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Contribuições da Orientação Vocacional/Profissional para o planejamento e gestão
autônoma de estudantes do ensino superior: um estudo sobre o percurso de ensino
e de carreira nas trajetórias estudantis
Autor(es): CARVALHO, Olgamir F. de; SILVA, Klever C.; SILVA, Flavia A.
Instituição de origem: Universidade de Brasília
Email: [email protected]; [email protected]; [email protected]
Resumo:
A temática, objeto deste artigo, convida-nos a pensar a Orientação Vocacional/Profissional, no contexto do ensino superior. No Brasil, as universidades não possuem serviços suficientes e adequados, para auxiliar os jovens a lidar com as escolhas e as questões referentes ao processo de transição escola-trabalho. Os serviços existentes não têm caráter universal e, muitas vezes, de caráter marcadamente assistencial e não possibilitam aos jovens lidar com as questões referentes às diferentes transições desse percurso. Entendemos que o desenvolvimento de atividades de informação, tomada de decisão em matéria de ensino, as capacidades de gestão da carreira, etc. auxiliarão as universidades a motivarem os alunos a estabelecer seus próprios objetivos e a assumir a responsabilidade pela sua própria aprendizagem.
Palavras-chave: Educação e trabalho; Assistência Estudantil; Orientação vocacional/Profissional.
Nota biográfica:
Olgamir Francisco de Carvalho - Doutora em Educação pela UNICAMP-Campinas, Professora Associada da Faculdade de Educação da UnB; Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Trabalho; Coordenadora do Observatório da Juventude da Universidade de Brasília.
Klever Corrente Silva - Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação - modalidade profissional na UnB. Professor de Educação Básica da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Brasil.
Flávia Alves da Silva – Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – modalidade profissional na UnB. Graduada em pedagogia, especialista em Gestão e Orientação Educacional. Servidora pública, pedagoga, na Universidade de Brasília.
Introdução
Este artigo traz dados iniciais de Pesquisa que estamos desenvolvendo no âmbito
do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Trabalho – NEPET, da Faculdade de
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Educação, da Universidade de Brasília e busca caracterizar as políticas e serviços
existentes na universidade no que se refere às diferentes transições, em especial, a
transição educação e trabalho.
O tema educação e trabalho implica numa relação dialética entre sujeitos ativos
e que se transformam no processo. A educação alimenta a prática laboral que por sua
vez subsidia a formação dos sujeitos. Nesse contexto de análise surgem também os
embates sobre a educação como a principal responsável pela transformação da
sociedade e meio para a mobilidade social.
Nesta perspectiva, conforme Bourdieu e Passeron (1970), o ambiente escolar é
marcado pelo caráter de classe, desde a organização pedagógica até o modo como
prepara o futuro dos discentes. Deste modo, para que ocorram as mudanças há que se
superar o controle de um extrato social sobre o outro, que resulta no que Bourdieu
definiu como violência simbólica, legitimadora da dominação e posta em prática por
meio de “estilos de vida”. O que explica porque é tão difícil alterar certos padrões
sociais.
Examinando o Relatório de Autoavaliação Institucional 2014, da Comissão
Própria de Avaliação (CPA) da Universidade de Brasília (UnB), constatamos o quadro
de exclusão que esses dados revelam. Eles demonstram que o percentual de evasão de
estudantes entre 2013 e 2014 é de 16,7% e que este índice, corresponde a 6.377 alunos
desligados, enquanto o número de formandos no mesmo período foi de 4.022 alunos.
Acreditamos que tais dados que configuram a “inclusão excludente” no ensino
superior e que segundo o estudo tem como causas principais a troca de curso, a falta de
perspectiva na área, a falta de condições financeiras para permanecer na universidade e
o excesso de reprovações, reafirmam por um lado, o despreparo dos alunos frente à
escolha realizada e, de outro, a necessidade de serviços de orientação, que possibilitem a
todos os alunos que ingressam na universidade explorar seus interesses, habilidades e
oportunidades de carreira, preparando-os para as diferentes transições, seja no âmbito da
própria universidade ou do mercado de trabalho.
A orientação vocacional e profissional enquanto um conjunto de atividades que
possibilita aos cidadãos de qualquer faixa etária e em qualquer momento da vida
conhecer as suas aptidões, interesses, competências e tomar decisões, sobretudo no que
tange a questão da formação e ocupação, pode ser decisiva na perspectiva de
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encaminhamento mais adequado de problemáticas como as mencionadas anteriormente
e que constitui em prejuízo para os alunos, a universidade, a família e o país.
(CARVALHO, 2014).
Todo o contexto que envolve a relação entre a educação e o mundo do trabalho
aponta para a importância e a necessidade da Orientação Vocacional e Profissional:
Fatos observados, no cotidiano das relações de trabalho, como o desemprego, a concorrência acirrada no mercado, as aposentadorias em idade precoce, as condições críticas impostas pelo contexto socioeconômico nacional e internacional, as inovações tecnológicas e científicas, o surgimento contínuo de novas ocupações, a crescente demanda de qualificação profissional (e a desproporcionalidade entre o número de vagas no Ensino Superior e o número de candidatos), as mudanças nos critérios de empregabilidade, bem como aspectos observados no cotidiano das instituições educativas como a evasão no ensino fundamental, médio e, sobretudo, no ensino superior, e os inúmeros pedidos de reopção de curso na Universidade fornecem motivos suficientes para justificar a existência de serviços de Orientação Profissional. (VALORE, 2008:68)
Carvalho (2014) afirma que atualmente os jovens e os adultos incluídos ou não
no mercado de trabalho são responsabilizados pela sua própria condição de
empregabilidade, carecendo de políticas públicas integradas que ampliem com
efetividade as oportunidades de educação e de trabalho e, portanto, promovendo uma
autêntica orientação e formação com vistas à suplantação da situação de exclusão
existente. Do mesmo modo, os jovens que estão inseridos no sistema escolar, também
carecem de informações e atividades pedagógicas que envolvam tomadas de decisões,
que os ajudem a enfrentar de forma apropriada a transição escola-trabalho, cada vez
mais complexa.
Valore (2008) afirma que uma má escolha da profissão acarreta prejuízos
significativos não apenas para o sujeito que escolhe, mas para a toda a sociedade arca
com o ônus dessa situação. A autora traz como exemplos a questão da evasão nas
Universidades públicas e o custeio para a realização de atendimentos psicoterápicos e
psiquiátricos que decorrem da crise profissional. Além desses indícios apontados,
podemos apontar também a questão do desperdício de tempo ocorrida nas trocas de
cursos por falta de identificação, a falta de perspectiva em relação ao que fazer após
concluir a graduação para inserir-se no mercado de trabalho e de forma mais extrema o
suicídio, como resultado da perda do sentido da vida. Em todas essas situações estão
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presentes a questão da insatisfação, do desconhecimento ou da má-adaptação à
profissão.
Deve-se constituir em um dever da Universidade ter um serviço de Orientação
Vocacional/Profissional, que em articulação com os serviços de assistência estudantil
possam formar uma rede de atendimento a todos os universitários, assim como é
importante para a sociedade em geral, políticas públicas para que o trabalhador possa
desenvolver as condições necessárias ao gerenciamento das suas escolhas.
(CARVALHO, 2014).
Elementos teórico-conceituais básicos
O nosso estudou utiliza os aportes teórico-metodológicos do modelo
desenvolvido por Domingos Sobrinho, que se baseia em dois pilares: a teoria das
representações sociais de Moscovici e seus seguidores e a praxiologia de Bourdieu.
Para Domingos Sobrinho (2016) é importante destacar que Moscovici considera
as representações sociais enquanto sistemas de preconcepções, de imagens e valores,
detentoras de uma significação cultural própria e sobrevivendo independentemente das
experiências individuais, sendo-nos impostas sem o nosso consentimento, portanto de
forma não consciente. Afirma o autor, que “a possibilidade de se captar a dinâmica
consciente/inconsciente, racional/pré-reflexivo sempre foi determinante nas aplicações
que o seu modelo teórico faz da proposta moscoviciana". (2016:26)
A proposta de Moscovici supõe que não existe separação entre os universos
exterior e interior do indivíduo ou grupo e que o objeto faz parte de um contexto ativo e
pode ser percebido seja pela pessoa ou pelo grupo, como prolongamento do seu
comportamento. Deste pressuposto moscoviciano, deriva o “axioma” difundido por
Jodelet e, segundo o qual, uma representação social é uma forma de conhecimento
socialmente elaborada e compartilhada, tendo um objetivo prático “e concorrendo à
construção de uma realidade comum a um conjunto social” (JODELET, 1991 apud
DOMINGOS SOBRINHO, 2016:26).
Partindo das afirmações de Jodelet (2001) de que a pesquisa das representações
sociais demanda a construção de modelos explicativos que articulem o afetivo e o
mental, os sistemas cognitivos e psicológicos, mas considerando-se a inserção social
dos indivíduos e tendo em vista, também, as três questões que Jodelet propôs para um
modelo operacional de aplicação da teoria “Quem sabe e de onde sabe? O que sabe e
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como sabe? Sobre o que sabe e com que efeitos?” (ibid.:28), Domingos Sobrinho
acrescenta mais uma questão ao modelo Jodelet/Moscovici, “A partir de que condições
sabe?”, o que em sua perspectiva, supre a “exigência epistemológica da proposta
moscoviciana com apoio na sociologia da cultura de Bourdieu, a qual é inseparável de
uma teoria da dominação, aspecto este, segundo o autor, negligenciado nas elaborações
centrais de Serge Moscovici e Denise Jodelet" (DOMINGOS SOBRINHO, 2016:28).
Nosso estudo, parte do pressuposto de que o conhecimento da identidade e das
representações sociais dos diferentes objetos da cultura acadêmica e do mundo do
trabalho é essencial para o nosso empreendimento, o que supõe investigar aspectos
teóricos e epistemológicos da construção das representações sociais e sua aplicação ao
estudo das trajetórias dos estudantes no ensino superior.
O segundo pilar, está relacionado à Praxiologia de Bourdieu. A referida
praxiologia se articula em torno de alguns conceitos básicos como habitus, campos
sociais, poder simbólico, capital cultural, a partir dos quais, Bourdieu construiu uma
“teoria do mundo social".
Domingos Sobrinho afirma que (2016:29) “o fato de ter uma visão global da
sociedade permite-nos estabelecer uma clara distinção entre as contribuições de
Bourdieu e Moscovici e, ao mesmo tempo, a possibilidade de diálogo entre os dois”. Ele
destaca: ”Bourdieu quis ir além das concepções dos atos e falas dos “indivíduos”
(agentes) entendidos como processos exclusivamente interiores, mentais, resultados de
cálculos e intencionalidades, por conseguinte, concebidos como independentes de
qualquer influência externa, desconsiderando-se, pois, as condições sociais que
permitem aos “sujeitos” se construírem e serem o que são. (DOMINGOS SOBRINHO,
2016:30)
Para o autor estes pressupostos são também aceitos por Moscovici e Jodelet,
embora eles utilizem apenas o termo sujeito. Ele destaca ainda, que “o habitus,
enquanto conceito operacional de cultura pode ser empiricamente apreendido e que
"uma vez estruturado, não cessa de produzir percepções, representações, opiniões,
crenças, gestos e toda uma gama de produções simbólicas, promovendo a articulação
dialética entre ator social e estrutura social”. (DOMINGOS SOBRINHO, 2016:30)
Do ponto de vista de nossa investigação, os conceitos derivados da praxiologia
de Bourdieu, ajuda-nos, a entender como as trajetórias social, familiar e escolar dos
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estudantes universitários e os capitais por eles acumulados nesse percurso condicionam
sua forma de inserção no campo educacional na realidade do ensino universitário.
Entendemos que o modelo teórico desenvolvido por Domingos Sobrinho é
pertinente à análise de investigações em nível psicossocial e que uma das contribuições
do referido modelo é precisamente o fato dele consistir na integração da análise de
contribuições de diferentes campos, no caso, da sociologia, psicologia e educação.
Como nos ensina Aisenson (2011:156):
Las cuestiones que aborda la orientación movilizan tanto procesos subjetivos como dinámicas sociales, y abarcan areas vitales importantes para la vida y el desarrollo humano. Estas cuestiones son complejas y conciernen a varios campos sociales (Bourdieu, 1980, 1987; Bourdieu & Wacquand, 1992), en particular los campos de la educación, el trabajo, la salud y el económico.
Casanova (2016:11-12) reafirma e orienta, no prefácio do livro organizado por
ele e por Domingos Sobrinho que
Apesar de la naturaleza multifactorial del complejo proceso educativo en la universidad y de la necesidad de complementar enfoques sociológicos, sociodemográficos, familiares, de género, educativos y psicológicos, continúa siendo central la correspondencia entre las diferentes cantidades de capital económico, social y cultural y los diferentes resultados y rendimientos educativos, en el acceso, en la trayectoria y en la salida respecto a la universidad. [...] Del mismo modo, es fundamental saber diseñar efectivos programas teniendo en cuenta sus condiciones de aplicación, lo cual exige conocer los diferentes contextos y situaciones de enseñanza-aprendizaje.
A questão metodológica
A investigação, ora em desenvolvimento, tem por objetivo, conhecer os
principais elementos constitutivos das trajetórias estudantis no ensino superior e o papel
da orientação vocacional e profissional na orientação e acompanhamento das transições
referentes ao ensino e à carreira, na perspectiva do planejamento e gestão autônoma dos
estudantes. Para tanto se norteia por algumas questões de pesquisa, dentre elas:
• Como os jovens enfrentam as transições e se orientam na vida acadêmica?
• Como eles representam objetos sociais relacionados a essa sua trajetória?
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• Que processos e fatores estruturam essas representações e a própria
identidade?
• Quais as contribuições dos serviços de orientação vocacional e profissional
no sentido de permitir aos jovens entender e ampliar suas perspectivas em
termos de construir seus projetos de carreira e implementá-los?
Para fins deste artigo, foi analisada a trajetória dos estudantes da Universidade
de Brasília, a partir de dados coletados no último Relatório de Avaliação Institucional
produzido pela Comissão Própria de Avaliação - CPA, da Universidade, relativo ao ano
de 2016, buscando colocar em evidência a relação entre a situação existente e a
necessidade de se implementar um efetivo serviço de orientação
vocacional/profissional, na universidade.
A CPA, instituída pela resolução do Conselho Universitário (CONSUNI) nº
31/2013, é uma instância de atuação autônoma em relação aos órgãos da Universidade,
responsável por coordenar os processos de avaliação interna. Ela é composta por 17
membros que contemplam todos os segmentos da comunidade acadêmica: docentes,
discentes, técnicos administrativos e da sociedade civil.
O referido Relatório de Autoavaliação Institucional relata e avalia as principais
ações e os projetos executados pela Universidade e as potencialidades e dificuldades
identificadas pela Comissão, com base nas dimensões previstas no Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído pela Lei nº 10.861 de 14 de abril
de 2004, e organizado em eixos conforme a Nota Técnica INEP/DAES/CONAES nº 65.
Para a sua elaboração, foi realizado o 3º Fórum de Avaliação (no qual foram
destacados os temas da evasão, retenção, trajetória de egressos e avaliação externa);
consulta à comunidade acadêmica (executada entre janeiro e fevereiro de 2017, tendo a
participação de 3.051 discentes, 465 docentes e 480 técnico-administrativos); avaliações
in loco e o projeto CPA Itinerante (estratégia que buscou aproximar a CPA dos
institutos e faculdades, compartilhando informações de egressos, retenção e evasão).
Elementos para um Perfil Geral dos estudantes da Universidade de Brasília:
algumas aproximações
O levantamento de dados do Sistema de Gerenciamento Acadêmico da
Universidade – SIGRA, realizado em 19 de julho de 2016, nos mostra, a partir da base
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de egressos, um primeiro esboço de resultados produzido pela universidade. Esta base é
composta de 78.571 egressos da UnB até 2015, considerando os graduados, pós-
graduados e desligados que não concluíram os cursos. A nossa pesquisa tem como foco,
o ensino de graduação.
TABELA 1.BASE DE EGRESSOS DA UNB COM CPF, 2015
Situação QuantidadeFormado – Graduação 30.843Formado – Pós 17.387Desligados – Total 30.341Total 78.571
Fonte: SIGRA (19/07/2016).
Embora os dados não estejam desagregados em relação ao nível educacional,
chama a atenção o alto nível de desligados da universidade, ressaltando-se a relevância
dos aspectos referentes à permanência dos alunos na universidade, o que vem
corroborar a realidade evidenciada por nosso estudo, no que se refere à necessidade de
ações de orientação.
No que tange à questão da evasão, segundo a análise da Comissão, o maior
desafio da Universidade, é a retenção de estudantes. Existem duas taxas para avaliarem
esta questão: a taxa anual de evasão (TAE) e a taxa acumulada de diplomação (TAD). A
TAE é o percentual de matrículas que estavam vigentes no ano anterior, mas que
descontinuaram por qualquer motivo diferente da obtenção do diploma. A TAD é a
fração de alunos que obtiveram o diploma independentemente da época. De acordo com
o relatório institucional da CPA, a taxa de êxito da Universidade de Brasília foi de
76,1%, percentual que precisa ser melhorado por meio da redução das taxas de evasão e
retenção dos alunos. “A Universidade precisa intervir nas causas dessas taxas, a fim de
que se desenvolva com qualidade, buscando identificar quais são as lacunas na sua
prestação de serviços que podem estar contribuindo para o percentual de insucesso
institucional (23,9%)” . (UNB, 2016).
TABELA 2.EGRESSOS DA UNB ATUANDO NO MERCADO FORMAL, POR SITUAÇÃO ACADÊMICA E REGIÃO GEOGRÁFICA , 2015
Egresso – UnB
DF Centro-Oeste (exceto
Norte Nordeste
Sudeste Sul Total %
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DF)
Formado – Graduação
17.680 714 1.400 282 1.493 267 21.836 43,82%
Formado – Pós
9.659 1.274 552 753 881 224 13.343 26,79%
Desligado – Iniciativa do Estudante
6.195 505 333 193 733 156 8.115 16,28%
Desligado – Falta de Rendimento
4.604 350 102 153 380 121 5.710 11,46%
Outros 462 64 32 64 164 39 825 1,65%
Total 38.600 2.907 2.419 1.445 3.651 807 49.829 100%
Fonte: SIGRA (19/07/2016); RAIS (2015).
Embora a análise da tabela 2 permita concluir que a parte majoritária dos
egressos da Universidade de Brasília atua no mercado formal, preocupa-nos a
informação de que dos 78.571 egressos (formados ou desligados) constante na tabela 1,
apenas 49.829 (62,15%) estão atuando no mercado formal conforme a tabela 2. Em que
medida a passagem de 37,85% (formados ou desligados) pela Universidade os auxiliou
no processo de escolha e decisões que os permitissem se inserir no mercado formal, ante
a transição educação-trabalho?
Outro aspecto que se pode evidenciar ao cruzarmos a informação da quantidade
total de Desligados (30.341 – 100%), obtidos pela tabela 1, com os dados obtidos pela
tabela 2 é que 8.115 desligados, ou seja, 26,75% ocorreram por iniciativa do próprio
estudante, que 5.710, o que corresponde a 18,82%, foram por falta de rendimento, e que
2,72% estão em outras circunstâncias. Desse modo, o total de Desligados e Outros (que
são os que estão empregados formalmente), são 14.650 (48,28%) e, portanto 51,72%,
que é a maior parte dos desligados, não conseguiu inserir-se no mercado formal.
Podemos inferir que mais de um quarto dos desligados, estão empregados
formalmente, e este pode ser um dos motivos para terem abandonado o curso, pois de
acordo com Zago (2006) alguns universitários são trabalhadores-estudantes e as
atividades remuneradas acabam estabelecendo forte concorrência com os estudos, e pela
necessidade de sobrevivência material, alguns acabam abdicando da trajetória
acadêmica. Quanto à outra informação, uma das possíveis justificativas para a falta de
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rendimento pode ser as lacunas da formação dos estudantes nas matérias básicas
decorrentes de desigualdades existentes na educação básica (ZAGO, 2006).
TABELA 3.GRADUADOS DA UNB ATUANDO NO MERCADO FORMAL, POR REGIÃO E ESTADO, 2015
Região Estado Graduados
Centro-Oeste
DF 17.680GO 616MS 29MT 69Total 18.394
Norte
AC 1.224 AM 42AP 10PA 32RO 27RR 13TO 52Total 1.400
Nordeste
AL 11BA 85CE 37MA 23PB 20PE 42PI 21RN 23SE 20Total 282
Sudeste
ES 34MG 232RJ 477SP 750Total 1.493
Sul
PR 82RS 65SC 120Total 267
Total Geral 21.836
Fonte: SIGRA (19/07/2016); RAIS (2015).
Do universo de 21.836 estudantes egressos dos cursos de graduação da UnB,
84,24% têm vínculo de trabalho na região Centro-Oeste, ratificando, segundo a
Comissão, a forte relação da Universidade com as demandas de formação, locais e
regionais.
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TABELA 4.EGRESSOS DA UNB ATUANDO NO MERCADO FORMAL DO DF, POR TIPO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO E NÍVEL DO CURSO, 2015
Tipo de vínculo Nível do Curso TotalGraduação Mestrado Doutorado Residência
Serviço Público Efetivo
15.718 4.995 1.726 370 22.809
Serviço Público Não Efetivo
1.072 295 31 3 1.401
CLT 11.069 2.213 519 100 13.901Temporário/Avulso 220 150 60 15 445Outros 37 5 2 - 44Total 28.116 7.658 2.338 488 38.600
Fonte: SIGRA (19/07/2016); RAIS (2015).
O nível educacional em evidência neste estudo é a graduação, e a tabela 3,
mostra os egressos que estão atuando no mercado formal, evidencia que 59,72% atuam
no serviço público, enquanto 39,37% possuem vínculo celetista.
Cabe apresentar também, para fins de nossa análise, o perfil dos demandantes da
Assistência Estudantil, conhecer as necessidades do público assistido, dentre elas, as
questões dos desligamentos que interferem na permanência dos estudantes em situação
de vulnerabilidade socioeconômica na Universidade.
Em cumprimento ao disposto na Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, a
Universidade de Brasília endereça metade das vagas aos alunos advindos do ensino
médio integralmente cursado em escolas públicas. Outra cota social, que faz parte das
políticas de ações afirmativas promovidas pela UnB, trata-se do percentual de 5% de
vagas destinadas para os candidatos que se autodeclaram negros. As vagas restantes são
oferecidas em regime de ampla concorrência.
A tabela abaixo apresenta os dados referentes ao perfil de todos os discentes
matriculados nos cursos de graduação presenciais no semestre letivo 2017/2, vinculados
a assistência estudantil.
TABELA 5.PERFIL DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL, PORCENTAGEM POR SEXO, RAÇA E ETNIA, 2017
Feminino Masculino Branca Parda Preta Amarela Indígena% 57,2 42,8 25,0 52,7 19,6 2,0 0,7Total 2995 2243 1307 2754 1024 106 39
Fonte: Elaborado pelos autores com base no levantamento de dados da DDS (2018).
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Do total de 5.238 estudantes que participam da assistência estudantil, 25%, são
brancos; 52,7% são pardos; 19,6% são pretos, seguidos por 2,0% de amarelos e 0,7% de
indígenas. A maioria dos discentes é do sexo feminino 57,2% seguido por 42,8 do sexo
masculino. O somatório dos estudantes de cor preta e parda totalizam 72,3% da amostra,
especificamente, 3.778 estudantes negros, participam da assistência estudantil,
conforme os dados coletados, ou seja, mais da metade dos participantes da assistência
estudantil são negros.
Esses dados revelam uma assistência estudantil com predominância feminina e
negra, perfil que vem sendo marginalizado no mercado de trabalho. Conforme Antunes
[...] a expansão do trabalho feminino tem, entretanto, significado inverso quando se trata da temática salarial, terreno em que a desigualdade salarial das mulheres contradita a sua crescente participação no mercado de trabalho. Seu percentual de remuneração é bem menor do que aquele auferido pelo trabalho masculino (2001:105).
Dimensionar o papel da assistência estudantil para que as estudantes tenham
uma nova perspectiva fora da universidade, não só como mão de obra, mas como
sujeitos de direitos e com visão ampliada de tal condição.
TABELA 6.PERFIL DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL, PORCENTAGEM POR COTAS E FORMA DE INGRESSO PREDOMINANTE, 2017
Cotas Escola Pública Baixa Renda – Não PPI
Esc. Púb. Alta Renda – Não PPI
Esc. Púb. Alta Renda PPI
Esc. Púb. Baixa Renda PPI
Indígena Negro Universal
% 13,8 7,1 15,2 23,9 0,5 5,5 34,0Total 725 370 798 1251 25 286 1783
Fonte: Elaborado pelos autores com base no levantamento de dados da DDS (2018).
Nesta segunda tabela constam os percentuais dos discentes, participantes dos
programas da assistência estudantil, conforme o tipo de cota de acesso à UnB. Do total
de 5.238 estudantes da assistência, 13,8% são oriundos de escola pública, baixa renda,
sendo não PPI e 7,1% ingressaram por escola pública, alta renda, não PPI. Dos
ingressantes por escola pública, alta renda, PPI o percentual é de 15,2% e os
ingressantes por escola pública baixa renda, PPI, o percentual é de 23,9%.
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Infere-se com esses dados que a assistência estudantil tem conseguido atender
aos estudantes oriundos de escola pública, baixa renda, negro, evidenciando que o
público prioritário tem vindo das classes populares, das periferias, do universo a
margem do mundo do trabalho e da educação. Para Florestan Fernandes (2008) a escola
de qualidade não era redentora da humanidade, mas o instrumento fundamental para
emancipação dos trabalhadores. Com isso pode-se afirmar que a universidade tem papel
relevante nesse processo de emancipação social e política dos estudantes em
vulnerabilidade.
GRÁFICO 1.PERCENTUAL DE ESTUDANTES POR CURSOS EM 2º/2017
LetrasEnfermagem
Ciências NaturaisPedagogia
AgronomiaFarmácia
Educação do CampoCiências Sociais
Serviço SocialGestão do Agronegócio
FisioterapiaDireito
Gestão AmbientalCiências Contábeis
0 50 100 150 200 250 300
Fonte: DDS (2018).
O gráfico demonstra que a maioria dos estudantes da Assistência está
matriculada nos cursos das áreas de humanas. Letras é o grande destaque. Desse dado
pode-se levantar uma série de questões a serem aprofundadas. Uma diz respeito ao
elemento motivador para a definição da carreira a seguir e do curso a optar. De acordo
com Gondim (2002) o que parece ocorrer é que o estudante consegue identificar um
perfil geral que é transmitido pelos meios de comunicação acerca do que é demanda do
mercado de trabalho, mas não consegue identificar de que modo este perfil estaria
adequado às suas habilidades e competências.
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Muitos podem se perguntar se haverá emprego para todos? Como a universidade
vem trabalhando a construção da identidade profissional do futuro egresso?
Um outro elemento importante a ser destacado, é a questão da concorrência no
acesso ao ensino superior. O atual formato do processo seletivo para as universidades
estabelece uma nota de corte que agrega valor a determinados cursos pela lei da “oferta
e demanda”, quanto mais procurado o curso, maior sua nota de corte. Isso pode
significar que o acesso a esses cursos está restrito aos que tiveram mais condições de se
preparar para a “batalha” da seleção, restando para os que ficam atrás, os cursos menos
demandados. Talvez isso explique a grande maioria dos estudantes da assistência
encontrar-se matriculados em cursos de baixa demanda. Há de se considerar que a
opção por uma licenciatura, como é o caso de Letras, pode-se constituir na busca por
uma inserção mais rápida no mercado de trabalho, ou ainda por uma questão de vocação
destes estudantes.
O segmento de Pessoas com Necessidades Especiais também é destinatário de
ações que visem a sua integração e permanência no âmbito universitário, mediante o
Programa de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais. A Tabela 7 mostra a
evolução de estudantes cadastrados, percebe-se um acréscimo nos atendimentos.
TABELA 7.ESTUDANTES DA GRADUAÇÃO CADASTRADOS POR TIPO DE NECESSIDADE ESPECIAL, UNB, 2015 E 2016
Necessidades Especiais 2015 2016Deficiência Auditiva 11 14Deficiência Física 22 24Deficiência Intelectual 2 3Deficiência Múltipla 5 4Deficiência Visual 18 19Dislexia e/ou TODA/TDAH 124 127Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) 15 16Outras Necessidades 2 3Surdo/Cego 0 1Total 199 211
Fonte: PPNE/UNB (2016).
Propiciando e garantindo condições para o desenvolvimento dos estudantes que
necessitam de apoio e desenvolvendo práticas cidadãs, as ações desenvolvidas neste
Programa foram: tutoria especial (189 tutores participantes e 90 estudantes assistidos),
15
acompanhamento acadêmico (1.094 cartas de apresentação, 97 efetivações de prioridade
de matrícula), ações de interação com Institutos e Faculdades (diálogo em busca de
estratégias para adequação educacional), ações de interação com a prefeitura do campus
(para garantir mais acessibilidade), transporte no campus, laboratório de tecnologia
assistiva, cursos e palestras internos e externos à UnB.
Os Programas de tutoria/monitoria buscam a participação dos estudantes para
uma formação integrada que melhore o ensino de graduação, compreendendo de forma
mais ampla e aprofundando a sua área de estudos, por meio de atendimento a outros
estudantes e oferecendo suporte à pratica educativa utilizando-se de novas práticas e
experiências pedagógicas. No ano de 2016 foram concedidas 228 bolsas de monitoria
no valor de R$400,00 e 228 bolsas de monitoria no valor de R$2200,00.
A Universidade coordena e acompanha o desenvolvimento dos estudantes no
estágio, que por se tratar de uma atividade educativa supervisionada e que ocorre no
ambiente de trabalho tem a intencionalidade de preparar os estudantes para o trabalho
produtivo, além de fazer parte do projeto pedagógico dos cursos e integra o itinerário
formativo dos estudantes. A atividade de estágio busca desenvolver competências
típicas da atividade profissional e à contextualização curricular, preparando os alunos
para a vida cidadã e para o mundo do trabalho.
TABELA 8.QUANTITATIVO DE ESTUDANTES QUE REALIZARAM ESTÁGIO EM 2016
Estágio Obrigatório Estágio Não Obrigatório1º Semestre 2º Semestre 1º Semestre 2º Semestre
1539 1348 2041 20052887 4046Total Total
Fonte: DEG/UNB (2016).
Serviços/Ações desenvolvidas pela universidade
Após termos realizado a descrição e análise de elementos que caracterizam o
perfil dos egressos da Instituição estudada, caracterizaremos os serviços
disponibilizados pela universidade para auxiliarem os universitários na sua trajetória
acadêmica e apresentaremos os dados referentes a estes ainda com base no Relatório de
Avaliação Institucional. Dividimos os serviços e suas ações em cinco blocos: as de
desenvolvimento institucional, as acadêmico-administrativas de ensino, as acadêmico-
administrativas de extensão, as de comunicação e as de atendimento aos discentes.
16
Nas ações de integração desenvolvidas junto ao ensino de graduação e que
visam o desenvolvimento institucional da Universidade podemos citar as atividades de
responsabilidade social.
Segundo o Relatório, as atividades de responsabilidade social dizem respeito
àquelas que promovam a cultura, a inclusão social, o desenvolvimento sustentável, a
defesa e promoção dos direitos humanos, da igualdade étnico-racial e da diversidade
sexual. Essas ações são desenvolvidas pelo Decanato de Assuntos Comunitários (DAC),
pelo Decanato de Extensão (DEX) e pelas faculdades e institutos da UnB em atividades
específicas.
A política desenvolvida pelo DAC é voltada para os estudantes por meio dos
programas de assistência estudantil e tem como objetivo estratégico garantir a
permanência com sucesso acadêmico dos estudantes caracterizados em situação de
vulnerabilidade socioeconômica.
Estudantes (e servidores) em situação de vulnerabilidade social e institucional,
também contam com ações afirmativas que defendem e promovem os direitos humanos,
a igualdade étnico-racial e a diversidade sexual. Tais ações são ofertadas
preferivelmente para esses grupos, pois frequentemente padecem de preconceitos e
discriminações, o que ratifica o diagnóstico sobre estes serviços que são relacionadas
aos eixos temáticos: Formação e Produção de Conhecimentos; Mobilização e
Visibilidade; Articulação e Monitoramento. Também ocorrem atendimentos
individualizados a estudantes, conforme demandas.
O DAC aprovou o Plano da Diversidade, o Plano de Responsabilidade Ética, a
Resolução nº 001/2016, que regulamenta o direito a acompanhante ou atendente pessoal
do discente com deficiência que ocupa vaga na Casa do Estudante Universitário da
UnB; implantou o projeto de monitoramento acadêmico e de atendimentos
multidisciplinares aos usuários de Programas de Assistência Estudantil; difundiu, com o
apoio de outras unidades, mensagens de incentivo e encorajamento para comprometer a
comunidade acadêmica no combate a quaisquer formas de discriminação.
Na esfera da extensão, a UnB também logrou uma boa colocação no ranking
nacional do desporto universitário da Confederação Brasileira do Desporto
Universitário (CBDU).
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No que diz respeito às ações acadêmico-administrativas relacionadas ao ensino
de graduação destacamos o combate à evasão e o incentivo para produções acadêmicas.
Na política de combate à evasão, destacam-se duas ações: a reintegração e o
programa de tutoria da graduação. A reintegração consiste no regresso ao ambiente
acadêmico do aluno desligado (que tenha reprovado três vezes em uma mesma
disciplina obrigatória, que não cumpriu condição, que não ter integralizado o curso
findo o período máximo ou o tenha abandonado), este participa de um edital específico
e tem sua solicitação analisada pelo Colegiado do curso que emite um parecer.
Consoante o Relatório, analisado por este estudo, no ano de 2016 houveram 671
estudantes reintegrados.
O programa de tutoria da graduação promove melhoria no rendimento
acadêmico dos universitários, bem como auxilia na integração social e acadêmica dos
discentes de forma a contribuir para a sua permanência na Universidade, os projetos
possuem diferentes modalidades: vinculados a disciplinas específicas, desvinculados de
disciplinas específicas, vinculados de disciplinas de serviços, multidisciplinares.
Conforme a Comissão, 28 unidades acadêmicas tiveram as suas propostas foram aceitas.
A UnB propicia, por meio das políticas para produções acadêmicas, a
participação dos discentes em eventos nacionais ou internacionais, além das
possibilidades de engajamento na pesquisa científica. Na iniciação científica, por meio
dessa política, os alunos desenvolvem os seus estudos sob a orientação de um professor
e vinculam-se a um grupo de pesquisa da Universidade. O recurso financeiro é
disponibilizado pela própria universidade, por meio do Decanato de Ensino de
Graduação.
No que tange às ações acadêmico-administrativas de extensão evidenciam-se as
bolsas de extensão.
De acordo com o Comissão, no ano de 2016, a Universidade desenvolveu 505
projetos de extensão, disponibilizou 202 bolsas de extensão no valor de R$ 400,00 cada
e teve a participação de 4.542 discentes participando das atividades de extensão, sendo
446 bolsistas e 4.098 não-bolsistas.
Na comunicação interna e externa da universidade, destacamos a carta de
serviços, o guia do calouro e a campanha de recepção e boas-vindas aos calouros.
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A Carta de Serviços tem por objetivo informar aos cidadãos dos serviços
prestados pela UnB, das formas e requisitos de acesso a esses serviços, das etapas e
prazos, dos compromissos e dos padrões de qualidade do atendimento ao público. Este
instrumento de comunicação, é disponibilizado sob o formato eletrônico e físico, no
sítio da Universidade (www.unb.br) e nas unidades acadêmicas e administrativas,
respectivamente.
Ainda no que se refere à informação, existe o Guia do Calouro, que é um
documento que apresenta a Universidade ao aluno ingressante e, portanto, auxilia a
inserção do estudante na rotina acadêmica. O guia traz informações úteis para a
trajetória acadêmica: um breve histórico da UnB, dados sobre a estrutura administrativa
e gestão da Universidade, orientações sobre os processos e prazos relativos à vida
acadêmica, as regras de convivência, entre outros. Este documento é disponibilizado no
endereço eletrônico www.boasvindas.unb.br, que também disponibiliza as principais
informações que os calouros necessitam.
Outra atividade existente na Universidade é a campanha de recepção e boas-
vindas aos calouros, que ocorre no início de cada semestre letivo. Ela conta com a
presença das representações estudantis e da administração superior da UnB. No evento,
apresenta-se a Universidade ao calouro, disponibilizam-se materiais informativos e
promovem-se debates reflexivos sobre a responsabilidade compartilhada que os
membros da comunidade acadêmica precisam ter para consolidar os propósitos da
universidade.
Sem dúvida, tais ações são importantes para integrar estudantes, professores,
servidores etc. e têm a função de informar, e ao mesmo tempo, conhecer e reforçar o
sentimento de pertencimento ao ambiente universitário. Estar informado contribui para
o sentimento de pertencimento ao grupo, o que para Zago (2006) é um aspecto
importante para a permanência no ensino superior.
Em relação aos Programas de Assistência Estudantil, a Universidade de Brasília,
publica semestralmente um edital de avaliação socioeconômica, processo pelo qual os
estudantes que possuem situação considerada insuficiente para sua manutenção e
permanência na Universidade, ou seja, com perfil de vulnerabilidade socioeconômica,
tornam-se elegíveis para acessar aos benefícios de ordem assistencial. Alguns
programas da Assistência Estudantil e parcerias são: Bolsa-Alimentação, Moradia
Estudantil da Graduação, Auxílio Socioeconômico, Vale-Livro e Auxílio Emergencial.
19
Cada campus da UnB possui um Restaurante Universitário (RU), que garante
três tipos de refeições de baixo custo: desjejum, almoço e jantar, que são balanceadas,
saudáveis, acompanhadas por nutricionistas sendo adequadas à comunidade e à rotina
universitária. O Programa Bolsa-Alimentação é desenvolvido em parceria com o
Restaurante Universitário (RU) e constitui-se na isenção de pagamento das taxas das
refeições servidas em todos os campi. Em 2016, 5.058 estudantes de graduação foram
atendidos por este benefício.
O Programa Moradia Estudantil da Graduação, facilita o acesso e a assiduidade
do estudante socioeconomicamente vulnerável a universidade. Havendo a modalidade
pecúnia, na qual é concedida mensalmente um auxílio financeiro para moradia
estudantil e aproximação do campus, e a modalidade de vaga na Casa do Estudante
Universitário, para os estudantes cujas famílias não possuam imóveis ou residência fixa
no Distrito Federal. Em 2016 participaram desse programa 1.400 estudantes, sendo
1.124 na modalidade pecúnia e 336 na modalidade de vaga na Casa do Estudante
Universitário da Graduação.
O Programa Auxílio Socioeconômico trata-se do recebimento mensal, por parte
do estudante, de um auxílio financeiro para diminuir a desigualdade social entre os
estudantes da Universidade, contribuir para a sua permanência, evitar a retenção e
promover a diplomação. No ano de 2016 participaram desse programa 2.753 estudantes
da graduação.
O programa Vale-Livro consiste em uma parceria com a Editora UnB que
disponibiliza aos estudantes de graduação, que sejam caracterizados com
vulnerabilidade socioeconômica, cinco vales para serem utilizados por semestre, com
60% de desconto nos livros. Em 2016, 81 estudantes solicitaram o benefício.
O Programa Auxílio Emergencial destina-se àqueles estudantes que não estão
inseridos nos programas de Assistência Estudantil da UnB, mas que se encontram
momentânea ou inesperadamente em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Em
2016 foram concedidos 292 auxílios emergenciais, o que corresponde à média mensal
de 24,3, quantidade próxima ao limite médio de concessão auxílios emergenciais
regulamentado que são de 25 mensais.
Um outro serviço ofertado pela Universidade é o Serviço de apoio
psicopedagógico, por meio do Serviço de Orientação ao Universitário (SOU) dispondo
20
de assistentes, psicólogos e pedagogos que realizam atendimentos à comunidade
acadêmica em relação ao acolhimento, às normas de permanência, à saúde mental,
apoiando-lhes para potencializar as suas aprendizagens e desenvolver integralmente os
estudantes. Conforme levantamento realizado 387 alunos de graduação foram atendidos
no SOU para orientação e/ou acompanhamento acadêmico no ano 2016.
Também fora desenvolvido o programa de acolhimento ao ingressante, buscando
ter uma atitude e relação mais acolhedora no âmbito universitário, integrar calouros aos
outros partícipes do cotidiano acadêmico e promover a divulgação de programas e
serviços ofertados pela instituição que se constituem em oportunidades formativas e de
apoio para o estudante de graduação foram desenvolvidas ações como: recepção dos
calouros por tutores no registro acadêmico, promoção da Mostra de Oportunidades,
realização de tour no campus, apresentações musicais e aula magna.
O acolhimento aos discentes ocorre no registro acadêmico, onde lhes são
apresentados os projetos, os programas e as políticas desenvolvidas na Universidade.
Ao conhecer tais ações têm-se a expectativa de que o estudante se comprometa e realize
as que lhe couberem. E por consequência, espera-se que a vivência na academia seja
propícia para o desenvolvimento de habilidades e competências para a atuação
profissional do egresso. A Diretoria de Acompanhamento e Integração Acadêmica
(DAIA), no âmbito do Decanato de Ensino de Graduação é a unidade responsável pela
integração do estudante com as atividades acadêmicas.
Diversos programas e projetos comunitários foram desenvolvidos pela
Universidade com a finalidade de executar uma política artística, cultural e esportiva:
Programa de Apoio aos Centros Acadêmicos (74 cadastrados), Campus Sonoro –
Conexões (130 participantes), Cinemateca 2016 – Mostra e filmes (547 participantes),
Cinemateca – Segundas Curtas (35 participantes), eventos realizados nos Anfiteatros
(28.503 participantes, considerando público interno e externo).
Entre os anos 2012 e 2016, 806 estudantes-atletas auferiram auxílios pagos por
meio do programa Bolsa Atleta Universitário. Elas visam conceder melhores condições
para os estudantes continuarem suas carreiras esportivas e acadêmicas, valorizando e
reconhecendo a sua dedicação ao esporte para representar a UnB nas competições.
A Universidade, em 2016, viabilizou a realização e participação em eventos:
visitas técnicas; eventos apoiados e realizados pela Coordenação da Questão Indígena
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com a participação dos estudantes indígenas reforçando a responsabilidade social da
Universidade; Ciclo de Diálogos, com a presença do professor António Nóvoa, ex-reitor
da Universidade de Lisboa que debateu sobre o compromisso das instituições para a
solução de problemas mundiais; e também um diálogo com o Professor José Pacheco
que versou sobre memórias e heranças culturais de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e
Augustinho Teixeira; Mostra de Cursos, na Semana Universitária da UnB, que visa
explicar sobre os cursos de graduação mantidos pela Universidade, auxiliando os
futuros universitários em suas escolhas profissionais. O principal público-alvo dessa
ação são os estudantes do ensino médio. Embora seja uma incipiente ação de Orientação
Vocação/Profissional, auxilia no preenchimento de lacuna existente pela ausência de
ações como esta na Educação Básica.
Propiciando e garantindo condições para o desenvolvimento dos estudantes que
necessitam de apoio e desenvolvendo práticas cidadãs, as ações desenvolvidas neste
Programa foram: tutoria especial (189 tutores participantes e 90 estudantes assistidos),
acompanhamento acadêmico (1.094 cartas de apresentação, 97 efetivações de prioridade
de matrícula), ações de interação com Institutos e Faculdades (diálogo em busca de
estratégias para adequação educacional), ações de interação com a prefeitura do campus
(para garantir mais acessibilidade), transporte no campus, laboratório de tecnologia
assistiva, cursos e palestras internos e externos à UnB.
Os Programas de tutoria/monitoria buscam a participação dos estudantes para
uma formação integrada que melhore o ensino de graduação, compreendendo de forma
mais ampla e aprofundando a sua área de estudos, por meio de atendimento a outros
estudantes e oferecendo suporte à pratica educativa utilizando-se de novas práticas e
experiências pedagógicas. No ano de 2016 foram concedidas 228 bolsas de monitoria
no valor de R$400,00 e 228 bolsas de monitoria no valor de R$2200,00.
A Universidade coordena e acompanha o desenvolvimento dos estudantes no
estágio, que por se tratar de uma atividade educativa supervisionada e que ocorre no
ambiente de trabalho tem a intencionalidade de preparar os estudantes para o trabalho
produtivo, além de fazer parte do projeto pedagógico dos cursos e integra o itinerário
formativo dos estudantes. A atividade de estágio busca desenvolver competências
típicas da atividade profissional e à contextualização curricular, preparando os alunos
para a vida cidadã e para o mundo do trabalho.
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Considerações Finais
Este artigo, partindo dos dados produzidos pelo Relatório de Avaliação
Institucional produzido pela Comissão Própria de Avaliação - CPA, da Universidade de
Brasília buscou analisar elementos da trajetória dos estudantes da Universidade,
destacando dentre elas, a questão da evasão e da retenção que afetam o sucesso
educacional e a inserção laboral dos egressos.
Posteriormente, caracterizamos e apresentamos dados referentes ações e serviços
oferecidos pela Universidade para apoiar a trajetória acadêmica dos universitários. Ao
analisar estes serviços e suas respectivas ações, identificamos que a Universidade dispõe
de uma ampla gama de atividades e procedimentos que sob diferentes aspectos
contribuem para o sucesso e a permanência dos estudantes caracterizados com
vulnerabilidade socioeconômica. Esses serviços são imprescindíveis, mas tais ações
costumam ser pontuais, direcionadas à grupos específicos, ao passo que defendemos
desses, um serviço de natureza universal, que oriente os alunos a realizarem as
diferentes transições de sua trajetória estudantil.
Considerando os diferentes aspectos levantados neste artigo, em especial a
evasão, percebe-se que não apenas os estudantes considerados vulneráveis evadem ou
portam resultados educacionais negativos. Confrontando esses dados com a inexistência
de serviços que orientem no sentido da autogestão acadêmica dos estudantes,
presumimos que esse é outro aspecto que está relacionado à exclusão, havendo,
portanto, a necessidade de implantação e oferta desse trabalho à comunidade.
Na aspiração de um serviço que seja universal, que auxilie os jovens a lidar com
as questões referentes aos dilemas na transição entre a educação superior pública e o
mundo do trabalho, acreditamos que a institucionalização de um Serviço de Orientação
Vocacional e Profissional pode contribuir para o planejamento e autogestão dos
estudantes do ensino superior, auxiliando-os na permanência em seu percurso de ensino,
fortalecendo sua identidade profissional e assessorando-os a se defrontarem com as
situações de escolhas e decisões no tocante à transição universidade-trabalho.
Pressupomos que o Serviço de Orientação Vocacional e Profissional na
Universidade venha possibilitar que todos os universitários tenham a oportunidade de
conhecer e explorar os seus interesses, habilidade e oportunidades de carreira.
23
Acreditamos numa perspectiva que informe, instrua e prepare os universitários para as
diferentes transições do seu itinerário.
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24
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