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Abril de 2010 1 As reformas que o Brasil precisa para poder avançar

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Edição 65 - Dezembro de 2010 da publicação Empresa Brasil da CACB.

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Page 1: Empresa Brasil 65

Abril de 2010 1

As reformas que o Brasil precisa para poder avançar

Page 2: Empresa Brasil 65

2 Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doEstado do Acre – FEDERACREPresidente: George Teixeira PinheiroAvenida Ceará, 2351 Bairro: CentroCidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado deAlagoas – FEDERALAGOASPresidente: José Geminiano Acioli JuremaRua Sá e Albuquerque, 467 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.025-901

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIAPresidente: Gilberto LaurindoRua General Rondon, 1385 Bairro: CentroCidade: Macapá CEP: 68.900-182

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariaisdo Amazonas – FACEAPresidente: Valdemar PinheiroRua Guilherme Moreira, 281Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300

Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado daBahia – FACEBPresidente: Clóves Lopes CedrazRua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070

Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACCPresidente: João Porto GuimarãesRua Doutor João Moreira, 207 Bairro: CentroCidade: Fortaleza CEP: 60.030-000

Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais eIndustriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDFPresidente: José Sobrinho BarrosSCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andarBairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Espírito Santo – FACIAPESPresidente: Arthur AvellarRua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEGPresidente: Deocleciano Moreira AlvesRua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

Maranhão – Federação das Associações Empresariais doMaranhão – FAEMPresidente: Júlio César Teixeira NoronhaAv. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730

Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais do Estado do Mato Grosso – FACMATPresidente: Pedro NadafRua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020

Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais doMato Grosso do Sul – FAEMSPresidente: Leocir Paulo MontagnaRua Quinze de Novembro, 390Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917

Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINASPresidente: Wander Luís SilvaAvenida Afonso Pena, 726, 15º andarBairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002

Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doPará – FACIAPAPresidente: Reginaldo FerreiraAvenida Presidente Vargas, 158 - 5º andarBairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000

Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais daParaíba – FACEPBPresidente: Alexandre José Beltrão MouraAvenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andarBairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doParaná – FACIAPPresidente: Ardisson Naim AkelRua: Heitor Stockler de Franca, 356Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais de Pernambuco – FACEPPresidente: Djalma Farias Cintra JuniorRua do Bom Jesus, 215 – 1º andarBairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACPPresidente: José Elias TajraRua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207.Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: CentroCidade: Teresina CEP: 64.001-060

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJPresidente: Jésus Mendes CostaRua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: CentroCidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030

Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do RioGrande do Norte – FACERNPresidente: Sérgio Roberto de Medeiros FreireAvenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200

Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e deServiços do Rio Grande do Sul - FEDERASULPresidente: José Paulo Dornelles CairoliRua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andarPalácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110

Rondônia – Federação das Associações Comerciaise Industriais do Estado de Rondônia – FACERPresidente: Ednei Pereira dos SantosRua Dom Pedro II, 637 – Bairro: CaiariCidade: Porto Velho CEP: 76.801-151

Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais deRoraima – FACIRPresidente: Jadir Correa da CostaAvenida Jaime Brasil, 223, 1º andarBairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350

Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISCPresidente: Alaor Francisco TissotRua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540

São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo – FACESPPresidente: Alencar BurtiRua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001

Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Estado de Sergipe – FACIASEPresidente: Sadi Paulo Castiel GitzRua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: CentroCidade: Aracaju CEP: 49.010-110

Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriaisdo Estado de Tocantins – FACIETPresidente: Jarbas Luís Meurer103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA -Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversifi cada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

DIRETORIA DA CACBBIÊNIO 2009/2011

PRESIDENTEJosé Paulo Dornelles Cairoli - RS

1º VICE-PRESIDENTESérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL

VICE-PRESIDENTESArdisson Naim Akel - PRArthur Avellar - ESFernando Pedro de Brites - DFJosé Geminiano Acioli Jurema - ALJosé Sobrinho Barros - DFLeocir Paulo Montagna - MSLuiz Carlos Furtado Neves - SCSadi Paulo Castiel Gitz - SEWander Luis Silva - MG

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAISJoão José de Carvalho Sá - BA

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOSDeocleciano Moreira Alves - GO

DIRETOR-SECRETÁRIOJarbas Luis Meurer - TO

DIRETOR-FINANCEIROGeorge Teixeira Pinheiro - AC

CONSELHO FISCAL TITULARESJadir Correa da Costa - RRPaulo Sérgio Ribeiro - MTSergio Roberto de Medeiros Freire - RN

CONSELHO FISCAL SUPLENTESAltair Correia Vieira - PAGilberto Laurindo - APRonaldo Silva Resende - RN

COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIAMaria Salette Rodrigues de Melo - PR

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIOEduardo Machado

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli Fróesfróes, berlato associadas

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIALOlívia Bertolini Thais Margalho

COORDENADOR DO EMPREENDERCarlos Alberto Rezende

COORDENADOR NACIONAL DA CBMAEValério Figueiredo

COORDENADOR DO PROGERECSLuiz Antonio Bortolin

SCS Quadra 3 Bloco ALote 126Edifício CACB61 3321-131161 3224-003470.313-916 Brasília - DF

Site: www.cacb.org.br

Federações CACB

Page 3: Empresa Brasil 65

Dezembro de 2010 3

Não há qualquer dúvida de que o Brasil avançou muito nos governos FHC e Lula, que, de certa for-

ma, podem ser considerados como com-plementares entre si. Depois de décadas de infl ação e de incertezas quanto ao futuro do país, em que houve até mes-mo o impeachment de um presidente da República – o maior teste já enfrentado pela jovem democracia brasileira –, o país amadureceu. Tornou-se mais responsável na condução de políticas macroeconômi-cas e aprofundou políticas sociais.

Um fato inquestionável, contudo, é que o país foi altamente favorecido nos últimos anos pela conjuntura internacional. Parodian-do o ex-ministro Delfi m Netto, foi o nível do mar que subiu e o nosso barquinho subiu junto. Veio a crise global e com ela o rede-senho da geografi a econômica mundial. Por mais longo que venha a ser o processo de ajuste, o mundo não será o mesmo. Será preciso, antes de tudo, maior disciplina de gestores públicos e privados, o que exigirá menor tolerância com a inefi ciência e com os desequilíbrios macroeconômicos.

Esse cenário indica que não existirá mais aquele alinhamento de fatores que permi-tiram encobrir indulgências, sobretudo na questão do Estado. A inércia do governo Lula para com as reformas modernizadoras deve ser substituída por uma ação efetiva em dire-ção às mudanças preconizadas pela socieda-de. Do contrário, o país vai continuar a mar-car passo. Ou seja, não logrará o sonhado crescimento sustentável que o levaria a um novo patamar de desenvolvimento.

O país precisa reduzir os custos, bai-xar os impostos, realizar um pacto para uma nova lei do trabalho, reduzir os dé-

fi cits da Previdência e implantar uma ver-dadeira reforma política.

Com as reformas, damos continuidade, nesta edição de Empresa Brasil, à série de reportagens que focaliza as grandes questões nacionais, as quais fi zeram parte do livro da CACB entregue aos candidatos à Presidência da República. No caso da reforma tributária, o professor titular de Direito Tributário da Faculdade de Direito da USP, Luis Eduardo Schouri, não tem dúvidas de que uma refor-ma fi scal seria pré-requisito.

Em relação à Previdência, o economista Hélio Zylberstajn aponta com precisão, na mesma matéria, que não seria exagero dizer que as últimas tentativas de reforma previ-denciária fracassaram porque tentaram mu-dar as regras vigentes para os trabalhadores e funcionários públicos ativos e para os apo-sentados. “O fracasso dessas tentativas deixou uma lição importante: uma reforma somente terá êxito se for feita para os novos trabalha-dores”, ensina Zylberstajn.

Um fato que, por si só, justifi ca a reforma trabalhista no Brasil é a existência, segundo dados do PNAD de 2008, de 47,5 milhões de trabalhadores – de informais e autônomos – desprotegidos, aponta o professor José Pas-tore da USP. Por tudo isso, é preciso fazer uma reforma trabalhista, “O que não deve ser con-fundido como expediente para retirar direitos dos trabalhadores”, assinala Pastore.

Mas se todas essas reformas se comple-tarem sem a reforma política, ainda assim o Estado não poderá dizer que está a serviço de todos, apenas de alguns. A reforma po-lítica é importante por muitas razões, mas, sobretudo, pela necessidade de maior re-presentatividade do governante eleito, sem o que continuará a vigorar no país a norma “é dando que se recebe”.

As reformas que o Brasil precisa

PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasile da Federasul

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4 Empresa BRASIL

3 PALAVRA DO PRESIDENTEO país precisa reduzir os custos, baixar os impostos, realizar um pacto para uma nova lei do trabalho, reduzir os défi cits da Previdência e implantar uma verdadeira reforma política.

5 PELO BRASIL Associação Comercial e Empresarial de Caruaru encerrou o calendário de eventos que celebram os 90 anos da entidade, com o lançamento do livro “A contribuição da Acic para o desenvolvimento”.

8 CAPAAlém da reforma tributária, o Estado precisa reduzir os gastos públicos. Outras reformas, como a política, previdenciária e trabalhista, também fazem parte das medidas modernizadoras preconizadas pelos especialistas.

14 CASE DE SUCESSO “Acertando Suas Contas” da SCPC Boa Vista Serviços possibilitou a renegociação de débitos de 7.838 consumidores de São Paulo.

16 DESTAQUE EMPREENDERCACB e Rede Inter-regional promovem seminário sobre a experiência do Brasil na capacitação profi ssional.

18 ANÁLISEUma nova geografi a do comércio está emergindo e remodelando o cenário econômico global. É nesse cenário que surge a “guerra cambial”.

20 DESTAQUE CACB Facisc lançará em fevereiro o site “Deputadômetro” para monitorar o desempenho dos representantes estaduais da próxima legislatura.

22 DESTAQUE FEDERAÇÕESDesde agosto de 2007 na presidência da Faciet, o empresário Jarbas Meurer desenvolve uma intensa programação em busca do fortalecimento da entidade.

24 AGENDAFaems vai discutir o planejamento estratégico até 2014 em encontro entre diretores e executivos na segunda quinzena de janeiro.

26 DESTAQUE CBMAEEm sua quinta edição, a Semana Nacional de Conciliação deu ênfase à disseminação dos MESCs e à solução de litígios de forma amigável.

28 PEQUENAS NOTÁVEISNo próximo triênio (2011/2013), o Sebrae vai destinar R$ 140 milhões para ações de apoio ao desenvolvimento das MPEs do setor de serviços.

34 TENDÊNCIASO 13º salário, as promoções, o dólar baixo, os parcelamentos e a ascensão das classes C e D podem garantir o melhor Natal dos últimos anos.

37 BIBLIOCANTOEm Outras Cores, o turco Orhan Pamuk, prêmio Nobel de Literatura de 2006, viaja pelas obras de seus escritores prediletos.

ÍNDICE

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NT

E Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróesfróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - [email protected] gráfi co: Vinícius KraskinDiagramação: Kraskin ComunicaçãoFotos: Rubens Nemitz Jr.Foto da capa: Banco de imagens Fotolia.com/ AvavaRevisão: Flávio Dotti CesaColaboradores: Heloisa Garrett, Janaine Stoco, Luana Feldens, Neusa Galli Fróes, Olivia Bertolini, Thais MargalhoExecução: Editora Matita Perê Ltda.Comercialização: Fone: 51.3392.7932Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

14 DESTAQUE EMPREENDER

28 PEQUENAS NOTÁVEIS

8 CAPA

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PELO BRASIL

Comemorações em Caruaru

A Associação Comercial e Empre-sarial de Caruaru (ACIC), princi-

pal entidade de Pernambuco, encerrou o calendário de eventos que celebram os 90 anos da entidade, completados em abril deste ano.

No fi nal de novembro, a entidade promoveu o fechamento da cápsula do tempo e o lançamento do livro “Terra de Oportunidades – A contribuição da ACIC para o desenvolvimento de Caru-aru e região”.

A Cápsula do tempo é um invólucro especialmente construído para acomo-dar alguns objetos e documentos, que será lacrado a vácuo. O principal objeti-vo é registrar o atual período vivido pela entidade, para que as futuras gerações conheçam os trabalhos desenvolvidos no presente em benefício dos associados e do desenvolvimento de Caruaru.

“É difícil prever como estarão a ACIC e Caruaru em 60 anos. Entretanto, acreditamos que as pessoas que teste-munharão a abertura da cápsula fi carão surpresas com a oportunidade de inte-ragir diretamente com parte signifi cativa da história da entidade e do município”,

disse o presidente da entidade, na gestão 2008-2010, Andrerson Porto.

A abertura do invólucro deverá ocorrer em abril de 2070, como parte da programação do sesquicentenário da ACIC. O ato de abertura da cápsula fi cará a cargo do presidente da entidade e do prefeito de Caruaru.

A entidade também apresentou o livro “Terra de Oportunidades – A contri-buição da ACIC para o desenvolvimento de Caruaru e Região”, editado pela Ofi -cina Comunicação. O trabalho do livro começou a ser desenvolvido no início de 2009. O resultado foi o levantamento minucioso de uma história quase secular. O livro, de 248 páginas, distribuídas em 10 capítulos, foi escrito pelas jornalistas Carolina Miranda e Moema Duarte. Já o projeto gráfi co e a diagramação fi caram a cargo de Ana Paula Barboza Pedrosa.

A posse do presidente João Bezerra Filho, da nova Diretoria, e dos coordena-dores de Câmaras e os presidentes dos Núcleos Especiais marcou a confraterni-zação natalina, no início de dezembro, e fechou o ano comemorativo da entidade.

Fonte: Imprensa Acic

Lançamento do livro “A contribuição da ACIC para o desenvolvimento de Caruaru e Região” atraiu grande número de empresários

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Retornoàs origens

Jaraguá do Sul recebeu, no fi nal de novembro, empresários de to-das as regiões de Santa Catarina que participaram do Encontro Estadual de Associações Empresariais de SC e 14º Encontro Estadual do Empre-ender. O evento foi organizado pela Federação das Associações Comer-ciais e Empresariais de Santa Catarina (Facisc) em parceria com a associa-ção comercial local.

Durante a solenidade de aber-tura, o presidente da FACISC, Alaor Tissot, lembrou que Jaraguá do Sul é origem de importantes iniciativas do empreendedorismo regional e nacional: “Nesta região nasceram a Fundação Empreender e o Projeto Empreender”. Tissot destacou as 40 ações que serão realizadas em 2011 em comemoração aos 40 anos da FACISC.

O diretor superintendente do Sebrae-SC, Carlos Guilherme Zi-geli, ressaltou que apesar de Santa Catarina representar apenas 1% do território nacional, apresenta pujan-ça que se refl ete em uma economia bastante vitoriosa.

O Encontro Estadual de Asso-ciações Empresariais de SC e 14º Encontro Estadual do Empreender teve apoio técnico do Sebrae/SC, apoio da Vivo e patrocínio do Banco do Brasil.

Fonte: Imprensa CACB com informações Comunicação Facisc

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Foto: Flávio Ueta

Empresários catarinenses debatem perspectivas para negócios em 2011

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6 Empresa BRASIL

PELO BRASIL

6 Empresa BRASIL

O Presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, recebeu uma home-nagem especial da Federação das Asso-ciações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas), como reco-nhecimento à sua liderança empresarial e trabalho em prol da cultura associativista promovida pela CACB.

Além de Cairoli, receberam conde-corações especiais o governador eleito de

Minas Gerais, Antônio Anastasia (Destaque Administração Pública), o presidente da Caixa Econômica Federal, Marcelo Bon-fi m (Destaque Administração Financeira), e o Diretor- Presidente da Cenibra, Paulo Eduardo Rocha Brant (Destaque Empre-sa Privada). A homenagem fechou o XIII Congresso das Associações Comerciais de Minas Gerais, realizado em novembro.

Fonte: Imprensa CACB/ Federaminas

Cairoli é homenageado em Minas

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Na primeira semana de novembro, o presidente da Federação das Associa-ções Comerciais do Estado do Ceará (Facc), João Porto Guimarães, esteve em São Paulo para ratifi car a participação da Federação como AR (Autoridade de Re-gistro). Porto assinou, também, a adesão da entidade ao programa desenvolvido, pela CACB, em parceria com a NFe do Brasil. O objetivo da federação cearense, com a integração, é disseminar o serviço de emissão de notas fi scais eletrônicas para todas as associações comerciais do estado.

Fonte: Imprensa CACB

Ceará também será Autoridade de Registro

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Francisco Lobbianco, da NFe (E), João Porto, da Facc, e Luiz Antônio Bortolin, do Progerecs

Wander Luís Silva e José Paulo Dornelles Cairoli, na entrega do prêmio

A Associação Comercial e Industrial de Ubatuba (Aciu) re-cebeu, em novembro, a visita de uma delegação espanhola. Cerca de 20 empresários, do ramo de construção e imobiliá-rio da cidade de Benalmádena, decidiram conhecer Ubatuba e o potencial de investimento que o município pode atrair. A cida-de espanhola é referência no tu-rismo de cidades litorâneas.

“Estamos buscando estrei-tar as relações, e os espanhóis têm se mostrado extremamen-te simpáticos e interessados em nossa cidade. Para nós, além de ser uma honra, é também um prazer poder trocar experiên-cias com estas pessoas, visando trazer para Ubatuba um turismo de melhor qualidade e investi-mentos que possam desenvol-vê-lo”, disse o prefeito da cida-de, Eduardo César.

Fonte: Imprensa Aciu

Aciu recebe ComitivaEspanhola

Foto: Imprensa Aciu

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Desde o início de dezembro, empresas, de todos os portes, que realizam operações comerciais com o poder público – União, Estados e municípios –, estão registrando suas operações através da Nota Fiscal Ele-trônica (NFe). O documento eletrônico vale também para as vendas interestaduais ou operações com o comércio exterior. A medida substitui os modelos 1 e A1 pela Nf-e. São contemplados pela normativa todos os órgãos da administração direta ou indireta, inclusive empresas e sociedades de economia mista, da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Com isso, o governo pretende diminuir a burocracia, agilizar as transações e aumentar o controle fi scal. A empresa, por sua vez, tem como vantagens

a redução com custo de papel e armazena-gem, a padronização de processos e outros benefícios. A multa para quem não aderir ao sistema pode chegar a 50% do valor de cada nota emitida. Vendas de mercadorias sem NF-e são ilegais.

“É possível solicitar a tecnologia pela Internet, no entanto, a retirada e validação deverão ser presenciais, uma vez que o certifi cado possui o mesmo valor de uma assinatura de punho”, destaca Júlio Cosen-tino, vice-presidente da Certisign, empresa especializada no desenvolvimento de so-luções de certifi cação digital. O executivo ressalta ainda que essa tecnologia não tem por objetivo atender somente às obrigato-riedades, pelo contrário, antes de tudo é uma solução que apresenta benefícios.

A CACB, a Certisign e a Nfe do Brasil estabeleceram uma parceria para levar a tec-nologia e know-how a todas as associações comerciais e empresariais de todo o Brasil. Mais informações www.progerecs.com.br

Novo grupo de empresas deve aderir à nota fi scal eletrônica

Novembro de 2010 7

Incentivar a sensibilidade e a criativida-de dos comerciantes. Esta foi ideia da pa-lestra “Dê magia à sua empresa – Encan-te seus clientes e conquiste resultados”, organizada pela Associação Comercial de Guarulhos e Sebrae- SP.

O evento, realizado no início de de-zembro, foi conduzido pelos conferencis-tas Átila e Rosi. Eles são ilusionistas, psico-pedagogos, escritores e jornalistas e atuam da área de consultoria humana há 15 anos. A dupla já percorreu mais de 650 cidades brasileiras com sua palestra voltada para temas como: vendas, liderança, relaciona-mento, entre outros.

Átila lembrou que o Natal traz pes-soas com espírito revitalizado, propenso a consumir. “Ele (consumidor) vem com o coração amaciado pelo espírito de Na-tal e com uma forcinha fi nanceira a mais, gerada pelo décimo terceiro. O consumo

no Natal é amplo e abrange todos os se-guimentos do varejo, esta é a sua peculia-ridade. E a campanha de Natal deve obe-decer a este mesmo ritmo”, salientou.

Para o palestrante, a criatividade é uma das chaves de boa campanha. “Pro-moções de vendas criativas, barulhentas,

curiosas, artísticas, sonoras, desafi adoras, podem ajudar, mas precisam ser aliadas a uma ação constante durante o ano todo para surtir o efeito almejado no fi nal do ano”, reforçou.

Fonte: Imprensa CACB/ Imprensa ACE Guarulhos

Encante os clientes e conquiste resultados

Evento organizado pela ACE eSebrae-SP reuniu cerca de 400 pessoas, no Open Hal, em Guarulhos

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8 Empresa BRASIL

Sempre que se discute, no Brasil, a efi ciên-cia da economia e a necessidade de criar as condições necessárias para o seu cres-cimento de forma continuada, vêm à tona

os chamados “problemas estruturais” do país. Além da reforma tributária, dado o excessivo

número de impostos e o peso de sua carga – o que contribui para um custo de vida cada vez mais caro, além de onerar as exportações e os investimentos –, o Estado precisa reduzir os gastos públicos. E isso deve passar antes por uma reforma fi scal. Outras reformas, como a política, previdenciária e trabalhista, também fazem parte das medidas modernizadoras preconiza-das pelos especialistas.

Uma reforma trabalhista, por exemplo, propor-cionaria melhores condições para o Brasil competir em pé de igualdade no mercado internacional, com o aperfeiçoamento de regras, como a da demissão

imotivada, a redução da jornada de trabalho e a ter-ceirização. A reforma política, de sua parte, resgataria a qualidade de sua intervenção, enquanto a previden-ciária pavimentaria o caminho de um novo modelo mais justo e sustentável.

No livro “Propostas para o próximo presidente”, distribuído pela CACB e demais entidades signatárias aos candidatos à Presidência da República, todas essas reformas são analisadas. Autor do artigo “Considera-ções sobre os rumos do sistema tributário”, o professor titular de Direito Tributário da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Luis Eduardo Schou-ri, afi rma que há um consenso em relação à necessida-de de uma reforma, mas existe muita discordância em relação ao seu conteúdo. “É notório o confl ito entre as esferas pública e privada”, diz o professor. “Enquanto a segunda defende uma redução da carga, os crescentes gastos estatais mostram que não há chance de uma

As reformas que o Brasil precisa para inaugurar novo ciclo de desenvolvimento

CAPA

É preciso reduzir custos, diminuir a carga tributária e fl exibilizar a legislação trabalhista, defendem os especialistas

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Dezembro de 2010 9

menor tributação, pelo menos em médio prazo.”Mas a questão é mais complexa. Dentro da esfera

pública tampouco se encontra algum tipo de consen-so. Isso porque os entes estatais não admitem discutir reformas se houver risco de redução de receita, re-lata o professor. “Nessas circunstâncias, é óbvio que as condições de uma reforma tributária prosperar no Brasil são muito difíceis”, adverte. Mesmo assim, ele acredita que algumas pequenas medidas corretivas po-dem aperfeiçoar o sistema. “Todas são independentes de uma reforma constitucional, o que tornaria possível a sua aprovação para um governo em início de man-dato e com maioria parlamentar.”

No caso da reforma da Previdência, o economista Hélio Zylberstajn nota que não seria exagero dizer que as últimas tentativas de reforma fracassaram porque olharam “para trás”, ou seja, tentaram mudar as regras vigentes para os trabalhadores e funcionários públi-cos ativos e para os aposentados. “O fracasso dessas tentativas deixou uma lição importante: uma reforma somente terá êxito se for feita para os novos trabalha-dores”, ensina.

O Brasil, segundo o especialista, é um caso “fora da curva”. Gasta muito com a Previdência Social em comparação com outros países: 11% do PIB, o que representa cerca de um terço da arrecadação total dos três níveis de administração pública com impostos e contribuições sociais. De cada R$ 3 que se arrecadam com impostos e contribuições, R$ 1 é para pagar apo-sentadorias e pensões.

Com dois sistemas de Previdência Social – dos trabalhadores assalariados regidos pela CLT, além de autônomos, os empregadores e os não contribuintes; e da administração pública – , em 2009 foram desem-bolsados R$ 225 bilhões para o pagamento de apo-sentadorias, pensões e benefícios de assistência social. Esse gasto representa 7,5% do PIB, dos quais apenas 81% foram bancados com a arrecadação própria.

Entre as distorções do atual modelo, Zylberstajn cita o fato de que o Brasil é um dos raríssimos países em que não existe uma idade mínima para se aposen-tar. A existente é apenas para os funcionários públicos. Para mudar esse quadro seria necessário alterá-lo na Constituição, o que exige quórum qualifi cado e difi cul-ta a sua aprovação.

A relação capital e trabalho também precisa ser revista. “Temos uma legislação muito pesada. O Brasil precisa sair dessa camisa de for-ça, o que requer a formulação de políticas de longo prazo e respeito aos direitos adquiridos”, afi rma o professor José Pastore, da Universi-dade de São Paulo (USP), em seu artigo “Modernização das relações de Trabalho”, incluído no livro “Propostas para o próximo presidente”.

Segundo dados do PNAD de 2008, o Brasil tem hoje 92 milhões de trabalhadores, dos quais 85,5 milhões trabalham no setor priva-do. Desse total, o número de informais, de brasileiros desprotegidos, chega a 47,5 milhões. “Uma população gigantesca. Por tudo isso, é preciso fazer uma reforma trabalhista, o que não deve ser confundido como expediente para retirar direitos dos trabalhadores”, assinala Pas-tore. “Uma boa reforma trabalhista é aquela que mantém os direitos de quem os tem, e leva direitos para os que nada têm (desemprega-dos e informais)”, ensina.

Com esse objetivo, o professor traça pelo menos três sugestões de mudança: a criação de outro Simples para os trabalhadores infor-mais; a instituição de um contrato de formação para jovens entre 24 e 30 anos e o fortalecimento do programa Microempreendedor Indi-vidual (MEI). “Apesar do programa do MEI contemplar muitas ocupa-ções, houve inúmeras exclusões. Sugere-se que a referida lista venha a ser revista e ampliada e que a operação, ainda vista como demasia-damente complexa pelo público-alvo, seja simplifi cada”, enfatiza.

Sobre a reforma política, um dos pontos incontestáveis em qual-quer projeto dessa natureza é o fi nanciamento público e exclusivo de campanha. “No atual sistema privado está grande parte da origem dos males do sistema político atual”, diz o cientista político Carlos Melo em seu artigo “A reforma política”. “Contudo, trata-se de uma etapa que deve fi car como complementação de uma série de propostas, entre essas a reordenação partidária e o voto distrital misto.”

Brasil tem 47,5 milhões de pessoas sem Previdência Social

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Andrei Pitten Velloso*

Muito se fala sobre reforma tributária. Os cidadãos queixam-se da pesada tributação indireta e da ausência de contrapartida à altura. As empresas,

pressionadas pelo complexo, opressivo e burocráti-co sistema tributário brasileiro, reivindicam-na de for-ma insistente. E os políticos, pretendendo angariar os seus votos e apoio político, não hesitam em prometer realizá-la. Mas não se vê nenhum projeto ou intenção de efetuar uma verdadeira reforma, que efetivamente aprimore o sistema tributário.

Tal reforma deve se orientar por princípios funda-mentais, que sejam seguidos com coerência e tragam benefícios efetivos aos cidadãos brasileiros.

Dentre tais princípios, destacam-se: i) a simplifi cação da legislação tributária, a fi m de reduzir a incerteza jurídica, os encargos burocráticos impostos aos contribuintes e as “brechas” para a elisão tributária; ii) a transparência quanto à carga tributária, aos gastos públicos e às renúncias fi s-cais, fator indispensável ao controle político da tributação; iii) a redução da informalidade, o combate à evasão fi scal e a igualdade na aplicação das leis tributárias, medidas im-prescindíveis a que se amplie a base contributiva e se abra espaço para a redução da carga tributária.

A simplifi cação do sistema tributário brasileiro, por exemplo, tem de passar pela extinção de tributos. Te-mos de acabar com um nefasto vício do governo fe-deral, de criar um tributo para cada despesa específi ca.

Esse vício redundou na proliferação de contribui-ções, notadamente no âmbito federal. Não há razão para tantas contribuições no Brasil. Muitas delas somen-te se diferenciam dos impostos por terem seus recursos afetados a fi nalidades específi cas. É o caso da Contribui-ção Social sobre o Lucro – CSL (que é quase uma répli-ca do IRPJ) e da Cofi ns- Importação (a “contribuição es-pelho” do Imposto de Importação), cujos recursos são supostamente vinculados à seguridade social, mas vêm sendo desviados para pagar os juros da dívida pública e outras despesas, mediante o artifício da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Essas contribuições pode-riam ser extintas e substituídas por repasses fi nanceiros. O mesmo poderia ocorrer com certas contribuições de

intervenção no domínio econômico (apelidadas Cides), sobretudo com a Cide-Combustíveis.

O ISS e o ICMS deveriam ser “nacionalizados” e fundidos com a Cofi ns e o PIS/PASEP, que, abstraída a afetação dos recursos, constituem o ISS/ICMS-Federal, disfarçado sob o rótulo de “contribuição”. Afi nal, qual a diferença entre tributar as prestações de serviços e a circulação de mercadorias, de um lado, e a receita que delas advêm, de outro?

É certo que essa consolidação de tributos sofreria forte resistência por parte dos Estados, do Distrito Fe-deral e dos Municípios, sob a alegação de violação à sua autonomia fi nanceira. Porém, os seus recursos ob-viamente seriam garantidos (sob a forma de repasses fi nanceiros) e dita autonomia poderia ser preservada com uma delegação simples, que lhes faculte fi xar adi-cionais aplicáveis em seus territórios (dentro de certos parâmetros, destinados a evitar a “guerra fi scal”).

Infelizmente, o que se desenha é um quadro total-mente diverso. Ao invés de simplifi car a legislação e re-duzir o número de tributos, o novo governo inicia a arti-culação política para recriar a CPMF, desta feita em caráter defi nitivo, sob a denominação Contribuição Social para a Saúde (CSS). Com isso, vai na contramão da reforma tributária prometida aos cidadãos, traindo a sua confi ança.

O Brasil não carece de novos tributos ou de arre-medos de reforma, meros paliativos para problemas estruturais. Necessita aperfeiçoar o sistema e melhorar a gestão dos vultosos tributos que já existem. Se for para mudar por mudar, apenas para dizer que se “re-formou”, melhor deixar como está. Ao menos fi cará claro para todos que nada está sendo feito. Que as promessas eram apenas promessas.

*Juiz Federal na 4ª Região. Doutor em Direitos e Garantias do Contribuinte pela Universidade de Sala-manca (Espanha). Mestre em Direito Tributário pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ex-pes-quisador visitante da Ludwig-Maximilians Universität (LMU - Munique) e da Università degli Studi di Milano (Itália). Membro do Instituto de Estudos Tributário – I.E.T. Professor de Direito Tributário na Escola Superior da Magistratura Federal no Rio Grande do Sul (ESMA-FE). Ex-Procurador da República.

Por uma verdadeira reforma tributária

CAPA

“”

A simplifi cação do sistema tributário brasileiro tem de passar pela extinção de tributos. Temos de acabar com o nefasto vício do governo federal de criar um tributo para cada despesa específi ca

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Almir Pazzianotto Pinto

O Brasil clama pela reforma traba-lhista. A CLT, escrita para um país agrário, com poucos trabalhadores urbanos, e diminuto número de

indústrias de pequeno porte, já não se presta para atender às necessidades do país contemporâneo, com 190,7 milhões de habitantes, ocupando a 8ª posição na economia mundial.

Algumas tentativas de reforma foram levadas a efeito, mas sem sucesso, como ocorreu em 1979, quando a Comissão Interministerial instituída pela Portaria nº 542, dos Ministros da Justiça e do Tra-balho, apresentou o seu anteprojeto. Composta de 922 artigos e 24 anexos, o prolixo texto sucum-biu às primeiras críticas, e foi engavetado.

Com o propósito de participar de debates so-bre a matéria, redigi este “Decálogo”, onde trato das questões essenciais, à procura do caminho por onde se iniciariam as discussões.

“Decálogo da Reforma Trabalhista!I - Não haverá reforma da legislação trabalhista,

sem forte oposição no Congresso Nacional, e nas ruas.II - Para que haja chances de sucesso, são ne-

cessários: 1º) unidade de ação entre os empresá-rios 2º) campanha esclarecedora levada a efeito pela imprensa; 3º) apoio da opinião pública.

III - Deverão ter prioridade:1) O reconhecimento de que toda pessoa, ao

completar dezoito anos, torna-se capaz de direitos e obrigações nas relações de trabalho (CLT, art. 402), como no plano dos direitos políticos, no círculo fa-miliar, na esfera das obrigações civis e no terreno do direito criminal.

2) À maioridade trabalhista, alcançada aos 18 anos (CLT, art. 402), corresponderá a capacidade de o empregado estar apto a responder pelas obrigações assumidas nas relações de emprego ou de trabalho.

IV - As relações de emprego ou de trabalho devem se desenvolver em ambiente caracterizado

pela segurança jurídica entre contratantes, e entre estes e terceiros.

V – Serão reformulados os conceitos de remu-neração e salário, contidos nos artigos 457 a 467 da CLT, e 22 da Lei nº 8.212/91, que dispõe sobre o Plano de Custeio da Seguridade Social.

VI - Será considerada legítima a concessão de benefícios na forma de bolsa de estudos, cursos de formação e qualifi cação profi ssional, assegurada a exclusão dos valores despendidos do cálculo da remuneração.

VII - As disposições legais relativas à sucessão e à desconsideração da pessoa jurídica devem ser revistas, para que haja segurança jurídica nas aquisi-ções e fusões de empresas.

VIII - Será estimulada a solução extrajudicial de confl itos trabalhistas, mediante o uso de mediação, conciliação e arbitragem.

IX - Será garantida a autonomia de organização sindical, e respeitado o direito à pluralidade e à li-berdade de fi liação.

X - Recepção, pela legislação trabalhista, dos princípios da boa-fé e probidade na elaboração e execução do contrato de trabalho.

Outras reformas são de fundamental impor-tância, como a redução dos prazos prescricionais, aprovação de lei regulamentadora da terceirização e a revogação da Portaria nº 1.510, que disciplina o registro eletrônico de ponto, e determina a utiliza-ção exclusiva de modelo exigido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (REP).

É prematuro prever o comportamento do futu-ro Governo diante de reivindicações de mudanças na legislação do trabalho. Mesmo correndo riscos, deve-se dar partida às etapas iniciais do processo, com a organização de frente única destinada à mo-bilização de empresários, e de outros segmentos sociais interessados no tema.

*O autor é advogado, foi Ministro do Trabalho e Presidente do Tribunal Superior do Trabalho.

Decálogo da reforma trabalhista “”

Escrita para um país agrário, e diminutas

indústrias de pequeno porte, a CLT já não se presta para um

país de 190,7 milhões de

habitantes que se constitui na oitava

economia do mundo

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12 Empresa BRASIL

CAPA

Por que o Brasil precisa deuma reforma políticaIbsen Pinheiro*

No mundo democrático de hoje, existem praticamente dois modelos de representação popular: o voto proporcional, em que o eleitor vota

num partido e elege os integrantes de sua nomina-ta, e o voto distrital, em que o eleitor vota em um candidato a deputado de seu distrito e, por consequ-ência, elege o representante de um partido. O que isso produz no parlamento? Produz grupos mais de-fi nidos, geralmente grupos majoritários eleitos junto com o chefe do governo que constitui a base parla-mentar da administração. E como é comum nesse outro grupo, embora minoritário, que é o da oposi-ção. Assim funcionam democracias modelares como da Inglaterra e praticamente toda a Europa Ocidental e os Estados Unidos, com diferentes modelos: o dis-trital ou o proporcional.

No proporcional, o eleitor vota no partido e elege os deputados que estão na lista. O voto é partidário e em segundo lugar contempla um nome. No distrital é o contrário. O voto é pessoal em um deputado e, ao elegê-lo, elege o seu partido. Nesses dois casos, o partido está presente. Em primeiro lugar quando se vota pela lista. Em segundo, quando se vota no distri-to. No nosso sistema nem o partido nem o candidato estão presentes. O partido não está presente porque existem centenas de nomes que concorrem a depu-tado. Os partidos acabam se tornando todos iguais. Há mudança somente de cor e de nomes.

Esse mecanismo é indutor de impasses. Quer uma evidência disso? De 1946 para cá, alguns presi-dentes da República não concluíram o seu mandato, como Getúlio Vargas, Jânio Quadros e João Goulart, que também não terminou o seu mandato. Tivemos o regime militar, o que não faz parte de nossa análise, de regras democráticas. Restabelecida a democracia,

em 1985, Collor não completou. FHC e Lula cum-priram integralmente os seus mandatos e até foram re-eleitos. O que percebemos é que esses presidentes se dividem em dois grupos: os que concluíram seus man-datos, cooptaram a maioria parlamentar: os que não fi -zeram isso foram depostos, ou renunciaram ou sofre-ram golpe militar ou impeachment. Houve até quem se suicidasse. São duas espécies de presidentes: os que cooptaram a maioria parlamentar e que completaram os seus mandatos e os que, sem maioria parlamentar, perderam seus mandatos. Nosso sistema, então, é indutor de impasses e de crises. Logo, a necessidade da reforma política é imperiosa por razões institucio-nais. Qual seria essa reforma? É muito difícil cogitar do voto distrital em nosso país, porque ele depende de Emenda Constitucional. Por isso, é quase impossível conseguir a maioria de três quintos para as duas vo-tações em cada casa do Congresso Nacional, com a tramitação diferenciada que tem a Proposta de Emen-da Constitucional (PEC). Sustentei que nós devíamos estabelecer a forma do voto partidário para melhorar a relação das forças representadas no Legislativo. Uma nova Câmara que fosse assim eleita teria uma compo-sição mais sensível a um novo avanço que pudesse nos levar a um bom modelo, como da Alemanha, em que o sistema é misto. O voto proporcional tem o defeito de representar bem as minorias e administrar mal a tarefa de governar. No distrital é o oposto. O eleitor, ao votar, vota em lista para composição de parte de parla-mento e no distrito em um nome só. Com isso, você tem minorias expressivas para fazer oposição e sólidas maiorias para governar. No voto em lista pelo menos você sabe que está votando. O voto em lista fortalece os partidos. Uma última virtude do voto em lista: ele admite fi nanciamento público de campanha. Por isso, defendo o voto em lista e o fi nanciamento público.

*Deputado Federal (PMDB-RS)

“”

Nosso sistema é indutor de impasses e crises. Por isso a reforma política é imperiosa por razões institucionais

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As despesas com aposentadorias

somente podem ser contidas no

longo prazo e mediante ajustes

nas regras previdenciárias.

Sem essas mudanças, o

envelhecimento da população pré-

anuncia a escalada das despesas com aposentadorias e

pensões

José Cechin*

Em breve inaugura-se a nova Presidência. Ocasiões como essa ensejam indagações quanto aos rumos da administração que se inicia, particularmente quanto ao sistema

previdenciário. No presente caso, não há promessas de campanha relativas a esse assunto que possam ser descumpridas, uma vez que o tema não fez parte dela.

No entanto, há sinais de maior austeridade fi scal. Sem dúvida, há espaço para cortes, mas não será mui-to grande, pois praticamente dois terços das despesas do Governo Federal estão em rubricas de despesa rí-gida como são as de folha, as aposentadorias, o abono salarial e o seguro-desemprego (para não falar no Bol-sa-Família). As despesas com aposentadorias somente podem ser contidas no longo prazo e mediante ajustes nas regras previdenciárias. Sem essas mudanças, o en-velhecimento da população pré-anuncia a escalada das despesas com aposentadorias e pensões.

Nem todos têm essa visão. Há poucos dias li no Monitor Mercantil: “O Ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, disse que as contas do setor demonstram não haver necessidade de qualquer re-forma, para reduzir direitos previdenciários no curto prazo.” Mencionava em seu favor a ocorrência do oitavo superávit consecutivo no setor urbano. Para-béns pelo superávit, Ministro.

Tenho, no entanto, uma visão diferente. Em previ-dência não se pode ter visão de curto prazo. A pessoa entra no mercado aos vinte anos de idade, contribui durante 35 anos ou mais e ao se aposentar tem uma expectativa de vida de outros 25 anos. Ao começar sua carreira de contribuinte ele espera contar com sua previdência quando idoso, depois de 35 ou mais anos de contribuição e pelo resto de sua vida. Para tanto, as regras sustentáveis e duradouras precisam ser dese-nhadas com décadas de antecedência.

Há tendências no presente que afetarão muito nosso futuro. Uma delas é o envelhecimento da po-pulação. Sem mudanças nas regras previdenciárias as

pessoas permanecerão na aposentadoria ou pensão por tempo mais longo, o que signifi ca aumento da proporção de aposentados e pensionistas na popula-ção e, portanto, maiores gastos. Outra é a crescente participação da mulher no mercado de trabalho. As mulheres se aposentam com cinco anos a menos no tempo de contribuição e na idade e têm expectativa de vida mais longa. No futuro, a maioria das aposentado-rias será do sexo feminino e acumularão aposentadoria e pensão. O impacto nos gastos parece óbvio.

Por isso, novos ajustes nas regras são necessários mesmo que não produzam efeitos fi nanceiros no curto ou médio prazo, como a proposta de novas regras aplicá-veis somente para futuros entrantes no mercado de tra-balho. Note-se que ajustes desse tipo, de maior viabilida-de política, demoram mais de três décadas para começar a produzir efeitos fi nanceiros. Daí a urgência dos ajustes.

As reformas de Previdência têm altos custos políticos aqui e em todo o mundo. No entanto, a responsabilidade do governante é promover os ajustes que se façam ne-cessários para que a instituição Previdência seja sustentável no tempo e não subtraia possibilidades de crescimento da sociedade. O exercício da responsabilidade passa ne-cessariamente por um amplo programa de comunicação com a sociedade para que ela entenda as tendências e seus efeitos e se reduza a oposição por simples desen-tendimento. Por isso, considero que o primeiro ano de Governo deva ser dedicado a esses aspectos educativos e informativos, que poderão permitir maior aceitação dos ajustes necessários em período subsequente.

*Diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). Desde 2006 atuando como su-perintendente do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suple-mentar), Cechin foi Ministro de Estado de Previdência e As-sistência Social em 2002. Antes disso, havia desempenhado a função de secretário executivo do ministério por sete anos. É formado em engenharia eletrônica pelo ITA e possui títulos de mestrado em engenharia e economia pela UNICAMP e Cambridge. Para a Federação, Cechin traz amplo conheci-mento do setor de saúde suplementar e previdência.

Previdência: novos ajustespara sua sustentabilidade

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Campanha contra inadimplência viabiliza renegociação dedívidas com descontos

A taxa de inadimplência no Brasil, entre 5% e 7%, ainda é considerada peque-na. Mas diante do forte crescimento do consumo – tendência que vigorou até 3

de dezembro, quando o Banco Central baixou o pa-cote de arrocho de crédito – seria necessário dar um alerta para eventuais riscos futuros de endividamento. Foi com esse objetivo que a campanha “Acertando Suas Contas”, da SCPC Boa Vista Serviços, acabou viabilizan-do a renegociação de débitos de 7.838 consumidores.

Com estrutura física montada no Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, local de grande circulação de pessoas, no período de 22 a 27 de novembro, seis

empresas – Vivo, Net, Casas Bahia, Pernambucanas, Credicard e Itaú – negociaram descontos nos débitos dos clientes que comparecerem ao evento.

Na primeira semana de operação, mais de 30 mil pessoas compareceram ao local para negociar dívidas em atraso. “Os números indicam que a campanha foi um sucesso e veio num momento certo, de grande expansão da economia, e às vésperas da maior data de

Seis empresas negociaram

descontos nos débitos

dos clientes

Pesquisa realizada durante o evento mostrou que o desemprego é a principal causa de endividamento

CASE DE SUCESSO

Mais de 6 em cada 10 visitantes do evento esperam quitar as dívidas com o 13º salário

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Dezembro de 2010 15

A pesquisa de balcão do SCPC, realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vi-digal em setembro de 2010 com 950 entrevistados, mostra que, ao contrá-

rio dos levantamentos anteriores, as mulheres estão mais inadimplentes que os homens (52% a 48%).

O desemprego (48%) ainda é o principal motivo da inadimplência, seguido do descontrole de gastos (11%) e ter sido fi ador, avalista ou emprestado o nome para aquisição de crédito por terceiros (9%).

A faixa etária mais inadimplente é a de 26 a 30 anos (24%), seguida de 31 a 35 anos (23%) e 36

a 40 anos (13%). Os principais produtos causado-res da inadimplência, por sua vez, são: vestuário (21%), eletrodomésticos (18%) e empréstimo pessoal (13%). O valor total das dívidas está esti-mado acima de R$ 3.000 (23%), entre R$ 501 e R$ 1.000 (22%), R$ 1.001 a R$ 1.500 (20%), R$ 1.501 a R$ 3.000 (17%), R$ 301 a R$ 500 (10%) e até R$ 300 (8%). O principal recurso com que o consumidor pretende contar para quitar os débitos é o próprio salário e/ou corte de gastos (73%), seguido do 13º salário (4%), empatado com os recursos das férias (4%).

vendas do ano, o Natal”, observou Dorival Dourado, presidente da SCPC Boa Vista.

O maior motivo de inadimplência desses consu-midores é o desemprego (39%), conforme constatou levantamento da SCPC Boa Vista com 706 entrevista-dos. Também pesaram na difi culdade de quitar as con-tas a renda insufi ciente (26%) e a falta de planejamento fi nanceiro (18%).

Com o intuito de evitar a reincidência dessas difi cul-dades, a SCPC Boa Vista ofereceu palestras de orienta-ção fi nanceira no local, assistidas por 627 pessoas.

O endividamento foi maior com cartões de crédi-to (51%), cartões de lojas (31%), telefone fi xo e ce-lular (19%), fi nanciamentos (17%) e cheque especial (16%). O levantamento mostrou que o consumidor deu prioridade à quitação das dívidas com cartões de crédito (34,1%), bancos (21,6%), cartões de lojas (10,9%) e fi nanciamentos (10,7%), nessa ordem, a maioria (78%) em até 6 meses. A mesma pesquisa mostrou que o pagamento será feito com o uso dos salários (51%) e do 13º (28%).

Apesar de endividados, 51% dos consumidores se dizem em melhor situação fi nanceira neste ano do que em 2009; 30% estão na mesma e 19%, piores. A maioria (95%) está otimista em relação a 2011, e espera uma melhoria fi nanceira.

Roseli Garcia, superintendente de Produtos e Ser-viços do SCPC, disse que além de negociar a dívida, o objetivo do mutirão era despertar no consumidor o interesse pelo controle e organização das fi nanças. “Por isso, produzimos uma cartilha sobre orçamento doméstico e o uso consciente do crédito.”

Maior endividamento é com cartões

de crédito

Mulheres desempregadas com idade entre 26 e 30 anos compõem o perfi l majoritário do inadimplente

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16 Empresa BRASIL

DESTAQUE EMPREENDER

A mão de obra aliada ao desenvolvimentoExperiência do Brasil na capacitação profi ssional é apresentada em seminário aos países da África e América Central; evento foi promovido em conjunto pela CACB e a Rede Inter-Regional

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Evento foi realizado em Curitiba A capacitação profi ssional é fator decisivo

para o desenvolvimento econômico e do comércio internacional. Estudo da Fundação Getulio Vargas divulgado em

2010 aponta que setores como comércio, hotelaria, indústria, saúde, educação e construção civil deverão ter difi culdades para encontrar profi ssionais qualifi cados e preencher mais de 320 mil postos de trabalho até o fi nal deste ano. Ao mesmo tempo, segundo a pesqui-sa, haverá uma sobra de 653 mil pessoas no mercado de trabalho brasileiro com experiência e qualifi cação.

O panorama se repete em outros países, que bus-cam um intercâmbio de experiências para fortalecer a qualifi cação profi ssional. Entre os vários setores que se tornam fortalecidos com mão de obra capacitada, o artesanato ocupa lugar de destaque, especialmente em alguns países como Marrocos, Costa do Marfi m, Hon-duras, Nicarágua, Benin, Guatemala e El Salvador. Por isso, a Rede Inter-regional para a Adaptação da Forma-ção Técnica e Profi ssional às Necessidades das Atividades

e Ofícios (Rifa) realizou em Curitiba, entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, o seminário que apresen-tou aos países da África e América Central o sistema de capacitação profi ssional brasileiro. A Rifa é uma entidade que busca alinhar a oferta de formação técnica e profi s-sional com a demanda de trabalho.

Em clima de cooperação internacional, os represen-tantes de Câmaras de Comércio e órgãos governamen-tais dos países integrantes da Rede visitaram e conhece-ram institutos de educação profi ssionalizante voltados ao próprio artesanato – tema central do evento –, além de indústria, comércio e agricultura. A integração entre diferentes sistemas e povos é uma inovação, conforme conta Judith Gansou, da Confederação Nacional dos Ar-tesãos de Benin e participante do seminário: “Essa mis-tura de nacionalidades deu certo e pode transformar a educação profi ssional”.

A CACB se uniu com a Sequa, entidade alemã que coordena a Rifa, e a BFZ, parceira da Rede, para a realização do Seminário, que contou também com o apoio da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap). Para o presidente da Faciap e vice-presidente de comércio exterior da CACB, Ardisson Naim Akel, a atuação empresarial no âmbito da qualifi cação profi ssional gera grandes dife-renciais. “Os empresários alemães desta rede sabem do importante papel de apoio ao crescimento dos paí-ses menos desenvolvidos que estão desempenhando. Nós, brasileiros, sentimos uma grande alegria em re-passar nossos conhecimentos adiante”, destaca Akel.

O ministro do Itamaraty, Sérgio Couri, também vê o auxílio internacional como vetor de fortalecimento para a economia e desenvolvimento social. “A coo-peração e formação de parcerias são essenciais para a qualifi cação e geração de empregos conforme a demanda”, diz. O diretor internacional da BFZ, Mar-

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tin Wahl, lembrou que o Brasil vive um momento de destaque no cenário internacional, especialmente por sediar nos próximos anos a Copa do Mundo e as Olimpíadas: “O Brasil é um grande laboratório para metodologia e novos conteúdos que podem ser ex-portados para outros países”, disse.

Demandas e diretrizesAo analisar os pontos positivos e negativos do siste-

ma de educação profi ssional para o artesanato em cada país, é possível perceber que há uma carência de recur-sos fi nanceiros para a área, apesar da mobilização por meio de câmaras e organizações.

Em um dos casos apresentados durante o Seminá-rio, o representante da Câmara de Comércio da Costa do Marfi m, Antoine Kemonsei, afi rmou que uma parcela razoável do orçamento é destinada à educação em seu país, mas existem problemas para a provisão de matéria-prima. “A situação provoca um desalinhamento no mer-cado de trabalho artesanal”, disse Antoine. Já Honduras conta muito com a cooperação internacional para a edu-cação técnica. No Marrocos, o representante da Câmara de Ofícios de Fez, Mohamed Abdellaoui, conta que o desequilíbrio entre capacitação profi ssional e a demanda de emprego torna complicada a inserção de aprendizes no mercado de trabalho.

No Brasil, fatores como a descoberta da camada pré-sal de petróleo e a preocupação constante com o meio ambiente e aquecimento global lançaram novas demandas. Para gerar desenvolvimento no país, é neces-sário investimento em educação. Segundo a gerente de comunicação da Catho, empresa de busca de empregos online, Carolina Stilhano, essa é a solução para acom-panhar o ritmo de crescimento do Brasil. “Investir em educação é um recurso para encontrar novos talentos, pois encontramos difi culdade de recrutamento quanto a isso”, diz. Há uma carência de mão de obra especializada com os requisitos exigidos atualmente pelas empresas.

Programas brasileiros decapacitação profi ssional

No Brasil, há inúmeros projetos voltados para a qua-lifi cação profi ssional. Segundo o Ministério da Educação, 348 mil alunos estão matriculados em 341 escolas técni-cas e institutos federais em todo o país. Para esse suporte,

é necessário pensar além da infraestrutura física de forma-ção, conforme afi rma o diretor do IFPR – Instituto Fede-ral do Paraná em Foz do Iguaçu, Irineu Colombo: “Pre-cisamos também pensar na gestão, profi ssionalização de professores e avaliações para garantir uma formação de qualidade no Brasil”.

Alguns programas brasileiros de capacitação atuam para inserir o jovem no mercado de trabalho desde cedo em diversas áreas. Dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), empresas encontram parceria para o desenvolvimento de novas aptidões. É o caso da Bosch, WHB e Kraft Foods, que já formaram funcionários a partir de cursos técnicos como a UAL - Universidade do Alimento. Segundo a representante de Recursos Humanos da Kraft, Stefanie Schmalz, após a formação, o índice de colocação de alunos no mer-cado com a UAL é de 87%. Na qualifi cação, os alunos aprendem manipulação de alimentos. “A oportunidade de lançarmos a UAL surgiu da necessidade de mão de obra com a transferência de uma unidade da fábrica para Curitiba”, conta Stefanie.

Durante o Seminário Rifa, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer um sistema de qualifi cação profi ssional voltado ao artesanato, coordenado pelo Se-brae. A consultora Patrícia Albanez conta que o trabalho é realizado a partir de grupos, conciliando a produção e o mercado. A área artesanal ainda possui muitos traba-lhadores informais que necessitam de consultoria. “90% dos artesãos trabalham informalmente, sem participar de associações, então buscamos oferecer auxílio na gestão e design, mas sem afetar o processo”, conta Patrícia.

Ardisson NaimAkel, da Faciap, e

Rainer Zielasco,presidente eleito

da entidade

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18 Empresa BRASIL

ANÁLISE

Cenário mundial para os próximos anos é de pouco dinamismo

Uma nova geografi a do comércio está emergindo e remodelando o cená-rio econômico global. Com défi cits comerciais com uma série de países

com que historicamente o Brasil mantinha superávits, a balança comercial brasileira (exportações menos importações) poderá apresentar uma forte queda em 2011. Isso tem a ver com a guerra cambial. Essa guerra se manifesta por meio de três eixos principais: a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, que vem pressionando as demais economias; as desvaloriza-ções competitivas que estão acontecendo na Europa e Estados Unidos; e as políticas fi scais restritivas, so-bretudo dos países europeus.

O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, foi o primeiro a falar em “guerra cambial”. Mantega acusou os países asiáticos, além dos Estados Unidos e Europa, de subvalorizarem suas moedas para aumen-tar ganhos com as exportações. Quando a moeda de um país está subvalorizada, ela torna suas exportações mais em conta, porque elas são negociadas por menos dólares que serão trocados por mais moeda interna.

Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, na abertura do encontro anual do FMI e do Banco Mundial, em Washington, foi mais comedido. “Muitos estão falando de uma guerra cambial. Eu próprio acho que já usei esse vocabulário, que pode ser um pouco militar demais”, afi rmou.

“Mas é correto dizer que muitos realmente consi-deram sua moeda uma arma, e isso certamente não é bom para a economia global”, acrescentou.

“O que todos queremos é o reequilíbrio da econo-mia global, e esse reequilíbrio não pode acontecer sem consequências, sem uma consequência natural, que é uma mudança relativa no valor das moedas”, disse. “Opor-se a isso no médio prazo certamente não vai ajudar no reequilíbrio.”

Strauss-Kahn já havia alertado, em entrevista ao di-ário fi nanceiro britânico Financial Times, que a ideia de uma guerra cambial poderia colocar em risco a recupe-ração da economia global, ainda lenta.

Para o ministro Guido Mantega, o Brasil não deveria ser prejudicado por causa da política cambial da China ou dos Estados Unidos. Com o aumento de 2% para 4% da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Fi-nanceiras) para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fi xa no Brasil, o ministro pretende reduzir o fl uxo capital de curto prazo em aplicações fi nanceiras. O Brasil, assim como outros países da América Latina, tem recebido grandes volumes de capital estrangeiro, atraído pelas altas taxas de juros do país. Essa entrada de capital estrangeiro tem impacto direto na valorização do real em relação ao dólar, o que acaba encarecendo as exportações brasileiras e fazendo com que os exporta-dores percam competitividade internacional.

Obamasubvalorizouo dólar paraaumentar ganhoscom a exportação

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Outubro de 2010 19

Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI:

Há claramente a ideia de que as moedas podem ser usadas como uma arma política. Traduzida em ação, ela representaria um sério risco para a recupe-ração global. Qualquer abordagem deste tipo teria um impacto negativo e muito prejudicial em longo prazo.

Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia: A ironia é que o Federal Reserve (BC americano)

criou liquidez com a esperança de que ele vai reviver a economia americana. Isso não terá refl exo Interno, mas causará um caos no resto do mundo. É uma polí-tica muito estranha que eles estão buscando.

Jean-Claude Juncker, presidente dos ministros das Finanças da zona do euro:

A taxa de câmbio efetiva real da China continua subvalorizada. As autoridades chinesas não comparti-lham de nossa visão.

Subir Gokarn, do vice-governador do banco central da Índia:

A guerra cambial está se tornando um grande problema global; está emergindo como uma ameaça potencial. Por isso, estamos pensando a maneira de lidar com isso.

Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial:

Eu não prevejo uma era de guerras globais de divisas, mas claramente haverá tensões. O dinheiro está perseguindo rendimento. Há também o risco de bolhas de algumas commodities.

Perng Fai-nan, o governador do banco central de Taiwan:

Os EUA imprimiu um monte de dinheiro, então há um monte de dinheiro quente fl uindo ao redor. Esses fl uxos de capitais de curto prazo são preocupan-tes para as economias emergentes.

Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil:

Evidentemente, há um problema muito sério de moeda que deve ser abordados. Não é necessa-riamente uma guerra. Alguns países parecem ter um problema. Mas o Brasil não vai pagar o preço.

Guido Mantega, ministro da Fazenda do Brasil: Estamos no meio de uma guerra cambial. Isso ame-

aça a nossa competitividade.

Chen Jian, do comércio China-vice-ministro: Vamos tomar uma decisão com base em nos-

sos próprios níveis de desenvolvimento econômico e da situação econômica mundial. Se for preciso que se valorize o yuan para a nossa economia se de-senvolver, vamos fazê-lo mesmo que ele tenha um impacto negativo.

Yoshihiko Noda, ministro das fi nanças japonês: Estou ciente de que existem várias opiniões. Mas

a posição do Japão é de que um aumento de ienes prolongado não é desejável. É importante explicar consistentemente a nossa postura perante a comu-nidade internacional.

Com informações da agência Reuters e da BBC

Dezembro de 2010 19

O que eles disseram sobre as taxas de câmbio:

No Brasil, com o dólar fraco, a perda fi ca com

os exportadores, porque quanto

menor a taxa de câmbio, mais

caros fi carão, em dólares, os produtos

brasileiros

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Page 20: Empresa Brasil 65

20 Empresa BRASIL

A rtifícios de campanha ou propostas efe-tivadas? Em Santa Catarina, a proposta vira dívida e, agora, é medida pelo De-putadômetro. Trata-se de uma ferra-

menta, lançada pela Federação das Associações Em-presariais de Santa Catarina (Facisc), para monitorar os 40 deputados estaduais eleitos recentemente.

Segundo a Facisc, o objetivo do Deputadômetro é dar subsídios para que os cidadãos façam a sua própria análise. A ideia está baseada em ações como o Im-postômetro e o Portal Transparência, onde entidades fornecem aos eleitores informações verídicas e cabe a eles tirarem o melhor proveito delas.

De acordo com o presidente da entidade, Ala-or Tissot, a nova ferramenta visa acompanhar a assiduidade. Verifi car se os deputados criarão pro-jetos de lei para cumprir suas promessas de cam-

panha e se elas são de interesse da comunidade catarinense.

A estreia do site “Deputadômetro” está prevista para 1º de feveireiro. No portal, o cidadão poderá en-contrar o perfi l de cada candidato, o descritivo da sua atuação como deputado estadual e seu desempenho.

Segundo a Facisc, o sistema de monitoramento será um processo contínuo de acompanhamento e apreciação do comportamento dos representantes catarinenses. A “alimentação” do site será semanal-mente, com informações recolhidas nas atas de ses-sões da Assembleia Legislativa. Cada representante eleito terá uma página no site www.deputadome-tro.com.br. Leitores e eleitos poderão fazer comen-tários – que serão publicados automaticamente pelo sistema – emitindo livremente suas opiniões. A cada três meses, será divulgado um ranking.

Facisc lançará em 1º de fevereiro o site Deputadômetro, em que o cidadão poderá encontrar o perfi l de cada candidato, o descritivo da sua atuação como deputado estadual e seu desempenho.

Promessas, inovação e acompanhamento

DESTAQUE CACB

CritériosPara analisar o desempenho dos depu-

tados, a entidade catarinense elegeu alguns critérios: presença nas comissões de estudo dos projetos; leis aprovadas e sancionadas de sua autoria e de autoria conjunta; comunica-ção e acesso à informação do deputado atra-vés de pesquisas feitas e do site de cada um; presença em plenário nas Votações Nomi-nais, fi scalização do Executivo através da pre-sença em audiências públicas do orçamento, participação em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), fi delidade partidária e ao mandato e número de requerimento juntos ao executivo de sua autoria.

Sequência ao ProjetoO Deputadômetro é uma continuidade do

Projeto Voz Única – programa da entidade que reuniu empresários e candidatos, em todos as regiões de Santa Catarina. Durante os encon-tros, os candidatos receberam uma cartilha, ela-borada pela FACISC, com análises e sugestões aos políticos.

Apenas diagnosticar problemas não era o su-fi ciente, para a Facisc. De acordo com Christiane Hufenussler, vice-presidente de Marketing da en-tidade, o Deputadômetro nasce da consciência de que levantar os problemas era necessário, mas era preciso passar para a etapa sucessiva. “Era preciso, também, dar seguimento”, afi rmou.

Page 21: Empresa Brasil 65

Dezembro de 2010 21

Dantas: “Pesquisas

mostram que cerca de 40%

dos brasileiros não sabem

exatamente o que faz um

parlamentar”

Foto: Flávio Ueta

Primeiras lições de educação políticaPara analisar estas e outras ações, que visam monitorar

os políticos, a Empresa Brasil entrevistou o especialista, Hum-berto Dantas, doutor em ciência política pela USP, professor universitário, conselheiro do Movimento Voto Consciente, da Ofi cina Municipal e do Instituto Brasil 2022. Ao longo dos últimos sete anos, Dantas coordenou e lecionou em mais de 150 turmas de cursos de educação política.

Qual a efi cácia de instrumentos de cobrança da sociedade civil em geral?

Todo esforço da sociedade é válido se o intuito é cobrar, fi scalizar e acompanhar o trabalho do Poder Legislativo. No Brasil estamos nos aprimorando em avaliar prefeitos, gover-nadores e presidente da República. O eleitor já é capaz de traçar comparações, observar o que prefere. Mas no caso do Poder Legislativo estamos distantes de consolidar uma ação mais cidadã. Pesquisas recentes feitas a pedido da Justiça Elei-toral mostram que cerca de 40% dos brasileiros não sabem exatamente o que faz um parlamentar, e mais de 20% já esqueceram suas escolhas para o Legislativo em 2010.

Como os candidatos podem utilizar este tipo de campanha a seu favor?

Existem diversas maneiras, mas a principal delas é muito simples: o candidato precisa respeitar esse tipo de levantamento. O simples fato de o parlamentar aceitar que está sendo observado já é um grande avanço. Faço parte de uma ONG em São Paulo que faz isso desde a década de 80, e sabemos o quanto nos custa combater a falta de espírito democrático de parlamentares que não aceitam que estão sendo questionados. Além disso, candidatos e políticos bem avaliados costumam utilizar os resultados para se comunicar com seus eleitores, dizendo que as análises mostram um bom trabalho.

Qual o papel da internet nas eleições? E no pós-eleições?

A internet tem um duplo papel na política. Ela dissemi-na o terrorismo eleitoral, faz com que a campanha pareça pequena, espalha fofoca e notícias sem fontes seguras e confi áveis. Mas também carrega muita informação rele-vante. O grande desafi o do cidadão é separar essas duas questões. O poder público federal, por exemplo, é ex-tremamente feliz no volume e qualidade de informações que disponibiliza na rede. Esse movimento deve contagiar

os estados e municípios. Para completar, as organizações da sociedade têm muito com o que colaborar. Um mo-vimento chamado webcidadania (.org.br), por exemplo, agrupa boas iniciativas.

Como a sociedade responde a este tipo de ini-ciativa? Na sua opinião, assiduidade ou promessas cumpridas são efetivamente lembradas na hora do voto?

O eleitor está longe de avaliar dessa maneira os seus parlamentares. Sobretudo porque promessa de parla-mentar é difícil de cumprir. Nossa cultura política está pau-tada no fazer, realizar, executar. O brasileiro tem difi culda-de de entender que um legislador trafega em outra esfera de realização política e administrativa. O problema é que esse parlamentar sobrevive à custa de fazer esse tipo de promessa executiva, o que afasta o cidadão da real com-preensão sobre o Legislativo. O que quero dizer com isso: o voto para o Legislativo ainda é muito clientelista, muito pautado em favores e promessas pontuais. Assim, o volu-me de cidadão que responde positivamente à fi scalização e acompanhamento do Legislativo é pequeno, o que leva a campanha a ter que ser pensada de duas formas: muito recurso em assessoria de comunicação, muito indicador assiduamente disseminado na mídia e educação política demais. Uma verdadeira ação de responsabilidade política, como esta, não pode deixar de contemplar educação para a cidadania nas escolas e nas empresas. Quanto mais edu-cado tiver o cidadão, maior será o valor dado ao tema. Já existem muitas iniciativas como estas pelo Brasil. Santa Ca-tarina mesmo tem uma assembleia legislativa que possui o melhor parlamento jovem do país e uma das escolas mais atuantes. Além disso, o terceiro setor tem experiências de sobra sobre o assunto. A Fundação Konrad Adenauer, por exemplo, acaba de lançar uma publicação exclusivamente voltada às ações de educação política. Vale conferir.

Como o setor empresarial pode auxiliar o eleitor?Acho que principalmente mudando sua concepção so-

bre responsabilidade social. Cumprir o papel do Estado para sempre, com medidas assistenciais, aprofunda um sentimen-to pouco razoável de cidadania e democracia. Acredito que a nova onda da responsabilidade social seja política. Precisamos educar o cidadão para que ele seja capaz de cobrar o Estado, buscar seus direitos, protagonizar sua realidade.

Dezembro de 2010 21

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22 Empresa BRASIL

Desde agosto de 2007 na presidência da Federação das Associações Co-merciais e Empresariais do Estado do Tocantins (Faciet), o empresário do

segmento de materiais de construção Jarbas Meurer, 33 anos, desenvolve uma intensa programação em busca do fortalecimento da entidade. Uma de suas principais ações é a busca de recursos para o desen-volvimento das associações comerciais de seu estado, o que conta com o apoio do Conselho de Desenvol-vimento Econômico do Tocantins.

O Programa Empreender, conjuntos de ações para o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e da região, foi um dos destaques em sua gestão, neste ano, o que deve ser repetido em 2011.

Por meio dessa parceria, o Sebrae/TO e a Faciet buscam otimizar as ações oferecidas aos empresários em áreas fundamentais para o desenvolvimento de pe-quenos negócios, como fi nanças, atendimento, mar-keting, liderança de equipes com foco em resultados, inovação, tecnologia, questões trabalhistas e tributárias.

A Faciet, segundo o dirigente, tem buscado me-lhorias técnicas por meio de contratação de consultoria para elaboração e execução de projetos. “Essas con-

sultorias técnicas foram estabelecidas através de par-cerias com o Sebrae regional, governo do estado do Tocantins, em que buscamos fomentar projetos como o Empresa Saudável, o Empreender Competitivo e o planejamento estratégico das Aces.”

A busca da melhoria na capacitação do público interno das Aces também tem sido uma das metas da Faciet. Dentro dessa visão, Meurer pretende otimizar as ações da entidade e dar continuidade aos projetos e à busca de novas parcerias com intuito de atender às necessidades dos clientes externos. “Através do programa Empresa Saudável buscamos não somente atender aos empresários, mas também mostrar que o investimento em ações preventivas possibilita a re-dução de custos com doenças ocupacionais e me-lhoria na qualidade de vida da comunidade.”

A Faciet também busca intercâmbios com outras organizações com o objetivo de fortalecer seus pontos fortes e aprimorar pontos fracos. Inicialmente, iniciou-se uma relação com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Santa Catarina (Facisc). “A entidade catarinense faz a mediação de produtos e serviços que possam ser adaptados à realidade regional e oferecidos às nossas Aces”, diz Meurer.

DESTAQUE FEDERAÇÕES

22 Empresa BRASIL

Fortalecimento do associativismo é a principal meta da Faciet

O núcleo automotivo é um

dos destaques do Programa

Empreender da Faciet

Entidade também busca intercâmbios com outras organizações com o objetivo de fortalecer seus pontos favoráveis

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Page 23: Empresa Brasil 65

Dezembro de 2010 23

Tocantins, um novo polo agrícola do país

Tocantins, estado criado em 1988, é a última uni-dade federativa do Brasil. Formado por 139 municí-pios, tem em mais da metade de seu território áreas de preservação e bacias hídricas. Neste vasto ecos-sistema, estão localizados santuários naturais como a Ilha do Bananal (a maior ilha fl uvial do mundo) e os parques estaduais do Cantão.

O estado, que tem Palmas como capital, é locali-zado na região norte exatamente no centro do país, limítrofe aos estados do Nordeste, Centro-Oeste e também do Norte. A excelente posição geográfi ca e os inúmeros rios perenes fi zeram do Tocantins o novo polo agrícola e comercial.

A Federação das Associações Comerciais e In-dustriais do Tocantins, composta por 23 associações comerciais e empresariais, nasceu em 1990. Mes-mo com uma estrutura pequena – composta por dois departamentos –, a entidade tem realizado um trabalho focado no crescimento sustentável do de-senvolvimento local.

Planejamento estratégico é uma das metas para 2011Uma das metas da Faciet é desenvolver, junto às associações comerciais, um

planejamento estratégico. A partir de um mapeamento de potencialidades e de-mandas, segundo o presidente da entidade, Jarbas Meurer, as associações podem se fortalecer e crescer de forma estruturada e contínua. “Paralelamente, as em-presas associadas também terão mais chances de qualifi car, trocar informações e amadurecer em um ambiente cada vez mais competitivo.”

Além da preocupação com o desenvolvimento econômico e empresarial, a pauta de ações da Faciet contempla a responsabilidade social. Está em fase de for-mulação um projeto de valorização da vida. A ideia é capacitar técnicos de saúde e segurança, ligados às associações comerciais, para que desenvolvam, junto aos empresários e trabalhadores, um trabalho de conscientização. Isso incluirá pales-tras sobre doenças crônicas, aids, drogas lícitas e ilícitas e doenças ocupacionais. A iniciativa terá caráter preventivo e atenderá à demanda informada pela empresa. As prefeituras serão acionadas nos casos em que as associações não tenham no quadro de funcionário um técnico na área de saúde.

Excelente posição geográfi ca favorece as exportações com base na produção rural e o desenvolvimento de agroindústrias

Entidade procurafortalecer o

associativismoatravés de feiras e

palestras

Jarbas Meurer: “Associadas também terão mais chances de amadurecer em um ambiente cada vez mais competitivo”

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24 Empresa BRASIL

Em busca da sustentabilidade e excelência

Crescer de maneira susten-tável. Esta é uma das metas da Federação das Associa-ções Comerciais e Empre-

sariais do Mato Grosso do Sul (Faems) para os próximos anos. As diretrizes do planejamento estratégico até 2014, serão o tema do encontro entre diretores e executivos, previsto para a segunda quin-zena de janeiro.

Na pauta, o desenvolvimento de parcerias com universidades, as opor-tunidades geradas pelos eventos espor-tivos de 2014 e as eleições da entidade, que devem acontecer na segunda quin-zena de abril do ano que vem. Todos os

projetos devem ser baseados nos crité-rios, estabelecidos pela entidade, como essenciais para alcançar um desenvolvi-mento efi caz: sustentabilidade fi nanceira, desenvolvimento de recursos humanos, parceria com o poder público e privado, promoção do associativismo e comuni-cação e marketing integrados.

“Estamos construindo um caminho para que sejamos reconhecidos pela ex-celência em prestação de serviços e pelo comprometimento com o meio ambien-te e responsabilidade social”, afi rmou o presidente da entidade, Loecir Montagna.

Fonte: Imprensa CACB cominformações da Faems

AGENDA

Foto: Divulgação FAEMS

CACB visita maior feira varejista do mundo A CACB, em parceria com a Associação

Comercial de São Paulo (Acsp), está organi-zando uma missão empresarial a Nova Ior-que, entre os dias de 6 a 14 de janeiro de 2011. A comitiva irá visitar a 100ª Convenção da National Retail Federation (NRF), também conhecida como “o grande show do varejo”. Trata-se da maior feira do varejo do mundo, referência na antecipação de tendências e técnicas de vendas, desenvolvimento de pro-dutos e estratégias de comunicação com o cliente e posicionamento da marca.

A missão, composta por 100 empresá-rios de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Acre, vai compor a comitiva brasileira, tradicionalmente, uma das mais atuantes nesta feira, ao lado do Ca-nadá, França, Reino Unido e México.

Para o diretor-fi nanceiro da CACB, GeorgeTeixeira, estas missões permitem que os empresários brasileiros conheçam de perto as novas tecnologias, as novas ferramentas de venda e estejam mais in-tegrados às tendências globais.

A opinião é compartilhada por Nelson Kheirallah, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo e coordenador do Conselho do Varejo. “A expectativa é que os participantes tenham contato com as novas tendências do varejo e inovações tecnológicas e que possam agregá-las a seu negócio”, salientou.

Programação: visita e análiseAlém de participar das feiras, os inte-

grantes da missão terão programadas visitas técnicas em importantes redes varejistas americanas, sempre acompanhados de um consultor brasileiro e recebidos pelo res-ponsável pela rede. O programa especial destinado aos integrantes da missão, prevê ainda sessões de debate ao fi nal de cada dia de evento. Os encontros serão mediados por um especialista.

Mais informações sobre o roteiro: http://www.acsp.com.br/upload/npp/

nrf2011/site/pacotes.html

Executivos da Faems engajados no planejamento estratégico da

entidade. Em janeiro, eles voltam a se reunir para estabelecer diretrizes

para crescimento sustentável

O que é NRF:A Convenção da NRF é composta

de exposição de produtos e tecnologias de última geração, seminários, fóruns de debates, apresentação de cases de empresas mundialmente conhecidas.

A feira é organizada pela NRF, a maior federação de varejos do mun-do, que representa empresas das 100 associações varejistas americanas e in-ternacionais.

Desde 2008, a feira traz um pavi-lhão inteiramente dedicado à “Loja de Conceito Verde” (interativo, com so-luções e criações verdes nas lojas) e o “Conceito Loja” (as mais novas estraté-gias e soluções de marketing in-store, conectando-se com seus consumido-res de forma única).Fonte: CACB com informações ACSP

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Dezembro de 2010 25

CACB avança com preparativos para 2011A CACB já deu a largada para o 21º

Congresso da entidade, que será rea-lizado dias 10 e 11 de agosto de 2011, em Salvador. Para afi nar os detalhes do evento, que discutirá “As Reformas neces-sárias”, os diretores da CACB estiveram reunidos no Hotel Pestana, local do even-to que integra as comemorações de 200 anos da Associação Comercial da Bahia.

A expectativa é que duas mil pessoas, entre autoridades e líderes empresariais, compareçam ao 21º Congresso da CACB, que além de painéis especiais com presença de palestrantes internacionais promoverá reuniões paralelas do Empreender, Cbmae, Jovens Empresários, Mulheres Empresárias, Progerecs e Comércio Exterior.

Fonte: Imprensa CACB

Presidente Leite reforça compromissos da entidade

Foto: Divulgação

Festa e metas na ParaíbaA Associação Comercial de Campina Grande já traça metas para o próximo ano. Na

pauta de realizações para 2011, a implantação de um centro logístico integrado e o apoio sistemático às campanhas da CACB. Segundo o presidente da Accg, Luiz Alberto Leite, a entidade vai encampar a luta da CACB contra a volta da CPMF, alta carga tributária, simplifi -cação da CLT e desburocratização dos processos de abertura de empresa.

Leite comentou as metas para o ano próximo, durante as comemorações de aniversá-rio da entidade, no início de dezembro. “Nós temos uma história de lutas. Desde 1926 a Associação Comercial defende a manutenção e a consolidação de Campina Grande como um dos principais centros econômicos do Nordeste”, ressaltou.

Fonte: CACB com informações Imprensa Accg

A Associação Comercial da Bahia, a mais antiga entidade empresarial da Amé-rica Latina, se prepara para uma série de eventos e atividades que vão marcar o seu bicentenário, em julho.

Uma comissão organizadora das co-memorações foi criada pelo presidente, Eduardo Morais de Castro, que confi ou a sua coordenação ao ex-presidente e atual presidente do Conselho Superior, João José de Carvalho Sá.

De acordo com Sá, em janeiro, de-verá ocorrer ato ou solenidade que re-presente o início das comemorações do Bicentenário que, a rigor, se estenderão até o fi nal do ano.

Para celebrar os 200 anos da enti-dade, são previstos selo comemorativo, lançamento de livros e republicações de obras que tem como foco a história da ACB e a sua importância enquanto man-tenedora da livre iniciativa empresarial. A reforma do Palácio sede, outra ação co-memorativa, já foi concluída.

Fonte: ACB

Dois séculos de história:

Negócios com a China A organização de uma missão para

a China também esteve na pauta da reunião,em Salvador. A ideia é compor uma delegação empresarial para partici-par, em abril, da Canton Fair. Trata-se da maior feira multissetorial do mundo. Na

última edição, em abril do ano passado, 76 empresários e políticos, na maioria do Acre, foram à China para acompanhar a feira. A delegação foi liderada pelo dire-tor-fi nanceiro da CACB, George Teixeira.

Fonte: Imprensa CACB

Em abril, empresários do Acre participaram, na China, da Canton Fair

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26 Empresa BRASIL

Reforço para os métodos alternativos de acesso à Justiça

Em sua quinta edição, a Semana Nacional de Conciliação deu ênfase à disseminação dos MESCs e à solução de litígios de for-ma amigável, a fi m de conferir agilidade aos

processos judiciais e desafogar o Judiciário. Em 2010 foram atendidas 698.865 pessoas, em 294.472 pro-cedimentos, com uma movimentação fi nanceira de R$ 750 milhões, em todos os estados do Brasil.

Os acordos homologados resultaram em um re-colhimento fi scal de Imposto de Renda (IR) e recolhi-mentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no montante de mais de R$ 65 milhões. Nas edições anteriores, realizadas no período entre 2006 e 2009, já havia sido fi rmados 402.628 acordos, com uma movimentação fi nanceira de mais de R$ 2 bilhões.

A conselheira do CNJ Morgana Richa destacou

que o objetivo da Semana da Conciliação é possibilitar a aproximação com a sociedade, reforçando a cultura da pacifi cação. “A solução consensual também contri-bui para desafogar o Poder Judiciário da quantidade excessiva de processos, resultando em economia fi -nanceira”, explicou.

A CBMAE participou da semana de Conciliação em diversos estados, utilizando as estruturas instaladas junto às Associações Comerciais em parceria com os Tribu-nais de Justiça. No Espírito Santo, a consultora Fabrine Schwanz esclareceu que a Semana de Conciliação na CBMAE foi voltada aos endividados, a fi m de limpar os nomes, recolocando-os no mercado antes das com-pras de Natal. Os consumidores foram cadastrados e acompanhados durante a semana. “Houve uma grande mobilização da sociedade”, relatou a consultora.

Paulo Okamotto e Cesar Peluso discutem uma

semana de conciliação para

micro e pequenas no início de 2011

Semana Nacional de Conciliação e nova resolução do CNJ reforçam o trabalho realizado pela CBMAE e dão novo estímulo à disseminação dos MESCs

DESTAQUE CBMAE

Foto: Gilmar Ferreira

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Dezembro de 2010 27

Procedimento de sucesso durante a Semana de Conciliação no Espírito Santo

Cultura pacifi staPublicada no primeiro dia da Semana Nacional de

Conciliação, a resolução n° 125 do CNJ foi resultado dos esforços de um grupo de trabalho criado pelo CNJ. O texto levou cerca de quatro meses sendo estruturado e veio defi nir temas como a institucio-nalização de uma política pública nacional de conci-liação; a organização de parcerias público-privadas; o incentivo para magistrados que trabalharem com conciliação; disseminação de cultura pacifi sta; capaci-tação, treinamento e atualização de agentes; criação de núcleos de ação dentro dos tribunais; e a regula-mentação de um código de ética para os especialistas.

O objetivo da resolução é estabelecer uma cultu-ra pacifi sta na sociedade, estimulando o uso de mé-todos alternativos de solução de confl itos – que aju-dam a manter as relações sociais e ao mesmo tempo desafogam a Justiça comum. Uma Política Pública de Conciliação “vem dar continuidade e fortalecimento às ações previstas no convênio”, explica o gerente de políticas públicas do Sebrae, Bruno Quick, referindo-se ao convênio fi rmado entre Sebrae e CNJ em outubro de 2008 para a articulação de uma política pública de acesso à Justiça.

No fi nal de outubro deste ano, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, esteve em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Con-selho, para reforçar as metas do acordo entre as en-tidades neste sentido. A reunião ocorreu no gabinete do ministro, no STF.

Também participaram a conselheira do CNJ Mor-gana Richa e o gerente de políticas públicas do Se-brae, Bruno Quick. Para Paulo Okamotto, possibilitar esse acesso simplifi cado, rápido e menos oneroso é um dos elementos fundamentais para a melhoria do ambiente de negócios para os micro e pequenos empreendimentos. “Muitas vezes os empresários até deixam de buscar a Justiça porque o procedimento é muito caro e demorado.”

Este é um longo trabalho, que vem sendo apoia-do pela CACB e CBMAE desde o ano 2000, quando o projeto foi iniciado. Durante a reunião foi abordada também a possibilidade de o CNJ realizar, em 2011, uma semana de conciliação específi ca para as micro e pequenas empresas, que ainda está sob análise.

A semana em númerosAudiências de conciliação realizadas:

185.718Total de acordos homologados:

84.599Eventos paralelos:

1.023Número de pessoas atendidas:

472.895Número de colaboradores:

26.737Número de conciliadores:

15.596Número de Juízes leigos:

1.202Número de Magistrados:

15.428

Foto: CBMAE ES

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28 Empresa BRASIL

Sebrae amplia atuação juntoao setor de serviçosInstituição vai intensifi car apoio aos serviços realizados por MPE para outrasempresas, anunciou diretor do Sebrae durante abertura de seminário

■ Agência Sebrae de Notícias

Nos próximos anos, o setor de serviços terá papel fundamental no aumento de produtividade, competitividade e geração de emprego de qualidade no

país. A avaliação foi feita pelo diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, na abertura do seminário ‘O Futuro do Setor de Serviços’, realizado no início de dezembro, na sede da instituição, em Brasília/DF.

O diretor anunciou que o Sebrae, que há dois anos passou a contar com uma área específi ca para trabalhar com serviços, “irá ampliar sua atuação no setor, hoje mais focada nos Serviços Pessoais, para o chamado ‘Serviços PJ’, ou seja, o segmento de empresas que atendem outras empresas”.

Produzindo serviços intensivos em conhecimento e de alto valor agregado em áreas como logística, manuten-ção, saúde, laboratórios de análises, tecnologia da infor-mação, engenharia consultiva, arquitetura, entre outras, os “Serviços PJ” vêm assumindo importância cada vez

maior na economia brasileira, abrangendo milhares de empresas de pequeno porte, salientou Carlos Alberto.

RecursosNo próximo triênio (2011/2013), o Sebrae vai

destinar R$ 140 milhões para ações de apoio ao de-senvolvimento das MPE do setor de serviços.

A instituição apoia micro e pequenas empresas de serviços em todo o país. Em 2007, foi implantada carteira específi ca de projetos para o setor e a primeira chamada pública de projetos foi realizada em 2008. Foram aprova-dos 44 projetos, que se encontram em desenvolvimento em 21 unidades da Federação, até o fi nal deste ano. Nes-se período, foram investidos mais de R$ 70 milhões em ações de capacitação, consultorias, entre outras.

Além desses projetos, há mais 59 sendo desenvol-vidos em todo o país, abrangendo 20 segmentos. Atu-almente, a maioria das MPE apoiadas pelo Sebrae atua em prestação de serviços voltados predominantemente a pessoas físicas, como lan houses, salões de beleza, academias de ginástica, autoescolas, ofi cinas mecânicas,

Foto Bernardo Rebello

Carlos Alberto dosSantos: “Setor

de serviços seráfundamental paradesenvolvimento

sustentado egeração de

empregos no país”

PEQUENAS NOTÁVEIS

Page 29: Empresa Brasil 65

Dezembro de 2010 29

lavanderias e tinturarias, dedetizadoras, empreendimen-tos educacionais, meios de hospedagem, reciclagem de materiais, entre outras.

Ciclo de desenvolvimento O seminário ‘O futuro do Setor de Serviços’ foi re-

alizado durante todo o dia, na nova sede da instituição, em Brasília, reunindo executivos de empresas do setor, representantes do governo e especialistas nacionais e es-trangeiros. Carlos Alberto ressaltou o fato de o evento ter acontecido no momento em que o País vive um ciclo de desenvolvimento sustentado, com taxas de crescimento que devem se manter elevadas nos próximos anos.

“E o setor de serviços deve responder por grande parte deste crescimento”, afi rmou. Segundo ele, o semi-nário foi o primeiro capítulo de um processo que será de-senvolvido nos próximos anos com foco em serviços. “Ao fi nal do seminário, teremos uma indicação para a atuação do Sebrae em seu planejamento estratégico”, fi nalizou.

Emprego e rendaO secretário de Comércio e Serviços do Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Maurício do Val, lembrou que em setembro de 2005 o governo criou a Secretaria de Comércio e Serviços para apoiar o setor.

“Essa criação não foi à toa. O governo levou em conta a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) e o que ele representa para a geração de emprego e renda, entre outros aspectos. Temos a esperança de que isso ve-nha a se consolidar e a crescer. Hoje nós temos uma forte política de desenvolvimento produtivo. E também temos uma Política Nacional de Comércio e Serviços bem es-truturada. Ela já foi apresentada ao novo governo, que irá verifi car qual a melhor forma de adotá-la”, observou.

Para o presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), Paulo Lofreta, o segmento por muito tempo foi visto como “um apêndice do co-mércio”, mas essa realidade tem mudado no país e no mundo. Já a representante do Centro de Integração de Negócios (Integrare), Carla Magalhães, avaliou que o seminário veio na hora certa e disse que “o Sebrae tem realizado importante trabalho de capacitação junto aos milhões de micro e pequenas empresas, que re-presentam cerca de 80% do setor”.

Vendas de Natalpela Internet devem crescer 40%Segundo previsão da empresa e-bit,faturamento do e-commerce deve chegar a R$ 15 bilhões neste ano

■ Agência Sebrae de Notícias

A s vendas na Internet, para o Na-tal, devem crescer 40% em re-lação a 2009, com previsão de faturamento em R$ 2,2 bilhões,

segundo levantamento da e-bit, empresa espe-cializada em informações de e-commerce. No ano passado, durante o período de 15 de no-vembro a 24 de dezembro, o faturamento foi de R$ 1,6 bilhão.

A pesquisa também aponta que o tíquete mé-dio do setor deve girar em torno de R$ 370,00 e que as categorias que tendem a ter melhores resultados são: Livros, Eletrônicos, Informática e Eletrodomésticos. Para o público feminino, a e-bit estima que a maior parte das vendas serão no segmento de Cosméticos e Beleza.

Se os números previstos forem confi rma-dos, o comércio eletrônico deve fechar 2010 com R$ 15 bilhões de faturamento, um cresci-mento nominal 40% maior ante 2009, quando o canal faturou R$ 10,6 bilhões.

De acordo com Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit, o aumento do comércio eletrônico está relacionado à co-modidade do consumidor de realizar as com-pras em casa ou no escritório, evitando assim fi las em shopping centers e o trânsito caracte-rístico das grandes cidades. “É uma vantagem diferencial para esses clientes”, explica Umberti, em comunicado.

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Alice Guidi: “A empresa teve que oferecer melhores serviços e agregar valor para se manter no mercado”

Credenciadora de cartões teve que se reinventar para garantir mercado

■ Agência Sebrae de Notícias

Mudanças no mercado exigem nova postura das empresas. Essa situação foi vivida pela Cielo, uma das prin-cipais credenciadoras de cartões de

crédito do país. Em julho de 2010, quando acabou a exclusividade no mercado de cartões, “a Cielo teve que se reinventar”, contou a diretora de operações da empresa, Alice Guidi. Ela abriu o ciclo de palestra do seminário ‘O futuro do setor de serviços’, na sede do Sebrae, em Brasília.

“Tivemos que nos reinventar para oferecer melho-res serviços, ganhar agilidade e agregar valor ao que já vínhamos fazendo. Ampliamos nossa rede de parcei-ros, intensifi camos o nosso call center e especializamos áreas, como a de compras”, disse.

Alice também destacou a troca, em novembro de 2009, do nome de Visanet para Cielo. As mudanças, segundo Alice, devem continuar ocorrendo. Ela infor-mou que até 2011 “a Cielo passará a operar com 57 novas bandeiras regionais de cartão de crédito”.

O aumento da maturidade do mercado frente aos meios eletrônicos de pagamento ao longo dos anos também foi apontado pela executiva. Segundo dados apresentados por ela, em 2005 havia 280 mil estabe-lecimentos fi liados à Visanet, espalhados por 80 cida-des. Hoje são 1,6 milhão de estabelecimentos fi liados à Cielo, em mais de 200 cidades.

InovaçãoComo inovação, a empresa tem investido na cria-

ção de novos serviços, como o Agrocard, cartão dire-cionado à compra de máquinas para agricultura.

Outro grande investimento está sendo feito na área de mobile payment (compra via celular). “Está ha-vendo um aumento gradativo deste serviço no país e no mundo. Há uma perspectiva de crescimento mais rápido que o ocorrido com cartão. São cerca de 100 fi liações por dia que recebemos”, disse Alice.

A empresa, que antes trabalhava exclusivamente com o Visa, hoje opera com oito diferentes bandeiras de cartão. “Foi bom para o comércio, que agora, com ape-nas uma máquina da Cielo, passa vários cartões. Antes era preciso uma maquineta para cada cartão”, ressalta.

A empresa também ampliou sua rede de fornece-dores. Alice conta que agora é possível consertar uma maquineta em até duas horas. “Com a máquina para-da, o comerciante perde dinheiro.” A Cielo também passou a buscar profi ssionais especializados para traba-lhar em sua área de compras. “Há dois meses criamos o ‘Comitê de Gastos’. O objetivo foi desburocratizar o processo de compra. Com a quebra da exclusividade, tudo passou a exigir mais rapidez,” disse.

O serviço de call center foi ampliado. Hoje ele conta com 3.200 profi ssionais, responsáveis por aten-der estabelecimentos comerciais, bancos, sócios e parceiros, gerentes e público externo. “O índice de reclamação caiu para 0,3%”, informou.

As mudanças contaram, principalmente, com a ampliação da sua rede derelacionamento, segundo informou a diretora de Operações da Cielo, Alice Guidi

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PEQUENAS NOTÁVEISPEQUENAS NOTÁVEIS

Foto Bernardo Rebello

Até 2011, Cielo deve ter 57 novas bandeiras regionais

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CMN exige mais transparência nas

tarifas dos cartões de crédito

Decisões sobre cartões de créditofavorecem as relações de consumoA afi rmação é do diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, ao comentaras recentes medidas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)

■ Agência Sebrae de Notícias

“É uma minirreforma econômica, que aumenta a concorrência e leva à redução dos custos, além de proporcionar mais facilidade

nas relações de consumo no país.” A declaração foi feita pelo diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos San-tos, ao comentar as medidas relacionadas aos cartões de crédito, anunciadas no fi nal de novembro, pelo Con-selho Monetário Nacional (CMN), que aprovou o au-mento do valor mínimo da fatura a ser pago pelos usuá-rios, exigiu que os bancos anunciem antecipadamente a cobrança de serviços prioritários e o aumento das tarifas, além de introduzir os cartões básico e diferenciado.

“Sem informações claras e objetivas, o mercado é prejudicial ao consumidor”, diz o diretor do Sebrae, para quem a decisão do CMN de exigir mais transparência nas tarifas dos cartões de crédito vai repercutir favoravelmente na economia brasileira. Carlos Alberto compara a medi-da à decisão tomada pelo Banco Central há alguns anos, quando a autoridade monetária obrigou as instituições fi -nanceiras a informar os valores das tarifas dos serviços ban-cários, o que aumentou a concorrência entre os bancos, e resultou, portanto, em mais opções aos correntistas.

Segundo ele, mais transparência e informações objetivas ao consumidor abrem caminho para redução dos custos. “A medida limita, unifi ca e coloca parâmetros no momento de se comprar produtos e serviços.” A educação fi nanceira é outro aspecto observado pelo diretor do Sebrae, ao assina-lar que o cartão passa a ser usado com moderação na hora da compra, devido à transparência das tarifas.

O comércio em geral também será favorecido com o anúncio antecipado da cobrança de serviços prioritá-rios ou elevação do valor da tarifa. “O objetivo é reduzir o índice de inadimplência. As tarifas muitas vezes são ex-tremamente elevadas”, pondera Carlos Alberto.

A introdução dos cartões básicos - além dos tradicionais, considerados diferenciados por oferecerem benefícios e re-compensas como bônus e milhagens - também vai ter im-pacto positivo na economia. Haverá mais facilidade nas tran-sações com cartões de crédito, na medida em que o Banco Central regulamenta a sua utilização e infl uencia a substitui-ção do dinheiro vivo no mercado. “Já o cartão básico, com anuidade mais barata, vai ao encontro do papel crescente que a nova classe média tem na economia brasileira.”

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Iniciativa favorece desenvolvimento social e econômico de cidades praianas de Sergipe e Alagoas

Sebrae e Petrobras fi rmam parceria em programa de educação ambientalComunidades costeiras de dez municípios sergipanos serão benefi ciadas comprojetos de estruturação de atividades produtivas e capacitação técnica

■ Agência Sebrae de Notícias

O Programa de Educação Ambien-tal com Comunidades Costeiras – PEAC é uma ação da Petrobras, fruto de uma exigência do licencia-

mento ambiental dos empreendimentos marítimos da Unidade Operacional Sergipe e Alagoas. Ele irá benefi ciar mais de 80 comunidades de dez municí-pios sergipanos, envolvendo cerca de 8 mil pessoas. Em Sergipe, o programa será desenvolvido em par-ceria com o Sebrae.

A proposta é elaborar projetos executivos voltados para estruturar o desenvolvimento social das comuni-dades atendidas pelo PEAC e promover capacitação em atividades técnicas demandadas pelas comunidades.

Também faz parte do Programa a regulariza-ção institucional das entidades benefi ciadas com o projeto. Essa regularização compreende a análise e solução das pendências relativas à situação jurídica das organizações sociais, associações e coopera-tivas atendidas pelo PEAC, inclusive por meio de elaboração, confecção, registro de estatutos, atas e

demais atos constitutivos, abertura de CNPJ e ob-tenção de licenças.

AbrangênciaO Projeto será implantado nos municípios costei-

ros de Brejo Grande, Pacatuba, Pirambu, Barra dos Coqueiros, Aracaju, São Cristóvão, Itaporanga, Estân-cia, Santa Luzia e Indiaroba.

As ações do PEAC compreendem a construção e reforma de centros comunitários ou sedes de associa-ções ou colônias de pescadores. Incluem ainda proje-tos de confecção de produtos artesanais e unidades de benefi ciamento e armazenamento do pescado, unida-des produtivas de piscicultura e ostreicultura, aquisição de equipamentos de transporte de mercadorias e agrí-colas e reforma de embarcações.

Também podem ser incluídas no projeto a cons-trução ou reforma de unidades de produção artesanal e semi-industrial de peças de artesanato, polpa de fru-tas, corte e costura, casa de farinha, apicultura e produ-tos de limpeza, entre outros.

Desenvolvimento sustentávelSegundo Cristiano Leite Parente, engenheiro de

meio ambiente da Petrobras, a implementação de projetos de produtos sustentáveis de cunho comunitá-rio, nos municípios abrangidos pelo PEAC, é necessária para cumprir as exigências feitas pelo Ibama para licen-ciar os empreendimentos marítimos já implantados.

Para o superintendente do Sebrae em Sergipe, Emanoel Sobral, toda parceria é bem-vinda quando tem como foco estimular o desenvolvimento susten-tável dos pequenos negócios. “Nossa missão é pro-mover e consolidar a força empreendedora das micro e pequenas empresas, contribuindo para o desenvolvi-mento econômico e social do Estado de Sergipe. Essa é mais uma parceria que fi rmamos com a Petrobras e, com certeza, será também bem-sucedida como as outras”, diz Emanoel.

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Serviços altamente especializados

contribuem para aceleração das

economias alemã, japonesa (foto) e

coreana

Serviços de negócio podem ajudar empresas a inovar e aumentar produtividadeSegmento altamente valorizado está ligado à expansão de economias como a japonesa, a alemã e a coreana

■ Agência Sebrae de Notícias

Serviços de negócios ou serviços intensivos em conhecimento (Knowledge-Intensive Business Services) integram um segmento muito valorizado e cada vez mais importan-

te na economia dos países mais desenvolvidos. Eles são prestados por consultores com alta especialização em di-versas áreas do conhecimento, contratados por empresas de vários setores e ramos econômicos que visam melho-rar sua performance nos mercados, promover inovações, tornar-se mais competitivas, solucionar problemas, elevar produtividade, entre outros objetivos. Grandes empresas e multinacionais são a principal clientela dos serviços inten-sivos em conhecimento.

Esse novo ramo do setor de serviços foi tema de pales-tra, no seminário ‘O Futuro do Setor de Serviços’, realizado no início de dezembro, na sede do Sebrae, em Brasília.

“Os kibs ajudam a solucionar problemas com que as empresas estão se deparando. Os prestadores desses ser-viços são geralmente profi ssionais das áreas de tecnologia da informação, pesquisa e desenvolvimento científi cos, ar-quitetura e engenharia, etc.”, explicou o professor Ian Miles, da Universidade de Manchester (Reino Unido), em palestra gravada e exibida em telão aos participantes do evento.

Esta modelo de serviço especializado prepara as empresas para o processo de inovação, a partir de ação integrada e diferentes formas de aplicação nos negócios: estratégias, diagnósticos, soluções, implementação e ge-renciamento de problemas. O sistema, aplicado em várias áreas de segmento, com menos ou mais conhecimento intensivo, é customizado. Cada empresa é desenvolvida com uma abordagem ou estratégia especial. Os clientes aprendem mais sobre seus empreendimentos e suas po-tencialidades e ao longo da interação com os consultores especializados. Trata-se de uma vivência de aprendizagem conjunta. Para Miles, a melhor solução para um problema da empresa pode estar na fusão entre conhecimento lo-cal, genérico e especializado (contratado).

Conhecimento e crescimento A aceleração das economias japonesa, alemã e

coreana está diretamente atrelada aos benefícios pro-piciados pelos profi ssionais do segmento de serviços intensivos de conhecimento, de acordo com o profes-sor. “Alguns dos novos membros da União Europeia, cujos negócios estão crescendo velozmente nos últi-mos anos, contam com esses serviços”, informou.

Geralmente os kibs estão mais presentes em áreas metropolitanas ou de grande desenvolvimento econô-mico, onde há maior número de patentes registradas, segundo Miles. “Áreas com pouco adensamento em-presarial ou atividade econômica difi cilmente contam com esse tipo de apoio em seus mercados”, disse ele.

O compromisso com a sustentabilidade e o bem-estar social são importantes integrantes das soluções, independentemente das metas e objetivos econômicos das empresas, segundo o professor. Os governos devem apoiar as pequenas empresas a buscar consultorias de ser-viços de negócios, pois os custos são altos. “Às vezes, ao melhorar o desenvolvimento das relações internas, pode-se chegar a soluções tão boas quanto os kibs”, aconselhou o professor aos empresários de pequeno e médio portes.

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TENDÊNCIAS

Brasil terá o melhor Natal em vendas desde 2007

O Natal deste ano poderá ser o melhor em vendas desde 2007. Segundo o Ins-tituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), as vendas em dezembro devem

crescer 7,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. O otimismo é ainda maior em São Paulo e na Bahia, onde a expansão dos negócios deve variar entre 10 e 15%.

De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), a estimativa para este ano é de um crescimento de 12% nas vendas, em comparação a 2009. Pelos cálculos da Alshop, o consumidor que estiver em si-tuação fi nanceira estável deve comprar em média 20 pre-sentes. Os setores que prometem maior desempenho são de perfumaria e cosmético (17%), CDs e DVDs, que regulam com os eletrônicos (14%) e brinquedos (13%).

“O mercado caminha a passos largos neste perío-do pós-crise, e a tendência é de que as principais datas do varejo, como o Natal, apresentem desempenhos cada vez mais positivos”, afi rma o presidente da Al-shop, Nabil Sahyoun.

Outro fator que contribui com o aumento das ven-das é a queda gradativa de endividados no país. Segun-

do levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o maior recuo foi em outubro, quando o índice de inten-ção de consumo das famílias brasileiras cresceu 1,7%.

O 13º salário, as promoções, o dólar baixo, os par-celamentos e a ascensão das classes C e D favorecem a expansão. Mas não é apenas o incremento nas ven-das que desperta curiosidade, e sim, o que o brasileiro deve levar para casa em dezembro. Segundo um estudo do IPC Marketing, empresa especializada em dados de mercado,o brasileiro deverá gastar mais com produtos de maior valor agregado, como viagens e eletrodomésticos Esta tendência, crescente nos últimos anos, deve se man-ter em 2011, afi rma Marcos Pazzini, diretor do IPC.

Já o presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Eduardo Castro, aposta em um crescimento em todos os setores, exceção o automobilístico, em função da transição de modelos 2011 e 2010. Os lojistas baianos confi rmam a expectativa de Castro. Segundo o Sindilojas, as vendas na Bahia devem crescer entre 10 e 15%.

“No Mato Grosso, a estimativa é de que as vendas cresçam 10% em relação ao Natal do ano passado”, acre-

O 13º salário, as promoções, o dólar baixo, os parcelamentos e a ascensão das classes C e D favorecem a expansão

De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, a estimativa para este anoé de um crescimento de 12% nas vendas, em comparação a 2009

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Concentração de mercados:

De 2009 para 2010 esta concentração aumentou, devido aos refl exos da crise eco-nômica de 2008, que privilegiou mercados es-tabelecidos, como capitais e grandes cidades. Segundo o IPC, a tendência para os próximos anos é que ocorra uma descontração do po-tencial de consumo das grandes cidades, prin-cipalmente as capitais. Paralelamente, deve crescer o consumo nas cidades menores.

Em entrevista a Empresa Brasil, o consultor Ed-mour Saiani, considerado por muitos como o Kotler do Varejo – idealizador do Ponto de Referência – pre-vê que o consumo no Brasil vai continuar explosivo, dada a evolução das classes C e D. Leia a seguir:

Empresa Brasil: O Instituto de Venda de Varejo prevê um crescimento de 7,7% nas vendas deste ano, em relação ao ano passado. O senhor concorda com esta estimativa?

Saiani: Não sei exatamente o percentual, mas ha-verá sim, talvez até maior. As condições de mercado e expectativa do consumidor estão muito favoráveis.

Quais devem ser os produtos mais vendidos?

Com certeza os maiores crescimentos serão nos produtos onde a classe C esteja tendo acesso. O cré-dito e a confi ança farão com que por um tempo ainda eles sejam os de maior crescimento.

O que atrai mais o cliente? Desconto ou sorteio?

Eu acho que no Natal não se pode falar em desconto ou sorteio. Não há confi rmação de que sorteio aumente vendas de Natal. E desconto no Natal por quê? No natal o varejista deveria fazer um atendimento melhor que seus concorrentes porque a venda do Natal é a confi rmação do cliente para o próximo ano. Convite para que ele venha comprar no ano que vem. Pensar em sorteio ou desconto é se desvalorizar.

A tendência de concentração de consumo nos grandes centros deve se manter?

Acredito que os pequenos centros estejam se capacitando cada vez mais para diminuir isso.

Consumo vai continuar explosivo, prevê consultor

dita Manuel Rodrigues, diretor da Federação das Associa-ções Comerciais e Empresariais do Mato Grosso (Facmat).

No sul do país, a previsão da Federação do Co-mércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS) é de 10% de aumento nas vendas natalinas em rela-ção ao ano anterior, e uma média de 6,4 presentes por pessoa. Um levantamento feito pelo Instituto Fe-comércio de Pesquisa (Ifep) revela também que 65% dos gaúchos pretendem pagar suas compras à vista, dado surpreendente segundo a entidade.

Mais viagens eeletrodomésticos

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Fonte: IPC Marketing

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Qual o papel do consumidor C e D neste Natal? e nos próximos anos?

Ele é o comprador. E está com poder aquisitivo cada vez maior. Se nenhum tsunami imprevisto ocorrer na economia, eles serão os protagonistas por mais dez ou vinte anos.

A tendência é que o consumidor compre produtos de maior valor agregado ou de menor preço?

No Natal sempre há a compra do presente do ami-go secreto, dos amigos, dos queridos e o que “a gente merece”. Claro que lembrancinha tem que ser foco. Em unidades é o que faz o Natal. Mas os produtos que a gente compra porque merece são os de maior margem e valor. Uma vitrine sábia de Natal mostra as lembranci-nhas, os intermediários e os luxo.

Há algum paralelo entre o consumidor brasileiro e o de outros países?

O Brasil está numa fase diferente do mundo todo. O mundo todo está hoje como o Brasil esteve por décadas: com medo. Hoje o mundo todo está com medo e o Brasil transbordando de confi ança. Hora de aproveitar, muito.

Muito se fala do novo consumidor brasileiro. Qual é o seu diagnóstico?

O poder das classes C e D provocou a explosão do mercado consumidor do Brasil. E vai continuar ex-plodindo. As classes B e A continuam como eram antes. Comprando. Agora talvez comprando itens importados em viagens ao exterior. Alguns mercados de luxo como perfumaria podem estar sofrendo com isso.

Há diferenças expressivas entre os consumidores nas diversasregiões do Brasil?

Há mais diferenças entre consumidores de cidades pequenas e grandes do que entre regiões do país. Os clientes de grandes cidades são parecidos. Os shoppin-gs são iguais, geram expectativas semelhantes. Já cidades pequenas têm um atendimento muito melhor e um nível de exigência enorme do cliente que quer ser reconheci-do pelo nome, gosto, tudo.

O senhor acredita em um aumento expressivo de produtos chineses?

Cada vez mais, principalmente com o câmbio na situação atual. Ano que vem deveremos ter uma des-valorização do real que pode mudar o estado das coisas. O fenômeno dos produtos chineses é mundial. E não vai desaparecer. Só vai entrar em equilíbrio quando o jogo do câmbio for revisto.

Qual conselho o senhor dá para um comerciante do pequeno, do médio e do grande centro?

Pequeno e médio têm que ter atendimento in-crivelmente diferente do usual. Se o empresário tem três funcionários, que ele tenha três grandes funcioná-rios. Tenha sempre algum produto na sua loja que nin-guém mais vende. E mude sua loja todo dia. Grande – tente agir como pequeno. Aí ninguém vai alcançar sua competência.

O Brasil virou a bola da vez no varejo mundial. An-tes a gente aprendia com os varejistas competentes lá de fora. Agora a gente ensina. A economia favorável e a nossa competência em lidar com crises aprendidas durante décadas nos fi zeram resistentes a crises mun-diais como poucos.

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“O poder das classes C e D provocou a explosão domercado consumidor do Brasil. E vai continuar explodindo.As classes B e A continuam como eram antes, comprando.”

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O grafomaníaco voraz

O turco Orhan Pamuk, prêmio Nobel de Literatura de 2006, é um desses escri-tores que não deixam de surpreender. Sua última obra editada no Brasil, Ou-

tras Cores, mostra a paixão com que se entregou à literatura, a qual defi ne como a mais valiosa criação da humanidade “no seu objetivo de se entender a si mes-ma”. Embora o escritor seja alguém concentrado em si próprio, Pamuk diz que ele não está sozinho, mas sim “na companhia das palavras daqueles que vieram antes, das histórias de outros, dos livros de outros”.

Em Outras Cores, ele homenageia suas compa-nhias (escritores) preferidas com análises saborosas que despertam no leitor a necessidade urgente de reler aquelas obras que não consegue mais lembrar. Assim é com Sterne, Dostoiewski, Borges, Stendhal e Camus, entre outros. “Quando nos apegamos a um escritor, não é apenas porque ele nos conduziu a um mundo que continua a nos obcecar, mas porque, em certa medida, fez de nós o que somos”, diz Pamuk em homenagem aos seus mestres.

No livro, ao discorrer sobre o valor e o papel da literatura, ele registra toda gratidão ao seu pai. Engenheiro civil que, graças às suas viagens, podia comprar obras recém-lançadas de escritores euro-peus – um privilégio de muito poucos na Turquia dos anos 1950 – o pai de Pamuk foi a principal infl uência na carreira do fi lho.

Além de citá-lo em diversas vezes em meio a comentários sobre seus autores preferidos, Pamuk inclui na obra o texto A Maleta de Meu Pai, lido na ocasião da cerimônia de entrega do prêmio Nobel. Nele, revela que, dois anos antes de morrer, seu pai lhe entregou uma maleta cheia de escritos e cader-nos, testemunhos de uma vida. Reticente, num pri-meiro momento, em abrir aquela maleta por causa do peso de seu misterioso conteúdo, Pamuk utiliza-a como uma metáfora do signifi cado daquilo que toda a pessoa cria quando fecha a porta e se refugia num canto, diante de uma mesa, para exprimir seus pen-samentos. “O signifi cado da literatura.”

Defi nido com um livro de ideias, imagens e frag-mentos de vida ainda não utilizados em seus roman-ces, Outras Cores reúne textos autobiográfi cos e excertos de centenas de artigos e diários. Dos cinco capítulos em que se divide a obra, um deles é re-servado a ensaios sobre seus escritores preferidos, em que também refl ete sobre o ofício do escritor. No outro, descreve a gênese de suas obras como O castelo branco; O livro negro; A vida nova e Meu nome é vermelho.

Para Pamuk, outra “regra eterna” da literatura é “contar as próprias histórias como se fossem de ou-tros, e contar as histórias de outros como se fossem suas”. A sua concepção da literatura está pejada de oti-mismo; quando um escritor “se fecha em si próprio”, coloca, de uma forma cons-ciente ou inconsciente, uma grande fé na humanidade, porque ele acredita que to-dos os seres humanos se assemelham e, portanto, carregam em si feridas se-melhantes, o que os leva a compreenderem-se.

Defi nindo-se como gra-fomaníaco voraz e implacá-vel – uma criatura que nunca se cansa de escrever, sempre a traduzir a vida em palavras – Pamuk diz que, com o tempo, passou a encarar a literatura menos como um jeito de narrar o mundo e mais como “ver o mundo com palavras”. A partir do momento em que utiliza as palavras como cores num quadro – diz Pamuk –, o escritor começa a ver quão maravilhoso e surpre-endente é o mundo, e quebra os ossos da linguagem para encontrar a própria voz. Para isso precisa de pa-pel, de caneta e do otimismo da criança que vê o mundo pela primeira vez.

Milton Wells

BIBLIOCANTO

“A literatura é a mais valiosa criação da humanidade no seu objetivo de se entender a si mesma”Orhan Pamuk

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