jornal fraterno 39

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Distribuição gratuita | [email protected] “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec FRATERNO Jornal Bimestral | Edição 39 | Ano VII | Janeiro/Fevereiro de 2010 7 ANOS Divulgando a Doutrina Espírita LIVRARIA ESPÍRITA MENSAGEIROS DE LUZ E-mail: [email protected] (atrás do Compre Bem e ao lado do Hospital Municipal) Fone: (011) 3682 - 6767 / 3448 -7386 “Faça parte do Clube Espírita, mais de 120 títulos - Lançamentos por apenas R$15,00” HORÁRIO DE ATENDIMENTO Segunda à sábado das das 8:30 às 19:00hs. R. José Cianciarulo, 89 - Centro Osasco - SP. - Cep: 06013-040 O BOM SENSO E A HUMILDADE ENCARNADOS “Quem seria o Chico entre outros, senão, o próprio dignitário e expoente indicado em “Obras Póstumas” para dar continuidade às Obras Básicas”? Dentro do movimento espírita, há uma polêmica ainda bastante acirrada sobre a identidade reencarnatória de Chico Xavier Também nesta edição EDITORIAL O Espírito é como o vento ............... 2 e 3 EVENTOS 2010 Centenário Chico Xavier............................. 3 O ESPÍRITO NA ESCOLA Professor transversor ........................... 4 e 5 DOUTRINA O Médium de pés descalços ................... 5 CULTURA ESPÍRITA Entre a Caridade e o Bom Senso ................................... 6, 7 e 8 OPNIÃO Chico fala sobre a reencarnaçao de Kardeck .......................................................... 9 COPNTRAPONTO Chico Xavier não é Kardeck............ 10 e 11 MORAL CRISTÃ O conselho ...................................................... 12 O SEXO DOS ESPÍRITOS A vida afetiva .................................................. 12

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Distribuição gratuita | [email protected]

“Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec

fraternoJornal Bimestral | Edição 39 | Ano VII | Janeiro/Fevereiro de 20107 anos Divulgando a Doutrina Espírita

LIVRARIA ESPÍRITA MENSAGEIROS DE LUZ

E-mail: [email protected](atrás do Compre Bem e ao lado do Hospital Municipal)

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HoRÁRIo DE aTEnDIMEnTosegunda à sábado das das 8:30 às 19:00hs. R. José

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O bOM SENSO EA hUMILDADE ENcARNADOS

“Quem seria o Chico entre outros,senão, o próprio dignitário e

expoente indicado em “Obras Póstumas” para dar continuidade

às Obras Básicas”?

Dentro do movimento espírita, há uma polêmica ainda bastante acirrada sobre a identidade reencarnatória de Chico Xavier

Também nesta ediçãoEdiTorialO Espírito é como o vento ............... 2 e 3EvEnTos 2010Centenário Chico Xavier .............................3o EspíriTo na EscolaProfessor transversor ........................... 4 e 5douTrinaO Médium de pés descalços ...................5culTura EspíriTaEntre a Caridade e o Bom Senso ...................................6, 7 e 8opniãoChico fala sobre a reencarnaçao de Kardeck ..........................................................9copnTraponToChico Xavier não é Kardeck ............10 e 11moral crisTãO conselho ......................................................12o sExo dos EspíriTosA vida afetiva ..................................................12

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[email protected]� | FRaTERno | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 39 | Janeiro/Fevereiro 2010

FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, CEp 06070-240, Osasco, Sp. [email protected]; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo e Jussara Ferreira da Silva. Diagramação: Jovenal Alves pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distri-buição: Osasco e Grande São paulo; e-mail: [email protected]; Telefone: (011) 3447 - 2006

| editorial |

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Osasco - SP - e - mail www.fschool.com.br

Telefone 8342-2503

O Espírito é como o vento

amada Doutrina, qual exercia profundo conhecimento auxiliado por Emma-nuel. Neste molde, explicitou a verda-deira caridade na marcha progressiva entre homens encarnados e espíritos desencarnados.

Assim aqui nos surge a pergunta fatal: quem seria o Chico entre outros, senão, o próprio dignitário e expoente indicado em “Obras Póstumas” para dar continuidade as Obras Básicas? Eis a grande polêmica! Uns falam que sim e outros afirmam, categóricos, que não. Perguntaríamos: o que ganhariam os espíritas sabendo ser ele ou não o codificador reencarnado? Ora, diremos, absolutamente nada, a não ser, a cons-tatação do pleno exercício reencarna-

tório no processo da continuidade das almas – a verificação de que o próprio Codificador ponderou corretamente sobre o século de seu retorno nesta mesma e referida obra.

Entretanto, diante da suposição de que o Chico Xavier possa ter sido a reencarnação de Allan Kardec, qual deveria ser a primeira questão de todos aqueles que, inicialmente, não acredi-tam? ...Ajuizar-se o quanto puder sobre os fatores das reencarnações, tal como asseverou Jesus no Evangelho. Bem, em se supondo sobre a elevada con-dição do Chico, isto não traz o menor constrangimento, pois ele não diminui em nada Kardec e, por isso mesmo, elaboramos conjunto de informações,

“O Espírito é como vento, ninguém sabe de onde vêm e nem para onde vai”!

(Jesus - João 3:8.)

Nesta edição, adentramos numa nova era de espe-ranças perfeitamente favo-rável ao desenvolvimento

doutrinário, sobre amizades e con-fraternização evangélica e pela qual é muito oportuno dizer que estamos comemorando o sétimo ano de nossas edições, juntamente com a nossa casa “Seara de Jesus” que comemora neste fevereiro próximo de 2010, os seus 70 anos de existência em trabalho, har-monia, amor e dedicação ao próximo, ajudando as pessoas que, como nós, vocês e muitas outras, precisam do amparo e da assistência desses ben-feitores e amigos da espiritualidade. E, por falar nos espíritos, ainda nesta perspectiva haurida de benesses pela equanimidade divina, homenageamos literalmente o centenário de Francisco de Paula Cândido Xavier – nosso saudoso Chico que, pelo ambiente de luz consagrado por homem de Deus, médium, amigo e irmão em caridade, símbolo da vida em defesa da candura, contemporaneamente, foi de uma grandeza de amor que, acima dele, nós pessoalmente consideramos só o Nosso Senhor Jesus Cristo.

Chico nasceu numa época de aridez espiritual, de confusões em torno dos preceitos doutrinários, onde a intelectualidade de uns vivia mergu-lhada numa atmosfera nebulosa, bri-gando entre as distinções da ciência e da filosofia sobre o Evangelho noutros aspectos não kardecistas. Assim ambi-cionavam a fatia de um bolo que não

matava a fome, mas que saciava a faina de poder e da ambição desmedida, quais foram exercidas em protestos de espíritas contra espíritas, os “religiosos x científicos”, dos quais, usurparam a pena da força política, esmagando e intimidando e não agindo sobre a lógica do bom senso e da racionali-dade, conforme a razão tão reiterada pelo nosso Codificador.

Chico foi vítima dessa era, onde “prepostos” surgiram como astro-nautas da mediunidade, discutindo o sexo dos anjos sobre os planetas e as miríades, numa vasta interpretação de incongruências a engenhosidade de chamas ecléticas da personalidade sub-jetiva. Nosso amado Chico viveu nesse mundo de polêmicas usurpadoras, por qual o fantasiaram de alegorias, crenças e da mística religiosa, implantada pelos simpatizantes clericais em torno de sua imagem e convívio. Porém, admiravel-mente, por bravura mansa, seguiu na conduta ética e inabalável aos preceitos codificados, o qual sempre indicava aos neófitos: “estudem Kardec!”, tornando-se, sem sombra de dúvidas, uma autori-dade entre espíritas, pela confiabilidade mediúnica e sua respeitabilidade moral, sem que exercesse qualquer cargo ou poder nos ambientes federativos.

Dignitário do amor, viveu 92 anos de comprovada ternura e acentuado carinho ao próximo, consolou e amou a dor dos semelhantes, dos que ficaram sobre aqueles que partiram. Passou fome, humilhação e necessidade financeira, sem jamais se queixar ou se impor a corrupção em detrimento de suas boas ações. Psicografou mais de 400 livros, distribuiu pão entre famintos e cestas básicas entre os necessitados; prestou luz espiritual aos que tinham sede de conhecimento. Dormia apenas 4 horas por noite e se dedicava outras 20 horas aos atendimentos precisos e as conversações em torno do Evan-gelho. Fez inumeráveis visitas aos lares de caridade e aos incontáveis convites de entrevistas diárias, sempre esclarecendo as dúvidas em torno da

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Janeiro/Fevereiro 2010 | Edição 39 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRaTERno | [email protected]

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Memórias de chico Xavier

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“Creio que todos os cristãos sinceros – estejam vinculados à interpretação espírita do Evangelho de Jesus ou não – permanecem construindo o reino da justiça no mundo, sem a precipitação dos que se inclinam para transformações violentas e sem a inércia dos apáticos”.

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A Doutrina Espírita, através de filmes sobre a vida do médium Chico Xavier e suas obras psicografadas, marcará forte presença em 2.010, através dos filmes: - chico Xavier - dirigido Daniel Filho e com Nelson Xavier atuando como Chico Xavier, conta a vida do famoso médium mineiro. O elenco conta ainda com Paulo Goulart, Christiane Torloni e Tony Ramos. O filme produ-zido pela Globo Filmes tem estréia marcada para 02/abril/2.010, data em que Chico Xavier comemoraria 100 anos.- nosso lar - Adaptado pelo cineasta Wagner Assis, conta os primeiros anos do médico André Luiz na dimensão espiritual, após seu desencarne. Previ-são de lançamento para abril/2.010.- e a vida continua - Adaptado do livro psicografado por Chico Xavier, do espírito André Luiz, tem direção do ator Paulo Figueiredo e também ganhará as telas em meados de 2.010.- as cartas - foca as mensagens psicogafadas recebidas pelo médium Chico Xavier e tem direção de Cristiana Grumbach. A maioria das cartas eram de filhos desencarnados dirigidas a seus pais ainda no plano material.- As Mães de Chico - ainda fase de criação, o filme aborda mensagens recebidas por mães, de seus filhos desencarnados.A onda de filmes com temática Espírita, mostra a maturidade da Sociedade para com os assuntos da

espíritualidade e fundamentos da Doutrina Espírita.

Seara de Jesus 70 anos, Fraterno 7 anos.Fevereiro, comemoração 70 anos fundação do Seara de Jesus e de 7 anos do jornal Fraterno.Janeiro, Pizza Fraterna.1/02 - Segunda - 20h - Eugenia Maria (Abertura Madrigal Amicitate)3-02 - Quarta - 20h - Jamiro dos Santos Filho4-02 - Quinta - 20h - Orson Petter Carrara8-02 - Segunda - 20h - Ronaldo Campos (Tema: Como tirar o filho do mundo das drogas)10-02 - Quarta - 20h - Oscar Spessoto (Abertura Madrigal Amicitate)11-02 - Quinta - 20h - Vansan17-02 - Quarta - 20h - Alain Dellon18-02 - Quinta - 20h - Umberto Fabbri (Tema: O cisco de Francisco20-02 - Sábado - 19h - Izaias Claro e Juliana Valim (Tema: Jesus, médico das almas) (Abertura Madrigal Amicitate)aPÓS: noITe da PIZZa22-02 - Segunda - 20h - Sérgio Santos e Marilena24-02 - Quarta - 20h - Coral Amor-nizando25-02 - Quinta - 2Oh - Francisco Aranda Gabilan (Tema: É possívelprever o futuro? A doutrina espírita responde) (Abertura Madrigal Amicitate)27-02 - Sábado - 18h - União e harmo-nia (Comemoração de aniversário)

prEsEnTEiE um amigo com um livro EspíriTa

Faça Frutificar no coração de um irmão a mensagem do Mestre Jesus

LEIA KARDEc E cOMPREENDA JESUS

entre prós e contras, para homenagear o solene médium de Uberaba, inde-pendentemente dessas conotações em torno de versões e alegorias, até mesmo subjetivas, pois Chico será sempre uma referência mediúnica a humanidade, por “homem de bem”. Contudo, ainda por essa comparação, foi uma personalidade dispare de Allan Kardec, qual não se pode afirmá-lo na personalidade do codificador, mas teve uma integridade mediúnica concebida na mesma linha de inabalável caráter – a fé raciocinada!

E, como nada no mundo se pro-move a custa de última palavra, também na “Ciência Transcendental” pode-se afirmar que os espíritos desenvolvidos estão num contínuo progresso e não intactos a qualquer conhecimento, bem como nas reencarnações que se somam por uma nova perspectiva de ideais, diferentemente de uma cono-tação isolada a personalidade anterior, no palco de uma era passada. Frente a isso, não podemos patentear traços pretéritos em desalinho do futuro deste ou daquele ser, porque estas linhas podem estar latentes conforme a indicação sobre desenvolvimento e nem sempre se ligam a mesma ascen-dência de caráter. Por isso, rogamos aos leitores que por mais que concebam personalidade ao caráter, não confun-dam méritos imediatos sobre outros aspectos da personalidade, por excesso de cautela.

Porém, vejamos que, assim se fez na dita “Ciência Materialista”, quanto aos acréscimos que se somaram em todas as latitudes do conhecimento humano, ou seja, cada vez mais esta demonstra que teorias avançam sobre teorias e, em nada diminuem o progresso con-tínuo e relativo de coisas descobertas sobre outras que ficaram demodée. Muito pelo contrário, tudo tende a ascendência e crescimento natural em todas as vertentes.

Assim, é que indicamos esta home-nagem a Allan Kardec – bom senso encarnado – em vulgo de Hipolité Leon

Denizard Rivail; ambos estavam ligados por uma mesma originalidade física, portanto, a mesma individualidade espiritual em bom senso, método, lógica, crítica, serenidade e autoridade sobre os parâmetros do conhecimento e didática científica – como Hipo-lité, professor emérito e discípulo de Pestallozi; como Kardec, o fundador da doutrina dos Espíritos. Portanto, podemos afirmar que ambos foram a mesma “personalidade” de uma mesma existência. Entretanto, já não lhe cabe mais vislumbrar esta mesma persona-lidade respaldada na vivência anterior, senão, por características ascensionais na referência de Jan Huss. Destarte, posteriormente Chico – a caridade encarnada; seguiremos o exemplo Bíblico, tal qual no-lo asseverou Jesus no dizer que João Batista era Elias, ou seja, o próprio reencarnado, bem como se referiu aos que desdenharam como o aprouve. Contudo, João Batista, segundo Jesus, era o mesmo espírito e não a mesma personalidade de Elias reconhecidamente por Ele, sendo Este, o Mestre Divino quem o dizia. Fora Ele, ninguém mais pode garantir qualquer constatação por eliminação ou mesmo por comparação, isto é, nós também não somos hoje a personalidade do que fomos ontem, mas estamos impregnados do caráter ascensional por outras vivências e intricados à iden-tidade de espíritos aos ventos. Por isso, entre tal polêmica, ficamos com o dito de Jesus que revelou aos homens, os verdadeiros aspectos de suas identida-des: “O Espírito é como vento, ninguém sabe de onde vêm e nem para onde vai”! (Jesus - João 3:8.)

É diante desta ponderação que fomos intuídos a essa trágica polêmica, por preito ao saudoso médium, sem nos valer aos crédulos ou incrédulos do Movimento a cota de reflexões pessoais. E, menos ainda, esgotar esse assunto distinguindo-o avessamente entre “caridade x bom senso”.

Boa leitura!O Editor

Centenário Chico Xavier

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| o espírito na escola (4) |

Por Dalmo Duque dos Santos

Uma proposta para ensinar a espiritualidade nas escolas não deve ter a marca aberta da propaganda artificial exo-

térica, explícita e exterior, nem a preten-são oficial, do mundo profano, de ser contemplada com um espaço curricular, de conteúdos intelectuais doutrinários, e sim a marca vivencial esotérica, implícita, de intenção sagrada e espiritual. Espiri-tualidade autêntica não combina com proselitismo. Professores de verdade são brilhantes instrutores intelectuais, mes-tres das soluções para as necessidades do mundo fenomenal exterior. Com o passar do tempo, pela força da vocação e maturidade profissional, eles geralmente são contaminados pelas necessidades do mundo fenomenal interior e tornam-se excelentes educadores vivenciais, ide-ólogos da transformação pessoal não só de idéias, mas de pontos de vista e com-portamentos. Fazem, paralelamente, ou transversalmente, o trabalho intelectual e o trabalho ideológico. Os que chegam nesse ponto-chave pulam da pedagogia para a andragogia , do importante para o essencial, da meia verdade para a verdade integral. Tornam-se, portanto, aliciadores, atividade delicada, que não é comum, de alto risco existencial, pois vai atingir não apenas as mentes, mas os destinos. Sócrates, Jesus e muitos de seus apóstolos, Hipácia, Giordano Bruno, Gandhi, Martin Luther King foram mortos por causa disso. Eram aliciadores de alto nível em épocas e circunstâncias altamente perigosas. Nós não corre-mos mais os riscos que eles correram, porque eles já abriram os caminhos. Na história recente do Brasil encontramos as figuras de Chico Mendes, caboclo da floresta e aliciador ambientalista; e de Betinho, sociólogo e aliciador da ética. Chico Mendes foi morto pela ambição e violência dos latifundiários, chamando a atenção do mundo na sua luta para salvar a Amazônia da devastação. Seu verbo preferido era a preservação. Beti-nho foi morto pelo descaso da saúde

pública, vitimado pela AIDS, adquirida numa transfusão de sangue. Portador de uma doença sanguínea hereditária, a hemofilia, Betinho era também o famoso irmão do humorista Henfil, imortalizado na canção “O Bêbado e a equilibrista”. Exilado político durante o regime militar, amargou durante longos anos a saudade do país que tanto amava e quando voltou resolveu dedicar o resto de sua vida para educar o povo brasileiro para cidadania. Aliciador de intelectuais, comunicadores, artistas, políticos e principalmente das massas, Betinho desencadeou uma mobilização sem precedentes históricos para despertar nas pessoas uma atitude simples e que havia caído na indiferença dos brasilei-ros: a solidariedade. Seu verbo preferido era a doação: doação de terras, doação de sangue, doação de alimentos, doação de abrigo e principalmente doação de tempo para o trabalho voluntário. As idéias e campanhas ambientalistas e humanitárias de Chico Mendes e Betinho hoje são instituições sociais internacionalmente reconhecidas e referências curriculares obrigatórias no universo escolar.

O trabalho de aliciamento hoje é mais fácil, mas continua delicado e perigoso, bastando sermos imprudentes para estragar excelentes oportunidades de conscientização. Algumas circuns-tâncias são mais perigosas ainda. É crescente o número de professores que trabalham em ambientes sociais caren-tes e estão sendo alvo de agressões morais e físicas em todos o lugares do mundo. Essa violência tende a crescer a ponto de serem assassinados, caso não adotem posturas serenas e moderadas diante da insensatez natural dos adoles-centes ou entrem de peito aberto em campanhas que contrariem interesses materiais criminosos. Falamos dessa forma porque sabemos que essas con-dições sociais e de trabalho dificilmente sofrerão mudanças em curto prazo.

A melhor imagem que guardamos do professor aliciador é a do protagonista John Keating, em “Sociedade dos Poetas

Mortos”. No célebre filme de Peter Weir, a espiritualidade é camuflada pela apa-rente frieza da cultura anglo-saxônica, mas transpira em forma de situações conflituosas vividas pelos alunos, pais e educadores. O roteiro também deixa no ar um enorme ponto de interrogação sobre as questões da vida e do destino, especificamente sobre a morte. O pro-fessor Keating é também um excelente transversor, pois despreza a todo instante a rigidez curricular e abandona a sala de aula, como uma metáfora de que ela não existe mais, não é mais essencial, como são as igrejas e templos, e que hoje já aprendemos a construir e freqüentar dentro de nós mesmos. Pretexto para atingir a introspecção, esse abandono da sala levaria a muitos outros caminhos que esse filme maravilhoso narra do começo ao fim. Um desses caminhos é a incursão ao hall onde estão expostas as fotografias de turmas antigas. Ali, como num panteão em memória dos mortos, o silêncio se estabelece e Keating parte para o aliciamento espiritual dizendo que aqueles jovens das fotografias, cheios de energia e vitalidade, se transformaram em adubo para flores de sepulturas. Apesar do aparente discurso niilista, a intenção do professor era causar um impacto na mente dos alunos e deslocá-los para o sentido metafísico da vida. Sua proposta de “Carpe diem” significava aproveitar a essência da vida e não o supérfluo e o banal.

Mas o grande acontecimento do filme é a desilusão e o suicídio do aluno Neil, fato que coloca o professor na difícil condição de Sócrates, acusado de cor-ruptor da juventude e responsável pelo grave incidente. O pai rígido e autoritário e a mãe impotente e submissa sufoca-ram o talento artístico e o livre arbítrio do filho. A existência de uma arma de fogo na casa deles consuma a tragédia. O fracasso da família e da Escola exige e elege um bode expiatório. Keating é o escolhido, ingere a cicuta, mas o seu aliciamento foi mais eficiente que o veneno da demissão, pois penetrou defi-nitivamente nos corações dos alunos,

mesmo dos covardes e traidores, que iriam carregar pelo resto de suas vidas a culpa de não terem sido leais, autênticos e corajosos. Eles não tiveram a coragem de subir nas mesas para se despedirem do Capitão e continuar olhando as coisas por outro ponto de vista. Um detalhe importante: Keating tinha sido aluno daquela escola e voltou para reencon-trar-se consigo mesmo e com algumas pendências dos velhos tempos. Conosco acontece a mesma coisa: voltamos nessa ou noutra existência para fazer as pazes com o passado. Professores e alunos são cúmplices e quando os papéis não são exercidos de maneira coerente essa cum-plicidade gera débitos mútuos. É assim que funciona também na relação entre pais e filhos. Pela lei de ação e reação e também pela lei da reencarnação tudo fica relativo e a inversão de papéis e situações se encarrega de colocar as coisas nos devidos lugares. Nossas reca-ídas mais doloridas na função docente são aquelas que são estimuladas pelas reações de rebeldia, revelando o aluno de ontem que ainda vive dentro de nós. Uma frase famosa, pronunciada constan-temente nas escolas, diz o seguinte: “Os professores são uma classe desunida”, dita por nós mesmos. Ou então essa, dita constantemente pelos gestores: “Têm professores que dão mais trabalho que os alunos”. Realmente, como seres humanos comuns, temos graves pro-blemas de ordem ética, política e psico-lógica. Isso também revela um aspecto importante da nossa profissão: nós não aceitamos a nossa condição; temos vergonha de ser professores; temos uma visão distorcida da nossa auto-imagem pessoal e profissional, um grave desvio na auto-estima, que os psicólogos e teóricos da personalidade chamam de “incongruência”, ou seja, navegamos em fuga numa enorme distância entre o real e o ideal, aquilo somos versus aquilo que queremos ser. A tradição diz que somos uma elite quase sacerdotal, mas a realidade informa que somos membros de classe socialmente proletarizada e sem nenhum prestígio. Para agravar o

Professor transversor

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problema, por cultivarmos uma imagem de autoridade e superioridade moral e intelectual, somos constantemente vítimas de provocações e comentários jocosos daqueles que, por alguma razão desconhecida, traumas de infância, se incomodam com a nossa condição e sentem uma enorme satisfação em nos humilhar e provar que, na verdade, somos frágeis e propensos ao fracasso. Os sacerdotes assumidos, bem como os educadores experientes, já aprenderam a conviver com esses ossos do ofício; os professores imaturos, não. Estamos certamente divididos entre a venera-ção e o desrespeito, alimentando ao mesmo tempo um certo orgulho e um complexo de inferioridade. Aliás, esse é o traço principal dos Espíritos inferiores que flutuam na erraticidade do mundo espiritual, entre os quais estamos inclu-ídos, independente da profissão que exerceram quando encarnados, nos mais diversos graus de condições. Uns padecem num longo sono narcísico, fingindo que não sofrem. Outros sofrem e querem fazer com que os outros também sofram as incongruências e contradições das suas atitudes perante si mesmos. Por isso reencarnamos sempre em situação conflituosa, marcando encontros dolorosos com as decepções e desencantos. Esse é o ciclo vicioso das reencarnações ensinado há milênios pelas filosofias espiritualistas orientais e cujo ponto nevrálgico é o desejo e a ilusão .

Estamos diante de uma nova reali-dade de crises e conflitos que só poderá ser neutralizada, em parte, pela força da espiritualidade. E esta, como toda força natural, deve ser manipulada com conhecimento e aplicada com muita propriedade. A nossa vantagem é que, estando mais próximos nas relações afetivas com os alunos e seus familiares, gozamos de relativo amparo social e grande proteção espiritual, apesar dos riscos naturais e cármicos das situações em que nos envolvemos. Como se sabe, não ingressamos nessa profissão por acaso. Certa vez um jovem colega

professor, formado em sociologia, e que hoje é advogado, nos disse que desejava deixar a profissão docente, mas todas as tentativas fracassavam. Angustiado, apelou então para a espiritualidade e ficou sabendo que essa sua permanên-cia no magistério tinha tempo definido por ele mesmo antes de reencarnar. Disseram-lhe que na existência anterior tinha sido um eficiente agitador político, causando danos na vida de muitas pes-soas envolvidas por seus planos radicais e fantasiosos. Muitas dessas pessoas que acreditaram em suas promessas esta-vam entre seus atuais alunos. Mesmo contrariado, foi realizando a sua tarefa até que um decreto oficial acabou com a disciplina (Educação , Moral e Cívica) que ele ministrava com muito talento numa conceituada rede particular. Depois tentou dar aulas de História, mas não se adaptava, não agradava. A última vez que nos encontramos estava iniciando o curso de Direito, certamente partindo para outra etapa da sua tarefa de resgate.

Depois dessa experiência com esse colega, consultamos diversas vezes a espiritualidade sobre os nossos compro-missos ( Quem sabe não receberíamos a resposta do tipo “Você só tem mais alguns anos...”). Em todas as consultas, com diferentes médiuns, a resposta sempre vinha assim, ríspida e lacônica: “Realizar trabalho específico, tarefa de divulgação evangélico-doutrinária, atra-vés da vivência cristã”. Demorou muito para cair a ficha e percebermos que esse detalhe em negrito não se tratava apenas de escrever e publicar discursos teóricos sobre cristianismo e espiritismo. Mas como esse compromisso cármico não é exclusividade dos professores, mas também dos profissionais de saúde, de segurança, enfim profissões que lidam com o público, pelo menos temos a possibilidade de buscar alternativas para aprender a lidar com tais situações. Uma dessas alternativas é a sintonia e ajuda de forças espirituais voltadas para o sistema educacional.

Continua na próxima edição.

Esta feliz denominação, com referên-cia a Chico Xavier, não me pertence. A primeira vez que a ouvi foi da

boca deste companheiro, que me serve de instrumento às garatujas despreten-siosas que insisto em escrever de uma Vida para outra.

Numa de suas visitas à minha casa, ele me deixou profundamente emocio-nado, ao me contar: – “Dr. Inácio, o Chico, quando psicografa, tira os sapatos e fica descalço, sob a mesa...”

Há pouco, nas paragens da Vida Maior, numa tertúlia com amigos comuns, dentre os quais destaco Rômulo Joviano, Zeca Machado, Clóvis Tavares, José Gon-çalves Pereira, Spartaco Ghilardi e tantos outros, mencionei a conversa em que o médium amigo me contara sobre o hábito de Chico psicografar descalço.

– “É verdade, Doutor – explicou Rômulo, com a anuência dos demais.

– Desde Pedro Leopoldo, quer fosse às reuniões do Centro Espírita “Luiz Gonzaga” ou mesmo no porão de minha casa, na Fazenda-Modelo, Chico tirava os sapatos para receber os espíritos... Preocupada com a friagem do solo – a Fazenda ficava numa vasta região de brejo –, por insistência de minha esposa, ele passou, então, a aceitar um pedaço de papelão que o protegesse – depois, um pouco mais tarde, mandei confeccionar uma espécie de estrado de madeira para ele apoiar os pés. Não deixava de ser engraçado e pitoresco, pois, não raro, quando a psicografia terminava, todo o mundo saía, procurando os sapatos de Chico, que iam parar na outra ponta da mesa ou nos fundos do quintal, carrega-dos por algum cachorro...”

- “Em Uberaba também era assim – emendou Gonçalves.

– E fora de Uberaba também! Certa vez, participamos com ele de uma reu-nião comemorativa na “Casa Transitória”. Observei que Chico, enquanto escrevia, discretamente tirou os sapatos e ficou esfregando um pé no outro, feito uma criança a brincar...”

- “Quanta simplicidade e beleza espiritual!” – exclamou Clóvis, de olhos lacrimejantes.

- “E quantos exemplos para todos

nós, médiuns de ontem e de hoje!” – afirmou Spartaco.

- “Principalmente para os médiuns de hoje – não perdi ocasião de enfatizar. – Com uma ou outra exceção, a turma hoje está psicografando de botinhas...”

O pessoal sorriu e eu continuei:- “Nada, é óbvio, contra as preferên-

cias de alguém... Para mim, eles podem até psicografar de sandálias, dessas que não têm cheiro e não soltam a tinta... A coisa não está no pé – está na cabeça! E mais: está no coração!”

Enquanto a turma arregalava os olhos, ante o meu jeito espontâneo de ser, continuei:

- “O problema grave que vejo nisso tudo é que o pessoal fica nessa compe-tição de quem usa o salto mais alto... Que contraste! Chico descalço, e eles de salto tipo “Luís XV”... Chico rente ao chão e eles nas alturas!...”

Foi quando Zeca, que ainda não tinha falado, rematou com a nossa plena aprovação:

- “Doutor, ao rés do chão, Chico estava com a cabeça nas estrelas... O que está faltando no Movimento Espírita da Terra é médium de pés descalços! Digo mais: de espíritas em geral, despidos de toda vaidade! O salto, de fato, anda muito desproporcional...”

- “É por isso, Zeca – conclui –, que eu sempre ando de serrote nas mãos...”

O médium de pés descalços

Por INÁCIO FERREIRA - Espírito- Uberaba - MG, 1º de dezembro de 2009.

Page 6: Jornal Fraterno 39

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Dentre os espíritas e não espíritas, Chico Xavier foi e continua sendo bastante reverenciado, tanto por seu

labor mediúnico – inigualável – quanto por sua personalidade afável e carismá-tica – foi a caridade encarnada.

Na comemoração destes 100 anos de seu nascimento, nós do “Fraterno” não poderíamos deixar de demons-trar nossa admiração e gratidão pela figura ímpar de Francisco de Paula Cândido Xavier, o nosso Chico, sem deixar de traçar algumas linhas nesta homenagem.

Da sua biografia extensamente conhecida, lembramos seu início e final de vida em condições materiais, as mínimas indispensáveis à sobrevi-vência, como um atestado de que a grandeza espiritual e o labor das gran-des missões prescindem de riqueza ou abastança material.

Dentro do movimento espírita, há uma polêmica ainda bastante acirrada sobre a identidade reencarnatória de Chico Xavier; uns reconhecendo ser ele o codificador Allan Kardec, outros refutando essa hipótese atribuindo caracteres e comparações infinitas entre as duas iminentes personalidades espirituais.

Lembrando que o invólucro mate-rial é a nossa parte dispensável, a roupagem que um espírito se utiliza para dar curso às suas tarefas enquanto encarnado, procuraremos analisar, à luz dos conhecimentos doutrinários, a verdade das duas correntes de opinião, ainda que sem a pretensão, ou sequer condição, de esgotar a polêmica ou de dar conclusão sobre a mesma.

Desde que relatamos pela primeira vez, sobre o Programa “Pinga Fogo”, da extinta TV Tupi na década de 70, (ver edições 25 – set/out 07 e 26 – Nov/dez 07 de “O Fraterno”), admiramos o conhecimento e a eloqüência de um homem simples, refletindo uma vasta cultura e entendimento de profundas

questões espirituais. Sempre ladeado por seu portentoso mentor espiri-tual “Emmanuel”, Chico Xavier dava conhecimento ao público brasileiro e também de outros países, dos concei-tos transcendentais e revolucionários que a Doutrina trazia ao Mundo, no cumprimento da promessa de Jesus quando do envio do “Consolador Pro-metido” e a citação de continuidade em “Obras Póstumas”.

Nesta linha, da lavra do próprio codificador temos o capítulo em ques-tão “Minha Volta” (págs 227 a 228), onde Kardec recebeu a exortação do espírito “Verdade” sobre o seu desencarne e o necessário retorno para a continuação de seus trabalhos, calculando sua volta para o fim do século dezenove e início do século vinte, época em que efetiva-mente nasceu Chico Xavier.

Vários confrades tais como Weimar Muniz de Oliveira trazem histórias que aumentam a probabilidade do nosso querido Francisco de Paula Cândido Xavier e o Sr. Hypolité Léon Denizard Rivail serem o mesmo espírito, guar-dando entre si semelhanças no acervo intelectual e moral, entre algumas diferenças de expressão, ou seja, na personalidade. Kardec mantinha uma postura mais circunspecta e científica; Chico foi mais afável e até mesmo “feminino” no que se refere à atitude maternal de sua personalidade, porém ambos praticaram a caridade e milita-ram a verdade e a decência em todos os feitos de suas vidas.

O caro Weimar considera taci-tamente aceito de que Chico seja a reencarnação de Kardec conforme seu livro “A volta de Allan Kardec”. Geraldo Lemes Neto relata que, em conversas particulares na residência do querido Chico, este contava a amigos íntimos casos muito curiosos sobre a intimidade do codificador, predile-ções culturais, detalhes da edição das obras, parecendo reviver claramente a França contemporânea à Kardec. Situações ainda mais explícitas foram relatadas por Martins Peralva sobre a

interferência de Chico Xavier, quando da publicação de um artigo versando sobre essa polêmica, dizendo que Emmanuel o instruíra de forma a não permitir ainda o artigo, pois tais con-siderações poderiam atrapalhar suas tarefas mediúnicas.

No livro “Na próxima dimensão” da autoria espiritual do Dr. Inácio Ferreira, psicografado por Carlos Bacelli, temos expressiva passagem onde, no ato do desencarne de Chico Xavier, inúmeras entidades espirituais de escol acompa-nharam um discurso emocionado do iminente espírito Léon Denis, do qual retiramos trechos onde há um escla-recimento deste palpitante assunto que ora tratamos (ver págs 62 a 64 do citado livro): “Meus irmãos – disse o discípulo inesquecível de Allan Kardec – eis que aqui nos encontramos reu-nidos, para receber de volta ao nosso convívio, aquele que, uma vez mais, cumpriu exemplarmente a missão que lhe foi confiada pelo Senhor de nossas vidas...(...) De maneira direta ou indireta, cooperamos com ele, para que a obra que o próprio encetou, na segunda metade do século dezenove, se desdobrasse na revivescência do Evangelho; a semente espalhada por suas mãos, germinou prodigiosamente, e não apenas no campo da bibliografia espírita...(...) Desde...o ano de 1932, com a publicação de “Parnaso de além túmulo”...(...) Esqueçamos os caprichos de ordem pessoal...(...) assumamos o compromisso de servir, a exemplo de Allan Kardec, ou Chico Xavier, o iluminado espírito que em duas exis-tências consecutivas, consolidou para a humanidade os princípios da Fé Raciocinada”.

Neste momento, fazendo jus à opinião oposta, tratamos de deslindar alguns argumentos que levam à nega-ção de que Chico seja a reencarnação de Kardec, conforme um grupo de estudos vinculado à FEESP.

Os respeitáveis confrades enten-dem que “Chico Xavier não foi a reencarnação de Allan Kardec, isto

evidenciado pela enorme diferença de personalidade entre ambos e ainda pelo fato de que, em se mostrando Kardec reencarnado, não lhe poderia faltar nenhuma de suas virtudes.”

A questão da diferença de personali-dade entre ambos, Kardec e Chico Xavier, poderia começar a ser discutida pela diferenciação entre caráter e personali-dade, talvez algo ainda pouco definido e que poderia induzir-nos em equívoco. Caráter é a marca da individualidade de um espírito, o conjunto de suas caracte-rísticas intelectuais e morais forjadas ao longo de diversas vivências e que nunca se perdem, somente são acrescentadas e lapidadas a cada reencarnação. Perso-nalidade é a vivência intelectual e moral do espírito reencarnado, resultante do seu caráter e sob influência ambiental, social e educacional a que está sujeito a cada reencarnação. A personalidade seria a “persona” que adquirimos para vivenciarmos nosso caráter, de acordo com as oportunidades do momento reencarnatório.

Para esta distinção ao leitor amigo, citamos a Questão 216 (LE):

Pergunta – O Homem conserva, em suas novas existências, os traços do caráter moral das existências ante-riores?

Resposta - “Sim, isso pode aconte-cer. Mas ao melhorar-se, ele se modi-fica. Sua posição social também pode não ser a mesma. Se de senhor ele se torna escravo, suas inclinações serão muito diferentes e teríeis dificuldade em reconhecê-lo. O Espírito, sendo o mesmo, nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter, de uma para outra, certas semelhanças. Estas, entretanto, serão modificadas pelos costumes da nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente o seu caráter, pois de orgulhoso e mau pode tornar-se humilde e humano, desde que se haja arrependido”.

Assim, apegarmo-nos a estereóti-pos ou caracteres mais superficiais de personalidade, hábitos ou maneirismo

Entre a Caridade e o Bom Senso

gEriaTriaDR. DIONISIO ALVAREZ MATEOS FILHO

TITULO DE ESPECIALISTA PELA ESCOLA DE MEDICINA DE SÃO PAULO - UNIFESP

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Page 7: Jornal Fraterno 39

Janeiro/Fevereiro 2010 | Edição 39 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRaTERno | [email protected]

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seria um reducionismo até mesmo da Doutrina no que se refere às diversas encarnações de um espírito; a cada reencarnação, este lança mão de seus recursos para bem exercer suas tarefas, dependendo das circunstân-cias e necessidades – o que importa é o progresso adquirido e o que este consegue imprimir ao seu meio e até mesmo à sociedade, portanto, neste aspecto que revela a produtividade da finalidade reencarnatória em conso-ante com toda uma vida de labor como foi a de Chico, é certo que o objetivo de continuador das “Verdades Imortais” foi alcançado, sem qualquer demérito ou menosprezo às virtudes morais e intelectuais de Kardec.

Ainda citando a questão da per-

sonalidade, linhas de pensamento existem de forma a acentuarem as diferenças entre Kardec e Chico Xavier, para tentarem esclarecer a hipótese de que não eram o mesmo espírito, apoiando-se em características como: corajoso, seguro, de mente límpida e clara, um pensador caracterizado pela racionalidade e pela independência intelectual, com grande poder de síntese, dotado de raciocínio claro e preciso (Kardec); por outro lado, dócil, amoroso, sensível, poético, a perso-nificação da paciência, do amor e da humildade, um Espírito de elevadíssima moral, médium exemplar, instrumento dos mais valiosos para a Espiritualidade, não deixou, entretanto, obras escritas do próprio punho (Chico).

Ora, ao analisarmos a fundo essas caracte-rísticas aparentemente antagônicas, veremos que, tanto um como outro necessitaram de coragem, raciocínio claro, amor ao próximo, car idade, paciência para cumprir a missão... Enfim, dotes intelectuais e morais de espíritos de alta envergadura de que ambos deram inúmeros testemunhos com sacri-fícios pessoais e desafios de toda ordem. Prescin-dir uma característica de um a outro seria fazer do espírito um catálogo ordenado de “agora ajo assim” e não a miríade que ele realmente é... Isso equivale a dizer que Chico Xavier poderia ter produzido um número maior de obras e, do ponto de vista doutri-nário, até mais signifi-cativas, no entanto ele teve que se desdobrar para servir aos desen-carnados, com os quais

intelectual e não acendermos mais uma fogueira de vaidades. Seja para evitar idolatria ou os apegos tão nossos, é provável que essa polêmica ainda não tenha sido esclarecida direta e formal-mente por algum “mentor”, para que reflitamos no gigantesco trabalho a ser feito dentro de nós e ao redor de nós.

Neste ponto, o próprio Kardec em “O Livro dos Médiuns”,2ª parte, cap. XXIV, “Identidade dos Espíritos”, item 255, nos diz: “A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais contro-vertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. Porque os Espíritos de fato não trazem nenhum documento de identificação e sabe-se com que facilidade alguns deles usam nomes emprestados. (...) em muitos casos a questão da identidade absoluta é secundária e desprovida de impor-tância real”. Quanto a esta última frase, grifada por nós, cabe ainda ressaltar, extraindo-se outro trecho, agora do item 256 do referido livro:

“O que nos interessa não são as pessoas, mas o ensino. Ora, se o ensino é bom, pouco importa que venha de Pedro ou Paulo”.

Do espírito que vivenciou o “bom senso encarnado” e a “caridade encar-nada”, temos um norte a ser seguido em nossa evolução espiritual.

Para finalizarmos, isentos da opi-nião pessoal, juntamos aqui alguns trechos de diversas entrevistas cujo intento é nossa homenagem ao cente-nário Chico Xavier. Calamo-nos a guisa de qualquer discussão idólatra ou de qualquer comentário inexpressivo de nossa parte, sobre sua reencarnação. Deixamos a cargo da inspiração, dos olhos e dos ouvidos daquele que tem coração e sentidos para tal – o nosso amado leitor. Nesses trechos, entre pequeninas partículas de idéias e caráter da própria inspiração, vemos a intimidade pitoresca no que se refere humildade e serenidade aos propósitos de seu mediunato de luz.

Pergunta de Um Jovem – Chico descreva, por favor, como passa o dia.

assumira compromisso, e aos encar-nados, a que o dever o conclamava; foi, ao mesmo tempo, um homem vivendo entre os espíritos e um espírito vivendo entre os homens...(pág 152 “Na próxima dimensão”).

Consideramos a possibilidade de que a necessidade da primazia sobre pontos de vista seja ainda uma com-pulsão muito humana, de sistemati-camente ter controle sobre todas as coisas; neste ponto “ter certeza” tanto faz para a espiritualidade benéfica desde que o plano maior, qual seja a evolução de todos os seres, seja alcançado.

Tomemos essa preocupante polê-mica como uma pesquisa histórica, de modo a fomentar a sadia discussão

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Resposta - Meu dia é demasiada-mente vulgar para ser descrito.

Jovem – E qual é a sua missão pessoal?

Resposta - Sinto-me na maravilhosa máquina do serviço espírita... Feição de insignificante peça de emergência, precisando repelões e consertos cons-tantes pelas imperfeições que traz.

Jovem - E para com o Espiritismo? Resposta - Corrigir meus defeitos

e fazer aos outros, o que desejo para mim mesmo.

Pergunta de um Jornal Espírita - Mas você nunca pensou em escre-ver um livro? Não seria capaz, se quisesse?

Resposta - Creio que, se tentasse escrever, conseguiria produzir alguma coisa, mesmo porque, depois de mais de 40 anos de livros mediúnicos, seria impossível que eu não pudesse traçar algumas páginas. Mas, renuncio a isto, porque considero a imensa significação dos trabalhos dos bons espíritos por meu intermédio. Não vejo nenhum proveito na minha intromissão na obra

deles. Diante dos livros que psicografei, considero-me como uma espécie de tomada que faz a ligação entre as forças que eu próprio não posso avaliar. De modo que, na condição de tomada, não posso deixar de trabalhar. Pelo menos, enquanto o dono da usina, Nosso Senhor Jesus Cristo, através do administrador Emmanuel, não resolver “queimar” a tomada com um curto-circuito.

Jornal Espírita - E quando você morrer, Chico, quem será o seu subs-tituto?

Resposta - Eu sou apenas planta inferior, que nasce no campo. Outras plantas vão aparecer. Não tenho pre-tensão nenhuma de estar em posição excepcional. A mitologia é muito triste e as relíquias foram feitas para os museus. Somos seres humanos frágeis, como todos os outros. Não podemos ser mitos.

Outro Jornal - Informação - Chico, na próxima encarnação, você gostaria de ser médium?

Resposta - Se Jesus quiser...

Jornal Informação - E se Jesus quiser?

Resposta - Então, pediria a Ele, Nosso Divino Mestre, a felicidade de recomeçar a tarefa, tal qual tenho tido o meu pequenino setor de ação, nas mesmas experiências e nas mesmas circunstâncias, porque quanto mais avanço na idade física mais amigos e bênçãos vou encontrando...

Nota - de Herculano Pires - É inte-ressante citar aqui uma coisa muito curiosa, que ainda parece que não foi lembrada. O Brasil é a primeira grande nação do ocidente que está se tor-nando basicamente reencarnacionista. A idéia da reencarnação penetrou de tal maneira em nosso país, por influên-cia não só do Espiritismo mas também das religiões africanas que foram tra-zidas aqui pelo contingente negreiro, que dificilmente encontramos hoje uma pessoa que, se não aceita posi-tivamente a reencarnação, também não a nega, não a combate. Isso é muito curioso porque no ocidente só houve uma nação reencarnacionista no passado, que foi a França. 0 Brasil será, dentro em breve, a grande nação reen-carnacionista do ocidente. E o professor lan Stevenson, na sua pesquisa sobre a reencarnação, disse que no Brasil encontrou uma compreensão mais precisa, mais natural da reencarnação.

Nota - de Chico Xavier - Peço licença

de Allan Kardec, se reencarnaram no Brasil para dar corpo às idéias da Doutrina Espírita e fixarem os valores da reencarnação. Foi assim que, nos últimos 80 anos, desenvolveu-se entre nós tal amor à cultura francesa, que milhares de nós outros sabemos de ponta a ponta a história da revolução francesa e nada conhecemos a res-peito do Marquês de Pombal, dos reis de Portugal, que foram os donos da nossa evolução primária. Isso está no conteúdo psicológico de milhões e milhões de brasileiros, que estão ficha-dos - por certidão de Cartório - como brasileiros, mas que psicologicamente são franceses.

Pergunta de um Locutor - Existe alguma notícia, do plano espiritual, sobre a reencarnação de Kardec aqui no Brasil, ou em algum outro país?

Resposta - Até hoje, pessoalmente, eu nunca recebi qualquer notícia positiva a respeito da presença de Allan Kardec, reencarnado no Brasil ou alhures. Entretanto, eu devo dizer que em se tratando de vultos veneráveis do nosso movimento, tenho muito receio de receber qualquer notícia porque temo pela minha fragilidade, e estimaria não ser médium de notícias tão altas. Quando Allan Kardec surgir ou ressurgir, ele dará notícias de si mesmo pela sua grandeza, na presença que venha a mostrar.

para aditar um aponta-mento de Emmanuel. Perguntei a ele, em 1965, onde estavam aqueles companheiros de Allan Kardec que vibravam com a Dou-trina Espírita na França, onde estava aquele contingente de almas heróicas, sublimes, que aceitaram aquelas idéias e as divulgaram com tanto entusiasmo pelo mundo inteiro. Então ele me disse que do último quartel do século 19 para cá, de 15 a 20 milhões de espí-ritos da cultura fran-cesa, principalmente simpatizantes da obra

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Por: Weimar Muniz de Oliveira

Entre as dezessete entrevistas que compõem o livro “A Volta de Allan Kardec”, de minha autoria (edição FEEGO, 2008

– 3ª edição), gostaria de rememorar, para o prezado leitor, apenas uma das provas incontornáveis: a tácita aceita-ção de Chico de que é ele a reencar-nação de Allan Kardec.

Trata-se do diálogo que Geraldo Lemos Neto, de Belo Horizonte, manti-vera com o médium, em Uberaba. Mas para que o fato não seja tão fragmentá-rio, faz-se preciso apontar o precedente da parte nuclear da questão. Eis, pois, uma síntese do fato, às p. 93/96, da referida obra:

“...c) Donde vem a sua convicção de que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec?

Resposta – Distinto amigo Weimar, inicialmente quero dizer que não comungava da idéia de Chico Xavier ser a reencarnação de Allan Kardec, mas com o passar dos anos fui cole-cionando fatos e ocorrências que não me deixaram quaisquer dúvidas a este respeito. Inicialmente, a primeira pessoa a tocar neste assunto comigo foi minha tia-avó Nair Machado Pas-choal, contemporânea de Chico desde a sua meninice em Pedro Leopoldo. Contou-me ela que participando de uma reunião no Centro Espírita

Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, na hora aprazada dos comentários evangélicos enquanto Chico psico-grafava, subitamente ao pegar o livro para os estudos da noite, ao invés do retrato de Kardec, que todos conhe-cemos, ela teve uma visão do próprio Chico em sua capa. Tia Nair contou-me que ficou vivamente impressionada com o episódio e a partir daí passou a observar a postura de Chico em torno do Codificador.

E muitos da família Machado de Pedro Leopoldo passaram também a anotar o que se segue. Observamos todos que ao se referir a Allan Kardec, o querido Chico nunca o elogiava. Ele

sempre fazia questão de falar sobre o trabalho dos espíritos que Kardec sistematizou. Em nossas conversas par-ticulares, em sua residência, Chico nos contava casos muito curiosos da inti-midade de Allan Kardec. Relacionava os amigos mais íntimos do Codificador, sua predileção por este ou aquele compositor, detalhes de seu relaciona-mento com sua esposa Amélie Boudet e também detalhes sobre a edição de suas obras, e tudo isso com um grau de intimidade impressionante. Parecia-nos que ele revivia a França do século XIX!

Certa ocasião, no Centro Espírita União, em São Paulo, o dia era o 3 de outubro e naturalmente todos comen-taram com brilhantismo sobre a perso-nalidade de Kardec, tendo em vista a comemoração de seu aniversário ter-restre. Novamente a cena se repetiu. Ao chegar a vez de Chico falar, ele elogiou o trabalho dos espíritos, referiu-se à assistência da espiritualidade maior em torno do Codificador, mas não emitiu uma palavra sequer sobre Kardec! Tia Nair lá estava mais uma vez anotando com suas observações a reação de Chico e não guardou mais dúvidas de que Kardec estava mesmo diante de seus olhos, reencarnado na persona-lidade de Chico. Ao final do encontro, ao abraçá-lo para as despedidas, Chico jocosamente lhe perguntou:

- Nair, minha nega, você acha que eu falei bobagem?!!! e deu boas gargalhadas!

A partir daí, nossa convicção sobre o assunto foi aumentando. Certa feita perguntei-lhe, à queima-roupa:

– Chico, o que o senhor poderia nos dizer sobre Allan Kardec?

E ele, depois de longo silêncio, nos respondeu:

– É, Geraldinho, pode-se dizer que ele está trabalhando muito! e deu boas risadas...

Quando nos integramos na década de 80, à diretoria da União Espírita Mineira, presidida então pela nossa sau-dosa Dona Neném Aluotto, verificamos ser esta a convicção clara e cristalina de todos os integrantes daquela diretoria,

especialmente Dona Neném e o Sr. Martins Peralva. Vim a saber, por eles, que no início da década de 1970 Peralva se dispôs a escrever um artigo para publicação no jornal O Espírita Mineiro, assumindo a tese da reencarnação de Kardec em Chico Xavier. Tudo estava pronto para a publicação do mencio-nado artigo, quando o telefone tocou em sua residência, altas horas da noite. Era Chico Xavier, solicitando dele que tirasse o artigo em pauta do jornal, justificando que ele traria muita com-plicação para sua tarefa de psicografia, e informando-o de que ainda não era época para aquelas considerações. Disse-lhe o Chico que o espírito de Emmanuel lhe dizia que o assunto viria a público muito mais tarde. Como dizia Peralva, Chico com muita simplicidade, confirmou a tese, pedindo a Peralva que aguardasse o tempo.

Pois bem, quando da publicação do livro de Adelino da Silveira, Kardec Prossegue, que publicamente aborda o assunto, recebemos, com surpresa, um exemplar dele em casa autografado pelo próprio Chico. Daí, pensamos logo que Chico estava endossando publicamente o assunto. Preparamos-nos para ir a Uberaba, para, finalmente, perguntar a ele se, de fato, era ele a reencarnação de Kardec. Chegamos a Uberaba e começamos a conversar, eu, ele e Eliana da Cunha Borges, irmã de Vivaldo da Cunha Borges, que residia com ele.

Durante o almoço nos faltou a coragem para fazer a pergunta direta, mas foi ele mesmo, o Chico, quem me socorreu, indagando-me:

– Geraldinho, o que é que você achou sobre o livro do Adelino que lhe enviei?

Ao que, surpreso, respondi, de pronto:

– Chico, acho que é a expressão da verdade!

Perguntou-me ele por que eu achava isto e passei a relatar os casos de que tivera conhecimento a respeito do assunto, como os que aqui relatei em torno de tia Nair Machado Paschoal, de

Dona Neném Aluotto e do Sr. Martins Peralva.

Devolvi a ele a pergunta: – E o senhor, Chico, o que é que o

sr. me diz sobre isso? Chico, visivelmente emocionado,

olhou firmemente para o alto e come-çou a chorar. Passou a mão diante dos olhos, como se estivesse descortinando lembranças e visões que nós não poderíamos acompanhar. E, então, arrematou para definir todas as minhas convicções:

– É uma coisa muito curiosa este fato, Geraldinho, porque desde quando eu tinha 5 anos de idade, na minha meninice em Pedro Leopoldo, eu guardo as páginas do “Evangelho Segundo O Espiritismo” integralmente na memória!

Todos choramos copiosamente diante daquela revelação espontânea. A emoção nos dominou os corações.Visivelmente comovido, Chico levan-tou-se e entrou em um dos quartos de sua casa. Alguns minutos depois, como a selar aquele nosso entendimento fraterno, ofertou-nos outro exemplar do livro “Kardec Prossegue”, novamente guardando carinhosa dedicatória.

Para mim, portanto, não há dúvidas a respeito!

Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec!”

Algum tempo depois o médium Antônio Baduy recebeu a mensagem A volta de Allan Kardec, numa das reu-niões da COMMETRIN, diante de mais de 550 pessoas.

Chico não só endossou a mensa-gem, autorizando a diretoria da União Espírita Mineira a publicá-la no jornal O Espírita Mineiro, como também passou ele mesmo a divulgá-la entre os amigos e companheiros de lides doutrinárias.”

Goiânia, 29/11/2009.

| opnião |

Chico fala sobre a reencarnação de Allan Kardeck

Weimar Muniz de Oliveira é magistrado aposentado, presidente da Associação Bra-sileira dos Magistrados Espíritas (ABRAME),

presidente do Lar de Jesus, Diretor da Federação Espírita do Estado de Goiás

(FEEGO) e membro do Conselho Superior da Federação Espírita Brasileira (FEB)

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Por Dora Incontri

Não é objetivo deste artigo atacar quem quer que seja, por manifestar opinião con-trária à que vou expor. Mas

há questões que devem ser tratadas com cuidado para não se tornarem elemento de confusão. A crítica franca, aberta, racional, própria dos postulados espíri-tas, deve ser praticada, fraternalmente claro, sob pena de imergirmos de novo nas trevas medievais. Onde não houver questionamento e crítica, onde não houver debate transparente, certamente haverá dominação, ignorância, apatia e graves entraves à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade.

Como em minhas viagens pelo Brasil afora, sou indagada sobre a polêmica em foco, resolvi manifestar-me publicamente para examiná-la com as ferramentas críti-cas que tomo emprestado de Kardec.

Que Chico Xavier seja a reencarnação de Kardec não seria uma hipótese a ser discutida, porque se trata de um absurdo tão sem fundamento que deveria chocar o bom senso de qualquer um (já vi até não-espíritas que conhecem super-ficialmente a doutrina se mostrarem perplexos diante da idéia). Mas já que se trata de uma afirmação na pena de alguns escritores e médiuns, atuantes no movimento, não podemos deixar de analisá-la.

AS AFIRMATIVAS SOBRE REENCAR-NAÇÕES

Em primeiro lugar, deveríamos evitar a leviandade que tomou conta de escrito-res e médiuns espíritas nos últimos anos: afirma-se com o maior descompromisso e sem nenhuma demonstração de evi-dência que fulano é reencarnação de cicrano e geralmente são pessoas famo-sas, já desencarnadas, ou personagens históricas - que não podem contradizer tais afirmações. É perfeitamente legítimo o estudo de casos de reencarnação, mas eles precisam ser fruto de pesquisa, de preferência de pessoas próximas e, se alguma hipótese for apresentada de per-sonalidades de projeção, deve-se fazê-lo

com todo o cuidado, com argumentos bem fundamentados e ainda assim não passará de uma hipótese a ser examinada e comentada por outros pesquisadores.

Um exemplo positivo de um estudo com critério é Eu sou Camille Desmoulins, de Luciano dos Anjos e Hermínio Miranda. São centenas de páginas de pesquisa, em que a personalidade em questão partici-pou, fez regressão de memória, e o autor realizou exaustivas buscas de documen-tos históricos, etc. Outro estudo sério é o de Hernani Guimarães de Andrade, com personagens desconhecidas - crianças com lembranças de outras vidas - em seu livroReencarnação no Brasil. (De passagem, fica aqui a nossa carinhosa vibração ao Hernani, desencarnado há alguns dias). Isso apenas para citar autores brasileiros. No plano internacional, há, por exemplo, a excelente pesquisa feita por Ian Stevenson.

Outra forma de estudo de perso-nalidade através de reencarnações foi a realizada pela saudosa e sensatíssima médium Yvonne A. Pereira, no caso de suas próprias vidas passadas. Não houve aí a identificação das personalidades históricas ou a comprovação dessa iden-tidade, mas uma regressão de memória, promovida pelos Espíritos superiores, para mostrar a trajetória evolutiva de um espírito feminino. Trata-se assim de um estudo psicológico através dos tempos, sem compromisso com a evidência his-tórica. Uma possibilidade interessante e legítima.

O que não pode acontecer - e acontece com bastante freqüência - é simplesmente alguém sair anunciando que fulano foi tal pessoa e aceitar-se isso como fato consumado. Aí exor-bita-se do estudo de caso, da pesquisa científica, para se tornar mediunismo inconseqüente e dogmatismo sem fundamento.

O pior é quando tais afirmativas contrariam as evidências mais óbvias e a coerência mais superficial entre uma personalidade e outra, que se supõe ser a mesma.

Ou seja, para falar de reencarnação é preciso usar os critérios próprios do

espiritismo: pesquisa científica, coerência racional, podendo-se valer igualmente da intuição mediúnica. Mas se essa intuição vier desacompanhada dos outros aspec-tos, pode se tornar misticismo.

A IDENTIDADE DO EUUm dos pontos fundamentais

demonstrados pelo espiritismo, que aliás se insere plenamente na tradição socrático-platônica-cristã, é a idéia de uma identidade individual, permanente, que está em progresso e mutação, mas guarda um eu reconhecível, com carac-terísticas próprias de personalidade, com memórias e potencialidades particulares. Até os Espíritos puros, que atingiram a perfeição, cuja personalidade nos é difícil examinar, mantêm, segundo a doutrina espírita, ainda e sempre sua individualidade.

Nos estudos criteriosos de reen-carnação, essa verdade salta ao olhos: ninguém poderia negar que Luciano dos Anjos é Camille Desmoulins. As duas indi-vidualidades são parecidíssimas. Até nos traços físicos. E isso não é tão incomum. Ian Stevenson faz um estudo intrigante dos sinais de nascença. Às vezes, a ligação com a encarnação anterior é tão vívida, que a criança nasce até com marcas do tipo de morte que teve ou algum trauma sofrido.

Assim como na comunicação de um Espírito por um médium, para sua identificação devem entrar uma série de fatores, evidências, muitas inesperadas, aparentemente fortuitas, mas que no seu conjunto conferem uma forte sensação de que a personalidade comunicante é aquela: na reencarnação, dá-se o mesmo. Apenas um quadro de muitos detalhes, coincidências significativas, semelhanças, nos dá alguma convicção de que tal pessoa esteja ali, reencarnada.

Se nos limitássemos a tratar de casos de reencarnação que obedecessem aos critérios mencionados, evitaríamos lançar a idéia no ridículo.

O CASO CHICO-KARDECPoderia escrever muitas páginas com

todos os pontos de total dissemelhança entre a personalidade de Kardec e de Chico. Em primeiro lugar, estabeleçamos

alguns parênteses. O que sabemos de mais sólido sobre outras existências de Kardec - o resto são inoportunas espe-culações - são as duas que ele aceitava: a de druida e a de Jan Huss (esta, segundo informação que Canuto de Abreu teria visto em seus manuscritos, antes da Segunda Guerra). Mas, nos três momentos conhecidos, dá para notar a coerência de uma personalidade corajosa, viril, segura, austera, de mente límpida e clara (o estilo de Jan Huss é o mesmo de Kardec, simples e cristalino, preciso e firme) e sempre dedicada à educação. Os druidas eram sacerdotes-educadores, Huss foi reitor da Universidade de Praga e Rivail/Kardec foi educador durante mais de trinta anos na França. Quanto ao seu estilo, ele mesmo adverte que não tinha vocação poética, não apreciava metáforas, mas queria atingir o máximo de didatismo e simplici-dade. Para isso, tanto Huss quanto Kardec escreveram gramáticas.

Huss desafiou a Igreja Católica e morreu cantando na fogueira em 1415, depois de ter escrito cartas belíssimas da prisão, mostrando sua firmeza e sere-nidade. Kardec desafiou a Ciência oficial, a religião tradicional e todo sistema acadêmico estabelecido, fundando um novo paradigma para o conhecimento humano, numa síntese genial. Quando estudamos sua vida e sua personalidade, vemo-lo mover-se com absoluta segu-rança de si, com total equilíbrio, desde os primeiros textos pedagógicos aos 24 anos, até a redação da última Revista Espírita, que deixou pronta antes de morrer. Os próprios Espíritos Superiores o chamam de mestre. O Espírito da Verdade o trata de forma amorosa, aconselhando-o sempre com respeito ao seu livre-arbí-trio, à sua capacidade intelectual e à sua estatura moral.

Kardec se ocultou tanto atrás da obra, pela sua extrema modéstia e reserva (que não era a humildade mística de Chico, que se autodenominava verme, besta, pulga, cisco ...), que os próprios adeptos do espiritismo não sabem aquilatar-lhe a grandeza.

Agora, analisemos a pessoa Chico Xavier, que conheci desde a minha

Chico Xavier não é Kardec!| contraponto |

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Janeiro/Fevereiro 2010 | Edição 39 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRaTERno | [email protected]

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primeira infância. Trata-se de uma per-sonalidade doce, amorosa, bastante feminina, emocional, mística, com forte vocação literária e poética (ao contrário de Kardec) mas uma personalidade fraca. Basta ver sua relação com Emmanuel. Seu guia espiritual, aliás forte e altivo, sempre manteve com Chico uma postura disciplinar, rígida, admoestando-o se o via fraquejar.

Vêem-se diversas situações desse tipo, na leitura do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior, que considero a biografia mais confiável e mais bem escrita, porque feita por um profissional do jornalismo, entre tantas que mais parecem relatos de vida de santo da Idade Média, pela linguagem melada, pela louvação exagerada e pelo cunho miraculoso. Basta lembrar de Chico, gritando em pânico, porque o avião em que estava ameaçava cair e Emmanuel, diante dele, dizendo: “Dá testemunho da tua fé, da tua confiança na imortalidade! (...) morra com educação!” . Este o Espírito que enfrentou a fogueira, cantando, sem retirar uma palavra do que dissera? A resposta, o próprio Emmanuel já deu ao Chico certa vez: “Meu filho, você é planta muito fraca para suportar a força das ventanias. Tem ainda muito o que lutar para um dia merecer ser preso e morrer pelo Cristo.”

Noutras ocasiões, os próprios encar-nados tiveram de adverti-lo severamente, como no caso da adulteração doEvange-lho segundo o Espiritismo, na década de 70, que levou Herculano Pires a escrever um livro, Na Hora do Testemunho, no qual quase obrigou Chico à retratação pública, por ter apoiado indiretamente a edição adulterada.

Chico é, pois, um Espírito bom, em processo de resgate e regeneração, ainda enfrentando conflitos internos e desequi-líbrios e tendo necessidade do freio curto de Emmanuel para se manter na linha das próprias obrigações. Nunca, diga-se, ele mesmo se viu ou se assumiu de outra forma. Kardec, ao contrário, já 600 anos atrás não revela conflito, não se mostra abalado por nada. Seu companheiro de Reforma, Jerônimo de Praga, chegou

a abjurar, com medo da fogueira. Arre-pendeu-se depois e enfrentou a morte com galhardia. Mas em Jan Huss não há hesitação ou fraqueza, apenas a altivez do Espírito que já atingiu a estatura de um missionário.

Da mesma forma Kardec. Nem sabe-mos o quanto ele sofreu e foi perseguido, pois não se queixava. Apenas nas entre-linhas de Obras Póstumas, quando se refere por exemplo à Sociedade Espírita de Paris como um ninho de intrigas, é que de longe vislumbramos o que deve ter passado. Mas nunca o vemos abatido ou choroso.

Quanto à linguagem de Chico é também oposta à de Kardec. Trata-se de uma linguagem literária, ornamentada, própria do médium - pois sabemos que o médium influencia as comunicações. Se Chico não tinha cabedal literário nesta vida, é certo que o trouxe de outras, para se tornar o intérprete de tantos literatos do Além. Se Kardec tivesse escrito, por exemplo, Mecanismos da Mediunidade, seria certamente numa linguagem bem mais objetiva, menos literária e mais digerível.

Vou mais longe. Sem ofensa ou menosprezo pelo grande Espírito de Emmanuel, ele próprio fica bem abaixo da estatura espiritual de Kardec. Basta lembrar que, enquanto Jan Huss estava morrendo na fogueira por criticar os abusos da Igreja e duzentos anos depois, seu discípulo Comenius estava inau-gurando a Pedagogia moderna, em oposição à educação jesuítica; Emmanuel - leia-se Manuel da Nóbrega - estava ainda a pleno serviço da Igreja, imerso no projeto de catequese jesuítica. Tanto ele quanto Anchieta talvez tivessem suas críticas ao movimento de que participa-vam e sem dúvida deram contribuição meritória ao início da educação brasileira. Mas estavam ainda com as correntes mais conservadoras da história, ao passo que Huss (depois Kardec) inaugurara já novas relações entre Deus e o homem, sendo retomado na Reforma de Lutero e aprofundado na proposta educacional de Comenius, que estava a anos luz adiante da proposta jesuíta.

Com isso, não estou diminuindo a importância nem da personalidade histórica de Manuel da Nóbrega, nem do Espírito Emmanuel, entidade que respeito e amo muito, nem menosprezando a obra que fez por intermédio do Chico. Mas é preciso reconhecer a superioridade de Kardec, coisa que tanto Emmanuel, quanto Chico, sempre reconheceram. Certo dia disse Emmanuel a Chico - e esta é uma passagem conhecida de todos - que se ele, Emmanuel deixasse Jesus ou Kardec, o pupilo deveria deixá-lo. Ora, o guia se submetia a Kardec, como Kardec poderia ser seu tutelado?

O QUE ESTÁ POR TRÁS DESSA IDÉIATudo isso poderia não passar de

uma discussão vazia, simples questão de opinião, sem maiores conseqüências. Mas vejo graves problemas nessa polêmica e só por isso meti-me a falar no assunto. Afirmar que Chico Xavier é reencarnação de Kardec é submeter Kardec ao Chico ... logicamente, pela lei da evolução, o mais recente é mais evoluído e portanto vai mais adiante do que o anterior. O que se esconde por trás dessa idéia subliminar, implícita na tese de um ser reencarnação do outro? É que abandonamos, ou pelo menos desvalorizamos, os critérios de racionalidade, objetividade, cientifici-dade, além dos aspectos pedagógicos e da linguagem clara e democrática de Kardec, com todo seu pensamento de vanguarda - para valorizarmos mais a linguagem melíflua (muitas vezes piegas) de Chico, o espiritismo visto predomi-nantemente como religião e os aspectos conservadores tanto do pensamento do médium, quanto de Emmanuel.

Querem ver um exemplo? Kardec, em pleno século XIX, aclamava todas as conquistas da emancipação feminina. Em artigos na Revista Espírita, apóia a reivindicação do voto feminino, parabe-niza as primeiras mulheres a se formarem médicas ... exalta a participação intelec-tual da mulher. Emmanuel não deixa de mostrar, em diversas passagens de seus livros, ranços de machismo lusitano, romano e da igreja, sempre colocando a mulher ideal como a mais submissa e calada possível.

A tese de que Chico seria Kardec des-qualifica Kardec e exalta indevidamente Chico Xavier, colocando-o num pedestal de idolatria que nenhum ser humano deve ocupar. E isso está bem situado nos rumos que o movimento espírita brasileiro tem tomado: trata-se de um movimento que exalta personalidades mediúnicas (quando Kardec mal nos deixa conhecer o nome dos médiuns que trabalhavam com ele, porque não se constrói liderança em mediunidade, como os antigos pajés da tribo ou as passadas pitonisas da Anti-güidade), preferindo o emocionalismo à racionalidade, o igrejismo ao debate filosófico e científico.

É por isso que meu trabalho tem sido no sentido de resgatar Kardec e seus antecessores diretos: Comenius, Rous-seau, Pestalozzi - todas personalidades de vanguarda, com pensamento social avançado, com projetos libertários de educação. É desse caldo cultural que nasceu o espiritismo. Transplantado para o Brasil, ganhou as cores místicas da cultura católica, de herança jesuítica, que formou a nação brasileira. É verdade que apenas um povo com o nosso coração e com a criatividade e a intuição mediúnicas como as nossas poderia acolher o espiritismo. É verdade que Emmanuel continuou a sua obra de primeiro educador do Brasil e fez bem a sua parte, por intermédio do Chico, que também fez a sua. Mas não é por isso que devemos colocar os carros na frente dos bois e perder a raiz pedagógica, racional e consistente que nos identifica. E essa raiz é representada por Kardec, que por todas as razões vistas e muitas outras que não é possível comentar aqui, não reencarnou como Chico, não reencarnou ainda, porque teríamos de reconhecê-lo por sua mente poderosa, por sua lide-rança equilibrada e segura e por trazer uma contribuição muito melhor que a de Chico e mesmo melhor que a do próprio Kardec, pois senão não haveria razão para reencarnar-se.

Texto extraído do folheto distribuído pela editora Publicações LACHÂTRE, por ocasião

da XI Bienal do Livro, realizada no Rio de Janeiro, retirado do Informativo Lachâtre,

maio/junho de 2003.

Chico Xavier não é Kardec!

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Por Luiz Guilherme Marques

A afetividade está presente em todas as atividades humanas, quaisquer que sejam e por mais

que queiramos distanciá-la de nós.Dentro da área da afetividade o

Amor é a manifestação mais apurada.Amar desgasta, cansa, extenua,

mas é uma fonte de prazer.O amor dos pais pelos filhos lhes

tortura permanentemente o cérebro, tira-lhes a tranqüilidade e o sono, mas sublima-os, transforma-os em verda-deiros representantes de Deus dentro do instituto da família.

O amor do profissional pelas pes-soas que o procuram em virtude da profissão é para ele motivo de cansaço e desgaste, no entanto, transforma sua vida num sacerdócio.

Ninguém vive feliz a não ser imbuído de uma carga relevante de afetividade.

Quem não vive para servir não serve para viver. Servir é uma conseqüência da afetividade bem direcionada.

Neste setor também se gasta muito da energia espiritual. Gasta-se e se repõe, através das permutas afetivas com aqueles que nos dão afeto.

Francisco de Assis reabaste-cia-se afetivamente, energeticamente, até no contato com os seres inanima-

passagEns do “EvangElHo dE TomÉ”Eis as palavras secretas que JESUS, disse e que Dídimo

Judas Tomé escreveu...“Seus discípulo interrogaram-no dizendo: Quereis que

jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? E que normas observamos ao comer? JESUS disse: Não

mintam e não façam aquilo que é odioso, tudo será desvelado perante o Céu. Nada há, com efeito, oculto que não venha a tornar-se manifesto, e nada encoberto que

permaneça sem ser descoberto”.EVANGELHO DE TOMÉ.

| moral cristã |

Disse então Jesus: “A semente está semeada...

Em verdade vos digo: ainda não chegou a hora de fazer todas as coisas de Meu Pai.

Também sou obediente aos impe-rativos das leis soberanas que regem vosso mundo.

É preciso que todas as coisas venham ao seu tempo.

Digo vos que não era aquele corpo, como vós também não sois vossos corpos, embora pelos séculos tendes passado por muitos.

Pertenceis à eternidade.E vossos corpos são as túnicas

que Meu Pai vos oferece, para o vosso bem.

Os corpos ficam, mas em vossos espíritos, despertareis de vossos sonhos.

Desejo ainda vos dizer: SEDE ALE-GRES! Tudo o que vos tenho dito é para consolidar as venturas de Meu Pai em vós. Contudo, que em vossa alegria, também haja manifestação de vosso reconhecimento.

CUIDAI DE VÓS! O homem sensato dorme o necessário para a saúde do corpo e valoriza o tesouro do tempo. Sabe reservar momentos para meditar em suas noites e em cada amanhecer.

Cuida da limpeza de seu corpo, como a chuva cuida das ruas íngremes. Medita em seu caminhar e conhece a necessidade do jejum das palavras. Sabe fazer profundo silêncio interior. Alimenta-se com a devida prudência, para não sofrer os desequilíbrios da sensualidade.

CUIDAI DE VÓS!O homem sensato é organizado

em seus compromissos materiais e escolhe o melhor tempo para servir e meditar.

Experimenta o jejum do alimento para valorizar a fome e sentir alegria de ser educador de si próprio.

Estabelece um plano de estudo para valorizar seus conhecimentos e sua inteligência.

Estuda a si próprio para aumentar a consciência de suas palavras, de seus

atos e de seus pensamentos.Educa-se pelo caminho natural de

todas as coisas.É o verdadeiro construtor de seu

destino e cresce dia a dia, em lutas vitoriosas.

Em todas as coisas buscai a ver-dade.

Eu estarei sempre convosco.Sou vosso irmão, irmão que conduz

ao caminho, à verdade e à vida verda-deira. Ninguém está tão próximo ao Pai do que quando está comigo. Porque sou vosso irmão que conhece vossas necessidades e trabalha para merecer vossa fidelidade.

Vinde a mim todos vós que estais aflitos, oprimidos e sobrecarregados e eu vos aliviarei, e assim encontrareis descanso para vossas almas”.

O conselho

| o sexo dos espíritos (3) |

A vida afetiva

dos, pelo muito que amava tudo que existe no mundo.

A sublimação da afetividade se consegue gradativamente através do amor por tudo o que existe.

Continua na próxima edição.