jornal batista nº 39-2014

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1 ISSN 1679-0189 Ano CXIV Edição 39 Domingo, 28.09.2014 R$ 3,20 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901

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Na edição de nº 39 de O Jornal Batista deste domingo você confere diversos textos que abordam o tema "Eleições 2014", a fim de que, como cristãos, votemos de forma consciente em busca de um país melhor. Não podemos esquecer que a oração também requer atitude.

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Page 1: Jornal Batista nº 39-2014

1o jornal batista – domingo, 28/09/14?????ISSN 1679-0189

Ano CXIVEdição 39 Domingo, 28.09.2014R$ 3,20

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901

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2 o jornal batista – domingo, 28/09/14 reflexão

E D I T O R I A L

Cartas dos [email protected]

“O meu Cantor Cristão”

• Quando li o artigo do irmão Celso Aloisio me lem-brei de quando ainda era garoto em Minas Gerais. Nascido em berço evangé-lico, filho de pais diáconos, sempre estava na igreja, seja em qual culto fosse: velório, festa, agradecimento, sessão regular (hoje culto adminis-trativo), em tudo quanto era tipo de culto na igreja, em casa de irmãos, incluindo cemitérios, eu estava (risos).

Mas foi um crescimento físico e espiritual. Lá vemos e ouvimos os mais belos hi-nos, esse nome inclusive era de um disco de vinil: “os mais belos hinos do Cantor Cristão”. Realmente uma época maravilhosa da igreja, quando cantávamos sem que

houvesse gritarias, decibéis terríveis e, no CC, não era diferente: hinos totalmente silenciosos e que tocam em nosso íntimo.

Concordo plenamente com todas as palavras que o senhor escreveu em seu artigo. Quan-do ouço algum hino do CC, logo paro para ouvir, porque hoje em dia já está sendo raro ouvi-los. Em minha Igreja, a Primeira Igreja Batista Bonsu-cesso - RJ, nem se ouve mais, acredito que os jovens nem saibam o que é Cantor Cris-tão. Só tenho 38 anos, mas os que são novos convertidos, não são mais ligados a essas verdadeiras obras de arte do Espírito Santo.

Guilherme Toledo, membro da Primeira Igreja

Batista Bonsucesso - RJ

Há ques tões em nosso país que somente serão sanadas median-

te a misericórdia e o poder de Deus. Mesmo com tan-tos políticos prometendo que resolverão todos os pro-blemas, há situações que estão além da capacidade do ser humano e das boas intenções de alguns. Só o poder da Palavra de Deus e o mover do Espírito Santo podem mudar corações e restaurar o estado espiritual do Brasil. Não há como en-frentar o poder das trevas, cujo objetivo é matar roubar e destruir, sem a manifes-tação do poder de Deus. A violência brutal que se alastrou pelo país, as drogas

que chegaram em todos os municípios, a corrupção, a mentira, a iniquidade, a falta de ética nos negócios e nos relacionamentos, etc., são problemas que nos assolam diariamente e enfraquecem o povo brasileiro, roubando a sua dignidade e a esperan-ça de muitos.

É nesse cenário que, como cristãos, servos do Senhor Je-sus, não podemos nos omitir. Devemos clamar ao Senhor. Orar sem cessar, tanto pes-soal, quanto coletivamente, em família, grupo ou co-munidade. Acho que nunca precisamos tanto de servos fieis que oram. O que o Brasil mais precisa neste momento é da manifestação da graça e do poder de Deus. E isso

é responsabilidade da Igreja do Senhor Jesus. Fomos en-viados como sal e luz.

A Bíblia deixa muito claro que a manifestação dos filhos de Deus no meio das trevas produz mudanças profundas. O testemunho pessoal, a proclamação do Evangelho e a vida piedosa de oração de cada crente farão a grande diferença no meio de uma so-ciedade materialista, liberal e hedonista. Cremos no poder transformador da mensagem do Evangelho de Cristo Jesus e na oração. Não podemos nos omitir, nem ter vergonha dos valores e princípios cris-tãos. Somos povo de Deus, comprometido com a Bíblia, nossa única regra de fé e prática, e temos a missão de

proclamar a sua Mensagem de amor e restauração em um mundo que jaz no maligno.

Estamos trabalhando na mobilização do povo de Deus para dedicar uma se-mana exclusiva à oração pelo Brasil. Junte-se a nós e clame ao Senhor. Envolva sua fa-mília, amigos e igreja nesta grande jornada de oração que mudará a história do nosso país. Participe da Se-mana de Clamor pelo Brasil. Começamos neste domingo, dia 28. O tempo é hoje, o momento urge. Os filhos de Deus precisam se manifestar cheios da graça e do Espírito Santo. Clame ao Senhor.

Fernando Brandão,

diretor executivo da JMN

As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome com-pleto, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser en-caminhadas por e-mail ([email protected]), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Caixa Postal 13334, CEP 20270-972 - Rio de Janeiro - RJ).

O JORNAL BATISTAÓrgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DOCONSELHO GERAL DA CBBFUNDADORW.E. EntzmingerPRESIDENTELuiz Roberto SilvadoDIRETOR GERALSócrates Oliveira de SouzaSECRETÁRIO DE REDAÇÃOOthon Oswaldo Avila Amaral(Reg. Profissional - MTB 32003 - RJ)

CONSELHO EDITORIALCelso Aloisio Santos BarbosaFrancisco Bonato PereiraGuilherme GimenezOthon AvilaSandra Natividade

EMAILsAnúncios:[email protected]ções:[email protected]:[email protected]

REDAÇÃO ECORRESPONDÊNCIACaixa Postal 13334CEP 20270-972Rio de Janeiro - RJTel/Fax: (21) 2157-5557Fax: (21) 2157-5560Site: www.ojornalbatista.com.br

A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOSW.E. Entzminger,fundador (1901 a 1919);A.B. Detter (1904 e 1907);S.L. Watson (1920 a 1925);Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940);Moisés Silveira (1940 a 1946);Almir Gonçalves (1946 a 1964);José dos Reis Pereira (1964 a 1988);Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOSZacarias Taylor (1904);A.L. Dunstan (1907);Salomão Ginsburg (1913 a 1914);L.T. Hites (1921 a 1922); eA.B. Christie (1923).

ARTE: OliverartelucasIMPRESSÃO: Jornal do Commércio

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3o jornal batista – domingo, 28/09/14reflexão

bilhete de sorocabaJULIO OLIVEIRA SANCHES

Jaiminho é um garoto esperto e inteligente. Fi-lho do pastor Jayme e Márcia. O casal pastoreia

duas Igrejas, que são peque-nas e grandes ao mesmo tempo, nas cidades de Poran-gaba e Bofete - SP. As Igrejas são pequenas em número de membros, porém, grandes nas realizações no Reino de Deus. Povo alegre, dedicado e comprometido com o ide de Jesus.

Um dia desses, Jaiminho ouviu o pai dizer que havia plantado algumas mudinhas e agora precisava de chuva para vê-las crescer. O estado de São Paulo, em toda a sua extensão, sofre as consequên-cias da falta de chuva. Tor-neiras secas, racionamentos, represas com o mínimo de água, sem condições de aten-der a demanda da população, cidades comprando água ou furando poços artesianos para suprir seus munícipes, desespero geral.

Há algum tempo quando ocorria estiagem, as igrejas

Carlos Alberto Pereira, pastor da Primeira Igreja Batista em Três Marias - MG (in memorian)

“Porque o coração des-te povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não ve-jam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compre-endam com o coração e se convertam, e eu os cure” (Mt 13.15).

Jesus, diante de uma mul-tidão, ensinava a respei-to da multiplicidade da Palavra de Deus tanto

na sua eficácia para aqueles que ouvindo-a, recebessem--na em sua totalidade e prá-tica, bem como àqueles que a rejeitassem, menosprezan-do-a, recebessem a perple-

e os salvos se mobilizavam em oração para implorar por chuva. Dava resultado. Ocorria arrependimento. Buscava-se mais santidade e chuvas de bênçãos eram derramadas sobre a terra seca. No Antigo Testamento a ausência de chuva sempre era consequência do pecado do povo de Deus. A história de Elias e seu confronto com a idolatria de Acabe e as feitiçarias de Jezabel visa-vam levar o povo de Deus a retornar ao Senhor. Creio que o mesmo ocorre hoje. Mas, hoje temos os serviços de meteorologia com seus computadores gigantes que oferecem as condições do tempo em cada lugar do pla-neta. Não precisamos mais de oração, arrependimento e busca de santificação. Não há convite para se retornar a Deus. Os serviços meteo-rológicos fazem o papel de Deus, informando se vai ou não chover. Mas, falta-lhe o poder para fazer chover. Ainda não se descobriu o

xidade e a incompreensão espirituais, ficando dessa maneira estéreis das bênçãos de Deus. Jesus contextualiza a profecia de Isaías, profeta que lhe antecedeu quatro-centos anos, para mostrar ao povo judeu de sua época que, a exemplo dos seus ancestrais, sua dureza para entender os desígnios de Deus continuava a existir na mesma proporcionalidade.

Jesus, no texto considera-do, narra em sua parábola

processo de fazer chover nas serras da Cantareira, nas cidades de Itu e Tambaú. Resta economizar água, sob pena de multas impostas pelo governo.

Jaiminho não pensa assim e, tampouco, entende de meteorologia. Ao ouvir que as mudinhas plantadas pelo pai precisavam de chuva para crescer, convidou a mãe a orar com ele suplicando chuva. A mãe atendeu ao convite do menino. Entra-ram no quarto e, de portas fechadas, oraram para que Deus mandasse chuva. No dia seguinte pela manhã, al-gumas gotas de chuva quase apagaram a poeira. Não era o suficiente. O menino fez sua interpretação de teologia prática. Como não choveu o suficiente para molhar a terra, significava que as orações do dia anterior não foram suficientes para tocar o coração de Deus. Preci-savam orar mais. Com mais fervor. Maior intensidade e mais tempo de joelhos.

que o semeador (Deus) saiu lançando a semente (a Pa-lavra do Reino de Deus) em vários tipos de solo. Muitos ficaram sem enten-der. Mas aqueles que se aproximaram de Jesus, com os seus corações sensíveis e receptíveis ao ensino dele, receberam o entendimento e as curas tanto física como espiritual. E por que muitos não entenderam a parábola? Porque não quiseram com-promisso. Não quiseram

Assim ocorreu. No dia se-guinte uma boa chuva mo-lhou a terra, para alegria do menino. Deus havia ouvido as orações de filho e mãe. Agora as mudinhas cresce-riam. A terra molhada era propícia ao crescimento da plantação.

Dias depois, de madruga-da, copiosa chuva com re-lâmpagos e trovões, acordou o menino. Deus estava man-dando mais chuva. Como o pequeno Samuel, que não soube identificar a voz de Deus e correu ao quarto de Eli, Jaiminho correu ao quarto dos pais à procura de proteção e foi acolhido com amor.

Com tantas calamidades no mundo, violências, guer-ras, fome, pestes, incêndios, enchentes e inundações, desabrigados, secas, falta e desperdícios de alimentos, precisamos de salvos como o Jaiminho, dispostos a orar. Não há demérito aos servi-ços de meteorologia. Tenho um filho meteorologista que

largar suas “religiosidades” de conveniências. Queriam uma compreensão e uma re-ligiosidade particularizadas.

Meu prezado leitor, apro-xime-se de Jesus e comece a obedecer à sua Palavra. Faça um pacto com ele. Ob-serve o que Jesus disse aos que queriam ter um relacio-namento, um compromisso com Ele: “Porque a vós é dado conhecer os misté-rios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é dado”

oferece diariamente com sua equipe as condições do tempo para todo o território nacional. Nenhuma descren-ça na sofisticada aparelha-gem usada. Previsões que se concretizam fielmente todos os dias. O serviço de meteorologia faz as previ-sões baseadas nas condições climáticas. Não tem o poder de mudar as condições do tempo. Não há poder para fazer chover.

Acima das condições cli-máticas está o senhor do tempo, que atende as ora-ções dos seus pequeninos servos. Precisamos orar mais, com maior intensidade, com mais fervor. Carecemos de arrependimento genuíno e real confissão de pecados. Nossa terra está doente. O povo que a habita está lon-ge da real comunhão com Deus. Só o Senhor é capaz de nos proporcionar chuvas de bênçãos para este Brasil sofrido, confuso e carente da graça de Cristo. Oremos com fé e a chuva virá.

(Mt 13.11). Aproxime-se de Jesus pela confissão. Que confissão? A confissão que Paulo, apóstolo, nos orien-ta, dizendo: “A saber: se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confis-são para a salvação” (Rm 10.9-10). Fique com e perto de Jesus. Amém.

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GOTAS BÍBLICASNA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia

Durante a vida de Josué

reflexão

“Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes” (Mt 6.8).

Antes de ensinar aos discípulos a oração do Pai Nosso, Jesus salientou um ponto

importante: “Vosso Pai sabe o que vos é necessário, an-tes de vós lho pedirdes” (Mt 6.8).

Nossa reação natural, dian-te de tal afirmação, é: se an-tes de o pedirmos, nosso Pai, sabe do que precisa-mos, então para que orar? Nossas orações não seriam uma espécie de “chover no molhado?”.

Bem, se nosso conceito de oração se reduzir a apenas “pedir”, então a conclusão

não parece estranha. Se, en-tretanto, nossa definição de oração for ampliada para: “ter comunhão com o Se-nhor”, “ouvir a voz de Deus”, “dar graças pelas bênçãos”, “crescer na graça” – neste caso, “orar” faz todo o senti-do para o cristão.

Faz sentido conversar com o Senhor e abrir o coração, pondo para fora as próprias necessidades. Faz sentido conversar com o Senhor pe-dindo orientação e luz para nosso próprio processo de crescimento espiritual. Faz sentido também dizer a ele a nossa tristeza quando não correspondemos às expecta-tivas da Bíblia. Mas, acima de tudo, faz sentido orar, mes-mo sendo limitados, tendo a certeza de que “Ele sabe o que nos é necessário”.

Sylvio Macri, pastor da Igreja Batista Central de Oswaldo Cruz - RJ

Esperança é uma espé-cie de palavra mági-ca. Ela faz despertar no coração humano

sentimentos, desejos e atitu-des variados, todos sempre bons, que fazem o nosso ser melhor. É por isso que o jargão popular diz que “a esperança é a última que morre”. Pois, quando mor-re, não resta mais nenhuma razão por que viver e crer.

Quando se fala em espe-rança, fala-se de perspectiva de mudança. Desejamos e esperamos que mude este quadro de violência que se manifesta de tantas maneiras em nosso país. Desejamos e esperamos que seja elimina-da a pobreza e a miséria que presenciamos diariamente em nossas ruas e comuni-dades. Desejamos e espera-mos que haja mais ordem e limpeza no espaço urbano. Desejamos e esperamos que haja mais seriedade com a coisa pública por parte dos políticos.

Quando se fala de esperan-ça, fala-se de futuro, o que nos remete imediatamente a pensar em nossas crian-ças. Desejamos e esperamos um futuro seguro para elas, um tempo em que não falte educação, emprego e outras coisas essenciais à dignida-de humana. Desejamos e esperamos que cresçam em um ambiente sadio e despo-luído, em uma cidade livre de catástrofes e acidentes. Desejamos que sejam me-lhores do que somos, mais cidadãs, mais solidárias e mais felizes.

Porém, infelizmente surge a dúvida, onde encontrar motivação para sustentar tanta esperança? Certamente não será na política e nos políticos, na ciência e nos cientistas, na justiça e nos juízes, na religião e nos re-ligiosos, na ideologia e nos ideólogos, nas organizações e ativistas sociais. Todos esses têm falhado redonda-mente na solução dos pro-blemas do nosso país.

Há quase dois mil anos, em uma das maiores cidades da época, Jerusalém, que es-tava sob o jugo pesado dos romanos, levantaram-se as vozes dos apóstolos, diante de um auditório altamente qualificado, para dizer que só pela fé em Jesus é possí-vel manter a esperança de verdadeira mudança e de um futuro feliz. Cristo é a única esperança para este mundo sem perspectiva. Somente ele nos dá as con-dições para mudar o nosso presente e o nosso futuro.

Jesus é esperança para o Brasil, porque “Não há salvação em nenhum ou-tro, pois, debaixo do céu, não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Essa é uma verdade que temos experimentado em nossas próprias vidas e, justamente por causa disso, somos pessoas capacitadas a transmiti-la ao povo de nossa Pátria. Temos auto-ridade para falar de Jesus porque já encontramos nele a verdadeira esperança.

Temos o dever de pregar essa verdade ao povo brasi-leiro. O Senhor Deus diz na

sua Palavra que se virmos o povo na iminência de pere-cer e não o alertarmos, falha-remos e seremos cobrados por isso: “Se o vigia vê o ini-migo se aproximando e não dá o alarme, o inimigo vem e mata aqueles pecadores. Nesse caso, eu considerarei o vigia como responsável pela morte deles” (Ez 33.6).

Não podemos agir como Jonas que, mesmo depois de pregar à cidade de Níni-ve e ver a manifestação de arrependimento por parte de seus habitantes, não teve compaixão daquela gente e questionou Deus por causa da sua disposição de per-doar. E o Senhor respondeu-lhe que não poderia deixar de ter compaixão de uma cidade onde havia mais 120 mil crianças inocentes (Jn 4.1-10). Se somos filhos do Deus de amor, sentiremos, como ele, compaixão pelas almas perdidas.

Em nossos dias, é impossí-vel, como crentes no Senhor Jesus, vermos e ouvirmos as notícias sobre o nosso país sem sermos tomados por tristeza, preocupação, cons-trangimento e compaixão. Tristeza pelo sofrimento,

preocupação pelo futuro, constrangimento pelo pouco que fazemos, e compaixão que nos motiva a fazer mais.

No mínimo, podemos orar, interceder diante do trono da graça de Deus pe-los nossos concidadãos, e testemunhar àqueles que nos rodeiam. Porém, é ne-

cessário também contribuir para sustentar aqueles que estão fazendo a obra missio-nária onde não podemos ir. E, mais que isso, é possível oferecer-nos como voluntá-rios para apoiar esses mis-sionários. Se Jesus é a sua esperança, reparta-a com os outros.

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5o jornal batista – domingo, 28/09/14reflexão

Quando Helena Bra-sil se apresentou para começar seu trabalho na escola

municipal em um bairro pobre de Nova Iguaçu - RJ, a direto-ra a designou para a terceira série e disse: “Essa classe tem a sua cara”. Helena estava longe de imaginar o que isso significava. Logo ela ficou sa-bendo que várias professoras já haviam passado por aquela turma sem terem conseguido nenhum resultado positivo. Havia lá um menino de nove anos que mandava na turma e era ele quem dizia se a clas-se devia aceitar ou não cada professora. Era uma turma agressiva, agitada, que depre-dava tudo, unia-se para agredir alunos de outras turmas e, por isso, eles eram chamados de “bichos” pelas outras tias. Helena logo descobriu que, se quisesse dar jeito na classe, te-ria que conquistar o líder. Era ele quem determinava onde cada aluno deveria sentar--se, defendia os mais fracos e “encarava” meninos maiores do que ele. Até que ele tinha qualidades de liderança. As carteiras eram duplas e ele fazia o rodízio colocando um aluno negro e outro branco em uma carteira, um gordinho e um magro na outra e todos obedeciam sem questionar.

Helena chamou esse aluno para conversar fora da classe e descobriu que ele não sabia quem era seu pai. Cada namo-rado que sua mãe trazia para casa, ele analisava bem para ver se parecia com o homem, pois ela lhe dissera que seu pai tinha morrido, mas ele não acreditava. Aos poucos, demonstrando autoridade temperada com muita com-paixão, Helena foi conquis-tando o menino. Percebeu que ele, embora na terceira série, não conseguia ler nem escrever. Através de um lin-do caderno que ela mesma preparou, foi ensinando a ele as letras e palavras. Lá, um dia, ao abrir o caderno, ela sentiu lágrimas quentes brotarem dos seus olhos e turvarem sua vista. O menino havia escrito: “Professora, eu te amo; eu queria que você fosse minha mãe”. Ela não se emocionou tanto com a de-claração espontânea de amor, quanto com a verificação de que o menino havia superado seus bloqueios e já conseguia escrever uma frase completa.

O garoto se tornou solícito, ajudando Helena a arrumar a sala, cuidando de seus per-

tences e pondo disciplina na turma. A diretora e as outras professoras da escola estavam admiradas e perguntavam como é que Helena havia conseguido operar uma trans-formação tão grande naqueles alunos. Elas não sabiam, mas Helena sabia: era a força da compaixão.

Chegou o Natal de 2007. Aquele menino não sabia o que era passar um Natal em família, não sabia o que era sentar-se a uma mesa e partici-par de uma refeição, não fazia idéia alguma sobre Deus nem sobre o que seria um culto de Natal. Helena, de comum acordo com Nelson, seu es-poso, fez um ofício à direção da escola e falou com a mãe do garoto pedindo permissão para levar o aluno para passar o Natal em sua casa. Levou-o para o seu lar, conduziu-o a um barbeiro para um corte de cabelo que desse ao menino uma feição mais civilizada e lá ele ficou. Admirado de tudo, passou o Natal e o Ano Novo na casa da “tia” e foi à igreja com Helena e Nelson também.

No começo de janeiro, a mãe do menino telefonou pedindo que ele fosse levado de volta ao lar. Helena passou por uma cirurgia e ainda não teve como voltar ao trabalho, mas continua mantendo con-tato com aquelas crianças, que sempre estão ligando para o seu telefone.

Não faz muito tempo, He-lena recebeu uma ligação da mãe do menino. Ele saíra de casa dizendo que ia visitar a tia Helena, passava da meia noite e ele não voltava. Hele-na ficou preocupada, muitas coisas lhe passaram pela ca-beça, mas menos de uma hora depois, em outro telefonema, a mãe do menino informava que ele já estava em casa. Não conseguira acertar com o endereço da professora e se perdera.

Ao recordar esses fatos, as dificuldades, a mudança na vida daquelas crianças, Helena não conseguiu con-ter as lágrimas. Alcançou grande vitória, mas teve que pagar um alto preço, pois foi vitimada por uma depressão; está sob cuidados médicos, dependendo consciente-mente da graça de Deus. Se, porém, tivesse que voltar no tempo, faria tudo de novo, por amor. O Brasil é um me-nino que precisa de Deus. Quem dele terá compaixão? Quem?

Rogério Augusto de Paula, pastor da Primeira Igreja Batista em Colatina - ES

Tô dentro é uma ex-pressão idiomática que significa “pode c o n t a r c o m i g o ” .

Após os últimos aconteci-mentos na política brasileira (morte de Eduardo Campos e escândalo na Petrobras), o tom da campanha eleitoral rumo ao Palácio do Planalto esquentou de vez.

Marina Silva, substituta natural do candidato Eduardo Campos, que aparecia em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais com 8% a 12% de intenção de votos, surge agora como um furacão, com perspectivas de se eleger, deixando para trás a favorita Dilma Rousseff e o mineiro Aécio Neves.

Não sou adepto do profetis-mo do caos e não concordo com a teoria do quanto pior melhor, no entanto, o povo de Deus precisa olhar para essas eleições como um mar-co na vida da sociedade bra-sileira e na vida dos cristãos. As mobilizações contra prin-cípios e valores cristãos que norteiam as instituições bra-sileiras crescem a cada dia. Grupos se organizam, fazem passeatas, abaixo-assinados, estão se elegendo, estão fa-zendo leis e aprovando leis que são verdadeiras aberra-

ções, abominações contra Deus. Há muitos projetos de leis tramitando no con-gresso que são uma afronta à liberdade do cidadão, são projetos contra a vida, contra a família e que restringe os direitos que povo brasileiro conquistou a duras penas.

Segundo Fustel, um dos fatores preponderantes para medir o grau de desenvol-vimento de uma nação é o conhecimento e o envolvi-mento político do seu povo. Para ele, povo politizado é sinônimo de povo desen-volvido, pois a política faz com que o cidadão se com-prometa com a ideologia escolhida, obrigando-o a buscar resultados positivos. A disseminação ideológica só irá lograr êxito se o grau de comprometimento do individuo for alto suficiente a ponto de influenciar e mo-dificar atitudes e comporta-mentos.

Nicolau Maquiavel, em seu livro “O príncipe”, afir-ma que “os homens são tão simplórios e obedecem de tal forma às necessidades presentes, que aquele que engana encontrará sempre quem se deixe enganar”.

Os motivos para estarmos dentro do processo eleito-ral são maiores e mais no-bres do que os motivos para nos ausentarmos. O voto de quem é comprometido

com o Senhor Jesus Cristo é fundamental nessas elei-ções, pois representará o voto ético, que não se cor-rompe. Representará o voto consciente, que não se deixa levar por falsas promessas, é o voto honesto, que não tem valor monetário.

Infelizmente, há uma cul-tura que permeia o meio evangélico contra o seu en-volvimento na política, onde afirma: “política não é coisa de crente”, todavia, o após-tolo Paulo nos exorta a “não nos conformarmos com este mundo, mas transformá-lo”. O texto fala de choque cul-tural, mudança de pensamen-tos e atitudes. Segundo Davi Merkh, Paulo nos desafia a rejeitar uma cultura e abraçar outra. A cultura da troca de favores, a cultura do nepotis-mo, a cultura da impunidade precisa ser mudada, ou me-lhor, precisa ser extirpada do nosso meio.

O poder que governa não pode ser maior do que o poder que os elegem, afinal “o poder emana do povo” (Art. 1, § 1 da CRFB de 88). O seu voto é muito impor-tante. Exerça sua cidadania, busque em oração a direção de Deus, e escolha aqueles que estarão dirigindo nossas vidas politicamente, mas não esqueça: uma escolha errada hoje, só poderá ser alterada daqui a quatro anos.

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6 o jornal batista – domingo, 28/09/14 reflexão

Gilberto Garcia, especialista em direito religioso

O Congresso Na-cional aprovou a Lei Comple -mentar 135, de

04/06/2010, de iniciativa popular, que foi denomina-da de Lei da Ficha Limpa, à qual exige que os candidatos a cargo eletivo tenham um passado sem condenações judiciais, por um colegiado de juízes, em uma perspecti-va da vigência dos princípios da moralidade administrativa e da ética no trato da coisa comum, para os exercentes de mandatos públicos.

Nas eleições passadas, os Tribunais de Justiça de vários estados vetaram candidaturas de diversos cidadãos, os quais foram condenados nos mais variados processos, sendo que alguns deles concorreram no pleito eleitoral anterior, ainda que com as candidaturas “sub judice”, ou seja, pendente de decisão judicial definitiva, eis que, o Tribunal Superior Eleitoral julgara que os efeitos dela se aplicavam às condena-ções ocorridas antes da apro-vação da Lei da Ficha Limpa,

Moisés Selva Santiago, pastor da Igreja Batista Olaria - Porto Velho - RO

Muito se tem escri-to sobre as faça-nhas do Conde João Maurício

de Nassau-Siegen, gover-nador do Brasil Holandês de 1637 a 1644. A história atesta que ele priorizou o bem-estar da população, por meio da educação, moradia, saneamento, coleta de lixo, calçamento de ruas, pontes, edifícios públicos, jardins, segurança; incentivou a ciên-cia, criando o observatório astronômico e o laboratório de ciências naturais; forta-leceu a economia, unindo

entretanto, em respeito ao principio da anterioridade, o Supremo Tribunal Federal fixou a aplicabilidade legal--temporal a partir das eleições de 2012.

Desta forma, como socie-dade, agora também pela Lei da Ficha Limpa, exigimos que os cidadãos que se colo-cam à disposição no sistema democrático para representar o povo no exercício de man-datos eletivos tenham auto-ridade, ou seja, um passado que os recomende, revestido de idoneidade, para adminis-trar a coisa pública, o que é altamente salutar, para nossa estrutura social, que pressu-põe pessoas que tenham es-pírito cívico, voltado para os interesses da sociedade civil.

Anote-se que estes candi-datos são cidadãos que se destacam em suas atividades profissionais, movimentos sociais, sindicais, comuni-tários, moradores, religio-sos, estudantil, empresariais, artísticos, esportivos etc, e mesmo para a convivência em sociedade, o princípio da boa fé é que deve nortear as relações sociais, inclusive nos negócios, nas transações,

portugueses e holandeses; permitiu a liberdade religiosa entre católicos, calvinistas, judeus e até mesmo escravos africanos; e governou de for-ma “democrática”, ouvindo os diferentes segmentos da sociedade. Mas, há um de-talhe na biografia de Nassau pouco explorado: a fé.

E como expressão de fé, o conde compôs o “Hino de gratidão, contrição e oração”, em 1665, após o quase afo-gamento na Frígia, nas costas do Mar do Norte. Diz ele: “Sou príncipe real. Ao trono celestial, coloco o cetro meu. Profunda gratidão transborda o coração: sou servo, filho teu”. Mesmo investido de autoridade, submetia-se ao

no exercício profissional, nos envolvimentos de fé etc.

Assim os cidadãos-candida-tos têm sua origem entre os cidadãos-eleitores, os quais se pressupõe que tenham Ficha Limpa, seja no sentido social, seja no sentido legal, não te-nha nome no SPC/Serasa, não tenha passado cheque sem fundos, não tenha carteira de motorista sem ter feito as provas e exame de direção do Detran, não beba bebi-da alcoólica antes de dirigir, não tenha sido aprovado em exame escolares ou concur-so público através de meios ilegais, não chegue atrasado todo dia no trabalho ou não seja preguiçoso em sua ativi-dade profissional, não deixa de cumprir com as obrigações legais com seus empregados - colaboradores.

Nesta percepção de que os candidatos são cidadãos e que é a própria sociedade que estabelece os princípios que a norteia, é que se per-gunta: o eleitor também tem que ter Ficha Limpa? Ou, como sociedade, por con-veniência, entendemos que só os cidadãos-candidatos necessitam ter Ficha Limpa?

trono celestial. Em vez de prepotência, gratidão. Um príncipe que se considerava apenas servo. E conclui: “Sou grande pecador. Entrego o co-ração nas tuas mãos. Amém”. (Schalkwijk, F.Igreja e Estado no Brasil Holandês. SP: Ed. Cultura Cristã, 2004, p. 420).

Talvez esse elemento esteja faltando nos administradores públicos do nosso tempo. Não me refiro ao ato de ir a uma igreja (principalmen-te porque nessa época de eleições os candidatos vão a todas). Nem levo meu pensa-mento para o exclusivismo, pai do fundamentalismo mór-bido que apregoa a morte de quem adora diferente. Nassau possuía convicções pessoais,

Essa perspectiva proposta visa exatamente inverter os lados, e provocar o cidadão- eleitor para que ele se “olhe no espelho” e perceba a ne-cessidade de ter autoridade para exigir do cidadão-can-didato um comportamento ilibado e uma vida digna, que corresponda com os anseios da sociedade, sem deixar de ter a ótica de que a exigência colocada é pertinente na me-dida em que este cidadão-can-didato irá administrar aquilo que é público, e não particu-lar, mas que o princípio ético deve ser o mesmo, direciona-do para o bem comum, em uma visão igualitária.

Por isso, muitas das vezes temos dificuldades de en-tender inúmeras leis que são aprovadas, as quais, em gran-de parte, estão totalmente desconectadas da realidade social, diferente da Lei da Ficha Limpa, que foi fruto de uma grande mobilidade po-pular, tendo encontrado eco no Congresso Nacional, que acabou aprovando a mesma, apesar da proximidade das eleições, em função da preo-cupação da sociedade de que os cidadãos que exercem car-

ao mesmo tempo em que convivia com as diferenças. Sabia que era um “grande pecador”, e não um ser into-cável acima da lei e da justiça, como hoje em dia muitos tentam se colocar, embora estejam afundados na lama da corrupção. O conde não se guiava pelo “coração”, mas sim colocava as emoções nas mãos de Deus. Atitude bem diferente dos rompantes passionais hierarquizados na administração pública, c o m p e r s e g u i ç õ e s a o s “opositores” e benesses para quem compartilha o partido, o copo, o roubo e até o corpo.

É claro que o governo de Nassau não foi perfeito, nem Recife era o Éden sem ser-

gos públicos devem cumprir os princípios da moralidade administrativa, sendo cida-dãos-candidatos inatacáveis.

E os cidadãos-eleitores que não respeitam os vizinhos, especialmente no que tange a Lei do Silêncio, compram produtos piratas e utilizam rádios piratas, subornam o guarda de trânsito para não serem multados, não pagam suas contas em dia, vendem carros com defeito sem dar ci-ência ao comprador, deixando de cumprir com seus deveres sociais, têm autoridade de exigir dos cidadãos-candidatos Ficha Limpa?

Nestas eleições de 2014, quando estaremos elegendo presidente, vice-presidente, senadores, deputados Fede-rais e deputados Estaduais, que possamos votar em cida-dãos-candidatos Ficha Limpa, como sendo um reflexo de um importante esforço de toda a sociedade, no exercí-cio da ética como sendo uma obrigação no comportamen-to, especialmente na ativida-de pública, à qual deve se aplicar de igual maneira aos cidadãos-candidatos como para os cidadãos-eleitores.

pente. Porém, lá até a maior autoridade reconhecia sua pequenez diante de Deus. O certo é que, em qualquer época ou cultura, a espe-rada moralidade e ética no trato da coisa pública, e a almejada sociedade justa e legal para todos, somente podem ser reais quando há fé nas pessoas, inclusive nos dirigentes do país. Não basta ensinar “religião” nas escolas ou construir uma igreja em cada esquina. “Não adianta ir à igreja, rezar e fazer tudo errado” (cantou Fernando Mendes). Isso porque “As-sim também a fé sem obras é morta” (Tg 2.26b). Então, ecoa a questão: “por onde anda o elemento fé?”.

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Saiba como foi o IV Congresso Indígena realizado em Recife - PE

Conversão genuína - missionária de capelania hospitalar

compartilha testemunho de vida alcançada

Pastor Guenther Krieger foi o orador oficial do Congresso

Pastor Valdir com os missionários que atuarão entre a etnia Guarani Kaiuá

Pastores Élio Morais, Valdir Soares e Ney Ladeia durante o evento

Redação de Missões Nacionais

A missionária Anne Bertolino tem evan-gelizado pessoas que estão nos hos-

pitais do estado de São Paulo. Acompanhe, a seguir, o relato dela sobre o seu ministério de capelania hospitalar e saiba como mais uma vida foi al-cançada para o Senhor Jesus:

“Tenho uma excelente no-tícia. Este foi um mês de sal-vação. Acredito que uma das minhas funções no hospital é garimpar. Ofereço conso-lo, uma palavra amiga, um ombro para chorar, uma lei-tura bíblica. Mas nem todos querem o Jesus Salvador, procuram apenas seus mila-gres. Ofereço tudo isso aos pacientes e vou garimpando até encontrar pessoas que pro-curam mais do que milagres, mas buscam sentido para a sua existência. Jesus é exa-tamente do tamanho do va-zio existencial. Dessa forma, apenas Ele pode preencher completamente a vida das

Redação de Missões Nacionais

Em parceria com a Convenção Batista de Pernambuco, Or-dem dos Pastores de

Pernambuco, União Femi-nina e Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), Missões Nacionais

pessoas. Tenho a alegria de contar que achei quem quis preencher esse vazio.

Visitei a Clínica Médica, o primeiro quarto a ser visitado naquele dia. Encontrei um homem de aproximadamente 40 anos, que havia sofrido uma fratura. Conversamos, e quando já me preparava para fazer uma oração por ele, pe-dindo por sua saúde, um se-nhor saiu do banheiro e veio em direção ao leito vazio. Ouviu a minha conversa com o primeiro paciente e pediu que eu orasse por ele tam-bém. Pedi que esperasse um instante, que oraria em favor do primeiro paciente e já iria conversar com ele. Foi o que aconteceu. Despedi-me do primeiro e fui em direção ao paciente que havia chegado depois, com cerca de 70 anos. Contou-me sua surpreendente história”.

Enfartou, e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Chegou ao hospital desacor-dado e colocado na sala de choque, apesar de não ter

realizou o IV Congresso Indígena, em Recife - PE. O evento ocorreu na capela David Mein, do STBNB, e reuniu membros de diversas igrejas batistas e missio-nários que atuam entre os indígenas.

O orador oficial do Con-gresso foi o missionário Guenther Carlos Krieger,

recebido os procedimentos de ressuscitação. Foi colocado em um tipo de estufa, onde já se encontravam mais seis pessoas. Toda a sua família já conhece Jesus, mas esse paciente sempre foi rebelde e queria fazer o que bem en-tendesse de sua vida. Casou--se com uma serva do Senhor também. Enquanto estava no hospital, sua esposa, em casa, encontrou seu cãozinho morto, imóvel, sem respirar. Ela correu até a cozinha, pe-gou um óleo, consagrou-o ao Senhor e passou em seu cãozinho, orou a Deus, que o trouxesse de volta, e o cão na mesma hora voltou a respirar e reviveu. A mulher ficou ma-ravilhada com o que Deus ha-via feito e sentiu que deveria fazer o mesmo pelo marido. Na mesma hora correu para o hospital a fim de ungir e orar a Deus pelo marido.

Enquanto isso, uma enfer-meira que abriu o local onde estavam constatou que as sete pessoas que se encontravam ali estavam mortas. Começa-ram a retirá-las dali e declarar

que trabalha há mais de 50 anos entre os indígenas Xerentes do estado de To-cantins. O evento também contou com a participação do coral da Igreja Batista em San Martin, além da presença do pastor Valdir Soares, gerente nacional da JMN para evangelização dos povos indígenas, pastor Ney

o horário de óbito. Quando o homem já seria retirado, abriu os olhos e começou a resmungar algo que era ininte-ligível, pois estava entubado. A enfermeira gritou para que a ajudassem, pois havia aconte-cido um milagre, um homem estava vivo. Quando tiraram os tubos, ele disse logo que não estava morto, não. A en-fermeira lhe disse que era um milagre, e que seu Deus era muito forte. Sua esposa chegou algum tempo depois e entendeu que no momento em que Deus ressuscitou seu cachorro, ressuscitou também o marido.

“Este paciente, além de pro-blemas cardíacos, também estava com complicações em outros órgãos, mas tinha uma certeza, Deus o havia ressus-citado porque ainda tinha algo para ele. Eu disse a esse senhor que sabia exatamente por que Deus tinha dado mais um tempo de vida a ele. Co-mecei a falar sobre o grande amor de Deus e o sacrifício de Jesus na cruz para nos perdoar os pecados e nos proporcio-

Ladeia, da Igreja Batista da Capunga, e do mais novo casal de missionários que atuará entre os indígenas Guarani Kaiuá, no Mato Grosso do Sul. “Como foi maravilhoso desafiar cora-ções tão interessados”, de-clarou o pastor Élio Morais, da IB em San Martin.

Os povos indígenas for-

nar a Salvação, a vida eterna. Disse a ele que o presente já nos foi dado, porém é preci-so aceitarmos o presente da Salvação, nos arrependendo de nossos pecados, pedindo perdão e tendo fé que, por intermédio da morte e res-surreição de Cristo, podemos ser salvos. Perguntei a ele se já havia aceitado o presente da Salvação em Jesus Cristo, e ele me respondeu: ‘Sim. Enquanto você explicava, concordei com tudo, eu acei-to Jesus’. Convidei-o a orar, entregando sua vida a Cristo. Quando abri os olhos, ele estava chorando e disse que agora sentia que Jesus estava dentro dele, sentia a paz e amor dele em sua vida. Ago-ra sabia que estava salvo por toda a eternidade. Conversão genuína.

Agradeço a Deus por poder contar as Boas Novas aos que sofrem. E agradeço a você, por interceder e contribuir para que o projeto prossiga, dando sentido à vida das pes-soas, levando Jesus e a salva-ção a todos”.

mam um grande número de grupos étnicos no Brasil. Muitas tribos ainda vivem crenças que evidenciam a sede de um povo que pre-cisa ouvir a mensagem de salvação. O objetivo do congresso foi envolver e despertar os batistas para a evangelização dos indí-genas.

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Comunicação JBB

Amor, sabedoria e uma geração apai-xonada pelo Reino foi o que pode ser visto na terceira edição da Conferência Paixão pela Juventude (PPJ), que acon-

teceu entre os dias 12, 13 e 14 de setembro no Colégio Batista Shepard - na Tijuca – RJ. O even-to - que tem como intuito mobilizar e fortalecer os ministérios de juventude das igrejas batistas, a fim de torná-los relevantes na sociedade - é organizado pela Juventude Batista Brasileira (JBB). E, nesta edição, contou com a parceria da Juventude Batista Carioca (JBC), que recepcionou os cerca de 200 participantes vindos de diversos lugares do Brasil: Rio de Janeiro (JBC; JUBERJ), São Paulo (JUBESP), Pará (JUBAPA), Minas Gerais (JUBAM), Espírito Santo (JUBAC), Goiás (JUBEG) e Distrito Federal (JUMOB) .

Cerca de 50 voluntários - incluindo os músicos da Banda “Louvor JBC” e equipe da multimídia - trabalharam antes e durante o evento para que cada conferencista fosse acolhido com muito amor, como conta Thaís Gomes, presidente da Juventude Batista Carioca: “Tivemos voluntários membros de diversas igrejas batistas de nossa cidade e até mesmo da região metropolitana do estado. O grande desafio foi fazer com que essa galera entendesse a proposta da Conferên-cia e comprasse a ideia. Tivemos pouco tempo para nos reunirmos como equipe, mas isso não impediu que os voluntários trabalhassem com

tanto empenho e amor durante o fim de sema-na. Todos muito solícitos, e buscando sempre proporcionar uma recepção calorosa a cada participante que chegava ao local. Foi um fim de semana intenso. Subimos e descemos escadas di-versas vezes, dormimos pouco, carregamos peso, mas tudo isso com a certeza de que nada foi em vão. Cremos que Deus nos deu a oportunidade de fazer parte daquilo que ele tem realizado na vida dos líderes e pastores da Juventude Batista Brasileira e somos gratos a ele por isso”, declara a presidente.

Ratificando o que disse Thais, o voluntário Is-rael Miranda, baiano morador do Rio de Janeiro há alguns anos, comenta que servir no Paixão pela Juventude foi uma experiência maravilhosa: “Apesar de todas as dores geradas pelo esforço constante, o meu espírito e a minha alma saem daqui extremamente engrandecidos e em uma felicidade inexplicável. Trabalhar para a Obra de Deus é um prazer. Ser servo é o que aprendi durante os dias da Conferência”, relata Israel, de 23 anos.

A abertura do PPJ 2014, edição Rio de Janei-ro, contou com a participação dos preletores Fabio Silva e Ziel Machado, que confrontaram os participantes com questionamentos acerca da diferença que o jovem cristão tem feito na sociedade atual. Fabio Silva, um dos líderes do Movimento “Novo Jeito” e do Instituto Fábrica do bem contou diversas expe-riências e encorajou o público

a sair do comodismo e olhar para as ruas da cidade perguntando para si mesmo como pode ser útil dentro do contexto social. “Os olhos dos jovens hoje não brilham mais. Falta uma ideia de missão e vocação. Falta paixão por pessoas”, afirma Fabio.

O palestrante Ziel Machado abordou como tema “A importância da sabedoria no processo de liderança da juventude”, onde explanou a respei-to da mentoria, em correlação com as maratonas: “É sempre importante correr com alguém ao lado mais experiente, que faz as perguntas certas, na hora certa e te ensina. Essa pessoa poderia correr mais rápido, porém, prefere te acompanhar. É assim que funciona com a mentoria”, acrescenta.

Para a capixaba Rayane Bahiense as palestras foram práticas, mostraram a realidade e apresen-taram propostas simples, mas que fazem toda a diferença: “Desde o início puder ver o cuidado de Deus na simplicidade de tudo. Vimos e ou-vimos que nada precisa ser complicado quando se trata da vontade de Deus; basta irmos fazer”, afirma a jovem.

No sábado, dia 13, foi a vez dos pastores Rai-nerson Israel e Marcelo Gualberto levarem a mensagem, que girou em torno da fle-xibilidade que o jovem precisa ter para conquistar outros, sem

JBB realiza 3o edição da Conferência Paixão pela Juventude

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perder os valores que acredita. “Não adianta falar que Cristo é a resposta se você não sabe qual é a pergunta que o jovem de hoje está fazendo”, argumenta o pastor Marcelo Gualberto.

Além dos cultos - que aconteceram na parte da manhã e noite - durante a tarde, os conferencistas também participaram da “Sala de Ideias”, que estavam subdividas em três temas, lideradas pela jovem empreendedora Marianne Cerqueira e pe-los pastores Vladimir de Souza e Ulisses Torres. Para o petropolitano Jeferson Pessoa, “Participar da oficina foi importante para ampliar horizontes e pensar em meios para se trabalhar com a ju-ventude, juntando aquilo que eu sei, com o que Deus tem colocado em meu coração que precisa ser feito”, acrescenta o jovem.

Ainda no período da tarde, os participantes compartilharam - através do “Panorama” - de experiências de alguns jovens e ministérios de juventude que têm realizado ações relevantes dentro das suas cidades. “Par-ticipar dessa

roda de conversa mostrou-me que através de simples ações que demonstram o amor podemos transformar vidas, mesmo que não tenhamos os recursos necessários para fazer. Deus usa o que temos em nossas mãos”, constata Gustavo Siqueira, de Vila Velha - ES.

O encerramento ficou a cargo do palestrante Ronilso Pacheco, interlocutor para as igrejas na ONG Viva Rio, que falou sobre a importância do diálogo entre o cristão e a sociedade. E a minis-tração da última mensagem da Conferência foi por conta do pastor Rianerson, que destacou a in-fluência do discipulado na vida do jovem cristão, e lançou uma pergunta para reflexão: “Quanto tempo por semana você gasta cuidando de pes-soas, em vez de programações?”, questiona.

Para quem participou da Conferência Paixão pela Juventude 2014, o sentimento é de satisfação,

como contam as participantes Renata e Rosana, ambas do Rio de Janeiro.

“Com certeza o PPJ atingiu as minhas expecta-tivas e até superou-as. Eu venho há alguns meses orando por amor e sabedoria a fim de conduzir minha vida de modo agradável a Deus. E quan-do vi, o tema era justamente esse. Acredito que tenha sido resposta de oração”, relata Renata Cordeiro, de 26 anos.

“O que mais me marcou na Conferência foi o amor pelas vidas repassado em todo o evento. A inquietação, a ansiedade, o incômodo pela vida das pessoas. Volto para casa com uma mala diferente da que cheguei, carregada de amor”, complementa a conferencista Rosana Vidal, de 45 anos.

JBB realiza 3o edição da Conferência Paixão pela Juventude

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Roque, líder dos Embaixadores do Rei da Primeira Igreja Batista de Piedade - RJ

Em comemoração ao Dia do Embaixador do Rei, a Primeira Igreja Batista de Piedade – RJ

realizou no dia 31 de agosto um culto matutino com a direção dos Embaixadores do Rei. O preletor foi o pastor João Melo, da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha – RJ.

O louvor ficou por conta das Mensageiras do Rei, além da participação da banda de percussão da Igreja. Para fe-char o dia, foi oferecido um almoço de confraternização, que foi bênção. Agora nossos embaixadores estão se prepa-rando para o acampamento em janeiro de 2015.

Ycléa Cervino, colaboradora de OJB

Presentemente o Se-minário de Educação Cristã (SEC), que per-tence à União Femi-

nina Missionária do Brasil, também aceita alunos do sexo masculino nos seus cur-sos médio, superior e pós--graduação, mas, a Associa-ção de Ex-alunos conta, em sua maioria, com o elemento feminino, por isso, 29 ex--alunas se reuniram no dia 16 de agosto para comemorar o seu dia.

Um ônibus saiu da rua do Padre Inglês, em Recife - PE, com destino à Praia de Porto de Galinhas, zona sul, local

famoso de turismo do estado de Pernambuco. Educadoras religiosas, musicistas, ex-mis-sionárias estaduais, nacionais e mundiais; trabalhadoras sociais, mães, esposas de pas-tor, todas unidas agradecendo a Deus por terem estudado no SEC, e pelo privilégio de serem usadas por Deus.

Após o turismo, o banho de mar e o almoço, o ônibus seguiu para a casa da ex-alu-na Severina Ramos, no mu-nicípio de Nossa Senhora do Ó, para o encontro anual de negócios e confraternização, a fim de recordar o passado, compartilhar o presente e planejar o futuro, não só da Associação de Ex-alunas, mas do SEC como um todo.

Foram relembrados o hino e a divisa do SEC, que falam da alegria em servir à causa do Evangelho. O grupo hos-pedeiro, as ex-alunas que moram na região, cantou um lindo hino escrito por elas, usando uma música conheci-da: “Graças damos por mais um encontro que aqui Deus aprovou. Graças damos por cada vida que no SEC estu-dou. Por estarmos sempre unidas sem esquecermos a missão de pregarmos o Evan-gelho com amor e dedicação. Graças pela formosa casa que a nós todas ensinou, que durante todo o tempo com amor nos inspirou. E hoje estamos reunidas pra muito nos alegrar, e da beleza de

porto podermos aproveitar”.Foram compartilhadas notí-

cias atuais do SEC e feito um apelo para ajudar no sustento de uma aluna bolsista (Bolsa Valdice de Queiroz), além disso, a tesoureira deu um relatório animador e ainda conclamou para ajudarem a comprar uma geladeira para o SEC. Outros planos para a Associação, para o SEC e para a causa do Evangelho fo-ram traçados, especialmente visando o centenário do SEC, que será em 2017.

Terminamos com a pala-vra da diretora executiva, professora Ábia Saldanha, sempre muito entusiasmada, c o n t a n d o a s b ê n ç ã o s recebidas de Deus, as vitórias

alcançadas e todos disseram a uma só voz: “Graças a Deus”.

A Associação conclama a todas as ex-alunas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo que deem suas notícias e contri-buam com orações, ofertas e façam propaganda para que os obreiros que Deus tem chamado respondam positivamente e venham se preparar para melhor servir a causa. O SEC existe por causa dos alunos chamados por Deus; colabore.

Para outras informações: Seminário de Educação Cristã, rua Padre Inglês, 143, Boa Vista, Recife - PE. CEP: 50050-230 / Fone: (81) 3423.3396 / sec.org.br ou [email protected]

Ex-alunas do Seminário de Educação Cristã comemoram o seu dia

PIB de Piedade - RJ celebra Dia do Embaixador do Rei

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11o jornal batista – domingo, 28/09/14missões mundiais

Mário Alexandre Lopes, missionário da JMM em Guiné-Bissau

Jornais, rádios e emissoras de televisão noticiam a maior epidemia do ví-rus ebola. O surto está

nos países do oeste africano: Guiné, Congo, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. As notícias e imagens apavoram, pois a doença é letal, de fácil contágio, e o isolamento dos pacientes na quarentena mostra a seriedade com o que o vírus deve ser tratado. Além disso, o mais grave são as vidas que estão sendo ceifadas.

O ebola nos coloca frente a frente com a forma perversa em que estruturamos nossa sociedade. O ebola não se espalhou para além da África. Porém, talvez, a epidemia desperte a atenção e o pavor da comunidade internacional por ter vitimado americanos e europeus. Deixou de ser meramente um vírus restrito ao continente africano. O ebola tornou-se branco.

Outro fato interessante é que essa epidemia já era esperada. O surto de ebola começou no sul da Guiné, em dezembro de 2013. No começo deste ano, a organi-zação Médicos Sem Frontei-ras alertou que o surto pode-ria virar uma epidemia sem controle. Naquela época, os números ainda eram baixos, mas nenhuma providência foi tomada.

Médicos Sem Fronteiras alertou sobre a gravidade do surto ao mundo. Somente ao atingir o número de 800 mortes e vitimar europeus e americanos, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ONU, os governantes e os meios de comunicação começaram a entrar na cam-panha contra o ebola. Infeliz-mente, entraram tarde.

Os números das vítimas e a expansão da epidemia mostrarão o pecado social da omissão, da exclusão social, do lucro financeiro que con-sidera mais importante inves-tir em pequisas de doenças e fabricar remédios que dão

retorno financeiro em vez de salvar o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus.

Como cristãos, o que pode-mos fazer diante dessa crise? Ao olhar o texto bíblico da reconstrução dos muros de Jerusalém, comandada por Neemias, identificamos duas atitudes nesse líder que nos encorajam à ação nessa atual epidemia de ebola.

Quando Neemias recebeu seu irmão Hanani, ele relatou para Neemias a situação ca-ótica em que se encontrava Jerusalém: “O muro de Jeru-salém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo” (Ne 1.3). A cidade sem proteção deixava o povo “em grande sofrimento e humilha-ção” (Ne 1.3).

Diante dessa notícia, Nee-mias chorou intensamente, choro da alma. Como seres humanos, devemos chorar ao ver tamanho sofrimento como o ebola. O choro nos sensibi-liza diante da situação, torna a nossa consciência aberta a ouvir a voz de Deus.

Depois do choro, a pri-meira atitude de Neemias foi interceder a Deus pela situação pela qual estava passando o povo judeu (Neemias 1.5-11). Esse é o momento exato de o povo do Senhor interceder na família, nas células, nos cultos, pelo oeste africano. Quando a igreja intercede, ela está agindo.

A epidemia do ebola nos coloca diante de novos de-safios. Como cristãos, igrejas locais e instituições missio-nárias, temos que buscar constante capacitação. Essa epidemia nos sinaliza que, se quisermos ser relevantes no contexto dos países do con-tinente africano onde o ebola pode aparecer, precisamos incluir a prevenção como parte essencial da missão da igreja, pois prevenir significa ser as mãos de Jesus que sal-vam vidas criadas à imagem e semelhança do Pai.

Dias atrás, tivemos uma aula com um estudante de medicina. Esse guineense, chamado Mário, é fruto do

trabalho missionário do pas-tor e médico Joed Venturini. A partir dessa palestra, esta-mos voltando animados para o sul de Guiné-Bissau, onde pretendemos participar junto à comunidade da prevenção do ebola.

Também traduzimos com um mentor cultural o cartaz do ebola para o crioulo, que é a língua de comunicação do país. De acordo com os médicos que têm atuado nas áreas de epidemia, uma das maiores barreiras é a linguís-tica, pois os cartazes estão publicados em português, francês e inglês. Essas lín-guas distanciam o povo da prevenção. É preciso falar nas línguas de comunicação maternas do oeste africano.

Agradecemos a Deus pelo cuidado de Missões Mun-diais, que está monitorando todos os missionários da ins-tituição no oeste africano. Também pedimos oração pe-los missionários, professores e crianças do Pepe (progra-ma socioeducativo) de Serra Leoa, apoiado pela JMM.

Ebola: desafios e um novo momento na missão da igreja

Filhos de muçulmanos albaneses se convertem ao cristianismo

Hugo Bertolot, pastor, missionário da JMM na Albânia

Zallmner, a comuni-dade onde trabalho e onde nossa Igreja está inserida, é uma

comunidade muito pobre, e grande parte dos morado-res são ciganos e albaneses, muitos deles muçulmanos que emigraram do norte da Albânia em busca de uma vida melhor. Como não ti-veram espaço na sociedade pela falta de mão de obra qualificada e por não terem condições de morar em um lugar melhor, refugiaram-se nas periferias da cidade, um distrito de Tirana, a capital albanesa.

Algumas das estratégias que temos desenvolvido den-tro do contexto cultural são a amizade e o amor. Eu e minha esposa, a missionária Talvânia, buscamos conviver com esse povo através da simplicidade; ouvimos as pessoas, visitamos, choramos com os que choram e nos alegramos com os que se alegram. Tudo isso fez com que nos aproximássemos de-les, estreitando ainda mais o

relacionamento entre comu-nidade e igreja.

O fato de termos filhos, Noemi e Amós, também nos tem aberto muitas portas. Isso porque, dentro do contexto islâmico, se você tem filhos, é abençoado por Deus. Usa-mos também algumas estra-tégias na área social, como oferta de cursos e aulas de futebol. Parte dos resultados desse nosso trabalho são os batismos que realizei neste mês de setembro.

Talvânia e eu orávamos há muito tempo pela oportuni-dade de iniciar um estudo profundo na área de disci-pulado. Vimos que alguns se destacavam pelo interesse e

busca pela Palavra de Deus. Desafiamos um pequeno grupo de dez adolescentes e jovens a começarem um cur-so de batismo. Desse grupo, percebemos que alguns se destacavam em certa matu-ridade espiritual e de com-preensão do Evangelho. Foi então que lançamos o desafio do batismo.

Deus nos abençoou com um lindo lugar ao pé da mon-tanha. Uma mistura de natu-reza, com águas cristalinas e montanhas ao fundo. Perfeito. Tudo criado pelas mãos do Senhor. Convidamos todos os familiares e amigos desses jovens e adolescentes. Muitos curiosos também comparece-

ram à cerimônia. Alugamos uma van e fomos na alegria do Senhor. Oramos, louvamos e, em seguida, partimos para o batismo no rio. Era explícita a felicidade no rosto de cada batizando. Novas criaturas em Cristo. Após os batismos, fizemos um piquenique com comidas tradicionais; ótima oportunidade de regozijo e comunhão.

Alguns jovens não se bati-zaram porque seus pais, sen-do muçulmanos, não permiti-ram. Conversamos com eles, pedimos para que não desres-peitassem seus responsáveis, autoridade máxima dentro de casa. Temos clamado muito ao Senhor para tratar com sabedoria esta situação, que não é fácil.

Recentemente fui abordado por um líder muçulmano na saída da igreja, após um de nossos encontros semanais. Ele perguntou o que eu fazia ali e o que era aquele local aonde vinham pessoas. Gra-ças a Deus, fomos direcio-nados pelo Espírito Santo e contornamos a situação.

Hoje, gozamos do respeito da comunidade, desde crian-ças até o líder, dando-lhes um testemunho contundente

e genuíno através da graça de Deus.

Ainda aguardamos os de-mais jovens e adolescentes que estão no curso de disci-pulado e batismo, esperando por uma oportunidade. Esta-mos aqui na Albânia, leste Europeu, há cerca de quatro anos. A cada dia o trabalho tem sido abençoado, e o Senhor tem nos dado graça e sabedoria para conduzir o casal Enea e Gerta Arapi, obreiros da terra com o qual trabalhamos há quase dois anos, e a igreja.

Você também pode estar junto conosco nesta missão de levar o Evangelho aos muçulmanos albaneses. Es-tude a possibilidade de ceder parte do seu tempo aqui com a gente. Escreva para [email protected] e saiba como. Também é possível participar com suas orações e ofertas. Ligue para 2122-1901 ou 2730-6800 (cidades com DDD 21) ou 0800-709-1900 (demais localidades).

Somos gratos ao Pai por toda a dedicação e amor dos irmãos em Cristo que têm nos apoiado para que esta missão de ser voz de Deus aqui na Albânia continue crescendo.

Batismos foram realizados em um rio

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12 o jornal batista – domingo, 28/09/14 notícias do brasil batista

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OBITUÁRIO

Diácono Francisco Olímpio de Oliveira

13o jornal batista – domingo, 28/09/14notícias do brasil batista

Othon Ávila Amaral, membro da Igreja Batista Betel de Mesquita - RJ e membro do Conselho Editorial de OJB

Foi com certa surpresa que recebemos a no-tícia do falecimento do diácono Francis-

co Olímpio de Oliveira no último dia 15 de agosto de 2014. Sabíamos que sua saú-de requeria cuidados espe-ciais. E ele não se descurava de tais procedimentos. Tudo aconteceu quando ele acom-panhou sua esposa, doutora Luciana, a um exame. Foi acometido de um mal estar e aqueles foram seus últimos momentos ao lado daquela com quem conviveu mais de cinquenta anos.

Francisco Olímpio de Oli-veira nasceu no dia 3 de de-zembro de 1937 na cidade

de Propriá - SE. Veio para o Rio de Janeiro com 14 anos e se converteu. Foi batizado pelo pastor João Teixeira de Lima na Primeira Igreja Batis-ta de Mesquita - RJ no dia 17 de dezembro de 1961.

O diácono Francisco Olím-pio de Oliveira trabalhou durante muitos anos em empresas de ônibus cole-tivos. Era um funcionário zeloso e apreciado pelos usuários. Quando alguma igreja contratava os serviços de coletivos para excursões e passeios, geralmente solici-tavam a indicação dele para conduzir o veículo.

Sempre dedicado às ativi-dades das igrejas onde foi membro. Aluno da Escola Bíblica Dominical, sempre presente nos trabalhos evan-gelísticos. Uma de suas quali-dades era compartilhar, atra-vés de oração, do ministério

pastoral. Outra grande qua-lidade era o envolvimento com idosos e enfermos.

Casou-se com Luciana dos Santos Silva, depois Oliveira, enfermeira e fonoaudióloga, em cerimônia ministrada pelo pastor José de Souza Herdy, pastor interino da Primeira Igreja Batista de Mesquita, no dia 14 de setembro de 1963. Na ausência da orga-nista acompanhou os cânticos da ocasião o pastor Iomael Sant’Anna, que já era pastor da Igreja. O casal foi abençoa-do com o nascimento de três filhos: Rute, André e Andreil-son. Adotou Rita da Cássia Duarte. Sete netos, sendo dois adotivos. Uma bisneta.

Seu genro, Nelson Cardoso Paixão, exerce um ministério de grande relevância como líder de Embaixadores do Rei na Igreja e na Associação. É um crente estimado e querido

membro da Segunda Igreja Batista de Nilópolis - RJ e de todas as igrejas com as quais se relacionou. É um genro que todo pai gostaria de ter. Do lar de Francisco e Luciana outros lares surgiram.

Francisco foi membro das seguintes Igrejas: Primeira de Mesquita, Banco de Areia, Primeira de Nilópolis e Se-gunda de Nilópolis. Todas da Convenção Batista Fluminen-se. Foi também da Primeira Igreja Batista de Anchieta, da Convenção Batista Cario-ca. Foi ovelha dos pastores João Teixeira de Lima, Irineu Rabelo, Iomael Sant’Anna, Levy Abreu Vargas, Olivaldo Olívio da Silva, Ricardo José e talvez outros.

Foi consagrado ao diacona-to pelo pastor Joel André Reis na Igreja Batista de Banco de Areia. Como diácono usou de mansidão para administrar

todos os problemas. Certa ocasião deu um testemunho sobre o ministério diaconal perante os diáconos batistas cariocas que deixou a melhor impressão. Ministrou cursos em igrejas que estavam em processo de organização do Conselho Diaconal.

Ao lado do pastor José Rodrigues de Menezes em-preendeu algumas excursões evangelísticas no estado do Rio, no Brasil e na Améri-ca Latina. Foi sepultado no Cemitério Jardim de Mes-quita no mesmo dia do seu falecimento, 15 de agosto de 2014. O culto de gratidão foi conduzido pela pastora Patrícia Lima da Silva. Fala-ram os pastores Levy Abreu Vargas e Iomael Sant’Anna os quais deram bom teste-munho sobre a vida cristã do diácono Francisco Olímpio de Oliveira.

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14 o jornal batista – domingo, 28/09/14 ponto de vista

Anderson Resende Barbosa, membro da Primeira Igreja Batista de Brasil Novo - PA

Como fazer uma es-colha certa na hora de votar na pessoa que governará nos-

so país? Muitos não têm a resposta, votam para cum-prir um dever. O brasileiro é obrigado a votar, ou então perde alguns benefícios. O descrédito nos candidatos é tanto, que o programa elei-toral não é visto como boa coisa, milhares e milhares de pessoas não estão inte-ressadas nas propostas de governo, porque na maioria deles não passa de promessas e engano.

Os debates não passam d e a f r o n t a s e n t r e o s candidatos, deixando mais confusa a mente daqueles que procuram fazer uma leitura daquele que poderá ser o melhor, embora seja difícil ter uma certeza de quem poderia ser o melhor.

Há uma relação vi-tal entre o Espíri-to Santo e a obra missionária. Essa

depende dele integralmente. Não existe obra de missões, biblicamente falando, sem a presença do Espírito. Sem ele, é uma tarefa meramente humana e sem relevância. Em toda a história de mis-sões, a terceira pessoa da trindade divina tem sido presença vital. A missão de Javé no Antigo Testamento tem o Espírito enchendo e usando os profetas para proclamarem a mensagem de arrependimento. Há uma conexão entre Isaías 61.1-3 e Lucas 4.18-21. No texto de Lucas, o Senhor Jesus está na sinagoga de Nazaré, onde fora criado, e faz a leitura do texto do profeta Isaías. A promessa dada pelo Espí-rito no Antigo Testamento se cumpre no Novo Tes-tamento na Pessoa e Obra de Jesus de Nazaré. Foi o

Aparecem candidatos de todo jeito, com proposta para agradar as pessoas, mas no fundo mesmo, querem é aproveitar dos benefícios que o estado e o país lhe darão quando estiverem eleitos.

Na primeira vez que votei tinha 16 anos, eleições muni-cipais, não tinha ideia do que iria acontecer no município nos quatro anos seguintes, só queria votar, porque tinha alcançado o direito segundo as leis do meu país de ser cidadão. Não me interessei pelos candidatos dos outros partidos que disputavam com o partido que votei. O que interessava era meu candi-dato, não estava votando em proposta do governo, isso não me interessava, estava votando porque o candidato era meu parente.

Dois anos depois, nas elei-ções presidenciais, governa-dores, deputados, senadores, segui os mesmos princípios anteriores (só não tinha pa-rente envolvido), mas votei

Espírito Santo que inspirou o profeta Isaías a proclamar a Mensagem do Messias que viria. Então, o Senhor Jesus Cristo está lendo o texto que se refere a ele, a todo o seu ministério de misericórdia. Na verdade, Isaías é o livro mais messiânico de todo do Antigo Testamento. Revela uma história de profundo amor de Deus por seu povo e pelas nações por meio de Cristo – o Messias redentor ungido.

O precioso Espírito veio sobre Jesus no seu batismo (Mateus 3.13-17). O Senhor Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo em sua pessoa e obra (Mateus 4.1). As mensagens proféticas, todos os milagres de Jesus e a proclamação do Evangelho do Reino tiveram a chancela do Santo Espírito. O Espírito é o motor da arrancada mis-sionária a partir de Jerusa-lém. A Igreja, caminhando

seguindo o partido que ha-via adotado anteriormente. Muitas pessoas, assim como eu no passado, votam sim-plesmente por votar. Muitos pensam que, independente-mente de quem esteja gover-nando, não afetará em nada sua vida. Nasceram e viveram naquela situação em que nada teve de ajuda ou bene-fício para sua vida e família. E se tiveram alguma coisa, seja ela a mínima coisa, mas que tenha trazido um pouquinho de melhora, preferem con-tinuar com o certo, do que trocar pelo duvidoso.

Para muitos, política é “re-ligião”, partido é “sagrado”, candidato é o “messias”. O povo está a espera do “mes-sias”, aquele que vai resolver o problema da saúde, educa-ção, emprego, fome e miséria do país. Milhões e milhões são gastos em propaganda para tentar provar às pessoas que há uma solução para o país. As pessoas acreditam e votam no “redentor” menti-

no temor do Senhor e no conforto do Espírito, crescia em número (Atos 9.31). Na verdade, foi esta a promes-sa de Jesus em Atos: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Depois do Pentecostes, da pregação dos apóstolos, da formação da Igreja Primi-tiva e da morte do diácono Estevão, o mesmo Espírito usou o “diácono-evangelis-ta” Filipe para anunciar o Evangelho ao alto funcioná-rio da Etiópia (norte da Áfri-ca), cuja história está regis-trada em Atos 8.26-40. Foi o Espírito que, na cidade de Antioquia da Síria, separou Barnabé e Saulo para a obra missionária, especialmente aos gentios (Atos 13.1-3). No poder do Espírito eles foram por toda a parte pregando do Evangelho de Cristo.

roso, que retorna quatro anos depois com a mesma dema-gogia dizendo ter a solução. Enquanto isso, aumenta a fome, a miséria, a prostitui-ção, drogas, doenças, e pre-cariedade no ensino.

O povo não perde a espe-rança, vota em candidatos cristãos, “pastores”, pensan-do que está fazendo uma boa escolha, mas quando chegam ao poder, usam a religiosidade para “aben-çoar” as propinas. Sei que há pastores honestos e cristãos comprometidos com a defesa da moralidade e justiça do nosso país, mas creio que precisamos de uma manifes-tação mais forte em relação aos problemas que assolam o povo. Mais uma vez, o povo irá votar na esperança de ter um país mais justo, hones-to. Muitos votam querendo defender a causa da família, para não ter que ser forçado a aceitar princípios que fi-ram a moral do homem e da mulher.

Rios, mares, desertos, vi-las e cidades foram transita-dos por homens e mulheres cheios do Espírito Santo que sofreram por causa do Evan-gelho de Cristo. A conversão e o batismo de cada crente tiveram a presença funda-mental do Espírito. Paulo exortou os irmãos de Éfeso a serem cheios do Espírito Santo (Efésios 5.18). O mes-mo Espírito chama, enche de poder, supre (abre as portas para o treinamento missio-nário) e usa a pessoa que se dispõe a cumprir a grande comissão para a glória do Pai.

O Evangelho avançou de Jerusalém (oriente) a Roma (ocidente) sem impedimento algum em função da obra portentosa do Espírito Santo (Atos 28.31). O Espírito é aquele que dá dons aos ho-mens para serem exercidos na igreja local e no campo missionário (Efésios 4.11-16). Precisamos submeter-mo-nos a ele com temor e

Precisamos de princípios cristãos no governo do nos-so país. A pobreza está au-mentando, com isso vem as frustrações, a fuga, que na maioria das vezes acontece nas drogas, que gera tráfico, dependência, prostituição, bebida, doenças e assim por diante, transformando-se em uma bola de neve.

Para falar a verdade, a cul-pa é minha, não sei em quem votei nas eleições passadas, por isso não tenho o direito de fazer reivindicações. Te-nho que mudar meu modo de ver a política, não mais como religião, partido como coisa sagrada e o candidato como um messias. Mas sim, orar para que Deus mova o coração dos próximos go-vernantes do nosso país para que saibam tomar decisões para o bem da nação.

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127.1).

tremor para que ele nos use, fazendo com que o nome de Jesus Cristo seja conhecido plenamente em todo o lugar, a começar de onde estamos. Revelar Cristo, a suficiên-cia da sua Obra na cruz e na ressurreição, é a Obra principal do Espírito Santo. Primária dele e secundária nossa. Se o Evangelho che-gou até nós foi por causa da Obra do Espírito da verdade e de homens e mulheres que obedeceram a Palavra de Deus tanto no front quanto na retaguarda.

À l u z d e s s a v e r d a d e relacional, somos chamados, hoje, a um compromisso inadiável e inalienável com o ide de Jesus através da vida de oração, do ato res-ponsável da contribuição e, em alguns casos, do servir na frente missionária. Ou na retaguarda ou no front, Deus, o nosso Pai, exige de nós o melhor para a sua própria glória.

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15o jornal batista – domingo, 28/09/14ponto de vista

Tarcísio Farias Guimarães, pastor da Primeira Igreja Batista em Divinópolis - MG

As declarações que acompanham as eleições brasileiras a cada dois anos

estão de volta. Algumas necessárias, outras dispen-sáveis e algumas outras des-necessárias. Temos ouvido mais uma vez que “eleição é sempre a mesma coisa” e “nada vai mudar mesmo”. Há quem diga que “todo político está interessado apenas em seus próprios ga-nhos” e, por isso, seria bom não ter que votar e perder tempo.

Ao longo da história foi se formando a imagem de que um pastor é alguém so-

brenatural, com capacitação gigantesca, portador de dons e talentos espetaculares, in-questionável autoridade vin-da do alto e elevado nível de resistência às pressões, as-perezas, obstáculos e intem-péries da vida e ministério. Por causa disso, um médico amigo até me falou que nós pastores sofremos de “onipo-tência simbiótica”.

O tempo também foi pro-vando que este imaginário não era compatível com a na-tureza de qualquer ser huma-no – pastor não é como Jesus, que tinha a natureza humana e divina -, pois apesar de pas-tores, somos como qualquer ser humano na face da terra – imperfeitos, limitados. Somos também gente e não máquina de produção ou de perfeição. Aliás, até as máquinas falham e necessitam de ajustes.

Soube uma vez que um pastor assumiu o ministério de uma igreja e numa das primeiras reuniões com a liderança foi logo avisado de que os honorários dele seriam calculados por pro-dutividade. Como medir a produtividade de um pastor sério e cumpridor do seu papel de ovelheiro? Pelo aumento das receitas? Pelo controle das despesas? Pela quantidade de visitas feitas?

Reconheço que nosso siste-ma político é falho, permite que o poder econômico in-fluencie o processo eleitoral, admite pessoas desprepa-radas como candidatos a funções importantíssimas nos governos, tolera parti-dos políticos inconsistentes. Todavia, ainda é o melhor caminho que conhecemos para escolher ocupantes de funções legislativas e execu-tivas em nossa nação.

Pior que o processo elei-toral deficiente é o eleitor deficiente, que faz de conta não ter relação alguma com as eleições. Não conhece os candidatos, não analisa bandeiras ideológicas e pro-

Pela quantidade de batismos em um determinado período? Pela quantidade de atendi-mentos? Há pessoas que nem desejam que outros saibam que está em um processo de aconselhamento pastoral.

Tive também a notícia de que um pastor recebeu do tesoureiro da igreja um maço de cheques que era para o pagamento do seu honorário. O pastor lhe indagou porque a tesouraria não tinha feito um cheque da igreja e o res-pectivo contracheque para o seu pagamento? O tesoureiro rapidamente respondeu: “Pas-tor, o que você pensa que a igreja é? Você acha que ela deve perder dinheiro com a CPMF?” O pastor, meio aturdido, indagou novamen-te sobre o que deveria fazer se um cheque voltasse, e o tesoureiro prontamente res-pondeu que ele deveria trazer o cheque no domingo seguin-te, que se o emitente viesse, poderia substituir o cheque. E se não viesse? Bom, essa parte o pastor não perguntou.

Tive também o conheci-mento de uma situação em que o pastor que estava en-fermo e faleceu. Cerca de quinze dias depois os líderes bateram na porta da casa pastoral para solicitar à viúva que desocupasse a casa ime-diatamente. Pastor é gente e sua família também.

Eu sei que pode até haver pastores que não conseguem

postas de campanha, não investiga o histórico daque-les que já foram eleitos em outros momentos. Seu voto é perdido porque sua vontade não é fruto de atitude cidadã responsável.

O voto perdido é pra-t i c a d o p o r q u e m v o t a somente nos candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto, sem considerar que exis tem candidatos liderando pes-quisas enquanto respon-dem processos na justiça, po r envo lv imen to com corrupção política. Perde o voto quem vende-o e, assim, troca quatro anos de governo por pequenos

realizar um bom trabalho, mas continuam a ser gente e necessitam ser tratados pelo menos como gente. Eu sei que há pastores autoritários, mas também são gente. Eu sei que há pastores cujo sermão nem sempre tem bom conteúdo. Tem pastor que é sanguíneo demais, mas também há co-léricos, melancólicos, fleumá-ticos. Pode até haver pastor que sofre de alguma neurose. Todos são gente.

Já se passam 36 anos des-de a minha consagração ao ministério. A maior parte vivi dividindo tempo entre o trabalho denominacional e o eclesiástico; se não estava pastoreando, estava colabo-rando com o ministério de algum colega, em geral na área de educação. Sei que há comentários justos sobre a atitude de alguns pastores, mas transformar o pastor em sobremesa do almoço de todo o domingo, isso já é demais.

Seja como for o seu pas-tor, você já orou em favor dele hoje? Já tentou dialogar com ele procurando ajudá-lo como você gostaria de ser ajudado em uma situação semelhante? E se ele não dá chance para isso, você já en-tregou a situação para Deus e pediu-lhe para encontrar o momento e as palavras certas?

Um dia um jovem semi-narista, líder em sua igreja,

mimos, corrompendo-se e cometendo crime. O voto é perdido quando alguém vota no candidato do pa-trão, do pastor, do vizinho, sem conhecer o candidato.

Convido você a agir como cristão coerente e cidadão consciente neste momento delicado da história do Brasil. As pessoas e os partidos que serão escolhidos para admi-nistrar os estados e a União influenciarão diretamente nossas vidas, nossas famí-lias, nossas empresas, nossas igrejas. E isso tudo por longos quatro anos.

Não perca seu voto. Ore ao Senhor em busca de dis-cernimento para votar de

apareceu em meu gabinete na faculdade que dirijo e me pediu para ouvi-lo e acon-selhá-lo, pois estava muito zangado com seu pastor por causa de algumas atitudes que ele estava tendo. Ele começou a se exaltar tanto sobre o assunto que em um determinado momento me disse que o único caminho era o pastor sair imediata-mente da igreja e deixá-los em paz. Eu lhe perguntei de imediato: “O pastor é casado? Tem filhos? Qual a idade deles? A casa em que mora o pastor é da igreja ou é dele mesmo?”. Ao que ele me respondeu que ele era casado, tinha filhos, eram crianças em idade escolar e morava na casa pastoral da igreja. “Quer dizer que você deseja que o pastor saia da igreja nos próximos dias?”. Ele me respondeu que sim. Eu continuei “Onde ele vai morar? E a sua esposa? Seus filhos que já possuem um relacionamento na escola, como vão ficar? Eles terão de parar os estudos de uma hora para outra?”. O jovem quase que deu um salto da cadeira e me disse: “Professor, o que é isso? Eu não tinha pensado nestas coisas!”. Eu lhe disse que o pastor dele até pode-ria estar errado e até ter sido inconveniente, mas que ele era gente também, que sua esposa era gente e que seus filhos eram gente e que ne-

modo acertado. Conheça partidos e candidatos, por meio de suas ideologias e planos de governo expostos na TV, no rádio e na internet. Pesquise o histórico de quem já foi eleito para algum posto político. Busque informações sobre o que os candidatos pensam da fé cristã e dos valores que você considera inegociáveis. Dedique tempo à reflexão antes de decidir em quem votar.

Minha oração é para que você vivencie o conselho da Palavra de Deus: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coi-sa, fazei tudo para glória de Deus” (I Co 10.31).

cessitavam, pelo menos, ser tratados como gente e que eles deveriam buscar um diálogo com aquele pastor e trabalhar mais na situação.

Não sei o que aconteceu depois, mas o espanto daque-le jovem me deixou também espantado, pois, investindo grande parte do meu tem-po na vida denominacional tenho tido a oportunidade de me assentar ao lado dos membros da igreja e ouvi--los mais abertamente e já vi repetidas vezes a mesma situação. Se há pastores que podem até manipular pesso-as, há também líderes que até podem tratar o pastor como uma peça de descarte, sem a mínima preocupação dele como gente.

É certo que um pastor não pode tratar com autoritaris-mo, indelicadeza, omissão ou irresponsabilidade ao re-banho. Mas também a igre-ja não pode tratar o pastor como se fosse uma máquina, como se fosse alguém sem sentimentos, sem família, que não tivesse dor e fosse imper-meável ao sofrimento. Afinal, pastor também é gente.

Portanto, deixo o meu re-cado tanto a pastores como a líderes e membros em geral da igreja: o diálogo é sempre o caminho, se ele não for possível, a oração e a depen-dência de Deus são a avenida para a manutenção saudável da vida na igreja.

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