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DESIGN THINKING EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL Camilla Zanatta Batuli Ricardo Tainan de Farias Nogueira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Adriano Proença Rio de Janeiro Março de 2015

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DESIGN THINKING EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO

EM UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL

Camilla Zanatta Batuli Ricardo

Tainan de Farias Nogueira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Adriano Proença

Rio de Janeiro

Março de 2015

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DESIGN THINKING EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO

EM UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL

Camilla Zanatta Batuli Ricardo

Tainan de Farias Nogueira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERDIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

______________________________________________

Prof. Adriano Proença, D. Sc.

______________________________________________

Prof. Vinicius Carvalho Cardoso, D. Sc.

______________________________________________

Prof. Maria Alice Ferruccio, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO DE 2015

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Ricardo, Camilla Zanatta Batuli; Nogueira, Tainan de Farias

Design Thinking Em Engenharia De Produção: Um Estudo

De Caso Em Uma Lavanderia Industrial / Camilla Zanatta

Batuli Ricardo; Tainan de Farias Nogueira. – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

XI, 75 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Adriano Proença

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia de Produção, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 65-68.

1. Design Thinking. 2. Modelo de Negócios. 3. Business

Model Generation. I. Proença, Adriano. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Curso de Engenharia de Produção. III. Design

Thinking Em Engenharia De Produção: Um Estudo De Caso Em

Uma Lavanderia Industrial

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Agradecimentos

Primeiramente gostaríamos de agradecer nossos familiares por todo o apoio e

compreensão, não somente durante a elaboração deste trabalho, como durante toda a

nossa trajetória na UFRJ.

Aos amigos, pelo suporte, pelos conselhos, pela união. Aos nossos colegas de

sala que fizeram desta fase de nossas vidas um momento único e inesquecível.

A todos que nos ajudaram na construção deste trabalho: as governantas dos

hotéis, os funcionários e, principalmente, os sócios da lavanderia. Obrigada por todo o

auxílio e tempo dedicado à nossa pesquisa.

Ao nosso orientador, Adriano Proença pelo interesse e tempo disponibilizado

desde a construção do tema até a conclusão do trabalho. Obrigada pelas sugestões,

ideias inovadoras e referências bibliográficas.

Por fim, agradecemos a todos os professores que fizeram parte da nossa

formação no curso de Engenharia de Produção da UFRJ. Obrigada por terem escolhido

essa nobre profissão e por fazer a diferença na formação dos futuros engenheiros deste

país.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Design Thinking Em Engenharia De Produção: Um Estudo De Caso Em Uma

Lavanderia Industrial

Camilla Zanatta Batuli Ricardo

Tainan de Farias Nogueira

Março/2015

Orientador: Adriano Proença

Curso: Engenharia de Produção

A necessidade de se diferenciar perante aos concorrentes, hoje, é uma

característica considerada essencial para a sobrevivência de uma organização no

mercado, razão pela qual a identificação correta das necessidades e desejos dos

consumidores está constantemente em discussão.

Encontrou-se no trabalho de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur (2011)-

Business Model Generation- uma metodologia diferente que busca aplicar o design

thinking e seu método de centralizar no cliente como forma de gerar ideias mais efetivas

e adequadas ao segmento em que a organização atua. O modelo de referência faz uso de

inúmeras ferramentas e técnicas na remodelação e/ou geração de um modelo de

negócios. Utilizaremos essa abordagem para questionar nosso próprio entendimento

sobre a criação e gerenciamento de um negócio.

Palavras-chave: Design Thinking, Modelo de Negócios, Business Model Generation,

Engenharia Industrial

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Design Thinking in Industrial Engineering: Case Study in an Industrial Laundry

Camilla Zanatta Batuli Ricardo

Tainan de Farias Nogueira

March/2015

Advisor: Adriano Proença

Course: Industrial Engineering

The need to distinguish itself from competitors today is a characteristic

considered essential for the survival of an organization in the market, which is why the

correct identification of needs and desires of consumers is constantly under discussion.

It was found in the work of Alexander Osterwalder and Yves Pigneur (2011) -

Business Model Generation- a different methodology to apply design thinking and its

method of focusing on customers as a way to generate more effective and appropriate

ideas to the segment in which the organization operates. The reference model makes use

of numerous tools and techniques in the remodeling and / or generation of a business

model. We will use this approach to question our own understanding of the creation and

management of a business.

Keywords: Design Thinking, Business Model, Business Model Generation, Industrial

Engineering.

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................... 1

1.1. Apresentação do Tema..................................................................................................... 1

1.2. Justificativa do Tema ....................................................................................................... 2

1.3. Objetivos da Pesquisa ...................................................................................................... 3

1.4. Metodologia da Pesquisa ................................................................................................. 4

1.5. Limitações da Pesquisa .................................................................................................... 5

1.6 Estrutura do trabalho ....................................................................................................... 5

2. Referencial Teórico ................................................................................. 7

2.1. Conceitos de Design .......................................................................................................... 7

2.2. Design Thinking ................................................................................................................ 8

2.3. Design Thinking, Inovação e o Mundo Corporativo ................................................... 11

2.4. Modelos de Negócio e o Business Model Generation ................................................... 13

3. A Abordagem da Engenharia Industrial ........................................... 18

3.1. Informações Gerais ........................................................................................................ 18

3.2. Histórico .......................................................................................................................... 18

3.3. Localização ...................................................................................................................... 19

3.4. Análise de Mercado ........................................................................................................ 20

3.5. Organização .................................................................................................................... 25

3.6. Operações e Política de Produtos .................................................................................. 27

3.7. Cadeia de Valor .............................................................................................................. 36

3.8. Política de Capacidade ................................................................................................... 38

3.9. Equação Econômico Financeira .................................................................................... 39

3.10. Limitações Dessa Abordagem ..................................................................................... 39

4. Aplicação da Metodologia Business Model Generation como

expressão do Design Thinking ................................................................. 41

4.1. Mobilização ..................................................................................................................... 41

4.2. Compreensão .................................................................................................................. 44

4.2.1 Insights de Clientes .................................................................................................... 44

4.2.2 Ambiente do Modelo de Negócios ............................................................................. 47

4.2.3. Rede de Valor ............................................................................................................ 51

4.3. Design .............................................................................................................................. 53

4.3.1. Ideação ...................................................................................................................... 53

4.3.2. Protótipo Final ........................................................................................................... 56

4.3.3. Análise Numérica ...................................................................................................... 59

5. Modelo Comparativo e Resultados ..................................................... 61

6. Encerramento ........................................................................................ 63

6.1. Conclusão ........................................................................................................................ 63

7. Referencias Bibliográficas ................................................................... 65

Apêndice A ................................................................................................. 69

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diverge/ Converge (Geração e Síntese) ............................................................ 9

Figura 2 Etapas do Design Thinking. ............................................................................. 10

Figura 3: Canvas ............................................................................................................. 14

Figura 4: Exemplo de Mapa da Empatia ........................................................................ 15

Figura 5: Localização ..................................................................................................... 19

Figura 6: Análise SWOT ................................................................................................ 21

Figura 7: As cinco forças de Porter ................................................................................ 22

Figura 8: Tanques de Resina .......................................................................................... 24

Figura 9: Organograma ................................................................................................... 26

Figura 10: Folha de Controle Enxoval ........................................................................... 27

Figura 11: Folha de Controle Roupas ............................................................................. 27

Figura 12: Gráfico PxQ .................................................................................................. 30

Figura 13: Fluxograma das Toalhas ............................................................................... 32

Figura 14: Planta Baixa - 1º Pavimento .......................................................................... 34

Figura 15: Planta Baixa - 2º Pavimento .......................................................................... 35

Figura 16: Cadeia de Valor ............................................................................................. 36

Figura 17: Modelo de Negócios atual da LI ................................................................... 44

Figura 18: Rede de Valor................................................................................................ 52

Figura 19: Desenvolvimento do pensamento visual ....................................................... 55

Figura 20: Processo de Prototipagem ............................................................................. 56

Figura 21: Protótipo do Modelo de Negócios ................................................................ 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação Funcionários por Cargo .................................................................... 25

Tabela 2: Análise PxQ .................................................................................................... 28

Tabela 3: Custos do Novo Protótipo............................................................................... 59

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1. Introdução

1.1. Apresentação do Tema

Nas últimas décadas, a percepção geral no âmbito das economias mais desenvolvidas é

que o poder do consumidor em relação ao mercado tem se tornado mais expressivo, o que

consequentemente deixou a competição entre empresas em diversos setores ainda mais

acirrada. Os desafios competitivos se mostram mais elevados e, simultaneamente, a facilidade

de acesso à informação e ao conhecimento rapidamente tornou o mundo um lugar mais

dinâmico e complexo. De acordo com Brown (2009), a tecnologia ainda tem muito a avançar.

A revolução das comunicações possibilitada pela internet aproximou as pessoas e lhes deu a

oportunidade de trocar opiniões e ideias como nunca havia sido feito antes.

Consumidores não estão mais em busca de produtos que apenas satisfaçam suas

necessidades básicas, eles procuram produtos que lhes possibilitem uma experiência de

consumo. No âmbito empresarial, exigências de qualidade em serviços tendem a ser maiores

em um ambiente de alta concorrência. Mas como diferenciar-se em um ambiente tão exigente

e satisfazer clientes tão rigorosos? Para Ventura (2009), a população está cada vez mais

consciente e exigente de seus direitos. Selos de certificação e de garantia de qualidade já são

requisitos indispensáveis para responder às crescentes exigências de qualidade. Da mesma

forma, os consumidores também são apoiados por legislações e instituições de proteção ao

consumidor.

Nesse momento a discussão de inovação se torna mais evidente, uma vez que a

necessidade de atender a essa nova demanda do mercado não é apenas uma questão de

sobrevivência, mas de destacar-se frente aos seus concorrentes. Muitos autores definem o que

é inovação, e percebemos que seu entendimento depende do objetivo pretendido. Para

Schumpeter (1982), pioneiro nas investigações sobre inovação tecnológica, a alteração dos

métodos de produção, criação de diferentes formas de organização do trabalho e a produção

de novas mercadorias, possibilita a abertura de outros mercados mediante a criação de novos

usos e consumos. É uma embalagem que se abre com facilidade, um alimento com sabor

exótico, um doce com baixo teor calórico, um serviço com valor agregado, etc.

Na visão de Porter (1985), para inovar é preciso combinar as necessidades sociais e as

demandas do mercado com os meios científicos e tecnológicos para resolvê-las. Com um

olhar mais atual, Vianna et al (2012) afirma que as empresas passaram a perceber que já não

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bastava oferecer apenas superioridade tecnológica ou excelência em desempenho como

vantagem mercadológica. Para o autor, no cenário de competição global, inovar é uma tarefa

árdua e muitas vezes frustrante, pois a dificuldade de obter diferenciação de mercado sobre a

concorrência é cada vez maior. Novos caminhos precisam ser traçados, não apenas para

garantir a sobrevivência das empresas, mas, principalmente, seu êxito.

O design se apresentou como um novo caminho na busca por inovação uma vez que

busca solucionar problemas em busca de funcionalidade e originalidade. Para Bahiana (1998),

o design é um dos fatores de diferenciação de produtos e serviços, destacando que aspectos

como: identidade, qualidade e satisfação são condicionantes fundamentais para a manutenção

e conquista de mercado. Seguindo essa linha, o design thinking se propõe a juntar a forma de

pensar do design à constante busca das organizações em inovar e atender os mercados e suas

novas demandas. Segundo Simon (1969), o design thinking é uma forma de pensar, e encarar

problemas, focada na empatia, colaboração e experimentação. Ou seja, diferentemente do

comportamento de muitas empresas com modelos centrados na organização, o foco dessa

abordagem é o cliente e o modo como o produto é utilizado, quais serviços e produtos

necessitam ser desenvolvidos e como ajuda-los a atender seus desejos.

É nesse contexto que surge o interesse pelo tema e a proposta do trabalho. Diante

dessa nova realidade, em que o foco no design e seu modo de pensar são vistos como

possíveis fatores para a inovação em gestão de negócios uma vez que podem levar à

descoberta de novas oportunidades, decide-se por estudar design thinking e avaliar os

impactos da aplicação dessa nova abordagem em um projeto de um negócio industrial.

1.2. Justificativa do Tema

A iniciativa do trabalho surgiu a partir da percepção de uma deficiência e necessidade

de ir além dos conceitos que foram aprendidos no cerne da engenharia de produção, conceitos

esses que, quando utilizados em conjunto, auxiliam no projeto de um negócio. As disciplinas

do curso como Planejamento e Controle da Produção, Projetos Industriais, Planejamento das

Instalações, Projeto do Produto, Planejamento Estratégico, contribuem no planejamento de

um negócio, mas limitam-se a um plano ortodoxo, considerando propostas de valores dadas.

Analisando as novas proposições do mercado, percebemos que buscávamos algo novo, ainda

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não estudado por nós, que envolvesse uma nova forma de percepção e inovação em gestão de

negócios.

Seguindo pela linha do design em busca de estudos que se adequassem um pouco mais

à dinâmica do mercado atual, encontramos termos como gestão de design, design estratégico

e gestão de design como estratégia organizacional. Após a primeira orientação do projeto, o

termo design thinking, foi levantado como um possível conceito a ser estudado, que permitia

esse ajuste à demanda exigente do mercado.

Para Brown (2009), o design thinking, cujo conceito será aprofundado posteriormente

no desenvolvimento do trabalho, começa com habilidades que os designers têm de estabelecer

a correspondência entre as necessidades humanas com os recursos técnicos disponíveis

considerando as restrições práticas dos negócios. Para ele, design thinking vai além da criação

de produtos ideais, é colocar a ferramenta nas mãos de pessoas, não necessariamente

designers, e aplicá-las a uma variedade muito mais ampla de problemas.

Encontra-se no trabalho de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur (2011), uma

metodologia que busca aplicar o design thinking e o modo de pensar dos designers, utilizando

ferramentas e técnicas que permitem aplicar na prática a remodelação, desta vez focada no

cliente, de um modelo de negócio já estabelecido no mercado. Propõe-se, portanto, a

utilização dessa abordagem como forma de questionar nosso próprio entendimento acerca da

concepção de um negócio e entender os limites e vantagens da aplicação do design thinking

dentro de um contexto de um projeto industrial.

1.3. Objetivos da Pesquisa

Diante da questões levantadas, podemos definir o objetivo geral do trabalho como:

“Comparar os resultados obtidos através da aplicação de duas abordagens distintas em um

estudo de caso: a abordagem do design thinking e a abordagem tradicional, desenvolvida a

partir do conjunto de conceitos e ferramentas da Engenharia Industrial.”

Podemos ainda definir alguns objetivos específicos:

1. Aprofundar os conhecimentos sobre os conceitos de design e design thinking com uma

visão a ser aplicada às técnicas de gestão empresarial e industrial

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2. Analisar a metodologia do Business Model Generation como prática do design

thinking para a inovação em Modelo de Negócios e posterior desdobramento em um

projeto industrial.

3. Aplicar a abordagem da Engenharia Industrial a um estudo de caso, tendo por base

trabalhos desenvolvidos ao longo do curso de Engenharia de Produção.

4. Aplicar a metodologia Business Model Generation a um exemplo prático, e

compreender as vantagens e desvantagens desta aplicação.

5. Comparar os resultados das aplicações das duas metodologias estudadas, ressaltando

os ganhos de cada uma das abordagens.

1.4. Metodologia da Pesquisa

Para a elaboração deste trabalho, o primeiro passo foi a realização de uma pesquisa

bibliográfica sobre os temas referentes a sua temática: Design, Design Thinking, Modelos de

Negócios, Business Model Generation. Foram utilizadas várias bases de pesquisa como:

livros, base de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(Capes) , plataformas de pesquisas online, artigos de revistas e jornais. Além disso, de forma

a garantir uma visão diferenciada sobre o tema, foram realizadas entrevistas com Designers

para melhor entender suas perspectivas e sua “forma de pensar”.

Em seguida, afim de materializar os conceitos dos temas estudados, foi selecionado

um objeto de estudo, uma lavanderia industrial, a qual, por motivos de sigilo, será chamada de

LI no presente trabalho, assim como seus clientes e concorrentes terão nomes fictícios. O

estudo de caso serviu para sinalizar os limites da abordagem de matérias do curso de

engenharia de produção diante do potencial de uma sua revisão pela abordagem sob o design

thinking. O estudo foi formado de duas etapas: a primeira buscou, através de pesquisa de

campo e análise de dados, conhecer o modelo de negócios existente na empresa; a segunda,

consistiu na aplicação da metodologia Business Model Generation e dos conceitos de design

thinking para a elaboração de um novo plano de negócios. Além disso, foram realizadas

entrevistas com os principais clientes do objeto de estudo.

Vale ressaltar ainda, que os conhecimentos adquiridos durante o curso de engenharia

de produção foram utilizados ao longo de toda a elaboração do trabalho e serviram como base

para o desenvolvimento de suas etapas.

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1.5. Limitações da Pesquisa

Nosso trabalho irá se limitar ao desenvolvimento de um modelo de negócios usando

conceitos de design thinking e ferramentas apresentadas na literatura por autores como Tim

Brown e Alexander Osterwalder, além de uma análise comparativa entre este e o modelo

baseado nos enfoques da Engenharia de Produção. Possíveis benefícios acerca do novo

modelo serão desenvolvidos ao final da pesquisa exploratória. Não será possível, no entanto,

analisar na prática se tais resultados melhorarão o modelo escolhido para estudo, uma vez que

seus efeitos só poderiam ser percebidos a longo prazo.

Em relação ao estudo de caso escolhido, a pesquisa exploratória apresenta um número

limitado de entrevistas, já que dependeu da disponibilidade dos responsáveis pelos hotéis.

Além disso, a pedido dos hotéis e da própria lavanderia, a divulgação de dados referentes às

organizações, como por exemplo dados financeiros, foram restritos ou mascarados de forma a

preservá-los dos olhos da concorrência.

1.6 Estrutura do trabalho

Além deste capítulo introdutório, este trabalho contempla mais cinco capítulos:

O capítulo 2 contém o referencial teórico do trabalho. É nele que estão presentes os

temas que serviram de base pra a elaboração do estudo de caso. Nos dois primeiros tópicos

foram apresentadas as definições de Design e Design Thinking e suas aplicações. Em seguida,

como forma de contextualização desses temas, foram discutidas as aplicações do design

thinking no mundo corporativo e sua relação com a gestão da inovação e a competitividade do

mercado. Em um último tópico do referencial teórico, foi descrita a metodologia Business

Model Generation de Osterwalder e Pigneur, uma proposta diferente de pensar e desenvolver

“inovação em modelos de negócios” através do design thinking.

O capítulo 3 define e apresenta a empresa estudada através dos conceitos tradicionais,

estudados durante o curso de Engenharia de Produção, que incluem planejamento e controle

da produção (PCP), planejamento das instalações, projetos industriais, planejamento

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estratégico, entre outros. Como uma primeira abordagem, é apresentado um histórico da

organização e suas informações gerais. Em seguida, todo o negócio é analisado dentro de seus

diferentes segmentos: mercado, localização, plano operacional e financeiro. Ao final do

capítulo, é feita uma reflexão sobre as limitações dessa abordagem baseada na organização e

suas operações.

O capítulo 4 traz a prática a metodologia Business Model Generation, através de sua

aplicação ao mesmo caso abordado anteriormente pela visão tradicional. É nesse momento

que a metodologia proposta por Osterwalder e Pigneur (2011) e os conceitos de design são

aplicados para a geração de um novo modelo de negócios para a lavanderia, e seus

desdobramentos considerados.

A partir dos modelos propostos, o capítulo 5 faz uma avaliação das vantagens e

desvantagens da abordagem pelo design thinking em comparação aos resultados alcançados

através conceitos de Engenharia Industrial. Esse capítulo visa apresentar a contribuição

conceitual e mostrar o valor agregado dessa nova metodologia, ressaltando seus benefícios em

relação à abordagem tradicional, estudada na Engenharia de Produção.

Por fim, o capítulo 6 apresenta a conclusão do estudo e suas considerações finais.

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2. Referencial Teórico

2.1. Conceitos de Design

Primeiro, deve-se partir da definição: “O que é Design?”

O Dicionário Aurélio define design como “concepção de um projeto ou

modelo”. Numa visão mais ampla, entendemos por design a habilidade de desenvolver

produtos aliando funcionalidade, ergonomia, identidade e, em sua maioria, a

originalidade.

Segundo o Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI,1996), design

é uma atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com

vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que

equacionem sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais,

culturais e estéticos, que atendam concretamente às necessidades humanas.

Para o autor Bezerra (2008), as atividades de design se fazem necessárias

quando encontramos problemas, quando não estamos satisfeitos com a atual situação,

quando achamos que algo pode ser diferente e, principalmente quando precisamos

pensar antes. Para isso, não podemos ficar presos a conhecimentos de uma ou outra

disciplina, mas temos que estar voltados para o todo.

“Design is a funny word. Some people think design means how it looks. But of

course, if you dig deeper, it's really how it works”

Steve Jobs, Fundador da Apple Inc.

Em um contexto histórico, acredita-se que o princípio do design tenha ocorrido

entre os séculos 18 e 19 com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra. A linha de

montagem acelerou a produção e consequentemente a necessidade de um profissional

que não necessariamente fabricasse produtos, mas os projetasse. Nos últimos 3 séculos

o design se desenvolveu, ampliando sua forma de atuação.

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Atualmente, as aplicações do design são inúmeras e espalham-se por diversos

ramos de atuação humana. Como o autor Lawson (2005) destaca, o design é tanto um

substantivo quanto um verbo e pode se referir tanto ao produto final quanto ao processo,

mas em nosso estado atual de incerteza é difícil dar uma visão definitiva do futuro, ou

mesmo presente, papel do design.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio as Micros e Pequenas Empresas

(Sebrae, 2014), o Design pode ser dividido em 4 áreas de atuação. O design de

comunicação, processo de criação que atua na construção de mensagens. O design de

produto, com a criação e produção de objetos e produtos. O design de ambiente,

responsável por planejar e desenvolver diferentes espaços. E por último e o que

desejamos dar um maior enfoque em nosso trabalho é o design de serviço, sendo este

entendido pela atividade de planejar e organizar pessoas, infraestrutura, comunicação e

componentes materiais de um serviço de forma a melhorar sua qualidade e a interação

entre a empresa provedora do serviço e os consumidores. Tem como objetivo integrar

esses diferentes pontos de contato para tornar a experiência do consumidor mais

atraente e memorável.

2.2. Design Thinking

Embora o nome design seja frequentemente associado a qualidade e/ou

aparência estética de produtos, o design como disciplina tem por objetivo máximo

promover bem-estar na vida das pessoas (VIANNA et al., 2012). É nesse contexto que

surge o termo Design Thinking, a ideia do design como uma “forma de pensar”.

Uma abordagem histórica nos leva a 1969, quando a ideia foi introduzida no

livro The Science of the Artificial, de Herbert A. Simon (1969). Nesta obra, Simon

analisa as interações humanas com os objetos e diz que as ciências naturais se "ocupam

de como as coisas são" enquanto o design se interessa por "como as coisas devem ser".

Para Simon, todas as organizações humanas são produtos da prática do design: “Faz

design quem projeta cursos de ação com o objetivo de transformar situações existentes

em outras situações preferidas.”

Apesar de introduzido academicamente nas décadas de 60 e 70, o termo ganhou

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grande popularidade pelo escritório de design IDEO através de David M. Kelley e Tim

Brown. Para Brown (2008), design thinking é uma abstração estruturada do modelo

mental utilizado há anos pelos designers para dar vida a ideias, e seus poderosos

conceitos podem ser aprendidos e utilizados por qualquer pessoa e aplicados em

qualquer cenário de negócios ou social. Não é um conceito nem uma prática nova, já

que ele existe dentro do design consciente ou inconscientemente.

“Thinking like a designer can transform the way you develop products, services,

process and even strategy”

(BROWN, 2008, p. 85)

Design thinking é fundamentalmente um processo exploratório de contínua

inovação, não existe uma forma certa ou exata de percorrer esse processo (BROWN,

2008). A ideia fundamental, segundo Azambuja (2011), e que ganhou espaço em muitas

empresas, é de planejar e projetar através da perspectiva do cliente. Brown (2008)

acredita que tal método pode levar a oportunidades completamente novas. Dentro dessa

perspectiva, podemos encontrar na literatura diversas formas de abordagem do design

thinking em diferentes modelos metodológicos.

Em termos gerais, o processo de design thinking é um trabalho constante de

pensamento divergente e convergente. No pensamento divergente é o momento de gerar

opções, e mais do que isso multiplicá-las, novas perspectivas, insights, visões

alternativas. A fase de convergir significa decidir entre alternativas existentes, é uma

forma de se aproximar das soluções (AZAMBUJA,2011).

Figura 1: Diverge/ Converge (Geração e Síntese)

Fonte: Design Thinking, BROWN, 2010, p. 63

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O desenvolvimento de design envolve um alto grau de criatividade, mas de uma

maneira controlada e direcionada pelo processo, visando um resultado que atenda as

restrições de maneira criativa e inovadora (AZAMBUJA, 2011). Segundo Brown

(2008), o processo criativo utilizado pela IDEO consiste em três etapas, que podem

ocorrer de forma não linear e iterativa:

1. Inspiração, no sentido de problema ou oportunidade que motiva a procura

por soluções.

2. Ideação que é o processo de generalização, desenvolvimento e testes de

ideias;

3. Implementação, onde ocorre a prototipagem e realização do projeto.

Figura 2: Etapas do Design Thinking.

Fonte: <http://blog.luz.vc/tendencias/design-thinking-para-startups/> Acesso em: 29/01/15

Durante o processo, um time interdisciplinar – designers, engenheiros,

marketeiros, empreendedores, etc. - trabalha para identificar diferentes alternativas de

projetos.

Ainda para Brown (2008), sem restrições o design não pode ser criado, e o

melhor design muitas vezes é projetado com limitações relativamente grandes e o papel

do designer é aceitá-las. A IDEO acredita que as restrições podem ser avaliadas por três

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critérios:

Feasibility: o que é tecnologicamente possível funcionar dentro do futuro

previsível;

Viability: que faça parte do modelo sustentável de negócio; e

Desirability: que faça sentido para si e para os outros, estimando as necessidades

e desejos humanos.

Em suma, o design thinking representa a forma de como os designers abordam a

resolução de problemas: “O conceito do design extrapolou a sua atuação na produção

industrial e foi ampliado passando a ser aplicado em qualquer situação, cuja abordagem

é voltada para a elaboração e solução de problemas e geração de valor através do

reconhecimento dos aspectos sociais do trabalho de design” (BMGEN BRASIL, 2012).

As empresas continuamente estão redesenhando seus negócios através do design,

visando avançar no processo de inovação e eficiência como uma vantagem

competitiva.”

“As pessoas de negócios não precisam só entender melhor os designers; elas

precisam se tornar designers.”

Roger Martin, Reitor, Rotman School of Management

2.3. Design Thinking, Inovação e o Mundo Corporativo

“15 anos atrás, as empresas competiam pelo preço. Hoje é qualidade. Amanhã, será

através do design”.

Robert Hayes, Escola de Negócios de Harvard

Não há como negar que o design thinking está diretamente ligado à busca por

inovação. Para acompanhar as rápidas mudanças nas tecnologias e nos mercados

contemporâneos, faz-se necessário adquirir novos conhecimentos.

Lastres e Albagli (1999) afirmam que o processo de globalização e a

disseminação das tecnologias de informação facilita a transferência de conhecimento.

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Porém, ao contrário do que as autoras afirmam, apenas informações e alguns

conhecimentos podem ser facilmente transferíveis. Elementos cruciais do conhecimento

não são facilmente transferíveis espacialmente, pois estão enraizados em pessoas,

organizações e locais específicos.

Essa necessidade de possuir os conhecimentos essenciais enraizados dentro da

organização e acompanhar as exigências do mercado explica porque a Xerox não

investiu em sua tecnologia que catapultou empresas como a Apple, e Adobe, uma vez

que exigiria novos recursos, processos e expertise diferente para as novas atividades.

Johnson (2010) utiliza o termo white space para definir essa gama de atividades

potenciais não definida ou endereçada ao modelo de negócio atual da empresa. Isto é,

oportunidades fora do seu núcleo de competência e além de suas adjacências, que

exigem explorar um modelo de negócio diferente.

Johnson (2010) afirma que aproveitar o white space requer novas habilidades,

novas forças e novas formas de fazer dinheiro. Requer a habilidade de inovar em algo

além das competências fundamentais de sua organização. Um exemplo clássico e bem

conhecido que quebrou os padrões da atualidade foi o iPod. Após passar por uma fase

difícil nos anos 90, a Apple resolveu trazer de volta seu cofundador Steve Jobs, que

estava disposto a reorganizar a empresa. Foram criados o iMac e o iBook para gerar

novas receitas, mas apenas em 2001 foi introduzido no mercado um jeito revolucionário

de consumir entretenimento com o reprodutor digital de música, o iPod.

Nesse momento, a Apple criou um novo mercado, e atendeu a necessidades

humanas que antes eram desconhecidas. A Apple percebeu que as pessoas não estavam

apenas interessadas na mídia digital, e assim criaram o iTunes, integrando um software,

com conteúdo digital, a um produto (Ipod). Segundo a revista norte-americana Business

Week (2005), podemos entender que o processo de inovação consiste em recriar

modelos de negócio e assim como a Apple, construir mercados inteiramente novos que

vão ao encontro de necessidades ainda inexploradas, sobretudo para selecionar e

executar as ideias certas, trazendo-as para o mercado em tempo recorde.

De acordo com Maurício Vianna et al. (2011), o design thinking foi criado a

partir da necessidade de buscar novos caminhos para inovação, sendo uma abordagem

focada no ser humano que vê na multidisciplinaridade, colaboração e tangibilização de

pensamentos e processos, caminhos que levam a soluções inovadoras para negócios.

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“Since design flavours virtually all of our experiences, from products to services to

spaces, a design thinker must explore a ‘landscape of innovation’ that has to do with

people, their needs, technology and business”

Tim Brown, Presidente da IDEO

2.4. Modelos de Negócio e o Business Model Generation

Lidar com novas fronteiras da inovação é provocativo e inspirador. Se por um

lado nos sentimos sem orientação sobre como agir nesse cenário, por outro, temos a

nossa frente um quadro branco a ser preenchido (DE CARVALHO,2012). É nesse

contexto, mais especificamente na fronteira da inovação em modelos de negócios, que

abrimos espaço para introduzir o Business Model Generation, uma nova proposta de

modelos de negócios, de Osterwalder e Pigneur (2011). O livro traz uma combinação de

dois temas em foco no mundo dos negócios: business model innovation e design

thinking.

Modelo de negócio pode ser definido como a maneira pela qual uma empresa

cria, entrega e captura valor. Trata-se de um plano detalhado para a execução da

estratégia, a partir de dada estrutura organizacional e em busca do alinhamento entre

processos, recursos e infraestrutura (RIVADÁVIA, 2012).

A inovação dos modelos de negócios não é uma coisa nova. Quando os

fundadores do Diners Club apresentaram seu cartão de crédito, em 1950, estavam

praticando essa inovação. Com o iPod e o iTunes, a Apple criou um modelo de negócio

que transformou a empresa em uma força dominante no mercado da música digital

(OSTERWALDER E PIGNEUR, 2012). É nesse cenário de grande evolução e desafios

que Osterwalder escreve sua tese de doutorado, The Business Model Ontology: A

Proposition in a Design Science Approach. O autor trata de formas de representação do

conhecimento e podem ser expressas como modelos, design, taxonomias, esquemas

classificatórios, frameworks e telas ou quadros, entre outros artifícios de redução da

complexidade (RIVADÁVIA, 2012).

A metodologia Business Model Generation retrata exatamente esse conceito:

propôs uma linguagem compartilhada para visualizar, criar, avaliar e inovar modelos de

negócio. A metodologia começa com a elaboração do canvas, um modelo simples e

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relevante que permite a fácil compreensão do funcionamento da empresa. Esse

“quadro” abrange nove componentes Segmento de clientes, Proposta de valor, Canais,

Relacionamento, Fontes de Receita, Custos, Parceiros, Atividades- Chave e Recursos

Principais. O canvas funciona como uma tela de pintura que permite criar imagens de

modelos de negócios novos ou já existentes (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2011).

Quando impresso em uma grande superfície, o canvas vira uma ferramenta de criação,

onde grupos de pessoas podem rascunhar, discutir e usar a criatividade para propor

soluções. Representa um modelo flexível e visual, onde seus usuários podem discutir

juntos seus elementos, com anotações em adesivos (Post-its) ou marcadores.

Figura 3: Canvas

Fonte: <www.zebramc.com/introduction-to-the-business-model-canvas> Acesso em:

26/01/15

Uma vez que determinados os componentes do canvas, deve-se desenhar,

experimentar e prototipar. É nesse momento que o autor nos faz pensar como um

designer e introduz diversas técnicas e ferramentas para o desenvolvimento do novo

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modelo de negócios:

1. Insights dos Clientes: Primeiramente, usa-se o mapa da empatia para melhor

avaliar os segmentos de clientes. Desenvolvida pela companhia XPLANE, o

mapa tem por objetivo entrar a fundo no universo do seu potencial cliente e

entender seu ambiente, comportamentos e preocupações. A partir disso é

possível desenvolver um modelo de negócios forte atendendo as

necessidades dos clientes dado seu perfil e suas respostas às questões

levantadas.

Figura 4: Exemplo de Mapa da Empatia

Fonte: <http://ramonkayo.com/> Acesso em 02/02/2015

2. Ideação: É a geração de ideias com a pergunta “E se?” como ponto de

partida e, posteriormente, síntese para a seleção de um pequeno número de

soluções viáveis. Nesse momento é realizado um brainstorm em cima das

informações coletadas no passo anterior e gerar um grande número de ideias

e possíveis inovações. A partir disso, são selecionadas as melhores opções

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tendo em mente os critérios mais importantes para se priorizar no modelo de

negócio.

3. Pensamento visual: Visa representar visualmente as ideias utilizando

imagens, rascunhos, diagramas e post-its. O autor afirma que o pensamento

visual é indispensável ao trabalho uma vez que modelos de negócios são

conceitos complexos, composto de uma diversidade de componentes que se

inter-relacionam. O método busca facilitar o entendimento dos conceitos e

do modelo em si através de desenhos.

4. Prototipagem: Tem por objetivo tornar tangíveis os conceitos abstratos.

Osterwalder e Pigneur afirmam que assim como o pensamento visual, a

prototipagem facilita o entendimento e a exploração das ideias. Para Brown

(2009), a prototipagem é essencial, pois quanto mais rapidamente tornamos

nossas ideias tangíveis, mais cedo podemos avalia-las, lapidá-las e

identificar a melhor solução. Ou seja, “errar” antes, durante a fase de

prototipagem, é mais barato que “errar” depois que investimentos foram

feitos no novo modelo.

5. Storytelling: Narrativas para introduzir o novo, pensar o futuro, engajar e

motivar pessoas. O método tem por objetivo explicar o intangível e facilitar

o entendimento de novos conceitos possivelmente incompreensíveis.

Osterwalder e Pigneur afirmam que boas histórias forçam os ouvintes a

abrirem as mentes para novas possibilidades. Descrever um modelo de forma

a vencer a resistência é crucial.

6. Cenários: Descrever os cenários futuros com a função de guiar o processo de

desenvolvimento dos modelos negócios. O objetivo não é prever o futuro,

mas imaginar possíveis futuros em conjunto com os desejos e objetivos

baseados em insights de clientes. O método busca ajudar na reflexão sobre

os modelos de negócios mais apropriados para cada ambiente futuro.

O livro também nos leva a compreender o modelo de negócios através da

comparação com padrões existentes com características, arranjos e comportamentos

similares. Osterwalder e Pigneur (2011), identificam cinco padrões construídos sobre

importantes conceitos da literatura de administração:

1. Modelos de negócio desagregados: negócios de relacionamento com os clientes,

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de inovação e de infraestrutura (private banking e telefonia móvel);

2. A cauda longa, bem descrita na obra de Chris Anderson de mesmo nome (eBay,

Lego, YouTube e Facebook);

3. Plataformas multilaterais: unem dois ou mais grupos distintos, porém

interdependentes, de clientes (Visa, Google e Microsoft);

4. Free: pelo menos um segmento de cliente substancial é capaz de se beneficiar

continuamente de uma oferta livre de custos (jornais gratuitos como o Metro,

Flickr e Skype);

5. Modelo de negócio aberto: colaborando com parceiros externos para captar e

criar valor sistematicamente (Proctor & Gamble, GlaxoSmithKline, Innocentive)

Por fim, o autor introduz uma discussão sobre modelos de negócios e estratégia,

onde questiona os negócios estabelecidos ao examinar o ambiente no qual o modelo

atua.

“Devido a crescente complexidade do panorama econômico (ex.: inovações

tecnológicas) e à severas perturbações no mercado, compreender as mudanças no

ambiente ajuda você a adaptar seu modelo com mais eficiência para lidar com as

inconstantes forças externas.”

(OSTERWALDER E PIGNEUR, 2011, p. 200)

É nesse momento que somos levados a avaliar cenários, forças do mercado,

forças da indústria, tendências, forças macroeconômicas, entre outras.

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3. A Abordagem da Engenharia Industrial

Chamamos por abordagem da Engenharia Industrial um conjunto de conceitos e

ferramentas estudado em disciplinas do curso de Engenharia de Produção da UFRJ

como, por exemplo: Planejamento e Controle da Produção, Planejamento das

Instalações, Planejamento Estratégico, Projeto do Produto, Projetos Industriais e Gestão

da Qualidade. Os trabalhos realizados nestas disciplinas serviram como base para esta

abordagem. É importante ressaltar que tais matérias foram selecionadas dentro de um

amplo contexto da Engenharia Industrial, pois acreditamos que são fundamentais para o

desenvolvimento de um modelo de negócios.

Dentro dessa caracterização do negócio, pode-se definir algumas variáveis como

localização, análise de mercado/clientes, política de produtos, plano operacional e

financeiro. Partindo deste conceito, será feita uma análise da lavanderia através da ótica

da Engenharia Industrial.

3.1. Informações Gerais

A LI é uma lavanderia Industrial de médio porte responsável pela rouparia de

grandes hotéis da cidade do Rio de Janeiro. Sua proposta de serviço é, sobretudo, a

lavagem de enxovais para hotéis classificados entre 3 e 4 estrelas. Devido ao seu

histórico familiar de pouco planejamento, a empresa não possui atualmente um plano de

negócios estruturado e por isso não estão definidas sua missão, visão e seus objetivos.

Seu crescimento se deu principalmente devido ao surgimento das oportunidades e

ofertas por parte dos hotéis.

3.2. Histórico

Em 2002, o negócio da família começou com a compra de uma pequena

lavanderia doméstica no shopping Novo Leblon. Com o passar dos anos, a lavanderia

foi adquirindo novos clientes na Barra da Tijuca, dentre eles o H1, que se localizava

próximo ao shopping. Inicialmente a demanda do hotel H1 era composta por roupas de

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hóspedes e uniformes. Posteriormente, o hotel se mostrou satisfeito com o trabalho e

propôs, em 2007, que lavassem também o seu enxoval.

Em um primeiro momento, a lavanderia recusou a proposta, pois não possuía

espaço e recursos necessários para atender essa nova demanda. Diante da recusa, o

Hotel fez uma nova proposta, onde garantiu um contrato de longo prazo caso a

lavanderia se expandisse para atender a demanda de enxoval. Partindo desse

pressuposto, os donos viram uma oportunidade interessante para difundir o seu negócio

e optaram por investir em uma nova lavanderia industrial. A lavanderia cresceu e

atualmente atende 8 hotéis na cidade do Rio de Janeiro incluindo seu mais antigo

cliente, o hotel H1.

3.3. Localização

A LI localiza-se na Taquara, Jacarepaguá, zona oeste da cidade do Rio de

Janeiro, na estrada do Macembu, 633, lote 4. A área é conhecida por apresentar várias

empresas industriais como Coca-Cola, Wella, além de outras lavanderias concorrentes.

Figura 5: Localização

Fonte: <maps.google> Acesso em 02/02/14

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Inicialmente, podemos considerar que a localização da lavanderia é boa pois se

encontra mais próxima dos seus primeiros clientes, que se localizam na Barra da Tijuca

e na Taquara. Além disso, os baixos custos com terreno e mão de obra foram

determinantes na escolha de sua localização. Ao longo do tempo, a lavanderia cresceu e,

por isso, foi ampliando sua área de atuação. Atualmente, possui quatro clientes

localizados na Zona Sul da cidade.

Ademais, uma cidade populosa e turística como o Rio de Janeiro, oferece um

grande mercado para esse tipo de lavanderia, pois conta com uma vasta rede de hotéis,

que tende a crescer ainda mais com as Olimpíadas.

A coleta e distribuição das roupas é feita por caminhões e kombis. A lavanderia

se encontra nas proximidades de umas de duas das principais vias da cidade, a linha

amarela e a estrada dos bandeirantes. A Taquara é um bairro de classe média e dos

principais polos econômicos da zona oeste onde várias indústrias e outros

estabelecimentos comerciais estão instalados. Apesar de apresentar um grande número

de indústrias, há várias áreas residenciais no entorno da lavanderia. Com isso, área

possui uma oferta de mão de obra para as indústrias que se localizam nesta região.

Outro fator importante a ser considerado é a proximidade com a Cidade de Deus,

que pode tornar o local um pouco perigoso, devido ao alto índice de violência das

favelas do Rio de Janeiro. Por essa proximidade a área pode se tornar um pouco

desvalorizada o que representa uma vantagem para as empresas que se instalaram no

local e que necessitam de grandes espaços.

3.4. Análise de Mercado

Para avaliar o mercado, inicialmente desenvolveu-se uma análise SWOT. A

análise foi realizada apenas para dar os primeiros passos e um direcionamento para a

avaliação do ambiente em que o negócio se insere.

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Figura 6: Análise SWOT

Fonte: Elaboração Própria, Adaptada de Albert Humphrey, Década de 1960

Em uma primeira análise, vê-se que a lavanderia possui forças significativas

como, por exemplo, seu ótimo relacionamento com os clientes e seus custos

relativamente baixos de operação. Essas forças, aliadas ao alto potencial turístico da

cidade do Rio de Janeiro, podem aumentar a oferta de novos clientes e alavancar os

negócios da LI. Deve-se atentar, no entanto, para algumas fraquezas da empresa, como

a alta dependência de energia e água. Considerando a atual conjuntura do mercado

brasileiro, em que a falta de água é iminente, essa dependência pode vir a limitar a

capacidade da lavanderia e aumentar seus custos.

Em seguida, serão utilizadas as “Cinco Forças de Porter” (1980) para uma

análise mais detalhada. Propostas por Porter (1980), as cinco forças, objetivam deixar

claro como cada um dos envolvidos influenciam, positiva ou negativamente, em um

determinado negócio. Ainda que a discussão comece com o nível de rivalidade entre os

concorrentes diretos em um dado setor, deve-se ter em mente que talvez a contribuição

mais valiosa esteja no conceito de que a rivalidade seja apenas uma das muitas forças

que determinam a atratividade de um setor (GHEMAWAT, 2012). As forças de Porter

estão retratadas na figura 7 e são definidas como: Rivalidade entre os Concorrentes,

Forças Fraquezas

·         Bom relacionamento com o cliente ·         Dependência do abastecimento de água e energia

·         Preço acessível ·         Crescimento acelerado pouco planejado

·         Mão de obra barata ·         Falta de sistema de informação

·         Serviço de qualidade ·         Dependência de mão de obra pouco comprometida

·         Canal aberto para troca de informações ·         Sua produtividade limitada pela capacidade das máquinas

·         Utilização de poços artesianos ·         Dependência de assistência técnica para as máquinas

·         Bom relacionamento com concorrentes

Oportunidades Ameaças

·         Dependência de lavanderia terceirizada por parte dos hotéis

devido ao espaço físico limitado ·         Aumento do trânsito na cidade do Rio de Janeiro

·         Possibilidade de expandir sua atuação para além dos hotéis ·         Horário limitado de circulação de caminhões

·         Rio de Janeiro como cidade sede de eventos ·         Racionamento de água

·         Troca de informações entre governantas de hotéis ·         Aumentos dos preços dos insumos

·         Serviço de base, sempre haverá necessidade para lavar roupas·         Sazonalidade na demanda do mercado

·         Crescente número de hotéis na cidade do Rio de Janeiro ·         Alto nível de exigência dos clientes

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Poder de Negociação dos Fornecedores, Poder de Negociação dos Clientes, Ameaça de

Novos Entrantes e Ameaça de Produtos Substitutos.

Figura 7: As cinco forças de Porter

Fonte: Estratégia Competitiva, Porter (1980)

Segundo Ghemawat (2010), o grau de rivalidade é a mais óbvia das cinco

forças em um setor e influencia a extensão em que o valor criado por um negócio será

dissipado por meio da concorrência direta. Como principais concorrentes no ramo de

lavanderia hoteleira encontramos as empresas C1, C2 e C3, que apresentam as maiores

participações na cidade do Rio de Janeiro. A empresa C3 é a maior das concorrentes e

atende não só o ramo hoteleiro como também restaurantes, clínicas, hospitais e

indústrias. Atualmente é considerada a maior lavanderia da América Latina. A empresa

se classifica como uma empresa de gestão e higienização têxtil e, no Rio de Janeiro, está

localizada em Xerém.

A empresa C1, localizada em Jacarepaguá, também atende o ramo hoteleiro com

maior foco em hotéis cinco estrelas como o Copacabana Palace e Fasano e Mariott. Já a

lavanderia C2, localizada no centro da cidade, possui um maior número de clientes

devido a sua maior capacidade. Trabalha com um grande número de pequenos hotéis e

alguns poucos grandes.

Em relação às barreiras à entrada, podemos dizer que o negócio de lavanderia,

considerando as especificidades técnicas, não oferece muitas dificuldades para novos

entrantes. O serviço já é bem conhecido e disseminado no mercado, não apresentando

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grande complexidade para a implantação. Vemos também uma gama ampla de

fornecedores e clientes em potencial. A maior barreira à entrada neste ramo hoteleiro

seria, no entanto, a fidelização dos clientes. O serviço de lavanderia é extremamente

necessário para os hotéis e, por isso, os contratos são de longo prazo, com alto nível de

exigência. Atualmente, a maioria dos hotéis já possui uma lavanderia de confiança, as

vezes até mesmo aprovada por toda a rede de hotéis, para prestar este serviço.

Para diferenciar-se das concorrentes, a LI optou por não focar seu público alvo

nos hotéis 5 estrelas pois estes, em sua maioria, já possuem contratos de longo prazo

com as lavanderias industriais de grande porte do Rio de Janeiro. Além disso, não viu

nos hotéis de pequeno porte um investimento lucrativo, uma vez que a sua demanda não

justifica os custos incorridos.

Sua precificação é baseada na demanda do mercado e segue o padrão de seus

concorrentes. Sua principal forma de diferenciação é a fidelização dos clientes e

atendimento de qualidade, em termos de pontualidade, serviço prestado e atendimento

ao cliente. Atualmente não investe em propaganda uma vez que possui sua capacidade

plena. Os principais canais de comunicação são telefone e e-mail e pode-se dizer que a

empresa conquistou seu mercado através do boca a boca e indicação de clientes antigos.

Pode-se dizer que são poucos os substitutos ao serviço de lavanderia. Neste

caso, podemos considerar a utilização de lavanderias próprias. Ainda, o aluguel de

enxoval e a utilização de enxovais descartáveis poderiam vir a ser potenciais substitutos.

Em relação aos clientes, a lavanderia se expandiu no mercado hoteleiro com

foco no segmento de hotéis bem conceituados. Como a cidade do Rio de Janeiro possui

um alto potencial turístico, novos hotéis estão sendo construídos e expansões sendo

feitas. Isso faz com que a lavanderia possua um amplo mercado de atuação. No entanto,

a principal forma de marketing e prospecção de novos clientes é através do boca a boca

e indicação dos clientes antigos. Isso aumenta o poder de barganha dos clientes, uma

vez que a lavanderia necessita oferecer um serviço de qualidade e que atenda as

necessidades dos clientes atuais, para que possa aumentar sua participação no mercado.

A lavanderia também conta com alguns fornecedores chave para seu

funcionamento. Sobre o processo de lavagem, existe uma demanda média de roupa a ser

lavada por dia que faz com que haja um consumo grande de água, uma vez que esta é

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utilizada não só na lavagem, mas também nos sistemas que utilizam o vapor. Além

disso, é necessária uma enorme quantidade de energia para o funcionamento das

máquinas. A área conta com um abastecimento de água e energia, porém com preços

um pouco elevados.

Para diminuir o gasto de água, a lavanderia possui um sistema de água composto

por 4 poços, sendo 3 artesianos, com uma profundidade de 150 a 300 metros, e 1

superficial, com profundidade de 20 metros. Há também um hidrômetro volumétrico

para água que sai dos poços. Dos 4 tanques de resina, 2 possuem capacidade de 1500

litros de água tratada por hora e 2 com capacidade de 2500 litros por hora. Esse sistema

alternativo de abastecimento de água, diminui a dependência da lavanderia em relação a

Cedae.

Figura 8: Tanques de Resina

Fonte: Elaboração Própria

Também há 7 reservatórios (caixas d’água) de água bruta com capacidade para

2500 litros cada e 4 reservatórios de água tratada com capacidade de 10000 litros por

reservatório.

Em relação ao maquinário, a manutenção é realizada tanto por empresas

terceirizadas, quanto por assistência técnica dos vendedores. O Cloro e o sabão são

fornecidos por três fornecedores que não possuem contrato de exclusividade. São

escolhidos de acordo com o preço e possibilidade de atendimento no momento da

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demanda. Além disso, existe um contrato fixo com os fornecedores de embalagens, uma

vez que são necessárias embalagens customizadas dentro de uma periodicidade

acordada.

3.5. Organização

A unidade apresenta atualmente um quadro de 40 funcionários divididos em 10

cargos. Cada jornada de trabalho é composta por apenas um turno de trabalho que

começa as 7:00 e termina às 19:00. Os lavadores são os únicos com turnos

diferenciados, pois um deles chega às 6:00 (e sai às 18:00) para abrir a lavanderia e

começar os trabalhos enquanto o outro chega às 8:00 e sai às 22:00 quando a lavanderia

fecha. No momento, para atender a demanda, a lavanderia também está fazendo turnos

noturnos. Um lavador e um secador trabalham a noite em dias alternados, entram as 5

da tarde e saem as 5 da manhã.

Existem 10 cargos atualmente na lavanderia: gerente de produção; chefe de

setor; chefe de unidade; lavador; calandrista; passadeira; motorista; secador; auxiliar de

lavanderia; auxiliar de serviços gerais. Vale a pena ressaltar que todos os funcionários

foram treinados para todas as funções e trabalham sob demanda, ou seja, quando há

necessidade de realização de alguma tarefa específica, qualquer funcionário estará

pronto para realizá-la. Apenas o motorista, o ajudante, o chefe de unidade e o lavador

que realizam somente as suas funções.

Na tabela a seguir observa-se a relação do cargo com o número de funcionários:

Tabela 1: Relação Funcionários por Cargo

CARGO

N° DE

FUNCIONÁRIOS

Gerente de produção 1

Chefe de setor 1

Chefe de unidade 1

Lavador 5

Secador 5

Calandrista 17

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Passadeira 2

Motorista 2

Auxiliar de lavanderia 2

Auxiliar de Serviços

Gerais 4

Total: 40

Fonte: Elaboração Própria

Podemos observar que o maior número de funcionários ocupa a posição de

calandrista, o cargo crítico da lavanderia. Essa necessidade é decorrente do fato das

calandras (máquinas utilizadas para a passadoria das roupas), demandarem trabalho

manual: ao passar pela calandra as peças precisam ser vistoriadas para, se for o caso,

serem repassadas.

Para melhor entendimento das relações entre os cargos, o organograma da

empresa pode ser observado na figura abaixo:

Figura 9: Organograma

Fonte: Elaboração Própria

Gerente de Produção

Chefe de Setor

Chefe de unidade

Calandristas

Lavador Auxiliar de Lavanderia

Passadeira Secador Auxiliar de

serviços gerais Motorista

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Apesar da maioria dos cargos estarem no mesmo nível, a base salarial é

determinada pelo sindicato e varia de acordo com cada função. Além do salário bruto os

funcionários rebem ainda benefícios como, ticket alimentação, vale transporte e cesta

básica de natal.

3.6. Operações e Política de Produtos

Os produtos lavados na unidade resumem-se em dois grupos. São eles: enxoval

(cama e banho), e uniformes de funcionários dos hotéis. Nas figuras 10 e 11 pode ser

observado a folha de controle com a lista completa de enxoval e a lista de uniformes de

funcionários, respectivamente.

Figura 10: Folha de Controle Enxoval

Fonte: Documentação Interna da

Lavanderia (2012)

Figura 11: Folha de Controle Roupas

Fonte: Documentação Interna da

Lavanderia (2012)

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Utilizando como referência o trabalho realizado por Zanatta et. al (2013) para a

disciplina Planejamento das instalações, apresentaremos a análise PxQ (Produto x

Quantidade) da lavanderia. Essa análise consiste no levantamento dos produtos e suas

respectivas quantidades demandadas em um determinado período de tempo.

Os produtos foram agrupados de acordo com suas similaridades: tipos de

produtos e tecidos. Para a análise PxQ foram utilizados dados de setembro de 2012 a

setembro de 2013, considerando, portanto, as quantidades anuais de produtos. Dividiu-

se em seguida esse número por 12, obtendo assim, uma média mensal dos produtos. Na

tabela abaixo estão representadas as classes de produtos e os valores encontrados para

as quantidades.

Tabela 2: Análise PxQ

GRUPO PRODUTOS QTD/MES

TOALHA*

PISO - ROUPÃO - TOALHA DE BANHO -

TOALHA DE ROSTO - TOALHA DE PRAIA/

PISCINA - TOALHA DE MASSAGEM -

TOALHA DE SAUNA 63987

FRONHA FRONHA DE BERÇO - FRONHA GRANDE -

FRONHA PEQUENA 34436

LENÇOL

LENÇOL DE SOLTEIRO (BAIXO/CIMA) -

LENÇOL DE CASAL (BAIXO/CIMA) LENÇOL

BEBÊ - LENÇOL KING 23458

DUVET DUVET SOLTEIRO - DUVET CASAL - DUVET

KING /LUA DE MEL 2591

PANO DE CHÃO PANO DE CHÃO 501

COLCHA COLCHA DE CASAL - COLCHA DE SOLTEIRO 318

COBRE LEITO COBRE LEITO CASAL - COBRE LEITO

SOLTEIRO 122

PROTETOR

PROTETOR DE COLCHÃO SOLTEIRO -

PROTETOR DE COLCHÃO CASAL -

PROTETOR DE TRAVESSEIRO 97

COBERTOR COBERTOR BEBE - COBERTOR/ MANTA

CASAL - COBERTOR/ MANTA SOLTEIRO 74

CORTINA BLACK- OUT - CORTINA (FORRO) -

CORTINA 69,56

EDREDON EDREDON SOLTEIRO - EDREDON CASAL

67

TRAVESSEIRO TRAVESSEIRO 50

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SAIA ENXOVAL BABADO CAMA - SAIA 46

CAPA CAPA DE ALMOFADA- CAPA DE SOFÁ 15

TAPETE TAPETE PEQ/ MED/ GR 14

CALÇA CALÇA AZUL/BRANCA/CINZA/VERDE/

MENSAGEIRO/PRETA/ STUART/ XADREX 10

CAMISA

CAMISA AZUL/CINZA - CAMISA GARÇOM -

CAMISA MANGA CURTA - CAMISA SOCIAL

BRANCA - CAMISETA 10

AVENTAL AVENTAL ARRUMADEIRA - AVENTAL

COZINHA 8

MESA TOALHA DE MESA - GUARDANAPO 6

BLAZER BLAZER CINZA/PRETO/VERDE 6

JALECO JALECO COZINHA - JALECO STUART 5

COLETE COLETE BRANCO / CINZA 3

SAIA SAIA AZUL / CINZA/ PRETA 3

BLUSA SEDA BLUSA SEDA 2

DOLMAN DOLMAN - DOLMAN MENSAGEIRO 2

LENÇO LENÇO 2

TOUCA TOUCA 2

VESTIDO VESTIDO CINZA ARRUMADEIRA 2

ECHARPE ECHARPE 1

GRAVATA GRAVATA 1

JAQUETA JAQUETA COZINHA 1

PALETÓ PALETÓ 1

Fonte: Elaboração Própria

Podemos ver em seguida o gráfico PxQ referente a essas quantidades:

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30

Figura 12: Gráfico PxQ

Fonte: Elaboração Própria

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

QTD

/MÊS

Análise PxQ

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A partir do gráfico podemos concluir que o principal produto é a toalha, seguida da

fronha e do lençol. Vale ressaltar que esse resultado se acentua durante o verão, período de

alta temporada dos hotéis, e por isso são necessários períodos de horas extras nessa época do

ano.

Os produtos são lavados por ordem de chegada dos hotéis, ou seja, o método FIFO

(fist in first out). As atividades realizadas na lavanderia são: lavar, centrifugar, secar, passar,

embalar, expedir (devolução das peças). Uma vez constatada, através da política de produtos,

que a toalha é o produto de maior demanda da lavanderia, apresentamos, a título de ilustração,

o seu fluxograma:

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Figura 13: Fluxograma das Toalhas

Fonte: Zanatta et al , 2013

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A lavanderia possui atualmente uma área de aproximadamente 470 m² que conta com

duas partes: uma área térrea e um mezanino que ocupa apenas uma pequena parte do espaço.

A parte térrea é aonde se localiza a maior parte das atividades e conta com uma área coberta e

uma área descoberta, onde ocorre a entrada e saída de caminhões. Na figura abaixo podemos

observar a representação da planta da lavanderia e as suas principais áreas de atividades.

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Figura 14: Planta Baixa - 1º Pavimento

Fonte: Planejamento das Instalações, Zanatta et al, 2013

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Figura 15: Planta Baixa - 2º Pavimento

Fonte: Planejamento das Instalações, Zanatta et al, 2013

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3.7. Cadeia de Valor

Para uma abordagem mais ampla, cadeia de valor do empreendimento. Apresentada

por Porter em 1985, essa ferramenta propõe uma análise de custo e diferenciação. Sua

discussão enfatiza a importância de se reagruparem funções nas atividades efetivamente

realizadas para produzir, comercializar, entregar e dar suporte aos produtos (GHEMAWAT,

2010).

Figura 16: Cadeia de Valor

Fonte: Vantagem Competitiva, Porter, 1985

As Atividades Primárias constituem-se em:

• Logística Interna: Recebimento, armazenagem e controle de estoque de matérias-

primas e manuseio de material.

• Operações: Separação das roupas, manutenção e preparação de equipamentos,

processo de lavagem/ secagem/ passadoria das roupas.

• Logística Externa: Estoque de produtos acabados, processamento de pedidos,

programação de entrega e coleta de roupas.

• Marketing e Vendas: Política de preços e relacionamento íntimo com o cliente

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• Serviços: Atendimento ao cliente, relave e feedback de clientes.

As Atividades de Suporte, por sua vez, constituem-se em:

• Compras: Matérias-primas, máquinas, equipamentos de escritório, terrenos,

utilidades industriais (água, vapor, energia).

• Desenvolvimento de Tecnologia: Melhoria dos procedimentos, processos de

produção, transporte de materiais e maquinário

• Administração de Recursos Humanos: Recrutamento, treinamento, benefícios,

feedback aos funcionários e relação com sindicatos

• Infra Estrutura: Gerência, planejamento, finanças, consultoria jurídica e

contabilidade

Com relação aos elos existentes na rede de valor, podemos ver que horizontalmente as

atividades primárias se integram formando um sistema de atividades interdependentes que

afetam o custo e eficiência da cadeia. Na LI, pode-se dizer que as atividades primárias

apresentam bom desempenho e integração nas áreas de logística interna, operações e logística

externa. No entanto, as áreas de Marketing e atendimento ao cliente, em nossa percepção,

ainda apresentam oportunidades de melhoria no que tange os meios de comunicação e

interação com o seu público-alvo.

Considerando as relações verticais acreditamos que a interação das áreas de compra e

infraestrutura da empresa são consideradas satisfatórias. As atividades de recursos humanos e

desenvolvimento e tecnologia, no entanto, podem ser melhor exploradas. Em relação aos

recursos humanos, a lavanderia apresenta uma grande rotatividade. Levando em conta esse

fator, pode-se investir em políticas para manter e motivar os funcionários e treinamentos. No

que diz respeito a área de desenvolvimento e tecnologia, se fazem necessários investimentos

em sistemas de informação mais completos e eficientes. Os processos da empresa são pouco

documentados e a gestão do conhecimento apresenta uma defasagem em relação aos métodos

e compartilhamento das informações.

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3.8. Política de Capacidade

A capacidade da lavanderia pode ser estimada através de alguns indicadores. Em

termos de produtividade, são lavados em média 400 kg de roupa em 1 hora, dando um total de

7200 Kg de roupa por dia, considerando um total de 18 horas de trabalho em um dia. A

mesma também pode ser medida através da quantidade de roupa pronta para entrega/

quantidade demandada (atualmente esse indicador não apresenta grande relevância, pois todas

as peças de roupa são devolvidas em 24 horas, mesmo que seja necessário a realização de

hora extra por parte dos funcionários) ou pelo relave, medido pela quantidade de peças

relavadas /quantidade demandada. Foi constatado que o indicador de relave apresenta uma

média de 8%.

A capacidade da lavanderia está restrita as máquinas que possui. Para uma expansão

de capacidade, novas máquinas e instalações devem ser adquiridas. Podemos dizer que

existem certos “níveis” de capacidade e, por isso, ao se pensar em um aumento da produção,

deve-se levar em conta se a demanda adicional irá absorver os custos desta expansão. Os

custos financeiros geralmente aumentam em uma taxa menor do que o volume de produção

(economias de escala).

Existe um mercado em expansão no Rio de Janeiro que pode ser absorvido pela

lavanderia. No entanto, para que o aumento da capacidade seja justificado, seriam necessários

dados financeiros que não foram divulgados no presente trabalho.

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3.9. Equação Econômico Financeira

Por motivos de sigilo, os dados financeiros da empresa não foram detalhados porém,

apresentaremos uma análise econômico financeira que retrata seus ganhos e oportunidades.

Os maiores custos da lavanderia são referentes à mão de obra, energia, gasolina e

gás. Vale ressaltar o grande investimento inicial das instalações, que contou com a aquisição

de equipamentos, terreno e instalações industriais como o sistema de vapor, abastecimento

de água, etc. O pay-back do investimento girou em torno de 3 a 4 anos, devido ao baixo

número de clientes no inicio do seu funcionamento.

No entanto, quando mais clientes foram conquistados, a lavanderia se mostrou um

empreendimento rentável e lucrativo devido aos seus baixos custos. Os donos do negócio

destacam que o benefício está presente principalmente nos reduzidos custos administrativos

e operacionais. A LI é gerida por seus dois sócios e, portanto não apresenta custos

referentes à gestão do negócio. Além disso, os insumos são controlados e seus gastos

relativamente baixos, como por exemplo, a utilização de poços artesianos permite que os

gastos com água sejam mínimos.

3.10. Limitações Dessa Abordagem

Após o estudo e entendimento do modelo de negócios atual da lavanderia alguns

questionamentos surgem em relação às limitações dessa abordagem. A construção do

modelo de negócios centrado na organização é um bom ponto de partida para o negócio

prosperar, porém, pode-se dizer que existe um “engessamento” do modelo de negócios, ou

seja, parte-se de uma proposta de valor já existente, pressuposta, e que não permite o

questionamento da natureza do negócio e do setor. Para Osterwalder e Pigneur (2011), a

centralização na organização nos permite fazer a pergunta “O que podemos vender?”, mas é

importante levar em consideração “Qual(is) serviço(s) nossos clientes precisam e como

podemos ajudar?”.

De acordo com o autor Drucker (2001), a pergunta “Qual será o nosso negócio?” visa

à adaptação às mudanças previstas. Visa à modificação, ampliação, desenvolvimento do

negócio existente e em operação. Mas há também necessidade de se perguntar “Qual deveria

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ser o nosso negócio?”. Que oportunidades estão se abrindo ou podem ser criadas para

atender à finalidade e missão do negócio, transformando-o em um negócio diferente? O

autor afirma que as empresas que não fizeram essa pergunta deixaram passar certas

oportunidades.

A implantação do ato criativo no modelo, anteriormente mencionado, busca praticar

o pensamento de designers, que enxergam o modelo de negócios pelos olhos dos clientes.

Como mencionado por Osterwalder e Pigneur (2011), não significa que o pensamento do

cliente seja o único ponto de partida para uma iniciativa inovadora, mas deve-se incluir sua

perspectiva ao avaliar um modelo de negócios. É com base nessa abordagem que

apresentaremos a análise do modelo de negócios da lavanderia através da metodologia

Business Model Generation no capítulo a seguir.

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4. Aplicação da Metodologia Business Model Generation como

expressão do Design Thinking

4.1. Mobilização

A partir deste momento, inicia-se a avaliação do modelo de negócios da lavanderia

sob a ótica do design thinking. Como dito anteriormente, para esta experimentação, será

usada a metodologia Business Model Generation, proposta por Osterwalder e Pigneur

(2011). Esta metodologia parte da criação, experimentação e técnicas de design para a

geração de um novo conceito de negócio que esteja alinhado com os desejos dos clientes.

A análise Business Model Generation tem início com a construção do canvas e a

descrição de seus 9 componentes. Todos os dados para a realização desta etapa do trabalho

foram obtidos através de entrevistas com os donos do negócio e visitas ao próprio

estabelecimento.

O componente Segmento de Clientes define os diferentes grupos de pessoas ou

organizações que uma empresa busca alcançar e servir (OSTERWALDER E PIGNEUR,

2011). Como mencionado anteriormente, a LI iniciou seu negócio com foco em clientes de

balcão em uma pequena loja na Barra da Tijuca. Entretanto, a empresa cresceu ao entrar no

ramo industrial, estabelecendo seu foco no ramo hoteleiro. A primeira loja ainda permanece

em funcionamento e tem uma função apenas simbólica dada à história da empresa e possui

uma pequena representação nos lucros. Neste momento, a LI atua solidamente no segmento

de hotéis classificados em torno de 4 estrelas.

O componente Proposta de Valor descreve o pacote de produtos e serviços que

criam valor para um segmento de cliente (OSTERWALDER E PIGNEUR, 2011). A

proposta de valor oferecida pôde ser desprendida tanto das entrevistas com os donos quanto

das com seus atuais clientes. A LI apesar de atender grandes hotéis, é considerada de médio

porte quando comparada às suas concorrentes. O ponto positivo disso, aos olhos dos

clientes, é a proximidade e abertura que possuem com os donos da lavanderia, uma vez que

algum problema surge, ligações e reclamações são tratadas diretamente com os mesmos.

Dessa maneira, a LI identifica sua proposta de valor como lavagem de qualidade e rápida

entrega com um atendimento diferenciado.

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O componente Canais descreve como uma empresa se comunica e alcança seu

segmento de cliente para entregar uma proposta de valor (OSTERWALDER E PIGNEUR,

2011). Os canais identificados em relação ao atendimento do cliente foram comunicação via

e-mail e telefone. Os responsáveis pelo empreendimento explicam que utilizam esses meio

de comunicação devido à familiaridade e facilidade com os mesmos. Além disso, utilizam 1

caminhão e 1 boxer e 2 kombis para fazer o percurso hotéis-lavanderia.

O componente Relacionamento com Clientes descreve os tipos de relação que uma

empresa estabelece com segmentos de clientes específicos (OSTERWALDER E PIGNEUR,

2011). Como mencionado anteriormente, a Lavanderia mantêm relações pessoais fortes com

seus clientes e pouco automatizadas (apenas e-mails). Sua assistência é baseada na interação

humana direta dos donos com as governantas dos hotéis, considerada uma relação pessoal

íntima.

O componente Fontes de Receita representa o dinheiro que uma empresa gera a

partir de cada segmento de clientes (OSTERWALDER E PIGNEUR, 2011). No caso da

lavanderia, as receitas são geradas a partir de uma taxa de uso, por unidades, quanto mais o

serviço é utilizado, mais o cliente paga pelo consumo.

A LI utiliza um misto de precificação fixa e dinâmica para determinar quanto seus

clientes irão pagar. Inicialmente, baseou seu método de precificação pesquisando quanto

seus concorrentes cobravam e descontava um valor que ainda lhe permitisse obter lucros.

Posteriormente, mais sólida no mercado, sua precificação passou a depender da

característica do produto e de seu volume (precificação fixa), além de leilões de apenas um

lance e negociação com os clientes (precificação dinâmica). O leilão pode ser entendido

como o pedido de proposta (RFP- request for proposal) por parte de um cliente em potencial

para diversas lavanderias. A que oferecer um melhor custo benefício é geralmente a

escolhida.

O componente Recursos Principais descreve os recursos mais importantes exigidos

para fazer um modelo de negócios funcionar (OSTERWALDER E PIGNEUR, 2011). Pôde

ser identificado que para a lavanderia os principais recursos são os próprios funcionários e

sócios da empresa, na categoria recursos humanos, além de maquinário, utilidades (vapor,

poços artesianos, sistema de ar comprimido) e dois galpões na categoria de recursos físicos.

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O componente Atividades-Chave descreve as ações mais importantes que uma

empresa deve realizar para fazer seu modelo de negócios funcionar (OSTERWALDER E

PIGNEUR, 2011). As atividades relacionadas à própria produção se resumem à lavagem em

grande escala e à manutenção das máquinas. Em relação à resolução de problemas,

consideramos o atendimento pessoal e íntimo como uma atividade-chave para resolver

problemas específicos apresentados por cada hotel.

O componente Parceria Principais descreve a rede de fornecimento e os parceiros

que põem o modelo de negócios para funcionar (OSTERWALDER E PIGNEUR, 2011).

As parcerias identificas para a otimização e economia de escala são formadas pelos

fornecedores de matérias-primas para a execução do serviço. A lavanderia utiliza 3

fornecedores que se revezam para prover sabão e cloro. Além disso, a empresa utiliza o

serviço da Copagaz para abastecer suas máquinas que necessitam de gás e Cedae, para o

abastecimento de água do estabelecimento.

Vale ressaltar que sua dependência em relação à Cedae é pequena uma vez que

utilizam poços para distribuir água para as máquinas, o serviço da Cedae abastece os

banheiros e o refeitório. Ainda podemos citar os fornecedores das máquinas que contribuem

com assistência na manutenção preventiva e corretiva do maquinário.

O componente de Custos descreve todos os custos envolvidos na operação de um

modelo de negócios (OSTERWALDER E PIGNEUR, 2011).

Os custos mais importantes identificados no empreendimento foram separados em

custos fixos custos variáveis. Em relação aos custos considerados fixos, a mão-de-obra foi

apontada como o maior da lavanderia, cerca de 30% de sua receita. Para os custos variáveis

primeiramente a empresa apontou gastos com gás, cerca de 6.500,00 reais por semana,

seguido de gasolina e energia, cerca de 5.500,00 reais por mês cada. Além disso, a empresa

mencionou custos com manutenção, água e matéria prima para lavagem dos enxovais, mas

seus custos são menos representativos quando comparados com os apresentados

anteriormente.

A figura a seguir apresenta um resumo do canvas, concentrando os principais

componentes apresentados pela lavanderia:

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Figura 17: Modelo de Negócios atual da LI

Fonte: Elaboração Própria, Adaptada de Osterwalder e Pigneur, 2011

4.2. Compreensão

4.2.1 Insights de Clientes

Para Brown (2009), o insight, umas das principais fontes de design thinking, não

provêm do âmbito dos dados quantitativos que mensuram exatamente o que já temos e nos

dizem o que já sabemos. Utilizar a capacidade de observação pode facilitar o entendimento

do comportamento das pessoas e nos dar valiosas dicas sobre suas necessidades não

atendidas. Para o autor é importante ver o que as pessoas não fazem e escutar o que não

dizem.

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Para entender melhor o segmento de clientes no qual a lavanderia está inserida,

foram feitas entrevistas com o objetivo de entender melhor como os seus clientes pensam, o

ambiente em que atuam e a partir disso, desenvolver mapas da empatia para cada um. Os

clientes foram escolhidos dentre os que já utilizam os serviços oferecidos pela LI ou

pretendem utilizá-lo. Foram realizadas entrevistas com governantas de 3 hotéis 4 e 5 estrelas

localizados na zona sul do Rio de Janeiro. 2 dos hotéis já utilizam os serviços da lavanderia

e 1 não é cliente fixo, mas em casos de emergência recorre à LI.

Com o objetivo de encontrar melhores resultados na fase de criação através das

entrevistas e realmente imergir no design thinking, os mapas da empatia foram

desenvolvidos manualmente utilizando cartolinas e post-its. Para Brown (2009) esse é um

passo importante, pois “tomar emprestada” a vida dos outros para inspirar novas ideias, é

preciso começar reconhecendo que seus comportamentos aparentemente inexplicáveis

representam diferentes estratégias para lidar com o mundo confuso, complexo e

contraditório no qual as pessoas vivem.

A seguir, apresentaremos a entrevista desenvolvida e realizada com as governantas

dos hotéis e posteriormente os resultados obtidos e utilizados para a criação de cada mapa da

empatia.

ENTREVISTA

O intuito dessa entrevista é uma conversa informal, para que o locutor e o

entrevistador possam conhecer um ao outro.

1. Conte-nos um pouco sobre a rotina de um grande hotel.

2. Nesse ambiente, quais são seus parceiros e concorrentes?

3. Quais suas expectativas para 2015?

4. No final do dia o que te deixa com a sensação de dever cumprido em relação aos

seus hóspedes?

5. Considerando o serviço do hotel, quais pontos acredita que poderiam ser

melhorados?

6. Quais são seus maiores medos em relação ao seu trabalho?

7. O que pode mante-la acordada a noite?

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8. Os seus hóspedes estão satisfeitos?

9. Os seus funcionários estão satisfeitos?

10. A que tipos de oferta você está exposta diariamente? Consegue lembrar de algum

serviço que foi oferecido recentemente pra vocês?

11. Conte-nos por que escolheu a LI? Qual o diferencial da nossa lavanderia? Quais os

pontos positivos?

12. Você teria alguma sugestão de melhoria para o serviço de lavanderia que

oferecemos?

13. O que você acredita que seria o serviço de lavanderia ideal?

14. Existe alguma demanda que não estamos cumprindo, mas você acredita que seria

importante pra você?

A partir dos resultados encontrados nas entrevistas, suas respostas foram

classificadas nas 5 categorias que constituem o mapa da empatia para que os mesmos

pudessem então ser desenvolvidos.

O que ele vê: Consiste no que seu cliente vê ao seu redor; Quem são seus amigos? O

que o mercado oferece? Como é o ambiente no qual ele está inserido? O que as pessoas

que o cercam costumam fazer?

O que ele ouve: Consiste no que é dito ao seu cliente; O que as pessoas importantes na

vida dele, tais como amigos e família, dizem? O que o chefe fala? O que a mídia fala? O

que seus ídolos falam? O que suas marcas preferidas transmitem?

O que ele pensa e sente: São basicamente suas aspirações; O que ele almeja? Quais são

seus sonhos? O que ele pensa, mas não nos diz? O que o faz bem? Onde ele gostaria de

estar?

O que ele fala e faz: Nesse ponto é comparado tudo aquilo que ele fala com o que ele,

de fato, faz; Quais são seus hobbies? O que ele costuma falar e o que ele costuma fazer?

Como é a sua aparência? Como ele trata os outros?

Dores: Aqui entra tudo o que o causa preocupação; Quais são suas frustrações?

Quais são seus medos? O que o atrapalha? O que o preocupa? O que ele mudaria em

sua vida?

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Ganhos: É basicamente aquilo que ele necessita para ficar bem e alcançar seus

objetos; O que ele necessita para bater suas metas? O que ele considera como

felicidade e o que ele tem feito para alcançá-la? Como faz para enfrentar obstáculos?

O que considera sucesso?

Através da análise dos mapas da empatia, que estão presentes no Apêndice A,

podem-se identificar alguns padrões apontados pelos clientes da lavanderia. Dentre os

pontos mais relevantes estão a qualidade do atendimento e a pontualidade. Todos os clientes

apontaram que perdas nos enxovais e atrasos na entrega são problemas constantes, que

afetam diretamente seu planejamento. Como hotéis conceituados, estes devem manter um

padrão de qualidade no atendimento e problemas com os enxovais afetam seu nível de

serviço.

Além disso, por possuir hóspedes com um alto nível de exigência, seus enxovais são

muito delicados, requerendo uma lavagem mais cuidadosa. Todas as governantas sentem

que fizeram um bom trabalho quando recebem um feedback positivo de seus clientes e da

rede de hotéis.

Ao construir o mapa da empatia, percebe-se que as governantas possuem uma alta carga

de trabalho e muita cobrança por parte dos donos e clientes dos hotéis. Para manter um

serviço de qualidade, elas devem coordenar as atividades dos funcionários do hotel e de seus

fornecedores, se planejando antecipadamente. Por isso, seus maiores medos estão em

ocasiões que fogem deste planejamento, como a falta de um funcionário ou o não

recebimento dos enxovais do hotel.

4.2.2 Ambiente do Modelo de Negócios

Osterwalder e Pigneur (2011) afirmam que o ambiente não deve limitar sua

criatividade ou definir seu modelo, mas deve influenciar suas escolhas de design e ajudá-lo

nas decisões mais fundamentadas. Para compreender de uma forma mais ampla o ambiente

no qual a empresa está inserida, a metodologia Business Model Generation sugere quatro

dimensões para melhor compreender o “espaço de design” do modelo de negócios. As

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quatro dimensões são 1) forças do mercado, 2) forças da indústria, 3) tendências principais e

4) forças macroeconômicas. Seus resultados são apresentados a seguir.

1) Forças do Mercado

Como fator importante no direcionador do mercado, destacamos o aumento do

turismo na cidade do Rio de Janeiro. O aumento do turismo indiretamente aumenta a

demanda por lavagem de enxoval e toalhas uma vez que mais quartos estão sendo ocupados

nos hotéis. Considerando que a média de ocupação de um hotel, atualmente cliente da

lavanderia, está em torno de 80%, o aumento de turismo na cidade pode aumentar esta

média para 90% por exemplo. Além disso, o aumento não impacta apenas hotéis, mas

também restaurantes, pontos turísticos, entre outros. De acordo com reportagem do O Globo

de 2013, O Brasil aumentou em 4,5% o número de estrangeiros que visitaram o país no ano

de 2012, em comparação com 2011. Em 2012, 5.676.843 turistas estiveram por aqui, contra

5.433.354 no ano anterior. O Rio de Janeiro foi um dos estados que mais aumentaram esse

fluxo, em termos percentuais. Em 2012, entraram 1.164.187 visitantes de outros países no

Rio, contra 1.044.931 em 2011, o que significou um acréscimo de 11,4%.

Além disso, vale destacar que o aumento de eventos no Brasil e na própria cidade

intensificou a visibilidade do Rio de Janeiro perante outros países. A escolha da cidade para

sediar os jogos Olímpicos de 2016 é um grande indicador dessa tendência. Porém, fatores

que podem impossibilitar essa prosperidade é a violência e falta de segurança que turistas

encontram na cidade.

Ainda destacamos a ampla atuação de uma lavanderia industrial. Apesar da LI ter

direcionado seus serviços ao segmento hoteleiro, mas especificamente hotéis 4 estrelas, seu

estabelecimento está apto para atender outros segmentos igualmente, como por exemplo

restaurantes e hospitais. Podemos concluir isso, uma vez que o maquinário e material

necessário não mudam de um segmento para outro.

As necessidades e demanda do mercado são altas uma vez que percebemos das

visitas e entrevistas realizadas com as governantas que os hotéis não possuem uma

infraestrutura adequada para usufruir de lavanderia própria, são dependentes do serviço

terceirizado apesar de afirmarem, nos 3 casos, que o serviço ideal de lavanderia seria próprio

e não terceirizado.

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Em relação aos custos de mudança, percebeu-se que grande parte dos hotéis luxuosos

faz parte de uma rede. As redes hoteleiras preferem utilizar uma mesma lavanderia para

todos os seus hotéis, pois procuram manter a padronização desejada pelo grupo e nesse caso

a mudança de uma lavanderia por sua concorrente apresenta certa complexidade. Apesar

disso, o mercado de lavanderias industriais é bem concorrido, existem muitos concorrentes

atuando no mercado que podem oferecer serviços similares.

Ainda podemos destacar como força de mercado o fato de seus clientes hoteleiros

estarem dispostos a pagar mais se o serviço disponibilizado for de qualidade. Percebemos

dos 3 hotéis e das entrevistas com suas governantas que a prioridade está na qualidade

oferecida e na atenção dada pelas lavanderias, existem limitações de orçamento mas isso não

seria problema se os serviços atendessem o nível de exigência dos hotéis. As governantas

destacam que o cuidado com o enxoval é essencial para transmitir no serviço oferecido o

padrão desejado pelos hotéis.

2) Forças da Indústria

Identificamos como fator importante a existência de poucas barreiras para novos

entrantes no ramo de lavanderia industrial. Após conversar com os donos do

empreendimento percebemos que não existem muitos insumos necessários para oferecer o

serviço de lavagem, além de apresentar baixa complexidade na sua execução, ou seja, baixa

demanda por recurso intelectual. A maior barreira identificada foi a de investimento para

iniciar o empreendimento, atualmente em torno de 400.000 à 500.000 reais.

As vantagens competitivas de seus concorrentes identificadas são mais tempo de

atuação no mercado e maior estratificação na segmentação de clientes. Considerando que

essa indústria gira em torno de reconhecimento do serviço e do compartilhamento de

informações entre hotéis, o tempo de atuação e a qualidade de serviço são determinantes

para conquistar um cliente no ramo hoteleiro. Após entrevistas com as 3 governantas,

percebemos que a troca de informações e indicação de lavanderias é recorrente entre elas.

Os maiores concorrentes da LI atualmente estão há mais tempo atuando no mercado, além

de apresentarem mais espaço físico par atender a demanda de um maior número de hotéis.

Ainda, os seus concorrentes diretos atuam em outros segmentos de mercado, como por

exemplo, restaurantes e hospitais, diversificando e diminuindo seus riscos perante o

mercado.

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Em relação aos produtos e serviços substitutos na indústria, destacamos a utilização

de lavanderias próprias, uma vez que as governantas apontaram esse fator como ideal para o

serviço do hotel, limitados apenas pelo espaço físico. Ainda, a utilização de aluguel para

todo o enxoval poderia se tornar um potencial substituto, como por exemplo, já é o caso do

hotel Fasano com panos de chão. Indo mais além, consideramos que a utilização de enxovais

descartáveis no futuro poderá substituir o serviço de lavanderia atualmente oferecido.

Sobre os fornecedores que participam da cadeia de valor, percebemos a existência de

uma ampla variedade, dado que a matéria prima necessária para realizar o serviço da

lavanderia não apresenta muita complexidade, são produtos básicos como o sabão e o cloro,

por exemplo. A existência de muitos fornecedores disponíveis no mercado permite à LI ter

pouca dependência em relação aos mesmos e lhe ajuda no poder de barganha.

3) Tendências Principais

A principal tendência sóciocultural identificada é a crescente consciência social entre

consumidores, principalmente sobre a preservação e economia de água. Considerando o

delicado momento em que o país se encontra em relação ao racionamento de água, a

indústria de lavanderias passa a ser foco de atenções quanto ao devido uso do recurso

natural. Além disso, a atenção também está no descarte da água, o tratamento e reciclagem

do efluente, pois afeta toda a população local do estabelecimento.

É importante ainda destacar as tendências socioeconômicas. O crescimento da classe

média no Brasil e o aumento das facilidades de locomoção no país têm permitido que

pessoas antes sem o costume de viajar, criem o hábito de viajar cada vez mais. A expansão

da classe média não só aumentou o número de viagens internacionais, mas nacionais

também, sendo o Rio de Janeiro um dos pontos de turismo favoritos do brasileiro.

Ainda podemos destacar como tendência tecnológica a excessiva conectividade entre as

pessoas atualmente. O avanço no mundo digital e o fácil acesso às informações tornaram a

população mais exigente, buscando constantemente por respostas rápidas e imediatas para

seus problemas. A necessidade de sempre saber o que está acontecendo ou prever possíveis

eventos indesejados já é uma característica inerente ao homem. Esse fator tecnológico pode

alterar o modelo de negócios da lavanderia positivamente.

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4) Forças Macroeconômicas

Além de o mercado atual apresentar uma recessão global, a previsão de crescimento

do Brasil não é boa. Segundo a revista Exame de (09/02/2015), a estimativa para o Produto

Interno Bruto (PIB) de 2015, divulgado pelo Banco Central, passou de uma ligeira expansão

de 0,03% para 0,00%. Esta foi a sexta revisão seguida para baixo desse indicador. A aposta

no início do ano era de uma alta este ano de 0,40%. Para 2016, a expectativa é um pouco

mais otimista. A previsão de alta 1,50% foi mantida. Em janeiro, a mediana das projeções de

crescimento do PIB no ano que vem era de 1,80%.

Para o banco Itaú, divulgado pela mesma revista, espera-se que o Brasil terá

crescimento negativo no primeiro trimestre e uma recessão de 0,5% no acumulado do ano,

abaixo do previsto pelo último boletim Focus. Racionamentos de água e energia podem

comer mais meio ponto percentual desta taxa. Como mencionado pelo banco Itaú, algumas

commodities e outros recursos relacionados à indústria apresentam mudanças e possíveis

aumentos em seus preços. Água e energia, commodities essenciais para o funcionamento da

indústria de lavanderias, podem sofrer alterações como já são observadas em São Paulo,

onde o governo já limita a quantidade de água distribuída às indústrias.

Em relação à infraestrutura econômica local, os serviços públicos de transporte não

auxiliam na execução do serviço oferecido pelas lavanderias. A qualidade do transporte

oferecida não é suficiente para atender a população. O aumento de carros circulando em

decorrência da carência de bons transportes públicos aumenta consequentemente transito. O

aumento do trânsito na cidade não favorece os funcionários do empreendimento que tentam

chegar no horário para o trabalho, nem os fornecedores e clientes uma vez que o atraso do

fornecimento, como resultado, atrasa a entrega aos clientes, ou seja, atraso em toda a cadeia

de valor.

4.2.3. Rede de Valor

A partir das entrevistas com os clientes e o desenvolvimento de seus mapas de

empatia, percebemos que nossa análise não deveria se limitar ao campo de atuação da

empresa. Os insights dos clientes nos levam a ampliar nosso campo de visão, e nos fizeram

enxergar que a lavanderia é parte integrante de uma rede de valor. Podemos dizer que a

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lavanderia é um agente dentro da rede de valor dos Hotéis e suas ações tem influências

progressivas ao longo da cadeia e também consequências em relação ao seu posicionamento.

Os negócios são uma mistura complexa de competição e cooperação. Ao definir a

rede de valor, segundo Adam Brandenburger e Barry Nalebuff (1996), deve-se destacar o

papel crítico que os complementadores podem desempenhar, contribuindo para o sucesso ou

fracasso da empresa (GHEMAWAT, 2010). A rede de valor é centrada na empresa e

composta por: Clientes, Fornecedores, Concorrentes e Complementadores.

Figura 18: Rede de Valor

Fonte: Ghemawat, 2010 p. 33

De forma a compreender a atuação da LI, iremos definir a rede de valor dos hotéis 4

estrelas :

No âmbito dos clientes podemos destacar a presença tanto de pessoas físicas, como

pessoas jurídicas. O público principal desses hotéis é composto por pessoas de alta renda,

como artistas de televisão, empresários etc. Além disso, muitas empresas utilizam os seus

salões para a realização de eventos corporativos. Podemos considerar que esse público

possui um alto nível de exigência em relação ao serviço e instalações do hotel.

Para tornar possível a execução de todos os serviços disponibilizados pelo hotel, é

necessária uma grande variedade de fornecedores. Dentre eles, podemos citar: lavanderia,

restaurantes, energia, telefonia, televisão, produtos de limpeza, lazer, internet etc. Além de

uma grande variedade de fornecedores, o hotel apresenta uma grande dependência com os

mesmos. Segundo definição de Hayes et al (2008), podemos dizer que esse tipo de

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relacionamento classifica-se como aliança estratégica, ou seja, alianças de longo prazo com

grau de coordenação e troca de informação intensivo. Muitos fornecedores precisam ser

primeiramente aprovados pela rede hoteleira, e isto os garante uma estabilidade de contrato

maior.

Como concorrentes dos hotéis 4 estrelas evidenciamos outros hotéis e aluguel de

imóveis. É importante lembrar, que dentro do setor hoteleiro do Rio de Janeiro,

principalmente na zona sul da cidade, existem fortes barreiras à entrada. Os hotéis hoje

presentes já possuem um reconhecimento dos fornecedores e uma fidelização dos clientes. O

mercado de aluguel de imóveis se mostra como alternativa mais atraente em relação a custo

e privacidade.

Os complementadores apresentam um importante papel na rede de valor, pois

contribuem fortemente no desempenho da empresa. Em relação aos hotéis 4 estrelas, atuam

como complementadores as agências de turismo, artistas que se hospedam nos hotéis, pontos

turísticos, clínicas de estética (spa, salão de beleza), infraestrutura de transporte, governo e

websites de viagens. Esses complementadores aumentam/diminuem a disposição dos

clientes a pagar pelos serviços prestados pelo hotel.

4.3. Design

Nesta fase, segundo Osterwalder e Pigneur (2011), o principal desafio é gerar e

manter modelos novos e sustentáveis. Um pensamento expansivo é fator crítico para o

sucesso. Para gerar ideias pioneiras é preciso desenvolver sua capacidade de abandonar o

status quo durante a ideação. É necessário explorar múltiplas ideias que poderão levar às

melhores alternativas. Dentro desta fase, o autor sugere a utilização de técnicas e

ferramentas do mundo do design. Apresentaremos a seguir a aplicação dessas técnicas em

nosso estudo de caso.

4.3.1. Ideação

Tendo como base os mapas da empatia gerados através das informações dadas pelas

governantas dos hotéis e modelo de negócios atual apresentado anteriormente, inicia-se a

fase de ideação. Tendo em mente a figura 1, no momento de geração, uma grande variedade

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de ideias foi gerada. Nessa fase o objetivo foi não se limitar as restrições do modelo e

desafiar as ortodoxias, ou seja, o propósito foi ir além do status quo e do passado da

organização. Posteriormente, no momento de síntese, as ideias foram discutidas, combinadas

e reduzidas a um pequeno número de opções viáveis.

Primeiramente, através de observação dos mapas de empatia, foram identificados

alguns pontos em comum. Esses pontos variavam desde questões relacionadas à lavanderia

até questões intrínsecas dos hotéis como, por exemplo: atrasos nas entregas de enxoval, alto

índice de relave, baixo empenho por parte de funcionários, tanto da lavanderia quanto do

hotel, entre outros. Levando em consideração esses pontos em comum, foi realizado um

brainstorm para geração do maior número de ideias possíveis. Dentre essas ideias podemos

citar alguns pontos principais:

A lavanderia deve apresentar uma qualidade no nível de exigência do hotel

Ser mais rápidos na entrega, mais pontuais

Sinceridade – Precisamos ter uma relação mais forte com os hotéis

Se colocar no lugar do hotel

Melhoria do controle do enxoval

Aumentar as fontes de receitas para além da lavagem de enxoval e de uniformes

Possível separação nos fluxos de toalha e enxoval

Oferecer um serviço que lhes proporcione uma sensação de exclusividade

Como forma de organizar nossos pensamentos e melhor visualizar novos modelos,

utilizamos a técnica de pensamento visual. Inicialmente, a vasta gama de ideias tornava

nebulosa a visualização do novo modelo. De fato, ao representar visualmente as ideias, as

informações se tornaram mais claras permitindo discussões e percepções em relação às

lacunas existentes. Seguimos a seguinte linha de raciocínio, analisando o impacto das novas

ideias no modelo de negócios:

O hotel deseja que a lavanderia esteja no mesmo nível de serviço que ele, ou seja, a

lavanderia deve oferecer um serviço de qualidade e excelência.

O hotel e a lavanderia precisam ter uma relação mais de parceiros e não apenas de

fornecedor-cliente. A forte interação entre ambos permitiria a sensação de

exclusividade desejada pelos hotéis.

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Devemos ser mais rápidos nas entregas de enxoval visto que isso é apontado como

prioridade pelos hotéis.

Aumentar a troca de informação e deixar o canal de comunicação aberto e melhorar

o seu relacionamento com o segmento de cliente.

Tanto hotel quanto lavanderia precisam entender que fazem parte de uma mesma

rede de valor, e necessitam buscar objetivos semelhantes.

Figura 19: Desenvolvimento do pensamento visual

Fonte: Elaboração Própria

Realizado o pensamento visual, iniciou-se a seleção de ideias e prototipagem do

negócio. A prototipagem trouxe à realidade os conceitos abstratos, e nos permitiu explorar

as novas ideias. Trabalhando sobre o canvas do modelo atual, escolhemos um ponto de

partida, nesse caso a proposta de valor, para iniciar nossa analise e, por conseguinte, nossa

prototipagem. Esta etapa desempenhou um papel importante para visualização e

questionamento das ideias. Através do protótipo testamos as consequências dos diversos

aspectos das ideias como, por exemplo: o impacto de novas fontes de receita, novas formas

de relacionamento com o cliente etc.

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Figura 20: Processo de Prototipagem

Fonte: Osterwlader e Pigneur, 2011, p. 168

4.3.2. Protótipo Final

Após gerados os diferentes protótipos, foi selecionado o melhor modelo de negócios

através da análise do trade-off entre as necessidades dos clientes e a aplicabilidade das

ideias. O novo modelo é apresentado na figura abaixo:

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Figura 21: Protótipo do Modelo de Negócios

Fonte: Elaboração Própria

As mudanças podem ser compreendidas pelos post-its horizontais, enquanto as

características do modelo atual são identificadas pelos post-its verticais. Partindo-se do

componente proposta de valor, o post-it laranja representa a proposta que foi adicionada ao

modelo: “Sensação de exclusividade”. Essa nova perspectiva foi considerada uma vez que

os clientes apontam como um serviço ideal ter uma lavanderia própria.

Podemos dizer que este foi o ponto de partida para o desenvolvimento do protótipo

final. A inclusão dessa nova proposta atinge diversos pontos do canvas. Para que isso ocorra,

no componente relacionamento, torna-se essencial a intensa troca de informação entre a

lavanderia e os hotéis. Essa troca de informação é justificada pela adição dos post-its verdes

no componente canais, que evidenciam a necessidade de meios de comunicação mais

eficientes. Como forma de aumentar a comunicação incluímos a construção de um site com

área restrita para os clientes e até mesmo aplicativos para celulares que permitam o

monitoramento e controle em tempo integral da lavagem dos enxovais.

Para aumentar o desempenho dos funcionários e a efetividade da lavanderia,

destacamos no componente atividades-chave a melhoria do ambiente de trabalho e o

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controle rígido do enxoval. A primeira se justifica pela necessidade de aumentar a

motivação e a performance dos funcionários. As condições atuais não atendem as

necessidades dos trabalhadores, sugere-se portanto, uma renovação do material de trabalho,

modificações no ambiente físico e bonificações/confraternizações. O controle do enxoval foi

apontado como uma atividade essencial para que sejam evitadas perdas de peças e troca de

enxovais com outros hotéis. Segundo as governantas, esse é um problema constante das

lavanderias que atendem os hotéis.

Para que estas atividades sejam desempenhadas prevemos um aumento de custos

uma vez que, necessitamos investir em um sistema integrado de TI. A lavanderia também

apresentaria, em um primeiro momento, gastos em relação ao desenvolvimento do site e

criação do aplicativo. Além disso, a melhoria do ambiente de trabalho pode gerar custos

extras com reformas e aquisição de novos equipamentos. Esses custos se justificam, uma vez

que, ao oferecer uma maior qualidade, pode-se aumentar o preço do serviço e as receitas. É

importante ressaltar que a lavanderia é parte integrante de uma rede bem sucedida e por isso,

seus clientes apresentam uma pré-disposição a pagar por mais qualidade.

Outra vertente considerada foi o aumento da conscientização ambiental.

Considerando as atuais condições da cidade em relação ao racionamento de água e energia e

os possíveis aumentos da demanda por esses insumos, foram adicionados no componente

recursos chave, o reuso de água, captação de água da chuva e geração de energia solar.

Estas se apresentam como alternativas eficientes, além dos poços artesianos, para aumentar

a disponibilidade dos insumos e diminuir os custos da lavanderia.

Em suma, propõe-se um modelo de negócios voltado para as exigências do cliente

como a pontualidade e a qualidade do serviço. Além disso, aumentam-se os canais de

comunicação e recomenda-se fortemente uma relação mais próxima entre a lavanderia e seus

clientes. Esta relação é o ponto chave para o novo modelo de negócios, em que os hotéis e a

lavanderia trabalham como parceiros para tornar mais forte e sólida a rede de valor em que

estes estão inseridos.

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4.3.3. Análise Numérica

Depois de gerado o novo protótipo para a lavanderia, sentimos a necessidade de

validar sua aplicabilidade quantitativamente. Como forma de verificar se as medidas

propostas seriam viáveis, introduzimos um breve levantamento dos custos iniciais. Foram

realizadas pesquisas na internet de custo médio para cada elemento novo sugerido no

protótipo final. A tabela a seguir demonstra os elementos considerados e seus respectivos

custos:

Tabela 3: Custos do Novo Protótipo

Mudanças Sugeridas Custos Periodização

Criação do Site R$ 700,00 Pagamento único

Manutenção do Site R$ 60,00 Mensal

Sistema ERP R$ 12.000,00 Parcela de implantação

Mensalidade ERP R$ 1.200,00 Mensal

Painel Solar R$ 10.500,00 Pagamento único

Captação da Água de Chuva R$ 3.000,00 Pagamento único

Ar Condicionado Central R$ 8.000,00 Pagamento único

Fonte: Elaboração Própria

Em relação ao aumento de troca de informação, os custos envolvem os elementos da

criação do site, com área voltada para comunicação e um sistema integrado ERP, que inclui

um sistema de código de barras para controle dos enxovais. Em um primeiro momento, a

lavanderia deveria desembolsar cerca de 12.000 reais para o ERP e R$ 700,00 para o site.

Posteriormente, teria um custo mensal de 1.260 reais para manter os sistemas funcionando.

Ao incluirmos a implantação de painéis solares e sistema para captação da água da

chuva, seus custos ficariam em torno de 13.500 reais. Neste quesito, percebemos que o

retorno seria rápido, uma vez que atualmente os custos de energia elétrica da lavanderia são,

em média, de 5.000 reais mensais e a água da chuva diminuiria ainda mais a dependência da

LI em relação à CEDAE, apesar desse sistema estar sujeito à sazonalidade e aos períodos

chuvosos. Vale ressaltar, que não foram considerados os custos para o tratamento da água,

pois a lavanderia já apresenta este sistema em decorrência da água proveniente dos poços.

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Segundo uma simulação do site América do Sol, um sistema fotovoltaico (gerador de

eletricidade solar) de cerca de 75,3 kWp de potência instalada atenderia a necessidade

energética da LI. O sistema proposto geraria em média 94,46 MWh por ano (a lavanderia

utiliza aproximadamente 9000Wh por mês). Desse modo, também se evitaria a emissão

de 27.477 quilogramas de dióxido de carbono (CO2) por ano. Se considerarmos ainda a

instalação do próximo item, ar condicionado, seria necessário um sistema de cerca de 83,8

kWp de potência instalada.

Considerando os custos para a melhoria do ambiente de trabalho dos funcionários,

incluímos custos com ar condicionado. Acredita-se na importância desse elemento uma vez

que as máquinas quando ligadas aquecem, elevando muito as temperaturas da infraestrutura,

que atualmente conta apenas com ventiladores. Os gastos com o ar condicionado central

seriam em torno de 8.000 reais.

Ressaltamos que as bonificações dos funcionários não gerariam custos significativos

à empresa visto que, sugerimos uma parceria com os hotéis para oferecer prêmios mensais

aos melhores funcionários da lavanderia como por exemplo, um jantar, ida ao salão etc.

Além disso, recomendamos que haja uma integração entre os funcionários de ambos os

estabelecimentos para que, desta forma, sintam que trabalham em conjunto em prol de um

mesmo objetivo.

Esses gastos, no entanto, impactarão em um aumento do custo do serviço oferecido

pela lavanderia. Tendo em mente que os hotéis estariam dispostos a pagar mais por um

produto de qualidade, consideraremos os produtos de maior giro - toalha de banho, toalha de

rosto, lençol, fronha, piso, duvet, cortina e edredom – para um adicional no preço. Sabendo

que o faturamento atual destes produtos é de R$ 92.045,30 em média por ano, e os custos

anuais destas mudanças giram em torno de R$ 49.320,00 , teríamos o retorno total em 1 ano

se houvesse o aumento em 54% nos preços, em 2 anos para um aumento de 35% e em 3 para

um aumento de 29%.

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5. Modelo Comparativo e Resultados

O propósito deste capítulo é realizar uma análise comparativa entre a visão da

engenharia industrial, vista no capítulo 3, e a abordagem do design thinking através da

aplicação da metodologia Business Model Generation.

O modo de pensar como designer nos permitiu ir além dos limites dos nossos

conhecimentos acerca da construção de um modelo de negócios. Na abordagem da

engenharia industrial, muitas vezes negligenciamos a ótica dos clientes ao projetar produtos,

serviços e modelos de negócios. Em nosso estudo de caso, buscamos entender a visão dos

clientes da lavanderia. A realização de entrevistas e a utilização de ferramentas como o

mapa da empatia e pensamento visual, nos auxiliou a propor novas soluções para o novo

modelo, baseadas na observação, no entendimento e no comportamento dos clientes.

Diferentemente da abordagem da engenharia industrial, fomos levadas a questionar a

realidade pressuposta, de modo a gerar ideias realmente novas. De uma maneira positiva,

este método facilitou o questionamento das ideias de uma forma que o método da

engenharia industrial não conduziria. O output deste processo foi um modelo de negócios

novo que aborda as necessidades dos clientes não atendidas pelo modelo atual da lavanderia.

Além disso, é de extrema importância ressaltar que o modelo considerado por nós

como da engenharia industrial, não permitia que a lavanderia enxergasse que ela era parte

integrante da rede de valor bem sucedida dos hotéis 4 estrelas e que o seu sucesso implicaria

no sucesso dos hotéis e vice e versa. A limitação do modelo tradicional restringiu, de certa

forma, a percepção da lavanderia de que compreender seus clientes e alcançar seu nível de

exigência deve ser a proposta chave para um modelo bem sucedido.

Em contrapartida, o método da engenharia industrial pode ser considerado vantajoso,

principalmente na etapa de seleção das ideias propostas. Em uma visão quantitativa, este

método proporciona uma imagem mais concreta da realidade e da aplicabilidade das ideias

geradas. Através de uma abordagem numérica, ele permite visualizar o impacto das

mudanças em uma discussão de operações, capacidade, mercado, finanças etc. Ou seja, o

método da engenharia industrial é adequado para o desdobramento do novo modelo de

negócio em decisões técnicas (operacionais, tecnológicas, mercadológicas, econômico-

financeiras, etc.)

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Em suma, podemos dizer que os dois métodos possuem benefícios para o

desenvolvimento de um modelo de negócios. Em nossa visão, um método não substitui o

outro. É preciso encontrar o equilíbrio durante o processo de criação para que se chegue a

um resultado ideal. Percebemos que durante a fase de geração, o design thinking se mostra

como uma abordagem favorável ao entendimento do ambiente no qual a empresa está

inserida e seu respectivo segmento de clientes. O método nos instiga a gerar ideias a partir

de uma visão mais ampla da rede de valor e nos faz questionar a realidade pressuposta. O

ponto chave é compreender seu segmento de clientes, sua realidade, seus medos e ganhos, e

projetar um modelo de negócios completamente novo que se adeque às suas necessidades e

ao ambiente no qual a empresa está inserida.

Entretanto, durante a fase de síntese, sentimos falta de um embasamento quantitativo

sólido para guiar nossa tomada de decisão e de fato selecionar o melhor protótipo do

modelo. Vemos, portanto, que existe uma complementação entre os dois métodos estudados

e que as duas visões devem ser usadas em conjunto. O modo de pensar do designer nos faz

questionar os limites existentes e gerar ideias inovadoras mas, ao mesmo tempo, se faz

necessária uma discussão de tecnologia e um questionamento numérico, para que se tenha

uma visão mais realista do efeito das ideias propostas. E o contrário também é verdadeiro:

não se deve iniciar uma discussão de operações sem se tenha um modelo de negócios

definido e que atinja as expectativas da organização.

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6. Encerramento

6.1. Conclusão

Neste trabalho buscamos através de uma pesquisa bibliográfica seguida de um estudo

de caso mostrar a aplicabilidade do design thinking e da metodologia Business Model

Generation e suas vantagens comparativamente com o que chamamos por visão da

engenharia industrial, que contempla o conjunto de competências estudadas em disciplinas

do curso de Engenharia de Produção.

A partir do referencial teórico do trabalho aprofundamos nossos conhecimentos

acerca dos temas de Design e Design Thinking, modelo de negócios e Business Model

Generation e posteriormente optamos por aplicar seus conceitos em um estudo de caso

focado em um serviço de lavanderia. Inicialmente, apresentamos a lavanderia LI sob a visão

dos conceitos tradicionais de mercado, localização, cadeia de valor, plano operacional e

financeiro. Posteriormente, foi feita uma reflexão sobre as limitações dessa abordagem de

modelos de negócios.

A partir desta primeira visão, iniciamos a abordagem do design thinking, através de

uma análise da lavanderia LI pela metodologia Business Model Generation. Para esta

aplicação foram utilizadas ferramentas de design como o mapa da empatia e o pensamento

visual para a geração e seleção de ideias e protótipos de novos modelos de negócios. Essa

metodologia nos permitiu ampliar nossa visão sobre modelo de negócios e gerar uma

proposta de serviço inovadora e centrada nas necessidades dos clientes.

Em comparação com o que chamamos por visão da engenharia industrial, vemos um

valor agregado da aplicação do design thinking como uma forma de compreender melhor as

lacunas do modelo de negócios atual e a relação dos elementos afim de gerar um novo

modelo mais coerente com os desejos dos clientes e alinhado com as perspectivas da

organização. No entanto, ainda ressaltamos que a utilização deste modelo não exclui a

análise pela visão da engenharia industrial e que as duas metodologias podem ser usadas de

forma complementar para a criação de um modelo de negócios.

Ao final, esperamos que este projeto de graduação possa servir como um alerta para

as novas tendências de mercado e como base para futuros estudos na área de design thinking

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e sua aplicação para além do mundo dos designers mas também em outras áreas como

gestão de negócios, engenharias, dentre outras.

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7. Referencias Bibliográficas

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Apêndice A

MAPA DA EMPATIA H2

O que vê:

Logística não atende a demanda no horário

Caminhão com horário limitado de circulação

Hotel com ocupação média de 75%

Maior demanda de toalha de praia

Limitação de espaço físico

Descuido ao enviarem o corretamente seu enxoval

Muita rotatividade de funcionários na área da faxina

Altos custos com lavanderia

Maior demanda no Ano Novo (100% de ocupação)

90% de hóspedes satisfeitos

Hotel tentando reverter opinião negativa de um hóspede

Seu enxoval sofrendo devido a hidratantes e protetores

Problemas com a passadoria da lavanderia

Facilidade de comunicação com a lavanderia. Dona atenciosa e solicita

O que ouve:

Precisamos reformar toda estrutura antes das olimpíadas

Precisamos resolver pendências do Ano novo já em Agosto

Nada pode dar errado na semana do Ano Novo

Feedbacks de hóspedes 2 vezes por semana

Reclamação de salário dos funcionários

Reclamação dos funcionários por falta de material

Reclamações de toalhas ressecadas

Alguns feedbacks negativos de hóspedes

Precisamos comprar mais enxoval apenas quando muito necessário

O que pensa e sente:

Carros menores para transporte de roupa seriam mais adequados

Ter lavanderia própria seria ideal

Concentrar toda a demanda em uma única lavanderia

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Serviço expresso da lavanderia não consegue chegar a tempo

Política da boa vizinhança é importante

Concorrentes são parceiros, informações abertas

Precisamos melhorar a comunicação dentro do hotel

Funcionários precisam ter mais treinamento

Funcionários precisam aprender inglês (intermediário)

Funcionários não parecem simpáticos por causa de comunicação

Lavanderia precisa melhorar a mão de obra

Funcionários acomodados deveriam procurar oportunidades para crescer no hotel

O que fala e faz:

Utiliza diferentes lavanderias terceirizadas para enxoval e roupas em geral

Hotel recebe muitos eventos para treinamento

Pesquisa com outros hotéis enxoval e serviços

Mão de obra da lavanderia não tão comprometida como em SP

Seus funcionários são seus parceiros, quebram galho para tudo

Racionamento de água será um problema

Nossas roupas não podem ter cheiro

Melhorar a passadoria da lavanderia aumentaria a longevidade do seu enxoval

Pontualidade e qualidade são essenciais

Liga para lavanderia para saber do enxoval

Prefiro que me falem a verdade sobre o enxoval para eu me acertar no hotel

Quais são as dores:

Quando somem coisas dos apartamentos

Quando falta enxoval para os quartos

Depender de serviço terceirizado de lavanderia

Não ter seu enxoval completo no momento devido à defasagem

Quando faltam funcionários

Quando há alto índice de relave

Quais são os ganhos:

Quando resolve as pendências do dia

Quando eventos como ano novo e carnaval não dão errado

Hóspedes saem satisfeitos

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Quando revertem um feedback negativo antes do hóspede ir embora

Quando não há problemas com a passadoria

MAPA DA EMPATIA H3

O que vê:

Clientes insatisfeitos por causa de “Queue”

Funcionários insatisfeitos com salários

Problema com a escala de folga e férias

Grande turnover de camareiras

Funcionários constantemente atrasados

Clientes insatisfeitos com aspereza e acinzamento do enxoval

Crescimento da marca Fasano nacional e internacionalmente

Problema de mobilidade devido à estrutura do hotel

Enxoval de outros hotéis misturados com o seu

Baixo índice de problemas com roupa de hóspedes

Ponto de maior demanda é a toalha

Clientes muito exigentes

Funcionários sem plano de carreira, trabalham por necessidade

Menos pedidos de atestados médicos

Manchas no enxoval de hidratante, protetor e óleos

Problemas de flexibilidade no horário da entrega/recolhimento do enxoval

O que ouve:

Reclamações sobre as condições do enxoval

Reclamações de funcionários sobre salários

Cobrança alta por parte do Fasano

Resultado dos relatórios de oportunidade

Ligações de madrugada sobre falta de enxoval

Feedback positivo de 80% dos hóspedes

Troca de informações com outros hotéis

Aviso de impossibilidade de entrega dos enxovais por parte da lavanderia

Indicações de lavanderias

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O que pensa e sente:

Se eu tenho funcionário suficiente, eu resolvo qualquer coisa

Seres humanos estão condicionados a erros

Só saio depois que todos os meus funcionários saem

Os funcionários da lavanderia deveriam conhecer

Um enxoval é muito caro, melhor tentar salvar as manchas

Funcionários não tão comprometidos como em SP

Preciso gerenciar 3 departamentos diferentes

Aluguel de pano de chão é mais lucrativo para o hotel

Eu só posso exigir dos meus funcionários se eu souber fazer

O que fala e faz:

A roupa do hotel não pode ter cheiro de nada

Roupas colocadas nas copas de madrugada. Limitação de um elevador de serviço

Lavanderia deixa enxoval secar por tempo demais

Identifica seu enxoval com cores distintas

Vai até a lavanderia quando seu enxoval não é entregue

Exige das camareiras feedback sobre a qualidade dos quartos

Liga para lavanderia para saber por que falta enxoval

LI lava em 3 dias enquanto concorrente lavava em 15

LI é o pano B de enxoval no hotel

Arruma o quarto quando um funcionário falta

As pessoas não tem noção do nível de exigência do hotel

Quais são as dores:

Falta de sinceridade da lavanderia

Medo de prejudicar sua saúde com trabalho

Roupa com cheiro forte

Alto índice de relave

Acidentes/imprevistos com o caminhão

Manchas difíceis no enxoval

Medo de danificar roupa de hóspedes

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Relatórios de oportunidades negativos

Alto índice de faltas

Medo de enviarem seu enxoval para um hotel diferente

Quais são os ganhos:

Quando os quartos estão todos arrumados

Enxoval é entregue no horário acordado com a lavanderia

Feedback 100% positivo dos hóspedes

Feedback positivo dos funcionários

Quando todos os funcionários estão presentes

Satisfação dos clientes VIPs

Baixo índice de relave

Comprometimento dos funcionários

Escala de férias satisfazendo funcionários

Responsáveis pela rede Fasano satisfeitos com seu trabalho

MAPA DA EMPATIA H4

O que vê:

Problemas estruturais (30 anos)

Lavanderia é um dos maiores custos do hotel

Hotéis se ajudam apesar do mercado competitivo

Reformas no Hotel

Muitas faltas das camareiras

Volume alto de entradas e saídas de hospedes no mesmo dia

Perda de enxoval por parte da lavanderia

Falta de controle do enxoval

80% de hóspedes satisfeitos

Baixo nível de reclamações

Dificuldade da circulação dos caminhões da lavanderia

Número de toalha não é suficiente em alta temporada

O hotel tem um histórico de delay de check-out

O que pensa e sente:

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Preciso ter custos dentro do Budget

Temos que ter parcerias com os funcionários

Empresas terceirizadas são parceiros também

Tenho que manter os padrões da marca

Ano de 2015 como ano de recessão do mercado

A empresa é um bom lugar para trabalhar

Funcionários gostam de receber elogios e serem reconhecidos

Melhorar o serviço de uniformes oferecido pela lavanderia

Serviço terceirizado representa o serviço do próprio hotel

Preciso melhorar a qualidade de entrega dos quartos

A lavanderia precisa investir mais em treinamento

Sou nova e preciso me adequar aos padrões

Cheguei no olho do furacão

O que ouve:

Advertências durante o Briefing as 8 da manhã todos os dias

Feedback dos hospedes

Comentários do Trip Advisor

Feedbacks do merci card

Você precisa se adequar ao padrão Sofitel!

Contratamos apenas lavanderias autorizadas pela marca

Funcionários reconhecendo a dificuldade do mercado de trabalho

Histórico de delay de check out

Esse é o ano de preparação para as olimpíadas

Precisamos manter os gastos dentro do Budget

O enxoval precisa ser padronizado para todos os hotéis da rede Sofitel

O que fala e faz:

Lavanderias não dão valor ao material do hotel

Lavanderias investem pouco em mão de obra

Utiliza lavanderia diferente para A e B

Contrata funcionários terceirizados quando o hotel passa de 70% de ocupação

Prepara as flores, luzes e cheiros no padrão do hotel

Tenho um bom relacionamento com os outros hotéis

Pega material emprestado com os outros hotéis quando necessário

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Ultiliza feedback para melhorar a qualidade do serviço

Bate boca com a lavanderia

Medos:

Medo da índole dos funcionários e hospedes

Lidar com a intimidade das pessoas

Não ter enxoval pronto

Depender do trabalho de terceiros

Aumento dos custos

Feedback negativo e reclamação dos hóspedes

Uniformes caros voltando danificados

Ganhos:

Feedback positivo dos hóspedes

Prestar um bom serviço.

Gerar encantamento e surpresa nos hóspedes

Reconhecimento do seu trabalho pela marca Sofitel

Melhorar sua pontuação no merci card

Medalhas no Trip Advisor