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Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário .......................................................................................................................................... 1. Evicção .................................................................................................................... 2 1.1 Evicção e Hasta Pública ......................................................................................... 3 1.2 Evicção e Denunciação da Lide ............................................................................. 3 1.3 Evicção e Perda Administrativa da Coisa .............................................................. 4 1.4 Evicção e Cláusulas Especiais ................................................................................ 5 1.5 Evicção e Liquidação do Dano ............................................................................... 6 2. Extinção do Contrato .............................................................................................. 7 2.1 Resilição................................................................................................................. 8 2.1.1 Distrato ........................................................................................................... 8 2.1.2 Denúncia ......................................................................................................... 8 2.2 Resolução .............................................................................................................. 9 2.2.1 Impossibilidade Superveniente ...................................................................... 9 2.2.2 Inadimplemento Absoluto............................................................................ 10 2.2.3 Onerosidade Excessiva Superveniente......................................................... 12 3. Direitos Reais ........................................................................................................ 13 3.1 Posse ................................................................................................................... 15

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  • Direito Civil

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula

    ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros

    doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    Sumrio

    ..........................................................................................................................................

    1. Evico .................................................................................................................... 2

    1.1 Evico e Hasta Pblica ......................................................................................... 3

    1.2 Evico e Denunciao da Lide ............................................................................. 3

    1.3 Evico e Perda Administrativa da Coisa .............................................................. 4

    1.4 Evico e Clusulas Especiais ................................................................................ 5

    1.5 Evico e Liquidao do Dano ............................................................................... 6

    2. Extino do Contrato .............................................................................................. 7

    2.1 Resilio................................................................................................................. 8

    2.1.1 Distrato ........................................................................................................... 8

    2.1.2 Denncia ......................................................................................................... 8

    2.2 Resoluo .............................................................................................................. 9

    2.2.1 Impossibilidade Superveniente ...................................................................... 9

    2.2.2 Inadimplemento Absoluto ............................................................................ 10

    2.2.3 Onerosidade Excessiva Superveniente ......................................................... 12

    3. Direitos Reais ........................................................................................................ 13

    3.1 Posse ................................................................................................................... 15

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    1. Evico

    Artigos 447 a 457 do Cdigo Civil.

    Evico a perda do bem (do direito sobre a coisa) adquirido atravs de contrato

    oneroso ou aquisio em hasta pblica, decorrente de uma deciso judicial ou

    administrativa, que importe em reconhecer o direito de um terceiro sobre aquela coisa,

    sempre com fundamento em uma causa jurdica anterior.

    O problema na evico no est na coisa, como ocorre com o vcio redibitrio.

    Em linhas gerais, acontece da seguinte maneira: um adquirente de boa-f que

    celebra um contrato oneroso com o alienante, com o propsito de adquirir certa coisa,

    pagando um preo para tornar-se possuidor e/ou dono da coisa, adquirindo direito real

    sobre a coisa.

    Na medida em que esse adquirente se sente satisfeito com a coisa, espera ele estar

    de fato exercendo sua posse legitimamente, em razo do direito que lhe foi transmitido. Ate

    que surge um terceiro, denominado evictor, que arguiu causa jurdica qualquer que torna a

    transmisso invlida ou eficaz, alegando que tem melhor direito sobre a coisa.

    A causa jurdica deve ser sempre anterior, no podendo ser superveniente.

    Esse terceiro, ento, reivindica a coisa por ao judicial e o adquirente passa a sofrer

    o risco da evico, ser evicto. Havendo a evico, quer dizer que o direito transmitido ao

    adquirente no tinha a qualidade que se esperava. E como existe a garantia legal da

    qualidade do direito, uma vez que nos contratos onerosos o alienante responsvel pelo

    direito que transmite, passa a responder pelos prejuzos do adquirente.

    Observe-se que a responsabilidade do alienante pela evico independe do seu dolo

    ou culpa. responsvel mesmo que ignore o direito do evictor.

    O adquirente de boa-f denunciar a lide ao alienante, a fim de que este tome

    conhecimento de que existe o risco da evico. Afinal, o terceiro est propondo ao contra

    o adquirente reivindicando a coisa.

    Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evico lhe resulta, o adquirente

    notificar do litgio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe

    determinarem as leis do processo.

    Pargrafo nico. No atendendo o alienante denunciao da lide, e sendo manifesta a

    procedncia da evico, pode o adquirente deixar de oferecer contestao, ou usar de

    recursos.

    O adquirente deve ter adquirido a coisa de boa-f, caso contrrio nada poder

    reclamar a ttulo de evico.

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    Art. 457. No pode o adquirente demandar pela evico, se sabia que a coisa era alheia

    ou litigiosa.

    1.1 Evico e Hasta Pblica

    A dificuldade no caso da hasta pblica est em se definir quem ser o responsvel, j

    que o alienante seria o Estado-juiz, o adquirente seria o arrematante, mas o titular do direito

    transmitido seria o executado, embora o proveito da execuo caiba ao exequente.

    Nesse caso, o arrematante vai ter ao contra quem?

    R: Jurisprudencialmente tem-se que responder pela evico em hasta pblica o (os)

    beneficirios do produto da arrematao, isto , do preo. Tais quais: o exequente; credores

    concorrentes se houver; o executado, no caso de haver saldo remanescente. Assim, todos

    aqueles que auferem parte do preo obtido com a arrematao so corresponsveis.

    1.2 Evico e Denunciao da Lide

    Nos termos dos artigos 456, CC e 70, I, CPC, a denunciao da lide obrigatria ao

    alienante. Em que pese a literalidade dos dispositivos, o STJ tem entendido que a falta de

    denunciao no acarreta a perda do direito, mas apenas a necessidade de ao

    autnoma.

    Isto , se o adquirente de boa-f, no momento em que foi citado numa ao de

    evico, no denunciou a lide ao alienante, aquele a quem futuramente pode

    responsabilizar, no perde por isso o direito de responsabiliza-lo, mas to somente perde o

    efeito imediato da coisa julgado, no podendo se valer da sentena que o condena evico

    para reaver, de imediato, o ressarcimento por parte do alienante. Ter que ajuizar nova ao

    para tanto.

    Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evico lhe resulta, o adquirente

    notificar do litgio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe

    determinarem as leis do processo.

    Art. 70. A denunciao da lide obrigatria:

    I - ao alienante, na ao em que terceiro reivindica a coisa, cujo domnio foi transferido

    parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evico Ihe resulta;

    O STJ tambm se posiciona no sentido de entender que a posio doutrinria,

    segundo a qual a falta de denunciao importaria em perda automtica da garantia, por

    decadncia/caducidade desta, no se aplica.

    Outra questo importante sobre denunciao da lide decorre da redao do artigo

    456, CC que prev a denunciao ao alienante imediato ou a qualquer dos anteriores. E isso

    uma grande novidade no contexto da evico, porque sendo esta uma garantia contratual,

    o normal que o contrato opere os seus efeitos interpartes.

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    Ou seja, funcionaria assim: se A adquiriu de B a coisa, seria de B que deveria

    buscar a garantia/direito de ressarcimento. E assim, sucessivamente, na forma do artigo 73,

    CPC denunciao sucessiva.

    Art. 73. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimar do litgio

    o alienante, o proprietrio, o possuidor indireto ou o responsvel pela indenizao e,

    assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo

    antecedente.

    Pela redao do artigo 456 do CC, A passa a poder buscar de B ou de qualquer

    alienante anterior, que esteja na cadeia de alienao, a garantia/ressarcimento. Para parte

    dos processualistas isso significaria uma denunciao per saltum, que se justificaria pela

    maior celeridade e economia processual.

    Para os civilistas, contudo, no seria exatamente uma hiptese de denunciao per

    saltum. Para estes, o artigo 456, CC estaria a impor uma solidariedade entre todos os

    alienantes anteriores, em razo da funo social do contrato, todos seriam garantidores

    dessa funo social, pelo que todos estariam solidrios ao ltimo alienante, que sofreu a

    evico.

    possvel, ento, ao adquirente denunciar a lide no s ao alienante

    imediato, mas a qualquer dos anteriores?

    R: Sim. Na cadeia sucessria, pode-se buscar qualquer um dos transmitentes

    anteriores.

    Observao: Se o fundamento uma denunciao per saltum, processualmente

    falando, em nome de uma maior celeridade ou se o fundamento , no direito material,

    solidariedade e funo social do contrato, isso para ser discutido em questo discursiva de

    prova.

    Enunciados 29 e 434 do CJF:

    29) Art. 456: a interpretao do art. 456 do novo Cdigo Civil permite ao evicto a

    denunciao direta de qualquer dos responsveis pelo vcio.

    434) Art. 456. A ausncia de denunciao da lide ao alienante, na evico, no

    impede o exerccio de pretenso reparatria por meio de via autnoma.

    1.3 Evico e Perda Administrativa da Coisa

    questo jurisprudencial.

    Historicamente, a evico decorre de deciso judicial. A perda por ato administrativa

    como, por exemplo, apreenso por autoridade policial de res furtiva que se encontrava em

    poder do adquirente de boa-f, no estava prevista.

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    Acontece que j h uma dcada, pelo menos, o STJ vem adotando posicionamento

    constante no sentido de que a perda administrativa, quando o ato administrativo eivado de

    presuno de legalidade d ao evicto a confiana de que ele no reverter aquela situao,

    tambm poderia justificar a imputao da responsabilidade ao alienante pelo prejuzo

    decorrente da evico ocorrida administrativamente.

    1.4 Evico e Clusulas Especiais

    A evico admite clusulas especiais, nos termos dos artigos 448 e 449 do Cdigo

    Civil.

    Art. 448. Podem as partes, por clusula expressa, reforar, diminuir ou excluir a

    responsabilidade pela evico.

    Art. 449. No obstante a clusula que exclui a garantia contra a evico, se esta se der,

    tem direito o evicto a receber o preo que pagou pela coisa evicta, se no soube do risco

    da evico, ou, dele informado, no o assumiu.

    So clusulas que podem pretender o reforo, limitao ou excluso da garantia.

    A clusula de reforo a mais tranquila, vez que sobre ela no pende qualquer risco

    de abusividade, pois uma clusula que aumenta a garantia no ser prejudicial ao

    adquirente. Ao contrrio, coloca o adquirente em posio mais confortvel.

    Exemplo: clusula que alm da indenizao cabvel atribua, ainda, multa. Como

    ocorre com a devoluo em dobro.

    A clusula limitativa importa em estabelecer um teto indenizatrio.

    Deve ser observada com cautela, pois se inserida em uma relao de consumo (se,

    por exemplo, o fornecedor coloca uma clusula limitativa da sua responsabilidade por uma

    evico do consumidor) poder ser considerada nula, por abusiva, nos termos do artigo 51, I,

    CDC.

    Excepcionam-se os consumidores pessoas jurdicas, nos casos em que a clusula

    limitativa seja considerada coerente com o negcio celebrado.

    Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao

    fornecimento de produtos e servios que:

    I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vcios de

    qualquer natureza dos produtos e servios ou impliquem renncia ou disposio de

    direitos. Nas relaes de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurdica, a

    indenizao poder ser limitada, em situaes justificveis;

    A clusula de excluso exonera da responsabilidade de indenizar.

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    No CDC ser sempre proibida, pois se trata de clusula de no indenizar, que significa

    no responsabilizao do fornecedor, o que vedado. O Cdigo Civil, por outro lado,

    permite essa exonerao de responsabilidade por clusula de excluso.

    Necessrio observar que de acordo com o artigo 449 do CC/02 se pode excluir ou

    pretender excluir a responsabilidade de indenizao nas hipteses gerais de evico (exclui-

    se a responsabilidade do alienante na ocorrncia de qualquer causa futura que venha a

    causar evico). No entanto, essa clusula de extino genrica no exonera o alienante, de

    forma completa, de toda e qualquer responsabilidade.

    A clusula que diz que o alienante no se responsabiliza genericamente pela evico

    afasta as outras perdas e danos que a evico pode acarretar, mas no afasta o direito do

    adquirente do ressarcimento pelo preo que pagou.

    Por outro lado, quando estabelecida expressamente a causa que pode levar

    futuramente evico, e a outra parte ciente aceita o risco, o contrato passa a ser de risco e,

    se esse se implementar, no poder o adquirente exigir nada do alienante.

    1.5 Evico e Liquidao do Dano

    A liquidao do dano (as verbas devidas) constam dos artigos 450 a 455 do CC/02.

    Art. 450. Salvo estipulao em contrrio, tem direito o evicto, alm da restituio

    integral do preo ou das quantias que pagou:

    I - indenizao dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

    II - indenizao pelas despesas dos contratos e pelos prejuzos que diretamente

    resultarem da evico;

    III - s custas judiciais e aos honorrios do advogado por ele constitudo.

    Pargrafo nico. O preo, seja a evico total ou parcial, ser o do valor da coisa, na

    poca em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evico

    parcial.

    Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigao, ainda que a coisa alienada esteja

    deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.

    Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deterioraes, e no tiver sido

    condenado a indeniz-las, o valor das vantagens ser deduzido da quantia que lhe

    houver de dar o alienante.

    Art. 453. As benfeitorias necessrias ou teis, no abonadas ao que sofreu a evico,

    sero pagas pelo alienante.

    Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evico tiverem sido feitas pelo

    alienante, o valor delas ser levado em conta na restituio devida.

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    Art. 455. Se parcial, mas considervel, for a evico, poder o evicto optar entre a

    resciso do contrato e a restituio da parte do preo correspondente ao desfalque

    sofrido. Se no for considervel, caber somente direito a indenizao.

    Observao: Quando o legislador diz que o alienante responde pelo preo quer dizer,

    na verdade, que ele responde pelo valor da coisa no momento da evico. E no pelo valor

    pago pela coisa no momento da compra (artigo 450, pargrafo nico, CC).

    Art. 450 (...)

    Pargrafo nico. O preo, seja a evico total ou parcial, ser o do valor da coisa, na

    poca em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evico

    parcial.

    O valor da coisa no momento da aquisio serve apenas nos casos de clusula

    exonerativa de responsabilidade (clusula de excluso de responsabilidade genrica),

    quando o alienante se responsabiliza a devolver o preo atualizado e com acrscimos.

    2. Extino do Contrato

    A forma normal de extino do contrato o adimplemento. Entretanto, muitas vezes,

    o contrato termina de maneira anormal. E essas modalidades anormais que so reguladas

    nos artigos 472 a 480, CC.

    a) RESILIO se d quando a extino do contrato, embora anormal, no depende de

    justa causa. No necessita de motivao para extinguir o contrato. Se d pelo direito

    que se tem de no mais querer a relao contratual. Esse direito de no querer mais,

    logicamente, uma situao excepcional, pois, via de regra, o contrato tem fora

    obrigatria.

    Pode ser:

    RESILIO BILATERAL: o distrato.

    Quando ambos os contratantes no desejam mais o vnculo contratual. Decidem

    consensualmente pelo fim do contrato.

    RESILIO UNILATERAL: a denncia.

    Quando uma das partes tem o direito potestativo de sujeitar a outra ao fim do

    contrato, ainda que contra a sua vontade.

    b) RESOLUO envolve em seu sentido estrito uma ruptura motivada, a existncia de

    justa causa.

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    Pode decorrer da (o):

    IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE

    INADIMPLEMENTO ABSOLUTO

    EXCESSIVA ONEROSIDADE

    2.1 Resilio

    2.1.1 Distrato

    Artigo 472 do CC:

    Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

    Isso quer dizer que se o contrato for no-solene, tambm ser no-solene o distrato.

    Da mesma forma que um contrato solene vai exigir distrato formal/solene para a sua

    validade.

    Exemplo: compra e venda de imvel em eu o contrato deve ser pr instrumento

    pblico e o eventual distrato tambm (artigo 108, CC).

    Art. 108. No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos

    negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de

    direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo

    vigente no Pas.

    2.1.2 Denncia

    Artigo 473 do CC:

    Art. 473. A resilio unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o

    permita, opera mediante denncia notificada outra parte.

    A possibilidade de denncia unilateral excepcional, uma vez que afeta a segurana

    do contrato.

    Em que tipo de contrato a denncia considerada/admitida de forma implcita?

    R: Normalmente, nos contratos por prazo indeterminado, especialmente os de trato

    sucessivo. Observar se no h vedao legal.

    Entretanto, preciso saber que mesmo os contratos de prazo indeterminado podem

    no ser objeto de denncia ou pode ser que o direito de denncia caiba a um dos

    contratantes e no ao outro.

    Exemplo: um plano de sade no ode ser denunciado pela operadora, que no pode

    dizer que no quer mais o contrato com determinado usurio, muito embora o usurio

    possa faz-lo. Isto se d, no caso, por que a vulnerabilidade do usurio muito maior e

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    possibilitar a denncia pela operadora seria colocar o usurio em evidente situao de

    insegurana.

    Verifique-se que no porque o contrato prev o direito de renncia que este pode

    ser exercido de forma abusiva. Deve ser observada a boa-f.

    Observe-se o pargrafo nico do artigo 473 do CC:

    Art. 473 (...)

    Pargrafo nico. Se, porm, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito

    investimentos considerveis para a sua execuo, a denncia unilateral s produzir

    efeito depois de transcorrido prazo compatvel com a natureza e o vulto dos

    investimentos.

    Hipteses relevantes de denncia:

    Locao de imvel urbano: artigo 4, Lei n 8.245/91. Durante a vigncia do

    contrato por prazo determinado no pode o locador denunciar a locao,

    entretanto o locatrio pode, sujeitando-se multa contratual proporcional, se

    houver.

    Art. 4o Durante o prazo estipulado para a durao do contrato, no poder o locador

    reaver o imvel alugado. Com exceo ao que estipula o 2o do art. 54-A, o locatrio,

    todavia, poder devolv-lo, pagando a multa pactuada, proporcional ao perodo de

    cumprimento do contrato, ou, na sua falta, a que for judicialmente estipulada.

    Fiana: artigo 835 do CC. Nos casos de contrato de fiana por prazo

    indeterminado, o fiador pode se desonerar da fiana notificando o credor. Nesse

    caso, permaneceria garantindo o contrato por mais 60 dias apenas.

    Art. 835. O fiador poder exonerar-se da fiana que tiver assinado sem limitao de

    tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiana, durante

    sessenta dias aps a notificao do credor.

    2.2 Resoluo

    2.2.1 Impossibilidade Superveniente

    Quando a obrigao depois de contratada se tornar impossvel, o contrato se resolve.

    Ser necessrio avaliar o tipo de responsabilidade civil. Se for subjetiva, preciso

    apurar se a impossibilidade decorreu de culpa do devedor. No caso de ausncia de culpa,

    fica exonerado e no precisa indenizar. Por outro lado, se a responsabilidade for objetiva, o

    devedor vai responder pela impossibilidade superveniente, se essa decorreu de um fortuito

    interno da atividade.

    Exemplo: companhia area que cancela o vo de A, alegando a impossibilidade

    superveniente por razes climticas. Se a situao climtica for ordinria do risco da

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    atividade, haver uma reponsabilidade possvel a se imputar. Por outro lado, se uma

    situao estranha ao risco da atividade, sendo extraordinria/fora maior, afasta-se a

    responsabilidade.

    2.2.2 Inadimplemento Absoluto

    Neste caso, invoca-se a clusula resolutiva, que o direito que se tem, implcita ou

    explicitamente, de se requerer a extino do contrato, na medida em que a prestao no se

    mostra mais til, por conta do inadimplemento.

    A clusula resolutiva pode ser tcita ou expressa (artigo 395, paragrafo nico e

    artigos 474 e 475 do CC).

    Na clusula resolutiva tcita os parmetros de utilidade da prestao, atravs do

    quais se tem o direito de pedir a resciso, no esto previstos expressamente.

    Quando no se tem essa clareza no contrato, a clusula resolutiva considerada

    tcita, devendo a resoluo se dar atravs do judicirio, que analisar os parmetros para

    ver se so compatveis/legtimos, j que no esto definidos interpelao judicial,

    Art. 395. Responde o devedor pelos prejuzos a que sua mora der causa, mais juros,

    atualizao dos valores monetrios segundo ndices oficiais regularmente estabelecidos,

    e honorrios de advogado.

    Pargrafo nico. Se a prestao, devido mora, se tornar intil ao credor, este poder

    enjeit-la, e exigir a satisfao das perdas e danos.

    Art. 474. A clusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tcita depende de

    interpelao judicial.

    Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resoluo do contrato, se no

    preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenizao por

    perdas e danos.

    J no que se refere clusula resolutiva expressa, como nela j se tem todos os

    parmetros para considerar a prestao intil, opera efeitos de pleno direito.

    Enunciado 436 do CJF:

    436) Art. 474. A clusula resolutiva expressa produz efeitos extintivos

    independentemente de pronunciamento judicial.

    Alguns autores entendem que toda clusula resolutiva exigiria interpelao judicial

    prvia, mas esse no o entendimento predominante.

    Observe-se que em alguns contratos a lei no permite o efeito resolutrio

    automtico, exigindo interpelao judicial prvia. Assim no caso da compra e venda de

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    imvel; de locao de imveis, que exige a ao de desejo, mesmo que haja clusula de

    resoluo automtica. So situaes que a lei vai estabelecer especialmente.

    J nos casos em que a lei no o fizer, a clusula resolutiva automtica expressa no

    contrato aperar seus efeitos, isto , o contrato estar extinto automaticamente ao

    preencher dos parmetros objetivos estabelecidos na clusula resolutria.

    Na questo do inadimplemento, o pedido resolutrio no tem cabimento se feito de

    forma abusiva e assim ser se for feito diante de:

    - adimplemento substancial: se j houve adimplemento substancial quer dizer que a

    utilidade do contrato j foi quase que plenamente alcanada. No sendo legtimo, ento, a

    arguio de inutilidade do credor. Assim, a pretenso resolutria abusiva.

    - inadimplemento mnimo: se o adimplemento mnimo, sinal de que no foi capaz

    de retirar a utilidade da prestao. Assim, no pode o credor preferir a resciso de contrato,

    o que configura abuso de direito. Pode-se cobrar o que esteja pendente, mesmo que

    mnimo. O que no se pode , por isso, rescindir o contrato.

    O inadimplemento pode levar, ainda, a um comportamento que inicialmente

    passivo/omissivo e que, num segundo momento, vai significar matria de defesa. Assim, ao

    invs de invocar o fim do contrato, exercendo a pretenso resolutria, poderia

    simplesmente no pagar. Em no recebendo o que cabvel poderia no pagar o que deve,

    uma vez que o comportamento da outra parte serviria de espelho. Trata-se da exceo de

    contrato no cumprido.

    Exceo de contrato no cumprido (excepti non adimpleti contractus): ao invs da

    parte inocente ir a juzo exigir a imediata resciso por inadimplemento, adota conduta de

    no executar a sua parte, aguardando assim, se necessrio, que a outra parte cumpra a sua.

    Ou, se a outra parte resolve pela execuo, a parte inocente responder em matria de

    defesa que no pode a parte exigir o cumprimento de sua obrigao se no cumpre com a

    que lhe cabe (artigo 476 do CC).

    Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua

    obrigao, pode exigir o implemento da do outro.

    aplicvel aos contratos bilaterais, em que h reciprocidade de prestaes. Devendo

    ser levada em considerao a ordem de prestaes.

    O que fazer se a prestao de A vence primeiro, mas a de B j se mostra duvidosa?

    R: Pela exceo de contrato no cumprido, na sua forma padro, no se resolve esse

    problema, pois esta pressupe a ordem de fatores, que no existe nesse caso. Assim, tem

    que se valer de outra exceo, qual seja exceo de inseguridade.

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    Exceo de inseguridade: significa que diante do temor de que o outro contratante

    no v cumprir a parte dele, porque j se mostra com risco de insolvncia ou com

    comportamento notrio de inadimplncia, essa insegurana justificaria o no-cumprimento

    imediato das obrigaes daquele contratante (artigo 477 do CC).

    Art. 477. Se, depois de concludo o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes

    diminuio em seu patrimnio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestao

    pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se prestao que lhe incumbe, at que

    aquela satisfaa a que lhe compete ou d garantia bastante de satisfaz-la.

    Observao1: Possibilidade de exceo de contrato executado de forma imperfeita

    ou no satisfatria - que justifica o entendimento pelo contratante de que a sua prestao

    no exigvel naquele momento, se a parte do outro foi executada de maneira imperfeita.

    Observando-se, claro, a proporcionalidade, sob pena de abuso de direito.

    Observao2: Clusula solve et repete: atravs dessa clusula as partes renunciam

    antecipadamente exceo de contrato no cumprido. Mesmo diante da inadimplncia da

    outra parte, o contratante obriga-se a cumprir a sua parte.

    Nos contratos de consumo, se imposta esse clusula ao consumidor, abusiva. J nos

    aos contratos entre iguais, no h esse problema, podendo ser inserida obrigando a

    continuidade das prestaes, mesmo diante de eventual mora/inadimplemento do outro

    contratante.

    Nas relaes com o Poder Pblico, de acordo com a Lei n 8.666, deve existir a

    continuidade da prestao dos servios. Somente existindo a possibilidade de suspenso em

    situaes especiais.

    2.2.3 Onerosidade Excessiva Superveniente

    Se for onerosidade excessiva originria, a mesma ser discutida com base no instituto

    da leso ou estado de perigo, com a discusso da anulao do negcio e no simples

    resoluo.

    Artigos 478 a 480 do CC:

    Art. 478. Nos contratos de execuo continuada ou diferida, se a prestao de uma das

    partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em

    virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a

    resoluo do contrato. Os efeitos da sentena que a decretar retroagiro data da

    citao.

    Art. 479. A resoluo poder ser evitada, oferecendo-se o ru a modificar

    eqitativamente as condies do contrato.

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    Art. 480. Se no contrato as obrigaes couberem a apenas uma das partes, poder ela

    pleitear que a sua prestao seja reduzida, ou alterado o modo de execut-la, a fim de

    evitar a onerosidade excessiva.

    Ver, ainda, artigo 317 do CC:

    Art. 317. Quando, por motivos imprevisveis, sobrevier desproporo manifesta entre o

    valor da prestao devida e o do momento de sua execuo, poder o juiz corrigi-lo, a

    pedido da parte, de modo que assegure, quanto possvel, o valor real da prestao.

    Para que se aplique a resoluo por onerosidade excessiva superveniente, o

    legislador exige que o contrato seja de execuo continuada ou diferida. Isto porque, se for

    instantneo, j se cumpriu, sendo extinto o contrato e no cabendo falar em

    acontecimentos supervenientes.

    Necessrio que tenha ocorrido um acontecimento superveniente e extraordinrio,

    com resultado de excessiva onerosidade para um contratante e vantagem exagerada para o

    outro. Tudo isso gravitando em torno da impreviso.

    Observao: A impreviso, segundo a primeira corrente, que se embasa na letra fria

    da lei, deveria atuar no acontecimento, pelo que este deveria alm de superveniente e

    extraordinrio, ser imprevisvel. J o segundo entendimento, que no literal, sustenta que

    o acontecimento precisa ser apenas superveniente e extraordinrio, e que o que tem que

    ser imprevisvel o efeito, isto , a excessiva onerosidade.

    A despeito do artigo 479 do CC, hoje se entende que a reviso contratual pode ser

    requerida no s pelo ru, mas tambm pelo autor.

    Analisando o artigo 480 do CC, tem-se que a onerosidade excessiva abordada no

    pelo desequilbrio entre o que se vai receber e pagar, uma vez que o contrato unilateral,

    no havendo a reciprocidade nas obrigaes. Em que pese isso, pode haver fato que resulte

    em excessiva onerosidade.

    Exemplo: doao por subveno peridica, em que se vai pagar determinada quantia

    ao donatrio ao longo da vida. Pode acontecer fato ao longo da vida que torne essa

    prestao devida excessivamente onerosa. Assim, o doador poder pedir a resoluo ou

    reviso.

    3. Direitos Reais

    Direitos reais ou das coisas so direitos que se caracterizam por serem direitos que

    conferem ao titular poder imediato sobre a coisa. Quem titulariza um direito real independe

    do sujeito passivo.

    Poder imediato sobre a coisa (no todo ou em parte):

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    ius utendi: poder de usar a coisa

    ius fruendi: poder de fruir ou gozar da coisa (extrair os frutos)

    ius abutendi: poder de dispor da coisa

    So caractersticas dos direitos reais, ainda:

    aderncia: o direito adere coisa;

    ambulatoriedade: o direito acompanha a coisa;

    sequela: possibilidade de perseguir a coisa com o propsito de reav-la;

    oponibilidade erga omnes: o direito oponvel a todos, no uma relao interpartes;

    publicidade: a publicidade do direito real assegura a oponibilidade contra todos;

    tipicidade: o direito precisa estar previsto na lei como de natureza real

    Observao: Tipicidade e Posse

    Posse (artigos 1.196 a 1.224 do CC)

    Direitos Reais (artigos 1.225 e ss do CC)

    Muitos defendem que essa disposio feita pelo legislador no Cdigo Civil significa

    que a posse no um direito real, pois se fosse estaria elencada no artigo 1.115. Entretanto,

    a posio hoje majoritria no Direito Brasileiro a de que a posse um direito real, porm

    precrio, por no necessitar de um ttulo especfico.

    Ter a posse sobre a coisa ter de fato um poder sobre ela. Ter direito a exercer esse

    poder.

    Quando se tem o dito ius possessionis, significa que tem direito possessrio, e que

    tem uma posse ad interdicta, isto , uma posse que pode ser tutelada atravs do juzo

    possessrio. Ou seja, melhor posse que se aprecia independente de ttulo. Assim, aquele

    que detm a melhor posse tem direito proteo possessria, ainda que no seja o

    proprietrio (artigo 1.210, pargrafo 2, CC).

    Art. 1.210 (...)

    2 No obsta manuteno ou reintegrao na posse a alegao de propriedade, ou

    de outro direito sobre a coisa.

    Alm do ius possessionis, h o ius possidendi, que um direito titulado, de natureza

    petitria, em que a posse uma consequncia de um ttulo. H No se est protegendo a

    posse em si, mas o ttulo. dar posse quele que tem melhor ttulo. Juzo petitrio que

    busca aferir o melhor ttulo (artigo 1.228, CC).

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    Art. 1.228. O proprietrio tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de

    reav-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

    O que fazer se um proprietrio que no tem a posse esbulhar a posse daquele que a

    tem?

    R: Vai ser conferida proteo possessria ao outro em detrimento do proprietrio.

    Para este retomar a posse dever usar a via petitria, pela reivindicatria ou imisso, se

    nunca teve a posse.

    Importante observar que, de acordo com o artigo 924 do CPC, no se pode quando

    est sendo discutida a questo possessria dar incio a uma discusso petitria, com

    fundamento no ttulo. Isto porque se possvel a petitria em paralelo, acabaria por haver um

    esvaziamento da demanda possessria.

    Art. 924. Regem o procedimento de manuteno e de reintegrao de posse as normas

    da seo seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbao ou do esbulho;

    passado esse prazo, ser ordinrio, no perdendo, contudo, o carter possessrio.

    H determinados direitos reais que podem no ter todas as caractersticas.

    Exemplo: anticrese. Embora o direito seja de usar da coisa como garantia, no h a

    possibilidade de venda forada, por exemplo.

    3.1 Posse

    A posse o poder de fato de se exerce sobre a coisa.

    Sua natureza jurdica, embora controvertida, tem sido considerada

    predominantemente como de direito real e no uma mera situao de fato.

    Os elementos que devem estar presentes na posse para que esta merea tutela so

    analisados por trs teorias:

    Teoria Subjetiva

    Teoria Objetiva

    Teoria Social

    Pela Teoria Subjetiva (Savigny), a posse para ser protegida exige dois caracteres: o

    corpus, entendido como o poder fsico sobre a coisa e o animus, entendido como a inteno

    de exercer esse poder como dono, com exclusividade.

    O problema dessa teoria que deixa sem tutela os possuidores temporrios, tais

    quais o locatrio, comodatrio, usufruturio etc.

    Assim, essa teoria no suficiente para a posse, mas observada para a usucapio.

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    J a Teoria Objetiva exige o corpus, que pode ser exercido direta ou indiretamente, e

    uma affectio tenendi, que no se confunde com o nimo de dono, mas sim autonomia, pois

    o direito precisa ser exercido de forma autnoma. Assim, abrange os possuidores

    temporrios.

    a teoria adotada pelo Cdigo Civil no estudo possessrio.

    Por fim, a Teoria Social da Posse, que vem crescendo, exige alm do corpus e affectio

    tenendi, que o uso da coisa cumpra funo social, entendendo que s melhor posse

    aquele que se exerce com poder, autonomia e funo social.

    Em que pese o crescimento dessa teoria, entende-se que o legislador ainda adotou

    uma posio mais conservadora no estudo da posse, pois no faz referncia funo social.

    Posse Mera Deteno

    Posse: qualificada como ad interdicta, pelo que merece tutela.

    Deteno: desqualificada pelo ordenamento, pelo que no merece tutela.

    Enquanto a posse merece ser tutelada por meio dos interditos possessrios, a mera

    deteno, por ser desqualificada, no.

    Discute-se, contudo, se poderia o detentor exercer a legtima defesa da posse alheia,

    diante de injusta agresso. A lei no prev esse direito, entretanto tem-se entendido

    favoravelmente pela legtima defesa de terceiro.

    Enunciado 493 do CJF:

    493) O detentor (art. 1.198 do Cdigo Civil) pode, no interesse do possuidor,

    exercer a autodefesa do bem sob seu poder.

    As situaes de deteno so tpicas, ou seja, o legislador estabeleceu quais so as

    hipteses desqualificadas que no merecero tutela possessria, quais sejam:

    a) Fmulo da posse (artigo 1.198, CC): aquele que detm sob as ordens de outrem. No

    tem posse, tem a longa manus daquele que o legtimo possuidor. So os

    empregados, caseiro, empregada domstica em relao aos bens do empregador.

    Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relao de dependncia

    para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou

    instrues suas.

    b) Mera permisso ou tolerncia (artigo 1.208, primeira parte, CC): quando o possuidor

    permite ou tolera precariamente o uso da coisa. Como no caso em que se recebe

    amigos em casa e se permite que eles se utilizem de talheres e copos ou quando se

    permite que o filho maior e capaz resida no imvel dos pais.

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    Art. 1.208. No induzem posse os atos de mera permisso ou tolerncia assim como

    no autorizam a sua aquisio os atos violentos, ou clandestinos, seno depois de cessar

    a violncia ou a clandestinidade.

    c) Bens pblicos afetados (artigo 99, I e II, CC): o regime de afetao faz com que o

    particular seja considerado mero detentor do bem pblico e no possuidor. Quando

    se constri em logradouro pblico aquela situao no se consolida como uma posse

    merecedora se tutela.

    Art. 99. So bens pblicos:

    I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praas;

    II - os de uso especial, tais como edifcios ou terrenos destinados a servio ou

    estabelecimento da administrao federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os

    de suas autarquias;

    d) Atos violentos ou clandestinos (artigo 1.208, parte final, CC): enquanto no cessar a

    violncia ou clandestinidade, e a posse se tornar mansa pacfica e pblica, o

    esbulhador no ser considerado possuidor, sendo tratado como mero detentor,

    podendo sofrer a ao de autotutela do possuidor legtimo.

    Art. 1.208. No induzem posse os atos de mera permisso ou tolerncia assim como no

    autorizam a sua aquisio os atos violentos, ou clandestinos, seno depois de cessar a

    violncia ou a clandestinidade.

    Enunciado 495 do CJF:

    495) No desforo possessrio, a expresso contanto que o faa logo deve ser

    entendida restritivamente, apenas como a reao imediata ao fato do esbulho ou

    da turbao, cabendo ao possuidor recorrer via jurisdicional nas demais

    hipteses.

    Observao: Possuidor Precrio. O sistema atual no exige o animus domini para a

    caracterizao da posse, mas sim a autonomia. Assim, o possuidor precrio um possuidor

    direto, que comeou a sua posse de maneira legtima e que, portanto, possuidor desde o

    incio. O que a precariedade acarretaria seria a possibilidade de o possuidor indireto reagir a

    um inadimplemento. Mas o problema no de mera deteno.