português 12º - manual do aluno

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Autores: Ana Luísa Oliveira, Fernanda Reigota, Margarida Silva, Teresa Ferreira. / Conceção e elaboração: Universidade de Aveiro. / Coordenação geral do Projeto: Isabel P. Martins e Ângelo Ferreira. / Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro. / Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa.

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Page 1: Português 12º - Manual do Aluno

República Democrá ca de Timor-LesteMinistério da Educação

Manual do AlunoPORTUGUÊS12. ano de escolaridade

Page 2: Português 12º - Manual do Aluno
Page 3: Português 12º - Manual do Aluno

Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste

Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Instituto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro

Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa

Manual do AlunoPORTUGUÊS12.o ano de escolaridade

Page 4: Português 12º - Manual do Aluno

Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua utilização para fins comerciais.

Este manual respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico. Os textos de autor são apresentados na sua grafia original.

Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadvertidamente esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a fim de serem tomadas as providências adequadas.

TítuloPortuguês - Manual do Aluno

Ano de escolaridade12.o Ano

AutorasAna Luísa OliveiraFernanda ReigotaMargarida SilvaTeresa Ferreira

Coordenadora de disciplinaMaria Helena Ançã

Consultora científicaMaria Elisabete Reis Afonso

Colaboradora Inês CardosoColaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina Este manual foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina,sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.

IlustraçãoEsfera Crítica

Design e PaginaçãoEsfera Crítica Unipessoal, Lda.Paulo Morgado

1.ª Edição

Conceção e elaboraçãoUniversidade de Aveiro

Coordenação geral do ProjetoIsabel P. MartinsÂngelo Ferreira

Ministério da Educação de Timor-Leste

2014

ISBN978 - 989 - 753 - 117 - 0

Impressão e AcabamentoGrasia Printing Unipessoal, Lda.

Tiragem7000 exemplares

Page 5: Português 12º - Manual do Aluno

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Índice

Unidade Temática

1 Sustentabilidade económico-social

Subtema 1 | Desequilíbrios económico-sociaisGrupo A

LEITURA – Somos sete milhões, Robert KungizORALIDADE – Consequências do crescimento da população mundial, Chris JohnsFuncionamento da Língua – Orações subordinadas substantivas finitas e não finitas

Grupo BESCRITA – O resumo: A pegada ecológica e os limites do crescimento, Carlos SerraLEITURA – Haverá um número excessivo de pessoas?, Robert Kungiz

Grupo CLEITURA – Situação económica e social de Timor-Leste, IPAD

Grupo DLEITURA – Milhões de adolescentes estão a ficar para trás, especialmente em África, UNICEFFuncionamento da Língua – Coesão textual: cadeias de referência

Grupo ELEITURA – Tem apenas doze anos o miúdo, Fernando PeixotoORALIDADE – Debate

Prática de Língua

Subtema 2 | Promoção da igualdade socialGrupo A

ORALIDADE – Timor-Leste: turismo e desenvolvimentoGrupo B

LEITURA – Programa Mós BeleGrupo C

LEITURA – Igualdade entre os géneros, Plano Estratégico de DesenvolvimentoFuncionamento da Língua – Orações subordinadas adjetivas finitas e não finitas

Grupo DESCRITA – Carta de reclamação

Grupo EORALIDADE – Comida do futuro, RTP InformaçãoFuncionamento da Língua – Atos de fala ilocutórios diretos e indiretos

Prática de Língua

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Page 6: Português 12º - Manual do Aluno

4

Consciência ambiental

Subtema 1 | SOS TerraGrupo A

LEITURA – Planeta sem gelo, Robert KunzigORALIDADE – Catástrofes ambientaisFuncionamento da Língua – Valores do pronome pessoal ”se”: passivo, impessoal e inerente

Grupo BLEITURA – Problemas que afetam a floresta, Paulo MaioESCRITA – Relatório de visita de estudo

Grupo CLEITURA – Protesto contra a lentidão das fontes, Mia Couto

Grupo DLEITURA – A destruição das florestas à escala planetária, Carlos SerraORALIDADE – Impacte humano crescenteFuncionamento da Língua – Coesão textual: marcadores discursivos

Grupo ELEITURA – Vulcões, chuvas ácidas e o buraco na camada de ozono

Grupo FLEITURA – Mãe TerraESCRITA – A necessária consciência ambiental

Prática de Língua

Subtema 2 | Salvar o planetaGrupo A

LEITURA – A maldição dos estados ilhéus, Carlos SerraFuncionamento da Língua – Modificador restritivo e apositivo do nome

Grupo BORALIDADE – O documentárioLEITURA – AL Gore

Grupo CLEITURA – A reciclagemESCRITA – A importância da reciclagem

Grupo DLEITURA – Ecologia ganha voz, Courrier International

Grupo ELEITURA – Políticas pelo ambiente

Prática de Língua

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Unidade Temática

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Page 7: Português 12º - Manual do Aluno

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Diversidade linguístico-cultural

Subtema 1 | Terra: um mosaico linguístico-culturalGrupo A

LEITURA – Gastronomia no mundoGrupo B

LEITURA – Ethnologue: Línguas do MundoGrupo C

LEITURA – Duas línguas, vários autoresFuncionamento da Língua – Aspeto verbal

Grupo DORALIDADE – Dominar diferentes línguas aproxima uns e afasta outrosLEITURA – Língua e Identidade de um povo: que relação?, entrevista a Geoffrey HullFuncionamento da Língua – Coesão temporo-aspetual

Grupo EESCRITA – Artigo de opiniãoORALIDADE – Exposição oral

Prática de Língua

Subtema 2 | Em defesa da diversidadeGrupo A

LEITURA – Idiomas em riscoORALIDADE – Google lança projeto de defesa das línguas ameaçadas de extinção, Marta PortocarreroORALIDADE – A língua Uaimoa de Timor-Leste

Grupo BLEITURA – Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, P.E.N. InternacionalFuncionamento da Língua – Formação de palavras: radicais gregos e latinosLEITURA – Não me chames estrangeiro, Rafael AmorFuncionamento da Língua – Adjetivo: casos particulares de flexão em grau

Grupo CLEITURA – Discurso sobre o Fulgor da Língua in Catálogo de Sombras, José Eduardo Agualusa (leitura integral)ESCRITA – Vamos também escrever um Conto

Prática de Língua

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Unidade Temática

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Page 8: Português 12º - Manual do Aluno

6

Apêndice

Conjugação verbalConjunções e locuções conjuncionais Prefixos e sufixos

170172173

Page 9: Português 12º - Manual do Aluno

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos

não é senão uma gota de água no mar. Mas

o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

Page 10: Português 12º - Manual do Aluno

Esta é a Cidade

Esta é a Cidade, e é bela.Pela ocular da janelafoco o sémen da rua.Um formigueiro se agita,se esgueira, freme, crepita,ziguezagueia e flutua.

Freme como a sede bebenuma avidez de garganta,como um cavalo se espantaou como um ventre concebe.

Treme e freme, freme e treme,friorento voo de libélulasobre o charco imundo e estreme.Barco de incógnito lemecada homem, cada célula.É como um tecido orgânicoque não seca nem coagula,que a si mesmo se estimulae vai, num medido pânico.

Aperfeiçoo a focagem.Olho imagem por imagemnuma comoção crescente.Enchem-se-me os olhos de água.Tanto sonho! Tanta mágoa!Tanta coisa! Tanta gente!São automóveis, lambretas,motos, vespas, bicicletas,carros, carrinhos, carretas,e gente, sempre mais gente,gente, gente, gente, gente,num tumulto permanenteque não cansa nem descansa,um rio que no mar se lançaem caudalosa corrente.

Tanto sonho! Tanta esperança!Tanta mágoa! Tanta gente!

António Gedeão

Page 11: Português 12º - Manual do Aluno

Unidade Temática 1 Sustentabilidade económico-social

Desequilíbrios económico-sociaisPromoção da igualdade social

Page 12: Português 12º - Manual do Aluno

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Subtema 1 | Desequilíbrios económico-sociais

GRUPO A

LEITURALeia atentamente o texto.

Somos sete mil milhões

Atualmente os historiadores calculam

que em 1677 a terra tivesse apenas cerca

de 500 milhões de habitantes. Depois de

crescer muito lentamente durante vários

milénios, esse número começava então

a acelerar. Século e meio mais tarde, a

população mundial duplicara para mais de

mil milhões de habitantes. Desde então a

aceleração do crescimento demográfico

tem sido assombrosa. Antes do século XX,

nenhum ser humano assistira à duplicação

da população humana em vida, mas hoje há pessoas vivas que a viram triplicar. No final de 2011, segundo

o departamento da ONU, seremos sete mil milhões.

E esta explosão demográfica, embora em fase de abrandamento, está longe de ter terminado. Não só

vivemos durante mais tempo, como há tantas mulheres em todo o mundo em idade fértil (1,8 mil milhões)

que a população mundial continuará a crescer, pelo menos durante algumas décadas, se bem que cada

mulher tenha agora menos filhos do que sucedia há uma geração. Em 2050, o total de habitantes poderá

explodir até 10,5 mil milhões ou poderá deter-se nos 8 mil milhões: a diferença é de cerca de um filho por

mulher. Os demógrafos da ONU fixam um valor intermédio como a melhor estimativa: neste momento,

preveem que a população possa alcançar 9 mil milhões em 2045. (…)

Com a população ainda a aumentar aproximadamente 80 milhões por ano, é difícil não nos sentirmos

alarmados. Neste momento, na Terra, há aquíferos em remissão, solos desgastados pela erosão, glaciares

fundidos e populações de peixe quase extintas. Cerca de mil milhões de pessoas passam fome todos os

dias. Dentro de algumas décadas, haverá provavelmente mais dois mil milhões de bocas para alimentar,

principalmente nos países mais pobres. Como funcionará então o nosso planeta?

Nos dois séculos que se seguiram às declarações de Malthus, segundo as quais a população não podia

continuar a crescer vertiginosamente, o que sucedeu foi exatamente o contrário.

A generalização de culturas alimentares do Novo Mundo, como o milho e a batata, juntamente com a

descoberta dos adubos químicos, contribuíram para erradicar a fome da Europa. A partir de meados do

século XIX, as redes de esgotos começaram a afastar os resíduos orgânicos humanos da água potável, a

partir de então filtrada e depurada, o que reduziu de forma radical o alastramento da cólera e do tifo.

Além disso, em 1798, no mesmo ano em que foi publicado o ensaio de Malthus, o seu compatriota

Edward Jenner descreveu uma vacina para a varíola – a primeira de uma série de vacinas e antibióticos

1

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Page 13: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 11

que, juntamente com a melhoria da

nutrição e do saneamento básico,

duplicaram a esperança de vida nos

países industrializados, de 35 anos para os

atuais 77 anos. Só um louco consideraria

esta tendência como pessimista: “O

desenvolvimento das ciências médicas foi

a gota de água que fez transbordar o copo”,

escreveu em 1968 Paul Ehrlich, um biólogo

de Stanford, especialista em demografia.

Este biólogo tinha razão ao afirmar que

a população cresceria quando a ciência médica poupasse muitas vidas. Depois da Segunda Guerra

Mundial, os países em desenvolvimento receberam uma súbita transfusão de cuidados preventivos.

A penicilina, a vacina da varíola, o DDT (que, embora mais tarde controverso, salvou milhões de

pessoas de morrerem de malária) apareceram ao mesmo tempo. Na Índia, a esperança de vida subiu

de 38 anos, em 1952, para 64 anos, na atualidade; na China, de 41 para 73. Nos países em vias de

desenvolvimento, milhões de pessoas que teriam morrido na infância sobreviveram e tiveram, elas

próprias, filhos. Foi essa a razão para a explosão demográfica que alastrou a todo o planeta: porque

um grande número de pessoas se salvou.

Gente, gente, gente e mais gente... Sim. Mas também uma sensação avassaladora de energia, de esforço

e de aspiração.Robert Kungiz, National Geographic, janeiro de 2011 (texto adaptado)

Vocabulário

demográfico (l. 9): da população; assombrosa (l. 10): espantosa, incrível, enorme; geração (l. 17): conjunto de pessoas de uma mesma época; demógrafos (l. 19): pessoas que fazem estudos estatísticos das populações humanas; alarmados (l. 22): assustados, inquietos; aquíferos (l. 22): formações geológicas/ rochas que transportam ou contêm água; em remissão (l. 22): em desaparecimento; erosão (l. 22): desgaste do relevo terrestre; glaciares (l. 22): massas enormes de gelo que se formam pela acumulação de camadas sucessivas de neve e que deslizam vagarosamente segundo o declive do terreno; fundidos (l. 23): transformados em líquido, derretidos; Malthus (l. 26): Thomas Malthus (1766–1834), autor do Ensaio sobre a população (1798), no qual desenvolveu uma teoria demográfica: con-cluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado do que o ritmo de crescimento da produção de alimentos; verti-ginosamente (l. 27): precipitadamente, rapidamente; erradicar (l. 29): acabar com, eliminar; cólera (l. 31): grave doença contagiosa, que facilmente se transforma em epidemia, que provoca diarreia, vómitos e cólicas; tifo (l. 31): doença febril, grave, contagiosa, que facilmente se transforma em epidemia; Edward Jenner (l. 33): (1749–1823) médico britânico conhecido pela invenção da vacina da varíola; vacina (l. 33): microrganismo ou substância que, introduzida no corpo de um indivíduo, provoca imunidade para determinadas doenças; varíola (l. 33): doença febril infetocontagiosa, com erupção cutânea, que deixa cicatrizes típicas, bem evidentes; antibióticos (l. 33): substâncias farmacêuticas que impedem que alguns microrganismos debilitem o corpo do ser humano ou dos animais; a gota de água que fez transbordar o copo (l. 41): [expressão idiomática] o fator decisivo; Paul Ehrlich (l. 42): (1854–1915) bacteriologista alemão considerado o pai da quimioterapia; transfusão (l. 46): implementação, introdução; penicilina (l. 47): poderoso antibiótico extraído de um fungo do género Penicillium, com aplicação eficaz no tratamento de várias doenças infeciosas; avassaladora (l. 53): dominadora, enorme.

1. Releia o 1.º parágrafo do texto e a primeira frase do 2.º.

1.1. Selecione e transcreva as palavras ou expressões que transmitem a noção dos diferentes ritmos de

crescimento populacional ao longo dos tempos.

1.1.1. Elabore uma frase que caracterize esse ritmo de crescimento.

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3

3,7

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6,1

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8,38,8

9,2

213 000 pessoas por dia

0,2

1820Ano 1870 1900 1920

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1970

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12 | Sustentabilidade económico-social

2. Estabeleça a relação entre as expressões retiradas do texto e os respetivos significados apresentados na

coluna da direita.

COLUNA A COLUNA B1. “idade fértil” (l. 15) a) Medidas que evitam o aparecimento de doenças.2. “culturas alimentares” (l. 28) b) Água própria para consumo.3. “Novo Mundo” (l. 28) c) Primeiro pesticida moderno, largamente usado após a Segunda Guerra

Mundial para combater os mosquitos transmissores da malária e do tifo. É

prejudicial para a saúde dos seres vivos. Sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano.4. “adubos químicos” (l. 29) d) Lixo de origem vegetal ou animal que é decomposto com facilidade por

microrganismos do solo.5. “redes de esgotos” (l. 30) e) Conjunto de condições sanitárias necessárias para assegurar a qualidade

de vida de uma população (por exemplo, através do abastecimento de

água canalizada, tratamento do lixo, controlo de pragas, etc.).6. “resíduos orgânicos” (l. 30) f) Produtos artificiais para fertilização de terras.7. “água potável” (l. 30) g) Produtos agrícolas consumidos pelo ser humano.8. “saneamento básico” (l. 35) h) Sistemas de transporte de resíduos através de canos e condutas.9. “esperança de vida” (l. 36) i) Continente americano. Expressão que data dos finais do século XV,

aquando da descoberta da América, atribuída pelos europeus, uma vez

que, até então, apenas conheciam a Europa, a África e a Ásia.10. “cuidados preventivos” (l. 46) j) Período da vida em que o ser humano está apto para a reprodução.11. “DDT” (l. 47) k) Número médio de anos que vivem os indivíduos de uma determinada

região e época.

Sobre o texto1. No início do 2.º parágrafo, o autor prevê a continuação do crescimento da população mundial.

1.1. Transcreva a expressão deste parágrafo que estabelece a coesão textual com o parágrafo anterior.

1.2. Refira, por palavras suas, os dois argumentos em que o autor se baseou para realizar essa previsão.

2. O parágrafo seguinte termina com uma pergunta.

2.1. Apresente os factos que motivaram o aparecimento dessa pergunta.

2.2. Refira a função da pergunta, tendo em conta a parte restante do texto.

2.2.1. Indique o recurso expressivo aqui utilizado.

3. O autor explica, a partir do 4.º parágrafo, algumas mudanças e descobertas que permitiram a explosão

demográfica dos últimos séculos.

3.1. Esclareça as alterações verificadas para cada uma das seguintes áreas:

a) alimentação; b) higiene e saneamento; c) saúde; d) esperança de vida.

4. Tenha em atenção o último parágrafo do texto.

4.1. Interprete o sentido de “Gente, gente, gente e mais gente…Sim.” (l. 53)

Page 15: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 13

4.2. Interprete agora o sentido de “Mas também uma sensação avassaladora de energia, de esforço e de

aspiração.” (ll. 53-54).

4.3. Diga qual é a palavra que estabelece a relação entre as expressões transcritas nas duas alíneas anteriores,

explicitando o seu valor.

4.3.1. Indique a classe gramatical a que pertence a palavra indicada na questão anterior.

Para além do texto1. Relembre o conteúdo do texto sobre a explosão demográfica do último século e observe o mapa-mundo

apresentado.

Taxas de crescimento de aglomerados urbanos, 1970-2011

Taxa de crescimento População urbana< 1% 750.000 - 1 milhão1 - 3% 1 - 5 milhões3 - 5% 5 - 10 milhões5% + 10 milhões ou mais

2. Indique os aspetos seguintes:

a) O intervalo de tempo a que diz respeito a taxa de crescimento populacional.

b) A cor que representa a maior taxa de crescimento.

c) Zonas do mundo onde se registou maior taxa de crescimento.

d) Três zonas do mundo onde se registou menor taxa de crescimento.

e) Uma característica comum a toda a população referenciada no mapa.

3. Relacione a taxa de crescimento da China e da Índia com o que é afirmado sobre estes países no texto

trabalhado anteriormente.

ORALIDADE

Consequências do crescimento da população mundial

1. Ouça o editorial de Chris Johns, escrito para o número da National Geographic em que foi publicado o artigo

anterior que leu (de Robert Kungiz), e registe as palavras ou expressões das quais desconhece o significado.

Page 16: Português 12º - Manual do Aluno

14 | Sustentabilidade económico-social

1.1. Esclareça o sentido desse vocabulário junto do professor ou com a ajuda de um dicionário de Língua

Portuguesa.

2. Ouça novamente o texto e responda às seguintes questões.

2.1. Refira o que o autor recorda da sua terra natal.

2.2. Explique a transformação que ocorreu na terra natal do autor, durante a sua vida.

3. A intencionalidade comunicativa do texto centra-se nas consequências do crescimento populacional.

3.1. Registe algumas das consequências enumeradas.

3.1.1. Indique a consequência que considera ser a mais problemática, justificando a sua resposta.

3.1.2. Tal como o autor, relembre uma transformação que tenha ocorrido na sua terra natal e exponha em

que consistiu (pode falar de uma transformação de que teve conhecimento pelos seus familiares).

A oração subordinada substantiva exerce, em relação à oração subordinante, as funções sintáticas

normalmente desempenhadas por grupos nominais – grupo cujo núcleo é um nome (também designado

como “substantivo” na tradição gramatical) – sujeito; complemento de um verbo – complemento direto,

complemento indireto, complemento oblíquo; complemento de um nome ou de um adjetivo.

Observe-se, no exemplo, a oração substantiva destacada a negro:

 > “Os demógrafos esperam que o crescimento populacional continue.”

Esta oração substantiva poderá ser substituída por um grupo nominal:

 > “Os demógrafos esperam a continuidade do crescimento populacional.”

Pode, também, ser substituída pelo grupo nominal “esse facto” ou pelo pronome demonstrativo “isso”:

 > “Os demógrafos esperam isso.”

1. Oração subordinada substantiva completiva finita

Estas orações são habitualmente introduzidas pelas conjunções completivas que e se.

Atente nos exemplos, em que se destacam estas orações a negrito e se apresentam as funções sintáticas que

exercem, do lado direito.

Perturba-me que haja tantos problemas. sujeito [Isso (a existência de tantos problemas) perturba-me.]

O texto revela que muitas pessoas sofrem com fome.Pergunto-me se a fome vai ser eliminada.

complemento direto[O texto revela esse facto (o sofrimento de muitas pessoas causado

pela fome).]

[Pergunto-me isso (se a fome vai ser eliminada).]

O excesso populacional leva a que surjam problemas ambientais.

complemento oblíquo do verbo [O excesso populacional leva a isso (ao surgimento de problemas

ambientais).]

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAOrações subordinadas substantivas finitas e não finitas

Page 17: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 15

Muitas pessoas estão seguras de que os problemas serão resolvidos.

complemento do adjetivo [Muitas pessoas estão seguras disso (da resolução dos problemas).]

2. Oração subordinada substantiva completiva não finita

Estas orações são infinitivas, pois a forma verbal está no infinitivo impessoal (ex.: pensar) ou pessoal (ex.:

pensar, pensares,… – consultar Apêndice de anos anteriores – Conjugação Verbal).

É inquietante pensar(mos) na explosão demográfica.

sujeito [Isso (O pensar na explosão demográfica) é inquietante.]

O autor afirma ser conhecedor profundo deste tema.

complemento direto[O autor afirma esse facto (um conhecimento profundo deste tema.)]

O aluno pediu para sair mais cedo.Nota: “para” é, portanto, também usado para introduzir certas orações substantivas completivas.

complemento direto[O aluno pediu isso (sair mais cedo)]

Os estudos demográficos contribuem para conhecermos [conhecer] a realidade populacional.

complemento oblíquo do verbo (“contribuir” rege/ exige a preposição “para”)

[Os estudos demográficos contribuem para isso (para o conhecimento

da realidade populacional.)]

A ideia de controlar(mos) o crescimento populacional já não é recente.

complemento do nome [Essa ideia (do controlo do crescimento populacional) já não é recente.]

3. Oração subordinada substantiva relativa sem antecedente finita

Estas orações são introduzidas por pronomes relativos: quem; o que; onde; quanto. “Quem” e “Quanto”

podem ser precedidos de preposição. Estas palavras introdutoras não têm nenhum antecedente, ou seja,

não têm nenhuma palavra ou expressão a que se associem.

Palavras que introduzem orações substantivas

relativas – sem antecedente finitas

Funções sintáticas que exercem (semelhantes às

dos nomes)

Quem lê sabe mais e com maior profundidade. sujeito

Justifica sempre (tudo) quanto/ o que fizeres. complemento direto

O Manuel procura quem o ajude nesta tarefa. complemento direto

O Pedro pede livros a quem tiver. complemento indireto

Ele vive onde gosta. complemento oblíquo

Ela compra livros onde calha. modificador do grupo verbal

4. Oração subordinada substantiva relativa sem antecedente não finita

Estas orações são introduzidas: pelos pronomes relativos onde, que, quem, podendo estes dois últimos ser

precedidos de preposição. O tempo verbal destas orações é o infinitivo.

Ele já tem em que pensar. complemento oblíquo (de pensar)

Cf. pp. 47-48 e pp. 68-69 do Manual do Aluno do 11.º Ano.

Page 18: Português 12º - Manual do Aluno

16 | Sustentabilidade económico-social

GRUPO B

ESCRITA

O resumo: A pegada ecológica e os limites do crescimentoLeia atentamente o texto-fonte da coluna da esquerda. Depois de bem compreendido, leia o resumo do mesmo, apresentado na coluna da direita.

Texto-fonte Resumo

A pegada ecológica e os limites do crescimento

Depois de um período mais ou menos longo de euforia em torno do

crescimento económico, e na sequência da problemática ambiental

emergente, iniciou-se um processo de tomada de consciência quanto

à existência real de limites ao crescimento económico. Constatou-se

que é totalmente impossível crescer infinitamente, porque só se tem ao

dispor um único planeta — a Terra, que não é elástica e já se encontra

tão esgotada e depauperada nas suas riquezas naturais, tão seriamente

degradada, danificada e poluída na sequência das mais diversas

manifestações de barbárie ou ignorância humana.

Florestas inteiras foram dizimadas; milhares de rios e lagos foram

desviados, poluídos ou simplesmente mortos; os oceanos foram

sugados até à exaustão, perdendo grande parte da fauna marinha,

1

5

10

Exercícios

1. Considere as orações sublinhadas nas seguintes frases, retiradas do texto “Somos sete mil milhões”.

a) “Atualmente os historiadores calculam que em 1677 a Terra tivesse apenas cerca de 500 milhões de

habitantes.” (ll. 1-3)

b) “Os demógrafos da ONU fixam um valor intermédio como a melhor estimativa: neste momento,

preveem que a população possa alcançar 9 mil milhões em 2045.” (ll. 19-20)

c) “A generalização de culturas alimentares do Novo Mundo, como o milho e a batata, juntamente com

a descoberta dos adubos químicos, contribuíram para erradicar a fome da Europa.” (ll. 28-29)

1.1. Classifique-as.

1.2. Indique a função sintática que cada uma exerce em relação à subordinante.

2. Cada oração abaixo destacada é subordinada substantiva. Complete, para cada uma, a respetiva

classificação.

a) Quero estudar mais sobre o assunto. d) Já encontrei onde pesquisar sobre este tema.

b) Quem é otimista vive melhor. e) Ele não sabe se pode ir.

c) Interessou-me ler este texto. f) Admiro quem reflete sobre estes temas.

Após o entusiasmo com

o crescimento económico,

compreendeu-se que este tem

limites, dado que desencadeia

problemas ambientais. O

planeta tem os recursos

enfraquecidos e está poluído

em consequência das agressões

humanas.

As principais consequências

dessas agressões foram as

seguintes: desaparecimento

Page 19: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 17

e transformaram-se no caixote de lixo do Planeta; o ar tornou-se

praticamente irrespirável em muitas zonas urbanas; as demais espécies

animais foram barbaramente caçadas para alimento, fonte de troféus

ou matéria-prima ou ainda para puro objeto de diversão dos seres

humanos; quantidades impressionantes de gases de estufa foram

lançados para a atmosfera, causando um aquecimento do Planeta e,

consequentemente, o degelo dos glaciares, o aumento do nível das

águas do mar e a perda sem precedentes de biodiversidade; os químicos

entraram na dieta alimentar; a manipulação genética passou a estar na

ordem do dia; e doenças nunca antes faladas emergiram subitamente,

como são os casos das doenças das vacas loucas e da gripe das aves.

(232 palavras)Carlos Serra, Da problemática Ambiental à Mudança,

Escolar Editora, Maputo, 2012 (texto adaptado)

VOCABULÁRIOpegada ecológica (título): marca deixada pelos seres humanos no planeta, tendo em conta os recursos que consomem e o lixo que produzem; euforia (l. 1): entusiasmo; na sequência de (l. 2): no seguimento de; emergente (l. 3): que surgiu recentemente; infini-tamente (l. 5): sem limite; elástica (l. 6): flexível, extensível; depauperada (l. 7): enfraquecida; barbárie (l. 9): brutalidade, violência; dizimadas (l. 10): totalmente destruídas; foram sugados (ll. 11-12): foram esgotados; até à exaustão (l. 12): totalmente, até ao limite; barbaramente (l. 15): cruelmente, brutalmente; troféus (l. 15): quaisquer símbolos de uma vitória; matéria-prima (l. 16): substância de que uma coisa é feita; gases de estufa (l. 17): poluição atmosférica que provoca o aquecimento da superfície da Terra; degelo (l. 19): descongelação, passagem ao estado líquido; biodiversidade (l. 20): conjugação da variedade das espécies e diversidade dos ecossis-temas; químicos (l. 20): substâncias transformadas; dieta alimentar (l. 21): alimentação; manipulação genética (l. 21): processos que alteram os organismos; estar na ordem do dia (ll. 21-22): ser um assunto atual, de interesse público; doença das vacas loucas (l. 23): doença do gado bovino que pode ser transmitida ao ser humano pela ingestão de carne contaminada; gripe das aves (l. 23): doença das vias respiratórias que pode transmitir-se ao ser humano e provocar um alastramento mundial.

1. Atente no 1.º parágrafo e no resumo do mesmo.

1.1. Proceda ao levantamento das expressões ou palavras-chave do primeiro parágrafo do texto original, ou

seja, as palavras que transmitem o sentido essencial.

1.2. Transcreva a expressão que, no parágrafo, transmite a mesma ideia de “tomada de consciência quanto à

existência real de limites ao crescimento económico” (ll. 3-4).

1.3. As duas frases do 1.º parágrafo do texto-fonte deram, também, origem a duas frases no resumo (embora

não tenha de ser rigidamente assim). Com as palavras soltas, destacadas a negrito, complete o esquema abaixo

que pretende ilustrar como foram relacionadas as palavras-chave identificadas no primeiro parágrafo para vir

a produzir um parágrafo mais breve no resumo.

CAUSA // CONSEQUÊNCIA

Crescimento económicoLimites Problemática ambiental

Terra esgotada, poluída Manifestações de barbárie humana

(a)

(b)

de florestas; agressão aos rios;

exploração e poluição dos

oceanos; má qualidade do ar;

extinção de espécies com fins

não justificáveis; aquecimento

pelo efeito de estufa e

consequente degelo; entrada

de químicos na alimentação;

aparecimento de novas

doenças.

(78 palavras)

15

20

Page 20: Português 12º - Manual do Aluno

18 | Sustentabilidade económico-social

1.4. Experimente outras formas de relacionar os elementos-chave assinalados no esquema (e já registados

em 1.1.):

a) reescrevendo a primeira frase do resumo, começando pela consequência;

b) redigindo a segunda frase do resumo, dando destaque, primeiro, à causa.

2. O 2.º parágrafo é constituído pela enumeração de situações, no seguimento de uma ideia expressa no

parágrafo anterior.

2.1. Indique a expressão do 1.º parágrafo que poderia servir de título ao seguinte.

3. No resumo, encontra-se a expressão “com fins não justificáveis”.

3.1. Transcreva as expressões do texto-fonte a que se refere essa passagem.

4. Complete o quadro seguinte que pretende ajudá-lo a perceber os processos usados no 2.º parágrafo para

eliminar informação acessória, condensando a essencial. O objetivo é esclarecer-se acerca de processos de que

nos podemos servir para economizar meios linguísticos na passagem de um texto original para o seu resumo.

Alguns elementos nucleares

Expressões no texto-fonte Substituição no resumoProcesso usado para

contenção

Florestas • “Foram dizimadas” (l. 10) • desaparecimento • Voz passiva > transformação em nome (nominalização)

Rios e lagos •  (a) • agressão •  (b)

Oceanos • “foram sugados até à exaustão, perdendo grande parte da fauna marinha” (ll. 11-12)

•  (c)

•  (d)

• poluição

• Várias orações na voz passiva ou ativa > nominalização

Ar • “tornou-se praticamente irrespirável em muitas zonas urbanas” (ll. 13-14)

•  (e) • Expressão com nome e adjetivo para caracterizar o ar

Animais • “as demais espécies animais foram barbaramente caçadas para alimento, fonte de troféus ou matéria-prima ou ainda para puro objeto de diversão dos seres humanos” (ll. 14-17)

•  (f) • Nome para generalizar o fenómeno

• Expressão para englobar situações de abuso dos animais

5. Releia o texto-fonte a partir do momento em que fala do aquecimento até ao final e, ainda, a parte

correspondente no resumo.

5.1. Retire, dessas últimas linhas, um exemplo de uma expressão do texto-fonte que foi substituída por uma

só palavra (nome ou adjetivo).

Page 21: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 19

6. Para aprofundar o que é o resumo de um texto, leia as informações contidas no esquema que se apresenta.

A – O Resumo: caracterização

O resumo é a fixação das ideias essenciais de um texto. Para resumir um texto, é necessário elaborar

um outro texto abreviado que respeite determinados procedimentos, para transmitir o essencial do texto

original, mesmo a quem não o conheça. Resumir um texto permite estudar e aprender com mais facilidade

e rapidez.

Assim, um resumo, em relação ao texto-fonte, tem de:• condensar, com objetividade, as ideias e factos essenciais;

• manter a ordem das informações e/ou factos;

• respeitar a estrutura e o sentido do texto;

• conservar as características de enunciação, ou seja, utilizar os mesmos tempos verbais e pessoa de enunciação;

• ser um texto estruturado e coeso;

• reduzir a extensão do texto original para cerca de um terço (1/3) das palavras.

B – Elaboração do resumo

Primeira fase – Preparação Segunda fase – Textualização

Compreensão profunda do texto-fonte:

a) ler e compreender genericamente o texto;

b) fazer uma leitura por parágrafos e detetar as

ideias ou factos essenciais, sublinhando ou tomando

notas;

c) anotar as palavras/ expressões-chave;

d) sinalizar, para suprimir no resumo, ideias ou factos

secundários, pormenores, repetições e explicações

de ideias;

e) esquematizar as ideias do texto, tendo em

atenção a introdução, o desenvolvimento e a parte

final do mesmo.

Redação do texto-resumo:

a) respeitar a ordem pela qual as ideias ou factos são

apresentados no texto-fonte;

b) utilizar as palavras/ expressões-chave;

c) transpor para o resumo, quando o texto-fonte os

apresentar, os dados numéricos mais significativos;

d) condensar informação, utilizando expressões mais

sintéticas;

e) transformar discurso direto em discurso indireto,

se o conteúdo for importante;

f) usar conetores para articular frases e parágrafos;

g) condensar as ideias essenciais em cerca de um

terço das palavras do texto-fonte.

C – Revisão do resumo

1. Verificar se foram respeitados os seguintes aspetos:

objetividade; ideias essenciais; utilização das palavras-chave; manutenção da ordem das informações e

de pessoa e tempo de enunciação; generalização de listas e enumerações; extensão recomendada.

2. Verificar se foram evitados aspetos como:

cópia de frases ou expressões; utilização de frases explicativas; manutenção de pormenores, exemplos

e citações.

Page 22: Português 12º - Manual do Aluno

20 | Sustentabilidade económico-social

7. O parágrafo que se segue dá continuidade ao texto-fonte anterior. Leia-o atentamente.

Poucos perceberam que o sinal de rutura no equilíbrio ecológico global aconteceu há poucos anos, mais precisamente em 1986, quando a população mundial atingiu a barreira dos 5 mil milhões de habitantes e se passou a consumir mais recursos do que aqueles que o Planeta poderia fornecer de uma forma sustentável. A pegada ecológica causada pelo Homem, decorrente da combinação da quantidade de recursos naturais utilizados para satisfação das necessidades e da quantidade de resíduos produzidos, tornou-se excessivamente pesada, assumiu contornos perigosos, indiciando que, se nada se fizer para alterar radicalmente semelhante tendência nefasta, amanhã poderá ser tarde de mais.

7.1. Resuma este parágrafo de 100 palavras.

7.2. Proceda, agora, à autocorreção.

LEITURALeia atentamente o texto.

Haverá um número excessivo de pessoas?

Na assembleia geral da PAA, em Dallas, aprendi que a atual

população do planeta caberia no estado do Texas, se este tivesse uma

densidade demográfica tão elevada como a cidade de Nova Iorque.

Esta comparação pôs-me a pensar: se, em 2045, existirem 9 mil

milhões de seres humanos, vivendo nos seis continentes habitáveis,

a densidade demográfica a nível mundial será ligeiramente superior

a metade da densidade da França atual. A França não costuma ser

considerada um lugar infernal. Será o mundo de então infernal?

Algumas regiões do planeta poderão sê-lo: algumas já são infernais na atualidade. Existem hoje 21

cidades com mais de dez milhões de habitantes e, em 2050, haverá muitas mais.

Como é evidente, o número de pessoas é importante. Mas a forma como as pessoas consomem

os recursos importa mais. O desafio fundamental do futuro dos seres humanos na Terra consiste em

sabermos como arrancar mais pessoas da pobreza ao mesmo tempo que reduzimos o impacte de cada

um sobre o planeta.

Segundo o Banco Mundial, em 2030, mais de 1000 milhões de pessoas no mundo menos industrializado

pertencerão à “classe média global”, contra apenas 400 milhões em 2005. Isso é bom. Mas será mau

para o planeta se essas pessoas comerem carne e conduzirem viaturas a gasolina a um nível de consumo

idêntico ao verificado nos EUA. Todavia, não é tarde de mais para mudar a maneira como produzimos

e consumimos alimentos e energia. “Para mim, comer menos carne parece mais razoável do que dizer:

`Tenham menos filhos!’”, comenta Hervé Le Bras.

Há séculos que os defensores dos cenários demográficos pessimistas arremessam avisos apocalípticos

aos otimistas congénitos. Até agora, em termos gerais, a história tem favorecido os otimistas: no entanto,

a história não é um guia infalível para o futuro. Nem a ciência, pois esta não pode prever o resultado do

confronto entre a demografia e o planeta, porque todos os factos do desafio dependem de escolhas que

ainda teremos de fazer e de ideias que ainda nos surgirão. Podemos, por exemplo, segundo afirma Joel

Cohen, “assegurar-nos de que todas as crianças sejam suficientemente bem alimentadas para aprender na

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Desequilíbrios económico-sociais | 21

escola e suficientemente bem educadas para resolver os problemas com que se confrontarem no futuro.”.

Só isso mudaria significativamente o futuro.Robert Kungiz, National Geographic, janeiro de 2011 (texto adaptado)

VOCABULÁRIOPAA (l. 1): Associação Americana de População; Texas (l. 2): um dos 50 estados federados dos EUA, com cerca de 696 241 km²; densi-dade demográfica (l. 3): (o mesmo que densidade populacional) o número de habitantes existentes em cada km2 de um determinado espaço geográfico; infernal (l. 8): insuportável, intolerável; o mundo de então (l. 8): o mundo do futuro; consomem (l. 11): utilizam, gastam; impacte (l. 13): efeitos da ação (de cada indivíduo); classe média global (l. 16): conjunto de pessoas que tem um nível médio de vida; arremessam (l. 21): lançam com vigor; apocalípticos (l. 21): catastróficos, que evocam o fim do mundo; congénitos (l. 22): inatos, nascidos já com determinada característica; infalível (l. 23): que não falha, que não se engana.

Sobre o texto1. Tenha em conta a 1.ª frase do texto.

1.1. Explique, por palavras suas, o que aprendeu o autor.

1.2. Transcreva a oração subordinada substantiva aí presente.

1.2.1. Complete a sua classificação.

1.2.2. Indique a função sintática que desempenha em relação à oração subordinante.

1.3. Complete a frase: “Se a população mundial se transferisse toda para o estado do Texas, este ficaria com

a mesma (a) de Nova Iorque”.

2. Releia atentamente o 3.º parágrafo do texto.

2.1. Identifique as duas grandes medidas que o autor considera que devem ser adotadas para resolver os

problemas associados ao crescimento populacional.

3. Relembre os aspetos a observar para fazer um resumo.

3.1. Indique algumas palavras-chave (ou expressões) do último parágrafo do texto.

3.2. Elabore, agora, o resumo desse parágrafo (deve conter cerca de 40 palavras, uma vez que o parágrafo

contém 118).

GRUPO C

LEITURALeia atentamente o texto.

Situação económica e social de Timor-Leste

Embora o potencial do petróleo e do gás natural seja determinante para o seu desenvolvimento, Timor-

-Leste é ainda um país marcado pela pobreza, mais acentuada nas zonas rurais onde é praticada uma

agricultura de pura subsistência.

A partir de 2004, os indicadores económicos começaram a apontar para uma recuperação da economia

do país, muito devido ao aumento registado na produção de alimentos após a seca de 2002/03. Outro fator

determinante foi o crescimento substancial dos empréstimos bancários ao setor privado, que é sempre um

bom indicador do dinamismo económico.

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Page 24: Português 12º - Manual do Aluno

22 | Sustentabilidade económico-social

Contudo, e apesar dos recursos existentes,

a falta de planeamento adequado e a frágil

organização e preparação técnica dos quadros

técnicos da Administração Pública têm

condicionado a capacidade do Governo em

executar o crescente Orçamento de Estado.

A exploração de petróleo e de gás constitui

um elemento incontornável no contexto

económico timorense, tendo o Governo

lançado um programa ambicioso para um maior

desenvolvimento deste setor. Regista-se, contudo, uma significativa dependência dos referidos recursos

naturais, o que tem motivado um esforço paralelo para a captação de investimento noutras áreas, de

modo a não tornar a economia timorense exclusivamente dependente da exploração de petróleo e gás.

A população de Timor-Leste totalizava, de acordo com o Censo realizado em 2004, 923.200 pessoas,

sendo 49% mulheres, registando um elevado crescimento populacional, a par de um forte êxodo rural que

provoca um aumento da população urbana.

Em 2004, a taxa de alfabetização adulta era de 50,1% (56,3% para os homens e 43,9% para as mulheres).

Um grande número de crianças continua a não frequentar a escola (entre 10% a 30% das crianças com

idade para frequentarem a escola primária) e menos de metade das crianças que entram para a escola

primária completa os seis anos de ensino.

O bom funcionamento dos setores público e privado é dificultado pelos baixos níveis de educação e

de experiência profissional. Esta situação é, em

grande medida, herdada da época da ocupação

indonésia, uma vez que a maioria dos quadros

intermédios e de chefia era ocupada por

indonésios. A partir de 1999, e com a saída da

Indonésia, estes lugares foram ocupados por

internacionais, estando a transferência para

timorenses a processar-se a um ritmo lento.

Desde 2001, regista-se um aumento considerável

da população de Díli, que ascende a 160.000

pessoas. Cerca de 50% da população do país tem menos de 18 anos e o desemprego atinge particularmente esta

população, a qual, em muitos casos, carece de uma preparação adequada para entrar no mercado de trabalho.

Atualmente, 64% da população sofre de insegurança alimentar, resultado da falta de comercialização e

dos baixos níveis de produção de alimentos, consequência dos sistemas de produção utilizados, dos baixos

níveis de tecnologia e das elevadas perdas de culturas, tanto antes como depois das colheitas. Tem-se

verificado igualmente uma má nutrição materna e infantil devido à carência de iodo e vitamina A.http://www.ipad.mne.gov.pt/CentroRecursos/Documentacao/ProgramaIndicativoCooperacao/Documents/PICTimor0710.pdf

(texto adaptado)

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Page 25: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 23

VOCABULÁRIOpotencial (l. 1): conjunto dos recursos; agricultura de subsistência (l. 3): cultivo para sustento próprio; indicadores económicos (l. 4): dados estatísticos a partir dos quais é possível avaliar a situação económica e a sua evolução; setor privado (l. 6): empresas que não pertencem ao Estado; quadros técnicos (ll. 10-11): funcionários especializados numa determinada área; incontornável (l. 15): essencial, fundamental, que não se pode ignorar; ambicioso (l. 17): ousado, que tem objetivos difíceis de alcançar, que exige meios excecionais para a sua concretização; significativa (l. 18): bastante grande; investimento (l. 19): aplicação de capital (dinheiro); Censo (l. 21): re-censeamento da população, registo administrativo para determinar o número dos habitantes de um país, de uma cidade, com discri-minação de sexo, nacionalidade, profissão, etc.; êxodo rural (l. 22): saída das zonas rurais para as zonas urbanas; taxa de alfabetização adulta (l. 24): percentagem de adultos que sabem ler e escrever; quadros intermédios (ll. 31-32): funcionários que se encontram numa posição a meio da estrutura hierárquica; ascende a (l. 38): atinge o valor de; carece de (l. 40): tem falta de, precisa de; nutrição (l. 44): alimentação; iodo (l. 44): substância química cuja carência ou excesso no organismo humano pode ser causa de doença.

Sobre o texto1. A ideia principal do 1.º parágrafo está presente na oração “Timor-Leste é ainda um país marcado pela pobreza” (ll. 1-2).

1.1. Indique a que palavra desta oração se refere o segmento textual “mais acentuada nas zonas rurais onde é praticada uma agricultura de pura subsistência” (ll. 2-3).

1.2. Reescreva o 1.º parágrafo, iniciando-o pela expressão “Apesar de”.

1.2.1. Refira a relação de sentido existente entre a oração transcrita em 1. e a oração iniciada por “Embora”

(l. 1) ou “Apesar de”.

2. O 2.º parágrafo aponta para dois fatores que estão a contribuir para a recuperação do país.

2.1. Refira-os.

3. Esclareça em que medida a estrutura das ideias do 3.º parágrafo se aproxima das ideias já mencionadas no 1.º.

4. Sintetize o conteúdo do 4.º parágrafo numa frase que não exceda as trinta palavras.

5. Atente nos parágrafos 6 a 9.

5.1. Identifique as categorias a que se referem os dados sobre a educação apresentados nos 6.º e 7.º parágrafos.

5.1.1. Indique as consequências decorrentes desses dados, presentes nos dois parágrafos seguintes.

6. Preste atenção à expressão “elevadas perdas de culturas, tanto antes como depois das colheitas.” (l. 43)

6.1. Indique o sentido da palavra sublinhada.

6.2. Escreva uma frase em que aplique a mesma palavra com um sentido diferente.

7. Preencha o seguinte esquema com informação do último parágrafo.

1.º Problema:(a)

Causa 1:(b)

Causa 2:(c)

Causa:(e)

2.º Problema:(d)

7.1. Identifique os três fatores que contribuem para os “baixos níveis de produção de alimentos” (l. 42).

Page 26: Português 12º - Manual do Aluno

24 | Sustentabilidade económico-social

GRUPO D

LEITURALeia atentamente o texto.

Milhões de adolescentes estão a ficar para trás, especialmente em África

NOVA IORQUE, 24 de abril de 2012 – Nos últimos 20 anos, os

adolescentes beneficiaram de progressos importantes em matéria

de saúde pública e educação. Contudo, as necessidades de muitos

deles têm sido negligenciadas – mais de 1 milhão de adolescentes

continuam a morrer anualmente e dezenas de milhões ficam à

margem da educação, afirma um novo relatório da UNICEF lançado

hoje.

O relatório identifica a África subsariana como a região onde os

desafios para a vida dos adolescentes são maiores. A população

adolescente da região continua a crescer, prevendo-se que venha

a ser a maior do mundo em 2050. Porém, apenas metade das crianças na África subsariana completa o

ensino primário e o emprego jovem é muito baixo.

Progressos para as crianças: um balanço sobre os adolescentes destaca outras consequências alarmantes

decorrentes do modo desigual como os progressos têm sido repartidos entre os 1,2 mil milhões de

adolescentes – a faixa etária entre os 10 e os 19 anos, segundo definição das Nações Unidas – que vivem

atualmente em todas as regiões do mundo.

“As desvantagens da pobreza, do estatuto social, do género ou da deficiência impedem milhões de

adolescentes de realizar os seus direitos a cuidados de saúde, à educação, à proteção e participação,”

afirmou Geeta Rao Gupta, Diretora Executiva Adjunta da UNICEF. “Este balanço abrangente reforça o nosso

entendimento sobre os problemas que afetam os adolescentes mais pobres e desprotegidos do mundo. É

tempo de atendermos às suas necessidades, pois não podem continuar a ficar para trás.”.

O relatório aponta para a necessidade de um maior investimento em todos os aspetos da vida e do

bem-estar dos adolescentes, incluindo mesmo a sua luta pela sobrevivência. Todos os anos, 1,4 milhões

de adolescentes morrem em consequência de acidentes de viação, complicações resultantes da gravidez

e do parto, suicídio, SIDA, violência e outras causas. Em alguns países da América Latina, morrem mais

rapazes adolescentes de homicídio do que de acidentes de viação ou suicídio. Em África, as complicações

da gravidez e do parto são a principal causa de morte de raparigas entre os 15 e os 19 anos de idade.

O risco de violência aumenta para as crianças quando entram na adolescência – na passagem da primeira

infância, em que as doenças e a má nutrição são as maiores ameaças. As raparigas são particularmente

vulneráveis à violência no casamento. Segundo um inquérito realizado na República Democrática do Congo,

70 por cento das raparigas entre os 15 e os 19 anos, casadas, afirmaram ter sido vítimas de violência por

parte do atual ou ex-parceiro ou cônjuge.

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Page 27: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 25

Os adolescentes, especialmente as raparigas, são muitas vezes forçados a assumir papéis de adultos

antes de estarem preparados para tal, o que limita as suas oportunidades de aprender e crescer e põe a

sua saúde e segurança em risco. Segundo o relatório, mais de um terço das mulheres entre os 20 e os 24

anos de idade, nos países em desenvolvimento, excluindo a China, aos 18 anos estavam casadas ou viviam

com um companheiro, e, destas, cerca de um terço casou-se aos 15 anos.

As taxas de natalidade nas adolescentes são relativamente elevadas na América Latina, Caraíbas e África

subsariana, afirma o relatório. No Níger, metade das mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os

24 anos teve filhos antes dos 18 anos.

Globalmente, 90 por cento das crianças em idade escolar estão matriculadas no ensino primário e os

sistemas de ensino secundário foram alargados em muitos países. Porém, a frequência no secundário

continua baixa nos países em desenvolvimento, especialmente em África e na Ásia. Muitos alunos com

idade para frequentar o ensino secundário estão na escola primária. A África subsariana tem piores

indicadores em matéria de educação do que qualquer outra região do mundo.

O relatório afirma que são necessários esforços significativos

em termos de advocacy, programas e políticas para realizar os

direitos de todos os adolescentes. A adolescência é uma fase

crucial da infância, na qual um investimento adequado pode

permitir a quebra do ciclo de pobreza e traduzir-se em benefícios

sociais, económicos e políticos para os adolescentes, as

comunidades e os países.

Mas o relatório chama também a atenção para o facto

de que os adolescentes devem ser reconhecidos como

reais agentes de mudança junto das suas comunidades. Os

programas e as políticas, embora protegendo os adolescentes

enquanto crianças, devem reconhecer a sua capacidade para

a criatividade, inovação e energia no sentido da resolução dos

seus problemas.http://www.unicef.pt/artigo (texto adaptado)

Vocabulário

em matéria de (ll. 2-3): no que diz respeito a, quanto a; negligenciadas (l. 4): descuidadas, esquecidas; à margem de (ll. 5-6): fora de; UNICEF (l. 6): acrónimo da expressão inglesa United Nations Children’s Fund – “uma agência das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento. A UNICEF rege-se pela Convenção sobre os Direitos da Criança e trabalha para que esses direitos se convertam em princípios éticos permanentes e em códigos de conduta internacionais para as crianças” (site da UNICEF); África subsariana (l. 8): conjunto dos países do continente africano que se localizam a sul do Deserto do Saara, também designada por África negra; género (l. 17): masculino ou feminino (aqui refere-se naturalmente ao feminino); deficiência (l. 17): insuficiência física ou mental; suicídio (l. 25): tirar a própria vida; SIDA (l. 25): acrónimo da expressão “síndrome de imunodeficiência adquirida” (em Inglês, AIDS); países da América Latina (l. 25): países da América central e do sul; homicídio (l. 26): assassínio, ação de quem mata uma pessoa; vulneráveis a (l. 30): mais facilmente expostas a, mais facilmente alvo de; República Democrática do Congo (l. 30): país da África central; cônjuge (l. 32): marido; assumir papéis (l. 33): desempenhar funções, tarefas, responsabilidades; em risco (l. 35): em perigo; Caraíbas (l. 38): ilhas situadas na América central, de que fazem parte Cuba e a República Dominicana, etc.; Níger (l. 39): país da África central; frequência (l. 42): assistência a aulas; indicadores (l. 45): dados que servem como referência; advocacy [Inglês] (l. 47): apoio, ajuda; traduzir-se (l. 50): concretizar-se; agentes (l. 55): impulsionadores de (mudança), pessoas que praticam algo, que atuam (promovendo a mudança, neste caso); inovação (l. 58): invenção, criação.

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Page 28: Português 12º - Manual do Aluno

26 | Sustentabilidade económico-social

1. O elemento -cídio ou -cida – presente nas palavras “suicídio” (l. 25), “homicídio” (l. 26), genocídio, infanticídio,

fratricídio, matricídio, parricídio, herbicida, fungicida e inseticida – significa “derrubar”, “destruir”, “cortar”, “matar”.

1.1. Identifique o sentido de cada elemento inicial das palavras apresentadas.

1.2. Apresente duas palavras da mesma família de cada elemento sublinhado em infanticídio, fratricídio,

matricídio.

1.3. Complete as frases, selecionando em 1. as palavras adequadas:

a) Na África subsariana, a fome e as doenças afetam de tal forma as crianças que são responsáveis por

autênticos (a) .

b) As zonas pantanosas enchem-se de mosquitos que transmitem doenças ao ser humano. Os (b)

podem ajudar a matá-los e mantê-los mais afastados.

2. O prefixo sub- indica tudo o que está abaixo de, o que é inferior a, como subsariana (ao sul – abaixo – do

Saara), subaquático (debaixo de água) ou subdiretor (aquele que está hierarquicamente abaixo do diretor).

2.1. Esclareça o sentido das palavras abaixo apresentadas, fazendo corresponder as palavras da Coluna A às

definições apresentadas na Coluna B.

COLUNA A COLUNA B1. Subafluente a) Situado por debaixo da cútis/ pele2. Subalimentado b) Localidade situada nas proximidades de uma cidade e dependente desta3. Subchefe c) Rio de categoria inferior4. Subcutâneo d) Manter alguém debaixo do seu poder5. Subentender e) Funcionário hierarquicamente inferior à pessoa que dirige um serviço ou empresa6. Subjugar f) Que se encontra em estado de carência de nutrientes7. Subúrbio g) Perceber o que está implícito

2.2. Apresente duas palavras da família de subúrbio.

Sobre o texto1. Complete a frase apresentada, tendo em conta a leitura do 1.º parágrafo:

O relatório da UNICEF dá conta de que os progressos verificados não foram (a) pois ainda há muitos jovens que

não vão à (b) e não possuem cuidados de (c) , pelo que todos os (d) morre um milhão de adolescentes.

2. Construa uma frase, sintetizando o conteúdo do 2.º parágrafo, que contenha as seguintes expressões: taxa

de natalidade, escolaridade e taxa de empregabilidade.

3. No 3.º parágrafo encontramos uma expressão entre travessões.

3.1. Explicite a razão pela qual se utilizam aqui estes sinais.

3.2. Indique outros processos de marcação no texto que poderiam ser utilizados em alternativa aos travessões.

4. Faça o levantamento dos problemas referidos no 4.º parágrafo, relativamente aos adolescentes.

5. Refira as consequências que advêm desses problemas, apresentadas no 5.º parágrafo.

Page 29: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 27

6. Da generalidade dos adolescentes, destacam-se as raparigas.

6.1. Justifique em que medida a situação das raparigas é mais complicada.

7. No penúltimo e último parágrafos refere-se a necessidade de se resolver os problemas que afetam a juventude a nível mundial.

7.1. Refira-se ao papel que os próprios adolescentes podem desempenhar na resolução dos seus problemas,

de acordo com o relatório.

8. Tendo em conta que as perguntas anteriores foram percorrendo detalhadamente todo o texto, apresente agora a sua estrutura, delimitando e referindo o que consta da sua introdução, como se constitui o seu

desenvolvimento e o que se pode considerar a sua conclusão.

SABIA QUE...

A 20 de novembro de 1959, em reunião da Assembleia Geral da ONU, foi aprovada a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA, da qual se apresentam seis dos dez títulos dos seus princípios gerais:

Princípio I – Direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

Princípio II – Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.

Princípio IV – Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.

Princípio VII – Direito à educação gratuita e ao lazer infantil.

Princípio IX – Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.

Princípio X – Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

Dá-se o nome de cadeia de referência ao conjunto de elementos linguísticos que, num texto, vão remetendo

para outros anteriores e até posteriores, deles dependendo ou a eles referindo e permitindo a ligação

(coesão) das ideias.

Releia as duas primeiras frases do texto:

 > “Nos últimos 20 anos, os adolescentes beneficiaram de progressos importantes em matéria de saúde

pública e educação. Contudo, as necessidades de muitos deles têm sido negligenciadas.” (ll. 1-4)

O pronome sublinhado na segunda frase (“deles”) refere-se aos “adolescentes”, explicitando, deste modo,

que é a este grupo que têm sido negligenciadas as necessidades.

Estas cadeias de referência podem surgir num texto de várias formas:

1. Por anáfora, quando a interpretação de um elemento depende de um antecedente: A referência anafórica

comporta as seguintes formas:

1.1. Anáfora pronominal (como o exemplo apresentado anteriormente)

1.2. Anáfora por repetição:

 > Toda a criança tem direito à educação. Toda a criança tem direito à saúde.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUACoesão textual: cadeias de referência

Page 30: Português 12º - Manual do Aluno

28 | Sustentabilidade económico-social

Exercícios1. Leia as seguintes frases.

Frase A: Cerca de 13 milhões de crianças que vivem na União Europeia (e também na Noruega e Islândia) não têm acesso a elementos básicos necessários para o seu desenvolvimento. Paralelamente, 30 milhões de crianças vivem na pobreza em 35 países economicamente desenvolvidos.

Frase B: Os dados disponíveis provam que um número demasiado elevado de crianças continua a não ter acesso a variáveis de base em países que têm meios para as proporcionar.

Frase C: “O relatório torna claro que alguns governos conseguem muito melhores resultados do que outros

no combate ao problema da privação das crianças”, afirmou Gordon Alexander. http://www.unicef.pt (frases retiradas do artigo)

1.1. Indique o referente do pronome sublinhado na frase B.

1.2. Identifique o pronome que, na frase C, substitui a palavra sublinhada.

1.3. Classifique o tipo de relação anafórica presente nas frases A, B e C.

1.3. Anáfora por sinonímia:

 > Os alunos desta escola são muitos. Cada estudante tem o seu material.

1.4. Anáfora por antonímia:

 > Não é só nos países menos desenvolvidos que há carências no mundo infantil; também em muitos

considerados mais desenvolvidos se verificam situações preocupantes.

1.5. Anáfora por hiperonímia:

 > A SIDA é um dos problemas que afetam os adolescentes. Esta doença já causou a morte a milhões de

pessoas.

1.6. Anáfora adverbial:

 > Em África, as complicações durante a gravidez e o parto constituem um grave problema. Lá, este

problema é a principal causa de morte de raparigas entre os 15 e os 19 anos de idade.

2. Por catáfora, quando um elemento depende de um posterior:

 > Na sua primeira intervenção enquanto Diretora Executiva Adjunta da UNICEF, a Dra. Geeta Rao Gupta

apresentou um balanço sobre os problemas que afetam os adolescentes mais pobres e desprotegidos

do mundo.

3. Por correferência não anafórica, quando os elementos podem identificar o mesmo referente (podem

referir-se à mesma pessoa, entidade…), sem que nenhum dependa do outro.

 > A Diretora executiva Adjunta da UNICEF afirmou que os adolescentes não têm acesso a cuidados de

saúde, à educação, à proteção e participação. A Dra. Getta Rao Gupta demonstrou estar determinada

em dar resposta às necessidades dos adolescentes. Nota: As expressões sublinhadas são correferentes, ou seja, referem-se à mesma pessoa; contudo, só com informação de fora do texto é que podemos ter a certeza se a “diretora executiva Adjunta da UNICEF” é a “Dra. Getta Rao Gupta”.

Page 31: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 29

GRUPO E

LEITURALeia atentamente o texto.

Tem apenas doze anos o miúdo

Tem apenas doze anos o miúdo!

Doze séculos, já, de frustração,

Doze séculos inteiros de absurdo

E poucos, muito poucos de ilusão.

Doze anos num rosto de graúdo

E tantos, já, na luta pelo pão!

Meu menino lindo a quem falta tudo!

Meu menino, meu filho, meu irmão!

Teu corpo frágil move-se na dança

Horripilante dum trabalho duro

C’o a música das máquinas por fundo.

As tuas mãos, pequenas, de criança,

Ganham calos brincando c’o Futuro

Enquanto esperas que melhore o mundo.Fernando Peixoto

http://chavedapoesia.blogspot.pt/2006/02/trabalho-infantil.html

Fernando Aníbal Costa Peixoto (1947-2008), autor, declamador, ator e encenador português, desenvolveu uma intensa atividade cultural e cívica.

VOCABULÁRIOmiúdo (v. 1): (palavra usada em registo informal) rapaz, garoto; frustração (v. 2): deceção, desapontamento; absurdo (v. 3): despropó-sito, vida difícil; ilusão (v. 4): sonho, esperança; graúdo (v. 5): (palavra usada em registo informal) crescido, adulto; Horripilante (v. 10): horrível, medonha; C’o (v. 11): forma reduzida de “Com” (liberdade poética, aproximação da oralidade); calos (v. 13): endurecimento da pele devido ao excesso de trabalho, normalmente pesado.

Sobre o texto1. Atente na 1.ª estrofe.

1.1. Explique a utilização das expressões “doze anos” e “doze séculos”.

1.1.1. Indique o valor de sentido que acrescentam os advérbios “apenas” e “já”.

1.2. Refira a que figura de retórica recorre o poeta, no último verso desta estrofe, para criar contraste com a

expressão “Doze séculos inteiros”.

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30 | Sustentabilidade económico-social

2. Na 2.ª estrofe, o poeta muda a expressão “miúdo” para o antónimo “graúdo”.

2.1. Apresente uma razão que o justifique.

2.2. Comente a afirmação: nos dois versos finais desta estrofe, o sujeito lírico transborda de emoção, afeto e

solidariedade.

3. No 1.º terceto (estrofe de três versos), é bastante significativa a presença de três adjetivos.

3.1. Identifique-os.

3.2. Indique a relação de sentido entre o primeiro e o último.

3.3. Justifique a utilização da palavra “música” no último verso, relacionando com o conteúdo dos dois

versos anteriores.

4. O último terceto funciona como uma conclusão.

4.1. Explique a metáfora “ganham calos brincando c’o futuro” (v. 13), atendendo a toda a composição poética.

4.2. Encontre um nome da família da forma verbal “esperas” que traduz a mensagem deste poema.

4.3. Classifique sintaticamente as orações presentes no último verso.

Para além do textoO texto que agora se reproduz foi motivado pela marginalização racial, atitude que vai contra alguns princípios

da Declaração Universal dos Direitos da Criança, bem como dos Direitos Humanos.

Lágrima de preta

Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar.

Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.

Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.

Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.António Gedeão, Poesia Completa

Page 33: Português 12º - Manual do Aluno

Desequilíbrios económico-sociais | 31

1. Depois de ler o poema, indique o objetivo do sujeito poético com este texto e refira o modo como pretendeu

chegar a esse objetivo.

2. Retire do texto as palavras que estão associadas ao campo lexical da Química e que comprovam que o poeta

tem vastos conhecimentos nesta área.

3. Para cada um dos poemas anteriores, indique os princípios que não foram respeitados da Declaração dos

Direitos das Crianças, acima referidos em “Sabia que…”.

António Gedeão, professor de

Química, foi um poeta português do

séc. XX que dedicou a sua escrita a

causas de justiça e progresso social. O

seu poema talvez mais emblemático e

conhecido é a “Pedra filosofal”.(www.citador.pt/poemas/pedra-

filosofal-antonio-gedeao), por ter sido musicado e cantado (www.youtube.com/

watch?v=9r6FqT7F1sO).

Page 34: Português 12º - Manual do Aluno

32 | Sustentabilidade económico-social

ORALIDADE

DebateLeia o texto seguinte, no qual se apresenta um problema da sociedade timorense atual que necessita de respostas urgentes: o absentismo escolar.

NEM ESCOLA, NEM TRABALHO – O QUE FAZER ÀS CRIANÇAS TIMORENSES?

Não devemos ignorar que os responsáveis de vários setores governamentais alegam que existe um

dilema relativo a “que fazer às crianças que andam na vadiagem nas cidades”. Perguntam se “não será

melhor estarem ocupadas e ganharem algum dinheiro, uma vez que são vadias e não vão à escola. Se

não estiverem ocupadas, é pior porque desatam a fazer malandragem”. Esse mesmo dilema já me

alegaram várias personalidades com responsabilidades governativas, direta ou indiretamente.

É um dilema que não deve existir. Timor-Leste já é independente há uma dezena de anos, tem a

obrigação de já ter desenvolvido medidas que não permitam que crianças em idade escolar andem na

vadiagem, sem frequentarem a escola. Em Díli podemos ver crianças aos magotes abandonadas a si

próprias todo o dia (...). Tanto quanto sabemos e vimos, nada existe que ponha cobro a esta verdadeira

tragédia. O apoio à criança, a proteção à criança, é coisa que praticamente não existe no país. (...) Neste

tempo de governo, o que foi feito seriamente para criar infraestruturas e técnicos que possam dar

resposta às crianças carentes e desprotegidas? (...) Compete ao estado, aos governos, cumprir e fazer

cumprir a Constituição, também no que diz respeito às crianças em Timor-Leste.Ana Loro Metan, 30/11/2011

http://paginaglobal.blogspot.pt/2011_11_30_archive.html(28/06/2012) (texto adaptado)

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VOCABULÁRIOignorar (l. 1): fazer de conta que não sabemos; alegam (l. 1): argumentam; dilema (l. 2): situação em que se é obrigado a escolher entre duas opções, não sendo nenhuma totalmente satisfatória; na vadiagem (l. 2): a vaguear pelas ruas, a passar o tempo, levando uma vida ociosa; vadias (l. 3): vagabundas, que não têm que fazer; desatam (l. 4): (palavra utilizada em registo informal) começam de repente; malandragem (l. 4): asneiras, disparates; aos magotes (l. 8): em grande número, todos juntos; abandonadas a si próprias (ll. 8-9): sozinhas; ponha cobro a (l. 9): ponha fim a, faça terminar, acabe com.

1. Organize um debate, com a participação de todos os colegas, em torno do seguinte tema: deve-se obrigar as

crianças a ir à escola?

Preparação

2. Organize os intervenientes no debate, de acordo com as seguintes categorias:

• Moderador;

• Participantes (um grupo a favor e outro contra);

• Público.

3. Relembre as funções a desempenhar por cada interveniente (cf. Manual do Aluno do 11.º Ano, p. 49).

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Desequilíbrios económico-sociais | 33

4. Recolha informações, dados estatísticos e exemplos que permitam:

• promover o debate (moderador);

• fundamentar a perspetiva a defender (participantes);

• levantar questões sobre as diferentes opiniões apresentadas (público).

Desenvolvimento

5. Respeite os momentos em torno dos quais se organiza um debate (cf. Manual do Aluno do 11.º Ano, p. 48):

• apresentação do tema e explicitação das regras do debate por parte do moderador;

• intervenção dos participantes de acordo com as regras;

• participação do público;

• encerramento e síntese das principais conclusões por parte do moderador.

6. Seja criativo e persuasivo durante as suas intervenções, utilizando as expressões adequadas, tendo em conta

a finalidade comunicativa (explicar, concordar, discordar, argumentar...) (cf. Manual do Aluno do 11.º Ano, p. 49).

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34 | Sustentabilidade económico-social

PRÁTICA DE LÍNGUA

 A Orações subordinadas substantivas finitas e não finitas

Leia atentamente o texto.

Tornar as cidades amigas das crianças

A UNICEF apela aos governos para que coloquem as crianças no centro do planeamento urbano e para que melhorem os serviços e os tornem extensivos a todos.

“Oportunidades”, uma iniciativa que teve início no México, projeto pioneiro na utilização de transferências em dinheiro destinadas a aumentar a capacidade de as famílias mais pobres enviarem os filhos à escola e pagarem os cuidados de saúde, foi mais tarde posta em prática, em maior escala, em zonas urbanas e rurais. Esta experiência revelou-se muito útil, também para os países que seguiram o exemplo do México.

Ao nível global, a UNICEF e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos trabalham em conjunto, há 15 anos, na Iniciativa das Cidades Amigas das Crianças, criando parcerias que visam colocar as crianças no centro da agenda urbana, proporcionar serviços e criar áreas protegidas, a fim de que as crianças

possam ter a infância segura e saudável a que têm direito.http://www.unicef.pt/artigo.php? (texto adaptado)

VOCABULÁRIOplaneamento urbano (l. 1): projetos de melhoria das cidades; extensivos (l. 2): alargados; pioneiro (l. 3): inovador; escala (l. 5): quantidade; parcerias (l. 8): associações, relações de colaboração; agenda (l. 9): conjunto de compromissos; proporcionar (l. 9): oferecer.

1. Reescreva o 1.º parágrafo, substituindo a forma verbal apela pela forma verbal deseja. O parágrafo deve manter a informação que contém.

1.1. Classifique as orações que surgiram subordinadas à nova forma verbal.

1.2. Indique a função sintática que exercem em relação à forma verbal deseja.

2. Preste atenção a cada frase apresentada.

a) Pergunto-te se gostaste do texto.

b) Alguns governos também querem investir no futuro das crianças.

c) Quem beneficia com estes programas será um adulto mais preparado.

2.1. Transcreva a oração subordinada substantiva que cada frase contém.

2.2.  A cada classificação completa apresentada faça corresponder uma oração das alíneas anteriores.

i. Oração subordinada substantiva completiva não finita/ infinitiva.

ii. Oração subordinada substantiva relativa sem antecedente finita.

iii. Oração subordinada substantiva completiva finita.

 B O resumo

1. Elabore o resumo do 2.º parágrafo do texto apresentado no Grupo A (deve conter cerca de 22 palavras, uma vez que o parágrafo contém 66).

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 C Coesão textual: cadeias de referência

Leia atentamente o texto.

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De acordo com a legislação aprovada, em 2005, as receitas provenientes da exploração petrolífera transitaram para o Fundo Petrolífero, para efeitos de capitalização, podendo as mesmas ser utilizadas em casos devidamente justificados, de acordo com procedimentos específicos.

Desde a sua criação, o Fundo Petrolífero assenta em quatro princípios essenciais, dos quais se destaca o 4.º: Alterações permanentes nas receitas irão variar o nível estimado de despesas sustentáveis do Fundo, o que, por sua vez, resultará em ajustes das despesas a médio prazo, de modo a minimizar alterações que venham a perturbar os planos de despesa. Tendo por base o princípio de gestão transparente das receitas petrolíferas, Timor-Leste é consistente com a Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativas (EITI), da qual é um país piloto, tendo abraçado estes princípios antes mesmo da EITI ter existido.

Os Estados Unidos (52%) e a Alemanha (22%) foram os principais compradores do principal bem de exportação timorense com algum significado, o café, enquanto que, do lado das importações, se destacam a Indonésia, Austrália e Singapura, reforçando-se o peso das importações de petróleo e seus derivados, contra o peso dos cereais.

A existência de rendimentos provenientes dos seus recursos naturais poderá garantir a Timor-Leste a base para a sustentação do seu desenvolvimento económico.

Nesse sentido, a continuidade da política de gestão dos recursos naturais é essencial para o desenvolvimento do país e para a melhoria significativa do nível de vida da sua população.http://www.ipad.mne.gov.pt/CentroRecursos/Documentacao/ProgramaIndicativoCooperacao/Documents/PICTimor0710.pdf

(texto adaptado)

VOCABULÁRIOtransitaram (l. 2): passaram; capitalização (l. 2): acumulação de capitais/ verbas, liquidez financeira; receitas (l. 5): quantias recebidas; estimado (l. 5): calculado, previsto; ajustes (l. 6): acertos; minimizar (l. 6): atenuar, suavizar, abrandar, reduzir ao mínimo; perturbar (l. 7): alterar, desequilibrar; consistente com (l. 8): coerente com; piloto (l. 9): inovador, pioneiro, o primeiro a realizar algo; rendimentos (l. 15): lucros, proveitos.

1. Preste atenção ao 1.º parágrafo.

1.1. Identifique uma expressão pronominal aí presente.

1.1.1. Transcreva o referente desse pronome.

1.1.2. Substitua-o por uma expressão sinónima.

1.1.3. Indique o processo anafórico que estaria a utilizar se usasse essa expressão em vez do pronome.

2. Identifique a catáfora presente no 2.º parágrafo.

3. No 3.º parágrafo referem-se cinco países do mundo.

3.1. Apresente um hiperónimo para cada conjunto: Alemanha e Estados Unidos // Indonésia, Austrália

e Singapura.

4. Nos dois últimos parágrafos encontram-se três palavras sublinhadas.

4.1. Indique a relação entre as duas últimas e a primeira.

4.2. Identifique os processos de coesão aí presentes.

Page 38: Português 12º - Manual do Aluno

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Subtema 2 | Promoção da igualdade social

GRUPO A

ORALIDADE

Timor-Leste: turismo e desenvolvimento

1. Ouça atentamente o texto. Esteja particularmente atento aos

conceitos de poluição, fauna, ecoturismo, preservação, sustentabilidade

e património cultural.

1.1.  Clarifique esses conceitos, com a ajuda de um dicionário ou pelo

diálogo com o professor.

2. Ouça novamente o texto e responda às seguintes questões.

2.1. Diga se as afirmações que se seguem são Verdadeiras (V) ou Falsas (F).

a) Timor-Leste tem níveis de poluição muito elevados.

b) O mundo marinho tem de sair do seu estado selvagem para se implementar qualquer projeto turístico.

c) O turismo rural e o ecoturismo constituem-se como duas modalidades turísticas adequadas às

características do país.

d) Os estrangeiros que passaram por Timor-Leste, em situação de guerra, dificilmente retornarão.

e) Os estrangeiros que estiveram no território podem contribuir para atrair novos turistas.

2.2. Comente a afirmação que se segue, de acordo com as informações do texto.

O turismo timorense não se desenvolverá apenas com a atitude acolhedora do seu povo e com a riqueza

do seu património cultural.

3. Refira iniciativas públicas e privadas que poderiam ser levadas a cabo no meio onde reside no sentido de

promover o desenvolvimento do turismo.

3.1.  Explicite de que forma é que essas iniciativas contribuiriam para o desenvolvimento económico da região

onde vive.

GRUPO B

LEITURA

Programa Mós Bele

1. Já ouviu falar do Programa que intitula este grupo? Em caso afirmativo, partilhe com os colegas o que já sabe

sobre esta iniciativa.

2. Leia atentamente o texto.

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Promoção da igualdade social | 37

O Programa Mós Bele (PMB) assume o desafio de

uma intervenção inovadora: um modelo de criação de

valor sustentável, através da integração de diferentes

programas/ projetos de desenvolvimento, executados por

distintos atores sociais, no espaço de intervenção direta no

subdistrito de Maubara, distrito de Liquiçá.

O PMB tem como objetivo geral contribuir para o

desenvolvimento humano equitativo e sustentável das

comunidades em Timor-Leste, promovendo a erradicação

da pobreza e a redução das assimetrias económicas e de conhecimento, para que todas as pessoas exerçam

o direito a uma vida digna. A aplicação dos princípios de respeito pelos direitos humanos, de equidade

de género, de boa governação, de sustentabilidade ambiental e de diversidade cultural são temáticas

transversais a toda a intervenção do PMB.

Numa lógica de envolvimento e corresponsabilização da comunidade-alvo, conta entre os seus órgãos com

o Conselho de Desenvolvimento Local, que acompanha semestralmente a evolução do programa, integrando

o Administrador do Distrito, o Administrador do subdistrito, os chefes de suco, os chefes de aldeia e os

representantes da comunidade local.

O primeiro momento do PMB correspondeu ao período de junho de 2008 a dezembro de 2010 e teve os

seguintes pontos fortes:

• capacitação funcional da comunidade em Português e Tétum;

• Educação Física, com monitores timorenses, para as Escolas Primária e Pré-secundária de Maubara;

• “Frutaria de Maubara”: venda de fruta ao kg, permitindo uma democratização no acesso; renda líquida

mensal superior a 120 USD/ pessoa;

• atividade autónoma de produção e comercialização de compotas: fornecimento continuado ao Hotel

Timor e início de fornecimento à Loja Páteo em Díli; criação de renda líquida mensal superior a 240 USD;

• artesanato – processo de capacitação e

qualificação do trabalho de artesanato de

45 mulheres de Maubara, reconhecido

através do sucesso dos “Produtos Mós Bele”

em Timor, em Darwin e em Lisboa, na Feira

Internacional do Artesanato 2009 e nos Dias

do Desenvolvimento 2009 e 2010;

• artesanato – Loja Kioske Timor: participação

nos Dias do Desenvolvimento 2010, sucesso

no evento Feira de Maubara e faturação de

23.000 USD em 11 meses de atividade;

• Restaurante Tia Janer – Maubara – Cozinha Pedagógica: atividade autónoma a decorrer de forma

sustentável: renda líquida mensal superior a 130 USD/ pessoa;

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Page 40: Português 12º - Manual do Aluno

38 | Sustentabilidade económico-social

•  modelo de envolvimento da comunidade na construção da pousada Biti Bot.

O segundo momento do PMB corresponde ao período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013 e abrange:

i) o fortalecimento de competências relacionais e cívicas, em termos de educação, saúde, nutrição, direitos e

deveres; ii) o fortalecimento de competências laborais; iii) o desenvolvimento de atividades económicas; iv)

a promoção de serviços de Educação e Saúde; v) a qualificação urbanística; vi) a responsabilidade ambiental

e ecoeficiência; vii) a criação da primeira pousada oficial do Turismo de Timor-Leste (Biti Bot); viii) a aplicação

em Oecussi das “boas práticas” da intervenção em Maubara.

A intervenção do PMB tem sido avaliada por diversas entidades como um enorme sucesso, nomeadamente

pelo Governo de Timor-Leste. Maubara tem, gradualmente, tomado consciência de que o seu futuro terá

como pilar estruturante a afirmação da “dignidade e identidade das suas gentes”. A comunidade comenta:

“não tínhamos nada, não tínhamos emprego e dinheiro, os jovens saíam para Díli. As pessoas só cá vinham

para comprar artesanato junto ao forte. Hoje, somos importantes! Todos os dias vêm visitantes a Maubara.

Todas as semanas, alguém importante vem a Maubara. Os jovens regressam para ocupar o seu lugar nas

oportunidades de negócio criadas”. Relatório do Programa Mós Bele – Cluster da Cooperação Portuguesa em Timor-Leste (texto adaptado)

Vocabulário

valor sustentável (l. 3): riqueza, lucro, baseado numa ação que respeita as pessoas e o meio ambiente; atores sociais (l. 5): pessoas/ agentes de diferentes grupos da sociedade; equitativo (l. 8): reto, justo, em que há equidade/ igualdade; erradicação (l. 9): eliminação; assimetrias (l. 10): desigualdades; corresponsabilização (l. 14): divisão da(s) responsabilidade(s) entre duas ou mais pessoas ou enti-dades; comunidade-alvo (l. 14): comunidade que é objeto de intervenção/ em que se desenvolvem as ações; capacitação funcional (l. 20): desenvolvimento de competências elementares (numa determinada língua), para poder realizar várias tarefas quotidianas com mais autonomia; monitores (l. 21): instrutores; democratização (l. 22): generalização, tornando acessível a toda a gente; qualificação (l. 27): ação de dar formação para as pessoas ficarem mais preparadas/ habilitadas para determinadas funções; reconhecimento dessa formação; faturação (l. 35): total do valor das vendas durante determinado período; pousada (l. 39): casa para descansar quando se viaja, estalagem; competências relacionais (l. 41): capacidade de se relacionar com várias pessoas; ecoeficiência (l. 44): equilíbrio entre a eficiência e o impacto ambiental; pilar estruturante (l. 48): base, aquilo que serve de apoio para construir, dar solidez.

1. Do 2.º parágrafo, transcreva dois vocábulos da mesma família.

2. Com base nos processos de formação de palavras, deduza o significado das seguintes:

a) “semestralmente” (l. 15);

b) “capacitação” (l. 20).

3. Releia os excertos que se seguem, retirados do 2.º parágrafo e destinados a enumerar os objetivos do PMB:

a) “contribuir para o desenvolvimento humano equitativo e sustentável das comunidades em Timor-Leste”

(ll. 7-9);

b) “promovendo a erradicação da pobreza” (ll. 9-10);

c) “e a redução das assimetrias económicas e de conhecimento (…)” (l. 10).

3.1. Reformule os objetivos a), b) e c), trocando nomes por verbos da mesma família e vice-versa (podendo

abdicar de/ substituir outros vocábulos adjacentes para a frase manter o sentido).

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Promoção da igualdade social | 39

4. Considere os seguintes segmentos textuais e selecione, para cada um, a hipótese que melhor explicita o seu sentido:

4.1. “Numa lógica de envolvimento e corresponsabilização da comunidade-alvo, conta entre os seus órgãos

com o Conselho de Desenvolvimento Local” (ll. 14-15).

a) O PMB prevê a progressiva atribuição de responsabilidades à comunidade que beneficia das suas ações,

nomeadamente, conta com o Conselho de Desenvolvimento Local como principal parceiro.

b) O PMB prevê que as comunidades locais sintam cada vez mais este programa como seu e partilhem

responsabilidades entre os seus diversos agentes; o Conselho de Desenvolvimento Local é um dos órgãos da

comunidade que, neste espírito, integra o PMB.

4.2. “Maubara tem, gradualmente, tomado consciência de que o seu futuro terá como pilar estruturante a

afirmação da «dignidade e identidade das suas gentes».” (ll. 47-48)

a) A comunidade de Maubara está a perceber que o seu futuro terá de se basear em atividades que possam

ser implementadas e que valorizem a identidade e a dignidade da população – este princípio é fundamental

para construir um futuro melhor para todos.

b) A comunidade de Maubara está a perceber que o seu futuro terá de assentar em atividades que possam

ser implementadas e que consistam na construção de edifícios com bens de utilidade para as suas gentes.

Sobre o texto1. Localize, geograficamente, o campo de ação do Programa Mós Bele (PMB).

2. Explique por palavras suas em que consiste a novidade da ação do PMB.

3. Identifique os pressupostos na base da intervenção do PMB.

4. Considere o Quadro A com a enumeração dos “pontos fortes” do primeiro período do PMB:

Quadro A

Pontos fortes1. “capacitação funcional da comunidade em Português e Tétum” (l. 20)2. “Educação Física, com monitores timorenses, para as Escolas (…)” (l. 21)3. “«Frutaria de Maubara»: venda de fruta ao kg, (…)” (l. 22)4. “atividade autónoma de produção e comercialização de compotas: (…)” (l. 24)5. “artesanato – processo de capacitação e qualificação do trabalho de artesanato de 45 mulheres de Maubara (…)” (ll. 26-28)6. “artesanato – Loja Kioske Timor: participação nos Dias do Desenvolvimento 2010 (…)” (ll. 33-34)7. “Restaurante Tia Janer – Maubara – Cozinha Pedagógica: atividade autónoma a decorrer de forma sustentável (…)” (ll. 37-38)8. “modelo de envolvimento da comunidade na construção da pousada Biti Bot” (l. 39)

Page 42: Português 12º - Manual do Aluno

40 | Sustentabilidade económico-social

4.1. Complete o Quadro B, nele inscrevendo os números correspondentes aos pontos fortes (a retirar do Quadro

A) por baixo de cada “categoria” que os pode abranger (numa eventual síntese ou retoma de informação).

Tenha em conta que pode haver “pontos fortes” relacionados com várias categorias simultaneamente.

Quadro B

Formação Ensino oficial/

desporto

Atividades económicas Cultura e património Construção de

infraestruturasLíngua Recursos

humanos Agricultura Comércio Turismo Restauração Artesanato

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i)

5. Escolha dois campos de ação do PMB perspetivados para o período 2011-2013 e sugira atividades para

cada um cuja realização considere necessária nesses âmbitos (tenha em conta as “categorias” que abarcam as

eventuais atividades – referidas no parágrafo iniciado por “O segundo momento do PMB...”).

6. De entre as afirmações seguintes, escolha aquela que melhor sintetiza a avaliação que tem sido feita do PMB:

a) A intervenção do PMB tem sido considerada fraca, comparativamente aos muitos objetivos definidos à partida.

b) A intervenção do PMB tem sido unanimemente considerada razoável por vários agentes sociais e políticos.

c) A intervenção do PMB tem sido unanimemente considerada excelente por vários agentes sociais e políticos.

d) A intervenção do PMB tem sido considerada muito boa, mas apenas para alguns agentes do poder local.

7. Recolha indícios de discurso oral na transcrição do comentário da comunidade.

8. Sugira uma hipótese explicativa para o facto de a opinião das pessoas ter sido transcrita em discurso direto.

9. Reformule a última parte do texto (ll. 48-52), anulando o discurso direto e mantendo o sujeito de enunciação

do texto anterior bem como o registo em que está escrito. Inicie a frase como indicado abaixo, mantendo as

ideias que a fala das pessoas transmite.

De facto, a comunidade reconhece que houve grandes progressos ao nível de…

10. Ordene os tópicos que se seguem para obter uma síntese da macroestrutura do texto “Programa Mós Bele”

e uma melhor perceção das partes em que se pode dividir.

modos de operacionalização | avaliação | síntese da ação do programa | pressupostos | objetivos |

atividades em agenda | atividades realizadas

Page 43: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 41

GRUPO C

LEITURA

Igualdade entre os géneros

1. Considerando o título acima, troque impressões com o(s) seu(s) colega(s) acerca do que sabe sobre o assunto.

2. Atente na mancha gráfica do texto abaixo, sem o ler, e, com base nessa observação e na sua experiência de

leitor, diga que género de texto supõe que vai ler.

3. Proceda, agora, à leitura do texto.

Para que Timor-Leste atinja o seu potencial pleno é necessário que os nossos filhos e as nossas

filhas possam participar em igualdade na nossa sociedade. Por tradição, homens e mulheres têm tido

papéis diferentes. Todavia, a Constituição de Timor-Leste deixa claro que homens e mulheres devem

ser tratados de forma igual em todos os aspetos da vida. A Constituição garante também proteção

contra discriminação com base no sexo e igualdade de direitos e obrigações na vida familiar, política,

económica, social e cultural.

O compromisso de Timor-Leste para com a igualdade entre os géneros é refletido na forte proporção

de raparigas e rapazes no ensino primário e na proporção de mulheres no Parlamento Nacional, Exército

e Polícia, que está entre as mais elevadas em todo o mundo.

Todavia, os preconceitos tradicionais sobre géneros continuam a afetar todos os aspetos da vida

em Timor-Leste. As taxas de analfabetismo das mulheres adultas são mais elevadas do que as dos

homens e há mais homens do que mulheres no ensino

superior (83 mulheres por cada 100 homens). Embora

tenha sido feito algum progresso, o analfabetismo das

mulheres continua nos 32%, ao passo que o dos homens

está nos 21%. Embora a representação das mulheres

nos Conselhos de Suco seja relativamente alta (devido

a uma quota que estabelece que dois em cada cinco

representantes de conselho têm de ser mulheres),

somente 2% dos Chefes de Suco são mulheres.

As taxas de fertilidade continuam a ser das mais

altas em todo o mundo e, ainda que as estatísticas

estejam a melhorar, continua a haver muitas mulheres

timorenses que morrem durante o parto.

A nossa Taxa de Mortalidade Materna continua a ser

uma das mais elevadas em todo o mundo, sendo que

42% de todas as mortes de mulheres, entre os 15 e os

49 anos, estão relacionadas com gravidez.

1

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Page 44: Português 12º - Manual do Aluno

42 | Sustentabilidade económico-social

VOCABULÁRIOConstituição (l. 3): texto fundamental que regula os direitos e garantias dos cidadãos e a organização política de um Estado; proporção (l. 7): número, expressão que traduz a igualdade entre duas variáveis; preconceitos (l. 10): opiniões formadas antecipadamente, sem fundamento sério ou análise crítica; analfabetismo (l. 11): falta de instrução; quota (l. 18): valor orientador; taxas de fertilidade (l. 21): ou taxas de fecundidade - é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher tem até ao fim do seu período reprodutivo; Taxa de Mortalidade Materna (l. 25): número de mortes de mulheres, por causas relacionadas com gravidez ou parto, registadas em média por mil habitantes, numa dada região num período de tempo; mecanismos institucionais (l. 33): combinação de meios relati-vos às instituições, formas de ação relacionadas com a organização das instituições; campanhas de sensibilização (l. 33): movimentos organizados para divulgar determinando assunto, chamando a atenção das pessoas para isso; marcos legislativos (l. 34): leis que mar-caram, assinalaram determinado período, em relação a certo assunto, por terem sido decisivas, importantes.

Sobre o texto1. O texto enuncia, logo de início, uma condição fundamental para Timor-Leste se desenvolver de forma completa.

1.1. Indique-a.

2. Identifique, no 1.º parágrafo, os dois aspetos que são postos em contraposição.

3. Retire do texto uma evidência de progresso, na prática, relativamente à igualdade de géneros, em Timor-Leste.

4. Localize no texto duas dimensões a melhorar em Timor-Leste na matéria em causa.

5. Pronuncie-se relativamente à impressão/ conhecimento que tem acerca dos problemas que afetam

especificamente as mulheres na sua região.

6. O texto é escrito por um timorense.

6.1. Extraia do texto expressões que corroborem esta afirmação.

Quase 40% das mulheres em Timor-Leste, com mais de 15 anos, já sofreram situações de violência

física. Entre as mulheres casadas, 34% sofreram violência doméstica por parte dos maridos e muitas

não conseguiram obter justiça e compensações pelo seu sofrimento. Desde a independência, têm sido

feitos esforços sérios para corrigir estas desigualdades em termos de géneros, por via de reformas

políticas, legislação, mecanismos institucionais e campanhas de sensibilização do público.

Entre os marcos legislativos encontram-se a Lei contra a Violência Doméstica, as alterações à Lei Eleitoral

para aumentar o número de mulheres candidatas ao Parlamento Nacional e uma Resolução para apoiar

oficialmente a designação de Pontos Focais de Géneros em ministérios e administrações locais.Plano Estratégico de Desenvolvimento, 2011-2030, p. 56

30

35

Page 45: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 43

A oração subordinada adjetiva exerce, em relação à oração subordinante, as funções sintáticas normalmente

desempenhadas por grupos adjetivais: complemento do nome, modificador restritivo do nome, modificador

apositivo do nome.

Estas orações, como as substantivas, podem ser divididas em finitas e não finitas.

A. Oração subordinada adjetiva finita: relativas restritivas e relativas explicativas

1. A oração subordinada adjetiva relativa restritiva inicia-se por um pronome ou por um quantificador

relativo, dependendo sempre de um antecedente, e exerce, em relação a esse antecedente, a função sintática

de modificador restritivo do nome.

Observe-se, no exemplo abaixo, a oração destacada a negro, oração adjetiva relativa restritiva:

“Os preconceitos tradicionais que ainda existem afetam toda a vida social”.

A oração sublinhada poderá ser substituída por um grupo adjetival: “Os preconceitos tradicionais ainda

existentes.”. Além disso, este modificador restritivo serve para restringir, limitar o sentido do antecedente: só

estamos a considerar os preconceitos tradicionais que ainda existem e não outros que existiram no passado,

por exemplo.

Oração subordinada relativa restritiva finita

(sublinhada)

Função sintática exercida pela oração em relação

ao nome

Um dos aspetos legais que vigora em Timor- Leste é

a igualdade entre géneros.

Modificador restritivo[A oração sublinhada pode ser substituída pelo adjetivo

“vigorante/vigente”. O modificador restringe o aspeto legal a Timor.]

2. A oração subordinada adjetiva relativa explicativa inicia-se por um pronome ou por um quantificador

relativo, dependendo sempre de um antecedente, e exerce, em relação a esse antecedente, a função sintática

de modificador apositivo do nome.

Oração subordinada adjetiva relativa explicativa

finita (sublinhada)Nota: Estas orações encontram-se obrigatoriamente entre

vírgulas.

Função sintática exercida pela oração em relação

ao nome

Os conselhos de suco, que governam as aldeias,

têm ainda uma reduzida percentagem de mulheres.

Modificador apositivo do nome[O modificador esclarece o papel dos “conselhos de suco”. É

uma informação adicional.]

B. Oração subordinada adjetiva não finita

As orações subordinadas adjetivas não finitas, como todas as orações não finitas, resultam numa frase em

que o verbo se encontra numa das suas formas não finitas: infinitivo, gerúndio e particípio.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAOrações subordinadas adjetivas finitas e não finitas

Page 46: Português 12º - Manual do Aluno

44 | Sustentabilidade económico-social

Exercícios

1. Releia os seguintes excertos do texto.

a) “O compromisso de Timor-Leste para com a igualdade entre os géneros é refletido na forte proporção

de raparigas e rapazes no ensino primário e na proporção de mulheres no Parlamento Nacional, Exército

e Polícia, que está entre as mais elevadas em todo o mundo.” (ll. 7-9)

b) “(devido a uma quota que estabelece que dois em cada cinco representantes de conselho têm de ser

mulheres)” (ll. 17-19)

c) “continua a haver muitas mulheres timorenses que morrem durante o parto.” (ll. 23-24)

1.1. Identifique os antecedentes dos pronomes relativos sublinhados.

1.2. Identifique qual das orações introduzidas pelos pronomes assinalados tem a função de introduzir

informação adicional.

1.3. Substitua a oração introduzida pelo pronome da frase b) por um adjetivo.

1.3.1. Indique a sua função sintática.

1.4. Classifique as orações das três frases.

2. Preste atenção ao conjunto de expressões (Coluna A) e de frases (Coluna B) que se apresentam abaixo.

2.1. Considere os grupos nominais destacados nas frases da Coluna B e faça corresponder, a cada um,

uma expressão da Coluna A (respeite a concordância gramatical e de sentido).

São adjetivas porque assumem a função sintática de um grupo adjetival face ao nome: modificador restritivo

do nome, modificador apositivo do nome.

Orações subordinadas adjetivas não finitas Função sintática exercida pela oração em relação

ao nome

1. Oração subordinada adjetiva não finita com

particípio (sublinhada)

As taxas de analfabetismo em Timor-Leste,

analisadas à escala mundial, são das mais elevadas.

2. Oração subordinada adjetiva não finita com

infinitivo (sublinhada)

Quando vejo os meninos a pedir esmola, fico triste.

3. Oração subordinada adjetiva não finita com

gerúndio (sublinhada)

A mortalidade, tendo uma taxa muito elevada,

incide especialmente nas mulheres.

As mulheres sofrendo de violência doméstica

devem denunciar essa situação.

Modificador apositivo do nome[O modificador dá uma informação adicional sobre as “taxas de

analfabetismo de Timor-Leste”.]

Modificador restritivo do nome

[O modificador restringe o nome “meninos” aos que são“ pedintes”.]

Modificador apositivo do nome[O modificador dá uma informação adicional sobre a

mortalidade.] Modificador restritivo do nome

[O modificador restringe o nome “mulheres” àquelas que sofrem de violência doméstica.]

Cf. Manual do Aluno do 11.º Ano, pp. 47-48.

Page 47: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 45

GRUPO D

ESCRITA

Carta de reclamação

As iniciativas (públicas ou privadas) em prol do desenvolvimento sustentável, a vários níveis, e qualquer forma de ativismo em que nos possamos envolver estão normalmente associadas a várias formas de intervenção/ ação através da escrita. São disso exemplo alguns géneros de textos escritos que já trabalhou: questionário, carta aberta, artigo de opinião, folheto, cartaz… Um género de texto a que se pode recorrer quando pretendemos apresentar um protesto ou uma reivindicação é a carta de reclamação.

Uma carta de reclamação é um texto escrito num registo formal através do qual apresenta a sua insatisfação relativamente a uma situação/ serviço, propondo alternativa(s) de resolução.

Há problemas que afetam uma pessoa em particular ou toda uma coletividade (localidade, cidade…). No primeiro caso, é aconselhável a redação de uma carta de reclamação. No último, será mais normal recorrer a um género de texto que apareça publicamente (carta aberta, artigo de opinião, por exemplo) ou, em alternativa, poder-se-á escrever também uma carta de reclamação assinada por um coletivo de pessoas organizadas.

Qualquer tipo de carta obedece a uma estrutura externa mais ou menos fixa – cabeçalho, corpo da carta, fecho; a carta de reclamação, sendo formal, assume também algumas particularidades como a indicação do assunto e a eventual enumeração de anexos (cf. Manual do Aluno do 10.º Ano, pp. 73-76, 117-118 e 140-144).

BASTA!

2.2. Encaixe cada uma das expressões apresentadas na Coluna A na frase da Coluna B a que a associou,

fazendo os necessários ajustes de pontuação, de modo a que se obtenha uma frase lógica.

COLUNA A COLUNA B1. baseando-se na palavra da

constituição

a) Rita e Manuela prometem lutar para que os direitos de todos sejam

uma realidade.2. eleitas para o Parlamento

Nacional

b) A jovem Florinda embrenhou-se pelos caminhos do suco.

3. injustiçadas pelos castigos

sofridos

c) O tribunal condenou a violência doméstica exercida pelo marido da

vítima.4. ansiando por diminuir a taxa

de mortalidade

d) Muitas mulheres têm feito esforços para corrigir as desigualdades.

5. a ocultar uma nova gravidez e) A chefe do suco organizou jornadas de saúde para todas as grávidas.

2.3. Classifique as novas orações que incluiu em cada frase.

2.4. Identifique a função sintática de cada uma.

Page 48: Português 12º - Manual do Aluno

46 | Sustentabilidade económico-social

1. Considere as possíveis situações problemáticas abaixo indicadas e aponte a forma de intervenção que lhe

parece mais adequada a cada caso – carta aberta ou carta de reclamação.

a) Falta de luz elétrica na localidade/ distrito (necessidade de fornecimento 24h);

b) Inexistência de saneamento básico (necessidade de implementação);

c) Falhas constantes no abastecimento de luz elétrica na rua;

d) Urgência do tratamento do lixo;

e) Condições mínimas de funcionamento nas escolas do distrito (alerta para melhoria de condições – luz, equipamentos…);

f) Necessidade de determinadas melhorias na escola da localidade;

g) Falta de infraestruturas (escolas, hospitais, estradas, pontes...);

h) Estrada de ligação entre local de residência e local de trabalho em muito mau estado;

i) Violência doméstica no distrito;

j) Trabalho infantil no distrito;

k) Compra de um livro a que faltam páginas.

2. Os parágrafos que se seguem correspondem ao “corpo” de uma carta de reclamação, mas encontram-se

desordenados.

2.1.  Ordene-os.

a) Assim, urge criar uma alternativa à parte da vala que fica sem efeito, por causa da casa em construção – ou embargar a construção desta. Gostaria, pois, de solicitar a V. Exa. um esclarecimento, por escrito, para esta situação, nomeadamente, qual a solução prevista.

b) Como sabemos, a referida vala é imprescindível para o eficiente escoamento de águas, de forma a evitar enxurradas, cuja frequência e consequências nefastas são, infelizmente, frequentes no nosso país e, muitas vezes, devidas a problemas técnicos ignorados ou esquecidos, mas de resolução acessível.

c) Agradeço, desde já, toda a atenção que vier a dispensar a este problema que exponho e que é, aliás, de interesse público.

d) Venho, por este meio, na qualidade de cidadão, morador na rua dos Mochos, n.º 7, Águeda, acusar a falta de funcionamento da vala hidráulica localizada em terrenos na retaguarda da minha residência. Para uma identificação mais precisa do local, envio, em anexo, a respetiva planta de localização e enquadramento na cidade.

e) Acresce que não só a vala tem estado parada como também está a ser construída uma habitação sobre uma parte. Pelo exposto, manifesto a minha preocupação, agora maior, pois, tendo sido autorizada a construção da referida habitação, parece que a vala está a ser ignorada e é preciso assegurar o seu correto funcionamento.

Ordem dos parágrafos: ; ; ; ; .

Page 49: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 47

2.2. Sugira uma redação possível a dar ao “assunto” a constar no início da carta que ordenou.

2.3. Em Portugal, a carta acima foi dirigida à “Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do

Centro”. Refira qual seria o destinatário mais indicado, na sua região, para resolver o problema apresentado.

2.4. Assinale se são Verdadeiras (V) ou Falsas (F) as seguintes afirmações, tendo como referência o exemplo

da carta anterior, e corrija as falsas.

Indicações para redigir uma carta de reclamação V Fa) O autor da carta apresenta primeiramente o seu propósito ao escrever.b) O autor da carta não deve ter a preocupação em provar/ contextualizar o que diz.c) No momento introdutório, é importante mostrar que legitimidade se tem para escrever a carta (se enquanto cliente, paciente, utente, estudante da escola X, etc…).d) São expostos os motivos que levam à reclamação (é caracterizada a situação).e) Mais no final, o remetente não tem de ser claro quanto ao que pretende nem de sugerir formas de resolver o problema.

2.5. Elabore, a partir das afirmações Verdadeiras e das Falsas já corrigidas, um “guião” do que é fundamental

fazer numa carta de reclamação.

3. A seguir encontra alguns excertos retirados de cartas de reclamação.

3.1. Associe cada um dos excertos às categorias listadas abaixo, correspondentes a momentos possíveis/

essenciais na carta de reclamação.

A - Exposição clara e breve do problema e dos factos

B - Pedido de regularização/ proposta de solução da situação

C - O que pensa fazer se o seu pedido não for atendido (sem ser insultuoso)

1) Venho, por este meio, pedir uma informação e manifestar o meu desagrado pela forma como, cada vez mais,

são feitas as inspeções aos veículos e levantadas limitações no que respeita à introdução de modificações em

automóvel particular.

2) Fico a aguardar a substituição da obra por outra sem falhas tipográficas. Não sendo possível, recorrerei à

Editora que fornece a livraria de V. Exa..

3) Passo rapidamente a recordar os antecedentes que motivam a reclamação e o consequente pedido de

análise e de favorável diligência por parte da EDTL. Na noite de 21 para 22 de agosto, houve trovoada na zona

de Metiaut que causou danos em vários eletrodomésticos na minha casa. Como será do conhecimento da

EDTL, houve mais casos semelhantes, causados, portanto, por sobrecarga de tensão na rede elétrica.

4) Assim, considero que a vulnerabilidade da rede a estes fenómenos é imputável à empresa distribuidora.

Como tal, parece-me haver matéria para reconsiderar o caso que apresento que, espero, venha a ter uma

resposta (mais) favorável e sensível.

Page 50: Português 12º - Manual do Aluno

48 | Sustentabilidade económico-social

5) No passado dia 26 de setembro de 2012, dirigi-me à Direção de Transportes Terrestres de Comoro, para a

realização da inspeção ao meu veículo, tal como tenho vindo a fazer anualmente, cumprindo a lei em vigor.

6) Não revelando V. Exa. a disponibilidade expectável para solucionar o problema apresentado, ver-nos-

-emos na contingência de o reportar a uma instância superior. De facto, a nossa escola não poderá continuar

a funcionar normalmente com tantas limitações.

7) Tendo em conta o exposto, fico na expectativa de que V. Exa. mobilize o pessoal competente dos V. serviços

para solucionar este problema, isto é, retificar a fatura e cobrar o justo valor.

4. Considerando o trabalho realizado, escreva uma carta de reclamação sobre uma questão que pretenda ver

resolvida, preferencialmente relacionada com as problemáticas levantadas neste subtema (cf. exemplos na

questão 1).

GRUPO E

ORALIDADE1. Leia silenciosamente o texto, que corresponde à transcrição de uma notícia transmitida na televisão.

Comida do futuro

Apresentadora: Ora, de um investimento, falamos agora de outro; é um investimento na procura da

comida do futuro e há já vários projetos em curso apoiados por Bill Gates. Daniel Catalão?...

Daniel Catalão: Olá! É verdade. Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, com a Fundação

que tem, e juntamente com a mulher, tem-se dedicado a muitos projetos e apoiado e divulgado

projetos que, nomeadamente, pretendem o desenvolvimento humano. Neste caso, agora está

a apoiar e a divulgar projetos para encontrar a comida do futuro. A grande preocupação reside

no facto de a população mundial estar a crescer desmesuradamente e, portanto, vamos já ver

aqui... ia tentar mostrar-vos aqui o site precisamente de Bill Gates, o Gates Notes. Vamos tentar já

mostrar-vos, uma vez que há aqui uma... como vos dizia, uma preocupação em encontrar a comida

do futuro, uma vez que a população está a crescer exponencialmente e a carne é muito... É muito

caro produzir a carne e, portanto, há já muitos projetos que estão à procura de tentar criar outro

tipo de alimentação que possa substituir a carne, uma vez que nos próximos anos a procura de

alimentos vai ser imensa. (…)

“Reportagem”: A maior parte das proteínas que ingerimos provém da carne, mas produzi-la tem um

grande impacto ambiental. Produzir um quilo de carne exige 150 metros quadrados de terreno e 1.500

litros de água, a maior parte para alimentar o animal. Produzir um quilo de bife gera 25 quilos de dióxido de

carbono, o equivalente mais ou menos a conduzir um automóvel durante 150 km. O saboroso parece, assim,

pouco sustentável; por isso, cientistas estão a criar comida alternativa que forneça as mesmas proteínas

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Page 51: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 49

com o mesmo sabor e textura da

carne. São proteínas de base vegetal

que crescem muito mais rápido e

de forma sustentável. Estes novos

vegetais, com sabor a frango, por

exemplo, pretendem responder a um

desafio inevitável – como alimentar

as pessoas de todo o mundo? O

consumo mundial de carne duplicou

nos últimos 20 anos e a expectativa

é que volte a duplicar em 2050.

A evolução das economias permite que as pessoas tenham mais poder de compra e, como tal, maior

possibilidade de fazer refeições com carne. Isso são boas notícias para o desenvolvimento humano, mas

preocupantes para o meio ambiente. De forma simples, Bill Gates, por exemplo, diz que não é possível

produzir carne suficiente para 9 mil milhões de pessoas, mas também não se pode exigir que todos nos

tornemos vegetarianos. Assim, o desafio é produzir as tais alternativas. Há empresas que já produzem

substitutos da carne e dos ovos que têm o mesmo sabor e são saudáveis na mesma.Tarde Informativa, RTP Informação, 26.03.2013

2. Delimite as duas partes do texto: a que corresponde a um oral (quase) espontâneo e a que corresponde a um

texto escrito oralizado (neste caso, lido por algum jornalista a seguir o teleponto).

2.1. Justifique a sua resposta com alguns exemplos do texto.

2.2. Proponha uma hipótese justificativa da classificação “oral quase espontâneo” e não, totalmente, “oral

espontâneo”.

3. Proceda à leitura em voz alta, procurando assumir bem o papel que lhe foi atribuído (entrevistador,

entrevistado, repórter).

4. Emita a sua opinião relativamente a projetos que têm como objetivo encontrar/ desenvolver “comidas do

futuro”, como aquele de que nos fala este segmento televisivo de notícias (refira se já tinha pensado no assunto,

se já tinha ouvido falar, se concorda, razões a favor e contra…).

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Page 52: Português 12º - Manual do Aluno

50 | Sustentabilidade económico-social

Os atos de fala consistem na produção de um enunciado através da linguagem. Mas, para além do enunciado,

existe também da parte do locutor uma determinada força, gerada pela sua intenção comunicativa. A essa

força chama-se força ilocutória. Daí que possamos caracterizar os atos de fala em diferentes tipos de atos

ilocutórios, de acordo com o objetivo da comunicação.

Um ato ilocutório consiste, pois, em realizar, ou pretender realizar, determinado objetivo (promessa,

conselho, pedido, agradecimento, etc.) mediante a produção de um enunciado cujo conteúdo proposicional

se entende em conformidade com a intenção do emissor e num quadro contextual apropriado e é marcado:

• pela força expressa por verbos performativos (ou realizativos - pedir, exigir, ordenar, renunciar, etc.);

• pelo modo do verbo;

• pela ordem de palavras;

• pela entoação;

• por sinais de pontuação;

• por advérbios;

• por interjeições, etc..

1. Tipos de atos ilocutórios

Ato ilocutório Objetivo Concretização textual (escrita ou oral)

Exemplos

assertivo O locutor (emissor) assume o que diz como verdadeiro.

asserções, descrições, constatações, explicações, etc.Verbos utilizados: afirmar, constatar, informar, negar, etc.

– A comida do futuro tem de ser muito diferente da dos nossos dias.

expressivo O locutor (emissor) expressa no conteúdo da sua fala um determinado estado psicológico.

agradecimentos, congratulações, condolências, desculpas, etc.Verbos utilizados: agradecer, felicitar, detestar, lamentar, etc.

– Boa! Vou gostar de ouvir!

compromissivo O locutor (emissor) assume um compromisso em relação a uma ação futura.

promessas, juramentos, ameaças, etc.Verbos utilizados: prometer, garantir, jurar, responsabilizar-se, etc.

– Prometo ajudar-te a preparar a entrevista ao Daniel Catalão.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAAtos de fala ilocutórios diretos e indiretos

Page 53: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 51

Exercícios

1. No texto “Comida do futuro”, temos um pequeno diálogo entre a apresentadora e Daniel Catalão.

1.1. Localize, na primeira fala, a da apresentadora, um ato ilocutório indireto.

1.1.1. Considerando o contexto, explicite a intenção comunicativa implícita.

1.2. Identifique, na fala de Daniel Catalão, os atos de fala (ilocutórios) que predominam, referindo

exemplos.

1.3. Acrescente, ao final desta fala, uma frase que realce um ato de fala compromissivo.

1.4. Elabore uma resposta da apresentadora a esta fala, na qual esteja evidente um ato de fala expressivo.

1.5. Crie um fecho para a entrevista, encontrando, assim, um ato de fala declarativo.

diretivo O locutor (emissor) pretende levar o seu interlocutor a uma ação, seja verbal ou não verbal.

ordens, pedidos, convites, sugestões, etc.Verbos utilizados: aconselhar, mandar, pedir, proibir, etc.

– Vamos procurar os projetos em que está envolvido o Bill Gates.

declarativo O locutor (emissor), através das suas palavras, altera uma determinada situação.

baptismos, casamentos, nomeações, demissões, condenações, etc.Verbos utilizados: declarar, despedir, nomear, etc.

– Muito obrigada, e acaba aqui a entrevista.

2. Atos de fala diretos e indiretos

Atos ilocutórios diretos(a intenção está explícita)

Atos ilocutórios indiretos(a intenção comunicativa está implícita, só em contexto podemos definir o tipo de objetivo)

– Fecha a porta por causa do barulho. – Está aqui muita corrente de ar no estúdio! (normalmente é um pedido para fechar uma porta ou uma janela)

– Diga-me, por favor, onde fica o bar neste edifício.

– Sabe onde fica o bar neste edifício?(o locutor não quer perguntar se o interlocutor sabe, ele quer saber a

localização.)

Page 54: Português 12º - Manual do Aluno

52 | Sustentabilidade económico-social

PRÁTICA DE LÍNGUA

Combater a violência doméstica

A violência doméstica é a forma mais comum de violência, baseada no género, denunciada à polícia em Timor-

-Leste. Um estudo de base em dois distritos timorenses, publicado em 2009, constatou que a violência doméstica

era uma ocorrência “normal” para muitas mulheres timorenses. Este estudo revelou ainda que muitas pessoas

viam a violência doméstica como uma questão privada ou familiar. Para resolver este problema, em 2009, a

violência doméstica foi inscrita no Código Penal, tornando-se, pela primeira vez, um crime punível.

A violência doméstica é assim classificada como um crime público, o que significa que outras pessoas, além

da vítima, têm o poder de denunciar ocorrências de violência doméstica junto da Polícia.

O reconhecimento da violência doméstica como um crime tornou possível ao Parlamento Nacional aprovar

a Lei Contra a Violência Doméstica, em maio de 2010. Esta Lei tem três objetivos:

• Prevenção da violência doméstica;

• Proteção contra a violência doméstica;

• Assistência às vítimas de violência doméstica.

Nos termos do artigo 2.º desta Lei, a violência doméstica significa violência física, violência sexual, violência

psicológica e intimidação económica. Isto inclui ameaças tais como atos intimidatórios, ofensas corporais,

agressão, coação, assédio ou privação de liberdade.

A Lei coloca uma obrigação legal sobre os serviços públicos legais no sentido de:

• Fornecer aconselhamento jurídico;

• Reportar junto da polícia e promotores públicos quaisquer ocorrências de violência doméstica;

• Orientar as vítimas, testemunhas e famílias sobre o andamento dos processos judiciais;

• Contactar os grupos comunitários relevantes para assistir aos sobreviventes de violência doméstica;

• Monitorizar o tratamento dado pela Polícia, Ministério Público e os Tribunais;

• Acompanhar os casos de violência doméstica.

Esta Lei exige formação e sessões de informação ministradas aos Chefes de Suco e Chefes de Aldeia.

Existem já Centros de Apoio nos distritos de Díli, Cova Lima, Oecusse Ambeno e Baucau nos quais as

vítimas podem denunciar os casos de violência doméstica. De acordo com a Lei vigente, centros semelhantes

serão abertos em todos os restantes distritos.Plano Estratégico de Desenvolvimento, 2011-2030, p. 49

VOCABULÁRIOocorrência (l.3): acontecimento, facto sucedido; punível (l. 5): que pode ser penalizado, que merece castigo; denunciar (l. 7): acusar, participar às autoridades; Prevenção (l. 10): Aviso para acautelar, Precaução; intimidação (l. 14): ato de provocar medo; coação (l. 15): imposição; assédio (l. 15): comportamento desagradável e repetitivo que alguém exerce sobre outro mais inde-feso; aconselhamento jurídico (l. 17): esclarecimento sobre direitos e leis; reportar (l. 18): relatar, comunicar; promotores pú-blicos (l. 18): oficiais que exercem as funções do Ministério Público perante os tribunais; monitorizar (l. 21): fazer o seguimento através de meios técnicos, supervisionar; vigente (l. 25): em vigor.

 A Orações subordinadas adjetivas finitas e não finitas

1. Na primeira frase do texto encontramos a expressão “forma mais comum de violência” (l. 1), à qual se seguem

dois modificadores.

1.1. Transforme-os em orações relativas.

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Page 55: Português 12º - Manual do Aluno

Promoção da igualdade social | 53

2. À frase “Este estudo, que é recente, revelou ainda que muitas pessoas viam a violência doméstica como uma questão privada ou familiar, o que exigia rápida tomada de medidas.” (ll. 3-4) foram acrescentadas duas orações adjetivas relativas que se encontram sublinhadas.

2.1. Transforme-as em orações adjetivas não finitas, atendendo aos verbos utilizados.

3. Releia a frase “Isto inclui ameaças tais como atos intimidatórios, ofensas (corporais), agressão, coação,

assédio ou privação de liberdade.” (ll. 14-15)

3.1. Transforme em orações relativas todas as palavras sublinhadas, ficando automaticamente dependentes de “atos”.

4. “Reportar junto da polícia e promotores públicos quaisquer ocorrências de violência doméstica” (l. 18) é um

dos aspetos contemplados na lei.

4.1. Introduza na frase, a seguir a “polícia e promotores públicos”:

a) uma oração adjetiva relativa explicativa;

b) uma oração adjetiva relativa restritiva.

 B Atos de fala ilocutórios diretos e indiretos

1. O hipotético diálogo que a seguir se apresenta, entre um denunciante e um agente da polícia, não está completo.

1.1. Complete-o, de acordo com as indicações fornecidas entre parênteses.

a) Denunciante: Traz-me aqui um assunto muito delicado. Venho informar que no meu suco há muitas mulheres maltratadas.

b) Agente da polícia: Tem a certeza do que está a dizer? Olhe que isso é muito grave!

c) Denunciante: A minha vizinha, (1) (introduzir ato de fala expressivo), ainda ontem passou um mau bocado. Ouvem-se muitos gritos e agora até tem um olho inchado.

d) Agente da polícia: Mas isso há muitas coisas que provocam o inchaço nos olhos. (2) (introduzir ato de fala diretivo)

e) Denunciante: Mas não é só ela. Uma prima minha já esteve duas vezes no hospital e disse sempre que eram acidentes. Eu sempre detestei que ela mentisse e não dissesse a verdade, mas ela tinha medo.

f) Agente da polícia: Infelizmente, é o que costuma acontecer… (O agente toma nota de todos os dados necessários, a partir das indicações do denunciante). A sua denúncia ficou registada. Nós agora vamos fazer a nossa parte – apurar os factos, a sua gravidade… A lei, agora, (3) (introduzir ato de fala assertivo). Obrigado por ter vindo aqui denunciar essas situações.

g) Denunciante: Farei sempre o que puder. Jurei a mim mesmo que havia de ajudar. Já basta o medo que elas têm! Mas alguém tem de falar para que vocês possam averiguar por vocês próprios.

h) Agente da polícia: Agradeço, uma vez mais. Vamos procurar atuar junto das vítimas, em primeiro lugar, e, depois, dos agressores. Imagino que não tenha sido fácil para si vir aqui expor-se, mas fez muito bem. A nossa sociedade precisa dos contributos que cada um puder dar.

1.2. Identifique, das falas que estavam completas, excertos para cada um dos seguintes atos de fala:

a) ato de fala compromissivo;

b) ato de fala diretivo e ato de fala indireto [na mesma alínea, estes dois atos de fala, por esta ordem];

c) ato de fala assertivo e ato de fala expressivo [na mesma alínea, estes dois atos de fala, por esta ordem];

d) ato de fala declarativo.

Page 56: Português 12º - Manual do Aluno

NÃO VALE A PENA PISAR

O capim não foi plantado

nem tratado,

e cresceu. É força

tudo força

que vem da força da terra.

Mas o capim está a arder

e a força que vem da terra

com a pujança da queimada

parece desaparecer.

Mas não! Basta a primeira chuvada

para o capim reviver.Manuel Rui

Page 57: Português 12º - Manual do Aluno

Unidade Temática 2 Consciência ambiental

S.O.S. TerraSalvar o planeta

Page 58: Português 12º - Manual do Aluno

56

Subtema 1 | S.O.S. Terra

GRUPO A

LEITURALeia atentamente o texto.

Planeta sem gelo

A terra já sentiu uma crise como esta.

Porém, não se tratou exatamente da mesma

“febre” planetária: da última vez, há cerca de

56 milhões de anos, o mundo era diferente. O

oceano Atlântico ainda não abrira por completo e

os animais podiam caminhar da Ásia até à América

do Norte, atravessando a Europa e a Gronelândia.

Não haveria um único pedaço de gelo: mesmo

antes de ocorrerem os acontecimentos que

relatamos, a Terra já era muito mais quente do

que na atualidade. No entanto, quando a época Paleocénica deu lugar à Eocénica, o planeta estava a

tornar-se radicalmente mais quente.

A causa foi uma maciça e repentina libertação de carbono. Não se conhece ao certo a quantidade de

carbono injetada na atmosfera durante o Máximo Térmico do Paleocénico-Eocénico, ou MTPE, como

a comunidade científica denomina esse período quente. Mas calcula-se que seria aproximadamente o

volume correspondente ao que seria injetado na atualidade se as sociedades humanas queimassem todas

as reservas de carvão, petróleo e gás natural da Terra. O MTPE durou mais de 150 mil anos, até o carbono

em excesso ser reabsorvido. Produziu secas, cheias, pragas de insetos e algumas extinções. A vida na

Terra sobreviveu (e, em rigor, até prosperou), mas tornou-se drasticamente diferente. Atualmente, as

consequências evolutivas desse pico distante de carbono encontram-se à nossa volta. Na verdade, fazemos

parte delas. E agora somos nós que repetimos a experiência.

De onde veio aquele carbono? Sabemos qual é a fonte dos excedentes de carbono atualmente lançados

na atmosfera: nós. Mas há cerca de 56 milhões de anos não havia seres humanos no planeta. Têm sido

sugeridas muitas origens para o pico de carbono ocorrido durante o MTPE e, tendo em conta o volume de

carbono então libertado, ele teve provavelmente mais do que uma origem. No fim do Paleocénico, a Europa

e a Gronelândia estavam a afastar-se, abrindo o Atlântico Norte, e originando erupções vulcânicas maciças

que poderiam ter gerado a emissão de dióxido de carbono a partir de sedimentos orgânicos presentes no

fundo do oceano, embora provavelmente sem a rapidez suficiente que justifique certas alterações. Fogos

florestais poderão ter queimado depósitos de turfa ao longo do Paleocénico, embora até agora não se

tenha encontrado nas amostras de sedimentos qualquer fuligem resultante desses incêndios. Um cometa

gigante colidindo com rochas calcárias também poderia ter libertado elevados volumes de carbono com

muita rapidez, mas não existem provas diretas desse impacte.

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Page 59: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 57

Desde o século XVIII, a queima de combustíveis fósseis já libertou mais de 300 mil milhões de toneladas de

carbono, provavelmente menos de um décimo do que ainda existe no subsolo ou do que foi libertado durante

o MTPE. Esse episódio não nos diz o que acontecerá à vida na Terra se decidirmos queimar o resto. Talvez

venha a ocorrer um episódio de inovação evolutiva semelhante ao que deu origem aos nossos antepassados

primatas; talvez desta feita, juntamente com outras pressões, venham a registar-se extinções em massa.

O MTPE limita-se a enquadrar a escolha a longo prazo. Dentro de dezenas de milhões de anos, os padrões

de vida na Terra poderão ser radicalmente diferentes do que teriam sido de outro modo e isso dever-se-á

simplesmente ao modo como utilizámos a energia nas nossas vidas durante um punhado de séculos.Robert Kunzig, “Planeta sem gelo”, in National Geographic, maio 2012 (texto adaptado)

VocabulárioGronelândia (l. 7): ilha independente da Dinamarca, considerada a maior do mundo, ao largo da costa nordeste da América do Norte; época Paleocénica (l. 11): período da História Antiga que se situa entre há 65 e 55 milhões de anos; (época) Eocénica (l. 11): período da História Antiga que se situa entre há 55 e 35 milhões de anos; carbono (l. 13): elemento químico que se encontra na natureza e que está presente em quase tudo o que nos rodeia; denomina (l. 15): designa, nomeia, chama a; pragas de insetos (l. 18): grandes quantidades de insetos que atacam plantas ou animais; prosperou (l. 19): melhorou, se desenvolveu, se tornou mais rica; drasticamente (l. 19): radical-mente, totalmente; pico (l. 20): momento de maior concentração (neste caso, de carbono); erupções vulcânicas (l. 26): saídas violentas de matéria libertada por vulcões (gases, cinzas, rochas...); sedimentos orgânicos (l. 27): materiais orgânicos (resíduos animais e vegetais) depositados em camadas; turfa (l. 29): carvão fóssil composto por uma acumulação de vegetais parcialmente decompostos; fuligem (l. 30): matéria preta em forma de pó, resultante de uma queima; cometa (l. 30): astro que gira em volta do Sol e que consiste geralmente num ponto brilhante (núcleo), envolvido por uma nebulosidade (cabeleira), com um rasto luminoso (cauda); colidindo com (l. 31): cho-cando com, batendo contra; calcárias (l. 31): formadas por um mineral cuja composição é o carbonato de cálcio; impacte (l. 32): choque, embate; primatas (l. 37): ordem zoológica a que pertencem o Homem e alguns mamíferos com características que os assemelham a ele; punhado de (l. 40): quantidade de alguma coisa que se pode conter numa mão; alguns (séculos, neste caso).

1. A palavra “febre” (l. 3), no Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, apresenta três aceções: 1. Subida da temperatura normal do corpo; 2. Forte perturbação do espírito; 3. Desejo ardente de obter qualquer coisa.

1.1.  Selecione o sentido que está presente no texto.

1.2. Identifique o elemento ao qual é atribuída a ideia de “febre”.

1.3. Justifique a utilização das aspas.

1.4. Escreva uma frase/ frases para cada uma das outras aceções.

2. A palavra “carbono” é um termo químico que, segundo a Infopédia, constitui a base dos carvões e encontra-se em todas as substâncias orgânicas, e que, puro e cristalizado, constitui o diamante (sistema cúbico) ou a grafite (sistema hexagonal). A palavra terá origem no latim “carbone” que também vem dar origem à palavra “carvão”.

2.1. As palavras que a seguir são apresentadas pertencem à família da palavra “carbono”. Com a ajuda de um dicionário, escreva uma frase para cada uma das palavras assinaladas com X.

a) carbonizar Xb) carburar -c) carvoaria Xd) carburador Xe) carboneto -

3. Na formação da palavra “Paleocénica” (l. 11) existe o radical grego “paleo-” que significa antigo. A seguir apresenta-se uma lista de palavras formadas por este radical e por outros elementos, dos quais se referem alguns sentidos.

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Page 60: Português 12º - Manual do Aluno

58 | Consciência ambiental

3.1. Complete o quadro com os elementos em falta.

Palavra 2.º e 3.º elementos Sentido desses elementosPaleologia -logia palavra, discurso, estudo, tratadoPaleografia -grafia escrita, descrição

Paleogeografia -geo-+

-grafia

a)+b)

Paleoantropólogo -antropo-+

-logo

homem+c)

Paleolítico d) e)Paleozoologia f)

+g)

h)+i)

Paleobiologia j)+k)

l)+

m)

3.2. Indique o sentido das palavras, com base na junção dos sentidos conferidos pelos radicais.

3.2.1. Confirme, consultando um dicionário.

3.3. Identifique, agora, o sentido das palavras geólogo e antropologia.

Sobre o texto

Muitas vezes, precisamos de desenvolver estratégias para detetar e reter as “ideias principais” dos textos

informativos que lemos, “aprendendo” assim com a sua leitura. Uma dessas estratégias pode ser a paráfrase,

parágrafo a parágrafo, da(s) principal(ais) informação(ões) que aí está(ão) a ser veiculada(s). Esta operação

permite-nos também observar a organização do texto, perceber o modo como está estruturado, e dividi-lo

em partes, obter a sua síntese ou resumo. No exercício que lhe propomos de seguida, exemplificamos a

síntese parcialmente feita.

1. Faça corresponder os segmentos de frase da Coluna A aos da Coluna B, de modo a construir frases completas

que, no seu conjunto e por ordem, sintetizam as ideias do texto.Nota: A Coluna A encontra-se organizada de acordo com o texto – siga, portanto, a ordem dessas frases. Preste atenção à pontuação e à estrutura frásica que se obtém depois da junção – uma forma de se exercitar no que diz respeito aos processos de construção e de ligação dentro da frase.

COLUNA A COLUNA B1. Há 56 milhões de anos a configuração dos continentes era diferente: por exemplo,

a) designado pelos cientistas por MTPE, Máximo Térmico Paleocénico-Eocénico.

2. Há provas de que a Terra já teve temperaturas muito mais elevadas

b) a uma transformação em tudo semelhante à que levou ao aparecimento da espécie a que pertence o Homem.

3. Um dos fatores que promove o aquecimento do planeta é

c) motivada pelas ações dos homens.

4. O período em que a Terra atingiu elevadas temperaturas foi

d) a Europa estava ligada à América do Norte.

Page 61: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 59

5. O excesso de carbono que fez aumentar as temperaturas

e) estar na origem, pela sua ação, de uma futura transformação da qual já existem prenúncios.

6. Na atualidade, a origem do excesso de carbono na atmosfera é

f) houve lugar à atividade de vários vulcões que libertaram grandes quantidades de dióxido de carbono.

7. Quando a Europa e a Gronelândia se estavam a afastar,

g) a libertação de carbono em grandes quantidades para a atmosfera.

8. Grandes incêndios e a queda de um cometa h) são hipóteses que se avançam para o aumento de carbono durante o Paleocénico, mas carecem de comprovação.

9. A queima ininterrupta de combustíveis resultantes da fossilização de matéria orgânica poderá levar o planeta

i) do que aquelas que hoje vamos registando.

10. Se épocas houve em que o planeta se modificou, hoje o Homem pode

j) durou mais de 150 mil anos a ser dissipado.

2. Para além do carácter científico, refira a mensagem que poderá transmitir o texto, tendo em conta a

problemática deste subtema: S.O.S. Terra.

Sabia que...

Os combustíveis fósseis são substâncias formadas, em tempos geológicos recuados, por fossilização de matéria orgânica e que se podem combinar com o oxigénio, libertando energia com elevação da temperatura. (…)

Os combustíveis fósseis ocorrem na crusta terrestre sob a forma sólida (carvões), líquida (petróleo bruto) e gasosa (gás natural).

Como recursos naturais não renováveis, os combustíveis fósseis encontram-se próximos do seu esgotamento. No entanto, constituem o recurso energético mais utilizado pelo Homem: cerca de 75% da energia consumida a nível mundial provém dos combustíveis fósseis.

A utilização dos combustíveis fósseis apresenta, contudo, grandes desvantagens não só para o meio ambiente como também para os seres vivos, de uma maneira geral, e para o ser humano, em particular. No caso do petróleo, cujas reservas poderão esgotar-se daqui por 100 anos, as desvantagens prendem-se com a emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono, que é um dos principais poluentes da atmosfera e que contribui para o aumento do efeito de estufa, e da poluição e destruição de ecossistemas aquáticos, devido a acidentes no transporte deste combustível. A utilização do carvão como fonte energética provoca, por sua vez, alterações graves ao nível dos solos, da atmosfera e dos recursos hídricos, principalmente devidas a emissões de dióxido de enxofre que provocam chuvas ácidas e a acidificação dos solos. Assim, o

uso deste recurso é responsável pelo aquecimento global do planeta.In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-17]. (texto adaptado)

Nota: As expressões destacadas a cor correspondem a conceitos que vai encontrar com frequência na temática ambiental.

1. Explique, por palavras suas, por que motivos a utilização de petróleo e de carvão constitui uma ameaça para

o meio ambiente.

Page 62: Português 12º - Manual do Aluno

60 | Consciência ambiental

ORALIDADE

Catástrofes ambientais

Ao longo dos tempos, o Homem tem provocado alguns desastres ambientais, umas vezes porque pretende

alcançar um determinado objetivo e avança sem medir as consequências dos seus atos, outras vezes por

se desleixar e não vigiar de perto o desgaste dos materiais nem acautelar os riscos cujas dimensões são

sempre imprevisíveis.

Exemplos disso são os ataques nucleares sobre o Japão, em Hiroshima e Nagasaqui (1945) ou os desastres

em Chernobyl (1986), na Ucrânia, e Fukushima, no Japão (2011).

1. Observe as imagens sobre os referidos acontecimentos.

1.1. Faça uma pesquisa sobre um destes acidentes e exponha à turma os dados encontrados, orientando-se

pelo seguinte esquema:

• natureza do acontecimento;

• circunstâncias em que ocorreu;

• principais consequências para o Homem;

• consequências para o meio ambiente.

Page 63: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 61

Sabia que...

Hiroshima mon amour (Hiroshima, Meu Amor) é um filme franco-japonês de 1959, do realizador Alain

Resnais, com um roteiro elaborado pela escritora francesa do século XX, nascida no Vietname, Marguerite

Duras. A história é sobre o relacionamento entre uma mulher francesa e um japonês. Foi considerado

como um filme antiguerra. Foi um dos primeiros filmes da nouvelle vague e fez uso inovador do flashback.

Exercícios

1. Leia as frases que a seguir se apresentam.

a) Descobriram-se fósseis dos mais antigos mamíferos perissodáctilos, artiodáctilos e primatas: por

outras palavras, os primeiros membros das ordens onde se incluem, respetivamente, os cavalos, as

vacas e os seres humanos.

O pronome pessoal “se”, para além do valor reflexo e recíproco (cf. pp. 85-86 do Manual do Aluno do 11.º

Ano), pode assumir outros valores, de acordo com o sentido da frase em que se insere.

• Valor passivo

Quando a forma verbal que integra o pronome pessoal “se” se pode substituir por uma forma passiva, diz-se

que tem um valor passivo.

a) “talvez (...) venham a registar-se extinções em massa”(l. 37)/ (talvez) venham a ser registadas

extinções em massa

b) “(…) e isso dever-se-á” (l. 39)/ e isso será devido

(o sujeito continua a ser o mesmo, apesar da transformação da frase ativa para passiva)

• Valor impessoal

Indica que o verbo (no singular) a que está associado tem um sujeito nulo indeterminado (cf. pp. 66-67 do

Manual do Aluno do 11.º Ano). Neste caso, o “se” pode ser substituído pelas expressões “há quem“ ou “há

pessoas que”.

c) Pensa-se que… / Há quem pense que...

d) Mas calcula-se que …/ Há pessoas que calculam que…

• Valor inerente

O pronome “se” com valor inerente é selecionado por alguns verbos, não tendo nenhum dos valores referidos

anteriormente e podendo, quase sempre, omitir-se.

e) Ele riu-se sem saber de quê./ Ele riu sem saber de quê.

f) O barulho acaba-se já!/ O barulho acaba já!

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAValores do pronome pessoal “se”: passivo, impessoal e inerente

Page 64: Português 12º - Manual do Aluno

62 | Consciência ambiental

GRUPO B

LEITURALeia atentamente o texto.

Problemas que afetam a floresta

O estado em que se encontra hoje a floresta

de Timor é grave. As razões não são nenhuma

novidade, mas, devido à complexidade dos

problemas e à sua interligação, as respostas e

ações tardam a surgir.

Segundo o relatório “Forestry Management

Policies and Strategies of Timor Leste”, Timor

tem uma média anual de 1,1% de massa florestal

perdida, quatro vezes maior do que a média global.

Estes dados referem-se ao período entre 1972-

1999, em que se perderam 114.000 ha de floresta densa e 78.000 ha de floresta média, mas quem esteve

em Timor após o referendo e a Independência (2002) sabe que estes números não desceram.

Com esta devastação, também foram libertados da floresta e do solo 2.380,4 Gg de carbono. A desflorestação

em Timor – associada a um regime de chuvas torrenciais e a uma topografia em que 41% da área total do

país tem declives superiores a 40%, bem como uma história geológica recente – causa gravíssimos problemas

de erosão e perda de solos. Estima-se que a perda de solo se cifra nas “26 toneladas por hectare e por ano

(a média mundial é de cerca de 10 ton./ha/ano) que, a manter-se, conduzirá à rutura do abastecimento de

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b) Nove milhões de anos depois de um asteroide embater contra a península do Iucatão, desencadeando

um cataclismo que se acredita ter sido responsável pela extinção dos dinossauros, a Terra parece ter

passado por outro abalo.

1.1. Transforme as formas verbais sublinhadas, de forma a clarificar o valor que o pronome “se” assume

em cada caso.

1.2.  Classifique, para cada situação, o valor do “se”.

2. Reescreva a seguinte frase de modo a utilizar o pronome “se”.

a) Fósseis semelhantes têm sido encontrados na Ásia e na Europa.

3. Identifique o valor dos pronomes sublinhados.

a) Receia-se que os combustíveis fósseis se encontrem perto do seu esgotamento.

b) Os climatologistas não costumam referir-se com frequência a estas previsões catastróficas de longo prazo.

c) Nos dias de hoje, assiste-se à poluição sistemática do ambiente, apesar de se saber que se está a

contribuir para acelerar o processo de degeneração planetária.

Erosão gravíssima na zona de Letefoho, Ermera

Page 65: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 63

água, à baixa da sua qualidade e ao agravamento da

sedimentação terrestre e marinha, cuja dimensão

dos prejuízos é difícil de quantificar em termos

financeiros”. As causas desta enorme perda são a

agricultura itinerante, as queimadas nas encostas

na época seca, o consumo de madeira para o carvão

doméstico, a construção de casas de habitação e,

por fim, o corte ilegal de árvores, nomeadamente de

sândalo, no distrito de Covalima, a preços irrisórios

para Timor Oeste, fruto de uma pobreza extrema.

O futuro não é risonho, já que o crescimento demográfico existente em Timor, particularmente após

o referendo, com as famílias a possuírem em média 6 filhos, aliado a um elevado grau de pobreza,

nomeadamente nas terras altas de montanha, só levarão a uma pressão maior sobre as riquezas florestais,

em busca de lenha e para construção de casas. Este fenómeno far-se-á sentir com mais intensidade junto

dos aglomerados populacionais, locais para onde as populações se deslocam, em busca de mais e melhores

oportunidades. Hoje em dia esse efeito já é por demais evidente em torno da capital, Díli.

Para resolver esta situação, Timor vai precisar da ajuda externa não só financeira como de formação

técnica dos seus quadros, já que são em número insuficiente e a capacidade técnica dos seus recursos

humanos é extremamente reduzida. Aliadas a estes fatores estão uma Lei da Terra, que ainda não resolveu

os limites das terras e quais os donos de muitas áreas, e uma inexistência gritante de dados, como tabelas

de produção, entre outros, para criarem planos de gestão, conservação e proteção dos seus recursos

naturais, de preferência assentes numa plataforma sustentável.Paulo Maio

http://naturlink.sapo.pt/Noticias/Opiniao/content/A-Floresta-em-Timor-Leste-e-o-papel-da-Cooperacao-Agricola-Portuguesa-no-seu-Desenvolvimento (texto adaptado)

VOCABULÁRIOGg (l. 13): símbolo de gigagrama, equivalente a mil toneladas; topografia (l. 14): aspeto morfológico do terreno (plano ou com eleva-ções); declives (l. 15): inclinações acentuadas do terreno; geológica (l. 15): relativo à natureza, forma e origem da terra; se cifra (l. 16): se situa; agricultura itinerante (l. 22): tipo de agricultura que resulta da queima de floresta para preparar a terra e que, no final dessa cultura, muda para outro local; irrisórios (l. 26): ridículos, insignificantes, muito baixos; demográfico (l. 28): populacional; gritante (l. 37): chocante; assentes (l. 39): suportados, sustentados; plataforma (l. 39): conjunto de medidas, decisões.

Sobre o texto

1. O 1.º e 2.º parágrafos estabelecem entre si uma relação estreita.

1.1. Explique essa relação.

1.2. Diga por que razão o parágrafo inicial constitui uma introdução ao texto.

2. Preste atenção ao 3.º parágrafo.

2.1. Indique as razões que levam ao processo de desflorestação aí mencionado.

2.2. Identifique outras situações que, a par da desflorestação, contribuem para a perda dos solos.

2.3. Apresente as principais consequências da erosão dos solos.

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Desflorestação junto ao Ramelau

Page 66: Português 12º - Manual do Aluno

64 | Consciência ambiental

3. O crescimento demográfico é promissor, mas simultaneamente desafia o ambiente.

3.1. Comente a afirmação, com base no 4.º parágrafo e relacionando com o que foi abordado na Unidade

Temática anterior.

4. O último parágrafo inicia-se pela expressão “Para resolver esta situação”, que funciona como ligação aos

conteúdos anteriores.

4.1. Transcreva outra expressão usada no início de um parágrafo que também retoma explicitamente os

conteúdos do parágrafo anterior.

4.2. Sintetize por palavras suas as fragilidades apontadas neste último parágrafo a Timor-Leste.

4.3. Apresente as estratégias de resolução evidenciadas neste último parágrafo.

Para além do texto

Visita de estudo

Para se caracterizarem situações como as apresentadas no texto anterior, é necessária a realização de recolha

de dados no terreno. Propõe-se que a turma participe numa experiência desta natureza, através da realização

de uma visita de estudo. Apresentam-se, abaixo, alguns aspetos orientadores da preparação dessa visita.

Preparação

1. Objeto de estudo – definição da temática que queiram aprofundar.

2. Local da visita – seleção de um local que permita observar o objeto de estudo e recolher dados.

3. Objetivos gerais – definição dos objetivos que justificariam a realização do evento.

4. Disciplinas intervenientes – Para rentabilizar a saída dos alunos, conviria que a visita conjugasse temáticas

de várias disciplinas.

5. Objetivos específicos – em cada disciplina seriam definidos o tipo de participação e os objetivos específicos.

6. Dados a recolher – Nas diferentes disciplinas, os alunos deverão, com base nos objetivos definidos, decidir

quais os dados que pretendem recolher (ex.: recolha de materiais, de testemunhos orais, de imagens, etc.) e de

que forma os podem obter (ex.: podem elaborar uma série de perguntas para colocarem aos habitantes locais,

no sentido de recolher um leque variado de informações).

7. Contactos institucionais – Alguns alunos comunicariam com as autoridades do local a visitar, no sentido

de pedir autorização para a visita, indicar os objetivos da visita e verificar a possibilidade de arranjar guias que

pudessem dar esclarecimentos sobre o local.

8. Transporte – A turma (ou a escola, no caso de a visita se realizar para todas as turmas do 12.º Ano), em

contacto com as autoridades da sua zona, procuraria providenciar um transporte que possibilitasse a participação

do maior número possível de alunos. O pedido de transporte deverá ser sempre justificado através de uma cópia

do projeto a desenvolver.

Page 67: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 65

ESCRITA

Relatório de visita de estudo

Depois de realizada a visita de estudo, irá proceder à elaboração do seu relatório (na disciplina de Português, mas

com o auxílio das outras disciplinas intervenientes, nomeadamente através da realização de sínteses relativas a

aspetos específicos).

1. Faça uma leitura atenta deste esquema que apresenta a estrutura possível para organizar a informação num

relatório de uma visita de estudo.

Relatório de visita de estudoUm relatório é um texto que descreve de forma mais pormenorizada ou mais sintetizada (de acordo com o objetivo ou as indicações do professor) o que se observou, recolheu e analisou no local visitado.

Introdução

• Identificar o local, a data, o autor do relatório, a composição do grupo.

• Apresentar os objetivos da visita de estudo.

Corpo

• Descrição objetiva do local visitado.

• Descrição das atividades realizadas.

• Grau de satisfação em relação à visita de estudo (se correspondeu às expectativas, se foi bem

orientada, etc.).

• Modo como decorreu a visita (como foram recebidos, qual foi o comportamento dos visitantes, etc.).

Conclusão

• Considerações gerais, realçando os aspetos mais importantes.

• Sugestões a ter em conta em futuras visitas.

Page 68: Português 12º - Manual do Aluno

66 | Consciência ambiental

2. Leia o relatório abaixo.

Relatório de Visita de Estudo ao Oceanário de Lisboa e ao Pavilhão do Conhecimento

No dia 30 de outubro de 2008, as turmas 9, 10 e 13 do 11.º ano realizaram uma visita de estudo a Lisboa, acompanhadas pelos professores das duas disciplinas envolvidas (Geografia e Português). No âmbito da disciplina de Português, o principal objetivo era a sensibilização dos alunos para o estudo do Sermão de Santo António, do Padre António Vieira. Quanto à Geografia, dois grandes objetivos foram definidos: desenvolver atitudes que proporcionem a compreensão da relação do Homem com a Natureza e incrementar a curiosidade geográfica como promotora da educação para a cidadania.

Em primeiro lugar, ao fim de alguns minutos de espera à entrada do Oceanário de Lisboa, as turmas foram divididas em dois grupos. A nossa turma, o 11.° 9, começou a sua visita com uma apresentação sobre o Sermão de Santo António e algumas espécies marinhas nele referidas, tendo o nosso guia explorado as virtudes e os defeitos de cada um dos peixes aí nomeados.

De seguida, a turma percorreu a zona inferior das instalações do Oceanário, onde pôde encontrar as mais diversas espécies da fauna marinha. O grupo passou, depois, ao andar de cima, onde visualizou o aquário central numa outra perspetiva. Neste mesmo piso, além do aquário, viu réplicas do habitat natural dos pinguins, das lontras e de algumas aves aquáticas.

Concluída a visita ao Oceanário, os alunos seguiram para uma escola próxima, onde almoçaram.Após recarregarem baterias, os alunos seguiram para o Pavilhão do Conhecimento, onde tiveram

oportunidade de realizar diversas experiências que lhes permitiram aprofundar os seus conhecimentos sobre a ciência, de uma forma divertida. No patamar inferior, havia experiências deveras interessantes cujo tema era o espaço e, no superior, exploravam-se as ilusões de ótica, entre muitas outras coisas.

Finalmente, houve ainda algum tempo para ir ao Centro Comercial Vasco da Gama, à loja do Oceanário ou simplesmente passear pelo Parque das Nações. Achamos que a turma se portou, globalmente, de forma adequada, mostrando algum empenho e interesse nas atividades em que participou e procurando aperfeiçoar o relacionamento entre os seus elementos. À hora marcada, todos se encontraram no local combinado, para esperarem pela camioneta que os levaria rumo ao Norte.

Na nossa opinião, esta visita de estudo teve vários aspetos positivos. Salientamos o facto de todos terem tido a oportunidade de visitar a capital, de terem ficado com uma ideia mais clara das características das espécies que aparecem na obra que vai ser estudada em Português (o Sermão de Santo António), de terem aperfeiçoado os seus conhecimentos científicos e de terem tido também a oportunidade de conhecer

melhor os colegas e professores participantes na atividade.in Primeiro Toque, jornal da Escola Secundária de Gondomar (texto adaptado)

2.1. Preencha a tabela abaixo, retirando elementos do texto maioritariamente relativos à sua Introdução, de

acordo com o esquema apresentado anteriormente.

Local da visita a) Data da visita b) Autor do relatório Aluno(s) do 11.º 9 (informação presente no 2.º parágrafo, a provar a flexibilidade da

organização do texto)Composição do grupo c)

Page 69: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 67

Objetivos da visita Português:

- Sensibilização dos alunos para o estudo do Sermão de Santo António, do Padre António Vieira.

Geografia:

- d)

- e)

2.2. Tendo em consideração os tópicos que, normalmente, constam do Corpo e da Conclusão de um relatório

de visita de estudo, indique em quais dessas categorias se enquadram as seguintes passagens:

a) “A nossa turma, o 11.° 9, começou a sua visita com uma apresentação sobre o Sermão de Santo António

e algumas espécies marinhas nele referidas, tendo o nosso guia explorado as virtudes e os defeitos de cada

um dos peixes aí nomeados.”

b) “Salientamos o facto de todos terem tido a oportunidade de visitar a capital,”

c) “De seguida, a turma percorreu a zona inferior das instalações do Oceanário, onde pôde encontrar as

mais diversas espécies da fauna marinha.”

d) “Achamos que a turma se portou, globalmente, de forma adequada, mostrando algum empenho e interesse

nas atividades em que participou e procurando aperfeiçoar o relacionamento entre os seus elementos.”

3. Complete as colunas da seguinte tabela, fazendo, dessa forma, uma recolha criteriosa de vários “recursos linguísticos”,

presentes no relatório acima, os quais poderá utilizar para a redação de um “relatório de visita de estudo”.

Expressões para distinguir as disciplinas/ assuntos

Expressões para dar uma sequência temporal/

ordenar e situar no tempo

Formas de identificar objetivos

Expressões indicadoras de opinião pessoal

• “No âmbito da disciplina de Português”• (a)

• “Em primeiro lugar”• (b)

• (c)

• (d)

• (e)

• (f)

• (g)

• (h)

• Uso do infinitivo: (i)

• Uso de nomes: (j)

• “Achamos”• (k)

• (l)

4. Elabore um relatório da sua visita de estudo, orientando-se pelo esquema apresentado (poderá fazer algumas

alterações, pois a organização do texto não é rígida).

 > Sugere-se que faça primeiro um plano, adequando-o à informação que pretende transmitir e anotando

algumas palavras-chave relativas aos elementos que quer abordar.

 > Acompanhe a redação do texto de uma revisão constante e, no final, volte a rever o seu texto, considerando

não só os parâmetros que caracterizam globalmente um relatório de visita de estudo, mas também aspetos

como a organização em parágrafos, a construção frásica, a pontuação, a ortografia.

Page 70: Português 12º - Manual do Aluno

68 | Consciência ambiental

GRUPO C

LEITURALeia atentamente o texto.

Protesto contra a lentidão das fontes Vazaram-se as luas da savana ossadas pálidas emigraram dos corpos para o chão ajoelharam-se os bois exaustos de carregarem o sol

Escureceram as horas nomeadas pela fome extinguiu-se o sangue da terra esvaiu-se o leite num coágulo de saudade

Restam troncos sustendo gemidos mães oblíquas sonhando migalhasmendigando crenças para salvar os filhos já quase terrestres

Quem protege estes meninos feitos da chuva que não veio? Que casa lhes havemos de dar?

Amanhã quando se entornarem os cântaros do céu as aves voltarão a roçar a lua e as cigarras de novo espalharão seu canto

Mas dos meninos talhados a golpes de poeira quantos restarãopara saudar o amanhecer dos frutos?

Mia Couto, in Raiz de Orvalho

VOCABULÁRIOVazaram-se (v. 1): desapareceram, esgotaram-se, acabaram; savana (v. 1): grande extensão de terreno com predominância de ar-bustos e algumas árvores, capaz de suportar grandes períodos de seca, característica dos climas tropicais; ossadas (v. 2): esqueletos; pálidas (v. 2): desmaiadas, sem vida, sem ânimo; exaustos (v. 5): cansados, esgotados; nomeadas (v. 7): marcadas; extinguiu-se (v. 8): apagou-se, desapareceu; esvaiu-se (v. 9): esgotou-se; coágulo (v. 10): bocado de líquido que engrossa, formando uma massa quase sólida; sustendo (v. 12): reprimindo, soltando de forma contida; oblíquas (v. 13): inclinadas; migalhas (v. 13): pequenas quantidades; mendigando (v. 14): suplicando; crenças (v. 14): aquilo em que se acredita; entornarem (v. 20): virarem, derramarem, despejarem; cântaros (v. 20): vasos grandes para líquidos; roçar (v. 21): tocar levemente; cigarras (v. 22): insetos que prejudicam a agricultura e produzem sons estridentes; talhados (v. 24): cortados, abatidos; poeira (v. 24): pó; saudar (v. 26): dar as boas-vindas.

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Quadro de Malangatana (Pintor moçambicano, Valente Malangatana Ngwenya nasceu a 6 de junho de 1936, em Matalana, no sul de Moçambique, e faleceu a 5 de janeiro de 2011. Essencialmente autodidata, é hoje um dos artistas africanos mais conhecidos internacionalmente. O seu trabalho revela uma forte influência das suas raízes africanas.)

Page 71: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 69

Sobre o texto1. Preste atenção à 1.ª estrofe do poema.

1.1.  Transcreva as formas verbais que se encontram na estrofe.

1.2.  Identifique a relação de sentido presente entre as duas primeiras formas.

1.3.  Torne explícita a ideia contida nos 2.º e 3.º versos.

1.4.  Refira o motivo que leva os bois a sentirem-se “exaustos”.

2. A forma verbal com que se inicia a 2.ª estrofe remete para a ideia de falta de luz, que podemos ler

como ‘morte’.

2.1.  Indique a causa que motiva essa morte.

2.2.  Sugira a relação que “sangue” e “leite” têm com a morte, atendendo a que estão associados aos verbos

“extinguiu-se” e “esvaiu-se”.

3. A 3.ª estrofe entrelaça a natureza vegetal com a natureza humana, para além de revelar uma situação de

extremo desespero.

3.1.  Justifique a afirmação, através dos termos associados a “troncos” e a “mães”.

3.2.  Refira a expressividade da palavra “mães” no contexto.

4. A 5.ª estrofe, através de “Amanhã”, remete para o futuro.

4.1.  Refira o fenómeno natural que irá operar a mudança.

4.2.  Indique os elementos que se renovam nesse “amanhã”.

4.3.  Transcreva, justificando, os elementos desta estrofe que melhor transmitem a ideia de energia,

ação, vitalidade.

5. A última estrofe inicia-se por “Mas”. Contempla também um questionamento que vai ao encontro das

interrogações da 4.ª estrofe.

5.1.  Indique o sentido que adivinhamos para esta estrofe pelo facto de se iniciar pela conjunção “mas”.

5.2.  Clarifique a intenção da interrogação final.

5.3.  Estabeleça uma relação com as interrogações da 4.ª estrofe.

6. Elabore um pequeno parágrafo (50 a 70 palavras) em que organize as suas ideias acerca da mensagem

presente no poema, tendo em consideração as respostas anteriores.

Page 72: Português 12º - Manual do Aluno

70 | Consciência ambiental

GRUPO D

LEITURALeia atentamente o texto.

A destruição das florestas à escala planetária

O Homem foi destruindo as florestas

nativas um pouco por todo o mundo à

medida que foi necessitando de terras

para a prática da agricultura, de recursos

florestais para a construção civil, para a

indústria náutica, para as artes militares,

bem como de recursos energéticos para

alimentar necessidades crescentes.

As florestas foram sendo dizimadas,

destruídas, desbravadas, alteradas e

empobrecidas, para, mais tarde, o Homem

descobrir que devia iniciar um caminho inverso, protegendo as florestas remanescentes ou repovoando

as regiões degradadas. Os maiores impactos registaram-se, numa primeira fase, nos países do hemisfério

Norte, para, já no decurso do século XX, se iniciar um ciclo de pressão sobre as florestas a Sul, com especial

enfoque para as altamente ricas e diversificadas florestas tropicais.

A floresta amazónica, a maior mancha florestal do Planeta, é partilhada por diversos países, encontrando-

-se principalmente em território brasileiro.

Apesar de todas as políticas e medidas legais e institucionais, o desflorestamento do maior pulmão

verde do Planeta prossegue, para dar lugar a terras agrícolas ou de pasto e para fornecer madeira tropical

às indústrias segundo um modelo de desenvolvimento não sustentável. Sabe-se que cerca de 80% da

madeira explorada na Amazónia é abatida ilegalmente.

Uma outra região com florestas tropicais sob forte pressão madeireira é a existente em países como a

Indonésia e a Malásia, onde o grande fator dos rápidos índices de desflorestamento assenta na necessidade

de terras para o plantio de palmeiras aplicadas na produção de biocombustíveis e de óleo utilizado nas

mais diversificadas aplicações e usos industriais. Os países desenvolvidos são cúmplices no processo de

destruição das florestas tropicais asiáticas, dado que são os principais compradores do óleo de palmeira.

A destruição das florestas tropicais africanas é hoje uma realidade. Veja-se, como exemplo elucidativo,

a pressão que está a ser feita sobre o Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo,

um dos últimos redutos do Planeta dos gorilas de montanha, espécie seriamente ameaçada de extinção.

Como muito bem descreveu a National Geographic de junho de 2008, a maior ameaça no presente

momento prende-se com a rede instalada de tráfico de carvão vegetal, que conduz à destruição das

florestas nos arredores e interior desta área de conservação, habitat fundamental dos gorilas. Carlos Serra, Da problemática Ambiental à Mudança, Escolar Editora, Maputo, 2012 (texto adaptado)

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Page 73: Português 12º - Manual do Aluno

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Vocabulário

nativas (l. 2): originárias; indústria náutica (l. 6): atividade de construção de navios e outro tipo de embarcações; dizimadas (l. 9): destruídas; desbravadas (l. 10): exploradas; inverso (l. 12): em sentido contrário; remanescentes (l. 12): restantes; no decurso de (l. 14): durante; enfoque (l. 15): destaque, evidência; amazónica (l. 16): que envolve o rio Amazonas, o segundo mais extenso da Terra; modelo (l. 20): conceito, ideia; pressão madeireira (l. 22): imposição oriunda do comércio ou da indústria de madeiras; índices (l. 23): valores numéricos; biocombustíveis (l. 24): combustíveis renováveis produzidos a partir de matéria orgânica vegetal, usados em meios de transporte, com vista à diminuição das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera; cúmplices (l. 25): colaboradores, parcei-ros (num crime, geralmente); redutos (l. 29): refúgios; rede de tráfico (l. 31): circuito de contrabando, de negócio ilícito.

1. Releia o 1.º parágrafo.

1.1. Leia, agora, o texto lacunar que foi elaborado a partir do conteúdo do parágrafo e reescreva-o, inserindo

devidamente o vocabulário apresentado.

O ser humano aprendeu a (a) a natureza para satisfazer as suas (b) : as árvores foram sendo (c) para transformar as florestas em (d) agrícolas; foi precisando (e) de madeira e, (f) ,

abatendo árvores de grande (g) para construir (h) e (i) ; o homem também (j) madeira

para (k) os alimentos.

necessidades | campos | consome | dominar | cozinhar | cada vez mais | casas | consequentemente |

derrubadas | navios | porte

2. No início do 2.º parágrafo, a ação exercida sobre as florestas está traduzida por cinco formas verbais no

particípio passado.

2.1.  Faça o levantamento dessas formas verbais.

2.2.  Apresente, para cada forma verbal, a respetiva forma no infinitivo impessoal.

2.3. Tenha em atenção a expressão “As florestas foram …” (l. 9).

2.3.1. Escolha a única hipótese que, de acordo com o sentido dos cinco verbos da questão anterior, pode

completar a expressão apresentada:

a) destruindo, b) dizimando, c) desaparecendo, d) alterando, e) desbravando.

3. Preste atenção à passagem “para, mais tarde, o Homem descobrir que devia iniciar um caminho inverso” (ll. 11-12).

3.1. Refira as duas formas verbais que, no contexto, indicam como realizar esse “caminho inverso”.

4. Leia os verbos a seguir apresentados por ordem alfabética, os quais integram dois campos lexicais distintos:

a destruição da floresta e a proteção da floresta.

abater, aniquilar, arborizar, cortar, defender, desaparecer, desbaratar, eliminar, exterminar, extinguir,

proteger, reflorestar, repovoar, salvar, socorrer.

4.1. Distribua os verbos pelos campos lexicais mencionados.

5. O texto contém a expressão “pulmão verde” (ll. 18-19). Observe o resultado da busca da palavra pulmão,

num dicionário.

Page 74: Português 12º - Manual do Aluno

72 | Consciência ambiental

1. ANATOMIA órgão respiratório (que absorve diretamente o oxigénio livre da atmosfera) onde se realiza ativamente a hematose, e que, nos vertebrados superiores, incluindo o Homem, é um órgão par, esponjoso e elástico, situado na cavidade torácica;2. alguns outros órgãos, noutros grupos de animais, que executam o mesmo tipo de respiração;3. MEDICINA pulmão de aço: tipo de respirador constituído por um dispositivo metálico onde se introduz um doente com paralisia dos músculos da respiração, com o objetivo de o ventilar;4. figurado aquilo que purifica o ar, libertando oxigénio (como as florestas, as algas marinhas, etc.);5. figurado voz forte; 6. a plenos pulmões: com voz alta e forte, aos berros; ter bons pulmões: ter uma voz forte, berrar muito.

5.1. Transcreva o sentido que se apropria à palavra do texto.

5.1.1. Complete as frases.

Este emprego da palavra tem um sentido não literal, ou seja, um sentido (a) .

A palavra “pulmão”, por apresentar significados tão variados, é uma palavra (b) .

5.2. Indique, justificando, se o adjetivo da expressão destacada em 5. acrescenta ou reforça o sentido do nome.

5.3. Tendo em atenção a polissemia desta palavra, elabore uma frase para uma das expressões idiomáticas do

ponto 6 do verbete de dicionário.

Sobre o texto1. No 2.º parágrafo, o autor indica ter havido uma mudança de atitude em relação às florestas.

1.1. Indique em que consistiu essa mudança.

1.2. Transcreva a expressão do parágrafo que traduz a ideia de “mudar de atitude face à floresta”.

2. As florestas sobre as quais recai maior interesse económico situam-se no hemisfério Sul, no seguimento do que havia sucedido no hemisfério Norte.

2.1. Refira o nome genérico dessas florestas.

2.2. Identifique os continentes onde se situam, comprovando com excertos do texto.

2.3. Esclareça em que consiste a exploração económica de cada uma dessas florestas.

3. As frases abaixo apresentadas foram elaboradas a partir do tema desenvolvido no texto. São frases complexas a que faltam os elementos que relacionam o sentido entre as orações.

3.1. Complete as frases, escolhendo as palavras ou expressões adequadas para cada espaço (há casos em que há duas possibilidades corretas; só há duas hipóteses que não servem): porque, caso, também, embora, para que, se, visto que, ainda que e porém.

a) As árvores da Amazónia são abatidas em excesso, (a) a indústria tenha a madeira de que necessita.

b) Este modelo de desenvolvimento não é sustentável, (b) não dá tempo para a natureza se reconstituir.

c) A extinção das florestas seguiria um caminho inverso (c) os países desenvolvidos abrandassem o consumo de biocombustível, por exemplo.

d) A exploração das florestas não segue um modelo sustentável, (d) se tenha criado legislação nesse sentido.

Page 75: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 73

4. Atribua a este texto um novo título, evidenciando a sua visão sobre o tema abordado.

ORALIDADEObserve atentamente o esquema.

Impacte humano crescente

Impactehumano

População Abundância TecnologiaI = x xP A T

População

7 mil milhões

2,5 mil milhões 412.000141.000

1,8 mil milhões

Abundância

55 biliões de USD

Tecnologia

1,9 milhões

P x A x T = largura oito vezes o comprimento de três caixas representando o impacte humano no planeta em 1900, 1950 e 2011.

O impacte humano, que registara um crescimento estável desde a revolução industrial, começou a aumentar exponencialmente após a Segunda Guerra Mundial, uma fase denominada por alguns cientistas como “grande aceleração”.

Mundial

PIBMundial

Licenças depatentes

National Geographic, março de 2011

Nota: Os valores do PIB correspondem a dólares internacionais de 1990. As fontes dos dados são: ONU, Banco Mundial e Organização Mundial de Propriedade Industrial.

1. Identifique os três fatores decisivos para o impacto ambiental.

2. Esclareça como se processou o aumento desse impacto nos 111 anos representados no esquema.

3. O título “Impacte humano crescente” era acompanhado pelo seguinte texto:

“Será o crescimento demográfico a causa principal? Ou será o aumento do rendimento que gera mais consumo? Ou a tecnologia, que proporciona novas ferramentas de exploração? A fórmula é uma maneira de raciocinar sobre esta questão. Desde 1900 que o PIB mundial (uma medida de A) e o número de pedidos de patente (uma medida T) cresceu mais depressa do que a população.”

3.1. Dê a sua opinião sobre esta temática, partindo das questões formuladas no texto.

4. Reflita sobre eventuais formas de Timor-Leste contribuir para a sustentabilidade do impacte humano sobre o ambiente.

Page 76: Português 12º - Manual do Aluno

74 | Consciência ambiental

A unidade de sentido de um texto é conseguida, entre outros aspetos, através da articulação e da interligação das partes que o compõem. A coesão textual, resultante da organização e da continuidade de sentido que todo o texto exige, obtém-se, por exemplo, com as cadeias de referência (cf. Funcionamento de Língua, Grupo D - Subtema1, Unidade 1) e com os marcadores discursivos. Estas unidades linguísticas (palavras ou expressões) pertencem a classes de palavras diversas, e não desempenham uma função sintática no âmbito da frase, mas são importantes para a compreensão de um texto escrito ou oral: estabelecem conexões entre os enunciados, organizando-os em blocos, revelando o seu sentido argumentativo; também introduzem novos temas, facilitam e orientam o contacto do locutor com o interlocutor. Algumas destas funções dos marcadores discursivos são esclarecidas e exemplificadas na tabela que de seguida se apresenta.

Marcadores Discursivos

Com a função de... Exemplos

... ordenação (enumeram, referem uma sucessão de eventos/ acontecimentos/ situações)

em primeiro/ segundo/ terceiro... lugar, primeiramente, em seguida, finalmente, por último, enfim,...

... conectores Aditivos ou Sumativos (agrupam, adicionam ideias, segmentos, sequências, informação)

e, também, além disso, mais ainda, ainda por cima, do mesmo modo, igualmente, por outro lado, bem como,…

Conclusivos (expressam uma conclusão, uma inferência – dedução lógica a partir do já exposto)

portanto, assim, logo, por conseguinte, concluindo, para concluir, em conclusão, em suma, em/por consequência, consequentemente, daí, então, deste modo, por isso, por este motivo, de modo que, donde se segue,…

Explicativos é que, noutros termos, ou seja, isto é, ou antes, por outras palavras, quer dizer, a saber, dito de outro modo,...

Contrastivos ou Contra-argumentativos (indicam uma oposição, um contraste)

mas, porém, todavia, contudo, no entanto, contrariamente, pelo contrário, por oposição, em todo o caso, não obstante, em vez de, apesar de, embora, sem embargo, de qualquer modo,...

Exemplificativos por exemplo, (mais) concretamente, nomeadamente, designadamente, em particular, entre outros,...

... reformuladores (explicitação, retificação, síntese) ou seja, por outras palavras, quer dizer, a saber, isto é; dizendo melhor, ou antes; em suma, em conclusão, assim,…

... reforço argumentativo e de concretização (confirmar uma informação/ situação/ ação)

de facto, na realidade, efetivamente, com efeito, mais concretamente, por exemplo,...

... manter o contacto entre o locutor e interlocutor ouve, olha, presta atenção, percebes?,…

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUACoesão textual: marcadores discursivos

Page 77: Português 12º - Manual do Aluno

S.O.S. Terra | 75

Exercícios

Como viu, os marcadores discursivos têm várias funções no discurso. Sem a preocupação de identificar a

classe morfológica das palavras ou expressões que aparecem no texto como marcadores discursivos, faça os

exercícios que se seguem, que lhe permitirão perceber a FUNÇÃO que cada marcador exerce, no seu contexto.

1. Identifique, no texto “A destruição das florestas à escala planetária”:

1.1. um marcador discursivo com valor de tempo (1.º parágrafo);

1.2. um marcador discursivo com a função de adição (1.º parágrafo);

1.3. um marcador discursivo que exprima uma relação de oposição/ contraste (4.º parágrafo);

1.4. um marcador discursivo que exprima uma relação de causa (5.º parágrafo).

2. Considere os parágrafos 5 e 7 do texto.

2.1. Tendo em conta a relação de sentido entre cada um dos dois parágrafos e os parágrafos que os

antecedem, selecione um marcador discursivo de entre os seguintes para iniciar cada um dos parágrafos:

além disso, depois, de igual modo, embora, porque, a saber, de facto.

2.1.1. Justifique as duas escolhas que fez.

Nota 1: Como sabemos, as conjunções têm em si a função de ligação de orações ou de elementos da frase

que têm a mesma função, estabelecendo, portanto, conexão. A informação presente nesta tabela deve, pois,

ser complementada com a consulta das conjunções – temporais, causais, de alternativa… (cf. Apêndice) –,

já que estes são outros valores que podem ser assumidos pelos conetores – marcadores discursivos.

Nota 2: Alguns dos marcadores discursivos podem ter sentidos/ funções diferentes, consoante os contextos

em que surgem.

Nota 3: Os marcadores discursivos promovem a articulação de ideias não só dentro da frase, mas também

entre segmentos de texto/ discurso de ordem superior à frase (parágrafos).

Page 78: Português 12º - Manual do Aluno

76 | Consciência ambiental

GRUPO E

LEITURALeia atentamente os textos.

Vulcões, chuvas ácidas e o buraco na camada de ozono

TEXTO A

Na Costa Rica, o vulcão Poás apresenta uma cratera amarela, coberta de enxofre, e a toda a volta há fumarolas que exalam vapores amarelados. De tempos a tempos, o vulcão acorda — é certo que pouco violentamente, mas expele nessas alturas grandes quantidades de gases sulfurosos que, ao caírem, destroem as plantações de café instaladas nos flancos da montanha.

(Texto da obra “Um Planeta Violento”)

TEXTO B

Os óxidos de azoto, cujos principais emissores são os veículos automóveis, reagem com as moléculas de água, originando ácido nítrico; o mesmo se passa com o dióxido de enxofre, também expelido pelos automóveis, que, ao reagir com a água, origina ácido sulfúrico. Isto faz com que o pH da chuva baixe, muitas vezes, de pH 5.6 para valores próximos de 3. Então, aparece a chuva ácida.

http://campus.fct.unl.pt

TEXTO C

Um estudo da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) revelou que a camada de ozono terrestre, que protege o planeta contra o excesso de radiação ultravioleta, ficou estável na última década, com o buraco em sua superfície mantendo o mesmo diâmetro, sem diminuir, nem aumentar.

(18.09.2010) http://www.asemana.publ

TEXTO D

Não é necessário viver nos flancos de um vulcão para lhe sentir os efeitos. Os gases e as poeiras expelidos em grandes quantidades, aquando de uma erupção, têm frequentemente repercussões importantes na atmosfera terrestre, provocando modificações do clima ou das condições meteorológicas.

Alguns dos danos ecológicos de que o Homem é tão frequentemente acusado têm, por vezes, também a ver com a atividade vulcânica. As chuvas ácidas, por exemplo, constituem um grave problema, nomeadamente no Norte da Europa e Estados Unidos. Os gases industriais, e sobretudo o anidrido sulfuroso proveniente das emissões das fábricas, dos motores de explosão e dos aquecimentos domésticos, misturam-se facilmente com ar húmido para formar ácidos, como o ácido sulfúrico, que em seguida caem sob a forma de chuvas, exterminando toda a vida aquática nos lagos e danificando árvores e edifícios.

O anidrido sulfuroso é igualmente, no entanto, um dos gases vulcânicos mais abundantes, e as chuvas ácidas intensificam-se frequentemente após uma erupção.

A estratosfera comporta uma camada fina em ozono, um gás que, ao impedir os raios solares ultravioletas de atingirem o solo, permite a vida na Terra. Nos anos 80, descobriu-se que a poluição do ar, devida a diferentes gases,

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Vocabulário

Texto A – enxofre: substância química sólida, de cor amarelada, e combustível; gases sulfurosos: substâncias expandidas no ar que contêm compostos de enxofre;Texto B – óxidos de azoto: gases provenientes, principalmente, dos motores dos carros; moléculas: a menor parte em que algumas substâncias se podem dividir; ácido nítrico: líquido corrosivo e que liberta fumos vermelhos ou amarelados; dióxido de enxofre: gás proveniente da queima de combustíveis e dos vulcões; ácido sulfúrico: líquido corrosivo que tem enxofre na sua composição; pH: (si-gla de Potência de Hidrogénio) escala que mede a acidez (<7), a neutralidade (=7) ou a alcalinidade (>7) de uma solução; chuva ácida: água vinda da atmosfera que tem um ph inferior a 4.5;Texto C – ozono: variedade de oxigénio, com cheiro, após uma descarga elétrica; radiação ultravioleta: raios emitidos pelo Sol que são nocivos para os seres vivos; são intercetados na alta atmosfera pela camada de ozono.Texto D – repercussões (l. 2): consequências; danos (l. 4): estragos; anidrido sulfuroso (l. 6): gás de cheiro muito intenso que tem enxofre na sua composição; emissões (l. 6): lançamentos para a atmosfera; cancro da pele (l. 14): tumor maligno da pele, responsável pela morte de muitas pessoas e causado pela exposição aos raios ultravioleta; imputáveis a (l. 15): atribuíveis a, da responsabilidade de, resultado de, consequência de, por culpa de.

1. Observe a tabela abaixo com vocabulário retirado dos três primeiros textos.

1.1. Releia os textos e faça corresponder a cada palavra da coluna da esquerda a respetiva definição da coluna da direita.

1. vulcão a) grande quantidade, acréscimo2. cratera b) expulsa, arremessa3. fumarolas c) área4. exalam d) zonas laterais5. expele e) abertura ou rutura em qualquer superfície6. flancos f) abertura superior de um vulcão7. emissores g) lançam para fora, soltam, libertam8. Meteorologia h) responsáveis pela libertação9. excesso i) ciência que estuda separadamente os elementos do tempo e da atmosfera

(temperatura, humidade, vento e pressão)10. buraco j) manifestações secundárias do vulcanismo que consistem na emanação de

produtos gasosos, vapor de água, ácido clorídrico e dióxido de carbono, com a aparência de pequenas colunas de fumo branco

11. superfície k) formação natural composta por um canal (chaminé), aberto através da crusta terrestre, que expele produtos gasosos, sólidos e líquidos (lavas), a temperaturas muito altas, alguns dos quais se acumulam em torno da cratera, formando o monte vulcânico (cone ou cúpula)

Sobre o texto1. Tenha em conta a informação dos textos acima apresentados e indique:

a) de que formas os vulcões contribuem para a poluição do meio ambiente;

b) os grandes agentes de poluição atmosférica imputáveis ao Homem;

c) o que é a chuva ácida;

d) consequências da chuva ácida;

e) as consequências do buraco na camada de ozono.

2. Apresente uma explicação para o facto de a chuva ácida atingir mais o “Norte da Europa e Estados Unidos” (ll . 5-6, texto D).

reduz esta proteção e que o risco de doenças consequentes, como o cancro da pele, está em franca progressão. Ora, os

buracos na camada de ozono não são exclusivamente imputáveis às atividades humanas.Dougal Dixon, Um Planeta Violento, Quetzal Editores/Selecções do Reader’s Digest, 1999

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78 | Consciência ambiental

3. Há muitas regiões do Planeta onde o ar, a água e os solos estão poluídos. 3.1. Indique qual o tipo de poluição que o preocupa mais, tendo em conta a região onde habita.

GRUPO F

LEITURALeia atentamente os textos.

Mãe Terra

TEXTO A

Dia Internacional da Mãe Terra

A afirmação mais impactante do discurso do presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, no dia 22 de abril [de 2010], na Assembleia Geral da ONU, ao proclamar-se este dia como o Dia Internacional da Mãe Terra, talvez tenha sido a seguinte: “Se o século XX é reconhecido como o século dos direitos humanos, individuais, sociais, económicos, políticos e culturais, o século XXI será reconhecido como o século dos direitos da Mãe Terra, dos animais, das plantas, de todas as criaturas vivas e de todos os seres, cujos direitos também devem ser respeitados e protegidos”.

O Presidente Morales solicitou à ONU a elaboração de uma Carta dos Direitos da Mãe Terra cujos tópicos principais seriam: o direito à vida de todos os seres vivos; o direito à regeneração da biocapacidade do Planeta; o direito a uma vida pura, pois a Mãe Terra tem o direito de viver livre da contaminação e da poluição; o direito à harmonia e ao equilíbrio com e

entre todas as coisas.http://www.humaniversidade.com.br/boletins/direitos_da_mae_terra.htm

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TEXTO B

Mãe Terra1

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Mãe Terra, poderosa deusa,Mãe Terra, estais em nossa carne, estais em nosso ser.

Definhas calada com a indiferença humana.Ferem tua face, rasgando-te as entranhas;Maculam o teu sangue; violam o teu véu;Secam o teu ventre, por cobiça, por ambição.

Mãe Terra, poderosa deusa,Mãe Terra, estais em nossa carne, estais em nosso ser.

Haverá uma nova era, haverá uma nova geração,Haverá uma nova ordem de amor,Haverá uma nova consciência humana.

Mãe Terra, poderosa deusa,Mãe Terra, estais em nossa carne, estais em nosso ser.

E a terra prometida será abençoadaE dada em confiança p’ra que possa ser cuidada,Por mim, p’ra ti, p’ra nós, p’ra todo o mundo.

Mãe Terra, poderosa deusa, Mãe Terra, estais em nossa carne, estais em nosso ser.

Aurélio M. Alves e Zana Rubim ||| GRUPO NATARAJA http://www.youtube.com/watch?v=QHDzQq1PRQg&f

eature=related

VOCABULÁRIOTexto A – impactante (l. 1): forte, intensa; proclamar-se (l. 4): definir-se, anunciar publicamente; criaturas (l. 10): seres; protegidos (l. 11): preservados; regeneração (l. 15): renovação, restabelecimento, recuperação; biocapacidade (l. 15): aptidão para a vida; contami-nação (l. 17): infeção, corrupção, contágio.Texto B – Definhas (v. 3): Enfraqueces gradualmente; indiferença (v. 3): insensibilidade, desinteresse; Ferem (v. 4): Magoam; face (v. 4): rosto, cara; entranhas (v. 4): ventre materno; Maculam (v. 5): Mancham, Sujam; violam (v. 5): rasgam; véu (v. 5): tecido transparente com que se cobre o rosto; cobiça (v. 6): ganância, desejo de riqueza; ambição (v. 6): desejo forte de subir na vida, frequentemente sem

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Sobre o texto1. Com base no Texto A, indique se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F), esclarecendo as razões para ter considerado alguns desses enunciados como falsos.

a) O Presidente da Bolívia proclamou o dia 22 de abril como o “Dia Internacional da Mãe Terra”.

b) A ideia da elaboração de uma Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra foi apresentada na conferência proferida por Evo Morales Ayma.

c) O século XX ficou marcado pela reivindicação dos direitos do Homem a nível cultural, social, individual, económico, político e religioso.

d) No século XXI, só os animais e as plantas passam a ter direitos.

e) Atualmente, pretende-se que todos os seres vivos, animais e vegetais, passem a ter direitos.

f) Genericamente, os direitos do Planeta são a pureza do ambiente e o equilíbrio entre as criaturas.

2. Centre, agora, a sua atenção sobre a imagem que acompanha o Texto A.

2.1. Descreva-a.

2.2. Explicite a mensagem que pretende transmitir, reportando-se em particular à simbologia do gesto apresentado.

3. Todas as culturas atribuem significados às cores, embora esses significados possam ser diferentes de cultura para cultura. Leia este pequeno texto sobre a simbologia das cores.

As cores podem ser frias e pacíficas como o azul e o violeta ou quentes e estimulantes como o vermelho e o laranja. Segundo a psicologia analítica de Carl Jung [médico psiquiatra, 1875-1961], o verde é a cor da natureza e do crescimento, o azul é a cor espiritual e do pensamento, o vermelho é a cor do sangue e do sentimento e o amarelo é a cor do ouro e da intuição.

In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012 [Consult. 2012-10-17].

3.1. Diga qual é a sua cor preferida e indique as razões da sua preferência.

4. O Texto B é a letra de uma canção de denúncia e de esperança.

4.1. O sentido de denúncia está sobretudo explícito na segunda estrofe (vv. 3-6).

4.1.1. No sentido de concretizar as denúncias sugeridas pelo poema, reescreva as frases da Coluna A, selecionando, para cada uma, uma alínea da Coluna B.

COLUNA A COLUNA B1. Ferem a face da Terra quando, por exemplo, a) lançam agentes de poluição nos rios e nos mares.2. Rasgam as suas entranhas quando, por exemplo, b) morre lentamente, perante a indiferença do Homem.3. Mancham o seu sangue quando, por exemplo, c) abatem florestas ou exterminam espécies de seres vivos.4. Secam o seu ventre quando, por exemplo, d) extraem petróleo ou minérios.5. Violam o seu véu quando, por exemplo, e) esgotam indevidamente a água dos rios e das fontes.6. Por tudo isto, a Terra f) poluem a atmosfera e destroem a camada de ozono.

olhar a meios, quando é desmedida; nova geração (v. 9): pessoas (da mesma época) com nova maneira de pensar; nova ordem (v. 10): nova forma de vida, em que reinam novos valores; consciência (v. 11): valores, capacidade de avaliar os atos humanos; p’ra (v. 15): forma reduzida de “para” (escrito de forma a ter apenas uma sílaba, usando-se com frequência em texto escrito em verso).

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80 | Consciência ambiental

4.2. Atente agora na estrofe 4, na qual se encontra patente o sentido de esperança do poema.

4.2.1. Selecione e classifique a forma verbal que indica a vontade de mudança de atitude em relação à Terra.

4.2.2. Faça o levantamento das transformações que decorrerão dessa mudança de atitude.

4.2.3. Indique o adjetivo que reforça essa mudança de atitude.

4.3. Tendo por base a estrofe constituída pelos versos 14 a 16, comente a nova relação do Homem com a Terra.

4.4. Esclareça o sentido que atribui ao refrão (estrofe de dois versos que se repete, na letra da canção, quatro vezes).

ESCRITALeia atentamente o texto seguinte, no qual o autor recorda e reflete sobre erros ambientais do passado.

A necessária consciência ambiental

Em poucos anos, foi drasticamente dizimada toda a fauna bravia de grande e médio porte em vastas áreas do continente africano, incluindo Moçambique. Esta constituiu, de facto, a primeira grande vaga de extinção da fauna bravia neste continente.

Olho para trás, rebuscando memórias há muito enterradas, e recordo-me das histórias do meu avô paterno, que há muito nos deixou, sobre as imensas caçadas em que participou ao longo de várias décadas, na província de Tete, e que resultaram na morte de muitas centenas de animais bravios. Mas nessa altura ainda se estava longe de perceber o erro de semelhante padrão comportamental por não equacionar o valor e importância de cada espécie para o equilibro dos ecossistemas e para a manutenção da biodiversidade.

Carlos Serra, Da problemática Ambiental à Mudança, Escolar Editora, Maputo, 2012

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VOCABULÁRIOfauna (l. 1): conjunto de espécies animais que caracterizam uma região ou época; bravia (l. 1): selvagem, não domesticada; vaga (l. 2): momento; rebuscando (l. 4): procurando; enterradas (l. 4): escondidas; Tete (l. 6): província da região central de Moçambique; padrão comportamental (l. 7): forma de agir; equacionar (l. 8): avaliar, ponderar; ecossistemas (l. 8): conjuntos formados pelo meio ambiente e pelos seres vivos que, em relacionamento mútuo normal, ocupam esse meio; biodiversidade (l. 9): conceito que abrange a variedade das espécies biológicas, a diversidade genética numa dada espécie e a diversidade dos ecossistemas.

Tal como o autor, seguramente que também se recorda de algum episódio (que vivenciou, presenciou ou ouviu contar por algum familiar ou amigo) relacionado com comportamentos humanos que prejudicam o meio ambiente.

1. Redija um pequeno texto, que pudesse publicar num jornal escolar, sobre um comportamento humano que tenha afetado e/ou continue a afetar ambientalmente a região onde vive.

Sugere-se a seguinte estrutura para a redação do texto:

Introdução

(um parágrafo)

• apresentação do episódio/ acontecimento que irá ser relatado e das razões que o levaram a selecionar o assunto em causa.

Desenvolvimento

(vários parágrafos)

• 1.ª parte: descrição do episódio/ acontecimento (quando, onde, quem, como, porquê...);

• 2.ª parte: explicitação dos problemas ambientais resultantes deste tipo de comportamento e apresentação da sua opinião em relação ao assunto;

• 3.ª parte: apresentação de sugestões que visem a correção deste tipo de comportamentos e promovam o equilíbrio ambiental.

Conclusão

(um parágrafo)

• recuperação de enunciados apresentados anteriormente, para instigar à mudança, àquilo que cada um pode fazer no sentido de solucionar/ minimizar o problema em causa.

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PRÁTICA DE LÍNGUA

 A Valores do pronome pessoal “se”: reflexo, recíproco, passivo, impessoal e inerente

Leia atentamente o texto.

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A floresta possui uma grande capacidade de recuperação perante as variações climáticas naturais, mas o

efeito do aquecimento global e regional interage com as mudanças na utilização da terra, o abate de árvores e

os incêndios de uma forma complexa, o que faz os ecossistemas florestais tornarem-se cada vez mais vulneráveis.

Por sua vez, Christopher Neill, especialista em ecologia do Centro de Ecossistemas do Laboratório

de Biologia Marinha de Woods Hole, no Massachusetts, dedica-se ao solo. Neill e a sua equipa estão a

desenvolver um estudo na Amazónia sobre o impacto da desflorestação no fluxo de águas subterrâneas,

no ciclo de nutrientes e nas emissões de C02 para a atmosfera. “Avaliamos as alterações na dinâmica do

carbono, do azoto e do fósforo em solos que eram selvagens e são agora campos de cultivo de soja”, explica

Neill. “Queremos saber, por exemplo, o que se passa com o fósforo, utilizado como fertilizante. Verificámos

igualmente que a desflorestação reduz as emissões de azoto na atmosfera.”.

A intensificação do cultivo em zonas de pastoreio deterioradas aumentou muito na Amazónia e afeta o meio

ambiente selvagem. Por exemplo, faz decrescer a taxa de evapotranspiração, como é conhecido o fenómeno

conjunto da perda de humidade de uma superfície por evaporação direta aliada à perda de água por transpiração

da vegetação. Segundo o ecologista, no final do século XXI, poderá registar-se uma substituição em grande

escala da selva amazónica por uma vegetação de savana. Alguns já designam a soja que cresce na grande bacia

sul-americana por “holocausto verde”, pois o seu cultivo reduz a taxa de infiltração de água nos solos. Por outro

lado, o abate de árvores para criar áreas agrícolas modifica a estrutura dos afluentes do Amazonas, estreitando

os seus leitos e tornando-os mais profundos, além de encherem as margens de sedimentos. É água que contém

menos oxigénio, o que afeta a qualidade e a quantidade de biodiversidade aquática.

“Existe uma sinergia perigosa entre a desflorestação, o clima e o futuro da Amazónia”, adverte Neill.

Quanto mais estudarmos a floresta, menos seremos surpreendidos com as consequências da sua perda. In Revista Super interessante, julho de 2012 (texto com supressões)

VOCABULÁRIOvariações (l. 1): mudanças; interage com (l. 2): exerce uma influência recíproca sobre; vulneráveis (l. 3): frágeis, com poucas de-fesas; ecologia (l. 4): parte da biologia que estuda as relações dos seres vivos com o ambiente; fluxo (l. 6): corrente; nutrientes (l. 7): substâncias que se encontram nos alimentos e são indispensáveis à manutenção das funções vitais do organismo; soja (l. 8): planta da família das leguminosas, cujas sementes fornecem óleo e proteínas de alto valor nutritivo; fertilizante (l. 9): pro-duto que fornece compostos essenciais ao crescimento das plantas; zonas de pastoreio (l. 11): campos para onde se leva o gado para pastar; deterioradas (l. 11): degradadas; evaporação (l. 13): fenómeno químico que consiste na passagem de um líquido a estado gasoso pela ação do calor; savana (l. 15): erva ou mato; bacia (l. 15): vale, depressão de terreno cercada de montes ou colinas; holocausto (l. 16): massacre, chacina; afluentes (l. 17): rios que desaguam noutros (neste caso, no Amazonas); leitos (l. 18): fundos dos rios; sinergia (l. 20): ação conjunta; adverte (l. 20): avisa.

1. Leia com atenção as frases a) e b), atendendo à forma verbal sublinhada.

a) “o efeito do aquecimento global e regional interage com as mudanças na utilização da terra”. (ll. 1-2)

b) Em Timor, interage-se muito facilmente com a população.

1.1. Indique o sujeito da frase a).

1.2. Reescreva a frase b), associando-lhe a expressão “há quem”.

Page 84: Português 12º - Manual do Aluno

82 | Consciência ambiental

1.2.1. Complete a frase que se segue:

Se pudermos reescrever a frase com a expressão “há quem”, estamos perante um “se” com o valor (a) .

2. Releia a frase «Alguns já designam a soja que cresce na grande bacia sul-americana por “holocausto

verde”» (ll. 15-16).

2.1. Reescreva-a, modificando o verbo para a forma “designa-se” e fazendo as devidas alterações.

3. Atente no complexo verbal “poderá registar-se” (l. 14).

3.1. Transponha para a passiva a frase a que pertence.

3.1.1. Complete a frase que se segue:

Se pudermos transpor a frase para a forma passiva, estamos perante um “se” com o valor (b) .

4. Faça corresponder os “se” presentes nas expressões da Coluna A aos valores que se apresentam na Coluna B.

COLUNA A COLUNA B

1. Faz-se um cultivo intenso na zona de pastoreio, o que afeta o ambiente. a) passivo

2. O gelo dos polos derrete-se cada vez mais depressa. b) reflexo

3. O abate de árvores e os incêndios refletem-se nos ecossistemas. c) impessoal

4. Nas margens dos rios depositam-se enormes quantidades de sedimentos. d) recíproco

5. Neill e alguns elementos da sua equipa encontraram-se no Centro de Investigação para discutir a situação da Amazónia.

e) inerente

 B Coesão textual: Marcadores discursivos

Todos os anos, em maio, quando a estação seca chega à

Tanzânia, grandes manadas de gnus, zebras e gazelas rumam

para norte, deixando o Parque Nacional do Serengeti em

busca das pastagens mais verdejantes do Quénia. Quando a

chuva regressa, em novembro, quase dois milhões de animais

voltam a este local.

A sua rota migratória é agora tema de discussão, devido

à proposta de construção de uma via rápida. O governo

defende que a estrada é necessária para ligar a região do lago Vitória aos portos do oceano Índico, como Dares-Salam,

e estuda a viabilidade da abertura de um troço não asfaltado de duas faixas no Norte do Serengeti.

No entanto, os conservacionistas afirmam que centenas de camiões utilizariam a estrada, aumentando o

risco de colisão e de caça ilegal. Por isso, propõem um trajeto mais longo, a sul, contornando o parque. O país

procura agora o equilíbrio entre o desenvolvimento e a proteção da sua vida selvagem.A. R. Williams, National Geographic, março de 2011

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VOCABULÁRIOTanzânia (l. 2): República Unida da Tanzânia, país da África Oriental; gnus, zebras e gazelas (l. 2): mamíferos de grande porte que vivem em manadas e se deslocam à procura de pasto; rota migratória (l. 7): caminho percorrido pelos animais para se des-locarem para meios ambientes mais favoráveis; devido a (ll. 7-8): por causa de; via rápida (l. 8): estrada para circulação a alta velocidade; viabilidade (l. 10): possibilidade de se fazer; troço não asfaltado (l. 10): porção de estrada sem cobertura de asfalto e, portanto, com pavimento mais irregular, onde se circula com menos velocidade (asfalto: substância derivada do petróleo que, misturada com areia e outros ingredientes, é utilizada para pavimentar estradas); conservacionistas (l. 11): defensores de princípios ambientalistas; colisão (l. 12): choque, embate; trajeto (l. 12): caminho que é preciso percorrer para ir de um ponto a outro, percurso.

1. Transcreva do texto as expressões que contêm marcadores discursivos que atendam ao que se indica em

cada alínea e sublinhe-os.

a) O marcador discursivo estabelece a relação entre as migrações das manadas e a época em que estas

ocorrem (duas ocorrências do mesmo marcador);

b) O marcador discursivo introduz um argumento de oposição (um exemplo);

c) O marcador discursivo põe em destaque uma relação de causa/ consequência (um exemplo).

2. Reescreva o último período do texto, introduzindo-lhe um marcador discursivo que ponha em evidência o

sentido de síntese que expressa.

3. Tenha em conta os marcadores discursivos apresentados na tabela da página 74 para preencher os espaços

das frases seguintes. Atenda às indicações relativas ao sentido, fornecidas entre parênteses.

a)  (1) é preciso refletir sobre os problemas ambientais e (2) é que as decisões devem ser tomadas.

(tempo, ordenação)

b) Temendo a destruição da fauna local, os ambientalistas argumentam que os animais iriam atravessar a via

rápida, podendo ser atropelados, e que, (3) , seria fácil caçá-los. (função de aditivo ou conclusivo)

c)  (4) , há pessoas dispostas a lutar pelas melhores soluções ambientais. (contrastivo)

d) Há apenas este planeta para nós vivermos, (5) , para nós e para todos os outros seres vivermos.

(explicativo)

Page 86: Português 12º - Manual do Aluno

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Subtema 2 | Salvar o planeta

GRUPO A

LEITURALeia atentamente o texto.

A maldição dos estados ilhéus

No final de 2009, a imprensa internacional noticiou um

facto de todo inédito e insólito: o Conselho de Ministros da

República das Maldivas, arquipélago localizado no oceano

Índico com, aproximadamente, 370 000 habitantes, reuniu-

-se no dia 17 de outubro debaixo das águas do mar, a cerca

de 6 metros de profundidade, a norte da capital, Male, para

chamar a atenção da comunidade internacional em relação

ao problema da subida do nível das águas do mar, em

consequência do aquecimento global.

Este gesto foi dotado de um simbolismo extraordinário e,

para o materializar, foi necessário treinar 11 dos 14 ministros

em técnicas de mergulho. A reunião foi dirigida pelo Presidente da República, Mahammed Nasheed, tendo

decorrido em meia hora, com recurso a quadros brancos, a canetas à prova de água e a sinais para efeitos

de comunicação. Durante a reunião, os membros do Governo das Maldivas, em fato de mergulho, assinaram

um documento a solicitar um corte substancial nas emissões de dióxido de carbono que foi apresentado na

15.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Copenhaga, na Dinamarca.

As Maldivas, pequeno e paradisíaco arquipélago com aproximadamente 1200 ilhas, das quais apenas 200

são habitadas, cuja principal atividade económica é o turismo, está, em média, a pouco mais de 2 metros

acima do nível das águas do mar (calcula-se que cerca de 80% estejam efetivamente até um metro acima

deste nível), fazendo temer o pior dos cenários.

Os efeitos da subida do nível das águas do mar são especialmente nefastos para o pequeno e esquecido

arquipélago de Kiribati, na Oceânia. No dia 5 de junho de 2009, Dia Mundial do Ambiente, o presidente

Anote Tong encontrava-se em visita à Nova Zelândia e aproveitou a efeméride para comunicar ao mundo que

o Estado de Kiribati está condenado a morrer por afogamento antes que o século XXI chegue ao fim.

Muitos outros estados ilhéus vivem o permanente drama de ter de enfrentar as catastróficas consequências de

um problema para o qual mal contribuíram e que muito pouca atenção tem merecido da comunidade internacional.Carlos Serra, Da problemática Ambiental à mudança, Escolar Editora, Maputo, 2012 (texto adaptado)

Vocabulário

estados ilhéus (título): ilhas; inédito (l. 2): nunca visto, original; insólito (l. 2): raro, não habitual, extravagante; arquipélago (l. 3): grupo de ilhas; gesto (l. 10): iniciativa, ação; foi dotado de (l. 10): assumiu; simbolismo (l. 10): relevância, significado; neste caso pretende simbolizar, representar a vontade e a urgência de abordar o tema em questão; materializar (l. 11): concretizar; técnicas de mergulho (l. 12): conjunto de processos para mergulhar no mar com segurança; à prova de água (l. 13): resistentes à água; dióxido de carbono (l. 15): gás incolor que surge em todos os processos de combustão; paradisíaco (l. 17): belo, maravilhoso; nefastos (l. 21): prejudiciais, nocivos; efeméride (l. 23): acontecimento memorável; catastróficas (l. 25): desastrosas, dramáticas.

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Salvar o planeta | 85

1. Preste atenção às palavras capital (l. 6) e nível (l. 8) e respetivos sentidos transcritos do dicionário.

capital (adjetivo de 2 géneros): 1. que diz respeito à cabeça; 2. que é a cabeça ou parte principal de alguma coisa; 3. principal, essencial; 4. gravíssimo; 5. relativo à pena de morte; 6. (pecado capital) relativo às faltas graves catalogadas pela Igreja Católica (avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho e preguiça);

(nome feminino): 1. cidade ou povoação onde reside o governo de uma nação, região ou distrito; 2. letra maiúscula.

(nome masculino): 1. dinheiro que constitui o fundo de uma indústria, sociedade comercial ou de um rendimento; 2. valores; 3. dinheiro; 4. todo o valor de ordem moral ou espiritual recebido como herança de uma longa tradição.

nível(nome masculino): 1. instrumento que serve para verificar se um plano está horizontal ou vertical; 2. linha que se define por pontos localizados num mesmo plano horizontal; horizontalidade; 3. grau de elevação de um plano horizontal relativamente a outro que lhe é paralelo; altura; 4. posição de alguém ou algo; 5. altura relativa numa escala de valores; 6. aparelho especialmente destinado à definição de planos paralelos ao plano horizontal; 7. (nível de vida) condições de vida determinadas pelos bens e serviços a que os rendimentos de uma pessoa dão acesso; 8. (ter nível) comportar-se de uma forma que merece respeito, ser competente.

1.1. Transcreva o sentido apropriado a cada palavra, tendo em conta o contexto em que cada uma se insere no texto.

1.2. Construa uma frase em que empregue:

a) a palavra capital como nome masculino;

b) a palavra nível com o sentido apresentado em 7.

2. Na expressão “um facto de todo inédito e insólito” (ll. 1-2), “de todo” significa completamente.

2.1. Faça corresponder a cada palavra ou expressão abaixo apresentadas uma expressão sinónima, presente

nos dois primeiros parágrafos do texto.

a) aproximadamente a; b) relativamente; c) recorrendo a; d) com o objetivo de.

Sobre o texto1. No início do texto, fala-se num facto “inédito e insólito” (l. 2).

1.1. Sintetize esse facto, por palavras suas.

1.2. Explique em que consiste o simbolismo dessa atitude.

2. Relacione o caráter “paradisíaco” (l. 17) do arquipélago com a sua principal “atividade económica”.

3. Esclareça o sentido da expressão “o pior dos cenários” (l. 20).

4. Explique em que medida a situação descrita no texto (subida do nível das águas do mar) é também uma

preocupação em Timor-Leste, justificando a sua resposta.

Page 88: Português 12º - Manual do Aluno

86 | Consciência ambiental

Para além do texto

Efeito de estufa e aquecimento global

O efeito de estufa é um conceito que foi escolhido para designar a taxa da temperatura global que é

provocada pelo aumento de poluentes gasosos, principalmente o dióxido de carbono. Os gases poluentes

absorvem as quentes radiações infravermelhas, impedindo o seu escape para o espaço durante a noite. O

efeito de estufa é idêntico ao que acontece num carro estacionado ao sol com os vidros fechados. A energia

radiante do sol aquece o interior do carro e os vidros impedem o seu escape para o exterior. O carro aquece

cada vez mais. Os níveis de dióxido de carbono e de poluentes aumentam na atmosfera, captando cada vez

mais calor e fazendo com que as temperaturas se elevem gradualmente, fenómeno que é conhecido por

aquecimento global.

Pela análise das bolhas de ar retidas nos gelos da Antártida e da Gronelândia desde há mais de 1000 anos,

foi possível verificar um aumento de dióxido de carbono na atmosfera de 25%. Oitenta e cinco por cento

deste aumento ocorreu entre 1870 e 1989, período em que se generalizou a utilização de combustíveis

fósseis (carvão e petróleo). A manter-se esta taxa, é previsível que a concentração de dióxido de carbono

duplique até 2050, aumentando a temperatura global em cerca de 2 a 5 ºC.

As maiores consequências do aquecimento global serão: a subida do nível do mar no decorrer do próximo

século; a redução das chuvas, o aumento da desertificação e a generalização de uma crise de fome no

mundo; a destruição dos seres vivos, animais e plantas, que vivem em estuários, deltas e zonas baixas da

costa. Sabendo-se que o dióxido de carbono é o principal responsável pelo aquecimento global, reduzir

a sua emissão pode ajudar a resolver o problema. Na sua maior parte, o dióxido de carbono lançado na

atmosfera resulta da utilização de combustíveis fósseis para produzir eletricidade, a circulação automóvel

e o aquecimento das casas. A redução do consumo de combustíveis fósseis constitui uma solução possível.Efeito de estufa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012 (texto adaptado)

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Trabalho de grupoNo texto, é apresentada uma iniciativa inovadora e extravagante para alertar a comunidade internacional para uma das consequências do aquecimento global. Contudo, existem formas mais convencionais e fáceis de chamar a atenção das pessoas para os problemas que o Planeta enfrenta atualmente (ex.: elaboração de cartazes e panfletos, realização de exposições fotográficas ou de trabalhos alusivos ao tema, dramatização de peças de teatro,...).

1. Em grupo e com a ajuda do Professor, selecione uma destas formas de divulgação – ou outra – e concretize-a, no sentido de dar a conhecer à comunidade escolar (e, eventualmente, civil) a problemática apresentada no texto que acabou de estudar.

Page 89: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 87

VOCABULÁRIOefeito de estufa (l. 1): aquecimento provocado devido ao aumento de poluentes gasosos na atmosfera; radiações infravermelhas (l. 3): emissões de raios luminosos que transferem energia eletromagnética e se caracterizam por atividade; escape (l. 3): fuga, evasão; desertificação (l. 15): transformação de uma região em deserto, despovoamento; estuários (l. 16): partes terminais de um rio, largas e amplas, onde se faz sentir o efeito das marés; deltas (l. 16): planícies inundadas, de forma triangular (forma de delta), na parte ter-minal de um rio e resultantes da acumulação de sedimentos.

1. Para facilitar a compreensão do conceito que o texto apresenta é feita uma comparação.

1.1. Indique os dois termos dessa comparação.

1.2. Indique agora a designação da consequência geral do processo de efeito de estufa.

2. Observe o esquema acima apresentado e compare-o com o texto.

2.1. Indique que parte do texto corresponde à informação esquematizada.

3. Elabore o resumo do 2.º parágrafo do texto (contém 85 palavras), tendo em conta o que já sabe sobre como

elaborar um texto escolar deste género (cf. este Manual, pp. 16-19).

4. Complete a frase abaixo, atendendo à informação veiculada no 3.º parágrafo do texto.

Neste parágrafo, é apresentada uma (a) de algumas das nefastas (b) do aquecimento global. A (c) apresentada para ajudar a resolver o problema não é (d) , mas tem de ser posta em (e) a

nível mundial.

Page 90: Português 12º - Manual do Aluno

88 | Consciência ambiental

Modificador restritivo do nome: esta função sintática pode ser exercida por um adjetivo, por um grupo preposicional e por uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva, como se exemplifica. O modificador restritivo é, normalmente, colocado à direita do nome; restringe a realidade referida pelo nome que modifica e não pode ser separado por vírgulas do nome a que se refere.

“No final de 2009, a imprensa internacional noticiou um facto de todo inédito e insólito” (ll. 1-2).

• O sentido de cada nome destacado a negro é modificado pelos respetivos adjetivos sublinhados.

O Presidente da República dirigiu a reunião de ministros.

• O sentido do nome destacado a negro é modificado pelo grupo preposicional sublinhado (é uma reunião

de ministros e não de outros).

A ação que o presidente desencadeou revela uma atitude de consciência ambiental.

• O sentido do nome destacado a negro é modificado pela oração subordinada adjetiva relativa restritiva

sublinhada (é a ação que o presidente desencadeou – e só essa – que está em causa).

Modificador apositivo do nome: esta função sintática pode ser exercida por um grupo nominal, por um grupo adjetival, por um grupo preposicional e por uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa, como se exemplifica. O modificador apositivo é, frequentemente, colocado à direita do nome e é obrigatoriamente isolado por vírgulas; não restringe a realidade referida pelo nome que modifica, apenas lhe acrescenta mais informação.

“O Conselho de Ministros da República das Maldivas, arquipélago localizado no oceano Índico, (...)” (ll. 2-4)

• O sentido do grupo nominal destacado a negro é especificado pelo grupo nominal sublinhado.

Os estados ilhéus, apreensivos e angustiados, tomam iniciativas para divulgar o seu problema.

• O sentido do grupo nominal destacado a negro é acrescentado pelo grupo adjetival sublinhado.

O presidente Anote Tong, de visita à Nova Zelândia, anunciou o problema do seu país.

• A informação sobre o grupo nominal destacado a negro é acrescentada pelo grupo preposicional sublinhado.

O documento, que foi aplaudido em Copenhaga, mostra consciência ambiental.

• O sentido do nome destacado a negro é especificado/ complementado pela oração subordinada

adjetiva relativa explicativa sublinhada.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAModificador restritivo e apositivo do nome

Page 91: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 89

GRUPO B

ORALIDADE

O documentário

Um dos meios de que o Homem dispõe para informar e consciencializar

os outros relativamente aos problemas ambientais do Planeta é o

documentário.

1. Ouça atentamente o texto que o seu Professor lhe vai ler, no qual

se apresentam as principais características deste poderoso meio

informativo e formativo: o documentário cinematográfico.

2. Responda agora às questões apresentadas.

2.1. Diga em que consiste um documentário.

2.2. Refira a importância da investigação na elaboração de um documentário.

2.3. Explicite a distinção entre documentários “espontâneos” e “induzidos”.

2.3.1. Indique que situações podem ser documentadas através destes dois tipos de captação de imagem,

de acordo com o texto.

Exercícios

1. Considere as seguintes expressões/ frases:

a) “a norte da capital, Male,” (l. 6);

b) “Presidente da República, Mahammed Nasheed,” (l. 12);

c) “com recurso a quadros brancos” (l. 13);

d) “canetas à prova de água” (l. 13);

e) “um documento … que foi apresentado” (l. 15);

f) Assinaram um documento, de enorme importância para a saúde do planeta.

g) “No dia 5 de junho de 2009, Dia Mundial do Ambiente,” (l. 22).

1.1. Transcreva as expressões, sublinhando, em cada uma, o modificador aí apresentado.

1.2. Classifique esses modificadores.

2. Elabore frases, alusivas às temática do meio ambiente, exemplificativas de todo o tipo de modificadores

apresentados nesta ficha de Funcionamento da Língua.

Page 92: Português 12º - Manual do Aluno

90 | Consciência ambiental

3. Leia a seguinte informação sobre um documentário da autoria do cineasta Victor de Sousa.

Uma Lulik, Futuro da Tradição

Um filme documentário do Parlamento Nacional de Timor-Leste

Em setembro de 2010, no âmbito da “Mostra de documentários do 1.º Programa DOCTV CPLP”, foi estreado o filme documentário do cineasta timorense Victor de Sousa, intitulado “Uma LuliK” (“A Casa Sagrada”), com direção executiva de David Palazón.

(http://www.cultura.gov.tl/pt)

3.1. Um documentário normalmente pressupõe um relato de um apresentador que explica a problemática

em causa e fornece explicações acerca das imagens que vão sendo apresentadas.

3.1.1. Prepare um texto introdutório e um texto conclusivo que pudesse ser utilizado na produção do

documentário “Uma Lulik”.

3.1.2. Faça uma leitura expressiva do mesmo, como se estivesse a gravar o relato do documentário.

3.2. No caso de já ter visto o documentário, explique aos seus colegas em que consiste e diga-lhes qual foi o

aspeto de que mais/ menos gostou.

3.3. No caso de ainda não ter visto o documentário, discuta com os seus colegas quais os aspetos que, na

vossa opinião, deveriam constar do documentário.

4. Refira documentários que já tenha visto e/ ou de que tenha ouvido falar, indicando as respetivas temáticas.

LEITURALeia atentamente o texto.

Al Gore

Político e ativista ambiental norte-americano, Albert Arnold Gore Jr.

nasceu a 31 de março de 1948, em Washington, na altura em que o

seu pai estava no décimo ano na Câmara dos Representantes. Passou

a juventude no Tennessee e, após ter-se licenciado em Harvard, em

1969, viajou para o Vietname onde, apesar de ter contestado a guerra,

trabalhou durante cinco meses como repórter militar.

Foi membro da Câmara dos Representantes de 1976 a 1984 e do

Senado de 1984 a 1992. Nesse ano foi eleito para a vice-presidência

dos EUA, com Bill Clinton como presidente. Ambos foram reeleitos em

1996. Em 2000 candidatou-se às eleições presidenciais, mas perdeu

para George W. Bush.

As suas mais conhecidas preocupações são a defesa do ambiente e o

desarmamento. Em 2006, Davis Guggenheim realizou o documentário

ambientalista An Inconvenient Truth (Uma Verdade Inconveniente),

que se revelou um êxito no Festival de Cinema de Sundance e, para alguns críticos, uma referência no género.

Neste filme, o espectador acompanha o esforço e a luta de Al Gore para travar o aquecimento global e alertar

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Page 93: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 91

para o problema, sensibilizando a comunidade mundial e evitando abordar a questão como se de política

se tratasse, mas antes considerando-a como um desafio para a Humanidade. An Inconvenient Truth viria,

aliás, a ganhar os Óscares de Melhor Documentário e de Melhor Canção Original, na noite de atribuição

destes galardões, em 2007. Nesse mesmo ano, foi galardoado, juntamente com o Painel Intergovernamental

para Mudanças Climáticas (IPCC), com o Prémio Nobel da Paz, pelos esforços empreendidos na luta pela

preservação do meio ambiente e contra o aquecimento global.In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012 (texto adaptado)

VOCABULÁRIOativista (l. 1): membro ativo de uma causa (neste caso, da causa ambiental); Câmara dos Representantes (l. 3) órgão legislativo do Congresso, conforme define a Constituição dos EUA; Tennessee (l. 4): estado-membro dos Estados Unidos da América; Harvard (l. 4): a mais antiga e prestigiada universidade dos EUA; ter contestado (l. 5): ter-se oposto, ter manifestado desacordo; Câmara dos Representantes (l. 7) e Senado (l. 8): os dois orgãos legislativos do Congresso, conforme define a Constituição dos EUA; desarmamen-to (l. 13): entrega ou redução, voluntária ou forçada, de armas, tropas e material bélico na posse de pessoas, estados ou organizações; êxito (l. 15): sucesso; críticos (l. 15): pessoas que fazem a apreciação de uma criação intelectual, artística ou literária; Óscares (l. 19): prémios atribuídos, desde 1927, a produções cinematográficas pela Academia de Artes e Ciências dos EUA; galardões (l. 20): prémios atribuídos pelo valor das obras concorrentes; empreendidos (l. 21): realizados.

Sobre o texto1. Atente nas três expressões apresentadas. Cada uma sintetiza o conteúdo de um parágrafo do texto.

Atividade política | Centros de interesse | Percurso de vida e formação académica

1.1. Faça corresponder a cada expressão o respetivo parágrafo.

2. Diga se as afirmações seguintes são verdadeiras (V) ou falsas (F) e corrija as falsas.

a) Os ascendentes de Al Gore não tinham qualquer experiência na área da política.

b) Al Gore participou em três eleições presidenciais.

c) O documentário realizado por Al Gore, “Uma verdade inconveniente”, foi galardoado com dois Óscares em 2007.

d) Al Gore recebeu o prémio Nobel da Paz pela sua atuação a favor do meio ambiente.

3. Tenha em conta as duas preocupações que o texto atribui a Al Gore.

3.1. Compare-as em termos de consequências para o ser humano.

4. Esclareça o sentido da seguinte afirmação:

O documentário “Uma Verdade Inconveniente” não deixa indiferente a opinião pública internacional para

as mudanças climáticas.

5. A questão ambiental é considerada, no documentário, “como um desafio para a Humanidade” (l. 18).

5.1. Indique duas alterações que considere prioritárias para responder a esse desafio.

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Page 94: Português 12º - Manual do Aluno

92 | Consciência ambiental

Para além do textoO texto abaixo é a apresentação sintetizada da temática do documentário “Uma Verdade Inconveniente”, ou seja, uma sinopse. Leia-o atentamente.

SinopseO Ex-Vice-Presidente Al Gore apresenta uma alarmante e preocupante perspetiva sobre o futuro do nosso planeta – e civilização – neste documentário obrigatório. Aqui está um alerta que expõe os mitos e ideias erradas, a fim de fazer ouvir a mensagem: o aquecimento global é uma ameaça real hoje! Uma Verdade Inconveniente mostra-nos, com os persuasivos argumentos de Al Gore, que temos de atuar já para salvar o planeta Terra. Cada um de nós pode alterar coisas no modo como vivemos as nossas vidas e passar a fazer parte da solução.

(dvdpt) ou (IMDB) http://vimeo.com/24857305 (texto adaptado)

Para que todos façamos “parte da solução”, como refere a sinopse, é necessário refletir sobre comportamentos que têm de ser alterados a nível mundial.

É essa abordagem de mudança que se apresenta com as questões que se seguem.

1. Observe as seguintes imagens.

1.1. Descreva-as, referindo os aspetos que as distinguem.

1.2. Indique as atitudes que, no seu entender, possibilitam a concretização da realidade apresentada na Figura B.

2. As duas imagens seguintes põem em evidência a necessidade de reduzir o consumo de energia elétrica.

Observe-as.

Fig. A

Imagem 1

Fig. B

Imagem 2

Page 95: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 93

2.1. Identifique, na Imagem 1, a lâmpada incandescente e a lâmpada economizadora (de baixo consumo).

2.1.1. Esclareça em que aspetos se baseou para fazer a identificação solicitada na questão anterior.

2.2. As lâmpadas economizadoras apresentam outra vantagem, para além da característica que lhes dá o nome.

2.2.1. Tendo em conta esse aspeto, compare o impacto ambiental de um e de outro tipo de lâmpadas.

2.3. Explicite a leitura que faz da Imagem 2, tendo em conta:

a) o sentido do slogan, especialmente das formas verbais “poupar” e “ganhar”;

b) os ramos verdes de uma árvore em lugar dos filamentos elétricos dentro da lâmpada.

3. O Homem sempre aproveitou a energia do vento, ou seja, energia eólica, para seu proveito (por exemplo, pressionar as velas dos barcos e navegar).

3.1. Indique outras aplicações da energia eólica.

3.2. A imagem abaixo mostra a forma como se faz o aproveitamento moderno da força dos ventos para gerar eletricidade. Leia, atentamente, o texto que a acompanha.

3.2.1. Indique o motivo pelo qual é importante para a China ter tido “um crescimento do potencial eólico

maior que o mundial”.

GRUPO C

LEITURALeia atentamente os textos e observe as imagens.

A reciclagem

Texto AA reciclagem é o reaproveitamento dos materiais como

matéria-prima para fabricar novos produtos. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico.

A palavra reciclar vem do francês recycler [repetir o ciclo (re > repetir, e cycle > ciclo) ].

Esta palavra, reciclagem, difundiu-se nos média a partir do final da década de 80 (século XX), na sequência de estudos que reconheceram: as fontes de petróleo e

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A China tem obtido um crescimento do potencial eólico

maior que o mundial – superou a Espanha e, em 2009, passou

a ser o terceiro país com maior capacidade de produção. Tal

esforço tem sido feito pelo facto de a China ser o país que

mais emite gases com efeito de estufa. O governo chinês

deseja ainda que as energias renováveis representem 15%

do seu abastecimento energético até 2020.http://poderdosventos.wordpress.com

Page 96: Português 12º - Manual do Aluno

94 | Consciência ambiental

de outras matérias-primas não renováveis estarem a esgotar-se rapidamente; haver falta de espaço para a colocação, na natureza, de lixo e de outros desperdícios.

É necessário ter sempre presente o tempo de desintegração dos diferentes lixos (ver imagens ao lado).

Hoje, cada vez mais pessoas reciclam, mas é necessário um esforço de todos para que as matérias- -primas do nosso planeta não se esgotem.

Outro aspeto importante da reciclagem é que se economiza água e energia, por comparação com o processo de preparação original das matérias-primas. Por exemplo: o papel reciclado requer cerca de 74% menos de energia e 50% menos de água do que o papel obtido de madeira.

Os países campeões de reciclagem são o Japão, que reutiliza 50% do seu lixo sólido, e os Estados Unidos, que reciclam mais de um terço de seu lixo; outros países que também possuem uma cultura bastante avançada sobre reciclagem são os países nórdicos, ou seja, Suécia, Dinamarca, Noruega, além da Alemanha. A União Europeia estipulou a meta de 25% de reciclagem do lixo produzido.

As maiores vantagens da reciclagem são: • a minimização da quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterro ou incineração; • a minimização da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; • a possibilidade de permitir aos cidadãos uma participação ativa na melhoria da qualidade do ambiente;• a criação de postos de trabalho;• a redução da poluição; • a redução do impacte ambiental causado pela extração de recursos;• a não contaminação dos solos.

Texto BA regra dos 3Rs consiste em:Reduzir - a quantidade de lixo que cada um de nós produz obriga-nos a reduzir o consumo de tudo o que

não é necessário;Reutilizar - devemos escolher produtos e embalagens que possam ser utilizados várias vezes; Reciclar - colocar no respetivo ecoponto os produtos que iriam para o lixo.

Texto CAdeus, hélioA maioria das pessoas conhece-o como o gás que faz erguer os

balões das feiras, os dirigíveis e os super-heróis gigantes dos cortejos. Mas o hélio também faz funcionar os motores a jato e é essencial para o equipamento de mergulho, os aceleradores de partículas e os dispositivos de ressonância magnética.

Segundo o National Research Council, este recurso está a acabar.

PAPEL

TECIDO

FILTRO DECIGARRO

MADEIRAPINTADA

PLÁSTICO

METAL VIDRO

CHICLETE BORRACHADE 3 A 6MESES

DE 6MESESA 1 ANO

MAIS DE100

ANOS

MAISDE 100ANOS

MAISDE 100ANOS

1 MILHÃODE ANOS

TEMPOINDETER-MINADO5 ANOS

5 ANOS

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30

35

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1

5

Preço de um balãode hélio: 56 cêntimosPreço sustentávelpara alguns peritos:75 euros

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Salvar o planeta | 95

Cientistas como o físico Robert Richardson, que já ganhou o prémio Nobel, pensam que um aumento de preço ajudaria a conservar o hélio e incentivaria os grandes consumidores de hélio, como a NASA, a reciclar.

Gretchen Parker, National Geographic, março 2011 (texto adaptado)

VOCABULÁRIOTexto A – matéria-prima (l. 2): substância principal ou essencial de que uma coisa é feita; reciclados (l. 3): transformados, depois de usados, com vista a uma nova utilização; matérias-primas não renováveis (l. 10): substâncias que não se renovam na natureza, como o petróleo; desperdícios (l. 13): restos de coisas feitas à mão ou fabricadas; desintegração (l. 15): separação progressiva das partes de um todo, decomposição; esgotem (l. 18): acabem; minimização (l. 29): diminuição, redução ao mínimo; resíduos (l. 29): matérias que ficam depois da utilização de certos materiais; aterro (l. 29): terreno onde são depositados, em camadas compactadas, resíduos sólidos; incineração (l. 29): processo químico industrial de tratamento de resíduos sólidos urbanos, redução a cinzas; contaminação (l. 35): invasão de um determinado meio por elementos poluidores. Texto B – ecoponto (l. 5): recipiente para recolha seletiva de diversos materiais a reciclar. Texto C – hélio (título): elemento químico, gasoso, incolor e inodoro, pertencente à família dos gases nobres; dirigíveis (l. 2): veí-culos que se elevam na atmosfera por estarem cheios de gás menos denso do que o ar; aceleradores de partículas (l. 4): aparelhos utilizados para estudos científicos; ressonância magnética (l. 5): técnica utilizada em medicina para obtenção de informações sobre o corpo humano.

Sobre o texto

Texto A

1. Faça a leitura da 1.ª imagem, tendo em atenção:

• a função dos três contentores;

• o fundo de flores em que os contentores estão enquadrados;

• a composição do fundo mais distante.

2. Em relação à 2.ª imagem, sobre “o tempo de desintegração dos diferentes lixos” (ll. 14-15), refira o aspeto que

lhe causou mais admiração, justificando.

3. Identifique os três motivos que estão na base do processo de reciclagem.

3.1. Indique os dois motivos que, para si, são mais motivadores para alguém se empenhar na reciclagem e

justifique a sua escolha.

Texto B

4. Escolha uma regra dos 3Rs e indique algumas medidas práticas que aconselharia a comunidade onde vive a seguir.

Texto C

5. Atualmente, o hélio é utilizado em diversões, em transportes e em aplicações médicas e científicas.

5.1. Partindo do texto, explique a afirmação anterior.

6. Segundo o texto, a ideia de Robert Richardson, se fosse posta em prática, levaria a NASA a poupar hélio, já

que este se tornaria muito dispendioso.

6.1. Atendendo à legenda que acompanha a imagem do balão, esclareça o sentido da seguinte afirmação: “O

preço de um balão de hélio deveria ser 133 vezes mais caro, para ser um preço sustentável”.

6.2. Indique, justificando, se está de acordo com este processo de controlo dos recursos em vias de extinção.

Page 98: Português 12º - Manual do Aluno

96 | Consciência ambiental

ESCRITA

A importância da reciclagem

Para além dos problemas ambientais a nível mundial, cada comunidade tem os seus problemas específicos

de poluição e de reciclagem. Por isso, é sempre necessário consciencializar para o facto de que todos somos

responsáveis por um ambiente com qualidade.

Nesse sentido, propõe-se que:

• em primeiro lugar, procure conhecer melhor a realidade da zona onde vive no que diz respeito a esta

matéria;

• atue, escrevendo, em função da informação apurada: se for favorável à prática da reciclagem, opte por

redigir um folheto informativo que informe as pessoas sobre as vantagens e apele para a urgência de

reciclar, indicando, ainda, as formas de, na zona onde reside, o fazerem; se as condições forem desfavoráveis

ou quase inexistentes, elabore uma carta de reclamação à entidade competente para esta matéria, expondo

a situação e apresentando alternativas.

Preparação

1. Na etapa de Preparação/ Planificação, tenha em atenção as seguintes indicações:

 > Para qualquer dos géneros de texto que escolha:

• enumere as situações favoráveis e desfavoráveis à reciclagem no local onde reside;

• selecione exemplos concretos que ajudem a ilustrar essas situações a apresentar;

• recolha imagens ou desenhos que ilustrem realidades locais, para inserir no seu texto.

 > No caso da redação de um folheto informativo e apelativo:

• selecione informação sobre a urgência atual de colaborar na reciclagem (poderá servir-se dos textos

informativos deste subtema);

• explique às pessoas como o podem fazer;

• integre um slogan que apele à prática da reciclagem e, eventualmente, outras informações que considere

terem impacto sobre os destinatários.

Textualização

2. Redija o texto, atentando nos seguintes aspetos:

 > No caso de uma carta de reclamação:

• tenha em conta o que já aprendeu sobre redigir uma carta formal (cf. Manual do Aluno do 10.º Ano, pp.

117-118), mais especificamente de reclamação (cf. este Manual, pp. 45-48):

 » Identifique o remetente (nome e morada)

 » Identifique o destinatário (nome e, eventualmente, o cargo, morada)

 » Localidade e data

Page 99: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 97

 » Indicação do assunto

 » Fórmula de saudação

 » Corpo da carta:

• Numa primeira parte (número variável de parágrafos), faça uma exposição detalhada do assunto e do

que motiva o contacto;

• Numa segunda parte, apresente o que pretende que seja feito com o intuito de solucionar a situação

que dá origem à reclamação.

 » Fórmula de fecho

 » Assinatura

 » Enumeração de possíveis anexos

Revisão

3. Consulte o seu professor para pôr em prática modos colaborativos de revisão do seu texto, para o aperfeiçoar.

4. Faça chegar o texto aos destinatários, seguindo orientações do seu professor.

GRUPO D

LEITURAObserve o seguinte cartoon e leia o texto que o acompanha.

Ecologia ganha voz

Ecologia ganha vozÀ medida que o país abre ao exterior os ecologistas birmaneses começam a ter voz pra denunciar a devastação dos ecossistemas. Num sistema político corrupto, a tarefa é gigante.MARTIRENA CUBA

in Courrier international, junho 2012

Sobre o texto1. Faça a descrição da imagem, identificando:

a) os diferentes elementos que a compõem;

b) as cores utilizadas;

c) os diferentes planos;

d) o elemento que divide os planos.

Page 100: Português 12º - Manual do Aluno

98 | Consciência ambiental

2. Explicite a mensagem ecológica transmitida pela imagem, atendendo, em particular:

a) à diferença cromática apresentada;

b) à atitude da figura humana;

c) ao que ela sustenta em cada mão;

d) ao equilíbrio da referida figura.

3. Elabore uma frase que ilustre a sua leitura do cartoon.

Para além do textoO poema, que está associado a uma música (http://www.youtube.com/watch?v=2O1xO-PqIMk), é um exemplo de que, também através da canção, se denunciam os atentados ao ambiente. Leia-o com atenção.

Rosalinda

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Rosalinda

se tu fores à praia

se tu fores ver o mar

cuidado não te descaia

o teu pé de catraia

em óleo sujo à beira-mar

a branca areia de ontem

está cheiinha de alcatrão

as dunas de vento batidas

são de plástico e carvão

e cheiram mal como avenidas

vieram para aqui fugidas

a lama a putrefação

as aves já voam feridas

e outras caem ao chão

mas na verdade Rosalinda

nas fábricas que ali vês

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o operário respira ainda

envenenado a desmaiar

o que mais há desta aridez

pois os que mandam no mundo

só vivem querendo ganhar

mesmo matando aquele

que morrendo vive a trabalhar

tem cuidado...

e em Ferrel lá p’ra Peniche

vão fazer uma central

que para alguns é nuclear

mas para muitos é mortal

os peixes hão de vir à mão

um doente outro sem vida

não tem vida o pescador

morre o sável e o salmão

isto é civilização

assim falou um senhorFausto Bordalo Dias

Vocabulário

descaia (v. 4): caia; catraia (v. 5): (palavra usada em registo popular) rapariga, garota; alcatrão (v. 8): substância resinosa de cor negra resultante da lavagem dos navios; dunas (v. 9): montes de areia formados pela ação do vento, no litoral; lama (v. 13): areia com matéria orgânica em decomposição; putrefação (v. 13): podridão; envenenado (v. 19): intoxicado; desmaiar (v. 19): perder os sentidos; aridez (v. 20): secura, pobreza; Ferrel (v. 26): nome de uma vila portuguesa, perto de Peniche, onde esteve para ser construída uma central nuclear; no entanto, o protesto da população impediu a concretização desse objetivo; Peniche (v. 26): nome de cidade portuguesa com tradição de pesca; central (nuclear) (vv. 27/28): local de produção de energia atómica; sável (v. 33): variedade de peixe pescado no rio; salmão (v. 33): variedade de peixe de cor avermelhada; civilização (v. 34): progresso, evolução.

Page 101: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 99

1. O poeta dirige-se a Rosalinda, na 1.ª estrofe.

1.1. Indique a característica de Rosalinda explicitamente apresentada pelo sujeito poético e aquela que se depreende a partir do seu discurso.

1.2. Defina a atitude do sujeito poético quando se dirige a Rosalinda.

2. Atente na 2.ª estrofe.

2.1. Justifique a colocação pré-nominal do adjetivo no 1.º verso.

2.2. Refira o sentido do advérbio “ontem” neste contexto.

2.3. Indique o valor do sufixo –inha na palavra “cheiinha”.

2.4. Faça o levantamento dos termos e/ ou expressões de conotação negativa, em relação ao ambiente, presentes na estrofe.

2.5. Identifique o tipo de poluição aí referida.

3. A 3.ª estrofe apresenta, na perspetiva do sujeito poético, a principal razão desta poluição.

3.1. Justifique a afirmação.

4. Na 4.ª estrofe referem-se algumas das consequências de uma central nuclear.

4.1. Explique o sentido da relação entre os pronomes “alguns” e “muitos” (vv. 28 e 29).

4.2. Explique o valor estilístico dos versos das linhas 30 e 31.

4.3. Apresente o sentido de “não tem vida” (v. 32).

4.4. Refira a justificação dada por “um senhor” (v. 35) para tais consequências.

5. O poeta escolheu uma jovem, chamada Rosalinda, para prevenir e esclarecer sobre questões do ambiente.

5.1. Atendendo às características de Rosalinda já analisadas em 1., apresente possíveis razões para esta escolha do sujeito poético.

GRUPO E

LEITURALeia atentamente o texto.

Políticas pelo ambiente

Há muito que se sabe que o planeta está doente.

Os climas alteram-se, as amplitudes térmicas aumentam, os verões provocam secas intensas, os invernos

trazem enxurradas que varrem tudo à sua passagem. Furacões, tsunamis, tremores de terra, todos estes

sintomas não auguram nada de bom se tudo continuar como até agora.

Em 1997, a cidade de Quioto no Japão receberia os líderes dos países mais industrializados para negociações

visando uma redução nas emissões de gases com efeito de estufa. Ratificado a 15 de março de 1999, o tratado

exigia aos signatários uma redução de emissões de pelo menos 5,2% (relativamente aos valores registados

em 1990) até 2012. O protocolo incentivava igualmente os países a reformarem os setores da energia e dos

transportes, a optarem por energias renováveis e a limitarem as emissões de metano.

1

5

Page 102: Português 12º - Manual do Aluno

100 | Consciência ambiental

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35

Entre os países mais industrializados, apenas Austrália e Estados Unidos da América rejeitaram o protocolo.

George W. Bush chegou mesmo a acusar o tratado de ser “desleal e inútil” porque deixava de fora 80 por

cento do mundo e porque “causava sérios prejuízos à economia norte-americana”.

De acordo com relatórios da OCDE, os países mais industrializados são responsáveis por 90% da produção

de resíduos, entre os quais se contabilizam dois mil milhões de toneladas de resíduos nocivos (tóxicos e

nucleares).

Em 2010, a cobertura florestal poderá ter diminuído 40% relativamente aos valores de 1990. Em 2040,

a acumulação de gases de efeito de estufa pode originar um aquecimento de 1 ou 2 graus centígrados de

temperatura média do planeta e uma subida de 0,2 metros a 1,5 metros do nível das águas dos oceanos.

E aqueles que ainda não se consciencializaram do dramatismo da situação em que o planeta se encontra

devem fixar estes números:

— 6 milhões de hectares de terras aráveis desaparecem todos os anos;

— nos últimos dez anos, 14 milhões de quilómetros quadrados (trinta vezes a superfície de Espanha)

transformaram-se em desertos;

— todos os anos, 6 mil espécies animais são erradicadas do planeta;

— as reservas de água per capita entre 1960 e 1989 passaram de 3430m3 para 667m3;

— um litro de água é já mais caro do que um litro de combustível.

Em 2007, aquando da reunião dos G8, a mesma administração Bush, que, durante dois mandatos,

desrespeitou o tratado de Quioto, defendeu a adoção de um plano de longo prazo no qual os quinze

maiores emissores de poluentes do mundo, liderados pelos EUA, China e Índia, realizariam reduções nas

emissões de CO2.

O plano de Bush para liderar o movimento de luta pelo ambiente mereceu duras críticas por parte de

Stavros Dimas, Comissário para o Meio Ambiente: «A declaração proferida pelo presidente Bush repete

basicamente a linha clássica norte-americana a respeito das mudanças climáticas – nada de reduções

obrigatórias e objetivos vagos.»

A militância contra os efeitos nefastos que o Homem tem produzido na natureza ganhou novo alento com

um americano. O seu nome é Al Gore e trata-se de um dos maiores exemplos contemporâneos daquilo que

deve ser a cidadania ativa. http://observador21.blogspot.pt/2007/07/sos-planeta-terra.html (texto adaptado)

VOCABULÁRIOamplitudes térmicas (l. 2): diferenças entre a temperatura máxima e mínima; enxurradas (l. 3): grandes quantidades de água que correm rapidamente, geralmente provocadas por chuvas torrenciais; varrem (l. 3): levam consigo, arrastam; Furacões (l. 3): Ventanias repentinas e violentas; tsunamis (l. 3): vagas de grande dimensão provocadas por tremores de terra ou erupções vulcânicas; auguram (l. 4): fazem prever, anunciam; Quioto (l. 5): cidade japonesa onde se realizou o protocolo sobre ambiente; Ratificado (l. 6): Validado, Confirmado; signatários (l. 7): países que assinaram o protocolo/ acordo; protocolo (l. 8): acordo estabelecido; reformarem (l. 8): introduzirem alterações a; optarem (l. 9): escolherem, preferirem; metano (l. 9): gás inflamável que se forma pela decomposição de matéria orgânica; Georges W. Bush (l. 11): presidente dos Estados Unidos entre 2001 e 2008; nocivos (l. 14): prejudiciais; dramatis-mo (l. 19): dimensão trágica, problema grave; aráveis (l. 21): de cultivo; erradicadas (l. 24): eliminadas; per capita (l. 25): por pessoa (expressão latina muito usada em economia); combustível (l. 26): gasolina; administração (l. 27): governação, presidência; mandatos (l. 27): períodos de tempo durante os quais uma pessoa ou um partido detêm os poderes próprios do cargo para que foram eleitos; militância (l. 35): atividade organizada e comprometida; nefastos (l. 35): prejudiciais; alento (l. 35): vigor, entusiasmo.

Page 103: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 101

O Protocolo de Quioto, que sucede à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, é um dos instrumentos

jurídicos internacionais mais importantes na luta contra as alterações climáticas. Integra os compromissos assumidos pelos países

industrializados de reduzirem as suas emissões de determinados gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento planetário.

As emissões totais dos países desenvolvidos devem ser reduzidas em, pelo menos, 5% em relação aos níveis de 1990, durante o período

2008-2012.

http://europa.eu/legislation_summaries/environment/tackling_climate_change/l28060_pt.htm

G8 é o conjunto dos oito países considerados mais industrializados e economicamente mais fortes do mundo (Estados Unidos, Japão,

Alemanha, Reino Unido, França, Itália, o Canadá e a Rússia), que se reúnem normalmente para tratar de questões relacionadas com

a economia global.

Sobre o texto1. Indique, para cada par de afirmações, a que está correta em relação à informação do texto.

1.1. 

a) Há muitos fenómenos naturais que se têm vindo a verificar e que evidenciam um planeta pouco saudável.

b) As amplitudes térmicas, as secas, as enxurradas, os furacões, os tsunamis e os tremores de terra estão a arrasar o planeta.

1.2. 

a) O 3.º parágrafo refere duas exigências do tratado de Quioto.

b) O 3.º parágrafo refere uma exigência e três recomendações do tratado de Quioto.

1.3. 

a) De acordo com o 5.º e 6.º parágrafo, George W. Bush tinha razão em fazer aquelas afirmações.

b) De acordo com o 5.º e 6.º parágrafo, George W. Bush não tinha razão em fazer aquelas afirmações.

1.4. 

a) A desflorestação contribui efetivamente para a aceleração do aquecimento global.

b) A desflorestação contribui para a diminuição do aquecimento global.

2. Indique a palavra que, no 2.º parágrafo, pertence ao campo lexical de “doença”.

3. As palavras “desleal e inútil” (l. 11) possuem prefixos de valor semelhante.

3.1. Justifique.

4.  Faça corresponder as expressões sublinhadas das frases da Coluna A à respetiva função sintática na Coluna B.

COLUNA A COLUNA B1. “Ratificado a 15 de março de 1999, o tratado exigia aos signatários uma redução de emissões de pelo menos 5,2%” (ll. 6-7)

a) Modificador restritivo do grupo nominal

b) Modificador apositivo do grupo nominal

2. “os países mais industrializados são responsáveis por 90% da produção de resíduos” (ll. 13-14)3. “a mesma administração Bush, que, durante dois mandatos, desrespeitou o tratado de Quioto, defendeu a adoção de um plano de longo prazo” (ll. 27-28)4. “os quinze maiores emissores de poluentes do mundo, liderados pelos EUA, China e Índia, realizariam reduções nas emissões de CO2.” (ll. 28-30)

Page 104: Português 12º - Manual do Aluno

102 | Consciência ambiental

5. Considere os excertos do texto apresentados na Coluna A.

COLUNA A COLUNA B1. “O protocolo incentivava igualmente os países” (l. 8) a) No excerto a coesão é feita pela ordem

cronológica dos acontecimentos.2. “De acordo com relatórios da OCDE, os países mais industrializados são responsáveis por 90% da produção de resíduos entre os quais se contabilizam dois mil milhões de toneladas de resíduos nocivos (tóxicos e nucleares).” (ll. 13-15)

b) O advérbio de modo estabelece uma ligação por adição de ideias.

3. “Em 2010, a cobertura florestal poderá ter diminuído 40% relativamente aos valores de 1990. Em 2040, a acumulação de gases de efeito de estufa pode originar um aquecimento de 1 ou 2 graus centígrados de temperatura média do planeta” (ll. 16-18)

c) O processo de coesão é a anáfora pronominal.

5.1. Identifique, em cada um, unidades linguísticas responsáveis por estabelecer elos coesivos (com texto antecedente ou não), de acordo com o que já aprendeu sobre formas de estabelecer e assegurar a coesão de um texto.

5.2. Faça corresponder cada excerto (do texto apresentado) na Coluna A a um tipo de coesão verificado nesse excerto e definido na Coluna B.

Para além do textoEste cartoon pretende homenagear os ministros do meio ambiente dos países que compõem o G8 que decidiram adiar para 2050 a redução das emissões de gases de estufa.

NÃO EXISTEM PROVAS DE QUE O HOMEMESTEJA A CAUSAR OAQUECIMENTO GLOBALPOR ISSO NÃO VOU MUDARO MEU ESTILO DE VIDA!

O DANO JÁ ESTÁ FEITO, SÓ TEMOSDE NOS ADAPTAR. NÃO VOU MUDARO MEU ESTILO DE VIDA!

O HIDROGÉNIO E A TECNOLOGIAVÃO-NOS SALVAR! NÃO VOU TER DE MUDARO MEU ESTILO DE VIDA!

OKAY! OKAY!EU MUDO O MEU EST...GLUG... GLUG...

1. Faça uma leitura do cartoon e indique como é conseguida a ironia da mensagem.

Page 105: Português 12º - Manual do Aluno

Salvar o planeta | 103

PRÁTICA DE LÍNGUA

Leia atentamente o texto.

O preço oculto do que compramos

Há algum tempo fiz uma compra por impulso: um carro de corrida de madeira, de um amarelo brilhante, com uma bola verde a fazer de cabeça do condutor e quatro discos pretos colados de lado a fazer de rodas. O brinquedo só custou noventa e nove cêntimos. Comprei-o para o meu neto de dezoito meses, pensando que ele ia adorar.

Depois de chegar a casa com aquele pequeno carro de madeira, li, por acaso, que, devido ao facto de o chumbo na tinta tornar as cores (sobretudo o amarelo e o vermelho) mais vivas e duráveis — e custar menos do que as alternativas —, é mais provável que os brinquedos mais baratos o contenham. Depois deparei-me com um artigo que relatava que um teste realizado a duzentos brinquedos encontrados nas prateleiras das lojas — incluindo a cadeia onde comprei o carro — revelou que uma grande percentagem continha vários níveis de chumbo.

Agora, meses depois, aquele carrinho ainda está em cima da minha secretária. Nunca o ofereci ao meu neto. O nosso mundo de abundância material tem um preço oculto. Não conseguimos ver até que ponto as coisas que compramos e usamos diariamente possuem outro tipo de custos — consequências para o planeta, para a saúde dos consumidores e para as pessoas cujo trabalho nos proporciona o conforto e satisfaz as necessidades. E, no entanto, os impactes invisíveis de todas essas coisas podem constituir o seu aspeto mais importante.

Daniel Goleman, Eco Inteligência, Círculo de Leitores, 2009 (texto adaptado)

VOCABULÁRIOimpulso (l. 1): desejo súbito e pouco racional; chumbo (l. 5): substância com características metálicas, prejudicial para os seres vivos, quando ingerido; alternativas (l. 7): outras opções; cadeia (l. 9): empresa com vários pontos de venda; abundância (l. 11): quantidade maior do que a necessária, fartura; oculto (l. 11): desconhecido, escondido; proporciona (l. 13): oferece.

 A Modificador restritivo do nome

1. Transcreva, dos dois primeiros parágrafos, os nomes e respetivos modificadores restritivos, seguindo as indicações:

a) três modificadores do mesmo nome, formados por grupos preposicionais;

b) dois nomes com os respetivos modificadores adjetivais colocados imediatamente à direita do nome;

c) um modificador, e respetivo nome, constituído por dupla adjetivação;

d) um modificador, e respetivo nome, constituído por uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

 B Modificador apositivo do nome

1. Releia atentamente o último parágrafo.

1.1. Agregue um nome a cada modificador apositivo do nome abaixo apresentado. Tenha em atenção o sentido do texto e do parágrafo. Ao reescrever o nome e apor-lhe o modificador, considere a pontuação necessária a este tipo de sintagma facultativo.

a) que tanto me enfeitiçou

b) companheira robusta e sólida

c) a nossa casa

d) bem supremo

e) bem-estar do corpo e da alma

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Page 106: Português 12º - Manual do Aluno

“Podemos ter muitas palavras para dizer uma coisa que

aparentemente é a mesma, mas a verdade é que cada um a

diz de uma forma diferente. É por isso que as possibilidades de

reprodução do mundo pelas palavras são tantas.”José Luís Peixoto

Page 107: Português 12º - Manual do Aluno

Unidade Temática 3 Diversidade linguístico-cultural

Terra: um mosaico linguístico-culturalEm defesa da diversidade

Page 108: Português 12º - Manual do Aluno

106

Subtema 1 | Terra: um mosaico linguístico-cultural

GRUPO A

LEITURA

Gastronomia no mundo

1. No 11.º Ano, teve oportunidade de refletir sobre a diversidade cultural, em particular no subtema intitulado

“Identidades culturais”.

1.1. Relembre os aspetos que podem concorrer para a definição da identidade cultural de um povo.

1.2. Relembre alguns exemplos de práticas culturais, estilos de vida e tradições abordados no 11.º Ano.

2. A gastronomia varia de cultura para cultura e, como tal, é um aspeto importante e diferenciador da identidade

cultural de um povo. Leia as seguintes frases, que foram retiradas do texto abaixo:

a) Os hábitos alimentares são determinados por padrões culturais.

b) As restrições religiosas limitam a dieta de muitas pessoas.

c) A alimentação humana é determinada, principalmente, pelas plantas e animais disponíveis em cada local.

d) Existem várias superstições sobre os alimentos.

e) A riqueza de uma sociedade determina os seus alimentos.

2.1. Leia o texto e insira as frases no espaço certo, atendendo ao contexto.

3. Releia o texto.

(1) Os esquimós, que vivem no Pólo Norte, alimentam-se,

principalmente, da carne de peixes, focas e baleias. Os caribenhos vivem

de peixes, vegetais e arroz porque as principais atividades económicas

das ilhas são o turismo e a agricultura. O pão, um alimento milenar,

básico na maior parte do mundo, é feito de milho no México, de aveia

ou cevada na Escócia, de centeio, trigo ou cevada na Alemanha, Rússia e

Escandinávia, de trigo nos Estados Unidos e no Canadá, e de uma mistura

de milho e trigo no Brasil, sendo que, em algumas regiões brasileiras,

pode-se encontrar o pão de trigo puro. O pão é quase desconhecido nos

países onde o arroz é a base da alimentação porque o grão de arroz não

é apropriado para a produção de pães. O leite, um alimento fundamental

para a população mundial, é fornecido por vacas na América do Norte,

Austrália, Nova Zelândia e na maioria da Europa; por cabras em vários

países mediterrânicos; por búfalas na Índia, no Paquistão e no Egito; por

camelos-fêmea na península árabe e por iaques no Tibete. (2) É possível aumentar a variedade quando um país compra

alimentos de outras regiões. Os Estados Unidos, por exemplo, importam

produtos de, praticamente, o mundo todo: café da Colômbia e Brasil,

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15

Fig 1

Fig. 2

Fig. 3

Page 109: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 107

chá do Sri Lanka, queijo da Dinamarca, França e Holanda; sardinhas da

Noruega e bananas das Caraíbas.(3) Os japoneses comem lulas, lagosta, atum e sépia crus, embora

esta prática seja estranha para a maioria dos ocidentais. Os habitantes de

Nova Iorque, Londres, Paris e Dublin alimentam-se de ostras e conchas

cruas. Os franceses adoram o sabor de ouriços crus, da mesma forma que

os mexicanos apreciam lagartas dos agaves; as tribos do Saara comem os

insetos conhecidos pelo nome de louva-a-deus. Nos países mediterrânicos,

os escargots e pernas de rãs são considerados iguarias.(4) A maioria dos hindus não come carne bovina por considerar a

vaca um animal sagrado. Alguns não ingerem qualquer produto animal,

exceto leite. Os muçulmanos e judeus estão proibidos de comer porco. Aos

islâmicos também são vetadas as bebidas alcoólicas e muitos judeus, por

convicções religiosas, rejeitam certos tipos de peixes, animais que tenham

a pata fendida e determinadas misturas, entre elas, ingerir na mesma

refeição carne e leite. A Igreja Católica interdita aos seus fiéis o consumo

de carne vermelha na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão.(5) Por exemplo, acredita-se que os frutos do mar fortalecem o

cérebro; os espinafres aumentam a força; as cenouras são boas para a vista;

as ostras contribuem para a virilidade; o leite é um alimento completo. Na

Indonésia, peixes secos são raramente ingeridos, porque o povo acredita

que causam vermes. No Brasil, há quem creia que a mistura de leite com

manga pode matar. Outros grupos acreditam que comer peixe causa lepra

e que feijões ou bananas pintados provocam sarampo. Entre os bantu, as

meninas e mulheres na idade de procriação são proibidas de beber leite,

pois acreditam que pode causar esterilidade.

Por diversos fatores, há uma grande variação nos hábitos alimentares

dos diferentes países. Porém, alguns pratos são comuns em sociedades

diversas. Os bolinhos de carne brasileiros (Fig. 1) podem ser o ravioli

italiano (Fig. 2). Os won ton chineses (Fig. 3) assemelham-se aos kreplach

da cozinha judaica (Fig. 4). Os macarrões e os esparguetes são encontrados

na cozinha italiana (Fig. 5) e na chinesa (Fig. 6). As panquecas francesas,

chamadas crepes (Fig. 7), são similares aos blintzes judaicos (Fig. 8) e aos

rolinhos primavera (Fig. 9) da culinária da China.http://rogersil.blogspot.com/2008/09/gastronomia-no-mundo.html, 5/09/2008 (texto

adaptado)

Vocabulário

20

25

30

35

40

45

50

Fig. 4

Fig. 7

Fig. 5

Fig. 8

Fig. 6

Fig. 9

esquimós (l. 1): indivíduos naturais da Gronelândia e outras terras da América Ártica; caribenhos (l. 2): indivíduos das Caraíbas (região da América Central); milenar (l. 4): que tem milhares de anos; iaques (l. 15): bois originários do Tibete, de longos chifres e pelagem comprida; importam (l. 17): trazem do/ compram ao estrangeiro; sépia (l. 21): género de molusco; agaves (l. 25): plantas originárias

Page 110: Português 12º - Manual do Aluno

108 | Diversidade linguístico-cultural

1. Identifique, no texto, as palavras que pertencem a cada uma das seguintes categorias (hiperónimos):

a) cereais (1.º parágrafo);

b) peixe (2.º parágrafo);

c) carne (4.º parágrafo);

d) legumes (5.º parágrafo).

2. Transcreva, do 3.º parágrafo, as palavras/ expressões que significam o mesmo que:

a) apesar de;

b) gostam muito de;

c) chamados;

d) petiscos, comidas muito apreciadas.

Sobre o texto1. Selecione, das opções apresentadas, a hipótese correta para completar cada uma das frases inacabadas:

1.1. Os hábitos alimentares…

a) …são determinados exclusivamente pelos alimentos disponíveis nos locais onde as pessoas residem.

b) …resultam, entre outros aspetos, dos recursos disponíveis na região e das atividades económicas

predominantes.

c) … são mais saudáveis no Polo Norte, onde as pessoas comem sobretudo peixe.

1.2. O pão…

a) … é a base da alimentação em todo o mundo.

b) … pode ser feito de milho, aveia, cevada, centeio, trigo e arroz.

c) … é consumido há milhares de anos.

2. Indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F) e transcreva do texto as passagens que

o comprovam.

2.1. O leite é um alimento dispensável para a maioria das pessoas no mundo.

2.2. A importação de alimentos potencia a diversificação dos hábitos alimentares.

2.3. A ingestão de frutos do mar crus é muito comum nos países ocidentais.

2.4. Muitas das restrições religiosas relacionam-se com o consumo de carne.

do México, de cujas folhas se extrai fibra própria para o fabrico de cordas, tapetes, etc.; ingerem (l. 29): comem ou bebem; vetadas (l. 31): proibidas; convicções (l. 32): crenças; fendida (l. 33): dividida, rachada; interdita (l. 34): proíbe; virilidade (l. 38): masculinida-de; vermes (l. 40): parasitas intestinais, como lombrigas, ténias, etc.; lepra (l. 41): infeção crónica, contagiosa, que se manifesta por insensibilidade e manchas na pele; sarampo (l. 42): doença febril eruptiva, infecciosa e muito contagiosa, que ataca principalmente as crianças, cobrindo o corpo de pintas vermelhas; bantu (l. 42): grupo de povos africanos que falam línguas bantu; procriação (l. 43): reprodução, fertilidade; esterilidade (l. 44): infertilidade, incapacidade de conceber filhos.

Page 111: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 109

3. Releia o 5.º parágrafo.

3.1. Conhece crenças semelhantes às enunciadas neste parágrafo? Quais?

Para além do textoLeia o seguinte texto.

Gastronomia timorense

A culinária timorense, apesar de beber dos métodos e sabores

asiáticos, conseguiu, tal como o seu povo, manter, a muito custo,

uma identidade própria, que tem tanto de simples como de exótica e

fascinante. A gastronomia timorense é muito mais do que uma síntese

de influências estrangeiras mais ou menos impostas; pelo contrário,

os timorenses foram exímios na arte de selecionar o que de melhor

os contributos culinários estrangeiros poderiam trazer para a sua

culinária. Aspetos da culinária portuguesa, chinesa, indiana, africana,

todos eles podem ser encontrados na gastronomia timorense, mas todos têm um tratamento e uma utilização

muito peculiares. Para compreender a culinária timorense, não chega ler uma pequena resenha como esta; é

fundamental prová-la, saboreá-la, através de pratos como o Singa de Kurita ou de Camarão, o Nasi Goreng, o

“Modo-Fila”, a Flor de Papaia com Balichão, o Tukir de Cabrito, o Sassate, o Vau-Tan ou ainda o Saboco Peixe...

Quanto aos doces, temos doces “Mano Ten” com banana, doce de ananás e ainda arroz de Jagra.http://dbraga.blogspot.com/2008/03/gastronomia-de-timor.html (texto adaptado)

1. Atente nos pratos referidos no texto.

1.1. Indique em que consistem esses pratos.

1.2. Identifique a(s) zona(s) do país a que estão associados.

1.3. Refira outros pratos típicos que conheça.

1.4. Selecione um prato típico timorense e explicite como se confeciona.

1.5. Indique qual é o seu prato favorito e justifique.

2. À semelhança das eleições para as 7 maravilhas do mundo moderno e as 7 maravilhas naturais, irão agora,

em turma, eleger as 7 maravilhas da gastronomia timorense (os pratos que consideram representar melhor a

cultura gastronómica timorense).

2.1. Enumerem os pratos que consideram que se podem qualificar para esta eleição.

2.2. Façam uma seleção dos 20 finalistas, listando-os no quadro.

2.3. Procedam à votação das 7 maravilhas gastronómicas timorenses (cada aluno só pode votar num dos

pratos finalistas).

3. No sentido de publicitar o resultado das eleições, sugere-se a elaboração de um pequeno panfleto ou cartaz,

no qual constem, para além das designações das 7 maravilhas gastronómicas timorenses, uma fotografia ou

desenho ilustrativo de cada prato, uma breve descrição do mesmo e a indicação da região onde é característico.

Page 112: Português 12º - Manual do Aluno

110 | Diversidade linguístico-cultural

GRUPO B

LEITURA

Ethnologue: Línguas do Mundo

O Ethnologue: Languages of the World (“Ethnologue: Línguas do Mundo”) é um recurso disponível tanto em

livro como na Internet (www.ethnologue.com), que permite a consulta de diversas informações sobre as línguas.

De seguida, apresentam-se vários dados e informações retirados do site do Ethnologue. Depois de os analisar

cuidadosamente, responda às questões abaixo.

TOTAL MUNDIALPopulação: 6.716.664.407Total de línguas: 7.105Línguas ameaçadas: 2.387

AMÉRICASPopulação: 900.743.578Total de línguas: 1.060Línguas ameaçadas: 643

ÁFRICAPopulação: 938.190.060Total de línguas: 2.146Línguas ameaçadas: 346

PACÍFICOPopulação: 33.684.149Total de línguas: 1.311Línguas ameaçadas: 438

ÁSIAPopulação: 4.115.950.000Total de línguas: 2.304Línguas ameaçadas: 863

EUROPAPopulação: 728.096.620Total de línguas: 284Línguas ameaçadas: 97

Figura 1. Distribuição da população e das línguas a nível mundial

Línguas ameaçadas

Por diversos motivos, os falantes de muitas línguas menos dominantes abandonam o seu uso e começam

a usar outra língua e gradualmente a transmissão intergeracional da língua é reduzida e pode até cessar.

Existem duas dimensões na caracterização do nível de perigo: o número de utilizadores que se identificam

com uma dada língua e o número e natureza das funções para as quais a língua é usada. Uma língua pode

estar ameaçada porque há cada vez menos pessoas que a reconhecem como sua e, consequentemente, nem

a usam nem a transmitem aos seus filhos. Complementarmente, ou em alternativa, pode estar ameaçada

por ser cada vez menos usada em atividades quotidianas e, assim, vai perdendo a ligação com as funções

sociais e comunicativas.

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Terra: um mosaico linguístico-cultural | 111

Dado que a língua e a cultura têm uma forte ligação, a perda de uma língua é quase sempre acompanhada

por ruturas sociais e culturais. A nível global, o desaparecimento de uma língua representa uma perda para

o património de toda a humanidade.

Alguns indicadores da vitalidade de uma língua são:

• número de falantes;

• a idade dos falantes;

• o número de pessoas que associam a sua identidade étnica com a língua;

• os padrões de residência e de migração dos falantes;

• o uso de línguas segundas;

• as atitudes da comunidade face à língua;

• os meios de transmissão (se a língua é aprendida no seio da família ou é ensinada na escola, etc.)

• as taxas de literacia nessa língua, bem como nas línguas dominantes na região;

• os sistemas de escrita em uso tanto atual como historicamente;

• o reconhecimento oficial da língua na nação ou região;

• a existência de vários géneros textuais, incluindo poesia, contos, materiais traduzidos (sobre saúde, a

Bíblia, ...) e imprensa, como jornais e revistas;

• o uso da língua nos meios de comunicação social (rádio, televisão, materiais gravados em CD, cassete,

DVD, etc.) ou em filmes e vídeos;

• o uso da língua nos chamados novos meios de comunicação, como páginas de Internet, salas de

conversação e podcasts e no envio de mensagens a partir de telemóveis e outros aparelhos eletrónicos;

• o uso da língua nas funções “oficiais” do governo;

• as oportunidades económicas proporcionadas pelo conhecimento da língua.

Tabela 2. Maiores famílias de línguas

Família de línguas N.º de línguas vivas N.º de falantesAfro-asiática 366 362.281.758Austronésia 1.221 345.818.471Indo-europeia 436 2.916.732.355Nigero-congolesa 1.524 430.784.205Sino-tibetana 456 1.268.209.279Trans-nova Guiné 475 3.536.267Outras 2.627 909.059.232

Tabela 1. Línguas mais faladas como Línguas Maternas a nível mundial

Posição Língua N.º de falantes nativos1. Chinês 1.197.000.0002. Espanhol 406.000.0003. Inglês 335.000.0004. Hindi 260.000.0005. Árabe 223.000.0006. Português 202.000.0007. Bengali 193.000.0008. Russo 162.000.0009. Japonês 122.000.00010. Javanês 84.000.000

Page 114: Português 12º - Manual do Aluno

112 | Diversidade linguístico-cultural

1. Retire dos documentos apresentados as informações que dão resposta às seguintes perguntas.

1.1. Aproximadamente quantas pessoas habitam o nosso planeta?

1.2. Aproximadamente quantas línguas existem atualmente?

1.3. Aproximadamente quantas línguas se encontram atualmente ameaçadas?

1.4. Qual a região do mundo mais povoada?

1.5. Qual a região do mundo menos povoada?

1.6. Qual a região do mundo onde existe um maior número de línguas?

1.7. Qual a região do mundo onde existe um menor número de línguas?

1.8. Qual a região do mundo onde existe um maior número de línguas ameaçadas?

1.9. Qual é a língua com maior número de falantes nativos?

1.10. Aproximadamente quantos são os falantes nativos de Português?

1.11. Que lugar ocupa a Língua Portuguesa na lista das Línguas Maternas mais faladas?

1.12. A que família de línguas pertence o Português?

1.13. A que grupo de línguas pertence o Português?

1.14. Que outras línguas pertencem ao mesmo grupo de línguas que o Português?

1.15. Qual é a família de línguas que tem um maior número de falantes a nível mundial?

1.16. Qual é a família de línguas que engloba um número mais elevado de línguas?

1.16.1. Quantas línguas engloba?

1.17. Qual o grupo de línguas da família indo-europeia que engloba um número mais elevado de línguas?

Quadro 1. Grupos de línguas e exemplos de línguas da família indo-europeia

Grupo de línguas N.º de línguas Exemplos de línguasLíngua albanesa 4 AlbanêsLíngua arménia 1 ArménioLínguas bálticas 4 Letão, LituanoLínguas celtas 6 Bretão, Galês, IrlandêsLínguas eslavas 18 Bielorrusso, Checo,

Polaco, Russo, Sérvio, Ucraniano

Línguas germânicas 48 Alemão, Dinamarquês, Inglês, Norueguês, Sueco

Línguas helénicas 6 GregoLínguas indo-iranianas 312 Bengali, Guzerate,

Hindi, Punjabi, Tadjique, Urdu

Línguas românicas (itálicas ou latinas)

44 Espanhol, Francês, Italiano, Português, Romeno

Quadro 2. Línguas faladas em Timor-Leste

Língua ClassificaçãoAdabe Trans-nova GuinéBaiqueno AustronésiaBúnak Trans-nova GuinéFatalúku Trans-nova GuinéGalóli AustronésiaHabu AustronésiaIdaté AustronésiaKairui-Mídiki AustronésiaKêmak AustronésiaLakalei AustronésiaMakasai Trans-nova GuinéMaku’a AustronésiaMambae AustronésiaNauete AustronésiaPortuguês Indo-europeiaTétum teric AustronésiaTétum praça CrioulaTocodede AustronésiaUaimoa Austronésia

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Terra: um mosaico linguístico-cultural | 113

1.17.1. Quantas línguas engloba?

1.18. Das Línguas Maternas mais faladas, quais pertencem à família indo-europeia?

1.18.1. Que lugares ocupam a nível das Línguas Maternas mais faladas mundialmente?

1.19. Quantas línguas são faladas em Timor-Leste?

1.20. Qual a família de línguas a que pertence a maioria das línguas nacionais de Timor-Leste?

1.20.1. A que outras famílias de línguas pertencem as línguas faladas em Timor-Leste?

2. Explicite as duas dimensões consideradas na caracterização do nível de perigo de uma língua.

3. Dos indicadores utilizados para determinar o nível de vitalidade de uma língua, selecione os três que considera

mais determinantes.

3.1. Justifique a sua resposta anterior, esclarecendo, por palavras suas, de que forma cada um desses aspetos

contribui para a vitalidade de uma língua.

4. Comente os dados e informações apresentados, destacando os aspetos que o surpreenderam.

GRUPO C

LEITURALeia atentamente o seguinte poema.

Duas línguas 1

5

10

15

Vivi muitos anos com a língua entortada,

porque fui obrigado a falar palavras estranhas de uma

outra língua.

Queriam que eu falasse uma língua que eu não falava,

que eu dissesse o que não dizia, que eu calasse o que

sabia.

Por isso, durante muito tempo fiquei emudecido.

A língua presa, travada, reprimida.

A palavra entalada na garganta, o não-dito.

Tentaram tirar de mim aquilo que havia guardado como

um tesouro:

a palavra, que é o arco da memória.

Diziam que me faltava inteligência,

porque antes de gaguejar as palavras certas

eu tinha de pensar, duas vezes, numa língua estranha.

20

25

30

O tempo passou. Agora, tenho duas línguas.

Uma língua nasceu comigo, no colo da minha mãe.

É a língua que expressa a alma guarani.

É a língua do tekoha, da opy,

onde as palavras se abrem em flor e se convertem em

sabedoria,

as belas palavras, nhe´en porãngue´i,

palavras indestrutíveis, sem mal, ayvu marã´ey.

O nome que tenho, foi ela quem me deu na cerimônia

do Nhemongarai.

É nela que ouço as divinas palavras do maino´i.

Com ela nomeio as plantas, as flores, os pássaros, os

peixes,

os rios e as pedras, o sol e a chuva, a roça e a caça.

Com ela, faço soar o mbaraka, aspiro o pityngua,

danço xondaro, canto para Nhanderu e rezo nhembo´e.

Bebo kaguy, como avaxi e jety, aprendo jopói e potirõ,

tudo isso com ela eu faço: rio e choro, rezo e canto.

Com ela, eu sou o que falo: guarani.

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114 | Diversidade linguístico-cultural

35

40

45

50

55

60

65

70

A outra língua que tenho é a que sobrou

de uma guerra de muitas batalhas.

Ela trouxe a espada e a cruz, o livro e as imagens,

o sermão, o catecismo, a doutrina, as leis.

Ela me ensinou a aprisionar o som,

como quem pega a fumaça com a mão e a guarda no

adjaká.

Com ela, aprendi a riscar as letras,

e a desenhar as palavras no papel.

Quando saio da aldeia, é ela quem me ajuda.

Com ela, procuro escola e biblioteca, mercado e igreja,

posto de saúde e hospital, cartório e tribunal.

É com ela que me comunico com índios de outras línguas.

Com ela navego na internet,

descubro o pensamento do juruá,

caminho pelas ruas, leio as cidades, entro nos ônibus,

embarco e desembarco na rodoviária,

vendo o artesanato e converso com as pessoas.

Agora já não posso mais viver sem as duas.

Estou sempre trocando de língua com um pouco de medo,

como se fosse um caso de bigamia.

Uma língua sabe coisas que a outra desconhece,

acham graça uma da outra, fazem gozação e às vezes se

zangam.

Afora isso, elas se dão tão bem que sonho nas duas ao

mesmo tempo.

Às vezes, a palavra de uma soa engraçado na outra.

Às vezes, quero falar uma e me sai a outra.

Às vezes, quando me perguntam numa, respondo na outra.

Às vezes fico com uma delas tão engasgada que se

permaneço calado

tenho a impressão de que vou explodir.

Algumas vezes elas se enredam e se entrelaçam uma na

outra

e depois disputam uma corrida para ver quem chega

primeiro,

e muitas vezes permanecem misturadas uma na outra

que me dá até vontade de rir.

75

80

85

90

95

100

Há dias em que as palavras não ditas me pesam tanto,

que eu libero todas elas, deixando-as voar como música,

com medo que fiquem enferrujadas as cordas que as

sabem tocar.

Há dias em que quero traduzir uma para a outra,

mas as palavras se escondem de mim, fogem para bem

longe

e gasto muito tempo correndo atrás delas.

Entre elas, dividem o meu mundo

e quando atravessam a fronteira se sentem meio perdidas

e não se cansam de roubar palavras uma da outra.

Ambas pensam,

mas há partes do coração em que uma delas não

consegue entrar

e quando se aproxima da porta, o sangue se põe a jorrar

com as palavras.

Cada uma foi professora da outra:

o guarani nasceu primeiro e eu me habituei a dormir

embalado por sua suave sonoridade musical.

O guarani não tinha a letra, é verdade, mas era o dono

da palavra falada.

Ensinou ao português os segredos da oralidade,

guiando-lhe a voz.

Já o português, nascido na ponta dos meus dedos,

ensinou o guarani a escrever, porque este nunca havia

frequentado a escola.

Tenho duas línguas comigo

duas línguas que me fizeram

e já não vivo sem elas, nem sou eu, sem as duas.Vários autores*

Page 117: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 115

* Participaram da elaboração do poema os seguintes professores guarani: Algemiro da Silva (Karai Mirim), Alessandro Mimbi da Silva (Vera Mirim) e Valdir da Silva (Vera Poty) da aldeia Sapukai; Sérgio Silva (Nhamandu Mirim), Darcy Nunes de Oliveira (Tupã) e Isaac de Souza (Kuaray Poty) da aldeia Itachim; Nirio da Silva (Karai Mirim) da Aldeia Araponga e Neusa Mendonça Martins (Kunhá Tacuá) da aldeia Rio Pequeno. Também os seguintes agentes de saneamento: Adílio da Silva (Kuara´y) e Aldo Fernandes Ribeiro (Karai Mirim) da aldeia Sapukai; Hélio Vae (Karai Tupã Mirim) da aldeia Itachim; Jorge Mendonça Martins (Wera) da aldeia Rio Pequeno e Vilmar Vilhares (Tupã) da aldeia Araponga. A tradução ao guarani foi revista por Marcelo Werá, da aldeia Três Palmeiras (ES). Depois, o mesmo texto foi trabalhado com os Guarani em Faxinal do Céu (Paraná) pelos professores José R. Bessa e Ruth Monserrat. Os guaranis e não-guaranis agradecem a Amadeu Ferreira a generosidade em ceder o seu poema para ser trabalhado dessa forma.

VOCABULÁRIOentortada (v. 1): torcida, torta; emudecido (v. 7): mudo, sem falar; travada (v. 8): parada, quieta; reprimida (v. 8): oprimida, obrigada a não se ma-nifestar, parada por proibição de alguém; entalada na (v. 9): presa na, sem conseguir sair da; gaguejar (v. 14): falar de forma hesitante e descontí-nua, balbuciar; guarani (v. 18): povo indígena da América do Sul, nomeadamente do Brasil, da Bolívia e do Paraguai; nome da língua nativa deste povo; se convertem em (v. 20): se transformam em; nomeio (v. 27): chamo, designo, trato pelo nome; aspiro (v. 30): inspiro, inalo, respiro; sermão (v. 38): discurso sobre um assunto religioso proferido do púlpito (tribuna onde os sacerdotes pregam, na igreja); catecismo (v. 38): conjunto dos princípios de uma religião, livro utilizado para o ensino desses princípios; doutrina (v. 38): princípios fundamentais de uma crença; aprisionar (v. 39): prender; fumaça (v. 40): fumo espesso, grosso; cartório (v. 46): arquivo onde se guardam livros de registos e documentos importantes; nave-go na internet (v. 48): pesquiso na internet; embarco (v. 51): entro num meio de transporte; desembarco (v. 51): saio de um meio de transporte; rodoviária (v. 51): referente a rodovia (estrada); bigamia (v. 55): estado de quem está casado com duas pessoas ao mesmo tempo; engasgada (v. 64): bloqueada, sufocada; se enredam (v. 67): se enrolam, se misturam, se confundem, se entrelaçam; se entrelaçam (v. 67): se enrolam, se misturam, se confundem, se enredam; disputam uma corrida (v. 69): competem; libero (v. 74): solto; enferrujadas (v. 75): presas, bloqueadas, com ferrugem; fronteira (v. 82): limite; meio (v. 82): um pouco, um bocado; jorrar (v. 87): sair com força e abundância, brotar.

Sobre o texto1. Tendo em conta todo o poema, identifique:

a) as duas línguas que o sujeito fala;

b) a língua que foi imposta ao sujeito;

c) a língua cujo uso tentaram reprimir.

2. As três primeiras estrofes revelam que, numa fase inicial da vida do sujeito, a convivência entre as duas línguas não era pacífica. Transcreva a(s) passagem(ns) deste excerto:

a) que comprova(m) que tentaram impor uma língua ao sujeito;

b) que comprova(m) que tentaram reprimir o uso de outra língua;

c) que refere(m) as consequências desse conflito entre o uso das duas línguas;

d) onde se afirma que o sujeito era julgado pela forma como falava.

3. Atente nas duas estrofes que se seguem a “O tempo passou. Agora, tenho duas línguas.” (v. 16).

3.1. Transcreva as palavras que pertencem à língua guarani.

3.2. Identifique, pelo contexto, as palavras da língua guarani que designam:

a) um instrumento musical;

b) dois produtos alimentares;

c) uma bebida;

d) uma dança;

e) uma cerimónia.

3.3. Explique o significado do seguinte excerto, referindo-se à introdução da Língua Portuguesa no Brasil: “A outra língua que tenho é a que sobrou/ de uma guerra de muitas batalhas./ Ela trouxe a espada e a cruz, o livro e as imagens,/ o sermão, o catecismo, a doutrina, as leis.” (vv. 35-38).

Page 118: Português 12º - Manual do Aluno

116 | Diversidade linguístico-cultural

3.4. Identifique a que língua se refere cada alínea, de acordo com os contextos de uso e aprendizagem para o sujeito.

a) Língua em que comunica com pessoas que não pertencem à sua comunidade.

b) Língua utilizada com a comunidade nativa.

c) Língua de transmissão das crenças religiosas da sua comunidade.

d) Língua utilizada na consulta de fontes para aprofundamento de conhecimentos.

e) Língua em que aprendeu a escrever.

f) Língua utilizada nos transportes públicos.

g) Primeira língua que aprendeu.

h) Língua em que inicialmente sente e expressa os seus sentimentos.

i) Língua utilizada com a família.

j) Língua utilizada no comércio e nos serviços de atendimento ao público.

k) Língua de transmissão da cultura ameríndia.

l) Língua através da qual começou a conhecer o mundo à sua volta.

m) Língua em que aprende na escola.

n) Língua a que pertence o seu nome.

4. Considere agora as restantes estrofes do poema.

4.1. Caracterize a atitude atual do sujeito perante o facto de falar duas línguas.

4.2. Caracterize as várias relações que se vão estabelecendo entre as duas línguas.

4.3. Explique de que forma cada língua “foi professora da outra” (v. 89).

Para além do texto1. Identifique a variedade de Português em que o poema se encontra escrito.

1.1. Comprove a resposta anterior, transcrevendo:

a) duas palavras pertencentes a essa variedade;

b) uma expressão pertencente a essa variedade;

c) uma palavra cuja grafia se encontra nessa variedade;

d) duas estruturas sintáticas características dessa variedade.

1.1.1. Para cada alínea, apresente o equivalente na variedade europeia do Português.

2. Relacione o poema “Duas línguas” com a sua situação linguística pessoal, nomeadamente no que se refere:

 > ao número de línguas que domina/ costuma utilizar no seu dia a dia;

 > aos contextos em que/ pessoas com quem aprendeu essas línguas;

 > aos contextos em que/ pessoas com quem utiliza essas línguas;

 > à sua atitude face a cada uma dessas línguas;

 > à forma como essas línguas interagem entre si;

 > etc.

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Terra: um mosaico linguístico-cultural | 117

3. Uma das palavras do guarani que aparece no poema é “opy” (v. 19). Leia o seguinte texto sobre uma opy.

A casa de reza Guarani M”byá foi construída, em 2001, nos jardins do Museu, pelos Guarani Mby”a da Aldeia Sapukay, de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Entre os Guarani, a atividade religiosa acontece na Casa de Reza – Opy. Diferentemente das casas de moradia, ela não tem paredes internas dividindo ambientes e é totalmente vedada com barro para que espíritos indesejáveis não possam entrar.

Na Opy, os xamãs dizem as belas palavras – porahei – que os espíritos lhes transmitem em sonhos. Nela, os bebés recebem os seus nomes, os doentes são curados, as sementes de milho são abençoadas antes de serem plantadas, e é onde, também, são realizados os funerais.

http://mindioescola.blogspot.pt/2012/02/opy-casa-de-reza-mbya-guarani.html (texto adaptado)

3.1. Identifique um elemento característico da cultura timorense que se aproxima da opy guarani, referindo-se

às semelhanças e diferenças existentes.

O Aspeto é uma categoria que se refere à forma como a situação enunciada é perspetivada: pode ser

perspetivada como concluída ou como estando a decorrer; como tendo duração ou não; como sendo única

ou englobando várias situações repetidas; como estando no seu início ou no seu fim; etc.

Na tabela abaixo, apresentam-se alguns valores aspetuais que os enunciados podem assumir.

Categorias aspetuais Valores aspetuais Exemplos

Perfetividade perfetivo (a situação é perspetivada como um todo, logo, como concluída) imperfetivo (a situação é perspetivada no seu desenvolvimento, ou seja, como se estivesse a decorrer)

“Vivi muitos anos com a língua entortada” “Queriam que eu falasse uma língua que eu não falava”

Duratividade pontual (a situação é apresentada como instantânea, como não tendo duração) durativo (a situação é perspetivada como ocorrendo num intervalo de tempo mais ou menos alargado) genérico (a situação é vista como tendo duração ilimitada)

“o guarani nasceu primeiro” “durante muito tempo fiquei emudecido” “Tenho duas línguas comigo”

Quantificação único (refere-se a uma situação que ocorre uma só vez) frequentativo (refere-se a uma situação que se repete várias vezes) habitual (refere-se a uma situação que ocorre habitualmente)

“Uma língua nasceu comigo, no colo da minha mãe.” “Às vezes, a palavra de uma soa engraçado na outra.” “eu me habituei a dormir embalado por sua suave sonoridade musical.”

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAAspeto verbal

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118 | Diversidade linguístico-cultural

Fase de desenvolvimento

inceptivo (a situação é perspetivada na sua fase inicial) continuativo (a situação continua a verificar-se) progressivo (a situação é apresentada no seu desenvolvimento, ou seja, em progresso)

“e quando se aproxima da porta, o sangue se põe a jorrar com as palavras.” “muitas vezes permanecem misturadas uma na outra” “Estou sempre trocando de língua com um pouco de medo”

Para a construção do valor aspetual de um enunciado contribuem várias categorias, divididas em Aspeto lexical e Aspeto gramatical.

O Aspeto lexical consiste nas características aspetuais veiculadas pelo próprio significado da situação enunciada. As situações podem, pois, ser classificadas em classes aspetuais, conforme as características que expressam. As duas principais classes aspetuais são os estados e os eventos. Os eventos podem ser pontuais ou durativos.

Classes aspetuais Exemplos

Estados (situações não dinâmicas, contínuas, durativas, que não conduzem a uma mudança de estado)

falar Português; estar doente; ser alto; ser simpático; gostar de aprender línguas; dominar Inglês; saber falar Guarani

Eventos (situações dinâmicas, que implicam uma mudança)

pontuais sair de casa, chegar à escola, abrir a porta, fechar a janela, partir um copo

durativos aprender uma língua, jogar futebol, falar com um amigo, estudar para um exame

O Aspeto gramatical consiste na expressão de valores aspetuais através de categorias gramaticais: os tempos verbais, os verbos auxiliares aspetuais e algumas expressões adverbiais.

Categorias gramaticais Exemplos

Tempos verbais “Uma língua sabe coisas que a outra desconhece” – neste exemplo, o presente do indicativo contribui para o valor aspetual genérico.

Verbos auxiliares aspetuais

O sujeito começou a falar em Guarani e só mais tarde aprendeu Português. – neste exemplo, o verbo auxiliar “começar (a)” contribui para o valor aspetual inceptivo.

Expressões adverbiais “Às vezes, quero falar uma e me sai a outra.” – neste exemplo, o adverbial contribui para o valor aspetual frequentativo.

O Aspeto gramatical combina-se com o Aspeto lexical. Por exemplo, nas frases abaixo, observamos que o uso do presente do indicativo com um estado (“estar doente”) e com um evento (“navegar na internet”) produz resultados diferentes. No primeiro caso, a situação manifesta valor aspetual único; no segundo caso, valor aspetual frequentativo.

 > O Adérito está doente.

 > Navego na Internet usando a Língua Portuguesa.Cf. Manual do Aluno do 10.º Ano, pp. 25, 81, 97, e Manual do Aluno do 11.º Ano, pp. 16, 92 e 152.

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Terra: um mosaico linguístico-cultural | 119

GRUPO D

ORALIDADEDominar diferentes línguas aproxima uns e afasta outros

1. Leia o texto abaixo que consiste numa paráfrase do texto que irá ouvir.

2. Ouça o artigo que irá ser lido pelo seu professor e complete os espaços lacunares com palavras ou expressões.

Exercícios1. Leia o seguinte texto:

Qual a vantagem de aprender a Língua Portuguesa para estrangeiros?

Sou brasileiro e compreendo a necessidade de nós, brasileiros, aprendermos línguas como o Inglês, Espanhol, Francês, etc. Mas me pergunto... Qual a vantagem para os estrangeiros que estudam a Língua Portuguesa?

Comentários

Sou chinesa. Para mim, aprender Português, em primeiro lugar, é para trabalho. Antes trabalhava em Angola. Nessa altura não sabia falar Português. Por isso, quando voltei para a China, decidi aprender esta língua. Agora aprendo Português há dois anos e falo melhor. Através do estudo conheço muitas coisas sobre Portugal e o Brasil...

http://www.italki.com/discussion/29681# (“italki” é um serviço de aprendizagem de línguas on-line, com professores de línguas de todo o mundo; permite interação com falantes de muitas línguas, do mundo inteiro)

1.1. Indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F) e corrija as Falsas.a) No que se refere ao Aspeto lexical, a situação referida em “Sou brasileiro” é um evento prolongado.b) Na frase “Qual a vantagem para os estrangeiros que estudam a língua portuguesa?”, a situação “estudar a língua portuguesa” tem valor aspetual durativo.c) Na frase “Antes trabalhava em Angola.”, a situação tem valor imperfetivo, veiculado pelo pretérito imperfeito do indicativo.d) Na frase “quando voltei para a China”, a situação tem valor perfetivo, veiculado pelo pretérito perfeito composto do indicativo.e) A frase “Agora aprendo português há dois anos” tem valor aspetual progressivo.f) A frase “Através do estudo conheço muitas coisas sobre Portugal e o Brasil…” tem valor aspetual único.

Em sociedades (a) , falar duas línguas tem vantagens, mas também (b) . Entre os (c) , salientam-se aqueles que estão ligados à diversidade (d) ; quanto aos (e) que podem advir desta realidade, destacam-se os (f) e os (g) . Quem o afirma é o jornal Learning World, na sequência de uma (h) em que teve acesso à (i) de uma especialista e de duas viagens a países multilingues: (j) e (k) .

Depois da queda do regime do apartheid, a África do Sul já tornou (l) 11 línguas. Apesar desta valorização da diversidade (m) em termos legais, na prática, o (n) assume alguma (o) , seguido do (p) . É relatado, a este propósito, o caso de Mbasa, um (q) de 9 anos, que tem sido sempre (r) . Porém, a sua (s) era Xhosa. Embora também seja uma das línguas oficiais, Mbasa teve de aprender (t) e (u) pois os (v) escolares eram só nestas línguas. Exemplos como este levarão já alguns a falar da ocorrência de situações de (w) nas relações entre as línguas. Para contrariar esta tendência de umas línguas se (x) a outras, com prejuízo para os (y) , a escola

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120 | Diversidade linguístico-cultural

3. O bilinguismo e o multilinguismo são, por vezes, controversos – reúnem opiniões favoráveis e desfavoráveis.

3.1. Partindo do que aprendeu neste subtema e da sua experiência pessoal, partilhe a sua opinião com os

colegas sobre estes temas.

LEITURA1. Leia o seguinte excerto de uma entrevista realizada ao linguista Geoffrey Hull.

Língua e Identidade de um povo: que relação?

deste rapaz começou a desenvolver um (z) que permite a cada criança ser ensinada na sua língua materna e em Inglês simultaneamente.

Na cidade de Skopje, na (a1) , o projeto Mozaik, que começou em (b1) , também (c1) uma educação (d1) a alunos provenientes de diferentes (e1) , falantes de (f1) e de (g1) , logo no infantário. A participação dos pais é fundamental: crianças, pais e professores falam na sua própria língua e todos (h1) com as duas realidades (i1) .

Em Paris, (j1) das crianças nascem de casais com (k1) distintas. Aproveitar a possibilidade de aprender várias línguas, que não apenas o Francês (que, naturalmente, se impõe), Barbara Abdelilah-Bauer, (l1) , especialista em línguas, (m1) dezenas de casais a assumir o (n1) como missão que traz mais-valias. Sophie é um desses casos: a menina de cinco anos já fala (o1) línguas, graças à iniciativa dos (p1) e ao acompanhamento desta especialista.

1

5

10

15

20

O povo de Timor-Leste tornou claro que valoriza o

Português como elemento essencial e inalienável da sua

identidade nacional (...). Os linguistas sabem que o

Tétum e o Português coexistiram num relacionamento

mutuamente benéfico e que o Português é o suporte

natural do Tétum no seu desenvolvimento continuado.

O cenário mais desastroso para o futuro da cultura de

Timor-Leste seria aquele em que o Português fosse

afastado e o Inglês e o Tétum fossem erigidos como

línguas oficiais. O Tétum dificilmente poderia competir

com uma língua tão agressiva e altamente prestigiada

como o Inglês, ainda por cima uma língua com a qual (ao

contrário do Português) nunca teve relações históricas.

Basta ver o destino do Tagal nas Filipinas depois da

invasão americana, quando o Espanhol foi marginalizado

e o Inglês passou a ter a supremacia. Apesar do estatuto

do Tagal, língua nacional e cooficial, a língua que detém

o maior prestígio na vida das Filipinas é o Inglês, uma

língua colonial estranha à tradição nacional e, até aos

dias de hoje, pobremente assimilada. É significativo que

o Inglês falado pelos Filipinos instruídos seja comparável,

em qualidade, com o Português da sua contrapartida

25

30

35

40

timorense. A razão? A língua universal de Timor-Leste, o

Português, é genuinamente uma instituição nacional,

enquanto o Inglês das Filipinas não o é. A “filipinização”

como destino é precisamente aquilo que Timor-Leste

ansiosamente tenta evitar (...).

Como alguém parcialmente descendente de

malteses, tive também oportunidade de observar “a

partir de dentro” os efeitos de uma revolução cultural

similar em Malta. Malta fazia parte da esfera cultural

italiana antes de os britânicos (que ocupavam a ilha

desde 1800) decidirem, em 1934, abolir a língua de

cultura tradicional, o Italiano, e proclamar o dialeto

maltês cooficial com o Inglês colonial. O destino do

Italiano e do Maltês, em Malta, foi aproximadamente

o mesmo do Espanhol e do Tagal nas Filipinas e

o prejuízo social provocado pela anglicinização

antinatural de uma cultura latina foi paralelo nos

dois países. Em 1993 publiquei um livro sobre este

assunto, intitulado The Malta Language Question: A

Case Study in Cultural Imperialism. Há muitas lições

que Timor-Leste pode retirar destas páginas.Língua, Identidade e Resistência, Entrevista a Geoffrey Hull, pp.

87-88 (texto adaptado)

Page 123: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 121

Vocabulário

Tagal (l. 14): o Tagalog, Tagalo ou Pilipino, também conhecido como Filipino, é um dos principais idiomas falados na República das Filipinas; malteses/ Malta (l. 29,31): habitantes da ilha de Malta, localizada no meio do mar Mediterrâneo, ao sul da Itália e ao norte da África.

1. Identifique no texto (1.º e 2.º parágrafos) palavras ou expressões equivalentes às que de seguida se apresentam:

a) intransmissível, que não pode ser transferido a outrem;

b) estabelecidos, instituídos;

c) com elevada importância;

d) cultos, com formação académica;

e) correspondente, equivalente, homóloga.

2. Explique, por palavras suas, o sentido das seguintes expressões:

a) “O cenário mais desastroso” (l. 7)

b) “A língua universal de Timor-Leste, o Português, é genuinamente uma instituição nacional”(ll. 23-24)

c) “observar «a partir de dentro»” (ll. 29-30)

d) “Malta fazia parte da esfera cultural italiana” (ll. 31-32)

3. Recuperando os conhecimentos adquiridos no 10.º ano sobre os estatutos que as línguas podem assumir na

vida dos sujeitos (cf. Unidade 1 – “Conviver em Várias Línguas”/ Subtema 1 – Línguas em Timor-Leste, do Manual

do Aluno do 10.º Ano) e, eventualmente, com a ajuda de um dicionário/ enciclopédia, apresente definições para

os seguintes conceitos, retirados do texto.

a) “língua nacional” (l. 17)

b) “língua cooficial” (l. 17)

c) “língua colonial” (l. 19)

d) “língua de cultura tradicional” (ll. 33-34)

e) “dialeto” (l. 34)

Sobre o textoNesta entrevista, o autor apresenta o seu ponto de vista acerca da decisão de Timor-Leste de ter tornado a

Língua Portuguesa numa das línguas oficiais do território – a par com o Tétum. Desconstrua o raciocínio do autor,

respondendo às seguintes questões.

1. Explicite, por palavras suas, as razões que o autor invoca para afirmar que a Língua Portuguesa constitui um

elemento “essencial e inalienável da (...) identidade nacional” (ll. 2-3) do povo timorense.

2. No 2.º parágrafo, o autor antecipa outra opinião sobre a matéria e coloca hipóteses sobre o que aconteceria,

se a decisão de Timor tivesse sido outra.

2.1. Referencie a alternativa que existia à decisão tomada.

Page 124: Português 12º - Manual do Aluno

122 | Diversidade linguístico-cultural

2.2. A posição do linguista face a essa alternativa é… (selecione a opção certa):

a) refutá-la com convicção.

b) reconhecer-lhe algumas vantagens, apesar de serem em menor número.

c) referi-la apenas, sem manifestar a sua perspetiva.

2.3. Justifique a sua escolha em 2.2.

2.4. Para fortalecer os seus argumentos, o especialista recorre a dois exemplos (segundo e último parágrafo).

2.4.1. Refira-os.

3. A respeito do primeiro exemplo já identificado, o autor conclui assim: «A “filipinização” como destino é

precisamente aquilo que Timor-Leste ansiosamente tenta evitar (...).» (ll. 25-27)

3.1. Procure explicar o processo de formação da palavra sublinhada.

3.2. Encontre, mais à frente no texto, uma palavra idêntica em termos de formação.

3.3. Indique uma justificação possível para a palavra “filipinização” se encontrar entre aspas no texto.

3.4. A partir do que respondeu neste grupo 3., procure evidenciar o significado da palavra “filipinização”.

3.5. Considerando a analogia entre as palavras em causa, procure explicar a frase transcrita em 3).

4. Atente na terceira frase do 2.º parágrafo.

4.1. Reescreva-a, mantendo o mesmo sentido, mas passando a forma na voz passiva para a voz ativa.

5. Repare como o autor sintetiza os casos que apresentou para reforçar os seus argumentos: “O destino do

Italiano e do Maltês, em Malta, foi aproximadamente o mesmo do Espanhol e do Tagal nas Filipinas e o prejuízo

social provocado pela anglicinização antinatural de uma cultura latina foi paralelo nos dois países.” (ll. 35-40).

5.1. Substitua o adjetivo a negrito por outro de igual sentido neste contexto.

5.2. Preencha o seguinte quadro com o objetivo de identificar a que categoria (economia, cultura,...) pode

associar cada argumento (contra a imposição de uma língua estranha à história do país, como o Inglês, nos

exemplos apresentados – Filipinas e Malta):

COLUNA A COLUNA B

Expressões da frase que sintetizam argumentos já invocadosCategorias a que dizem respeito (tipo de

argumentos)“prejuízo social” a)“anglicinização antinatural de uma cultura latina” b)“O destino (…) foi paralelo nos dois países” c)

5.3. Identifique a(s) classe(s) morfológica(s) predominante(s) das expressões transcritas na Coluna A.

5.3.1. Refira-se à pertinência de uso abundante de vocábulos dessa(s) classe(s) nesta fase final do texto (da

argumentação levada a cabo).

Page 125: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 123

Para que num texto se verifique coesão temporo-aspetual é necessário que haja uma ordenação temporal lógica e uma sequencialização dos acontecimentos, de acordo com o nosso conhecimento de como se passam os factos na vida real (passado/ presente/ futuro) e a forma como a situação enunciada é perspetivada – concluída ou a decorrer, etc. – cf. “Aspeto verbal” neste subtema, pp. 117-119.

O TEMPO pode ser indicado de várias formas:

 > Pela flexão verbal:

Exs.: Estou no Mercado Lama. (presente) vs. Estive no Mercado Lama. (passado)

 > Pelos verbos auxiliares:

Exs.: Estou no Mercado Lama. (presente) vs. Vou estar no Mercado Lama. (futuro – por exemplo, numa

situação em que alguém, ao telefone, diz assim: “Daqui a pouco vou estar no Mercado Lama; encontramo-

nos lá.”)

 > Por grupos adverbiais ou preposicionais:

Exs.: Agora estou no Mercado Lama. (presente) vs. Amanhã estou no Mercado. (futuro – por exemplo, numa

situação em que alguém, ao telefone, pergunta: “Passo na tua casa amanhã?” e obtém como resposta: “Não,

não posso, a essa hora, amanhã, estou no Mercado Lama.”)

 > Por orações temporais:

Ex.: A Gabriela telefonou-me quando teve uma dúvida.

 > Pela ordenação das orações:

Ex.: O Adérito chamou-me e eu respondi.

Chamei pelo José e ele veio abrir-me a porta. (ordenação textual linear)

A localização temporal é ainda feita:

 > Deiticamente – em função do momento em que um enunciado é produzido: quando o tempo da ação

se determina a partir do tempo em que o enunciador está inserido e falou:

Ex.: Amanhã passo aí. – O enunciador e o interlocutor sabem quando é “amanhã” e onde é “aí” porque estão

a falar um com o outro, inseridos no mesmo contexto – e o momento (futuro) em que o enunciador “vai

passar” e o local sabem-se por referência ao momento atual em que o enunciado é produzido.

 > Anaforicamente – em função de um valor temporal expresso que é tomado como ponto de referência:

Ex.: Em 2005, iniciámos o projeto de investigação. Nesse ano, procedeu-se a uma pesquisa intensa. –

Independentemente do momento em que é produzido o enunciado, a localização temporal é dada por

elementos do próprio enunciado: o ponto de referência é 2005 e “nesse ano” compreende-se que retoma

“2005”. Já não é o “contexto da enunciação” – o momento em que o enunciado é produzido – que é

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUACoesão temporo-aspetual

Page 126: Português 12º - Manual do Aluno

124 | Diversidade linguístico-cultural

Exercícios

1. Considere, na Coluna A, frases extraídas da entrevista realizada ao linguista Geoffrey Hull e, na Coluna B,

afirmações que esclarecem explicitamente o tipo de coesão temporo-aspetual estabelecida dentro desses

trechos (as expressões/ formas verbais a que se referem já estão sublinhados em A).

1.1. Associe as frases da Coluna A às explicações corretas da Coluna B.

COLUNA A

Expressões retiradas da entrevista

COLUNA B

Explicações – processos de coesão temporo-aspetual

1) “O povo de Timor-Leste tornou claro que valoriza

o Português como elemento essencial e inalienável

da sua identidade nacional (...).” (ll. 1-3)

a) A forma passiva refere-se a uma ação com aspeto

perfetivo; a ação seguinte tem uma ocorrência simultânea

(por referência à localização temporal que é feita).

2) “Basta ver o destino do Tagal nas Filipinas

depois da invasão americana, quando o

Espanhol foi marginalizado e o Inglês passou a

ter a supremacia.” (ll. 14-16)

b) A ação que, cronologicamente, ocorre primeiro é

a segunda referida, com aspeto imperfetivo (que lhe

confere continuidade nesse tempo, ou seja, que é

perspetivada no seu desenvolvimento).

3) “(…) tive também oportunidade de observar

“a partir de dentro” os efeitos de uma revolução

cultural similar em Malta. Malta fazia parte da

esfera cultural italiana (…)” (ll. 29-32)

c) A uma forma verbal no pretérito perfeito simples do

indicativo sucede outra, mas no presente simples do

indicativo. A primeira tem valor aspetual perfetivo, pois

é encarada como concluída, e a segunda vem transmitir

uma ação durável, estável – com aspeto genérico.

fundamental para localizar as ações; as referências temporais são organizadas num “mundo” criado dentro

do próprio enunciado.

Cf. ainda Manual do Aluno do 11.º Ano (Expressão temporal de anterioridade, simultaneidade e posterioridade

- p. 16; Pretérito mais-que-perfeito simples e composto - p. 27; Deixis - pp. 128-131).

Nota: Estes elementos usados na localização temporal aparecem, frequentemente, relacionados entre si nos

textos. Por exemplo:

1. Utilização correlativa dos tempos verbais

Quando entrei em casa às 9 horas, já tinha ido ao mercado e já tinha deixado as crianças na escola. (o

pretérito mais-que-perfeito – “tinha ido”, “tinha deixado” – refere sempre uma ação anterior a outro facto

passado – este expresso no pretérito perfeito – “entrei”.)

2. Utilização correlativa dos advérbios de tempo e dos tempos verbais

Pode dizer-se Hoje, parto de férias, mas não se pode dizer “amanhã, parti de férias”.

3. Utilização lógica do valor aspetual e do sentido dos conetores temporais utilizados

Pode dizer-se Enquanto estudei, ouvi música, mas não se pode dizer “enquanto parti, ouvi música”. (As

ações “estudar” e “ouvir música” são durativas, ao passo que a ação “partir” é pontual, logo, como não tem

duração não pode ser perspetivada no seu desenvolvimento através do conetor “enquanto”)

Page 127: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 125

GRUPO E

ESCRITAArtigo de opinião

Encontramos artigos de opinião em jornais, revistas, na Internet… Por isso, é tão importante saber compreendê-los

como também saber redigi-los.

Momento I – produção inicial

1. Leia os textos abaixo que transmitem pontos de vista sobre as línguas – as suas relações, a aprendizagem, a

diversidade…

“Tétum com o Inglês, o Tétum morre. Com Bahasa Indonésio, o Tétum passa a ser um crioulo. Só com o

português o Tétum poderá desenvolver-se.” Mari Alkatiri (excerto da Grande reportagem “Timor: um país para cumprir” - SIC 29/08/2010)

2. Atente nesta frase: “Malta fazia parte da esfera cultural italiana antes de os britânicos (…) decidirem, em

1934, abolir a língua de cultura tradicional, o Italiano (…)” (ll. 31-34)

2.1. Transforme a frase dando ao primeiro verbo principal um aspeto perfetivo.

3. Ao conjunto das frases abaixo apresentadas, que pertencem a um texto de José Vicente, professor

de Indonésio na Universidade Nova de Lisboa, foram introduzidos erros de coesão. Para cada frase, são

fornecidas pistas dessa incorreção dentro de parênteses retos.

3.1. Identifique os erros e corrija-os.

a) Tornada língua oficial em 1928, ainda antes da independência da Indonésia, o indonésio é a segunda

língua dos cidadãos de um país que, estendendo-se em 5000 Km por cerca de 17 000 ilhas, possuiu mais

de 600 línguas e dialetos diferentes. [uso correlativo dos tempos verbais]

b) A escolha do indonésio como língua oficial visará impedir que línguas regionais conotadas com

grupos étnicos dominantes (como os falantes de javanês e de sundanês, na ilha de Java) pudessem

tornar-se fatores de peso na emergência de etno-nacionalismos. [uso correlativo dos tempos verbais]

c) O indonésio tem por base um dialeto da língua malaia falada no arquipélago das Riau, junto a

Singapura, tendo sofrido no futuro influências do sânscrito, mandarim, árabe, inglês, holandês e

português. [utilização correlativa do modificador com o tempo verbal]

d) Com efeito, o vocabulário indonésio já não está impregnado de centenas de vocábulos portugueses,

muitos de uso corrente, fruto da presença portuguesa no Sudeste Asiático, principalmente nos séculos

XVI e XVII. [utilização do advérbio; ver também forma da frase – afirmativa ou negativa]

Page 128: Português 12º - Manual do Aluno

126 | Diversidade linguístico-cultural

“Dominar diferentes línguas aproxima uns e afasta outros” – será verdade? Consideremos esta situação:

Na família Ximenes, a mãe fala Macassae, o pai, Fataluco; o avô foi criado a falar e a pensar em Baiqueno.

Todos falam Tétum; alguns falam Português. Os filhos foram habituados a falar com a mãe em Macassae,

com o pai em Fataluco. Para se entenderem com o avô, aprendem também Baiqueno. E são proficientes

em Tétum e em Português. À mesa, com a naturalidade de quem passa um pão ao outro, alternam assim

as línguas conforme aquele a quem se dirigem: os irmãos falando entre si em Tétum e em Português e com

cada adulto na língua que lhes ensinou.

Que vantagens terá esta educação em várias línguas? E que desvantagens? Que opção faria a este

propósito? Porquê?Nota: Recorde/ releia, a este propósito, o texto “Cáspita”, de Luís Cardoso (Manual do Aluno do 10.º Ano, pp. 20-21)

“A língua que nós falamos, que nós escrevemos é antes de mais a expressão daquilo que nós somos, daquilo

que nós aprendemos. É através dela que olhamos o mundo e que vamos ao encontro dele. Os outros

utilizam por vezes uma linguagem diferente da nossa. Precisamos então de ultrapassar um sentimento de

incompreensão para ouvir uma nova maneira de exprimir ou de sonhar a vida. Pela singularidade da sua

música e da sua escrita, mais de cinco mil línguas participam assim na beleza do mundo, enriquecendo-se

muitas vezes das suas próprias diferenças. Mas, tal como as espécies animais e vegetais, as línguas da terra

são frágeis. Se algumas dominam é em detrimento daquelas que desaparecem, por vezes sem deixarem

marcas. No entanto, não existem línguas grandes e línguas pequenas: cada uma transporta nela o poema

que nos fala, a emoção que estranhamente se nos assemelha.”Jean-Marie Henry (1998), Tour de Terre en Poésie

2. Selecione o texto que lhe parecer mais pertinente (tendo em conta a realidade que conhece) ou aquele com

que mais se identifica (considerando a sua experiência pessoal).

3. Tome notas e, se considerar necessário, informe-se mais sobre os assuntos levantados pelo texto da sua preferência.

4. Escreva um artigo de opinião, que pudesse ser publicado num jornal escolar, em que diga o que pensa sobre

as problemáticas focadas no texto que escolheu.

Momento II – aprender mais sobre escrever “artigos de opinião” e ultrapassar dificuldades

Consulte as orientações presentes no Manual do Aluno do 11.º Ano (pp. 45-47) para a redação de um artigo de

opinião, nomeadamente em relação a recursos linguísticos habituais neste género de texto.

1. Considere esta questão:

Já alguma vez viu alguém ser discriminado por qualquer motivo (religião, género, etnia, etc.)? Qual é a sua

atitude nesses casos? Escreva a sua OPINIÃO sobre este assunto, evidenciando e defendendo a sua posição.

Page 129: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 127

1.1. Abaixo encontra parágrafos desordenados de um exemplo de texto de opinião redigido a partir da

instrução anterior. No espaço indicado, escreva o número de ordem de cada parágrafo:

Texto A

Parágrafos desordenados do texto de opinião AOrdene os parágrafos:

Explicação do que é feito em cada um (a fazer só no âmbito da questão 1.2.1):

No mundo, os fenómenos migratórios geram significativas comunidades de imigrantes em diferentes países de acolhimento e há registos numerosos de que, infelizmente, estes grupos costumam estar expostos a tentativas mais ou menos diretas de impor a assimilação da cultura e língua da sociedade que acolhe, em desrespeito pelas características culturais de origem dos imigrantes. Mesmo que se pense que a opção de emigrar pertenceu à comunidade que está deslocada do seu país e que, além disso, esta é minoritária face à população nativa, estas não podem ser justificações para as pessoas deixarem de ter o direito a conservar as suas especificidades. Cada cultura e cada civilização tem o seu valor próprio, na sua especificidade particular. E é o conjunto das muitas especificidades que gera a diversidade e, esta, a riqueza. Por isso, é preciso assegurar que os imigrantes consigam integrar-se de forma a poderem ter acesso às mesmas oportunidades que os nativos, salvaguardando a sua cultura de origem, na medida em que o desejarem.

a) f)

Posto isto, parece-me ridículo e lamentável que, nos tempos que correm, ainda haja pessoas preconceituosas e com a mania da superioridade em relação àqueles que possam estar numa situação de inferioridade numérica, por estarem deslocados da sua origem. A atitude desejável é, sempre, a de respeitar o outro na sua individualidade, sempre diferente, favorecendo a sua integração.

b) g)

A discriminação de pessoas por motivos raciais, por razões religiosas, políticas até, ainda é, infelizmente, uma realidade nos dias de hoje. Vou concentrar-me, apenas, na segregação que pode ocorrer em contextos em que pessoas de territórios e línguas diferentes convivem no mesmo país.

c) h)

Algumas palavras sobre discriminação. d) i)Acresce que o país de origem de cada um não nos deve dar nem mais

nem menos privilégios; no fundo, somos todos humanos, todos iguais em deveres e em direitos. Assim sendo, insisto que não faz sentido a sociedade de acolhimento achar que é “melhor”. Podemos comparar a atitude segregacionista de certas pessoas do país de acolhimento ao comportamento, no passado, de povos colonizadores de territórios que tentavam, contra tudo e contra todos, impor os seus valores e práticas, desrespeitando os nativos. De facto, a história da colonização está cheia de exemplos, mas até podemos recuar à Roma Antiga, para termos uma noção de como estas práticas discriminatórias são quase tão antigas como o Homem: no Império Romano, muitos povos “dominados” eram constituídos escravos, que nem sequer eram olhados como “gente”; eram “coisas”, propriedade dos donos, que lhes davam diferentes tarefas, umas mais árduas que outras.

e) j)

Page 130: Português 12º - Manual do Aluno

128 | Diversidade linguístico-cultural

1.2. No esquema seguinte, encontra a designação de cada “parte” do texto que ordenou em 1.1. e uma curta

explicação de “como é feita” cada “parte”.

1.2.1. Faça corresponder os elementos do esquema – 1), 2), 3) e 4) - aos parágrafos respetivos, na tabela

em 1.1).

A função de cada parte do texto de opinião A Como é feita cada “parte”

1)

Título É um título que identifica o tema, mas que dá a ideia de se falar apenas um pouco, sem desenvolver muito; é uma perspetiva pessoal, as palavras que alguém tem a dizer sobre o assunto.

2)Parágrafo introdutório Frase geral a enunciar o tema e a sua atualidade.

Identificação do subtema sobre o qual se vai opinar.

3)

Desenvolvimento – dois parágrafos

No primeiro parágrafo: um facto habitual é usado para ilustrar a ideia de que existe discriminação de imigrantes.

O autor imagina um contra-argumento que pode ser usado para refutar o seu primeiro argumento e prevê uma forma de responder a esse contra- -argumento.

No segundo parágrafo: acrescenta o argumento da igualdade de todos os seres humanos. Dá um exemplo de uma civilização antiga que pensava duma forma que hoje reprovamos.

As palavras “infelizmente” e “desrespeito” ajudam a tornar claro o argumento de que se defende o respeito pela diversidade, sem forçar a sua anulação. Previsão de um contra-argumento – “mesmo que se pense que”. Opinião expressa com afirmações gerais, para lhes dar mais validade, universalidade (dispensam-se verbos de opinião “acho que”, “penso que”…).

Recorre-se a um facto para exemplificar o que se pretende – “de facto”, verbos no pretérito imperfeito do indicativo para referir a situação que se descreve.

4)

Conclui, adjetivando negativamente a atitude que considera incorreta e salientando a atitude desejável.

Uso de adjetivos e de advérbios para dar ênfase ao que se pretende – adjetivos de conotação pejorativa para a ideia que se recusa; reforço da atitude desejável com o advérbio “sempre”.

2. Os Textos B e C apresentados abaixo formulam, em maior ou menor grau, opiniões sobre a aprendizagem de

línguas, em geral (C), e do Português (B), em particular.

2.1. Leia-os e preencha o quadro seguinte com os objetivos de:

• identificar de que género de texto se trata;

• compreender as suas principais finalidades comunicativas;

• perceber a quem, possivelmente, o texto se destina.

TEXTO Género de texto Finalidades comunicativas Eventuais destinatáriosB a) b) c)C d) e) f)

Page 131: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 129

Texto B

Está na moda aprender Português…Publicado a 02/10/2012 por Comunidade Lusófona

Falar Português está na moda, garantiu a linguista brasileira Edleise Mendes.

«O sucesso económico do Brasil e Angola está a puxar internacionalmente o interesse pelo Português», mas

o fenómeno traduz também «um avanço conjunto» da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Afigura-se, para Edleise Mendes, que a dimensão a que urge dar um forte impulso é à dimensão

empresarial. Esta é uma dimensão que depende da capacidade, iniciativa e ousadia dos empresários

lusófonos. Aos estados lusófonos, todos, pede-se, com urgência, que preparem uma estrutura legal simples,

clara, uniforme e estável, que permita dar à dimensão empresarial da Língua Portuguesa a importância

correspondente aos cerca de trezentos milhões de cidadãos que consomem na mesma língua.

«Estamos a viver o boom do Português e a crescer como bloco cultural e linguístico», realçou Edleise

Mendes, nesta segunda-feira, em declarações à Lusa em Pequim.

«Creio que o Português nunca esteve em tão boa forma e a tendência é para crescer e crescer muito»,

perspetivou a especialista.

Na China, na África do Sul ou na Namíbia e em Espanha, o Português está em expansão. Ao ponto de

Carlos Reis, filólogo, afirmar que, se tivesse de fazer sugestões sobre onde criar uma escola portuguesa de

excelência, apontaria Madrid como uma “séria candidata”. Só depois Paris e São Paulo. Em Espanha, em

20 anos, passou-se de 100 alunos para mais de 10 mil. Desses, 72% são espanhóis. «Há um refrescamento

da imagem de Portugal. Figo tem alguma coisa a ver com isso», diz o professor. Os dados constam de um

estudo sobre a internacionalização da Língua Portuguesa, coordenado por este professor de Coimbra e

reitor da Universidade Aberta.

Os números do Português, na verdade, já impressionam: 244 milhões em todo o mundo, entre os

habitantes dos oito países que têm este idioma como língua oficial, mais os membros resultantes da

emigração. O Brasil conta com a percentagem esmagadora, mas em África já é a terceira língua mais falada.

Aqui, quem conta é Angola e Moçambique e a sua cada vez maior influência na parte sul do continente: 35

milhões têm hoje o Português como língua de referência e, dentro de 20 anos, deverão ser 55.

Quanto à China, o Português já se tornou indispensável – para fazer negócios em África, claro (…): é o

chamado Português instrumental. (…)

7.º é o lugar que o Português ocupa na Internet, depois do Inglês, Chinês, Espanhol, Japonês, Francês e

Alemão. A referência é de novembro de 2007.

Blogue “Notícias & Eventos da Comunidade Lusófona” - http://www.paiseslusofonos.com/blog/2012/10/02/esta-na-moda-aprender-portugues/ (texto adaptado e com supressões)

Page 132: Português 12º - Manual do Aluno

130 | Diversidade linguístico-cultural

Texto C

Bilingues têm vantagens no aprendizado

Estudos mostram que quem sabe mais de uma língua está mais protegido contra a senilidade e pode

até raciocinar de forma diferente em cada idiomapor Catherine de Lange

Quando era um bebê, minha mãe fez algo que alterou o modo como meu cérebro se desenvolveu. Algo

que melhorou minha capacidade de aprendizagem, de resolver enigmas e de executar múltiplas tarefas ao

mesmo tempo. Um dia, esse ato talvez até proteja meu cérebro da senilidade. O que foi esse truque? Ela

começou a falar comigo em Francês.

Novas pesquisas sugerem que falar duas línguas pode ter efeito profundo no modo como pensamos.

O aprimoramento cognitivo é apenas o primeiro passo. Memórias, valores, até a personalidade podem

mudar, dependendo da língua que estou falando. É quase como se o cérebro bilingue abrigasse duas mentes

independentes.

A opinião sobre o bilinguismo não foi sempre tão positiva. Desde o século XIX pedagogos alertavam que a

prática confundiria as crianças e as impediria de aprender corretamente uma das línguas ou a outra. Na pior

das hipóteses, essa educação poderia prejudicar o desenvolvimento e reduziria o QI. Hoje, esses medos

parecem não ter fundamento. Sim, indivíduos bilingues tendem a ter vocabulários ligeiramente menores

em relação a monoglotas nos idiomas que falam e às vezes demoram um pouco mais para encontrar a

palavra certa para cada objeto. Mas um estudo da década de 1960 feito no Canadá revelou que a habilidade

de falar dois idiomas não prejudica o desenvolvimento em geral, pelo contrário. Os psicólogos Elizabeth

Peal e Wallace Lambert, da Universidade McGill, descobriram que os indivíduos bilingues, na verdade,

superam os monoglotas em 15 testes verbais e não-verbais. (…)

Só o que interessa

Outra vantagem do cérebro de bilingues foi descoberta em 2003 por Ellen Bialystok, psicóloga da

Universidade York de Toronto. (…) Com base nesse e em outros estudos, Bialystok defende que os cérebros

de bilingues passam por melhorias no chamado “sistema executivo” do cérebro, um conjunto de habilidades

mentais que dá capacidade de bloquear informações irrelevantes.

O sistema executivo é fundamental para praticamente tudo que fazemos, da leitura à matemática e

até dirigir carros. Logo, melhorias nesse aspecto resultam em maior flexibilidade mental. As virtudes do

bilinguismo podem até alcançar nossas habilidades sociais. Paula Rubio-Fernández e Sam Glucksberg,

ambos psicólogos da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, descobriram que indivíduos bilingues

são mais capazes de se imaginar no lugar dos outros, pois têm mais facilidade de bloquear informações que

já conhecem e se concentrar no ponto de vista alheio.

Ginástica mental

(…)

Não demorou para os cientistas imaginarem que essa ginástica também poderia ajudar o cérebro a

resistir aos efeitos da velhice. (…)http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI313503-17579,00-BILINGUES+TEM+VANTAGENS+NO+APRENDIZADO.

html (texto com supressões)

Page 133: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 131

3. Releia atentamente o artigo de opinião B.

4. Uma parte do texto gira em torno das declarações da linguista brasileira Edleise Mendes, feitas à Agência

Lusa, num evento em Pequim.

4.1. Refira a tese defendida por esta linguista.

4.2. Explicite a relação que existe entre a tese apresentada e o título do texto.

4.3. Anote, em tópicos, os fatores que estão a contribuir para estar “na moda aprender Português”.

4.3.1. Complete a frase:

Os fatores enunciados ajudam a robustecer o argumento de que o (a) internacional pelo Português

tem crescido.

5. No texto, são nomeados alguns exemplos da forte expansão a que a procura da Língua Portuguesa tem assistido.

5.1. Registe-os.

6. Considere as seguintes frases adaptadas ou retiradas deste texto:

a) Edleise Mendes acha que a dimensão que é mais urgente desenvolver é a empresarial.

b) “«Creio que o português nunca esteve em tão boa forma e a tendência é para crescer e crescer muito»,

perspetivou a especialista.”

c) Em Espanha, em 20 anos, passou-se de 100 alunos de Português para mais de 10 mil.

d) “«Há um refrescamento da imagem de Portugal. Figo tem alguma coisa a ver com isso», diz o professor.”

e) O número de pessoas que falam Português é surpreendente: 244 milhões em todo o mundo mais os

membros resultantes da emigração.

f) O Português ocupa o 7.º lugar na Internet, depois do Inglês, Chinês, Espanhol, Japonês, Francês e Alemão.

6.1. Indique as afirmações que correspondem a citações diretas de falas das pessoas consultadas e justifique

a sua resposta.

6.2. Distinga as frases que correspondem a factos e aquelas que são, sobretudo, a formulação da opinião do sujeito.

Com estes exercícios, pode verificar-se que…

... usamos argumentos para defender uma ideia (tese), mas é preciso desenvolvê-los. Podemos fazê-lo de

várias formas: usando exemplos, factos, dados de estudos, citações, sobretudo de especialistas na matéria

(“argumentos de autoridade”).

7. Leia cuidadosamente o Texto C e complete o quadro abaixo, transcrevendo pequenos excertos que

constituam a prova para os argumentos (a favor e contra o bilinguismo) apresentados no texto e já sintetizados

nas respetivas colunas.

Page 134: Português 12º - Manual do Aluno

132 | Diversidade linguístico-cultural

A favor do bilinguismo Contra o bilinguismo

ArgumentosProvas

(4 excertos)Argumentos Provas

(1 excerto)

Aprimoramento cognitivo a)

Confusão em aprender os dois idiomas

– dificuldades na aprendizagem de

uma das línguas ou nas duase)

Favorecimento do desenvolvimento b) Prejuízo para o desenvolvimentoMelhorias no sistema executivo do

cérebro – flexibilidade mentalc) Redução do QI

Habilidades sociais d) — —

7.1. Compare as duas listas de argumentos e respetivas evidências (provas) e diga o que pode concluir quanto

à quantidade das evidências e à identificação das fontes que a autora do texto cita.

7.2. Identifique, nos dois tipos de argumentos, as expressões que localizem no tempo as “provas apontadas”.

7.2.1. Refira a que conclusão pode chegar em relação à localização temporal das provas referidas.

8. No 3.º parágrafo, a autora rebate os argumentos contra, do passado, com a atualidade e o conhecimento

que já existe: “Hoje, esses medos parecem não ter fundamento.”. Contudo, a própria autora prevê um contra-

-argumento que ainda pode ser apontado.

8.1. Transcreva a frase em que isso acontece.

8.2. Nessa frase, a autora (escolha a hipótese correta):

a) rejeita totalmente esse contra-argumento e acrescenta logo mais dados para validar o seu ponto de vista;

b) cede e aceita, em parte, esse contra-argumento, embora acrescente imediatamente mais dados que

diminuem a força desse argumento contra.

Com estes exercícios, pode verificar-se que…

...não basta conhecermos argumentos a favor da causa que defendemos. É importante estarmos conscientes

dos contra-argumentos, para podermos ponderar e mostrar como os nossos pontos de vista são mais

relevantes (na nossa opinião). Um texto de opinião fica mais fundamentado se o autor antecipar esses

contra-argumentos e preparar já a sua refutação.

Momento III – produção final

Primeira parte

1. Reescreva a sua versão inicial do artigo de opinião ou escreva um novo texto (podendo aproveitar ideias do

primeiro).

Segunda parte

2. Siga as seguintes instruções:

Page 135: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 133

a) Troque o seu texto com o de um colega.

b) Faça revisão do texto do seu colega, através do preenchimento da

grelha que lhe será fornecida pelo seu professor (não escreva nada no

texto do seu colega).

c) Devolva o texto juntamente com a grelha preenchida e assinada e

receba o seu, com a grelha do colega acerca do seu artigo de opinião.

d) Proceda, agora, à revisão do seu próprio texto, guiando-se pela

grelha e considerando as sugestões do seu colega que lhe pareçam

adequadas. Todas as alterações que fizer no seu texto devem ser

escritas numa cor diferente para se distinguir a evolução de uma

versão para a outra.

ORALIDADE

Exposição oral

1. Partindo do artigo de opinião que produziu sobre as temáticas da sua preferência, organize o conteúdo do

seu texto para realizar, agora, uma exposição oral perante o seu professor e colegas. Para isso, tenha em conta a

informação e recomendações abaixo.

Uma exposição oral é a apresentação – com alguma formalidade – de uma determinada informação ou

opinião, julgadas pertinentes pelo seu autor, sobre um assunto. (cf. Manual do Aluno do 10.º Ano, p. 63)

Preparação

Ideias e linguagem

 > A exposição oral é preparada a partir de textos escritos – neste caso, a partir do seu artigo de opinião – e de

outro material que considere relevante; como tal, tenha em conta que deve ser visível, no seu discurso:

• um registo de língua cuidado;

• organização lógica (introdução, desenvolvimento, conclusão).

 > Decida o que dizer em cada parte e estruture o desenvolvimento das ideias.

 > Na exposição oral, não é desejável que leia a informação; recorra apenas à leitura se quiser fazer alguma

citação, algum trecho importante que seja mais persuasivo lido. A leitura excessiva torna a exposição monótona

e acaba por perder a atenção do público.

É importante procurar modos de cativar e manter a atenção do público. Além da pertinência e da boa articulação

das ideias, há outros aspetos que podem ser cuidados e melhorados, tais como os elementos paraverbais.

Page 136: Português 12º - Manual do Aluno

134 | Diversidade linguístico-cultural

Voz • O tom e o volume da voz são pontos essenciais numa apresentação: faça-se ouvir por todos.

• Respire corretamente.

• Entoe corretamente as frases (diferenciar bem afirmação de pergunta; quanto mais

expressivo for, mais suscita interesse no público).

• Cuide a sua dicção de forma a que a sua fala seja bem percetível.Postura/ gestos

Os gestos, por si só, transmitem determinadas mensagens, de acordo com cada cultura e cada

povo. Há gestos perfeitamente codificados (por exemplo, perguntar as horas…).

• A linguagem corporal deve refletir e reforçar o que está a ser dito – mas sendo natural.

• Os gestos transmitem os nossos sentimentos – assuma o seu “papel” o melhor possível e

faça dos gestos seus aliados para persuadir, chamar à atenção…

• Evite gestos desordenados ou muito repetidos (tiques) que podem indicar um estado de

ansiedade prejudicial à comunicação.

• Mantenha uma postura ereta, relaxada (não tensa).

• Evite colocar as mãos nos bolsos; não é um gesto adequado perante o público.

• Deve sentir-se confortável com a sua apresentação exterior, sem elementos que o distraiam

(ou ao público); por exemplo, o cabelo não deverá cair sobre o rosto.Olhar Pequeno grupo

• Procurar trocas de olhares individuais, sem, no entanto, fixar o olhar demasiado tempo

numa só pessoa (pode causar constrangimentos).

Grande grupo

• Vá falando e movimentando o olhar por toda a assistência, com naturalidade.

SABIA QUE…

... saber olhar é indício de equilíbrio e de serenidade interior?

... um olhar seguro e tranquilo favorece a adesão do público?

Page 137: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 135

PRÁTICA DE LÍNGUA

 A Aspeto verbal e Coesão textual (coesão temporo-aspetual)

Leia o texto que se segue.

1

5

Fui às compras e comprei umas revistas. Vou deliciar-me a lê-las no fim de semana, pois não devo ter tempo

antes. As revistas apresentam notícias, entrevistas e reportagens sobre um tema que está na ordem do dia: a

crescente procura para aprender línguas, além daquelas que o nosso sistema oficial de ensino oferece. Na

generalidade, tenho apreciado os textos destas publicações – considero que nos facultam pontos de vista

diversos, cobrindo as várias perspetivas interessantes das questões em debate.

Também trouxe amores-perfeitos, rosas e próteas para o meu jardim; agora chega. Tão cedo não volto a

comprar flores.

VOCABULÁRIOdeliciar-me (l. 1): sentir prazer (delícia); ordem do dia (l. 2): muito atual, tema que anda a ser discutido nos mais diversos contextos, de que todos ouvem falar; a crescente (l. 3): o aumento da; procura (l. 3): número de pessoas que procuram deter-minando serviço (neste caso, ensino de línguas); sistema oficial de ensino (l. 3): modo como o ensino está organizado num país - oferta de ensino nas escolas públicas, programas, etc.; apreciado (l. 4): gostado de; facultam (l. 4): dão, oferecem; cobrindo (l. 5): abrangendo, abarcando; amores-perfeitos (l. 6): designação de uma flor que apresenta cores muito variadas; próteas (l. 6): planta ornamental exótica, da família das proteáceas.

1. Responda às questões seguintes, com o objetivo de identificar cadeias de referência dentro do texto acima.

1.1.  Faça um levantamento das quatro expressões que se referem a “revistas”, continuando a partir da

primeira ocorrência já apresentada na tabela (Coluna A):

COLUNA A - Referências a “revistas” COLUNA B - Como foi assegurada a coesão?

“umas revistas” Primeira referência: é comum usar o determinante

artigo indefinido.

a) e)

b) f)

c) g)

d) h)

1.2. Complete, agora, a Coluna B, explicitando de que forma foi assegurada a coesão no que diz respeito à

estruturação das referências a “revista”.

1.3. Atente na palavra sublinhada no texto (l. 2).

1.3.1. Identifique a sua classe gramatical.

1.3.2. Diga a que momento se refere esta indicação temporal.

1.4. Considere as duas primeiras frases do texto.

1.4.1. Classifique as orações dessas duas frases.

1.4.2. Experimente começar a primeira frase a partir de “e” e a segunda em “pois”.

Page 138: Português 12º - Manual do Aluno

136 | Diversidade linguístico-cultural

1.4.3. Pronuncie-se quanto à correção das frases que obteve, registando o que pode concluir quanto à

ordenação deste tipo de orações.

1.4.4. Atente particularmente na primeira oração da segunda frase e localize temporalmente a ação, por

referência ao momento de enunciação (presente, passado ou futuro).

1.5. Tendo as revistas sido adquiridas num momento passado (“comprei”), indique a razão pela qual a terceira

frase do texto se refere às revistas utilizando o presente do indicativo (“apresentam”).

1.6. “Na generalidade, tenho apreciado os textos destas publicações (…)” (ll. 3-4).

1.6.1. Indique o tempo verbal no excerto transcrito.

1.6.2. Com base no tempo verbal identificado, pronuncie-se sobre a adequação desta afirmação: “O

enunciador tem o hábito de adquirir aquelas publicações ou, pelo menos, de as ler”.

1.6.3. A seguir à expressão transcrita encontramos um travessão. Substitua-o por um conetor que entenda

ajustado à ligação dos dois elementos separados pelo travessão, respeitando o seu sentido.

1.7. Retire do texto apresentado uma palavra que, de alguma forma, pode retomar “notícias, entrevistas e

reportagens”, generalizando.

1.8. “(…)cobrindo as várias perspetivas interessantes das questões em debate.” (l. 5)

1.8.1. Localize, no texto, outra palavra anteriormente usada que, neste contexto, apresente uma relação de

sinonímia com a palavra aqui destacada.

1.9. Considere estes trechos:

a) “(…) aprender línguas, além daquelas que o nosso sistema oficial de ensino oferece.” (l. 3)

b) “Também trouxe amores-perfeitos, rosas e próteas para o meu jardim; agora chega.” (l. 6)

1.9.1. Explicite se é possível identificar o sistema de ensino a que se refere o sujeito da enunciação em a).

1.9.2. Indique se o enunciador ainda se encontra a fazer compras e justifique a sua resposta, a partir da

observação atenta de b).

1.9.3. É formada uma cadeia anafórica entre os elementos sublinhados em b) e outro posterior.

1.9.3.1. Registe esse elemento posterior e explicite o processo anafórico com os termos específicos de

funcionamento da língua que conhece.

1.9.4. Refira se consegue determinar com precisão a que momento/ tempo se refere o advérbio destacado

em b).

1.9.4.1. Indique, justificando, se se trata de uma localização temporal feita deiticamente (deixis), por

anáfora ou por ambas.

1.9.5. Proponha uma hipótese do género textual (escrito ou oral) em que este texto se enquadre – o

contexto em que foi produzido, para quem, com que finalidade,… – em coerência com as conclusões a que

chegou nas respostas anteriores.

Page 139: Português 12º - Manual do Aluno

Terra: um mosaico linguístico-cultural | 137

2. O texto seguinte – “Há toda a vantagem em aprender português”, encontra-se desordenado. Numere as

sequências, de 1 a 5, de forma a reconstruir o texto, mobilizando os seus conhecimentos sobre coesão textual:

a) Ana Costa: É claro que sim. É um direito que se encontra consagrado na Constituição Portuguesa. Os meus

pais foram emigrantes e na altura não existia o ensino do Português na Alemanha. Pretendo, por isso, dar o

meu contributo aos filhos dos emigrantes. (…)

b) C.: Quais as mais-valias para os luso-descendentes que integrem os cursos de Português?

c) Correio: Considera importante as crianças portuguesas residentes no estrangeiro terem acesso à

aprendizagem da Língua Portuguesa?

d) Ana Costa é a nova coordenadora do serviço de ensino do Português no Luxemburgo. Professora de Língua

Portuguesa e Francesa há 18 anos, a coordenadora está nesta altura a fazer o doutoramento em “Emigração

- Capacidades e dificuldades da linguagem”. Sendo filha de emigrantes portugueses na Alemanha, Ana Costa

valoriza a aprendizagem do Português e confessa gostar de desafios.

e) A.C.: Em primeiro lugar, eu costumo dizer que nós somos aquilo que é a nossa língua, o nosso país. Como

dizia Vergílio Ferreira: “Da minha língua vejo o mar”. Obviamente que são jovens, alguns já nasceram cá, já

têm bastante influência do país e estão integrados, outros não. Entendo que há toda a vantagem não só em

aprender português mas qualquer língua. Mesmo se para alguns o Português já não é a sua língua materna, é

a língua dos pais, do seu país, da sua cultura. Por exemplo, se eles quiserem prosseguir estudos em Portugal,

eles terão obrigatoriamente de (e alguns esquecem-se disto) saber o Português. O acesso ao ensino superior

tem um contingente ao qual podem concorrer os luso-descendentes, mas os exames decorrem em Língua

Portuguesa. Extrato da entrevista publicada no “Observatório da Emigração”

http://www.observatorioemigracao.secomunidades.pt/np4/1373.html (23-04-2013) (texto adaptado)

Page 140: Português 12º - Manual do Aluno

138

Subtema 2 | Em defesa da diversidade

GRUPO A

LEITURA

“Idiomas em risco”

A Google* lançou um projeto que visa a preservação de línguas que estão em perigo de desaparecer, intitulado

“Idiomas em risco” (Endangered Languages). O texto usado no vídeo de apresentação deste projeto encontra-se

traduzido em várias línguas. De seguida, apresentam-se quatro versões desse texto.* Quando nos referimos ao motor de busca, dizemos «o Google», pressupondo «o motor de busca chamado Google». Se estamos a mencionar a empresa que o detém, dizemos «a Google».

1. Identifique a língua em que foi escrito cada texto.

1.1. Ordene essas línguas da que compreende melhor para a que compreende menos bem.

Texto A

Über die Sprache vermitteln wir Ideen, Wissen und unsere Identität von einer Generation zur nächsten. Doch von den 7000 Sprachen, die derzeit gesprochen werden, werden bis zum Ende des Jahrhunderts vermutlich 50% aussterben. Wenn der letzte Muttersprachler einer Sprache stirbt, verlieren wir jahrhundertealte Traditionen und Wissen, die uns geprägt haben.

Unterdrückung und Ungerechtigkeit sind oft der Grund für das Aussterben einer Sprache. Sprachgemeinschaften verbinden mit dem Erhalt ihrer Sprache die Bewahrung ihrer kulturellen Identität, Werte und des kulturellen Erbes.

Texto B

Les langues nous permettent de transmettre nos idées, nos connaissances et notre identité aux générations suivantes. Toutefois, sur les 7000 langues actuellement parlées dans le monde, on estime que 50% ne survivront pas au prochain passage de siècle. Lorsque la dernière personne à savoir parler une langue meurt, nous perdons des siècles de savoir et de traditions, qui ont fait de nous ce que nous sommes.

La disparition d’une langue est souvent liée à l’oppression et à l’injustice. Pour ces communautés, la préservation de leur langue a pour but de restaurer leur identité culturelle, leurs valeurs et leur héritage.

Texto C

El lenguaje es el medio por el que transmitimos nuestras ideas, conocimientos e identidad de generación en generación. Sin embargo, de las 7000 lenguas que se hablan actualmente, se espera que el 50% desaparezcan antes del próximo siglo. Y cuando muere el último hablante de una lengua, perdemos los siglos de conocimiento y tradiciones que han contribuido a forjar lo que somos.

La pérdida de las lenguas suele estar relacionada con la opresión y la injusticia. Para estas comunidades, conservar sus lenguas va de la mano con restaurar sus identidades culturales, sus valores y su patrimonio histórico.

Page 141: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 139

Texto D

Language is the means by which we pass on our ideas, knowledge, and identity from one generation to the next. But of the 7000 languages currently spoken, it is expected that 50% will not survive the turn of the century. And when the last fluent speaker of a language dies, we lose the centuries of knowledge and traditions that have helped shape who we are.

Language loss is often related to oppression and injustice. For these communities, preservation of their language is about the restoration of their cultural identities, their values, and their heritage.

2. Leia o texto escrito na língua que compreende menos bem e responda às perguntas que conseguir, cujas

respostas surgem por ordem no texto.

2.1. O que transmitimos de geração em geração através da língua?

2.2. Quantas línguas são faladas atualmente?

2.3. Aproximadamente quantas línguas irão desaparecer até à mudança de século?

2.4. O que se perde quando morre o último falante nativo de uma língua?

2.5. Quais são os dois fatores que são, frequentemente, associados à perda de uma língua?

2.6. A preservação da língua de uma comunidade está associada à restauração de que aspetos?

3. Leia o texto escrito na segunda língua que compreende menos bem e corrija, complete ou confirme as

respostas fornecidas em 2.

3.1. Proceda da mesma forma para os restantes textos, até concluir a leitura de todos.

4. Para cada texto, transcreva as palavras ou elementos que apresentam semelhanças com o Português.

4.1. Ordene as línguas da que tem mais semelhanças com o Português para a que tem menos.

4.1.1. Explique o motivo dessa maior proximidade do Português com umas línguas e menor com outras.

5. Para cada texto, transcreva as palavras ou elementos que sejam semelhantes em outras línguas que conheça,

indicando as línguas.

6. Partindo de todos os textos, crie uma versão em Português o mais fiel possível.

6.1. Registe no caderno o texto original em Português, com base na leitura deste por parte do professor.

6.2. Compare a sua versão, criada em 6., com o texto original em Português.

Page 142: Português 12º - Manual do Aluno

140 | Diversidade linguístico-cultural

ORALIDADE

Google lança projeto de defesa das línguas ameaçadas de extinção

A seguinte imagem aparece no site do projeto “Idiomas em risco”. Ouça uma notícia da autoria de Marta Portocarrero, publicada no jornal Público, sobre o lançamento deste projeto.

1. Ouça novamente a notícia e complete o seguinte parágrafo com palavras ou expressões presentes no texto original.

O site lançado pela Google tem como objetivo a (a) das línguas em risco de desaparecimento. O projeto “Idiomas em risco” conta com o apoio da (b) e os seus (c) são Clara Rivera Rodriguez e Jason Rissman. O site permite aos utilizadores a consulta de um (d) onde se encontram localizadas as (e) línguas que atualmente estão em vias de extinção e saber qual o seu (f) . Os utilizadores podem também partilhar informação sobre as línguas, bem como (g) em áudio ou em vídeo. Futuramente, pretende-se que a

(h) do projeto seja entregue a especialistas na área da preservação linguística.

ORALIDADE

A língua Uaimoa de Timor-Leste

Ouça o texto que consta do site de um projeto de documentação da língua Uaimoa e vá tomando notas de informações que lhe pareçam relevantes.

1. Depois de uma segunda audição do texto e de completar as suas anotações, responda às questões.

1.1. Quais os dois grandes objetivos deste projeto?

1.2. Que entidade timorense aprovou esta investigação sobre a língua Uaimoa?

1.3. Qual a duração inicial deste projeto?

1.4. Em que aldeia está a ser desenvolvido?

1.5. Onde se situa essa aldeia?

1.6. Que dialetos é possível que este projeto venha a abranger?

1.7. Em que país serão armazenados os materiais recolhidos no âmbito desta investigação?

2. Expresse a sua opinião sobre a pertinência de existirem projetos de documentação como este, relativo à

língua Uaimoa, ou como o projeto da Google (“Idiomas em risco”), apresentado anteriormente.

Page 143: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 141

Para além do textoApresenta-se abaixo o mapa de Timor-Leste com a localização das línguas em risco de extinção em Timor-Leste,

de acordo com o projeto “Idiomas em risco” da Google.

DILI

Legenda:roxo – em risco de extinçãovermelho – em sério risco de extinção

g)e)

h)

f)

c)

d)

b)

a)

Línguas em risco de extinção em Timor-Leste (fonte: projeto “Idiomas em risco”, Google)

1. Com base nos seus conhecimentos sobre o panorama linguístico de Timor-Leste ou em pesquisa, faça

corresponder, às localizações assinaladas no mapa, cada uma das seguintes línguas e respetivo número de falantes.

Baiqueno – 20.000 falantes

Galóli – 13.000 falantes

Uaimoa – 3.000 falantes

Kairui-Mídiki – 15.000 falantes

Habu – 2.700 falantes

Adabe – 5.000 falantes

Nauete – 1.000 falantes

Maku’a – 50 falantes

2. Prepare um pequeno contributo para o site do projeto “Endangered Languages”, através do registo (escrito,

áudio ou vídeo) de um texto numa das línguas listadas acima, no caso de conhecer algum falante dessas línguas,

ou, em alternativa, de uma outra língua nacional ou dialeto de Timor-Leste que esteja em risco de extinção. Faça

acompanhar esse registo de um texto sobre a língua escolhida (onde é falada, por quantas pessoas, etc.).

GRUPO B

LEITURA

Declaração Universal dos Direitos Linguísticos

1. Atente no título do documento e responda às seguintes questões:

a) Qual será a finalidade deste tipo de documento?

b) A quem se aplicará?

c) O que terá motivado a redação de um documento desta natureza?

d) Que tipo de direitos linguísticos prevê que estejam enunciados neste documento?

Page 144: Português 12º - Manual do Aluno

142 | Diversidade linguístico-cultural

2. Leia agora atentamente o excerto da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS LINGUÍSTICOS

INTRODUÇÃO

As instituições e organizações não governamentais signatárias da presente Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, reunidas em Barcelona de 6 a 9 de junho de 1996, (…) Considerando que para garantir a convivência entre comunidades linguísticas é necessário encontrar princípios de carácter universal que permitam assegurar a promoção, o respeito e o uso social público e privado de todas as línguas; (…) Conscientes de que é necessária uma Declaração Universal dos Direitos Linguísticos que permita corrigir os desequilíbrios linguísticos com vista a assegurar o respeito e o pleno desenvolvimento de todas as línguas e estabelecer os princípios de uma paz linguística planetária justa e equitativa, como fator fundamental da convivência social;

DECLARAM:PREÂMBULO

A situação de cada língua, tendo em conta as considerações prévias, é o resultado da confluência e da interação de uma multiplicidade de fatores (…):— A tendência secular e unificadora da maioria dos Estados para reduzir a diversidade e favorecer atitudes contrárias à pluralidade cultural e ao pluralismo linguístico.— O processo de mundialização da economia e, consequentemente, do mercado da informação, da comunicação e da cultura (…).— O modelo economicista de crescimento promovido pelos grupos económicos transnacionais (…). As ameaças que atualmente impendem sobre as comunidades linguísticas, devido à ausência de autogoverno, a uma população reduzida ou parcial ou inteiramente dispersa, a uma economia precária, a uma língua não codificada, ou a um modelo cultural oposto ao predominante, levam a que muitas línguas não possam sobreviver e desenvolver-se se não forem tidos em conta alguns objetivos fundamentais. (…)

TÍTULO PRÉVIO – CONCEITOS (…)

TÍTULO PRIMEIRO – PRINCÍPIOS GERAIS(…)

Artigo 12.º

1. No domínio público, todos têm o direito de desenvolver todas as atividades na sua língua, se for a língua própria do território onde residem.2. No plano pessoal e familiar, todos têm o direito de usar a sua língua.

Artigo 13.º

1. Todos têm direito a aceder ao conhecimento da língua própria da comunidade onde residem.2. Todos têm direito a serem poliglotas e a saberem e usarem a língua mais apropriada ao seu desenvolvimento pessoal ou à sua mobilidade social, sem prejuízo das garantias previstas nesta Declaração para o uso público da língua própria do território.

TÍTULO SEGUNDO – REGIME LINGUÍSTICO GERAL(…)

Secção l – Administração pública e organismos oficiais(…)

Artigo 20.º

(…)2. De qualquer maneira, todos têm direito a serem julgados numa língua que sejam capazes de compreender e possam falar, ou a obterem gratuitamente um intérprete.

(…)

Secção II – Ensino

Artigo 23.º(…)

3. O ensino deve estar sempre ao serviço da diversidade linguística e cultural, e das relações harmoniosas entre as diferentes comunidades linguísticas do mundo inteiro.4. No quadro dos princípios anteriores, todos têm direito a aprender qualquer língua.

(…)Artigo 29.º

1. Todos têm direito ao ensino na língua própria do território onde residem.

(…)

Secção III – Onomástica(…)

Artigo 34.º

Todos têm direito ao uso do seu antropónimo na sua própria língua e em todos os domínios de utilização, bem como a uma transcrição fonética para outro sistema gráfico, quando necessário, tão fiel quanto possível.

(…)

Secção IV – Meios de comunicação e novas tecnologias

Secção V – Cultura

Artigo 41.º

1. Todas as comunidades linguísticas têm direito a usar a sua língua e a mantê-la e promovê-la em todas as formas de expressão cultural.

(…)

Secção VI – Esfera socioeconómica(…)

Artigo 52.º

Todos têm direito a exercer as suas atividades laborais ou profissionais na língua própria do território, exceto se as funções inerentes ao posto de trabalho exigirem a utilização de outros idiomas, como no caso dos professores de línguas, dos tradutores, ou dos guias turísticos.

DISPOSIÇÕES ADICIONAIS (…)

DISPOSIÇÕES FINAIS

O Plenário da Associação Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação Intercultural recomenda às Nações Unidas que tomem as medidas necessárias à adoção e aplicação de uma Declaração Universal dos Direitos Linguísticos; (…)

Primeira Esta Declaração propõe a criação do Conselho das Línguas

Page 145: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 143

P.E.N. Internacional Barcelona, junho de 1996

(texto adaptado e com supressões)

Vocabulário

signatárias (l. 1 Introdução): as que assinam; princípios (l. 5 Introdução): bases, normas, regras; de carácter universal (l. 5 Introdução): gerais, que sejam aplicáveis em todos os casos; planetária (l. 12 Introdução): a nível mundial; equitativa (l. 12 Introdução): respeitando a igualdade, justa, equilibrada; Preâmbulo: Prefácio, Introdução; confluência (l. 2 Preâmbulo): convergência, encontro; multiplicidade (l. 3 Preâmbulo): variedade, abundância, grande número; modelo economicista (l. 9 Preâmbulo): modelo que visa a obtenção de lucros; trans-nacionais (l. 10 Preâmbulo): que pertencem a mais do que um país; impendem sobre (l. 11 Preâmbulo): pairam sobre, afetam; sem prejuí-zo de (l. 5 art. 13.º): desde que tal não ponha em causa; Onomástica (Secção III): Ciência relativa aos nomes próprios; transcrição fonética (l. 3 art. 34.º): representação gráfica dos sons de um língua; Esfera (Secção VI): Domínio, Área; inerentes a (l. 3 art. 52.º): próprias de, pres-supostas por, básicas, intrínsecas; Plenário (l. 1 Disposições finais): assembleia, reunião ou sessão em que participam todos os membros de um corpo ou jurisdição, assembleia geral; de carácter consultivo (l. 3 Segunda): para emissão de pareceres, conselhos; P.E.N (l. indicação bibliográfica): abreviatura de “Poets, Essayists and Novelists” – “Poetas, ensaístas e novelistas”; usa-se frequentemente International PEN ou PEN club; trata-se de um clube internacional de escritores fundado em 1921 pela escritora inglesa Catherine Amy Dawson Scott.

1. Do 1.º parágrafo, retire:

a) duas palavras sinónimas;

b) duas palavras antónimas.

2. Transcreva do texto as palavras ou expressões que assumem os seguintes significados:

a) globalização; d) pessoa que traduz o que ouve, tradutor;

b) pessoas que sabem muitas línguas; e) nome próprio;

c) sem custos, de graça, sem pagamento; f) alfabeto.

Sobre o texto1. A partir dos três fatores apresentados no início do Preâmbulo, levante algumas hipóteses explicativas da

situação linguística atual, nomeadamente da situação de ameaça de extinção de algumas línguas.

2. O parágrafo abaixo apresenta uma paráfrase de algumas ideias presentes no “Preâmbulo”. Transcreva as

passagens correspondentes a cada alínea do seguinte parágrafo, em termos do significado expresso; dessa

forma, conseguirá compreender o texto-fonte ainda melhor.

a) Várias línguas têm dificuldade em manter-se e em desenvolver-se devido a fragilidades várias das

comunidades que as falam, nomeadamente: b) à sua economia pouco desenvolvida, c) às diferenças culturais

relativamente ao modelo dominante, d) à sua pouca representatividade numérica, e) à sua dependência

política. f) Outro fator responsável pode ser o estádio pouco desenvolvido em que a própria língua se encontra,

não sendo usada no registo escrito ou não tendo ainda sido estudada e descrita gramaticalmente. g) Para

alterar esta situação, verifica-se a necessidade de preconizar direitos linguísticos.

no seio das Nações Unidas. Compete à Assembleia Geral das Nações Unidas a criação e a definição deste Conselho, assim como a nomeação dos seus membros, e a criação do organismo de direito internacional que deve apoiar as comunidades linguísticas no exercício dos direitos reconhecidos nesta Declaração.

Segunda Esta Declaração recomenda e promove a criação de uma Comissão Mundial de Direitos Linguísticos de natureza não oficial e de carácter consultivo, constituída por representantes de organizações não governamentais e de entidades ligadas ao direito linguístico.

Page 146: Português 12º - Manual do Aluno

144 | Diversidade linguístico-cultural

3. No Título Primeiro – Princípios Gerais, é dito que todos podem usar a sua língua tanto no domínio privado

como no público, existindo, no entanto, uma condição para que possa ser usada neste último.

3.1. Identifique-a.

4. Ainda no “TÍTULO PRIMEIRO”, podemos constatar a repetição reiterada de um quantificador (que, aliás,

ocorre noutros artigos da Declaração).

4.1. Registe-o.

4.2. Pronuncie-se sobre a intenção desta figura de estilo (repetição).

5. Atente no Título Segundo – Regime Linguístico Geral.

5.1. Refira como se encontra organizado em termos de estrutura textual formal, visível sem que seja necessário

proceder à interpretação do texto.

5.2. Leia as seguintes afirmações, formuladas com base em direitos expressos na Declaração.

a) Todas as comunidades linguísticas podem usar a sua língua em manifestações culturais.

b) Todos os réus têm direito a compreender o que é dito durante o seu processo no tribunal.

c) Todos têm direito a desempenhar a sua profissão na sua língua, salvo no caso de profissões que exigem

o recurso a outras línguas.

d) Todos podem usar o seu nome próprio na sua língua em qualquer contexto.

e) Todos têm direito a aprender na língua adotada no sítio onde habitam.

5.2.1. Sem consultar a Declaração, identifique em que secção se enquadra cada direito, sabendo que as

secções são: “Administração pública e organismos oficiais”, “Ensino”, “Onomástica”, “Cultura” e “Esfera

socioeconómica”.

5.2.2. Confirme a resposta à alínea anterior, localizando as passagens do texto original onde se encontram

expressos os direitos apresentados em 5.2.

6. Nas Disposições Finais, recomenda-se a criação de dois organismos.

6.1. Identifique-os.

6.1.1. Indique a entidade responsável pela criação do primeiro organismo.

6.1.2. Refira os elementos que deverão fazer parte do segundo.

6.2. Apesar de não ser usado o tempo verbal “futuro”, há elementos desta parte do texto que mostram como

a criação destes organismos está a ser projetada no tempo futuro.

6.2.1. Recolha-os e justifique sucintamente a sua escolha.

7. A Declaração tem, na sua base, a definição de um estado ideal relativamente à situação das línguas, cuja

concretização quer incentivar veementemente.

7.1. Tendo em conta o género de texto em análise, fundamente a afirmação, dando exemplos.

Page 147: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 145

8. Sistematize as principais características da Declaração que acabou de estudar, completando o texto abaixo

com as seguintes palavras/ expressões.

3.ª pessoa do plural | construções verbais | data | direitos proclamados | entidades declarantes |

formal | local | objetivos | preocupação internacional | preservação | pressupostos | recomendações |

signatários | vocabulário específico

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS LINGUÍSTICOS

Definição:

• Carta de princípios na qual se afirma a (a) relativamente à (b) dos direitos linguísticos do indivíduo

e das comunidades linguísticas e se definem esses mesmos direitos.

Finalidade:

• Comprometer os (c) da declaração quanto ao cumprimento dos (d) estipulados no documento.

Estrutura:

• Introdução ou Abertura: identificação das (e) e enunciação dos (f) inerentes à elaboração do documento;

• Desenvolvimento ou Encadeamento: apresentação dos conceitos e dos princípios inerentes, enunciação

dos (g) e das (h) que daí decorrem;

• Conclusão ou Fecho: assinatura dos declarantes, (i) e (j) .

Características linguísticas:

• utilização de um registo (k) ;

• utilização da (l) (ex.: “As instituições e organizações não governamentais signatárias da presente

Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (...) declaram”; “todos têm direito”);

• utilização de (m) (“signatárias”; “declaram”; “sem prejuízo de”; “adoção”; “aplicação”; “no exercício

de”; “recomenda”; “promove”,...);

• repetição de determinadas (n) (ex.: “têm direito a”, “deve”).

Para além do texto1. Dois amigos tecem os comentários seguintes sobre democracia:

DEMOCRACIA (DO GREGO DEMOS, POVO E KRATOS,AUTORIDADE) - GOVERNO NO QUAL A SOBERANIA

É EXERCIDA PELO POVO.

DEIXA-ME RIR!…ISSO É PARA RIR?

ESTÁS A BRINCAR, NÃO ESTÁS?

Page 148: Português 12º - Manual do Aluno

146 | Diversidade linguístico-cultural

1.1. Explicite a mensagem que este curto diálogo pretende veicular.

1.2. A tomada de posição dos signatários da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos é um exemplo de

exercício de cidadania ativa que o regime democrático pressupõe e permite.

1.2.1. Concorda com a afirmação? Que outros meios tem o cidadão ao seu alcance para participar

democraticamente num regime baseado nesses pressupostos? Considera-os suficientes?

1.3. Identifique a origem etimológica da palavra “democracia” e os elementos que a compõem.

Como acabou de ver na imagem anteriormente apresentada, os radicais de origem grega e latina entram

frequentemente na formação de palavras portuguesas, associados entre si, formando palavras por

composição morfológica, ou associados a prefixos e sufixos, formando palavras por derivação (cf. principais

sufixos e prefixos do Apêndice).

A. Radicais de origem latina

Radicais que funcionam como primeiro elemento sentidos exemplos

ambi-arbori-avi-bi-/bis-cruci-equi-magni-morti-quadri-/ quadru-reti-tri-uni-

ambosárvoreaveduas vezescruzigualgrandemortequatroretotrêsum

ambidestro, ambivalentearborícolaaviculturabípede, bienal, bicéfalo, bisavó, bivalvecrucifixoequilátero, equidistância, equinóciomagníficomortífero, mortificarquadrilátero, quadrúpederetificar, retilíneo trienal, trimestre, triângulounilateral, unilingue, unifamiliar

Radicais que funcionam como segundo elemento sentidos exemplos

-cida-cola-fico-forme-pede-sono-voro

que mataque habita/ cultivaque fazque tem a forma depéque soaque come

herbicida, infanticidaagrícola, apícola, piscícola, arborícolafrigorífico, maléfico, magníficobiforme, cuneiforme quadrúpede, velocípedeuníssonocarnívoro, omnívoro

B. Radicais de origem grega

Radicais que funcionam como primeiro elemento sentidos exemplos

aero-antropo-

arhomem

aeródromo, aeronave, aeronáuticaantropologia, antropofagia

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAFormação de palavras: radicais gregos e latinos

Page 149: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 147

Exercícios

1. Indique o sentido das palavras apresentadas abaixo, tendo em conta que são formados por radicais que

se encontram nos dois quadros dos radicais latinos.

a) arborícola; b) quadrúpede; c) magnífico.

2. Com a ajuda de um dicionário, indique o sentido de:

a) ambidestro; b) bicéfalo; c) trienal.

3. Com o radical “destro” e um sufixo nominal, forme um nome.

arqueo-biblio-cali-demo-etno-hagio-hemi-hemo-hexa-hidro-neo-octo-oftalmo-neuro-paleo-pedo-poli-quilo-tele-tetra-

antigolivrobelopovoraçasanto, sagradometadesangueseiságuanovooitoolhonervoantigocriançamuitosmillongequatro

arqueólogobiblioteca, bibliografiacaligrafia, caleidoscópiodemográficoetnologiahagiografiahemisfériohematomahexagonalhidrológicaneonataloctópodeoftalmologistaneurologiapaleontologiapedagogiapolitraumatismoquilómetrotelepatiatetraplégico

Radicais que funcionam como segundo elemento sentidos exemplos

-algia-cracia-dromo-grafia-fagia-fobia-grama -logia-metria-sofia-teca-terapia

dorpoder, governocorridaescrevercomerreceio, fugaletra, inscriçãoestudo, tratadomedidasabedorialugar onde se guardatratamento

nevralgiademocracia, plutocraciaaeródromocaligrafiaantropofagiaclaustrofobiamonogramasociologiasociometriafilosofiamediatecafisioterapia

Page 150: Português 12º - Manual do Aluno

148 | Diversidade linguístico-cultural

4. Com o radical “céfalo” (gr.) e um prefixo de negação/ privação, forme um adjetivo e indique o seu significado.

5. Faça corresponder as palavras que lhe são apresentados na Coluna A aos sentidos que estão enunciados

na Coluna B.

COLUNA A COLUNA B

1) equilátero2) quadrilátero3) trimestre4) infanticida5) piscícola6) frigorífico7) maléfico8) cuneiforme9) biforme10) omnívoro

a) que faz friob) com duas formasc) que come de tudod) com os lados todos iguaise) que mata criançasf) que faz malg) com quatro ladosh) que cria peixesi) conjunto de três mesesj) em forma de cone

6. A partir do radical que lhe apresentamos e considerando-o como primeiro elemento numa palavra,

consulte os quadros anteriores – e, se for necessário, o dicionário – para registar palavras que correspondam

ao sentido indicado.

bio-crono-deca-geo-hexa-hidro-mega-neo-octo-tele-

estudo dos seres com vidamedição do temposólido geométrico com dez facesestudo da Terra (planeta)verso com seis sílabas métricascentral que produz eletricidade pela força motriz da águaaparelho para amplificar o somhabitante da Nova Zelândiaque possui oito membros locomotores ou tentáculos (ex.: o polvo)ação de comunicar à distância

a)b)c)d)e)f)g)h)i)j)

7. Identifique, no 3.º parágrafo da introdução ao texto da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, um

radical latino presente em duas palavras e que remete para o sentido de igualdade.

8. No mesmo texto encontramos as palavras “poliglotas” (ponto 2, art.º. 13.º) e “antropónimo” (art.º. 34.º,

secção III).

8.1. Identifique o radical que conhece e que está presente em cada uma das palavras, explicitando o

respetivo sentido.

8.2.  Explicite o sentido de cada palavra.

Page 151: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 149

LEITURALeia o seguinte poema.

Não me chames estrangeiro

1

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10

15

20

25

Não me chames estrangeiro, só porque nasci muito longe

ou porque tem outro nome essa terra donde venho.

Não me chames estrangeiro porque foi diferente o seio

ou porque ouvi na infância outros contos noutras línguas.

Não me chames estrangeiro se no amor de uma mãe

tivemos a mesma luz nesse canto e nesse beijo

com que nos sonham iguais nossas mães contra o seu peito.

Não me chames estrangeiro, nem perguntes donde venho;

é melhor saber onde vamos e onde nos leva o tempo.

Não me chames estrangeiro, porque o teu pão e o teu fogo

me acalmam a fome e o frio e me convida o teu tecto.

Não me chames estrangeiro; teu trigo é como o meu trigo,

tua mão é como a minha, o teu fogo como o meu fogo,

e a fome nunca avisa: vive a mudar de dono.

E chamas-me tu estrangeiro porque um caminho me trouxe,

porque nasci noutra terra, porque conheço outros mares,

e parti, um dia, de outro porto...

mas são sempre, sempre iguais os lenços da despedida

iguais as pupilas sem brilho dos que deixámos lá longe,

os amigos que nos chamam, e também iguais os beijos

e o amor dessa que sonha com o dia do regresso.

(…)

Não me chames estrangeiro, que é uma palavra triste,

que é uma palavra gelada, e que cheira a esquecimento

e cheira também a desterro.

Não me chames estrangeiro: olha o teu filho e o meu

como correm de mãos dadas, até ao fim do caminho.

(…)

Não me chames estrangeiro; olha-me nos olhos

muito para lá do ódio, do egoísmo e do medo,

e verás que sou um homem, não posso ser estrangeiro. Rafael Amor

VOCABULÁRIOvive a (v. 14): está constantemente a; pupilas (v. 19): meninas dos olhos, parte central dos olhos (por extensão, olhos); gelada (v. 23): fria, cruel; desterro (v. 24): exílio, deportação.

Rafael Amor é um músico argentino nascido em Buenos Aires, em 1948. No âmbito da sua carreira artística, passou alguns períodos em Espanha, tendo gravado, neste país, em 1976, o álbum “No me llames extrangero” (“Não me chames estrangeiro”), no qual se encontra a canção com o mesmo nome.

Page 152: Português 12º - Manual do Aluno

150 | Diversidade linguístico-cultural

Sobre o texto1. Ao longo do poema, são apresentadas duas perspetivas em relação à figura do “estrangeiro”: a primeira

destaca as diferenças entre este e as pessoas nativas; a segunda realça aquilo que entre eles é semelhante/ igual.

1.1. Sintetize os aspetos referidos para consubstanciar a primeira perspetiva, comprovando com excertos do

poema.

1.1.1. Indique a quem corresponde esta perspetiva.

1.1.2. Refira a pessoa gramatical que remete para aquele(s) que concorda(m) com ela e transcreva exemplos

do texto.

1.2. Identifique agora os argumentos que sustentam a segunda perspetiva, comprovando com excertos do poema.

1.2.1. Indique a quem corresponde esta perspetiva.

1.2.2. Identifique qual a pessoa gramatical que remete para aquele(s) que concorda(m) com ela e transcreva

exemplos do texto.

1.2.3. Explicite o sentido da seguinte frase, relacionando-a com este segundo ponto de vista: “a fome nunca

avisa: vive a mudar de dono” (v. 14).

1.2.4. Transcreva as palavras/ expressões que o sujeito poético utiliza para caracterizar a palavra

“estrangeiro” e explicite a sua expressividade.

2. Nos últimos cinco versos do poema, o sujeito poético faz duas interpelações diretas ao seu interlocutor,

introduzidas por “olha”/ “olha-me”.

2.1. Explique, por palavras suas, em que consistem essas interpelações.

3. Sintetize a mensagem que o sujeito poético pretende transmitir ao longo do poema.

Para além do texto1. Leia os seguintes dois Artigos da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, cujo excerto foi analisado anteriormente.

Artigo 2.º

1. Esta Declaração considera que, nos casos em que diferentes comunidades e grupos linguísticos coabitam num mesmo território, o exercício dos direitos formulados nesta Declaração deve reger-se pelo respeito entre todos e dentro das máximas garantias democráticas.

Artigo 4.º

1. Esta Declaração considera que as pessoas que se deslocam e fixam residência no território de uma comunidade linguística diferente da sua têm o direito e o dever de manter com ela uma relação de integração. Por integração entende-se uma

socialização adicional destas pessoas por forma a poderem conservar as suas características culturais de origem, ao mesmo tempo que compartilham com a sociedade que as acolhe as referências, os valores e os comportamentos que permitirão um funcionamento social global, sem maiores dificuldades que as experimentadas pelos membros da sociedade de acolhimento.2. Por outro lado, esta Declaração considera que a assimilação — entendida como a aculturação das pessoas na sociedade que as acolhe, de tal maneira que substituam as suas características culturais de origem pelas referências, pelos valores e pelos comportamentos próprios da sociedade de acolhimento — em caso nenhum deve ser forçada ou induzida, antes sendo o resultado de uma opção plenamente livre.

1.1. Defina, por palavras suas, os conceitos de integração e assimilação.

1.2. Esclareça a posição assumida na Declaração Universal dos Direitos Linguísticos no que se refere à

integração/ assimilação de estrangeiros nas sociedades de acolhimento.

Page 153: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 151

O grau do adjetivo já foi abordado (cf. Manual do Aluno do 10.º Ano, pp. 109-110).

Há, no entanto, determinados adjetivos que:

A) apresentam uma forma diferente para o comparativo e o superlativo;

Grau normal Grau comparativo de superioridade

Grau superlativo relativo de superioridade

Grau superlativo absoluto sintético

bommau

grandepequeno

melhorpior

maiormenor

o melhoro pior

o maioro menor (o mais pequeno)

ótimo (boníssimo)péssimo (malíssimo)

máximo (grandíssimo)mínimo (pequeníssimo)

B) na formação do superlativo absoluto sintético se mantêm próximos do étimo latino.

Terminação do adjetivo

Formação do superlativo Grau normal Grau superlativo absoluto

sintético

- -érrimo

áspero célebre

livrepobre

aspérrimo celebérrimo

libérrimo paupérrimo

- -ílimofácil

difícilhumilde

facílimodificílimohumílimo

-z

-íssimo

atroz

felizferozveloz

atrocíssimo (porque reassumem a forma latina – “atrocis”)

felicíssimo (“felicis”)ferocíssimo (“ferocis”)velocíssimo (“velocis”)

-velamávelterrível

amabilíssimo (“amabilis”)terribilíssimo (“terribilis”)

-ão cristão cristianíssimo (“christianus”)

outros casos

benévolocheio

comum geralfrio feio

maléficosagrado

sábiosério

benevolentíssimocheiíssimo

comuníssimogeneralíssimo

frigidíssimofeiíssimo

maleficentíssimosacratíssimo

sapientíssimo seriíssimo ou seríssimo

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAAdjetivo: casos particulares de flexão em grau

Page 154: Português 12º - Manual do Aluno

152 | Diversidade linguístico-cultural

GRUPO C

LEITURALeia atentamente o conto integral de José Eduardo Agualusa.

“Discurso sobre o Fulgor da Língua” in Catálogo de Sombras, José Eduardo Agualusa

Exercícios

1. Atente nas seguintes frases.

a) “é melhor saber onde vamos e onde nos leva o tempo” (v. 9).

b) A discriminação é um dos maiores problemas das comunidades emigrantes.

c) As diferenças biológicas entre povos são mínimas.

d) A Declaração Universal dos Direitos Linguísticos faz ótimas recomendações.

1.1. Identifique o adjetivo presente em cada uma delas e o grau em que se encontra.

1.2. Reescreva as frases, colocando o adjetivo no grau normal.

2. Reescreva as seguintes frases, colocando o adjetivo no grau superlativo sintético.

a) Há emigrantes oriundos de países muito pobres.

b) Em Timor, as pessoas são muito amáveis para com os estrangeiros.

c) A Declaração Universal dos Direitos Linguísticos deve ter sido escrita por pessoas muito sábias.

d) Os signatários da Declaração têm intenções muito nobres.

e) Os objetivos da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos são muito difíceis de atingir.

1

5

10

O Velho Firmino rondava-nos vagamente por ali, sempre absorto,

extraviado, soprando no ar ensopado misteriosas ladainhas. Eu via-o

descer as escadas tropeçando em aliterações:

«E fria, fluente, frouxa claridade

Flutua como as brumas de um letargo.»

Uma espécie de escuridão escapava-se dele, como de um abismo,

enquanto declamava Cruz e Sousa:

« Vozes veladas, veludosas vozes,

volúpias dos violões, vozes veladas

vagam nos velhos vórtices velozes

dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.»

A Fernando Pessoa, esse, amava-o ainda com maior fervor. A ele e a

toda a sua legião de heterónimos. Rezava-os:

Apontamentos de leitura Texto integralFulgor (título): energia, brilhantismo

aliterações (l. 3): repetição de sons consonânticos na mesma frase/ verso, ou em frases/ versos sucessivos, para intensificação do seu sentido, conferindo também musicalidade e ritmo ao texto, gerando bons efeitos de imitação de sons conhecidos. Aqui, repete-se o som “f” cf. assonância (repetição de sons vocálicos, em sílabas tónicas de palavras distintas ou na mesma frase, para obter certos efeitos de estilo)

Cruz e Sousa (l. 7): poeta brasileiro. (ver mais indicações na p. 165)

Neste caso, a aliteração tem o objetivo de traduzir o sussurro do vento, através da repetição do som “v”.

Fernando Pessoa (l. 12): poeta português. (ver mais indicações na p. 165)

Page 155: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 153

No texto de Pessoa, encontramos a aliteração em “t” e “d”, consoantes oclusivas.

alfarrabista (l. 28): pessoa que coleciona e/ou negoceia livros antigos ou usados; sebo (l. 28): palavra usada na variedade brasileira do Português para “alfarrabista”

Os Lusíadas (l. 37): obra poética do escritor Luís Vaz de Camões (1524–1580), considerada a epopeia portuguesa por excelência (ver mais indicações na p. 165) Paulo Coelho (l. 38): escritor brasileiro (1947-) (ver mais indicações na p. 165)

15

20

25

30

35

40

45

50

«Mas em torno à tarde se entorna

A atordoar o ar que arde

Que a eterna tarde já não torna!

E em tom de atoarda todo o alarde

Do adornado ardor transtorna

No ar de torpor da tarda tarde.»

Eu deixava-me afundar no ar de torpor da tarda tarde. Estendia-me numa

das redes e logo caía num sonho rápido, em algum lugar ainda mais a Sul,

entre torrentes de água fria, sob um céu nu e metálico, nalguma praia de

veludo refrescada pela brisa salgada do mar. Despertava minutos mais tarde,

encharcado em suor, louco de sede, sufocado por aquele ar de ácaros, saía pela

porta aos tropeções, cruzava a rua, e desfalecia de bruços no balcão do bar em

frente, implorando pelo amor de Deus uma cerveja estupidamente gelada.

Chegara ali como um náufrago, de mochila às costas, e logo me

fascinara o improvável alfarrabista, ou sebo, nome mais comum no Brasil,

ocupando por inteiro os dois andares de um fatigado casarão colonial. Se

eu fosse alfarrabista, teria imenso trabalho para organizar a minha loja de

forma a que parecesse naturalmente desorganizada. Um alfarrabista

organizado, metódico, sugere-me algo vagamente monstruoso, capaz de

ofender a ordem natural das coisas, um pouco como um lagarto com

duas cabeças, um advogado ingénuo, um general pacifista. A maioria das

pessoas que frequentam alfarrabistas gostam de pensar que caminham

entre o caos, e que em meio àquele grave e silencioso tumulto podem, de

repente, tropeçar na primeira edição d’ Os Lusíadas, ao preço de um

romance de Paulo Coelho. Houve um tempo, romântico, em que essas

coisas podiam realmente acontecer. Um tempo em que os alfarrabistas

ainda respeitavam a desordem. Os novos profissionais desta área são,

desgraçadamente, muito bem informados e ainda mais bem organizados.

No sebo do Velho Firmino Carrapato, porém, a desordem era legítima e

muito antiga. Três gerações de Carrapatos haviam contribuído com o seu

demorado labor para aquele esplêndido caos. Os livros multiplicavam-se,

empilhados pelo chão, ou desalinhados por metros e metros de incertas

estantes em alumínio, sem outra lógica que não fosse a da sua chegada

ali. O Velho Firmino dispusera cinco ou seis redes amarradas às colunas,

junto às largas portadas abertas para a rua, de forma que era possível

folhear os livros com alguma comodidade, rezando para que a brisa da

tarde fosse capaz de abrandar o calor, sim, mas não forte o suficiente

Page 156: Português 12º - Manual do Aluno

154 | Diversidade linguístico-cultural

55

60

65

70

75

80

para transformar em irremediável pó, pura poeira erudita, os papéis

antigos.

Firmino gostava de mim. Estranhara ao princípio o meu sotaque – de

onde vinha eu? Angola?! –, olhara-me perplexo:

«Na África?! E lá falam português? … »

Disse-lhe que sim, que falávamos português, tal como muita gente em

Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor, e, é claro,

em Portugal. Não, isso não, contestou o velho, em Portugal não. Os portugueses

já mal falam português. Na verdade, acrescentou, nem sequer se pode dizer que

falem, isso carece de demonstração. Ele vira, meses atrás, um filme português e

não compreendera uma única palavra. Os atores emitiam uns vagos murmúrios,

mantendo a boca fechada, como se fossem ventríloquos, com a diferença de

que os bons ventríloquos falam pelo próprio umbigo, ou o alheio, falam pelos

cotovelos, falam inclusive pela boca fechada de um português, e sempre com

relativa clareza. Argumentei, já um pouco irritado, que isso tinha a ver com a

deficiente qualidade técnica do som dos filmes portugueses, bem como, é certo,

com a má dicção de alguns dos atores, e depois dei o braço a torcer, e concordei

que sim, que os filmes portugueses deviam ser exibidos com legendas, não

apenas no Brasil mas também em Portugal. Estávamos nisto quando, sereno

como um milagre, entrou na loja um português. Era um homem franzino, e

no entanto sólido e elegante, com o crânio rapado, uma barbicha rala, bem

desenhada, uns óculos de aros redondos, em prata, que deviam ser herança de

algum remoto antepassado.

«Boa tarde! Posso entrar?»

Também ele falava sem abrir a boca, mas parecia simpático, de forma que

o chamei, apresentei-lhe o alfarrabista, e em breves palavras dei-lhe conta

da nossa querela. Um pequeno clarão iluminou os óculos do português e ele

sorriu. A questão recordava-lhe uma tese que Agostinho da Silva defendera.

Talvez a tese de Agostinho nos parecesse um tanto bizarra e sem suporte

científico – mas era poética. Disse isto e ficou muito sério:

«A poesia acerta mais do que a ciência. Na natureza, por exemplo, a

beleza é utilitária, isto é, não existe no universo fulgor sem serventia.

Se os cientistas fossem à procura da beleza ao invés da funcionalidade

chegariam mais depressa à funcionalidade.»

PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa “falam pelos cotovelos” (ll. 63-64): frase idiomática que pertence a um conjunto de muitas que utilizam partes do corpo. Significa “falar muito”.

“dei o braço a torcer” (l. 67): frase idiomática que pertence a um conjunto de muitas que utilizam partes do corpo. Significa “admitir, ceder”.

Agostinho da Silva (l. 78): filósofo, poeta e ensaísta português (1906–1994) (ver mais indicações na p. 165)

Page 157: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 155

Açores (l. 88): oficialmente designados por Região Autónoma dos Açores, os Açores são um arquipélago transcontinental e um território autónomo da República Portuguesa, situado no Atlântico nordeste;

Madeira (l. 88): arquipélago que constitui uma das regiões autónomas de Portugal, oficialmente designada por Região Autónoma da Madeira.

Maranhão (l. 96): uma das 27 unidades federativas (estados) do Brasil.

São Luís do Maranhão (l. 105): capital do estado do Maranhão

Alcântara (l. 108): município do estado brasileiro do Maranhão

85

90

95

100

105

110

Segundo Agostinho da Silva, as línguas afeiçoam-se às geografias que colonizam.

Num horizonte amplo, desafogado, o sotaque é mais aberto, e numa paisagem

fechada ele tende a fechar-se. Assim, no Brasil, em Angola ou em Moçambique

as pessoas falam a nossa língua abrindo mais as vogais, e nos Açores, na Madeira,

em Portugal continental, mas também em Cabo Verde, fecham-nas.

Foi assim, através da poesia, que o português conquistou o árduo coração

de Firmino Carrapato. Naquela tarde fossou tranquilamente pelos salões, sem

pressa, não hesitando em desfazer e refazer as pilhas poeirentas. Quando a luz já

começava a declinar, chamou o velho. Firmino foi estudando com vagar os livros

que o português escolhera. Lia alto o título, via o estado da lombada, sopesava-

-os. Um deles, um grosso volume ricamente encadernado, pareceu intrigá-lo:

«Discurso sobre o Fulgor da Língua? Foi um doutor daqui, do Maranhão,

que escreveu isso, mas nunca ninguém o leu. Tem a certeza que quer levar?»

O português assentiu com a cabeça. O velho murmurou qualquer coisa

(pareceu-me reconhecer um verso de Pessoa) e depois encolheu os ombros:

«Tá bom. Esse eu ofereço...»

Uma semana depois dei com o português sentado num bar de

rastafáris. Estava feliz como um rio. Antes que eu lhe perguntasse alguma

coisa, mostrou-me um papel:

«Quem achar este bilhete queira por favor dirigir-se ao meu advogado,

em São Luís do Maranhão, com o exemplar do livro onde o encontrou.»

Vinha depois o nome e o endereço do advogado.

O português sorriu:

«Você não vai acreditar: herdei um casarão em Alcântara!»

O bilhete fora escrito pelo autor do grosso volume que o Velho Firmino

lhe oferecera. O infeliz falecera anos atrás, desiludido com a desatenção

do mundo, mas não sem antes ter redigido um testamento em que doava

o palacete da família a quem quer que provasse ter comprado e lido o seu

único livro. O português exultou:

«E sabe uma coisa? O livro é bom!»

Page 158: Português 12º - Manual do Aluno

156 | Diversidade linguístico-cultural

VOCABULÁRIOabsorto (l. 1): alheado, distraído, imerso nos seus pensamentos; extraviado (l. 2): perdido nos seus pensamentos, metido consigo; ensopado (l. 2): bastante molhado, encharcado, com elevada percentagem de humidade; ladainhas (l. 2): lengalengas, cantilenas; frouxa (l. 4): fraca, débil; brumas (l. 5): nevoeiros densos, sombras; letargo (l. 5): sonolência, apatia; abismo (l. 6): precipício, lugar escarpado; veladas (l. 8): escondidas, encobertas; veludosas (l. 8): macias como o veludo (tecido de seda ou algodão, com pelo curto e macio numa das suas faces); volúpias (l. 9): prazeres, sensualidades; vagam (l. 10): vagueiam, andam sem destino; vórtices (l. 10): remoinhos; vãs (l. 11): vazias, ocas, insignificantes; vulcanizadas (l. 11): inflamadas, exaltadas; legião (l. 13): grande quantidade, multidão; atordoar (l. 15): adormecer, ficar ton-to; atoarda (l. 17): boato, rumor; alarde (l. 17): espalhafato, exibição; adornado (l. 18): enfeitado, embelezado; transtorna (l. 18): perturba; torpor (l. 19): falta de energia, inércia, adormecimento; tarda (l. 19): lenta, vagarosa, preguiçosa; torrentes (l. 22): correntes de água rápidas e fortes que provêm de grandes chuvas ou do súbito derretimento das neves; encharcado (l. 24): completamente molhado, ensopado; áca-ros (l. 24): seres minúsculos que vivem no pó, preferem os ambientes quentes e húmidos, e alimentam-se de escamas e secreções da pele humana e animal; aos tropeções (l. 25): dando involuntariamente pontapés às coisas, tropeçando, embatendo com os pés em alguma coisa, sem querer; de bruços (l. 25): de barriga para baixo, apoiado nos braços; fascinara (l. 28): atraíra, cativara, chamara a atenção; improvável (l. 28): duvidoso, com pouca possibilidade de existir; colonial (l. 29): proveniente ou característico da época colonial, pertencente a um colono; metódico (l. 32): organizado; ingénuo (l. 34): inocente, sem malícia/manha; caos (l. 36): confusão, desordem; em meio à (l. 36): no meio de; romântico (l. 38): (época) em que se privilegiava o devaneio emocional e, como consequência, a desordem em relação ao rigor; legítima (l. 42): autêntica, natural; labor (l. 44): trabalho; erudita (l. 51): culta, instruída, sábia; sotaque (l. 53): pronúncia particular de uma pessoa de determinada região; perplexo (l. 54): espantado, muito admirado, atónito; ventríloquos (l. 62): pessoas que falam quase sem mover os lá-bios ou a boca, pois os sons vêm do ventre e parecem vir de outra pessoa; inclusive (l. 64): inclusivamente, também; dicção (l. 67): pronúncia, maneira de dizer ou de pronunciar; querela (l. 77): discussão; bizarra (l. 79): estranha, esquisita, excêntrica; árduo (l. 90): inatingível, inaces-sível, difícil de conquistar; fossou (l. 91): vasculhou, deambulou por; pilhas (l. 92): montes (de livros); declinar (l. 93): enfraquecer, diminuir em intensidade; lombada (l. 94): tira lateral que une as duas partes da capa de um livro e onde, normalmente, se escreve o título e o autor; sopesava-os (ll. 94-95): avaliava-os; volume (l. 95): cada um dos livros que fazem parte de uma obra ou coleção de obras; encadernado (l. 95): livro cuja capa, geralmente de papelão, é forrada a couro, plástico ou percalina e cujos cadernos são cosidos ou colados; intrigá-lo (l. 95): provocar-lhe curiosidade; assentiu (l. 98): concordou, consentiu, aprovou; rastafáris (l. 102): músicos ou fãs de reggae (estilo musical que une os ritmos caribenhos com o jazz e o rhythm and blues, e foi o símbolo dos movimentos político-sociais jamaicanos nas décadas de 60 e 70); exultou (l. 113): exclamou, disse, manifestando contentamento.

1. O homem

Jornalista e escritor angolano, de origem brasileira e portuguesa, nascido

no Huambo, Angola, em 1960.

“Quem é o Eduardo Agualusa?”: “Quem eu sou não ocupa muitas palavras:

angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo

ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como

alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil.” Perguntado se se diverte

escrevendo, Agualusa explica: “Escrever me diverte, e escrevo também, porque quero saber como termina

o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e

no entanto é verdade.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Eduardo_Agualusa

2. A obra

Considerado um escritor peregrino, com passagens pelo Rio – onde morou um bom tempo –, Angola – sua

pátria movida a guerra civil – e Portugal, onde reside atualmente, seus textos são o espelho das tradições

que permeiam tão distintos ambientes, como ele mesmo ressalta em entrevista concedida ao Cultura Hoje:

Escritor profissional e colaborador de jornais em Lisboa e Luanda, Agualusa mistura brasileirismos, gíria

urbana de Luanda e Portugal de forma enxuta e clara, propiciando um estilo acessível a todo o mundo de

fala portuguesa.http://culturadetravesseiro.blogspot.pt/2009/01/como-o-assunto-em-voga-neste-incio-de.html

O AUTOR

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Em defesa da diversidade | 157

VOCABULÁRIOcéu em fogo ao fim da tarde: pôr-do-sol; terras altas: montanhas; peregrino: viajante; movida a: agitada pela; são o espelho: refletem, traduzem, simbolizam; permeiam: atravessam, trespassam, estão no meio de; ressalva: destaca, realça; gíria: linguagem usada por determi-nado grupo, geralmente incompreensível para quem não pertence ao grupo; enxuta: concisa, sem rodeios.

Enquadramento geográfico do espaço referido no conto

Localização geográfica

Baía deSão Marcos

São Luís

Alcântara

MARANHÃO

Alargamento cultural

Lençóis: O Parque Nacional dos Lençóis é um paraíso ecológico

com 155 mil hectares de dunas, rios, lagoas e manguezais*. Raro

fenômeno geológico, foi formado ao longo de milhares de anos

através da ação da natureza. Suas paisagens são deslumbrantes:

imensidões de areias que fazem o lugar assemelhar-se a um

deserto. Mas com características bem diferenciadas. Na verdade,

chove na região, que é banhada por rios. E são as chuvas, aliás, que

garantem aos Lençóis algumas das suas paisagens mais belas. As

águas pluviais formam lagoas que se espalham em praticamente

toda a área do parque formando uma paisagem inigualável.http://www.turismo.ma.gov.br/pt/polos/lencois/index.html (texto adaptado)

Na sua obra dá realce à relação cultural entre os países de Língua Portuguesa, misturando as influências de cada um deles.Alguns dos seus muitos romances:• “Nação Crioula” (1997), prémio RTP 1997• “Um Estranho em Goa” (2000)• “O Ano em que Zumbi Tomou o Rio” (2002)• “Catálogo de Sombras” (contos, 2003)• “O Vendedor de Passados” (2004), com o qual ganhou o Independent Foreign Fiction Prize 2007• “As Mulheres do Meu Pai” (romance, 2007)• “Teoria geral do Esquecimento” (romance, 2012)

Mais informações sobre o autor: http://www.joseeduardoagualusa.com.pt/

Page 160: Português 12º - Manual do Aluno

158 | Diversidade linguístico-cultural

*Mangue, ou Manguezal, é um ecossistema típico de áreas costeiras alagadas em regiões de clima tropical ou subtropical.

Mesmo com uma variedade pequena de espécies, o mangue ainda é considerado um dos ambientes naturais mais

produtivos do Brasil devido às grandes populações de crustáceos, peixes e moluscos existentes.

O manguezal desenvolve-se nos estuários e na foz dos rios, sendo um berçário para muitas espécies de animais.

O mangue é composto por apenas três tipos de árvores (mangue-bravo ou vermelho, mangue-seriba ou seriúba

e mangue-branco) que podem chegar até 20 metros de altura em alguns lugares do país. Esse tipo de ecossistema

desenvolve-se onde há água salobra e em locais semi-abrigados da ação das marés, mas com “canais” chamados

gamboas que permitem a troca entre água doce e salgada. O seu solo é bastante rico em nutrientes e matéria orgânica

com características lodosas e composto por raízes e material vegetal parcialmente decomposto (turfa). http://www.infoescola.com/geografia/mangues-manguezal (texto adaptado)

VOCABULÁRIOmanguezais [Bras.]: mangais; fenômeno [Bras.]: facto, acontecimento; pluviais: das chuvas; inigualável: que não tem comparação; crustá-ceos: animais com o corpo coberto por uma carapaça, como o camarão e a lagosta; moluscos: animais invertebrados de corpo mole, em geral protegido por uma concha calcária bivalve ou univalve; berçário: local de desenvolvimento; salobra: água imprópria para beber, com ligeiro sabor a sal; lodosas: lamacentas.

ANÁLISE DO CONTO

PARTE A

Releia o conto da linha 1 à linha 26.

Caracterização de personagem

As características de uma personagem podem-nos ser apresentadas pelo narrador ou por outra personagem.

Estamos, assim, perante uma caracterização direta.

No entanto, também podemos deduzir as características através de atitudes que a personagem assume —

caracterização indireta.

1. Leia os seguintes excertos do conto, alusivos à personagem que surge em primeiro lugar, Firmino Carrapato,

o alfarrabista.

“O Velho Firmino rondava-nos vagamente por ali, sempre absorto, extraviado, soprando no ar ensopado

misteriosas ladainhas.” (ll. 1-2)

“Uma espécie de escuridão escapava-se dele, como de um abismo, enquanto declamava Cruz e Sousa:” (ll. 6-7)

“A Fernando Pessoa, esse, amava-o ainda com maior fervor. A ele e a toda a sua legião de heterónimos.

Rezava-os:” (ll. 12-13)

1.1. Explique as razões pelas quais a palavra “Velho” surge associada a “Firmino”, em letra maiúscula, como se

fizesse parte do nome da personagem.

1.2. Faça o levantamento das características da personagem que são apresentadas de forma direta na primeira

frase transcrita.

1.2.1. Justifique a utilização do advérbio “vagamente”, tendo em conta essas características.

Page 161: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 159

1.3. Caracterize o estado de espírito da personagem quando declama Cruz e Sousa.

1.4. Encontre um adjetivo adequado para caracterizar a personagem, relativamente à sua admiração pelo

poeta Fernando Pessoa, atendendo ao sentido comum que está associado às três palavras sublinhadas.

1.5. Indique uma razão possível para Firmino declamar preferencialmente versos cheios de aliterações.

2. Atente agora na seguinte passagem: “Eu deixava-me afundar no ar de torpor de uma tarde tarda (…) uma

cerveja estupidamente gelada.” (ll. 20 a 26).

2.1. No primeiro segmento deste parágrafo, o narrador revela-se como personagem, embora também já o

tivesse feito anteriormente.

2.1.1. Transcreva as marcas textuais que confirmam a afirmação anterior.

2.2. Nesse mesmo parágrafo encontramos uma expressão formatada de maneira diferente.

2.2.1. Identifique a razão da utilização desse tipo de formatação.

2.2.2. Indique o tipo de coesão textual aqui presente e esclareça como funciona.

2.3. Pelas palavras do narrador neste parágrafo, depreende-se uma característica do local do trabalho do alfarrabista.

2.3.1. Identifique-a.

2.3.2. Explicite, recorrendo a excertos textuais, de que forma essa característica afeta o narrador.

2.3.3. Identifique três momentos de aliteração que traduzem um certo “sofrimento” do narrador.

2.4. Reescreva a expressão final, transcrita em 2., substituindo a palavra sublinhada por uma palavra ou

expressão sinónima.

3. As formas verbais do excerto até agora analisado encontram-se predominantemente no pretérito imperfeito

do indicativo e no gerúndio.

3.1. Transcreva dois exemplos para cada situação.

3.2. Justifique a utilização (a expressividade/ o valor expressivo) destes dois tempos verbais no contexto em

que surgem.

4. A referência individualizada às duas personagens não deixa, contudo, de lhes conferir já alguma afinidade.

4.1. Justifique a afirmação anterior.

PARTE B

Releia o conto da linha 27 à linha 52.

1. Atente na seguinte passagem: “Chegara ali como um náufrago, de mochila às costas,” (l. 27).

1.1. Classifique a forma verbal da frase.

1.1.1. Explicite de que maneira a ação descrita por esta forma verbal relaciona os eventos no conto.

1.2. Explique o sentido da comparação presente na frase.

1.3. Identifique a característica da personagem que pode ser inferida a partir da expressão entre vírgulas.

Page 162: Português 12º - Manual do Aluno

160 | Diversidade linguístico-cultural

1.4. A palavra “ali” estabelece uma conexão com o segmento textual anterior.

1.4.1. Identifique a realidade a que “ali” se refere.

1.4.2. Designe o tipo de coesão textual aqui presente.

2. O narrador adjetiva a personagem como “improvável alfarrabista” (l. 28) e acrescenta que “Se eu fosse

alfarrabista, teria imenso trabalho para organizar a minha loja de forma a que parecesse naturalmente

desorganizada.” (ll. 29-31).

2.1. Atendendo ao vocabulário, estabeleça a relação de sentido entre a palavra sublinhada e a palavra

“provável”.

2.1.1. Indique, então, o valor do prefixo “im-”.

2.2. Retire do texto transcrito em 2. duas palavras com o mesmo tipo de relação.

2.2.1. Identifique o processo de formação de uma delas, tendo em conta que possui também um sufixo que

a transformou em adjetivo.

2.3. A expressão “imenso trabalho” opõe-se, no contexto, a uma palavra.

2.3.1. Identifique-a.

2.3.2. Refira o recurso estilístico que, pelo facto, está presente na frase.

2.4. Indique a função sintática de “desorganizada”, atendendo à subclasse do verbo presente na oração.

3. Releia o parágrafo da linha 27 à 41.

3.1. Indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F).

a) Antes de entrar no alfarrabista, o narrador esperava encontrar um profissional verdadeiramente desorganizado.

b) No caso de ser alfarrabista, o narrador trabalharia muito para ser metódico.

c) Os alfarrabistas atualmente são pessoas muito organizadas.

d) Os verdadeiros clientes dos alfarrabistas gostam de encontrar tudo no seu devido lugar.

e) Os clientes habituais dos alfarrabistas são reais amantes dos livros e encontrarem uma verdadeira relíquia

bibliográfica é o seu sonho.

3.2. Para ilustrar a representação que tem de um alfarrabista, o autor recorre a três comparações.

3.2.1. Identifique-as.

3.2.2. Explique em que medida cada uma das comparações acentua a característica do alfarrabista que o

narrador pretende realçar.

3.3. Elabore um pequeno texto em que defina o que, para o narrador, é um alfarrabista como antigamente.

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Em defesa da diversidade | 161

4. No excerto que agora se apresenta, caracteriza-se o espaço da ação e o sentimento das personagens em

relação ao mesmo.

“No sebo do Velho Firmino Carrapato, porém, a desordem era legítima e muito antiga. Três gerações de

Carrapatos haviam contribuído com o seu demorado labor para aquele esplêndido caos. Os livros multiplicavam-

-se, empilhados pelo chão, ou desalinhados por metros e metros de incertas estantes em alumínio, sem

outra lógica que não fosse a da sua chegada ali. O Velho Firmino dispusera cinco ou seis redes amarradas às

colunas, junto às largas portadas abertas para a rua, de forma que era possível folhear os livros com alguma

comodidade, rezando para que a brisa da tarde fosse capaz de abrandar o calor, sim, mas não forte o suficiente

para transformar em irremediável pó, pura poeira erudita, os papéis antigos.” (ll. 42-52)

4.1. Indique a função do advérbio conectivo “porém”, na primeira frase.

4.1.1. Reescreva a frase, substituindo-o pela conjunção coordenativa adversativa “mas”.

4.1.2. Complete a frase de forma a tirar conclusões sobre o uso da conjunção coordenativa adversativa

“mas” neste caso concreto: “Mas” só se pode colocar...

4.2. O narrador utiliza a expressão “esplêndido caos” para caracterizar a loja do Firmino.

4.2.1. Clarifique o sentido da expressão, formada por palavras aparentemente contraditórias.

4.3. Identifique as expressões que traduzem a enorme quantidade de livros existentes neste “sebo”.

4.4. Indique o valor da repetição presente na linha 3 deste excerto.

4.5. Refira o critério que presidia à disposição dos livros.

4.6. Extraia, do excerto em consideração, um exemplo que confirme que Firmino Carrapato gostava da sua profissão.

5. Atente na última frase, a partir de “rezando para que a brisa da tarde fosse capaz de abrandar o calor, sim,

mas não forte o suficiente para transformar em irremediável pó, pura poeira erudita, os papéis antigos.” (ll. 49-52)

5.1. A primeira oração é subordinada ao predicado “rezando” e possui o seu predicado numa forma finita.

5.1.1. Classifique a subordinada.

5.1.2. Reescreva as duas orações, colocando o predicado da segunda numa forma não finita.

5.2. Reescreva a frase a partir de “mas”, introduzindo-lhe a parte do predicado que foi omitida intencionalmente,

para evitar a repetição.

5.2.1. Identifique o sujeito dessa forma verbal.

5.3. Indique o sentido da palavra sublinhada, atendendo a que é uma palavra com a mesma formação de

“improvável” (l. 28).

5.4. Das três hipóteses que lhe são apresentadas, selecione a que traduz o sentido da 2.ª parte da frase.

a) Era tão forte que reduzia os papéis a pó.

b) Deveria ter uma intensidade que não permitisse reduzir os papéis a pó.

c) Apesar de forte, não conseguia reduzir os papéis a pó.

Page 164: Português 12º - Manual do Aluno

162 | Diversidade linguístico-cultural

6. O espaço é o local onde se desenrola ação.

6.1. Recorde o que aprendeu sobre a categoria ‘espaço’, a partir da leitura da informação do quadro seguinte.

O espaço pode ser:

– físico: como o campo, a cidade, uma casa, uma praia, uma montanha, etc.;

– social: sempre que haja elementos que nos permitam detetar o estatuto social das personagens, como a profissão, a cultura, a situação económica, etc.;

– psicológico: quando interfere no modo como as personagens interagem com o espaço: podem senti-lo

como agressivo ou como fonte de bem-estar.(Manual do Aluno do 11.º ano, p. 75)

6.1.1. Confirme, recorrendo ao texto, que este espaço físico, a loja do alfarrabista, é também um espaço social.

6.1.2.  Explicite em que medida a loja do alfarrabista é também, para o narrador/ personagem, um espaço psicológico.

PARTE C

Releia o conto da linha 53 à linha 69.

1. Escreva o diálogo completo que terá havido entre Firmino e o narrador, sintetizado nas linhas 53 e 54.

2. Passe para discurso direto o discurso indireto apresentado nas linhas 56-59 (até “mal falam português”).

3. Justifique a utilização da 1.ª pessoa do plural do verbo “falar” (“falávamos” – l. 56), por parte do narrador,

neste contexto.

4. Logo no início da sua relação de amizade, Firmino e o narrador envolveram-se numa pequena discussão sobre

a língua portuguesa.

4.1.  Explicite em que consistiu a discussão e os argumentos apresentados por ambos para sustentar o seu

ponto de vista.

4.2. Indique por que razão se terá sentido o narrador “irritado” (l. 65), mesmo não sendo português.

4.3. “(...) dei o braço a torcer, e concordei que sim, que os filmes portugueses deviam ser exibidos com legendas,

não apenas no Brasil mas também em Portugal” (ll. 67-69).

4.3.1. Refira o motivo real que subjaz à necessidade, transmitida por Firmino, de se colocarem legendas nos

filmes portugueses.

4.3.2. Apesar de o narrador dizer que “deu o braço a torcer”, ele não parece estar de acordo com o ponto

de vista de Firmino.

4.3.2.1. Comente a afirmação anterior.

5. “Os atores emitiam uns vagos murmúrios, mantendo a boca fechada, como se fossem ventríloquos, com a diferença de que os bons ventríloquos falam pelo próprio umbigo, ou o alheio, falam pelos cotovelos, falam inclusive pela boca fechada de um português, e sempre com relativa clareza. Argumentei, já um pouco irritado, que isso tinha a ver com a deficiente qualidade técnica do som dos filmes portugueses, bem como, é certo, com

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Em defesa da diversidade | 163

a má dicção de alguns dos atores, e depois dei o braço a torcer, e concordei que sim, que os filmes portugueses deviam ser exibidos com legendas, não apenas no Brasil mas também em Portugal.” (ll. 61-69)

5.1. A palavra “ventríloquo” é formada por “ventre”— que significa zona abdominal ou, muitas vezes, partes

dessa zona — e “loquo(r)” do Latim — que significa falar.

5.1.1. Indique a que parte específica do corpo humano se refere “ventre” nas seguintes expressões:

a) prisão de ventre

b) acariciar o ventre

c) o fruto do ventre

d) homem com grande ventre

5.1.2. Associe as definições da Coluna A aos conceitos apresentados na Coluna B, formados por palavras

derivadas de loquo(r).

COLUNA A COLUNA B1. aquele que fala muito, que fala pelos cotovelos a) colóquio2. aquele que apresenta os programas na televisão ou rádio b) locutório3. capacidade de falar bem c) loquaz4. conversa entre duas ou mais pessoas para discutir um assunto d) coloquial5. com um estilo semelhante ao do discurso oral e) locutor6. espaço, normalmente separado por grades, onde se fala com alguém que está num convento ou numa prisão

f) eloquência

5.2. A utilização de expressões idiomáticas com referência a partes do corpo é frequente em Língua Portuguesa.

Este texto contém as duas que estão sublinhadas.

5.2.1. Estabeleça a relação entre as Colunas A e B, associando as expressões idiomáticas aos seus sentidos.

COLUNA A COLUNA B1. dar com a língua dos dentes a) falar mais do que se deve2. saber algo na ponta da língua b) ter inveja3. ter a língua afiada c) não guardar segredo4. entrar por um ouvido e sair por outro d) confundir-se, atrapalhar-se5. ter dor de cotovelo e) achar que se vai comer mais do que o que se consegue6. não ter mãos a medir f) saber alguma coisa muito bem7. ter mais olhos que barriga g) estar muito ocupado8. meter os pés pelas mãos h) não levar em conta, não prestar atenção

PARTE D

Releia o conto da linha 69 até ao fim.

1. Atente no excerto.

“Estávamos nisto quando, sereno como um milagre, entrou na loja um português. Era um homem franzino,

e no entanto sólido e elegante, com o crânio rapado, uma barbicha rala, bem desenhada, uns óculos de aros

redondos, em prata, que deviam ser herança de algum remoto antepassado.

Page 166: Português 12º - Manual do Aluno

164 | Diversidade linguístico-cultural

1.1. Refira a informação principal veiculada na 1.ª frase do excerto.

1.2. Indique a função da 1.ª oração do parágrafo relativamente à coesão do texto.

1.2.1. Identifique o tipo de marcador discursivo presente na oração subordinada dependente da primeira

(considerada em 1.2.).

1.3. Nesta passagem, podemos inferir algumas características sociais da nova personagem.

1.3.1. Identifique-as, referindo os elementos em que se baseou.

1.4. Através do termo “barbicha” podemos visualizar uma barba ligeira, rala, pouco densa.

1.4.1. Refira o elemento da palavra que nos leva a tirar essa conclusão.

1.4.2. Classifique-o.

1.4.3. Forme o mesmo tipo de derivação, utilizando três elementos diferentes, em relação à palavra “loja”.

1.5.  Atente na última frase do excerto transcrito.

1.5.1. Esclareça o sentido da expressão “sem abrir a boca” (l. 75), relacionando-a com a conversa que

decorrera anteriormente.

2. “de forma que o chamei, apresentei-lhe o alfarrabista, e em breves palavras dei-lhe conta da nossa querela”

(ll. 75-77)

2.1. A nova personagem recorre ao filósofo Agostinho da Silva para resolver a questão entre o narrador e o alfarrabista.

2.1.1. Explique em que consistia a teoria de Agostinho da Silva.

2.1.2. Explicite em que medida esta teoria conseguiu conquistar Firmino Carrapato.

3. Transcreva do texto a frase que nos dá conta de que também o português era um verdadeiro apreciador de

livros e alfarrabistas.

4. Um dos livros selecionados pelo português parece causar alguma estranheza ao alfarrabista.

4.1. Identifique as passagens do texto que comprovam a afirmação anterior.

4.2. Explicite a relevância da escolha deste livro no âmbito da temática do conto.

5. “Uma semana depois dei com o português sentado num bar de rastafáris. Estava feliz como um rio” (ll. 101-102)

5.1. Explique, por palavras suas, a razão da felicidade do português.

5.2. Refira o valor simbólico que pode ter a causa dessa felicidade.

6. Justifique a importância que o narrador adquire na problemática do conto, atendendo, entre outros aspetos,

à nacionalidade e experiência de vida do autor do conto (cf. biografia acima apresentada).

«Boa tarde! Posso entrar?»

Também ele falava sem abrir a boca, (...)” (ll. 69-75)

Page 167: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 165

Para além do textoEscritores e Obras referidos no Conto “Discurso sobre o Fulgor da Língua”CRUZ e SOUSA “E sons soturnos, suspiradas mágoas,

Mágoas amargas e melancolias,No sussurro monótono das mágoas,Noturnamente, entre ramagens frias.

Cruz e Sousa, do poema “Violões que choram”, in Faróis http://www.sinergiaspe.net/editoraeletronica/

autor/025/02500200

“Mais que a existência É um mistério o existir, o ser, o haver Um ser, uma existência, um existir — Um qualquer que não este por ser este — Este é o problema que perturba mais. O que é existir, não nós ou o mundo — Mas existir em si?”

in Poemas dramáticos, XXVI

FERNANDO PESSOA

LUÍS DE CAMÕES

Na sua obra, Camões refere-se a Timor desta maneira:

“Ali também Timor, que o lenho mandaSândalo, salutífero e cheiroso;”

in Os Lusíadas, Luís de Camões (canto X, est.134)

AGOSTINHO DA SILVA “‘Ele é a pessoa que pela primeira vez fala num passaporte lusófono’, conta Celeste Natário, recordando que Agostinho da Silva esteve ligado à criação do Instituto Camões e foi o ‘grande mentor’ da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em que defendeu a ‘grande união’ entre os países lusófonos, sem a ‘supremacia de ninguém’.Liberdade era algo que o filósofo portuense entendia como algo inerente ao próprio Homem e, por isso, a sociedade não tinha mais nada que fazer senão ‘proporcionar as condições para que essa liberdade pudesse ser exercida’, refere a especialista da Universidade do Porto.”Celeste Natário in Lusa, 13 de fevereiro de 2013 – http://www.rtp.

pt/noticias

“O alquimista é a mágica história de Santiago, um menino pastor andaluz que anseia por viajar em busca do tesouro mais magnífico do mundo. De sua casa na Espanha ele parte para os mercados do Tânger e através do deserto egípcio para um encontro do destino com o alquimista. A história dos tesouros que Santiago encontra ao longo de sua jornada nos ensina, como poucas histórias fizeram, sobre a sabedoria de escutarmos nossos corações, aprendendo a ler os sinais que aparecem ao longo do caminho de nossas vidas e, acima de tudo, a seguir nossos sonhos.”

In O Alquimista, de Paulo Coelho, 1998 – http://www.livrariasaraiva.com.br/

PAULO COELHO

1. Depois de analisar cada um dos textos associados aos autores que são mencionados no conto, selecione o

que lhe suscitou mais curiosidade e justifique a sua escolha.

Page 168: Português 12º - Manual do Aluno

166 | Diversidade linguístico-cultural

ESCRITA

Vamos também escrever um Conto

Tendo por base o conto que acabou de analisar e os conhecimentos que foi adquirindo, ao longo do seu percurso

escolar, sobre este género textual, redija agora um conto em que, tal como José Eduardo Agualusa, transmita o

seu ponto de vista sobre um determinado aspeto relacionado com a diversidade linguístico-cultural.

Preparação

1. Selecione o tópico em torno do qual irá desenvolver a sua história e sobre o qual pretende transmitir o seu

ponto de vista.

2. Defina os seguintes aspetos:

a) Quem são as personagens que vão integrar a história (Como se chamam? Quais são as suas características

físicas, psicológicas e sociais? O que pretendem? O que estão a fazer? O que levam com elas?...)?

b) Qual é o problema/ acontecimento que vai dar origem à história e como é que este vai ser resolvido?

c) Quando é que a ação ocorre (em que mês/ dia, durante quanto tempo decorre a ação)?

d) Onde é que a ação tem lugar (em que espaço(s) se movimentam as personagens)?

Textualização

3. Redija agora o conto, de acordo com as seguintes indicações:

a) Apresente os acontecimentos de forma sequencial, como se de um filme se tratasse; eventualmente, utilize

a técnica de flashback (analepse) para explicitar algum acontecimento do passado que seja importante para

se perceber a história.

b) Situe os acontecimentos no espaço e no tempo, criando a atmosfera necessária para o desenrolar da ação.

c) Caracterize as personagens (pode fazê-lo de forma direta – através de afirmações do narrador sobre a

personagem, de palavras da personagem sobre si mesma ou de palavras de outras personagens – ou indireta –

descrevendo atitudes e comportamentos da personagem que permitem ao leitor deduzir características suas).

d) Narre os acontecimentos na 1.ª ou 3.ª pessoa do singular consoante o tipo de narrador escolhido

(participante ou não participante).

e) Utilize predominantemente os verbos no pretérito imperfeito (para fazer descrições), pretérito perfeito

e pretérito mais-que-perfeito (para relatar acontecimentos), e no presente do indicativo (para representar

diálogos).

f) Tenha em atenção a articulação das frases e dos parágrafos, por forma a assegurar a coerência da narrativa.

Revisão

4. Proceda oportunamente à revisão do seu texto, à medida que escreve. Siga, depois, instruções específicas

do seu professor para uma revisão mais final e global, em que vai ter em conta alguns aspetos da correção

linguística necessária em todos os textos bem como algumas especificidades do género “conto” com que se

familiarizou e que acabou de praticar.

Page 169: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 167

PRÁTICA DE LÍNGUA

Internet pode salvar idiomas em vias de extinção

1

5

10

15

20

Idiomas ameaçados como o Galês, o Navajo e o Bretão estão a reconquistar adeptos e popularidade dentro

das suas comunidades, tudo graças à Internet.

David Crystal, especialista no idioma Galês, afirmou que a Internet pode evitar o lamentável destino que

parecia reservado a cerca de metade dos 6,5 mil idiomas em declínio no mundo.

As projeções indicam que metade destes idiomas está condenada a desaparecer antes do final do século

XXI, num ritmo assustador que extingue cerca de duas linguagens por mês.

«A Internet dá uma nova possibilidade a estas línguas, permite-lhes conquistar uma voz pública de uma

forma que não teria sido possível antes», afirmou Crystal, autor de mais de 50 volumes sobre idiomas, entre

os quais a Cambridge Encyclopedia of Language.

Os idiomas em risco de extinção insinuam-se em blogs, serviços de mensagens instantâneas, chats, no

YouTube, no MySpace, e a sua presença no mundo virtual atrai o apoio dos jovens.

«Não importa o quanto uma pessoa se dispuser a defender um idioma; se não conseguir atrair os jovens e

pais da próxima geração, o resultado será nulo», afirmou Crystal, criado em sistema ‘bilingue’, em Inglês e Galês.

«E o que interessa mais aos adolescentes do que a Internet nos dias que correm? Se uma linguagem

conquista espaço na rede, há mais probabilidades de cativar os jovens».

A enciclopédia online Wikipédia – escrita e mantida por voluntários – tem entradas em dezenas de idiomas

ameaçados, do Cherokee dos indígenas norte-americanos ao Tétum, uma língua da austronésia, falada por

menos de um milhão de pessoas em Timor-Leste, até ao idioma Maori, da Nova Zelândia.

Existem dezenas de chats em Galês para os cerca de 600 mil utilizadores do idioma - pouco mais de 20%

da população galesa.

Crystal disse que existem cerca de 50 ou 60 idiomas no mundo que estão reduzidos a um único falante e

que cerca de duas mil línguas jamais foram registadas em forma escrita. «Se estes idiomas morrerem, será

para sempre», comenta. «Uma terrível perda para a herança cultural da humanidade. A Internet é muito

importante para evitá-lo».http://aquietimorlestenumeroum.blogspot.com/2007/06/internet-pode-salvar-idiomas-em-vias-de.html (texto adaptado)

VOCABULÁRIOem vias de extinção (título): em desaparecimento; Galês (l. 1): idioma do País de Gales (UK); Navajo (l. 1): língua falada nos Estados Unidos da América e México pelos índios navajo; Bretão (l. 1): dialeto da Bretanha (região francesa); adeptos (l. 1): apoiantes, interessados; graças a (l. 2): devido a, com o benefício de; em declínio (l. 4): em queda, a desaparecer, em decadên-cia; insinuam-se (l. 10): penetram a pouco e pouco; nulo (l. 13): sem valor, insignificante; criado (l. 13): educado; cativar (l. 15): atrair; entradas (l. 16): palavras, num dicionário, que são objeto de explicação.

 A Adjetivo: casos particulares de flexão em grau

1. No título, a expressão “em vias de extinção” pode ser substituída por um adjetivo da família de “extinção” ou

da família do verbo “perecer”, que significa ‘morrer’.

1.1. Reescreva a frase, fazendo essas duas substituições.

Page 170: Português 12º - Manual do Aluno

168 | Diversidade linguístico-cultural

2. Atente na expressão “a Internet pode evitar o lamentável destino” (l. 3).

2.1. Indique o grau superlativo absoluto sintético de “lamentável”.

2.2. Substitua o verbo “evitar” por um adjetivo da mesma família de modo a que a frase seja “O lamentável

destino é (a) ”.

3. Complete o texto, introduzindo nos espaços os adjetivos indicados, num grau superlativo ou comparativo.

O facto de as línguas serem referenciadas na Internet dá-lhes uma (a) (boa) oportunidade, impedindo

que uma (b) (má) notícia seja transmitida ao mundo: a extinção de mais uma língua.

Efetivamente, as línguas com um número reduzido de falantes, se não forem divulgadas, tornam-se

desconhecidas, mas, se só houver um falante, então a situação será muito (c) (má). Ao (d) (pequeno)

descuido, a língua deixará de existir.

4. Identifique o grau normal dos adjetivos que se encontram sublinhados nas frases.

a) As línguas malaio-polinésias são dificílimas para os falantes do mundo ocidental.

b) Qualquer ser humano deve ser fidelíssimo à sua língua materna.

c) Uma língua é um sacratíssimo reduto de cultura.

d) Aprender uma língua é magnificentíssimo.

e) As primeiras línguas do mundo são antiquíssimas.

 B Radicais gregos e latinos

1. No texto “Internet pode salvar idiomas em vias de extinção”, a frase “A enciclopédia online Wikipédia – escrita

e mantida por voluntários – tem entradas em dezenas de idiomas ameaçados, do Cherokee dos indígenas norte-

-americanos ao Tétum, uma linguagem da austronésia” (ll. 16-17) possui três palavras formadas por composição.

A primeira palavra é ‘enciclopédia’, formada por “enciclo-” (do Grego, querendo dizer “em volta”) e “pédia-”

(do Grego, ligada ao verbo ensinar, ao conhecimento, ao conjunto das ciências), pelo que, numa enciclopédia,

encontramos o conhecimento sobre todas as coisas, universal.

1.1. Identifique as outras duas palavras.

1.1.1. Construa novas palavras com cada um dos dois elementos das palavras referidas em 1.1.

2. Construa a família, mais alargada quanto possível, do radical “etno-” (cf. página 147), podendo formar palavras

por composição ou por derivação.

Page 171: Português 12º - Manual do Aluno

Apêndice

Conjugação verbalConjunções e locuções conjuncionaisPrefixos e sufixos

Page 172: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 170

CONJUGAÇÃO VERBAL

(escutar + pronomes pessoais o, a, os, as)

MODO INDICATIVO – TEMPOS SIMPLES

Presente Pretérito imperfeito Pretérito perfeito simples

eu tu elenósvóseles

escuto-oescuta-loescuta-oescutamo-loescutai-loescutam-no

escutava-oescutava-loescutava-oescutávamo-loescutávei-loescutavam-no

escutei-oescutaste-oescutou-oescutámo-lo* escutaste-oescutaram-no*acento facultativo com novo acordo

Pretérito mais-que-perfeito simples

Futuro simples

eu tu elenósvóseles

escutara-oescutara-loescutara-oescutáramo-loescutárei-loescutaram-no

Eu escutá-lo-eiTu escutá-lo-ásEle escutá-lo-áNós escutá-lo-emosVós escutá-lo-eisEles escutá-lo-ão

MODO INDICATIVO – TEMPOS COMPOSTOS

Pretérito perfeito composto Pretérito mais-que-perfeito composto

eu tu elenósvóseles

tenho-otem-lotem-no temo-lotende-lotêm-no

escutado (-a)

tinha-otinha-lotinha-o tínhamo-lotínhei-lotinham-no

escutado (-a)

Futuro composto

eu tu elenósvóseles

tê-lo-eitê-lo-ástê-lo-á tê-lo-emostê-lo-eistê-lo-ão

escutado (-a)

MODO CONDICIONAL MODO CONDICIONAL

Condicional simples Condicional composto

eu tu elenósvóseles

escutá-lo-iaescutá-lo-iasescutá-lo-iaescutá-lo-íamosescutá-lo-íeisescutá-lo-iam

tê-lo-iatê-lo-iastê-lo-ia tê-lo-íamostê-lo-íeistê-lo-iam

escutado (-a)

Page 173: Português 12º - Manual do Aluno

171 | Diversidade linguístico-cultural

MODO CONJUNTIVO MODO CONJUNTIVO

Tempos simples Tempos compostos

Presente Pretérito perfeito composto

eu tu elenósvóseles

o escuteo escuteso escuteo escutemoso escuteiso escutem

o tenhao tenhaso tenha o tenhamoso tenhaiso tenham

escutado (-a)

Pretérito imperfeito Pretérito mais-que-perfeito composto

eu tu elenósvóseles

o escutasseo escutasseso escutasseo escutássemoso escutásseiso escutassem

o tivesseo tivesseso tivesse o tivéssemoso tivésseiso tivessem

escutado (-a)

Futuro simples Futuro composto

eu tu elenósvóseles

o escutaro escutareso escutaro escutarmoso escutardeso escutarem

o tivero tivereso tiver o tivermoso tiverdeso tiverem

escutado (-a)

MODO IMPERATIVO

Afirmativo Negativo

escuta-oescutai-o

não o escutesnão o escuteis

Nota: O imperativo negativo utiliza as formas do presente do conjuntivo (cf. Manual do Aluno do 10.º e 11.º ano, pp. 157 e 161, respetivamente).

FORMAS VERBAIS NÃO FINITAS

Infinitivo Gerúndio Particípio passado

simples composto simples composto

escutá-lo (-a, -os, -as)

tê-lo (-a, -os, -as) escutado

escutando-o(-a, -os, -as)

tendo-o (-a, -os, -as) escutado -

VERBOS AUXILIARES(verbo que coocorre com um verbo principal e/ou com um verbo copulativo)

tempos compostos

ter, haverExs.:Eu tenho estudado.Quando chegaste, já havíamos feito (= tínhamos feito) o bolo.

Page 174: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 172

forma passiva serEx.: Este texto foi escrito por mim.

temporal

ir + gerúndioEx.: Eu fui fazendo isso enquanto não chegavas.ir + infinitivoEx.: A Ema vai brincar no baloiço.

aspetual(alguns exemplos)

estar a/ para/ por + infinitivo Ou estar a + gerúndioExemplos: Estava a ler/ lendo. Estou para sair./ Isto ainda está por fazer.continuar a + infinitivoEx.: Continua a fazer/ fazendo assim que está bem.ir + infinitivoEx.: Vou ler.Ir + gerúndioEx.: A família foi chegando aos poucos.vir + infinitivoEx.: Veio ajudar-me nesta tarefa.vir a + infinitivoEx.: Veio a ajudar-me nesta tarefa.Vir + gerúndioEx.: Venho estudando esse assunto.andar a + infinitivoEx.: Ando a fazer este tapete há dois meses.ficar a + infinitivoEx.: Ficava aqui a cantar a noite inteira!acabar de + infinitivoEx.: Acabei de resumir o texto.costumar + infinitivoEx.: Costumo sublinhar sempre primeiro.começar a + infinitivo Ex.: Começa a ler calmamente.

modal

dever, ter de + infinitivopoder, julgar, pensar, achar,…Exs.: Devia terminar isto rapidamente. / Tenho de terminar isto rapidamente.Penso fazer desse modo.haver de + infinitivo Ex.: Hei de analisar melhor essa questão.

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES CONJUNCIONAIS

COORDENATIVAS

subclasses conjunções locuções conjuncionaiscopulativas (adição) e, nem não só… mas também, tanto… comoadversativas (oposição) masdisjuntivas (alternativa) ou ou… ou, quer… quer, ora… ora, seja… sejaexplicativas pois pois queconclusivas logo pelo que

Page 175: Português 12º - Manual do Aluno

173 | Diversidade linguístico-cultural

SUBORDINATIVAS

subclasses conjunções locuções conjuncionaistemporais quando, enquanto, mal, apenas antes que, depois que, desde que, logo que, sempre que causais porque como, que, visto que, já que, uma vez quecomparativas como, conforme assim como, bem como, como se, tanto / tão… comocondicionais se, caso desde que, salvo se, sem que, a não ser quefinais que para que, a fim de queconsecutivas que de (tal) modo que, de maneira queintegrantes que, se, comoconcessivas embora ainda que, posto que, nem que, mesmo que

PREFIXOS E SUFIXOS

Prefixos de origem latina

sentido prefixo sentido prefixo

separação, ausência a-/ ab-/ abs-Ex.: aversão/ abdicar / abster posição posterior pos-

Ex.: posfácio

anterioridadeante-/ pré-Ex.: antepor/ anteontem/ prefácio

repetição re-Ex.: reabrir/ reler

em volta (em torno de)circum- / circun-Ex.: circum-navegação/ circunvalação

movimento para trás retro-Ex.: retrovisor/ retrospetiva

companhiacom-/ con-/ co- /cor-Ex.: compor/ contigo/ cooperar/ corroborar

movimento de baixo para cima/ inferioridade

so-/ su-/ sus-/ sub-/ sobEx.: soterrar/ supor/ suster/ subir/ sobalçar(-se)subjugar

ação contrária, negação, privação

des-/ dis-/ di-/ in-/ im-/ i-/ ir-Ex.: desfazer/ dissidente/ dilacerar/ inativo / impermeável/ ilegal/ irracional

posição superior sobre-/ supra-Ex.: sobrepor/ supracitar

movimento para dentro

em-/ en-/ in-/ im-/ i-/ ir- /introEx.: embarcar/ enterrar/ ingerir/ impelir/ imigrar/ irromper/ introvertido

intensidadesuper-Ex.: supermercado/ superpovoar

movimento para fora e-/ es-/ ex-Ex.: emigrar/ escorrer/ exportar movimento para além de

trans-/ tras-/ tres-Ex.: transportar/ trasladar/ trespassar

fora de/ intensidade (fora do normal)

extra-Ex.: extraterrestre/extra-suave

além de um limite ultra-Ex.: ultrapassar/ ultrassom

movimento através de per-Ex.: percorrer/ perceber substituição, em lugar de

vice-/ vis-Ex.: vice-rei/ vice-presidente/ visconde

posição interior/ intermédiaintra-/ inter-Ex.: intravenoso/intervocálico

Page 176: Português 12º - Manual do Aluno

Em defesa da diversidade | 174

Prefixos de origem grega

sentido prefixo

privação/ negação a-/ an-Ex.: acéfalo /analgésico

ação contrária anti-Ex.: antiaérea

movimento dia-Ex.: diáspora

posição interior endo-Ex.: endosfera

posição superior epi-/ hiper-Ex.: epiderme/ hipermercado/ hipérbole

posição inferior hipo-Ex.: hipotrofia/ hipotonia/ hipotermia/ hipotensão

em volta, em torno peri-/ anfi-Ex.: periferia/ anfiteatro

anterioridade, posição em frente pró-Ex.: prólogo/ prognóstico

simultaneidade, companhia sin-/ sim- /si-Ex.: sintonia/ simpatia / sílaba

afastamento, separação apó-Ex.: apogeu

movimento de cima para baixo, oposição catá-Ex.: catadupa

bem, bom eu-/ev-Ex.: eufonia, evangelho

posterioridade, mudança, transcendência ou reflexão sobre si

meta-Ex.: metacarpo/ metafonia/ metafísica/ metalinguagem

ao lado de, além, acima de, a par de, à volta de, para, contra, quase

para-Ex.: paranormal/ paraolímpico/ paratexto

Sufixos mais utilizados

objetivo sufixo sentido exemplos

Formação de nomes

-ada-agem-al-ança/ -ância-aria-ário-ção-dor/ -deira/ -dora-eiro-ez/-eza-edo-ice -idade-ismo

-mento-tório/ -tória-ura

coletivo/ ação ou produto decoletivo/ açãocoletivoação ou resultado deação ou coletivoação ou lugar deação ou resultado delaagente da açãocoletivo/ açãoqualidadecoletivoqualidadequalidadedoutrina/ sistema/ aspeto da língua/ termo científicoresultado de ou coletivo local ou instrumento de açãoqualidade

papelada/ dentada, chapelada/ goiabadafolhagem/ aprendizagemareal/ laranjalvingança/ tolerânciapatifaria/ livrariasecretário/ infantárionomeaçãojogador/ regadorembondeiro/ barbeiroaltivez/ franqueza/ belezaarvoredovelhicenovidadecatolicismo/ realismo/ neologismo/ reumatismocasamento/ armamentopurgatório/ convocatóriabrancura

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175 | Diversidade linguístico-cultural

Formação de adjetivos

-ado-dor-ense/-ês-nte-oso-ável/-ível

qualidadequalidadeorigemqualidadequalidadepossibilidade de praticar ou sofrer uma ação

magoadofaladortimorense/ portuguêsfalante/ dormente/ doenteformosolouvável/ lavável/ amovível/ punível

Formação de verbos

-ar/ -ear/ -ejar-ecer/-escer-ilhar/ -inhar/ -iscar/ -itar-izar

durativo ou repetitivomudança de estadorepetitivo diminutivo

ação causada pelo sujeito, causativo

folhear/ gotejaramanhecer/ florescerdedilhar/ escrevinhar/ namoriscar/ saltitar

civilizar, utilizar

Page 178: Português 12º - Manual do Aluno

Créditos das Imagens

Ana Luísa Oliveira (pp. 31, 33, 36, 37, 65, 86, 104, 169)

Ângelo Ferreira (p. 22)

José Azevedo (pp. 8, 54)

José Viveiros (capa)

Paulo Cachim (p. 33)

Teresa Ferreira (p. 22)

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Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Ins tuto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro