direito civil resumo da aula 4

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  • 7/21/2019 Direito Civil Resumo Da Aula 4

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    Direito CivilAula 4

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aulaministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livrosdoutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

    Centro:Rua Buenos Aires, 56 - 2, 3 e 5 andares Tel.: (21) 2223-1327 1Conhea nossa loja online: www.enfaseonline.com.br

    Assuntos tratados:

    1 Horrio.

    Capacidade / Incapacidade Absoluta / Incapacidade Relativa / Incapacidade

    Natural X Incapacidade de Pleno Direito / Natureza da Sentena de Interdio /

    Emancipao / Origens da Emancipao / Voluntria / Judicial / Legal /

    Casamento

    2 Horrio.

    Emprego Pblico Efetivo e Relao de Emprego em Geral / Colao de Grau /

    Responsabilidade Civil do Incapaz / Cdigo de 1916 X Cdigo de 2002 /

    Ausncia de Guarda / Responsabilidade Subsidiria do Incapaz / Menor

    Emancipado / Fim da Pessoa Natural / Morte Real / Eutansia e Ortotansia /

    Morte Ficta

    1 Horrio

    1. Capacidade (continuao)

    Considerando-se subjetivamente a personalidade, a capacidade ser a medida

    dos atos que podem ser praticados pelo sujeito de direito. Sabe-se que, desde o

    nascimento com vida, o indivduo possui aptido para ser sujeito de direitos e

    obrigaes, mas isso no significa que possa desempenhar todos os atos da vida civil.

    A capacidade tratada como um requisito para a validade dos atos negociais

    (negcio jurdico). Portanto, para que um negcio jurdico seja vlido, necessrio que

    a vontade seja manifestada por um agente capaz. Com efeito, para ser capaz de

    manifestar pessoalmente a vontade, necessrio que haja discernimento adequado.

    Todo ato ou fato jurdico que forma relaes jurdicas antes no existentes negocial?

    No, isto , nem todo acontecimento, ainda que humano, ser enquadrado

    como negcio jurdico, embora possa criar e interferir em relaes jurdicas. Assim,

    preciso saber que h atos que podero ser praticados pelos incapazes diretamente e

    que produziro efeitos, ainda que sem representao ou assistncia.

    A capacidade um requisito para a validade dos atos negociais, mas nem todo

    ato negocial. Com isso, possvel considerar:

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    (i) Os atos ilcitos extracontratuais podem ser praticados por pessoas que no

    tenham capacidade plena e deles resultaro efeitos, em que pese no

    sejam aqueles desejados, mas os impostos por lei.

    Se um ato lesivo praticado a terceiro, a lei impe ao agente uma sano de

    responsabilidade. Nesse aspecto, o incapaz pode cometer atos dos quais resultem a

    responsabilidade civil extracontratual e, diante disso, no se fala em assistncia ou

    representao para a prtica do ato.

    (ii) Os incapazes podem praticar determinados atos simples da vida,

    meramente lcitos, para os quais no se exige uma vontade qualificada.

    Esses so chamados de ato-fato. So acontecimentos que decorrem de

    conduta humana, mas que no dependem de vontade especial. Por

    exemplo, o caso do ato de ocupao como forma de aquisio depropriedade mvel.

    O fenmeno de ocupao se d quando algum, com o objetivo de ter a coisa

    para si, toma posse da coisa, seja de res nullius ou res derelicta. O ordenamento

    jurdico considera que essa ocupao vlida, em que pese poder ser praticada por

    agente incapaz. O mesmo no ocorre com o ato de compra e venda, que de natureza

    negocial.

    Outro exemplo de ato-fato o caso de pessoa acometida de enfermidade

    mental, considerada absolutamente incapaz, que, valendo-se de matria-prima alheia,pinta um quadro, praticando ato de especificao. Considerou-se que o ato-fato de

    especificao da matria-prima em uma obra de arte no exige vontade qualificada,

    sendo perfeitamente possvel que o incapaz seja dono da obra de arte por esse meio.

    No negcio jurdico os atos so praticados segundo efeitos desejados, queridos

    e previstos pelas partes, o que demanda uma vontade qualificada. Por outro lado, nos

    atos-fatos lcitos e atos ilcitos, os efeitos no so aqueles determinados pelas partes,

    mas aqueles impostos pela lei. Com isso, a vontade no precisa ser qualificada para

    que possam ser admitidos.

    Dito isso, possvel compreender que a funo da incapacidade protetiva, ou

    seja, busca-se proteger a pessoa que no tem o adequado discernimento para de

    comprometer em relao a determinados efeitos decorrentes, substancialmente, da

    vontade do agente. Sendo assim, reconhece-se a incapacidade quando for importante

    para proteger o prprio agente.

    Exemplo: um absolutamente incapaz de treze anos celebra um contrato de

    mtuo. O mtuo concedido aos incapazes no pode ser cobrado, salvo se realizado por

    meio do representante ou assistente. Acontece que o mutuante era o prprio sujeito

    incapaz. A outra parte, maior e capaz, alegou essa regra para afirmar que no teria que

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    pagar, pois o mtuo celebrado com incapaz inexigvel. No entanto, essa regra vale

    para proteger o incapaz, ou seja, somente pode ser invocada quando o incapaz estiver

    no polo passivo da relao.

    1.1. Incapacidade Absoluta

    A absoluta incapacidade aparece no art. 3 do CC.

    Art. 3oSo absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

    I - os menores de dezesseis anos;

    II - os que, por enfermidade ou deficincia mental, no tiverem o necessrio

    discernimento para a prtica desses atos;

    III - os que, mesmo por causa transitria, no puderem exprimir sua vontade.

    Embora o critrio do inciso I traga, em tese, uma presuno absoluta, o

    casamento de uma pessoa menor de 16 anos poder conduzi-la a um estado de

    emancipao, conduzindo-a a uma capacidade plena. H corrente doutrinria que

    defende a inaplicabilidade desse entendimento, em razo da previso de presuno

    absoluta de incapacidade. No entanto, o entendimento predominante de que o

    casamento vlido emancipa.

    Assim, a presuno da incapacidade absoluta do menor deve ser interpretada

    de modo a no se discutir se aquela pessoa tinha ou no capacidade de discernimento.Esse no ser um objeto de prova, bastando ser menor para ser considerado incapaz.

    Ainda que o desenvolvimento humano ocorra cada vez mais cedo, isso no d

    ao julgador a possibilidade de mitigar essa regra.

    Por sua vez, as hipteses dos incisos II e III dependem de anlise probatria,

    sendo necessrio um ato de interdio para que seja reconhecido o estado de

    incapacidade do agente.

    1.2. Incapacidade Relativa

    Os relativamente incapazes esto elencados no art. 4 do CC.

    Art. 4oSo incapazes, relativamente a certos atos, ou maneira de os exercer:

    I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

    II - os brios habituais, os viciados em txicos, e os que, por deficincia mental,

    tenham o discernimento reduzido;

    III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

    IV - os prdigos.

    Pargrafo nico. A capacidade dos ndios ser regulada por legislao especial.

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    Enquanto o absolutamente incapaz tem sua vontade substituda pela do

    representante, a do relativamente incapaz complementada pela do assistente. Em

    regra, a incapacidade relativa busca tutelar os direitos patrimoniais do sujeito incapaz.

    Exemplo: o art. 1.782 do CC trata da interdio do prdigo. Se o prdigo, por

    exemplo, se apaixonar, poder se casar sem que dependa da presena do assistente,

    salvo para celebrar pacto antinupcial. Da mesma forma, pode, sem assistncia,

    reconhecer um filho e registr-lo.

    Art. 1.782. A interdio do prdigo s o privar de, sem curador, emprestar,

    transigir, dar quitao, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e

    praticar, em geral, os atos que no sejam de mera administrao.

    Portanto, a assistncia diz respeitos aos atos de disposio substancial dopatrimnio.

    Se o sujeito, por exemplo, possui mais de 16 anos e menos de 18 anos, o art.

    666 do CC diz pode ser contratado como mandatrio. Ele, para o exerccio desses atos,

    no precisa de assistncia. Diversamente, h a ressalva de que aquele que constitui o

    menor de 18 anos como mandatrio no ter todas as aes disponveis para buscar

    sua responsabilizao.

    Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos no emancipado pode ser

    mandatrio, mas o mandante no tem ao contra ele seno de conformidadecom as regras gerais, aplicveis s obrigaes contradas por menores.

    1.3. Incapacidade Natural X Incapacidade de Pleno Direito

    possvel dizer que do nascimento at os 16 anos o sujeito absolutamente

    incapaz. Dos 16 aos 18 anos, relativamente incapaz e, aps, possui capacidade plena.

    Pelos documentos de identificao natural, ser possvel atestar a capacidade

    etria do sujeito. Contudo, a partir da maioridade, surge uma presuno relativa de

    capacidade, pois a pessoa maior pode no ser capaz. Com isso, surge um problema desegurana jurdica.

    A incapacidade natural aquela que se verifica como estado individual antes da

    interdio. J a incapacidade de pleno direito verifica-se aps a interdio.

    Essa diferena envolve questo probatria, pois, aps a sentena de interdio

    possvel provar a incapacidade documentalmente, uma vez que ela constar de

    registro pblico, mesmo sem trnsito em julgado.

    A publicidade dessa sentena, atravs do registro, far com que sujeito seja

    reconhecido publicamente como incapaz e, se algum celebra negcio jurdico com

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    ele, no poder alegar desconhecimento do seu estado de incapacidade. Porm, antes

    da interdio, quando a incapacidade apenas natural, em que h somente um

    quadro incapacidade, mais difcil falar em oponibilidade erga omnes, o que

    relativizaria a segurana jurdica.

    1.3.1. Natureza da Sentena de Interdio

    A doutrina prope resolver essa problemtica atravs de duas formas

    diferentes. Alguns atribuem sentena de interdio natureza meramente

    declaratria; outros entendem ser de natureza constitutiva ou mista.

    Art. 1.773. A sentena que declara a interdio produz efeitos desde logo, embora

    sujeita a recurso.

    A interpretao literal desse dispositivo ruim para a segurana jurdica, pois,

    pode ocorrer de o sujeito praticar, aps a sua maioridade, ato negocial, mas ser

    posteriormente interditado. Se a sentena de interdio declarar que a enfermidade

    anterior ao ato negocial praticado, sendo meramente declaratria, produzir efeitos ex

    tunc data em que se provou pela primeira vez a existncia da causa de incapacidade.

    Assim, quando a sentena declara a incapacidade e retroage seus efeitos, o

    negcio anteriormente praticado no perodo abrangido ser considerado invlido.

    Embora se atinja a segurana jurdica, h muitos julgadores que adotam esse

    entendimento, baseando-se em Caio Mrio, que coloca a sentena com um carter

    declaratrio da incapacidade, ainda que constitutiva da curatela.

    Em se entendendo que a sentena de interdio declaratria, todos os

    negcios anteriormente praticados seriam automaticamente. Eventual ao para

    restituir as partes ao estado anterior, no envolver discusso a respeito da

    capacidade. Assim, tambm ir gerar sentena meramente declaratria da nulidade.

    Por outro lado, aqueles que compreendem essa sentena como constitutiva ou

    mista, defendem que a sentena de interdio constitui novo estado individual. Osujeito que possua uma incapacidade natural passa a ter uma incapacidade de pleno

    direito. Assim, os atos praticados antes da interdio sero objeto de demanda

    autnoma e, em cada uma delas, ser necessrio demonstrar a incapacidade no

    momento da realizao daquele negcio. Portando, trata-se de ao desconstitutiva

    dos atos, dependente de prova.

    Por exemplo, uma pessoa possui uma enfermidade mental que a acomete

    intermitentemente, ou seja, tem perodos de lucidez e de enfermidade. No entanto, a

    proximidade dessas crises obsta que ela possa gerir individualmente os seusinteresses, demandando uma interdio. Para a segunda corrente, os atos praticados

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    antes da interdio, dependem de impugnao judicial autnoma por meio de provas

    de que o ato de enfermidade j acometia o sujeito no ato da celebrao do negcio.

    Portanto, para essa corrente, cada caso anterior dever ser discutide de per se,

    a fim de provar o estado de incapacidade do agente no ato da celebrao. Esse

    entendimento, ento, tenta ponderar a questo da segurana jurdica.

    A doutrina atual defende essa segunda corrente, para a qual a sentena

    constitutiva ou mista, em que pese a jurisprudncia caminhar no sentido da primeira

    corrente, entendendo ter natureza declaratria.

    A segunda corrente tem precedente no STJ, como se depreende dos Recursos

    Especiais 9077 e 255.271.

    REsp 9077 - DIREITO E PROCESSO CIVIL. INTERDIO. ATOS ANTERIORES A

    SENTENA. NULIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DE PROVA CONVINCENTE E

    IDONEA. CERCEAMENTO. INOCORRENCIA. HONORARIOS NA EXECUO. RECURSO

    NO CONHECIDO. I - PARA RESGUARDO DA BOA-FE DE TERCEIROS E SEGURANA

    DO COMERCIO JURIDICO, O RECONHECIMENTO DA NULIDADE DOS ATOS

    PRATICADOS ANTERIORMENTE A SENTENA DE INTERDIO RECLAMA PROVA

    INEQUIVOCA, ROBUSTA E CONVINCENTE DA INCAPACIDADE DO CONTRATANTE. II

    - OS HONORARIOS ARBITRADOS NO DESPACHO INICIAL DA EXECUO, PARA A

    EVENTUALIDADE DE PAGAMENTO IMEDIATO, SALVO RESSALVA, NO DEVEM SER

    ACRESCIDOS AOS HONORARIOS IMPOSTOS EM EMBARGOS JULGADOS

    IMPROCEDENTES. III - SE A PARTE NO REQUEREU A PRODUO DE PROVASSOBRE DETERMINADOS FATOS RELATIVOS A DIREITOS DISPONIVEIS, NO LHE E

    LICITO ALEGAR CERCEAMENTO POR JULGAMENTO ANTECIPADO. (REsp 9077/RS,

    Rel. Ministro SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em

    25/02/1992, DJ 30/03/1992, p. 3992)

    REsp 255.271 - CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FUNDAMENTAO. PROVA.

    INTERDIO.

    Somente a ausncia de fundamentao, no ocorrente na espcie, que enseja a

    decretao de nulidade da sentena com base no art. 458, II, no a

    fundamentao sucinta.

    Sendo o processo anulado por motivo no referente prova, esta pode ser

    utilizada, no mesmo feito, desde que ratificada, em respeito ao princpio da

    economia processual.

    Os atos praticados pelo interditado anteriores interdio podem ser anulados,

    desde que provada a existncia de anomalia psquica - causa da incapacidade -

    j no momento em que se praticou o ato que se quer anular.

    Recurso no conhecido.

    (REsp 255271/GO, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado

    em 28/11/2000, DJ 05/03/2001, p. 171)

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    1.4. Emancipao

    Pode ocorrer, no a antecipao da maioridade em si, mas dos seus efeitos, em

    caso de emancipao.

    A emancipao antecipa a capacidade plena. Isso no significa que a pessoa

    ser legitimada para todos os atos da vida civil, haja vista a diferena entre capacidade

    e legitimidade. Enquanto a capacidade geral, a legitimidade exige pressupostos

    especficos e, com isso, possvel ter capacidade e no ter legitimidade.

    possvel, por exemplo, ser maior, capaz, proprietrio de um bem imvel, livre,

    desembaraado e, portanto, alienvel. Contudo, caso o sujeito seja casado pelo regime

    da comunho parcial de bens, exige-se a vnia conjugal, ainda que o bem tenha sido

    adquirido antes do casamento.

    H atos negociais, ento, que s podero ser praticados com autorizao de

    terceiros, ainda que o sujeito seja plenamente capaz. possvel que o ordenamento

    considere que o ato negocial seja contrrio ordem pblica, sendo, ento, nulo, em

    que pese a inexistncia de causa natural impeditiva. o caso, por exemplo, da

    impossibilidade do curador de comprar bens do curatelado.

    H, portanto, situaes em que a legitimidade depende de terceiros e situaes

    em que o ordenamento refuta de plano qualquer legitimidade.

    Exemplo: o art. 496 do CC torna anulvel a venda de ascendente a

    descendente, salvo com o consentimento dos demais. O art. 497 do CC veda a compra

    de bens dos curatelados pelos curadores, aqui, por sua vez, no se trata de hiptese de

    suprimento.

    Art. 496. anulvel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros

    descendentes e o cnjuge do alienante expressamente houverem consentido.

    Pargrafo nico. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cnjuge se o

    regime de bens for o da separao obrigatria.

    Art. 497. Sob pena de nulidade, no podem ser comprados, ainda que em hasta

    pblica:

    I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados

    sua guarda ou administrao;

    II - pelos servidores pblicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurdica a que

    servirem, ou que estejam sob sua administrao direta ou indireta;

    III - pelos juzes, secretrios de tribunais, arbitradores, peritos e outros

    serventurios ou auxiliares da justia, os bens ou direitos sobre que se litigar em

    tribunal, juzo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua

    autoridade;

    IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.Pargrafo nico. As proibies deste artigo estendem-se cesso de crdito.

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    1.4.1. Origens da Emancipao

    A emancipao pode ter trs origens:

    a)

    Voluntria;b) Judicial; e

    c) Legal.

    1.4.1.1. Voluntria

    Art. 5 A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica

    habilitada prtica de todos os atos da vida civil.

    Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade:

    I - pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante

    instrumento pblico, independentemente de homologao judicial, ou por

    sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

    Essa emancipao pode ser concedida no exerccio do poder familiar, ser

    exercido em favor do incapaz. Os pais podem emancipar o filho que j tenha 16 anos

    completos.

    Requisitos de validade

    Requisito subjetivo: h a necessidade do consenso de ambos os pais.

    Em caso de divergncia, haver necessidade de suprimento judicial. A nica

    hiptese em que ser possvel apenas um faz-lo ser no caso do outro ser morto,

    ausente ou ter sido destitudo do poder familiar.

    Requisito subjetivo: exige-se, ainda, que o menor j tenha ao menos 16 anos

    completos.

    Requisito formal: necessariamente, a emancipao depender de instrumentopblico.

    O ato de emancipao no precisa estar acompanhado de justificativa e nem

    mesmo de homologao judicial.

    A emancipao produzir efeitos a partir do registro do ato emancipatrio no

    registro civil de pessoas naturais. Assim, a validade depende dos requisitos acima

    elencados, ao passo que a eficcia depende do registro.

    Por meio da emancipao, os pais concedem ao filho um poder que eles esto

    medindo que tenha. Esto elegendo-o como apto a desempenhar os atos da vida civil

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    sozinho. Seria como se os pais conferissem um mandatoao filho para a prtica dos

    atos da vida civil.

    A emancipao voluntria irretratvel, ou seja, no cabe clusula de

    arrependimento. Entretanto, pode o ato emancipatrio ser nulo ou anulvel e, se o ato

    for invlido, ento o efeito da emancipao poder ser afastado.

    Exemplo: os pais no estavam em consenso com a emancipao, mas houve

    coao, por parte de um deles, para que o outro manifestasse sua vontade no sentido

    de consentir com o ato de emancipao. Cessada a coao, poderia a parte coagida

    requerer a descontituio do ato emancipatrio.

    Os vcios de consentimento podem ensejar a futura anulao do ato

    emancipatrio, preservando-se os efeitos j consumados em relao a terceiros de

    boa-f. Portanto, possvel a anulao do ato de emancipao por vcio, mas no

    possvel a revogao.

    CJF, Enunciado 397. Art. 5. A emancipao por concesso dos pais ou por

    sentena do juiz est sujeita a desconstituio por vcio de vontade.

    CJF, Enunciado 450. Art. 932, I. Considerando que a responsabilidade dos pais

    pelos atos danosos praticados pelos filhos menores objetiva, e no por culpa

    presumida, ambos os genitores, no exerccio do poder familiar, so, em regra,

    solidariamente responsveis por tais atos, ainda que estejam separados,

    ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores.

    1.4.1.2. Judicial

    Art. 5 A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica

    habilitada prtica de todos os atos da vida civil.

    Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade:

    I - pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante

    instrumento pblico, independentemente de homologao judicial, ou por

    sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

    Um menor sob o regime de tutela no poder ser emancipado

    voluntariamente, haja vista que esta cabe aos pais. Ele precisar, ento, de uma

    deciso judicial emancipatria.

    O prprio menor quem requer a emancipao em juzo, bastando que tenha

    16 anos completos. O tutor ser ouvido para que opine sobre a convenincia ou no

    da emancipao e o juiz decidir fundamentadamente.

    a deciso judicial produz o efeito emancipatrio, devendo ser levada aregistro, a partir do qual ser plenamente eficaz.

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    1.4.1.3. Legal

    Art. 5, II - pelo casamento;

    III - pelo exerccio de emprego pblico efetivo;

    IV - pela colao de grau em curso de ensino superior;V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existncia de relao de

    emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anos completos

    tenha economia prpria.

    Deriva de um fato jurdico previsto na prpria norma. a prpria vontade do

    legislador que produzir os efeitos emancipatrios.

    1.4.1.3.1. Casamento

    H controvrsia em relao hiptese, pois o inciso II do art. 5 no fala em

    idade mnima. Embora o casamento seja destinado a quem tenha 16 anos completos,

    possvel que ocorra, excepcionalmente, para quem tenha menos dessa idade. De

    acordo com a posio majoritria, se o casamento for vlido, haver o efeito

    emancipatrio.

    O casamento requer autorizao, pois envolve menor. A concesso da

    autorizao dos pais, por si s, no emancipa. O que emancipa o casamento em si, e

    no a autorizao para casar.

    Os estados de vivo ou divorciado no afetam o efeito emancipatrio. Para que

    isso ocorra, dever o casamento ser anulado e, mesmo assim, se for considerado

    putativo (boa-f), aquele efeito poder ser mantido.

    Unio Estvel

    O legislador no contemplou a hiptese da unio estvel nesse dispositivo.

    Questiona-se, ento, a aplicao analgica dos efeitos da emancipao destinados ao

    casamento para a unio estvel.

    Embora haja equiparao entre o casamento e a unio estvel, nesse caso

    especfico h controvrsia. Alega-se que seria necessria a mudana do estado civil

    para afetar o estado individual. O fundamento da emancipao a aptido para

    constituir famlia. A unio estvel no altera publicamente o estado civil, tratando-se

    de situao de fato, com proteo constitucional isonmica famlia.

    No entanto, esse problema perfeitamente supervel, como ocorre com a

    possibilidade de emancipao do menor quando ele possui recursos prprios, ainda

    que no desempenho de sociedade de fato, mesmo sem registro.

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    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aulaministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livrosdoutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    Entende-se, ainda, que, diante da negativa do casamento pelos pais, o

    reconhecimento da emancipao atravs da unio estvel poderia ser um estmulo

    para ensejar a fuga dos filhos, constituindo unio estvel e o reconhecimento da

    emancipao indireta. Da a resistncia doutrinria e jurisprudencial ao

    reconhecimento, sendo essa a posio dominante.

    H, contudo, posicionamento no sentido de que a unio estvel muda o estado

    civil de solteiro para companheiro, o que ensejaria a emancipao1.

    2 Horrio

    1.4.1.3.2. Emprego Pblico Efetivo e Relao de Emprego em Geral

    O efetivo emprego pblico causa emancipatria. Pelo inciso III, no basta

    aprovao em concurso, deve ocorrer o exerccio de cargo efetivo.

    Tratando-se de cargo pblico transitrio, no h emancipao pelo inciso III,

    em que pese ser possvel a emancipao pelo inciso V, do art. 5, pargrafo nico.

    Essa exigncia legal foi mitigada pela previso do inciso V, do art. 5, pargrafo

    nico. A relao de emprego em geral emancipa quando o menor possui ao menos 16

    anos e possui recursos que ele administra, passando a lhe conferir economia prpria.

    Assim, o simples fato de possuir recursos prprios no gera emancipao,

    sendo necessrio que o menor passe a administrar sozinho os seus interesses.

    Exemplo: menor comea desenvolver atividade empresarial com autonomia

    patrimonial, sendo considerado emancipado, consequentemente. importante

    destacar que um menor incapaz pode ser scio em pessoa jurdica com fins lucrativos.

    Isso, por si s, no o emancipa, sendo necessrio que ele desenvolva a atividade

    pessoalmente e passe a ter independncia econmica.

    1.4.1.3.3. Colao de Grau

    Aquele que cola grau em curso superior est automaticamente emancipado.

    O legislador no exige idade para isso, mas faticamente ser improvvel que

    algum com menos de 16 anos venha a estar nessa situao.

    1Para fins de prova de concurso, unio estvel no emancipa.

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    1.5. Responsabilidade Civil do Incapaz

    1.5.1. Cdigo de 1916 X Cdigo de 2002

    No Cdigo Civil de 1916, o absolutamente incapaz era separado dorelativamente incapaz. O absolutamente incapaz no tinha responsabilidade pessoal

    pelos atos ilcitos extracontratuais por ele praticados. Havia, nesse caso, uma

    inimputabilidade civil do absolutamente incapaz, haja vista a necessidade de culpa

    para fins de atribuio de responsabilidade.

    Quem respondia por ele, ento, era seu representante legal: pais, tutores ou

    curadores. Como a responsabilidade era subjetiva, deveria havia a necessidade de

    demonstrao de culpa do representante legal. Ocorre que ele era presumidamente

    culpado, em razo do seu dever de vigilncia. Era a chamada culpa in vigilando,

    meramente relativa, admitindo prova em contrrio. Por exemplo, na hiptese do pai

    separado da me que detinha a guarda do filho. Isso representava um problema para a

    vtima, que poderia no receber por seus prejuzos.

    O relativamente incapaz, por sua vez, era responsvel solidariamente com o

    representante legal. Era apurada a culpa do incapaz pelo ato ilcito praticado e se

    presumiria a culpa do representante legal pelo dever de vigilncia, admitindo-se prova

    em contrrio. A vtima, nesse caso, deveria provar a culpa do relativamente incapaz e

    tinha a seu favor a presuno de culpa dos representantes, que, contudo, poderiam

    fazer prova em contrrio.Com o Cdigo de 2002, a situao foi completamente alterada e tudo o que era

    previsto em matria de responsabilidade civil do incapaz desapareceu. Assim, no

    importa o grau de incapacidade, ou seja, o incapaz responde da mesma forma, seja

    absoluta ou relativamente incapaz.

    Alguns autores afirmam que ilicitude pressupe discernimento, mas, nesse

    caso, deve-se considerar que o ilcito somente requer dano injusto, e no

    necessariamente culpa. Se o incapaz, ento, produz dano injusto, surge, para ele,

    responsabilidade extracontratual.O legislador, de um lado, deu vtima o direito de buscar reparao no

    patrimnio do prprio incapaz, mas, de outro lado, lhe retirou o benefcio da

    solidariedade dos pais. Com isso, a responsabilidade do incapaz existe, porm

    subsidiria; o incapaz possui benefcio de ordem em seu favor (art. 928 do CC). Dessa

    forma, responder somente em duas situaes:

    (i) O representante legal no pode ser responsabilizado;

    (ii) O representante legal no possui meios suficientes para reparar o dano.

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    CC, Art. 928. O incapaz responde pelos prejuzos que causar, se as pessoas por ele

    responsveis no tiverem obrigao de faz-lo ou no dispuserem de meios

    suficientes.

    Pargrafo nico. A indenizao prevista neste artigo, que dever ser eqitativa,no ter lugar se privar do necessrio o incapaz ou as pessoas que dele

    dependem.

    Com efeito, h a responsabilidade do representante legal. Essa ser imediata, e

    no subsidiria. Ademais, no se d por culpa no dever de vigilncia, mas porque os

    representantes so objetivamente responsveis pelo dever de vigilncia. No h mais a

    responsabilidade por culpa in vigilandoe, portanto, no haver prova da culpa, nem

    mesmo invertida.

    Essa alterao gera algumas discusses.

    1.5.2. Ausncia de Guarda

    O art. 932, I do CC reproduz o texto do Cdigo anterior e mantm dois

    pressupostos: autoridade e companhia para a responsabilidade dos pais.

    Art. 932. So tambm responsveis pela reparao civil:

    I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua

    companhia;

    Pela redao do dispositivo, o pai sem guarda no seria responsvel, mas

    somente o guardio, em que pese haver poder familiar. O tema, ento, foi abordado

    no supracitado enunciado 450 do CJF, que considerou solidria a responsabilidade

    entre os pais pelos atos do filho, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de

    regresso em caso de culpa exclusiva de um deles.

    Entendeu-se que o importante a autoridade, e no a guarda2. H precedentes

    do STJ nesse sentido, que o posicionamento atual. Assim, a guarda daria somente o

    direito de regresso, mas o que determinaria a responsabilidade seria o poder familiar.

    STJ, REsp 1.074.937 - CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE DOS PAIS E

    DA AV EM FACE DE ATO ILCITO PRATICADO POR MENOR. SEPARAO DOS PAIS.

    PODER FAMILIAR EXERCIDO POR AMBOS OS PAIS. DEVER DE VIGILNCIA DA AV.

    REEXAME DE FATOS. INCIDNCIA DA SMULA 7/STJ. DISSDIO JURISPRUDENCIAL

    COMPROVADO. () 2. Ao de reparao civil movida em face dos pais e da av

    de menor que dirigiu veculo automotor, participando de "racha", ocasionando a

    morte de terceiro. A preliminar de ilegitimidade passiva dos rus, sob a alegao

    de que o condutor do veculo atingiu a maioridade quando da propositura da

    2Esse enunciado pode ser questo de prova objetiva.

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    ao, encontra-se preclusa, pois os rus no interpuseram recurso em face da

    deciso que a afastou. 3. Quanto alegada ilegitimidade passiva da me e da

    av, verifica-se, de plano, que no existe qualquer norma que exclua

    expressamente a responsabilizao das mesmas, motivo pelo qual, por si s, noh falar em violao aos arts. 932, I, e 933 do CC. 4.A mera separao dos pais

    no isenta o cnjuge, com o qual os filhos no residem, da responsabilidade em

    relao ao atos praticados pelos menores, pois permanece o dever de criao e

    orientao, especialmente se o poder familiar exercido conjuntamente.

    Ademais, no pode ser acolhida a tese dos recorrentes quanto a excluso da

    responsabilidade da me, ao argumento de que houve separao e, portanto,

    exerccio unilateral do poder familiar pelo pai, pois tal implica o revolvimento do

    conjunto ftico probatrio, o que defeso em sede de recurso especial. Incidncia

    da smula 7/STJ. 5. Em relao av, com quem o menor residia na poca dos

    fatos, subsiste a obrigao de vigilncia, caracterizada a delegao de guarda,ainda que de forma temporria. A insurgncia quanto a excluso da

    responsabilidade da av, a quem, segundo os recorrentes, no poderia se imputar

    um dever de vigilncia sobre o adolescente, tambm exigiria reapreciao do

    material ftico-probatrio dos autos. Incidncia da smula 7/STJ. () 7. Recurso

    especial parcialmente conhecido e, na extenso, provido. (REsp 1074937/MA, Rel.

    Ministro LUIS FELIPE SALOMO, QUARTA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe

    19/10/2009)

    A perda do poder familiar, entretanto, exclui a responsabilidade pela prtica de

    ato ilcito do filho. Cristiano Chaves entende que a excluso do poder familiar no

    exclui a responsabilidade, sendo esse entendimento, contudo, minoritrio.

    1.5.3. Responsabilidade Subsidiria do Incapaz

    O incapaz responde subsidiariamente quando o seu representante legal no

    pode ser responsabilizado ou quando este no tiver bens suficientes.

    Nem todo incapaz possui representante legal nomeado, como ocorre comaquele sem curador antes da interdio. Se comete dano ilcito, ele ser diretamente

    responsabilizado. No sistema do Cdigo Civil de 1916 ningum seria responsabilizado.

    O STJ entendeu pela ausncia de interesse recursal de incapaz em recorrer, em

    caso no qual a vtima preferiu demandar seu pai. Assim, ele no seria parte, nem

    terceiro prejudicado.

    Notcia do STJ 08.03.2013

    Menor no pode recorrer em processo movido contra seu pai. A Terceira Turma do

    Superior Tribunal de Justia (STJ) negou a um menor a possibilidade de recorrer de

    deciso em que seu pai foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenizao por danos

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    morais e R$ 648 por danos materiais, por conta de uma briga entre adolescentes.

    Um dos menores quebrou um copo de vidro no rosto do outro, o que levou seu pai

    a ser responsabilizado judicialmente. O menor tentou recorrer da deciso, mas o

    Tribunal de Justia de Minas Gerais (TJMG) apontou sua ilegitimidade paraingressar com o recurso de apelao. O STJ decidiu que a responsabilidade do

    menor no solidria, mas subsidiria. Dessa forma, o filho no pode recorrer da

    sentena condenatria porque a ao foi unicamente proposta contra o

    pai. Responsabilidade dos pais. A ao de reparao de danos, inclusive estticos,

    foi ajuizada por um dos menores (representado pelo pai) contra o pai do outro

    menor (acusado da agresso). A base do ajuizamento foi a responsabilidade

    objetiva dos genitores pelos atos ilcitos praticados pelos filhos, prevista no inciso I

    do artigo 932 do Cdigo Civil. A deciso de primeiro grau decretou a revelia do

    ru, pois, embora a ao tenha sido proposta contra o pai do menor agressor, a

    contestao foi apresentada unicamente por este ltimo. O TJMG no conheceudo recurso de apelao, em razo da falta de legitimidade do menor para

    recorrer. O menor alegou ao STJ que a responsabilidade do pai pelos atos

    cometidos pelos filhos menores solidria com os prprios filhos, nos termos do

    pargrafo nico do artigo 942 do Cdigo Civil, o que justificaria seu interesse em

    recorrer. A relatora no STJ, ministra Nancy Andrighi, contudo, entendeu que a

    responsabilidade dos pais objetiva e a dos filhos menores tem carter subsidirio

    e no solidrio. Ela explicou que a norma do pargrafo nico do artigo 942 do

    Cdigo Civil deve ser interpretada em conjunto com a dos artigos 928 e 934, que

    tratam da responsabilidade subsidiria e mitigada do incapaz e da inexistncia de

    regresso contra o descendente absoluta ou relativamente incapaz. Patrimnio dos

    filhos. A ministra esclareceu que o patrimnio dos filhos menores pode responder

    pelos prejuzos causados, desde que seus responsveis no tenham obrigao de

    faz-lo ou no disponham de meios suficientes. Mesmo assim, afirmou Andrighi,

    nos termos do pargrafo nico do artigo 928, se for o caso de atingimento do

    patrimnio do menor, a indenizao ser equitativa e no ter lugar se privar do

    necessrio o incapaz ou as pessoas que dele dependam. No caso analisado pelo

    STJ, no se chegou a discutir a atribuio de responsabilidade ao menor, porque a

    ao foi proposta unicamente contra o pai. Mesmo que o pai do recorrente venha

    efetivamente a ressarcir os danos causados vtima em decorrncia das agressessofridas, cumprindo os termos da sentena condenatria, o patrimnio do

    recorrente no ser atingido porque, embora nos outros casos de atribuio de

    responsabilidade, previstos no artigo 932, seja cabvel o direito de regresso contra

    o causador do dano, o artigo 934 afasta essa possibilidade na hiptese de

    pagamento efetuado por ascendente, destacou a ministra. O nmero deste

    processo no divulgado em razo de sigilo judicial.

    Ele seria terceiro prejudicado se os efeitos da deciso pudessem atingi-lo

    patrimonialmente, nas hipteses da coisa julgada poder ser executada contra ele ou se

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    fosse cabvel direito de regresso. Ocorre que o art. 943 do CC garante o direito de

    regresso, salvo quando se tratar de descentende incapaz.

    Art. 943. O direito de exigir reparao e a obrigao de prest-la transmitem-se

    com a herana.

    Aquele que responde objetivamente pelo ato de terceiro tem direito de

    regresso, salvo quando for descendente absoluta ou relativamente incapaz. Se o caso

    fosse de tutela ou curatela, o tutor ou curador teria direito de regresso e, nesse caso, o

    incapaz teria interesse recursal, haja vista a possibilidade de se evitar um futuro

    regresso. O STJ, naquele caso, no reconheceu o interesse recursal, pois o recorrente

    era descendente do condenado.

    1.5.4. Menor Emancipado

    Se o menor for emancipado, deixar de gozar o benefcio do 928 do CC. Vale

    ressaltar que os dois benefcios desse dispositivo so a responsabilidade subsidiria e a

    equidade. O incapaz emancipado, ento, responder pela totalidade do dano

    produzido.

    Com a emancipao, no h mais dever de vigilncia, rompendo com o

    fundamento da responsabilidade objetiva do art. 932 do CC. Assim, somente o

    emancipado responderia, direta e imediatamente, e sem, a priori, o benefcio da

    equidade.

    Porm, h uma exceo. Esse entendimento no ser aplicado no caso da

    emancipao voluntria. No poder familiar, os pais podem delegar aos filhos uma

    autonomia que ningum mais pode, como se os elegessem como um mandatrio,

    exercendo esse poder familiar em seu lugar.

    Como ningum obrigado a contratar com um menor emancipado, seus pais

    no respondero pelos atos negociais que praticar. A doutrina, entretanto, afirma que,

    pelos ilcitos extracontratuais, os pais so solidariamente responsveis com o filhoemancipado3.

    Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que

    no haja culpa de sua parte, respondero pelos atos praticados pelos terceiros ali

    referidos.

    CJF, Enunciado 40. Art. 928: O incapaz responde pelos prejuzos que causar de

    maneira subsidiria ou excepcionalmente como devedor principal, na hiptese do

    ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos infracionais nos

    3Esse tema j foi abordado em prova objetiva da rea federal.

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    termos do art. 116 do Estatuto da Criana e do Adolescente, no mbito das

    medidas socioeducativas ali previstas.

    CJF, Enunciado 41. Art. 928: A nica hiptese em que poder haverresponsabilidade solidria do menor de 18 anos com seus pais ter sido

    emancipado nos termos do art. 5, pargrafo nico, inc. I, do novo Cdigo Civil.

    As outras hipteses de emancipao no geram responsabilidade solidria dos

    pais pelo ato ilcito do filho emancipado.

    STJ, REsp 122.573 - Suspenso do processo. Justifica-se sustar o curso do processo

    civil, para aguardar o desfecho do processo criminal, se a defesa se funda na

    alegao de legtima defesa, admissvel em tese. Dano moral. Resultando para os

    pais, de quem sofreu graves leses, considerveis padecimentos morais, tmdireito a reparao. Isso no se exclui em razo de o ofendido tambm pleitear

    indenizao a esse ttulo. Responsabilidade civil. Pais. Menor emancipado. A

    emancipao por outorga dos pais no exclui, por si s, a responsabilidade

    decorrente de atos ilcitos do filho. (REsp 122573/PR, Rel. Ministro EDUARDO

    RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/06/1998, DJ 18/12/1998, p. 340)

    A simples emancipao voluntria no exime os pais da responsabilidade, mas

    pode ser que gere prejuzos ao filho. Ele, ento, poder levar a questo ao Judicirio

    para impedir o ato emancipatrio.

    1.6. Fim da Pessoa Natural

    A pessoa natural termina com a morte, que pode ser real ou ficta.

    1.6.1. Morte Real

    A morte real reconhecida juridicamente a partir da morte enceflica.

    Lei 9.434/97, Art. 3 A retirada post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo

    humano destinados a transplante ou tratamento dever ser precedida de

    diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada por dois mdicos no

    participantes das equipes de remoo e transplante, mediante a utilizao de

    critrios clnicos e tecnolgicos definidos por resoluo do Conselho Federal de

    Medicina.

    Na ADPF 54, o STF tratou o aborto do feto anencfalo como uma questo de

    aborto eugnico, ou seja, como questo de sade, de modo a se evitar uma gravidez

  • 7/21/2019 Direito Civil Resumo Da Aula 4

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    que no seria saudvel. Assim, a hiptese no se confunde com a morte enceflica do

    art. 3 da lei 9.434/97.

    STF, ADPF 54 - ADPF - ADEQUAO - INTERRUPO DA GRAVIDEZ - FETO

    ANENCFALO - POLTICA JUDICIRIA - MACROPROCESSO. Tanto quanto possvel,

    h de ser dada seqncia a processo objetivo, chegando-se, de imediato, a

    pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Em jogo valores consagrados na Lei

    Fundamental - como o so os da dignidade da pessoa humana, da sade, da

    liberdade e autonomia da manifestao da vontade e da legalidade -,

    considerados a interrupo da gravidez de feto anencfalo e os enfoques

    diversificados sobre a configurao do crime de aborto, adequada surge a

    argio de descumprimento de preceito fundamental. ADPF - LIMINAR -

    ANENCEFALIA - INTERRUPO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - PROCESSOS EM

    CURSO - SUSPENSO. Pendente de julgamento a argio de descumprimento depreceito fundamental, processos criminais em curso, em face da interrupo da

    gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos at o crivo final do

    Supremo Tribunal Federal. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPO DA

    GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - AFASTAMENTO - MITIGAO. Na dico da ilustrada

    maioria, entendimento em relao ao qual guardo reserva, no prevalece, em

    argio de descumprimento de preceito fundamental, liminar no sentido de

    afastar a glosa penal relativamente queles que venham a participar da

    interrupo da gravidez no caso de anencefalia.

    1.6.1.1. Eutansia e Ortotansia

    A morte real no pode ser antecipada para fins teraputicos, isto , diante do

    sofrimento do sujeito. A Resoluo 1.805 do CFM regulamenta o procedimento de

    ortotansia, o que no se confunde com eutansia.

    CFM, Resoluo 1.805/06, Art. 1 permitido ao mdico limitar ou suspender

    procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal,

    de enfermidade grave e incurvel, respeitada a vontade da pessoa ou de seu

    representante legal.

    1 O mdico tem a obrigao de esclarecer ao doente ou a seu representante

    legal as modalidades teraputicas adequadas para cada situao.

    2 A deciso referida no caput deve ser fundamentada e registrada no

    pronturio.

    3 assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar

    uma segunda opinio mdica.

    Art. 2 O doente continuar a receber todos os cuidados necessrios para aliviar

    os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistncia integral, o

    conforto fsico, psquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da

    alta hospitalar.

  • 7/21/2019 Direito Civil Resumo Da Aula 4

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    Direito CivilAula 4

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    A ortotansia seria deixar de postergar a morte atravs de tratamentos

    paleativos incapazes de produzir efeito que no um prolongamento artificial. Deixa-se

    a pessoa morrer naturalmente, j que essa ocorrncia certa.

    Eutansia, por outro lado, seria antecipar o bito para conceder ao indivduo

    uma boa morte, poupando-a de um sofrimento maior. No caso da eutansia, a morte

    no certa e nem prxima.

    A medicina lista duas formas conhecidas de eutansia: ativa e passiva. Na

    eutansia ativa, quem causa a boa morte o faz atravs de uma ao. A conduta ativa

    leva diretamente morte, no havendo dvida do nexo de causalidade. Seria o

    exemplo de uma injeo letal.

    Na eutansia passiva, a morte decorre por uma omisso, em um quadro em

    que essa era necessariamente inevitvel ou prxima. No era, portanto, certa. Por

    exemplo, um pai, na Itlia, obteve autorizao judicial para desligar os aparelhos que

    auxiliavam a manuteno da vida da sua filha em coma h 17 anos, em que pese o seu

    corpo ser saudvel e os seus sinais vitais serem estveis. Na verdade, deixa-se de

    prestar a assistncia necessria para a sobrevida, permitindo que uma causa de morte

    se instale naquele quadro.

    Isso vedado no Brasil. No possvel adotar conduta que seja determinante

    para o bito, ainda que passivamente.

    A ortotansia, por outro lado, envolve um quadro de morte prximo eirreversvel, no qual, no entanto, seria possvel adotar mecanismos de prolongamento

    da sobrevida por alguns instantes. A assistncia deixa de ser prestada e aquela morte

    anunciada, atravs da conduta, consuma-se. Na verdade, a conduta no seria de

    provocar a morte, mas de no interferncia. Nota-se, desse modo, uma linha tnue

    entre a ortotansia e a eutansia passiva.

    Diante dessa problemtica, o Ministrio Pblico Federal moveu uma ACP contra

    a resoluo do CFM, que foi suspensa cautelarmente durante um tempo. Em 2011, a

    ao foi julgada favoravelmente ao CFM e a resoluo est plenamente eficaz.A diferena seria a concausalidade da conduta para determinar a sua ilicitude.

    Seria possvel, entretanto, ocorrer um o erro de proibio do agente que acredita ser

    possvel a eutansia passiva.

    1.6.2. Morte Ficta

    possvel, ainda, a morte ficta, que pode se dar por duas razes distintas:

    (i)

    Declara-se uma morte que, pelas circunstncias presume-se ter acontecidodeclarao de morte presumida (art. 7 do CC).

  • 7/21/2019 Direito Civil Resumo Da Aula 4

    20/21

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    Art. 7oPode ser declarada a morte presumida, sem decretao de ausncia:

    I - se for extremamente provvel a morte de quem estava em perigo de vida;

    II - se algum, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, no for encontrado

    at dois anos aps o trmino da guerra.Pargrafo nico. A declarao da morte presumida, nesses casos, somente poder

    ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguaes, devendo a sentena

    fixar a data provvel do falecimento.

    O procedimento, no caso, de justificao de bito, que no se confunde com

    o procedimento de justificao previdencirio (justia federal). O procedimento de

    justificao de bito ocorre na rea estadual.

    Essa declarao de morte presumida faz-se quando a pessoa desaparece em

    determinados acidentes e o juiz declara a data provvel do bito, para fins sucessrios.

    Essa sentena ser levada a registro para que, aps, seja aberto o inventrio.

    O requisito que o desaparecimento tenha ocorrido em circunstncias em que

    se possa deduzir a morte e que as buscas tenham sido encerradas.

    Em se tratando de pessoa presa ou desaparecida em conflito armado, civil ou

    militar, conta-se dois anos aps o mesmo para a declarao de morte presumida.

    (ii) Procedimento de ausncia.

    Art. 6o

    A existncia da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso

    definitiva.

    O procedimento de ausncia ocorre no juzo orfanolgico, sendo de

    competncia da justia estadual. A questo lateral que mais aparece a presuno de

    morte do ausente, que no se confunde com a declarao de morte presumida.

    A presuno de morte do ausente um efeito decorrente da sentena do

    procedimento de ausncia. Ocorre que esse abarca trs fases e, portanto, trs

    sentenas:

    A primeira declara a ausncia e nomeia curador para os bens. Essa no

    produz o efeito morte;

    A segunda deciso abre a sucesso provisria. Tambm no produz esse

    efeito, mas apenas transmite aos herdeiros presumidos o uso e a fruio

    dos bens;

    A terceira fase, por fim, determina a sucesso definitiva. Essa que produz

    o efeito da presuno de morte. Nesse momento, os herdeiros deixam deser presumidos e passam a ser certos. O momento da morte ser

  • 7/21/2019 Direito Civil Resumo Da Aula 4

    21/21

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    considerado, portanto, o momento da abertura da sucesso definitiva. Se

    algum herdeiro morrer durante o trmite, sai da sucesso, em que pese j

    tivesse a posse do bem (art. 37 do CC). H divergncia em relao aos

    efeitos matrimoniais, mas, quanto aos patrimoniais, esse o momento damorte.

    Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentena que concede a

    abertura da sucesso provisria, podero os interessados requerer a sucesso

    definitiva e o levantamento das caues prestadas.