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TRANSACÇÕES IL GAIS E LUSA PUB Ter para ler Os deputados Zheng Anting e Song Pek Kei questionam a eficiência de um concurso que depois de funcionar durante um ano e nove meses para seleccionar 252 pessoas, não recrutou até hoje um único candidato. PÁGINA 3 RECRUTA ZERO FUNÇÃO PÚBLICA CONCURSO CENTRALIZADO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB GÁS NATURAL Plano atrás de plano e nunca mais há gás no cano AFUNDADOS NA BAHIA SOCIEDADE PÁGINA 6 SOCIEDADE PÁGINA 5 MUNDIAL hojemacau PUB As operações efectuadas em Macau através dos terminais portáteis ascendem a 180 milhões de patacas. Já foram identificados 41 suspeitos e seis estão detidos acusados de terem causado prejuízos consideravelmente elevados. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 17 DE JUNHO DE 2014 ANO XIII Nº 3111 ÚLTIMA SOCIEDADE PÁGINA 7 Taipa Governo promete bomba segura

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Hoje Macau N.º3111 de 17 de Junho de 2014

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Page 1: Hoje Macau 17 JUN 2014 #3111

TRANSACÇÕES IL GAISE

LUSA

PUB

Ter para ler

Os deputados Zheng Anting e Song Pek Kei questionam a eficiência de um concursoque depois de funcionar durante um ano e nove meses para seleccionar 252 pessoas,

não recrutou até hoje um único candidato. PÁGINA 3

RECRUTA ZEROFUNÇÃO PÚBLICA CONCURSO CENTRALIZADO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

GÁS NATURALPlano atrás deplano e nunca maishá gás no cano

AFUNDADOS NA BAHIA

SOCIEDADE PÁGINA 6 SOCIEDADE PÁGINA 5

MUNDIAL

hojemacau

PUB

As operações efectuadas em Macau através dos terminais portáteis

ascendem a 180 milhões de patacas. Já foram identificados 41 suspeitos e seis estão detidos acusados de terem causado prejuízos consideravelmente elevados.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 7 D E J U N H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 1 1

ÚLTIMA

SOCIEDADE PÁGINA 7

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hoje macau terça-feira 17.6.20142 POLÍTICA

JOANA [email protected]

A Macau Cons-ciência enviou ontem uma carta ao ex-Secretário

para as Obras Públicas e Transportes, Ao Man Long, sobre as recentes acusações do alegado envolvimento de Chui Sai On na concessão de terras, em 2005. As in-formações – avançadas pela revista Next de Hong Kong – já foram desmentidos pelo Governo, mas a Macau Consciência não desiste.

Numa carta endereçada a Ao Man Long e enviada para o Estabelecimento Prisional de Macau (EPM), em Colo-ane, Jason Chao faz quatro perguntas ao ex-Secretário.

FLORA [email protected]

O Plano de Aquisição de Imóveis para Habitação, destinado aos residentes

de Macau, tem levantado várias críticas no seio da população, depois de ter sido alvo de consulta pública. O deputado Ng Kuok Cheong é uma das vozes e afirma mesmo que o plano é “enganador”.

Em carta enviada ao Instituto de Habitação (IH), Ng afirma que o documento de auscultação pública simplifica, de forma deli-berada, o impacto de recursos de terreno à habitação, acrescentan-do que o IH não dá a oportunidade aos cidadãos de dar a sua opinião sobre a construção de habitação para residentes da RAEM na zona de novos aterros. O deputado continua, dizendo que o plano

Cheong Sio Kei é novo director dos DSCCO actual director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) vai ser transferido para a Direcção dos Serviços de Cartografia e Cadastro (DSCC), assumindo o cargo no próximo dia 29. É o actual sub-director dos Serviços de Protecção Ambienta, Van Hoi Ieong quem passa a chefiar a DSPA, com o título de director substituto. De acordo com o gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a mobilidade de pessoas pode “ajudar a elevar as potencialidades da equipa”, o que permitir servir melhor o Governo. A mudança acontece por causa de Chan Hon Peng se ter reformado e desvinculado da Função Pública, onde cumpriu 36 anos de serviço, os últimos dos quais como director da DSCC.

MACAU CONSCIÊNCIA ESCREVE A AO MAN LONG A PEDIR QUE DECIFRE ANOTAÇÕES

Uma carta para o ex-Secretário

NG KUOK CHEONG PLANO DE AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS É “ENGANADOR”

“De forma deliberada”

Todas relacionados com o facto de o nome de Chui Sai On aparecer nas agendas de Ao Man Long, onde o ex-Secretário – condenado a 29 anos e meio de cadeia por corrupção – apontaria os subornos que recebia e encontros que mantinha.

“Ho [Weng Pio] enviou um email à imprensa atra-vés da sua Companhia de Construção e Investimento Ho Chun Kei, Limitada a clarificar que nem ele, nem as suas empresas requereram qualquer terreno na Penha desde a mudança de sobe-rania”, começa por apontar Jason Chao, presidente da Macau Consciência. “A que terreno/construção em particular se estava a refe-rir quando escreveu na sua

agenda ‘Pio/Penha/Secretá-rio Chui’?”

As perguntas continuam, com a Macau Consciência a querer saber quais os papéis de Ho Weng Pio e Chui Sai On, Chefe do Executivo, no projecto indicado na agenda e ainda se Ao Man Long concorda com o comunicado do Governo, onde Chui Sai

On assegura não ter interfe-rido em qualquer concessão de terras ligada ao caso Ao Man Long.

SEM INTERFERÊNCIAEm comunicado enviado na semana passada, depois do artigo da revista e de um pedido de investigação pela Macau Consciência, o Go-

verno afirma que Chui Sai On já tinha claramente afirmado que, durante o período de de-sempenho das funções como Secretário para os Assuntos Sociais e Culturais, o âmbito dos seus trabalhos não incluía o da concessão de terras” e que, por isso, “nunca partici-pou no trabalho de concessão de terras”.

Na altura dos factos, Chui Sai On era Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, o que leva a Macau Consciência a questionar se já não haveria ligações entre Chui Sai On e Ho Weng Pio – o empresário que detém o Sin Fong Garden e a quem foram adjudicados, recentemente, os polémicos terrenos no norte da Taipa, onde vão ser erguidas torres de habitação.

Nesta carta a Ao Man Long, Jason Chao faz ain-da outra pergunta ao ex--Secretário: “Chui diz que não tinha poder para aprovar [a adjudicação] de terrenos enquanto Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Eu diria que este projecto era irrelevante para Chui na sua capacidade de Secretá-rio, mas relevante nos seus interesses privados ou nos da sua família. Concorda que esta minha especulação está conforme, ou perto, da verdade?”, questiona a Macau Consciência.

Questionado pelo HM sobre se esperaria resposta de Ao Man Long, Jason Chao disse “esperar sempre” que o ex-Secretário pudesse “dar clarificações”. Jason diz que, de acordo com fonte da prisão, Ao Man Long ainda deverá demorar a receber a carta, uma vez que os proce-dimentos para a entrega de correspondência a reclusos demoram cerca de uma semana.

não inclui informações sobre se este novo tipo de habitação é social ou não, dando azo a uma consulta pública sem efeitos positivos. Segundo Ng, todos os terrenos nos novos aterros devem ser destinados à construção de habitação social, pois o plano em curso deverá realizar-se com base em recursos suficientes para um desenvolvimento a longo-prazo.

Assim, o deputado instou o Governo a usar todas as zonas de novos aterros, oferecendo cerca de 43 mil fracções para habitação social destinadas aos residentes do território.

“Como as habitações sociais e económicas têm necessidades grandes, 60% de 43 mil fracções deverá ficar reservado enquanto terreno para habitações sociais e económicas, de forma a criar um regime eficaz de espera por estas

habitações. Além disso, deve implementar estes novos tipos de habitação conforme as neces-sidades dos residentes de Macau, oferecendo aos compradores pela

primeira vez a ‘arrendar antes de comprar’, ou ‘mudar de antiga habitação para nova’, entre outras ideias”, frisou Ng Kuok Cheong em interpelação enviada ao Go-verno. O deputado volta a pedir a alteração da Lei de Habitação Económica.

Ng Kuok Cheong pediu mes-mo ao Governo para “voltar à realidade”, salientando que não existe qualquer conflito entre as habitações sociais e aquilo que se encontra inscrito no Plano.

“O plano não focou datas de início de construção das ha-bitações nem avançou números sobre fracções de terrenos. O IH deve dar importância ao lema ‘Terra de Macau destina-da a residentes de Macau’ e à construção nas novas zonas de aterros”, rematou Ng.

Este plano, recorde-se, veio substituir a política “terras de Macau para gentes de Macau” e compreende uma ajuda aos residentes em adquirir habitação privada, em vez de serem constru-ídas habitações públicas.

A associação presidida por Jason Chao não baixa os braços e quer saber qual o papel do Chefe do Executivo na questão da concessão de terras em 2005, apesar das clarificações já apresentadas pelo Governo

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HOJE

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3 políticahoje macau terça-feira 17.6.2014

Quatro concursos feitos para ingressar na função pública, desde que o Concurso Centralizado de Ingresso entrou em vigor, mas nenhum candidato recrutado. A crítica é de Zheng Anting, que se junta a Song Pek Kei para pedir a revisão deste sistema

JOANA [email protected]

FLORA [email protected]

Z HENG Anting e Song Pek Kei teceram duras críticas ao Concurso Centralizado de Ingresso na função

pública. Em duas interpelações escritas, os deputados apontam diferentes críticas, mas pedem ambos o mesmo: a revisão da forma de funcionamento do concurso.

“O Concurso Centralizado de Ingresso funcionou um ano e nove meses, fizeram quatro concursos para recrutar 252 pessoas e, no entanto, ninguém foi recrutado”, começou por dizer Zheng Anting.

O deputado relembra que o Governo implementou o regime do Concurso Centralizado de Ingresso para evitar situações injustas no recrutamento já em Agosto de 2012 mas, dois anos depois, ainda não há resultados finais.

“O director dos Serviços da Administração e Função Pública (SAFP) tinha dito que ia publicar os resultados finais de todos os concursos em meados deste ano e que já tinha simplificado os pro-cedimentos dos concursos. Então, eu pergunto quais são os avanços dos procedimentos simplificados do concurso?”, questionou Zheng Anting, que diz ainda que as pessoas começam a duvidar da eficiência deste concurso, por ser tão demorado.

Também Song Pek Kei escre-veu uma interpelação ao Governo, onde menciona problemas mais específicos com o concurso. Ainda que coisas mais pequenas, a depu-tada menciona, por exemplo, que muitos candidatos se queixaram de má organização na prova.

“Estava previsto que a prova escrita começasse às 10h, mas pas-sou para as 10h55. Depois, surge ainda a crítica de que as decisões

Comissão Eleitoral Deputados a 29 de JunhoNo próximo dia 29 deste mês, vai ficar a saber-se quem são os deputados da Assembleia Legislativa (AL) que vão entrar na Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. Numa nota de agenda publicada pela AL, está marcada para esse dia uma reunião plenária que tem como único ponto a eleição dos representantes dos deputados na Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. A 29 de Junho conhecem-se os representantes de todos os sectores que vão integrar a Comissão de 400 pessoas que vão escolher o próximo Chefe do Executivo. Para já, só Chui Sai On é candidato. A eleição dos deputados tem lugar às 15 horas e é transmitida em directo na televisão.

FUNÇÃO PÚBLICA DEPUTADOS CRITICAM CONCURSO CENTRALIZADO DE INGRESSO

Afinal, quantos são?

“O que é mais surpreendente é que os membros do júri exigiram aos candidatos que rasgassem as páginas onde constava o preâmbulo dos Códigos”SONG PEK KEI

que os membros do júri exigiram aos candidatos que rasgassem as páginas onde constava o pre-âmbulo dos Códigos. Como isto não aconteceu nos últimos dois concursos centralizados, por que razão este concurso foi tão dife-rente dos últimos? Perante esta maneira de tomar decisões a seu bel-prazer, o público suspeita que os governantes não agem com base em critérios uniformizados e que as provas realizadas carecem de rigor.

Mas, as críticas não acabam por aqui. No caso de Song Pek Kei, que se refere ao concurso para técnicos superiores, foi ainda dito pelos candidatos que as perguntas eram muitas e muito detalhadas para o tempo que lhes era fornecido e que, algumas, eram mesmo repetidas.

“O Governo vai avaliar esta situação?”, pergunta a deputada, pedindo a revisão do concurso e criticando o facto de acontecerem uns atrás dos outros.

TUDO NORMALSong Pek Kei já recebeu uma resposta do Governo, no mês passado, que refere que todas as regras para a prova foram publi-cadas antes e que foi dado tempo aos candidatos para organizarem documentos. Sobre as três horas de tempo para responder às pergun-tas, José Chu, director dos SAFP, responde que é suficiente e que as perguntas foram rigorosas devido

ao lugar a que se candidatavam os “talentosos” – técnico superior da área jurídica.

Zheng Antign, que ainda não re-cebeu resposta do Governo, diz que não percebe também a diferença entre os técnicos superiores – que precisam de concurso centralizado para ingressar na função pública – e os técnicos de classe mais baixa, que não têm de esta necessidade. Para o deputado, “isto está apenas a causar o ingresso na função pública de trabalhadores com as mesmas funções, mas diferentes salários”, o que, diz, influencia a eficiência e o profissionalismo do Governo.

Até agora, desde 2012, foram feitos quatro concursos centra-lizados de acesso. O HM tentou obter dados sobre quantas pessoas foram recrutadas através deste sistema, mas não foi possível de-vido ao adiantado da hora. Zheng Anting garante que ninguém foi recrutado.

“O Concurso Centralizado de Ingresso funcionou um ano e nove meses, fizeram quatro concursos para recrutar 252 pessoas e, no entanto, ninguém foi recrutado”ZHENG ANTING

adoptadas pelos membros do júri mudavam de vez em quando”, começa por dizer a deputada na interpelação ao Executivo.

Song Pek Kei explica que, enquanto uns permitiam que os diplomas legais de referência para o exame pudessem ser sublinhados, outros diziam que não podiam, sendo que os candidatos podiam mesmo vir a ser excluídos das provas por causa disso.

“O que é mais surpreendente é

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4 política hoje macau terça-feira 17.6.2014

FLORA [email protected]

JOANA [email protected]

N G Kuok Cheong cri- ticou ontem a falta de novidades relativa-

mente à legislação que protege os animais. Um ano depois de ter dito que tinha o diploma pronto, o Instituto para os As-suntos Cívicos e Municipais (IACM) nada avança sobre o assunto, dando origem a uma interpelação escrita feita por Ng Kuok Cheong.

“Em meados de Maio de 2013, o antigo presidente do IACM, Raymond Tam, disse que já tinha preparado a proposta de Lei de Protec-ção dos Animais, esperando que podia entregá-lo à Assembleia Legislativa”, começa por dizer o depu-tado democrata. “Porém, não entregou o projecto e, no fim de 2013, o novo presidente do IACM, Alex Vong diz que auscultou opiniões das associações de protecção animal sobre a implementação da pena de maus tratos.”

O deputado continua, referindo que “em Fevereiro de 2014”, o presidente da Direcção dos Serviços de Reforma Jurídica e do Direi-to Internacional respondeu a uma interpelação de Ng Kuok Cheong, declarando que já tinha sido imple-

ANÚNCIO

【N.º 70/2014】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, no uso da competência delegada pela alínea 1) e 14) do n.º 1 do Despacho n.º 01/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 3, II Série, de 15 de Janeiro de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidaturaLO LA LOK 31200905471U PUI IENG 31200902793

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados se recusarem a assinar o contrato de arrendamento, sem motivo justificativo, nestes actos recorreram uma infracção, nos termos da alínea 3) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012. Este Instituto informou-os por meio de ofício, com o nos 1403040022/DHS, datada de 5 de Março de 2014 e 1402180104/DHS, datada de 18 de Fevereiro 2014, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção do referidos ofícios, entretanto não o fizeram, dentro do prazo indicado. Nos termos da alínea 3) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, assim como da decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0294/DHP/DHS/2014 e n.º 0334/DHP/DHS/2014 , as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH.

Simultaneamente, foram cessados as concessões de abono de residência por os agregados familiares beneficiários terem sidos excluidos da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social) e a decisão do despacho do signatário, exarado na proposta acima mencionada.

Caso queiram contestar a respectiva decisão, de acordo com o disposto no n.º 20 do Despacho n.º 01/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 3, II Série, de 15 de Janeiro de 2014 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabem recurso hierárquico necessário da respectiva decisão adminstrativa, à Presidente do Instituto de habitação, no prazo de 30(trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong16 de Junho de 2014

ANIMAIS CRÍTICAS À DEMORA NA LEGISLAÇÃO DE PROTECÇÃO

Promessas quebradas

“Em meados de Maio de 2013, o antigo presidente do IACM, Raymond Tam, disse que já tinha preparado a proposta de Lei de Protecção dos Animais(...)Porém, não entregou o projecto...”NG KUOK CHEONG

mentado na lei um regime penal para os maus tratos a animais.

Até agora, contudo, nada surgiu sobre a Lei de Protecção Animal. Por isso mesmo, o deputado pediu ao Governo informações sobre os trabalhos a decorrer sobre esta legislação, pedindo ainda informações sobre os resultados das pesquisas às penas a aplicar por maus tratos.

Recorde-se que, o mês passado, o IACM disse ao HM que a Lei de Protecção dos Animais continua “a ser pro-cessada”. O Governo rejeitou dar mais informações sobre o projecto, sendo que o IACM explicou que o projecto estava

a seguir os trâmites normais. O organismo não adiantou quaisquer datas.

Esta é uma lei que há muito vem ser pedida pela sociedade e tem sido prometida pelo Governo desde 2005. Em Setembro do ano passado, foi dito pelo IACM à imprensa local que a redacção do pro-jecto estaria concluída e que o diploma estaria pronto a seguir para a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, para o gabinete da Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, seguindo-se depois o Conselho Executivo e a Assembleia Legislativa. De acordo com o jornal Ponto Final, que citava a rádio chi-nesa, em Setembro, a proposta deveria ainda levar alguns meses a chegar ao hemiciclo.

Contudo, mais de meio ano depois, ainda não há novidades sobre o paradeiro do projecto. Ao HM, ontem, o IACM disse “não ter mais informação que possa ser dada nesta fase”.

Aos deputados Au Kam San e Gabriel Tong, o Go-verno assegurou novidades no início deste ano.

“A revisão do projecto relativo à protecção dos ani-mais está na última fase. Após a conclusão, de acordo com as respectivas disposições, vai proceder-se ao processo de legislação o mais rápido possível”, disse Alex Vong no final do mês de Março ao deputado Gabriel Tong.

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SUBSÍDIO DE PROPINAS SUBSÍDIO DE ESCOLARIDADE GRATUITA

5SOCIEDADEhoje macau terça-feira 17.6.2014

JOANA [email protected]

FLORA [email protected]

A empresa Sinoksy já entregou o pla-no de abasteci-mento do gás

natural a Macau ao Governo, três meses depois do último prazo dado à empresa. A companhia chinesa – que detém o exclusivo do for-necimento de gás natural à RAEM – já tinha sido avi-sada no início deste ano por não ter submetido ao Execu-tivo o plano de fornecimento de gás a longo prazo.

No domingo, Arnaldo Santos, director do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) garantiu que a empresa já tinha entregue o plano e que, agora, este será submetido a uma análise. O HM já tinha pedido informações sobre o assunto ao gabinete na semana passada, mas nunca obteve resposta.

O plano da Sinosky Energy Holdings deveria incluir melhorias desde o seu primeiro plano, pas-sando estas pelas garantias de viabilidade em garantir o fornecimento fiável e a preços razoáveis do gás e ainda o cumprimento das obrigações e responsabi-lidades de fornecimento do produto, importando e transportando o gás natural para Macau.

Ainda que Arnaldo San-tos defenda que, em primei-

O S subsídios de escolaridade gra-tuita e de propinas

– cuja atribuição se encon-tra em vigor desde 2006 e 2007 respectivamente – sofrem novo aumento em relação a 2013. No que toca ao subsídio de esco-laridade gratuita, o Chefe do Executivo autorizou, no passado dia 5, que fossem atribuídas 810 mil e 895 mil patacas aos ensinos infantil e primário, um mi-lhão ao ensino secundário geral e, finalmente, 1,2 mi-lhões de patacas ao ensino

Macau com mais um canal de electricidade em 2017

O Director do Gabinete para o Desenvol-vimento do Sector Energético (GDSE),

Arnaldo dos Santos, assegurou que Macau vai ter mais um canal de fornecimento de electricidade em 2017, sendo que o total de importação de energia vai atingir os 3150W, a qual, diz, será suficiente para as necessidades de electricidade nos próximos dez anos.

Citado pela imprensa chinesa, o respon-sável diz que “cinco novas províncias” se vão juntar à rede de abastecimento de Ma-cau, assegurando a oferta de electricidade.

Devido às recentes preocupações da sociedade sobre a electricidade – cujo fornecimento é, actualmente, feito apenas através de dois canais, o GDSE assegura que tem como prioridade a importação de electricidade. A confiança é de que a “oferta de electricidade atinja 99,9%” com o fornecimento das cinco zonas da China. O director frisa também que a cooperação com a companhia da Rede Eléctrica do Sul da China “é muito estável” e refere que, durante cinco anos, só aconteceu um total de 11 minutos de falta de electricidade.

O interesse público está em primeiro lugar, mas apesar do atrasona entrega do plano e da falta de razoabilidade dos preços, o contratojá está assinado. A deputada Kwan Tsui Hang não poupa críticasao Governo e pede que o acordo fique sem efeito

GÁS NATURAL SINOSKY ENTREGA PLANO COM ATRASO DE TRÊS MESES

Um prazo muito esticado

ro lugar, está o interesse público, já foi assinado um contrato entre o Governo e a Sinosky que compreende o fornecimento de gás natural entre este ano e 2021.

CANCELAMENTO PEDIDOO contrato apresentado “continha aspectos menos

razoáveis, entre eles, não garantia um fornecimento seguro do gás a longo pra-zo, o fornecimento do gás não se adivinhava estável, o contrato era omisso re-lativamente às penalidades para eventuais interrup-ções do fornecimento de gás e era pouco razoável no

aspecto do preço do gás”, dizia o GDSE este ano.

Os preços são também o factor mais importante para Arnaldo Santos, que refere que o Governo está a analisar o plano nesse âmbito.

Sem mais detalhes para acrescentar, Kwan Tsui Hang critica o Governo,

pedindo mesmo que, caso seja necessário, o contrato seja rescindido.

A deputada recorda numa interpelação oral en-viada ontem ao Executivo que, já em 2007, foi assina-do o contrato de concessão de 15 anos com a empresa, que inclua inclusive au-

2013 2014

Ensino infantil: 755 mil patacas 810 mil patacas

Ensino primário: 807 mil patacas 895 mil patacas

Ensino secundário geral: 1 milhão de patacas 1 milhão de patacas

Ensino secundário complementar: 1,1 milhões de patacas 1,2 milhões de patacas

ESCOLARIDADE SUBSÍDIOS VOLTAM A AUMENTAR

Rica educaçãosecundário complementar. Em média, trata-se de um aumento de varia entre as 50 mil e as 100 mil patacas.

Também o subsídio respeitante às propinas do ensino educativo aumentou, sendo que a partir de 1 de Setembro, o ensino infan-til deverá receber 16700 patacas, enquanto os ensi-nos primário e secundário receberão 18600 e 20700 patacas, respectivamente. Também esta subida de valores entra em vigor a 1 de Setembro, tendo efeito já neste próximo ano lectivo.

2013 2014

Ensino infantil: 15800 patacas 16700 patacas

Ensino primário: 17600 patacas 18600 patacas

Ensino secundário: 19600 patacas 20700 patacas

tocarros movidos a gás natural. No entanto, diz, já passou metade do prazo e a empresa só agora entregou o plano.

Kwan diz que, se con-tinuarem os “elementos irracionais” do contrato com a empresa – como é o caso dos preços – e se a empresa não conseguir cumprir o contrato, então o Governo deverá cancelar o contrato de concessão e abrir um concurso público novo.

A deputada quer saber qual o prazo para a revisão de contrato com a Sinosky quais as penalizações caso esta não consiga cumprir o estipulado. O planeamento de introdução de autocar-ros movidos a gás natural é também um dos pontos que Kwan foca na sua interpe-lação.

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HOJE MACAU

6 sociedade hoje macau terça-feira 17.6.2014

A S transacções ile-gais com recurso a terminais por-táteis da Union

Pay International em Macau ascendem a 180 milhões de patacas, revelou à agência Lusa a Polícia Judiciária (PJ), indicando que foram identificados 41 suspeitos.

As operações, detectadas entre Janeiro e meados de Maio, são ilegais porque efec-tuadas em Macau através das máquinas POS da Union Pay da China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a Union Pay International não receba a percentagem a que tem direito por a transac-ção ter sido efectuada fora da China Continental.

“Segundo o acordo re-ferente aos serviços entre a Union Pay International e os bancos e estabelecimentos comerciais de Hong Kong e de Macau, os estabelecimen-tos comerciais devem pagar uma percentagem (o máxi-mo é 1,4%) do montante do valor da transacção como emolumentos ao banco emissor de cartão, banco ad-quirente e Union Pay Inter-national (cabendo à Union Pay International receber 0,2% dessa percentagem)”, explicou a PJ, numa resposta escrita enviada à Lusa.

O patronato e o sector laboral não estão de acordo em relação

à indemnização a pagar quando um trabalhador é despedido sem justa causa. O Governo pretende rever a lei das relações de trabalho nesta matéria, de acordo com a Rádio Macau. O assunto começou ontem a ser discu-tido em sede de concertação social.

Os trabalhadores não que-rem que a lei fixe um montante máximo para a indemnização que um empregado leva para casa se for despedido sem justa causa. De acordo com a rádio, a legislação em vigor impõe dois limites: a indem-nização máxima calcula-se multiplicando por 12 o valor do salário no mês do despe-dimento, mas há um tecto de 14 mil patacas, mesmo que o trabalhador tenha um salário superior.

Chiang Chong Sek, da Federação das Associações dos Operários, dá um exemplo

IPM Adriano Moreira recebe título de professor honorárioO Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai conferir hoje o título de Professor Coordenador Honorário a Adriano Moreira, político português que desempenhou vários cargos influentes em Portugal. Actualmente, Moreira é professor catedrático jubilado da Universidade de Lisboa, tendo completado o grau de doutoramento de Direito na Universidade de Madrid e Lisboa e criou e geriu o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Foi, durante vários anos, deputado, ministro e dirigente político do Partido Popular (CDS-PP). A cerimónia de entrega do título – mais alta distinção atribuída pela instituição de ensino superior – tem lugar às 10 horas no IPM mas não conta com a presença da personalidade principal que, por motivos de saúde, teve que cancelar a viagem a Macau. Adriano Moreira será, contudo, representado pela sua filha, Mónica Moreira.

S. Lourenço Obras atrasadas no Centro de Saúde O vice-presidente dos Serviços de Saúde (SS), Cheang Seng Ip, afirmou esta semana que o novo Centro de Saúde de São Lourenço só vai estar pronto em 2016. De acordo com a imprensa chinesa, a conclusão da obra – que devia estar feita no primeiro semestre de 2015 – só vai estar pronta em 2016. “As obras do novo edifício estão em curso, prevê-se a conclusão em 2016, o edifício terá oito andares e três caves, os quais serão ocupados por escritórios do Centro de Saúde, estacionamentos públicos, posto dos SS, do Instituto de Acção Social e do Instituto do Desporto”, disse Cheang Seng Ip. Só nesse ano, todo o actual edifício vai ser transformado, sendo que o actual centro de idosos vai começar a funcionar na Praça de Ponte e Horta nos próximos meses do ano.

UNION PAY TRANSACÇÕES ILEGAIS SOMAM 180 MILHÕES

Da China com fervor

360mil patacas que a UnionPay

não recebeu

MAIS RESERVAS CAMBIAISAs reservas cambiais de Macau aumentaram para 122,7 mil milhões de patacas no final de Maio, indicam dados oficiais divulgados na semana passada. De acordo com as estimativas preliminares da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), as reservas cambiais subiram 2% relativamente aos dados rectificados do mês anterior, em que atingiram 120,3 mil milhões de patacas.

TRABALHO PATRÕES E TRABALHADORES NÃO SE ENTENDEM SOBRE INDEMNIZAÇÕES

Contas feitas, quem tem razão?

OPERÁRIOS CONTRA ESPERA DE 180 DIAS PARA SALÁRIO MÍNIMOÀ margem do encontro de ontem, e citado pela rádio Macau, o presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau mostrou-se desagrado pelo facto de se prever que a entrada em vigor do salário mínimo demore meio ano. Chiang Chong Sek diz que é muito tempo – e recorda que 30 patacas daqui a um ano têm um valor diferente do que hoje. “Vamos ter de saber quanto tempo é que a proposta de lei vai demorar a ser aprovada na Assembleia Legislativa (AL). Mas não concordamos com o período de transição de 180 dias, porque agora 30 patacas é aceitável, mas daqui a um ano ou dois já é diferente”, declarou Chiang Chong Sek, citado pela rádio. O presidente da FAOM espera ainda que a proposta seja aprovada o mais rapidamente possível para que se minimize o impacto entre a data da aprovação e a efectiva entrada em vigor do diploma. Os 180 dias dizem respeito ao período de espera desde a aprovação da lei pela AL até à sua entrada em vigor.

O esquema envolve operações em casinos e não só. Restaurantes e outras lojas receberam também pagamentos através de máquinas PO. Mais de 40 suspeitos foram já identificados, mas apenas seis foram detidos, acusados de terem causado prejuízos de valor elevado

Apesar de não se poder transportar, em dinheiro, uma quantia superior a esse valor e de haver um limite também aos levantamentos, há relatos de que esse tecto é contornado com a utilização

de cartões de débito em lojas ou espaços de entretenimen-to por troca de capital e não para pagamento de bens e serviços.

Em meados de Maio, o jornal South China Morning Post avançou que a Autori-dade Monetária de Macau (AMCM) se preparava para acabar com as máquinas portáteis onde se passa o cartão Union Pay da China nos casinos - tendo até fixado dia 1 de Julho como o fim do prazo -, mas o regulador não confirmou essa informação.

Esta semana, a agência Bloomberg noticiou que a AMCM deu ordens às lojas de jóias e de penhores com operações dentro dos casinos para removerem os dispositivos, citando Am-brose So, director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau, que opera 20 dos 35 casinos do território. - Lusa

A Union Pay Internatio-nal “não conseguiu receber os emolumentos, ou seja, 360 mil patacas”.

À ESPERA DE JULGAMENTODo universo de 41 suspei-tos - do interior da China e de ambos os sexos - iden-tificados no âmbito da investigação de 19 casos, seis foram detidos pela PJ

por serem considerados suspeitos de terem causado prejuízo de valor elevado ou consideravelmente elevado à Union Pay International, dos quais quatro tiveram de prestar caução.

Até meados de Maio, nenhum foi julgado.

À luz do Código Pe-nal, considera-se “valor elevado” o montante que excede 30 mil patacas e “valor consideravelmente elevado” quando ultrapasse 150 mil patacas.

As irregularidades caem no âmbito do crime de burla informática.

«Dado que este crime é considerado semi-público, a PJ vai manter um contacto estreito com a Union Pay International a fim de ter melhor conhecimento da situação dessas irregula-ridades», podendo apenas iniciar diligências depois de informada pela Union Pay International.

O esquema - que ocorreu «não só nos casinos, mas tam-bém em restaurantes ou esta-belecimentos localizados nas ruas adjacentes» aos espaços de jogo - permite ultrapassar o limite de 20 mil yuan por dia que se pode transportar.

para dizer que se trata de uma norma injusta.

“Se um trabalhador com 18 anos de serviço for des-pedido sem ter feito qualquer erro, só vai receber uma remuneração de 12 meses. Acham que é justo?”, lançou o representante, citado pela rádio.

Já Dominic Sio, repre-sentante do patronato, tem outro entendimento: “Na actual situação económica de Macau o montante é de 14 mil patacas. Achamos que deve ser ajustado para 17 mil, tendo em conta a capacidade das pequenas e médias empresas”.

O empresário acrescenta que o sector espera que o Go-verno mantenha os 12 meses de salário como limite. Feitas as contas, se a proposta de Sio for aceite, independentemente dos anos de trabalho, um em-pregado despedido sem justa causa nunca será indemnizado em mais do que 204 mil pata-cas, avança a rádio.

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7 sociedadehoje macau terça-feira 17.6.2014

M ACAU é dos locais mais baratos para os expatriados viverem na Ásia, segundo um

estudo tornado público recente-mente e que indica Caracas como a cidade mais cara do mundo no ranking mundial.

No universo da Ásia-Pacífico, Macau ocupa o 35.º lugar da tabela dos 63 países e territórios mais caros da região, apresentando-se, assim, como uma das cidades com um menor custo de vida compara-tivamente à maioria das cidades da China continental.

O primeiro lugar da tabela, elaborada pela empresa de estudos de mercado ECA, é ocupado pela capital japonesa, Tóquio, seguindo--se Seul, na Coreia do Sul, Xangai e Pequim, na China continental.

De acordo com o estudo, em toda a Ásia-Pacífico, um expatria-do só consegue, comparativamente a Macau, gastar menos dinheiro por dia em países menos desenvolvi-dos como o Vietname, Indonésia, Mongólia e Paquistão.

Quando o custo de vida é com-parado com países como o Japão, Austrália, Coreia do Sul - ou mes-mo Hong Kong e Taiwan - Macau é considerado um bom lugar para poupar dinheiro.

O ranking da ECA é baseado nos preços de bens e serviços, in-cluindo alimentação como a carne

A escolha do terreno para a construção da bomba de gasolina

na Taipa, perto do hotel Regency, teve em conta “sobretudo” o perímetro de segurança em relação ao redor. Isso mesmo assegurou ontem a Direcção dos Servi-ços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em comunicado, depois das manifestações contra a construção do posto no local.

Ontem, a DSSOPT orga-nizou um encontro com uma associação para mostrar como o local está apropriado para a construção das infra--estruturas.

“A escolha do terreno teve, sobretudo, em conta a existência de perímetro de segurança suficiente em relação às zonas habitacio-nais, ser mínima a circula-ção pedonal no local e do seu impacto ao ambiente envolvente poder ser ao máximo minimizado”, co-meçou por dizer o Governo. “A escolha do local para a construção do posto de abas-tecimento de combustíveis e a sua concepção cumprem as exigências legais actual-mente em vigor”, salientou em comunicado.

A Universidade de São José já tem, desde o passado

dia 5, um novo mestrado em Estudos Lusófonos de Literatura, inteira-mente leccionado em português. A autorização foi dada pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, em Boletim Oficial. O novo mestrado estará disponí-vel já neste próximo ano

lectivo 2014/2015 e conta com literatura como área nuclear. Com a duração de dois anos, deverá ser rea-lizado em regime diurno e presencial, sendo que a sua conclusão obriga à elaboração escrita e defesa oral de uma dissertação de final de curso. Contudo, o aluno poderá obter o diploma de pós-graduação no caso de não fazer a tese de mestrado.

ESTUDO MACAU É DOS LOCAIS MAIS BARATOS PARA EXPATRIADOS VIVEREM

Rendas e alimentação de fora

TAIPA GOVERNO GARANTE SEGURANÇA DE BOMBA DE COMBUSTÍVEL

Braço de ferro

USJ CRIADO MESTRADO EM ESTUDOS LUSÓFONOS DE LITERATURA

Estudar mais em português

e peixe, vestuário, refeições fora de casa, produtos electrónicos, bebidas e tabaco.

A pesquisa excluiu certos ele-mentos da vida quotidiana como despesas de arrendamento, elec-tricidade, gás e água, automóveis e mensalidades escolares, porque, por norma, estas despesas estão incluídas nas regalias concedidas pelas empresas que contratam expatriados.

Em Macau, e apesar da inflação, o custo da habitação, quer para arrendamento quer para compra, tem registado fortes subidas nos últimos anos.

Numa análise ao ranking mundial, Caracas, a capital da Venezuela, tornou-se o local mais caro para um expatriado viver, subindo 32 posições e destronando Oslo, na Noruega, e Luanda, em Angola, consideradas as cidades mais caras em 2013.

Tóquio abandonou as dez pri-meiras posições para se fixar em 11.º lugar, enquanto Hong Kong subiu da posição 37, em 2013, para a 29.ª, devido ao aumento de 4% dos preços e à descida na tabela de várias cidades australianas devido à depreciação do dólar australiano. - Lusa

A pesquisa excluiu certos elementos da vida quotidiana como despesas de arrendamento, electricidade, gás e água, automóveis e mensalidades escolares, porque, por norma, estas despesas estão incluídas nas regalias concedidas pelas empresas que contratam expatriados

Os moradores não as convencem, considerando que o local está muito pró-ximo da zona de lançamento de panchões, de residências e ocupará uma zona de recreio. Alguns deputados já se juntaram à causa, mas o Executivo não aparenta desistir.

“Para além da escolha do local, a Administração está também bastante atenta quanto à concepção do posto de abastecimento de com-

bustíveis, a sua construção e da segurança da sua futura exploração. O projecto de arquitectura obedece às exigências do Corpo de Bombeiros em termos de segurança contra incêndio. E a fim de minimizar ao máximo o seu impacto ao ambiente circundante, deve o concessionário nos termos do contracto de concessão proceder à execução do es-paço verde vizinho”, remata o Executivo.

A DSSOPT admite que poderia ter havido mais comunicação com a popu-lação, mas assegura que a construção tem de acontecer devido ao crescimento da Taipa, sobretudo devido aos casinos.

“Face ao progressivo crescimento população e o rodoviário verifica-do na Taipa nos últimos tempos - acrescido ainda da definição estratégi-ca do COTAI sobretudo para o desenvolvimento da indústria do turismo - verificou-se um aumento significativo no trânsito rodoviário, sendo então por conseguinte previsível uma progressiva subida da necessidade em termos de combustíveis”, começa por dizer. “Assim sendo, de modo a articular com o futuro desenvolvimento e construção urbana, urgiu--se então de se construir mais um posto de abasteci-mento de combustíveis na Taipa para a conveniência da população.”

A DSSOPT remata em comunicado, dizendo que a zona de panchões pode ser redefinida, até porque o lo-cal actual é provisório. - J.F.

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hoje macau terça-feira 17.6.20148 CHINA

O Governo chi-nês deportou ontem o artis-ta sino-aus-

traliano Guo Jian, depois deste passar duas semanas detido por manifestar a sua opinião sobre o massacre de Tiananmen no 25º ani-versário do evento, a 4 de Junho.

O artista de 52 anos foi ontem enviado de Pequim para Sydney num voo da companhia Air China, se-gundo disse no aeroporto a alguns jornalistas, e nas redes sociais, a sua amiga Melanie Wang.

Guo, que em 1989 participou nos protestos a favor da democracia na capital chinesa, que aca-baram por causar a morte de centenas ou milhares de pessoas (o número exacto

de mortos nunca foi di-vulgado pelas autoridades chinesas), foi detido no dia 1 de Junho na sua vivenda em Pequim, acusado de fraude no seu visto, de acordo com o Ministério dos Assuntos Exteriores chinês.

A detenção ocorreu dois dias depois de o diário britânico Financial Times ter publicado um texto em que Guo Jian contava a sua experiência nos protes-tos, e também depois da exposição de Guo no seu estúdio em Pequim, em que expunha uma maquete da praça Tiananmen coberta com pedaços de carne de porco crua.

ESTÚDIO DESTRUÍDOO diário australiano The Sydney Morning Herald

noticiou recentemente que as autoridades chinesas tinham destruído este e outros trabalhos no seu estúdio.

Ex-soldado, Guo tem toda a sua vida pessoal e profissional em Pequim, e ainda que estivesse consciente do risco que era pronunciar-se sobre Tiananmen, não esperava represálias deste tipo, de acordo com declarações de amigos do artista à agência espanhola EFE, que prefe-riram manter o anonimato.

Organizações de direi-tos humanos como a Hu-man Rights Watch (HRW) ou a Chinese Human Rights Defenders (CHRD) dizem que a sua deportação é um dos expoentes mais radicais de uma campanha de repressão a grande es-

cala que o Governo chinês tem levado a cabo este ano para silenciar a evocação do 25º aniversário do mas-sacre de Tiananmen.

Desde que começou a campanha, em Abril, a CHRD contabilizou até 50 pessoas que chegaram a estar desaparecidas, in-terrogadas ou detidas.

Ainda que muitos te-nham sido libertados, há casos como o de Guo ou o do advogado Pu Zhiqiang(defensor do ar-tista Ai Weiwei), que foi formalmente acusa-do sexta-feira de “criar distúrbios” e de “obter ilegalmente informação pessoal”, depois de ter sido detido há mais de um mês quando assistia a uma co-memoração privada sobre Tiananmen.

O vice-presidente da As-sembleia Nacional Popu-lar da China, Chen Zhu,

pediu este domingo à Cimeira do G77 na Bolívia que lembre às nações ricas o princípio de respon-sabilidade comum e diferenciada sobre a mudança climática e que devem cooperar com as nações em desenvolvimento para enfrentá-lo.

“Temos que insistir no princípio da responsabilidade comum e dife-renciada em relação às mudanças climáticas, exortando os países desenvolvidos para que cumpram os seus compromissos em matéria de capitais, tecnologias e transfe-rências tecnológicas”, declarou.

Chen Zhu participou na Cimeira do G77, formada por 133 países em desenvolvimento, emergentes e a China, que assinala os 50 anos de cria-ção e discute uma agenda de acções para impulsionar o desenvolvimento internacional depois de 2015.

A potência asiática tem uma

Xinjiang Tribunal condenou à morte três acusadosde atentado

UM tribunal da região no-roeste chinesa de Xinjiang

condenou ontem à morte três dos acusados do atentado per-petrado em Outubro de 2013 na praça de Tiananmen, em Pequim, que provocou cinco mortos e 40 feridos. De acordo com a agência oficial chinesa, a Xinhua, cinco outras pessoas foram sentenciadas a várias pe-nas de prisão, sem especificar, até agora, a duração das penas.

O Governo chinês acusou na altura os terroristas que operam na região de Xin-jiang da responsabilidade do ataque no coração da capital chinesa.

Guo Jian sabia os riscos que corria, mas ainda assim o sino-australiano assinou um texto no Financial Times onde relatava a sua experiência nos protestos da Praça Celestial

TIANANMEN PEQUIM DEPORTA ARTISTA QUE RECORDOU MASSACRE

De volta à procedência

CLIMA PEQUIM PEDE QUE G77 CULPE PAÍSES RICOS POR ALTERAÇÕES

O seu a seu donoaliança com o G77 e sempre defen-deu que os países industrializados ocidentais historicamente têm uma maior responsabilidade nos problemas das mudanças climá-ticas e da poluição, comparados com os gerados pelo seu próprio crescimento industrial.

O vice-presidente da Assembleia Popular da China destacou também que o G77 é hoje uma força impor-tante para o futuro do mundo.

“Segundo as estimativas para os próximos três ou cinco anos os países em vias de desenvolvimen-to vão contribuir para dois terços do desenvolvimento económico mundial. O grupo G77 e a China transformaram-se numa grande força”, comentou.

Chen Zhu destacou o aumento do número original de nações fundadoras de 77, em 1964, até alcançar hoje as 133, que repre-sentam mais da metade do Produto Interno Bruto internacional.

“Ao mesmo tempo, a paz e o desenvolvimento como temática permanente não foram alterados”, acrescentou.

O vice-presidente da Assem-bleia Popular da China ressaltou que os países da aliança não alcançaram os objectivos a que se propuseram e são alvos dos impactos da crise internacional, ao mesmo tempo em que enfrentam desafios como a segurança energé-tica e alimentar e o desequilíbrio no desenvolvimento.

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9REGIÃOhoje macau terça-feira 17.6.2014

O jovem dirigente veste a pele de marinheiro e mostra como se faz

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong--un, assumiu ontem o comando de um

submarino do país em manobras e apelou às tropas para elevarem a sua preparação numa visita a uma unidade naval, informou a agência estatal KCNA.

No seu encontro com os sol-dados, Kim Jong-un exigiu “que elevem a sua preparação para o combate, reforcem a capacidade de operação dos submarinos e moder-nizem e fortaleçam as bases”, refe-riu a agência oficial norte-coreana.

Já o diário Rodong Sinmun publicou várias fotografias de Kim Jong-un a dirigir pessoal-mente as manobras militares na torre de comando do submarino 748 do Exército Popular.

O jovem dirigente “indicou ao capitão do submarino o trajecto que deveria seguir ao mesmo tempo que ensinava um bom método de navegação”, assegurou a KCNA.

“Os oficiais e marinheiros devem conhecer bem as intenções

Sri Lanka Três mortos em confrontos entre budistas e muçulmanos Pelo menos três pessoas morreram e 75 ficaram feridas em confrontos entre budistas e muçulmanos, no Sri Lanka. De acordo com as autoridades, as vítimas mortais eram muçulmanas. Entretanto, o governo do país impôs o recolher obrigatório em duas cidades do sul da ilha após os confrontos. Recorde-se que nos últimos anos, os radicais budistas lançaram campanhas contra a minoria muçulmana, que representa cerca de 10% dos 20 milhões de habitantes do Sri Lanka, 74% deles budistas.

Timor-Leste A primeira “Fête de la Musique”A cidade de Díli, capital de Timor-Leste, vai receber pela primeira vez no sábado a “Fête de la Musique” (Festa da Música), um evento lançado em 1982 pelo governo francês, anunciou ontem o governo timorense. A primeira edição da “Fête de la Musique” em Timor-Leste vai decorrer na Casa Europa e é organizada em conjunto pelo governo timorense e União Europeia, com o apoio do Instituto Francês, refere em comunicado o executivo timorense. A “Fête de la Musique” foi lançada em 1982 pelo governo francês e é actualmente realizada em 108 países e 726 cidades do mundo. O evento realiza-se sempre a 21 de Junho, primeiro dia de verão na Europa. Segundo o comunicado, o público vai poder ouvir uma selecção variada de música, nomeadamente pop, jazz, reggae, rock, rap e música tradicional.

Japão Prossegue diálogo com Coreia do Norte sobre sequestrados O Governo japonês continua a manter o diálogo com a Coreia do Norte sobre a questão de sequestrados japoneses. O secretário-chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga, disse que o governo ainda não recebeu nenhuma informação concreta sobre o planeado painel a ser fixado pela Coreia do Norte para investigar o destino dos japoneses sequestrados. Suga disse à imprensa, esta segunda-feira, que o governo vai divulgar detalhes da comissão de investigação, como o nome dos membros do painel, quando receber informações de Pyongyang. Nas negociações bilaterais realizadas em Maio, a Coreia do Norte concordara em realizar uma investigação total do destino dos japoneses que são tidos como tendo sido sequestrados por agentes norte-coreanos.

COREIA DO NORTE LÍDER ASSUME COMANDO DE SUBMARINO

Capitão Kim Jong-unFukushima Dois sismos sacodem região sem causar danosDois terramotos moderados foram ontem registados na região japonesa de Fukushima sem causarem danos ou gerarem um alerta de tsunami, revelaram as autoridades. O primeiro sismo, de magnitude 5,6 na escala aberta de Richter, ocorreu às 03:19 locais com o epicentro a 90 quilómetros da costa de Ibaraki, este do país, e a 10 quilómetros de profundidade, revelou a agência meteorológica. O segundo terramoto, ocorreu às 05:14, com uma magnitude de 5,8 e epicentro perto da costa da prefeitura de Fukushima, centro, e a 22 quilómetros de profundidade. Nenhum dos sismos provocou danos na central nuclear de Fukushima, fortemente danificada por um sismo, seguido de tsunami, em Março de 2011. A própria agência meteorológica não lançou qualquer alerta de tsunami na zona. Já a Tokyo Electric Power (Tepco), enviou uma equipa de peritos avaliar o impacto dos sismos nos reactores da central não tendo “detectado anomalias”.

dos nossos inimigos que procu-ram uma oportunidade para inva-dir a nossa terra e vão extremar a preparação de combate pensando apenas na batalha”, disse Kim Jong-un aos membros da unidade.

Por isso, acrescentou, as tro-pas devem encetar os maiores esforços para “prever qualquer circunstância possível”.

A visita de Kim Jong-un acon-tece num momento marcado pela deterioração nas relações entre ambas as Coreias, que protagoni-zaram múltiplos desencontros nos últimos meses apenas de no início do ano as iniciativas de diálogo semearam alguma esperança na reconciliação.

Por outro lado, a Coreia do Norte e os Estados Unidos estão também longe de retomar as ne-gociações para a desnuclearização do país.

Os Estados Unidos mantêm 28.500 efectivos na Coreia do Sul e comprometem-se a defender o seu aliado perante uma ameaça da Coreia do Norte.

“Os oficiais e marinheiros devem conhecer bem as intenções dos nossos inimigos que procuram uma oportunidade para invadir a nossa terra e vão extremar a preparação de combate pensando apenas na batalha”KIM JONG-UN

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DADOS DOS JOGOS

MUNDIAL10 hoje macau terça-feira 17.6.2014

MARCO [email protected]

O triunfo do Brasil frente à Croácia no encontro inau-gural do Campe-

onato do Mundo de Futebol ungiu o grupo de trabalho às ordens de Luiz Felipe Scolari com a tranquilidade necessária para enfrentar os desafios que ainda tem pela frente na fase de grupos da competição, mas a lembrança dos últimos con-frontos com o México turvam o insofismável estado de graça que se apoderou dos adeptos “canarinhos”.

Thiago Silva, Neymar, Óscar, Marcelo e Hulk estarão entre os mais inquietos com a perspectiva de defrontar a tricolor mexicana. Titulares no onze de Scolari para a par-tida inaugural do Mundial, os cinco integraram o colectivo brasileiro que há dois anos, a 11 de Agosto de 2011 perdeu frente aos mexicanos o encon-tro decisivo do Torneio Olím-pico de Futebol. Um golo de Oribe Peralta – o dianteiro que garantiu a vitória da tricolor mexicana frente à congénere camaronesa – garantiu ao México o seu primeiro ouro olímpico no futebol e a vitó-ria continua atravessada na orgulho de uma boa parte dos brasileiros.

HISTÓRIA A FAVORNa próxima madrugada, no Estádio Castelão, os pupilos de Luiz Felipe Scolari que-

Óscar «Outro» grande talento do escreteQuem disse que este Brasil super-favorito ao título mundial tem só Neymar como grande talento? O jogo de abertura da “Copa”, com a Croácia, no Arena Corinthians, em São Paulo, mostrou um escrete até um pouco nervoso no início, a acusar talvez a enorme responsabilidade do momento. Quando os croatas ameaçaram o escândalo, em vantagem 0-1, o talento canarinho demorou a aparecer, mas Neymar lá segurou as pontas, primeiro com o 1-1, depois a cobrar penálti tão duvidoso (inexistente?), no 2-1. Só que mesmo depois da viragem, o Brasil não tinha a vitória certa. A Croácia andou perto do 2-2, o relógio demorava a avançar, os 90 minutos surgiam perto, mas para o coração brasileiro nunca mais chegavam… Até que Óscar assinou uma obra de arte. Um golo soberbo, na execução da jogada, na visão da oportunidade «oferecida» pelo posicionamento do guarda-redes croata. Um remate de «bico», inesperado e muito oportuno, forte e colocado. No sítio certo: 3-1!

Queiroz «Um Mundial não épara tolos ou irresponsáveis»Visivelmente sorridente e descontraído, Carlos Queiroz só não achou muita piada a uma pergunta que lhe foi feita no final da conferência, ao ser sugerido que o Irão poderia ser a selecção contrastante num Mundial espectacular e com equipas vocacionadas para o ataque. A inferioridade assumida perante os adversários do grupo seria um alíbi para jogar à defesa? Queiroz respondeu assim: «Se acredita que o bom futebol é só atacar e proporcionar muitos golos, passe os olhos pela imprensa espanhola e veja se eles estão contentes», frisou, acrescentando o exemplo da Argentina em 2010: «apresentou um futebol espectacular, e jogos com muitos golos, e depois sofreu uma eliminação a que nem Maradona - que é Maradona - resistiu», lembrou.

Benzema O inútil de Domenechfaz história na estreiaKarim Benzema fez a sua estreia num Campeonato do Mundo aos 26 anos. Falhou o torneio de 2010 numa decisão polémica de Raymond Domenech. Agora, dá a melhor resposta possível ao antigo seleccionador gaulês. A relação entre ambos nunca foi boa e chegou a um ponto inacreditável em Março de 2013. Primeiro, foi Benzema a dizer que não tinha de cantar o hino nacional de França – lembrando que Zidane, por exemplo, também não gostava de o fazer. Na resposta, logo após um jogo pouco inspirado com a Geórgia, Domenech resumiu a sua avaliação: «Benzema confirmou que é um inútil.» O avançado do Real Madrid tinha saído debaixo de assobios no referido encontro, mas aquela declaração de Raymond Domenech mudou o rumo da conversa. Karim Benzema esperou. E este domingo, no primeiro jogo da França no Mundial do Brasil, deu o troco com dois golos e meio (o segundo foi atribuído ao guarda-redes das Honduras e validado pela tecnologia). A selecção francesa abateu a oposição hondurenha e o jogador arrecadou o prémio de melhor em campo.

Messi «Continuar em busca do sonho» Lionel Messi considera que era importante a Argentina começar o Mundial com uma vitória e diz que o golo que marcou foi especial. «Os erros são normais. Foi o primeiro jogo. Havia ansiedade e nervos. Era importante começar a ganhar. A Bósnia é uma grande equipa e, se deixas, joga bem. Na primeira parte deixamo-los jogar e na segunda tivemos mais bola. O meu golo? Foi um alívio para todos pela forma como o jogo estava a decorrer. O segundo golo assegurava os três pontos e foi especial para mim», afirmou o argentino ainda no relvado, na flash-interview. Messi ficou surpreendido pelo apoio dos argentinos no Maracanã: «Foi impressionante. Não esperava menos. Agora vamos continuar com tranquilidade e em busca do sonho.»

SELECÇÃO “CANARINHA”QUER VINGAR DERROTA EM LONDRES

Brasil-México, o tira-teimas improvável

JOGOBRASIL – MÉXICO03:00 – Arena Amazônia

• HISTORIAL J V E D GM GS Oficiais 16 9 0 7 30 17Amigáveis 20 11 6 3 36 19Total 36 20 6 10 66 36

BÉLGICA – ARGÉLIA00:00 – Estádio Mineirão

• HISTORIAL J V E D GM GS Oficiais - - - - - -Amigáveis 2 1 1 0 3 1Total 2 1 1 0 3 1

RÚSSIA – COREIA DO SUL06:00 – Arena Pantanal

• HISTORIAL J V E D GM GS Oficiais - - - - - -Amigáveis 1 1 0 0 2 1Total 1 1 0 0 2 1

OUTROS JOGOS

Page 11: Hoje Macau 17 JUN 2014 #3111

LUSA

OS NÚMEROS

11 mundialhoje macau terça-feira 17.6.2014

11 O número de golos apontados pelo Brasil frente ao México em partidas a contar para a fase final do Campeonato do Mundo de futebol, numa média de 3,66 tentos por partida. Em três encontros disputados entre ambas as formações, a tricolor mexicana não apontou um único golo.

66 O número total de golos apontados pelo escrete nos trinta e seis desafios que disputou com a mais cotada formação da América Central. Em trinta e seis jogos os mexicanos marcaram outros tantos golos.

Consulado de Portugalem Macau vestido a rigor“Força Portugal” é a mensagem que o consulado-geral de Portugal em Macau colocou na fachada do edifício diplomático, numa “manifestação de apoio” à selecção, que hoje se estreou no Mundial2014 de futebol, frente à Alemanha.“É uma manifestação de apoio à nossa selecção a muitos quilómetros de distância, mas feita com emoção e com alegria que nos levou a organizar com o Instituto Português do Oriente a transmissão dos jogos no Café Oriente, nas instalações do consulado”, explicou o cônsul-geral Vítor Sereno.As transmissões dos jogos da equipa das “quinas” começaram

às 00:00 locais de terça-feira, com o embate de estreia, frente à Alemanha, repetindo-se nos encontros com Estados Unidos, às 06:00 locais de 22 de Junho, e Gana, novamente às 00:00 de 27 de Junho.Devido a estes horários, Vítor Sereno admitiu que estes vão ser dias com pouco descanso, mas também com uma manifestação de apoio à selecção portuguesa.“Acho que todos vamos dormir muito pouco, mas não tenho dúvidas de que vamos apoiar a selecção e que seremos muitos no Café Oriente que está decorado com várias tarjas da nossa seleção”, explicou. - Lusa

SELECÇÃO “CANARINHA”QUER VINGAR DERROTA EM LONDRES

Brasil-México, o tira-teimas improvávelrem provar que a derrota em Londres há dois anos não foi mais do que um incidente de percurso e têm a história pelo seu lado. Em 36 confrontos disputados entre ambas as selecções, o Brasil venceu vinte, alcançando o dobro dos triunfos conquistados pelo México. As duas formações já não se defrontam à 52 anos em partidas a contar para a fase final do Campeonato do Mun-do de Futebol, mas nas três ocasiões em que tal sucedeu, os brasileiros não deixaram créditos por mãos alheias, silenciando o adversário com triunfos convincentes. A 24 de Junho de 1950, na primeira vez que os estádios brasileiros receberam a maior prova fute-bolística do mundo, o Brasil brindou o México em pleno Maracanã com um triunfo por quatro bolas a zero, com dois golos de Ademir Menezes e um tento cada de Baltazar e de Dida.

No Mundial que se seguiu, na Suíça, a eficácia brasileira traduziu-se por uma goleada ainda mais consistente. O onze “canarinho” voltou a ter o México como primeiro adversário e o Verão alpino do escrete dificilmente poderia

começar da melhor forma, com o Brasil a golear o ad-versário por cinco golos sem resposta. Baltazar repetiu o feito do Maracanã e deixou o nome nos anais da partida, num desafio em que Pinga chamou a si o estatuto de principal figura do encontro com dois golos.

O último embate entre as duas selecções a contar para a principal competição futebo-lística do planeta teve o Chile como palco, em 1962. Mais expedito, mas menos eficaz do que nas outras circunstâncias, o Brasil venceu o México por

duas bolas a zero, com golos de Mario Zagallo e Pelé. As vitórias por margem dilatada já fazem, no entanto, parte do passado e nos últimos anos o embate entre brasileiros e me-xicanos tem sido pautado pelo equílibrio. Há um ano, em partida a contar para a última edição da Taça das Confede-rações, um golo madrugador de Neymar e outro tardio de Jô deram o triunfo à selecção “canarinha” numa partida em que o México se revelou osso duro de roer. Como será esta noite, em pleno coração da Amazónia?

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12 publicidade hoje macau terça-feira 17.6.2014

a caminho dos 5000 amigosJUNTA-TE A OPERA!

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Page 13: Hoje Macau 17 JUN 2014 #3111

hoje macau terça-feira 17.6.2014

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“Porque da vida instantes são os dias”(Sóror Madalena da Glória, Brados

do Desengano contra o Profundo Sonodo Esquecimento, Pt.1, 1739)

C ONTINUA-SE neste texto o elogio que há uma sema-na se iniciara a Kobayashi Masaki. Este faz parte de

um grupo vasto de realizadores que, dos finais da década de 50 à de 70, ajudou a constituir um corpus fílmico riquíssi-mo e diversificado na expressão dos seus programas temáticos e estilísticos, um conjunto sem paralelo fora do períme-tro europeu e norte-americano.

Muitos desses autores não atingiram a fama internacional que Kurosawa, Mi-zoguchi, Ozu, Oshima, ou mesmo Ima-mura, conseguiram. Os aparelhos de ví-deo e dvd têm contribuído, felizmente, para se desfazer a impressão redutora que esta pequena ditadura impôs.

Fez-se aviso, no artigo anterior, a 3 filmes de Kobayashi: I’ll Buy You (Anata kaimasu, 1956), Black River (Kuroi kawa, 1957) e o gigantesco Human Condition (Ningen no joken, 1959-1961).

O seu filme mais conhecido, muito bonito, porém, é Kwaidan (1964), uma colecção de 4 médias metragens de horror baseadas em histórias do autor americano, residente no Japão, Lafcadio Hearn. Não é dos mais interessantes. O bonito conjunto foi, mesmo assim, pre-miado no Festival de Cannes e nomeado para um Óscar.

A propósito dos 3 filmes de Ko-bayashi apreciados na semana passada, notou-se que todos eles demonstram uma preocupação brilhante com o elo-gio da decência. O mesmo se nota nos dois filmes que hoje aqui se admiram: Hara-kiri (Seppuku, 1962) e Samurai Rebellion (Joi-uchi: Hairyo-tsuma shi-natsu, 1967) dois contos de samurai que têm recolhido especial favor entre os admiradores, alguns deles ardentíssi-mos, do filme de espada japonês.

O autor destas linhas confessa-se, como provado em outras instalações, irremediavelmente seduzido pela finu-ra dos golpes e pelo apelo à integrida-de que tantos destes filmes violenta ou subtilmente revelam. A admiração que por estes dois se estende é mais séria que a dispensada aos filmes apreciados a semana passada, se é que o cinema japo-nês não nos ensinou, contudo, a duvidar da importância da seriedade e a aceitar um absurdismo suave.

Em Hara-kiri e Samurai Rebellion re-presenta-se, ademais, um tópico (que no cinema é também americano e chinês) que acompanha frequentemente a faça-

luz de inverno Boi Luxo

KOBAYASHI DE ESPADA

NO JAPÃO, O CINEMA

DE CARIZ POPULAR,

SEJA ELE O DE YAKUZA,

O ERÓTICO, O DE

TERROR OU O DE

SAMURAI, ASSUME

FREQUENTEMENTE

UM INTERESSE

POR TEMAS GERAIS

nha marcial - o da solidão dos campe-ões dos injustiçados. Assim, nestes dois chambara, repete-se o apelo à decência na vida em comunidade, à benevolência e à plasticidade perante a inflexibilidade de sistemas de pensamento desadequa-dos, ou, especialmente para um público não japonês, absurdos.

Seria muito fácil pensar em Hara-kiri como se de uma peça de teatro se tratas-se, mesmo que este filme se construa em torno de um conjunto de analepses. Do teatro reproduz a importância dada à gravidade da palavra e o discursismo es-tático que a sua figura principal oferece. Que esta proposta se insinue num filme de espada (com poucas cenas de comba-te, todavia) torna estas duas aproxima-ções ainda mais ricas.

O tom monocórdico de Nakadai Tat-suya obriga o espectador a aceitá-lo. Não seria elegante recusar ouvir a sua história. Este, que encarna a figura de Tsugumo Hanshiro, pede ao senhor de uma casa nobre que o deixe aí praticar seppuku.

A paz em que vive o reino (no início do período Tokugawa, por fins do domí-nio filipino em Portugal) lançara milha-res de homens de espada e suas famílias na destituição. Ao contar a sua história pessoal, Tsugumo entrelaça nela uma ou-tra, de um samurai jovem, Motome, que há não muito tempo fizera o mesmo pe-dido junto do mesmo senhor. Adensa-se a expectativa ao mesmo tempo que se perde a esperança em golpes cortantes, belos, violentos e apaziguadores.

No final, Tsugumo desmonta a fal-sa honra da casa senhorial, ao mesmo tempo que prova a sua desumanidade e a desumanidade de certos aspectos do código samurai.

No Japão, o cinema de cariz popu-lar, seja ele o de yakuza, o erótico, o de terror ou o de samurai, assume frequen-temente um interesse por temas gerais, como a luta contra a injustiça, a desi-gualdade, a incompreensão, ou os abu-

sos dos poderosos. A violência que por vezes deles se desprende tem raiz na in-dignação e na impotência do indivíduo recto perante os abusos da autoridade ou a inadequação do costume. *

Samurai Rebellion é um filme sobre uma desobediência praticada por amor. Estamos em 1725. É também, como Hara-kiri, um chambara teatral, envolto por uma longa linha oral, encantatória e amorosa. **

O seu ponto de partida é comoven-te. O filho de um samurai (Sasahara Isa-buro/Toshiro Mifune) é obrigado a ca-sar com uma antiga concubina que um daimyo rejeitara. Quando o filho desta se torna herdeiro do poderoso senhor, a sua casa reclama de novo a concubina. Entretanto, entre a antiga cortesã e Sa-sahara Yogoro, seu marido inicialmente contra vontade, nasce um amor belo, uma extremosa dedicação e uma filha. Os Sasahara (e nós) recusam ceder à ra-zão de estado por razão de amor.

É mais ou menos a meio da história que percebemos que a solução não po-derá ser senão funesta. A ausência da guerra no período Tokugawa (ou Edo)

torna a vida menos guerreira e mais complicada. Contudo, o golpe final só é desferido depois de vários recuos tácti-cos. Recuando primeiro, mantendo a lâ-mina em baixo, recuando em passos pe-quenos, como lembra Tatewaki (de novo Tatsuya Nakadai). É cruel a história de Yogoro e Ichi, como a de Motome e sua mulher. Morre-se cedo nestes filmes.

Há outro desenvolvimento que apro-xima Hara-kiri e Samurai Rebellion. Em ambos, o relato da verdade é afastada dos livros históricos das duas casas. Ha-ra-kiri começa e termina com a escritura do livro que regista a sua história, lem-brando que este filme, como Samurai Rebellion é um filme da palavra. Só nós saberemos toda a verdade.

O que une estes dois filmes é, assim, não só o elogio do humanismo das suas figuras protagonistas, contra o uso esta-belecido, como também, esteticamente, o império da palavra e, finalmente, o cruel apagar da verdade pela história oficial.

Nota-se igualmente uma pesada am-bivalência. Se se mostra uma vontade de criticar o bushido, e afirmar a sua fa-lência, como acontece em tantos outros filmes desta época e em tantos filmes de samurai, por outro lado é difícil de es-conder a evidência de que é esse código que informa a integridade destas figuras. As tensões que percorrem estas duas histórias de Kobayashi provêm, assim, de muitas direcções.

Samurai Rebellion lembra um filme de Mizoguchi, modelo do cinema histó-rico japonês, Sansho the Bailiff (Sansho Dayo, 1954), enquanto filme de deso-bediência e construtor da imagem de dois heróis justiceiros solitários, pai e filho, capaz de excitar ardentemente uma vontade suicida de justiça e bon-dade. “Sem misericórdia um homem é um animal”, ouve-se dizer em Sansho the Bailiff ao ex-governador caído em desgraça. Mas, acrescente-se, que filmes não fazem lembrar Mizoguchi?

*Takashi Miike realizou, em 2011, uma nova versão desta honrada história, chamada Harakiri, Death of a Samurai, que não vi mas que aconselho com pouca reserva. Espere-se, no entanto, como sinal dos tempos e sublinha da disposição habitual de Miike, um violento quadro cínico.

**Permitam-me uma nota longa mas justa. Este é verdadeiramente um filme de texto. O argumentista é Shinobu Hashimoto, o autor de guiões de filmes tão famosos como o Hara-kiri, de Kobayashi; 7 Samurai, Rashomon, Throne of Blood e Hidden Fortress, de Kurosawa, Akira; Under the Banner of the Samurai,de Inagaki; Tenchu, de Gosha Hideo; Samurai Assassin e o tão amado nestas páginas Sword of Doom, de Okamoto. Esta lista não precisa de acrescento de considerações.

SAMURAI REBELLION

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14 hoje macau terça-feira 17.6.2014h

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A figura de Rem Koolhaas impera sobre a 14.ª Bienal de Arquitectura

de Veneza. Não só porque é uma figura dominadora, mas porque os arquitectos estão ávidos de respostas de um hipotético último guru. Koolhaas alimenta-se de contradições: é um star--architect que fala de “trans-gressão” como se estivesse fora do sistema; publicou um “manifesto retrospecti-vo” sobre Nova Iorque em 1978 com referências ao construtivismo russo, como se estivesse dos dois lados da Guerra Fria; projectou um “ícone” em Pequim (o

Jorge FigueiraPÚBLICO EM VENEZA

Figura dominadora e um pouco terrible, Rem Koolhaas fez da 14.ª Bienal de Arquitectura de Veneza um olhar sobre os últimos cem anos que só na aparência é retrospectivo. A História, aqui, ainda mexe

A PRESENÇA DO PASSADO SEXY

edifício CCTV) que integra numa imagem de uma cida-de árabe no deserto, um dos horrores do nosso tempo; é atraído pelo “genérico” em arquitectura e organiza “maratonas” de debates para discutir o mundo.

O tema da Bienal, Funda-mentals, além de ir ao encon-tro da orfandade que os ar-quitectos fazem questão de sentir, é também uma ten-tativa de fazer sentido das suas próprias contradições. Talvez inevitavelmente, no entanto, a Bienal funciona melhor quando Koolhaas lança o fogo, como é o caso da Itália desconstruída de Monditalia, no Arsenal, do

que quando o tenta apagar, como é o caso de Elements of Architecture, nos Giardini.

Em Monditalia, a cacofo-nia e o delírio funcionam a favor da desmontagem de uma cultura rica, complexa e contraditória, como é a ita-liana; a mesma cacofonia im-pede que Elements of Architectu-re tenha qualquer raciona-lidade back to basics, sentido pedagógico e clarificador, por mais elementares que sejam os temas — “paredes”, “tectos” e “corredores” — e a sua correspondente difusão em merchandising. A expec-tativa é que Koolhaas, sen-do um dos arquitectos que espalharam a doença, tenha também a cura. O apelo “coral” que fez às representa-ções nacionais no sentido de reflectirem o modo como os vários países “absorveram a modernidade”, entre 1914 e 2014 foi levado a sério pela generalidade dos participan-tes. As diversas exposições de Absorbing Modernity têm propostas curatoriais de alto nível, colocando, às vezes de modo quase comovente, a arquitectura como centro ou charneira de questões políticas e visuais, artísticas e técnicas.

O resultado é um eviden-te elogio à arquitectura, à sua história, aos seus desvios, fe-tiches, megalomanias, pro-jectos falhados e conquistas. Absorbing Modernity prova também como as exposições de história podem lidar bem com o efémero e o aciden-tal, e como a fotografia e o cinema, mesmo quando não são explicitamente “arqui-tectónicos”, desdramatizam a tecnicidade e prolongam a vida da arquitectura. Por mais “fundamentos” que queira evocar, é também pa-tente que Koolhaas nunca abandona uma abordagem trash, suja, jornalística. É atra-vés da informação (ou data) e da cultura pop que dialo-ga com a arquitectura. Não consegue livrar-se do vírus

que, no senso comum mas também no senso crítico, contamina o nosso tempo: a plasticidade e a voracidade do plástico. Talvez se possa desculpar este lugar-comum: naquilo que diz respeito mais proximamente a Koo-lhaas, Fundamentals é “apagar o fogo com gasolina”. O que não significa que seja ingloriosa esta pironomia. E a espaços, respira-se. A espantosa exposição Innesti/Grafting, no Pavilhão de Itá-lia, comissariada por Cino Zucchi, particularmente o módulo relativo a “Milão, como laboratório do moder-no”, mostra o que já se sabia mas ainda assim tem um im-pacto extraordinário: Milão como o centro sem paralelo de experiências modernas, historicistas, transgressoras, dramáticas.

GRANDES MOMENTOS A Clockwork Jerusalem, no pa-vilhão do Reino Unido, co-missariada por Sam Jacob e Wouter Vanstiphout, é outro dos grande momen-tos da Bienal. O complexo pressuposto curatorial, em que o poema Jerusalem, de William Blake, colide com a mítica Laranja Mecânica de Stanley Kubrick, refere-se ao modo como, no Reino Unido, a modernidade in-tegra tradições românticas e pastorais, como é o caso da “Cidade Jardim” de Ebene-zer Howard, mas também se pode envolver livremen-te com a ficção cientifica, como acontece com os Archigram. Lidando com o historicismo e o futuris-mo como partes da mesma cultura, A Clockwork Jerusalem escapa à vulgata high-tech da arquitectura corporati-va que hoje se constrói em Londres. De resto, é tão elaborada como proposta teórica, como eficaz visual e graficamente. Cruzando Joy Division e Cliff Richard com as New Towns de Hul-me, Cumbernauld ou Mil-

ton Keynes, idealizando um “pitoresco de betão”, reme-tendo para as possibilidades “tecno-pastorais” de Reyner Banham, a exposição do Reino Unido mostra-nos uma “modernidade absor-vida” olhando para a frente e para trás. Fair Enough, a exposição da Rússia patente no pavilhão desenhado por Aleksey Shchusev, que pro-jectou também o túmulo de Lenine, é a revelação da Bienal. Comissariada pelo Streika Institute of Moscow assume o formato de uma feira comercial, com os seus compenetrados vendedores e linguagem publicitária, distribuindo temas e figuras da vanguarda e do tradicio-nalismo russo.

Uma agência de viagens propõe-nos que visitemos arquitectura soviética em Londres, Cuba ou na Mon-gólia; a mítica escola de arquitectura Vkuthemas é transformada num espaço criativo; uma cruz suprema-tista de Malevich em molde para construção; o mítico edifício Narkomfin, de Moi-sei Ginzburg, adaptável para prisão, residências ou escri-tórios. Particularmente nes-tas três exposições, a Bienal mostra-nos como a História nos pode ferir hoje; como a investigação pode ter uma componente popular; e como a arquitectura pode ser central no pensamento sobre a cultura dos povos.

KOOLHAAS E OS OUTROS Mas Absorbing Modernity não vive só dos países mais

centrais ou ocidentais. Os de Leste, o mundo árabe e o africano também se fazem sentir. A exposição do Bahrein propõe um le-vantamento da arquitec-tura do mundo árabe en-tre 1914-2014, num livro distribuído gratuitamente que se pode consultar em gigantesca mesa redonda. A exposição de Marrocos, Fundamental(ism)s, mostra--nos, em maquetas de efei-to expressivo, projectos do passado e do futuro. No pavilhão nórdico, For-ms of freedom: African indepen-dence and nordic models mos-tra-nos a cooperação da Finlândia, da Suécia e da Noruega com a Zâmbia, a Tanzânia e o Quénia, após as respectivas indepen-dências. No conjunto, a impressão forte que fica é um call to arms para um combate particular que é a arquitectura. As bombas em Milão nos anos 1970, no Pavilhão de Itália, o Fun Palace de Cedric Pri-ce, no Pavilhão Suíco, o percurso de Jacob Bake-ma, no Pavilhão da Ho-landa, são recordatórios de uma história que ain-da interpela, que ainda se move. Ironicamente, po-deríamos dizer que o lema “architecture not architects”, emblemático desta Bienal, significa que o único ar-quitecto para que há espa-ço é o próprio Koolhaas. Mas deve-se a Koolhaas um tão forte compromis-so curatorial do conjunto das exposições que, sem atingir a coralidade dese-jada, cria um impressivo quadro de reflexões, pro-vocações e documentos. Koolhaas pode ter dito em tempos “fuck context”. Mas, sem nostalgia ou burocra-ticamente, o contexto está por todo o lado em Vene-za. É A Presença do Passado, o lema da primeira Bienal, em modo acelerado, anár-quico e sexy.

Rem Koolhaas

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15EVENTOShoje macau terça-feira 17.6.2014

N O dia 19 de Ju-nho, pelas 18:30, vai inaugurar na galeria principal

da Casa Garden a exposição individual da artista portu-guesa Sofia Arez, com o título “Abandono”. Resultado de uma residência artística na

Sheng-Xiang ao vivo no Armazém do BoiO músico indie de Taiwan Sheng-Xiang vai actuar no Armazém do Boi no dia 22 de Junho, pelas 20:00. Depois dos concertos na República Checa, Noruega, França, Estados Unidos e Alemanha, chegou agora a oportunidade do público local ouvir o seu ultimo álbum, “I Village”, inspirado pela vida rural de Taiwan. Os bilhetes custam 100 patacas (50 patacas para estudantes e idosos) e estão à venda no Armazém do Boi e na Livraria Pinto.

Exercício e saúde em destaque no SheratonNo dia 21 de Junho, o Sheraton Macau convida-o a participar num programa dedicado à preparação física, saúde e dieta, sob a orientação da treinadora pessoal Ella Magers. As actividades incluem duas sessões de exercício, a primeira entre as 10:00 e as 13:00, e a segunda entre as 15:00 e as 19:00, e são seguidas de demonstrações de cozinha saudável. Os interessados em participar devem fazer uma marcação, dirigindo-se ao centro de fitness do Sheraton ou por telefone.

Hong Kong com mostra de arte no Peak A galeria do Peak, em Hong Kong, inaugura brevemente uma exibição intitulada GUMGUMGUM x MR. MEN & LITTLE MISS. Entre 21 de Junho e 31 de Agosto, cerca de uma centena de celebridades, artistas e ilustradores de Hong Kong são convidados a criar as suas próprias obras inspiradas nas personagens de “Mr. Men & Little Miss”, dois desenhos animados. Todas as obras serão mais tarde vendidas a favor de obras de caridade locais. Aos domingos e feriados estarão disponíveis áreas com bebidas e aperitivos, jogos e tatuagens. O acesso é livre.

Festival de Ópera Chinesa em Hong KongEntre 20 de Junho e 30 de Agosto vai decorrer em Hong Kong o Festival de Ópera Chinesa, organizado pelo Departamento de Cultura e Lazer da RAEHK. Oito estilos diferentes desta arte serão representados pelos mais famosos artistas do género. Além das performances de palco, vão também ter lugar palestras, simpósios e exibições relativas ao tema em vários locais da cidade. A informação detalhada sobre os variados eventos está disponível em www.cof.gov.hk e os bilhetes, que variam em preço consoante a obra.

ATÉ ao dia 9 de Julho vai estar patente no

Templo Tou Tei uma ex-posição de obras criadas pelos artistas locais Chak Keong Lui, Carol Kwok, Hope Chiang, MUSE--UM, Yolanda Kog e Gigi Lee, fruto do projecto de arte comunitária “Arte no Paraíso das Aves”. Os trabalhos, que cobrem diversos meios artísticos, são inspirados no culto do

Deus da Terra (Tou Tei), na comunidade da Horta da Mitra e na cultura local.

O projecto “Arte no Paraíso das Aves” foi con-cebido pelo Armazém do Boi para promover a pro-dução artesanal tradicional e as suas técnicas manuais, fomentando colaborações entre os artistas residentes e artesões locais, tendo estado a decorrer desde Maio. A entrada é livre.

ENTRE 18 de Junho e 31 de Ju-lho vai decorrer no Planetário

do Centro de Ciência de Macau o “Festival Internacional em

Cúpula Completa IPS-Macau 2014”, co-organizado pela Socie-dade Internacional de Planetários Inc., o Centro de Ciência de Macau e o Planetário de Pequim. Uma selecção de 30 filmes digitais em cúpula completa, em formato 2D e 3D, vão ser projectados durante a competição, sendo depois atribu-ídos prémios aos 12 melhores. O

concurso internacional do festival e os eventos profissionais vão ter lugar entre 18 e 20 de Junho, enquanto as exibições dos filmes ao público começam a 21 de Ju-nho e duram até 31 de Julho. Os bilhetes custam 50 patacas para não-residentes e 30 patacas para re-sidentes e as sessões vão das 11:00 às 17:00. O Planetário do Centro de Ciência de Macau ostenta a mais alta definição3D do Mundo, facto reconhecido pelo Livro Guinness dos Recordes.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O SEGREDO DA IRMÃ LÚCIA • Paulo AidoPaulo Aido regressa aos livros de temática religiosa com um trabalho sobre a última vidente de Fátima. Em “O Segredo da Irmã Lúcia”, obra que o Cardeal Saraiva Martins considera como “imprescindível livro de cabeceira”, o leitor tem a síntese dos mistérios de Fátima, a história das Aparições, as orações do Anjo e de Nossa Senhora, o Terceiro Segredo e a sua interpretação, e, acima de tudo, os pensamen-tos da vidente acompanhados de quase uma centena de fotografias – muitas delas inéditas – que nos permitem recordar a vida desta mulher única, que se manteve fiel até ao último dia da sua vida ao compromisso assumido com a Virgem Maria quando era apenas uma simples criança.

MANUEL II - O ÚLTIMO REI DE PORTUGAL • Ricardo Mateos Sáinz de MedranoA vida de D. Manuel II, o último rei de Portugal, suscita um enorme interesse. É a vida de um rei cuja figura ficou marcada por um rasto de saudade, quase um mito para monárquicos e nostálgicos, e por um profundo desconhecimento, especialmente dos anos do seu prolongado e frustrante exílio em Inglaterra. Um homem que morreu cedo de mais, em 1932, de forma inespera-da, e sem deixar filhos como garante essencial da continuidade dinástica da histórica Casa de Bragança.

EXPOSIÇÃO DE SOFIA AREZ INAUGURA NA CASA GARDEN

“Abandono” em Macau

Obras locais em exposição no Templo Tou Tei

Festival Internacional em Cúpula no Centro de Ciência

Fundação Oriente em Ma-cau, a exposição compreende um conjunto de desenhos e pinturas, assim como uma instalação-vídeo, em que são dados a ver fragmentos de árvores. Estes fragmentos, diz a artista, são comparáveis ao que o ser humano é para o

universo, visto nunca o poder compreender nem preencher em absoluto.

Sofia Arez nasceu em Lisboa em 1972 e tem estado a dividir o seu tempo entre Lisboa e Macau desde 2012. Já desenvolveu um currículo ar-tístico significativo, que inclui

obras de pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo e o seu trabalho mostra figura-ções que exploram emoções interiorizadas e, mais recen-temente, paisagens difusas.

A mostra, que pode ser apreciada entre terça-feira e domingo, das 10:00 às 19:00, está patente até ao dia 31 de Julho. Conta com o apoio da Fundação Oriente, do Insti-tuto Cultural e da Fundação Macau e está integrada no programa das comemorações do 10 de Junho, sendo de entrada livre.

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16 (F)UTILIDADES hoje macau terça-feira 17.6.2014

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 33 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 17 DE JUNHO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

E lá vamos nós outra vezNão é que o assunto esteja a ser pouco falado. Acho, aliás, que é demais. Não me interpretem mal – até porque gosto bastante de ver a bola, nem que seja por me imaginar a confundir aqueles 22 enquanto corro pelo meio das suas pernas fininhas – mas acho que tudo tem limites. Não é que de repente chega o Mundial e muitos perdem as noções? No outro dia, foram uns largos cinco minutos de reportagem sobre uma jovem brasileira tresloucada que correu campo fora atrás de Cristiano Ronaldo enquanto a equipa lusa treinava. Passou em pelo menos quatro noticiários, incluindo Macau e Portugal, abarcando horas de almoço e de jantar. Passava bem se fosse apenas e somente uma vez, mas a esta juntam-se mais três ou quatro mini-reportagens sobre a Dona Alzira da Mercearia “Fruta Fresquinha” que tem a maior colecção de acessórios de claque portuguesa do mundo ou acerca do Senhor Bonifácio, que é agricultor e encontrou uma abóbora peluda que parecia mesmo ter a cara do Raul Meireles.É possível que tudo isto seja imensamente interessante do ponto de vista lúdico, mas entretenimento acontece em telenovelas, séries de ficção e alguns documentários, sendo nesta última categoria – que também abunda em qualquer canal televisivo por esta altura – que se deveriam inserir as tão sumarentas notícias sobre o Mundial e tudo o que em volta do acontecimento gira. Temo que às vezes se esqueçam que entretenimento não substitui informação. É, sem dúvida, uma pena que vários meios de comunicação – incluindo imprensa, rádio e televisão – abram páginas e noticiários com a bola em detrimento de assuntos políticos ou sociais. Sabe-se a razão que leva a que isso aconteça (a bem dita agenda noticiosa, que tão bem cumpre o papel de minimizar a fazer esquecer as verdadeiras preocupações de um país) e bem sei que a minha opinião de felino vale tanto como nada, mas não consigo deixar de miar em forma de revolta, transtornado com toda a febre em volta destes jogos que, antes de entreterem o mundo inteiro, ajudam a esconder graves problemas sociais que actualmente assolam o Brasil.

Morre Mumtaz Mahal e nasce a maior prova de amor do mundo• A 17 de Junho de 1631, morre a princesa persa mu-çulmana Mumtaz Mahal, durante o parto do 14.º filho. O seu marido, Shah Jahan, imperador do Império Mogol, ergueu em memória da mulher o Taj Mahal, uma das maravilhas do mundo, Património da Humanidade e a maior prova de amor conhecida.O Taj Mahal é um mausoléu situado em Agra, na Índia, e um dos mais conhecidos monumentos do mundo. Nasceu em memória de Mumtaz Mahal, princesa que morreu a 17 de Junho de 1631, durante o parto do 14.º filho. O imperador mandou erguer o mausoléu, em homenagem à sua mulher.Ao longo de 20 anos, entre 1630 e 1652, a obra foi cres-cendo, da abstracção do amor para um dos monumentos eternos mundiais. O Taj Mahal foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade e, recentemen-te, uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.Cerca de 20 mil homens foram recrutados de diversas cidades do oriente (bem como os melhores construtores e artistas da região e da Europa) para edificar o monumento, de mármore branco, que representa a maior prova de amor do mundo. Mumtaz Mahal – nome que significa “a jóia do palácio” – jaz sob o Taj Mahal.Narra a lenda que, após a conclusão do mausoléu, e rendido à beleza do monumento, o imperador Shah Jahan determinou que fossem cortadas as mãos de todos os homens que participaram na obra. O objectivo era que jamais voltassem a criar algo com beleza semelhante.

C I N E M ACineteatro

SALA 1MALEFICENT [B]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley14.30, 16.30, 21.30

MALEFICENT [3D] [B]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley19.30

SALA 2 SABOTAGE [C]Um filme de: David SingerCom: Arnold Schwarznegger,

Olivia Williams, Sam Worthington14.30, 16.30, 19.30, 21.30

X-MEN: DAYSOF FUTURE PAST [B]Um filme de: Bryan SingerCom: Patrick Stewart, Ian McKellen, Hugh Jackman, James McAvoy14.30, 19.15

SALA 3EDGE OF TOMORROW [C]Um filme de: Doug LimanCom: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Kick Gurry16.45, 21.30

SABOTAGE

A busca por uma ideia original leva John Nash (Russell Crowe) a fazer uma das maiores descobertas da humanidade. Mas, o que é que é real na vida de John? Diagnosticado com esquizofrenia, mas tido como um génio, retrata a vida do verdadeiro John Nash, um matemático norte-americano vencedor do Prémio Nobel em Ciências Económicas, fazendo o trajecto desde a sua vida de aluno, passando pelo ensino como professor e a sua vida lado a lado com a doença. Um filme intrigante, intenso e extre-mamente bem feito, onde Russell Crowe prova que merece o título de excelente actor. Um filme vencedor de quatro Óscares, que o vai colar à cadeira. - Joana Freitas

UMA MENTE BRILHANTE (RON HOWARD)

U M F I L M E H O J E

Os salafrários de todos os países uniram-se.

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17hoje macau terça-feira 17.6.2014 OPINIÃO

H Á justamente 40 anos, as telas de cinema passavam o nono filme de Ian Fleming, com o famoso herói britâ-nico James Bond, rodado em Macau e intitulado “O homem da pistola doura-da”. Já nessa época, Macau vivia em circunstâncias bem diferentes das de hoje,

mas apesar de circunstâncias diferentes ao longo do tempo, a importância estratégica de Macau para o Reino Unido mantém-se.

Se há 40 anos as autoridades portuguesas eram retratadas no filme de Fleming como um pouco toscas ou até provincianas, mas colaborantes e prestáveis, à luz dos dias que correm, o Reino Unido vê em Macau a auto-estrada a abrir-se diante dela no que toca às novas oportunidades e com todas as condições favoravelmente reunidas.

Neste epílogo sobre a Britannia, não pude deixar de analisar a intervenção da Cônsul--Geral de Sua Majestade a Rainha, Caroline Wilson, nas comemorações do aniversário da Rainha Isabel II de Windsor, que fez coincidir na data e hora com a realização da secular tradição das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Macau. Foi sem sombra de dúvidas, e à boa maneira britânica, um discurso incisivo, atento e oportuno, realçando o rosto mais evidente da “realpolitik” internacional e de alegados recados que poderá querer estar a dar a Por-tugal. Nesta leitura de sinais, terei em conta com o que aprendi com um bom amigo, franco e leal e com grandes responsabilida-des junto do Governo Central da República Popular da China. Certamente que Portugal foi, é e será sempre um amigo e parceiro da China no relacionamento global.

As comemorações do 88º aniversário da Rainha de Inglaterra e autoridade máxima da Igreja Anglicana tiveram um significado espe-cial na simbologia chinesa, por traduzir-se na dupla fortuna, e seria sempre um marco a não se desperdiçar junto da comunicação britânica com a China, nomeadamente do Sul, um dado que entrou logo no início da intervenção.

A Cônsul-Geral recordou de seguida o sucesso que foi o concerto da banda britâ-nica “Rolling Stones” por Macau, onde terá registado sinais de muita excitação de não britânicos plasmados junto das redes sociais.

A par da visita do Secretário de Estado dos Transportes, Stephen Hammond, a Macau, a UKTI já organizou a vinda a Macau de cerca de 50 empresários ligados aos sectores do

o monóculo, a pena e a espadaVITÓRIO ROSÁRIO CARDOSO*

*Membro da Associação de Jovens Auditorespara a Defesa, Segurança e Cidadania de Portugal

(DECIDE Portugal)

A Macau de Ian Fleming

“A conclusão da construção da ponte que ligará Zhuhai, Macau e Hong Kong, é um assunto em que os britânicos revêem desde já com enorme expectativa e relevância...”

luxo, das indústrias criativas, da alimentação e do comércio a retalho, realçou a diplomata, atirando-se de seguida à promoção dos pastéis do Lord Stow (com ar de pastéis de nata) apoiando a expansão dos mesmos para o novo campus universitário da Ilha da Montanha.

A diplomata alia bem à visita a Macau de craques de futebol inglês, com os mais de 60 mil turistas britânicos que visitam a RAEM, recordando que esta é uma terra propícia para negócios e turismo, e a grande expectativa é atingir em 2018-19 valores positivos na balança comercial britânica, nas trocas com Macau.

A conclusão da construção da ponte que ligará Zhuhai, Macau e Hong Kong, é um assunto em que os britânicos revêem desde já com enorme expectativa e relevância devido ao novo dinamismo que o mercado do Delta do Rio das Pérolas poderá produzir, lançando a novidade que a marca “Marks & Spencer”, ícone da “britanicidade”, terá a sua primeira loja em Macau muito em breve.

Caroline Wilson, não se coibiu de men-cionar a vitória britânica no 60º Grande Prémio de Macau, desporto introduzido por portugueses em Macau e onde o campeão português António Félix da Costa ficou em segundo lugar, para além da evocação dos 450 anos do nascimento de William Shakes-peare, e da importância dos British Councils, bem que Londres quase imita Portugal, comemorando o Dia do Reino Unido, de Shakespeare e do mundo britânico.

O homem de Londres em Macau, Glen McCartney, o Cônsul Honorário, é de facto um homem de grande fibra e determinação na luta diária pelos interesses da Coroa bri-tânica, foi bem homenageado pela diplomata britânica. Pessoalmente testemunho que não há britânico mais britânico do que um irlan-

dês do norte, Glen McCarteney é da Irlanda do Norte e em tudo é um inglês até na sua percepção da presença portuguesa no Oriente.

Concluiu-se que cada qual, cada país, faz o que tem a fazer, parafraseando o có-digo de combate do grande almirante Lord Nelson, homem que humilhou os franceses e Napoleão na Batalha de Trafalgar, “Ingla-terra espera que cada homem cumpra o seu dever”, mas oportuno será sempre, recordar as palavras de um grande filósofo irlandês, Edmund Burke, nas suas reflexões sobre a Revolução Francesa e que nos brinda com o pensamento “quem luta contra nós, reforça os nossos nervos e aguça as nossas habilidades. O nosso antagonista é quem mais nos ajuda.”

A disputa pela capacidade de influência

no Delta do Rio das Pérolas de entre as potencias ocidentais ainda vai no adro, nos próximos artigos dedicarei os textos sobre a presença francesa na Ásia e nomeadamente em Macau, dos seus interesses políticos, militares e económicos, das suas represen-tações diplomáticas, comerciais e culturais e até ao tipo de perfil dos seus agentes de influência ou simples informadores que em muito suportam o esforço da discretíssima rede das informações gaulesas no mundo, mais conhecida como a Direcção-Geral da Segurança Externa (DGSE).

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BANCO DE CONSTRUÇÃO DA CHINA, S.A., SUCURSAL DE MACAU Avenida de Almeida Ribeiro, N.º 61, Circle Square, 5.º Andar, MacauREGISTADA NA CRCBM SOB O N.º 51146, CAPITAL AFECTO:

MOP$800.000.000,00

Para os efeitos tidos por convenientes, anuncia-se que, com efeitos a partir de 7 de Junho de 2014, o “Banco de Construção da China (Macau), S.A.”, anteriormente registado na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 383 (SO), se fundiu, por incorporação, no “Banco de Construção da China, S.A., Sucursal de Macau”, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 51146 (SO), tendo o respectivo registo de fusão sido requerido no dia 9 de Junho de 2014.

Macau, aos 17 de Junho de 2014.

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hoje macau terça-feira 17.6.201418 opinião

B OWE Bergdahl nasceu em 1986, numa família de tra-dições religiosas que vivia numa cidadezinha america-na. Seu pai era condutor de camiões, e foi sua mãe que o ensinou a ler. Era calmo e estudioso, e ao chegar a homem, resolveu alistar-se no Exército. Na sua ideia

iria partir para o Afeganistão, e ajudar os afegãos a defender-se a si mesmos, e a re-construir as cidades destruídas pela guerra.

Mas a realidade que viu foi outra.O seu último mail para o pai e a mãe, di-

vulgado pela revista americana Rolling Stone espelha bem o choque entre o que pensava e a realidade da Guerra: “Estas pessoas precisam de ajuda, mas o que eles ganharam foi o país mais vaidoso do mundo, dizendo-lhes que eles não são nada, que são estúpidos, e que nem fazem ideia como viver.”…. “Nós nem ligamos quando falamos dos seus (dos afegãos) filhos, correndo nas ruas de terra, fugindo dos nossos caminhões blindados... Gozamos com eles na cara e rimo-nos deles por não compreender que os estamos a insultar.”(1)

Bowe, no seu mail, fala ainda da in-competência dos chefes – mas não refere o medo, ou as incomodidades da guerra – isto é, não era o que ele sofria, eram as injustiças sofridas pelos afegãos que lhe pesavam.

António SArAivA [email protected]

As desventuras do soldado BoweUm soldado idealista

E assim a 30 de Junho de 2009 saiu da sua unidade levando apenas o cantil mas deixando a espingarda, e partiu em direcção ao “inimigo”.

BOWE EM CATIVEIROImaginemos agora como seria a vida de Bowe entre os talibans. Bowe não era um “traidor”, tinha-se querido “aproximar de”. Mas …não dispunha de computador; o desconforto era grande, pois nos desertos os dias são tórri-dos, e as noites geladas. Com a estrita moral sexual muçulmana os carinhos femininos não abundavam. Comida …como seria? E a água? O fosso cultural era demasiado grande.

E assim Bowe tentou fugir duas vezes - mas das duas foi recapturado. E preso ficou até há dias.

Entretanto o pai de Bowe, ao saber da prisão do filho, e vendo que as autoridades nada faziam para o libertar, quis tomar o

assunto nas próprias mãos. Para conseguir um contacto directo com os talibans tentou entender-lhes a cultura, aprendendo a língua (pashtun), estudando o Corão e deixando crescer uma barba que prometia só cortar quando o filho fosse libertado.

O que um pai não faz pelo seu filho!

A TROCAEntretanto aproximando-se a data em que os Estados Unidos se vão retirar do Afeganistão decidiram trocar o seu único “prisioneiro de guerra” por cinco altos chefes talibans que estavam presos em Guantanamo desde 2002 (data da invasão do Afeganistão por tropas americanas). Após negociações demoradas, no dia 5 de Junho foi efectuada a troca de prisioneiros.

Esta história, nas mãos de quem soubesse, daria um belo romance, ou mesmo uma ópera; mas, ainda não sendo romancista tocou-me.

OS PSICOPATAS Uma característica muito humana é a de sentir simpatia pelos sentimentos dos outros.

O choro de uma criança, o sofrimento de um doente incomodam-nos e deprimem-nos, enquanto um abraço amoroso nos conforta e alegra. Por isso se afirma que os crimes envolvendo violência contra pessoas são muitas vezes obra de psicopatas pois só estes sofrem de “falta de empatia” – incapacidade

de sentir simpatia pelos outros, ou de entender as consequências emocionais das suas acções (2) ou dito de outra forma um psicopata não é sensível ao sofrimento de outro ser humano.

Ora o ter a própria (ou a dos companhei-ros) vida em risco, o ver morrer ou matar outros seres humanos, são experiências limite de sofrimento, que não podem dei-xar de perturbar profundamente qualquer homem. Por tal não será de espantar serem frequentes em soldados, mesmo profissio-nais, esgotamentos nervosos profundos. Isto tem levado a que tanto entre as tropas americanas como entre as inglesas e as aus-tralianas que combateram no Afeganistão o número de mortes por suicídio ultrapasse o de mortes em combate (3) (4) (5).

Mas felizmente que Bowe, colocado num posto militar no meio de sítio nenhum, não se matou. Apenas foi sensível ao sofrimento dos “inimigos”.

O FILHO PRÓDIGONuma conhecida história bíblica um filho, cansado da rotina da vida no campo, pede ao seu pai a sua parte da herança, e saí em busca dos prazeres do Mundo. Mas, esgotado o dinheiro, desaparecem os amigos e as mu-lheres, e o nosso herói vê-se na contingência de ter de guardar porcos – sem sequer poder comer as bolotas dos quais eles se alimen-tavam. Até que pensa: - Porque não voltar para casa de meu pai? Lá ao menos tinha pão com fartura.

Como o leitor por certo saberá o pai recebeu-o com grande festa.

Mas a festa prevista para Bowe na sua cidade foi cancelada, e o soldado Bowe levado para um centro de interrogatórios do Exército.

Aliás a decisão da troca de prisioneiros foi, para a direita americana, motivo de grande contestação. Agora “sabemos o preço de cada americano” disse-se (significando com isto que o ter-se trocado um americano por cinco comandantes talibans iria provocar uma onda de raptos de americanos). Com “terroristas” não se negoceia – foi outra das afirmações dos críticos :“These particular individuals are hardened terrorists who have the blood of Americans and countless Afghans on their hands,” disse o senador republicano McCain, ele próprio um antigo prisioneiro de guerra no Vietname.

Finalmente o carácter do sargento é posto em causa – não merecia ser salvo pois não foi a bem dizer capturado – foi ele próprio que abandonou a sua unidade, isto é, desertou, e caminhou na direcção do inimigo.

IMPÉRIOS E PESSOASAs críticas à decisão da troca de prisioneiros não resistem a uma análise desapaixonada – primeiro: não se percebe como vai haver uma série de raptos de americanos, pelo

“...nesta história, como noutras, muito se fala em impérios – e pouco em pessoas. Pessoas que, ao fim e ao cabo, são a única realidade”

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19 opiniãohoje macau terça-feira 17.6.2014

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A FINAL, a Presidente do Brasil Dilma Russef, con-trariamente à notícia que foi divulgada por alguma comunicação social, a que dei realce no meu últi-mo texto publicado neste Diário, apareceu no jogo inaugural deste campeo-nato do mundo de futebol!

De acordo com notícias publicadas pelos jornais brasileiros, Dilma Russef, ponderou não estar presente na cerimónia de abertura, como lhe havia sugerido o presidente da FIFA.

Contudo, tendo estado presente, procu-rou passar despercebida não assumindo, o que desde 1986 tem sido a prática, de todos os Presidentes da Republica dos países organizadores: discursarem na cerimónia de abertura dos respectivos jogos!

Chegou ao estádio de helicóptero e a figura maior do Estado Brasileiro, foi sentar-se nas filas de trás do camarote VIP, ao lado do Sr. FIFA, Joseph Blatter.

Contudo, não conseguiu passar sem ser notada. Quando os espectadores deram pela sua presença, foi obsequiada com uma monumental vaia, facto que terá desgostado alguns chefes de estado ali presentes!

Voltou a ser apupada, logo após o canto do Hino do Brasil, com gritos e um bem audível slogan, muito pouco abonador da imagem, que hoje têm milhões de cidadãos brasileiros, da sua Presidente o que causou surpresa e desconforto nos seus assessores, que não esperavam tamanha agressividade.

Um dia depois da cerimónia de abertura e da vitória do Brasil, Dilma Russef, a co-municação social deu grande destaque, não só a estes incidentes do jogo de abertura, mas também ao elogio que a Presidente fez nas redes sociais, por considerarem não ser essa a forma mais apropriada de se dirigir ao País!

A conhecida actriz de cinema e de te-lenovelas Maitê Proença, num programa da TV Globo, que passou logo depois da cerimónia de abertura a propósito do campeonato do Mundo acusou a Presidente Dilma de cobardia por não ter tido a cora-gem de falar e enfrentar o povo!

Por falar em contestação, uma coisa é certa, a organização deste campeonato tem permitido abrir janelas para que o Mundo saiba de problemas até aqui negados, des-valorizados e até escondidos de um País de praias maravilhosas, com paisagens deslumbrantes, com um povo alegre e

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

O Mundial 2014 visto do meu sofá

(1) «I am sorry for everything here,» Bowe told his parents. «These people need help, yet what they get is the most conceited country in the world telling them that they are nothing and that they are stupid, that they have no idea how to live.» He then referred to what his parents believe may have been a formative, possibly traumatic event: seeing an Afghan child run over by an MRAP. «We don›t even care when we hear each other talk about running their children down in the dirt streets with our armored trucks... We make fun of them in front of their faces, and laugh at them for not understanding we are insulting them.»(2) Health Guidance –Characteristics of a Sociopath: 1- Lack of empathy – Inability to feel sympathy for others or to understand the emotional consequences of their actions(3) Daily Mail on line Published: 20:45 GMT, 24 October 2012 | Updated: 21:52 GMT, 24 October 2012 “More U.S. troops committing suicide than being killed fighting in Afghanistan in ‹tough year› for armed services. A total of 247 U.S. army personnel are suspected to have taken their own lives between January and September. This compares to 222 deaths from ‹hostile causes› in Afghanistan to October.(4) BBC 14 July 2013 Last updated at 07:15 “UK soldier and veteran suicides ‹outstrip Afghan deaths›. More British soldiers and veterans took their own lives in 2012 than died fighting the Taliban in Afghanistan over the same period. BBC Panorama learned that 21 serving soldiers killed themselves last year, along with 29 veterans. The Afghanistan death toll was 44, of whom 40 died in action.(5) ABC News (Australia) Soldier suicide: Number of veterans taking own lives more than triples Afghanistan combat toll Updated Tue 22 Apr 2014, 12:34pm AEST.”6) Uma das mais conhecidas (e desiguais) trocas foi a do soldado israelita Gilad Shalit por 1027 prisioneiros palestinianos e árabes, a qual teve lugar em 18 de Outubro de 2011.

feliz amante do futebol e do carnaval, que cresce economicamente, graças às jazidas de petróleo, mas com índices de pobreza de desigualdades e de criminalidade as-sustadoras!

É contudo verdade, que nos últimos dez anos os níveis de pobreza diminuíram com os governos de Lula da Silva, mas é também verdade que os níveis de corrupção aumentaram, como dava conta o estudo publicado recentemente pelo diário A Folha se S. Paulo!

Quando visitei o Brasil em 1980 e me instalei em casa de familiares, no Rio de Janeiro, dizia-se que o Brasil só crescia de noite, quando os Brasileiros estavam a dormir!

Recordo a sensação estranha de estar num País, que falava a minha língua e de ter sido avisado para não levar para a rua, relógio, fio de ouro ou máquina fotográfica!

Por mero acaso assisti a um roubo por esticão à mala de uma senhora, feito por

um garoto com doze ou catorze anos a que as pessoas chamavam de “pivete”sem que houvesse qualquer reacção das muitas pessoas que estavam o observar!

Voltando propriamente ao campeonato, claro que assisti pela televisão, ao jogo inaugural entre o Brasil e a Croácia, com a vitória de equipa anfitriã.

Foi um jogo que começou mal para os Brasileiros com um auto-golo da defesa Marcelo, mas que depois correu muito, muito bem para os brasileiros, igualando o marcador com um penalty muito duvidoso, marcando o segundo e o terceiro precisa-mente quando a equipa contrária procurava a o golo do empate.

O resultado foi melhor que a exibição e o Brasil deu um passo para a sua qualificação.

Entretanto, como não pretendo assistir a todos os jogos, vou fazendo as minhas opções, daí ter escolhido os dois jogos seguintes: a Espanha/ Holanda e a Ingla-terra / Itália.

Do primeiro, que opunha frente a frente, precisamente os finalistas do último cam-peonato do mundo realizado na África do Sul há quatro anos, pude observar um emo-cionante espectáculo de futebol, com uma Holanda a jogar como nos seus melhores anos, conhecida por “ laranja mecânica” dado o seu futebol rápido e preciso, isto perante uma Espanha, apática e envelhe-cida, incapaz de expor o seu conhecido futebol do passe fácil, conhecido pelo “tick -tack, que encantou os seguidores deste espectáculo, no último mundial e nos dois últimos Europeus!

A equipa Holandesa arrasou positi-vamente a Espanhola, num dia em que o guardião Iker Casillas, considerados por muitos um herói de Espanha, acabou por ser o vilão, numa noite para esquecer!

Ficarão na minha memória as imagens, que o realizador da transmissão deste jogo pôs no ar, de tristeza e de desalento, do treinador derrotado, Vicente del Bosque, de Xavi Alonso e do guarda-redes, sentado de mãos na cabeça ao ser batido sem apelo, pela quinta vez.

Já quanto ao outro jogo que escolhi para ver, Itália/ Inglaterra, pautou-se pelo equilíbrio, com os primeiros a marcar e os segundos a empatarem dois minutos depois.

Neste jogo prevaleceu a experiência dos Italianos com uma equipa mais rodada nestas andanças, perante uma Inglaterra com jogadores mais jovens, mas que deixou boas perspectivas para o futuro.

menos da responsabilidade dos talibans afegãos, quando estes, em 12 anos de guerra apenas conseguiram fazer um prisioneiro – e ainda assim porque este a eles se entregou; segundo: nas guerras ambos os contendores têm sangue nas mãos; e terceiro: sempre se negociou a troca de prisioneiros (6).

Mas há mais: ao recusar-se a simples hipótese de diálogo estamos a considerar os outros como “não-humanos” o que é uma grande pretensão (para não dizer mais) da nossa parte.

Finalizando: nesta história, como nou-tras, muito se fala em impérios – e pouco em pessoas. Pessoas que, ao fim e ao cabo, são a única realidade.

Ora o certo é que – ainda que fossem grandes criminosos – não seriam os cinco anos de prisão de Bowe, ou os 12 dos tali-bans – para mais em terra estranha, ambiente hostil, sem contactos com a família, e sem que os presos tivessem alguma garantia de vir a ser libertados – castigo suficiente? Só pela sua liberdade fico contente!

E ao tomar-se a posição rígida de não negociar trocas de prisioneiros que men-sagem passaremos aos talibans ou outros grupos semelhantes? Se os presos de nada lhes servem, e ainda têm que os alimentar e vigiar – não será preferível eliminá-los?

Taipa, 12 de Junho de 2014António Manuel de Paula Saraiva

Ficarão na minha memória as imagens, (...) de tristeza e de desalento, do treinador derrotado, Vicente del Bosque, de Xavi Alonso e do guarda-redes, sentado de mãos na cabeça

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LUSA

hoje macau terça-feira 17.6.2014

LEONOR SÁ [email protected]

O Secretário para os As-suntos Sociais e Cultura, Cheong U, anunciou on-tem, em Boletim Oficial

(BO), que o Governo vai atribuir 125 bolsas de mérito a alunos residentes na RAEM.

De acordo com o BO, uma centena destas bolsas terá o valor anual de 57 mil patacas e destina-se apenas a alunos que estejam a frequentar cursos de mestrado no próximo ano lectivo de 2014/2015. Outras 20 destinam-se a alunos de doutoramento, devendo estes receber 79 mil patacas anuais cada. Para a atribuição das restantes cinco bolsas de mérito podem concorrer os alunos que estejam inscritos em cursos com mestrado ou doutoramento inte-grados no próximo ano. Os estudantes seleccionados deverão receber 69 mil patacas anuais. Esta medida, em vigor desde ontem, também engloba os alunos que pretendem renovar as suas bolsas de mérito.

Também a Fundação Macau (FM) anunciou no domingo que vai atribuir 50 bolsas de mérito especial, apenas englobando estudantes residentes de Macau que pretendam fazer os seus cursos superiores fora do território.

No entanto, apenas os alunos que frequentem ou pretendam frequentar uma das 100 melhores universidades do mundo – de acordo com a com-

BOLSAS DE MÉRITO GOVERNO E FUNDAÇÃO MACAU APOIAM NOVOS TALENTOS

Receber para aprender

cartoon por Stephff O POLVO

Cheong U

pilação do jornal britânico, Times – são elegíveis para se candidatarem a uma das 50 bolsas. A FM obriga a que, após conclusão da licenciatura, os alunos tenham que regressar a Macau ou à China para “prestar serviço” durante um período nunca inferior ao da duração do curso. Os critérios para selecção dos candida-tos visam a posição da universidade no ranking mundial, a média do ano lectivo anterior e a participação em actividades extracurriculares. Para a

escolha dos alunos, conta também a média mais alta na avaliação geral.

A consulta das universidades ele-gíveis pode ser feita online, através do website http://www.timeshighe-reducation.co.uk/world-university--rankings/2013-14/world-ranking#. A grande maioria situa-se nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, pelo que existem algumas em Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul, Austrália, Alemanha, Suíça e outros países europeus e asiáticos.

A INDA não foi desta que Portugal venceu a Alemanha. Na estreia

no Mundial 2014 correu tudo mal à selecção portuguesa, que sai de Salvador da Bahia vergada a uma derrota por 4-0, sem Pepe (expulso) para o pró-ximo jogo, provavelmente sem Fábio Coentrão (lesionado) e com a moral de rastos.

O jogo de domingo com os Estados Unidos assume agora contornos decisivos para man-ter a esperança de qualificação para os oitavos-de-final.

Portugal até conseguiu os primeiros remates perigosos do jogo, por Hugo Almeida e Ronaldo, mas desde o primeiro minuto viu-se que a Alemanha estava mais forte.

A superioridade germânica começou a sentir-se aos 11’, quando o árbitro assinalou penálti, num lance em que há contacto entre João Pereira e Mário Götze. Müller não des-perdiçou perante Rui Patrício.

Portugal tentou depois esboçar uma reacção. Nani rematou por cima (25’), Co-entrão (que estava em fora--de-jogo) preferiu cruzar a rematar (35’) e Éder cabeceou por cima (36’).

A vida de Portugal já se tinha complicado aos 32’, quando Hummels saltou na área portuguesa, no meio dos centrais, e ampliou para 2-0. E mais difícil ficou a missão da selecção quando Pepe foi expulso: o central encostou a cabeça em Müller e o árbitro não perdoou (37’).

A fechar uma primeira par-

PORTUGAL ENTRA NO MUNDIAL COM DERROTA PESADA, EXPULSÃO E LESÕES

Que mais pode acontecer?

te desastrosa – em que Paulo Bento foi também obrigado a substituir o lesionado Hugo Al-meida por Éder – a Alemanha ampliou para 3-0, com novo golo de Müller.

Ao intervalo, Paulo Bento recompôs a equipa, retirando Miguel Veloso para fazer en-trar Ricardo Costa. Passou a jogar num 4-3-2, com Ronaldo e Éder na frente e Meireles, Moutinho e Nani no meio--campo.

A Alemanha baixou um pouco o ritmo, mas ainda assim esteve perto de voltar a marcar, não fosse Rui Patrício parar o remate de Özil (51’) ou João Pereira evitar o golo de Götze (69’).

E como era tarde aziaga para a selecção portuguesa, o panorama piorou ainda mais com a saída por lesão de Fábio Coentrão (65’), faltando saber se recupera para os próximos jogos. Continuou a piorar, quando o árbitro não assinalou penálti por falta sobre Éder (75’). E, para fechar a tarde negra de Portugal, Müller completou o hat-trick, num lance com sucessivas falhas da defesa portuguesa, do mau alívio com os pés de Rui Patrício ao mau posicionamento de André Almeida.

O 4-0 é a derrota mais pesada de Portugal em fases finais de Mundiais. E, pior, a selecção de Paulo Bento perdeu mais do que um jogo. Foi-se confiança e haverá ausências de peso frente aos Estados Unidos.