geografia 12º - manual do aluno

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Autores: Conceição Gomes, Margarida Morgado, Celeste Coelho. / Conceção e elaboração: Universidade de Aveiro. / Coordenação geral do Projeto: Isabel P. Martins e Ângelo Ferreira. / Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro. / Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa.

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Page 1: Geografia 12º - Manual do Aluno

República Democrá ca de Timor-LesteMinistério da Educação

Manual do AlunoGEOGRAFIA12. ano de escolaridade

Page 2: Geografia 12º - Manual do Aluno
Page 3: Geografia 12º - Manual do Aluno

Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste

Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Instituto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro

Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa

Manual do AlunoGeografia12.o ano de escolaridade

Page 4: Geografia 12º - Manual do Aluno

Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a suautilização para fins comerciais.

Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadvertidamente esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a fim deserem tomadas as providências adequadas.

TítuloGeografia - Manual do Aluno

Ano de escolaridade12.o Ano

AutorasConceição GomesMargarida MorgadoCeleste Coelho

Coordenadora de disciplinaCeleste Coelho

Consultor cientí�fico Ângelo Ferreira

ColaboradoraCristina Ribeiro BarbosaColaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina Este manual foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina, sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.

IlustraçãoJoana SantosIolanda Silva

Design e PaginaçãoEsfera Crítica Unipessoal, Lda. Iolanda Silva

1ª Edição

Conceção e elaboraçãoUniversidade de Aveiro

Coordenação geral do Projeto Isabel P. MartinsÂngelo Ferreira

Ministério da Educação de Timor-Leste

2014

ISBN978 - 989 - 753 - 112 - 5

Impressão e Acabamento Creativa Design Consultant, Lda.

Tiragem5000 exemplares

Page 5: Geografia 12º - Manual do Aluno

3

Índice

Unidade Temática

3 Os Recursos de Timor-Leste

4. Os recursos económicos – situação atual e cenários futuros4.1. As atividades agropecuárias – situação presente e projeção futura

4.1.1. Organização do espaço rural 4.1.1.1. Conceitos de agricultura 4.1.1.2. Agricultura tradicional, agricultura moderna e agricultura biológica 4.1.1.3. Importância da agricultura na economia mundial 4.1.1.4. Características do espaço rural 4.1.1.5. Características das paisagens agrárias 4.1.1.6. Paisagens agrárias da região intertropical 4.1.1.7. Paisagens agrárias das regiões temperadas 4.1.1.8. Paisagens agrárias das regiões do noroeste da Europa 4.1.1.9. Paisagens agrárias da região norte americana 4.1.1.10. Paisagens agrárias de Timor-Leste

4.1.2. Culturas dominantes em Timor-Leste 4.1.2.1. Cultura do arroz 4.1.2.2. Cultura do milho e de outras culturas alimentares de base 4.1.2.3. Cultura de produtos agrícolas de valor elevado 4.1.2.4. Culturas de rendimento 4.1.2.5. Outras culturas de nicho de mercado

4.1.3. Da pecuária tradicional à pecuária moderna4.1.4. Desenvolvimento rural integrado e sustentabilidade em Timor-LesteSínteseAtividades complementares

4.2. A atividade piscatória – uma estratégia para o desenvolvimento 4.2.1. Valor económico, social e cultural da atividade piscatória 4.2.2. Principais áreas de produção de pescado e de pesca em meio marítimo 4.2.3. Tipos de pesca predominantes

4.2.3.1. Principais tipos de pesca 4.2.3.2. Principais tipos de pesca existentes em Timor-Leste

4.2.4. Atividades piscatórias sustentáveis e desenvolvimento de Timor-LesteSínteseAtividades complementares

4.3. A indústria – uma necessidade para o crescimento económico4.3.1. Organização do espaço industrial

4.3.1.1. Conceitos de indústria 4.3.1.2. Espaço industrial

4.3.2. O futuro das atividades industriais4.3.3. O desenvolvimento industrial de Timor-LesteSínteseAtividades complementares

899

11

151617222629293132343536374042444649515254

58586063

68707172727585879496

Page 6: Geografia 12º - Manual do Aluno

4

9798

103107

111112113114118119121121122123

3 4.4. As atividades turísticas – uma estratégia para o desenvolvimento4.4.1. Recursos turísticos4.4.2. Distribuição dos recursos turísticos em Timor-Leste4.4.3. Potencialidades do turismo para o desenvolvimento sustentável de Timor-LesteSínteseAtividades complementares

4.5. O comércio – um setor em desenvolvimento4.5.1. Conceitos de comércio4.5.2. O comércio interno de Timor-Leste4.5.3. O comércio externo de Timor-Leste4.5.4. Outro tipo de comércio – o comércio justo4.5.5. Timor-Leste – comércio justo e economia solidáriaSínteseAtividades complementares

Unidade Temática

4 Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

1. Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável

1.1. O ordenamento do território – conceitos base1.2. O ordenamento do território – o caso português1.3. O ordenamento do território em Timor-Leste

Síntese Atividades complementares

2. Medidas de ordenamento do território e do ambiente2.1. A gestão dos recursos

2.1.1. A água 2.1.2. O solo 2.1.3. A agricultura

2.2. A gestão das áreas urbanas e industriais 2.2.1. A cidade 2.2.2. As áreas industriais

2.3. A gestão dos transportes e comunicações 2.3.1. Os transportes 2.3.2. As comunicações

2.4. A gestão dos resíduos Síntese Atividades complementares Glossário Bibliografia Agradecimentos

127131132136138

140140141144146146150151151153154156158159165166

Page 7: Geografia 12º - Manual do Aluno

APRESENTAÇÃO DO MANUAL DO ALUNOA disciplina de Geografia do 12º ano de escolaridade convida-te a conhecer os recursos económicos, disponíveis

em Timor-Leste, e que devem ser geridos numa perspetiva de crescimento, sem, no entanto, se perder de vista o

ordenamento do território e o respeito pelo ambiente nas suas múltiplas dimensões. Vais tomar contacto com os

recursos dinamizadores da economia, que contribuem para a produção de riqueza em Timor-Leste e que podem

proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da população.

Os conteúdos propostos para o 12º ano de escolaridade estão integrados nas unidades temáticas:

3 – Os recursos de Timor-Leste: características, potencialidades e ameaças;

4 – Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste.

Com o subtema Os recursos económicos – situação atual e cenários futuros, pretende-se que obtenhas respostas

para a seguinte questão orientadora: Como podemos potenciar os recursos económicos de Timor-Leste?

Com a abordagem do tema 4 vais procurar obter respostas para a seguinte questão: De que modo deve ser

promovido o ordenamento do território e a gestão sustentável de Timor-Leste?

No início de cada temática é apresentado um sumário dos temas que vão ser tratados, as finalidades dos

mesmos, as metas de aprendizagem que deves atingir no fim do seu estudo, bem como os conceitos-chave

que deves reter.

O manual apresenta as temáticas numa linguagem simples, com o recurso a muitos esquemas e fotografias,

para que possas mais facilmente alargar os teus conhecimentos. É sugerida a realização de várias atividades

práticas, que podes fazer na aula ou em casa, para que possas aplicar e aprofundar o que aprendeste. No final

de cada temática é apresentada uma síntese dos aspetos mais importantes e é proposta a realização de algumas

atividades complementares.

Esperamos que o manual de Geografia te ajude a compreender que Timor-Leste é um país com inúmeras

potencialidades em termos de recursos económicos, que devem ser geridos de forma equilibrada e procurando

a equidade, no sentido de um desenvolvimento harmonioso, garante de um futuro sustentável. O crescimento

económico de Timor-Leste deverá basear-se igualmente numa boa articulação entre o planeamento das

atividades e o ordenamento do território para não pôr em causa o desenvolvimento sustentável que se deseja.

Está nas tuas mãos ajudares a construir um país mais rico, mais coeso, mais justo e projetado para o futuro.

As autoras

Page 8: Geografia 12º - Manual do Aluno

O b j e t i v O s

- Caracterizar os principais recursos económicos de Timor-Leste.

- Analisar o modo como os recursos económicos podem contribuir para o desenvolvimento socioeconómico da população timorense.

- Compreender a importância dos recursos económicos no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

Page 9: Geografia 12º - Manual do Aluno

Unidade Temática 3Os Recursos de Timor-Leste

SUBTEMA 4Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros

Page 10: Geografia 12º - Manual do Aluno

3

Sumário As atividades agropecuárias – situação presente e projeção futura - Organização do espaço rural - Culturas dominantes - Da pecuária tradicional à pecuária moderna - Desenvolvimento rural integrado e sustentabilidade em Timor-Leste

FinalidadeA abordagem do subtema As atividades agropecuárias – situação presente e projeção futura pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca das atividades agrícolas, analisando o conceito de agricultura, as principais diferenças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura moderna e a importância deste tipo de atividades no contexto da economia nacional e mundial. Procura-se, também, dar a conhecer alguns conceitos relacionados com a pecuária e justificar a importância da mesma na economia timorense.

Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de agricultura. Distingue agricultura tradicional de agricultura moderna. Justifica a importância da agricultura na economia mundial. Caracteriza o espaço rural. Caracteriza diferentes paisagens agrárias. Identifica as paisagens agrárias dominantes em Timor-Leste. Indica as culturas dominantes em Timor-Leste. Justifica a importância da sustentabilidade das culturas dominantes em Timor-Leste para a economia local. Justifica a importância das culturas dominantes nas exportações de Timor-Leste. Distingue pecuária intensiva de pecuária extensiva. Conhece as principais espécies pecuárias do território timorense. Justifica a importância do desenvolvimento das atividades pecuárias na economia timorense.

SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – situaçãO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS

4.1. as atividades agrOpecuárias – SiTUAÇÃO PRESENTE E PROjEÇÃO fUTURA

UNIDADE TEMÁTICA

Os Recursos de Timor-Leste

conceitos-chave Agricultura

Agricultura biológica

Agricultura de conservação

Agricultura tradicional

Agricultura moderna

Agricultura itinerante sobre queimada

Monocultura

Policultura

Segurança alimentar

Espaço rural

Sistemas de irrigação

Rotação de culturas

Rizicultura

Agricultura de subsistência

Agricultura de plantação

Agricultura intensiva

Agricultura extensiva

Paisagens agrárias

Culturas dominantes

Culturas de rendimento

Produção orgânica

Culturas de nicho

Pecuária

Pecuária de regime intensivo

Pecuária de regime extensivo

Insegurança alimentar

Desenvolvimento rural integrado

QUESTÃO ORiENTADORADe que modo as atividades agropecuárias podem contribuir

para o desenvolvimento de Timor-Leste?

Page 11: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 9

4.1. as atividades agrOpecuárias – situaçãO

PRESENTE E PROjEÇÃO fUTURA

4.1.1. Organização do espaço rural

4.1.1.1. conceitos de agricultura

Ao longo do tempo, os seres humanos, aprenderam a tirar partido da terra

e do que ela oferece, para conseguirem sobreviver sem necessitarem

de percorrer grandes distâncias para se alimentarem e se vestirem.

Aproveitando sementes que lançaram à terra e que produziram os frutos

necessários para a sua subsistência, criaram a agricultura (Figura 1 e

Quadro 1).

Figura 1 – Fotografias exemplificando diferentes práticas agrícolas.

“Artificialização pelo Homem do meio natural, com o fim de o tornar mais

apto ao desenvolvimento de espécies vegetais e animais, elas próprias

melhoradas”.

barros, 1974

“Arte de obter do solo, mantendo sempre a sua fertilidade, o máximo

lucro”.

Diehl, 1984

“A agricultura é a arte de extrair do solo, pela cultura e de uma maneira

mais ou menos permanente, o máximo da produção com o mínimo de

despesas e de esforços”.

A. chevalier

“A agricultura consiste num tipo de atividade desenvolvida pelo Homem e

que o relaciona com a Terra de uma forma metódica e sistemática, tendo

como objetivo a produção de alimentos. É comum incluir também na

agricultura a criação de gado (pecuária). A agricultura é, portanto, uma

forma de artificialização do meio natural e que vai desde a preparação

do solo e sementeira, até à colheita e armazenamento, passando pela

conservação e irrigação das culturas, o combate a pragas e a diversos outros

tipos de condicionalismos naturais e ainda as atividades de melhoria das

espécies vegetais e animais”.

www.knoow.net/ciencterravida/geografia/agricultura.htm

Quadro 1 – Algumas definições de agricultura

Page 12: Geografia 12º - Manual do Aluno

Unidade Temática 3 | Os Recursos de Timor-Leste

10

Ao longo do século XX as práticas agrícolas agressivas e inadequadas

destruíram bons solos agrícolas, contaminaram águas superficiais e

subterrâneas e colocaram em risco ecossistemas (Figuras 2 e 3).

Esta situação levou à necessidade de alterar a filosofia que está associada

aos padrões de produção e foi introduzido, no conceito de agricultura, o

respeito pelo ambiente e pelos seres vivos e a noção de sustentabilidade

planetária (Figura 4). Foi neste contexto que surgiu o conceito de agricultura

biológica, cuja definição se encontra apresentada no Quadro 2.

Figura 2 – Solo agrícola degradado (Brasil).

Figura 3 – Poluição em rio.

“A agricultura biológica é um sistema de produção holístico, que promove

e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade,

os ciclos biológicos e a atividade biológica do solo. Privilegia o uso de boas

práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a fatores de

produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem

ser adaptados às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que

possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em

detrimento da utilização de materiais sintéticos.”

codex Alimentarius comission, fAO/WHO, 1999

“A agricultura biológica é um tipo de agricultura que dispensa a utilização

de todo o tipo de produtos químicos quer na fertilização, quer nos

tratamentos, permitindo assim a obtenção de produtos biologicamente

puros e isentos de qualquer poluição agrícola. Pretende-se assim aumentar

o valor nutritivo dos alimentos e simultaneamente manter um elevado

grau de fertilidade do solo. Este tipo de agricultura é, em certa medida,

um regresso ao passado pois coloca de novo a ênfase na associação entre

a policultura e a criação de gado, na rotação e diversidade de culturas e na

utilização de fertilizantes naturais tal como o estrume em lugar de adubos

químicos, o que favorece a vida microbiana e impede o surgimento de

determinadas doenças”.

www.knoow.net/ciencterravida/geografia/agricultura.htm

Quadro 2 – Algumas definições de agricultura biológica

Figura 4 – Agricultura biológica.

Page 13: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 11

Associado à agricultura biológica aparece, muitas vezes, o conceito de

agricultura sustentável. Esta pode ser definida como uma agricultura

que promove a conservação dos recursos naturais (ex.: solo, água e

biodiversidade), que é economicamente viável e que procura a equidade

social. Aparece, também, o conceito de agricultura de conservação que

significa produzir em harmonia com a natureza e conservando as espécies

vegetais (Figura 5).

A dificuldade em definir agricultura está associada à complexidade de

que se revestem as atividades humanas, que decorrem em determinado

momento histórico, ambiente natural e contexto social. Em sentido lato a

agricultura deve ser encarada como fenómeno social.

A atividade agrícola tem de se adaptar às condições ecológicas e sociais,

que variam de lugar para lugar, sendo, por isso, bastante diversificada.

Diversificada no enquadramento paisagístico, no tipo de solos, no clima,

na adaptabilidade das plantas cultivadas e dos animais domésticos e na

presença de vegetação espontânea e de animais selvagens. Diversificada

nas atitudes e nos comportamentos dos Homens, na riqueza material e

no estatuto social dos agricultores e no papel que a agricultura tem na

economia global. Diversificada, também, na tecnologia disponível, no

equipamento utilizado, no grau de utilização do potencial produtivo dos

terrenos, nas estruturas fundiárias e na organização empresarial.

4.1.1.2. Agricultura tradicional, agricultura moderna e

agricultura biológica

As atividades agrícolas podem ser realizadas de uma forma mais tradicional,

utilizando predominantemente o trabalho manual e o auxílio da força

animal – agricultura tradicional. Podem, também, ser efetuadas de uma

forma mais moderna, com um elevado grau de mecanização e recorrendo

a tecnologias avançadas – agricultura moderna. As características que

permitem distinguir estes dois tipos de agricultura encontram-se descritas

no Quadro 3.

Figura 5 – Agricultura de conservação.

atividade 11. Após a leitura dos diferentes conceitos de agricultura responde às questões que se seguem.

1.1. Explica a evolução do conceito de agricultura.

1.2. Justifica porque se diz que a atividade agrícola é bastante diversificada.

1.3. Indica qual é o conceito de agricultura que melhor se adapta ao tipo de agricultura praticada em Timor-Leste.

1.4. Elabora o teu conceito de agricultura.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 14: Geografia 12º - Manual do Aluno

12 | Os Recursos de Timor-Leste

características Agricultura tradicional Agricultura moderna

% de população ativa Elevada. Reduzida.

Dimensão das exploraçõesExplorações com área

reduzida.

Explorações de grandes

dimensões.

Ocupação do espaçoApenas se exploram as

terras necessárias para a

subsistência.

Exploram-se terras para

fornecer os mercados.

Ocu

paçã

o do

esp

aço

Variedade de espécies

em cada parcela da

exploração

Grande variedade de

espécies – policultura.

Geralmente apenas uma

espécie – monocultura e

especialização.

Técn

icas

de

cultu

ra

Gra

u de

mec

aniza

ção

Quase inexistente. Alfaias

agrícolas rudimentares.

Mecanização elevada das

operações de produção.

Máquinas sofisticadas.

util

izaçã

o

de

adub

os

Reduzida ou nula.

Usa-se adubo orgânico/

estrume.

Elevada utilização de

fertilizantes, herbicidas,

pesticidas e todos os

produtos químicos.

irrig

ação Dependente das

características climáticas.

Grandes investimentos nas

técnicas de irrigação.

Apoi

o

cien

tífico

Não há.

Ensaios laboratoriais para

seleção e melhoramento

das espécies.

Dependência de fatores de produçãoDepende de fatores

naturais e demográficos e

não de fatores económicos.

Depende de fatores

económicos. É influenciada

pelo mercado e por dados

externos à exploração.

cálculo económicoNão há por ausência de

competitividade.

Utilização de cálculo

económico. Análise dos

resultados, previsão

e planeamento.

Competitividade.

Quadro 3 – Características da agricultura tradicional e da agricultura moderna

Page 15: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 13

características Agricultura tradicional Agricultura moderna

custos de produçãoO custo é quase apenas o

trabalho.

Inclui gastos com: salários,

tecnologia, comércio e finanças

(impostos).

Dimensão das explorações Familiar. Assalariada.

ObjetivosSubsistência da família ou

do grupo.

Fornecer o grande mercado de

produtos alimentares.

No mapa da Figura 6 encontra-se a distribuição dos principais tipos de

agricultura existentes no mundo.

Figura 6 – Distribuição mundial da agricultura tradicional e moderna.

Nas Figuras 7 e 8 encontram-se representadas a agricultura tradicional e

a agricultura moderna.

A agricultura moderna tem sido substituída, nos últimos anos, por outras

formas de trabalhar a terra, que estão em harmonia com a natureza. É

o caso da agricultura biológica, sustentável e de conservação, que difere

da agricultura moderna em vários aspetos que se encontram sintetizados

no Quadro 4.

Figura 7 – Agricultura tradicional.

Figura 8 – Agricultura moderna.

Tr—pico de Capic—rnioTr—pico de Capic—rnio

Tr—pico de C‰ncerTr—pico de C‰ncer

EquadorEquador

��ricu��ura �radiciona� ��ricu��ura �oderna

Page 16: Geografia 12º - Manual do Aluno

14 | Os Recursos de Timor-Leste

Quadro 4 – Diferenças entre a agricultura moderna e a agricultura biológica

Tipo de agricultura

/ característicasModerna biológica

formas de

trabalhar o solo

Lavouras profundas, que alteram

totalmente a microflora e a estrutura do

solo. A desagregação favorece a erosão

do solo.

Preocupação em respeitar e favorecer a

microflora do solo.

As lavouras são superficiais. Existe

incorporação de matéria orgânica numa

camada superficial de pouca espessura.

Rotação de culturasProcura de rentabilidade imediata.

A rotação, se existir, é curta e pouco

diversificada.

Rotação bem equilibrada e estudada, de

longa duração.

Fertilização Produtos químicos. Adubos orgânicos.

Luta contra os

inimigos

das culturas

Utilizando, por vezes, de produtos

químicos que deixam resíduos tóxicos

nos produtos alimentares, nos solos e

nas águas.

A policultura limita as pragas e os

parasitas. São usadas bactérias e insetos

para combater as pragas.

resultados obtidos

Alimentos com melhor aspeto,

mas com menor sabor e com produtos

que podem provocar doenças. Poluição

dos solos e das águas subterrâneas.

Esgotamento

dos solos.

Melhor qualidade nutritiva dos produtos

alimentares, mais saborosos e mais

saudáveis. Melhoria na fertilidade dos

solos a longo prazo, menos poluição.

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica as diferenças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura moderna em relação a: a) sistemas de cultura; b) técnicas de cultura; c) dimensão das explorações; d) objetivos.

1.2. Refere duas semelhanças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura biológica.

1.3. Justifica a importância da agricultura biológica para a saúde humana e para os solos.

1.4. Indica o tipo de agricultura predominante em Timor-Leste.

1.5. Justifica a resposta que deste na questão anterior.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 17: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 15

4.1.1.3. importância da agricultura na economia mundial

A agricultura tem como finalidade assegurar a satisfação de necessidades

básicas da população, como a alimentação e o vestuário e contribuir para

o desenvolvimento económico e social da mesma.

A alimentação é um dos aspetos fundamentais para garantir a saúde

individual e coletiva dos seres vivos, em geral, e dos seres humanos,

em particular. As pessoas precisam de alimentos saudáveis e nutritivos

em quantidade e composição adequadas, para garantirem o seu

desenvolvimento, a sua reprodução e a sua sobrevivência como espécie.

Um ser vivo bem alimentado é menos vulnerável às doenças e são, em

geral, menos fortes as suas consequências.

A agricultura, setor responsável pela produção alimentar, produz também

matérias-primas para as agroindústrias: fibras, produtos químicos e

combustíveis (biocombustíveis). Assim, o setor agrícola deve contribuir

para o crescimento das economias, através do aumento do Produto

Interno Bruto (PIB) e deve garantir a segurança alimentar de todos

os indivíduos.

Em 2011 mais de 1/3 da de população ativa mundial, ou seja 36,1%, vivia

da agricultura. No entanto, o peso da agricultura mundial na formação do

PIB era apenas de 6,1%. Esta situação está relacionada com a prática de

uma agricultura de subsistência, baseada na mão de obra intensiva, mas

de baixo rendimento e produtividade nos países em desenvolvimento.

No mercado da alimentação, como noutros produtos e serviços, há

interferências que muitas vezes subjugam a lógica das necessidades

humanas a esquemas de lucro a todo o custo, tornando os alimentos mais

difíceis de obter por certos grupos populacionais.

No entanto, a escassez de alimentos também se pode ficar a dever à pobre

utilização/rentabilização dos recursos, por exemplo a uma agricultura

mal desenvolvida, à falta de formação dos agricultores, à fraca qualidade

produtiva de certas regiões do planeta, onde os terrenos são mais pobres e

o clima é mais inóspito, entre outros. Por outro lado, se uma determinada

região for pobre e a população não tiver recursos económicos, não lhe

chegarão os alimentos que ela não produz.

A produção de alimentos, apesar de satisfazer uma necessidade humana

básica, deve comporta-se atualmente como uma mercadoria qualquer

que gera cada vez mais lucros (Figura 9).

Figura 9 – Monocultura destinada ao mercado.

Page 18: Geografia 12º - Manual do Aluno

16 | Os Recursos de Timor-Leste

Nos países em desenvolvimento a escassez e a baixa qualidade dos

alimentos andam associadas à fome e à pobreza, que constituem a

primeira dimensão da insegurança alimentar. Assim, o primeiro Objetivo

de Desenvolvimento do Milénio (ODM) centra-se na redução para

metade, até 2015, da percentagem da população que sofre de fome.

Alguns benefícios foram já alcançados. Em 25 anos, a taxa de pobreza no

Leste Asiático baixou de quase 60% para menos de 20%. Mas, segundo

estimativas do Banco Mundial, os efeitos da crise económica lançarão na

pobreza extrema mais 64 milhões de pessoas até 2015. Prevê-se que nos

anos seguintes as taxas de pobreza sejam ligeiramente mais elevadas do

que seriam se não tivesse havido a crise, sobretudo na África Subsariana

e no Sudeste Asiático.

A agricultura praticada de forma a criar excedentes, que eliminem o

problema da fome sistémica em algumas regiões da Terra, mas em

harmonia com o ambiente natural, é cada vez mais defendida como o

caminho para a sustentabilidade económica do planeta.

4.1.1.4. características do espaço rural

O espaço rural é a área utilizada pela agricultura e pela pecuária. Na

análise do espaço rural consideram-se alguns indicadores que lhe

conferem especificidades próprias. No Quadro 5 assinalam-se as principais

características do espaço rural.

atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica quais são os grandes objetivos da agricultura.

1.2. Refere quais são as funções dos seres vivos que estão relacionadas com a nutrição.

1.3. Indica quais são os principais produtos provenientes da agricultura.

1.4. Explica qual é o papel da agricultura nas economias nacionais.

1.5. Justifica a importância do cumprimento do 1º Objetivo de Desenvolvimento do Milénio.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

indicadores características

Ocupação do espaço Ocupação com atividades ligadas à agricultura, à silvicultura e à pecuária.

Meios de produção Os meios de produção residem na ocupação da terra.

concentração populacionalPouca densidade. Construções unifamiliares e relacionadas com a

atividade agrícola.

atividades económicasConcentração da mão de obra em atividades do setor primário e atrofia

dos setores secundário e terciário.

Deslocações diárias Reduzidas e quase sempre dentro do meio rural.

AcessibilidadeRede de transportes e de comunicação pouco densa em termos espaciais

e temporais.

Quadro 5 – Características do espaço rural

Page 19: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 17

O espaço rural apresenta variações relacionadas com o aspeto dos

campos, a variedade das culturas, a intensidade de aproveitamento do

solo e a densidade populacional. Estas variações originam paisagens

agrárias muito distintas.

4.1.1.5. características das paisagens agrárias

As paisagens agrárias incluem os campos cultivados, os edifícios de apoio,

as habitações, a rede de caminhos, os espaços incultos, as florestas, os

canais de irrigação e os de drenagem (Figura 10).

Uma paisagem agrária é constituída por três elementos fundamentais: o

sistema de cultura, a morfologia agrária e o habitat/povoamento.

Seguidamente clarificamos os três elementos fundamentais da

paisagem agrária.

Sistema de cultura – É o tipo de associação de plantas cultivadas num

determinado solo e a intensidade da ocupação desse solo ao longo do ano

(Quadro 6 e Figuras 11 e 12).

Figura 10 – Paisagem de agropecuária moderna.

indicadoresSistema

de culturacaracterísticas

Associação

de plantas

PoliculturalSistema baseado no cultivo

de várias espécies na mesma

parcela.

Monocultural

Sistema baseado no cultivo

de uma única espécie em uma

parcela, geralmente de grandes

dimensões.

Ocupação

do solo

intensivo

Sistema em que há uma ocu-

pação permanente do solo ao

longo do ano, com elevados

rendimentos.

Extensivo

Sistema em que não há uma

ocupação permanente do solo

ao longo do ano, com baixos

rendimentos.

Quadro 6 – Sistemas de culturaFigura 11 – Policultura de produtos hortícolas na região de Ermera (Timor-Leste).

Figura 12 – Monocultura de arroz na região de Bobonaro (Timor-Leste).

Page 20: Geografia 12º - Manual do Aluno

18 | Os Recursos de Timor-Leste

Morfologia agrária – É o aspeto e a disposição relativa dos campos, das

pastagens, das florestas e dos caminhos (Quadro 7 e Figuras 13 e 14).

indicadores características

campo

fechado

As parcelas são irregulares, de pequenas dimensões,

vedadas por muros de pedra e sebes de arbustos, para

protegeram as culturas do gado e do vento. A rede

de caminhos é densa e irregular. As florestas estão

dispersas entre os campos agrícolas.

campo

aberto

As parcelas são de forma geométrica, de grandes

dimensões e sem qualquer vedação. A rede de

caminhos, que faz a ligação entre a aldeia e os campos,

é pouco densa e regular. As florestas ocupam uma área

específica afastada dos campos agrícolas.

Quadro 7 – Morfologia agrária

Figura 13 – Paisagem de campo fechado.

Figura 14 – Paisagem de campo aberto.

Habitat/Povoamento características

concentradoAs habitações estão próximas e agrupadas

em aglomerados.

DispersoAs habitações estão mais ou menos separa-

das e não formam aglomerados.

Quadro 8 – Tipo de habitat/povoamento

Habitat/Povoamento – Está relacionado com a disposição das habitações

no espaço agrário (Quadro 8 e Figuras 15 e 16).

Figura 15 - Povoamento concentrado em Ermera (Timor-Leste).

Figura 16 - Povoamento disperso nos arredores de Ermera (Timor-Leste).

atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Apresenta as diferenças entre sistema de cultura: a) intensivo e extensivo; b) monocultural e policultural.

1.2. Caracteriza a morfologia agrária de campo fechado.

1.3. O povoamento na tua área de residência é concentrado ou disperso?

1.4. Justifica a resposta que deste na questão anterior.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 21: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 19

As paisagens agrárias são o resultado da conjugação de diversos fatores

que, ao longo do tempo, contribuíram para a organização do espaço

agrário. Estes fatores podem dividir-se em:

● fatores naturais (ex.: clima, relevo, solo e recursos hídricos);

● fatores humanos (ex.: morfologia agrária, sistemas de cultura,

formas de exploração da terra, tecnologias usadas, exigências

do mercado e densidade populacional).

De seguida abordamos a importância de cada um dos fatores.

clima – O clima exerce uma influência direta nas plantas cultivadas e

uma influência indireta sobre o solo que suporta as plantas. O clima

de uma região é condicionado pela latitude, pelo relevo e pela sua

orientação e pela proximidade ou afastamento do mar. Normalmente,

para caracterizar um clima usam-se os seguintes elementos:

temperatura e precipitação.

Na Figura 17 apresenta-se a distribuição dos climas mundiais.

Figura 17 – Distribuição dos climas mundiais.

As espécies vegetais cultivadas variam significativamente em função

do clima de cada região. Algumas espécies vegetais, típicas de climas

temperados, suportam amplitudes térmicas diárias e anuais elevadas,

como é o caso da vinha (Figura 18). Há outras que não toleram grandes

variações de temperatura e que aparecem na região intertropical, como é

o caso da banana (Figura 19).

Page 22: Geografia 12º - Manual do Aluno

20 | Os Recursos de Timor-Leste

Relativamente à disponibilidade natural de água há plantas que necessitam

de muita água para se desenvolverem como o arroz (Figura 20), enquanto

outras podem sobreviver em condições de reduzida precipitação e

humidade, como é o caso dos catos (Figura 21).

Figura 18 – Vinha em região temperada.

Figura 20 – Arrozal na região de Bobonaro (Timor-Leste).

Figura 19 – Bananeiras em região tropical.

Figura 21 – Cato em região desértica.

Relevo – O relevo exerce uma influência direta sobre os solos utilizados

na agricultura. Os solos das áreas planas são, geralmente, mais férteis.

Nas regiões elevadas os solos podem sofrer o efeito da erosão, devido à

intensa precipitação e à influência do vento (Figura 22).

Para ultrapassar os condicionalismos do relevo e os problemas da

degradação dos solos, o Homem, muitas vezes, constrói terraços ou

socalcos, que dão às paisagens agrárias um aspeto muito particular

(Figura 23). Figura 22 – Efeito da erosão numa encosta a caminho de Aileu (Timor-Leste).

Figura 23 – Terraços/socalcos em Venilale (Timor-Leste).

Page 23: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 21

Solo – O solo é formado por matéria orgânica, por matéria mineral e por

água. A formação do solo depende da rocha-mãe, do clima, da cobertura

vegetal e do tempo. Um solo evoluído é constituído por várias camadas

(horizontes), sendo mais fértil se possuir uma camada de matéria orgânica

(húmus) bem desenvolvida. Um solo fértil, para assim ser considerado,

deve ter uma significativa quantidade e variedade de nutrientes naturais

e um nível de acidez ideal que permita o desenvolvimento de uma

determinada espécie vegetal. As paisagens agrárias refletem, por isso, o

tipo de solo que favorece o desenvolvimento das plantas (Figuras 24 e 25).

Recursos hídricos – Os recursos hídricos estão relacionados com a

quantidade de água disponível para o Homem utilizar, nomeadamente

na prática da agricultura. A produção agrícola é maior em locais onde a

precipitação é abundante e regular e onde há disponibilidade de água

superficial ou subterrânea, que permitem manter a agricultura de

regadio. A abundância de água origina paisagens agrárias com um aspeto

verdejante (Figura 26). Em locais onde a água é um recurso escasso

pratica-se uma agricultura de sequeiro (Figura 27).

Figura 24 – Solo pouco evoluído e impróprio para a agricultura, na estrada entre Díli e Baucau (Timor-Leste).

Figura 25 – Solo fértil na região de Maliana (Timor-Leste).

Figura 26 – Paisagens verdejantes na região de Viqueque (Timor-Leste).

Figura 27 – Agricultura de sequeiro (Alentejo, Portugal).

Morfologia agrária – A morfologia agrária pode assumir a forma de campo

aberto ou de campo fechado, o que torna as paisagens agrárias muito

distintas.

Sistemas de cultura – Os sistemas de cultura podem ser intensivos ou

extensivos. O sistema intensivo está, geralmente, associado à policultura,

enquanto que o sistema extensivo está relacionado com a monocultura.

formas de exploração da terra – A exploração da terra pode fazer-se por

conta própria ou por conta de outrem, onde se recorre ao arrendamento

ou ao empréstimo gratuito das terras não utilizadas pelos proprietários.

Page 24: Geografia 12º - Manual do Aluno

22 | Os Recursos de Timor-Leste

Quando o agricultor é o proprietário da terra os cuidados com as

atividades agrícolas aumentam, o que dá à paisagem um aspeto

cuidado. O arrendamento pode, no entanto, contribuir para que as

terras não fiquem incultas, por abandono do seu proprietário. Por

vezes também se recorre à constituição de associações ou cooperativa,

onde os agricultores se unem para rentabilizarem o solo, através da

junção de parcelas (emparcelamento), e racionalizarem as atividades

de produção.

Tecnologias usadas – As tecnologias utilizadas na agricultura passam,

muitas vezes, pelo uso de: sistemas de irrigação, produtos químicos,

ensaios laboratoriais para melhoramento das espécies, combinações

culturais (ex.: afolhamento e rotação de culturas), corretivos dos solos,

estufas, entre outras.

Exigências do mercado – O mercado exerce uma enorme pressão sobre

a produção agrícola e sobre a qualidade dos produtos vendidos. Face às

exigências do mercado, tanto em quantidade como em qualidade, podem

produzir-se mais cereais, mais oleaginosas ou mais frutos frescos, dado

que a procura condiciona a oferta.

Densidade populacional – Nas áreas rurais, onde a densidade populacional

é muito elevada, pratica-se uma agricultura baseada no aproveitamento

da mão de obra, o que torna as paisagens autênticos jardins, como

acontece na cultura do arroz (Figura 28).

4.1.1.6. Paisagens agrárias da região intertropical

agricultura itinerante

Nas regiões tropicais húmidas da Ásia, da África e da América, é

frequente uma forma de agricultura muito primitiva, designada por

agricultura itinerante sobre queimada, como acontece ainda em

Timor-Leste. É uma forma de trabalhar a terra em que os terrenos

cultivados rodam ao longo do tempo. Inicialmente escolhe-se um local,

para abrir uma clareira. Este local é determinado pela presença de certas

espécies arbóreas que permitem perceber se o terreno é fértil. Na época

seca derruba-se a floresta e queima-se a vegetação derrubada, para

limpar o espaço e para fertilizar o solo com as cinzas produzidas durante

a queimada (Figura 29).

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Explica qual é a influência do clima nas diferentes paisagens agrárias.

1.2. Justifica a presença de terraços /socalcos em áreas montanhosas.

1.3. Classifica o tipo de agricultura de acordo com a disponibilidade de recursos hídricos.

1.4. Refere quais são as vantagens do arrendamento do espaço agrícola.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 28 – Rizicultura na Indonésia.

Figura 29 – Preparação do solo com a utilização de queimadas.

Page 25: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 23

Figura 30 – Homem a trabalhar a terra.

No início da estação húmida a população que vive da agricultura, ajudada

pela utilização de instrumentos agrícolas simples, faz a sementeira ou a

plantação (Figura 30).

Em regra, nestas regiões o povoamento é concentrado e cada habitante

da aldeia possui uma parcela na clareira, junto da qual pode construir

um abrigo temporário para evitar deslocações da aldeia para o campo.

Quando a distância entre a clareira e a aldeia é grande, muitas vezes,

chega-se mesmo a mudar a aldeia.

À medida que o solo se vai tornando cada vez menos fértil, o que pode

acontecer ao fim de dois ou três anos, abre-se nova clareira e rodam-se

os campos. Se a clareira abandonada não for muito grande, ao fim de dez

ou vinte anos encontra-se nela desenvolvida uma floresta secundária e

inicia-se um novo ciclo. Se a clareira for muito grande a sua recuperação

pode demorar cerca de cem anos.

Na clareira pratica-se a policultura extensiva. Em cada parcela surgem

várias culturas, como o milho, o feijão, a batata-doce, a mandioca, a

abóbora, a banana e a cana de açúcar, entre outras. Os alimentos são

produzidos de forma aparentemente desordenada, conferindo ao espaço

agrário um aspeto caótico, que, no entanto, protege o solo da erosão

acelerada e retarda o seu empobrecimento. Junto das povoações podem

cultivar-se pequenas parcelas e aproveitam-se as espécies arbóreas, que

nascem espontaneamente, como é o caso das árvores de fruto.

Este tipo de agricultura não é muito compatível com a criação de gado,

embora possa haver criação de gado miúdo (ex.: galinhas, porcos, ovelhas,

cabras) e até de alguns bois. Em regra, os animais recebem poucos cuidados,

mas são importantes para a dieta alimentar das famílias (Figura 31).

A agricultura itinerante sobre queimada não é muito exigente em mão

de obra, dado que o maior trabalho está relacionado com o derrube

da floresta (abertura da clareira). A produtividade por indivíduo e o

rendimento da terra são muito reduzidos, devido aos seguintes fatores:

● baixo nível tecnológico, que não permite uma melhor utilização

da terra;

● pobreza dos solos tropicais, relacionada com o desequilíbrio criado

nos ecossistemas devido à destruição da floresta natural (abertura

da clareira);

● destruição da parte superior do solo, devido ao efeito das elevadas

temperaturas e da intensa precipitação. Figura 31 – Gado em Timor-Leste (A – cabras, B – bovinos).

A

B

Page 26: Geografia 12º - Manual do Aluno

24 | Os Recursos de Timor-Leste

A agricultura itinerante sobre queimada necessita de um grande

espaço para alimentar uma pequena quantidade de população e

está associada a locais com densidades populacionais reduzidas.

No continente asiático a agricultura itinerante sobre queimada ocupa

menor espaço do que nos outros continentes, uma vez que este

tipo de agricultura foi substituído por uma agricultura permanente

e intensiva.

agricultura sedentária de sequeiro

Nas regiões de clima tropical com uma estação seca muito

prolongada pratica-se a agricultura de sequeiro, que está associada

à sedentarização da população. Neste tipo de agricultura há um

maior rendimento do solo, dado que se recorre à criação de gado

e à fertilização dos campos com adubo orgânico produzido pelos

animais (estrume). Permite, por isso, alimentar áreas de elevada

densidade populacional.

Agricultura irrigada dos oásis

Na região intertropical, à medida que se caminha para norte e

para sul, a pluviosidade vai sendo cada vez mais escassa até se

tornar nula nos trópicos. Na zona desértica quente as condições de

secura não favorecem o desenvolvimento da agricultura. Apenas

nos oásis as práticas agrícolas conhecem algum desenvolvimento,

devido aos processos de irrigação utilizados. Os oásis podem

aparecer em locais onde há uma camada de rocha impermeável

nos níveis inferiores, pelo que a toalha freática se localiza próximo

da superfície (Figura 32). A prática da agricultura irrigada surge,

também, nas margens de rios que nascem em regiões de clima

húmido e que percorrem as áreas desérticas, como é o caso dos

rios Nilo, Tigre e Eufrates (Figura 33).

Figura 32 – Oásis no Egito.

Agricultura na ásia das Monções

Na Ásia das Monções, onde mais de 50% da população ativa trabalha

no setor primário, desenvolveu-se a cultura do arroz ou a rizicultura.

Trata-se de um tipo de agricultura de subsistência em que a produção

do arroz é a base alimentar de uma população numerosa. O sistema de

cultura é intensivo, obtendo-se mais de uma colheita anual em diversas

regiões. As parcelas são de reduzidas dimensões, de forma geométrica,

separadas por diques, que funcionam como caminhos e permitem reter

a água.

atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Caracteriza a agricultura itinerante sobre queimada.

1.2. Justifica os fracos rendimentos e a baixa produtividade que estão associados à agricultura itinerante sobre queimada.

1.3. A agricultura itinerante sobre queimada é praticada em Timor-Leste? Porquê?

1.4. Distingue a agricultura itinerante sobre queimada da agricultura sedentária de sequeiro.

1.5. Caracteriza o tipo de agricultura que está associada aos oásis.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 33 – Plantação nas margens do rio Nilo.

Page 27: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 25

O povoamento concentra-se em pequenas elevações, geralmente não

inundáveis, devido à pressão demográfica e às condições naturais do

clima, do relevo e do solo.

Como todo o terreno é necessário para a agricultura, a criação e o uso

de animais nos trabalhos agrícolas é muito limitada. A maior parte dos

trabalhos é efetuada pelo Homem, com o auxílio de instrumentos agrícolas

simples. Assim, a produtividade por indivíduo é bastante reduzida, embora

o rendimento por área tenha valores razoáveis.

A rizicultura apresenta diferenças em função do relevo. Nas planícies

domina a cultura alagada, onde o solo coberto de água fica protegido

das temperaturas elevadas e da ação da chuva e do vento (Figura 34). As

águas de inundação e de irrigação, carregadas de aluviões em suspensão

e de nutrientes dissolvidos, contribuem para a fertilização dos solos. Nas

áreas elevadas surgem os terraços ou socalcos que permitem a existência

de campos alagados de arroz em zonas de forte declive (Figura 35).

O arroz adapta-se a uma grande variedade de solos. Os melhores são os

aluviais, com um subsolo impermeável que permite conservar a água

à superfície, mas sem estagnar. As planícies aluviais são especialmente

indicadas para a cultura do arroz, dada a sua topografia e a proximidade

da água.

Figura 34 – Cultura alagada do arroz na China.

Figura 35 – Terraços de arroz no Vietname.

atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Caracteriza a rizicultura em relação aos seguintes aspetos: a) sistema de cultura; b) densidade populacional; c) dimensão das parcelas; d) rede de caminhos; e) criação de gado.

1.2. Indica quais são as vantagens da prática da cultura alagada de arroz relativamente à cultura de arroz em terraços.

1.3. Explica de que forma a cultura do arroz condiciona os hábitos alimentares das sociedades orientais.

1.4. Indica qual é a importância da rizicultura da Ásia das Monções na economia mundial.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Agricultura de plantação

Na região intertropical a agricultura tradicional permanece a par de uma

agricultura moderna voltada para o mercado – a agricultura de plantação

(Figura 36). Trata-se de uma agricultura voltada para a exportação, que

recorre a apoio técnico, científico e tecnológico. O seu objetivo principal é

rentabilizar ao máximo a terra e o investimento. Figura 36 – Plantação de café.

Page 28: Geografia 12º - Manual do Aluno

26 | Os Recursos de Timor-Leste

As plantações localizam-se, preferencialmente, nas zonas costeiras de

acesso fácil aos portos. Se as plantações estiverem localizadas no interior

são servidas por linhas de caminho de ferro próprias para o transporte

dos produtos. As plantações ocupam vastas áreas uma vez que o espaço é

gratuito ou muito barato.

O tipo de agricultura praticado nas plantações é intensivo e monocultural,

o que promove as atividades de produção e os circuitos de comercialização.

O destino dos produtos é o mercado concorrencial, cada vez mais

agressivo e baseado em preços muito baixos. A agricultura de plantação

é muito mecanizada e recorre a apoio científico para adaptar a produção

às condições naturais (ex.: clima, solo). Recorre, também, a ensaios

laboratoriais para a seleção de sementes e para estudar doenças e pragas,

bem como os meios de as combater.

A agricultura de plantação provoca, muitas vezes, problemas ambientais e

socioeconómicos, como a seguir se indicam:

● a localização, em regiões de clima tropical com secas prolongadas e

chuvas intensas, pode ter um efeito devastador sobre as culturas e

os solos (Figura 37). O clima tropical é propício ao desenvolvimento

de pragas e de doenças que destroem as culturas;

● o sistema intensivo e monocultural destrói a capacidade produtiva

do solo e conduz ao seu esgotamento e à erosão;

● o uso de produtos químicos contamina os solos e os lençóis de água

subterrâneos;

● a produção rege-se pela lei da oferta e da procura. Aumentando

a procura aumenta a produção. Havendo excesso de produção

a tendência será para que os preços baixem, podendo causar

prejuízos.

4.1.1.7. Paisagens agrárias das regiões temperadas

Agricultura nas regiões mediterrânicas

As paisagens agrárias nas regiões mediterrânicas traduzem a adaptação da

agricultura a fatores naturais, tais como: verão quente, seco e prolongado;

inverno pouco frio; relevo acidentado de elevadas montanhas, planaltos,

cabeços e planícies; e solos, geralmente, pobres.

Os fatores históricos e a adaptação da agricultura a técnicas modernas

explicam, também, a originalidade da ocupação do espaço agrário. Na

região do Mediterrâneo ocorreram invasões de vários povos (ex.: fenícios,

gregos, cartagineses, romanos, mouros), que com os seus padrões

atividade 81. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Caracteriza a agricultura de plantação em relação a:

a) sistema de cultura;

b) densidade populacional;

c) dimensão das parcelas;

d) rede de caminhos;

e) destino dos produtos.

1.2. Indica as principais diferenças existentes entre a agricultura de plantação e a agricultura tradicional.

1.3. Apresenta dois problemas ambientais resultantes da agricultura de plantação.

1.4. Apresenta uma noção de superprodução.

1.5. Indica qual é a importância da agricultura de plantação na economia mundial.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 37 - Solo degradado em região tropical.

Page 29: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 27

culturais influenciaram a forma de ocupação do solo. Deve-se aos árabes a

introdução de novas culturas, como o arroz e o algodão e o desenvolvimento

de técnicas de irrigação. A população autóctone, para se defender dos

invasores, refugiou-se em áreas elevadas e construiu muralhas gerando

um povoamento concentrado. A expulsão dos muçulmanos deu origem

aos grandes latifúndios que estiveram na posse das Ordens Militares e da

Nobreza e que mais tarde passaram para as mãos da burguesia.

Nas pequenas planícies, em regiões de verão mais quente e seco,

aparecem os cereais (ex.: trigo, cevada, aveia) semeados em regime

de afolhamento bienal ou trienal com pousio (Figuras 38 e 39).

Trata-se da divisão das terras em parcelas ou folhas, onde se semeia uma

espécie diferente em cada parcela e pode deixar-se uma em descanso

para regenerar o solo. Neste sistema há rotação das culturas. Figura 38 – Campo de cereais.

A existência de recursos hídricos (ex.: nascentes, rios) permite um

aproveitamento agrícola mais intensivo com produção hortícola e frutícola

(Figuras 40 e 41).

As encostas são aproveitadas para culturas arbustivas e arbóreas com

adaptações a climas secos, como a vinha, a oliveira, o castanheiro, a

amendoeira e a figueira (Figuras 42 e 43). Nas áreas mais altas de solo

pobre e pedregoso cria-se gado miúdo (ex.: ovelhas, cabras).

Figura 40 – Produção hortícola.

Figura 41 – Produção frutícola.

Figura 42 – Amendoeiras em flor.

Figura 39 – Afolhamento trienal.

1¼ ANO

2¼ ANO

3¼ ANO

A���A����O

�O���O

�O���OA���A

����O

����O�O���O

A���A

Page 30: Geografia 12º - Manual do Aluno

28 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 43 - Apanha de azeitona em olival.

Nos planaltos secos, com verão muito quente e inverno muito frio,

predomina a cultura extensiva de cereais. Trigo, centeio, cevada e aveia

são semeados em regime de afolhamento com pousio. A escassa água

disponível é aproveitada ao máximo nas parcelas em descanso, onde, por

vezes, se semeiam leguminosas (ex.: trevo, tremoço) para aumentar a

fertilidade do solo.

Nas grandes planícies aparecem sobreiros e azinheiras e o gado (ex.:

vacas, ovelhas, cabras) pasta livremente nas terras em pousio. Nas altas

montanhas as pastagens de verão são um recurso que permite a criação

de gado durante esse período do ano.

A agricultura mediterrânica está bem adaptada às condições adversas

do clima e do relevo, porque as técnicas utilizadas têm conduzido a um

enorme aproveitamento do espaço agrário. No verão quente e seco, a

rega é fundamental, dado que permite cultivar plantas originárias de

climas mais húmidos de modo mais intensivo. Foram introduzidas várias

espécies de folha caduca exigentes em água durante o verão, como o

pessegueiro, o damasqueiro e a amoreira (Figuras 44 e 45). As espécies

tropicais que não toleram o frio do inverno e necessitam de muita água e

de calor no verão como o milho, o tomate, o melão, a abóbora, o arroz, o

algodão e o amendoim também encontraram nestas regiões um habitat

propício para o seu desenvolvimento (Figuras 46 e 47).

Figura 44 – Pessegueiro.

Figura 46 – Milho.

Figura 45 – Amoreira.

Figura 47 – Algodão.

atividade 91. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica quais são os fatores naturais que influenciam as paisagens agrárias mediterrânicas.

1.2. Explica em que consiste o afolhamento trienal.

1.3. Refere quais são as culturas dominantes nas encostas das regiões mediterrânicas.

1.4. Justifica o facto de ser reduzida a população ativa que trabalha na agricultura no noroeste da Europa.

1.5. Indica o principal destino dos produtos agrícolas produzidos no noroeste da Europa.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 31: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 29

4.1.1.8. Paisagens agrárias das regiões do noroeste da Europa

Agricultura nas regiões no noroeste da Europa

O noroeste da Europa é densamente povoado, urbanizado e industrializado.

Nele predomina uma agricultura mista, em que se associam várias

culturas à pecuária. Trata-se de uma agricultura voltada para o mercado

e que depende das suas necessidades. Este tipo de agricultura está muito

industrializada, utilizando as matérias-primas agrícolas para produzir em

grandes quantidades o que a população precisa.

As explorações agrícolas estão dimensionadas racionalmente, evitando as

parcelas de grandes dimensões (latifúndios) e as de reduzidas dimensões

(minifúndios) (Figuras 48 e 49). Nelas há uma grande mecanização das

atividades agrícolas, não sendo precisa muita mão de obra. A terra é

explorada por conta própria ou por conta de outrem (arrendamento) e,

por vezes, há a constituição de associações de agricultores.

Figura 48 – Campo fechado de reduzidas dimensões (Irlanda).

Figura 49 – Campo aberto de grandes dimensões (Inglaterra).

Os agricultores do noroeste da Europa foram pioneiros na agricultura e

na pecuária científicas. Além de criarem gado, cultivam principalmente

cereais, frutas e verduras.

4.1.1.9. Paisagens agrárias da região norte americanaAgricultura na região norte americana

Nos Estados Unidos da América e no Canadá o desenvolvimento da

agricultura foi relativamente tardio. Os colonos europeus quando chegaram

a estas regiões encontraram grandes espaços despovoados e com solos

aptos para a prática agrícola. Os conhecimentos técnicos e tecnológicos

provenientes da Europa levaram ao desenvolvimento de uma agricultura

e pecuária praticadas em regime extensivo, com produção em massa e

voltada para o mercado. Este sistema agrícola era praticado em amplos

espaços, utilizava muita maquinaria e pouca mão de obra. A produção em

série e especializada caracterizava, também, a agricultura norte-americana.

No final do século XVIII o governo norte-americano colocou em prática

Page 32: Geografia 12º - Manual do Aluno

30 | Os Recursos de Timor-Leste

o sistema Township que consistia na divisão do território em

quadrados com 1 milha de lado, que eram divididos em 4 lotes

menores (Figura 50). Estes foram cedidos aos colonos gratuitamente.

No final de 5 anos os colonos tomavam posse definitiva da terra, caso tivessem

cumprido o compromisso de trabalhar a terra e de construir a sua habitação.

Cada conjunto de 36 secções constituía uma unidade administrativa que

era designada por township. No centro de cada township havia uma secção

comum para a edificação de escolas e de outras instalações, quatro secções

eram destinadas ao Estado e as outras 31 eram entregues aos agricultores.

Este sistema marca a paisagem agrária dos Estados Unidos. Caracteriza-se por

apresentar: campos quadrados de grandes dimensões (latifúndios); rede de

caminhos retilínea; casas isoladas junto às vias de comunicação; e povoamento

concentrado junto dos cruzamentos das estradas e próximo das linhas de

caminho de ferro.

Os primeiros colonos que chegaram ao Canadá utilizaram o rio São

Lourenço como via de comunicação e de transporte para se movimentarem. A

ocupação das planícies pelos imigrantes europeus fez-se segundo um padrão

geométrico. Cada colono recebeu uma parcela retangular, perpendicular ao

rio, onde construiu a sua habitação e que se designou de 1º rang (Figura 51).

Figura 51 – Esquema da paisagem de rang.

Figura 52 – Culturas segundo as curvas de nível.

Posteriormente, novos lotes foram definidos a partir de um caminho

paralelo ao rio e que constituiu o 2º rang. Para evitar a degradação dos

solos nas vertentes das colinas, devido à erosão provocada pelas chuvas,

as culturas podem fazer-se segundo as curvas de nível (Figura 52).

Outra forma de prevenir a erosão do solo consiste na cultura em bandas.

Neste sistema a sementeira é feita com intervalos de algumas semanas

e a paisagem apresenta um colorido de acordo com a idade das plantas.

Podem aparecer bandas verdes, amarelas e castanhas.

Rio Estrada

1º R

ANG

1º R

ANG

2º R

ANG

3º R

ANG

Figura 50 – Esquema de paisagem agrária de Township.

1 milha

Page 33: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 31

Os sistemas agrícolas norte-americanos foram possíveis pelas seguintes

razões: existência de vastas áreas com reduzida população; ausência de

estruturas agrárias anteriores; e avançados conhecimentos técnicos e

tecnológicos aplicados.

4.1.1.10. Paisagens agrárias de Timor-Lesteagricultura timorense

Em Timor-Leste mais de 60% da população ativa trabalha no setor

primário, especialmente na agricultura. A maioria dos agricultores pratica

uma agricultura de subsistência, plantando e colhendo o que precisa para

sobreviver. As explorações agrícolas são de reduzidas dimensões e são

poucos os grandes produtores agrícolas.

Os agricultores têm na terra a sua mais-valia económica, mas a média de

posse de terra é cerca de 0,4 hectares por pessoa. De entre a metade mais

pobre da população timorense que tem acesso à terra, a média possui

uma área inferior a 0,22 hectares. Menos de 5% da população com acesso

à terra possui mais do que um hectare per capita (Figura 53).

Atualmente o processo de registo de terras é muito frágil, o que contribui

para a lentidão do desenvolvimento agrícola. Esta situação pode não

colocar problemas aos agricultores de subsistência, mas dificulta o

recurso ao crédito bancário se o empresário agrícola quiser modernizar

a sua exploração. Para obter um empréstimo o agricultor tem que provar

que o terreno em causa lhe pertence e como não consegue obter essa

garantia fica impedido de aceder ao financiamento.

Grande parte do solo timorense está coberto por vegetação espontânea

e quase metade do território é destinado à silvicultura (Figura 54). A área

com aptidão florestal ocupa cerca de 27% do país e 12,5% está coberta por

mato. Cerca de 18% da área de Timor-Leste é própria para a agricultura,

mas apenas 12% são cultivados, aproveitando-se para as práticas agrícolas

2/3 do espaço disponível.

Aproximadamente 35% dos solos são considerados aptos para a exploração

agroflorestal, sobretudo para a pecuária extensiva.

Na parte norte da ilha, a leste de Manatuto, encontram-se os melhores

solos agrícolas. No distrito de Aileu aparecem algumas zonas irrigadas,

enquanto que na costa sul, nas imediações de Viqueque, surgem pequenas

áreas dispersas junto aos cursos de água (Figura 55).

Fonte: PAP (2003)

Figura 53 – Posse de terras em Timor-Leste per capita.

Figura 54 – Floresta em Lautém (Timor-Leste).

Figura 55 – Áreas irrigadas em Viqueque (Timor-Leste).

Page 34: Geografia 12º - Manual do Aluno

32 | Os Recursos de Timor-Leste

Os solos mais aptos para a silvicultura localizam-se na metade sul da ilha,

sobretudo nos distritos ocidentais, e existem algumas florestas dispersas

nos distritos de Liquiçá e de Ermera.

Nas regiões montanhosas as culturas de regadio e de sequeiro aparecem

em terraços/socalcos. As culturas do milho e do arroz, que necessitam de

irrigação ou mesmo terrenos alagados, aparecem na metade leste, tanto

na costa norte como na costa sul e a oeste, no distrito de Bobonaro.

A criação de animais é predominantemente extensiva, uma vez que

são deixados livres para se alimentarem, naturalmente ou através de

forragens, e se reproduzirem. Mas, há algumas explorações pecuárias

que criam animais em regime intensivo, cujos produtos se destinam ao

mercado. É o caso da criação de aves poedeiras, para produção de ovos, e

de alguns bovinos (Figuras 56 e 57).

Figura 56 – Aviário em Ermera (Timor-Leste).

atividade 101. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Menciona o tipo de agricultura predominante em Timor-Leste.

1.2. Caracteriza a dimensão da maior parte das explorações agrícolas existentes em Timor-Leste.

1.3. Indica em que regiões de Timor-Leste se localizam as maiores explorações agrícolas.

1.4. Relaciona o poder económico dos agricultores timorenses com a dimensão das explorações agrícolas que possuem.

1.5. Indica quais são as consequências da inexistência de serviços de registo de terras.

1.6. Qual é a percentagem do território timorense apropriada para a agricultura?

1.7. Refere qual é a localização dos melhores solos agrícolas e florestais em Timor-Leste.

1.8. Caracteriza as paisagens agrárias das áreas montanhosas de Timor-Leste.

1.9. Indica qual é o regime de criação de gado predominante em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 57 – Criação intensiva de bovinos na região de Liquiçá (Timor-Leste).

4.1.2. culturas dominantes em Timor-Leste

Timor-Leste é essencialmente agrícola e os solos são propícios à cultura

do café, da noz moscada, da pimenta, do sândalo branco, da palmeira,

do coqueiro, do tabaco, do milho, do arroz, do abacate, do algodão, da

mandioca, do sagu, da cana-sacarina, da batata doce, da sumaúma, da

manga, da jaka, da anona, do ananás, da papaia, da banana, da batata, da

laranja, da toranja e de outros citrinos, do figo, do melão, da melancia e

de uma grande variedade de espécies hortícolas (Figura 58).

Cerca de 63% das famílias timorenses estão diretamente ligadas à

produção agrícola, com destaque para a produção de milho, de mandioca

e de vegetais, tal como se pode constatar no gráfico da Figura 59. Apenas

25% das famílias produzem arroz, que é um produto alimentar central.Figura 58 – Produção de feijão verde na Escola de Natarbora (Timor-Leste).

Page 35: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 33

Figura 59 – Principais produções agrícolas existentes em Timor-Leste.

Salienta-se, também, a produção de coco e de café. O país possui um

potencial significativo para aumentar a produção de várias colheitas e

melhorar a segurança alimentar das famílias timorenses (Figura 60).

Figura 60 – Segurança alimentar das famílias timorenses por mês (dados relativos ao ano de 2003).

atividade 111. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica quatro culturas adaptadas aos solos timorenses.

1.2. Menciona as duas produções agrícolas mais importantes em Timor-Leste.

1.3. Refere duas medidas que podem contribuir para melhorar a segurança alimentar da população.

1.4. De acordo com a análise do gráfico da Figura 60:

1.4.1. Indica os meses em que a produção de alimentos é insuficiente.

1.4.2. Refere possíveis razões que justifiquem a escassez de alimentos referidos na questão anterior.

1.4.3. Indica duas medidas que deviam ser implementadas para contribuir para o aumento da produção de alimentos nos meses referidos na resposta à questão 1.4.1.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).Um dos principais requisitos para a redução da pobreza e para o

aumento da segurança alimentar passa pelo crescimento económico

sustentado. De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento

para 2011-2030, para se conseguir a autossuficiência e a segurança

alimentar é necessário que haja um aumento da produção das

principais culturas.

As barras indicam a percentagem de sucos que informaram que a alimentação é insuficiente. As áreas indicam a percentagem de sucos que declararam uma colheita de milho ou de arroz naquele mês.

Fonte: PAP (2003)

Milh

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de

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lada

s

Page 36: Geografia 12º - Manual do Aluno

34 | Os Recursos de Timor-Leste

4.1.2.1. cultura do arroz

O arroz é um produto central na alimentação timorense, com os principais

distritos produtores de arroz (Viqueque, Baucau, Bobonaro e Manatuto) a

representarem cerca de 77% da produção total (Figuras 61 e 62).

Figura 61 – Arroz.

Figura 62 – Plantações de arroz na região de Bobonaro (Timor-Leste).

A produção local não consegue responder à procura, o que leva a que

o país tenha de importar grandes quantidades de arroz. Para suprir as

necessidades atuais de arroz em Timor-Leste considera-se necessário:

• aumentar a área de arroz irrigado em 40%, passando de 50 000 ha

para 70 000 ha até 2020 (Figura 63);

• continuar a promover o uso de sistemas específicos de produção de

arroz, de modo a aumentar a produção e a permitir obter mais do

que uma colheita por ano;

• continuar a investir em pesquisa, desenvolvimento e divulgação de

variedades de arroz específicas para Timor-Leste;

• reduzir as perdas de armazenamento de arroz de 20% para cerca de

5% até 2030, através do apoio a iniciativas de armazenamento de

arroz nas explorações;

• continuar a subsidiar os produtores de arroz na compra de fertilizantes,

sementes e pesticidas, de forma a aumentar a produtividade;

• melhorar a eficiência do descasque de arroz pós-colheita, através do

apoio a um descasque de arroz nos sucos;

• identificar as áreas mais adequadas para o cultivo de arroz;

• dar formação aos produtores de arroz na área do uso de maquinaria

agrícola e de técnicas de gestão agrícola e continuar a distribuir

tratores manuais e a apoiar o seu uso;

Figura 63 - Preparação da terra para plantação de arroz na região de Baucau (Timor-Leste).

Page 37: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 35

• prestar aconselhamento financeiro e assistência de comercialização aos

produtores de arroz;

• formular e promover uma política nacional de importação e de preço

do arroz, incluindo a definição de planos nacionais de armazenamento

de arroz.

4.1.2.2. cultura do milho e de outras culturas alimentares de baseO milho é cultivado por 80% das famílias timorenses, pelo que os esforços

para aumentar a produtividade e melhorar o armazenamento contribuirão

para melhorar a segurança alimentar (Figuras 64 e 65).

Os primeiros resultados da melhoria de sistemas de produção de milho,

com base no melhor controlo de ervas daninhas, na preservação da

humidade e no uso de fertilizantes inorgânicos, são muito promissores.

Houve, também, melhorias significativas nas variedades de milho, de

batata-doce, de mandioca e de amendoim disponíveis para distribuição

aos agricultores.

Para contribuir para a consecução da meta de tornar Timor-Leste

autossuficiente em termos alimentares até 2030 tem sido reconhecida a

necessidade de:

• aumentar a área cultivada com milho de 76 500 ha para 80 500 ha

até 2015 e para 87 000 ha até 2030;

• aumentar para mais do dobro a área cultivada com raízes e

tubérculos, passando de 48 000 ha para 105 500 ha até 2030;

• continuar a investir na pesquisa, no desenvolvimento e na divulgação

de variedades de culturas de milho e de outros alimentos básicos

específicos de Timor-Leste;

• criar condições de financiamento dos produtores de milho e de

outros produtos básicos para a compra de fertilizantes, de sementes

e de pesticidas, de forma a aumentar a produtividade;

• melhorar a eficiência do armazenamento pós-colheita e da moagem

de milho, de raízes e de tubérculos, através do incentivo à moagem

nos sucos;

• criar zonas agrícolas que permitam identificar as áreas mais

adequadas ao cultivo e à comercialização de milho e de outros

alimentos básicos;

atividade 121. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Timor-Leste é autossuficiente na produção de arroz? Justifica a tua resposta.

1.2. Refere qual é o objetivo da política de arroz subsidiado.

1.3. Indica duas medidas que possam contribuir para aumentar a produção de arroz em Timor-Leste.

1.4. Explica qual é a importância das redes de comercialização do arroz.

1.5. Justifica a importância da utilização de fertilizantes e de pesticidas no aumento da produtividade do arroz timorense.

1.6. Indica dois cuidados que devem ser tidos na cultura do arroz para evitar o esgotamento dos solos.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 64 – Milho.

Figura 65 – Cultura do milho na região de Ermera (Timor-Leste).

Page 38: Geografia 12º - Manual do Aluno

36 | Os Recursos de Timor-Leste

• promover a formação dos produtores de milho e de outros alimentos

básicos no âmbito do uso de maquinaria agrícola e de técnicas de

gestão agrícola, continuando a distribuir tratores manuais e a apoiar

o seu uso;

• prestar aconselhamento financeiro e assistência na comercialização

aos produtores de milho e outros alimentos básicos;

• integrar as atividades agrícolas em empresas familiares da área do

processamento de produtos agrícolas, do uso de resíduos agrícolas

(ex.: fertilizantes orgânicos) e da produção de alimento para animais;

• desenvolver e alargar às comunidades rurais a realização de

programas especiais de apoio ao nível da produção do milho, de

raízes e de tubérculos;

• desenvolver e promover a criação de sistemas de alimentação de

gado baseados na utilização de excedentes de milho, de raízes e de

tubérculos.

4.1.2.3. cultura de produtos agrícolas de valor elevadoOs produtos de valor elevado, adequados para o mercado interno, incluem

vegetais e frutos, tais como a rambutã, os pêssegos e as ameixas. A maior

parte destes produtos é atualmente importada, o que implica uma saída

significativa de divisas (Tabela I e Figura 66).

atividade 131. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Refere qual é o destino dos subsídios oferecidos pelo Governo timorense aos produtores de milho.

1.2. Indica duas medidas que possam contribuir para aumentar a produção de milho em Timor-Leste.

1.3. Justifica a importância do milho na alimentação dos timorenses.

1.4. Indica três produtos alimentares que podem ser produzidos a partir do milho.

1.5. Refere possíveis destinos que podem ser dados aos resíduos do milho.

1.6. Relaciona os excedentes de milho com a pecuária.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

A B C

D E F

G H I

Produto Toneladas importadas

couve 86

Malagueta 137

cenoura 1 666

cebola 786

Alho 886

Shallot 485

batata 1 149

Soja 845

Tomate 118

Maçã 36

Laranja 31

Tabela I – Volume de frutas e vegetais importados em 2010 (toneladas)

Fonte: Ministério da Agricultura e Pescas.

Figura 66 – Frutos e vegetais importados por Timor-Leste (A – Tomate; B – Couve, C – Cenoura, D – Alho, E – Cebola, F – Malaguetas, G – Batata, H – Maçã, I – Laranja).

Page 39: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 37

Existe a pretensão de até 2020 substituir pelo menos 50% dos frutos e de

vegetais importados com a concretização das seguintes ações:

• encorajar o fornecimento de frutos de valor elevado a mercados

urbanos em pequena escala, através do incentivo à plantação de

um número reduzido de árvores por família, promovendo a criação

de algum rendimento adicional e a substituição de alguma fruta

importada (Figura 67);

• apoiar a produção de vegetais em grande escala em locais

próximos dos centros urbanos, com o estabelecimento de acordos

de fornecimento a grandes compradores (ex.: mercados, hotéis,

restaurantes). Esta produção envolverá a associação de produtores

em torno de infraestruturas partilhadas (ex.: bombas de água,

instalações de embalagem), de modo a facilitar o estabelecimento

de contratos de fornecimento.

4.1.2.4. culturas de rendimento

As culturas de rendimento incluem plantas para serem comercializadas

ou vendidas pelos agricultores e permitirem a obtenção de elevados

rendimentos. O café, a noz moscada e o coco são culturas de rendimento,

que em conjunto empregam cerca de 50 000 agricultores em Timor-Leste

(Figura 68).

atividade 141. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Menciona dois frutos importados por Timor-Leste.

1.2. Indica dois vegetais que Timor-Leste precisa de importar.

1.3. Indica duas medidas que podem ser colocadas em prática de modo a reduzir as importações de frutos e vegetais.

1.4. Justifica a importância da redução da importação de frutos e vegetais para a economia timorense.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

A B C

Figura 68 – Culturas de rendimento existentes em Timor-Leste (A – Café, B – Noz moscada, C – Coco).

Muitas das dificuldades que é necessário ultrapassar nas culturas

de rendimento são semelhantes às que foram referidas para o

autoaprovisionamento dos alimentos básicos. A produtividade é muito

baixa, as práticas de cultivo estão longe de serem as melhores e os

agricultores precisam de ter um aconselhamento e uma assistência

especializados. A posse das terras é, também, um problema: por exemplo,

as plantações de café envolvem grandes extensões de terreno e a existência

de disputas de terras pode prejudicar decisões sobre o investimento.

No entanto, o setor das culturas de rendimento tem um grande potencial

para promover o desenvolvimento rural de Timor-Leste.

Figura 67 - Romãs produzidas em Baucau (Timor-Leste).

Page 40: Geografia 12º - Manual do Aluno

38 | Os Recursos de Timor-Leste

É necessário, por isso, implementar medidas que visem criar empresas

agrícolas de valor acrescentado, como a extração de óleo de coco e o

processamento de café nas explorações agrícolas. Para concretizar o

potencial das culturas de rendimento torna-se necessário promover nos

próximos anos:

● ações de aconselhamento financeiro especializado e de assistência

à comercialização aos agricultores deste setor;

● atribuição de subsídios que estimulem o aumento da produção das

culturas de rendimento;

● ações de formação e aconselhamento especializados que

encorajem os agricultores a usarem fertilizantes, variedades de alta

produtividade e pesticidas apropriados.

Será necessário, também, resolver as questões relacionadas com a posse

das terras e utilizar o processo de separação por zonas agrícolas, de

modo a identificar as áreas mais adequadas à plantação de determinadas

culturas de rendimento.

Acredita-se que a efetivação das ações anteriormente referidas pode

contribuir para a expansão do setor das culturas de rendimento nos

próximos 20 anos, para a consecução das metas de segurança alimentar e

para a criação de emprego nas zonas rurais.

cultura do café

O café constitui quase 80% das exportações não-petrolíferas realizadas

por Timor-Leste. A exportação anual entre 2005 e 2010, embora com

algumas oscilações, tem aumentado. O maior importador de café são os

EUA, tal como se pode constatar através da análise da Figura 69.

Figura 69 – Destinos das exportações de café de Timor-Leste (em percentagem, total em milhões de USD).

Fonte: ABPTL e Ministério do Plano e Finanças (Timor-Leste) Nota: Exclui as importações efetuadas no âmbito da ONU e dos doadores.

Milh

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Page 41: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 39

Estima-se que cerca de 50 000 famílias são produtoras de café e dele

dependem para a sua subsistência. As principais áreas de produção de

café são Aileu, Ainaro, Bobonaro, Ermera, Liquiçá e Manufahi, com Ermera

a representar metade da produção total de café (Figura 70).

Embora Timor-Leste produza menos de 0,2% do fornecimento mundial de

café, possui uma vantagem competitiva a nível da produção orgânica, da

qual é o maior produtor mundial. O Timor Hybrid, um enxerto natural das

variedades Robusta e Arabica, é reconhecido no mercado internacional

como café orgânico de alta qualidade.

Devido ao bom preço do café orgânico, nos próximos anos Timor-Leste

concentrar-se-á em manter o seu espaço no mercado mundial de café

orgânico de qualidade. Será necessária, no entanto, a aplicação de

técnicas de Gestão Integrada de Pragas, tais como controlo de culturas,

resistência das plantas, controlo mecânico e biológico, para que se possa

atingir e manter a certificação orgânica.

Dos 52 000 ha de cafezeiros plantados, estima-se que 29 000 ha sejam

árvores velhas e pouco produtivas. A substituição por novas plantas e a

poda poderão aumentar para o dobro a produtividade média de grãos

verdes, o que passa pela reabilitação 40 000 ha de plantações de café

(Figura 71).

Atualmente os produtores de café recebem um preço fixo pelo café

em cereja (fruto não tratado) ou pelo café em pergaminho (grão

semiprocessado), não sendo pago nenhum prémio pela qualidade. Uma

forma de valorizar o café passa por introduzir um sistema de classificação

do café que pode contribuir muito para a melhoria da sua qualidade. Este

deve ser um sistema simples e de fácil entendimento para os agricultores,

baseado em dois níveis de maturação e em três níveis de qualidade: o

cheiro, a cor e a dimensão. Um aumento ligeiro de 20 cêntimos por kg

no valor da colheita, resultante da melhoria da qualidade do café de

Timor-Leste, permitirá gerar mais 2,8 milhões de dólares para os

agricultores, de acordo com os níveis de produção atuais.

As máquinas locais de descasque, que alguns agricultores usam para

processar o grão, e as deficientes práticas de secagem resultam, muitas

vezes, num produto de baixa qualidade (Figura 72). Alguns compradores

adquirem apenas café em cereja para poderem controlar melhor a sua

qualidade. Os produtores de café deverão ser apoiados para poderem

adquirir melhores máquinas de descasque.

Figura 70 – Cafezeiro da região de Maubisse (Timor-Leste).

Figura 71 – Viveiros de cafezeiros em Same (Timor-Leste).

Figura 72 – Secagem de café.

Page 42: Geografia 12º - Manual do Aluno

40 | Os Recursos de Timor-Leste

cultura da noz moscada

Outra cultura de rendimento que contribui para a economia de

Timor-Leste é a noz moscada, cultivada em seis distritos. A noz moscada é

cultivada sobretudo para a obtenção de óleo (Figura 73). Nos últimos anos

em Timor-Leste exportaram-se quantidades reduzidas de noz moscada,

mas como há uma espera de quatro anos entre a plantação e a colheita,

as safras futuras vão contribuir para o aumento das exportações. É

necessário, no entanto, que os agricultores obtenham incentivos que lhes

permitam expandir o setor.

cultura do coco

O coco é outra cultura de rendimento, com potencial para criar emprego

e ser vendida a nível internacional (Figura 74). Aproximadamente 60%

das famílias timorenses possuem coqueiros. O coco é uma cultura perene

que leva quatro a cinco anos a colher. A produtividade das plantações de

coco em Timor-Leste é de cerca de 565 kg por hectare, o que fica muito

abaixo do padrão mundial de produtividade do coco, que é de 1 500 kg

por hectare. Isto deve-se, sobretudo, ao facto dos coqueiros serem velhos

e mal cuidados.

Existe um potencial cada vez maior para a exportação de coco e de

derivados do coco no mercado global, em especial no que diz respeito aos

produtos de coco processados, tais como o óleo de copra (óleo de cozinha).

Embora sejam exportadas pequenas quantidades de óleo de copra para

o mercado indonésio, através de Timor Ocidental, há muito pouco valor

acrescentado no processamento deste recurso. Uma das oportunidades

futuras para Timor-Leste consiste no processamento de óleo de coco para

substituir a importação de óleo alimentar. Existe, também, potencial para

que os coqueiros possam ser utilizados no fabrico de artesanato e de

produtos domésticos, tais como vassouras, cestos e utensílios de cozinha.

4.1.2.5. Outras culturas de nicho de mercado

As culturas de nicho que podem ser desenvolvidas, à semelhança do café,

incluem o cacau, a pimenta preta, o cajú, as avelãs, o gengibre, o cravo

da índia e a baunilha (Figura 75). Quando apropriado, deve ser mantida

a produção orgânica para desenvolver uma marca, abrangendo diversos

produtos com base em indicações geográficas. Existe, também, margem

para exportar amendoim e feijão mungo, embora estes produtos tenham

um valor inferior ao do cacau, da pimenta preta e do cajú (Figura 76).

Figura 73 – Noz moscada.

Figura 74 – Cachos de cocos.

Page 43: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 41

A B C

D E F

Figura 75 – Culturas de nicho de mercado em Timor-Leste (A - Cacau, B - Pimenta preta, C - Caju, D - Avelã, E - Gengibre, F - Cravinho da índia, G - Baunilha).

G

O Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030 prevê que nos

próximos anos seja elaborado um estudo de mercado para identificar

quais são os produtos de nicho de mercado com alta qualidade, que

possam ser cultivados em Timor-Leste e exportados com uma identidade

ou uma marca timorense única. Será, posteriormente, desenvolvida uma

estratégia para promover a produção e a exportação destes produtos

para mercados de valor elevado. Até 2020 procurar-se-á desenvolver pelo

menos quatro produtos de nicho que possam ser exportados de forma

consistente.

O PED inclui outras ações que visam expandir as colheitas de rendimento

e que passam pela(o):

• promoção global do café de Timor-Leste, através de campanhas de

promoção da marca;

• incentivo à produção de café orgânico inovador, único e de alta

qualidade;

• estímulo para o desenvolvimento de produtos de valor acrescentado;

• expansão do cultivo de noz moscada;

• estímulo ao cruzamento de produções de coco e cacau e de café e

baunilha;

• promoção de indústrias domésticas que visem o processamento

de resíduos de plantações de: café e a sua transformação em

fertilizantes orgânicos e em alimento para animais; coco e a sua

transformação em materiais e bens domésticos.

atividade 151. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Apresenta dois problemas que existem nas culturas de rendimento em Timor-Leste.

1.2. Indica a importância do café na economia timorense.

1.3. Justifica a importância do café timorense a nível mundial.

1.4. Indica quais são os problemas que a cultura do café apresenta em Timor-Leste.

1.5. Refere duas medidas que devem ser tomadas para aumentar o rendimento da produção de café em Timor-Leste.

1.6. Menciona a causa da fraca produtividade das plantações de coco existentes em Timor-Leste.

1.7. Refere duas medidas que devem ser tomadas para aumentar a produtividade das plantações de coco em Timor-Leste.

1.8. Além da promoção mundial do café timorense indica duas ações que poderão desenvolver-se para aumentar as culturas de rendimento.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 76 – Plantação de amendoim em Maliana (Timor-Leste).

Page 44: Geografia 12º - Manual do Aluno

42 | Os Recursos de Timor-Leste

4.1.3. Da pecuária tradicional à pecuária moderna

A pecuária consiste na criação de gado. A pecuária pode ser realizada

em regime extensivo ou em regime intensivo. No primeiro caso o gado

pasta livremente, durante uma parte do ano, em pastagens naturais e

não se encontra em estábulos. No segundo caso, o gado encontra-se em

estábulos e é alimentado com rações e com palhas (Figuras 77 e 78).

A pecuária é uma das maiores riquezas de Timor-Leste, dadas as excecionais

condições do seu clima. Entre a diversidade das espécies domésticas

existentes, encontram-se os bois, os búfalos, os suínos, os ovinos (Figura

79), os caprinos, as aves e os equídeos (cavalos). A criação de gado tem

uma importância estratégica no país, dado que contribui para:

● obter mais carne e melhorar a alimentação da população, que é

deficitária em proteínas animais (Figura 80);

● exportar vitelos e contribuir para a entrada de divisas no país

(muitos dos vitelos da raça balinesa de Timor-Leste são vendidos

para a Indonésia, onde depois são engordados);

● obter estrume para as hortas e desta forma acabar com a

agricultura de abate e queimada, que destrói o solo, as florestas e

os ecossistemas;

● criar emprego e gerar rendimentos através da exportação.

De acordo com o Censos de 2010, cerca de 80% das famílias timorenses criam

animais. O gado miúdo, como as cabras, as ovelhas e os porcos, e as aves são

comercializados nos mercados locais. Os cavalos e os búfalos constituem um

meio de transporte importante nas zonas rurais. A Figura 81 indica o número de

casas com animais e o número de animais existentes em Timor-Leste em 2010.

Figura 77 – Pecuária extensiva.

Figura 78 – Pecuária intensiva.

Fonte: Censos de 2010 Figura 81 – Famílias com animais e números de animais existentes em Timor-Leste.

Figura 80 – Embalagem de frango em Railaco - Ermera (Timor-Leste).

Figura 79 – Produção de ovinos na região de Baucau (Timor-Leste).

Page 45: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 43

Nos próximos anos existem inúmeros desafios a superar em Timor-Leste

para que o setor da pecuária possa aumentar o seu potencial. Os animais

são, na maior parte das vezes, deixados à solta a céu aberto, mas não há

o hábito de cultivar pastos ou outros alimentos para os animais. A maioria

dos agricultores tem poucos conhecimentos sobre a criação de animais

e a saúde animal. É importante existir legislação e regulamentação

sobre a saúde pública veterinária, a quarentena e as doenças animais. A

comercialização de animais é limitada por infraestruturas rodoviárias e

hídricas inadequadas, daí que seja importante que nos próximos anos se

melhore a qualidade das vias de comunicação para facilitar o escoamento

dos animais produzidos em algumas regiões de Timor-Leste.

A produção intensiva de aves e de porcos não evoluiu em Timor-Leste

nos últimos anos, devido, sobretudo, ao custo elevado da importação

de ração concentrada e ao baixo preço da importação de frangos

(Figura 82). A maior parte dos ovos de galinha é, também, importada

(Figura 83).

Existe, por isso, margem para que nos próximos anos seja melhorada a

produção tradicional de porcos e de aves, através da melhoria da saúde

animal, da vacinação, da desparasitação e da alimentação animal.

Os volumes atuais de derivados e de resíduos das colheitas não são

suficientes para estimular uma indústria doméstica de processamento

de rações para animais. Esta situação pode vir a alterar-se, caso a área

de cultivo aumente ou passe a haver a introdução nas rações de outras

fontes de proteínas, tais como resíduos de peixe.

As campanhas governamentais de vacinação e o fornecimento de

vacinas gratuitas continuarão a ser necessárias, bem como a realização

de campanhas nacionais de divulgação dos cuidados básicos de

saúde animal e de uma melhor nutrição dos animais. Segundo o PED

2011-2030 o objetivo é aumentar o número de animais em 20% até 2020.

Há um potencial elevado para aumentar as exportações de gado vivo

para a Indonésia e para substituir a importação de produtos de carne de

vaca de qualidade. Estima-se que Timor-Leste importe, a partir de países

como a Austrália, 200 toneladas de carne de vaca por ano, o equivalente a

1 400 animais.

Os distritos de Bobonaro, de Oecusse Ambeno e de Viqueque têm as

maiores populações de gado e Covalima, Lautém e Viqueque possuem

as maiores áreas de pasto. O gado bovino concentra-se nas zonas de

fronteira com a Indonésia, devido à abundância das pradarias. O búfalo

prefere as regiões alagadas do sul e do sudeste de Timor-Leste.

Figura 82 – Criação de galos locais em Natarbora (Timor-Leste).

Figura 83 – Produção de ovos em Ermera (Timor-Leste).

Page 46: Geografia 12º - Manual do Aluno

44 | Os Recursos de Timor-Leste

O gado bovino de Bali (Bibos banteng) está bem adaptado às condições de

Timor-Leste, mas pode melhorar-se a sua qualidade genética com o recurso

a uma reprodução seletiva. É fundamental a existência de um centro de

investigação de produção de gado, bem como a implementação de um

sistema de gestão de controlo de doenças a longo prazo e a expansão do

programa de vacinação de animais. É fundamental, também, formar mais

veterinários timorenses que possam ajudar a melhorar os cuidados a ter

com os animais e contribuam para a formação dos agricultores.

Matadouros e unidades de desmancho são essenciais para assegurar que

a carne seja embalada e armazenada em qualidade.

As metas definidas no PED 2011-2030 apontam que o programa de

desenvolvimento de produtos de origem animal terá como objetivo até

2020 duplicar as exportações de gado para 5 000 cabeças por ano e

substituir a importação anual de 200 toneladas de carne de vaca. Com

vista a melhorar a gestão da criação de animais deverão ser, também,

promovidas as seguintes ações:

• desenvolvimento de sistemas especiais de produção de aves e

de porcos por parte de pequenos criadores, utilizando milho

excedentário;

• criação de um local de demonstração da transformação de resíduos

animais em fertilizantes orgânicos;

• expansão do processamento de produtos de origem animal;

• facilitação do acesso a instituições financeiras, através do incremento

da cooperação com os investidores;

• desenvolvimento de um mini laboratório e de um centro veterinário

para animais em Timor-Leste;

• criação de um local de demonstração do processamento de rações.

4.1.4. Desenvolvimento rural integrado e sustentabilidade em Timor-Leste

A insegurança alimentar em Timor-Leste é, em parte, resultado dos baixos níveis

de produção de alimentos. Estes baixos níveis são condicionados por vários

fatores, tais como: solos pobres, baixos níveis de tecnologia, perda de culturas

(antes e depois das colheitas), competências inadequadas dos agricultores,

rega limitada, falta de diversificação de culturas, competição no comércio

internacional do café, falta de crédito financeiro, infraestruturas deficientes,

elevados custos do transporte, falta de informação, insegurança na titularidade

das terras, dificuldades de armazenamento e de distribuição dos produtos.

atividade 161. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Justifica a importância estratégica da pecuária em Timor-Leste.

1.2. Relaciona a produção pecuária com a segurança alimentar.

1.3. Indica dois problemas da atividade pecuária no território timorense relacionados com os agricultores.

1.4. Refere os distritos com maiores populações de gado.

1.5. Menciona os distritos onde há mais áreas de pasto.

1.6. Apresenta duas ações que possam contribuir para aumentar a produção pecuária em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 47: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 45

Estudos desenvolvidos por agências internacionais demonstraram que as zonas

montanhosas de Timor-Leste são as mais carenciadas a nível da segurança

alimentar. A população que vive junto à costa tem uma fonte de rendimentos

superior à dos habitantes das terras altas. Assim, deve ser incrementado

o apoio às áreas mais carenciadas, sem perder de vista os benefícios já

alcançados por alguns segmentos da população. A relação procura/oferta de

alimentos básicos terá que caminhar no sentido de satisfazer não apenas as

necessidades da população, mas de forma a criar excedentes (Figura 84).

Figura 84 – Oferta e procura de alimentos básicos, segundo as novas estratégias do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030.

Timor-Leste pode fomentar um setor agrícola dinâmico que gere mais

rendimento para os agricultores e que crie, também, mais oportunidades

de emprego não agrícola. O desenvolvimento rural integrado é a chave

para o aumento das atividades produtivas nos vários setores existentes. O

crescimento poderá iniciar-se com a agricultura através da implementação

de medidas estratégicas, entre as quais se destacam:

● os apoios ao cultivo da terra, com a utilização de tratores para que

os agricultores possam lavrar os seus terrenos de forma mais eficaz;

● a atribuição de incentivos para a compra de sementes, de adubos,

de fertilizantes e de pesticidas;

● a existência de Agentes de Extensão Rural nos sucos, que trabalhem

por todo o país (já foram estabelecidos centros de serviços agrícolas

em Bobonaro, Aileu e Viqueque);

● a existência de escolas agrícolas que formam jovens na área da

agricultura empresarial (Figura 85);

atividade 171. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica três fatores que contribuam para a insegurança alimentar existente em Timor-Leste.

1.2. Refere as regiões de Timor-Leste onde a insegurança alimentar é mais elevada.

1.3. Indica possíveis razões que justifiquem a insegurança alimentar vivida nas regiões referidas na questão anterior.

1.4. Diz o que entendes por desenvolvimento rural integrado.

1.5. Indica três ações que possam contribuir para o desenvolvimento rural integrado de Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 85 – Alunos e professor da Escola Técnica Agrícola de Natarbora (Timor-Leste).

2010 2015 2020 2025 2030

Page 48: Geografia 12º - Manual do Aluno

46 | Os Recursos de Timor-Leste

● a construção de um sistema nacional de investigação agrícola e de

melhoria da capacidade agrícola;

● o desenvolvimento de políticas e regras sobre água e a irrigação, o

uso de sementes e de fertilizantes, o uso e a gestão de terras e o uso

de pesticidas;

● o aumento do número de tratores manuais e a criação de condições

para a aquisição de unidades de descasque de arroz aos agricultores;

● a reabilitação e a construção de sistemas de irrigação e a instalação

de silos para cereais;

● a criação de estruturas comerciais nos distritos, a fim de facilitar a

comercialização de produtos agrícolas.

As metas definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento

para o setor agrícola passam por melhorar a segurança alimentar

nacional, reduzir a pobreza rural, apoiar a transição da agricultura

de subsistência para a produção

empresarial de produtos

agropecuários, promovendo a

sustentabilidade ambiental e

a conservação dos recursos

naturais de Timor-Leste.

● Existem vários conceitos de agricultura. No entanto esta pode ser entendida como sendo a arte de

extrair do solo, pela cultura e de uma maneira mais ou menos permanente, o máximo da produção com

o mínimo de despesas e de esforços.

● A agricultura biológica é um tipo de agricultura que dispensa a utilização de todo o tipo de produtos

químicos quer na fertilização, quer nos tratamentos, permitindo assim a obtenção de produtos

biologicamente puros e isentos de qualquer poluição agrícola.

● A agricultura sustentável pode ser definida como uma agricultura que promove a conservação dos

recursos naturais, que é economicamente viável e que promove a equidade social.

● A agricultura de conservação é um tipo de agricultura que produz em harmonia com a natureza e

conservando as espécies vegetais.

● As atividades agrícolas podem ser realizadas de uma forma tradicional, utilizando predominantemente

o trabalho manual e o auxílio da força animal – agricultura tradicional. Podem, também, ser efetuadas

atividade 181. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:

1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento dos setores agrícola e pecuário em Timor-Leste?

1.2. Indica três ações levadas a cabo pelos agricultores timorenses que podem ser melhoradas com a efetivação das metas do Plano Estratégico de Desenvolvimento para o setor agrícola.

1.3. Que medidas podem ser implementadas pelos cidadãos timorenses que podem estimular o desenvolvimento dos setores agrícola e pecuário?

1.4. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o setor agrícola e pecuário da tua região.

2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.

SÍNTESE

Page 49: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 47

de uma forma moderna, com um elevado grau de mecanização e recorrendo a tecnologias avançadas

– agricultura moderna.

● A agricultura tem como finalidade assegurar a satisfação de necessidades da população, como

a alimentação e o vestuário e contribuir para o desenvolvimento económico e social da mesma.

A agricultura, setor responsável pela produção alimentar, produz também matérias-primas para

as agroindústrias.

● O espaço rural é a área utilizada pela agricultura e pela pecuária. Na análise do espaço rural consideram-

-se alguns indicadores que lhe conferem especificidades próprias, nomeadamente: a ocupação do

espaço, os meios de produção, a concentração populacional, as atividades económicas, as deslocações

diárias e as acessibilidades.

● As paisagens agrárias incluem os campos cultivados, os edifícios de apoio, as habitações, a rede de caminhos,

os espaços incultos, as florestas, os canais de rega e os de drenagem. Uma paisagem agrária é constituída por

três elementos fundamentais: o sistema de cultura, a morfologia agrária e o habitat/povoamento.

● As paisagens agrárias são o resultado da conjugação de diversos fatores que, ao longo do tempo,

contribuíram para a organização do espaço agrário. Estes fatores podem ser: fatores naturais (ex.:

clima, relevo, solo e recursos hídricos) ou fatores humanos (ex.: morfologia agrária, sistemas de cultura,

formas de exploração da terra, tecnologias usadas, exigências do mercado e densidade populacional).

● Nas regiões tropicais húmidas da ásia, da áfrica e da América, é frequente uma forma de agricultura

muito simples, designada por agricultura itinerante sobre queimada.

● Nas regiões de clima tropical com uma estação seca muito prolongada pratica-se a agricultura de

sequeiro, que está associada à sedentarização da população. Neste tipo de agricultura há um maior

rendimento do solo, dado que se recorre à criação de gado e à fertilização dos campos com adubo

orgânico produzido pelos animais.

● Na zona desértica quente as condições de secura não favorecem o desenvolvimento da agricultura.

Apenas nos oásis as práticas agrícolas conhecem algum desenvolvimento, devido aos processos de

irrigação utilizados, praticando-se a agricultura irrigada dos oásis.

● Na ásia das Monções, onde mais de 50% da população ativa trabalha no setor primário, desenvolveu-se

a cultura do arroz ou rizicultura. Trata-se de um tipo de agricultura de subsistência em que a produção

do arroz é a base alimentar de uma população numerosa.

● Na região intertropical a agricultura tradicional subsiste a par de uma agricultura moderna voltada

para o mercado – a agricultura de plantação. Trata-se de uma agricultura especulativa, baseada na

exportação, que recorre a apoio técnico, científico e tecnológico. O seu objetivo principal é rentabilizar

ao máximo a terra e o investimento.

Page 50: Geografia 12º - Manual do Aluno

48 | Os Recursos de Timor-Leste

● O clima, os fatores históricos e a adaptação da agricultura a técnicas modernas explicam a originalidade

da ocupação do espaço agrário na região mediterrânica.

● O noroeste de Europa é densamente povoado, urbanizado e industrializado. Nele predomina uma

agricultura mista, em que se associam várias culturas à pecuária. Trata-se de uma agricultura voltada

para o mercado e que depende das suas necessidades.

● A paisagem agrária dos Estados Unidos apresenta o sistema Township, que se caracteriza por apresentar:

campos quadrados de grandes dimensões (latifúndios); rede de caminhos retilínea; casas isoladas junto

às vias de comunicação; e povoamento concentrado junto dos cruzamentos das estradas e próximo das

linhas de caminho de ferro.

● Em Timor-Leste mais de 60% da população ativa trabalha no setor primário, especialmente na

agricultura. A maioria dos agricultores pratica uma agricultura de subsistência, plantando e colhendo o

que precisa para sobreviver.

● Timor-Leste é essencialmente agrícola e os solos são propícios à cultura do café, da noz moscada, da

pimenta, do sândalo branco, da palmeira, do coqueiro, do tabaco, do milho, do arroz, do abacate, do

algodão, da mandioca, entre outras.

● A pecuária consiste na criação de gado. A pecuária pode ser realizada em regime extensivo ou em

regime intensivo. No primeiro caso o gado pasta livremente, durante uma parte do ano, em pastagens

naturais e não se encontra em estábulos. No segundo caso, o gado encontra-se em estábulos e é

alimentado com rações e palha.

● A pecuária é uma das maiores riquezas de Timor-Leste, dadas as excecionais condições do seu clima.

Podem encontrar-se bois, búfalos, suínos, ovinos, caprinos e equídeos (cavalos) em abundância.

● Para haver um incremento da pecuária em Timor-Leste é necessário implementar várias ações,

entre as quais: a expansão do processamento de produtos de origem animal, o desenvolvimento

de sistemas de produção de aves e de porcos, a criação de um centro de investigação de produção

de gado, entre outras.

● O desenvolvimento rural integrado em Timor-Leste é a chave para o aumento das atividades

produtivas nos setores da agricultura e da pecuária. É necessário, por isso, implementar medidas

estratégicas diversificadas, por exemplo: apoios ao cultivo das terras, construção de um sistema

nacional de investigação agrícola e de melhoria da capacidade agrícola, entre outras.

Page 51: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 49

coluna i coluna ii

1. Agricultura

moderna

2. Agricultura de

conservação

3. Agricultura

biológica

4. Agricultura

tradicional

A. Agricultura que promove a conservação dos recursos naturais (solo,

água e biodiversidade), que é economicamente viável e que promove a

equidade social.

b. As atividades agrícolas são realizadas utilizando predominantemente o

trabalho manual e o auxílio da força animal.

c. Agricultura que dispensa a utilização de todo o tipo de produtos químicos

quer na fertilização, quer nos tratamentos, permitindo assim a obtenção

de produtos biologicamente puros e isentos de qualquer poluição agrícola.

D. As atividades agrícolas são realizadas com um elevado grau de mecanização

e recorrendo a tecnologias avançadas.

Atividades Complementares

1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. As pessoas precisam de alimentos nutritivos e saudáveis em quantidade e composição excessivas,

para garantirem o seu desenvolvimento, a sua reprodução e a sua sobrevivência como espécie.

b. Um ser vivo bem alimentado é mais resistente às doenças.

c. Ao longo do século XX as práticas agrícolas agressivas e inadequadas promoveram o desenvolvimento

de maus solos agrícolas.

D. A atividade agrícola tem de se adaptar às condições ecológicas e sociais, que variam de lugar para

lugar, sendo, por isso, bastante monótona.

E. As atividades agrícolas podem ser realizadas de uma forma moderna, utilizando predominantemente

o trabalho mecânico.

f. A agricultura, setor responsável pela produção alimentar, produz matérias-primas para as

agroindústrias, como as fibras, os produtos químicos e os biocombustíveis.

G. A agricultura tradicional tem sido substituída, nos últimos anos, por outras formas de trabalhar a

terra, que estão em harmonia com a natureza, como é o caso da agricultura biológica.

2. Estabelece a correspondência entre os conceitos apresentados na coluna I e as respetivas definições

indicadas na coluna II.

Page 52: Geografia 12º - Manual do Aluno

50 | Os Recursos de Timor-Leste

3. As atividades agrícolas têm de se adaptar às condições ecológicas e sociais de cada região.

3.1. Indica as diferenças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura moderna em relação a:

a) sistemas de cultura; b) técnicas de cultura; c) dimensão das explorações; d) objetivos.

3.2. Refere duas diferenças existentes entre a agricultura moderna e a agricultura biológica.

3.3. Refere as consequências da agricultura moderna para a saúde humana e para os solos.

3.4. Indica o tipo de agricultura predominante em Timor-Leste.

3.5. Justifica a resposta que deste na questão anterior.

4. Uma paisagem agrária é constituída por três elementos fundamentais: o sistema de cultura, a morfologia

agrária e o habitat/povoamento.

4.1. Apresenta as diferenças entre:

a) sistema de cultura intensivo e extensivo.

b) povoamento concentrado e disperso.

4.2. Caracteriza a morfologia agrária de campo fechado.

4.3. O povoamento na cidade de Díli é concentrado ou disperso?

4.4. Justifica a resposta que deste na questão anterior.

5. A pecuária é uma das maiores riquezas de Timor-Leste, dadas as excecionais condições do seu clima.

5.1. Indica três espécies de animais que são produzidos em Timor-Leste.

5.2. Explica a importância, para Timor-Leste, da pecuária, considerando:

a) a segurança alimentar da população;

b) as necessidades do mercado nacional.

5.3. Refere duas razões que expliquem a concentração da pecuária nos distritos de Covalima, Lautém

e Viqueque.

5.4. Menciona dois exemplos de atividades industriais que podem ser incrementadas em Timor-Leste

com um maior desenvolvimento da pecuária.

5.5. Apresenta duas vantagens, para o setor pecuário, da melhoria das vias de comunicação em

Timor-Leste.

5.6. Explica de que forma a dinamização da pecuária em Timor-Leste pode contribuir para equilibrar a

balança comercial de produtos pecuários, considerando:

a) a construção de pocilgas e vacarias;

b) a construção de matadouros e de fábricas de transformação da carne.

Page 53: Geografia 12º - Manual do Aluno

UNIDADE TEMÁTICA

Os Recursos de Timor-Leste 3

Sumário

A atividade piscatória – uma estratégia para o desenvolvimento- Valor económico, social e cultural da atividade piscatória - Principais áreas de produção de pescado e de pesca em meio marítimo- Tipos de pesca predominantes - Atividades piscatórias sustentáveis e desenvolvimento de Timor-Leste

FinalidadeA abordagem do subtema A atividade piscatória – uma estratégia para o desenvolvimento pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca dos fatores que influenciam a riqueza piscatória da plataforma continental e que contribuem para que as atividades piscatórias apresentem um maior ou menor desenvolvimento. Serão estudados os tipos de pesca a nível global e nacional, que podem ocorrer dentro e fora da Zona Económica Exclusiva. Procura-se refletir acerca das formas de evitar a sobre-exploração dos recursos piscatórios, de modo a que estes não venham a escassear no futuro.

Metas de Aprendizagem Identifica os fatores condicionantes da riqueza piscatória da plataforma continental. Justifica o valor económico, social e cultural da atividade piscatória. Caracteriza diferentes tipos de pesca. Indica os tipos de pesca predominantes em Timor-Leste. Justifica a importância das atividades piscatórias sustentáveis no desenvolvimento de Timor-Leste.

SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – situaçãO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS

4.2. a atividade piscatória – uma ESTRATéGiA PARA O DESENVOLViMENTO

conceitos-chave Atividade piscatória

Aquacultura

Maricultura

Pesca mundial

Pesca de captura

Pesca local

Pesca costeira

Pesca do largo

Pesca longínqua

Pesca artesanal ou tradicional

Pesca moderna ou industrial

Produção piscícola

Utilização do pescado

Captura do pescado

Proveniência do pescado

Biodiversidade das zonas costeiras

Áreas de produção de pescado

Correntes marítimas

Plataforma continental

Zona Económica Exclusiva (ZEE)

Instrumentos de pesca

Atividade piscatória timorense

Indústria da pesca

Estratégias de conservação da pesca

QUESTÃO ORiENTADORADe que modo a atividade piscatória se pode constituir como

estratégia para o desenvolvimento de Timor-Leste?

Page 54: Geografia 12º - Manual do Aluno

52 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 1 – Fotografias exemplificando diferentes práticas de pesca (A – Pesca tradicional, B – Pesca moderna).

4.2. a atividade piscatória – uma estratégia

PARA O DESENVOLViMENTO

4.2.1. valor económico, social e cultural da atividade piscatória

A atividade piscatória, inserida no setor primário, consiste em retirar,

extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes do grupo

dos peixes, dos crustáceos, dos moluscos ou dos vegetais hidróbios,

suscetíveis ou não de aproveitamento económico. Neste conceito estão

salvaguardadas as espécies ameaçadas de extinção e que constam das

listas oficiais da fauna e da flora (Figura 1).

A pesca tem um valor económico, social e cultural. O valor económico

da pesca está relacionado com a criação de emprego e com o contributo

que dá para o aumento do PIB, devido aos rendimentos provenientes das

atividades piscatórias e das indústrias que se desenvolvem a montante

e a jusante da pesca. A montante da pesca encontram-se as indústrias

de construção naval, as artes de pesca e o fabrico das redes. A jusante

da pesca encontram-se as indústrias de conservas de peixe, as de

embalagem, os sistemas de refrigeração e a comercialização do pescado.

Do ponto de vista social o peixe faz parte da dieta alimentar da população

ribeirinha e daquela que, vivendo afastada do mar, dos rios e dos lagos,

tem atualmente acesso a peixe fresco, congelado ou em conserva. O valor

cultural das pescas está associado a diversos tipos de eventos, como festas

e comemorações, onde o peixe e os pescadores têm um papel central.

A importância mundial da pesca pode ser observada através da evolução

das capturas, da produção em aquacultura e da utilização do pescado. Na

Tabela I apresenta-se esta evolução entre 2004 e 2009.

A

B

aquaculturaProdução de organismos aquáticos, como a criação de peixes, de moluscos, de crustáceos, de anfíbios e o cultivo de plantas aquáticas para uso do Homem.

i

Produção (Milhões de toneladas)

2004 2005 2006 2007 2008 2009

Total das capturas 92.4 92.1 89.7 89.9 89.7 90.0total da aquacultura 41.9 44.3 47.4 49.9 52.5 55.1Total das pescas 134.3 136.4 137.1 139.8 142.3 145.1

utilização do pescado(Milhões de toneladas)

2004 2005 2006 2007 2008 2009

consumo humano 104.4 107.3 110.7 112.7 115.1 117.8Usos não alimentares 29.8 29.1 26.3 27.1 27.2 27.3População 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.8consumo per capita 16.2 16.5 16.7 16.9 17.1 17.2

Tabela I – Pesca mundial, produção em aquacultura e utilização do pescado

Font

e: S

OFI

A 20

10

Page 55: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 53

Os dados estatísticos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura

e a Alimentação (FAO - Food Agricultural Organisation) mostram que

as capturas no mar e nas águas doces superficiais diminuíram entre

2004 e 2009. No mesmo período a produção através da aquacultura

cresceu 22%. Esta situação pode estar relacionada com o aumento das

preocupações ambientais no sentido de haver a necessidade de preservar

a biodiversidade aquática. O total das pescas em 2009 foi de 145,1 milhões

de toneladas, sendo utilizadas para consumo humano 117,8 milhões de

toneladas. Entre 2004 e 2009 o consumo per capita aumentou, o que

pode significar que em alguns países em desenvolvimento aumentou o

consumo de proteínas animais e a segurança alimentar.

A Figura 2 mostra a produção piscícola mundial desde a segunda metade

do século XX até 2008.

atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Define atividade piscatória.

1.2. Justifica a importância económica das pescas.

1.3. Comenta a seguinte afirmação: “As pescas possuem um enorme valor social e cultural.”

1.4. Distingue a aquacultura da pesca de captura.

1.5. Indica qual foi a produção pesqueira que mais cresceu entre 2004 e 2009.

1.6. Menciona qual é a produção pesqueira que mais contribui para a conservação da biodiversidade.

1.7. O consumo humano de produtos da pesca tem aumentado ou diminuído nos últimos anos?

1.8. Justifica a importância do aumento ou da diminuição do consumo dos produtos da pesca referido na questão anterior para a saúde humana.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 2 – Pesca de captura e produção piscícola mundial.

Fonte: SOFIA 2010

Genericamente a disponibilidade mundial de peixe proveniente da pesca

de captura e da aquacultura tem vindo a aumentar. A China contribui

bastante para esse crescimento desde a década de 80 do século XX,

uma vez que no resto do mundo, no mesmo período, se verificou uma

estabilização na produção piscícola.

A Figura 3 mostra os dez países maiores produtores de pescado capturado

em 2008. A China destaca-se em primeiro lugar, o que contribui para que

o continente asiático ocupe um lugar cimeiro com uma captura total de

23,2 milhões de toneladas.

1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2008

Milh

ões d

e to

nela

das

Page 56: Geografia 12º - Manual do Aluno

54 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 3 – Pesca capturada no mar e nas águas doces superficiais continentais dos dez principais países produtores em 2008.

Fonte: SOFIA 2010

A captura de pescado nas águas doces superficiais, nos cinco continentes,

foi de 10,2 milhões de toneladas em 2008. A Ásia capturou 2/3 do total,

ou seja, 6,8 milhões de toneladas e a África 2,5 milhões de toneladas

(Figura 4).

4.2.2. Principais áreas de produção de pescado e de pesca

em meio marítimo

No que se refere à pesca marítima as áreas de maior captura encontram-

-se assinaladas na Figura 5.

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Descreve a evolução da pesca de captura e produção piscícola mundial desde a segunda metade do século XX até 2008.

1.2. Aponta possíveis razões que justifiquem a variação referida na questão anterior.

1.3. Apresenta uma justificação para o facto de a China ser o maior produtor mundial de pescado.

1.4. Indica possíveis consequências que podem advir para a vida marinha das pescas que são efetuadas na Ásia.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 5 – Principais áreas de pesca marítima em 2008.

Fonte: SOFIA 2010

Milhões de toneladas

Myanmar

Federação Russa

Filipinas

Chile

Índia

Japão

Estados Unidos da América

Indonésia

Perú

China

Figura 4 – Distribuição das capturas de pescado nas águas doces superficiais por continente em 2008.

Nota: Total de capturado nas águas doces superficiais - 10,2 milhões de toneladas.

Fonte: SOFIA 2010

Oceania

Europa

Américas

áfrica

ásia

Milhões de toneladas

Page 57: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 55

Da análise da Figura 5 pode constatar-se que o Oceano Pacífico ocupa

a primeira posição, com destaque para as regiões Noroeste, Sudeste e

Centro Oeste.

Na Figura 6 estão assinaladas as principais áreas de pesca marítima a

nível mundial, que são determinadas pela abundância de microrganismos

vegetais (fitoplânton) e animais (zooplânton) e pela influência das

correntes marítimas (Figura 7).

Figura 6 – Localização das principais áreas de pesca marítima.

Fonte: SOFIA 2010

Figura 7 – Localização das correntes marítimas.

Legenda:

1 - Pacífico Noroeste

2 - Pacífico Sudeste

3 - Pacífico Centro Oeste

4 - Atlântico Nordeste

5 - Índico Este

6 - Índico Oeste

7 - Atlântico Centro Este

8 - Pacífico Nordeste

9 - Atlântico Sudoeste

10 - Atlântico Noroeste

O. Austr‡liaO. Austr‡liaBenguelaBenguelaPerœPerœ

Calif—rniaCalif—rnia

LabradorLabrador

Can‡riasCan‡rias

OyashioOyashioE. G

ronel‰ndia

E. Gronel‰

ndia

6

810

2

9

75 3

1

4

Page 58: Geografia 12º - Manual do Aluno

56 | Os Recursos de Timor-Leste

A análise das Figuras 6 e 7 permite constatar que:

● no pacífico noroeste, frente à Ásia dá-se o encontro da corrente

quente de Kuroshivo com a corrente fria de Oyashivo;

● o pacífico sudeste apresenta um dos ecossistemas marítimos mais

produtivos do mundo, devido à corrente fria do Peru;

● o pacífico centro Oeste sustenta um dos pesqueiros dos fundos

oceânicos mais importantes;

● o atlântico nordeste, frente à Europa, tem a influência da corrente quente

do Golfo que entra em contacto com as águas frias do mar Báltico. Esta área

apresenta uma plataforma continental muito extensa e muito explorada.

Os recortes da costa europeia favorecem as diferenças de temperatura e de

salinidade das águas e permitem a instalação de portos abrigados;

● no Índico Este e Oeste há abundância de espécies que são capturadas

por armadores internacionais;

● o atlântico centro este é rico na biodiversidade marinha devido às

águas frias da corrente das Canárias;

● o pacífico nordeste é uma área muito produtiva porque tem a

influência da corrente do Alasca no norte e a influência da corrente

da Califórnia no sul;

● no atlântico sudoeste as águas frias do sul permitem uma enorme

biodiversidade;

● no atlântico noroeste, frente à América do Norte, dá-se o encontro

da corrente quente do Golfo e da corrente fria de Labrador. A extensa

plataforma continental apresenta importantes zonas pesqueiras e o

recorte do litoral permite a instalação de portos.

Figura 8 – Proveniência do pescado consumido pela população.

Relativamente à captura e ao consumo de peixe a FAO dividiu o mapa do mundo em diferentes zonas e

atribuiu-lhes uma numeração. Este número, indicado na embalagem do pescado, permite aferir com exatidão a

proveniência do peixe (Figura 8).

Legenda: 18: Mar Ártico; 21: Noroeste do Atlântico; 27: Nordeste do Atlântico; 31: Atlântico Centro Oeste; 34: Atlântico Este; 37: Mediterrâneo e Mar Negro; 41: Atlântico Sudoeste; 47: Atlântico Sudeste; 48: Antártico; 51: Oceano Índico Ocidental; 57: Oceano Índico Oriental; 58: Oceano Índico Antártico; 61: Oceano Pacífico Noroeste; 67: Oceano Pacífico Nordeste; 71: Pacífico Centro Oeste; 77: Pacífico Este; 81: Pacífico Sudoeste; 87: Pacífico Sudeste; 88: Pacífico Antártico.

Fonte: www.lidl.pt

Page 59: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 57

atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica possíveis razões que justifiquem a elevada abundância de peixe no Pacífico Noroeste.

1.2. De que modo as correntes marítimas influenciam a abundância de peixe?

1.3. Refere a importância da numeração atribuída pela FAO às zonas de pesca mundiais.

1.4. Justifica a abundância de peixe no Atlântico Noroeste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

A fauna marinha concentra-se nas áreas que reúnem as condições ideais

de alimentação, de respiração e de reprodução, estando, geralmente,

localizadas na plataforma continental e nas zonas afetadas pelas correntes

marítimas (Figura 9).

Figura 9 – Morfologia marinha e limites do mar.

As plataformas continentais são, regra geral, as zonas biologicamente

mais ricas e, por isso, as mais intensamente exploradas a nível da pesca. A

grande riqueza piscatória das plataformas continentais resulta:

• da agitação da água (devido à pequena profundidade), o que a torna

mais rica em oxigénio e permite uma melhor penetração da luz;

• da afluência das águas do continente, principalmente dos rios, que

transportam, até longas distâncias da costa, grande quantidade de

alimento, quer de natureza orgânica, quer de natureza inorgânica.

Além disso, favorece a agitação das águas marinhas e a diminuição

da salinidade;

• da elevada produção fitoplantónica resultante da presença da luz e

do oxigénio.

Qualquer país costeiro possui uma faixa adjacente à costa sobre a qual

tem direitos e deveres. Esse espaço compreende as águas territoriais ou

mar territorial, que vai do continente até às 12 milhas marítimas, e a Zona

Económica Exclusiva (ZEE), uma faixa que se estende desde a linha de

base até às 200 milhas marítimas (Figura 9).

Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a ZEE

pode considerar-se a ampliação das fronteiras dos países, onde cada

estado costeiro tem o direito de: explorar, aproveitar, gerir e conservar os

recursos naturais vivos e não vivos das águas marítimas e do seu subsolo.

Esses estados têm, também, o dever ou a obrigação de proteger os recursos,

zelar pela proteção ambiental, impedir o acesso de outros países à sua ZEE

atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Refere duas áreas de pesca que se localizem no Oceano Pacífico.

1.2. Menciona dois fatores de que depende a riqueza piscatória da plataforma continental.

1.3. Apresenta uma definição de plataforma continental.

1.4. Refere quais são os limites da Zona Económica Exclusiva (ZEE).

1.5. Indica quais são os direitos dos países costeiros em relação à sua ZEE.

1.6. Apresenta os deveres dos países costeiros em relação à sua ZEE.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

200 milhas (370,4 km)

Oceano atlântico

Page 60: Geografia 12º - Manual do Aluno

58 | Os Recursos de Timor-Leste

e ceder à comunidade externa, de acordo com o direito internacional, a

exploração dos excedentes que não explora. O aproveitamento comercial

da ZEE deve efetuar-se dentro dos limites sustentáveis.

Atualmente discute-se a necessidade e a intenção de alguns países

procederem a um novo alargamento da ZEE e apresenta-se como principal

argumento o evitar da sobrexploração das atuais zonas existentes. Esta

ampliação poderá levar a que a atividade piscatória de frotas estrangeiras

se reduza em áreas internacionais próximas de bancos de pesca que são

ricos em espécies de grande valor económico.

4.2.3. Tipos de pesca predominantes

4.2.3.1. principais tipos de pesca

As atividades piscatórias podem classificar-se em função da área onde são

exercidas e em função das tecnologias utilizadas, tal como se encontra

apresentado no Quadro 1 e se pode observar na Figura 10.

A B C

D

Figura 10 – Artes de pesca tradicional e da pesca moderna (A - Redes, B - Armadilhas, C - Barco moderno, D - Pesca de cerco)

Page 61: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 59

Quadro 1 – Classificação das atividades piscatórias

área,

tipo de

embarcações,

autonomia,

conservação

do pescado

Tipo características

Local

Praticada até às 6 milhas da costa.

Elevado número de embarcações com ou sem motor.

Reduzidas dimensões das embarcações (até 9 metros).

Pouca autonomia das embarcações.

Inexistência de sistemas de conservação do pescado.

Elevado número de postos de trabalho.

Curta permanência no mar (algumas horas).

Pescado com maior valor comercial.

costeira

Praticada entre as 9 e as 12 milhas da costa.

Embarcações com mais de 9 metros.

Maior autonomia das embarcações.

Sistemas de conservação do pescado a bordo.

Média de permanência no mar: 1 dia a 3 semanas.

Longínqua

Praticada em águas internacionais para lá da ZEE nacional.

Embarcações de grandes dimensões.

Grande autonomia das embarcações.

Sistemas de conservação do pescado diversificados e sofisticados.

Longa permanência no mar (semanas a meses).

Tecnologia

Artesanal ou

tradicional

Embarcações de pequena tonelagem.

Embarcações por vezes sem motor.

Técnicas e meios de pesca muito rudimentares.

Reduzida captura de pescado.

Reduzida tripulação.

Moderna

ou industrial

Embarcações de grande tonelagem.

Embarcações modernas e bem equipadas.

Técnicas avançadas e eficazes.

Grandes capturas de pescado.

Muita tripulação.

Page 62: Geografia 12º - Manual do Aluno

60 | Os Recursos de Timor-Leste

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Caracteriza a pesca local em relação a:

a) área onde é praticada; b) autonomia; c) sistemas de conservação do pescado.

1.2. Caracteriza as embarcações utilizadas na pesca artesanal.

1.3. Apresenta duas diferenças entre a pesca artesanal e a pesca industrial.

1.4. Distingue a pesca do largo da pesca longínqua.

1.5. Explica de que forma a pesca artesanal pode contribuir para a sustentabilidade da vida marinha.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

4.2.3.2. principais tipos de pesca existentes em timor-Leste

Timor-Leste tem uma linha costeira com cerca de 735 km e uma Zona

Económica Exclusiva com 72 000 km2. Os recursos marítimos são muito

ricos e o espaço marítimo apresenta potencial para o desenvolvimento de

pescas no mar. No entanto, a atual contribuição do setor das pescas para

a produção do rendimento nacional é reduzida, apesar das possibilidades

que a vasta costa oferece.

Pratica-se uma pesca artesanal, que utiliza técnicas muito rudimentares.

Os instrumentos de pesca mais comuns são as tarrafas, os arpões, os

anzóis, as redes, os camaroeiros e as nassas, em função do tipo de pesca

a que se destinam (Figura 11).

As embarcações são, em regra, pequenas, sendo a maioria das tradicionais

escavadas em troncos e com estabilizadores laterais, geralmente em

bambu (denominados beiros). Outras, denominadas corcoras, possuem

velas em tecido. Um projeto de 2008 introduziu barcos de fibra de vidro,

como parte de um programa mais amplo que visava o desenvolvimento do

setor. No entanto os pescadores sentem dificuldades na aquisição deste

tipo de embarcações devido ao elevado custo das mesmas (Figura 12).

Figura 11 – Exemplos de instrumentos de pesca utilizados em Timor-Leste (A – Camaroeiro, B – Tarrafa, C – Redes de pesca e D – Arpões).

A B

C

A CB

Figura 12 – Exemplos de embarcações de pesca utilizadas em Timor-Leste (A – Embarcação tradicional (beiro), B – Embarcações com motor, C – Embarcações tradicionais com velas em tecido - corcoras).

D

Page 63: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 61

Durante o período da ocupação indonésia o setor pesqueiro teve um

grande desenvolvimento. Entre 1987 e 1997 aumentou o número de

pescadores de mar e de rio e a quantidade de pescado capturado. O

número de pescadores passou de 7500 para 12000. Após esta data

assistiu-se a uma regressão e em 2004 apenas 2173 pessoas se dedicavam

à pesca (Figura 13).

O pescado é quase todo consumido fresco pelos timorenses, dado que

parte da carne foi substituída pelo peixe (Figura 14). O peixe entrou na

dieta alimentar, agora mais diversificada e rica, contribuindo para uma

maior segurança alimentar, em particular das crianças.

Figura 13 – Evolução do número de pescadores em Timor-Leste entre 1987 e 2004.

A CB

Figura 14 – Venda de peixe fresco no mercado de Lecidere (A, B e C) (Díli, Timor-Leste).

A pesca é uma atividade com potencialidades que vão para lá da

alimentação da população timorense, podendo o peixe ser exportado

fresco ou em conserva. O incremento de uma indústria nacional de

pesca do mar em Timor-Leste dependerá do desenvolvimento de um

mercado de exportação, uma vez que a procura doméstica é limitada.

Será preciso criar condições para a iniciativa e o investimento para que

se possa concretizar este objetivo a longo prazo. A atividade piscatória é

mais importante na costa norte, nas imediações de Díli. A ilha de Ataúro,

N.º de Pescadores

1987 1997 2004

Page 64: Geografia 12º - Manual do Aluno

62 | Os Recursos de Timor-Leste

devido ao seu isolamento, apresenta as maiores tradições pesqueiras.

Dos 13 distritos timorenses, apenas dois não possuem acesso à costa – os

distritos de Aileu e de Ermera (Figura 15).

Figura 15 – Divisão administrativa de Timor-Leste.

Em Timor-Leste as infraestruturas portuárias tornam difícil a atracagem

de embarcações de maior porte. Embora tenham sido construídos cais

acostáveis e ancoradouros, apenas dois em Díli (Hera e Tíbar) e um em

Lautém (Com) permitem a acostagem de navios de maior tonelagem de

arqueação bruta (TAB) (Figuras 16 e 17).

Existe, também, potencial para pesca em terra, nas áreas mais

montanhosas, incluindo os distritos de Aileu, Manufahi, Ermera, Liquiçá,

Ainaro e Viqueque.

A biodiversidade das zonas costeiras de Timor-Leste é significativa. As

espécies predominantes são os atunídeos (ex.: atum, cavala, bonito),

a corvina, a pescada, o linguado, o salmonete, a sarda, o peixe-coco, a

garoupa, o peixe-espada, as bicudas e o cação e, ainda, os cefalópodes

(ex.: polvo, lula, choco), os crustáceos (ex.: lagosta, camarão, lavagante,

caranguejo) e os bivalves (ex.: amêijoa, berbigão) (Figura 18).

atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Caracteriza o tipo de pesca praticado em Timor-Leste.

1.2. Explica o modo como é comercializado o peixe capturado em Timor-Leste.

1.3. Em Timor-Leste a pesca é apenas praticada no mar?

1.4. Menciona quatro espécies capturadas nas zonas costeiras timorenses.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 16 – Portos de Díli (A - Porto de Hera, B - Porto de Tíbar) (Timor-Leste).

A

D

B

E

C

F

G

Figura 18 – Exemplos de peixes existentes nas zonas costeiras de Timor-Leste (A – Atum, B – Cavala, C – Salmonete, D – Pescada, E – Corvina, F – Linguado, G – Cação).

A B

Figura 17 – Barcos de pesca no porto de Com - Lautém (Timor-Leste).

Oecussi Ambeno

Page 65: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 63

4.2.4. atividades piscatórias sustentáveis e desenvolvimento

de Timor-Leste

Comparando o setor pesqueiro com outras atividades constata-se que as

pescas em Timor-Leste estão bem reguladas e regulamentadas, havendo

legislação publicada muito relevante. Mas a sua aplicação é limitada e

o setor continua a funcionar muito à semelhança do que acontecia no

passado. Há, no entanto, fortes preocupações das autoridades com

o desenvolvimento sustentável do setor pesqueiro, traduzidas nas

estratégias definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento para

2011-2030.

A aquacultura em água doce, em água salobra e em água salgada não

está bem desenvolvida, embora haja consumo de algumas espécies como

o peixe-gato, o peixe-dourado, o peixe-leite, o camarão e as algas, em

pequenas quantidades (Figura 19).

A B C

Figura 19 – Exemplos de espécies consumidas em Timor-Leste e que provêm de aquacultura (A – Peixe-gato, B – Peixe-dourado, C – Peixe-leite).

O potencial de desenvolvimento da aquacultura em água salobra é

elevado, especialmente na área das florestas de mangais e de outros

terrenos marginais, que são fisicamente adequados para viveiros de peixe

(Figura 20).

O desenvolvimento da aquacultura em água doce é limitado pela

pouca abundância da própria água doce. No entanto, no interior de

Timor-Leste existe alguma criação de peixe nos lagos que existem em

algumas regiões (Figura 21).

As águas costeiras e próximas da costa em Timor-Leste podem suportar

atividades de aquacultura, tais como a extração de algas e a criação de

camarão, de abalone, de caranguejos e de ostras (Figuras 22 e 23).

Figura 20 – Floresta de mangal nos arredores de Liquiçá.

Figura 21 – Lago de água doce onde existe produção de peixe (Lagoa Bemalai, subdistrito de Atabae).

A B C

Figura 22 – Exemplos de espécimes que podem ser cultivados em aquacultura nas zonas costeiras de Timor-Leste (A – Camarão, B – Caranguejo, C – Abalone). Figura 23 – Gaiolas de engorda de

caranguejos em Hera (Timor-Leste).

Page 66: Geografia 12º - Manual do Aluno

64 | Os Recursos de Timor-Leste

atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Menciona as atividades de aquacultura que podem desenvolver- -se nas águas costeiras timorenses.

1.2. Justifica a importância da aquacultura para as populações das zonas costeiras.

1.3. Indica duas espécies de peixe que costumam consumir-se no distrito onde a tua escola se encontra.

1.4. Refere as áreas de maior potencial da aquacultura em água salobra.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

As atividades de aquacultura costeira podem oferecer oportunidades

de obtenção de rendimentos para algumas comunidades costeiras. Está

planeado introduzir pelo menos três tipos de atividades de aquacultura

para as comunidades costeiras até 2020, o que será conseguido após a

realização de um inventário dos locais mais adequados para tal produção.

É necessária uma refrigeração fiável que facilite a exploração comercial

de peixe. Para tal, é necessário construir infraestruturas de produção

de energia elétrica que mantenham um constante fornecimento da

mesma. É igualmente necessário melhorar a monitorização e a proteção

das espécies.

A curto prazo (2011 a 2015), segundo o PED, as estratégias e ações que

visam melhorar a gestão das pescas costeiras e em terra e a criação de

um setor de pesca comercial vibrante, incidirão no aumento da captura,

através de atividades de pesca tradicional (Figuras 24 e 25) e a exploração

de áreas de pesca na Zona Económica Exclusiva de Timor-Leste.

A médio prazo (2016 a 2020), segundo o PED, as ações deverão incidir na

pesca em alto mar e serão orientadas para a exportação procedendo-se,

também, ao desenvolvimento de centros de pesca, ao longo da costa sul,

em especial em Lore (distrito de Lautém). Será, também, encorajada a

criação comercial de peixe nas zonas onde existam recursos hídricos, nos

distritos de Aileu, de Ermera, de Liquiçá e de Ainaro.

A criação de uma indústria de pescas exigirá a construção e a aquisição

de barcos modernos, a formação em técnicas de pesca em alto mar e o

estabelecimento de ligações, entre zonas de pesca e pontos de exportação,

equipadas com sistemas de refrigeração (Figura 26).

De acordo com o PED 2011-2030, será feito um levantamento dos locais

mais adequados para a pesca comercial, de modo a permitir aumentar a

proteção de locais de criação de peixe e de outros ambientes marinhos

importantes. Admite-se a definição de zonas de proteção marinha e o

estabelecimento de um centro marinho de investigação e desenvolvimento.

O papel potencial do peixe em resposta aos desafios da segurança

alimentar e nutricional em Timor-Leste merece uma atenção especial. O

peixe é uma fonte de proteínas animais de alta qualidade, bem como de

micronutrientes essenciais, tais como o zinco e o ferro. O peixe melhora,

também, a absorção de minerais que provêm de outros alimentos. A

ingestão de pequenos peixes é uma excelente fonte de cálcio disponível

para o organismo. Alguns peixes são uma fonte valiosa de ácidos

gordos essenciais.

A

B

Figura 26 – Exemplos de barcos modernos e de transportes com sistema de refrigeração necessários para Timor-Leste (A – Navio frigorífico, B – Camião-frigorífico).

Figura 24 – Pescadores de peixe-leite e gaiolas de engorda de caranguejos em Metinaro (Timor-Leste).

Figura 25 – Armadilha de captura de caranguejos em Hera (Timor-Leste).

Page 67: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 65

Há uma crescente valorização do papel do peixe no fornecimento de

gorduras essenciais para o desenvolvimento do cérebro e da capacidade

cognitiva no feto e na criança.

Os alimentos e os aspetos nutricionais da aquacultura recebem uma

atenção especial no Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030,

nomeadamente ao nível do abastecimento total de peixe e da nutrição

das famílias, particularmente para as mulheres e as crianças (Figura 27).

A

CB

Figura 27 – Exemplos de pratos confecionados com peixe em Timor-Leste (A – Peixe assado com batatas, B – Filetes de peixe, C – Espetada de peixe com arroz de feijão).

O desenvolvimento da aquacultura foi identificado pelo Governo timorense

como um meio de melhorar a segurança alimentar e nutricional dos

timorenses, bem como aumentar o rendimento das famílias do interior

do país e das zonas costeiras. O PED destaca o papel da aquacultura no

aumento do consumo de energia e de proteínas, bem como na geração de

receitas que provenham da exportação de peixe. A Estratégia Nacional de

Desenvolvimento da Aquacultura prevê um papel forte para a aquacultura

na diversificação e na melhoria dos meios de subsistência e na superação

de obstáculos entre as famílias rurais e os sistemas agroecológicos.

Destina-se a contribuir para o aumento do abastecimento e do consumo

de peixe, com o objetivo de incrementar o consumo de peixe por habitante

em Timor-Leste de 6,1 kg para 15,0 kg em 2020 (próximo do consumo per

Page 68: Geografia 12º - Manual do Aluno

66 | Os Recursos de Timor-Leste

capita médio global anual de 17,8 kg). A expetativa é de que a aquacultura

contribua em 2030 com 40% do abastecimento de peixe para o mercado

interno e os restantes 60% provenham da pesca de captura.

A aquacultura em água salobra e a maricultura fornecem oportunidades

para pequenos negócios e para o aumento de rendimento das comunidades

costeiras. Para o desenvolvimento da aquacultura em água doce o PED

2011-2030 propõe uma abordagem com duas vertentes:

● apoio ao aparecimento de pequenas e médias empresas de

aquacultura em agroecologias adequadas;

● criação de sistemas integrados de agricultura-aquacultura,

principalmente para a alimentação humana, com a construção de

sistemas de armazenamento de água de pequena escala junto das

famílias pobres em lugares menos favoráveis e com poucos recursos.

A elaboração de tecnologias viáveis de baixo custo através de processos

participativos, a criação dos serviços necessários e o empoderamento das

mulheres e das comunidades marginalizadas através das suas organizações,

são considerados vitais para o desenvolvimento da aquacultura sustentável.

A tónica é colocada no desenvolvimento da aquacultura baseada em

tecnologias de baixo custo que são amigas do ambiente, socialmente

responsáveis e economicamente viáveis. A visão da Estratégia Nacional

de Desenvolvimento da Aquacultura é que a aquacultura contribua para

a melhoria da segurança alimentar e nutricional, para a diversificação dos

meios de subsistência das comunidades costeiras e interiores e para o

crescimento económico em Timor-Leste.

Outras estratégias para criar uma indústria de pescas sustentável e

vibrante, que crie emprego e contribua para as metas de melhoria da

segurança alimentar e da nutrição em Timor-Leste, incluem:

• a criação de centros de demonstração do uso de sistemas eletrónicos

de controlo de pescas e do corte, processamento, transporte e

armazenamento de produtos de pescas;

• o desenvolvimento da pesquisa para a criação de camarões, abalones,

caranguejos e ostras;

• o estabelecimento de ligações a mercados consumidores e o

desenvolvimento de sistemas de transporte dos produtos produzidos;

• a promoção da capacidade dos pescadores e da comunidade de

criadores de peixe;

MariculturaCultivo de organismos marinhos nos seus habitats naturais, geralmente com objetivos comerciais.

i

atividade 81. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre a atividade piscatória na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:

- Tipo de pesca existente;

- Características da pesca existente;

- Espécies que são pescadas;

- Potencialidades das pescas para as famílias dos pescadores; - Destino do peixe pescado;

- Pratos confecionados com o peixe pescado;

- Contributos que pode dar a pesca para o desenvolvimento da região.

2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito, organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida, convidar um pescador para vir à escola falar sobre a atividade piscatória que pratica)

3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 69: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 67

• o controlo de qualidade e a supervisão dos recursos pesqueiros

produzidos;

• a criação de portos de pesca e de infraestruturas, tais como, cais e

locais de atracagem;

• o desenvolvimento de um mercado de exportação de peixe.

Um dos problemas relacionados com a ZEE timorense é a pesca ilegal

efetuada por países vizinhos. A atividade ilegal é uma ameaça para

a economia de Timor-Leste, uma vez que a pesca não autorizada

continua a subtrair os recursos do país. A dependência Marítima da

Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e os oficiais da Força de Defesa

Timorense (F-FDTL) têm dificuldades em controlar eficazmente a área

marítima por falta de meios.

Com a colocação em prática da legislação das pescas e a efetivação das

metas propostas no PED admite-se que Timor-Leste venha a ter uma pesca

com práticas que podem ser mantidas indefinidamente, não contribuindo

para a redução da capacidade das espécies alvo. Admite-se, também, que

é possível manter os níveis da população piscícola saudáveis não causando

impactos negativos noutras espécies do ecossistema, nem prejudicando o

seu ambiente físico, nem capturando-as de forma acidental.

atividade 91. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:

1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento do setor das pescas em Timor-Leste?

1.2. Indica duas ações levadas a cabo pelos pescadores timorenses que podem ser melhoradas com a efetivação das metas do Plano Estratégico de Desenvolvimento para o setor das pescas.

1.3. Que medidas podem ser implementadas pelos cidadãos timorenses que visem estimular o desenvolvimento do setor das pescas em Timor-Leste?

1.4. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o setor das pescas da tua região.

2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.

Page 70: Geografia 12º - Manual do Aluno

68 | Os Recursos de Timor-Leste

● A atividade piscatória consiste em retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes

do grupo dos peixes, dos crustáceos, dos moluscos ou dos vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de

aproveitamento económico. Neste conceito estão salvaguardadas as espécies ameaçadas de extinção e

que constam das listas oficiais da fauna e da flora.

● A pesca tem um valor económico, social e cultural muito importante para as populações.

● Os dados estatísticos da FAO mostram que as capturas no mar e nas águas doces superficiais diminuíram

entre 2004 e 2009 e a aquacultura cresceu 22%, no mesmo período de tempo. Esta situação pode

estar relacionada com o aumento das preocupações ambientais, relacionadas com a necessidade de

preservar a biodiversidade aquática.

● O Oceano Pacífico é a principal área de pesca marítima, com destaque para as regiões Noroeste,

Sudeste e Centro Oeste. Estas áreas são determinadas pela abundância de microrganismos vegetais

(fitoplânton) e animais (zooplânton) e pela influência das correntes marítimas.

● A fauna marinha concentra-se nas áreas que reúnem as condições ideais de alimentação, de respiração

e de reprodução, estando, geralmente, localizadas na plataforma continental e nas zonas afetadas

pelas correntes marítimas. Estas regiões possuem: forte agitação da água; afluência das águas do

continente; elevada produção fitoplantónica.

● Qualquer país costeiro possui uma faixa adjacente à costa sobre a qual tem direitos e deveres. Esse

espaço compreende as águas territoriais ou mar territorial, que vai do continente até às 12 milhas

marítimas e a Zona Económica Exclusiva (ZEE), uma faixa que se estende desde a linha de base até às

200 milhas marítimas.

● As atividades piscatórias podem classificar-se em função da área onde são exercidas e em função

das tecnologias utilizadas. Assim, quanto à área, tipo de embarcações, autonomia, conservação do

pescado classificam-se em: local, costeira, do largo ou longínqua. Quanto à tecnologia classificam-se

em: artesanal ou tradicional e moderna ou industrial.

● Timor-Leste tem uma linha costeira com cerca de 735 km e uma Zona Económica Exclusiva com 72 000

km2. Os recursos marítimos são muito ricos e o espaço marítimo apresenta potencial para desenvolvimento

de pescas no mar. Pratica-se uma pesca artesanal, que utiliza técnicas muito rudimentares.

SÍNTESE

Page 71: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 69

● A pesca é uma atividade com potencialidades que vão para lá da alimentação das populações. O

produto das pescas pode ser utilizado como matéria-prima para a indústria das conservas e pode ser

exportado fresco ou em conserva.

● A atividade piscatória em Timor-Leste é mais importante na costa norte, nas imediações de Díli. A ilha

de Ataúro, devido ao seu isolamento, apresenta as maiores tradições pesqueiras.

● A biodiversidade das zonas costeiras de Timor-Leste é significativa. As espécies predominantes são os

atunídeos (ex.: atum, cavala, bonito), a corvina, a pescada, o linguado, o salmonete, a sarda e o cação

e, ainda, os cefalópodes (ex.: polvo, lula, choco), os crustáceos (ex.: lagosta, camarão, lavagante) e os

bivalves (ex.: amêijoa, berbigão).

● As autoridades timorenses têm grandes preocupações com o desenvolvimento sustentável do

setor pesqueiro, traduzidas nas estratégias definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento para

2011-2030.

● A aquacultura em água doce, em água salobra e em água salgada não está bem desenvolvida, no entanto

o seu potencial é enorme. A aquacultura em água salobra tem um potencial elevado, especialmente na

área das florestas de mangais e de outros terrenos marginais. A aquacultura em água doce é limitada

pela pouca abundância da própria água doce. As águas costeiras e próximas da costa em Timor-Leste

podem suportar atividades de aquacultura, tais como a extração de algas e a criação de camarão, de

abalone, de caranguejos, de pérolas e de ostras.

● A curto prazo (2011 a 2015), as estratégias e ações que visam melhorar a gestão das pescas costeiras e

em terra e a criação de um setor de pesca comercial vibrante, incidirão no aumento da captura, através

de atividades de pesca tradicional e na exploração de áreas de pesca na Zona Económica Exclusiva de

Timor-Leste.

● A médio prazo (2016 a 2020), as ações incidirão na pesca em alto mar e serão orientadas para a

exportação procedendo-se, também, ao desenvolvimento de centros de pesca, ao longo da costa sul,

em especial em Lore (distrito de Lautém). Será, também, encorajada a criação comercial de peixe nas

zonas onde existam recursos hídricos, nos distritos de Ailéu, de Ermera, de Liquiçá e de Ainaro.

● A criação de uma indústria de pescas exigirá a construção e a aquisição de barcos modernos, a formação

em técnicas de pesca em alto mar e o estabelecimento de ligações, entre zonas de pesca e pontos de

exportação, equipadas com sistemas de refrigeração.

Page 72: Geografia 12º - Manual do Aluno

70 | Os Recursos de Timor-Leste

Atividades Complementares

1. O Homem desde há muito tempo que utiliza o peixe que a Natureza coloca à sua disposição. 1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. A atividade piscatória está inserida no setor terciário.

b. A jusante da pesca encontram-se as indústrias de construção naval, as artes de pesca e o fabrico das redes.

c. Os dados estatísticos da FAO mostram que as capturas no mar e nas águas doces superficiais diminuíram entre 2004 e 2009.

D. A disponibilidade mundial de peixe proveniente da pesca de captura e da aquacultura tem vindo a aumentar.

E. A Europa é a maior produtora de pescado capturado.

f. As principais áreas de pesca marítima a nível mundial são determinadas pela abundância do fitoplânton e do zooplânton e pela influência das correntes marítimas.

G. A fauna marinha concentra-se nas áreas localizadas no talude continental e nas zonas que não são

afetadas pelas correntes marítimas.

1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.

2. Estabelece a correspondência entre os tipos de pesca apresentados na coluna I e as respetivas

características indicadas na coluna II.

coluna i coluna ii

1. Pesca longínqua

2. Pesca artesanal

3. Pesca costeira

4. Pesca local

5. Pesca moderna

A. Praticada entre as 9 e as 12 milhas da costa.

b. Embarcações modernas e bem equipadas.

c. Praticada até às 6 milhas da costa.

D. Praticada em águas internacionais.

E. Embarcações de pequena tonelagem.

3. As pescas desempenham um papel importante na economia de muitos países. 3.1. Justifica a importância social das pescas. 3.2. Distingue aquacultura de maricultura. 3.3. Justifica a importância da aquacultura para a vida marinha. 3.4. Relaciona as correntes marítimas com a abundância de peixe.

4. Os recursos marítimos de Timor-Leste são muito ricos e o espaço marítimo apresenta potencial para

desenvolvimento de pescas no mar.

4.1. Indica três tipos de peixe que são pescados na zona marítima timorense.

4.2. Justifica a importância do peixe na alimentação dos timorenses.

4.3. Caracteriza o tipo de pesca que é maioritariamente utilizado em Timor-Leste.

4.4. Explica de que forma a previsão do crescimento da atividade piscatória pode ser aproveitada para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

Page 73: Geografia 12º - Manual do Aluno

3UNIDADE TEMÁTICA

Os Recursos de Timor-Leste

Sumário

A indústria – uma necessidade para o crescimento económico - Organização do espaço industrial - O futuro das atividades industriais - O desenvolvimento industrial de Timor-Leste

FinalidadeA abordagem do subtema A indústria – uma necessidade para o crescimento económico pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca das atividades industriais, analisando o conceito de indústria, a organização do espaço industrial e a importância deste tipo de atividades no contexto da economia timorense e mundial.

Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de indústria. Distingue indústria tradicional de indústria moderna. Indica os fatores de localização industrial. Classifica os tipos de indústria existentes. Identifica as indústrias predominantes em Timor-Leste. Justifica a importância das atividades industriais para a susten-tabilidade económica do território timorense.

4.3. a indústria – uma necessidade PARA O cRESciMENTO EcONóMicO

conceitos-chave Indústria

Indústria tradicional

Indústria moderna

Indústria familiar

Indústria extrativa

Indústria transformadora

Indústria ligeira

Indústria pesada

Indústria de bens de equipamento

Indústria de bens de consumo

Indústria de base

Indústria de ponta

Espaço industrial

Fatores de localização industrial

Globalização da economia

Desenvolvimento industrial

Fábrica global

Clusters industriais

Indústria timorense

Produtos industriais de Timor-Leste

Fatores de localização das indústrias timorenses

Indústrias essenciais

QUESTÃO ORiENTADORAComo é que a indústria pode contribuir para o desenvolvimento

económico de Timor-Leste?

Page 74: Geografia 12º - Manual do Aluno

72 | Os Recursos de Timor-Leste

4.3. a indústria – uma necessidade para

O cRESciMENTO EcONóMicO

4.3.1. Organização do espaço industrial

4.3.1.1. conceitos de indústria

O Homem desde há muito tempo que transforma as matérias que a

Natureza coloca à sua disposição. Transformou a lã das ovelhas em tecidos,

o ouro em jóias, produziu vidro, utilizou o barro no fabrico de utensílios de

cerâmica, obteve o bronze a partir do cobre e do estanho, entre outras.

Quando a transformação se faz utilizando, sobretudo, o trabalho manual

designa-se por artesanato. Neste caso a quantidade de objetos obtidos é

muito pequena.

Quando a transformação se faz com o recurso a máquinas, estamos em

presença da indústria. Neste caso a quantidade de matérias transformadas

e de produtos acabados é muito elevada (Figura 1).

No Quadro 1 encontram-se algumas definições de indústria.

“A indústria […] é o ato de transformar por meio de um certo trabalho,

objetos em bruto em objetos que tenham uma aplicação. Ela pode

comportar tanto a produção de matérias-primas para segundas indústrias,

como a utilização dessas ou de outras matérias-primas.”

R. blanchard

“A indústria é o conjunto de atividades que convertem, por via mecânica

ou química, substâncias orgânicas ou inorgânicas em produtos novos que

efetuam a montagem de peças componentes dos produtos manufaturados

e, ainda, as que se ocupam da reparação dos mesmos.”

André costa

“Indústria é o ato de transformar, com a ajuda de energia, certa quantidade

de matéria em bens intermediários ou finais.”

Garcia de ballesteros

Quadro 1 – Algumas definições de indústria

A

B

Figura 1 – Fotografias exemplificando atividades de artesanato e atividades industriais em Timor-Leste (A – Artesão a trabalhar na Avenida de Portugal, Díli; B – Indústria de produção de blocos, Arredores de Díli).

Page 75: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 73

Ao analisarmos as definições apresentadas podemos constatar que o

termo «indústria» corresponde à atividade que implica, necessariamente,

a transformação de uma matéria-prima num produto final. Esta

transformação pressupõe a utilização de energia e de técnicas adequadas

à produção de bens.

A partir de meados do século XVIII a indústria sofreu grandes

transformações traduzidas, sobretudo, no aparecimento e no

desenvolvimento de um elevado número de unidades produtivas.

Há vários critérios para classificar as indústrias, nomeadamente: a origem

da matéria-prima utilizada, o peso e o valor do produto final, o destino

do produto final e a tecnologia utilizada. No Quadro 2 apresentamos a

classificação das indústrias de acordo com os critérios considerados.

Quadro 2 – Classificação das indústrias

critérios classificação características

Origem da

matéria-prima

ExtrativasConsiste na extração de matérias-primas brutas do solo e subsolo para serem transformadas em bens de equipamento ou de consumo (ex.: extração mineira, exploração florestal, produtos agropecuários).

TransformadorasConsiste na transformação de matérias-primas brutas ou trans-formadas em produtos que são diretamente consumidos pela população (ex.: fábrica de conservas de peixe).

Peso/volume das

matérias-primas

e dos produtos

acabados

LigeirasUtiliza um reduzido peso e volume de matérias-primas e produz bens de consumo (ex.: fabrico de mobiliário, de relógios, de eletrodomésticos, de vestuário, das conservas de peixe).

PesadasUtiliza um elevado peso e volume de matérias-primas e produz bens de equipamento (ex.: extração mineira, siderurgia, metalurgia, refinação do petróleo).

Tipo de bens

produzidos/destino

da produção

Bens de equipamento

Produção de bens acabados ou semiacabados destinados a equipar outras indústrias ou a fornecer-lhes a sua matéria-prima já elaborada (ex.: siderurgia, metalurgia, construção naval, produção de máquinas para a agricultura e transportes, construção civil, teares, redes de refrigeração).

Bens de consumo

Produção de bens para serem consumidos diretamente pelas pessoas (ex.: vestuário e calçado, produtos alimentares, livros, mobiliário, eletrodomésticos).

Origem da

matéria-prima

De base Utiliza tecnologia pouco sofisticada e baseada em mão de obra (ex.: indústria têxtil).

De ponta Usa tecnologia avançada (ex.: indústria aeronáutica, aeroespacial, informática, telecomunicações, bioquímica).

Page 76: Geografia 12º - Manual do Aluno

74 | Os Recursos de Timor-Leste

Dado que existe uma grande diversidade de características das unidades

fabris e mesmo se tivermos em conta apenas um único critério, por vezes,

torna-se difícil classificar o tipo de indústria em causa. É o caso da indústria

automóvel, que tanto pode ser considerada de bens de consumo como de

bens de equipamento, dependendo da utilização que é feita do veículo.

Se a sua utilização se destinar ao uso particular, a indústria inclui-se no

primeiro caso. Se a sua utilização se destinar ao serviço de uma empresa,

inclui-se no segundo tipo de indústria.

As indústrias podem apresentar características:

● artesanais, quando é utilizado, sobretudo, o esforço do Homem;

● familiares, quando envolvem um pequeno número de trabalhadores,

geralmente da mesma família;

● modernas, quando recorrem a tecnologias avançadas.

No Quadro 3 encontram-se algumas das características da indústria

familiar, artesanal e moderna.

atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Apresenta uma noção de indústria.

1.2. Estabelece a distinção entre indústrias de bens de equipamento e de bens de consumo.

1.3. Dada a grande diversidade de características das unidades industriais torna-se, por vezes, difícil a sua classificação. Explica o porquê desta dificuldade.

1.4. Justifica a importância estratégica das indústrias extrativas para o desenvolvimento económico de um país ou de uma região.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Quadro 3 – Caracterização das indústrias

Parâmetros / indústrias familiar Artesanal Moderna

Divisão do trabalhoReduzida. Não há especialização.

Especialização.Especialização levada ao extremo.

Qualidade dos produtosÚnicos e diferentes.

A qualidade depende da perícia do trabalhador.

Únicos e diferentes. O artesão zela pela qualidade do seu trabalho.

Iguais. Fabrico em série.

Mão de obra Familiar, não assalariada.Familiar com alguns assalariados.

Operários assalariados.

TécnicasRudimentares e baseadas na força muscular e braçal.

Menos rudimentares e baseadas na força muscular e mecânica.

Mecanização total ou quase total.

Localização Mundo rural. Áreas urbanas. Áreas urbanas e rurais.

Volume de produtos Reduzido. Maior volume de produtos. Fabrico em massa.

Preço dos produtos Troca direta. Preço elevado.Diminuição do preço unitário.

capital Não há. Familiar e pouco intensivo.Intensivo e com recurso ao crédito.

Mercados Troca local.Comercialização em áreas restritas.

Diversificado - nacional e internacional.

Page 77: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 75

4.3.1.2. Espaço industrial

O espaço industr ial é o espaço ocupado pelos estabelecimentos

industriais. A escolha de um local para a instalação de uma indústria

é um processo complexo e resulta da influência de vários fatores,

chamados fatores de localização. Uma indústria para laborar precisa

de espaço, de matérias-primas, de energia, de mão de obra, de

um mercado (que consuma o que é produzido), de capital (para

assegurar o investimento), da definição de políticas adequadas.

Precisa, também, de transportes e de vias de comunicação que, ao

servirem para colocar as matérias-primas na empresa e os produtos

acabados nos consumidores, se constituem como fatores decisivos

para a localização das indústrias. No esquema da Figura 2 encontram-

-se representados os fatores de localização industrial referidos.

Figura 2 – Principais fatores de localização industrial.

iNDÚSTRiA

EspaçoEnergia

Vias de comunicaçãoe Transporte

Mão-de-obra

Matérias-primas

capital

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Distingue a indústria familiar da indústria artesanal, no que se refere à mão de obra e aos mercados consumidores.

1.2. Indica duas diferenças existentes entre a indústria artesanal e a indústria moderna.

1.3. Justifica a importância das indústrias familiares no desenvolvimento económico de Timor-Leste.

1.4. Explica de que modo as indústrias artesanais podem contribuir para a valorização do património cultural de Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

política

Mercados consumidores

Page 78: Geografia 12º - Manual do Aluno

76 | Os Recursos de Timor-Leste

A importância de cada fator de localização industrial varia ao longo do

tempo e é condicionada pelo tipo de indústria que se pretende instalar.

atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Define espaço industrial.

1.2. Refere qual é o significado de fatores de localização industrial.

1.3. Indica três fatores de localização fundamentais para a instalação de uma indústria numa determinada região.

1.4. Explica de que forma os transportes e as vias de comunicação são fatores de localização essenciais para a instalação de uma indústria numa dada região.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Espaço

Até finais do século XIX muitas indústrias encontravam-se localizadas no

interior das cidades. No entanto, a partir desta data começaram a sair

para espaços mais amplos existentes na periferia dos centros urbanos,

alguns dos quais, mais recentemente, foram preparados para o efeito,

como é o caso dos parques industriais (Figura 3).

Esta saída das indústrias para a periferia está relacionada com o aumento

do preço dos terrenos no interior das cidades, devido a uma grande

procura por parte de outras atividades económicas, como o comércio e

os serviços. Por outro lado, começaram a surgir, no interior das cidades,

problemas de trânsito, que dificultam a chegada das matérias-primas

e o escoamento dos produtos acabados. A estas dificuldades vieram

juntar-se as recentes preocupações ambientais, relacionadas com a

poluição causada pelas próprias empresas, o que contribuiu ainda mais

para acelerar este movimento das indústrias para a periferia.

Se tivermos em consideração o facto de as indústrias modernas serem,

normalmente, unidades de grande dimensão, necessitam de terrenos

amplos, de baixo custo e com fáceis acessos. Facilmente verificamos que

as periferias urbanas possuem estas condições, pelo que se tornaram as

áreas mais atrativas para a localização das indústrias.

Matérias-primas

As matérias-primas são indispensáveis à indústria. Podem ser fornecidas

pela agricultura, pela pecuária, pela exploração florestal, pela pesca e pela

exploração mineira (Figura 4). Há, também, muitos produtos industriais

que servem atualmente de matérias-primas para outras indústrias, como

Figura 3 – Exemplo de um parque industrial.

A B

C

D

Figura 4 – Exemplo de matérias-primas utilizadas na indústria (A - Café, B - Ouro, C - Petróleo bruto, D - Trigo).

Page 79: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 77

é o caso do ferro e do aço, na indústria siderúrgica, e das fibras e dos

tecidos, na indústria têxtil.

Sempre que as indústrias utilizam grande quantidade de matérias-primas,

em relação ao produto final, tendem a localizar-se na sua proximidade.

São exemplo, as refinarias de açúcar e as indústrias de pasta de papel.

Existem, ainda, indústrias cujas matérias-primas se estragam com

facilidade e, por isso, necessitam de estar próximo delas. Tal sucede com

as indústrias de conservas de vegetais, de frutas, de carne, de peixe,

entre outras (Figura 5).

Há, no entanto, muitas indústrias modernas que consomem uma gama

muito variada de produtos e, por isso, é impossível encontrá-los todos numa

mesma região. A localização das indústrias depende, nestas situações, da

facilidade de transportes para a concentração das matérias-primas.

Há, ainda, a considerar os custos das próprias matérias-primas, que podem

ser bastante diferentes conforme as regiões produtoras. Em igualdade de

circunstâncias, são preferidas as regiões que as possam oferecer ao preço

mais baixo.

Energia

No início da Revolução Industrial a principal fonte de energia era o carvão.

Eram necessárias grandes quantidades de carvão e, devido ao seu peso e

volume, o transporte era difícil e caro. Por isso, as indústrias localizavam-

-se junto das minas de carvão, dando origem às primeiras áreas industriais.

Estas áreas adquiriram a designação de paisagens negras. Eram

constituídas por fábricas com chaminés altas, edifícios escurecidos pelo

fumo e bairros de operários que viviam junto das fábricas. São exemplos

o Centro e o Sudeste de Inglaterra e a região de Rhur (Alemanha).

Em meados do século XX, a substituição do carvão por novas fontes

de energia facilmente transportáveis (ex.: petróleo, gás natural e

eletricidade) e o desenvolvimento dos transportes, levou à modificação

das antigas áreas industriais, bem como ao aparecimento de outras.

No entanto, devido à maior mobilidade do petróleo, tem havido uma

dispersão de certas indústrias. Assiste-se, atualmente, a uma localização

crescente das grandes refinarias e indústrias associadas junto dos portos

de desembarque do petróleo (Figura 6).

A eletricidade é outra fonte de energia importante e indispensável em

certas indústrias, como é o caso da eletrometalurgia. À escala mundial,

cerca de 90% da eletricidade consumida provém da conversão da energia

Figura 5 – Indústria da conservação de peixe.

Figura 6 – Refinaria de petróleo.

Page 80: Geografia 12º - Manual do Aluno

78 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 8 – Central nuclear.

Figura 9 – Localização das centrais nucleares existentes no mundo (dados de 2007).

Naturalmente, estas centrais nucleares tendem a localizar-se próximo

dos locais de consumo da energia, dado que o urânio e o plutónio são

fáceis de transportar. Razões de ordem técnica e de segurança podem

impor restrições à sua localização, sobretudo após acidentes como o de

Fukushima, no Japão, em 2011.

Verifica-se, assim, uma alteração nos padrões de localização industrial,

reduzindo-se a influência da localização da energia e das matérias-

primas e valorizando-se o papel de outros fatores, como é o caso da

mão de obra, das vias de comunicação e dos mercados, entre outros.

Mão de obra

A mão de obra é um fator fundamental para a produção industrial, mas

a sua incidência no valor acrescentado pode variar muito conforme

os casos. A quantidade de mão de obra necessária nas indústrias é

muito variável.

Há indústrias que precisam de um grande número de operários pouco

qualificados, como acontece com a indústria têxtil. A metalurgia,

a construção naval, a indústria automóvel e a indústria química

atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. A localização das matérias-primas é importante para a instalação de indústrias numa dada região.

1.1.1. Apresenta três exemplos de matérias-primas utilizadas na indústria alimentar.

1.1.2. Indica a razão pela qual as refinarias de açúcar se localizam próximo dos campos de cana do açúcar.

1.1.3. Refere a importância das vias de comunicação para as indústrias que consomem uma gama muito variada de produtos.

1.2. A energia é fundamental para permitir o funcionamento das indústrias.

1.2.1. Indica três fontes de energia que são utilizadas atualmente.

1.2.2. Explica a razão pela qual tem havido receios em construir mais centrais nucleares em alguns países.

1.2.3. Justifica a importância para a indústria da construção de uma refinaria de petróleo em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

calorífica do carvão ou do petróleo. Cerca de 10% provém da conversão

da energia cinética da água (Figura 7).

A energia nuclear ainda contribui muito pouco para o total da produção

energética, apesar das suas enormes possibilidades. Existem mais de 100

centrais nucleares em todo o mundo, que são fornecedoras de energia

elétrica (Figura 8). Na Figura 9 encontra-se um mapa com a localização das

centrais nucleares que existem no mundo.

Figura 7 – Central hidroelétrica.

Centrais Nucleares

Page 81: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 79

Figura 10 – Linha de montagem automóvel.

necessitam de operários semiespecializados (Figura 10). Nos países

menos industrializados, onde as oportunidades de emprego são

reduzidas, estes trabalhadores tendem a emigrar à procura de

melhores condições de trabalho em outros países.

Algumas indústrias necessitam de um número relativamente pequeno

de mão de obra, como é o caso da indústria petroquímica (Figura 11).

Outras indústrias necessitam de mão de obra muito qualificada como,

por exemplo, a eletrónica, a relojoaria, a ótica e a robótica (Figura

12). Nestas indústrias o número de trabalhadores é em geral baixo,

devido à automação das atividades, que exigem também uma longa

preparação profissional. Esta mão de obra especializada implica

sempre o pagamento de salários mais elevados, além de um conjunto

de vantagens económicas e sociais que as empresas têm de satisfazer.

Uma parte desta mão de obra qualificada é constituída pelos

quadros superiores, engenheiros, investigadores e gestores. Este

tipo de indústrias tende, por isso, a localizar-se próximo de centros

universitários e de investigação.

A composição da mão de obra é, igualmente, importante. A estrutura

quanto à idade e ao sexo pode variar de modo sensível. No caso das

indústrias que exigem um trabalho delicado e paciente, é preferida

uma mão de obra essencialmente feminina, como é o caso da indústria

têxtil (Figura 13).

A produtividade da mão de obra é fundamental. A atitude perante

o trabalho depende de fatores sociais e culturais e pode afetar

gravemente a produção industrial. A indisciplina e o absentismo

prejudicam muito a produtividade e comprometem a viabilidade de

qualquer empresa. As empresas têm tendência para evitar as regiões

ou os países onde os trabalhadores não permitem a necessária

estabilidade laboral.

Mercado consumidor

A indústria só pode existir e expandir-se se houver mercado

consumidor adequado. Este tem de ter dimensões suficientes para

que seja possível o escoamento de toda a produção e se justifiquem os

investimentos realizados.

O mercado consumidor não corresponde, necessariamente, a zonas de

elevada densidade populacional, pois o que é importante é o nível de

vida dos habitantes. Por isso, as regiões muito populosas da Ásia das

Monções não constituem mercados consumidores muito atraentes, dado

Figura 11 – Plataforma petrolífera (indústria petroquímica).

Figura 12 – Linha de montagem numa empresa de eletrónica.

Figura 13 – Mão de obra feminina.

Page 82: Geografia 12º - Manual do Aluno

80 | Os Recursos de Timor-Leste

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica dois tipos de indústria que necessitem de mão de obra muito especializada.

1.2. Justifica a importância dos exemplos de indústrias referidos na questão anterior se localizarem próximo das universidades e dos centros de investigação.

1.3. Indica a razão pela qual a indústria têxtil prefere dar trabalho a mulheres do que a homens.

1.4. Justifica a seguinte afirmação:

“As empresas têm tendência para evitar as regiões ou os países onde as condições de trabalho não oferecem a necessária estabilidade.”

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

que aí o nível de vida é baixo. O comércio dos produtos industriais é

muito mais intenso nos países desenvolvidos da América do Norte,

da Europa Ocidental e do Japão, relativamente ao resto do mundo.

A importância dos mercados consumidores na localização da indústria

é muito variável. Há situações em que o transporte de produtos

acabados é mais caro do que o das matérias-primas, daí que haja

vantagem em as unidades industriais se instalarem próximo dos

mercados consumidores.

O aumento do peso ou a fragilidade dos produtos finais resultantes do

processo industrial leva o produtor a procurar localizar-se próximo do

mercado consumidor (ex.: indústria alimentar e de bebidas) (Figura 14).

Há outras indústrias que, pela procura dos consumidores, necessitam

de estar próximo dos consumidores – tipografias, ourivesarias, entre

outras (Figura 15).

Figura 14 – Símbolo utilizado no transporte de produtos frágeis.

O mercado consumidor pode ser local, regional, nacional ou internacional,

o que coloca problemas diferentes da localização. Se o mercado

consumidor é concentrado e especializado, as indústrias tendem a

localizar-se próximo. É o caso da construção de máquinas de fiação e de

tecelagem, que tende a fazer-se próximo das grandes empresas têxteis

(Figura 16). Se o mercado consumidor é vasto e os custos de transporte

afetam os custos finais, as indústrias tendem a dispersar-se. No entanto,

se a produção é feita apenas por algumas empresas que abastecem o

mercado nacional e internacional, as indústrias tendem a concentrar-se

num ponto favorável à distribuição.

Os mercados consumidores podem atrair as indústrias por outras razões.

Podem fornecer produtos intermédios, fabricados por outras indústrias

Figura 15 – Ourivesaria.

Figura 16 – Maquinaria de uma empresa têxtil de fiação.

fRáGiL

Page 83: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 81

aí instaladas. Podem fornecer mão de obra abundante e variada, com

diferentes níveis de habilitações académicas.

capital

O capital é indispensável para que qualquer indústria possa existir e

prosperar. A acumulação de capital, fruto da poupança, é fundamental

para a realização de investimento.

A Revolução Industrial, que teve início em Inglaterra nos finais do século

XVIII, só foi possível, graças a um conjunto de novas invenções e de novas

técnicas e à existência de capitais fornecidos pela agricultura e pelo

comércio. Atualmente é a própria indústria dos países desenvolvidos

que permite a acumulação de enormes capitais, indispensáveis para os

grandes empreendimentos. Algumas indústrias, como a siderurgia, a

metalurgia, a eletrónica, a naval, a da aviação, entre outras, necessitam

de investimentos tão elevados que só grandes companhias ou os próprios

Estados podem realizá-los. Muitas vezes acontece, também, que são as

instituições financeiras a disponibilizarem esse capital para a construção

de novas indústrias (Figura 17).

Todas as fases do processo industrial implicam financiamentos. A compra

do terreno, a construção dos edifícios fabris e administrativos, a aquisição

de equipamento e de matérias-primas, o pagamento de salários, a

amortização do capital investido, o pagamento de juros de empréstimos

contraídos, as despesas de publicidade e de comercialização dos produtos,

a investigação científica e o progresso tecnológico. Os gastos são tais que

é necessária uma boa gestão financeira para permitir a sobrevivência

financeira da própria empresa industrial.

Transportes e vias de comunicação

Os transportes são fundamentais para o desenvolvimento industrial de

uma região ou de um país.

É necessário que as matérias-primas cheguem à fábrica e é, também,

fundamental que os produtos acabados cheguem aos mercados

consumidores. As indústrias tendem, por isso, a localizarem-se em áreas

com boas vias de comunicação e onde existam transportes adequados,

para facilitar a receção das matérias-primas e o escoamento dos produtos.

Os transportes terrestres necessitam de infraestruturas de linhas-férreas

e de estradas que representam um enorme investimento para os Estados

ou para as companhias privadas.

atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica três razões relacionadas com o mercado consumidor que justifiquem a localização das indústrias.

1.2. Justifica a importância do nível de vida do mercado consumidor no crescimento das indústrias.

1.3. Indica três fases do processo de instalação de uma indústria que necessitem de capital.

1.4. Refere qual é a importância do Estado na instalação de indústrias de elevado capital, como é o caso da aviação.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 17 – Capital.

Page 84: Geografia 12º - Manual do Aluno

82 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 20 – Rede rodoviária moderna existente nos países desenvolvidos.

Figura 21 – Camião de Transportes Internacionais (TIR).

O transporte ferroviário tem procurado adaptar-se às novas exigências

do tráfego impostas pelo desenvolvimento económico. Desempenhou

um papel decisivo na Revolução Industrial, tendo tornado possível

o escoamento de enormes quantidades de mercadorias (Figura 18).

Atualmente, nos países desenvolvidos, em que as linhas de caminhos

de ferro são numerosas, estão-se a abandonar muitas linhas por terem

deixado de ser rentáveis e procuram desenvolver-se outras que melhor

possam servir as necessidades dos grandes centros urbanos e industriais

(Figura 19). Nos países em desenvolvimento as linhas de caminhos de

ferro são, em geral, pouco desenvolvidas. É exceção o caso do México,

da Argentina e da Índia. Há, no entanto, países em que certas linhas

são fundamentais para o transporte de matérias-primas do interior

para os portos de embarque. É o caso de Angola, onde as linhas férreas

permitem o escoamento das matérias-primas do interior para os portos

de embarque.

O transporte por estrada – transporte rodoviário – tem vindo a adquirir

uma crescente importância, quer nos países desenvolvidos, dada a sua

maior flexibilidade e a melhoria significativa das estradas (Figura 20),

quer nos países em desenvolvimento, dadas as limitações existentes

nos transportes por caminho de ferro. Este tipo de transporte pode

complementar-se com o transporte por caminhos de ferro ou por via

marítima, permitindo a descentralização desejada de muitas indústrias

(Figura 21).

As áreas junto a portos marítimos importantes tornam-se locais

privilegiados para a localização das indústrias. Os transportes marítimos

são, em princípio, os mais baratos, em especial quando a carga é de grande

peso ou volume, como é o caso do carvão, do petróleo, dos minérios, da

madeira, dos cereais, entre outros. O seu inconveniente está associado a

uma maior lentidão e às limitações geográficas que lhe são próprias.

As áreas portuárias são, por isso, locais favoráveis à instalação de

numerosas unidades industriais. Nestes locais, é fácil o acesso às

matérias-primas e aos recursos energéticos que vêm do estrangeiro por

via marítima, assim como o escoamento dos produtos que se destinam

a outros países. Existem muitas zonas industriais em regiões portuárias

importantes, nomeadamente Roterdão (Holanda), Antuérpia (Bélgica),

Hamburgo (Alemanha), Tóquio (Japão), Nova Iorque e Houston (EUA).

A frota de navios tem procurado aumentar a sua capacidade para poder

fazer face às novas exigências, quer a nível do número de navios, quer a nível

das suas dimensões. O comércio internacional caracteriza-se atualmente

Figura 19 – Comboios de carga atuais nos países desenvolvidos.

Figura 18 – Comboios a vapor utilizados durante a Revolução Industrial (século XIX).

Page 85: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 83

Figura 22 – Navio de contentores, transportando dezenas ou centenas de contentores.

por um volume cada vez maior de mercadorias transacionáveis e por

distâncias cada vez maiores entre as zonas de produção e de consumo. A

carga geral é transportada cada vez mais em navios de contentores, que

possuem caixas metálicas de dimensões estandardizadas – contentores

(Figura 22). As operações de carga e de descarga tornaram-se muito

rápidas e seguras e o movimento das mercadorias entre os lugares

de origem e de destino pode fazer-se diretamente pela ligação dos

transportes marítimos com os transportes rodoviários e ferroviários.

A carga especial é transportada em navios de diferentes tipos, de acordo

com a natureza dos produtos que são transportados.

Os petroleiros são, atualmente, os maiores navios do mundo (Figura

23), podendo transportar cerca de 200 000 toneladas de petróleo bruto.

Os petroleiros estão a favorecer a localização dos grandes complexos

industriais próximo dos portos que lhes são acessíveis. As refinarias têm

de ser de grande capacidade para darem vazão à elevada quantidade de

petróleo bruto transportado pelos petroleiros.

Os mineraleiros são grandes navios que transportam minérios,

essencialmente de ferro. Ultrapassam as 100 000 toneladas de porte

(Figura 24). A utilização destes mineraleiros tem tido vastas implicações

económicas, nomeadamente a diminuição das tarifas de transporte, o

que permite que os países desenvolvidos recebam matérias-primas de

regiões muito distantes.

política

Na instalação de indústrias, muitas vezes, são implementadas ações

governamentais de incentivo, quer ao nível da valorização de determinadas

áreas ou regiões deprimidas, quer ao nível do alívio da saturação dos

centros urbanos. Criam-se parques industriais ou áreas exclusivamente

destinadas ao desenvolvimento de indústrias e oferecem-se aos

empresários impostos reduzidos ou a sua isenção, por determinados

períodos de tempo, créditos bonificados, infraestruturas já montadas

(ex.: rede elétrica, águas e saneamento, telecomunicações, vias de

comunicação). Estes atrativos constituem para os empresários um fator de

localização industrial muito importante. No entanto os parques industriais

devem ser planeados de forma a beneficiarem tanto os empresários como

os cidadãos dependentes dessas unidades industriais. Face à interação

dos diferentes fatores de localização industrial, a indústria encontra-se

distribuída de forma muito desigual pela superfície da Terra (Figura 25).

Figura 23 – Petroleiro.

Figura 24 – Mineraleiro.

Page 86: Geografia 12º - Manual do Aluno

84 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 25 – Localização das grandes áreas industriais do mundo.

As maiores concentrações industriais localizam-se no hemisfério Norte,

destacando-se a Europa, a América do Norte e o Japão, embora outras

regiões do mundo possuam, também, focos relativamente importantes

de industrialização.

Há, no entanto, fatores que têm vindo a ganhar cada vez mais importância.

É o caso dos transportes e das vias de comunicação e o custo da mão de

obra, que, devido à globalização da economia, assumem atualmente um

papel determinante.

As diferenças dos salários e das restantes condições de trabalho existentes

entre os países desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento, são

cada vez mais acentuadas e, por isso, constituem um fator decisivo na

localização das indústrias.

Assim, as indústrias de bens de consumo que necessitam de muita mão

de obra (ex.: têxteis, confeções) e as que utilizam tecnologia simples

como, por exemplo, a eletrónica de consumo (ex.: rádios, televisores,

eletrodomésticos) tendem a localizar-se nos países em desenvolvimento

(Figura 26).

Pelo contrário, nos países desenvolvidos dominam as indústrias de bens

de equipamento de alta tecnologia (ex.: robótica, aerospacial), indústria

química (ex.: adubos, fibras sintéticas, borracha sintética), construção de

transportes pesados (ex.: aeronáutica, construção naval) e a indústria

siderúrgica (ex: produção de aço) (Figura 27).

Globalização da economiaÉ o processo através do qual se expande o mercado e onde as fronteiras nacionais parecem mesmo desaparecer, por vezes, nesse movimento de expansão.

Caracteriza-se pela liberdade de circulação de mercadorias, capitais e serviços entre os países.

i

Figura 26 – Empresa de confeções.

Áreas Industrializadas

Page 87: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 85

atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica quais são os principais fatores de localização industrial.

1.2. Refere a importância da matéria-prima na localização das indústrias.

1.3. Explica quais são as consequências das acentuadas diferenças do custo da mão de obra na localização das indústrias a nível mundial.

1.4. Refere duas indústrias que, devido aos menores custos da mão de obra, optem por se localizar em países em desenvolvimento.

1.5. Indica, com base na análise do mapa da Figura 25, duas das atuais áreas mais industrializadas no mundo.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

4.3.2. O futuro das atividades industriais

Atualmente as indústrias buscam a inovação, investem em novas

tecnologias, em especial naquelas que poupam mão de obra, como é

o caso da robótica (Figura 28). Antigas regiões industriais entram em

decadência com o processo de descentralização industrial, surgindo

novas regiões industriais. Surge a chamada fábrica global, que se

assume como o espaço global que é utilizado pelas grandes empresas

internacionais para poderem produzir e utilizar as vantagens

que oferecem os mais variados países do mundo. A presença de

multinacionais já faz parte do quotidiano de milhões de pessoas

em todo o mundo. Elas comandam os fluxos internacionais e, em

alguns casos, chegam a administrar receitas muito superiores às de

vários países. As maiores multinacionais são dos EUA, seguidas das

japonesas e das europeias.

As atividades industriais têm sido protagonistas de um processo acelerado

de modernização, resultante de um cada vez maior investimento em

equipamentos tecnologicamente avançados, de uma melhoria da

qualidade dos produtos e das empresas, da renovação gradual da

qualificação dos recursos humanos, em especial com o aumento do

número de quadros médios e superiores.

As atividades industriais têm, também, procurado expandir-se para novos

mercados, de dimensão cada vez mais global. China, Brasil, Índia, Rússia

e México representarão em 2025 cerca de metade da procura mundial.

O grande espaço de crescimento da indústria virá dos países emergentes

(Figura 29).

Procura-se, por isso, fazer a deslocalização das indústrias para os países

emergentes, onde a mão de obra é mais barata, permitindo a obtenção

Figura 28 – Empresa utilizando a robótica numa linha de montagem.

Figura 29 – Mapa com a localização dos países economicamente diferentes.

Figura 27 – Empresa de construção de aviões (aeronáutica).

Page 88: Geografia 12º - Manual do Aluno

86 | Os Recursos de Timor-Leste

de uma grande quantidade de produtos a baixos custos e a expansão para

novos mercados consumidores.

Existe uma grande convicção no sentido do aparecimento de um novo

paradigma de desenvolvimento industrial, no período que se seguirá à

atual crise económica e financeira global. Este novo paradigma emerge

da convergência entre novos meios de comunicação e formas inéditas de

produção de energia. A terceira revolução industrial, ou também chamada

Revolução industrial do Século XXi, tem como marca central a rede de

energia/Internet. O fundamental não está na energia, na Internet ou na

noção de rede, mas sim na junção das três. A prosperidade do século

XXI virá de uma organização social assinalada pela descentralização, pela

cooperação e pela partilha.

A grande interrogação que se coloca aos decisores empresarias reside

na determinação dos setores que vão crescer, dos que vão reduzir e

dos novos setores de atividade económica e industrial que surgirão

ou se afirmarão de uma forma significativa nas próximas décadas.

As atividades industriais que poderão crescer num futuro próximo

encontram-se agrupadas em torno das seguintes áreas:

• indústrias da sustentabilidade, que integrarão os clusters industriais

associados às novas formas de conservação e produção de energia

e de proteção do ambiente, onde se incluem as unidades associadas

à energia eólica, às células fotovoltaicas, aos carros elétricos, aos

novos materiais compósitos, aos componentes eletrónicos, entre

outros (Figura 30);

Figura 30 – Carro elétrico.

Figura 31 – Exemplos de tratamentos efetuados em indústrias do bem-estar (SPAs).

• indústrias da saúde e do bem-estar, integrando as áreas da bioquímica

e da farmacêutica, de equipamentos hospitalares, de materiais

recicláveis, de novos sistemas de tratamento e de prevenção de

doenças, de clínicas especializadas, entre outras (Figura 31);

Clusters industriaisConcentração de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Estas empresas colaboram entre si, tornando-se mais eficientes.

i

Page 89: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 87

• indústrias do entretenimento e da qualidade de vida, integrando

as áreas do turismo, do desporto, da cultura, dos conteúdos

multimédia, entre outros;

• indústrias da produtividade e da eficiência, integrando as tecnologias de

informação e comunicação, a indústria informática, os novos sistemas de

criação, transporte e distribuição de informação, entre outras (Figura 32);

• indústrias da geografia, integrando as diversas tecnologias em

diferentes espaços geográficos, com especial destaque para as

tecnologias tropicais que permitam o desenvolvimento da agricultura,

da pecuária e da medicina nos países de África e de outras regiões

menos desenvolvidas do mundo.

É previsível que se assista, também, ao declínio ou à redução da atividade

de alguns setores, com graus elevados de ineficiência produtiva e que

estão associados a um modelo de consumo intensivo, tais como a indústria

automóvel, imobiliária e eletrónica de consumo tradicional. Nestes

setores poderá vir a assistir-se a uma alteração qualitativa significativa dos

produtos que o mercado virá a aceitar. Em relação aos setores tradicionais

de consumo das famílias – têxtil, vestuário, mobiliário, decoração, entre

outros, verificar-se-á uma maior sensibilidade ao preço, pelo que serão

essenciais os esforços de aumento da produtividade e de redução de

custos. As famílias tenderão a ter disponível uma parte menor do seu

rendimento para este tipo de produtos, concentrando uma parte do seu

rendimento em áreas ligadas à saúde e à melhoria da qualidade de vida.

Neste movimento rápido e desafiador da sociedade contemporânea,

global e de consumo, muitas profissões, produtos, empregos e empresas

desaparecerão rapidamente, mesmo que muitas vezes pensemos

inacreditável que isso possa ocorrer num curto período.

Este fenómeno também se aplica às escolas e às universidades que, cada

vez mais, devem repensar a sua atividade de formação de cidadãos. Estes

devem estar aptos para desempenhar uma multipicidade e complexidade

de papéis ao longo da vida. Torna-se fundamental analisar e planear a

expansão das carreiras profissionais e das necessidades atuais e futuras

de formação para as atividades industriais.

4.3.3. O desenvolvimento industrial de Timor-Leste

Durante o período da colonização portuguesa a indústria em Timor-Leste

teve pouco significado económico. O território era considerado como um

armazém comercial, tendo mantido intercâmbio com Macau desde o século

Figura 32 – Tecnologia informática.

atividade 81. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Diz o que entendes por fábrica global.

1.2. Explica de que modo os países emergentes podem ser aproveitados pelas empresas multinacionais.

1.3. Indica, justificando, dois tipos de atividades industriais que podem decrescer no futuro.

1.4. Refere, justificando, três tipos de atividades industriais que podem crescer no futuro.

1.5. Explica de que forma a previsão do crescimento das atividades industriais pode ser aproveitada por Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 90: Geografia 12º - Manual do Aluno

88 | Os Recursos de Timor-Leste

XVI. A riqueza de Timor-Leste estava, sobretudo, associada à exploração de

recursos agroflorestais, que incluíam o sândalo, a cera e o mel.

A partir de 1960 começou a aumentar o interesse pelo desenvolvimento

industrial, orientado sobretudo para a transformação de produtos

vegetais. Em concreto, começaram a surgir as indústrias extrativas de

óleos vegetais, de descasque de arroz, de torrefação e de moagem de café

(Figura 33), destilarias. É de referir, também, o aparecimento de indústrias

de corte e serração de madeira, de fabrico de sabão, de tecelagem e

de cerâmica (Figura 34). A indústria de cerâmica levou à alteração dos

métodos tradicionais de construção de edifícios e de habitações nas

principais cidades de Timor-Leste (Figura 35).

Durante a ocupação indonésia verificou-se um aumento da industrialização

em Timor-Leste. No gráfico da Figura 38 apresenta-se o produto industrial

obtido em Timor-Leste por setores em 1996, que correspondia a cerca

de 6% do produto interno bruto (PIB) de Timor-Leste e absorvia 4%

do emprego. Nesta data Timor-Leste possuía 5 mil empresas e 10 mil

empregados a trabalhar na indústria.

Figura 34 – Cerâmica de Manatuto (Timor-Leste).

Figura 35 – Palácio do Governo em Díli (Timor-Leste).

A indústria têxtil resume-se à manufatura dos tecidos tradicionais – os Tais. A

indústria do vestuário está associada ao trabalho desenvolvido em pequenas

alfaiatarias, não incluindo o pronto a vestir em grande escala (Figura 36).

Na indústria da madeira, a maior parte da matéria-prima abatida destina-

-se à exportação em bruto. Há, no entanto, algumas unidades de

transformação, carpintarias e marcenarias, para além de uma fábrica de

produção de óleo de sândalo.

A indústria extrativa, nomeadamente a extração de mármore, só foi

desenvolvida a partir de 1996, quando o governo indonésio alterou as suas

políticas económicas nacionais e incentivou o investimento estrangeiro.

Atualmente a extração de pedra mantém-se ativa em algumas zonas do

atividade 91. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica a razão pela qual a indústria em Timor-Leste não teve grande desenvolvimento durante a colonização portuguesa.

1.2. Apresenta três exemplos de indústrias que se desenvolveram em Timor-Leste a partir de 1960.

1.3. Indica a razão pela qual a indústria têxtil tinha grande expressão em Timor-Leste em 1996.

1.4. Explica de que forma a indústria da madeira pode contribuir para a erosão dos solos em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 36 – Fabrico de Tais no Merdado de Tais em Colmera (A) e alfaiataria em Díli (B) (Timor-Leste).

A

B

Figura 33 – Torrefação, moagem e pesagem de café (A - Torrefação, B - Moagem, C - Pesagem).

A B

C

Page 91: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 89

Figura 37 – Extração de mármore.

país onde existem recursos com maior rentabilidade, como é o caso no

distrito de Aileu (Figura 37).

Em 1997 havia 4 500 empresas de tecelagem e de mobiliário, com um

número médio de três trabalhadores, o que permite caracterizá-las como

micro empresas. O governo indonésio controlava as grandes indústrias

do café e do sândalo. Grande parte dos produtos, dos materiais e da

maquinaria utilizada eram importados da Indonésia, pelo que as indústrias

locais possuíam, sobretudo, uma dimensão artesanal.

Após o Referendo de 1999 algumas indústrias de pequeno porte,

cujos proprietários não eram timorenses, foram afetadas e parte

delas desativadas. É o caso da fábrica de cimento em Baucau e de

algumas fábricas de transformação da cana de açúcar na zona de Suai.

Permaneceram, no entanto, algumas unidades industriais que produzem

produtos para o mercado interno, como acontece com a extração de sal

em Manatuto e em Bobonaro (Figura 38).

Em 2000 a indústria representou 3,5% do PIB.

A Figura 39 representa o produto industrial de Timor-Leste por setores

em 1996.

Figura 38 – Extração de sal (A – Salinas na região de Liquiçá, B – Venda de sal em Bobonaro, Timor-Leste).

A

B

Figura 39 – Produto industrial de Timor-Leste por setores, dados de 1996.

Na contribuição de cada setor para o produto industrial de Timor-Leste,

a indústria têxtil representava 40% do total, absorvendo 30% da mão de

obra. Seguia-se a indústria das madeiras, com 19%, a indústria alimentar

com 12%, e a metalurgia com 10%.

Legenda:

Page 92: Geografia 12º - Manual do Aluno

90 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 40 – Mapa de Timor-Leste com a distribuição das principais indústrias existentes em 2001.

Através da análise do mapa podemos constatar que a atividade industrial

estava mais presente na costa norte de Timor-Leste, junto dos principais

centros urbanos, onde se encontram os potenciais clientes e portos de

saída. São disso exemplo Díli (indústria das madeiras, do vestuário e do

calçado), Baucau (indústria alimentar e de madeiras), Manatuto (indústria

alimentar), Aileu (indústria alimentar e extração de mármores) e Ainaro

(indústria têxtil).

O registo de empresas em Timor-Leste tem vindo a aumentar de forma

gradual, passando-se de 171 em 2007 para 1799 em 2009. A nível do

registo de microempresas passou-se das 1212 em 2007 para as 5232 em

2009. Os processos de registo foram simplificados, através do Código de

Registo Comercial, de modo a encorajar a formação de mais empresas.

No entanto, o fraco desenvolvimento da indústria em Timor-Leste deve ser

atribuído a algumas razões históricas, à falta de mão de obra qualificada,

profissionalizada e especializada, à falta de uma rede eficiente de vias de

comunicação e de meios de transporte, às naturais restrições do mercado

interno, que é bastante limitado, entre outros.

Em 2010 as atividades industriais ou dela dependentes, excluindo o setor

petrolífero, ocupavam 46 700 pessoas, ou seja 15% da população ativa. A

distribuição dos empregos por género e por área geográfica encontra-se

representada na Tabela I e a distribuição por tipo de atividade industrial

encontra-se apresentada na Tabela II.

atividade 101. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica dois exemplos de indústrias que aumentaram muito o seu desenvolvimento em Timor-Leste nos últimos anos.

1.2. Explica de que forma a indústria do café pode contribuir para o desenvolvimento económico de Timor-Leste.

1.3. Indica as razões pelas quais a costa norte da ilha de Timor tem uma atividade industrial mais desenvolvida.

1.4. Explica de que forma o aumento da formação dos timorenses pode contribuir para o desenvolvimento industrial de Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

No mapa da Figura 40 encontram-se apresentadas as principais indústrias

existentes em Timor-Leste em 2001.

Page 93: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 91

Figura 41 – Setores essenciais para o desenvolvimento da economia de Timor-Leste (A – Turismo, B – Agricultura (Viqueque, Timor-Leste), C – Petróleo).

A C

Tabela I – Estrutura da atividade industrial por género e por área geográfica em 2010

Empregos Díli Distritos Total em Timor-LesteMasculino 26 300 6 400 32 700feminino 12 200 1 700 13 900Total de empregos 38 500 8 100 46 600

Tabela II – Dados estruturais da indústria, excluindo o setor petrolífero, de 2010

Empregos Manufatura construção

Retalho e

comércio

grossista

Alojamento e

restauração

Outras

indústrias

Total em

Timor-Leste

Masculino 2 800 5 700 7 500 1 700 15 000 32 700feminino 600 800 4 600 3 900 4 000 13 900Total de empregos 3 400 6 500 12 100 5 600 19 000 46 600

Atualmente mantém-se a atividade da transformação da madeira para

o setor da construção e do mobiliário, de grande importância para a

reconstrução de edifícios e de equipamentos e, também, para o fabrico

de embarcações.

As indústrias de maior dimensão, as mais produtivas e lucrativas, ocupam-

-se do processamento de café e da transformação de madeira de sândalo.

O têxtil, o vestuário, o calçado, as indústrias alimentares, com base em

produtos agrícolas locais, e a construção civil são as possibilidades mais

imediatas de incremento industrial interno. Os níveis salariais praticados

e a produtividade conseguida terão, também, um peso importante na

forma como pode evoluir a indústria timorense.

De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste

2011-2030, o crescimento da economia assenta no incremento de três

setores essenciais: a agricultura, o turismo e o petróleo (Figura 41). Timor-

-Leste possui vantagens consideráveis a nível destes setores devido aos

recursos naturais que possui, à sua localização geográfica e ao perfil

económico timorense.

B

Page 94: Geografia 12º - Manual do Aluno

92 | Os Recursos de Timor-Leste

Quadro 4 – Setores essenciais de Timor-Leste

Empregos Díli Distritos● Culturas alimentares

● Culturas de rendimento

● Pecuária

● Pescas

● Florestas

● Zona Leste

● Zona Central

● Zona Oeste

● TIMORGAP – Timor Gás e

Petróleo, E. P.

● Tasi Mane

● Costa Sul

No Quadro 4 apresentam-se os setores essenciais que poderão contribuir

para o desenvolvimento económico de Timor-Leste nos próximos anos.

A criação de empregos locais é, também, a melhor forma de elevar o

nível de vida e os meios de subsistência dos timorenses que vivem nas

áreas rurais. Está previsto para os próximos anos a realização de várias

ações que estimulem o crescimento do setor privado nas áreas rurais,

incluindo o apoio ao crescimento de pequenas e micro empresas e a

introdução de um Quadro Nacional de Planeamento que identifique e

apoie oportunidades de desenvolvimento rural (Figura 42). Até 2020

prevê-se que as comunidades rurais possuam alimentação adequada,

através do incremento da produção agrícola e do desenvolvimento de

atividades comerciais que permitam a criação de emprego. A melhoria

da produtividade agrícola e dos níveis de vida nas zonas rurais conduzirá

a uma maior procura de outros bens e serviços nestas zonas, o que irá

encorajar o crescimento do setor privado.

O PED 2011-2030 aponta para a criação de um plano nacional que

permita identificar oportunidades de desenvolvimento, com base nas

características específicas de determinadas regiões e na redução dos

desequilíbrios de desenvolvimento que existem entre os distritos e entre

zonas urbanas e rurais. Que permita, ainda, encorajar o investimento

privado em áreas específicas. Também se prevê uma avaliação da

necessidade de incentivos fiscais e económicos, em determinadas áreas,

para encorajar o investimento. Está prevista, ainda, a implementação

de reformas ao nível do encorajamento do setor privado, como por

exemplo, uma nova lei sobre investimentos e o estabelecimento

de um “balcão único” para as empresas. Estas iniciativas, a par da

criação da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste, espera-se

Figura 42 – Exemplos de projetos de desenvolvimento rural em Timor-Leste (A em Maubara e B em Liquiçá).

A

B

Fonte: Aumento da Produtividade Agrícola em Timor-Leste, Questões e Opiniões - Nota Técnica nº 50276, Banco Mundial, fevereiro, 2009.

Page 95: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 93

que contribuam para criar as bases para o desenvolvimento do setor

industrial em Timor-Leste.

O setor do petróleo é considerado como um pilar fundamental do

desenvolvimento de Timor-Leste. Acredita-se que a produção de

petróleo e de gás natural e as indústrias de “downstream”, formarão

uma base muito forte para o desenvolvimento da indústria nos

próximos anos. O aproveitamento das oportunidades e a expansão

do setor petrolífero criarão bases sólidas para o desenvolvimento

de uma indústria bem-sucedida de exportação e de prestação de

serviços, com um setor privado maduro e em crescimento. Criarão,

também, oportunidades para o desenvolvimento de uma indústria

doméstica forte, na qual os timorenses estejam plenamente

envolvidos e onde possam beneficiar de emprego e de oportunidades

de formação ao mais alto nível e, em simultâneo, possa contribuir

para o desenvolvimento sustentável do país.

O desenvolvimento do turismo e, sobretudo, do ecoturismo

contribuirão, também, de forma significativa para a economia nacional,

sendo que as indústrias ligeiras complementarão e diversificarão a

economia de Timor-Leste, tal como vamos aprofundar mais à frente

neste manual.

atividade 111. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre a atividade industrial na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:

- Tipo de indústria existente;

- Características da indústria existente (anos de atividade, dimensões, número de trabalhadores, formação dos trabalhadores, condições de trabalho);

- Matérias-primas utilizadas;

- Produtos fabricados;

- Destinos dos produtos fabricados;

- Planos de ação para o futuro;

- Contributos que pode dar a laboração das empresas para o desenvolvimento da região.

2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito, organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida, convidar o gerente para vir à escola falar da sua empresa)

3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

DownstreamNo ramo petrolífero existem três níveis que distinguem a produção de petróleo: o upstream (extração de petróleo), midstream (processamento do petróleo) e o downstream (logística associada à venda dos derivados prontos – gasóleo, gasolina).

i

Page 96: Geografia 12º - Manual do Aluno

94 | Os Recursos de Timor-Leste

● O Homem desde há muito tempo que transforma as matérias que a Natureza coloca à sua disposição.

Quando a transformação se faz utilizando, sobretudo, o esforço do Homem designa-se por artesanato.

Quando a transformação se faz com o recurso a máquinas, estamos em presença da indústria.

● A indústria corresponde à atividade que implica a transformação de uma matéria-prima num produto

final, pressupondo a utilização de mão de obra e de técnicas adequadas à função de produção dos bens

produzidos.

● Há vários critérios para classificar as indústrias, nomeadamente: a origem da matéria-prima utilizada

(extrativas ou transformadoras), o peso e o valor do produto final (ligeiras ou pesadas), o destino do

produto final (bens de equipamento ou bens de consumo) e a tecnologia utilizada (de base ou de ponta).

● As indústrias podem apresentar características: familiares, quando envolvem um pequeno número de

trabalhadores, geralmente da mesma família; artesanais, quando é utilizado, sobretudo, o esforço do

Homem; ou modernas, quando recorrem a tecnologias avançadas.

● O espaço industrial é o espaço ocupado pelos estabelecimentos industriais.

● A escolha de um local para a instalação de uma indústria é um processo complexo e resulta da influência

de vários fatores, chamados fatores de localização e que podem ser: o espaço; as matérias-primas;

a energia; a mão de obra; o mercado consumidor; o capital; a definição de políticas adequadas; os

transportes e as vias de comunicação.

● Face à interação dos diferentes fatores de localização industrial, a indústria encontra-se distribuída de

forma muito desigual pela superfície da terra. As maiores concentrações industriais localizam-se no

hemisfério Norte, destacando-se a Europa, a América do Norte e o japão, embora outras regiões do

mundo possuam, também, focos relativamente importantes de industrialização.

● Atualmente as indústrias buscam a inovação, investem em novas tecnologias, em especial naquelas

que poupam mão de obra, como é o caso da robótica.

SÍNTESE

Page 97: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 95

● A fábrica global assume-se como o espaço global que é utilizado pelas grandes empresas internacionais

para poderem produzir e utilizar as vantagens que oferecem os mais variados países do mundo.

● As atividades industriais têm, também, procurado expandir-se para novos mercados, de dimensão

cada vez mais global. China, Brasil, Índia, Rússia e o México representarão em 2025 cerca de metade da

procura mundial. O grande espaço de crescimento da indústria virá dos países emergentes.

● As atividades industriais que poderão crescer num futuro próximo encontram-se agrupadas em torno

das seguintes áreas: indústrias da sustentabilidade; indústrias da saúde e do bem-estar; indústrias

do entretenimento e da qualidade de vida; indústrias da produtividade e da eficiência e as indústrias

da geografia.

● Analisar e planear a expansão das carreiras profissionais e das necessidades atuais e futuras de

formação, torna-se estratégico para a sociedade e para o futuro das atividades industriais.

● Durante o período da colonização portuguesa a indústria teve pouco significado económico em Timor-

-Leste. Durante a ocupação indonésia verificou-se um aumento da industrialização.

● Na contribuição de cada setor para o produto industrial de Timor-Leste em 1996, a indústria têxtil

representava 40% do total, absorvendo 30% da mão de obra. Seguia-se a indústria das madeiras, com

19%, a indústria alimentar com 12%, e a metalurgia com 10%. A indústria extrativa, nomeadamente

a indústria de mármore, começou a desenvolver-se, dado que o governo indonésio alterou as suas

políticas económicas nacionais e incentivou o investimento estrangeiro.

● Atualmente mantém-se a atividade da transformação da madeira, o têxtil, o vestuário, o calçado e as

indústrias alimentares.

● A atividade industrial está mais presente na costa norte da ilha de Timor, junto dos principais centros

urbanos, onde se encontram os potenciais clientes. São disso exemplo Díli (indústria das madeiras, do

vestuário e do calçado), Baucau (indústria alimentar e de madeiras), Manatuto (indústria alimentar),

Aileu (indústria alimentar e extração de mármores) e Ainaro (indústria têxtil).

● De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste 2011-2030, o desenvolvimento

da economia assenta no crescimento de três tipos de indústrias essenciais: a agricultura, o turismo e

o petróleo. Timor-Leste possui vantagens consideráveis a nível destas indústrias devido aos recursos

naturais que possui, à sua localização geográfica e ao perfil económico timorense.

Page 98: Geografia 12º - Manual do Aluno

96 | Os Recursos de Timor-Leste

Atividades Complementares

1. Atendendo ao tipo de bens produzidos/destino da produção, classifica as seguintes indústrias:

a) aeronáutica b) conservas de peixe c) panificação d) vestuário

e) siderurgia f) pasta de papel g) farmacêutica h) construção naval

2. A maioria das indústrias que produzem bens de equipamento localiza-se nos países desenvolvidos.

2.1. Explica as razões dessa concentração.

2.2. Indica quais são as consequências deste tipo de concentração para os países em desenvolvimento.

3. Refere duas indústrias em que o fator de localização mais importante é:

3.1. o mercado consumidor;

3.2. a matéria-prima;

3.3. o capital.

4. São vários os fatores de localização que influenciam a distribuição da indústria.

4.1. Explica a importância dos transportes e das vias de comunicação na localização das indústrias.

4.2. Justifica a importância da energia na alteração dos padrões de localização das indústrias.

4.3. Indica as razões que levam muitas multinacionais a instalarem-se nos países emergentes.

5. O Homem desde há muito tempo que transforma as matérias que a Natureza coloca à sua disposição.

5.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. As indústrias atualmente buscam a inovação, investem em novas tecnologias, em especial naquelas que poupam mão de obra, como é o caso da robótica.

b. A indústria corresponde à atividade que implica a transformação da matéria-prima em produto final.

c. As atividades industriais têm procurado expandir-se para novos mercados, de dimensão cada vez mais local.

D. O espaço e as condições meteorológicas são dois fatores de localização industrial muito importantes na instalação da indústria numa dada região.

E. As indústrias da saúde e do bem-estar e as indústrias do entretenimento e da qualidade de vida prevê-se que venham a crescer no futuro.

f. As indústrias da produtividade e da eficiência, integrando as tecnologias de informação e comunicação e a indústria informática tenderão a crescer no futuro.

G. Os setores industriais que se prevê que venham a crescer nos próximos anos em Timor-Leste são a agricultura, a pesca e o petróleo.

5.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.

5.3. Justifica a seguinte afirmação: “As indústrias têm tendência para se instalarem em regiões ou em países onde as condições de trabalho oferecem mais instabilidade.”

5.4. Explica de que forma a previsão do crescimento das atividades industriais a nível mundial pode ser aproveitada para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

Page 99: Geografia 12º - Manual do Aluno

METAS DE APRENDIZAGEMtexto (no caso de não haver conteúdo para esta área pode fazer a

continuinade da imagem da esquerda)

texto

3UNIDADE TEMÁTICA

Os Recursos de Timor-Leste

Sumário

As atividades turísticas – uma estratégia para o desenvolvimento- Recursos turísticos- Distribuição dos recursos turísticos em Timor-Leste- Potencialidades do turismo para o desenvolvimento sustentável de

Timor-Leste

FinalidadeA abordagem do subtema As atividades turísticas – uma estratégia para o desenvolvimento pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca da importância dos recursos turísticos timorenses como uma mais-valia para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste. São analisadas diversas formas de turismo possibilitadas pela morfologia do território, pela insularidade, pelo tipo e configuração da costa e pelos recursos marítimos, e, que podem constituir-se como uma força de atração para os fluxos turísticos regionais e internacionais. Procura-se refletir acerca das formas de potenciar as atividades turísticas e de permitir que as mesmas contribuam para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de atividade turística. Indica diferentes recursos turísticos. Identifica os potenciais recursos turísticos de Timor-Leste. Localiza os recursos turísticos no território timorense. Justifica a importância dos fluxos turísticos para o desenvolvimento económico de Timor-Leste.

SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – situaçãO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS

4.4. as atividades turísticas – uma ESTRATéGiA PARA O DESENVOLViMENTO

conceitos-chave Turismo

Recursos turísticos

Turista

Atividade turística

Turismo de massas

Turismo alternativo

Turismo cultural

Turismo étnico

Turismo religioso

Turista religioso

Turista de herança religiosa

Turismo recreativo

Turismo desportivo

Desporto turístico

Turismo histórico

Turismo literário

Turismo ambiental ou ecoturismo

Turismo balnear

Turismo termal

Infraestruturas turísticas

Atração turística

Roteiros turísticos

Ofertas turísticas

Mão de obra turística

Turismo de Timor-Leste

Zonas turísticas de Timor-Leste

Promoção turística

QUESTÃO ORiENTADORAComo é que as atividades turísticas se podem constituir como

uma estratégia para o desenvolvimento de Timor-Leste?

Page 100: Geografia 12º - Manual do Aluno

98 | Os Recursos de Timor-Leste

4.4. as atividades turísticas – uma estratégia

PARA O DESENVOLViMENTO

4.4.1. recursos turísticos

Ao longo da história do Homem foram frequentes as suas deslocações para

outras regiões, por razões associadas com a caça, a religião, o comércio, as

conquistas, as guerras, o lazer, o estudo, a curiosidade, entre outras. No

entanto, o turismo surge em meados do século XIX como uma atividade

económica organizada.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo como sendo as

atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadias em lugares

distintos daqueles em que vivem, por um período de tempo inferior a um

ano, com fins de lazer, de negócios e de outros.

Fazer turismo é fazer planos para novas descobertas, conhecer pessoas,

novas culturas, paisagens, provar a gastronomia de cada região (Figura 1).

O turista é a pessoa que se desloca para fora do seu local de residência

permanente por mais de 24 horas, pernoita, não para fixar residência e/

ou exercer atividade remunerada, gastando dinheiro recebido fora da

região visitada (Figura 2).

Os recursos turísticos são qualquer elemento natural, elemento artificial

ou atividade humana capaz de motivar a deslocação de pessoas,

promovendo a ocupação de tempos livres ou a satisfação de necessidades

decorrentes da sua permanência, através de atrativos naturais ou culturais

(Figura 3).

Figura 1 – Zona turística em Timor-Leste, na praia da Areia Branca.

Figura 2 – Representação de turistas.

Figura 3 – Mercado dos Tais em Colmera, Díli (Timor-Leste).

Page 101: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 99

O turismo pode ser entendido como um fenómeno complexo. Implica uma

relação entre muitos aspetos da vida social, é uma forma de colonialismo

e de conquista de amizade, um processo de aculturação, uma forma de

migração, um símbolo de liberdade e de escolha pessoal.

A identificação dos tipos de turismo resulta das motivações dos viajantes,

podendo identificar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade

de motivos que levam as pessoas a viajar.

Como as regiões ou os países de destino apresentam também uma grande

diversidade de atrativos, a identificação dos vários tipos de turismo

permite avaliar a adequação da oferta existente ou a desenvolver às

motivações da procura.

Embora as pessoas façam turismo devido a uma conjugação de razões

muito diversas, é possível distinguir vários tipos de turismo que se

encontram representados no Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação dos tipos de turismo

Tipos de Turismo características

Turismo de massas

É um tipo de turismo onde há deslocação de um grande número de pessoas, geralmente em grupo. As pessoas ocupam, em regra, estabelecimentos hoteleiros de menor categoria e meios complementares de alojamento (ex.: parques de campismo, apartamentos, quartos particulares, entre outros).

turis

mo

alte

rnati

vo

É um tipo de turismo em que os turistas estão frequentemente interessados em atrações específicas, particularmente de animais, de montanha, de locais culturais ou das pessoas, que não devem ser encaradas não apenas na óptica de motivações e atracções, mas também do relacionamento entre elas. Existem várias modalidades de turismo alternativo.

Turis

mo

étni

co Os turistas fazem viagens para o meio social dos povos nativos e interagem com eles, visitando as suas casas, observando a sua rotina diária e participando em acontecimentos rituais.

Turis

mo

cultu

ral

Engloba os movimentos de pessoas que obedecem a motivações essencialmente culturais, onde podemos incluir modalidades como viagens de estudo, digressões artísticas, viagens culturais, visitas a sítios e monumentos históricos que têm por objeto a descoberta da natureza, o estudo do folclore ou da arte, entre outras.

Turis

mo

Hist

óric

o

Envolve visitas a monumentos, a museus e a ruínas de importância histórica. Inserido no turismo histórico encontra-se o Turismo Literário, que se constitui como um meio que permite às pessoas conviver com determinadas fantasias, não apenas sobre livros e autores favoritos, mas também com um conjunto de outras atitudes e outros valores culturalmente assumidos.

Turis

mo

Ambi

enta

l ou

Ecot

uris

mo Utiliza de forma sustentável o património natural e cultural, incentiva a sua

conservação e procura a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Define turismo.

1.2. Distingue turista de recursos turísticos.

1.3. Comenta a seguinte afirmação: “O turismo pode ser entendido como um fenómeno complexo implicando um sentido de relação em muitas esferas da vida social.”

1.4. Indica três possíveis motivos que levam as pessoas a fazer turismo.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 102: Geografia 12º - Manual do Aluno

100 | Os Recursos de Timor-Leste

Figura 4 – Venda de artesanato em Maubara (Timor-Leste).

Figura 5 – Projeto Mós Bele, projeto de desenvolvimento sustentável em Maubara (Timor-Leste).

O turismo alternativo distingue-se pelas características e motivações

dos praticantes, destinos preferidos, tipo de alojamento, organização

das viagens e controlo e gestão da atividade. Este não pode ser definido

apenas por um dos componentes, mas, pela presença obrigatória de

todos e pelas relações mantidas entre eles.

A atividade turística envolve relações entre pessoas, gera oportunidades

para a criação de pequenas e médias empresas e incentiva o

desenvolvimento local, transformando os atrativos de uma dada região

em bens e serviços que podem ser oferecidos aos turistas (Figura 4). Para

além disso, é decisiva na balança comercial dos países, especialmente

aqueles mais progressistas no setor do turismo e não degrada tanto o

meio ambiente como outras atividades (ex.: industriais, petrolíferas).

No entanto, a atividade turística deve estar alicerçada no desenvolvimento

sustentável, deve ser planeada e envolver todas as atividades do setor,

procurando formar uma rede cooperativa e eficiente que conte com a

participação ativa dos moradores locais, que, desejavelmente, devem estar

comprometidos com as decisões e os rumos do turismo da região (Figura 5).

O turismo, através da dinâmica do deslocamento de pessoas, influencia

e define relações intersetoriais internas (dentro dos países envolvidos)

e externas (entre diversos países), assumindo um papel importante nas

economias nacionais.

Para compreender como funciona a cadeia produtiva do turismo numa

dada região é necessário identificar quais são os agentes económicos,

turis

mo

alte

rnati

vo

Turis

mo

recr

eativ

o

Representa a participação ou a observação de atividades recreativas.

Turis

mo

Relig

ioso

Neste tipo de turismo há que distinguir turistas religiosos (visitam um destino de significado para uma religião especifica, que pode não estar relacionada com uma viagem de lazer ou fazer parte de uma viagem de objectivos múltiplos, sendo parte de peregrinação e parte de férias) de turistas de herança religiosa (viajam em grupo de afinidade com uma orientação especifica religiosa, nunca encarando a sua deslocação de herança religiosa como férias, por exemplo, a ida dos muçulmanos a Meca).

Turis

mo

desp

ortiv

o

É necessário distinguir turismo desportivo, isto é, aquele que é praticado pelos próprios turistas, de desporto turístico, isto é, a atividade de espectáculo público em que os turistas participam como espectadores.

Page 103: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 101

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Distingue turismo de massas de turismo alternativo.

1.2. Indica possíveis consequências do turismo de massas.

1.3. Distingue ecoturismo de turismo cultural.

1.4. Diz o que entendes por atividade turística.

1.5. Justifica a importância do ecoturismo para uma região.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

sociais e políticos que estão associados ao turismo, quem oferece

os serviços e quem possui infraestruturas de apoio para receber os

turistas. No Quadro 2 apresentamos a forma como os diversos setores

da economia podem apoiar a valorização do turismo local.

Quadro 2 – Forma como os diversos setores da economia podem apoiar a valorização do turismo local

SETORES LÍDERES

Parques de diversão Clubes, estádios, Marinas Casas de espetáculos Cinema Teatro Venda de artesanato e produtos típicos Cruzeiros marítimos Centros comerciais Galerias de arte

Hotéis Pousadas Motéis

Seminários Congressos Feiras Convenções Exposições

Fabrico de móveis

Produção de alimentos e de bebidas

Material elétrico

Construção civil Higiene e limpeza

Minerais não metálicos Confeções Calçado Produtos eletrónicos Editorial e gráfica Gemas e jóias

Transportes - Aéreos- Terrestres- Marítimos Aluguer de veículos Arquitetura e Urbanismo

Fornecimento de alimentação

Lavandarias Serviços de comunicação e informática

Publicidade Serviço de câmbio

Serviços relacionadosindústrias relacionadas

crédito capacitação

Apoio

Bancos oficiais Bancos privados

Investimentos nacionais e internacionais

Escolas de Turismo Universidades e escolas Unidades

de formação profissional

Estradas Aeroportos Terminais rodoviários Terminais hidroviários Saneamento básico

Pronto Socorros Hospitais Clínicas Maternidades

Equipamento médico-hospitalar

Consultorias especializadas

Elaboração de projetos

Serviços urbanos

Infraestruturas físicas

Energia elétrica

Sistema de segurança

Esquadras de polícia Postos de polícia rodoviária Corpo de bombeiros Serviço de salvamento

Telecomunicações Limpeza Sinalização Recuperação do património arquitectónico e monumental

Fonte: Termo de Referência do Turismo/SEBRAE 2010

Agências de viagens

Operadoras turísticas

Alojamento Promoção de eventos

EntretenimentoAlimentação

infraestruturas

Page 104: Geografia 12º - Manual do Aluno

102 | Os Recursos de Timor-Leste

A Revolução Industrial foi um marco importante para o desenvolvimento

das condições que deram origem ao turismo, que é hoje um dos principais

setores económicos a nível mundial. No entanto, o desenvolvimento

deste setor só se verificou, com maior intensidade, a partir de meados

do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. O turismo expandiu-se em

diversas formas e direções, condicionado pelos fatores que se encontram

representados no esquema da Figura 6.

Turismo

Crescimento económico

Mudanças demográficas

e sociais

Desenvolvimento tecnológico

Criação de legislação

própria

Existência de mais tempo livre para as pessoas

Desenvolvimento de infraestruturas de transportes e comunicações

Melhoria das condições de vida

Mudanças políticas

Figura 6 – Fatores que influenciam o crescimento do turismo.

Nas últimas seis décadas o turismo tem crescido de forma contínua,

tendo-se tornado num dos setores de maior e de mais rápido crescimento

económico no mundo. Desempenha um papel fundamental na economia

dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. Está presente

nos cinco continentes e movimenta mais de 700 milhões de pessoas

anualmente, isso sem ter em conta o turismo doméstico, possuidor de uma

representatividade significativa no enriquecimento da atividade turística.

atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica três tipos de atividades de entretenimento que podem ser desenvolvidas com o aumento do turismo.

1.2. Justifica de que forma o turismo pode contribuir para o desenvolvimento das infra-estruturas de alojamento numa região.

1.3. Indica três tipos de indústrias que podem ser beneficiadas com o desenvolvimento do turismo.

1.4. Refere três fatores que influenciaram o crescimento do turismo.

1.5. Justifica o modo como a melhoria das condições de vida pode contribuir para o desenvolvimento do turismo.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Turismo doméstico ou internoDeslocações dos residentes de um país, viajando apenas dentro do próprio país.

i

Page 105: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 103

Tabela I – Chegadas de turistas internacionais às diferentes regiões do mundo (em milhões)

Região do Mundo

1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

áfrica 0,5 0,8 2,4 7,2 13,2 28,3 48,7 77,0

Américas 7,5 16,7 42,3 62,3 92,8 128,1 151,2 282,0

ásia e pacífico

0,2 0,9 6,2 23,0 56,2 110,5 203,8 416,0

Europa 16,8 50,4 113,0 23,0 265,6 395,9 471,5 717,0

Médio Oriente

0,2 0,6 1,9 7,1 9,6 24,2 60,0 69,0

Total 25,3 69,3 165,8 278,1 439,5 687,0 935,0 1561,0

Fonte: Organização Mundial do Turismo.

O número de chegadas internacionais cresceu de 25 milhões em 1950

para 935 milhões em 2011. Nos últimos anos o desenvolvimento do

turismo aumentou bastante na Ásia e Pacífico e no Médio Oriente.

Nas Américas e na Europa, o turismo também continuou a crescer

embora a um ritmo mais lento e ligeiramente abaixo do crescimento

mundial. O turismo da Europa é bastante forte. De entre os dez países

mais visitados do mundo por turistas seis localizam-se na Europa. Os

Estados Unidos da América ocupam a segunda posição. Em 2020 a

China deverá surgir, também, como um dos principais destinos mais

procurados do mundo.

4.4.2. distribuição dos recursos turísticos em timor-Leste

Timor-Leste possui cenários naturais de grande beleza: praias paradisíacas,

florestas tropicais e grandes cadeias montanhosas (Figura 7). Um destino

(quase) por explorar, ideal para a prática de ecoturismo. Mas Timor-Leste

é, também, o seu povo de alma mística, com uma história única e uma

cultura imensa, com uma hospitalidade inigualável que se constituem

como mais-valias para o desenvolvimento do turismo.

Durante a ocupação portuguesa de Timor-Leste, o turismo era um setor

de atividade com uma certa expressão, sendo o destino de turistas

nacionais e estrangeiros, especialmente australianos. A procura turística

recaía, fundamentalmente, sobre o turismo balnear e termal, dada a

longa extensão de praias e a abundância de águas sulfurosas. Figura 7 – Exemplos de recursos turísticos de Timor-Leste.

Na Tabela I está representada a chegada de turistas internacionais às

diferentes regiões do mundo.

Page 106: Geografia 12º - Manual do Aluno

104 | Os Recursos de Timor-Leste

Com a invasão indonésia, em meados da década de 70 do século XX, e

a consequente instabilidade, o setor do turismo estagnou para voltar a

ganhar expressão nos anos 90 do século XX. Entre 1989 e 1995 verificou-

-se uma média de 12 000 visitantes por ano, sobretudo de turistas vindos

da Indonésia.

Após a Restauração da Independência de Timor-Leste, o turismo

beneficiou da deslocação de muitos estrangeiros que vinham ao país em

trabalho ou negócios, ou até mesmo para realizarem trabalho voluntário.

De acordo com a Direção Nacional de Turismo de Timor-Leste, entre 2006

e 2010 entraram no país 98 913 pessoas com visto turístico e 45 652 com

visto de trabalho, tal como se encontra representado na Tabela II.

As infra-estruturas turísticas, como por exemplo os hotéis e os

restaurantes, encontram-se em fase de desenvolvimento. Na Tabela III

encontra-se o tipo de alojamento existente em Timor-Leste em 2003.

Dispersos pelo país, mas em maior número em Díli, encontram-se cerca

de 69 estabelecimentos destinados à restauração (restaurantes e cafés),

com uma lotação aproximada de 2 056 pessoas e nalguns dos quais se

podem provar alguns pratos da gastronomia timorense (Figura 8).

No entanto, as deficientes condições das estradas do país, as fracas

opções em termos de alojamento fora de Díli e as ligações aéreas,

relativamente escassas e caras, constituem entraves ao crescimento do

turismo em Timor-Leste.

As entidades governamentais manifestaram o seu empenho no

desenvolvimento sustentável do setor do turismo, promovendo a

conservação e o restauro do património e envolvendo as comunidades

locais, a administração pública e os empresários privados em diversos

projetos que se encontram atualmente em curso. Existem projetos na

área do ecoturismo um pouco por todo o país (Figura 9).

Tabela II – Número de visitantes a Timor-Leste, de acordo com o tipo de visto

Ano Visto turístico

Visto de trabalho

2006 12 042 1 368

2007 12 980 3 971

2008 18 905 5 881

2009 26 162 12 529

2010 28 824 21 903

Total 98 913 45 652

Tabela III – Tipo de alojamento existente em Timor-Leste (2003)

Tipo N.º de camas %

Apartamentos 46 3

casa de hóspedes

115 7

Hotel 1317 82

Losmen 74 5

Motel 11 1

Pousada 24 2

Fonte: Secretaria de Estado do Turismo, Ambiente e Investimento, 2003.

Figura 8 – Exemplos de pratos da gastronomia timorense (peixe assado e espetadas de carne).

Figura 9 – Projeto de ecoturismo nos arredores de Díli (Timor-Leste).

Page 107: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 105

O conjunto de mar e de montanha mistura-se, tanto em direção a Maliana

como em direção a Baucau e são de uma beleza exuberante. São praias,

salinas, mangais e paisagens de rara beleza (Figura 11).

O potencial termal de Timor-Leste advém da existência de águas sulfurosas

de efeitos medicinais, como acontece em Marobo.

As montanhas da região central podem tornar-se locais importantes de

atração turística, com destaque para os picos Tata Mai Lau, Matebian e

Mundo Perdido, nas zonas de Maubisse, Baucau e Viqueque, respetivamente.

Estes locais oferecem belas paisagens e permitem atividades variadas (ex.:

trekking, escalada), encontrando-se nas suas redondezas grutas, nascentes,

cascatas e fontes termais.

Figura 10 – Praia de areia preta em Liquiçá (Timor-Leste).

Figura 11 – Mangais nos arredores de Díli (Timor-Leste).

atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica três recursos turísticos existentes em Timor-Leste.

1.2. Descreve a evolução do número de turistas que visitou Timor-Leste entre 2006 e 2010.

1.3. Refere o tipo de alojamento para turistas existente em Timor-Leste.

1.4. Justifica a importância do turismo termal no desenvolvimento de Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

As praias, de excelente qualidade, permitem magníficos banhos e relaxe

numa paisagem de rara beleza, a observação de cetáceos (baleias e

golfinhos), de peixes multicolores e recifes de coral. Estendem-se pelas

costas Norte e Sul, na Ilha de Ataúro ou no Ilhéu de Jaco. São recantos de

areia dourada, como nas praias da Areia Branca, de Baucau, de Com ou de

Tutuala, ou quilómetros e quilómetros de areia preta, como acontece nas

praias de Liquiçá, a meia hora de Díli, ou de Betano, na costa sul, banhada

pelo Mar de Timor (Figura 10).

Page 108: Geografia 12º - Manual do Aluno

106 | Os Recursos de Timor-Leste

Há muitos locais que integrados em roteiros turísticos poderão ser

potenciados com o complemento do património cultural, como é o caso

dos costumes, das festas e do artesanato de cada região (Figura 12).

Tem igualmente potencial turístico a região leste, concretamente a ponta

de Tutuala e o ilhéu de Jaco (Figura 13), e na costa sul, Viqueque, Betano e

Alas, bem como Pante Macassar, no enclave de Oecussi Ambeno.

Para os praticantes de snorkelling (mergulho recreativo) e de mergulho

com garrafas, reservam-se outros segredos, na costa do enclave de

Oecussi Ambeno, na Ilha de Ataúro e nos arredores de Díli, em direção a

Baucau (Figura 14).

O turismo balnear é um especial atrativo, podendo praticar-se a pesca e

o mergulho por entre os corais. Na Figura 15 apresentam-se as regiões de

Timor-Leste que apresentam grande potencial turístico.

Figura 12 – A - Cerimónia tradicional (Ainaro) e B - Festa religiosa do Senhor dos Passos (Bairro de Motael, Díli).

Figura 13 – Ilhéu de Jaco (Timor-Leste).

Figura 14 – Observação da vida marinha nos arredores de Díli (Timor-Leste).

Figura 15 – Regiões de Timor-Leste que apresentam grande potencial turístico.

Timor-Leste oferece, também, um calendário de eventos especiais,

incluindo os concursos de pesca desportiva, a Volta a Timor em bicicleta

(“Timor Tour”) (Figura 16), a Maratona de Díli “Cidade de Paz” e a Regata

de Darwin a Díli.

A localização geográfica de Timor-Leste, inserido na região da Ásia e

Pacífico, cujo mercado de turismo internacional está a crescer de forma

continuada e rápida, faz acreditar que o país virá a ter um elevado

potencial de crescimento.

Figura 16 – Volta a Timor em bicicleta (Timor-Leste).

Fonte: GERTIL, 2001.

A B

Page 109: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 107

4.4.3. Potencialidades do turismo para o desenvolvimento

sustentável de Timor-Leste

O turismo surge atualmente em Timor-Leste como um setor prioritário

de desenvolvimento, dado o contributo que pode dar para o incremento

da economia nacional e das economias locais. Este desenvolvimento

pode ser conseguido através da criação de empresas e de emprego e

da redução dos desequilíbrios económicos que existem entre as várias

regiões de Timor-Leste. Neste sentido, têm vindo a ser implementadas

várias medidas que visam promover o turismo timorense.

Foi criado um logótipo para promover o desenvolvimento do potencial

turístico de Timor-Leste, idealizado e criado pela Delegação do Turismo de

Timor-Leste e pela Cooperação Portuguesa presente no país. Nele as cores,

as letras e as figuras representam especificidades da cultura timorense

(Figura 17). Este logótipo foi apresentado, pela primeira vez, na Feira

Internacional do Turismo que decorreu em Singapura em outubro de 2003.

O turismo integra as estratégias de planeamento nacional que surgem

no Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste, para o período

entre 2011 e 2030.

Este plano estratégico refere que o desenvolvimento do turismo se deve

basear na proteção do ambiente natural. O turismo rural e o ecoturismo

apresentam-se como formas importantes de desenvolvimento do turismo,

na medida em que podem:

- promover a vida social, económica e cultural dos timorenses,

preservando o ambiente natural e os valores das suas comunidades;

- tirar partido das condições naturais do país e do seu rico e diversificado

património cultural, incluindo a hospitalidade das comunidades locais.

O setor turístico incrementa o comércio, é um grande gerador de emprego

e distribuidor de rendimentos e boa parte das infra-estruturas necessárias

para a sua atividade pode ser aproveitada pelos moradores locais.

Num mercado global que procura ofertas turísticas novas e autênticas,

Timor-Leste poderá desenvolver nas próximas décadas os seguintes tipos

de turismo: turismo ecológico e marítimo, turismo histórico e cultural,

turismo de aventura e desporto, turismo religioso e de peregrinação e

turismo de conferências e convenções.

Poderá procurar proporcionar experiências turísticas que aproveitem a

beleza natural do país, a cultura e o património. Isto permitirá a Timor-Leste

diferenciar-se das ofertas turísticas generalizadas e apelar ao segmento de

mercado crescente que procura experiências únicas em locais singulares.

A letra T é a inicial de turismo e de Timor-Leste. O crocodilo evoca o mito criador da ilha de Timor.

A bandeira faz referência à unidade nacional e à mais jovem nação do mundo.

O logótipo representa o passado (referindo-se à lenda do crocodilo) e o futuro (o uso das cores do novo país).

Fonte: www.turismotimorleste.com

Figura 17 – Logótipo do turismo de Timor-Leste.

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Justifica a importância do ecoturismo e do turismo rural no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

1.2. Indica três aspetos que precisam de ser melhorados para promover o aumento do turismo em Timor-Leste.

1.3. Refere três ações que estão a ser implementadas em Timor-Leste e que visam contribuir para o aumento do turismo.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

+ =

+ =

Page 110: Geografia 12º - Manual do Aluno

108 | Os Recursos de Timor-Leste

Para satisfazer este mercado turístico é necessário melhorar as

infra-estruturas de base, incluindo estradas e pontes, electricidade,

telecomunicações, aeroportos e portos marítimos. Constituem-se como

prioridades as necessárias melhorias do aeroporto de Díli e de Baucau.

Espera-se que as comunidades locais recebam apoios para poderem oferecer

aos turistas serviços de alojamento, serviços de guia e confeção de refeições.

Espera-se, também, que as comunidades sejam apoiadas com a instalação de

novas opções de tecnologias de informação e acesso à Internet, permitindo

que os turistas estabeleçam contactos com as empresas locais e com diferentes

locais de atração turística (Figura 18). A indústria da restauração será regulada,

de forma a garantir os padrões de qualidade apropriados e a criar as bases para

a confeção de refeições especiais, incluindo a cozinha timorense, portuguesa,

africana e australiana (Figura 19).

A indústria dos táxis necessita de regulação, para garantir que fornece

o padrão de serviços esperado pelos turistas. Isto poderá incluir um

mecanismo de reclamações, tarifas uniformizadas, padrões de qualidade

mínimos para os veículos e um sistema regulado de bilhetes a preços fixos

no aeroporto de Díli (Figura 20).

Para ser capaz de proporcionar infra-estruturas turísticas específicas,

deverá trabalhar-se em parceria com o setor privado. Uma indústria madura

necessita da criação de hotéis, estâncias ecológicas, restaurantes, galerias e

ofertas turísticas, tais como passeios de barco, mergulho com botija e pesca

(Figura 21).

Figura 18 – Empresa de telecomunicações de Timor-Leste.

Figura 19 – Restaurante australiano localizado na Avenida de Portugal em Díli (Timor-Leste).

Figura 20 – Táxis nas ruas de Díli (Timor-Leste).

Figura 21 – Restaurante Vasco da Gama em Díli (Timor-Leste).

atividade 61. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre a atividade turística na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:

- Tipo de atividades turísticas existentes;

- Características das atividades turísticas existentes;

- Época do ano em que são mais frequentes as atividades turísticas;

- País de origem dos turistas que visitam a região;

- Outras atividades turísticas que podem ser desenvolvidas na região;

- Contributos que pode dar o turismo para o desenvolvimento da região.

2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito ou organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida)

3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 111: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 109

Prioridades de desenvolvimento- Construção de infraestruturas

turísticas (ex.: hotéis, estâncias de turismo, bungalows de praia)

- Reabilitação da Pousada de Tutuala

- Melhoria das vias de comunicação e das telecomunicações

- Formação da população local- Construção de percursos turísticos- Abertura comercial do aeroporto

de Baucau

potencialidades turísticas- Caminhadas de aventura- Turismo ecológico- Experiências de mergulho,

pesca e passeios de barco- Visitas culturais- Observação de baleias

características- Praias tropicais cristalinas- Cenário montanhoso- Arquitetura portuguesa

histórica- Cultura local dos sucos

Localização- Ilhéu de Jaco- Tutuala até Com e

Baucau- Ao longo da estrada

costeira até Hera

Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030Figura 22 – Localização, características, potencialidades turísticas e prioridades de desenvolvimento turístico nas Zonas Turísticas Oriental e Central de Timor-Leste.

Em muitos casos poderão ser necessárias parcerias, sobretudo onde alguns

terrenos governamentais possam ser cedidos, através de arrendamento ao

setor privado, em troca da construção de infra-estruturas turísticas. Este

envolvimento com o setor privado poderá incluir, também, a prestação de

apoio e assistência aos esforços do setor privado, para permitir a construção

de empresas viradas para o turismo.

Embora todo o país ofereça oportunidades e atrações para as atividades

turísticas, o desenvolvimento do setor do turismo incidirá nas próximas

décadas em áreas com vantagens comparativas em termos de acessibilidade,

de abundância das ofertas turísticas e de historial de sucesso. Esta estratégia,

segundo o PED 2011-2030, concentrar-se-á em três zonas turísticas de

Timor-Leste: Oriental, Central e Ocidental, tal como se encontra representado

nos esquemas das Figuras 22 e 23.

Prioridades de desenvolvimento* Díli: - Abertura de um Centro de Informações Turísticas;- Reabilitação de edifícios e monumentos portugueses;- Criação de um Novo Museu e Centro Cultural de Timor-Leste e de uma Nova Biblioteca e Arquivo;- Criação de galerias que promovam as artes e o artesanato timorense;- Criação de uma estância ecológica sustentável na praia por trás do Cristo Rei;- Desenvolvimento da indústria da restauração;* Ilha de Ataúro:- Criação de um Centro de Mergulho; - Observação de golfinhos e baleias; - Construção de cabanas ecológicas * Maubisse:- Reabilitação da Pousada de Maubisse

Potencialidades turísticas

- Visitas culturais- Visitas religiosas- Percursos pedestres junto das praias- Percursos pedestres nas montanhas- Turismo de aventura (ex.: escalada)

características* Díli: - Gama de serviços e opções de uma capital da nação;- Marcas da história colonial portuguesa;- História da resistência com locais como o Cemitério de Santa Cruz, o Museu da Resistência e o Museu da CAVR;* Ilha de Ataúro:- Praias reluzentes; - Sucos rurais; - Pesca- Paisagens deslumbrantes

Zona turística central

Localização- Díli- Ilha de Ataúro- Região de Maubisse

Zona turística Oriental

Page 112: Geografia 12º - Manual do Aluno

110 | Os Recursos de Timor-Leste

Prioridades de desenvolvimento- Construção de alojamentos (ex.: cabanas

ecológicas, estâncias de turismo)- Restauração do forte português em Balibo, para

construção de um hotel-boutique, de um museu e de um café

- Melhoria das vias de comunicação e das telecomunicações

- Abertura comercial do aeroporto de Maliana com voos para Pante Makassar (Oecussi Ambeno)

- Construção de percursos turísticos

Potencialidades turísticas

- Estância termal (Marobo)

- Turismo ecológico- Caminhadas nas

montanhas- Visitas aos campos

de café orgânico (Ermera)

características- História das comunidades

locais- Arquitetura portuguesa em

Liquiçá- Forte holandês em

Maubara (Centro de Artes e Artesanato tradicionais timorenses)

- Forte português em Balibo

Zona turística Ocidental

Localização- Gancho de Díli, ao

longo da Grande Estrada da Costa Norte até Balibo

- Áreas montanhosas de Bobonaro

- Região de Ermera até Díli, por Tíbar

Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030

Figura 23 – Localização, características, potencialidades turísticas e prioridades de desenvolvimento turístico da Zona Turística Ocidental de Timor-Leste.

O desenvolvimento do turismo em Timor-Leste requer a formação da mão

de obra turística, que deve contar com profissionais de nível secundário e

superior. São necessários empregados de mesa, arrumadeiras, pessoal de

limpeza e de jardinagem, funcionários para hotéis e agências de turismo,

guias turísticos, cozinheiros, entre outros (Figura 24).

Necessita, também, de pessoal de nível superior, que conheça as técnicas

de planeamento, para, por exemplo, elaborar roteiros turísticos; que tenha

boas noções de gestão, para gerir centros de convenções, agências de

turismo, hotéis, restaurantes; gestores públicos, para elaborarem as políticas

públicas para o setor do turismo; economistas; biólogos; nutricionistas,

entre outros. No fundo, necessita de uma gama de profissionais que possam

de forma interdisciplinar debruçar-se sobre a promoção de uma atividade

turística diversificada e de qualidade.

O PED 2011-2030 refere que será desenvolvida nos próximos anos uma

estratégia de promoção turística internacional. Isto incluirá a designação

de Timor-Leste, como um destino turístico por excelência, bem como a

implementação de uma estratégia de divulgação em mercados e eventos

importantes. A rede que Timor-Leste possui de embaixadas e consulados

poderá ser usada para divulgar informações turísticas e outras mensagens

relevantes que possam atrair turistas. Refere, também, que os jornalistas e

escritores influentes de viagens serão encorajados a visitar o país e a produzirem

programas televisivos de viagens. Serão estabelecidas e fomentadas parcerias

com parceiros e associações globais na indústria das viagens, de forma a

promover Timor-Leste, como um destino recomendado de viagem. Isto incluirá

o trabalho com agências turísticas e sítios eletrónicos de marcação de viagens,

de modo a oferecer pacotes de viagens e opções turísticas para Timor-Leste.

Figura 24 – Restaurante da Pousada (Baucau, Timor-Leste).

A participação de Timor-Leste na Exposição Mundial de Xangai no ano de 2010 registou 4,5 milhões de visitantes ao pavilhão nacional, onde estava descrito (literal e simbolicamente) o ciclo de um dia em Timor-Leste.

i

Page 113: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 111

atividade 71. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:

1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento do setor do turismo em Timor-Leste?

1.2. Indica duas ações levadas a cabo pelos timorenses para ser melhoradas com a efetivação das metas do Plano Estratégico de Desenvolvimento para o setor do turismo.

1.3. Que medidas podem ser implementadas pelos timorenses para estimular o desenvolvimento do setor do turismo em Timor-Leste?

1.4. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o setor do turismo da tua região.

2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.

● O turismo, segundo a Organização Mundial do Turismo, são as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadias em lugares distintos daqueles em que vivem, por um período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, de negócios e de outros.

● O turista é a pessoa que se desloca para fora do seu local de residência permanente por mais de 24 horas, pernoita, por outro motivo que o de não o de fixar residência ou exercer atividade remunerada, realizando gastos de qualquer espécie com dinheiro recebido fora da região visitada.

● Os recursos turísticos são qualquer elemento natural, elemento artificial ou atividade humana capaz de motivar a deslocação de pessoas, por permitir a ocupação de tempos livres ou a satisfação de necessidades decorrentes da sua permanência, através de atrativos naturais ou culturais.

● O turismo pode ser classificado em turismo de massas e em turismo alternativo. Dentro deste há o turismo étnico, o turismo cultural, o turismo histórico, o turismo literário, o turismo recreativo, o ecoturismo, o turismo religioso e o turismo desportivo.

● A atividade turística envolve relações entre pessoas, gera oportunidades para a criação de pequenas e médias empresas e incentiva o desenvolvimento local, transformando os atrativos de uma dada região em bens e serviços que podem ser oferecidos aos turistas.

● Há vários fatores que influenciam o turismo, por exemplo: o crescimento económico, o desenvolvimento tecnológico, as mudanças demográficas e sociais, a criação de legislação própria, as mudanças políticas, a melhoria das condições de vida, a existência de mais tempo livre e o desenvolvimento de infraestruturas de transporte e de comunicações.

● timor-Leste possui inúmeros recursos turísticos, associados à existência de praias paradisíacas, montanhas deslumbrantes, património histórico e cultural, gastronomia bastante variada.

● As entidades governamentais de Timor-Leste manifestaram o seu empenho no desenvolvimento sustentável do setor do turismo, promovendo a conservação e o restauro do património e envolvendo as comunidades locais, a administração pública e os empresários privados em diversos projetos que se encontram atualmente em curso.

● O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste 2011-2030 integra uma estratégia nacional de promoção do turismo, com ações muito diversificadas e com a criação de três zonas turísticas, na parte Oriental, Central e Ocidental do país. Este plano visa promover o incremento do turismo e promover o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

SÍNTESE

Page 114: Geografia 12º - Manual do Aluno

Atividades Complementares

1. A partir de meados do século XX houve um grande aumento do turismo a nível mundial.

1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. A atividade turística está inserida no setor primário.

b. Os recursos turísticos são qualquer elemento natural, elemento artificial ou atividade humana capaz de motivar a deslocação de pessoas.

c. Quando os turistas fazem viagens para o meio social dos povos nativos e interagem com eles, visitando as suas casas, observando a sua rotina diária e participando em acontecimentos rituais, designa-se por turismo literário.

D. Nas últimas seis décadas o turismo tem crescido de forma contínua, tendo-se tornado num dos setores de maior e de mais rápido crescimento económico no mundo.

E. O continente africano deverá surgir como um dos principais destinos mais procurados do mundo em 2020.

f. As fracas condições das estradas do país, as fracas opções em termos de alojamento e as ligações aéreas, relativamente escassas e caras, constituem entraves ao crescimento do turismo em Timor-Leste.

G. O turismo surge atualmente em Timor-Leste como um setor secundário de desenvolvimento.

1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.

2. Estabelece a correspondência entre os tipos de turismo apresentados na coluna I e as respetivas

características indicadas na coluna II.

coluna i coluna ii

1. Turismo cultural

2. Turismo termal

3. Turismo recreativo

4. Turismo histórico

5. Turismo de massa

A. Representa a participação ou a observação de atividades desportivas.

b. Envolve visitas a monumentos, a museus e a ruínas de importância histórica.

c. Frequência de fontes termais para tratamentos de saúde.

D. É um tipo de turismo onde há deslocação de um grande número de pessoas, geralmente em grupo.

E. Engloba os movimentos de pessoas que obedecem a motivações essencialmente culturais.

3. Os recursos turísticos de Timor-Leste são muito ricos e diversificados e apresentam um elevado

potencial para o desenvolvimento do turismo.

3.1. Indica três tipos de recursos turísticos existentes em Timor-Leste.

3.2. Justifica a importância do turismo na economia local dos timorenses.

3.3. Caracteriza o tipo de turismo que é maioritariamente praticado em Timor-Leste.

3.4. Explica de que forma a previsão do crescimento da atividade turística pode ser aproveitada para o

desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

112 | Os Recursos de Timor-Leste

Page 115: Geografia 12º - Manual do Aluno

3UNIDADE TEMÁTICA

Os Recursos de Timor-Leste

Sumário O comércio – um setor em desenvolvimento - Conceitos de comércio - O comércio interno de Timor-Leste - O comércio externo de Timor-Leste - Outro tipo de comércio – o comércio justo - Timor-Leste – o comércio justo e a economia solidária

FinalidadeA abordagem do subtema O comércio – um setor em desenvolvimento pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca das diversas formas de comércio tradicional e moderno. Pretende-se, também, analisar o contributo que as mesmas podem dar para o crescimento económico de Timor-Leste. Procura-se, ainda, refletir acerca da importância do comércio externo na sustentabilidade da economia timorense.

Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de comércio. Distingue comércio local de novas formas de comércio. Justifica a importância do comércio interno. Reconhece a importância do comércio externo na sustentabilidade da economia timorense.

SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – SiTUAÇÃO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS

4.5. O cOmérciO – um setOr em DESENVOLViMENTO

conceitos-chave Comércio

Produtos

Comércio bilateral

Comércio multilateral

Troca direta

Valor

Troca indireta

Vendedor

Consumidor

Comércio eletrónico ou e-commerce

Economia formal

Economia informal

Comércio retalhista ou a retalho

Comércio grossista ou por grosso

Comércio interno

Comércio externo

Comércio timorense

Mercado de rua

Comércio local fixo

Comércio justo

Economia solidária

Projetos de desenvolvimento integrado

QUESTÃO ORiENTADORADe que forma o comércio pode contribuir para o

desenvolvimento de Timor-Leste?

Page 116: Geografia 12º - Manual do Aluno

114 | Os Recursos de Timor-Leste

4.5. O cOmérciO – um setOr em desenvOLvimentO

4.5.1. conceitos de comércio

O comércio consiste na troca voluntária de produtos (Figura 1).

De acordo com a definição expressa em www.larousse.fr, comércio é a

“atividade que consiste na compra, venda, troca de bens, de alimentos,

de valores, da venda de serviços; ocupação de quem compra objetos

para revenda”.

As trocas podem ter lugar entre dois parceiros e, neste caso, designa-se

por comércio bilateral, ou entre vários parceiros e chama-se comércio

multilateral (Figuras 2 e 3).

Figura 2 – Comércio bilateral. Figura 3 – Comércio multilateral.

Figura 1 – Exemplos de comércio realizado em Timor-Leste (A – Venda de Tais em Suai, B – Comércio na Avenida Presidente Nicolau Lobato, Díli).

A

B

No Quadro 1 encontram-se algumas definições de comércio, sob o ponto

de vista económico e sob o ponto de vista jurídico.

comércio – conceito económico“Comércio é a atividade humana destinada a colocar em circulação a riqueza, aumentando-lhe a utilidade.”

fonte Desconhecida“Comércio é o ramo de produção económica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias.”

alfredo rocco, por rubens requião“Comércio é a atividade humana, de caráter especulativo, que consiste em pôr em circulação a riqueza produzida, tornando disponíveis bens e serviços.”

josé cretella júniorO conceito económico de comércio deriva das práticas sociais onde se regista:a) a troca - consiste na permuta dos trabalhos ou produtos diretamente entre produtor e consumidor até ao surgimento de uma mercadoria-padrão que ficou conhecida pelo nome de moeda;b) a economia de mercado - engloba a produção para a venda, a aquisição de moeda para a sua aplicação, como capital, em novo ciclo de produção.

comércio – conceito jurídico“Comércio é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente e com fins de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta.”

Vidari, por Maximiliano

Quadro 1 – Algumas definições de comércio

Page 117: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 115

Comércio é o complexo de operações efetuadas entre o produtor e o consumidor, exercidas de forma habitual, visando o lucro, com o propósito de realizar, promover ou facilitar a circulação de produtos da natureza e da indústria, na forma da lei.”

josé cretella júnior

Inicialmente, o comércio fazia-se por troca direta de produtos. O valor do

produto era reconhecido como diferente pelos dois parceiros e cada um

tendia a valorizar mais o seu produto (Figura 4).

Atualmente é raro fazer-se troca direta de produtos, embora numa fase

recente se tenha retomado esta prática excecional nos países desenvolvidos,

relacionada com os movimentos de solidariedade e com a sustentabilidade

comercial. Os comerciantes modernos usam a moeda como meio de troca

indireta. A invenção do dinheiro, o crédito e o dinheiro não físico (em cartões

de crédito ou de débito) contribuíram para a simplificação e a promoção do

desenvolvimento do comércio (Figura 5).

A simplificação das operações comerciais tem atingido, nos últimos anos,

um papel fundamental com o comércio eletrónico ou o e-commerce. Este

conceito é aplicável a qualquer tipo de negócio ou transação comercial que

implique a transferência de informação através da Internet. Abrange uma

gama de diferentes tipos de negócios, desde sites de retalho destinado a

consumidores, a sites de leilões, passando pelo comércio de bens e serviços

entre organizações.

O e-commerce permite que os consumidores transacionem bens e serviços

eletronicamente sem barreiras de tempo ou de distância. Em qualquer ponto

onde haja acesso à Internet podem-se comprar e vender produtos de forma

cómoda e acessível. Por isso, prevê-se que este tipo de comércio continue

a expandir-se com a mesma taxa de crescimento ou que haja mesmo uma

aceleração do seu crescimento. As fronteiras entre comércio “convencional”

e “eletrónico” tenderão a esbater-se, pois cada vez mais negócios deslocam

secções inteiras das suas operações para a Internet (Figura 6).

Figura 4 – Troca direta de produtos.

Figura 5 – Troca indireta.

Figura 6 – Representação da ligação dos consumidores ao mundo.

Page 118: Geografia 12º - Manual do Aluno

116 | Os Recursos de Timor-Leste

O comércio pode estar relacionado com a economia formal e ser

legalmente estabelecido, com empresa registada, com emissão de

documentos legais e sujeito ao pagamento de impostos (Figura 7).

Pode, também, estar relacionado com a economia informal, que

são atividades à margem da lei, sem empresa registada, sem emitir

documentos legais e sem pagar impostos (Figura 8).

Existem diversos tipos de comércio:

- o comércio retalhista ou a retalho, é a atividade de compra e

venda de mercadorias cujo comprador é o consumidor final, ou seja,

a pessoa que usa ou consome o bem adquirido (Figura 9).

- o comércio grossista ou por grosso, é a atividade de compra e venda

em que o comprador não corresponde ao consumidor final, uma vez

que o seu objetivo é voltar a vender a mercadoria a outro comerciante

ou a uma empresa manufatureira que utilize a matéria-prima para a

transformar/processar (Figura 10).

Figura 7 – Venda de produtos em lojas de marca, relacionada com a economia formal.

Figura 8 – Mercado de rua em Portugal, relacionado com a economia informal.

Figura 9 – Comércio a retalho. Figura 10 – Comércio grossista ou por grosso.

atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica os dois conceitos usados na definição de comércio.

1.2. Dá uma noção de comércio.

1.3. Menciona a diferença entre comércio bilateral e comércio multilateral.

1.4. Refere os fatores responsáveis pela simplificação e a promoção do desenvolvimento do comércio.

1.5. Justifica a seguinte afirmação: “A troca direta de produtos acabou definitivamente nos países desenvolvidos.”

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

O comércio mundial é regulamentado pela Organização Mundial de

comércio (OMC) (Figura 11).

Page 119: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 117

Figura 11 – Mapa com os países-membros da Organização Mundial de Comércio assinalados a azul escuro, os membros da União Europeia representados pela cor verde e os observadores assinalados a azul claro.

O comércio ajuda os produtores a escoarem os seus produtos e permite

que os consumidores tenham acesso aos bens que necessitam. O

circuito percorrido desde o produtor até ao consumidor pode ser mais

ou menos extenso e depende do número de intermediários que estão

presentes no processo. No circuito ultracurto há uma ligação direta

entre o produtor e o consumidor final e elimina-se o intermediário no

processo de distribuição.

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Explica o conceito de comércio eletrónico ou de e-commerce.

1.2. Indica duas vantagens do comércio eletrónico.

1.3. Apresenta as diferenças entre comércio:

a) relacionado com a economia formal e relacionado com a economia informal;

b) a retalho e grossista;

c) interno e externo.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Produtor Retalhista consumidor

No circuito longo o produtor vende os seus bens ao grossista ou ao

armazenista, que por sua vez os revende ao retalhista que os fornece ao

consumidor final.

Produtor Grossista Retalhista consumidor

Existem vantagens e desvantagens nos diferentes circuitos. A existência

de mais intermediários possibilita uma maior divulgação dos produtos e

um aumento das vendas. Mas a intermediação gera custos que conduzem

ao aumento dos preços dos bens. A eliminação dos intermediários

reduz o preço final dos bens, mas os produtos são menos divulgados. As

unidades produtivas decidem a estratégia de distribuição que melhor se

adequa à sua empresa.

Produtor consumidor

No circuito curto o produtor assume o papel de grossista ou armazenista

e vende os seus produtos ao retalhista, sendo que este os vende ao

consumidor final.

Page 120: Geografia 12º - Manual do Aluno

118 | Os Recursos de Timor-Leste

Existem várias formas de comércio relacionadas com o aumento

da concorrência, com a evolução tecnológica e com a globalização.

Os comerciantes têm diversificado as estratégias de escoamento

dos produtos, procurando chegar o mais rapidamente a todos os

consumidores. O uso crescente da Internet facilita cada vez mais os

circuitos de distribuição.

O aparecimento das grandes superfícies e dos centros comerciais veio

alterar o comércio tradicional. Alguns negócios são feitos em parceria,

como por exemplo o franchising. Este modelo permite que uma empresa

conceda a outra o direito de utilização da sua marca e da venda dos seus

produtos, mediante pagamento de um valor acordado pelas duas.

As grandes superfícies comercializam uma vasta gama de produtos em

espaços de elevadas áreas, que variam consoante o país. Estes espaços

atraem os consumidores não só pela grande oferta de bens, mas também

pelos preços praticados.

Os centros comerciais ou shopping center são equipamentos

comerciais constituídos por múltiplos pontos de venda (Figura 12).

Estes equipamentos são concebidos, planeados e realizados em termos

arquitetónicos e comerciais e geridos como uma unidade. Os centros

comerciais baseiam-se na utilização racional e inteligente do esforço

coletivo centrado num determinado espaço.

4.5.2. O comércio interno de Timor-Leste

O comércio interno tem enorme expressão nas zonas urbanas timorenses,

com especial incidência em Díli, onde o setor terciário predomina sobre

os setores primário e secundário. Nas cidades compra-se e vende-se

uma gama muito variada de produtos de consumo, que vão do ramo

alimentar, aos têxteis, passando pela eletrónica e telecomunicações e

até pelos combustíveis (Figura 13).

Figura 13 – Comércio de produtos de consumo em Díli (A e B – Produtos alimentares, C – Artigos de eletrónica).

A B C

A

B

Figura 12 – Centro comercial Timor Plaza em Díli (Timor-Leste): A - Entrada principal, B - Aspeto geral do interior.

Page 121: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 119

Os mercados de rua proliferam e criam bastantes postos de trabalho.

Podem ver-se muitos jovens dedicados a esta atividade informal por conta

própria (Figura 14). Estes mini mercados ambulantes constituem empregos

improvisados para muitos timorenses e são um estímulo para os cidadãos

produzirem artigos que aí possam vender. Podem ser encarados como

atividades que despertam a criatividade e a iniciativa individual, geradoras

de pequenos comerciantes e de pequenos agricultores.

No comércio local fixo aparece uma grande variedade de artigos de

consumo que são importados da Indonésia, da China, da Austrália e até

da Europa. Este tipo de comércio é gerido, na maior parte dos casos, por

naturais desses países que se dedicam à venda a retalho e por grosso.

Esta atividade serve para abastecer os pequenos comerciantes das

aldeias (Figura 15).

Figura 14 – Vendedor ambulante nas ruas de Díli (Timor-Leste).

Figura 15 – Comércio a retalho (A) e grossista (B) de produtos importados.

A Batividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Localiza as áreas de maior expressão do comércio interno timorense.

1.2. Indica dois tipos de produtos transacionados nas áreas urbanas de Timor-Leste.

1.3. Justifica a importância dos mercados de rua na economia de Timor-Leste.

1.4. Refere os dois países que são os principais exportadores de produtos para Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

4.5.3. O comércio externo de Timor-Leste

Timor-Leste mantém com o exterior relações comerciais, vendendo

sobretudo produtos agrícolas e silvícolas aos seus parceiros e

comprando o que não produz em quantidade suficiente, por exemplo

bens alimentares, têxteis, medicamentos, maquinaria e combustíveis

(Figura 16).

Figura 16 – Importações de mercadorias (origens em percentagem, total em milhões de USD).

Milh

ões U

SD

400

320

240

160

80

Page 122: Geografia 12º - Manual do Aluno

120 | Os Recursos de Timor-Leste

atividade 41. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre o comércio na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:

- Tipo de comércio existente;

- Número de estabelecimentos comerciais existentes na região;

- Características das atividades comerciais existentes (tipo de produtos mais e menos vendidos, número de trabalhadores no espaço comercial, horário de funcionamento do espaço comercial, etc.);

- Países/regiões de origem dos produtos comercializados;

- Contributos que pode dar o espaço comercial para o desenvolvimento da região.

2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito ou organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida)

3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

As culturas de rendimento e as de nicho de mercado estão a ser

incrementadas e serão um recurso destinado à exportação.

Em termos de recursos minerais o país apresenta grandes potencialidades

porque foram descobertas significativas reservas minerais de ouro, de

magnésio, de crómio, de estanho, de cobre, entre outras. As reservas de

petróleo encontradas no mar e as de gás natural apresentam enormes

potencialidades (Figura 17). Esta riqueza leva Timor-Leste a acreditar que

no futuro poderá beneficiar da cooperação com outros países e vender

petróleo, gás e recursos minerais, alterando as escassas exportações que

são feitas atualmente.

As volumosas receitas provenientes da exploração de petróleo e de

gás natural continuam a contribuir para que o crescimento económico

timorense apareça com uma posição confortável e para que o país

não apresente dívida externa. Os elevados preços internacionais

dos combustíveis têm aumentado as receitas do Fundo do Petróleo,

onde uma pequena parte é utilizada para financiar o Orçamento

Geral do Estado (OGE) o que, por sua vez, permite o investimento em

diversas áreas.

A boa gestão e a transparência das receitas da exploração petrolífera

seguem as melhores práticas internacionais, como foi reconhecido no

âmbito da Extractive Industries Transparency Initiative (EITI).

As medidas que vierem a ser tomadas no sentido de desenvolver

todos os setores de exportação potencial (ex.: agricultura,

silvicultura, pescas, aqualcultura, extração mineira, indústria trans-

formadora e turismo), terão repercussões na sustentabilidade do

comércio externo.

Figura 17 – Plataforma petrolífera.

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Refere a origem dos produtos que Timor-leste comercializa com o exterior.

1.2. Explica a variação do total de importações de mercadorias verificada entre 2005 e 2010.

1.3. Indica quatro recursos minerais existentes no território timorense.

1.4. Explica o modo como são utilizadas as receitas provenientes da exploração do petróleo e do gás natural em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 123: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 121

4.5.4. Outro tipo de comércio – o comércio justo

O comércio justo é um movimento social e económico que pretende

constituir-se como alternativa ao comércio convencional. O comércio

justo enfatiza critérios económicos e jurídicos e valores éticos que

incluem aspetos sociais e ambientais. Significa colocar o comércio

de produtos e de serviços ao dispor das pessoas, procurando o

desenvolvimento sustentável das comunidades locais e do mundo como

um todo (Figura 18). Este conceito implica um trabalho digno para todas

as pessoas envolvidas e a adequação das atividades económicas às suas

necessidades e aos seus interesses.

Outro aspeto, igualmente essencial no comércio justo, é a

sensibilização dos consumidores para os desequilíbrios e injustiças

do comércio internacional e para os impactos que as decisões de

compra individuais têm sobre as condições de vida locais, regionais e

mundiais. Cada cidadão, enquanto consumidor e elo final de qualquer

cadeia comercial, deve desempenhar um papel ativo e assumir a

responsabilidade de praticar um consumo responsável e de exigir

justiça no comércio.

O comércio justo rege-se por um conjunto de princípios, reconhecidos

de forma geral por todas as entidades envolvidas no movimento, mas

com algumas diferenças na sua formulação.

Originalmente desenvolvido como forma de apoiar camponeses e pequenos

artesãos dos países da África, da América Latina e da Ásia, tem-se assistido

a movimentos dentro do comércio justo no sentido de integrar igualmente

produtores marginalizados dos países do Norte (Figura 19).

Figura 18 – Comércio justo, num mundo onde todos ganham.

Figura 19 – Logótipo relativo ao comércio justo.

atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Apresenta as diferenças entre comércio convencional e comércio justo.

1.2. Indica as preocupações que estão na base do comércio justo.

1.3. Explica de que forma os consumidores podem contribuir para o desenvolvimento do comércio justo.

1.4. Consideras que a escola desempenha um papel importante na promoção do comércio justo? Justifica a tua resposta.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

4.5.5. Timor-Leste – comércio justo e economia solidária

Se o comércio justo deve beneficiar prioritariamente os mais pobres, é

urgente integrar produções provenientes de Timor-Leste neste circuito,

Page 124: Geografia 12º - Manual do Aluno

122 | Os Recursos de Timor-Leste

atividade 71. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:

1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento do comércio em Timor-Leste?

1.2. Que medidas podem ser implementadas pelos timorenses que estimulem o desenvolvimento do comércio em Timor-Leste?

1.3. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o comércio da tua região.

2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.

● O comércio consiste na troca voluntária de produtos. Estas trocas podem ocorrer entre dois parceiros e, neste caso, designa-se por comércio bilateral, ou entre vários parceiros e, neste caso, chama-se comércio multilateral.

● Os comerciantes modernos usam a moeda como meio de troca indireta. A invenção do dinheiro, o crédito e o dinheiro não físico (em cartões de crédito ou de débito) contribuíram para a simplificação e a promoção do desenvolvimento do comércio.

● A simplificação das operações comerciais tem atingido, nos últimos anos, um papel fundamental com o comércio eletrónico ou o e-commerce. Este conceito é aplicável a qualquer tipo de negócio ou transação comercial que implique a transferência de informação através da Internet.

● O comércio pode estar relacionado com a economia formal e ser legalmente estabelecido, com empresa registada, com emissão de documentos legais e sujeito ao pagamento de impostos. Pode, também, estar relacionado com a economia informal, que são atividades à margem da lei, sem empresa registada, sem emitir documentos legais e sem pagar impostos.

● Existem diversos tipos de comércio: o comércio retalhista ou a retalho; o comércio grossista ou por grosso; o comércio interno e o comércio externo.

● O comércio interno tem enorme expressão nas zonas urbanas de Timor-Leste, com especial incidência em Díli, onde o setor terciário predomina sobre os setores primário e secundário.

● Timor-Leste estabelece relações comerciais externas com vários países, vendendo sobretudo produtos agrícolas e silvícolas aos seus parceiros e comprando o que não produz. Transaciona, também, petróleo e gás natural.

● O comércio justo é um movimento social e económico que pretende construir uma alternativa ao comércio convencional.

● Se o comércio justo deve beneficiar prioritariamente os mais pobres, é urgente integrar produções provenientes de Timor-Leste neste circuito, porque este país parece estar ainda afastado dos circuitos do comércio justo.

● Em 2011 foram cofinanciados três projetos de desenvolvimento em Timor-Leste que se integram no conceito de comércio justo e de economia solidária: dinamização dos Mercados e Circuitos de Comercialização Locais; Edukasaun fó hahú hosi kiik e Ahimatan ba Futuru.

SÍNTESE

porque este país parece estar ainda afastado dos circuitos do comércio

justo. Apesar disto, em 2011, foram cofinanciados três projetos de

desenvolvimento que se integram no conceito de comércio justo e de

economia solidária e que foram iniciados anteriormente:

1. Dinamização dos Mercados e Circuitos de Comercialização Locais;

2. Edukasaun fó hahú hosi kiik;

3. Ahimatan ba Futuru (redução da pobreza em Timor-Leste através

do turismo de base comunitária).

Prevê-se que estes projetos tragam benefícios diretos aos grupos-alvo

pela via do aumento de competências, da diversificação e do aumento das

fontes de rendimento. As comunidades envolventes poderão beneficiar

do aumento de rendimentos proveniente de atividades conexas, de um

equilíbrio ambiental conseguido através da diversificação económica e,

a longo prazo, da transformação social que o contacto entre diferentes

culturas certamente trará.

Page 125: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 123

Atividades Complementares

1. O comércio interno constitui uma das fontes para a criação de riqueza em qualquer país.

1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. As trocas comerciais podem ter lugar entre dois parceiros e, neste caso, designa-se por comércio

multilateral, ou entre vários parceiros e chama-se comércio bilateral.

b. O comércio está inserido no setor terciário.

c. No circuito curto há uma ligação direta entre o produtor e o consumidor e elimina-se o

intermediário no processo de distribuição.

D. Inicialmente o comércio fazia-se por troca indireta de produtos e atualmente opta-se, sobretudo,

pela troca direta de produtos.

1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.

2. Estabelece a correspondência entre os tipos de atividades apresentadas na coluna I e as respetivas

características indicadas na coluna II.

coluna i coluna ii

1. E-commerce

2. Comércio

3. Economia informal

4. Comércio retalhista

5. Comércio justo

A. Qualquer tipo de negócio ou transação comercial que implique a transferência de informação através da Internet.

b. Atividades à margem da lei, sem empresa registada, sem emitir documentos legais e sem pagar impostos.

c. Troca voluntária de produtos.

D. Movimento social e económico que pretende construir uma alternativa ao comércio convencional.

E. Atividade de compra e venda de mercadorias cujo comprador é o consumidor final.

3. O comércio em Timor-Leste tem características muito próprias.

3.1. Caracteriza o tipo de comércio interno existente em Timor-Leste.

3.2. Justifica a importância do comércio interno na economia local dos timorenses.

3.3. Caracteriza o tipo de comércio externo que é maioritariamente praticado em Timor-Leste.

3.4. Explica de que forma a previsão do crescimento da atividade comercial em Timor-Leste pode ser

aproveitada para o desenvolvimento sustentável do país.

Page 126: Geografia 12º - Manual do Aluno

O b j e t i v O s

- Caracterizar os principais instrumentos de ordenamento do território existentes.

- Analisar as potencialidades dos instrumentos de ordenamento do território.

- Compreender a importância do ordenamento do território na gestão sustentável de Timor-Leste.

Page 127: Geografia 12º - Manual do Aluno

Unidade Temática 4Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

SUBTEMA 1Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável

SUBTEMA 2Medidas de ordenamento do território e do ambiente

Page 128: Geografia 12º - Manual do Aluno

UNIDADE TEMÁTICA

Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

SUbTEMA 1OS iNSTRUMENTOS DE ORDENAMENTO DO TERRiTóRiO cOMO PROMOTORES DA GESTÃO SUSTENTáVEL

4

Sumário Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável- O ordenamento do território – conceitos base- O ordenamento do território – o caso português- Ordenamento do território em Timor-Leste

FinalidadeA abordagem da temática Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável pretende sensibilizar-te para a existência de instrumentos de ordenamento do território existentes em outros países e perceber a importância da sua existência em Timor-Leste. São analisados instrumentos de ordenamento do território existentes em Portugal e apresentados os instrumentos cuja aplicação está prevista para Timor-Leste.Procura, ainda, refletir-se acerca da importância do ordenamento do território no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

Metas de Aprendizagem Apresenta o conceito de ordenamento do território e dos principais aspetos a ele associados.

Refere alguns instrumentos de ordenamento do território utilizados em Portugal. Indica os instrumentos de ordenamento do território timorense. Justifica a importância dos instrumentos de ordenamento do território na gestão sustentável de Timor-Leste. Reconhece a importância do ordenamento do território na gestão sustentável de Timor-Leste. Indica formas de promover a gestão sustentável de Timor-Leste.

conceitos-chave Ordenamento do território

• Políticas territoriais

• Instrumentos de ordenamento

• Planeamento do território

• Desenvolvimento sustentável

• Recursos naturais

• Recurso renovável

• Recurso não renovável

• Valor de um recurso

• Sensibilidade ecológica

• Capacidade de carga

• Aptidão do território

• Classificação de uso do solo

• Solo rural

• Solo urbano

• Instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional, regional e local

• Plano Estratégico de Desenvolvimento

• Gestão sustentável

• Plano de Infraestruturas Básicas Integradas

• Plano Geral para os Centros de Distrito

• Plano Mestre para o Saneamento e Drenagem

• Plano de Gestão Florestal

• Plano de Ação Nacional sobre a Biodiversidade

QUESTÃO ORiENTADORAComo podem os instrumentos de ordenamento do território

promover a gestão sustentável em Timor-Leste?

Page 129: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 127

1. OS iNSTRUMENTOS DE ORDENAMENTO DO

TERRiTóRiO cOMO PROMOTORES DA GESTÃO

SUSTENTáVEL

1.1. O ordenamento do território – conceitos base

O ordenamento do território consiste na implementação de um

conjunto de medidas que regulamentam a utilização do espaço de

modo a melhorar as condições de vida das pessoas, a promover o

desenvolvimento das atividades económicas, a valorizar os recursos

naturais e o património, evitando perturbar o equilíbrio natural do

meio (Figura 1).

A Lei de Bases do Ambiente de Timor-Leste, aprovada em 11 de

abril de 2012, refere que o ordenamento do território é o processo

integrado de organização do espaço biofísico, tendo como objetivo o

uso e transformação do território de acordo com as suas capacidades,

vocações, permanência dos valores de equilíbrio biológico e de

estabilidade geológica, numa perspetiva de manutenção e aumento

da sua capacidade de suporte à vida.

O ordenamento do território pode variar de país para país, no entanto,

na sua implementação é importante:

- identificar objetivos a médio e a longo prazo;

- definir estratégias para o território;

- definir políticas setoriais para, por exemplo, a agricultura, o

ambiente, os transportes, o turismo, entre outros.

O ordenamento do território promove:

- benefícios económicos que resultam, por um lado, do aumento

da confiança para o investimento e, por outro, da identificação das

potencialidades e dos constrangimentos existentes que permitem

que o investimento seja adequado às necessidades locais (Figura 2);

- benefícios sociais que resultam da criação de serviços/

infraestruturas adequados às necessidades das comunidades

locais e da criação de áreas ambientalmente agradáveis, saudáveis

e seguras (Figura 3);

- benefícios ambientais que resultam da promoção da utilização/

reutilização das áreas edificadas, da conservação de áreas

ambientais e histórico-culturais e da identificação das áreas com

risco ambiental (Figura 4).

Figura 1 – Ordenamento do território efetuado na Praia da Areia Branca (Arredores de Díli, Timor-Leste).

Figura 2 – Investimento privado na criação de um espaço turístico nos arredores de Díli (Timor-Leste).

Figura 3 – Requalificação da marginal que liga a Praia da Areia Branca a Díli (Timor-Leste).

Figura 4 – Recuperação do Forte de Maubara e seu aproveitamento turístico (Maubara, Timor-Leste).

Page 130: Geografia 12º - Manual do Aluno

128 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

No esquema da Figura 5 encontram-se representados os aspetos a ter em

conta no ordenamento do território, bem como os principais setores que

podem ser beneficiados.

Figura 5 – Aspetos a ter em conta no ordenamento do território e os principais setores que podem ser beneficiados.

O ordenamento do território cria benefícios que promovem o

desenvolvimento da comunidade e a utilização sustentada dos recursos

naturais. O ordenamento do território é um importante motor do

desenvolvimento sustentável e da melhoria da qualidade de vida dos

cidadãos (Figura 6).

O ordenamento do território assenta na existência de políticas territoriais

que definem o desenvolvimento dos centros urbanos e dos espaços

rurais, identificando a distribuição espacial da ocupação do solo e a sua

utilização por parte dos diversos agentes. As políticas territoriais visam

a transformação da situação atual de referência numa situação futura

desejável. Para tal é importante considerar:

- o diagnóstico da situação existente (referência);

- a definição do objetivo final;

- a análise da relação entre o Homem e o território.

Os instrumentos de ordenamento do território são mecanismos e

ferramentas que instrumentalizam as políticas de ordenamento do

território. No processo de ordenamento do território é necessário

conhecer e integrar vários aspetos relacionados com: o planeamento

do território, o desenvolvimento sustentável, o valor de um recurso ou

atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Define ordenamento do território.

1.2. Indica dois aspetos que é necessário ter em conta na implementação do ordenamento do território.

1.3. Explica de que modo o ordenamento do território pode trazer benefícios económicos para Timor-Leste.

1.4. Justifica a importância social e ambiental do ordenamento do território em Timor-Leste.

1.5. Apresenta dois exemplos da região onde a tua escola se encontra localizada que possam ser melhorados se for feito o ordenamento do território.

1.6. Na definição das políticas territoriais de uma região é necessário proceder a várias etapas. Identifica-as.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 6 – Implementação do Projeto Mós Bele em Maubara (Timor-Leste).

Objetivos Estratégias políticas

Económicos Sociais Ambientais

Ordenamento do Território

produz benefícios

Page 131: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 129

de um sistema ecológico, a sensibilidade ecológica de um recurso ou de

um sistema ecológico, a capacidade de carga, a aptidão do território e a

classificação do uso do solo.

O planeamento do território é um processo essencial na prevenção e na

resolução dos problemas urbanos. Tem como objetivo a racionalização

do uso e ocupação do território, no sentido de garantir o bem estar da

população e o desenvolvimento harmonioso das atividades económicas.

Partindo do conhecimento da realidade física e humana, o planeamento

do território procura gerir a utilização do espaço de forma equilibrada,

de modo a aproveitar as suas potencialidades e a criar condições de vida

adequadas para a população.

O planeamento do território visa, por isso, promover o desenvolvi-

mento sustentável de cada região. Este deve ser entendido como

sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem

comprometer a capacidade das gerações vindouras de satisfazerem

as suas próprias necessidades (Relatório Brundtland, 1987). Sem

comprometer, por conseguinte, o esgotamento dos recursos.

Os recursos podem ser vistos como bens produzidos pela natureza

(recursos naturais) ou bens com alguma utilidade para a sociedade,

criados ou não pela própria sociedade e respetivos sistemas

produtivos.

Os recursos naturais classificam-se em recursos renováveis e não

renováveis, de acordo com a sua taxa de renovação à escala humana, tal

como já foi abordado no 10º ano de escolaridade.

O valor de um recurso ou de um sistema ecológico corresponde ao

seu significado em relação a fatores como a raridade, a diversidade, a

naturalidade, a viabilidade funcional e o seu significado local ou regional.

A sensibilidade ecológica de um recurso ou de um sistema ecológico

corresponde à probabilidade de poder ocorrer uma degradação da sua

funcionalidade ecológica e da consequente capacidade de realização de

serviços (ecológicos, económicos e sociais). Traduz a suscetibilidade às

agressividades exteriores, que é condicionada pelo tipo de agressividade

e pela capacidade de resistência do recurso à transformação. Por exemplo,

as zonas húmidas são sistemas altamente complexos com uma elevada

riqueza e diversidade funcional mas, também, extraordinariamente

sensíveis às perturbações causadas pela atividade humana.

Os recursos renováveis são definidos como os recursos que são naturalmente renováveis dentro de um período de tempo relevante para os seres humanos, por exemplo, a água, o ar, a vida animal e vegetal, a radiação solar, a energia dos ventos e das marés.

Os recursos não renováveis são os recursos que levam milhares ou mesmo milhões de anos a formarem-se, oferecendo limites à sua utilização, por exemplo os minerais e o solo. Existem dois tipos de recursos não renováveis:

- os que se consomem com o uso (ex.: petróleo, carvão);

- os que são recicláveis (ex.: vidro).

i

Page 132: Geografia 12º - Manual do Aluno

130 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

Em gestão ambiental, a capacidade de carga corresponde ao limiar de

utilização dos recursos naturais a partir do qual a utilização continuada

dos recursos os sujeita a sérios riscos de degradação irreversíveis. Em

termos de planeamento e de gestão do território, a capacidade de

carga corresponde à capacidade de um sistema natural ou artificial

absorver o crescimento da procura sem degradação significativa. Em

termos biológicos, a capacidade de carga pode ser considerada como

a relação entre a base de recursos, a capacidade de assimilação e

de recuperação do ambiente total e o potencial biótico das espécies

naturais em presença.

A capacidade de carga de uma determinada área depende da conjugação

dos recursos de base e das suas características com as atividades que

se vão desenvolver e os utilizadores dessa mesma área. A identificação

da capacidade de carga de uma determinada área é muito importante

no ordenamento do território, pois permite assegurar a manutenção

do equilíbrio dos processos ecológicos de forma compatível com a

ocorrência de atividades humanas para as quais a área demonstra uma

aptidão indiscutível.

A aptidão do território para um uso ou conjunto de usos e funções

depende das maiores ou menores potencialidades que o território

apresenta. Estas são influenciadas pelas suas características biofísicas e

pelo meio socioeconómico em que o território se integra, para prestar

serviços de forma equilibrada e com eficácia, sem deteriorar a sua

capacidade produtiva ou as suas características naturais.

A classificação do uso do solo é outo aspeto muito importante no processo

de ordenamento do território, dado que determina o destino básico dos

terrenos. A classificação do uso do solo permite distinguir o solo rural do

solo urbano:

- solo rural, é aquele ao qual é reconhecida vocação para a atividade

agrícola, pecuária, florestal ou mineira ou todo aquele que integra

espaços naturais de proteção ou de lazer (Figura 7). Também pode

integrar este tipo de solo todo aquele que possui infraestruturas mas

que não é considerado solo urbano;

- solo urbano, é aquele ao qual é reconhecida vocação para o processo

de urbanização e para a existência de edificações (Figura 8).

A classificação de uso do solo depende da escala de análise e,

consequentemente, do grau de pormenor com que se está a trabalhar.

Figura 7 – Exemplo de um solo rural ocupado com uma cultura de arroz na região de Viqueque (Timor-Leste).

Figura 8 – Exemplo de um solo urbano na Avenida de Portugal em Díli (Timor-Leste).

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Define recurso natural.

1.2. Distingue recursos renováveis de recursos não renováveis.

1.3. Apresenta dois exemplos de recursos renováveis e dois exemplos de recursos não renováveis existentes em Timor-Leste.

1.4. Distingue sensibilidade ecológica de um recurso de capacidade de carga.

1.5. Explica de que modo a atividade humana pode condicionar a capacidade de carga de um recurso.

1.6. Distingue capacidade de carga em termos de gestão ambiental de capacidade de carga em termos biológicos.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 133: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 131

atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica dois fatores que influenciam a aptidão de um território para um determinado uso.

1.2. Distingue solo rural de solo urbano.

1.3. Classifica o uso do solo da região onde a tua escola se encontra localizada, em termos de predominância.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

1.2. O ordenamento do território – o caso português

De seguida apresentamos, a título de exemplo, os instrumentos de

ordenamento do território que existem em Portugal. Muitos destes

instrumentos podem ser adaptados para o contexto de Timor-Leste.

Em Portugal existem instrumentos de ordenamento do território de

âmbito nacional, regional e local.

Os instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional são os

seguintes:

- programa nacional da política de Ordenamento do território

(PNPOT) – define as grandes opções importantes para a organização

do território nacional e sintetiza as referências a serem consideradas

na elaboração dos restantes instrumentos de gestão territorial.

- Planos Sectoriais (PS) – são instrumentos de programação ou de

concretização das diversas políticas, com incidência na organização

do território. São exemplo deste tipo de planos o Plano Setorial da

Rede Natura, os Planos Setoriais dos Recursos Hídricos, entre outros.

- Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT) – são

planos que focam aspetos especiais do ordenamento do território

que não são tratados em outros planos de ordenamento do

território e que, por isso, requerem contexto regulamentar ou

normativo específico. É o caso dos Planos de Ordenamento das

Áreas Protegidas (POAP) e dos Planos de Ordenamento da Orla

Costeira (POOC).

Os instrumentos de ordenamento do território de âmbito regional são

os Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT). Estes planos

definem a estratégia regional de desenvolvimento territorial, integrando

as opções estratégicas definidas a nível nacional e considerando as

estratégias municipais de desenvolvimento local. Servem como referência

para a elaboração dos planos municipais de ordenamento do território.

Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal são um exemplo deste tipo

de planos.

Finalmente, os instrumentos de ordenamento do território de âmbito

municipal incluem:

- Planos intermunicipais de Ordenamento do Território (PiOT) – são

instrumentos de desenvolvimento territorial que asseguram a articulação

entre o plano regional e os planos municipais de ordenamento do

território, quando existe interdependência de elementos estruturantes

que necessitam de uma coordenação integrada.

atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Apresenta dois exemplos de instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional existentes em Portugal.

1.2. Refere a importância dos planos regionais de ordenamento do território existentes em Portugal.

1.3. De que modo o conhecimento dos instrumentos de ordenamento do território existentes em Portugal pode ser útil para Timor-Leste?

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 134: Geografia 12º - Manual do Aluno

132 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

- Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT) –

são instrumentos de natureza regulamentar, aprovados pelos

municípios, que estabelecem o uso do solo e definem os modelos

de evolução previsível da ocupação humana e da organização das

redes e sistemas, bem como o aproveitamento do solo e a qualidade

ambiental. Estes planos compreendem o:

Plano Diretor Municipal (PDM) – fixa as linhas gerais de

ocupação do território do concelho. Tem um carácter dinâmico, o

que implica a sua permanente avaliação e consequente definição

de estratégias para responder a novas necessidades ou potenciar

novas oportunidades. Legalmente tem um prazo de vigência de

dez anos, findos os quais deve ser revisto.

Plano de Urbanização (PU) – define a organização espacial da

parte do território municipal integrada no perímetro urbano que

exige uma intervenção integrada de planeamento.

Plano de Pormenor (PP) – desenvolve e concretiza propostas de

organização espacial de qualquer área específica do concelho,

definindo com detalhe a forma de ocupação (Figura 9). Este

plano serve de base aos projetos de execução de infraestruturas,

da arquitetura dos edifícios e dos espaços exteriores, de acordo

com as prioridades estabelecidas no PDM e no PU.

1.3. O ordenamento do território em Timor-Leste

Em Timor-Leste não tem existido uma prática de ordenamento do território.

A elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030

constituiu um passo muito importante nesta matéria pois permitiu definir

objetivos e metas, a serem cumpridos, a curto, a médio e a longo prazo. Neste

sentido, são várias as medidas e as políticas que estão em curso e outras vão

ser implementadas nos próximos anos, como a seguir se descrevem.

infraestruturas rodoviárias

O Plano de infraestruturas básicas integradas é um dos instrumentos

de ordenamento do território que está elaborado para permitir o

desenvolvimento dos setores produtivos de Timor-Leste e que compreende

a melhoria das telecomunicações, dos aeroportos, das estradas, das

pontes, das redes de esgotos e dos sistemas de água potável.

A construção, a reparação e a melhoria das estradas e das pontes será

contemplada num programa rodoviário a nível nacional, que dada a

sua área de intervenção, prevê-se que esteja totalmente implementado

Figura 9 – Mapa de implantação de um Plano de Pormenor da Câmara Municipal da Peniche (Portugal).

Page 135: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 133

a médio e a longo prazo (Figura 10). Este plano prevê a construção, a

reparação e a manutenção do sistema de estradas nacionais, regionais

e rurais, bem como de centenas de pontes existentes no país (Figura 11).

Timor-Leste estará dotado no futuro de um anel nacional de autoestradas.

Simultaneamente, as estradas nacionais e regionais vão ser alvo de

intervenções que lhes permitem ter padrões de circulação internacionais.

infraestruturas de contacto com o exterior

A construção ou o aumento das infraestruturas de contacto com o exterior,

como os portos e aeroportos, são também intervençõesque se prevê que

sejam realizadas.

Tanto a costa Norte como a costa Sul vão ser abrangidas por um aumento da

capacidade dos seus portos marítimos. Em Tíbar haverá um porto nacional

multifuncional, com capacidade para 1 milhão de toneladas/ano e com a

possibilidade de receber embarcações comerciais e de passageiros. Em Suai

prevê-se que seja criado um porto que funcionará como peça central do

desenvolvimento de uma base logística para o setor petrolífero.

Para além das grandes obras referidas os restantes portos vão ser alvo de

intervenções, tendo em vista a proteção da pesca, o transporte de mercadorias

e de passageiros, o desenvolvimento do setor turístico, entre outros.

De um modo geral, os aeroportos estão em mau estado pelo que há

necessidade de proceder a grandes obras neste tipo de infraestruturas.

O Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato será alvo de obras

que permitam receber aviões maiores e com normas de segurança que

cumpram os padrões internacionais.

A nível dos distritos será elaborado o plano de aviação distrital que

permitirá identificar a necessidade de construção de aeródromos, bem

como as intervenções necessárias nos aeródromos já existentes.

infraestruturas de água e saneamento

Dotar o país de um sistema de água canalizada e de um sistema esgotos

é, também, uma das prioridades do governo timorense. Nas áreas

rurais: os lares vão ser dotados de sistemas de água, vão ser construídas

latrinas comunitárias e haverá apoio técnico especializado e supervisão

para as comunidades. Nas áreas urbanas, as infraestruturas de água

existentes (mas que foram destruídas em 1999) vão ser reparadas de

modo a garantir um abastecimento seguro de água canalizada aos lares.

Este processo prevê:

Figura 10 – Alargamento da estrada que liga Maubara a Bobonaro (Timor-Leste) (A) e obras de sustentação de barreiras junto da estrada (B).

A

B

Figura 11 – Construção de uma ponte nos arredores de Liquiçá (Timor-Leste).

Page 136: Geografia 12º - Manual do Aluno

134 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

a elaboração de um Plano Geral para os centros de Distrito;

a reparação de furos, a reabilitação de canos danificados e a

legitimação das ligações;

a localização e consolidação de novas fontes de água;

a construção de reservatórios e instalações de tratamento (Figura 12).

a ligação das casas à rede de abastecimento.

Ao nível do saneamento, vão ser construídos sistemas de recolha de

esgotos e estações de tratamento. Simultaneamente, as pessoas prevê-se

que sejam incentivadas a terem autoclismos em suas casas e, sempre que

possível, casas de banho com ligação à rede pública de saneamento.

No caso concreto da cidade de Díli, vai ser criado o Plano Mestre para o

Saneamento e Drenagem que tem como objetivo desenvolver um sistema

de recolha de esgotos que abranja a maior parte da cidade. Nas áreas

densamente povoadas, onde não seja possível implementar este sistema,

prevê-se que sejam construídas fossas sépticas com serviço periódico de

recolha e, nas áreas menos povoadas, construídas fossas permeáveis.

infraestruturas elétricas

A instalação da rede elétrica nacional em Timor-Leste é de extrema

prioridade. Para que tal seja possível está a ser criado um sistema fiável

de produção transmissão e distribuição de energia elétrica que abranja

todo o país (Figura 13).

A utilização de energias renováveis e a eletrificação das áreas rurais são

uma prioridade. Está previsto o aproveitamento de energia hidráulica,

de energia eólica, de energia solar e de biomassa/resíduos sólidos em

vários pontos do país (ex.: Ataúro, Oecussi Ambeno, Ameno, Lariguto,

Bobonaro).

equipamentos públicos

A construção e/ou a reabilitação de equipamentos na área da saúde e da

educação são um dos objetivos a curto prazo em Timor-Leste.

Ao nível da saúde, prevê-se que sejam reabilitados e construídos postos

de saúde e expandidos e reabilitados os centros comunitários de saúde. O

hospital nacional e os cinco hospitais de referência existentes vão sofrer

um processo de melhoria e de expansão.

Na área da educação, haverá um aumento do número de escolas,

principalmente no ensino pré-escolar e no secundário.

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Refere a importância do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) de Timor-Leste.

1.2. Explica de que modo a melhoria das infraestruturas rodoviárias pode contribuir para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

1.3. Justifica a importância das obras de melhoria do Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato no desenvolvimento turístico de Timor-Leste.

1.4. Explica de que modo a construção de infraestruturas de água e saneamento podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos timorenses.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 12 – Águas de Fatumeta (Timor-Leste).

Figura 13 – Central elétrica de Hera (Timor-Leste).

Page 137: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 135

áreas industriais

O setor petrolífero é considerado uma potencialidade em Timor-Leste,

pelo que o desenvolvimento da indústria petrolífera será uma realidade

em breve com a implementação do projeto Tasi-Mane na Costa Sul. Este

projeto prevê a criação de três aglomerados industriais: um destinado ao

fornecimento do petróleo, outro à refinaria e à indústria petroquímica de

Betano, e outro à instalação de gás natural liquefeito.

A criação de áreas com capacidade para captar investimento estrangeiro

são, também, uma aposta para o aumento de emprego e do volume de

negócios com o exterior.

A construção/expansão das várias infraestruturas (ex.: rede viária,

portos e aeroportos, rede de abastecimento de água e de saneamento,

infraestruturas elétricas, equipamentos públicos e áreas industriais) são

intervenções chave no processo de ordenamento do território em Timor-

-Leste. Delas depende a organização do espaço e a gestão dos recursos

naturais envolventes, bem como todas as dinâmicas que podem ser

geradas a partir delas.

área ambiental

Centrando a atenção nas áreas rurais, nos recursos naturais e na melhoria

do ambiente no PED 2011-2030 também estão identificados planos que

se prevê que sejam executados no período considerado.

Um dos planos a ser elaborado nos próximos anos é o Plano de Gestão

florestal. Este plano visa promover a reflorestação e as práticas de gestão

florestal sustentável em Timor-Leste (Figura 14). Para tal, este plano

pressupõe a criação de legislação específica sobre a floresta, a reflorestação

das zonas degradadas, a redução da realização de queimadas durante a

estação seca e a aplicação das leis ambientais e florestais que permitam

controlar atividades de degradação da terra.

A proteção das zonas de conservação natural ou parques naturais e

dos recursos marinhos e costeiros serão também objeto de um plano/

medidas que visem a gestão sustentável destas áreas.

Para as bacias hidrográficas e as zonas costeiras será definida uma política

de gestão que valorize a reabilitação e a proteção dos mangais no litoral

(Figura 15), a regularização da exploração de areia no rios (Figura 16), a

conservação dos recursos hídricos e o controlo das planícies aluviais.

atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Explica por que é que a utilização de energias renováveis pode ser vantajosa nas regiões mais montanhosas de Timor-Leste.

1.2. Justifica a importância da reabilitação e construção de novos postos de saúde nas áreas rurais.

1.3. De que modo o aumento do número de escolas pode ser útil para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste?

1.4. Justifica a importância do setor petrolífero no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 14 – Floresta na região de Aileu (Timor-Leste).

Figura 15 – Mangal junto da Lagoa Bemalai, subdistrito de Atabae (Timor-Leste).

Figura 16 – Extração de areias numa ribeira nos arredores de Díli (Timor-Leste).

Page 138: Geografia 12º - Manual do Aluno

136 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

Timor-Leste já dispõe de uma Estratégia e de um Plano de Ação Nacional

sobre a biodiversidade e brevemente existirá uma Lei Nacional sobre

a biodiversidade que regulamentará a implementação deste plano. A

proteção e a conservação da vida selvagem será, também, objeto de

uma lei.

A proteção do ambiente em Timor-Leste assenta na produção de legislação

específica para o controlo da poluição da água, do solo, do ar e da poluição

sonora e para a recolha e tratamento de resíduos.

O desenvolvimento sustentável de Timor-Leste depende de um processo

de ordenamento cuidado que tenha em atenção o desenvolvimento

económico, social e ambiental assegurando a correta gestão dos recursos

naturais existentes.

● O ordenamento do território consiste na implementação de um conjunto de medidas que

regulamentam a utilização do espaço de modo a melhorar as condições de vida das pessoas,

a promover o desenvolvimento das atividades económicas, a valorizar os recursos naturais e o

património, evitando perturbar o equilíbrio natural do meio.

● O ordenamento do território pode variar de país para país, no entanto, na sua implementação é

importante: identificar objetivos a médio e a longo prazo; definir estratégias para o território;

definir políticas setoriais para, por exemplo, a agricultura, o ambiente, os transportes, o turismo,

entre outros.

● O ordenamento do território de uma região e/ou país contribui para o desenvolvimento económico,

social e ambiental dessa região e/ou país, cria benefícios que se constituem como motor do

desenvolvimento sustentável e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

SÍNTESE

Page 139: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 137

● O ordenamento do território assenta na existência de políticas territoriais que definem o

desenvolvimento dos centros urbanos e dos espaços rurais, identificando a distribuição espacial da

ocupação do solo e a sua utilização por parte dos diversos agentes. Nestas é importante considerar:

o diagnóstico da situação existente (referência); a definição do objetivo final; e a análise da relação

entre o Homem e o território.

● Os instrumentos de ordenamento do território são mecanismos e ferramentas que instrumentalizam

as políticas de ordenamento do território.

● No processo de ordenamento do território é necessário conhecer e integrar vários aspetos relacionados

com: o planeamento do território, o desenvolvimento sustentável, o valor de um recurso ou de um

sistema ecológico, a sensibilidade ecológica de um recurso ou de um sistema ecológico, a capacidade

de carga, a aptidão do território e a classificação do uso do solo (solo rural ou solo urbano).

● Em Portugal existem instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional, regional e

local, que contribuem para a organização do país.

● Em timor-Leste não tem existido uma prática de ordenamento do território. A elaboração do Plano

Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030 constituiu um passo muito importante nesta matéria

pois permitiu definir objetivos e metas, a serem cumpridos, a curto, a médio e a longo prazo.

● São várias as medidas e as políticas de ordenamento do território que estão em curso em

Timor-Leste e que podem contribuir para o seu desenvolvimento sustentável, com intervenções

ao nível: das infraestruturas rodoviárias, das infraestruturas de contacto com o exterior, das

infraestruturas de água e saneamento, das infraestruturas elétricas, dos equipamentos públicos,

das áreas industriais e da área ambiental.

Page 140: Geografia 12º - Manual do Aluno

138 | Os Recursos de Timor-Leste

Atividades Complementares

138 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

1. Os instrumentos de ordenamento do território são muito úteis na gestão sustentável de qualquer país.

1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. O ordenamento do território consiste na implementação de medidas que visem apenas a

utilização do espaço.

b. Na implementação do ordenamento do território é necessário identificar objetivos a médio e a

longo prazo, definir estratégias para o território e políticas setoriais.

c. O ordenamento do território assenta na existência de lutas territoriais.

D. Os instrumentos de ordenamento do território são ferramentas que permitem trabalhar a terra

para a prática da agricultura.

E. O conhecimento acerca da capacidade de carga de um recurso é importante no ordenamento

do território.

f. O petróleo é considerado um recurso renovável e a energia eólica é considerada um recurso

não renovável.

G. O Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) de Timor-Leste é um instrumento que descreve

a história do país.

1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.

1.3. Comenta a seguinte afirmação: “O desenvolvimento sustentável de Timor-Leste depende de um

processo de ordenamento cuidado que tenha em atenção o desenvolvimento económico, social e

ambiental assegurando a correta gestão dos recursos naturais existentes.”

2. São prioritárias as medidas a implementar em Timor-Leste ao nível da melhoria das infraestruturas de

água e saneamento.

2.1. Indica duas vantagens da melhoria das infraestruturas de água e saneamento para a vida dos

timorenses e para o ambiente.

2.2. Refere três medidas que se prevê implementar nos próximos anos em Timor-Leste, ao nível da

melhoria das infraestruturas de água e saneamento.

3. Justifica a importância que o Plano de Gestão Florestal pode ter para o desenvolvimento sustentável

de Timor-Leste.

4. Indica possíveis consequências da excessiva extração de areias nas ribeiras de Timor-Leste.

Page 141: Geografia 12º - Manual do Aluno

4UNIDADE TEMÁTICA

Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

Sumário Medidas de ordenamento do território e do ambiente - Gestão de recursos (água, solo)- Gestão de áreas urbanas e industriais - Gestão de transportes e comunicações

- Gestão de resíduos

FinalidadeA abordagem do subtema Medidas de ordenamento do território e do ambiente pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca dos recursos existentes no território de Timor-Leste e sobre o modo como estes devem ser geridos tendo em vista o desenvolvimento sustentável. As questões relacionadas com a organização do espaço urbano e industrial, a gestão dos transportes e das comunicações e a gestão de resíduos serão, também, analisadas.

Metas de Aprendizagem Identifica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão do recurso:- água – menciona medidas de proteção e tratamento da água de

abastecimento público e dos efluentes urbanos;- solo – indica usos do solo e formas de o gerir;- agricultura – menciona medidas concretas para a prática da

agricultura biológica;- floresta – apresenta medidas de proteção, de manutenção e

replantação da floresta. Identifica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão das áreas urbanas e industriais indicando soluções para o rápido crescimento urbano e para o desenvolvimento da indústria. Indica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão dos transportes e comunicações indicando medidas atenuadoras dos efeitos dos transportes e das comunicações. Identifica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão dos resíduos analisando criticamente a introdução da política dos 3R’s no território timorense. Reconhece a importância das medidas de ordenamento do território e do ambiente no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste. Indica formas de promover a gestão sustentável de Timor-Leste.

SUbTEMA 2MEDiDAS DE ORDENAMENTO DO

TERRiTóRiO E DO AMbiENTE

conceitos-chave Recursos naturais

Gestão dos recursos

Gestão dos recursos hídricos

Solo

Degradação do solo

Conservação do solo

Agricultura

Gestão sustentável da agricultura

Floresta

Gestão sustentável dos recursos florestais

Cidade

Espaço urbano

Urbanização

Taxa de urbanização

Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED)

Corredores de desenvolvimento regional

Áreas industriais ou parques industriais

Gestão dos transportes

Rede rodoviária

Tecnologias da Informação e da Comunicação

Resíduos

Gestão dos resíduos

Recolha de resíduos urbanos

Política dos 3 R’s

Desenvolvimento sustentável

QUESTÃO ORiENTADORAQue medidas de ordenamento

do território e do ambiente

existem em Timor-Leste?

Page 142: Geografia 12º - Manual do Aluno

140 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

2. MEDiDAS DE ORDENAMENTO DO TERRiTóRiO E

DO AMbiENTE

2.1. A gestão dos recursos

Os recursos naturais são materiais (sólidos, líquidos ou gasosos)

provenientes da natureza, que o Homem pode utilizar para seu benefício.

Os recursos são indispensáveis à vida na Terra, no entanto, a sua

sobreexploração pode colocar em risco a sua existência. Neste contexto, o

ordenamento do território tem um papel muito importante, pois identifica

medidas que contribuam para uma gestão dos recursos sustentável.

2.1.1. A água

Sendo a água um recurso indispensável à vida e um fator condicionante

das atividades produtivas, importa fazer uma gestão adequada da

sua utilização, satisfazendo as necessidades crescentes e garantindo a

sustentabilidade dos recursos hídricos. Como tal, é de todo o interesse

inventariar, caracterizar e planear a utilização dos recursos hídricos antes

de programar as ações futuras.

O planeamento dos recursos hídricos é cada vez mais importante, pois

a pressão sobre o recurso água tem vindo a aumentar, devido ao seu

maior consumo. Esta situação é, em parte, explicada pela melhoria das

condições de vida e pelo desenvolvimento dos sistemas de captação e

distribuição de água (Figura 1).

A gestão dos recursos hídricos é um processo complexo que implica um

planeamento cuidadoso e uma coordenação de esforços a vários níveis.

Em Timor-Leste é de todo o interesse que os instrumentos de ordenamento

e de gestão dos recursos hídricos tenham em atenção:

- a melhoria do conhecimento sobre a disponibilidade e as

potencialidades hídricas;

- a melhoria do sistema de captação, recolha, distribuição e utilização

da água;

- a proteção, a conservação e a requalificação dos recursos hídricos;

- a melhoria da articulação entre a gestão dos recursos hídricos e os

restantes setores de ordenamento do território.

Uma gestão planeada dos recursos hídricos permitirá adotar medidas de

potencialização como:

- o aumento da capacidade de aprovisionamento;

- a organização e rentabilização dos sistemas de abastecimento público;

Figura 1 – Sistemas de depósito de águas (A - Depósito para água, B - Albufeira do Alqueva, Portugal).

A

B

Page 143: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 141

- a regulamentação das atividades associadas aos meios hídricos,

nomeadamente a agricultura, o turismo, a pesca, a extração de

petróleo, entre outros;

- o tratamento das águas residuais antes do seu retorno ao meio hídrico;

- a reabilitação da rede hidrográfica, de forma integrada, promovendo

a qualidade ambiental e o desenvolvimento socioeconómico.

Em Timor-Leste entre 2001 e 2010 a população com o acesso a água

canalizada, poço ou bomba protegida, cisterna ou água engarrafada,

aumentou de 48% para 66%. No entanto, é necessário criar para toda a

população condições de acesso à água potável. Como tal, está em curso

um processo de planeamento relacionado com a provisão de água potável

às áreas urbanas e rurais.

A existência de água disponível para o setor agrícola é, também, uma

necessidade pois existem muitas regiões onde a falta de água, na estação

seca, impede a produção agrícola. Para tal Timor-Leste aposta na construção

de sistemas de irrigação e armazenamento de água nas áreas agrícolas.

Ao longo das bacias hidrográficas está prevista a criação de barragens

que permitam armazenar a água das chuvas para posteriormente serem

geridas de acordo com as necessidades agrícolas. A exploração de lençóis

de água subterrâneos é outras das medidas a ser implementada para fazer

face à falta de água nos períodos de seca (Figura 2).

2.1.2. O solo

O solo desempenha uma grande variedade de funções vitais, de carácter

ambiental, ecológico, social e económico. Constitui um importante

elemento paisagístico, patrimonial e físico para o desenvolvimento de

infraestruturas e das atividades humanas (Figura 3).

O solo é um meio vivo e dinâmico, constituindo um habitat de biodiversidade

abundante, com padrões genéticos únicos, onde se encontra a maior

quantidade e variedade de organismos vivos, que servem de reservatório

de muitos nutrientes.

atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Justifica a necessidade da gestão da água na Terra.

1.2. Explica o aumento do consumo de água no mundo.

1.3. Indica dois aspetos a considerar no ordenamento e gestão dos recursos hídricos em Timor-Leste.

1.4. Refere duas medidas de potencialização dos recursos hídricos em Timor-Leste.

1.5. Menciona duas atividades que mais água consomem em Timor-Leste.

1.6. Indica duas medidas que podem ser implementadas para resolver a falta de água em períodos de seca em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 2 – Estação de captação de água de Fatumeta dos SAS (Timor-Leste).

Figura 3 – Solo urbano em Díli (A) e solo rural na região de Bobonaro (B) (Timor-Leste).

A B

Page 144: Geografia 12º - Manual do Aluno

142 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

A intensidade com que os solos realizam cada uma das suas funções é

extremamente importante para a sua sustentabilidade. A degradação do

solo reduz a sua disponibilidade e viabilidade a longo prazo, diminuindo ou

alterando a sua capacidade para desempenhar funções a ele associadas. A

perda de capacidade do solo para realizar as suas funções, deixando de ser

capaz de manter ou sustentar a vegetação, é designada por degradação do

solo (Figura 4).

As principais ameaças sobre o solo são a erosão, a mineralização da

matéria orgânica, a redução da biodiversidade, a contaminação, a

impermeabilização, a compactação, a salinização, os desabamentos e

os movimentos de terras. A ocorrência simultânea de algumas destas

ameaças aumenta os efeitos da erosão do solo, apesar de haver diferentes

intensidades regionais e locais (os solos não respondem todos da mesma

maneira aos processos de degradação, dependendo das suas próprias

características).

O recurso solo em Timor-Leste é muito suscetível à destruição, devido

à erosão, às condições topográficas, à elevada e intensa pluviosidade, à

agricultura itinerante, às queimadas, à destruição do coberto vegetal e ao

excesso de criação de gado (Figura 5).

No sentido de contrariar esta situação é importante a implementação de

medidas que permitam a conservação do solo, tais como:

- proteção dos solos com elevada capacidade produtiva para a prática

de agricultura;

- plantação e cultivo de espécies adaptadas às condições de relevo, ao

tipo de solo e ao clima de cada região;

- utilização de práticas agrícolas que permitam a sustentação do solo

(ex.: construção de socalcos/terraços) (Figura 6);

- regulamentação da realização de queimadas, definindo o período

indicado e os modos de execução;

- utilização de sistema de rotação de culturas (Figura 7);

Figura 4 – Solo degradado.

Figura 5 – Impermeabilização do solo numa avenida de Díli (A) e deslizamento de terras na zona de Aileu (B) (Timor-Leste).

A

B

Figura 6 – Socalcos na região de Venilale (Timor-Leste).

Figura 7 – Esquema representativo da rotação de culturas.

CevadaDescanso Trigo Cevada DescansoTrigo

Cevada Descanso Trigo

ANO 1 ANO 2

ANO 3

Page 145: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 143

Paralelemente a estas medidas será necessário proceder à identificação

territorial dos usos mais adequados para os solos, tendo em conta as

características do solo de diferentes áreas e a sua capacidade de uso.

Figura 8 – Exemplo de uma praia do Algarve (Portugal).

atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Indica duas funções do solo.

1.2. Menciona as consequências da degradação do solo.

1.3. Refere quatro ameaças a que os solos podem estar sujeitos.

1.4. Explica a razão pela qual os solos timorenses estão muito expostos à erosão.

1.5. Indica duas medidas para conservar o solo em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Portugal dispõe de um conjunto de instrumentos de ordenamento do

território que identificam os usos e as atividades que podem ser realizadas

numa determinada área em função das características naturais. São

exemplo destes instrumentos:

● A Reserva Agrícola Nacional (RAN), constituída pelo conjunto

das áreas que, em virtude das suas características morfológicas,

climáticas e sociais, maiores potencialidades apresentam para a

produção de bens agrícolas. A RAN é constituída por unidades de

terra com elevada ou moderada aptidão para a atividade agrícola,

que correspondem às classes A1 e A2 da carta da classificação da

terra e que têm como base a classificação da Organização das Nações

Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

● A Reserva Ecológica Nacional (REN), é uma estrutura biofísica

que integra o conjunto de sistemas que, pelo valor e sensibilidade

ecológicos ou pela exposição e suscetibilidade perante riscos naturais,

são objeto de proteção especial. Esta estrutura define um conjunto

de condicionantes, que identificam usos e ações compatíveis com o

regime dos diferentes sistemas. Integram a REN as seguintes áreas:

- leitos dos cursos de água e zonas ameaçadas pelas cheias, lagoas e suas

faixas de proteção e zonas húmidas adjacentes, albufeiras e ínsuas;

- áreas de infiltração máxima;

- cabeceiras de linhas de água;

- áreas com risco de erosão e escarpas;

- praias (Figura 8);

Page 146: Geografia 12º - Manual do Aluno

144 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Justifica a importância da agricultura em Timor-Leste.

1.2. Indica duas alterações na agricultura timorense ocorridas após a restauração da independência.

1.3. Menciona dois constrangimentos que afetam a produtividade agrícola em Timor-Leste.

1.4. Refere as metas a atingir até 2030 para haver uma gestão sustentável da agricultura timorense.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

- dunas litorais (Figura 9);

- arribas ou falésias (Figura 10);

- estuários, lagunas, lagoas costeiras e zonas húmidas adjacentes,

sapais, restingas e tômbolos (Figura 11).

2.1.3. A agricultura

Em Timor-Leste a agricultura é muito importante pois um terço das

famílias timorenses vive da agricultura de subsistência. A atividade agrícola

representa cerca de 30% do PIB e dela depende 80% da população.

Com a restauração da independência de Timor-Leste o setor agrícola

sofreu grandes alterações, como por exemplo:

- a eliminação dos subsídios aos produtos alimentares essenciais;

- a perda de mercado constituído por população indonésia (ex.:

militares, funcionários públicos) que vivia em Timor-Leste;

- grande diminuição de pessoal ligado aos serviços do setor agrícola.

A produtividade agrícola encontra-se afetada por vários constran-

gimentos, tais como:

- a falta de formação de recursos humanos;

- a inexistência de estudos sobre as características do solo e a sua

aptidão ou capacidade de uso agrícola;

- a existência de pragas e doenças que interferem com a qualidade

da produção e a sua possibilidade de exportação;

- a degradação ambiental devido à pressão humana sobre as terras

agrícolas.

Atualmente, o Plano Estratégico de Desenvolvimento ao nível da gestão

sustentável da agricultura, silvicultura e pescas, prevê que até 2030

sejam alcançadas as seguintes metas:

- criação de um setor agrícola próspero para reduzir a pobreza;

- melhoraria da segurança alimentar e aumento da autoconfiança;

- promoção do crescimento económico das áreas rurais como

um todo;

- fortalecimento da balança comercial através do aumento das

exportações;

- ajuda aos agricultores na adaptação a novo mercado onde existe

menos apoio fiscal e um menor serviço público;

Figura 11 – A – Estuário; B – Sapal; C – Restinga; D – Tômbolo.

A B

C D

Figura 9 – Dunas litorais.

Figura 10 – Arribas ou falésias.

Page 147: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 145

Figura 12 – Estufa na região de Ainaro (Timor-Leste).

curiosidades sobre a

floresta de Timor-Leste- Cerca de 10% da floresta Oriental de

Timor-Leste está integrada em zona de Bacia Hidrográfica;

- Em muitas áreas florestais ainda predomina o “Tara Bandu”;

- Existem 14 áreas protegidas com floresta e onde vivem comunidades locais.

i

Figura 13 – Distribuição da floresta em Timor-Leste.

A gestão da floresta em Timor-Leste é afetada por vários problemas,

tais como:

- a agricultura itinerante;

- a recolha de lenha para ser utilizada como fonte de energia (Figura 14);

- os incêndios florestais (Figura 15);

- o corte indiscriminado de madeira;

- a falta ou a inadequada capacidade dos recursos humanos;

- a falta de instalações e financiamento;

- a falta de políticas e/ou regulamentos;

- a falta de classificação do solo.

As condições físicas do território associadas à sobreexploração da floresta

têm contribuído para o aumento da desflorestação e da erosão do solo e

para a baixa produtividade florestal. Timor-Leste aderiu à Gestão Florestal

Comunitária praticada em países da Ásia do Sudeste como o Camboja, a

Indonésia, as Filipinas, a Tailândia e o Vietname. A existência de condições

semelhantes nestes países torna-se numa fonte de conhecimento para a

gestão florestal em Timor-Leste.

Fruto de conhecimentos adquiridos e no sentido de obter uma abordagem

integrada da paisagem timorense, que privilegia a gestão sustentável dos

recursos florestais, foram definidos os seguintes objetivos:

Figura 14 – Venda de molhos de lenha para o fogão (Timor-Leste).

Figura 15 – Incêndio florestal (arredores de Díli, Timor-Leste).

- aumento da produtividade agrícola através da modernização do

setor agrícola (Figura 12).

A floresta timorense é bastante diversificada, tal como se pode constatar

no mapa da Figura 13.

Page 148: Geografia 12º - Manual do Aluno

146 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

- proteger as florestas através de estratégias que envolvam a

comunidade no processo de gestão florestal (Figura 16);

- promover a participação da comunidade na tomada de decisões

sobre a floresta e as atividades que a ela estão associadas;

- promover a reflorestação recorrendo a acordos que permitam a

exploração e a gestão dos recursos florestais;

- incentivar o investimento privado no desenvolvimento florestal;

- promover institucionalmente o desenvolvimento do setor florestal,

por exemplo através da formação técnica de recursos humanos.

Segundo o Plano Estratégico de Desenvolvimento serão desenvolvidas ações

para melhorar a gestão sustentável de terras, conservar e reabilitar florestas e

desenvolver práticas de produção de madeira sustentáveis, que incluem:

• introdução de legislação florestal especial, apoiada por melhores

acordos sobre posse de terras;

• formação técnica e administrativa a trabalhadores florestais;

• reflorestação em todas as zonas degradadas, especialmente em

áreas inclinadas em torno de Díli;

• introdução de programas para reduzir práticas de queima de floresta

ou de erva durante a estação seca;

• substituição da lenha por outras fontes de energia;

• aplicação de leis ambientais e leis florestais para controlar actividades

de degradação florestal.

2.2. A gestão das áreas urbanas e industriais

A ocupação do território cria na paisagem espaços com diferentes

características. Uma distinção evidente é a separação entre o espaço rural

e o espaço urbano, verificando-se que este último é ocupado por áreas

residenciais e por atividades dos setores secundário e terciário (Figura 17).

Com a expansão urbana a difusão espacial da indústria, o alargamento

dos serviços, o desenvolvimento do comércio e das atividades turísticas e

a diferenciação e distinção entre o espaço rural e o espaço urbano tende

a diminuir progressivamente (Figura 18).

2.2.1. A cidade

A cidade tem características que a individualizam como espaço e que

estão associadas à presença dos seguintes aspetos:

- densa ocupação humana e um índice de construção mais elevado do

que o das áreas rurais;

Figura 16 – Aspeto da floresta na região de Ermera (Timor-Leste).

atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Menciona quatro problemas que afetam a floresta em Timor-Leste.

1.2. Apresenta as consequências da sobreexploração da floresta timorense.

1.3. Indica dois objetivos que foram definidos para a gestão sustentável da floresta em Timor-Leste.

1.4. Refere quatro ações a desenvolver nas florestas para pôr em prática o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED).

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 17 – Representação esquemática da zona urbana e da zona rural.

Figura 18 – Indústria em área rural.

Page 149: Geografia 12º - Manual do Aluno

Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 147

- maior afluência de trânsito;

- concentração de atividades económicas;

- existência de equipamentos sociais e culturais.

A cidade desde sempre exerceu atração pela população, porque concentra

atividades económicas, culturais e de lazer (Figura 19). O processo de

transferência da população das áreas rurais para as urbanas designa-se

de urbanização. O fenómeno da urbanização, iniciado no século XVIII com

a Revolução Industrial, intensificou-se na segunda metade do século XX.

Assim, a taxa de urbanização é definida como a percentagem de população

urbana, em relação à total, e reflete a tendência de concentração de

população nas áreas urbanas.

A Tabela I mostra a taxa de urbanização e a percentagem de população

urbana em alguns países.

Tabela I – Taxa de urbanização e população urbana em alguns países

PaísTaxa de Urbanização(estimada entre 2010

e 2015)

População Urbana(2010)

cabo Verde 2.4% 61.0%filipinas 2.3% 49.0%Portugal 1.0% 61.0%Timor-Leste 5.0% 28.0%

Através da análise da Tabela I é possível verificar que quanto maior é a

percentagem de população urbana menor é a taxa de urbanização, que se

estima, ocorrer entre 2010 e 2015.

A população urbana de Timor-Leste, em 2010, representava 28% da

população total, no entanto, estima-se que entre 2010 e 2015 a taxa de

urbanização seja da ordem dos 5% ao ano.

O desenvolvimento das vias rodoviárias e dos transportes são fatores

que contribuem fortemente para o crescimento urbano tanto em termos

demográficos como espaciais. O governo de Timor-Leste prevê uma

melhoria generalizada das vias de comunicação, que deve ser contemplada

no processo de planeamento urbano, visto que pode contribuir para o

crescimento e a intensificação das cidades. A melhoria da qualidade dos

serviços e o aumento das acessibilidades ao centro das cidades, através

de redes de transportes públicos, eficientes e não poluentes, são questões

muito importantes a considerar no ordenamento do espaço urbano.

Figura 19 – Cidade de Xangai.

Page 150: Geografia 12º - Manual do Aluno

148 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste prevê a criação

de corredores de desenvolvimento regional que, devido a potencialidades

específicas, serão motivo de captação e fixação de população. Assim está

prevista a criação de seis zonas de desenvolvimento, sendo elas:

● Díli - Tíbar - Hera – caracterizada pelos serviços, comércio e o

desenvolvimento do complexo industrial de Hera, habitação em grande

escala, novas áreas de ensino superior, turismo marítimo, distrito

empresarial e a melhoria do aeroporto internacional (Figura 20).

● Suai - betano - beaço – caracterizada pela indústria do petróleo e

do gás (Figura 21).

Figura 20 – Projeto do centro de distribuição de eletricidade em Hera (Timor-Leste).

● Liquiçá - ermera - aileu – caracterizada pelo desenvolvimento de

novas plantações, pela indústria de processamento, pelas produções

alimentares e pelos destinos turísticos de montanha.

● Manatuto - baucau - Lautém – caracterizada pelas áreas de criação

de gado, novas plantações agrícolas, indústria de processamento de

peixe e pela atividade turística.

● bobonaro - cova Lima – caracterizada pelo comércio tradicional,

Serviços de Alfândega, Imigração, Quarentena e Segurança (SAIQS),

serviços de divulgação de produtos agrícolas (Figura 22), criação de

gado, indústrias criativas e turismo (Figura 23).

● Enclave de Oecusse Ambeno – caracterizado pelo comércio

internacional, SAIQS, áreas de plantação agrícola, serviços de apoio

à criação de gado, indústria de processamento de pesca, indústria

criativa e destinos turísticos (Figura 24).

Figura 21 – Projeto Tasi Mane (Timor-Leste).Figura 22 – Cultura de tomate em Baucau (Timor-Leste).

Figura 23 – Termas de Marobo, próximo de Bobonaro (Timor-Leste).

Figura 24 – Plantação de beringelas em Oecusse Ambeno (Timor-Leste).

Page 151: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 149

A componente ambiental é um importante indicador da qualidade de vida

urbana. A grande concentração populacional e de atividades económicas,

os transportes e o modo de vida urbano fazem das cidades os principais

consumidores de recursos naturais e de energia e os maiores produtores

de resíduos, exercendo uma forte pressão sobre os ecossistemas das

regiões onde estão integrados.

Como tal, o planeamanto da cidade deve acautelar a existência de redes

de infraestruturas capazes de suportar a massa humana.

O espaço urbano, geralmente está organizado por áreas funcionais que se

distinguem entre elas por apresentarem homogeneidade em termos das

funções que lá existem.

Assim, nas áreas urbanas é possível identificar:

- centro da cidade ou baixa, caracterizado por ser uma área com grandes

acessibilidades, com forte concentração de comércio e serviços, com

muita movimentação de pessoas e onde o preço do solo é muito elevado.

Esta área muitas vezes está associada a núcleos históricos e nela há,

muitas vezes, uma elevada densidade de construções (Figura 25).

- Espaços de ligação, asseguram a ligação entre a cidade e o exterior

(ex.: estradas, caminhos de ferro, redes de comunicação, entre

outros) (Figura 26).

- Espaços verdes, são espaços ajardinados importantes para as

atividades de lazer e recreio no interior da cidade (Figura 27).

atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Justifica a dificuldade em diferenciar o espaço rural do espaço urbano.

1.2. Apresenta duas características das cidades.

1.3. Explica a atracão que as cidades exercem sobre a população.

1.4. Indica dois fatores que contribuem para o crescimento urbano.

1.5. Explica o que são os corredores de desenvolvimento regional definidos no Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED)

1.6. Insere a tua área de residência no respetivo corredor de desenvolvimento regional e caracteriza-o.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).Figura 25 – Centro da cidade de

Singapura.

Figura 26 – Tráfego numa rua de Díli (Timor-Leste).

Figura 27 – Avenida de Portugal em Díli (Timor-Leste).

Page 152: Geografia 12º - Manual do Aluno

150 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

- Periferia, corresponde a espaços que podem ser ocupados por várias

funções mas onde as funções se encontram separadas (ex.: função

residencial, industrial e equipamentos que necessitam de espaço)

(Figura 28).

- áreas residenciais, são áreas com edifícios de habitação mas que

podem apresentar características muito diferentes, em função

do estatuto social dos seus habitantes. Podem aparecer áreas de

elevada densidade de construção (ex.: blocos de apartamentos

muito próximos e com vários andares) ou de baixa densidade (ex.:

habitações unifamiliares com espaços verdes integrados) (Figura 29).

Figura 30 – Centro de negócios secundário em Lisboa (Portugal).

Figura 29 – Áreas residenciais (A - Blocos de apartamentos, B - Habitação unifamiliar).

A B

- centros de negócios secundários, são áreas de negócios descentralizadas

para áreas mais espaçosas, com bons serviços de transporte, onde o

preço do solo é mais acessível. Geralmente correspondem a edifícios

mais modernos mas com melhores infraestruturas (ex.: estacionamento,

espaços verdes, equipamentos, entre outros) (Figura 30).

2.2.2. As áreas industriais

As cidades, pela oferta de mão-de-obra, pelo elevado número de consumidores,

pelo acesso a capitais e serviços de apoio, funcionam como locais atrativos à

fixação de atividades económicas, sobretudo o comércio e a indústria.

atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Define área funcional de uma cidade.

1.2. Indica as áreas funcionais das cidades.

1.3. Caracteriza o centro ou a baixa das cidades.

1.4. Explica como é feita a diferenciação das áreas residenciais das cidades.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 28 – Periferia de cidade.

Page 153: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 151

O planeamento urbano prevê a existência de áreas específicas destinadas

à indústria, favorecendo a sua deslocação, quer para a periferia das

grandes cidades, quer mesmo para o espaço rural. A criação de parques

industriais ou áreas industriais surge como uma resposta à necessidade

de relocalização das atividades industriais.

Assim, as áreas industriais correspondem a áreas delimitadas onde se

agrupam diversas atividades industriais ou empresariais, que podem ou

não estar relacionadas entre si.

A existência de parques industriais é uma mais valia, pois possuem uma

serie de serviços comuns, como por exemplo: abastecimento de água (com

diversos tipos de tratamentos necessários), energia elétrica, tratamento

de águas residuais e recolha de resíduos sólidos, sistema de transportes,

serviço de vigilância, entre outros.

Os parques industriais geralmente estão localizados fora das áreas

residenciais da cidade e junto de bons acessos aos meios de transportes

terrestes, marítimos e aéreos (Figura 31).

No sentido de promover o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste

é de todo o interesse que sejam criados espaços próprios devidamente

enquadrados, junto das vias de comunicação existentes e devidamente

infraestruturados, com todo o sistema necessário para o bom

funcionamento das indústrias e a promoção de um ambiente saudável.

Tendo em atenção que a indústria extrativa de petróleo e de gás natural

está em franco processo de expansão, é necessário acautelar a sua

localização. Os impactos ambientais deste tipo de indústria são elevados

e, como tal, a localização e todos os processos de minimização desses

impactos devem ser objeto de estudo.

2.3. A gestão dos transportes e comunicações

2.3.1. Os transportes

O desenvolvimento dos transportes favorece o crescimento urbano, tanto

demográfico como espacial. Os movimentos pendulares têm tendência

a abranger perímetros cada vez mais alargados, sobretudo nas grandes

cidades, em parte devido ao aumento da utilização de transportes

individuais, que tornam a opção de residência cada vez mais independente

do local de trabalho (Figura 32).

Nas cidades, a melhoria de acessibilidades promove o desenvolvimento

de determinadas áreas que no passado eram menos valorizadas.

Figura 31 – Parque industrial próximo do mar.

Figura 32 – Utilização excessiva do transporte particular.

atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Dá uma noção de parque industrial.

1.2. Explica por que são os parques industriais uma mais-valia.

1.3. Indica a localização preferencial dos parques industriais.

1.4. Justifica por que se deve acautelar a localização da indústria petrolífera em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 154: Geografia 12º - Manual do Aluno

152 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

O papel dos transportes no desenvolvimento das cidades e na

organização do território, em geral, faz com que este aspeto seja muito

importante no processo de planeamento.

A acessibilidade aos centros urbanos é indispensável para promover a

cooperação e a complementaridade do sistema urbano de um país e/ou região.

A melhoria das ligações rodoviárias e ferroviárias interurbanas permite

uma gestão mais eficaz dos recursos disponíveis e constitui hoje uma

preocupação dos instrumentos de desenvolvimento e de ordenamento

do território.

O desenvolvimento das redes e dos meios de transporte contribui

decisivamente para o encurtamento das distâncias relativas no território,

através da redução dos tempos e dos custos de deslocação (Figura 33).

Deste modo, os transportes promovem a interação entre os diferentes

espaços, criando dinamismo económico e social.

Além da sua importância na mobilidade de pessoas e bens, os transportes

geram riqueza e empregam um grande número de pessoas.

A importância relativa de cada modo de transporte depende da natureza

do tráfego, do tipo de mercadorias, dos trajetos a percorrer e dos custos

das deslocações. Cada modo de transporte apresenta vantagens e

desvantagens relativamente aos outros.

Em Timor-Leste, fruto do desenvolvimento dos vários corredores de

desenvolvimento que estão previstos é fundamental a existência de um

bom sistema de transportes, adequado ao tipo de movimentações (ex.:

pendulares de pessoas, de mercadorias sólidas, líquidas ou gasosas),

que é esperada para cada um desses corredores e a ligação destes com o

exterior (Figura 34).

Figura 33 – Ponte na região de Maubara (Timor-Leste).

Figura 34 – Rede rodoviária nacional de Timor-Leste.

Cidade grande

Cidade pequenaCamino rural RRMP

Estrada distrital RRMPEstrada distrital NAMP

Estradas nacionais

Page 155: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 153

2.3.2. As comunicações

O desenvolvimento de telecomunicações - meios de comunicação à

distância - na difusão de informação ganhou uma dinâmica completamente

nova. A distância/tempo praticamente desapareceu e a distância/custo é

cada vez menor. Surgiu um novo conceito de espaço – o ciberespaço – onde

se desenvolve uma interação cada vez maior entre pessoas, empresas e

organizações em todo o mundo.

Os progressos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e

a sua rápida difusão, provocaram um grande crescimento de fluxos de

informação. A articulação e a fusão da informática, das telecomunicações

e dos audiovisuais têm contribuído para a evolução e a rapidez de difusão

das TIC.

Os fluxos de informação tendem a ser cada vez mais rápidos e intensos,

aumentando o contacto e o intercâmbio entre áreas geograficamente

distantes. Assiste-se ao crescimento do número de serviços disponíveis

através da Internet, o que aumenta a sua acessibilidade por parte dos

cidadãos, dinamiza a utilização dos próprios serviços reduzindo custos e

aumentando a sua rendibilidade.

Em Timor-Leste a introdução de alguns serviços de comunicação e

intensificação da disponibilidade de outros já existentes, terá um papel

muito importante em áreas como a saúde, a educação, a expansão da

economia, bem como pode permitir que a população tenha acesso a

redes globais de conhecimento e de diversão (Figura 35).

No entanto, na atualidade o acesso a telefones, Internet de banda larga é

muito baixo, com cobertura limitada em áreas rurais e a preços elevados.

A capacidade das telecomunicações existentes não permite que o governo

coordene e controle os serviços de emergência, em caso de um desastre

nacional. A cobertura geográfica e o acesso às telecomunicações de

telefone móvel nos distritos rurais também são escassos.

Nos próximos anos a existência de uma rede de telecomunicações moderna

que ligue as pessoas em Timor-Leste entre si e ao mundo, permitirá tirar

o máximo proveito dos avanços das telecomunicações globais e dará um

contributo importante para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

Para que uma parte significativa da população de Timor-Leste tenha acesso a

serviços de telecomunicações, prevê-se que seja criada uma Política de Serviço

Universal. Esta política permitirá que cada pessoa em Timor-Leste tenha acesso

a cobertura de telefone móvel e que aumente o acesso à Internet de banda

larga em todas as capitais de distrito e áreas circundantes.

atividade 81. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Justifica o alargamento espacial dos movimentos pendulares.

1.2. Relaciona o desenvolvimento dos transportes com o encurtamento das distâncias relativas.

1.3. Explica a necessidade do desenvolvimento dos transportes em Timor-Leste.

1.4. Justifica a importância dos corredores de desenvolvimento regional na ligação de Timor-Leste ao mundo.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Figura 35 – Antena parabólica para receção de televisão numa área rural nos arredores de Manatuto (Timor-Leste).

atividade 91. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Apresenta uma noção de ciberespaço.

1.2. Justifica a frase que se segue: “As telecomunicações anulam as distâncias”.

1.3. Indica quais são os constrangimentos ao uso da Internet em Timor-Leste.

1.4. Explica quais são as finalidades da Política de Serviço Universal em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

Page 156: Geografia 12º - Manual do Aluno

154 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

2.4. A gestão dos resíduos

Os resíduos correspondem a quaisquer substâncias ou objetos de que

o detentor se desfaz ou tem intenção de se desfazer. São materiais não

utilizados e, normalmente, em processo de decomposição ou degradação,

que contaminam os meios onde são depositados (Figura 36).

Figura 36 – Lixeiras a céu aberto.

Os resíduos são uma das grandes ameaças ambientais dos nossos dias

e classificam-se em: resíduos perigosos, resíduos industriais, resíduos

urbanos e resíduos hospitalares. Há ainda outros tipos de resíduos não

considerados nesta classificação.

A atitude correta em relação aos resíduos é reduzir a sua produção, consumindo

menos, reutilizando e reciclando os materiais. Devem ser adotadas técnicas

específicas para a gestão e o tratamento dos resíduos, designadamente

quanto ao seu destino final, ambientalmente mais adequado.

Deve centrar-se a atenção na gestão dos resíduos urbanos, porque

resultam da atividade doméstica e comercial de cada pessoa e da

comunidade onde cada um está inserido.

A composição dos resíduos urbanos varia de população para população,

dependendo da situação socioeconómica e das condições e hábitos de

vida de cada um. Esses resíduos podem classificar-se da seguinte forma:

● Matéria orgânica – Restos de comida, da sua preparação e limpeza;

● Papel e papelão/cartão – Jornais, revistas, caixas e embalagens;

● plásticos – Garrafas, garrafões, frascos, boiões e outras embalagens;

● Vidro – Garrafas, frascos, copos;

● Metais – Latas;

● Outros – Roupas, óleos de cozinha e óleos de motor, resíduos informáticos.

A recolha de resíduos urbanos pode ser indiferenciada ou seletiva.

É indiferenciada quando não ocorre nenhum tipo de seleção na sua

recolha, como acontece no chamado lixo comum. Para este tipo de lixo

existem contentores específicos (Figura 37).Figura 37 – Contentores para lixo comum.

Page 157: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 155

AprofundarOs ecopontos são constituídos por três ou quatro contentores individuais destinados a receber separadamente diversos materiais. Subterrâneos ou de superfície, a separação é feita por cores: plásticos e metais para o contentor amarelo, papel/cartão para o azul e vidro para o verde. Por vezes existem ecopontos que possuem, também, um contentor vermelho, que é o local onde se colocam as pilhas.

i

Figura 38 – Recipientes para recolha seletiva de resíduos.

O início do processo de reciclagem depende da atitude individual em

relação aos resíduos e, como tal, é de todo o interesse sensibilizar as

pessoas para a necessidade de mudanças nos comportamentos.

A reutilização é, também, um processo de reciclagem que permite uma

nova utilização de determinados produtos antes de serem deitados fora.

Assim, a reutilização consiste no aproveitamento de produtos sem que

estes sofram alterações ou passem por processos muito complexos.

Existem imensas formas de reutilização dependendo da criatividade de

cada um.

Em Timor-Leste espera-se que com o crescimento populacional e

o aumento do índice de desenvolvimento humano, a produção de

resíduos sólidos urbanos cresça significativamente. As campanhas para

a educação ambiental e para a cidadania que apoiam a política dos 3 rs

(reciclar, reduzir e reutilizar) são fundamentais. A par destas campanhas

deve implementar-se um plano de recolha, tratamento e destino final

de resíduos que dará um contributo significativo para a melhoria da

qualidade de vida da população, para a redução das emissões de gases

que contrariem o efeito de estufa e, certamente, para o desenvolvimento

sustentável de Timor-Leste.

atividade 101. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.

1.1. Dá uma noção de resíduo.

1.2. Classifica os tipos de resíduos que existem.

1.3. Indica qual é o comportamento individual correto para uma gestão eficaz dos resíduos.

1.4. Apresenta a diferença entre recolha de resíduos urbanos indiferenciada e seletiva.

1.5. Explica as vantagens da recolha seletiva de resíduos.

1.6. Justifica a importância de um plano de recolha, de tratamento e de destino final dos resíduos em Timor-Leste.

2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).

A recolha seletiva permite que os produtos recolhidos sejam reciclados,

ou seja, que exista o reaproveitamento de matérias que são convertidas

em matéria-prima. Esta matéria-prima é utilizada na produção de novos

bens. Materiais como o papel, o vidro, o metal e o plástico podem ser

reciclados contribuindo para a diminuição da utilização de recursos

naturais, muitas vezes não renováveis, e minimizar a quantidade de

resíduos que necessitam de tratamento final, como a deposição em aterro

ou a incineração (Figura 38).

Page 158: Geografia 12º - Manual do Aluno

156 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

● Os recursos naturais são materiais (sólidos, líquidos ou gasosos) provenientes da natureza, que o

Homem pode utilizar para seu benefício. Os recursos são indispensáveis à vida na Terra, no entanto, a

sua sobreexploração pode colocar em risco a sua existência.

● A água é um recurso indispensável à vida e um fator condicionante das atividades produtivas. Importa,

por isso, fazer uma gestão adequada da sua utilização, satisfazendo as necessidades crescentes e

garantindo a sustentabilidade dos recursos hídricos. A gestão dos recursos hídricos é um processo

complexo que implica um planeamento cuidadoso e uma coordenação de esforços a vários níveis.

● O solo desempenha uma grande variedade de funções vitais, de carácter ambiental, ecológico, social e

económico. Constitui um importante elemento paisagístico, patrimonial e físico para o desenvolvimento

de infraestruturas e das atividades humanas.

● A perda de capacidade do solo para realizar as suas funções, deixando de ser capaz de manter ou

sustentar a vegetação, é designada por degradação do solo. As principais ameaças sobre o solo são

a erosão, a mineralização da matéria orgânica, a redução da biodiversidade, a contaminação, a

impermeabilização, a compactação, a salinização, os desabamentos e os movimentos de terras.

● Em Timor-Leste a agricultura é muito importante pois um terço das famílias timorenses vive da agricultura

de subsistência. A atividade agrícola representa cerca de 30% do PIB e dela depende 80% da população.

● O Plano Estratégico de Desenvolvimento ao nível da gestão sustentável da agricultura, silvicultura e

pescas, prevê que em Timor-Leste até 2030 sejam alcançadas as seguintes metas: criação de um setor

agrícola próspero para reduzir a pobreza; melhoria da segurança alimentar e aumento da autoconfiança;

promoção do crescimento económico das áreas rurais como um todo; fortalecimento da balança

comercial através do aumento das exportações; ajuda aos agricultores na adaptação a novo mercado

onde existe menos apoio fiscal e um menor serviço público; aumento da produtividade agrícola através

da modernização do setor agrícola.

● A floresta de Timor-Leste, que cobre, atualmente, cerca de 50% da área terrestre total, é um recurso

frágil devido a constrangimentos naturais relacionados com os longos períodos de estação seca e com

a orografia muito acidentada possuindo inclinações superiores a 40%.

● As condições físicas do território associadas à sobreexploração da floresta têm contribuído para o aumento

da desflorestação e da erosão do solo e para a baixa produtividade florestal. Timor-Leste aderiu à Gestão

Florestal Comunitária praticada em países da Ásia do Sudeste, dada a existência de condições semelhantes

nestes países torna-se numa fonte de conhecimento para a gestão florestal em Timor-Leste.

● A ocupação do território cria na paisagem espaços com diferentes características, o espaço urbano é

ocupado por áreas residenciais e por atividades dos setores secundário e terciário e o espaço rural é

ocupado por áreas de terrenos agrícolas.

● A cidade desde sempre exerceu atração pela população, porque concentra atividades económicas,

culturais e de lazer. O processo de transferência da população das áreas rurais para as urbanas designa-

-se de urbanização.

SÍNTESE

Page 159: Geografia 12º - Manual do Aluno

Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 157

● A taxa de urbanização é definida como a percentagem de população urbana em relação à total, e reflete

a tendência de concentração de população nas áreas urbanas.

● O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste prevê a criação de corredores de desenvolvimento

regional que, devido a potencialidades específicas, serão motivo de captação e fixação de população. Assim

está prevista a criação de seis zonas de desenvolvimento: Díli - Tibar - Hera; Suai - Betano - Beaço; Liquiçá

- Ermera - Aileu; Manatuto - Baucau - Lautém; Bobonaro - Cova Lima; e Enclave de Oecusse Ambeno.

● O espaço urbano, geralmente está organizado por áreas funcionais que se distinguem entre elas por

apresentarem homogeneidade em termos das funções que lá existem. Nas áreas urbanas é possível

identificar: o centro da cidade ou baixa; os espaços de ligação; os espaços verdes; a periferia; as áreas

residenciais; e os centros de negócios secundários.

● O planeamento urbano prevê a existência de áreas específicas destinadas à indústria, favorecendo a

sua deslocação, quer para a periferia das grandes cidades, quer mesmo para o espaço rural. A criação

de parques industriais ou áreas industriais surge como uma resposta à necessidade de relocalização das

atividades industriais. As áreas industriais correspondem a áreas delimitadas onde se agrupam diversas

atividades industriais ou empresariais, que podem ou não estar relacionadas entre si.

● A acessibilidade aos centros urbanos é indispensável para promover a cooperação e a complementaridade

do sistema urbano de um país e/ou região. A melhoria das ligações rodoviárias e ferroviárias interurbanas

permite uma gestão mais eficaz dos recursos disponíveis e constitui hoje uma preocupação dos

instrumentos de desenvolvimento e de ordenamento do território.

● O desenvolvimento de telecomunicações - meios de comunicação à distância - na difusão de informação

ganhou uma dinâmica completamente nova: a distância/tempo praticamente desapareceu e a distância/

custo é cada vez menor. Surgiu um novo conceito de espaço – o ciberespaço – onde se desenvolve uma

interação cada vez maior entre pessoas, empresas e organizações em todo o mundo.

● Os resíduos correspondem a quaisquer substância ou objeto de que o detentor se desfaz ou tem

intenção de se desfazer. São materiais não utilizados e, normalmente, em processo de decomposição

ou degradação, que contaminam os meios onde são depositados.

● Os resíduos classificam-se em: resíduos perigosos, resíduos industriais, resíduos urbanos e resíduos

hospitalares. A recolha de resíduos urbanos pode ser indiferenciada ou seletiva. É indiferenciada

quando não ocorre nenhum tipo de seleção na sua recolha, como acontece no chamado lixo comum. A

recolha é seletiva quando os resíduos são recolhidos com os seus componentes separados, de acordo

com o tipo de resíduo e o destino final para o qual são enviados.

● As campanhas para a educação ambiental e para a cidadania que apoiam a política dos 3 rs (reciclar,

reduzir e reutilizar) são fundamentais. A par destas campanhas deve implementar-se um plano de

recolha, tratamento e destino final de resíduos que dará um contributo significativo para a melhoria

da qualidade de vida da população, para a redução das emissões de gases que contrariem o efeito de

estufa e para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.

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158 | Os Recursos de Timor-Leste158 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste

Atividades Complementares

1. As medidas de ordenamento do território e do ambiente facilitam a gestão dos recursos naturais

existentes em qualquer país e contribuem para o seu desenvolvimento sustentável.

1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).

A. Os recursos naturais são materiais produzidos pelo Homem e que a natureza pode utilizar

para seu benefício.

b. O solo desempenha funções de carácter ambiental, ecológico, social e económico.

c. A degradação do solo aumenta a viabilidade do solo a longo prazo.

D. O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste prevê que até 2030 haja uma diminuição

do crescimento económico das áreas rurais.

E. A gestão da floresta em Timor-Leste é afetada pela agricultura itinerante e pelos incêndios

florestais.

f. A cidade desde sempre exerceu atração pela população porque concentra atividades económicas,

culturais e de lazer.

1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.

1.3. Comenta a seguinte afirmação: “A gestão dos recursos hídricos é um processo complexo que

implica um planeamento cuidadoso e uma coordenação de esforços a vários níveis.”

2. Estabelece a correspondência entre os conceitos apresentados na coluna I e as respetivas definições

indicadas na coluna II.

coluna i coluna ii1. Urbanização

2. Área residencial

3. Taxa de urbanização

4. Área industrial

A. Percentagem de população urbana, em relação à população total.

b. Processo de transferência da população das áreas rurais para as urbanas.

c. Área com edifícios de habitação que pode apresentar características muito diferentes, dependendo do estatuto social dos seus habitantes.

D. Áreas delimitadas onde se agrupam diversas atividades industriais ou empresariais, que podem ou não estar relacionadas entre si.

3. O desenvolvimento de telecomunicações na difusão de informação ganhou uma dinâmica comple-

tamente nova nos últimos anos.

3.1. Diz o que entendes por ciberespaço.

3.2. Justifica a frase que se segue: “As telecomunicações podem contribuir para promover o

desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.”

3.3. Indica duas vantagens da melhoria da cobertura da Internet em Timor-Leste.

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Glossário

AGENTE DE cOMéRciO - Pessoa singular ou coletiva que através de um contrato se obriga a promover, por conta e em nome da outra parte, a celebração de atos de comércio numa zona determinada, de modo autónomo e estável, e mediante retribuição.

AGRicULTOR - Entidade singular ou coletiva que exerça uma atividade agrícola, com ou sem recurso a trabalho assalariado e utilizando fatores de produção próprios e/ou de terceiros.

AGROTURiSMO - Estabelecimento situado em explorações agrícolas, considerado um empreendimento de turismo no espaço rural, que se destina a prestar serviços de alojamento, permitindo aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos de acordo com as regras estabelecidas pelo responsável, não podendo possuir mais de 15 unidades de alojamento destinadas a hóspedes.

áGUA DE REGA - Água superficial ou subterrânea ou água residual, que vise satisfazer ou complementar as necessidades hídricas das culturas agrícolas ou florestais.

ALiMENTAÇÃO ANiMAL - Quantidades de produtos utilizados na alimentação animal direta e/ou consumidos na fabricação de alimentos para animais (rações).

ALiMENTOS cOMPOSTOS PARA ANiMAiS - As misturas de produtos de origem vegetal ou animal no estado natural, frescos ou conservados, ou derivados da sua transformação industrial, ou de substâncias orgânicas ou inorgânicas, contendo ou não aditivos, destinados à alimentação animal por via oral, sob a forma de alimentos completos ou complementares.

ALiMENTOS PARA ANiMAiS - Os produtos de origem vegetal ou animal no estado natural, frescos ou conservados, e os derivados da sua transformação industrial, bem como as substâncias orgânicas ou inorgânicas, simples ou em misturas, contendo ou não aditivos, destinados à alimentação animal por via oral.

ALOjAMENTO DE HOTELARiA E SiMiLAR - Alojamento coletivo que ocupa a totalidade ou parte de uma construção permanente ou de um conjunto de construções permanentes, que se destina a albergar mais do que uma família sem objetivos comuns e segundo um determinado preço, tal como um hotel ou uma pensão, entre outros.

ALOjAMENTO TURÍSTicO - Estabelecimento que forneça regular ou ocasionalmente dormidas a turistas.

ANiMAÇÃO TURÍSTicA - Atividade que compreende a organização de eventos para a atração de turistas nacionais e estrangeiros, promovendo a ocupação dos seus tempos livres e a satisfação das necessidades e expectativas decorrentes da sua permanência na região visitada.

AQUicULTURA EM áGUA DOcE - Cultura de organismos aquáticos em água doce, nomeadamente água de rios e outros cursos de água, lagos, tanques e albufeiras em que a água tenha uma salinidade constante insignificante.

AQUicULTURA EM áGUA MARiNHA - Cultura de organismos aquáticos em água cujo grau de salinidade é elevado e não está sujeito a variações significativas.

AQUicULTURA EM áGUA SALObRA - Cultura de organismos aquáticos em água cujo grau de salinidade é significativo embora

não seja constantemente elevado. A salinidade pode estar sujeita a variações consideráveis devido ao influxo de água doce ou do mar.

ARbORiZAÇÃO/REARbORiZAÇÃO - Constituição de novos povoamentos florestais em terrenos: a) antes utilizados por culturas agrícolas, recentemente abandonados ou com abandono mais antigo, cobertos de matos ou vegetação rasteira; b) ocupados por vegetação de maior porte, mas de interesse económico reduzido; c) com povoamentos arbóreos de certo interesse que se julga vantajoso “converter” ou “transformar” ou proceder a “alterações de composição”; d) antes submetidos a corte final ou percorridos por incêndios.

áREA DE ARMAZENAMENTO - Local destinado ao depósito de produtos para venda. Não inclui as áreas de exposição e venda, nem as áreas ocupadas pelos escritórios, serviços administrativos e outros espaços não ligados diretamente ao armazenamento Local destinado ao depósito de produtos para venda. Não inclui as áreas de exposição e venda, nem as áreas ocupadas pelos escritórios, serviços administrativos e outros espaços não ligados diretamente ao armazenamento.

ARQUEAÇÃO bRUTA (GT) - Medida do volume total de uma embarcação, expressa num número inteiro sem unidade.

ARTE DE PEScA - Engenho utilizado para pescar.

ATiViDADE EcONóMicA - Resultado da combinação dos fatores produtivos (mão de obra, matérias-primas, equipamento, entre outros), com vista à produção de bens e serviços. Independentemente dos fatores produtivos que integram o bem ou serviço produzido, toda a atividade pressupõe, em termos genéricos, uma entrada de produtos (bens ou serviços), um processo de incorporação de valor acrescentado e uma saída (bens ou serviços).

ATiViDADE PRiNciPAL DO iNDiVÍDUO - Considera-se como atividade principal do indivíduo aquela em que habitualmente trabalha mais horas no período de referência, sendo o ramo de atividade aquele que ocupar maior número de pessoas no estabelecimento onde trabalha.

ATiViDADE PRODUTiVA - Atividade exercida sob o controlo e responsabilidade de uma unidade institucional que utiliza trabalho, capital e bens e serviços para produzir bens e serviços. A atividade produtiva não abrange processos puramente naturais, sem qualquer envolvimento ou comando humano, como o crescimento não gerido das unidades populacionais (“stocks”) de peixe em águas internacionais (mas a piscicultura é atividade produtiva).

ATiViDADES cARAcTERÍSTicAS DO TURiSMO - Conjunto de atividades cuja produção é identificada como sendo característica do Turismo, pela importância que assume na relação direta do fornecedor com o consumidor (visitante).

ATiViDADES DE iNOVAÇÃO - Aquisição de máquinas, equipamentos, software e licenças; trabalhos de engenharia e de desenvolvimento, formação, marketing, investigação e desenvolvimento sempre que sejam empreendidos especificamente para implementar uma inovação de produto ou de processo.

ATiViDADES ESPEcÍficAS DO TURiSMO - Conjunto de atividades cuja produção principal é um produto específico do Turismo.

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AUTO-AbASTEciMENTO - Bens e serviços provenientes de estabele-cimento pertencente a algum membro do agregado, destinando-se ao consumo pelo próprio agregado e que não tenham sido pagos. A sua valorização faz-se pelo preço de venda em vigor nesse mesmo estabelecimento.

AUTO-cONSUMO ALiMENTAR - Produção própria ou obtenção direta na natureza, por algum membro do agregado, de produtos alimentares de natureza vegetal ou animal, com o objetivo de serem consumidos pelo próprio agregado. A sua valorização faz-se pelo preço que o agregado teria de pagar para os adquirir, ou seja, a preços de mercado.

AVES DE cAPOEiRA - Consideram-se as galinhas, perus, pintadas, patos, gansos, codornizes, pombos, faisões, perdizes e as aves corredoras (ratites) criadas ou mantidas em cativeiro com vista à sua reprodução, à produção de carne ou ovos para consumo, ou ao fornecimento de espécies cinegéticas para repovoamento.

AViáRiO - Instalação destinada a exploração de aves para a produção de carne e de ovos para a alimentação e para incubar, quer os pintos se destinem a venda, quer a povoar as suas próprias secções de produção de ovos, de consumo ou de carne.

bARRAGEM - Em sentido lato, o conjunto formado pela estrutura de retenção, sua fundação, zona vizinha a jusante, órgãos de segurança e exploração e albufeira; ou, em sentido mais restrito, a estrutura de retenção com ou sem outras componentes devendo o sentido, em cada caso, ser deduzido do contexto (excetuam-se diques fluviais e costeiros e ensecadeiras que não permaneçam para além do período de construção).

bARRAGEM HiDROAGRÍcOLA - Barragem com características de regulação anual ou interanual de caudais, cuja água armazenada tem como finalidade principal a rega de culturas.

bARRAGEM HiDROELéTRicA - Barragem cuja água armazenada tem como finalidade principal a produção de energia elétrica.

bENS ARTÍSTicOS E HiSTóRicOS - Bens resultantes da criação artística e/ou relacionados com temas, personalidades ou um determinado momento histórico.

biOcOMbUSTÍVEL - Combustível com origem em culturas energéticas ou resíduos naturais que pode ser utilizado em motores de combustão.

biODiESEL - Combustível líquido com origem em culturas energéticas vegetais ou em gorduras animais para utilização em motores de ignição por compressão.

biOMASSA - Combustível com origem nos produtos e resíduos da agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), nos resíduos das florestas e indústrias conexas e na fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.

bOViNOS - Animais domésticos da espécie “bos”.

cÂMARA fRiGORÍficA DE fRiO cONVENciONAL - Equipamento destinado a manter os frutos a uma temperatura adequada com o objetivo de os conservar com as características pretendidas.

cAPRiNOS - Animais domésticos da espécie “Capra”.

cAPTAÇÃO DE áGUAS - Entende-se por captação de águas a utilização de volumes de água, superficiais ou subterrâneas, por qualquer forma subtraídos ao meio hídrico, independentemente da finalidade a que se destina. A captação de água pode ter as seguintes finalidades, com ou sem retenção: consumo humano, rega, atividade industrial, produção de energia, atividades recreativas ou de lazer.

cAPTURA AcESSóRiA - Parte da captura obtida com uma arte de pesca para além das espécies alvo.

cAPTURA bRUTA - Peso vivo do pescado extraído do mar. Peso vivo do pescado extraído do mar.

cENTRO cOMERciAL - Conjunto de estabelecimentos de venda a retalho e de serviços (mínimo de doze), concebidos, realizados e organizados como uma unidade, situados num ou mais edifícios contíguos com pelo menos 500 m2 de área bruta.

ciRcUiTO TURÍSTicO - Viagem organizada de duração limitada, com horários, preços, frequências e percursos pré-fixados e autorizados.

cLUSTERS - Concentração geográfica de atividades que adquirem vantagens competitivas através da sua implantação próxima e comum.

cOMERciALiZAÇÃO DE GáS NATURAL - Compra e venda de gás natural, para comercialização a clientes finais ou outros agentes.

cOMERciANTE DE GADO - Comprador independente, que adquire os animais ao produtor à porta da exploração ou nas feiras e mercados locais, atuando normalmente por conta própria.

cOMERciANTE iNDiViDUAL - Pessoa que exerce, a título habitual e profissional, atos de comércio, por conta própria e com fim lucrativo.

cOMéRciO A RETALHO - Compreende a atividade de revenda a retalho (sem transformação), de bens novos ou usados, feita em estabelecimentos, em feiras e mercados, ao domicílio, por correspondência, em venda ambulante e por outras formas, destinados ao consumo público em geral, empresas e outras instituições.

cOMéRciO ELETRóNicO - Operação comercial/financeira conduzida através de redes baseadas no protocolo IP (Internet Protocol) ou de outras redes eletrónicas mediadas por computador. Os bens e serviços são encomendados através dessas redes, mas o pagamento e a entrega podem ser feitos online ou off-line. Encomendas recebidas através de telefone, fax ou e-mail (não automático), não são consideradas comércio eletrónico.

cOMéRciO POR GROSSO - Compreende a atividade de revenda por grosso (sem transformação), de bens novos ou usados a comerciantes (retalhistas ou grossistas), a industriais, a utilizadores institucionais e profissionais ou a intermediários. Os bens podem ser revendidos em bruto, isto é, tal como foram adquiridos, ou após a realização de algumas operações associadas ao comércio por grosso.

cONSERVAÇÃO DO SOLO - Conjunto de práticas que permitem a gestão do solo para uso agrícola com o mínimo de alterações na sua composição, na sua estrutura e na sua biodiversidade natural, protegendo-o dos processos de degradação (ex.: erosão do solo e compactação).

cONSUMO HUMANO - Corresponde às quantidades de produtos consumidos pela população residente, quer sob a forma de produto primário, consumido nesse estado, quer sob a forma de produto industrializado, convertido a primário, durante o período de referência.

cOOPERATiVA - Pessoa coletiva, com capital e composição variáveis, que visa, através da cooperação e entreajuda dos seus membros e na observância dos princípios cooperativos, a satisfação, sem fins lucrativos, das necessidades económicas, sociais e culturais dos seus associados.

cOOPERATiVA DE cONSUMO - Cooperativa que tem por objeto principal fornecer, sem fins lucrativos, aos seus membros, bens destinados ao seu consumo ou uso direto.

cORRETiVOS - Substâncias que, podendo apresentar algum valor fertilizante, são incorporadas no solo com o principal objetivo de lhe

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melhorar as características físicas, químicas e biológicas. Classificam-se em corretivos minerais (ex.: calcário, enxofre, gesso) e corretivos orgânicos (ex.: estrumes, resíduos de culturas, composto).

cULTURAS ASSOciADAS - Duas ou mais culturas que ocupam simultaneamente a mesma área durante toda ou a maior parte do seu ciclo vegetativo.

cULTURAS HORTÍcOLAS EXTENSiVAS cULTURAS HORTÍcOLAS EXTENSiVAS - Culturas hortícolas efetuadas como cultura única no ano agrícola ou cultivadas em parcelas destinadas que entram em rotação com outras culturas não hortícolas, não se sucedendo, em geral, várias culturas hortícolas na mesma parcela no ano agrícola.

cULTURAS HORTÍcOLAS iNTENSiVAS cULTURAS HORTÍcOLAS iNTENSiVAS - Culturas hortícolas efetuadas como cultura única no ano agrícola ou cultivadas em parcelas destinadas exclusivamente a culturas hortícolas, sucedendo-se também várias destas culturas na mesma parcela durante o ano agrícola.

cULTURAS iNDUSTRiAiS - Culturas que se destinam a transformação industrial tais como o tabaco, lúpulo, colza, girassol, soja, plantas aromáticas e cana-de-açúcar entre outras. Não inclui o tomate para a indústria.

cULTURAS PERMANENTES - Culturas que ocupam a terra durante um longo período e fornecem repetidas colheitas, não entrando em rotações culturais. Não incluem os prados e pastagens permanentes. No caso das árvores de fruto só são considerados os povoamentos regulares, com densidade mínima de 100 árvores, ou de 45 no caso de oliveiras, figueiras e frutos secos.

DESiNfEÇÃO DO SOLO - Prática realizada como meio de controlar pragas, doenças ou infestantes, recorrendo a técnicas como a desinfeção por via química, por vapor, por meios biológicos ou a própria solarização.

DESPESAS DE cONSERVAÇÃO DAS ESTRADAS (TRANSPORTES RODOViáRiOS) - Verbas consagradas à conservação das estradas em boas condições de circulação.

DESPESAS DE iNVESTiMENTO EM ESTRADAS - Verbas consagradas a novas construções e ampliação de estradas existentes, incluindo reconstruções, renovações e importantes obras de conservação.

DESPESA TURÍSTicA - Montante pago pela compra de bens e serviços no próprio país e durante a realização de viagens, no país ou no estrangeiro, pelos visitantes ou por outras entidades em seu benefício.

DESTiNO TURÍSTicO - Local visitado durante uma deslocação ou uma viagem turística.

EMbARcAÇÃO DE PEScA - Embarcação capaz de utilizar artes de pesca.

EMbARcAÇÃO DE PEScA cOSTEiRA - Embarcação de pesca com comprimento de fora a fora superior a 9 m e igual ou inferior a 33 m.

EMbARcAÇÃO DE PEScA LOcAL - Embarcação com comprimento de fora a fora até 9 m, e potência do motor não superior a 100 cv ou 75 kW, quando de convés fechado, e não superior a 60 cv ou 45 kW, quando de convés aberto, podendo operar dentro da área de jurisdição da capitania do porto em que estão registados e dentro das áreas das capitanias limítrofes, não podendo afastar-se da costa mais de 6 milhas, se tiverem convés aberto e mais de 30 milhas se tiverem convés fechado.

EMbARcAÇÃO DE PEScA LONGiNQUA (DO LARGO) - Embarcação de pesca com arqueação (GT) superior a 100 e autonomia mínima de quinze dias, podendo operar em qualquer área, exceto para dentro das 12 milhas de distância à linha da costa.

EMPREENDiMENTO TURÍSTicO - Estabelecimento que se destina a prestar serviços de alojamento temporário, restauração ou animação de turistas, dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares. Os empreendimentos turísticos podem ser integrados num dos seguintes tipos: estabelecimentos hoteleiros; meios complementares de alojamento turístico; parques de campismo públicos e privativos e conjuntos turísticos.

EMPRESA fAMiLiAR AGRÍcOLA - Empresa em que a mão de obra agrícola fornecida pelo produtor agrícola e pelos membros do seu agregado familiar, que não recebem salário, representa cerca de 75% ou mais de toda a mão de obra agrícola utilizada na exploração.

ENSiNO PROfiSSiONAL - Ensino que tem por objetivo imediato a preparação científica e técnica para o exercício de uma profissão ou ofício, privilegiando assim a qualificação inicial para entrada no mundo do trabalho e permitindo ainda o prosseguimento de estudos.

ESTAbELEciMENTO DE AQUicULTURA - Unidade onde se procede à cultura de organismos aquáticos, pressupondo a intervenção humana no processo de produção (repovoamento, alimentação e proteção contra predadores) e a existência de propriedade individual ou coletiva sobre o resultado da produção.

ESTAbELEciMENTO DE cOMéRciO EM REGiME DE fRANQUiA “fRANcHiSiNG” - Estabelecimento de comércio que opera na base de um contrato de franquia estabelecido entre a empresa de que o mesmo faz parte e uma terceira, através da qual esta (o franqueador) cede à primeira (o franqueado) o direito de utilização da sua marca e da sua tecnologia de negócios, mediante determinadas contrapartidas.

ESTAbELEciMENTO TRADiciONAL - Estabelecimento em que mais de 50% do seu volume de vendas é realizado através de um contacto direto entre vendedor e comprador.

ESTÂNciA TERMAL - Local onde existem águas com características medicinais ou minero-medicinais para tratamento de certas doenças, bem como condições fisioterápicas adequadas, além de apoio logístico e atividades de lazer.

EXPLORAÇÃO AGRÍcOLA - Unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção comuns, tais como: mão de obra, máquinas, instalações, terrenos, entre outros, e que deve satisfazer obrigatoriamente as quatro condições seguintes: produzir produtos agrícolas ou manter em boas condições agrícolas e ambientais as terras que já não são utilizadas para fins produtivos; atingir ou ultrapassar uma certa dimensão (área, número de animais); estar submetida a uma gestão única; estar localizada num local bem determinado e identificável.

EXPLORAÇÃO AGRÍcOLA DE ARRENDAMENTO - Forma de exploração em que o produtor agrícola utiliza a terra alheia, mediante um contrato de locação, verbal ou escrito e segundo o qual paga anualmente, em dinheiro e/ou géneros, uma renda fixa.

EXPLORAÇÃO AGRÍcOLA POR cONTA PRóPRiA - Forma de exploração de terras que são propriedade do empresário ou de membros do seu agregado familiar e que são cultivados como se pertencessem ao empresário, embora este não possua nenhum título de propriedade.

EXPORTAÇÃO - Envio de mercadorias com destino a um país terceiro.

fORMAÇÃO PROfiSSiONAL - Conjunto de atividades através das quais as pessoas adquirem ou aprofundam conhecimentos ou competências profissionais e relacionais, com vista ao exercício

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de uma ou mais atividades profissionais, a uma melhor adaptação às mutações tecnológicas e organizacionais e ao reforço da sua empregabilidade.

fORMA DE EScOAMENTO - Processo de colocação do produto no mercado pelo produtor agrícola, tal como venda direta, intermediário, cooperativa agrícola, indústria, entre outros.

fORMA DE EXPLORAÇÃO - Forma jurídica pela qual o produtor dispõe da terra, determinando a relação existente entre o(s) proprietário(s) das superfícies de exploração e o responsável económico e jurídico de exploração (o produtor), que tem dela a fruição.

fROTA DE PEScA - Frota cujas embarcações são registadas e utilizadas para o exercício da atividade da pesca comercial e o uso de artes, podendo ou não estar licenciadas, proceder a bordo à transformação do pescado capturado e efetuar o transporte do mesmo e seus derivados.

GESTÃO DOS REcURSOS - Gestão de recursos de modo sustentável como a conservação de recursos naturais que estão sujeitos a esgotamento pelo consumo humano, visando a limitação ou minimização do seu uso.

GESTÃO DOS REcURSOS fLORESTAiS - Domínio da “Gestão de Recursos” que considera quaisquer atividades relacionadas com programas e projetos de reflorestação e gestão da floresta numa base de sustentação a longo prazo.

GRANDE SUPERfÍciE cOMERciAL - Estabelecimento de comércio a retalho ou por grosso, que disponha de uma área de venda contínua superior a 2000 m2 ou conjuntos de estabelecimentos de comércio a retalho ou por grosso que, não dispondo daquela área contínua, integrem no mesmo espaço uma área de venda superior a 3000 m2.

HERbiciDAS - Produtos químicos, que, pela sua variedade e poder seletivo, atuam nas ervas daninhas procurando não prejudicar o normal desenvolvimento das culturas.

HORTA fAMiLiAR - Superfície normalmente inferior a 2000 m2, reservada à cultura de produtos tais como hortícolas, frutos e flores destinados fundamentalmente ao autoconsumo e não para venda.

iNfRAESTRUTURAS ViáRiAS - Rede viária destinada à circulação de pessoas e viaturas incluindo o estacionamento.

iMPORTAÇÃO - Receção de mercadorias, exportadas de um país terceiro.

iNVESTiMENTO AGRÍcOLA - Esforço financeiro que o produtor realiza, com recurso a meios financeiros próprios, a empréstimos (bancários ou informais) e/ou a subsídios (ao investimento), tendo em vista o desenvolvimento do aparelho produtivo da exploração agrícola.

MÃO DE ObRA fAMiLiAR - Pessoas pertencentes ao agregado doméstico do produtor que trabalham na exploração, bem como os membros da família do produtor que não pertencendo ao seu agregado doméstico trabalham regularmente na exploração.

MÃO DE ObRA REMUNERADA - Pessoas que recebem uma remuneração por qualquer trabalho agrícola, podendo essa remuneração ser em dinheiro e/ou géneros.

NASSA PARA cAMARÃO OU cAMAROEiRA - Arte de pesca tipo armadilha com forma de caixa, que se utiliza para capturar crustáceos. Pode ser construída com diversos materiais (ex.: madeira, varas de metal, redes de pesca, rede de metal, rede de plástico) e possui uma ou mais aberturas ou entradas (endiche). Em geral a arte é armada à noite, fazendo-a boiar de modo a apanhar o camarão que se desloca à superfície das águas. Também é usada para a captura de caranguejo.

OLEODUTO - Tubagem geralmente subterrânea, destinada ao transporte de hidrocarbonetos líquidos, dispondo frequentemente de estações de bombagem situadas ao longo do seu percurso.

PERcURSO RODOViáRiO - Movimento de um veículo rodoviário de um determinado ponto de partida para um determinado ponto de destino.

PEScA cOM REDES DE EMALHAR - Pesca efetuada com uma rede ou redes retangulares colocadas junto do fundo em posição vertical (rede fundeada) podendo também ser mantida à superfície ou próximo desta por meio de boias ou amarrada à embarcação (rede de deriva).

PEScA cOSTEiRA - Pesca efetuada em áreas bem definidas por embarcações com o comprimento de fora a fora superior a 9 m, tonelagem do motor não inferior a 35 CV ou 25 KW e autonomia estabelecida de acordo coma área da operação fixada para a embarcação.

PEScA POR ARRASTO - Pesca efetuada com estruturas rebocadas essencialmente constituídas por um corpo cónico, prolongado anteriormente por “asas” e terminando num saco onde é retida a captura. Podem atuar diretamente sobre o leito do mar (arrasto pelo fundo) ou entre este e a superfície (arrasto pelágico).

PEScA POR cERcO - Pesca efetuada com a utilização de ampla parede de rede, sempre longa e alta, que largada de uma embarcação é manobrada de maneira a envolver o cardume e a fechar-se em forma de bolsa pela parte inferior, de modo a reduzir a capacidade de fuga.

POUSADA - Estabelecimento hoteleiro instalado em imóvel classificado como monumento nacional de interesse público, regional ou municipal e que, pelo valor arquitetónico e histórico, seja representativo de uma determinada época e se situe fora de zonas turísticas dotadas de suficiente apoio hoteleiro.

POUSiO - Terras incluídas no afolhamento ou rotação, trabalhadas ou não, não fornecendo colheitas durante toda a campanha, tendo em vista o seu melhoramento. Podem apresentar-se sob as formas de: terras sem qualquer cultura, terras com uma vegetação espontânea, em certos casos utilizada pelos animais ou enterrada, terras semeadas tendo em vista à exclusiva produção de matéria verde para ser enterrada e aumentar a fertilidade do solo.

PRODUTOR AGRÍcOLA - Responsável jurídico e económico da exploração, isto é, a pessoa física ou moral por conta e em nome da qual a exploração produz, retira os benefícios e suporta as perdas eventuais, tomando as decisões de fundo relativas ao sistema de produção, investimentos, empréstimos, entre outros.

PRODUTO SEMi-AcAbADO - Produto que sofreu um processamento e necessita de novo processamento para posterior utilização (ex.: moldes em bruto vendidos por uma unidade e acabamento noutra unidade).

QUADROS E TécNicOS MéDiOS - Quadros e técnicos das áreas administrativas, comercial ou de produção com funções de organização e adaptação da planificação estabelecida superiormente, as quais requerem conhecimentos técnicos de nível médio.

QUADROS E TécNicOS SUPERiORES - Quadros e técnicos da área administrativa, comercial ou de produção da empresa com funções de coordenação nessas áreas de acordo com planificação estabelecida superiormente, bem como funções de responsabilidade, ambas requerendo conhecimentos técnico-científicos de nível superior.

RAÇA AUTócTONE - Raça originária do país onde é criada.

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REcicLAGEM DE RESÍDUOS - Qualquer operação de valorização através da qual os materiais constituintes dos resíduos são novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou para outros fins.

REDE DE DRENAGEM - Conjunto de valas, tubos subterrâneos, bombas, entre outros, com que se assegura o escoamento das águas em excesso de uma zona.

REcOLHA DE RESÍDUOS - Coleta de resíduos, incluindo a triagem e o armazenamento preliminares dos resíduos para fins de transporte para uma instalação de tratamento de resíduos.

REDE DE iNfRAESTRUTURAS - Sistemas de condutores, coletores, canais e espaços canais e seus dispositivos próprios que permitem ou facilitam a movimentação das pessoas e bens, do abastecimento e dos efluentes, da energia sob as suas diversas formas e dos transportes e comunicações (ex.: as vias rodoviárias e ferroviárias, os portos e aeroportos, as redes de abastecimento de água, as redes de esgotos e de drenagem, as condutas de gás e de petróleo, os cabos elétricos, os cabos telefónicos e de televisão, entre outros).

REGA - Aplicação de água ao solo com a finalidade de repor o nível de humidade necessário ao adequado desenvolvimento das culturas, de assegurar a sua proteção contra as baixas temperaturas, de lhes fornecer os adubos diluídos na água de rega ou de promover a lavagem dos sais em excesso do perfil do solo.

RESÍDUO AGRÍcOLA - Resíduo proveniente de explorações agrícola e ou pecuária ou similares.

SERViÇO - Valor comercializável não constituído por um objeto material.

SiSTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS URbANOS - Conjunto de equipamentos e operações associadas que são implementados com o objetivo de garantir um destino final adequado aos resíduos produzidos pela população de um ou mais aglomerados populacionais.

SiSTEMAS DE DRENAGEM - Atividades relacionadas com a construção, manutenção e reparação dos sistemas de drenagem de águas residuais.

SiSTEMAS DE TRATAMENTO DE áGUAS RESiDUAiS - Atividades relacionadas com a construção, manutenção, reparação ou substituição das estações de tratamento de águas residuais, qualquer que seja o tipo de tratamento (ex.: ETAR convencional, lagoa de estabilização ou fossas sépticas municipais).

SOLO RURAL - Aquele para o qual é reconhecida vocação para as atividades agrícolas, pecuárias, florestais ou minerais, assim como o que integra os espaços naturais de proteção ou de lazer, ou que seja ocupado por infraestruturas que não lhe conferem o estatuto de solo urbano.

SOLO URbANO - Solo ao qual é reconhecida vocação para o processo de urbanização e edificação e no qual se integram os terrenos urbanizados ou cuja urbanização seja programada.

SUPERMERcADO - Estabelecimento de venda a retalho, com uma área de exposição igual ou superior a 400 m2 e inferior a 2500 m2, que comercializando predominantemente produtos alimentares, de higiene e de limpeza, utiliza o método de venda em livre serviço.

TEcNOLOGiAS DE iNfORMAÇÃO E DE cOMUNicAÇÃO - Conjunto de infraestruturas e ferramentas eletrónicas que permitem produzir, armazenar, processar e disseminar/partilhar informação.

TELEMERcADO (TELESHOPiNG) - Método de venda a retalho em que

os bens são publicitados através da televisão devendo o interessado fazer a sua encomenda pelo número de telefone ou outro meio indicado no écran. Inclui-se na modalidade de venda à distância.

TELETRAbALHO - Trabalho à distância com recurso a meios informáticos e telecomunicações na produção e/ou transferência dos resultados do trabalho.

TERMALiSMO - Atividade com fins terapêuticos, tendo em vista a reposição do equilíbrio orgânico e a recuperação funcional, através do recurso a tratamentos com água mineral natural.

TERMAS - Locais onde emergem uma ou mais águas minerais naturais adequadas à prática de termalismo.

TERRAS ARáVEiS - Terras cultivadas destinadas à produção vegetal, as terras retiradas da produção, ou que sejam mantidas em boas condições agrícolas e ambientais e as terras ocupadas por estufas ou cobertas por estruturas fixas ou móveis.

TERRAS cOM MATAS E fLORESTAS - Terras pertencendo à exploração agrícola, ocupadas por povoamentos florestais naturais ou artificiais e cujos produtos tem aproveitamento.

TERRAS DRENADAS - Terras em que foram efetuados melhoramentos (enxugo) de modo a evitar o encharcamento das terras.

TERRENOS iNDUSTRiAiS - Terrenos destinados, principalmente, à atividade industrial (indústria extrativa e transformadora). Incluem-se nesta categoria, todas as áreas que comportem instalações e equipamentos industriais com inclusão das vias privadas, parques de estacionamento, armazéns, escritórios, entre outros. Além desta englobam-se ainda, as minas, pedreiras e instalações anexas.

TiPOS DE bARRAGENS - As barragens podem ser dos seguintes tipos: barragem de terra, de enrocamento e de betão (gravidade, arco, cúpula, entre outras).

TONELAGEM DE ARQUEAÇÃO bRUTA (TAb) - Volume interno total, do casco do navio e das superestruturas (espaços relacionados ou destinados a carga, passageiros e tripulação, à navegação e T.S.F., paióis e tanques), expresso em toneladas Moorsom ou de arqueação (iguais a 100 pés cúbicos ou 2,832 m3).

TOTAL AUTORiZADO DE cAPTURA (TAc) - Medida de gestão que limita o total de captura de um recurso pesqueiro numa área e período específicos.

TRAbALHADOR A TEMPO PARciAL - Trabalhador cujo período de trabalho tem uma duração inferior à duração normal de trabalho em vigor na empresa/instituição, para a respetiva categoria profissional ou na respetiva profissão.

TRAbALHADOR POR cONTA DE OUTRéM - Indivíduo que exerce uma atividade sob a autoridade e direção de outrém, nos termos de um contrato de trabalho, sujeito ou não a forma escrita, e que lhe confere o direito a uma remuneração, a qual não depende dos resultados da unidade económica para a qual trabalha.

TRAbALHADOR POR cONTA PRóPRiA - Indivíduo que exerce uma atividade independente, isolado ou com um ou vários associados, obtendo uma remuneração que está diretamente dependente dos lucros (realizados ou potenciais) provenientes de bens ou serviços produzidos e que, habitualmente não contrata trabalhador(es) por conta de outrém para com ele trabalhar(em). Os associados podem ser, ou não, membros do agregado familiar.

TRAbALHO VOLUNTáRiO - Trabalho não pago e não obrigatório, isto é, tempo que os indivíduos dedicam de forma livre e desinteressada a atividades não remuneradas, realizadas através de uma organização

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ou diretamente para outros indivíduos não pertencentes ao agregado familiar.

TRáfEGO AéREO iNTERNAciONAL - Tráfego aéreo efetuado entre o território nacional e o território de outro Estado ou entre territórios de dois ou mais Estados em escalas comerciais.

TRáfEGO RODOViáRiO - Qualquer movimento de um veículo rodoviário numa determinada rede rodoviária.

TRANSPORTE DE RESÍDUOS - Qualquer operação que vise transferir fisicamente os resíduos. Habitualmente considera-se que o transporte se inicia após a recolha do último contentor e termina com a descarga dos resíduos na instalação de valorização ou eliminação.

TRANSPORTE MARÍTiMO - Qualquer movimento de mercadorias e/ou passageiros utilizando navios mercantes em percursos que seja realizado total ou parcialmente no mar.

TRANSPORTE PÚbLicO REGULAR DE PASSAGEiROS - Serviço de transporte que tem as seguintes características: permite o acesso a toda a população; tem horários, frequências e períodos de operação predefinidos; tem percursos e paragens fixos e origens, destinos e áreas de operação definidos; opera de forma continuada; tem tarifário publicado; é divulgado ao público.

TRANSPORTES cOLETiVOS - Transportes em que os veículos são postos, mediante retribuição, à disposição de quaisquer pessoas sem ficarem exclusivamente ao serviço de nenhuma delas, sendo utilizados por lugar da sua lotação, segundo itinerários e frequências mínimas devidamente aprovados.

TRATAMENTO DE áGUA - Tratamento realizado no Município que confira à água boas qualidades químicas e bacteriológicas. As simples filtragens e cloragens não são abrangidas por este conceito.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS - Qualquer operação de valorização ou de eliminação, incluindo a preparação prévia à valorização ou eliminação.

TURiSMO - Atividades realizadas pelos visitantes durante as suas viagens e estadas em lugares distintos do seu ambiente habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a 12 meses, com fins de lazer, negócios ou outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no local visitado.

TURiSMO bALNEAR - Atividades destinadas à visita de estabelecimentos ou destinos apropriados para banhos, principalmente em estâncias de água mineral, onde se podem fazer banho em piscinas naturais com valor medicinal.

TURiSMO iNTERNAciONAL - Atividades desenvolvidas pelos visitantes residentes no âmbito de uma deslocação para fora do país de referência e pelos visitantes não residentes no âmbito de uma deslocação no interior do país de referência, desde que fora do seu ambiente habitual. O turismo internacional compreende o turismo recetor e o turismo emissor.

TURiSMO iNTERNO OU DOMéSTicO - Atividades desenvolvidas pelos visitantes residentes no âmbito de uma deslocação no interior do país de referência (ou região), desde que fora do seu ambiente habitual.

TURiSMO NAciONAL - Atividades desenvolvidas pelos visitantes residentes, quer no âmbito de deslocações no interior do país de referência (ou região), quer no âmbito de deslocações para fora do país (ou região) de referência, desde que fora do seu ambiente habitual. O turismo nacional compreende o turismo interno e o turismo emissor.

TURiSTA - Visitante que permanece, pelo menos, uma noite num alojamento coletivo ou particular no lugar visitado.

UTiLiZAÇÃO DO SOLO - Forma como os diferentes grupos estruturais (seres vivos ou inanimados) fazem uso do espaço.

VALOR AcREScENTADO bRUTO - Valor bruto da produção deduzido do custo das matérias-primas e de outros consumos no processo produtivo.

VALOR DA PRODUÇÃO DE UMA ATiViDADE AGRÍcOLA - Valor da atividade agrícola (vegetal ou animal) numa dada região, obtido a partir dos preços de venda à porta da exploração.

VALORiZAÇÃO DE RESÍDUOS - Qualquer operação cujo resultado principal seja: a transformação dos resíduos de modo a servirem um fim útil, substituindo outros materiais que, caso contrário, teriam sido utilizados para um fim específico; a preparação dos resíduos para esse fim, na instalação ou no conjunto da economia.

VEÍcULO fRiGORÍficO - Veículo isotérmico munido de um dispositivo de produção de frio, normalmente um equipamento mecânico (grupo frigorífico), que permite baixar a temperatura no interior da respetiva caixa e a manter constante.

VENDA DiRETA - Transação efetuada entre um produtor a um consumidor ou utilizador final sem intervenção de comerciantes ou intermediários.

VENDEDOR AMbULANTE - Agente económico que exerce o comércio a retalho de forma não sedentária, de modo itinerante e/ou em locais previamente estabelecidos.

ViAGEM TURÍSTicA - Deslocação a um ou mais destinos turísticos, incluindo o regresso ao ponto de partida e abrangendo todo o período de tempo durante o qual uma pessoa permanece fora do seu ambiente habitual.

ViA NAVEGáVEL - Rio, ribeira, canal, lago ou outra superfície de água que, devido às suas características naturais ou artificiais, seja navegável.

ViA URbANA - Rodovia integrada em aglomerados urbanos, onde o tráfego local sobreleva o tráfego de passagem. Engloba troços urbanos de estradas, avenidas, alamedas, ruas, ruelas e becos.

ViVEiRO - Unidade de engorda localizada no leito do mar, lago ou rio, como por exemplo: viveiros de bivalves.

ZONA DE PEScA - Zona (área) onde se efetua a captura.

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Bibliografia

Banco de Portugal (2009). Evolução das Economias dos PALOP e de Timor-Leste 2008-2009.

Banco de Portugal (2011). Evolução das Economias dos PALOP e de Timor-Leste 2010-2011.

C. G. D. (2007). Timor-Leste – No Caminho para o Desenvolvimento. Lisboa: Mediateca da Caixa Geral de Depósitos.

Direção Nacional de Pescas e Aquicultura. Ministério da Agricultura e Pescas. Timor-Leste (2012). Estratégia Nacional de Desenvolvimento da Aquicultura (2012-2030).

Lei n.º 7/2002. Fronteiras Marítimas do Território da República Democrática de Timor-Leste.

Partidário, M. R. (1999). Introdução ao Ordenamento do Território. Universidade Aberta. Lisboa.

Réffega, A. (1997). Conservação, uso sustentável do solo e agricultura tropical. Instituto Politécnico de Bragança.

Relatório de Desenvolvimento Humano em Timor-Leste (2006). O caminho para sair da pobreza. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento Rural Integrado.

Timor-Leste (2010). Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030.

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Eng. Agrónomo Lino borges (Timor-Leste)

créditos das fotografias

Amílcar Dias: Foto da capa, contracapa e página 1 do Manual do Aluno

Ângelo Eduardo ferreira: Fig. 26, pág. 21; Fig. 55, pág. 31; Fig. 12A e C, pág. 60; Fig. 14 B e C, pág. 61; Fig. 16A e B, pág. 62; Fig. 34 e 35, pág. 88; Fig. 41B, pág. 91; Fig. 12ª e B, 13 e 16, pág. 106; Fig. 18, 20 e 21, pág. 108; Fig. 1A e B, pág. 114; Fig. 9, pág. 116; Fig. 12A e B e 13B, pág. 118; Fig. 7 e 8, pág. 130; Fig. 12, pág. 134; Fig. 2, pág. 141; Fig. 26, pág. 149

António Almeida Serra: Fig. 1A, pág. 52; Fig. 10D, pág. 58; Fig. 8, pág. 104; Fig. 11, pág. 133; Fig. 13, pág. 134; Fig. 20, pág. 148; Fig. 23, pág. 148

Dorinda Rebelo: Fig. 11, pág. 17; Fig. 15 e 16 pág. 18; Fig. 22, pág. 20; Fig. 54, pág. 31; Fig. 24, pág. 110; Fig. 13A, pág. 118; Fig. 16, pág. 135; Fig. 12, pág. 145

Lino borges: Fig. 25, pág. 21; Fig. 56 e 58, pág. 32; Fig. 65, pág. 35; Fig. 67, pág. 37; Fig. 70 e 71, pág. 39; Fig. 76, pág. 41; Fig. 78, 79 e 80, pág. 42; Fig. 82 e 83, pág. 43; Fig. 85, pág. 45; Fig. 17, pág. 62; Fig. 23, pág. 63; Fig. 24 e 25, pág. 64; Fig. 22 e 24, pág. 148

Maurício borges: Fig. 23, pág. 20; Fig. 63, pág. 34

Nuno Pinto do Souto: Fig. 14, pág. 106

sofia deus: Fig. 33A, B e C, pág. 88

Zélia breda: Fig. 36A pág. 88; Fig. 15, pág. 145

Nota - A foto da capa, contracapa e página 1 foi gentilmente cedida por Amílcar Dias e foi tirada em 1968 na antiga aldeia de Ai-Ho (segundo Rui Cinatti, em Arquitetura Timorense, pp. 85). Esta aldeia situava-se a meio caminho, do lado esquerdo da estrada, entre Maubisse e o monte “Flecha” (também conhecido como o “Focinho de Porco”) e terá sido queimada em 1999, restando atualmente apenas as suas ruínas.

Agradecimentos

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