apostila de direito tributário i e ii - nova 2-2009

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DIREITO TRIBUTÁRIO I e II CAPÍTULO I NOÇÕES DE ESTADO O Estado é uma das mais importantes e, ao mesmo tempo, mais complexas criações do ser humano. Desempenha inúmeras funções para atender às ilimitadas necessidades, geradas pelas várias funções que exerce, o Estado desempenha as atividades financeiras, que é o suporte fundamental de sua ação. Um dos principais instrumentos para a ação financeira do Estado é o Direito. ORIGEM DO ESTADO O homem é um ser social. Não conseguiria viver fora da sociedade, ou seja, da associação com outros indivíduos. 1

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Apostila de Direito Tributário I e II

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O Estado uma das mais importantes e, ao mesmo tempo, mais complexas criaes do gnio humano

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DIREITO TRIBUTRIO I e IICAPTULO I NOES DE ESTADO

O Estado uma das mais importantes e, ao mesmo tempo, mais complexas criaes do ser humano. Desempenha inmeras funes para atender s ilimitadas necessidades, geradas pelas vrias funes que exerce, o Estado desempenha as atividades financeiras, que o suporte fundamental de sua ao. Um dos principais instrumentos para a ao financeira do Estado o Direito.

ORIGEM DO ESTADO

O homem um ser social. No conseguiria viver fora da sociedade, ou seja, da associao com outros indivduos.

O homem, por sua inevitvel maneira de ser, est vinculado a vrios agregados de pessoas onde ele encontra satisfao dos variados interesses.

Assim como pertence a uma famlia onde se integra; associa-se a outras coletividades de natureza religiosa, culturais, esportivas, humansticas etc.; podendo pertencer ainda a grupos para desenvolver atividades econmicas onde v encontrar recursos com que se manter e a sua famlia.

H, contudo, um outro aglomerado de que o homem participa e que, reunindo expressivo nmero de indivduos, d ao homem a satisfao das necessidades bsicas.

Essa sociedade mais ampla a que se denomina hoje o ESTADO.CONCEITO

Os Gregos chamaram-na A CIDADE. Os Romanos denominavam REPBLICA, que para eles no constitua contrastes monarquia. O vocbulo ESTADO com essa noo de aglomerado humano socialmente estruturado s veio ser usado bem mais tarde, de vez que originalmente significava, posio, posio social, maneira de ser.

Hoje conhecido mais propriamente de pas, nao, povo e ptria, o ESTADO a nao politicamente organizada; um complexo social que apresenta estrutura poltica e tem individualidade no plano internacional.

O ESTADO visa paz e equilbrio social que se identificam com ordem jurdica. O Direito de seu eminente interesse.

O ESTADO visa a reunir e coordenar foras quando ao aspecto poltico e econmico para obter a felicidade e a paz de um povo.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ESTADO

POVO o conjunto dos nacionais. No se confunde com populao, que exprime um conceito aritmtico, de carter quantitativo, compreendendo tanto os nacionais como ainda os estrangeiros e aptridas. Sem essa substncia humana no h que cogitar da formao ou existncia do Estado. TERRITRIO a parte delimitada da superfcie terrestre, sobre a qual vigora a ordem jurdica do Estado. O territrio patrimnio sagrado e inalienvel do povo. o espao certo e delimitado onde se exerce o poder do governo sobre os indivduos. Patrimnio do Povo, no do Estado como instituio. PODER SOBERANO o poder que tem o Governo de efetivar a sua ordem jurdica, sem qualquer subordinao a outra ordem. a chamada SOBERANIA.FINALIDADES DO ESTADO

Juridicamente falando, visa o Estado:

O Estado uma das mais importantes e, ao mesmo tempo, mais complexas criaes do ser humano. Desempenha inmeras funes para atender s ilimitadas necessidades, geradas pelas vrias funes que exerce, o Estado desempenha as atividades financeiras, que o suporte fundamental de sua ao. Um dos principais instrumentos para a ao financeira do Estado o Direito.DIREITO FINANCEIRO E DIREITO TRIBUTRIO

DIREITO FINANCEIRO

ConceitoDentre os vrios conceitos de Direito Financeiro, destacamos a definio de Giuliani Fonrouge, citado por Celso Ribeiro Bastos, segundo a qual:

"

ContedoO contedo que delimita o Direito Financeiro o estudo das despesas pblica, da receita pblica, do oramento pblico e do crdito pblico. O Estado pode auferir receita originria de seu prprio patrimnio (receita originria) e pode obter receita derivada do patrimnio e atividades dos particulares (receita derivada). Esta ltima, a receita derivada, obtida atravs da tributao que, constituindo o contedo do Direito Tributrio, se exclui do contedo do Direito Financeiro.

QUADRO SINPTICO DO DIREITO FINANCEIRO

Direito TributrioConceitoVrias so as definies encontradas, destacamos algumas: Rubens Gomes de Souza citado por Ruy Barbosa Nogueira conceitua Direito Tributrio como:

ContedoO contedo do Direito Tributrio, como j vimos, a receita pblica tributria, que tambm denominada "receita derivada" de vez que "deriva" do patrimnio e atividades dos particulares e no do patrimnio do Estado. Por fim, observe-se que o Direito Tributrio tambm conhecido por "Direito Fiscal", denominao que atualmente vem sendo menos utilizada.

Classificao e diviso do Direito TRIBUTRIO

Critrios clssica a diviso do Direito em Pblico e Privado, classificando entre os dois ramos principais os demais sub-ramos jurdicos, de um modo geral, em funo dos critrios: da pessoa titular do direito (ser pblico se a pessoa titular for de Direito Pblico, e privado se a pessoa for de Direito Privado); da natureza do interesse protegido pelo direito (ser Pblico se o interesse for pblico, e Privado se o interesse for de natureza privada); e natureza dos efeitos da norma jurdica (ser de Direito Pblico se for obrigatria e de Direito Privado se for, apenas, permissiva).

DivisoAssim, de acordo com esses critrios de classificao costuma-se adotar a seguinte diviso do Direito:

Como se observa, de acordo com a clssica diviso do Direito, o Direito Tributrio enquadra-se como um ramo do Direito Pblico Interno.

Autonomia grande a polmica sobre a autonomia de ramos do Direito. J antiga a discusso sobre se o Direito Financeiro seria sub-ramo do Direito Administrativo ou ramo autnomo.

O mesmo ocorre com o Direito Tributrio relativamente ao Direito Financeiro, que muitos entendem compreender o primeiro. Alm disso, muitos autores, como o caso de Ruy Barbosa Nogueira, distinguem a autonomia didtica da autonomia cientfica. Para ele, a primeira no seria propriamente autonomia porque ela no feita em razo de princpios especficos. J a cientfica seria a verdadeira autonomia porque feita por diferenciao de princpios, isto , "existe uma matria a ser estudada por mtodos prprios, constituindo ento um sistema de normas jurdicas regidas por princpios diferentes dos princpios que regulam outros ramos jurdicos. fundamental para a composio de um ramo do Direito, isto , para que ele possa ser considerado um ramo individualizado, tenha princpios e institutos prprios, compondo seu sistema especial de normas".

No h dvida, pois, de que o Direito Tributrio ramo autnomo. Ainda mais quando a prpria Constituio Federal assim o denomina e consagra um captulo ao "Sistema Tributrio Nacional". Ademais, suas normas est h muito sistematizadas num cdigo: o Cdigo Tributrio Nacional - CTN.RELAO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO

O Direito no foge regra, juntamente com outras cincias estuda o mesmo fato e, por isso, com elas se relaciona. Demais disso, dentro do prprio Direito, seus ramos se relacionam ao estudar e cuidar do mesmo fato.No caso especfico do Direito, observa-se que ele se relaciona, quanto matria de fato, com outras cincias que estudam aspectos afins. E, quanto matria de direito com os demais ramos do Direito. O Direito Tributrio, quanto matria de fato, se relaciona intimamente com a Cincia das Finanas, com a Economia, com a Contabilidade, etc., pois todas gravitam em tomo dos mesmos fatos. E, quanto matria de direito, o Direito Tributrio se relaciona com os demais ramos do Direito. Em especial com os seguintes:

Direito Constitucional - que lhe traa o arcabouo jurdico constitudo pelas competncias tributrias, limitaes ao poder de tributar e pelos princpios constitucionais tributrios;

Direito Financeiro - vez que a receita tributria compe a receita pblica e esta faz parte da atividade financeira desempenhada pelo Estado;

Direito Administrativo - porque o Direito Tributrio regula uma parte da atividade administrativa do Estado;

Direito Internacional Pblico - em face dos acordos para evitar a bi-tributao da renda e dos celebrados no mbito do comrcio exterior;

Direito Internacional Privado - em funo dos problemas relativos nacionalidade, extradio, deportao, etc.;

Direito Penal - j que h inmeras condutas relacionadas com atividades tributrias tipificadas como delitos criminais;

Direito Processual - que lhe fornece os meios para atingir os seus fins, como no processo de execuo fiscal, no mandado de segurana, na ao Anulatria, etc; e, tambm, com o Direito Privado, como o Civil, Comercial, etc., que lhe fornecem institutos, conceitos e princpios prprios.

CODIFICAO DO DIREITO TRIBUTRIO E CTN

Ensina Ruy Barbosa Nogueira que foi depois da Primeira Guerra Mundial que o Direito Tributrio veio a alcanar o status de ramo jurdico autnomo pelo contedo e pela forma. Segundo ele, coube, principalmente, aos escritores alemes o grande trabalho de elaborao jurdico-sistemtica, sendo relevante tambm a instituio na Alemanha da Corte Fiscal do Imprio, hoje Corte Fiscal Federal. De grande importncia, tambm, foi a promulgao do famoso Cdigo Tributrio ao tempo da democrtica Constituio de Weimar. Uma nova codificao foi realizada na Repblica Federal da Alemanha e entrou em vigor em 1977.

Ressalta, ainda, aquele mestre que a Organizao dos Estados Americanos elaborou um modelo de cdigo tributrio e fez a anlise comparativa entre o modelo e os cdigos vigentes na Argentina, Brasil, Chile, Equador, Mxico e Peru. No Brasil, como veremos mais detalhadamente, o esforo de codificao vem desde o anteprojeto de Cdigo Tributrio, no aprovado, elaborado por Rubens Gomes de Souza na dcada de 50, e culminou na promulgao, em 25 de outubro de 1966, da Lei n 5.172, que disps sobre o Sistema Tributrio Nacional e instituiu normas gerais de Direito Tributrio aplicveis Unio, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Territrios e aos Municpios. Mais tarde, em 13 de maro de 1967, o Ato Complementar n 36 atribuiu referida lei a denominao de Cdigo Tributrio Nacional, dando-lhe o status de Lei Complementar. Referido Cdigo continua em vigor, mesmo aps a promulgao da Constituio de 1988, por ter sido recepcionado pela nova ordem jurdica.

Teoria da Recepo

Tal fenmeno explicado pela Teoria da Recepo, segundo a qual a ordem jurdica implantada pela nova Constituio recepciona as normas jurdicas infraconstitucionais vigentes sob a gide da Constituio anterior, desde que sejam compatveis com a nova Carta Magna. As normas incompatveis so automaticamente revogadas com a vigncia da nova Constituio. O Cdigo Tributrio Nacional, conforme veremos, teve recepcionado, a sua maior parte, e revogados, total ou parcialmente, vrios dispositivos, como os relativos aos impostos em espcie, aos emprstimos compulsrios, etc.

RESUMO

ESTADO

Deve visar ao interesse pblico (bem comum).

O suporte essencial de sua ao a atividade financeira.

Sua ao se d atravs do Direito.

No campo financeiro: Direito Financeiro e Direito Tributrio.

DIREITO FINANCEIRO

Conceito: o ramo que disciplina a atividade financeira do Estado.

Contedo: despesa receita, oramento e crdito pblicos.

Receita pblica: do patrimnio do Estado - originria. Receita pblica: do patrimnio do particular derivada.

Receita tributria: receita derivada.

DIREITO TRIBUTRIO

Conceito: trata da instituio, arrecadao e fiscalizao dos tributos.

Contedo: receita pblica tributria derivada.

ramo "autnomo" do Direito Pblico Interno.

Matria de fato: Cincia das Finanas, Economia, Contabilidade, etc.

Matria de direito: Direito Constitucional, Administrativo, Penal, Civil, Comercial, etc.

Codificao no Brasil: Lei n 5.172/66 (CTN).CAPTULO II

FONTES DO DIREITO

Quando falamos de fontes do Direito queremos referir-nos s nascentes, aos mananciais do Direito, ou seja, os meios pelos quais se formam as regras jurdicas.

As fontes do Direito so:

A LEI a fonte primria do Direito. Para dirimir uma questo submetida apreciao do Poder Judicirio, a primeira fonte de que se lana mo a Lei. Entende-se por Lei a norma jurdica escrita emanada de poder competente. COSTUME So normas costumeiras, tambm chamadas consuetudinrias, que obrigam, igualmente, ainda que no constem de preceitos votados por rgos competentes. DOUTRINA o conjunto de investigaes e reflexes tericas e princpios metodicamentes expostos, analisados e sustentados pelos autores, tratadistas, jurisconsultos, no estudo das leis. JURISPRUDNCIA So regras gerais que se extraem das reiteradas decises dos tribunais superiores (2 Instncia), num mesmo sentido, numa mesma direo interpretativa. No vincula o juiz, mas costuma dar-lhe importantes subsdios na soluo de cada caso.

Chama-se integrao da norma jurdica o recurso a certos critrios suplementares, para a soluo de eventuais dvidas ou omisses da lei. O juiz no pode eximir-se de sentenciar ou despachar, alegando lacuna ou obscuridade da lei (art. 126 CPC).

ANALOGIA Consiste em aplicar a um caso no previsto a norma que rege a caso anlogo, pois fatos semelhantes exigem regras semelhantes. A analogia em leis penais deve ser evitada, j que as leis penais restringem a liberdade individual. No deve o juiz, assim, impor outras limitaes alm das previstas pelo legislador. S admite a chamada analogia in bonam partem, isto aquela que beneficia. EQIDADE a justia do caso concreto. o bom senso. Por vezes o juiz se encontra face a um caso em que a lei lhe impe determinada deciso, quando a conscincia lhe dita uma soluo contrria. O julgador deve subordinar-se lei, e s excepcionalmente, quando expressamente autorizado pelo legislador, poder socorrer-se da eqidade. Situa-se a eqidade em um campo intermedirio entre a moral e o Direito, elevando-se a instrumento superior de justia. O problema transcende do Direito Positivo para significar um aperfeioamento da ao de julgar dentro de um ideal de justia concretamente aplicado. PRINCPIOS GERAIS DE DIREITO So fontes subsidirias, com o qual o aplicador investiga o pensamento mais alto da cultura jurdica, juntamente com a fixao da orientao geral do ordenamento jurdico. Esses princpios no vm especificados pelo legislador, constituindo seu enunciado manifestao do esprito de uma legislao. Assim, examinando-se o nosso Direito de Famlia, vamos verificar que seus princpios gerais visam ao reforo do ncleo familiar. No Direito do Trabalho o princpio dominante a proteo ao empregado.Ex.: Os contratos devem ser cumpridos; ningum pode invocar a prpria malcia para tirar proveito disso; ningum deve ser condenado sem ser ouvido.

O art. 108 do CTN determina que na ausncia de disposio expressa, a autoridade competente para aplicar a legislao tributria utilizar, sucessivamente, na ordem indicada:I analogia;

II os princpios gerais de direito tributrio;

III os princpios gerais de direito pblico;

IV a equidade.

INTERPRETAO E INTEGRAO DA LEGISLAO TRIBUTRIA

Celso Ribeiro Bastos leciona que "interpretar extrair o significado de um texto os preceitos normativos so sempre abstraes da realidade. Para que possam cumprir o seu propsito de disciplinar um nmero infindvel de situaes, necessitam de apelar para um alto nvel de generalidade e abstrao... a interpretao faz o caminho inverso daquele feito pelo legislador. Do abstrato, procura chegar a preceituaes mais concretas". E, ainda, "a ordem jurdica um sistema composto de normas e princpios. A significao destes no obtenvel pela compreenso isolada de cada um". Da a necessidade de uma interpretao sistemtica para que se chegue finalmente ao verdadeiro sentido da lei.

O CTN dispe sobre a interpretao e a integrao da legislao tributaria nos seus arts. 107 a 112.

Dispe, ainda, que o emprego da analogia no poder resultar na exigncia de tributo no previsto em lei.E que o emprego da eqidade no poder resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.

Observe-se que se tratam de instrumentos de integrao, pois que se destinam no a esclarecer o sentido da legislao tributria, mas sim a suprir uma lacuna, a ausncia de disposio expressa.

A analogia um instrumento que permite estender a disposio legal (aplicvel a um caso expressamente previsto) a outro caso carente de cobertura legal que, mesmo sendo outro, guarda com a primeira ntida semelhana. Assim, tm-se dois casos: um previsto em lei, outro no. A analogia permite aplicar a lei ao segundo caso, por semelhana ao caso previsto.

Os princpios gerais de Direito Tributrio e os princpios gerais de Direito Pblico esto presentes na Constituio Federal, no Cdigo Tributrio Nacional e em todo o sistema jurdico nacional.

A eqidade tem vez, na lio de Paulo de Barros Carvalho, "quando o ser humano, posto na contingncia de aplicar o direito, sopesa refletidamente seus valores e os da sociedade em que vive, observa os fatos sociais e examina-lhes as propores na sua grandeza real, abrandando os rigores da lei e imprimindo-lhe ares de maior suavidade e dimenso humanitria".

O art. 109 esclarece que os princpios gerais de Direito Privado devem ser utilizados to-somente para pesquisa da definio, do contedo e do alcance dos "institutos de Direito Privado", no podendo, entretanto, serem empregados para definir os efeitos tributrios desses institutos. Assim, por exemplo, os princpios de Direito Privado sero utilizados para definir o contrato de compra e venda, mas no para definir o efeito tributrio da compra e venda.

Por outro lado, a lei tributria no pode alterar a definio, o contedo e o alcance de institutos, conceitos e formas de Direito Privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituio Federal, dos Estados e pelas Leis Orgnicas, para definir ou limitar competncias tributrias. o que dispe o art. 110. Caso contrrio, seria permitir ao legislador tributrio a manipulao arbitrria dos conceitos e institutos do Direito Privado para fins de incidncia tributria ao arrepio das normas constitucionais.

Finalmente, o importante art. 112, estabelece que a lei tributria que define infraes, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorvel ao acusado, em caso de dvida quanto:

I - capitulao legal do fato;

II - natureza ou s circunstncias materiais do fato, ou natureza ou extenso dos seus efeitos;

III - autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV - natureza da penalidade aplicvel, ou sua graduao.

a materializao do clssico princpio humanitrio moderno segundo o qual a dvida afasta o agravo, ou seja, in dubio pro reo.

ESPCIES E HIERARQUIA DAS NORMAS TRIBUTRIASO art. 96 do CTN dispe que "a expresso 'legislao tributria' compreende as leis, os tratados e as convenes internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relaes jurdicas a eles pertinentes".

Grande a amplitude da referida expresso, de vez que compreende, praticamente, todos os atos emanados do poder pblico competente, que versem sobre matria tributria, independente do nvel hierrquico da norma ou da autoridade. o significado mais comum que se d palavra "lei", no sentido mais amplo possvel.

Entretanto, lei, em sentido estrito, a ordem geral regularmente produzida (de acordo com o processo legislativo estabelecido pela Constituio) pelo Poder Legislativo e sancionada, promulgada e publicada pelo Poder Executivo.

Os atos legais podem ser classificados em nveis hierrquicos, sendo que quanto mais alto o nvel maior as dificuldades para a aprovao da norma. Tais dificuldades consistem em exigncias quanto iniciativa da proposio, ao quorum para aprovao, a turnos de votao, etc.

princpio fundamental o preceito segundo o qual a norma de nvel inferior no pode extrapolar os limites fixados pela norma superior. o que estabelece o art. 99 do CTN: "O contedo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em funo das quais sejam expedidos, determinados com observncia das regras de interpretao estabelecidas nesta Lei".

HIERARQUIA DAS LEIS TRIBUTRIAS

1 PLANO

CONSTITUIO

a lei fundamental que dispe sobre a organizao poltica, institui os poderes pblicos, regula as suas funes e delineia os direitos e deveres essenciais dos cidados.

No Brasil, as principais normas tributrias so estabelecidas na Constituio Federal. Dispe ela sobre as competncias, as limitaes ao poder de tributar, os princpios gerais, e sobre a repartio das receitas tributrias. Fornece, portanto, todo o arcabouo jurdico sobre o qual se erige o Direito Tributrio positivo brasileiro.

EMENDA CONSTITUCIONAL

Possui as mesmas caractersticas da Constituio, estando, tambm, no mesmo nvel uma vez aprovada. De notar-se, entretanto, que emanada de poder constituinte derivado, e no originrio como a primeira, deve a emenda constitucional manter consonncia com os preceitos constitucionais j vigentes relativos sua aprovao e a no-violao de normas ptreas. (art. 60, da Constituio Federal).

2 PLANOLEIS COMPLEMENTARES

Tm o objetivo de disciplinar os preceitos constitucionais no auto-aplicveis. Interessante observar que a atual Constituio indica os casos carentes de normatizao, ora via lei complementar, ora via lei ordinria. De concluir-se, portanto, que cabe lei complementar, apenas, onde prevista pela Constituio.

Nesse sentido, a Constituio Federal determina que s podem ser institudos mediante lei complementar os seguintes tributos: emprstimos compls6rios (art. 148); imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII) (nesse caso a Constituio determina que compete Unio institu-lo nos termos de lei complementar, o que, pelo menos, subordina a sua criao edio de lei complementar sobre o assunto).

A lei complementar se diferencia da lei ordinria em, basicamente, dois aspectos. Um deles o aspecto material ou substancial, de vez que, onde a Constituio exigir lei complementar, s ato desta natureza poder dispor a respeito. Decorre disso o fato de que tais disposies no podero ser tratadas ou alteradas por lei ordinria, sob pena de inconstitucionalidade. O outro aspecto o qurum exigido para aprovao. Na lei complementar, exige-se maioria absoluta (metade mais um) dos membros de cada casa do Congresso e na lei ordinria, maioria simples ou relativa (metade mais um dos presentes, presente maioria absoluta dos membros).

3 PLANO

LEI ORDINRIA

Dispe sobre instituto jurdico, dentro das limitaes traadas na Constituio.

No campo tributrio, em geral, a lei ordinria que institui o tributo, definindo o seu fato gerador, a base de clculo, as alquotas, os contribuintes e responsveis, alm de prescrever as penalidades aplicveis s infraes previstas. A Constituio, entretanto, determina que certos tributos devem ser institudos mediante lei complementar, como o caso de impostos institudos no uso da competncia residual prevista no art. 154, I.

CDIGO

a sistematizao de assuntos correlatos, sujeitos a disciplinamento de lei ordinria e seus equivalentes.

LEI DELEGADA

So leis elaboradas pelo Presidente da Repblica, mediante delegao do Congresso Nacional. A delegao ter a forma de resoluo que especificar seu contedo e os termos de seu exerccio.

DECRETO-LEI

norma geral com igual fora de lei ordinria. Trata-se de espcie inexistente na atual Constituio, o que no afasta a vigncia das que foram recepcionadas pela nova ordem jurdica.

MEDIDA PROVISRIA

A edio de medidas provisrias prevista pelo artigo 62 da Constituio Federal. Tal artigo teve nova redao dadas pelas Emendas Constitucionais e sofreu profundas alteraes.

Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional.

(Ver art. 62 da CF/88)

ACORDO OU TRATADO INTERNACIONAL

Os acordos, os tratados ou as convenes internacionais, nos termos do CTN (art. 98), revogam ou modificam a legislao tributria interna, devendo ser observados pela legislao editada posteriormente sua vigncia. Esses atos internacionais passam por vrias fases: a negociao e a assinatura (Poder Executivo), a aprovao (Congresso Nacional, mediante decreto legislativo), a promulgao e a publicao (Poder Executivo, atravs de decreto presidencial) e, finalmente, a aplicao.

4 PLANO

DECRETO LEGISLATIVO

So atos do Congresso Nacional editados no uso de sua competncia privativa, como, por exemplo, a aprovao de acordos e tratados internacionais. No se submetem sano do Presidente da Repblica.

RESOLUO

So atos de uma das Casas do Congresso Nacional. Em matria tributria, ao Senado Federal, por exemplo, compete fixar, por resoluo, as alquotas do ICMS aplicveis a operaes interestaduais e de exportao (art. 155, 2, IV).

DECRETO

So atos privativos do Presidente da Repblica. Visam a disciplinar ou a regulamentar a lei. Em matria tributria, comum decreto presidencial aprovar o regulamento de determinado tributo institudo em lei.

5 PLANO

(NORMAS COMPLEMENTARES)

PORTARIA MINISTERIAL

ato de Ministro de Estado, que, em matria tributria, normalmente disciplina a aplicao de lei ou decreto.

INSTRUO NORMATIVA

Em matria tributria, ato baixado pelo Secretrio da Receita Federal para normalizar ou disciplinar a aplicao de lei, decreto ou portaria ministerial.

ATO DECLARA TRIO

Ato do Secretrio da Receita Federal ou de coordenadores da Receita Federal que disciplinam ou orientam a aplicao da legislao tributria.

PARECER NORMATIVO

So aprovados por coordenadores da Receita Federal com o fim de orientar a aplicao da legislao tributria.

DECISES ADMINISTRATIVAS

So decises tomadas no mbito do processo administrativo fiscal pelas autoridades da Receita Federal (delegados, inspetores, etc.) e pelos rgos colegiados (Conselhos de Contribuintes). Tais decises no excluem a via judicial.

PRTICAS REITERADAS DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS

O contribuinte no pode ser punido se seu comportamento estiver de acordo com prticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas.

CONVNIOS ENTRE A UNIO/ESTADOS/MUNICPIOS

So celebrados, no mais das vezes, a fim de uniformizar a aplicao da legislao tributria em todo o territrio nacional.

VIGNCIA DA LEGISLAO TRIBUTRIAPara que a lei produza plenamente seus efeitos jurdicos, deve passar por vrios momentos importantes que, freqentemente, so confundidos entre si. Focalizaremos os mais importantes, como a publicao, a vigncia, e a aplicao. Comecemos pelos seus conceitos e efeitos.

A publicao o ato de tornar pblico, proclamar, a existncia da lei. Normalmente feita na imprensa oficial da Unio, dos Estados e dos Municpios e, onde no houver imprensa oficial, nos jornais de maior circulao. A lei existe a partir de sua publicao.

A vigncia o atributo pelo qual a lei adquire aptido para produzir efeitos jurdicos. A lei pode ter sido publicada, mas no estar, ainda, apta a produzir efeitos jurdicos. Para isso, necessita ela da vigncia, que determinada segundo as regras que estudaremos a seguir.

A aplicao a prpria incidncia concreta e objetiva da lei nas hipteses nela definidas, ou seja, a lei aplicada no momento em que ocorrem na realidade concreta do dia-a-dia aqueles fatos nela definidos hipoteticamente. Um exemplo prtico ajudar a entender mais facilmente tais momentos.

No que pertinente vigncia da legislao tributria, a regra que se aplicamlhe os preceitos legais que disciplinam as normas jurdicas em geral, particularmente os arts. de 1 a 6 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil (Lei n 4.657/42). As excees a essa regra geral esto dispostas nos arts. 102 a 104 do CTN.

Analisemos, ento, inicialmente, a regra geral.

A lei levada ao conhecimento de todos por meio de sua publicao no Dirio Oficial.

Sua fora obrigatria, todavia, est condicionada vigncia, ou seja, o dia em que comea a vigorar.

Significa, ento, que quando o ato legal no dispe da clusula de vigncia ("esta lei entra em vigor na data de sua publicao", como comum) s entrar em vigor em todo o Pas 45 dias aps a sua publicao oficial. O perodo que medeia entre a publicao da lei e a sua vigncia chama-se vacatio legis.

As prprias Leis costumam indicar a data em que entraro em vigor.

De observar-se que s outra lei de mesma ou superior hierarquia pode revogar a lei vigente. Assim, um ato inferior no altera nem revoga um superior.

Se antes de entrar em vigor a lei, ocorrer nova publicao de seu texto, para correes, o prazo da obrigatoriedade comear a correr da nova publicao.

De outra parte, as correes a texto de lei j em vigor consideram-se lei nova.CESSAO DA OBRIGATORIEDADE DA LEI

No h leis eternas, perenes ou universais. A lei ter vigor at que outra a modifique ou revogue. No h revogao pelo desuso da lei.

Revogar uma lei significa torn-la sem efeito. A revogao pode ser expressa ou tcita.

A revogao tcita quando a nova lei incompatvel com a anterior ou regula inteiramente a matria de que a outra tratava.

A revogao expressa quando a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior.

A ab-rogao - Ou revogao total atinge toda a Lei revogada.

A derrogao - Ou revogao parcial atinge apenas parte da Lei.

REPRISTINAOTermo formado da partcula re (retornar, retomar) e pretinus (adjetivo latino = anterior, precedente), para significar revigorao de normas legais em virtude de cessao da vigncia de lei que as havia revogado.

Tem carter excepcional, est previsto no art. 2, 3, da Lei de introduo do Cdigo Civil:

No Brasil, a repristinao de lei s poder ocorrer se for expressamente declarada por outra lei.O art. 3, tambm, determina regra importante para a funcionalidade do sistema jurdico quando reza que "ningum se escusa de cumprir a lei, alegando que no a conhece".

O art. 4 estabelece que quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais de direito".

J o art. 5 dispe que "na aplicao da lei, o juiz atender aos fins sociais a que ela se dirige e s exigncias do bem comum".

Finalmente, o art. 6 completa que "a lei em vigor ter efeito imediato e geral, respeitados o ato jurdico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada".

Essas so as regras gerais.

O CTN dispe sobre as regras especiais do Direito Tributrio nos seus arts. 102 a 104.

De acordo com o art. 102, a Legislao Tributria dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios vigora, no Pas, fora dos respectivos territrios, nos limites em que lhe reconheam extraterritoriedade os convnios de que participem, ou na forma como disponham esta ou outras leis de normas, gerais expedidas pela Unio.

O art. 103 contraria frontalmente a regra geral do art. 1 da LICC. Com efeito, enquanto aquele art. 1 fixa a regra para a legislao em geral (na ausncia de previso de vigncia, entra em vigor, no Brasil, 45 dias aps a publicao, etc.), o art. 103 dispe que, salvo disposio em contrrio:

I - os atos administrativos (normativos previstos no art. 100, I) entram em vigor na data de sua publicao;

II - as decises administrativas dos rgos singulares ou coletivos (a que se refere o art. 100, II) entram em vigor, quanto aos seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias aps a data de sua publicao;

III - os convnios a que se refere o art 10O, IV, na data neles prevista.

importante frisar que, como regra geral, tanto para a legislao tributria como para qualquer outra, a norma entrar em vigor, sempre na data nela prevista. Entretanto, se a norma no contiver a previso de sua vigncia, isto , no seu silncio, a, sim, entraro em cogitao as demais normas sejam da LICC ou do CTN.

APLICAO DA LEGISLAO TRIBUTRIA

As leis, de um modo geral, no retroagem, a menos que seja para beneficiar. No caso das leis tributrias, a regra geral que elas aplicam-se somente a fatos geradores futuros e pendentes, no retroagindo nem mesmo para beneficiar o contribuinte, salvo, neste ltimo caso, se houver disposio expressa.

Por exemplo, mesmo que as alquotas do imposto de renda relativas ao presente ano sejam menores do que as vigentes no ano passado, numa declarao do imposto relativa ao ano passado, que seja entregue agora, com atraso, devero ser aplicadas as alquotas vigentes no ano passado e, portanto, maiores. Conclui-se, assim, que a nova lei, mesmo sendo mais benfica, no retroagir. Esta a regra geral estabelecida no art. 105 do CTN que determina que a legislao tributria aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrncia tenha tido incio, mas no esteja completa nos termos do art. 116.

Entretanto, o Cdigo Tributrio Nacional prev, tambm, no art. 106, alguns casos em que, excepcionalmente, a lei tributria poder retroagir. De fato, segundo tal artigo, a lei tributria aplica-se a ato ou fato pretrito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluda aplicao de penalidade infrao dos dispositivos interpretados.

II - tratando-se ele ato no definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infrao;

b) quando deixe de trat-lo como contrrio a qualquer exigncia de ao ou omisso, desde que no tenha sido fraudulento e no tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prtica.

De observar-se que, no primeiro inciso, a legislao retroagir em qualquer caso, quando for expressamente interpretativa, ou seja, a legislao nova no estar criando ou exigindo nada. Apenas estar interpretando outra lei que, esta sim, criou ou exigiu alguma prestao. J, no segundo inciso, trata-se de atos ou fatos relacionados com infraes ou penalidades que no tenham sido, ainda, definitivamente, julgados.

RESUMO

HIERARQUIA DAS NORMAS JURDICAS

1 PLANO

Constituio Federal e Emenda Constitucional.

2 PLANO

Lei Complementar.

3 PLANO

Lei Ordinria, Cdigo, Lei Delegada, Acordo ou Tratado Internacional. Decreto-Lei e Medida Provisria.

4 PLANO

Decreto Legislativo, Resoluo e Decreto.

5 PLANO

Normas Complementares (portarias, instrues normativas, ordens de servio, atos declaratrios, etc.)

LEGISLAO TRIBUTRIA (CTN, arte 96). Leis, tratados e convenes internacionais. . Decretos. Normas complementares.

VIGNCIA DA LEGISLAO TRIBUTRIA

- Regra geral (LICC):

- na data prevista no ato legal, ou na falta:

- no Brasil: 45 dias da publicao;

- no exterior: 3 meses da publicao.

- Na legislao tributria:

- na data prevista no ato, ou na falta;

- atos administrativos vigoram: na data da publicao;

- decises administrativas (efeito normativo): 30 (trinta) dias aps;

- convnios entre os entes federados: na data neles prevista.

Observaes Gerais

No sendo temporria, a lei vigora at que outra a revogue.

A lei posterior revoga a anterior quando:

a) expressamente o declare (rev. expressa); ou

b) seja incompatvel ou regule inteiramente a matria (revogao tcita);

A lei revogada no se restaura tacitamente (repristinao).

Ningum pode alegar ignorncia da lei.

No Brasil, so respeitados o ato jurdico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

APLICAO DA LEGISLAO TRIBUTRIA

A lei tributria no retroage, a menos que:

a) seja expressamente interpretativa;

b) deixe de definir como infrao ato no definitivamente julgado;

c) deixe de tratar como ilcito ato no definitivamente julgado; ou

d) comine penalidade menos severa a ato no definitivamente julgado.

INTERPRETAO E INTEGRAO

a Interpretao: o ato de extrair o significado de um texto.

a Integrao: o ato de completar o todo, suprindo lacunas da lei. a mtodos de Interpretao:

Os instrumentos de integrao a serem utilizados nessa ordem:

- a analogia;

- os princpios gerais de Direito Tributrio;

- os princpios gerais de Direito Pblico;

- a eqidade.

Observaes Gerais

Interpreta-se literalmente a legislao tributria sobre:

suspenso ou excluso do crdito tributrio;

outorga de iseno; e

dispensa de obrigaes acessrias.

a Analogia - aplicao de uma norma a caso no previsto.

da analogia no pode resultar exigncia de tributo no previsto e da eqidade no pode resultar dispensa de tributo.

Princpios de Direito Privado:

- s para definio do contedo e do alcance dos institutos;

- no definem efeitos tributrios.

- no Direito Tributrio - in dubio pro reo.

CAPTULO III

TributoAntes de definirmos o que vem a ser "tributo", importante temos uma noo bem ampla de como ele surge.Como contribuinte, s vezes somos surpreendidos com certas exigncias da Unio, do Estado, ou do Municpio que nos obrigam a pagar determinado imposto, taxa ou contribuio, sem que saibamos, ao menos, com que direito podem tais entes pblicos nos obrigar a tanto. Vejamos, ento, como se d o nascimento do tributo.

PASSOS PARA A INSTITUIO DE UM TRIBUTO1 PASSOO primeiro requisito para a instituio do tributo a competncia tributria ou, em outras palavras, a autorizao constitucional. Ou seja, a competncia para o sujeito ativo ou entidade tributante instituir o tributo deve constar na Constituio Federal, caso contrrio impossvel faz-lo. Assim, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios s podero instituir (alm das taxas e contribuies) os impostos relacionados nos arts. 155 e 156, respectivamente. Se, por exemplo, os Estados quiserem instituir um imposto no previsto naqueles artigos, devero aprovar emenda constitucional a fim de obter a competncia tributria ou, em outras palavras, a autorizao constitucional.

2 PASSOO segundo passo a edio de uma lei, stricto senso, (aprovada pelo Poder Legislativo) na qual o sujeito ativo, ou entidade tributante (Unio, Estados, Distrito Federal ou Municpios) defina o fato gerador do tributo (hiptese de incidncia), a sua base de clculo, a alquota, os contribuintes, etc. No h tributo sem lei que o institua.

3 PASSOAt aqui o tributo existe apenas no plano abstrato, em hiptese, e, portanto, ainda no pode ser exigido. Para que o seja, necessrio o terceiro passo que a ocorrncia concreta do fato gerador do tributo. Ou seja, aquela hiptese de incidncia prevista, abstratamente, na lei deve ocorrer na realidade os fatos. Quando isto ocorre, nasce o tributo (a obrigao tributria). Entretanto, ele ainda no tem como ser exigido. A Unio no tomou conhecimento ainda da ocorrncia do fato gerador nem sabe quem o contribuinte e tampouco o valor do tributo. Por isso, no tem, ainda, como exigi-lo.

4 PASSOA Unio s poder exigir o imposto depois que tomar conhecimento da ocorrncia do fato gerador, identificar o contribuinte e quantificar o valor do tributo. Tal atividade chamada de lanamento. E o tributo lanado passa a chamar-se crdito tributrio. O lanamento , ento, o quarto passo.

O crdito tributrio, uma vez lanado, s pode ser extinto (normalmente atravs do pagamento), suspenso (moratria, depsito, etc.) ou excludo (iseno ou anistia), nos termos do CTN. O destino natural do crdito tributrio a sua extino atravs do pagamento. Com isso, numa viso panormica, observamos o tributo desde o seu nascimento at a sua extino.

CONCEITO E NATUREZA DO TRIBUTO

CONCEITOJ vimos como nasce e extingue-se o tributo. Veremos em seguida o que o tributo. O conceito de tributo encontra-se expresso no art. 3 do CTN:

Art. 3 - Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.Sua primeira caracterstica : uma "prestao pecuniria compulsria", isto , deriva do poder de imprio do Estado e obrigatria.

O tributo prestao pecuniria "em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir". Atualmente, o tributo exigido, em regra, em moeda (dinheiro).

Outra caracterstica que prestao "que no constitua sano de ato ilcito". O tributo no penalidade. A multa decorrente de infrao fiscal penalidade, mas no tributo. Ou seja, a exigncia de tributo no pode ser confundida com a aplicao de uma penalidade a um ato ilcito.

O tributo prestao "instituda em lei". Est sob reserva de lei, no sentido estrito do termo, isto , da lei regularmente produzida pelo Poder Legislativo, nos termos constitucionais. Como veremos, o tributo no pode ser institudo por decreto nem tampouco por medida provisria e muito menos por portaria e outros atos menores. o corolrio do princpio constitucional expresso no art. 5, II, segundo o qual "ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei".

O tributo , tambm, uma prestao "cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada". Ocorrido o fato gerador, surge a obrigao tributria. Surgida esta, o sujeito ativo est obrigado a cobrar o tributo e o sujeito passivo, a pag-lo. Em outras palavras, a cobrana do tributo no est sujeita ao poder discricionrio da autoridade administrativa. Ela no tem o poder de decidir se cobra ou no, de vez que sua atividade, no caso da cobrana de tributos, plenamente vinculada ou obrigatria.

NATUREZAO art. 4 do CTN dispe que a natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo seu fato gerador, sendo irrelevantes para qualific-la a denominao e demais caractersticas formais adotadas pela lei, bem como a destinao legal do produto da sua arrecadao. Assim, o imposto imposto se tiver fato gerador prprio de imposto e no de taxa ou contribuio.

A anlise do fato gerador, tambm, no suficiente, sendo necessria, ainda, a da base de clculo, como manda a Constituio no seu art. 145, 2, onde dispe que "as taxas no podero ter base de clculo prpria de impostos". E, tambm, no art. 154, I, onde estabelece que a Unio poder instituir "mediante lei complementar, impostos no previstos no artigo anterior, desde que sejam no-cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos discriminados nesta Constituio".

ESPCIESA Constituio Federal, no seu art. 145, determina que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir "os seguintes tributos: impostos, taxas e contribuio de melhoria".

O CTN, no seu art. 5, dispe que:

"Os tributos so impostos, taxas e contribuies de melhoria".

Numa primeira interpretao fcil concluir que, apenas, essas trs espcies so tributos. Existe at mesmo uma polmica sobre o assunto, no sentido de que uma corrente adota esse entendimento e outra, a majoritria, o de que tambm so tributos o emprstimo compulsrio e as contribuies sociais. Para embasar o segundo entendimento, argumenta-se, em linhas gerais que, apesar de no expressamente classificados como tributos, tanto o emprstimo compulsrio como as contribuies sociais esto subordinados s mesmas normas gerais do Direito Tributrio, alm de que esto previstos no captulo constitucional que trata dos tributos ("Do Sistema Tributrio Nacional").

luz da Constituio Federal de 1988, entendemos ser mais til e at mesmo didtico considerar como modalidades ou espcies de tributos: o imposto, a taxa, a contribuio de melhoria, as contribuies sociais e o emprstimo compulsrio.

ImpostosA Constituio Federal, no seu art. 145, I, dispe que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir "impostos". E, no seu art. 154, I, determina que a Unio (e somente ela detm essa competncia residual) poder instituir "mediante lei complementar, impostos no previstos no artigo anterior, desde que sejam no-cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos discriminados nesta Constituio".

O imposto definido pelo CTN, no seu art. 16. Vejamos:

Art. 16 Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao contribuinte.

Com efeito, a principal caracterstica do imposto a no-vinculao de sua cobrana a uma atividade estatal especfica. Ou seja, o contribuinte paga o imposto sem esperar ou exigir uma contraprestao especfica do Estado.

Quando o contribuinte paga o imposto, este destinado ao fundo comum do tesouro pblico e ser aplicado de acordo com as destinaes dadas a ele pela lei oramentria anual.

TaxaS A Constituio Federal, no seu art. 145, II, estabelece que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir "taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis prestados ao contribuinte ou postos sua disposio".E, no 2, determina que "as taxas no podero ter base de clculo prpria de impostos".Como se observa, a taxa espcie de tributo que institudo em funo de uma atividade especfica do Estado, relativamente ao contribuinte. Ou seja, um tributo vinculado a uma contraprestao especfica do Estado.

A taxa s pode ter como fato gerador o exerccio regular do poder de polcia ou, ento, a utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio.

Poder de polcia, como definido no art. 78 do CTN, a:

"A atividade da administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do poder pblico, tranqilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos".

regular, segundo o pargrafo nico, o exerccio do poder de polcia "quando desempenhado pelo rgo competente nos limites da lei aplicvel, com observncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionria, sem abuso ou desvio de poder".

Tm como fato gerador o exerccio regular do poder de polcia, por exemplo, as taxas para concesso de alvars, as taxas de fiscalizao de atividades, etc.

As taxas, como visto, tambm, podem ter como fato gerador a utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio. Como se observa, no h a necessidade de o contribuinte utilizar, efetivamente, o servio posto sua disposio. Basta que o servio tenha sido colocado sua disposio. So taxas de servio a de limpeza pblica, a de iluminao pblica, etc.

O art. 79 do CTN explica, ainda. que os servios pblicos consideram-se:

I - utilizados pelo contribuinte: efetivamente, quando forem por ele usufrudos a qualquer ttulo; e potencialmente, quando, sendo de utilizao compulsria, sejam postos sua disposio mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;

II - especficos, quando possam ser destacados em unidades autnomas de interveno, de utilidade ou de necessidade pblica;

III - divisveis, quando suscetveis de utilizao, separadamente, por parte de cada um dos seus usurios.Contribuio de melhoriaA Constituio Federal, no art. 145, III, dispe que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir "contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas".

J o CTN trata da contribuio de melhoria nos seus arts. 81 e 82. Art. 81 - A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado.

No art. 82, o CTN fixa as regras e requisitos mnimos que a lei que instituir a contribuio dever conter, como publicao prvia do memorial descritivo, oramento, zona beneficiada, etc.; fixao de prazo para impugnao; e regulamentao do processo administrativo de instruo e julgamento da impugnao. O Decreto-Lei n 195/67 disciplinou a instituio de contribuio de melhoria.

Como se observa, o CTN estabelece a obedincia a dois limites: o total, que a despesa realizada e o individual, a valorizao do imvel. Ocorre que a Constituio atual no estabelece nenhum limite. Diante desse fato, prospera a polmica. Alguns entendem vigentes os limites, outros no.

A simples realizao da obra pblica no pode constituir hiptese bastante para configurao dessa modalidade tributria. Alm da realizao da obra pblica necessrio que esta tenha repercutido no eventual contribuinte de uma determinada maneira, dizer, causando-lhe uma plus valia.Seria o maior dos absurdos imaginar-se a contribuio de melhoria cobrada de algum no beneficiado pela obra realizada, ou, at mesmo, por ela prejudicado. O outro limite, qual seja a valorizao acrescida individualmente ao imvel tributvel, decorre tambm da prpria noo de contribuio de melhoria. Se o quantum cobrado exceder a plus valia havida, j no estar correspondendo noo de melhoria, mas estar incidindo pura e simplesmente sobre o imvel.

Resta dizer que a contribuio de melhoria, da mesma forma que a taxa, um tributo vinculado, pois depende para ser cobrada de uma ao estatal especfica, uma contraprestao, relativamente ao contribuinte. Esta ao a realizao de obra pblica de que decorrer valorizao do imvel do contribuinte.

Contribuies parafiscais ou SOCIAISInspirada em Aliomar Baleeiro, parte expressiva da doutrina denomina de "Contribuies Parafiscais" as contribuies previstas no art. 149 da Constituio Federal de 1988. Tais contribuies dividem-se em:a) Contribuies sociais: COFINS, Contribuio sobre o Lucro Lquido- CSLL, contribuies para o INSS, CPMF, PIS, etc.;b) Contribuies de Interveno no Domnio Econmico: contribuies para o controle da produo do caf, da laranja, do acar, etc.; e

c) Contribuies de interesse das categorias econmicas ou profissionais: contribuies sindicais, contribuies para a OAB, CREA, CRC, CRE, etc.

No primeiro grupo, ressaltam-se as contribuies para financiamento da seguridade social que, como veremos abaixo, sujeitam-se, como as demais, a todos os princpios constitucionais tributrios, exceto ao princpio da anterioridade. Ou seja, podem ser institudas e cobradas no mesmo ano, porm, somente podem ser cobradas aps 90 dias da publicao da lei que as instituiu ou aumentou, nos termos do art. 195, 6, da Constituio Federal.

COFINSA Contribuio para Financiamento da Seguridade Social - COFINS foi criada pela Lei Complementar na 70/91, alterada pela Lei na 9.718/98. O fato gerador da COFINS a obteno de receita, por parte das pessoas jurdicas. So contribuintes as pessoas jurdicas de direito privado, inclusive as a elas equiparadas pela legislao do imposto sobre a renda, bem como as entidades submetidas aos regimes de liquidao extrajudicial e de falncia. A legislao prev vrias hipteses de iseno da COFINS, entre as isentas esto as entidades sem fins lucrativos, as receitas relativas s exportaes, etc.

PISA contribuio para o Programa de Integrao Social - PIS foi instituda pela Lei Complementar na 7/70, que foi alterada pelas Leis Complementares n 17/73 e 26/75. Com o advento da Constituio Federal de 1988, o PIS passou a ter carter de contribuio para a seguridade social destinando seus recursos para o financiamento do programa do seguro-desemprego e do abono aos empregados que percebem at dois salrios mnimos de remunerao mensal. Suas normas so aplicveis ao Programa de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico - PASEP, institudo pela Lei Complementar n 8/70. Seu fato gerador a obteno de faturamento ou receita por parte das pessoas jurdicas.

CPMFCriada pela Lei n 9.311/96, com vigncia temporria, e restaurada pela Lei n 9.539/97, a Contribuio Provisria sobre Movimentao ou Transmisso de Valores e de Crditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF incide sobre a movimentao financeira, assim considerada qualquer operao liquidada ou lanamento realizado por instituies financeiras, bancos e caixas econmicas, que representem circulao escritural ou fsica de moeda, e de que resulte ou no transferncia da titularidade dos mesmos valores, crditos e direitos.

Contribuies incidentes sobre a folha de salrios So as contribuies institudas pela legislao previdenciria e destinadas ao INSS. exemplo a chamada contribuio "patronal" devida pela pessoa jurdica empregadora, que incide alquota de 20% sobre a remunerao paga aos assalariados.

Fundamentos constitucionais das contribuies

A Constituio Federal estabelece no seu art. 149 que:

"Compete exclusivamente Unio instituir contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao nas respectivas reas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuzo do previsto no art. 195, 6, relativamente s contribuies a que alude o dispositivo".

E, no 1 , que:

Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro contribuio, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, do regime previdencirio de que trata o art. 40, cuja alquota no ser inferior da contribuio dos servidores titulares de cargos efetivos da Unio. (EC 19/03)A Emenda Constitucional n 33, de 11/12/2001, e a Emenda 41 de 19/12/2003 acrescentaram vrios pargrafos ao art. 149:

2 - As contribuies sociais e de interveno no domnio econmico de que trata o caput deste artigo:

I - no incidiro sobre as receitas decorrentes de exportao;

II incidiro tambm sobre a importao de produtos estrangeiros ou servios;

III - podero ter alquotas:

a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operao e, no caso de importao, o valor aduaneiro;

b) especfica, tendo por base a unidade de medida adotada.

3 - A pessoa natural destinatria das operaes de importao poder ser equiparada a pessoa jurdica, na forma da lei.

4 - A lei definir as hipteses em que as contribuies incidiro uma nica vez.

A Emenda Constitucional 39/2002 acrescentou o art. 149-A que dispe o seguinte:

Art. 149-A Os Municpios e o Distrito Federal podero instituir contribuio, na forma das respectivas leis, para o custeio do servio de iluminao pblica, observado o disposto no art. 150, I e III.

Alm disso, a Emenda Constitucional 33/2001 acrescentou ao art. 177, da CF, o seguinte pargrafo 4:

4 - A lei que instituir contribuio de interveno no domnio econmico relativa s atividades de importao ou comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural e seus derivados e lcool combustvel dever atender aos seguintes requisitos:

I - a alquota da contribuio poder ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, no se lhe aplicando o disposto no art. 150,III,b;

II - os recursos arrecadados sero destinados:

a) ao pagamento de subsdios a preos ou transporte de lcool combustvel, gs natural e seus derivados e derivados de petrleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indstria do petrleo e do gs;

c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Dispe a Constituio, ainda, no art. 195, que:

"A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais:

I Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) A folha de salrios e demais rendimento do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio;

b) A receita ou o faturamento;c) O lucro;II Do trabalhador e dos demais segurados da previdncia social, no incidindo contribuio sobre aposentadoria e penso concedidas pelo regime geral de previdncia social de que trata o art. 201;

III - Sobre a receita de concursos de prognsticos.

IV Do importador de bens ou servios do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

No 4 determina que "a lei poder instituir outras fontes destinadas a garantir a manuteno ou expanso da seguridade social, obedecido ao disposto no art. 154, I". E, no 6, que "as contribuies sociais de que trata este artigo s podero ser exigidas aps decorridos 90 (noventa) dias da data da publicao da lei que as houver institudo ou modificado, no se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b".

Importante observar as ressalvas e as condies a serem obedecidas para a instituio de contribuies. Com efeito, em primeiro lugar, as contribuies devero, por fora do art. 146, III, se sujeitarem s normas gerais de Direito Tributrio, estabelecidas por lei complementar.

Alm disso, em razo do art. 150, I e III, devem elas obedecer ao princpio da legalidade, ou seja, devem ser institudas por lei, e ao princpio da anterioridade, que veda a sua cobrana no mesmo exerccio financeiro em que for instituda ou majorada.Entretanto, as contribuies sociais para financiamento da seguridade social, previstas no art. 195, no se subordinam ao princpio da anterioridade, contudo, somente podero ser exigidas aps decorridos 90 (noventa) dias da data da publicao da lei que as houver institudo ou modificado. Ressalte-se, tambm, que qualquer outra fonte para financiamento da seguridade social a ser instituda dever s-lo com observncia do art. 154, I, isto , somente mediante lei complementar e desde que seja no-cumulativa e no tenha fato gerador ou base de clculo prprios dos impostos j discriminados na Constituio.

Finalmente, de lembrar-se que a competncia para instituir contribuies , em qualquer caso, exclusiva da Unio, salvo a competncia de os Estados, o Distrito Federal e os Municpios institurem-na, cobrando-a de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, de sistema de previdncia e assistncia social.

EmprstimoS compulsrioSO emprstimo compulsrio previsto no art. 148 da Constituio Federal. Referido artigo dispe que a Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios:

I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia;II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b (princpio da anterioridade). (GRIFO NOSSO).Dispe, ainda, o pargrafo nico que "a aplicao dos recursos provenientes de emprstimo compulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio" .

De observar-se que a previso constante do CTN, no art. 15, III, relativa hiptese de instituio de emprstimo compulsrio no caso de conjuntura que exija a absoro temporria de poder aquisitivo no mais vigora, em face do novo texto constitucional. A competncia para instituir privativa da Unio, somente podendo s-lo, atualmente, mediante lei complementar, ao contrrio de antes, quando podia ser institudo por lei ordinria. Outro aspecto inovador a vinculao da aplicao de sua receita na despesa que motivou a sua instituio.

CLASSIFICAO DOS TRIBUTOSClassificao Jurdica dos Tributos

Do ponto de vista da atuao do Estado, tradicionalmente, costuma-se classificar os tributos em vinculados e no-vinculados.

So vinculados os tributos que dependem de uma atividade estatal especfica relativamente ao contribuinte. Assim, as taxas e as contribuies so tributos vinculados.

So tributos no-vinculados aqueles que no dependem de nenhuma atividade estatal especfica relativamente ao contribuinte, isto , a sua hiptese de incidncia um fato indiferente a qualquer atividade estatal especfica. Os impostos so tributos no-vinculados.

Outras Classificaes

Reais e pessoaisNos tributos reais as condies ou qualidades subjetivas do sujeito passivo so irrelevantes, pois eles incidem sobre coisas (res). So tributos reais, por exemplo, o ICMS e o IPI.

Os tributos de carter pessoal incidem, por assim dizer, sobre as pessoas e desta forma as condies ou qualidades subjetivas do sujeito passivo so determinantes. O Imposto de Renda de Pessoa Fsica o exemplo clssico de imposto pessoal e, talvez, pelo menos na teoria, o que melhor atenda o disposto no art. 145, 1, da CF, que determina que "sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados segundo a capacidade econmica do contribuinte".

Diretos e indiretos

Apesar de polmica, costuma-se, tambm, classificar os tributos em diretos e indiretos.

Seriam diretos os tributos em que o contribuinte de fato tambm o contribuinte de direito. Em outras palavras, o contribuinte de direito o que suporta o nus tributrio. exemplo de imposto direto o Imposto de Renda da Pessoa Fsica.

E indiretos seriam os tributos em que o contribuinte de direito no o contribuinte de fato, isto , o primeiro transfere o nus tributrio para o segundo que o suporta. exemplo de imposto indireto, o ICMS e o IPI.

Cumulativos e no-cumulativosSo no-cumulativos os tributos em que em cada operao de dbito do tributo compensado como crdito o valor pago na operao anterior. So no-cumulativos, por disposio constitucional, o ICMS e o IPI.No ICMS, por exemplo, quando o comerciante (contribuinte de direito) vende a mercadoria, lana um valor a dbito (includo na nota fiscal) que o resultado da aplicao da alquota sobre a base de clculo. Desse valor lanado a dbito no livro de apurao do imposto, o comerciante ir deduzir, como crdito, o valor do ICMS pago na compra da mercadoria. O valor a ser recolhido ser o do saldo da operao.

J os tributos cumulativos so calculados e recolhidos integralmente a cada operao, sem qualquer compensao de valores pagos em operaes anteriores. Os tributos cumulativos tambm so conhecidos por tributos em cascata.

Fiscais, extrafiscais e parafiscaisOs tributos Fiscais so aqueles em que a finalidade predominante de sua instituio a de arrecadar recursos para os cofres pblicos. O ICMS o exemplo tpico de tributo fiscal

Os extrafiscais so os que, embora tambm arrecadem, tm como misso fundamental servir de instrumento de poltica econmica para induzir comportamentos especficos dos agentes econmicos almejados pelo governo. O imposto de Importao, que utilizado no para arrecadar, mas para implementar a poltica comercial do Pas, exemplo de tributo utilizado com finalidade extrafiscal.

Os tributos parafiscais so aqueles em que o sujeito ativo no o Estado e sim outra entidade pblica ou privada como, por exemplo, a OAB e outras. A finalidade bsica de tais tributos a manuteno dessas entidades.

Privativos, comuns e residuaisPrivativos so os tributos cuja competncia exclusiva de uma entidade pblica, como os impostos. Por exemplo, a Unio tem a competncia privativa ou exclusiva para instituir o imposto de importao, sendo vedada aos demais entes pblicos como Estados e Municpios a instituio do referido imposto. O mesmo ocorre com os Municpios, relativamente ao ISS.

Tributos comuns so os que todas as esferas de poder tm competncia para institu-los. o caso das taxas e das contribuies de melhoria, de vez que tanto a Unio como os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podem instituir esse tipo de tributo.Residuais - So os que, ainda, no esto expressamente previstos na Constituio. A Unio detm a competncia residual para instituir impostos ainda no previstos na Constituio e tambm para instituir outras contribuies sociais para financiamento da seguridade social, obedecidas as normas pertinentes.

Internos e externos

No mbito do comrcio exterior costuma-se classificar os tributos em internos e externos.

Externos - So o imposto de importao e o imposto de exportao, ou seja, os que incidem sobre o comrcio exterior. No caso do imposto de importao, ele conhecido tambm por tarifa aduaneira ou direitos aduaneiros. Somente estes tributos so considerados, internacionalmente, inclusive pelo GATT, como tributos externos ou incidentes sobre o comrcio exterior. Os demais, como o IPI, o ICMS, o IOF, o Imposto de Renda, etc., so considerados tributos internos.

Categorias econmicas

O CTN em seu ttulo III, adota um critrio de classificao dos impostos segundo a categoria ou atividade econmica em que incidem. Assim, classifica como:

Impostos sobre o comrcio exterior

a) imposto sobre a importao

b) imposto sobre a exportao

Impostos sobre o patrimnio e a renda

a) imposto sobre a propriedade territorial rural - ITR

b) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU

c) imposto sobre a transmisso de bens imveis e de direitos a eles

relativos - ITBI

d) imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza - IR

Impostos sobre a produo e a circulao

a) imposto sobre produtos industrializados - IPI

b) imposto estadual sobre operaes relativas circulao de mercadorias (e servios) - ICMS

c) imposto sobre operaes de crdito, cmbio e seguro, e sobre operaes relativas a ttulos e valores mobilirios - IOF

d) imposto sobre servios de qualquer natureza ISS.Impostos extraordinrios

De observar-se que a atual Constituio transformou o antigo ICM no novo ICMS, incorporando a ele o imposto sobre servios de transportes interestaduais e intermunicipais e de comunicao, alm dos impostos especiais antes existentes.

Tributos e preos pblicos ou tarifasFinalmente, h que se distinguir os tributos dos preos pblicos ou tarifas.

OS TRIBUTOS - So receitas derivadas (derivam do patrimnio dos particulares) obtidas mediante prestao compulsria. So receitas de direito pblico, sendo que na atividade financeira do Estado para arrecadar predomina o interesse pblico.

OS PREOS PBLICOS OU TARIFAS - So receitas originrias (originam-se da explorao econmica do patrimnio do Estado) obtidas mediante acordo de vontades (contrato). So, portanto, receitas de direito privado e na atividade financeira do Estado para obt-las predomina o interesse privado.

RESUMO

TRIBUTO Prestao pecuniria compulsria.

No sano de ato ilcito (penalidade)

Instituda em lei (stricto sensu).

Atividade plenamente vinculada.

ESPCIES IMPOSTO: no-vinculado contraprestao especfica.

TAXA: vinculada contraprestao, ainda que potencial.

CONTRIBUIO DE MELHORIA: decorrente de obras pblicas.

CONTRIBUIES SOCIAIS: de interveno no domnio econmico, de interesse das categorias econmicas e de financiamento da seguridade social.

EMPRSTIMOS COMPULSRIOS: despesas extraordinrias e investimento pblico urgente e relevante.

CLASSIFICAES Vinculados e no-vinculados.

Internos e externos.

Reais e pessoais.

Diretos e indiretos.

Cumulativos e no-cumulativos. . Fiscais e extrafiscais.

Privativos, comuns e residuais. Categorias econmicas.

TRIBUTOS receitas derivadas compulsrias;

receitas de direito pblico;

predomina o interesse pblico.

PREOS PBLICOS (TARIFAS) receitas originrias obtidas por contrato; receitas de direito privado;

predomina o interesse privado.

CAPTULO IV

Sistema Tributrio NacionalA palavra sistema pode ser conceituada como sendo um conjunto de partes coordenadas entre si, tendendo obteno de determinado fim. o sistema constitudo pelo conjunto de tributos vigentes em um pas em determinada poca e pelo conjunto de regras jurdicas que os disciplinam. Os sistemas tributrios variam no espao e no tempo, mas, em qualquer poca, s se pode falar em sistema tributrio se os tributos e as regras que os compem forem dotados de certa harmonia entre si e formarem um todo com finalidade determinada.

REQUISITOSO requisito bsico a ser atendido por um sistema tributrio corresponder s condies sociais e econmicas do pas onde ele vigente, bem como ser adaptado s suas instituies polticas e ao seu regime jurdico geral.

Alm desse requisito bsico, o sistema tributrio deve observar, ainda, as condies ideais estabelecidas por Adam Smith a respeito dos impostos: justia, certeza, comodidade e economia.

Em 25 de outubro de 1966 foi promulgada a Lei n 5.172 que disps sobre o sistema tributrio nacional e instituiu normas gerais de Direito Tributrio aplicveis Unio, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Territrios e aos Municpios. Em 13 de maro de 1967, o Ato Complementar n 36 atribuiu referida lei a denominao de Cdigo Tributrio Nacional, dando-lhe o status de lei complementar.

Finalmente, a Constituio Federal de 1988 reserva o seu Ttulo VI Tributao e ao Oramento. Dentro desse ttulo, dedica todo o Captulo I, que compreende os arts. de 145 a 162, ao "Sistema Tributrio Nacional". Por outro lado, importante observar que o CTN continua em vigor mesmo aps a promulgao da Constituio Federal de 1988, em face do fenmeno jurdico conhecido por "recepo", pelo qual a nova ordem jurdica, que revoga a velha, recepciona as normas ento vigentes no colidentes com as novas disposies constitucionais.

COMPETNCIA TRIBUTRIAA expresso competncia tributria plena pode ser definida como sendo o poder, atribudo pela Constituio Federal de, observadas as normas gerais de Direito Tributrio, instituir, cobrar e fiscalizar tributo, compreendendo a competncia legislativa, administrativa e judicante.

Competncia, em matria tributria, a faculdade atribuda pela Constituio s pessoas de direito pblico com capacidade poltica para criar tributos.

TIPOS DE COMPETNCIACOMPETNCIA COMUM: a competncia atribuda pela Constituio Federal s trs esferas de governo para arrecadar, cobrar, fiscalizar etc.

COMPETNCIA PRIVATIVA OU EXCLUSIVA: a atribuda especfica e exclusivamente a um poder tributante, geralmente a Unio Federal.COMPETNCIA RESIDUAL: o poder de instituir outros tributos no previstos na Constituio. No Brasil, s a Unio detm a competncia residual, nos termo do art. 154.

COMPETNCIA LEGISLATIVA PLENA: o poder de legislar sobre todos os aspectos do tributo como fato gerador, base de clculo, alquotas, contribuintes, etc. Nos termos do art. 6, do CTN, est compreendida pela competncia tributria atribuda pela Constituio, observadas as normas gerais de direito tributrio.

COMPETNCIA PARA INSTITUIR NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO: atribuda somente Unio, que poder fazer uso dela mediante lei complementar, nos termos do art. 146 da Constituio Federal.

COMPETNCIA LEGISLATIVA SUPLETIVA OU SUPLEMENTAR: a atribuda aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios para, nas suas respectivas esferas, editarem normas complementares, nos termos do art. 24, 2 e do art. 30 da Constituio Federal.

COMPETNCIA CONCORRENTE: a competncia atribuda pela Constituio Federal aos trs nveis de governo para legislar sobre direito tributrio, nos termos dos seus arts. 24 e 30.

INVASO DE COMPETNCIA: instituir tributo de competncia de outro Poder tributante.

QUADRO RESUMO DAS COMPETNCIAS TRIBUTRIAS

RESIDUALEXTRAORDINRIAEXCLUSIVAESPECIALCUMULATIVACOMUM

UnioUnioExclusiva da UnioUnioUnio e do DFUnio Estados, DF e Municpios

Aplica-se aos impostos (Art. 154, I CF/88) e s Contribuies Sociais (Art. 195, 4 , CF/88).Somente aplicvel a impostos, em caso de guerra ou iminncia.Aplica-se s Contribuies Sociais.

Obs: Os Estados, Municpios e DF podem instituir para seus servidores pblicos.Aplica-se aos emprstimos compulsrios (art. 148/CF).Aplica-se aos impostos (art. 147/CF) Unio -impostos Estaduais e Municipais (se Territrio no for dividido em Municpios).

Ao DF os impostos Estaduais e MunicipaisTaxas e Contrib. de Melhoria

Por Lei ComplementarPor Lei OrdinriaInstituio por Lei OrdinriaPor Lei ComplementarPor lei OrdinriaLei Ordinria

Fato gerador e base de clculo inditos, alm de no cumulativo.Vale tudo, inclusive bi-tributao.Novas atravs da competncia residualAnterioridade para o caso de investimento

Como vimos, quem atribui competncia em matria tributria a Constituio Federal. ela que, sintetizando o pacto federativo, traa os contornos gerais do Estado nas suas trs esferas de poder. Como expresso pura desse pacto, ela distribui as competncias tributrias entre a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, formando, juntamente com os princpios e as normas gerais de direito tributrio que estatui a base do Sistema Tributrio Nacional.

Delegabilidade - O art. 7 dispe que a competncia tributria indelegvel.No obstante, so delegveis de uma pessoa jurdica de direito pblico a outra, mediante convnio, as funes de: arrecadar, fiscalizar, executar leis, servios, atos ou decises administrativas. Referida delegao compreende as garantias e os privilgios processuais, podendo ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral de quem delegou, ou seja, a delegao sempre em carter precrio. Alm disso, o cometimento do encargo de arrecadar a pessoas de direito privado no constitui delegao. exemplo de cometimento a substituio tributria comum no ICMS.

Finalmente, o art. 8, dispe que o no-exerccio da competncia tributria no altera a atribuio constitucional.

Competncias da Unio

Em matria tributria, a Constituio Federal de 1988 atribui Unio competncia para:

I - Instituir os tributos:

a) Impostos, taxas e contribuies de melhoria (art. 145, I, II e III);

b) Contribuies sociais (arts. 149 e 195);

c) Emprstimos compulsrios, mediante lei complementar (art. 148);

d) Impostos extraordinrios e outros impostos no previstos (art. 154);

II - Em territrio federal:

a) Instituir os impostos estaduais (art. 147);

a) Instituir os impostos municipais, se o territrio no for dividido em municpios (art. 147);

III - Mediante lei complementar:

a) dispor sobre conflitos de competncia (arts 24, 1 e 146);

b) regular as limitaes constitucionais ao poder de tributar (arts 24, e 146, II);

c) estabelecer normas gerais de direito tributrio (arts 24 e 146);

d) estabelecer normas gerais sobre o ICMS (art. 155, 2, XII);

e) definir os produtos semi-elaborados exportados sujeitos ao ICMS (art. 155, 2, X);

f) disciplinar a instituio do imposto de transmisso causa mortis e doao, em casos relacionados com bens, domiclio ou inventrio no exterior (art. 155, 1, III);

g) fixar as alquotas mximas do IVVC e do ISS (art. 156, 3);

h) definir os servios sujeitos ao ISS (arts. 156, III e 3).

Competncias dos Estados

De acordo com a Constituio Federal de 1988, em matria tributria, compete aos Estados:

I - Instituir os tributos:

a) Impostos, taxas e contribuies de melhoria (art. 145, I, II e III);

b) Contribuio social a ser cobrada de seus servidores para custeio de

sistemas de previdncia e assistncia social (art. 149, 1);

c) Legislar supletivamente (ou suplementarmente) sobre os tributos de sua competncia (art. 24. 2).

Competncias do Distrito Federal

Compete ao Distrito Federal, em matria tributria, nos termos da Constituio Federal de 1988:

I - instituir os tributos:

a) Impostos, taxas e contribuies de melhoria (art. 145, I, II e III);

b) Contribuio social a ser cobrada de seus servidores para custeio de sistema de previdncia e assistncia social (art. 149, 1);

II - instituir os impostos municipais (art. 147);

III - legislar supletivamente sobre os tributos de sua competncia (art. 24).

Competncias dos Municpios

Segundo a Constituio Federal de 1988, em matria tributria, os municpios so competentes para:

I - Instituir os tributos:

a) Impostos, taxas e contribuies de melhoria (art. 145, I, II e III);

b) Contribuio social a ser cobrada de seus servidores para custeio de sistema de previdncia e assistncia social (art. 149, 1).

II - legislar supletivamente sobre os tributos de sua competncia (art. 30).

COMPETNCIAS PARA IMPOSTOS

Impostos da Unio

a) Imposto de Importao - (II) - (CTN, art. 19, 11)

b) Imposto de Exportao - (IE) - (CTN, art. 23)

c) Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR)d) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - (CTN, art. 46)

e) Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro ou Relativas a Ttulos ou Valores Mobilirios (IOF) - (CTN, art. 63).f) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) - (CTN, art. 29).g) Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) - (CF, art. 153, VII)

h) Impostos Extraordinrios (CF, art. 154, 11)

i) Impostos no Previstos (art. 153 da CF)j) Imposto Provisrio sobre Movimentao Financeira - CPMF (EC n 3/93, Lei Complementar n 77/93).Impostos dos Estados

a) Imposto sobre a Transmisso Causa Mortis e Doao ITCM e Doao (CF, art. 155, I).b) Imposto sobre a Circulao de Mercadorias e Prestaes de Servios de Transportes e Comunicao (ICMS) (CF, art. 155, II e LC n 87/96).c) Imposto sobre a Propriedade de Veculos Automotores - IPVA (art. 155, III, da CF).

Impostos dos Municpios

a) Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU (art. 156, I, da CF)

b) Imposto sobre a Transmisso lnter Vivos de Bens Imveis e de Direitos Reais sobre Imveis - ITBI (art. 156, II, CF)

d) Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza - ISS (art. 156, III)

Imunidade, No-Incidncia, Iseno, Suspenso e Alquota ZeroAssunto dos mais importantes no Direito Tributrio o que trata dos institutos da imunidade, no-incidncia, iseno, suspenso e alquota zero. O interesse despertado porque, do ponto de vista do efeito financeiro para o contribuinte, todas essas figuras tributrias se equivalem. Ou seja, em todos os casos, o contribuinte nada deve pagar a ttulo de tributo. Entretanto, do ponto de vista tcnico-jurdico-tributrio, as conseqncias de cada uma daquelas situaes so diferentes tanto para o contribuinte como para a entidade tributante.

Imunidade, no-incidncia, iseno e suspenso

Imunidade tributriaImunidade tributria a vedao constitucional ao poder de tributar.A Constituio veda a entidade tributante a instituir ou cobrar o tributo, nas condies que estabelece. No caso de imunidade, por estar vedada a sua incidncia, no ocorre o fato gerador do tributo nem tampouco nasce a obrigao tributria.Como regra geral, a imunidade s se aplica aos impostos e no s taxas, contribuies de melhoria e demais tributos. Entretanto, h excees, como a prevista no art. 5, inciso XXXIV, relativa s taxas, e a estabelecida no pargrafo 7 do artigo 195, que, embora se refira iseno, obviamente, concede imunidade relativa a contribuies sociais.

Incidncia tributria

O tributo incide quando no houver imunidade tributria e ocorrer o seu fato gerador. evidente que, neste caso, a situao estar dentro do campo de incidncia do tributo.

No-incidncia

O tributo no incide quando:

a) houver imunidade constitucional (no-incidncia juridicamente qualificada); ou

b) o fato, a pessoa, a coisa ou a situao no estiverem no seu campo de incidncia (no-incidncia pura e simples ou natural); ou

c) no ocorrer o fato gerador, embora sendo possvel (no-incidncia pura e simples ou natural).

Iseno

O tributo isento quando:

a) no houver imunidade constitucional;

b) for possvel a sua incidncia (dentro do campo de incidncia);

c) ocorrer o seu fato gerador;

d) lei especfica conceder a iseno.

A iseno matria de lei, em sentido estrito, ou seja, a lei regularmente produzida pelo Poder Legislativo e sancionada pelo Poder Executivo, nos termos constitucionais.De acordo com o CTN, a iseno modalidade de excluso do crdito tributrio e pode ser concedida a qualquer tributo, seja imposto, taxa, contribuio de melhoria, etc.Suspenso

A exigibilidade do crdito tributrio suspensa quando:

a) no houver imunidade constitucional;

b) for possvel a sua incidncia;

c) ocorrer o seu fato gerador;

d) lei especfica conceder a suspenso.A suspenso, como a iseno, matria de lei, em sentido estrito e pode ser concedida a qualquer tributo. A suspenso sempre temporria. No seu trmino, o crdito tributrio ou toma-se novamente exigvel, ou isento, ou extinto.

Alquota zero

Quando o tributo tem alquota zero:

a) no h imunidade constitucional;

b) possvel a sua incidncia;

c) ocorre o seu fato gerador;

d) a lei fixa a alquota em "0"%, ou o Poder Executivo, mediante autorizao legal, a reduz por decreto, ou outro ato administrativo.

LIMITAES AO PODER DE TRIBUTARConceito

As limitaes ao poder de tributar consistem em princpios e normas jurdicas, consubstanciados em vedaes constitucionais, que tm por objetivo a garantia do cidado contra o abuso do poder de tributar por parte do Estado. Dessa simples definio deflui-se a importncia capital dos princpios constitucionais que informam todo o ordenamento jurdico do Estado.

Tipos de Limitaes (vedaes)

As limitaes constitucionais ao poder de tributar podem ser classificadas em gerais e parciais. As gerais, como obvio, atingem a todas as esferas de governo e a todos os tributos. Esto previstas no art. 150, I, II, III, IV e V da Constituio Federal. Tratam-se, entre outros, do princpio da legalidade, da isonomia, da anterioridade, etc. As limitaes parciais, como o nome indica, atingem, apenas, determinadas entidades e/ou determinados tributos. Constam dos arts. 150, VI, 151 e 152 da Constituio Federal. Alm dessas limitaes ou princpios expressos, h ainda os que se encontram disseminados no sistema constitucional de forma implcita.

Princpios Tributrios ExpressosPrincpio da personalizao do imposto e da capacidade contributiva (arT. 145, 1)

O 1 do art. 145 dispe que "sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados segundo a capacidade econmica do contribuinte...".Referido dispositivo estabelece diretriz das mais importantes para concretizar a justia fiscal. De fato, sendo pessoal e considerando a capacidade econmica do contribuinte, o imposto poder ser exigido na medida justa correspondente s condies de cada um. Vale dizer, o imposto dever ser progressivo, ajustando-se s caractersticas individuais dos contribuintes.

Princpio que veda as taxas TER base de clculo prpria dos impostos (arT. 145, 2)

O art. 145, 2, estabelece que "as taxas no podero ter base de clculo prpria de impostos".

Princpio da legalidade ou da reserva legal

(art. 150, I)

"No h tributo sem lei que o institua". O princpio da legalidade fundamental e representa, historicamente, a expresso mxima da soberania popular e da cidadania, na medida em que limitou o poder real, impedindo-o de instituir tributo de forma arbitrria, sem o consentimento dos cidados.A sua origem histrica remonta ao art. XII da "Magna Carta" imposta a Joo Sem Terra em 1215, na Inglaterra, em face da tributao abusiva. Antecede ao princpio genrico de que "ningum obrigado a fazer ou deixar de fazer, algo, seno em virtude de lei" (CF, art. 5, 11).Assim, o princpio da legalidade est includo nos direitos e garantias individuais previstos na Constituio Federal e, como tal, atinge a todos os tributos e a todas as entidades tributantes (geral).

S esto fora do alcance do princpio da legalidade as excees previstas na Constituio Federal, relativas ao Imposto de Importao, ao Imposto de Exportao, ao IPI, e ao IOF (art. 153, 1). No entanto, mesmo nesses casos, as condies e os limites de alterao das alquotas devem ser estabelecidos em lei. Assim, na verdade no so excees.

Em regra, o mesmo vale para a reduo ou dispensa de tributo, pois se somente a lei pode estabelecer a instituio de tributos, tambm somente ela pode determinar a extino e a majorao de tributos ou a sua reduo; a definio do fato gerador; a fixao da alquota e da base de clculo; a cominao de penalidades, e as hipteses de excluso, suspenso e extino de crditos tributrios ou de dispensa ou reduo de penalidades (art. 97 do CTN).

Observe-se, por fim, que Medida Provisria no lei formal. Portanto, no pode, a rigor, instituir ou aumentar tributo. (art. 62, 2 da CF/88). Princpio da isonomia (ou da igualdade tributria) (art. 150, II)O princpio da isonomia, previsto no art. 150, II, veda tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situaes equivalentes. Decorre do princpio geral de que todos so iguais perante a lei, sem qualquer distino, como dispe o caput do art. 5 da Constituio Federal.O referido princpio comporta duas vertentes: a generalidade, segundo a qual todos devem pagar, sem desigualdades fiscais, decorrentes de ocupao profissional ou funo exercida, de raa, classe, religio, etc., e a uniformidade dos tributos, pela qual devem ser adotados critrios idnticos que assegurem justa distribuio da carga tributria, de acordo com a capacidade contributiva de cada um.

A sua origem histrica encontra-se arraigada no art. 1 da "Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado", proclamada na Frana em 1789, constando, tambm, da "Declarao Universal dos Direitos do Homem", feita pela ONU em 1948, alm de estar presente em quase todas as atuais constituies nacionais do mundo.

Princpio da irretroatividade

(art.150, III, a)

O princpio da irretroatividade das leis basilar no sistema jurdico. Ele decorre dos princpios gerais que estatuem que "a lei no retroage, exceto para beneficiar" e que "a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada" (art. 5, XXXVI, CF).

No Direito Tributrio, tal princpio veda a cobrana de tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes da vigncia da lei. Em conseqncia, a legislao tributria aplica-se, imediatamente, aos fatos geradores futuros e aos pendentes, nos termos do art. 105 do CTN, somente aplicando-se a ato ou fato pretrito quando for expressamente interpretativa, excluda a aplicao de penalidades. Aplica-se, tambm, a ato no definitivamente julgado: quando deixar de defini-lo como infrao; quando deixar de trat-lo como contrrio a qualquer exigncia de ao ou omisso, exceto fraude ou falta de pagamento de tributo; e quando lhe cominar penalidade mais leve, de acordo com o art. 106 do CTN.

Princpio da anterioridade

(antigo princpio da anualidade) (art. 150, III, b)

Pelo princpio da anterioridade, s possvel cobrar tributo no exerccio seguinte ao da publicao da lei que o instituir ou majorar.So excees os impostos de importao, de exportao, sobre produtos industrializados, sobre operaes financeiras, sobre movimentaes financeiras, extraordinrio por motivo de guerra, os emprstimos compulsrios (s se for para atender despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia), e as contribuies para o financiamento da seguridade social, conforme os arts. 148, 149, 150 e 195 da Constituio Federal.Seu objetivo bsico o de assegurar a previsibilidade das normas tributrias, evitando-se surpresas ao contribuinte.

PRINCPIO DA VEDAO DO EFEITO CONFISCATRIO (ART. 150, IV)Ocorre o efeito confiscatrio quando a tributao extorsiva corresponde a uma verdadeira absoro, total ou parcial, da propriedade particular pelo Estado, sem o pagamento da correspondente indenizao ao contribuinte. O tributo deve ser justo, razovel e compatvel com a capacidade contributiva do sujeito passivo.

Princpio da vedao de limitaes ao trfego

(art. 150, V)Referido princpio veda o estabelecimento de limitaes ao trfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrana de pedgio pela utilizao de vias conservadas pelo Poder Pblico. Seu objetivo impedir o estabelecimento de barreiras ao trfego por meio de tributos.

Princpio da imunidade tributria

(arts. 150, VI, 153, 2,3 e 4, 155, 2, X, e 156, 2, I)

O inciso VI, do art. 150, veda Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios a instituio de impostos sobre:

a) o patrimnio, a renda ou os servios, uns dos outros. Neste caso, trata-se da imunidade recproca que visa a evitar que as unidades federadas tributem-se mutuamente, o que feriria o princpio da autonomia das entidades federadas. - Observe-se que a vedao atinge, apenas, aos impostos sobre o patrimnio, a renda ou os servios, no se aplicando aos demais tributos.

- extensiva s autarquias, s fundaes institudas e mantidas pelo poder pblico, no que se refere s suas finalidades essenciais ou no que delas decorrer.

- A imunidade no contempla o patrimnio, a renda e os servios relacionados com a explorao de atividades econmicas regidas pelas normas aplicveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestao ou pagamento de preos ou tarifas pelo usurio (servios pblicos explorados mediante concesso),- nem exonera o promitente comprador da obrigao de pagar o imposto relativamente ao bem imvel, nos termos do 30 do mesmo art. 150;

b) os templos de qualquer culto. A vedao aplica-se, somente, quanto ao patrimnio, renda e os servios relacionados com as finalidades essenciais das referidas entidades, conforme o 4 do art. 150;

c) o patrimnio, a renda ou os servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos. A vedao aplica-se, somente, quanto ao patrimnio, renda e os servios relacionados com as finalidades essenciais das referidas entidades, nos termos do 4 do art. 150. A imunidade , ainda, condicionada observncia pelas entidades dos seguintes requisitos: no distriburem qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas