hoje macau 3 jun 2011 #2381

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Edição do Hoje Macau de 3 de Junho de 2011 • Ano X • N.º 2381

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Page 1: Hoje Macau 3 JUN 2011 #2381

hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 3 DE JUNHO DE 2011 • ANO X • Nº 2382

Um religiosa de Hong Kong publicou um artigo numa revista académica no qual analisa o comportamento da Igreja de Macau, nomeadamente as suas alegadas relações com Pequim, que passariam pelo curso de teologia na Universidade de São José. Há pouco mais de uma década da partida dos portugueses, quais são as novas estra-tégias na RAEM de uma instituição acusada de letargia, fraca evangelização e pouco mais ser que um “oficiador de baptizados, casamentos e funerais”, habituada a viver à sombra do poder? > PÁGINAS 4 A 6

Em sete meses, os preços da ga-solina já aumentaram sete vezes. O Governo diz que já elevou o subsídio de electricidade para alivir os bolsos da população. Mas quanto à gasolina, nada pode fazer. Os deputados acu-sam o sector de cartel e oligar-quia. >Página 8

Os deputados da Assembleia Legisla-tiva querem que o Governo comece a divulgar já o que vai mudar nas rotas dos autocarros com a entrada em campo da nova operadora. Ontem, na sessão plenária, as cargas estiveram também apontadas ao serviço de táxis, que querem aumentar as tarifas sem elevar a qualidade. Macau não corre sobre rodas. >Página 7

As estratégias santas

• O PENSAMENTODE MANUELAFONSO COSTA

Transportesnas ruas

da amargura

Ninguémpõe as mãosna gasolina

Sun Yat-senna Rua das Estalagens

FARMÁCIA É MESMODO PAI DA REPÚBLICA

POPULAR• PÁGINA 9

Religiosa de Hong Kong acusa Igreja local de fazer o “jogo” de Pequim

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 25 MAX 31 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 11.6 BAHT 0.26 YUAN 1.2

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h

OPIN

IÃO

Carlos Morais José

NO REINODAS

DIFERENÇAS • PÁGINA 19

Jorge Rodrigues Simão

SOCIEDADETECNOLÓGICAE AMBIENTE

• PÁGINA 18

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

Piratas chineses invadem centenas de contas do Gmail

Voltar ao método do pombo-correioVanessa [email protected]

AS tensões entre a China, os Estados Unidos e o Rei-no Unido estão

a ponto de aumentar. Pelo menos quando o tema são os ciberataques, que ontem voltaram a chamar as aten-ções depois do Google con-firmar que piratas chineses roubaram senhas de e-mail de centenas de oficiais dos governos dos Estados Uni-dos e Coreia do Sul e mais uns quantos activistas chineses.

A empresa norte-ameri-cana afirmou que detectou o problema e alertou ime-diatamente as centenas de vítimas que estavam a ser alvo de “phishing” a partir da cidade de Jinan, capital da província de Shandong. Os “hackers” proclamam que têm total controlo de várias contas do Gmail. Embora não haja uma li-gação directa de que os piratas estejam a ser pagos pelo Governo Central, a sofisticação dos ataques e a sua natureza de fazer mira em alvos muito específicos elimina as suspeitas de que alguém quisesse fazer dinheiro com o ataque. O próprio Google não exclui a possibilidade do ataque

HK ESPERA 150 MIL PARA VIGÍLIA DE TIANANMEN A Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China espera reunir amanhã em Hong Kong mais de 150 mil pessoas numa vigília de homenagem às vítimas do massacre de Tiananmen de 1989. A iniciativa, “já autorizada pelas autoridades”, repete-se no parque Vitória, onde são esperadas, “mais de 150 mil pessoas”, disse à agência Lusa o vice-presidente da Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China, Richard Tsoi, que organiza há 21 anos a vigília. “Nos últimos dois anos temos contado com a participação de cerca de 150 mil pessoas e no sábado esperamos juntar ainda mais residentes de Hong Kong para voltarmos a reivindicar reformas democráticas na China e a revisão da posição de Pequim sobre o movimento pró-democrático dos estudantes de 4 de Junho”, sustentou. No parque Vitória vai voltar a ser erguida a já tradicional estátua da “Deusa da Democracia”, mas a vigília deste ano não contará, pela primeira vez, com a presença do activista político Szeto Wah, conhecido como “tio Wah”, que faleceu em Janeiro aos 79 anos.

PROTESTO CONTRA “ROBÔS” DA APPLEUm grupo de jovens vestiu o uniforme dos trabalhadores da Foxconn, empresa de Taiwan que produz aparelhos da Apple, para protestar contra a política de tratar os funcionários como “máquinas”. O protesto, organizado ontem em frente à loja da Apple de Hong Kong, foi motivado depois de terem sido revelados os resultados de um inquérito aos trabalhadores, que se mostram descontentes com as suas funções. Até agora, 13 cometeram suicídio, alegando fortes pressões, muitas horas de trabalho e baixos salários.

NÚMERO DE DIVÓRCIOS CRESCE 17,1% A China registou mais de 465 mil divórcios no primeiro trimestre com uma média de 5000 por dia, mais 17,1% do que no mesmo período de 2010. A pressão social para contrair matrimónio no país mais populoso do mundo continua bastante elevada, ao ponto de alguns pais arranjarem casamentos para os filhos e de os solteiros com mais de 25 anos serem denominados “excedentários” (“sheng”). Os casamentos por conveniência e a frequente diferença de idades dos casais, por vezes superior a dez anos, também não ajudam à estabilidade dos casais no país com mais de 1300 milhões de habitantes. Segundo o sociólogo Chen Yijun, da Academia das Ciências Sociais chinesa, citado pela Xinhua, dois dos maiores problemas nos matrimónios chineses são a falta de comunicação e as cada vez mais frequentes relações extra-conjugais. Chen acrescentou ainda que, tanto os homens como as mulheres chineses são cada vez mais independentes, tanto em termos de personalidade como financeiramente.

ter sido encomendado por Pequim.

O crime pode agora dar um novo fôlego à tensões resultantes de uma “ciber--guerra”. A Casa Branca passou a classificar os ci-berataques como “actos de guerra” esta semana. O ministro da Defesa norte--americano, Nick Harvey, disse na segunda-feira que “acções no ciberespaço vão delinear a forma de um futuro campo de batalha”.

Durante uma confe-

rência internacional sobre segurança na Internet em Londres, esta semana, vá-rios especialistas alertaram que novos ataques na rede estavam a caminhar em passos muito largos que, para combatê-los, deveria ser criado um tratado espe-cífico de não-proliferação. Michael Rake, do BR Group, considera, segundo citação no jornal “The Guardian”, que as potências mundiais estão a encaminhar-se para uma batalha online, sem que

um único tiro tenha sido disparado. “Pessoalmente, não considero que seja um exagero dizer que hoje em dia um Estado possa cair de joelhos sem nenhuma acção militar”, explicou Rake. Por essas razões, é crucial avan-çar o quanto antes para um tratado de não-poliferação de crimes cibernéticos.

NÓS? NEM PENSARO Governo Central, contudo, já negou por diversas vezes qualquer envolvimento em acções de “hackers” contra os sistemas de outros países. Desde Fevereiro, os ataques contra o Google têm-se intensificado. Mas não é apenas o Gmail que está sob ataque. Contas do Yahoo também têm sido visadas a utilizar o mesmo esquema. Sempre a partir da China.

Ontem, não foi diferente. Pequim considerou “inacei-tável” a acusação do Google. “Acusar a China é inaceitável. O chamado comunicado segundo o qual o Governo chi-nês apoia ataques de ‘hackers’

é uma invenção completa”, disse o porta-voz do minis-tério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei. “O Governo chinês nunca apro-va actividades criminosas, incluindo actos de pirataria que prejudicam a Internet. Pu-nimos esses actos, de acordo com a lei”, disse, acrescentan-do que a China também é uma vítima dos ataques.

Na técnica de “pishing”, quando uma pessoa abre o seu correio electrónico e se-gue determinadas ligações, é reencaminhada para web-sites que automaticamente “roubam” os seus dados de acesso ou, discretamente, são reencaminhadas para caixas de correio falsas. Um exemplo de e-mail de “pishing” já descoberto dizia no assunto “Fw: Draft US-China Joint Statement”. “O Google detectou a téc-nica e interrompeu o ciclo. Notificamos os visados e intensificamos a segurança das suas contas. Notamos que autoridades de go-vernos importantes foram

algumas das vítimas. Temos evidências que provam que o roubo das senhas começou em Jinan, na China, mas ain-da não podemos dizer quem são os responsáveis”, explica um porta-voz do Google.

A empresa norte-ame-ricana garante que os seus sistemas internos não foram afectados – uma situação diferente daquela que se viu em 2009, quando piratas chi-neses entraram no sistema e obtiveram dados altamente sensíveis. Paralelamente, outros “hackers” chineses tentaram, algumas vezes com sucesso, infiltrar-se em empresas americanas como a Morgan Stanley ou corporações globais ligadas ao petróleo.

Acredita-se que a China já obteve uma série de dados importantes dos sistemas militares dos EUA, incluin-do sinais de inteligência do avião US Áries II, que foi forçado a aterrar na ilha de Hainão, em Abril de 2001, devido a uma colisão com um avião chinês.

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3www.hojemacau.com.mo

TIANANMEN | EM COMUM TÊM A POLÍCIA À PORTA

Três mulheres, três histórias

Será realmente a Igreja Católica em Macau, praticamente, um oficiante de rituais e pouco mais? Não nos parece, até porque lendo o artigo acabamos por chegar à conclusão que o catolicismo local acaba por conseguir uma base de apoio que lhe garantirá a sobrevivência, ainda que relacionada com os “patriotas” da China. O eventual desconforto desta situação não se compara às vantagens no terreno que ela igualmente lhe proporciona. Carlos Morais José P.19

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NOTIFICAÇÃO EDITAL N.o 184/2011(Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o não-residente Sr. DAI YUDA, ex-trabalhador autorizado a prestar trabalho para a sociedade “CHINA HKM CIVIL CONSTRUÇÃO (MACAU) LIMITADA”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221 a 279, Edifício Advance Plaza, em Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 4868/2010, proveniente do acidente de trabalho em que o notificado foi vítima.

Mais se comunica que nos termos da alínea a), n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável ao notificado este esteja parado por mais de seis meses.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento da In-specção do Trabalho, aos 25 de Maio de 2011.

O Chefe do Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

Maria João Belchior, em [email protected]

DING Zilin, Liu Xia e Lu Qing são três mulheres,

são esposas com idades dife-rentes e que aparentemente não se conhecem. Vivem em Pequim e todas estão, de alguma forma, vigiadas pelo Governo.

Ding Zilin, a mãe de Tiananmen, tem 73 anos e há mais de 20 que vê uma carrinha de vidros fumados estacionada dia e noite na sua rua. Os vizinhos reconhecem a carrinha e sabem que não está vazia. Quando sai de casa, Ding Zilin, chamada mãe coragem, é vigiada por polícias à paisana que a se-guem até ao supermercado ou ao hospital, os dois sítios onde pode ir. A mãe Ding to-dos os dias se lembra que na noite de 3 para 4 de Junho de 1989 o seu único filho – Jiang Jielian - foi assassinado na zona de Muxidi no caminho

para a praça Tianamen. Até hoje espera que o Governo e o Exército Popular de Liber-tação admitam o que aconte-ceu naquela madrugada. O desejo de honrar a memória do seu filho de 17 anos leva-a todos os anos a tentar prestar homenagem a Jiang no sítio onde este foi mortalmente

atingido. Mas só consegue sair às vezes porque na maior parte dos anos está proibida de deixar a sua casa nos dias 3 e 4 de Junho.

Liu Xia, outra mulher, esposa, poeta, vive a alguns quarteirões dali. Num outro bairro vigiado pela polícia e onde no portão se lê “não são

permitidas entrevistas”. Liu Xia lembra-se de Tiananmen, por outras razões. Tinha 30 anos quando aconteceu. Hoje tem 52. Em 1989 foi a primeira vez que o seu futuro marido, o escritor Liu Xiaobo, foi detido por moti-vos políticos e considerado um subversor do poder do Estado. Em Dezembro de 2008, já casados, foi a quarta vez que o escritor foi levado como criminoso. Dois anos depois, em Outubro, com menos de um quinto da pena cumprida Liu Xiaobo foi es-colhido para Prémio Nobel da Paz 2010. Ao aproximar--se a data da atribuição do prémio, Liu Xia ficou proi-bida de ter telefone, de falar com jornalistas ou de sair de casa. Vive em detenção do-miciliária e por coincidência

no mesmo distrito que a mãe de Tiananmen. Liu Xiaobo está na prisão de Jinzhou na província de Liaoning e já cumpriu três dos 11 anos a que foi condenado. Hoje tem 57 anos.

Lu Qing é a terceira esposa, outra habitante de Pequim e com mais de 50 anos vividos. A artista, a 3 de Junho deste ano, 22 anos desde a madrugada de Tia-nanmen, está a marcar outra data. Passaram dois meses desde a detenção do seu ma-rido, Ai Weiwei. À espera de ter a culpa formada, o artista foi acusado de evasão fiscal embora a acusação formal não tenha sido publicada. Lu Qing escreveu dois dias depois do desaparecimento uma nota de procura que foi publicada no mundo todo. O

mediático artista teve direi-to, ao fim de 43 dias desde a detenção, de receber a visita da família e Lu Qing pode vê--lo. A conversa entre os dois ficou registada pela polícia e Lu Qing proibida de dar indicações sobre o paradeiro do marido. Apenas disse que o sítio onde está detido “não é um hospital nem uma prisão”. Os apelos para a sua libertação chegam do mun-do todo. Amanhã Taipé vai organizar uma manifestação na praça da Liberdade para aproveitar o 4 de Junho para relembrar o artista chinês.

Em Pequim os polícias patrulham as ruas mais importantes no caminho para Tiananmen. Naquele que é o dia mais sensível do ano, Ding Zilin, Liu Xia e Lu Qing podem ver do outro lado da janela a carrinha de vidros fumados estacionada à sua porta. Parece querer relembrar o que as próprias não podem esquecer – é que falta alguém lá em casa.

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4www.hojemacau.com.mo IGREJA AS ESTRATÉGIAS

SANTAS

Beatrice Leung critica estratégia e fala em instrumentalização de Macau

A Igreja católica e a sombra de PequimPequim e o Partido Comunista Chinês tudo têm feito para tornar Igreja de Macau um apêndice do Governo Central e um instrumento que possa ser controlado e manipulado por receio de uma hongkonguização. O objecti-vo é atingir a influência da Santa Sé. Um dos cavalos de Tróia terá sido a Universidade de São José e o seu programa de estudos teológicos. Esta é uma das conclusões mais veementes que emergem no artigo intitulado “A política de apaziguamento português na Igreja de Macau e as relações de Estado”, da autoria da religiosa Beatrice Leung, honorária do Centro para a Governação e Sociedade Civil da Universidade de Hong Kong publicado, em 2010, no “Journal of Contemporary China”

Carlos [email protected]

O artigo faz uma análise ao estado e à evolução da Igreja católica em

Macau nos últimos vinte anos, registando os princi-pais traços da acção da ins-tituição no território durante o processo de transição e na primeira década do poder chinês. É um texto bastante crítico para com a actuação da hierarquia católica e, por extensão, da administração portuguesa, classificando de “apaziguadoras” as políticas civil e religiosa face às alega-das tentativas do Governo Central de controlar a evo-lução dos acontecimentos na Cidade do Santos Nome de Deus, até 1999, e na região administrativa especial na década passada.

Em suma, diz, a Igreja de Macau, como a portuguesa, continua paralisada no seu imobilismo, reactiva às refor-mas do Concílio do Vaticano II, em perda de influência, de

fiéis, com fra-ca consciência social e nulo poder de de-núncia das in-justiças sociais. Nada suave, a análise de Be-atrice Leung pontualiza os

períodos de crise com Pe-quim, assinalando como ponto decisivo da história da último meio século 1966 e os levantamento da Revolução Cultural em Macau. “Os le-vantamentos de 1966 consti-tuíram um ponto de viragem não apenas na vida politica de Macau mas também nas relações entre a Igreja e a sociedade. A influência da

Igreja em Macau diminuiu entre os estratos sociais mais baixos na medida da influên-cia cada vez mais crescente de associações pró-China, como é o caso da Associação das Mulheres, das associações de trabalhadores e das associa-ções de moradores”.

Foi a partir de então que Macau passou a funcionar, na prática, como uma espécie de protectorado da China tendo, desde então, Portugal optado por desenvolver uma política de condescendência e apazi-guamento para com a actua-ção de Pequim. Exemplo desta diplomacia foi, para Beatrice Leung, a reacção portuguesa face à revolta da Praça da Paz Celestial, a 4 de Junho de 89. “Ao contrário de Londres, a re-cusa de Lisboa em condenar o massacre na Praça Tiananmen de 4 de Junho de 1989 reflectiu a intenção de Lisboa manter, a qualquer custo, uma relação amistosa com a China”.

AGORA COMONO PRÉ-CONCÍLIOA suavidade da administra-ção e da Igreja católica para com o regime comunista, descrita no artigo, foi o preço que as instituições pagaram pela reacção inicial aos acontecimentos do chamado 1,2,3 de Dezembro de 1966 e das forças esquerdistas em palco. A recusa do bispo de então Paulo José Tavares entregar as escolas católicas às associações pró-chinesas e a sucessiva humilhação pública das instituições por-tuguesas resultou num custo insuperável, em especial, para a Igreja católica. Ferida na sua imagem, paulatina-mente, a Igreja foi perdendo a adesão pública bem como o monopólio, partilhado com a administração do território, da prestação de serviços e assistência social aos mais desvalidos.

“O espírito do Concílio Vaticano II não estimulou a Igreja de Macau a seguir os

ensinamentos da promoção de justiça social e da paz em nome dos direitos

humanos”

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5www.hojemacau.com.mo

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AS ESTRATÉGIAS

SANTAS

O capitulo intitulado “De veículo cultural português a instrumento

de Pequim” começa com referências ao Instituto Inter-Universitário, actu-almente, Universidade de São José, recordando as origens desta institui-ção, o financiamento de 4 mil milhões de patacas, em 1995, pela Fundação Macau à fundação que tutelava aquela universidade privada e o perfil “proe-minentemente português da liderança e gestão académica”.

Uma instituição dedicada a re-forçar as relações entre a China e Portugal que, por sugestão do Chefe do Executivo, Edmund Ho, decidiu criar em 2000 um programa de estudos religiosos que, em 2006, haveria de ser substituído por um programa de estudos cristãos destinado à formação nesta área de religiosos locais, mas também da China continental.

Beatrice Leung invoca o exemplo do IIUM para sublinhar a ligação e até a cumplicidade existente entre a Igreja católica local de Macau e as autoridades religiosas chinesas. “Liu Bainen, vice-presidente e secretário--geral da Associação Católica Patriota Chinesa disse, em Pequim, a repórteres internacionais que, de futuro, enviaria padres e seminaristas a Macau para efectuarem a sua formação prescindin-do de Hong Kong como medida para diminuir a posição da Igreja católica de Hong Kong e o seu comportamento ‘inaceitável” que irrita Pequim”, assi-nala a religiosa para concluir, depois: “os estudos de teologia do IIUM demonstravam a relação complicada entre a China, Portugal e o Vaticano. A China pretendia utilizar o programa de teologia do IIUM para minar a Igreja de Hong Kong liderada pelo cardeal

[Joseph] Zen”. E continua: “O bispo de Macau, José Lai, deu o seu maior apoio à reabilitação dos estudos teológicos na expectativa de que poderia ser um passo importante no rejuvenescimento da adormecida Igreja católica” local, sem no entanto considerar a implica-ção que este passo teria nas relações Igreja-Estado na Região Administra-tiva Especial, parece deduzir Leung quando explica que as questões do ensino de teologia têm sido uma das pedras do sapato da normalização das relações entre a República Popular da China e o Vaticano.

EDMUND HO NOS BASTIDORESVai mais longe quando revela que a criação deste curso no IIUM partiu da iniciativa do governo central. Foi Pequim quem esteve nos bastidores. “Ironicamente, Pequim esteve por detrás da abertura deste programa e a mensagem foi transmitida ao reitor

do IIUM através do Chefe do Execu-tivo da RAEM. O reitor português e o seu assistente português dançaram a música da China abraçando a ideia de alma e coração e trabalhando dili-gentemente para a sua concretização com o total apoio do bispo”.

Beatrice Leung adianta ainda que o IIUM “recusou dialogar com o cardeal Zen sobre o programa de

estudos de teologia […] Este programa de teologia um dos pontos da agenda da discussão entre o bispo e a senhora Liu Yandong na visita que efectuou a Macau, em Novembro de 2006”. Terá sido por sugestão da conselheira de Estado que, em Agosto de 2007, um grupo de vinte padres oriundos de várias partes da China permaneceu aqui durante duas semanas para uma sessão de formação e estudo. “Tudo isto dá a impressão que o IIUM tem sido utilizado como instrumento da China para isolar a igreja de Hong Kong e para influenciar a formação de futuros líderes católicos chineses segundo a política de Pequim”. Tal operação, acrescenta já nas conclusões, “constitui uma tentativa de infiltração da linha do PCC na formação e edu-cação das futuras lideranças da Igreja católica na China”.

Ao Hoje Macau, Beatrice Leung matiza esta passagem do seu estudo. “A questão dos estudos teológicos colocou-se há cerca de três anos, mas, entretanto, veio de Portugal um novo responsável que fez com que alguns progressos se tenham registado. Mas, ainda assim, antes da chegada deste responsável, não percebi porque é dois dos seminaristas do Colégio de São José foram enviados para o Colégio de Hong Kong para completar a sua formação. Se aquele programa de es-tudos era assim tão bom podiam ter continuado em São José”. - C.P.

NR: Contactado pelo Hoje Macau o reitor da Universidade de São José, Ruben Cabral, não quis fazer qualquer comentário ao artigo de Beatrice Leung.

Beatrice Leung critica estratégia e fala em instrumentalização de Macau

A Igreja católica e a sombra de PequimO recuo da instituição

correspondeu ao aumento de influência do sector pró--China e à hipoteca de uma evangelização abrangente e eficaz. Se bem que a hierar-quia eclesial se aproximou substancialmente do regi-me comunista de Pequim, a investigadora nota que “nos últimos vinte anos, a actividade social da Igreja foi-se ressentindo deste crescimento quase nulo da população de crentes, com um resultado igualmente nulo no que diz respeito aos esforços de evangelização”. Por si só, a constatação não permitiria organizar uma

leitura generalizada sobre o estado cabal da Igreja no território nestes anos de transição. Todavia, se olhar-mos para um ciclo longo que compreende o período que vai desde o encerramento do Concílio Vaticano II (1965) até hoje, há elementos im-portantes que vale a pena evidenciar e têm caracteriza-do, estruturalmente, a igreja local — em primeiro lugar, a alergia às reformas e, depois, o imobilismo subsidiário da cultura eclesial portuguesa.

A estabilidade herdada do Padroado Português in-troduziu na dinâmica local fortes elementos de inércia,

com reflexos no exercício do episcopado. “Em primeiro lugar, regista-se uma au-sência de consciência social tal como recomendado pelo Concílio”, depois, “não existe qualquer sentimento de crise, dada a protecção sempre garantida pelo Es-tado português”, diz Leung. Sobre este aspecto cultural,

basta observar as notícias vindas a público na se-quência da visita “ad limina apostolorum” — uma pere-grinação que, em cada cinco anos, os bispos católicos dos vários países, efectuam à Santa Sé reunindo com o Papa — dos prelados portu-gueses, em 2007, durante a qual o pontífice lançou um

alerta preocupado sobre a escassa implementação das medidas do Concílio no âmbito da pastoral social ou da acção evangelizadora. Se em 2007 era assim, oito anos antes, em 1999, não era diferente.

O tempo nada mudou. À altura deste estudo, 2010, a situação agravara-se com a diminuição do número de baptizados e da assistência ao culto. Um fenómeno em visível contradição com o aumento demográfico re-gistado depois da transição político-administrativa. A saída dos antigos senhores e a entrada formal da elite chinesa não significou, em rigor, qualquer alteração à cultura eclesial e à situação institucional da Igreja. Tal como antes, “a Igreja con-tinuou a ver garantida pelo Governo a resposta às suas necessidades” e, tal como antes, “o espírito do Concílio Vaticano II não estimulou a Igreja de Macau a seguir os

ensinamentos da promoção de justiça social e da paz em nome dos direitos huma-nos”. Por comparação ao que passou com a Igreja de Hong Kong, logo em 1970, a de Macau regista “um contraste agudo”, observa a religiosa.

Outro dos problemas na Igreja de Macau identifica-dos pela investigadora logo a partir de 1987, no período de transição, decorre do cli-ma de agitação criminal que afectou o território ao longo desse lapso de tempo. Uma tensão tal, diz Leung, levou a uma prudência entre os residentes no território mais preocupados com a sua in-tegridade física do que com a questão transcendental. Essa cautela associada à fra-ca pulsão evangelizadora e consequente insignificância de conversões ao catolicis-mo reduziram a actividade pastoral da Igreja a pouco mais do que à celebração dos sacramentos – baptizados, matrimónios, funerais.

UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ ENQUANTO “INSTRUMENTO DE PEQUIM”

Como escrever um programa de teologia

“A China pretendia utilizar o programa de teologia do IIUM para minar a Igreja de Hong Kong liderada pelo cardeal [Joseph] Zen”.

“O bispo de Macau, José Lai, deu o seu maior apoio à reabilitação dos estudos teológicos sem no entanto considerar a implicação que este passo teria nas relações Igreja-Estado na Região Administrativa Especial

ANÚNCIO

1. Através do contrato promessa de cessão de quotas celebrado em 25 de Março de 2011 (o “Con-trato Promessa”), os sócios da sociedade comercial denominada “Administração Tak Sau Kok Lda.” (a “Sociedade”), com sede em Macau, na Rua do Almirante Sérgio, nº 59-A, Edifício “Sam Tat”, r/c A, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 18182, com o capital social de MOP$25.000,00, prometeram ceder as quotas que representam a totalidade do capital social da Sociedade.

2. Nesta conformidade, solicita-se por este meio a todos aqueles que entendam ter direitos ou créditos perante a Sociedade que os apresentem ou reclamem devidamente documentados na sua referida sede social até ao 14 de Junho de 2011, sob pena de, caso tal não suceda, tais créditos deixarem de ser oponíveis à Sociedade e respectivos sócios, não sendo dessa forma atendidos por estes.

Macau, aos 3 de Junho de 2011

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

6www.hojemacau.com.mo

UMA das alterações mais significativas na paisagem católica de Macau, nestas últi-

mas duas décadas, registou-se logo no início da década de noventa com a transferência da administração provincial de Taipé para Macau.

A decisão de Roma prendeu-se com a po-lítica de apaziguamento de Macau para com Pequim desenvolvida pela administração civil, Igreja e a população em geral, ao con-trário do que ameaçava acontecer naquela época em Taiwan dada a inédita ascensão ao poder do Partido Democrático. Uma agenda nitidamente pro-independência suscitou receios em Roma sobre os efeitos de uma deriva política comprometedora do desenvolvimento das missões dos jesuítas na Grande China. Além do mais, a tradição histórica da Sociedade de Jesus, em Macau, e a atitude contemplativa das autoridades locais, afirmava-se mais próxima da atitude jesuíta e constituía uma mais valia para os

TODOS estes elementos conjugados traçam um

quadro pouco menos que embaraçoso para a Igreja de Macau. Especialmente “num contexto de confronto de autoridade entre a China e o Vaticano”, frisa a religiosa no seu artigo. “O programa de estudo teológicos de Macau constitui um autêntico cam-po de batalha em que a linha dura do Partido Comunista procura colocar em cheque a ortodoxia da Igreja Católica”, mas “tal só é possível uma vez que tanto a autoridade académica portuguesa como a autoridade católica em Macau desenvolvem uma política de apaziguamento para com Pequim”. “Am-bos”, prossegue, “falham quando não compreendem a importância da ortodoxia da Igreja nesta questão” pre-ferindo manter a porta aberta a uma futura cooperação com a China. “O enfraquecimento da ortodoxia da Igreja pode

IGREJA AS ESTRATÉGIAS

SANTAS

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GUERRA FRIA CHINA/VATICANO

Cooperação entre diocesesdas RAE’s complica-se

ser confirmada pelas decla-rações de um padre veterano que considera que a diocese de Macau evita, propositada-mente, o contacto directo com o Vaticano no que diz respeito aos estudos teológicos mas espera continuar a merecer a confiança da Universidade Católica Portuguesa”.

Na opinião da investi-gadora, este suposto clima de suspeita entre os vários actores institucionais serve os propósitos da Igreja oficial e do Partido Comunista. “A cooperação entre as duas dioceses não é possível uma vez que Macau e Hong Kong, estão a cair na arma-dilha de Pequim que tenta isolar e [procura] dividir a unidade das duas igrejas” das regiões administrativas especiais. Como Filipe da Macedónia, Pequim pre-tende dividir para reinar. Sustenta Leung que a China “tenta enfraquecer a Igreja de Macau por receio a um

fenómeno de hongkongui-zação”. Por isso, “a política de Pequim é tornar a Igreja de Macau um apêndice do Governo Central e um instrumento que possa ser controlado e manipulado.”. É neste quadro que a religio-sa interpreta as peripécias em torno do programa de estudos teológicos do IIUM e do papel na política para os assuntos religiosos do Parti-do Comunista Chinês. - C.P.

A SOCIEDADE AQUI

Jesuítas regressam a Macaupadres missionários. Isto apesar da proxi-midade da data de transição do território para a China. Hong Kong esteve sempre for a de questão dada a relação assertiva da administração britiancia e da própria Igreja assumida no período de transição.

Deste ponto de vista, a decisão era arris-cada mas a cultura de bom entendimento e o processo de transição sereno contribuiam para a confiança de Roma no pós-transição. Tanto mais que, não só a província se instalou em Macau, decidiu investir no diálogo inter--cultural através da abertura de um centro de investigação capaz de estabelecer pontes entre católicos. O Instituto Ricci passou a assumir um papel central na vida cultural de Macau organizando conferências e debates com a presença de intelectuais chineses sobre questões religiosas, sociais e culturais. Mes-mo o director do Instituto, afirma Beatrice Leung, um jesuíta português [Luís Sequeira] adopta um atitude de reconciliação e bons ofícios para com os católicos e mesmo auto-ridades chinesas evitando qualquer sinal ou estratágia de confrontação semlehantes ao que aconteciam na diocese do lado.

A saída de Taiwan não significou um ponto final da presença na ilha. Pelo contrário, os esforços para manter intacto o seu trabalho missionário intensificaram-se tal como as tentativas para manter inalterado o statu quo em Hong Kong de modo a que a deslocação da administração provincial para Macau não acabasse por ter efeitos contraproducentes.

“O programa de estudo teológicos de Macau constitui um autêntico campo de batalha em que a linha dura do Partido Comunista procura colocar em cheque a ortodoxia da Igreja Católica”

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Joana [email protected]

WONG Wan afirma que as informações sobre as novas carreiras de autocarros vão che-

gar a tempo para que os passageiros e turistas tomem conhecimento dos novos itinerários e acrescentou ainda novas mudanças para os transportes públicos. O director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse ontem que as carreiras iam ser aumentadas em 40%, um crescimento de mais 400 autocarros no território, que iriam ser providenciadas mais hipóteses de transbordo entre transportes, já que “são muitos o que se queixam de que os percursos são muito longos e indirectos”, e ainda que vão existir autocarros apropriados a pessoas com deficiências físicas.

A implementação de sistemas de navegação (GPS) em todos os autocarros vai, segundo Wong Wan, ser uma realidade a partir de Agosto, não só para monitorizar a frequência das carreiras mas também para que os próprios con-dutores tenham mais informações sobre a situação do trânsito. As convicções do director da DSAT fo-ram demonstradas aos deputados ontem, no plenário da Assembleia Legislativa (AL), e surgiram em resposta às várias questões dos deputados.

É antes de Agosto que se concentram os meses oportunos para melhorar os serviços dos transportes públicos do terri-tório. A opinião é do deputado Ho Ion Sang e marca o início do plenário na AL. Os deputados concentraram-se sobretudo nos novos autocarros que começam a funcionar em Agosto e na “falta de qualidade” dos actuais. Com a presença dos responsáveis do Governo, os membros da AL aproveitaram a ordem do dia para se debruçarem sobre questões que foram desde o número de carreiras, aos itinerários, à segu-

POLÍTICA

AMARELOS DE PROBLEMASWong Wan disse ontem que a DSAT está a negociar com a Companhia de Rádio Táxis Vang Iek no sentido de aumentar o número de táxis amarelos dos actuais 50 para 400. Os táxis amarelos são os responsáveis por servirem as chamadas para a central de táxis, mas a realidade é outra no território, uma vez que na maior parte das vezes funcionam como os pretos, apanhando passageiros nas ruas e não mostram disponibilidade para responderem às chamadas. “Há que aproveitar a expiração do prazo de licenciamento para os táxis amarelos”, defendeu Ho Ion Sang, para que estes possam melhorar o serviços e irem ao local quando chamados. O director da DSAT prometeu notícias para Agosto, acrescentando que assim que entrar em vigor a Política Geral dos Transportes Terrestres de Macau, o Governo vai fazer tudo para cumprir essa política.

AL | Plenário dominado por dúvidas sobre os transportes públicos

Autocarros e táxis de desesperorança dos passageiros e à própria educação cívica dos utilizadores dos transportes públicos.

Ho Ion Sang acredita que a Ad-ministração deve “saber aproveitar os novos serviços de transporte público” e, no caso de pretender contribuir para Macau como centro internacional de turismo e lazer, deve divulgar “atempadamente informação detalhada sobre altera-ções nos itinerários, localização nas paragens e quantas mais carreiras estarão em circulação”.

Wong Wan confirmou aos deputados que vão ser ajustados em Julho os percursos dos auto-carros, de forma a que “tanto as operadoras como a população” possam ter tempo para se adapta-rem. No entanto, os itinerários da “maioria das carreiras existentes” vai manter-se, sendo o objectivo da entidade “coordenar” apenas o trabalho das três operadoras que vão passar a existir no território a partir de Agosto.

O director acrescentou ainda que vai haver uma avaliação “após um determinado período de tem-po” desde o funcionamento dos novos autocarros, de forma a que possam ser melhorados os percur-

sos e a localização das paragens, tendo em conta “as necessidades da população”.

Para Au Kam San, estas são respostas que não satisfazem e o deputado questionou a intenção do Governo em elaborar um es-tudo apenas “após” a entrada em funcionamento da nova empresa de autocarros públicos e pediu medidas concretas para solucionar o problema.

A juntar-se a Mak Soi Kun veio José Pereira Coutinho. Ambos os deputados alegam a necessidade de se destacarem funcionários das operadoras de transportes públicos para “manterem a or-dem” no local das paragens. Para os deputados, se o Governo não tiver em conta estes detalhes, Macau não vai conseguir trans-formar-se no centro internacional de lazer que tanto almeja.

Ho Sio Kam e Lee Chong Cheng revelaram ainda outras preocupações. Se o primeiro cri-ticou a qualidade dos serviços de autocarros, que “põem em causa a segurança dos passageiros, porque os condutores conduzem como se tivessem a correr no Circuito da Guia”, exemplificou, já o segundo

pediu aos representantes da DSAT que permitissem a contratação de motoristas com mais de 65 anos para colmatar a insuficiência de funcionários deste tipo.

Para os deputados, os “velhos problemas” relacionados com os transportes públicos da RAEM vão manter-se mesmo com a chegada dos novos autocarros e há mesmo quem considere que podem ainda vir a piorar devido ao maior núme-ro de veículos.

CAROS E SEM QUALIDADEWong Wan afirma que a revisão do regulamento relativo aos veículos ligeiros de aluguer, ou regulamento dos táxis, “está a decorrer de acordo com a calendarização definida e está finalizado e disponível o texto do anteprojecto para ser levado a auscultação pública”.

Os serviços de táxi têm sido o motivo de mais queixas na RAEM, não só entre cidadãos como também pelos turistas. Desde recusa em cumprir um determinado trajecto à opção por um caminho mais longo para ter uma maior receita, são várias as reclamações apresentadas à própria DSAT.

Ho Ion Sang criticou o recente desejo dos taxistas em verem aumentadas as bandeiradas de 13 para 14 patacas. O deputado fez questão de relembrar que a última actualização das tarifas dos táxis foi feita em Setembro de 2008, para dar a perceber que não foram apenas as bandeiradas que se elevaram, “mas também a falta de qualidade e as queixas” contra o serviço. “Segundo as vozes da população, a aspiração é solicitar o aumento da qualidade e não da tarifa”, disse o deputado, acres-

centando que sem o regulamento dos táxis estar pronto, não há lei que regule as situações negativas. “Não vejo calendarização para a revisão, é necessário reforçar os trabalhos de fiscalização”, criticou Ho Ion Sang.

Wong Wan admitiu que são muitas as queixas, sobretudo nas alterações dos itinerários e na es-colha de clientes, mas diz que “se verificadas violações, podem vir a ser aplicadas maiores sanções e mesmo cancelada a licença”.

Sobre a dificuldade em apanhar um táxi no território, o director da SAT diz terem sido já iniciados trabalhos para “avaliar o número de táxis e apresentar soluções” para melhorar este problema.

O responsável diz ter tomado as devidas medidas e vinca o desejo de elevar a qualidade não só com as sanções, mas com a revisão do regulamento, até porque de 2008 para 2009 o número de infracções dobrou.

Segundo o projecto de revisão, as sanções dos táxis vão ser eleva-das, mas primeiro “há que chegar a um consenso com a operadora”, alertou Wong Wan.

José Pereira Coutinho apro-veitou o tempo de interpelação para relembrar casos de violência contra taxistas e mesmo respon-sáveis da DSAT. O deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Públi-ca (ATFPM) como que forçou o director da entidade a admitir que trabalhadores seus foram hospitalizados e que os casos não foram divulgados. Wong Wan admitiu os sucedidos e afirmou que a DSAT tomou atenção nos casos, chegando mesmo a visitar os colegas ao hospital.

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POLÍTICA

Joana [email protected]

LAU Si Io admite que a construção das habitações pú-blicas está a passar

“grandes dificuldades” e avança numa fase crítica. Os motivos, diz o secretário para os serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), prendem-se com a demora na desocupação e permuta dos terrenos, na falta de recursos humanos e aos que estão envolvidos em casos de direito à proprieda-de privada.

As promessas do Gover-no em entregar habitações públicas à população voltou a ser veemente contestada ontem no plenário da As-sembleia Legislativa (AL). Ng Kuok Cheong pediu a Lau Si Io, representante do Executivo neste campo, para “tomar responsabili-dade pelo facto de não ter cumprido a promessa” e acusou ainda o secretário da DSSOPT de ter travado a entrega de dois terrenos

Virginia [email protected]

A habitação económica tem sido um dos tópicos de discussão

mais quentes e a sociedade aguarda com apreensão a versão modificada do projecto de lei. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Lee Chong Cheng pede ao Governo que considere o conceito e objectivos ori-ginais da habitação económica com toda a calma antes de tomar uma decisão final. Limitar o preço máxi-mo e mínimo para os apartamentos económicos não é a melhor solução, defende, mas sim ajustar o preço à capacidade económica da família a quem o imóvel for atribuído.

A decisão de apostar na habitação económica surgiu numa altura de escalada irracional dos preços do mercado imobiliário, o que levou a um desequilíbrio entre os preços e o poder de compra da população, lembrou Lee Chong Cheng. A habi-tação económica, de acordo com o enunciado do projecto de lei, não é de propriedade pública, mas sim uma solução habitacional que serve para

aliviar e responder às verdadeiras necessidades do mercado e propor-cionar alguma oferta de habitação aos residentes que têm algum poder de compra.

Por isso mesmo é que o texto legal determina um período em que é proibida a revenda, observa o deputado, sublinhando que a natureza da habitação económica é a mesma da habitação privada. Ou seja, concluída a aquisição, o imóvel torna-se propriedade privada do residente que a comprou. Assim, sendo, defende o deputado, é cor-recto que a habitação económica seja incorporada ao mercado imobiliário, o que até contribuiria para aliviar o mercado. Por outro lado, se o sistema de mercado da habitação económica não for perfeito o suficiente, é possí-vel que também aí surja uma situação de especulação.

Se os compradores melhorarem a sua situação financeira e passa-rem a ter capacidade de comprar uma casa no mercado imobiliário privado, é razoável que procedam a uma compensação adequada, para combater a mentalidade de “colher

sem semear”, considera Lee Chong Cheng, sublinhando que o Governo tem a obrigação de construir mais habitação económica, para dar aos residentes a oportunidade de com-prar uma casa. Não é uma boa ideia, no entanto, fixar limites de preço máximo e mínimo ou impor taxas adicionais aos prémios de terreno e custos de construção. Em vez disso, sugere o deputado, a habitação eco-nómica deve ter um preço ajustado ao poder de compra de cada família.

Lee Chong Cheng referiu ainda que o projecto de lei para a habitação económica podia resolver apenas o problema da habitação a curto prazo, podendo não ser uma solução de longo termo. O parlamentar afirmou que o Governo tinha de resolver primeiro os problemas relacionados com o estabelecimento das políticas, e a partir daí planear bem a distribuição dos terrenos para uso comercial ou para construir habitação económica, de forma a equilibrar o mercado e su-prir as necessidades dos próximos 20 anos. O Governo, sugere, tem buscar uma estabilização entre economia e desenvolvimento social.

MACAU não possui recur-sos naturais e todos os

produtos derivados do petróleo são importados. A população tem vindo a queixar-se das subidas no preço dos produtos combustíveis, derivados do petróleo, cujo aumento tem vindo também a aumentar. A chamada de atenção é do depu-tado Lee Chong Cheng que fala ainda em acusações de cartel e oligarquia que o mercado de produtos combustíveis tem vindo a receber.

Em quatro meses já se registaram sete aumentos na gasolina e nos gás butano, motivos que exigem a presença de discussões sobre energias renováveis na AL. Os membros do Governo dizem estar aten-tos aos problema do aumento dos preços, implementando inclusive medidas de apoio à população, como foi o aumento de 30 patacas na subvenção das facturas de electricidade, mas descarta a possibilidade de interferir de forma directa

no mercado dos combustíveis. O facto de este ser um mer-

cado livre, cujos investidores é que decidem os preços tendo em conta gastos e custos de ex-ploração e princípios de gestão comercial, “não permite que a Administração possa interfe-rir”. Fica apenas a promessa de que vão ser envidados es-forços no sentido de garantir o abastecimento, conseguir mais concorrentes e elevar o grau de transparência dos negócios, no-meadamente no dar a conhecer a variação dos preços ao nível do mercado internacional e no de Macau.

As energias renováveis podem ser uma solução para contornar este problemas, mas essas ainda estão em fase de estudo. Arnaldo dos Santos, engenheiro, diz que para já as técnicas para o desenvolvimen-to destas energias ainda não são possíveis no território, mas garante a energia solar está a ser desenvolvida em conjunto com Cantão. - J.F.

MAIS UM MEDICAMENTO PARA O ESTÔMAGO COM DEHPFoi detectado pelas autoridades de saúde de Hong Kong o composto plastificante DEHP num medicamento para o estômago, chamado “Well Tab” e fabricado na China. Além disso, as mesmas autoridades anunciaram que continha DEHP o agente aromatizante utilizado em cinco produtos farmacêuticos: Deter-C Vitamin C chewable tablets, Cebio Chewable Tablet, Cevizo Vitamin C chewable tablets, Super-C chewable tablets e Arthritil Powder. Os referidos produtos, com excepção do Deter-C Vitamin C chewable tablets, foram importados para Macau e nesse sentido os Serviços de Saúde (SS) já solicitaram às farmácias a sua recolha do mercado.

Habitação pública mais uma vez em debate quente

De volta à ribalta

DEPUTADO PEDE MAIS REFLEXÃO PARA HABITAÇÃO ECONÓMICA

Limitar ou não limitar?GOVERNO NÃO INTERVÉM NOS COMBUSTÍVEIS

Depender dos outros

aos preços das habitações e sugeriu a construção de mais habitações públicas para ar-rendar a todos os residentes de Macau que necessitem, aproveitando, por exemplo, os terrenos baldios.

Lau Si Io concordou que o arrendamento pode ser uma forma de melhorar os problemas.Para Ho Ion Sang e Ung Choi Kun, assim que resolvidos os problemas da habitação, outros “mais facil-mente resolvem”, pelo que o Governo deve acelerar a implementação desta política.

A ideia dos deputados é não só definir os preços entre as 200 mil e as 300 mil patacas, para que possam ser suporta-das pelos interessados, como ainda combater as especula-ções no mercado imobiliário.

À lupa estiveram ainda a questão da revitalização dos edifícios industriais e as cri-ticas de Au Kam San ao facto de a proposta estar para sair desde 2009. Paul Chan Wai Chi diz não acreditar que o incentivo aos proprietários desses edifícios esteja a ter resultados.

para construção deste tipo de fracções.

Os dois terrenos, explica Lau Si Io, foram suspensos apenas de hasta pública mas, garante o secretário, estão incluídos na reserva para a habitação pública. Respondendo às críticas dos deputados, que acusam a DSSOPT de “em nada

contribuir para atenuar as dificuldades da população”, Lau Si Io disse que o Governo nunca descurou a matéria da habitação e as necessidades da população neste campo e sublinhou que a Adminis-tração “está empenhada em acelerar o projecto de cons-trução e elevar a quantidade de oferta”.

Até Março deste ano foram construídas 3486 fracções públicas, que fazem parte de um projecto total de 21.616 habitações deste tipo. Lau Si Io frisou ainda que “todos os concursos públi-cos relativos ao projecto de construção das habitações económicas foram con-cluídos nos primeiros três

meses do ano”. “Assim que aprovado o regime de cons-trução e venda de habitação económica”, em análise na especialidade na Comissão Permanente da AL, “pode ter lugar a distribuição de fracções pelos agregados familiares que reúnam os requisitos”, esclareceu.

Excluídos destes crité-rios, lembraram os depu-tados, ficam os idosos do território. Com uma pensão mensal total de 6400 patacas, os mais velhos não têm capa-cidade para integrar o limite mínimo de rendimentos para adquirir uma fracção.

TRAVAR A ESPECULAÇÃOJosé Pereira Coutinho afirmou que nem jovens nem pessoas de classe média ou funcio-nários públicos conseguem adquirir casa própria devido

KAHO

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Gonçalo Lobo [email protected]

ACADÉMICOS sugerem que o edifício situado no número 80 da Rua das Estalagens tenha mesmo

uma ligação a Sun Yat-sen. “De acor-do com os estudos desenvolvidos por especialistas e relatos de pessoas mais velhas, 99% indica que Sun Yat--sen tenha estado naquele edifício”, referiu o chefe da Divisão de Projectos Especiais do Instituto Cultural (IC), Boyce Lam, ao Hoje Macau. Assim, tudo indica, que a farmácia Chong Sai tenha ali sido montada.

Vários especialistas e associações já concordaram que se trata, de facto, daquilo que resta da farmácia Chong Sai, uma loja sino-europeia montada pelo “pai” da República da China num contrato mútuo celebrado entre Sun Yat-sen e o hospital Kiang Wu, quando nele trabalhava como cirurgião – introduziu a medicina oci-dental naquele hospital. Sabe-se, pelo menos de acordo o livro de Manuel Teixeira “A Medicina em Macau”, que também naquela rua Sun Yat-sen terá aberto um consultório médico.

Agora faltam apurar alguns por-

Virginia [email protected]

AS escolas de condução vão aumentar o preço das aulas

para todas as categorias de ve-ículos em 10% em média. A ex-plicação apresentada foi a subida de todos os custos associados à prática da instrução, sobretudo os de manutenção dos veículos, seguro automóvel e combustí-veis. Como forma de atenuar os efeitos dessas subidas dos custos operacionais, os representantes do sector decidiram-se por um aumento do preço das aulas a partir de 10 de Junho de 2011. Posteriormente, serão também estudados possíveis aumentos proporcionais nos salários dos instrutores.

A Associação de Instrutores de Condução de Automóveis de Macau, a Associação de Escola de Condução de Macau e a União de Instrução de Con-dução publicaram em conjunto o anúncio de que os aumentos terão efeito a partir do dia 10 de Junho. “Devido à inflação

A Companhia de Eletricidade de Macau (CEM) está a investigar as

causas que levaram, na madrugada de quarta para quinta-feira, à inter-rupção do fornecimento de energia que afectou mais de 2000 casas no território.

Num comunicado, a CEM expli-ca que o incidente teve origem numa falha num equipamento de média tensão, na zona norte da cidade pelas 00h41, e que enviou piquetes para restabelecer o fornecimento de energia.

No entanto, durante o processo, devido a “uma necessidade técnica”,

foi provocada uma interrupção do fornecimento, que teve a duração de dois minutos. Segundo a CEM, o fornecimento de energia eléctrica foi restabelecido à grande maioria dos clientes afectados pelas 1h04 e totalmente pelas 3h25.

Afirmando-se “preocupada” com o incidente, a empresa indicou que encetou a respectiva investiga-ção para apurar as causas, garan-tindo que “vai analisar o caso e im-plementar as medidas necessárias” e enviar, em breve, um relatório ao gabinete para o desenvolvimento do sector energético.

Académicos confirmam ligação de Sun Yat-sen à rua das Estalagens

A farmácia do senhor RPC

AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS E SEGUROS LEVA A SUBIDA DO PREÇO DAS AULAS DE CONDUÇÃO

Carta fica mais cara

CEM INVESTIGA CAUSAS DE “APAGÃO”

Areia Preta na escuridão

Antes e depois do aumento

Antes Depois

Motociclo (50-125cc) MOP 80 MOP 90Motociclo (150cc) MOP 90 MOP 100Motociclo (650cc) MOP 110 MOP 120Ligeiro MOP 160 MOP 180Pesado MOP 170 MOP 190

*Valores por hora

e ao aumento dos preços dos combustíveis e da reparação dos veículos, as despesas estão a aumentar também”, explicam os representantes do sector.

Além disso, o itinerário para a

instrução é longo e irá aumentar o consumo de combustível, assi-nalam, lembrando que há entre dois e três anos que os preços das aulas não sofrem aumentos. Tendo em conta a carga do au-mento para o bolso das pessoas que decidiram tirar a carta, as taxas de auxílio para a realização dos exames serão mantidas sem sofrer qualquer aumento.

Os representantes do sector avançaram também a intenção de aumentar, por outro lado, os salários dos instrutores, pro-porcionalmente, como forma de manterem os profissionais mais experientes.

menores. O edifício onde se situa a farmácia é muito antigo – 118 anos -, pelo que “é digno de protecção”. O Governo já terá mostrado intenção de comprar o edifício mas as nego-ciações ainda não chegaram a bom porto. “Estamos a falar com o pro-

prietário mas ele está a pedir muito dinheiro. Vamos ver o que acontece nos próximos tempos”, referiu Boyce Lam ao Hoje Macau.

QUASE DEMOLIDAFaltou um bocadinho assim, mas os

peritos ainda foram a tempo de salvar a casa. Chan Su Weng, director-geral da Associação de História de Macau, foi um dos primeiros a reparar no perigo. Sabendo de antemão que já tinham sido apresentados os docu-mentos necessários para demolir o edifício, ligou imediatamente a outro entusiasta, que também se queixou ao presidente o IC, Guilherme Ung Vai Meng, para inspeccionar toda a situação.

Uma vez denunciado o risco de danos para o património, o IC terá contactado o proprietário e a Direcção dos Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) para apelar à suspensão da demolição. Dito e feito. Em Maio de 2010, o IC conseguiu pelo menos cancelar a demolição do edifício e o trabalho que se seguiu foi o de tentar provar que aquele edifício teria interesse histórico.

Com a ajuda do Museu de Macau,

o IC dirigiu-se a coleccionadores e lojas de antiguidades numa tentativa de localizar as peças que estariam no local. Durante o processo, o IC também recebeu chamadas e e-mails de pessoas que afirmavam possuir conhecimentos e documentos que comprovavam a localização da farmácia.

Daqui para a frente o trabalho será muito. O Grupo de Acompa-nhamento da Farmácia Chong Sai, criado para o efeito, terá que fazer prova do valor arquitectónico do imóvel, bem como o seu valor de revitalização e, o mais importante, perceber se Sun Yat-sen também aproveitava a farmácia como base secreta iniciando ali as suas activida-des revolucionárias para derrubar o governo imperial Qing.

O IC defende ainda que toda a zona da Rua das Estalagens é de interesse pelo seu valor histórico.

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10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

Maria Ramadas, coordenadora do “Projecto Be Cool” da ARTM

“Informamos, prevenimos e estimulamos os O “Projecto Be Cool”

emana da Associa-ção de Reabilitação de Toxicodepen-

dentes (ARTM). Tem quase três meses, é um espaço confortável, aberto, pensado para o desenvolvimento de intervenções preventivas, absolutamente grátis, para os jovens residentes em Macau entre os 12 e os 20 anos de ida-de. Fica na Taipa, no número 494 da Estrada Governador Albano de Oliveira. Onde também se diz não à droga e sim à vida. Maria Ramadas é a coordenadora deste projecto que presta apoio em português e inglês. Aqui os jovens são informados sobre todos os pormenores relacionados com a droga, não se tapa os olhos deles com uma peneira. Pelo contrário, os jovens ganham armas e argumentos para se prevenirem. Sem falsos tabus, tudo lhes é explicado por entre actividades culturais, despor-tivas e artísticas.Este projecto é fruto de que acções?O “Projecto Be Cool” nasceu de vários anos de interacção entre a ARTM e várias escolas de Macau com componente portuguesa ou inglesa. O apoio que damos é em português e inglês. Ao longo dos anos, terá faltado à ARTM a possibilidade de ter uma estrutura para apoiar preventivamente os jovens. Felizmente que a associação conseguiu levar à frente esta iniciativa e, deste modo, acompanhar ainda mais os jovens.O projecto é para os alunos das escolas com quem a ARTM e o “Be Cool” têm ligação ou apenas para jovens com determinadas características?Para todos. Naturalmente, tendo sempre em atenção os grupos de risco, cujos elementos são muitas vezes encaminhados até nós pelas escolas.Não sendo o “Be Cool” nenhum estabelecimento de correcção disciplinar...Nem pensar! O que nós fazemos aqui é dar

ferramentas para os jovens melhor combaterem o aborrecimento e ganharem consciência efectiva, informada, sobre alguns problemas que os podem vir a afectar ou que os estejam afectando.Que ferramentas são essas?Variadas. Todos os dias há diferentes actividades específicas. Dentro dos exercícios, apercebemo-nos que factores são mais preferidos por este ou aquele jovem, entre o 7.º e o 12.º ano.

de droga. O programa das quartas é “be enterteined”, ou seja praticando jogos vários como matraquilhos ou jogos tradicionais; também temos a “Be Cool Music Band”. Nas quintas, talvez o dia mais frequentado, o tema é “be a Chef”. Ensinamos a cozinhar e a apreciar comida saudável. Uma vez em cada mês cozinhamos com receitas relacionadas com um país que escolhemos, normalmente com os países

donde são originários os jovens ou os seus pais. Esta actividade é muito importante também ter o acompanhamento familiar, tal como é importante para a auto-estima de cada jovem. Às sextas, “be artistic”, com artes manuais e digitais como a pintura, a escultura, a colagem, a costura, sempre promovendo a imaginação e criatividade. Os sábados desejamos dedicá-los a actividades conjuntas

entre os jovens e os seus familiares, pois a ideia base é envolver os pais na vida dos filhos, de modo positivo, conversar sobre assuntos que eventualmente não são falados em casa, como comportamentos de risco, doenças sexualmente transmissíveis, relações entre colegas de escola, os malefícios da droga. Defendemos que os jovens têm de estar informados sobre a droga, como ela é,

o mal que faz, tudo. Assim estamos a protegê-los. Aos domingos, cada jovem que nos visita escolhe a actividade que preferir. No dia a dia, os alunos podem fazer aqui os trabalhos de casa; aliás, depois desses trabalhos é que têm início as outras actividades que programamos.Especificamente o “Projecto Be Cool” já teve de enfrentar casos com gravidade?Por enquanto não. Algumas situações graves que se passaram em algumas escolas não passaram até aqui.Quando se fala em droga, os jovens são sempre nomeados, embora se saiba que a droga não vê idades nem condições sociais.Precisamente. A droga instala-se em qualquer idade, vai do mais rico ao mais pobre, do oriental ao ocidental.Porque a opção do “Be Cool” ter como línguas de comunicação a portuguesa e a inglesa e não também a língua chinesa?Porque neste campo, a grande falha que existia em Macau era exactamente não haver apoio completo nestas duas línguas ocidentais. Em língua chinesa existem várias instituições dando apoio. Sendo nós um membro activo da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes, o “projecto Be Cool” é uma complementaridade específica que em tão pouco tempo de existência já lida diariamente com estudantes filipinos, ingleses, portugueses e chineses.Por falar em apoios, quais são os que o “Be Cool” conta para poder levar adiante a sua acção?Temos o apoio do Instituto de Acção Social em forma de subsídio. Estamos à espera a da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude que, em princípio, nos vai apoiar.Tem pessoal especializado para as acções julgadas convenientes?

“Os desequilíbrios sociais que existem no mundo estão nitidamente reflectidos em Macau, apesar de ser tudo muito tapadinho...”

Qual é a maioria, os mais novos ou os mais adiantados nos estudos?Os que nos têm vindo visitar pertencem maioritariamente à componente mais nova, entre os 12 e os 15 anos.Conte-nos o percurso necessário para os jovens frequentarem o “Be Cool”.Chegam aqui, fazem uma ficha de inscrição e vêm quando quiserem. Temos actividades diferentes para cada dia.Actividades que são...Às segundas, chamamos “be cultural”, envolvendo os jovens com cinema ou vídeo, onde cabe tanto o aconselhamento como importantes mensagens contra a droga, tal como através da música e de outras expressões artísticas, por exemplo o teatro. Inclusivamente, os jovens, com estas acções, tendem a melhorar também as suas qualidades artísticas. Às terças chamamos “be preventive”. Escrevemos a nossa newsletter e baseados em investigações, explicamos os perigos de cada espécie

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com Helder Fernando

“Macau é uma terra muito especial. Para muitos é um sítio de passagem, com muita gente a vir até cá com o único objectivo de ganhar dinheiro, por vezes com grande sacrifício para a família que chega a ser como que esquecida. Pode acontecer o oposto”

jovens a terem uma vida saudável”isso o Be Cool nasceu para desenvolver competências pessoais e sociais, sem deixar de respeitar os hábitos e valores culturais da comunidade local”.“Infância feliz”, gosta de recordar, estudou num bom colégio privado e internacional e, como já foi evocado, foi crescendo no meio de artes e artistas, interessando-se por diferentes áreas, “um bocadinho de tudo, pois sempre gostei de viajar e a certa altura percebi que para continuar a viajar tinha de fazer-me à vida”. Ainda enquanto estudante “ia fazendo uns trabalhinhos, fundamentalmente organizando eventos de múltiplos géneros, acompanhava a minha mãe na organização de exposições, dentro da Galeria 57 e no exterior, viajando sempre que tinha oportunidade”. Entretanto, convém dizer que a coordenadora do “Be Cool” é também voluntária da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde, ainda enquanto estudante, deu apoio a jovens em risco - “um trabalho feito directamente nos bairros com problemas”. Além da experiência num centro de reabilitação propriedade de um familiar.A oportunidade Macau surgiu porque numa das viagens até aqui, “a propósito de uma exposição organizada pela minha mãe”, conheceu o Augusto Nogueira (presidente da ARTM). “Ele ficou a saber da minha experiência e disponibilidade nestas áreas da solidariedade com grupos de risco, bem como a familiaridade com vários aspectos artísticos”, lembra. Até que chegou o momento de ser desafiada por Augusto Nogueira para coordenar o “Projecto Be Cool” onde Maria é realmente uma mais valia na multiplicidade de actividades que ali é recorrente dinamizar. Balanço destes três meses? “Muito positivo, não estranhei a terra porque há anos que conheço Macau, e este tem sido um trabalho que abraço com todo o meu carinho e dedicação. O Projecto Be Cool vive um processo de crescimento muito bonito”.

o que gostaria de seguir”.Coordena desde o início, há três meses, o “Projecto Be Cool”, um género de departamento preventivo da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes, com instalações próprias e objectivos definidos.Depois de trabalho diferenciado e cíclico junto de uma série de estabelecimentos de ensino, oito ao todo, o “Be Cool” está aberto a todos os jovens, funcionando como um centro diário com diferentes actividades pós-escolares. Além de posteriores especializações, fala da necessidade da juventude ter uma “vida saudável e feliz de modo a mais facilmente evitar o tabaco, as bebidas alcoólicas, as drogas. Por

Sim, inclusive um psicólogo, não a tempo inteiro, mas que é chamado sempre que sentimos haver necessidade.Neste momento o “Be Cool” desenvolve actividades junto de umas poucas dezenas de jovens. Há condições e espaço para alargar a actividade a mais estudantes?Sem dúvida que sim, temos espaço, monitores, condições ideais para desenvolver a actividade do “Be Cool” para um número bastante maior de jovens.Como sente que reagem ao vosso trabalho as famílias desses jovens?Temos exemplos muito positivos de pais que nos vieram visitar, falar connosco, informar-se dos nossos programas, observar as instalações. Esses familiares apreciam o nosso trabalho e acarinham-nos bastante. Outros pais não entendem bem, ou não estão interessados em conhecer-nos melhor, preferem desligar, o que não é positivo para os filhos.Deve ser paga alguma quantia para os estudantes virem até ao “Be Cool” sempre que desejarem?Absolutamente nada, é tudo grátis. Entre as 10h e as 20h.Os estudantes que aqui vêm pertencem a que estabelecimentos de ensino?Escola das Nações, Escola Portuguesa, Escola Internacional, Macau Anglican College, Escola Sam Yuk, Escola S. João de Brito, Escola Luis Gonzaga Gomes e Colégio Santa Rosa de Lima. São estabelecimentos onde, devidamente autorizados, e também por iniciativa das escolas, realizamos palestras de sentido preventivo em relação às drogas. Com grande parte destas escolas já existe, por parte da ARTM, um relacionamento de alguns anos.Que iniciativa está em agenda para breve?Vamos inaugurar aqui no espaço do “Projecto Be

Cool”, já a 11 deste mês, uma exposição de desenhos dos alunos que nos frequentam. O tema é “Diz não às drogas, sim à vida”.A casa-mãe deste “Projecto Be Cool” é a ARTM. Não há o perigo de sobreposição de trabalhos?Absolutamente não. Temos muito orgulho em todo o trabalho desenvolvido ao longo dos anos pela ARTM, de onde emanamos, mas neste projecto não realizamos trabalho específico de reabilitação de toxicodependentes. Somos todos uma grande equipa, embora cada lado tenha o seu trabalho. Se no “Be Cool” depararmos com algum caso de adolescente ou jovem com necessidade de reabilitação, será encaminhado noutro sentido. Nós aqui informamos, prevenimos, damos todo o apoio e informação sobre as drogas a quem nos vier visitar, estimulamos os estudantes a terem uma vida completamente saudável de corpo e mente, mas não

reabilitamos, isso é função da ARTM.Aqui neste projecto já aconteceu algum caso mais complicado, mais grave?Não, temos vivido um ambiente tranquilo. Temos alguns casos em que damos a volta a eles de forma positiva, mas felizmente casos graves ainda não tivemos, tudo tem corrido bem, somos ainda muito bebés.Macau é terra problemática quanto aos ambientes da droga?Macau é uma terra muito especial. Para muitos é um sítio de passagem, com muita gente a vir até cá com o único objectivo de ganhar dinheiro, por vezes com grande sacrifício para a família que chega a ser como que esquecida. Pode acontecer o oposto. Como sabemos, há quem esteja muito bem e há quem não esteja assim. Os desequilíbrios sociais que existem no mundo estão nitidamente reflectidos em Macau, apesar de ser tudo muito tapadinho...Coordenadora cool

Maria Ramadas é uma elegante lisboeta-leiriense (nascida em Lisboa, mas registada em Leiria). Mulher ainda jovem e viajada, com formação em biologia celular e molecular na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa com posteriores especializações, Maria está há muito familiarizada com as artes e com os artistas, nomeadamente do mundo da pintura e da escultura, pois a mãe, Lina Costa e Sousa, é a proprietária e directora da conhecida “Galeria 57-Arte Contemporânea”. Quando questionada sobre a escolha da biologia, responde que “tudo o que implica o estudo da vida me interessa, foi a minha principal inclinação quando me interroguei sobre

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PUB.SEXTA-FEIRA 3.6.2011

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NOTIFICAÇÃO EDITAL N.o 186/2011(Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da In-specção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o não-residente Sr. BILAS DELFINO JR OLIVER, ex-trabalhador autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE CORRIDAS DE CAVALOS DE MACAU, S.A.R.L.”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221 a 279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, em Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 9344/2010, proveniente do acidente de trabalho em que o notificado foi vítima.

Mais se comunica que nos termos da alínea a), n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável ao notificado este esteja parado por mais de seis meses.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento da Inspecção do Trabalho, aos 24 de Maio de 2011.

O Chefe do Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.o 185/2011(Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o ex-trabalhador não-residente Sr. CHUNG TAI HOI, autorizado a prestar trabalho para a sociedade “LEIGHTON CONTRACTORS (ASIA) LIMITED”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221 a 279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, em Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 3607/2009, proveniente do acidente de trabalho em que o notificado foi vítima.

Mais se comunica que nos termos da alínea a), n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável ao notificado este esteja parado por mais de seis meses.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento da Inspecção do Trabalho, aos 27 de Maio de 2011.

O Chefe do Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

13www.hojemacau.com.moCULTURA

Filipa [email protected]

JÁ tem seis anos e cada edição tem um tema di-ferente. “A ideia da Festa da Música é mostrar aos pais o que é feito nas aulas

ao longo do ano, que não é propriamente só cantar ‘As Pombinhas da Catrina’, com todo o respeito que tenho pela canção”, atira Paula Balonas, organizadora do evento e professora de Música na Es-cola Portuguesa de Macau.

NO segundo sábado de Junho, este ano dia 11,

comemora-se o Dia Nacional do Património Cultural da China. O Instituto Cultural vai assinalar a data com uma série de eventos, desde exposições a visitas guiadas em locais do Património Mundial, passando por uma palestra, uma mostra de artesanato, demonstrações de pintura e um concerto da Orquestra de Macau.

Os eventos terão o apoio do Ministério da Cultura da República Popular da China e da Secretaria para os As-suntos Sociais e Cultura do Governo da R.A.E. de Macau e são organizados conjunta-mente pelo Instituto Cultural e pelo Centro Nacional de Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da China.

DE SÃO PAULO À GUIA“Cores” é o nome do es-pectáculo que a Orquestra de Macau vai levar às 16h do dia 11 às Ruínas de São Paulo, a mesma morada dos vários espectáculos sobre o mesmo tema com início às 17h, com danças e cantares populares chinesas de dife-rentes regiões, como a suona de Dangshan, a dança do pé esquerdo de Yi e a dança dos lavradores do grupo étnico coreano da China.

6.ª Edição da Festa da Música da EPM

Queres que te cante uma história?Os alunos da Escola Portuguesa voltam a fechar o ano com música, desta vez com uma versão de um musical “best seller” intitulado “José e o Manto das Mil Cores”

DIA NACIONAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL DA CHINA

Património ao vivo e a coreslivre e um serviço especial de autocarros disponibilizado pelo Instituto Cultural. Entre eles o Farol da Guia e o Teatro Dom Pedro V, com serviço de visitas guiadas entre as 10h e as 17h. Os autocarros terão a frequência de 45 minutos, das 11h e as 17h, entre o Fórum de Macau, as Ruínas de São Paulo e a Casa do Mandarim.

sítios classificados vão estar abertos ao público nos dias 11 e 12 de Junho, com entrada

Mas a essa hora já a ex-posição “Génese e Espírito” inaugurou no Fórum de Ma-cau, que inclui uma mostra de grande escala sobre o Pa-trimónio Cultural Imaterial

da China. Para quem quiser pôr as mãos na massa e sen-tir o património escorregar entre os dedos serão imper-díveis as demonstrações de técnicas raras de pintura de

Thangka e Xilografia na Casa de Mandarim, dadas por três especialistas, Niang Bem, Chong Defu e Gao Wenying.

Os vários locais do Patri-mónio Mundial de Macau e

Em 2006 a docente resolveu estender ao palco o ensino da leitura de partituras, domínio dos instrumentos e história da música. Todos os anos apre-senta uma novidade. Este ano é um musical. “José e o Manto das Mil Cores” é apresentado esta tarde, às 18h15, na EPM. Um passo arriscado, diz Balonas. “É um ‘em cima do arame’, e sem rede.”

MIÚDOS AO PALCO“O mais engraçado da música é fazer música, fazer espectá-

ao Hoje Macau que se trata de “um best-seller dos musicais” e que se vai intitular “José e o Manto de Mil Cores”.

No palco estarão cerca de 150 crianças, do 1.º ao 3.º ciclos, que fazem parte do Grupo Orff, um colec-tivo inspirado no método pedagógico do autor de “Carmina Burana”. “É uma orquestrinha que também vai participar, apesar de este ano o espectáculo principal não ter instrumentos”, justificou a professora que, garante, não fez a coisa por menos. “Sou extremamente exigente comigo e com os meus alunos e as coisas são sempre para serem feitas quase em termos profissionais. É extrair deles o máximo que eles podem dar de cada situação”, assegura Paula Balonas.

Pais, amigos e curiosos podem comprovar o resultado esta tarde, às 18h15, no ginásio da EPM.

culos, mostrar o que se apren-de”, defende Paula Balonas. Quando a EPM abriu as aulas de Música ao primeiro ciclo, a docente pensou que podia ir além do currículo escolar. “Naquele ano celebravam-se os 250 anos do nascimento de Mozart e resolvi fazer disso o tema para a primeira Festa da Música.” Depois do espectáculo baseado na vida e obra do autor de “As Bodas de Fígaro”, seguiu-se uma segunda edição sobre o filme “Música no Coração”.

gregoriano, música medie-val, barroca, clássica, ópera, romântica, rock, hip hop até ao hino da EPM. Este ano a docente volta a surpreender.

PROJECTO SECRETOPaula Balonas diz que o espec-táculo de hoje “é uma história contada por música, uma espécie de ópera rock onde os miúdos cantam”. A docente diz que “a história existe” mas que não quer revelar muito mais para manter o efeito surpresa. Adiantou apenas

A terceira foi sobre a própria EPM, que celebrava dez anos de existência, e no ano seguin-te ensaiou-se música chinesa a propósito de uma década da criação da RAEM.

No ano passado o formato efeméride mudou – ou, por assim dizer, expirou – e passou a ser A História da Música. “Que começou há 5000 anos e acabou na Escola Portuguesa no dia 7 de Junho de 2010”, explicou a organizadora. O espectáculo percorreu todas as épocas e estilos, desde o canto

Dia Nacional do Património Cultural da China 2011DATA

12/06 a 10/07

11/06 a 14/08

11/06

11 e 12/06

11 a 15/06

31/05 a 19/06

12/06

11/06

11/06

11 e 12/06

11 e 12/06

11 e 12/06

HORA

10h -18h

9h30-18h30

11h-18h

17h

10h-18h

12h-19h

15h-17h

14h-18h

16h

10h-17h

10h-18h

10h30-19h

18h30, 19h, 19h30(3 visitas por dia)

CONTEÚDO

“Génese e Espírito” – Exposição sobre o Património Cultural Imaterial da China

Exposição “Quantos Somos?”

“Arquivo Histórico de Macau – Dia Aberto”

Espectáculos sobre o “Património Cultural Imaterial da China”

“Demonstrações sobre o Património Cultural Imaterial da China – Pintura de Thangka e Xilografia”

“Xilografias de Ano Novo de Zhangqiu e Bordados Lu”

Palestra: “Análise do Sentido de Pertença e das Características Regionais a Partir de Estudos de Caso de Preservação do Património Cultural”

Visita às Bibliotecas Classificadas

Concerto pela Orquestra de Macau – “Cores” Casa do Mandarim

Sítios do Património Mundial Abertos Excepcionalmente aos Visitantes

Atracções e Locais de Exposição Abertos Excepcionalmente aos Visitantes

Visita Nocturna a Sítios do Património Mundial – “Venha Escutar Histórias da Cidade Antiga

LOCAL

Sala de Exposições do Fórum de Macau

Arquivo Histórico de Macau

Arquivo Histórico de Macau

Ruínas de S. Paulo

Casa do Mandarim

Casa de Lou Kau

Auditório do Museu de Macau

Biblioteca Central de Macau e sucursais

Teatro Dom Pedro V; Farol da Guia

Teatro Dom Pedro V; Farol da Guia

Museu de Macau;

Espaço Patrimonial Uma Casa de Penhores Tradicional

Largo do Lilau

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

14www.hojemacau.com.mo DESPORTO

Marco [email protected]

HOUVE golos, houve po-lémica e houve emoção até ao último remate. Monte Carlo e Lam Pak

protagonizaram o embate de maior nomeada dos quartos-de-final da edição de 2010/2011 da Taça da Associação de Futebol de Macau e na noite de quarta-feira, no campo do Canídromo, não defraudaram todos quantos quiseram acompa-nhar ao vivo o desafio.

Num jogo bem disputado, a sorte acabou por sorrir à formação orientada por Chan Man Kin, que colocou um ponto final à série de bons resultados somados pelo Monte Carlo desde o início de Abril. O conjunto canarinho já não perdia desde que defrontou o campeão Windsor Arch Ka I em partida a contar para a primeira volta do Campeonato e ontem só caiu no desenlace pela lotaria das grandes penalidades.

A formação canarinha, agora orientada por Mário Ramos, foi a primeira a levar perigo ao último reduto do Lam Pak, com Loi Wai Long a obrigar o guarda-redes adversário a uma defesa segura na cobrança de um livre directo.

Menos de três minutos depois, é Kamilo Oliveira quem leva perigo

Taça | FC Porto derrotado pelo Kuan Tai

Lam Pak e Ka I nas meias-finaisà área do conjunto azul e branco. O artilheiro brasileiro responde com um cabeceamento a um bom cruzamento do lado direito do ataque do Monte Carlo, mas falha o enquadramento com a baliza à guarda de William Chu.

O conjunto canarinho voltou a criar nova ocasião pouco depois. Dos pés do capitão Geofredo de Sousa, e de novo na cobrança de um lance de bola parada, nasce uma das melhores oportunidades da primeira metade, com a bola a falhar por pouco as redes da forma-ção orientada por Chan Man Kin.

O Lam Pak só ao fim de 20 minutos conseguiu levar perigo à baliza à guarda de Fong Chi Hang, com Lau Ka Shing a desperdiçar já em plena grande área adversária. O aviso estava, no entanto, dado e aos 25 minutos, Lau Ka Shing mar-cou mesmo, depois de ter levado a melhor no confronto directo com o guarda-redes adversário.

O onze orientado por Chan Man Kin foi para o balneário em vanta-gem e regressou predisposto a con-

trolar a eliminatória. Nos segundos iniciais da segunda parte, Lau Ka Shing volta a colocar a defensiva do Monte Carlo em apuros, pre-conizando uma segunda metade difícil para a máquina orquestrada por Mário Ramos.

O Monte Carlo conseguiu, ainda assim, sacudir a pressão e aos 37 minutos Loi Wai Long força William Chu a uma grande, grande defesa na cobrança perfeita de um livre directo à entrada da área do Lam Pak.

O Monte Carlo ameaçou e aos 50 minutos marcou mesmo, com o brasileiro Ricardo Júnior a apon-tar um senhor golo, num remate fortíssimo disparado a mais de 40 metros da baliza adversária.

Com o empate reposto, os der-radeiros dez minutos foram dez minutos de nervos e de futebol in-tenso, mas só nos últimos segundos se materializaram oportunidades. Lau Ka Shing cai na área, o árbitro apita para a marca de grande pena-lidade e chamado a marcar, o ve-terano Che Chi Man não consegue

cumprir. A eliminatória decidiu-se, como mandam as regras, na lota-ria das grandes penalidades e na marca de 11 metros o Lam Pak foi mais feliz. Ao quarto disparo, o guineense Adilson Cassamá não conseguiu marcar para o Monte Carlo, propulsionando o Lam Pak para as meias-finais da competição.

Nas meias-finais da prova, o Lam Pak vai defrontar o Wind-sor Arch Ka I. Os campeões do território golearam o Kei Lun por cinco bolas a zero, num encontro em que o avançado Lei Kam Hong esteve em evidência, ao apontar um hat-trick.

A formação orientada por Rui Cardoso inaugurou o marcador à passagem do nono minuto, numa jogada dividida entre Nicholas Torrão e o guarda-redes do Kei Lun, em que o jogador de ascendência portuguesa levou a melhor sobre o adversário.

O Ka I dilatou a vantagem para as duas bolas a zero à passagem do primeiro quarto de hora, com Tita a concluir uma boa jogada da linha

avançada dos campeões da RAEM. Depois foi a vez de Lei Kam Hong entrar em acção. O jogador apontou o terceiro tento do Windsor Arch Ka I a três minutos do intervalo e voltou a marcar aos 35 minutos, antes de encerrar a contagem na recta final do tempo regulamentar.

A grande surpresa dos quartos--de-final da prova foi no entanto a eliminação do Futebol Clube do Porto. A formação orientada por Dani perdeu por três bolas a zero frente à equipa que conquistou a última edição do Campeonato de Futebol da Segunda Divisão. O Kuan Tai, que na última ronda da Taça da Associação de Futebol de Macau já tinha derrotado o Benfica, voltou a mostrar a porta de saída a uma formação portuguesa e vai agora discutir o acesso ao encon-tro decisivo da competição com o onze da Selecção de Sub-23, que na quarta-feira levou a melhor sobre o Lam Ieng no desenlace por grandes penalidades depois de um empate sem golos durante os sessenta minutos do tempo regulamentar.

ANTÓ

NIO

MIL

-HOM

ENS

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

15www.hojemacau.com.mo

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.o 183/2011(Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conju-gado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Admin-istrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se a não-residente Sra. Arrian Audije Audije, ex-trabalhadora autorizada a prestar trabalho para a sociedade “Venetian Macau S.A.”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221 a 279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 1501/2010, proveniente do acidente de trabalho em que o notificado foi vítima.

Mais se comunica que nos termos da alínea a), n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável à notificada este esteja parado por mais de seis meses.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento da Inspecção do Trabalho, aos 26 de Maio de 2011.

O Chefe do Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.o 182/2011(Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notificam-se os seguintes trabalhadores: 1. O residente, Sr. Chan Wai Keung, ex-trabalhador da sociedade “HYATT RE-GENCY MACAU” (Processo n.º 238/2005); 2. O residente, Sr. Chan Cheok Kit, ex-trabalhador da sociedade “Mandarin Oriental Macau” (Processo n.º 3998/2006); 3. A não-residente, Sra. Lisa Jones, ex-trabalhadora autorizada a prestar trabalho para a sociedade “Companhia de Corridas de Cavalos de Macau S.A.R.L.” (Processo n.os 4339/2006 e 768/2007). Para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221 a 279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestarem as respectivas declarações relativamente aos acidentes de trabalho em que os notificados foram vítimas. Mais se comunica que nos termos da alínea a), n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável aos notificados este esteja parado por mais de seis meses.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 27 de Maio de 2011.

O Chefe de Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

PUB

Sérgio [email protected]

ENQUANTO aqui ao lado, em Zhuhai, se

disputava o Campeonato Chinês de Carros de Turis-mo e lá longe em Sepang, na Malásia, o asiático da especialidade, na cidade de Zhaoqing, não muito distan-te do centro nevrálgico de Cantão, o Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS, na sua nova sigla in-glesa) realizava no passado fim-de-semana a sua jornada dupla de abertura.

Sob altas temperaturas, mais de seis dezenas de pilotos do território om-brearam pela primeira vez esta época pelo apuramento para as seguintes corridas do Grande Prémio de Macau: Corrida Hotel Fortuna de Interport MAC/HKG, Taça de Carros de Turismo CTM Macau e Macau Road Sport Challenge.

No sábado realizaram-se

CAMPEONATO DE MACAU DE CARROS DE TURISMO | ABERTURA COM JORNADA DUPLA

Os suspeitos do costumeMitsubishi EVO9 venceu com desafogo a corrida de sábado, mas como não ali-nhou na prova de domingo, o piloto de Hong Kong Kevin Tse, em Subaru WRX, não teve dificuldades em levar a melhor.

A estrear-se nesta classe, o português Sérgio Lacerda levou um Nissan 350Z a um quinto e a um quarto lugar, deixando no ar que poderia ir ainda mais além após ter registado o segundo melhor “crono” na qualificação de domingo.

Também em época de transição de classe, Hél-der Assunção desistiu na primeira contenda, mas remediou-se com um quinto lugar à segunda, tendo cer-tamente mais que contar que o aziago Paulo Batalha que acumulou duas desistências.

A segunda e última jorna-da dupla do MTCS realiza-se já no fim-de-semana de 11 e 12 de Junho, novamente no traçado de Zhaoqing.

as primeiras mangas de cada categoria a um circuito des-conhecido para a maioria, sendo que no domingo os pilotos da RAEM fizeram--se ao asfalto abrasivo do futuro circuito chinês do WTCC para a segunda con-tenda do fim-de-semana. Assistiram-se a corridas muito disputadas, com os favoritos a confirmarem o porquê do estatuto.

Na categoria principal, a “AAMC Challenge”, Le-ong Ian Veng, a estrear um Honda Accord CL7, e o campeão em título Henry Ho dividiram os triunfos, após o BMW 320si deste último, comprado em Portugal, não ter cortado a linha de meta na primeira corrida. Eurico de Jesus subiu ao terceiro lugar do pódio em ambas

as corridas, sendo que Célio Alves Dias surpreendeu ao terminar a primeira manga no segundo posto.

No seu regresso à catego-ria principal, Jerónimo Ba-daraco praticamente selou o seu apuramento com dois quinto lugares. Com apenas 19 concorrentes à partida, os veteranos Ricardo Lopes e José Mariano Rosa fina-lizaram ambas as corridas, arrecadando importantes pontuações. Filipe Clemente de Souza teve uma jornada para esquecer, não conse-guindo qualquer ponto e o não menos infeliz Belmiro Aguiar apenas levou para casa um 16.º lugar.

Na categoria N2000, também conhecida por “ini-ciados”, o experiente Álvaro Mourato não deu cavaco a

ninguém, vencendo ambas as corridas com relativa fa-cilidade. Rui Valente esteve em destaque no sábado, obtendo um sexto posto, en-quanto o regressado Daniel Amante Gomes foi presen-ça tranquila em ambas as corridas no “Top-10”. Mais discretos estiveram Hélder Brito, que somou dois 17.º

lugares, Isaías do Rosário, que viajou de Portugal para obter um 16.º lugar na segun-da corrida, e o “rookie” Rui Basílio que saiu do circuito de Guangdong a zeros.

No que respeita ao duelo dos concorrentes da “Macau Road Sport”, categoria que este ano reuniu uma vintena de pilotos, Sun Tit Fan, em

MARCA COLOCA COENTRÃO NO REAL POR 22 MILHÕESA imprensa espanhola noticia que as negociações entre Benfica e Real Madrid para a transferência de Fábio Coentrão evoluíram bastante nas últimas horas e que o internacional português está a um passo de rumar ao Berrnabéu. A insistência de José Mourinho foi determinante para que o Real Madrid desse um passo em frente nas negociações, sendo que o valor acordado ficaria um pouco aquém dos 30 milhões relativos à cláusula de rescisão do jogador, valor do qual o Benfica não estaria disposto a abdicar. A transferência, segundo a mesma fonte, estaria acertada por 22 milhões. O diário madrileno, que está sempre muito próximo da realidade merengue, revela ainda que a operação poderá ficar fechada nas próximas horas.

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[Tele]visão23:00 Football Asia 2011/12 23:30 Global Football 2011

STAR SPORTS 3113:00 Nanshan China Masters Day 1 H/ls 14:00 (LIVE) Nanshan China Masters Day 2 17:00 Hot Water 2011/12 18:00 Chinese Badminton Super League Highlights19:00 GP2 Series 2011 21:00 Football Asia 2011/12 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Le Mans Series Magazine Shows 22:30 Sbk Superbike World Championship 2011 - Highlights23:00 (Delay) Nanshan China Masters Day 2 H/ls

STAR MOVIES 4012:30 Letters To Juliet14:20 Everybody’S Fine16:05 Weather Girl17:40 Into The Sun19:20 Nothing To Lose21:00 Astro Boy22:40 Street Fighter: The Legend Of Chun-Li00:20 Post Grad

HBO 4113:00 Whiteout14:45 The Apostle17:00 Imagine That19:00 Obsessed21:00 The Bourne Identity23:00 Ninja Assassin00:40 Shutter Island

CINEMAX 4212:00 Babylon 5: The Gathering13:45 Assassins16:15 House Of Frankenstein17:30 Hercules19:30 The Delta Force21:45 Epad On Max 11322:00 Wild Geese Ii00:15 The Amityville Horror

MGM CHANNEL 4312:15 Easy Money13:45 The Mod Squad15:30 Babes in Toyland17:15 Dr. Heckyl and Mr. Hype19:00 The Rosary Murders21:00 Convict Cowboy22:45 For Better or For Worse00:15 Getting Even With Dad

DISCOVERY CHANNEL 5013:00 Mythbusters - Superhero Hour14:00 Revealed: Malaysia’s Royal Rites15:00 Mega Builders - Gautrain16:00 Build It Bigger - San Francisco Bay Bridge17:00 Dirty Jobs - Animal Barber18:00 How It’s Made18:30 How Do They Do It?19:00 Mega Engineering - Underground City20:00 Tattoo Hunter - India21:00 Mythbusters

(MCTV 62) AXN16:00 THE QUEEN: A MONARCH FOR ALL SEASONS

Informação Macau Cable TV

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 Ásia Global (Repetição)19:30 Ganância20:25 Acontecimentos Históricos20:35 Telejornal21:00 Jornal da Tarde da RTPi22:00 Viver a Vida22:58 Acontecimentos Históricos23:00 TDM News23:30 Cinderella Man01:50 Telejornal (Repetição)02:20 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Documentário – As Ilhas Atlânticas e o Brasil15:15 Café Central15:30 Com Ciência16:00 Bom Dia Portugal17:00 Grande Reportagem-SIC17:45 Quem Tramou Peter Pan?19:00 Estado de Graça20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Encontros Imediatos22:30 Portugal No Coração

TVB PEARL 8306:00 Bloomberg West07:00 First Up07:30 NBC Nightly News08:00 Putonghua E-News08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange11:00 Market Update11:30 Inside the Stock Exchange11:32 Market Update12:00 Inside the Stock Exchange12:02 Market Update12:30 Inside the Stock Exchange12:35 Market Update13:00 CCTV News - LIVE14:00 Market Update14:40 Inside the Stock Exchange14:43 Market Update15:58 Inside the Stock Exchange16:00 ZingZillas16:30 Mr. Moon17:00 The Penguins of Madagascar17:30 Ben 10 Ultimate Alien18:00 Putonghua News18:10 Putonghua Financial Bulletin18:15 Putonghua Weather Report18:20 Financial Report18:30 Green Challenge: Golfing World19:00 Global Football19:30 News At Seven-Thirty19:50 Weather Report19:55 Earth Live20:00 Money Magazine20:30 Rick Stein’s Far Eastern Odyssey21:30 Weekend Blockbuster: A Good Year22:30 Marketplace 22:35 Weekend Blockbuster: A Good Year00:00 The CEO Connection 00:05 World Market Update00:10 News Roundup00:25 Earth Live00:30 Dolce Vita00:55 NBA Finals 2011 – Dallas Mavericks Vs Miami Heat 02:55 European Art at the MET03:00 Bloomberg Television05:00 TVBS News05:30 CCTV News

ESPN 3013:00 Castrol Football Crazy13:30 Total Rugby 2011 14:00 Planet Speed 2010/11 14:30 2011 National Spelling Bee Finals16:00 Swatch TTR World Snowboard Tour 2010/1117:30 Castrol Football Crazy18:00 FINA Aquatics World 201118:30 (Delay) Baseball Tonight International 2011 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Global Football 2011 21:00 US Open Championship Official Film 200422:00 Sportscenter Asia 22:30 Total Rugby 2011

22:00 Kidnap & Rescue - Rumble In The Jungle23:00 Forensics: You Decide00:00 Mythbusters

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 5112:30 Lonely Planet: Roads Less Travelled13:25 Pirate Patrol - Chopper Down14:20 Situation Critical - Russian Sub Rescue15:15 Salvage Code Red - Deep Trouble16:10 Megaship - Megaship17:05 Dogtown - New Lives18:00 Extraordinary Dogs19:00 Ultimate Disaster - Tsunami20:00 Seoul’s Got Soul21:00 Wild Case Files22:00 Mystery Files23:00 Taboo - Body Modification00:00 Wild Case Files

ANIMAL PLANET 5213:00 Austin Stevens Adventures14:00 Caught In The Moment15:00 Wild Hearts: Daniel And Our Cats16:00 Wildest Africa - Nile17:00 Animal Cops Miami18:00 Cell Dogs - Kit Carson19:00 Chasing Nature - Golden Orb Web Spider20:00 Austin Stevens Adventures21:00 Wild Hearts: There’s A Rhino In My House!22:00 Wildest Africa - Ethiopia23:00 Animal Cops Miami00:00 Austin Stevens Adventures

HISTORY CHANNEL 5413:00 Modern Marvels14:00 55 Days: The Fall of Saigon16:00 Top Shot17:00 Swamp People18:00 Shockwave19:00 Modern Marvels20:00 Swamp People21:00 The President’s Book Of Secrets23:00 Beyond Bars: KL’s Pudu Prison00:00 Top Shot

BIOGRAPHY CHANNEL 5513:00 Intervention14:00 Kate Middleton15:00 Storage Wars16:00 The Queen: A Monarch for All Seasons17:00 Obsessed18:00 Intervention19:00 Rendezvous With Simi Garewal19:30 Shatner’s Raw Nerve20:00 Tough Love Couples21:00 Private Sessions22:00 Gene Simmons: Family Jewels22:30 Storage Wars23:00 Intervention00:00 Celebrity Ghost Stories

AXN 6212:15 Csi: Crime Scene Investigation13:05 Ncis: Los Angeles13:55 The Amazing Race Asia14:50 Leverage15:40 Csi: Crime Scene Investigation16:30 Hawaii Five-O17:25 Csi: Ny18:15 House19:10 Csi: Crime Scene Investigation20:05 Sony Style Tv Magazine20:35 Ebuzz21:05 Csi: Crime Scene Investigation23:50 So You Think You Can Dance

STAR WORLD 6312:40 DC Cupcakes13:05 How I Met Your Mother13:35 Private Practice15:25 Castle16:20 How I Met Your Mother16:45 Star World Music Specials17:40 Junior MasterChef Australia18:40 MasterChef Australia19:10 DC Cupcakes19:35 Hollyscoop20:00 Hell’s Kitchen21:50 Castle22:45 MasterChef Australia 00:05 Hell’s Kitchen

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Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-ALVAR. MATRI. 2-ZOOMANIA. AM. 3-OUTONO. ZACO. 4-CALETE. CHI. 5-GURA. AXORAR. 6-UR. DADANE. A. 7-LACOTOMO. FR. 8-A. ERO. EMIR. 9-PER. MASARIS. 10-ATADOR. TAJE- 11-OCRA. EXORAR.VERTICAIS: 1-AZO. GULAPAO. 2-LOUCURA. ETC. 3-VOTAR. CERAR. 4-AMOLADOR. DA. 5-RANE. ATOMO. 6-NOTADO. ARE. 7-MI. EXAMES. X. 8-AAZ. ONOMATO. 9-T. ACRE. IRAR. 10-RACHA. FRIJA. 11-IMOIRAR. SER.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Coisas de cor esbranquiada. Planta de ilha de São Tomé, semelhante à celga. 2-Amor excessivo e mórbido aos animais. Símbolo de amerício. 3-Terceira estação do ano, entre o Estio e o Inverno. Supermo sacerdote bonzo. 4-Qualidade, género, estofo. Exclamação que exprime admiração, pasmo, horror. 5-Instrumento musical dos Hotentotes. Desbaratar. 6-Ant. cid da Caldeia. Doença do sono. 7-Linha recta que corta o equador. Abreviatura, França. 8-Herdade dividida por marcos. Título dos chefes de algumas tribos ou Estados muçulmanos. 9-Elemento de origem latina que significa intensidade ou aumento. Insectos himenópteros, notáveis pelo comprimento das antenas. 10-Consertador de redes. Grande carapuça, usada no Oriente. 11-Argila amarela. Pedir com veemência.

VERTICAIS: 1-Ensejo, meio ocasião, pretexto. Guloso. 2-Estado de quem é louco. De et-caetera. 3-Manifestar por voto o que sente ou pensa Fechar. 4-Aborrecido. Leonardo... Vinci, pintor e inventor. 5-Indivíduo pertencente a uma casta nobre, nas Novas Conquistas, de Goa. Coisas excessivamente pequena. 6-De que se tomou nota. Cem metros quadrados. 7-Primeira corda do violino. Provas, testes. 8-Companhia, comunicada. Elemento de origem grega que significa nome. 9-Que tem sabor picante. Produzir ira em. 10-Parte, quinhão. Homem nervoso e irreprimivelmente laborioso. 11-Passar para um compartimento. Consciência de si próprio.

[ ] CinemaCineteatro | PUB

[f]utilidadesSEXTA-FEIRA 3.6.2011

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SALA 1X-MEN FIRST CLASS [B] Um filme de: Matthew VaughnCom: Michael Fassbender, James McAvoy14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 2PIRATES OF THE CARIBBEAN - ON STRANGER TIDES [B] Um filme de: Rob MarshallCom: Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 3LOVE CRIME [C] (francês, legendado em chinês e inglês)Um filme de: lain CorneauCom: Isabelle Gueerin, Christine Thomas14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

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LUÍS MACHADO | PERSONAL TRAINER

Entre o Oriente e a EuropaJoana Freitas

[email protected]

Chegou há apenas quatro meses a Macau, mas naquela que foi uma viagem de regresso à terra que o viu nascer. Luís Machado tem 23 anos e há nove que estava em Inglaterra, onde estudou desde o décimo ano. Este macaense, de pais portugueses de Macau, uma avó chinesa e uma com sangue indiano, só saiu do território para ingressar na Universidade de Hertfordshire, onde se licenciou em Ciência do Desporto. Fomos buscá-lo ao ginásio, onde actualmente trabalha. À primeira vista conseguimos perceber que é tímido e que vai ser complicado para que nos comece a contar a história da sua vida. Quando nos sentamos com o Luís no café, repa-ramos que não tem o olhar tão rasgado quanto outros macaenses com raízes mais chinesas. Mas o sentimento de pertença a esta cidade-do--nome-de-Deus, como tantas vezes é chamada, não fica aquém de todos os que aqui nascem. “Macau é onde me sinto em casa, é o centro de encontro de todos os que nasceram cá”, diz. Apesar de algumas coisas não serem perfeitas, “isso passa ao lado”, até porque eles “cresceram aqui, conhecem todos os lugares e voltam todos a Macau, mesmo os que estão fora”. Luís fala dos amigos macaenses que estuda-ram com ele na Escola Portuguesa de Macau. O percurso do Luís foi muito semelhante aos outros portugueses de Macau... até ao nono ano. Como que a convite da mãe, Luís mudou-se para Inglaterra, à semelhança da irmã que está lá agora. Foi lá que fez os estudos do secundário - do 10.º ao 12.º ano -,e um “13.º”, diz ele, que é semelhante a um ano preparatório antes de ingressar na faculdade.Sem família onde ficar na Europa, Luís apro-veitou a ideia de “um amigo do pai, que tinha também o filho lá a estudar e que vivia numa casa com uma família chinesa, que aceitava acolher jovens de Macau”. Luís não falava chinês. Mas foi a centenas de quilómetros de Macau que aprendeu a língua do Oriente. “Comecei a ouvir, a tentar perceber e fui aprendendo”. Agora, fala fluentemente chinês, português e inglês. Mas é nesta última língua que se sente mais à vontade. À medida que vamos conversando com o nosso entrevistado, ele vai perdendo a postura rígida que tomou desde que se sentou na cadeira. Mesmo contido, Luís levanta a mão de vez em quando para traçar um gesto que complete o que tenta explicar. O tempo que esteve na Inglaterra permitiu-lhe que se esquecesse de certas expressões em português e, muita vezes, o diálogo é feito misturando as duas línguas. Mas Portugal nunca ficou de fora do seu roteiro. “Vou de férias de vez em quando”, mesmo que a última vez já tenha sido “há bués”. Luís já pi-sou o chão do Porto, as calçadas de Lisboa e as praias do Algarve, local que gosta mais precisa-mente por esse motivo.

De qualquer forma, “não trocava Macau por Portugal para viver”. E não é só porque a água do mar é fria, como conta em tom de brincadei-ra. O facto de “não conhecer bem o país” e de não reunir lá tantos amigos como os que tem aqui no território, pode tornar os dias “secan-tes”. Rimos com o nosso entrevistado. Mas Luís fala a sério quando diz que não gostaria de viver em Portugal. Até porque “em Macau é tudo mais acessível, e os lugares a dez minutos uns dos outros”. Sem “nunca lhe passar pela cabeça” que pudes-se vir a trabalhar como personal trainer num ginásio, ou sequer tirar um curso de desporto, Luís descobriu o interesse pela disciplina ainda no secundário. “No início, a escola era muito se-melhante a Macau. Mas a única diferença é que tínhamos educação física em teoria”, explica. “Ensinavam sobre os músculos, os nomes dos ossos e ‘cenas’ assim. Eu adorei.” Até hoje sabe de cor os nomes que aprendeu relativos à anatomia humana. Na universidade, as matérias tornaram-se ainda mais interessantes. Luís faz a lista em inglês: anatomia, psicologia do desporto, nutrição, fisiologia. “Eu gosto disso!” O curso de personal trainer só veio depois de acabar a universidade e “tirar um ano ‘off’ - daqueles em que não se estuda nem se trabalha. “Ser apenas licenciado não vale de nada, tinha de especificar.” Também fez ainda uns cursos de futebol em Inglaterra. Até porque essa é a paixão que persegue-o desde sempre, desde que passou de jogar futebol na escola para o fazer em campo pelo Benfica de Macau. Estamos a falar com o Luís sobre a sua vida como estudante e ele atira-nos com um “sou muito preguiçoso”. Aproveitamos a deixa e pedimos para ele falar dele: “Sou preguiçoso e gosto de cortar o caminho para chegar mais rá-pido”, brinca. Mas rapidamente corrige - “agora já não”. Vemos o nosso entrevistado a rir bem dispos-to enquanto conta como não lia os livros da faculdade nem “marrava”. Já nas aulas, “ficava sempre na primeira fila”. “Mas não sou nerd!”, avisa. Foi o ter sido aceite no novo ginásio que abriu no território, para preencher a vaga de personal trainer, que trouxe o Luís de volta a Macau. “Eu podia ter ficado em Inglaterra porque tive uma oferta de trabalho”, conta. A vontade de voltar aliou-se à oportunidade de cá trabalhar. Luís sabe que o que leu nos livros não foi sufi-ciente. Quer aprender e “ganhar experiência” no ginásio. Aquilo que sabe, “quer usar para ajudar e melhorar a vida dos outros”, enquanto enriquece o CV. Diz sentir-se bem no que faz agora, mas quer mais no futuro. Tenciona tirar um mestrado daqui a cerca de dois anos em “Strength and conditioning”. Como em Ma-cau não é possível, Inglaterra tem, de novo, as portas abertas.

PERFILJO

ANA

FREI

TAS

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OPINIÃOperspect ivas

Jorge Rodrigues Simão

SEXTA-FEIRA 3.6.2011

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“What I propose, therefore, is very simple: it is nothing more than to think what we are doing.”

Hannah Arendt“The Human Condition”

OMO é que a nossa sociedade fun-ciona? Referimos ao termo “nossa sociedade” com o sentido de sistema

baseado na alta tecnologia que está im-plantada em quase toda a União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Japão, nos países do sudeste asiático, nos países de economias emergentes como o Brasil, Rússia, Índia e China, cuja industrialização se torna mais intensa. Também se encontra, nos países em vias de desenvolvimento que são tentados e empurrados para este sistema.

A sociedade tecnológica ocidental não é o único modelo possível. Embora o seu número esteja a diminuir, existe uma vasta gama de outros tipos de organização das sociedades humanas neste planeta., muitos com histórias de persistência e longevidade que ultrapassam a sociedade criada pelos Europeus, e cujas ra-ízes remontam apenas a dois ou três milénios.

A nossa sociedade actual baseia-se numa noção biológica dos seres humanos. Assenta no princípio de que os indivíduos que são capazes de se apoderar dos recursos, são livres de o fazer e saem beneficiados dessa capacidade. Considera-se que havendo re-cursos, é para serem consumidos, e não se ponderam as necessidades futuras. Neste aspecto, assemelha-se à selecção natural, em que os indivíduos que melhor conseguem apoderar-se dos recursos numa determinada situação e num dado momento, teriam maiores possibilidades de se reproduzir com êxito e de proliferar.

Este sistema é eficaz no equilíbrio entre a equiparação das capacidades de exploração e a quantidade de recursos disponíveis. Em organismos controlados pela selecção natural, o movimento de indivíduos e de espécies é geralmente rápido e a cooperação com outros é promovida, desde que os resultados sejam positivos.

Estes sistemas biológicos possuem caracte-rísticas que são secundárias para o indivíduo em causa, mas que são cruciais em termos colectivos, a tal ponto, que a exploração actual pode provocar a falta de recursos futuros e até a sua extinção. Não se fazem provisões para o futuro, reage-se apenas ao presente. A nossa sociedade tecnológica do ocidente, determinista em termos biológicos, beneficia os seus membros em detrimento do resto do mundo e favorece determinados indivíduos muito mais do que outros.

Atinge e mantém este desequilíbrio de poder de muitas formas, que tendem

Não nos detemos para analisar o nosso comportamento, para olharmos para dentro de nós. Conseguimos qualquer coisa mais pela via da aquisição do que da compreensão

Sociedade tecnológica e ambientea protegê-la dos argumentos contrários e, consequentemente, de uma potencial mu-dança. Estas formas favorecem a aquisição de recursos, por determinados indivíduos. Entre elas contam-se a ênfase na competição, a manutenção de inúmeras hierarquias de esta-tuto social, dos sistemas autoritários vigentes nos estabelecimentos de ensino às honrarias políticas, a manipulação dos currículos es-colares, o enfraquecimento de instituições como universidades e os institutos de inves-tigação cuja actividade poderia, como pode, pôr em causa o “status quo”, a organização de grupos de pressão e de interesses como partidos políticos, associações profissionais e religiosas organizadas, a centralização da tomada de decisões, a manipulação dos meios de comunicação social, através da proprieda-de comercial e intelectual e da propaganda política e publicitária.

Os mecanismos funcionam abertamente e são menos óbvios em pequena escala. Um estratagema vulgar consiste em corromper a fraseologia de sistemas alternativos, como no uso emergente do paradoxo do desenvolvi-mento sustentável. Outro é o plano oculto em expressões aparentemente sensatas como pre-parar os alunos para o mundo do trabalho, que, na realidade, significa assegurar que muitas e variadas cavilhas se encaixam nos orifícios previamente abertos, e que mais convêm às necessidades das bases de poder existentes.

O nosso sistema actual permite que as divisões convencionais da ciência sejam convenientemente subordinadas à filosofia dominante. As características do sistema meca-nicistas é em termos de estrutura definido pela hierarquia com estatuto desigual e delegação de baixo para cima. Quanto ao programa são autoritários sendo a mudança desencorajada. Quanto ao objectivo, apresentam uma produ-ção de riqueza para classes seleccionadas, su-pressão do potencial individual e recompensas extrínsecas através da orientação da produção. Quanto à comunicação é inibida e facciosa.

As características do sistema não mecani-cista são em termos de estrutura definido pela heterarquia com estatuto igual e delegação recí-proca. Quanto aos programas são consensuais em que a mudança é iniciada e saudada. Quanto ao objectivo existe o estímulo ao desenvolvi-mento do potencial individual e recompensa intrínseca através da satisfação pessoal. Quanto à comunicação é aberta e generalizada.

Não é difícil reconhecer os traços mecani-cistas da sociedade tecnológica ocidental, nem deduzir que eles criam uma visão fragmentada do mundo que está subjacente a estes siste-mas. A ênfase está na separação e exploração. Consideramo-nos superiores, dominantes e donos dos recursos do mundo. Toda a activi-dade pode ser analisada e explicada de uma

que aumentam os nutrientes provenientes da actividade humana, como o nitrogénio e os compostos de fósforo.

O plâncton consegue começar a crescer mais cedo e mais depressa, porque todas as células são fotossintéticas e a sua constitui-ção não suporta estruturas que consumam energia mas não a retenham, como as raízes e os rizomas. Todavia, apesar de tudo isto, os leitos vegetais conseguem proliferar durante longos períodos, à medida que aumentam os nutrientes que deviam favorecer ostensiva-mente o plâncton.

Esta persistência deve-se ao facto de o sistema vegetal ter desenvolvido mecanismos tampão. A estrutura labiríntica dos leitos vegetais, cria um “habitat” físico destinado a populações enormes de uma vasta gama de pequenos animais, como as pulgas de água, que vêem à superfície para comer o plâncton.

É nos leitos vegetais que esses animais se refugiam, à luz do dia, de peixes preda-dores, que de outro modo dizimariam as suas populações. As plantas também podem segregar substâncias químicas que inibem o desenvolvimento do plâncton. Várias alterna-tivas desses sistemas tampão, podem ter uma existência igualmente estável, sob o mesmo conjunto de condições externas impostas, mas as alternativas podem variar.

Depois de instalada, a nova alternativa é igualmente estável e pode ser mantida graças aos seus próprios tampões. Deste modo, o sistema dominado pelas plantas pode ser convertido num sistema dominado pelo plânc-ton onde não existam plantas. O plâncton é conservado por um tampão que garante que os animais que o consomem são em pequeno número. Na água, não se podem refugiar da perseguição dos peixes, e plâncton algáceo, depois de formado, tem todas as vantagens referidas. O princípio que rege fases ou siste-mas alternativos estáveis é importante quando estudamos as sociedades humanas.

Assim, por analogia, é possível conceber muitos sistemas humanos diferentes daquele que vigora na sociedade tecnológica ociden-tal, que consideramos normal e inevitável. O mundo está repleto de alternativas, embora todas se encontrem ameaçadas pelas nossas pressões, as quais constituem mais um exem-plo do modo como actuam os tampões que preservam a nossa sociedade. Desacreditamos as alternativas, que consideramos tribais, primitivas, atrasadas e retrógradas, mas que possuem conjuntos de valores que podem proporcionar um futuro muito mais seguro do que o da nossa sociedade. Todas têm em comum o facto de não considerarem que os seres humanos são os donos da Terra, mas que estes fazem parte de um sistema maior, do qual dependem e devem cuidar.

forma objectiva e racional, ou então é rejeitada.Não nos detemos para analisar o nosso

comportamento, para olharmos para dentro de nós. Conseguimos qualquer coisa mais pela via da aquisição do que da compreensão. A ciência convencional consegue sustentar este sistema, porque as suas perspectivas redu-cionistas, se encaixam bem num sistema que exclui os seres humanos do apoio global, na medida em que os considera, meros utentes em vez de partes integrantes.

A ciência convencional está profundamen-te inserida neste sistema. A maior parte dos cientistas só consegue exercer a sua actividade de investigação, acatando as regras fundamen-tais deste sistema. Os recursos económicos destinados à investigação vêm essencialmente de organizações que são auto-conservadoras por natureza como a indústria, departamentos governamentais e muitas organizações não--governamentais inextrincavelmente ligados ao nosso sistema de exploração.

C

Entretanto só uma quantia simbólica apoia verdadeiramente a investigação científica fundamental, a única que pode questionar e ameaçar o sistema existente. O “Livro Branco da Ciência” produzido pelo governo do Reino Unido admite que a ciência se destina à criação de riqueza, e só num contexto menor se admite que a investigação contribui para melhorar a qualidade de vida.

Os institutos de investigação científica inicialmente apoiados para levarem a cabo estudos fundamentais, vêem-se obrigados a procurar apoio junto de fontes com interesses sectoriais. Os responsáveis pelas comissões de investigação científica inglesas, que antes eram compostas por ilustres cientistas são actualmente na sua maioria constituídas por industriais a tempo parcial.

As características como os mecanismos tampão da sociedade tecnológica ocidental enumerados, que tendem a defender os sistemas da mudança são bem conhecidas nos sistemas ecológicos. Estes fornecem ana-logias úteis. Por exemplo, em lagos de águas pouco profundas, extensos leitos de plantas aquáticas, podem ser ameaçadas pela luta pela luz, que lhe é movida por algas unice-lulares (protistas) que as cobrem, à medida

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Sejamos nós mesmos: a humilde violetanão tem inveja dos altos olmeiros, que o tufão deitapor terra, poupando-a a ela.Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

No reiNo das difereNças

ed i to r ia lCarlos Morais José

O artigo que hoje publicamos, da autoria do jornalista Carlos Picassinos, sobre as estra-tégias da Igreja Católica de Macau, baseado num estudo de uma académica religiosa de Hong Kong, não surpreenderá quem conhece a História da instituição por estas paragens. Trata-se de uma narrativa plena de actos sábios e heróicos, recheada de figuras de importância incontornável — sobretudo no passado fundacional, mas depois pontilhada igualmente pela superioridade de uma reli-gião que encontrou quase sempre no Estado o seu principal alicerce. Este “mau hábito” da Igreja resulta hoje na chamada “inércia” que muitos — não penas a autora do estudo — lhe reconhecem e criticam.

Será realmente a Igreja Católica em Ma-cau, praticamente, um oficiante de rituais e pouco mais? Não nos parece, até porque lendo o artigo acabamos por chegar à con-clusão que o catolicismo local acaba por conseguir uma base de apoio que lhe garan-tirá a sobrevivência, ainda que relacionada com os “patriotas” da China. O eventual desconforto desta situação não se compara às vantagens no terreno que ela igualmente lhe proporciona.

Na verdade, ao contrário dos seus con-

Compreende-se, pois, que ontem como hoje a estratégia da Igreja seja a de semear, dotar-se de uma postura humilde e não seguir a estratégia de confronto, preconizada pelo Cardeal Zen, de Hong Kong. Pelos vistos, ao mudar a diocese de Taiwan para Macau, o Vaticano concorda.

géneres franceses, o Padroado Português sempre soube submeter-se aos interesses chineses, em nome de um ideal mais alto, tendo quase conseguido a conversão de um imperador chinês, o que teria para sempre modificado a vida deste país. E se tal não aconteceu ficou a dever-se, em grandessís-sima parte, à intransigência dos franceses, representados pelo Cardeal Toulon (na altura o Papa era gaulês), que em Pequim estragou o trabalho de décadas que ali era fundamentalmente executado pelos jesuítas portugueses e alguns italianos, tendo as suas maneiras arrogantes irritado sobremaneira o Filho do Céu.

Compreende-se, pois, que ontem como hoje a estratégia da Igreja seja a de semear, dotar-se de uma postura humilde e não se-guir a estratégia de confronto, preconizada pelo Cardeal Zen, de Hong Kong. Pelos vistos, ao mudar a diocese de Taiwan para Macau, o Vaticano concorda.

*

E por falar em diferenças de estratégia entre Macau e Hong Kong, o texto que o Hoje Macau publicou esta semana sobre a

implementação do artigo 23º da Lei Básica vem provar, simplesmente, que não havia motivos por aqui para entrar em alvoroços. A RAEM, via Portugal, é dotada de uma legislação equilibrada porque não foi produ-zida em situação colonial, como aconteceu ali ao lado.

Assim, a legislação produzida não só não difere das “leis normais” em qualquer país do mundo, como não encontrou motivo para ser aplicada. Ou seja, as liberdades de opinião e expressão não foram coartadas desde a aprovação da lei.

Ora se uma lei não tem oportunidade de ser aplicada, poder-se-á perguntar o que

ganhou Macau com a implementação do artigo 23º. A resposta é fácil: marcou uma série de pontos na sua relação política com Pequim, demonstrando que pode existir no Norte confiança na normalidade de Macau, podendo até esta confiança ser capitalizada no momento de reformar o sistema político. Assim o entendam os nossos líderes.

*

Este fim-de-semana há eleições em Por-tugal, num momento em que será credível perguntar para que serve um governo se a política económico-social está já decidida por quem empresta o dinheiro. Uma comissão de gestão bastaria. Aliás, os portugueses sabem para que serve um partido no poder: para distribuir benesses aos seus membros e lóbis. Foi isto que arruinou o Portugal democrá-tico e fez gastar rios de dinheiro, directos a bolsos privados e não ao desenvolvimento real do país.

A essa camarilha instalada, pertencente a vários partidos, apetece unicamente voltar as costas. Não passar cartão. Por isso, no dia 5 de Junho, conscientemente, não vou votar.

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SEXTA-FEIRA 3.6.2011www.hojemacau.com.mo

CHINA LAGARTASPARAM COMBOIOMilhares de lagartas bloquearam durante mais de três horas um comboio de carga na região autónoma da Mongólia Interior, norte da China. O comboio teve de parar a marcha depois de atingir alguns dos insectos que ocupavam um troço da via de mais de um quilómetro, explicou Fu Jianfuo, oficial da polícia ferroviária na cidade de Wudan. Cerca de uma dezena de funcionários dos caminhos de ferro trabalharam durante três horas para desimpedir a via.

MULHER MAQUILHADAS GANHAM MAISBasta perder sete minutos por dia para tratar da sua imagem e pode conseguir um aumento de 30% no seu ordenado. Esta é a grande conclusão de um estudo realizado nos EUA sobre a importância da maquilhagem no mercado de trabalho. O estudo foi publicado na “America Economic Review”, que diz que as mulheres que se maquilham, para além de terem melhores empregos e serem promovidas mais depressa, ganham em média mais 30% do que as que não o fazem.

VINHO BEIRA INTERIORFAZ BEM À SAÚDEOs vinhos tintos produzidos na Beira Interior são um bom produto para a prevenção de doenças como o cancro do estômago, segundo um estudo de Luísa Paulo, investigadora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. A investigação, que deu origem uma tese de doutoramento em biomedicina, revela que os néctares da região possuem maiores concentrações de resveratrol, substância anti-oxidante associada à prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes. “Este estudo veio demonstrar que aquela substância é inibidora da multiplicação da bactéria responsável pelo aparecimento de tumores no estômago”, explicou a investigadora, Luísa Paulo. Esta técnica superior do Centro de Apoio à Transferência Tecnológica Agro-Industrial, em Castelo Branco, adiantou que, para este trabalho, “foram analisadas 186 amostras de vinhos de todo o país”.

GREVE TAP DEIXA320 MIL EM TERRAA greve convocada pelos tripulantes, em protesto contra a redução de um trabalhador a bordo dos aviões, poderá deixar em terra mais de 320 mil passageiros da TAP, durante os dez dias de paralisação previstos. No pré-aviso que o sindicato fez chegar à companhia, compromete-se a assegurar apenas as ligações aos Açores e Madeira. A continuidade da empresa, que prevê uma perda diária de cinco milhões de euros, pode estar em risco, alertou o accionista Estado. Se não houver acordo, a paralisação começa a 18 de Junho.

ALZHEIMER TRATAMENTO EM CINCO ANOSDentro de uns cinco anos haverá um tratamento eficaz para a doença de Alzheimer, que devolverá as faculdades mentais às pessoas acometidas pela doença, afirmaram cientistas. O problema atinge um terço dos maiores de 85 anos no mundo. “Penso que estamos quase prontos a fazê-lo [ter um tratamento eficaz], acho que em cinco ou seis anos existirá”, disse o cientista japonês Kiminobu Sugaya, que participou no Panamá da Conferência Internacional sobre Novas Descobertas do Cérebro. Os cientistas correm contra o tempo para encontrar um tratamento para esta doença neurológica que leva à perda progressiva da memória e da linguagem, e para a qual não há cura por enquanto.

JAPÃO PM SOBREVIVENO PARLAMENTOO primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, sobreviveu ontem a uma moção de censura do Parlamento apresentada pela oposição conservadora, que critica a sua gestão da catástrofe de 11 de Março no nordeste do Japão. Kan, de 64 anos, eleito há apenas um ano, ameaçou convocar eleições legislativas antecipadas caso fosse derrotado na votação. A moção foi rejeitada por 293 votos contra 152 na Câmara dos Deputados. Um total de 445 parlamentares, dos 479 da Casa, compareceram à votação. Apesar de uma ameaça de rebelião dentro do Partido Democrata do Japão (PDJ), Kan conseguiu todos os votos da sua bancada.

Alerta para gelatina contaminada à venda

Veneno no supermercado

car toon ATAQUEpor Steff

Virginia [email protected]

UMA substância perigosa foi detectada numa ge-latina que está à venda no mercado em Macau.

O Grupo de Coordenação sobre a Segurança dos Produtos Alimen-tares anunciou ter recebido uma notificação do Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong (HKFSC), indicando que a gelatina da marca Konjac Nata (sabor inhame-coco), da Triko Foods, continha vestígios de ftalato de di-2-etilhexila (subs-tância nociva para a saúde, mais conhecida pela sigla DEHP). A auto-ridade já contactou os comerciantes para que retirassem o produto das prateleiras e apelou aos consumido-res para que parem imediatamente de consumir a gelatina em causa.

Os produtos contaminados com DEHP têm sido encontrados com uma grande frequência nos últimos tempos. Foi justamente isso que levou a Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspecção e Quarente-

na da República Popular da China a determinar recentemente que, de forma a assegurar a saúde dos consu-midores e a segurança dos produtos alimentares importados, a proibição de importação de todos os alimentos, bebidas desportivas, sumos, refrescos de chá, geleias e aditivos alimentares oriundos de Taiwan.

Testes em Hong Kong detecta-ram que uma amostra de gelatina Konjac Nata, sabor inhame-coco, da Triko Foods, tinha presença de DEHP, ao contrário de todos os ou-tros sabores da gelatina da mesma marca. O Grupo de Coordenação sobre a segurança dos produtos alimentares de Macau recebeu a notificação e, após comunicar com os distribuidores de Hong Kong, concluiu que alguns produtos contaminados podiam já ter sido vendidos em Macau. A autoridade contactou imediatamente todos os comerciantes para retirarem o produto das prateleiras e apela aos consumidores que não comam a gelatina em causa.

O Grupo de Coordenação sobre

a segurança dos produtos alimenta-res tem em seu poder uma lista de fabricantes e produtos de Taiwan que podem ser de risco e alertam que todo o cuidado é pouco. A Di-recção dos Serviços de Economia (DSE) já começou a inspeccionar o mercado para verificar se algum dos produtos listados estava à venda. Os Serviços de Alfândega da RAEM estão em alerta máximo para evitar que esses produtos en-trem no território, pelo que deverá apertar com as inspecções. Os resi-dentes que descobrirem algum dos produtos em causa devem alertar imediatamente os departamentos competentes do Governo.

Os ftalatos são um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico utilizados como aditivos para deixar o plástico mais maleável. Tal grupo de compostos é tido como cancerígeno, poden-do causar danos ao fígado, rins e pulmão, além de anormalidade no sistema reprodutivo. De entre eles, o DEHP é um dos menos bio-degradáveis.

NASCE COELHO SEM ORELHAS NA REGIÃO DE FUKUSHIMA

Já começaram as aberraçõesO nascimento de um coelho sem orelhas, numa localidade situada a 30 quilómetros da central nuclear de Fukushima está a preocupar a população da zona, com receio de que a anormalidade no animal seja resultado da radioactividade emitida pelas instalações nucleares que foram fortemente atingidas pelo sismo e tsunami que arrasaram o leste do Japão, a 11 de Março. Segundo o “El Mundo”, alguns peritos asseguram que a malformação no coelho deve-se às fugas radioactivas da central que se registaram nos últimos três meses, naquele que foi considerado o segundo acidente nuclear mais grave de sempre. Mesmo assim, ainda não foram realizados os exames necessários a determinar a origem da malformação no coelho que tem dificuldades para se mover com normalidade. Há 15 dias o Governo japonês alargou a zona de exclusão ao redor da central nuclear. No total, cinco mil pessoas que vivam a 30 quilómetros da central tiveram de deixar as suas casas. Numa primeira fase foram evacuados 80 mil japoneses que viviam a 20 quilómetros da central.