geografia 12º - manual do aluno
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Autores: Conceição Gomes, Margarida Morgado, Celeste Coelho. / Conceção e elaboração: Universidade de Aveiro. / Coordenação geral do Projeto: Isabel P. Martins e Ângelo Ferreira. / Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro. / Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa.TRANSCRIPT
República Democrá ca de Timor-LesteMinistério da Educação
Manual do AlunoGEOGRAFIA12. ano de escolaridade
Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste
Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Instituto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro
Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa
Manual do AlunoGeografia12.o ano de escolaridade
Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a suautilização para fins comerciais.
Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadvertidamente esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a fim deserem tomadas as providências adequadas.
TítuloGeografia - Manual do Aluno
Ano de escolaridade12.o Ano
AutorasConceição GomesMargarida MorgadoCeleste Coelho
Coordenadora de disciplinaCeleste Coelho
Consultor cientí�fico Ângelo Ferreira
ColaboradoraCristina Ribeiro BarbosaColaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina Este manual foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina, sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.
IlustraçãoJoana SantosIolanda Silva
Design e PaginaçãoEsfera Crítica Unipessoal, Lda. Iolanda Silva
1ª Edição
Conceção e elaboraçãoUniversidade de Aveiro
Coordenação geral do Projeto Isabel P. MartinsÂngelo Ferreira
Ministério da Educação de Timor-Leste
2014
ISBN978 - 989 - 753 - 112 - 5
Impressão e Acabamento Creativa Design Consultant, Lda.
Tiragem5000 exemplares
3
Índice
Unidade Temática
3 Os Recursos de Timor-Leste
4. Os recursos económicos – situação atual e cenários futuros4.1. As atividades agropecuárias – situação presente e projeção futura
4.1.1. Organização do espaço rural 4.1.1.1. Conceitos de agricultura 4.1.1.2. Agricultura tradicional, agricultura moderna e agricultura biológica 4.1.1.3. Importância da agricultura na economia mundial 4.1.1.4. Características do espaço rural 4.1.1.5. Características das paisagens agrárias 4.1.1.6. Paisagens agrárias da região intertropical 4.1.1.7. Paisagens agrárias das regiões temperadas 4.1.1.8. Paisagens agrárias das regiões do noroeste da Europa 4.1.1.9. Paisagens agrárias da região norte americana 4.1.1.10. Paisagens agrárias de Timor-Leste
4.1.2. Culturas dominantes em Timor-Leste 4.1.2.1. Cultura do arroz 4.1.2.2. Cultura do milho e de outras culturas alimentares de base 4.1.2.3. Cultura de produtos agrícolas de valor elevado 4.1.2.4. Culturas de rendimento 4.1.2.5. Outras culturas de nicho de mercado
4.1.3. Da pecuária tradicional à pecuária moderna4.1.4. Desenvolvimento rural integrado e sustentabilidade em Timor-LesteSínteseAtividades complementares
4.2. A atividade piscatória – uma estratégia para o desenvolvimento 4.2.1. Valor económico, social e cultural da atividade piscatória 4.2.2. Principais áreas de produção de pescado e de pesca em meio marítimo 4.2.3. Tipos de pesca predominantes
4.2.3.1. Principais tipos de pesca 4.2.3.2. Principais tipos de pesca existentes em Timor-Leste
4.2.4. Atividades piscatórias sustentáveis e desenvolvimento de Timor-LesteSínteseAtividades complementares
4.3. A indústria – uma necessidade para o crescimento económico4.3.1. Organização do espaço industrial
4.3.1.1. Conceitos de indústria 4.3.1.2. Espaço industrial
4.3.2. O futuro das atividades industriais4.3.3. O desenvolvimento industrial de Timor-LesteSínteseAtividades complementares
899
11
151617222629293132343536374042444649515254
58586063
68707172727585879496
4
9798
103107
111112113114118119121121122123
3 4.4. As atividades turísticas – uma estratégia para o desenvolvimento4.4.1. Recursos turísticos4.4.2. Distribuição dos recursos turísticos em Timor-Leste4.4.3. Potencialidades do turismo para o desenvolvimento sustentável de Timor-LesteSínteseAtividades complementares
4.5. O comércio – um setor em desenvolvimento4.5.1. Conceitos de comércio4.5.2. O comércio interno de Timor-Leste4.5.3. O comércio externo de Timor-Leste4.5.4. Outro tipo de comércio – o comércio justo4.5.5. Timor-Leste – comércio justo e economia solidáriaSínteseAtividades complementares
Unidade Temática
4 Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
1. Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável
1.1. O ordenamento do território – conceitos base1.2. O ordenamento do território – o caso português1.3. O ordenamento do território em Timor-Leste
Síntese Atividades complementares
2. Medidas de ordenamento do território e do ambiente2.1. A gestão dos recursos
2.1.1. A água 2.1.2. O solo 2.1.3. A agricultura
2.2. A gestão das áreas urbanas e industriais 2.2.1. A cidade 2.2.2. As áreas industriais
2.3. A gestão dos transportes e comunicações 2.3.1. Os transportes 2.3.2. As comunicações
2.4. A gestão dos resíduos Síntese Atividades complementares Glossário Bibliografia Agradecimentos
127131132136138
140140141144146146150151151153154156158159165166
APRESENTAÇÃO DO MANUAL DO ALUNOA disciplina de Geografia do 12º ano de escolaridade convida-te a conhecer os recursos económicos, disponíveis
em Timor-Leste, e que devem ser geridos numa perspetiva de crescimento, sem, no entanto, se perder de vista o
ordenamento do território e o respeito pelo ambiente nas suas múltiplas dimensões. Vais tomar contacto com os
recursos dinamizadores da economia, que contribuem para a produção de riqueza em Timor-Leste e que podem
proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da população.
Os conteúdos propostos para o 12º ano de escolaridade estão integrados nas unidades temáticas:
3 – Os recursos de Timor-Leste: características, potencialidades e ameaças;
4 – Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste.
Com o subtema Os recursos económicos – situação atual e cenários futuros, pretende-se que obtenhas respostas
para a seguinte questão orientadora: Como podemos potenciar os recursos económicos de Timor-Leste?
Com a abordagem do tema 4 vais procurar obter respostas para a seguinte questão: De que modo deve ser
promovido o ordenamento do território e a gestão sustentável de Timor-Leste?
No início de cada temática é apresentado um sumário dos temas que vão ser tratados, as finalidades dos
mesmos, as metas de aprendizagem que deves atingir no fim do seu estudo, bem como os conceitos-chave
que deves reter.
O manual apresenta as temáticas numa linguagem simples, com o recurso a muitos esquemas e fotografias,
para que possas mais facilmente alargar os teus conhecimentos. É sugerida a realização de várias atividades
práticas, que podes fazer na aula ou em casa, para que possas aplicar e aprofundar o que aprendeste. No final
de cada temática é apresentada uma síntese dos aspetos mais importantes e é proposta a realização de algumas
atividades complementares.
Esperamos que o manual de Geografia te ajude a compreender que Timor-Leste é um país com inúmeras
potencialidades em termos de recursos económicos, que devem ser geridos de forma equilibrada e procurando
a equidade, no sentido de um desenvolvimento harmonioso, garante de um futuro sustentável. O crescimento
económico de Timor-Leste deverá basear-se igualmente numa boa articulação entre o planeamento das
atividades e o ordenamento do território para não pôr em causa o desenvolvimento sustentável que se deseja.
Está nas tuas mãos ajudares a construir um país mais rico, mais coeso, mais justo e projetado para o futuro.
As autoras
O b j e t i v O s
- Caracterizar os principais recursos económicos de Timor-Leste.
- Analisar o modo como os recursos económicos podem contribuir para o desenvolvimento socioeconómico da população timorense.
- Compreender a importância dos recursos económicos no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
Unidade Temática 3Os Recursos de Timor-Leste
SUBTEMA 4Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros
3
Sumário As atividades agropecuárias – situação presente e projeção futura - Organização do espaço rural - Culturas dominantes - Da pecuária tradicional à pecuária moderna - Desenvolvimento rural integrado e sustentabilidade em Timor-Leste
FinalidadeA abordagem do subtema As atividades agropecuárias – situação presente e projeção futura pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca das atividades agrícolas, analisando o conceito de agricultura, as principais diferenças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura moderna e a importância deste tipo de atividades no contexto da economia nacional e mundial. Procura-se, também, dar a conhecer alguns conceitos relacionados com a pecuária e justificar a importância da mesma na economia timorense.
Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de agricultura. Distingue agricultura tradicional de agricultura moderna. Justifica a importância da agricultura na economia mundial. Caracteriza o espaço rural. Caracteriza diferentes paisagens agrárias. Identifica as paisagens agrárias dominantes em Timor-Leste. Indica as culturas dominantes em Timor-Leste. Justifica a importância da sustentabilidade das culturas dominantes em Timor-Leste para a economia local. Justifica a importância das culturas dominantes nas exportações de Timor-Leste. Distingue pecuária intensiva de pecuária extensiva. Conhece as principais espécies pecuárias do território timorense. Justifica a importância do desenvolvimento das atividades pecuárias na economia timorense.
SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – situaçãO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS
4.1. as atividades agrOpecuárias – SiTUAÇÃO PRESENTE E PROjEÇÃO fUTURA
UNIDADE TEMÁTICA
Os Recursos de Timor-Leste
conceitos-chave Agricultura
Agricultura biológica
Agricultura de conservação
Agricultura tradicional
Agricultura moderna
Agricultura itinerante sobre queimada
Monocultura
Policultura
Segurança alimentar
Espaço rural
Sistemas de irrigação
Rotação de culturas
Rizicultura
Agricultura de subsistência
Agricultura de plantação
Agricultura intensiva
Agricultura extensiva
Paisagens agrárias
Culturas dominantes
Culturas de rendimento
Produção orgânica
Culturas de nicho
Pecuária
Pecuária de regime intensivo
Pecuária de regime extensivo
Insegurança alimentar
Desenvolvimento rural integrado
QUESTÃO ORiENTADORADe que modo as atividades agropecuárias podem contribuir
para o desenvolvimento de Timor-Leste?
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 9
4.1. as atividades agrOpecuárias – situaçãO
PRESENTE E PROjEÇÃO fUTURA
4.1.1. Organização do espaço rural
4.1.1.1. conceitos de agricultura
Ao longo do tempo, os seres humanos, aprenderam a tirar partido da terra
e do que ela oferece, para conseguirem sobreviver sem necessitarem
de percorrer grandes distâncias para se alimentarem e se vestirem.
Aproveitando sementes que lançaram à terra e que produziram os frutos
necessários para a sua subsistência, criaram a agricultura (Figura 1 e
Quadro 1).
Figura 1 – Fotografias exemplificando diferentes práticas agrícolas.
“Artificialização pelo Homem do meio natural, com o fim de o tornar mais
apto ao desenvolvimento de espécies vegetais e animais, elas próprias
melhoradas”.
barros, 1974
“Arte de obter do solo, mantendo sempre a sua fertilidade, o máximo
lucro”.
Diehl, 1984
“A agricultura é a arte de extrair do solo, pela cultura e de uma maneira
mais ou menos permanente, o máximo da produção com o mínimo de
despesas e de esforços”.
A. chevalier
“A agricultura consiste num tipo de atividade desenvolvida pelo Homem e
que o relaciona com a Terra de uma forma metódica e sistemática, tendo
como objetivo a produção de alimentos. É comum incluir também na
agricultura a criação de gado (pecuária). A agricultura é, portanto, uma
forma de artificialização do meio natural e que vai desde a preparação
do solo e sementeira, até à colheita e armazenamento, passando pela
conservação e irrigação das culturas, o combate a pragas e a diversos outros
tipos de condicionalismos naturais e ainda as atividades de melhoria das
espécies vegetais e animais”.
www.knoow.net/ciencterravida/geografia/agricultura.htm
Quadro 1 – Algumas definições de agricultura
Unidade Temática 3 | Os Recursos de Timor-Leste
10
Ao longo do século XX as práticas agrícolas agressivas e inadequadas
destruíram bons solos agrícolas, contaminaram águas superficiais e
subterrâneas e colocaram em risco ecossistemas (Figuras 2 e 3).
Esta situação levou à necessidade de alterar a filosofia que está associada
aos padrões de produção e foi introduzido, no conceito de agricultura, o
respeito pelo ambiente e pelos seres vivos e a noção de sustentabilidade
planetária (Figura 4). Foi neste contexto que surgiu o conceito de agricultura
biológica, cuja definição se encontra apresentada no Quadro 2.
Figura 2 – Solo agrícola degradado (Brasil).
Figura 3 – Poluição em rio.
“A agricultura biológica é um sistema de produção holístico, que promove
e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade,
os ciclos biológicos e a atividade biológica do solo. Privilegia o uso de boas
práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a fatores de
produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem
ser adaptados às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que
possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em
detrimento da utilização de materiais sintéticos.”
codex Alimentarius comission, fAO/WHO, 1999
“A agricultura biológica é um tipo de agricultura que dispensa a utilização
de todo o tipo de produtos químicos quer na fertilização, quer nos
tratamentos, permitindo assim a obtenção de produtos biologicamente
puros e isentos de qualquer poluição agrícola. Pretende-se assim aumentar
o valor nutritivo dos alimentos e simultaneamente manter um elevado
grau de fertilidade do solo. Este tipo de agricultura é, em certa medida,
um regresso ao passado pois coloca de novo a ênfase na associação entre
a policultura e a criação de gado, na rotação e diversidade de culturas e na
utilização de fertilizantes naturais tal como o estrume em lugar de adubos
químicos, o que favorece a vida microbiana e impede o surgimento de
determinadas doenças”.
www.knoow.net/ciencterravida/geografia/agricultura.htm
Quadro 2 – Algumas definições de agricultura biológica
Figura 4 – Agricultura biológica.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 11
Associado à agricultura biológica aparece, muitas vezes, o conceito de
agricultura sustentável. Esta pode ser definida como uma agricultura
que promove a conservação dos recursos naturais (ex.: solo, água e
biodiversidade), que é economicamente viável e que procura a equidade
social. Aparece, também, o conceito de agricultura de conservação que
significa produzir em harmonia com a natureza e conservando as espécies
vegetais (Figura 5).
A dificuldade em definir agricultura está associada à complexidade de
que se revestem as atividades humanas, que decorrem em determinado
momento histórico, ambiente natural e contexto social. Em sentido lato a
agricultura deve ser encarada como fenómeno social.
A atividade agrícola tem de se adaptar às condições ecológicas e sociais,
que variam de lugar para lugar, sendo, por isso, bastante diversificada.
Diversificada no enquadramento paisagístico, no tipo de solos, no clima,
na adaptabilidade das plantas cultivadas e dos animais domésticos e na
presença de vegetação espontânea e de animais selvagens. Diversificada
nas atitudes e nos comportamentos dos Homens, na riqueza material e
no estatuto social dos agricultores e no papel que a agricultura tem na
economia global. Diversificada, também, na tecnologia disponível, no
equipamento utilizado, no grau de utilização do potencial produtivo dos
terrenos, nas estruturas fundiárias e na organização empresarial.
4.1.1.2. Agricultura tradicional, agricultura moderna e
agricultura biológica
As atividades agrícolas podem ser realizadas de uma forma mais tradicional,
utilizando predominantemente o trabalho manual e o auxílio da força
animal – agricultura tradicional. Podem, também, ser efetuadas de uma
forma mais moderna, com um elevado grau de mecanização e recorrendo
a tecnologias avançadas – agricultura moderna. As características que
permitem distinguir estes dois tipos de agricultura encontram-se descritas
no Quadro 3.
Figura 5 – Agricultura de conservação.
atividade 11. Após a leitura dos diferentes conceitos de agricultura responde às questões que se seguem.
1.1. Explica a evolução do conceito de agricultura.
1.2. Justifica porque se diz que a atividade agrícola é bastante diversificada.
1.3. Indica qual é o conceito de agricultura que melhor se adapta ao tipo de agricultura praticada em Timor-Leste.
1.4. Elabora o teu conceito de agricultura.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
12 | Os Recursos de Timor-Leste
características Agricultura tradicional Agricultura moderna
% de população ativa Elevada. Reduzida.
Dimensão das exploraçõesExplorações com área
reduzida.
Explorações de grandes
dimensões.
Ocupação do espaçoApenas se exploram as
terras necessárias para a
subsistência.
Exploram-se terras para
fornecer os mercados.
Ocu
paçã
o do
esp
aço
Variedade de espécies
em cada parcela da
exploração
Grande variedade de
espécies – policultura.
Geralmente apenas uma
espécie – monocultura e
especialização.
Técn
icas
de
cultu
ra
Gra
u de
mec
aniza
ção
Quase inexistente. Alfaias
agrícolas rudimentares.
Mecanização elevada das
operações de produção.
Máquinas sofisticadas.
util
izaçã
o
de
adub
os
Reduzida ou nula.
Usa-se adubo orgânico/
estrume.
Elevada utilização de
fertilizantes, herbicidas,
pesticidas e todos os
produtos químicos.
irrig
ação Dependente das
características climáticas.
Grandes investimentos nas
técnicas de irrigação.
Apoi
o
cien
tífico
Não há.
Ensaios laboratoriais para
seleção e melhoramento
das espécies.
Dependência de fatores de produçãoDepende de fatores
naturais e demográficos e
não de fatores económicos.
Depende de fatores
económicos. É influenciada
pelo mercado e por dados
externos à exploração.
cálculo económicoNão há por ausência de
competitividade.
Utilização de cálculo
económico. Análise dos
resultados, previsão
e planeamento.
Competitividade.
Quadro 3 – Características da agricultura tradicional e da agricultura moderna
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 13
características Agricultura tradicional Agricultura moderna
custos de produçãoO custo é quase apenas o
trabalho.
Inclui gastos com: salários,
tecnologia, comércio e finanças
(impostos).
Dimensão das explorações Familiar. Assalariada.
ObjetivosSubsistência da família ou
do grupo.
Fornecer o grande mercado de
produtos alimentares.
No mapa da Figura 6 encontra-se a distribuição dos principais tipos de
agricultura existentes no mundo.
Figura 6 – Distribuição mundial da agricultura tradicional e moderna.
Nas Figuras 7 e 8 encontram-se representadas a agricultura tradicional e
a agricultura moderna.
A agricultura moderna tem sido substituída, nos últimos anos, por outras
formas de trabalhar a terra, que estão em harmonia com a natureza. É
o caso da agricultura biológica, sustentável e de conservação, que difere
da agricultura moderna em vários aspetos que se encontram sintetizados
no Quadro 4.
Figura 7 – Agricultura tradicional.
Figura 8 – Agricultura moderna.
Tr—pico de Capic—rnioTr—pico de Capic—rnio
Tr—pico de C‰ncerTr—pico de C‰ncer
EquadorEquador
��ricu��ura �radiciona� ��ricu��ura �oderna
14 | Os Recursos de Timor-Leste
Quadro 4 – Diferenças entre a agricultura moderna e a agricultura biológica
Tipo de agricultura
/ característicasModerna biológica
formas de
trabalhar o solo
Lavouras profundas, que alteram
totalmente a microflora e a estrutura do
solo. A desagregação favorece a erosão
do solo.
Preocupação em respeitar e favorecer a
microflora do solo.
As lavouras são superficiais. Existe
incorporação de matéria orgânica numa
camada superficial de pouca espessura.
Rotação de culturasProcura de rentabilidade imediata.
A rotação, se existir, é curta e pouco
diversificada.
Rotação bem equilibrada e estudada, de
longa duração.
Fertilização Produtos químicos. Adubos orgânicos.
Luta contra os
inimigos
das culturas
Utilizando, por vezes, de produtos
químicos que deixam resíduos tóxicos
nos produtos alimentares, nos solos e
nas águas.
A policultura limita as pragas e os
parasitas. São usadas bactérias e insetos
para combater as pragas.
resultados obtidos
Alimentos com melhor aspeto,
mas com menor sabor e com produtos
que podem provocar doenças. Poluição
dos solos e das águas subterrâneas.
Esgotamento
dos solos.
Melhor qualidade nutritiva dos produtos
alimentares, mais saborosos e mais
saudáveis. Melhoria na fertilidade dos
solos a longo prazo, menos poluição.
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica as diferenças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura moderna em relação a: a) sistemas de cultura; b) técnicas de cultura; c) dimensão das explorações; d) objetivos.
1.2. Refere duas semelhanças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura biológica.
1.3. Justifica a importância da agricultura biológica para a saúde humana e para os solos.
1.4. Indica o tipo de agricultura predominante em Timor-Leste.
1.5. Justifica a resposta que deste na questão anterior.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 15
4.1.1.3. importância da agricultura na economia mundial
A agricultura tem como finalidade assegurar a satisfação de necessidades
básicas da população, como a alimentação e o vestuário e contribuir para
o desenvolvimento económico e social da mesma.
A alimentação é um dos aspetos fundamentais para garantir a saúde
individual e coletiva dos seres vivos, em geral, e dos seres humanos,
em particular. As pessoas precisam de alimentos saudáveis e nutritivos
em quantidade e composição adequadas, para garantirem o seu
desenvolvimento, a sua reprodução e a sua sobrevivência como espécie.
Um ser vivo bem alimentado é menos vulnerável às doenças e são, em
geral, menos fortes as suas consequências.
A agricultura, setor responsável pela produção alimentar, produz também
matérias-primas para as agroindústrias: fibras, produtos químicos e
combustíveis (biocombustíveis). Assim, o setor agrícola deve contribuir
para o crescimento das economias, através do aumento do Produto
Interno Bruto (PIB) e deve garantir a segurança alimentar de todos
os indivíduos.
Em 2011 mais de 1/3 da de população ativa mundial, ou seja 36,1%, vivia
da agricultura. No entanto, o peso da agricultura mundial na formação do
PIB era apenas de 6,1%. Esta situação está relacionada com a prática de
uma agricultura de subsistência, baseada na mão de obra intensiva, mas
de baixo rendimento e produtividade nos países em desenvolvimento.
No mercado da alimentação, como noutros produtos e serviços, há
interferências que muitas vezes subjugam a lógica das necessidades
humanas a esquemas de lucro a todo o custo, tornando os alimentos mais
difíceis de obter por certos grupos populacionais.
No entanto, a escassez de alimentos também se pode ficar a dever à pobre
utilização/rentabilização dos recursos, por exemplo a uma agricultura
mal desenvolvida, à falta de formação dos agricultores, à fraca qualidade
produtiva de certas regiões do planeta, onde os terrenos são mais pobres e
o clima é mais inóspito, entre outros. Por outro lado, se uma determinada
região for pobre e a população não tiver recursos económicos, não lhe
chegarão os alimentos que ela não produz.
A produção de alimentos, apesar de satisfazer uma necessidade humana
básica, deve comporta-se atualmente como uma mercadoria qualquer
que gera cada vez mais lucros (Figura 9).
Figura 9 – Monocultura destinada ao mercado.
16 | Os Recursos de Timor-Leste
Nos países em desenvolvimento a escassez e a baixa qualidade dos
alimentos andam associadas à fome e à pobreza, que constituem a
primeira dimensão da insegurança alimentar. Assim, o primeiro Objetivo
de Desenvolvimento do Milénio (ODM) centra-se na redução para
metade, até 2015, da percentagem da população que sofre de fome.
Alguns benefícios foram já alcançados. Em 25 anos, a taxa de pobreza no
Leste Asiático baixou de quase 60% para menos de 20%. Mas, segundo
estimativas do Banco Mundial, os efeitos da crise económica lançarão na
pobreza extrema mais 64 milhões de pessoas até 2015. Prevê-se que nos
anos seguintes as taxas de pobreza sejam ligeiramente mais elevadas do
que seriam se não tivesse havido a crise, sobretudo na África Subsariana
e no Sudeste Asiático.
A agricultura praticada de forma a criar excedentes, que eliminem o
problema da fome sistémica em algumas regiões da Terra, mas em
harmonia com o ambiente natural, é cada vez mais defendida como o
caminho para a sustentabilidade económica do planeta.
4.1.1.4. características do espaço rural
O espaço rural é a área utilizada pela agricultura e pela pecuária. Na
análise do espaço rural consideram-se alguns indicadores que lhe
conferem especificidades próprias. No Quadro 5 assinalam-se as principais
características do espaço rural.
atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica quais são os grandes objetivos da agricultura.
1.2. Refere quais são as funções dos seres vivos que estão relacionadas com a nutrição.
1.3. Indica quais são os principais produtos provenientes da agricultura.
1.4. Explica qual é o papel da agricultura nas economias nacionais.
1.5. Justifica a importância do cumprimento do 1º Objetivo de Desenvolvimento do Milénio.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
indicadores características
Ocupação do espaço Ocupação com atividades ligadas à agricultura, à silvicultura e à pecuária.
Meios de produção Os meios de produção residem na ocupação da terra.
concentração populacionalPouca densidade. Construções unifamiliares e relacionadas com a
atividade agrícola.
atividades económicasConcentração da mão de obra em atividades do setor primário e atrofia
dos setores secundário e terciário.
Deslocações diárias Reduzidas e quase sempre dentro do meio rural.
AcessibilidadeRede de transportes e de comunicação pouco densa em termos espaciais
e temporais.
Quadro 5 – Características do espaço rural
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 17
O espaço rural apresenta variações relacionadas com o aspeto dos
campos, a variedade das culturas, a intensidade de aproveitamento do
solo e a densidade populacional. Estas variações originam paisagens
agrárias muito distintas.
4.1.1.5. características das paisagens agrárias
As paisagens agrárias incluem os campos cultivados, os edifícios de apoio,
as habitações, a rede de caminhos, os espaços incultos, as florestas, os
canais de irrigação e os de drenagem (Figura 10).
Uma paisagem agrária é constituída por três elementos fundamentais: o
sistema de cultura, a morfologia agrária e o habitat/povoamento.
Seguidamente clarificamos os três elementos fundamentais da
paisagem agrária.
Sistema de cultura – É o tipo de associação de plantas cultivadas num
determinado solo e a intensidade da ocupação desse solo ao longo do ano
(Quadro 6 e Figuras 11 e 12).
Figura 10 – Paisagem de agropecuária moderna.
indicadoresSistema
de culturacaracterísticas
Associação
de plantas
PoliculturalSistema baseado no cultivo
de várias espécies na mesma
parcela.
Monocultural
Sistema baseado no cultivo
de uma única espécie em uma
parcela, geralmente de grandes
dimensões.
Ocupação
do solo
intensivo
Sistema em que há uma ocu-
pação permanente do solo ao
longo do ano, com elevados
rendimentos.
Extensivo
Sistema em que não há uma
ocupação permanente do solo
ao longo do ano, com baixos
rendimentos.
Quadro 6 – Sistemas de culturaFigura 11 – Policultura de produtos hortícolas na região de Ermera (Timor-Leste).
Figura 12 – Monocultura de arroz na região de Bobonaro (Timor-Leste).
18 | Os Recursos de Timor-Leste
Morfologia agrária – É o aspeto e a disposição relativa dos campos, das
pastagens, das florestas e dos caminhos (Quadro 7 e Figuras 13 e 14).
indicadores características
campo
fechado
As parcelas são irregulares, de pequenas dimensões,
vedadas por muros de pedra e sebes de arbustos, para
protegeram as culturas do gado e do vento. A rede
de caminhos é densa e irregular. As florestas estão
dispersas entre os campos agrícolas.
campo
aberto
As parcelas são de forma geométrica, de grandes
dimensões e sem qualquer vedação. A rede de
caminhos, que faz a ligação entre a aldeia e os campos,
é pouco densa e regular. As florestas ocupam uma área
específica afastada dos campos agrícolas.
Quadro 7 – Morfologia agrária
Figura 13 – Paisagem de campo fechado.
Figura 14 – Paisagem de campo aberto.
Habitat/Povoamento características
concentradoAs habitações estão próximas e agrupadas
em aglomerados.
DispersoAs habitações estão mais ou menos separa-
das e não formam aglomerados.
Quadro 8 – Tipo de habitat/povoamento
Habitat/Povoamento – Está relacionado com a disposição das habitações
no espaço agrário (Quadro 8 e Figuras 15 e 16).
Figura 15 - Povoamento concentrado em Ermera (Timor-Leste).
Figura 16 - Povoamento disperso nos arredores de Ermera (Timor-Leste).
atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Apresenta as diferenças entre sistema de cultura: a) intensivo e extensivo; b) monocultural e policultural.
1.2. Caracteriza a morfologia agrária de campo fechado.
1.3. O povoamento na tua área de residência é concentrado ou disperso?
1.4. Justifica a resposta que deste na questão anterior.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 19
As paisagens agrárias são o resultado da conjugação de diversos fatores
que, ao longo do tempo, contribuíram para a organização do espaço
agrário. Estes fatores podem dividir-se em:
● fatores naturais (ex.: clima, relevo, solo e recursos hídricos);
● fatores humanos (ex.: morfologia agrária, sistemas de cultura,
formas de exploração da terra, tecnologias usadas, exigências
do mercado e densidade populacional).
De seguida abordamos a importância de cada um dos fatores.
clima – O clima exerce uma influência direta nas plantas cultivadas e
uma influência indireta sobre o solo que suporta as plantas. O clima
de uma região é condicionado pela latitude, pelo relevo e pela sua
orientação e pela proximidade ou afastamento do mar. Normalmente,
para caracterizar um clima usam-se os seguintes elementos:
temperatura e precipitação.
Na Figura 17 apresenta-se a distribuição dos climas mundiais.
Figura 17 – Distribuição dos climas mundiais.
As espécies vegetais cultivadas variam significativamente em função
do clima de cada região. Algumas espécies vegetais, típicas de climas
temperados, suportam amplitudes térmicas diárias e anuais elevadas,
como é o caso da vinha (Figura 18). Há outras que não toleram grandes
variações de temperatura e que aparecem na região intertropical, como é
o caso da banana (Figura 19).
20 | Os Recursos de Timor-Leste
Relativamente à disponibilidade natural de água há plantas que necessitam
de muita água para se desenvolverem como o arroz (Figura 20), enquanto
outras podem sobreviver em condições de reduzida precipitação e
humidade, como é o caso dos catos (Figura 21).
Figura 18 – Vinha em região temperada.
Figura 20 – Arrozal na região de Bobonaro (Timor-Leste).
Figura 19 – Bananeiras em região tropical.
Figura 21 – Cato em região desértica.
Relevo – O relevo exerce uma influência direta sobre os solos utilizados
na agricultura. Os solos das áreas planas são, geralmente, mais férteis.
Nas regiões elevadas os solos podem sofrer o efeito da erosão, devido à
intensa precipitação e à influência do vento (Figura 22).
Para ultrapassar os condicionalismos do relevo e os problemas da
degradação dos solos, o Homem, muitas vezes, constrói terraços ou
socalcos, que dão às paisagens agrárias um aspeto muito particular
(Figura 23). Figura 22 – Efeito da erosão numa encosta a caminho de Aileu (Timor-Leste).
Figura 23 – Terraços/socalcos em Venilale (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 21
Solo – O solo é formado por matéria orgânica, por matéria mineral e por
água. A formação do solo depende da rocha-mãe, do clima, da cobertura
vegetal e do tempo. Um solo evoluído é constituído por várias camadas
(horizontes), sendo mais fértil se possuir uma camada de matéria orgânica
(húmus) bem desenvolvida. Um solo fértil, para assim ser considerado,
deve ter uma significativa quantidade e variedade de nutrientes naturais
e um nível de acidez ideal que permita o desenvolvimento de uma
determinada espécie vegetal. As paisagens agrárias refletem, por isso, o
tipo de solo que favorece o desenvolvimento das plantas (Figuras 24 e 25).
Recursos hídricos – Os recursos hídricos estão relacionados com a
quantidade de água disponível para o Homem utilizar, nomeadamente
na prática da agricultura. A produção agrícola é maior em locais onde a
precipitação é abundante e regular e onde há disponibilidade de água
superficial ou subterrânea, que permitem manter a agricultura de
regadio. A abundância de água origina paisagens agrárias com um aspeto
verdejante (Figura 26). Em locais onde a água é um recurso escasso
pratica-se uma agricultura de sequeiro (Figura 27).
Figura 24 – Solo pouco evoluído e impróprio para a agricultura, na estrada entre Díli e Baucau (Timor-Leste).
Figura 25 – Solo fértil na região de Maliana (Timor-Leste).
Figura 26 – Paisagens verdejantes na região de Viqueque (Timor-Leste).
Figura 27 – Agricultura de sequeiro (Alentejo, Portugal).
Morfologia agrária – A morfologia agrária pode assumir a forma de campo
aberto ou de campo fechado, o que torna as paisagens agrárias muito
distintas.
Sistemas de cultura – Os sistemas de cultura podem ser intensivos ou
extensivos. O sistema intensivo está, geralmente, associado à policultura,
enquanto que o sistema extensivo está relacionado com a monocultura.
formas de exploração da terra – A exploração da terra pode fazer-se por
conta própria ou por conta de outrem, onde se recorre ao arrendamento
ou ao empréstimo gratuito das terras não utilizadas pelos proprietários.
22 | Os Recursos de Timor-Leste
Quando o agricultor é o proprietário da terra os cuidados com as
atividades agrícolas aumentam, o que dá à paisagem um aspeto
cuidado. O arrendamento pode, no entanto, contribuir para que as
terras não fiquem incultas, por abandono do seu proprietário. Por
vezes também se recorre à constituição de associações ou cooperativa,
onde os agricultores se unem para rentabilizarem o solo, através da
junção de parcelas (emparcelamento), e racionalizarem as atividades
de produção.
Tecnologias usadas – As tecnologias utilizadas na agricultura passam,
muitas vezes, pelo uso de: sistemas de irrigação, produtos químicos,
ensaios laboratoriais para melhoramento das espécies, combinações
culturais (ex.: afolhamento e rotação de culturas), corretivos dos solos,
estufas, entre outras.
Exigências do mercado – O mercado exerce uma enorme pressão sobre
a produção agrícola e sobre a qualidade dos produtos vendidos. Face às
exigências do mercado, tanto em quantidade como em qualidade, podem
produzir-se mais cereais, mais oleaginosas ou mais frutos frescos, dado
que a procura condiciona a oferta.
Densidade populacional – Nas áreas rurais, onde a densidade populacional
é muito elevada, pratica-se uma agricultura baseada no aproveitamento
da mão de obra, o que torna as paisagens autênticos jardins, como
acontece na cultura do arroz (Figura 28).
4.1.1.6. Paisagens agrárias da região intertropical
agricultura itinerante
Nas regiões tropicais húmidas da Ásia, da África e da América, é
frequente uma forma de agricultura muito primitiva, designada por
agricultura itinerante sobre queimada, como acontece ainda em
Timor-Leste. É uma forma de trabalhar a terra em que os terrenos
cultivados rodam ao longo do tempo. Inicialmente escolhe-se um local,
para abrir uma clareira. Este local é determinado pela presença de certas
espécies arbóreas que permitem perceber se o terreno é fértil. Na época
seca derruba-se a floresta e queima-se a vegetação derrubada, para
limpar o espaço e para fertilizar o solo com as cinzas produzidas durante
a queimada (Figura 29).
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Explica qual é a influência do clima nas diferentes paisagens agrárias.
1.2. Justifica a presença de terraços /socalcos em áreas montanhosas.
1.3. Classifica o tipo de agricultura de acordo com a disponibilidade de recursos hídricos.
1.4. Refere quais são as vantagens do arrendamento do espaço agrícola.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 28 – Rizicultura na Indonésia.
Figura 29 – Preparação do solo com a utilização de queimadas.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 23
Figura 30 – Homem a trabalhar a terra.
No início da estação húmida a população que vive da agricultura, ajudada
pela utilização de instrumentos agrícolas simples, faz a sementeira ou a
plantação (Figura 30).
Em regra, nestas regiões o povoamento é concentrado e cada habitante
da aldeia possui uma parcela na clareira, junto da qual pode construir
um abrigo temporário para evitar deslocações da aldeia para o campo.
Quando a distância entre a clareira e a aldeia é grande, muitas vezes,
chega-se mesmo a mudar a aldeia.
À medida que o solo se vai tornando cada vez menos fértil, o que pode
acontecer ao fim de dois ou três anos, abre-se nova clareira e rodam-se
os campos. Se a clareira abandonada não for muito grande, ao fim de dez
ou vinte anos encontra-se nela desenvolvida uma floresta secundária e
inicia-se um novo ciclo. Se a clareira for muito grande a sua recuperação
pode demorar cerca de cem anos.
Na clareira pratica-se a policultura extensiva. Em cada parcela surgem
várias culturas, como o milho, o feijão, a batata-doce, a mandioca, a
abóbora, a banana e a cana de açúcar, entre outras. Os alimentos são
produzidos de forma aparentemente desordenada, conferindo ao espaço
agrário um aspeto caótico, que, no entanto, protege o solo da erosão
acelerada e retarda o seu empobrecimento. Junto das povoações podem
cultivar-se pequenas parcelas e aproveitam-se as espécies arbóreas, que
nascem espontaneamente, como é o caso das árvores de fruto.
Este tipo de agricultura não é muito compatível com a criação de gado,
embora possa haver criação de gado miúdo (ex.: galinhas, porcos, ovelhas,
cabras) e até de alguns bois. Em regra, os animais recebem poucos cuidados,
mas são importantes para a dieta alimentar das famílias (Figura 31).
A agricultura itinerante sobre queimada não é muito exigente em mão
de obra, dado que o maior trabalho está relacionado com o derrube
da floresta (abertura da clareira). A produtividade por indivíduo e o
rendimento da terra são muito reduzidos, devido aos seguintes fatores:
● baixo nível tecnológico, que não permite uma melhor utilização
da terra;
● pobreza dos solos tropicais, relacionada com o desequilíbrio criado
nos ecossistemas devido à destruição da floresta natural (abertura
da clareira);
● destruição da parte superior do solo, devido ao efeito das elevadas
temperaturas e da intensa precipitação. Figura 31 – Gado em Timor-Leste (A – cabras, B – bovinos).
A
B
24 | Os Recursos de Timor-Leste
A agricultura itinerante sobre queimada necessita de um grande
espaço para alimentar uma pequena quantidade de população e
está associada a locais com densidades populacionais reduzidas.
No continente asiático a agricultura itinerante sobre queimada ocupa
menor espaço do que nos outros continentes, uma vez que este
tipo de agricultura foi substituído por uma agricultura permanente
e intensiva.
agricultura sedentária de sequeiro
Nas regiões de clima tropical com uma estação seca muito
prolongada pratica-se a agricultura de sequeiro, que está associada
à sedentarização da população. Neste tipo de agricultura há um
maior rendimento do solo, dado que se recorre à criação de gado
e à fertilização dos campos com adubo orgânico produzido pelos
animais (estrume). Permite, por isso, alimentar áreas de elevada
densidade populacional.
Agricultura irrigada dos oásis
Na região intertropical, à medida que se caminha para norte e
para sul, a pluviosidade vai sendo cada vez mais escassa até se
tornar nula nos trópicos. Na zona desértica quente as condições de
secura não favorecem o desenvolvimento da agricultura. Apenas
nos oásis as práticas agrícolas conhecem algum desenvolvimento,
devido aos processos de irrigação utilizados. Os oásis podem
aparecer em locais onde há uma camada de rocha impermeável
nos níveis inferiores, pelo que a toalha freática se localiza próximo
da superfície (Figura 32). A prática da agricultura irrigada surge,
também, nas margens de rios que nascem em regiões de clima
húmido e que percorrem as áreas desérticas, como é o caso dos
rios Nilo, Tigre e Eufrates (Figura 33).
Figura 32 – Oásis no Egito.
Agricultura na ásia das Monções
Na Ásia das Monções, onde mais de 50% da população ativa trabalha
no setor primário, desenvolveu-se a cultura do arroz ou a rizicultura.
Trata-se de um tipo de agricultura de subsistência em que a produção
do arroz é a base alimentar de uma população numerosa. O sistema de
cultura é intensivo, obtendo-se mais de uma colheita anual em diversas
regiões. As parcelas são de reduzidas dimensões, de forma geométrica,
separadas por diques, que funcionam como caminhos e permitem reter
a água.
atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Caracteriza a agricultura itinerante sobre queimada.
1.2. Justifica os fracos rendimentos e a baixa produtividade que estão associados à agricultura itinerante sobre queimada.
1.3. A agricultura itinerante sobre queimada é praticada em Timor-Leste? Porquê?
1.4. Distingue a agricultura itinerante sobre queimada da agricultura sedentária de sequeiro.
1.5. Caracteriza o tipo de agricultura que está associada aos oásis.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 33 – Plantação nas margens do rio Nilo.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 25
O povoamento concentra-se em pequenas elevações, geralmente não
inundáveis, devido à pressão demográfica e às condições naturais do
clima, do relevo e do solo.
Como todo o terreno é necessário para a agricultura, a criação e o uso
de animais nos trabalhos agrícolas é muito limitada. A maior parte dos
trabalhos é efetuada pelo Homem, com o auxílio de instrumentos agrícolas
simples. Assim, a produtividade por indivíduo é bastante reduzida, embora
o rendimento por área tenha valores razoáveis.
A rizicultura apresenta diferenças em função do relevo. Nas planícies
domina a cultura alagada, onde o solo coberto de água fica protegido
das temperaturas elevadas e da ação da chuva e do vento (Figura 34). As
águas de inundação e de irrigação, carregadas de aluviões em suspensão
e de nutrientes dissolvidos, contribuem para a fertilização dos solos. Nas
áreas elevadas surgem os terraços ou socalcos que permitem a existência
de campos alagados de arroz em zonas de forte declive (Figura 35).
O arroz adapta-se a uma grande variedade de solos. Os melhores são os
aluviais, com um subsolo impermeável que permite conservar a água
à superfície, mas sem estagnar. As planícies aluviais são especialmente
indicadas para a cultura do arroz, dada a sua topografia e a proximidade
da água.
Figura 34 – Cultura alagada do arroz na China.
Figura 35 – Terraços de arroz no Vietname.
atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Caracteriza a rizicultura em relação aos seguintes aspetos: a) sistema de cultura; b) densidade populacional; c) dimensão das parcelas; d) rede de caminhos; e) criação de gado.
1.2. Indica quais são as vantagens da prática da cultura alagada de arroz relativamente à cultura de arroz em terraços.
1.3. Explica de que forma a cultura do arroz condiciona os hábitos alimentares das sociedades orientais.
1.4. Indica qual é a importância da rizicultura da Ásia das Monções na economia mundial.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Agricultura de plantação
Na região intertropical a agricultura tradicional permanece a par de uma
agricultura moderna voltada para o mercado – a agricultura de plantação
(Figura 36). Trata-se de uma agricultura voltada para a exportação, que
recorre a apoio técnico, científico e tecnológico. O seu objetivo principal é
rentabilizar ao máximo a terra e o investimento. Figura 36 – Plantação de café.
26 | Os Recursos de Timor-Leste
As plantações localizam-se, preferencialmente, nas zonas costeiras de
acesso fácil aos portos. Se as plantações estiverem localizadas no interior
são servidas por linhas de caminho de ferro próprias para o transporte
dos produtos. As plantações ocupam vastas áreas uma vez que o espaço é
gratuito ou muito barato.
O tipo de agricultura praticado nas plantações é intensivo e monocultural,
o que promove as atividades de produção e os circuitos de comercialização.
O destino dos produtos é o mercado concorrencial, cada vez mais
agressivo e baseado em preços muito baixos. A agricultura de plantação
é muito mecanizada e recorre a apoio científico para adaptar a produção
às condições naturais (ex.: clima, solo). Recorre, também, a ensaios
laboratoriais para a seleção de sementes e para estudar doenças e pragas,
bem como os meios de as combater.
A agricultura de plantação provoca, muitas vezes, problemas ambientais e
socioeconómicos, como a seguir se indicam:
● a localização, em regiões de clima tropical com secas prolongadas e
chuvas intensas, pode ter um efeito devastador sobre as culturas e
os solos (Figura 37). O clima tropical é propício ao desenvolvimento
de pragas e de doenças que destroem as culturas;
● o sistema intensivo e monocultural destrói a capacidade produtiva
do solo e conduz ao seu esgotamento e à erosão;
● o uso de produtos químicos contamina os solos e os lençóis de água
subterrâneos;
● a produção rege-se pela lei da oferta e da procura. Aumentando
a procura aumenta a produção. Havendo excesso de produção
a tendência será para que os preços baixem, podendo causar
prejuízos.
4.1.1.7. Paisagens agrárias das regiões temperadas
Agricultura nas regiões mediterrânicas
As paisagens agrárias nas regiões mediterrânicas traduzem a adaptação da
agricultura a fatores naturais, tais como: verão quente, seco e prolongado;
inverno pouco frio; relevo acidentado de elevadas montanhas, planaltos,
cabeços e planícies; e solos, geralmente, pobres.
Os fatores históricos e a adaptação da agricultura a técnicas modernas
explicam, também, a originalidade da ocupação do espaço agrário. Na
região do Mediterrâneo ocorreram invasões de vários povos (ex.: fenícios,
gregos, cartagineses, romanos, mouros), que com os seus padrões
atividade 81. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Caracteriza a agricultura de plantação em relação a:
a) sistema de cultura;
b) densidade populacional;
c) dimensão das parcelas;
d) rede de caminhos;
e) destino dos produtos.
1.2. Indica as principais diferenças existentes entre a agricultura de plantação e a agricultura tradicional.
1.3. Apresenta dois problemas ambientais resultantes da agricultura de plantação.
1.4. Apresenta uma noção de superprodução.
1.5. Indica qual é a importância da agricultura de plantação na economia mundial.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 37 - Solo degradado em região tropical.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 27
culturais influenciaram a forma de ocupação do solo. Deve-se aos árabes a
introdução de novas culturas, como o arroz e o algodão e o desenvolvimento
de técnicas de irrigação. A população autóctone, para se defender dos
invasores, refugiou-se em áreas elevadas e construiu muralhas gerando
um povoamento concentrado. A expulsão dos muçulmanos deu origem
aos grandes latifúndios que estiveram na posse das Ordens Militares e da
Nobreza e que mais tarde passaram para as mãos da burguesia.
Nas pequenas planícies, em regiões de verão mais quente e seco,
aparecem os cereais (ex.: trigo, cevada, aveia) semeados em regime
de afolhamento bienal ou trienal com pousio (Figuras 38 e 39).
Trata-se da divisão das terras em parcelas ou folhas, onde se semeia uma
espécie diferente em cada parcela e pode deixar-se uma em descanso
para regenerar o solo. Neste sistema há rotação das culturas. Figura 38 – Campo de cereais.
A existência de recursos hídricos (ex.: nascentes, rios) permite um
aproveitamento agrícola mais intensivo com produção hortícola e frutícola
(Figuras 40 e 41).
As encostas são aproveitadas para culturas arbustivas e arbóreas com
adaptações a climas secos, como a vinha, a oliveira, o castanheiro, a
amendoeira e a figueira (Figuras 42 e 43). Nas áreas mais altas de solo
pobre e pedregoso cria-se gado miúdo (ex.: ovelhas, cabras).
Figura 40 – Produção hortícola.
Figura 41 – Produção frutícola.
Figura 42 – Amendoeiras em flor.
Figura 39 – Afolhamento trienal.
1¼ ANO
2¼ ANO
3¼ ANO
A���A����O
�O���O
�O���OA���A
����O
����O�O���O
A���A
28 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 43 - Apanha de azeitona em olival.
Nos planaltos secos, com verão muito quente e inverno muito frio,
predomina a cultura extensiva de cereais. Trigo, centeio, cevada e aveia
são semeados em regime de afolhamento com pousio. A escassa água
disponível é aproveitada ao máximo nas parcelas em descanso, onde, por
vezes, se semeiam leguminosas (ex.: trevo, tremoço) para aumentar a
fertilidade do solo.
Nas grandes planícies aparecem sobreiros e azinheiras e o gado (ex.:
vacas, ovelhas, cabras) pasta livremente nas terras em pousio. Nas altas
montanhas as pastagens de verão são um recurso que permite a criação
de gado durante esse período do ano.
A agricultura mediterrânica está bem adaptada às condições adversas
do clima e do relevo, porque as técnicas utilizadas têm conduzido a um
enorme aproveitamento do espaço agrário. No verão quente e seco, a
rega é fundamental, dado que permite cultivar plantas originárias de
climas mais húmidos de modo mais intensivo. Foram introduzidas várias
espécies de folha caduca exigentes em água durante o verão, como o
pessegueiro, o damasqueiro e a amoreira (Figuras 44 e 45). As espécies
tropicais que não toleram o frio do inverno e necessitam de muita água e
de calor no verão como o milho, o tomate, o melão, a abóbora, o arroz, o
algodão e o amendoim também encontraram nestas regiões um habitat
propício para o seu desenvolvimento (Figuras 46 e 47).
Figura 44 – Pessegueiro.
Figura 46 – Milho.
Figura 45 – Amoreira.
Figura 47 – Algodão.
atividade 91. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica quais são os fatores naturais que influenciam as paisagens agrárias mediterrânicas.
1.2. Explica em que consiste o afolhamento trienal.
1.3. Refere quais são as culturas dominantes nas encostas das regiões mediterrânicas.
1.4. Justifica o facto de ser reduzida a população ativa que trabalha na agricultura no noroeste da Europa.
1.5. Indica o principal destino dos produtos agrícolas produzidos no noroeste da Europa.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 29
4.1.1.8. Paisagens agrárias das regiões do noroeste da Europa
Agricultura nas regiões no noroeste da Europa
O noroeste da Europa é densamente povoado, urbanizado e industrializado.
Nele predomina uma agricultura mista, em que se associam várias
culturas à pecuária. Trata-se de uma agricultura voltada para o mercado
e que depende das suas necessidades. Este tipo de agricultura está muito
industrializada, utilizando as matérias-primas agrícolas para produzir em
grandes quantidades o que a população precisa.
As explorações agrícolas estão dimensionadas racionalmente, evitando as
parcelas de grandes dimensões (latifúndios) e as de reduzidas dimensões
(minifúndios) (Figuras 48 e 49). Nelas há uma grande mecanização das
atividades agrícolas, não sendo precisa muita mão de obra. A terra é
explorada por conta própria ou por conta de outrem (arrendamento) e,
por vezes, há a constituição de associações de agricultores.
Figura 48 – Campo fechado de reduzidas dimensões (Irlanda).
Figura 49 – Campo aberto de grandes dimensões (Inglaterra).
Os agricultores do noroeste da Europa foram pioneiros na agricultura e
na pecuária científicas. Além de criarem gado, cultivam principalmente
cereais, frutas e verduras.
4.1.1.9. Paisagens agrárias da região norte americanaAgricultura na região norte americana
Nos Estados Unidos da América e no Canadá o desenvolvimento da
agricultura foi relativamente tardio. Os colonos europeus quando chegaram
a estas regiões encontraram grandes espaços despovoados e com solos
aptos para a prática agrícola. Os conhecimentos técnicos e tecnológicos
provenientes da Europa levaram ao desenvolvimento de uma agricultura
e pecuária praticadas em regime extensivo, com produção em massa e
voltada para o mercado. Este sistema agrícola era praticado em amplos
espaços, utilizava muita maquinaria e pouca mão de obra. A produção em
série e especializada caracterizava, também, a agricultura norte-americana.
No final do século XVIII o governo norte-americano colocou em prática
30 | Os Recursos de Timor-Leste
o sistema Township que consistia na divisão do território em
quadrados com 1 milha de lado, que eram divididos em 4 lotes
menores (Figura 50). Estes foram cedidos aos colonos gratuitamente.
No final de 5 anos os colonos tomavam posse definitiva da terra, caso tivessem
cumprido o compromisso de trabalhar a terra e de construir a sua habitação.
Cada conjunto de 36 secções constituía uma unidade administrativa que
era designada por township. No centro de cada township havia uma secção
comum para a edificação de escolas e de outras instalações, quatro secções
eram destinadas ao Estado e as outras 31 eram entregues aos agricultores.
Este sistema marca a paisagem agrária dos Estados Unidos. Caracteriza-se por
apresentar: campos quadrados de grandes dimensões (latifúndios); rede de
caminhos retilínea; casas isoladas junto às vias de comunicação; e povoamento
concentrado junto dos cruzamentos das estradas e próximo das linhas de
caminho de ferro.
Os primeiros colonos que chegaram ao Canadá utilizaram o rio São
Lourenço como via de comunicação e de transporte para se movimentarem. A
ocupação das planícies pelos imigrantes europeus fez-se segundo um padrão
geométrico. Cada colono recebeu uma parcela retangular, perpendicular ao
rio, onde construiu a sua habitação e que se designou de 1º rang (Figura 51).
Figura 51 – Esquema da paisagem de rang.
Figura 52 – Culturas segundo as curvas de nível.
Posteriormente, novos lotes foram definidos a partir de um caminho
paralelo ao rio e que constituiu o 2º rang. Para evitar a degradação dos
solos nas vertentes das colinas, devido à erosão provocada pelas chuvas,
as culturas podem fazer-se segundo as curvas de nível (Figura 52).
Outra forma de prevenir a erosão do solo consiste na cultura em bandas.
Neste sistema a sementeira é feita com intervalos de algumas semanas
e a paisagem apresenta um colorido de acordo com a idade das plantas.
Podem aparecer bandas verdes, amarelas e castanhas.
Rio Estrada
1º R
ANG
1º R
ANG
2º R
ANG
3º R
ANG
Figura 50 – Esquema de paisagem agrária de Township.
1 milha
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 31
Os sistemas agrícolas norte-americanos foram possíveis pelas seguintes
razões: existência de vastas áreas com reduzida população; ausência de
estruturas agrárias anteriores; e avançados conhecimentos técnicos e
tecnológicos aplicados.
4.1.1.10. Paisagens agrárias de Timor-Lesteagricultura timorense
Em Timor-Leste mais de 60% da população ativa trabalha no setor
primário, especialmente na agricultura. A maioria dos agricultores pratica
uma agricultura de subsistência, plantando e colhendo o que precisa para
sobreviver. As explorações agrícolas são de reduzidas dimensões e são
poucos os grandes produtores agrícolas.
Os agricultores têm na terra a sua mais-valia económica, mas a média de
posse de terra é cerca de 0,4 hectares por pessoa. De entre a metade mais
pobre da população timorense que tem acesso à terra, a média possui
uma área inferior a 0,22 hectares. Menos de 5% da população com acesso
à terra possui mais do que um hectare per capita (Figura 53).
Atualmente o processo de registo de terras é muito frágil, o que contribui
para a lentidão do desenvolvimento agrícola. Esta situação pode não
colocar problemas aos agricultores de subsistência, mas dificulta o
recurso ao crédito bancário se o empresário agrícola quiser modernizar
a sua exploração. Para obter um empréstimo o agricultor tem que provar
que o terreno em causa lhe pertence e como não consegue obter essa
garantia fica impedido de aceder ao financiamento.
Grande parte do solo timorense está coberto por vegetação espontânea
e quase metade do território é destinado à silvicultura (Figura 54). A área
com aptidão florestal ocupa cerca de 27% do país e 12,5% está coberta por
mato. Cerca de 18% da área de Timor-Leste é própria para a agricultura,
mas apenas 12% são cultivados, aproveitando-se para as práticas agrícolas
2/3 do espaço disponível.
Aproximadamente 35% dos solos são considerados aptos para a exploração
agroflorestal, sobretudo para a pecuária extensiva.
Na parte norte da ilha, a leste de Manatuto, encontram-se os melhores
solos agrícolas. No distrito de Aileu aparecem algumas zonas irrigadas,
enquanto que na costa sul, nas imediações de Viqueque, surgem pequenas
áreas dispersas junto aos cursos de água (Figura 55).
Fonte: PAP (2003)
Figura 53 – Posse de terras em Timor-Leste per capita.
Figura 54 – Floresta em Lautém (Timor-Leste).
Figura 55 – Áreas irrigadas em Viqueque (Timor-Leste).
32 | Os Recursos de Timor-Leste
Os solos mais aptos para a silvicultura localizam-se na metade sul da ilha,
sobretudo nos distritos ocidentais, e existem algumas florestas dispersas
nos distritos de Liquiçá e de Ermera.
Nas regiões montanhosas as culturas de regadio e de sequeiro aparecem
em terraços/socalcos. As culturas do milho e do arroz, que necessitam de
irrigação ou mesmo terrenos alagados, aparecem na metade leste, tanto
na costa norte como na costa sul e a oeste, no distrito de Bobonaro.
A criação de animais é predominantemente extensiva, uma vez que
são deixados livres para se alimentarem, naturalmente ou através de
forragens, e se reproduzirem. Mas, há algumas explorações pecuárias
que criam animais em regime intensivo, cujos produtos se destinam ao
mercado. É o caso da criação de aves poedeiras, para produção de ovos, e
de alguns bovinos (Figuras 56 e 57).
Figura 56 – Aviário em Ermera (Timor-Leste).
atividade 101. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Menciona o tipo de agricultura predominante em Timor-Leste.
1.2. Caracteriza a dimensão da maior parte das explorações agrícolas existentes em Timor-Leste.
1.3. Indica em que regiões de Timor-Leste se localizam as maiores explorações agrícolas.
1.4. Relaciona o poder económico dos agricultores timorenses com a dimensão das explorações agrícolas que possuem.
1.5. Indica quais são as consequências da inexistência de serviços de registo de terras.
1.6. Qual é a percentagem do território timorense apropriada para a agricultura?
1.7. Refere qual é a localização dos melhores solos agrícolas e florestais em Timor-Leste.
1.8. Caracteriza as paisagens agrárias das áreas montanhosas de Timor-Leste.
1.9. Indica qual é o regime de criação de gado predominante em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 57 – Criação intensiva de bovinos na região de Liquiçá (Timor-Leste).
4.1.2. culturas dominantes em Timor-Leste
Timor-Leste é essencialmente agrícola e os solos são propícios à cultura
do café, da noz moscada, da pimenta, do sândalo branco, da palmeira,
do coqueiro, do tabaco, do milho, do arroz, do abacate, do algodão, da
mandioca, do sagu, da cana-sacarina, da batata doce, da sumaúma, da
manga, da jaka, da anona, do ananás, da papaia, da banana, da batata, da
laranja, da toranja e de outros citrinos, do figo, do melão, da melancia e
de uma grande variedade de espécies hortícolas (Figura 58).
Cerca de 63% das famílias timorenses estão diretamente ligadas à
produção agrícola, com destaque para a produção de milho, de mandioca
e de vegetais, tal como se pode constatar no gráfico da Figura 59. Apenas
25% das famílias produzem arroz, que é um produto alimentar central.Figura 58 – Produção de feijão verde na Escola de Natarbora (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 33
Figura 59 – Principais produções agrícolas existentes em Timor-Leste.
Salienta-se, também, a produção de coco e de café. O país possui um
potencial significativo para aumentar a produção de várias colheitas e
melhorar a segurança alimentar das famílias timorenses (Figura 60).
Figura 60 – Segurança alimentar das famílias timorenses por mês (dados relativos ao ano de 2003).
atividade 111. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica quatro culturas adaptadas aos solos timorenses.
1.2. Menciona as duas produções agrícolas mais importantes em Timor-Leste.
1.3. Refere duas medidas que podem contribuir para melhorar a segurança alimentar da população.
1.4. De acordo com a análise do gráfico da Figura 60:
1.4.1. Indica os meses em que a produção de alimentos é insuficiente.
1.4.2. Refere possíveis razões que justifiquem a escassez de alimentos referidos na questão anterior.
1.4.3. Indica duas medidas que deviam ser implementadas para contribuir para o aumento da produção de alimentos nos meses referidos na resposta à questão 1.4.1.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).Um dos principais requisitos para a redução da pobreza e para o
aumento da segurança alimentar passa pelo crescimento económico
sustentado. De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento
para 2011-2030, para se conseguir a autossuficiência e a segurança
alimentar é necessário que haja um aumento da produção das
principais culturas.
As barras indicam a percentagem de sucos que informaram que a alimentação é insuficiente. As áreas indicam a percentagem de sucos que declararam uma colheita de milho ou de arroz naquele mês.
Fonte: PAP (2003)
Milh
ares
de
tone
lada
s
34 | Os Recursos de Timor-Leste
4.1.2.1. cultura do arroz
O arroz é um produto central na alimentação timorense, com os principais
distritos produtores de arroz (Viqueque, Baucau, Bobonaro e Manatuto) a
representarem cerca de 77% da produção total (Figuras 61 e 62).
Figura 61 – Arroz.
Figura 62 – Plantações de arroz na região de Bobonaro (Timor-Leste).
A produção local não consegue responder à procura, o que leva a que
o país tenha de importar grandes quantidades de arroz. Para suprir as
necessidades atuais de arroz em Timor-Leste considera-se necessário:
• aumentar a área de arroz irrigado em 40%, passando de 50 000 ha
para 70 000 ha até 2020 (Figura 63);
• continuar a promover o uso de sistemas específicos de produção de
arroz, de modo a aumentar a produção e a permitir obter mais do
que uma colheita por ano;
• continuar a investir em pesquisa, desenvolvimento e divulgação de
variedades de arroz específicas para Timor-Leste;
• reduzir as perdas de armazenamento de arroz de 20% para cerca de
5% até 2030, através do apoio a iniciativas de armazenamento de
arroz nas explorações;
• continuar a subsidiar os produtores de arroz na compra de fertilizantes,
sementes e pesticidas, de forma a aumentar a produtividade;
• melhorar a eficiência do descasque de arroz pós-colheita, através do
apoio a um descasque de arroz nos sucos;
• identificar as áreas mais adequadas para o cultivo de arroz;
• dar formação aos produtores de arroz na área do uso de maquinaria
agrícola e de técnicas de gestão agrícola e continuar a distribuir
tratores manuais e a apoiar o seu uso;
Figura 63 - Preparação da terra para plantação de arroz na região de Baucau (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 35
• prestar aconselhamento financeiro e assistência de comercialização aos
produtores de arroz;
• formular e promover uma política nacional de importação e de preço
do arroz, incluindo a definição de planos nacionais de armazenamento
de arroz.
4.1.2.2. cultura do milho e de outras culturas alimentares de baseO milho é cultivado por 80% das famílias timorenses, pelo que os esforços
para aumentar a produtividade e melhorar o armazenamento contribuirão
para melhorar a segurança alimentar (Figuras 64 e 65).
Os primeiros resultados da melhoria de sistemas de produção de milho,
com base no melhor controlo de ervas daninhas, na preservação da
humidade e no uso de fertilizantes inorgânicos, são muito promissores.
Houve, também, melhorias significativas nas variedades de milho, de
batata-doce, de mandioca e de amendoim disponíveis para distribuição
aos agricultores.
Para contribuir para a consecução da meta de tornar Timor-Leste
autossuficiente em termos alimentares até 2030 tem sido reconhecida a
necessidade de:
• aumentar a área cultivada com milho de 76 500 ha para 80 500 ha
até 2015 e para 87 000 ha até 2030;
• aumentar para mais do dobro a área cultivada com raízes e
tubérculos, passando de 48 000 ha para 105 500 ha até 2030;
• continuar a investir na pesquisa, no desenvolvimento e na divulgação
de variedades de culturas de milho e de outros alimentos básicos
específicos de Timor-Leste;
• criar condições de financiamento dos produtores de milho e de
outros produtos básicos para a compra de fertilizantes, de sementes
e de pesticidas, de forma a aumentar a produtividade;
• melhorar a eficiência do armazenamento pós-colheita e da moagem
de milho, de raízes e de tubérculos, através do incentivo à moagem
nos sucos;
• criar zonas agrícolas que permitam identificar as áreas mais
adequadas ao cultivo e à comercialização de milho e de outros
alimentos básicos;
atividade 121. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Timor-Leste é autossuficiente na produção de arroz? Justifica a tua resposta.
1.2. Refere qual é o objetivo da política de arroz subsidiado.
1.3. Indica duas medidas que possam contribuir para aumentar a produção de arroz em Timor-Leste.
1.4. Explica qual é a importância das redes de comercialização do arroz.
1.5. Justifica a importância da utilização de fertilizantes e de pesticidas no aumento da produtividade do arroz timorense.
1.6. Indica dois cuidados que devem ser tidos na cultura do arroz para evitar o esgotamento dos solos.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 64 – Milho.
Figura 65 – Cultura do milho na região de Ermera (Timor-Leste).
36 | Os Recursos de Timor-Leste
• promover a formação dos produtores de milho e de outros alimentos
básicos no âmbito do uso de maquinaria agrícola e de técnicas de
gestão agrícola, continuando a distribuir tratores manuais e a apoiar
o seu uso;
• prestar aconselhamento financeiro e assistência na comercialização
aos produtores de milho e outros alimentos básicos;
• integrar as atividades agrícolas em empresas familiares da área do
processamento de produtos agrícolas, do uso de resíduos agrícolas
(ex.: fertilizantes orgânicos) e da produção de alimento para animais;
• desenvolver e alargar às comunidades rurais a realização de
programas especiais de apoio ao nível da produção do milho, de
raízes e de tubérculos;
• desenvolver e promover a criação de sistemas de alimentação de
gado baseados na utilização de excedentes de milho, de raízes e de
tubérculos.
4.1.2.3. cultura de produtos agrícolas de valor elevadoOs produtos de valor elevado, adequados para o mercado interno, incluem
vegetais e frutos, tais como a rambutã, os pêssegos e as ameixas. A maior
parte destes produtos é atualmente importada, o que implica uma saída
significativa de divisas (Tabela I e Figura 66).
atividade 131. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Refere qual é o destino dos subsídios oferecidos pelo Governo timorense aos produtores de milho.
1.2. Indica duas medidas que possam contribuir para aumentar a produção de milho em Timor-Leste.
1.3. Justifica a importância do milho na alimentação dos timorenses.
1.4. Indica três produtos alimentares que podem ser produzidos a partir do milho.
1.5. Refere possíveis destinos que podem ser dados aos resíduos do milho.
1.6. Relaciona os excedentes de milho com a pecuária.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
A B C
D E F
G H I
Produto Toneladas importadas
couve 86
Malagueta 137
cenoura 1 666
cebola 786
Alho 886
Shallot 485
batata 1 149
Soja 845
Tomate 118
Maçã 36
Laranja 31
Tabela I – Volume de frutas e vegetais importados em 2010 (toneladas)
Fonte: Ministério da Agricultura e Pescas.
Figura 66 – Frutos e vegetais importados por Timor-Leste (A – Tomate; B – Couve, C – Cenoura, D – Alho, E – Cebola, F – Malaguetas, G – Batata, H – Maçã, I – Laranja).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 37
Existe a pretensão de até 2020 substituir pelo menos 50% dos frutos e de
vegetais importados com a concretização das seguintes ações:
• encorajar o fornecimento de frutos de valor elevado a mercados
urbanos em pequena escala, através do incentivo à plantação de
um número reduzido de árvores por família, promovendo a criação
de algum rendimento adicional e a substituição de alguma fruta
importada (Figura 67);
• apoiar a produção de vegetais em grande escala em locais
próximos dos centros urbanos, com o estabelecimento de acordos
de fornecimento a grandes compradores (ex.: mercados, hotéis,
restaurantes). Esta produção envolverá a associação de produtores
em torno de infraestruturas partilhadas (ex.: bombas de água,
instalações de embalagem), de modo a facilitar o estabelecimento
de contratos de fornecimento.
4.1.2.4. culturas de rendimento
As culturas de rendimento incluem plantas para serem comercializadas
ou vendidas pelos agricultores e permitirem a obtenção de elevados
rendimentos. O café, a noz moscada e o coco são culturas de rendimento,
que em conjunto empregam cerca de 50 000 agricultores em Timor-Leste
(Figura 68).
atividade 141. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Menciona dois frutos importados por Timor-Leste.
1.2. Indica dois vegetais que Timor-Leste precisa de importar.
1.3. Indica duas medidas que podem ser colocadas em prática de modo a reduzir as importações de frutos e vegetais.
1.4. Justifica a importância da redução da importação de frutos e vegetais para a economia timorense.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
A B C
Figura 68 – Culturas de rendimento existentes em Timor-Leste (A – Café, B – Noz moscada, C – Coco).
Muitas das dificuldades que é necessário ultrapassar nas culturas
de rendimento são semelhantes às que foram referidas para o
autoaprovisionamento dos alimentos básicos. A produtividade é muito
baixa, as práticas de cultivo estão longe de serem as melhores e os
agricultores precisam de ter um aconselhamento e uma assistência
especializados. A posse das terras é, também, um problema: por exemplo,
as plantações de café envolvem grandes extensões de terreno e a existência
de disputas de terras pode prejudicar decisões sobre o investimento.
No entanto, o setor das culturas de rendimento tem um grande potencial
para promover o desenvolvimento rural de Timor-Leste.
Figura 67 - Romãs produzidas em Baucau (Timor-Leste).
38 | Os Recursos de Timor-Leste
É necessário, por isso, implementar medidas que visem criar empresas
agrícolas de valor acrescentado, como a extração de óleo de coco e o
processamento de café nas explorações agrícolas. Para concretizar o
potencial das culturas de rendimento torna-se necessário promover nos
próximos anos:
● ações de aconselhamento financeiro especializado e de assistência
à comercialização aos agricultores deste setor;
● atribuição de subsídios que estimulem o aumento da produção das
culturas de rendimento;
● ações de formação e aconselhamento especializados que
encorajem os agricultores a usarem fertilizantes, variedades de alta
produtividade e pesticidas apropriados.
Será necessário, também, resolver as questões relacionadas com a posse
das terras e utilizar o processo de separação por zonas agrícolas, de
modo a identificar as áreas mais adequadas à plantação de determinadas
culturas de rendimento.
Acredita-se que a efetivação das ações anteriormente referidas pode
contribuir para a expansão do setor das culturas de rendimento nos
próximos 20 anos, para a consecução das metas de segurança alimentar e
para a criação de emprego nas zonas rurais.
cultura do café
O café constitui quase 80% das exportações não-petrolíferas realizadas
por Timor-Leste. A exportação anual entre 2005 e 2010, embora com
algumas oscilações, tem aumentado. O maior importador de café são os
EUA, tal como se pode constatar através da análise da Figura 69.
Figura 69 – Destinos das exportações de café de Timor-Leste (em percentagem, total em milhões de USD).
Fonte: ABPTL e Ministério do Plano e Finanças (Timor-Leste) Nota: Exclui as importações efetuadas no âmbito da ONU e dos doadores.
Milh
ões d
e U
SD
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 39
Estima-se que cerca de 50 000 famílias são produtoras de café e dele
dependem para a sua subsistência. As principais áreas de produção de
café são Aileu, Ainaro, Bobonaro, Ermera, Liquiçá e Manufahi, com Ermera
a representar metade da produção total de café (Figura 70).
Embora Timor-Leste produza menos de 0,2% do fornecimento mundial de
café, possui uma vantagem competitiva a nível da produção orgânica, da
qual é o maior produtor mundial. O Timor Hybrid, um enxerto natural das
variedades Robusta e Arabica, é reconhecido no mercado internacional
como café orgânico de alta qualidade.
Devido ao bom preço do café orgânico, nos próximos anos Timor-Leste
concentrar-se-á em manter o seu espaço no mercado mundial de café
orgânico de qualidade. Será necessária, no entanto, a aplicação de
técnicas de Gestão Integrada de Pragas, tais como controlo de culturas,
resistência das plantas, controlo mecânico e biológico, para que se possa
atingir e manter a certificação orgânica.
Dos 52 000 ha de cafezeiros plantados, estima-se que 29 000 ha sejam
árvores velhas e pouco produtivas. A substituição por novas plantas e a
poda poderão aumentar para o dobro a produtividade média de grãos
verdes, o que passa pela reabilitação 40 000 ha de plantações de café
(Figura 71).
Atualmente os produtores de café recebem um preço fixo pelo café
em cereja (fruto não tratado) ou pelo café em pergaminho (grão
semiprocessado), não sendo pago nenhum prémio pela qualidade. Uma
forma de valorizar o café passa por introduzir um sistema de classificação
do café que pode contribuir muito para a melhoria da sua qualidade. Este
deve ser um sistema simples e de fácil entendimento para os agricultores,
baseado em dois níveis de maturação e em três níveis de qualidade: o
cheiro, a cor e a dimensão. Um aumento ligeiro de 20 cêntimos por kg
no valor da colheita, resultante da melhoria da qualidade do café de
Timor-Leste, permitirá gerar mais 2,8 milhões de dólares para os
agricultores, de acordo com os níveis de produção atuais.
As máquinas locais de descasque, que alguns agricultores usam para
processar o grão, e as deficientes práticas de secagem resultam, muitas
vezes, num produto de baixa qualidade (Figura 72). Alguns compradores
adquirem apenas café em cereja para poderem controlar melhor a sua
qualidade. Os produtores de café deverão ser apoiados para poderem
adquirir melhores máquinas de descasque.
Figura 70 – Cafezeiro da região de Maubisse (Timor-Leste).
Figura 71 – Viveiros de cafezeiros em Same (Timor-Leste).
Figura 72 – Secagem de café.
40 | Os Recursos de Timor-Leste
cultura da noz moscada
Outra cultura de rendimento que contribui para a economia de
Timor-Leste é a noz moscada, cultivada em seis distritos. A noz moscada é
cultivada sobretudo para a obtenção de óleo (Figura 73). Nos últimos anos
em Timor-Leste exportaram-se quantidades reduzidas de noz moscada,
mas como há uma espera de quatro anos entre a plantação e a colheita,
as safras futuras vão contribuir para o aumento das exportações. É
necessário, no entanto, que os agricultores obtenham incentivos que lhes
permitam expandir o setor.
cultura do coco
O coco é outra cultura de rendimento, com potencial para criar emprego
e ser vendida a nível internacional (Figura 74). Aproximadamente 60%
das famílias timorenses possuem coqueiros. O coco é uma cultura perene
que leva quatro a cinco anos a colher. A produtividade das plantações de
coco em Timor-Leste é de cerca de 565 kg por hectare, o que fica muito
abaixo do padrão mundial de produtividade do coco, que é de 1 500 kg
por hectare. Isto deve-se, sobretudo, ao facto dos coqueiros serem velhos
e mal cuidados.
Existe um potencial cada vez maior para a exportação de coco e de
derivados do coco no mercado global, em especial no que diz respeito aos
produtos de coco processados, tais como o óleo de copra (óleo de cozinha).
Embora sejam exportadas pequenas quantidades de óleo de copra para
o mercado indonésio, através de Timor Ocidental, há muito pouco valor
acrescentado no processamento deste recurso. Uma das oportunidades
futuras para Timor-Leste consiste no processamento de óleo de coco para
substituir a importação de óleo alimentar. Existe, também, potencial para
que os coqueiros possam ser utilizados no fabrico de artesanato e de
produtos domésticos, tais como vassouras, cestos e utensílios de cozinha.
4.1.2.5. Outras culturas de nicho de mercado
As culturas de nicho que podem ser desenvolvidas, à semelhança do café,
incluem o cacau, a pimenta preta, o cajú, as avelãs, o gengibre, o cravo
da índia e a baunilha (Figura 75). Quando apropriado, deve ser mantida
a produção orgânica para desenvolver uma marca, abrangendo diversos
produtos com base em indicações geográficas. Existe, também, margem
para exportar amendoim e feijão mungo, embora estes produtos tenham
um valor inferior ao do cacau, da pimenta preta e do cajú (Figura 76).
Figura 73 – Noz moscada.
Figura 74 – Cachos de cocos.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 41
A B C
D E F
Figura 75 – Culturas de nicho de mercado em Timor-Leste (A - Cacau, B - Pimenta preta, C - Caju, D - Avelã, E - Gengibre, F - Cravinho da índia, G - Baunilha).
G
O Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030 prevê que nos
próximos anos seja elaborado um estudo de mercado para identificar
quais são os produtos de nicho de mercado com alta qualidade, que
possam ser cultivados em Timor-Leste e exportados com uma identidade
ou uma marca timorense única. Será, posteriormente, desenvolvida uma
estratégia para promover a produção e a exportação destes produtos
para mercados de valor elevado. Até 2020 procurar-se-á desenvolver pelo
menos quatro produtos de nicho que possam ser exportados de forma
consistente.
O PED inclui outras ações que visam expandir as colheitas de rendimento
e que passam pela(o):
• promoção global do café de Timor-Leste, através de campanhas de
promoção da marca;
• incentivo à produção de café orgânico inovador, único e de alta
qualidade;
• estímulo para o desenvolvimento de produtos de valor acrescentado;
• expansão do cultivo de noz moscada;
• estímulo ao cruzamento de produções de coco e cacau e de café e
baunilha;
• promoção de indústrias domésticas que visem o processamento
de resíduos de plantações de: café e a sua transformação em
fertilizantes orgânicos e em alimento para animais; coco e a sua
transformação em materiais e bens domésticos.
atividade 151. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Apresenta dois problemas que existem nas culturas de rendimento em Timor-Leste.
1.2. Indica a importância do café na economia timorense.
1.3. Justifica a importância do café timorense a nível mundial.
1.4. Indica quais são os problemas que a cultura do café apresenta em Timor-Leste.
1.5. Refere duas medidas que devem ser tomadas para aumentar o rendimento da produção de café em Timor-Leste.
1.6. Menciona a causa da fraca produtividade das plantações de coco existentes em Timor-Leste.
1.7. Refere duas medidas que devem ser tomadas para aumentar a produtividade das plantações de coco em Timor-Leste.
1.8. Além da promoção mundial do café timorense indica duas ações que poderão desenvolver-se para aumentar as culturas de rendimento.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 76 – Plantação de amendoim em Maliana (Timor-Leste).
42 | Os Recursos de Timor-Leste
4.1.3. Da pecuária tradicional à pecuária moderna
A pecuária consiste na criação de gado. A pecuária pode ser realizada
em regime extensivo ou em regime intensivo. No primeiro caso o gado
pasta livremente, durante uma parte do ano, em pastagens naturais e
não se encontra em estábulos. No segundo caso, o gado encontra-se em
estábulos e é alimentado com rações e com palhas (Figuras 77 e 78).
A pecuária é uma das maiores riquezas de Timor-Leste, dadas as excecionais
condições do seu clima. Entre a diversidade das espécies domésticas
existentes, encontram-se os bois, os búfalos, os suínos, os ovinos (Figura
79), os caprinos, as aves e os equídeos (cavalos). A criação de gado tem
uma importância estratégica no país, dado que contribui para:
● obter mais carne e melhorar a alimentação da população, que é
deficitária em proteínas animais (Figura 80);
● exportar vitelos e contribuir para a entrada de divisas no país
(muitos dos vitelos da raça balinesa de Timor-Leste são vendidos
para a Indonésia, onde depois são engordados);
● obter estrume para as hortas e desta forma acabar com a
agricultura de abate e queimada, que destrói o solo, as florestas e
os ecossistemas;
● criar emprego e gerar rendimentos através da exportação.
De acordo com o Censos de 2010, cerca de 80% das famílias timorenses criam
animais. O gado miúdo, como as cabras, as ovelhas e os porcos, e as aves são
comercializados nos mercados locais. Os cavalos e os búfalos constituem um
meio de transporte importante nas zonas rurais. A Figura 81 indica o número de
casas com animais e o número de animais existentes em Timor-Leste em 2010.
Figura 77 – Pecuária extensiva.
Figura 78 – Pecuária intensiva.
Fonte: Censos de 2010 Figura 81 – Famílias com animais e números de animais existentes em Timor-Leste.
Figura 80 – Embalagem de frango em Railaco - Ermera (Timor-Leste).
Figura 79 – Produção de ovinos na região de Baucau (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 43
Nos próximos anos existem inúmeros desafios a superar em Timor-Leste
para que o setor da pecuária possa aumentar o seu potencial. Os animais
são, na maior parte das vezes, deixados à solta a céu aberto, mas não há
o hábito de cultivar pastos ou outros alimentos para os animais. A maioria
dos agricultores tem poucos conhecimentos sobre a criação de animais
e a saúde animal. É importante existir legislação e regulamentação
sobre a saúde pública veterinária, a quarentena e as doenças animais. A
comercialização de animais é limitada por infraestruturas rodoviárias e
hídricas inadequadas, daí que seja importante que nos próximos anos se
melhore a qualidade das vias de comunicação para facilitar o escoamento
dos animais produzidos em algumas regiões de Timor-Leste.
A produção intensiva de aves e de porcos não evoluiu em Timor-Leste
nos últimos anos, devido, sobretudo, ao custo elevado da importação
de ração concentrada e ao baixo preço da importação de frangos
(Figura 82). A maior parte dos ovos de galinha é, também, importada
(Figura 83).
Existe, por isso, margem para que nos próximos anos seja melhorada a
produção tradicional de porcos e de aves, através da melhoria da saúde
animal, da vacinação, da desparasitação e da alimentação animal.
Os volumes atuais de derivados e de resíduos das colheitas não são
suficientes para estimular uma indústria doméstica de processamento
de rações para animais. Esta situação pode vir a alterar-se, caso a área
de cultivo aumente ou passe a haver a introdução nas rações de outras
fontes de proteínas, tais como resíduos de peixe.
As campanhas governamentais de vacinação e o fornecimento de
vacinas gratuitas continuarão a ser necessárias, bem como a realização
de campanhas nacionais de divulgação dos cuidados básicos de
saúde animal e de uma melhor nutrição dos animais. Segundo o PED
2011-2030 o objetivo é aumentar o número de animais em 20% até 2020.
Há um potencial elevado para aumentar as exportações de gado vivo
para a Indonésia e para substituir a importação de produtos de carne de
vaca de qualidade. Estima-se que Timor-Leste importe, a partir de países
como a Austrália, 200 toneladas de carne de vaca por ano, o equivalente a
1 400 animais.
Os distritos de Bobonaro, de Oecusse Ambeno e de Viqueque têm as
maiores populações de gado e Covalima, Lautém e Viqueque possuem
as maiores áreas de pasto. O gado bovino concentra-se nas zonas de
fronteira com a Indonésia, devido à abundância das pradarias. O búfalo
prefere as regiões alagadas do sul e do sudeste de Timor-Leste.
Figura 82 – Criação de galos locais em Natarbora (Timor-Leste).
Figura 83 – Produção de ovos em Ermera (Timor-Leste).
44 | Os Recursos de Timor-Leste
O gado bovino de Bali (Bibos banteng) está bem adaptado às condições de
Timor-Leste, mas pode melhorar-se a sua qualidade genética com o recurso
a uma reprodução seletiva. É fundamental a existência de um centro de
investigação de produção de gado, bem como a implementação de um
sistema de gestão de controlo de doenças a longo prazo e a expansão do
programa de vacinação de animais. É fundamental, também, formar mais
veterinários timorenses que possam ajudar a melhorar os cuidados a ter
com os animais e contribuam para a formação dos agricultores.
Matadouros e unidades de desmancho são essenciais para assegurar que
a carne seja embalada e armazenada em qualidade.
As metas definidas no PED 2011-2030 apontam que o programa de
desenvolvimento de produtos de origem animal terá como objetivo até
2020 duplicar as exportações de gado para 5 000 cabeças por ano e
substituir a importação anual de 200 toneladas de carne de vaca. Com
vista a melhorar a gestão da criação de animais deverão ser, também,
promovidas as seguintes ações:
• desenvolvimento de sistemas especiais de produção de aves e
de porcos por parte de pequenos criadores, utilizando milho
excedentário;
• criação de um local de demonstração da transformação de resíduos
animais em fertilizantes orgânicos;
• expansão do processamento de produtos de origem animal;
• facilitação do acesso a instituições financeiras, através do incremento
da cooperação com os investidores;
• desenvolvimento de um mini laboratório e de um centro veterinário
para animais em Timor-Leste;
• criação de um local de demonstração do processamento de rações.
4.1.4. Desenvolvimento rural integrado e sustentabilidade em Timor-Leste
A insegurança alimentar em Timor-Leste é, em parte, resultado dos baixos níveis
de produção de alimentos. Estes baixos níveis são condicionados por vários
fatores, tais como: solos pobres, baixos níveis de tecnologia, perda de culturas
(antes e depois das colheitas), competências inadequadas dos agricultores,
rega limitada, falta de diversificação de culturas, competição no comércio
internacional do café, falta de crédito financeiro, infraestruturas deficientes,
elevados custos do transporte, falta de informação, insegurança na titularidade
das terras, dificuldades de armazenamento e de distribuição dos produtos.
atividade 161. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Justifica a importância estratégica da pecuária em Timor-Leste.
1.2. Relaciona a produção pecuária com a segurança alimentar.
1.3. Indica dois problemas da atividade pecuária no território timorense relacionados com os agricultores.
1.4. Refere os distritos com maiores populações de gado.
1.5. Menciona os distritos onde há mais áreas de pasto.
1.6. Apresenta duas ações que possam contribuir para aumentar a produção pecuária em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 45
Estudos desenvolvidos por agências internacionais demonstraram que as zonas
montanhosas de Timor-Leste são as mais carenciadas a nível da segurança
alimentar. A população que vive junto à costa tem uma fonte de rendimentos
superior à dos habitantes das terras altas. Assim, deve ser incrementado
o apoio às áreas mais carenciadas, sem perder de vista os benefícios já
alcançados por alguns segmentos da população. A relação procura/oferta de
alimentos básicos terá que caminhar no sentido de satisfazer não apenas as
necessidades da população, mas de forma a criar excedentes (Figura 84).
Figura 84 – Oferta e procura de alimentos básicos, segundo as novas estratégias do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030.
Timor-Leste pode fomentar um setor agrícola dinâmico que gere mais
rendimento para os agricultores e que crie, também, mais oportunidades
de emprego não agrícola. O desenvolvimento rural integrado é a chave
para o aumento das atividades produtivas nos vários setores existentes. O
crescimento poderá iniciar-se com a agricultura através da implementação
de medidas estratégicas, entre as quais se destacam:
● os apoios ao cultivo da terra, com a utilização de tratores para que
os agricultores possam lavrar os seus terrenos de forma mais eficaz;
● a atribuição de incentivos para a compra de sementes, de adubos,
de fertilizantes e de pesticidas;
● a existência de Agentes de Extensão Rural nos sucos, que trabalhem
por todo o país (já foram estabelecidos centros de serviços agrícolas
em Bobonaro, Aileu e Viqueque);
● a existência de escolas agrícolas que formam jovens na área da
agricultura empresarial (Figura 85);
atividade 171. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica três fatores que contribuam para a insegurança alimentar existente em Timor-Leste.
1.2. Refere as regiões de Timor-Leste onde a insegurança alimentar é mais elevada.
1.3. Indica possíveis razões que justifiquem a insegurança alimentar vivida nas regiões referidas na questão anterior.
1.4. Diz o que entendes por desenvolvimento rural integrado.
1.5. Indica três ações que possam contribuir para o desenvolvimento rural integrado de Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 85 – Alunos e professor da Escola Técnica Agrícola de Natarbora (Timor-Leste).
2010 2015 2020 2025 2030
46 | Os Recursos de Timor-Leste
● a construção de um sistema nacional de investigação agrícola e de
melhoria da capacidade agrícola;
● o desenvolvimento de políticas e regras sobre água e a irrigação, o
uso de sementes e de fertilizantes, o uso e a gestão de terras e o uso
de pesticidas;
● o aumento do número de tratores manuais e a criação de condições
para a aquisição de unidades de descasque de arroz aos agricultores;
● a reabilitação e a construção de sistemas de irrigação e a instalação
de silos para cereais;
● a criação de estruturas comerciais nos distritos, a fim de facilitar a
comercialização de produtos agrícolas.
As metas definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento
para o setor agrícola passam por melhorar a segurança alimentar
nacional, reduzir a pobreza rural, apoiar a transição da agricultura
de subsistência para a produção
empresarial de produtos
agropecuários, promovendo a
sustentabilidade ambiental e
a conservação dos recursos
naturais de Timor-Leste.
● Existem vários conceitos de agricultura. No entanto esta pode ser entendida como sendo a arte de
extrair do solo, pela cultura e de uma maneira mais ou menos permanente, o máximo da produção com
o mínimo de despesas e de esforços.
● A agricultura biológica é um tipo de agricultura que dispensa a utilização de todo o tipo de produtos
químicos quer na fertilização, quer nos tratamentos, permitindo assim a obtenção de produtos
biologicamente puros e isentos de qualquer poluição agrícola.
● A agricultura sustentável pode ser definida como uma agricultura que promove a conservação dos
recursos naturais, que é economicamente viável e que promove a equidade social.
● A agricultura de conservação é um tipo de agricultura que produz em harmonia com a natureza e
conservando as espécies vegetais.
● As atividades agrícolas podem ser realizadas de uma forma tradicional, utilizando predominantemente
o trabalho manual e o auxílio da força animal – agricultura tradicional. Podem, também, ser efetuadas
atividade 181. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:
1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento dos setores agrícola e pecuário em Timor-Leste?
1.2. Indica três ações levadas a cabo pelos agricultores timorenses que podem ser melhoradas com a efetivação das metas do Plano Estratégico de Desenvolvimento para o setor agrícola.
1.3. Que medidas podem ser implementadas pelos cidadãos timorenses que podem estimular o desenvolvimento dos setores agrícola e pecuário?
1.4. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o setor agrícola e pecuário da tua região.
2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.
SÍNTESE
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 47
de uma forma moderna, com um elevado grau de mecanização e recorrendo a tecnologias avançadas
– agricultura moderna.
● A agricultura tem como finalidade assegurar a satisfação de necessidades da população, como
a alimentação e o vestuário e contribuir para o desenvolvimento económico e social da mesma.
A agricultura, setor responsável pela produção alimentar, produz também matérias-primas para
as agroindústrias.
● O espaço rural é a área utilizada pela agricultura e pela pecuária. Na análise do espaço rural consideram-
-se alguns indicadores que lhe conferem especificidades próprias, nomeadamente: a ocupação do
espaço, os meios de produção, a concentração populacional, as atividades económicas, as deslocações
diárias e as acessibilidades.
● As paisagens agrárias incluem os campos cultivados, os edifícios de apoio, as habitações, a rede de caminhos,
os espaços incultos, as florestas, os canais de rega e os de drenagem. Uma paisagem agrária é constituída por
três elementos fundamentais: o sistema de cultura, a morfologia agrária e o habitat/povoamento.
● As paisagens agrárias são o resultado da conjugação de diversos fatores que, ao longo do tempo,
contribuíram para a organização do espaço agrário. Estes fatores podem ser: fatores naturais (ex.:
clima, relevo, solo e recursos hídricos) ou fatores humanos (ex.: morfologia agrária, sistemas de cultura,
formas de exploração da terra, tecnologias usadas, exigências do mercado e densidade populacional).
● Nas regiões tropicais húmidas da ásia, da áfrica e da América, é frequente uma forma de agricultura
muito simples, designada por agricultura itinerante sobre queimada.
● Nas regiões de clima tropical com uma estação seca muito prolongada pratica-se a agricultura de
sequeiro, que está associada à sedentarização da população. Neste tipo de agricultura há um maior
rendimento do solo, dado que se recorre à criação de gado e à fertilização dos campos com adubo
orgânico produzido pelos animais.
● Na zona desértica quente as condições de secura não favorecem o desenvolvimento da agricultura.
Apenas nos oásis as práticas agrícolas conhecem algum desenvolvimento, devido aos processos de
irrigação utilizados, praticando-se a agricultura irrigada dos oásis.
● Na ásia das Monções, onde mais de 50% da população ativa trabalha no setor primário, desenvolveu-se
a cultura do arroz ou rizicultura. Trata-se de um tipo de agricultura de subsistência em que a produção
do arroz é a base alimentar de uma população numerosa.
● Na região intertropical a agricultura tradicional subsiste a par de uma agricultura moderna voltada
para o mercado – a agricultura de plantação. Trata-se de uma agricultura especulativa, baseada na
exportação, que recorre a apoio técnico, científico e tecnológico. O seu objetivo principal é rentabilizar
ao máximo a terra e o investimento.
48 | Os Recursos de Timor-Leste
● O clima, os fatores históricos e a adaptação da agricultura a técnicas modernas explicam a originalidade
da ocupação do espaço agrário na região mediterrânica.
● O noroeste de Europa é densamente povoado, urbanizado e industrializado. Nele predomina uma
agricultura mista, em que se associam várias culturas à pecuária. Trata-se de uma agricultura voltada
para o mercado e que depende das suas necessidades.
● A paisagem agrária dos Estados Unidos apresenta o sistema Township, que se caracteriza por apresentar:
campos quadrados de grandes dimensões (latifúndios); rede de caminhos retilínea; casas isoladas junto
às vias de comunicação; e povoamento concentrado junto dos cruzamentos das estradas e próximo das
linhas de caminho de ferro.
● Em Timor-Leste mais de 60% da população ativa trabalha no setor primário, especialmente na
agricultura. A maioria dos agricultores pratica uma agricultura de subsistência, plantando e colhendo o
que precisa para sobreviver.
● Timor-Leste é essencialmente agrícola e os solos são propícios à cultura do café, da noz moscada, da
pimenta, do sândalo branco, da palmeira, do coqueiro, do tabaco, do milho, do arroz, do abacate, do
algodão, da mandioca, entre outras.
● A pecuária consiste na criação de gado. A pecuária pode ser realizada em regime extensivo ou em
regime intensivo. No primeiro caso o gado pasta livremente, durante uma parte do ano, em pastagens
naturais e não se encontra em estábulos. No segundo caso, o gado encontra-se em estábulos e é
alimentado com rações e palha.
● A pecuária é uma das maiores riquezas de Timor-Leste, dadas as excecionais condições do seu clima.
Podem encontrar-se bois, búfalos, suínos, ovinos, caprinos e equídeos (cavalos) em abundância.
● Para haver um incremento da pecuária em Timor-Leste é necessário implementar várias ações,
entre as quais: a expansão do processamento de produtos de origem animal, o desenvolvimento
de sistemas de produção de aves e de porcos, a criação de um centro de investigação de produção
de gado, entre outras.
● O desenvolvimento rural integrado em Timor-Leste é a chave para o aumento das atividades
produtivas nos setores da agricultura e da pecuária. É necessário, por isso, implementar medidas
estratégicas diversificadas, por exemplo: apoios ao cultivo das terras, construção de um sistema
nacional de investigação agrícola e de melhoria da capacidade agrícola, entre outras.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 49
coluna i coluna ii
1. Agricultura
moderna
2. Agricultura de
conservação
3. Agricultura
biológica
4. Agricultura
tradicional
A. Agricultura que promove a conservação dos recursos naturais (solo,
água e biodiversidade), que é economicamente viável e que promove a
equidade social.
b. As atividades agrícolas são realizadas utilizando predominantemente o
trabalho manual e o auxílio da força animal.
c. Agricultura que dispensa a utilização de todo o tipo de produtos químicos
quer na fertilização, quer nos tratamentos, permitindo assim a obtenção
de produtos biologicamente puros e isentos de qualquer poluição agrícola.
D. As atividades agrícolas são realizadas com um elevado grau de mecanização
e recorrendo a tecnologias avançadas.
Atividades Complementares
1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. As pessoas precisam de alimentos nutritivos e saudáveis em quantidade e composição excessivas,
para garantirem o seu desenvolvimento, a sua reprodução e a sua sobrevivência como espécie.
b. Um ser vivo bem alimentado é mais resistente às doenças.
c. Ao longo do século XX as práticas agrícolas agressivas e inadequadas promoveram o desenvolvimento
de maus solos agrícolas.
D. A atividade agrícola tem de se adaptar às condições ecológicas e sociais, que variam de lugar para
lugar, sendo, por isso, bastante monótona.
E. As atividades agrícolas podem ser realizadas de uma forma moderna, utilizando predominantemente
o trabalho mecânico.
f. A agricultura, setor responsável pela produção alimentar, produz matérias-primas para as
agroindústrias, como as fibras, os produtos químicos e os biocombustíveis.
G. A agricultura tradicional tem sido substituída, nos últimos anos, por outras formas de trabalhar a
terra, que estão em harmonia com a natureza, como é o caso da agricultura biológica.
2. Estabelece a correspondência entre os conceitos apresentados na coluna I e as respetivas definições
indicadas na coluna II.
50 | Os Recursos de Timor-Leste
3. As atividades agrícolas têm de se adaptar às condições ecológicas e sociais de cada região.
3.1. Indica as diferenças existentes entre a agricultura tradicional e a agricultura moderna em relação a:
a) sistemas de cultura; b) técnicas de cultura; c) dimensão das explorações; d) objetivos.
3.2. Refere duas diferenças existentes entre a agricultura moderna e a agricultura biológica.
3.3. Refere as consequências da agricultura moderna para a saúde humana e para os solos.
3.4. Indica o tipo de agricultura predominante em Timor-Leste.
3.5. Justifica a resposta que deste na questão anterior.
4. Uma paisagem agrária é constituída por três elementos fundamentais: o sistema de cultura, a morfologia
agrária e o habitat/povoamento.
4.1. Apresenta as diferenças entre:
a) sistema de cultura intensivo e extensivo.
b) povoamento concentrado e disperso.
4.2. Caracteriza a morfologia agrária de campo fechado.
4.3. O povoamento na cidade de Díli é concentrado ou disperso?
4.4. Justifica a resposta que deste na questão anterior.
5. A pecuária é uma das maiores riquezas de Timor-Leste, dadas as excecionais condições do seu clima.
5.1. Indica três espécies de animais que são produzidos em Timor-Leste.
5.2. Explica a importância, para Timor-Leste, da pecuária, considerando:
a) a segurança alimentar da população;
b) as necessidades do mercado nacional.
5.3. Refere duas razões que expliquem a concentração da pecuária nos distritos de Covalima, Lautém
e Viqueque.
5.4. Menciona dois exemplos de atividades industriais que podem ser incrementadas em Timor-Leste
com um maior desenvolvimento da pecuária.
5.5. Apresenta duas vantagens, para o setor pecuário, da melhoria das vias de comunicação em
Timor-Leste.
5.6. Explica de que forma a dinamização da pecuária em Timor-Leste pode contribuir para equilibrar a
balança comercial de produtos pecuários, considerando:
a) a construção de pocilgas e vacarias;
b) a construção de matadouros e de fábricas de transformação da carne.
UNIDADE TEMÁTICA
Os Recursos de Timor-Leste 3
Sumário
A atividade piscatória – uma estratégia para o desenvolvimento- Valor económico, social e cultural da atividade piscatória - Principais áreas de produção de pescado e de pesca em meio marítimo- Tipos de pesca predominantes - Atividades piscatórias sustentáveis e desenvolvimento de Timor-Leste
FinalidadeA abordagem do subtema A atividade piscatória – uma estratégia para o desenvolvimento pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca dos fatores que influenciam a riqueza piscatória da plataforma continental e que contribuem para que as atividades piscatórias apresentem um maior ou menor desenvolvimento. Serão estudados os tipos de pesca a nível global e nacional, que podem ocorrer dentro e fora da Zona Económica Exclusiva. Procura-se refletir acerca das formas de evitar a sobre-exploração dos recursos piscatórios, de modo a que estes não venham a escassear no futuro.
Metas de Aprendizagem Identifica os fatores condicionantes da riqueza piscatória da plataforma continental. Justifica o valor económico, social e cultural da atividade piscatória. Caracteriza diferentes tipos de pesca. Indica os tipos de pesca predominantes em Timor-Leste. Justifica a importância das atividades piscatórias sustentáveis no desenvolvimento de Timor-Leste.
SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – situaçãO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS
4.2. a atividade piscatória – uma ESTRATéGiA PARA O DESENVOLViMENTO
conceitos-chave Atividade piscatória
Aquacultura
Maricultura
Pesca mundial
Pesca de captura
Pesca local
Pesca costeira
Pesca do largo
Pesca longínqua
Pesca artesanal ou tradicional
Pesca moderna ou industrial
Produção piscícola
Utilização do pescado
Captura do pescado
Proveniência do pescado
Biodiversidade das zonas costeiras
Áreas de produção de pescado
Correntes marítimas
Plataforma continental
Zona Económica Exclusiva (ZEE)
Instrumentos de pesca
Atividade piscatória timorense
Indústria da pesca
Estratégias de conservação da pesca
QUESTÃO ORiENTADORADe que modo a atividade piscatória se pode constituir como
estratégia para o desenvolvimento de Timor-Leste?
52 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 1 – Fotografias exemplificando diferentes práticas de pesca (A – Pesca tradicional, B – Pesca moderna).
4.2. a atividade piscatória – uma estratégia
PARA O DESENVOLViMENTO
4.2.1. valor económico, social e cultural da atividade piscatória
A atividade piscatória, inserida no setor primário, consiste em retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes do grupo
dos peixes, dos crustáceos, dos moluscos ou dos vegetais hidróbios,
suscetíveis ou não de aproveitamento económico. Neste conceito estão
salvaguardadas as espécies ameaçadas de extinção e que constam das
listas oficiais da fauna e da flora (Figura 1).
A pesca tem um valor económico, social e cultural. O valor económico
da pesca está relacionado com a criação de emprego e com o contributo
que dá para o aumento do PIB, devido aos rendimentos provenientes das
atividades piscatórias e das indústrias que se desenvolvem a montante
e a jusante da pesca. A montante da pesca encontram-se as indústrias
de construção naval, as artes de pesca e o fabrico das redes. A jusante
da pesca encontram-se as indústrias de conservas de peixe, as de
embalagem, os sistemas de refrigeração e a comercialização do pescado.
Do ponto de vista social o peixe faz parte da dieta alimentar da população
ribeirinha e daquela que, vivendo afastada do mar, dos rios e dos lagos,
tem atualmente acesso a peixe fresco, congelado ou em conserva. O valor
cultural das pescas está associado a diversos tipos de eventos, como festas
e comemorações, onde o peixe e os pescadores têm um papel central.
A importância mundial da pesca pode ser observada através da evolução
das capturas, da produção em aquacultura e da utilização do pescado. Na
Tabela I apresenta-se esta evolução entre 2004 e 2009.
A
B
aquaculturaProdução de organismos aquáticos, como a criação de peixes, de moluscos, de crustáceos, de anfíbios e o cultivo de plantas aquáticas para uso do Homem.
i
Produção (Milhões de toneladas)
2004 2005 2006 2007 2008 2009
Total das capturas 92.4 92.1 89.7 89.9 89.7 90.0total da aquacultura 41.9 44.3 47.4 49.9 52.5 55.1Total das pescas 134.3 136.4 137.1 139.8 142.3 145.1
utilização do pescado(Milhões de toneladas)
2004 2005 2006 2007 2008 2009
consumo humano 104.4 107.3 110.7 112.7 115.1 117.8Usos não alimentares 29.8 29.1 26.3 27.1 27.2 27.3População 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.8consumo per capita 16.2 16.5 16.7 16.9 17.1 17.2
Tabela I – Pesca mundial, produção em aquacultura e utilização do pescado
Font
e: S
OFI
A 20
10
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 53
Os dados estatísticos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura
e a Alimentação (FAO - Food Agricultural Organisation) mostram que
as capturas no mar e nas águas doces superficiais diminuíram entre
2004 e 2009. No mesmo período a produção através da aquacultura
cresceu 22%. Esta situação pode estar relacionada com o aumento das
preocupações ambientais no sentido de haver a necessidade de preservar
a biodiversidade aquática. O total das pescas em 2009 foi de 145,1 milhões
de toneladas, sendo utilizadas para consumo humano 117,8 milhões de
toneladas. Entre 2004 e 2009 o consumo per capita aumentou, o que
pode significar que em alguns países em desenvolvimento aumentou o
consumo de proteínas animais e a segurança alimentar.
A Figura 2 mostra a produção piscícola mundial desde a segunda metade
do século XX até 2008.
atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Define atividade piscatória.
1.2. Justifica a importância económica das pescas.
1.3. Comenta a seguinte afirmação: “As pescas possuem um enorme valor social e cultural.”
1.4. Distingue a aquacultura da pesca de captura.
1.5. Indica qual foi a produção pesqueira que mais cresceu entre 2004 e 2009.
1.6. Menciona qual é a produção pesqueira que mais contribui para a conservação da biodiversidade.
1.7. O consumo humano de produtos da pesca tem aumentado ou diminuído nos últimos anos?
1.8. Justifica a importância do aumento ou da diminuição do consumo dos produtos da pesca referido na questão anterior para a saúde humana.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 2 – Pesca de captura e produção piscícola mundial.
Fonte: SOFIA 2010
Genericamente a disponibilidade mundial de peixe proveniente da pesca
de captura e da aquacultura tem vindo a aumentar. A China contribui
bastante para esse crescimento desde a década de 80 do século XX,
uma vez que no resto do mundo, no mesmo período, se verificou uma
estabilização na produção piscícola.
A Figura 3 mostra os dez países maiores produtores de pescado capturado
em 2008. A China destaca-se em primeiro lugar, o que contribui para que
o continente asiático ocupe um lugar cimeiro com uma captura total de
23,2 milhões de toneladas.
1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2008
Milh
ões d
e to
nela
das
54 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 3 – Pesca capturada no mar e nas águas doces superficiais continentais dos dez principais países produtores em 2008.
Fonte: SOFIA 2010
A captura de pescado nas águas doces superficiais, nos cinco continentes,
foi de 10,2 milhões de toneladas em 2008. A Ásia capturou 2/3 do total,
ou seja, 6,8 milhões de toneladas e a África 2,5 milhões de toneladas
(Figura 4).
4.2.2. Principais áreas de produção de pescado e de pesca
em meio marítimo
No que se refere à pesca marítima as áreas de maior captura encontram-
-se assinaladas na Figura 5.
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Descreve a evolução da pesca de captura e produção piscícola mundial desde a segunda metade do século XX até 2008.
1.2. Aponta possíveis razões que justifiquem a variação referida na questão anterior.
1.3. Apresenta uma justificação para o facto de a China ser o maior produtor mundial de pescado.
1.4. Indica possíveis consequências que podem advir para a vida marinha das pescas que são efetuadas na Ásia.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 5 – Principais áreas de pesca marítima em 2008.
Fonte: SOFIA 2010
Milhões de toneladas
Myanmar
Federação Russa
Filipinas
Chile
Índia
Japão
Estados Unidos da América
Indonésia
Perú
China
Figura 4 – Distribuição das capturas de pescado nas águas doces superficiais por continente em 2008.
Nota: Total de capturado nas águas doces superficiais - 10,2 milhões de toneladas.
Fonte: SOFIA 2010
Oceania
Europa
Américas
áfrica
ásia
Milhões de toneladas
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 55
Da análise da Figura 5 pode constatar-se que o Oceano Pacífico ocupa
a primeira posição, com destaque para as regiões Noroeste, Sudeste e
Centro Oeste.
Na Figura 6 estão assinaladas as principais áreas de pesca marítima a
nível mundial, que são determinadas pela abundância de microrganismos
vegetais (fitoplânton) e animais (zooplânton) e pela influência das
correntes marítimas (Figura 7).
Figura 6 – Localização das principais áreas de pesca marítima.
Fonte: SOFIA 2010
Figura 7 – Localização das correntes marítimas.
Legenda:
1 - Pacífico Noroeste
2 - Pacífico Sudeste
3 - Pacífico Centro Oeste
4 - Atlântico Nordeste
5 - Índico Este
6 - Índico Oeste
7 - Atlântico Centro Este
8 - Pacífico Nordeste
9 - Atlântico Sudoeste
10 - Atlântico Noroeste
O. Austr‡liaO. Austr‡liaBenguelaBenguelaPerœPerœ
Calif—rniaCalif—rnia
LabradorLabrador
Can‡riasCan‡rias
OyashioOyashioE. G
ronel‰ndia
E. Gronel‰
ndia
6
810
2
9
75 3
1
4
56 | Os Recursos de Timor-Leste
A análise das Figuras 6 e 7 permite constatar que:
● no pacífico noroeste, frente à Ásia dá-se o encontro da corrente
quente de Kuroshivo com a corrente fria de Oyashivo;
● o pacífico sudeste apresenta um dos ecossistemas marítimos mais
produtivos do mundo, devido à corrente fria do Peru;
● o pacífico centro Oeste sustenta um dos pesqueiros dos fundos
oceânicos mais importantes;
● o atlântico nordeste, frente à Europa, tem a influência da corrente quente
do Golfo que entra em contacto com as águas frias do mar Báltico. Esta área
apresenta uma plataforma continental muito extensa e muito explorada.
Os recortes da costa europeia favorecem as diferenças de temperatura e de
salinidade das águas e permitem a instalação de portos abrigados;
● no Índico Este e Oeste há abundância de espécies que são capturadas
por armadores internacionais;
● o atlântico centro este é rico na biodiversidade marinha devido às
águas frias da corrente das Canárias;
● o pacífico nordeste é uma área muito produtiva porque tem a
influência da corrente do Alasca no norte e a influência da corrente
da Califórnia no sul;
● no atlântico sudoeste as águas frias do sul permitem uma enorme
biodiversidade;
● no atlântico noroeste, frente à América do Norte, dá-se o encontro
da corrente quente do Golfo e da corrente fria de Labrador. A extensa
plataforma continental apresenta importantes zonas pesqueiras e o
recorte do litoral permite a instalação de portos.
Figura 8 – Proveniência do pescado consumido pela população.
Relativamente à captura e ao consumo de peixe a FAO dividiu o mapa do mundo em diferentes zonas e
atribuiu-lhes uma numeração. Este número, indicado na embalagem do pescado, permite aferir com exatidão a
proveniência do peixe (Figura 8).
Legenda: 18: Mar Ártico; 21: Noroeste do Atlântico; 27: Nordeste do Atlântico; 31: Atlântico Centro Oeste; 34: Atlântico Este; 37: Mediterrâneo e Mar Negro; 41: Atlântico Sudoeste; 47: Atlântico Sudeste; 48: Antártico; 51: Oceano Índico Ocidental; 57: Oceano Índico Oriental; 58: Oceano Índico Antártico; 61: Oceano Pacífico Noroeste; 67: Oceano Pacífico Nordeste; 71: Pacífico Centro Oeste; 77: Pacífico Este; 81: Pacífico Sudoeste; 87: Pacífico Sudeste; 88: Pacífico Antártico.
Fonte: www.lidl.pt
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 57
atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica possíveis razões que justifiquem a elevada abundância de peixe no Pacífico Noroeste.
1.2. De que modo as correntes marítimas influenciam a abundância de peixe?
1.3. Refere a importância da numeração atribuída pela FAO às zonas de pesca mundiais.
1.4. Justifica a abundância de peixe no Atlântico Noroeste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
A fauna marinha concentra-se nas áreas que reúnem as condições ideais
de alimentação, de respiração e de reprodução, estando, geralmente,
localizadas na plataforma continental e nas zonas afetadas pelas correntes
marítimas (Figura 9).
Figura 9 – Morfologia marinha e limites do mar.
As plataformas continentais são, regra geral, as zonas biologicamente
mais ricas e, por isso, as mais intensamente exploradas a nível da pesca. A
grande riqueza piscatória das plataformas continentais resulta:
• da agitação da água (devido à pequena profundidade), o que a torna
mais rica em oxigénio e permite uma melhor penetração da luz;
• da afluência das águas do continente, principalmente dos rios, que
transportam, até longas distâncias da costa, grande quantidade de
alimento, quer de natureza orgânica, quer de natureza inorgânica.
Além disso, favorece a agitação das águas marinhas e a diminuição
da salinidade;
• da elevada produção fitoplantónica resultante da presença da luz e
do oxigénio.
Qualquer país costeiro possui uma faixa adjacente à costa sobre a qual
tem direitos e deveres. Esse espaço compreende as águas territoriais ou
mar territorial, que vai do continente até às 12 milhas marítimas, e a Zona
Económica Exclusiva (ZEE), uma faixa que se estende desde a linha de
base até às 200 milhas marítimas (Figura 9).
Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a ZEE
pode considerar-se a ampliação das fronteiras dos países, onde cada
estado costeiro tem o direito de: explorar, aproveitar, gerir e conservar os
recursos naturais vivos e não vivos das águas marítimas e do seu subsolo.
Esses estados têm, também, o dever ou a obrigação de proteger os recursos,
zelar pela proteção ambiental, impedir o acesso de outros países à sua ZEE
atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Refere duas áreas de pesca que se localizem no Oceano Pacífico.
1.2. Menciona dois fatores de que depende a riqueza piscatória da plataforma continental.
1.3. Apresenta uma definição de plataforma continental.
1.4. Refere quais são os limites da Zona Económica Exclusiva (ZEE).
1.5. Indica quais são os direitos dos países costeiros em relação à sua ZEE.
1.6. Apresenta os deveres dos países costeiros em relação à sua ZEE.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
200 milhas (370,4 km)
Oceano atlântico
58 | Os Recursos de Timor-Leste
e ceder à comunidade externa, de acordo com o direito internacional, a
exploração dos excedentes que não explora. O aproveitamento comercial
da ZEE deve efetuar-se dentro dos limites sustentáveis.
Atualmente discute-se a necessidade e a intenção de alguns países
procederem a um novo alargamento da ZEE e apresenta-se como principal
argumento o evitar da sobrexploração das atuais zonas existentes. Esta
ampliação poderá levar a que a atividade piscatória de frotas estrangeiras
se reduza em áreas internacionais próximas de bancos de pesca que são
ricos em espécies de grande valor económico.
4.2.3. Tipos de pesca predominantes
4.2.3.1. principais tipos de pesca
As atividades piscatórias podem classificar-se em função da área onde são
exercidas e em função das tecnologias utilizadas, tal como se encontra
apresentado no Quadro 1 e se pode observar na Figura 10.
A B C
D
Figura 10 – Artes de pesca tradicional e da pesca moderna (A - Redes, B - Armadilhas, C - Barco moderno, D - Pesca de cerco)
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 59
Quadro 1 – Classificação das atividades piscatórias
área,
tipo de
embarcações,
autonomia,
conservação
do pescado
Tipo características
Local
Praticada até às 6 milhas da costa.
Elevado número de embarcações com ou sem motor.
Reduzidas dimensões das embarcações (até 9 metros).
Pouca autonomia das embarcações.
Inexistência de sistemas de conservação do pescado.
Elevado número de postos de trabalho.
Curta permanência no mar (algumas horas).
Pescado com maior valor comercial.
costeira
Praticada entre as 9 e as 12 milhas da costa.
Embarcações com mais de 9 metros.
Maior autonomia das embarcações.
Sistemas de conservação do pescado a bordo.
Média de permanência no mar: 1 dia a 3 semanas.
Longínqua
Praticada em águas internacionais para lá da ZEE nacional.
Embarcações de grandes dimensões.
Grande autonomia das embarcações.
Sistemas de conservação do pescado diversificados e sofisticados.
Longa permanência no mar (semanas a meses).
Tecnologia
Artesanal ou
tradicional
Embarcações de pequena tonelagem.
Embarcações por vezes sem motor.
Técnicas e meios de pesca muito rudimentares.
Reduzida captura de pescado.
Reduzida tripulação.
Moderna
ou industrial
Embarcações de grande tonelagem.
Embarcações modernas e bem equipadas.
Técnicas avançadas e eficazes.
Grandes capturas de pescado.
Muita tripulação.
60 | Os Recursos de Timor-Leste
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Caracteriza a pesca local em relação a:
a) área onde é praticada; b) autonomia; c) sistemas de conservação do pescado.
1.2. Caracteriza as embarcações utilizadas na pesca artesanal.
1.3. Apresenta duas diferenças entre a pesca artesanal e a pesca industrial.
1.4. Distingue a pesca do largo da pesca longínqua.
1.5. Explica de que forma a pesca artesanal pode contribuir para a sustentabilidade da vida marinha.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
4.2.3.2. principais tipos de pesca existentes em timor-Leste
Timor-Leste tem uma linha costeira com cerca de 735 km e uma Zona
Económica Exclusiva com 72 000 km2. Os recursos marítimos são muito
ricos e o espaço marítimo apresenta potencial para o desenvolvimento de
pescas no mar. No entanto, a atual contribuição do setor das pescas para
a produção do rendimento nacional é reduzida, apesar das possibilidades
que a vasta costa oferece.
Pratica-se uma pesca artesanal, que utiliza técnicas muito rudimentares.
Os instrumentos de pesca mais comuns são as tarrafas, os arpões, os
anzóis, as redes, os camaroeiros e as nassas, em função do tipo de pesca
a que se destinam (Figura 11).
As embarcações são, em regra, pequenas, sendo a maioria das tradicionais
escavadas em troncos e com estabilizadores laterais, geralmente em
bambu (denominados beiros). Outras, denominadas corcoras, possuem
velas em tecido. Um projeto de 2008 introduziu barcos de fibra de vidro,
como parte de um programa mais amplo que visava o desenvolvimento do
setor. No entanto os pescadores sentem dificuldades na aquisição deste
tipo de embarcações devido ao elevado custo das mesmas (Figura 12).
Figura 11 – Exemplos de instrumentos de pesca utilizados em Timor-Leste (A – Camaroeiro, B – Tarrafa, C – Redes de pesca e D – Arpões).
A B
C
A CB
Figura 12 – Exemplos de embarcações de pesca utilizadas em Timor-Leste (A – Embarcação tradicional (beiro), B – Embarcações com motor, C – Embarcações tradicionais com velas em tecido - corcoras).
D
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 61
Durante o período da ocupação indonésia o setor pesqueiro teve um
grande desenvolvimento. Entre 1987 e 1997 aumentou o número de
pescadores de mar e de rio e a quantidade de pescado capturado. O
número de pescadores passou de 7500 para 12000. Após esta data
assistiu-se a uma regressão e em 2004 apenas 2173 pessoas se dedicavam
à pesca (Figura 13).
O pescado é quase todo consumido fresco pelos timorenses, dado que
parte da carne foi substituída pelo peixe (Figura 14). O peixe entrou na
dieta alimentar, agora mais diversificada e rica, contribuindo para uma
maior segurança alimentar, em particular das crianças.
Figura 13 – Evolução do número de pescadores em Timor-Leste entre 1987 e 2004.
A CB
Figura 14 – Venda de peixe fresco no mercado de Lecidere (A, B e C) (Díli, Timor-Leste).
A pesca é uma atividade com potencialidades que vão para lá da
alimentação da população timorense, podendo o peixe ser exportado
fresco ou em conserva. O incremento de uma indústria nacional de
pesca do mar em Timor-Leste dependerá do desenvolvimento de um
mercado de exportação, uma vez que a procura doméstica é limitada.
Será preciso criar condições para a iniciativa e o investimento para que
se possa concretizar este objetivo a longo prazo. A atividade piscatória é
mais importante na costa norte, nas imediações de Díli. A ilha de Ataúro,
N.º de Pescadores
1987 1997 2004
62 | Os Recursos de Timor-Leste
devido ao seu isolamento, apresenta as maiores tradições pesqueiras.
Dos 13 distritos timorenses, apenas dois não possuem acesso à costa – os
distritos de Aileu e de Ermera (Figura 15).
Figura 15 – Divisão administrativa de Timor-Leste.
Em Timor-Leste as infraestruturas portuárias tornam difícil a atracagem
de embarcações de maior porte. Embora tenham sido construídos cais
acostáveis e ancoradouros, apenas dois em Díli (Hera e Tíbar) e um em
Lautém (Com) permitem a acostagem de navios de maior tonelagem de
arqueação bruta (TAB) (Figuras 16 e 17).
Existe, também, potencial para pesca em terra, nas áreas mais
montanhosas, incluindo os distritos de Aileu, Manufahi, Ermera, Liquiçá,
Ainaro e Viqueque.
A biodiversidade das zonas costeiras de Timor-Leste é significativa. As
espécies predominantes são os atunídeos (ex.: atum, cavala, bonito),
a corvina, a pescada, o linguado, o salmonete, a sarda, o peixe-coco, a
garoupa, o peixe-espada, as bicudas e o cação e, ainda, os cefalópodes
(ex.: polvo, lula, choco), os crustáceos (ex.: lagosta, camarão, lavagante,
caranguejo) e os bivalves (ex.: amêijoa, berbigão) (Figura 18).
atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Caracteriza o tipo de pesca praticado em Timor-Leste.
1.2. Explica o modo como é comercializado o peixe capturado em Timor-Leste.
1.3. Em Timor-Leste a pesca é apenas praticada no mar?
1.4. Menciona quatro espécies capturadas nas zonas costeiras timorenses.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 16 – Portos de Díli (A - Porto de Hera, B - Porto de Tíbar) (Timor-Leste).
A
D
B
E
C
F
G
Figura 18 – Exemplos de peixes existentes nas zonas costeiras de Timor-Leste (A – Atum, B – Cavala, C – Salmonete, D – Pescada, E – Corvina, F – Linguado, G – Cação).
A B
Figura 17 – Barcos de pesca no porto de Com - Lautém (Timor-Leste).
Oecussi Ambeno
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 63
4.2.4. atividades piscatórias sustentáveis e desenvolvimento
de Timor-Leste
Comparando o setor pesqueiro com outras atividades constata-se que as
pescas em Timor-Leste estão bem reguladas e regulamentadas, havendo
legislação publicada muito relevante. Mas a sua aplicação é limitada e
o setor continua a funcionar muito à semelhança do que acontecia no
passado. Há, no entanto, fortes preocupações das autoridades com
o desenvolvimento sustentável do setor pesqueiro, traduzidas nas
estratégias definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento para
2011-2030.
A aquacultura em água doce, em água salobra e em água salgada não
está bem desenvolvida, embora haja consumo de algumas espécies como
o peixe-gato, o peixe-dourado, o peixe-leite, o camarão e as algas, em
pequenas quantidades (Figura 19).
A B C
Figura 19 – Exemplos de espécies consumidas em Timor-Leste e que provêm de aquacultura (A – Peixe-gato, B – Peixe-dourado, C – Peixe-leite).
O potencial de desenvolvimento da aquacultura em água salobra é
elevado, especialmente na área das florestas de mangais e de outros
terrenos marginais, que são fisicamente adequados para viveiros de peixe
(Figura 20).
O desenvolvimento da aquacultura em água doce é limitado pela
pouca abundância da própria água doce. No entanto, no interior de
Timor-Leste existe alguma criação de peixe nos lagos que existem em
algumas regiões (Figura 21).
As águas costeiras e próximas da costa em Timor-Leste podem suportar
atividades de aquacultura, tais como a extração de algas e a criação de
camarão, de abalone, de caranguejos e de ostras (Figuras 22 e 23).
Figura 20 – Floresta de mangal nos arredores de Liquiçá.
Figura 21 – Lago de água doce onde existe produção de peixe (Lagoa Bemalai, subdistrito de Atabae).
A B C
Figura 22 – Exemplos de espécimes que podem ser cultivados em aquacultura nas zonas costeiras de Timor-Leste (A – Camarão, B – Caranguejo, C – Abalone). Figura 23 – Gaiolas de engorda de
caranguejos em Hera (Timor-Leste).
64 | Os Recursos de Timor-Leste
atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Menciona as atividades de aquacultura que podem desenvolver- -se nas águas costeiras timorenses.
1.2. Justifica a importância da aquacultura para as populações das zonas costeiras.
1.3. Indica duas espécies de peixe que costumam consumir-se no distrito onde a tua escola se encontra.
1.4. Refere as áreas de maior potencial da aquacultura em água salobra.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
As atividades de aquacultura costeira podem oferecer oportunidades
de obtenção de rendimentos para algumas comunidades costeiras. Está
planeado introduzir pelo menos três tipos de atividades de aquacultura
para as comunidades costeiras até 2020, o que será conseguido após a
realização de um inventário dos locais mais adequados para tal produção.
É necessária uma refrigeração fiável que facilite a exploração comercial
de peixe. Para tal, é necessário construir infraestruturas de produção
de energia elétrica que mantenham um constante fornecimento da
mesma. É igualmente necessário melhorar a monitorização e a proteção
das espécies.
A curto prazo (2011 a 2015), segundo o PED, as estratégias e ações que
visam melhorar a gestão das pescas costeiras e em terra e a criação de
um setor de pesca comercial vibrante, incidirão no aumento da captura,
através de atividades de pesca tradicional (Figuras 24 e 25) e a exploração
de áreas de pesca na Zona Económica Exclusiva de Timor-Leste.
A médio prazo (2016 a 2020), segundo o PED, as ações deverão incidir na
pesca em alto mar e serão orientadas para a exportação procedendo-se,
também, ao desenvolvimento de centros de pesca, ao longo da costa sul,
em especial em Lore (distrito de Lautém). Será, também, encorajada a
criação comercial de peixe nas zonas onde existam recursos hídricos, nos
distritos de Aileu, de Ermera, de Liquiçá e de Ainaro.
A criação de uma indústria de pescas exigirá a construção e a aquisição
de barcos modernos, a formação em técnicas de pesca em alto mar e o
estabelecimento de ligações, entre zonas de pesca e pontos de exportação,
equipadas com sistemas de refrigeração (Figura 26).
De acordo com o PED 2011-2030, será feito um levantamento dos locais
mais adequados para a pesca comercial, de modo a permitir aumentar a
proteção de locais de criação de peixe e de outros ambientes marinhos
importantes. Admite-se a definição de zonas de proteção marinha e o
estabelecimento de um centro marinho de investigação e desenvolvimento.
O papel potencial do peixe em resposta aos desafios da segurança
alimentar e nutricional em Timor-Leste merece uma atenção especial. O
peixe é uma fonte de proteínas animais de alta qualidade, bem como de
micronutrientes essenciais, tais como o zinco e o ferro. O peixe melhora,
também, a absorção de minerais que provêm de outros alimentos. A
ingestão de pequenos peixes é uma excelente fonte de cálcio disponível
para o organismo. Alguns peixes são uma fonte valiosa de ácidos
gordos essenciais.
A
B
Figura 26 – Exemplos de barcos modernos e de transportes com sistema de refrigeração necessários para Timor-Leste (A – Navio frigorífico, B – Camião-frigorífico).
Figura 24 – Pescadores de peixe-leite e gaiolas de engorda de caranguejos em Metinaro (Timor-Leste).
Figura 25 – Armadilha de captura de caranguejos em Hera (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 65
Há uma crescente valorização do papel do peixe no fornecimento de
gorduras essenciais para o desenvolvimento do cérebro e da capacidade
cognitiva no feto e na criança.
Os alimentos e os aspetos nutricionais da aquacultura recebem uma
atenção especial no Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030,
nomeadamente ao nível do abastecimento total de peixe e da nutrição
das famílias, particularmente para as mulheres e as crianças (Figura 27).
A
CB
Figura 27 – Exemplos de pratos confecionados com peixe em Timor-Leste (A – Peixe assado com batatas, B – Filetes de peixe, C – Espetada de peixe com arroz de feijão).
O desenvolvimento da aquacultura foi identificado pelo Governo timorense
como um meio de melhorar a segurança alimentar e nutricional dos
timorenses, bem como aumentar o rendimento das famílias do interior
do país e das zonas costeiras. O PED destaca o papel da aquacultura no
aumento do consumo de energia e de proteínas, bem como na geração de
receitas que provenham da exportação de peixe. A Estratégia Nacional de
Desenvolvimento da Aquacultura prevê um papel forte para a aquacultura
na diversificação e na melhoria dos meios de subsistência e na superação
de obstáculos entre as famílias rurais e os sistemas agroecológicos.
Destina-se a contribuir para o aumento do abastecimento e do consumo
de peixe, com o objetivo de incrementar o consumo de peixe por habitante
em Timor-Leste de 6,1 kg para 15,0 kg em 2020 (próximo do consumo per
66 | Os Recursos de Timor-Leste
capita médio global anual de 17,8 kg). A expetativa é de que a aquacultura
contribua em 2030 com 40% do abastecimento de peixe para o mercado
interno e os restantes 60% provenham da pesca de captura.
A aquacultura em água salobra e a maricultura fornecem oportunidades
para pequenos negócios e para o aumento de rendimento das comunidades
costeiras. Para o desenvolvimento da aquacultura em água doce o PED
2011-2030 propõe uma abordagem com duas vertentes:
● apoio ao aparecimento de pequenas e médias empresas de
aquacultura em agroecologias adequadas;
● criação de sistemas integrados de agricultura-aquacultura,
principalmente para a alimentação humana, com a construção de
sistemas de armazenamento de água de pequena escala junto das
famílias pobres em lugares menos favoráveis e com poucos recursos.
A elaboração de tecnologias viáveis de baixo custo através de processos
participativos, a criação dos serviços necessários e o empoderamento das
mulheres e das comunidades marginalizadas através das suas organizações,
são considerados vitais para o desenvolvimento da aquacultura sustentável.
A tónica é colocada no desenvolvimento da aquacultura baseada em
tecnologias de baixo custo que são amigas do ambiente, socialmente
responsáveis e economicamente viáveis. A visão da Estratégia Nacional
de Desenvolvimento da Aquacultura é que a aquacultura contribua para
a melhoria da segurança alimentar e nutricional, para a diversificação dos
meios de subsistência das comunidades costeiras e interiores e para o
crescimento económico em Timor-Leste.
Outras estratégias para criar uma indústria de pescas sustentável e
vibrante, que crie emprego e contribua para as metas de melhoria da
segurança alimentar e da nutrição em Timor-Leste, incluem:
• a criação de centros de demonstração do uso de sistemas eletrónicos
de controlo de pescas e do corte, processamento, transporte e
armazenamento de produtos de pescas;
• o desenvolvimento da pesquisa para a criação de camarões, abalones,
caranguejos e ostras;
• o estabelecimento de ligações a mercados consumidores e o
desenvolvimento de sistemas de transporte dos produtos produzidos;
• a promoção da capacidade dos pescadores e da comunidade de
criadores de peixe;
MariculturaCultivo de organismos marinhos nos seus habitats naturais, geralmente com objetivos comerciais.
i
atividade 81. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre a atividade piscatória na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:
- Tipo de pesca existente;
- Características da pesca existente;
- Espécies que são pescadas;
- Potencialidades das pescas para as famílias dos pescadores; - Destino do peixe pescado;
- Pratos confecionados com o peixe pescado;
- Contributos que pode dar a pesca para o desenvolvimento da região.
2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito, organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida, convidar um pescador para vir à escola falar sobre a atividade piscatória que pratica)
3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 67
• o controlo de qualidade e a supervisão dos recursos pesqueiros
produzidos;
• a criação de portos de pesca e de infraestruturas, tais como, cais e
locais de atracagem;
• o desenvolvimento de um mercado de exportação de peixe.
Um dos problemas relacionados com a ZEE timorense é a pesca ilegal
efetuada por países vizinhos. A atividade ilegal é uma ameaça para
a economia de Timor-Leste, uma vez que a pesca não autorizada
continua a subtrair os recursos do país. A dependência Marítima da
Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e os oficiais da Força de Defesa
Timorense (F-FDTL) têm dificuldades em controlar eficazmente a área
marítima por falta de meios.
Com a colocação em prática da legislação das pescas e a efetivação das
metas propostas no PED admite-se que Timor-Leste venha a ter uma pesca
com práticas que podem ser mantidas indefinidamente, não contribuindo
para a redução da capacidade das espécies alvo. Admite-se, também, que
é possível manter os níveis da população piscícola saudáveis não causando
impactos negativos noutras espécies do ecossistema, nem prejudicando o
seu ambiente físico, nem capturando-as de forma acidental.
atividade 91. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:
1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento do setor das pescas em Timor-Leste?
1.2. Indica duas ações levadas a cabo pelos pescadores timorenses que podem ser melhoradas com a efetivação das metas do Plano Estratégico de Desenvolvimento para o setor das pescas.
1.3. Que medidas podem ser implementadas pelos cidadãos timorenses que visem estimular o desenvolvimento do setor das pescas em Timor-Leste?
1.4. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o setor das pescas da tua região.
2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.
68 | Os Recursos de Timor-Leste
● A atividade piscatória consiste em retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes
do grupo dos peixes, dos crustáceos, dos moluscos ou dos vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de
aproveitamento económico. Neste conceito estão salvaguardadas as espécies ameaçadas de extinção e
que constam das listas oficiais da fauna e da flora.
● A pesca tem um valor económico, social e cultural muito importante para as populações.
● Os dados estatísticos da FAO mostram que as capturas no mar e nas águas doces superficiais diminuíram
entre 2004 e 2009 e a aquacultura cresceu 22%, no mesmo período de tempo. Esta situação pode
estar relacionada com o aumento das preocupações ambientais, relacionadas com a necessidade de
preservar a biodiversidade aquática.
● O Oceano Pacífico é a principal área de pesca marítima, com destaque para as regiões Noroeste,
Sudeste e Centro Oeste. Estas áreas são determinadas pela abundância de microrganismos vegetais
(fitoplânton) e animais (zooplânton) e pela influência das correntes marítimas.
● A fauna marinha concentra-se nas áreas que reúnem as condições ideais de alimentação, de respiração
e de reprodução, estando, geralmente, localizadas na plataforma continental e nas zonas afetadas
pelas correntes marítimas. Estas regiões possuem: forte agitação da água; afluência das águas do
continente; elevada produção fitoplantónica.
● Qualquer país costeiro possui uma faixa adjacente à costa sobre a qual tem direitos e deveres. Esse
espaço compreende as águas territoriais ou mar territorial, que vai do continente até às 12 milhas
marítimas e a Zona Económica Exclusiva (ZEE), uma faixa que se estende desde a linha de base até às
200 milhas marítimas.
● As atividades piscatórias podem classificar-se em função da área onde são exercidas e em função
das tecnologias utilizadas. Assim, quanto à área, tipo de embarcações, autonomia, conservação do
pescado classificam-se em: local, costeira, do largo ou longínqua. Quanto à tecnologia classificam-se
em: artesanal ou tradicional e moderna ou industrial.
● Timor-Leste tem uma linha costeira com cerca de 735 km e uma Zona Económica Exclusiva com 72 000
km2. Os recursos marítimos são muito ricos e o espaço marítimo apresenta potencial para desenvolvimento
de pescas no mar. Pratica-se uma pesca artesanal, que utiliza técnicas muito rudimentares.
SÍNTESE
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 69
● A pesca é uma atividade com potencialidades que vão para lá da alimentação das populações. O
produto das pescas pode ser utilizado como matéria-prima para a indústria das conservas e pode ser
exportado fresco ou em conserva.
● A atividade piscatória em Timor-Leste é mais importante na costa norte, nas imediações de Díli. A ilha
de Ataúro, devido ao seu isolamento, apresenta as maiores tradições pesqueiras.
● A biodiversidade das zonas costeiras de Timor-Leste é significativa. As espécies predominantes são os
atunídeos (ex.: atum, cavala, bonito), a corvina, a pescada, o linguado, o salmonete, a sarda e o cação
e, ainda, os cefalópodes (ex.: polvo, lula, choco), os crustáceos (ex.: lagosta, camarão, lavagante) e os
bivalves (ex.: amêijoa, berbigão).
● As autoridades timorenses têm grandes preocupações com o desenvolvimento sustentável do
setor pesqueiro, traduzidas nas estratégias definidas no Plano Estratégico de Desenvolvimento para
2011-2030.
● A aquacultura em água doce, em água salobra e em água salgada não está bem desenvolvida, no entanto
o seu potencial é enorme. A aquacultura em água salobra tem um potencial elevado, especialmente na
área das florestas de mangais e de outros terrenos marginais. A aquacultura em água doce é limitada
pela pouca abundância da própria água doce. As águas costeiras e próximas da costa em Timor-Leste
podem suportar atividades de aquacultura, tais como a extração de algas e a criação de camarão, de
abalone, de caranguejos, de pérolas e de ostras.
● A curto prazo (2011 a 2015), as estratégias e ações que visam melhorar a gestão das pescas costeiras e
em terra e a criação de um setor de pesca comercial vibrante, incidirão no aumento da captura, através
de atividades de pesca tradicional e na exploração de áreas de pesca na Zona Económica Exclusiva de
Timor-Leste.
● A médio prazo (2016 a 2020), as ações incidirão na pesca em alto mar e serão orientadas para a
exportação procedendo-se, também, ao desenvolvimento de centros de pesca, ao longo da costa sul,
em especial em Lore (distrito de Lautém). Será, também, encorajada a criação comercial de peixe nas
zonas onde existam recursos hídricos, nos distritos de Ailéu, de Ermera, de Liquiçá e de Ainaro.
● A criação de uma indústria de pescas exigirá a construção e a aquisição de barcos modernos, a formação
em técnicas de pesca em alto mar e o estabelecimento de ligações, entre zonas de pesca e pontos de
exportação, equipadas com sistemas de refrigeração.
70 | Os Recursos de Timor-Leste
Atividades Complementares
1. O Homem desde há muito tempo que utiliza o peixe que a Natureza coloca à sua disposição. 1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. A atividade piscatória está inserida no setor terciário.
b. A jusante da pesca encontram-se as indústrias de construção naval, as artes de pesca e o fabrico das redes.
c. Os dados estatísticos da FAO mostram que as capturas no mar e nas águas doces superficiais diminuíram entre 2004 e 2009.
D. A disponibilidade mundial de peixe proveniente da pesca de captura e da aquacultura tem vindo a aumentar.
E. A Europa é a maior produtora de pescado capturado.
f. As principais áreas de pesca marítima a nível mundial são determinadas pela abundância do fitoplânton e do zooplânton e pela influência das correntes marítimas.
G. A fauna marinha concentra-se nas áreas localizadas no talude continental e nas zonas que não são
afetadas pelas correntes marítimas.
1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.
2. Estabelece a correspondência entre os tipos de pesca apresentados na coluna I e as respetivas
características indicadas na coluna II.
coluna i coluna ii
1. Pesca longínqua
2. Pesca artesanal
3. Pesca costeira
4. Pesca local
5. Pesca moderna
A. Praticada entre as 9 e as 12 milhas da costa.
b. Embarcações modernas e bem equipadas.
c. Praticada até às 6 milhas da costa.
D. Praticada em águas internacionais.
E. Embarcações de pequena tonelagem.
3. As pescas desempenham um papel importante na economia de muitos países. 3.1. Justifica a importância social das pescas. 3.2. Distingue aquacultura de maricultura. 3.3. Justifica a importância da aquacultura para a vida marinha. 3.4. Relaciona as correntes marítimas com a abundância de peixe.
4. Os recursos marítimos de Timor-Leste são muito ricos e o espaço marítimo apresenta potencial para
desenvolvimento de pescas no mar.
4.1. Indica três tipos de peixe que são pescados na zona marítima timorense.
4.2. Justifica a importância do peixe na alimentação dos timorenses.
4.3. Caracteriza o tipo de pesca que é maioritariamente utilizado em Timor-Leste.
4.4. Explica de que forma a previsão do crescimento da atividade piscatória pode ser aproveitada para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
3UNIDADE TEMÁTICA
Os Recursos de Timor-Leste
Sumário
A indústria – uma necessidade para o crescimento económico - Organização do espaço industrial - O futuro das atividades industriais - O desenvolvimento industrial de Timor-Leste
FinalidadeA abordagem do subtema A indústria – uma necessidade para o crescimento económico pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca das atividades industriais, analisando o conceito de indústria, a organização do espaço industrial e a importância deste tipo de atividades no contexto da economia timorense e mundial.
Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de indústria. Distingue indústria tradicional de indústria moderna. Indica os fatores de localização industrial. Classifica os tipos de indústria existentes. Identifica as indústrias predominantes em Timor-Leste. Justifica a importância das atividades industriais para a susten-tabilidade económica do território timorense.
4.3. a indústria – uma necessidade PARA O cRESciMENTO EcONóMicO
conceitos-chave Indústria
Indústria tradicional
Indústria moderna
Indústria familiar
Indústria extrativa
Indústria transformadora
Indústria ligeira
Indústria pesada
Indústria de bens de equipamento
Indústria de bens de consumo
Indústria de base
Indústria de ponta
Espaço industrial
Fatores de localização industrial
Globalização da economia
Desenvolvimento industrial
Fábrica global
Clusters industriais
Indústria timorense
Produtos industriais de Timor-Leste
Fatores de localização das indústrias timorenses
Indústrias essenciais
QUESTÃO ORiENTADORAComo é que a indústria pode contribuir para o desenvolvimento
económico de Timor-Leste?
72 | Os Recursos de Timor-Leste
4.3. a indústria – uma necessidade para
O cRESciMENTO EcONóMicO
4.3.1. Organização do espaço industrial
4.3.1.1. conceitos de indústria
O Homem desde há muito tempo que transforma as matérias que a
Natureza coloca à sua disposição. Transformou a lã das ovelhas em tecidos,
o ouro em jóias, produziu vidro, utilizou o barro no fabrico de utensílios de
cerâmica, obteve o bronze a partir do cobre e do estanho, entre outras.
Quando a transformação se faz utilizando, sobretudo, o trabalho manual
designa-se por artesanato. Neste caso a quantidade de objetos obtidos é
muito pequena.
Quando a transformação se faz com o recurso a máquinas, estamos em
presença da indústria. Neste caso a quantidade de matérias transformadas
e de produtos acabados é muito elevada (Figura 1).
No Quadro 1 encontram-se algumas definições de indústria.
“A indústria […] é o ato de transformar por meio de um certo trabalho,
objetos em bruto em objetos que tenham uma aplicação. Ela pode
comportar tanto a produção de matérias-primas para segundas indústrias,
como a utilização dessas ou de outras matérias-primas.”
R. blanchard
“A indústria é o conjunto de atividades que convertem, por via mecânica
ou química, substâncias orgânicas ou inorgânicas em produtos novos que
efetuam a montagem de peças componentes dos produtos manufaturados
e, ainda, as que se ocupam da reparação dos mesmos.”
André costa
“Indústria é o ato de transformar, com a ajuda de energia, certa quantidade
de matéria em bens intermediários ou finais.”
Garcia de ballesteros
Quadro 1 – Algumas definições de indústria
A
B
Figura 1 – Fotografias exemplificando atividades de artesanato e atividades industriais em Timor-Leste (A – Artesão a trabalhar na Avenida de Portugal, Díli; B – Indústria de produção de blocos, Arredores de Díli).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 73
Ao analisarmos as definições apresentadas podemos constatar que o
termo «indústria» corresponde à atividade que implica, necessariamente,
a transformação de uma matéria-prima num produto final. Esta
transformação pressupõe a utilização de energia e de técnicas adequadas
à produção de bens.
A partir de meados do século XVIII a indústria sofreu grandes
transformações traduzidas, sobretudo, no aparecimento e no
desenvolvimento de um elevado número de unidades produtivas.
Há vários critérios para classificar as indústrias, nomeadamente: a origem
da matéria-prima utilizada, o peso e o valor do produto final, o destino
do produto final e a tecnologia utilizada. No Quadro 2 apresentamos a
classificação das indústrias de acordo com os critérios considerados.
Quadro 2 – Classificação das indústrias
critérios classificação características
Origem da
matéria-prima
ExtrativasConsiste na extração de matérias-primas brutas do solo e subsolo para serem transformadas em bens de equipamento ou de consumo (ex.: extração mineira, exploração florestal, produtos agropecuários).
TransformadorasConsiste na transformação de matérias-primas brutas ou trans-formadas em produtos que são diretamente consumidos pela população (ex.: fábrica de conservas de peixe).
Peso/volume das
matérias-primas
e dos produtos
acabados
LigeirasUtiliza um reduzido peso e volume de matérias-primas e produz bens de consumo (ex.: fabrico de mobiliário, de relógios, de eletrodomésticos, de vestuário, das conservas de peixe).
PesadasUtiliza um elevado peso e volume de matérias-primas e produz bens de equipamento (ex.: extração mineira, siderurgia, metalurgia, refinação do petróleo).
Tipo de bens
produzidos/destino
da produção
Bens de equipamento
Produção de bens acabados ou semiacabados destinados a equipar outras indústrias ou a fornecer-lhes a sua matéria-prima já elaborada (ex.: siderurgia, metalurgia, construção naval, produção de máquinas para a agricultura e transportes, construção civil, teares, redes de refrigeração).
Bens de consumo
Produção de bens para serem consumidos diretamente pelas pessoas (ex.: vestuário e calçado, produtos alimentares, livros, mobiliário, eletrodomésticos).
Origem da
matéria-prima
De base Utiliza tecnologia pouco sofisticada e baseada em mão de obra (ex.: indústria têxtil).
De ponta Usa tecnologia avançada (ex.: indústria aeronáutica, aeroespacial, informática, telecomunicações, bioquímica).
74 | Os Recursos de Timor-Leste
Dado que existe uma grande diversidade de características das unidades
fabris e mesmo se tivermos em conta apenas um único critério, por vezes,
torna-se difícil classificar o tipo de indústria em causa. É o caso da indústria
automóvel, que tanto pode ser considerada de bens de consumo como de
bens de equipamento, dependendo da utilização que é feita do veículo.
Se a sua utilização se destinar ao uso particular, a indústria inclui-se no
primeiro caso. Se a sua utilização se destinar ao serviço de uma empresa,
inclui-se no segundo tipo de indústria.
As indústrias podem apresentar características:
● artesanais, quando é utilizado, sobretudo, o esforço do Homem;
● familiares, quando envolvem um pequeno número de trabalhadores,
geralmente da mesma família;
● modernas, quando recorrem a tecnologias avançadas.
No Quadro 3 encontram-se algumas das características da indústria
familiar, artesanal e moderna.
atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Apresenta uma noção de indústria.
1.2. Estabelece a distinção entre indústrias de bens de equipamento e de bens de consumo.
1.3. Dada a grande diversidade de características das unidades industriais torna-se, por vezes, difícil a sua classificação. Explica o porquê desta dificuldade.
1.4. Justifica a importância estratégica das indústrias extrativas para o desenvolvimento económico de um país ou de uma região.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Quadro 3 – Caracterização das indústrias
Parâmetros / indústrias familiar Artesanal Moderna
Divisão do trabalhoReduzida. Não há especialização.
Especialização.Especialização levada ao extremo.
Qualidade dos produtosÚnicos e diferentes.
A qualidade depende da perícia do trabalhador.
Únicos e diferentes. O artesão zela pela qualidade do seu trabalho.
Iguais. Fabrico em série.
Mão de obra Familiar, não assalariada.Familiar com alguns assalariados.
Operários assalariados.
TécnicasRudimentares e baseadas na força muscular e braçal.
Menos rudimentares e baseadas na força muscular e mecânica.
Mecanização total ou quase total.
Localização Mundo rural. Áreas urbanas. Áreas urbanas e rurais.
Volume de produtos Reduzido. Maior volume de produtos. Fabrico em massa.
Preço dos produtos Troca direta. Preço elevado.Diminuição do preço unitário.
capital Não há. Familiar e pouco intensivo.Intensivo e com recurso ao crédito.
Mercados Troca local.Comercialização em áreas restritas.
Diversificado - nacional e internacional.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 75
4.3.1.2. Espaço industrial
O espaço industr ial é o espaço ocupado pelos estabelecimentos
industriais. A escolha de um local para a instalação de uma indústria
é um processo complexo e resulta da influência de vários fatores,
chamados fatores de localização. Uma indústria para laborar precisa
de espaço, de matérias-primas, de energia, de mão de obra, de
um mercado (que consuma o que é produzido), de capital (para
assegurar o investimento), da definição de políticas adequadas.
Precisa, também, de transportes e de vias de comunicação que, ao
servirem para colocar as matérias-primas na empresa e os produtos
acabados nos consumidores, se constituem como fatores decisivos
para a localização das indústrias. No esquema da Figura 2 encontram-
-se representados os fatores de localização industrial referidos.
Figura 2 – Principais fatores de localização industrial.
iNDÚSTRiA
EspaçoEnergia
Vias de comunicaçãoe Transporte
Mão-de-obra
Matérias-primas
capital
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Distingue a indústria familiar da indústria artesanal, no que se refere à mão de obra e aos mercados consumidores.
1.2. Indica duas diferenças existentes entre a indústria artesanal e a indústria moderna.
1.3. Justifica a importância das indústrias familiares no desenvolvimento económico de Timor-Leste.
1.4. Explica de que modo as indústrias artesanais podem contribuir para a valorização do património cultural de Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
política
Mercados consumidores
76 | Os Recursos de Timor-Leste
A importância de cada fator de localização industrial varia ao longo do
tempo e é condicionada pelo tipo de indústria que se pretende instalar.
atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Define espaço industrial.
1.2. Refere qual é o significado de fatores de localização industrial.
1.3. Indica três fatores de localização fundamentais para a instalação de uma indústria numa determinada região.
1.4. Explica de que forma os transportes e as vias de comunicação são fatores de localização essenciais para a instalação de uma indústria numa dada região.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Espaço
Até finais do século XIX muitas indústrias encontravam-se localizadas no
interior das cidades. No entanto, a partir desta data começaram a sair
para espaços mais amplos existentes na periferia dos centros urbanos,
alguns dos quais, mais recentemente, foram preparados para o efeito,
como é o caso dos parques industriais (Figura 3).
Esta saída das indústrias para a periferia está relacionada com o aumento
do preço dos terrenos no interior das cidades, devido a uma grande
procura por parte de outras atividades económicas, como o comércio e
os serviços. Por outro lado, começaram a surgir, no interior das cidades,
problemas de trânsito, que dificultam a chegada das matérias-primas
e o escoamento dos produtos acabados. A estas dificuldades vieram
juntar-se as recentes preocupações ambientais, relacionadas com a
poluição causada pelas próprias empresas, o que contribuiu ainda mais
para acelerar este movimento das indústrias para a periferia.
Se tivermos em consideração o facto de as indústrias modernas serem,
normalmente, unidades de grande dimensão, necessitam de terrenos
amplos, de baixo custo e com fáceis acessos. Facilmente verificamos que
as periferias urbanas possuem estas condições, pelo que se tornaram as
áreas mais atrativas para a localização das indústrias.
Matérias-primas
As matérias-primas são indispensáveis à indústria. Podem ser fornecidas
pela agricultura, pela pecuária, pela exploração florestal, pela pesca e pela
exploração mineira (Figura 4). Há, também, muitos produtos industriais
que servem atualmente de matérias-primas para outras indústrias, como
Figura 3 – Exemplo de um parque industrial.
A B
C
D
Figura 4 – Exemplo de matérias-primas utilizadas na indústria (A - Café, B - Ouro, C - Petróleo bruto, D - Trigo).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 77
é o caso do ferro e do aço, na indústria siderúrgica, e das fibras e dos
tecidos, na indústria têxtil.
Sempre que as indústrias utilizam grande quantidade de matérias-primas,
em relação ao produto final, tendem a localizar-se na sua proximidade.
São exemplo, as refinarias de açúcar e as indústrias de pasta de papel.
Existem, ainda, indústrias cujas matérias-primas se estragam com
facilidade e, por isso, necessitam de estar próximo delas. Tal sucede com
as indústrias de conservas de vegetais, de frutas, de carne, de peixe,
entre outras (Figura 5).
Há, no entanto, muitas indústrias modernas que consomem uma gama
muito variada de produtos e, por isso, é impossível encontrá-los todos numa
mesma região. A localização das indústrias depende, nestas situações, da
facilidade de transportes para a concentração das matérias-primas.
Há, ainda, a considerar os custos das próprias matérias-primas, que podem
ser bastante diferentes conforme as regiões produtoras. Em igualdade de
circunstâncias, são preferidas as regiões que as possam oferecer ao preço
mais baixo.
Energia
No início da Revolução Industrial a principal fonte de energia era o carvão.
Eram necessárias grandes quantidades de carvão e, devido ao seu peso e
volume, o transporte era difícil e caro. Por isso, as indústrias localizavam-
-se junto das minas de carvão, dando origem às primeiras áreas industriais.
Estas áreas adquiriram a designação de paisagens negras. Eram
constituídas por fábricas com chaminés altas, edifícios escurecidos pelo
fumo e bairros de operários que viviam junto das fábricas. São exemplos
o Centro e o Sudeste de Inglaterra e a região de Rhur (Alemanha).
Em meados do século XX, a substituição do carvão por novas fontes
de energia facilmente transportáveis (ex.: petróleo, gás natural e
eletricidade) e o desenvolvimento dos transportes, levou à modificação
das antigas áreas industriais, bem como ao aparecimento de outras.
No entanto, devido à maior mobilidade do petróleo, tem havido uma
dispersão de certas indústrias. Assiste-se, atualmente, a uma localização
crescente das grandes refinarias e indústrias associadas junto dos portos
de desembarque do petróleo (Figura 6).
A eletricidade é outra fonte de energia importante e indispensável em
certas indústrias, como é o caso da eletrometalurgia. À escala mundial,
cerca de 90% da eletricidade consumida provém da conversão da energia
Figura 5 – Indústria da conservação de peixe.
Figura 6 – Refinaria de petróleo.
78 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 8 – Central nuclear.
Figura 9 – Localização das centrais nucleares existentes no mundo (dados de 2007).
Naturalmente, estas centrais nucleares tendem a localizar-se próximo
dos locais de consumo da energia, dado que o urânio e o plutónio são
fáceis de transportar. Razões de ordem técnica e de segurança podem
impor restrições à sua localização, sobretudo após acidentes como o de
Fukushima, no Japão, em 2011.
Verifica-se, assim, uma alteração nos padrões de localização industrial,
reduzindo-se a influência da localização da energia e das matérias-
primas e valorizando-se o papel de outros fatores, como é o caso da
mão de obra, das vias de comunicação e dos mercados, entre outros.
Mão de obra
A mão de obra é um fator fundamental para a produção industrial, mas
a sua incidência no valor acrescentado pode variar muito conforme
os casos. A quantidade de mão de obra necessária nas indústrias é
muito variável.
Há indústrias que precisam de um grande número de operários pouco
qualificados, como acontece com a indústria têxtil. A metalurgia,
a construção naval, a indústria automóvel e a indústria química
atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. A localização das matérias-primas é importante para a instalação de indústrias numa dada região.
1.1.1. Apresenta três exemplos de matérias-primas utilizadas na indústria alimentar.
1.1.2. Indica a razão pela qual as refinarias de açúcar se localizam próximo dos campos de cana do açúcar.
1.1.3. Refere a importância das vias de comunicação para as indústrias que consomem uma gama muito variada de produtos.
1.2. A energia é fundamental para permitir o funcionamento das indústrias.
1.2.1. Indica três fontes de energia que são utilizadas atualmente.
1.2.2. Explica a razão pela qual tem havido receios em construir mais centrais nucleares em alguns países.
1.2.3. Justifica a importância para a indústria da construção de uma refinaria de petróleo em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
calorífica do carvão ou do petróleo. Cerca de 10% provém da conversão
da energia cinética da água (Figura 7).
A energia nuclear ainda contribui muito pouco para o total da produção
energética, apesar das suas enormes possibilidades. Existem mais de 100
centrais nucleares em todo o mundo, que são fornecedoras de energia
elétrica (Figura 8). Na Figura 9 encontra-se um mapa com a localização das
centrais nucleares que existem no mundo.
Figura 7 – Central hidroelétrica.
Centrais Nucleares
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 79
Figura 10 – Linha de montagem automóvel.
necessitam de operários semiespecializados (Figura 10). Nos países
menos industrializados, onde as oportunidades de emprego são
reduzidas, estes trabalhadores tendem a emigrar à procura de
melhores condições de trabalho em outros países.
Algumas indústrias necessitam de um número relativamente pequeno
de mão de obra, como é o caso da indústria petroquímica (Figura 11).
Outras indústrias necessitam de mão de obra muito qualificada como,
por exemplo, a eletrónica, a relojoaria, a ótica e a robótica (Figura
12). Nestas indústrias o número de trabalhadores é em geral baixo,
devido à automação das atividades, que exigem também uma longa
preparação profissional. Esta mão de obra especializada implica
sempre o pagamento de salários mais elevados, além de um conjunto
de vantagens económicas e sociais que as empresas têm de satisfazer.
Uma parte desta mão de obra qualificada é constituída pelos
quadros superiores, engenheiros, investigadores e gestores. Este
tipo de indústrias tende, por isso, a localizar-se próximo de centros
universitários e de investigação.
A composição da mão de obra é, igualmente, importante. A estrutura
quanto à idade e ao sexo pode variar de modo sensível. No caso das
indústrias que exigem um trabalho delicado e paciente, é preferida
uma mão de obra essencialmente feminina, como é o caso da indústria
têxtil (Figura 13).
A produtividade da mão de obra é fundamental. A atitude perante
o trabalho depende de fatores sociais e culturais e pode afetar
gravemente a produção industrial. A indisciplina e o absentismo
prejudicam muito a produtividade e comprometem a viabilidade de
qualquer empresa. As empresas têm tendência para evitar as regiões
ou os países onde os trabalhadores não permitem a necessária
estabilidade laboral.
Mercado consumidor
A indústria só pode existir e expandir-se se houver mercado
consumidor adequado. Este tem de ter dimensões suficientes para
que seja possível o escoamento de toda a produção e se justifiquem os
investimentos realizados.
O mercado consumidor não corresponde, necessariamente, a zonas de
elevada densidade populacional, pois o que é importante é o nível de
vida dos habitantes. Por isso, as regiões muito populosas da Ásia das
Monções não constituem mercados consumidores muito atraentes, dado
Figura 11 – Plataforma petrolífera (indústria petroquímica).
Figura 12 – Linha de montagem numa empresa de eletrónica.
Figura 13 – Mão de obra feminina.
80 | Os Recursos de Timor-Leste
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica dois tipos de indústria que necessitem de mão de obra muito especializada.
1.2. Justifica a importância dos exemplos de indústrias referidos na questão anterior se localizarem próximo das universidades e dos centros de investigação.
1.3. Indica a razão pela qual a indústria têxtil prefere dar trabalho a mulheres do que a homens.
1.4. Justifica a seguinte afirmação:
“As empresas têm tendência para evitar as regiões ou os países onde as condições de trabalho não oferecem a necessária estabilidade.”
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
que aí o nível de vida é baixo. O comércio dos produtos industriais é
muito mais intenso nos países desenvolvidos da América do Norte,
da Europa Ocidental e do Japão, relativamente ao resto do mundo.
A importância dos mercados consumidores na localização da indústria
é muito variável. Há situações em que o transporte de produtos
acabados é mais caro do que o das matérias-primas, daí que haja
vantagem em as unidades industriais se instalarem próximo dos
mercados consumidores.
O aumento do peso ou a fragilidade dos produtos finais resultantes do
processo industrial leva o produtor a procurar localizar-se próximo do
mercado consumidor (ex.: indústria alimentar e de bebidas) (Figura 14).
Há outras indústrias que, pela procura dos consumidores, necessitam
de estar próximo dos consumidores – tipografias, ourivesarias, entre
outras (Figura 15).
Figura 14 – Símbolo utilizado no transporte de produtos frágeis.
O mercado consumidor pode ser local, regional, nacional ou internacional,
o que coloca problemas diferentes da localização. Se o mercado
consumidor é concentrado e especializado, as indústrias tendem a
localizar-se próximo. É o caso da construção de máquinas de fiação e de
tecelagem, que tende a fazer-se próximo das grandes empresas têxteis
(Figura 16). Se o mercado consumidor é vasto e os custos de transporte
afetam os custos finais, as indústrias tendem a dispersar-se. No entanto,
se a produção é feita apenas por algumas empresas que abastecem o
mercado nacional e internacional, as indústrias tendem a concentrar-se
num ponto favorável à distribuição.
Os mercados consumidores podem atrair as indústrias por outras razões.
Podem fornecer produtos intermédios, fabricados por outras indústrias
Figura 15 – Ourivesaria.
Figura 16 – Maquinaria de uma empresa têxtil de fiação.
fRáGiL
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 81
aí instaladas. Podem fornecer mão de obra abundante e variada, com
diferentes níveis de habilitações académicas.
capital
O capital é indispensável para que qualquer indústria possa existir e
prosperar. A acumulação de capital, fruto da poupança, é fundamental
para a realização de investimento.
A Revolução Industrial, que teve início em Inglaterra nos finais do século
XVIII, só foi possível, graças a um conjunto de novas invenções e de novas
técnicas e à existência de capitais fornecidos pela agricultura e pelo
comércio. Atualmente é a própria indústria dos países desenvolvidos
que permite a acumulação de enormes capitais, indispensáveis para os
grandes empreendimentos. Algumas indústrias, como a siderurgia, a
metalurgia, a eletrónica, a naval, a da aviação, entre outras, necessitam
de investimentos tão elevados que só grandes companhias ou os próprios
Estados podem realizá-los. Muitas vezes acontece, também, que são as
instituições financeiras a disponibilizarem esse capital para a construção
de novas indústrias (Figura 17).
Todas as fases do processo industrial implicam financiamentos. A compra
do terreno, a construção dos edifícios fabris e administrativos, a aquisição
de equipamento e de matérias-primas, o pagamento de salários, a
amortização do capital investido, o pagamento de juros de empréstimos
contraídos, as despesas de publicidade e de comercialização dos produtos,
a investigação científica e o progresso tecnológico. Os gastos são tais que
é necessária uma boa gestão financeira para permitir a sobrevivência
financeira da própria empresa industrial.
Transportes e vias de comunicação
Os transportes são fundamentais para o desenvolvimento industrial de
uma região ou de um país.
É necessário que as matérias-primas cheguem à fábrica e é, também,
fundamental que os produtos acabados cheguem aos mercados
consumidores. As indústrias tendem, por isso, a localizarem-se em áreas
com boas vias de comunicação e onde existam transportes adequados,
para facilitar a receção das matérias-primas e o escoamento dos produtos.
Os transportes terrestres necessitam de infraestruturas de linhas-férreas
e de estradas que representam um enorme investimento para os Estados
ou para as companhias privadas.
atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica três razões relacionadas com o mercado consumidor que justifiquem a localização das indústrias.
1.2. Justifica a importância do nível de vida do mercado consumidor no crescimento das indústrias.
1.3. Indica três fases do processo de instalação de uma indústria que necessitem de capital.
1.4. Refere qual é a importância do Estado na instalação de indústrias de elevado capital, como é o caso da aviação.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 17 – Capital.
82 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 20 – Rede rodoviária moderna existente nos países desenvolvidos.
Figura 21 – Camião de Transportes Internacionais (TIR).
O transporte ferroviário tem procurado adaptar-se às novas exigências
do tráfego impostas pelo desenvolvimento económico. Desempenhou
um papel decisivo na Revolução Industrial, tendo tornado possível
o escoamento de enormes quantidades de mercadorias (Figura 18).
Atualmente, nos países desenvolvidos, em que as linhas de caminhos
de ferro são numerosas, estão-se a abandonar muitas linhas por terem
deixado de ser rentáveis e procuram desenvolver-se outras que melhor
possam servir as necessidades dos grandes centros urbanos e industriais
(Figura 19). Nos países em desenvolvimento as linhas de caminhos de
ferro são, em geral, pouco desenvolvidas. É exceção o caso do México,
da Argentina e da Índia. Há, no entanto, países em que certas linhas
são fundamentais para o transporte de matérias-primas do interior
para os portos de embarque. É o caso de Angola, onde as linhas férreas
permitem o escoamento das matérias-primas do interior para os portos
de embarque.
O transporte por estrada – transporte rodoviário – tem vindo a adquirir
uma crescente importância, quer nos países desenvolvidos, dada a sua
maior flexibilidade e a melhoria significativa das estradas (Figura 20),
quer nos países em desenvolvimento, dadas as limitações existentes
nos transportes por caminho de ferro. Este tipo de transporte pode
complementar-se com o transporte por caminhos de ferro ou por via
marítima, permitindo a descentralização desejada de muitas indústrias
(Figura 21).
As áreas junto a portos marítimos importantes tornam-se locais
privilegiados para a localização das indústrias. Os transportes marítimos
são, em princípio, os mais baratos, em especial quando a carga é de grande
peso ou volume, como é o caso do carvão, do petróleo, dos minérios, da
madeira, dos cereais, entre outros. O seu inconveniente está associado a
uma maior lentidão e às limitações geográficas que lhe são próprias.
As áreas portuárias são, por isso, locais favoráveis à instalação de
numerosas unidades industriais. Nestes locais, é fácil o acesso às
matérias-primas e aos recursos energéticos que vêm do estrangeiro por
via marítima, assim como o escoamento dos produtos que se destinam
a outros países. Existem muitas zonas industriais em regiões portuárias
importantes, nomeadamente Roterdão (Holanda), Antuérpia (Bélgica),
Hamburgo (Alemanha), Tóquio (Japão), Nova Iorque e Houston (EUA).
A frota de navios tem procurado aumentar a sua capacidade para poder
fazer face às novas exigências, quer a nível do número de navios, quer a nível
das suas dimensões. O comércio internacional caracteriza-se atualmente
Figura 19 – Comboios de carga atuais nos países desenvolvidos.
Figura 18 – Comboios a vapor utilizados durante a Revolução Industrial (século XIX).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 83
Figura 22 – Navio de contentores, transportando dezenas ou centenas de contentores.
por um volume cada vez maior de mercadorias transacionáveis e por
distâncias cada vez maiores entre as zonas de produção e de consumo. A
carga geral é transportada cada vez mais em navios de contentores, que
possuem caixas metálicas de dimensões estandardizadas – contentores
(Figura 22). As operações de carga e de descarga tornaram-se muito
rápidas e seguras e o movimento das mercadorias entre os lugares
de origem e de destino pode fazer-se diretamente pela ligação dos
transportes marítimos com os transportes rodoviários e ferroviários.
A carga especial é transportada em navios de diferentes tipos, de acordo
com a natureza dos produtos que são transportados.
Os petroleiros são, atualmente, os maiores navios do mundo (Figura
23), podendo transportar cerca de 200 000 toneladas de petróleo bruto.
Os petroleiros estão a favorecer a localização dos grandes complexos
industriais próximo dos portos que lhes são acessíveis. As refinarias têm
de ser de grande capacidade para darem vazão à elevada quantidade de
petróleo bruto transportado pelos petroleiros.
Os mineraleiros são grandes navios que transportam minérios,
essencialmente de ferro. Ultrapassam as 100 000 toneladas de porte
(Figura 24). A utilização destes mineraleiros tem tido vastas implicações
económicas, nomeadamente a diminuição das tarifas de transporte, o
que permite que os países desenvolvidos recebam matérias-primas de
regiões muito distantes.
política
Na instalação de indústrias, muitas vezes, são implementadas ações
governamentais de incentivo, quer ao nível da valorização de determinadas
áreas ou regiões deprimidas, quer ao nível do alívio da saturação dos
centros urbanos. Criam-se parques industriais ou áreas exclusivamente
destinadas ao desenvolvimento de indústrias e oferecem-se aos
empresários impostos reduzidos ou a sua isenção, por determinados
períodos de tempo, créditos bonificados, infraestruturas já montadas
(ex.: rede elétrica, águas e saneamento, telecomunicações, vias de
comunicação). Estes atrativos constituem para os empresários um fator de
localização industrial muito importante. No entanto os parques industriais
devem ser planeados de forma a beneficiarem tanto os empresários como
os cidadãos dependentes dessas unidades industriais. Face à interação
dos diferentes fatores de localização industrial, a indústria encontra-se
distribuída de forma muito desigual pela superfície da Terra (Figura 25).
Figura 23 – Petroleiro.
Figura 24 – Mineraleiro.
84 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 25 – Localização das grandes áreas industriais do mundo.
As maiores concentrações industriais localizam-se no hemisfério Norte,
destacando-se a Europa, a América do Norte e o Japão, embora outras
regiões do mundo possuam, também, focos relativamente importantes
de industrialização.
Há, no entanto, fatores que têm vindo a ganhar cada vez mais importância.
É o caso dos transportes e das vias de comunicação e o custo da mão de
obra, que, devido à globalização da economia, assumem atualmente um
papel determinante.
As diferenças dos salários e das restantes condições de trabalho existentes
entre os países desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento, são
cada vez mais acentuadas e, por isso, constituem um fator decisivo na
localização das indústrias.
Assim, as indústrias de bens de consumo que necessitam de muita mão
de obra (ex.: têxteis, confeções) e as que utilizam tecnologia simples
como, por exemplo, a eletrónica de consumo (ex.: rádios, televisores,
eletrodomésticos) tendem a localizar-se nos países em desenvolvimento
(Figura 26).
Pelo contrário, nos países desenvolvidos dominam as indústrias de bens
de equipamento de alta tecnologia (ex.: robótica, aerospacial), indústria
química (ex.: adubos, fibras sintéticas, borracha sintética), construção de
transportes pesados (ex.: aeronáutica, construção naval) e a indústria
siderúrgica (ex: produção de aço) (Figura 27).
Globalização da economiaÉ o processo através do qual se expande o mercado e onde as fronteiras nacionais parecem mesmo desaparecer, por vezes, nesse movimento de expansão.
Caracteriza-se pela liberdade de circulação de mercadorias, capitais e serviços entre os países.
i
Figura 26 – Empresa de confeções.
Áreas Industrializadas
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 85
atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica quais são os principais fatores de localização industrial.
1.2. Refere a importância da matéria-prima na localização das indústrias.
1.3. Explica quais são as consequências das acentuadas diferenças do custo da mão de obra na localização das indústrias a nível mundial.
1.4. Refere duas indústrias que, devido aos menores custos da mão de obra, optem por se localizar em países em desenvolvimento.
1.5. Indica, com base na análise do mapa da Figura 25, duas das atuais áreas mais industrializadas no mundo.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
4.3.2. O futuro das atividades industriais
Atualmente as indústrias buscam a inovação, investem em novas
tecnologias, em especial naquelas que poupam mão de obra, como é
o caso da robótica (Figura 28). Antigas regiões industriais entram em
decadência com o processo de descentralização industrial, surgindo
novas regiões industriais. Surge a chamada fábrica global, que se
assume como o espaço global que é utilizado pelas grandes empresas
internacionais para poderem produzir e utilizar as vantagens
que oferecem os mais variados países do mundo. A presença de
multinacionais já faz parte do quotidiano de milhões de pessoas
em todo o mundo. Elas comandam os fluxos internacionais e, em
alguns casos, chegam a administrar receitas muito superiores às de
vários países. As maiores multinacionais são dos EUA, seguidas das
japonesas e das europeias.
As atividades industriais têm sido protagonistas de um processo acelerado
de modernização, resultante de um cada vez maior investimento em
equipamentos tecnologicamente avançados, de uma melhoria da
qualidade dos produtos e das empresas, da renovação gradual da
qualificação dos recursos humanos, em especial com o aumento do
número de quadros médios e superiores.
As atividades industriais têm, também, procurado expandir-se para novos
mercados, de dimensão cada vez mais global. China, Brasil, Índia, Rússia
e México representarão em 2025 cerca de metade da procura mundial.
O grande espaço de crescimento da indústria virá dos países emergentes
(Figura 29).
Procura-se, por isso, fazer a deslocalização das indústrias para os países
emergentes, onde a mão de obra é mais barata, permitindo a obtenção
Figura 28 – Empresa utilizando a robótica numa linha de montagem.
Figura 29 – Mapa com a localização dos países economicamente diferentes.
Figura 27 – Empresa de construção de aviões (aeronáutica).
86 | Os Recursos de Timor-Leste
de uma grande quantidade de produtos a baixos custos e a expansão para
novos mercados consumidores.
Existe uma grande convicção no sentido do aparecimento de um novo
paradigma de desenvolvimento industrial, no período que se seguirá à
atual crise económica e financeira global. Este novo paradigma emerge
da convergência entre novos meios de comunicação e formas inéditas de
produção de energia. A terceira revolução industrial, ou também chamada
Revolução industrial do Século XXi, tem como marca central a rede de
energia/Internet. O fundamental não está na energia, na Internet ou na
noção de rede, mas sim na junção das três. A prosperidade do século
XXI virá de uma organização social assinalada pela descentralização, pela
cooperação e pela partilha.
A grande interrogação que se coloca aos decisores empresarias reside
na determinação dos setores que vão crescer, dos que vão reduzir e
dos novos setores de atividade económica e industrial que surgirão
ou se afirmarão de uma forma significativa nas próximas décadas.
As atividades industriais que poderão crescer num futuro próximo
encontram-se agrupadas em torno das seguintes áreas:
• indústrias da sustentabilidade, que integrarão os clusters industriais
associados às novas formas de conservação e produção de energia
e de proteção do ambiente, onde se incluem as unidades associadas
à energia eólica, às células fotovoltaicas, aos carros elétricos, aos
novos materiais compósitos, aos componentes eletrónicos, entre
outros (Figura 30);
Figura 30 – Carro elétrico.
Figura 31 – Exemplos de tratamentos efetuados em indústrias do bem-estar (SPAs).
• indústrias da saúde e do bem-estar, integrando as áreas da bioquímica
e da farmacêutica, de equipamentos hospitalares, de materiais
recicláveis, de novos sistemas de tratamento e de prevenção de
doenças, de clínicas especializadas, entre outras (Figura 31);
Clusters industriaisConcentração de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Estas empresas colaboram entre si, tornando-se mais eficientes.
i
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 87
• indústrias do entretenimento e da qualidade de vida, integrando
as áreas do turismo, do desporto, da cultura, dos conteúdos
multimédia, entre outros;
• indústrias da produtividade e da eficiência, integrando as tecnologias de
informação e comunicação, a indústria informática, os novos sistemas de
criação, transporte e distribuição de informação, entre outras (Figura 32);
• indústrias da geografia, integrando as diversas tecnologias em
diferentes espaços geográficos, com especial destaque para as
tecnologias tropicais que permitam o desenvolvimento da agricultura,
da pecuária e da medicina nos países de África e de outras regiões
menos desenvolvidas do mundo.
É previsível que se assista, também, ao declínio ou à redução da atividade
de alguns setores, com graus elevados de ineficiência produtiva e que
estão associados a um modelo de consumo intensivo, tais como a indústria
automóvel, imobiliária e eletrónica de consumo tradicional. Nestes
setores poderá vir a assistir-se a uma alteração qualitativa significativa dos
produtos que o mercado virá a aceitar. Em relação aos setores tradicionais
de consumo das famílias – têxtil, vestuário, mobiliário, decoração, entre
outros, verificar-se-á uma maior sensibilidade ao preço, pelo que serão
essenciais os esforços de aumento da produtividade e de redução de
custos. As famílias tenderão a ter disponível uma parte menor do seu
rendimento para este tipo de produtos, concentrando uma parte do seu
rendimento em áreas ligadas à saúde e à melhoria da qualidade de vida.
Neste movimento rápido e desafiador da sociedade contemporânea,
global e de consumo, muitas profissões, produtos, empregos e empresas
desaparecerão rapidamente, mesmo que muitas vezes pensemos
inacreditável que isso possa ocorrer num curto período.
Este fenómeno também se aplica às escolas e às universidades que, cada
vez mais, devem repensar a sua atividade de formação de cidadãos. Estes
devem estar aptos para desempenhar uma multipicidade e complexidade
de papéis ao longo da vida. Torna-se fundamental analisar e planear a
expansão das carreiras profissionais e das necessidades atuais e futuras
de formação para as atividades industriais.
4.3.3. O desenvolvimento industrial de Timor-Leste
Durante o período da colonização portuguesa a indústria em Timor-Leste
teve pouco significado económico. O território era considerado como um
armazém comercial, tendo mantido intercâmbio com Macau desde o século
Figura 32 – Tecnologia informática.
atividade 81. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Diz o que entendes por fábrica global.
1.2. Explica de que modo os países emergentes podem ser aproveitados pelas empresas multinacionais.
1.3. Indica, justificando, dois tipos de atividades industriais que podem decrescer no futuro.
1.4. Refere, justificando, três tipos de atividades industriais que podem crescer no futuro.
1.5. Explica de que forma a previsão do crescimento das atividades industriais pode ser aproveitada por Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
88 | Os Recursos de Timor-Leste
XVI. A riqueza de Timor-Leste estava, sobretudo, associada à exploração de
recursos agroflorestais, que incluíam o sândalo, a cera e o mel.
A partir de 1960 começou a aumentar o interesse pelo desenvolvimento
industrial, orientado sobretudo para a transformação de produtos
vegetais. Em concreto, começaram a surgir as indústrias extrativas de
óleos vegetais, de descasque de arroz, de torrefação e de moagem de café
(Figura 33), destilarias. É de referir, também, o aparecimento de indústrias
de corte e serração de madeira, de fabrico de sabão, de tecelagem e
de cerâmica (Figura 34). A indústria de cerâmica levou à alteração dos
métodos tradicionais de construção de edifícios e de habitações nas
principais cidades de Timor-Leste (Figura 35).
Durante a ocupação indonésia verificou-se um aumento da industrialização
em Timor-Leste. No gráfico da Figura 38 apresenta-se o produto industrial
obtido em Timor-Leste por setores em 1996, que correspondia a cerca
de 6% do produto interno bruto (PIB) de Timor-Leste e absorvia 4%
do emprego. Nesta data Timor-Leste possuía 5 mil empresas e 10 mil
empregados a trabalhar na indústria.
Figura 34 – Cerâmica de Manatuto (Timor-Leste).
Figura 35 – Palácio do Governo em Díli (Timor-Leste).
A indústria têxtil resume-se à manufatura dos tecidos tradicionais – os Tais. A
indústria do vestuário está associada ao trabalho desenvolvido em pequenas
alfaiatarias, não incluindo o pronto a vestir em grande escala (Figura 36).
Na indústria da madeira, a maior parte da matéria-prima abatida destina-
-se à exportação em bruto. Há, no entanto, algumas unidades de
transformação, carpintarias e marcenarias, para além de uma fábrica de
produção de óleo de sândalo.
A indústria extrativa, nomeadamente a extração de mármore, só foi
desenvolvida a partir de 1996, quando o governo indonésio alterou as suas
políticas económicas nacionais e incentivou o investimento estrangeiro.
Atualmente a extração de pedra mantém-se ativa em algumas zonas do
atividade 91. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica a razão pela qual a indústria em Timor-Leste não teve grande desenvolvimento durante a colonização portuguesa.
1.2. Apresenta três exemplos de indústrias que se desenvolveram em Timor-Leste a partir de 1960.
1.3. Indica a razão pela qual a indústria têxtil tinha grande expressão em Timor-Leste em 1996.
1.4. Explica de que forma a indústria da madeira pode contribuir para a erosão dos solos em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 36 – Fabrico de Tais no Merdado de Tais em Colmera (A) e alfaiataria em Díli (B) (Timor-Leste).
A
B
Figura 33 – Torrefação, moagem e pesagem de café (A - Torrefação, B - Moagem, C - Pesagem).
A B
C
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 89
Figura 37 – Extração de mármore.
país onde existem recursos com maior rentabilidade, como é o caso no
distrito de Aileu (Figura 37).
Em 1997 havia 4 500 empresas de tecelagem e de mobiliário, com um
número médio de três trabalhadores, o que permite caracterizá-las como
micro empresas. O governo indonésio controlava as grandes indústrias
do café e do sândalo. Grande parte dos produtos, dos materiais e da
maquinaria utilizada eram importados da Indonésia, pelo que as indústrias
locais possuíam, sobretudo, uma dimensão artesanal.
Após o Referendo de 1999 algumas indústrias de pequeno porte,
cujos proprietários não eram timorenses, foram afetadas e parte
delas desativadas. É o caso da fábrica de cimento em Baucau e de
algumas fábricas de transformação da cana de açúcar na zona de Suai.
Permaneceram, no entanto, algumas unidades industriais que produzem
produtos para o mercado interno, como acontece com a extração de sal
em Manatuto e em Bobonaro (Figura 38).
Em 2000 a indústria representou 3,5% do PIB.
A Figura 39 representa o produto industrial de Timor-Leste por setores
em 1996.
Figura 38 – Extração de sal (A – Salinas na região de Liquiçá, B – Venda de sal em Bobonaro, Timor-Leste).
A
B
Figura 39 – Produto industrial de Timor-Leste por setores, dados de 1996.
Na contribuição de cada setor para o produto industrial de Timor-Leste,
a indústria têxtil representava 40% do total, absorvendo 30% da mão de
obra. Seguia-se a indústria das madeiras, com 19%, a indústria alimentar
com 12%, e a metalurgia com 10%.
Legenda:
90 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 40 – Mapa de Timor-Leste com a distribuição das principais indústrias existentes em 2001.
Através da análise do mapa podemos constatar que a atividade industrial
estava mais presente na costa norte de Timor-Leste, junto dos principais
centros urbanos, onde se encontram os potenciais clientes e portos de
saída. São disso exemplo Díli (indústria das madeiras, do vestuário e do
calçado), Baucau (indústria alimentar e de madeiras), Manatuto (indústria
alimentar), Aileu (indústria alimentar e extração de mármores) e Ainaro
(indústria têxtil).
O registo de empresas em Timor-Leste tem vindo a aumentar de forma
gradual, passando-se de 171 em 2007 para 1799 em 2009. A nível do
registo de microempresas passou-se das 1212 em 2007 para as 5232 em
2009. Os processos de registo foram simplificados, através do Código de
Registo Comercial, de modo a encorajar a formação de mais empresas.
No entanto, o fraco desenvolvimento da indústria em Timor-Leste deve ser
atribuído a algumas razões históricas, à falta de mão de obra qualificada,
profissionalizada e especializada, à falta de uma rede eficiente de vias de
comunicação e de meios de transporte, às naturais restrições do mercado
interno, que é bastante limitado, entre outros.
Em 2010 as atividades industriais ou dela dependentes, excluindo o setor
petrolífero, ocupavam 46 700 pessoas, ou seja 15% da população ativa. A
distribuição dos empregos por género e por área geográfica encontra-se
representada na Tabela I e a distribuição por tipo de atividade industrial
encontra-se apresentada na Tabela II.
atividade 101. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica dois exemplos de indústrias que aumentaram muito o seu desenvolvimento em Timor-Leste nos últimos anos.
1.2. Explica de que forma a indústria do café pode contribuir para o desenvolvimento económico de Timor-Leste.
1.3. Indica as razões pelas quais a costa norte da ilha de Timor tem uma atividade industrial mais desenvolvida.
1.4. Explica de que forma o aumento da formação dos timorenses pode contribuir para o desenvolvimento industrial de Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
No mapa da Figura 40 encontram-se apresentadas as principais indústrias
existentes em Timor-Leste em 2001.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 91
Figura 41 – Setores essenciais para o desenvolvimento da economia de Timor-Leste (A – Turismo, B – Agricultura (Viqueque, Timor-Leste), C – Petróleo).
A C
Tabela I – Estrutura da atividade industrial por género e por área geográfica em 2010
Empregos Díli Distritos Total em Timor-LesteMasculino 26 300 6 400 32 700feminino 12 200 1 700 13 900Total de empregos 38 500 8 100 46 600
Tabela II – Dados estruturais da indústria, excluindo o setor petrolífero, de 2010
Empregos Manufatura construção
Retalho e
comércio
grossista
Alojamento e
restauração
Outras
indústrias
Total em
Timor-Leste
Masculino 2 800 5 700 7 500 1 700 15 000 32 700feminino 600 800 4 600 3 900 4 000 13 900Total de empregos 3 400 6 500 12 100 5 600 19 000 46 600
Atualmente mantém-se a atividade da transformação da madeira para
o setor da construção e do mobiliário, de grande importância para a
reconstrução de edifícios e de equipamentos e, também, para o fabrico
de embarcações.
As indústrias de maior dimensão, as mais produtivas e lucrativas, ocupam-
-se do processamento de café e da transformação de madeira de sândalo.
O têxtil, o vestuário, o calçado, as indústrias alimentares, com base em
produtos agrícolas locais, e a construção civil são as possibilidades mais
imediatas de incremento industrial interno. Os níveis salariais praticados
e a produtividade conseguida terão, também, um peso importante na
forma como pode evoluir a indústria timorense.
De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste
2011-2030, o crescimento da economia assenta no incremento de três
setores essenciais: a agricultura, o turismo e o petróleo (Figura 41). Timor-
-Leste possui vantagens consideráveis a nível destes setores devido aos
recursos naturais que possui, à sua localização geográfica e ao perfil
económico timorense.
B
92 | Os Recursos de Timor-Leste
Quadro 4 – Setores essenciais de Timor-Leste
Empregos Díli Distritos● Culturas alimentares
● Culturas de rendimento
● Pecuária
● Pescas
● Florestas
● Zona Leste
● Zona Central
● Zona Oeste
● TIMORGAP – Timor Gás e
Petróleo, E. P.
● Tasi Mane
● Costa Sul
No Quadro 4 apresentam-se os setores essenciais que poderão contribuir
para o desenvolvimento económico de Timor-Leste nos próximos anos.
A criação de empregos locais é, também, a melhor forma de elevar o
nível de vida e os meios de subsistência dos timorenses que vivem nas
áreas rurais. Está previsto para os próximos anos a realização de várias
ações que estimulem o crescimento do setor privado nas áreas rurais,
incluindo o apoio ao crescimento de pequenas e micro empresas e a
introdução de um Quadro Nacional de Planeamento que identifique e
apoie oportunidades de desenvolvimento rural (Figura 42). Até 2020
prevê-se que as comunidades rurais possuam alimentação adequada,
através do incremento da produção agrícola e do desenvolvimento de
atividades comerciais que permitam a criação de emprego. A melhoria
da produtividade agrícola e dos níveis de vida nas zonas rurais conduzirá
a uma maior procura de outros bens e serviços nestas zonas, o que irá
encorajar o crescimento do setor privado.
O PED 2011-2030 aponta para a criação de um plano nacional que
permita identificar oportunidades de desenvolvimento, com base nas
características específicas de determinadas regiões e na redução dos
desequilíbrios de desenvolvimento que existem entre os distritos e entre
zonas urbanas e rurais. Que permita, ainda, encorajar o investimento
privado em áreas específicas. Também se prevê uma avaliação da
necessidade de incentivos fiscais e económicos, em determinadas áreas,
para encorajar o investimento. Está prevista, ainda, a implementação
de reformas ao nível do encorajamento do setor privado, como por
exemplo, uma nova lei sobre investimentos e o estabelecimento
de um “balcão único” para as empresas. Estas iniciativas, a par da
criação da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste, espera-se
Figura 42 – Exemplos de projetos de desenvolvimento rural em Timor-Leste (A em Maubara e B em Liquiçá).
A
B
Fonte: Aumento da Produtividade Agrícola em Timor-Leste, Questões e Opiniões - Nota Técnica nº 50276, Banco Mundial, fevereiro, 2009.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 93
que contribuam para criar as bases para o desenvolvimento do setor
industrial em Timor-Leste.
O setor do petróleo é considerado como um pilar fundamental do
desenvolvimento de Timor-Leste. Acredita-se que a produção de
petróleo e de gás natural e as indústrias de “downstream”, formarão
uma base muito forte para o desenvolvimento da indústria nos
próximos anos. O aproveitamento das oportunidades e a expansão
do setor petrolífero criarão bases sólidas para o desenvolvimento
de uma indústria bem-sucedida de exportação e de prestação de
serviços, com um setor privado maduro e em crescimento. Criarão,
também, oportunidades para o desenvolvimento de uma indústria
doméstica forte, na qual os timorenses estejam plenamente
envolvidos e onde possam beneficiar de emprego e de oportunidades
de formação ao mais alto nível e, em simultâneo, possa contribuir
para o desenvolvimento sustentável do país.
O desenvolvimento do turismo e, sobretudo, do ecoturismo
contribuirão, também, de forma significativa para a economia nacional,
sendo que as indústrias ligeiras complementarão e diversificarão a
economia de Timor-Leste, tal como vamos aprofundar mais à frente
neste manual.
atividade 111. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre a atividade industrial na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:
- Tipo de indústria existente;
- Características da indústria existente (anos de atividade, dimensões, número de trabalhadores, formação dos trabalhadores, condições de trabalho);
- Matérias-primas utilizadas;
- Produtos fabricados;
- Destinos dos produtos fabricados;
- Planos de ação para o futuro;
- Contributos que pode dar a laboração das empresas para o desenvolvimento da região.
2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito, organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida, convidar o gerente para vir à escola falar da sua empresa)
3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
DownstreamNo ramo petrolífero existem três níveis que distinguem a produção de petróleo: o upstream (extração de petróleo), midstream (processamento do petróleo) e o downstream (logística associada à venda dos derivados prontos – gasóleo, gasolina).
i
94 | Os Recursos de Timor-Leste
● O Homem desde há muito tempo que transforma as matérias que a Natureza coloca à sua disposição.
Quando a transformação se faz utilizando, sobretudo, o esforço do Homem designa-se por artesanato.
Quando a transformação se faz com o recurso a máquinas, estamos em presença da indústria.
● A indústria corresponde à atividade que implica a transformação de uma matéria-prima num produto
final, pressupondo a utilização de mão de obra e de técnicas adequadas à função de produção dos bens
produzidos.
● Há vários critérios para classificar as indústrias, nomeadamente: a origem da matéria-prima utilizada
(extrativas ou transformadoras), o peso e o valor do produto final (ligeiras ou pesadas), o destino do
produto final (bens de equipamento ou bens de consumo) e a tecnologia utilizada (de base ou de ponta).
● As indústrias podem apresentar características: familiares, quando envolvem um pequeno número de
trabalhadores, geralmente da mesma família; artesanais, quando é utilizado, sobretudo, o esforço do
Homem; ou modernas, quando recorrem a tecnologias avançadas.
● O espaço industrial é o espaço ocupado pelos estabelecimentos industriais.
● A escolha de um local para a instalação de uma indústria é um processo complexo e resulta da influência
de vários fatores, chamados fatores de localização e que podem ser: o espaço; as matérias-primas;
a energia; a mão de obra; o mercado consumidor; o capital; a definição de políticas adequadas; os
transportes e as vias de comunicação.
● Face à interação dos diferentes fatores de localização industrial, a indústria encontra-se distribuída de
forma muito desigual pela superfície da terra. As maiores concentrações industriais localizam-se no
hemisfério Norte, destacando-se a Europa, a América do Norte e o japão, embora outras regiões do
mundo possuam, também, focos relativamente importantes de industrialização.
● Atualmente as indústrias buscam a inovação, investem em novas tecnologias, em especial naquelas
que poupam mão de obra, como é o caso da robótica.
SÍNTESE
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 95
● A fábrica global assume-se como o espaço global que é utilizado pelas grandes empresas internacionais
para poderem produzir e utilizar as vantagens que oferecem os mais variados países do mundo.
● As atividades industriais têm, também, procurado expandir-se para novos mercados, de dimensão
cada vez mais global. China, Brasil, Índia, Rússia e o México representarão em 2025 cerca de metade da
procura mundial. O grande espaço de crescimento da indústria virá dos países emergentes.
● As atividades industriais que poderão crescer num futuro próximo encontram-se agrupadas em torno
das seguintes áreas: indústrias da sustentabilidade; indústrias da saúde e do bem-estar; indústrias
do entretenimento e da qualidade de vida; indústrias da produtividade e da eficiência e as indústrias
da geografia.
● Analisar e planear a expansão das carreiras profissionais e das necessidades atuais e futuras de
formação, torna-se estratégico para a sociedade e para o futuro das atividades industriais.
● Durante o período da colonização portuguesa a indústria teve pouco significado económico em Timor-
-Leste. Durante a ocupação indonésia verificou-se um aumento da industrialização.
● Na contribuição de cada setor para o produto industrial de Timor-Leste em 1996, a indústria têxtil
representava 40% do total, absorvendo 30% da mão de obra. Seguia-se a indústria das madeiras, com
19%, a indústria alimentar com 12%, e a metalurgia com 10%. A indústria extrativa, nomeadamente
a indústria de mármore, começou a desenvolver-se, dado que o governo indonésio alterou as suas
políticas económicas nacionais e incentivou o investimento estrangeiro.
● Atualmente mantém-se a atividade da transformação da madeira, o têxtil, o vestuário, o calçado e as
indústrias alimentares.
● A atividade industrial está mais presente na costa norte da ilha de Timor, junto dos principais centros
urbanos, onde se encontram os potenciais clientes. São disso exemplo Díli (indústria das madeiras, do
vestuário e do calçado), Baucau (indústria alimentar e de madeiras), Manatuto (indústria alimentar),
Aileu (indústria alimentar e extração de mármores) e Ainaro (indústria têxtil).
● De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste 2011-2030, o desenvolvimento
da economia assenta no crescimento de três tipos de indústrias essenciais: a agricultura, o turismo e
o petróleo. Timor-Leste possui vantagens consideráveis a nível destas indústrias devido aos recursos
naturais que possui, à sua localização geográfica e ao perfil económico timorense.
96 | Os Recursos de Timor-Leste
Atividades Complementares
1. Atendendo ao tipo de bens produzidos/destino da produção, classifica as seguintes indústrias:
a) aeronáutica b) conservas de peixe c) panificação d) vestuário
e) siderurgia f) pasta de papel g) farmacêutica h) construção naval
2. A maioria das indústrias que produzem bens de equipamento localiza-se nos países desenvolvidos.
2.1. Explica as razões dessa concentração.
2.2. Indica quais são as consequências deste tipo de concentração para os países em desenvolvimento.
3. Refere duas indústrias em que o fator de localização mais importante é:
3.1. o mercado consumidor;
3.2. a matéria-prima;
3.3. o capital.
4. São vários os fatores de localização que influenciam a distribuição da indústria.
4.1. Explica a importância dos transportes e das vias de comunicação na localização das indústrias.
4.2. Justifica a importância da energia na alteração dos padrões de localização das indústrias.
4.3. Indica as razões que levam muitas multinacionais a instalarem-se nos países emergentes.
5. O Homem desde há muito tempo que transforma as matérias que a Natureza coloca à sua disposição.
5.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. As indústrias atualmente buscam a inovação, investem em novas tecnologias, em especial naquelas que poupam mão de obra, como é o caso da robótica.
b. A indústria corresponde à atividade que implica a transformação da matéria-prima em produto final.
c. As atividades industriais têm procurado expandir-se para novos mercados, de dimensão cada vez mais local.
D. O espaço e as condições meteorológicas são dois fatores de localização industrial muito importantes na instalação da indústria numa dada região.
E. As indústrias da saúde e do bem-estar e as indústrias do entretenimento e da qualidade de vida prevê-se que venham a crescer no futuro.
f. As indústrias da produtividade e da eficiência, integrando as tecnologias de informação e comunicação e a indústria informática tenderão a crescer no futuro.
G. Os setores industriais que se prevê que venham a crescer nos próximos anos em Timor-Leste são a agricultura, a pesca e o petróleo.
5.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.
5.3. Justifica a seguinte afirmação: “As indústrias têm tendência para se instalarem em regiões ou em países onde as condições de trabalho oferecem mais instabilidade.”
5.4. Explica de que forma a previsão do crescimento das atividades industriais a nível mundial pode ser aproveitada para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
METAS DE APRENDIZAGEMtexto (no caso de não haver conteúdo para esta área pode fazer a
continuinade da imagem da esquerda)
texto
3UNIDADE TEMÁTICA
Os Recursos de Timor-Leste
Sumário
As atividades turísticas – uma estratégia para o desenvolvimento- Recursos turísticos- Distribuição dos recursos turísticos em Timor-Leste- Potencialidades do turismo para o desenvolvimento sustentável de
Timor-Leste
FinalidadeA abordagem do subtema As atividades turísticas – uma estratégia para o desenvolvimento pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca da importância dos recursos turísticos timorenses como uma mais-valia para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste. São analisadas diversas formas de turismo possibilitadas pela morfologia do território, pela insularidade, pelo tipo e configuração da costa e pelos recursos marítimos, e, que podem constituir-se como uma força de atração para os fluxos turísticos regionais e internacionais. Procura-se refletir acerca das formas de potenciar as atividades turísticas e de permitir que as mesmas contribuam para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de atividade turística. Indica diferentes recursos turísticos. Identifica os potenciais recursos turísticos de Timor-Leste. Localiza os recursos turísticos no território timorense. Justifica a importância dos fluxos turísticos para o desenvolvimento económico de Timor-Leste.
SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – situaçãO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS
4.4. as atividades turísticas – uma ESTRATéGiA PARA O DESENVOLViMENTO
conceitos-chave Turismo
Recursos turísticos
Turista
Atividade turística
Turismo de massas
Turismo alternativo
Turismo cultural
Turismo étnico
Turismo religioso
Turista religioso
Turista de herança religiosa
Turismo recreativo
Turismo desportivo
Desporto turístico
Turismo histórico
Turismo literário
Turismo ambiental ou ecoturismo
Turismo balnear
Turismo termal
Infraestruturas turísticas
Atração turística
Roteiros turísticos
Ofertas turísticas
Mão de obra turística
Turismo de Timor-Leste
Zonas turísticas de Timor-Leste
Promoção turística
QUESTÃO ORiENTADORAComo é que as atividades turísticas se podem constituir como
uma estratégia para o desenvolvimento de Timor-Leste?
98 | Os Recursos de Timor-Leste
4.4. as atividades turísticas – uma estratégia
PARA O DESENVOLViMENTO
4.4.1. recursos turísticos
Ao longo da história do Homem foram frequentes as suas deslocações para
outras regiões, por razões associadas com a caça, a religião, o comércio, as
conquistas, as guerras, o lazer, o estudo, a curiosidade, entre outras. No
entanto, o turismo surge em meados do século XIX como uma atividade
económica organizada.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo como sendo as
atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadias em lugares
distintos daqueles em que vivem, por um período de tempo inferior a um
ano, com fins de lazer, de negócios e de outros.
Fazer turismo é fazer planos para novas descobertas, conhecer pessoas,
novas culturas, paisagens, provar a gastronomia de cada região (Figura 1).
O turista é a pessoa que se desloca para fora do seu local de residência
permanente por mais de 24 horas, pernoita, não para fixar residência e/
ou exercer atividade remunerada, gastando dinheiro recebido fora da
região visitada (Figura 2).
Os recursos turísticos são qualquer elemento natural, elemento artificial
ou atividade humana capaz de motivar a deslocação de pessoas,
promovendo a ocupação de tempos livres ou a satisfação de necessidades
decorrentes da sua permanência, através de atrativos naturais ou culturais
(Figura 3).
Figura 1 – Zona turística em Timor-Leste, na praia da Areia Branca.
Figura 2 – Representação de turistas.
Figura 3 – Mercado dos Tais em Colmera, Díli (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 99
O turismo pode ser entendido como um fenómeno complexo. Implica uma
relação entre muitos aspetos da vida social, é uma forma de colonialismo
e de conquista de amizade, um processo de aculturação, uma forma de
migração, um símbolo de liberdade e de escolha pessoal.
A identificação dos tipos de turismo resulta das motivações dos viajantes,
podendo identificar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade
de motivos que levam as pessoas a viajar.
Como as regiões ou os países de destino apresentam também uma grande
diversidade de atrativos, a identificação dos vários tipos de turismo
permite avaliar a adequação da oferta existente ou a desenvolver às
motivações da procura.
Embora as pessoas façam turismo devido a uma conjugação de razões
muito diversas, é possível distinguir vários tipos de turismo que se
encontram representados no Quadro 1.
Quadro 1 – Classificação dos tipos de turismo
Tipos de Turismo características
Turismo de massas
É um tipo de turismo onde há deslocação de um grande número de pessoas, geralmente em grupo. As pessoas ocupam, em regra, estabelecimentos hoteleiros de menor categoria e meios complementares de alojamento (ex.: parques de campismo, apartamentos, quartos particulares, entre outros).
turis
mo
alte
rnati
vo
É um tipo de turismo em que os turistas estão frequentemente interessados em atrações específicas, particularmente de animais, de montanha, de locais culturais ou das pessoas, que não devem ser encaradas não apenas na óptica de motivações e atracções, mas também do relacionamento entre elas. Existem várias modalidades de turismo alternativo.
Turis
mo
étni
co Os turistas fazem viagens para o meio social dos povos nativos e interagem com eles, visitando as suas casas, observando a sua rotina diária e participando em acontecimentos rituais.
Turis
mo
cultu
ral
Engloba os movimentos de pessoas que obedecem a motivações essencialmente culturais, onde podemos incluir modalidades como viagens de estudo, digressões artísticas, viagens culturais, visitas a sítios e monumentos históricos que têm por objeto a descoberta da natureza, o estudo do folclore ou da arte, entre outras.
Turis
mo
Hist
óric
o
Envolve visitas a monumentos, a museus e a ruínas de importância histórica. Inserido no turismo histórico encontra-se o Turismo Literário, que se constitui como um meio que permite às pessoas conviver com determinadas fantasias, não apenas sobre livros e autores favoritos, mas também com um conjunto de outras atitudes e outros valores culturalmente assumidos.
Turis
mo
Ambi
enta
l ou
Ecot
uris
mo Utiliza de forma sustentável o património natural e cultural, incentiva a sua
conservação e procura a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Define turismo.
1.2. Distingue turista de recursos turísticos.
1.3. Comenta a seguinte afirmação: “O turismo pode ser entendido como um fenómeno complexo implicando um sentido de relação em muitas esferas da vida social.”
1.4. Indica três possíveis motivos que levam as pessoas a fazer turismo.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
100 | Os Recursos de Timor-Leste
Figura 4 – Venda de artesanato em Maubara (Timor-Leste).
Figura 5 – Projeto Mós Bele, projeto de desenvolvimento sustentável em Maubara (Timor-Leste).
O turismo alternativo distingue-se pelas características e motivações
dos praticantes, destinos preferidos, tipo de alojamento, organização
das viagens e controlo e gestão da atividade. Este não pode ser definido
apenas por um dos componentes, mas, pela presença obrigatória de
todos e pelas relações mantidas entre eles.
A atividade turística envolve relações entre pessoas, gera oportunidades
para a criação de pequenas e médias empresas e incentiva o
desenvolvimento local, transformando os atrativos de uma dada região
em bens e serviços que podem ser oferecidos aos turistas (Figura 4). Para
além disso, é decisiva na balança comercial dos países, especialmente
aqueles mais progressistas no setor do turismo e não degrada tanto o
meio ambiente como outras atividades (ex.: industriais, petrolíferas).
No entanto, a atividade turística deve estar alicerçada no desenvolvimento
sustentável, deve ser planeada e envolver todas as atividades do setor,
procurando formar uma rede cooperativa e eficiente que conte com a
participação ativa dos moradores locais, que, desejavelmente, devem estar
comprometidos com as decisões e os rumos do turismo da região (Figura 5).
O turismo, através da dinâmica do deslocamento de pessoas, influencia
e define relações intersetoriais internas (dentro dos países envolvidos)
e externas (entre diversos países), assumindo um papel importante nas
economias nacionais.
Para compreender como funciona a cadeia produtiva do turismo numa
dada região é necessário identificar quais são os agentes económicos,
turis
mo
alte
rnati
vo
Turis
mo
recr
eativ
o
Representa a participação ou a observação de atividades recreativas.
Turis
mo
Relig
ioso
Neste tipo de turismo há que distinguir turistas religiosos (visitam um destino de significado para uma religião especifica, que pode não estar relacionada com uma viagem de lazer ou fazer parte de uma viagem de objectivos múltiplos, sendo parte de peregrinação e parte de férias) de turistas de herança religiosa (viajam em grupo de afinidade com uma orientação especifica religiosa, nunca encarando a sua deslocação de herança religiosa como férias, por exemplo, a ida dos muçulmanos a Meca).
Turis
mo
desp
ortiv
o
É necessário distinguir turismo desportivo, isto é, aquele que é praticado pelos próprios turistas, de desporto turístico, isto é, a atividade de espectáculo público em que os turistas participam como espectadores.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 101
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Distingue turismo de massas de turismo alternativo.
1.2. Indica possíveis consequências do turismo de massas.
1.3. Distingue ecoturismo de turismo cultural.
1.4. Diz o que entendes por atividade turística.
1.5. Justifica a importância do ecoturismo para uma região.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
sociais e políticos que estão associados ao turismo, quem oferece
os serviços e quem possui infraestruturas de apoio para receber os
turistas. No Quadro 2 apresentamos a forma como os diversos setores
da economia podem apoiar a valorização do turismo local.
Quadro 2 – Forma como os diversos setores da economia podem apoiar a valorização do turismo local
SETORES LÍDERES
Parques de diversão Clubes, estádios, Marinas Casas de espetáculos Cinema Teatro Venda de artesanato e produtos típicos Cruzeiros marítimos Centros comerciais Galerias de arte
Hotéis Pousadas Motéis
Seminários Congressos Feiras Convenções Exposições
Fabrico de móveis
Produção de alimentos e de bebidas
Material elétrico
Construção civil Higiene e limpeza
Minerais não metálicos Confeções Calçado Produtos eletrónicos Editorial e gráfica Gemas e jóias
Transportes - Aéreos- Terrestres- Marítimos Aluguer de veículos Arquitetura e Urbanismo
Fornecimento de alimentação
Lavandarias Serviços de comunicação e informática
Publicidade Serviço de câmbio
Serviços relacionadosindústrias relacionadas
crédito capacitação
Apoio
Bancos oficiais Bancos privados
Investimentos nacionais e internacionais
Escolas de Turismo Universidades e escolas Unidades
de formação profissional
Estradas Aeroportos Terminais rodoviários Terminais hidroviários Saneamento básico
Pronto Socorros Hospitais Clínicas Maternidades
Equipamento médico-hospitalar
Consultorias especializadas
Elaboração de projetos
Serviços urbanos
Infraestruturas físicas
Energia elétrica
Sistema de segurança
Esquadras de polícia Postos de polícia rodoviária Corpo de bombeiros Serviço de salvamento
Telecomunicações Limpeza Sinalização Recuperação do património arquitectónico e monumental
Fonte: Termo de Referência do Turismo/SEBRAE 2010
Agências de viagens
Operadoras turísticas
Alojamento Promoção de eventos
EntretenimentoAlimentação
infraestruturas
102 | Os Recursos de Timor-Leste
A Revolução Industrial foi um marco importante para o desenvolvimento
das condições que deram origem ao turismo, que é hoje um dos principais
setores económicos a nível mundial. No entanto, o desenvolvimento
deste setor só se verificou, com maior intensidade, a partir de meados
do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. O turismo expandiu-se em
diversas formas e direções, condicionado pelos fatores que se encontram
representados no esquema da Figura 6.
Turismo
Crescimento económico
Mudanças demográficas
e sociais
Desenvolvimento tecnológico
Criação de legislação
própria
Existência de mais tempo livre para as pessoas
Desenvolvimento de infraestruturas de transportes e comunicações
Melhoria das condições de vida
Mudanças políticas
Figura 6 – Fatores que influenciam o crescimento do turismo.
Nas últimas seis décadas o turismo tem crescido de forma contínua,
tendo-se tornado num dos setores de maior e de mais rápido crescimento
económico no mundo. Desempenha um papel fundamental na economia
dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. Está presente
nos cinco continentes e movimenta mais de 700 milhões de pessoas
anualmente, isso sem ter em conta o turismo doméstico, possuidor de uma
representatividade significativa no enriquecimento da atividade turística.
atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica três tipos de atividades de entretenimento que podem ser desenvolvidas com o aumento do turismo.
1.2. Justifica de que forma o turismo pode contribuir para o desenvolvimento das infra-estruturas de alojamento numa região.
1.3. Indica três tipos de indústrias que podem ser beneficiadas com o desenvolvimento do turismo.
1.4. Refere três fatores que influenciaram o crescimento do turismo.
1.5. Justifica o modo como a melhoria das condições de vida pode contribuir para o desenvolvimento do turismo.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Turismo doméstico ou internoDeslocações dos residentes de um país, viajando apenas dentro do próprio país.
i
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 103
Tabela I – Chegadas de turistas internacionais às diferentes regiões do mundo (em milhões)
Região do Mundo
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
áfrica 0,5 0,8 2,4 7,2 13,2 28,3 48,7 77,0
Américas 7,5 16,7 42,3 62,3 92,8 128,1 151,2 282,0
ásia e pacífico
0,2 0,9 6,2 23,0 56,2 110,5 203,8 416,0
Europa 16,8 50,4 113,0 23,0 265,6 395,9 471,5 717,0
Médio Oriente
0,2 0,6 1,9 7,1 9,6 24,2 60,0 69,0
Total 25,3 69,3 165,8 278,1 439,5 687,0 935,0 1561,0
Fonte: Organização Mundial do Turismo.
O número de chegadas internacionais cresceu de 25 milhões em 1950
para 935 milhões em 2011. Nos últimos anos o desenvolvimento do
turismo aumentou bastante na Ásia e Pacífico e no Médio Oriente.
Nas Américas e na Europa, o turismo também continuou a crescer
embora a um ritmo mais lento e ligeiramente abaixo do crescimento
mundial. O turismo da Europa é bastante forte. De entre os dez países
mais visitados do mundo por turistas seis localizam-se na Europa. Os
Estados Unidos da América ocupam a segunda posição. Em 2020 a
China deverá surgir, também, como um dos principais destinos mais
procurados do mundo.
4.4.2. distribuição dos recursos turísticos em timor-Leste
Timor-Leste possui cenários naturais de grande beleza: praias paradisíacas,
florestas tropicais e grandes cadeias montanhosas (Figura 7). Um destino
(quase) por explorar, ideal para a prática de ecoturismo. Mas Timor-Leste
é, também, o seu povo de alma mística, com uma história única e uma
cultura imensa, com uma hospitalidade inigualável que se constituem
como mais-valias para o desenvolvimento do turismo.
Durante a ocupação portuguesa de Timor-Leste, o turismo era um setor
de atividade com uma certa expressão, sendo o destino de turistas
nacionais e estrangeiros, especialmente australianos. A procura turística
recaía, fundamentalmente, sobre o turismo balnear e termal, dada a
longa extensão de praias e a abundância de águas sulfurosas. Figura 7 – Exemplos de recursos turísticos de Timor-Leste.
Na Tabela I está representada a chegada de turistas internacionais às
diferentes regiões do mundo.
104 | Os Recursos de Timor-Leste
Com a invasão indonésia, em meados da década de 70 do século XX, e
a consequente instabilidade, o setor do turismo estagnou para voltar a
ganhar expressão nos anos 90 do século XX. Entre 1989 e 1995 verificou-
-se uma média de 12 000 visitantes por ano, sobretudo de turistas vindos
da Indonésia.
Após a Restauração da Independência de Timor-Leste, o turismo
beneficiou da deslocação de muitos estrangeiros que vinham ao país em
trabalho ou negócios, ou até mesmo para realizarem trabalho voluntário.
De acordo com a Direção Nacional de Turismo de Timor-Leste, entre 2006
e 2010 entraram no país 98 913 pessoas com visto turístico e 45 652 com
visto de trabalho, tal como se encontra representado na Tabela II.
As infra-estruturas turísticas, como por exemplo os hotéis e os
restaurantes, encontram-se em fase de desenvolvimento. Na Tabela III
encontra-se o tipo de alojamento existente em Timor-Leste em 2003.
Dispersos pelo país, mas em maior número em Díli, encontram-se cerca
de 69 estabelecimentos destinados à restauração (restaurantes e cafés),
com uma lotação aproximada de 2 056 pessoas e nalguns dos quais se
podem provar alguns pratos da gastronomia timorense (Figura 8).
No entanto, as deficientes condições das estradas do país, as fracas
opções em termos de alojamento fora de Díli e as ligações aéreas,
relativamente escassas e caras, constituem entraves ao crescimento do
turismo em Timor-Leste.
As entidades governamentais manifestaram o seu empenho no
desenvolvimento sustentável do setor do turismo, promovendo a
conservação e o restauro do património e envolvendo as comunidades
locais, a administração pública e os empresários privados em diversos
projetos que se encontram atualmente em curso. Existem projetos na
área do ecoturismo um pouco por todo o país (Figura 9).
Tabela II – Número de visitantes a Timor-Leste, de acordo com o tipo de visto
Ano Visto turístico
Visto de trabalho
2006 12 042 1 368
2007 12 980 3 971
2008 18 905 5 881
2009 26 162 12 529
2010 28 824 21 903
Total 98 913 45 652
Tabela III – Tipo de alojamento existente em Timor-Leste (2003)
Tipo N.º de camas %
Apartamentos 46 3
casa de hóspedes
115 7
Hotel 1317 82
Losmen 74 5
Motel 11 1
Pousada 24 2
Fonte: Secretaria de Estado do Turismo, Ambiente e Investimento, 2003.
Figura 8 – Exemplos de pratos da gastronomia timorense (peixe assado e espetadas de carne).
Figura 9 – Projeto de ecoturismo nos arredores de Díli (Timor-Leste).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 105
O conjunto de mar e de montanha mistura-se, tanto em direção a Maliana
como em direção a Baucau e são de uma beleza exuberante. São praias,
salinas, mangais e paisagens de rara beleza (Figura 11).
O potencial termal de Timor-Leste advém da existência de águas sulfurosas
de efeitos medicinais, como acontece em Marobo.
As montanhas da região central podem tornar-se locais importantes de
atração turística, com destaque para os picos Tata Mai Lau, Matebian e
Mundo Perdido, nas zonas de Maubisse, Baucau e Viqueque, respetivamente.
Estes locais oferecem belas paisagens e permitem atividades variadas (ex.:
trekking, escalada), encontrando-se nas suas redondezas grutas, nascentes,
cascatas e fontes termais.
Figura 10 – Praia de areia preta em Liquiçá (Timor-Leste).
Figura 11 – Mangais nos arredores de Díli (Timor-Leste).
atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica três recursos turísticos existentes em Timor-Leste.
1.2. Descreve a evolução do número de turistas que visitou Timor-Leste entre 2006 e 2010.
1.3. Refere o tipo de alojamento para turistas existente em Timor-Leste.
1.4. Justifica a importância do turismo termal no desenvolvimento de Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
As praias, de excelente qualidade, permitem magníficos banhos e relaxe
numa paisagem de rara beleza, a observação de cetáceos (baleias e
golfinhos), de peixes multicolores e recifes de coral. Estendem-se pelas
costas Norte e Sul, na Ilha de Ataúro ou no Ilhéu de Jaco. São recantos de
areia dourada, como nas praias da Areia Branca, de Baucau, de Com ou de
Tutuala, ou quilómetros e quilómetros de areia preta, como acontece nas
praias de Liquiçá, a meia hora de Díli, ou de Betano, na costa sul, banhada
pelo Mar de Timor (Figura 10).
106 | Os Recursos de Timor-Leste
Há muitos locais que integrados em roteiros turísticos poderão ser
potenciados com o complemento do património cultural, como é o caso
dos costumes, das festas e do artesanato de cada região (Figura 12).
Tem igualmente potencial turístico a região leste, concretamente a ponta
de Tutuala e o ilhéu de Jaco (Figura 13), e na costa sul, Viqueque, Betano e
Alas, bem como Pante Macassar, no enclave de Oecussi Ambeno.
Para os praticantes de snorkelling (mergulho recreativo) e de mergulho
com garrafas, reservam-se outros segredos, na costa do enclave de
Oecussi Ambeno, na Ilha de Ataúro e nos arredores de Díli, em direção a
Baucau (Figura 14).
O turismo balnear é um especial atrativo, podendo praticar-se a pesca e
o mergulho por entre os corais. Na Figura 15 apresentam-se as regiões de
Timor-Leste que apresentam grande potencial turístico.
Figura 12 – A - Cerimónia tradicional (Ainaro) e B - Festa religiosa do Senhor dos Passos (Bairro de Motael, Díli).
Figura 13 – Ilhéu de Jaco (Timor-Leste).
Figura 14 – Observação da vida marinha nos arredores de Díli (Timor-Leste).
Figura 15 – Regiões de Timor-Leste que apresentam grande potencial turístico.
Timor-Leste oferece, também, um calendário de eventos especiais,
incluindo os concursos de pesca desportiva, a Volta a Timor em bicicleta
(“Timor Tour”) (Figura 16), a Maratona de Díli “Cidade de Paz” e a Regata
de Darwin a Díli.
A localização geográfica de Timor-Leste, inserido na região da Ásia e
Pacífico, cujo mercado de turismo internacional está a crescer de forma
continuada e rápida, faz acreditar que o país virá a ter um elevado
potencial de crescimento.
Figura 16 – Volta a Timor em bicicleta (Timor-Leste).
Fonte: GERTIL, 2001.
A B
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 107
4.4.3. Potencialidades do turismo para o desenvolvimento
sustentável de Timor-Leste
O turismo surge atualmente em Timor-Leste como um setor prioritário
de desenvolvimento, dado o contributo que pode dar para o incremento
da economia nacional e das economias locais. Este desenvolvimento
pode ser conseguido através da criação de empresas e de emprego e
da redução dos desequilíbrios económicos que existem entre as várias
regiões de Timor-Leste. Neste sentido, têm vindo a ser implementadas
várias medidas que visam promover o turismo timorense.
Foi criado um logótipo para promover o desenvolvimento do potencial
turístico de Timor-Leste, idealizado e criado pela Delegação do Turismo de
Timor-Leste e pela Cooperação Portuguesa presente no país. Nele as cores,
as letras e as figuras representam especificidades da cultura timorense
(Figura 17). Este logótipo foi apresentado, pela primeira vez, na Feira
Internacional do Turismo que decorreu em Singapura em outubro de 2003.
O turismo integra as estratégias de planeamento nacional que surgem
no Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste, para o período
entre 2011 e 2030.
Este plano estratégico refere que o desenvolvimento do turismo se deve
basear na proteção do ambiente natural. O turismo rural e o ecoturismo
apresentam-se como formas importantes de desenvolvimento do turismo,
na medida em que podem:
- promover a vida social, económica e cultural dos timorenses,
preservando o ambiente natural e os valores das suas comunidades;
- tirar partido das condições naturais do país e do seu rico e diversificado
património cultural, incluindo a hospitalidade das comunidades locais.
O setor turístico incrementa o comércio, é um grande gerador de emprego
e distribuidor de rendimentos e boa parte das infra-estruturas necessárias
para a sua atividade pode ser aproveitada pelos moradores locais.
Num mercado global que procura ofertas turísticas novas e autênticas,
Timor-Leste poderá desenvolver nas próximas décadas os seguintes tipos
de turismo: turismo ecológico e marítimo, turismo histórico e cultural,
turismo de aventura e desporto, turismo religioso e de peregrinação e
turismo de conferências e convenções.
Poderá procurar proporcionar experiências turísticas que aproveitem a
beleza natural do país, a cultura e o património. Isto permitirá a Timor-Leste
diferenciar-se das ofertas turísticas generalizadas e apelar ao segmento de
mercado crescente que procura experiências únicas em locais singulares.
A letra T é a inicial de turismo e de Timor-Leste. O crocodilo evoca o mito criador da ilha de Timor.
A bandeira faz referência à unidade nacional e à mais jovem nação do mundo.
O logótipo representa o passado (referindo-se à lenda do crocodilo) e o futuro (o uso das cores do novo país).
Fonte: www.turismotimorleste.com
Figura 17 – Logótipo do turismo de Timor-Leste.
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Justifica a importância do ecoturismo e do turismo rural no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
1.2. Indica três aspetos que precisam de ser melhorados para promover o aumento do turismo em Timor-Leste.
1.3. Refere três ações que estão a ser implementadas em Timor-Leste e que visam contribuir para o aumento do turismo.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
+ =
+ =
108 | Os Recursos de Timor-Leste
Para satisfazer este mercado turístico é necessário melhorar as
infra-estruturas de base, incluindo estradas e pontes, electricidade,
telecomunicações, aeroportos e portos marítimos. Constituem-se como
prioridades as necessárias melhorias do aeroporto de Díli e de Baucau.
Espera-se que as comunidades locais recebam apoios para poderem oferecer
aos turistas serviços de alojamento, serviços de guia e confeção de refeições.
Espera-se, também, que as comunidades sejam apoiadas com a instalação de
novas opções de tecnologias de informação e acesso à Internet, permitindo
que os turistas estabeleçam contactos com as empresas locais e com diferentes
locais de atração turística (Figura 18). A indústria da restauração será regulada,
de forma a garantir os padrões de qualidade apropriados e a criar as bases para
a confeção de refeições especiais, incluindo a cozinha timorense, portuguesa,
africana e australiana (Figura 19).
A indústria dos táxis necessita de regulação, para garantir que fornece
o padrão de serviços esperado pelos turistas. Isto poderá incluir um
mecanismo de reclamações, tarifas uniformizadas, padrões de qualidade
mínimos para os veículos e um sistema regulado de bilhetes a preços fixos
no aeroporto de Díli (Figura 20).
Para ser capaz de proporcionar infra-estruturas turísticas específicas,
deverá trabalhar-se em parceria com o setor privado. Uma indústria madura
necessita da criação de hotéis, estâncias ecológicas, restaurantes, galerias e
ofertas turísticas, tais como passeios de barco, mergulho com botija e pesca
(Figura 21).
Figura 18 – Empresa de telecomunicações de Timor-Leste.
Figura 19 – Restaurante australiano localizado na Avenida de Portugal em Díli (Timor-Leste).
Figura 20 – Táxis nas ruas de Díli (Timor-Leste).
Figura 21 – Restaurante Vasco da Gama em Díli (Timor-Leste).
atividade 61. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre a atividade turística na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:
- Tipo de atividades turísticas existentes;
- Características das atividades turísticas existentes;
- Época do ano em que são mais frequentes as atividades turísticas;
- País de origem dos turistas que visitam a região;
- Outras atividades turísticas que podem ser desenvolvidas na região;
- Contributos que pode dar o turismo para o desenvolvimento da região.
2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito ou organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida)
3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 109
Prioridades de desenvolvimento- Construção de infraestruturas
turísticas (ex.: hotéis, estâncias de turismo, bungalows de praia)
- Reabilitação da Pousada de Tutuala
- Melhoria das vias de comunicação e das telecomunicações
- Formação da população local- Construção de percursos turísticos- Abertura comercial do aeroporto
de Baucau
potencialidades turísticas- Caminhadas de aventura- Turismo ecológico- Experiências de mergulho,
pesca e passeios de barco- Visitas culturais- Observação de baleias
características- Praias tropicais cristalinas- Cenário montanhoso- Arquitetura portuguesa
histórica- Cultura local dos sucos
Localização- Ilhéu de Jaco- Tutuala até Com e
Baucau- Ao longo da estrada
costeira até Hera
Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030Figura 22 – Localização, características, potencialidades turísticas e prioridades de desenvolvimento turístico nas Zonas Turísticas Oriental e Central de Timor-Leste.
Em muitos casos poderão ser necessárias parcerias, sobretudo onde alguns
terrenos governamentais possam ser cedidos, através de arrendamento ao
setor privado, em troca da construção de infra-estruturas turísticas. Este
envolvimento com o setor privado poderá incluir, também, a prestação de
apoio e assistência aos esforços do setor privado, para permitir a construção
de empresas viradas para o turismo.
Embora todo o país ofereça oportunidades e atrações para as atividades
turísticas, o desenvolvimento do setor do turismo incidirá nas próximas
décadas em áreas com vantagens comparativas em termos de acessibilidade,
de abundância das ofertas turísticas e de historial de sucesso. Esta estratégia,
segundo o PED 2011-2030, concentrar-se-á em três zonas turísticas de
Timor-Leste: Oriental, Central e Ocidental, tal como se encontra representado
nos esquemas das Figuras 22 e 23.
Prioridades de desenvolvimento* Díli: - Abertura de um Centro de Informações Turísticas;- Reabilitação de edifícios e monumentos portugueses;- Criação de um Novo Museu e Centro Cultural de Timor-Leste e de uma Nova Biblioteca e Arquivo;- Criação de galerias que promovam as artes e o artesanato timorense;- Criação de uma estância ecológica sustentável na praia por trás do Cristo Rei;- Desenvolvimento da indústria da restauração;* Ilha de Ataúro:- Criação de um Centro de Mergulho; - Observação de golfinhos e baleias; - Construção de cabanas ecológicas * Maubisse:- Reabilitação da Pousada de Maubisse
Potencialidades turísticas
- Visitas culturais- Visitas religiosas- Percursos pedestres junto das praias- Percursos pedestres nas montanhas- Turismo de aventura (ex.: escalada)
características* Díli: - Gama de serviços e opções de uma capital da nação;- Marcas da história colonial portuguesa;- História da resistência com locais como o Cemitério de Santa Cruz, o Museu da Resistência e o Museu da CAVR;* Ilha de Ataúro:- Praias reluzentes; - Sucos rurais; - Pesca- Paisagens deslumbrantes
Zona turística central
Localização- Díli- Ilha de Ataúro- Região de Maubisse
Zona turística Oriental
110 | Os Recursos de Timor-Leste
Prioridades de desenvolvimento- Construção de alojamentos (ex.: cabanas
ecológicas, estâncias de turismo)- Restauração do forte português em Balibo, para
construção de um hotel-boutique, de um museu e de um café
- Melhoria das vias de comunicação e das telecomunicações
- Abertura comercial do aeroporto de Maliana com voos para Pante Makassar (Oecussi Ambeno)
- Construção de percursos turísticos
Potencialidades turísticas
- Estância termal (Marobo)
- Turismo ecológico- Caminhadas nas
montanhas- Visitas aos campos
de café orgânico (Ermera)
características- História das comunidades
locais- Arquitetura portuguesa em
Liquiçá- Forte holandês em
Maubara (Centro de Artes e Artesanato tradicionais timorenses)
- Forte português em Balibo
Zona turística Ocidental
Localização- Gancho de Díli, ao
longo da Grande Estrada da Costa Norte até Balibo
- Áreas montanhosas de Bobonaro
- Região de Ermera até Díli, por Tíbar
Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030
Figura 23 – Localização, características, potencialidades turísticas e prioridades de desenvolvimento turístico da Zona Turística Ocidental de Timor-Leste.
O desenvolvimento do turismo em Timor-Leste requer a formação da mão
de obra turística, que deve contar com profissionais de nível secundário e
superior. São necessários empregados de mesa, arrumadeiras, pessoal de
limpeza e de jardinagem, funcionários para hotéis e agências de turismo,
guias turísticos, cozinheiros, entre outros (Figura 24).
Necessita, também, de pessoal de nível superior, que conheça as técnicas
de planeamento, para, por exemplo, elaborar roteiros turísticos; que tenha
boas noções de gestão, para gerir centros de convenções, agências de
turismo, hotéis, restaurantes; gestores públicos, para elaborarem as políticas
públicas para o setor do turismo; economistas; biólogos; nutricionistas,
entre outros. No fundo, necessita de uma gama de profissionais que possam
de forma interdisciplinar debruçar-se sobre a promoção de uma atividade
turística diversificada e de qualidade.
O PED 2011-2030 refere que será desenvolvida nos próximos anos uma
estratégia de promoção turística internacional. Isto incluirá a designação
de Timor-Leste, como um destino turístico por excelência, bem como a
implementação de uma estratégia de divulgação em mercados e eventos
importantes. A rede que Timor-Leste possui de embaixadas e consulados
poderá ser usada para divulgar informações turísticas e outras mensagens
relevantes que possam atrair turistas. Refere, também, que os jornalistas e
escritores influentes de viagens serão encorajados a visitar o país e a produzirem
programas televisivos de viagens. Serão estabelecidas e fomentadas parcerias
com parceiros e associações globais na indústria das viagens, de forma a
promover Timor-Leste, como um destino recomendado de viagem. Isto incluirá
o trabalho com agências turísticas e sítios eletrónicos de marcação de viagens,
de modo a oferecer pacotes de viagens e opções turísticas para Timor-Leste.
Figura 24 – Restaurante da Pousada (Baucau, Timor-Leste).
A participação de Timor-Leste na Exposição Mundial de Xangai no ano de 2010 registou 4,5 milhões de visitantes ao pavilhão nacional, onde estava descrito (literal e simbolicamente) o ciclo de um dia em Timor-Leste.
i
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 111
atividade 71. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:
1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento do setor do turismo em Timor-Leste?
1.2. Indica duas ações levadas a cabo pelos timorenses para ser melhoradas com a efetivação das metas do Plano Estratégico de Desenvolvimento para o setor do turismo.
1.3. Que medidas podem ser implementadas pelos timorenses para estimular o desenvolvimento do setor do turismo em Timor-Leste?
1.4. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o setor do turismo da tua região.
2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.
● O turismo, segundo a Organização Mundial do Turismo, são as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadias em lugares distintos daqueles em que vivem, por um período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, de negócios e de outros.
● O turista é a pessoa que se desloca para fora do seu local de residência permanente por mais de 24 horas, pernoita, por outro motivo que o de não o de fixar residência ou exercer atividade remunerada, realizando gastos de qualquer espécie com dinheiro recebido fora da região visitada.
● Os recursos turísticos são qualquer elemento natural, elemento artificial ou atividade humana capaz de motivar a deslocação de pessoas, por permitir a ocupação de tempos livres ou a satisfação de necessidades decorrentes da sua permanência, através de atrativos naturais ou culturais.
● O turismo pode ser classificado em turismo de massas e em turismo alternativo. Dentro deste há o turismo étnico, o turismo cultural, o turismo histórico, o turismo literário, o turismo recreativo, o ecoturismo, o turismo religioso e o turismo desportivo.
● A atividade turística envolve relações entre pessoas, gera oportunidades para a criação de pequenas e médias empresas e incentiva o desenvolvimento local, transformando os atrativos de uma dada região em bens e serviços que podem ser oferecidos aos turistas.
● Há vários fatores que influenciam o turismo, por exemplo: o crescimento económico, o desenvolvimento tecnológico, as mudanças demográficas e sociais, a criação de legislação própria, as mudanças políticas, a melhoria das condições de vida, a existência de mais tempo livre e o desenvolvimento de infraestruturas de transporte e de comunicações.
● timor-Leste possui inúmeros recursos turísticos, associados à existência de praias paradisíacas, montanhas deslumbrantes, património histórico e cultural, gastronomia bastante variada.
● As entidades governamentais de Timor-Leste manifestaram o seu empenho no desenvolvimento sustentável do setor do turismo, promovendo a conservação e o restauro do património e envolvendo as comunidades locais, a administração pública e os empresários privados em diversos projetos que se encontram atualmente em curso.
● O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste 2011-2030 integra uma estratégia nacional de promoção do turismo, com ações muito diversificadas e com a criação de três zonas turísticas, na parte Oriental, Central e Ocidental do país. Este plano visa promover o incremento do turismo e promover o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
SÍNTESE
Atividades Complementares
1. A partir de meados do século XX houve um grande aumento do turismo a nível mundial.
1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. A atividade turística está inserida no setor primário.
b. Os recursos turísticos são qualquer elemento natural, elemento artificial ou atividade humana capaz de motivar a deslocação de pessoas.
c. Quando os turistas fazem viagens para o meio social dos povos nativos e interagem com eles, visitando as suas casas, observando a sua rotina diária e participando em acontecimentos rituais, designa-se por turismo literário.
D. Nas últimas seis décadas o turismo tem crescido de forma contínua, tendo-se tornado num dos setores de maior e de mais rápido crescimento económico no mundo.
E. O continente africano deverá surgir como um dos principais destinos mais procurados do mundo em 2020.
f. As fracas condições das estradas do país, as fracas opções em termos de alojamento e as ligações aéreas, relativamente escassas e caras, constituem entraves ao crescimento do turismo em Timor-Leste.
G. O turismo surge atualmente em Timor-Leste como um setor secundário de desenvolvimento.
1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.
2. Estabelece a correspondência entre os tipos de turismo apresentados na coluna I e as respetivas
características indicadas na coluna II.
coluna i coluna ii
1. Turismo cultural
2. Turismo termal
3. Turismo recreativo
4. Turismo histórico
5. Turismo de massa
A. Representa a participação ou a observação de atividades desportivas.
b. Envolve visitas a monumentos, a museus e a ruínas de importância histórica.
c. Frequência de fontes termais para tratamentos de saúde.
D. É um tipo de turismo onde há deslocação de um grande número de pessoas, geralmente em grupo.
E. Engloba os movimentos de pessoas que obedecem a motivações essencialmente culturais.
3. Os recursos turísticos de Timor-Leste são muito ricos e diversificados e apresentam um elevado
potencial para o desenvolvimento do turismo.
3.1. Indica três tipos de recursos turísticos existentes em Timor-Leste.
3.2. Justifica a importância do turismo na economia local dos timorenses.
3.3. Caracteriza o tipo de turismo que é maioritariamente praticado em Timor-Leste.
3.4. Explica de que forma a previsão do crescimento da atividade turística pode ser aproveitada para o
desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
112 | Os Recursos de Timor-Leste
3UNIDADE TEMÁTICA
Os Recursos de Timor-Leste
Sumário O comércio – um setor em desenvolvimento - Conceitos de comércio - O comércio interno de Timor-Leste - O comércio externo de Timor-Leste - Outro tipo de comércio – o comércio justo - Timor-Leste – o comércio justo e a economia solidária
FinalidadeA abordagem do subtema O comércio – um setor em desenvolvimento pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca das diversas formas de comércio tradicional e moderno. Pretende-se, também, analisar o contributo que as mesmas podem dar para o crescimento económico de Timor-Leste. Procura-se, ainda, refletir acerca da importância do comércio externo na sustentabilidade da economia timorense.
Metas de Aprendizagem Apresenta um conceito de comércio. Distingue comércio local de novas formas de comércio. Justifica a importância do comércio interno. Reconhece a importância do comércio externo na sustentabilidade da economia timorense.
SUbTEMA 4Os recursOs ecOnómicOs – SiTUAÇÃO ATUAL E cENáRiOS fUTUROS
4.5. O cOmérciO – um setOr em DESENVOLViMENTO
conceitos-chave Comércio
Produtos
Comércio bilateral
Comércio multilateral
Troca direta
Valor
Troca indireta
Vendedor
Consumidor
Comércio eletrónico ou e-commerce
Economia formal
Economia informal
Comércio retalhista ou a retalho
Comércio grossista ou por grosso
Comércio interno
Comércio externo
Comércio timorense
Mercado de rua
Comércio local fixo
Comércio justo
Economia solidária
Projetos de desenvolvimento integrado
QUESTÃO ORiENTADORADe que forma o comércio pode contribuir para o
desenvolvimento de Timor-Leste?
114 | Os Recursos de Timor-Leste
4.5. O cOmérciO – um setOr em desenvOLvimentO
4.5.1. conceitos de comércio
O comércio consiste na troca voluntária de produtos (Figura 1).
De acordo com a definição expressa em www.larousse.fr, comércio é a
“atividade que consiste na compra, venda, troca de bens, de alimentos,
de valores, da venda de serviços; ocupação de quem compra objetos
para revenda”.
As trocas podem ter lugar entre dois parceiros e, neste caso, designa-se
por comércio bilateral, ou entre vários parceiros e chama-se comércio
multilateral (Figuras 2 e 3).
Figura 2 – Comércio bilateral. Figura 3 – Comércio multilateral.
Figura 1 – Exemplos de comércio realizado em Timor-Leste (A – Venda de Tais em Suai, B – Comércio na Avenida Presidente Nicolau Lobato, Díli).
A
B
No Quadro 1 encontram-se algumas definições de comércio, sob o ponto
de vista económico e sob o ponto de vista jurídico.
comércio – conceito económico“Comércio é a atividade humana destinada a colocar em circulação a riqueza, aumentando-lhe a utilidade.”
fonte Desconhecida“Comércio é o ramo de produção económica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias.”
alfredo rocco, por rubens requião“Comércio é a atividade humana, de caráter especulativo, que consiste em pôr em circulação a riqueza produzida, tornando disponíveis bens e serviços.”
josé cretella júniorO conceito económico de comércio deriva das práticas sociais onde se regista:a) a troca - consiste na permuta dos trabalhos ou produtos diretamente entre produtor e consumidor até ao surgimento de uma mercadoria-padrão que ficou conhecida pelo nome de moeda;b) a economia de mercado - engloba a produção para a venda, a aquisição de moeda para a sua aplicação, como capital, em novo ciclo de produção.
comércio – conceito jurídico“Comércio é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente e com fins de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta.”
Vidari, por Maximiliano
Quadro 1 – Algumas definições de comércio
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 115
Comércio é o complexo de operações efetuadas entre o produtor e o consumidor, exercidas de forma habitual, visando o lucro, com o propósito de realizar, promover ou facilitar a circulação de produtos da natureza e da indústria, na forma da lei.”
josé cretella júnior
Inicialmente, o comércio fazia-se por troca direta de produtos. O valor do
produto era reconhecido como diferente pelos dois parceiros e cada um
tendia a valorizar mais o seu produto (Figura 4).
Atualmente é raro fazer-se troca direta de produtos, embora numa fase
recente se tenha retomado esta prática excecional nos países desenvolvidos,
relacionada com os movimentos de solidariedade e com a sustentabilidade
comercial. Os comerciantes modernos usam a moeda como meio de troca
indireta. A invenção do dinheiro, o crédito e o dinheiro não físico (em cartões
de crédito ou de débito) contribuíram para a simplificação e a promoção do
desenvolvimento do comércio (Figura 5).
A simplificação das operações comerciais tem atingido, nos últimos anos,
um papel fundamental com o comércio eletrónico ou o e-commerce. Este
conceito é aplicável a qualquer tipo de negócio ou transação comercial que
implique a transferência de informação através da Internet. Abrange uma
gama de diferentes tipos de negócios, desde sites de retalho destinado a
consumidores, a sites de leilões, passando pelo comércio de bens e serviços
entre organizações.
O e-commerce permite que os consumidores transacionem bens e serviços
eletronicamente sem barreiras de tempo ou de distância. Em qualquer ponto
onde haja acesso à Internet podem-se comprar e vender produtos de forma
cómoda e acessível. Por isso, prevê-se que este tipo de comércio continue
a expandir-se com a mesma taxa de crescimento ou que haja mesmo uma
aceleração do seu crescimento. As fronteiras entre comércio “convencional”
e “eletrónico” tenderão a esbater-se, pois cada vez mais negócios deslocam
secções inteiras das suas operações para a Internet (Figura 6).
Figura 4 – Troca direta de produtos.
Figura 5 – Troca indireta.
Figura 6 – Representação da ligação dos consumidores ao mundo.
116 | Os Recursos de Timor-Leste
O comércio pode estar relacionado com a economia formal e ser
legalmente estabelecido, com empresa registada, com emissão de
documentos legais e sujeito ao pagamento de impostos (Figura 7).
Pode, também, estar relacionado com a economia informal, que
são atividades à margem da lei, sem empresa registada, sem emitir
documentos legais e sem pagar impostos (Figura 8).
Existem diversos tipos de comércio:
- o comércio retalhista ou a retalho, é a atividade de compra e
venda de mercadorias cujo comprador é o consumidor final, ou seja,
a pessoa que usa ou consome o bem adquirido (Figura 9).
- o comércio grossista ou por grosso, é a atividade de compra e venda
em que o comprador não corresponde ao consumidor final, uma vez
que o seu objetivo é voltar a vender a mercadoria a outro comerciante
ou a uma empresa manufatureira que utilize a matéria-prima para a
transformar/processar (Figura 10).
Figura 7 – Venda de produtos em lojas de marca, relacionada com a economia formal.
Figura 8 – Mercado de rua em Portugal, relacionado com a economia informal.
Figura 9 – Comércio a retalho. Figura 10 – Comércio grossista ou por grosso.
atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica os dois conceitos usados na definição de comércio.
1.2. Dá uma noção de comércio.
1.3. Menciona a diferença entre comércio bilateral e comércio multilateral.
1.4. Refere os fatores responsáveis pela simplificação e a promoção do desenvolvimento do comércio.
1.5. Justifica a seguinte afirmação: “A troca direta de produtos acabou definitivamente nos países desenvolvidos.”
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
O comércio mundial é regulamentado pela Organização Mundial de
comércio (OMC) (Figura 11).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 117
Figura 11 – Mapa com os países-membros da Organização Mundial de Comércio assinalados a azul escuro, os membros da União Europeia representados pela cor verde e os observadores assinalados a azul claro.
O comércio ajuda os produtores a escoarem os seus produtos e permite
que os consumidores tenham acesso aos bens que necessitam. O
circuito percorrido desde o produtor até ao consumidor pode ser mais
ou menos extenso e depende do número de intermediários que estão
presentes no processo. No circuito ultracurto há uma ligação direta
entre o produtor e o consumidor final e elimina-se o intermediário no
processo de distribuição.
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Explica o conceito de comércio eletrónico ou de e-commerce.
1.2. Indica duas vantagens do comércio eletrónico.
1.3. Apresenta as diferenças entre comércio:
a) relacionado com a economia formal e relacionado com a economia informal;
b) a retalho e grossista;
c) interno e externo.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Produtor Retalhista consumidor
No circuito longo o produtor vende os seus bens ao grossista ou ao
armazenista, que por sua vez os revende ao retalhista que os fornece ao
consumidor final.
Produtor Grossista Retalhista consumidor
Existem vantagens e desvantagens nos diferentes circuitos. A existência
de mais intermediários possibilita uma maior divulgação dos produtos e
um aumento das vendas. Mas a intermediação gera custos que conduzem
ao aumento dos preços dos bens. A eliminação dos intermediários
reduz o preço final dos bens, mas os produtos são menos divulgados. As
unidades produtivas decidem a estratégia de distribuição que melhor se
adequa à sua empresa.
Produtor consumidor
No circuito curto o produtor assume o papel de grossista ou armazenista
e vende os seus produtos ao retalhista, sendo que este os vende ao
consumidor final.
118 | Os Recursos de Timor-Leste
Existem várias formas de comércio relacionadas com o aumento
da concorrência, com a evolução tecnológica e com a globalização.
Os comerciantes têm diversificado as estratégias de escoamento
dos produtos, procurando chegar o mais rapidamente a todos os
consumidores. O uso crescente da Internet facilita cada vez mais os
circuitos de distribuição.
O aparecimento das grandes superfícies e dos centros comerciais veio
alterar o comércio tradicional. Alguns negócios são feitos em parceria,
como por exemplo o franchising. Este modelo permite que uma empresa
conceda a outra o direito de utilização da sua marca e da venda dos seus
produtos, mediante pagamento de um valor acordado pelas duas.
As grandes superfícies comercializam uma vasta gama de produtos em
espaços de elevadas áreas, que variam consoante o país. Estes espaços
atraem os consumidores não só pela grande oferta de bens, mas também
pelos preços praticados.
Os centros comerciais ou shopping center são equipamentos
comerciais constituídos por múltiplos pontos de venda (Figura 12).
Estes equipamentos são concebidos, planeados e realizados em termos
arquitetónicos e comerciais e geridos como uma unidade. Os centros
comerciais baseiam-se na utilização racional e inteligente do esforço
coletivo centrado num determinado espaço.
4.5.2. O comércio interno de Timor-Leste
O comércio interno tem enorme expressão nas zonas urbanas timorenses,
com especial incidência em Díli, onde o setor terciário predomina sobre
os setores primário e secundário. Nas cidades compra-se e vende-se
uma gama muito variada de produtos de consumo, que vão do ramo
alimentar, aos têxteis, passando pela eletrónica e telecomunicações e
até pelos combustíveis (Figura 13).
Figura 13 – Comércio de produtos de consumo em Díli (A e B – Produtos alimentares, C – Artigos de eletrónica).
A B C
A
B
Figura 12 – Centro comercial Timor Plaza em Díli (Timor-Leste): A - Entrada principal, B - Aspeto geral do interior.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 119
Os mercados de rua proliferam e criam bastantes postos de trabalho.
Podem ver-se muitos jovens dedicados a esta atividade informal por conta
própria (Figura 14). Estes mini mercados ambulantes constituem empregos
improvisados para muitos timorenses e são um estímulo para os cidadãos
produzirem artigos que aí possam vender. Podem ser encarados como
atividades que despertam a criatividade e a iniciativa individual, geradoras
de pequenos comerciantes e de pequenos agricultores.
No comércio local fixo aparece uma grande variedade de artigos de
consumo que são importados da Indonésia, da China, da Austrália e até
da Europa. Este tipo de comércio é gerido, na maior parte dos casos, por
naturais desses países que se dedicam à venda a retalho e por grosso.
Esta atividade serve para abastecer os pequenos comerciantes das
aldeias (Figura 15).
Figura 14 – Vendedor ambulante nas ruas de Díli (Timor-Leste).
Figura 15 – Comércio a retalho (A) e grossista (B) de produtos importados.
A Batividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Localiza as áreas de maior expressão do comércio interno timorense.
1.2. Indica dois tipos de produtos transacionados nas áreas urbanas de Timor-Leste.
1.3. Justifica a importância dos mercados de rua na economia de Timor-Leste.
1.4. Refere os dois países que são os principais exportadores de produtos para Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
4.5.3. O comércio externo de Timor-Leste
Timor-Leste mantém com o exterior relações comerciais, vendendo
sobretudo produtos agrícolas e silvícolas aos seus parceiros e
comprando o que não produz em quantidade suficiente, por exemplo
bens alimentares, têxteis, medicamentos, maquinaria e combustíveis
(Figura 16).
Figura 16 – Importações de mercadorias (origens em percentagem, total em milhões de USD).
Milh
ões U
SD
400
320
240
160
80
120 | Os Recursos de Timor-Leste
atividade 41. Tendo em conta as informações partilhadas neste manual, as informações que te são dadas pelo teu(tua) professor(a) e pelos teus familiares efetua um trabalho de pesquisa sobre o comércio na tua região, onde procures aprofundar os tópicos que se seguem:
- Tipo de comércio existente;
- Número de estabelecimentos comerciais existentes na região;
- Características das atividades comerciais existentes (tipo de produtos mais e menos vendidos, número de trabalhadores no espaço comercial, horário de funcionamento do espaço comercial, etc.);
- Países/regiões de origem dos produtos comercializados;
- Contributos que pode dar o espaço comercial para o desenvolvimento da região.
2. Organiza a informação recolhida para posteriormente a poderes partilhar com os teus colegas da turma e com o(a) teu(tua) professor(a). (Sugestão: Podes apresentar um texto escrito ou organizar uma pequena exposição na escola com a informação recolhida)
3. Apresenta a informação que recolheste aos teus colegas de turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
As culturas de rendimento e as de nicho de mercado estão a ser
incrementadas e serão um recurso destinado à exportação.
Em termos de recursos minerais o país apresenta grandes potencialidades
porque foram descobertas significativas reservas minerais de ouro, de
magnésio, de crómio, de estanho, de cobre, entre outras. As reservas de
petróleo encontradas no mar e as de gás natural apresentam enormes
potencialidades (Figura 17). Esta riqueza leva Timor-Leste a acreditar que
no futuro poderá beneficiar da cooperação com outros países e vender
petróleo, gás e recursos minerais, alterando as escassas exportações que
são feitas atualmente.
As volumosas receitas provenientes da exploração de petróleo e de
gás natural continuam a contribuir para que o crescimento económico
timorense apareça com uma posição confortável e para que o país
não apresente dívida externa. Os elevados preços internacionais
dos combustíveis têm aumentado as receitas do Fundo do Petróleo,
onde uma pequena parte é utilizada para financiar o Orçamento
Geral do Estado (OGE) o que, por sua vez, permite o investimento em
diversas áreas.
A boa gestão e a transparência das receitas da exploração petrolífera
seguem as melhores práticas internacionais, como foi reconhecido no
âmbito da Extractive Industries Transparency Initiative (EITI).
As medidas que vierem a ser tomadas no sentido de desenvolver
todos os setores de exportação potencial (ex.: agricultura,
silvicultura, pescas, aqualcultura, extração mineira, indústria trans-
formadora e turismo), terão repercussões na sustentabilidade do
comércio externo.
Figura 17 – Plataforma petrolífera.
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Refere a origem dos produtos que Timor-leste comercializa com o exterior.
1.2. Explica a variação do total de importações de mercadorias verificada entre 2005 e 2010.
1.3. Indica quatro recursos minerais existentes no território timorense.
1.4. Explica o modo como são utilizadas as receitas provenientes da exploração do petróleo e do gás natural em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 121
4.5.4. Outro tipo de comércio – o comércio justo
O comércio justo é um movimento social e económico que pretende
constituir-se como alternativa ao comércio convencional. O comércio
justo enfatiza critérios económicos e jurídicos e valores éticos que
incluem aspetos sociais e ambientais. Significa colocar o comércio
de produtos e de serviços ao dispor das pessoas, procurando o
desenvolvimento sustentável das comunidades locais e do mundo como
um todo (Figura 18). Este conceito implica um trabalho digno para todas
as pessoas envolvidas e a adequação das atividades económicas às suas
necessidades e aos seus interesses.
Outro aspeto, igualmente essencial no comércio justo, é a
sensibilização dos consumidores para os desequilíbrios e injustiças
do comércio internacional e para os impactos que as decisões de
compra individuais têm sobre as condições de vida locais, regionais e
mundiais. Cada cidadão, enquanto consumidor e elo final de qualquer
cadeia comercial, deve desempenhar um papel ativo e assumir a
responsabilidade de praticar um consumo responsável e de exigir
justiça no comércio.
O comércio justo rege-se por um conjunto de princípios, reconhecidos
de forma geral por todas as entidades envolvidas no movimento, mas
com algumas diferenças na sua formulação.
Originalmente desenvolvido como forma de apoiar camponeses e pequenos
artesãos dos países da África, da América Latina e da Ásia, tem-se assistido
a movimentos dentro do comércio justo no sentido de integrar igualmente
produtores marginalizados dos países do Norte (Figura 19).
Figura 18 – Comércio justo, num mundo onde todos ganham.
Figura 19 – Logótipo relativo ao comércio justo.
atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Apresenta as diferenças entre comércio convencional e comércio justo.
1.2. Indica as preocupações que estão na base do comércio justo.
1.3. Explica de que forma os consumidores podem contribuir para o desenvolvimento do comércio justo.
1.4. Consideras que a escola desempenha um papel importante na promoção do comércio justo? Justifica a tua resposta.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
4.5.5. Timor-Leste – comércio justo e economia solidária
Se o comércio justo deve beneficiar prioritariamente os mais pobres, é
urgente integrar produções provenientes de Timor-Leste neste circuito,
122 | Os Recursos de Timor-Leste
atividade 71. Discute com os teus colegas de grupo as questões que a seguir se colocam:
1.1. Por que é importante promover o desenvolvimento do comércio em Timor-Leste?
1.2. Que medidas podem ser implementadas pelos timorenses que estimulem o desenvolvimento do comércio em Timor-Leste?
1.3. Procede a uma avaliação crítica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres o comércio da tua região.
2. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às questões colocadas.
● O comércio consiste na troca voluntária de produtos. Estas trocas podem ocorrer entre dois parceiros e, neste caso, designa-se por comércio bilateral, ou entre vários parceiros e, neste caso, chama-se comércio multilateral.
● Os comerciantes modernos usam a moeda como meio de troca indireta. A invenção do dinheiro, o crédito e o dinheiro não físico (em cartões de crédito ou de débito) contribuíram para a simplificação e a promoção do desenvolvimento do comércio.
● A simplificação das operações comerciais tem atingido, nos últimos anos, um papel fundamental com o comércio eletrónico ou o e-commerce. Este conceito é aplicável a qualquer tipo de negócio ou transação comercial que implique a transferência de informação através da Internet.
● O comércio pode estar relacionado com a economia formal e ser legalmente estabelecido, com empresa registada, com emissão de documentos legais e sujeito ao pagamento de impostos. Pode, também, estar relacionado com a economia informal, que são atividades à margem da lei, sem empresa registada, sem emitir documentos legais e sem pagar impostos.
● Existem diversos tipos de comércio: o comércio retalhista ou a retalho; o comércio grossista ou por grosso; o comércio interno e o comércio externo.
● O comércio interno tem enorme expressão nas zonas urbanas de Timor-Leste, com especial incidência em Díli, onde o setor terciário predomina sobre os setores primário e secundário.
● Timor-Leste estabelece relações comerciais externas com vários países, vendendo sobretudo produtos agrícolas e silvícolas aos seus parceiros e comprando o que não produz. Transaciona, também, petróleo e gás natural.
● O comércio justo é um movimento social e económico que pretende construir uma alternativa ao comércio convencional.
● Se o comércio justo deve beneficiar prioritariamente os mais pobres, é urgente integrar produções provenientes de Timor-Leste neste circuito, porque este país parece estar ainda afastado dos circuitos do comércio justo.
● Em 2011 foram cofinanciados três projetos de desenvolvimento em Timor-Leste que se integram no conceito de comércio justo e de economia solidária: dinamização dos Mercados e Circuitos de Comercialização Locais; Edukasaun fó hahú hosi kiik e Ahimatan ba Futuru.
SÍNTESE
porque este país parece estar ainda afastado dos circuitos do comércio
justo. Apesar disto, em 2011, foram cofinanciados três projetos de
desenvolvimento que se integram no conceito de comércio justo e de
economia solidária e que foram iniciados anteriormente:
1. Dinamização dos Mercados e Circuitos de Comercialização Locais;
2. Edukasaun fó hahú hosi kiik;
3. Ahimatan ba Futuru (redução da pobreza em Timor-Leste através
do turismo de base comunitária).
Prevê-se que estes projetos tragam benefícios diretos aos grupos-alvo
pela via do aumento de competências, da diversificação e do aumento das
fontes de rendimento. As comunidades envolventes poderão beneficiar
do aumento de rendimentos proveniente de atividades conexas, de um
equilíbrio ambiental conseguido através da diversificação económica e,
a longo prazo, da transformação social que o contacto entre diferentes
culturas certamente trará.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 123
Atividades Complementares
1. O comércio interno constitui uma das fontes para a criação de riqueza em qualquer país.
1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. As trocas comerciais podem ter lugar entre dois parceiros e, neste caso, designa-se por comércio
multilateral, ou entre vários parceiros e chama-se comércio bilateral.
b. O comércio está inserido no setor terciário.
c. No circuito curto há uma ligação direta entre o produtor e o consumidor e elimina-se o
intermediário no processo de distribuição.
D. Inicialmente o comércio fazia-se por troca indireta de produtos e atualmente opta-se, sobretudo,
pela troca direta de produtos.
1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.
2. Estabelece a correspondência entre os tipos de atividades apresentadas na coluna I e as respetivas
características indicadas na coluna II.
coluna i coluna ii
1. E-commerce
2. Comércio
3. Economia informal
4. Comércio retalhista
5. Comércio justo
A. Qualquer tipo de negócio ou transação comercial que implique a transferência de informação através da Internet.
b. Atividades à margem da lei, sem empresa registada, sem emitir documentos legais e sem pagar impostos.
c. Troca voluntária de produtos.
D. Movimento social e económico que pretende construir uma alternativa ao comércio convencional.
E. Atividade de compra e venda de mercadorias cujo comprador é o consumidor final.
3. O comércio em Timor-Leste tem características muito próprias.
3.1. Caracteriza o tipo de comércio interno existente em Timor-Leste.
3.2. Justifica a importância do comércio interno na economia local dos timorenses.
3.3. Caracteriza o tipo de comércio externo que é maioritariamente praticado em Timor-Leste.
3.4. Explica de que forma a previsão do crescimento da atividade comercial em Timor-Leste pode ser
aproveitada para o desenvolvimento sustentável do país.
O b j e t i v O s
- Caracterizar os principais instrumentos de ordenamento do território existentes.
- Analisar as potencialidades dos instrumentos de ordenamento do território.
- Compreender a importância do ordenamento do território na gestão sustentável de Timor-Leste.
Unidade Temática 4Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
SUBTEMA 1Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável
SUBTEMA 2Medidas de ordenamento do território e do ambiente
UNIDADE TEMÁTICA
Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
SUbTEMA 1OS iNSTRUMENTOS DE ORDENAMENTO DO TERRiTóRiO cOMO PROMOTORES DA GESTÃO SUSTENTáVEL
4
Sumário Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável- O ordenamento do território – conceitos base- O ordenamento do território – o caso português- Ordenamento do território em Timor-Leste
FinalidadeA abordagem da temática Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável pretende sensibilizar-te para a existência de instrumentos de ordenamento do território existentes em outros países e perceber a importância da sua existência em Timor-Leste. São analisados instrumentos de ordenamento do território existentes em Portugal e apresentados os instrumentos cuja aplicação está prevista para Timor-Leste.Procura, ainda, refletir-se acerca da importância do ordenamento do território no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
Metas de Aprendizagem Apresenta o conceito de ordenamento do território e dos principais aspetos a ele associados.
Refere alguns instrumentos de ordenamento do território utilizados em Portugal. Indica os instrumentos de ordenamento do território timorense. Justifica a importância dos instrumentos de ordenamento do território na gestão sustentável de Timor-Leste. Reconhece a importância do ordenamento do território na gestão sustentável de Timor-Leste. Indica formas de promover a gestão sustentável de Timor-Leste.
conceitos-chave Ordenamento do território
• Políticas territoriais
• Instrumentos de ordenamento
• Planeamento do território
• Desenvolvimento sustentável
• Recursos naturais
• Recurso renovável
• Recurso não renovável
• Valor de um recurso
• Sensibilidade ecológica
• Capacidade de carga
• Aptidão do território
• Classificação de uso do solo
• Solo rural
• Solo urbano
• Instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional, regional e local
• Plano Estratégico de Desenvolvimento
• Gestão sustentável
• Plano de Infraestruturas Básicas Integradas
• Plano Geral para os Centros de Distrito
• Plano Mestre para o Saneamento e Drenagem
• Plano de Gestão Florestal
• Plano de Ação Nacional sobre a Biodiversidade
QUESTÃO ORiENTADORAComo podem os instrumentos de ordenamento do território
promover a gestão sustentável em Timor-Leste?
Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 127
1. OS iNSTRUMENTOS DE ORDENAMENTO DO
TERRiTóRiO cOMO PROMOTORES DA GESTÃO
SUSTENTáVEL
1.1. O ordenamento do território – conceitos base
O ordenamento do território consiste na implementação de um
conjunto de medidas que regulamentam a utilização do espaço de
modo a melhorar as condições de vida das pessoas, a promover o
desenvolvimento das atividades económicas, a valorizar os recursos
naturais e o património, evitando perturbar o equilíbrio natural do
meio (Figura 1).
A Lei de Bases do Ambiente de Timor-Leste, aprovada em 11 de
abril de 2012, refere que o ordenamento do território é o processo
integrado de organização do espaço biofísico, tendo como objetivo o
uso e transformação do território de acordo com as suas capacidades,
vocações, permanência dos valores de equilíbrio biológico e de
estabilidade geológica, numa perspetiva de manutenção e aumento
da sua capacidade de suporte à vida.
O ordenamento do território pode variar de país para país, no entanto,
na sua implementação é importante:
- identificar objetivos a médio e a longo prazo;
- definir estratégias para o território;
- definir políticas setoriais para, por exemplo, a agricultura, o
ambiente, os transportes, o turismo, entre outros.
O ordenamento do território promove:
- benefícios económicos que resultam, por um lado, do aumento
da confiança para o investimento e, por outro, da identificação das
potencialidades e dos constrangimentos existentes que permitem
que o investimento seja adequado às necessidades locais (Figura 2);
- benefícios sociais que resultam da criação de serviços/
infraestruturas adequados às necessidades das comunidades
locais e da criação de áreas ambientalmente agradáveis, saudáveis
e seguras (Figura 3);
- benefícios ambientais que resultam da promoção da utilização/
reutilização das áreas edificadas, da conservação de áreas
ambientais e histórico-culturais e da identificação das áreas com
risco ambiental (Figura 4).
Figura 1 – Ordenamento do território efetuado na Praia da Areia Branca (Arredores de Díli, Timor-Leste).
Figura 2 – Investimento privado na criação de um espaço turístico nos arredores de Díli (Timor-Leste).
Figura 3 – Requalificação da marginal que liga a Praia da Areia Branca a Díli (Timor-Leste).
Figura 4 – Recuperação do Forte de Maubara e seu aproveitamento turístico (Maubara, Timor-Leste).
128 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
No esquema da Figura 5 encontram-se representados os aspetos a ter em
conta no ordenamento do território, bem como os principais setores que
podem ser beneficiados.
Figura 5 – Aspetos a ter em conta no ordenamento do território e os principais setores que podem ser beneficiados.
O ordenamento do território cria benefícios que promovem o
desenvolvimento da comunidade e a utilização sustentada dos recursos
naturais. O ordenamento do território é um importante motor do
desenvolvimento sustentável e da melhoria da qualidade de vida dos
cidadãos (Figura 6).
O ordenamento do território assenta na existência de políticas territoriais
que definem o desenvolvimento dos centros urbanos e dos espaços
rurais, identificando a distribuição espacial da ocupação do solo e a sua
utilização por parte dos diversos agentes. As políticas territoriais visam
a transformação da situação atual de referência numa situação futura
desejável. Para tal é importante considerar:
- o diagnóstico da situação existente (referência);
- a definição do objetivo final;
- a análise da relação entre o Homem e o território.
Os instrumentos de ordenamento do território são mecanismos e
ferramentas que instrumentalizam as políticas de ordenamento do
território. No processo de ordenamento do território é necessário
conhecer e integrar vários aspetos relacionados com: o planeamento
do território, o desenvolvimento sustentável, o valor de um recurso ou
atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Define ordenamento do território.
1.2. Indica dois aspetos que é necessário ter em conta na implementação do ordenamento do território.
1.3. Explica de que modo o ordenamento do território pode trazer benefícios económicos para Timor-Leste.
1.4. Justifica a importância social e ambiental do ordenamento do território em Timor-Leste.
1.5. Apresenta dois exemplos da região onde a tua escola se encontra localizada que possam ser melhorados se for feito o ordenamento do território.
1.6. Na definição das políticas territoriais de uma região é necessário proceder a várias etapas. Identifica-as.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 6 – Implementação do Projeto Mós Bele em Maubara (Timor-Leste).
Objetivos Estratégias políticas
Económicos Sociais Ambientais
Ordenamento do Território
produz benefícios
Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 129
de um sistema ecológico, a sensibilidade ecológica de um recurso ou de
um sistema ecológico, a capacidade de carga, a aptidão do território e a
classificação do uso do solo.
O planeamento do território é um processo essencial na prevenção e na
resolução dos problemas urbanos. Tem como objetivo a racionalização
do uso e ocupação do território, no sentido de garantir o bem estar da
população e o desenvolvimento harmonioso das atividades económicas.
Partindo do conhecimento da realidade física e humana, o planeamento
do território procura gerir a utilização do espaço de forma equilibrada,
de modo a aproveitar as suas potencialidades e a criar condições de vida
adequadas para a população.
O planeamento do território visa, por isso, promover o desenvolvi-
mento sustentável de cada região. Este deve ser entendido como
sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade das gerações vindouras de satisfazerem
as suas próprias necessidades (Relatório Brundtland, 1987). Sem
comprometer, por conseguinte, o esgotamento dos recursos.
Os recursos podem ser vistos como bens produzidos pela natureza
(recursos naturais) ou bens com alguma utilidade para a sociedade,
criados ou não pela própria sociedade e respetivos sistemas
produtivos.
Os recursos naturais classificam-se em recursos renováveis e não
renováveis, de acordo com a sua taxa de renovação à escala humana, tal
como já foi abordado no 10º ano de escolaridade.
O valor de um recurso ou de um sistema ecológico corresponde ao
seu significado em relação a fatores como a raridade, a diversidade, a
naturalidade, a viabilidade funcional e o seu significado local ou regional.
A sensibilidade ecológica de um recurso ou de um sistema ecológico
corresponde à probabilidade de poder ocorrer uma degradação da sua
funcionalidade ecológica e da consequente capacidade de realização de
serviços (ecológicos, económicos e sociais). Traduz a suscetibilidade às
agressividades exteriores, que é condicionada pelo tipo de agressividade
e pela capacidade de resistência do recurso à transformação. Por exemplo,
as zonas húmidas são sistemas altamente complexos com uma elevada
riqueza e diversidade funcional mas, também, extraordinariamente
sensíveis às perturbações causadas pela atividade humana.
Os recursos renováveis são definidos como os recursos que são naturalmente renováveis dentro de um período de tempo relevante para os seres humanos, por exemplo, a água, o ar, a vida animal e vegetal, a radiação solar, a energia dos ventos e das marés.
Os recursos não renováveis são os recursos que levam milhares ou mesmo milhões de anos a formarem-se, oferecendo limites à sua utilização, por exemplo os minerais e o solo. Existem dois tipos de recursos não renováveis:
- os que se consomem com o uso (ex.: petróleo, carvão);
- os que são recicláveis (ex.: vidro).
i
130 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
Em gestão ambiental, a capacidade de carga corresponde ao limiar de
utilização dos recursos naturais a partir do qual a utilização continuada
dos recursos os sujeita a sérios riscos de degradação irreversíveis. Em
termos de planeamento e de gestão do território, a capacidade de
carga corresponde à capacidade de um sistema natural ou artificial
absorver o crescimento da procura sem degradação significativa. Em
termos biológicos, a capacidade de carga pode ser considerada como
a relação entre a base de recursos, a capacidade de assimilação e
de recuperação do ambiente total e o potencial biótico das espécies
naturais em presença.
A capacidade de carga de uma determinada área depende da conjugação
dos recursos de base e das suas características com as atividades que
se vão desenvolver e os utilizadores dessa mesma área. A identificação
da capacidade de carga de uma determinada área é muito importante
no ordenamento do território, pois permite assegurar a manutenção
do equilíbrio dos processos ecológicos de forma compatível com a
ocorrência de atividades humanas para as quais a área demonstra uma
aptidão indiscutível.
A aptidão do território para um uso ou conjunto de usos e funções
depende das maiores ou menores potencialidades que o território
apresenta. Estas são influenciadas pelas suas características biofísicas e
pelo meio socioeconómico em que o território se integra, para prestar
serviços de forma equilibrada e com eficácia, sem deteriorar a sua
capacidade produtiva ou as suas características naturais.
A classificação do uso do solo é outo aspeto muito importante no processo
de ordenamento do território, dado que determina o destino básico dos
terrenos. A classificação do uso do solo permite distinguir o solo rural do
solo urbano:
- solo rural, é aquele ao qual é reconhecida vocação para a atividade
agrícola, pecuária, florestal ou mineira ou todo aquele que integra
espaços naturais de proteção ou de lazer (Figura 7). Também pode
integrar este tipo de solo todo aquele que possui infraestruturas mas
que não é considerado solo urbano;
- solo urbano, é aquele ao qual é reconhecida vocação para o processo
de urbanização e para a existência de edificações (Figura 8).
A classificação de uso do solo depende da escala de análise e,
consequentemente, do grau de pormenor com que se está a trabalhar.
Figura 7 – Exemplo de um solo rural ocupado com uma cultura de arroz na região de Viqueque (Timor-Leste).
Figura 8 – Exemplo de um solo urbano na Avenida de Portugal em Díli (Timor-Leste).
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Define recurso natural.
1.2. Distingue recursos renováveis de recursos não renováveis.
1.3. Apresenta dois exemplos de recursos renováveis e dois exemplos de recursos não renováveis existentes em Timor-Leste.
1.4. Distingue sensibilidade ecológica de um recurso de capacidade de carga.
1.5. Explica de que modo a atividade humana pode condicionar a capacidade de carga de um recurso.
1.6. Distingue capacidade de carga em termos de gestão ambiental de capacidade de carga em termos biológicos.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 131
atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica dois fatores que influenciam a aptidão de um território para um determinado uso.
1.2. Distingue solo rural de solo urbano.
1.3. Classifica o uso do solo da região onde a tua escola se encontra localizada, em termos de predominância.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
1.2. O ordenamento do território – o caso português
De seguida apresentamos, a título de exemplo, os instrumentos de
ordenamento do território que existem em Portugal. Muitos destes
instrumentos podem ser adaptados para o contexto de Timor-Leste.
Em Portugal existem instrumentos de ordenamento do território de
âmbito nacional, regional e local.
Os instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional são os
seguintes:
- programa nacional da política de Ordenamento do território
(PNPOT) – define as grandes opções importantes para a organização
do território nacional e sintetiza as referências a serem consideradas
na elaboração dos restantes instrumentos de gestão territorial.
- Planos Sectoriais (PS) – são instrumentos de programação ou de
concretização das diversas políticas, com incidência na organização
do território. São exemplo deste tipo de planos o Plano Setorial da
Rede Natura, os Planos Setoriais dos Recursos Hídricos, entre outros.
- Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT) – são
planos que focam aspetos especiais do ordenamento do território
que não são tratados em outros planos de ordenamento do
território e que, por isso, requerem contexto regulamentar ou
normativo específico. É o caso dos Planos de Ordenamento das
Áreas Protegidas (POAP) e dos Planos de Ordenamento da Orla
Costeira (POOC).
Os instrumentos de ordenamento do território de âmbito regional são
os Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT). Estes planos
definem a estratégia regional de desenvolvimento territorial, integrando
as opções estratégicas definidas a nível nacional e considerando as
estratégias municipais de desenvolvimento local. Servem como referência
para a elaboração dos planos municipais de ordenamento do território.
Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal são um exemplo deste tipo
de planos.
Finalmente, os instrumentos de ordenamento do território de âmbito
municipal incluem:
- Planos intermunicipais de Ordenamento do Território (PiOT) – são
instrumentos de desenvolvimento territorial que asseguram a articulação
entre o plano regional e os planos municipais de ordenamento do
território, quando existe interdependência de elementos estruturantes
que necessitam de uma coordenação integrada.
atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Apresenta dois exemplos de instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional existentes em Portugal.
1.2. Refere a importância dos planos regionais de ordenamento do território existentes em Portugal.
1.3. De que modo o conhecimento dos instrumentos de ordenamento do território existentes em Portugal pode ser útil para Timor-Leste?
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
132 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
- Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT) –
são instrumentos de natureza regulamentar, aprovados pelos
municípios, que estabelecem o uso do solo e definem os modelos
de evolução previsível da ocupação humana e da organização das
redes e sistemas, bem como o aproveitamento do solo e a qualidade
ambiental. Estes planos compreendem o:
Plano Diretor Municipal (PDM) – fixa as linhas gerais de
ocupação do território do concelho. Tem um carácter dinâmico, o
que implica a sua permanente avaliação e consequente definição
de estratégias para responder a novas necessidades ou potenciar
novas oportunidades. Legalmente tem um prazo de vigência de
dez anos, findos os quais deve ser revisto.
Plano de Urbanização (PU) – define a organização espacial da
parte do território municipal integrada no perímetro urbano que
exige uma intervenção integrada de planeamento.
Plano de Pormenor (PP) – desenvolve e concretiza propostas de
organização espacial de qualquer área específica do concelho,
definindo com detalhe a forma de ocupação (Figura 9). Este
plano serve de base aos projetos de execução de infraestruturas,
da arquitetura dos edifícios e dos espaços exteriores, de acordo
com as prioridades estabelecidas no PDM e no PU.
1.3. O ordenamento do território em Timor-Leste
Em Timor-Leste não tem existido uma prática de ordenamento do território.
A elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030
constituiu um passo muito importante nesta matéria pois permitiu definir
objetivos e metas, a serem cumpridos, a curto, a médio e a longo prazo. Neste
sentido, são várias as medidas e as políticas que estão em curso e outras vão
ser implementadas nos próximos anos, como a seguir se descrevem.
infraestruturas rodoviárias
O Plano de infraestruturas básicas integradas é um dos instrumentos
de ordenamento do território que está elaborado para permitir o
desenvolvimento dos setores produtivos de Timor-Leste e que compreende
a melhoria das telecomunicações, dos aeroportos, das estradas, das
pontes, das redes de esgotos e dos sistemas de água potável.
A construção, a reparação e a melhoria das estradas e das pontes será
contemplada num programa rodoviário a nível nacional, que dada a
sua área de intervenção, prevê-se que esteja totalmente implementado
Figura 9 – Mapa de implantação de um Plano de Pormenor da Câmara Municipal da Peniche (Portugal).
Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 133
a médio e a longo prazo (Figura 10). Este plano prevê a construção, a
reparação e a manutenção do sistema de estradas nacionais, regionais
e rurais, bem como de centenas de pontes existentes no país (Figura 11).
Timor-Leste estará dotado no futuro de um anel nacional de autoestradas.
Simultaneamente, as estradas nacionais e regionais vão ser alvo de
intervenções que lhes permitem ter padrões de circulação internacionais.
infraestruturas de contacto com o exterior
A construção ou o aumento das infraestruturas de contacto com o exterior,
como os portos e aeroportos, são também intervençõesque se prevê que
sejam realizadas.
Tanto a costa Norte como a costa Sul vão ser abrangidas por um aumento da
capacidade dos seus portos marítimos. Em Tíbar haverá um porto nacional
multifuncional, com capacidade para 1 milhão de toneladas/ano e com a
possibilidade de receber embarcações comerciais e de passageiros. Em Suai
prevê-se que seja criado um porto que funcionará como peça central do
desenvolvimento de uma base logística para o setor petrolífero.
Para além das grandes obras referidas os restantes portos vão ser alvo de
intervenções, tendo em vista a proteção da pesca, o transporte de mercadorias
e de passageiros, o desenvolvimento do setor turístico, entre outros.
De um modo geral, os aeroportos estão em mau estado pelo que há
necessidade de proceder a grandes obras neste tipo de infraestruturas.
O Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato será alvo de obras
que permitam receber aviões maiores e com normas de segurança que
cumpram os padrões internacionais.
A nível dos distritos será elaborado o plano de aviação distrital que
permitirá identificar a necessidade de construção de aeródromos, bem
como as intervenções necessárias nos aeródromos já existentes.
infraestruturas de água e saneamento
Dotar o país de um sistema de água canalizada e de um sistema esgotos
é, também, uma das prioridades do governo timorense. Nas áreas
rurais: os lares vão ser dotados de sistemas de água, vão ser construídas
latrinas comunitárias e haverá apoio técnico especializado e supervisão
para as comunidades. Nas áreas urbanas, as infraestruturas de água
existentes (mas que foram destruídas em 1999) vão ser reparadas de
modo a garantir um abastecimento seguro de água canalizada aos lares.
Este processo prevê:
Figura 10 – Alargamento da estrada que liga Maubara a Bobonaro (Timor-Leste) (A) e obras de sustentação de barreiras junto da estrada (B).
A
B
Figura 11 – Construção de uma ponte nos arredores de Liquiçá (Timor-Leste).
134 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
a elaboração de um Plano Geral para os centros de Distrito;
a reparação de furos, a reabilitação de canos danificados e a
legitimação das ligações;
a localização e consolidação de novas fontes de água;
a construção de reservatórios e instalações de tratamento (Figura 12).
a ligação das casas à rede de abastecimento.
Ao nível do saneamento, vão ser construídos sistemas de recolha de
esgotos e estações de tratamento. Simultaneamente, as pessoas prevê-se
que sejam incentivadas a terem autoclismos em suas casas e, sempre que
possível, casas de banho com ligação à rede pública de saneamento.
No caso concreto da cidade de Díli, vai ser criado o Plano Mestre para o
Saneamento e Drenagem que tem como objetivo desenvolver um sistema
de recolha de esgotos que abranja a maior parte da cidade. Nas áreas
densamente povoadas, onde não seja possível implementar este sistema,
prevê-se que sejam construídas fossas sépticas com serviço periódico de
recolha e, nas áreas menos povoadas, construídas fossas permeáveis.
infraestruturas elétricas
A instalação da rede elétrica nacional em Timor-Leste é de extrema
prioridade. Para que tal seja possível está a ser criado um sistema fiável
de produção transmissão e distribuição de energia elétrica que abranja
todo o país (Figura 13).
A utilização de energias renováveis e a eletrificação das áreas rurais são
uma prioridade. Está previsto o aproveitamento de energia hidráulica,
de energia eólica, de energia solar e de biomassa/resíduos sólidos em
vários pontos do país (ex.: Ataúro, Oecussi Ambeno, Ameno, Lariguto,
Bobonaro).
equipamentos públicos
A construção e/ou a reabilitação de equipamentos na área da saúde e da
educação são um dos objetivos a curto prazo em Timor-Leste.
Ao nível da saúde, prevê-se que sejam reabilitados e construídos postos
de saúde e expandidos e reabilitados os centros comunitários de saúde. O
hospital nacional e os cinco hospitais de referência existentes vão sofrer
um processo de melhoria e de expansão.
Na área da educação, haverá um aumento do número de escolas,
principalmente no ensino pré-escolar e no secundário.
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Refere a importância do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) de Timor-Leste.
1.2. Explica de que modo a melhoria das infraestruturas rodoviárias pode contribuir para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
1.3. Justifica a importância das obras de melhoria do Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato no desenvolvimento turístico de Timor-Leste.
1.4. Explica de que modo a construção de infraestruturas de água e saneamento podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos timorenses.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 12 – Águas de Fatumeta (Timor-Leste).
Figura 13 – Central elétrica de Hera (Timor-Leste).
Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 135
áreas industriais
O setor petrolífero é considerado uma potencialidade em Timor-Leste,
pelo que o desenvolvimento da indústria petrolífera será uma realidade
em breve com a implementação do projeto Tasi-Mane na Costa Sul. Este
projeto prevê a criação de três aglomerados industriais: um destinado ao
fornecimento do petróleo, outro à refinaria e à indústria petroquímica de
Betano, e outro à instalação de gás natural liquefeito.
A criação de áreas com capacidade para captar investimento estrangeiro
são, também, uma aposta para o aumento de emprego e do volume de
negócios com o exterior.
A construção/expansão das várias infraestruturas (ex.: rede viária,
portos e aeroportos, rede de abastecimento de água e de saneamento,
infraestruturas elétricas, equipamentos públicos e áreas industriais) são
intervenções chave no processo de ordenamento do território em Timor-
-Leste. Delas depende a organização do espaço e a gestão dos recursos
naturais envolventes, bem como todas as dinâmicas que podem ser
geradas a partir delas.
área ambiental
Centrando a atenção nas áreas rurais, nos recursos naturais e na melhoria
do ambiente no PED 2011-2030 também estão identificados planos que
se prevê que sejam executados no período considerado.
Um dos planos a ser elaborado nos próximos anos é o Plano de Gestão
florestal. Este plano visa promover a reflorestação e as práticas de gestão
florestal sustentável em Timor-Leste (Figura 14). Para tal, este plano
pressupõe a criação de legislação específica sobre a floresta, a reflorestação
das zonas degradadas, a redução da realização de queimadas durante a
estação seca e a aplicação das leis ambientais e florestais que permitam
controlar atividades de degradação da terra.
A proteção das zonas de conservação natural ou parques naturais e
dos recursos marinhos e costeiros serão também objeto de um plano/
medidas que visem a gestão sustentável destas áreas.
Para as bacias hidrográficas e as zonas costeiras será definida uma política
de gestão que valorize a reabilitação e a proteção dos mangais no litoral
(Figura 15), a regularização da exploração de areia no rios (Figura 16), a
conservação dos recursos hídricos e o controlo das planícies aluviais.
atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Explica por que é que a utilização de energias renováveis pode ser vantajosa nas regiões mais montanhosas de Timor-Leste.
1.2. Justifica a importância da reabilitação e construção de novos postos de saúde nas áreas rurais.
1.3. De que modo o aumento do número de escolas pode ser útil para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste?
1.4. Justifica a importância do setor petrolífero no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 14 – Floresta na região de Aileu (Timor-Leste).
Figura 15 – Mangal junto da Lagoa Bemalai, subdistrito de Atabae (Timor-Leste).
Figura 16 – Extração de areias numa ribeira nos arredores de Díli (Timor-Leste).
136 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
Timor-Leste já dispõe de uma Estratégia e de um Plano de Ação Nacional
sobre a biodiversidade e brevemente existirá uma Lei Nacional sobre
a biodiversidade que regulamentará a implementação deste plano. A
proteção e a conservação da vida selvagem será, também, objeto de
uma lei.
A proteção do ambiente em Timor-Leste assenta na produção de legislação
específica para o controlo da poluição da água, do solo, do ar e da poluição
sonora e para a recolha e tratamento de resíduos.
O desenvolvimento sustentável de Timor-Leste depende de um processo
de ordenamento cuidado que tenha em atenção o desenvolvimento
económico, social e ambiental assegurando a correta gestão dos recursos
naturais existentes.
● O ordenamento do território consiste na implementação de um conjunto de medidas que
regulamentam a utilização do espaço de modo a melhorar as condições de vida das pessoas,
a promover o desenvolvimento das atividades económicas, a valorizar os recursos naturais e o
património, evitando perturbar o equilíbrio natural do meio.
● O ordenamento do território pode variar de país para país, no entanto, na sua implementação é
importante: identificar objetivos a médio e a longo prazo; definir estratégias para o território;
definir políticas setoriais para, por exemplo, a agricultura, o ambiente, os transportes, o turismo,
entre outros.
● O ordenamento do território de uma região e/ou país contribui para o desenvolvimento económico,
social e ambiental dessa região e/ou país, cria benefícios que se constituem como motor do
desenvolvimento sustentável e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
SÍNTESE
Os instrumentos de ordenamento do território como promotores da gestão sustentável | 137
● O ordenamento do território assenta na existência de políticas territoriais que definem o
desenvolvimento dos centros urbanos e dos espaços rurais, identificando a distribuição espacial da
ocupação do solo e a sua utilização por parte dos diversos agentes. Nestas é importante considerar:
o diagnóstico da situação existente (referência); a definição do objetivo final; e a análise da relação
entre o Homem e o território.
● Os instrumentos de ordenamento do território são mecanismos e ferramentas que instrumentalizam
as políticas de ordenamento do território.
● No processo de ordenamento do território é necessário conhecer e integrar vários aspetos relacionados
com: o planeamento do território, o desenvolvimento sustentável, o valor de um recurso ou de um
sistema ecológico, a sensibilidade ecológica de um recurso ou de um sistema ecológico, a capacidade
de carga, a aptidão do território e a classificação do uso do solo (solo rural ou solo urbano).
● Em Portugal existem instrumentos de ordenamento do território de âmbito nacional, regional e
local, que contribuem para a organização do país.
● Em timor-Leste não tem existido uma prática de ordenamento do território. A elaboração do Plano
Estratégico de Desenvolvimento (PED) 2011-2030 constituiu um passo muito importante nesta matéria
pois permitiu definir objetivos e metas, a serem cumpridos, a curto, a médio e a longo prazo.
● São várias as medidas e as políticas de ordenamento do território que estão em curso em
Timor-Leste e que podem contribuir para o seu desenvolvimento sustentável, com intervenções
ao nível: das infraestruturas rodoviárias, das infraestruturas de contacto com o exterior, das
infraestruturas de água e saneamento, das infraestruturas elétricas, dos equipamentos públicos,
das áreas industriais e da área ambiental.
138 | Os Recursos de Timor-Leste
Atividades Complementares
138 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
1. Os instrumentos de ordenamento do território são muito úteis na gestão sustentável de qualquer país.
1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. O ordenamento do território consiste na implementação de medidas que visem apenas a
utilização do espaço.
b. Na implementação do ordenamento do território é necessário identificar objetivos a médio e a
longo prazo, definir estratégias para o território e políticas setoriais.
c. O ordenamento do território assenta na existência de lutas territoriais.
D. Os instrumentos de ordenamento do território são ferramentas que permitem trabalhar a terra
para a prática da agricultura.
E. O conhecimento acerca da capacidade de carga de um recurso é importante no ordenamento
do território.
f. O petróleo é considerado um recurso renovável e a energia eólica é considerada um recurso
não renovável.
G. O Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) de Timor-Leste é um instrumento que descreve
a história do país.
1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.
1.3. Comenta a seguinte afirmação: “O desenvolvimento sustentável de Timor-Leste depende de um
processo de ordenamento cuidado que tenha em atenção o desenvolvimento económico, social e
ambiental assegurando a correta gestão dos recursos naturais existentes.”
2. São prioritárias as medidas a implementar em Timor-Leste ao nível da melhoria das infraestruturas de
água e saneamento.
2.1. Indica duas vantagens da melhoria das infraestruturas de água e saneamento para a vida dos
timorenses e para o ambiente.
2.2. Refere três medidas que se prevê implementar nos próximos anos em Timor-Leste, ao nível da
melhoria das infraestruturas de água e saneamento.
3. Justifica a importância que o Plano de Gestão Florestal pode ter para o desenvolvimento sustentável
de Timor-Leste.
4. Indica possíveis consequências da excessiva extração de areias nas ribeiras de Timor-Leste.
4UNIDADE TEMÁTICA
Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
Sumário Medidas de ordenamento do território e do ambiente - Gestão de recursos (água, solo)- Gestão de áreas urbanas e industriais - Gestão de transportes e comunicações
- Gestão de resíduos
FinalidadeA abordagem do subtema Medidas de ordenamento do território e do ambiente pretende aprofundar os teus conhecimentos acerca dos recursos existentes no território de Timor-Leste e sobre o modo como estes devem ser geridos tendo em vista o desenvolvimento sustentável. As questões relacionadas com a organização do espaço urbano e industrial, a gestão dos transportes e das comunicações e a gestão de resíduos serão, também, analisadas.
Metas de Aprendizagem Identifica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão do recurso:- água – menciona medidas de proteção e tratamento da água de
abastecimento público e dos efluentes urbanos;- solo – indica usos do solo e formas de o gerir;- agricultura – menciona medidas concretas para a prática da
agricultura biológica;- floresta – apresenta medidas de proteção, de manutenção e
replantação da floresta. Identifica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão das áreas urbanas e industriais indicando soluções para o rápido crescimento urbano e para o desenvolvimento da indústria. Indica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão dos transportes e comunicações indicando medidas atenuadoras dos efeitos dos transportes e das comunicações. Identifica medidas de ordenamento do território relativamente à gestão dos resíduos analisando criticamente a introdução da política dos 3R’s no território timorense. Reconhece a importância das medidas de ordenamento do território e do ambiente no desenvolvimento sustentável de Timor-Leste. Indica formas de promover a gestão sustentável de Timor-Leste.
SUbTEMA 2MEDiDAS DE ORDENAMENTO DO
TERRiTóRiO E DO AMbiENTE
conceitos-chave Recursos naturais
Gestão dos recursos
Gestão dos recursos hídricos
Solo
Degradação do solo
Conservação do solo
Agricultura
Gestão sustentável da agricultura
Floresta
Gestão sustentável dos recursos florestais
Cidade
Espaço urbano
Urbanização
Taxa de urbanização
Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED)
Corredores de desenvolvimento regional
Áreas industriais ou parques industriais
Gestão dos transportes
Rede rodoviária
Tecnologias da Informação e da Comunicação
Resíduos
Gestão dos resíduos
Recolha de resíduos urbanos
Política dos 3 R’s
Desenvolvimento sustentável
QUESTÃO ORiENTADORAQue medidas de ordenamento
do território e do ambiente
existem em Timor-Leste?
140 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
2. MEDiDAS DE ORDENAMENTO DO TERRiTóRiO E
DO AMbiENTE
2.1. A gestão dos recursos
Os recursos naturais são materiais (sólidos, líquidos ou gasosos)
provenientes da natureza, que o Homem pode utilizar para seu benefício.
Os recursos são indispensáveis à vida na Terra, no entanto, a sua
sobreexploração pode colocar em risco a sua existência. Neste contexto, o
ordenamento do território tem um papel muito importante, pois identifica
medidas que contribuam para uma gestão dos recursos sustentável.
2.1.1. A água
Sendo a água um recurso indispensável à vida e um fator condicionante
das atividades produtivas, importa fazer uma gestão adequada da
sua utilização, satisfazendo as necessidades crescentes e garantindo a
sustentabilidade dos recursos hídricos. Como tal, é de todo o interesse
inventariar, caracterizar e planear a utilização dos recursos hídricos antes
de programar as ações futuras.
O planeamento dos recursos hídricos é cada vez mais importante, pois
a pressão sobre o recurso água tem vindo a aumentar, devido ao seu
maior consumo. Esta situação é, em parte, explicada pela melhoria das
condições de vida e pelo desenvolvimento dos sistemas de captação e
distribuição de água (Figura 1).
A gestão dos recursos hídricos é um processo complexo que implica um
planeamento cuidadoso e uma coordenação de esforços a vários níveis.
Em Timor-Leste é de todo o interesse que os instrumentos de ordenamento
e de gestão dos recursos hídricos tenham em atenção:
- a melhoria do conhecimento sobre a disponibilidade e as
potencialidades hídricas;
- a melhoria do sistema de captação, recolha, distribuição e utilização
da água;
- a proteção, a conservação e a requalificação dos recursos hídricos;
- a melhoria da articulação entre a gestão dos recursos hídricos e os
restantes setores de ordenamento do território.
Uma gestão planeada dos recursos hídricos permitirá adotar medidas de
potencialização como:
- o aumento da capacidade de aprovisionamento;
- a organização e rentabilização dos sistemas de abastecimento público;
Figura 1 – Sistemas de depósito de águas (A - Depósito para água, B - Albufeira do Alqueva, Portugal).
A
B
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 141
- a regulamentação das atividades associadas aos meios hídricos,
nomeadamente a agricultura, o turismo, a pesca, a extração de
petróleo, entre outros;
- o tratamento das águas residuais antes do seu retorno ao meio hídrico;
- a reabilitação da rede hidrográfica, de forma integrada, promovendo
a qualidade ambiental e o desenvolvimento socioeconómico.
Em Timor-Leste entre 2001 e 2010 a população com o acesso a água
canalizada, poço ou bomba protegida, cisterna ou água engarrafada,
aumentou de 48% para 66%. No entanto, é necessário criar para toda a
população condições de acesso à água potável. Como tal, está em curso
um processo de planeamento relacionado com a provisão de água potável
às áreas urbanas e rurais.
A existência de água disponível para o setor agrícola é, também, uma
necessidade pois existem muitas regiões onde a falta de água, na estação
seca, impede a produção agrícola. Para tal Timor-Leste aposta na construção
de sistemas de irrigação e armazenamento de água nas áreas agrícolas.
Ao longo das bacias hidrográficas está prevista a criação de barragens
que permitam armazenar a água das chuvas para posteriormente serem
geridas de acordo com as necessidades agrícolas. A exploração de lençóis
de água subterrâneos é outras das medidas a ser implementada para fazer
face à falta de água nos períodos de seca (Figura 2).
2.1.2. O solo
O solo desempenha uma grande variedade de funções vitais, de carácter
ambiental, ecológico, social e económico. Constitui um importante
elemento paisagístico, patrimonial e físico para o desenvolvimento de
infraestruturas e das atividades humanas (Figura 3).
O solo é um meio vivo e dinâmico, constituindo um habitat de biodiversidade
abundante, com padrões genéticos únicos, onde se encontra a maior
quantidade e variedade de organismos vivos, que servem de reservatório
de muitos nutrientes.
atividade 11. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Justifica a necessidade da gestão da água na Terra.
1.2. Explica o aumento do consumo de água no mundo.
1.3. Indica dois aspetos a considerar no ordenamento e gestão dos recursos hídricos em Timor-Leste.
1.4. Refere duas medidas de potencialização dos recursos hídricos em Timor-Leste.
1.5. Menciona duas atividades que mais água consomem em Timor-Leste.
1.6. Indica duas medidas que podem ser implementadas para resolver a falta de água em períodos de seca em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 2 – Estação de captação de água de Fatumeta dos SAS (Timor-Leste).
Figura 3 – Solo urbano em Díli (A) e solo rural na região de Bobonaro (B) (Timor-Leste).
A B
142 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
A intensidade com que os solos realizam cada uma das suas funções é
extremamente importante para a sua sustentabilidade. A degradação do
solo reduz a sua disponibilidade e viabilidade a longo prazo, diminuindo ou
alterando a sua capacidade para desempenhar funções a ele associadas. A
perda de capacidade do solo para realizar as suas funções, deixando de ser
capaz de manter ou sustentar a vegetação, é designada por degradação do
solo (Figura 4).
As principais ameaças sobre o solo são a erosão, a mineralização da
matéria orgânica, a redução da biodiversidade, a contaminação, a
impermeabilização, a compactação, a salinização, os desabamentos e
os movimentos de terras. A ocorrência simultânea de algumas destas
ameaças aumenta os efeitos da erosão do solo, apesar de haver diferentes
intensidades regionais e locais (os solos não respondem todos da mesma
maneira aos processos de degradação, dependendo das suas próprias
características).
O recurso solo em Timor-Leste é muito suscetível à destruição, devido
à erosão, às condições topográficas, à elevada e intensa pluviosidade, à
agricultura itinerante, às queimadas, à destruição do coberto vegetal e ao
excesso de criação de gado (Figura 5).
No sentido de contrariar esta situação é importante a implementação de
medidas que permitam a conservação do solo, tais como:
- proteção dos solos com elevada capacidade produtiva para a prática
de agricultura;
- plantação e cultivo de espécies adaptadas às condições de relevo, ao
tipo de solo e ao clima de cada região;
- utilização de práticas agrícolas que permitam a sustentação do solo
(ex.: construção de socalcos/terraços) (Figura 6);
- regulamentação da realização de queimadas, definindo o período
indicado e os modos de execução;
- utilização de sistema de rotação de culturas (Figura 7);
Figura 4 – Solo degradado.
Figura 5 – Impermeabilização do solo numa avenida de Díli (A) e deslizamento de terras na zona de Aileu (B) (Timor-Leste).
A
B
Figura 6 – Socalcos na região de Venilale (Timor-Leste).
Figura 7 – Esquema representativo da rotação de culturas.
CevadaDescanso Trigo Cevada DescansoTrigo
Cevada Descanso Trigo
ANO 1 ANO 2
ANO 3
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 143
Paralelemente a estas medidas será necessário proceder à identificação
territorial dos usos mais adequados para os solos, tendo em conta as
características do solo de diferentes áreas e a sua capacidade de uso.
Figura 8 – Exemplo de uma praia do Algarve (Portugal).
atividade 21. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Indica duas funções do solo.
1.2. Menciona as consequências da degradação do solo.
1.3. Refere quatro ameaças a que os solos podem estar sujeitos.
1.4. Explica a razão pela qual os solos timorenses estão muito expostos à erosão.
1.5. Indica duas medidas para conservar o solo em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Portugal dispõe de um conjunto de instrumentos de ordenamento do
território que identificam os usos e as atividades que podem ser realizadas
numa determinada área em função das características naturais. São
exemplo destes instrumentos:
● A Reserva Agrícola Nacional (RAN), constituída pelo conjunto
das áreas que, em virtude das suas características morfológicas,
climáticas e sociais, maiores potencialidades apresentam para a
produção de bens agrícolas. A RAN é constituída por unidades de
terra com elevada ou moderada aptidão para a atividade agrícola,
que correspondem às classes A1 e A2 da carta da classificação da
terra e que têm como base a classificação da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
● A Reserva Ecológica Nacional (REN), é uma estrutura biofísica
que integra o conjunto de sistemas que, pelo valor e sensibilidade
ecológicos ou pela exposição e suscetibilidade perante riscos naturais,
são objeto de proteção especial. Esta estrutura define um conjunto
de condicionantes, que identificam usos e ações compatíveis com o
regime dos diferentes sistemas. Integram a REN as seguintes áreas:
- leitos dos cursos de água e zonas ameaçadas pelas cheias, lagoas e suas
faixas de proteção e zonas húmidas adjacentes, albufeiras e ínsuas;
- áreas de infiltração máxima;
- cabeceiras de linhas de água;
- áreas com risco de erosão e escarpas;
- praias (Figura 8);
144 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
atividade 31. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Justifica a importância da agricultura em Timor-Leste.
1.2. Indica duas alterações na agricultura timorense ocorridas após a restauração da independência.
1.3. Menciona dois constrangimentos que afetam a produtividade agrícola em Timor-Leste.
1.4. Refere as metas a atingir até 2030 para haver uma gestão sustentável da agricultura timorense.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
- dunas litorais (Figura 9);
- arribas ou falésias (Figura 10);
- estuários, lagunas, lagoas costeiras e zonas húmidas adjacentes,
sapais, restingas e tômbolos (Figura 11).
2.1.3. A agricultura
Em Timor-Leste a agricultura é muito importante pois um terço das
famílias timorenses vive da agricultura de subsistência. A atividade agrícola
representa cerca de 30% do PIB e dela depende 80% da população.
Com a restauração da independência de Timor-Leste o setor agrícola
sofreu grandes alterações, como por exemplo:
- a eliminação dos subsídios aos produtos alimentares essenciais;
- a perda de mercado constituído por população indonésia (ex.:
militares, funcionários públicos) que vivia em Timor-Leste;
- grande diminuição de pessoal ligado aos serviços do setor agrícola.
A produtividade agrícola encontra-se afetada por vários constran-
gimentos, tais como:
- a falta de formação de recursos humanos;
- a inexistência de estudos sobre as características do solo e a sua
aptidão ou capacidade de uso agrícola;
- a existência de pragas e doenças que interferem com a qualidade
da produção e a sua possibilidade de exportação;
- a degradação ambiental devido à pressão humana sobre as terras
agrícolas.
Atualmente, o Plano Estratégico de Desenvolvimento ao nível da gestão
sustentável da agricultura, silvicultura e pescas, prevê que até 2030
sejam alcançadas as seguintes metas:
- criação de um setor agrícola próspero para reduzir a pobreza;
- melhoraria da segurança alimentar e aumento da autoconfiança;
- promoção do crescimento económico das áreas rurais como
um todo;
- fortalecimento da balança comercial através do aumento das
exportações;
- ajuda aos agricultores na adaptação a novo mercado onde existe
menos apoio fiscal e um menor serviço público;
Figura 11 – A – Estuário; B – Sapal; C – Restinga; D – Tômbolo.
A B
C D
Figura 9 – Dunas litorais.
Figura 10 – Arribas ou falésias.
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 145
Figura 12 – Estufa na região de Ainaro (Timor-Leste).
curiosidades sobre a
floresta de Timor-Leste- Cerca de 10% da floresta Oriental de
Timor-Leste está integrada em zona de Bacia Hidrográfica;
- Em muitas áreas florestais ainda predomina o “Tara Bandu”;
- Existem 14 áreas protegidas com floresta e onde vivem comunidades locais.
i
Figura 13 – Distribuição da floresta em Timor-Leste.
A gestão da floresta em Timor-Leste é afetada por vários problemas,
tais como:
- a agricultura itinerante;
- a recolha de lenha para ser utilizada como fonte de energia (Figura 14);
- os incêndios florestais (Figura 15);
- o corte indiscriminado de madeira;
- a falta ou a inadequada capacidade dos recursos humanos;
- a falta de instalações e financiamento;
- a falta de políticas e/ou regulamentos;
- a falta de classificação do solo.
As condições físicas do território associadas à sobreexploração da floresta
têm contribuído para o aumento da desflorestação e da erosão do solo e
para a baixa produtividade florestal. Timor-Leste aderiu à Gestão Florestal
Comunitária praticada em países da Ásia do Sudeste como o Camboja, a
Indonésia, as Filipinas, a Tailândia e o Vietname. A existência de condições
semelhantes nestes países torna-se numa fonte de conhecimento para a
gestão florestal em Timor-Leste.
Fruto de conhecimentos adquiridos e no sentido de obter uma abordagem
integrada da paisagem timorense, que privilegia a gestão sustentável dos
recursos florestais, foram definidos os seguintes objetivos:
Figura 14 – Venda de molhos de lenha para o fogão (Timor-Leste).
Figura 15 – Incêndio florestal (arredores de Díli, Timor-Leste).
- aumento da produtividade agrícola através da modernização do
setor agrícola (Figura 12).
A floresta timorense é bastante diversificada, tal como se pode constatar
no mapa da Figura 13.
146 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
- proteger as florestas através de estratégias que envolvam a
comunidade no processo de gestão florestal (Figura 16);
- promover a participação da comunidade na tomada de decisões
sobre a floresta e as atividades que a ela estão associadas;
- promover a reflorestação recorrendo a acordos que permitam a
exploração e a gestão dos recursos florestais;
- incentivar o investimento privado no desenvolvimento florestal;
- promover institucionalmente o desenvolvimento do setor florestal,
por exemplo através da formação técnica de recursos humanos.
Segundo o Plano Estratégico de Desenvolvimento serão desenvolvidas ações
para melhorar a gestão sustentável de terras, conservar e reabilitar florestas e
desenvolver práticas de produção de madeira sustentáveis, que incluem:
• introdução de legislação florestal especial, apoiada por melhores
acordos sobre posse de terras;
• formação técnica e administrativa a trabalhadores florestais;
• reflorestação em todas as zonas degradadas, especialmente em
áreas inclinadas em torno de Díli;
• introdução de programas para reduzir práticas de queima de floresta
ou de erva durante a estação seca;
• substituição da lenha por outras fontes de energia;
• aplicação de leis ambientais e leis florestais para controlar actividades
de degradação florestal.
2.2. A gestão das áreas urbanas e industriais
A ocupação do território cria na paisagem espaços com diferentes
características. Uma distinção evidente é a separação entre o espaço rural
e o espaço urbano, verificando-se que este último é ocupado por áreas
residenciais e por atividades dos setores secundário e terciário (Figura 17).
Com a expansão urbana a difusão espacial da indústria, o alargamento
dos serviços, o desenvolvimento do comércio e das atividades turísticas e
a diferenciação e distinção entre o espaço rural e o espaço urbano tende
a diminuir progressivamente (Figura 18).
2.2.1. A cidade
A cidade tem características que a individualizam como espaço e que
estão associadas à presença dos seguintes aspetos:
- densa ocupação humana e um índice de construção mais elevado do
que o das áreas rurais;
Figura 16 – Aspeto da floresta na região de Ermera (Timor-Leste).
atividade 41. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Menciona quatro problemas que afetam a floresta em Timor-Leste.
1.2. Apresenta as consequências da sobreexploração da floresta timorense.
1.3. Indica dois objetivos que foram definidos para a gestão sustentável da floresta em Timor-Leste.
1.4. Refere quatro ações a desenvolver nas florestas para pôr em prática o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED).
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 17 – Representação esquemática da zona urbana e da zona rural.
Figura 18 – Indústria em área rural.
Os recursos económicos - situação atual e cenários futuros | 147
- maior afluência de trânsito;
- concentração de atividades económicas;
- existência de equipamentos sociais e culturais.
A cidade desde sempre exerceu atração pela população, porque concentra
atividades económicas, culturais e de lazer (Figura 19). O processo de
transferência da população das áreas rurais para as urbanas designa-se
de urbanização. O fenómeno da urbanização, iniciado no século XVIII com
a Revolução Industrial, intensificou-se na segunda metade do século XX.
Assim, a taxa de urbanização é definida como a percentagem de população
urbana, em relação à total, e reflete a tendência de concentração de
população nas áreas urbanas.
A Tabela I mostra a taxa de urbanização e a percentagem de população
urbana em alguns países.
Tabela I – Taxa de urbanização e população urbana em alguns países
PaísTaxa de Urbanização(estimada entre 2010
e 2015)
População Urbana(2010)
cabo Verde 2.4% 61.0%filipinas 2.3% 49.0%Portugal 1.0% 61.0%Timor-Leste 5.0% 28.0%
Através da análise da Tabela I é possível verificar que quanto maior é a
percentagem de população urbana menor é a taxa de urbanização, que se
estima, ocorrer entre 2010 e 2015.
A população urbana de Timor-Leste, em 2010, representava 28% da
população total, no entanto, estima-se que entre 2010 e 2015 a taxa de
urbanização seja da ordem dos 5% ao ano.
O desenvolvimento das vias rodoviárias e dos transportes são fatores
que contribuem fortemente para o crescimento urbano tanto em termos
demográficos como espaciais. O governo de Timor-Leste prevê uma
melhoria generalizada das vias de comunicação, que deve ser contemplada
no processo de planeamento urbano, visto que pode contribuir para o
crescimento e a intensificação das cidades. A melhoria da qualidade dos
serviços e o aumento das acessibilidades ao centro das cidades, através
de redes de transportes públicos, eficientes e não poluentes, são questões
muito importantes a considerar no ordenamento do espaço urbano.
Figura 19 – Cidade de Xangai.
148 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste prevê a criação
de corredores de desenvolvimento regional que, devido a potencialidades
específicas, serão motivo de captação e fixação de população. Assim está
prevista a criação de seis zonas de desenvolvimento, sendo elas:
● Díli - Tíbar - Hera – caracterizada pelos serviços, comércio e o
desenvolvimento do complexo industrial de Hera, habitação em grande
escala, novas áreas de ensino superior, turismo marítimo, distrito
empresarial e a melhoria do aeroporto internacional (Figura 20).
● Suai - betano - beaço – caracterizada pela indústria do petróleo e
do gás (Figura 21).
Figura 20 – Projeto do centro de distribuição de eletricidade em Hera (Timor-Leste).
● Liquiçá - ermera - aileu – caracterizada pelo desenvolvimento de
novas plantações, pela indústria de processamento, pelas produções
alimentares e pelos destinos turísticos de montanha.
● Manatuto - baucau - Lautém – caracterizada pelas áreas de criação
de gado, novas plantações agrícolas, indústria de processamento de
peixe e pela atividade turística.
● bobonaro - cova Lima – caracterizada pelo comércio tradicional,
Serviços de Alfândega, Imigração, Quarentena e Segurança (SAIQS),
serviços de divulgação de produtos agrícolas (Figura 22), criação de
gado, indústrias criativas e turismo (Figura 23).
● Enclave de Oecusse Ambeno – caracterizado pelo comércio
internacional, SAIQS, áreas de plantação agrícola, serviços de apoio
à criação de gado, indústria de processamento de pesca, indústria
criativa e destinos turísticos (Figura 24).
Figura 21 – Projeto Tasi Mane (Timor-Leste).Figura 22 – Cultura de tomate em Baucau (Timor-Leste).
Figura 23 – Termas de Marobo, próximo de Bobonaro (Timor-Leste).
Figura 24 – Plantação de beringelas em Oecusse Ambeno (Timor-Leste).
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 149
A componente ambiental é um importante indicador da qualidade de vida
urbana. A grande concentração populacional e de atividades económicas,
os transportes e o modo de vida urbano fazem das cidades os principais
consumidores de recursos naturais e de energia e os maiores produtores
de resíduos, exercendo uma forte pressão sobre os ecossistemas das
regiões onde estão integrados.
Como tal, o planeamanto da cidade deve acautelar a existência de redes
de infraestruturas capazes de suportar a massa humana.
O espaço urbano, geralmente está organizado por áreas funcionais que se
distinguem entre elas por apresentarem homogeneidade em termos das
funções que lá existem.
Assim, nas áreas urbanas é possível identificar:
- centro da cidade ou baixa, caracterizado por ser uma área com grandes
acessibilidades, com forte concentração de comércio e serviços, com
muita movimentação de pessoas e onde o preço do solo é muito elevado.
Esta área muitas vezes está associada a núcleos históricos e nela há,
muitas vezes, uma elevada densidade de construções (Figura 25).
- Espaços de ligação, asseguram a ligação entre a cidade e o exterior
(ex.: estradas, caminhos de ferro, redes de comunicação, entre
outros) (Figura 26).
- Espaços verdes, são espaços ajardinados importantes para as
atividades de lazer e recreio no interior da cidade (Figura 27).
atividade 51. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Justifica a dificuldade em diferenciar o espaço rural do espaço urbano.
1.2. Apresenta duas características das cidades.
1.3. Explica a atracão que as cidades exercem sobre a população.
1.4. Indica dois fatores que contribuem para o crescimento urbano.
1.5. Explica o que são os corredores de desenvolvimento regional definidos no Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED)
1.6. Insere a tua área de residência no respetivo corredor de desenvolvimento regional e caracteriza-o.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).Figura 25 – Centro da cidade de
Singapura.
Figura 26 – Tráfego numa rua de Díli (Timor-Leste).
Figura 27 – Avenida de Portugal em Díli (Timor-Leste).
150 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
- Periferia, corresponde a espaços que podem ser ocupados por várias
funções mas onde as funções se encontram separadas (ex.: função
residencial, industrial e equipamentos que necessitam de espaço)
(Figura 28).
- áreas residenciais, são áreas com edifícios de habitação mas que
podem apresentar características muito diferentes, em função
do estatuto social dos seus habitantes. Podem aparecer áreas de
elevada densidade de construção (ex.: blocos de apartamentos
muito próximos e com vários andares) ou de baixa densidade (ex.:
habitações unifamiliares com espaços verdes integrados) (Figura 29).
Figura 30 – Centro de negócios secundário em Lisboa (Portugal).
Figura 29 – Áreas residenciais (A - Blocos de apartamentos, B - Habitação unifamiliar).
A B
- centros de negócios secundários, são áreas de negócios descentralizadas
para áreas mais espaçosas, com bons serviços de transporte, onde o
preço do solo é mais acessível. Geralmente correspondem a edifícios
mais modernos mas com melhores infraestruturas (ex.: estacionamento,
espaços verdes, equipamentos, entre outros) (Figura 30).
2.2.2. As áreas industriais
As cidades, pela oferta de mão-de-obra, pelo elevado número de consumidores,
pelo acesso a capitais e serviços de apoio, funcionam como locais atrativos à
fixação de atividades económicas, sobretudo o comércio e a indústria.
atividade 61. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Define área funcional de uma cidade.
1.2. Indica as áreas funcionais das cidades.
1.3. Caracteriza o centro ou a baixa das cidades.
1.4. Explica como é feita a diferenciação das áreas residenciais das cidades.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 28 – Periferia de cidade.
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 151
O planeamento urbano prevê a existência de áreas específicas destinadas
à indústria, favorecendo a sua deslocação, quer para a periferia das
grandes cidades, quer mesmo para o espaço rural. A criação de parques
industriais ou áreas industriais surge como uma resposta à necessidade
de relocalização das atividades industriais.
Assim, as áreas industriais correspondem a áreas delimitadas onde se
agrupam diversas atividades industriais ou empresariais, que podem ou
não estar relacionadas entre si.
A existência de parques industriais é uma mais valia, pois possuem uma
serie de serviços comuns, como por exemplo: abastecimento de água (com
diversos tipos de tratamentos necessários), energia elétrica, tratamento
de águas residuais e recolha de resíduos sólidos, sistema de transportes,
serviço de vigilância, entre outros.
Os parques industriais geralmente estão localizados fora das áreas
residenciais da cidade e junto de bons acessos aos meios de transportes
terrestes, marítimos e aéreos (Figura 31).
No sentido de promover o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste
é de todo o interesse que sejam criados espaços próprios devidamente
enquadrados, junto das vias de comunicação existentes e devidamente
infraestruturados, com todo o sistema necessário para o bom
funcionamento das indústrias e a promoção de um ambiente saudável.
Tendo em atenção que a indústria extrativa de petróleo e de gás natural
está em franco processo de expansão, é necessário acautelar a sua
localização. Os impactos ambientais deste tipo de indústria são elevados
e, como tal, a localização e todos os processos de minimização desses
impactos devem ser objeto de estudo.
2.3. A gestão dos transportes e comunicações
2.3.1. Os transportes
O desenvolvimento dos transportes favorece o crescimento urbano, tanto
demográfico como espacial. Os movimentos pendulares têm tendência
a abranger perímetros cada vez mais alargados, sobretudo nas grandes
cidades, em parte devido ao aumento da utilização de transportes
individuais, que tornam a opção de residência cada vez mais independente
do local de trabalho (Figura 32).
Nas cidades, a melhoria de acessibilidades promove o desenvolvimento
de determinadas áreas que no passado eram menos valorizadas.
Figura 31 – Parque industrial próximo do mar.
Figura 32 – Utilização excessiva do transporte particular.
atividade 71. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Dá uma noção de parque industrial.
1.2. Explica por que são os parques industriais uma mais-valia.
1.3. Indica a localização preferencial dos parques industriais.
1.4. Justifica por que se deve acautelar a localização da indústria petrolífera em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
152 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
O papel dos transportes no desenvolvimento das cidades e na
organização do território, em geral, faz com que este aspeto seja muito
importante no processo de planeamento.
A acessibilidade aos centros urbanos é indispensável para promover a
cooperação e a complementaridade do sistema urbano de um país e/ou região.
A melhoria das ligações rodoviárias e ferroviárias interurbanas permite
uma gestão mais eficaz dos recursos disponíveis e constitui hoje uma
preocupação dos instrumentos de desenvolvimento e de ordenamento
do território.
O desenvolvimento das redes e dos meios de transporte contribui
decisivamente para o encurtamento das distâncias relativas no território,
através da redução dos tempos e dos custos de deslocação (Figura 33).
Deste modo, os transportes promovem a interação entre os diferentes
espaços, criando dinamismo económico e social.
Além da sua importância na mobilidade de pessoas e bens, os transportes
geram riqueza e empregam um grande número de pessoas.
A importância relativa de cada modo de transporte depende da natureza
do tráfego, do tipo de mercadorias, dos trajetos a percorrer e dos custos
das deslocações. Cada modo de transporte apresenta vantagens e
desvantagens relativamente aos outros.
Em Timor-Leste, fruto do desenvolvimento dos vários corredores de
desenvolvimento que estão previstos é fundamental a existência de um
bom sistema de transportes, adequado ao tipo de movimentações (ex.:
pendulares de pessoas, de mercadorias sólidas, líquidas ou gasosas),
que é esperada para cada um desses corredores e a ligação destes com o
exterior (Figura 34).
Figura 33 – Ponte na região de Maubara (Timor-Leste).
Figura 34 – Rede rodoviária nacional de Timor-Leste.
Cidade grande
Cidade pequenaCamino rural RRMP
Estrada distrital RRMPEstrada distrital NAMP
Estradas nacionais
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 153
2.3.2. As comunicações
O desenvolvimento de telecomunicações - meios de comunicação à
distância - na difusão de informação ganhou uma dinâmica completamente
nova. A distância/tempo praticamente desapareceu e a distância/custo é
cada vez menor. Surgiu um novo conceito de espaço – o ciberespaço – onde
se desenvolve uma interação cada vez maior entre pessoas, empresas e
organizações em todo o mundo.
Os progressos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e
a sua rápida difusão, provocaram um grande crescimento de fluxos de
informação. A articulação e a fusão da informática, das telecomunicações
e dos audiovisuais têm contribuído para a evolução e a rapidez de difusão
das TIC.
Os fluxos de informação tendem a ser cada vez mais rápidos e intensos,
aumentando o contacto e o intercâmbio entre áreas geograficamente
distantes. Assiste-se ao crescimento do número de serviços disponíveis
através da Internet, o que aumenta a sua acessibilidade por parte dos
cidadãos, dinamiza a utilização dos próprios serviços reduzindo custos e
aumentando a sua rendibilidade.
Em Timor-Leste a introdução de alguns serviços de comunicação e
intensificação da disponibilidade de outros já existentes, terá um papel
muito importante em áreas como a saúde, a educação, a expansão da
economia, bem como pode permitir que a população tenha acesso a
redes globais de conhecimento e de diversão (Figura 35).
No entanto, na atualidade o acesso a telefones, Internet de banda larga é
muito baixo, com cobertura limitada em áreas rurais e a preços elevados.
A capacidade das telecomunicações existentes não permite que o governo
coordene e controle os serviços de emergência, em caso de um desastre
nacional. A cobertura geográfica e o acesso às telecomunicações de
telefone móvel nos distritos rurais também são escassos.
Nos próximos anos a existência de uma rede de telecomunicações moderna
que ligue as pessoas em Timor-Leste entre si e ao mundo, permitirá tirar
o máximo proveito dos avanços das telecomunicações globais e dará um
contributo importante para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
Para que uma parte significativa da população de Timor-Leste tenha acesso a
serviços de telecomunicações, prevê-se que seja criada uma Política de Serviço
Universal. Esta política permitirá que cada pessoa em Timor-Leste tenha acesso
a cobertura de telefone móvel e que aumente o acesso à Internet de banda
larga em todas as capitais de distrito e áreas circundantes.
atividade 81. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Justifica o alargamento espacial dos movimentos pendulares.
1.2. Relaciona o desenvolvimento dos transportes com o encurtamento das distâncias relativas.
1.3. Explica a necessidade do desenvolvimento dos transportes em Timor-Leste.
1.4. Justifica a importância dos corredores de desenvolvimento regional na ligação de Timor-Leste ao mundo.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
Figura 35 – Antena parabólica para receção de televisão numa área rural nos arredores de Manatuto (Timor-Leste).
atividade 91. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Apresenta uma noção de ciberespaço.
1.2. Justifica a frase que se segue: “As telecomunicações anulam as distâncias”.
1.3. Indica quais são os constrangimentos ao uso da Internet em Timor-Leste.
1.4. Explica quais são as finalidades da Política de Serviço Universal em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
154 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
2.4. A gestão dos resíduos
Os resíduos correspondem a quaisquer substâncias ou objetos de que
o detentor se desfaz ou tem intenção de se desfazer. São materiais não
utilizados e, normalmente, em processo de decomposição ou degradação,
que contaminam os meios onde são depositados (Figura 36).
Figura 36 – Lixeiras a céu aberto.
Os resíduos são uma das grandes ameaças ambientais dos nossos dias
e classificam-se em: resíduos perigosos, resíduos industriais, resíduos
urbanos e resíduos hospitalares. Há ainda outros tipos de resíduos não
considerados nesta classificação.
A atitude correta em relação aos resíduos é reduzir a sua produção, consumindo
menos, reutilizando e reciclando os materiais. Devem ser adotadas técnicas
específicas para a gestão e o tratamento dos resíduos, designadamente
quanto ao seu destino final, ambientalmente mais adequado.
Deve centrar-se a atenção na gestão dos resíduos urbanos, porque
resultam da atividade doméstica e comercial de cada pessoa e da
comunidade onde cada um está inserido.
A composição dos resíduos urbanos varia de população para população,
dependendo da situação socioeconómica e das condições e hábitos de
vida de cada um. Esses resíduos podem classificar-se da seguinte forma:
● Matéria orgânica – Restos de comida, da sua preparação e limpeza;
● Papel e papelão/cartão – Jornais, revistas, caixas e embalagens;
● plásticos – Garrafas, garrafões, frascos, boiões e outras embalagens;
● Vidro – Garrafas, frascos, copos;
● Metais – Latas;
● Outros – Roupas, óleos de cozinha e óleos de motor, resíduos informáticos.
A recolha de resíduos urbanos pode ser indiferenciada ou seletiva.
É indiferenciada quando não ocorre nenhum tipo de seleção na sua
recolha, como acontece no chamado lixo comum. Para este tipo de lixo
existem contentores específicos (Figura 37).Figura 37 – Contentores para lixo comum.
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 155
AprofundarOs ecopontos são constituídos por três ou quatro contentores individuais destinados a receber separadamente diversos materiais. Subterrâneos ou de superfície, a separação é feita por cores: plásticos e metais para o contentor amarelo, papel/cartão para o azul e vidro para o verde. Por vezes existem ecopontos que possuem, também, um contentor vermelho, que é o local onde se colocam as pilhas.
i
Figura 38 – Recipientes para recolha seletiva de resíduos.
O início do processo de reciclagem depende da atitude individual em
relação aos resíduos e, como tal, é de todo o interesse sensibilizar as
pessoas para a necessidade de mudanças nos comportamentos.
A reutilização é, também, um processo de reciclagem que permite uma
nova utilização de determinados produtos antes de serem deitados fora.
Assim, a reutilização consiste no aproveitamento de produtos sem que
estes sofram alterações ou passem por processos muito complexos.
Existem imensas formas de reutilização dependendo da criatividade de
cada um.
Em Timor-Leste espera-se que com o crescimento populacional e
o aumento do índice de desenvolvimento humano, a produção de
resíduos sólidos urbanos cresça significativamente. As campanhas para
a educação ambiental e para a cidadania que apoiam a política dos 3 rs
(reciclar, reduzir e reutilizar) são fundamentais. A par destas campanhas
deve implementar-se um plano de recolha, tratamento e destino final
de resíduos que dará um contributo significativo para a melhoria da
qualidade de vida da população, para a redução das emissões de gases
que contrariem o efeito de estufa e, certamente, para o desenvolvimento
sustentável de Timor-Leste.
atividade 101. Após a leitura da informação partilhada responde às questões que se seguem.
1.1. Dá uma noção de resíduo.
1.2. Classifica os tipos de resíduos que existem.
1.3. Indica qual é o comportamento individual correto para uma gestão eficaz dos resíduos.
1.4. Apresenta a diferença entre recolha de resíduos urbanos indiferenciada e seletiva.
1.5. Explica as vantagens da recolha seletiva de resíduos.
1.6. Justifica a importância de um plano de recolha, de tratamento e de destino final dos resíduos em Timor-Leste.
2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao(à) teu(tua) professor(a).
A recolha seletiva permite que os produtos recolhidos sejam reciclados,
ou seja, que exista o reaproveitamento de matérias que são convertidas
em matéria-prima. Esta matéria-prima é utilizada na produção de novos
bens. Materiais como o papel, o vidro, o metal e o plástico podem ser
reciclados contribuindo para a diminuição da utilização de recursos
naturais, muitas vezes não renováveis, e minimizar a quantidade de
resíduos que necessitam de tratamento final, como a deposição em aterro
ou a incineração (Figura 38).
156 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
● Os recursos naturais são materiais (sólidos, líquidos ou gasosos) provenientes da natureza, que o
Homem pode utilizar para seu benefício. Os recursos são indispensáveis à vida na Terra, no entanto, a
sua sobreexploração pode colocar em risco a sua existência.
● A água é um recurso indispensável à vida e um fator condicionante das atividades produtivas. Importa,
por isso, fazer uma gestão adequada da sua utilização, satisfazendo as necessidades crescentes e
garantindo a sustentabilidade dos recursos hídricos. A gestão dos recursos hídricos é um processo
complexo que implica um planeamento cuidadoso e uma coordenação de esforços a vários níveis.
● O solo desempenha uma grande variedade de funções vitais, de carácter ambiental, ecológico, social e
económico. Constitui um importante elemento paisagístico, patrimonial e físico para o desenvolvimento
de infraestruturas e das atividades humanas.
● A perda de capacidade do solo para realizar as suas funções, deixando de ser capaz de manter ou
sustentar a vegetação, é designada por degradação do solo. As principais ameaças sobre o solo são
a erosão, a mineralização da matéria orgânica, a redução da biodiversidade, a contaminação, a
impermeabilização, a compactação, a salinização, os desabamentos e os movimentos de terras.
● Em Timor-Leste a agricultura é muito importante pois um terço das famílias timorenses vive da agricultura
de subsistência. A atividade agrícola representa cerca de 30% do PIB e dela depende 80% da população.
● O Plano Estratégico de Desenvolvimento ao nível da gestão sustentável da agricultura, silvicultura e
pescas, prevê que em Timor-Leste até 2030 sejam alcançadas as seguintes metas: criação de um setor
agrícola próspero para reduzir a pobreza; melhoria da segurança alimentar e aumento da autoconfiança;
promoção do crescimento económico das áreas rurais como um todo; fortalecimento da balança
comercial através do aumento das exportações; ajuda aos agricultores na adaptação a novo mercado
onde existe menos apoio fiscal e um menor serviço público; aumento da produtividade agrícola através
da modernização do setor agrícola.
● A floresta de Timor-Leste, que cobre, atualmente, cerca de 50% da área terrestre total, é um recurso
frágil devido a constrangimentos naturais relacionados com os longos períodos de estação seca e com
a orografia muito acidentada possuindo inclinações superiores a 40%.
● As condições físicas do território associadas à sobreexploração da floresta têm contribuído para o aumento
da desflorestação e da erosão do solo e para a baixa produtividade florestal. Timor-Leste aderiu à Gestão
Florestal Comunitária praticada em países da Ásia do Sudeste, dada a existência de condições semelhantes
nestes países torna-se numa fonte de conhecimento para a gestão florestal em Timor-Leste.
● A ocupação do território cria na paisagem espaços com diferentes características, o espaço urbano é
ocupado por áreas residenciais e por atividades dos setores secundário e terciário e o espaço rural é
ocupado por áreas de terrenos agrícolas.
● A cidade desde sempre exerceu atração pela população, porque concentra atividades económicas,
culturais e de lazer. O processo de transferência da população das áreas rurais para as urbanas designa-
-se de urbanização.
SÍNTESE
Medidas do ordenamento do território e do ambiente | 157
● A taxa de urbanização é definida como a percentagem de população urbana em relação à total, e reflete
a tendência de concentração de população nas áreas urbanas.
● O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste prevê a criação de corredores de desenvolvimento
regional que, devido a potencialidades específicas, serão motivo de captação e fixação de população. Assim
está prevista a criação de seis zonas de desenvolvimento: Díli - Tibar - Hera; Suai - Betano - Beaço; Liquiçá
- Ermera - Aileu; Manatuto - Baucau - Lautém; Bobonaro - Cova Lima; e Enclave de Oecusse Ambeno.
● O espaço urbano, geralmente está organizado por áreas funcionais que se distinguem entre elas por
apresentarem homogeneidade em termos das funções que lá existem. Nas áreas urbanas é possível
identificar: o centro da cidade ou baixa; os espaços de ligação; os espaços verdes; a periferia; as áreas
residenciais; e os centros de negócios secundários.
● O planeamento urbano prevê a existência de áreas específicas destinadas à indústria, favorecendo a
sua deslocação, quer para a periferia das grandes cidades, quer mesmo para o espaço rural. A criação
de parques industriais ou áreas industriais surge como uma resposta à necessidade de relocalização das
atividades industriais. As áreas industriais correspondem a áreas delimitadas onde se agrupam diversas
atividades industriais ou empresariais, que podem ou não estar relacionadas entre si.
● A acessibilidade aos centros urbanos é indispensável para promover a cooperação e a complementaridade
do sistema urbano de um país e/ou região. A melhoria das ligações rodoviárias e ferroviárias interurbanas
permite uma gestão mais eficaz dos recursos disponíveis e constitui hoje uma preocupação dos
instrumentos de desenvolvimento e de ordenamento do território.
● O desenvolvimento de telecomunicações - meios de comunicação à distância - na difusão de informação
ganhou uma dinâmica completamente nova: a distância/tempo praticamente desapareceu e a distância/
custo é cada vez menor. Surgiu um novo conceito de espaço – o ciberespaço – onde se desenvolve uma
interação cada vez maior entre pessoas, empresas e organizações em todo o mundo.
● Os resíduos correspondem a quaisquer substância ou objeto de que o detentor se desfaz ou tem
intenção de se desfazer. São materiais não utilizados e, normalmente, em processo de decomposição
ou degradação, que contaminam os meios onde são depositados.
● Os resíduos classificam-se em: resíduos perigosos, resíduos industriais, resíduos urbanos e resíduos
hospitalares. A recolha de resíduos urbanos pode ser indiferenciada ou seletiva. É indiferenciada
quando não ocorre nenhum tipo de seleção na sua recolha, como acontece no chamado lixo comum. A
recolha é seletiva quando os resíduos são recolhidos com os seus componentes separados, de acordo
com o tipo de resíduo e o destino final para o qual são enviados.
● As campanhas para a educação ambiental e para a cidadania que apoiam a política dos 3 rs (reciclar,
reduzir e reutilizar) são fundamentais. A par destas campanhas deve implementar-se um plano de
recolha, tratamento e destino final de resíduos que dará um contributo significativo para a melhoria
da qualidade de vida da população, para a redução das emissões de gases que contrariem o efeito de
estufa e para o desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.
158 | Os Recursos de Timor-Leste158 | Ordenamento do Território e Gestão Sustentável de Timor-Leste
Atividades Complementares
1. As medidas de ordenamento do território e do ambiente facilitam a gestão dos recursos naturais
existentes em qualquer país e contribuem para o seu desenvolvimento sustentável.
1.1. Classifica as afirmações que se seguem de verdadeiras (V) ou falsas (F).
A. Os recursos naturais são materiais produzidos pelo Homem e que a natureza pode utilizar
para seu benefício.
b. O solo desempenha funções de carácter ambiental, ecológico, social e económico.
c. A degradação do solo aumenta a viabilidade do solo a longo prazo.
D. O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste prevê que até 2030 haja uma diminuição
do crescimento económico das áreas rurais.
E. A gestão da floresta em Timor-Leste é afetada pela agricultura itinerante e pelos incêndios
florestais.
f. A cidade desde sempre exerceu atração pela população porque concentra atividades económicas,
culturais e de lazer.
1.2. Corrige as afirmações que assinalaste como falsas na questão anterior.
1.3. Comenta a seguinte afirmação: “A gestão dos recursos hídricos é um processo complexo que
implica um planeamento cuidadoso e uma coordenação de esforços a vários níveis.”
2. Estabelece a correspondência entre os conceitos apresentados na coluna I e as respetivas definições
indicadas na coluna II.
coluna i coluna ii1. Urbanização
2. Área residencial
3. Taxa de urbanização
4. Área industrial
A. Percentagem de população urbana, em relação à população total.
b. Processo de transferência da população das áreas rurais para as urbanas.
c. Área com edifícios de habitação que pode apresentar características muito diferentes, dependendo do estatuto social dos seus habitantes.
D. Áreas delimitadas onde se agrupam diversas atividades industriais ou empresariais, que podem ou não estar relacionadas entre si.
3. O desenvolvimento de telecomunicações na difusão de informação ganhou uma dinâmica comple-
tamente nova nos últimos anos.
3.1. Diz o que entendes por ciberespaço.
3.2. Justifica a frase que se segue: “As telecomunicações podem contribuir para promover o
desenvolvimento sustentável de Timor-Leste.”
3.3. Indica duas vantagens da melhoria da cobertura da Internet em Timor-Leste.
159
Glossário
AGENTE DE cOMéRciO - Pessoa singular ou coletiva que através de um contrato se obriga a promover, por conta e em nome da outra parte, a celebração de atos de comércio numa zona determinada, de modo autónomo e estável, e mediante retribuição.
AGRicULTOR - Entidade singular ou coletiva que exerça uma atividade agrícola, com ou sem recurso a trabalho assalariado e utilizando fatores de produção próprios e/ou de terceiros.
AGROTURiSMO - Estabelecimento situado em explorações agrícolas, considerado um empreendimento de turismo no espaço rural, que se destina a prestar serviços de alojamento, permitindo aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos de acordo com as regras estabelecidas pelo responsável, não podendo possuir mais de 15 unidades de alojamento destinadas a hóspedes.
áGUA DE REGA - Água superficial ou subterrânea ou água residual, que vise satisfazer ou complementar as necessidades hídricas das culturas agrícolas ou florestais.
ALiMENTAÇÃO ANiMAL - Quantidades de produtos utilizados na alimentação animal direta e/ou consumidos na fabricação de alimentos para animais (rações).
ALiMENTOS cOMPOSTOS PARA ANiMAiS - As misturas de produtos de origem vegetal ou animal no estado natural, frescos ou conservados, ou derivados da sua transformação industrial, ou de substâncias orgânicas ou inorgânicas, contendo ou não aditivos, destinados à alimentação animal por via oral, sob a forma de alimentos completos ou complementares.
ALiMENTOS PARA ANiMAiS - Os produtos de origem vegetal ou animal no estado natural, frescos ou conservados, e os derivados da sua transformação industrial, bem como as substâncias orgânicas ou inorgânicas, simples ou em misturas, contendo ou não aditivos, destinados à alimentação animal por via oral.
ALOjAMENTO DE HOTELARiA E SiMiLAR - Alojamento coletivo que ocupa a totalidade ou parte de uma construção permanente ou de um conjunto de construções permanentes, que se destina a albergar mais do que uma família sem objetivos comuns e segundo um determinado preço, tal como um hotel ou uma pensão, entre outros.
ALOjAMENTO TURÍSTicO - Estabelecimento que forneça regular ou ocasionalmente dormidas a turistas.
ANiMAÇÃO TURÍSTicA - Atividade que compreende a organização de eventos para a atração de turistas nacionais e estrangeiros, promovendo a ocupação dos seus tempos livres e a satisfação das necessidades e expectativas decorrentes da sua permanência na região visitada.
AQUicULTURA EM áGUA DOcE - Cultura de organismos aquáticos em água doce, nomeadamente água de rios e outros cursos de água, lagos, tanques e albufeiras em que a água tenha uma salinidade constante insignificante.
AQUicULTURA EM áGUA MARiNHA - Cultura de organismos aquáticos em água cujo grau de salinidade é elevado e não está sujeito a variações significativas.
AQUicULTURA EM áGUA SALObRA - Cultura de organismos aquáticos em água cujo grau de salinidade é significativo embora
não seja constantemente elevado. A salinidade pode estar sujeita a variações consideráveis devido ao influxo de água doce ou do mar.
ARbORiZAÇÃO/REARbORiZAÇÃO - Constituição de novos povoamentos florestais em terrenos: a) antes utilizados por culturas agrícolas, recentemente abandonados ou com abandono mais antigo, cobertos de matos ou vegetação rasteira; b) ocupados por vegetação de maior porte, mas de interesse económico reduzido; c) com povoamentos arbóreos de certo interesse que se julga vantajoso “converter” ou “transformar” ou proceder a “alterações de composição”; d) antes submetidos a corte final ou percorridos por incêndios.
áREA DE ARMAZENAMENTO - Local destinado ao depósito de produtos para venda. Não inclui as áreas de exposição e venda, nem as áreas ocupadas pelos escritórios, serviços administrativos e outros espaços não ligados diretamente ao armazenamento Local destinado ao depósito de produtos para venda. Não inclui as áreas de exposição e venda, nem as áreas ocupadas pelos escritórios, serviços administrativos e outros espaços não ligados diretamente ao armazenamento.
ARQUEAÇÃO bRUTA (GT) - Medida do volume total de uma embarcação, expressa num número inteiro sem unidade.
ARTE DE PEScA - Engenho utilizado para pescar.
ATiViDADE EcONóMicA - Resultado da combinação dos fatores produtivos (mão de obra, matérias-primas, equipamento, entre outros), com vista à produção de bens e serviços. Independentemente dos fatores produtivos que integram o bem ou serviço produzido, toda a atividade pressupõe, em termos genéricos, uma entrada de produtos (bens ou serviços), um processo de incorporação de valor acrescentado e uma saída (bens ou serviços).
ATiViDADE PRiNciPAL DO iNDiVÍDUO - Considera-se como atividade principal do indivíduo aquela em que habitualmente trabalha mais horas no período de referência, sendo o ramo de atividade aquele que ocupar maior número de pessoas no estabelecimento onde trabalha.
ATiViDADE PRODUTiVA - Atividade exercida sob o controlo e responsabilidade de uma unidade institucional que utiliza trabalho, capital e bens e serviços para produzir bens e serviços. A atividade produtiva não abrange processos puramente naturais, sem qualquer envolvimento ou comando humano, como o crescimento não gerido das unidades populacionais (“stocks”) de peixe em águas internacionais (mas a piscicultura é atividade produtiva).
ATiViDADES cARAcTERÍSTicAS DO TURiSMO - Conjunto de atividades cuja produção é identificada como sendo característica do Turismo, pela importância que assume na relação direta do fornecedor com o consumidor (visitante).
ATiViDADES DE iNOVAÇÃO - Aquisição de máquinas, equipamentos, software e licenças; trabalhos de engenharia e de desenvolvimento, formação, marketing, investigação e desenvolvimento sempre que sejam empreendidos especificamente para implementar uma inovação de produto ou de processo.
ATiViDADES ESPEcÍficAS DO TURiSMO - Conjunto de atividades cuja produção principal é um produto específico do Turismo.
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AUTO-AbASTEciMENTO - Bens e serviços provenientes de estabele-cimento pertencente a algum membro do agregado, destinando-se ao consumo pelo próprio agregado e que não tenham sido pagos. A sua valorização faz-se pelo preço de venda em vigor nesse mesmo estabelecimento.
AUTO-cONSUMO ALiMENTAR - Produção própria ou obtenção direta na natureza, por algum membro do agregado, de produtos alimentares de natureza vegetal ou animal, com o objetivo de serem consumidos pelo próprio agregado. A sua valorização faz-se pelo preço que o agregado teria de pagar para os adquirir, ou seja, a preços de mercado.
AVES DE cAPOEiRA - Consideram-se as galinhas, perus, pintadas, patos, gansos, codornizes, pombos, faisões, perdizes e as aves corredoras (ratites) criadas ou mantidas em cativeiro com vista à sua reprodução, à produção de carne ou ovos para consumo, ou ao fornecimento de espécies cinegéticas para repovoamento.
AViáRiO - Instalação destinada a exploração de aves para a produção de carne e de ovos para a alimentação e para incubar, quer os pintos se destinem a venda, quer a povoar as suas próprias secções de produção de ovos, de consumo ou de carne.
bARRAGEM - Em sentido lato, o conjunto formado pela estrutura de retenção, sua fundação, zona vizinha a jusante, órgãos de segurança e exploração e albufeira; ou, em sentido mais restrito, a estrutura de retenção com ou sem outras componentes devendo o sentido, em cada caso, ser deduzido do contexto (excetuam-se diques fluviais e costeiros e ensecadeiras que não permaneçam para além do período de construção).
bARRAGEM HiDROAGRÍcOLA - Barragem com características de regulação anual ou interanual de caudais, cuja água armazenada tem como finalidade principal a rega de culturas.
bARRAGEM HiDROELéTRicA - Barragem cuja água armazenada tem como finalidade principal a produção de energia elétrica.
bENS ARTÍSTicOS E HiSTóRicOS - Bens resultantes da criação artística e/ou relacionados com temas, personalidades ou um determinado momento histórico.
biOcOMbUSTÍVEL - Combustível com origem em culturas energéticas ou resíduos naturais que pode ser utilizado em motores de combustão.
biODiESEL - Combustível líquido com origem em culturas energéticas vegetais ou em gorduras animais para utilização em motores de ignição por compressão.
biOMASSA - Combustível com origem nos produtos e resíduos da agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), nos resíduos das florestas e indústrias conexas e na fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.
bOViNOS - Animais domésticos da espécie “bos”.
cÂMARA fRiGORÍficA DE fRiO cONVENciONAL - Equipamento destinado a manter os frutos a uma temperatura adequada com o objetivo de os conservar com as características pretendidas.
cAPRiNOS - Animais domésticos da espécie “Capra”.
cAPTAÇÃO DE áGUAS - Entende-se por captação de águas a utilização de volumes de água, superficiais ou subterrâneas, por qualquer forma subtraídos ao meio hídrico, independentemente da finalidade a que se destina. A captação de água pode ter as seguintes finalidades, com ou sem retenção: consumo humano, rega, atividade industrial, produção de energia, atividades recreativas ou de lazer.
cAPTURA AcESSóRiA - Parte da captura obtida com uma arte de pesca para além das espécies alvo.
cAPTURA bRUTA - Peso vivo do pescado extraído do mar. Peso vivo do pescado extraído do mar.
cENTRO cOMERciAL - Conjunto de estabelecimentos de venda a retalho e de serviços (mínimo de doze), concebidos, realizados e organizados como uma unidade, situados num ou mais edifícios contíguos com pelo menos 500 m2 de área bruta.
ciRcUiTO TURÍSTicO - Viagem organizada de duração limitada, com horários, preços, frequências e percursos pré-fixados e autorizados.
cLUSTERS - Concentração geográfica de atividades que adquirem vantagens competitivas através da sua implantação próxima e comum.
cOMERciALiZAÇÃO DE GáS NATURAL - Compra e venda de gás natural, para comercialização a clientes finais ou outros agentes.
cOMERciANTE DE GADO - Comprador independente, que adquire os animais ao produtor à porta da exploração ou nas feiras e mercados locais, atuando normalmente por conta própria.
cOMERciANTE iNDiViDUAL - Pessoa que exerce, a título habitual e profissional, atos de comércio, por conta própria e com fim lucrativo.
cOMéRciO A RETALHO - Compreende a atividade de revenda a retalho (sem transformação), de bens novos ou usados, feita em estabelecimentos, em feiras e mercados, ao domicílio, por correspondência, em venda ambulante e por outras formas, destinados ao consumo público em geral, empresas e outras instituições.
cOMéRciO ELETRóNicO - Operação comercial/financeira conduzida através de redes baseadas no protocolo IP (Internet Protocol) ou de outras redes eletrónicas mediadas por computador. Os bens e serviços são encomendados através dessas redes, mas o pagamento e a entrega podem ser feitos online ou off-line. Encomendas recebidas através de telefone, fax ou e-mail (não automático), não são consideradas comércio eletrónico.
cOMéRciO POR GROSSO - Compreende a atividade de revenda por grosso (sem transformação), de bens novos ou usados a comerciantes (retalhistas ou grossistas), a industriais, a utilizadores institucionais e profissionais ou a intermediários. Os bens podem ser revendidos em bruto, isto é, tal como foram adquiridos, ou após a realização de algumas operações associadas ao comércio por grosso.
cONSERVAÇÃO DO SOLO - Conjunto de práticas que permitem a gestão do solo para uso agrícola com o mínimo de alterações na sua composição, na sua estrutura e na sua biodiversidade natural, protegendo-o dos processos de degradação (ex.: erosão do solo e compactação).
cONSUMO HUMANO - Corresponde às quantidades de produtos consumidos pela população residente, quer sob a forma de produto primário, consumido nesse estado, quer sob a forma de produto industrializado, convertido a primário, durante o período de referência.
cOOPERATiVA - Pessoa coletiva, com capital e composição variáveis, que visa, através da cooperação e entreajuda dos seus membros e na observância dos princípios cooperativos, a satisfação, sem fins lucrativos, das necessidades económicas, sociais e culturais dos seus associados.
cOOPERATiVA DE cONSUMO - Cooperativa que tem por objeto principal fornecer, sem fins lucrativos, aos seus membros, bens destinados ao seu consumo ou uso direto.
cORRETiVOS - Substâncias que, podendo apresentar algum valor fertilizante, são incorporadas no solo com o principal objetivo de lhe
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melhorar as características físicas, químicas e biológicas. Classificam-se em corretivos minerais (ex.: calcário, enxofre, gesso) e corretivos orgânicos (ex.: estrumes, resíduos de culturas, composto).
cULTURAS ASSOciADAS - Duas ou mais culturas que ocupam simultaneamente a mesma área durante toda ou a maior parte do seu ciclo vegetativo.
cULTURAS HORTÍcOLAS EXTENSiVAS cULTURAS HORTÍcOLAS EXTENSiVAS - Culturas hortícolas efetuadas como cultura única no ano agrícola ou cultivadas em parcelas destinadas que entram em rotação com outras culturas não hortícolas, não se sucedendo, em geral, várias culturas hortícolas na mesma parcela no ano agrícola.
cULTURAS HORTÍcOLAS iNTENSiVAS cULTURAS HORTÍcOLAS iNTENSiVAS - Culturas hortícolas efetuadas como cultura única no ano agrícola ou cultivadas em parcelas destinadas exclusivamente a culturas hortícolas, sucedendo-se também várias destas culturas na mesma parcela durante o ano agrícola.
cULTURAS iNDUSTRiAiS - Culturas que se destinam a transformação industrial tais como o tabaco, lúpulo, colza, girassol, soja, plantas aromáticas e cana-de-açúcar entre outras. Não inclui o tomate para a indústria.
cULTURAS PERMANENTES - Culturas que ocupam a terra durante um longo período e fornecem repetidas colheitas, não entrando em rotações culturais. Não incluem os prados e pastagens permanentes. No caso das árvores de fruto só são considerados os povoamentos regulares, com densidade mínima de 100 árvores, ou de 45 no caso de oliveiras, figueiras e frutos secos.
DESiNfEÇÃO DO SOLO - Prática realizada como meio de controlar pragas, doenças ou infestantes, recorrendo a técnicas como a desinfeção por via química, por vapor, por meios biológicos ou a própria solarização.
DESPESAS DE cONSERVAÇÃO DAS ESTRADAS (TRANSPORTES RODOViáRiOS) - Verbas consagradas à conservação das estradas em boas condições de circulação.
DESPESAS DE iNVESTiMENTO EM ESTRADAS - Verbas consagradas a novas construções e ampliação de estradas existentes, incluindo reconstruções, renovações e importantes obras de conservação.
DESPESA TURÍSTicA - Montante pago pela compra de bens e serviços no próprio país e durante a realização de viagens, no país ou no estrangeiro, pelos visitantes ou por outras entidades em seu benefício.
DESTiNO TURÍSTicO - Local visitado durante uma deslocação ou uma viagem turística.
EMbARcAÇÃO DE PEScA - Embarcação capaz de utilizar artes de pesca.
EMbARcAÇÃO DE PEScA cOSTEiRA - Embarcação de pesca com comprimento de fora a fora superior a 9 m e igual ou inferior a 33 m.
EMbARcAÇÃO DE PEScA LOcAL - Embarcação com comprimento de fora a fora até 9 m, e potência do motor não superior a 100 cv ou 75 kW, quando de convés fechado, e não superior a 60 cv ou 45 kW, quando de convés aberto, podendo operar dentro da área de jurisdição da capitania do porto em que estão registados e dentro das áreas das capitanias limítrofes, não podendo afastar-se da costa mais de 6 milhas, se tiverem convés aberto e mais de 30 milhas se tiverem convés fechado.
EMbARcAÇÃO DE PEScA LONGiNQUA (DO LARGO) - Embarcação de pesca com arqueação (GT) superior a 100 e autonomia mínima de quinze dias, podendo operar em qualquer área, exceto para dentro das 12 milhas de distância à linha da costa.
EMPREENDiMENTO TURÍSTicO - Estabelecimento que se destina a prestar serviços de alojamento temporário, restauração ou animação de turistas, dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares. Os empreendimentos turísticos podem ser integrados num dos seguintes tipos: estabelecimentos hoteleiros; meios complementares de alojamento turístico; parques de campismo públicos e privativos e conjuntos turísticos.
EMPRESA fAMiLiAR AGRÍcOLA - Empresa em que a mão de obra agrícola fornecida pelo produtor agrícola e pelos membros do seu agregado familiar, que não recebem salário, representa cerca de 75% ou mais de toda a mão de obra agrícola utilizada na exploração.
ENSiNO PROfiSSiONAL - Ensino que tem por objetivo imediato a preparação científica e técnica para o exercício de uma profissão ou ofício, privilegiando assim a qualificação inicial para entrada no mundo do trabalho e permitindo ainda o prosseguimento de estudos.
ESTAbELEciMENTO DE AQUicULTURA - Unidade onde se procede à cultura de organismos aquáticos, pressupondo a intervenção humana no processo de produção (repovoamento, alimentação e proteção contra predadores) e a existência de propriedade individual ou coletiva sobre o resultado da produção.
ESTAbELEciMENTO DE cOMéRciO EM REGiME DE fRANQUiA “fRANcHiSiNG” - Estabelecimento de comércio que opera na base de um contrato de franquia estabelecido entre a empresa de que o mesmo faz parte e uma terceira, através da qual esta (o franqueador) cede à primeira (o franqueado) o direito de utilização da sua marca e da sua tecnologia de negócios, mediante determinadas contrapartidas.
ESTAbELEciMENTO TRADiciONAL - Estabelecimento em que mais de 50% do seu volume de vendas é realizado através de um contacto direto entre vendedor e comprador.
ESTÂNciA TERMAL - Local onde existem águas com características medicinais ou minero-medicinais para tratamento de certas doenças, bem como condições fisioterápicas adequadas, além de apoio logístico e atividades de lazer.
EXPLORAÇÃO AGRÍcOLA - Unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção comuns, tais como: mão de obra, máquinas, instalações, terrenos, entre outros, e que deve satisfazer obrigatoriamente as quatro condições seguintes: produzir produtos agrícolas ou manter em boas condições agrícolas e ambientais as terras que já não são utilizadas para fins produtivos; atingir ou ultrapassar uma certa dimensão (área, número de animais); estar submetida a uma gestão única; estar localizada num local bem determinado e identificável.
EXPLORAÇÃO AGRÍcOLA DE ARRENDAMENTO - Forma de exploração em que o produtor agrícola utiliza a terra alheia, mediante um contrato de locação, verbal ou escrito e segundo o qual paga anualmente, em dinheiro e/ou géneros, uma renda fixa.
EXPLORAÇÃO AGRÍcOLA POR cONTA PRóPRiA - Forma de exploração de terras que são propriedade do empresário ou de membros do seu agregado familiar e que são cultivados como se pertencessem ao empresário, embora este não possua nenhum título de propriedade.
EXPORTAÇÃO - Envio de mercadorias com destino a um país terceiro.
fORMAÇÃO PROfiSSiONAL - Conjunto de atividades através das quais as pessoas adquirem ou aprofundam conhecimentos ou competências profissionais e relacionais, com vista ao exercício
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de uma ou mais atividades profissionais, a uma melhor adaptação às mutações tecnológicas e organizacionais e ao reforço da sua empregabilidade.
fORMA DE EScOAMENTO - Processo de colocação do produto no mercado pelo produtor agrícola, tal como venda direta, intermediário, cooperativa agrícola, indústria, entre outros.
fORMA DE EXPLORAÇÃO - Forma jurídica pela qual o produtor dispõe da terra, determinando a relação existente entre o(s) proprietário(s) das superfícies de exploração e o responsável económico e jurídico de exploração (o produtor), que tem dela a fruição.
fROTA DE PEScA - Frota cujas embarcações são registadas e utilizadas para o exercício da atividade da pesca comercial e o uso de artes, podendo ou não estar licenciadas, proceder a bordo à transformação do pescado capturado e efetuar o transporte do mesmo e seus derivados.
GESTÃO DOS REcURSOS - Gestão de recursos de modo sustentável como a conservação de recursos naturais que estão sujeitos a esgotamento pelo consumo humano, visando a limitação ou minimização do seu uso.
GESTÃO DOS REcURSOS fLORESTAiS - Domínio da “Gestão de Recursos” que considera quaisquer atividades relacionadas com programas e projetos de reflorestação e gestão da floresta numa base de sustentação a longo prazo.
GRANDE SUPERfÍciE cOMERciAL - Estabelecimento de comércio a retalho ou por grosso, que disponha de uma área de venda contínua superior a 2000 m2 ou conjuntos de estabelecimentos de comércio a retalho ou por grosso que, não dispondo daquela área contínua, integrem no mesmo espaço uma área de venda superior a 3000 m2.
HERbiciDAS - Produtos químicos, que, pela sua variedade e poder seletivo, atuam nas ervas daninhas procurando não prejudicar o normal desenvolvimento das culturas.
HORTA fAMiLiAR - Superfície normalmente inferior a 2000 m2, reservada à cultura de produtos tais como hortícolas, frutos e flores destinados fundamentalmente ao autoconsumo e não para venda.
iNfRAESTRUTURAS ViáRiAS - Rede viária destinada à circulação de pessoas e viaturas incluindo o estacionamento.
iMPORTAÇÃO - Receção de mercadorias, exportadas de um país terceiro.
iNVESTiMENTO AGRÍcOLA - Esforço financeiro que o produtor realiza, com recurso a meios financeiros próprios, a empréstimos (bancários ou informais) e/ou a subsídios (ao investimento), tendo em vista o desenvolvimento do aparelho produtivo da exploração agrícola.
MÃO DE ObRA fAMiLiAR - Pessoas pertencentes ao agregado doméstico do produtor que trabalham na exploração, bem como os membros da família do produtor que não pertencendo ao seu agregado doméstico trabalham regularmente na exploração.
MÃO DE ObRA REMUNERADA - Pessoas que recebem uma remuneração por qualquer trabalho agrícola, podendo essa remuneração ser em dinheiro e/ou géneros.
NASSA PARA cAMARÃO OU cAMAROEiRA - Arte de pesca tipo armadilha com forma de caixa, que se utiliza para capturar crustáceos. Pode ser construída com diversos materiais (ex.: madeira, varas de metal, redes de pesca, rede de metal, rede de plástico) e possui uma ou mais aberturas ou entradas (endiche). Em geral a arte é armada à noite, fazendo-a boiar de modo a apanhar o camarão que se desloca à superfície das águas. Também é usada para a captura de caranguejo.
OLEODUTO - Tubagem geralmente subterrânea, destinada ao transporte de hidrocarbonetos líquidos, dispondo frequentemente de estações de bombagem situadas ao longo do seu percurso.
PERcURSO RODOViáRiO - Movimento de um veículo rodoviário de um determinado ponto de partida para um determinado ponto de destino.
PEScA cOM REDES DE EMALHAR - Pesca efetuada com uma rede ou redes retangulares colocadas junto do fundo em posição vertical (rede fundeada) podendo também ser mantida à superfície ou próximo desta por meio de boias ou amarrada à embarcação (rede de deriva).
PEScA cOSTEiRA - Pesca efetuada em áreas bem definidas por embarcações com o comprimento de fora a fora superior a 9 m, tonelagem do motor não inferior a 35 CV ou 25 KW e autonomia estabelecida de acordo coma área da operação fixada para a embarcação.
PEScA POR ARRASTO - Pesca efetuada com estruturas rebocadas essencialmente constituídas por um corpo cónico, prolongado anteriormente por “asas” e terminando num saco onde é retida a captura. Podem atuar diretamente sobre o leito do mar (arrasto pelo fundo) ou entre este e a superfície (arrasto pelágico).
PEScA POR cERcO - Pesca efetuada com a utilização de ampla parede de rede, sempre longa e alta, que largada de uma embarcação é manobrada de maneira a envolver o cardume e a fechar-se em forma de bolsa pela parte inferior, de modo a reduzir a capacidade de fuga.
POUSADA - Estabelecimento hoteleiro instalado em imóvel classificado como monumento nacional de interesse público, regional ou municipal e que, pelo valor arquitetónico e histórico, seja representativo de uma determinada época e se situe fora de zonas turísticas dotadas de suficiente apoio hoteleiro.
POUSiO - Terras incluídas no afolhamento ou rotação, trabalhadas ou não, não fornecendo colheitas durante toda a campanha, tendo em vista o seu melhoramento. Podem apresentar-se sob as formas de: terras sem qualquer cultura, terras com uma vegetação espontânea, em certos casos utilizada pelos animais ou enterrada, terras semeadas tendo em vista à exclusiva produção de matéria verde para ser enterrada e aumentar a fertilidade do solo.
PRODUTOR AGRÍcOLA - Responsável jurídico e económico da exploração, isto é, a pessoa física ou moral por conta e em nome da qual a exploração produz, retira os benefícios e suporta as perdas eventuais, tomando as decisões de fundo relativas ao sistema de produção, investimentos, empréstimos, entre outros.
PRODUTO SEMi-AcAbADO - Produto que sofreu um processamento e necessita de novo processamento para posterior utilização (ex.: moldes em bruto vendidos por uma unidade e acabamento noutra unidade).
QUADROS E TécNicOS MéDiOS - Quadros e técnicos das áreas administrativas, comercial ou de produção com funções de organização e adaptação da planificação estabelecida superiormente, as quais requerem conhecimentos técnicos de nível médio.
QUADROS E TécNicOS SUPERiORES - Quadros e técnicos da área administrativa, comercial ou de produção da empresa com funções de coordenação nessas áreas de acordo com planificação estabelecida superiormente, bem como funções de responsabilidade, ambas requerendo conhecimentos técnico-científicos de nível superior.
RAÇA AUTócTONE - Raça originária do país onde é criada.
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REcicLAGEM DE RESÍDUOS - Qualquer operação de valorização através da qual os materiais constituintes dos resíduos são novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou para outros fins.
REDE DE DRENAGEM - Conjunto de valas, tubos subterrâneos, bombas, entre outros, com que se assegura o escoamento das águas em excesso de uma zona.
REcOLHA DE RESÍDUOS - Coleta de resíduos, incluindo a triagem e o armazenamento preliminares dos resíduos para fins de transporte para uma instalação de tratamento de resíduos.
REDE DE iNfRAESTRUTURAS - Sistemas de condutores, coletores, canais e espaços canais e seus dispositivos próprios que permitem ou facilitam a movimentação das pessoas e bens, do abastecimento e dos efluentes, da energia sob as suas diversas formas e dos transportes e comunicações (ex.: as vias rodoviárias e ferroviárias, os portos e aeroportos, as redes de abastecimento de água, as redes de esgotos e de drenagem, as condutas de gás e de petróleo, os cabos elétricos, os cabos telefónicos e de televisão, entre outros).
REGA - Aplicação de água ao solo com a finalidade de repor o nível de humidade necessário ao adequado desenvolvimento das culturas, de assegurar a sua proteção contra as baixas temperaturas, de lhes fornecer os adubos diluídos na água de rega ou de promover a lavagem dos sais em excesso do perfil do solo.
RESÍDUO AGRÍcOLA - Resíduo proveniente de explorações agrícola e ou pecuária ou similares.
SERViÇO - Valor comercializável não constituído por um objeto material.
SiSTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS URbANOS - Conjunto de equipamentos e operações associadas que são implementados com o objetivo de garantir um destino final adequado aos resíduos produzidos pela população de um ou mais aglomerados populacionais.
SiSTEMAS DE DRENAGEM - Atividades relacionadas com a construção, manutenção e reparação dos sistemas de drenagem de águas residuais.
SiSTEMAS DE TRATAMENTO DE áGUAS RESiDUAiS - Atividades relacionadas com a construção, manutenção, reparação ou substituição das estações de tratamento de águas residuais, qualquer que seja o tipo de tratamento (ex.: ETAR convencional, lagoa de estabilização ou fossas sépticas municipais).
SOLO RURAL - Aquele para o qual é reconhecida vocação para as atividades agrícolas, pecuárias, florestais ou minerais, assim como o que integra os espaços naturais de proteção ou de lazer, ou que seja ocupado por infraestruturas que não lhe conferem o estatuto de solo urbano.
SOLO URbANO - Solo ao qual é reconhecida vocação para o processo de urbanização e edificação e no qual se integram os terrenos urbanizados ou cuja urbanização seja programada.
SUPERMERcADO - Estabelecimento de venda a retalho, com uma área de exposição igual ou superior a 400 m2 e inferior a 2500 m2, que comercializando predominantemente produtos alimentares, de higiene e de limpeza, utiliza o método de venda em livre serviço.
TEcNOLOGiAS DE iNfORMAÇÃO E DE cOMUNicAÇÃO - Conjunto de infraestruturas e ferramentas eletrónicas que permitem produzir, armazenar, processar e disseminar/partilhar informação.
TELEMERcADO (TELESHOPiNG) - Método de venda a retalho em que
os bens são publicitados através da televisão devendo o interessado fazer a sua encomenda pelo número de telefone ou outro meio indicado no écran. Inclui-se na modalidade de venda à distância.
TELETRAbALHO - Trabalho à distância com recurso a meios informáticos e telecomunicações na produção e/ou transferência dos resultados do trabalho.
TERMALiSMO - Atividade com fins terapêuticos, tendo em vista a reposição do equilíbrio orgânico e a recuperação funcional, através do recurso a tratamentos com água mineral natural.
TERMAS - Locais onde emergem uma ou mais águas minerais naturais adequadas à prática de termalismo.
TERRAS ARáVEiS - Terras cultivadas destinadas à produção vegetal, as terras retiradas da produção, ou que sejam mantidas em boas condições agrícolas e ambientais e as terras ocupadas por estufas ou cobertas por estruturas fixas ou móveis.
TERRAS cOM MATAS E fLORESTAS - Terras pertencendo à exploração agrícola, ocupadas por povoamentos florestais naturais ou artificiais e cujos produtos tem aproveitamento.
TERRAS DRENADAS - Terras em que foram efetuados melhoramentos (enxugo) de modo a evitar o encharcamento das terras.
TERRENOS iNDUSTRiAiS - Terrenos destinados, principalmente, à atividade industrial (indústria extrativa e transformadora). Incluem-se nesta categoria, todas as áreas que comportem instalações e equipamentos industriais com inclusão das vias privadas, parques de estacionamento, armazéns, escritórios, entre outros. Além desta englobam-se ainda, as minas, pedreiras e instalações anexas.
TiPOS DE bARRAGENS - As barragens podem ser dos seguintes tipos: barragem de terra, de enrocamento e de betão (gravidade, arco, cúpula, entre outras).
TONELAGEM DE ARQUEAÇÃO bRUTA (TAb) - Volume interno total, do casco do navio e das superestruturas (espaços relacionados ou destinados a carga, passageiros e tripulação, à navegação e T.S.F., paióis e tanques), expresso em toneladas Moorsom ou de arqueação (iguais a 100 pés cúbicos ou 2,832 m3).
TOTAL AUTORiZADO DE cAPTURA (TAc) - Medida de gestão que limita o total de captura de um recurso pesqueiro numa área e período específicos.
TRAbALHADOR A TEMPO PARciAL - Trabalhador cujo período de trabalho tem uma duração inferior à duração normal de trabalho em vigor na empresa/instituição, para a respetiva categoria profissional ou na respetiva profissão.
TRAbALHADOR POR cONTA DE OUTRéM - Indivíduo que exerce uma atividade sob a autoridade e direção de outrém, nos termos de um contrato de trabalho, sujeito ou não a forma escrita, e que lhe confere o direito a uma remuneração, a qual não depende dos resultados da unidade económica para a qual trabalha.
TRAbALHADOR POR cONTA PRóPRiA - Indivíduo que exerce uma atividade independente, isolado ou com um ou vários associados, obtendo uma remuneração que está diretamente dependente dos lucros (realizados ou potenciais) provenientes de bens ou serviços produzidos e que, habitualmente não contrata trabalhador(es) por conta de outrém para com ele trabalhar(em). Os associados podem ser, ou não, membros do agregado familiar.
TRAbALHO VOLUNTáRiO - Trabalho não pago e não obrigatório, isto é, tempo que os indivíduos dedicam de forma livre e desinteressada a atividades não remuneradas, realizadas através de uma organização
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ou diretamente para outros indivíduos não pertencentes ao agregado familiar.
TRáfEGO AéREO iNTERNAciONAL - Tráfego aéreo efetuado entre o território nacional e o território de outro Estado ou entre territórios de dois ou mais Estados em escalas comerciais.
TRáfEGO RODOViáRiO - Qualquer movimento de um veículo rodoviário numa determinada rede rodoviária.
TRANSPORTE DE RESÍDUOS - Qualquer operação que vise transferir fisicamente os resíduos. Habitualmente considera-se que o transporte se inicia após a recolha do último contentor e termina com a descarga dos resíduos na instalação de valorização ou eliminação.
TRANSPORTE MARÍTiMO - Qualquer movimento de mercadorias e/ou passageiros utilizando navios mercantes em percursos que seja realizado total ou parcialmente no mar.
TRANSPORTE PÚbLicO REGULAR DE PASSAGEiROS - Serviço de transporte que tem as seguintes características: permite o acesso a toda a população; tem horários, frequências e períodos de operação predefinidos; tem percursos e paragens fixos e origens, destinos e áreas de operação definidos; opera de forma continuada; tem tarifário publicado; é divulgado ao público.
TRANSPORTES cOLETiVOS - Transportes em que os veículos são postos, mediante retribuição, à disposição de quaisquer pessoas sem ficarem exclusivamente ao serviço de nenhuma delas, sendo utilizados por lugar da sua lotação, segundo itinerários e frequências mínimas devidamente aprovados.
TRATAMENTO DE áGUA - Tratamento realizado no Município que confira à água boas qualidades químicas e bacteriológicas. As simples filtragens e cloragens não são abrangidas por este conceito.
TRATAMENTO DE RESÍDUOS - Qualquer operação de valorização ou de eliminação, incluindo a preparação prévia à valorização ou eliminação.
TURiSMO - Atividades realizadas pelos visitantes durante as suas viagens e estadas em lugares distintos do seu ambiente habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a 12 meses, com fins de lazer, negócios ou outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no local visitado.
TURiSMO bALNEAR - Atividades destinadas à visita de estabelecimentos ou destinos apropriados para banhos, principalmente em estâncias de água mineral, onde se podem fazer banho em piscinas naturais com valor medicinal.
TURiSMO iNTERNAciONAL - Atividades desenvolvidas pelos visitantes residentes no âmbito de uma deslocação para fora do país de referência e pelos visitantes não residentes no âmbito de uma deslocação no interior do país de referência, desde que fora do seu ambiente habitual. O turismo internacional compreende o turismo recetor e o turismo emissor.
TURiSMO iNTERNO OU DOMéSTicO - Atividades desenvolvidas pelos visitantes residentes no âmbito de uma deslocação no interior do país de referência (ou região), desde que fora do seu ambiente habitual.
TURiSMO NAciONAL - Atividades desenvolvidas pelos visitantes residentes, quer no âmbito de deslocações no interior do país de referência (ou região), quer no âmbito de deslocações para fora do país (ou região) de referência, desde que fora do seu ambiente habitual. O turismo nacional compreende o turismo interno e o turismo emissor.
TURiSTA - Visitante que permanece, pelo menos, uma noite num alojamento coletivo ou particular no lugar visitado.
UTiLiZAÇÃO DO SOLO - Forma como os diferentes grupos estruturais (seres vivos ou inanimados) fazem uso do espaço.
VALOR AcREScENTADO bRUTO - Valor bruto da produção deduzido do custo das matérias-primas e de outros consumos no processo produtivo.
VALOR DA PRODUÇÃO DE UMA ATiViDADE AGRÍcOLA - Valor da atividade agrícola (vegetal ou animal) numa dada região, obtido a partir dos preços de venda à porta da exploração.
VALORiZAÇÃO DE RESÍDUOS - Qualquer operação cujo resultado principal seja: a transformação dos resíduos de modo a servirem um fim útil, substituindo outros materiais que, caso contrário, teriam sido utilizados para um fim específico; a preparação dos resíduos para esse fim, na instalação ou no conjunto da economia.
VEÍcULO fRiGORÍficO - Veículo isotérmico munido de um dispositivo de produção de frio, normalmente um equipamento mecânico (grupo frigorífico), que permite baixar a temperatura no interior da respetiva caixa e a manter constante.
VENDA DiRETA - Transação efetuada entre um produtor a um consumidor ou utilizador final sem intervenção de comerciantes ou intermediários.
VENDEDOR AMbULANTE - Agente económico que exerce o comércio a retalho de forma não sedentária, de modo itinerante e/ou em locais previamente estabelecidos.
ViAGEM TURÍSTicA - Deslocação a um ou mais destinos turísticos, incluindo o regresso ao ponto de partida e abrangendo todo o período de tempo durante o qual uma pessoa permanece fora do seu ambiente habitual.
ViA NAVEGáVEL - Rio, ribeira, canal, lago ou outra superfície de água que, devido às suas características naturais ou artificiais, seja navegável.
ViA URbANA - Rodovia integrada em aglomerados urbanos, onde o tráfego local sobreleva o tráfego de passagem. Engloba troços urbanos de estradas, avenidas, alamedas, ruas, ruelas e becos.
ViVEiRO - Unidade de engorda localizada no leito do mar, lago ou rio, como por exemplo: viveiros de bivalves.
ZONA DE PEScA - Zona (área) onde se efetua a captura.
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Bibliografia
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Eng. Agrónomo Lino borges (Timor-Leste)
créditos das fotografias
Amílcar Dias: Foto da capa, contracapa e página 1 do Manual do Aluno
Ângelo Eduardo ferreira: Fig. 26, pág. 21; Fig. 55, pág. 31; Fig. 12A e C, pág. 60; Fig. 14 B e C, pág. 61; Fig. 16A e B, pág. 62; Fig. 34 e 35, pág. 88; Fig. 41B, pág. 91; Fig. 12ª e B, 13 e 16, pág. 106; Fig. 18, 20 e 21, pág. 108; Fig. 1A e B, pág. 114; Fig. 9, pág. 116; Fig. 12A e B e 13B, pág. 118; Fig. 7 e 8, pág. 130; Fig. 12, pág. 134; Fig. 2, pág. 141; Fig. 26, pág. 149
António Almeida Serra: Fig. 1A, pág. 52; Fig. 10D, pág. 58; Fig. 8, pág. 104; Fig. 11, pág. 133; Fig. 13, pág. 134; Fig. 20, pág. 148; Fig. 23, pág. 148
Dorinda Rebelo: Fig. 11, pág. 17; Fig. 15 e 16 pág. 18; Fig. 22, pág. 20; Fig. 54, pág. 31; Fig. 24, pág. 110; Fig. 13A, pág. 118; Fig. 16, pág. 135; Fig. 12, pág. 145
Lino borges: Fig. 25, pág. 21; Fig. 56 e 58, pág. 32; Fig. 65, pág. 35; Fig. 67, pág. 37; Fig. 70 e 71, pág. 39; Fig. 76, pág. 41; Fig. 78, 79 e 80, pág. 42; Fig. 82 e 83, pág. 43; Fig. 85, pág. 45; Fig. 17, pág. 62; Fig. 23, pág. 63; Fig. 24 e 25, pág. 64; Fig. 22 e 24, pág. 148
Maurício borges: Fig. 23, pág. 20; Fig. 63, pág. 34
Nuno Pinto do Souto: Fig. 14, pág. 106
sofia deus: Fig. 33A, B e C, pág. 88
Zélia breda: Fig. 36A pág. 88; Fig. 15, pág. 145
Nota - A foto da capa, contracapa e página 1 foi gentilmente cedida por Amílcar Dias e foi tirada em 1968 na antiga aldeia de Ai-Ho (segundo Rui Cinatti, em Arquitetura Timorense, pp. 85). Esta aldeia situava-se a meio caminho, do lado esquerdo da estrada, entre Maubisse e o monte “Flecha” (também conhecido como o “Focinho de Porco”) e terá sido queimada em 1999, restando atualmente apenas as suas ruínas.
Agradecimentos
Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Ins tuto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro