geografia 10º - manual do aluno

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Autores: Conceição Gomes, Margarida Morgado, Celeste Coelho. / Conceção e elaboração: Universidade de Aveiro. / Coordenação geral do Projeto: Isabel P. Martins e Ângelo Ferreira. / Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro. / Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa.

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  • Repblica Democrtica de Timor-LesteMinistrio da Educao

    Manual do AlunoGEOGRAFIA10.o ano de escolaridade

  • Manual do AlunoGEOGRAFIA10.o ano de escolaridade

    Projeto - Reestruturao Curricular do Ensino Secundrio Geral em Timor-Leste

    Cooperao entre o Ministrio da Educao de Timor-Leste, o Instituto Portugus de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundao Calouste Gulbenkian e a Universidade de AveiroFinanciamento do Fundo da Lngua Portuguesa

  • Os stios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos data de publicao. Considerando a existncia de alguma volatilidade na Internet, o seu contedo e acessibilidade podero sofrer eventuais alteraes.

    TtuloGeografia - Manual do Aluno

    Ano de escolaridade10.o Ano

    AutorasConceio GomesMargarida MorgadoCeleste Coelho

    Coordenadora de disciplinaCeleste Coelho

    Consultor cientficoAntnio Andrade

    Colaborao das equipas tcnicas timorenses da disciplina Este manual foi elaborado com a colaborao de equipas tcnicas timorenses da disciplina, sob a superviso do Ministrio da Educao de Timor-Leste.

    IlustraoJoana SantosCelso AssunoRui Pereira

    Design e PaginaoEsfera Crtica Unipessoal, Lda.Plural Design

    Impresso e AcabamentoInnova Star U. Lda

    ISBN978 - 989 - 8547 - 24 - 8

    1 Edio

    Conceo e elaboraoUniversidade de Aveiro

    Coordenao geral do ProjetoIsabel P. Martinsngelo Ferreira

    Ministrio da Educao de Timor-Leste

    2012

    Este manual do aluno propriedade do Ministrio da Educao da Repblica Democrtica de Timor-Leste, estando proibida a sua utilizao para fins comerciais.

  • ndice

    Unidade Temtica

    Timor-Leste, na sia e no Mundo

    1 Localizao geogrfica de Timor-Leste, na sia e no mundo1.1 Localizao geogrfica de Timor-Leste1.2 Relaes de Timor-Leste com o mundo

    2 Situao geopoltica de Timor-Leste2.1 Constituio territorial 2.2 Constituio Administrativa de Timor-Leste

    11112

    1414

    3

  • Unidade Temtica

    As Paisagens de Timor-Leste

    1 Principais caractersticas das paisagens mundiais e de Timor-Leste1.1 Principais caractersticas das paisagens mundiais1.2 Principais caractersticas das paisagens de Timor-Leste

    2 Processos internos de modelao das paisagens2.1 Estrutura e composio interna de Terra 2.2 Magmatismo e rochas magmticas

    2.2.1 Rochas vulcnicas ou extrusivas2.2.2 Rochas plutnicas ou intrusivas

    2.3 Metamorfismo e rochas metamrficas2.3.1 Fatores de metamorfismo2.3.2 Rochas metamrficas

    2.4 Rochas sedimentares2.4.1 A origem dos sedimentos2.4.2 Do sedimento rocha sedimentar2.4.3 Classificao das rochas sedimentares

    2.5 Ciclo das rochas2.6 Rochas timorenses2.7 A tectnica de placas e a sua importncia no territrio timorense

    3 Processos externos de modelao das paisagens3.1 Agentes de modelao das paisagens

    3.1.1 Variao da temperatura3.1.2 gua das chuvas3.1.3 Ao dos rios3.1.4 Ao dos glaciares3.1.5 Ao do vento3.1.6 Ao do mar3.1.7 Ao dos seres vivos

    22325

    3032333435353738383939404243

    4949495052535456

    4

  • Unidade Temtica

    Os Recursos de Timor-Leste

    1 Os recursos naturais no renovveis1.1 Recursos minerais caractersticas, potencialidades e ameaas

    1.1.1 Caractersticas dos recursos minerais metlicos e no metlicos1.1.2 Principais recursos minerais do territrio timorense

    identificao, localizao e formas de extrao1.1.3 As potencialidades e as ameaas dos recursos minerais timorenses

    1.2 Recursos energticos caractersticas, potencialidades e ameaas1.2.1 Principais caractersticas1.2.2 Combustveis fsseis1.2.3 Explorao de recursos energticos e problemas ambientais

    associados1.2.4 As potencialidades e ameaas dos recursos energticos

    timorenses

    2 Os recursos naturais renovveis2.1 O sol caractersticas e potencialidades

    2.1.1 O papel da radiao solar na variao de temperatura2.1.2 A temperatura em Timor-Leste2.1.3 Aproveitamento energtico da radiao solar

    2.2 A precipitao gnese e distribuio2.2.1 A precipitao2.2.2 A precipitao no territrio timorense

    2.3 A gua explorao e contaminao das guas superficiais e subterrneas2.3.1 Distribuio de gua na Terra2.3.2 Principais etapas do ciclo de gua2.3.3 Tipos particulares de guas2.3.4 Gesto da gua2.3.5 A hidrografia timorense 2.3.6 Explorao das guas superficiais e subterrneas2.3.7 Causas de contaminao das guas superficiais e subterrneas2.3.8 Potencializao dos recursos hdricos em Timor-Leste

    2.4 O solo caractersticas, potencialidades e ameaas2.4.1 Formao de um solo2.4.2 Perfil de um solo2.4.3 Principais tipos de solo2.4.4 Caractersticas dos solos timorenses2.4.5 As potencialdades e ameaas dos solos em Timor-Leste

    2.5 As florestas caractersticas, potencialidades e ameaas2.5.1 Importncia das florestas2.5.2 Caractersticas das florestas tropicais2.5.3 A floresta em Timor-Leste: caractersticas e localizao2.5.4 A ao do homem nas florestas de Timor-Leste ameaas e

    preservao

    3606163

    6468697073

    75

    798092939697

    110113114116118118121122122123125126128129132133138139139141142

    5

  • 6

    GlossrioBibliografia

    157159

    32.6 O mar caractersticas, potencialidades e ameaas

    2.6.1 O mar e a cadeia alimentar2.6.2 A morfologia marinha2.6.3 As correntes martimas e as gua continentais na biodiversidade

    marinha2.6.4 O Homem e a sustentabilidade dos sistemas marinhos

    147148149150

    153

  • 7A disciplina de Geografia do 10 ano de escolaridade convida-te a conhecer Timor-Leste, a

    sua localizao na regio sia-Pacfico, as suas paisagens e os seus recursos, renovveis e

    no renovveis, para que melhor possas contribuir para o desenvolvimento da tua terra.

    O manual de Geografia organiza-se em volta de trs grandes unidades temticas:

    Unidade temtica 1: Timor -Leste, na sia e no mundo;

    Unidade temtica 2: As paisagens de Timor-Leste;

    Unidade temtica 3: Os recursos de Timor-Leste: Caractersticas, potencialidades e ameaas.

    Cada unidade temtica procura responder a uma questo orientadora, como por exemplo:

    Qual o enquadramento geogrfico de Timor-Leste, na sia e no mundo? (Unidade temtica

    1); Que caractersticas apresentam as paisagens de Timor-Leste? (Unidade temtica 2);

    Qual o futuro dos recursos naturais de Timor-Leste? (Unidade temtica 3). No incio de cada

    unidade temtica apresentado um sumrio dos temas que vo ser tratados, as finalidades

    dos mesmos, as metas de aprendizagem que deves atingir no fim do estudo de cada tema,

    bem como os conceitos-chave que deves reter.

    O manual apresenta as temticas numa linguagem simples, com o recurso a muitos

    esquemas e fotografias, para que possas aprofundar os teus conhecimentos. Sugere-te

    a realizao de vrias atividades prticas, que podes fazer na aula ou em casa, para que

    possas aplicar e aprofundar o que aprendeste. No final de cada temtica apresentada uma

    sntese dos aspectos mais importantes e propomos-te a realizao de algumas atividades

    complementares.

    Esperamos que o manual de Geografia te ajude a compreender que Timor-Leste um pas

    com inmeras potencialidades em termos de recursos naturais e humanos que, usados de

    forma racional, podem contribuir para o desenvolvimento equilibrado e harmonioso, em

    busca de um futuro sustentvel. Cabe-te, tambm a ti, seres um cidado ativo na sociedade

    timorense, conhecendo o teu pas, de modo a poderes proteg-lo e projet-lo no mundo.

    As autoras

    APRESENTAO DO MANUAL DO ALUNO

  • O b j e t i v O s

    efetuar a localizao relativa e absoluta do territrio timorense, no contexto asitico e no contexto mundial.

    Analisar as relaes que timor-Leste tem estabelecido com o exterior, em particular com a Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP).

    Caracterizar as divises administrativas existentes em timor-Leste e refletir acerca da sua importncia no contexto timorense.

  • Unidade temtica 1timor-Leste, na sia e no mundo

    SUBTEMA 1

    Localizao geogrfica de timor-Leste, na sia e no mundo

    SUBTEMA 2

    situao geopoltica de timor-Leste

  • Unidade temtica 1 | timor Leste, na sia e no mundo

    10

    SUB-TEMA 1

    LOCALIZAO GEOGRFICA DE TIMOR-LESTE,

    NA SIA E NO MUNDO

    QUESTO ORIENTADORAQual o enquadramento geogrfico de Timor-Leste, na sia e no Mundo?

    Sumrio

    Timor-Leste, na sia e no mundo

    Localizao geogrfica de Timor-Leste, na sia e no Mundo

    Localizao geogrfica de Timor-Leste

    Relaes de Timor-Leste com o mundo

    Situao geopoltica de Timor-Leste

    Constituio territorial

    Constituio administrativa

    Finalidade

    A abordagem da Unidade Temtica 1 Timor-Leste, na sia e no mundo

    pretende aprofundar os teus conhecimentos sobre a localizao de Timor-

    -Leste na sia e no mundo e sobre a situao geopoltica do territrio

    timorense.

    Metas de aprendizagem

    Localiza o territrio timorense em termos relativos e absolutos.

    Utiliza mapas de diferentes escalas.

    Identifica as principais relaes que Timor-Leste tem estabelecido com

    o exterior, em especial com a CPLP.

    Indica a constituio territorial e administrativa de Timor-Leste.

    Conceitos-chave

    Localizao geogrfica

    Localizao relativa

    Localizao absoluta

    Rosa dos ventos

    Coordenadas geogrficas

    Latitude

    Longitude

    Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP)

    Constituio territorial

    Diviso administrativa

    Distritos

    Subdistritos

    Sucos

  • 1.1. LOCALIZAO GEOGRFICA DE TIMOR-LESTE

    Para os timorenses, a Repblica Democrtica de Timor-Leste um espao de

    pertena que importa conhecer nas suas vertentes fsica, econmica, social e

    cultural. Na Figura 1 apresentam-se mapas que permitem fazer a localizao

    geogrfica de Timor-Leste, no contexto asitico e no contexto mundial.

    Figura 1 Localizao de Timor-Leste, no contexto asitico e no contexto mundial.

    Uma das principais utilidades dos mapas apresentados a de permitirem

    fazer a localizao de Timor-Leste, que pode ser:

    uma localizao relativa posio de Timor-Leste em relao a outros

    locais ou a diferentes sistemas de referncia;

    uma localizao absoluta localizao de Timor-Leste a partir das suas

    coordenadas geogrficas.

    Para efetuar a localizao relativa de Timor-Leste preciso conhecer os

    principais rumos da rosa dos ventos. Sobrepondo, mentalmente, a rosa

    dos ventos ao local que queremos localizar, podemos obter a localizao

    de diferentes lugares ou espaos.

    Localizao geogrfica de timor-Leste, na sia e no mundo | 11

    Atividade 1

    1. Tendo em conta as informaes partilhadas na Figura 1 responde s questes colocadas.

    1.1. Qual a localizao relativa de Timor-Leste em relao sia? E em relao Austrlia?

    1.2. Indica a localizao de Timor- -Leste relativamente ao Japo.

    1.3. Por que importante efectuar a localizao relativa de Timor-Leste?

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    AtauroBaucau

    Timor-Leste

    Oecussi

  • Localizao geogrfica de timor-Leste, na sia e no mundo | 13

    A concertao poltico-diplomtica entre os Estados membros,

    nomeadamente no reforo da sua presena no cenrio internacional;

    A cooperao entre os Estados membros em todos os domnios

    (ex.: educao, sade, cincia e tecnologia, defesa, agricultura,

    administrao pblica, comunicaes, justia, segurana pblica,

    cultura, desporto e comunicao social);

    A materializao de projetos de promoo e de difuso da lngua portuguesa.

    Na Tabela I apresentam-se as principais reas a potenciar entre os

    membros da CPLP e as medidas de concretizao que foram definidas.

    reas a potenciar Medidas de concretizao

    Patrimnio lingustico e cultural

    - Criao do Instituto Internacional da Lngua Portuguesa.

    - Cooperao no domnio universitrio.

    - Criao de um espao CPLP em meios radiofnicos e audiovisuais.

    - Atribuio de prmios jornalsticos.

    - Criao de bolsas de estudo.

    Cooperao tcnico-econmica

    - Cooperao no domnio da formao profissional.

    - Constituio de grupos de trabalho por agentes econmicos.

    - Formao de joint-ventures entre empresas dos estados membrospara investimentos em reas especficas.

    Ajuda humanitria

    - Promoo de medidas que permitam a melhoria efetiva das condies devida das populaes.

    - Apoio a tratamento e conteno de epidemias.

    - Colaborao na montagem de estruturas de melhoria do apoio sanitriodas populaes.

    Concertao poltico-diplomtica

    - Livre circulao dos cidados dos pases membros no espao da CPLP.

    - Cooperao no domnio das polticas de emigrao.

    - Garantia do reconhecimento formal da comunidade pelos pases terceirose pelas organizaes internacionais relevantes.

    - Cooperarao com organizaes internacionais de carter regional.

    - Estabelecimento de colaborao diplomtica em questes de relevo para os membrosda comunidade.

    Cooperao jurdica e

    tcnico-cientfica

    - Cooperao nos diversos setores da Investigao Cientfico Tecnolgica.

    - Cooperao no domnio judicial e de ordenamento jurdico de cada pas.

    Cooperao tcnico-militar

    - Criao de uma fora de interveno em operaes de manutenode paz no mbito da CPLP.

    - Criao de uma estratgia concertada para a cooperao tcnico-militar,que visualize a CPLP como um todo.

    - Alargamento de programas de formao, efetivando uma gesto integrada dessaforma de cooperao.

    Erradicao do racismo e xenofobia - Erradicao do racismo e da xenofobia.

    Tabela I Metas da Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP)

    Figura 4 Pases que integram a Comunidade de Pases de Lngua

    Portuguesa (CPLP).

  • 14 | timor-Leste, na sia e no mundo

    SUB-TEMA 2

    SITUAO GEOPOLTICA DE TIMOR-LESTE

    2.1. CONSTITUIO TERRITORIAL DE TIMOR-LESTE

    O territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste compreende a

    superfcie terrestre, a zona martima e o espao areo delimitados pelas

    fronteiras nacionais. Integra a parte oriental da ilha de Timor, a ilha de

    Ataro, localizada 23 km a Norte de Dli, o ilhu de Jaco, no extremo

    oriental, e o enclave de Oecussi Ambeno, situado na costa Norte da ilha

    de Timor rodeado pela Indonsia (Figura 5).

    A ilha de Timor mede cerca de 470 km de comprimento e 100 km de largura

    mxima, sendo a rea total de 32 300 km2. banhada a Sul pelo mar de Timor,

    que a separa da Austrlia, a Noroeste pelo mar de Sawu, que a separa das ilhas

    de Sumba, Flores e Solor, e a Norte pelo mar de Wetar. O mximo comprimento

    mdio do territrio timorense de cerca de 270 km e a largura mxima de 75

    km, ocupando o territrio de Timor-Leste uma rea de cerca de 15 000 km2. A

    fronteira terrestre com a Indonsia tem 202 km e possui uma costa com 638 km.

    2.2. CONSTITUIO ADMINISTRATIVA DE TIMOR-LESTE

    Timor-Leste encontra-se dividido em 13 distritos: Bobonaro, Liqui,

    Dli, Baucau, Manatuto e Lautm, localizados na costa Norte; Cova-Lima,

    Ainaro, Manufahi e Viqueque, situados na costa Sul; Ermera e Aileu,

    situados no interior montanhoso; e Oecussi Ambeno, localizado num

    enclave no territrio indonsio (Figura 6).

    Figura 5 O territrio de Timor-Leste.

    Atividade 3

    1. Tendo em conta as informaes partilhadas anteriormente procura responder s questes que a seguir se colocam.

    1.1. Na Figura 4 faz corresponder as bandeiras apresentadas ao respetivo pas que integra a CPLP.

    1.2. Indica o nome dos continentes onde se localizam os pases que fazem parte da CPLP.

    1.3. Quais os contributos que Timor--Leste pode dar para a concretizao das metas da CPLP?

    1.4. Que vantagens pode ter Timor-Leste pelo facto de estar integrado na CPLP?

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Oecussi

    Atauro Baucau

    Mar de Sawu

    Mar de Timor

  • situao geopoltica de timor-Leste | 15

    Na Tabela II (pginas seguintes) apresenta-se a identificao dos treze

    distritos de Timor-Leste, bem como algumas caractersticas dos mesmos.

    Cada distrito possui uma cidade capital e formado, por sua vez, por

    subdistritos, variando o nmero destes entre trs e sete, tal como

    se encontra representado na Figura 7. Cada um dos 67 subdistritos,

    inscritos nos 13 distritos, possui uma localidade capital e subdivises

    administrativas, os sucos. O maior subdistrito o de Lospalos, em Lautm,

    com 635 km, e o menor Neinfeto, em Dli, com 6 km. Fato Lulique,

    sendo um dos subdistritos mais pequenos, o menos povoado, com

    cerca de 2 mil habitantes. Os subdistritos que apresentam maiores valores

    demogrficos so os que se encontram no distrito de Dli, sobretudo os

    que englobam a cidade capital do pas.

    A menor diviso administrativa de Timor-Leste o suco, que pode ser

    composto por uma ou mais aldeias. Existem 498 sucos no territrio,

    numa mdia de 7 por subdistrito. O distrito de Baucau o que tem um

    maior nmero de sucos, 63, e o distrito de Ainaro o que apresenta menos

    divises, 21 sucos. Aileu e Ermera possuem 11 sucos por distrito e Ainaro

    e Oecussi Ambeno possuem 5 sucos por subdistrito. Os subdistritos mais

    centrais e montanhosos apresentam um maior nmero de sucos: Aileu,

    distrito de Aileu, e Bobonaro, distrito de Bobonaro, so compostos por 18

    divises cada um. Os subdistritos de Hato Udo, em Ainaro, e Tutuala, em

    Lautm, ambos perto da costa e com um relevo suave, possuem apenas

    dois sucos cada um.

    Figura 7 Subdistritos de Timor-Leste.

    Atividade 4

    1. Tendo em conta as informaes partilhadas procura responder s questes que a seguir se colocam.

    1.1. Identifica:

    a) o distrito onde vives e os distritos vizinhos do teu.

    b) o distrito com maior superfcie e o distrito com menor superfcie.

    c) os distritos localizados na parte Norte da ilha de Timor e os distritos localizados na parte Sul da ilha.

    1.2. Indica o nmero de subdistritos que fazem parte do distrito onde vives.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura 6 Diviso administrativa distrital de Timor-Leste.

    km 500

    OecussiCova Lima

    Aileu

    Ainaro

    Baucau

    BobonaroErmera

    Liqui Manatuto

    Manufahi

    Viqueque

    Lautm

    Oecussi

    Atauro Baucau

  • 16 | timor-Leste, na sia e no mundo

    Distrito Localizao geogrfica Principais caractersticas

    Aileu Localizado a Sul de Dli, possui como capital a cidade de Aileu.

    Ainaro

    Localizado no Sudoeste do pas, tem como capital a cidade

    de Ainaro. Possui uma grande abundncia de cursos de gua

    e de terrenos frteis para a agricultura. Tem uma rea litoral,

    na costa Sul do pas, e zonas montanhosas (incluindo o

    ponto mais alto de Timor-Leste, Tata Mai Lau com 2963 m).

    Baucau

    Localizado na zona oriental do pas, a cerca de 122 km de

    Dli, tem como capital a cidade de Baucau, que a segunda

    maior cidade do pas. O distrito tem uma vasta zona de

    litoral, com praias atraentes, ideais para nadar e para outras

    atividades aquticas.

    BobonaroLocalizado na zona ocidental do pas, junto fronteira com a

    Indonsia. A sua capital a cidade de Maliana, localizada a

    149 km para Sudoeste de Dli.

    Cova LimaLocalizado na zona ocidental do pas, junto fronteira com a

    Indonsia. A sua capital a cidade de Suai, localizada a 138 km

    para Sudoeste de Dli.

    Dli

    Localizado na costa Norte da ilha de Timor confina, a

    nascente, com o distrito de Manatuto, a Sul com Aileu, a

    poente com Liqui e a Norte com o mar de Sawu. Integra,

    tambm, a ilha de Ataro, localizada frente cidade de

    Dli. o distrito mais pequeno do pas e alberga a capital, a

    cidade de Dli.

    Ermera

    Localizado na zona central do pas. A sua capital a cidade

    de Gleno, que fica 58 km a Sudoeste de Dli. Entre outras

    culturas agrcolas, Ermera distingue-se como uma das zonas

    de cafezais de excelncia do pas.

    Tabela II Identificao dos treze distritos de Timor-Leste e algumas caractersticas dos mesmos

  • situao geopoltica de timor-Leste | 17

    Distrito Localizao geogrfica Principais caractersticas

    LautmLocalizado na ponta oriental da ilha de Timor, inclui tambm

    a ilha de Jaco. A sua capital a cidade de Lospalos, que fica

    248 km a leste de Dli.

    Liqui

    Localizado na costa Norte do pas, a cerca de 32 km de Dli.

    Tem fronteira com os distritos de Bobonaro e Ermera, a Sul;

    Dli, a nascente; e o Mar de Sawu, a Norte e a poente. A sua

    capital a cidade de Liqui. O extenso areal de areia preta

    uma das principais atraes tursticas de Liqui.

    Manatuto

    Localizado na zona central do pas, abarca a costa Norte e

    Sul da ilha. A Norte confina com o mar do Estreito de Wetar,

    a nascente com os distritos de Baucau e Viqueque, a Sul com

    o mar de Timor e a poente com os distritos de Manufahi,

    Aileu e Dli. A sua capital a cidade de Manatuto. A ribeira

    mais extensa de Timor-Leste, a ribeira de Lacl, desagua no

    distrito de Manatuto, entre a ponta de Subaio e a baa de

    Lanessana.

    Manufahi

    Localizado na costa Sul da ilha, confina a nascente com o

    distrito de Manatuto, a Norte com Aileu, a poente com

    Ainaro e a Sul com o mar de Timor. A sua capital a cidade

    de Same.

    Oecussi

    Ambeno

    Localizado na costa Norte da metade ocidental da ilha de

    Timor, constitui um enclave de Timor-Leste, uma vez que

    est separado do resto do pas pela provncia indonsia de

    Timor Oeste. Esta provncia rodeia o pequeno enclave por

    todas as direes, exceto a Norte, onde banhado pelo mar

    de Sawu. A capital a cidade de Pante Macassar.

    ViquequeLocalizado na costa Sul da ilha. A nascente confina com

    Lautm, a Norte com Baucau, a poente com Manatuto e a Sul

    com o mar de Timor. A sua capital a cidade de Viqueque.

  • 18 | timor-Leste, na sia e no mundo

    No que se refere s dimenses, os maiores sucos encontram-se localizados

    nos distritos mais orientais de Timor-Leste, com destaque para Laline,

    no subdistrito de Lacluta, distrito de Viqueque, com 212 km. Os 15

    sucos de menores dimenses encontram-se situados no distrito de Dli,

    assemelhando-se a bairros, com reas compreendidas entre 2 km e 6 ha.

    A populao no se distribui uniformemente pelos vrios sucos. Entre os

    sucos com populao inferior a 500 habitantes, encontram-se dois dos

    quatro que integram o subdistrito de Fato Lulique, em Cova-Lima, um dos

    quais, com apenas 136 habitantes, e que considerado o suco menos

    povoado de Timor-Leste. Como seria de esperar, de entre os sucos com

    valores demogrficos superiores a 5 mil habitantes, vrios pertencem ao

    distrito de Dli, maioritariamente ao subdistrito de Dom Aleixo. Contudo,

    o suco com maior populao absoluta, quase 10 mil habitantes, Fuiloro,

    em Lospalos, Lautm.

    Atividade 5

    O que ainda gostarias de saber mais sobre a Unidade Temtica 1?

    1. Regista as dvidas/questes relacionadas com a localizao de Timor-Leste, na sia e no mundo, para as quais ainda no tens resposta.

    2. Pesquisa, em fontes diversificadas (ex.: Internet, documentos fornecidos pelo professor,), informaes que te ajudem a clarificar as dvidas que sentes e a encontrar respostas para as questes que colocaste. Os sites que se seguem podem ajudar-te nessa pesquisa.

    Sites teis: http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_de_Timor-Leste

    http://www.suapesquisa.com/paises/timor_leste/

    3. Organiza a informao recolhida para, posteriormente, a poderes partilhar com os teus colegas de turma e/ou forneceres ao() teu(tua) professor(a).

    SNTESE

    Timor-Leste encontra-se localizado no Sudeste Asitico e integrado na ilha de Timor.

    Timor-Leste possui uma intensa rede de relaes com outros pases, em especial com a Austrlia e a Indonsia, e com

    numerosas organizaes no governamentais, entre as quais se destaca a Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP).

    A Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP) foi criada a 17 de julho de 1996 e dela fazem parte oito pases: Portugal,

    Brasil, Angola, Moambique, Cabo Verde, S. Tom e Prncipe, Guin-Bissau e Timor-Leste.

    A CPLP foi criada com o objetivo de aprofundar a amizade e a cooperao entre os seus membros, estabelecer uma

    concertao poltico-diplomtica entre os Estados membros, incrementar a cooperao em diversos domnios e materializar

    projetos de promoo e de difuso da lngua portuguesa.

    O territrio da Repblica Democrtica de Timor-Leste compreende a superfcie terrestre, a zona martima e o espao areo,

    delimitados pelas fronteiras nacionais. Integra a parte oriental da ilha de Timor, a ilha de Ataro, o ilhu de Jaco e o enclave

    de Oecussi Ambeno.

    O mximo comprimento mdio do territrio timorense de cerca de 270 km, e a mxima largura de 75 km, ocupando o

    territrio de Timor-Leste uma rea de cerca de 15 000 km2. A fronteira terrestre com a Indonsia tem 202 km e possui uma

    costa com 638 km.

    Em termos administrativos, Timor-Leste encontra-se dividido em 13 distritos. Cada distrito possui uma cidade capital e

    formado por subdistritos.

    A menor diviso administrativa de Timor-Leste o suco, que pode ser composto por uma ou mais aldeias.

  • situao geopoltica de timor-Leste | 19

    Atividades Complementares

    1. Observa a Figura I.

    A

    Oecussi

    AtauroBaucau

    Timor-Leste

    B

    Oecussi

    AtauroBaucau

    1.1. Localiza Timor-Leste no contexto mundial e asitico.

    1.2. Indica duas vantagens para o desenvolvimento de Timor-Leste que podem vir da sua localizao.

    1.3. Identifica a diviso administrativa representada no mapa B da Figura I.

    1.4. No mapa B da Figura I assinala a diviso administrativa que corresponde ao local onde a tua escola se localiza.

    1.5. Indica outras divises administrativas que existam em Timor-Leste.

    2. Timor-Leste encontra-se integrado na Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP).

    2.1. Explica o que a CPLP e refere os pases que a constituem.

    2.2. Indica duas vantagens da integrao de Timor-Leste na CPLP.

    2.3. Comenta a seguinte afirmao: A rea de interveno da CPLP abrange os domnios poltico, cultural e econmico.

    3. Observa, com ateno, a Figura II.

    Figura II

    Baucau

    Marde Sawu

    Mar

    de

    Timor

    Manatuto

    Suai

    PanteMacassar

    100 kms50 kms0 kms

    124 126

    124 126

    10

    8

    10

    8

    Indonsia

    Indonsia

    3.1. Na ilha de Timor, indica a posio relativa de Timor-Leste em relao Indonsia.

    3.2. Indica a localizao absoluta de Pante Macassar e de Manatuto, apresentando o valor aproximado das suas coordenadas geogrficas.

    3.3. Utilizando a escala grfica dada, calcula a distncia aproximada (em linha reta) entre Dli e Suai.

    3.4. Transforma a escala grfica da Figura II numa escala numrica.

    3.5. Refere a importncia das escalas nos mapas geogrficos.

    Figura I

  • O b j e t i v O s

    identificar as principais caractersticas das paisagens mundiais e de timor-Leste.

    Caracterizar os principais processos internos responsveis pela modelao das paisagens.

    Reconhecer a importncia da dinmica interna da terra na modelao das paisagens de timor- -Leste.

    identificar os principais agentes externos de modelao das paisagens.

    explicar a importncia da dinmica externa da terra na modelao das paisagens.

    Refletir acerca do modo como o Homem interfere na construo das paisagens.

  • Unidade temtica 2As Paisagens de timor-Leste

    SUBTEMA 1

    Principais caractersticas das paisagens mundiais e de timor-Leste

    SUBTEMA 2

    Processos internos de modelao das paisagens

    SUBTEMA 3

    Processos externos de modelao das paisagens

  • Unidade temtica 2 | As Paisagens de timor-Leste

    22

    Conceitos-chave

    Paisagem terrestre

    Paisagem natural

    Paisagem humanizada

    Fatores modeladores das paisagens

    Agentes internos

    Agentes externos

    Montanhas

    Planaltos

    Cabeos

    Plancies

    Vales

    Preservao das paisagens

    Paisagens timorenses

    Potencialidades das paisagens

    SUB-TEMA 1

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DAS PAISAGENS

    MUNDIAIS E DE TIMOR-LESTE

    QUESTO ORIENTADORAQue caractersticas apresentam as paisagens de Timor-Leste?

    Sumrio

    Principais caractersticas das paisagens mundiais e de Timor-Leste

    Elementos constitutivos das paisagens

    Principais tipos de paisagens

    Caracterizao das paisagens de Timor-Leste

    Finalidade

    A abordagem do subtema Principais caractersticas das paisagens

    mundiais e de Timor-Leste pretende aprofundar os teus conhecimentos

    sobre as paisagens mundiais e as paisagens de Timor-Leste e ajudar-te a

    refletir acerca da necessidade que h de preservar as paisagens naturais.

    Metas de aprendizagem

    Identifica os elementos constitutivos das paisagens.

    Distingue os principais tipos de paisagens.

    Indica as caractersticas das paisagens de Timor-Leste.

    Localiza os principais tipos de paisagens timorenses.

  • Principais caractersticas das paisagens mundias e de timor-Leste | 23

    1.1. PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DAS PAISAGENS MUNDIAIS

    A observao do planeta Terra permite definir dois grandes domnios o

    domnio terrestre e o domnio marinho separados pela linha de costa.

    Nestes domnios podem identificar-se:

    os aspetos fsicos (ex.: montanhas, planaltos, vales, plancies, desertos,

    etc.);

    os aspetos humanos (ex.: cidades, aldeias, edifcios, estradas, pontes,

    fbricas, vias rodovirias e ferrovirias, campos, culturas, etc.).

    Os aspetos fsicos e humanos formam as paisagens terrestres. Estas so

    muito variadas, podendo conter sinais da presena humana. Se uma

    paisagem no apresenta sinais da presena humana designa-se de paisagem

    natural, como o caso das altas montanhas, das grandes florestas e dos

    desertos (Figura 1A). Se uma paisagem sofreu alteraes mais ou menos

    profundas provocadas pelo Homem designa-se de paisagem humanizada,

    como o caso de todas as construes feitas pelo Homem (Figura 1B).

    As paisagens terrestres resultam da ao de vrios fatores, tais como:

    a natureza das rochas que constituem o subsolo;

    as deformaes que alteram a crosta terrestre;

    as erupes vulcnicas que formam as rochas magmticas e originam,

    por vezes, zonas bastante montanhosas;

    os agentes climticos (ex.: gua, vento, gelo) que desgastam,

    transportam e depositam materiais existentes na superfcie terrestre;

    a presena da atividade dos seres vivos, em particular da vegetao e

    da vida existente no solo;

    a ao do Homem, que interfere fazendo construes e criando

    novas paisagens (ex.: cidades, campos agrcolas).

    Uma paisagem nunca est acabada. Ela corresponde fotografia do

    momento. O impacto de um meteorito pode, numa frao de segundo,

    mudar o que levou centenas de milhares de anos a ser construdo. Uma

    cheia, um sismo ou uma erupo vulcnica tm, tambm, impactos

    imediatos sobre as paisagens.

    A formao das paisagens naturais como as montanhas, os planaltos, os

    cabeos, os vales, as plancies e as depresses resultou da ao conjunta

    dos agentes internos (ex.: erupes vulcnicas, movimentos tectnicos)

    que tendem a formar o relevo inicial, e dos agentes externos (ex.: chuva,

    vento, gelo) que tendem a modific-lo ao longo do tempo.

    Figura 1 Exemplo de uma paisagem natural (A) e de uma paisagem

    humanizada (B).

    A

    B

  • 24 | As Paisagens de timor-Leste

    As montanhas so relevos elevados e muito volumosos, geralmente de

    vertentes com forte declive, que originam vales estreitos e profundos (Figura

    2). Podem apresentar uma forma cnica ou uma forma alongada e muitas

    vezes terminam em cumes aguados. A maior cadeia montanhosa do mundo

    a dos Himalaias (na sia), onde se situa o Monte Evereste com 8 848 metros

    de altitude e o mais alto da Terra. Seguem-se-lhe a cadeia dos Andes (Amrica

    do Sul), as Montanhas Rochosas (Amrica do Norte) e os Alpes (Europa).

    Os planaltos so superfcies elevadas, mais ou menos planas no cimo.

    Apresentam vertentes de forte declive e vales estreitos e profundos

    (Figura 3). Alguns planaltos na regio dos Himalaias, como o do Tibete,

    atingem altitudes superiores a 5 000 metros.

    Os cabeos so relevos de reduzida altitude, de vertentes com declives

    suaves e de cumes mais ou menos arredondados (Figura 4). Resultam, na

    maior parte dos casos, de relevos mais elevados que foram desgastados

    ao longo de muitos milhes de anos.

    As plancies so superfcies mais ou menos extensas e planas, de baixa

    altitude (Figura 5). Podem resultar da acumulao de sedimentos

    transportados pelos cursos de gua (ex.: rios, ribeiras) e designam-

    -se plancies sedimentares, de acumulao ou plancies aluviais.

    Se resultam do desgaste do relevo inicial chamam-se plancies de eroso

    e apresentam ligeiras ondulaes.

    As depresses so superfcies com altitudes inferiores s das reas

    circundantes. Podem ter uma forma relativamente estreita e muito

    alongada entre as montanhas e os planaltos e designam-se por vales

    (Figura 6).

    Atividade 1

    1. Tendo em conta as informaes partilhadas responde s questes que so colocadas.

    1.1. Distingue as paisagens naturais das paisagens humanizadas.

    1.2. Indica dois fatores que influenciam a modelao das paisagens terrestres.

    1.3. Quais so as principais diferenas existentes entre as montanhas e os planaltos?

    1.4. Refere quais so as principais caractersticas das plancies.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura 6 Exemplo de um vale (Timor-Leste).

    Figura 2 Exemplo de uma montanha (Timor-Leste).

    Figura 5 Exemplo de uma plancie (Timor-Leste).

    Figura 4 Exemplo de um cabeo (Timor-Leste).

    Figura 3 Exemplo de um planalto.

  • Principais caractersticas das paisagens mundias e de timor-Leste | 25

    1.2. PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DAS PAISAGENS DE

    TIMOR-LESTE

    A ilha de Timor apresenta uma cordilheira montanhosa com orientao

    Este-Oeste, que divide o pas numa costa Norte, bastante irregular, e

    numa costa Sul, que apresenta grandes plancies (Figura 7).

    Oecussi

    AtauroBaucau

    AlorPantor

    Mar de Sawu

    Estreito de Ombai

    Estreito de Wetar

    Fossa de Timor

    Manatuto

    Ermera

    Same

    SuaiAtambua

    Pante Macassar

    1

    7

    24

    35

    6

    Kupang

    > 2500 m

    [1500 m; 2500 m]

    [1250 m; 1500 m]

    [1000 m; 1250 m]

    [300 m; 1000 m]

    [0 m; 300 m]

    [-1000 m; 0 m]

    [-3000 m; -1000 m]

    < -3000 m

    1 Monte Tata Mai Lau (2963 m)

    2 Monte Matebian (2373 m)

    3 Monte Cailaco (1916 m)

    4 Monte Mundo Perdido (1790 m)

    5 Monte Taroman (1765 m)

    6 Monte Sapo (1253 m)

    7 Monte Manacoco (1029 m)

    100 kms50 kms0 kms

    Figura 7 O relevo de Timor-Leste (Durand, 2010).

    O pico mais alto do pas o monte Tata Mai Lau, com 2963 metros.

    Existem, ainda, outros quatro locais com mais de 2000 metros: o monte

    Cablaque, localizado entre os distritos de Ermera e de Ainaro; os montes

    Meriquen e Loelaco, junto fronteira; e o monte Matebian, situado entre

    Baucau e Viqueque.

    Timor-Leste, apesar de ser um pas tropical, tem um relevo que influencia

    a temperatura e as chuvas registadas nas montanhas. A ilha de Timor est

    sujeita ao regime de mones entre novembro e maio, perodo em que

    chove mais e em que a temperatura e a humidade atingem os seus valores

    mais altos. A estao seca ocorre entre junho e outubro. A heterogeneidade

    da morfologia e do clima contribuem para a variedade de paisagens de

    Timor-Leste, que vo desde as zonas de montanha s plancies e savanas,

    da selva tropical s florestas de coqueiros e aos arrozais.

    As temperaturas relativamente elevadas registadas no territrio timorense,

    aliadas sua reduzida variao anual, possibilitam o uso, ao longo de todo o

    ano das suas praias, que se estendem pelas costas Norte e Sul. So recantos

    escondidos de areia dourada ou quilmetros e quilmetros de areia preta,

    como a praia de Liqui, a uma hora de Dli, ou a praia de Betano, na costa do

    mar de Timor.

  • 26 | As Paisagens de timor-Leste

    Os praticantes de snorkelling e de mergulho recreativo podem faz-lo na

    costa do enclave de Oecussi Ambeno, na ilha de Ataro e nos arredores de

    Dli, em direo a Baucau. Ao lado da topografia montanhosa, Timor-Leste

    conta com uma extensa plancie costeira, acomodada ao longo do litoral.

    A parte meridional larga, com a presena de zonas de assoreamento,

    de mangais e de pntanos na embocadura dos rios. Ao longo do litoral

    registam-se bancos de areia e vrias formaes coralgenas de grande

    beleza.

    Os mangais aparecem nas margens das baas e das lagoas e constituem

    um abrigo contra as fortes correntes. Estes ecossistemas, importantes

    para a produtividade da pesca e para a proteco das praias e das zonas

    costeiras, so encontrados, principalmente, no litoral Norte de Metinaro,

    Tibar e Maubara. Na costa Sul surgem na embocadura das ribeiras ou em

    terrenos pantanosos, em funo dos nveis de mar, tendo sido alguns

    mangais substitudos por coqueirais.

    No lado Norte da ilha aparecem terraos do litoral e, por exemplo,

    em Baucau e Laga, surgem extensos planaltos de origem coralfera.

    As formaes aluviais ocorrem entre Lautm e Baucau e nas regies

    de Vemasse e Manatuto. Esta regio setentrional caracterizada por

    encostas que terminam abruptamente no mar, deixando, no entanto,

    alguns abrigos, j que as guas do litoral Norte so mais calmas. O melhor

    ancoradouro da ilha localiza-se na baa de Dli e encontra-se protegido

    por recifes de coral que deixam duas entradas. A Este os portos de Lifau e

    Baucau fornecem ancoradouro para embarcaes.

    A Norte de Dli, o mais fcil para descobrir as belezas geogrficas de Timor

    percorrer os cerca de 140 km que levam cidade de Baucau, onde

    surgem os arrozais e centenas de palmeiras (Figura 8A).

    Uma paisagem de grande beleza encontra-se na praia de Lautm,

    localizada no extremo mais oriental de Timor (distrito de Lautm).

    Tutuala uma praia escondida na vegetao e possui um porto de abrigo,

    de onde partem os barcos dos pescadores para o ilhu de Jaco, uma

    reserva de tartarugas. Os timorenses acreditam que se trata de um lugar

    mgico e, por isso, mantm a ilha preservada (Figura 8B).

  • Principais caractersticas das paisagens mundias e de timor-Leste | 27

    A costa Sul constituda quase inteiramente por uma vasta plancie, que

    se estende desde a fronteira com Timor Ocidental, em Viqueque, at Lore.

    A formao de bancos de areia, na foz dos rios, aliada ao facto desta costa

    ser constantemente fustigada pelas ondas do mar de Timor, no permite

    ancoragem fcil. Assim, a ancoragem para embarcaes de pequeno

    porte possvel nos esturios de Suai, Alas e Luca. No enclave de Oecussi

    Ambeno, Tulary Ican Bay permite a ancoragem de embarcaes, mas est

    mal protegido contra as mones.

    As paisagens de Timor-Leste so muito diversificadas e com enormes

    potencialidades para a agricultura, a pastorcia, as atividades desportivas

    e tursticas, entre outras. Torna-se, por isso, necessrio que as mesmas

    sejam preservadas, de modo a promoverem o desenvolvimento

    sustentvel do territrio timorense.

    Figura 8 Arrozais a caminho de Baucau (A) e ilhu de Jaco (B), Timor-Leste.

    A B

    Atividade 2

    1. Tendo em conta as informaes partilhadas responde s questes que so colocadas.

    1.1. Indica dois fatores que contribuem para a variedade das paisagens de Timor-Leste.

    1.2. Refere trs tipos de paisagens naturais que existem no territrio timorense.

    1.3. Por que importante preservar as paisagens naturais de Timor-Leste?

    1.4. Indica duas medidas que devem ser tomadas para preservar as paisagens naturais timorenses.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Atividade 3

    O que ainda gostarias de saber mais sobre as paisagens mundiais e de Timor-Leste?

    1. Regista as dvidas/questes relacionadas com as caractersticas das paisagens mundiais e de Timor-Leste, para as quais ainda no tens resposta.

    2. Pesquisa, em fontes diversificadas (ex.: Internet, documentos fornecidos pelo professor,), informaes que te ajudem a clarificar as dvidas que sentes e a encontrar respostas para as questes que colocaste. Os sites que se seguem podem ajudar-te nessa pesquisa.

    Sites teis: http://ultramar.terraweb.biz; http://timport.blogspot.com/2009/08timor-leste.html; http://timor-leste.gov.tl/?p=91&lang=pt

    3. Organiza a informao recolhida para, posteriormente, a poderes partilhar com os teus colegas de turma e/ou forneceres ao() teu(tua) professor(a).

  • 28 | As Paisagens de timor-Leste

    Figura I Exemplos de paisagens timorenses.

    A B

    SNTESE As paisagens terrestres so caracterizadas pelos aspetos fsicos e humanos.

    Uma paisagem que no apresenta sinais da presena humana designa-se paisagem natural (ex.: montanhas, matas naturais

    e desertos). Uma paisagem que sofreu alteraes mais ou menos profundas provocadas pelo Homem designa-se paisagem

    humanizada (ex.: cidade).

    As paisagens terrestres resultam da ao de agentes internos (ex.: movimentos tectnicos, erupes vulcnicas) e de agentes externos

    (ex.: eroso, interveno humana).

    As paisagens naturais podem ser montanhas, planaltos, cabeos, vales, plancies e depresses.

    As paisagens timorenses so muito diversificadas. Encontram-se em Timor-Leste montanhas, planaltos, cabeos, vales,

    plancies e depresses, distribudas um pouco por todo o territrio.

    Muitas paisagens timorenses so utilizadas para a prtica da agricultura e da pastorcia. No entanto, as potencialidades das paisagens

    timorenses so imensas. Se forem devidamente aproveitadas podem ser utilizadas para as atividades desportivas e tursticas.

    Atividades Complementares

    1. Distingue paisagens naturais de paisagens humanizadas, apresentando um exemplo de cada uma delas.

    2. Dos agentes modeladores das paisagens abaixo indicados, assinala os agentes externos com as letras AE e os agentes internos com as letras AI:

    (A) Erupes vulcnicas.

    (B) Ao dos seres vivos sobre a paisagem.

    (C) Movimentos tectnicos que elevam e enrugam a crosta terrestre.

    (D) Rios.

    (E) Glaciares.

    3. Caracteriza uma montanha e uma plancie, apresentando um exemplo timorense de cada uma das referidas paisagens.

    4. Observa, com ateno, a Figura I.

    4.1. Qual das fotografias representa uma paisagem humanizada? Justifica a tua resposta.

    4.2. Indica duas medidas que devem ser tomadas para preservar a paisagem B observada na Figura I.

    4.3. Por que importante preservar a paisagem A observada na Figura I?

    5. Refere a importncia que as paisagens naturais podem ter no desenvolvimento de Timor-Leste.

  • Processos internos de modelao das paisagens | 29

    Conceitos-chave

    Estrutura interna da Terra

    Composio interna da Terra

    Modelo geoqumico

    Modelo geofsico

    Rocha

    Mineral

    Magmatismo

    Rochas vulcnicas ou extrusivas

    Rochas plutnicas ou intrusivas

    Metamorfismo

    Metamorfismo regional

    Metamorfismo de contacto

    Fatores de metamorfismo

    Rochas metamrficas

    Rochas sedimentares

    Meteorizao, eroso, transporte, sedimentao e diagnese

    Ciclo das rochas

    Rochas timorenses

    Deriva continental

    Tectnica de placas

    Limites divergentes, convergentes e conservativos

    Dobras

    Falhas

    Preservao do patrimnio geolgico

    SUB-TEMA 2

    PROCESSOS INTERNOS DE MODELAO DAS PAISAGENS

    QUESTO ORIENTADORAQue processos internos condicionam a modelao das paisagens de Timor-Leste?

    Sumrio

    Processos internos de modelao das paisagens

    Estrutura e composio interna da Terra

    Magmatismo e rochas magmticas

    Metamorfismo e rochas metamrficas

    Rochas sedimentares

    Ciclo das rochas

    Rochas timorenses

    A tectnica de placas e sua importncia no territrio timorense

    Finalidade

    A abordagem do subtema Processos internos de modelao das paisagens

    pretende aprofundar os teus conhecimentos sobre os processos internos

    que condicionam, direta ou indiretamente, a formao e a evoluo das

    paisagens em geral, e das paisagens de Timor-Leste, em particular.

    Metas de aprendizagem

    Identifica os principais constituintes da estrutura interna da Terra.

    Explica os principais conceitos do magmatismo.

    Caracteriza as rochas magmticas quanto sua origem.

    Descreve os principais fatores de metamorfismo.

    Caracteriza as rochas metamrficas quanto origem.

    Identifica as principais etapas do processo de formao das rochas

    sedimentares e caracteriza-as quanto origem.

    Indica os principais tipos de rochas existentes no territrio timorense.

    Relaciona o ciclo das rochas com a evoluo das paisagens timorenses.

    Explica a Teoria da Tectnica de Placas.

    Relaciona a tectnica de placas com os riscos de ocorrncia de sismos e

    de vulces no territrio timorense.

  • 30 | As Paisagens de timor-Leste

    Figura 10 Explorao mineira.

    Figura 9 Exemplo de uma paisagem timorense.

    Figura 11 Realizao de uma sondagem.

    2.1. ESTRUTURA E COMPOSIO INTERNA DA TERRA

    Desde a Antiguidade que o Homem tem procurado conhecer e compreender

    a complexidade do planeta Terra. No entanto, apesar da tecnologia

    que possui, o Homem s conhece uma parte superficial do planeta.

    O conhecimento da estrutura interna da Terra foi construdo, com

    o contributo de muitos cientistas, e com o recurso a tecnologias

    diversificadas que foram surgindo ao longo do tempo. Para o conhecimento

    da estrutura interna da Terra existem dois mtodos: os mtodos diretos

    e os mtodos indiretos.

    Os mtodos diretos so mtodos que recorrem a uma observao direta

    do planeta Terra, entre os quais se incluem a:

    observao da natureza das paisagens geolgicas (Figura 9);

    exploraes de jazigos minerais (Figura 10);

    sondagens (Figura 11).

    No entanto, os mtodos diretos permitem conhecer apenas uma parte

    superficial do planeta Terra.

    Os mtodos indiretos so mtodos que recorrem a uma observao

    indireta do planeta Terra e recaem, sobretudo, no estudo dos materiais

    expelidos durante as atividades vulcnicas, no estudo da velocidade de

    propagao das ondas ssmicas e nos dados fornecidos por satlites.

    Atravs do estudo dos dados obtidos pela utilizao dos mtodos diretos

    e indiretos, os cientistas elaboraram dois modelos da estrutura interna

    da Terra: o modelo geoqumico que nos d a conhecer a composio

    dos materiais e o modelo geofsico que nos ajuda a entender a dinmica

    terrestre.

    Modelo geoqumico da estrutura interna da Terra Este modelo

    baseado nas caractersticas qumicas dos materiais que constituem o

    interior da Terra (Figura 12). O planeta Terra encontra-se estruturado nas

    seguintes camadas:

    crosta, corresponde camada mais superficial do planeta Terra

    e encontra-se dividida em crosta continental e crosta ocenica.

    A crosta continental engloba os continentes e tem uma espessura mdia

    de 30 km, mas pode ultrapassar os 100 km. Possui uma densidade que

    varia entre 2,7 e 3 e formada por rochas magmticas, sedimentares

    e metamrficas.

  • Processos internos de modelao das paisagens | 31

    A crosta ocenica, relativamente crosta continental, muito mais

    fina (6-7 km), mais densa (3,0-3,2) e com uma composio basltica.

    uma crosta muito mais jovem que a crosta continental, pois no se lhe

    conhecem rochas com idades superiores a 220 milhes de anos.

    manto, a camada a seguir crosta e vai at uma profundidade de 2883

    km. , essencialmente, constitudo por ferro e magnsio. A densidade

    varia com a profundidade, desde 3,5 at 5,5. Encontra-se dividido em

    manto superior, que vai at aos 660 km, e em manto inferior, que vai

    at aos 2883 km de profundidade.

    ncleo, a camada que ocupa o centro da Terra, a partir dos 2883 km

    de profundidade. , essencialmente, constitudo por ferro e algum

    nquel e encontra-se a elevadas temperaturas. A densidade varia com a

    profundidade, desde 9,9 at 13,0.

    Modelo geofsico da estrutura interna da Terra Este modelo baseado

    no estado fsico (rigidez) dos materiais que constituem o interior da Terra

    (Figura 13). Em termos de rigidez dos materiais, a Terra continua a estar

    estruturada em camadas, mas o nmero e a sua espessura so diferentes

    das do modelo geoqumico. De acordo com este modelo, o planeta Terra

    encontra-se estruturado nas seguintes camadas:

    litosfera, uma camada rgida cuja espessura mdia varia de 50

    km na crosta ocenica, at 150 km na crosta continental. A litosfera

    corresponde crosta mais uma parte do manto superior e encontra-se

    partida em placas, designadas placas litosfricas, que encaixam entre si

    como se fossem as peas de um puzzle.

    astenosfera, uma camada menos rgida do que a litosfera, talvez porque

    se encontre num estado mais prximo da fuso parcial. sobre esta

    camada que a litosfera se move e pode ir at aos 250 km de profundidade.

    mesosfera, uma camada mais rgida que a astenosfera e vai desde o

    final da astenosfera at aos 2883 km de profundidade.

    endosfera, a camada mais profunda da Terra e localiza-se a partir dos

    2883 km de profundidade. Do ponto de vista fsico encontra-se dividida

    no ncleo externo, que se encontra no estado lquido, e no ncleo

    interno, que se encontra no estado slido.

    O modelo geofsico da estrutura interna da Terra vai ser utilizado no estudo

    da mobilidade da superfcie terrestre, que abordamos mais frente neste

    manual.

    Figura 12 Modelo geoqumico da estrutura interna da Terra.

    Figura 13 Modelo geofsico da estrutura interna da Terra.

    3488 km

    6371 km

    2883 km

    6371 km

    0 km

    75-1

    00 k

    m35

    0 km

    2883

    km

    5000

    km

    6371

    km

    Litosfera

    Endosfera

    MesosferaAstenosfera

    0 km6-70 km660 km

    2883 km

    6371 km

    CrostaNcleo

    Manto

  • 32 | As Paisagens de timor-Leste

    O planeta Terra caracteriza-se pelos materiais que o constituem e por

    numerosos processos que nele se desenvolvem, em consequncia do

    seu dinamismo interno e externo. A interao destes processos leva

    modificao dos materiais rochosos e modelao das paisagens. O

    dinamismo interno conduz formao de um conjunto diversificado de

    rochas (magmticas, metamrficas e sedimentares) e de deformaes

    que vamos aprofundar de seguida.

    2.2. MAGMATISMO E ROCHAS MAGMTICAS

    As rochas so associaes naturais de minerais. Um mineral um

    elemento ou um composto que foi formado naturalmente na Terra

    e possui uma frmula qumica definida. De entre os minerais mais

    frequentes podemos destacar o talco, o gesso, o quartzo, o feldspato, as

    micas, o diamante, a pirite, o cobre, o ouro, a prata e o volfrmio. s vezes

    as rochas so formadas por um s mineral (ex.: o quartzito formado por

    quartzo). Na maioria das vezes, so formadas por vrios minerais (ex.: o

    granito formado por quartzo, feldspato e micas).

    As rochas magmticas ou rochas gneas, so as rochas mais abundantes na

    Natureza, e constituem cerca de 95% dos materiais que constituem a crosta

    terrestre. Estas rochas resultam da solidificao do magma (rocha fundida)

    que se forma na crosta ou no manto superior, em locais onde o calor

    suficiente para fundir as rochas, no todo ou em parte. O magmatismo o

    conjunto dos fenmenos associados formao e solidificao dos magmas.

    O magma, uma vez formado, tende a subir em direo superfcie.

    medida que sobe, o magma vai arrefecendo e cristalizando e, por isso, vai

    parando. Duas situaes podem ocorrer durante a ascenso do magma:

    o magma consegue chegar superfcie suficientemente quente,

    saindo pelos vulces na forma de lava, de gases e de piroclastos

    (partculas slidas). A lava ao solidificar d origem s rochas vulcnicas

    ou extrusivas;

    o magma no consegue chegar superfcie e solidifica em profundidade.

    Neste caso, o arrefecimento lento e permite que os minerais cresam

    e sejam visveis vista desarmada, dando origem s rochas plutnicas

    ou intrusivas.

    Atividade 4

    1. Observa, com ateno, os esquemas que se seguem, que apresentam os dois modelos da estrutura interna da Terra.

    1.1. Identifica as camadas representadas pelas letras A, B, C e D.

    1.2. Indica uma caracterstica comum entre a camada A e a mesosfera.

    1.3. Refere as camadas do interior da Terra, de acordo com:

    1.3.1. o modelo I;

    1.3.2. o modelo II.

    1.4. Caracteriza a endosfera.

    1.5. Que semelhanas e que diferenas encontras entre os dois modelos representados?

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura I Modelos da estrutura interna da Terra.

    Endosfera

    Mesosfera C

    D

    A

    BCrosta

    I II

  • Processos internos de modelao das paisagens | 33

    2.2.1. Rochas vulcnicas ou extrusivas

    Os vulces so dispositivos naturais que permitem a sada, superfcie

    da Terra, do magma vindo do interior. Muitos vulces so montes em

    forma de cone, mas h muitos vulces que no formam cones vulcnicos

    elevados. Por outro lado, um vulco a expresso superficial de um

    conjunto de fenmenos mais profundos, que incluem a formao do

    magma em profundidade e a sua ascenso (subida) ao longo de fissuras.

    Ao conjunto de fenmenos que vo desde a formao do magma em

    profundidade at sua sada superfcie d-se o nome de magmatismo.

    Ao atingir a superfcie, o magma transforma-se e expelido sob trs

    formas: slida (piroclastos), lquida (lavas) e gasosa (gases vulcnicos).

    As rochas vulcnicas ou extrusivas incluem os piroclastos e as lavas

    arrefecidas.

    Os piroclastos so materiais slidos projetados e depositados perto da

    estrutura vulcnica e tm nomes diversos consoante o tamanho dos

    fragmentos (ex.: cinzas, lapilli e calhaus) (Figura 14).

    As lavas, umas so quentes e fluidas e, por isso, espalham-se a partir das

    aberturas ou bocas vulcnicas: so os derrames ou escoadas (Figura 15).

    Ao arrefecer, do origem a rochas escuras (ex.: basalto). Outras lavas so

    viscosas e, por isso, tendem a solidificar perto das bocas, formando domas

    ou curtas escoadas e dando origem ao riolito. Por vezes, as escoadas

    espessas, ao arrefecerem, contraem-se e formam fraturas em forma de

    prisma hexagonal.

    Dos gases libertados numa erupo vulcnica, o principal o vapor de

    gua, depois o dixido de carbono e o dixido de enxofre (Figura 16A).

    H lavas to ricas em gases que quando estes se escapam durante a

    solidificao deixam a rocha to esburacada que chega a flutuar na gua,

    formando a pedra-pomes (Figura 16B).

    A forma, as dimenses, a disposio dos minerais e o grau de cristalizao

    definem a textura de uma rocha. O tamanho dos minerais depende da

    velocidade de arrefecimento do magma (ou da lava) e, por isso, o tamanho

    dos minerais d-nos indicaes sobre a origem da rocha.

    Nas rochas vulcnicas ou extrusivas d-se o arrefecimento rpido do

    magma superfcie, ou prximo dela, pelo que a cristalizao pode no ser

    completa.

    Figura 14 Exemplos de piroclatos: cinzas (A) e lapilli (B).

    Figura 15 Exemplos de escoadas de lavas.

    Figura 16 Gases com cinzas expelidos por um vulco (A) e pedra-pomes (B).

    A

    B

    A

    B

  • 34 | As Paisagens de timor-Leste

    No caso do basalto, os cristais so de pequena dimenso, pouco ou nada

    visveis vista desarmada (Figura 17A). Um arrefecimento muito rpido

    do magma superfcie no permite a individualizao, cristalizao e

    desenvolvimento dos cristais, como acontece com a obsidiana (Figura

    17B).

    A rocha vulcnica mais frequente na Natureza o basalto, de cor negra.

    Esta rocha resulta do arrefecimento rpido de um magma que solidificou,

    a maior parte das vezes, superfcie. O basalto encontra-se em grande

    parte da crosta ocenica e nos grandes planaltos de lava das erupes

    continentais.

    2.2.2. Rochas plutnicas ou intrusivas

    As rochas plutnicas ou intrusivas cristalizam no interior da crosta, pelo

    que no podemos assistir sua formao, mas apenas as podemos

    observar quando a eroso as desenterrou.

    H dois tipos principais de intruses: files e batlitos (Figura 18). Os

    files formam-se quando o magma se introduziu e solidificou numa

    fratura ou numa fissura. Na maioria dos casos, os files so verticais ou

    quase, recebendo o nome de diques. Quando o magma se introduziu entre

    camadas de rochas sedimentares os files designam-se files-camada

    ou soleiras. Os batlitos so intruses muito volumosas que chegam a

    ultrapassar a centena de km de comprimento e a dezena de km de largura.

    As rochas plutnicas ou intrusivas formam-se em profundidade, pelo que

    o magma arrefece lentamente, dando tempo para que os cristais cresam

    e possam ser visveis vista desarmada (gro grosseiro a mdio) ou com a

    ajuda de uma lupa (gro fino).

    A rocha plutnica que forma grande parte da crosta continental o granito

    (Figura 19). Esta rocha mostra que se ter formado a partir de um magma

    que solidificou em profundidade. constituda por minerais como: quartzo,

    feldspato e micas (moscovite e biotite), alm de outros minerais acessrios.

    As cores do granito podem variar, desde as mais claras s mais escuras,

    devido a diferenas de cristalizao, aos minerais que o constituem e ao

    grau de alterao da rocha.

    Figura 17 Basalto (A) e obsidiana (B).

    A

    B

    Figura 18 Files e batlitos.

    Figura 19 Amostras de granito.

    BatlitoFalha

    Filies

  • Processos internos de modelao das paisagens | 35

    2.3. METAMORFISMO E ROCHAS METAMRFICAS

    As rochas metamrficas formam-se no interior da crosta terrestre, a

    partir de outras rochas pr-existentes (magmticas, metamrficas ou

    sedimentares). Quando uma rocha sujeita, durante um longo perodo de

    tempo, a condies de calor e/ou de presso e/ou de fluidos diferentes das

    da sua formao, sofre um conjunto de transformaes na composio e

    na textura, sem chegar a fundir. A nova rocha formada rocha metamrfica

    adquire uma nova textura e, muitas vezes, uma composio mineralgica

    diferente. O conjunto de fenmenos que contribui para a transformao dos

    minerais e da textura de uma rocha pr-existente numa rocha metamrfica

    chama-se metamorfismo.

    Os gelogos consideram que existem dois tipos de metamorfismo:

    metamorfismo regional (presso e temperatura atuam ao mesmo

    tempo) e metamorfismo de contacto (a temperatura determinante).

    O metamorfismo regional pressupe que uma grande extenso de

    rochas seja metamorfizada a regio que se prolonga para Sul de Dli

    um bom exemplo. Este tipo de metamorfismo ocorre, sobretudo, nas

    partes profundas das cadeias montanhosas (Figura 20). Quando as rochas

    afetadas pelo metamorfismo regional afloram (isto , esto visveis

    superfcie do terreno, como o caso de Dli), isto significa que:

    ou se trata de uma cadeia montanhosa antiga, onde a eroso teve

    tempo de desgastar as rochas que se encontravam por cima e aplanar

    o relevo;

    ou se trata de cadeias muito jovens (como o caso de Timor), onde as

    rochas profundas foram desenterradas ao longo de grandes fraturas.

    O metamorfismo de contacto est associado atividade magmtica,

    ocorrendo junto ao contacto de uma intruso (ex.: dique), na base de uma

    escoada vulcnica, sobretudo basltica. O calor libertado pela intruso

    como que assa (metamorfiza) as rochas encaixantes junto aos bordos

    (Figura 21).

    2.3.1. Fatores de metamorfismo

    Ao observarmos as rochas metamrficas da regio de Dli, por exemplo,

    surgem-nos questes do gnero: o que provocou o metamorfismo, qual a

    sua intensidade e como que ele variou no espao e no tempo?

    Figura 21 Condies de formao do metamorfismo de contacto.

    Figura 20 Condies de formao do metamorfismo regional.

    Alta presso

    Rochaencaixante

    Intruso

  • 36 | As Paisagens de timor-Leste

    Os fatores de metamorfismo so a temperatura, a presso, os fluidos

    e o tempo. A temperatura e a presso provocam alteraes nas rochas,

    nomeadamente na composio, na disposio e na orientao dos

    minerais. Estas alteraes levam a que a textura das rochas se modifique.

    Os fenmenos relacionados com o metamorfismo so muito lentos, pelo

    que o tempo um fator que deve ser considerado.

    Quando a presso exercida ocorre durante muito tempo, a rocha resultante

    fica com faixas mais ou menos paralelas, como acontece no xisto e no

    gnaisse. Este tipo de rochas forma-se, normalmente, no metamorfismo

    regional. O xisto apresenta xistosidade, partindo facilmente segundo

    superfcies lisas e paralelas (Figura 22A), como se fossem as folhas de

    um livro, e o gnaisse apresenta faixas alternadas de minerais claros e de

    minerais escuros (Figura 22B).

    No metamorfismo de contacto, os principais fatores que provocam a

    modificao das rochas preexistentes so o calor e os fluidos libertados

    pelo magma, que vo originar modificaes na textura e na composio

    da rocha inicial. Um exemplo de uma rocha que pode ser formada por

    este processo o mrmore, formado a partir do calcrio.

    Atividade 5

    1. Observa, com ateno, as amostras que se seguem e responde s questes que sobre elas so colocadas.

    1.1. Identifica as amostras A e B.

    1.2. Indica qual das rochas se formou em profundidade. Justifica a tua resposta.

    1.3. Comenta a seguinte afirmao: A rocha B uma rocha vulcnica.

    1.4. Distingue a amostra A da amostra B quanto textura.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura I Amostras de rochas magmticas.

    B

    A

    Figura 22 Amostra de xisto (A) e de gnaisse (B).

    A B

  • Processos internos de modelao das paisagens | 37

    2.3.2. Rochas metamrficas

    Existe uma enorme diversidade de rochas metamrficas. Na Tabela I

    apresentam-se alguns exemplos de rochas metamrficas e o seu modo

    de formao.

    Sequncia de transformao de algumas rochas metamrficas

    Modo de formao

    Quando um granito (A) sofre metamorfismo regional a rocha

    resultante o gnaisse (B).

    Quando um argilito (A) sofre metamorfismo regional a rocha

    resultante o xisto (B).

    Quando um calcrio (A) sofre metamorfismo de contacto

    a rocha resultante o mrmore (B). Os calcrios puros

    (contendo apenas o mineral de calcite) do origem aos

    mrmores brancos. Os calcrios impuros (contendo

    minerais argilosos) do origem a mrmores com manchas

    ou faixas de cores variadas e minerais tpicos (ex.: clorites,

    anfbolas, granadas).

    Quando um arenito (A) sofre metamorfismo de contacto a

    rocha resultante o quartzito (B).

    Quando um xisto argiloso (A) sofre metamorfismo de

    contacto a rocha resultante a corneana (B).

    Por vezes, durante o metamorfismo, as rochas podem ser impregnadas por

    fluidos, que esto na origem de muitos cristais. Estes quando so lapidados

    do origem a pedras preciosas.

    Tabela I Exemplos de rochas metamrficas e respetivo modo de formao

    BA

    BA

    BA

    BA

    BA

  • 38 | As Paisagens de timor-Leste

    Atividade 6

    1. Observa, com ateno, as amostras da Figura I e responde s questes que sobre elas so colocadas.

    1.1. Identifica as amostras A e B.

    1.2. Indica qual das rochas se formou por metamorfismo regional. Justifica a tua resposta.

    1.3. Comenta a seguinte afirmao: A rocha B uma rocha que resultou do metamorfismo de contacto em que a rocha encaixante era o arenito.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura I Exemplos de rochas metamrficas.

    2.4. ROCHAS SEDIMENTARES

    As rochas sedimentares so as rochas mais abundantes em Timor-Leste.

    So formadas pela deposio de materiais provenientes da eroso de

    rochas mais antigas (magmticas, metamrficas ou sedimentares) que

    se encontram expostas superfcie da Terra. A formao das rochas

    sedimentares implica, geralmente, a ocorrncia dos seguintes processos:

    meteorizao, eroso, transporte, sedimentao e diagnese (Figura 23).

    Todas as rochas so desgastadas pela meteorizao (os materiais

    permanecem no local) e pela eroso (os materiais saem do local).

    Os materiais desgastados sofrem, mais cedo ou mais tarde, um transporte,

    sobretudo provocado pela ao dos rios e do vento.

    Os materiais sofrem transporte e acabam por ser depositados ou

    sedimentados em camadas ou estratos, geralmente horizontais. Chamam-

    -se ento sedimentos. Algumas camadas de sedimentos formam-se pela

    acumulao de restos de seres vivos (ex.: areias calcrias conchas de

    animais, leitos de carvo plantas apodrecidas). Os sedimentos, medida

    que se vo acumulando e compactando passam por um processo chamado

    diagnese, que leva formao das rochas sedimentares mais ou menos

    endurecidas.

    2.4.1. A origem dos sedimentos

    A meteorizao ou alterao superficial decompe gradualmente as

    rochas expostas na superfcie terrestre. um processo complexo, mas que

    fundamental para a formao dos solos. costume distinguir dois tipos

    de meteorizao: fsica e qumica. Elas atuam em simultneo, mas cada

    uma dominante em funo do clima, do relevo e da natureza das rochas.

    Meteorizao fsica A rocha desagrega-se em fragmentos mais

    pequenos por ao de fenmenos de natureza fsica. Um caso extremo

    a variao da temperatura em regies desrticas ou em alta montanha.

    A humidade contida nas fissuras, gelando e descongelando, intensifica

    o processo de desagregao das rochas. Tambm o mar pode exercer

    uma meteorizao fsica sobre as rochas que se encontram na costa

    (Figura 24).

    Meteorizao qumica Os minerais das rochas decompem-se em

    meio aquoso, devido a reaes qumicas que os transformam em

    Figura 23 Etapas da formao das rochas sedimentares.

    Meteorizao e eroso

    Transporte

    Sedimentao

    Rochas sedimentares

    Diagnese

    Figura 24 Ao das ondas do mar sobre as rochas.

    BA

  • Processos internos de modelao das paisagens | 39

    produtos solveis. Um dos exemplos mais estudados a transformao

    dos feldspatos em minerais de argila. A meteorizao qumica muito

    intensa em climas quentes e hmidos. A meteorizao qumica

    caracterstica das rochas calcrias, dando origem a um relevo crsico

    (Figura 25).

    As plantas e os animais podem intensificar, localmente, a meteorizao nos

    seus aspetos fsicos (ex.: razes das rvores, minhocas, toupeiras) (Figura 26)

    ou qumicos (ex.: bactrias).

    2.4.2. Do sedimento rocha sedimentar

    A sedimentao consiste na deposio dos materiais e difere conforme o

    tipo de sedimentos e o agente de transporte. Na maior parte dos casos, os

    sedimentos depositam-se formando uma sucesso de camadas, os estratos.

    Os sedimentos, medida que vo sendo enterrados, vo ficando cada vez

    mais consolidados. Esta consolidao pode fazer-se por compactao ou

    por cimentao, dando-se o nome de diagnese quando forma rochas

    sedimentares consolidadas. Na Figura 27 sintetizam-se as principais

    etapas do processo de compactao, cimentao e diagnese.

    2.4.3. Classificao das rochas sedimentares

    Tendo em conta a origem dos sedimentos, as rochas sedimentares podem

    classificar-se em: rochas detrticas, rochas quimiognicas e rochas

    biognicas.

    Rochas sedimentares detrticas

    Estas rochas formam-se por acumulao de partculas slidas de

    origem detrtica e de diferentes dimenses, resultantes da alterao e

    desagregao de rochas pr-existentes, aps a diagnese. Na Figura 28

    apresentam-se alguns exemplos de rochas sedimentares detrticas e das

    partculas que lhes deram origem.

    Os argilitos so rochas sedimentares detrticas, constitudos por partculas

    de pequenssimas dimenses (gros de argila). A argila (conhecida por

    barro) forma com a gua uma pasta moldvel, que muito utilizada

    no fabrico de utenslios domsticos (ex.: panelas, jarros, pratos, etc.).

    A argila quando branca chama-se caulino e muito utilizada no fabrico

    de pratos, do papel, da cermica, de tintas, entre outros.

    Figura 25 Gruta de calcrio (meteorizao qumica).

    Figura 26 Desagregao mecnica por ao dos agentes biolgicos.

    Figura 27 Principais etapas do processo de compactao,

    cimentao e diagnese.

    50 - 60% de gua

    10 - 20% de gua

    Compataco Cimentao

    Diagnese

  • 40 | As Paisagens de timor-Leste

    Os arenitos so rochas sedimentares detrticas, constitudos por gros de

    areia, unidos por um cimento natural. A cor e as propriedades dos arenitos

    dependem da natureza dos gros e do cimento que os constituem.

    Os conglomerados so rochas sedimentares detrticas, constitudos

    por gros grosseiros, mais ou menos arredondados, unidos por um

    cimento natural.

    Rochas sedimentares quimiognicas

    As rochas sedimentares quimiognicas resultam da precipitao de

    substncias dissolvidas na gua. Deste tipo de rochas fazem parte o

    sal-gema, o gesso e alguns calcrios.

    O sal-gema e o gesso resultam da precipitao de sais dissolvidos, devido

    evaporao da gua que os contm em soluo (Figura 29). O sal-gema

    forma-se devido evaporao da gua que contm muito cloreto de sdio

    e o gesso forma-se devido evaporao de gua que contm sulfato de

    clcio hidratado. Do sal-gema obtem-se o sal da cozinha e, tambm,

    pode ser utilizado no fabrico da borracha, do sabo, da cermica e de

    medicamentos. O gesso utilizado na indstria de estuques, cimentos e

    ornamentos de paredes.

    Os calcrios so rochas sedimentares quimiognicas e apresentam

    cores muito variadas (Figura 30). So rochas pouco duras que se riscam

    facilmente com um canivete e fazem efervescncia com cidos, reao

    em que se liberta dixido de carbono. So constitudos por um mineral

    chamado calcite (carbonato de clcio).

    Rochas sedimentares biognicas

    As rochas sedimentares biognicas resultam da acumulao de materiais

    provenientes de seres vivos e incluem os calcrios coralgenos, os calcrios

    conquferos, os carves e o petrleo (Figura 31).

    Os calcrios coralgenos resultam, sobretudo, da deposio de

    estruturas provenientes de corais. Os calcrios conquferos resultam,

    essencialmente, da acumulao de conchas de animais marinhos. Os

    carves so constitudos por restos de vegetais e o petrleo resulta da

    deposio de restos de seres vivos (ex.: plnton).

    2.5. CICLO DAS ROCHAS

    O planeta Terra possui rochas magmticas, sedimentares e metamrficas.

    Estas encontram-se em constante transformao, sobretudo ao nvel dos

    continentes, onde os agentes erosivos esto a atuar de forma constante.

    Figura 28 Exemplos de rochas sedimentares detrticas.

    Figura 29 Exemplos de sal-gema (A) e de gesso (B).

    Figura 30 Amostra de calcrio.

    A

    B

    Areia Arenito

    ConglomeradoBalastros

  • Processos internos de modelao das paisagens | 41

    Se observarmos as montanhas na estao das chuvas, a gua vai

    empapando as rochas e amolecendo o terreno. Os minerais vo-se, pouco

    a pouco, separando. Uns, como o quartzo, resistem chuva, ao vento e

    ao gelo. Outros, como os feldspatos, vo-se decompondo e formando

    minerais argilosos. Outros, ainda, como a calcite, entram mais facilmente

    em soluo. Por vezes, o prprio material rochoso que desaba em bloco.

    Tudo isto transportado pelos rios at ao mar, onde se deposita sob a

    forma de sedimentos e, por compactao, forma rochas sedimentares.

    No caso de o soterramento continuar ao longo de vrios quilmetros

    de profundidade, a temperatura aumenta e vai modificando as rochas

    sedimentares, que passam a rochas metamrficas.

    Se as rochas metamrficas atingirem profundidades superiores a 10-12

    km, a temperatura pode mesmo provocar uma fuso parcial das rochas e

    conduzir formao de rochas magmticas. Tudo isto se passa no interior

    da crosta continental, mas h muitas rochas magmticas que resultam,

    tambm, da fuso parcial de materiais provenientes do manto.

    Todas estas rochas (sedimentares, metamrficas e magmticas), se

    ascenderem superfcie, em grande parte por eroso das que se

    encontravam por cima, vo sofrer de novo a ao da chuva, do vento e do

    gelo. E o ciclo continua (Figura 32).

    Meteorizao eroso,transporte e sedimentao

    Consolidao dossedimentos

    Levantamento

    Levantamento

    Presso e temperatura

    Rochassedimentares

    Presso e temperatura

    Presso e temperatura

    Arrefecimentoe cristalizao

    Fuso

    Magma

    Presso parcialno manto

    Fuso

    Figura 32 Principais etapas do ciclo das rochas.

    Figura 31 Amostras de calcrio coralgeno (A), calcrio conqufero (B) e carves (C).

    A

    B

    C

    ,

  • 42 | As Paisagens de timor-Leste

    2.6. ROCHAS TIMORENSES

    Em consequncia da constante transformao das rochas (magmticas,

    metamrficas e sedimentares), Timor-Leste possui uma grande diversidade

    geolgica, tal como se pode constatar na Figura 33.

    As rochas de Timor-Leste constituem dois domnios geolgicos distintos:

    autctone, constitudo por rochas e sedimentos gerados no local;

    alctone, composto por rochas formadas noutras reas mas que foram

    transportadas para as regies onde atualmente se encontram.

    O domnio autctone distribui-se por todo o pas, inclusive no enclave de

    Oecussi Ambeno. predominante na metade leste do territrio timorense,

    tendo presena expressiva no Sudoeste do territrio (zona de Bononaro e

    Ainaro). Consiste numa sucesso de diferentes tipos de rochas, formadas

    em diversos perodos geolgicos. So xistos, intercalados por calcrios e,

    eventualmente, por arenitos, conglomerados e lavas bsicas. Integram-

    -no, tambm, depsitos quaternrios recentes, nomeadamente os

    sedimentos fluviais e marinhos e os calcrios coralgenos. Os sedimentos

    marinhos correspondem s plancies costeiras, que dominam na costa Sul

    do pas. Os calcrios coralgenos ocorrem nas reas de Baucau e Lospalos,

    bem como no ilhu de Jaco.

    O domnio alctone corresponde a um complexo carreado que aparece,

    principalmente, no Noroeste do pas, na regio de Balibo, de Ermera, de Dli,

    de Aileu, de Laclubar, ocorrendo, tambm, no enclave de Oecussi Ambeno.

    constitudo por rochas metamrficas e magmticas de diferentes idades.

    Atividade 7

    1. Observa, com ateno, as amostras da Figura I e responde s questes que sobre elas so colocadas.

    1.1. Identifica as amostras A, B e C.

    1.2. Indica e justifica qual das rochas uma rocha sedimentar detrtica.

    1.3. Comenta a seguinte afirmao: A amostra B uma rocha biognica.

    1.4. Distingue a amostra B da amostra C quanto ao grau de consolidao.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura I Exemplos de rochas sedimentares.

    Atividade 8

    1. Observa, com ateno, o esquema da Figura I e responde s questes colocadas.

    1.1. Identifica o tipo de rochas representado pelas letras A, B e C.

    1.2. Indica os fenmenos representados pelos nmeros 1, 2, 3 e 4.

    1.3. Com base nos dados do esquema justifica a designao de ciclo das rochas.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura I Ciclo das rochas.

    Figura 33 Principais formaes geolgicas existentes em Timor-Leste.

    Superfcie terrestre 1

    11

    2

    3

    4

    A

    BB

    C

    Magma

    BA

    C

  • Processos internos de modelao das paisagens | 43

    Tratam-se de xistos, micaxistos, anfibolitos, mrmores, diversos tipos de

    calcrio, margas, brechas vulcnicas e rochas eruptivas.

    A diversidade geolgica existente no territrio timorense necessita de ser

    preservada, pois fundamental para a compreenso da histria geolgica

    da regio e fonte de inmeros recursos naturais.

    2.7. A TECTNICA DE PLACAS E SUA IMPORTNCIA NO

    TERRITRIO TIMORENSE

    O planeta Terra mexe-se, tanto superfcie como no interior. superfcie,

    tudo gira ao mesmo tempo e no mesmo sentido, o movimento de rotao

    da Terra. A histria registada nas rochas tem revelado que o planeta mais

    dinmico do que na realidade se supunha. No interior, ainda no sabemos

    muito, mas as cincias que estudam a Terra evoluram muito desde os

    finais do sculo XIX.

    Em 1915, o alemo Alfred Wegener apresentou a Teoria da Deriva dos

    Continentes, que considerava que os continentes se moviam lentamente

    (alguns cm/ano) superfcie da Terra, como se fossem jangadas de pedra.

    Mais tarde, veio a constatar-se que o fundo dos oceanos atravessado

    por longas cadeias montanhosas (dorsais ou cristas ocenicas), onde h

    numerosos vulces submarinos espalhados ao longo das cristas, que

    emitem lavas baslticas nas zonas de rifte. As lavas baslticas arrefecem

    rapidamente para formar nova crosta ocenica que empurra a j

    existente para um e outro lado. A isto, o norte-americano Harry Hess

    (1906-1969) chamou de expanso dos fundos ocenicos.

    Tectnica de Placas

    Tendo por base o modelo geofsico da estrutura interna da Terra, j

    estudado anteriormente, os cientistas descobriram que a litosfera estava

    partida em placas litosfricas. Estas placas so constitudas por rochas da

    crosta terrestre e pela parte superior do manto superior e movimentam-

    -se sobre a astenosfera, uma camada plstica. E este movimento das

    placas de litosfera que faz com que os continentes se movam (Figura 34).

    Os gelogos descobriram que a litosfera est dividida em sete grandes

    placas (Euroasitica, Norte Americana, Sul Americana, Africana, Indo-

    -Australiana, Pacfica, Antrtica) e em vrias placas mais pequenas

    (Figura 35).

    Atividade 9

    1. Discute, com os colegas do teu grupo de trabalho, as questes que a seguir se colocam:

    1.1. Por que importante preservar os recursos geolgicos de Timor-Leste?

    1.2. Indica trs aes levadas a cabo pelos cidados timorenses que podem comprometer a sustentabilidade dos recursos geolgicos.

    1.3. Que medidas devem ser tomadas pelos cidados timorenses para contriburem para a preservao dos recursos geolgicos de Timor-Leste?

    1.4. Procede a uma avaliao crtica das medidas que implementas no teu dia a dia com vista a promoveres a preservao dos recursos geolgicos.

    2. Apresenta turma as ideias principais que resultaram da discusso tida no teu grupo de trabalho relativamente s questes colocadas.

    Figura 35 Localizao das placas litosfricas.

    Dorsalocenica

    Fundo da baciaocenica (plancie abissal)

    Fossa

    Figura 34 Modelo geral da tectnica de placas.

  • 44 | As Paisagens de timor-Leste

    As placas tectnicas formam-se ao longo das cristas submarinas, nas

    chamadas dorsais mdio-ocenicas, que se formam a partir dos riftes

    (Figura 36A), e deslocam-se ao longo de grandes fraturas, chamadas

    falhas transformantes (Figura 36B). As placas tectnicas mergulham ao

    longo de fossas, nas chamadas zonas de subduco (Figura 36C). Em

    alguns locais pode haver coliso de placas, provocando enrugamentos e

    formao de grandes cadeias montanhosas, como o caso dos Himalaias.

    O movimento das placas de litosfera ocorre continuamente e deve-se

    existncia de correntes de conveco no manto, que resultam do calor

    interno da Terra.

    De acordo com o movimento relativo das placas litosfricas, os gelogos

    identificaram os seguintes limites: convergente (quando duas placas

    convergem uma para a outra); divergente (quando duas placas se

    afastam uma da outra); e conservativo (quando duas placas se deslocam

    lateralmente) (Figura 36).

    A Teoria da Tectnica de Placas apresenta uma explicao cientfica para

    a mobilidade da litosfera. Permite, tambm, compreender muitos dos

    fenmenos geolgicos que ocorrem no planeta Terra, tais como:

    a formao das cadeias montanhosas, associadas aos limites

    convergentes (continente/continente) (ex.: Himalaias);

    os sismos, associados aos limites das placas litosfricas;

    o vulcanismo, associado aos limites divergentes e convergentes

    (continente/oceano).

    A mobilidade das placas litosfricas permite, tambm, compreender a

    distribuio de muitas espcies animais e vegetais pelo planeta Terra.

    A Teoria da Tectnica de Placas permite, ainda, compreender alguns dos

    fenmenos geolgicos existentes no territrio timorense (Figura 37).

    Na anlise do mapa I da Figura 37 constatamos que Timor-Leste (com

    exceo da ilha de Ataro) faz parte da mesma crosta continental

    que engloba a Austrlia, o que equivale a dizer que Timor-Leste deve

    ser includo na placa Indo-Australiana e no na placa Eurasitica.

    O mapa II mostra a provvel delimitao das placas Indo-Australiana e

    Eurasitica h 25 milhes de anos. Por uma questo de comodidade, nele

    esto desenhados os contornos atuais da Austrlia e do SE Asitico (incluindo

    a Insulndia). Na sua lenta aproximao do Arco de Banda, Timor-Leste est

    perfeitamente integrado na placa Indo-Australiana, pelo que podemos

    concluir que, do ponto de vista geolgico, Timor-Leste tem mais afinidades

    com o continente australiano do que com o arquiplago indonsio.

    Figura 36 Limites de placas tectnicas: limite divergente (A); limite conservativo

    (B); e limite convergente (C).

    A

    B

    C

    C

    Figura 37 Posio relativa de Timor-Leste, no contexto tectnico regional.

    I

    II

  • Processos internos de modelao das paisagens | 45

    A proximidade de uma zona de subduco faz com que o territrio timorense

    possa sentir alguma instabilidade, em termos de ocorrncia de sismos, e

    podem surgir no mar algumas erupes vulcnicas, como consequncia do

    afundamento da placa Indo-Australiana na placa Eurasitica.

    Os sismos so libertaes de energia no interior da Terra, que se

    manifestam superfcie com a chegada das ondas ssmicas. Os

    sismos podem originar fendas no solo, falhas nas formas de relevo,

    desnivelamentos verticais, deslizamentos horizontais, desprendimentos

    de terras, avalanches de neve nas regies montanhosas, tsunamis.

    Em termos econmicos e sociais, os sismos tm consequncias, por vezes

    catastrficas, tais como: a destruio das construes; os incndios; a

    ruptura nas condutas de gua, gs e saneamento; os acidentes em centrais

    nucleares; a morte de seres humanos, entre outros.

    Deformaes das rochas

    Dependendo da intensidade dos fenmenos tectnicos existentes,

    podem ocorrer deformaes nas rochas. As rochas deformadas a

    temperaturas pouco elevadas partem ou fraturam. As fraturas podem

    implicar o deslocamento de uma parte da rocha em relao outra parte,

    dando origem s falhas.

    As foras que provocam o falhamento das rochas (causa principal

    dos sismos) podem ser distensivas ou compressivas. As distensivas

    originam as falhas normais, as compressivas originam as falhas inversas.

    Em ambos os casos podemos falar de movimentao para baixo ou

    para cima ao longo do plano de falha. Mas h ainda um terceiro tipo de

    falhas em que a movimentao se faz para o lado (na horizontal); so as

    falhas de desligamento (Figura 38).

    Durante a deformao das rochas pode no haver deslocamento dos blocos,

    neste caso forma juntas ou diaclases. Estas formam-se por vrias razes:

    algumas rochas sedimentares (ex.: grs, calcrios) abrem uma rede de

    fissuras (diaclases) durante o dobramento.

    uma intruso grantica forma-se em profundidade. Se a observarmos

    superfcie, significa que a eroso removeu toda a enorme carga de

    rochas que cobria aquela intruso. Aliviada desta carga, a parte superior

    da intruso abre fissuras, so as chamadas diaclases.

    uma escoada de lava ao arrefecer contrai-se, abrindo fissuras em forma

    de prismas geralmente hexagonais.

    Figura 38 Representao esquemtica de falhas.

    Atividade 10

    1. Observa, com ateno, a Figura I e responde s questes colocadas.

    1.1. Identifica o tipo de limite que existe entre a placa Africana e a placa Indo-Australiana.

    1.2. Indica o tipo de limite que existe entre a placa Indo-Australiana e a placa Eurasitica.

    1.3. O que acontece litosfera ocenica junto fossa de Java?

    1.4. Tendo em conta os dados da Figura I, explica por que razo a Terra no tem aumentado de tamanho ao longo do tempo.

    2. Apresenta as respostas que deste aos teus colegas da turma e ao() teu(tua) professor(a).

    Figura I

    Placa Africana

    PlacaIndo-Australiana

    fr

    ica

    Fossa de JavaDorsalIndiana Indonsia

    (Samatra)

    Oceanondico

    Astenosfera

    Litosferaocenica

  • 46 | As Paisagens de timor-Leste

    Quando as rochas se encontram em profundidade (a temperaturas altas) e

    so sujeitas a foras (distensivas ou compressivas) tendem a no partir mas

    a dobrar, dando origem ao aparecimento de dobras. H muita variedade

    de dobras, mas o padro bsico simples: todas exibem uma concavidade

    e dois flancos (Figura 39). Se a concavidade aponta para baixo, chama-

    se antiforma, se aponta para cima chama-se sinforma. Alm disso, se

    a concav