direito civil resumo da aula 4
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aulaministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livrosdoutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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Assuntos tratados:
1 Horrio.
Capacidade / Incapacidade Absoluta / Incapacidade Relativa / Incapacidade
Natural X Incapacidade de Pleno Direito / Natureza da Sentena de Interdio /
Emancipao / Origens da Emancipao / Voluntria / Judicial / Legal /
Casamento
2 Horrio.
Emprego Pblico Efetivo e Relao de Emprego em Geral / Colao de Grau /
Responsabilidade Civil do Incapaz / Cdigo de 1916 X Cdigo de 2002 /
Ausncia de Guarda / Responsabilidade Subsidiria do Incapaz / Menor
Emancipado / Fim da Pessoa Natural / Morte Real / Eutansia e Ortotansia /
Morte Ficta
1 Horrio
1. Capacidade (continuao)
Considerando-se subjetivamente a personalidade, a capacidade ser a medida
dos atos que podem ser praticados pelo sujeito de direito. Sabe-se que, desde o
nascimento com vida, o indivduo possui aptido para ser sujeito de direitos e
obrigaes, mas isso no significa que possa desempenhar todos os atos da vida civil.
A capacidade tratada como um requisito para a validade dos atos negociais
(negcio jurdico). Portanto, para que um negcio jurdico seja vlido, necessrio que
a vontade seja manifestada por um agente capaz. Com efeito, para ser capaz de
manifestar pessoalmente a vontade, necessrio que haja discernimento adequado.
Todo ato ou fato jurdico que forma relaes jurdicas antes no existentes negocial?
No, isto , nem todo acontecimento, ainda que humano, ser enquadrado
como negcio jurdico, embora possa criar e interferir em relaes jurdicas. Assim,
preciso saber que h atos que podero ser praticados pelos incapazes diretamente e
que produziro efeitos, ainda que sem representao ou assistncia.
A capacidade um requisito para a validade dos atos negociais, mas nem todo
ato negocial. Com isso, possvel considerar:
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(i) Os atos ilcitos extracontratuais podem ser praticados por pessoas que no
tenham capacidade plena e deles resultaro efeitos, em que pese no
sejam aqueles desejados, mas os impostos por lei.
Se um ato lesivo praticado a terceiro, a lei impe ao agente uma sano de
responsabilidade. Nesse aspecto, o incapaz pode cometer atos dos quais resultem a
responsabilidade civil extracontratual e, diante disso, no se fala em assistncia ou
representao para a prtica do ato.
(ii) Os incapazes podem praticar determinados atos simples da vida,
meramente lcitos, para os quais no se exige uma vontade qualificada.
Esses so chamados de ato-fato. So acontecimentos que decorrem de
conduta humana, mas que no dependem de vontade especial. Por
exemplo, o caso do ato de ocupao como forma de aquisio depropriedade mvel.
O fenmeno de ocupao se d quando algum, com o objetivo de ter a coisa
para si, toma posse da coisa, seja de res nullius ou res derelicta. O ordenamento
jurdico considera que essa ocupao vlida, em que pese poder ser praticada por
agente incapaz. O mesmo no ocorre com o ato de compra e venda, que de natureza
negocial.
Outro exemplo de ato-fato o caso de pessoa acometida de enfermidade
mental, considerada absolutamente incapaz, que, valendo-se de matria-prima alheia,pinta um quadro, praticando ato de especificao. Considerou-se que o ato-fato de
especificao da matria-prima em uma obra de arte no exige vontade qualificada,
sendo perfeitamente possvel que o incapaz seja dono da obra de arte por esse meio.
No negcio jurdico os atos so praticados segundo efeitos desejados, queridos
e previstos pelas partes, o que demanda uma vontade qualificada. Por outro lado, nos
atos-fatos lcitos e atos ilcitos, os efeitos no so aqueles determinados pelas partes,
mas aqueles impostos pela lei. Com isso, a vontade no precisa ser qualificada para
que possam ser admitidos.
Dito isso, possvel compreender que a funo da incapacidade protetiva, ou
seja, busca-se proteger a pessoa que no tem o adequado discernimento para de
comprometer em relao a determinados efeitos decorrentes, substancialmente, da
vontade do agente. Sendo assim, reconhece-se a incapacidade quando for importante
para proteger o prprio agente.
Exemplo: um absolutamente incapaz de treze anos celebra um contrato de
mtuo. O mtuo concedido aos incapazes no pode ser cobrado, salvo se realizado por
meio do representante ou assistente. Acontece que o mutuante era o prprio sujeito
incapaz. A outra parte, maior e capaz, alegou essa regra para afirmar que no teria que
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pagar, pois o mtuo celebrado com incapaz inexigvel. No entanto, essa regra vale
para proteger o incapaz, ou seja, somente pode ser invocada quando o incapaz estiver
no polo passivo da relao.
1.1. Incapacidade Absoluta
A absoluta incapacidade aparece no art. 3 do CC.
Art. 3oSo absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficincia mental, no tiverem o necessrio
discernimento para a prtica desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitria, no puderem exprimir sua vontade.
Embora o critrio do inciso I traga, em tese, uma presuno absoluta, o
casamento de uma pessoa menor de 16 anos poder conduzi-la a um estado de
emancipao, conduzindo-a a uma capacidade plena. H corrente doutrinria que
defende a inaplicabilidade desse entendimento, em razo da previso de presuno
absoluta de incapacidade. No entanto, o entendimento predominante de que o
casamento vlido emancipa.
Assim, a presuno da incapacidade absoluta do menor deve ser interpretada
de modo a no se discutir se aquela pessoa tinha ou no capacidade de discernimento.Esse no ser um objeto de prova, bastando ser menor para ser considerado incapaz.
Ainda que o desenvolvimento humano ocorra cada vez mais cedo, isso no d
ao julgador a possibilidade de mitigar essa regra.
Por sua vez, as hipteses dos incisos II e III dependem de anlise probatria,
sendo necessrio um ato de interdio para que seja reconhecido o estado de
incapacidade do agente.
1.2. Incapacidade Relativa
Os relativamente incapazes esto elencados no art. 4 do CC.
Art. 4oSo incapazes, relativamente a certos atos, ou maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os brios habituais, os viciados em txicos, e os que, por deficincia mental,
tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os prdigos.
Pargrafo nico. A capacidade dos ndios ser regulada por legislao especial.
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Enquanto o absolutamente incapaz tem sua vontade substituda pela do
representante, a do relativamente incapaz complementada pela do assistente. Em
regra, a incapacidade relativa busca tutelar os direitos patrimoniais do sujeito incapaz.
Exemplo: o art. 1.782 do CC trata da interdio do prdigo. Se o prdigo, por
exemplo, se apaixonar, poder se casar sem que dependa da presena do assistente,
salvo para celebrar pacto antinupcial. Da mesma forma, pode, sem assistncia,
reconhecer um filho e registr-lo.
Art. 1.782. A interdio do prdigo s o privar de, sem curador, emprestar,
transigir, dar quitao, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e
praticar, em geral, os atos que no sejam de mera administrao.
Portanto, a assistncia diz respeitos aos atos de disposio substancial dopatrimnio.
Se o sujeito, por exemplo, possui mais de 16 anos e menos de 18 anos, o art.
666 do CC diz pode ser contratado como mandatrio. Ele, para o exerccio desses atos,
no precisa de assistncia. Diversamente, h a ressalva de que aquele que constitui o
menor de 18 anos como mandatrio no ter todas as aes disponveis para buscar
sua responsabilizao.
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos no emancipado pode ser
mandatrio, mas o mandante no tem ao contra ele seno de conformidadecom as regras gerais, aplicveis s obrigaes contradas por menores.
1.3. Incapacidade Natural X Incapacidade de Pleno Direito
possvel dizer que do nascimento at os 16 anos o sujeito absolutamente
incapaz. Dos 16 aos 18 anos, relativamente incapaz e, aps, possui capacidade plena.
Pelos documentos de identificao natural, ser possvel atestar a capacidade
etria do sujeito. Contudo, a partir da maioridade, surge uma presuno relativa de
capacidade, pois a pessoa maior pode no ser capaz. Com isso, surge um problema desegurana jurdica.
A incapacidade natural aquela que se verifica como estado individual antes da
interdio. J a incapacidade de pleno direito verifica-se aps a interdio.
Essa diferena envolve questo probatria, pois, aps a sentena de interdio
possvel provar a incapacidade documentalmente, uma vez que ela constar de
registro pblico, mesmo sem trnsito em julgado.
A publicidade dessa sentena, atravs do registro, far com que sujeito seja
reconhecido publicamente como incapaz e, se algum celebra negcio jurdico com
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ele, no poder alegar desconhecimento do seu estado de incapacidade. Porm, antes
da interdio, quando a incapacidade apenas natural, em que h somente um
quadro incapacidade, mais difcil falar em oponibilidade erga omnes, o que
relativizaria a segurana jurdica.
1.3.1. Natureza da Sentena de Interdio
A doutrina prope resolver essa problemtica atravs de duas formas
diferentes. Alguns atribuem sentena de interdio natureza meramente
declaratria; outros entendem ser de natureza constitutiva ou mista.
Art. 1.773. A sentena que declara a interdio produz efeitos desde logo, embora
sujeita a recurso.
A interpretao literal desse dispositivo ruim para a segurana jurdica, pois,
pode ocorrer de o sujeito praticar, aps a sua maioridade, ato negocial, mas ser
posteriormente interditado. Se a sentena de interdio declarar que a enfermidade
anterior ao ato negocial praticado, sendo meramente declaratria, produzir efeitos ex
tunc data em que se provou pela primeira vez a existncia da causa de incapacidade.
Assim, quando a sentena declara a incapacidade e retroage seus efeitos, o
negcio anteriormente praticado no perodo abrangido ser considerado invlido.
Embora se atinja a segurana jurdica, h muitos julgadores que adotam esse
entendimento, baseando-se em Caio Mrio, que coloca a sentena com um carter
declaratrio da incapacidade, ainda que constitutiva da curatela.
Em se entendendo que a sentena de interdio declaratria, todos os
negcios anteriormente praticados seriam automaticamente. Eventual ao para
restituir as partes ao estado anterior, no envolver discusso a respeito da
capacidade. Assim, tambm ir gerar sentena meramente declaratria da nulidade.
Por outro lado, aqueles que compreendem essa sentena como constitutiva ou
mista, defendem que a sentena de interdio constitui novo estado individual. Osujeito que possua uma incapacidade natural passa a ter uma incapacidade de pleno
direito. Assim, os atos praticados antes da interdio sero objeto de demanda
autnoma e, em cada uma delas, ser necessrio demonstrar a incapacidade no
momento da realizao daquele negcio. Portando, trata-se de ao desconstitutiva
dos atos, dependente de prova.
Por exemplo, uma pessoa possui uma enfermidade mental que a acomete
intermitentemente, ou seja, tem perodos de lucidez e de enfermidade. No entanto, a
proximidade dessas crises obsta que ela possa gerir individualmente os seusinteresses, demandando uma interdio. Para a segunda corrente, os atos praticados
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antes da interdio, dependem de impugnao judicial autnoma por meio de provas
de que o ato de enfermidade j acometia o sujeito no ato da celebrao do negcio.
Portanto, para essa corrente, cada caso anterior dever ser discutide de per se,
a fim de provar o estado de incapacidade do agente no ato da celebrao. Esse
entendimento, ento, tenta ponderar a questo da segurana jurdica.
A doutrina atual defende essa segunda corrente, para a qual a sentena
constitutiva ou mista, em que pese a jurisprudncia caminhar no sentido da primeira
corrente, entendendo ter natureza declaratria.
A segunda corrente tem precedente no STJ, como se depreende dos Recursos
Especiais 9077 e 255.271.
REsp 9077 - DIREITO E PROCESSO CIVIL. INTERDIO. ATOS ANTERIORES A
SENTENA. NULIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DE PROVA CONVINCENTE E
IDONEA. CERCEAMENTO. INOCORRENCIA. HONORARIOS NA EXECUO. RECURSO
NO CONHECIDO. I - PARA RESGUARDO DA BOA-FE DE TERCEIROS E SEGURANA
DO COMERCIO JURIDICO, O RECONHECIMENTO DA NULIDADE DOS ATOS
PRATICADOS ANTERIORMENTE A SENTENA DE INTERDIO RECLAMA PROVA
INEQUIVOCA, ROBUSTA E CONVINCENTE DA INCAPACIDADE DO CONTRATANTE. II
- OS HONORARIOS ARBITRADOS NO DESPACHO INICIAL DA EXECUO, PARA A
EVENTUALIDADE DE PAGAMENTO IMEDIATO, SALVO RESSALVA, NO DEVEM SER
ACRESCIDOS AOS HONORARIOS IMPOSTOS EM EMBARGOS JULGADOS
IMPROCEDENTES. III - SE A PARTE NO REQUEREU A PRODUO DE PROVASSOBRE DETERMINADOS FATOS RELATIVOS A DIREITOS DISPONIVEIS, NO LHE E
LICITO ALEGAR CERCEAMENTO POR JULGAMENTO ANTECIPADO. (REsp 9077/RS,
Rel. Ministro SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em
25/02/1992, DJ 30/03/1992, p. 3992)
REsp 255.271 - CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FUNDAMENTAO. PROVA.
INTERDIO.
Somente a ausncia de fundamentao, no ocorrente na espcie, que enseja a
decretao de nulidade da sentena com base no art. 458, II, no a
fundamentao sucinta.
Sendo o processo anulado por motivo no referente prova, esta pode ser
utilizada, no mesmo feito, desde que ratificada, em respeito ao princpio da
economia processual.
Os atos praticados pelo interditado anteriores interdio podem ser anulados,
desde que provada a existncia de anomalia psquica - causa da incapacidade -
j no momento em que se praticou o ato que se quer anular.
Recurso no conhecido.
(REsp 255271/GO, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado
em 28/11/2000, DJ 05/03/2001, p. 171)
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1.4. Emancipao
Pode ocorrer, no a antecipao da maioridade em si, mas dos seus efeitos, em
caso de emancipao.
A emancipao antecipa a capacidade plena. Isso no significa que a pessoa
ser legitimada para todos os atos da vida civil, haja vista a diferena entre capacidade
e legitimidade. Enquanto a capacidade geral, a legitimidade exige pressupostos
especficos e, com isso, possvel ter capacidade e no ter legitimidade.
possvel, por exemplo, ser maior, capaz, proprietrio de um bem imvel, livre,
desembaraado e, portanto, alienvel. Contudo, caso o sujeito seja casado pelo regime
da comunho parcial de bens, exige-se a vnia conjugal, ainda que o bem tenha sido
adquirido antes do casamento.
H atos negociais, ento, que s podero ser praticados com autorizao de
terceiros, ainda que o sujeito seja plenamente capaz. possvel que o ordenamento
considere que o ato negocial seja contrrio ordem pblica, sendo, ento, nulo, em
que pese a inexistncia de causa natural impeditiva. o caso, por exemplo, da
impossibilidade do curador de comprar bens do curatelado.
H, portanto, situaes em que a legitimidade depende de terceiros e situaes
em que o ordenamento refuta de plano qualquer legitimidade.
Exemplo: o art. 496 do CC torna anulvel a venda de ascendente a
descendente, salvo com o consentimento dos demais. O art. 497 do CC veda a compra
de bens dos curatelados pelos curadores, aqui, por sua vez, no se trata de hiptese de
suprimento.
Art. 496. anulvel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cnjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Pargrafo nico. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cnjuge se o
regime de bens for o da separao obrigatria.
Art. 497. Sob pena de nulidade, no podem ser comprados, ainda que em hasta
pblica:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados
sua guarda ou administrao;
II - pelos servidores pblicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurdica a que
servirem, ou que estejam sob sua administrao direta ou indireta;
III - pelos juzes, secretrios de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventurios ou auxiliares da justia, os bens ou direitos sobre que se litigar em
tribunal, juzo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua
autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.Pargrafo nico. As proibies deste artigo estendem-se cesso de crdito.
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1.4.1. Origens da Emancipao
A emancipao pode ter trs origens:
a)
Voluntria;b) Judicial; e
c) Legal.
1.4.1.1. Voluntria
Art. 5 A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada prtica de todos os atos da vida civil.
Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade:
I - pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento pblico, independentemente de homologao judicial, ou por
sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Essa emancipao pode ser concedida no exerccio do poder familiar, ser
exercido em favor do incapaz. Os pais podem emancipar o filho que j tenha 16 anos
completos.
Requisitos de validade
Requisito subjetivo: h a necessidade do consenso de ambos os pais.
Em caso de divergncia, haver necessidade de suprimento judicial. A nica
hiptese em que ser possvel apenas um faz-lo ser no caso do outro ser morto,
ausente ou ter sido destitudo do poder familiar.
Requisito subjetivo: exige-se, ainda, que o menor j tenha ao menos 16 anos
completos.
Requisito formal: necessariamente, a emancipao depender de instrumentopblico.
O ato de emancipao no precisa estar acompanhado de justificativa e nem
mesmo de homologao judicial.
A emancipao produzir efeitos a partir do registro do ato emancipatrio no
registro civil de pessoas naturais. Assim, a validade depende dos requisitos acima
elencados, ao passo que a eficcia depende do registro.
Por meio da emancipao, os pais concedem ao filho um poder que eles esto
medindo que tenha. Esto elegendo-o como apto a desempenhar os atos da vida civil
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sozinho. Seria como se os pais conferissem um mandatoao filho para a prtica dos
atos da vida civil.
A emancipao voluntria irretratvel, ou seja, no cabe clusula de
arrependimento. Entretanto, pode o ato emancipatrio ser nulo ou anulvel e, se o ato
for invlido, ento o efeito da emancipao poder ser afastado.
Exemplo: os pais no estavam em consenso com a emancipao, mas houve
coao, por parte de um deles, para que o outro manifestasse sua vontade no sentido
de consentir com o ato de emancipao. Cessada a coao, poderia a parte coagida
requerer a descontituio do ato emancipatrio.
Os vcios de consentimento podem ensejar a futura anulao do ato
emancipatrio, preservando-se os efeitos j consumados em relao a terceiros de
boa-f. Portanto, possvel a anulao do ato de emancipao por vcio, mas no
possvel a revogao.
CJF, Enunciado 397. Art. 5. A emancipao por concesso dos pais ou por
sentena do juiz est sujeita a desconstituio por vcio de vontade.
CJF, Enunciado 450. Art. 932, I. Considerando que a responsabilidade dos pais
pelos atos danosos praticados pelos filhos menores objetiva, e no por culpa
presumida, ambos os genitores, no exerccio do poder familiar, so, em regra,
solidariamente responsveis por tais atos, ainda que estejam separados,
ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores.
1.4.1.2. Judicial
Art. 5 A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada prtica de todos os atos da vida civil.
Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade:
I - pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento pblico, independentemente de homologao judicial, ou por
sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Um menor sob o regime de tutela no poder ser emancipado
voluntariamente, haja vista que esta cabe aos pais. Ele precisar, ento, de uma
deciso judicial emancipatria.
O prprio menor quem requer a emancipao em juzo, bastando que tenha
16 anos completos. O tutor ser ouvido para que opine sobre a convenincia ou no
da emancipao e o juiz decidir fundamentadamente.
a deciso judicial produz o efeito emancipatrio, devendo ser levada aregistro, a partir do qual ser plenamente eficaz.
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1.4.1.3. Legal
Art. 5, II - pelo casamento;
III - pelo exerccio de emprego pblico efetivo;
IV - pela colao de grau em curso de ensino superior;V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existncia de relao de
emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia prpria.
Deriva de um fato jurdico previsto na prpria norma. a prpria vontade do
legislador que produzir os efeitos emancipatrios.
1.4.1.3.1. Casamento
H controvrsia em relao hiptese, pois o inciso II do art. 5 no fala em
idade mnima. Embora o casamento seja destinado a quem tenha 16 anos completos,
possvel que ocorra, excepcionalmente, para quem tenha menos dessa idade. De
acordo com a posio majoritria, se o casamento for vlido, haver o efeito
emancipatrio.
O casamento requer autorizao, pois envolve menor. A concesso da
autorizao dos pais, por si s, no emancipa. O que emancipa o casamento em si, e
no a autorizao para casar.
Os estados de vivo ou divorciado no afetam o efeito emancipatrio. Para que
isso ocorra, dever o casamento ser anulado e, mesmo assim, se for considerado
putativo (boa-f), aquele efeito poder ser mantido.
Unio Estvel
O legislador no contemplou a hiptese da unio estvel nesse dispositivo.
Questiona-se, ento, a aplicao analgica dos efeitos da emancipao destinados ao
casamento para a unio estvel.
Embora haja equiparao entre o casamento e a unio estvel, nesse caso
especfico h controvrsia. Alega-se que seria necessria a mudana do estado civil
para afetar o estado individual. O fundamento da emancipao a aptido para
constituir famlia. A unio estvel no altera publicamente o estado civil, tratando-se
de situao de fato, com proteo constitucional isonmica famlia.
No entanto, esse problema perfeitamente supervel, como ocorre com a
possibilidade de emancipao do menor quando ele possui recursos prprios, ainda
que no desempenho de sociedade de fato, mesmo sem registro.
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Entende-se, ainda, que, diante da negativa do casamento pelos pais, o
reconhecimento da emancipao atravs da unio estvel poderia ser um estmulo
para ensejar a fuga dos filhos, constituindo unio estvel e o reconhecimento da
emancipao indireta. Da a resistncia doutrinria e jurisprudencial ao
reconhecimento, sendo essa a posio dominante.
H, contudo, posicionamento no sentido de que a unio estvel muda o estado
civil de solteiro para companheiro, o que ensejaria a emancipao1.
2 Horrio
1.4.1.3.2. Emprego Pblico Efetivo e Relao de Emprego em Geral
O efetivo emprego pblico causa emancipatria. Pelo inciso III, no basta
aprovao em concurso, deve ocorrer o exerccio de cargo efetivo.
Tratando-se de cargo pblico transitrio, no h emancipao pelo inciso III,
em que pese ser possvel a emancipao pelo inciso V, do art. 5, pargrafo nico.
Essa exigncia legal foi mitigada pela previso do inciso V, do art. 5, pargrafo
nico. A relao de emprego em geral emancipa quando o menor possui ao menos 16
anos e possui recursos que ele administra, passando a lhe conferir economia prpria.
Assim, o simples fato de possuir recursos prprios no gera emancipao,
sendo necessrio que o menor passe a administrar sozinho os seus interesses.
Exemplo: menor comea desenvolver atividade empresarial com autonomia
patrimonial, sendo considerado emancipado, consequentemente. importante
destacar que um menor incapaz pode ser scio em pessoa jurdica com fins lucrativos.
Isso, por si s, no o emancipa, sendo necessrio que ele desenvolva a atividade
pessoalmente e passe a ter independncia econmica.
1.4.1.3.3. Colao de Grau
Aquele que cola grau em curso superior est automaticamente emancipado.
O legislador no exige idade para isso, mas faticamente ser improvvel que
algum com menos de 16 anos venha a estar nessa situao.
1Para fins de prova de concurso, unio estvel no emancipa.
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1.5. Responsabilidade Civil do Incapaz
1.5.1. Cdigo de 1916 X Cdigo de 2002
No Cdigo Civil de 1916, o absolutamente incapaz era separado dorelativamente incapaz. O absolutamente incapaz no tinha responsabilidade pessoal
pelos atos ilcitos extracontratuais por ele praticados. Havia, nesse caso, uma
inimputabilidade civil do absolutamente incapaz, haja vista a necessidade de culpa
para fins de atribuio de responsabilidade.
Quem respondia por ele, ento, era seu representante legal: pais, tutores ou
curadores. Como a responsabilidade era subjetiva, deveria havia a necessidade de
demonstrao de culpa do representante legal. Ocorre que ele era presumidamente
culpado, em razo do seu dever de vigilncia. Era a chamada culpa in vigilando,
meramente relativa, admitindo prova em contrrio. Por exemplo, na hiptese do pai
separado da me que detinha a guarda do filho. Isso representava um problema para a
vtima, que poderia no receber por seus prejuzos.
O relativamente incapaz, por sua vez, era responsvel solidariamente com o
representante legal. Era apurada a culpa do incapaz pelo ato ilcito praticado e se
presumiria a culpa do representante legal pelo dever de vigilncia, admitindo-se prova
em contrrio. A vtima, nesse caso, deveria provar a culpa do relativamente incapaz e
tinha a seu favor a presuno de culpa dos representantes, que, contudo, poderiam
fazer prova em contrrio.Com o Cdigo de 2002, a situao foi completamente alterada e tudo o que era
previsto em matria de responsabilidade civil do incapaz desapareceu. Assim, no
importa o grau de incapacidade, ou seja, o incapaz responde da mesma forma, seja
absoluta ou relativamente incapaz.
Alguns autores afirmam que ilicitude pressupe discernimento, mas, nesse
caso, deve-se considerar que o ilcito somente requer dano injusto, e no
necessariamente culpa. Se o incapaz, ento, produz dano injusto, surge, para ele,
responsabilidade extracontratual.O legislador, de um lado, deu vtima o direito de buscar reparao no
patrimnio do prprio incapaz, mas, de outro lado, lhe retirou o benefcio da
solidariedade dos pais. Com isso, a responsabilidade do incapaz existe, porm
subsidiria; o incapaz possui benefcio de ordem em seu favor (art. 928 do CC). Dessa
forma, responder somente em duas situaes:
(i) O representante legal no pode ser responsabilizado;
(ii) O representante legal no possui meios suficientes para reparar o dano.
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CC, Art. 928. O incapaz responde pelos prejuzos que causar, se as pessoas por ele
responsveis no tiverem obrigao de faz-lo ou no dispuserem de meios
suficientes.
Pargrafo nico. A indenizao prevista neste artigo, que dever ser eqitativa,no ter lugar se privar do necessrio o incapaz ou as pessoas que dele
dependem.
Com efeito, h a responsabilidade do representante legal. Essa ser imediata, e
no subsidiria. Ademais, no se d por culpa no dever de vigilncia, mas porque os
representantes so objetivamente responsveis pelo dever de vigilncia. No h mais a
responsabilidade por culpa in vigilandoe, portanto, no haver prova da culpa, nem
mesmo invertida.
Essa alterao gera algumas discusses.
1.5.2. Ausncia de Guarda
O art. 932, I do CC reproduz o texto do Cdigo anterior e mantm dois
pressupostos: autoridade e companhia para a responsabilidade dos pais.
Art. 932. So tambm responsveis pela reparao civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
Pela redao do dispositivo, o pai sem guarda no seria responsvel, mas
somente o guardio, em que pese haver poder familiar. O tema, ento, foi abordado
no supracitado enunciado 450 do CJF, que considerou solidria a responsabilidade
entre os pais pelos atos do filho, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de
regresso em caso de culpa exclusiva de um deles.
Entendeu-se que o importante a autoridade, e no a guarda2. H precedentes
do STJ nesse sentido, que o posicionamento atual. Assim, a guarda daria somente o
direito de regresso, mas o que determinaria a responsabilidade seria o poder familiar.
STJ, REsp 1.074.937 - CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE DOS PAIS E
DA AV EM FACE DE ATO ILCITO PRATICADO POR MENOR. SEPARAO DOS PAIS.
PODER FAMILIAR EXERCIDO POR AMBOS OS PAIS. DEVER DE VIGILNCIA DA AV.
REEXAME DE FATOS. INCIDNCIA DA SMULA 7/STJ. DISSDIO JURISPRUDENCIAL
COMPROVADO. () 2. Ao de reparao civil movida em face dos pais e da av
de menor que dirigiu veculo automotor, participando de "racha", ocasionando a
morte de terceiro. A preliminar de ilegitimidade passiva dos rus, sob a alegao
de que o condutor do veculo atingiu a maioridade quando da propositura da
2Esse enunciado pode ser questo de prova objetiva.
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ao, encontra-se preclusa, pois os rus no interpuseram recurso em face da
deciso que a afastou. 3. Quanto alegada ilegitimidade passiva da me e da
av, verifica-se, de plano, que no existe qualquer norma que exclua
expressamente a responsabilizao das mesmas, motivo pelo qual, por si s, noh falar em violao aos arts. 932, I, e 933 do CC. 4.A mera separao dos pais
no isenta o cnjuge, com o qual os filhos no residem, da responsabilidade em
relao ao atos praticados pelos menores, pois permanece o dever de criao e
orientao, especialmente se o poder familiar exercido conjuntamente.
Ademais, no pode ser acolhida a tese dos recorrentes quanto a excluso da
responsabilidade da me, ao argumento de que houve separao e, portanto,
exerccio unilateral do poder familiar pelo pai, pois tal implica o revolvimento do
conjunto ftico probatrio, o que defeso em sede de recurso especial. Incidncia
da smula 7/STJ. 5. Em relao av, com quem o menor residia na poca dos
fatos, subsiste a obrigao de vigilncia, caracterizada a delegao de guarda,ainda que de forma temporria. A insurgncia quanto a excluso da
responsabilidade da av, a quem, segundo os recorrentes, no poderia se imputar
um dever de vigilncia sobre o adolescente, tambm exigiria reapreciao do
material ftico-probatrio dos autos. Incidncia da smula 7/STJ. () 7. Recurso
especial parcialmente conhecido e, na extenso, provido. (REsp 1074937/MA, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMO, QUARTA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe
19/10/2009)
A perda do poder familiar, entretanto, exclui a responsabilidade pela prtica de
ato ilcito do filho. Cristiano Chaves entende que a excluso do poder familiar no
exclui a responsabilidade, sendo esse entendimento, contudo, minoritrio.
1.5.3. Responsabilidade Subsidiria do Incapaz
O incapaz responde subsidiariamente quando o seu representante legal no
pode ser responsabilizado ou quando este no tiver bens suficientes.
Nem todo incapaz possui representante legal nomeado, como ocorre comaquele sem curador antes da interdio. Se comete dano ilcito, ele ser diretamente
responsabilizado. No sistema do Cdigo Civil de 1916 ningum seria responsabilizado.
O STJ entendeu pela ausncia de interesse recursal de incapaz em recorrer, em
caso no qual a vtima preferiu demandar seu pai. Assim, ele no seria parte, nem
terceiro prejudicado.
Notcia do STJ 08.03.2013
Menor no pode recorrer em processo movido contra seu pai. A Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justia (STJ) negou a um menor a possibilidade de recorrer de
deciso em que seu pai foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenizao por danos
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morais e R$ 648 por danos materiais, por conta de uma briga entre adolescentes.
Um dos menores quebrou um copo de vidro no rosto do outro, o que levou seu pai
a ser responsabilizado judicialmente. O menor tentou recorrer da deciso, mas o
Tribunal de Justia de Minas Gerais (TJMG) apontou sua ilegitimidade paraingressar com o recurso de apelao. O STJ decidiu que a responsabilidade do
menor no solidria, mas subsidiria. Dessa forma, o filho no pode recorrer da
sentena condenatria porque a ao foi unicamente proposta contra o
pai. Responsabilidade dos pais. A ao de reparao de danos, inclusive estticos,
foi ajuizada por um dos menores (representado pelo pai) contra o pai do outro
menor (acusado da agresso). A base do ajuizamento foi a responsabilidade
objetiva dos genitores pelos atos ilcitos praticados pelos filhos, prevista no inciso I
do artigo 932 do Cdigo Civil. A deciso de primeiro grau decretou a revelia do
ru, pois, embora a ao tenha sido proposta contra o pai do menor agressor, a
contestao foi apresentada unicamente por este ltimo. O TJMG no conheceudo recurso de apelao, em razo da falta de legitimidade do menor para
recorrer. O menor alegou ao STJ que a responsabilidade do pai pelos atos
cometidos pelos filhos menores solidria com os prprios filhos, nos termos do
pargrafo nico do artigo 942 do Cdigo Civil, o que justificaria seu interesse em
recorrer. A relatora no STJ, ministra Nancy Andrighi, contudo, entendeu que a
responsabilidade dos pais objetiva e a dos filhos menores tem carter subsidirio
e no solidrio. Ela explicou que a norma do pargrafo nico do artigo 942 do
Cdigo Civil deve ser interpretada em conjunto com a dos artigos 928 e 934, que
tratam da responsabilidade subsidiria e mitigada do incapaz e da inexistncia de
regresso contra o descendente absoluta ou relativamente incapaz. Patrimnio dos
filhos. A ministra esclareceu que o patrimnio dos filhos menores pode responder
pelos prejuzos causados, desde que seus responsveis no tenham obrigao de
faz-lo ou no disponham de meios suficientes. Mesmo assim, afirmou Andrighi,
nos termos do pargrafo nico do artigo 928, se for o caso de atingimento do
patrimnio do menor, a indenizao ser equitativa e no ter lugar se privar do
necessrio o incapaz ou as pessoas que dele dependam. No caso analisado pelo
STJ, no se chegou a discutir a atribuio de responsabilidade ao menor, porque a
ao foi proposta unicamente contra o pai. Mesmo que o pai do recorrente venha
efetivamente a ressarcir os danos causados vtima em decorrncia das agressessofridas, cumprindo os termos da sentena condenatria, o patrimnio do
recorrente no ser atingido porque, embora nos outros casos de atribuio de
responsabilidade, previstos no artigo 932, seja cabvel o direito de regresso contra
o causador do dano, o artigo 934 afasta essa possibilidade na hiptese de
pagamento efetuado por ascendente, destacou a ministra. O nmero deste
processo no divulgado em razo de sigilo judicial.
Ele seria terceiro prejudicado se os efeitos da deciso pudessem atingi-lo
patrimonialmente, nas hipteses da coisa julgada poder ser executada contra ele ou se
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fosse cabvel direito de regresso. Ocorre que o art. 943 do CC garante o direito de
regresso, salvo quando se tratar de descentende incapaz.
Art. 943. O direito de exigir reparao e a obrigao de prest-la transmitem-se
com a herana.
Aquele que responde objetivamente pelo ato de terceiro tem direito de
regresso, salvo quando for descendente absoluta ou relativamente incapaz. Se o caso
fosse de tutela ou curatela, o tutor ou curador teria direito de regresso e, nesse caso, o
incapaz teria interesse recursal, haja vista a possibilidade de se evitar um futuro
regresso. O STJ, naquele caso, no reconheceu o interesse recursal, pois o recorrente
era descendente do condenado.
1.5.4. Menor Emancipado
Se o menor for emancipado, deixar de gozar o benefcio do 928 do CC. Vale
ressaltar que os dois benefcios desse dispositivo so a responsabilidade subsidiria e a
equidade. O incapaz emancipado, ento, responder pela totalidade do dano
produzido.
Com a emancipao, no h mais dever de vigilncia, rompendo com o
fundamento da responsabilidade objetiva do art. 932 do CC. Assim, somente o
emancipado responderia, direta e imediatamente, e sem, a priori, o benefcio da
equidade.
Porm, h uma exceo. Esse entendimento no ser aplicado no caso da
emancipao voluntria. No poder familiar, os pais podem delegar aos filhos uma
autonomia que ningum mais pode, como se os elegessem como um mandatrio,
exercendo esse poder familiar em seu lugar.
Como ningum obrigado a contratar com um menor emancipado, seus pais
no respondero pelos atos negociais que praticar. A doutrina, entretanto, afirma que,
pelos ilcitos extracontratuais, os pais so solidariamente responsveis com o filhoemancipado3.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que
no haja culpa de sua parte, respondero pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos.
CJF, Enunciado 40. Art. 928: O incapaz responde pelos prejuzos que causar de
maneira subsidiria ou excepcionalmente como devedor principal, na hiptese do
ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos infracionais nos
3Esse tema j foi abordado em prova objetiva da rea federal.
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termos do art. 116 do Estatuto da Criana e do Adolescente, no mbito das
medidas socioeducativas ali previstas.
CJF, Enunciado 41. Art. 928: A nica hiptese em que poder haverresponsabilidade solidria do menor de 18 anos com seus pais ter sido
emancipado nos termos do art. 5, pargrafo nico, inc. I, do novo Cdigo Civil.
As outras hipteses de emancipao no geram responsabilidade solidria dos
pais pelo ato ilcito do filho emancipado.
STJ, REsp 122.573 - Suspenso do processo. Justifica-se sustar o curso do processo
civil, para aguardar o desfecho do processo criminal, se a defesa se funda na
alegao de legtima defesa, admissvel em tese. Dano moral. Resultando para os
pais, de quem sofreu graves leses, considerveis padecimentos morais, tmdireito a reparao. Isso no se exclui em razo de o ofendido tambm pleitear
indenizao a esse ttulo. Responsabilidade civil. Pais. Menor emancipado. A
emancipao por outorga dos pais no exclui, por si s, a responsabilidade
decorrente de atos ilcitos do filho. (REsp 122573/PR, Rel. Ministro EDUARDO
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/06/1998, DJ 18/12/1998, p. 340)
A simples emancipao voluntria no exime os pais da responsabilidade, mas
pode ser que gere prejuzos ao filho. Ele, ento, poder levar a questo ao Judicirio
para impedir o ato emancipatrio.
1.6. Fim da Pessoa Natural
A pessoa natural termina com a morte, que pode ser real ou ficta.
1.6.1. Morte Real
A morte real reconhecida juridicamente a partir da morte enceflica.
Lei 9.434/97, Art. 3 A retirada post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo
humano destinados a transplante ou tratamento dever ser precedida de
diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada por dois mdicos no
participantes das equipes de remoo e transplante, mediante a utilizao de
critrios clnicos e tecnolgicos definidos por resoluo do Conselho Federal de
Medicina.
Na ADPF 54, o STF tratou o aborto do feto anencfalo como uma questo de
aborto eugnico, ou seja, como questo de sade, de modo a se evitar uma gravidez
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que no seria saudvel. Assim, a hiptese no se confunde com a morte enceflica do
art. 3 da lei 9.434/97.
STF, ADPF 54 - ADPF - ADEQUAO - INTERRUPO DA GRAVIDEZ - FETO
ANENCFALO - POLTICA JUDICIRIA - MACROPROCESSO. Tanto quanto possvel,
h de ser dada seqncia a processo objetivo, chegando-se, de imediato, a
pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Em jogo valores consagrados na Lei
Fundamental - como o so os da dignidade da pessoa humana, da sade, da
liberdade e autonomia da manifestao da vontade e da legalidade -,
considerados a interrupo da gravidez de feto anencfalo e os enfoques
diversificados sobre a configurao do crime de aborto, adequada surge a
argio de descumprimento de preceito fundamental. ADPF - LIMINAR -
ANENCEFALIA - INTERRUPO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - PROCESSOS EM
CURSO - SUSPENSO. Pendente de julgamento a argio de descumprimento depreceito fundamental, processos criminais em curso, em face da interrupo da
gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos at o crivo final do
Supremo Tribunal Federal. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPO DA
GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - AFASTAMENTO - MITIGAO. Na dico da ilustrada
maioria, entendimento em relao ao qual guardo reserva, no prevalece, em
argio de descumprimento de preceito fundamental, liminar no sentido de
afastar a glosa penal relativamente queles que venham a participar da
interrupo da gravidez no caso de anencefalia.
1.6.1.1. Eutansia e Ortotansia
A morte real no pode ser antecipada para fins teraputicos, isto , diante do
sofrimento do sujeito. A Resoluo 1.805 do CFM regulamenta o procedimento de
ortotansia, o que no se confunde com eutansia.
CFM, Resoluo 1.805/06, Art. 1 permitido ao mdico limitar ou suspender
procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal,
de enfermidade grave e incurvel, respeitada a vontade da pessoa ou de seu
representante legal.
1 O mdico tem a obrigao de esclarecer ao doente ou a seu representante
legal as modalidades teraputicas adequadas para cada situao.
2 A deciso referida no caput deve ser fundamentada e registrada no
pronturio.
3 assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar
uma segunda opinio mdica.
Art. 2 O doente continuar a receber todos os cuidados necessrios para aliviar
os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistncia integral, o
conforto fsico, psquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da
alta hospitalar.
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A ortotansia seria deixar de postergar a morte atravs de tratamentos
paleativos incapazes de produzir efeito que no um prolongamento artificial. Deixa-se
a pessoa morrer naturalmente, j que essa ocorrncia certa.
Eutansia, por outro lado, seria antecipar o bito para conceder ao indivduo
uma boa morte, poupando-a de um sofrimento maior. No caso da eutansia, a morte
no certa e nem prxima.
A medicina lista duas formas conhecidas de eutansia: ativa e passiva. Na
eutansia ativa, quem causa a boa morte o faz atravs de uma ao. A conduta ativa
leva diretamente morte, no havendo dvida do nexo de causalidade. Seria o
exemplo de uma injeo letal.
Na eutansia passiva, a morte decorre por uma omisso, em um quadro em
que essa era necessariamente inevitvel ou prxima. No era, portanto, certa. Por
exemplo, um pai, na Itlia, obteve autorizao judicial para desligar os aparelhos que
auxiliavam a manuteno da vida da sua filha em coma h 17 anos, em que pese o seu
corpo ser saudvel e os seus sinais vitais serem estveis. Na verdade, deixa-se de
prestar a assistncia necessria para a sobrevida, permitindo que uma causa de morte
se instale naquele quadro.
Isso vedado no Brasil. No possvel adotar conduta que seja determinante
para o bito, ainda que passivamente.
A ortotansia, por outro lado, envolve um quadro de morte prximo eirreversvel, no qual, no entanto, seria possvel adotar mecanismos de prolongamento
da sobrevida por alguns instantes. A assistncia deixa de ser prestada e aquela morte
anunciada, atravs da conduta, consuma-se. Na verdade, a conduta no seria de
provocar a morte, mas de no interferncia. Nota-se, desse modo, uma linha tnue
entre a ortotansia e a eutansia passiva.
Diante dessa problemtica, o Ministrio Pblico Federal moveu uma ACP contra
a resoluo do CFM, que foi suspensa cautelarmente durante um tempo. Em 2011, a
ao foi julgada favoravelmente ao CFM e a resoluo est plenamente eficaz.A diferena seria a concausalidade da conduta para determinar a sua ilicitude.
Seria possvel, entretanto, ocorrer um o erro de proibio do agente que acredita ser
possvel a eutansia passiva.
1.6.2. Morte Ficta
possvel, ainda, a morte ficta, que pode se dar por duas razes distintas:
(i)
Declara-se uma morte que, pelas circunstncias presume-se ter acontecidodeclarao de morte presumida (art. 7 do CC).
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Art. 7oPode ser declarada a morte presumida, sem decretao de ausncia:
I - se for extremamente provvel a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se algum, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, no for encontrado
at dois anos aps o trmino da guerra.Pargrafo nico. A declarao da morte presumida, nesses casos, somente poder
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguaes, devendo a sentena
fixar a data provvel do falecimento.
O procedimento, no caso, de justificao de bito, que no se confunde com
o procedimento de justificao previdencirio (justia federal). O procedimento de
justificao de bito ocorre na rea estadual.
Essa declarao de morte presumida faz-se quando a pessoa desaparece em
determinados acidentes e o juiz declara a data provvel do bito, para fins sucessrios.
Essa sentena ser levada a registro para que, aps, seja aberto o inventrio.
O requisito que o desaparecimento tenha ocorrido em circunstncias em que
se possa deduzir a morte e que as buscas tenham sido encerradas.
Em se tratando de pessoa presa ou desaparecida em conflito armado, civil ou
militar, conta-se dois anos aps o mesmo para a declarao de morte presumida.
(ii) Procedimento de ausncia.
Art. 6o
A existncia da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso
definitiva.
O procedimento de ausncia ocorre no juzo orfanolgico, sendo de
competncia da justia estadual. A questo lateral que mais aparece a presuno de
morte do ausente, que no se confunde com a declarao de morte presumida.
A presuno de morte do ausente um efeito decorrente da sentena do
procedimento de ausncia. Ocorre que esse abarca trs fases e, portanto, trs
sentenas:
A primeira declara a ausncia e nomeia curador para os bens. Essa no
produz o efeito morte;
A segunda deciso abre a sucesso provisria. Tambm no produz esse
efeito, mas apenas transmite aos herdeiros presumidos o uso e a fruio
dos bens;
A terceira fase, por fim, determina a sucesso definitiva. Essa que produz
o efeito da presuno de morte. Nesse momento, os herdeiros deixam deser presumidos e passam a ser certos. O momento da morte ser
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considerado, portanto, o momento da abertura da sucesso definitiva. Se
algum herdeiro morrer durante o trmite, sai da sucesso, em que pese j
tivesse a posse do bem (art. 37 do CC). H divergncia em relao aos
efeitos matrimoniais, mas, quanto aos patrimoniais, esse o momento damorte.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentena que concede a
abertura da sucesso provisria, podero os interessados requerer a sucesso
definitiva e o levantamento das caues prestadas.