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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 0906/14 Data do Acordão: 15-10-2014 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: DULCE NETO Descritores: LITISPENDÊNCIA RECLAMAÇÃO DE ACTO PRATICADO PELO ÓRGÃO DA EXECUÇÃO FISCAL Sumário: I – A litispendência, materializando-se na repetição de uma causa pendente, constitui excepção dilatória, que tem por objectivo evitar que o tribunal contradiga ou reproduza uma decisão anterior. II – A litispendência só ocorrerá se, cumulativamente, nas acções em apreciação, intervierem as mesmas partes, sob a mesma qualidade jurídica, pretendendo obter, nessas acções, o mesmo efeito jurídico e esse efeito jurídico tiver por causa o mesmo facto jurídico. Nº Convencional: JSTA000P18060 Nº do Documento: SA2201410150906 Data de Entrada: 17-07-2014 Recorrente: A.............,S.A. Recorrido 1: FAZENDA PUBLICA Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Acordam, em conferência, na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: 1. A………….-…………., S.A., com os demais sinais dos autos, recorre da sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que, na reclamação judicial por si apresentada ao abrigo do disposto nos arts. 276º e seguintes do CPPT contra a decisão do órgão de execução fiscal de indeferimento do pedido de suspensão do processo de execução fiscal nº 3182199901018280, julgou verificada a excepção dilatória de litispendência face a uma preexistente reclamação, apresentada no âmbito do mesmo processo de execução e que nesse mesmo Tribunal corre sob o n.º 165/12.9BEPRT. 1.1. Rematou as alegações de recurso com as seguintes conclusões: 1. A Recorrente decidiu, de sua livre e espontânea vontade, apresentar em 04.09.2012 um segundo pedido de suspensão do processo de execução fiscal. Página 1 de 16 Acordão do Supremo Tribunal Administrativo 27-10-2014 http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/b609ae511e099222...

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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal AdministrativoProcesso: 0906/14Data do Acordão: 15-10-2014Tribunal: 2 SECÇÃORelator: DULCE NETO Descritores: LITISPENDÊNCIA

RECLAMAÇÃO DE ACTO PRATICADO PELO ÓRGÃO DA EXECUÇÃO FISCAL

Sumário: I – A litispendência, materializando-se na repetição de uma causa pendente, constitui excepção dilatória, que tem por objectivo evitar que o tribunal contradiga ou reproduza uma decisão anterior.II – A litispendência só ocorrerá se, cumulativamente, nas acções em apreciação, intervierem as mesmas partes, sob a mesma qualidade jurídica, pretendendo obter, nessas acções, o mesmo efeito jurídico e esse efeito jurídico tiver por causa o mesmo facto jurídico.

Nº Convencional: JSTA000P18060Nº do Documento: SA2201410150906Data de Entrada: 17-07-2014Recorrente: A.............,S.A.Recorrido 1: FAZENDA PUBLICAVotação: UNANIMIDADE

Aditamento:

Texto Integral

Texto Integral: Acordam, em conferência, na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

1. A………….-…………., S.A., com os demais sinais dos autos, recorre da sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que, na reclamação judicial por si apresentada ao abrigo do disposto nos arts. 276º e seguintes do CPPT contra a decisão do órgão de execução fiscal de indeferimento do pedido de suspensão do processo de execução fiscal nº 3182199901018280, julgou verificada a excepção dilatória de litispendência face a uma preexistente reclamação, apresentada no âmbito do mesmo processo de execução e que nesse mesmo Tribunal corre sob o n.º 165/12.9BEPRT.

1.1. Rematou as alegações de recurso com as seguintes conclusões:

1. A Recorrente decidiu, de sua livre e espontânea vontade, apresentar em 04.09.2012 um segundo pedido de suspensão do processo de execução fiscal.

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2. Tal como se deduz da factualidade provada, as circunstâncias que estão na base dos pedidos de suspensão do processo de execução fiscal apresentados no SF em 22.12.2011 e em 04.09.2012 não são as mesmas.

3. Conforme se denota da factualidade provada, o requerimento apresentado em 22.12.2011 teve por fundamento evitar quaisquer actos de penhora dos quais a AT tinha entretanto ameaçado a Recorrente.

4. Por sua vez, o requerimento apresentado em 04.09.2012 teve na sua base o facto de a AT recusar à Recorrente a emissão de certidão de situação tributária regularizada.

5. A Recorrente não iria apresentar um segundo pedido de suspensão do processo de execução fiscal por seu bel-prazer, sem uma nova justificação objectiva para o fazer.

6. Ou seja, as circunstâncias que motivaram ambos os pedidos não são as mesmas e em ambos os casos as circunstâncias motivadoras dos requerimentos são única e exclusivamente imputáveis à AT.

7. Conforme resulta do teor dos dois pedidos de suspensão do processo de execução fiscal, as motivações e circunstâncias que justificaram um e outro são substancialmente distintas.

8. Assim, a douta sentença recorrida padece de erro de julgamento quando afirma que o segundo pedido é a “repetição” do primeiro.

9. A Recorrente não iria apresentar um segundo pedido junto do SF se não tivesse nova justificação para o efeito.

10. Sendo certo que o segundo pedido, tal como resulta do seu teor, não foi uma repetição do anterior.

11. De modo que a douta Sentença recorrida padece igualmente de erro de julgamento quando afirma que a Reclamante “provocou” uma segunda pronúncia por parte do Chefe do SF.

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12. Com efeito, resulta da factualidade provada e dos demais sinais dos autos que o segundo pedido apresentado no SF foi motivado por factores externos, originários da AT, tal como resulta do seu teor - não tendo decorrido da livre e espontânea vontade da Reclamante, aqui Recorrente.

Por outro lado,

13. A douta sentença padece igualmente de erro de julgamento quando afirma, a fls. 9/10, que os pedidos, nesta reclamação judicial e na reclamação

judicial nº 165/12.9BEPRT, são os mesmos.

14. Com efeito, o efeito jurídico almejável em ambas as reclamações judiciais não reside (nem pode residir), em qualquer dos casos, na obtenção da suspensão do processo de execução fiscal.

15. É que o processo de reclamação judicial previsto nos artigos 276º e ss. do CPPT é um contencioso de mera anulação e não de plena jurisdição,

16. conforme resulta do disposto nos artigos 95º nº 1

e nº 2 j) e 103º nº 2 da LGT, e 97º nº 1 n) e 276º do CPPT, quando nestes se afirma que as decisões do órgão de execução fiscal são passíveis de reclamação judicial.

17. No processo de reclamação judicial o contribuinte apenas pode obter, em caso de deferimento, a anulação do despacho reclamado - não sendo possível, em caso de deferimento da reclamação judicial, obter a condenação do órgão de execução fiscal a qualquer comportamento ou à prática de qualquer acto, como a suspensão do processo de execução fiscal.

Acresce ainda

18. Tal como resulta da factualidade provada, os despachos administrativos reclamados neste processo de reclamação judicial e no processo de reclamação judicial nº 165/12.9BEPRT são distintos.

19. Consequente, os pedidos anulatórios desses despachos, formulados neste processo de

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reclamação judicial e no processo de reclamação judicial nº 165/12.9BEPRT, são igualmente distintos.

20. Ou seja, os efeitos jurídicos visados num e noutro processo de reclamação judicial não são coincidentes: aqui pretende-se a anulação do despacho de 02.10.2012; no processo de reclamação

judicial nº 165/12.9BEPRT pediu-se a anulação do despacho do órgão de execução fiscal de 23.12.2011.

21. Deste modo, não se verifica a excepção da litispendência, tendo em conta que não se verifica a identidade de pedidos num e noutro processo.

22. Com efeito, constitui requisito legal da litispendência, entre outros, a identidade de pedidos (cfr. artigo 581º nºs. 1 e 3 do CPC).

23. Assim, a sentença recorrida interpretou e aplicou erradamente as referidas disposições legais e os

artigos 278º nº 1 e), 577º i), 580º nº 2 e 582º do CPC.

Acresce que,

24. A sentença atribuiu aos presentes autos o valor do processo de execução fiscal, Euro 584.193,27.

25. Ora, o valor da presente reclamação judicial deve ser, outrossim, de apenas Euros 5.000,00, coincidente com a alçada da 1ª Instância dos Tribunais Judiciais.

26. Por força do disposto artigo 97º-A nº 2, in fine, do CPPT, pois este processo de reclamação judicial não se integra em qualquer das alíneas do nº 1 do mesmo preceito legal.

27. Pelo que, nos termos daquele artigo 97º-A nº 2 do CPPT, o limite máximo do valor da causa corresponde ao valor da alçada da 1ª instância dos tribunais judiciais, que é de Euro 5.000,00.

28. De modo que a douta sentença violou o referido artigo 97º-A nº 2 do CPPT.

Nestes termos, nos melhores de Direito e com o douto suprimento de V. Exas, concedendo provimento ao presente recurso e, consequentemente, revogando a douta sentença

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recorrida, com as legais consequências, V. Exas. farão, como sempre, inteira JUSTIÇA.

1.2. A Fazenda Pública, ora Recorrida, não apresentou contra-alegações.

1.3. O Exmº Magistrado do Ministério Público pronunciou-se no sentido de que o recurso não merecia provimento, por lhe parecer que nenhuma censura merece a decisão recorrida.

1.4. Com dispensa de vistos, dada a natureza urgente do processo, cumpre decidir.

2. Na decisão recorrida deu-se como assente a seguinte factualidade:

A) Contra a Reclamante corre termos o processo de execução fiscal nº 3182 1999 01018280, instaurado pelo Serviço de Finanças do Porto 2, para cobrança de dívidas relativas a IRC e juros compensatórios do exercício de 1993.

B) Em 22/07/1999, a Reclamante prestou garantia, sob a forma de seguro-caução, no processo de execução fiscal referido na alínea anterior, no valor de Esc. 124.194.000$00.

C) Em 09/06/2010, a Reclamante apresentou reclamação judicial contra o despacho de 27/05/2010 que indeferiu o pedido de declaração de prescrição da dívida exequenda (pedido apresentado em 26/01/2010), reclamação que correu termos neste TAF sob o nº 1766110.5BEPRT, tendo sido proferida sentença em 23/12/2011, que a julgou improcedente, encontrando-se em recurso para o STA – Cfr. fls 33 e 217 a 250 e facto do conhecimento deste Tribunal.

D) Em 22/12/2011, a Reclamante apresentou um requerimento junto do Serviço de Finanças do Porto 2 a requerer a suspensão do processo de execução fiscal referido na alínea A), com o seguinte teor:“1. Relativamente a este processo de execução fiscal, a Requerente prestou garantia no montante de Esc. 124.194.000$00, em 22.07.1999, que está pendente.2. Por outro lado, apresentou, em 09.06.2010, junto do 2º SF do Porto, reclamação judicial ao abrigo do

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artigo 276º do CPPT contra o indeferimento do pedido de declaração de prescrição da dívida que o contribuinte havia apresentado no 2º SF do Porto - reclamação, esta, que está pendente na Unidade Orgânica 3 do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto sob o processo n.º 1766/1 0 5BEPRT.3. Nestas circunstâncias, e por força do disposto nos artigos 5º nº 1 e 2 da LGT e 169º nºs 1 e 11 do CPPT, o processo de execução fiscal deve estar suspenso (até trânsito em julgado da decisão judicial a proferir naquela reclamação judicial) e a situação tributária deve considerar-se como regularizada.6. Quaisquer actos de penhora, no processo de execução fiscal acima referido, serão manifestamente ilegais.7. Efectivamente, o sobredito processo de execução fiscal deve estar suspenso, como acima se referiu. (...) – Cfr. fls. 175 a 176.

E) Em 23/12/2011, foi proferido despacho pelo Chefe do Serviço de Finanças do Porto 2 nos seguintes termos: “Concordo pelo que indefiro o pedido, já que não resulta da lei a existência de qualquer efeito suspensivo da execução quando da apresentação de reclamação judicial do art. 276º e ss do CPPT, associada ou não à prestação de garantia. Notifique-se” – Cfr. fls. 273.

F) O despacho referido na alínea anterior teve por base a Informação de 23/12/2011 com o seguinte teor:“Face ao requerimento que deu entrada neste Serviço de Finanças, dia 22/12/2011, a solicitar a suspensão do processo executivo em referência, cabe-me informar V.Exªs:1 - O proc. exec. em causa foi instaurado por dívida de IRC/1993 em 24/04/1999 com base na certidão de dívida nº 101.3182.1999.49421, referente à liquidação nº19988310015765 pelo montante de € 459.992, 76;2 - A referida liquidação foi alvo de Impugnação Judicial a que foi atribuído no SF o nº 3182199903000435;3 - Para efeitos de suspensão nos termos do art. 169º do CPPT foi apresentado o seguro-caução nº 800.728.05, emitido pela B…………..-…………..SA, no montante de € 619.477,06, sem prazo de validade, que foi associada ao PEF com o nº 3182.2011338.

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4 - A Impugnação veio a ser julgada parcialmente procedente;5 - Face a esta decisão foi efectuada em 8/05/2010 uma reformulação à liquidação inicial que produziu um valor a anular de €16 932.31;6 - Não obstante ter apresentado Reclamação Graciosa em 6/06/2011 (nº 3182201104002261) para esta liquidação correctiva, que foi extinta em 28/11/2011 no C………… por indeferimento da Divisão de Justiça Administrativa e Contenciosa da DF Porto, veio ainda à execução apresentar requerimento a solicitar a prescrição da divida;7 - Após análise, o pedido foi indeferido por Despacho do Chefe deste Serviço de Finanças em 27/05/2010 tendo ainda sido ordenada a execução da garantia prestada, uma vez que a dívida não tinha sido paga;8 - Deste Despacho o contribuinte apresentou Reclamação nos termos do art 276 do CPPT (Proc. nº 1766/10.5BEPRT), com subida imediata, a qual foi remetida ao TAF do Porto acompanhada do respectivo processo executivo;9 - A Representação da Fazenda Pública contestou em 15/07/2010;10 - A referida RAC encontra-se ainda pendente de decisão no TAF;11 - Este processo mereceu Informação e Parecer da Divisão Gestão da Divida Executiva no sentido do não prosseguimento da execução, devendo o SF aguardar pelo trânsito em julgado da decisão a proferir pelo Tribunal no âmbito da RAC (cf cópia anexa), não obstante não configurar a figura da suspensão prevista no art.º 169 do CPPT;12 - Sobre o assunto em apreço foi proferido Despacho concordante do Sr. Director de Finanças do Porto;13 - Convém referir que não é possível o averbamento da RAC a nível informático nem esta configura a suspensão legal;14 - Dando cumprimento a este Despacho este Serviço de Finanças informou no D………… não ser de publicitar o referido processo executivo e procedeu ao cancelamento de todas as penhoras;15 - Por último convém referir que o processo executivo pende, nesta data, pela quantia de €584.193,27 (sendo €443.060,45 de quantia

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exequenda € 136.153,63 de J. Mora e €4.618,89 de custas).”

G) Em 09/01/2012, foi apresentada reclamação judicial do despacho referido na alínea E) que corre termos neste Tribunal sob o nº 165/12.9BEPRT.- Cfr. fls. 120 a 131 e facto do conhecimento deste Tribunal.

H) No processo nº 165/12.9BEPRT, a Fazenda Pública foi notificada para contestar em 23/01/2012. - Fls 282.

I) Ainda não foi proferida decisão no processo nº 165/12.9BEPRT,encontrando-se suspenso a aguardar o trânsito em julgado da decisão do processo nº 1766/10.5BEPRT - facto do conhecimento deste Tribunal.

J) Em 04/09/2012, a Reclamante apresentou um requerimento junto do Serviço de Finanças do Porto 2 a requerer a suspensão do processo de execução fiscal referido na alínea A), com o seguinte teor:1. Como já é de conhecimento deste Serviço de Finanças, a Associação de Turismo do Porto e Norte (“E…………&………….”) solicitou à Requerente uma certidão de situação tributária regularizada.2. Como é sabido, tal certidão destina-se à atribuição de apoios financeiros à Requerente, no valor de € 16.000,00.3. A Requerente tem, por isso, a máxima urgência na obtenção da referida certidão, sendo que se esgota em breve o prazo concedido à Requerente para apresentação da mesma,4. Por esse motivo, remeteu a este Serviço de Finanças, em 21.07.2012, um requerimento urgente solicitando a suspensão do processo executivo para emissão de certidão regularizada.5. Tal sucedeu porque a Requerente consultou a sua situação tributária “online” tendo verificado que se encontra ilegalmente “em aberto” o processo de execução fiscal nº 3182199901018280, relativo a IRC do exercício de 1993.Sucede que,6. Como é de conhecimento oficioso da Administração Fiscal, relativamente a este processo de execução fiscal, a Requerente prestou em 22.07.1999 um seguro caução no montante de

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124.194000$00, o qual ainda se encontra pendente.7. Por outro lado, a Requerente apresentou em 09.06.2010, junto deste Serviço de Finanças, reclamação judicial ao abrigo do art. 276º do CPPT contra o indeferimento do pedido de declaração de prescrição da dívida … reclamação esta que ainda está pendente de decisão na 3ª Unidade Orgânica do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, sob o processo nº 1766/10.5BEPRT.8. Nestas circunstâncias, e por força do disposto nos artigos 52º nº 1 e 2 da LG T e 169º nºs 1 e 11 do CPPT, o processo de execução fiscal deve estar suspenso (até trânsito em julgado da decisão judicial a proferir naquela reclamação judicial) e, por via disso, a situação tributária deve considerar-se como regularizada.(…)11. A manutenção deste processo de execução fiscal em aberto é manifestamente ilegal, e como referido pode causar prejuízo à Requerente, nomeadamente a perda do referido benefício de cerca de 16 mil euros, caso a Requerente não obtenha, de imediato uma certidão de situação tributária regularizada — ou seja, até á próxima 4ª feira, dia 27 de Junho.12. Pelo que, se tal vier a suceder, não restará à Requerente outra alternativa senão agir judicialmente contra o Estado em sede de responsabilidade civil extracontratual, para além da responsabilidade disciplinar e criminal que ao caso couber, quer colectiva, quer individualmente, contra os órgãos e agentes envolvidos.13. Apesar das insistências e da urgência que a situação envolve, este Serviço de Finanças optou por remeter-se ao silêncio - sendo que, nem responde ao pedido do contribuinte, comunicando-lhe aquilo que entende ser a sua posição, nem procede à requerida suspensão do processo.PELO EXPOSTO, requer a V. Exa que se digne:a) proferir decisão sobre o pedido de suspensão formulado, ou;b) ordenar a imediata suspensão do processo de execução fiscal. (...)”.

K) Em 02/10/2012, foi proferido despacho pelo Chefe do Serviço de Finanças do Porto 2 nos termos do qual concordou com a informação de 02/10/2012 com o seguinte teor:

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Tem vindo a executada A……….. - …………, S.A., NIPC …………, a insistir na suspensão do PEF 3182199901018280, com garantia bancária, de forma a permitir a emissão de certidão com a situação tributária regularizada cuja última petição é de 05-09-2012.A executada deduziu Reclamação Judicial ao abrigo do art. 276º do CPPT contra o despacho do Chefe deste Serviço de Finanças de 27-05-2010 que lhe indeferiu o pedido declaração de prescrição da dívida exequenda, respeitante a IRC do exercício de 1993 e respectivos juros compensatórios que, já tinha sido julgada totalmente improcedente pela Juiz do TAF do Porto.Não se conformando com tal decisão, interpôs recurso, o qual se encontra pendente de decisão em Tribunal SuperiorConsiderando que o processo de execução fiscal se encontra no Supremo Tribunal Administrativo, estando fora da disponibilidade do órgão de execução fiscal e não tendo a RAC a virtualidade de suspender a execução, mas sim apenas os efeitos do ato reclamado, não parece estarem reunidos os requisitos legais referidos no artigo 169º do CPPT, logo a execução fiscal não pode estar suspensa” – Fls. 19 a 21 e 40 a 43.

L) Em 17/10/2012, foi apresentada a presente reclamação judicial.

M) Nos presentes autos, a Fazenda Pública foi notificada para contestarem 19/11/2012.3. As questões colocadas neste recurso são as de saber se a decisão recorrida incorreu em erro de julgamento, por desacertada interpretação de lei adjectiva, ao decidir que se verificava a excepção dilatória da litispendência nesta reclamação deduzida contra o acto do órgão de execução fiscal de indeferimento do pedido de suspensão do processo de execução fiscal nº 3182199901018280, atenta a pendência de outra reclamação judicial anteriormente apresentada e cujo objecto era constituído por distinto acto de indeferimento de pedido de suspensão do mesmo processo de execução, formulado no âmbito de requerimento diverso; e se o valor deste processo de reclamação deve ser fixado em € 584.193,27, ou, antes, em € 5.000,00 face às regras estabelecidas no

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art. 97º-A do CPPT.

3.1. Da LitispendênciaÉ incontroverso que a ora Recorrente, instou o órgão de execução a suspender o processo de execução fiscal nº 3182199901018280 através dos requerimentos que apresentou, na qualidade de executada, em 22/12/2011 e em 4/9/2012, e que cada um desses pedidos foi indeferido por despacho proferido pelo órgão da execução fiscal (OEF) em 23/12/2011 e em 2/10/2012, respectivamente. E é também incontroverso que a ora Recorrente reclamou judicialmente daquele despacho de 23/12/2011 (registada no TAF do Porto com o nº 165/12.9BEPRT), a qual ainda se encontra pendente, sendo que a presente reclamação foi deduzida posteriormente, tendo por objecto este outro despacho de indeferimento de 2/10/2012.

Em sede de contestação, a Fazenda Pública deduziu defesa por excepção, invocando a litispendência derivada da pendência da mencionada reclamação nº 165/12.9BEPRT, tendo a sentença julgado verificada essa excepção com a seguinte e essencial argumentação: «Atento o exposto, queda manifesto que a Reclamante, no decurso do processo nº 165/12.9BEPRT (que versa sobre a apreciação do despacho de 23/12/2011 que indeferiu o pedido de suspensão do PEF apresentado em 22/12/2011), decidiu, volvidos cerca de 8 meses sobre o primeiro pedido, apresentar no Serviço de Finanças um outro pedido que mais não é do que a repetição do primeiro, insistindo na suspensão da execução.A Reclamante provocou, assim, uma segunda pronúncia por parte do Chefe do Serviço de Finanças, sobre a mesma matéria, tendo este, por despacho de 02/10/2012, voltado a indeferir o pedido, no mesmo sentido e com os mesmos argumentos do despacho anterior (de 23/12/2011), ao considerar que a reclamação judicial não tem a virtualidade de suspender a execução fiscal.Destarte e, embora existam dois despachos indeferidos em diferentes datas (02/10/2012 e 23/12/2011), constata-se que ambos versaram sobre pedidos iguais efectuados pela impetrante (embora também em datas diversas), ou seja, sobre a suspensão do PEF nº 3182199901018280.

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Efectivamente, embora existam dois pedidos (de suspensão do PEF) e dois despachos de indeferimento desses pedidos, a realidade concreta em que se baseiam as causas de pedir em ambas as Reclamações — na presente acção e na acção nº 165/12.9BEPRT — é igual, procedendo as pretensões formuladas dos mesmos factos, assim como as invalidades que se invocam para obter os efeitos jurídicos pretendidos são as mesmas em ambas as acções.(…).

A Recorrente insiste, porém, que não se verifica a apontada litispendência, por inexistência de identidade de pedidos, visto que em cada uma das reclamações o pedido se reconduz à anulação de actos administrativos bem diversos, consubstanciados, na 1ª reclamação, no acto proferido em 23/12/2011, e, na 2ª, no acto proferido em 2/10/2012. Mais argumenta que, sendo a reclamação judicial um contencioso de mera anulação e não de plena jurisdição, também dela não poderia resultar a condenação do órgão da execução fiscal à prática de qualquer acto, como seja a suspensão do processo de execução, inexistindo, por conseguinte, qualquer identidade quanto aos efeitos jurídicos resultantes da decisão que venha a ser proferida em cada uma das reclamações. Neste enquadramento, advoga que a decisão recorrida incorreu em erro na interpretação e aplicação das normas contidas nos arts. 581º, nºs 1 e 3, 278º, nº 1, alínea e), 577º, alínea i), 580º, nº 2, e 582º, todos do Código de Processo Civil (CPC).

Vejamos.

Como é sabido, a litispendência, materializando-se na repetição de uma causa pendente, constitui excepção dilatória, que tem por objectivo evitar que o tribunal contradiga ou reproduza uma decisão anterior. O conceito nuclear da litispendência radica, pois, na definição dos parâmetros que permitem aferir da identidade das causas, com vista a determinar se uma é, ou não, a repetição da outra.

Ora, o art. 581º do CPC, sob a epígrafe «Requisitos da litispendência e do caso julgado», estabelece, no

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seu nº 1, que a causa se repete «quando se propõe uma ação idêntica a outra quanto aos sujeitos, ao pedido e à causa de pedir», esclarecendo, no nº 2, que «Há identidade de sujeitos quando as partes são as mesmas sob o ponto de vista da sua qualidade jurídica», e no nº 3, que «Há identidade de pedido quando numa e noutra causa se pretende obter o mesmo efeito jurídico», esclarecendo no nº 4, que «Há identidade de causa de pedir quando a pretensão deduzida nas duas ações procede do mesmo facto jurídico. Nas ações reais a causa de pedir é o facto jurídico de que deriva o direito real; nas ações constitutivas e de anulação é o facto concreto ou a nulidade específica que se invoca para obter o efeito pretendido.».

O que significa que a litispendência só ocorrerá se, cumulativamente, nas acções em apreciação intervierem as mesmas partes, sob a mesma qualidade jurídica, pretendendo obter o mesmo efeito jurídico e, esse efeito jurídico tiver por causa o mesmo facto jurídico.

No caso vertente, é fora de dúvida que os intervenientes nas duas reclamações são os mesmos, sob o ponto de vista jurídico, o que, de resto, não vem questionado neste recurso.

Todavia, o efeito jurídico que se intenta obter em cada uma dessas reclamações é manifestamente diverso, sendo, aliás, os actos reclamados completamente distintos, designadamente quanto à respectiva motivação, sendo, por conseguinte, os pedidos anulatórios igualmente diferenciados. Ou seja, os efeitos jurídicos visados numa e noutra reclamação não são coincidentes: na 1ª pretende-se a anulação do acto do órgão de execução fiscal de 2/10/2012, e no processo de reclamação nº 165/12.9BEPRT pretende-se a anulação do acto do órgão de execução fiscal de 23/12/2011.

Na verdade, e como decorre inequivocamente da factualidade fixada na decisão recorrida, a reclamação que ainda corre termos no tribunal sob o nº 165/12.9BEPRT teve por objecto o acto de indeferimento do pedido formulado pela executada em 22/12/2011, no sentido de que a execução fiscal

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não prosseguisse para a fase da penhora de bens, e assenta no invocado facto de se encontrar pendente no TAF do Porto uma outra reclamação (registada com o nº 1766/10.5BEPRT) para apreciação da questão da prescrição da dívida exequenda, processo que, na sua óptica, determinaria a suspensão da execução até trânsito em julgado da decisão que nele viesse a ser proferida. E a motivação do respectivo acto de indeferimento, prolatado em 23/12/2011, é exclusivamente a seguinte: «… não resulta da lei a existência de qualquer efeito suspensivo da execução quando da apresentação de reclamação judicial do art. 276º e ss do CPPT, associada ou não à prestação de garantia».

Já a presente reclamação judicial teve por objecto o acto de indeferimento do pedido formulado pela executada em 4.09.2012, onde pretendia que o órgão da execução determinasse a imediata suspensão do processo executivo, e teve na sua base o invocado facto de a Administração Tributária lhe estar recusar a emissão de certidão de situação tributária regularizada de que carecia para apresentar junto da Associação de Turismo do Porto e Norte, pese embora estarem verificados os requisitos para essa emissão, na medida em que, perante o disposto no nº 12 do art. 169º do CPPT, a prestação de garantia associada à pendência de reclamação determina que se suspenda a execução e se considere regularizada a situação tributária do contribuinte. E a motivação deste outro acto de indeferimento, prolatado em 02/10/2012, é, essencialmente, a de «… não parece estarem reunidos os requisitos legais referidos no artigo 169º do CPPT, logo a execução fiscal não pode estar suspensa.».

Por conseguinte, sendo distintos os actos sindicados, são distintos os efeitos jurídicos (anulatórios) pretendidos. E, de todo o modo, tais efeitos jurídicos não têm por causa o mesmo facto jurídico; por muito semelhantes que pudessem ser as razões que motivaram as reclamações judiciais apresentadas, a verdade é que, bem ou mal, o órgão de execução fiscal emitiu duas decisões, em dois despachos distintos, e a eventual anulação de apenas um desses despachos sempre deixaria o outro incólume. É que o julgado apenas se estende aos precisos

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limites e termos em que julga (art. 621º do CPC).

Em suma, além de sempre assistir à ora Recorrente o direito de reclamar de dois distintos actos lesivosemitidos pelo órgão da execução fiscal, em conformidade com o disposto no art. 276º do CPPT, é também fora de dúvida que são distintos os efeitos jurídicos que intenta obter através de cada uma dessas reclamações. E tanto basta para que não ocorra a excepção dilatória da litispendência.

Torna-se, pois, claro que a decisão recorrida não pode manter-se, impondo-se a sua revogação nessa parte, com a consequente baixa dos autos à 1ª instância para conhecimento do mérito da reclamação, se para tanto nada mais obstar.

3.2. Do valor do processo

Discorda a Recorrente do valor que o tribunal a quoatribuiu à causa na decisão final dos autos, e que fixou em € 584.193,27 por referência ao valor da execução fiscal, já que, no seu entender, o valor do processo devia ser fixado em € 5.ooo,00, por ser esse o valor máximo das reclamações dos actos do OEF face ao disposto no nº 2 do art. 97º-A do CPPT na redacção vigente à data da instauração da reclamação (redacção anterior à alteração introduzida pela Lei nº 66-B/2012, de 31/12).

Todavia, face à revogação da decisão recorrida, com a sua consequente eliminação da ordem jurídica e descida dos autos ao tribunal “a quo” para prolação de nova decisão, fica prejudicado o conhecimento desta questão, na medida em que só com essa decisão final que vier a ser proferida pode o valor da causa ser fixado (art. 306º do actual CPC) em conformidade com as regras legais estabelecidas no art. 97º-A do CPPT, regras que terão de ser então examinadas para aplicação do valor da causa à presente reclamação tendo em conta a data da sua instauração (art. 299º do CPC).

4. Face ao exposto, acordam os juízes da Secção do Contencioso Tributário deste Supremo Tribunal Administrativo em, concedendo provimento ao recurso, revogar a decisão que julgou verificada a

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excepção dilatória da litispendência e absolveu a Fazenda Pública da instância, e ordenar a baixa dos autos à 1ª instância para conhecimento do mérito da reclamação, se, para tanto, nada mais obstar.

Sem custas.

Lisboa, 15 de Outubro de 2014.- Dulce Neto (relatora) – Ascensão Lopes – Ana Paula Lobo.

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