empresa brasil 70

40
Abril de 2010 1 EXPANSÃO DO ENSINO DE INGLÊS REFLETE BOM MOMENTO DA ECONOMIA TERCEIRIZAÇÃO Entra na reta final a lei que regulamenta atividade no país

Upload: reinaldo-martins

Post on 28-Mar-2016

229 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Edição 70 - Novembro de 2011 da publicação Empresa Brasil da CACB

TRANSCRIPT

Page 1: Empresa Brasil 70

Abril de 2010 1EXPANSÃO DO ENSINO DE INGLÊS REFLETE BOM MOMENTO DA ECONOMIA

TERCEIRIZAÇÃOEntra na reta fi nal a lei que regulamenta atividade no país

Page 2: Empresa Brasil 70

2 Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doEstado do Acre – FEDERACREPresidente: George Teixeira PinheiroAvenida Ceará, 2351 Bairro: CentroCidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado deAlagoas – FEDERALAGOASPresidente: José Geminiano Acioli JuremaRua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIAPresidente: José Arimáteia Araújo SilvaRua General Rondon, 1385 Bairro: CentroCidade: Macapá CEP: 68.900-182

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariaisdo Amazonas – FACEAPresidente: Valdemar PinheiroRua Guilherme Moreira, 281Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300

Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado daBahia – FACEBPresidente: Clóves Lopes CedrazRua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070

Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACCPresidente: João Porto GuimarãesRua Doutor João Moreira, 207 Bairro: CentroCidade: Fortaleza CEP: 60.030-000

Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais eIndustriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDFPresidente: José Sobrinho BarrosSAI Quadra 5C , Lote 32, sala 101Cidade: Brasília CEP: 71200-055

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Espírito Santo – FACIAPESPresidente: Arthur AvellarRua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEGPresidente: Pedro Bittar Rua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

Maranhão – Federação das Associações Empresariais doMaranhão – FAEMPresidente: Júlio César Teixeira NoronhaAv. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730

Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais do Estado do Mato Grosso – FACMATPresidente: Jonas Alves de SouzaRua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020

Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais doMato Grosso do Sul – FAEMSPresidente: Leocir Paulo MontagnaRua Quinze de Novembro, 390Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917

Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINASPresidente: Wander Luís SilvaAvenida Afonso Pena, 726, 15º andarBairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002

Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doPará – FACIAPAPresidente: Reginaldo FerreiraAvenida Presidente Vargas, 158 - 5º andarBairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000

Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais daParaíba – FACEPBPresidente: Alexandre José Beltrão MouraAvenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andarBairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doParaná – FACIAPPresidente: Rainer ZielaskoRua: Heitor Stockler de Franca, 356Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais de Pernambuco – FACEPPresidente: Djalma Farias Cintra JuniorRua do Bom Jesus, 215 – 1º andarBairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACPPresidente: José Elias TajraRua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207.Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: CentroCidade: Teresina CEP: 64.001-060

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJPresidente: Jésus Mendes CostaRua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: CentroCidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030

Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do RioGrande do Norte – FACERNPresidente: Sérgio Roberto de Medeiros FreireAvenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200

Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e deServiços do Rio Grande do Sul - FEDERASULPresidente: José Paulo Dornelles CairoliRua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andarPalácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110

Rondônia – Federação das Associações Comerciaise Industriais do Estado de Rondônia – FACERPresidente: Marcito Pinto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: CaiariCidade: Porto Velho CEP: 76.801-151

Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais deRoraima – FACIRPresidente: Jadir Correa da CostaAvenida Jaime Brasil, 223, 1º andarBairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350

Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISCPresidente: Alaor Francisco TissotRua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540

São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo – FACESPPresidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001

Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Estado de Sergipe – FACIASEPresidente: Alexandre Santana PortoRua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: CentroCidade: Aracaju CEP: 49.010-110

Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriaisdo Estado de Tocantins – FACIETPresidente: Wilson Charles103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA -Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversifi cada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

DIRETORIA DA CACBBIÊNIO 2009/2011

PRESIDENTEJosé Paulo Dornelles Cairoli - RS

1º VICE-PRESIDENTESérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL

VICE-PRESIDENTESArdisson Naim Akel - PRArthur Avellar - ESFernando Pedro de Brites - DFJosé Geminiano Acioli Jurema - ALJosé Sobrinho Barros - DFLeocir Paulo Montagna - MSLuiz Carlos Furtado Neves - SCSadi Paulo Castiel Gitz - SEWander Luis Silva - MG

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAISJoão José de Carvalho Sá - BA

DIRETOR-SECRETÁRIOJarbas Luis Meurer - TO

DIRETOR-FINANCEIROGeorge Teixeira Pinheiro - AC

CONSELHO FISCAL TITULARESJadir Correa da Costa - RRPaulo Sérgio Ribeiro - MTSergio Roberto de Medeiros Freire - RN

CONSELHO FISCAL SUPLENTESAltair Correia Vieira - PAGilberto Laurindo - APRonaldo Silva Resende - RN

COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIAAvani Slomp Rodrigues

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIOMarduk Duarte

COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAISLuzinete Marques

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli Fróesfróes, berlato associadas

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIALOlívia Bertolini

COORDENADOR DO EMPREENDERCarlos Alberto Rezende

COORDENADOR NACIONAL DA CBMAEValério Figueiredo

COORDENADOR DO PROGERECSLuiz Antonio Bortolin

SCS Quadra 3 Bloco ALote 126Edifício CACB61 3321-131161 3224-003470.313-916 Brasília - DF

Site: www.cacb.org.br

Federações CACB

Page 3: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 3

A CACB intensifi ca sua par-ticipação institucional para abrir espaço nos impor-tantes debates nacionais,

como reforma política e tributária. Este é um grande momento para avançarmos rumo à competitividade e resolver antigos problemas que impedem o crescimento econômico do país. A reforma política está em discussão no Congresso e a reforma tributária, uma das nossas principais ban-deiras, foi anunciada pela presidenta Dilma Rousseff como meta de sua gestão.

E a CACB, como uma das organiza-ções com maior capilaridade e represen-tatividade no cenário nacional, não poderia se abster de participar ativamente desses debates. Estamos trabalhando para cumprir nossa missão, dando mais peso e efetivida-de às ações políticas na defesa dos interesses do empresariado no Congresso Nacional e buscando ampliar a nossa atuação como um órgão consultivo do Governo Federal.

Por meio da coordenação de Re-lações Institucionais estamos buscando personifi car a Confederação no dia a dia dessas instituições, fazendo um monitora-mento diário da agenda de votações, das propostas em tramitação no Congres-so e dos principais programas e projetos do Executivo. Entre outras ações, temos visitado gabinetes e acompanhado os tra-balhos das comissões cujos temas sejam relevantes para o crescimento econômico do país, como a subcomissão da Micro e Pequena Empresa, recém–instalada, e da Comissão de Finanças e Tributação.

O objetivo é tornar a CACB cada dia mais conhecida e respeitada institu-

cionalmente, alçando-a ao centro dos debates políticos, econômicos e sociais do país. É, sem dúvida, um trabalho de fôlego, mas que já começa a apresentar resultados. A inserção de nossos repre-sentantes nas reuniões que estão sendo feitas nos estados pela subcomissão da reforma política é um deles.

Outras reuniões já estão agendadas nos estados com a participação de mem-bros da diretoria. Confi rmamos nossa participação em eventos sobre Reforma Tributária, como uma série de debates realizados pela subcomissão que trata do tema na Câmara dos Deputados e em se-minário realizado pelo Conselho Federal da OAB. Estamos, assim, buscando ocu-par nosso espaço, proporcional à impor-tância e ao tamanho da entidade, entre os principais agentes defi nidores das políticas que impactam no crescimento econômico e na qualidade de vida de cada cidadão.

Nesta edição, que leva o número 70, estamos fazendo uma homenagem ao nosso vice-presidente Deocleciano Moreira Alves, que nos deixou repenti-namente durante o feriadão de Páscoa. As duas páginas da revista simbolizam a admiração que tínhamos por ele.

Ainda nesta edição, um assunto po-lêmico: a terceirização, que está trazen-do prejuízos para muitas empresas que partiram para esse tipo de relações traba-lhistas e que hoje vêm amargando sérios desencaixes determinados pela Justiça do Trabalho. Também em nossas páginas, o discutível ponto eletrônico, que precisa ser mais bem avaliado e debatido.

Portanto, boa leitura!

A ponte que está faltando

PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasile da Federasul

Page 4: Empresa Brasil 70

4 Empresa BRASIL

3 PALAVRA DO PRESIDENTEA CACB intensifi ca a sua participação institucional para abrir espaço nos importantes debates nacionais, como a reforma política e tributária.

5 PELO BRASIL A Associação Comercial do Pará (ACP) comemorou 192 anos de existência.

8 CAPADepois de mais de uma década de discussões, protelações e controvérsias, o Congresso Nacional deverá votar o projeto de lei que regulamenta a atividade terceirizada no Brasil.

14 CASE DE SUCESSO Mafra, no norte catarinense, é exemplo de como as pequenasempresas familiares podem crescer e, paralelamente, colaborar para o crescimento regional.

16 CONJUNTURAApesar da insistência do governo em repetir que a infl ação está sob controle, as evidências mostram: a velha conhecida da grande maioria dos brasileiros está de volta.

17 NEGÓCIOSConsiderado pelos lojistas como a segunda data comemorativa que mais movimenta o comércio, neste ano o Dia das Mães foi superado pela Páscoa.

20 TRABALHOA CACB é contra a adoção do ponto eletrônico sem o estudo de alternativas de menor custo para as empresas e o reexame do assunto em relação às micro, pequenas e médias empresas.

22 DESTAQUE FEDERAÇÕESA Faciase adota a interiorização como estratégia de crescimento, Meta do presidente da entidade, Alexandre Porto, é duplicar o número de entidades ligadas à Federação.

24 HOMENAGEM CACBEmpresa Brasil traz nesta edição uma homenagem a Deocleciano Moreira Alves, 58 anos, vice-presidente de assuntos estratégicos da CACB e presidente da Facieg, falecido em um acidente de barco, no rio Araguaia, durante a Semana Santa.

26 DESTAQUE CBMAECampo Grande inaugura Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE).

28 TENDÊNCIASCursos de inglês vivem o seu maior “boom” no Brasil.

30 BIBLIOCANTONo mais recente livro de Tony Judt, “O mal ronda a Terra”, o aumento da disparidade de renda em todo o mundo faz renascer o debate sobre o Estado de bem-estar social.

31 ARTIGOO economista André Filipe Zago de Azevedo analisa o recrudescimento da infl ação no país.

ÍNDICE

EXPE

DIE

NT

E Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróesfróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - [email protected] gráfi co: Vinícius KraskinDiagramação: Kraskin ComunicaçãoFoto da capa: goodluz/Fotolia.comRevisão: Flávio Dotti CesaColaboradores: Cecilia Miranda, Karen Horn, Neusa Galli Fróes e Olivia BertoliniExecução: Editora Matita Perê Ltda.Comercialização: Fone: (61)3321.1311 - [email protected] Impressão: Art Impressa Editora Gráfi ca Ltda EPP

14 CASE DE SUCESSO

17 NEGÓCIOS

SUPLEMENTO ESPECIAL

Pesquisa mostra crescimento no percentual de pessoas que decidem ser donas do próprio negócio.

8 CAPA

Page 5: Empresa Brasil 70

Maio de 2010 5

No início de maio, Belém esteve em festa. A Associação Comercial do Pará

(ACP) comemorou 192 anos de existência. O diretor-fi nanceiro da CACB, George Teixeira, representou a entidade no even-to, que contou com a presença de autori-dades e lideranças empresariais, entre elas, o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas (Facea), Waldemar Pinheiro. A festividade

foi marcada com a apresentação do Infor-me ACP e a Revista Praça do Comércio. O nome da revista remete à fundação da enti-dade que é a segunda mais antiga do Brasil e é referência no segmento empresarial. O evento marcou também os 23 anos do Conselho de Jovens Empresários e os 17 anos do Conselho da Mulher Empresária.

Fonte: Imprensa CACB com informações da ACP.

PELO BRASIL

ACP comemora 192 anos de existência

Criar um Fórum Permanente de debate sobre estrutura socioeconômica do Alagoas e posicionar os interesses da micro e peque-na empresa perante seu desenvolvimento. Esta foi a principal sugestão do evento “Ala-goas que convém”, promovido, em abril, pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Alagoas (Federalagoas). Ao fi nal do programa, foi redigido um do-cumento ofi cial com todas as propostas discutidas e entregue ao representante do governo estadual e encaminhado às banca-das estadual e federal de Alagoas.

Fonte: Imprensa CACB com informações da Federalagoas.

MPEs alagoanas cobram ação do governo

O coordenador executivo da CACB, Carlos Rezende, participou da audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados. A reunião debateu a regulamentação da chamada “Lei de Entrega”, que estabelece um pe-ríodo do dia ou de data e horário para a entrega de produtos ou pres-tação de serviços ao consumidor.O debate foi proposto pelo deputado Eli Correa Filho (DEM-SP). Segundo Rezende, a regra prejudica principal-mente os micro e pequenos empre-sários. “Dos 6 milhões de empresas, 90% são pequenas e micro. São elas que, muitas vezes, têm uma es-trutura pequena de logística e, para garantir o agendamento da entrega, têm de aumentar muito seus cus-tos”, afi rmou. A opinião é compar-tilhada pelo superintendente institu-cional da Federação das Associações Comerciais de São Paulo (Facesp), Marcel Solimeo. O coordenador do Comitê Jurídico da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico de São Pau-lo, Leonardo Palhares, lembrou que além do incremento de custos, a regra traria impacto ambiental e so-brecarga com trânsito, já que seriam necessários de três a quatro vezes mais caminhões nas ruas.

Lei da Entrega prejudica pequenos

Construção civil, fertilizantes e minérios são alguns dos setores da economia perua-na que mais atraem os investidores estran-geiros. Com objetivo de orientar os em-presários brasileiros sobre este promissor mercado, o Conselho Empresarial de Co-mércio Exterior da Associação Comercial do Rio de Janeiro, em parceria com a Fede-rasur, promoveu a palestra “Investimentos e Incentivos Fiscais no Peru”. O seminário, ministrado pelo representante da Câmara Comercial Brasil-Peru, Francisco Pantigoso, contou com a participação do diretor-fi nan-ceiro da CACB, George Teixeira.Fonte: Imprensa CACB com informações da ACRJ

ACRJ promoveseminário

Maio de 2011 5

Coordenador da CACB, Carlos Alberto Rezende, participou do debate

Líderes comemoram aniversário da ACP

Foto

: Im

pren

sa A

CP

Foto

: Lul

a Lo

pes

Page 6: Empresa Brasil 70

6 Empresa BRASIL

Facculpa dolorem re offi c to in cus de nobis aria sitibusam intur andi qui re nustemq uamust harum id ea sa coreici usapid quia id quo cum, quidisquam vit lam, core rehendi dus con cumqui consedic tesequatis molecta temporestrum hilluptatem aceperum, a autem lit ut expel mos intendamus, sed es aut verum quunt et faccum quianditatae volupis quis ex eatem experatem quuntiatur, vellor aut is cumquamust, et ipiti ipisquiam ipsamendae dolupta nones inci ium, que corum fugiam, untemquassin nos id quaerovid et laboruptatur atis sae corum faceped et re labor aut rest

Titulo j fsd jfuish diufh sdiufh iusdh fi usdh fi uhsd ifh

PELO BRASIL

Eduardo Machado, presidente da Conaje na diretoria 2009-2011, tomou posse no conselho consultivo da entida-de. Durante a solenidade, no início de maio, Machado lembrou que, nos últi-mos anos, a aproximação entre a CACB e a Conaje tem sido intensifi cada.

Machado é mineiro de Uberlân-

dia, mas vive no Rio de Janeiro desde os 12 anos. Graduado em administra-ção de empresas pela PUC-RJ, é pós-graduado em marketing pela IAG Mas-ter. Em sua gestão na Conaje encarou o desafi o do desenvolvimento susten-tável e do fortalecimento de projetos.

Fonte: Conaje / Imprensa CACB

Machado assume conselho consultivo

Projetos com o objetivo de fomentar a cultura empreendedora devem nortear o trabalho da Conaje na nova gestão lide-rada pelo empresário e industrial goiano Marduk Duarte. O programa “Empre-endedores do Futuro”, por exemplo, será aplicado nas escolas, abrangendo os ensinos fundamental, médio e superior. “Queremos trabalhar o empreendedor desde o ensino fundamental até a for-

mação da primeira empresa, reduzindo a mortalidade dos novos negócios”, frisa Marduk. O Projeto Primeira Empresa, que visa orientar o jovem na montagem do primeiro empreendimento, também será destaque para essa gestão da Cona-je. Outro ponto que será defendido pela entidade é a redução dos gastos públicos e a correta aplicação dos recursos origi-nários da pesada carga tributária brasileira.

Marduk Duarte toma posse como novo presidente da Conaje

Acifi é premiada comodestaque no Paraná

No ano de comemoração de 60 anos da Associação Comercial de Foz do Iguaçu (Acifi ), a entidade foi premiada pela Federação das Associações Co-merciais e Empresariais do Paraná (Faciap) como a associação destaque no Paraná 2010. A condecoração foi um reconhecimento pelo desempenho no Capacitar, programa de excelência em gestão desenvolvido pela CACB com o objetivo de estruturar e fortalecer as entidades. O programa tem gerado um fortalecimento da cultura associativa, melhoria da sustentabilidade das entida-des e incentivo para que se envolvam em ações de desenvolvimento local. Em 2007, o Capacitar foi reconhecido pelo International Members of Commerce como o melhor projeto de cooperação internacional.

Entidade alcançou 100% das metas previstas

Vários critérios levaram à escolha da entida-de como destaque. Por exemplo: o incremen-to de 16% na oferta de serviços. Além disso, a entidade conseguiu atingir 100% das ações previstas para 2010 do Planejamento Estratégi-co e garantir, comprovadamente, por meio de pesquisas, a satisfação de 92% dos associados. No Índice de Desenvolvimento Organizacio-nal, a Acifi obteve 94%, enquanto a média foi 71%. A atuação da associação do oeste para-naense em prol da cultura e desenvolvimento local também contribuiu para o prêmio.

Imprensa CACB com informações da Acifi .

Serra analisa reforma política

A redução dos altos gastos de cam-panhas eleitorais e o maior controle do eleitor sobre os eleitos foram algumas questões defendidas pelo ex-governa-dor de São Paulo e ex-ministro José Serra, durante palestra sobre “Reforma Política” na Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), no fi nal de maio. Para ele, “o sistema eleitoral é o ponto mais crítico do sistema político”.

Fonte: Imprensa Federasul

Foto

: Iva

n An

drad

e/ F

eder

asul

Page 7: Empresa Brasil 70

Maio de 2010 7

Foi com este alerta que o vice-presi-dente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Ernesto Heinzelmann, relatou o prin-cipal foco de atuação Movimento Brasil Efi -ciente (MBE), cujo objetivo reduzir a carga tributária para gerar emprego e melhorar a renda do brasileiro. O empresário fez uma exposição sobre o projeto e sua aplicação no país. Lançado no mês de julho de 2010, o MBE segue fi rme na luta pela redução da carga tributária a fi m de garantir um cresci-mento econômico sustentável, consistente e acelerado. O movimento, que nasceu no meio empresarial, é baseado nos estudos dos economistas Raul Veloso e Paulo Ra-

bello de Castro e coordenado pelo presi-dente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Carlos Rodolfo Schneider. A Associa-ção Empresarial de São Bento do Sul faz parte dessa campanha, que já conta com a adesão de mais de 80 entidades.

Sem vinculação partidária, o MBE tem por objetivo sensibilizar a popula-ção, a classe política e, principalmente, os governantes eleitos sobre a importância de diminuir o peso da carga tributária sobre o setor produtivo, simplifi car e racionalizar o sistema tributário, melho-rando a gestão dos recursos públicos. Atualmente, o trabalho está focado no ajuste fi scal do setor público que incluiu as reformas tributária, administrativa e previdenciária. A exemplo do projeto

Ficha Limpa, de iniciativa popular, o MBE visa colher mais de 1,4 milhão de assina-turas para enviar um abaixo-assinado ao Congresso como forma de manifesta-ção, lutando para transformar o estudo em projeto de lei. No site www.brasi-lefi ciente.org.br é possível participar do abaixo-assinado, assim como conhecer mais sobre as propostas que objetivam transparência nos gastos públicos.

Fonte: Imprensa CACB com informações da ACISBS

Movimento levará reivindicação ao Congresso

Organizado pela CACB, o 4º módulo do Treinamento Internacional de Consultores foi ministrado pelos consultores Andreas Dohle e Martin Wahl. Segundo Andreas, nessa etapa do curso os consultores analisaram a qualidade de atuação da entidade. Dohle é formado em desenvolvimen-to gerencial e atua como especialista no desenvolvimento associativo no Brasil e na cooperação internacional. Paulo César Ferreira é consultor do Centro de Formação Profi ssional de Baviera (BFZ) da Alemanha.Fonte: CACB com informações da Facisc

CACB promove 4º módulo de treinamento de consultores

A CACB está estruturando a área comercial. Os interessados em publicar anúncio na Empresa Brasil podem enviar um e-mail para [email protected]

Anuncie na Empresa Brasil

Maio de 2011 7

“75% do ano trabalhamos somente para pagar impostos”

Gestão de entidades, prestação de serviços, cultura associativa e desen-volvimento local. Esses foram os prin-cipais pontos de avaliação do projeto-piloto (estudo de caso) promovido pela CACB, no fi nal de maio, em Florianó-polis. As entidades avaliadas recebe-ram uma devolutiva com uma análise dos pontos e sugestões de melhoria. Foram visitadas a Associação dos Diri-gentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), Associação Comercial e In-dustrial de Florianópolis (Acif), Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis e o Sinduscon Grande Florianópolis. A iniciativa fez parte de um programa de treinamento de consultores internacio-nais desenvolvido pela CACB.

Consultores da CACB realizam projeto-piloto em Florianópolis

Consultores propuseram melhorias

Foto

: Im

pren

sa F

acisc

Page 8: Empresa Brasil 70

8 Empresa BRASIL

Congresso deverá votar regulamentação da atividade terceirizada ainda neste anoDepois de mais de uma década de discussões, protelações e controvérsias, o Congresso Nacional, enfi m, deverá votar o projeto de lei que regulamenta a atividade terceirizada no Brasil

Em novembro de 2008, o projeto chegou à Comissão de Justiça, para o exame de sua constitucionalidade. Desde então surgiram ao total 22 propostas. Com vários projetos

em tramitação sobre o assunto, a Câmara dos Deputa-dos optou pela criação de uma Comissão Especial com o objetivo de dar celeridade ao debate. Mais próximo de ser encaminhado à votação, o Projeto de Lei (PL) nº 4302 de 1998, de autoria do Executivo, que passou por várias alterações desde a sua origem, tem como relator o deputado Sandro Mabel, que também é autor do Projeto de Lei nº 4330 de 2004.

Segundo o parlamentar, a existência de uma série de pontos divergentes entre as grandes empresas e os sindicatos dos trabalhadores não tem permitido o acordo necessário para a aprovação do PL. “Cada

Mais recente pesquisa setorial

mostrou que existem mais

de 8 milhões de trabalhadores

no país

CAPA

O projeto de lei mais próximo de ser encaminhado à votação tem como relator o deputado Sandro Mabel

Page 9: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 9

projeto benefi cia uma parte”, diz o deputado. “Preci-samos entender que temos que aprovar algum proje-to, ainda que não seja o melhor, o ideal, mas que seja uma alternativa, para se ter uma legislação e depois evoluir. O que não podemos é não ter nenhuma re-gulamentação para o setor.”

Para o advogado Adriano Dutra da Silveira, sócio-diretor da Saratt Gestão de Serviços Ltda., especializada em terceirização, o PL 4302/1998, do Executivo, se constitui em mero paliativo, insufi -ciente para o efetivo atendimento das necessidades do mercado e das relações de trabalho. Uma de suas limitações, por exemplo, é a falta de efi cácia na solução da questão relativa aos limites da terceiriza-ção. Ou seja, a insegurança jurídica em relação ao que pode ser efetivamente terceirizado. Além dis-so, o projeto não é sufi cientemente claro para pôr um fi m à discussão sobre o que são atividades-fi m e atividades-meio, atesta o advogado.

Em sua opinião, o projeto com o texto mais equi-librado e que atenderia às reais necessidades dos empresários e trabalhadores é o do Senado (PLS) 87/2010. Proposto pelo senador Eduardo Azeredo, hoje deputado federal, e tendo como atual relatora a senadora Kátia Abreu, encontra-se em fase de recebi-mento de emendas. “Todos os demais projetos pos-

suem visões polarizadas. Ou seja, difi cilmente serão votados e aprovados”, afi rma Silveira.

“A ausência de uma legislação que regulamente a ati-vidade apenas favorece organizações que não primam pela seriedade. Além disso, abre espaço para uma con-corrência desleal de oportunistas que burlam os direitos dos trabalhadores”, diz Vander Morales, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceiri-záveis e de Trabalho Temporário (Asserttem).

Projeto proposto pelo senador Eduardo Azeredo, atual deputado federal, tem como relatora a senadora Kátia Abreu

A remuneração mensal dos profi ssionais terceirizados oscila em torno de R$ 918,00

Page 10: Empresa Brasil 70

10 Empresa BRASIL

CAPA

A CACB estuda uma estratégia para levar adiante, no Congresso Nacional, o debate so-bre o projeto de lei que regulamenta a tercei-rização no país. Segundo o presidente da en-tidade, José Paulo Dornelles Cairoli, o assunto é de grande interesse social, já que, além de desonerar a folha, cria novas opções no mer-cado de trabalho que hoje, pelos resultados dos julgamentos, se transformaram em sérios problemas para as empresas. “Como está não pode fi car”, afi rma o líder da CACB.

“A insegurança jurídica gera, cada vez mais, a necessidade de regulamentação da terceiri-zação. As interpretações da Justiça do Trabalho estão trazendo grandes prejuízos às empresas que optaram pela terceirização e que hoje são obrigadas a pagar indenizações milionárias para os terceirizados”, afi rma.

No mês de junho, a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Traba-lho Temporário (Asserttem) deverá divulgar pes-quisa sobre as oportunidades de negócios para o setor de serviços, especifi camente terceirização e trabalho temporário, no período que antecede a Copa de 2014. Até lá, o setor espera ter uma legislação específi ca sobre o tema, cujo vácuo legislativo poderá acarretar difi culdades às con-tratações de temporários para a época do maior evento esportivo do mundo. De acordo com o Ministério do Turismo, a Copa 2014 deverá gerar 3,63 milhões de empregos por ano.

A última pesquisa setorial feita pelo Instituto de Pes-quisa Manager (Ipema) a pedido da Asserttem, 2009-2010, mostrou que existem, no país, mais de 31 mil empresas de serviços terceirizáveis, totalizando 8 mi-lhões de trabalhadores, com um faturamento de R$ 43 bilhões ao ano. No entanto, apesar da representativida-de do setor, no Brasil não existe lei para regulamentar a terceirização. Ela é feita por meio de contratos adminis-trativos e é julgada pelos tribunais, caso a caso. A nova lei deverá defi nir e regular o trabalho temporário e esta-belecer regras para a prestação de serviços de terceiros.

A princípio, conforme o dirigente, a regulamentação seria desnecessária, dada a presença na Constituição Fe-deral, no Código Civil e na Consolidação das Leis do Tra-balho (CLT) dos princípios sobre as relações comerciais entre empresas, prestação de serviços e relação de traba-lho. “Porém, diante da insegurança jurídica, a regulamen-tação passou a ser uma necessidade”, reforça Morales.

O setor hoje é regulado pela Súmula 331 do Tribu-nal Superior do Trabalho (TST), e dos órgãos de fi scali-

zação. O texto é considerado ultrapassado por juristas, para quem os conceitos de atividade-fi m e atividade-meio estão defasados.

Mais do que uma tendência, a Prestação de Ser-viços Terceirizáveis é uma realidade no Brasil atual. Amplia o mercado formal e moderniza as relações de trabalho, agregando efi ciência ao processo produtivo brasileiro e, como consequência, eleva a competitivi-dade das empresas nacionais frente aos seus agressivos concorrentes internacionais.

“”

O setor hoje é regulado pela Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O texto é considerado ultrapassado por juristas, para quem os conceitos de atividade-fi m e atividade-meio estão defasados

CACB defende regulamentação imediata da terceirização

Copa 2014preocupa o setor

Page 11: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 11

O governo federal prepara um decreto para regu-lamentar a terceirização de mão de obra nas empresas estatais. Conforme a assessoria de imprensa do Ministé-rio do Planejamento, o decreto ainda não tem data exa-ta para sair, mas deve ser publicado até o fi nal deste ano.

A medida está sendo adotada pelo governo como forma de estancar uma série de problemas denun-ciados por auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) feitas no segundo semestre do ano passado. Quatro das cerca de 130 estatais do país – Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eletrosul e Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) – foram fi scalizadas. O resultado apontou indícios de irregularidade, segundo dados do relator do caso no tribunal, ministro Augusto Nardes.

O foco principal da ação do TCU foi avaliar even-tual descumprimento da Constituição Federal, de que não podem ser terceirizadas as atividades-fi m. A Cons-tituição, em seu artigo 37, prevê que “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público (...) ressalvadas as nomea-ções para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”. Há previsão, no entanto, de exceção para contratos por tempo determinado.

O decreto 2.271 de 1997 regulamenta a terceiri-zação de serviços na administração pública direta (mi-nistérios) e não contempla as empresas públicas.

Desde então, a regulamentação com regras espe-cífi cas para estatais ainda não saiu. O que norteia esses casos é uma súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a 331, que estabelece as normas sobre terceiri-zações e autoriza a contratação de prestação de serviços nas áreas de conservação, limpeza e serviços especiali-zados ligados à “atividade-meio”, que são as atividades não diretamente relacionadas à atuação da companhia.

Governo prepara decreto para mão de obra terceirizada de empresas estatais

Nardes, do TCU: “Governo precisa evitar terceirizados em atividades inerentes às empresas estatais”

Petrobras, BNDES, Eletrosul e Instituto de Resseguros do Brasil são as estatais mais fi scalizadas pelo TCU

Page 12: Empresa Brasil 70

12 Empresa BRASIL

CAPA

O advogado Adriano Dutra da Silveira, sócio-di-retor da Saratt Gestão de Serviços Ltda., especializado na terceirização, diz que o Projeto de Lei 4302/1998, de autoria do executivo, que, entre 21 outros pro-jetos sobre o mesmo tema, é o mais próximo a ser encaminhado para a votação, “constitui-se apenas em um paliativo”. Dentre os principais ajustes necessá-rios, ele cita que a proposta não é efi caz na solução da questão relativa aos limites da terceirização. “Ou seja, a insegurança jurídica em relação ao que pode ser efetivamente terceirizado, bem como o fi m da discussão sobre o que são atividades-fi m e atividades-meio, são questões que não seriam solucionadas”, diz Silveira. Em sua opinião, o projeto de lei com o texto mais equilibrado e que atenderia às reais necessidades dos empresários e trabalhadores é o do Senado (PLS) 87/2010, proposto pelo senador Eduardo Azeredo, hoje deputado federal. A seguir, os principais trechos de sua entrevista a Empresa Brasil:

Quais as suas objeções ao projeto de lei que altera a legislação sobre o trabalho temporário e regulamenta a terceirização?

Há diversos projetos de lei tramitando que, de acordo com a origem, empresarial ou sindical, apresentam visões opostas e polarizadas. Penso que o PL 4302/1998, que é o mais próximo de ser encaminhado para votação, se constitui em um pa-liativo, mas que careceria, para efetivo atendimen-to das necessidades do mercado e das relações de trabalho, ser ajustado. Dentre os principais ajustes, cito que o projeto não é efi caz na solução da ques-tão relativa aos limites da terceirização. Ou seja, a insegurança jurídica em relação ao que pode ser efetivamente terceirizado, bem como o fi m da dis-cussão sobre o que são atividades-fi m e atividades-meio, são questões que não seriam solucionadas. Outro ponto importante refere-se à responsabili-dade solidária. A transformação da responsabilida-de subsidiária trabalhista prevista na Súmula 331 do TST, onde o primeiro devedor é a empresa presta-dora de serviços e a empresa contratante responde somente economicamente em um segundo plano, em responsabilidade solidária, será fator de inibição da terceirização e é o principal ponto de desconfor-to das entidades que representam o empresariado que contrata a prestação de serviços.

Qual o projeto de lei que regulamenta a terceirização no país que mais se aproxi-ma do consenso entre empresários e tra-balhadores?

O projeto de lei com o texto mais equilibrado e que atenderia às reais necessidades dos empresá-rios e trabalhadores é o do Senado (PLS) 87/2010,

“Projeto com mais chances de ser votado não passa de um paliativo”Para advogado especialista em terceirização, é preciso equilibrar as reais necessidades de empresários e trabalhadores

Page 13: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 13

proposto pelo senador Eduardo Azeredo, hoje de-putado federal, e que tem como atual relatora a se-nadora Kátia Abreu e está na fase de recebimento de emendas. Todos os demais projetos, na minha visão, possuem visões polarizadas. Ou seja, difi cilmente se-rão votados e aprovados.

Quais são as suas sugestões para o aper-feiçoamento desse projeto?

As principais alterações, citadas anteriormente, relativas ao PL 4302/98 me parecem bem esclare-cidas e resolvidas no texto do PLS 87/10. Em re-lação à atividade-fi m, a melhor redação é a libera-ção da terceirização de qualquer das atividades da empresa. Referida alteração daria efetiva segurança jurídica para as partes, eis que hoje não há uma

interpretação uniforme sobre o que possa ser ter-ceirizado. Ou seja, como posso defi nir os rumos e estratégias da organização se não tenho uma regra do jogo clara. Destaco ainda, para rebater a visão de alguns críticos, que as empresas não se tornarão virtuais, afi nal as atividades estratégicas e de know-how da empresa tomadora não serão repassadas para terceiros. Outro ponto relativo ao tema é que a CLT continua vigente. Ou seja, as regras sobre a relação de emprego e quais os requisitos do vín-culo de emprego, especialmente pessoalidade e subordinação, continuam válidas. O segundo tema de destaque é a responsabilidade subsidiária ver-sus a responsabilidade solidária. Novamente penso

que o texto do PLS 87/10 é mais equilibrado. Em resumo, há a previsão de que as empresas toma-doras de serviço que tomem as cautelas no sentido de solicitar documentos sobre a saúde fi nanceira dos prestadores e comprovação de que os direitos trabalhistas dos empregados utilizados estão sendo corretamente adimplidos, teriam a vantagem de serem subsidiariamente responsáveis em caso de demanda. Por outro lado, as empresas contratan-tes de serviço que não fi zessem este tipo de fi scali-zação seriam solidárias. A solidariedade também se aplicaria no caso de uma prestadora falir.

Quanto à questão da garantia aos ter-ceirizados dos mesmos direitos da catego-ria preponderante nas empresas, qual a sua opinião?

A aplicabilidade, para os empregados terceiri-zados, dos mesmos direitos contidos nas normas coletivas aplicáveis aos tomadores de serviço é um absurdo jurídico e uma irresponsabilidade para a economia. Primeiro porque devem ser respeitados os direitos previstos e negociados, por cada cate-goria profi ssional; segundo porque na terceirização há a contratação de serviços e não de pessoas. Por fi m, destaco que a aplicação aos terceirizados dos direitos da categoria preponderante do tomador de serviço seria uma forma de efetivamente acabar com a terceirização. Ou seja, tratar do tema sobre esse enfoque é uma irresponsabilidade. Imaginem o impacto econômico do fi m da terceirização. E registro: o primeiro a quebrar seria o Estado. Ima-ginem União, estados e municípios sem terceiros. E a Petrobras? Ou seja, a extensão da norma co-letiva contém uma visão parcial, irresponsável e de características gravíssimas para nossa economia e para o país. Importante, em eventual regulamen-tação, é a concessão do mesmo tratamento dado aos empregados dos tomadores de serviço aos empregados da prestadora, no que diz respeito a serviço ambulatorial, transporte fornecido pela em-presa e refeitório.

“”

“O projeto com mais chances de ser votado não solucionará a insegurança jurídica em relação ao que pode ser efetivamente terceirizado”

Page 14: Empresa Brasil 70

14 Empresa BRASIL

CASE DE SUCESSO

Pequenas empresas familiares diversifi cam fontes de rendaMafra, cidade do norte catarinense, alia vocação de polo agrícola ao perfi l empreendedor

Com pouco menos de 53 mil habitantes (Censo 2010), Mafra, norte catarinen-se, tem se tornado exemplo de como as pequenas empresas familiares podem

crescer e, paralelamente, colaborar para o crescimen-to regional. Desde dezembro de 2010, 11 agricultores que antes dedicavam sua plantação apenas à subsistên-cia abastecem os restaurantes locais. A expectativa é que, até o fi nal do ano, as hortaliças do grupo reforcem também a merenda dos alunos das escolas municipais. O projeto é realizado pela Associação Comercial e In-dustrial de Mafra (ACIM) em parceria com a CACB/Sebrae e outros atores locais.

Segundo Danieli Cristina de Souza Cardoso, consul-tora da ACIM, o programa tem sido desenvolvido de for-ma planejada para gerar um retorno sustentável.

“Num primeiro momento foi um projeto de gestão. Agora, é um programa de gestão aliado à produção. Nos-so objetivo é ajudar os integrantes do núcleo a produzir mais e melhor. Os restaurantes e as escolas serão merca-

dos naturais”, afi rmou Nereu Martins Carvalho, presiden-te da Associação Comercial de Mafra e do Conselho de Alimentação Escolar do município (na gestão 2010/2014).

O trabalho realizado pelo núcleo tem surpreendi-do até especialistas experientes. Segundo o agrônomo Antônio Agostín, há mais de duas décadas no setor, a organização do grupo e a vontade em aprender são os grandes diferenciais e ingredientes para o sucesso.

De acordo com Agostín, o plantio atual, que conta com mais de 20 diferentes hortaliças, representa ape-

Hortaliças: do plantio direto para o consumo

Núcleo de gestão agrícola durante

a visita dos consultores da

CACB

Foto

: Res

taur

ante

Em

acite

Foto

s: D

ivulga

ção

ACIM

Page 15: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 15

nas 20% a 30% do potencial produtivo. Até o fi nal do ano, este índice deve chegar a 70%.

Da subsistência à diversifi cação de renda Além de expandir a lavoura de subsistência ao co-

mércio local, o programa tem colaborado para a diver-sifi cação de renda e qualidade de vida dos agricultores. É o que conta Martinho Rodrigues, 42 anos, desde pequeno criado na lavoura.

Segundo ele, agora, ele e sua mulher dividem as tarefas da avicultura – atividade original – e a plantação de hortaliças.

Rodrigues explica que a plantação é feita de modo es-calonado, ou seja, cada agricultor faz a plantação e a colheita de modo alternado, assim, atende à demanda de modo sistêmico. “Até a nossa alimentação mudou”, afi rmou.

Alimentação fresca e preços competitivos “Antes, viajava até Curitiba (100 km de distância)

para poder comprar hortaliças de qualidade a preços competitivos. Hoje, tenho os ‘verdinhos’ entregues duas vezes por semana, fresquinhos e com preços bons”, conta Alauricelli Fátima dos Santos, gerente do restaurante do Hotel Emacite, um dos cinco restauran-tes do núcleo de gastronomia, atendidos pelo núcleo de gestão agrícola. “Hoje, compramos repolho, alface, cebola. Esperamos que eles continuem crescendo.”

O núcleo de gestão agrícolaOs trabalhos do núcleo de gestão agrícola da Asso-

ciação Comercial de Mafra começaram há dois anos. Em parceria com o Sindicato dos produtores rurais, a Associação vem promovendo cursos de capacitação.

No fi nal de 2010, com a inserção no Empreender Competitivo, o projeto passou a ter um consultor e um especialista. Ambos acompanham o projeto e, em reunião com nucleados, fazem o diagnóstico das difi -culdades e propõem soluções.

Empreender CompetitivoPrograma desenvolvido pela CACB, em parceria

com o Sebrae, destinado a núcleos setoriais mais avan-çados. Os projetos são gerenciados pelas Federações/Associações, coordenados pelos consultores locais e acompanhados pela CACB.

Além de expandir a lavoura de subsistência ao comércio local, o programa tem colaborado para a diversifi cação de renda e qualidade de vida dos agricultores

Foto

s: D

ivulga

ção

Page 16: Empresa Brasil 70

16 Empresa BRASIL

CONJUNTURA

Apesar da insistência do governo em re-petir que a infl ação está sob controle, as evidenciais mostram: a velha conhecida da grande maioria dos brasileiros está

de volta. O Índice Nacional de Preços ao Consumi-dor Amplo (IPCA), que mede a infl ação ofi cial do país usada como base para as metas do governo, fi cou em 0,77% em abril e acumula alta de 6,51% em 12 meses, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE). A expec-tativa para a infl ação ofi cial neste ano subiu de 6,34% para 6,37%, em um patamar ainda mais distante do centro da meta, que é de 4,50%, com dois pontos de tolerância para mais ou para menos.

A história recente brasileira demonstra que toda vez que a infl ação anual aproxima-se dos 6%, a in-dexação é inevitável, produzindo infl ação inercial – a pior e mais renitente das infl ações, diz o ex-ministro e embaixador Marcilio Marques Moreira, presidente do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da As-sociação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

O fato mais claro da volta da indexação, segundo o ex-ministro, é a nova política do salário mínimo, votada pelo Congresso Nacional, vinculada à infl ação do ano anterior e ao crescimento do PIB de dois anos antes. “O Plano Real ainda é uma obra inacabada”, diz. “O que resta a fazer é justamente acabar com todos os tipos de inde-xação, como salários, aluguéis, tarifas de energia elétrica. Isso precisa ser defi nitivamente extinto.”

O que é pior, conforme Marcel Solimeo, econo-mista-chefe e superintendente institucional da Associa-ção Comercial de São Paulo (ACSP), é que o indexador mais utilizado em contratos, o IGP, refl ete muito mais o preço das commodities do que os do mercado interno, pelo que vem aumentando mais do que a taxa ofi cial de infl ação, que é o IPCA. Assim, seria preciso promover uma ampla desindexação da economia, o que somente seria viável como parte de um amplo projeto de com-

bate à infl ação, que envolvesse a política monetária e a fi scal. “Sem um ‘choque de credibilidade’ não se conse-guirá desindexar a economia”, atesta.

Para Solimeo, o Banco Central tem procurado usar as medidas tradicionais, como a elevação da taxa Selic e as chamadas “medidas prudenciais”, como o aumento dos depósitos compulsórios, na tentativa de conter a infl ação. Ocorre que o resultado, até agora, é modesto, embora já se notem sinais de menor expan-são da economia. A questão maior – acrescenta – é que, se não houver o apoio da política fi scal, isto é, corte dos gastos, o Banco Central terá que aumentar a dosagem de sua política, com efeitos colaterais muito fortes, como o aumento do custo da dívida pública e a retração da economia. “O país está sob a ameaça de perder uma de nossas maiores conquistas: a estabiliza-ção da economia”, adverte Marques Moreira.

16 Empresa BRASIL

Infl ação traz de volta o risco de indexação da economia Governo será obrigado a decidir entre o crescimento do PIB ou uma dosagem maior em sua política monetária e fi scal; do contrário, país corre o risco de perder a estabilização da economia

Tombini garante meta em 2012Para o presidente do Banco Central, Alexandre

Tombini, o país já está “com a infl ação sob contro-le”. Porém, para garantir que a infl ação convirja para a meta em 2012 (4,5%), haverá a necessidade de um ciclo mais longo de aumento da taxa Selic.

“”

Marcel Solimeo: “A questão maior é que, se não houver o apoio à política fi scal, o Banco Centralterá que aumentara dosagem”

Page 17: Empresa Brasil 70

INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

MAIO/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

Pesquisa GEM 2010 mostra crescimento no percentual de pessoas que decidem ser donas do próprio negócio, atraídas pelas boas oportunidades do mercado

Empreendedorismo conscienteO número de mulheres que empreendem no Brasil se equipara ao de homens. Elas estão mais presentes no mercado como empreendedoras do que como empregadas

Presença feminina

Foto

: Dav

id Z

ocol

li

Page 18: Empresa Brasil 70

2 EMPREENDER // SEBRAE

/ / Espec ia l Pesqu isa GEM 2010 / /

A PESQUISA GEM MOSTRA QUE O NÚMERO DE NEGÓCIOS QUE SURGEM POR OPORTUNIDADE

CRESCE NA MESMA PROPORÇÃO QUE A ESCOLARIDADE E A

RENDA DO EMPRESÁRIO

ESTABILIDADE GERA EMPREENDEDORISMO DE MELHOR QUALIDADEPresidente do Sebrae, Luiz Barretto, afi rma que Brasil caminha para conquistar indicadores semelhantes aos de países desenvolvidos

A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2010), divulgada pelo Sebrae em abril, revela que o Brasil está ocupando um novo pa-

tamar na qualidade do empreendedorismo. Os dados mostram que o país alcançou em 2010 a maior taxa de empreendedorismo entre pa-íses membros do G20, grupo que integra as maiores economias do mundo. “A pesquisa in-dica que o país caminha cada vez mais em di-reção aos indicadores de países desenvolvidos”, disse o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

Segundo a pesquisa, o Brasil faz parte dos países impulsionados pela efi ciência – que reúne as economias norteadas para a produção industrial em escala, onde também estão Chile e China. Nesta cate-goria, o Brasil está em quarto lugar.

As demais categorias são: países im-pulsionados pela inovação, que são os mais ricos, como Estados Unidos e Itália; e também aqueles que dependem princi-palmente da economia de subsistência, onde a porcentagem de empreendedores por necessidade é muito maior.

Um dos indicadores do desenvolvimen-to do empreendedorismo no Brasil, segundo a pesquisa, é a relação empreendedorismo por oportunidade x por necessidade. Essa re-lação mostra que para cada negócio aberto por necessidade – motivado, por exemplo, pelo desemprego –, pouco mais de dois fo-ram iniciados porque os empresários enxer-garam uma oportunidade no mercado.

A taxa média dos 60 países pesquisa-dos é de 2,2. A proporção entre oportuni-dade e necessidade no Brasil é de 2,1. “Nos Estados Unidos, por exemplo, a relação é de 2,4, isso mostra a vitalidade da econo-mia brasileira e que estamos muito pró-ximos dos países com melhor qualidade empreendedora”, avalia Barretto.

O presidente do Sebrae atribuiu os re-sultados principalmente à estabilidade da economia conquistada nos últimos 20 anos, às políticas voltadas para o desenvolvimen-to dos pequenos negócios, como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, a uma maior formalização dos empreendimentos, com a legislação que instituiu a fi gura do Empre-

Page 19: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 3

E

endedor Individual, entre outros fatores.O estudo mostra também que a propor-

ção dos que surgem por oportunidade cresce quanto maior a escolaridade e a renda mé-dia dos empresários. Entre os profi ssionais que estudaram mais de 11 anos ao longo da vida, por exemplo, a relação sobe para 4,6. No outro extremo, há mais empresários por necessidade entre os que estudaram menos de quatro anos – a razão é de um empresário por necessidade para cada um que empre-ende por oportunidade. Entre os que estuda-ram de cinco a 11 anos, a taxa é de 2,2.

Para ele, as políticas de incentivo à educação, principalmente relacionadas ao empreendedorismo, deverão melhorar os índices nos próximos anos. “A pesquisa mostra exatamente isso, quanto maior a escolaridade, maior a taxa de empreen-dedorismo por oportunidade”.

//ConcorrênciaO diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, acredita que os indicadores positivos mostram também que o caminho não é fácil. “O caminho do desenvolvimento embute um aumento da concorrência e a necessidade de conhecimento de mercado, que deve ser feito por meio de um plano de negócios.”

Para compor a pesquisa no Brasil, nos meses de maio a julho de 2010, foram en-trevistadas 2 mil pessoas, de 18 a 64 anos de idade, em 27 cidades de todas as regiões brasileiras, selecionadas por meio de amos-tra probabilística. No mundo, foram mais de 180 mil pessoas ouvidas em 2010. A pes-quisa, que tem nível de confi ança de 95%, com margem de erro de 1,5%, conta ainda com opiniões de 36 especialistas brasileiros. Entre os anos de 2000 a 2010, foram entre-vistados no país 23,9 mil adultos.

//Bons negócios com baixo capital inicialSegundo a pesquisa, mais da metade dos empreendimentos brasileiros demanda-ram menos de R$ 10 mil para serem aber-tos. De cada cem empresários, 18 gastaram menos de R$ 2 mil para iniciar a atividade. Apenas em 18,9% dos casos foi necessário um gasto superior a R$ 30 mil. O restante, 23,1%, nasceu com um investimento que variou de R$ 10 mil a R$ 30 mil.

A pesquisa mostra ainda que, no Bra-sil, homens e mulheres têm buscado no empreendedorismo a oportunidade de estar no mercado quase que igualmente. Há um forte equilíbrio entre gêneros, já que dos 21,1 milhões de pessoas à frente de empreendimentos em estágio inicial (TEA) ou com menos de 42 meses de existência no Brasil, 50,7% são homens e 49,3%, mulheres.

A pesquisa mostra que mais da metade dos empreendimentos brasileiros demandaram até R$ 10 mil para serem abertos

Foto

: Ber

nard

o Re

bello

Page 20: Empresa Brasil 70

4 EMPREENDER // SEBRAE

/ / Espec ia l Pesqu isa GEM 2010 / /

VISÃO COM EMPREENDEDORISMO Para cada empresário que inicia um empreendimento por necessidade, dois abrem o negócio por vislumbrar uma oportunidade no mercado brasileiro

O crescimento da atividade em-preendedora no país não é apenas quantitativo, mas prin-cipalmente qualitativo. A pes-

quisa GEM, divulgada pelo Sebrae em abril, mostra que para cada negócio aberto por necessidade –, motivado, por exemplo, pelo desemprego – pouco mais de dois foram iniciados porque os empresários enxerga-ram uma oportunidade no mercado.

A proporção entre oportunidade e ne-cessidade, de 2,1, é praticamente a mesma da média dos 60 países pesquisados, de 2,2. Nos países mais desenvolvidos econo-micamente, porém, a razão é superior à dos demais países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a relação é de 2,4, e na Islândia a proporção sobe para 11,2.

O índice brasileiro é o maior já registra-do desde que o país começou a participar da pesquisa, no ano 2000. Em 2002, o em-preendedorismo por necessidade superava o por oportunidade – para cada empreen-dedor por necessidade havia 0,7 por opor-tunidade. A relação se inverteu em 2003, mas somente em 2010 o Brasil passou a ter mais de dois empreendedores por oportu-nidade para cada um por necessidade. Em

2009, a relação era de 1,6. Essa evolução mostra a vocação em-

preendedora do brasileiro, uma vez que a abertura por necessidade é feita como única opção, ou seja, pela falta de melhores alter-nativas profi ssionais. O aumento da geração de emprego em 2010 contribuiu para a redução do empreendedorismo por necessi-dade. Além disso, o empreendedorismo por oportunidade aumenta quando a economia fi ca estável e quando melhoram os níveis de escolaridade e renda.

“O ambiente econômico atual do Brasil favorece o surgimento de novas oportunida-des aos micro e pequenos empresários, que precisam se preparar para enfrentar os de-safi os que virão”, afi rma o presidente do Se-brae, Luiz Barretto. “Neste cenário, o Sebrae terá papel fundamental para auxiliar os empreendedores na identifi cação de opor-tunidades e na preparação para enfrentar os desafi os da concorrência, com foco prin-cipalmente na inovação”, completa.

A Pesquisa GEM 2010 identifi cou que apenas 16,8% dos empreendedores brasi-leiros consideram o produto ou serviço que oferecem novo para os consumidores, o que faz do fomento à inovação o principal desa-

A ESTABILIDADE ECONÔMICA E O AUMENTO DA GERAÇÃO

DE EMPREGO EM 2010 CONTRIBUÍRAM PARA A REDUÇÃO

DO EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE NO BRASIL

Page 21: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 5

E

fi o para que esses empreendedores possam se desenvolver e ampliar seu mercado.

Esta é a 11ª vez que o Brasil participa da pesquisa GEM, o maior estudo contínuo so-bre a dinâmica empreendedora do mundo. Desde sua primeira edição, em 1999, mais de 80 países já participaram da pesquisa, sendo apenas 13 por mais de dez anos seguidos. E pelo 10º ano seguido, o Sebrae é parceiro na realização da pesquisa no Brasil.

// SetoresO comércio é a atividade em que mais se investe por enxergar uma chance de suces-so. De cada cem empresários que abrem negócios por oportunidade no país, 25% se tornam varejistas. As outras áreas mais demandadas são as de alimentação e hos-pedagem (15%), as atividades imobiliárias (13%) e a indústria de transformação (10%).

Entre os que empreendem por necessi-dade, o comércio continua liderando, com 26% da preferência. Em seguida, aparecem as empresas de alojamento e alimentação (21%), a indústria de transformação (11%) e as atividades imobiliárias (9%).

//Perfi lA proporção dos que surgem por oportuni-dade cresce quanto maior a escolaridade e a renda média dos empresários. Entre os profi ssionais que estudaram mais de 11 anos ao longo da vida, por exemplo, a re-lação sobe para 4,6. No outro extremo, há mais empresários por necessidade entre os que estudaram menos de quatro anos – a razão é de um empresário por neces-sidade para cada um que empreende por oportunidade. Entre os que estudaram de cinco a 11 anos a taxa é de 2,2.

Para cada empresário que empreende

por necessidade, quatro empreendem por oportunidade, se a renda familiar é superior a seis salários mínimos. Se o rendimento varia de três a seis salários mínimos, a relação cai para 3,5 por oportunidade para cada um por necessidade. Entre os que ganham menos, até três salários mínimos, a relação cai para 1,3.

Os mais jovens vislumbram mais opor-tunidades. A taxa entre oportunidade e ne-cessidade é de 3,4 entre os brasileiros que têm entre 25 e 34 anos e de 2,9 para quem tem entre 35 e 44 anos. A relação cai para 1,2 para quem tem acima de 45 anos. Entre os muito jovens, com idade entre 18 e 24 anos, a proporção é de um empreendedor por neces-sidade para cada 1,7 por oportunidade.

Entre os empresários que apontam a oportunidade como razão de terem entrado no mundo dos negócios, 43% o fi zeram pela busca de maior independência na vida pro-fi ssional, 35% pelo aumento da renda pes-soal, 18% para manutenção de sua renda pessoal e o restante citou outros motivos.

A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, a GEM 2010, é o maior estudo independente sobre a atividade empreen-dedora, cobrindo 60 países consorciados. É coordenada pelo Global Entrepreneurship Research Association (GERA) – organização composta e dirigida pela London Business School, na Inglaterra, pelo Babson College, dos Estados Unidos, e pela Universidad Del Desarrollo, do Chile, e por representantes dos países participantes do estudo.

No Brasil, a pesquisa é feita pelo Insti-tuto Brasileiro de Qualidade e Produtivida-de e pelo Sebrae, em parceria com o Ser-viço Nacional de Aprendizagem Industrial no Paraná (Senai/PR), o Serviço Social da Indústria no Paraná (Sesi/PR) e a Universi-dade Federal do Paraná (UFPR).

O fomento à inovação é um desafi o para que empreendedores possam ampliar seu mercado

Foto

: Pau

lo L

acer

da

Page 22: Empresa Brasil 70

6 EMPREENDER // SEBRAE

/ / Espec ia l Pesqu isa GEM 2010 / /

DE EMPREGADO A DONO DE CINCO LOJAS EM APENAS DOIS ANOSJovem e com pouco dinheiro no bolso, Wesley Dias de Araújo, 25, é um bom exemplo de pessoa que está mudando sua vida por meio do empreendedorismo

Pesquisa GEM 2010 (Global Entre-preneurship Monitor) divulgada recentemente em São Paulo pelo Sebrae apontou que no ano passado

os jovens entre 25 e 34 anos foram os que mais empreenderam. Eles estão por todos os cantos do país, buscando oportunidades que surgem com o crescimento e a estabilidade econômi-ca. A maioria, revela a pesquisa, utiliza pouco capital, até R$ 10 mil, para abrir o negócio.

Jovem e com pouco dinheiro no bolso, Wesley Dias de Araújo, 25, é um bom exem-plo de pessoa que está mudando sua vida por meio do empreendedorismo. Em menos de dois anos, ele já está com uma rede de cinco lojas de calças jeans femininas em São Paulo.

A oportunidade apareceu quando Araú-jo estava empregado em uma confecção. “Como trabalho desde os 17 anos com jeans, sempre fi quei atento aos pontos comerciais. Surgiu um ponto interessante em Osasco e convidei uma pessoa para ser sócia. Abrimos a empresa com R$ 8 mil, sendo R$ 4 mil de aluguel e R$ 4 mil em mercadorias”, afi rma.

Por seis meses, trabalharam na infor-malidade. O negócio prosperou e decidiram abrir a empresa conjuntamente. Outros seis meses se passaram e o sócio decidiu sair. “Ele casou e achou que precisava ter uma

empresa só dele.” Araújo criou então sua própria marca, a Pops Moda. Cinco meses depois abriu uma segunda loja, em Osasco.

Hoje são cinco pequenas lojas, com duas funcionárias cada uma. Ele vende uma média de 3 mil calças por mês, com preços a partir de R$ 30. “Apesar da rede, sou eu que faço tudo: negocio com fornecedores, faço fechamento do mês e até o pós-venda”, conta. O sonho do jovem empresário é que sua rede vire um grande magazine.

Segundo pesquisa da Fundação Getulio

Vargas, atualmente a chamada Classe C repre-senta a maior fatia da renda nacional. São 91 milhões de consumidores ávidos por comprar. Araújo percebeu este crescimento e procurou abrir suas lojas onde estão essas clientes.

“É um público que está crescendo e con-sumindo. Por isso, estou sempre procuran-do novas oportunidades de ponto nessas regiões.” O melhor marketing, segundo ele, está no boca a boca dos clientes, grande parte composta de mulheres. “Se elas gos-tam, compram e parcelam.”

Wesley Dias de Araújo, 25 anos, tem cinco lojas de calças jeans femininas em São Paulo.

E

Empreender Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 604/605, módulos 30 e 31, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 - Fone: (61) 3348-7494 - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 - Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae

Foto

: Vin

íciu

s Fon

seca

Luz

Page 23: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 17

Páscoa ultrapassa Dia das Mães em contratações temporárias

Vendas dechocolate na Páscoa deste ano superaram expectativas

Entidade do setor estima que, entre a Páscoa e o Dia das Mães, seriam contratados em torno de 65 mil trabalhadores temporários com remuneração média de R$ 700,00

Historicamente, o Dia das Mães é con-siderado pelos lojistas como a segun-da data comemorativa que mais mo-vimenta o comércio – a primeira é o

Natal – no volume de vendas e na quantidade de trabalhadores temporários. Mas segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Ter-ceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), neste ano a Páscoa passou a ocupar o segundo lu-gar. “O aquecimento da indústria de chocolates e derivados contribui em muito para essa inversão”, explica o presidente da entidade, Vander Morales.

Conforme análise encomendada pela Asserttem ao Instituto de Pesquisa Manager (Ipema), cerca de 37 mil contratos fi rmados para a Páscoa seriam prorroga-dos até o Dia das Mães, devido à proximidade entre as duas comemorações. Assim, a expectativa era de que, no total, 65 mil trabalhadores seriam empregados no período e que 10% permaneceriam como funcio-nários efetivos. A Asserttem previa, ainda, que seriam abertas 28 mil vagas temporárias exclusivamente para atender o aumento da movimentação comercial em decorrência do Dia das Mães.

Vander Morales, que também preside o Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sin-deprestem), informou que para o Dia das Mães havia vagas para quase todas as funções, desde o atendimen-to até fi scal de caixa, enquanto que a maior demanda foi para os setores de roupas, acessórios, perfumaria e aparelhos eletroeletrônicos.

Salário médio ampliouA remuneração média para os temporários, se-

gundo Morales, é de R$ 900,00, podendo oscilar en-tre R$ 700,00 e R$ 1,6 mil, com direito a benefícios como vale-transporte e vale-refeição. Isso signifi ca que o salário médio deste ano é 20,8% maior do que o de 2010 – de R$ 745,00. “O motivo do aumento do sa-lário é a valorização dos funcionários mais qualifi cados, pois está difícil encontrar candidatos que se enquadrem nos requisitos mínimos exigidos”, explica Morales.

Perfi l dos candidatosDe acordo com a Asserttem, para conquistar uma

vaga é importante que o candidato tenha ensino médio

NEGÓCIOSNENENENENENENENEGÓGÓGÓGÓGÓGÓGÓGÓCICICICICICICC OSOSOSOSOSOSOSOSNEGÓCIOS

Page 24: Empresa Brasil 70

18 Empresa BRASIL

Vander Morales, da Asserttem: 70% das vagas temporárias são de pessoas com idades entre 18 e 39 anos

NEGÓCIOS

Comparativo anualAno Contratações Variação Efetivação 1º Emprego

2007 76.715

2008 81.700 6,5% 35,5% 33%

2009 23.500 -71,23% 8% 19%

2010 26.000 11% 10% 23%

2011* 28.000 7,5% 10% 15%

completo, disponibilidade de horário, disposição para trabalhar em equipe, boa comunicação e dinamismo. Mas experiência anterior não é necessária. “O período temporário serve como uma oportunidade para ad-quirir experiência e também para demonstrar potencial profi ssional, podendo resultar num trabalho efetivo”, argumenta o dirigente da Asserttem. “Costumo dizer que o trabalho temporário é a porta de entrada para a vida profi ssional”, afi rma.

Retrospectiva históricaVander Morales recorda que o trabalho tempo-

rário já era utilizado mundialmente bem antes de ser regulamentado no Brasil pela Lei 6.019, de 1974. “Na década de 50, multinacionais americanas e europeias foram incentivadas por benefícios cambiais, tarifários e fi scais oferecidos pelo governo de Juscelino Kubits-chek, a instalarem fi liais no Brasil. Essas empresas foram responsáveis por introduzir a atividade em solo nacio-nal”, relembra Morales.

Segundo ele, com o tempo, as organizações co-meçaram a perceber o trabalho temporário como uma importante ferramenta de gestão, adaptável às necessidades gerenciais. A lei 6.019/74 determina que os contratos possam ser fi rmados por até três meses e, após autorização do Ministério do Trabalho e Em-prego, ainda podem ser prorrogados por outros três meses, de acordo com a necessidade da contratante.

Direitos trabalhistas asseguradosEntretanto, Vander Morales observa que informa-

ções equivocadas sobre o contrato temporário ainda cir-culam, classifi cando-o como informal. Morales ressalta, no entanto, que o trabalho temporário é regido por Lei, que garante os mesmos direitos trabalhistas de um fun-

cionário efetivo: salário equivalente, jornada de oito ho-ras, recebimento de horas extras, adicional por trabalho noturno, repouso semanal remunerado, férias propor-cionais, 1/3 de férias, 13º salário e proteção previdenciá-ria. As exceções são para aviso prévio e recebimento da multa de 40% sobre o FGTS. O contrato deve sempre ser fi rmado entre o trabalhador e uma prestadora de serviços devidamente autorizada pelo Ministério do Tra-balho. “Todos os contratos fi rmados fora dessas normas não são temporários, são informais”, destaca.

Perfi l das vagas Conforme a projeção do setor, 70% das vagas

temporárias são destinadas a pessoas com idades entre 18 e 39 anos. Aproximadamente 4,2 mil candidatos contratados (15%) são jovens em situação de primeiro emprego. Essa é uma característica do trabalho tempo-rário, que, embora seja um tipo de contratação formal, não exige experiência. Além disso, do total nacional, 58% dos postos de trabalho deverão ser preenchidos por homens e 42% por mulheres.

Números do mercado:Número de contratos temporários fi rmados

63.300 Páscoa 2010

26.000 Dia das Mães 2010

Previsão da Asserttem

70.000 Páscoa 2011

28.000 Dia das Mães 2011

*Previsão da Asserttem

Page 25: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 19

Brasil é o quinto mercado de trabalho temporário no mundo

O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial dos países que mais empregam traba-lhadores temporários, com 902 mil contratos fechados em 2010, segundo pesquisa da Confe-deração Internacional das Empresas de Trabalho Temporário (Ciett). O número engloba todo tipo de demanda, tanto do comércio nas datas festi-vas como dos demais setores da economia que sejam obrigados a contratar trabalhadores extras para suprir a saída de algum funcionário, seja por motivo de doença ou férias. As três primeiras po-sições pertencem aos Estados Unidos, com 2,01 milhões; Japão, com 1,1 milhão, e Reino Unido, com 1,07 milhão. Na edição deste ano, o Brasil perdeu o quarto lugar para a África do Sul, que somou 924,5 mil temporários. A classifi cação da entidade é composta por 36 nações.

Número de empregados comcarteira assinada em 2010 é recorde

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou que o número de empregados brasileiros com carteira assinada, e também de servidores públicos referen-tes a 2010, bateu recorde e chegou a 2,86 milhões. As informações são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), apresentadas no último dia 11 de maio, que fornece dados de contratações formais de traba-lhadores com carteira assinada e do setor público. Esse total representa um recorde de toda a série histórica da Rais, que começou a ser feita em 1975.

“Hoje o Brasil é referência mundial em políticas de geração de emprego e renda”, observou o mi-nistro Carlos Lupi. Segundo o Ministério, do total de 2,86 milhões de trabalhadores, 2,59 milhões são empregados com carteira assinada e 279 mil, contratados no serviço público. Em 2009, a Rais registrou 1,76 milhão de empregados com cartei-ra assinada e servidores públicos em todo o país. “Continuamos batendo recordes: cresce o estoque de trabalhadores formais, cresce a geração anual de empregos, cresce o ganho salarial real do trabalha-dor”, comemorou Lupi em declarações ao blog do Trabalho, ferramenta ofi cial do Ministério.

Continuamos batendo recordes: cresceu o estoque de trabalhadores formais, cresceu a geração anual de empregos e o ganho salarial real do trabalhador

Maio de 2011 19

Page 26: Empresa Brasil 70

20 Empresa BRASIL

TRABALHO

CACB sugere alternativas de menor custo para o ponto eletrônico

As federações de associações comerciais, fi liadas à Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), são con-tra a adoção do ponto eletrônico sem

o estudo de alternativas de menor custo para as em-presas e reexame do assunto em relação às micro, pequenas e médias empresas. A obrigatoriedade faz parte de portaria do Ministério do Trabalho e Emprego cujo prazo de implantação por parte das empresas foi adiado para 1º de setembro deste ano.

Para Alaor Francisco Tissot, presidente da Federação das Associações Comerciais de Santa Catarina (Facisc), o adiamento da entrada em vigor do novo ponto ele-trônico mostrou as incertezas sobre o novo sistema pretendido pelo governo. Em sua opinião, o caminho mais lógico é o da revogação da portaria nº 1.510. “Essa medida não pode ser simplesmente imposta ao setor produtivo. Ela merece um encaminhamento adequado à realidade das nossas empresas, na medida em que acarretará o aumento de seus custos e da burocracia, além de gerar medo em relação a fraudes e infl uenciar a competitividade das empresas brasileiras”, afi rma.

Outro fato importante, segundo Tissot, é a realidade de micro, pequenas e médias empresas, nas quais não existe uma cultura de negociação com sindicatos. “Essas empresas fi carão expostas a essas situações de uma for-ma mais vulnerável do que as grandes”, indicou o em-presário. “A portaria deve ser atenuada para empresas de menor porte”, defendeu José Alquéres, presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

No Brasil, os empresários sempre são obrigados a implantar sistemas voltados ao atendimento de exigên-

cias do governo. Assim ocorre, por exemplo, na área fi scal, diz Reginaldo Ferreira, presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará (Faciapa). “No caso do ponto eletrônico, mais uma vez a posição das empresas e a dos trabalhadores não es-tão sendo levadas em conta”, acrescenta.

De acordo com Ferreira, existem alternativas muito mais em conta do que o ponto eletrônico, cujo custo mí-nimo unitário, em torno de R$ 3 mil para cada empresa, é demasiado oneroso. Em sua opinião, sistemas simples de controle de acesso utilizados em prédios inteligentes, que identifi cam os usuários por impressões digitais ou visuais, poderiam ser adotados a custos bem menores. Ferreira lembra que no Brasil há muitos especialistas em

Entidade sustenta que o adiamento da entrada em vigor do novo ponto eletrônicomostrou incertezas sobre o novo sistema pretendido pelo governo

Tissot, da Facisc:“Medida não pode ser imposta ao setor produtivo”

Page 27: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 21

tecnologia que poderiam desenvolver sistemas mais simples baseados em tais tecnologias. “Certamente, os empresários, especialmente os de pequeno porte, poderiam adotá-los com baixos investimentos, criando sistemas de controle de assiduidade e pontualidade, que serviriam igualmente para proteger os interesses dos tra-balhadores. Como sempre, resta esperar quer a decisão seja tomada com bom-senso.”

“A obrigatoriedade do ponto eletrônico impõe burocracia e deveria ter sido mais debatida com os segmentos envolvidos”, diz Luiz Alberto Leite, presi-dente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACCG). Além de onerosa e burocrática para as empresas, a medida, segundo ele, poderá ser mais uma daquelas iniciativas que não se consolidam e só geram custos. “A portaria diz que o novo equipamento terá de imprimir um comprovante ao trabalhador toda vez que houver registro de entrada e saída, inclusive do almoço, uma prática que só vai gerar novos custos e não elimina fraudes”, acrescenta. “Se considerar que grandes empresas terão que ter centenas dessas má-

quinas, o custo de implantação fi cará muito alto. Em vez de medidas como essa, o governo deveria facilitar o dia a dia de quem gera emprego e renda.”

Entidade defende a adoção de sistemas mais simples de controle da jornada de trabalho

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afi rmou que a nova portaria atende pedidos feitos pe-las centrais sindicais, trabalhadores e empresas. “Não queremos radicalizar com a portaria nº 1.510. Por isso, atendemos ao pedido das Centrais e das empre-sas possibilitando que fossem adotados os acordos ou convenções coletivas, que só são feitos com o con-sentimento de ambas as partes”, explicou.

De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), cerca de 700 mil empresas em todo o Brasil utilizam sistema de ponto eletrônico. “Fize-mos uma medição e vimos que menos da metade das empresas que utilizam o ponto eletrônico com-praram o novo equipamento. A nova portaria não irá prejudicar essas empresas, só ampliar as possibilida-des de negociação”, ressalta o ministro.

De acordo com a portaria, os empregadores

poderão adotar sistemas alternativos de controle da jornada de trabalho, desde que autorizados por con-venção ou acordo coletivo de trabalho. Ainda, segun-do a portaria, os sistemas alternativos eletrônicos não devem admitir restrições à marcação, nem marcação automática, exigência de autorização prévia para mar-cação de sobrejornada e alteração ou eliminação dos dados registrados pelo empregado.

De acordo com o Ministério do Trabalho, ne-nhuma empresa é obrigada a utilizar o ponto eletrô-nico, podendo optar também pelo registro manual ou mecânico.

O ministro afi rmou na ocasião que 95% das em-presas têm ponto manual ou mecânico. Essas não precisam fazer alterações. As outras 5% que já têm ponto eletrônico é que precisam se adequar. O mi-nistro estima que sejam cerca de 350 mil empresas.

Medida atende a reivindicação das centrais sindicais

Page 28: Empresa Brasil 70

22 Empresa BRASIL22 Empresa BRASIL

Faciase adota a interiorização como estratégia de crescimentoMeta do presidente da entidade, Alexandre Porto, é duplicar número de entidades ligadas à Federação

DESTAQUE FEDERAÇÕES

O presidente da Federação das Associa-ções Comerciais, Industriais e Agropas-toris do Estado de Sergipe (Faciase) e da Associação Comercial e Empresarial

de Sergipe (Acese), empresário Alexandre Porto, ini-ciou em abril as visitas às associações instaladas no inte-rior do estado. A série de visitas faz parte da estratégia de interiorização das ações da Faciase.

“Essas visitas são de fundamental importância, uma vez que podemos conhecer a estrutura de cada asso-ciação e discutir o seu fortalecimento. Isso aumenta as perspectivas de sucesso das nossas ações e atividades junto às associações, como forma de contribuir para o desenvolvimento econômico do estado de Sergipe”, afi rma Porto nesta entrevista a Empresa Brasil.

Criada em 1985, como uma entidade civil sem fi ns lucrativos, com personalidade jurídica distinta de suas fi liadas, a Faciase é sempre presidida pelo presidente da Acese. Alexandre Porto, de 36 anos, é o mais jovem empresário a assumir a presidência da Federação de Sergipe. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:

Empresa Brasil: Quais os seus principais de-safi os como presidente da Federação?

Alexandre Porto: Dentre os desafios que temos à frente da Faciase, dois se destacam: o primeiro é o fortalecimento e expansão de nossas entidades associadas no estado, que possui 75 municípios e apenas 15 associações. Estabelece-mos a meta de concluir nosso mandato com 30 associações fundadas e em funcionamento no estado. O segundo grande desafio é construir parcerias e benefícios para oferecer a cada associação e seus associados, assim como já é feito na Asso-ciação Comercial e Empresarial de Sergipe.

A quais projetos o senhor dará maior ênfase?Um dos grandes projetos do sistema CACB é o

Empreender, que funciona em Sergipe há cerca de oito

anos e que, em nosso mandato, pretendemos esten-der para outros municípios. Outro projeto de grande expressão é proporcionar a prestação de serviços aos associados das entidades fi liadas à Federação, a exem-plo de plano de saúde, odontológico, certifi cado digital, entre outros, visto que a maior parte dessas parcerias não chega às associações do interior.

Em sua opinião, quais devem ser as priori-dades da agenda empresarial no país?

O empresariado deve se unir para nesse primeiro momento convencer os parlamentares a aprovarem

Alexandre Porto

Page 29: Empresa Brasil 70

Março de 2011 23Março de 2011 23

o PLP 591, que trata da ampliação do teto do Simples para as micro e pequenas empresas, responsáveis por grande parte da arrecadação de tributos do país e pela geração de milhares de empregos. Além disso, parti-cipar ativamente das discussões da reforma tributária. Uma reforma na legislação trabalhista é outra tarefa que precisamos defender para incentivar a geração de mais empregos. Sei que já avançamos muito em várias dessas questões, mas ainda não é sufi ciente. Precisamos evoluir para desenvolver a economia do Brasil e poder nos comparar com outros países desenvolvidos.

Como o senhor vê a possibilidade de uma verdadeira reforma tributária?

A reforma tributária completa é uma tarefa muito difícil para o Brasil, pois estão em jogo muitos interesses, dos diversos estados, municípios e União. O consumi-dor é mais prejudicado com isso continua pagando altos impostos. Para nós, empresários, o principal ponto é a redução da quantidade e do percentual de tributos e a desburocratização de tantos formulários e taxas que temos que providenciar. Hoje existem 27 legislações di-ferentes em cada estado para o ICMS, o que prejudica muito o setor empresarial. Defendo que é necessária uma simplifi cação em toda a legislação tributária no país.

Qual deve ser a posição do meio empresa-rial no que se refere à racionalização e redução dos gastos públicos?

Sabemos que o governo, em todas as suas esfe-ras, quer arrecadar mais, já que seus gastos são sempre maiores. Em nossas empresas, quando os gastos são

maiores do que o faturamento, nós reduzimos as des-pesas, o que normalmente não ocorre no poder públi-co, que em vez de enxugar despesas prefere aumentar impostos. O poder público precisa melhorar sua capa-cidade de gestão e saber fazer mais com menos recur-sos. Existe desperdício na administração pública, e os recursos que nós pagamos através de impostos acabam por ser mal–utilizados. As entidades empresariais preci-sam fi car mais atentas aos portais de transparência para enxergar onde o Governo está gastando mal e errado e questionar, exigindo a aplicação adequada dos recursos.

O senhor acredita na votação da reforma política?

Acredito que a reforma política vai sair, sim, já está atrasada. Mas só sairá porque a legislação atual está prejudicando muito os políticos. Por isso, eles têm in-teresse em fazer ajustes. Mas não acredito que essa reforma seja tão ampla assim, pois o jogo de interesses é muito grande. Espero que nossos políticos tenham sensibilidade de pensar no eleitor e de pensar no país, que gasta milhões em cada eleição. Sou a favor da uni-fi cação das eleições em um só ano e com mandatos de cinco anos, assim, somente teríamos a obrigação do voto a cada cinco e não a cada dois anos, isso geraria uma economia considerável para o Brasil.

Com relação às micro e pequenas empresas, quais as expectativas da Acese para este ano?

As micro e pequenas empresas têm demonstra-do que vale a pena o país incentivá-las. São as maiores geradoras de empregos e têm crescido signifi cativa-mente em todos os estados. Estamos esperando um maior crescimento no número de empresas abertas e também no aumento do faturamento, porém, isso só se tornará realidade se o teto do Simples nacional for aumentado, do contrário as empresas estarão impos-sibilitadas de crescer, pois quando se desenquadram do Simples, perdem a competitividade. Em Sergipe temos um problema ainda maior, pois o subteto do Simples Estadual é de apenas R$ 1,2 milhão e isso tem criado um grande transtorno aos empresários. Temos tentado sensibilizar o Governo para ampliar esse subteto para R$ 1,8 milhão e dar um pouco mais de fôlego à atividade empresarial das micro e pequenas empresas

“”

Hoje existem 27 legislações diferentes em cada estado para o ICMS, o que prejudica muito o setor empresarial.É necessária uma simplifi cação em toda a legislação tributária do paísO poder público precisa

melhorar sua capacidadede gestão e saber fazer mais com menos recursos.Existe desperdício na administração pública e osrecursos que nós pagamos através de impostos acabam por ser mal utilizados

Page 30: Empresa Brasil 70

24 Empresa BRASIL2222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222222244444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444 EmEmEmEEmEmEmEmEEEmEmEmEmEmEmmEmEmEmEmEmEmEmmEmmEmEmmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmmmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEmEEmEmEmEmmEmEEmmEEmEmmmmmEmEmEEmmEmmmmmEmEmEmmEmEEmmmmEEEEmmEEEmmmEEmmmEmmmmEmmmmmmEmE prpprprprprprprprprpprpppprprprprprrrprprprprprprprprprprprprprprprprprprppprprprprrprprprprprprprprprprprprrrprprprprprprprprprprprprppppppprprpprprprprppprprpprprpprpprrpprrrrprprprpprprrrreseseseseseseseseseseeseeseseseseseseseseseseseseseseseseseseseseesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesesseseseseseesessessesesesesessesessseseseseeseseesesessesesessseesseesesseeeseeeeeesseesessse aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa BRABRABRAABRAABRABRABRABRABRABBRARBRBRABRARARABRABRABRAAABRABRABRARBRABRABRABRAABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRABRARABRABRABRABRABRABRABRARABRARABRABBRBBBRABRABRAABRABRABRBRARARRABBRABBRBRABRABRABRBRABRABRRBRABRABRABRABRARAAABRABBRABRARRB AB ARABRAAABRABB ASILSILSILSILSSILSILSILSILSILILSSILSILSILSILILSILSISILSILSILSILSILSILSILSILSILSILSILILSILSILSILSILSILSILLSISILSILSSSILSILSISILSILSILLSILSILISILILLLSILSILSILSILSILIILLLSISILSSISILSISILSILLSILILISILSILSSILSILSSILSSSSSIISISSISSSSILSSSSS LLL

O destaque CACB, normalmente dedica-do aos eventos ou ações importantes da entidade ou associadas, traz nesta edição uma homenagem a Deocleciano

Moreira Alves, vice-presidente de assuntos estratégicos da CACB e presidente da Facieg, morto em um acidente de barco, no rio Araguaia, durante a Semana Santa.

Natural de Anápolis, de origem humilde, Deocle-ciano construiu, ao longo de 58 anos, uma vida ligada ao meio empresarial e dedicação ao associativismo. Bancário de formação, migrou para os negócios e, junto com sua família, formou um grupo de empre-sas, com atuação nos mais diversos segmentos: cons-trução civil, imobiliário e entretenimento. O sucesso dos empreendimentos ultrapassou fronteiras, e o grupo já está presente em oito estados brasileiros.

Déo, como era chamado pelos mais próximos, é lembrado pelos amigos e colegas de trabalho como uma pessoa de fé e muita sabedoria: “Ele não era ape-nas um chefe. Usava as parábolas para nos dar conse-lhos e lições de vida”, afi rmou a secretária executiva da Facieg, Edy Milhomen, braço direito de Deocleciano.

A proximidade com os colegas de trabalho e com a família era ressaltada por Deocleciano, não apenas no seu dia a dia, mas também em suas entrevistas. Em uma delas, afi rmou que “não conseguia viver sem a comu-nhão na família, no trabalho e com os companheiros, porque juntos, respeitando as diferenças, é possível obter fantásticas vitórias compartilhadas”. Para ele, o trabalho no movimento classista tinha um propósito: contribuir para o desenvolvimento, o que garantiria mais qualidade de vida ao maior número de pessoas.

Segundo o empresário e amigo de mais de duas décadas, Ubiratan Lopes, Deocleciano planejava criar um projeto social de assistência aos mais necessitados.

Livros, religião e família Colecionador de livros e muito religioso, Deocle-

ciano sempre ressaltou a forte ligação (ou comunhão, como costumava dizer) com a família. Além de men-cionar sempre as fi lhas e a esposa, o líder empresarial goiano lembrava também da avó e de seus conselhos. “Recordo-me das suas palavras nutritivas dizendo vá, você é capaz”, lembrou em uma entrevista.

Religiosidade, liderança associativa e ligação com a família marcaram a vida de Deocleciano Moreira Alves

DEOCLECIANO,o líder que construiu uma história

O empresário foi um dos fundadores

do Grupo Lírios, que hoje atua

também nas áreas de construção

civil e de lazer e entretenimento

Deocleciano com sua esposa, Claire Ferreira Moreira

Alves, sua três fi lhas, Roberta,

Fernanda e Flávia, genros e neta

HOMENAGEM DA CACB

Page 31: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 25MaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaioioioioioioioioioio d d d d d d dd dddde e e e e e e eeee 202020202020202020202001111111111111111111 222222222222222225555555555555555555

A biografi a de Deocleciano Moreira Alves foi marcada, principal-mente, pela participação no classismo e no voluntariado. Foi vice-presidente da CACB para Assuntos Estratégicos, foi presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg) e da Associação Comercial e Industrial de Aná-polis (Acia) e do Rotary Clube Oeste Anápolis. Atualmente, presidia a Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), era vice-presidente da Acia, conselheiro do Sebrae Goiás, membro do Fórum Empresarial de Goiás e do Fórum Empresarial de Anápolis, conselheiro fi scal do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Anápolis (Sicma) e diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Anápolis (Sincovan). Era chamado de o “com-panheiro Deo” pelos que compartilhavam o seu trabalho nas entidades.

Trajetória empresarial

Maio de 2011 25

Deocleciano (E), o governadorMarconi Pirillo e Ubiratan da SilvaLopes, secretário da Facieg

“É grande o vazio deixado pelo colega de diretoria. As características marcantes do Deocleciano que conhecemos neste curto espaço de tempo, tais como delicadeza no trato de temas difíceis, habilidade em enfrentar os problemas e ética em tratar os mais diversos assuntos, já estão fazendo falta.”

José Paulo Dornelles Cairoli - presidente da CACB

“Fica uma grande lacuna em nosso círculo de amizade, e Goiás, infelizmente, perde um representante empresarial que muito contribuiu para nosso crescimento econômico e para vivenciarmos o bom estágio de desenvolvimento atual.”

Governador do estado de Goiás, Marconi Perillo.

“Ele estava no seu melhor momento profi ssional, familiar e espiritual. Além de ser um homem realizado e com grandes amigos, nunca perdeu a sua humildade e sensibilidade em ajudar o próximo.”

Ubiratan Lopes, empresário, amigo de mais de duas décadas e confi dente.

“O estado de Goiás perde um líder classista, um empresário que dedicou parte de seu tempo pela luta de interesses comuns para toda uma categoria.”

Alexandre Baldy, secretário de Indústria e Comércio.

“Além de líder empresarial, Deocleciano estava sempre muito presente em nossas vidas e no associativismo do estado. Tinha uma visão muito determinada de que com união e altruísmo conseguiríamos um melhor resultado. Perdemos um ícone do nosso estado, que nos deixa um importante legado.”

Pedro Bittar, presidente em exercício da Facieg.

“Perdi um amigo e um sócio. Goiás perde uma liderança preocupada com o desenvolvimento econômico e social, focado na geração de renda e trabalho.”

Ridoval Chiareloto, ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis, sócio e amigo.

Page 32: Empresa Brasil 70

26 Empresa BRASIL

Campo Grande inaugura posto avançado de conciliação extraprocessual

Campo Grande conta hoje com 19.825 empresas atuantes que ocupam 251.235 pessoas, número que possibilita uma vo-lumosa quantidade de confl itos. Apesar

de serem naturais, algumas pessoas não conseguem lidar com suas controvérsias e acabam precisando de ajuda. Por isso, na manhã do dia 27 de abril, foi inaugu-rado o Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE) da Associação Comercial e Industrial de Cam-po Grande (Acicg). O órgão funcionará junto à Câma-ra de Mediação e Arbitragem Empresarial de Campo Grande (CBMAE), que existe desde 2009.

O PACE foi criado para disseminar a conciliação. É uma iniciativa de responsabilidade social para de-

mocratizar o acesso à Justiça. O posto é resultado de uma parceria entre o Tribunal de Justiça, a Federação das Associações Comerciais e a Associação Comer-cial. Os conciliadores (bacharéis em Direito, assisten-tes sociais, arquitetos, psicólogos, entre outros) são cedidos pelo tribunal e se revezam entre o Fórum e o posto. É uma oportunidade para que, principalmente, os empresários de micro e pequenas empresas pos-sam resolver seus confl itos de forma rápida.

Para utilizar o posto, basta que a pessoa interessa-da vá até o local e explique seu confl ito. A outra parte será convidada pela secretaria do posto para partici-par da conciliação. A audiência é marcada e nela as partes tentam chegar a um acordo, e não precisam

Para utilizar o posto, basta que a pessoa interessada vá até o local e explique seu confl ito; a outra parte será convidada para participar da conciliação. A audiência é marcada e nela as partes tentam chegar a um acordo sem a presença de advogados

DESTAQUE CBMAE

Iniciativa éresultado de umaparceria entre oTribunal de Justiça e entidadesdo comércio

Page 33: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 27

estar acompanhadas de advogados. Caso haja o acor-do no fi nal da audiência, o mesmo é homologado por um juiz responsável pelo PACE.

A população pode fi car tranquila, todos os acor-dos celebrados no PACE têm força de sentença ju-dicial, por causa da homologação feita pelo juiz, o que dá segurança jurídica ao acordo e impõe que ele seja cumprido.

Em Campo Grande, o serviço está aberto ao públi-co na sede da ACICG, que fi ca na rua 15 de Novem-bro, 390, no centro da cidade. O posto vai oferecer aos empresários a possibilidade de fazerem acordos de processos já ajuizados ou não num ambiente fora do judiciário, ou seja, menos beligerante.

Com essa nova alternativa, os sul–mato–grossenses poderão diminuir a sobrecarga de trabalho do Tribunal de Justiça estadual, utilizando o posto. Segundo o rela-tório Justiça em Números 2009, do Conselho Nacional de Justiça, apresentado em setembro de 2010, só no estado de Mato Grosso do Sul, existem 7521.114 casos esperando sentença. Essa espera é muitas vezes rever-tida em problemas para os empresários. A opção pelo PACE reduz muito o tempo de solução. Em São Paulo, onde a iniciativa já funciona desde 2008, os índices de acordo no posto são de 70%. E a maioria dos casos é resolvida na primeira reunião.

Para o advogado Roberto Oshiro, diretor-presi-dente da CBMAE em Campo Grande, a relevância da iniciativa vai além do desafogamento do Poder Judiciá-rio: “É preciso manter intactas as boas relações entre as partes, sem beligerância”. A conciliação, como um método autocompositivo, preza pelo restabelecimen-

to do diálogo entre as partes. Para o empresário, a vantagem de restabelecer a afi nidade com seus forne-cedores e clientes o ajuda a melhorar suas vendas.

A inauguração do PACE em Campo Grande faz parte do plano de expansão dos postos previsto na 6ª etapa do projeto de disseminação dos métodos extrajudiciais da CACB em parceria com o Sebrae. Em 2011, já foram inaugurados postos em Goiânia, Cerquilho, e estão previstas inaugurações em cida-des mineiras e paranaenses. “O plano é de suma importância para o projeto, eis que o histórico vem demonstrando que eles representam um avanço considerável na busca da solução dos confl itos e da pacifi cação social, sobretudo no que tange ao inte-resse dos empresários”. conta o coordenador dos postos, Aldovrando Torres.

Estiveram presentes no evento de fi nal de abril o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Luiz Carlos Santini, o presi-dente da ACICG, Luiz Fernando Buainain, o diretor-presidente da CBMAE-CG, Roberto Oshiro, a con-sultora Camila Mansur Iane, da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, o vice-presidente da Fecomércio, José Alcides do Santos, o juiz federal Ronaldo José da Silva, a representante da OAB/MS Silmara Salomaia Silva, o procurador-geral da Justiça adjunto Humberto de Matos Brittes,o presidente do Conselho de Supervisão de Juizados Especiais Side-ní Pimentel, o presidente do Grupo Zahran, Ueze Elias Zahran, além de presidentes de entidades inte-grantes do setor produtivo de MS.

Com informações da ACICG

Projeto é uma promoçãoconjunta daCACB e do Sebrae

Page 34: Empresa Brasil 70

28 Empresa BRASIL

TENDÊNCIAS

Cursos de inglês vivem o seu maior “boom” no Brasil

Cada vez aumenta mais o número de bra-sileiros que estudam inglês. Além do seg-mento da faixa etária entre 15 e 25 anos, tradicional nicho de mercado das escolas de

idiomas, juntamente com o de executivos voltados para a área de negócios, nos últimos tempos o estudo da língua de Shakespeare vem atraindo uma signifi cativa demanda de gente que sempre quis aprender o idioma, mas, por motivos econômicos, era obrigada a adiar o sonho.

Segundo o setor, apenas 3% da população brasileira falam inglês. Mas dado o ingresso no mercado de 30 milhões de novos consumidores da classe C, somado a um cenário de grandes investimentos internacionais, além da Copa 2014 e das Olimpíadas de 2016, a expan-são do aprendizado do idioma no país vem crescendo nos últimos anos de uma forma sem precedentes.

“Precisamos pelo menos do triplo de escolas para atendermos à crescente demanda”, relata Flávio Augusto da Silva, diretor-presidente do Ometz Group, que a cada ano contabiliza cerca de 70 mil novas matrículas.

Holding das áreas de educação e comunicação, o Ometz Group foi criado em 2007 e possui hoje 650

unidades das escolas de inglês Wise Up, You Move, Lexical e Go Getter, no Brasil, nos Estados Unidos e na Argentina. Com 200 funcionários, registrou no ano passado um faturamento de R$ 130 milhões. “Como somos um sistema de franquia, a procura tem sido crescente. Neste ano, pretendemos superar a marca de 100% de crescimento, devido à oferta de novos produtos e à expansão internacional”, diz o executivo.

Com metas ousadas, o Ometz Group investe conti-nuamente no despertar de talentos por meio do progra-ma motivacional Hunting Winners, surgido há oito anos. “Hoje, o programa envolve mais de 700 profi ssionais e trabalha com recursos tecnológicos de ponta, com uma estrutura de comunicação que alia interatividade via site próprio, TV e rádio”, informa o dirigente.

Maior presença no interiorO Ometz Group também investe de forma contínua

em Pesquisa & Desenvolvimento voltados para a criação de produtos para as suas escolas com base nas necessida-des de adultos, de diferentes classes sociais. Todos os pro-fessores e equipe de ensino tiveram vivência no exterior ou são estrangeiros. Além disso, a empresa investe em ações de marketing e campanhas publicitárias para todas as suas marcas. A verba de marketing do grupo para 2011 é de R$ 30 milhões, englobando campanhas em TV, mí-dia impressa, mídia exterior e garotos-propaganda

Já a holding Multi, dona das marcas de ensino de idio-mas Wizard, Yázigi, Skill, Alps e Quatrum, que reúne 2 mil franquias espalhadas no Brasil e no exterior, planeja abrir cerca de 30 mil vagas de trabalho ainda neste ano. A ex-pectativa da empresa é de inaugurar, no país, pelo menos mais 200 escolas de ensino de idiomas até o fi nal de 2011.

O foco principal para a abertura de novas unidades, segundo o presidente da empresa, Carlos Martins, serão as cidades do interior, com até 50 mil habitantes. Hoje a empresa possui forte presença nas principais cidades mé-

O ingresso de 30 milhões de novos consumidores da classe C e o cenário de grandeseventos esportivos provocam uma expansão sem precedentes no setor

Wise Up busca novos profi ssionais para atender a demanda de mercado

Page 35: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 29

dias e de grande porte do país, mas, de acordo com Mar-tins, conta com bom espaço para crescer nas pequenas.

Das 30 mil novas vagas estimadas, 10 mil devem ser em escolas da rede Wizard e as outras 20 mil distribuídas entre as demais oito redes de ensino comandadas pela holding. Serão contratados profi ssionais das áreas de en-sino, comercial e administrativa, e o principal pré-requi-sito será experiência prévia na atividade a ser exercida.

Novas unidades a cada quatro dias “A cada quatro dias, nós temos uma nova CNA no

Brasil”, diz o diretor da empresa, Leonardo Cirino, ao comentar a expansão da marca no mercado de idio-mas no país. Criada em 1973, em Porto Alegre (RS), a partir da década de 80, o CNA experimentou um grande crescimento em todo o país, com a implanta-ção do sistema de franchising.

Com um total de 500 salas de aula em operação, a franqueadora pretende abrir até o fi nal de 2012 mais 137 unidades. Para 2014, ano da Copa, segun-do Cirino, a meta da CNA é alcançar um total de mil unidades franqueadas.

Com foco no público de faixa etária entre 15 e 25 anos, a CNA concentra sua atuação na classe C. “Como as escolas bilíngues atendem as classes A e B, o fi lé do mercado passou a ser o segmento de classe média que ainda não domina o inglês”, explica o executivo.

Mais professoresO bom momento do mercado também é destacado

pelo diretor de marketing da Fisk, Christian Ambros. Se-gundo ele, a mais antiga rede de idiomas, crida em 1953, presente em 750 municípios do Brasil, detecta crescimen-to em todas as regiões, sobretudo no segmento da classe C, o que favorece o setor. “Culturalmente, o brasileiro tem várias atividades, e na hora em que há um problema

fi nanceiro os cortes começam a acontecer diretamente nessas ações. Contudo, quando se vive um bom mo-mento econômico isso não acontece, o que potencializa os resultados de nossas escolas”, explica. “Associado a essa conjuntura, a própria Copa 2014 e as Olimpíadas tam-bém geraram uma demanda maior, porque muita gente vai trabalhar nesses eventos e precisa se capacitar.”

Favorecida pelo crescimento da economia, nos últimos cinco anos a Fisk abriu 50 novas unidades, em média, por ano, o que proporcionou um incremento anual em suas receitas, também em média, de 15%, chegando a 20% no ano passado.

Com crescimento estimado para este ano de 10%, a rede prevê um incremento de mais dez pontos percen-tuais devido à demanda a ser provocada pelos eventos esportivos. Se isso se confi rmar, será necessário contratar pelo menos dois novos professores por unidade. Ou seja, 2 mil novos postos de trabalho, informou Ambros.

Brasil fi ca em 31º lugar em ranking de domínio do inglês

O inglês é o idioma essencial no mundo dos negócios. No merca-do de trabalho, falar inglês é tão elementar como ler e escrever ou ope-rar um computador. Os brasileiros, no entanto, ainda estão muito longe desta realidade. Segundo dados de pesquisa feita em 2009 pela English First (EF) com mais de 2 milhões de pessoas, o Brasil ocupa a 31ª posi-ção entre 44 países que não têm o idioma como o ofi cial. Outro levan-tamento, da Catho Online, no ano passado, revelou que apenas 8% dos executivos brasileiros falam e escrevem em inglês fl uente. Quanto maior o nível do cargo, maior o conhecimento da língua. Segundo a mesma pesquisa, falar inglês pode aumentar o salário em até 21,78%. No nível hierárquico de diretoria, a diferença salarial para profi ssionais que dominam o idioma pode chegar até a 18,23%.

Ambros, da Fisk: “ Nos últimos três

anos, abrimos 50 novas unidades, em

média, por ano”

Flávio Augusto, do Ometz Group: “Neste ano, pretendemos superar a marca de 100% de crescimento”

Page 36: Empresa Brasil 70

30 Empresa BRASIL30 Empresa BRASIL

Na era dos pigmeus

BIBLIOCANTO

A disparidade derenda exacerbou

os problemassociais em todo omundo, escreve ohistoriador inglêsTony Judt, morto

em 2010

Do fi nal do século 19 até os anos 1970, as sociedades ocidentais avançadas estavam todas se tornando um pouco menos de-siguais graças aos impostos progressivos,

subsídios governamentais para pobres, oferta de servi-ços sociais e garantias contra os infortúnios mais sérios.

As democracias modernas estavam reduzindo os extremos entre riqueza e pobreza. Contudo, no de-correr dos últimos 30 anos, nós jogamos tudo isso fora. A desvantagem econômica para a imensa maioria se traduz em saúde debilitada, falta de oportunidades edu-cacionais e – cada vez mais – os conhecidos sintomas da depressão, alcoolismo, obesidade, jogatina, contra-venções penais. A disparidade de renda exacerbou os problemas sociais, escreve o historiador inglês Tony Judt, ex-professor titular de estudos europeus na New York University, em “O mal ronda a Terra”.

Escrita na fase fi nal de uma incapacitante doença neurodegenerativa, conhecida como esclerose lateral amiotrófi ca, que o levaria à morte em agosto do ano

passado, a obra, que chega agora às livrarias brasileiras pela Editora Objetiva, é considerada o testamento político do autor do extraordinário “Pós-Guerra – Uma História da Europa desde 1945”, lançado em 2008.

Preso à cama com uma sensação permanen-te de frio, com um tubo de plástico no nariz que lhe permitia respirar, a narrativa de “O mal ronda a Terra” foi ditada com base no único arquivo que estava ao seu alcance: a sua própria memória.

Após uma fundamentada digressão sobre o longo século do liberalismo constitucional co-mandado por um grupo superior de estadistas das mais diversas posições políticas – entre es-ses, Léon Blum, Winston Churchil, Willy Bran-

dt e Franklin Roosevelt –, Judt mostra que, do ponto de vista político, o mundo vive na era dos pigmeus – uma classe que é mero instrumento de assalto ao Esta-do, e não um conjunto de líderes com noção de suas responsabilidades morais e sociais.

Tony Judt cita Adam Smith para reafi rmar o caráter destrutivo da cultura de admiração acrítica da riqueza. E descreve a cegueira do mundo em que vivemos: em

que o aumento global da riqueza dissimula as dispari-dades distributivas que põem em colapso a mobilidade social e destroem a confi ança mútua indispensável para dar sentido à vida em sociedade.

Dedicado aos jovens dos dois lados do Atlântico, o livro mostra que depois da crise bancária em que os governos e os bancos centrais empreenderam notá-veis viradas políticas, distribuindo dinheiro público de forma generosa para garantir a estabilidade econômica e assumindo sem hesitar o controle de empresas pri-vadas em difi culdades, a necessidade de Estados fortes e governos intervencionistas não se discute. Mas, infe-lizmente, ninguém está “repensando” o Estado. Persis-te uma relutância palpável em defender o setor público com base em princípios ou interesses coletivos.

Para Judt, a defesa da revitalização do Estado não se apoia apenas em suas contribuições para a sociedade moderna. Ele nota que isso ganha força dada a época do medo em que vivemos. Medo que é provocado não so-mente pelo terrorismo, mas pela incontrolável velocidade das mudanças, da perda do emprego e de uma distribuição de recursos cada vez mais desigual. “E acima de tudo, tal-vez, pelo pavor de que não só nós perdemos a capacidade de conduzir nossas vidas, como também os responsáveis pelos governos também perderam o controle da situação para forças que estão além de seu alcance”, ressalta.

A questão recorrente no livro de Judt é: que tipo de sociedade nós desejamos e quais arranjos estamos dispostos a tolerar ou buscar para chegar a ela? O sis-tema de garantias e proteção “do berço ao túmulo” é mais “útil” do que uma sociedade baseada no mercado, na qual o papel do Estado é reduzido ao mínimo? Para o autor, não é mais possível prevalecerem questões de efi ciência e produtividade econômicas no lugar da ética e de todas as referências e metas sociais mais abrangentes.

Diante disso, Judt sugere um rumo mais prático e téc-nico com o resgate da social-democracia, uma forma de aceitação do capitalismo e da democracia representativa como o foco no interesse de amplas parcelas da popu-lação e não naqueles impostos pelo mercado. A questão que fi ca é se os Estados de bem-estar social devem con-tinuar existindo ou fi caram defi nitivamente ultrapassados.

Milton Wells

Page 37: Empresa Brasil 70

Maio de 2011 31

A infl ação brasileira e os gastos públicos■ André Filipe Zago de Azevedo*

A infl ação brasileira acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA, atingiu a 6,51%, em abril, superando o teto da meta infl acionária pela primeira vez

nos últimos seis anos. A aceleração infl acionária não tem sido um fenômeno exclusivo ao Brasil, pois boa parte dos países emergentes, como China e Rússia, também tem apresentado uma tendência de eleva-ção nos seus níveis de preços. Mesmo nos países desenvolvidos, os níveis infl acionários atuais estão acima daqueles registrados há um ano. O maior vi-lão desse processo tem sido o comportamento dos preços das commodities. Após um período de forte queda durante a crise fi nanceira internacional, o pre-ço de uma série de produtos básicos já voltou aos mesmos patamares anteriores à crise, puxado tanto pela elevada demanda dos países emergentes como por frustrações pontuais na oferta de determinados produtos. Com a maior integração econômica, os choques de oferta e demanda se tornaram globais. Os países emergentes estão sofrendo mais com o aumento da infl ação, pois se recuperaram mais ra-pidamente da crise, enquanto muitos países desen-volvidos ainda se encontram às voltas com baixas taxas de crescimento econômico e elevadas taxas de desemprego.

No Brasil, os alimentos e os combustíveis têm sido os principais responsáveis pela aceleração infl a-cionária recente. Em relação aos alimentos, carne e alho tiveram aumentos em torno de 20% nos últi-mos 12 meses, enquanto o etanol registrou elevação de 31%% somente nos primeiros quatro meses do ano. No entanto, os aumentos de preços não têm se restringido somente a esses grupos, espalhando-se por toda a economia. Esta trajetória recente in-viabiliza uma volta da infl ação ao centro da meta de

infl ação de 4,5% ainda em 2011, algo já descartado pelo próprio Banco Central. Isto se deve ao tempo que é necessário para que a elevação da taxa bá-sica de juros da economia, que passou de 8,75% para 12%, surta seu efeito completo sobre o nível de atividade e, por consequência, sobre os preços. Vale lembrar que os recentes aumentos da taxa Se-lic já fazem o Brasil apresentar novamente as maio-res taxas de juros reais do mundo, que chegaram a 5,15% em abril, enquanto muitos países, entre eles os demais pertencentes ao grupo dos BRIC (Rússia, Índia e China), ainda apresentam taxas de juros reais negativas. Os juros elevados, por sinal, têm sido um dos principais determinantes para a manutenção da taxa de câmbio valorizada, o que prejudica a compe-titividade das empresas brasileiras.

Além disso, o governo federal não tem contribu-ído com o Banco Central para aliviar a pressão infl a-cionária, afi nal, a política fi scal continua francamente expansionista. Apesar do alardeado corte de R$ 50 bilhões no orçamento de 2011, os gastos federais ainda deverão crescer R$ 62 bilhões neste ano em relação a 2010, ano que já havia registrado forte ex-pansão dos gastos públicos. Nesse sentido, falta cla-ramente ao governo coerência em sua política eco-nômica, pois enquanto a política monetária pisa no freio, penalizando o setor privado, a política fi scal atua no sentido contrário, acrescentando mais combustí-vel ao fogo infl acionário. É preciso que o discurso de austeridade fi scal se transforme em ações concretas, pois somente assim será possível controlar mais ra-pidamente a infl ação sem precisar alongar o ciclo de aperto monetário, permitindo que a economia volte a crescer mais rapidamente.

*Assessor Econômico da Federasul e Coordenador do Mestrado em Economia da Unisinos.

ARTIGO

“”

O governo federal não tem contribuídocom o Banco Central para aliviar a pressão infl acionária,afi nal, a política fi scal continua francamenteexpansionista

Page 38: Empresa Brasil 70

32 Empresa BRASIL

Page 39: Empresa Brasil 70

Abril de 2010 33

Page 40: Empresa Brasil 70

34 Empresa BRASIL

0800 570 0800

www.sebrae.com.br

Quem quer abrir uma empresa ou expandir um negócio não pode fazer isso no escuro. Por isso, você pode contar com as informações da Bússola Sebrae. Uma ferramenta que mostra os melhores pontos para instalar seu negócio e faz uma análise dos concorrentes, do perfil do consumidor e dos fornecedores da região. Procure um ponto de atendimento do Sebrae e solicite a um de nossos consultores uma pesquisa exclusiva da Bússola. Com o ponto certo, seu negócio também tem tudo para dar certo e seguir em frente.

QUER ABRIR UMA EMPRESA E NÃO SABE ONDE?A BÚSSOLA SEBRAE INDICA O LUGAR CERTO.