apostila de direito tributÁrio

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Professor Mestre: Marcelo José Grimone MATÉRIA PARA PROVA B1 Aula 01 Introdução ao Direito Tributário 1. Tributo: conceito e espécies Artigo 3 do CTN. “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” a) Toda prestação pecuniária. Cuida-se de prestação tendente a assegurar ao Estado os meios financeiros de que necessita para a consecução de seus objetivos, por isto que é de natureza pecuniária. b) Compulsória. O dever de pagar tributo nasce independentemente da vontade. Na prestação tributária a obrigatoriedade nasce diretamente da lei, sem que se imponha da lei, sem que se interponha qualquer ato de vontade daquele que assume a obrigação. c) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. A prestação tributária é pecuniária, isto é, seu conteúdo é expresso em moeda. O Direito brasileiro não admite a instituição de tributo em natureza, vale dizer, expresso em unidade de bens diversos do dinheiro, ou em unidade de serviços. Em outras palavras, nosso Direito desconhece os tributos in natura e in labore. Tributo in natura seria aquele estabelecido sem qualquer referência a moeda. Por exemplo, um imposto sobre a importação de computadores cuja lei instituidora determinasse que por centena de computadores importados o importador entregaria, a título de tributo, dez computadores. Tributo in labore seria aquele instituído também sem qualquer referência a moeda. Por exemplo, um imposto sobre a atividade profissional cuja lei instituidora determinasse que todo profissional liberal fosse obrigado a dar um dia de serviço por mês à entidade tributante. d) Que não constitua sanção de ato ilícito. O tributo se distingue da penalidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo lícito. e) Instituída em lei. Só a lei pode instituir o tributo. Isto decorre do princípio da legalidade, prevalente no Estado de Direito. Nenhum tributo será exigido sem que a lei o estabeleça, conforme assegura o artigo 150, inciso I, da Constituição Federal. A lei instituidora do tributo é, em princípio, a lei ordinária. Só nos casos expressamente previstos pela Constituição é que se há de exigir lei complementar para esse fim. f) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Em geral os administrativistas preferem dizer poder vinculado, em lugar de atividade vinculada. Atividade vinculada é aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não goza de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir. 1)Impostos . Temos definição em lei.

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Page 1: APOSTILA DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Professor Mestre: Marcelo José GrimoneMATÉRIA PARA PROVA B1Aula 01Introdução ao Direito Tributário

1. Tributo: conceito e espéciesArtigo 3 do CTN. “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

a) Toda prestação pecuniária. Cuida-se de prestação tendente a assegurar ao Estado os meios financeiros de que necessita para a consecução de seus objetivos, por isto que é de natureza pecuniária.

b) Compulsória. O dever de pagar tributo nasce independentemente da vontade. Na prestação tributária a obrigatoriedade nasce diretamente da lei, sem que se imponha da lei, sem que se interponha qualquer ato de vontade daquele que assume a obrigação.

c) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. A prestação tributária é pecuniária, isto é, seu conteúdo é expresso em moeda. O Direito brasileiro não admite a instituição de tributo em natureza, vale dizer, expresso em unidade de bens diversos do dinheiro, ou em unidade de serviços. Em outras palavras, nosso Direito desconhece os tributos in natura e in labore.

Tributo in natura seria aquele estabelecido sem qualquer referência a moeda. Por exemplo, um imposto sobre a importação de computadores cuja lei instituidora determinasse que por centena de computadores importados o importador entregaria, a título de tributo, dez computadores.Tributo in labore seria aquele instituído também sem qualquer referência a moeda. Por exemplo, um imposto sobre a atividade profissional cuja lei instituidora determinasse que todo profissional liberal fosse obrigado a dar um dia de serviço por mês à entidade tributante.

d) Que não constitua sanção de ato ilícito. O tributo se distingue da penalidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo lícito.

e) Instituída em lei. Só a lei pode instituir o tributo. Isto decorre do princípio da legalidade, prevalente no Estado de Direito. Nenhum tributo será exigido sem que a lei o estabeleça, conforme assegura o artigo 150, inciso I, da Constituição Federal.A lei instituidora do tributo é, em princípio, a lei ordinária. Só nos casos expressamente previstos pela Constituição é que se há de exigir lei complementar para esse fim.

f) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Em geral os administrativistas preferem dizer poder vinculado, em lugar de atividade vinculada.Atividade vinculada é aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não goza de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir.1)Impostos. Temos definição em lei.“Imposto é o tributo cuja obrigação tributária tem por fato gerador uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. ( CTN, artigo 16). Diz-se, por isto, que o imposto é uma exação não vinculada, isto é, independentemente de atividade estatal específica.Artigo 145, I da CF2)Taxa. De acordo com o estabelecido no artigo 77 do CTN, taxa é o tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte. Distingue-se, por isto, nitidamente, do imposto.3)Contribuição de Melhoria. È o tributo cuja obrigação tem como fato gerador a valorização de imóveis decorrente de obra pública. Distingue-se do imposto porque depende de atividade estatal específica, e da taxa porque a atividade estatal de que depende é diversa. Enquanto a taxa está ligada ao exercício regular do poder de polícia, ou a serviço público, a contribuição de melhoria está ligada à realização de obra pública.4)Contribuição SOCIAIS. São aquelas que a União Federal pode instituir com fundamento nos artigos 149 e 195 da Constituição. Dividem-se em: as do artigo 149, que são as contribuições de intervenção no domínio econômico, e as contribuições de interesses de categorias profissionais ou econômicas, e as do artigo 195, que são as contribuições de seguridade social. Devemos ainda ressaltar as contribuição de iluminação pública ( 149 A).5) empréstimos compulsórios: extraordinários de calamidade ou guerra Bibliografia da aula

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Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, 30 edição, revista e ampliada.Paulsen, Leandro. Direito Tributário. Porto Alegre: Livraria do Advogado.

DISCIPLINA: Direito Tributário Aula 02.Professor Marcelo José Grimone.Introdução. Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior, bastante para fazer as regras de conduta, para construir o direito positivo. Dessa necessidade nasceu o Estado, cuja noção se pressupõe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributário.No que mais de perto interessa o Curso, importa lembrar que o Estado pode apresentar-se com governo centralizado, em uma única unidade, ou descentralização, unidades autônomas. No primeiro caso diz-se que o Estado é unitário, e no segundo diz-se que ele é federal.O Brasil é um exemplo de Estado Federal, ou Federação, embora a centralização do poder político e especialmente a centralização das rendas tributárias, antes da Constituição de 1988, fossem de tal ordem a caracterizar o Brasil como Estado Unitário. Com a Constituição de 1988 deu-se um passo significativo rumo ao federalismo, embora a dependência dos Estados e Municípios ainda tenha ficado bastante acentuada, posto que a distribuição das quotas destes nos fundos de participação continua a ser administrada pelo Governo central.A tributação e, sem sobra de dúvida, o instrumento de que se tem utilizado a economia capitalista para que o Estado realize os seus fins sociais. È importante, porém, que a carga tributária não se torne pesada ao ponto de desestimular a iniciativa privada. No Brasil, infelizmente, isto vem acontecendo. Nossos tributos, além de serem muitos, são calculados mediante alíquotas elevadas. Ademais, o Estado gasta mal e investe em setores equivocados.2.1.A tributação e o Estado.A instituição de tributos é atividade típica do Estado, indelegável e exercida mediante lei, em sentido formal e material ( artigo 150, I da CF). Já a arrecadação e a fiscalização tributária consistem tributárias consistem competências administrativas e, portanto, passíveis de delegação a pessoas de direito público ou privado ( artigo 8, CTN).2.2. Tributação e Direitos Fundamentais O Direito Tributário, cada vez mais, está voltado à preocupação concernente à adequação da tributação ao exercício de direitos fundamentais, a destacar que essa atividade estatal não busca apenas gerar recursos para o custeio de serviços públicos, mas garantir também o exercício de direitos públicos subjetivos.Assim é que a tributação constitui instrumento para atingir os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, consubstanciados na construção de uma sociedade livre, justa e solidária; na garantia do desenvolvimento nacional; na erradicação da pobreza e da marginalização e na redução das desigualdades sociais e regionais; bem como na promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.Portanto, estão indissoluvelmente associadas as ideias de tributação e cidadania. Há que se entender que ser cidadão também é ser contribuinte.Interessante observar que os direitos fundamentais dão suporte à atividade tributante do Estado, ao mesmo tempo em que configuram limites instransponíveis a essa mesma atividade.O tributo atinge principalmente dois direitos fundamentais do homem: o direito à propriedade privada e o direito de liberdade.Efetivamente, o direito à propriedade privada é alcançado direta e imediatamente pela tributação, porque o tributo consiste em prestação pecuniária compulsória, devida por força de lei, implicando a sua satisfação, necessariamente, redução do patrimônio do sujeito passivo. No entanto, tal redução patrimonial não pode caracterizar confisco, porquanto a utilização de tributo com esse efeito é proibido constitucionalmente ( artigo 150, inciso IV).Por outro lado, o direito de liberdade, genericamente considerado, é alcançado pelo tributo indiretamente, por via oblíqua, conforme os objetivos a serem perseguidos, uma vez que a exigência daquele pode influenciar comportamentos, determinando as opções dos contribuintes.2.3 - Evolução de direito tributárioAntigamente, o Estado, para fazer face às despesas necessárias ao cumprimento de suas finalidades, valia-se de vários meios universalmente conhecidos, tais como guerras de conquistas, extorsões de outros povos, doações voluntárias, fabricação de moedas metálicas ou de papel, exigência de empréstimos, rendas produzidas por seus bens e suas empresas, imposição de penalidades etc.Vários desses processos de obtenção da receita pública eram tidos como tributos.Com a gradativa evolução das despesas públicas, para atender às mais diversas necessidades coletivas, tornou-se imprescindível ao Estado lançar mão de uma fonte regular e permanente de recursos financeiros. Assim, assentou-se sua força coercitiva para a retirada parcial das riquezas dos particulares, sem qualquer contraprestação. Dessa forma, o tributo passou a ser a principal fonte dos ingressos públicos, necessários ao financiamento das atividades estatais.O estudo histórico não deixa dúvida de que a tributação foi à causa direta ou indireta de grandes revoluções ou grandes transformações sociais, como a Revolução Francesa, a Independência das Colônias Americanas e, entre nós, a Inconfidência Mineira, o mais genuíno e idealista dos movimentos de afirmação da nacionalidade, que teve como fundamental motivação a sangria econômica provocada pela metrópole por meio do aumento da derrama.

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Hoje, o princípio de que a receita tributária deve ser previamente aprovada pelos representantes do povo acha-se inscrito nas Cartas Políticas de quase todos os países. Entre nós, o princípio da legalidade tributária vem sendo consignado desde a primeira Constituição Republicana de 1891. A própria Carta outorgada de 1824 já prescrevia a iniciativa privativa da Câmara dos Deputados em matéria de impostos.Disso resulta que, atualmente, o fenômeno tributário encontra-se juridicizado, isto é, o tributo passou a constituir-se em uma categoria jurídica disciplina pelo Direito. Só pode ser exigido através de uma relação jurídica entre o Estado e o súdito-contribuinte. O Estado, no exercício de sua soberania, tributa. Mas a relação de tributação não é simples relação de poder. É relação jurídica, pois está sujeita a normas às quais se submetem os contribuintes e também o Estado. Portanto, podemos afirmar que pagamos tributos em cumprimento a um dever jurídico, e não em cumprimento a um dever de solidariedade social.A relação jurídica tributária se verifica entre o fisco – denominação dada ao Estado enquanto desenvolve atividade de tributação – e aquele que está diretamente obrigado ao pagamento do tributo.Devemos, ainda, esclarecer que a instituição do tributo é sempre feita mediante lei, e sua arrecadação e fiscalização constituem atividade administrativa vinculada. A própria instituição do tributo há de ser feita nos termos estabelecidos na Constituição, na qual se encontram os princípios fundamentais da tributação.2.4 – Conceito do Direito TributárioPara Hugo de Brito:“o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder.”Já Ruy Barbosa Nogueira, o Direito Tributário é a disciplina da relação entre fisco e contribuinte, resultante da imposição, arrecadação e fiscalização dos impostos, taxas e contribuições.Já o Luciano Amaro apresenta o Direito Tributário com disciplina jurídica dos tributos.2.5 - Autonomia do direito tributárioO que caracteriza a autonomia do Direito Tributário é o fato de existir princípios jurídicos próprios, não aplicáveis aos demais ramos da ciência jurídica, tais como o da imunidade recíproca, imunidade genérica, da capacidade contributiva, das discriminações de rendas tributárias, da vedação de efeitos confiscatórios etc.2.6 - Relações do direito tributário com outros ramos do direito

Relação direta com o Direito Constitucional. Tem ligação com o Direito Administrativo que lhe dá o embasamento para os diversos procedimentos tributários.

Relaciona-se com o Direito Penal no que tange não só à interpretação dos chamados crimes tributários, como também à interpretação e aplicação das infrações fiscais que capitulam penas pecuniárias.

Tem conexões com o Direito Civil. E com o direito financeiro, principalmente na matéria receita pública.2.7 - Fontes do direito tributário: materiais e formais.As fontes materiais ou fontes reais do Direito Tributário são os pressupostos fáticos da tributação. São as riquezas ou os bens em geral, utilizados pelo legislador como veículos de incidência tributária, como patrimônio, a renda e os serviços. Esses bens, por servirem de suporte fático do fenômeno tributário, são conhecidos como fatos imponíveis. Como diz o artigo 114 do CTN, a situação definida em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência. A situação é sempre um fato, descrito de forma abstrata e genérica na norma legal, que, uma vez ocorrido em concreto opera-se o fenômeno da subsunção do fato à hipótese legal prevista, isto é, gera a obrigação de pagar tributo.Fontes Formais: são os atos normativos ou conjunto de normas que dão nascimento ao Direito Tributário.Em matéria de fonte formal do Direito Tributário, as mais importantes são as normas constitucionais, quer pela posição hierárquica que ocupam, quer pela quantidade de princípios tributários por elas expressas.As emendas que são propostas e discutidas segundo o processo legislativo previsto no artigo 60 da C.F.Lei ordinária e Lei complementar=>O código tributário nacional continua sendo uma lei ordinária. O ocorre que ele trata de matéria que, hoje, está reservada a lei complementar. Matéria que hoje somente por lei complementar pode ser tratada. Portanto, os dispositivos do CTN, que tratam de matéria hoje privativa de lei complementar, só por essa espécie normativa podem ser alterados. Artigo 146 da Constituição Federal: “Cabe à lei complementar:I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar ( Vide Constituição: Seção II, do Capítulo I, do seu Título VI)III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:Definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;Obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários.”

O STF se posicionou no sentido da inexistência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária.Princípio da legalidade.Segundo o artigo 97 do CTN, somente a lei pode estabelecer:a instituição de tributos, ou a sua extinção;a majoração de tributos ou sua redução, com as ressalvas que indica;a definição do fato gerador da obrigação principal e do seu sujeito passivo;a fixação da alíquota do tributo e de sua base de cálculo, com as ressalvas que menciona;a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou a dispensa ou

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redução de penalidades.Equipara-se à majoração do tributo a modificação de sua base de cálculo que importa torná-lo mais oneroso, mas não a simples atualização monetária.Todos os elementos essenciais da relação jurídica tributária devem ser indicados pela lei: o núcleo do fato gerador, o contribuinte, a base de cálculo, alíquota, tudo deve estar na própria lei.Constituem exceções ou ressalvas ao princípio da legalidade as mencionadas no parágrafo primeiro do artigo 153 da Constituição Federal. O tributo criado por lei só por lei pode ser aumentado.

Aula 03

Tema: Sistema Constitucional Tributário – Parte 1

Princípios Gerais

3 - Introdução

Dentre as múltiplas incumbências a cargo do Estado está a tributação, que consiste na atividade estatal nas atividades abrangentes da instituição, da arrecadação e da fiscalização de tributos.A instituição de tributos é atividade típica do Estado, indelegável e exercida mediante lei, em sentido formal e material ( 150,I – C.F.). Já a arrecadação e a fiscalização tributárias constituem competências administrativas e, portanto, passíveis de delegação a pessoas de direito público ou privado ( artigo 8, CTN).Na Contemporânea concepção de Estado, a tributação constitui autêntico poder-dever, cujo exercício traduz-se no emprego de instrumentos que lhe possibilitem a obtenção dos recursos necessários ao desempenho de suas atividades.A tributação constitui instrumento para efetivação dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, consubstanciada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária; na garantia do desenvolvimento nacional; na erradicação da pobreza e da marginalização e na redução das desigualdades sociais e regionais; bem como na promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação ( artigo 3, I a IV – C.F.).Portanto, estão indissoluvelmente associadas as idéias de tributação e cidadania. Há que se entender que ser cidadão também é ser contribuinte. Em outras palavras, poder contribuir para as despesas do Estado representa um aspecto do exercício da cidadania.No entanto a tributação há de ser desenvolvida dentro dos limites constitucionais, impondo-se a edição de leis tributárias com a observância dos princípios pertinentes, a adoção de uma conduta ética no exercício da fiscalização, a lisura dos procedimentos administrativos e a edição, pelo Fisco, de atos normativos nos estritos limites da legalidade.O Sistema Tributário NacionalPara Roque Carrazza, sistema é a reunião ordenada de várias partes que formam um todo, de tal sorte que elas sustentam se sustentam mutuamente e as últimas explicam-se pelas primeiras. As que dão razão às outras chamam-se princípios.Podemos apontar o sistema tributário nacional como um conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais que disciplinam a atividade tributante. Resulta a conjugação de três planos:

O texto constitucional A lei complementar, veiculadora de normas gerais em matéria Tributária ( o Código Tributário Nacional) Lei ordinária instrumento de instituição de tributos por excelência.

A Constituição constitui a principal fonte do Direito Tributário no Brasil. Disciplina o sistema tributário nacional no Capítulo I do Título VI (Da tributação e do orçamento), em seus artigos 145 a 162.A constituição cuida de quatro temas fundamentais:

1) a previsão das regras-matrizes de incidência; 2) a classificação dos tributos; 3) a repartição de competências; 4)as limitações ao poder de tributar;

Regras-matrizes: situações fáticas que poderão ser usadas pelo legislador infraconstitucional para a instituição de tributos. Ou seja, a lei somente poderá contemplar fatos que se encontrem dentro da moldura constitucionalmente traçada para esse fim, o que representa sensível limitação à eleição de situações a ser efetuada pelo legislador.A Constituição autoriza, portanto, a instituição dentro de parâmetros objetivos por ela apontados. Em relação aos impostos, traça hipóteses específicas, todas pertinentes a fatos de caráter econômico, como por exemplo: Auferir renda e proventos de qualquer natureza; Ser proprietário de imóvel urbano;

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Prestar serviços de qualquer natureza.Já no que diz às taxas, apresenta situações genericamente postas: Exercício do poder de polícia A prestação de serviço público, específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.Já a contribuição de melhoria: Valorização imobiliária decorrente de obra pública.O regramento constitucional dos empréstimos compulsórios é diferenciado: Atendimento a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua

iminência; e investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no artigo 150, III, b – vide artigo 148 da Constituição Federal.

Assim também em relação às contribuições, cuja disciplina aponta finalidades a serem atingidas por meio desses tributos, qualificando-os como instrumentos de atuação da União nas áreas social, de intervenção no domínio econômico, e no interesse de categorias profissionais ou econômicas ( 149).

Classificação dos tributos.A constituição estabeleceu as espécies tributárias utilizando o critério da existência ou não de atuação estatal que dê suporte à exigência fiscal. Temos, assim, os impostos como tributos não vinculados a uma atuação estatal, enquanto as taxas e a contribuição de melhoria são tributos vinculados a um comportamento do Poder Público.Repartição de competência TributáriaA competência tributária consiste na aptidão para instituir tributos, descrevendo, por meio de leis, as suas hipóteses de incidência. No Brasil, o veículo de atribuição de competências, inclusive tributárias, é a Constituição da República. Tal sistemática torna-se especialmente relevante em um Estado constituído sob a forma federativa, com a peculiaridade do convívio de três ordens jurídicas distintas: a federal, a estadual/distrital e a municipal.A Constituição dita, assim, o que pode cada pessoa política realizar em matéria tributária, demarcando os respectivos âmbitos de atuação, no propósito de evitar conflitos entre União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios.LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAREssas limitações são traduzidas, essencialmente, na definição de princípios e imunidades.Os princípios constituem os vetores, e podem ser definidos como normas iniciais de um sistema, verdadeiros instrumentos de interpretação e a aplicação de outras normas.O texto constitucional é rico na declaração expressa de princípios tributários, tais como os da capacidade contributiva, legalidade, isonomia, anterioridade, irretroatividade, vedação de confisco, dentre outros que serão estudados na próxima aula.Esses princípios representam diretrizes positivas, a guiar o legislador e o administrador tributários na busca da tributação justa.Outras expressivas limitações constitucionais ao poder de tributar são as exonerações qualificadas como imunidades. São diretrizes negativas, pois negam a competência tributária nas hipóteses previstas na constituição.OBSERVAÇÕES: Importante ressaltar que no capítulo dedicado ao Sistema Tributário Nacional, há seção dedicada ao tema da

repartição das receitas tributárias ( artigo 157 a 162). No entanto, o tema é tratado pelo direito financeiro.Exemplo: vide artigo 157, I

As normas constitucionais tributárias não se resumem ao Capítulo dedicado ao Sistema Tributário Nacional. Temos no artigo 5 da Constituição normas sobre tributação, que abrigam imunidades referentes à prestação

de diversos serviços públicos, afastando a possibilidade da exigência de taxas:- inciso XXXIV-LXXIII-LXXIV-LXXVI

=> Temos, ainda: o IPTU progressivo no tempo – artigo 182, parágrafo quarto, II=> imunidade do artigo 184, parágrafo quinto=>177, parágrafo quarto, 195, caput, 203 e outras.Gostaria de chamar a atenção para a emenda a Constituição:

Emenda 39/2002: previsão da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública ( artigo 149-A) Emenda 42/2003.

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Bibliografia da aula: Costa, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva. 2009Carrazza, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros, 22 edição,2006

Aula 04 – . Tema: Sistema Constitucional Tributário – Parte 2 ( O Retorno)

4.Princípios Gerais. Princípios Específicos

Vivemos um momento de grande valorização dos princípios jurídicos, conseqüência do chamado pós-positivismo.“Princípio”, do latim principium, principii, signfica “começo”, “origem”, “base”, “raiz”. Cientificamente, é o alicerce sobre o qual se constrói um sistema, o que conduz à conclusão de que uma ofensa a um princípio representa uma agressão ao próprio sistema.Celso Antônio Bandeira de Mello define: “...mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e sentido e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere tônica e lhe dá sentido harmônico. È o reconhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo.”Podemos dizer que os princípios jurídicos são normas de maior hierarquia, autênticas sobrenormas que orientam a interpretação e a aplicação das demais, sinalizando seu alcance e sentido.4.2 – Princípios gerais com especial repercussão no âmbito tributário 4.2.1 – Segurança JurídicaGeraldo Ataliba afirma ser a segurança jurídica a essência do próprio Direito. Constitui, mesmo, decorrência do próprio Estado Democrático de Direito e se apóia nos postulados da certeza e da igualdade.Compreende as seguintes ideias:

A existência de instituições dotadas de poder e garantias, assim como sujeitas ao princípio da legalidade; A confiança nos atos do Poder Público, que deverão reger-se pela boa-fé e pela razoabilidade; Estabilidade das relações jurídicas, manifestadas na durabilidade das normas, na anterioridade das leis em

relação ao fatos sobre os quais incidem e na conservação de direitos em face da lei nova; A previsibilidade dos comportamentos, tanto os que devem ser seguidos como os que devem ser

suportados; A igualdade na lei e perante a lei, inclusive com soluções isonômicas para situações idênticas ou próximas.

Na tributação esse princípio expressa-se: legalidade, isonomia e caráter vinculado da atividade de cobrança do tributo.4.2.2 – Princípio Republicano É o tipo de governo, fundado na igualdade formal das pessoas, em que os detentores do poder político exercem-no em caráter eletivo, representativo ( de regra), transitório e com responsabilidade.4.2.3 – Princípio federativo e da autonomia municipal4.2.4 – MoralidadeA administração tributária deve ser efetivada com a aplicação de critérios técnicos, objetivos, fazendo jus o contribuinte a uma atuação estatal de arrecadação e de fiscalização pautada por condutas éticas, honestas, leias e de boa-fé.4.2.5 – Supremacia do Interesse público sobre o interesse particular. Traduz-se na adequada convivência entre a atividade de arrecadação e o respeito aos direitos dos contribuintes.4.2.6 – Função Social da PropriedadeEfeito da função social é a submissão à tributação, com vista à sustentação do Estado e destinação dos recursos dela advindos á prestação de serviços públicos aos mais necessitados.4.3 – Princípios Específicos4.3.1 – Legalidade Tributária. Vide artigo 150, I da C.FEm matéria tributária traduz-se na exigência da lei ( função formal); especificação de todos os aspectos à verificação do fato jurídico tributário e respectiva obrigação ( função material).Isso significa a imposição da lei para a instituição e a majoração de tributo (aspecto material), tal ato normativo deve, em seu conteúdo, apresentar:-hipótese de incidência tributária, em todos os seus aspectos ( material, espacial, temporal, pessoal e quantitativo);-as desonerações tributárias ( isenções, reduções, deduções)-as sanções fiscais, bem como a anistia;-obrigações acessórias;-hipóteses de suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário e a instituição e a extinção de correção monetária do débito tributário.A legalidade tributária, também denominada de estrita legalidade tributária, é identificada no artigo 97 do CTN ( vide)

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È importante ressaltar que o princípio tem o seu rigor atenuado pela disposição contida no artigo 153§, 1°, da C.F, que faculta ao Poder Executivo da União, atendidas as condições e limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do Imposto de Importação, do Imposto de Exportação, do Imposto sobre Produtos Industrializados e o do Imposto sobre Operações Financeiras.( alteração por decreto) Outra mitigação ao princípio é o parágrafo quarto do artigo 177 , letra b, da C.F

4.3.2 – Anterioridade da lei tributária: genérica, especial e nonagesimalGenérica:Consoante o artigo 150, III, b da CF, é vedado às pessoas políticas exigir tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os institui ou aumentou. Visa o preceito evitar seja o contribuinte surpreendido mediante uma nova imposição fiscal ou a majoração de tributo já existente. Essa modalidade de anterioridade é denominada genérica, pois aplicável aos tributos de forma geral e atrelado à noção de exercício financeiro.Juntamente com os princípios da legalidade tributária e da irretroatividade da lei tributária – que traduz a impossibilidade de a lei fiscal alcançar fatos pretéritos (artigo 150, III, a, C.F.) – tal diretriz representa uma das mais expressivas garantias outorgadas aos contribuintes.Vide artigo 62, parágrafo segundo da Constituição Federal, sobre medidas provisórias.Nonagesimal:Temos ainda, a anterioridade nonagesimal , contida no artigo 195, §, 6°, segundo a qual as contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social somente poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituída ou modificada.- não se atrela a exercício financeiro, mas consigna prazo para que o contribuinte acostume-se e organize-se para fazer face à nova exigência fiscal;- protege o contribuinte não apenas da instituição ou aumento de contribuição social para o financiamento da seguridade social, mas também de qualquer modificação no regime desse tributo que possa ser considerada onerosa ao contribuinte. Especial:150, III, alínea CAssegura ao contribuinte o prazo mínimo de noventa dias para que se acostume com a nova exigência, em homenagem, uma vez mais, aos princípios da segurança jurídica e da não-surpresa.As duas modalidades de anterioridade – a genérica e a especial – entrecruzam-se, ampliando a proteção conferida aos contribuintes. À disciplina da anterioridade genérica acresceu-se um prazo, que constitui garantia mínima ao contribuinte ( 90 dias), podendo o prazo ser bem maior, caso a lei veiculadora da nova exigência fiscal seja publicada no início do exercício financeiro.No entanto a STF editou a súmula 669. ( “ Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”)Síntese:1)Observância de ambos os princípios – anterioridade genérica e especial, que constitui o padrão do sistema tributário;2) Exceções: não sujeição a nenhuma modalidade de anterioridade- empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência ( 148, I);- Imposto de Importação ( 153, I );- Imposto de Exportação (153, II):-IOF ( 153, V) e impostos extraordinários ( 154, II).3)Aplicação da anterioridade genérica, mas não especial ( 150, parágrafo primeiro, fine):- Imposto de Renda ( 153, III) Fixação da base de cálculo do IPVA (155, III) e IPTU ( art. 156, I).4) Aplicação da anterioridade especial, mas não da genérica:-IPI (artigo 153, IV); bem como ao ICMS incidente sobre operações com combustíveis e lubrificantes (artigo 155, parágrafo quarto, IV, c), e contribuições de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível ( artigo 177, parágrafo quarto, I, b)5)Aplicação da anterioridade nonagesimal, específica para contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social (artigo 195, parágrafo sexto)6) Não confundir esse princípio com o extinto princípio da anualidade.

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Aula 05 ( continuação)4.3.4 – Irretroatividade da lei tributáriaImpõe que a lei que institua ou aumente tributo somente projete para o futuro, não cabendo retroatividade.4.3.5 – Não violação do exercício de direitos fundamentais por via da tributação4.3.6 – Princípio da Isonomia ou Igualdade TributáriaO princípio é particularizado, no campo dos tributos, pelo artigo 150, III, ao descrever a instituição de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem me situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.Hão de ser tratados, pois, com igualdade aqueles que tiverem igual capacidade contributiva, e com desigualdade os que revelem riquezas diferentes e, portanto, diferentes capacidades de contribuir.4.3.7 – Princípio da uniformidade:1) uniformidade dos tributos federais em todo o território nacional, e veda distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro ( 150, I).2) proíbe à União tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes ( artigo 151, II).3) Artigo 152 que proíbe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Resta, por exemplo, proibido que determinado Município isente de imposto a prestação de determinado serviço apenas quando o usuário seja residente no próprio Município; o contrário também não se lhe autoriza.4) Artigo 151, III que proíbe a União instituir isenções de tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.4.3.8 – Princípio da Capacidade Contributiva.Está expresso no artigo 145, §1°, da Constituição, onde se prevê que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultando à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos adquiridos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.Assim, sempre que possível o imposto deve levar em consideração a capacidade econômica dos contribuintes.

Personalização: adequação do gravame fiscal às condições pessoais; Proporcionalidade: o gravame fiscal deve ser diretamente proporcional à riqueza evidenciada em cada

situação impositiva. Progressividade: faz com que a alíquota para as fatias mais altas da riqueza seja maior. Seletividade: o gravame deve ser inversamente proporcional à essencialidade do bem.

4.3.9 – Princípio da Vedação de Tributo ConfiscatórioO artigo 150, IV, proíbe a utilização do tributo com o efeito de confisco, ou seja, impede que, a pretexto de cobrar tributo, se aposse o Estado dos bens do indivíduo.4.3.10 – Princípio da Liberdade de TráfegoProíbe o artigo 150, V da Constituição que se estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágios pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público..4.3.11 – Princípio da Transparência dos Impostos.Artigo 150, §5°.

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Aula 06 – Revisão Para a prova e plantão de dúvidas Tema: Sistema Constitucional Tributário – Parte 3 ( Eles voltaram). Princípios Específicos

6 – Anterioridade da lei tributária: genérica, especial e nonagesimalNo Capítulo da Constituição Federal “Das limitações do Poder de Tributar” o artigo 150 menciona:150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado ( proibido) à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:III – cobrar tributos:“b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os institui ou aumentou;”1)Anterioridade Genérica:Consoante o artigo 150, III, b da CF, é vedado às pessoas políticas exigir tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os institui ou aumentou. Visa o preceito evitar seja o contribuinte surpreendido mediante uma nova imposição fiscal ou a majoração de tributo já existente. Essa modalidade de anterioridade é denominada genérica, pois aplicável aos tributos de forma geral e atrelado à noção de exercício financeiro.Juntamente com os princípios da legalidade tributária e da irretroatividade da lei tributária – que traduz a impossibilidade de a lei fiscal alcançar fatos pretéritos (artigo 150, III, a, C.F.) – tal diretriz representa uma das mais expressivas garantias outorgadas aos contribuintes.

A vedação do inciso III, letra b, não se aplica aos tributos previstos nos artigos 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, IIOu seja, a anterioridade genérica não é observada:

Empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; ( 148, I)Atenção:

Empréstimo compulsório para atender investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, deve se observar a anterioridade genérica ( 148,II)

153, I – Importação de produtos estrangeiros; 153, II – Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 153, IV – produtos industrializados; 153, V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 154, II – A União poderá instituir: II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,

compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Já o artigo 150, inciso III, letra c determina:“antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os institui ou aumentou, obervando o disposto na alínea b;2)Anterioridade Especial.Assegura ao contribuinte o prazo mínimo de noventa dias para que se acostume com a nova exigência, em homenagem, uma vez mais, aos princípios da segurança jurídica e da não-surpresa.As duas modalidades de anterioridade – a genérica e a especial – entrecruzam-se, ampliando a proteção conferida aos contribuintes. À disciplina da anterioridade genérica acresceu-se um prazo, que constitui garantia mínima ao contribuinte ( 90 dias), podendo o prazo ser bem maior, caso a lei veiculadora da nova exigência fiscal seja publicada no início do exercício financeiro.No entanto a STF editou a súmula 669. ( “ Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”)Essa regra ( anterioridade Especial), no entanto, não se aplica aos tributos previstos nos artigos 148, I, 153, I, II, III e V e 154, II, nem a fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos artigos 155, III, e 156, I.

Ou seja, a anterioridade Especial não se aplica: Empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública,

de guerra externa ou sua iminência; ( 148, I) 153, I – Importação de produtos estrangeiros; 153, II – Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 153, III – renda e proventos de qualquer natureza;

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153, V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 154, II – A União poderá instituir: II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,

compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

155, III – fixação da base de calculo do imposto de propriedade de veículos automotores; 156, I – fixação da base de cálculo do imposto predial territorial urbano;

E o artigo 195, parágrafo sexto da Constituição:As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificadas, não se lhes aplicando o disposto no artigo 150, III, letra bContribuições sociais:-do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalha pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;b) a receita ou o faturamento;c) o lucro;II) sobre a receita de concursos de prognósticos;III) do importador de bens e serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equipar;3)A anterioridade Nonagesimal:A anterioridade nonagesimal , contida no artigo 195, §, 6°, segundo a qual as contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social somente poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituída ou modificada.- não se atrela a exercício financeiro, mas consigna prazo para que o contribuinte acostume-se e organize-se para fazer face à nova exigência fiscal;- protege o contribuinte não apenas da instituição ou aumento de contribuição social para o financiamento da seguridade social, mas também de qualquer modificação no regime desse tributo que possa ser considerada onerosa ao contribuinte. Síntese:=> 1)Regra: Observância de ambos os princípios – anterioridade genérica e especial, que constitui o padrão do sistema tributário;2) Exceções: não sujeição a nenhuma modalidade de anterioridade- empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência ( 148, I);- Imposto de Importação ( 153, I ); - Imposto de Exportação (153, II):-IOF ( 153, V) e impostos extraordinários ( 154, II).3)Aplicação da anterioridade genérica, mas não especial ( 150, parágrafo primeiro, fine):- Imposto de Renda ( 153, III) Fixação da base de cálculo do IPVA (155, III) e IPTU ( art. 156, I).4) Aplicação da anterioridade especial, mas não da genérica:-IPI (artigo 153, IV); bem como ao ICMS incidente sobre operações com combustíveis e lubrificantes (artigo 155, parágrafo quarto, IV, c), e contribuições de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível ( artigo 177, parágrafo quarto, I, b)5)Aplicação da anterioridade nonagesimal, específica para contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social (artigo 195, parágrafo sexto)6) Não confundir esse princípio com o extinto princípio da anualidade.Tal princípio figurava nas Constituições Federais de 1946 e de 1967, o qual impunha prévia autorização orçamentária para a cobrança de tributos em cada exercício. Essa exigência não mais existe na ordem constitucional em vigor;Podemos apontar o sistema tributário nacional como um conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais que disciplinam a atividade tributante. Resulta a conjugação de três planos:

O texto constitucional;A lei complementar, veiculadora de normas gerais em matéria Tributária ( o Código Tributário Nacional)Lei ordinária instrumento de instituição de tributos por excelência.

A Constituição constitui a principal fonte do Direito Tributário no Brasil. Disciplina o sistema tributário nacional no Capítulo I do Título VI (Da tributação e do orçamento), em seus artigos 145 a 162.A constituição cuida de quatro temas fundamentais:

1) a previsão das regras-matrizes de incidência; 2) a classificação dos tributos; 3) a repartição de competências; 4)as limitações ao poder de tributar;

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7 - Competência TributáriaIntroduçãoO instrumento de atribuição de competência é Constituição Federal, pois a atribuição de competência tributária faz parte da própria organização jurídica do Estado. Somente às pessoas jurídicas de Direito Público, dotadas de poder legislativo, pode ser atribuída competência tributária, pois a competência é exercida através da lei.

Competência tributária é atribuída pela Constituição a um ente estatal dotado de poder legislativo. É exercida mediante a edição de lei.

Capacidade tributária é atribuída pela Constituição, ou por uma lei, a ente estatal não necessariamente dotado de poder legislativo. É exercida mediante atos administrativos.

7.1 - Conceito e Características:No Estado de Direito, a tributação há de comportar-se dentro de certos limites, para que possa ser legitimamente exercida. Assim, a noção de competência tributária corresponde ao “poder de tributar”, juridicamente limitado pela própria Constituição.Competência tributária é a aptidão para criar tributos, mediante a edição do necessário veículo legislativo (artigo 150, I da Constituição Federal), indicador de todos os aspectos de sua hipótese de incidência.Em sendo competência de natureza legislativa, somente as pessoas políticas a detêm.Consequentemente, a competência tributária reveste as mesmas características da competência legislativa. Roque Carrazza ensina serem seis tais características, que, resumidamente, apresentamos:

Privatividade ou exclusividade, a significar que as pessoas políticas possuem faixas tributárias privativas: assim, a competência outorgada a um ente político priva ou exclui os demais da mesma atribuição;

Tal afirmativa vale, inclusive, para os tributos vinculados a um atuação estatal, uma vez que, em relação a eles, o exercício da competência tributária depende do prévio exercício da competência administrativa – prestação de serviço público ou exercício do poder de polícia, nos termos do artigo 145, II Constituição Federal – não havendo falar-se portanto, em competência concorrente, na medida em que apenas uma única pessoa está legitimada a exigir o tributo correspondente no caso concreto;A única exceção é a competência extraordinária em matéria de impostos outorgada à União (artigo 154, II da C.F)

Indelegabilidade , característica segundo a qual, recebendo as pessoas políticas suas competência da própria Constituição, não as podem delegar a terceiros;

Incaducabilidade , uma vez que o seu não-exercício, ainda que por longo tempo, não acarreta o efeito de impedir que a pessoa política venha, a qualquer tempo, a exercê-la.

Inalterabilidade, que se traduz na impossibilidade de a competência tributária ter suas dimensões ampliadas pela própria pessoa política que a detém;

Diz respeito ao legislador infraconstitucional, porquanto por meio de emenda, ainda que existam sérias limitações é possível realizar alterações;

Irrenunciabilidade , segundo a qual as pessoas políticas não podem abrir mão de suas atribuições, em razão da indisponibilidade do interesse público;

Facultatividade , pois as pessoas jurídicas são livres para usar ou não de suas respectivas competências tributárias, registrando-se, como exceção, o ICMS, diante da disciplina constitucional que lhe imprime feição nacional, da qual deflui o comando segundo o qual a concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais depende de deliberação dos Estados e do Distrito Federal ( artigo 155, parágrafo segundo, XII, g)

A propósito da facultatividade da competência tributária, cabe mencionar o artigo 11 da Lei Complementar n. 101, de 2000, a chamada “Lei de Responsabilidade Fiscal”, que impõe, como requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal, a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos de competência constitucional da cada ente da Federação;7.2 - REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA:Para os tributos cuja exigência depende de determinada atuação estatal, relacionado ao contribuinte, o critério de partilha está relacionado com essa atuação.Portanto, a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal ou Município) que a estiver desempenhando legitimamente tem competência para cobrar o tributo:

Taxa de polícia ( fiscalização ); taxa de serviço público; pedágio ou contribuição de melhoria; Assim se tratar de contribuição relativa a obra federal, a competência é da União. Se o Estado exerce o

poder de policia ( LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS, POR EXEMPLO), dele é a competência.Quanto aos tributos que não dependem de determinada atuação do Estado (com se dá, em geral, com os impostos), o critério de partilha se apóia na tipificação de situações materiais ( fatos geradores) que servirão de suporte para a

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incidência.Utilizando esse critério, a Constituição outorgou à União competência para criar impostos sobre as situações materiais prefiguradas no artigo 153 CF:

Importação de produtos estrangeiros; exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; renda e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; operações de crédito, câmbio e seguros ou relativas a títulos ou valore mobiliários; propriedade territorial rural; e grandes fortunas.

Também, em relação às atividades de polícia administrativa, serviços públicos específicos e divisíveis e obras públicas das quais decorra valorização imobiliária que executar, cabe-lhe, respectivamente, a instituição de taxas e contribuição de melhoria ( 145, II e III, CF)Ainda, está autorizada a instituir empréstimos compulsórios e contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas ( artigos 148, 149 e 177, parágrafo quarto da C.F)

Vide ainda o artigo 147, primeira parte da CF), competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais.

Aos Estados e ao Distrito Federal atribuiu a aptidão para instituir impostos sobre as situações descritas no artigo 155 CF:

Transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos; operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; e propriedade de veículos automotores;

Também, em relação às atividades de polícia administrativa, serviços públicos específicos e divisíveis e obras públicas das quais decorra valorização imobiliária que executar, cabe-lhe, respectivamente, a instituição de taxas e contribuição de melhoria ( 145, II e III, CF)A única modalidade de contribuição que está autorizada é a contribuição social cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o artigo 40 (artigo 149, parágrafo primeiro da CF)Conferiu aos Municípios e ao Distrito Federal o poder de imposição sobre as situações relacionadas no artigo 156:

Propriedade predial e territorial urbana; transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; e serviços de qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II.

Também, em relação às atividades de polícia administrativa, serviços públicos específicos e divisíveis e obras públicas das quais decorra valorização imobiliária que executar, cabe-lhe, respectivamente, a instituição de taxas e contribuição de melhoria ( 145, II e III, CF)Estão legitimados, ainda, a instituir a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública ( 149-A).O Distrito Federal conjuga as competências tributárias dos Estados-Membros e dos municípios.7.3 – FISCALIDADE, EXTRAFISCALIDADE E PARAFISCALIDADEFiscalidade: a exigência de tributos com o objetivo de abastecimento dos cofres públicos;Extrafiscalidade: emprego de instrumentos tributários com finalidades não arrecadatórias, mas sim, incentivadoras ou inibitórias de comportamentos, com vista à realização de outros valores, constitucionalmente contemplados.Exemplos: contribuições de intervenção no domínio econômico ( artigo 149, caput, e 177, parágrafo quarto)Parafiscalidade: traduz-se na delegação, pela pessoa política, por meio da lei, de sua capacidade tributária ativa, vale dizer, das aptidões de arrecadar e fiscalizar a exigência de tributos a outra pessoa, de direito público ou privado.(Exemplo 153, parágrafo quarto, II, diz respeito ao ITR)

8 – IMUNIDADESLimitação constitucional ao poder de tributar. A Constituição contempla dezenas de normas imunizantes, direcionadas a diversos tributos: impostos, taxas e contribuições.Conceito:A imunidade, sob o aspecto formal, é a impossibilidade de tributação de pessoas, bens e situações, resultante da vontade constitucional.Sob e aspecto material, a imunidade consiste no direito público subjetivo, de certas pessoas de não se sujeitarem à tributação, nos termos delimitados por essa norma constitucional exonerativa.IMUNIDADES GENÉRICAS: 150, VI E PARÁGRAFOS SEGUNDO A QUARTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

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Aula 08 Professor Marcelo José Grimone. Tributário I

8 – IMUNIDADES

Conceito: exoneração, fixada constitucionalmente, traduzida em norma expressa impeditiva da atribuição de competência tributária ou extraída, necessariamente, de um ou mais princípios constitucionais, que confere direito público subjetivo a certas pessoas, nos termos por ela delimitados, de não se sujeitarem à tributação.É o reverso da atribuição de competência tributária, ou seja, a proibição da possibilidade de imposição tributária em dada hipótese, mediante norma constitucional explícita ou implícita, que acarreta, necessariamente, na imunidade.A imunidade é, no entanto, inconfundível com a isenção. A isenção tributária é fixada na legislação infraconstitucional.

IMUNIDADES GENÉRICAS:Previstas no artigo 150, VI, e parágrafos segundo a quarto da Constituição.

São denominadas genérica porque são voltadas a todas as pessoas políticas, abrangendo quaisquer impostos que recaiam sobre o patrimônio, a renda e os serviços da entidades consideradas.

Artigo 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir impostos sobre:a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;b) templos de qualquer culto;c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.§2° A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias e as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, `a renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.§3°As vedações do inciso VI, a, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.§4° As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

Imunidade recíproca: 150, VI, a Decorrência do princípio fedarativo.

Templos de qualquer culto: 150, VI, bSeparação da Igreja e do Estado. A renda considerada imune é aquela que decorre da prática do culto religioso, compreendendo as doações dos fiéis.

Imunidade dos partidos políticos, das entidades sindicais e das instituições de educação ou de assistência social, sem fins lucrativos.

Imunidade do livro, jornal e periódico.

Imunidades específicas.Exemplos:O artigo 149, § 2, I, descreve imunidade das receitas de exportação, quanto às contribuições sociais e à contribuição de intervenção no domínio econômico.O artigo 153, §3°, III, define a imunidade, atinente ao IPI, dos produtos industrializados destinados ao exterior.Outras imunidades fora do sistema tributário constitucional:O artigo 5° proíbe a exigência de taxas sobre:

Petições aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade( XXXIV)

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Serviço público de assistência jurídica aos que comprovarem insuficiência de recursos ( LXXIV) Registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os reconhecidamente pobres, na forma da lei ( LXXVI) Habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania ( LXXVII)

9 - AS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS O Sistema Tributário Nacional está previsto na Constituição Federal de 1988, como visto anteriormente, a partir do art. 145, e ele pré-determina as possibilidades de cobrança de tributos que poderão ser classificados da seguinte forma:9.1)Impostos: São tributos não vinculados a uma atuação estatal, cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica.O artigo 16 do CTN assim determina, in verbis:“é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.Ex: o IR não fica adstrito a uma determinada função, se paga o imposto de renda e não se sabe para onde ele vai, sabe-se somente que vai ser aplicado na educação, ou no transporte, ou em outra atividade estatal.O princípio da capacidade contributiva, insculpido no artigo 145, parágrafo primeiro da CF, como visto, constitui a diretriz para a modulação da carga tributária em matéria de impostos, porquanto sendo esses tributos não vinculados a uma atuação estatal, sua graduação deve levar em conta circunstâncias que diga a respeito ao próprio sujeito passivo. A repartição de competência para a instituição de impostos, como visto, foi efetuado consoante as diversas materialidades:

a) Impostos sobre o comércio exterior – Imposto de Importação e Imposto de Exportação – atribuídas à União;b) Imposto sobre a renda – atribuída à União;c) Impostos sobre o patrimônio – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural e Imposto sobre Grandes

Fortunas para a União; Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores para os Estados-membros e o Distrito Federal; e o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana para os municípios;

d) Impostos sobre transmissão de bens e direitos – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens e Direitos aos Estados-Membros e ao Distrito Federal e Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis aos Municípios;

e) Impostos sobre circulação e produção – imposto sobre Produtos Industrializados e Impostos sobre Operações Financeiras outorgados à União; o imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação aos Estados-Membros e ao Distrito Federal; e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza aos Municípios. A União compete, ordinariamente, a instituição de sete impostos ( Importação, Exportação, Renda e

Proventos, Produtos Industrializados, Operações Financeiras, Propriedade Rural e Grandes Fortunas), além das competências residual e extraordinária ( artigo 153 e 154, I e II da CF).

Os Estados-Membros, por sua vez, detêm competência para instituir três impostos ( Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos; Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação; e Propriedade de Veículos Automotores.

Quanto aos Municípios, sua competência inclui três impostos ( Propriedade Predial e Territorial Urbano, Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis; e Serviços de Qualquer natureza).

Finalmente, no que concerne ao Distrito Federal, é relevante assinalar que ele conjuga as competências tributárias dos Estados-Membros e Municípios.

9.2 Classificação dos ImpostosImpostos reais: aqueles cujo aspecto material da hipótese de incidência limita-se a descrever um fato, acontecimento ou coisa independentemente do elemento pessoal, ou seja, indiferente ao eventual sujeito passivo e suas qualidades.Exemplo: constituem impostos reais o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU, ITR, IPVA.Impostos pessoais: são aqueles cujo aspecto material da hipótese de incidência leva em consideração certas qualidades juridicamente qualificadas do sujeito passivo.O melhor exemplo de imposto pessoal é o Imposto sobre a Renda – IR, na medida em que sua estrutura permite a consideração de múltiplos aspectos do sujeito passivo, com vista a avaliar sua efetiva capacidade contributiva.Imposto direto: é aquele em que o contribuinte absorve o impacto econômico da exigência fiscal, como ocorre com o Imposto de RendaIndireto: o contribuinte de direito não é aquele que absorve o impacto econômico da imposição tributária, pois o repassa ao contribuinte de fato, o consumidor final. Ex. IPI e ICMS.9. 3)Taxas: cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição (art. 145, II da CF e art. 77 do CTN). É vinculada à atuação estatal:

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a) exercício do poder de polícia: significa que esta atividade será remunerada através de taxa. No CTN, o art. 78 traz o conceito de poder de polícia, que resumindo significa a atividade de fiscalização. É o poder de polícia que determina o limite do direito de cada um, a fronteira entre o direito de um e de outro.

b)utilização de serviços públicos: não é qualquer serviço público, precisa ser serviço publico específico, divisível e efetivo ou potencial, ou seja, pode estar a disposição ou ser efetivamente prestado. Ex: água. O mais importante é saber que para que seja efetivamente cobrada uma taxa, o serviço público precisa ser prestado de forma específica e divisível, é o serviço público “uti singuli”. Toda vez que ouvir que a expressão uti singuli, quer dizer que o serviço público foi prestado de forma específica e divisível. Ø Uti singuli quer dizer que a utilidade é singular, é específico, é individual, é passível de mensuração. Pode-se determinar quem o utilizou.Ø Uti universi quer dizer que o serviço público é fornecido a todos, indiscriminadamente. É prestado para todos, não é passível de mensuração, não se pode determinar quem são os destinatários finais. É o custeado por impostos.Importante ressaltar que, segundo o art. 145 da CF, as taxas não poderão ter base de cálculo própria dos impostos.

O elemento subjetivo signfica que o serviço público é sempre uma atividade de incumbência do Estado; Elemento formal: regime é o direito administrativo; Material: o serviço público é sempre um atividade de interesse públio. Utilização efetiva: o administrado fruiu do serviço público; Utilização potencial: possibilidade de fruição; Específico: uti singuli O serviço público divisível, por sua vez, é aquele que, sendo específico, possibilita a mensuração dessa

fruição individual.9.3. 1 PedágioO artigo 150, V, dispõe ser vedado às pessoas políticas estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.A maior parte da doutrina entende ser uma taxa de serviço, destinada a renumerar a prestação do serviço público de conservação de rodovias.Para Celso Antônio será taxa se constituir remuneração do Poder Público e será Tarifa se consistir em remuneração da Concessionária.9.3.2- TAXA E TARIFATAXA: regime jurídico de direito público, o vínculo obrigacional é de natureza tributária, o sujeito ativo é uma pessoa jurídica de direito público, compulsório, sujeita-se aos princípios tributários, pode ser cobrada em virtude de utilização efetiva ou potencial ou do serviço público.TARIFA ( PREÇO PÚBLICO)>Regime jurídico de direito privado, o vinculo obrigacional é de natureza contratual, o sujeito passivo pode ser pessoa jurídica de direito público ou privado, há necessidade da manifestação de vontade, somente pode ser cobrada em virtude de utilização efetiva do serviço público, não se sujeita aos princípios do direito tributário..FONTE DA AULA: Costa, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009

FONTES DAS AULASCosta, Regina Helena, Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2000Alexandre, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado, São Paulo: MétodoConstituição FederalMachado, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário.São Paulo: Malheiros

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Roteiro de estudo para prova

1) Diferenças e semelhanças entre Impostos e Taxas;

2) Explique a importância do princípio da legalidade para o Direito Tributário3) Definição de Tributo;4) Definição do Direito Tributário5) O que você entende por aspecto material da hipótese de incidência?6) Qual a importância do Sistema Constitucional Tributário?7) Explique os limites ao Poder de Tributar;

Leia o texto abaixo e responda a questãoTexto A

SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na quinta-feira (7) o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para operações de crédito à pessoa física. A alíquota passou de 1,5% ao ano para 3% ao ano. Com a medida, o crédito ao consumidor pode ficar mais caro e a parcela de um financiamento de veículo pode ficar quase 5% maior.

De acordo com o ministro, a elevação do imposto tem o objetivo de conter o consumo e fazer com que as pressões inflacionárias sejam menores. Para os analistas da consultoria LCA, essas devem ser, de fato, as primeiras consequências da medida. (MSN, Por InfoMoney, InfoMoney, Atualizado: 8/4/2011

10:32)

TEXTO B

LUCIANA COBUCCI

Direto de Brasília

Está obrigado a apresentar a declaração de ajuste do Imposto de Renda 2011 quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 22.487,25. Em 2010, esse valor era de R$ 17.215,08. A partir do próximo ano também só poderão ser entregues por meio do programa da Receita, que estará disponível para download a partir de 1º de março, ou por disquetes nas agências do Banco do Brasil ou Caixa Econômica. As declarações deverão ser entregues entre 1º de março e 29 de abril de 2011.

Quem declarar o IRPF 2011 fora do prazo, deverá pagar multa de 1% por mês ou fração de atraso, calculada de acordo com o total do imposto declarado. O valor mínimo da multa é de R$ 165,74 pode chegar ao máximo de 20% do valor declarado ao Fisco. Caso se inclua em alguns dos itens abaixo, deverá entregar a declaração de Imposto de Renda Pessoa Física 2011.

( site TERRA, 13 de dezembro de 2010 • 13h30)

8) O tributo do Texto A trata de tributo de competência de quem? Segundo as informações do texto como podemos classificá-lo? E qual princípio ele excepciona?

O tributo do texto B tem qual finalidade e como é classificado? E qual princípio que ele melhor representa? Explique-o

9- Explique a diferença entre: o princípio da anualidade e o princípio da Anterioridade da lei tributária

Art. 11. ( Lei Federal n. 8.212) No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas:

I - receitas da União;

II - receitas das contribuições sociais;

III - receitas de outras fontes.

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10 - A lei n. 12.222/2011 aumentou as alíquotas da contribuição das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, a lei foi publicada hoje no diário oficial da União ( 14/04/2011). Quando a nova alíquota poderá ser exigida das empresas? Explique.