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Abril de 2010 1 IMPOSTÔMETRO DA ACSP REGISTRA MARCA DE R$ 1 TRILHÃO Classe C é o Classe C é o novo trem-bala novo trem-bala da economia da economia Segmento representará 56% da população brasileira Segmento representará 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas

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Edição 74- Setembro de 2011 da publicação Empresa Brasil da CACB.

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Page 1: Empresa Brasil 74

Abril de 2010 1IMPOSTÔMETRO DA ACSP REGISTRA MARCA DE R$ 1 TRILHÃO

Classe C é o Classe C é o novo trem-bala novo trem-bala da economiada economiaSegmento representará 56% da população brasileiraSegmento representará 56% da população brasileiraem 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoasem 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas

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2 Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doEstado do Acre – FEDERACREPresidente: George Teixeira PinheiroAvenida Ceará, 2351 Bairro: CentroCidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado deAlagoas – FEDERALAGOASPresidente: José Geminiano Acioli JuremaRua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIAPresidente: José Arimáteia Araújo SilvaRua General Rondon, 1385 Bairro: CentroCidade: Macapá CEP: 68.900-182

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariaisdo Amazonas – FACEAPresidente: Valdemar PinheiroRua Guilherme Moreira, 281Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300

Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado daBahia – FACEBPresidente: Clóves Lopes CedrazRua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070

Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACCPresidente: João Porto GuimarãesRua Doutor João Moreira, 207 Bairro: CentroCidade: Fortaleza CEP: 60.030-000

Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais eIndustriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDFPresidente: José Sobrinho BarrosSAI Quadra 5C , Lote 32, sala 101Cidade: Brasília CEP: 71200-055

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Espírito Santo – FACIAPESPresidente: Arthur AvellarRua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEGPresidente: Marcos Alberto Luiz de CamposRua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

Maranhão – Federação das Associações Empresariais doMaranhão – FAEMPresidente: Júlio César Teixeira NoronhaRua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis.Bairro: São Francisco- São Luís- MaranhãoCEP: 65.076-360

Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais do Estado do Mato Grosso – FACMATPresidente: Jonas Alves de SouzaRua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020

Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais doMato Grosso do Sul – FAEMSPresidente: Antônio Freire Rua Quinze de Novembro, 390Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917

Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINASPresidente: Wander Luís SilvaAvenida Afonso Pena, 726, 15º andarBairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002

Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doPará – FACIAPAPresidente: Reginaldo FerreiraAvenida Presidente Vargas, 158 - 5º andarBairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000

Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais daParaíba – FACEPBPresidente: Alexandre José Beltrão MouraAvenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andarBairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doParaná – FACIAPPresidente: Rainer ZielaskoRua: Heitor Stockler de Franca, 356Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais de Pernambuco – FACEPPresidente: Djalma Farias Cintra JuniorRua do Bom Jesus, 215 – 1º andarBairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACPPresidente: José Elias TajraRua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207.Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: CentroCidade: Teresina CEP: 64.001-060

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJPresidente: Jésus Mendes CostaRua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: CentroCidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030

Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do RioGrande do Norte – FACERNPresidente: Sérgio Roberto de Medeiros FreireAvenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200

Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e deServiços do Rio Grande do Sul - FEDERASULPresidente: José Paulo Dornelles CairoliRua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andarPalácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110

Rondônia – Federação das Associações Comerciaise Industriais do Estado de Rondônia – FACERPresidente: Marcito Pinto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: CaiariCidade: Porto Velho CEP: 76.801-151

Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais deRoraima – FACIRPresidente: Jadir Correa da CostaAvenida Jaime Brasil, 223, 1º andarBairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350

Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISCPresidente: Alaor Francisco TissotRua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540

São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo – FACESPPresidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001

Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Estado de Sergipe – FACIASEPresidente: Alexandre Santana PortoRua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: CentroCidade: Aracaju CEP: 49.010-110

Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriaisdo Estado de Tocantins – FACIETPresidente: Pedro José Ferreira103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA -Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversifi cada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

DIRETORIA DA CACBBIÊNIO 2009/2011

PRESIDENTEJosé Paulo Dornelles Cairoli - RS

1º VICE-PRESIDENTESérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL

VICE-PRESIDENTESArdisson Naim Akel - PRArthur Avellar - ESFernando Pedro de Brites - DFJosé Geminiano Acioli Jurema - ALJosé Sobrinho Barros - DFLeocir Paulo Montagna - MSLuiz Carlos Furtado Neves - SCSadi Paulo Castiel Gitz - SEWander Luis Silva - MG

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAISJoão José de Carvalho Sá - BA

VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESALuiz Carlos Furtado Neves - SC

DIRETOR-SECRETÁRIOJarbas Luis Meurer - TO

DIRETOR-FINANCEIROGeorge Teixeira Pinheiro - AC

CONSELHO FISCAL TITULARESJadir Correa da Costa - RRPaulo Sérgio Ribeiro - MTSergio Roberto de Medeiros Freire - RN

CONSELHO FISCAL SUPLENTESAltair Correia Vieira - PAGilberto Laurindo - APRonaldo Silva Resende - RN

COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIAAvani Slomp Rodrigues

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIOMarduk Duarte

COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAISLuzinete Marques

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli Fróesfróes, berlato associadas

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIALOlívia Bertolini

COORDENADOR DO EMPREENDERCarlos Alberto Rezende

COORDENADOR NACIONAL DA CBMAEValério Figueiredo

COORDENADOR DO PROGERECSLuiz Antonio Bortolin

SCS Quadra 3 Bloco ALote 126Edifício CACB61 3321-131161 3224-003470.313-916 Brasília - DF

Site: www.cacb.org.br

Federações CACB

Page 3: Empresa Brasil 74

Setembro de 2011 3

Somente no período que vai de janeiro de 2009 até maio de 2011, a chamada nova classe média brasileira contabilizou mais de 100 milhões de integrantes. Um contin-

gente de 10 milhões de pessoas foi incorporado à clas-se C no período, com um crescimento de 9,12%, se-gundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, divulgada em 27 de junho último. Coordenado pelo economista Marcelo Neri, a pesquisa mostra que a desigualdade social está diminuindo no Brasil. Entre 2003 e 2007, ainda segundo o estudo, a evolução da renda dos 20% mais pobres da população brasileira foi em média de 6,30% ao ano, superior à dos demais Brics, exceto a China, onde cresceu a 8,5% ao ano.

O mesmo levantamento, no item chamado “felici-dade futura”, mostra que os brasileiros são os mais oti-mistas em relação às suas condições de vida no futuro. Numa escala de 0 a 10, o brasileiro dá nota média de 8,7 à expectativa de satisfação com a vida em 2014, a melhor avaliação numa amostra de 146 países pesquisados, cuja média foi de 6,5. Em relação à condição atual de vida, o brasileiro também lidera o ranking, com nota média 7.

Matéria de capa desta edição de Empresa Brasil, a classe C também demonstra um dado peculiar: com a autoestima em alta, grande parte desses emergen-tes são cidadãos que tomaram iniciativas, buscaram créditos, tornaram-se microempresários. Seus fi lhos estão entrando na universidade via ProUni. E como trabalhadores, não querem um Estado que os tutele, mas que lhes dê oportunidades para crescer, conforme revela pesquisa efetuada pela Análise, Pesquisa e Plane-jamento de Mercado (APPM), em São Paulo.

Todos esses dados, sem dúvida, são alvissareiros para o nosso país e reforçam iniciativas como as da CACB favoráveis à redução dos gastos públicos e ao consequente incremento dos investimentos. Se ago-ra a classe C ainda se esbalda com o salto de consu-mo, logo se dará conta das desigualdades que mar-cam o Brasil. Essa questão nos remete a um trabalho

excepcional da Organização das Na-ções Unidas (ONU), inspirado na sá-bia concepção de Amartya Sen – um economista que não acredita que o progresso se resuma a estatísticas.

A primeira conclusão dessa leitura é que o objeto que representa a civi-lização e o progresso não é o livro, o telefone celular, a Internet ou a bomba atômica, e sim o saneamento básico. Esse é dado fundamental para reco-nhecer o grau de desenvolvimento de um país. Hoje, no mínimo um terço da população do planeta – uns 2,6 bi-lhões de pessoas – não sabe o que é um sanitário, uma latrina.

No Brasil, conforme mostramos em matéria de capa da Empresa Brasil edição de número 62, que veiculou em setembro do ano passado, enquanto 90% da população têm acesso à água, 43 milhões de pessoas (25%) são excluídas do saneamento básico, segundo o RDH (Relatório de Desenvolvimento Hu-mano) do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Com esse percentual, o acesso ao saneamento básico no Brasil é pior que o do Paraguai (80%) – que está em 91º no ranking do IDH, contra o Brasil, em 69º. São números incontestáveis que mere-cem uma refl exão nessa hora de bonança.

Não menos importante que a ascensão da classe C no Brasil é a notícia de que o contribuinte brasilei-ro acabou de ultrapassar a marca de R$ 1 trilhão em impostos. A cada ano, mais cedo o Brasil chega à mar-ca de R$ 1 trilhão, o que mostra, na feliz expressão do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, que “a arrecadação está cres-cendo mais do que o país”. Isso prova que cortar o excesso de gastos, diminuir impostos e favorecer o investimento necessário à modernização são medidas cada vez mais necessárias.

O que falta fazer

PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasile da Federasul

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4 Empresa BRASIL

3 PALAVRA DO PRESIDENTENão menos importante que a ascensão da classe C no Brasil é a notícia de que o contribuinte brasileiro acabou de ultrapassar R$ 1 trilhão em impostos. A cada ano, mais cedo o Brasil chega a essa marca, o que é preocupante.

5 PELO BRASILAs vendas no comércio varejista de Campo Grande registraram crescimento de 7,61% em agosto, frente a igual mês do ano passado, benefi ciadas pela comemoração do Dia dos Pais.

8 CAPAA classe C, um mercado que não para de crescer, representará 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas.

14 CASE DE SUCESSO Com o respeito à natureza e execução de políticas de inclusão social, o município de Socorro, no interior paulista, tem se destacado como um destino modelo em sustentabilidade e turismo acessível no Brasil.

16 ENTREVISTAO advogado André Jobim analisa a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei que aumenta o prazo de concessão do aviso prévio nas demissões sem justa causa.

18 TRABALHOMaioria das empresas desconhece os benefícios da ergonomia. Cada vez mais trabalhadores se afastam temporariamente de suas empresas para o tratamento de lesões provocadas direta ou indiretamente por suas atividades laborais.

20 RECURSOS HUMANOSPrograma de trainee é alternativa para minimizar os entraves da iniciação profi ssional.

22 FEDERAÇÕESPresidente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte (Facern), o empresário Sérgio Freire cita quatro pilares que pretende fortalecer na entidade.

24 DESTAQUE CACBEm 13 deste mês, por volta do meio-dia, o impostômetro, uma espécie de relógio que conta quanto de imposto está sendo arrecadado no momento, alcançou a marca de R$ 1 trilhão, pagos desde o início de 2011.

26 CBMAEExercer a função de árbitro é importante e auxilia na resolução de muitos litígios,mas é preciso tomar alguns cuidados na hora de conduzir um procedimento.

28 TENDÊNCIASUma das principais questões da política de resíduos sólidos, a logística reversa ainda depende de acordos setoriais.

30 BIBLIOCANTOEm seu novo livro “Os fatos são subversivos”, o misto de jornalista e historiador inglês Timothy Garton Ash escreve sobre episódios políticos da última década.

31 ARTIGOO ministro Wellington Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, escreve sobre a ascensão da classe C no Brasil.

ÍNDICE

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E Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes

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escritório de comunicação

Edição: Milton Wells - [email protected]

Projeto gráfi co: Vinícius Kraskin

Diagramação: Kraskin Comunicação

Foto da capa: Deklofenak/Fotolia.com

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Colaboradores: Luana Feldens e Olivia Bertolini

Execução: Editora Matita Perê Ltda.

Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - [email protected]

Impressão: Arte Impressa Editora Gráfi ca Ltda. EPP

14 CASE DE SUCESSO

28 TENDÊNCIAS

SUPLEMENTO ESPECIAL

Por meio de convênios e programas, micro e pequenas empresas têm acesso a grandes companhias

8 CAPA

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PELO BRASIL

Um grupo de 12 empresas, integrantes do núcleo setorial dos restaurantes – ligado ao programa Empreender Competitivo da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim) –, recebeu, em setembro, um selo de qualidade desenvolvido pela entidade. Segundo a nutricionista Rosana Valentin, encarregada do processo de ade-quação, os profi ssionais da vigilância sanitária acompanharam todo o processo, no qual foram aplicadas as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da resolução RDC 216, que trata das boas práticas de manipulação de gêneros

alimentícios. Para o consumidor, o selo será uma garantia de que os estabelecimentos oferecem alimentos seguros.

A conquista é resultado de muitas reu-niões e encontros com foco em benchmar-king. Em março, por exemplo, empresários e consultores de Maringá estiveram em To-ledo para conhecer o programa de selo de qualidade que vem sendo desenvolvido no oeste paranaense. Na ocasião, os empresá-rios acompanharam as etapas de melhorias obtidas na organização das empresas e de qualifi cação de produto.

Fonte: Imprensa CACB

Restaurantes maringaensesrecebem selo de qualidade

CACB representa Brasil no MarrocosNo fi nal de setembro, a CACB esta-

rá no Marrocos para representar o Brasil na reunião anual da Rede Inter-Regional para Adaptação da Formação Técnica e Profi ssional às Necessidades do Artesa-nato (Rifa). A Câmara de Artes e Ofícios, da região de Fez Boulemane, será a an-fi triã do evento. Os delegados participa-

rão dos workshops sobre treinamento técnico e segurança do trabalho no setor informal e educação no ensino técnico. O encontro é uma oportunidade para benchmarking de melhores práticas e transferência de know-how.

Também está prevista uma visita ao German International Cooperation (GIZ),

na cidade de Rebat, onde será realiza-da uma apresentação sobre a educação ambiental na área técnica no Marrocos. O encontro visa promover o debate so-bre a economia sustentável e sua aplicação pelas MPEs locais, viabilizada pela parceria com a entidade alemã.

Fonte: Imprensa CACB

Empresários de Maringá visitaram núcleo de Gastronomia Toledo

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Setembro de 2011 5

Comércio em alta em Campo Grande

As vendas no comércio varejista de Campo Grande registraram cres-cimento de 7,61% em agosto, frente a igual mês do ano passado, benefi -ciadas pela comemoração do Dia dos Pais, segundo pesquisa da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG). “O crescimento médio nas vendas é expressivo e con-fi rma o bom momento do comércio de Campo Grande, aumentando a expectativa positiva para os negócios do setor no fi nal do ano”, comentou Omar Aukar, presidente da entidade.

Fonte: Imprensa CACB com informações da ACCIG

Sebrae promove enquete sobre site

O Sebrae realiza uma enquete para ouvir as opiniões e sugestões dos empresários das micro e pequenas empresas sobre o site do Comércio Varejista (a segunda página setorial mais visitada do portal do Sebrae, com mais de 67 mil visualizações por mês). A ini-ciativa visa manter a página atualizada e em sintonia com as necessidades dos clientes, trazendo sempre as tendências e temas de interesse. Para participar da enquete basta acessar: http://www.se-brae.com.br/setor/comercio-varejista.

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6 Empresa BRASIL

PELO BRASIL

6 Empresa BRASIL

No fi nal de agosto, a diretoria da Federação das Associações Empresariais do Mara-nhão (Faem) esteve reunida em Açailândia, sul do estado e sede de uma das principais associações do Maranhão. Na ocasião, os diretores foram convidados para uma visita às instalações da usina de ferro gusa. A indústria trabalha na verticalização para a produção do “aço verde”, conceito criado para classifi car o aço 100% produzido a partir de car-vão vegetal refl orestado. Para isso o grupo investirá R$ 400 milhões na primeira fase de implantação da usina, que deve ser concluída no início de 2012.

Fonte: Imprensa CACB

Faem acompanha produção de aço verde

6 Empresa BRASIL

Núcleo do Empreender de Mafra ganha licitaçãoO núcleo de Agricultores da Associação

Empresarial de Mafra, no Planalto Norte catarinense, ganhou, no início de setembro, a licitação para vender hortaliças para me-renda escolar municipal. De acordo com Danielli Cristina Cardoso, consultora da As-sociação, a conquista é inédita. ”Difi cilmente um agricultor participa diretamente de uma licitação, quanto mais vencê-la!”, afi rmou.

A licitação foi aberta aos agriculto-res familiares, e as cooperativas sempre obtiveram à frente devido a sua garantia de produtos. Mas com a capacitação fre-quente do Núcleo de Gestão Agrícola e o apoio do Projeto Olericultura através da CACB - Sebrae - Programa Empreender e Facisc, foi dado o pontapé inicial no ganho de cinco culturas da atual licitação para ali-mentação escolar.

Fonte: Imprensa CACB

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Federaminas mobiliza associados para 14º Congresso

Estão abertas as inscrições para o 14º Congresso das As-sociações Comerciais de Minas Gerais, que a entidade realiza no Tauá – Grande Hotel e Termas de Araxá nos dias 20 e 21 de outubro. Na noite do dia 21 de outubro, a tradicional solenidade Mérito Empresarial 2011 deverá ser prestigiada por mais de mil pessoas, reunidas para homena-gear autoridades e os empresá-rios do ano indicados pelas ACEs.

Fonte: Federaminas

Consultores da CACB conheceram o projeto

Usina de ferro-gusa no Maranhão

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Julho de 2011 7

AGENDA LEGISLATIVA

Projeto que altera lei da pequena empresa será votado pelo Senado em outubro

Entre os projetos de maior relevância para o empresariado está o projeto de Lei Complementar 87/11, que propõe altera-ções na lei do Supersimples, previsto para ser votado pelo Senado Federal até o dia 5 de outubro – dia da micro e pequena empresa. A previsão é do vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa – e agora líder do go-verno – no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT/CE).

O projeto, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 31 de agosto, contou com a intensa mobilização da CACB a seu favor, acompanhando a votação do proje-to no plenário da Câmara dos Deputados, visitando gabinetes de parlamentares, além de ter liderado a mobilização das Federa-ções e Associações Comerciais para apoia-rem o projeto por meio das bancadas de deputados de cada estado. E não será diferente agora no Senado. O presidente Cairoli pretende visitar os presidentes das comissões técnicas do Senado, além das lideranças partidárias, em busca de apoio

para que a aprovação do projeto ocorra ainda no início de outubro. Aprovado pelo Senado, o PLC segue para sanção presi-dencial. Sancionado, transforma-se em lei.

Entre as mudanças, o projeto apro-vado pela Câmara dos Deputados amplia em 50% as faixas e o teto da receita bruta anual das empresas do Simples Nacional. O teto da microempresa passa de R$ 240 mil para R$ 360 mil e o da pequena sobe de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. Cria o parcelamento automático, em até 60 meses, dos débitos das empresas do Simples e permite que elas possam ex-portar até o dobro do seu faturamento anual sem correr o risco de exclusão desse regime especial de tributação. O projeto aumenta também, de R$ 36 mil para R$ 60 mil, o teto da receita bruta anual do Empreendedor Individual (EI), os em-preendedores por conta própria, como carpinteiros e pedreiros. Além disso, cria simplifi cações para esse público, como a alteração e fechamento do negócio via In-ternet e a qualquer momento.

■ Custeio integral do vale-transporte pelo empregadorProjeto de Lei nº 6851/2010, do Senado Federal, “altera a Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que institui o vale-transporte, para estabelecer que benefício será custeado integralmente pelo empregador.

■ Projeto que propõe a criação do Conselho de Defesa Comercial Projeto de Lei nº 5072/2009, do Senado Federal, “autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho de Defesa Comercial, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com poderes judicantes para aplicar direitos antidumping, medidas compensatórias, provisórias ou defi nitivas, e salvaguardas”.

■ Erros ou fraudes nas operações de ICMSProjeto de Lei Complementar nº 538/2009 altera a Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, e dá outras providências. Preserva o contribuinte de boa-fé em caso de erros ou fraudes praticados por terceiros na realização de operações incidentes de ICMS.

A Comissão de Desenvolvimen-to Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 868/2011, que prevê a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com sta-tus de ministério. O texto tramita em regime de urgência constitucional e também será analisado pelas comis-sões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tribu-tação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Casa.

O novo órgão será vinculado à Pre-sidência da República e terá como res-ponsabilidade formular políticas voltadas às empresas de pequeno e médios porte, às cooperativas e às associações. O texto aprovado, no dia 31 de agosto, prevê a criação de cargos em comissão, com impacto orçamentário previsto de R$ 6,5 milhões em 2011 e R$ 7,9 mi-lhões nos anos seguintes.

Nomes como o da empresária Luiza Trajano (Magazine Luiza) e do vice-governador de São Paulo, Afi f Domingos, são cotados para assumir a pasta. A empresária Luiza Helena Trajano, dona da rede de lojas Magazi-ne Luiza, confi rmou que foi convidada pela presidente Dilma Rousseff para assumir um posto no governo, mas negou que já tenha aceitado a mis-são. Já Afi f Domingos, ex-candidato à Presidência da República pelo PL, foi secretário estadual de Desenvolvi-mento no governo de São Paulo, mas deixou a pasta por se desligar do DEM para fundar o PSD, juntamente com o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Secretaria da Micro ePequena Empresa terástatus de ministério

PELAS COMISSÕES

Setembro de 2011 7

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8 Empresa BRASIL

Poder de consumo da classe emergente – igual à soma dos PIBs de Portugal, Argentina,Uruguai e Paraguai – tem a força de imunizar o Brasil contra a crise mundial

CAPA

Classe C, um mercado que não para de crescer

Segmento representará 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas

Nas áreas de criação das agências de pu-blicidade, no departamento de mar-keting das empresas, na programação de eventos, nos institutos de pesquisa

e de ensino e até mesmo na secretaria encarregada de traçar estratégias para o governo federal, o desafi o é entender os desejos e aspirações da nova classe C. Isso porque, pela primeira vez na História, a classe C

do Brasil, formada por lares, segundo dados da Fun-dação Getulio Vargas (FGV), com renda mensal entre R$ 1.200,00 e R$ 5.174,00, a valores correntes, pas-sou a representar a maior fatia da renda nacional, com 46% dos rendimentos de pessoas físicas.

De acordo com um levantamento do Ministério da Fazenda, a classe C deverá representar 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 mi-

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Setembro de 2011 9

Renato Meirelles: “A classe C odeia ser tratada como

pobre”

lhões de pessoas, um crescimento de 19% em relação ao total que pertencia a essa mesma classe em 2009, formada por 95 milhões de pessoas, correspondente a 50% da população.

Ainda conforme o mesmo estudo, a classe C terá o maior crescimento no período, mostrando a mo-bilidade social e aumento da renda do brasileiro, já que a classe D, que em 2009 representava 24% da população, deve ser reduzida para 20% da população em 2014, enquanto a classe E deve passar de 15% para 8% no mesmo período. Já as classes A/B também devem crescer e, segundo o Ministério da Fazenda, vão representar 16%, ou 31 milhões de pessoas, em 2014. Em 2009, 11% da população brasileira perten-cia a essas duas classes sociais.

Produtos como brinquedos, itens de higiene e be-leza, computadores e eletroeletrônicos estão na mira dessas classes, muito mais ávidas por comprar do que as classes altas, ressalta Renato Meirelles, sócio diretor do Data Popular, primeiro instituto de pesquisas brasi-leiro focado no consumo de baixa renda.

“É hora de olhar com mais atenção e menos pre-conceito para um mercado de R$ 1 trilhão, que é o total dos rendimentos das classes C e D por ano, cor-respondente à soma dos PIBs de Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai”, diz o publicitário. “Trata-se de um mercado que não para de crescer e vai segurar o Brasil na atual crise da mesma forma que segurou em 2008.”

Para as agências de propaganda, de acordo com Meirelles, o maior desafi o é romper a dissonância que existe entre quem faz a comunicação para esse público e quem a recebe. “Isso porque, em geral, os executi-vos de propaganda são pessoas que cresceram na clas-se A e têm repertório cultural, escolaridade e noções estéticas completamente diferentes”, explica.

“Quando o publicitário consegue fazer uma co-municação que dialoga com a baixa escolaridade do consumidor, utiliza cores primárias e uma linguagem simples, com certeza terá retorno de vendas. Quando sofi stica demais, a comunicação não é entendida, e o consumidor simplesmente descarta a loja”, acrescenta.

O maior erro que algumas empresas cometem, conforme o executivo, é achar que a meta da classe C é ser a classe A, enquanto que, na verdade, o que ele aspira é ser o vizinho que deu certo.

“Os padrões estéticos da elite não são os mes-mos da classe C, que tem identidade própria e vive um processo de autoestima que a leva a procurar referên-cias que dialogam com a sua cultura”, diz Meirelles. E exemplifi ca: “O rico adora o pretinho básico, as classes C e D adoram as cores primárias, verde, amarelo, ver-melho, aquilo que muitas pessoas chamam de brega, mas que faz parte da cultura popular brasileira, com artesanato popular. No caso das mulheres da classe C, elas são mais criteriosas nas suas escolhas e compras”.

Como você resumiria em uma palavra a forma de atender esse público? “Respeito. Como isso se traduz? As regras básicas são olhar no olho, respeitar o tempo do cliente, deixá-lo à vontade e, principalmente, ofere-cer saídas. A classe C odeia ser tratada como pobre.”

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10 Empresa BRASIL

CAPA

Perfi l elaborado pela Secretaria de Assuntos Estra-tégicos (SAE) da Presidência da República revela que a nova classe média brasileira tem a maioria feminina (51%) e branca (52%) e é predominantemente adulta, com mais de 25 anos (63%).

Os dados são da Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) antes do Censo 2010, e agora recompi-lados pela SAE para estabelecer o perfi l da classe C – que, na última década, teve o ingresso de 31 milhões de pes-soas e tornou o estrato social mais volumoso.

Segundo os dados, a nova classe média é majo-ritariamente urbana (89%) e, em sua maioria, está em três regiões brasileiras: Sul (61%), Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%). O percentual da população nesse estrato social é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%).

Os dados educacionais revelam que 99% das crian-ças e adolescentes (7 a 14 anos) da classe média frequen-tam a escola. A proporção é a mesma que a da classe alta. A frequência escolar nas faixas etárias mais velhas é, no entanto, comparativamente menor. Na classe alta, 95% dos jovens de 15 a 17 anos e 54% dos adultos de 18 a 24 anos frequentam escola; enquanto na classe emergente, os percentuais caem para 87% e 28%, respectivamente.

Conforme a SAE, seis em cada dez pessoas da classe C estão empregadas. A maioria dessas tem registro for-mal (42% com carteira assinada e 11% como funcionário público); 19% trabalham sem registro; outros19% traba-lham por conta própria; 3% são empregadores; e 6% não são remunerados. O perfi l de formalização da classe C (53%) está acima da média nacional (47%), mas, na classe alta, o índice de formalização é maior, 59%.

Maioria é feminina, branca e adulta

As indústrias de móveis estão direcionando sua produção para atender aos desejos da classe C, juntando qualidade com preço mais baixo, além da versatilidade e funcionalidade. A in-formação é da diretora da Casa Brasil, evento de mobiliário e design realizado anualmente, e do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Cátia Scarton.

O que aconteceu, de acordo com Cátia, foi que o ce-nário econômico brasileiro se tornou favorável para a nova classe média, que passou a ter maior poder de compra. Por

isso, grande parte dos setores, inclusive o moveleiro, vol-taram as atenções para esse público. “A indústria moveleira atentou ao fato de que eles precisam mobiliar a residência que puderam comprar há dois anos e passou a produzir produtos conforme os padrões exigidos pela nova classe, ou seja: qualidade, boa apresentação e baixos custos.”

A chamada nova classe média, segundo a executiva, é muito mais exigente. “Essas pessoas se comunicam muito mais, se informam muito mais, tem alto poder de compra, e

Segmento é alvo da indústria moveleira

O poder está com as mulheres

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Setembro de 2011 11

A nova classe média contabiliza mais de 100 mi-lhões de integrantes. Mais de 10 milhões de brasileiros foram incorporados à classe C no período 2009- 2011, com um crescimento de 9,12%, segundo pesquisa da FGV, divulgada em 27 de junho último.

De acordo com o estudo “Os Emergentes dos Emergentes: Refl exões Globais e Ações Globais para a Nova Classe Média Brasileira”, a classe C ganhou mais 10.524.842 de pessoas entre 2009 e 2011, em compa-ração a 2.558.799 que ingressaram nas classes A e B no mesmo período.

Com isso, segundo o estudo, a nova classe média brasileira passou, nos últimos dois anos, de 50,45% da população para 55,05%. A classe D perdeu 5.543.969 de brasileiros entre 2009 e 2011 (queda de 14,02%), enquanto a classe E teve redução de 4.146.862 no mesmo período (decréscimo de 15,9%).

No período entre 2003 e 2011, de acordo com a pesquisa da FGV, 39.589.412 brasileiros entraram na classe C, enquanto 9.195.974 ingressaram nas classes A e B. Já a classe D perdeu 7.976.346 pessoas (redução de 24,03%) e a classe E perdeu 24.637.406 (decrésci-mo de 54,18%). Os números foram obtidos por meio do cruzamento de dados entre a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílio (PNAD), ambas realizadas pelo IBGE.Segundo a FGV, desde 2003, o crescimento da

classe C, e a migração de pessoas para as classes A e B, desde 2009, ampliaram o mercado consumidor brasi-leiro em mais de 50 milhões de pessoas, o equivalente a mais de uma Espanha, aponta o estudo.

O crescimento da economia com uma infl ação mais estabilizada, aliado à expansão do mercado de trabalho e à melhoria das condições de renda da população, com a política de recuperação do poder de compra do salá-rio mínimo, contribuíram de forma signifi cativa com esse processo, de acordo com estudo elaborado pelos pesqui-sadores do Centro de Políticas Sociais da FGV.

Segundo dados elaborados pela FGV, as classes A, B e C tiveram um ingresso de 48,8 milhões de pessoas en-tre 2003 e 2009, sendo 13,1 milhões apenas entre 2009 e maios de 2011. “Essa análise dos dados mais recentes mostra que quase a população total da África do Sul foi incorporada às classes ABC”, destaca o documento.

Em contrapartida, a base da pirâmide social, forma-da pelas classes D e E, foi reduzida de 96,2 milhões de pessoas em 2003 para 63,6 milhões até maio, sendo que 9,7 milhões de pessoas migraram da base social para classes mais elevadas entre janeiro de 2009 e maio de 2011.

De cada dez pessoas no Brasil, seispertencem à nova classe média

representam a maior parcela da população brasileira”, ressalta. Dado o crescimento constante da classe C, o Sindmó-

veis acaba de contratar pesquisa especifi camente para focar a feira Movelsul de 2012 com móveis totalmente voltados para a nova classe média, antecipa Cátia. No primeiro semestre do ano, as vendas de móveis tiveram um crescimento de 15%, em comparação a igual período do ano passado. Esse incre-mento foi obtido em grande parte em função da classe C, des-taca a executiva.

Cátia Scarton:“Bento Gonçalves prepara feira de móveis totalmente voltados para a nova classe média”

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12 Empresa BRASIL

CAPA

A conquista de melhor patamarde vida é o maior objetivo

Empresa Brasil: Quem é esse novo consu-midor da classe C?

Luiz Lara: O novo consumidor da classe C chega ao mercado com um nível crítico muito maior. O Brasil pela primeira vez na sua história tem mais de 50% de sua população na classe média, devido ao ingresso de 30 milhões de novos consumidores na Classe C. Es-ses novos consumidores querem atender seus desejos e aspirações de consumo, utilizando o crédito para a compra de produtos e serviços que não tenham ape-nas preço competitivo. Eles querem marcas de pres-tígio que ofereçam boa relação custo/benefício, que atendam seu aspiracional de consumo. Preço baixo só não basta. A consumidora da classe C, por exemplo, quer cortar seu cabelo num local onde, ao menos por 10 minutos, tenha uma sessão de massagem, antes ou depois. Esses pequenos prazeres, essas exigências, pouco a pouco vão ingressando no dia a dia dessas consumidoras. Quando vão a lojas como C&A, Ren-ner, Pernambucanas, Riachuelo, essas consumidoras querem moda e não apenas roupas acessíveis.

Quais os seus hábitos e preferências? Os novos consumidores têm hábitos de consu-

mo com bom padrão de exigência. As mulheres for-mam um público fundamental. A classe C tem como principal interesse a melhoria da qualidade de vida, a conquista de um novo patamar defi nitivo de vida e por isso investe em educação. Muitos pais da classe C estão se unindo aos seus fi lhos na busca de uma melhor formação universitária.

Quais os seus interesses? Seus interesses passam pela afi rmação de seus

desejos de consumo, desde a compra da casa, de eletroeletrônicos, do carro, de alimentos e produtos de higiene, limpeza e cosmética que tenham marcas aspiracionais. É uma classe batalhadora que projeta um futuro melhor para eles e seus fi lhos. Daí o investimen-to crescente em educação. É uma classe conectada que consome todas as mídias, passando pela TV aber-ta, mas que ouve rádio, lê revistas e jornais popula-res, acessa internet, seja no escritório, nas lan houses e que está comprando seu primeiro computador. É uma classe que, antes da compra, vê as campanhas de

A classe C tem como principal interesse a melhoria da qualidade de vida e a conquista de um novo patamar defi nitivo de vida, afi rma o publicitário Luiz Lara, atual presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), em entrevista a Empresa Brasil. Fundador da agência brasileira Lew Lara, que em 2007 se associou à TBWA, integrante do grupo Omnicom, um dos mais importantes do mundo, Lara é um dos executivos mais preparados do mercado publicitário brasileiro. Leia, a seguir, os principais trechos de sua entrevista.

Luiz Lara

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Setembro de 2011 13

Com autoestima em alta, classe C busca prazeres e conquistasque compensem a batalha diária

produtos e serviços na TV e aí acessa a internet para comparar preços e escolher as marcas que ofereçam acessibilidade dentro do crédito que eles podem utili-zar. Mas reitero: querem marcas aspiracionais e não se conformam somente com preços baixos.

O que ela não tem e quer ter? As pesquisas demonstram que a grande mudança

na classe C é a conquista da autoestima, da vontade de ter prazeres e conquistas que compensem a batalha di-ária. A partir da evolução desta autoestima, os brasileiros da classe C estão vendo que é possível, sim, conquistar melhorias na qualidade de vida e, por isso, ser mais feliz e otimista em relação ao seu futuro. Eles querem ter casa, carro, aparelho de TV LCD, produtos como ali-mentos, de higiene, beleza e cosmética, bebidas com marcas que atendam a seus desejos de consumo.

Quais os mercados que atendem devida-mente esse segmento?

Todos os mercados e categorias de produtos e ser-viços estão se movimentando para atender a classe C. Merecem destaque os segmentos de serviços fi nancei-ros, que estão oferecendo inclusão e crédito bancário, lojas de varejo de alimentos, bebidas, de eletroeletrô-nicos, celulares, computadores e moda.

Quais os que ainda não atendem? Há segmentos que ainda podem desenvolver

melhor, como é o caso do setor automotivo, embora muitos consumidores da classe C já estejam realizando

o sonho do primeiro carro. Mas há potencial de cres-cimento no segmento automotivo com a chegada de novas marcas e o acirramento da competitividade. Ou-tro segmento que pode se desenvolver ainda mais é o segmento imobiliário, com a expansão crescente do crédito para a realização do sonho da casa própria. E no setor de serviços, as academias de ginástica voltadas para esse público, restaurantes populares, atividades de lazer mais em conta, enfi m, serviços que venham a atender aos desejos dessa população.

Esse público tem identidade própria ou é uma classe média baixa emergente e se com-porta como tal?

Sim, esse público tem identidade própria e a sua ba-talha diária é pela melhoria defi nitiva de vida. É conscien-te do seu papel e quer investir em educação, na melhor formação de seus fi lhos. É emergente, mas se divide em diversas faixas de renda, estilos de vida e comportamen-tos, mas todos querem marcas de prestígio.

As marcas já entendem esse público? As marcas estão cada vez atendendo melhor

esse público, lançando e adequando produtos e ser-viços aos hábitos de consumo dessa nova classe. O fato é que o Brasil atingiu um novo patamar com o empoderamento de sua população. É uma grande oportunidade para as empresas desenvolverem no-vas categorias de produtos e serviços, investirem em comunicação e construírem marcas que atendam aos desejos dessa nova classe C.

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14 Empresa BRASIL

CASE DE SUCESSO

União de iniciativas faz deSocorro referência mundial emsustentabilidade e acessibilidade

Com o respeito à natureza e a execução de políticas de inclusão social, o municí-pio de Socorro, no interior paulista, tem se destacado como um destino modelo

em sustentabilidade e turismo acessível no Brasil. Como resultado, no início do ano uma delegação de represen-tantes da Copa 2014 e Olimpíadas 2016 fez questão de conhecer de perto os programas locais de acessibilidade aos meios de hospedagem, de restaurantes e atrativos turísticos que, em grande parte, contam com a parti-cipação ativa da Associação Comercial da cidade, por meio do Programa Empreender. “A associação tem feito um trabalho de conscientização do empresário, além de ajudá-lo a adequar-se às leis”, afi rmou Michel Golo,

chefe da divisão de turismo da prefeitura de Socorro. A visão e cultura de sustentabilidade passam pela

consciência do cidadão, pelas leis municipais de coleta se-letiva, projetos de reaproveitamento de poda de árvores e restos orgânicos de feiras livres, elaboração da campa-nha consumo consciente de carnaval, e pela lei orgânica do município, entre outros. Além dessas ações, alguns ho-téis praticam separação e reciclagem de todo o lixo pro-duzido e tratamento de resíduos orgânicos e inorgânicos.

Paralelamente, priorizam a contratação de mão de obra local e desenvolvem projetos de inclusão voltados para o turismo acessível, inclusive no que se refere ao turismo de aventura, que fi zeram dos meios de hospe-dagem locais um modelo a ser seguido em todo o país.

Criatividade do modelo atraiu interesse de delegações estrangeiras que atuam na organização da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016

Aventura também para hóspedes com

mobilidade reduzida

Fotos: divulgação/Campo dos Sonhos

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Setembro de 2011 15

Hotéis são exemplosOs hotéis Campo dos Sonhos e Portal do Sol são

exemplos. Integrantes do Empreender, eles promovem ações voltadas para a sustentabilidade, além de desen-volverem equipamentos para pessoas com defi ciência ou mobilidade reduzida. “Desenvolvemos um trole com uma rampa acoplada, em que o defi ciente com cadeira de rodas pode subir e descer em qualquer local sem a neces-sidade de rampa fi xa”, explicou Jeferson Boaretto, gerente de marketing do Hotel Fazenda Campo dos Sonhos.

O engenheiro aposentado, Cláudio Costa da Ro-cha, há mais de três anos hóspede frequente, tem o lugar como refúgio, mesmo a mais de 150 km de casa. “Viajo com frequência, mas lá é outro mundo. Quem é defi ciente físico, curte a viagem com outro espírito. Lá, posso andar de charrete, de cadeira de rodas motoriza-da e fazer tirolesa voadora se quiser”, ressaltou Rocha.

O estabelecimento, que obteve o reconhecimento pelo Guia Quadro Rodas Brasil como Hotel Sustentá-vel do Ano 2011, é certifi cado pelo Sistema de Gestão de Segurança em Turismo de Aventura (ABNT NBR 15.331) e Acessibilidade em Edifi cações Hoteleiras (ABNT NBR 9050).

O Campo dos Sonhos recebeu ainda Prêmio Supe-ração Empresarial na categoria serviços de turismo pela qualidade de gestão. Também obteve a menção hon-rosa do Prêmio Sentidos pelo projeto de acessibilidade.

“Todas essas ações auxiliaram a demonstrar o de-senvolvimento de empresas na cidade como resultado empresarial e integração do poder público, iniciativa privada e associações. Um exemplo de sucesso tam-bém é a Associação Comercial e Empresarial de So-corro, que agrega vários núcleos pelo projeto Empre-ender”, ressaltou Boaretto.

A opinião é compartilhada por Paula Chehouan, diretora do Portal do Sol, outro meio de hospedagem referência no município. Lá também tudo foi cuida-dosamente planejado para atender os portadores de necessidades especiais. Os chalés, por exemplo, fo-ram construídos de modo que os portadores de defi -ciência possam se locomover com facilidade inclusive no restaurante.

Socorro, distante 132 quilômetros da capi-tal de São Paulo, está localizada junto à Serra da Mantiqueira. Com uma população estimada em 33 mil pessoas, limita-se ao norte com Águas de Lindoia e Monte Sião (MG), ao sul com Pinhal-zinho, ao leste com Bueno Brandão (MG), e a

oeste com Monte Alegre do Sul e Serra Negra. Possui um clima quente (ameno seco) com

temperaturas variando, no verão, de 25 a 34 graus C e no inverno de 1 a 15 graus. Suas prin-cipais atividades econômicas são o turismo, co-mércio e serviços e agricultura.

Criança paraplégica passeia de cavalo

O engenheiro Cláudio da Rocha no hotel Campo dos Sonhos

Município tem 33 mil habitantes

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16 Empresa BRASIL

LEGISLAÇÃO

O projeto de lei do Senado que aumen-ta dos atuais 30 dias para até 90 dias o aviso prévio que o empregador deve conceder ao trabalhador no caso de

demissão, aprovado no dia 20 deste mês pela Câmara dos Deputados, deverá aumentar os custos rescisórios, o que pode induzir à informalidade nas relações de tra-balho, afi rma, nesta entrevista, o advogado André Jobim.

Empresa Brasil: O que o projeto garante além daquilo que vinha sendo praticado?

André Jobim: Garante a possibilidade de ampliação dos atuais 30 dias para 90 dias no aviso prévio. Assim, o trabalhador com 10 anos de fi rma ganhará mais 30 dias e com 20 anos mais 60 dias, que é o limite do acréscimo.

Como fi ca o aviso prévio em caso de de-missão voluntária?

A regra vale apenas para rescisões sem justa causa.

Por que o tema chegou primeiro ao STF?Chegou primeiro ao STF por causa da inércia do

Congresso. No caso concreto, o STF votou para de-cidir a proporcionalidade. Assim, o Congresso apres-sou-se em regulamentar, o que não fi zera desde 6 de outubro de 1988. Entendo que, depois da sanção pre-sidencial, o STF deverá valer-se da nova regra para os casos em exame.

A nova lei terá efeito retroativo?Fala-se que não haverá retroatividade. No entanto,

será difícil de não ocorrer, pois se alguém for despedi-do na vigência da lei, essa será a nova regra de paga-mento do aviso prévio.

Quais os pontos da nova lei que em sua opinião podem ser vetados pela presidente?

Eventualmente, a bilateralidade da obrigação, o que signifi ca que seja regra somente para os casos de inicia-tiva patronal de rescisão. De qualquer forma, a nova lei aumentará o custo rescisório e os já enormes custos tra-balhistas. Isso pode induzir à informalidade nas relações de trabalho por mais esse acréscimo de gastos.

Câmara amplia para até 90 dias aviso prévio de trabalhadorOs senadores aprovaram a proposta em 1989, e depois de duas décadas a Câmara decidiu tirá-la da gaveta

O projeto foi aprovado pelo

plenárioem votação

simbólica

Jobim:“Decisão pode induzir à informalidade”

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INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

SETEMBRO/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

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O impacto do legado Pós-Copa

Parcerias benefi ciam empresas de pequeno portePor meio de convênios e programas de capacitação, micro e pequenas empresas têm a oportunidade de se inserir na cadeia de valor de grandes companhias, como Vale, Odebrecht, Camargo Corrêa e Gerdau

Sebrae encerra ciclo de encontros de negócios que percorreu as 12 cidades-sede; eventos apresentaram oportunidades para as empresas antes, durante e depois do mundial de futebol

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2 EMPREENDER // SEBRAE

/ /Cresc imento/ /

ontribuir com a economia, o de-senvolvimento e o fortalecimen-to dos pequenos negócios em áreas infl uenciadas por grandes

investimentos. Esse é um dos objetivos das parcerias entre o Sebrae e três gran-des organizações – Fundação Vale, Ode-brecht e Instituto Camargo Corrêa – que serão fi rmadas em novembro. Os inves-timentos vão somar cerca de R$ 18 mi-lhões, entre 2012 e 2015.

Sebrae e Fundação Vale trabalham na elaboração de um projeto com foco no empreendedorismo e na apropriação de oportunidades com geração de trabalho e renda. O projeto será implementado e vali-dado inicialmente junto às micro e peque-nas empresas, em caráter piloto nas regiões sudeste do Pará e de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Elas serão capacitadas para atender à demanda local e, posterior-mente, se tornar potenciais fornecedoras da companhia de mineração. As ações vão abranger diversos setores, como os de vestuário, alimentação, hospedagem, pres-

tação de serviços, entre outros, ampliando a base de atendimento do Sebrae.

Visando o desenvolvimento susten-tável, ao Sebrae assinará um convênio também com o Instituto Camargo Corrêa e com a Odebrecht, que atua em mais de 15 setores, como mineração, energia e engenharia industrial. O Instituto Ca-margo Corrêa atuará em Rondônia, Goiás, Pernambuco, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará, e a Odebrecht no Rio de Janeiro e Bahia.

“Vamos ampliar nossas parcerias es-tratégicas com foco no potencial de negó-cios para as micro e pequenas empresas e na sua melhor qualifi cação, de modo a atender à demanda local, promovendo sua inclusão produtiva e o desenvolvimento sustentado e sustentável da região”, diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Segundo ele, essas oportu-nidades vão conferir maior efi ciência aos pequenos negócios por meio da inovação e, com isso, elevar sua capacidade compe-titiva, bem como impulsionar o desenvol-vimento econômico regional.

CONVÊNIO COMGRANDES ORGANIZAÇÕES BENEFICIA MPEParcerias com Fundação Vale, Odebrecht e Instituto Camargo Corrêa vão qualifi car pequenos negócios

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Empresários de micro e pequenas empresas de vários setores serão envolvidos no projeto

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Setembro de 2011 3

/ /Parcer ia / /

Sebrae e a Gerdau promovem em Brasília, no início de outu-bro, o primeiro workshop de gestores do programa nacio-

nal de capacitação de micro e pequenas empresas fornecedoras de bens e serviços nos estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. No início do mês, diretores do Sebrae e da Gerdau as-sinaram um comunicado conjunto para desenvolver a iniciativa.

O Programa de Capacitação de For-necedores Sebrae/Gerdau tem por base a parceria de sucesso realizada nessa área, desenvolvida desde 2006, no Rio Gran-de do Sul. Desde setembro, a ação está sendo expandida para outros estados. O objetivo é atender 360 empresas com capacitações nas áreas de gestão, inova-ção e implementação de indicadores de medição de resultados.

As metas são: aumentar em 5% o volume de vendas brutas das empresas participantes do projeto até dezembro de 2012; subir em 5% o número de empregos gerados nessas empresas até dezembro de 2012 e mais 5% até dezembro de 2013. Também estão entre os objetivos alcançar 85% de pontualidade nos prazos de entre-ga de produtos e serviços até dezembro de 2012 e em 90% até dezembro de 2013.

“Nessa parceria, ganha a Gerdau, com a melhoria da qualidade dos seus forne-cedores, e ganha o Sebrae, que fortalece um conjunto de empresas que aumentam a possibilidade de fornecer para uma em-presa desse porte, ampliam suas vendas e a geração de emprego”, disse o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Ele destacou a importância dessa capacitação para os micro e pequenos negócios, especialmen-te quanto à melhoria de gestão e à medi-ção de resultados.

“Não existe uma economia das gran-des empresas separada das pequenas em-presas. Existe um único tecido econômico e a competitividade é cada vez mais a competitividade de setores, de cadeia de

valores, de cadeias produtivas, de regiões e do país”, completou o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Ele apresentou o trabalho do Sebrae, especial-mente os voltados para ampliar a compe-titividade das micro e pequenas empresas, e ressaltou importância do encadeamento produtivo nesse processo.

De acordo com o diretor de suprimen-tos da Gerdau, Fladimir Gauto, o trabalho desenvolvido junto aos micro e pequenos negócios está alinhado à missão da em-presa e agrega valor a toda a sua cadeia de suprimentos. Ele destacou a importância dessa rede para a excelência e a competi-tividade dos negócios e a necessidade do foco nas micro e pequenas empresas.

SEBRAE E GERDAU COMEÇAMPROGRAMA DE CAPACITAÇÃOO objetivo da parceria é preparar os fornecedores de pequeno porte

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Dirigentes do Sebrae e da Gerdau, parceiros no Programa de Capacitação de Fornecedores

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4 EMPREENDER // SEBRAE

/ /Sebrae 2014//

LEGADO PÓS-COPA CONTRIBUIRÁ PARA O DESENVOLVIMENTODurante apresentação sobre oportunidades de negócios para a Copa 2014, em encontros realizados nas 12 cidades-sede, Sebrae ressalta compromisso com as MPE

pontapé inicial para que as mi-cro e pequenas empresas (MPE) do estado de São Paulo possam aproveitar as oportunidades de

negócios que serão geradas pela Copa do Mundo Fifa 2014 foi dado no dia 12 de se-tembro, no Museu do Futebol, na zona oeste de São Paulo.

O Mapa de Oportunidades de Negócios para Micro e Pequenas Empresas nas Cida-des-Sede foi apresentado para 350 empre-sários interessados em conhecer o universo que envolve a competição. Cerca de 6,8 mil empresários já participaram dos seminários, promovidos pelo Sebrae em todo o Brasil.

Segundo o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, os seminários fazem parte de um conjunto de ações que deverá deixar um legado importante para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, principal-mente depois da Copa.

Em todo o país, o Sebrae está mobilizado para oferecer cursos e capacitação que aju-dem no desenvolvimento da inovação e da gestão empresarial das MPE antes, durante e depois do evento. O presidente do Sebrae

lembra ainda que “esta é a chance que temos para aumentar a competitividade das micro e pequenas empresas brasileiras, gerando como legado um ambiente sustentável de bons negócios”.

O estudo divulgado aponta 456 oportu-nidades de negócios para as MPE que deve-rão surgir em ecorrência da Copa do Mundo de 2014 (antes, durante e após os jogos do Mundial) no estado de São Paulo. O setor de comércio concentra 51% delas, seguido pelo de serviços (30%) e indústria (19%).

Além de Barretto, participaram do lança-mento do Mapa de Oportunidades o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o vice-gover-nador do Estado, Guilherme Afi if Domingos, o diretor-superintendente do Sebrae em São Paulo, Bruno Caetano, o presidente do Con-selho do Sebrae em São Paulo, Alencar Burti, e o diretor administrativo do Corinthians, An-dré Luiz de Oliveira.

Eventos como este já percorreram as ou-tras 11 cidades-sede da Copa de 2014: Rio de Janeiro, Brasília, Cuiabá, Natal, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Salvador, Ma-naus e Porto Alegre. E

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O setor de construção civil foi um dos nove pesquisados pelo mapeamento, feito por encomenda do Sebrae

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Setembro de 2011 5

/ /Cooperação//

SEBRAE E MDS SE UNEM NO COMBATE À MISÉRIAPúblico da parceria é formado pelos empreendedores individuais benefi ciários do programa Bolsa Família, do governo federal

uscar os empreendedores que já atuam ou têm potencial para isso e disponibilizar conheci-mento. Esse é um dos princípios

da participação do Sebrae no Plano Brasil sem Miséria. Esse compromisso foi fi rmado com a assinatura do acordo de cooperação técnica entre a instituição e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em setembro, em Brasília, na abertura do seminário “Brasil sem Miséria: como o empreendedorismo e os pequenos negócios podem ajudar”.

O evento, promovido pelo Sebrae e o MDS, discutiu a inclusão do empreendedo-rismo no programa do governo federal. Assi-naram o documento o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, o diretor-técnico da institui-ção, Carlos Alberto dos Santos, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Barreto Campello, e a secretária ex-traordinária de Superação da Extrema Po-breza, Ana Fonseca. Como testemunha assi-nou a secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, Arlete Sampaio.

Ao se referir ao atual momento que vive o país, Luiz Barretto afi rmou que o cenário dá confi ança, mas, ao mesmo tem-po, não pode gerar acomodação. “São 16 milhões de pessoas que ainda vivem em estado de miséria no país”, assinalou. Para

ele, boa parte dessa população pode ter no empreendedorismo oportunidade de inser-ção na economia.

Barretto lembrou que cerca de 102 mil pessoas que hoje recebem o Bolsa-Família também são EI. “Essas pessoas passaram pelo processo de formalização de seu ne-gócio, ganharam direito à cobertura da Previdência Social e acesso a crédito. Agora o Sebrae irá ajudar esse empresário a ter sustentabilidade nos negócios”, destacou.

//Novos empreendedores Outro desafi o, segundo o presidente do Sebrae, é buscar novos empreendedores nas localidades com menor índice de de-

senvolvimento. Para isso, a instituição está ampliando sua atuação no programa Territórios da Cidadania, desenvolvido em parceria com o governo. Até 2013, o Sebrae vai investir R$ 180 milhões para atender as 120 localidades que fazem parte da iniciativa. “Vamos identifi car pessoas com potencial empreendedor, avaliar quais ati-vidades têm mais chance em cada lugar e orientar a criação de novos negócios”, infor-mou Barretto.

A ministra do Desenvolvimento So-cial e Combate à Fome, Tereza Barreto Campello, lembrou que desde o primeiro momento o Sebrae tem apoiado o Plano Brasil sem Miséria. E

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Termo de cooperação técnica entre Sebrae e MDS foi assinado durante o seminário Brasil sem Miséria

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6 EMPREENDER // SEBRAE

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SEBRAE LANÇA CURSOS ONLINEGRATUITOS PARA VAREJISTASPrevisão é de que 13,2 mil pessoas participem do projeto Varejo Fácil, destinado à melhoria da gestão de micro e pequenas empresas

Sebrae lançou em setembro o Va-rejo Fácil, pacote educativo de ca-pacitação a distância voltado para atender às necessidades do comér-

cio varejista de pequeno porte. Ao todo, serão disponibilizados seis cursos online – pelo site www.sebrae.com.br – com conhecimento di-recionado para a gestão dos negócios. Cada módulo terá cinco turmas, cada uma com duração de 30 dias, e serão oferecidas 200 va-gas por turma. As inscrições são gratuitas e a previsão é de que até o fi nal deste ano 13,2 mil empreendedores individuais, sócios de micro e pequenas empresas e futuros empresários participem dessa formação.

De acordo com o diretor-técnico do Se-brae, Carlos Alberto dos Santos, o objetivo da instituição ao criar o projeto Varejo Fácil é disponibilizar conhecimento sufi cientemen-te útil para gerar um diferencial competitivo às microempresas e empreendedores, além de aperfeiçoar a gestão e, consequentemen-te, ampliar o faturamento e a renda. “Os pe-quenos negócios do varejo são fortes agentes distribuidores de produtos no comércio de vizinhança. Como o mercado é globalizado e o consumidor, cada vez mais exigente e bem informado, o desafi o é atender bem para que o cliente retorne à loja outras vezes, cons-truindo assim uma relação fi delizada com a empresa”, enfatizou Carlos Alberto.

Atendimento ao Cliente, Técnica de Vendas, Gestão de Pessoas, Visual de Loja, Controles Financeiros e Formação de Preços e Vendas são as linhas temáticas de cada módulo. Elas foram defi nidas pelo Sebrae a partir da percepção das demandas mais re-correntes entre os varejistas. Uma iniciativa anterior que envolvia um modelo presencial de aulas, em parceria com a Associação Brasi-leira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), permitiu que o Sebrae pudesse coletar junto ao público-alvo as carências práticas e técni-cas e elaborar o novo material.

//Experiência bem-sucedidaO Sebrae em Santa Catarina implementou o projeto-piloto em 2010, devido à forte

presença do varejo naquele estado. Na ocasião, foram oferecidos cinco módulos, online e presencial. O Varejo Fácil aplicado em Santa Catarina contou com a inscrição de mais de 23 mil pessoas, sendo que 84% dos participantes foram de outros estados e do Distrito Federal. Em todo o país, o setor de comércio tem grande predominância de pequenos negócios.

Em caráter experimental, o Sebrae abriu vagas no início de agosto para uma turma de cada um dos seis módulos, em nível nacional. Após a conclusão do módulo, o participante é avaliado e recebe uma certifi cação.

Serviço:Textos: Agência Sebrae de NotíciasMais informações: www.agenciasebrae.com.br

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Empreender Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 605,Conjunto A, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 - Fone: (61) 3348-7570 - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 - Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae

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O curso é direcionado aos empreendedores e empresários que precisam ampliar conhecimentos em gestão para melhorar os negócios

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18 Empresa BRASIL

Maioria das empresas desconhece os benefícios da ergonomiaApesar da rigidez da legislação, doenças relacionadas com o ambiente de trabalho têm números preocupantes no país

TRABALHO

Dados da Previdência Social mostram que cada vez mais trabalhadores se afastam temporariamente de suas empresas para o tratamento de le-

sões provocadas direta ou indiretamente por suas atividades laborais. Depois de retornarem várias ve-zes às clínicas de fi sioterapia é que eles se conscien-tizam sobre as causas reais dessas doenças e passam a tratá-las com a ergonomia, prática que torna o ambiente de trabalho seguro e confortável.

“A cada ano que passa, as pessoas agravam as suas lesões por absoluta falta de informação e orientação de suas empresas”, relata a consultora em ergonomia Simone Vicente, que abandonou uma carreira de 11 anos como fi sioterapeuta para ajudar na prevenção dessas anomalias. “É difícil ver uma pessoa de 30 anos aposentar-se por invalidez, ou com várias cirurgias em

punhos, ombros, na cervical ou na lombar. Contudo, isso é uma realidade nas clínicas de reabilitação, o que me fez optar por uma alternativa capaz de reduzir essa verdadeira epidemia de trabalhadores inválidos”, afi rma.

Segundo dados do INSS, em 2009 foram registra-dos 723,5 mil acidentes do trabalho. Entre esses regis-tros contabilizaram-se 17.693 doenças relacionadas ao ambiente de trabalho, e parte desses acidentes e doen-ças tiveram como consequência o afastamento das ativi-dades de 623.026 trabalhadores devido à incapacidade temporária –302.648 até 15 dias e 320.378 com tem-po de afastamento superior a 15 dias –, 13.047 traba-lhadores por incapacidade permanente e 2.496 óbitos. A Previdência ainda comenta que em 2009 ocorreu um óbito a cada 3,5 horas, motivado pelo risco decorrente dos fatores ambientais do trabalho, e ainda cerca de 83 acidentes e doenças do trabalho reconhecidos a cada

Visitas técnicas representam

um avanço nas inspeções de

trabalho

Simone Vicente: “Realidade mostra verdadeira epidemia de trabalhadores inválidos”

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Setembro de 2011 19

uma hora na jornada diária. Em 2009 observou-se uma média de 43 trabalhadores/dia que não mais retorna-ram ao trabalho devido a invalidez ou morte.

O que mais assusta nessas informaçoes da Previ-dência, segundo Simone, são os valores exorbitantes necessários para pagamento exclusivo dos benefícios devido a acidentes e doenças do trabalho somado ao de aposentadorias especiais decorrentes das condições ambientais do trabalho, que em 2009 atingiu um total de R$ 14,2 bilhões. “Se adicionarmos o custo ope-racional do INSS, mais as despesas na área da saúde e afi ns, esse total atinge a marca inacreditável de R$ 56,8 bilhões, segundo dados do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS 2009)”, assinala a consultora.

Apesar desse quadro, tanto o Ministério do Tra-balho como a Previdência adotam uma legislação rígida que obriga as empresas a proporcionarem um ambiente de trabalho adequado. Além disso, de acordo com Douglas Carvalho, especialista em ergo-nomia pela COPPE/UFRJ e membro da diretoria da Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), o INSS tem promovido ações regressivas contra as empresas responsáveis por acidentes e doenças de trabalho, obrigando-as a ressarcir aquilo que já foi pago ao segu-rado e aquilo que será pago a ele e a seus benefi ciários.“O fato é que na maioria das empresas não existe o que defi nimos como gestão em ergonomia”, observa.

As empresas com sistemas de gestão em ergono-mia, segundo Carvalho, costumam obter resultados muito positivos, inclusive do ponto de vista do custo/benefício. “Esse tipo de intervenção pode auxiliar a em-presa desde a fase de projeto dos processos de traba-lho, identifi cando previamente possíveis riscos, gargalos e até mesmo a quantidade adequada de funcionários para cada função”, destaca. “A ergonomia, quando apli-cada na fase de projeto, chega a ter um custo de nove a 10 vezes menor comparado ao de sua adoção com o trabalho em andamento. Se considerarmos o passivo trabalhista, as possíveis multas e os perdas de produtivi-dade gerados pela ausência dessas práticas, os benefícios são incontestáveis”, acrescenta. Entre esses, cita a pre-venção de acidentes do trabalho, de doenças ocupacio-nais, melhoria das condições de trabalho, integridade física e psicológica do trabalhador, melhor integração, aumento de produtividade e redução de custos.

O que é ergonomiaTambém conhecida como engenharia de fato-

res humanos, a ergonomia atua no planejamento, projeto, avaliação e adequação de tarefas, postos de trabalho, equipamentos, ambientes, sistemas (softwares) e na própria organização do trabalho, tornando-os compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Para isso es-tuda a interação entre os fatores: técnicos: tipo de tecnologia, ferramentas, máquinas, equipamentos, softwares, manutenção; humanos: características e limitações físicas e cognitivas (mentais), perfi l da po-pulação de trabalhadores, capacitação, experiên-cia na função, critérios para contratação, aspectos sociais; organizacionais: organização do trabalho, políticas da empresa, características da produção, layout, metas, exigências das tarefas, condições de execução, normas e procedimentos; e ambientais: iluminação, ruído, temperatura.

Por meio da compreensão dessa interação é possível identifi car ações, geralmente simples, para reduzir substancialmente os impactos negativos do trabalho, tais como: problemas de saúde, aciden-tes, fadiga excessiva, absenteísmo e rotatividade, além de aumentar a produtividade, confi abilidade e qualidade de produtos, processos ou serviços.

Douglas Carvalho: “Custo/benefício da gestão em ergonomia é altamente compensador”

Page 26: Empresa Brasil 74

20 Empresa BRASIL

Trainees, escalada para o sucesso profi ssional

A transição profi ssional do estágio à efe-tivação representa um grande passo na carreira da maioria das pessoas, pois acarreta um somatório de competências

e responsabilidades que antes eram menos rigorosas. Não por acaso, muitos dos recém-formados têm difi -culdades de conseguir o primeiro emprego. Para isso existem os programas de Trainee, que são uma alter-nativa de minimizar os entraves da iniciação profi ssional.O nome, que é um estrangeirismo, vem da palavra “trai-ning” (em inglês), que se refere a treinamento, e em-bora tenha surgido nos Estados Unidos entre 1950 e 1960, o modelo só ganhou força no Brasil nos anos 90.

Os trainees, ou treinados, são jovens com até dois anos de formados em um curso de graduação e que buscam seguir carreira executiva em uma grande empresa. Com duração de um a três anos, o trainee recebe acompanha-mento de um tutor, participa de cursos voltados à gestão de sua carreira, conhecimento de processos de uma ou mais

áreas da empresa e à gerência de pessoas. Diferentemente do estágio, ao fi nal do programa o funcionário continua na empresa, mas com cargo mais alto e, consequentemente, uma maior remuneração. O sistema funciona tão bem que as seleções são mais concorridas a cada ano.

Apesar do sucesso, a diretora de Eventos Científi cos da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Adriana Martello, alerta que é preciso um preparo cuidadoso por parte das empresas interessadas. “Já acompanhei diversas implantações de programas de trainees e pude evidenciar que não é toda empresa que tem cultura para absorver esse tipo de programa”, conta. Para ela, o Programa é uma excelente oportunidade que, quando bem estruturada, impulsiona e acelera o desenvolvimento da carreira e da empresa. Segundo Adriana, estudos revelam que pessoas que passam pelo Trainee levam em torno de cinco anos para atingir posição gerencial. “O principal benefício é o desenvolvimento que propicia do ponto de vista de com-petências comportamentais e voltadas ao negócio.”

Programas de treinamento de jovens são cada vez mais utilizados pelas empresas para a formação de líderes

RECURSOS HUMANOS

Adriana:“Nem toda empresa possui cultura para a introdução desse tipo de formação”

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Agosto de 2011 21

Grupo Gerdau busca empreendedores O Programa Futuro Gerdau Trainees foi criado em

2004 para atender à necessidade de profi ssionais qua-lifi cados e reforçar a fi losofi a da Gerdau, de acreditar no potencial do capital humano. “Acreditamos que pes-soas são o nosso maior diferencial e investimos con-tinuamente na capacitação de nossos colaboradores. O Trainee é uma forma de buscarmos e capacitarmos profi ssionais de alta performance para crescerem junto conosco”, destaca o diretor-presidente (CEO) da Ger-dau, André Bier Gerdau Johannpeter.

A cada ano são oferecidas cerca de cem vagas para diversos estados, como Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pa-raná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. A empresa também oferece oportunidades profi ssionais diferenciadas, já que é uma das maiores produtoras de aço do mundo, estando presente em 14 países. “Somos uma empresa dinâmica, que se adapta a diferentes mercados, realidades, culturas e que oferece aos seus profi ssionais condições de crescer e ampliar sua visão de mundo”, ressalta Johannpeter.

Com duração de dois anos e mais de mil partici-pantes, “o programa se caracteriza por uma formação que equilibra ações formais de capacitação, gestão de negócio, experiências on the job e projetos de aplica-ção prática nas áreas de interesse do Trainee”, detalha a Diretora de Desenvolvimento de Pessoas, Denise Casagrande da Rocha. Segundo ela, a taxa de retenção do Trainee Gerdau é de aproximadamente 80% após o fi m do programa. ”A Gerdau busca pessoas jovens, empreendedoras e que tenham interesse em crescer com comprometimento e a qualidade em todas as ações”, complementa.

Os candidatos interessados devem ter nível inter-mediário na fl uência da língua inglesa e/ou espanhola e conhecimentos de informática. Além disso, devem ter disponibilidade para mudança de cidade. A seleção é feita em etapas eliminatórias, que incluem teste online de inglês e raciocínio lógico, laboratório de compe-tências, painel de negócios, entrevistas individuais com gestores e exame de profi ciência em língua estrangeira.

Programa do banco é um dos

mais antigos do país

André Gerdau: “Empresa oferece

condições de crescimento e

visão de mundo”

Itaú-Unibanco foca no potencial de liderançaA chamada é a seguinte: “Se você

é um jovem talento com alto poten-cial e motivação para enfrentar desa-fi os, conheça o Programa Trainee Itaú Unibanco”. Este não é apenas o perfi l do profi ssional que o banco busca, mas é o tipo de carreira que ele ofe-rece desde 1989, quando o Progra-ma foi implantado. O Trainee, que tem duração de 12 meses, abrange profi ssionais das áreas de administra-ção de empresas, economia, ciências contábeis, direito, engenharia, mate-mática e estatística, entre outros.

“Estamos constantemente em busca de novos talentos, alinhados com nossos valores, com muito bri-lho nos olhos, energia, capacidade

de realização, espírito empreende-dor e potencial para liderança de projetos e pessoas”, afi rma Marcelo Orticelli, diretor da Área de Pessoas do Itaú Unibanco. “Após o primeiro ano, esses jovens terão acompa-nhamento de carreira com líderes da organização e, aos que tiveram atuação de destaque, serão ofere-cidos curso internacional e um pro-grama de Coaching”, acrescentou.

As vantagens são várias: salário superior às práticas do mercado, participação nos lucros, assistência médica e odontológica, mas a sele-ção não é moleza. O concorrente precisa passar por uma triagem de currículos, por testes online, dinâ-

mica de grupo, entrevista individual e ainda por um painel com direto-res e vice-presidentes da empresa. Além disso, o selecionado precisa ter disponibilidade para morar em São Paulo, já que as vagas são para tra-balhar nos polos administrativos do banco na capital.

Segundo Marcelo Orticelli, “mais de mil pessoas participaram do pro-grama e, considerando os últimos dois anos, 94% permanecem na organização”. As seleções são feitas sempre no segundo semestre do ano anterior. Para 2011, foram mais de 43 mil inscritos, que preencheram 104 vagas. A próxima edição do pro-grama tem início em janeiro de 2012.

Setembro de 2011 21

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22 Empresa BRASIL

Presidente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte (Facern), cujo mandato se encerra em julho de 2012, o empresário Sérgio

Freire cita quatro pilares que pretende fortalecer com o objetivo de expandir a atuação da entidade.

O primeiro deles é a valorização histórica do Bair-ro Ribeira, berço da cidade de Natal e o local onde foi construída a sede própria da Associação Comercial de Rio Grande do Norte, em prédio inaugurado em 1944. Antigamente chamado Palácio do Comércio, hoje é conhecido como a Casa do Empresário. Em parceria com entidades e o setor público, a Facern deverá instalar um memorial com acervo da histó-ria do comércio e da indústria potiguar. Como des-dobramentos dessa ideia, o edifício histórico deverá abrir espaços para um balcão de negócios, encontros,

palestras empresariais e atividades culturais.O segundo será voltado para a qualifi cação pro-

fi ssional e maior capacitação das empresas locais. Para tanto, serão mantidos convênios com a CACB, o Banco do Brasil e o Sebrae, propulsores do programa Empreender. “A formação gerencial para executivos também é uma de nossas metas”, diz Freire. Deno-minado inovação, o terceiro pilar tratará da exploração de novas ideias com sucesso, o que, para as empresas, signifi ca crescimento, acesso a novos mercados e am-pliação das margens de lucro.

A expansão e a criação de novos produtos re-presentam o quarto e último pilar programado por Freire. “A expansão do número de associados nos dará maior visibilidade, e o lançamento de novos produtos, um maior poder de atração e fi delização de nosso associado”, prevê.

Capacitação profi ssional de

empresas locais é uma das marcas

da entidade

FEDERAÇÕES

Os quatro pilaresde Sérgio FreireConvênios com a CACB, Banco do Brasil e o Sebrae são propulsores de programas como o Empreender e de formação gerencial para executivos

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Setembro de 2011 23

Empresa Brasil: Quais os princi-pais desafi os de sua gestão?

Sérgio Freire: Estamos na segunda gestão à frente da Facern e vemos como grande desafi o o trabalho em prol do as-sociativismo. Esse modelo ajuda as micro e pequenas empresas a se desenvolve-rem com maior facilidade e pensar em um futuro com crescimento.

Quais as prioridades?Priorizamos o projeto Empreender, em

parceria com o Sebrae RN e Sebrae Na-cional, a Certifi cação Digital, além de pro-jetos de capacitação que realizamos através de palestras gerenciais semanais e cursos. Abraçamos também o projeto chamado Ribeira Competitiva, que tem como fi nali-dade resgatar o crescimento do Bairro da Ribeira, onde fi ca a nossa sede e por se tra-tar de um bairro histórico em nossa cidade.

Qual deve ser a agenda empre-sarial?

Sem dúvida alguma, o desenvolvimen-to sustentável voltado para a geração de empregos. Além disso, é importante que o setor produtivo participe das decisões nacio-nais, com o objetivo de se criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do nosso país.

Como vê a questão fi scal do go-verno federal?

O governo gasta muito e mal. Além de cobrar altos impostos sem oferecer os serviços que são da sua responsabilidade. Devemos usar a nossa força política para mostrar à sociedade e à classe política o que poderia ser feito com tanto imposto.

E a reforma tributária? Particularmente não acredito que o

governo consiga avançar nessa matéria.

O que deveria ser feito é um aumen-to signifi cativo na base da pirâmide dos contribuintes, com impostos menores e incentivos às micro e pequenas empre-sas, segmento em que são gerados os empregos de que precisamos.

E a reforma política?O governo deve à sociedade, há

muito tempo, essas reformas, mas sinto que quando as pessoas assumem o po-der tornam-se reféns de um contingente de políticos, precisando agradar a todos. Aí fi ca difícil corrigir o rumo.

Quais projetos direcionados a sustentabilidade e responsabilida-de social o senhor pretende desen-volver em sua gestão?

O nosso sistema confederativo não participa de recursos federais oriundos de contribuições como, por exemplo, o Sis-tema S. Se esse modelo nos dá uma in-dependência política, também nos obriga a procurarmos nos fortalecer por meio da

prestação de serviços aos nossos associa-dos. Projetos como a Certifi cação Digital, Empreender, CBMAE, dentre outros, são instrumentos que temos que trabalhar, para garantir a nossa sustentabilidade.

Quais são os principais entraves para o crescimento de seu estado?

Mais de 70%, em média, das recei-tas dos estados são comprometidas com o custeio. Por isso, os investimentos em saúde, segurança, educação e infraestru-tura fi cam relegados ao segundo plano. Nesse quadro, o papel das nossas fe-derações é defender o setor produtivo, apresentar ideias e projetos aos nossos representantes nas esferas políticas e co-brar condições de desenvolvimento para os empreendedores.

Qual a expectativa da entidade em relação à ampliação do Super Simples?

Acredito que esse assunto foi assimi-lado muito bem pelo Congresso e pela presidente Dilma. Não sinto que tere-mos difi culdade em ver sancionados os benefícios propostos pela ampliação do Super Simples.

Outros comentários? É preciso dizer que a nossa Confe-

deração teve, na atual gestão, um cres-cimento fantástico quanto aos serviços oferecidos, às novas parcerias realizadas e na valorização do sistema confederativo como um todo. Estamos presentes em todos os 27 estados da Federação através das federações estaduais, além de termos mais de 2 mil associações comerciais espalhadas pelo Brasil. Trata-se de uma grande força em prol do setor produtivo do nosso país.

“O que interessa é a geração de empregos” Leia, a seguir, a entrevista do presidente da Facern a Empresa Brasil:

Freire: “Devemos mostrar o que poderia ser feito com tanto imposto”

Page 30: Empresa Brasil 74

24 Empresa BRASIL

DESTAQUE CACB

No dia 13 deste mês, por volta do meio-dia, o impostômetro, uma es-pécie de relógio que conta quanto de imposto está sendo arrecadado

no momento, alcançou a marca de R$ 1 trilhão de reais, pagos desde o início de 2011, nas três esferas de governo – municipal, estadual e federal.

Este é o quarto ano consecutivo em que o Impos-tômetro atinge R$ 1 trilhão. A primeira vez foi em 2008. A cada ano, no entanto, o montante chega mais cedo. Em 2010, por exemplo, foi marcado no dia 18 de ou-tubro – 35 dias depois do que neste ano. Em 2009, em 6 de dezembro. E em 2008, no dia 13 de dezembro.

“A arrecadação está crescendo mais que o país”, co-mentou Rogério Amato, presidente da Federação das Associações Comerciais e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O excesso de impostos, conforme o dirigente, prejudica não somente os setores produtivos do país, com a perda de competitividade, mas também o cidadão comum, que perde poder de compra.

Inaugurado em 20 de abril de 2005, o Impos-tômetro foi desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) em parceria com a ACSP, onde está instalado.

Impostômetro de São Paulo atinge a marca de R$ 1 trilhão

Painel da ACSP pouco antes do

meio-dia em13 de setembro

Amato: “A arrecadação está crescendo mais do que o país”

Este é o quarto ano consecutivo em que o Impostômetro atinge R$ 1 trilhão; a primeira vez foi em 2008. A cada ano o montante chega mais cedo

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Setembro de 2011 25

Pela internet, qualquer cidadão pode acompanhar o total de impostos pagos pelos brasileiros aos gover-nos federal, estadual e municipal. Também é possível consultar por estados, municípios e capitais.

O sistema informa ainda o total de impostos pagos desde janeiro do ano 2000 e faz estimativas de quanto será pago até a data indicada pelo usuário.

“R$ 1 trilhão é muito.” É com esse mote que o movimento Hora de Agir quer incentivar os brasileiros a protestarem contra o aumento progressivo da carga tributária. Como parte da ação, o movimento criou o hotsite, onde os internautas poderão expressar sua opinião sobre o assunto. A campanha também inclui ação nas redes sociais e peças de marketing direto.

O movimento Hora de Agir é uma iniciativa das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e surgiu num momento oportuno e alarmante: a virada do Impostômetro para 1 trilhão de reais no dia 13 de setembro, informou Rogério Amato.

Pelo site, é possível gravar um vídeo de protesto, deixar uma mensagem com sua opinião e enviar um recado para os deputados votarem a favor do Projeto de Lei 1.472/07, que determina que as notas fi scais in-formem o consumidor sobre o percentual de imposto embutido em cada produto.

“Queremos despertar a consciência de que todos

são pagadores de impostos e, por isso, têm o direito de exigir do Estado a contrapartida em serviços públi-cos de qualidade”, afi rmou. Para dar voz ao cidadão, a associação inaugurou um espaço online (www.ho-radeagir.com.br) no qual os internautas podem deixar os seus comentários e críticas sobre a quantidade de impostos cobrados.

Progressão dos impostos é acompanhada nos monitores

da ACSP

Efeito em cascata é perverso, diz IBPT

Recorde atrás de recorde

Para o presidente do IBPT, João Eloi Oleni-ke, a arrecadação de impostos aumentou este ano por causa do aquecimento da economia, dos programas de Refi s e pela evolução da fi s-calização eletrônica, motivos tidos como bené-fi cos para o país. Mas há um fator “perverso” no aumento da arrecadação de impostos – o efeito em cascata. “O Brasil tributa as várias fases da produção de uma mercadoria e aqui o consumo tem muitos impostos. Tudo isso é repassado no preço dos produtos. A solução seria direcionar o imposto efetivamente para quem está lucrando mais”, opina.

■ Até agora, o recorde de arrecadação é o do ano passado, quando os cofres públicos abocanharam R$ 1,27 trilhão. Os bra-sileiros devem pagar mais de R$ 1,4 trilhão em tributos neste ano e bater esse recorde.■ O Brasil tem 63 tributos diferentes.■ No ano passado, os tributos que mais contribuíram para o re-corde foram: ICMS (R$ 40,72 bi), INSS (R$ 32,87 bi), Cofi ns (R$ 21,80 bi) e Imposto de Renda (R$ 16,60 bi).■ Quanto paga cada um:No ano passado, cada brasileiro pagou aproximadamente R$ 6.722,38, representando um aumento aproximado de R$ 998,96 em relação a 2009.

Fonte: IBPT

Page 32: Empresa Brasil 74

26 Empresa BRASIL

A importância da função do árbitro na resolução de litígios

Segundo a lei que regulamenta a arbitragem no Brasil, qualquer pessoa capaz e que te-nha a confi ança das partes pode ser árbi-tro. Assim, parece que arbitrar uma ques-

tão é algo simples. Porém, muitos esquecem que ao exercer essa função é preciso tomar algumas precau-ções e cuidados. O Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem (Conima) criou um código de ética que deve ser aplicado à conduta de todos os árbitros, quer nomeados por órgãos institucionais ou partícipes de procedimentos “ad hoc”. A CBMAE o utiliza como base para o seu próprio código.

No entanto, não é somente o código de ética que o árbitro deve ter em mente ao exercer sua função, existem implicações civis e criminais dos seus atos. Para entender melhor essas responsabilidades é preciso entender o que faz o árbitro. O magistrado Aureliano Albuquerque, em seu livro Arbitragem e o Poder Judi-ciário, afi rma que o árbitro é a pessoa encarregada de solucionar um confl ito de interesses. Ao assumir essa posição, a pessoa é equiparada a um juiz togado e a sentença proferida é um título executivo.

Por isso, ao optar por exercer essa função, é preciso ter em mente que existem imputações, que podem ser

Para exercer a arbitragem, além de seus atos, a pessoa do árbitro precisaestar ciente de que existem certas implicações civis e criminais

CBMAE

Arbitrar é simples, mas é precisotomar algumasprecauçõese cuidados

Page 33: Empresa Brasil 74

Setembro de 2011 27

civis e até criminais. A responsabilidade diz que quem pratica a ação que causa danos a alguém precisa pagar. O juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça de Goiás, Albuquerque, conversou com o sistema CBMAE no mais recente Congresso da CACB, realizado em agosto na cidade de Salvador. “Ao exercer a função arbi-tral é preciso estar ciente da dimensão, da responsabili-dade e do peso dessa função”, alertou. Os participantes prestaram muita atenção na palestra, que acabou sendo uma aula sobre os efeitos da prática da arbitragem.

É importante entender que a responsabilidade do árbitro deriva do contrato fi rmado com as partes para conduzir aquele confl ito. Por se tratar de um contrato, aquele que será árbitro tem a prerrogativa de não acei-tar aquela função, mas ao aceitar deve entender que começa ali sua relação com a arbitragem e a partir daí pode ser alvo de reclamações.

Aureliano Albuquerque: “Árbitro é equiparado a um juiz togado”

As instituições também possuem responsabilidades e podem ser condenadas a indenizar consumidores que são lesados por alguma indução ao erro. Algumas instituições usam brasões e nome que confundem as partes e acabam por acreditar que estão diante de um processo judicial.

Em recente decisão, em julho de 2011, da 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, alguns órgãos que se intitulavam tribunais de justiça de arbitragem perderam a apelação. A Turma entendeu que “A atuação do Tribunal Arbitral se sujeita aos limites legalmente estabelecidos, não podendo as chamadas Cortes Arbitrais atuarem ao largo do permissivo legal, induzindo os consumidores a erro ao agirem como se fossem órgãos do Poder Judiciário, forçando a aceitação de acordos e ofertando cursos para a ‘magis-tratura arbitral’, fatos esses que causam, inevitavelmente, lesão à sociedade em seus valores coletivos, exposta a informações e publicidades inverídicas e dissociadas da realidade, o que impõe a necessidade de reparação, dado o preenchimento dos requisitos legais ínsitos à responsabilidade civil (CC, art. 927)”.

Instituições arbitrais

A lei de arbitragem não expressa em seu texto o tipo de sanção que a pessoa que se dispõe a ser árbitro pode sofrer. Porém, isso não signifi ca que ela não traz elementos que podem ser relacionados em caso de erros.

O artigo 14 da lei diz que serão aplicados os mesmos direitos e deveres dos juízes no que prevê o Código de Processo Civil. Esse artigo também fala de alguns impedimentos para exercer a função, como, por exem-plo, ter algum tipo de relacionamento com alguma das partes.

O árbitro pode ainda responder por ter cometido atos ilícitos perante a instituição arbitral à qual ele estava ligado no momento do procedimento, ele pode ter que indenizá-la por danos à imagem e credibi-lidade da instituição.

A responsabilidade civil

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Logística reversa,um quebra-cabeça sem fi m

Uma das peças-chave da Política Nacio-nal de Resíduos Sólidos, sancionada em 2 de agosto de 2010, a logística rever-sa, que trata da responsabilidade com-

partilhada entre fabricante, importador, comerciante e consumidor fi nal pelo tratamento dos produtos des-cartados, ainda engatinha no Brasil.

O tema depende de acordos com as cinco cadeias produtivas que devem defi nir o modelo de recolhi-mento, reciclagem e descarte fi nal, para entrar efeti-vamente em operação. Mas até o momento, nenhum ramo industrial apresentou proposta nesse sentido.

Para a coordenadora de Ambiente Urbano do Ins-tituto Polis, Elisabeth Grimberg, o atraso deve ser atri-buído em grande parte às multinacionais que atuam no Brasil. Lembra que essas empresas gerenciam a logística reversa dos resíduos sólidos domiciliares em diversos países da Europa – França, Alemanha, Itália, Espanha, Polônia – , sendo responsáveis pela coleta e tratamento

dos resíduos secos, item mais complexo na estruturação do sistema de retorno para a cadeia da reciclagem.

É comum hoje, de acordo com Elisabeth, as empre-sas se declararem preocupadas com ações de sustenta-bilidade socioambiental. Contudo, além de desenvolve-rem projetos sociais esporádicos, agora é o momento de o setor privado agir e mudar o paradigma de gestão e destinação dos resíduos urbanos no país, acrescenta.

A situação se agrava, na avaliação da especialista, em razão dos prazos. Os planos municipais devem ser concluídos até 2012, e em 2014, só poderá ir para os aterros o lixo que não tem mais como ser aproveitado ou remanufaturado. Para isso, os municípios terão de construir uma cultura de planejamento estratégico de suas ações para poder coordenar com efi cácia a im-plantação dos sistemas de logística reversa. Nessa li-nha, vão contar muito as experiências de coleta seletiva desenvolvidas em 994 municípios como referências a serem seguidas, ressalta Elisabeth.

Os setores mais avançados no processo de discus-são, segundo o secretário de Recursos Hídricos e Am-biente Urbano do Ministério de Meio Ambiente, Nabil Bonduki, são os fabricantes e distribuidores de óleos lubrifi cantes, de pneus, pilhas, baterias e embalagens de agrotóxicos. “O Sistema Campo Limpo de logística reversa de embalagens de agrotóxicos, coordenado pela impEV, é um bom exemplo”, diz.

Outros, como de eletroeletrônicos, Bonduki defi ne como “complexos” porque abrangem vários produtos diferentes, como computadores, celulares, eletrodomésticos, o que, na avaliação dele, deve difi cultar a assinatura de um acordo. “De qualquer forma, a indústria não está apática no processo de discussão. E um quadro mais claro sobre o processo somente será possível quando a logística reversa for colocada em prática”, acredita.

Uma das principais questões da política de resíduos sólidos, o fl uxo de embalagens e descarte fi nal ainda depende de acordos setoriais

TENDÊNCIAS

O SistemaCampo Limpoé um exemplo para as demais cadeiasprodutivas

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Quando foi lançado o Sistema Campo Limpo?

A iniciativa de buscar uma opção viável para a des-tinação das embalagens vazias de agrotóxicos partiu de algumas entidades representativas do setor agrícola e dos fabricantes de defensivos agrícolas que fi rmaram uma parceria no início da década de 90. Durante esse processo, os fabricantes identifi caram a necessidade de criação de uma organização que pudesse ter foco exclusivo na gestão da logística reversa das embalagens vazias de defensivos agrícolas. Com a promulgação e re-gulamentação da lei (Lei 9974/00 e Decreto 4074/02), foi criado o inpEV, que entrou em funcionamento em março de 2002. Fizeram parte da fundação do instituto 22 empresas fabricantes e sete entidades representati-vas dos elos da cadeia produtiva agrícola. Operavam no Brasil quando o inpEV passou a funcionar 34 unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos.

Como as embalagens de defensivos são descartadas?

Cabe ao agricultor lavar as embalagens, armazenar temporariamente na fazenda, devolver no local indica-do na nota fi scal de venda e guardar o comprovante de devolução por um ano para fi ns de fi scalização. Os canais de distribuição, por sua vez, devem indicar ao agricultor o local de devolução na nota fi scal de venda, devem dispor e gerenciar o local de recebimento, emi-

tir comprovante de entrega para agricultores, orientar e conscienti-zar agricultores. A gestão de locais de recebimento e a realização de programas de orientação e cons-cientização de agricultores são responsabilidades compartilhadas entre comerciantes e fabrican-tes, sendo que os fabricantes são responsáveis pela destinação das embalagens vazias a partir de sua devolução aos locais adequados.

O que é feito com as embalagens descartadas?

As embalagens vazias são destinadas para a reciclagem ou incineração. São passíveis de reciclagem 95% das emba-lagens vazias de defensivos agrícolas (plásticas, metálicas e de papelão) colocadas no mercado. Os 5% restantes são embalagens que tecnicamente não podem ser lavadas.

O que já foi recolhido nesse tempo de em-balagem em toneladas?

De março de 2002 (quando entrou em funciona-mento o sistema) até agosto de 2011, já foram cor-retamente destinadas mais de 193 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas.

O exemplo do inpEV

A adequação da cadeia atual de logís-tica às exigências de recolhimento, sepa-ração, transporte e reprocessamento dos resíduos gerados pelo consumo vai mo-vimentar um total estimado em R$ 18,5 bilhões. A estimativa feita pelo presidente do Conselho de Logística Reversa do Bra-

sil (CLRB), Paulo Roberto Leite, é de que entre 40% e 50% (R$ 8 e R$ 9 bilhões) correspondam à movimentação de recur-sos dentro do setor de transporte.

O especialista explicou que esse cál-culo considera todos os serviços relacio-nados à logística reversa, como coleta,

transporte, armazenamento e destinação fi nal, e sua relação com o Produto Inter-no Bruto (PIB, a soma das riquezas pro-duzidas no país). A cadeia inclui entre 12 e 20 itens de prestação de serviços, em segmentos econômicos que devem ser benefi ciados fortemente.

Movimentação da cadeia é estimada em R$ 18,5 bilhões

Rando: 95% das

embalagens colocadas no mercado são

recicladas

Leia, a seguir, a entrevista com o presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), João César M. Rando

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O rabo da mentira

BIBLIOCANTO

“Para evitar que amentira prevaleça,como ocorreu nocaso da invasão doIraque pelos EUA,a imprensa precisainvestir naquiloque é a maissagrada missãodo jornalismo: aapuração dos fatos”

Os fatos são subversivos. Eles sub-vertem as alegações feitas tanto por líderes democraticamente elei-tos como por ditadores, escreve o

inglês Timothy Garton Ash, misto de historiador e jornalista em seu mais novo livro lançado no Brasil. Para Ash, se o mundo tivesse conhecido os fatos sobre as supostas armas de destruição em massa de Saddam Hussein, ou simplesmente como eram frá-geis as informações sobre elas, a história da última década poderia ter sido diferente.

Professor de estudos europeus na universidade de Oxford e diretor do centro de estudos europeus na St. Antony’s College, Ash escreve uma coluna semanal no jornal The Guardian e colabora regulamente com a New York Review of Books.

Autor de nove livros, ele escreve sobre a “histó-ria do presente”, termo cunhado por George Kennan para descrever a atividade híbrida que combina erudi-ção e jornalismo. Normalmente, no ciclo de produção da maioria de seus ensaios e de reportagens analíticas, o que também foi seguido em novo livro, “Os fatos são subversivos” (Companhia das Letras, 2011, 430 páginas), o autor segue três etapas. No estágio inicial de pesquisa, ele aproveita as bibliotecas e o conheci-mento dos especialistas em todos os campos das uni-versidades Oxford e Stanford. Numa segunda etapa, vai até o lugar sobre o qual deseja escrever, seja o Irã dos aiatolás, a Macedônia à beira de uma guerra civil ou a Sérvia para a queda de Slobodan Milosevic, cam-po onde exerce a qualidade de repórter, segundo ele, a forma mais elevada do jornalismo. Estar no próprio lugar, no momento exato, com seu notebook aberto é um sonho inatingível para a maioria dos historiadores, diz Ash, que conclui seus artigos no conforto de seu escritório em Oxford.

No seu novo livro estão reunidos artigos sobre a primeira década do século 21 que tratam, por exemplo, das relações entre islamismo e terror, temática que o autor aborda com uma visão liberal equilibrada, preo-cupada com a tolerância e o respeito pela diversidade.

Por exemplo: o artigo denominado Islã na Europa, escrito em 2006, é quase uma antevisão dos recentes acontecimentos nas cidades de Londres e Paris, envol-vendo imigrantes muçulmanos. Ash é de opinião que se os europeus não possibilitarem a esses imigrantes condições para que se sintam em casa como novos europeus, o continente sofrerá novas explosões. Para se ter uma ideia da importância dessa população na Europa, basta citar o fato de que em algumas regiões urbanas da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Es-panha e Holanda, eles comporão entre 20% e 90% da população. A maioria deles será jovem; muitíssimos serão pobres, pouco instruídos, subempregados, alie-nados e tentados por drogas, crime, extremismo polí-tico e religioso, ressalta o autor.

Verdadeira exaltação ao maior dever do jornalista – a apuração dos fatos –, o livro de Ash também serve para uma refl exão sobre o futuro da imprensa. Lem-bra que no passado mais distante contavam-se menti-ras maiores e as pessoas acreditavam nelas. Em 1651, depois da morte do líder político-espiritual fundador do Butão, seus ministros fi ngiram por não menos de 44 anos que o grande Shabdrung ainda estava vivo, embora em retiro silencioso, e continuaram a emitir ordens em seu nome.

Em nosso tempo, os políticos desenvolveram mé-todos cada vez mais sofi sticados de impor uma narrativa dominante por intermédio dos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, a mídia é transformada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, e por suas consequências comerciais. Para os que buscam fatos, isso traz ao mesmo tempo riscos e oportunidades. Se os comentários são livres e os fatos são sagrados, como dizia o lendário editor do Guardian C.P. Scott, nos novos negócios de hoje, a frase foi modifi cada para os comen-tários são livres, mas os fatos são caros, aponta o autor. Se não, como sustentar o caro noticiário internacional e o jornalismo investigativo? – indaga. E, sombrio, conclui: “Hoje, sucursais no estrangeiro de respeitados jornais estão fechando como luzes de escritório que um zela-dor apaga em sua ronda noturna”.

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■ Wellington Moreira Franco*

A ascensão da nova classe média é uma das questões mais importantes a serem consideradas quando se pensa o futuro do país. No caminho que pode levar o

Brasil a se tornar, em 2015, a quinta maior economia do planeta, cerca de 30 milhões de homens e mulhe-res que superaram a pobreza e hoje integram a cha-mada classe C terão papel relevante.

O principal desafi o que se impõe, tanto para o go-verno como para a sociedade, é o que fazer para que a ascensão dessas pessoas seja um caminho sem volta. Não se trata apenas de garantir o básico na mesa des-ses brasileiros, situação que no passado se constituía na grande tarefa para os gestores públicos. O que se busca são ferramentas que consolidem essa situação e garantam as oportunidades imprescindíveis para novos avanços e segurança na condição social conquistada.

Ao ocuparem o protagonismo social, esses mi-lhões de brasileiros trazem consigo novas demandas e novos valores. Buscam mais educação, qualifi cação profi ssional e oportunidades de empregos, aspirações cujo atendimento já impacta toda a infraestrutura públi-ca. Basta observar o grau explosivo da expansão imo-biliária para se ter noção do tamanho desse desafi o em áreas como transportes e mobilidade urbana, seguran-ça pública e rede hospitalar.

Para o Brasil seguir avançando, precisamos saber aon-de queremos chegar e como combinar proteção social e promoção do dinamismo para a nossa classe média, cuja preponderância em diferentes sociedades constitui-se em um indicador não só de riqueza econômica como de desenvolvimento cultural, político e social. Esperamos proporcionar políticas públicas que, uma vez implantadas em diferentes níveis de governo, venham a promover tanto um Brasil mais rico em oportunidades como – e essencialmente – mais justo para os brasileiros.

*Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

ARTIGO

A ascensão da nova classe média

““O principal desafi o que se impõe, tanto para o governo como para sociedade, é o que fazer para que a ascensão dessas pessoas seja um caminho sem volta. Não se trata apenas de garantir o básico na mesa desses brasileiros, situação que no passado se constituía na grande tarefa para os gestores públicos. O que se busca são ferramentas que consolidem essa situação e garantam as oportunidades imprescindíveis para novos avanços e segurança na condição social conquistada”

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