artigo de divulgaÇÃo - mgme - out/2013

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Autor: Valter de Almeida Gomes Objetivo: Observar a porcentagem, proporcionalidade e regra de três no contexto de problemas cotidianos e realizar cálculos a fim de resolvê-los. Competências e habilidades a serem desenvolvidas: selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações de diferentes formas, para solucionar situações problema envolvendo grandezas proporcionais, utilizar informações expressas em forma de porcentagem como recurso para construção de argumentação. A porcentagem é um conteúdo matemático que facilmente se encontra nos mais diversos meios de comunicação com que nos deparamos, sejam jornais, revistas, rádio, tv, anúncios, etc. É uma ferramenta muito importante para ser utilizada na solução de problemas desde os cotidianos até os técnico- profissionais, como prestações, contas bancárias, em empresas, repartições, mercados, colunas de economia, ou seja, possivelmente onde tiver valores, números, encontraremos a porcentagem. O texto a seguir nos mostrará a preocupante realidade sobre o desperdício de alimentos e água dentro do processo produtivo na agricultura e o impacto que isso causa em nossa economia. Algumas ações poderiam ser tomadas para que muitos pudessem se beneficiar, o país diminuísse seus custos, o alimento chegasse em nossas mesas bem mais baratos e em maior variedade. Em nosso pais há cerca de 23 milhões de miseráveis, pessoas cuja renda não consegue satisfazer 75% de suas necessidades calóricas. Em contraste a isso, cerca de 39.000 toneladas de comida vão direto para a lata do lixo dos mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues, fazendas, nossas casas... Compõeessas 39.000 toneladas iogurtes perto do vencimento, tomates manchados, pães amanhecidos, carnes, legumes, verduras e vários outros itens que por algum motivo estético, acabam sendo desperdiçados e que poderiam alimentar 19 milhões de brasileiros com café, almoço e jantar. Surpreso? Pois não fique! Ainda que sem perceber, participamos de toda essa tristeza nacional. Comida e água não faltam: o que falta é ação!

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Esse artigo representa uma pequena parcela sobre o desperdício dos nossos alimentos e nossa água, no processo da cadeia produtiva.

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Page 1: ARTIGO DE DIVULGAÇÃO - MGME - OUT/2013

Autor: Valter de Almeida Gomes

Objetivo: Observar a porcentagem, proporcionalidade e regra de três no

contexto de problemas cotidianos e realizar cálculos a fim de resolvê-los.

Competências e habilidades a serem desenvolvidas: selecionar,

organizar, relacionar, interpretar dados e informações de diferentes

formas, para solucionar situações problema envolvendo grandezas

proporcionais, utilizar informações expressas em forma de porcentagem

como recurso para construção de argumentação.

A porcentagem é um conteúdo matemático que facilmente se encontra

nos mais diversos meios de comunicação com que nos deparamos, sejam

jornais, revistas, rádio, tv, anúncios, etc. É uma ferramenta muito importante

para ser utilizada na solução de problemas desde os cotidianos até os técnico-

profissionais, como prestações, contas bancárias, em empresas, repartições,

mercados, colunas de economia, ou seja, possivelmente onde tiver valores,

números, encontraremos a porcentagem.

O texto a seguir nos mostrará a preocupante realidade sobre o

desperdício de alimentos e água dentro do processo produtivo na agricultura e

o impacto que isso causa em nossa economia. Algumas ações poderiam ser

tomadas para que muitos pudessem se beneficiar, o país diminuísse seus

custos, o alimento chegasse em nossas mesas bem mais baratos e em maior

variedade.

Em nosso pais há cerca de 23 milhões de miseráveis, pessoas cuja

renda não consegue satisfazer 75% de suas necessidades calóricas. Em

contraste a isso, cerca de 39.000 toneladas de comida vão direto para a lata do

lixo dos mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues,

fazendas, nossas casas... Compõeessas 39.000 toneladas iogurtes perto do

vencimento, tomates manchados, pães amanhecidos, carnes, legumes,

verduras e vários outros itens que por algum motivo estético, acabam sendo

desperdiçados e que poderiam alimentar 19 milhões de brasileiros com café,

almoço e jantar. Surpreso? Pois não fique! Ainda que sem perceber,

participamos de toda essa tristeza nacional.

Comida e água não faltam: o que falta é ação!

Page 2: ARTIGO DE DIVULGAÇÃO - MGME - OUT/2013

Uma iniciativa dos nossos irmãos mineirinhos em 1992 sinalizou um

grande passo no sentido contrário ao desperdício: o Ceasa comprou máquinas

que processavam as sobras e começou a enlatar uma sopa, distribuída em

regiões carentes do Estado. O que iria para o lixo em pouco tempo, passou a

ter uma durabilidade de um ano, transformando produtos perecíveis em

alimentos duráveis. Com essa ação, os produtores rurais foram incentivados a

doar alimentos que, por algum motivo, seriam descartados por imperfeições,

aparência, tamanho, forma, e que agora vão parar no sopão. Os resultados

foram tão positivos que os Ceasas de outros estados como Pernambuco,

Ceará, Distrito Federal, Paraná e algumas cidades paulistas adotaram a ideia.

Temos por volta de 5.000 municípios em nosso país aptos a realizar as

mesmas ações, mas isso não acontece. Porque?

Cerca de 30 instituições, umas governamentais e outras não, são

responsáveis por distribuir aproximadamente 150 toneladas de comida por dia

pelo país, algo que não alcança a 0,5% do volume que poderia ser aproveitado.

Nossa produção anual de alimentos chega a números fantásticos: 350

mil toneladas de alface, 3 milhões de toneladas de tomate, 7,19 milhões de

Pense em algumas questões e

responda

Quanto cada pessoa receberia diariamente se fosse distribuído o alimento que é jogado

fora. Lembre que temos cerca de 39 milhões de miseráveis!

As instituições governamentais ou não distribuem

cerca de 0,5% do volume que poderia ser

aproveitado, o que equivale a 150 toneladas. Se

conseguíssemos chegar a um aproveitamento de 80%

desse alimento, quanto isso representaria?

Page 3: ARTIGO DE DIVULGAÇÃO - MGME - OUT/2013

toneladas de bananas, 1,87 milhões de toneladas de melancia. Em média,

43,75% dessa produção é lançada no lixo.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística), em 2012 tivemos um PIB (Produto

Interno Bruto), que é o total de riqueza produzida

pelo Brasil durante esse ano, na ordem de R$

4,403 trilhões de reais. É doloroso sabermos que

1,4% desse valor se perde na cadeia produtiva.

Estimativas do Banco Central projetam um

crescimento do PIB na ordem de 2,5% para 2013.

Diante desses números é possível meditarmos

um pouco!

Veja a ilustração acima,

“pense e repense”

Quando pensamos nos alimentos da ilustração, qual o

total, em toneladas, que são lançados no lixo,

anualmente?

Page 4: ARTIGO DE DIVULGAÇÃO - MGME - OUT/2013

São Paulo atualmente gasta cerca de R$ 3,318 bilhões com lixo.

Estimativas preocupantes indicam que 60% desse lixo representa resto de

comida. Se houvesse a conscientização da população, restaurantes, empresas

e demais segmentos, o Estado poderia economizar R$ 22,12 bilhões anuais,

valores que superariam os benefícios do bolsa família.

Os absurdos em desperdício não param por aí. Sabemos que a água

não é uma fonte natural renovável e que se o descaso continuar, as gerações

futuras estarão comprometidas com o abastecimento, algo já acontecendo em

algumas regiões do país e do mundo, divulgado frequentemente nos meios de

comunicação.

Um fenômeno desesperador tem ocorrido em nossa agricultura: 72% de

toda a água disponível no Brasil é utilizada na irrigação. Acredite você ou não,

46% dessa mesma água se perde pelos ralos, equivalendo a quase 6 bilhões

de m³ por ano.

Mais um momento para você pensar:

72%

9%

11%

1%7%

Uso da água no Brasil IRRIGAÇÃ

O

URBANO

ANIMAL

RURAL

Se esses valores se confirmarem e caso as perdas em

alimentos na cadeia produtiva não sejam reduzidas,

qual será o valor do desperdício em 2013?

Page 5: ARTIGO DE DIVULGAÇÃO - MGME - OUT/2013

Thomas Malthus (17/2/1766-23/12/1834), economista e religioso inglês,

relata em sua teoria sobre o crescimento populacional: “a população cresce em

progressão geométrica enquanto sua fonte alimentar cresce em progressão

aritmética”. Isso significa dizer que:

População 1 2 4 8 16 32 64 128

Alimentos 1 2 3 4 5 6 7 8

Como podemos observar tem ocorrido um distanciamento entre a fonte

alimentar e o crescimentopopulacional. A sustentabilidade de diversas

gerações tem sido comprometida, enquanto ocorre insensatos desperdício de

alimentos, pouca preocupação em sanar o problema e a fome e sede se

espalhando em nosso território.

Todos os anos, cerca de um terço de todos os alimentos para

consumo humano, aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas, é desperdiçado,

juntamente com toda a energia, água e produtos químicos necessários para

produzi-la e descartá-la.

Quase 30% das terras agrícolas do mundo, e um volume de água

equivalente à vazão anual do rio Volga, são usadas em vão. No seu relatório

intitulado "A Pegada do Desperdício Alimentar", a Organização das Nações

Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que a emissão de

carbono dos alimentos desperdiçados equivale a 3,3 bilhões de toneladas de

dióxido de carbono por ano.

Se fosse um país, seria o terceiro maior emissor do mundo, depois da

China e dos Estados Unidos, sugerindo que um uso mais eficiente dos

alimentos poderia contribuir substancialmente para os esforços globais para

reduzir as emissões de gases do efeito estufa e diminuir o aquecimento global.

Os dados apresentados no texto e salientados no gráfico mostram um

grande consumo dos nossos recursos hídricos destinados à irrigação. Se

46% da água direcionada à agricultura representam 6 bilhões m³, qual o

total de água é destinado à irrigação?

Pense nisso!

A próxima geração é a sua!