aula 01 a doutrina da revelação - pdf

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IGREJA PRESBITERIANA DE RIACHÃO DO JACUÍPE – BA. CURSO DE IDENTIDADE PRESBITERIANA CONHECENDO A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. Rev. João Ricardo Ferreira de França. Aula 01 – A Doutrina da Revelação INTRODUÇÃO: A confissão de Fé inicia o seu capítulo de abertura tratando o tema da Sagrada Escritura onde aborda o tema da revelação de Deus; uma vez que se conhece a revelação que Deus faz de si mesmo pelas Escrituras se pode de forma clara conhecer mais sobre o ser de Deus. Nesta aula abordaremos este tema sob as seguintes proposições: em primeiro lugar, trataremos da revelação considerada em si e o registro da revelação. I – A DOUTRINA DA REVELAÇÃO CONSIDERADA (CFW, I.1) Nesta seção entramos logo de imediato no conceito de revelação. O que é revelação? James I. Packer nos apresenta o seguinte conceito mostrando que “o termo procede do latim “revelare” e significa “tirar o véu” ou “descobrir”. 1 É tornar claro aquilo que Deus tencionou comunicar ao seu povo, e isto ele faz de forma deliberada. Quando consideramos este ensino aprendemos que há dois aspectos da revelação: A Revelação Geral e a Revelação Especial. 1.1 – A Revelação Geral. Neste aspecto Deus se revela por meio das coisas que forma criadas dentro desta categoria temos a Revelação Geral Imediata, onde Deus, comunica sua vontade diretamente ao homem implantando a lei. A CFW declara que “a luz da natureza e as obras da criação” revelam o ser de Deus em seus atributos (bondade, sabedoria, poder). A expressão “luz da natureza” significa que algo Deus revela ao homem em sua natureza (Romanos 2.14,15). O quadro abaixo nos ajuda a visualizar este ensino 2 : 1 PACKER, James I. Vocábulos de Deus. São Paulo: FIEL, 2002, p.15 2 SPROUL, R.C. Verdades Essenciais da Fé Cristã – Caderno 1. São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p.10

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Page 1: Aula 01   a doutrina da revelação - PDF

IGREJA PRESBITERIANA DE RIACHÃO DO JACUÍPE – BA.

CURSO DE IDENTIDADE PRESBITERIANA

CONHECENDO A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER.

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

Aula 01 – A Doutrina da Revelação

INTRODUÇÃO:

A confissão de Fé inicia o seu capítulo de abertura tratando o tema da Sagrada

Escritura onde aborda o tema da revelação de Deus; uma vez que se conhece a

revelação que Deus faz de si mesmo pelas Escrituras se pode de forma clara conhecer

mais sobre o ser de Deus.

Nesta aula abordaremos este tema sob as seguintes proposições: em primeiro

lugar, trataremos da revelação considerada em si e o registro da revelação.

I – A DOUTRINA DA REVELAÇÃO CONSIDERADA (CFW, I.1)

Nesta seção entramos logo de imediato no conceito de revelação. O que é

revelação? James I. Packer nos apresenta o seguinte conceito mostrando que “o termo

procede do latim “revelare” e significa “tirar o véu” ou “descobrir”.1É tornar claro

aquilo que Deus tencionou comunicar ao seu povo, e isto ele faz de forma deliberada.

Quando consideramos este ensino aprendemos que há dois aspectos da revelação: A

Revelação Geral e a Revelação Especial.

1.1 – A Revelação Geral.

Neste aspecto Deus se revela por meio das coisas que forma criadas dentro desta

categoria temos a Revelação Geral Imediata, onde Deus, comunica sua vontade

diretamente ao homem implantando a lei. A CFW declara que “a luz da natureza e as

obras da criação” revelam o ser de Deus em seus atributos (bondade, sabedoria, poder).

A expressão “luz da natureza” significa que algo Deus revela ao homem em sua

natureza (Romanos 2.14,15). O quadro abaixo nos ajuda a visualizar este ensino2:

1 PACKER, James I. Vocábulos de Deus. São Paulo: FIEL, 2002, p.15

2 SPROUL, R.C. Verdades Essenciais da Fé Cristã – Caderno 1. São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p.10

Page 2: Aula 01   a doutrina da revelação - PDF

O segundo aspecto a ser considerado é que a revelação Geral também é

Mediada, ou seja, ela é comunicada por meio das “obras da criação e da providência”

conforme vemos aqui na Confissão de Fé de Westminster, a criação prega à existência

de Deus (Salmos 19.1-4). Paulo Anglada nos lembra que o “universo físico é uma

pregação”. 3A criação também revela os atributos de Deus (Romanos 1.18-20) este

aspecto torna os homens indesculpáveis diante de Deus.

1.2 – A Revelação Especial:

A Revelação Geral não pode levar o homem ao caminho da vida conforme

vemos na Confissão de Fé: “contudo não são suficientes para transmitir aquele

conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação”; então, agradou ao

Senhor em revelar a sua vontade de forma especifica “em diversos tempos e diferentes

modos”.

Esta revelação especial deu-se nos moldes do Antigo Testamento por meio da

revelação dos profetas que eram modos incompletos da revelação de Deus (Hebreus

1.1-2). Mas, para “preservar e propagar a verdade” gerando segurança e “conforto da

igreja contra a corrupção da carne e a malícia de Satanás e do mundo” Deus fez com

que esta revelação “fosse plenamente escrita”. A Revelação Especial é a vontade de

Deus encerrada nas Escrituras, é o que está escrito hoje que guia o povo de Deus

(Mateus 4.4,7,10). De sorte, que as Escrituras são “totalmente” indispensáveis, e por

isso, as antigas formas de Deus revelar a sua vontade já cessaram. Não há mais hoje

revelações extraordinárias: línguas, profecias e visões (Hebreus 1.1-2) sendo a Bíblia

suficiente (2ª Timóteo 3.15-17).

3 ANGLADA, Paulo R. B. Sola Scriptura – A doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Os Puritanos,

1998, p.26

Page 3: Aula 01   a doutrina da revelação - PDF

II – A NATUREZA E O REGISTRO DA REVELAÇÃO (CFW I.2)

A segunda seção do capítulo primeiro da Confissão de Fé de Westminster trata

da natureza da revelação especial (Escritura) e o registro desta revelação conforme

encontramos em nossas Bíblias.

A natureza da revelação é “sagrada” isto quer dizer que ela é distinta dos demais

livros; o apóstolo Paulo relembra este fato ao escrever em 2ª Timóteo 3.15 que é a

sacralidade da palavra que pode tornar o jovem Timóteo sábio para a salvação. Mas o

que aprendemos aqui:

2.1 – Que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita:

Aqui nós vemos que o ensino do Liberalismo Teológico não se sustenta porque

nega que as Escrituras sejam a revelação especial de Deus, pois, rejeitam os milagres

que ali se registra, isto porque o Liberalismo procura “interpretar, reformular e explicar

a fé cristã dentro de uma perspectiva iluminista”.4

Também aqui a CFW se contrapõe à chamada Neo-Ortodoxia que foi fundada

por Karl Barth, ele ensinava que a revelação de Deus se dava em três esferas: na

criação, no querygma [pregação] da igreja e na Escritura – segundo ele Deus fala-nos

por meio de uma Bíblia cheia de erros e contradições. O conceito barthiano é empirista,

pois, a palavra de Deus torna-se tal quando sentimos e a vivenciamos.

A Escritura é a nossa fonte de autoridade e não a experiência (Lucas 16.29-31);

a Bíblia não se torna ou contém a Palavra de Deus, ela é a revelação de Deus ao homem.

2.2 – A Revelação Especial consiste em uma unidade.

A CFW assegura que a Escritura, como Revelação de Deus, forma uma unidade

entre os dois testamentos “incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo

Testamento”. Aqui aprendemos de imediato que é enganosa aquela ruptura proposta

pela escola de interpretação chamada de Dispensacionalismo que advoga existir uma

distinção ente a lei e a graça, entre o Antigo e o Novo Testamento A Bíblia de Scofield

acentua essa distinção nos seguintes temos:

4 COSTA, Herminstem Maia Pereira da. Raízes da Teologia Contemporânea. São Paulo: Editora Cultura

Cristã, 2004, p.287

Page 4: Aula 01   a doutrina da revelação - PDF

Que o cristão herda agora as promessas características dos judeus não foi

ensinado nas Escrituras. O cristão é da semente celestial de Abraão e participa das bênçãos espirituais da Aliança Abraâmica; mas Israel como nação sempre terá o seu próprio lugar e ainda receberá a maior exaltação como o povo de Deus na terra.5

Isso implica que se adotarmos a leitura do Dispensacionalismo estaremos

contradizendo o apóstolo Paulo em Romanos 15.4. O que nos chama atenção na

argumentação paulina é que ele diz “tudo” (o[sa- hosa) nada é deixado de fora; o que

“foi escrito antecipadamente” (proegra,fh – proegráfê) tem por objetivo o ensino da

Igreja. E assim a igreja neotestamentária é confortada e consolada.

Greidanus comenta o seguinte:

Já que os antigos israelitas e nós somos um povo da aliança por meio de Cristo, o Deus deles é o nosso Deus, os antepassados deles são nossos antepassados, a história deles é a nossa história, e a esperança deles é a nossa esperança. Do mesmo modo, os livros deles são os nossos livros, pois os

livros que Deus tinha pretendido, antes de tudo para eles são “úteis”

também para nós (2 Tm.3.16)6.

Então, devemos rejeitar toda e qualquer noção de ruptura entre o Antigo e Novo

Testamento. Pois, o Antigo e o Novo Testamento formam a unidade da Palavra de

Deus.

2.3 – A Revelação Escrita é nossa Regra:

Ainda aqui nesta segunda seção nós aprendemos que a regra absoluta é a

Sagrada Escritura. A CFW nos diz que a Palavra de Deus é a nossa regra em duas

esferas:

a) É nossa regra de fé - os livros inspirados por Deus nos foram dados para

constituírem “a regra de fé”. O que isto quer dizer? Quer dizer que tudo o que se

refere ao culto e a vida religiosa diante de Deus que tem a palavra final é a

Palavra de Deus escrita, ou seja, a Bíblia. ou seja, tudo o que nós cremos deve

ter base bíblica. Devemos estar fundamentados na doutrina dos apóstolos e

profetas: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele

mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;” (Efésios 2.20).

5 Apud, SANTOS, Valdeci S. Anotações da Bíblia de Scofield sob uma ótica Reformada. In: FIDES

REFORMATA, janeiro – junho, 2000, vol. V, n. 1, pp. 135 – 148.

6 GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo – Interpretando e Pregando

Literatura Bíblica. Tradutor: Edmilson Francisco Ribeiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p.211.

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b) A Bíblia também é a nossa regara de conduta: Ou seja, aqui se ensina que o

nosso comportamento tem que ser moldado pelos ensinos claros das Escrituras.

Isto significa que a nossa ética e moralidade deve ser baseado naquilo que as

Escrituras determinam que façamos; pois, toda conduta que esteja em

desarmonia com as Escrituras deve ser corrigida, tratada e modificada. A

Escritura não nos foi dada apenas para questões doutrinárias, mas também para

questões práticas: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,

para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o

homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2

Timóteo.3.16-17 ).

Conclusão:

Neste estudo vimos que a Revelação de Deus se dá por meio da sua lei que é

implantada em cada coração humano neste mundo; mas, também a mesma revelação é

comunicada pelas obras da criação e da providência; ainda que seja, uma revelação

divina não é suficiente para comunicar a vontade salvadora de Deus; esta vontade

redentiva só é comunicada pela Revelação Especial de Deus conforme se encontra

encerrada e registradas nas páginas da Bíblia Sagrada.

Questionário.

1) O que é revelação?

2) Apresente a distinção entre Revelação Geral e Revelação Especial?

3) A Bíblia é que tipo de Revelação?

4) A Escritura é a nossa regra. Mas qual esfera ela é a nossa regra?

5) Há novas revelações hoje? Por quê?

6) O que revelação Geral Imediata?

7) Explique os textos: Hebreus 1.1-2; 2ª Timóteo 3.15-17.

8) A Confissão de Fé de Westminster ensina a cessação dos dons? Em que parte?