empresa brasil 68

40
CACB PREPARA MISSÃO DE EMPRESÁRIOS À CANTON FAIR, NA CHINA O que está em jogo na reforma política

Upload: reinaldo-martins

Post on 09-Mar-2016

241 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Edição 68 - MArço de 2011 da publicação Empresa Brasil da CACB.

TRANSCRIPT

Page 1: Empresa Brasil 68

Abril de 2010 1CACB PREPARA MISSÃO DE EMPRESÁRIOS À CANTON FAIR, NA CHINA

O que está em jogo na reforma política

Page 2: Empresa Brasil 68

2 Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doEstado do Acre – FEDERACREPresidente: George Teixeira PinheiroAvenida Ceará, 2351 Bairro: CentroCidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado deAlagoas – FEDERALAGOASPresidente: José Geminiano Acioli JuremaRua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIAPresidente: José Arimáteia Araújo SilvaRua General Rondon, 1385 Bairro: CentroCidade: Macapá CEP: 68.900-182

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariaisdo Amazonas – FACEAPresidente: Valdemar PinheiroRua Guilherme Moreira, 281Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300

Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado daBahia – FACEBPresidente: Clóves Lopes CedrazRua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070

Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACCPresidente: João Porto GuimarãesRua Doutor João Moreira, 207 Bairro: CentroCidade: Fortaleza CEP: 60.030-000

Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais eIndustriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDFPresidente: José Sobrinho BarrosSCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andarBairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Espírito Santo – FACIAPESPresidente: Arthur AvellarRua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEGPresidente: Deocleciano Moreira AlvesRua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

Maranhão – Federação das Associações Empresariais doMaranhão – FAEMPresidente: Júlio César Teixeira NoronhaAv. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730

Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais do Estado do Mato Grosso – FACMATPresidente: Pedro NadafRua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020

Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais doMato Grosso do Sul – FAEMSPresidente: Leocir Paulo MontagnaRua Quinze de Novembro, 390Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917

Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINASPresidente: Wander Luís SilvaAvenida Afonso Pena, 726, 15º andarBairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002

Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doPará – FACIAPAPresidente: Reginaldo FerreiraAvenida Presidente Vargas, 158 - 5º andarBairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000

Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais daParaíba – FACEPBPresidente: Alexandre José Beltrão MouraAvenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andarBairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doParaná – FACIAPPresidente: Rainer ZielaskoRua: Heitor Stockler de Franca, 356Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais de Pernambuco – FACEPPresidente: Djalma Farias Cintra JuniorRua do Bom Jesus, 215 – 1º andarBairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACPPresidente: José Elias TajraRua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207.Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: CentroCidade: Teresina CEP: 64.001-060

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJPresidente: Jésus Mendes CostaRua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: CentroCidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030

Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do RioGrande do Norte – FACERNPresidente: Sérgio Roberto de Medeiros FreireAvenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200

Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e deServiços do Rio Grande do Sul - FEDERASULPresidente: José Paulo Dornelles CairoliRua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andarPalácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110

Rondônia – Federação das Associações Comerciaise Industriais do Estado de Rondônia – FACERPresidente: Ednei Pereira dos SantosRua Dom Pedro II, 637 – Bairro: CaiariCidade: Porto Velho CEP: 76.801-151

Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais deRoraima – FACIRPresidente: Jadir Correa da CostaAvenida Jaime Brasil, 223, 1º andarBairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350

Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISCPresidente: Alaor Francisco TissotRua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540

São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo – FACESPPresidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001

Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Estado de Sergipe – FACIASEPresidente: Alexandre Santana PortoRua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: CentroCidade: Aracaju CEP: 49.010-110

Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriaisdo Estado de Tocantins – FACIETPresidente: Jarbas Luís Meurer103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA -Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversifi cada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

DIRETORIA DA CACBBIÊNIO 2009/2011

PRESIDENTEJosé Paulo Dornelles Cairoli - RS

1º VICE-PRESIDENTESérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL

VICE-PRESIDENTESArdisson Naim Akel - PRArthur Avellar - ESFernando Pedro de Brites - DFJosé Geminiano Acioli Jurema - ALJosé Sobrinho Barros - DFLeocir Paulo Montagna - MSLuiz Carlos Furtado Neves - SCSadi Paulo Castiel Gitz - SEWander Luis Silva - MG

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAISJoão José de Carvalho Sá - BA

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOSDeocleciano Moreira Alves - GO

DIRETOR-SECRETÁRIOJarbas Luis Meurer - TO

DIRETOR-FINANCEIROGeorge Teixeira Pinheiro - AC

CONSELHO FISCAL TITULARESJadir Correa da Costa - RRPaulo Sérgio Ribeiro - MTSergio Roberto de Medeiros Freire - RN

CONSELHO FISCAL SUPLENTESAltair Correia Vieira - PAGilberto Laurindo - APRonaldo Silva Resende - RN

COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIAMaria Salette Rodrigues de Melo - PR

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIOEduardo Machado

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli Fróesfróes, berlato associadas

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIALOlívia Bertolini Thais Margalho

COORDENADOR DO EMPREENDERCarlos Alberto Rezende

COORDENADOR NACIONAL DA CBMAEValério Figueiredo

COORDENADOR DO PROGERECSLuiz Antonio Bortolin

SCS Quadra 3 Bloco ALote 126Edifício CACB61 3321-131161 3224-003470.313-916 Brasília - DF

Site: www.cacb.org.br

Federações CACB

Page 3: Empresa Brasil 68

Março de 2011 3

O Congresso Nacional, que começa a esboçar as linhas da reforma políti-ca, não pode perder de vista a necessidade de uma discussão abrangen-te sobre um dos assuntos mais importantes da pauta de 2011. Ambas as casas – Senado e Câmara – precisam reservar ao assunto o tempo

necessário que a reforma impõe, incluindo um livre debate de ideias com a participação do eleitor no processo. Defendemos uma reforma possível e capaz de reduzir as ambi-valências do atual sistema eleitoral. Sua necessidade é imperiosa pela própria democracia.

Neste momento em que se discute a reforma, o que o Brasil precisa é de um sistema

que permita o binômio democrático: representar para governar. Esta é, afi nal, a síntese

do que precisamos. Um dos principais pontos a serem reformados é justamente a opção

por um sistema eleitoral, de modo a evitar a proliferação de partidos, juntamente com a

introdução de métodos mais democráticos de fi nanciamento de campanha.

Ao longo do período de 1990 a 2010, a dispersão partidária no Brasil é maior do que

nos outros países da região latina, o que signifi ca que entre os países multipartidários da

América do Sul, o Brasil se mantém como o mais fragmentado. Não bastasse isso, a baixa

disciplina dos principais partidos é uma das características mais negativas do sistema político

brasileiro. Sem falar que a maioria das legendas partidárias agrupa políticos com vocação

individualista e que quando eleitos estão interessados em benefícios clientelistas.

Na verdade, os partidos brasileiros difi cilmente podem ser considerados uma verda-

deira legenda partidária, pois essas instituições não expressam e não representam a vonta-

de do eleitor, ao mesmo tempo não cumprem com as funções de governar. Justamente

em função dessa realidade, um dos debates mais importantes seria sobre a introdução do

voto distrital, ou distrital misto.

Segundo estudiosos do tema, a utilização do voto distrital estimularia o aparecimento

de líderes políticos, elevaria o nível da vida pública nacional, reduziria a infl uência do poder

econômico e vincularia os deputados à sua região e ao seu eleitor, asseguraria a represen-

tação de todas as regiões e fortaleceria os partidos, componente necessário da vida de-

mocrática. Com a adoção do sistema distrital, acabaria também a disputa entre candidatos

do mesmo partido, fortalecendo e dando maior unidade partidária.

Infelizmente, o voto distrital não faz parte da lista de prioridades defi nida pela Comis-

são do Senado encarregada de alinhavar o anteprojeto da reforma. Essa tendência reforça

a impressão de que o Congresso Nacional promoverá alterações ou mudanças num

ou noutro componente do sistema político, como tem sido da tradição brasileira, o que

não chega a constituir uma reforma. Por isso, como disse depreciativamente, certa vez, o

historiador José Honório Rodrigues, corremos o risco de “reforminhas de conveniências”.

A importância de uma verdadeira reforma política

PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasile da Federasul

Page 4: Empresa Brasil 68

4 Empresa BRASIL

3 PALAVRA DO PRESIDENTEO Congresso Nacional não pode perder de vista a necessidade de uma discussão abrangente sobre a reforma política.

5 PELO BRASIL O empresário Alexandre Porto é o novo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe.

8 CAPAMuito falada, quase desacreditada pela opinião pública, a reforma política começa a avançar.

14 CASE DE SUCESSO Associação Comercial e Empresarial de Santo Antônio de Jesus (BA) tornou-se referência em gestão e desenvolvimento.

16 LEGISLAÇÃOOito anos após o deputado Bernardo Ariston (PSB-RJ) ter apresentado o projeto de lei na Câmara dos Deputados, o cadastro positivo continua indefi nido.

17 FEIRAS & EVENTOSCACB organiza missão empresarial à China, para visitar, em abril, a primeira fase da Canton Fair, a maior feira comercial chinesa.

19 CONJUNTURAO aumento de preços e a ameaça de recrudescimento da infl ação acendem a luz amarela no governo.

20 NEGÓCIOSNegócios com franquia devem movimentar mais de R$ 150 bilhões até a Copa 2014.

22 DESTAQUE FEDERAÇÕESRainer Zielasko fala sobre os seus desafi os à frente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap).

24 DESTAQUE CACBO novo presidente do Sebrae, Luiz Barretto, fala com exclusidade a Empresa Brasil.

26 DESTAQUE CBMAEA arbitragem é um processo alternativo de solução de confl itos cada vez mais usado por grandes e pequenas empresas do mundo.

28 TENDÊNCIASO trabalho a distância é a mais nova onda das empresas no Brasil.

30 BIBLIOCANTOO economista norte-americano Albert Fishlow, em “O Novo Brasil”, mostra a evolução da economia, da área social e da política externa do país nos últimos 25 anos.

31 ARTIGOO cientista político Carlos Melo analisa a reforma política no Brasil.

ÍNDICE

EXPE

DIE

NT

E Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróesfróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - [email protected] gráfi co: Vinícius KraskinDiagramação: Kraskin ComunicaçãoFoto da capa: Geraldo Magela / Agência SenadoRevisão: Flávio Dotti CesaColaboradores: Luana Feldens, Neusa Galli Froes, Olivia Bertolini, Thais Margalho e Agência SenadoExecução: Editora Matita Perê Ltda.Comercialização: Fone: 51.3392.7932Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

14 CASE DE SUCESSO

20 NEGÓCIOS

8 CAPA

SUPLEMENTO ESPECIAL

Projeto que altera a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa pode aumentar em 10% o número de estabelecimentos que hoje estão no Simples Nacional.

Page 5: Empresa Brasil 68

Março de 2011 5

PELO BRASIL

Nova diretoria da Acese toma posse Ampliar o portfólio de serviços, ofe-

recendo aos associados mais servi-ços e encontrando melhores negociações com os atuais, e, com isso, aumentar o número de associados de 600 para 1.500, e defender os interesses da classe empresarial sergipana, tendo como foco o crescimento econômico do Estado. Essas são algumas das novas frentes de atuação da Associação Comercial e Em-presarial de Sergipe (Acese), que desde 14 de fevereiro tem como presidente o empresário Alexandre Porto.

De acordo com Porto, também fa-zem parte do pacote de metas da nova gestão a ampliação do teto estadual para inclusão do Simples, a melhoria do policiamento ostensivo nos gran-des centros comerciais para garantir a segurança dos estabelecimentos, a não redução da jornada de trabalho, a reforma tributária e a redução do ISS

para algumas atividades.Também são objetivos da nova

presidência a manutenção de eventos – como o Café com Negócios e o Almoço com Empresários –, o apoio ao Conse-lho de Jovens Empresários (CJE), a cria-

ção do Conselho da Mulher Empresária (CME) e o envolvimento em campanhas de cunho social, como a mobilização de ajuda aos sertanejos, o incentivo à cultura e à qualifi cação de jovens.

Fonte: Acese

Congresso volta a discutir redução de jornadaVolta à agenda do Congresso

Nacional o projeto de emenda cons-titucional que prevê a diminuição da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais e o aumento do adi-cional de horas extras dos atuais 50% para 75%. Sindicalistas dizem que a medida vai aumentar o emprego, mas os empresários e suas entidades, como a CACB, sabem que o efeito é contrário. Preparada para uma nova mobilização contra a redução da jor-nada de trabalho, a CACB vai reunir, novamente, os presidentes de Fe-derações, para uma nova rodada de

pressão na Câmara dos Deputados. A ideia é marcar um encontro com o presidente Marco Maia.

O que vai acontecer, se a redu-ção passar, é a redução do emprego formal, alerta o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli. Como pela lei não é permitido reduzir salá-rios, pagar o mesmo valor por núme-ro menor de horas será equivalente a conceder reajuste de 10% a todos os trabalhadores. No caso das horas extras, o efeito será um aumento de pelo menos seis pontos nos encargos sobre a folha de pagamento. Passa

dos atuais 102% para 108%.Estudos confi rmam que, com o

tempo, o aumento do salário sem aumento de produtividade resulta em perda de competitividade das empresas, o que pode levar ao des-locamento da produção para outros países ou ao aumento da informalida-de. Exemplo que já está acontecendo com empresas que optam por pagar menos encargos trabalhistas e estão se transferindo para o Paraguai, onde os percentuais são menores. Assim, os trabalhadores sairão perdendo.

Fonte: Imprensa CACB

Março de 2011 5

Foto

: AC

ESE/

Divu

lgaçã

o

Além do novo presidente, tomaram posse seis vice-presidentes e 20 conselheiros

Page 6: Empresa Brasil 68

6 Empresa BRASIL

PELO BRASIL

O ministro da Indústria, Desenvolvi-mento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, foi o primeiro homenageado de 2011, do Almoço do Empresário da Associação Comercial do Rio de Janeiro(ACRJ).No seu discurso, Pimen-tel apresentou o bom momento da eco-nomia brasileira e elencou os desafi os do governo. O presidente da ACRJ, José Luiz Alquéres, abriu o evento lembran-do a importância da proximidade entre a entidade e o Ministério e agradeceu a presença do convidado.

Em sua exposição, Pimentel afi rmou que está avançando. “Temos uma enorme tarefa pela frente. Não só nós, do gover-no, mas toda a população. O presente é muito positivo, mas estamos no limiar de um grande salto que vai nos levar muito além. Estamos vocacionados para sermos um país grande e desenvolvido”, disse.

Ele lembrou também alguns desa-fi os do governo, como, por exemplo, a mudança da relação da indústria com o comércio exterior. “Nossas vantagens

são enormes: somos um país multi-cultural e que respeita as diferenças, temos um potencial petrolífero imenso com o pré-sal e vamos agora iniciar o período com o maior contingente de força de trabalho produtiva da nossa história. Cabe a nós usarmos essas fer-ramentas de maneira certa”, concluiu.

Fonte: Imprensa CACB com informações da ACRJ

Pimentel na ACRJ

O micro e pequeno negócio voltam ao centro de debates em Brasília. No fi nal de fevereiro, foi lançada a Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, que conta com 220 deputados e 20 senadores. Seu principal objetivo é aprovar o Projeto de Lei Com-plementar (PLP) 591/10 que alte-ra a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O PLP eleva o limite de faturamento anual da microempre-sa de R$ 240 mil para R$ 360 mil, e da empresa de pequeno porte, de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. Além disso, é alterado o limite da receita bruta anual para a formalização do Empreendedor Individual, que passa de R$ 36 mil para R$ 48 mil, entre outras mu-danças propostas.

Fonte: Imprensa CACB

Frente Parlamentar da Pequena Empresa é relançada

Alquéres e Pimentel na entrega do diploma Visconde de Mauá

Foto

: AC

RJ/D

ivulga

ção

Afi f recebe dirigentes da ACE de GuarulhosO vice-governador do Estado e

secretário de Desenvolvimento Econô-mico, Ciência e Tecnologia, Guilherme Afi f Domingos, recebeu em seu gabi-nete, no fi nal de fevereiro, os dirigentes da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos. Na pauta do encontro, os projetos e futuros investimentos do governo estadual no município.

Em ofício entregue a Afi f, a Asso-ciação Comercial solicitou o empenho do governo estadual na implementação

de projetos como: trecho Norte do Rodoanel Mário Covas; Parque Tec-nológico, Trem Expresso, Corredores de Ônibus com Bilhete Metropolitano, Melhoria da estrutura policial, realoca-ção dos estabelecimentos prisionais e solução para as constantes enchentes provocada pelo Rio Baquirivu.

Quanto ao Parque Tecnológico, Afi f propôs uma refl exão quanto à vocação do município guarulhense. “Temos que refl etir sobre a vocação do município de

Guarulhos. Se é pela implementação de um Parque Tecnológico ou do desenvol-vimento dos distritos industriais”, disse.Fonte: Imprensa CACB / ACE Guarulhos

Foto

: AC

E G

uaru

lhos

6 Empresa BRASIL

Page 7: Empresa Brasil 68

Março de 2011 7

CACB anuncia integração dos programas Empreender e Capacitar

Fortalecer as associações comer-ciais com ferramentas de gestão e pla-nejamento estratégico. Esta é uma das metas da CACB em 2011. Uma das vias para alcançar este objetivo será a integração, em todo o país, de dois programas de sucesso da CACB: Em-preender e Capacitar. A afi rmação foi feita pelo diretor- fi nanceiro da CACB, George Teixeira, durante o Reencontro do Capacitar Nordeste, em fevereiro, no Recife.

A decisão de integrar os dois pro-gramas resulta do sucesso do Capacitar Nordeste, aplicado em 26 Associações Comerciais da região, que ainda frutifi ca. “Muitas entidades mantêm os bons mé-todos de gestão e seguem trabalhando em cima do planejamento estratégico”, afi rma Carlos Rezende, coordenador Nacional do Empreender e consultor da CACB.

Com os resultados multiplicadores chegando na ponta, esclareceu George Teixeira, a CACB promove o fortaleci-mento da representatividade das entida-

des empresariais associadas, permitindo que estas, em âmbito local e regional, tenham mais força nas negociações.

Fonte: Imprensa CACB

Encontro reuniu representantes de oito estadosA reunião contou com a presença de representantes de oito Estados do

Nordeste, líderes empresariais do Paraná e Minas Gerais, Gerd Peters, presiden-te da Câmara de Essen –, parceira da CACB na Implementação do Capacitar Nordeste – e o diretor-executivo da entidade, Ulrich Meier.

Peters declarou estar impressionado com os resultados do Capacitar Nor-deste. Lembrou a similaridade entre as necessidades e desafi os das associações brasileiras e alemães. “Também procuramos a sustentabilidade fi nanceira, a am-pliação de serviços e buscamos a aplicação efi caz de recurso”, afi rmou.

O líder da Câmara de Essen deve debater, em seu país, os dados e as impres-sões obtidos na visita ao Brasil. Ainda não há agenda ofi cial de negociações para novas parcerias, mas a expectativa é que Peters e Meier compareçam ao 21º Con-gresso da CACB. O evento será realizado entre 9 e 11 de agosto, em Salvador.

Fonte: Imprensa CACB

George Teixeira, da CACB, no Reencontro do Capacitar Nordeste no Recife

Peters (C), Ulrich Meier (E), da Câmara de Essen, e Carlos Rezende, da CACB

Foto

: Divu

lgaçã

o/ Im

pren

sa C

ACB

Março de 2011 7

Page 8: Empresa Brasil 68

8 Empresa BRASIL

Foto Rodolfo Stuckert/Agência Câmara

Anteprojeto vai balizara reforma política

Muito falada, quase desacreditada pela opinião pública, a reforma política co-meça a avançar. Até o fi m do mês de abril, uma comissão formada por 15

senadores deverá apresentar um anteprojeto de re-forma, com base nas matérias em tramitação no Con-gresso e nos resultados de audiências públicas com es-pecialistas. Terminada essa fase, o Congresso Nacional dará início efetivo à discussão da reforma que promete pouco consenso e muita divergência.

Em dezembro do ano passado, ao se despedir da tribuna do Senado, o ex-senador Marco Maciel – o pri-meiro a lançar a bandeira da reforma política, há mais de 15 anos – não deixou dúvidas. Para ele, o Brasil só terá uma democracia realmente digna deste nome quando forem feitas três reformas: do sistema eleitoral, do sistema partidário e do sistema de governo.

O ex-senador pernambucano é partidário do pon-to de vista segundo o qual enquanto essas reformas não forem feitas teremos um nível de governança defi ciente em comparação com o dos países desenvolvidos.

“A consolidação da democracia brasileira não se dá apenas na normalidade do jogo eleitoral e nas vo-tações que permitem a alternância de poder”, disse Maciel. “Depende de uma ampla e profunda reforma no âmbito do Estado, que dê aos três poderes capaci-dade de aumentar os níveis de governabilidade e asse-gurar a cada cidadão a plena fruição de seus direitos.”

Maciel defende um novo sistema eleitoral, de modo a evitar a proliferação de partidos, juntamen-te com a introdução de métodos mais democráticos de fi nanciamento de campanha. Como exemplo, ci-tou a necessidade de mudar o próprio modelo pro-porcional de listas abertas, hoje existente em apenas

Instalação da segunda comissão

especial da reforma política

no CongressoNacional

CAPA

Comissão especial do Senado deverá decidir no voto as propostas de mudança no sistema eleitoral que farão parte dos debates

Page 9: Empresa Brasil 68

Março de 2011 9

Foto Agência Brasil

dois países do mundo, um dos quais o Brasil.Ele pediu também que se repense o instituto da

Medida Provisória. A seu ver, as MPs impedem o Con-gresso de deliberar de acordo com os sentimentos da sociedade. “Sem essas mudanças, não colheremos os efeitos do processo de transformação iniciado com a Constituição de 1988”, sustentou o senador.

Mesmo com essa advertência, quem esperava uma verdadeira reforma capaz de pôr um fi m à bar-ganha política – marcada pelo lema “é dando que se recebe”, criado pelo ex-deputado paulista Roberto Cardoso Alves – vai ter de esperar.

Temas polêmicos fi cam foraCom o pretexto de fazer a reforma “possível” em

tempo urgentíssimo, a comissão instalada no Senado dei-xará de fora temas polêmicos como o voto facultativo e o voto distrital. Defendido por especialistas como capaz de contribuir para o fortalecimento dos partidos políticos, o voto distrital é considerado o coração de uma verdadeira reforma. Isso porque além de permitir a fi scalização dos representantes pelos eleitores, o que não ocorre hoje, o sistema, dada a delimitação de áreas geográfi cas, também reduz o custo das campanhas eleitorais.

Estudos mostram que as eleições legislativas no Brasil estão entre as mais caras do mundo, à frente,

inclusive, das eleições norte-americanas. Várias razões contribuem para esse quadro. Na opinião do ex-de-putado Arnaldo Madeira, outro estudioso da reforma política, a principal delas é o atual sistema de represen-tação parlamentar – o voto proporcional em lista aber-ta. Tal sistema obriga os deputados federais e estaduais a percorrer inúmeros municípios em busca de votos, o que custa cada vez mais dinheiro.

O ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em entrevista à Folha de S.Paulo, defendeu uma reforma política que acabe com o excesso de partidos políticos no Brasil. “Temos 27 partidos, um número inusitado comparado com as democracias mais avançadas no mundo, em que há quatro ou cinco partidos.”

O presidente do TSE também é contra o fi nancia-mento privado de campanhas, que defi ne como “um elemento perturbador e de corrupção das eleições”. Sugere que, em médio prazo, somente pessoas físicas sejam autorizadas a doar quando forem popularizadas as doações pela internet.

Já em relação ao voto facultativo, ele mantém po-sição favorável ao voto obrigatório. “Somos ainda uma democracia em fase de amadurecimento, temos então que fazer com que o eleitor compareça maciçamente às urnas para dar legitimidade aos eleitos”, argumenta.

Preocupado com a limitação do debate sobre a reforma política no parlamento, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, pretende encaminhar ao Congresso Nacional até o fi m do primeiro semestre, um projeto de lei de iniciativa popular.

Uma das sugestões de Caval-ca nte é a de realização de elei-ções majoritárias, como as do Senado, também na Câmara dos

Deputados. Ele propõe também o fi m da fi gura do suplente no Congresso. Assim, se um senador ou deputado se afastar do cargo, será convocado para substituí-lo o segundo mais votado.

Sobre o fi nanciamento de campanhas, a OAB defende um sistema misto, no qual os candi-datos receberiam verba pública e poderiam aceitar doações apenas de pessoas físicas. Seria vedado o fi nanciamento de empresas às

campanhas eleitorais.“Temos, hoje, um sistema

eleitoral injusto, que fere o prin-cípio constitucional de que todo o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido. A cada eleição, vemos deputados serem eleitos pelo voto propor-cional com menos de mil votos, enquanto deputados que rece-beram 300 mil votos não se ele-gem. Isso é uma discrepância”, diz Ophir.

OAB defende participação popular

Ministro Ricardo Lewandowski, presidente do

TSE, defende o voto obrigatório

Ophir Cavalcante: sistema misto de fi nanciamento de

campanhas é o caminho

Foto divulgação

Page 10: Empresa Brasil 68

10 Empresa BRASIL

CAPA

Dornelles: senadores já têm posição sobre a maioria dos temas

A Comissão de Reforma Política deverá decidir no voto quais propostas de mudança no sistema eleitoral estarão contidas no anteprojeto que será apresenta-do ao Senado. Conforme o presidente do colegiado, Francisco Dornelles (PP-RJ), a vontade da maioria de-fi nirá a posição do grupo, após serem ouvidas as dife-rentes visões sobre cada tema.

Dornelles é de opinião de que os senadores já têm posição sobre a maioria dos temas a serem tratados pela comissão, sendo necessário apenas votá-los.

A principal disputa deve ocorrer em torno das mu-danças no sistema eleitoral. Há uma grande chance de os partidos condenarem à morte o atual sistema pro-porcional, baseado em coefi ciente eleitoral. No lugar entraria o voto majoritário simples. Traduzindo: quem tem mais votos é eleito.

Hoje, as vagas são distribuídas conforme o número

de votos recebidos pela legenda ou coligação. Levando em conta esse resultado, o partido tem direito a um número de eleitos, mesmo que alguns tenham menos votos que outros candidatos.

A mudança tornará inútil a fi gura do candidato puxa-dor de votos, geralmente representado por algum políti-co importante ou por celebridades. Tanto que a proposta do voto majoritário simples foi, ironicamente, apelidada de “Lei Tiririca” – ela impedirá justamente a repetição do fenômeno provocado pela eleição do palhaço, deputado pelo PR de São Paulo.

Se aprovada, a “Lei Tiririca” vai gerar um imediato efeito colateral: tornará inúteis as coligações partidárias nas eleições proporcionais. Hoje, os partidos se aliam para formar chapas para somar forças e produzir um alto coefi ciente. Na nova regra, uma aliança partidária não produz qualquer efeito.

Um dos entulhos autoritários criados pelo ex-pre-sidente Ernesto Geisel em plena ditadura militar com o objetivo de preservar a hegemonia do partido do regime – a Arena (Aliança Renovadora Nacional) –, o “Pacote de Abril” não faz parte da lista de prioridades da reforma política. Editado em 9 de abril de 1977 com a Emenda Constitucional nº 8, junto com uma série de decretos-leis, entre os seus pontos principais, além do chamado senador biônico, ele aumentou a representa-tividade parlamentar dos estados do Nordeste e diminui a dos estados do Sul e Sudeste.

Como resultado, na Câmara Federal os deputados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm 317 parlamenta-res, enquanto as regiões Sul e Sudeste, com população bem maior, somam apenas 277 representantes. A des-

proporção é ainda maior no Senado da República, onde os parlamentares do Norte, Nordeste e Centro-Oeste somam 60 senadores, 74% do total da Casa, restando apenas 21 senadores para os estados do Sul e do Sudeste.

Se fosse aplicado o critério de “um homem, um voto”, cinco estados teriam mais deputados federais, levando-se em conta os dados do IBGE para a população brasileira de 2009 – Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Pará e São Pau-lo. Por essa fórmula de representação, São Paulo deveria ter 111 deputados federais, 41 a mais do que tem hoje, e o Pará teria que contar com três novos parlamentares. Por outro lado, 18 unidades da Federação teriam redução na sua representatividade, com destaque para os ex-terri-tórios como Roraima, Acre e Amapá, que passariam a ter sete e seis deputados a menos, respectivamente.

Debate omite desigualdade derepresentação parlamentar

Sistemas eleitorais sãoos mais polêmicos

Page 11: Empresa Brasil 68

Março de 2011 11Março de 2011 11

No sistema distrital, cada estado é dividido em nú-mero de distritos equivalente ao de cadeiras no Legis-lativo. Os partidos apresentam seus candidatos e ga-nha o mais votado em cada distrito. A condição básica para dividir o mapa é que cada área tenha um número equivalente de eleitores. Os distritos podem abranger vários municípios, pequenos ou grandes, podendo ser divididos em vários distritos.

O voto distrital foi adotado pelo Brasil em duas opor-tunidades: durante o Império e na República Velha. No Império, a legislação dividia as antigas províncias do Im-pério em círculos eleitorais. Eram situações diferentes em relação aos distritos atuais porque, na época, cada círculo só podia eleger um candidato, até 1860. A partir dessa data, os círculos passaram a eleger três representantes.

Em 1904, na República Velha, a Lei Rosa e Silva adotou novas regras. Num tempo em que a fraude era rotineira e as eleições eram decididas antes da vota-ção, cada distrito podia apresentar até cinco candidatos e três podiam se eleger. Cada eleitor podia votar três vezes e a lei permitia que os três votos fossem para o mesmo candidato.

Esse sistema vigorou até a Revolução de 1930, que pôs fi m à República Velha e mudou as regras de novo. Em 1932, com o advento do primeiro Código Eleitoral brasileiro, estabeleceu-se o voto proporcional. Após meio século, uma Comissão do Ministério da Justiça aprovou a Emenda Constitucional nº 22, que estabe-

leceu o voto distrital misto. Mas essa emenda Constitu-cional foi revogada em 1985, sem ser aplicada.

A adoção do voto distrital diminuiria o poder das oligarquias, havendo maior fi scalização por parte da oposição, do eleitorado e das lideranças, surgindo uma autenticidade maior na representação política.

A grande questão do voto distrital puro está na proporcionalidade, pois a minoria não assegura repre-sentação no distrito em que foi derrotado.

Outra crítica que se faz ao sistema é de que o voto distrital levaria ao bipartidarismo, o que não se observa nos países que o adotam. Em geral, os grandes parti-dos disputam a nível nacional as vagas nas cadeiras de representação e, geralmente, os pequenos partidos conseguem cadeiras em seus distritos locais.

A problemática do voto distrital está também no nível de conservadorismo, na renovação nas cadeiras. Enquanto no Brasil, país que não utiliza o voto distrital, a média de renovação chega a 50 ou 60%, em países que adotam o sistema distrital o índice de renovação fi ca entre 15 e 20%.

Fontes: Da Cunha, Sérgio Sérvulo. O que é voto distrital?. Sérgio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre, 1991. Nicolau, Jairo. História do voto no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. Reis, Palhares Moreira. Voto Distrital no Brasil Hoje. Recife, 1982. Ribeiro, R. J. Voto Distrital e o arbítrio. Artigo de Jornal, Folha de S.Paulo, 26 de junho, 1992.

Voto distrital foi adotado noImpério e na República Velha

Império dividia as antigas províncias em círculos eleitoraisRe

prod

ução

/ D

ebre

t (Ri

o de

Jane

iro 1

823)

Page 12: Empresa Brasil 68

12 Empresa BRASIL

1 Sistemas EleitoraisSistemas eleitorais são defi nidos pelas regras

de apuração, contagem, agregação de votos e sua conversão em mandatos.

1.1 Sistema majoritárioa) Voto majoritário uninominal: o território é divi-

dido em distritos e os eleitores de cada um deles ele-gem um representante na Câmara dos Deputados.

b) Voto majoritário plurinominal: as circunscri-ções são divididas em distritos que elegem, pelo voto majoritário, seus representantes. O chamado “distritão” prevê a transformação das unidades da Federação em distritos e a eleição de todos os seus representantes pelo voto majoritário.

1.2 Sistemas proporcionaisa) Sistema proporcional com listas fechadas e

bloqueadas: nesses casos a lista é defi nida pelo par-tido e o eleitor pode apenas sufragá-la ou recusá-la.

b) No sistema proporcional com listas fl exíveis, os partidos apresentam suas listas e os eleitores po-dem contribuir para a alteração dessa ordem.

c) No sistema proporcional de lista aberta, a ordem dos candidatos é defi nida pelo número de votos obtido por cada um deles.

1.3 Sistema mistoSistema em que parte dos deputados é eleita

pelo voto proporcional e parte pelo voto majoritário.

2 Financiamento eleitoral e partidárioO sistema atual é um misto de fi nanciamento elei-

toral e partidário com recursos públicos e privados.

3 Suplência de senadorProposta estabelece que o suplente substitua o

titular, mas não o sucede, ou seja, só assumirá o cargo em caso de afastamento temporário do titular, não

assumindo na ocorrência de afastamento defi nitivo.

4 Filiação partidária e domicílio eleitoralAltera o prazo de um ano de domicílio eleitoral

antes das eleições para fi ns de candidatura.

5 Coligações na eleição proporcionalAnálise de propostas contrárias ao direito dos

partidos políticos de formar coligações nas eleições proporcionais.

6 Voto facultativo Discute o voto facultativo.

7 Data da posse dos Chefesdo Poder Executivo

Proposta altera a data da posse do presidente da República e dos governadores de estado.

8 Cláusulas de desempenhoTambém conhecida como cláusula de barreira,

discute as condições que devem ser observadas para que um partido tenha funcionamento parla-mentar e acesso ao fundo partidário e à propagan-da partidária gratuita no rádio e na televisão.

9 Fidelidade partidáriaO STF entendeu que o mandato pertence ao

partido em decorrência de normas constitucionais que regem nosso sistema político.

10 Reeleição e duração dos mandatosProíbe a reeleição dos presidentes da Repúbli-

ca no período subsequente e modifi ca a duração dos mandatos.

11 Candidaturas avulsas Permitem a candidatura de quem não esteja

fi liado a partido político.

Principais temas da reforma política

CAPA

Page 13: Empresa Brasil 68

Março de 2011 13

A reforma do sistema político no Brasil vem sendo apreciada pelo Congresso Nacional desde 1995. No período 1995-1999 (50ª Legislatura), por iniciativa das lideranças das bancadas partidárias que integravam a base de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso, o Senado Federal discutiu a substituição do sistema proporcional pelo sistema distrital misto, o fi m das coligações nas eleições proporcionais, o estabele-cimento de uma cláusula de desempenho eleitoral ou barreira ao funcionamento parlamentar e o fi nancia-mento de campanha exclusivamente público.

Na legislatura seguinte (1999-2003), as lideran-ças governistas mudaram de estratégia: em lugar de alterações que implicassem a discussão de emendas à Constituição, resolveram propor modifi cações por meio de projetos de lei. Em outras palavras, em vez de alterações que exigissem a aprovação de uma maioria qualifi cada, resolveram propor modifi cações que de-mandassem a aprovação de uma maioria simples. No lugar do voto distrital misto, por exemplo, propuseram o voto proporcional em lista fechada.

Na 52ª Legislatura (2003-2007), já no governo Luiz Inácio Lula da Silva, a Câmara dos Deputados discutiu várias propostas de reforma política, inclusive oriundas do Senado Federal.

Essas propostas foram discutidas no plenário da Câmara dos Deputados no início da legislatura 2007-2011, logo depois da eclosão da crise política conhe-cida como “Escândalo do Mensalão”. No mesmo PL nº 1210/2007, que reapresentou a proposta de lista fechada, foram propostos o fi m das coligações nas elei-ções proporcionais e o fi nanciamento de campanha exclusivamente público.

A proposta de reforma política materializada no PL nº 1210/2007, no entanto, foi rejeitada pelo plenário da Câmara dos Deputados no início do segundo período legislativo de 2007. Segundo estudo do sociólogo Júlio Roberto de Souza Pinto, as lideranças do PCdoB, do PT, do PPS, do PSOL, do PMDB, do PSDB e do DEM no começo se posicionaram a favor da proposta. O PCdoB,

o PT e o PSDB inclusive fecharam questão nesse sentido. Já as lideranças do PDT, do PSB, do PV, do PP, do PR, do PSC e do PTB desde o início eram contrárias. No caso específi co do PDT, havia uma diferença de posição entre a direção nacional do partido e sua liderança na Câmara.

Com o início da discussão no plenário, infl uenciado pelo grupo paulista, o PSDB mudou de posição. O parti-do chegou até mesmo a outra vez fechar questão, desta feita contra a proposta de reforma política. As lideranças tucanas, segundo Souza Pinto, se convenceram de que as regras políticas vigentes de algum modo seriam mais favoráveis à formação de uma base de apoio à candida-tura de José Serra à Presidência da República. Alguns de-putados do PSDB de outras regiões do país, entretanto, mantiveram-se favoráveis à proposta.

Ao mesmo tempo, as lideranças do PP, do PR e do PTB, com a conivência da liderança do PMDB cres-centemente tensionada pelo grupo do Rio de Janeiro, contrárias a essa ou qualquer outra proposta de refor-ma política efetiva, pressionavam o governo.

Com a mudança de posição do PSDB e a cres-cente pressão do PP, do PR, do PTB e do grupo de peemedebistas do Rio, os líderes do PPS e do PMDB ao fi nal liberaram as bancadas. Resultado: a lista fecha-da foi rejeitada e com ela foi virtualmente arquivada a proposta de reforma política.

Debate sobre o sistemapolítico se iniciou em 1995

Última tentativa de reforma política

foi arquivada em 2007

Foto Luiz Alves / Agência Câmara

Page 14: Empresa Brasil 68

14 Empresa BRASIL

Quem planeja sabe aonde quer ir

Representar, defender a classe empresarial local, promover o associativismo, dispo-nibilizar serviço e articular ações para o desenvolvimento econômico da região.

Com esta missão “declarada”, a Associação Comercial e Empresarial de Santo Antônio de Jesus (BA) – fun-dada há 31 anos –, eleita a melhor associação do nor-deste, além de crescer de forma estruturada tornou-se referência em gestão e envolvimento social.

Como resultado desta postura, a Associação viu o número de associados dobrar nos últimos anos, a inadimplência cair e o nível de satisfação dos associa-dos bater em mais de 90%. A receita deste sucesso é o planejamento estratégico, prática adotada desde 2005, quando optou pelo Programa Capacitar.

Contribuíram para este sucesso a sintonia entre direção e engajamento dos funcionários. “Quando se vivencia o planejamento estratégico dentro de uma entidade ou empresa, a relação entre suas partes deve ser recíproca. Diretores definem as diretrizes da casa que serão executadas pelo corpo funcional.

Se os funcionários não estiverem comprometidos e envolvidos com o planejamento, as possibilidades de fracasso são grandes”, explicou Reyes Marinho, espe-cialista da Ldo Consultoria , que realiza o planejamen-to estratégico da Acesaj.

Comemorando os resultados, o gerente executivo da Acesaj, Ailton Lago, ressalta que o direcionamento estratégico viabilizou o consenso e a percepção de que políticas desalinhadas comprometem a capacidade de articulação. Neste sentido, a entidade participa cons-tantemente de reuniões com a prefeitura e outros ór-gãos municipais e regionais. Em fevereiro, por exem-plo, solicitou à prefeitura a divulgação do calendário de feriados com antecedência para favorecer o planeja-mento dos empresários locais. Resultado: a campanha da Festa Junina, uma das mais movimentadas do nor-deste, já está nas ruas. “Começamos com um São João tímido e hoje realizamos o terceiro melhor do país, graças às parcerias saudáveis entre executivo, legisla-tivo, Acesaj e patrocinadores”, afirmou o prefeito de Santo Antônio de Jesus, Euvaldo Rosa.

Inauguração do Hospital Regional, um marco para a

cidade

Decisões conjuntas de natureza estratégica e visão de longo prazo lideradas pela Associação Comercial e Empresarial de Santo Ântonio de Jesus resultaram em ações de interesse da comunidade do município

Case de suCesso

Page 15: Empresa Brasil 68

Março de 2011 15

Andreas Dohle: o comprometimento e a sinergia são as chaves do sucesso

As decisões conjuntas de natureza estratégica e de vi-são de longo prazo proporcionaram também ações que benefi ciam diretamente o cidadão, como, por exemplo, a inauguração do Hospital Regional – realizada há dois anos. Atualmente, a entidade vem trabalhando, junto a outros atores locais, para que a cidade seja sede de uma unidade da Universidade Federal da Bahia (UFRB).

O diretor da universidade, Luiz Fávero, ressalta que a parceria entre os vários órgãos do município e a prefeitura tem sido de grande importância para o desenvolvimento da cidade. “Esses encontros são de relevância porque aqui surgem propostas, há mobiliza-ções em prol do desenvolvimento da cidade, e quem ganha é a população”, declarou.

A articulação se dá também na esfera federal. Atenden-do a um pedido da prefeitura, a entidade criou uma comis-são – que tem agendas de reuniões também em Brasília – para buscar recursos destinados à reestruturação da Praça Padre Mateus , um dos principais pontos da cidade.

Formação do Empresário

A formação do empresário é outro pilar do cresci-mento da Acesarj. Cursos de capacitação e workshops são realizados durante todo o ano. “É interessante a As-sociação trazer cursos para a cidade sobre assuntos com que muitas empresas ainda não se preocupam, porque eles nos ajudam no dia a dia das empresas”, ressaltou Josildo Luis, funcionário de um grande supermercado de Santo Antônio de Jesus. Ele participou do curso de Lo-gística, promovido pela Associação, no fi nal de fevereiro.

O calendário de cursos é marcado também pelas datas. O Dia da Mulher, por exemplo, é comemorado há 14 anos, com palestras se serviços. A Acesaj incen-tiva, ainda, que os empresários conheçam o mercado externo e procurem novas oportunidades. Em março, por exemplo, os empresários da região participam de uma missão empresarial à China.

A semente“As ferramentas e as metodologias disponibilizadas

e aplicadas pelo Programa Capacitar (diagnóstico, pla-nejamento, monitoramento e auditorias, registro dos processos, workshops, pesquisas de mercado e capa-citação), aliadas ao comprometimento e envolvimento da diretoria e corpo funcional, abertura às mudanças, sucesso do Empreender e consistência e execução das ações planejadas foram os diferenciais para o sucesso da Acesaj”, afi rmou o diretor-executivo Ailton Lago.

O programa foi desenvolvido pela CACB, em parce-ria com a Câmara de Essen, – da Alemanha, e implemen-tado em mais de 26 associações comerciais da região, entre 2005 e 2007. A meta do programa é desenvolver para fortalecer a representatividade das Associações com gestão de qualidade e oferta de serviços.

O consultor do Empreender – e um dos idealiza-dores do Capacitar –, Andreas Dohle, acredita que a manutenção dos resultados obtidos com o Capacitar se deve ao profi ssionalismo de todos os colaborado-res, à sinergia entre eles, com a diretoria e ao compro-metimento de todos.

Page 16: Empresa Brasil 68

16 Empresa BRASIL

LEGISLAÇÃO

Oito anos após o deputado Bernardo Ariston (PSB-RJ) ter apresentado o pro-jeto de lei na Câmara dos Deputados, a criação do cadastro positivo continua

indefi nida e dividindo opiniões. Com a proposta de insti-tuir um banco de dados para a formação de um histórico de crédito, o projeto superou todas as etapas burocráticas legislativas – comissões, emendas e aprovações –, mas foi vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva pouco an-tes do encerrar seu mandato.

Em contrapartida, em 30 de de-zembro o então presidente Lula trans-formou o projeto em Medida Provisó-ria com alterações. Entre elas, constam a exigência de permissão do consu-midor para ter seu nome inserido no cadastro, a disponibilidade de consultas gratuita para os cadastrados e a possi-bilidade de requisitar a sua retirada do banco de dados a qualquer momento. A MP deve ser votada até abril e pode-rá entrar em vigor ainda em 2011.

O modelo não é novidade. Além dos Estados Unidos e da Inglaterra, que utilizam esse sistema há décadas, nos últimos anos outros países estão aderindo à proposta, como Portugal, Espanha, Itália e Alemanha. De certa

forma, o novo sistema de dados substituiria a tradicional consulta dos cadastros negativos, SPC ou Serasa, verifi -cando um histórico de “bom pagador”, seja pessoa física ou jurídica. Isso, segundo a justifi cativa do PL, diminuiria os confl itos entre consumidores e instituições fi nanceiras, simplifi cando o acesso a crédito.

No entanto, com fortes indícios de aprovação do Congresso Federal, a proposta, que é controversa, levou para lados opostos as entidades de defesa do consumidor e instituições fi nanceiras. “Não temos mais tempo a per-

der” é o título do artigo assinado pelo presidente da Serasa Experian e da Experian América do Sul, Ricardo Loureiro. Para a Serasa, o cadastro positivo reafi rma a proteção aos interesses do consumidor e proporciona vantagens na ne-gociação de créditos ao “bom pagador”, o que os cadas-tros negativos não ofereciam.

Na concepção da entidade, a MP já inclui todas as precauções necessárias para o bom funcionamento do novo cadastro. Além disso, todos os aspectos relevan-tes sobre o tema já teriam sido amplamente debatidos no Congresso.Outro argumento em defesa da MP é a possibilidade de redução dos juros e do spread bancá-rio – diferença de taxas cobradas e pagas pelos bancos. “Temos a certeza de que, com as informações compor-tamentais, o país entrará numa nova era do crédito”, acrescenta o presidente no artigo.

Já a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Con-sumidor), considerada a maior entidade nessa área de toda a América Latina, diverge. Embora veja o veto presidencial e a MPV como uma vitória em relação ao projeto inicial, a entidade acredita que ainda existem riscos de prejuízos aos consumidores com a implantação da proposta.

“A forma como for feita a regulamentação de um ca-dastro dos bons pagadores pode levar a uma situação dis-criminatória. Isso porque se um consumidor optar por não ter seu nome incluído no cadastro, ele terá difi culdades em conseguir crédito, mesmo não sendo um mau pagador e não estando presente no cadastro negativo”, diz a coorde-nadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci.

Outras entidades de defesa do consumidor também demonstram receios de que os juros para os bons paga-dores permaneçam iguais e que aumentarão para os con-sumidores que não estiveram cadastrados. Segundo Maria Inês Dolci, a Proteste pretende atuar junto ao Congresso Nacional pela revisão da MPV. “Se porventura o cadastro positivo vier a ser aprovado, mesmo assim a entidade acompanhará sua implementação, denunciando possíveis abusos e irregularidades prejudiciais ao consumidor.”

16 Empresa BRASIL

Cadastro positivo deve entrar em vigor em abrilParada no Congresso, MP depende de aprovação e ainda gera controvérsias entre consumidores e empresas de crédito

Ricardo Loureiro: “Cadastro proporciona vantagens nanegociação de créditos ao “bom pagador”

Page 17: Empresa Brasil 68

INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

MARÇO/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

País gera mais de 150 mil empregos formais em janeiro. As MPE foram responsáveis por 80% dos postos de trabalho. Os setores que mais contribuíram foram os de serviços, indústria de transformação e construção civil

O Projeto de Lei Complementar 591/10, que altera a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, pode aumentar em 10% o número de estabelecimentos que hoje estão no Simples Nacional

Simples e Lei Geral Emprego em alta

Foto

: Eug

enio

Nov

aes

Page 18: Empresa Brasil 68

2 EMPREENDER // SEBRAE

/ /Opor tunidade//

“OS PARLAMENTARES SABEM DA IMPORTÂNCIA DAS MPE

PARA A ECONOMIA, E A FRENTE TEM UMA AGENDA

FUNDAMENTAL” – LUIZ BARRETTO, PRESIDENTE DO SEBRAE

O Projeto de Lei Complementar 591/10, que altera a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, pode aumentar em 10% o nú-

mero de estabelecimentos que hoje estão no Simples Nacional. Segundo a Receita Federal, estão incluídos nesse regime atu-almente 4,7 milhões de micro e pequenos estabelecimentos. Caso o projeto seja aprovado, o Simples pode ganhar cerca de 500 mil novas empresas.

Entre as alterações previstas no PLP está o aumento do limite da receita bruta anual das microempresas para inclusão no Simples Nacional de R$ 240 mil para R$ 360 mil, das pequenas empresas de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões e do Em-preendedor Individual de R$ 36 mil para R$ 48 mil. O projeto prevê ainda medidas como o parcelamento de débitos do Sim-ples, o que hoje não é permitido.

Em dezembro de 2010, por exemplo, 31 mil empresas foram excluídas do siste-ma por causa de débitos, e outras 500 mil podem ser excluídas este ano pelo mesmo problema. “É preciso haver um tratamen-to diferenciado para as micro e pequenas

empresas”, defende o presidente do Se-brae, Luiz Barretto.

O presidente da instituição, que partici-pou do lançamento da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa no Con-gresso Nacional no fi nal de fevereiro, avalia que os benefícios do projeto vão além do aumento das tabelas de tributação do Sim-ples. “Não se trata apenas do alargamen-to das faixas de tributação. As mudanças permitirão que as próprias empresas que estão hoje no Simples Nacional possam ter tranquilidade para trabalhar, usufruindo das vantagens do sistema”, destaca.

Na avaliação do presidente do Sebrae, as alterações feitas pelo projeto retiram amarras que impedem os micro e pequenos negócios de crescer, ajudando-os a aquecer a economia e a gerar empregos. “Dos 2,5 mi-lhões de empregos formais criados ao longo de 2010, 72% se devem às micro e peque-nas empresas”, observa. Ele ressalta ainda que 20% do Produto Interno Brasileiro (PIB) é fruto das atividades dessas empresas.

“O Brasil viveu nesses últimos anos um crescimento grande do seu mercado inter-no. Mais de 30 milhões de brasileiros estão

MUDANÇAS NO SIMPLES PODEM BENEFICIAR QUASE 500 MIL EMPRESASPLP 591/10, em tramitação na Câmara, pode aumentar em 10% os negócios que estão no sistema

Page 19: Empresa Brasil 68

Março de 2011 3

A aprovação do Projeto integrará cerca de 500 mil novas empresas. Atualmente 4,7 milhões

de MPE são enquadradas no regime

podendo consumir. Temos que criar um am-biente cada vez melhor para que os peque-nos negócios possam se desenvolver e, ao lado de outros setores da economia, ajudar o Brasil a manter esse crescimento e a gerar cada vez mais empregos”, afi rma Barretto.

//Na pauta do primeiro semestreA votação do Projeto de Lei Complemen-tar (PLP) 591/10, que reajusta os limites de enquadramento das micro e pequenas empresas ao Simples Nacional, deverá ser feita ainda no primeiro semestre, segundo avaliação de integrantes da Frente Parla-mentar Mista, lançada em fevereiro. Na opinião do presidente da Frente, deputado Pepe Vargas (PT/RS), escolhido durante o evento para liderar o grupo, apesar das restrições impostas pelos estados à apro-vação do projeto, é possível formar um consenso nos próximos meses.

“Não aprovamos o projeto em 2010 porque os estados queriam discutir os valores propostos. Eles alegam que pode haver perda de receita. Mas esse medo também havia quando foi aprovado o Simples. Agora acredito que conseguire-mos votar. Temos novas administrações estaduais, então podemos rediscutir o tema”, afi rmou o deputado. Segundo Var-gas, assim que houver consenso nos esta-dos, os parlamentares vão pedir urgência na votação do projeto, o que o isenta de passar pelas comissões da Casa e o leva direto ao Plenário.

O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, destacou a importância de se votar com urgência o PLP. “Os parlamentares sabem da importância das MPE para a economia e a Frente tem uma agenda fundamen-tal”, assinalou ele.

//PromessaO pedido virou uma promessa do presiden-te da Câmara, deputado Marco Maia (PT/RS), que também compareceu ao encontro. “Precisamos colocar o projeto em votação rapidamente e dar às micro e pequenas em-presas esse instrumento para que possam continuar contribuindo para o desenvolvi-mento do nosso país”, garantiu Maia.

Outro ponto importante do PLP é a previsão do parcelamento especial para dé-bitos do Simples Nacional, o que hoje não é permitido, segundo lembrou o senador José Pimentel (PT/CE), ex-coordenador da Frente. “Temos 600 mil MPE endividadas. Por isso, precisamos criar um programa de refi nan-ciamento. Algumas secretarias de fazenda estão matando o Simples Nacional”, criticou. A ideia do projeto é que o empresário tenha direito a três parcelamentos simultâneos. Elas recolherão o valor a ser pago no sistema acrescido de um índice sobre a receita fi xado em 1% para a pequena empresa e em 0,5% para a microempresa. E

Foto

: Den

ise G

uim

arãe

s

Page 20: Empresa Brasil 68

4 EMPREENDER // SEBRAE

/ /Créd i to/ /

“É EQUIVOCADA A CONCEPÇÃO DE QUE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

NÃO GERA EMPREGO. NÃO HÁ COMO HAVER CRESCIMENTO

SEM INOVAÇÃO” – ALOIZIO MERCADANTE, MINISTRO DA

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FAT APROVA R$ 2,6 BILHÕES PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

O Conselho Deliberativo do Fun-do de Amparo ao Trabalhador (Codefat) aprovou um investi-mento de R$ 3,5 bilhões para

programas de geração de emprego e renda em 2011. Do novo recurso, R$ 2,6 bilhões se-rão destinados a programas como o Proger Urbano, FAT Fomentar e FAT Infraestrutura, que benefi ciam diretamente os micro e pe-quenos empreendimentos e incentivam a geração de empregos.

Somando os R$ 3,5 bilhões às reapli-cações dos fi nanciamentos antigos, serão disponibilizados R$ 7,7 bilhões nos vários programas do FAT neste ano.

Os recursos vão fomentar a criação de novos postos de trabalho e a modernização

de micro e pequenos negócios em setores produtivos, como comércio e turismo. O des-taque fi cou pela manutenção das linhas de crédito, FAT Taxista (R$ 100 milhões) e FAT Moto-Frete (R$ 100 milhões).

O Codefat aprovou ainda a aplicação de R$ 220 milhões em inovação tecnológica. Os ministros da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, defendem a aplicação de parte do re-curso em inovação e tecnologia. “É equivoca-da a concepção de que inovação tecnológica não gera emprego. Não há como haver cres-cimento sem inovação”, afi rma Mercadante.

“Defendo que as empresas precisam apostar na inovação tecnológica e que essa inovação não vai cortar e sim incrementar postos de trabalho”, avalia Lupi.

Em 2011, R$ 13,4 bilhões do orçamento do FAT estão destinados a políticas desenvol-vidas pelo Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico Social (BNDES). O restan-te vai fi nanciar o pagamento de benefícios, a qualifi cação profi ssional de trabalhadores e a geração de emprego e renda por meio dos programas voltados principalmente aos setores estratégicos como transporte coleti-vo de massa, infraestrutura turística e obras de infraestrutura voltadas para a melhoria da competitividade do país e projetos de inova-ção tecnológica por meio da Finep. E

Recursos vão fomentar a criação de postos de trabalho e a modernização das MPE em setores produtivos, como comércio e turismo

Com a reaplicação de fi nanciamentos antigos, o FAT vai destinar neste ano R$ 7,7 bilhões que serão disponibilizados em diversos programas

Foto

: Ber

nard

o Re

bello

/ Ag

ênci

a Se

brae

de

Not

ícia

s

Page 21: Empresa Brasil 68

Março de 2011 5

/ /Comérc io e le t rôn ico/ /

SITE CRIA CURSO DE E-COMMERCE PARA EMPREENDEDORESMicro e pequenas empresas representam 54% das vendas realizadas pelo Mercado Livre em 2009

O Mercado Livre entrou no uni-verso da capacitação. O site de vendas lançou o Circuito de Capacitação para E-Com-

merce, programa inédito de educação a distância para vendedores e empreen-dedores da web. A solução atende novos usuários, que ainda estão conhecendo as oportunidades de ganhar dinheiro por meio do comércio eletrônico, e também os mais experientes, interessados em pro-fi ssionalizar e incrementar seus negócios.

“Temos como missão democratizar o comércio eletrônico para que seja rápido e com uma política de preço agressiva. Cria-mos soluções para que o empreendedor anuncie, venda, compre e tenha seguran-ça. Tudo isso muitas vezes de maneira gra-tuita”, afi rma o diretor-geral de operações da empresa no Brasil, Helisson Lemos.

São 19 cursos voltados para quem quer vender no site, com diversas técnicas de construção e gestão em e-commerce. Para participar do programa, o interes-sado deve preencher o cadastro no site http://www.mercadolivre.com.br/circuito e fazer sua matrícula no curso desejado. A taxa de inscrição pode ser paga pela plataforma de pagamentos online Mer-cadoPago e varia de acordo com o nível desejado, iniciando com cursos gratuitos

e chegando ao valor máximo de R$ 69,90 para os cursos avançados.

Os números do MercadoLivre im-pressionam. São 50 milhões de usuários cadastrados em 13 países, 9 milhões de compradores e 3 milhões de vendedores. O alvo principal da gigante de compras online nos últimos meses têm sido os empreendedores e as micro e pequenas empresas. O segmento representa 54% das vendas realizadas no site, em 2009.

Pesquisa realizada pela Nielsen a pedido do MercadoLivre revela que hoje existem na América Latina 52 mil famí-lias cuja renda depende exclusivamente das vendas no site de compra e venda. O levantamento mostra também que nos próximos seis meses, 9 mil postos de trabalho deverão ser criados. A média de cada lojista no site é de 3,4 empregados.

A empresa recentemente lançou o Mercado Shops, uma plataforma gratuita de desenvolvimento de comércio eletrô-nico. “As lojas virtuais recebem publici-dade do MercadoLivre. O nosso objetivo é gerar conhecimento”, diz Lemos. Para quem quer uma página sem publicidade, mais limpa e com suporte, pode optar por uma versão paga de R$ 99 por mês. Segundo Lemos, já foram desenvolvidas milhares de lojas online.

OS NÚMEROS DO MERCADOLIVRE IMPRESSIONAM: SÃO 50 MILHÕES DE USUÁRIOS CADASTRADOS EM 13 PAÍSES, 9 MILHÕES DE COMPRADORES E 3 MILHÕES DE VENDEDORESE

Os cursos são voltados para quem quer vender no site, com diversas técnicas de construção e gestão em e-commerce

Foto

: Div

ulga

ção

Page 22: Empresa Brasil 68

6 EMPREENDER // SEBRAE

/ /Emprego//

BRASIL REGISTRA EXPANSÃO DE EMPREGOS EM JANEIROEmpreendimentos de micro e pequeno portes geraram 80% dos postos

ados do Cadastro Geral de Empre-gados e Desempregados (Caged), divulgados no fi nal de fevereiro pelo Ministro do Trabalho e Em-

prego, Carlos Lupi, revelam que foram cria-dos 152.091 novos empregos formais em janeiro. As MPE foram responsáveis por 80% da expansão.

Para o ministro Lupi, os números repre-sentam uma adequação ao mercado ”Nós tivemos em janeiro de 2010 um efeito de crescimento da contratação comparado com as demissões que tivemos em 2009. Então, muitas empresas começaram a recontratar. Em 2010 foram mais de 2,5 milhões de empregos criados. O que vemos agora é uma adequação do emprego ao mercado de trabalho, ao resultado da eco-nomia a cada ano”, disse o ministro.

As micro e pequenas empresas, grandes responsáveis pela expansão do início do ano, geraram 79% das vagas com carteira assina-da. Das 152.091 vagas criadas no início do ano, 121.368 foram geradas por negócios com no máximo 99 funcionários. Em janei-ro, os empreendimentos que empregam até quatro trabalhadores foram responsáveis por 69% dos postos de trabalho, seguidos por aqueles que empregam entre 20 e 99 fun-cionários, que participaram com 7,9% do sal-do total. As empresas que empregam entre cinco e 19 trabalhadores foram responsáveis por contratações líquidas da ordem de 2,3%.

Serviços, comércio e indústria de transforma-ção foram os setores com maior destaque na criação de postos de trabalho.

“As micro e pequenas empresas são as grandes geradoras de emprego e renda no Brasil e cada vez mais se fi rmam como pro-pulsoras de desenvolvimento. A estabilida-de econômica que o país vive hoje, somada às oportunidades dos próximos anos por conta dos grandes eventos, fará com que esses números sejam cada vez melhores”, avalia o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

//Dados da expansãoO resultado de janeiro é o segundo melhor em relação ao saldo da série histórica do Caged para o período, iniciada em 1992. Apenas janeiro de 2010, quando foram criadas mais de 184 mil vagas, superou o aumento registrado no mês passado.

Entre as unidades da federação, 21 aumen-taram o nível de emprego em janeiro. Em cinco delas houve recorde, como nos estados de Goiás e Paraná. Para o ministro, janeiro passado mos-trou um comportamento muito bom. “Foi o se-gundo melhor janeiro da história e a tendência é manter esse ritmo e até crescer”, prevê Lupi.

Os setores que mais contribuíram para a geração de empregos em janeiro foram os serviços, a indústria de transformação e a construção civil, nessa ordem, sendo que os serviços e a indústria extrativa mineral registraram recordes para o período.

A agricultura também obteve um bom de-sempenho, ao apontar um aumento de 8.324 postos, resultado bem superior ao observado em janeiro de 2010 (4.143 empregos). Os únicos setores que apresentaram queda no emprego foram o comércio e a administração pública, devido a fatores sazonais.

As micro e pequenas empresas crescem promovendo geração de emprego e renda

E

Empreender Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 604/605, módulos 30 e 31, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 - Fone: (61) 3348-7494 - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 - Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae

Foto

: Ber

nard

o Ra

bello

D

Page 23: Empresa Brasil 68

Março de 2011 17

Empresários brasileiros vão visitar a primeira fase da Canton Fair em abril

CACB organiza missão para a China

A CACB está organizando uma missão empresarial à China, para visitar, em abril, a primeira fase da Canton Fair, a maior feita comercial chinesa e uma

das maiores do mundo. O grupo visitará Guangzhou (onde acontece a feira), Shanghai, Hong Kong e Pe-quim, tendo ainda a opção de visitar Macau. As vagas são limitadas e o prazo para inscrição se encerra dia 13 de março.

O roteiro da viagem tem saída marcada para o dia 13 de abril, em São Paulo (saída à 1h25min do dia 14), e retorno dez dias depois, num domingo, dia 24 de abril, com possibilidade de ampliar a viagem em mais três dias em Dubai e programação opcional a Macau.

Operada pela agência Baumann Travel, consulto-ria de negócios com sede em Beijing, a missão vai conhecer a primeira fase da Canton Fair – a segunda, tradicionalmente ocorre em outubro de cada ano. Estarão na exposição: maquinário pesado e equipa-mentos; bicicletas; motocicletas; autopeças; veículos; produtos químicos; TI; hardware; ferramentas e fer-ragens; maquinário para construção; eletrodomésti-cos; eletrônicos (produtos e equipamentos); compu-tadores e equipamentos de comunicação; lâmpadas e iluminação; materiais de construção, equipamentos sanitários e pavilhão internacional.

O pacote da missão inclui duas etapas por pessoa:

terrestre e área. A terrestre nas cidades de Canton Fair, Shangai, Pequim e Hong Kong a um preço que varia de US$ 4.500,00 em apartamento duplo ou single US$ 5.450,00. A passagem aérea a partir de US$ 2.430,00 na econômica ou US$ 9.300,00 na executiva.

O preço é parcelado em até 12 vezes no cartão de crédito e os participantes devem apresentar o cer-tifi cado internacional contra a febre amarela emitido até 11 dias antes do embarque. Mais informações no www.baumann-travel.com

Roteiro prevê visita a Hong

Kong e Pequim

FEIRAS & EVENTOS

DisponibilidadesCada membro da missão pode escolher

até cinco produtos diferentes para serem pes-quisados. O prazo de entrega da fi cha de ex-pectativa para recebimento da pesquisa é de 30 dias antes da data da viagem. O relatório dos potenciais fornecedores contém as infor-mações dos principais expositores do setor de interesse que estarão participando da feira.

Cada intérprete auxilia cinco empresas na tradução do inglês/chinês para português. É pos-sível também convidar fornecedores de produ-tos que não estão expondo na Canton Fair para participar da rodada de negócios.

Page 24: Empresa Brasil 68

18 Empresa BRASIL

Com um corte de R$ 50 bilhões no orçamento da União, governo federal tenta pôr um freio no recrudescimento da infl ação, que pode chegar a 6% em 2012

Chegou a hora de pagar a conta

A economia brasileira está no sinal ama-relo. Mesmo com o corte de R$ 50 bilhões no orçamento de 2011, o governo ainda vai gastar um total de

R$ 719 bilhões em 2011, ou seja, R$ 64 bilhões ou 9,8% mais do que gastou no orçamento de 2010 equivalente a R$ 655 bilhões.

O aumento de preços vem se acelerando desde meados do ano passado. O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo –, calculado pelo IBGE, acumula uma alta de 6% nos últimos 12 meses, de fevereiro/10 a janeiro/11, acima do centro da meta ofi cial de 4,5%. O indicador apenas confi rmou uma sensação que já vinha sendo experimentada pelas donas de casa que sentiram o aumento de preços bem antes dos cálculos econômi-cos. Produtos como o feijão aumentaram 63%, a car-ne, nos seus cortes nobres, com reajuste de 52% (fi lé mignon), e em alguns açougues o preço da carne che-gou a custar o dobro do bacalhau do Porto.

É preciso evitar, a qualquer custo, que a espiral infl acionária reacenda, explicou o ministro Guido Mantega, da Fazenda. Sabe-se, por exemplo, que os

preços dos alimentos estão em alta no mundo intei-ro. Fatores como a seca na Austrália e a queda na produção argentina de carnes contribuíram para que os preços se elevassem. Enquanto isso, mais brasi-leiros, mais chineses e mais indianos são incluídos na sociedade de consumo e passam a consumir mais.

O aumento da demanda está por trás também do aumento de 11% nos restaurantes, da alta de 12% nas tarifas de hotéis, 14% nos bilhetes aéreos e 31% nos ingressos para as partidas de futebol. Con-tribuem também para o aumento de preços o núme-ro de empregados no Brasil, pois o desemprego está no menor patamar da história recente.

Tudo seriam boas notícias se a economia brasileira pudesse suportar este ritmo de crescimento acelera-do – chegou a 8% no último ano. Quando a deman-da cresce mais que a oferta, começa a remarcação de preços e, por fi m, a perda do poder de compra. Levantamento da revista Veja mostra que em janeiro do ano passado, um salário mínimo cumpria uma jor-nada de 86 horas e 48 minutos para comprar os ali-mentos que formam a cesta básica. No mês passado,

O ministro da Fazenda, Guido

Mantega, e a ministra Miriam

Belchior, do Planejamento,

anunciam cortes orçamentários

CONJUNTURA

Page 25: Empresa Brasil 68

Março de 2011 19

este mesmo trabalhador, para comprar a mesma coisa teria que trabalhar quase nove horas a mais.

É uma longa e complexa cadeia que, acionada, vai realimentando todo processo infl acionário. Para quebrar esta engrenagem, a economia tem dois exemplos clás-sicos de medidas: aumentar os juros e cortar os gastos públicos. Remédios amargos que já estão em prática. Os juros aumentaram de 40%, em dezembro, para 49%. A Selic (taxa básica de juros) foi ampliada para 11,25% e a expectativa é de subir nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) até chegar em torno de 12,5% em dezembro deste ano.

Com o crédito mais caro o governo quer esfriar a economia. A ordem agora é austeridade. Se o tama-nho dos gastos não surpreendesse em 2010, a situa-ção da economia brasileira seria melhor, afi rmam os economistas. Mas não foi isso que aconteceu e agora será necessário um esforço maior.

O momento é de atenção

O próprio Banco Central estima que o IPCA feche em 5,75%, previsão mais alta desde 2005 para a época do ano em que estamos. No entanto, são números ainda dentro da meta, cujo centro é 4,5% e o topo 6,5% – previsão mais pessimista feita pelas instituições privadas.

A verdade é que a infl ação está em franca expansão. O IPCA de janeiro chegou a 0,83% – o maior salto mensal desde abril de 2005 – e acumulou alta de 6% nos últimos 12 meses.

Eterna vigilânciaO Brasil vive hoje uma fase muito diferente da

época em que a moeda perdia valor diariamente. Os brasileiros já sabem – e é bom não esquecer - o que signifi ca uma infl ação que superou os 80% ao mês. No entanto, não vamos nos iludir, lembra o coorde-nador do curso de pós-graduação em economia, da Unisinos (RS) e economista da Federasul, André Aze-vedo. Se a infl ação descontrolada é passado, o mons-tro está apenas adormecido. Não morto. O preço de manter a infl ação sob controle é a eterna vigilância.

O Brasil se descuidou e não foi por falta de aviso. Todos alertaram o governo das consequências da gas-tança desenfreada, da má gestão do dinheiro público e da falta de preparo do Brasil para suportar o cresci-mento econômico, que fechou 2010 em ritmo chinês.

Todos sabem que pagaremos um preço alto pelo desleixo público, pelos gastos desenfreados em prol de benefícios políticos feitos pela bondade para alguns e pagos com dinheiro de todos. O preço de enfren-tar a ameaça infl acionária virá através de um cresci-mento menor da economia. “O remédio é ruim, mas deve ser tomado agora”, enfatiza Cairoli.

André Azevedo, economista da Federasul: “O preço de manter a infl ação sob controle é a eterna vigilância”

Março de 2011 19

Page 26: Empresa Brasil 68

20 Empresa BRASIL

NEGÓCIOS

Negócio de franquia deve movimentar mais de R$ 150 bilhões até a Copa

O negócio de franquia no Brasil não deve arrefecer nem mesmo com a elevação da taxa de juro e a restrição ao crédito. Dados extraofi ciais indicam

que o segmento projeta para 2011 um incremento em torno de 15% em comparação ao ano anterior. Con-fi rmado esse resultado, o sistema completará seis anos ininterruptos com crescimento de dois dígitos –um de-sempenho sem similar na economia nacional.

O ano de 2010 foi marcado por novo recorde no faturamento do setor, com um total de R$ 75 bilhões, diante de R$ 63 bilhões do ano anterior, o que repre-sentou uma evolução de 20%. No mesmo exercício, o número de franqueadas alcançou 90 mil unidades em comparação a 80 mil de 2009, reunindo um total de 1.900 marcas.

Responsável pela geração de cerca de 700 mil em-pregos diretos, o sistema de franquias é um dos que mais investem em treinamento e qualifi cação da mão de obra, diz o presidente da ABF (Associação Brasileira de Franquias), Ricardo Bomeny. Além disso, segundo ele, contribui de forma signifi cativa para a descentraliza-ção da economia, uma vez que a natureza da franquia é a expansão e o alcance geográfi co.

Apesar de uma conjuntura incerta, dada a elevação dos índices de infl ação e das taxas de juro, o franchising no Brasil deve duplicar de tamanho até 2014, ano da Copa do Mundo de futebol. Até lá o setor deverá mo-vimentar mais de R$ 150 bilhões, prevê Bomeny. Um dos alicerces desse crescimento é o capital estrangeiro. “Nunca houve tanto interesse de empresas estrangei-ras pelo mercado brasileiro, em decorrência do rápido crescimento desta área de negócios”, relata.

Para Bomeny, com um índice de mortalidade de

empresas de apenas 1%, o sucesso do sistema no Brasil deve-se a uma combinação de diversos fatores positivos. Além do desempenho da economia, o setor passou a atrair mais empresas devido à grande expan-são de shopping centers. Outro fator importante foi a adoção de um regime tributário menos oneroso para o pequeno varejista, com o Supersimples.

O presidente da ABF considera o crescimento sustentável do franchising no Brasil como o maior de-safi o do setor. Isso implica a contínua capacitação das empresas, mediante cursos para a melhoria da gestão do capital humano e de processos, o que será facilita-do pela expertise brasileira. “O Brasil é o único país do mundo que tem cursos de MBA em franchising. Nos últimos três anos passaram por nossos programas mais de 180 executivos e empresários”, atesta.

Um dos alicerces desse crescimento será o capital estrangeiro, que vem demonstrando crescente interesse pelo mercado brasileiro

Faturamento em 2010: R$ 75 bilhõesNúmero atual de marcas: 1900Número de unidades: 90 mil

Previsão para 2014Faturamento: R$ 150 bilhõesNúmero de marcas: 2.500, das quais 15% internacionaisNúmero de pontos: 100 mil

Ricardo Bomeny, presidente da ABF: setor deve duplicar de tamanho até 2014

Page 27: Empresa Brasil 68

Março de 2011 21

Um dos ganhadores do prêmio ABF (Associação Bra-sileira de Franquias 2010), a Casa do Construtor – rede com 65 unidades que atua em nove estados brasileiros, no mercado há 17 anos – é a única empresa franquea-dora no ramo de locação de equipamentos com foco no varejo da construção civil. Seu diferencial é o ineditismo da locação de equipamentos para pequenas obras, reformas e ampliações residenciais, comerciais e industriais.

O investimento médio para a abertura de uma unida-de da Casa do Construtor com área mínima de 250 m² é de R$ 450 mil, e a taxa de franquia entre R$ 25 mil e R$ 50 mil. O prazo médio de retorno do investimento oscila entre 24 e 30 meses.

Diretoria da Re/Max, da

esquerda para a direita: em pé, Luis

Carlos Julião, Jose Luiz Monteis, Paulo

Toledo, e à frente, Renato Teixeira

A Re/Max Internacional, maior rede de franquia imobiliária do mundo em transações, iniciou sua operação no Brasil em outubro de 2009, com uma estratégia agressiva para con-quistar a liderança do mercado de franquias imobiliárias no país. De outubro de 2009 a novembro de 2010, a rede já estava com 100 franquias em todo o país. Hoje, conta com 50 franquias em operação e 140 franquias comer-cializadas no Brasil.

Fundada nos Estados Unidos por Dave e Gail Liniger, em 1973, período marcado pela crise mundial do petróleo, a Re/Max baseia-se em três superlativos: de serviço para o cliente, de comissão para o corretor e de rentabilidade para o franqueado.

Liniger é considerado um dos principais líde-res empresariais norte-americanos e revolucio-nou o mercado imobiliário na década de 70 por meio das franquias imobiliárias. A Re/Max, pre-sente em 83 países e com mais de 100 mil cor-retores em todo o mundo, é a rede de franquias imobiliárias que mais vende imóveis no planeta.

Para abrir uma franquia da Re/Max não é necessária experiência anterior com o setor imobiliário. Isso porque a rede oferece todo o suporte necessário para sua preparação.

“Mas é necessário um perfi l empreendedor, de quem quer estar à frente do negócio, e com visão de futuro”, aponta Renato Teixeira, presi-dente da rede no Brasil. A operação brasileira é case de sucesso dentro da Re/Max.

Após dez anos produzindo peças para diversas grifes de moda, as sócias Rita Mascarenhas e Rosana Macedo identifi caram a necessidade de criar um espaço, no qual a cliente poderia montar a sua própria bijuteria.

Com um novo conceito de negócio e consumo, a Fundição Filomena, com sede no Rio de Janeiro, surgiu em 2008 e logo deu início às franquias, chegando a 20 lojas em seu primeiro ano de operação.

No ano passado, a rede faturou cerca de R$ 300 mil, o dobro em comparação ao ano anterior. Para 2011, a Fi-lomena estima atingir o número de 30 unidades e dobrar novamente o faturamento comparado ao de 2010.

Marca americana é case de sucesso no Brasil

Avanço da construção civil alavanca rede

Design, moda e estiloa preços acessíveis

Rita Mascarenhas

e Rosana Macedo, da

Fundição Filomena

Page 28: Empresa Brasil 68

22 Empresa BRASIL22 Empresa BRASIL

Fortalecimento e integraçãoAgregar valor às ACEs e incentivar a sinergia entre capital e interior são algumas das metas da gestão de Rainer Zielasko na Faciap

DESTAQUE FEDERAÇÕES

Foto

: Rub

ens N

emitz

Jr

Desde o começo deste ano, o empre-sário de Toledo (oeste paranaense)Rainer Zielasko tem como desafi o liderar uma das principais entidades

empresariais do país. Trata-se da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), que representa 288 associações comerciais – um universo de 40 mil empresas – e está pre-sente em pelo menos sete de cada 10 municípios paraenses.

Em entrevista a Empresa Brasil, Zielasko falou sobre seu plano de gestão e os principais assuntos de relevância da economia brasileira. Leia a seguir:

Empresa Brasil: Quais os principais desafi os da nova gestão?

Rainer Zielasko: Primeiro, o fortalecimento das Associações, além de oferecer treinamentos e de-mais ferramentas de capacitação para a gestão des-sas entidades. Para que elas cresçam a serviço dos associados, precisamos focar na sustentabilidade das ACEs. Isso é fundamental. O segundo ponto é a ges-tão da representatividade do nosso sistema através da força que a Faciap hoje tem perante as instituições públicas. E tratando de representatividade, estamos desenvolvendo uma agenda positiva junto ao gover-no do estado e também na esfera federal, com o objetivo de buscar soluções para questões como in-fraestrutura, reforma tributária, fi scal, política, câmbio e todos os demais fatores que afetam negativamente a competitividade das nossas empresas.

Como pretende realizar a integração entre interior e capital, tema que é um dos pontos de seu discurso de posse?

Temos em nossa chapa um grande número de lí-deres empresariais que representam todas as regiões do estado. Isso comprova que a Faciap vai atuar de forma efetiva no interior, em um trabalho harmonio-so entre as lideranças do interior e as da capita. Des-sa forma, nós podemos desenvolver de forma mais homogênea uma série de ações em todo o Paraná.

Uma das bandeiras da Faciap é a Lei Geral. Como a entidade articulará este movimento no estado?

Não só pretendemos regulamentar, mas tam-bém implementar a Lei Geral nos municípios em que isso já aconteceu. Assim teremos um aumento

Page 29: Empresa Brasil 68

Março de 2011 23Março de 2011 23

no número de empresas formais. Junto a isso, va-mos promover uma inclusão na tecnologia.

Como aplicar o mesmo modelo em outras cidades e em todo o Brasil?

Essas experiências serão disseminadas. Estamos preparando cinco pré-convenções regionais, em que as boas práticas e experiências serão levadas para as demais associações. Em parceria com o Sebrae, o Capacitar é uma das ferramentas para profi ssionalizar mais a gestão dentro de uma ACE, para que ela se torne uma verdadeira agência de fomento de desen-volvimento no município.

Como se processará a profi ssionalização dos executivos das associações comerciais no Paraná?

A capacitação já foi realizada em 62 associações e em todas houve uma melhoria dos indicadores, o aumento no número de associados e, consequente-mente, o incremento na receita da entidade, e isso será levado para as demais ACes. Vamos montar equipes de consultores treinados para os cursos e para atender à demanda. Havendo troca de dire-toria ou de executivos na associação, eles terão que ter pré-requisitos para que não se perca o foco de trabalho profi ssional e o atendimento ao empresário.

Quais devem ser as prioridades da agenda empresarial no país?

Trabalhamos em duas correntes. Primeiro, co-brando que o governo também implemente na ges-tão pública o que fazemos nas nossas empresas e nas nossas ACEs, que é a preocupação com resultados, com indicadores, para que exista uma máquina públi-ca menor, mais enxuta e com mais efi ciência. Quan-to ao poder legislativo, este deve trabalhar com as grandes reformas de que o país precisa para se tornar competitivo: reforma tributária e política, a questão da guerra cambial, desoneração da folha de paga-mento e a gestão pública com efi ciência, para sobrar mais dinheiro para investir na infraestrutura. Tem tam-bém a questão da segurança jurídica, em que temos uma grande carência na legislação brasileira. Hoje, a lei permite diferentes interpretações para o mesmo

assunto e isso causa problemas muito graves para o empresário.

Qual deve ser a posição do meio empresarial no que se refere à racionalização e redução dos gastos públicos?

Queremos a profi ssionalização da gestão pública com metas, com dados e medição de resultados. O governador do Paraná, Beto Richa, está implemen-tando contratos de gestão com seus secretários, com metas preestabelecidas. Essa prática deveria servir de exemplo para o país.

Qual a perspectiva de uma verdadeira reforma tributária no país?

A reforma tributária hoje é um grande problema; nin-guém quer ceder. Mas ela é fundamental , porque, como já foi colocado, vemos estados brigando entre si para atrair empresas. O que precisamos é de uma reforma que sim-plifi que e reduza o sistema tributário no país. A experiên-cia comprova o quanto isso é efi ciente, quando se diminui a carga tributária como aconteceu no Simples Nacional. Você aumenta o número de empresas formais e o estado arrecada mais; surgem novas empresas ainda mais com-petitivas e, ao fi nal desse ciclo, todo o país se desenvolve, gerando ainda mais recursos para o governo.

Qual a sua expectativa sobre a reforma política?

Não podemos deixar simplesmente na mão dos legisladores, é necessário que a população se mani-feste, opine, exija e cobre.

E sobre a redução de 44 para 40 horas da jornada de trabalho, que voltará para a pauta do Congresso em 2011?

A conta é simples: o que gera emprego é o de-senvolvimento da economia. Observamos isso nos últimos oito anos, quando o país teve uma taxa de desemprego de 12%, e hoje ela está em torno de 5,5%. Então, o problema não é mais emprego, é gente qualifi cada. Nós temos feito isso nas federações e nos sindicatos com cursos de qualifi cação de mão de obra e técnicos profi ssionalizantes. É nessa linha que se deve trabalhar.

Page 30: Empresa Brasil 68

24 Empresa BRASIL

O novo presidente do Serviço Brasi-leiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o ex-ministro do Turismo Luiz Barretto prevê a entra-

da no Simples Nacional de destilarias de aguardentes, vinhos, cervejas e licores artesanais. O novo projeto propõe a entrada de todas as atividades do setor de serviços que ainda não estão no sistema. “Elas fi carão numa nova tabela de tributação vantajosa para em-presas com pelo menos 40% da sua receita compro-metida com a folha de pagamento”, afi rma Barretto nesta entrevista a Empresa Brasil.

Empresa Brasil: Qual a sua previsão sobre a votação do projeto que altera as regras do Simples Nacional?

Luiz Barretto: O grande impulso que tivemos foi a reinstalação da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, composta por 223 deputados e 19 senadores comprometidos com os temas ligados às

MPE. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, já demonstrou apoio ao projeto e também há sinalizações positivas por parte do governo federal. Nossa expectativa é de que o projeto seja votado ainda no primeiro semestre deste ano.

Quais as novas categorias que deverão ser incluídas no regime de tributação especial?

O projeto prevê a entrada no Simples Nacional de destilarias de aguardentes, vinhos, cervejas e lico-res artesanais. O projeto propõe a entrada de todas as atividades do setor de serviços que ainda não estão no sistema. Elas fi carão numa nova tabela de tributação vantajosa para empresas com pelo menos 40% da sua receita comprometida com a folha de pagamento.

A criação do Simples Rural está incluída neste projeto?

Sim, o projeto ainda prevê a criação do Simples Rural, que equipara o produtor rural aos benefícios não

A promessa é do novo presidente do Sebrae nacional, Luiz Barretto, que tomou posse em 3 de fevereiro

Simples Nacional vai incluir novas atividades do setor de serviços

DESTAQUE CACB

Barretto: meta do Sebrae é alcançar 1,5 milhão de empreendedores individuais até o fi nal do ano

Page 31: Empresa Brasil 68

Março de 2011 25

tributários do Empreendedor Individual, além de criar mecanismos como os comitês gestores de pontos es-tratégicos da Lei Geral, como compras governamentais.

Há casos de empreendedores que se quei-xam de burocracia. Qual a orientação do Sebrae nessa questão?

A formalização é feita de forma rápida, simples e sem burocracia pelo Portal do Empreendedor. Para tanto, basta o empreendedor acessar o portal e preencher os dados da fi cha de inscrição. Como todo o processo é pela internet, o CNPJ, a inscrição na Junta Comercial, no INSS e o alvará provisório de funcionamento são obtidos imediatamente, gerando um documento único, que é o Certifi cado da Condição de Microempreendedor Indivi-dual Como não existe necessidade de assinaturas ou en-vio de documentos e cópias, o processo ganha agilidade.

Tudo sem custo?Todo este processo não tem custo nenhum. Para a

formalização e para a primeira declaração anual existe uma rede de empresas de contabilidade que são optan-tes do Simples Nacional e que irão realizar essas tarefas sem cobrar nada no primeiro ano. O empreendedor individual paga imposto “zero” para o governo federal e apenas valores simbólicos para o município (R$ 5,00 de ISS) e para o Estado (R$ 1,00 de ICMS). Já o INSS será reduzido a 11% do salário mínimo (R$ 59,95). O empreendedor formalizado tem direito a muitos outros benefícios. Como ele passa a contribuir para a previdência social, poderá receber o auxílio-doença, aposentadoria por idade, salário maternidade e pensão, por exemplo. Ainda terá acesso a serviços bancários, in-clusive crédito para ampliar seus negócios com redução de tarifas e taxas de juros adequadas.

Qual o número atual de empreendedores in-dividuais no país e as metas do Sebrae?

Em 25 de fevereiro já tínhamos 956.576 empre-endedores individuais inscritos. Acredito que chega-remos à marca de um milhão até março e atingire-mos nossa meta de 1,5 milhão até o fi nal de 2011. Isso deverá contribuir de forma decisiva para o forta-lecimento da economia brasileira, com a inserção de milhares e milhares de pessoas na economia formal.

No caso do Empretec, o Sebrae tem alguma meta para este ano?

O Empretec teve a participação de 14.609 clientes em 2010, sendo 8.773 empresas e 5.836 pessoas físicas. Ao todo foram realizados 678 seminá-rios em todo o país. Para 2011, a meta é capacitar 15 mil pessoas. No triênio 2011-2013 serão investidos R$ 2,6 milhões na gestão do programa.

Quais as ações previstas para 2011 no caso do incentivo às exportações de MPEs?

Queremos incluir no Projeto de Lei 591/10 um dispositivo que irá possibilitar às MPE aumentar suas exportações. O Simples benefi cia empresas com fatu-ramento anual de até R$ 2,4 milhões. O projeto de lei complementar aumenta esse teto para R$ 3,6 milhões. Queremos incluir no projeto a possibilidade de que o faturamento nas exportações, até um limite equivalente ao teto, R$ 3,6 milhões, não seja levado em conta no cálculo do enquadramento no Simples. Na prática, uma empresa, para receber o benefício do imposto simplifi -cado, poderia faturar até R$ 7,2 milhões, desde que R$ 3,6 milhões sejam provenientes de exportações.

Qual o orçamento do Sebrae para 2011? O Orçamento do Sebrae para 2011 é de R$ 2,7

bilhões, sendo que são repassados para os Sebraes estaduais 65% deste valor.

Tecnologia e inovação

estão entre as prioridades de

Barretto no Sebrae

Foto

s: Se

basti

ão P

edra

Page 32: Empresa Brasil 68

26 Empresa BRASIL

Confi ança e competência

A arbitragem é um processo alternati-vo de solução de confl itos cada vez mais usado por grandes e pequenas empresas do mundo todo. Ela é ca-

paz de solucionar desde a inadimplência no interior mais longínquo do Brasil até disputas entre multina-cionais. O modelo não é novidade em nosso Direi-to, pois é legalmente reconhecido desde o período colonial, tendo sido incluído nas Constituições Na-cionais de 1824, de 1934, de 1937, e na vigente Constituição da República Brasileira de 1988, além de marcar presença nos Códigos Comercial, Civil e de Processo Civil.

Atualmente, a Arbitragem segue a Lei 9.307/96, a chamada Lei da Arbitragem, e vem sendo reconhe-cida como um método muito efi ciente de resolução de confl itos, sempre contribuindo para o desconges-tionamento do Poder Judiciário. Também conhecida como Lei Marco Maciel, foi criada especifi camente para introduzir no sistema brasileiro o juízo arbitral, criando um maior compromisso e confi ança entre as

partes envolvidas no confl ito aparente.Os aspectos mais importantes da arbitragem

são: a simplicidade, a objetividade, o sigilo e a rapi-dez do procedimento arbitral, que se sobrepõem à complexidade do processo jurídico tradicional.

Como funciona a arbitragemNo processo arbitral, as partes têm autonomia

para defi nir praticamente todos os detalhes. Quantos e quais árbitros, o local das audiências, os procedi-mentos e as regras a serem usados no processo, o tipo de direito usado e o idioma em que se desen-volverão os trabalhos (em caso de arbitragem inter-nacional). Por lei, a resolução deve acontecer em no máximo seis meses do início do processo, e a decisão arbitral tem valor de sentença – deve ser cumprida – e não pode ser questionada na Justiça tradicional.

Resumidamente, é como se fossem criadas re-gras particulares e de comum acordo entre os in-teressados. Isso garante, além de uma boa solução para o caso, sigilo, economia e a certeza de que

Lei de Arbitragem regula método há quase 15 anos, e consolida cada vez mais o espaço do método no cenário jurídico nacional e internacional

DESTAQUE CBMAE

STJ esclarece dúvidas sobre Lei da Arbitragem

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Page 33: Empresa Brasil 68

Março de 2011 27

o julgamento será realizado por pessoas com pro-fundo conhecimento da questão. Mesmo sendo um processo mais complexo que a mediação e a conci-liação, a arbitragem ainda é bem mais simples que o processo judicial.

A nomeação do árbitro só tem validade se o mesmo concordar em assumir a tarefa, estando con-vencido de que pode decidir com celeridade, impar-cialidade, competência, independência, diligência e discrição. O árbitro é o responsável por tomar depoi-mentos, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar importantes e necessárias.

Existem três caminhos para escolher qual proce-dimento será aplicado no processo arbitral: (a) as par-tes defi nem o rito do procedimento na convenção de arbitragem; (b) o procedimento será defi nido pelo órgão arbitral institucional ou entidade especializada ou pelo árbitro ou tribunal arbitral, conforme indica-ção das partes na convenção arbitral; (c) não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbi-tro ou colégio arbitral discipliná-lo.

Um dos pontos mais importantes da Lei de Arbi-tragem é a defi nição das peculiaridades próprias da sen-tença arbitral. As características mais importantes deste tipo de sentença são: o prazo fi xado de seis meses para o procedimento e a decisão ser defi nitiva, ou seja, não caber recurso à sentença arbitral.

Arbitragem InternacionalDesde a vigência da Lei de Arbitragem, a sentença

arbitral estrangeira depende da homologação do Su-premo Tribunal de Justiça (STJ) para ter validade no território nacional. Antigamente, esse procedimento era feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Há várias convenções e tratados fi xados por nosso país pela Arbitragem, como a Convenção In-teramericana sobre a Arbitragem Convencional Inter-nacional (1975), do Panamá; a Convenção Interame-ricana sobre a Efi cácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais Estrangeiros, de Montevidéu; o Tratado relativo à Cooperação Judiciária e ao reco-nhecimento e execução de sentenças em matéria civil, entre o Brasil e a Itália; e, recentemente, a Con-venção de New York.

Legenda sddjf jsdfo aiusg iufdsh giufh igfdh ghdfkgh asd gfsd fg dfg df g dfg

Cláusula Compromissória: as partes, prevendo divergências futuras, incluem uma cláusula em seu contrato que prevê a Arbitragem como método de solução de confl itos, além da indicação dos árbitros e outras informações necessárias para dar início ao procedimento arbitral.

Compromisso Arbitral: acordo no qual as partes se submetem à arbitragem, depois de já haver o confl ito. Segundo a Lei de Arbitra-gem, deverão constar os dados pessoais das partes e dos árbitros, a matéria que será objeto da arbitragem e o lugar em que será proferida a sentença arbitral.

Sutileza que faz diferença

A CBMAE coordena uma rede de 50 câmaras e 10 Postos Avança-dos de Conciliação Extraprocessual, onde podem ser realizados pro-cedimentos de arbitragem, mediação e conciliação, de acordo com a especialidade de cada centro. Você pode entrar em contato com a CBMAE pelo e-mail [email protected] e descobrir onde fi ca a Câmara ou posto mais próximo de sua residência.

Onde procurar

No Brasil, o processo de homologação e execução de sentença estrangeira depende do STJ

Page 34: Empresa Brasil 68

28 Empresa BRASIL

Trabalho a distância é a nova onda das empresas

O uso de novas tecnologias vem provo-cando transformações cada vez mais intensas no mercado de trabalho. Um dos principais fatores responsáveis por

essa tendência tem origem nas empresas interessadas em produtividade e inovação. Para alcançar essas me-tas, uma das opções preferidas é o incentivo ao teletra-balho – sistema pelo qual o funcionário não precisa ir até o escritório para realizar as suas tarefas.

Atualmente, 25% das empresas no Brasil adotam o trabalho remoto – em casa ou a distância de seu emprego –, de acordo com pesquisa divulgada, no ano passado, pelo Centro de Estudos Sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação. O levantamento apontou um crescimento de 10 pontos percentuais em relação a 2006, quando o índice era de 15%.

Segundo o professor Alvaro Melo, diretor de rela-ções internacionais, da Sobratt (Sociedade Brasileira de Teletrabalho), o segmento mantém um crescimento anual de 30%. Hoje, com base nos dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, de 2009, existem no país cerca de 10 milhões de teletrabalhadores – número que inclui formais, in-formais, autônomos e profi ssionais liberais.

Os ganhos da Ticket A Ticket, uma das maiores empresas do setor de

refeição e alimentação-convênio no Brasil, trabalha com esse modelo desde março de 2005. Na época, segundo Eduardo Távora, diretor comercial da empresa, a equipe de vendas era composta por cinco gerências regionais, representando 24 fi liais e 103 colaboradores. Após análi-ses de performance e de viabilidade econômica, 17 fi liais foram automatizadas e suas equipes passaram a trabalhar no sistema home offi ce, no qual 42 colaboradores come-çaram a trabalhar a partir de suas residências.

Para auxiliá-los nas atividades relacionadas dire-tamente ou indiretamente com processo de vendas, a Ticket desenhou novos processos, desenvolveu sistemas e criou um Business Center, em São Paulo. Atualmente mais de 120 colaboradores participam do projeto na área comercial da empresa.

Após seis anos do início do processo de implantação do home offi ce, nome pelo qual o programa é conhecido dentro da companhia, a economia gerada já chega a R$ 3,5 milhões. “Mais importante do que isso foi o ganho em produtividade”, destaca Távora. Dado o aumento médio de 1,5 visita ao dia, ou 1.770 ao mês, houve um cres-cimento de 40% no volume de vendas novas e um in-cremento de 76% na receita proveniente dessas vendas.

Brasil tem mais de 10 milhões de pessoas que trabalham em casa ou a distância de seu emprego, número que inclui formais, informais, autônomos e profi ssionais liberais; 25% das empresas já se decidiram pelo novo modelo

TENDÊNCIAS

Eduardo Távora, superintendente

da Ticket: ganhos de produtividade

Alvaro Melo, diretor da Sobratt:

trabalho remoto cresce 30% a cada ano

Obama utiliza modelo para economizar

O presidente Barack Obama assinou em de-zembro o “Telework Enhancement Act”, uma lei que estabelece seis meses para órgãos do gover-no aderir em ao teletrabalho. Tudo em busca da meta de Obama de reduzir o défi cit orçamentário dos EUA, que fechou 2010 em US$ 1,3 trilhão.

Page 35: Empresa Brasil 68

Março de 2011 29

Foto

: Edu

ardo

de

Sous

a

Citibank banca toda a infraestrutura dos funcionários que trabalham em casa

Sérgio Valente, presidente da DM9: anywhere offi ce é a tendência

Uma das cinco maiores agências em faturamen-to do Brasil e uma das mais criativas do mundo – foi quatro vezes apontada a Agência do Ano no Festival Internacional de Cannes–, a DM9 está em fase fi nal de estruturação de um modelo de home offi ce.

A ideia, segundo Sérgio Valente, presidente da agência, é liberar os profi ssionais envolvidos em pro-jetos específi cos que queiram usar a portabilidade para trabalhar de casa, do parque ou da biblioteca, desde que acordado com seu superior. “Sendo assim, tratar de home offi ce seria muito limitado, valeria o anywhe-re offi ce. E tudo dentro de um conceito: fl exibilidade com responsabilidade”, afi rma.

Ao oferecer a possibilidade de fl exibilidade e de home offi ce aos funcionários, a DM9 pretende usar a tecnologia disponível a favor da melhor produtivida-de de cada funcionário. E criar um ambiente de busca por inovação constante. “Essa questão do horário e da carga de trabalho sempre me preocupou. Costumo citar uma frase que tirei da biografi a de um grande em-

presário: ‘toda vez que vejo meu prédio aceso à noite constato o tamanho de nossa incompetência’. Ou seja, os profi ssionais precisam se organizar para entregar o trabalho pronto no prazo estabelecido.”

Desde 2008, o home offi ce também é uma rea-lidade para o Citibank. Atualmente, 186 profi ssionais trabalham diretamente de casa. Para isso, a empresa avalia se o local está apto para o trabalho e se o colabo-rador possui o perfi l para esta solução. Para promover mais qualidade de vida a seus funcionários, o Citi tam-bém aposta no horário fl exível – hoje, 320 funcionários já adotaram essa medida.

“Com o home offi ce, um tempo que antes era perdido agora passa a ser investimento”, comenta a generalista de Recursos Humanos do Citi Brasil, Ales-sandra Zeppelini.

Para manter o funcionário em casa, o banco paga despesas de internet banda larga, instala ramal próprio no local e fornece notebook específi co para se conec-tar à rede da empresa.

Uma aposta nohorário fl exível

DM9 prepara modelo de home offi ce

Page 36: Empresa Brasil 68

Março de 2011 31

Modernização e pressão popular: a Reforma Política■ Carlos Melo*

Os recentes acontecimentos no Orien-te Médio e a derrocada de regimes autocráticos confi rmam que o mun-do não apenas está farto de oligar-

quias como também se ressente de um novo modo de participação e democracia. Somente uma repre-sentação igualmente moderna e sintonizada com a sociedade e com a economia será capaz de levar adiante o desafi o do desenvolvimento, da mudan-ça, da transformação. Somente políticos conectados com seu povo, com seus eleitores, serão capazes de perceber as imposições da modernização e gerir a política do mundo moderno que se quer cada vez mais transparente, ética e democrática.

No Brasil, não vivemos exatamente os mes-mos abalos e nem estamos tão atrasados quanto o mundo árabe, mas não há como negar que nosso sistema político foi ultrapassado pela economia e pela sociedade, que se modernizaram extraordina-riamente nos últimos anos. Somos uma sociedade aberta, moderna, capaz de integrar vários setores por meio de uma comunicação tão democrática como ágil; somos uma economia pujante, atrativa de investimentos e em processo de expansão. Mas o modo como escolhemos nossos representantes e a relação que mantemos com eles não apenas são anacrônicos como também se tornaram de certo modo disfuncionais: o sistema funciona mais para si próprio do que para os interesses dos eleitores.

A continuidade e a sustentabilidade dessa so-ciedade e dessa economia dependem de reformas que deem fôlego ao desenvolvimento, que deem previsibilidade a investimentos capazes de criar ain-da melhores condições de integração e inclusão social. Para fi car em poucos exemplos, podemos afi rmar que precisamos de uma ampla revisão em

nossa legislação, de modo a dinamizar avanços em infraestrutura e no sistema educacional do país. Isso, no entanto, depende de uma Reforma Política, con-siderada, já na época de Ulysses Guimarães, como a mãe de todas as reformas.

Contudo, a Reforma Política no Brasil é uma des-sas ideias tão necessárias quanto gastas e renegadas na prática concreta dos interesses políticos: partidos e parlamentares verbalizam a necessidade de moder-nização política e do avanço de uma pauta de refor-mas, mas pouco se faz por temer a perda da com-petitividade eleitoral e do status quo conquistados. Mal comparando, é certo, mas pode-se afi rmar que o corporativismo parlamentar e partidário é hoje um entrave tão grande ao desenvolvimento quanto são pequenas e grandes ditaduras espalhadas pelo globo.

Quero crer que, felizmente, estamos longe das cenas que ora assistimos na Tunísia, no Egito ou na Líbia. Nada a ver e isso é bom. Mas, por outro lado, não podemos nos iludir acreditando que a moderni-zação do sistema político nacional, o enfrentamento do corporativismo e o desmanche de práticas fi -siológicas, patrimonialistas e nada transparentes se farão sem a participação da sociedade. A socieda-de precisará agir; colocar-se como instrumento de pressão; entender que não existe cidadania sem a participação e envolvimento do cidadão. A socieda-de é também responsável pela reforma e somente ela pode alargar seus limites.

O importante, portanto, é transformar a “ideia gasta” de Reforma Política numa ideia-força, numa bandeira popular efetiva. Tarefa que não é simples, mas necessária.

*Cientista político, doutor pela PUC-SP, professor de Sociologia e

Política do Insper. Autor de “Collor, o ator e suas circunstâncias”.

ARTIGO

“O modo como escolhemos nossos representantese a relação que mantemos com eles não apenas são anacrônicos como se tornaram de certo mododisfuncionais: o sistema funciona mais para si própriodo que para os interesses dos eleitores”

Page 37: Empresa Brasil 68

30 Empresa BRASIL30 Empresa BRASIL

O desafi o de Dilma

BIBLIOCANTO

Obra avalia evolução do Brasil

nos últimos 25 anos.

Em “O Novo Brasil” – As Conquistas Polí-ticas, Econômicas, Sociais e nas Relações Internacionais, o professor emérito da Universidade Columbia, de Nova York,

Albert Fishlow, avalia a evolução da política, da eco-nomia, da área social e da política externa do país nos últimos 25 anos.

Para Fishlow, o retorno do Brasil à democracia nada teve de linear. A Nova República passou por um difícil teste que envolveu a morte de um presidente da República, logo no seu início, um impeachment, poucos anos mais tarde, e pela infl ação nos governos de José Sarney e Fernando Collor.

Embora com perspectivas políticas e prioridades distintas, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva produziram uma continuidade econômi-ca coerente, relata o professor, que concorda com a avaliação da revista The Economist: “Houve 16 anos de estabilidade política, sob Cardoso e Lula.”

Entre as mudanças ocorridas nos últi-mos 20 anos, cita o fi m defi nitivo da infl a-ção, a expansão do comércio, a extensão de políticas sociais e a institucionalização progressiva do país. “São mudanças que transformaram o Brasil e formam a base de um futuro muito melhor”, atesta. As possibilidades de riquezas originadas do petróleo do pré-sal, lembra, podem ajudar nesse processo. Mas muito irá depender de melhorias na educação de base e média, que fortaleceria o capital humano e continuaria a reduzir o eleva-do grau de desigualdade de riqueza e de renda no país, ressalta. Sem esquecer da

questão da violência social, ele lista como indispensá-vel a garantia de segurança pública.

Para o professor, a continuidade na política eco-nômica, de um lado, e o avanço nas políticas so-ciais, de outro, foram os fundamentos da Era Lula. A decisão de Lula de não tentar encontrar meios para concorrer a um terceiro mandato, como al-

guns chefes de Estado fi zeram na América Latina e na África, também foi decisiva para a democracia brasileira, acredita o autor.

Sobre as relações externas do governo brasileiro, Fishlow afi rma que elas tornaram-se mais relevantes de forma simultânea ao avanço do país, que se fa-voreceu das condições de comércio e crescimento dos mercados internacionais no governo Lula. Com a União Europeia em difi culdade, e os Estados Unidos e o Japão sobrecarregados pela crescente dívida pú-blica, o futuro global dependerá, de forma inevitável, mais do Brasil, China, Índia, África do Sul, Coreia, In-donésia – destaca.

Para o economista, a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais não foi surpreendente por três razões. Primeiro, a extraordinária popularidade de Lula teve efeitos óbvios conforme a campanha avançava, e sua escolha tornou-se assim mais ampla-mente conhecida. Em segundo lugar, a forte recupe-ração econômica em 2009 e 2010 contribuiu para um sentimento de satisfação nacional, favorecendo a candidata do PT. Terceiro, a eleição presidencial no Brasil tem se tornado cada vez mais regionalizada, com o Nordeste desempenhando uma importante fonte de suporte ao PT.

Para disputar a eleição, José Serra, candidato da oposição, precisava de uma estratégia coeren-te, capaz de fazer o estado-chave de Minas Gerais virar a seu favor. Por uma série de razões, isso não ocorreu, e mesmo que ele conseguisse o apoio, suas chances eram poucas desde o início, avalia o professor.

Editado pela Saint Paul Editora, “O Novo Bra-sil” de Fishlow é cético em relação a uma eventual reforma tributária. “Receitas simples, quer de am-pliação ou redução do Estado, ainda que possam parecer atraentes temporariamente, difi cilmente funcionarão”, sentencia. “Essa reforma, sem dúvi-da, será um desafi o para o atual governo Dilma e os seguintes”, prevê.

Milton Wells

Page 38: Empresa Brasil 68

32 Empresa BRASIL

Page 39: Empresa Brasil 68

Abril de 2010 33

Page 40: Empresa Brasil 68

34 Empresa BRASIL

0800 570 0800

www.sebrae.com.br

Quem quer abrir uma empresa ou expandir um negócio não pode fazer isso no escuro. Por isso, você pode contar com as informações da Bússola Sebrae. Uma ferramenta que mostra os melhores pontos para instalar seu negócio e faz uma análise dos concorrentes, do perfil do consumidor e dos fornecedores da região. Procure um ponto de atendimento do Sebrae e solicite a um de nossos consultores uma pesquisa exclusiva da Bússola. Com o ponto certo, seu negócio também tem tudo para dar certo e seguir em frente.

QUER ABRIR UMA EMPRESA E NÃO SABE ONDE?A BÚSSOLA SEBRAE INDICA O LUGAR CERTO.