesanatos de caráter finlandês que ele pode visitar, e ele sai encantado com aquilo, e replicam a visita para algum amigo. Eu sei porque

recebo dezenas de e.mails. Nós temos que nos preparar para isso que vai acontecer de uma forma gradual. Nos preparar administra-tivamente, fisicamente. As pessoas de Resende, de Volta Redonda, de Barra Mansa, estão voltando para o baile. Eu tenho estatística disso.

MIKA: E tem os empresários de Penedo que estão passando a frequentar o baile, aprendendo as danças finlandesas.

OTÁVIO: Estão havendo reuniões na casa de uma senhora finlandesa para ensinar as danças aos empresários, e a procura tem sido grande.

GUSTAVO: O que vocês pensam da idéia, já aventada algumas vezes, de Penedo fazer parte de um novo grande município turístico, que pegaria Mauá, Serri-nha, Capelinha, Parque Nacional, etc. A vantagem é que o prefeito só poderia pensar em turismo.

MIKA: É a primeira vez que eu ouço essa idéia, e eu acho ótima. É uma região turística muito grande, até mesmo para o Brasil. E teria recursos, poderia ter um bom marketing nacional. Mas não sei se é realístico, se é possível.

OTÁVIO: Hoje há uma tendência de não se criar mais municípios. Exageramos na criação. E, você sabe, se criar um novo município já cria uma estrutura padrão, que você não vai conseguir ser diferente dos outros. Criar um distrito já seria um bom caminho, para termos uma maior proximidade do mando. Hoje eu sinto Penedo abandonado. Você não tem pessoas de Penedo cuidando de Penedo. Somos cuidados por pessoas que nunca vêm a Penedo.

Minha proposta de pesquisa de mestrado tem como foco o estabelecimento, em 1929, da colônia finlandesa na fazenda Penedo, constituída por imi-grantes dotados de expectativas específicas em relação à cons-trução de um modo de vida mais saudável nos trópicos. Os finlandeses empreendem via-gem ao Brasil em busca de um retorno à vida simples do campo, embora adotando novas práticas dedicadas a tratar corpo e mente em harmonia com a natureza. A ideia de desenvolvimento empunhada por seu líder Toivo Uuksallio já então era diferente do padrão progressista que tomou a palavra e mais próxima do que hoje encaramos como sustentabi-lidade; aqui a busca por uma vida saudável, à base de exercícios ao ar livre, consumo de vegetais e sem dependência monetária, é significativa naquele momento pós-revolução industrial.

Lila Almendra Praça

colôniA Penedo – um emPreendimento utóPico no BrAsil?

Dotados de um ideal mais encarnado por seu líder do que constituído em uma crença unívoca de todos os indivíduos desse grupo, parte dos imi-grantes adapta-se à vida sob as circunstâncias da fazenda Penedo, moldando-as segun-do seus costumes e tradições. Práticas por eles realizadas, como exercícios respiratórios (pranayamas característicos da ioga), emplastros de argila, a sauna como terapia (utilizando folhas de eucalipto no lugar da tradicional bétula), o vegeta-rianismo, a crença na energia essencial do sol, e o consumo de gordura de coco ao invés de manteiga são alguns dos exem-plos que me levam a investigar o pioneirismo do grupo no que viria a se alastrar pelo mundo e detonar o movimento ambien-talista e tantas outras vertentes ecológicas em voga durante o século XX e XXI.

A colônia utópica de Pene-do, pode-se dizer, foi também resultado de um chamado espiritual recebido por Uuskallio e partilhado por muitos de seus compatriotas emigrantes - cris-tãos pouco ortodoxos, adeptos do nudismo, da boa música e que puderam criar, como espaço de comunhão, o clube Finlândia, onde se cantava, tocava e dança-va nos sábados à noite.

Algumas questões iniciais da pesquisa tratam das influ-ências teóricas adotadas por Uuskallio e seus seguidores mais próximos, como Toivo Suni e o pastor Pennanen, no desenvolvimento de seus ideais; de como se deram as apropriações dessas crenças idealistas pela maioria dos par-ticipantes da colônia, muitos dos quais inicialmente tinham seus próprios anseios em rela-ção à vida no novo mundo; da articulação entre os primórdios do movimento ambientalista e a busca por sustentabilidade na Colônia Penedo; do papel religioso na busca pelo paraíso terrestre e do papel da ciência na legitimação de crenças e sa-beres. Pretendo, assim, analisar o trajeto da colônia desde o seu estabelecimento até a sua ab-sorção pela economia do Vale do Paraíba, cujos viéses turísti-co e industrial se iniciam, e se intensificam rapidamente, com a construção da Via Dutra, na década de 50.

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10 - O Ponte Velha - Outubro de 2012

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Foi confirmado essa semana, pelo Serviço Geo-lógico Americano (AGS, na sigla em Inglês), que o terremoto de magnitude 13,6 na escala Richter, que

separou definitivamente grande parte da Califórnia do continente, na altura da Falha de Santo André, foi o mais intenso já registrado. Havia dúvidas entre os cientistas com relação às medições realizadas pelos modernos aparelhos do AGS, pois se pensava que o maior terre-moto até então havia sido o ocor-rido no deserto de Gobi, na China, de magnitude 13,2, o qual não causou vítimas fatais, mas tornou o deserto intransitável. Indignados com a demora na ajuda governa-mental dos EUA às vítimas, os californianos declararam inde-pendência, criando a República da Ilha da Califórnia, cujo atual presidente, Arnold Chuarz Anega, esteve recentemente no Brasil para a Conferência Mundial Sobre Desastres Naturais.

Esse evento tratou, entre outros assuntos, da polêmica questão de que alguns desastres ditos de “causas naturais” na verdade esta-riam ocorrendo pela interferência da ação humana no ambiente, o que divide opiniões de renomados espe-

Terremoto que separou a Califórnia dos EUA bateu recorde de intensidadecialistas no tema. Muitos apontam que os superciclones que destru-íram Florianópolis ou as ondas gigantes que invadiram a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, bem como as inundações em cidades da Itália e da Suíça, causadas pelo der-retimento das geleiras dos Alpes, ou a demorada seca na França, que dizimou as culturas agrícolas daquele país, são todas ocorrências devidas ao aquecimento global por atividades humanas.

O russo Desmintindov Teorie-visk, PhD por Harvard, na abertura do evento, lembrou que aqueci-mentos e resfriamentos planetários são cíclicos e causam alterações importantes no comportamento da natureza, como derretimentos polares, tsunamis e megafuracões, e disse acreditar que existe um exagero infundado por parte dos ambientalistas. Já o paquistanês Allá N’a Salla, diretor do centro de pesquisas climáticas de seu país, afirmou categoricamente que o uso intensivo de combustíveis fósseis pelas indústrias e pelos veículos automotores, a criação de gado, as inundações de grandes áreas para implantação de hidrelétricas e as queimadas de florestas são, sim, os fatores do elevado desequilíbrio climático dos últimos anos.

Alguns, na verdade, veem até vantagens nas mudanças, como os groenlandeses que recentemente tiveram a maior produção de soja mundial, ou os moradores do que foi um dia o Cerrado brasileiro, que agora lucram com os turistas que querem atravessar a camelo o Grande Deserto do Mato Grosso.

Chuarz Anega, em sua fala, lembrou que terremotos ou vulcões são inevitáveis, pois estamos num planeta ainda em formação, mas que certas catástro-fes só vêm ocorrendo por causa de nossa interferência.

O Ponte, em consulta holográ-fica ao ambientalista surinamense

Dyck Bywtskysk, autor do livro “Troque seu carro por quatro bici-cletas”, perguntou o que ele achava de toda essa discussão, ao que foi enfático: “Paremos essa poluição atmosférica já!”. Ele lembrou alguns bons exemplos, como o da Holanda, que definitivamente baniu o uso de carros particulares em seu território, e que possui um amplo sistema de ciclovias, e o da Nova Zelândia, cujas indústrias funcio-nam exclusivamente com a energia gerada pelo seu imenso parque eólico instalado no mar. Lembrou ainda que, no Brasil, com as reversas do Pré-Sal já se esgotando, algumas empresas correm contra o

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pastilha de vidroAfonso Praça

tempo para adaptar suas matrizes energéticas para energias limpas.

No último dia da Conferência, Anega disse que os moradores da Ilha da Califórnia, apesar do sofrimento com a perda de parentes no terremoto, estão reconstruindo o país, e ainda que este possa vir a sofrer novas catástrofes naturais, espera que se torne um modelo de respeito ao meio ambiente. Ele retor-nou para casa no jato presidencial movido a células de Hidrogênio.

Outubro de 2012 - O Ponte Velha - 11Jo

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Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

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expediente:Jornalista responsável:

Gustavo Praça de Carvalho (Reg.: 12 . 923) Diagramação: Afonso Praça

24 . 3351 . 1145 // 9301 . 5687 [email protected]

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O objetivo desta coluna é mostrar quem foram as pessoas que dão nome a logradouros de Resende.

Neste mês, homenageamos EZEQUIEL FREIRE, nome de uma

rua situada no Centro, ligando a Rua Dr. Cunha Ferreira a Avenida Gustavo Jardim. Seu CEP é 27511-270.

José Ezequiel Freire de Lima, nasceu na Fazenda Boa Vista, em 10 de abril de 1850, em Santana dos Tocos, distrito de Resende submerso pela Represa do Funil. Filho de Antônio Diogo Barbosa Lima e de Maria Chrispiniana Barbosa Freire.

Formou-se em Direito, em São Paulo, tendo sido Juiz de Direito em Araras, no interior daquele Estado.

Poeta, cronista e contista, escreveu em vários jornais e revistas fluminenses e cariocas. O consagrado historiador Engenheiro José Eduardo Bruno o consi-dera o maior poeta de Resende.

Seu conto mais famoso - Pedro Gobá - foi considerado um símbolo contra a escravatura no Brasil.

Ezequiel Freire faleceu em

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Caçapava, SP, em 14 de novembro de 1891, com apenas 41 anos de idade. O poeta Francisco Pati consagrou a poesia abaixo ao túmulo de seu colega.

“TUMULO DE EZEQUIEL FREIRE - CAÇAPAVA

“Contam que sobre o túmulo do Poeta, na cidade que tanto lhe queria, qual se fosse uma lágrima discreta, brilha uma gota de água, noite e dia.

A humanidade sofredora e inquieta Vem de longe enxuga-la, em romaria, Mas sob a luz que do alto se projeta Ela renasce cristalina e fria.

E a alma do Poeta, benfazeja e pura, Que, descendo dos paramos dispersos, A brilhar sobre a própria sepultura, dá prestigio de lenda ao Campo-Santo... - Já que não pode desfazer-se em versos, a alma do Poeta se desfaz em pranto.

Francisco Pati”

REFERÊNCIAS: www.genealogia-freire.com.br; anotações do engenheiro e historiador José Eduardo Bruno; Revista do Arquivo Municipal da Prefeitura do Município de São Paulo, edição de 1950;

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12 - O Ponte Velha - Outubro de 2012

Prezado Gustavo Praça de Carvalho / Jornal Ponte Velha, Penedo – RJ,Conforme nosso breve telefonema semana passada, segue abaixo alguns

breves informes para possível veiculação em outubro, também para reforçar as pautas que serão incluídas na entrevista cuja sua sugestão foi de publicá-la em novembro. Creio que checando a agenda de todos, consigamos marcar isto durante outubro em Penedo certo?

Inicialmente, os critérios utilizados para estabelecer os limites do Parque Estadual da Pedra Selada (PEPS) compreendem as cotas altimétricas, divisores de águas, suas vias de acesso, incorporando sempre que possível, Áreas de Preservação Permanente (APPs) ecorredores florestais que, em sua maioria já são áreas restritas em função de leis ambientais estaduais e federais existentes.

Daí você poderia me indagar: “mas se já são terras protegidas por Lei por que transformá-las em Parque?”

A região foi considerada pelo INEA dentro da categoria “Parque” (Decreto Estadual nº 43.640 de 15 de junho de 2012) devido ao potencial de conserva-ção de tais áreas em consonância com diversas atividades de baixo impacto ambiental, contribuindo também na consolidação de um contínuo florestal integrado ao Parque Nacional de Itatiaia.

Embora a legislação já restrinja determinadas formas de uso, a implemen-tação de uma Unidade de Conservação da Natureza, neste caso, um Parque, agregará valores a região como incremento para a visitação pública, educa-ção ambiental e pesquisa entre outros.

No caso do PEPS, devemos considerar também O FOMENTO AO desenvolvimento de práticas agrícolas de baixo impacto, sistemas agroflorestais e agrosilvopastoril, E ATIVIDADES RELACIONADAS AO TURISMO NA ZONA DE AMORTECIMENTO DO PARQUE, levando em consideração a população local em função de seu conhecimento e envol-vimento histórico e cultural com a região.

As eventuais atividades ECONÔMICAS que existam no interior do PEPS, PODERÃO SER mantidas, EM CARATER TEMPORÁRIO, E POR MEIO DA ASSINATURA DE UM TERMO DE COMPROMISSO ENTRE O PROPRIETÁRIO E O INEA.

Dessa forma, mesmo que haja áreas de contínuos florestais já protegidas por lei, pela ação da natureza e/ou do próprio homem, a categorização dessas áreas em Parque, potencialmente agregará mais valor e recursos a própria natureza, às populações locais e a sociedade como um todo.

Outros assuntos referentes ao Parque Estadual da Pedra Selada poderão ser esclarecidos mais detalhadamente mediante entrevista a este Jornal junta-mente com o Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do INEA (DIBAP).

Atenciosamente, Rodrigo Rodrigues, Gestor do Parque Estadual da Pedra Selada – PEPS/DIBAP/INEA-RJ.

ineA deFende PArque dA selAdA

Eu tinha um barco inflável no começo da década de 80, quando vim morar em Resende. Andava no Funil. Um dia resolvi colocar o barco no Rio Paraíba, em Itatiaia, e descer remando até

Resende. Fui com meu amigo Victor da Cunha, hoje moran-do em Angra.

Comentando com ami-gos, resolvemos descer o Rio, no mesmo trajeto, em grupo. Foram umas 8 canoas e barcos. Pronto; a partir daí virou uma fe-bre. Colegas da INB resolveram fazer a I Regata Itatiaia – Resen-de. Foi em 1984.

Em 1985 o SESI passou a or-ganizar Regatas em que qualquer um podia se inscrever; bastava ter o barco. Foram estabelecidas categorias, pois as canoas tinham características dinâmicas bem di-ferentes. Patrocinadores aparece-ram e com eles as premiações. A AMAN e o Clube Náutico foram envolvidos e eles colocaram bar-cos que ofereciam segurança aos competidores; segurança necessá-ria quando uma canoa naufragou logo na saída em Itatiaia.

Fiz o percurso diversas vezes, algumas de forma solitária. Demorava entre 2 e 4 horas, de-pendendo do barco. O meu, um inflável, se deslocava lentamente com os remos e nunca fiz em menos de 4 horas.

O passeio é tranqüilo, em especial depois que passa de

Itatiaia. Com sorte depara-se com famílias de capivaras, lontras. Grande variedades de aves que-bram a estática da paisagem e dão sonoridade ao concerto do silen-cio, em que o vento dá o ritmo.

Atrás da Xerox há a única corredeira do trecho. Mas é bem suave. Nunca experimen-tei corredeira de Resende, logo depois do GSAN, mas por um bom tempo nutri uma vontade de seguir até Quatis.

Nas regatas, a saída em Itatiaia era uma festa. Mas festa maior era na chegada em Resen-de. Uma multidão se aglomerava na primeira ponte, a linha de chegada, e nas margens do Rio, próximo à Rodoviária. O pódio já foi montado em diferentes luga-res nas duas margens; próximo ao GSAN ou à Rodoviária.

O entusiasmo dos primei-ros organizadores, incluindo o Prof. Pedrão do SESI, não encontrou continuadores. A última regata aconteceu ainda na década de 80.

A saúde de um Rio numa zona populosa como nossas cidades depende do nível de exigências do povo. A recupe-

ração dos rios Tâmisa e Sena, em Londres e Paris, foi possível graças a população, que exigia a qualidade de suas águas. Já relatei aqui minha experiência com o rio Danúbio, na época

em que morei em Viena.Viena é uma cidade com

mais de um milhão de habi-tantes; as águas do Danúbio chegam depois de passarem por vasta área industrial e por várias cidades. Viena fica muito longe do mar. É no Danúbio que as pessoas se banham no verão, andam de barcos a vela, se divertem em longos festivais; patinam no Rio congelado no inverno. O Rio é sagrado e não pode ficar sujo ou poluído. Jet skis e quaisquer barcos a motor são proibidos, para não poluí-rem as águas.

As regatas que fizemos na década de 80 poderiam, se tivessem tido continuidade, ser um instrumento para aumentar as exigências da população por um rio limpo e despoluído e para ser usado para o lazer. As autoridades seriam obrigadas a correr mais por saneamento e obras de infraestrutura.

As regatas que fizemos na década de 80 poderiam, se tivessem tido continuidade, ser um instrumento para aumentar as exigências por um rio despoluído, para ser usado para o lazer.

Jose Roberto de Paiva

As reGAtAs itAtiAiA – resende