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A comparação da contabilidade dos partidos políticos com a contabilidade de uma micro empresa Nayara Cristina Quatrin 1 Osmarina Pedro Garcia Garcia 2 Elias Garcia 3 Resumo Nesse trabalho pretende-se demonstrar as principais exigências contábeis dos partidos políticos e comparando-as com das empresas privadas. Foram feitas referências bibliográficas no que se refere à contabilidade geral, administração do terceiro setor e sobre os partidos políticos. A maior parte foi elaborada utilizando-se da legislação brasileira. O principal foco do trabalho é a comparação que foi feita dos partidos políticos com a empresa privada, trazendo as rotinas contábeis exigidas pelos partidos políticos e comparando-as com as rotinas contábeis das empresas. Utilizou-se como metodologia quanto aos objetivos à pesquisa descritiva, para os procedimentos utilizou-se o estudo de caso e para finalizar quanto à abordagem do problema foi qualitativo. Conclui-se que a contabilidade dos partidos políticos é aplicada conforme a contabilidade geral no que se refere às demonstrações, as normas e as técnicas contábeis, o que se diferencia é no ato de constituição, as demonstrações exigidas para os partidos que não faz parte da obrigação das empresas, sua maneira de fiscalização e principalmente quanto ás penalidades aplicáveis. Palavras chave: Partidos Políticos, empresa privada, Rotinas Contábeis. Área Temática: Contabilidade para fins específicos 1. Introdução A Contabilidade é uma das ciências mais antigas estudadas e sempre foi utilizada na prática para conhecer e controlar os ativos (bens e direitos), passivos (obrigações) e com isso obtendo o patrimônio líquido (diferença entre ativo e resultado de exercícios futuros). Alguns pesquisadores fazem uma relação entre a contabilidade e seus primórdios quando se contava o acréscimo e a perca de seu rebanho. O homem já tinha em sua natureza ser ambicioso, por isso não se preocupava apenas em contar seu rebanho, mas também em expandi-lo, conseqüentemente gerando incremento de sua renda e aumento da riqueza. Desde então, a Contabilidade se desenvolveu gradativamente e assim como outras ciências, ampliou e se dividiu em várias subáreas, possibilitando dessa forma, ser mais produtivo se chegar ao conhecimento previsto, estudar em relação às disciplinas e modalidades voltadas para a Contabilidade. Os partidos políticos são denominados grupos organizacionais formais de direito privado, podendo ser definido como uma união de cidadãos com afinidades ideológicas e políticas, em uma associação orientada para administrar e gerir os negócios públicos. Sua contabilidade está regida pelas normas do Conselho Federal de Contabilidade e amparado pela legislação federal. 1 Bacharel em Ciências Contábeis 2 Professora do curso de Ciências Contábeis da Univel 3 Professor do curso de Ciências Contábeis da Unioeste

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A comparação da contabilidade dos partidos políticos com a contabilidade de uma micro empresa

Nayara Cristina Quatrin1

Osmarina Pedro Garcia Garcia2

Elias Garcia3

Resumo Nesse trabalho pretende-se demonstrar as principais exigências contábeis dos partidos políticos e comparando-as com das empresas privadas. Foram feitas referências bibliográficas no que se refere à contabilidade geral, administração do terceiro setor e sobre os partidos políticos. A maior parte foi elaborada utilizando-se da legislação brasileira. O principal foco do trabalho é a comparação que foi feita dos partidos políticos com a empresa privada, trazendo as rotinas contábeis exigidas pelos partidos políticos e comparando-as com as rotinas contábeis das empresas. Utilizou-se como metodologia quanto aos objetivos à pesquisa descritiva, para os procedimentos utilizou-se o estudo de caso e para finalizar quanto à abordagem do problema foi qualitativo. Conclui-se que a contabilidade dos partidos políticos é aplicada conforme a contabilidade geral no que se refere às demonstrações, as normas e as técnicas contábeis, o que se diferencia é no ato de constituição, as demonstrações exigidas para os partidos que não faz parte da obrigação das empresas, sua maneira de fiscalização e principalmente quanto ás penalidades aplicáveis. Palavras chave: Partidos Políticos, empresa privada, Rotinas Contábeis. Área Temática: Contabilidade para fins específicos 1. Introdução

A Contabilidade é uma das ciências mais antigas estudadas e sempre foi utilizada na

prática para conhecer e controlar os ativos (bens e direitos), passivos (obrigações) e com isso obtendo o patrimônio líquido (diferença entre ativo e resultado de exercícios futuros). Alguns pesquisadores fazem uma relação entre a contabilidade e seus primórdios quando se contava o acréscimo e a perca de seu rebanho. O homem já tinha em sua natureza ser ambicioso, por isso não se preocupava apenas em contar seu rebanho, mas também em expandi-lo, conseqüentemente gerando incremento de sua renda e aumento da riqueza. Desde então, a Contabilidade se desenvolveu gradativamente e assim como outras ciências, ampliou e se dividiu em várias subáreas, possibilitando dessa forma, ser mais produtivo se chegar ao conhecimento previsto, estudar em relação às disciplinas e modalidades voltadas para a Contabilidade.

Os partidos políticos são denominados grupos organizacionais formais de direito privado, podendo ser definido como uma união de cidadãos com afinidades ideológicas e políticas, em uma associação orientada para administrar e gerir os negócios públicos. Sua contabilidade está regida pelas normas do Conselho Federal de Contabilidade e amparado pela legislação federal. 1 Bacharel em Ciências Contábeis

2 Professora do curso de Ciências Contábeis da Univel

3 Professor do curso de Ciências Contábeis da Unioeste

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Para se entender a natureza da atividade financeira exercida pelos partidos políticos, é necessário considerar a importância dessa contabilidade, tendo como principal objetivo a transparência quanto aos recursos utilizados na sua administração e prestação de contas. Assim, a contabilidade tornou-se uma ferramenta na execução das origens e aplicações de recursos dos partidos políticos, pois é através dela que são realizadas as demonstrações pertinentes a prestação de contas e controle patrimonial. Para isso os partidos devem manter sua escrituração contábil sob a responsabilidade de profissional habilitado em contabilidade, de forma a cumprir aos ditames legais para demonstrar a situação patrimonial.

A fim de garantir a execução correta dos procedimentos, a Resolução nº 21.841/04 do TSE e a Lei 9.096/95, vêm de forma a estabelecer metas e obrigações, regulamentando assim as organizações políticas, que relatam o objetivo de trazer transparência para que toda sociedade possa ter acesso à essas prestações de contas e principalmente à justiça eleitoral exercer fiscalização eficaz para esses partidos.

Assim sendo, este estudo pretende responder: Em que aspectos a contabilidade dos partidos políticos se diferencia da contabilidade das empresas.

Tem como objetivo, analisar os processos contábeis necessários aos partidos políticos comparando-os com a contabilidade aplicada em uma Empresa comercial.

Utilizou-se como tipologia de pesquisa quanto aos objetivos a pesquisa descritiva. Quanto aos procedimentos foi utilizado o estudo de caso e, quanto à abordagem do problema foi de pesquisa qualitativa.

2. Conceitos de Contabilidade

A contabilidade com o passar dos anos, foi se atualizando e se modificando através de

um conjunto de idéias de intelectuais, aprimorando-se cada vez mais na tecnologia e na praticidade, tanto para a apuração de informações como elaboração de relatórios.

Segundo Sá (1999, p. 56) tem-se como conceito que “A contabilidade é uma ciência que estuda os fenômenos que alteram o patrimônio preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”.

A contabilidade acaba sendo um sistema de informação que através de suas demonstrações, evidenciam alterações em seu patrimônio sendo primordial para a empresa, capaz de dar sustento as decisões a serem tomadas no futuro.

Outra definição de contabilidade para os dias de hoje na concepção de Andersen (1994, p. 43) é que, “A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análise de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto da contabilização”.

Sem a contabilidade, não se pode ter dados sobre o histórico passado da empresa, nem sua real situação e muito menos fazer projeções sobre sua situação econômica futura. 2.1. Objetivos da Contabilidade

A contabilidade vem sendo utilizada principalmente para tomada de decisão,

analisando o comportamento da empresa para um melhor controle de seu patrimônio, tanto para decisões do presente como para o futuro.

Devido às várias mudanças e atualizações o principal objetivo da Contabilidade segundo Iudícibus (1997, p. 28) “É de fornecer informação econômica relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com segurança”.

Marion (2003) classifica que os usuários da contabilidade podem ser pessoas físicas ou jurídicas, que tenha algum tipo de interesse econômico ou financeiro pela entidade, podem ser

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usuários internos (gerentes, diretores, administradores, funcionários em geral) ou externos das empresas (acionistas, instituições financeiras, fornecedores, governo, sindicatos).

Ao se constituir uma empresa, ela passa a ter personalidade denominada jurídica, assim adquirindo direitos e principalmente tendo que cumprir algumas obrigações. Sendo essas obrigações de várias naturezas como legislativa e contábil. 2.2. Princípios Fundamentais de Contabilidade

Os princípios fundamentais de contabilidade são regras em que se assenta toda a

estrutura teórica para a escrituração e análise contábil. Padoveze (2000) comenta que conforme foram surgindo diferentes controles para as

mais variadas entidades, a contabilidade foi criando instrumentos para registrar todos esses fatos que ocorriam, e com isso foram surgindo dúvidas quanto ao melhor critério para registrar essas transações. Houve então que os primeiros contadores tiveram que criar regras que passaram a ser seguidas e aceitas por todos, regras essas chamadas de Princípios Contábeis.

Independentemente de a instituição ser com ou sem fins lucrativos, deve-se obedecer a regras, chamadas de princípios, estabelecidas pelos conselhos de contabilidade.

Para os partidos políticos também foram criados princípios segundo a Lei nº 9.096/95, do artigo 15 e inciso VII da constituição federal. Após a criação de estatutos aceitos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) os partidos devem conter normas sobre finanças e contabilidade, que obedeçam aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade.

A contabilidade é regida por princípios conforme Resolução do CFC n.º 750/93, princípios esses fundamentais de contabilidade obrigatórios no exercício da profissão que constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e representam a essência das doutrinas e as teorias relativas à Ciência da Contabilidade. Os princípios Fundamentais de Contabilidade se dividem em: Princípio da Entidade; da Continuidade; da Oportunidade; Do Registro Pelo Valor Original; da Atualização monetária; da Competência; da Prudência.

2.3. Normas Brasileiras de Contabilidade

As normas de contabilidade são regras e procedimentos, estabelecidos pelo CFC, que

devem ser observados e seguidos para o exercício da profissão contábil. Quanto a sua definição, o CFC dispõe na Resolução N°. 711/91 que:

Art. 1º. As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras de conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados quando da realização dos trabalhos previstos na Resolução CFC nº 560/83, de 28/10/83.

Essas normas são compostas de regras tanto para os profissionais da área contábil, como também para procedimentos que devem ser tomados em relação às entidades. 3. Demonstrações Contábeis

As demonstrações contábeis são um conjunto de informações que devem ser,

conforme a Lei 11.638/07, divulgadas anualmente pela administração responsável, tanto como requisito de fiscalização, como também para prestação de conta aos acionistas.

A Lei 11.638/07, no Art. 176 dispõe que: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações

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financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I. Balanço Patrimonial; II. Demonstrações dos lucros ou prejuízos acumulados; III. Demonstrações do resultado do exercício; IV. Demonstrações de fluxo de caixa V. E se a companhia for aberta, demonstrações do valor adicionado.

As demonstrações financeiras são relatórios padronizados que informam aos interessados a situação patrimonial da empresa, tanto para o aspecto financeiro, patrimonial como econômicos. 4. Classificação das Organizações do Terceiro Setor.

O terceiro setor é formado por vários tipos de organizações, em que não existe uma

única característica especifica para se determinar esse grupo, pois cada instituição possui sua característica especifica.

As organizações do terceiro setor são normalmente classificadas de acordo com as atividades que exercem: escolas oferecem educação, os hospitais cuidam de doentes, os sindicatos representam os trabalhadores, as organizações de deficiente representam pessoas com necessidades especiais e as organizações que realizam campanhas argumentam a favor de fases políticas (HUDSON, 1999, p. 236).

Essa relação pode ser feita com as empresas privadas, onde também são dividas de acordo com sua atividade empresarial e principalmente não visam o lucro. 4.1. Classificação por Propósito

Essa classificação resume-se em organizar e classificar as organizações de acordo com seu propósito inicial, que pode ser visualizada na figura abaixo.

Figura Nº1: CLASSIFICAÇÃO POR FINALIDADE.

Fonte: HUDSON (1999, P. 239).

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Essa figura retrata as três principais classificações das entidades do terceiro setor. Pode-se observar que algumas organizações se encaixam em duas ou mais categorias. Hudson (1999) comenta que o mesmo ocorre com os sindicatos que começaram como organizações de apoio mútuo ou de solidariedade representando as necessidades de seus membros. Hoje muitos vendem diversos serviços (como seguros, por exemplo) aos associados e não associados e ainda realizam campanhas para mudanças.

4.2. Classificação por Fonte de Recursos

Essa classificação divide-se em diferentes fontes de recursos, que podem ser

consideradas como fontes de financiamentos, conforme apresentado na figura abaixo:

Figura 02 – Classificação por fonte principal de recursos

Fonte: HUDSON (1999, p. 239), com adaptações.

As empresas financiadas por doações têm liberdade para determinar o que querem,

não havendo restrições quanto ao atingir seus objetivos. As agências assistenciais determinam as atividades que exercem, as mudanças e a amplitude dessa aplicação, as organizações financiadas por contratos, subsídios e as escolas obtêm maiores restrições em relação ao tipo de serviço, qualificações, credenciamento e amplitude geográfica. 4.3. Classificação por Composição do Conselho

Essa terceira classificação se dá com base nas pessoas que são nomeadas para os

conselhos, trazendo diferentes indivíduos e conseqüentemente habilidade e experiências diversas para essas organizações. Hudson escreve que essas pessoas podem ser conhecidas como:

Especialistas: que levam conhecimentos, experiências e geralmente habilidades profissionais especificas para o conselho;

Usuários: que entraram para a organização para beneficiar-se do trabalho ou serviço prestado e que geralmente foram eleitos para o conselho pelos associados;

Indivíduos Interessados: que acreditam na causa e desejam dar sua contribuição pelo trabalho voluntário como membro do conselho; (HUDSON, 1999, p. 242).

Cada um dos grupos tem uma maneira diferente de trabalho, independente da quantidade de pessoas dentro de um mesmo grupo e das idéias a maioria das vezes serem distintas, podendo apresentar maior sucesso que outros grupos com mais pessoas, por apresentarem maior facilidade para resolver os assuntos.

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5. NBC T - 10.19 - Entidades sem Finalidade de Lucros A Lei nº 9.096/95 aborda o estatuto dos partidos políticos, que são associações civis

sem fins econômicos, devem obedecer normas sobre suas finanças e contabilidade, normas como NBC T - 10.19 que relatam sobre as entidades sem finalidade de lucros.

Esta norma regulamenta critérios e procedimentos que devem ser usados nas empresas sem fins lucrativos para os registros dos componentes e variações patrimoniais da estruturação das demonstrações contábeis e sobre informações que devem ser divulgadas. 5.1. Do Registro Contábil

Os registros devem ser feitos com base nos princípios da Competência e da

Oportunidade. As entidades devem fazer estimativas de perdas e com isso registrar provisões para cobrir essas perdas. As receitas se originarão através de doações, subvenções, e contribuições e essas devem ter documentos necessários para seus registros conforme Resolução 966/03 do CFC:

10.19.2.1 - As receitas e despesas devem ser reconhecidas, mensalmente, respeitando os Princípios Fundamentais de Contabilidade, em especial os Princípios da Oportunidade e da Competência. 10.19.2.2 - As entidades sem finalidade de lucros devem constituir provisão em montante suficiente para cobrir as perdas esperadas, com base em estimativas de seus prováveis valores de realização, e baixar os valores prescritos, incobráveis e anistiados. 10.19.2.3 - As doações, subvenções e contribuições para custeio são contabilizadas em contas de receita. As doações, subvenções e contribuições patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, são contabilizadas no patrimônio social. 10.19.2.4 - As receitas de doações, subvenções e contribuições para custeio ou investimento devem ser registradas mediante documento hábil. [...] 10.19.2.6 - As receitas de doações, subvenções e contribuições recebidas para aplicação específica, mediante constituição ou não de fundos, devem ser registradas em contas próprias segregadas das demais contas da entidade. 10.19.2.7 - O valor do superávit ou déficit do exercício deve ser registrado na conta Superávit ou Déficit do Exercício enquanto não aprovado pela assembléia dos associados e após a sua aprovação, deve ser transferido para a conta Patrimônio Social.

Como observa-se na Resolução 966/03 do CFC, as contas de receitas de doações, subvenções e contribuições devem ser segregadas das demais contas, e com a apuração de seu resultado será substituído pelas contas de Superávit ou Déficit do Exercício e os resultados de exercícios passados acumulados na conta de Patrimônio Social.

5.2. Das Demonstrações Contábeis A NBCT 10.19.3 da resolução 966/03 do CFC define através da NBC T 3 a maneira

de contabilização, onde as demonstrações são geradas a partir de documento que compõe o movimento da entidade sem fins lucrativos, obedecendo aos princípios fundamentais de contabilidade já descritos alhures, e devem ser de responsabilidade de um contabilista registrado no CRC.

10.19.3.1 - As demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pelas entidades sem finalidade de lucros são as determinadas pela NBC T 3 - Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das Demonstrações

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Contábeis, e a sua divulgação pela NBC T 6 - Da Divulgação das Demonstrações Contábeis. 10.19.3.2 - Na aplicação das normas contábeis, em especial a NBC T 3, a conta Capital deve ser substituída por Patrimônio Social, integrante do grupo Patrimônio Líquido, e a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados por Superávit ou Déficit do Exercício.

Algumas informações devem se levar em consideração ao elaborar as demonstrações contábeis, informações essas chamadas de notas explicativas que complementam as informações contidas nas demonstrações apresentadas. 6. Partidos Políticos

É um grupo organizado voluntariamente e reconhecido legalmente, com afinidades ideológicas e políticas, com fins de disputa do poder político.

Barboza (2008) relata que partido político é tido, por parte da ciência política, como organização durável e complexa, do nível nacional até o nível local, com vontade deliberada de exercer diretamente o poder, para o que busca apoio popular.

Segundo a Lei Nº. 9.096/95 Art. 1º dispõe que: Art. 1° O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.

A cada ano eleitoral, os eleitores têm o dever e a obrigação de eleger quem irá representá-los, tanto para os poderes legislativos, na elaboração das leis, como para o executivo, que irá executar as leis das políticas públicas. 6.1. Objetivos dos Partidos Políticos

O partido político é constituído por políticos que representam a população perante o governo, tanto para defendê-los como aplicar melhorias para toda população. São consideradas Entidades criadas com o objetivo de assegurar os interesses do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo, e defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.

O Art. 5º da lei 9.096/95 versa sobre a ação do partido que tem: Art. 5° Caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros.

É um grupo nacionalmente conhecido, por ser uma organização que recebe doações e devem ser atribuídas para suas propagandas políticas e com uma rígida prestação de contas junto aos órgãos competentes.

6.2. Estatuto Social dos Partidos Políticos

O Estatuto Social é o documento de constituição das entidades sem fins lucrativos, que

define a identidade da entidade jurídica, seus objetivos e as atividades exercidas. O Estatuto Social é utilizado pelas sociedades por ações e entidades sem fins

lucrativos. É a certidão de nascimento da pessoa jurídica, que disciplina o relacionamento interno e externo da sociedade, atribuindo identidade ao empreendimento, identificando sua qualificação, tipo jurídico de sociedade, a denominação, localização, seu objeto social, forma de integralização do capital social, prazo de duração da sociedade, encerramento do exercício social, foro contratual e outros. Seu registro é feito no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, conforme a natureza jurídica da sociedade.

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Para os partidos políticos o estatuto deve obedecer aos princípios e normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, relativa as entidade sem fins lucrativos.

Conforme a Resolução do TSE, n. 21.841/04 dispõe no seu Art. 34 que: Art. 2º Os estatutos dos partidos políticos, que são associações civis sem fins econômicos, devem conter normas sobre finanças e contabilidade, que obedeçam aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade, especialmente às disposições gerais constantes da NBC T - 10.19 - (Entidades sem finalidade de lucros), e regras que (Lei nº 9.096/95, art. 15, incisos VII e VIII).

Através da mesma Resolução do TSE 21.841/04 e ainda no Art. 34 exemplifica quais normas e regras essas que devem ser seguidas dentro do estatuto dos partidos políticos.

I - fixem as contribuições dos filiados; II - especifiquem a origem de suas receitas; III - estabeleçam os critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre seus órgãos municipais ou zonais, estaduais e nacional; IV - firmem os critérios para a criação e a manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política, estabelecendo qual órgão de direção partidária será responsável pela aplicação do limite mínimo de vinte por cento do total do Fundo Partidário recebido (Lei nº 9.096/95, art. 44, inciso IV); e V - vedem a contabilização de qualquer recebimento ou dispêndio referente ao instituto ou fundação, de que trata o inciso anterior, os quais prestarão suas contas ao órgão do Ministério Público responsável pela fiscalização das fundações e dos institutos.

Os partidos devem criar o Comitê Financeiro municipal. É um grupo de pessoas constituídas formalmente e registradas na Justiça Eleitoral. São responsáveis pela arrecadação, aplicação, contabilização e pela prestação de contas da campanha eleitoral.

É uma exigência da Lei nº 9.504/97 que em seu Art. 19 determina que sejam constituídos para a eleição majoritária e proporcional: “Os comitês financeiros possuem regras tais como: cada comitê deve eleger para as eleições majoritárias um para a eleição presidencial, um para governador e, ainda, um terceiro para senador; nas proporcionais, um para a eleição de deputado federal e outro para a de deputado estadual”.

Nesse comitê o partido apresenta um candidato próprio para cada eleição (prefeito e vereador), porém pode optar pela criação de mais de um tipo de comitê financeiro, devendo necessariamente abrir contas bancárias distintas e prestações de contas individualmente. 6.3. Contabilidade dos Partidos Políticos

Os partidos devem manter sua escrituração contábil sob a responsabilidade de

profissional habilitado e com registro no CRC, de forma a contabilizar sua origem e aplicação dos recursos, bem como de sua situação patrimonial.

A contabilidade dos partidos políticos e dos comitês financeiros é uma obrigação para o partido conforme Art. 30 da Lei nº 9.096/95 estabelece que:

Art. 30. O partido político, através de seus órgãos nacionais, regionais e municipais, deve manter escrituração contábil, de forma a permitir o conhecimento da origem de suas receitas e a destinação de suas despesas.

No Decreto-Lei 486/69 Art. 2º, relata que a escrituração deve ser completa, tanto em idioma como em moeda corrente nacional, individualização e clareza de ordem cronológica de dia/mês/ano, sem espaços em branco, rasuras, emendas. É permitido o uso de abreviaturas, desde que conste no próprio livro seus significados, os erros cometidos podem ser corrigidos por meio de lançamentos estornos, transferências ou complementações.

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6.4. Órgãos de fiscalização

Na tentativa de evitar abusos e fraudes, têm-se alguns órgãos tais como relata Nascimento:

Composta pelo Tribunal Superior Eleitoral, Tribunais Regionais Eleitorais, Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais, são os responsáveis diretos pela administração do processo eleitoral, portanto instrumento de garantia da seriedade do processo eleitoral, seja no comando das eleições, evitando abusos e fraudes, seja na preservação de direitos e garantias por meio da fixação e fiel observância de diretrizes claras e firmes, fundamentadas em lei. (NASCIMENTO, 1998, p. 21).

Relata a Lei 9.096/95 que a justiça eleitoral exerce fiscalização quanto à escrituração contábil e prestação de contas conforme Art. 34°.

Art. 34. A Justiça Eleitoral exerce a fiscalização sobre a escrituração contábil e a prestação de contas do partido e das despesas de campanha eleitoral, devendo atestar se elas refletem adequadamente a real movimentação financeira, os dispêndios e recursos aplicados nas campanhas eleitorais, exigindo a observação das seguintes normas:

Em continuação da Lei 9.096/95 no art. 34 nos incisos I ao V dispõe quais são os pontos a serem observados quanto na fiscalização.

Art. 34 I - obrigatoriedade de constituição de comitês e designação de dirigentes partidários específicos, para movimentar recursos financeiros nas campanhas eleitorais; II - caracterização da responsabilidade dos dirigentes do partido e comitês, inclusive do tesoureiro, que responderão, civil e criminalmente, por quaisquer irregularidades; III - escrituração contábil, com documentação que comprove a entrada e saída de dinheiro ou de bens recebidos e aplicados; IV - obrigatoriedade de ser conservada pelo partido a documentação comprobatória de suas prestações de contas, por prazo não inferior a cinco anos; V - obrigatoriedade de prestação de contas, pelo partido político, seus comitês e candidatos, no encerramento da campanha eleitoral, com o recolhimento imediato à tesouraria do partido dos saldos financeiros eventualmente apurados.

Para se obter mais clareza quanto aos gastos dos partidos políticos, os órgãos de fiscalização trabalham juntos na busca de evitar erros e fraudes, que são eles: CRC (Conselho Regional de Contabilidade); CFC (Conselho Federal de Contabilidade); TRE (Tribunal Regional Eleitoral); TSE (Tribunal Superior Eleitoral); Justiça Eleitoral. 6.5. Inscrição dos Candidatos a Cargos Eletivos ou Comitês Financeiros

Conforme a instrução normativa 838/08 do Tribunal Superior Eleitoral é obrigatório

aos partidos políticos a inscrição do CNPJ e os procedimentos em relação a essa inscrição. A Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral encaminha à

Receita Federal do Brasil (RFB), em cada eleição, relação dos candidatos a cargo eletivo ou comitês financeiros, através de meio eletrônico, para fins de inscrição do CNPJ, que fica obrigado ao cadastro de todos os candidatos a cargos eletivos, e comitês financeiros. Essa inscrição serve para abertura de contas bancárias relativo a movimentações de fundos e gastos da campanha eleitoral.

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Feito a inscrição no TSE e dado a entrada do CNPJ junto a RFB, os números de inscrição no CNPJ serão divulgados nas páginas da RFB e do TSE, até 31 de dezembro do ano em que foram realizadas as eleições.

A denominação, segundo Instrução Normativa n° 838/2008, que será utilizada como nome empresarial para os candidatos a cargos eletivos, será "eleição - (ano da eleição) - (nome do candidato) - (cargo eletivo)"; para o comitê financeiro de partido político, usa-se a expressão "eleição - (ano da eleição) - Comitê Financeiro - (Município, no caso de pleitos municipais) - (UF, no caso de pleitos municipais ou estaduais) - (cargo eletivo ou a expressão único, seguida da sigla do Partido)".

Após o cadastro do CNPJ, a RFB antes da data das eleições encaminhará por meio eletrônico, ao TSE, segundo Art. 6° da Instrução Normativa Nº 838/2008 em conformidade com modelo aprovado pelo Tribunal, listas contendo:

Art. 6° I - nome do candidato ou comitê financeiro; II - número do título de eleitor e de inscrição no CPF do candidato ou do presidente do comitê financeiro, conforme o caso; III - número de inscrição no CNPJ; IV - data da inscrição.

Observa-se que para inscrição dos candidatos a cargos eletivos ou comitês financeiros são exigidos dados básicos, tais como, nome, número de CPF ou CNPJ e data da inscrição.

6.6. Obrigações Fiscais

Os partidos políticos e comitês financeiros ao contratarem serviços e trabalhadores, exclusivamente para as campanhas eleitorais devem recolher impostos tais como INSS, FGTS, IRRF, COFINS.

6.7 Apresentação de Declarações

Todas as empresas privadas, públicas e sem fins lucrativos, devem apresentar

declarações, que servem de fiscalização e conferência de dados para evitar fraudes que são elas: Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP; Declaração integrada de Informações-Econômicas Fiscais – DIPJ; Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Semestral – DCTF; Semestral Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF. 6.8 Prestação de contas

A prestação de contas sobre os deveres referente a contabilização dos partidos

políticos, que permite a origem das receitas e o pagamento das despesas vem para tornar claro e objetivo o destino do dinheiro público.

A resolução do TSE 21.841/04 dispõe no Art. 18 sobre as penalidades da falta de prestação de contas que:

Art. 18 A falta de apresentação da prestação de contas anual implica a suspensão automática do Fundo Partidário do respectivo órgão partidário, independente de provocação e de decisão, e sujeita os responsáveis às penas da lei (Lei nº 9.096/95, art. 37).

As penalidades variam de acordo com a infração cometida, porém, após confirmadas as irregularidades cabe aos órgãos competentes como a justiça eleitoral aplicarem penalidades aos partidos.

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A prestação de contas procede da seguinte maneira: para as eleições majoritárias é sob a forma estabelecida pela justiça eleitoral, e já para candidatos às eleições proporcionais, deve ser através dos comitês financeiros ou pelo próprio candidato.

Segundo a Lei 9.504/97 dispõe sobre a prestação de contas que procede da seguinte maneira:

Art. 28. A prestação de contas será feita: I - no caso dos candidatos às eleições majoritárias, na forma disciplinada pela Justiça Eleitoral; II - no caso dos candidatos às eleições proporcionais, de acordo com os modelos constantes do Anexo desta Lei. § 1º As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão feitas por intermédio do comitê financeiro, devendo ser acompanhadas dos extratos das contas bancárias referentes à movimentação dos recursos financeiros usados na campanha e da relação dos cheques recebidos, com a indicação dos respectivos números, valores e emitentes. § 2º As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão feitas pelo comitê financeiro ou pelo próprio candidato. § 3º As contribuições, doações e as receitas de que trata esta Lei serão convertidas em UFIR, pelo valor desta no mês em que ocorrerem. § 4

o Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados,

durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial de computadores (internet), nos dias 6 de agosto e 6 de setembro, relatório discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral, e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados somente na prestação de contas final de que tratam os incisos III e IV do art. 29 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006).

Essa prestação de contas deve ser apresentada anualmente pelos partidos políticos ou comitês financeiros até o dia 30 de abril de cada ano correspondente, mesmo o partido não tendo movimentação em seu período não justifica a não entrega dessa declaração. 7. Análise comparativa do caso prático

Os resultados obtidos por meio da pesquisa demonstram algumas diferenças de contabilização dos partidos políticos com as sociedades empresárias.

O Partido Político estudado é o atual P.M.D.B (Partido Do Movimento Democrático Brasileiro). Em 1964 começou a ganhar destaque pelo fato de estar interligado com o regime militar, deu uma balançada, através de ideologias e tendências políticas pelo motivo dos acontecimentos da época, porém assim mesmo sempre esteve firme antes e depois do regime militar.

Na data de 4 de dezembro de 1965, o Partido se constitui informalmente como MDB (Movimento Democrático Brasileiro) batizado por Tancredo Neves e em 24 de março de 1966 foi reconhecido Oficialmente como PMDB através do registro na Justiça Eleitoral.

A empresa pesquisada, doravante chamada de Empresa Auto estabelecida na cidade de Cascavel, legalmente constituída desde 25/03/2005 e com registro na Junta Comercial desde a data de 12/07/1996.

Possui natureza jurídica de Sociedade Empresarial Limitada, e tem como principal atividade o ramo do Comércio a varejo de peças e acessórios novos para veículos automotores.

Está enquadrada no regime simples nacional, possui em sua estrutura doze funcionários e sua divisão de custo é feita através do administrativo e operacional.

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Para melhor compreensão, os casos analisados foram feitos por meio de um quadro

comparativo.

EXIGÊNCIAS

ENTIDADES

SOCIEDADE EMPRESÁRIA

PARTIDOS POLÍTICOS

OBJETO DE CONSTITUICAO

CONTRATO SOCIAL ESTATUDO SOCIAL

PROCEDIMENTOS PARA A

ABERTURA

Envia para a junta comercial como sugestão três nomes empresariais. Após a aceitação de um deles, elabora-se o contrato social e o registra na junta comercial.

Elabora-se o estatuto social registra-o em cartório e envia para o TSE, após aprovação, é registrado o partido no banco de dados do TSE e mandado para a receita federal para a inscrição do CNPJ.

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

A escrituração deve abranger todas as movimentações que corresponderam ao aumento ou diminuição de seu patrimônio, atividades bem como: os lucros, mercadorias, vendas, pagamentos de obrigações e outros. O sistema utilizado é de critério da empresa ou contador.

A contabilidade é realizada através de documentos que comprovam entradas e saídas de recursos e bens. São lançados no sistema de prestação de contas partidárias (SPCP), em contas correspondentes ao plano de contas.

RESPONSÁVEL PELA CONTABILIDADE

Contador habilitado com CRC Contador habilitado com CRC

PLANO DE CONTAS

O Plano de Contas deve ser personalizado pela empresa, já que os usuários podem, necessitar de informações detalhadas conforme seu ramo de atividade.

Modelo Conforme Instrução

Normativa 04/97 Do TSE.

DEMONSTRACOES EXIGIVEIS

Balanço Patrimonial;

Demonstrações dos lucros ou prejuízos acumulados;

Demonstrações do resultado do exercício;

Demonstrações de fluxo de caixa

Demonstrações do valor adicionado. (Companhia aberta)

Balanço Patrimonial.

Demonstração Do Resultado.

Demonstração De Lucros Ou Prejuízos Acumulados.

Demonstração Das Mutações Do Patrimônio Líquido.

Demonstração Das Origens E Aplicações De Recursos.

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ORGÃOS DE FISCALIZACAO

CRC (Conselho Regional de Contabilidade);

CFC (Conselho Federal de Contabilidade);

Receita Federal;

Receita Estadual;

Ministério do Trabalho;

Fiscalização Municipal.

TRE (Tribunal Regional Eleitoral);

TSE (Tribunal Superior Eleitoral);

Justiça Eleitoral

OBRIGAÇÕES FISCAIS

Depende do regime de tributação.

INSS

FGTS

IRRF

COFINS

DECLARAÇÕES OBRIGATORIAS

Depende do regime de tributação

GFIP;

DIPJ;

DCTF Semestral;

DIRF.

PRESTACOES DE CONTAS

Conforme o regime de tributação. Deve ser apurado o livro diário/razão anualmente, semestralmente ou até mensalmente.

Deve ser apresentado anualmente pelos partidos políticos ou comitês financeiros até o dia 30 de abril de cada ano correspondente, mesmo o partido não tendo movimentação em seu período não justifica a não entrega das demonstrações.

8. Considerações Finais

Esse trabalho teve como objetivo demonstrar os principais pontos divergentes e

convergentes dos procedimentos contábeis entre os partidos políticos e as empresas privadas, focando principalmente na questão contábil. Apesar do assunto ser importante para o conhecimento da sociedade, é pouco discutido devido à falta de informação através dos meios de comunicação, e a ausência da divulgação ou discussão.

Ao final do exercício anual, os partidos têm como obrigação apresentar sua movimentação financeira do período, e assim como a cada ano eleitoral, os políticos também têm essa obrigação, e a sociedade tem por direito ver essas prestações de contas, porém muitos desconhecem desse direito e poucos se interessam.

Os partidos políticos e as empresas privadas possuem procedimentos parecidos. Os partidos políticos possuem estatutos que os regulamentam assim como as empresas possuem contrato social e fazem escrituração contábil referente à movimentação financeira, elaboram demonstrações contábeis, apresentam declarações, pagam e repassam impostos.

Para averiguar a veracidade das informações, ambos também possuem fiscalização de órgãos pertinentes conforme seu ramo.

Em relação à escrituração contábil constatou-se que seguem princípios que são dispostos para cada entidade. Devendo sempre ser observado à comprovação dos documentos e o seu plano de contas correspondente.

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As diferentes demonstrações que são apresentadas, tanto para os partidos políticos como para as empresas privadas, é devido ao tipo de informação que se busca em cada entidade, cada demonstração é responsável por algum tipo de informação, desde o balanço patrimonial no âmbito geral do patrimônio até na DRE para a demonstração dos lucros/prejuízos ou receitas/despesas.

Observou-se também que ambas devem manter sua escrituração contábil assinada por um responsável registrado no CRC e o armazenamento deve ser feito por até cinco anos, pois durante esse período pode haver fiscalização sobre as informações contabilizadas.

Cada organização possui órgãos responsáveis pela fiscalização, como para os partidos é exercido pela justiça eleitoral, e já para as empresas privadas é feito pelo Municipal, Estado, Federal e Conselhos de contabilidade.

Recomenda-se que as entidades, tanto o partido político (PMDB) como a empresa privada (Sociedade Empresária), continue elaborando e mantendo a escrituração contábil, apresentando corretamente sua contabilidade conforme a exigência em Lei. Referências ANDERSEN, Arthur. Normas e praticas Contábeis no Brasil. São Paulo,Ed. Atlas, 2ª edição, 1994. BARBOZA, M. S. Os Partidos Políticos. EAD-PMDB-RS. Ensino a Distância PMDB-RS. Disponível em: <http://www.eadpmdbrs.org.br/def/arquivos/partidos_politicos.pps>. Acesso em: 27 out. 2008, às 15h33min. BRASIL, INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA RFB/TSE Nº 838, DE 18 DE ABRIL DE 2008, – Dispõe sobre atos, perante o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), dos comitês financeiros de partidos políticos e de candidatos a cargos eletivos. ________, LEI Nº 9.096, DE 19 DE SETEMBRO DE 1995. – Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal. ________, RESOLUÇÃO CFC N. 750/93 – Dispõe sobre os Princípios Fundamentais De Contabilidade. ________, Resolução do CFC N. 711/91 - Dispõe sobre as normas brasileiras de contabilidade. ________, LEI Nº 11.638, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2007. - Altera e revoga dispositivos da Lei n

o 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n

o 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e

estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. ________, RESOLUÇÃO DO TSE Nº 21.841 DE JUNHO DE 2004 - Disciplina a prestação de contas dos partidos políticos e a Tomada de Contas Especial. ________, LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997. - Estabelece normas para as eleições. ________, DECRETO-LEI Nº 486, DE 3 DE MARÇO DE 1969. - Dispõe sobre escrituração e livros mercantis e dá outras providências. ________, RESOLUÇÃO CFC Nº 966/03 - Altera a Resolução CFC Nº 926/01, de 19 de dezembro de 2001, que altera itens da NBC T 10.19 - Entidades sem finalidade de lucros. HUDSON, Mike; Administrando organizações do terceiro setor: O desafio de administrar sem receita. 1° Ed. São Paulo, Ed. Makron Books, 1999.

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IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1997. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial: a contabilidade como instrumento de análise, gerência e decisão. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2003. NASCIMENTO, José Anderson; Tópicos de Direito Eleitoral; anotações a Lei à Lei 9.504/97- São Paulo, editora, 1998. PADOVEZE, Clóvis Luís; Manual de Contabilidade Básica: Uma introdução à pratica Contábil. São Paulo: Atlas, 4° edição, 2000. SÁ, Antonio Lopes de; Teoria da Contabilidade. São Paulo, ed.Atlas, 2ª edição,1999.