direito tributário

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1 DIREITO TRIBUTÁRIO I 10/08/2009, 2ª feira Período: 9º Prof. Alexandre Freitas Costa E-mail: [email protected] BIBLIOGRAFIA CF CTN Código Tributário Nacional Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. Ed. Saraiva. Coelho, Sacha Calmon Navarro. Manual de Direito Tributário. Ed. Forense. Baleeiro, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. Baleeiro, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. Ed. Forense. Costa, Alexandre Freitas. Contribuições de intervenção do Estado sobre o domínio econômico. Ed. Educação e Cultura. Luciano Amaro: livro básico. Leitura mais tranqüila. Mais ou menos 500 páginas. Sacha Calmon: livro um pouco mais complexo. Aliomar Baleeiro: mais complexo. Livro do Prof. Alexandre: “Contribuição...” – conteúdo será cobrado na avaliação de 09/09. Exercícios: valendo10 pontos, feito em sala. Data será informada com antecedência. Geralmente em dupla. Objetivo: para fixar a matéria. Monografia II: a data de depósito é no final de outubro. A defesa é no início de dezembro. AVALIAÇÃO 1ª avaliação 23/09/2009 2ª avaliação 04/11/2009 Exercícios: - em sala - Livro 09/09/2009 Avaliação final 23/11/2009 30 pontos Exame especial 30/11/2009 30 pontos 2ª chamada 18/11/2009 25 pontos Em todas as provas podem ser consultados Código Tributário Nacional e CF, menos na prova especial e na de 2ª chamada (não são com consulta). Para fazer a 2ª chamada não precisa requerimento. Mas, se o aluno faltar em 2 provas, só pode recuperar uma. Chamada: 10 ou 15 minutos depois que inicia a aula. Quem não respondeu no início, poderá responder no final: o Professor repete a chamada. Revisão de prova: recurso, por escrito, fundamentado. Estilo de prova: provas fáceis. Prova de 25 pontos: 5 questões de múltipla escolha. 2 pontos cada questão. 3 questões abertas de 5 pontos cada. Nas provas, o Professor quer raciocínio. Por isso, não sair da sala com dúvidas. Antes da prova: questionário de revisão, de toda a matéria. O objetivo é fixar o conteúdo. As questões de múltipla escolha podem ser mais diretas. As questões abertas são casos, em geral explicados em aula. Prova final: matéria toda. As outras provas: não são cumulativas. 90% das questões tributárias hoje são constitucionais. 1ª prova: toda parte constitucional. 2ª prova: toda parte do CTN. 3ª prova: tudo.

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caderno de direito tributário, completo e comentado

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Page 1: direito tributário

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DIREITO TRIBUTÁRIO I

10/08/2009, 2ª feira

Período: 9º

Prof. Alexandre Freitas Costa

E-mail: [email protected]

BIBLIOGRAFIA CF

CTN – Código Tributário Nacional

Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. Ed. Saraiva.

Coelho, Sacha Calmon Navarro. Manual de Direito Tributário. Ed. Forense.

Baleeiro, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro.

Baleeiro, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. Ed. Forense.

Costa, Alexandre Freitas. Contribuições de intervenção do Estado sobre o domínio econômico. Ed.

Educação e Cultura.

Luciano Amaro: livro básico. Leitura mais tranqüila. Mais ou menos 500 páginas.

Sacha Calmon: livro um pouco mais complexo.

Aliomar Baleeiro: mais complexo.

Livro do Prof. Alexandre: “Contribuição...” – conteúdo será cobrado na avaliação de 09/09.

Exercícios: valendo10 pontos, feito em sala. Data será informada com antecedência. Geralmente em

dupla. Objetivo: para fixar a matéria.

Monografia II: a data de depósito é no final de outubro. A defesa é no início de dezembro.

AVALIAÇÃO 1ª avaliação – 23/09/2009

2ª avaliação – 04/11/2009

Exercícios:

- em sala

- Livro – 09/09/2009

Avaliação final – 23/11/2009 – 30 pontos

Exame especial – 30/11/2009 – 30 pontos

2ª chamada – 18/11/2009 – 25 pontos

Em todas as provas podem ser consultados Código Tributário Nacional e CF, menos na prova especial e

na de 2ª chamada (não são com consulta).

Para fazer a 2ª chamada não precisa requerimento. Mas, se o aluno faltar em 2 provas, só pode recuperar

uma.

Chamada: 10 ou 15 minutos depois que inicia a aula. Quem não respondeu no início, poderá responder no

final: o Professor repete a chamada.

Revisão de prova: recurso, por escrito, fundamentado.

Estilo de prova: provas fáceis.

Prova de 25 pontos: 5 questões de múltipla escolha. 2 pontos cada questão. 3 questões abertas de 5 pontos

cada.

Nas provas, o Professor quer raciocínio. Por isso, não sair da sala com dúvidas.

Antes da prova: questionário de revisão, de toda a matéria. O objetivo é fixar o conteúdo.

As questões de múltipla escolha podem ser mais diretas.

As questões abertas são casos, em geral explicados em aula.

Prova final: matéria toda.

As outras provas: não são cumulativas.

90% das questões tributárias hoje são constitucionais.

1ª prova: toda parte constitucional.

2ª prova: toda parte do CTN.

3ª prova: tudo.

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Perguntas

1) O que entendemos por direito tributário?

2) O que são tributos?

3) Para que servem os tributos?

12/08/2009, 4ª feira

I - CONCEITO DE DIREITO FINANCEIRO E DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Receita pública receita originária

receita derivada

Vamos pensar o Estado como uma pessoa física, uma pessoa jurídica. Ele tem obrigações a

cumprir. Vai precisar de dinheiro, como qualquer pessoa física ou jurídica. Para isso, precisa auferir

receitas.

Nós, pessoas físicas, podemos auferir receitas através: do trabalho, pensão, aposentadoria,

patrimônio, investimentos, aluguel, indenização, doação, prêmio da loteria, empréstimo, etc. Principais

formas: trabalho, patrimônio e empréstimo.

O Estado também precisa destas formas de receita. Empréstimo: títulos públicos. LTN e NTN são

títulos que são vendidos. Doação: o Estado pode receber uma doação. Heranças de cidadãos sem herdeiro

vão para o Estado. Trabalho: como o Estado não trabalha, substitui pelos tributos, maior parcela de receita

do Estado.

Duas são as formas de receita: originária e derivada.

Receita originária: é própria; é a receita que vem da exploração do patrimônio. “A receita

originária decorre da ação do Estado na condição de particular (sem exercer sua soberania),

desempenhando atividades pertinentes à exploração de seu patrimônio. Incluem-se aí as receitas

decorrentes dos serviços prestados mediante preço público ou tarifa. São também chamadas voluntárias,

contratuais e de direito privado” (Dalmiro Camanducaia/Hilda Goseling). Ex: venda de empresa estatal,

aluguel de prédios públicos, lucros das estatais, venda dos imóveis públicos, bens que o Estado apreende

na alfândega.

Receita derivada: é a receita que vem do patrimônio de terceiros. “A receita derivada é

proveniente do patrimônio de particulares e decorrente de atividades nas quais o Estado age investido de

soberania” (D.C./H.G.). “É imposta de forma compulsória, sendo receitas obrigatórias de direito público,

decorrentes do poder de soberania desenvolvido pelo Estado” (Luiz Emgydio). Ex: tributos e

empréstimos.

Para que a gente paga tributos? Para auxiliar o Estado no seu custeio. Encontramos indícios de

tributação desde a Antiguidade. Na Antiguidade, quando um povo perdia uma guerra, a primeira coisa

que acontecia era ter que pagar um tributo ao vencedor.

Ninguém paga imposto espontaneamente. Somos obrigados a pagar. A imposição do tributo

decorre do poder do Estado (poder de império): “você tem renda, vai pagar sobre ela”; “você tem bens,

vai pagar sobre ele”. Pagamos tributo para ter iluminação em nossa casa, para tirar o passaporte.

Conceito de direito financeiro

Definido a partir do artigo 165 da CF.

Art. 165, CF/88. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei

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orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. § 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. § 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. § 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. § 9º - Cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

O principal instrumento normativo que temos no direito financeiro é a lei do orçamento. O Plano

Plurianual é um orçamento para 4 anos. O atual começou em 2007 e vai até 2010. Pega 3 anos de um

governo e o 1º do governo seguinte. Se o investimento a ser feito durar mais de um (01) ano tem que

constar neste plano.

Lei de Diretrizes Orçamentárias: é parte do Plano Plurianual.

Lei Orçamentária: vai regular as despesas do Estado.

Lei de Responsabilidade Fiscal: é para regulamentar a questão do orçamento e trazer a

responsabilidade para o administrador público. Refere-se a despesas.

A Receita Federal pretende comprar novos computadores. Precisa fazer licitação. Para fazer

licitação, tem que ter a verba orçamentária (previsão). Depois, tem que fazer o empenho (reserva).

Contrata, tem que fazer o pagamento.

Conceito de direito financeiro: o direito financeiro é um ramo do direito que se preocupa com as

receitas e as despesas públicas. A receita mais importante é a que vem dos tributos, por isso criou-se um

ramo do direito que trata só disso, o direito tributário.

“A atividade financeira do Estado é regulada pelo direito financeiro. Essa atividade inclui a

tributação, que em virtude de sua importância emprestou destaque às regras jurídicas que a disciplinam,

surgindo um novo ramo do direito o direito tributário, que se destacou do financeiro. [...] O direito

financeiro, desfalcado dessa parte de seu objeto, disciplina todo o restante da atividade financeira do

Estado. Regula todas as receitas não tributárias, o orçamento, o crédito público e a despesa pública”

(Hugo de Brito Machado, “Curso de Direito Tributário”).

Conceito de direito tributário

Conceito de direito tributário: é o ramo do direito público que se preocupa com a relação

estabelecida entre o Estado e o cidadão no que se refere à criação, arrecadação, fiscalização e cobrança

dos tributos.

“[...] O fenômeno da tributação a cada dia cresce de importância, sobretudo porque o Estado já

não a utiliza apenas como meio para obter recursos financeiros, mas também para interferir de múltiplas

formas na economia privada, estimulando setores, incentivando o desenvolvimento econômico das

regiões, promovendo a redistribuição de renda e protegendo a indústria nacional. Daí a complexidade

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crescente e a rapidez com que se modificam as leis de tributação. [...] O direito tributário regula a

atividade financeira do Estado pertinente à tributação” (H.B. Machado).

“O direito tributário faz parte do direito público e é o ramo do direito que se ocupa das relações

entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de

tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder. [...] O direito tributário existe para delimitar

o poder de tributar, transformando a relação tributária, que antigamente foi uma relação simplesmente de

poder, em relação jurídica. A finalidade essencial do direito tributário, portanto, não é a arrecadação do

tributo, ate porque esta sempre aconteceu, e acontece, independentemente da existência daquele. O direito

tributário surgiu para delimitar o poder de tributar e evitar os abusos no exercício deste” (H.B. Machado).

Tudo o que está relacionado com tributos é estudado pelo direito tributário. Ex: um indivíduo

tinha que pagar um tributo, não pagou, o Estado o aciona com uma ação de execução fiscal, procedimento

regulado pela Lei 6.830.

Trata da criação das leis sobre tributos (um tributo só pode ser criado por lei).

Também a própria cobrança de impostos é tratada aqui.

Relação com outros ramos do direito direito constitucional

direito administrativo

direito financeiro

direito penal

direito civil

direito empresarial

direito processual

O direito tributário se relaciona com todos os outros ramos do direito.

Direito constitucional: estabelece quais tributos podem ser criados, a repartição de receitas.

Ex: 50% do IPVA pertence ao município e 50% à União, o que é definido na CF.

Capítulo específico da CF sobre direito tributário: sistema tributário nacional

Art. 195: seguridade social.

A CF traz capítulos específicos para o direito tributário.

Direito administrativo: trabalha com conceitos de direito tributário. Ato administrativo: dentro do

direito tributário há atos administrativos, como o ato de cobrança.

Direito financeiro: o direito tributário é uma pequena parte dele que ganhou autonomia didática.

Direito penal: há penalidades para quem descumpre as leis tributárias, quando alguém não paga o

imposto devido, por exemplo.

Direito civil: trabalha com as questões de propriedade, posse, pessoa jurídica, instituto dos quais

se serve o direito tributário.

Direito empresarial: há conceitos do mesmo, como o conceito de faturamento, usado pelo direito

tributário.

O direito civil e o direito empresarial são muito utilizados no direito tributário.

Direito processual: conceitos muito utilizados, como no processo administrativo e processual

relacionado ao direito tributário.

Conceito de tributo

O conceito de tributo está no artigo 3º do CTN.

Art. 3º, CTN. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

a) Prestação pecuniária

É uma prestação de cunho econômico. São prestações possíveis de serem contabilizadas

economicamente.

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“Prestação é o dever jurídico decorrente de lei tributária que vincula as partes, quais sejam o

sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor). Pode-se ainda atribuir ao termo “prestação” o

significado de objeto da obrigação, ou seja, aquilo que o devedor está obrigado a cumprir a fim de que se

libere da obrigação assumida” (D.C./H.G.).

Pecuniária: significa que deve ser paga em dinheiro, e não in natura.

b) Compulsória

É uma prestação obrigatória. O voto, por exemplo, é compulsório, ou obrigatório.

“O que se quer deixar claro é que inexiste aqui o elemento “vontade”. Paga-se tributo porque se

praticou um fato que a lei resolveu valorizar para fins tributários, tornando-o gerador. Afasta-se assim do

conceito de tributo qualquer obrigação decorrente de contrato. Não sendo o tributo pago nos termos da

legislação aplicável, dispõe o Estado de aparato necessário e suficiente para exigir seu cumprimento”

(D.C./H.G.).

c) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir

Serve para estabelecer uma diferença das prestações que não podem ser expressas em moeda,

como serviço de mesário, serviço militar, etc. Diferente de prestações in natura ou in labor.

“Cujo valor nela se possa exprimir”: ORTN, OTN, BTN, BTNF, UFIR, UFEMG, UFPBH.

“[...] O tributo deve ser pago em moeda corrente (atualmente, em reais) podendo também ser

expresso através de indicadores conversíveis em moeda corrente (UFIR, OTN, BTN, UFPBH e outros).

Em suma, em dinheiro ou em algo que possa vir a significar dinheiro” (D.C./H.G.).

d) Instituída em lei

Art. 5º, inciso II, CF

Art. 5º, CF/88. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...]

(?) Art. 50, inciso I

Todo tributo tem que ser estabelecido por lei.

“Decorrente do princípio da legalidade e que, em termos miúdos, diz que somente a lei pode criar

tributos. Cabe lembrar que a lei a que se refere o artigo é o ato normativo geral, abstrato e igual para

todos. [...] ...Se um tributo for instituído por uma portaria, ele existe, mas não é válido” (D.C./H.G.).

e) Que não constitua sanção de ato ilícito

O estado do RJ não pode tributar o Fernandinho Beira Mar, porque sua atividade é ilícita.

Mas, segundo o “princípio do non olet”, o dinheiro não se contamina. Se o Castor de Andrade

comprou um apartamento com o que auferiu no jogo do bicho, este último (o jogo do bicho) não pode ser

tributado, mas o apartamento pode, pois é (o apartamento) objeto lícito.

“O tributo se distingue da penalidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um

ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo lícito. Não se conclua, com isto,

que um rendimento auferido em atividade ilícita não está sujeito ao tributo. Nem se diga que admitir a tributação de tal rendimento seria admitir a tributação do ilícito. [...] Quando se diz que o tributo não

constitui sanção de ato ilícito, isto quer dizer que a lei não pode incluir na hipótese de incidência

tributária o elemento ilicitude. [...] Todavia, um fato gerador de tributo pode ocorrer em circunstâncias

ilícitas, mas essas circunstâncias são estranhas à hipótese de incidência do tributo, e por isso mesmo

irrelevantes do ponto de vista tributário” (H.B. Machado).

f) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

Tem que ser cobrado por um servidor público. Esse funcionário que vai fazer a cobrança tem que

se vincular à lei.

Vinculada: vinculação do servidor público ao Estado e à lei.

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“A atividade administrativa pode ser classificada em arbitrária, discricionária e vinculada,

conforme o grau de liberdade atribuída à autoridade no seu desempenho. [...] Atividade vinculada é

aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não goza de liberdade para apreciar a

conveniência nem a oportunidade de agir. A lei não estabelece apenas um fim a ser alcançado, a forma a

ser observada e a competência da autoridade para agir. Estabelece, além disto, o momento, vale dizer, o

quando agir, e o conteúdo mesmo da atividade. Não deixa margem à apreciação da autoridade, que fica

inteiramente vinculada ao comando legal. Dizendo o CTN que o tributo há de ser cobrado mediante

atividade administrativa plenamente vinculada quer significar que a autoridade administrativa não pode

preencher com seu juízo pessoal, subjetivo, o campo de indeterminação normativa, buscando realizar em

cada passo a finalidade da lei. Nada fica a critério da autoridade administrativa” (H. B. Machado).

“O Prof. Rubens Gomes de Souza, relator da comissão encarregada de elaborar o projeto do CTN,

justificou sua redação nos seguintes termos: “a definição adotada acentua como características

fundamentais do instituto, com base na doutrina dominante (Tesoro, Principi di Diritto Tributario, p. 39 e

458; Martins de Oliveira, Direito Fiscal, p. 101), a origem da receita e sua natureza (prestação

pecuniária), o tipo de atuação jurídica empregado pelo Estado para sua obtenção (ato legislativo

compulsório) e o fundamento constitucional do exercício daquela atuação (competência inerente à

personalidade pública do agente). Dessa forma, distingue-se o tributo das receitas patrimoniais, das que

tenham caráter contratual e das decorrentes do exercício, pelo Estado, das atribuições estranhas ao seu

caráter de entidade soberana, admitidas no art. 30, III, da Constituição” (D.C./H.G.).

17/08/2009, 2ª feira

II - CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

As 2 primeiras escolas surgiram na Itália, nas décadas de 1930 e 1940.

a) Escola bipartida vinculados

não vinculados

Existem 2 espécies de tributos: vinculados e não vinculados. Se há relação entre o tributo e a

atuação do Estado, é um tributo vinculado. Se não há, é não vinculado. Isto é em relação à pessoa do

contribuinte.

Vinculados: taxas.

Não vinculados: impostos.

No caso dos não vinculados, a obrigação do Estado é com a coletividade.

Existe um tributo que não encontrou classificação nesta escola.

b) Escola tripartida impostos

taxas

contribuições de melhoria

A escola tripartida considerou os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Está

consagrada no CTN, em seu artigo 5º.

Art. 5º, CTN. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Ler sobre o assunto no livro: “Hipótese de incidência tributária”, de Geraldo Ataliba.

As duas próximas teorias surgiram depois da CF/88.

c) Teoria quadripartida Luciano Amaro

STF – RE 138.284

Esta teoria teve como defensor Luciano Amaro e o posicionamento do STF, no RE 138.284.

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A teoria quadripartida considera a divisão em impostos, taxas, contribuições (sociais, de melhoria,

interventivas e corporativas) e empréstimos compulsórios.

d) Teoria qüinqüipartida Ives Gandra

Celso Ribeiro

Tem como defensores Ives Gandra e Celso Ribeiro Bastos. Consideram: impostos (art. 145, CF),

taxas (art. 145, CF), contribuições de melhoria (art. 145, CF), empréstimos compulsórios (art. 148, CF) e

contribuições (art. 149, CF).

A melhor teoria é a que é mais útil. Útil é a que atender melhor às nossas necessidades.

Talvez a melhor seja a adotada pelo STF, a quadripartida.

CONCEITOS

A) Imposto

O conceito de imposto está no art. 16, CTN.

Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer

atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Imposto é o tributo pago pela pessoa em razão de fato próprio sem que o Estado tenha qualquer

obrigação com o indivíduo.

Os impostos estão discriminados na CF, nos artigos 153 a 156.

“Da simples leitura do texto do CTN nota-se que para termos um imposto é necessário que seu

fato gerador descreva uma atividade do sujeito passivo e que não decorra de qualquer atividade do Estado

relacionada direta e especificamente a esse sujeito passivo. A princípio tal afirmação pode causar

estranheza, pois toda atividade estatal, de forma direta ou indireta, está vinculada ao contribuinte. No

entanto, a vinculação de que se cuida aqui é a específica, ou seja, aquela dirigida unicamente a

determinado contribuinte. Assim, diz-se que os impostos são não vinculados a qualquer atividade estatal,

decorrentes que são de uma manifestação de riqueza do contribuinte. A Constituição elencou 13 sinais

presuntivos de riqueza (sinais que levam à presunção da existência de riqueza) e a cada um desses sinais

vinculou a possibilidade de criação de um imposto, distribuindo-os entre os entes federados. São essas as

materialidades dos fatos geradores dos impostos a serem criados pelas respectivas pessoas competentes,

através de atividade legislativa própria. Para fins tributários, quem pratica qualquer dos atos abaixo

elencados demonstra possuir riqueza e, dessa forma, um “pedaço” dessa riqueza deve ser entregue ao

Estado sob a forma de imposto”.

“Sinais de riqueza” (e impostos correspondentes)

União: importação (II); exportação (IE); renda e proventos (IR); produtos industrializados (IPI);

operações (IOF) – crédito, câmbio, seguro; territorial rural (ITR); grandes fortunas (IGF).

Estados/DF: circulação de mercadorias e serviços (ICMS); transmissão causa mortis e doações

(ITCD); propriedade de veículos automotores (IPVA).

Municípios/DF: propriedade urbana (IPTU); serviços (ISS); transmissão de imóveis (ITBI)”

(D.C./H.G.).

O que vai definir o que é área urbana é a Lei Orgânica do Município. Não é a destinação do

imóvel que define se é urbano ou se é rural.

CF, 167, inciso IV: vedação específica em relação aos impostos. Deve haver disposição do Poder

Executivo, senão não posso disponibilizá-lo em um determinado setor.

Art. 167. São vedados: [...] IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da

arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação

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de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; [...]

Não pode vincular, ressalvadas as repartições de receitas discriminadas na CF.

A Emenda 29 estabelece gastos mínimos com saúde.

Há um projeto para o retorno da CPMF para destinar recursos à saúde. A vinculação à saúde é

permitida.

B) Taxa

“Vimos que a obrigação de se pagar impostos decorre simplesmente do fato de se ter capacidade

contributiva manifestada através de um dos sinais de riqueza escolhidos pela Constituição. O produto

desta arrecadação deve servir ao financiamento das despesas gerais do Estado, assim entendidas como

aquelas que beneficiam toda a comunidade, na medida da necessidade de cada um, independentemente de

ter contribuído ou não.

“Ao contrário, as taxas se destinam a indenizar um gasto que o Estado teve ao prestar serviços que

beneficiaram um contribuinte especificado, ainda que, de forma mediata, tenha beneficiado os demais da

comunidade. Decorre daí a natureza indenizatória da taxa. A taxa é então um tributo vinculado a uma atividade estatal específica em relação ao contribuinte. Vale então dizer que a taxa não é fonte de

arrecadação e sim a remuneração por um serviço específico prestado pelo Estado; pago taxa porque recebi

a prestação de um serviço.

“O artigo 77 do CTN define o fato gerador das taxas e seu parágrafo único impõe limitações às

suas imposições” (D.C./H.G.).

Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito

de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

“Da leitura do artigo 77 podemos concluir pela existência de duas espécies de taxas cujos fatos

geradores são, respectivamente: o exercício regular do poder de polícia; a utilização, efetiva ou potencial,

de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição” (D.C./H.G.).

Art. 145, inciso II, CF/88

Art. 145, CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Espécies de taxas

As taxas são cobradas em razão de 2 coisas (correspondendo a 2 espécies de taxas).

1ª Exercício regular do poder de polícia. Art. 78, CTN

Art. 78, CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

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Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Poder de polícia é o poder que o Estado tem de limitar a nossa atividade.

Se eu tiver um imóvel em Lourdes e quiser derrubar 3 prédios e construir uma indústria, a

Prefeitura de BH não vai permitir, não vai liberar o alvará de construção.

Se eu quiser abrir uma loja de armas, precisarei de uma autorização do exército.

Existem a taxa do alvará de construção, de fiscalização de elevador, etc., decorrentes do poder de

polícia.

“A primeira espécie de taxa (taxa de poder de polícia, em termos comuns) reclama a efetiva

prestação de serviço público a determinado contribuinte. Quem recebeu o serviço, paga, quem não

recebeu o serviço, não paga. Ressalta-se também que poder de polícia não se confunde com “atividade

policial” e tem sua definição no artigo 78 do CTN. Poder de polícia é aquele exercido pelo Poder Público

que, no interesse da coletividade, deixa ou não deixa que você, administrado, faça alguma coisa. Então, a

taxa que remunera o exercício do poder de polícia decorre do exercício de uma atividade de fiscalização

em que o beneficiário direto é a comunidade e o beneficiário indireto é o sujeito passivo. Essa atividade

de fiscalização tem por objeto proteger a coletividade” (D.C./H.G.).

2ª Prestação de serviço público

Serviço público efetivo ou potencial

específico E divisível

Tem que atender a 2 requisitos: ser efetivo ou potencial; ser específico e divisível. Art. 79, CTN.

Art. 79, CTN. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:

I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.

Específico: significa eu conseguir determinar quem é beneficiado pelo serviço público. É possível

determinar quem é beneficiado pela coleta de lixo.

Divisível: significa saber a parcela de benefício que cada pessoa teve.

“A segunda espécie de taxa (taxas de serviço, em termos comuns) reclama a existência das

seguintes características em relação aos serviços prestados: eles devem ser prestados de forma efetiva ou

potencial e ainda ser específicos E divisíveis.

“A prestação dos serviços de forma efetiva não reclama maiores explicações, ou seja, foi

efetivamente prestado quando seus requisitos materiais foram implementados. Por exemplo, recebo o

serviço de limpeza urbana quando o lixeiro recolhe o lixo deixado na lixeira.

“Já a prestação de serviços de forma potencial exige que sua utilização seja compulsória e o

serviço esteja à disposição por meio de regular atividade. Por exemplo, quando você sai de férias, não

produz lixo. No entanto, o serviço continua a ser prestado (o caminhão de lixo passa, não encontra o lixo,

vai embora) e, por ser de utilização compulsória (no mínimo, fator de contenção de doenças), sua

prestação ocorre de forma potencial. Então, se o serviço existir (estiver à disposição) e for de uso

compulsório, ainda que você não receba materialmente a prestação desse serviço, estará obrigado a pagar

a taxa que o financia.

“Ser divisível diz da possibilidade de se atribuir uma determinada quantidade de serviço a

determinada pessoa. Faz sentido, pois se o critério material leva em conta o custo do serviço, torna-se

necessário que se saiba quanto de serviço se prestou para que se possa atribuir um valor de taxa justo.

“Ser específico diz da possibilidade de se identificar quem efetivamente recebeu aquele serviço,

de ser possível dividir a comunidade em, no mínimo, dois grupos, aqueles que se beneficiam dos serviços

prestados e aqueles que não se beneficiam desses serviços.

Page 10: direito tributário

10

“Assim, a prestação do serviço deve fornecer a dimensão da taxa, ou seja, o valor deve guardar

proporção com o custo do serviço prestado” (D.C./H.G.).

OBS 1: taxa de iluminação pública

A taxa de iluminação pública foi julgada inconstitucional pelo STF. Eu não consigo determinar

quem é beneficiado pela iluminação pública. Ela não é específica.

Criou-se então a contribuição de iluminação pública. A lei que a criou em BH é de 30/12/2002.

“Do julgamento do RE 233.332-6 que considerou inconstitucional a cobrança de taxa pela

prestação de serviço de iluminação pública em Niterói temos o seguinte: - o serviço prestado a toda

população não pode ser destacado em unidades autônomas, logo, não é específico e também não é

divisível por não ser possível sua utilização separada por parte de cada um dos usuários; - o serviço

específico é o que deve ser destinado a determinados usuários, afastando assim a possibilidade de ser

prestado a toda comunidade; - valendo-se da lição de Hely Lopes Meirelles, serviço divisível é aquele

utilizado de forma mensurável” (D.C./H.G.).

OBS 2: quando cabe a cobrança de taxa? (taxa x tarifa)

(?) Tem serviço público, como por exemplo a telefonia, em que a exploração do serviço pertence

ao Estado e pode ocorrer mediante concessão, autorização ou... Vou cobrar como taxa? O serviço público

é remunerado mediante taxa ou tarifa. Tirando os serviços que são próprios do Estado (ex: emissão de

passaporte), são remunerados mediante taxa.

Há outros serviços que não podem ser remunerados nem mediante taxa nem mediante tarifa (ex:

serviço de segurança).

Nos serviços de natureza empresarial, o Estado pode escolher se vai ser remunerado mediante taxa

ou tarifa.

Qual vale mais a pena? Ambas, tanto a taxa quanto a tarifa, têm vantagens e desvantagens. Taxa:

compulsória. Tarifa: facultativa. A desvantagem da taxa e vantagem da tarifa é no aspecto de reajuste

econômico. Na tarifa o aumento é válido imediatamente. No caso da taxa, tenho que obedecer ao

princípio da anterioridade.

19/08/2009, 4ª feira

As taxas não podem ter por fato gerador ou por base de cálculo aquilo que seja próprio de

imposto.

O fato de ser proprietário de veículo é pressuposto para cobrar imposto. Não se pode cobrar taxa

neste caso.

Ainda existe uma taxa chamada TFLF – Taxa de Fiscalização de Localização e Funcionamento.

Ela é calculada em razão da área do imóvel. A área do imóvel também serve para cálculo do IPTU. No

começo, O STF julgou esta taxa inconstitucional por causa disto. Mas o Supremo mudou a posição dele

com base em argumentos das Prefeituras: a área do imóvel não era o único elemento levado em

consideração para cálculo do IPTU. Há também o tipo de acabamento e outros critérios. Assim, passou a

aceitar a TFLF.

C) Contribuição de melhoria

Prevista no art. 81 do CTN. É em razão da obra e da valorização.

Art. 81, CTN. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos

Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Objetivo: busca evitar o enriquecimento do contribuinte. Se a Prefeitura realiza uma obra que

beneficia o imóvel de alguém, com o dinheiro de todos, essa pessoa tem que pagar.

Tem 2 elementos do direito estrangeiro: a realização da obra pública (direito inglês) e valorização

imobiliária (direito alemão). Estes dois dados estabelecem os limites da contribuição de melhoria. O

limite é o gasto com a obra (somando todos os contribuintes). Limite individual: valorização imobiliária.

Page 11: direito tributário

11

“Contribuição de melhoria é a espécie de tributo cujo fato gerador é a valorização de imóvel do

contribuinte, decorrente de obra pública, e tem por finalidade a justa distribuição dos encargos públicos,

fazendo retornar ao Tesouro Público o valor despendido com a realização de obras públicas, na medida

em que destas decorra valorização de imóveis” (H.B. Machado).

“Não é toda obra pública que permite a cobrança de contribuição de melhoria, mas somente

aquelas das quais decorram valorização imobiliária. A valorização imobiliária acresce o patrimônio

individual do contribuinte e não seria justo financiar tal ganho individual com recursos decorrentes da

contribuição de todos. Assim, esta espécie tributária tem natureza indenizatória” (D.C./H.G.).

Quem pode cobrar a contribuição de melhoria? Quem realizar a obra.

A contribuição de melhoria não é cobrada no Brasil, principalmente por motivos políticos.

Segunda razão: para cobrar a contribuição de melhoria, é preciso seguir os requisitos do art. 82 do CTN.

Art. 82, CTN. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

Memorial descritivo do projeto: explicação de como vai ser a obra.

A antecedência não pode ser menor do que 60 dias do prazo de início da obra.

O CTN estabeleceu tantos requisitos que, além da falta de vontade política, influi negativamente a

complexidade das exigências.

Se for construído um presídio em uma região, esta vai desvalorizar. Pela lógica, o Estado deveria

pagar. Mas não tem obrigação de indenizar.

O Professor tem conhecimento de apenas um exemplo em que o Estado indenizou: em São Paulo,

com a construção do minhocão, a um comerciante que comprovou que passou a vender menos após a

construção.

D) Empréstimo compulsório

Só pode ser criado pela União. Previsto no art. 148 da CF.

Art. 148, CF/88. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Tem que ser criado por meio de Lei Complementar.

No empréstimo compulsório, há 2 regras: de um lado, o Estado, do outro lado, o contribuinte.

1ª regra: o contribuinte tem que pagar ao Estado o empréstimo compulsório (regra de direito

tributário).

2ª regra: o Estado deve devolver o dinheiro ao contribuinte (regra direito financeiro).

A lei precisa prever como o dinheiro vai ser devolvido, caso contrário é inconstitucional.

Page 12: direito tributário

12

Situações em que pode ser criado:

1ª hipótese de guerra externa e a sua iminência;

2ª hipótese de calamidade pública;

3ª hipótese de realização de investimento público e caráter natural e urgente.

26/02/86: Sarney instituiu o Plano Cruzado e estabeleceu empréstimo compulsório sobre algumas

coisas. A justificativa está no inciso 3º, artigo 15 do CTN: “conjuntura...”. Ou seja, tirar dinheiro de

circulação. Não há nenhuma inconstitucionalidade nos empréstimos compulsórios do Sarney.

15/03/90: Fernando Collor assume a Presidência da República. Plano Collor: confiscou o dinheiro

de todas as pessoas físicas e jurídicas, menos 50 cruzeiros. Ficou 50 cruzeiros na conta e o restante vai

para o Banco Central do Brasil sendo devolvido em 18 parcelas.

e) Contribuições - Sociais

- Interventivas

- Corporativas

- Iluminação pública

Art. 149, CF/88. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.

“Contribuição é o tributo vinculado, cuja hipótese de incidência consiste numa atuação estatal

indireta e mediatamente (mediante uma circunstância intermediária) referida ao obrigado” (Geraldo

Ataliba).

A nossa carga tributária pulou de 23% do PIB para 39% do PIB. No início da década de 90, União

50%, Estados-membros 40% e Municípios 10%. Hoje: União: 65% Estados-membros 30% e Municípios

10%.

Se a União criar um imposto novo tem que passar 20% para os Estado. Nas contribuições não

precisar repassar nada.

Contribuições: 60%; tributos: 34%.

A COFINS arrecada atualmente 120 bilhões. Há uma década atrás arrecadava 30 bilhões.

A população não aceita impostos. Já as contribuições têm justificativas.

Contribuições: têm uma finalidade.

Por que se paga imposto de renda: porque a pessoa tem renda. Por que se paga IPTU: porque a

pessoa tem imóvel. Porque se paga IPVA: porque a pessoa tem carro.

Diante do imposto, a pergunta: por que?

Diante da taxa, a pergunta: para que?

COFINS: sua finalidade é financiar a seguridade social.

24/08/2009, 2ª feira

A contribuição é o tributo que mais cresce. Não precisa dar nenhuma porcentagem dela para os

Estados-membros, o que acontece com outros tributos.

Page 13: direito tributário

13

O que vai caracterizar as contribuições é a finalidade. A pergunta que se faz é “para que?”. Essa

finalidade caracteriza uma vinculação dos recursos. Na contribuição não basta ter a lei; é preciso ver a

vinculação, a destinação dos recursos à finalidade.

Como vamos saber se o recurso foi usado naquela finalidade? Temos um mecanismo de controle,

o SIAFI – Sistema de Acompanhamento Financeiro.

Se o dinheiro não é destinado à finalidade ocorre uma coisa chamada tredestinação, parcial ou

total. Ou seja, o recurso foi arrecadado para um fim (X) e foi predestinado para outro fim (Y).

Tredestinação parcial: uma parte é levada para a finalidade X e outra parte para a finalidade Y.

Tredestinação total: todo recurso foi levado para a finalidade Y.

Em tese, o Estado tem que levar a contribuição para a finalidade X.

Segundo a teoria adotada pelo STF, a 1ª relação abaixo é de direito tributário, e a 2ª de direito

financeiro. Estas teorias são das décadas de 50, 60, anteriores ao artigo 149 da CF. Na opinião do

professor, as duas relações são de direito tributário.

direito financeiro

Contribuinte Estado X

direito tributário

y

gestor público

crime de responsabilidade

O professor não vai entrar na discussão da natureza jurídico-tributária das contribuições.

No artigo 149, caput (já transcrito), fala-se em 3 contribuições distintas: contribuições sociais, de

intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas.

A contribuição de iluminação pública está prevista no artigo 149-A.

Art. 149-A, CF/88. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

No final do caput do artigo 149 (já transcrito) há uma determinação importantíssima: observar o

artigo 146, inciso III – competência da lei complementar para definir regras gerais de direito tributário.

Art. 146, CF/88. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.

O CTN é materialmente uma lei complementar. Na teoria do prof. Sacha ele é perfeito: define

imposto, taxa,...

Page 14: direito tributário

14

I - Contribuições sociais: o benefício da contribuição é direto ou indireto. A contribuição tem sua

contrapartida nos benefícios previdenciários. Os trabalhadores recebem auxílio maternidade, auxílio

doença, aposentadoria. A empresa recebe benefício indireto; o salário maternidade, por exemplo, abate do

que tem que recolher, e os seus trabalhadores recebem benefícios e assistência à saúde pelo SUS. A

contribuição é um tributo para o Estado para se ter um benefício direito ou indireto, mediato ou imediato.

A contribuição social é destinada à seguridade social, que engloba saúde, assistência social e

seguro social.

Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem criar contribuições, que vão incidir sobre

seus funcionários, para criar a previdência própria.

O exercício da atividade econômica é da iniciativa privada. A intervenção do Estado no domínio

econômico é uma forma de corrigir distorções no exercício da atividade.

II - Contribuições de intervenção: corrigir distorções no exercício da atividade. Estas distorções

podem ser falta de desenvolvimento a contento.

(?) Art. 177 § 4º, CTN. CIDE dos combustíveis. Finalidades: investimento em infra-estrutura de

transporte; investimento em projeto ambiental relacionado com petróleo; e..

III - Contribuições corporativas: no interesse das categorias profissionais. Finalidade: custear os

órgãos de fiscalização profissionais. São contribuições previstas nas leis de cada profissão. No Estatuto da

OAB está prevista a cobrança da anuidade.

IV - Contribuição de iluminação pública: prevista no artigo 149-A da CF (já transcrito), inserido

por EC no dia 19/12/2002. Sucedeu a taxa de iluminação pública. É instituída e cobrada pelos municípios.

É cobrada na conta de luz, calculada no consumo de energia, com base na energia consumida. Sua

finalidade é custear a iluminação pública.

Detalhamento da classificação das contribuições (doutrina)

Contribuições sociais: divididas em contribuições sociais lato sensu, contribuições sociais

previdenciárias e contribuições sociais devidas aos Estados, Distrito Federal e Municípios.

Contribuições sociais lato sensu: como exemplo das contribuições sociais gerais previstas no

artigo 149 da CF, citamos as duas contribuições instituídas pela LC 110 e as contribuições denominadas

“salário educação”, prevista no § 5º do artigo 212 da CF. As contribuições devidas ao chamado sistema S

(Sesi, Senac, Sesc e outros) têm natureza de contribuições sociais gerais, tendo ainda por sujeito ativo a

União, que as arrecada e repassa o valor arrecadado a esses serviços sociais autônomos. Há autores que as

classificam como contribuições de interesse das categorias.

Contribuições sociais previdenciárias: embora a elas dê-se o nome de “contribuições

previdenciárias”, têm elas a finalidade de financiar a seguridade social que constitui um conjunto de

atividades maior do que a previdência social. Seguridade = Saúde + Assistência + Previdência.

O artigo 195 da CF trouxe o universo de contribuintes e a eles relacionou as bases econômicas da

tributação: contribuinte - empresa/empregador base econômica da contribuição – folha de salário e

outros, faturamento ou receita e lucro; contribuinte – empregado e outros base econômica da

contribuição – salário/valor recebido; contribuinte – gestor base econômica da contribuição – concurso

de prognósticos; contribuinte – importador base econômica da contribuição – importação de bens ou serviços.

A União outorgou competência tributária para a criação de duas contribuições destinadas à

seguridade social denominadas PIS e COFINS.

Contribuições sociais devidas aos Estados, Distrito Federal e Municípios: embora a regra seja de

competência exclusiva da União, o § 1º do art. 149 da CF outorgou aos Estados e Municípios a

competência para exigir contribuição social de seus servidores para o financiamento dos sistemas de

previdência e assistência social que venham a beneficiar tais servidores. Mas é só para o financiamento

desses sistemas. Qualquer outro destino, por mais nobre que seja a intenção, não autoriza a criação da

contribuição em tela.

Page 15: direito tributário

15

É de se notar que as contribuições sociais previstas no art. 195 da CF destinam-se a financiar a

seguridade social e as previstas no art. 149 § 1º destinam-se a custar os sistemas de previdência que

amparam seus servidores.

Contribuições de intervenção no domínio econômico: existem setores da economia que demandam

um incentivo, um controle, uma fiscalização, enfim, uma intervenção em seu domínio econômico. [...] No

passado recente, duas CIDES (assim se convencionou chamar tais contribuições) foram criadas.

A Lei 10.618/00 instituiu contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar

o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação e dá outras

providências, incidente sobre os valores pagos, creditados ou entregues aos residentes ou domiciliados no

exterior como remuneração relativa à exploração de patentes ou de uso de marca e os de fornecimento de

tecnologia e prestação de assistência técnica.

A Lei 10.336/01 instituiu a CIDE-combustível incidente sobre a importação e comercialização de

petróleo e seus derivados, gás natural e álcool combustível.

A EC 42 alterou o artigo 149 da CF, permitindo que a CIDE venha a incidir sobre a importação de

qualquer produto ou serviço, ampliando assim o campo de incidência que somente abrangia a importação

de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível.

A CIDE não incide (existe imunidade) sobre as receitas decorrentes de exportação e a CIDE-

combustíveis é a única CIDE que encontra previsão constitucional.

Contribuições de interesse de categorias: para Sacha Calmon, as contribuições de interesse de

categorias são “as corporativas, destinadas aos interesses dos corpos representativos de categorias

econômicas e profissionais, assumindo, muitas vezes, a feição de tributo de captação”.

Contribuição para financiamento dos serviços de iluminação pública: a EC 39, de 19/12/02,

introduziu na CF o artigo 149-A, atribuindo aos municípios e ao Distrito Federal competência para

instituir contribuição destinada ao custeio da iluminação pública.

26/08/2009, 4ª feira Palestra na sala de multimeios

31/08/2009, 2ª feira

Taxas x preços públicos ou tarifas Tarifa = preço público

Há muita discussão na doutrina sobre quando o Estado deve cobrar taxa e não tarifa. A dúvida

aparece principalmente em relação às taxas de serviço (em relação ao exercício do poder de polícia, há

consenso de que se deve cobrar taxas e não tarifas).

Taxa: é tributo, objeto de uma obrigação determinada por lei. É utilizada para serviços divisíveis

(em que se pode calcular a quantidade de serviço para determinada pessoa). É imposta por lei a todas as

pessoas usuárias, efetivas ou potenciais, do serviço estatal considerado.

Preço público ou tarifa: é obrigação contratual, assumida voluntariamente.

Então, quando haverá taxa e quando haverá tarifa?

Em alguns casos, só pode ser taxa; em outros, pode haver a opção entre taxa e tarifa; em outros,

nem uma coisa e nem outra, por serem indivisíveis (não é conhecida a parte de cada pessoa), sendo

possível apenas um imposto (ex: defesa do território e gestão do patrimônio público) A taxa tem regime jurídico baseado nos princípios da legalidade e da anterioridade e restrições

quanto á base de cálculo (§ 2º do art. 145, CF/88, já transcrito). A tarifa ou preço público se baseia no

contrato firmado com as pessoas que solicitaram a prestação de serviço.

Pedágio O pedágio pode ser cobrado de quem utiliza a via pública, que é mantida em condições de uso

pelo Estado. É um preço público ou tarifa. Você não é obrigado a andar em determinada estrada onde é

preciso pagar pedágio: se quiser, pode ir por outro caminho, provavelmente mais longo e mal conservado,

mas existem opções. Ou seja, ninguém é obrigado a pagar pedágio, paga só se trafegar por determinada

estrada (o pagamento do pedágio não é obrigatório, por isso não é taxa).

Page 16: direito tributário

16

QUESTÕES

1) Quais as diferenças entre as escolas dicotômica e tricotômica?

2) Marco Aurélio Greco entende ser possível que o governo federal se sirva de um tributo para reprimir o

abuso do poder econômico. Você concorda com esta posição? Por que?

3) Qual o caráter distintivo entre os impostos e as taxas?

4) Quais os limites de cobrança de uma contribuição de melhoria?

5) A quem cabe a instituição, quais os requisitos e as hipóteses dos empréstimos compulsórios?

6) Qual a característica principal das contribuições segundo a Constituição Federal?

7) Quais as diferenças entre as contribuições sociais, interventivas e corporativas?

8) Pode uma taxa ter o mesmo fato gerador ou base de cálculo de um imposto? Por que?

9) Qual a classificação das espécies tributárias adotada pelo Supremo Tribunal Federal?

10) Qual a conseqüência da vinculação da receita de determinado imposto a um órgão?

02/09/2009, 4ª feira Aula Magna no auditório

07/09/2009, 2ª feira Feriado

09/09/2009, 4ª feira Trabalho em sala

COSTA. Alexandre Freitas. Contribuições de intervenção do Estado sobre o domínio econômico.

Belo Horizonte: Educação e Cultura, 2008. 117 p.

QUESTÕES SOBRE O LIVRO

1) Por que o autor defende a natureza tributária das contribuições no período de 1977 a 1988?

2) Para o autor, quais os problemas de se negar autonomia ás contribuições dentre as espécies tributárias?

3) Há compatibilidade entre o art. 149 da Constituição Federal e o art. 4º do Código Tributário Nacional?

4) Qual a relação entre o Estado Social e a intervenção do estado sobre o domínio econômico, naquilo que

se refere à CIDE?

5) O silêncio constitucional no que se refere ao necessário custeio da atividade interventiva como suporte

à cobrança da contribuição criada traz alguma conseqüência?

6) Quais as posições doutrinárias acerca da referência feita pelo art. 149 da CF/88 ao art. 146, III, da

mesma Carta?

7) Qual a conseqüência de eventual desvio na destinação das contribuições E se o desvio for apenas

parcial?

8) Por que o autor entende ser vedada a criação de contribuições interventivas nas hipóteses constantes no

art. 21, XI e XII da Constituição Federal?

9) Qual a diferença, quanto às contribuições interventivas, nos regimes constitucionais de 1967/69 e de

1988?

10)Qual a diferença entre finalidade e causalidade nas contribuições interventivas?

14/09/2009, 2ª feira

Matéria da prova (próxima semana): até princípios constitucionais.

III – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS

A) Limitações constitucionais ao poder de tributar

Os princípios constitucionais, na sua grande maioria, estão no art. 150 da CF. O art. 150, por sua

vez, está inserido no capítulo “limitações constitucionais ao poder de tributar”.

Page 17: direito tributário

17

Este poder está limitado para que o cidadão não fique à mercê do poder de tributar do governante.

No contexto do poder de tributar, há princípios e imunidades.

Art. 150, CF/88. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; IV - utilizar tributo com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.

B) Princípio da capacidade contributiva

145, § 1º (já transcrito)

Em essência: ao instituir a tributação, o Estado tem que levar as características pessoais de cada

pessoa.

Duas pessoas que ganham 5 mil reais, se uma é solteira e outra tem 3 filhos, não têm a mesma

capacidade contributiva.

Micro empresa e pequena empresa: capacidade contributiva é menor do que a de uma média

empresa.

C) Princípio da legalidade

Art. 150, inciso I da CF (já transcrito)

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Art. 5º, inciso II: a “lei” à qual se refere é ato normativo, independente de sua origem. Posso

obrigar alguém a alguma coisa por meio de um decreto; não precisa ser lei para vincular.

Art. 5º, CF/88. [...] II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...]

Legalidade, no direito penal, é semelhante à legalidade no direito tributário. Mas, no direito

tributário, foi reforçado pelo art. 150, I.

Em 1215, na Inglaterra: Carta Magna, do rei João Sem Terra – não pode haver tributação sem a

concordância dos representantes do povo (“no taxation without representation”).

Se a nossa carga tributária é tão alta, a culpa é nossa, que não sabemos votar.

Portanto, no direito tributário, considera-se a lei em sentido estrito, ou seja, no sentido de

aprovação do Poder Legislativo.

Elementos que configuram o tributo: a lei que aumentar o tributo tem que trazer todos os

elementos necessários à configuração do tributo.

Estes elementos que a lei tem que trazer são credor

devedor

fato gerador

base de cálculo

alíquota

penalidades

Credor: do imposto de renda - União Federal; do IPVA - Estado; da contribuição previdenciária -

INSS.

Devedor: do imposto de renda - pessoa física ou jurídica que tem renda; de do IPVA - quem tem

carro; da contribuição previdenciária - trabalhador.

Fato gerador: descrição, na própria lei, dos fatos que geram o tributo, que gera a obrigação

tributária.

Base de cálculo: valor que vou usar para calcular o tributo. Nos exemplos: no imposto de renda, é

o valor da renda; no IPVA, é o valor do carro; na contribuição previdenciária, é o valor do salário do

trabalhador.

Alíquota: percentual.

Penalidades

Todos estes elementos têm que constar na lei. Se algum não constar, sua ausência gera a

inconstitucionalidade do tributo.

É valido a lei (Poder Legislativo) estabelecer as alíquotas e um decreto do Poder Executivo

determinar a qual situação cada alíquota se aplica? SAT (Seguro de Acidente do Trabalho): a alíquota é

aplicada conforme o risco. 3%: risco grande; 2%: risco médio: 1%: risco leve. No caso do SAT, a lei não

estabeleceu as alíquotas; remeteu a um decreto que esclareceu o que é risco grande, médio e leve. Há

algum problema nisso? A lei fala quais são as alíquotas (3%, 2% e 1%), mas o legislador não tem como

saber qual é o grau de risco de cada atividade, então este grau de risco foi determinado por um decreto do

Poder Executivo. A posição do STF é que tal procedimento é válido: o Legislativo estabelece as

alíquotas, o Executivo (INSS) determina o grau de risco de cada atividade.

Regra: o Executivo não pode alterar as alíquotas por meio de decreto. Mas há exceções a esta

regra.

Art. 153, CF/88. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

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§ 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. § 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; II - setenta por cento para o Município de origem.

Exceção - art. 153 § 1º II – imposto sobre importação

IE – imposto sobre exportação

IPI – imposto sobre produtos industrializados

IOF – imposto sobre obrigações financeiras

Nestes impostos, o executivo pode alterar as alíquotas por meio de decreto.

Estes impostos são considerados extra-fiscais ou impostos regulatórios.

Impostos sobre importação e exportação: o principal intuito é regular a economia (a balança

comercial). Está entrando muito dinheiro, é preciso que saia; ou o contrário. Dá para alterar os impostos

de importação e exportação.

IPI: controla a produção.

IOF: controla o crédito.

Mais uma exceção: art. 177, § 4º, alínea “b”. CIDE dos combustíveis. Nela, o governo pode alterar

a alíquota por meio de decreto.

Art. 177, CF/88. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. § 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei. § 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional; II - as condições de contratação; III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União; § 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional. § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

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c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Pode ou não pode? Uso de medida provisória no direito tributário: por exemplo, a “MP do bem”,

de junho de 2005, que concedeu isenção de imposto de renda sobre ganho de capital. Valeu por 60 dias.

Foi reeditada. Não foi aprovada. Em setembro: veio a “lei do bem”, que trouxe essa isenção de imposto

de renda de volta.

No passado, podia MP no direito tributário. Não é mais permitido, depois da EC 32/2001, § 2º.

D) Princípio da igualdade

Art. 150, II (já transcrito). Ou princípio da isonomia: tratar igualmente os iguais e desigualmente

os desiguais. Igualdade na lei e perante a lei. Pode instituir tratamento diferenciado, desde que haja

justificativas plausíveis para isto.

O que justifica o tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas na Lei do Simples? O

tamanho delas. Escritório de contabilidade pode aderir, mas a lei não diz que advocacia pode. Na lei

anterior, de 1996, havia um tratamento incomum, dizendo que não poderiam aderir escolas e semelhantes.

O princípio da igualdade fala que as diferenciações devem ser justificáveis.

E) Princípio da irretroatividade

Art. 150, III, “a” (já transcrito)

No direito tributário, é igual à irretroatividade do direito penal. A lei tributária não pode buscar

fatos geradores que ocorreram antes da sua vigência.

Exceções: há 3 exceções a esta regra. Art. 106, CTN.

Art. 106, CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

1ª exceção: a lei tributária vai retroagir quando ela deixar de considerar uma conduta como

contrária ao direito, desde que não esteja definitivamente julgado (transitado em julgado).

2ª exceção: quando a lei tributária traz uma penalidade menor, ela retroage. IR 2006 2007 2009

Alíquota 27,5% 25% 20%

Multa 150 135 225 A alíquota não retroage, ela não é penalidade, é a da época. O que retroage é a multa, se for

menor.

3ª exceção: quando a lei for interpretativa.

Lei interpretativa: é uma lei posterior que vem explicar uma lei que foi criada anteriormente,

porque ela não era clara.

Em 2001, Itamar Franco editou a Resolução 3166, que tinha por base a guerra fiscal.

Constitucionalmente, resolver a guerra fiscal é fácil, basta vontade política de questionar.

16/09/2009, 4ª feira

F) Princípio da anterioridade

Art. 150, III, alíneas “b” e “c” (já transcrito)

Também consta na doutrina como princípio da não surpresa.

Objetiva permitir que os contribuintes tenham conhecimento da tributação permitida em lei.

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Período de vacatio legis: para as pessoas conhecerem a lei, se adaptarem à lei. Este princípio visa

a mesma coisa, possibilita que as pessoas se adaptem à lei nova.

Redação originária: alínea “b”.

01/01 05/03 15/07 16/09 03/10 16/11 29/12 31/12

No Brasil era comum aumento de imposto nos dias 28, 29 e 30/12. Por isso veio a alínea “c”, que

complementa a alínea “b” e dá uma maior segurança ao contribuinte.

Resumindo as 2 alíneas: se a lei for publicada nos últimos 90 dias do ano, eu aplico a alínea “c”;

se for antes, eu aplico a alínea “b”.

Exceções

Permitem a alteração da alíquota no dia seguinte.

Estão no artigo 150, § 1º, CF (já transcrito). São as mesmas exceções do princípio da legalidade.

Estas hipóteses são exceções tanto à legalidade como à anterioridade.

Também por necessidade de guerra externa.

Da mesma forma, o empréstimo compulsório de guerra também é exceção; também empréstimo

compulsório por calamidade pública.

CIDE dos combustíveis: a CIDE dos combustíveis também é exceção, mas é exceção à alínea “b”

e não à “c”; sempre vai obedecer 90 dias.

Contribuições sociais: exceções fixas, no sentido em que são diferentes das outras, são as

contribuições sociais. A estas se aplica a anterioridade mitigada, nonagesimal ou noventena (termos

sinônimos). Art. 195, § 6º: as contribuições sociais sempre obedecem 90 dias, independente da data da

publicação na lei. Assim, independentemente da data, sempre obedecem 90 dias.

G) Princípio da uniformidade da tributação

Este princípio é exclusivamente para a União Federal.

A União deve instituir tributos uniformes em todo o território nacional.

O imposto de renda tem que ser o mesmo em todos os Estados-membros.

Mas o próprio dispositivo permite que a União estabeleça tributação diferenciada. Uma das

finalidades do Estado brasileiro é buscar a redução das desigualdades regionais, conforme a CF. Para

atingir este objetivo, pode estabelecer, por exemplo, um IPI menor para o Nordeste e maior para as outras

regiões.

Mas não pode haver diferenças de tributação dentro de uma mesma região geográfica. Não pode

haver tributos diferenciados para SP, RJ, ES e MG, que fazem parte de uma mesma região.

H) Princípio da seletividade

É para dois impostos: para o IPI e para o ICMS.

IPI: 153, § 3º, I

ICMS: art. 155, § 2º, III

No IPI ele é obrigatório; no ICMS ele é facultativo.

O imposto é em razão da essencialidade do produto.

Balança:

Tributo ------------------------ Essencialidade

Numa balança, quando eu peso de um lado, o outro fica mais leve. A tributação tem que ser

inversamente proporcional à essencialidade do produto. Arroz é essencial, por isso o IPI deve ser zero.

Uísque não é essencial. Qual o parâmetro que vou estabelecer para saber se o produto é essencial ou não?

O parâmetro é o cidadão comum, o padrão normal de consumo. Esta é a lógica válida.

ICMS – alíquota normal é 18%. Tenho um produto que é 25% de ICMS e outro que é 30%. Quais são?

São duas coisas absolutamente supérfluas, ninguém precisa delas para viver. Telefonia: 25%. Energia

elétrica: 30% (lógica invertida!)

Cigarro: 18%; água – 18%; vestuário – 18%; calçado – 18; cosmético – 18; cama - 18.

Filtro solar – 7%

Alíquota de 12% - “absolutamente essencial” – aeronave (lógica invertida!)

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Como é fácil constatar, a lógica está absolutamente invertida. Remédio paga 18% de ICMS

enquanto avião paga 12%. Ocorre tal coisa porque este princípio é de observância facultativa no ICMS.

No projeto de reforma tributária que está no Congresso, a “grande reforma” é unificar a legislação

do ICMS, pois existem muitas leis a respeito. Os Estados vão poder escolher 5 produtos para ter uma

alíquota diferenciada de 30%. O professor acha que é tranqüilo que vão colocar energia elétrica e

telefone.

IPI: jogam a alíquota para o alto para desestimular o consumo. Cigarro: quase 100%. Bebida:

também é alto.

I) Princípio da progressividade, generalidade e uniformidade do imposto sobre a

renda

Art. 153, § 4º, inciso 1º

O imposto de renda tem que obedecer 3 critérios.

Progressividade: à medida que aumento a renda, aumento a alíquota do imposto. Até 1800 –

isento; até 3000 – 15%; mais de 4000 – 27, 5% (só exemplo, não são as alíquotas reais). À medida que eu

aumento o valor sobre o qual ele vai ser calculado eu aumento também a sua alíquota. Se ele tem

capacidade contributiva maior, o imposto também cresce.

Uniformidade: igual em todo o território nacional.

Generalidade: atingir todas as formas de renda e todas as pessoas que aufiram renda. Renda:

aluguel, etc. Proventos: salário, etc.

Prova: 5 questões fechadas, 2 pontos cada, e 3 abertas, 5 pontos cada.

Consulta ao CTN e à CF.

Difícil cair: receitas originária x derivada; etc.

Cai mais: princípios; conceitos de espécies tributárias; ...

Fazer questionário que o Professor deu.

21/09/2009, 2ª feira Não houve aula (faltou luz)

23/09/2009, 4ª feira

J) Princípio da não-cumulatividade IPI art. 153, § 3º, II, CF/88 (já transcrito)

ICMS art. 155, § 2º, I

PIS art. 195, § 12 – contribuições sociais

COFINS

Art. 155, CF/88. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores. § 1.º O imposto previsto no inciso I: I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior; IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal; § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

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II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores; III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais; VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele; VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual; IX - incidirá também: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º; d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita; XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos; XII - cabe à lei complementar: a) definir seus contribuintes; b) dispor sobre substituição tributária; c) disciplinar o regime de compensação do imposto; d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços; e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a" f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias; g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo; II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias;

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III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem; IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto; b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência; c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. § 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g. § 6º O imposto previsto no inciso III: I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. Art. 195, CF/88. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.

A empresa vai produzir um bem “x”, por exemplo, um pincel (de escrever no quadro). Para a

produção, vai precisar de plástico, tinta, energia elétrica. Sobre estes produtos incide o ICMS (por

exemplo, 1+2+5). Sobre o produto final (o pincel), na hora em que foi vendido, também incide o ICMS

(por exemplo, 10). A não cumulatividade é pegar o ICMS dos insumos e o ICMS do produto e subtraí-los

do total de ICMS devido (30).

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Crédito Débito

1 30

+ 2 (-18)

+ 5 + 10

18 12

ICMS 18% Produtor Atacadista Varejista

Valor da venda 100 200 300

ICMS operação 18 36 54

Créditos de ICMS 0 (18) (36)

ICMS a recolher 18 18 18

54

Vantagens do princípio

1ª Redução de preço para o consumidor final

Como eu compenso os impostos anteriores, eu possibilito um preço menor para o consumidor

final. Se o ICMS fosse cumulativo, qual seria o preço final de um carro? (caríssimo!)

2ª Desestimula a verticalização das empresas, estimulando a economia

Verticalização da empresa: quando a mesma empresa produz desde o produto mais básico até o

produto final.

A não cumulatividade desestimula a verticalização, e desta forma estimula a economia, pois vai

haver mais empresas competindo no mercado.

3ª Permite a antecipação da receita para o Estado

Se houvesse tributação só no produto final (varejista), demoraria muito para esta tributação chegar

ao Estado.

4ª Não onera os agentes econômicos

IPI e ICMS são impostos sobre consumo. Eu quero tributar o consumo final. Quem suporta o ônus

tributário é o consumidor final. O ICMS não onera os agentes econômicos da cadeia produtiva.

5ª Reduz o prejuízo do Estado em razão da inadimplência

Se o comerciante sonegar na cadeia acima representada, o Estado reduzirá o seu prejuízo.

Exceções – art. 155, § 2º, II (já transcrito) - ICMS isenção

não incidência

Não incidência: por exemplo, na venda de carvão - não há previsão em lei nenhuma da cobrança

de ICMS. Nesse caso, há não incidência de ICMS.

Isenção: o portador de deficiência que vai comprar carro tem isenção de ICMS.

Nestas hipóteses, eu acabo com o ICMS e também não gero nada para a etapa seguinte.

ICMS 18% Produtor Atacadista Varejista

Valor da venda 100 200 300

ICMS operação 18 0 54

Créditos de ICMS 0 0 0

ICMS a recolher 18 0 54

54

Resultado final: os mesmos 54.

O crédito é anulado e não gera imposto futuro.

Exceção da exceção

Lei Kandir – Lei Complementar 87/96: trouxe a isenção de ICMS na hipótese de exportação para

o exterior. Quando tenho exportação, os produtos são isentos do ICMS porque não é de interesse do país

exportar imposto, para tornar o produto seja mais barato e mais competitivo.

A Lei Kandir estabeleceu que a isenção na exportação não anula os créditos de ICMS.

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ICMS 18% Produtor Atacadista Varejista

Valor da venda 100 200 300

ICMS operação 18 36 0

Créditos de ICMS 0 18 36

ICMS a recolher 18 18 0

54

Na hipótese de exportação, há essa manutenção dos créditos anteriores. Isso gera uma briga

gigantesca entre Estados e a União Federal. A Lei Kandir determina que a União compense os Estados, e

o que a União paga é sempre inferior ao valor que os Estados desejam receber de compensação.

A matéria para a prova de 2ª feira vem até aqui. Há textos no SGA para auxiliar o estudo.

28/09/2009, 2ª feira Prova – até princípios constitucionais

30/09/2009, 4ª feira

TRABALHO

Grupos de 6 alunos; 1 de 7 alunos

Cada grupo deverá escolher 1 dos seguintes livros:

- Hipótese de incidência tributária, de Geraldo Ataliba

- Fato gerador da obrigação tributária, de Amílcar de Araújo Falcão

- Teoria geral do tributo e da exoneração tributária, de Sacha Calmon Navarro Coelho

- Responsabilidade tributária dos sócios e administradores, de José Otávio Vianna Vaz

05/10/2009, 2ª feira Não houve aula (palestra)

07/10/2009, 4ª feira Não houve aula (palestra)

12/10/2009, 2ª feira Não houve aula (feriado)

14/10/2009, 4ª feira

IV – IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

1 Conceito de Imunidade Tributária

A CF especifica algumas áreas, alguns aspectos que são passíveis de tributação. Exemplos: podem

ser tributados a renda, a propriedade de veículo automotor.

O legislador constituinte entendeu, no entanto, que algumas pessoas e algumas situações

mereciam uma proteção especial. Então, criou as áreas de imunidade.

O que é essa imunidade? É uma blindagem à tributação. A norma que cria a imunidade tributária

cria a incompetência do legislador para criar tributação para aquelas pessoas.

MUITO IMPORTANTE!

Imunidade tributária é o fenômeno de natureza constitucional que veda a criação de tributos pelas

pessoas políticas naquelas hipóteses discriminadas. A norma que fixa uma imunidade tributária não pode

ser revogada ou reduzida salvo pela edição de uma nova Constituição Federal.

No Brasil, a imunidade tributária alcança, geralmente, os impostos. Há apenas uma hipótese em

que a imunidade tributária alcança as contribuições sociais.

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A imunidade tributária não deve ser confundida em hipótese alguma com a isenção tributária.

Enquanto aquela é um fenômeno de natureza constitucional, esta é um fenômeno de natureza legal.

OBS: não trocar os termos isenção e imunidade na prova, pois têm significados diferentes, não

são sinônimos. A imunidade é um fenômeno de natureza constitucional, enquanto a isenção é de natureza

legal.

2 Imunidades tributárias gerais

Estão elencadas no art. 150, VI, da CF (já transcrito).

Alínea “a”, inciso VI, art. 150, CF/88: imunidade tributária recíproca

É a imunidade entre pessoas estatais. Entre as pessoas políticas, porque essa imunidade? Porque

não podem cobrar um do outro? O Estado brasileiro é um Estado federado que é igual, e a tributação é

contrária à igualdade. Para cobrar tributo tem que ser superior. Não há como conciliar as duas idéias.

O que justifica esta imunidade é a incompatibilidade entre Estado federado e tributação

(argumento mais forte).

Tributar não significa tirar dinheiro? Se tirar o dinheiro do município ele cumprirá com suas

obrigações constitucionais? Não! Esta imunidade, por força do art. 150, § 2º é extensiva às autarquias e fundações estaduais e

federais. Todas as instituições mantidas pelo poder público gozam de imunidade. As fundações privadas,

embora fiscalizadas pelo poder público não serão imunes.

Um problema: o ICMS incide sobre o consumo. No ICMS temos a figura do contribuinte de fato e

o de direito. De fato, quem paga o ICMS? O consumidor final. E quem faz o pagamento efetivo por

determinação do direito para o Estado? O comerciante.

ICMS consumo

Contribuinte de fato = consumidor final

Contribuinte de direito = comerciante

Numa hipótese em que a receita federal decide comprar computadores para si, como fica a questão

do ICMS? Se aplica a imunidade? A Receita, no caso, não é o consumidor final, não é ela quem suporta?

O Estado muitas vezes tributa dizendo que quem suporta é o comerciante. Mas acaba que o Estado só

reconhece aqueles que são ligados a ela. Não fará diferença, é tirar dinheiro do bolso direito e por no

esquerdo.

Alínea “b”, inciso VI, art. 150, CF/88: imunidade tributária dos templos de qualquer culto

Igreja é a instituição e a imunidade é para os locais de culto. O que justifica isso? Art. 5, VI da CF.

A forma de proteger a liberdade religiosa é concedendo a imunidade.

Art. 5º, CF/88. [...] VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos

cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; [...]

Acaba que a imunidade se estendeu a toda a instituição da igreja. Pela Constituição, o que seria

imune seria só o local do culto. Mas a imunidade se estendeu a toda a instituição.

Imóveis da Igreja não pagam IPTU. Mas a Rede Vida paga imposto, pois aí é o dinheiro da igreja

que está sendo aplicado em uma empresa.

O que interessa é a finalidade.

Imóvel da igreja alugado para terceiros não há tributo.

Alínea “c”, inciso VI, art. 150, CF/88: imunidade tributária dos partidos políticos, e suas fundações,

entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos

* Requisitos estabelecidos em lei – art. 14, CTN

Art. 14, CTN. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes

requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

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II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

São 3 requisitos no art. 14, CTN. Vamos do 3º inciso para o 1º (do mais fácil para o mais difícil).

3º inciso: manter escrituração contábil regular. Não ter erro, rasura, incongruência. É através da

contabilidade que essas instituições vão comprovar os outros dois requisitos.

1º inciso: não distribuir lucros (ou superávit). Essas instituições não podem pagar salários aos

administradores que não sejam compatíveis com o mercado. Significa que as instituições não podem

remunerar seus administradores? Não, ninguém trabalha de graça. Elas podem remunerar. Mas como vou

saber que esse salário não é uma distribuição de lucro? Tenho que ver se o salário pago está compatível

com o mercado.

2º inciso: reinvestir superávit no país e nas suas atividades. Objetivo: impedir a remessa

injustificada de dinheiro para o exterior. O partido comunista brasileiro não pode investir no partido

comunista cubano, mas pode enviar algum de seus membros para fazer um curso em Cuba. O

investimento tem que visar retorno para o país.

Partidos políticos e suas fundações: o que significa imunidade para os partidos políticos e suas

fundações? A existência do partido político é essencial à democracia. É preciso haver pluralismo

partidário. Se os partidos políticos não tivessem imunidade, o Estado poderia cobrar de um e de outro

não, prejudicando um e beneficiando outro, por isso todos têm imunidade.

Entidades sindicais dos trabalhadores: sindicato patronal não tem imunidade tributária, só os

sindicatos dos trabalhadores. O que justifica essa imunidade? É para garantir o livre associativismo do

empregado.

Essa imunidade é estendida para confederações e federações de trabalhadores.

Instituições de educação sem fins lucrativos: não significa que a instituição de ensino não possa

ter lucro; significa apenas que o lucro não pode ser o fim (a que se destina).

A educação é obrigação do Estado. Ele apóia os que estão ajudando na sua função sem fins

lucrativos, isentando-os de tributo.

As instituições que têm lucro, como o Promove, o Pro-Labore, pagam tributo normalmente.

Instituições de assistência social: auxiliam o Estado a reduzir as desigualdades, a pobreza, por isso

ganham imunidade.

O estacionamento explora um serviço tributável pelo ISS. A Prefeitura resolveu cobrar o ISS no

estacionamento da Rua São Paulo esquina com Amazonas, que pertence à Associação São Francisco de

Paula, de natureza assistencial. A Associação teve a imunidade do ISS reconhecida, pois provou que o

dinheiro recebido com o estacionamento ia para a assistência social.

Alínea “d”, inciso VI, art. 150, CF/88: imunidade dos livros, jornais, periódicos, e o papel destinado à sua

impressão

O objetivo é incentivar a divulgação de informação, conhecimento, cultura. Periódico: revistas, como a Veja, por exemplo.

Catálogo é periódico? Sim. Não há tempo mínimo para edição. O catálogo é de freqüência anual,

trata-se de um periódico anual.

O livro, a revista, o catálogo e demais periódicos são imunes.

Não são cobrados IPI, ICMS e ISS, impostos sobre o consumo, sobre estes produtos.

Os produtos são imunes, mas as empresas são tributadas normalmente. A venda deles não sofre

incidência de imposto. Mas a empresa, que recebe o dinheiro da venda dos produtos, sofre imposto de

renda. Só não tem a tributação sobre o consumo.

Papel imune: só se for usado para estes produtos. Se for usado para outro fim, será tributado.

Page 29: direito tributário

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Livro digital será imune? Sim. O legislador de 1988 referiu-se a “papel” porque era o meio físico

da época para livros, periódicos, etc. Se aplicará, por extensão, a todos os outros meios. Não importa se

não houve impressão; o que precisa ser mantido é o incentivo. A imunidade deverá acompanhar os

avanços tecnológicos, como os da era digital.

O STF estendeu a imunidade para papel fotográfico e filme. Mas atualmente nenhum jornal usa

isso, porque o processo nos jornais, revistas, etc., é totalmente digital. Há uma tendência para estender a

imunidade para a tinta, usando a mesma lógica.

19/10/2009, 2ª feira

3 Imunidades tributárias específicas

a) Entidades beneficentes de assistência social

195, § 7º, CF (já transcrito)

Nosso legislador constituinte fez confusão entre imunidade e isenção. Disse “são isentas”, e

deveria dizer “são imunes”.

Instituições de assistência social têm que obedecer requisitos mais amplos do que os do art. 14.

Exemplo de entidade beneficente: Hospital da Beneficência Portuguesa, de São Paulo. O que a diferencia de entidades não beneficentes? Não pode cobrar nada de uma parcela grande de

pessoas. Atende SUS paralelamente, aceita doações, mas tem que oferecer atendimento gratuito.

b) Produtos destinados à exportação

149, § 2º, inciso I, CF (já transcrito)

É uma imunidade também com relação às contribuições sociais em produtos destinados à

exportação. Não interessa ao governo exportar tributo, então ele protegeu estes produtos.

Contribuições sociais PIS

COFINS

CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Livre), CSSL, CSL. A Receita

não reconhece esta imunidade, porque incide sobre os lucros. A Constituição fala de produtos e não de

lucro. Receita, na verdade, é diferente de lucro. Se tributar o lucro, indiretamente está tributando a receita.

O STF reconheceu esta imunidade para duas empresas: a Embraer e a Bunge Alimentos. Foi por liminar,

e não por análise de mérito. Por enquanto, é reconhecido.

c) Pequenas glebas rurais

153, § 4º, inciso II, CF (já transcrito)

Imunidade relativa ao ITR.

Quais são as condições?

1º Ser uma pequena gleba rural: o tamanho vai depender da região. Na Amazônia, tem 100 ha, ou

100.000 metros quadrados. Pantanal: 50 m quadrados.

2º O proprietário da gleba não pode ter outro imóvel. Que outro imóvel? Não é especificado se é

urbano ou rural.

3º O proprietário tem que explorar a gleba sozinho ou com a ajuda de seus familiares. Quais são os

parentes até 3º grau? Não há uma definição exata.

d) Transmissão de imóveis

Relativa ao ITBI.

156, § 2º, inciso I, CF

Art. 156, CF/88. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:

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I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. § 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; II - compete ao Município da situação do bem. § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

Posso constituir o capital de uma empresa em dinheiro e em bens. Estes bens podem ser móveis ou

imóveis. Na transmissão de imóveis por ato intervivos para a constituição ou dissolução do capital da

empresa a regra geral é que há imunidade do ITBI (é a regra geral).

Quando não vai ter a imunidade? Quando a atividade preponderante for relacionada com imóveis.

Neste caso, o ITBI tem que ser pago.

Quando a atividade relacionada com imóveis NÃO é preponderante? Quando a receita da empresa

relacionada a imóveis for menor ou igual a 50%.

Para análise da preponderância da receita, em caso de empresa já constituída, analisa-se da data da

transmissão até 2 anos anteriores e 2 anos posteriores.

Em empresa nova, conta-se até 3 anos da data da constituição.

4 Conceito de isenção tributária

É o fenômeno de natureza infraconstitucional mediante o qual o titular da competência relativa ao

tributo, após a lei que o institui, dispensa o contribuinte do seu pagamento.

A isenção tributária pode alcançar qualquer tributo, e somente pode ser concedida por aquele que

detém a competência para legislar sobre o tributo, salvo duas exceções (ICMS e ISS), que poderão ter

isenção concedida pela União Federal através de lei complementar, embora sejam tributos de

competência dos Estados e Municípios, respectivamente. Através das Leis Complementares 87/96

(ICMS) e 116/05 (ISS), a União Federal atendeu a faculdade que lhe foi dada pela Constituição Federal e

isentou produtos e serviços destinados à exportação.

A isenção tributária é tratada nos artigos 176 a 179 do CTN prevendo, entre outros requisitos, a

sua concessão por meio de lei, a possibilidade de sua revogação e a generalidade da mesma.

Imunidade é critério do legislador; a isenção é critério meramente político. A redução do IPVA

dos carros é uma isenção parcial (só uma redução do tributo). A linha branca é uma redução total.

Base de cálculo é o valor que vou calcular o tributo.

5 Isenção parcial e isenção total

A isenção pode ser alterada e até mesmo revogada. É uma política econômica.

A imunidade não poderá ser revogada e nem mesmo alterada. O legislador constituinte usa a

imunidade como uma forma de proteção.

A redução da base de cálculo é uma forma de isenção.

6 Isenção condicionada e incondicionada

Isenção condicionada: para compra de carro, são isentos taxistas e deficientes físicos. Zona Franca

de Manaus: as empresas, para terem isenção, precisam se instalar lá. Se se instalarem lá, ficam livres de

tributação.

Isenção incondicionada: por exemplo, imposto de renda. Há só um limite, mas todo mundo,

independente da renda, até o valor do limite, é isento.

Até R$1.000,00: é isento

De R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00: 15%

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Acima de R$ 3.000,01: 27, 5%

O valor de R$ 1.000,00 é limite, não é condição.

7 Isenção por prazo indeterminado e por prazo certo

Isenção por prazo indeterminado: aquela em que não há limitação temporária.

Isenção por prazo certo: a Zona Franca de Manaus tem isenção por prazo certo. É condicionada (a

empresa tem que se instalar lá) e é por prazo certo. Também é com prazo certo (determinado) o desconto

do IPI na Linha Branca, pois é só até 31/10/2009.

Art. 40, ADCT

Art. 40, ADCT. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área de livre comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição.

Art. 92, ADCT – artigo acrescido pela EC 42/03.

Art. 92, ADCT. São acrescidos dez anos ao prazo fixado no art. 40 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

178, CTN : isenção por prazo certo. Se o legislador quiser revogar uma isenção condicionada por

prazo certo, há 2 alternativas: 1ª ele tem que obedecer o término do prazo (Zona Franca de Manaus – até

2.023); 2ª poderá revogar a isenção, mas indenizando.

Art. 178, CTN. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

Para revogar uma isenção por prazo determinado é preciso obedecer ao princípio da anterioridade.

22/10/2009, 4ª feira

V - COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

1 Conceito

A competência delimita um campo passível de tributação. A Constituição delimita a imunidade e a

legislação a isenção. A CF é que delimita a competência tributária. Engloba: função de legislar, de

arrecadar, de fiscalizar e de cobrar (4 funções englobadas dentro da competência).

c o m p e t ê n c i a t r i b u t á r i a

campo passível de tributação

isenção isenção

imunidade imunidade

campo passível de tributação

A competência tributária é a atribuição feita pela Constituição Federal às pessoas políticas para

que estas possam tratar dos tributos que lhes são atribuídos.

Não se pode confundir o titular da competência tributária com o credor do tributo. Na maioria dos

casos, ambos são a mesma pessoa, mas podem ser pessoas distintas.

2 Características

a- Privativa

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A competência tributária só pode ser exercida por quem a recebeu. Aquele que recebeu é o único

legitimado a realizá-la. Art. 145, CF (já transcrito).

b- Indelegável

Art. 7º, CTN. O que é absolutamente indelegável é a possibilidade de legislar.

Art. 7º, CTN. A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.

A possibilidade de arrecadar, fiscalizar e cobrar posso passar para terceiros (posso delegar).

INSS: União Federal legisla e as demais funções foram delegadas ao INSS (arrecadar, fiscalizar e

cobrar).

c- Irrenunciável

A pessoa política que recebeu a competência tributária não pode renunciar a ela.

d- Inalterável

A competência tem que ser exercida dentro do limite que a Constituição estabelece.Ou seja: os

limites que foram estabelecidos pela CF devem ser respeitados, a competência não pode ser alterada.

Ouro: ora está sujeito ao ICMS, ora ao IOF, respectivamente se vai para o mercado interno ou

externo.

e – Incaducável

Não prescreve. A competência é incaducável. Mesmo que o ente não exerça a competência, não

vai perdê-la jamais.

f – Facultativa

A competência tributária pode ser exercida ou não. Ex: a competência para instituir impostos

sobre grandes fortunas não foi exercida até hoje, porque é facultativa.

3 Competência residual

A competência administrativa dos Estados é o que não está definido para a União nem para os

municípios.

Encontra-se prevista no art. 154, I, CF.

Art. 154, CF/88. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

É uma possibilidade que a União Federal tem de criar impostos novos.

Os impostos novos: terão que ser criados por meio de lei complementar; não podem ser

cumulativos; o fato gerador ou base de cálculo terá que ser diferente dos demais impostos discriminados

na Constituição.

Em 1993, quando Itamar Franco era Presidente da República e Adib Jatene era Ministro da Saúde,

cria-se o IPMF, que se transforma em CPMF em 1996. Isso porque o IPMF foi considerado

anticonstitucional, por não ter sido criado por lei complementar e por ser cumulativo. Além disso, tinha

base de cálculo semelhante ao IOF. Em 1996, o Presidente era Fernando Henrique Cardoso e o Ministro

da Saúde voltou a ser Adib Jatene. O IPMF era uma contribuição, o CPMF é um imposto.

4 Competência dupla

Page 33: direito tributário

33

A União atribuiu ao DF competência de cobrar os impostos devidos aos Estados e devidos aos

Municípios. O DF, no caso, tem competência dupla. Art. 147, CF.

Art. 147, CF/88. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.

Hipótese de competência dupla que a CF traz, mas hoje não ocorre: possibilidade que a União tem

de cobrar tanto impostos estaduais como federais. Nos territórios, quando existentes, a União pode cobrar

tanto impostos federais quanto estaduais.

5 Competência tripla

São cobrados impostos dos 3 níveis da administração por uma pessoa política. Só a União pode

fazer isso, em um território que não é dividido em municípios (nestes territórios, pode cobrar impostos

federais, estaduais e municipais). Art. 147, CF.

Como não existe mais território no Brasil, estas regras perderam o sentido.

6 Impostos da União Federal

Arts. 153 e 154, inciso II, CF (já transcritos).

São 8 impostos da União Federal II (imposto de importação)

IE (imposto de exportação)

IPI (imposto sobre produtos industrializados)

IR (imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza)

IOF (imposto sobre operações financeiras)

ITR (imposto territorial rural)

IGF (imposto sobre grandes fortunas)

IEG (imposto extraordinário de guerra)

7 Impostos dos Estados e Distrito Federal

Art. 155, CF (já transcrito)

ITCD: imposto sobre transmissão causa mortis e doações

IPVA: imposto sobre propriedade de veículos automotores

ICMS: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. O imposto de maior arrecadação no

Brasil é o ICMS.

8 Impostos dos Municípios e Distrito Federal

Art. 156, CF (já transcrito)

IPTU: imposto sobre propriedade territorial urbana

ISS/ISSQN (duas abreviações para o mesmo imposto): imposto sobre serviços de qualquer

natureza. A Fiat mudou de BH para Betim porque o ISS era menor.

ITBI: imposto sobre transmissão de imóveis.

9 Conflitos de competência

A- Invasão de competência

Alguém quer extrapolar a sua competência e entrar na competência do outro. Entre níveis

diferentes. Ex: Estado x município.

ICMS x ISS software de prateleira – ICMS – 18% - 0,36

por encomenda – ISS – 5% - R$ 15,00

provedor de internet

IPI x ISS retífica de motor

Page 34: direito tributário

34

Ex: ICMS. O transporte intramunicipal está na competência

Conflitos de invasão de competência mais comuns: ICMS x ISS – software de prateleira

(Windows, Office; é um produto; 18%); por encomenda (quero um software com essas especificações

para fazer isso. É sujeito ao ISS. 5%). A diferença é gigantesca: R$ 0,36 x R$ 15,00.

Provedor de internet: o Estado alegando que presta um serviço de comunicação quer cobrar ICMS;

o município alega que não é, quer cobrar ISS. É uma área não definida.

Retífica de motor: Fiat, para revender, industrialização - ICMS; Marlon, para consertar – ISS.

B- Bitributação

Tenho 2 pessoas cobrando o mesmo imposto sobre o mesmo fato.

Gleidson tem uma loja no aeroporto. 2 prefeituras, de Lagoa Santa e Confins, cobram o mesmo

imposto. Para não pagar o imposto duas vezes, ajuizar ação judicial de consignação em pagamento.

Outro caso: vários prestadores de serviço abriram sede em Nova Lima e outros lugares porque o

ISS era mais baixo.

C- “Bis in idem”

Bis: repetir. In idem: no mesmo.

Tenho 1 pessoa cobrando 2 impostos diferentes sobre o mesmo fato.

Ex: 1993. Ministro da Saúde: Adib Jatene. Resolveu criar o IPMF que, em 1996, virou a CPMF.

Porque o IPMF foi julgado inconstitucional? Um dos motivos era porque era bis in idem com o

IOF.

O STF falou que o bis in idem só ocorre entre impostos, razão pela qual em 96 ele veio como

contribuição.

Entre contribuições não existe bis in idem, mesmo que iguais; a diferença estará na finalidade.

TRABALHO EM SALA: questionário em dupla.

04/11/2009, 4ª feira

CONFLITOS DE COMPETÊNCIA (nova explicação)

A) Invasão de competência

B) Bitributação

C) “Bis in idem”

Invasão de competência: na invasão de competência, o órgão estatal extrapola a própria

competência para entrar na competência do outro. Tenho uma diferença de nível político: Estado x

município, ..., ISS x IPI. Tenho duas pessoas cobrando 2 tributos diferentes sobre o mesmo fato.

Bitributação: fenômeno comum que ocorre onde 2 pessoas políticas com a mesma competência

tributária vão cobrar o mesmo tributo sobre o mesmo fato. Gera um conflito territorial.

Lei complementar 116: é a Lei de ISS de BH, que manda o tomador de serviço reter o ISS quando

ele soma 240 mil ou mais por ano. Se ocorrer bitributação, ou seja, se o tomador pagar duas vezes sobre o

mesmo fato a duas pessoas políticas, tem que ajuizar ação de consignação em pagamento. Retenção de ISS na fonte em SP: se for prestador de serviço em outra localidade e se cadastrar na

Prefeitura de São Paulo dizendo que não está nas exceções não paga. É a lei mais inteligente.

Bis in idem: 1 pessoa política cobrando 2 impostos diferentes. Era o que ocorria entre IOF e

CPMF. Os dois incidiam sobre o saque no banco. O STF falou que não tem bis in idem entre contribuição

e imposto e entre contribuições, só entre impostos.

UNIDADE 6 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

1 Conceito de obrigação tributária

Obrigação: uma relação jurídica que se estabelece entre 2 pessoas, sendo 1 credor e 1 devedor.

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35

Obrigação tributária: é a relação jurídica que se estabelece entre sujeito ativo e sujeito passivo em

razão deste ter realizado um fato hipoteticamente previsto na norma e que o constrange ao cumprimento

de prestações positivas ou negativas em favor daquele.

Obrigações: dar, fazer ou não fazer, positivas ou negativas, em favor do sujeito ativo.

2 Espécies de obrigação tributária

a) Principal

b) Acessória

Art. 113, CTN: espécies de obrigação tributária.

Art. 113, CTN. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

§ 1º: define o que é obrigação tributária.

Obrigação principal: pagar. É a obrigação de pagamento, de dar dinheiro ao Estado.

Obrigações acessórias: são todas as outras do sujeito passivo em favor do sujeito ativo. São todas

as obrigações, menos o pagamento do tributo.

Declaração de imposto de renda: é para o Estado saber nossa renda para saber quanto vamos pagar

de imposto.

Obrigações de não fazer: não sonegar informações durante uma fiscalização; não dificultar uma

fiscalização.

§ 3º: a inobservância de uma obrigação acessória a transforma em obrigação principal. Obrigação

acessória: entrega da declaração de imposto de renda. Surge obrigação principal: pagamento de multa.

3 Fato gerador

Art. 114, CTN.

Art. 114, CTN. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Geraldo Ataliba usa a expressão hipótese de incidência.

Fato imponível: termo usado por outros autores.

É o fato que está previsto na norma que, uma vez ocorrido no mundo fenomênico, faz nascer a

obrigação tributária.

a) Aspecto material

É o núcleo do fato gerador.

Está sempre vinculado a um verbo.

Imposto de renda: aspecto material é “auferir renda”. ICMS: circular mercadoria, ou prestar

serviço de transporte interestadual ou intermunicipal ou telecomunicações. IPTU: ser proprietário.

b) Aspecto espacial

Aspecto espacial: local.

c) Aspecto temporal Momento da ocorrência do fato gerador.

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36

Para o IPTU, eu tenho que ser proprietário em 01/01 do ano. Se eu tiver 364 alterações de

propriedade durante o ano, vou pagar só do imóvel em que sou proprietário em 1º de janeiro.

ICMS: momento da venda.

Imposto de renda: tem fato gerador complexivo, porque ocorre de 1º de janeiro a 31 de dezembro.

Na declaração de ajuste anual são declarados todos os meses do ano anterior. Só há um fato gerador

completo quando há todos os meses do ano.

d) Aspecto quantitativo

É o valor sobre o qual será calculado o tributo.

Ex: base de cálculo do imposto de renda é a venda: ICMS: venda.

* Base de cálculo

* Alíquota

É o índice que aplicado sobre a base de cálculo determina o valor do tributo. Geralmente a

alíquota é expressa em percentual da base de cálculo, mas eventualmente pode ser expressa em um valor

fixo. Neste caso, a base de cálculo não é expressão monetária mas um determinado número como volume,

unidades, etc.

No imposto de renda, a ALÍQUOTA MÁXIMA é 27,5%; ICMS, 30%; IPTU, 1%. São valores

monetários. CIDE: base de cálculo é o volume, a quantidade de litros vendidos. COMB: 280,00/m3.

e) Aspecto pessoal

* Sujeito ativo

Credor. Art. 119, CTN. É sempre pessoa jurídica de direito público interno. O particular não pode

ser credor de tributo.

Art. 119, CTN. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Não se confunde com titular da competência tributária. Titular: União. Sujeito ativo: INSS.

* Sujeito passivo

Credor.

O CTN diferencia o credor em contribuinte e responsável.

Art. 121, CTN. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

- Contribuinte

Art. 121, CTN. Sujeito que tem relação pessoal e direta com o fato gerador.

O contribuinte é o devedor do tributo, é ele quem paga o tributo. No ICMS, há contribuinte de fato e de direito.

Contribuinte de fato: consumidor final.

Contribuinte de direito: empresário.

- Responsável: é aquele que, sem ser o contribuinte, a lei obriga a pagar.

ITCD: o responsável pelo recolhimento é o espólio.

Se um imóvel for doado pelo avô à neta menor, os pais da criança serão responsáveis pelo

pagamento dos impostos.

Art. 121, CTN.

4 Capacidade tributária passiva

Page 37: direito tributário

37

126, CTN. Ao contrário da capacidade civil que é adquirida aos 18 anos para ser sujeito passivo de

tributo não depende da idade, da capacidade civil. Pode ser menor, absolutamente capaz, totalmente

incapaz.

Art. 126, CTN. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.

Sociedade comum: não é registrada.

5 Convenções particulares sobre responsabilidade tributária

Nos contratos de locação há a seguinte cláusula: o inquilino ou locatário é responsável pelo

pagamento do IPTU. Segundo o artigo 123, esta cláusula não pode ser oposta à Fazenda Pública. O artigo

123 faz uma ressalva, que é a possibilidade da lei dizer o contrário. Nunca existiu e nunca existirá uma lei que fale tal coisa.

Art. 123, CTN. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade

pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.

Matéria para a 2ª prova: de imunidade até obrigação tributária.

11/11/2009, 4ª feira

UNIDADE 7 – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

1 Conceito

Responsável tributário: 3ª pessoa que vai ser responsável pelo recolhimento do tributo. Sua

obrigação decorre de disposição em lei. Não tem relação pessoal e direta com o fato gerador. CTN, 121.

2 Espécies

O Código faz uma divisão diferente: responsabilidade de terceiros, dos sucessores e solidária.

A- Responsabilidade por cumulação

Cumular: juntar.

A responsabilidade pela obrigação tributária é de 2 ou mais pessoas. Há uma acumulação de

contribuintes no pólo passivo.

Ex: no imóvel deixado para herdeiros, o IPTU será de responsabilidade de todos; a

responsabilidade de cada um dos herdeiros é integral. Marlon deixou 3 filhos e 1 imóvel. É transferido

para os herdeiros. Os contribuintes serão os herdeiros. O credor, o sujeito ativo, pode exigir o

cumprimento integral de qualquer 1 deles. Um dos filhos não pode falar: não vou pagar à Prefeitura,

porque só 1 terço é meu, os outros 2 terços são dos meus irmãos. Os três irmãos podem ser cobrados no

valor total. Se um paga o total, pode exigir posteriormente dos outros 2 o pagamento dos 2/3 que não são

dele.

B- Responsabilidade por transferência

A obrigação tributária surge naturalmente e normalmente para o contribuinte. Um fato posterior

impede que o contribuinte cumpra a obrigação e a obrigação é cumprida por outro (terceiro).

Page 38: direito tributário

38

É uma situação comum no SAJ da PUC, o ITCD. Não tem como cobrar imposto do morto. O

espólio é responsável. A morte fez com que a obrigação transferisse para o espólio.

No caso da Sadia e da Perdigão, as 2 empresas deixaram de existir. A nova empresa, que surgiu da

fusão das duas, assume as obrigações das duas empresas anteriores.

C- Responsabilidade por substituição

* Substituição tributária “para trás” ou regressiva

* Substituição tributária “para frente” ou progressiva

Na responsabilidade por substituição, a obrigação tributária deveria nascer para o contribuinte,

mas a lei já determina o seu surgimento para o substituto tributário. Este deverá cumprir a obrigação

tributária em nome do contribuinte/substituído.

A substituição tributária geralmente é instituída com vistas a facilitar a fiscalização, uma vez que o

universo de “contribuintes” fica reduzido.

O que é mais fácil: fiscalizar 15 montadoras ou 1.000 concessionárias? A substituição vem para

facilitar a fiscalização.

Substituição tributária “para trás” ou regressiva: o substituto tributário está na cadeia de produção

e circulação posterior ao substituído.

A substituição “para trás” está fundamentada no artigo 128 do CTN.

Art. 128, CTN. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

É a restituição na fonte do INSS. É também a exemplificada abaixo.

Carvoeiro ------------ cimenteira ------------ depósito ----------- consumidor final

100 18 trib

82 SEF

Insumo produto

O carvoeiro é o substituído e a cimenteira é o substituto.

A cimenteira vai ser responsável pelos tributos devidos pelo carvoeiro.

A responsabilidade do substituto é subsidiária.

Substituição tributária “para a frente” ou progressiva: art. 150, § 7º, CF (já transcrito).

A Constituição trabalha com algumas idéias. Trabalha com a idéia de fato gerador presumido, com

a idéia de base de cálculo presumida, com a idéia de não realização do fato gerador presumido, com a

idéia de imediata e preferencial restituição.

A cimenteira vende o cimento para o depósito. O depósito vai vender ao consumidor final. O

Estado está antecipando receita.

O fato gerador presumido é o que vai ocorrer na seqüência. O fato gerador vai ocorrer algum dia,

no futuro.

Base de cálculo presumida: o depósito também vai ser substituído. Para que o substituto recolha,

vai trabalhar com a base de cálculo presumida. Ex: carros e remédios. A primeira coisa é o preço de

tabela sugerido pelo fabricante.

Pauta de valor: é o que ocorre com a gasolina, e hoje com o cimento também. A lei estabelece

sobre qual preço vai ser calculado o imposto. Eventualmente o preço da gasolina pode ser calculado sobre

2,50, ou 2,70. Ele faz uma média.

Margem de valor agregado: é o que ocorre com bebida, refrigerante. A lei manda que o substituto

pegue seu preço de venda e sobre ele adicione um percentual (margem de lucro), sobre o qual incidirá o

tributo. Comprou o refrigerante a 1 real, o imposto será calculado sobre 1,40.

Não realização do fato gerador presumido: o STF, analisando um caso de concessionária de

veículos, estabeleceu que o valor recebido a título de substituição tributária é definitivo. Se vender a

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preço menor o valor do tributo pago a mais não é devolvido e se conseguir vender o valor a mais não

incidirá mais tributo.

Imediata e preferencial: deveria ser imediata a restituição, mas o procedimento é muito complexo.

Somente se o fato gerador não ocorrer é que haverá a restituição.

OBS: Se o depósito perdeu o cimento com a chuva, . Ninguém vai comprar o cimento molhado.

Quando o produto se perde não tem como realizar o fato gerador.

UNIDADE 8 – CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1 Conceito

Obrigação tributária

Sa --------------------------------------- Sp

Fato gerador

- crédito tributário – Quando ocorre o fato gerador para o sujeito passivo ocorre o crédito tributário para o sujeito ativo.

O crédito tributário é o crédito que surge para o Estado em razão do sujeito passivo (contribuinte)

ter realizado o fato gerador.

2 Lançamento

Art. 142, CTN

Art. 142, CTN. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento,

assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

Duas impropriedades do conceito.

1º O crédito tributário não é constituído pelo lançamento, só declara, porque o crédito tributário

surge com o fato gerador.

2º Lançamento tributário não é procedimento administrativo. Ele é ato administrativo. Tenho o

lançamento no momento da emissão da guia.

3 Funções do lançamento

Por meio do lançamento, verifico a existência do fato gerador. Se eu vejo que ocorreu um fato

gerador, sei qual que é o tributo.

Lançamento é o ato administrativo pelo qual declaro meu crédito tributário.

O que eu preciso fazer para lançar o IPTU? Apertar o botão do “enter”, vai imprimir todas as

guias.

4 Lei aplicável ao lançamento

Art. 144, CTN

Art. 144, CTN. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.

Page 40: direito tributário

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A lei aplicável ao tributo é a vigente na data do fato gerador, salvo se a multa for menor.

Se o fato gerador ocorreu hoje daqui a 4 anos vou fazer esse lançamento tributário. A lei que vou

aplicar é a de hoje.

5 Moeda do lançamento

Art. 143, CTN. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.

Modificação do lançamento

O sujeito passivo tem que ser notificado do lançamento, pois trata-se de ato administrativo. Tendo

ele sido notificado, o lançamento só pode ser modificado nas 3 hipóteses do art. 145 do CTN.

Art. 145, CTN. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso de ofício; III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.

1º Impugnação do sujeito passivo;

2º Recurso de ofício da autoridade administrativa. O próprio fiscal viu que lançou errado, e muda

de ofício;

3º Iniciativa de ofício da autoridade administrativa.

6 Espécies de lançamento

A- Lançamento por declaração

Tem-se a declaração do sujeito passivo e do Estado, já que este último não tem os dados. Ex:

ITCD, em que o Estado, não tendo os dados, realiza o lançamento através de declarações prestadas pelo

contribuinte.

B- Lançamento por arbitramento

Mais complexo e menos utilizado. Só é utilizado quando dados do contribuinte não forem

confiáveis. Se o contribuinte esqueceu de lançar uma nota fiscal atrasada, e ela é lançada com nota

retroativa, gera lançamento por arbitramento.

Uma vez a Fazenda do Estado foi numa cimenteira e pediu todas as notas fiscais. Depois foi nas

lojas para ver se tinha notas de compra. Só metade tinha. Foi apurar imposto por arbitramento. Pegou o

estoque inicial, somou as notas fiscais de entrada, tirou as notas fiscais de saída (de venda), e chegou num

determinado estoque contábil, comparou com o estoque físico. Viu que o estoque contábil era diferente do

estoque físico. Conclusão: tinham ocorrido vendas sem nota fiscal. A diferença era “x”. Tinha que

calcular o imposto. Ela fez uma média do preço de venda das notas fiscais de saída (y). Multiplicou “x”

por “y” e chegou no valor final. Tudo isso para apuração dos dados.

C- Lançamento de ofício

Art. 149

Art. 149, CTN. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;

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VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.

É realizado pela autoridade administrativa sem qualquer participação do sujeito passivo.

Ocorre no IPTU, IPVA.

A Fazenda já dispõe dos dados para fazer o lançamento, não precisa de nada do contribuinte. É

também o caso da autuação fiscal.

O contribuinte não ajuda o Estado de nenhuma forma, ele já tem todos os dados.

D- Lançamento por homologação

É o mais comum. ICMS, IPI, PIS, COFINS, ISS (este último em alguns casos). O contribuinte

calcula o tributo e faz o recolhimento. A Fazenda tem 5 anos para fazer a homologação, para dizer se o

cálculo estava certo.

Homologação: expressa ou tácita.

Tácita: depois de 5 anos, a Fazenda não faz nenhum lançamento complementar.

Expressa: o fiscal faz uma homologação. Escreve: “homologo...” e assina.

Não existe homologação expressa. Quem trouxer uma homologação expressa está passado.

18/11/2009, 4ª feira

UNIDADE 9 – SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1 Conceito

É suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Art. 151, CTN. A Fazenda Pública não pode

tomar nenhuma atitude para cobrar o crédito do contribuinte.

Art. 151, CTN. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.

2 Hipóteses

a) Moratória

O credor é quem concede a moratória. Sei que você deve, mas pague quando puder. Concedida

por lei pelo órgão competente do tributo e parte do credor.

OBS: é diferente daquele “devo, não nego, mas pago quando puder”, a moratória do Brasil com o

FMI, que não se aplica ao direito tributário. É uma definição diferente.

b) Depósito do montante integral

O contribuinte quer discutir o tributo. Deposita junto ao Poder Judiciário. Se o depósito for feito

integral e dentro do prazo fica livre de multa, juros e correção monetária. Se o contribuinte ganhar a ação,

recebe o valor de volta, em vez de receber em precatórios.

Se ele pagar e depois for discutir na Justiça recebe em precatórios.

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c) Reclamações e recursos administrativos

Quando o contribuinte discorda do valor, ele pode impugnar.

d) Medida liminar em mandado de segurança

e) Medida liminar ou tutela antecipada em outras ações judiciais

Em 2001, a Lei Complementar 104/2001 acrescentou os dois últimos incisos.

Qualquer ação judicial que vá discutir tributo suspende a exigibilidade com medida liminar ou

tutela antecipada.

f) Parcelamento

Se o contribuinte estiver pagando o parcelamento regularmente a Fazenda não pode executar

(propor ação de execução fiscal) enquanto não acabar o parcelamento.

UNIDADE 10 – EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1 Pagamento

Forma mais comum.

a) Pagamento indevido

Quando paguei mais ou paguei errado. Nestas hipóteses tenho direito a receber o que paguei a

mais para não haver locupletamento ilícito do Estado. Repetição do indébito. Prazo de 5 anos contados do

pagamento para eu pedir.

b) Consignação em pagamento

Quando o credor se recusa a receber, ou quando tenho dúvida em relação ao credor.

c) Dação em pagamento

No direito tributário, só é possível com imóveis.

2 Compensação

O indivíduo é ao mesmo tempo credor e devedor do Estado, faz o encontro de contas.

3 Transação

Absolutamente inútil no CTN. É acordo em que cada parte cede um pouco. O bem público não é

disponível, não existe transação. Não se pode reduzir o tributo como forma de encerrar um litígio.

4 Remissão x anistia

Remissão: perdão da obrigação principal. Se há, há também a remissão dos acessórios.

Anistia: perdão dos acessórios, ou seja, multa e juros.

5 Prescrição e decadência

Prescrição: perda do direito de ação.

Decadência: perda do direito.

Em ambos o prazo é de 5 anos.

Divisor de águas: lançamento.

Do fato gerador até o lançamento: prazo decadencial.

Após o lançamento: prazo prescricional.

Prazo decadencial: direito a restituição.

Page 43: direito tributário

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Prazo prescricional: não tem direito a restituição.

6 Conversão de depósito em renda

Conversão do depósito judicial. Se o contribuinte ganha, volta para ele. Se o contribuinte perde, o

dinheiro que está aplicado à disposição do juiz é remetido automaticamente à Fazenda Pública.

7 Decisão administrativa irreformável

É decisão administrativa contra a qual não caiba mais recurso.

Qual é a vantagem do contribuinte discutir administrativamente o tributo?

No processo administrativo não se pode discutir constitucionalidade de lei. Se o contribuinte

ganha, acabou, porque o Estado não vai discutir sua própria decisão.

Se o contribuinte perde na esfera administrativa, vai para o Judiciário discutir. A vantagem é essa.

Perde numa esfera, mas ainda pode reverter na outra.

8 Decisão judicial transitada em julgado

PROVA DO DIA 23/11, 2ª FEIRA

Matéria: da 1ª e 2ª provas (desde o início até obrigação tributária, inclusive). Sem consulta.

PROVA GLOBAL: toda a matéria, até o final.

ÍNDICE DOS ARTIGOS – DIREITO TRIBUTÁRIO I ADCT 40, fl. 31; 92, fl. 31;

CF/88 5º, II, fl. 18; 5º, VI, fl. 27; 145, fl. 8; 146, fl. 13; 147, fl. 33; 148, fl. 11; 149, fl. 12; 149-A, fl. 13;

150, fl. 17; 153, fl. 18; 154, fl. 32; 155, fl. 22; 156, fl. 29; 165, fl. 2; 167, IV, fl. 7; 177, fl. 19;

195, fl. 24;

CTN 3º, fl. 4; 5º, fl. 5; 7º, fl. 32; 14, fl. 27; 16, fl. 7; 77, fl. 8; 78, fl. 8; 79, fl. 9; 81, fl. 10; 82, fl. 11;

106, fl. 20; 113, fl. 35; 114, fl. 35; 119, fl. 36; 121, fl. 36; 123, fl. 37; 126, fl. 37; 128, fl. 38; 142,

fl. 39; 143, fl. 39; 144, fl. 39; 145, fl. 40; 149, fl. 40; 151, fl. 41; 178, fl. 31;