acórdão do sta de 27/02/2013

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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 01242/12 Data do Acordão: 27-02-2013 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: FERNANDA MAÇÃS Descritores: OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO FISCAL PORTAGEM CRÉDITOS COBRANÇA PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL TRIBUNAL COMPETENTE Sumário: I - A cobrança de créditos de natureza não tributária, como é o caso das prestações pecuniárias devidas ao Instituto de Infra- Estruturas Rodoviárias, IP., através do processo de execução fiscal, depende de haver fundamento legal expresso o que acontece por força do estabelecido no art. 17º-A aditado à Lei nº 25/2006, de 30 de Junho, pela Lei nº 55-A/2010, de 31 de Dezembro. II - Para além deste fundamento legal especialmente plasmado, a execução coerciva da dívida em causa sempre estaria legitimada, por força da aplicação da regra geral do art. 155º, nº 1, do CPA, uma vez que o processo de execução em causa tem em vista o pagamento de prestação pecuniária que deve ser paga a “uma pessoa colectiva pública, ou por ordem desta”, caindo, desta forma, na previsão daquele preceito. Nº Convencional: JSTA000P15370 Nº do Documento: SA22013022701242 Data de Entrada: 13-11-2012 Recorrente: FAZENDA PÚBLICA Recorrido 1: A...... Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo I-RELATÓRIO 1. A………, com os sinais dos autos, deduziu oposição à execução fiscal relativa a coima aplicada pelo Instituto de Infra- Estruturas Rodoviárias – IP, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria que, por decisão proferida em 28 de Junho de 2012, julgou o Tribunal incompetente, em razão da matéria. 2. Não se conformando com tal decisão, a FAZENDA PÚBLICA interpôs recurso para a secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo, apresentando as suas

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Portagem, Execução fiscal, Oposição, Tribunal Competente

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  • Acrdos STA Acrdo do Supremo Tribunal AdministrativoProcesso: 01242/12Data do Acordo: 27-02-2013Tribunal: 2 SECORelator: FERNANDA MASDescritores: OPOSIO EXECUO FISCAL

    PORTAGEMCRDITOSCOBRANAPROCESSO DE EXECUO FISCALTRIBUNAL COMPETENTE

    Sumrio: I - A cobrana de crditos de natureza no tributria, como ocaso das prestaes pecunirias devidas ao Instituto de Infra-Estruturas Rodovirias, IP., atravs do processo de execuofiscal, depende de haver fundamento legal expresso o queacontece por fora do estabelecido no art. 17-A aditado Lei n25/2006, de 30 de Junho, pela Lei n 55-A/2010, de 31 deDezembro.II - Para alm deste fundamento legal especialmente plasmado,a execuo coerciva da dvida em causa sempre estarialegitimada, por fora da aplicao da regra geral do art. 155, n1, do CPA, uma vez que o processo de execuo em causa temem vista o pagamento de prestao pecuniria que deve serpaga a uma pessoa colectiva pblica, ou por ordem desta,caindo, desta forma, na previso daquele preceito.

    N Convencional: JSTA000P15370N do Documento: SA22013022701242Data de Entrada: 13-11-2012Recorrente: FAZENDA PBLICARecorrido 1: A......Aditamento:

    Texto Integral

    Texto Integral: Acordam na Seco de Contencioso Tributrio do SupremoTribunal Administrativo

    I-RELATRIO

    1. A, com os sinais dos autos, deduziu oposio execuo fiscal relativa a coima aplicada pelo Instituto de Infra-Estruturas Rodovirias IP, no Tribunal Administrativo e Fiscalde Leiria que, por deciso proferida em 28 de Junho de 2012,julgou o Tribunal incompetente, em razo da matria.

    2. No se conformando com tal deciso, a FAZENDA PBLICAinterps recurso para a seco de Contencioso Tributrio doSupremo Tribunal Administrativo, apresentando as suas

  • Alegaes, com as seguintes Concluses:A) O Tribunal a quo julgou-se incompetente, em razo damatria, para conhecer a oposio execuo, porcontraordenao de 2009 e respectiva coima aplicada pelo INIR,a que os autos respeitam.B) Sucede que a Lei n. 55-A/2010, de 31 de Dezembro (Lei doOramento do Estado para 2011), procedeu no seu artigo 175 aaditamento Lei n. 25/2006, de 30 de Junho, tendo introduzidoo artigo 17-A:1.Compete ao Instituto de Infra-Estruturas Rodovirias, I.P.,adoptar as medidas necessrias para que, quando no ocorra ono pagamento em conformidade com o disposto no artigo 16.,haja lugar execuo do crdito composto pela taxa deportagem, coima e custos administrativos, a qual segue, com asnecessrias adaptaes, os termos dos artigos 148. eseguintes do Cdigo do Procedimento e de Processo Tributrio.2. As entidades referidas no n. 1 do artigo 11. da presente leipreparam e remetem, para emisso, o ttulo executivo aoInstituto de Infra-Estruturas Rodovirias, I. P., que exerce asfunes de rgo de execuo a quem compete promover acobrana coerciva dos crditos referidos no nmero anterior.(sublinhados nossos)C) Estabelece tambm o n. 3 do artigo 175 da Lei n. 55-A/2010, de 31 de Dezembro, que tal regime aplica-se a todos osprocessos executivos que se iniciem aps 1 de Janeiro de 2011,independentemente do momento em que foi praticado o factoque motivou a aplicao de sano contraordenacional.D) A Lei n. 55-A/2010, de 31 de Dezembro, previu umaautorizao legislativa para a aprovao de um regime especialde execuo dos crditos de que o INIR seja titular, o qual, notendo sido aprovado, leva aplicao do estabelecido no artigo17-A da Lei n. 25/2006, de 30 de Junho, no que respeita aorecurso ao regime processual do CPPT, designadamente osartigos 148 e seguintes.E) O processo executivo em causa tem como base um tituloexecutivo certido de dvida emitido pelo INIR, IP.,enquanto rgo de execuo, tendo, por carta precatria,solicitado AT, nos termos dos artigos 185. e 186. do CPPT, arealizao de actos executrios subsequentes emisso dotitulo executivo.F) Os Tribunais Judiciais so os tribunais comuns em matriacvel e criminal e exercem jurisdio em todas as reas noatribudas a outras ordens judiciais, de acordo com o dispostonos artigos 211., n. 1, e 213. da Constituio da RepblicaPortuguesa, o que no o caso dos autos.

  • G) Acresce que, ao contrrio do que resulta da deciso a quo, oartigo 148. do CPPT estabelece que podero ser cobradasmediante processo de execuo fiscal outras dvidas ao Estadoe a outras pessoas colectivas de direito pblico que devam serpagas por fora de ato administrativo, desde que exista previsolegal expressa, o que claramente se verifica com a introduodo artigo 17-A Lei n. 25/2006, de 30 de Junho.H) Os Tribunais Judiciais tm-se vindo a declarar materialmenteincompetentes nos processos de cobrana coerciva do crditocomposto pelas taxas de portagem, coima e custosadministrativos.I) Destarte, tomando em conta o invocado, impunha-se que oTribunal a quo tivesse feito prosseguir o processo de oposio,julgando-se materialmente competente para o conhecimento domrito da causa.Termos em que, e nos mais de Direito aplicvel, dever serdado integral provimento ao presente recurso, julgando-oprocedente, por provado e, em consequncia, revogada asentena de que se recorre, assim fazendo, V. Exas.,Venerandos Conselheiros, a costumada JUSTIA!

    3. No foram apresentadas Contra-alegaes.

    4. O Ministrio Pblico, junto do STA, emitiu douto Parecer,onde se pode ler, entre o mais, que:()Compete ao Instituto das Infra-Estruturas Rodovirias promovera instaurao da respectiva execuo a qual segue, com asnecessrias adaptaes, os termos do processo de execuofiscal (art.17-A Lei n25/2006, 30 junho aditado pelo art.175 Lein 55- A/20l0,31 dezembro -Lei OGE 2011)Este regime aplica-se a todos os processos iniciados aps 1janeiro 201l, independentemente do momento em que foipraticado o facto que motivou a aplicao da sanocontraordenacional (art. 175 n3 Lei n 55-A/2010, 31dezembro)O processo de execuo fiscal visa a cobrana coerciva decoimas aplicadas em processo de contra-ordenao tributria(art.65 n1 RGIT; art. 148 n1 al.b) CPPT)Nos casos e termos expressamente previstos na lei podero sercobradas mediante processo de execuo fiscal dvidas apessoas colectivas de direito pblico (caso de Instituto de Infra-Estruturas Rodovirias, I.P.) que devam ser pagas por fora deacto administrativo (art. 148 n2 al. a) CPPT)2.Embora a questo no seja de soluo lquida, propendemos

  • ao entendimento de que a incompetncia do tribunal tributriopode constituir fundamento de oposio execuo fiscal, namedida em que a declarao de incompetncia pe termo aoprocesso no tribunal onde corre a execuo (cf. neste sentidoJorge Lopes de Sousa Cdigo de Procedimento e de ProcessoTributrio anotado e comentado 5 edio Volume II 2007anotao 44. ao art.204 p.370)CONCLUSOO recurso merece provimento.().

    5. Colhidos os vistos legais, cumpre apreciar e decidir.

    II- FUNDAMENTOS

    1-DE FACTO E DE DIREITO

    1. A, no mbito do processo de execuo fiscal n1350201101085379, que corre contra si, na sequncia de dvidaresultante da condenao em coima pelo instituto de Infra-Estruturas Rodovirias IP (INIR), deduziu oposio execuo, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria,alegando, em sntese, a prescrio do procedimento e aprescrio da coima.O Mm Juiz a quo proferiu despacho liminar concluindo pelaincompetncia, em razo da matria, no recebendo a oposio.Para tanto, ponderou, entre o mais, que: () O TAF, porm, como a AT, no tm competnciamaterial, para conhecer desta matria, porque o INIR e a DGCI,pelo menos em 2009, no tinham qualquer norma legal, quelhes permita, por protocolo/acordo [que neste processo noconsta junto, como devia, e no se percebe porqu] definir acompetncia legal deste tribunal) e da AT, e subtrair o processodo foro legal dos tribunais comuns. Vejamos. () O regime aplicvel s coimas o do RGIT,subsidiariamente [artigo 3 do RGIT] o RGCO, que remete[artigos 32 e 41] para o CP e o CPP, respectivamente. () O PEF por coima, previsto no artigo 65, do RGIT, foi aliconsagrado por razes de economia processual, de meios eesforos, para melhor assegurar a defesa e a paz jurdica doarguido em processo de CO tributrio, a que a sano/coimaest umbilicalmente ligada. () O artigo 65-1, do RGIT, dispe que As coimas aplicadasem processo de contra-ordenao tributrio so cobradascoercivamente em processo de execuo fiscal. Assim, s cobrvel atravs de PEF a coima/pena aplicada em processo

  • de contra-ordenao tributria. Este artigo 65, do RGIT,remete-nos, entre o mais, para o artigo 148 do CPPT, onderegula o PEF. O artigo 148-1, do CPPT, dispe que O processo deexecuo fiscal abrange a cobrana coerciva das seguintesdvidas: a) Tributos, incluindo impostos aduaneiros, (...) b)Coimas e outras sanes pecunirias fixadas em decises,sentenas ou acrdos relativos a contra-ordenaes tributrias,salvo quando aplicadas pelos tribunais comuns. [A Lei 3-B/2010, de 28/4 aditou a seguinte alnea: c) Coimase outras sanes pecunirias decorrentes da responsabilidadecivil determinada nos termos do Regime Geral das InfracesTributrias.). Daqui resulta que o PEF apenas se aplica a contra-ordenaes tributrias. A alnea c), aditada em 2010, respeitarfundamentalmente s coimas e outras sanes revertidas para odevedor subsidirio, nos termos do artigo 8 do RGIT. Se a coima for de natureza no tributria, a impugnaojudicial da condenao feita, nos termos do artigo 59, doRGCO, para o tribunal comum. Se a coima for de natureza fiscala impugnao da deciso condenatria feita nos termos doartigo 80, do RGIT. () No existia, pois, qualquer norma a atribuir competnciaaos TAF ou sequer AT; e, seguindo-se o RGCO acompetncia material da impugnao e da execuo, esta aquiem jogo, era dos tribunais comuns e no da AT e respectivoTAF. ().Contra este entendimento vem o presente recurso, pugnando aFazenda Pblica pela competncia dos TribunaisAdministrativos e Fiscais, por fora da aplicao da Lei n. 55-A/2010, de 31 de Dezembro (Lei do Oramento do Estado para2011), que procedeu, no seu artigo 175, ao aditamento do art.17-A Lei n. 25/2006, de 30 de Junho.Em face do exposto, a questo central a decidir traduz-se emsaber se o Mm Juiz a quo incorreu em erro de julgamento aoconcluir pela incompetncia do Tribunal recorrido em razo damatria para conhecer da oposio em causa.

    2. Como ficou dito, o Mm Juiz a quo concluiu que so ostribunais comuns os competentes para apreciar a matria emquesto, no havendo suporte legal para o presente processode execuo de coima seguir o PEF do artigo 65, do RGIT e148, n 1, al. b), do CPPT, nem de onde resulte a competnciamaterial do TAF, pelo que, este tribunal incompetente em

  • razo da matria.Acontece que, salvo o devido respeito, no assiste razo aoMm Juiz a quo, porquanto, embora estando em causa aexecuo por dvida resultante de aplicao de coima denatureza no tributria, a verdade que existe fundamento legalpara tal. Vejamos.Como refere a recorrente, a Lei n 55-A/2010, de 31 deDezembro (Lei do Oramento do Estado para 2011), procedeu,no seu artigo 175, ao aditamento do art. 17-A, Lei n.25/2006, de 30 de Junho, que dispe como se segue:1.Compete ao Instituto de Infra-Estruturas Rodovirias, I.P.,adoptar as medidas necessrias para que, quando no ocorra ono pagamento em conformidade com o disposto no artigo 16.,haja lugar execuo do crdito composto pela taxa deportagem, coima e custos administrativos, a qual segue, com asnecessrias adaptaes, os termos dos artigos 148. eseguintes do Cdigo do Procedimento e de Processo Tributrio.2. As entidades referidas no n. 1 do artigo 11. da presente leipreparam e remetem, para emisso, o ttulo executivo aoInstituto de Infra-Estruturas Rodovirias, I. P., que exerce asfunes de rgo de execuo a quem compete promover acobrana coerciva dos crditos referidos no nmero anterior.Por sua vez, estabelece o n. 3 do art. 175 da Lei n. 55-A/2010, de 31 de Dezembro, que tal regime se aplica a todosos processos executivos que se iniciem aps 1 de Janeiro de2011, independentemente do momento em que foi praticado ofacto que motivou a aplicao de sano contraordenacional.Em conformidade com o exposto, o Instituto das Infra-EstruturasRodovirias, IP., (INIR) ao abrigo do disposto no art. 162, al. b),e 163 do CPPT, emitiu a certido de dvida de fls 11 ss.dirigida ao Servio de Finanas de Caldas da Rainha parainstaurao de processo de execuo para cobrana coercivade dvida certa, lquida e exigvel, e do seu acrescido, de acordocom o disposto no art. 17-A da Lei n 25/2006, de 30 de Junho,em que executado A.Quanto dvida, pode ler-se na referida certido:Natureza: Taxa de portagem, coima e custos administrativos,decorrentes da prtica de contra-ordenao prevista na Lei n25/2006, de 30 de Junho, pelo no pagamento ou pelopagamento viciado de taxas de portagem em infra-estruturasrodovirias. Provenincia: Por deliberao do Conselho Directivo do InIR,I.P., de 09-02-2010, no mbito do processo de contra-ordenaon 100920072, o(a) Executado(a) foi condenado(a) ao

  • pagamento da quantia global de 197,55, que abrange osvalores da taxa de portagem (11,55), da coima (173,25) e doscustos (12,75), por ter transposto, atravs de via reservada aaderentes a sistema electrnico de cobrana de portagens, semque o veculo utilizado estivesse a esse sistema associado, pormeio de contrato de adeso vlido/em incumprimento dascondies de utilizao prevista no contrato de adeso aoreferido sistema, por falta ou deficiente colocao doequipamento no veculo/por falta de validao do equipamentonos termos contratualmente acordados/por o meio depagamento associado ao equipamento no ser vlido/por aconta bancria associada ao mesmo se encontrar desprovida desaldo que permita o dbito da taxa de portagem devida.Notificada e tornada definitiva a deciso administrativa, e notendo o (a) Executado(a) procedido ao pagamento da quantiadevida, passou-se cobrana coerciva dos crditos em causa.Montante: 197, 55Data em que comearam a vencer-se juros de mora: 29-05-2010Valor sujeito a juros de mora: 24,3.Ora, emitida e remetida ao rgo de execuo fiscal a referidacertido de dvida a mesma constitui ttulo executivo, nos termose para os efeitos do disposto no art. 162, alnea a), do CPPT,tendo o INIR, IP., por carta precatria solicitado AdministraoTributria a realizao de todos os actos executriossubsequentes emisso do ttulo executivo.Como refere a recorrente, na ausncia de criao deprocedimento especfico para o efeito, a execuo h-deregular-se nos termos gerais, com base no consagrado no art.148 do CPPT. Com efeito, dispe o referido preceito que o processo deexecuo aplicvel, entre o mais, a Outras dvidas ao Estadoe a outras pessoas colectivas de direito pblico que devam serpagas por fora de acto administrativo.Em anotao a este preceito, JORGE LOPES DE SOUSA ( Cfr.Cdigo de Procedimento e de Processo Tributrio, 6 ed., reas Editora, 2011, Lisboa, vol. III,p.32.) pondera que A cobrana de crditos de natureza notributria, como o caso, atravs do processo de execuofiscal depende sempre da existncia de lei expressa que prevejatal forma de cobrana, como resulta do corpo do n 2 desteartigo.Relativamente s dvidas que devam ser pagas por fora deacto administrativo, existe norma de carcter geral que autorizaa utilizao do processo de execuo fiscal, que o art. 155, n1, do CPA, em que se estabelece que quando por fora de umacto administrativo devam ser pagas a uma pessoa colectiva

  • pblica, ou por ordem desta, prestaes pecunirias, seguir-se-, na falta de pagamento voluntrio no prazo fixado, o processode execuo fiscal regulado no Cdigo de Processo Tributrio.Aplicando o exposto ao caso em apreo, temos, em primeirolugar, que existe o fundamento legal exigido no corpo do n 2 doart. 48 do CPPT, e que , como vimos, a Lei n 55-A/2010, de31 de Dezembro.Para alm deste fundamento legal especialmente plasmado, aexecuo coerciva da dvida em causa sempre estarialegitimada, por fora da aplicao da regra geral do art. 155 doCPA, uma vez que o processo de execuo em causa tem emvista o pagamento de prestao pecuniria, que deve ser paga auma pessoa colectiva pblica, ou por ordem desta, caindo,desta forma, na previso do n 1 daquele preceito do CPA. Finalmente, como alega a recorrente, o regime institudo pelaLei n 55-A/2010 aplica-se a todos os processos iniciados aps1 Janeiro 201l, independentemente do momento em que foipraticado o facto que motivou a aplicao da sanocontraordenacional, nos termos do disposto no art. 175, n 3,daquele diploma.Em suma, por tudo o que vai exposto, assiste razo recorrentequando afirma a competncia dos Tribunais Administrativos eFiscais para conhecer os litgios derivados da execuo coactivadas dvidas que devam ser pagas ao INIR, IP., por fora daaplicao do regime resultante do art. 17-A, preceito aditadopela Lei n 55-A/2010, de 31 de Dezembro, Lei n 25/2006, de30 de Junho.Termos em que, a sentena recorrida que decidiu em sentidodiverso deve ser revogada, dando-se provimento ao recurso,impondo-se, nesta sequncia, que os autos baixem 1instncia para que, se a tal nada mais obstar, seja conhecido omrito da oposio.

    III- DECISO

    Face ao exposto, os Juzes da Seco do ContenciosoTributrio do Supremo Tribunal Administrativo acordam, emconferncia, conceder provimento ao recurso, revogar asentena recorrida e ordenar que os autos regressem 1instncia para a prosseguirem, se a tal nada mais obstar.

    Sem custas.

    Lisboa, 27 de Fevereiro de 2013. - Fernanda Mas (relatora) -Casimiro Gonalves - Francisco Rothes.