hoje macau 14 jun 2011 #2387

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Menores de vinte e um anos DEBATE AZEDO, MAS PROPOSTA APROVADA PARA AVANÇAR • PÁGINA 5 21 Wang Guangya PROTESTOS EM HONG KONG NO AQUECIMENTO PARA MACAU • ÚLTIMA TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% CÂMBIOS EURO 11.6 BAHT 0.3 YUAN 1.2 Apesar de o Chefe do Executivo ter visto o Tribunal de Última Instância (TUI) dar razão à Orieta Lau, antiga directora das Finanças, no “caso das senhas”, a guerra ainda está para durar. Basta a Adminis- tração rever a pena que aplicou à técnica, reduzindo-a, para que se inicie mais uma ronda de recursos. Orieta, no entanto, não ficou ilibada das infracções que cometeu na Comissão de de Avaliação de Veículos Motorizados (CAVM). > Página 3 Guerra entre Executivo e Orieta Lau ainda não acabou hoje AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 macau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 14 DE JUNHO DE 2011 ANO X Nº 2388 Quem quer dinheiro? Concurso de internato MÉDICOS COM NEURÓNIOS A TRABALHAR • PÁGINA 6 PUB Numa altura em que se discute a proposta de lei para a criação do “Regime de Reserva Financeira”, as aplicações da RAEM dão prejuízos avultados. Uma análise exaustiva aos relatórios e contas desde 2000 revela que, perante de- pósitos fixos cada vez maiores, o resultado das aplicações financeiras é cada vez menor. Os valores de prejuízo roçam quase o obsceno. Apesar de, ano após ano, os lucros da RAEM baterem recordes há ainda quem não saiba poten- ciar esses lucros. > PÁGINA 4 Má aplicação financeira do erário público resulta em prejuízos de cerca de 700 milhões de patacas

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Edição do Hoje Macau de 14 de Junho de 2011 • Ano X • N.º 2387

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Page 1: Hoje Macau 14 JUN 2011 #2387

Menores de vinte e um anos

DEBATE AZEDO, MAS PROPOSTA APROVADA

PARA AVANÇAR• PÁGINA 5

21 Wang Guangya

PROTESTOS EM HONG KONG NO AQUECIMENTO

PARA MACAU• ÚLTIMA

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 11.6 BAHT 0.3 YUAN 1.2

Apesar de o Chefe do Executivo ter visto o Tribunal de Última Instância (TUI) dar razão à Orieta Lau, antiga directora das Finanças, no “caso das senhas”, a guerra ainda está para durar. Basta a Adminis-tração rever a pena que aplicou à técnica, reduzindo-a, para que se inicie mais uma ronda de recursos. Orieta, no entanto, não ficou ilibada das infracções que cometeu na Comissão de de Avaliação de Veículos Motorizados (CAVM). > Página 3

Guerra entreExecutivo e

Orieta Lau aindanão acabou

hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 14 DE JUNHO DE 2011 • ANO X • Nº 2388

Quem quer dinheiro?

Concurso de internato

MÉDICOSCOM NEURÓNIOS

A TRABALHAR• PÁGINA 6

PUB

Numa altura em que se discute a proposta de lei para a criação do “Regime de Reserva Financeira”, as aplicações da RAEM dão prejuízos avultados. Uma análise exaustiva aos relatórios e contas desde 2000 revela que, perante de-pósitos fixos cada vez maiores, o resultado das aplicações financeiras é cada vez menor. Os valores de prejuízo roçam quase o obsceno. Apesar de, ano após ano, os lucros da RAEM baterem recordes há ainda quem não saiba poten-ciar esses lucros. > PÁGINA 4

Má aplicação financeira do eráriopúblico resulta em prejuízosde cerca de 700 milhões de patacas

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

PUB

Maria João [email protected]

DEPOIS da visita de Chris-tine Lagarde a Pequim

como parte da campanha para o lugar de presidente do FMI, esta semana a capital recebe Agustín Carstens, o outro candidato ao antigo lugar de Dominique Strauss- Khan.

O economista mexica-no, que foi governador do Banco do México, vai estar em Pequim para encontros oficiais com o governador do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, e com o ministro das Finanças, Xie Xuren. Parte do périplo pela Ásia do candidato mexicano, a visita à China acontece uma semana depois da visita de Lagarde.

Na visita à Índia, Agustín Carstens disse que se chegar à presidência do FMI quer procurar uma maior voz para países como a Índia, o Brasil e a China. Os países do grupo dos BRICS têm

CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DO FMI FAZEM PEREGRINAÇÃO A PEQUIM

Um eco que se faz ouvirsido uma constante do dis-curso dos dois candidatos. Lagarde defendeu também que África tem que ser um actor mais importante nas decisões da organização monetária internacional.

Apesar de Carstens usar a bandeira das economias emergentes, a visita de La-garde a Pequim recebeu um grande apoio chinês. Para o economista mexicano, que já trabalhou no FMI, ainda nada está decidido e o en-contro com as autoridades chinesas vai ser igualmente importante. A seu favor Car-tens tem um doutoramento em Economia e uma expe-riência prévia na instituição a cuja presidência agora se candidata.

Os dois procuram a maior relevância possível

às economias emergentes e ambas as campanhas come-çaram por países em desen-volvimento. A China, como

segunda maior economia do mundo, vai ser um actor fundamental na relação com o próximo presidente.

Em 2008, começou a reforma do FMI na qual se estabeleceu um aumento na participação de economias

emergentes no sistema de quotas. A China, Turquia, México e Coreia do Sul foram alguns dos países a primeiro beneficiar da mudança. O sistema é revisto a cada cinco anos e ajuda a definir o poder de voto dos países membros.

Christine Lagarde disse que, sendo eleita, pretende aumentar o poder de voto da China de 3,65 para 6,4% e que vai contribuir para a internacionalização do yuan. Esta semana Cartens vai ser recebido com a mes-ma atenção que foi dada à ministra francesa e só no fim da visita fará declarações à imprensa.

A China foi um dos fun-dadores iniciais do FMI no ano de 1945, mas só em 1980 é que a República Popular assumiu a responsabilidade das relações com a organiza-ção monetária. Actualmente o FMI tem 187 membros. As eleições para o lugar de presidente acontecem no próximo dia 30 de Junho.

Aviso[N.º 657/2011]

Desocupação e demolição de barracaLocal: Barraca de Estrada de Nossa Senhora de KÁ HÓ de Coloane, n.º 22-03- -01-007-001 (assinalado no quadro anexo)

Vimos por esta via notificar o utilizador Ng Chi Man, da barraca acima mencionada, e os seus elementos familiares e outras pessoas que, visto que a respectiva barraca se situa numa área da rede viária para melhoramento, de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º e do artigo 24.º do Decreto-lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, e nos termos do despacho do Presidente do Instituto de Habitação, exarado na Inf. n.º 0424/DAHP/DFH/2011, de 13 de Junho de 2011, o utilizador da barraca acima mencionada deve desocupá-la no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente aviso.

Se não desocupar a referida barraca no prazo acima indicado, as acções de desocupação e demolição serão efectuadas, coercivamente, pela entidade competente.

Os indivíduos acima mencionados podem apresentar reclamação ao Presidente do Instituto de Habitação, no prazo de 15 dias, a contar da data de publicação do presente aviso, não tendo a reclamação o efeito suspensivo, nos termos dos artigos 148.º, 149.º e do n.º 2 do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro.

Os indivíduos acima mencionados podem interpor recurso contencioso no Tribunal Administrativo, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente aviso, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro.

O Presidente,

Tam Kuong Man13 de Junho de 2011

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

3www.hojemacau.com.mo

Acusaçõescontra Orieta

Uma coisa parece ser certa: temos de aprender a usar bem os aspiradores, não pode ser de qualquer maneira. Longe vai, felizmente, o tempo em que era tudo à vassourada. Agora até existem uns aspiradores redondinhos, que se desviam de obstáculos sem a gente lhes tocar; e trabalham sozinhos. Para além da aspiração, devem ter cá uma inspiração... Helder Fernando, P.15

ACREDITE-SE ou não, as licenças detidas pelas concessionárias de jogo em Macau SJM Holdings

e MGM China têm prazo de validade. Expiram em 2020. E dois anos depois será a vez da Wynn Resorts, Melco Crown Entertainment, Galaxy Entertainment Group e Sands China.

Apesar de o negócio estar a viver um autêntico boom, com uma série de resorts em carteira, os milhões que hoje se investem podem tornar-se o pesadelo dos seus proprietários amanhã, escrevia ontem o “South China Morning Post”.

Das duas, quatro: ou as seis licenças são reno-vadas, ou o Governo exerce seu direito e assume a propriedade dos bens dos casinos, aumentam-se os impostos e taxas sobre as operadoras ou novos licitantes são autorizados a entrar no mercado.

Na conferência sobre o jogo G2E Asia 201, na semana passada, Jorge Godinho, professor de Direi-to na Universidade de Macau, disse: “a resposta a curto prazo é que não sabemos”. O diário refere que as implicações desta data de validade são enormes para Macau, recordando que a indústria do jogo é o maior empregador da cidade e os impostos directos sobre a actividade representaram 82% de todas as receitas do Governo no ano passado.

A lei de 2001 que acabou com o monopólio do jogo de Macau e as seis concessões que foram con-cedidas estipularam que as licenças são propriedade

do Governo, que mantém vastos poderes sobre os licenciados e os seus activos relativos ao jogo no território. Apesar dos impostos elevados, os lucros estão em rota ascendente e por isso alguns analistas apontam para que a Administração use a desculpa das licenças para aumentar a cobrança.

Gary Pinge, analista da Macquarie Secutirties, defendeu que isso não irá acontecer a curto prazo porque “o Governo da RAEM ainda está a ver como vai lidar com o assunto”. Já Nelson Rose garante que “todos os governos são gananciosos” e por isso, na óptica do consultor jurídico para a indústria do jogo, é quase certo que o Governo imponha uma taxa de renovação de licença e aumente de impostos.

A questão da renovação da licença também pode ter um impacto sobre os novos projectos criados antes do prazo de 2020-22, como as par-celas de terrenos vazios da Sands e da Galaxy no Cotai e as que a Wynn, MGM e SJM estão à espera de obter. A banca duvida da viabilidade do financiamento. As empresas que gerem os casinos estão confiantes.

“Seria um grande erro deixar a ansiedade de 2020 tornar-se um factor decisivo”, disse Steve Wynn no mês passado. O empresário garantiu que se houvesse alguma hipótese de tudo acabar em 2020 ou 2022 o Governo não teria permitido a construção de mais edifícios.

LICENÇAS DOS CASINOS COMEÇAM A EXPIRAR EM 2020

E depois do adeus?

Vanessa [email protected]

APENAS ontem ao fim do dia o Tribunal de Última Instância (TUI) divulgou o acórdão que julgou

improcedente um recurso por parte do Chefe do Executivo contra Orie-ta Lau, antiga directora das Finan-ças, naquele que ficou conhecido como o “caso das senhas”. Como o Hoje Macau já havia avançado na sua edição de ontem, a decisão foi tomada na sexta-feira e, assim como a Segunda Instância, o TUI deu razão à técnica. No entanto, como fica claro na decisão judicial, o Governo pode ter perdido a ba-talha, mas não a guerra.

O colectivo de juízes do TUI precisou de 158 páginas para expressar os argumentos da sua decisão e, em nenhum momento, ilibou Orieta Lau das infracções a que ia acusada (ver caixa). “Em resultado da instrução, e tendo presente a prova nela produzida, é de concluir que efectivamen-te a arguida praticou os factos constantes da acusação agindo, no mínimo, com negligência, ao permitir a elaboração de mais do que uma acta por dia de reunião, com a consequente duplicação de pagamento de retribuições a si própria e aos restantes membros da CAVM (...)”, lê-se no acórdão.

Se a ex-directora das Finanças é considerada culpada, porque é então que o Governo viu o seu recurso estagnado? Devido ao princípio da proibição da dupla valoração. O Executivo argumenta que a divulgação do caso na praça pública prejudicou a imagem da

Finanças | Orieta Lau ainda não pode respirar de alívio

Caso sem fim à vistaO Chefe do Executivo perdeu mais uma batalha contra Orieta Lau, ex-directora das Finanças, no Tribunal de Última Instância. No entanto, o processo pode estar para durar. Basta o Governo reformular a sua decisão contra a técnica – a suspensão de 90 dias das funções – para começar mais uma ronda de recursos

Administração Pública e o castigo de 90 dias de suspensão já levava em conta esse factor.

No entanto, os juízes conside-ram que “a produção efectiva de resultados prejudiciais ao serviço público já faz parte do tipo de ilícito disciplinar”, ou seja, aquilo que Orieta Lau fez previa por si só uma punição agravada. “Logo, verificou-se dupla valoração da mesma circunstância, o que, por si só, constitui fundamento para anulação do acto administrativo”, escreve o colectivo do TUI.

DEMISSÃO Provado está que a técnica actuou de forma negligente, embora os factos apurados apontariam para a existência de dolo. A agravante de mancha na reputação da Ad-ministração “não sucedia”. Orieta Lau poderia ter tido uma punição mais severa, como determina o artigo 315.º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM). No caso das infracções cometidas, a técnica poderia ter tido a pena de aposentação compulsiva ou de demissão, por ter lesado os inte-resses patrimoniais que lhe cabia administrar, fiscalizar, defender ou

1 Permitir a elaboração de mais de uma acta por dia de reunião da Comissão de Avaliação de Veículos Motorizados (CAVM), com a consequente multiplicação de abonos de retribuições a si própria, no período de 17 de Maio de 2007 a 31 de Dezembro de 2008

2 Permitir a participação simultânea dos membros efectivos e suplentes da CAVM em determinadas reuniões, daí tendo resultado o pagamento de avultadas quantias relativas a retribuições não devidas

3 Prejuízo ao erário público devido ao facto de ter ultrapassado o limite remuneratório anual estabelecido, bem como ter consentido que isso tivesse acontecido em relação a um subordinado

realizar. Ainda assim, o Executivo “decidiu atenuar especialmente a pena (...), aplicando pena de escalão inferior, tendo punido a arguida com a pena de suspensão de funções”.

Neste tópico, o Governo errou. Nos recursos que apresentou, a defesa do Executivo afirmou que as infracções pelas quais a arguida foi punida não foram as do artigo 315.º do ETAPM, mas uma das do artigo 314.º - onde se tipificam infracções a que cabe a pena de suspensão -, pelo que o tribunal considera que se está a sustentar

“uma tese sem nenhum apoio no sistema jurídico”.

O TUI ressalva que não lhe cabe decidir, com o recurso que tinha em mãos, “se a pena aplicada é adequada”, já que estaria a exercer poderes que não lhe pertencem. O que decidiu, no entanto, foi a manu-tenção da decisão antes proferida pela Segunda Instância de que o acto administrativo por parte do Executivo não é válido.

FUTUROApesar da decisão do TUI repre-sentar um duro golpe para o Chefe do Executivo, o processo não deve ficar por aqui. A Administração poderá agora rever a sua punição contra Orieta Lau e aplicar-lhe uma nova sanção, já que o acto anterior caiu por terra. Com a aplicação de um novo castigo – que deverá ser agora inferior aos 90 dias de suspensão -, fica a porta aberta para mais uma ronda de recursos de parte a parte. A ampulheta começará então a contar o tempo a partir da estaca zero.

Quanto recebeu Orieta enquanto directora*

20071.213.776,40 patacas(101.148/mês)

20081.295.563,40 patacas (+81.787 patacas)(107.964/mês)

* Sem contabilizar as senhas de presença, prémio de antiguidade, ajudas de custo e de embarque, livros, encargos de transportes e subsídio de família

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Gonçalo Lobo [email protected]

NUMA altura em que se discute a proposta de lei do Regime de Reserva Financeira, o

Hoje Macau foi auditar as contas do Executivo. Saldo muito positi-vo, no entanto descobrimos que perante depósitos fixos cada vez maiores o resultado das aplicações financeiras são cada vez menores. Urge questionar. Andará o dinhei-ro da RAEM a ser bem aplicado? Aparentemente, não.

De acordo com os relatórios e contas dos sucessivos exercí-cios, desde a transferência da soberania o saldo entre prejuízos e lucros realizados em vendas é muito negativo. Para se ter uma ideia este balanço só é positivo em 2004 e 2009, sendo que não chega para contrabalançar o resultado final de cerca de 700 milhões de patacas de prejuízo em aplicações financeiras.

Especialistas da área econó-mica ouvidos pelo Hoje Macau, confrontados com os relatórios da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), defendem que a gestão da entidade tem sido “um autêntico desastre”, mesmo quando os fundos discricionários se têm revelado positivos. “Ao estudar estes resultados estamos perante dois cenários: tentativa de especulação ou aposta em demasia numa moeda que caiu”, apontou um dos especialistas.

Outro analista revelou que o Executivo da RAEM “não tem sabido potenciar os seus lucros” ao que não estará totalmente alheado o facto de “as taxas de juro estarem extremamente bai-xas quando o peso dos recursos sobe cada vez mais”. Apesar destas justificações, os analistas não compreendem tamanha des-façatez face ao cenário global de crise económica, principalmente nestes últimos dez anos.

“Correram riscos desnecessá-rios. A economia é feita de regras. Quando se compra moeda vende--se ao mesmo tempo. Não há risco nem especulação. Por isso mais difícil se torna arranjar uma justifi-cação para esta situação”, explicou um dos analistas.

Para se ter uma noção, o exercí-cio de 2008 divulgado, como habi-tualmente, pela AMCM em Boletim Oficial mostra um prejuízo de cerca de 600 milhões de patacas em ven-das e quase 400 milhões de saldo negativo em reavaliações. Aliás, a apreciação dos resultados desse ano, apesar dos lucros a outros níveis, mostraram-se desastrosos

Executivo da RAEM perde milhões com operações mal feitas

Aplicações frustradasOs deputados discutem a nova proposta de lei do Regime de Reserva Financeira como forma de dar destino às cerca de 100 mil milhões de patacas em saldos acumulados. No entanto, a gestão das aplicações financeiras da RAEM parecem não estar a ser bem feitas. No deve e no haver, Macau já perdeu cerca de 700 milhões de patacas por apostar no cavalo errado. Em contraponto, os depósitos fixos mantêm-se em alta. Especialistas consideram política financeira “desastrosa”

principalmente ao nível da gestão dos activos.

2010, UM ANO IGUAL A OUTROSO último relatório emitido pelo AMCM referente às contas de 2010 também não mostrou bons resulta-

dos. Comparando com 2009, um ano considerado razoável em todos os patamares, os rendimentos líquidos do investimento das reservas cam-biais totalizaram 1,7 mil milhões patacas em 2010, uma queda de 39,2% em relação ao ano anterior.

Porque os resultados opera-cionais diminuíram 45,2% em 2010, a dotação para provisões foi reduzida em 92,3% para apenas 84 milhões de patacas. De acordo com as explicações da AMCM, apresen-tadas neste último relatório, “entre

as incertezas e instabilidades no mercado financeiro internacional, a constituição de um nível razoável de reservas serve para fazer face a potenciais perdas financeiras resultantes das perturbações imprevistas no mercado” e esta pode ser a grande explicação para a criação do tão falado Regime de Reserva Financeira.

Seja como for, a AMCM não explica nos seus relatórios o porquê de uma aposta falhada nas apli-cações financeiras externas onde teve sempre um alto prejuízo. O ano passado, de acordo com os especialistas ouvidos pelo Hoje Macau, foi considerado como de “desastre cambial”, durante o qual as vendas tiveram um resultado negativo de 86.232.779,73 patacas. “Conclui-se que, durante dez anos, as aplicações têm sido um desastre porque o balanço global é muito negativo”, referiu um analista.

“Em 2010 registou-se também uma diminuição geral das taxas do mercado monetário, dos níveis já bastante reduzidos registados em 2009, resultando numa queda ainda maior nas receitas de juros da carteira líquida das reservas cambiais”, pode ler-se no relatório e contas de 2010, divulgado no mês passado em Boletim Oficial.

A AMCM aponta ainda que, no que se refere à situação cambial, registou-se um retorno mais baixo comparado com 2009 devido ao ligeiro fortalecimento do dólar norte-americano e lembra que “as taxas de juro mantiveram-se a níveis historicamente baixos em todos os mercados durante o ano”.

Em relação ao passivo das con-tas públicas, a AMCM revelou que, no final de 2010, “os depósitos do sector público detidos pela AMCM aumentaram substancialmente 42,5%, passando para 142,7 mil milhões de patacas”, tornando-se a principal componente do passivo da entidade pública que supervi-siona os cofres do território.

Noção de rácio resultados/activos

1999 2002 2007 2008 2009 2010

Activo Total 24,131.6 40,716.4 120,311.9 140,992.5 160,379.7 204,508.2

Resultado do Exercício 127 402.7 2,654.3 1,829.7 2,065.4 2,365

Rácio resultados/activos 0.53% 0.99% 2.21% 1.30% 1.29% 1.16%

(em milhões de patacas)

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

5www.hojemacau.com.mo

MACAU, UM BARCO PARADONo plenário de ontem, José Pereira Coutinho voltou a pedir a cabeça de Florinda Chan e Lau Si Io, e lembrou “a actuação catastrófica” dos dois secretários. “Tem perturbado a performance do Chefe do Executivo, mas, e mais grave ainda, tem-se revelado um enorme obstáculo ao crescimento e desenvolvimento da RAEM.” Pereira Coutinho falou ainda da questão do Metro Ligeiro e mostrou-se desiludido com a contínua falta de respostas claras às suas interpelações por parte dos dois secretários. “O barco não pode ficar parado. Chegou a hora de mudanças sob pena de sermos ultrapassados”, afirmou o deputado. – G.L.P.

ESTUDANTES DE FORA, NEM PENSARAu Kam San considera que anda “um espectro” a pairar pela RAEM. Em tom sempre acutilante, o democrata considerou que dar “autorização para os estudantes estrangeiros trabalharem em Macau é inviável devido a uma característica especial do território”. Para Au Kam San, o Governo “mistura-se” com os empresários, e algumas pessoas pertencem tanto ao Governo como a empresas. O deputado acusou mesmo uma instituição de ensino superior com elevado número de estudantes do exterior de facilitar atribuições de graus académicos. “Trata-se de um negócio que não se encontra em mais nenhum local do mundo, o que é também uma característica de Macau”, ironizou Au Kam San. – G.L.P.

Gonçalo Lobo [email protected]

FOI ontem apresentada, discutida e aprovada na ge-neralidade a proposta de lei “Condicionamento do aces-

so, permanência e prática de jogos nos casinos”. Agora está admitida à especialidade e será entregue a uma das três Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa (AL). Com um voto contra – de José Pereira Coutinho – e sete abstenções, a pro-posta de lei que, entre outras coisas, pretende elevar a idade mínima de acesso aos casinos dos 18 para os 21 anos, foi ontem aprovada perante muitas dúvidas.

“Gostava de saber quantos casos há de entrada de menores de 18 anos nos casinos”, apontou Pereira Coutinho ao o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Os deputados, no geral, estão a favor da proposta de lei que jul-gam necessária mas questionaram uma série de artigos em diversos aspectos, como foi o caso de Lee Chong Cheng. “Porque é que a res-trição é apenas aos casinos? Existe jogo nos cavalos, galgos e apostas

de futebol. Parece-me injusto só restringir os casinos.”

O deputado Fong Chi Keong foi mais longe e protagonizou o momen-to da tarde, colocando o plenário a rir. “A minha sugestão é que se crie uma escola para ensinar as pessoas a jogarem.”

Fong Chi Keong, numa interven-ção emotiva, questionou se haveria “monstros” nos casinos, lembrou que “com 18 anos as pessoas são adultas e autónomas” e sugeriu “alguma discriminação” para com os jovens de Macau. “O Governo deve pensar que os jovens de Macau são uns imaturos”, desabafa acrescentando de seguida: “Há pessoas mais inteli-gentes que outras. Cada um sabe de si. Não podemos limitar os jovens através da lei. Proibir os jovens tão cedo trará problemas mais tarde”.

Francis Tam não descorou as res-ponsabilidades dos jovens da RAEM que considerou terem “vida activa” e saberem “valorizar-se”. No entanto, o secretário vincou a posição do Gover-no e lembrou que o diploma também se aplica para quem quer trabalhar num casino. “Temos de incentivar os jovens a alargar os seus horizontes em relação a empregos futuros. Não

é preciso irem todos trabalhar para um casino.”

Kwan Tsui Hang, uma das que se abstiveram, também levantou dúvidas sobre o articulado da lei. “O documento não regula de forma pormenorizada.” Para a deputada a mostragem de identificação pessoal não pode ser facultativa, outra ques-tão também debatida e, igualmente, defendida por diversos deputados.

O Governo espera com esta pro-posta aperfeiçoar a Lei n.º 16/2001, que regula a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino. “É verificada na lei em vigor a falta de detalhes relativamente às previsões sobre o acesso e a expulsão dos casi-nos, de sanções pelo acto de acesso ilegal e de previsões sobre o destino dos prémios ganhos por indivíduos que entram ilegalmente nos casinos”, referiu Francis Tam.

“Qual o ponto fulcral desta proposta de lei? Para elevar a idade mínima basta uma norma”, retorquiu Lam Heong Sang. Pereira Coutinho também defendeu que não se pode desresponsabilizar os jovens do território. “Todos têm de assumir as suas responsabilidades. Dezoito anos é a maioridade. Tira-se a carta,

pode-se votar (...) Temos de evitar que, no futuro, que as concessionárias venham alegar que têm problemas de recrutamento de trabalhadores.”

Para o Executivo liderado por Fer-nando Chui Sai On, “elevar a idade é uma opção política”, mas Francis Tam garantiu que o Governo “irá colaborar com as concessionárias” e “continuar a ouvir as diferentes opiniões”. “O desenvolvimento do sector do jogo trouxe vários problemas sociais. Estamos muito preocupados com o jogo compulsi-vo”, acrescentou o secretário para a Economia e Finanças.

Tempo ainda para Francis Tam apresentar a proposta de lei inti-tulada “Aprovação do Código Tri-butário” que, segundo o Governo, “pretende construir um regime tribu-tário mais moderno que corresponda ao desenvolvimento económico da RAEM e à reforma contínua da Administração Pública”. A proposta para o código tributário divide este em duas partes: direito tributário material e formal. Vai estar agora em discussão e votado na generalidade no próximo plenário, já que não houve tempo na reunião de ontem para mais “debate”.

Idade de acesso aos casinos suscita dúvidas nos deputados

Mudança (des)necessária, dizem

GOVERNO CRIA COMISSÃO PARA O SECTOR LOGÍSTICOA criação da Comissão para o Desenvolvimento do Sector Logístico foi publicada ontem, através do despacho pelo Chefe do Executivo em Boletim Oficial, com a missão de apoiar o Governo na formulação, divulgação e promoção de políticas, estratégias e medidas de desenvolvimento do sector logístico. O despacho entra hoje em vigor, contemplando pelo menos duas reuniões por ano. O organismo será presidido pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, tendo ainda na sua composição representantes de vários gabinetes.

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

6www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

SERVIÇOS de má qualida-de a preços injustificada-

mente altos e incapacidade de se pôr em sintonia com o desenvolvimento da so-ciedade foram as principais críticas apontadas pelos internautas à tele-operadora CTM num fórum realizado no domingo. Os utilizadores querem que a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) reforce a regulamentação do processo de monitoramento e estabeleça um mecanismo de reclamações.

Sob o mote “Venha e ex-plore o desenvolvimento das telecomunicações e serviços de Internet”, o fórum público foi organizado pela Asso-ciação de Nova Juventude Chinesa de Macau. No papel de oradores convidados esti-veram Sio Weng Weng, chefe da Divisão de Promoção da Concorrência da DSRT; Lam

Virginia [email protected]

DOS 300 candidatos que se apresentaram à última sessão de exames para admissão em estágio de

medicina nos estabelecimentos de saúde públicos, só dois é que foram aprovados. Muitos queixaram-se de que as perguntas eram exage-radamente difíceis. Responsáveis pela avaliação explicam agora que a intenção não era tornar os exames impossíveis, mas apenas seleccionar com mais eficácia os candidatos que são mesmo bons.

Os novos exames públicos para admissão em estágio de medicina, em que as questões de múltipla escolha deram lugar a mais per-guntas de desenvolvimento, foram concebidos sem a intenção directa de elevar a fasquia no nível de dificuldade, assegurou Choi Nim, presidente da Associação dos Médi-cos dos Serviços de Saúde de Macau (AMSSM) e um dos responsáveis pela avaliação. Na verdade, o objec-tivo da introdução de questões mais abrangentes era absorver a nata no padrão de qualidade dos estágios.

Na opinião de Choi Nim, no sistema de múltipla escolha utili-zado anteriormente, as respostas não eram abrangentes e não ser-viam para apurar a flexibilidade dos médicos para lidar com os pacientes. O novo sistema, pelo contrário, além de testar os conhe-cimentos dos candidatos sobre as doenças, avaliar a sua capacidade

INTERNAUTAS CONDENAM ALTOS PREÇOS E MAUS SERVIÇOS DA CTM

TelebofetadaU Tou, vice-presidente da As-sociação Choi In Tong Sam; Iu Veng Ion, comentador político; e Kou Ngon Seng, presidente da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau. As críticas que deixa-ram foram contundentes: as tarifas praticadas pela CTM são de longe mais elevadas do que as das cidades vizi-nhas e é inaceitável para os residentes, sobretudo tendo em conta a fraca qualidade do serviço e as baixas velo-cidades de acesso à Internet verificadas na prática. A manifestação de insatisfação organizada recentemente, com várias pessoas deitadas no chão à frente da CTM, foi recordada.

Kou Ngon Seng referiu que para um serviço de banda larga de 2 megabytes a mensalidade cobrada é de 155 patacas, enquanto na China Continental é de 75 patacas. Para o serviço de banda larga de 100 me-gabytes por fibra óptica, o preço sobe para 788 patacas, quando em Hong Kong por apenas 498 patacas por um serviço dez vezes mais rá-pido. Tudo isto torna muito claro que Macau é o local com a Internet mais cara das redondezas.

A CTM explicou que, num mercado compara-tivamente tão diminuto como o de Macau, é difícil formar o “efeito de esca-

la” que permita oferecer preços tão baixos. Mas a insatisfação dos residentes vai muito além das altas contas. Os altos preços não são mais do que um factor extra de indignação uma vez que são cobrados por serviços de velocida-de relativamente baixa e além disso os empregados da CTM prestam um mau

atendimento, na opinião de alguns Internautas.

Quando terminar o “Contrato de Concessão da Rede Fixa” no final deste ano, o mercado das tele-comunicações será aberto. A Associação de Nova Ju-ventude Chinesa de Macau sugeriu, a respeito das oportunidades oferecidas por um mercado aberto, que o Governo deveria acelerar o desenvolvimento e combi-nar outros serviços relacio-nados, como a franquia para o fornecimento de televisão por cabo. A associação de jovens sublinhou que as ta-rifas e os serviços deveriam ser inspeccionados regu-larmente e um mecanismo

de reclamações deveria ser implementado.

A abertura do mercado e a entrada em funcionamento do mecanismo de concor-rência poderá ter o efeito de incentivar os operadores a melhorar os seus servi-ços e a cobrar tarifas mais razoáveis, a opinião de Sio Weng Weng. O responsável da DSRT mostrou-se muito preocupado com a insatis-fação dos consumidores e empenhado em promover o desenvolvimento das te-lecomunicações de forma a corresponder ao nível das necessidades da sociedade. “O maior castigo para um operador é que deixem de utilizar os seus serviços”, afirmou, acrescentando que a DSRT iria “tomar as rédeas da política de telecomunica-ções e regular determinada legislação para proteger os interesses da população”. - V.L.

Médicos defendem exames para admissão de estagiários super-difíceis

De Dr. House para cimade raciocínio médico, evitando que ganhem pontos por mera sorte. Apurar a qualidade dos médicos estagiários irá permitir, de acor-do com o responsável, acelerar o progresso do treino e coordenar o desenvolvimento da medicina em Macau.

Muitos dos candidatos terão sido prejudicados por não estarem habituados ao tipo de perguntas

apresentado nem ao novo esque-ma de pontuação, de acordo com Chu Lap Man, vice-presidente da Associação Promotora de Saúde de Macau, que sugeriu que o Governo criasse um banco de exames simulados, para dar a oportunidade aos candidatos de se familiarizarem com o tipo de prova. Alguns médicos consideram que o sistema de pontuação subtractiva

por demérito e o tempo apertado para responder a cada uma das questões terão tido algum impacte psicológico sobre os candidatos e a qualidade das respostar.

Representantes da Sociedade Médica de Macau assinalaram que o último exame terá reduzido as oportunidades dos médicos locais para entrarem nos hospitais para estágio clínico, e sugeriram ao Go-

verno que apresentasse propostas relevantes e atempadas antes de organizar os exames. O mecanismo do exame, defendem, tem de ser estabelecido de forma a dar mais tempo para a preparação dos can-didatos. Até porque se os médicos não tiverem a oportunidade de estagiar nos hospitais, provavel-mente passarão a actuar por conta própria, levando à degradação da qualidade médica.

Reduzir a carga de trabalho para manter os talentos pode ser uma solução para evitar a debandada do pessoal dos serviços públicos de saúde. Lei Sut Peng, presidente da Associação Promotora de Enfer-magem de Macau, considera que além de consolidar o mecanismo de preparação prática, o Governo deveria também, através de um sistema de promoção de carreiras, melhorar o ambiente de trabalho, aumentando o bem-estar e benefí-cios e facilitando o acompanhamen-to psicológico dos profissionais para ajudar o pessoal a aliviar a pressão. Incentivar os ex-funcionários refor-mados a trabalhar em “part-time” de forma a reduzir a carga de tra-balho de enfermeiros e não deixar fugir os talentos é outra das ideias apresentadas.

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7www.hojemacau.com.mo

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AUTORIDADE MONETÁRIA DE MACAU

ANÚNCIO

ASSUNTO: LIQUIDAÇÃO DO BANK OF CREDIT AND COMMERCE INTERNATIONAL (OVERSEAS) LIMITED – SUCURSAL DE MACAU

Em cumprimento do despacho do Exmº. Senhor Secretário para a Economia, exarado no uso dos poderes delegados pela Ordem Executiva n.º 121/2009, em 15 de Abril de 2011, na delibe-ração n.º 233/CA, adoptada na sessão de 8 de Abril de 2011 do Conselho de Administração da AMCM, convocam-se todos os actuais credores do Bank of Credit and Commerce Internatio-nal (Overseas) Limited – Sucursal de Macau para solicitarem o pagamento total ou adicional, consoante o caso, dos créditos reconhecidos no âmbito desta liquidação, no período compreendido entre o dia 1 de Junho de 2011 e o dia 29 de Julho de 2011, no R/C do Edifício-Sede da AMCM, sito na Calçada do Gaio números 24-26, em Macau, durante o horário normal de expediente (de segunda a sexta feira, no período da manhã, das 9:30 às 12:30 horas e, no período da tarde, das 14:30 às 17:15 horas).

Para esse efeito, devem os interessados apresentar os documentos que comprovem a existência e reconhecimento dos respectivos créditos (original e 1 cópia de cada documento apresentado) e preencher o modelo de requerimento disponibilizado pelos serviços da AMCM.

Findo o prazo supra fixado todos os créditos não exigidos e prescritos revertem a favor da RAEM.

Autoridade Monetária de Macau, aos 27 de Maio de 2011.

Pel’O Conselho de Administração da AMCM:

O Presidente do Conselho de Administração, Anselmo Teng.

O Administrador, António José Félix Pontes.

O Liquidatário Local, Rui José Cunha.

Virginia [email protected]

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou ter efectuado na sex-ta-feira passada

uma detenção no âmbito da investigação de um homi-cídio no empreendimento Nova City, na Taipa, onde uma mulher foi encontrada morta por estrangulamento com uma toalha e a cabeça cheia de ferimentos, indican-do tortura.

A descoberta do cadáver foi efectuada pelo Corpo de Bombeiros, que alertou a PJ no dia 6 de Junho por volta da meia-noite, de que um corpo tinha sido encontrado num apartamento do condo-mínio Nova City. Segundo a informação apurada, a víti-ma terá sido encontrada com as mãos e pés atados com fios telefónicos e toalhas. Já no local, os agentes da PJ confirmaram que o agressor usou uma toalha para calar a mulher sobre a qual desferiu golpes dos quais resultaram vários ferimentos na cabeça. O exame da perícia concluíu que a morte foi provocada por estrangulamento.

A vítima, de nome Kang, era uma cidadã da Coreia do Sul, de 45 anos, que vivia com outros dois coreanos no apartamento em causa, de onde terão sido roubados 700 mil dólares de Hong Kong em dinheiro. Todos os pertences da vítima terão também desaparecido. Após investigação, a PJ concluiu que o assalto ocorreu por volta das 22h, tendo os dois companheiros de casa da vítima viajado para a Coreia antes do incidente. Os dois tentaram contactar a amiga por volta das 22h, depois de terem saído de casa, mas não conseguiram, tendo pedido ajuda a outros dois amigos que também vivem em Macau para entrarem em contacto com a vítima. Vários amigos foram até ao local e bateram à porta, sem obter resposta. Preocupados, informaram a administração do prédio para encontrar um chaveiro e abrir a porta. Encontraram assim a vítima morta no chão do quarto, avisando de imediato a polícia.

De acordo com os dados recolhidos pela PJ no local,

PJ detém suspeito de homicídio e roubo

A toalha da mortea tese mais forte aponta para um crime de roubo e assassinato ocorrido na sequência de o presumível homicida se ter dado conta de que a vítima se dedicava a uma actividade em que mo-

vimentava grandes somas de dinheiro (intercâmbio de pessoas da Coreia para virem apostar nos casinos de Macau).

Na noite de sexta-feira passada, a PJ efectuou a

CAÇA AO MOSQUITO DO DENGUE COMEÇA ESTA SEMANADevido à probabilidade de propagação da febre dengue em Macau, os Serviços de Saúde planeaiam a realização da segunda pesquisa sobre a proliferação de mosquito nos domicílios a partir de amanhã. Actualmente Macau encontra-se numa época de alto risco de disseminação da febre dengue, e os mosquitos “Aedes albopictus”, que podem transmitir a doença, aparecem com maior incidência nesta altura no território. A pesquisa é apoiada pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, sendo os destinatários famílias escolhidas aleatoriamente. A pesquisa estende-se até 30 de Junho.

detenção de um suspeito num hotel do Cotai. O homem, de nome An e 32 anos, é um desempregado, também coreano, que veio para Macau no início de Junho. A PJ avança que o suspeito será indiciado por crime de homicídio agrava-do e roubo. Apesar da falta de cooperação do suspeito, a Judiciária disse ter em seu poder provas suficientes para o incriminar. A polícia acredita haver ainda um suspeito em fuga e pretende reforçar a investigação.

A PJ esclareceu que, em-bora haja cada vez mais co-reanos a virem para Macau, não existem provas de que haja alguma tríade coreana

a actuar no território e a au-mentar o poder das máfias.

MAIS CRIMESÀ VOLTA DO JOGONa mesma conferência de imprensa, Choi Iat Peng, chefe da PJ, revelou também que na manhã de sábado a PJ recebeu uma denúncia de um homem que teria sido aprisionado, assaltado e espancado. A vítima, um jovem de 24 anos de Henan, trabalhava como “junket” em Macau há um ano, com um grupo de pessoas que presta o mesmo serviço de promoção de jogo nos casinos.

A vítima era suspeita de ter roubado 40 mil dólares de Hong Kong em fichas de casino nas actividades de transacção, pelo que tinha sido demitida das suas fun-ções nesse mesmo dia. Por volta das 2h, o jovem terá sido levado pelos “colegas” e “patrão” que o aprisionaram e espancaram num quarto

de hotel. Os suspeitos terão recuperado da vítima os 40 mil dólares de Hong Kong em fichas. Por volta das 7h, levaram o rapaz até à fronteira e vigiaram-no enquanto este a atravessava para voltar para a China e pôr um ponto final na questão. No entanto, a vítima decidiu que o tratamento de que tinha sido alvo não podia ficar impune, pelo que decidiu regressar a Macau e fazer queixa à PJ, por volta das 10h.

Após investigação, a Ju-diciária efectuou três deten-ções num hotel do Cotai. O três suspeitos, de 32, 28 e 26 anos, todos naturais da China Continental, serão acusados de suspeita de associação criminosa, roubo, agressão à integridade física de tercei-ros, sequestro e intimidação, entre outros, e enviados ao Ministério Público para julgamento. A PJ acredita haver mais suspeitos a monte pelo que pretende reforçar a investigação.

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8www.hojemacau.com.mo vida

NO espaço de um ano, mais 13 espécies de

aves entraram para a Lista Vermelha das espécies ame-açadas, que este ano totaliza 1253, em todo o mundo, re-velam a União Internacional para a Conservação (UICN) e a federação Birdlife Inter-national. As 1253 espécies representam 13% de todas as espécies de aves conhe-cidas, de momento, para a comunidade científica.

“Esta é uma tendência perturbadora”, conside-rou esta terça-feira Jean--Christophe Vié, director do Programa Global de Espécies da UICN, em comunicado. “As aves são como uma janela para o resto da natureza. São indicadores muito úteis da saúde dos ecossistemas: se estão mal, então também está mal a vida selvagem de uma forma geral”, co-mentou Stuart Butchart, responsável da Birdlife Internacional, que ajudou a compilar a informação para a Lista Vermelha das Aves.

As aves de grande porte

A primeira década deste século foi “devastadora” para os mares,

denuncia hoje, Dia Mundial dos Oceanos, uma organização interna-cional. Nesses dez anos, 70 milhões de toneladas de peixe foram deita-das fora e apenas um por cento das espécies marinhas em extinção tem planos de conservação.

Se não forem tomadas acções de-cisivas a curto prazo, “os danos serão irreversíveis”, alerta a Oceana, organi-zação internacional para a conservação da vida marinha, em comunicado.

“Não há no mundo uma única população de peixe gerida de for-ma responsável”, lamenta Ricardo Aguillar, director de investigação da Oceana para a Europa. A situação é especialmente grave para os tubarões mediterrânicos, cujas populações têm “sido reduzidas até 99% em relação às populações do século XX”.

A organização lamenta o pouco que se tem feito para proteger os oce-anos, afectados “pela contaminação e alterações climáticas”, mas também pela sobre-exploração pesqueira.

A Harbin Pharmaceutical Group, uma das maiores farmacêuticas da China, pediu desculpas publica-

mente pela poluição severa causada pelas suas fábricas. “A nossa em-presa está aberta a qualquer tipo de penalidades pelo nosso desacato ao ambiente local”, disse Wu Zhijun, presidente da Harbin, numa carta aberta ontem divulgada.

O executivo afirmou ainda que a empresa assume, “sem receios”, a responsabilidade da poluição e definiu de impagável o sofrimento que causou os residentes da cidade de Heilongjoang, na província de Harbin. Pessoas que vivem nas pro-ximidades da fábrica queixaram-se de que nem sequer podiam respirar devido ao forte odor no ar. A popu-lação estava sedenta por vingança, mas o pedido de desculpas da far-macêutica acalmou os ânimos, mas não será por muito tempo.

“O pedido de desculpas é um cliché. É apenas um ‘show off’ para acalmar os ânimos”, acredita Tian Jia-wei, médico num hospital próximo da fábrica. Tian, que vive na zona há mais de 30 anos, afirmou ser teste-munha do crescimento da poluição na mesma proporção do aumento de população na área – e com ela, universidades, hospitais e inúmeros complexos residenciais. “O cheiro

Planetaem números

2030

DEITADAS FORA 70 MILHÕES DE TONELADAS DE PEIXE NA ÚLTIMA DÉCADA

Do mar para o lixoLISTA VERMELHA PARA AS AVES COLOCA 1253 ESPÉCIES À BEIRA DA EXTINÇÃO

13% em risco de desaparecer de vez

é o ano em que o Parque Natural de Glaciares, nos Estados Unidos, vai deixar de ter esse nome devido a extinção por completo dos glaciares, segundo dados de uma pesquisa geológica norte-americana.

Para alterar o cenário, a or-ganização defende a redução do consumo de determinadas espécies, como o atum rabilho ou a pescada mediterrânica, e a criação de áreas marinhas protegidas. Em Portugal, um quarto da costa do Continente já é área marinha protegida, depois da regulamentação do Parque Marinho do Sudoeste Alentejano e Costa Vi-centina, disse o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, à

agência Lusa. “Portugal está hoje no mapa como um dos países que tem áreas marinhas protegidas em alto mar, inclusive na sua zona de expansão da plataforma continental, de grande expressão”.

são das mais ameaçadas. À lista surge a grande abe-tarda indiana (“Ardeotis nigriceps”), que passou da categoria Em Perigo para Criticamente em Perigo, o nível de ameaça mais ele-vado. Hoje estima-se que existam apenas no mundo 250 indivíduos, por causa da caça, perturbação e perda e fragmentação de habitat.

Esta abetarda, com um me-tro de altura e 15 quilos, já chegou a distribuir-se por toda a Índia e Paquistão; hoje está limitada a frag-mentos isolados de habitat.

“Num mundo cada vez mais populoso, as espé-cies que precisam de mais espaço, como a grande abetarda indiana, estão a perder terreno. No entanto,

Farmacêutica chinesa faz retratação pública devido a poluição

Ops, desculpem o mau cheiro

repugnante dos resíduos conseguia acordar as pessoas à noite”, referiu.

Segundo o médico, as fábricas começaram a emitir mais resíduos tó-xicos nas últimas décadas devido ao aumento dos seus rendimentos. Tian,

que também é membro conselheiro do comité político de Heilongjiang, aponta que apresentou queixas ao Governo local três vezes. “Tenho estado a apelar para o enceramento imediato ou revogação fábrica para

o bem dos residentes, mas ainda não consegui nada.”

Uma outra residente residente, de apelido Wang, que mora no edifício adjacente à fábrica revelou ter per-dido as contas de quantas vezes en-

dereçou cartas às autoridades locais para que verificassem o problema. “Nada foi feito e continuamos a ser envenenados”, sublinha.

Na carta de desculpas, a Harbin referiu que ao longo dos anos tem tentado controlar melhor os seus equipamentos de forma a serem menos poluentes e que está a traba-lhar num plano de longo prazo para converter o problema. Por agora, a produção dos medicamentos – a fá-brica produz antibióticos – que terão causado o mau cheiro está suspensa. A Harbin garante que já investiu 1,43 milhões de yuans num sistema de tratamento de resíduos tóxicos, que entrará em funcionamento ainda esta semana.

Wu Zhijun comprometeu-se a investir 70 milhões de yuans em questões ambientais até ao fim deste ano. No entanto, esse mon-tante corresponde a uma pequena fracção dis mais de 500 milhões de yuans que o grupo pretende investir em publicidade acerca dos seus remédios.

AGÊNCIA DE CONTROLO DE INUNDAÇÕES LANÇA ALERTA PARA A REGIÃO DO RIO YANGTZÉA agência chinesa de controlo de inundações ordenou ontem às autoridades locais para estarem preparadas para mais cheias dado serem esperadas para esta semana chuvas na região do rio Yangtzé. As inundações no centro e sul da China já provocaram este ano, pelo menos, 94 mortos e 78 desaparecidos. A agência oficial chinesa, a Xinhua, revelou serem esperadas fortes chuvas no curso médio e baixo do rio Yangtzé até amanhã. O centro de controlo de inundações e seca referiu que o nível das águas nos principais rios do país está a cerca de um metro abaixo da linha de perigo depois das chuvas torrenciais que no fim de semana atingiram o sudeste do país.

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O ritmo no qual os hu-manos empurram as

espécies de plantas e animais para a extinção através da destruição do seu habitat é duas vezes menos lento do que se acreditava, revelou um estudo publicado ontem pela revista britânica “Na-ture”, conceituada no meio científico. De acordo com a informação, a biodiversidade da Terra continua a diminuir devido à desflorestação, às mudanças climáticas, à supe-rexploração e ao lançamento de produtos químicos em rios e oceanos.

“Há evidências de que os humanos realmente estão a provocar taxas de extinção extremas”, disse um dos au-tores, Stephen Hubbell, pro-fessor de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA). Mas importantes me-dições para perdas de espé-cies divulgadas em 2005 pela Avaliação de Ecossistemas do Milénio, das Nações Unidas, e pelo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), em 2007, baseiam-se em métodos “fundamentalmente falhos”

Clickecológico

LISTA VERMELHA PARA AS AVES COLOCA 1253 ESPÉCIES À BEIRA DA EXTINÇÃO

13% em risco de desaparecer de vezEsta abetarda, com um me-tro de altura e 15 quilos, já chegou a distribuir-se por toda a Índia e Paquistão; hoje está limitada a frag-mentos isolados de habitat.

“Num mundo cada vez mais populoso, as espé-cies que precisam de mais espaço, como a grande abetarda indiana, estão a perder terreno. No entanto,

somos nós quem vai perder a longo prazo, à medida que desaparecem os serviços que a natureza oferece”, comentou Leon Bennun, da Birdlife International.

Mas nem tudo são más notícias e a actualização feita este ano dá conta dos progressos de alguns projectos de conservação que conseguiram fazer a

diferença. O pombo-trocaz, ou pombo da Madeira (“Co-lumba trocaz”), é uma das espécies referidas, graças aos trabalhos de recupera-ção dos habitats. De acor-do com o Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005), a população da espécie, endémica daquele arquipélago, “decresceu à medida que o seu habitat foi sendo destruído”. Em 2003 estimava-se a sua população em 7000 indivíduos. O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal considera a “caça e o envenenamento continuado, devido aos estragos que causa nos campos agrícolas” como os principais factores de ameaça. A espécie tem be-neficiado da protecção dada à floresta laurissilva, Patri-mónio Mundial Natural da Humanidade, e de medidas de gestão no terreno.

O ABATE

• Esta fotografia mostra uma clareira na floresta da ilha de Sumatra. O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, assinou um decreto em Maio que impõe uma moratória de dois anos a novas licenças para abate de florestas primárias.

Farmacêutica chinesa faz retratação pública devido a poluição

Ops, desculpem o mau cheiroESTUDO QUESTIONA DADOS INTERNACIONAIS SOBRE EXTINÇÃO DE ESPÉCIES

Afinal, o homem não é assim tão mau

que exageram o risco de extinção, disseram os pes-quisadores.

A “lista vermelha” de espécies ameaçadas da IUCN (sigla em inglês para União Internacional para a Preser-vação da Natureza), outra referência para tomadores de decisões, também é passível

de revisão, afirmou. “Basea-dos em provas matemáticas e dados empíricos, demons-tramos que as estimativas anteriores deveriam ser divi-didas aproximadamente por 2,5”, disse Hubbell. “É uma boa notícia saber que temos algum tempo para salvar espécies. Mas não é uma boa

notícia porque precisamos refazer um grande volume de pesquisas que foram feitas in-correctamente”, acrescentou.

DIFERENÇASAté agora, os cientistas afirmavam que as espécies desaparecem a um ritmo de cem a mil vezes, a chamada

“taxa de referência” - taxa média de extinções ao lon-go da história da vida na Terra. Relatórios da ONU têm alertado que estas taxas serão multiplicadas por dez nos próximos séculos. E o novo estudo questiona es-sas estimativas. “O método precisa ser revisto. Não está correcto”, disse Hubbell.

A pergunta que se faz é por que a ciência errou por tanto tempo? Como é difícil medir directamente taxas de extinção, os cientistas usam uma abordagem indi-recta denominada “relação espécie-área”.

Este método começa com o número de espécies encon-tradas numa dada área e, então, são feitas estimativas de como este número au-menta à medida que a área se expande. Para descobrir quantas espécies permane-cerão quando a quantidade de terra disponível diminuir, devido à perda de habitat, os

cientistas simplesmente rever-tem os cálculos. Mas o estudo, co-assinado por Fangliang He, da Universidade Sun Yat-sen, em Cantão (China), demonstra que a área exigida para remo-ver toda a população é sempre maior - normalmente muito maior - do que a área necessá-ria para se fazer contacto com uma espécie pela primeira vez.

“Não se pode simplesmen-te reverter o processo para cal-cular quantas espécies devem permanecer quando a área for reduzida”, disse Hubbell. Contudo, isto é precisamente o que os cientistas têm feito por quase 30 anos, evidenciando uma discrepância gritante en-tre o que os modelos previram e o que foi observado na terra ou na água.

A acção do homem é a principal causa de extinção de espécies. Apenas 20% das florestas ainda se encontram em estado selvagem e quase 40% das terras livres não con-geladas do planeta são usadas na agricultura. Acredita-se que três quartos de todas as espécies vivam em florestas tropicais, como a Amazónica, que também passam por pro-cessos de degradação.

AGÊNCIA DE CONTROLO DE INUNDAÇÕES LANÇA ALERTA PARA A REGIÃO DO RIO YANGTZÉA agência chinesa de controlo de inundações ordenou ontem às autoridades locais para estarem preparadas para mais cheias dado serem esperadas para esta semana chuvas na região do rio Yangtzé. As inundações no centro e sul da China já provocaram este ano, pelo menos, 94 mortos e 78 desaparecidos. A agência oficial chinesa, a Xinhua, revelou serem esperadas fortes chuvas no curso médio e baixo do rio Yangtzé até amanhã. O centro de controlo de inundações e seca referiu que o nível das águas nos principais rios do país está a cerca de um metro abaixo da linha de perigo depois das chuvas torrenciais que no fim de semana atingiram o sudeste do país.

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10www.hojemacau.com.mo CULTURA

O magnata das comunicações Rupert Murdo-ch, proprietário do conglomerado News-

Corp, que controla os estúdios Fox de Hollywood, afirmou em discurso no Festival Internacional de Cinema de Xangai que a China é o mercado cinematográfico mais atraente do mundo. Em declarações publicadas ontem pelo jornal oficial “Shanghai Daily”, o australiano naturalizado americano chegou a dizer que “não há um mer-cado cinematográfico mais atraente no mundo todo”, já que os lucros em bilheteira “crescem a um ritmo de mais de 40% por ano”.

No ano passado, os lucros em bilheteira au-mentaram 64% na China, superando a casa dos 10 biliões de yuans e foram construídos em todo o país 313 novos cinemas, com 1533 novas salas.

Isso significa que, actualmente, há cerca de 6200 salas de cinema em toda a China, mas já há tantas previstas para serem construídas para se atingir as 20 mil salas nos próximos cinco anos.

Durante o debate que participou junto a outros produtores internacionais e chineses, entre eles a sua própria mulher, Wendi Deng, Murdoch apoiou uma maior abertura do mercado chinês às produções cinematográficas estrangeiras. A

China, actualmente, limita em 20 o número de filmes de outros países que podem ser exibidos anualmente nas salas de cinema nacionais. Pra-ticamente todos eles costumam ser produções de Hollywood, após serem submetidos à censura e à aprovação de uma só entidade estatal, o Grupo Cinematográfico da China.

Murdoch assinalou que esse limite às pro-duções estrangeiras estimula a pirataria, um mercado ilegal bastante comum na China. “Isso apresenta desafios significativos”, disse o mag-nata. “No longo prazo, a única coisa que limitará é a oportunidade de a China aumentar o seu mercado de cinema”, acrescentou. “O mercado das salas de cinema da China está a tentar crescer. É fundamental encher os cinemas com mais filmes locais, bem como com mais filmes importados de outros países”.

A mulher de Murdoch, Wendi Deng, america-na de origem chinesa, não perdeu a oportunidade de promover novamente o filme que acaba de produzir, “Snow Flower and the Secret Fan”, exibido na China pelos seus baixos custos de produção, protagonizado pelo americano Hugh Jackman e pela chinesa Li Bingbing. “Gostaria

de trazer mais veteranos de Hollywood para que cooperassem com profissionais chineses”, anunciou Deng, referindo-se ao seu filme. “A co-produção é uma boa maneira de o cinema chinês aumentar a sua influência internacional”.

Ren Zhonglun, presidente da Corporação Grupo Cinematográfico de Xangai, e também co-produtor do filme de Deng, anunciou que a entidade chinesa deve participar de até quatro co--produções com empresas estrangeiras neste ano.

Já Thomas Tull, presidente da produtora americana Legendary Entertainment, disse que fechou um acordo com a corporação chinesa Huayi Brothers, uma das grandes empresas do sector na China, para criar uma companhia mista, Legendary East, produtora de cinema e televisão em inglês com sede em Hong Kong.

MAGNATA MURDOCH DIZ QUE NEGÓCIOS NA CHINA SÃO OS MAIS ATRAENTES DO MUNDO

Não há nada como o mercado chinês

Filipa [email protected]

DESDE 2003 que o Instituto Internacional de Macau (IIM) tem vindo a atribuir o Prémio Identidade Ma-

caense a instituições e indivíduos que tenham feito algo significativo pela preservação da memória e identidade macaense. No ano pas-sado, o instituto distinguiu a União Americana Macaense (UMA), em reconhecimento da obra realizada em prol da defesa dos valores culturais de Macau e do papel desenvolvido no estabelecimento de uma identidade nos meios anglófonos da Diáspora Macaense.

Este ano o galardão foi repartido por dois projectos que representam a comunidade num formato inédito.

Prémio Identidade do Instituto Internacional distingue dois websites

Memória online premiadaO Instituto Internacional de Macau atribuiu pela primeira vez o Prémio Identidade a dois projectos virtuais – as páginas electrónicas “Macanese Families” e “Projecto Memória Macaense”

São páginas electrónicas dedicadas à memória de Macau e sua gente - o “Projecto Memória Macaense”, criado por Rogério da Luz, e o site “Macanese Families”, do professor Henrique d’Assumpção. “Achámos que eram dois projectos de grande interesse para perpetuar a memória e identidade macaenses”, disse o secretário-geral do IIM, Rufino Ra-mos. “Tanto podia ser um site como outra coisa qualquer, mas claro que é representativo da evolução dos tempos, hoje em dia os meios tecno-

lógicos permitem outras formas de divulgação e comunicação.”

As páginas electrónicas vence-doras têm o território em comum mas são distintas entre si, o que as torna de certa forma complementa-res. “Uma só seria incompleta sem a outra”, explica Rufino Ramos.

VENCEDORES EX-AEQUOO “Projecto Memória Macaense” (PPM), alojado no endereço www.memoriamacaense.org/projec-tomemoriamacaense, acaba de

completar oito anos de existência. Criado no dia 5 de Junho de 2003, “está na Internet para falar de Ma-cau e dizer que existe uma gente chamada macaense, fruto da pre-sença portuguesa por cerca de 420 anos no Sul da China”, como se lê na recentemente renovada página principal do portal. “Sem vocês, conterrâneos, amigos e visitantes anónimos, o PMM não teria com-pletado oito anos”, escreve o autor Rogério Passos Dias da Luz, que emigrou ainda jovem para o Brasil.

O PPM foi um dos primeiros projectos especialmente dedicado a Macau a ser colocado no espaço cibernético, tratando-se de uma iniciativa pessoal e independente que tem por objectivo falar e mostrar imagens da Macau com o qual se identifica. A Macau das suas origens, da sua formação e vivência familiar, os tempos de escola e das amizades.

“Seguir em frente, sem olhar o passado, é matar as raízes que sus-tentariam a eternidade de um povo. É o que a gente macaense não deseja, quer ver a sua existência estendida, não quer ser um povo em fase de ex-tinção”, prossegue Rogério da Luz. A página electrónica é alimentada com testemunhos e fotografias antigas e recentes enviadas por utilizadores. “É um projecto mais afectivo e sen-timental, constituído pelas memórias das pessoas e servindo de instrumen-to para manter ligados os macaenses disseminados pelos quatro cantos do mundo”, explicou Rufino Ramos.

A página digital “Macanese Families” (www.macanesefamilies.com) começou a ser congeminada em 1997, a partir da obra “Famílias Macaenses” (1996), de Jorge Forjaz. Criada pelo professor Henrique António d’Assumpção, residente na Austrália, “é diferente, mais baseada em documentos históricos, coisas de grande interesse porque têm valor histórico”, como descreve o respon-sável do IIM. O site foi apresentado oficialmente pelo próprio autor no último Encontro das Comunidades Macaenses, em Novembro, e inclui a genealogia das famílias macaenses bem como informações variadas de natureza cultural e histórica, contan-do com artigos sobre a história dos macaenses, cultura, culinária, patuá, música e ligações a outras páginas electrónicas de interesse.

O sistema foi concebido de modo a permitir a actualização do registo das famílias macaenses, desde que a informação chegue ao administrador do projecto. “O projecto relaciona as pessoas que têm ligações familiares, por muito distantes que sejam”, sa-lienta Rufino Ramos. “Tem muitas coisas de interesse que as pessoas podem não saber.”

Para o futuro, Rufino Ramos admite que outros formatos podem ser válidos para receber o Prémio Identidade. “Pode ser tanta coisa, pode ser música por exemplo, desde que seja algo que consiga congregar a comunidade.”

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

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UMA história real e muito próxima de William Shakespeare poderá ter inspira-

do o dramaturgo no final trágico de Ofélia em “Hamlet”. Um historiador britânico garante ter descoberto documentos que provam que o final triste da personagem aconteceu também na vida real.

Steven Gunn, professor na Universidade de Oxford, descobriu o relatório da autópsia de uma inglesa Jane Shaxspere, possivel-mente uma prima de Shakespeare, que se afogou em 1569. Jane Shaxspere tinha dois anos e meio e estava a apanhar flores junto a uma barragem e acabou por cair à água, perto de Stratford upon Avon.

Uma história em tudo semelhante à de Ofélia, em Hamlet, que também morre afo-gada depois de cair ao rio, como explicou à BBC Gunn, que, com outros académicos, faz parte de um projecto de investigação de quatro anos da Universidade de Oxford sobre as possíveis fontes de inspiração de William Shakespeare. Para isso, os investigadores estão a estudar os relatórios das autópsias do século XVI e que, como este, se podem revelar significantes para entender o trabalho do escritor e dramaturgo.

Apesar de Shakespeare ter apenas cinco anos quando a tragédia aconteceu e ter escrito “Hamlet” cerca de 40 anos depois, Steven

Gunn tem a certeza que a morte de Jane influenciou a história de Ofélia. “Ela morreu muito perto da terra natal de Shakespeare, ele deve ter ouvido a sua história várias vezes”, disse Steven Gunn à BBC.

“Mesmo que Jane Shaxspere não estivesse relacionada com o dramaturgo, o eco desta história deve ter perdurado na sua mente e este foi um episódio do qual ele, de certeza, se lembrou quando escrevia a morte de Ofélia”, acrescentou Emma Smith, do departamento de Inglês da Universidade de Oxford, expli-cando que estas situações são normais. “As inspirações destes trabalhos têm por base o dia-a-dia, o mundano e os detalhes da vida doméstica.”

As inspirações dos trabalhos de Shakes-peare têm sido muito investigadas, existindo já vários estudos em relação às suas persona-gens e histórias. Em relação a Ofélia de “Ha-mlet”, que já inspirou vários pintores como John Everett Millais, há outra forte teoria que explica que Shakespeare se inspirou na morte de Katharine Hamlet, dez anos depois, em 1579, também afogada no rio Avon, perto de Stratford upon Avon.

Este projecto de investigação foi finan-ciado pelo Economic and Social Research Council e consultou cerca de 9000 relatórios de autópsias da época.

A justiça chilena vai investigar a morte de Pablo Neruda, dando seguimento

a um processo apresentado pelo Partido Comunista do Chile. O poeta, Nobel da Literatura em 1971, tinha cancro e estava hospitaliza-do, mas passados 37 anos há quem defenda que foi assassinado.

Neruda morreu em 1973, doze dias após o golpe mi-litar que depôs o presidente Salvador Allende e deu início à ditadura do general Augusto Pinochet, a 11 de Setembro. Sofria de cancro na próstata, e até agora essa tem sido apontada como a causa da sua morte. Mas como há quem conteste essa versão, o juiz Mário Carroza aceitou o pedido do PC chileno apresentado esta semana para que o caso seja investigado.

Carroza já tem em mãos o processo sobre a morte de

Depois de Allende, o Nobel da Literatura tem a sua morte investigada

O triste fim de Pablo Neruda

HISTORIADOR BRITÂNICO DESCOBREDOCUMENTOS QUE LIGAM ROMANCE A VIDA REAL

A verdadeira históriada Ofélia de Shakespeare

Salvador Allende, e outros 700 casos de vítimas da ditadura de Pinochet que nunca passaram pelos tribu-

nais. E se quanto ao antigo Presidente chileno está a ser investigado se se suicidou no dia do golpe no Palácio de La

Moneda, como acreditam os familiares e outras testemu-nhas, ou se foi morto pelos militares, no caso de Neruda a dúvida é outra: morreu de doença ou foi assassinado no hospital?

Um antigo motorista do mais célebre poeta e escri-tor chileno, Manuel Araya Osorio, defendeu numa entrevista à revista mexicana “Proceso” que este terá sido assassinado com uma injec-ção letal dada por um médi-co. O embaixador mexicano Gonzalo Martinez Corbalá também diz que esteve com Neruda na véspera da morte e garante que este “podia conversar tranquilamente e caminhava sem problemas”,

adianta o diário espanhol “El Mundo”. Neruda estaria, ali-ás, a preparar-se para viajar para o México, e o seu exílio “teria sido algo muito difícil para o regime” de Pinochet, diz Corbalá.

Perante estas dúvidas, o dirigente do PC chileno Guillermo Teiller conside-rou que “há o dever moral de investigar” e apresentou um pedido nesse sentido, que hoje foi aceite pelo juiz Carroza.

Os relatos oficiais sobre a morte de Neruda, aceites pela família, apontam para um agravamento do seu estado de saúde. Estava in-ternado na clínica de Santa Maria em Santiago, tinha

visto morrer há poucos dias o seu amigo Allende. Mas o que o seu antigo motorista veio agora dizer é que ele lhe confidenciou que estava preocupado com uma “mis-teriosa injecção” que um médico da clínica lhe dera a meio da noite.

Carroza já pediu para ter acesso ao boletim clínico de Neruda e aos exames de controlo que fez na Clínica Alemã de Santiago. Pediu a certidão de óbito e ordenou à polícia de investigação chilena que reúna toda a informação sobre o caso. Tal como aconteceu no caso de Allende, é também possível que seja pedida uma exuma-ção do cadáver.

TIBETE CRIA CENTRO DE PROTECÇÃO DO PATRIMÓNIO IMATERIALFoi criado agora em Lhasa, capital da província do Tibete, o centro de protecção do património imaterial da Região Autónoma. Desde 2005, a China e a região destinaram mais de 40 milhões de yuans à protecção dos seus patrimónios imateriais, possibilitando a preservação eficaz de diversas relíquias culturais chinesas. O Tibete tem 76 projectos de património imaterial de carácter nacional.

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

FÓRMULA 1 | NIKI LAUDACRITICA LEWIS HAMILTON O austríaco Niki Lauda, ex-tricampeão mundial de Fórmula 1, teceu duras críticas ao comportamento de Lewis Hamilton no Grande Prémio do Canadá. Em declarações à estação de televisão alemã RTL, Lauda afirmou que o comportamento do piloto inglês “ultrapassa todos os limites” e defendeu uma punição por parte da Federação Internacional do Automóvel (FIA) ao piloto da McLaren: “Se a FIA não o penalizar, deixo de compreender esta competição. Não se pode pilotar assim, alguém pode morrer.” Hamilton abandonou a prova canadiana após um acidente com Jenson Button, colega de equipa e o austríaco acusa o inglês de ser “completamente louco”.

FUTEBOL CHINÊS | JAIMECAI PARA SEGUNDO

O Beijing Guo’ A n, treinado pelo português Jaime Pacheco, desceu hoje para o segundo lugar da Liga chinesa de futebol, depois de o Guangzhou, seu principal “rival”, ter ganho ontem ao Tianjin por 1-0. O Beijing Guo’ A n empatou no sábado

frente ao Henan e no final da 10.ª jornada, concluída ontem, soma 21 pontos, menos um que o Guangzhou. A equipa treinada por Jaime Pacheco permanece, contudo, a mais goleadora da prova, com 21 golos, e tem dois jogadores, ambos estrangeiros, entre os quatro melhores marcadores da temporada. Jaime Pacheco começou há seis meses a treinar o Beijing Guo’ A n, um dos mais prestigiados clubes da China, fundado em 1992, quando a profissionalização do futebol foi autorizada, e em 2009 sagrou-se campeão. Na última temporada, o Beijing Guo’A n ficou em quinto lugar e, entretanto, a perdeu quatro dos seus melhores jogadores.

OLÍMPICOS | HIROSHIMA RETIRA CANDIDATURA PARA 2020 A cidade japonesa de Hiroshima retirou formalmente a candidatura a sede olímpica em 2020, numa edição dos Jogos que seria dedicada ao desarmamento nuclear, alegando dificuldades financeiras. O presidente da câmara, Kazumi Matsui, informou ontem o presidente do Comité Olímpico Japonês, Tsunekazu Takeda, que Hiroshima renunciava ao projecto devido a problemas orçamentais, uma vez que a cidade enfrenta ainda uma dívida elevada relacionada com a organização dos Jogos Asiáticos de 1994. A ideia da candidatura de Hiroshima partiu do antecessor de Matsui, Tadatoshi Akiba, depois de Tóquio ter perdido, em 2009, a “corrida” pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro. A ideia inicial previa que Hiroshima apresenta-se uma candidatura conjunta com Nagasaki, uma vez que as duas cidades foram vítimas das bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos sobre o Japão na II Guerra Mundial. A ideia acabaria por ser abandonada devido ao cepticismo dos membros do Comité Olímpico Internacional virem a aceitar uma candidatura conjunta, tendo Nagasaki optado por retirar-se do projecto.

Marco [email protected]

A selecção de futebol de Macau foi à vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong derrotar a

selecção anfitriã pela margem míni-ma, em partida a contar para a sexa-gésima sétima edição do tradicional Interport entre a antiga possessão lusa e a antiga colónia britânica.

O embate, que atraiu pouco mais de meia centena de espectadores às bancadas do estádio de Mong Kok, colocou frente a frente uma selecção do Lótus na máxima força e um onze de Hong Kong constituído por segundas escolhas. A Associa-ção de Futebol da vizinha RAEHK optou por dar uma oportunidade à selecção de Sub-21 para mostrar o seu valor frente a uma formação te-oricamente mais forte, mas a aposta acabou por não colher os resultados desejados, graças a um tento solitá-rio de Nicholas Torrão, apontado na recta final da primeira parte.

Leung Sui Wing não abriu mão das principais referências do futebol do território e a opção traduziu-se dentro de campo por uma equipa voltada para o ataque, com uma postura e um inconformismo pouco habituais no emblema do Lótus.

Seis minutos bastaram para que o onze do território se abeirasse do golo, num lance com a chancela do macaense Herculano Monteiro Soares. O dianteiro do Grupo Des-portivo da Polícia de Segurança Pública aproveitou um erro da defensiva adversária e rematou forte de pé esquerdo, para uma defesa segura do guarda-redes de Hong Kong, Chiu Yu Ming.

A resposta da formação da casa

Futebol | Golo de Nicholas Torrão derrota Hong Kong

Uma vitória rara

materializou-se sete minutos de-pois, com Kot Choi Wai a responder com um remate fraco a um bom cruzamento de Chan Cham Hei. A jogada arrancou um aplauso aos poucos adeptos presentes no está-dio, mas quase não criou percalços ao guardião da formação do Lótus, Leong Chong Kit.

Aos vinte minutos, a linha avançada da selecção do território

voltou a semear o pânico no últi-mo reduto da selecção adversária, na sequência de um pontapé de canto. De ressalto em ressalto, a bola acabou por sobrar para Paulo Cheang, mas o médio do Monte Carlo falhou o entrosamento com a bola e o remate acabou por passar ao lado da baliza da formação da antiga colónia britânica.

Macau farejava o golo e aos

39 minutos foi a vez de Nicholas Torrão atemorizar a defensiva adversária, com um cabeceamento tecnicamente perfeito, que só não resultou em golo porque Chiu Yu Ming voltou a dissipar o perigo com uma grande, grande defesa.

O golo estava, no entanto, prometido e acabaria por se ma-terializar pouco depois. Na sua segunda tentativa, Nicholas Torrão

não defraudou e aproveitou nova distracção por parte da jovem defesa de Hong Kong para inaugurar o marcador.

O atleta do Ka I foi uma das principais figuras da partida e esteve perto de marcar o segundo golo do onze do Lótus à passagem do sexagésimo quinto minuto, na sequência de um bom cruzamento de Leong Ka Hang. Torrão respon-deu à iniciativa do companheiro de equipa com um cabeceamento poderosíssimo, mas a bola acabou por embater com estrondo no ferro da baliza do conjunto da casa.

Tímida na resposta, a selecção de Hong Kong só aos 69 minutos consegue esboçar uma reacção, com Li Shu Ieung a esboçar um remate forte, que acabou por falhar o enquadramento com a baliza à guarda de Leong Cheong Kit.

Aos setenta e cinco minutos, a baliza da RAEHK voltou a negar o segundo golo à formação do territó-rio. Depois de levar a melhor sobre meia defesa adversária e apenas com o guarda-redes Chiu Yu Ming pela frente, Leong Ka Hang rematou em jeito para o que teria sido um grande golo, não fosse a barra da baliza da formação da casa repelir a tentativa do jovem avançado da Selecção de Sub-23 que disputa a edição inaugural da Liga de Elite. A última tentativa da partida perten-ceu a Geofredo de Sousa. O capitão da selecção da RAEM esteve perto do golo aos 83 minutos, na cobrança exímia de um livre directo.

O marcador não havia de vol-tar a sofrer alterações, mas o golo apontado por Nicholas Torrão revelou-se suficiente para conduzir Macau a uma vitória rara. A selec-ção do território já não vencia em Hong Kong há quase duas décadas.

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[Tele]visão23:00 Omloop Het Nieuwsblad

STAR SPORTS 3113:00 (Delay) FIM Mx1 World Motocross Championship 2011 - Races Grand Prix of Portugal 14:00 (Delay) FIM Mx2 World Motocross Championship 2011 - Races Grand Prix of Portugal 15:00 Engine Block 2011 15:30 MotoGP World Championship 2011 - Main Race British Grand Prix19:00 Wimbledon Official Film 200820:00 ATP - Aegon Championships Final 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 World of Gymnastics 2011 22:30 Golf Focus 2011 23:00 US Open Championship Official Film 2010 STAR MOVIES 4011:05 The Net13:05 Vip Access13:35 Over The Top15:15 Snake Eyes17:00 The Incredibles19:00 There’S Something About Mary21:00 Walk Hard: The Dewey Cox Story22:40 From Paris With Love00:15 Bad Boys

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(MCTV 54) History Channel00:00 BRAD MELTZER’S DECODED Informação Macau Cable TV

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14:20 Lonely Planet: Roads Less Travelled15:15 Dog Whisperer17:05 Megastructures - Power Tower18:00 Mummy Road Show18:30 More Amazing Moments19:00 Apocalypse: The Second World War20:00 Megastructures - Future Trains21:00 Monster Fish - Thai Eden22:00 Shark Men - Getting Lucky23:00 Air Crash Investigation00:00 Seconds From Disaster

ANIMAL PLANET 5213:00 Corwin’s Quest - The Sardines Run14:00 Animal Cops Miami15:00 Wild Recon - Bounty Hunter16:00 Taking On Tyson17:00 Caught In The Moment18:00 Animal Cops Philadelphia19:00 Groomer Has It - First Things First20:00 Corwin’s Quest - The Elephant’s Trunk21:00 Wild Recon - Border War22:00 Taking On Tyson23:00 Weird Creatures With Nick Baker00:00 Corwin’s Quest - The Elephant’s Trunk

HISTORY CHANNEL 5413:00 Modern Marvels14:00 Science Of The Soul15:30 Modern Marvels16:00 Pawn Stars17:00 American Pickers18:00 The Universe19:00 Modern Marvels20:00 History’s Hot Spots21:00 Greatest Tank Battles22:00 Battleplan23:00 Most Secret Place On Earth00:00 Brad Meltzer’s Decoded

BIOGRAPHY CHANNEL 5513:00 Intervention14:00 Malcom & Barbara: Love’s Farewell15:00 Airline USA16:00 Red Hot Chili Peppers17:00 Private Sessions18:00 Intervention19:00 Sell This House19:30 Rescue Mediums20:00 Celebrity Ghost Stories21:00 Kelsey Grammer22:00 Heavy23:00 Intervention00:00 Ron Howard

AXN 6212:15 Csi: Crime Scene Investigation13:05 Ncis: Los Angeles13:55 The Amazing Race Asia14:50 Numb3Rs15:40 Csi: Crime Scene Investigation16:30 Hawaii Five-O17:25 Csi: Crime Scene Investigation18:15 Top Chef19:10 Hawaii Five-020:05 Criss Angel Mindfreak20:35 Sony Style Tv Magazine21:05 Csi: Crime Scene Investigation22:00 Csi: Ny22:55 House23:50 Csi: Ny 00:45 House

STAR WORLD 6312:10 MasterChef Australia13:05 Rules of Engagement13:35 Cougar Town15:25 9021016:20 Desperate Housewives17:15 Don’t Stop Believing18:10 How I Met Your Mother18:40 MasterChef Australia19:35 How I Met Your Mother20:00 Glee21:50 9021022:45 MasterChef Australia23:10 DC Cupcakes23:40 How I Met Your Mother00:05 Glee

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Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-ROSCAR. CAJA. 2-ERIE. ONERAR. 3-GROSADOR. UM. 4-RA. IRAPUA. A. 5-ACTOR. ALUIR. 6-AI. AE. OTO. 7-R. ETICA. AND. 8-UE. URANAR. A. 9-BOXA. NOSCAR. 10-OLECEO. NINA. 11-ROLAR. BOATO.VERTICAIS: 1-REGRA. RUBOR. 2-ORRACA. EOLO. 3-SIO. TIE. XAL. 4-CESIO. TUACA. 5-A.ARRAIR. ER. 6-RODA. ECANO. 7-NOPA. ANO. B. 8-CERULO. ASNO. 9-AR. AUTARCIA. 10-JAU. ION. ANT. 11-ARMAR. DARAO.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Fazer roscas em. Fruta da cajazeira. 2-Lago da América. Impor ónus a. 3-Ferro com que se raspam os coiros na surragem. Que é o primeiro de todos os números. 4-Rê. Arapuá e aripuá. Símbolo de ampere. 5-Aquele que representa em teatro. Dobrar-se. 6-Grito de alegria. A. De Estudantes. Elemento de origem grega que significa orelha. 7-Abrev. de rua. Ciência do moral. Em inglês, e. 8-Exprime admiração. Misturar ou combinar com urânio. Falando-se de um número ou de um objecto que faz parte de uma série, primeiro. 9-Pequena mala, usada entre os Mouros, para guardar o fato. Partir, quebrar. 10-Género de plantas. Nana. 11-Avançar,girando sobre si mesmo. Notícia que corre publicamente, sem procedência conhecida.

VERTICAIS: 1-Estatutos de algumas ordens religiosas. Qualidade de rubro. 2-Aguardente pouco forte, primeira destilação da sura. Vento forte. 3-Planta umbelífera. Sangue de boi. Antiga moeda da Pérsia. 4-Variedade de metal azul. Sagu. 5-Nome de uma vitamina. Rolar. Símbolo de érbio. 6-Grupo de pessoas que formam círculo. Género de insectos coleópteros. 7-Planta anonácea de ilha de São Tomé. Elemento de origem latina que significa ânus. Letra que ocupa o segundo lugar no alfabeto português. 8-Da cor verde-mar. Pessoa imbecil. 9-Fluido transparente e invisível, que forma a atmosfera. Tranquilidade do espírito. 10-Antiga medida itinerária da Índia. Ião. Prefixo, ante. 11-Fabricar. Cederão.

SALA 1SUPER 8 [C] Um filme de: J. J. AbramsCom: Elle Fanning, Kyle Chandler, Ron Eldard14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2X-MEN FIRST CLASS [B] Um filme de: Matthew VaughnCom: Michael Fassbender, James McAvoy14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3PIRATES OF THE CARIBBEAN - ON STRANGER TIDES [B] Um filme de: Rob MarshallCom: Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush14.15, 16.45, 19.15, 21.45

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OPINIÃOTERÇA-FEIRA 14.6.2011

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ANTÓ

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ÃO |

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ND.C

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Gonçalo Alvim*[email protected]

VOU DAR EXEMPLOS, talvez exagerados, para se perceber o que quero transmitir.

De uma forma geral a população pronun-ciou-se a favor dos espaços verdes, relevando as opções onde era dado um maior ênfase, ou uma maior área, a este tipo de espaços. Por outro lado, preferiu as zonas de habitação às de escritórios e ficou entusiasmada quando, relativamente às zonas de equipamentos lhes foi dito tratarem-se de instalações culturais, recreativas, desportivas, etc. Tudo muito bem, são estas as opiniões generalizadas. Mas de que forma estas opiniões se traduzem na realidade? Conseguimos através delas uma cidade com melhor qualidade de vida? Aparentemente sim.

Mas na realidade o zonamento implica deslocações. Para a população se dirigir de suas casas ao espaço verde que surgiu como resultado do seu voto, talvez tenha de ir de carro ou apanhar um transporte. E muitas vezes não o faz, porque não é prático. Faz uma vez ou outra, não o faz todos os dias. E assim o acréscimo em qualidade de vida que o espaço verde lhe traz é residual – umas horas por mês de bem-estar, talvez. Basta ver a proporção da população de Macau que vai passear à mata de Coloane e as horas por mês que lá estão, apesar de gostarem todos muito de espaços verdes. Entre esses, faça-se agora uma separação entre os que levam carro e os que vão de transportes públicos. Haverá dúvidas sobre os resultados de um inquérito deste tipo? Ou sobre a utilização da Taipa Pequena ou da Taipa Grande?

Folha Solta

Os nOvOs aterrOs urbanOs

O mesmo acontece com o zonamento para escritórios, que vai implicar deslocações aos seus trabalhadores e utilizadores. Pelo que conheço de Macau, a grande indústria é a do jogo, e os casinos/hotéis têm normalmente os seus escritórios nos próprios edifícios. As empresas que existem para além dos casinos, têm uma distribuição pouco concentrada, distribuindo-se a maioria das vezes em pe-quenos escritórios espalhados pela cidade. Isso ao nível do tráfego é bom, porque as pessoas têm a possibilidade de viver perto do local de trabalho. E quer-me parecer que os novos edifícios de escritórios, com rendas necessariamente elevadas devido ao custo envolvido, não teriam tantos inquilinos como se esperaria.

Veja-se agora o caso dos equipamentos existentes em Macau: foram afastados do centro da cidade mas isso não terá favo-recido a sua utilização. O Centro Cultural, por exemplo, é um edifício agradável, tem alguma afluência durante os espectáculos, mas estou em crer que se encontra um pouco vazio no tempo restante. Por trás existe uma praça pavimentada com uma boa dimensão, simpática, com conotação de “equipamento” porque pretende servir de palco a espectá-culos ao ar livre; mas ela quase sempre está vazia. Teria talvez sido mais apropriado realizar ali um espaço verde multifuncio-nal, que permitisse captar mais pessoas ao longo do dia. Também a Torre de Macau, com todos os seus aspectos positivos, não tem a ocupação que seria desejada, talvez por não haver habitações a uma distância confortável de percorrer nem transportes

regulares – embora normalmente uma coisa se relacione com a outra. Apesar destas rea-lidades, entre outras, o Plano prevês zonas específicas dedicadas a equipamentos.

Parece-me a mim que a realidade de Macau é esta: alguns espaços padrão, apesar de em inquéritos serem dados como muito apreciados pelo comum dos cidadãos, na vida prática acabam por lhes ser de reduzida utilidade – porque se encontram afastados, a acessibilidade é complicada ou, simples-mente, porque não há população suficiente para os ocupar devidamente.

Com efeito, Macau é uma cidade que não consegue reunir muitas pessoas em grandes espaços/equipamentos monofuncionais porque a sua população, agora e daqui a dez anos, é reduzida. Considerar que o seu

turismo principal, destinado aos casinos e permanecendo na cidade pouco tempo, vai repartir esse tempo com ocupações ligadas ao lazer, é idealismo. A realidade é que Macau não pode ser comparada com metrópoles como Hong Kong ou Guangzhou, exemplos que foram dados na apresentação.

A meu ver deverá ser feita uma distinção fundamental na intervenção em Macau: o bem-estar diário e o bem-estar ocasional dos seus cidadãos; e que se deve preferir o pri-meiro ao segundo. Se me dessem a escolher entre um espaço verde bem dimensionado na cidade e uma cidade bem dimensionada, com ruas arborizadas e pequenos espaços verdes à distância de uma caminhada, com pequenos jardins nas coberturas para uti-lização frequente, com esplanadas junto a edifícios de dimensões aceitáveis, eu optava por esta última hipótese. Se por acréscimo se propusessem espaços verdes maiores, seriam muito bem-vindos, mas eu não dispensava um bom nível de vida todos os dias. E se os cidadãos da cidade viverem bem, isso vai atrair turistas, nomeadamente os mais escla-recidos. Spots para captar o turista há muitos na Ásia e tenho dúvidas que Macau consiga competir nesse campo. O Fisherman’s Wharf devia servir de exemplo.

A qualidade dos espaços dos novos aterros vai-se definir no desenho urbano e na regulamentação que for feita para as construções que se vierem a realizar. Até agora, parece-me, está-se a conferir-lhes uma aceitação social, logo, política.

*Arquitecto Paisagista, Mestre em Engenharia Urbana

(ii)

Macau é uma cidade que não consegue reunir muitas pessoas em grandes espaços/equipamentos monofuncionais porque a sua população, agora e daqui a dez anos, é reduzida. Considerar que o seu turismo principal, destinado aos casinos e permanecendo na cidade pouco tempo, vai repartir esse tempo com ocupações ligadas ao lazer, é idealismo

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Que os maus digam mal de nós,pode ser até uma honra. Mas que os bons cantem no mesmo coro, dá que pensar...Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

à f l o r da pe leHelder Fernando

TERÇA-FEIRA 14.6.2011

15www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Patrícia Ferreira, Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

INão sei se as melhores inspiradoras enraizadas na mitologia são as musas; mas hoje parece que é o Dia delas, das Musas de todas as Luas.

A essas entidades - não sei se está bem chamar--lhes assim - atribuem-se capacidades, se calhar quase infinitas, de inspirar a criação artística, científica, poética, literária enfim, e até mesmo inspiração política, calcule-se; e até mesmo outros tipos de criações. Zeus e Mnemósine (ai a minha memória) é que talvez saberão até onde a sua criatura pode inspirar - eles, que tiveram nove musas.

Musa é do tipo feminino, claro, pelo menos na imaginação de uns quantos onde confortavelmente me situo. O hipotético correspondente masculino, Fauno, pertence apenas à mitologia romana e não lhe chega aos calcanhares, se é que existem calcanhares femininos e inspiradores nas nove musas da mitologia grega. Fau-no, o tal deficitário de capacidades verdadeiramente inspiradoras, nem sequer teve direito a um Museu do Homem; ao passo que as musas têm um templo só para elas, o Museion - é nesta fonte que nasce a palavra museu. E museu é sempre - ou deve ser - local guardião de artes, de conhecimentos, de inspirações superiores. Quantos de nós, em relação ás musas inspiradoras, somos como o anzol: tudo o que lhe resta é depender da boca do peixe para se sentir útil ou mesmo para sobreviver e ser feliz?

Musa real, a que se eleva das águas, a que surge das nuvens, a que passa pela gente sem notar que existimos, a que imaginamos a voz, os lábios, o olhar e o corpo, a quem entregaríamos o sangue, o suor, as lágrimas, os sonhos, as lascívias, a que nas trevas nos dá luz, essa Musa jamais terá defeitos, nem um. Nós, os desejosos da sua inspiração, é que temos todas as imperfeições e mais algumas. Incluindo acreditarmos em musas...

IIComo que saindo do Olimpo virtual e metafórico, e antes que passemos, num repente, aos vícios pri-vados, falemos dos públicos defeitos. Da inspiração para a aspiração. Não são más de todo as musas aspiradoras, até chegam a ser gloriosas. Porventura mudadas de xis em xis tempo; como os aspiradores de pó. Com todo o respeito.

Uma coisa parece ser certa: temos de aprender a usar bem os aspiradores, não pode ser de qualquer maneira. Longe vai, felizmente, o tempo em que era tudo à vassourada. Agora até existem uns aspiradores redondinhos, que se desviam de obstáculos sem a gente lhes tocar; e trabalham sozinhos. Para além da aspiração, devem ter cá uma inspiração...

IIINão sei bem porquê, escrevia esta crónica e lembrei-

-me de dois respeitáveis cavalheiros. Digamos que respeitáveis. O poeta argentino Jorge Luís Borges, que morreu faz hoje 25 anos, e o poeta português Fernando Pessoa, que nasceu fez ontem 123 (faleceu faz a 30 de Novembro, aos 76 anos). Foram contem-porâneos. O argentino, com fama e proveito, sempre lido, editado e reconhecido no seu país e internacio-nalmente. O português, ninguém o lia, ninguém o reconhecia, tirando amigos ou admiradores muito próximos, o seu país ignorava-o de todo, e apenas um livro seu, em língua portuguesa, foi publicado em vida. Comme d’habitude au Portugal, por aque-les tempos. O argentino afirmava que tudo o que escrevia era autobiográfico. O português concebeu grande parte da sua obra com base em variadas autobiografias. Vamos todos prosseguir na leitura de ambos, faz-nos bem.

IVAs gralhas, os erros dactilográficos ou de simpatia, as distracções, as imprecisões, fazem parte da longa vida da imprensa escrita. Entre as inúmeras falhas que cometi ao longo de quase três décadas a escrever regularmente, destaco e penitencio-me pelas mais recentes. Refiro-me a duas entrevistas que fiz para este jornal, publicadas a 20 de Maio e a 3 de Junho corrente, respectivamente a Alfredo Vaz e a Sofia Bobone a quem peço perdão. Ao primeiro, pelo facto de eu não ter sido preciso quando transcrevi as palavras do entrevistado referindo-se a uma sua página no FB em que fala de automobilismo em ge-ral e também do Grande Prémio de Macau. Alfredo Vaz não me falou em nenhuma página sua dedicada exclusivamente a esse GP, eu é que interpretei mal.

A Sofia Bobone ao contar-me uma das campanhas em que participara em Portugal como criativa, para a Associação para a Promoção da Segurança Infantil, claro que não me falou no lema “Sinto atrás, vida pela frente”, como a viperina gralha manchou a página. O lema, muitíssimo bem imaginado, sublinhe-se, foi: “Cinto atrás, vida pela frente”.

Ninguém merece.

Musa real, a que se eleva das águas, a que surge das nuvens, a que passa pela gente sem notar que existimos, a que imaginamos a voz, os lábios, o olhar e o corpo, a quem entregaríamos o sangue, o suor, as lágrimas, os sonhos, as lascívias, a que nas trevas nos dá luz, essa Musa jamais terá defeitos, nem um

Dias Das Musas

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TERÇA-FEIRA 14.6.2011www.hojemacau.com.mo

JAPÃO ONDASDE 40 METROSAs ondas do tsunami causado pelo sismo de magnitude de nove graus na escala de Richter, que abalou o Nordeste do Japão a 11 de Março, chegaram a superar os 40 metros de altura. De acordo com um estudo da Agência Meteorológica realizado em colaboração com especialistas, na cidade de Miyako, na província de Iwate, uma das mais atingidas pelo tsunami, as ondas alcançaram um máximo de 40,5 metros. Para poder calcular a altura, os especialistas analisaram as marcas da destruição que o tsunami deixou à sua passagem, já que a catástrofe natural inutilizou os sistemas habituais de medição, informou a estação televisiva pública NHK.

MOÇAMBIQUE TIRARO DINHEIRO DE DEBAIXODO COLCHÃOO presidente moçambicano, Armando Guebuza, apelou à população para deixar de “enterrar dinheiro em latas e colchões” e a aderir à poupança formal para dinamizar a economia do país. O presidente afirmou ainda que, apesar da fragilidade da expansão e do difícil acesso aos serviços bancários, sobretudo nas zonas rurais, a população deve massificar actos de poupança para minimizar a crise financeira e tornar o país sustentável. O serviço bancário em Moçambique cobre apenas 52 distritos (dos 128 existentes), o que faz com que a população adira a poupanças informais e enterre o dinheiro em latas de óleo. Assaltos e incêndios em casa levam muitas vezes a população a perder as suas poupanças.

DESCOBERTA BLOGUEIRA LÉSBICA AFINAL É HOMEMAmina al Araf era um símbolo da luta contra o conservadorismo religioso na sociedade da Síria e nas últimas semanas tornara-se num ícone da resistência contra o regime ditatorial de Bashar al-Assad. Mas a blogueira lésbica de Damasco era afinal um homem heterossexual dos EUA, de 40 anos, que estuda em Edimburgo, Escócia. Tom MacMaster criou a personagem Amina, uma jovem síria norte-americana que fora viver recentemente para Damasco, capital da Síria. O verdadeiro autor do blogue descreveu durante meses a forma como Amina vivia a sua homossexualidade numa sociedade árabe conservadora. E nas últimas semanas, as entradas no blogue “Uma lésbica em Damasco” indicavam que a jovem tinha participado activamente nas revoltas sociais contra o presidente sírio e o regime autoritário que este encabeça.

Visita de Wang Guangya a Hong Kong atribulada

Protestos de boas-vindasVanessa [email protected]

O antecessor Liao Hui nunca pôs os pés nem em Hong Kong nem em Macau. Wang Guangya, director

do Gabinete para os Assuntos das duas RAEs do Conselho de Estado, quis escrever a história diferente, mas o pontapé de saída não correu bem. Ao chegar à região vizinha, o alto dirigente foi recebido com protestos e um boicote por parte dos deputados democratas.

Lee Cheuk-yan e Cyd Ho Sau--Ian, pró-dremocratas do Conselho Legislativo, avisaram logo de ante-mão que iam boicotar um almoço agendado para ontem. “O que inte-ressa estar a comer com mais de cem pessoas lá? Não haverá nenhum tipo de diálogo”, apontaram ao jornal “South China Morning Post”. A dupla mostrou-se insatisfeita pelo facto de Wang Guangya não se ter mostrado disponível para reunir--se com deputados e ter preferido organizar um convívio em massa

com todos os membros do Conselho Legislativo e outras personalidades de relevo.

Até o presidente do Conselho Legislativo vizinho, Tsang Yok--sing, da ala conservadora e pró--Pequim, desabafou que propôs um encontro privado entre o alto responsável do Governo Central e os 60 deputados, mas que levou uma nega. “Acho que seria melhor que o responsável pelos assuntos de Hong Kong e Macau parasse para falar cara a cara com os deputados”, apontou, acrescentando que um al-moço não seria o melhor método de comunicação. “Espero que corrija esta falha no futuro.”

Wang Guangya chegou a Hong Kong no domingo para uma visita de dois dias e meio e teve na mesma tarde um encontro com o Chefe do Executivo, Donald Tsang, e um jantar de boas-vindas. Do lado de fora do Palácio do Governo, cerca de 40 manifestantes da Liga dos Sociais-democratas e Poder Popu-lar tentaram por duas vezes entre-gar petições ao dirigente, tendo-o

seguido inclusive ao hotel onde está hospedado. Os manifestantes grita-vam palavras de ordem a exigir o sufrágio universal e a libertação das dezenas de activistas e dissidentes detidos por Pequim.

A polícia teve de armar barrica-das para impedir que os manifes-tantes estivessem à vista de Wang. Dois activistas foram arrastados pelas autoridades quando protesta-vam à porta do Palácio do Governo.

MENOS DE 48 HORAS EM MACAUWang Guangya chega esta tarde a Macau ao Terminal Marítimo do Porto Exterior e será levado direc-tamente para a Sede do Governo, na Praia Grande, para uma reunião privada com Fernando Chui Sai On. Na manhã seguinte, o responsável vai andar pela zona do Cinema Alegria e do Fai Chi Kei. Amanhã à tarde terá encontro com “diferentes sectores sociais”, como anuncia o seu programa de viagem, no Cen-tro Cultural de Macau. Às 11h de quinta-feira, já estará a postos no aeroporto para voltar a Pequim.

car toonpor Steff

CHINA OITO ALIMENTOS CANCERÍGENOSAs autoridades de saúde da China encontraram oito tipos de alimentos produzidos no país com a substância química DEHP, potencialmente cancerígena, que nas últimas semanas causou alarme em Taiwan. A substância DEHP (di-2-etil-hexil-ftalato), geralmente utilizada para amolecer plásticos, aparentemente tem sido utilizada na indústria alimentícia para melhorar a aparência dos produtos. Foi agora encontrada em produtos confeccionados em três fábricas na província de Cantão e em outra na província de Zhejiang (leste). Entre os produtos estão o chá verde normal ou em pó, óleo hidrogenado e de gergelim, essências de sabores como goiaba e amêndoas.

AUSTRÁLIA CHRISTCHURCHVOLTA A TREMERUma série de tremores de terra atingiram ontem, de novo, a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, depois de um terramoto de 7,0 ter destruído a cidade em Fevereiro. Desta vez há só registo de dez feridos. No entanto, mais 50 edifícios ficaram agora em risco de colapso. As autoridades avançam que não há mortos provocados pelos abalos – o mais forte de 6,0 na escala de Richter. Mas já alertaram as pessoas para o facto de terem de voltar a ficar sem água ou luz durante as próximas horas. E estão a fazer o levantamento dos danos materiais, sendo que muitos edifícios ainda fragilizados pelo terramoto de Fevereiro ameaçam agora colapsar.

E. COLI CIENTISTAS AVALIAM SEMENTESDepois de se ter comprovado que a origem do surto infeccioso com uma perigosa estirpe da bactéria E. coli foram os rebentos vegetais, as autoridades sanitárias alemãs estão agora a examinar se as respectivas sementes também já estavam contaminadas. “Adensaram-se os indícios de que as sementes dos rebentos já possam conter a bactéria, embora isso ainda não tenha sido comprovado”, disse um porta-voz do Instituto Federal de Avaliação de Riscos (BfR). Apesar disso, o BfR recomendou a renúncia ao consumo, quer de rebentos vegetais adquiridos no mercado, quer dos que sejam de produção própria.

TURQUIA