a gesto da cadeia de suprimentos

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    XXV Encontro Nac. de Eng. de Produo Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005

    ENEGEP 2005 ABEPRO 691

    A gesto da cadeia de suprimentos: teoria e prtica

    Jaciane Cristina Costa (UFRGS)[email protected] Beltrn Rodriguez (UFRGS)[email protected]

    Wagner Junior Ladeira (UFRGS) [email protected]

    ResumoA gesto da cadeia de suprimentos tem atrado a ateno de acadmicos e profissionais. As

    empresas tm investido na implantao deste conceito na busca por vantagem competitiva. O presente trabalho tem como objetivo analisar a utilizao do termo gesto da cadeia de

    suprimentos na teoria e na prtica. Para isto, foi realizado um levantamento terico sobre otema. Apartir deste, identificaram-se trs aspectos considerados chaves na gesto da cadeia

    de suprimentos: compartilhamento de informao, integrao e parceria. Foram

    selecionadas trs empresas que formam uma parte da cadeia e foram analisadas quanto assuas prticas de gesto da cadeia de suprimentos. Observou-se falta de convergncia no uso

    do termo tanto no campo terico quanto prtico e espera-se que mais pesquisas sejam feitasno sentido de solidificar o conceito e o seu uso.

    Palavras chaves: Gesto da cadeia de Suprimentos; Integrao; Informao; Parcerias.

    1. Introduo

    A gesto da cadeia de suprimentos apresenta-se no atual ambiente de negcios, como umaferramenta que permite ligar o mercado, a rede de distribuio, o processo de produo e aatividade de compra de tal modo que os consumidores tenham um alto nvel de servio aomenor custo total, simplificando assim o complexo processo de negcios e ganhando

    eficincia (BALLOU et al., 2000; CHISTOPHER, 2001; BOWERSOX e CLOSS, 2001).Apesar da ntida importncia da gesto da cadeia de suprimentos (BALLOU et al., 2000;CHISTOPHER, 2001; BOWERSOX e CLOSS, 2001; GUNASEKARAN et al., 2004), existefalta de coerncia no uso do termo e se associam diferentes conceitos a ele (DUBOIS et. al.;2004). Partindo desta viso, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma reviso doconceito gesto da cadeia de suprimentos e explorar na prtica o significado do termo, dentrodo contexto de uma cadeia de suprimentos, ou seja, analisar se teoria e prtica convergem.Dada a amplitude da anlise deste conceito na prtica, este trabalho limitou-se ao estudo deuma cadeia de suprimentos do setor metal-mecnico brasileiro, enfocando trs aspectosrelevantes dentro do processo de gesto: compartilhamento de informao, integrao e

    parceria.

    A seguir, na seo 2, apresenta-se a evoluo do conceito. Aps se introduzem as diferentes posies existentes entre logstica e gesto da cadeia de suprimentos. Na seo 4, soapresentados os principais aspectos associados com o conceito. Logo, so expostos o mtodode pesquisa utilizado e os resultados encontrados. Finalmente, na seo 7 so apresentadas asconcluses deste trabalho.

    2. Origem do conceito

    Enquanto o gerenciamento da cadeia de suprimento como conceito recente, suas basesencontram-se em teorias antigas e estabelecidas (COOPER et al., 1997). Sua origem apareceintimamente ligada ao renascimento da logstica na dcada de 1950, quando surge uma

    abordagem nova orientada a sua administrao integrada. Curiosamente os mesmos fatos que

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    propiciaram a evoluo da logstica deram origem, na opinio de diferentes autores, aoconceito de gesto da cadeia de suprimentos.

    Segundo Bowersox et al. (1986) a evoluo da logstica integrada pode considerar-se emquatro perodos. O primeiro abrange de 1956 at 1965. Nele o conceito comea a cristalizar-se apoiado em quatro grandes desenvolvimentos; os quais tambm so citados por diferentesautores como contribuintes para o nascimento do conceito em estudo:

    O nascimento da anlise de custos totais dentro do marco de um estudo relativo soperaes logsticas voltou a ateno para a rea (CROOM et al., 2000).

    A aplicao da abordagem de sistemas para a anlise de relaes complexas mostrou que ofoco num nico elemento no pode assegurar a efetividade do sistema total (NEW, 1997;CROOM et al., 2000).

    O aumento da preocupao com o servio ao cliente, levou ao surgimento dos mantras dacadeia de suprimento: flexibilidade, compresso de tempo e capacidade de resposta (NEW,1997).

    As pesquisas de Wroe Alderson e Louis P. Bucklin mudaram a viso sobre a criao e

    estruturao dos canais de marketing (LAMBERT e COOPER, 2000).O segundo perodo, de 1966 a 1970, teve como objetivo testar a relevncia das prticas. Oresultado foi a materializao dos benefcios em menores custos e melhores servios. Osesforos de aplicao comeavam nas reas de compras ou distribuio fsica. Empresas de

    produo de bens durveis geralmente focavam-se na primeira, dando especial ateno administrao de materiais: fluxo de matrias primas e componentes de suporte produo.Empresas de produo de bens de consumo dedicavam-se segunda rea: administrao doinventrio de produtos terminados e o processo de colocao de ordens de compra.Casualmente isto, relaciona-se com a origem atribuda por Tan (2001), para quem a gesto dacadeia de suprimento evolucionou atravs de dois caminhos separados, plenamente

    coincidentes com os descritos anteriormente.O terceiro perodo, delimitado entre os anos 1971 e 1979, se caracteriza pelas mudanas nas

    prioridades. Como conseqncia da crise do petrleo as atividades de fornecimento foramassoladas por altos nveis de incerteza, aumentando a necessidade de racionalizar asatividades dentro da empresa. Numa tentativa de melhorar o desempenho, se introduziramnovos conceitos para a administrao de materiais: Manufacturing Resources Planning, Just inTime (TAN, 2001). Alis, se comeou a pensar nos operadores logsticos terceirizados comouma possvel soluo crescente complexidade do sistema (BOWERSOX et al., 1986).

    Finalmente, o ltimo perodo abrange desde 1980 at o comeo dos anos 1990. Envolvesignificantes transformaes polticas e tecnolgicas: mudanas na regulamentao do

    transporte, comercializao do microcomputador, revoluo da informao, adoo dosmovimentos da qualidade e desenvolvimento de parcerias e alianas estratgicas(BOWERSOX e CLOSS, 2001).

    Nesta etapa, especificamente em 1982 se localiza o uso do termo gesto da cadeia desuprimentos pela primeira vez (HARLAND, 1996; COOPER et al., 1997; LAMBERT eCOOPER, 2000; DUBOIS et al., 2004). Seus criadores, os consultores Oliver e Weberintroduziram-no com um foco eminentemente intra-organizacional, associado discusso dos

    benefcios da integrao das funes internas de compra, produo, vendas e distribuio.

    Esta abordagem inicial categorizada por Harland (1996) como a viso interna da cadeia,compreendendo a integrao das funes relacionadas ao fluxo de materiais e informao que

    se movimenta dentro dos limites do negcio. surpreendente comprovar que essa mesma

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    idia apresentada por Bowersox et al. (1986) como sendo a chave para a implementao dalogstica integrada.

    Uma tradio comum liga a logstica e o gerenciamento da cadeia de suprimentos. As mesmastendncias impulsionaram ambos movimentos, e de alguma forma a evoluo da primeira e onascimento do segundo se sobrepem. Com o decorrer do tempo, o conceito adquiriu ummaior desenvolvimento, atingindo o escopo inter-organizacional com que se conheceatualmente. Esperava-se que a evoluo adiciona-se elementos para evidenciar as diferenasentre um e outro, mas ainda hoje este um assunto de conflito, que depende sobretudo do

    juzo dos diferentes acadmicos. A seo seguinte refere-se a este ltimo ponto.

    3. Relacionamento entre logstica e cadeia de suprimentos

    evidente a falta de clareza na relao logstica gerenciamento da cadeia de suprimento.Larson e Harlldorsson (2002) baseando-se numa analise das posies de acadmicos e

    prticos identificaram quatro perspectivas a seu respeito: re-rotulista, tradicionalista, unionistae inter-seccionista.

    Os re-rotulistas supem que a logstica de ontem o gerenciamento da cadeia de suprimentode hoje, exibindo assim, uma inclinao ao estreitamento de seu escopo. Para New e Payne(1995) a logstica segue a tendncia geral re-engenharia estratgica do titulo dadisciplina... evoluindo em logstica integrada ou gerenciamento da cadeia de suprimento, ouqualquer outro rtulo que possa gerar-se atravs da combinao de modismos gerenciais.

    Os tradicionalistas encaixam o gerenciamento da cadeia de suprimento dentro da logstica;reduzindo-o a um tipo especial de orientao externa ou intra-organizacional. Assim, Lamberte Cooper (2000) dizem que durante muito tempo o conceito foi visto como a logstica fora daempresa, que permitia a incluso de clientes e fornecedores.

    Com uma postura antagnica anterior se encontram os unionistas, que tratam a logstica

    como sendo integrante do gerenciamento da cadeia de suprimento. No extremo, incluiriamuito do currculo tradicional das escolas de administrao: logstica, marketing, operaes,compras, etc. Enquadrados nesta perspectiva, Lambert e Cooper (2000) identificam como

    processos chaves dentro da cadeia: 1) administrao das relaes com clientes, 2)administrao do servio ao cliente, 3) administrao da demanda, 4) preenchimento deordens, 5) administrao do fluxo de produo, 6) abastecimento, 7) comercializao edesenvolvimento de produtos, 8) retornos. Pela sua parte New (1997), ressalta a importnciade considerar aspectos sociais, polticos e ticos dentro do conceito.

    Finalmente, os inter-seccionistas consideram o gerenciamento da cadeia de suprimento aunio da logstica, marketing, operaes e compras; compondo-se de elementos integradores e

    estratgicos de todos eles. Seu objetivo fundamental seria a coordenao dos esforos entrefunes atravs de vrias empresas.

    Sem dvidas, estas diferentes posies e opinies suscitam o surgimento da diversidade designificados associados ao conceito, e de termos distintos ligados idia de gesto da cadeiade suprimentos, como exposto na seo a seguir.

    4. A gesto da cadeia de suprimentos

    Apesar da existncia de um abundante corpo de literatura sobre a gesto da cadeia desuprimentos, no se encontra muita consistncia no uso ou significado exato atribudo aotermo (DUBOIS et al., 2004). Segundo Harland (1996) o conceito utilizado em diversoscampos do conhecimento, que at hoje permanecem, maiormente desconexos. No mesmo

    sentido Tan (2001) remarca a liberalidade de uso do termo. E finalmente New (1997), indicauma grande ambigidade e sobreposio de significados. Estratgia de compra integrada,

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    integrao de fornecedores, relaes comprador-fornecedor, sincronizao da cadeia desuprimento, alianas estratgicas de fornecimento, cadeia de valor, cadeia de clientes, cadeiade valor agregado, cadeia produtiva, rede de suprimento (CROOM et al., 2000; TAN, 2001;AL-MUDIMIGH et al., 2004) so s algumas das terminologias utilizadas na literatura paradenominar o conceito em estudo.

    No obstante as diferenas podem ser encontradas certas semelhanas em todos os usos.Segundo Mentzer et al. (2001), para que possa ser implementada a gesto da cadeia desuprimentos necessria a existncia de uma filosofia compartilhada por todas as empresasconstituintes, compreendendo um conjunto de valores, crenas e ferramentas que permitam oreconhecimento das implicaes sistmicas e estratgicas das atividades envolvidas naadministrao dos fluxos compreendidos (MENTZER et al., 2001; COUGHLAN et al., 2002).

    Assim, a gesto da cadeia de suprimentos se refere integrao de todas as atividadesassociadas com a transformao e o fluxo de bens e servios, desde as empresas fornecedorasde matria-prima at o usurio final incluindo o fluxo de informao necessrio para osucesso (BALLOU et al. 2000). O fluxo de produtos segue em direo aos consumidores, o

    de informao parte dos consumidores at chegar ao alcance dos fornecedores (BOWERSOXe CLOSS, 2001). O objetivo que cada membro desempenhe as tarefas relacionadas suacompetncia central, evitando-se desperdcios e funes duplicadas, facilitando ogerenciamento holstico que permite aproveitar as sinergias produzidas (POIRIER, 2001).

    As relaes entre as partes deixam de ser contrapostas transformando-se em um esforocoordenado, no qual a confiana e o comprometimento tm uma relevncia fundamental. Ainterao destes valores permite que os membros persigam o aprimoramento geral da cadeia,uma vez que no temem comportamentos oportunistas e sabem que benefcios quanto

    prejuzos sero divididos eqitativamente. Tambm facilita o compartilhamento deinformao que vai alm de dados sobre transaes de compra e venda, incluindo aspectos

    estratgicos orientados ao planejamento conjunto, essenciais para permitir que as empresasparticipantes faam o que certo de maneira mais rpida e eficiente (BOWERSOX e CLOSS,2001).

    Deste modo, para medir a utilizao da gesto da cadeia de suprimentos o presente referencialterico utiliza trs conceitos: compartilhamento de informao, integrao e parceria. Abaixose encontra um quadro (quadro 1) que identifica essas variveis.

    VARIVEIS CONCEITO REFERENCIAL TERICO

    COMPARTILHAMENTODE INFORMAO

    A informao um elemento fundamental dentroda gesto da cadeia de suprimentos. O princpio bsico do gerenciamento da cadeia desuprimento est fundamentado na convico deque a eficincia pode ser aprimorada por meio docompartilhamento de informao e doplanejamento conjunto.

    BOWERSOX e CLOSS (2001);FELDMAN e MLLER (2003);AL-MUDIMING, et al. (2004);GOMES e RIBEIRO (2004).

    INTEGRAO A integrao da cadeia concentra-se em alinharos processos-chaves do negcio. Mercadoria e produtos fluem das fontes supridoras e vo emdireo aos consumidores. As informaes e osrecursos correm direo oposta, saem dosconsumidores e vo at as fontes supridoras. Aintegrao dos fornecedores traz benefcios a

    ambos dentro da cadeia.

    CHING (1999); NOVAES(2001); DORNIER et al. (2000),CHRISTOPHER (2001).

    PARCERIA O conceito de parceria pode ser entendido CHING (1999); BOWERSOX e

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    atravs do relacionamento que prega confianamtua, abertura, riscos e recompensascompartilhados, gerando vantagem competitiva eum bom desempenho, que no seria alcanadoindividualmente.

    CLOSS (2001); CHRISTOPHER(2001); GOMES E RIBEIRO(2004).

    QUADRO 01: Identificao das variveis analisadas.

    5. Metodologia utilizada

    O presente trabalho tem carter qualitativo, sendo classificado como exploratrio e descritivo.Dentro da abrangncia dos mtodos qualitativos, a estratgia de investigao utilizada foi oestudo de caso. O uso do estudo de caso, de acordo com Gil (1995), caracterizado peloestudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentoamplo e detalhado do mesmo; tarefa praticamente impossvel mediante os outrosdelineamentos considerados.

    O objeto enfocado no estudo de caso a gesto de uma cadeia de suprimentos, que se

    encontra dentro do setor metal-mecnico brasileiro.As empresas selecionadas so duas fornecedoras e uma produtora de bens de transformao.A empresa de transformao classificada como de grande porte, possui 1200 funcionrios eatua no mercado a mais de 50 anos. As empresas fornecedores so de pequeno porte sendo ofornecedor 1 trabalho que plstico e o fornecedor 2 com produtos qumicos. Ambas temcomo um dos seus principais clientes a empresa de transformao, mostrado a relevncia damesma para estas empresas e grau de comprometimento entre esta parte da cadeia.

    6. Anlise do Estudo de Caso

    A empresa de transformao, analisada no estudo de caso, uma organizao de grande porte

    do ramo metal-mecnico brasileiro. Para analisar as variveis informao compartilhada,integrao e parceria; na gesto da cadeia de suprimentos foram estudados dois fornecedoresdessa empresa de transformao: fornecedor 1 e fornecedor 2.

    FIGURA 01: Desenho do estudo de caso

    EMPRESADE

    TRANSFORMAO

    FORNECEDOR1

    FORNECEDOR2

    CLIENTES

    CLIENTES

    CLIENTES

    CLIENTES

    COMPARTILHAMENTODE INFORMAO

    PARCERIAINTEGRAO

    Fatores que demonstram a Gesto da Cadeia de Suprimentos

    GESTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ANALISADA

    CADEIADE

    SUPRIMENTO

    DESENHO DO ESTUDO DE CASO

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    Com relao informao, o que se observa no estudo de caso que a gesto definida econduzida de acordo com as necessidades e interesses da empresa de transformao. Ocompartilhamento de informao com o fornecedor 1 refere-se aos procedimentos de

    pedidos, no que tange quantidade, preo, modelo, especificaes e prazos. Ocompartilhamento de informao com o fornecedor 2 feito atravs cotaes em aberto,

    atravs de seusite, o repasse da informao feito atravs de oramentos.Observa-se neste caso, que no existe em toda a cadeia produtiva uma filosofia decompartilhamento de informao. Como menciona Mentzer et al. (2001), necessrio queexista dentro da gesto da cadeia de suprimentos um compartilhamento de informao portodas as empresas constituintes, pois este compartilhamento permitir o reconhecimento dasimplicaes sistmicas e estratgicas das atividades envolvidas nos fluxos compreendidos(MENTZER et al., 2001; COUGHLAN et al., 2002). Apenas o fornecedor 1 mantm umcomportamento de compartilhamento de informao com a empresa de trasnformao.

    A respeito da integrao, o fornecedor 1 atua diretamente integrado, pois alm de agir anvel de compra e venda, tambm participa do processo de desenvolvimento de produtos da

    empresa focal. No entanto, apesar do fornecedor 2 compartilhar informaes, sua relao restrita especificao do produto, ocorrendo portanto integrao apenas a nvel de compra evenda.

    necessrio que as atividades se integrem em torno dos fluxos de produo e informao.Dentro desta tica, cada membro desempenhar as tarefas relacionadas sua competnciacentral, pois isto facilitar o gerenciamento holstico, permitindo aproveitar as sinergias

    produzidas (PERSSON, 1997). Este ponto no observado em uma das ramificaes dacadeia. No que diz respeito ao fornecedor 2, a integrao notada apenas ao nvel decompra e venda; a integrao em outras atividades no visualizada.

    A abordagem da parceria vista sobre ticas diferentes para cada fornecedor. O fornecedor

    1 demonstra a existncia de parcerias, pois tem um MIX de produto especial para atender ademanda da empresa de transformao. O fornecedor 2, ao contrrio, no tem um MIXespecial de produtos para a empresa de transformao, ocorrendo o fornecimento atravs daconcorrncia com outros fornecedores.

    Visualizando a parceria como um relacionamento comercial sob medida, fundamentado naconfiana mtua, abertura, riscos e recompensas compartilhados, nota-se que a parceria feitaapenas em uma ramificao (CHING, 1999; CRSITOPHER, 2001; GOMES e RIBEIRO,2004). A busca de vantagem competitiva e um desempenho melhor a nvel de cadeia, ocorreapenas em uma das ramificaes, caracterizado pelo inter-relacionamento entre fornecedor1 e empresa de transformao.

    7. ConclusoAps a reviso de literatura realizada e a anlise do estudo de caso, pode concluir-se que noexiste coeso na literatura no que se refere ao contedo do conceito gesto da cadeia desuprimentos. Alm do mais, quando o conceito foi testado no campo prtico, verificou-se queo estgio de desenvolvimento desta ferramenta gerencial ainda embrionrio, ainda que, estaconcluso no pode ser generalizada dado que se fundamenta num estudo de caso nico.Contudo, importante chamar a ateno da comunidade cientfica para este importante tema.

    As trs variveis analisadas trazem tona a complexidade existente no campo prtico dagesto da cadeia de suprimentos. Retomando o trabalho de Larson e Harlldorsson (2002),

    pode-se notar a presena de duas perspectivas a respeito do relacionamento entregerenciamento de cadeia de suprimento e logstica, no caso estudado. O relacionamentoexistente entre fornecedor 2 e a empresa transformadora, demonstra uma viso

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    tradicionalista, onde o gerenciamento da cadeia suprimentos visto dentro da logstica;reduzindo a um tipo especial de orientao externa ou intra-organizacional, no caso aatividade apenas de compra e venda. J no caso do relacionamento fornecedor 1 e aempresa transformadora, observa-se uma tendncia a viso inter-secccionista, considerando ogerenciamento da cadeia de suprimento a unio da logstica, marketing, operaes e compras;

    demonstrando a coordenao dos esforos entre as funes, tendo a perspectiva de elementosestratgicos e integradores dentro dessa ramificao

    A falta de consistncia no uso do significado da gesto da cadeia de suprimentos, no uma peculiaridade apenas da rea terica, como menciona Dubois et al. (2004), seno que seestende tambm prtica diria. A sua visualizao na prtica das empresas tambm dedifcil comprovao, como se observa nas duas ramificaes da cadeia estudada.

    Finalmente, evidenciou-se a inexistncia de convergncia entre teoria e prtica, j que foramverificadas divergncias tanto no campo terico quanto no prtico. Assim, desejamos que estetrabalho sirva de estmulo a acadmicos para perseguir a unificao das diferentes opiniesexistentes dentro da teoria, pois s a partir da solidificao do corpo terico que os

    profissionais tero uma guia que os auxilie na difcil implementao deste conceito.8. Referncias

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