o ponte velha

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RESENDE E ITATIAIA - Maio de 2015 Nº 229. ANO 21 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com Morando em um não-lugar Brasil Sudeste- Foto de Anton Balazh, a partir de imagem noturna da NASA. Assinaladas as metrópoles regionais. Observe-se a linha luminosa do Vale do Paraíba entre Rio e São Paulo “Na atualidade estamos contemplando mun- dialmente a predominância do urbano, com mais da metade da população mundial viven- do em áreas urbanizadas. As novas formas de urbanização e de mobilidade têm assu- mido cada vez mais um importante papel na vida cotidiana das populações. Os processos sociais em suas múltiplas dimensões passam a se desenvolver, em grande parte, sobre novas bases territoriais e em múltiplas escalas. Ob- servamos a conformação e evolução de siste- mas urbanos complexos, que incluem formas urbanas concentradas e dispersas. O trabalho examina as formas contemporâneas de urba- nização, em especial o processo de dispersão urbana em suas questões mais gerais, buscan- do suas origens, referências teóricas e concei- tuações, caracterizando-o na microrregião do Vale do Paraíba fluminense. Esse processo ocorre com a formação de áreas cuja urbani- zação se estende por um vasto território, com núcleos urbanos separados no espaço por vazios intersticiais, mas que mantêm vínculos estreitos entre si.” Este é um trecho da tese de Julio Claudio da Gama Bentes (FAU-USP/2014), que se pode ler em http://www.teses.usp.br/teses/disponi- veis/16/16133/tde-18102014-160412/pt-br.php. Os antecedentes e as origens da urbanização dispersa remontam às transformações urbanas iniciadas após a Segunda Guerra Mundial. A questão é estudada a partir do início de sua industrialização, nos anos 1930-1940, que teve como marco a instalação da Companhia Side- rúrgica Nacional (CSN). Diz Bentes: “Essa microrregião teve forte crescimento populacional e acelerada urbanização, com o conjunto CSN-Volta Redonda polarizando a região e centralizando seu desenvolvimento. Após a privatização da CSN, em 1993, a mi- crorregião começou a se reestruturar produtiva e espacialmente, com a instalação de novas plantas industriais, principalmente do setor au- tomobilístico. A vinda dessas fábricas teve um efeito de atração e multiplicação das atividades comerciais, de serviços e residenciais, com alte- rações nos modos de vida da população.” A recente maximização da economia na últi- ma década (2000-2010), conclui o autor, com a expansão da indústria, do comércio e serviços provocou o avanço da urbanização dispersa no Vale do Paraíba fluminense, reconfigurando as cidades, seus ritmos e seus problemas. Multiplicam-se padrões urbanísticos e arqui- tetônicos não relacionados à cultura local, cujo formato hegemônico poderia ser encontrado em qualquer lugar do mundo. Esta forma de desenraizamento provoca a multiplicação do que Marc Augé chama de “não-lugares”. O esgarçamento do tecido urbano, feito de concentrações instaladas rapidamente e intenso fluxo de interesses logísticos assinala o ingres- so da Região das Agulhas Negras na megaló- pole do Sudeste e no horizonte simbólico de crise perene da pós-modernidade. É o caso de se perguntar se este novo não- -lugar será habitado também por não-cidadãos ou por não-pessoas. Caso isto ocorra, qual será a efetiva capacidade de gestão dos municípios? Que novo sentido terão conceitos como “edu- cação pública” ou “transporte urbano”? Quando escrevo, visito-me solenemente. Fernando Pessoa

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Itatiaia e Resende, RJ - Maio de 2015

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Page 1: O Ponte Velha

RESENDE E ITATIAIA - Maio de 2015Nº 229. ANO 21 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

Morando em um não-lugar

Brasil Sudeste- Foto de Anton Balazh, a partir de imagem noturna da NASA. Assinaladas as metrópoles regionais. Observe-se a linha luminosa do Vale do Paraíba entre Rio e São Paulo

“Na atualidade estamos contemplando mun-dialmente a predominância do urbano, com mais da metade da população mundial viven-do em áreas urbanizadas. As novas formas de urbanização e de mobilidade têm assu-mido cada vez mais um importante papel na vida cotidiana das populações. Os processos sociais em suas múltiplas dimensões passam a se desenvolver, em grande parte, sobre novas bases territoriais e em múltiplas escalas. Ob-servamos a conformação e evolução de siste-mas urbanos complexos, que incluem formas urbanas concentradas e dispersas. O trabalho examina as formas contemporâneas de urba-nização, em especial o processo de dispersão urbana em suas questões mais gerais, buscan-do suas origens, referências teóricas e concei-tuações, caracterizando-o na microrregião do Vale do Paraíba fluminense. Esse processo ocorre com a formação de áreas cuja urbani-zação se estende por um vasto território, com núcleos urbanos separados no espaço por vazios intersticiais, mas que mantêm vínculos estreitos entre si.”

Este é um trecho da tese de Julio Claudio da Gama Bentes (FAU-USP/2014), que se pode ler em http://www.teses.usp.br/teses/disponi-veis/16/16133/tde-18102014-160412/pt-br.php.

Os antecedentes e as origens da urbanização dispersa remontam às transformações urbanas iniciadas após a Segunda Guerra Mundial. A questão é estudada a partir do início de sua industrialização, nos anos 1930-1940, que teve como marco a instalação da Companhia Side-rúrgica Nacional (CSN). Diz Bentes:

“Essa microrregião teve forte crescimento populacional e acelerada urbanização, com o conjunto CSN-Volta Redonda polarizando a região e centralizando seu desenvolvimento. Após a privatização da CSN, em 1993, a mi-crorregião começou a se reestruturar produtiva e espacialmente, com a instalação de novas plantas industriais, principalmente do setor au-tomobilístico. A vinda dessas fábricas teve um efeito de atração e multiplicação das atividades comerciais, de serviços e residenciais, com alte-rações nos modos de vida da população.”

A recente maximização da economia na últi-ma década (2000-2010), conclui o autor, com a expansão da indústria, do comércio e serviços provocou o avanço da urbanização dispersa no Vale do Paraíba fluminense, reconfigurando as cidades, seus ritmos e seus problemas.

Multiplicam-se padrões urbanísticos e arqui-tetônicos não relacionados à cultura local, cujo formato hegemônico poderia ser encontrado em qualquer lugar do mundo. Esta forma de desenraizamento provoca a multiplicação do que Marc Augé chama de “não-lugares”.

O esgarçamento do tecido urbano, feito de concentrações instaladas rapidamente e intenso fluxo de interesses logísticos assinala o ingres-so da Região das Agulhas Negras na megaló-pole do Sudeste e no horizonte simbólico de crise perene da pós-modernidade.

É o caso de se perguntar se este novo não--lugar será habitado também por não-cidadãos ou por não-pessoas. Caso isto ocorra, qual será a efetiva capacidade de gestão dos municípios? Que novo sentido terão conceitos como “edu-cação pública” ou “transporte urbano”?

Quando escrevo, visito-me solenemente.Fernando Pessoa

Page 2: O Ponte Velha

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2 - O Ponte Velha - Maio de 2015

P O L I T I C Á L Y A

Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

Reg. 12 . 923 Arte gráfica: Afonso Praça

Edição: Marcos Cotrim

21-98833. 2248 24- 99301 . 5687

[email protected] www.pontevelha.com

Expediente

Cabo Euclides & Professor Silva

1) PENSAMENTO DO MÊS - Ter a privacidade devassada é inerente à política. Quem não quer pagar o preço não deve entrar! Marta Suplicy, em entrevista à Revista Veja.

2) DEDICATÓRIA - Esta coluna é dedicada ao Totonho Carvalho Pinto Zerodoze, o segundo melhor Presidente de partido político de Resende.

3) DR. EDSON LIMA É O NOVO PRESIDENTE DO PMDB EM RESENDE - O PMDB de Resende tem um novo Presidente, nosso querido amigo Edson Lima (foto acima), companheiro de faculdade e de cursos de pós-graduação. Apesar de ser conhecido como Pitbull Erre, Edson é de fino trato, com exemplar equilíbrio, aprimorado pela filosofia do judô, arte marcial na qual os-tenta a faixa preta. Sob seu comando, dada a sua capa-cidade agregatória, o partido certamente crescerá aqui em Resende e terá decisiva participação na escolha do próximo candidato a Prefeito do Grupo Rechuan. Será o Dr. Daniel Brito? Será o Dr. Diogo Balieiro?

4) SECRETÁRIO DE RE-CHUAN CASOU-SE EM QUELUZ (SP) - Marcelo Cavaleiro Duarte (foto acima)Um dos Secretários mais populares do Governo Rechuan casou-se no mês de abril p.p., em Queluz/SP, local escolhido por um capricho da noiva, que é paulista. Enquanto a noiva e os padrinhos se vestiram para a solene ocasião, o noi-vo, selvajão como sempre, trajava camisa xadrez, calça jeans e botina.

5) ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE RESENDE VAI RELANÇAR A REVISTA ACIAR - Marcelo Cavaleiro Duarte, o novo Presi-dente da Associação Comercial de Resende, tem vários proje-tos para a sua gestão à frente da venerada entidade. Dentre os mais aguardados, está o relançamento da Revista Aciar, um dos melhores veículos de comunicação que a cidade já teve. Parabéns ao Marcelo e sua diretoria pela brilhante iniciativa.6 - VEREADOR MIRIM VAI AJUDAR A RESOLVER O IMBRÓGLIO DAS FAIXAS DE PEDESTRES NO MANEJO

Ignorando totalmente os apelos e desprezando a segurança das pessoas, os “donos do trânsito” de Resende insis-tem em manter um trecho de 400 metros sem faixas para travessias de pedestres (entre o Grupo Oliveira Botelho e a Padaria Luso-Brasileira), além de deixarem dúvidas se algu-mas faixas estão funcionando ou não. Cobriram muito mal as faixas desativadas, Como se vê na foto, defronte ao Res-taurante Celeiro e ao Açougue Pica Pau. Além dessa da fotografia, existem outras duas faixas confundindo o trânsito –– defronte ao Rei dos Queijos e defronte ao Mercado Rosado –– , deixando dúvidas se estão valendo ou não. Do jeito que está é péssimo para os pedes-tres e também para os moto-ristas. Será que os “donos do trânsito” estão esperando acon-tecer um acidente sério para tomarem uma providência? Nós não vamos desistir, porque a nossa luta é em benefício da comunidade. Agora, a coisa vai. O opera-cional Presidente da Câmara Municipal de Resende, Verea-dor Mirim, sensibilizou-se com o problema vivenciado, dia a dia, pelas pessoas que transi-tam pelo Manejo.

7) HEITOR JS - Com os quinze anos da morte do Dr.Tancredo Neves, falou-se muito, naturamente, em seu Vice José Sarney, que assumiu a Presidência. Em várias fotos publicadas, Heitor José de Souza, Assessor Especial do Sarney, apareceu ao lado do Vice e, depois, do Presidente Sarney. A foto acima, da Agên-cia O Globo/15-3-1985 –– uma das mais emblemáticas daquela época –– foi publicada no Jornal O Globo, em 21/04/15, acima da legenda: ” Momentos de tensão: Sarney deixa o hospital apósvisitar Tancredo: o destino lhe reservava a Presidência” . Heitor JS está à direita da foto, entre o Dr.Sarney e um senhor alto.

O Heitor, além de Coronel do Exército, reformado, tem vasta cultura, elevada instrução acadêmica e uma extensa rede de con-tatos, inclusive o poderoso Dr. Michel Temer, Vice-Presidente da República. Heitor sempre usou seu enorme prestígio em Brasília para ajudar os sucessivos Prefeitos de Resende que lá apor-tavam, em busca de recursos. As portas dos mais importantes gabinetes se abriram para Resende, com a ajuda do Heitor J.S. Em 1998, JS concorreu a Deputado Federal, pelo PFL, obtendo 9.911 votos em Resende (20,54% dos votos válidos). Apesar de ter alcançado uma excelente votação (no total teve 19.270 votos), Heitor não conseguiu se eleger, o que foi uma pena para Resende. Mesmo não sendo Deputado, Heitor tem feito mais por Resende do que muitos eleitos!

8) A POPULARIDADE DOS CARVALHOS DURANTE O GOVERNO DO SILVINHO - No final do segundo ano do gover-no do Prefeito Silvio de Carva-lho, em 2006, houve eleições para Presidente, Governador, Senador e Deputados. O gover-no lançou o Noel de Carvalho para Deputado Estadual, eleito com 50.542 votos, dos quais 24.126 em Resende, represen-tando 42,30% dos votos válidos. O PMDB elegeu 15 Deputados Estaduais. Noel foi o 12º. Isto é que era uma popularidade inve-jável: o candidato a Estadual do Governo foi eleito, conquistando 42,30% dos votos válidos de Resende! Para melhor aqui-latarmos a grandeza daquela conquista, Rechuan lançou agora, em 2014, sua mulher, a Dra. Ana Paula (Estadual) e o vereador Pedra (Federal). A Dra. obteve 39.803 votos, sendo 23.841 em Resende (38,15% dos válidos) e o Pedra,

alcançou um total de 20.116 vo-tos, sendo 18.379 em Resende (29,92% dos votos válidos).

9) TORNEIO LEITEIRO DA AMIZADE RESENDE - 2015 - Nos dias 1º a 3 de maio p.p. realizou-se o tradicional torneio da amizade, no Parque de Ex-posições Francisco Fortes Filho, em Resende. Organizado por Dr. Miguel Dias da Silva (Migué Gordo ou Migué da Cegil); Dr. Miguel Gilberto Dias (Migué Magro, Osama, Jagunço, Migué do Juca, Bin Laden, Encosto,

Morcegão etc); Eduardo C. Rangel; Amélia Cotrim; An-dressa Nascimento; Deivid C. Ferreira; Rogério T. Silva e Amauri Nascimento, grande animador desses encontros. O torneio teve duas categorias: vaca girolando, vencida pelo Gabriel Souza Leme, com a vaca Galeana, média diária de 56,075 kg; novilha girolando, vencida pelos irmãos Miguel Dias da Silva e Paulo Dias da Silva, com a novilha Cristina, média diária de 36,425 kg.

O evento foi prestigiado pelo Secretário de Planejamento de Resende, Dr. Totonho Carvalho Pinto Zerodoze (acompanhado de seu fiel escudeiro e futuro cabo eleitoral, Dr. L. Cláudio) e pelo Presidente da Câmara Municipal, Vereador Jeremias Casemiro, mais conhecido como Mirim, feliz proprietário de um sítio, na Jacuba. Por sinal, estamos gostando muito da atuação do Mirim como Presi-dente da Câmara. O poder não lhe subiu à cabeça: ele está trabalhando e ouvindo muito. Miguelzinho Osama, como sempre, demonstrou sua sólida liderança no setor agropecuário da cidade.

10) O CEMITÉRIO DE AUTO-MÓVEIS VAI BEM, OBRIGADO! - o Cemitério de Automóveis continua criando mosquito da dengue e enfeitando a entrada principal da cidade.

11) PRÉVIAS NO PDT? - ainda que negado pelo Totonho Zerodoze, percebemos uma pequena movimentação dentre os pedetistas resendenses no sentido de realizar uma prévia para escolher o candidato a pre-feito. Além do Vereador Pedra, há outros cardeais do partido lembrados pelos filiados, tais como o Roque, Vicente Andrade e Valdir Macarrão. No caso de uma chapa “puro sangue”, o candidato a Vice seria o segun-do colocado.

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Maio de 2015 - O Ponte Velha - 3

Gustavo Praça1- O vago é o filho predileto de Deus. O serem vagas é a mais profunda propriedade das coisas. O vago é irmão do poético na hora em que a palavra não consegue uma or-dem para a frase objetiva, em que a ciência demonstra sua fraqueza. O vago é a intuição, o que se expressa no gesto, no ritmo, na batucada impre-cisa das panelas contra “tudo isso que está aí”. “Tudo isso que está aí” é uma expressão vaga e, portanto, íntegra. Não é para ser renegada por conta de que deveria objetivar uma lista de prioridades. E aqui me lembro de um português dono de um botequim no Rio que certo dia, com expressão de profundo enjoo, resmun-gou assim: -“São uns filhas das putas...”. Quem, seu Manoel? -“Todos.”

“Tudo isso que está aí” tem a força e a abrangência desse “todos” do português. Começa pelo problema ime-diato, que é o governo do PT, um capitalismo de Estado (de quadrilha) minado pela corrupção e esquecido de que uma economia de mercado incompetente não produz nem para o assistencialismo.

O PT é o cachorro que está mordendo a nossa perna no nomento, e a gente quer sacudir ele da nossa perna.

Tem um monte de outros cachorros rosnando em volta, denunciando a mordida e querendo morder, mas a gen-te quer sacudir imediatamen-te aquele que está agarrado. Nos estados e municípios também algum cachorro está com os dentes ferrados na gente e outros rosnando em volta.

Uma Esperança Vaga

O “tudo isso que está aí” sabe da cachorrada, e vai além de partidos e da antiga - e hoje mistificadora - questão de esquerda e direita. Tem uma nova ideia de esquerda, no sentido de aperfeiçoamen-to da representação democrá-tica com as redes sociais. Não sabe bem como usar a força que percebe ter, mas é sedu-tora a ideia de se livrar da car-ga pesada do Estado inchado, das câmaras de deputados e vereadores sentadas em cima do país, contratando emprei-teiras que fazem asfalto que não dura nem um mês. Com as redes sociais – e a eventual ida às ruas – se poderia talvez impor regras básicas para a reforma política, como o simples e óbvio projeto do senador Cristovam Buarque: todo homem público tem que por os filhos em escola pública e se tratar em hospital público. Claro! Se o sujeito é gerente do Bob`s não pode preferir o sanduiche do Mc Donald`s; tem que fazer um sanduiche tão bom ou melhor. Ou é assim ou não vamos às urnas.

Além de deixar no ar essa forma ainda indefinida de uma nova e mais verdadeira democracia, esse “tudo isso”

põe em pauta também a cor-rupção, a questão moral. A palavra “corrupção” significa romper junto com outro, co-romper. O que seria essa coisa rompida? Algo de muita importância, algo sagrado. Num exemplo mais extremo, seriam os pais que combinam de deixar os filhos pequenos perdidos na floresta para não ter que sustentá-los, como ocorre numa tradicional história infantil e também eventualmente no nosso dia a dia. Por que não deveriam fazer isso? Ora, porque a vida é sagrada. Por que a vida é sagrada? Porque a recebemos de graça, porque não a enten-demos perfeitamente e ela é muito boa, porque estamos todos os dias diante de um milagre e somos o único ani-mal capaz desta consciência, deste testemunho.

Ou seja, no que toca à cor-rupção entra a questão reli-giosa. E, assim como na ideia do que seja democracia, pa-rece que precisamos também de uma outra aproximação da nossa re-ligação com o Cosmo. Estamos muito afas-tados da terra, cada vez mais concentrados nessas mega--cidades, longe dos ciclos da vida, dos tempos naturais do

desenvolvimento e da morte das coisas, e queremos resol-ver tudo com alguma legis-lação ou com rezas formais. Esse afastamento da mata, do animal, da implicação das estações do ano na terra, nos põe como bichos soltos por sobre o planeta, como se não fossemos parte dele mas só exploradores, ETs, ainda com a mesma mentalidade com que o europeu encarava o Novo Mundo. Se empo-brece o cerne do respeito ao sagrado. Quem não respeita árvore não vai respeitar gen-te. É a corrupção: Se não for desse jeito não se governa; o outro também já espera isso de mim, como o Mujica disse que o Lula teria dito a ele.

Já estivemos mais perto da terra e barbarizamos do mesmo jeito, diria algum intrigante. Certo. Mas é preciso ter aquela esperança vaga (do samba do Cartola) no apuro do ser humano, que volta a uma mesma situação em outra circunstância, num movimento espiral de eterno retorno sempre em outro nível. Vou fazer uma camiseta com a frase “Apuro do Ser Humano: eu acredito”. A gente já é cheio de virtudes, a começar pela solidarieda-

de, só é preciso um caldo melhor, com mais parcei-ros, com a crença de que o outro támbém espera de nós o respeito pelo sagrado. Expulsemos os vedilhões dos templos sociais e do nosso templo interior, no caminho da mudança de tudo isso que está aí.

2 – O artista plástico Ro-berto Granja vem sofrendo com acusações anônimas na internet a propósito de uma sua aluna de pintura (o acusador não diz qual) ter visto suas partes íntimas pelo lado do short durante uma aula. O acusador seria pai dela. Que ele se apre-sente e processe o Granja se acha que a coisa foi tão grave, mas que não fique fazendo terror psicológico, tentando denegrir a imagem do pintor, escultor, músico e, com muita honra para mim, meu amigo.

3 – Em Penedo há um grande exemplo de como não se deve esperar tudo do poder público. Dois mora-dores montaram há alguns anos uma biblioteca em parceria com a Agropecuá-ria Penedo, num espaço do fundo da loja cedido pelo nosso saudoso Rodrigo e mantido por seus familiares. É a Estante da Leitura.

O acervo é ótimo, e basta anotar em uma prancheta seu nome e o do livro que está levando. A Estante vem-se enriquecendo e ten-do cada vez mais procura. Parabéns a Paula Malfitani e Lydio Alberto.

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4 - O Ponte Velha - Maio de 2015

Dr. Rafael Procaci

Cirurgião-Dentista CRO/RJ 20333Especialista em Ortodontia e Ortopedia FacialClínica Santo Inácio - Rua Eng. Jacinto l. Filho 140, Bairro Barbosa Lima - Resende, RJTel: (24) 3355.8383 - 999484899

ITATIAIA em PautaOtanes Solon

Estamos todos no meio...É que no fundo somos contra nós mesmos. Isso é resultado de um comporta-mento egoísta e sem uma visão coletiva. Aqui é o “salve-se quem puder”. O es-tado não funciona direito, pois na visão da grande maioria que entra para política é a de se servir do estado e criar seu nicho. O poder aqui é medido pelo poder de nomear. Quanto mais pessoas o político consegue nomear, “dar” emprego, mas poder ele detém. É o uso privado do público. A população na sua maioria aceita com naturalidade esta prática. Não é raro ver um cidadão se aproximar de um político pedindo emprego, se não para si, para aquele parente “muito bom, porém sem muita sorte e que necessita apenas de uma oportunidade”. Desta forma não se valoriza conhecimento e sim os conhecidos. Como nosso povo é inteligente, faz piada: Ele tem alto “QI” (Quem Indicou).

O estado é assim privatizado. Por consequência, governos fracos, máquina administrativa inchada e “caciques” poderosos e suas tribos famintas. O único interesse de quem serve a este sistema é nele se perpetuar e ao mesmo tempo garantir sua reprodução. É como combater uma hidra de mil cabeças mas, tudo isso, repito, vem da falta de visão, do egoísmo, da incapacidade de muitos em ver além de si próprios. As pessoas de bem, e que ainda agem, preferem a re-denção do assistencialismo ao invés de combater as práticas que empobrecem a todos e que cria os maiores abismos sociais. A esquerda então é a campeã das políticas de manutenção deste quadro. Tratam ações que deveriam ser correti-vas como procedimentos padrão. Por exemplo: “Educação pública ruim? Vamos instituir cotas para nivelar as diferenças”. O que seria o reconhecimento de de um problema passa a ser para a grande maioria a solução. Não é.

Os governos massacram a iniciativa privada , com burocracia insana e altos impostos, pois manter esta máquina não é barato. À sombra do “estado mãe” muitos se nutrirem do trabalho alheio.

Os governos deveriam propiciar a evolução do estado através da implantação e aprimoramento de políticas públicas. Infelizmente o que é para ser simples, torna-se utopia. Há esperança? Sim há.

A essência do estado são as leis. São elas que fundamentam sua existência. Não podemos confundir estado com governo. As leis devem ser cumpridas, sem-pre, por todos. Os homens de poder tem ainda a convicção de que as leis são para os outros e a a eles não se aplicam. Isso acontece pela conivência silencio-sa da maioria. Mas isso também está mudando. A democracia é um caminho difí-cil porém o único viável. É a liberdade de opinião, a única capaz de fazer frente a tudo que está aí.

J.Carlos- Grito do Ipiranga às margens do Pendotiba, 9/9/1921

Itatiaia perde mais um órgão público. A Agência dos CORREIOS, localizada na Av. Prefeito Assumpção, fechou dia 12 deste mês. Segundo o funcionário da mesma, se trata de uma agência franqueada, e segundo o mesmo não está dando retornos financeiros ao proprietário que decidiu fechá-la.

A partir do dia 12 de maio, o cidadão da região Central da Cidade, que necessitar fazer uso dos serviços dos CORREIOS deverá se dirigir à uma das Agencias mais próximas:

1) Agencia de Penedo - Rua das Velas, 100, Penedo;2) Agencia Central de Resende - Praça da Concórdia, 64, Centro, Resende;3) Agencia do Campos Elísios - R. Sebastião José Rodrigues, Campos Elísios Resende.

Fica a questão: com a vinda de tantas indústrias, uma cidade em pleno desenvolvimento econômi-co, não consegue manter uma Agência dos Correios?

(Com Jorge Botelho)

Acesso liberado

Desde 1o de maio, o trecho da estrada do Posto Marcão até o Abrigo Rebouças, que estava interditado para a reprodução do Sapinho Flamenguinho (Melanophryniscus moreirae), está liberado para trânsito de veículos motorizados.

Plano Municipal de Educação concluído de modo participativo

Itatiaia está dando mais um passo para construção do Plano Municipal da Educação - PME. Até a próxima quarta-feira (13), qualquer pessoa interessada poderá contribuir com sugestões para Plano.O texto base, elaborado durante as reuniões dos grupos temáticos, é composto por 21 metas e estratégias.

Para acessar basta entrar no endereço eletrônico http://digiteducacao.net/2015/ e clicar no banner do Plano Municipal de Educação. O link também está disponível no portal da Prefeitura www.itatiaia.rj.gov.br. Outra forma de consulta é através das escolas do município e da secretaria de educação, onde o documento preliminar está disponível junto a uma urna para coletar as novas ideias. Sendo assim, as pessoas que preferirem ou que não conseguirem acessar o portal poderão depositar suas sugestões.

O Plano foi elaborado por uma comissão que contou com a colaboração de representantes de segmentos e entidades da educação, de entidades de classe, sociedade civil e Conselho Municipal de Educação. De acordo com o cronograma, ao final da consulta, os próximos passos serão novas reuniões dos grupos de estudo para análise e inserção das sugestões. Os encontros estão programados para os dias 14 e 15.

Ainda seguindo o cronograma, dia 19, o documento com todas as informações será finalizado e no dia 20, haverá então a Conferência Municipal de Educação, culminando com o envio deste documento para o Legislativo e para o Executivo no dia 21.

Fonte: AECOM/PMI - Foto: Thiago Ferreira

Na contramão do “progresso”

Festa do Pinhão

A 22ª edição da Festa do Pinhão de Visconde de Mauá se deu entre 9 e 11 do mês. A progra-mação reuniu shows regionais, praça de alimentação com comidas à base de pinhão e parque de diversão. O evento, já tradicional, sempre deixa, porém, sequelas sociais e ambientais, tendo os moradores reclamado do lixo e da desordem que cresce a cada ano. Já há quem reclame do asfaltamento do acesso à vila, que facilita o turismo predatório. (MCB)

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Maio de 2015 - O Ponte Velha - 5

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2-PROJETOS DE LEI ELABORADOSDurante o tempo em que permaneci na assessoria do deputado elaborei projetos de lei que abordavam a questão ambiental com ênfase na transparência ativa, aquela que obriga órgãos e concessionárias de serviços públicos a manter em portal específico, em interface amigável, todos os dados relevantes das suas atuações.

2.1- PROJETO DE LEI QUE OBRIGA O GOVERNO DO ESTADO A MANTER EM TRANPARÊNCIA ATIVA TODOS OS DADOS DO FUNCIONAMENTO DA CÂ-MARA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (CCA/RJ)Essa é mais uma caixa preta do estado. Alguns dados estão na página da CCA/RJ, mas os mais rele-vantes, não. Como foi definida a compensação? Por quem? Qual o cronograma da entrada e saída dos recursos? Como são definidos os critérios da aplica-ção dos recursos? Onde fica depositado o dinheiro? Qual o saldo atual das compensações? Esses são apenas alguns dos dados exigidos pelo projeto de lei que elaborei.

2.2- PROJETO DE LEI QUE OBRIGA O GOVERNO DO ESTADO A CRIAR E A MANTER O PROGRMA DE INCENTIVO AOS PRODUTORES DE ÁGUACom a crise hídrica, ainda latente, o estado deve ser mais ousado na política de incentivo aos produtores de água, o chamado pagamento por serviços am-bientais. Os programas hoje existentes são tímidos e burocráticos, além de ser de adesão espontânea. Se a água é bem comum, é bem público, cabe ao estado

decidir, com a participação da sociedade, quais os mananciais mais importantes do ponto de vista da re-cuperação e da preservação. Ao invés de dinheiro de convênios, dinheiro público constante do orçamento do estado, em caráter permanente. É disso que trata o projeto.

2.3- PROJETO DE LEI QUE INSTITUI O SISTEMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DAS ESTA-ÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA) E DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE)Hoje não existe um sistema de monitoramento con-vincente sobre as concessionárias desses serviços. Resende é um exemplo disso. Este projeto estabe-lece regras rígidas sobre a operação dessas em-presas: mapa indicando por onde passam as redes coletoras de esgotos; a lista dos imóveis beneficiados por cada rede; a tecnologia utilizada em cada rede; a tecnologia usada pelas estações; os programas de manutenção das mesmas; a obrigatoriedade de auditorias externas para avaliação dos serviços das concessionárias, entre outras exigências.

2.4- PROJETO DE LEI QUE CRIA O SISTEMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADOComo anda a qualidade ambiental das nossas reservas? Existe monitoramento do ar, da água, do solo, de elementos arbóreos, da avifauna? Quem coleta esses dados, quando são coletados, onde são coletados, por quem, quem os analisa, onde são pu

APA ESTADUAL DA REPRESA DO FUNIL, com uma política de recuperação de áreas degradadas e de medidas compensatórias para os produtores rurais da região afetada por essa unidade de conservação.

2.6- PROJETO DE RESOLUÇÃO QUE CRIA A CO-MISSÃO PERMANENTE DE RECURSOS HÍDRICOS DA ALERJPela relevância do tema, recursos hídricos deve ser objeto de uma comissão parlamentar específica. Foi essa a intenção do nosso trabalho.

3- OUTROS TRABALHOS ELABORADOS

3.1- ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE ATUAÇÃO PARLAMENTAR DO DEPUTADO;

3.2- RELATÓRIO COM RECOMENDAÇÕES NA POS-TURA PARLAMENTAR;

3.3- RELATÓRIO COM PROPOSTAS DE REFORMU-LAÇÃO DO GABINETE;

3.4- OFÍCIO PARA A SUPERINTENDÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DO ESTADO DO RIO SOLICITANDO ESCLARECIMENTOS SOBRE A INTENÇÃO DE ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO DO CASO CHORUME;

3.5- OFÍCIO AO SECRETÁRIO ESTADUAL DO AM-BIENTE SOLICITANDO ESCLARECIOMENTOS SO-BRE O ESVAZIAMENTO FUNCIONAL DO SERVIÇO DE RPPN (RESERVA PARTICULAR DO PATRIMONIO NATURAL) DO INEA;

Com esta prestação de contas estou apenas sincroni-zando meus discursos às minhas práticas.

Eliel de Assis Queiroz- Comitê Pela Transparência e Controle Social de Resende, Presidente

Se prestação de contas por parte de políticos já é algo incomum, de assessor de político é mais ainda. Mas não é o meu caso. Por mera questão de caráter, acrescido da minha condição de pre-sidente do Comitê Pela Transparência de Resende, o que passo a informar é apenas uma obrigação.

1-CARGO E SALÁRIODurante os três meses em que estive na assessoria do deputado Dr. Julianelli exerci o cargo de assessor parlamentar nível 1, recebendo um salário mensal de R$ 7.200,00. Minha carga de trabalho era de três dias semanais na ALERJ, mais os finais de semana com trabalhos realizados em casa.

blicados esses dados? E disso que trata este projeto, obrigando o estado a dar respostas a essas perguntas.

2.5- PROJETO DE LEI QUE REFORMULA A POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADOA crise hídrica exige respostas de curto, médio e longo prazo. Este projeto de lei obriga o estado a criar, de fato, a AGÊN-CIA ESTADUAL DE ÁGUAS, interlocutora oficial com a ANA (Agência Nacional da Água); reformula e dá transparência na composição e atuação, além de fortalecer institucionalmente o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

No bojo dessa política, consta o projeto de lei que autoriza o governo do estado a criar a

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6- O Ponte Velha - Maio de 2015

Rosel Ulisses Vasconcellos*

*Rosel Ulisses Silva e Vasconcelos é professor de português e literatura, graduado em Letras e com mestrado em Literatura Bra-sileira, pela Universidade Federal do Ceará. Em Resende, leciona desde 2002 na AEDB – Associação Educacional Dom Bosco.

Corumbá de Goiás

Cavalhadas- Atores formados em frente à igreja

Arraial fundado em 1730 pelas bandeiras paulistas que acharam ouro no rio Corumbá, a semelhança de Pirenópolis, antiga Meia Ponte. Com a ex-capital, Goyás, Corumbá forma o trio das cidades históricas do estado. Com 10.000 habitantes hoje, foi o berço de J.J. Veiga e Bernardo Élis, que ombreiam com Cora Coralina na literatura.

As Cavalhadas de Corumbá de Goiás surgiram em meados do século XVIII. Vista como uma das mais tradicionais festas do Estado, a manifestação retrata a batalha entre mouros e cris-tãos e atrai milhares de turistas. São 24 cavaleiros. Os mouros se vestem de vermelho e os cristãos de azul. Na performance eles se enfrentam, rememorando as guerras de reconquista na Península Ibérica medieval.

As Cavalhadas eram realizadas em Rezende no século XIX, no largo onde hoje se ergue a Santa Casa, no Lava-pés.

Bernardo Élis – Cem anos de um pioneiroPioneiros são figuras emblemáticas em

uma tradição literária. Eles assinalam a tran-sição entre o antigo e o novo, entre escolas ou movimentos com propostas estéticas já desgastadas pelo tempo ou pelo uso e a necessária renovação artística. O pioneiris-mo de certos autores – nem sempre devida-mente reconhecido – é um antídoto para o marasmo, para a estagnação. A periodização literária é pródiga em ressaltar o papel dos pioneiros, embora nem sempre a divisão excessivamente esquemática que ela nos impõe corresponda ao que se vê na prática ou faça justiça com quem merece o título de precursor.

Assim, ao se conferir a Machado de Assis o mérito de deflagrar o Realismo nas letras nacionais, com a publicação do seu célebre romance Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1881, a periodização ignora propositalmen-te uma obra publicada cerca de trinta anos antes, mas que, no cerne, já traz em si várias características realistas: Memórias de um sargen-to de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Como estivéssemos então em pleno Roman-tismo, o livro de Almeida figura mais como um anacronismo, sendo inconveniente para a periodização tentar enquadrá-lo. Evita-se desse modo, comodamente, “bagunçar a casa” e se confere uma ordem mais apro-priada ao esquema. Vida que segue.

No século XX, dois autores demarcariam, com obras precursoras, a passagem de uma fase à outra do Modernismo no Brasil. Em 1928, o romance A bagaceira, do paraibano José Américo de Almeida, assinalaria um primeiro momento da formidável geração que, a partir de 1930, tomaria as rédeas da ficção nacional – uma geração que colocaria em evidência nomes como os de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e José Lins do Rego. Por sua vez, Bernardo Élis, ao publicar seu livro de contos Ermos e gerais, em 1944, introduziria as nossas letras na derradeira fase do Modernismo. É bem verdade que o romance Perto do coração selvagem, livro de estreia de Clarice Lispec-tor, é desse mesmo ano, mas se trata de áreas bastante diversas: a obra clariceana se inscre-ve na chamada tradição intimista da nossa li-teratura, como afirma o crítico Luís Augusto Fischer; já Bernardo Élis inaugura uma nova etapa de uma das vertentes mais duradouras da prosa literária brasileira, aquela que entra-ria para a nossa história cultural com o nome de regionalismo.

As obras regionalistas focalizam a “cor lo-cal”, ou seja, aquelas características naturais e culturais que singularizam uma dada região, em evidente oposição com o cosmopolitis-mo que é próprio das metrópoles, como o

Rio de Janeiro e São Paulo. As raízes regio-nalistas da nossa ficção remontam ao século XIX, pelo menos. José de Alencar deixa bem clara essa distinção ao enquadrar seus livros em vertente urbana (Senhora, Lucíola, Diva) e vertente regional (O sertanejo, O gaúcho). Mas a “era de ouro” do regionalismo em nossas letras ficaria mesmo compreendida entre os anos 30 e 60 do século passado. É na reta final do Modernismo, na sua terceira geração, que encontramos Bernardo Élis.

Natural de Corumbá de Goiás, Bernardo Élis Fleury de Campos Curado era conterrâ-neo e contemporâneo de outro grande nome da literatura brasileira: José J. Veiga. Ambos, caso estivessem vivos, alcançariam um século de existência agora, em 2015. Ao lado dos escritores mineiros Guimarães Rosa e Mário Palmério, a dupla goiana promoveu um des-locamento do foco das atenções nacionais. Pela primeira vez no século XX, a região Nordeste encontrava rival à altura quando se tratava de abordagens literárias: os sertões de Minas e de Goiás. Não resta dúvida de que o grande nome desse time, o seu “camisa dez”, era Guimarães Rosa, autor de clássicos como Sagarana e Grande sertão: veredas. Porém, o título de pioneiro pertence a Bernardo Élis.

Após Ermos e gerais, o autor, que começou poeta, publicaria outros livros de contos e, em 1956, aquela que alguns consideram a sua obra-prima: o romance O tronco. Bernardo Élis foi professor da Universidade Federal de Goiás e da Universidade Católica de Goiás, sendo o primeiro escritor goiano a ingressar na Academia Brasileira de Letras, fato ocorri-do em 23 de outubro de 1975. Faleceu na sua cidade natal, em 1997, aos 82 anos.

“O velho olhava sobranceiro a paisagem que lhe era tão familiar. Quantas vezes já passaram por ali, nem sabia ao certo! Julgava-se o criador daquela paisagem, daqueles caminhos, daque-las cercas, daqueles muros e daquelas pontes. Tudo saíra de suas mãos ou das de seu filho. Era o criador e dono daquilo tudo. No entanto, Vicente Lemes e Valério Ferreira pretendiam governar. Essa era boa! Uns preguiçosos daque-la marca! Que é que eles já haviam feito para a região, a não ser fuxicos e mais fuxicos? Pela frente corria a estrada orvalhada e ainda sem sol. Era uma estrada carreira.”

Bernardo Élis. O tronco (1956).

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Maio de 2015 - O Ponte Velha - 7

Rondon e a engenharia do territórioClaudio Moreira Bento

Ilha Grande

Queria, urgia ir à Ilha Grande,Mas não se pode fugir do

noticiário,Do esgoto, da realidade.Nunca fui à Ilha Grande,Dava tempo ao sonho,

Demorava no útimo bocado.Nem o céu queria só o

paraíso,Ficar, estar, demorar na vida,

Morrer em Ilha Grande.Impossivel ir à Ilha Grande,Respirar a derradeira vez:

O barco encalhou na notícia,No odor insuportável das

imagens.

Dois poemas de Somavilla

Gosto de andar pelo outro lado da realidadeE sigo pelo centro velho, outrora crepitante...É que restam por lá alguns vestígiosDe um viver que se perde, se consomeNa esteira de demônios que devoram sonhos.Demoro-me na praça que é doce, que é mansa,Que se sustenta de memórias voejandoEm torno às torres da Matriz.PervagoPor cantos, encantos de sabi-ás, irreverênciasDe pardais; digo a um tran-seunte que passaEnsimesmado: Não se nega o passado...Nada quero mudar na pachor-ra dos viventesQue dormitam nos bancos pelas tardes,Nem rebusco retalhos da própria existência:Creiam-me, garimpo a alma desta cidadeQue sumiu de todos os sem-blantes...

Quanto à alma da cidade...

O Marechal Cândido Mariano Rondon, o maior desbravador, civilizador, sertanista, bandeiran-te e inspetor militar de frontei-ras mundiais, em terras e selvas tropicais, chefiou a implantação, no Brasil, de 8.000 Km de linhas telegráficas. Por quase 40 anos, este foi um fator de Integração, Unidade e Desenvolvimento, além de ser essencial ao exercí-cio da Soberania Brasileira sobre a imensa faixa de fronteiras e sobre os grandes vazios de-mográficos ,na Amazônia e no Centro Oeste.

Em virtude desse pensamen-to, surgiu o Projeto Rondon, que, sob a inspiração de sua vida e obra, provocou, de 1968 a 1989, a marcha em especial para o Oeste e para o Norte, da Universidade Brasileira, atra-vés de seus alunos em férias, que conheceram, por meio de estágios de serviços, as realida-des brasileiras, ao vivo e não na teoria. Linhas telegráficas que com seus picadões de 40 metros de largura, prestariam relevantes serviços à circulação humana e de riquezas, com maior capaci-dade que as primitivas e estreitas trilhas indígenas. Foram elas também fator de Paz Social, por levarem em sua vanguarda Rondon – “O Pai Branco,” o “Apóstolo das Selvas” de nossa população indígena, por ele re-dimida, valorizada, protegida de massacres e explorações, com-preendida e amada, e fiel a seu lema – “Matar, nunca. Morrer se preciso for!”

Rondon soube bem conciliar a sua filosofia Positivista – a Religião da Humanidade, com a profissão de Soldado do Brasil. E, como positivista, adepto da Religião da Humanidade, impôs-se ao mundo por sua obra ciclópica, sem igual, de explorador de selvas tropicais e de proteção e integração do índio brasileiro à comunidade nacional. Foi o delegado do Ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, para, como Diretor de Engenharia do Exército, semear modernos e confortáveis quartéis pelo Brasil, os quais, cuidados com desvelo por seus ocupantes, há mais de 90 anos prestam valiosos serviços ao Exército .

Em seus quase 93 anos de utilíssima vida, o Marechal Rondon foi fidelíssimo ao seu pensamento: “Mais importan-te que a vida é o espírito com o qual a vivemos.” Seu nome foi imortalizado e consagrado internacionalmente, na Socie-dade Geográfica de Nova York, quando foi inscrito em letras de ouro sólido, ao lado de outras três grandes sumidades interna-cionais: Amundsen - O desco-bridor do Pólo Sul; Peary – O descobridor do Pólo Norte; Byrd – O explorador que mais fundo penetrou em terras árticas; Rondon – O explorador que penetrou mais extensamen-te em terras tropicais.

Já o ex-presidente dos EUA, Coronel Teodoro Roosevelt, depois de viajar pelo Mato Grosso e Amazonas guiado por Rondon, assim interpretou a sua obra em entrevista em jornal de New York: “A Amé-rica pode apresentar ao mundo duas realizações ciclópicas: Ao Norte, o Canal do Panamá, e ao Sul, o trabalho do Coronel Rondon – científico, prático e humanitário.”

Cândido Mariano Rondon nasceu em Mimoso, antiga sesmaria de Morro Redondo, próximo de Cuiabá, em 5 de maio de 1865, há 150 anos. Seu pai foi Cândido Mariano da Silva, falecido antes de ele nascer, quando teve lugar a invasão paraguaia de Mato Grosso. Sua mãe, D. Claudina de Freitas Evangelista da Silva, faleceu quando Rondon tinha 2 anos. Órfão, foi criado pelo avô paterno que o ensinou a ler.

Rondon foi um fiel seguidor do Mestre Benjamin Constant, na Filosofia Positivista – a Re-ligião da Humanidade, pregada por Augusto Comte. E, em de-corrência, a favor da Abolição e da República, em cuja conspira-ção tomou parte com Augusto Tasso Fragoso. Isto ao servirem de ligação, a cavalo, do foco revolucionário concentrado em São Cristóvão, e na madrugada de 15 de novembro de 1889, com o Almte Wandenkolk no Clube Naval. Ao falecer, foram as últimas palavras de Rondon: “Viva a República!”

Credo de Rondon, de inspiração positivista

“Eu Creio: Que o homem e o mundo são governados por leis naturais.

Que a Ciência integrou o homem ao Universo, alargando a unidade constituída pela mulher, criando, assim, modesta e su-blime simpatia para com todos os seres de quem se sente irmão.

Que a Ciência, estabelecendo o sentimento nato do amor, como do egoísmo, deu ao homem a posse de si mesmo e os meios de se transformar e de se aperfeiçoar.

Que a Ciência, a Arte e a Indústria hão de transformar a Terra em Paraíso, para todos os homens, sem distinção de raças, crenças, nações – banido os espectros da guerra, da misé-ria, da moléstia.

Que ao lado das forças egoístas – a serem reduzidas a meios de conservar o indivíduo e a espécie – existem no coração do homem tesouros de amor que a vida em sociedade sublimará cada vez mais.

Nas leis da Sociologia, fundada por Augusto Conte, e por que a missão dos intelectuais é, sobretudo, o preparo das massas humanas desfavorecidas, para que se elevem, para que se possam incorporar à Sociedade.

Que, sendo, incompatíveis às vezes os interesses da Ordem com os do Progresso, cumpre tudo ser resolvido à luz do Amor.

Que a ordem material deve ser mantida, sobretudo, por causa das mulheres, a melhor parte de todas as pátrias e das crianças, as pátrias do futuro.

Que no estado de ansiedade atual, a solução é deixando o pensamento livre como a respiração, promover a Liga Religio-sa, convergindo todos para o Amor, o Bem Comum, postas de lado as divergências que ficarão em cada um como questões de foro íntimo, sem perturbar a esplêndida unidade – que é a verdadeira felicidade.”

Rondon, no início de suas incursões pelo sertão

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8 - O Ponte Velha - Maio de 2015

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‘50 anos de Desenvolvimento Nacional’O Espaço Z inaugurou, dia 11 de maio (foto), a exposição ‘50 Anos de Desenvolvimento Nacional’, que retrata com imagens os aspectos econômicos que marcaram a segunda metade do século XX no Brasil. A mostra, oferecida pelo Arquivo Históri-co Nacional à Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda, ficará em cartaz até o dia 29 de maio, com visitação gratuita, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h, sob coordenação do Museu da Imagem e do Som de Resende.

Com formato itinerante, a exposição já passou pelas cidades de Petrópolis e Teresópolis. Ela retrata o período da passa-gem de um Brasil predominantemente agrário a um Brasil urbano, industrial e de serviços.

Os “50 anos em 5” do governo JK, as reformas de base pro-postas por Jango, o “milagre econômico” e o desenvolvimen-tismo do período militar, a redemocratização a partir de 1985 e a estabilidade econômica são temas abordados nos painéis e quadros que compõem a exposição, que procura também refletir sobre cultura, meio ambiente, diversidade étnica e outros aspectos que continuam a pontuar as discussões e políticas atuais.

A exposição ‘50 Anos de Desenvolvimento Nacional’ oferece aos visitantes a oportunidade de conhecer parte do acervo fotográfico do Arquivo Nacional e amplia o acesso à infor-mação ao seu patrimônio documental.

O Espaço Z fica na Av. Gustavo Jardim, ao lado da Rodoviá-ria Velha, no Centro de Resende. O agendamento de grupos à exposição pode ser feito pelo telefone (24) 3354-7530.

(Com Lu Gastão)

Melhores alunos da AEDB recebem prêmioNo último dia 27 de abril, no

auditório da Associação Educacional Dom Bosco - AEDB, foi realizada a solenidade de entrega do Prêmio Antonio Esteves a 55 alunos da Instituição, que tiveram a maior média anual em 2014, em cada série dos 18 cursos de gradução das Faculdades Dom Bosco.

Promovido anualmente pela AEDB para incentivar a dedicação aos estudos e valorizar o mérito intelectu-al de seus alunos, o Prêmio Antonio Esteves concede bolsa de estudo integral para o ano seguinte aos pri-meiros classificados no ano anterior, em função de seus coeficientes de rendimento. Os premiados que se formaram em 2014 ganharam bolsa para fazer um curso de pós-gradua-ção na AEDB em 2015.

O Diretor Acadêmico da AEDB, Prof. Mario Esteves, salienta que a maioria dos alunos detentores do Prêmio Antonio Esteves são pessoas que conciliam os estudos com a vida profissional. “Muitos vêm direto da fábrica para a Faculdade. Alguns são casados e têm que se dividir entre es-tudo, trabalho, o cônjuge e os filhos. Essa contingência aumenta ainda mais o mérito desse alunos brilhan-tes”, elogia o Diretor.

Carollini Graciani (foto) foi a primeira classificada do curso de Pedagogia. Ela é também a aluna que apresentou o melhor rendimento na classificação geral, com a média 9,87 - a maior de todos os cursos das Faculdades Dom Bosco

“O Prêmio Atnonio Esteves é um reconhecimento muito grande do es-forço da gente. Receber esse prêmio dá um peso ao nosso currículo.”, diz Carollini. Para ela, que trabalha como auxiliar da Coordenação do Colé-gio Dom Bosco, receber o Prêmio Antonio Esteves contribuiu em sua vida profissional. “Passaram a me valorizar mais no ambiente de traba-lho”, afirma a aluna que agora está no 4º ano de Pedagogia e, desde o primeiro ano, é a melhor aluna de sua série.

Foram também premiados:

Administração- Pamela SoaresEconomia- Rodrigo OliveiraSistemas de Informação- Edmundo do ValleComunicação Social- Úrsula KopkeCiências Contábeis-Caroline BorbaGestão Pública- Andresa PintoGestão da Produção Industrial- Luiz Carlos Pinto JuniorGestão de Recursos Humanos- Ana Paula PintoLogística- Layane GomesLetras- Fernanda ArecoBiologia- Karen ToledoEngenharia de Produção- Rodrigo MarquesEngenharia Elétrica/Eletrônica- Luiz Fernando MonteiroEngenharia Civil- Marco Olavo da CostaEngenharia Mecânica - Natan Guima-rãesAutomação Industrial- Aline Verri

(Com Virginia Calaes)

Realizou-se, dia 14 de maio, o I Seminário de Educação Ambiental do Parque Estadual da Pedra Sela-da, promovido pelo INEA - Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, organizado pelo projeto EdUC - Educação Ambiental em Unidades de Conservação, que está contemplando o parque este ano. O evento foi realizado na Associação Educacional Dom Bosco – AEDB, e apresentou iniciativas de Educa-ção Ambiental em andamento na região, a fim de promover a troca de experiências entre comunidade local, estudantes, educadores e conselhei-ros do parque.

Educação Ambiental

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Maio de 2015 - O Ponte Velha - 9

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Dia 23 de Maio, sábado, das 9h às 12h, no Calçadão de Resen-de, o Grupo de Apoio à Adoção de Crianças e Adolescentes de Resende “Filhos do Amor”, o GAARFA, com o apoio Volun-tário da Psicológa do Grupo, Dra. Renata Teixeira, das Pro-fissionais da 2a Vara da Infância e da Família de Resende, As-sistente Social Beatriz Gusmão, do Núcleo Juridico Gratuito da Universidade Estácio de Sá, através do seu Coordenador e Voluntário do Grupo, Dr. Vilmar Salles, do CONFIAR, que irá disponibilizar dois animadores, além das Familias e Pais, estarão reunidos em Co-memoração ao Dia Nacional da Adoção - 25 de Maio, lembrado por todos os grupos de apoio a adoção de todo país.

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Tributo a HermógenesAno passado, o Ponte pu-

blicou matéria sobre a His-tória da Yoga em Resende, enfatizando a importância da participação de oficiais da Academia Militar para a credibilidade e disseminação desta prática. Hermógenes foi o mais importante deles.

José Hermógenes de Andrade (1921-1915), mais conhecido como professor Hermógenes, foi um militar, escritor, professor, divul-gador do Hatha Yoga. Era doutorado em Yogaterapia pelo World Development Parliament da Índia e era Doutor Honoris Causa pela Open University for Complementary Medicine. Escolhido o Cidadão da Paz do Rio de Janeiro, em 1988, e agraciado com a Meda-lha Tiradentes em 2000, conferida pela Assembléia Legislativa do Estado do

Rio de Janeiro, pelo bem--estar e benefícios à saúde dos brasileiros.

Em 1962, fundou a Aca-demia Hermógenes de Yoga, no centro do Rio de Janeiro.

Hermógenes escreveu mais de 30 livros, traduzidos em diversas línguas. Em 2012, foi lançada uma biografia, “Hermógenes: Vida, Yoga, Fé e Amor”, escrito por um aluno e discípulo. Está em fase de produção um docu-mentário sobre sua história, obra e vida.

Ele disse:

“O método yogaterápico, seja para aliviar um neurótico, seja para aproximar ainda mais

de Deus um homem sadio e de espírito religioso, é, pode-se dizer,

o mais completo.”

“A moral yogue surge como uma higiene de ordem superior, neces-sária para o equilíbrio e garantia

de um funcionamento cerebral normal, que permite assim a ver-dadeira liberdade. É um retorno à verdadeira moral, a Moral do Cristo e de S. Paulo, moral dos princípios tradicionais, realizada de maneira equilibrada. A ação moral, portanto, é aquela que

conduz à suprema bem-aventu-rança, ao próprio Deus.”

Karla Carvalho

Mas não se pode apri-sionar o mal em cadeias jurídicas. Como as recentes normas sobre a taxa correta de colesterol, as novas réguas para vigiar e punir são as mesmas que promovem mais exclusão, mesmo dentro das escolas. O cinismo herodia-no está em que os infratores e suas vítimas estão no mes-mo trem sem rumo, incluí-dos na produção e consumo. Se de automóveis ou crack, linha branca ou tarja preta não importa. Homem algum aguenta ser tão incluído sem cair de quatro. Afinal, a subversão de “tudo isso que está aí” é imensamente pior do que a corrupção, o crime e o castigo.

No fundo, lateja a crença naturalista na bondade do

homem. Um dogma que preconiza o fim dos meios de repressão e desculpa ter-roristas em nome dos direitos humanos negados às suas ví-timas. Um pacifismo repug-nante e covarde que afirma que não há mais valores pelos quais se deva combater e mesmo morrer.

Não nos falta solidarie-dade, falta-nos sentido de fim, de bem comum. Logo, falta-nos também o senso do mal. Os mafiosos são solidá-rios, o crime organizado, as hordas do MST também.

O bem comum exige a dis-posição virtuosa para o sacri-fício, que sumiu das escolas, lares e ruas. Isso tornou os sistemas educacional e car-cerário fontes da subversão que irriga nossa jabuticaba: a corrupção solidária.

Hoje, coinci-dem a mobiliza-ção pelos Planos Municipais de Educação e o de-bate sobre reduzir a maioridade penal, como se a questão social dependesse de mais uma lei.

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10 - O Ponte Velha - Maio de 2015

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A mentira com responsabilidade- 23Krishna SimpsonTimes homenageia os 20

anos do Ponte, e Gustavo Praça é indicado

ao Nobel de Literatura

A capa da próxima edição especial para a América Lati-na, Bahamas e Triângulo das Bermudas da revista Times trará o emblema do jornal O Ponte Velha, homenageando as duas décadas de inegável sucesso nacional e interna-cional daquele que tem sido considerado pelos críticos literários como a grande revelação editorial do século XX e quiçá dos últimos 200 anos da história do jornalismo brasileiro.

Com reportagens moder-nas, atuais, contemporâneas, de nosso tempo presente e do cotidiano do dia a dia mun-dial, o Ponte Velha tem feito uma imensa diferença naquilo que é chamado de jornalismo de cobertura (no bom sentido) com furos (no bom sentido, também) precisos e inegavel-mente ajustados às necessi-dades de um maior acesso à informação por parte de um grupo de leitores pertencen-tes às mais diversas camadas intelectuais de uma socie-dade em busca da verdade dos fatos propostos em uma linguagem dinâmica que possa atender aos anseios lúdico-pragmáticos de uma nova vertente de individuos dispostos a assistir a uma mudança de paradigmas na linguagem eco-definidora das pós-modernas editorações lu-sófonas da língua portuguesa também chamada no poema

de Olavo Bilac de Última Flor do Lácio. Ou não.

A edição da Times traz uma entrevista com o atual presi-dente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, sobre a importân-cia do Ponte Velha no cenário nacional, em que fala mais detalhadamente a respeito de sua recente afirmação de que o jornalismo brasileiro divide--se entre antes e depois do surgimento deste tão querido periódico editado desde o saudoso ano de 1995, que ficará conhecido como “O Ano Divisor de Águas da Edição Jornalística no Brasil”. No corpo da revista, algumas das principais reportagens e artigos que marcaram definiti-vamente toda uma geração de

exigentes leitores em busca da verdade dos fatos e em busca urgente de algo para ler na-quele momento inesperado em que é preciso entrar no palácio e sentar no trono para reinar, ainda que por alguns minutos. Também trará uma entrevista exclusiva com o jornalista responsável, mentor, criador, mantenedor e divulgador do periódico Gustavo Praça, o indicado brasileiro deste ano ao Prêmio Nobel de Literatu-ra, com chances reais de ser laureado.

Em recente conversa informal durante uma roda de choro às margens do Rio das Pedras, em Penedo, Gustavo Praça foi questionado sobre

o que faria com o dinheiro do prêmio, e disse que chegou a pensar em investir em ações de alguma empresa idônea do panorama nacional, tipo Petrobrás ou BNDES, mas que talvez construa mesmo a sede do ICP (Instituto Cho-rinho de Penedo), que dará aulas gratuitas de cavaquinho e bandolim para os jovens da região. Traduzidos para mais de 40 idiomas, incluindo o norueguês, o hindi, o manda-rim, o echuwabo e o bitonga (essas duas últimas faladas em Moçambique), os livros de Gustavo Praça, segundo Lars Heikensten, diretor executivo da Fundação Nobel, mudaram de modo definitivo a arte da

escrita mundial, e podem ser considerados, em seu conjun-to, como os divisores de águas da literatura humana, sendo uma história contada antes da publicação dos livros de Gus-tavo Praça, e outra contada depois, aliás, depois da déci-ma rodada é um tal de contar histórias e causos, falar mal do governo, bem das mulheres e mais ou menos do Vasco, que é preciso pedir ao garçon mais uma rodada.

Com passagem antecipada-mente comprada para Estocol-mo, onde o prêmio é entregue, Gustavo Praça já fez contatos com alguns deputados suecos, os quais em breve devem ficar hospedados nos chalés do Pé da Serra, em Penedo, onde ministrarão cursos sobre honestidade política, para os quais já há diversos políticos regionais e não-regionais convidados. Só resta saber se aceitarão o convite. Ele começou também a fazer um curso online de sueco para poder conceder uma eventual entrevista para alguma TV do país nórdico e para aprender a pedir mais uma rodada nos animados bares da capital da Suécia.Ele só não poderá dar a entrevista após essa rodada a mais, é claro. Os membros da Academia Sueca estão ansiosos para poder entregar o primeiro Nobel de Literatura a um brasileiro, fato inédito na história do prêmio. Comparado por muitos deles aos laurea-dos Gabriel García Márquez, Pablo Neruda e Mario Vargas Llosa, seus últimos livros não perdem nada em qualidade para, por exemplo, Cem Anos de Solidão, de García Már-quez. Perdem, apenas, talvez, em tamanho. No bom sentido.

Nosso CEOMB - chief exe-cutive officer manager-boss, ao provar o fardão, foi abordado por Serra, a quem teve que explicar porque o Ponte não pode contribuir para sua próxima campanha presidencial pois se encon-tra devendo , inadimplente e endividado com o FMI, e a merreca que resta está investida no América F. C.

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Maio de 2015- O Ponte Velha - 11

Posto AvenidaBob`s

Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude de-dicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

Unidade de Serviço para Educação IntegralAv. Nova Resende, 320 – sala 204

CEP: 27542-130 – Resende RJ – BrasilTels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065

Martha de Carvalho Rocha

As Últimas Verdades

Expulsos do Éden, por desobedi-ência ao Senhor, eles se acomoda-ram na porção seca – na terra sem forma e vazia. Rendidos na bacia das almas, baixaram seus olhos ao designo, como se a cena comum e diária não lhes bastassem. Como se soubessem que compreender é mais difícil que perdoar. Eles nau-fragaram no arremate! Desfizeram um pacote amarrado com barbante, sem dó nem piedade. Sobrou--lhes o amor precário dos exilados, alcovas de silêncio. Sobreviventes de si mesmos partiram dispostos a descobrir o que não suspeitavam com a esperança de retornarem à gênesis. De ver Deus face a face.

Ah, quanto tempo se passou e eles sem entenderem a razão última de tudo. Em algum lugar jazz o de-sespero já vencido. Entre eles não há mais o desejo de ferir. De certa forma foram reparados.

Ela envelheceu não afrouxando os seus costumes. Zelosa, não se

permitiu excessos, entretanto assi-nou o sobrenome dele um milhão de vezes, vida afora, e este descansa em paz nos livros que ela escreveu.

De luzeiro a luzeiro, objetos foram magicamente estabelecidos entre si, e arrumados nos limites de cada casa que tiveram. Ah, aquelas casas pobres... elas eram impossi-velmente nobres! Compostas de sobras, de quimeras, de fuligem, formavam castelinhos rebocados com ternura e gratidão. Um mun-do, pensavam, que os desastres não conseguiriam abalar. Ledo engano! E agora eles jazem, e nem ao menos lado a lado eles jazem. O tempo passou, eles viraram ficção.

E de repente, acontece o primei-ro e derradeiro encontro imaginá-rio, meio século depois... mais de meio século! Pairava no ambiente o desejo fidelíssimo de se perdoarem por nada terem feito para evitar o desfecho fatal. Faltaram-lhes palavras para a dor. Compaixão. As últimas verdades.

Foi daí que ela pensou que po-deriam contemplar o final de suas existências sem ilusões, valendo sonhar que, juntos, festejariam belas excelências. Que havia tempo para se encantarem mutuamente, sobremaneira. Que na penumbra celebrariam a antiga vida, o que não deixaria de ser um parco consolo.

Misturados, os sangues deles, correm nas veias dos filhos que trouxeram a este mundo vário. Dos netos como consequência. Isto não é ficção. É vero! Foi final de opereta no íntimo de todos eles. Restou-lhes apelarem para os fras-cos de perfumes, para o azul etéreo. Restou-lhes chamarem pelo pai dela para vir dar as suas costumei-ras contraordens, resultando numa nova ordem para suas vidas.

Não! Não há como aliviar a pena dos expulsados do Éden. Cada um que ocupe seu lugar na porção seca - na terra sem forma e vazia. Nada mais! Nada menos!

Leitura. 1892Almeida Júnior (Itu, 8 de Maio de 1850 - Piracicaba, 13 de Novembro de 1899), Óleo sobre tela.

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12 - O Ponte Velha - Maio de 2015

Fala, Zé Leon: Revoltas contra “tudo isso que está aí”

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Chiste do Séc. XIX

Seguindo sugestão do nosso queri-do Gustavo Praça, e fazer da edição dos 20 anos do Ponte Velha uma edi-ção temática, fazermos uma análise de “tudo que está aí”. Então resolvi compartilhar com meus poucos, mas fiéis leitores do meu conhecimento parco sobre esse tema.

Vou poupar vocês das balaiadas, das sabinadas, da guerra dos farra-pos e vou entrar no início do século XX e aproveitar a coincidências das manifestações de junho de 2013, que começaram com o aumento de 20 centavos nas passagens, com a primeira do século passado, também por causa do aumento de um vintém na passagem dos bondes.

Lá como cá, começaram de forma pacífica, e o pau quebrava no final, com os malandros e marginais sa-queando lojas e queimando bondes.

Teve uma revolta também de origem inusitada. Um dia, também no início do século, no teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, um tenor estrangeiro se apresentava, e a galeria, a maioria composta por estudantes, começou a vaiar. Não de-morou e começou uma briga dentro do teatro, que foi parar na rua e, em poucas horas, a briga virou um con-flito generalizado em toda a cidade (naquela época, o Rio era o centro, Tijuca, São Cristóvão e Catete).

Aconteceu também a revolta

da Carne Verde, quando o estado controlava a venda de carne verme-lha, proibindo matadouros clandes-tinos e beneficiando “os amigos”, que vendiam muito mais caros esses produtos, graças ao monopólio que dominavam. Enquanto o governo confiscava as carnes comercializadas sem autorização, a população saquea-va as carroças oficiais.

Mas nada se compara à revolta da vacina, quando o Rio, com complexo de inferioridade em relação a Buenos Aires, começa o bota abaixo nos cor-tiços e identificou que só com o fim deles acabariam com a proliferação dos ratos transmissores da peste, e

só vacinando a população se acabaria com a mortal varíola.

Liderada por Oswaldo Cruz, a oposição viu nessa ação a oportuni-dade de combater o governo, dizen-do que a vacina na verdade era para exterminar a população pobre, o pau quebrou em toda cidade, e tinha um malandro chamado Prata Preta que aproveitava a confusão para quebrar tudo.

Em 1968, na França, teve a contra-cultura, quando os estudantes saíram às ruas de Paris quebrando tudo, e até hoje ninguém consegue explicar como começou, porque começou e porque acabou.

Em 2013 o Brasil foi pra rua, pa-rou o país, começando pelo aumento das passagens de 20 centavos em São Paulo. E surgem os Black Blocs, os “pratas pretas” do século XXI.

No Rio, não só as passagens foram alvo dos protestos, mas também a presidente Dilma e o governador Sergio Cabral. Chegaram ao ponto de fazer um acampamento na porta do prédio dele, no Leblon, por dias. E um ano depois se reelege a Dilma com vitória no Rio e o governador Pezão, candidato do governo.

Em resumo, em 2015 as ruas volta-ram a ser ocupadas para se protestar contra tudo que está aí, proposta de nosso Gustavo. De impeachment da presidenta, passando pelo Fora PT e encontrando alguns animais que pe-dem a volta da ditadura militar, a vida segue com o país quebrado, e esse colunista que vos escreve desempre-gado desde dezembro de 2014.

Feliz aniversário, Ponte Velha.

Charge de Angelo Agostini sobre a Revolta do Vintém, 1879 (FBN/Angelo Agostini)

Os atores de um grupo mambem-be, que pretendiam representar num vilarejo, mostraram ao in-tendente o programa da peça que dizia: Os dois Barbeiros.O intendente mandou chamar o autor da companhia, que era ao mesmo tempo primeiro galã e ensaiador; e lhe disse:– Eu não sei se em Os dois Bar-beiros há algum insulto à religião ou à Sua Majestade. Por conse-guinte, primeiro representarão um só Barbeiro, e se for coisa decente, então poderão representar o outro.

Pela metade