integraÇÃo regional no mercosul: avanÇos e...

15
INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA EDUCACIONAL José Maria de Souza Júnior 1 Laila Bellix 1.0 Introdução O presente artigo trata da integração educacional no MERCOSUL e como esta evoluiu ao longo do tempo. É de suma importância para o desenvolvimento do tema a ligação entre a integração educacional e a integração econômica do bloco. Assim, procurar-se-á traçar uma linha entre os dois temas e explorar a integração educacional em termos de sua evolução, seus progressos e suas limitações. O MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) é um modelo de integração idealizado no início da década de 90 nos modelos do Novo Regionalismo ou Regionalismo Aberto 2 e pode ser considerado fruto da reaproximação entre Argentina e Brasil que ocorreu a partir da segunda metade da década de 80. A finalidade do modelo era, por um lado, econômica para aumentar o comércio entre os membros do bloco, e, por outro lado, política, para fazer frente a tentativa dos Estados Unidos de formar um bloco que envolveria todo o continente americano. Temas marginais estavam presentes desde a criação do MERCOSUL. Esses temas, incluindo a educação, também foram abordados nas análises da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe). As recomendações sobre o processo de integração regional econômica eram exploradas juntamente as outras agendas sociais como forma de integrar e fortalecer o projeto latino americano. Percebe-se que, muito embora o cunho econômico-comercial das ações na direção da integração regional fosse o principal, as políticas sociais, no caso a educacional, estiveram presentes nas recomendações para integração. Isso porque a 1 Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina Universidade de São Paulo (PROLAM- USP). email: [email protected]. 2 Regionalismo aberto designa-se o processo conciliado de “interdependência nascida de acordos especiais de caráter preferencial e a que é basicamente impulsionada pelos sinais de mercado” (CEPAL in BIELSCHOWSKY, 2000: 945).

Upload: ngokhanh

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E

ENTRAVES DA AGENDA EDUCACIONAL

José Maria de Souza Júnior1

Laila Bellix

1.0 Introdução

O presente artigo trata da integração educacional no MERCOSUL e como esta

evoluiu ao longo do tempo. É de suma importância para o desenvolvimento do tema a

ligação entre a integração educacional e a integração econômica do bloco. Assim,

procurar-se-á traçar uma linha entre os dois temas e explorar a integração educacional

em termos de sua evolução, seus progressos e suas limitações.

O MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) é um modelo de integração

idealizado no início da década de 90 nos modelos do Novo Regionalismo ou

Regionalismo Aberto2 e pode ser considerado fruto da reaproximação entre Argentina e

Brasil que ocorreu a partir da segunda metade da década de 80.

A finalidade do modelo era, por um lado, econômica para aumentar o comércio

entre os membros do bloco, e, por outro lado, política, para fazer frente a tentativa dos

Estados Unidos de formar um bloco que envolveria todo o continente americano.

Temas marginais estavam presentes desde a criação do MERCOSUL. Esses

temas, incluindo a educação, também foram abordados nas análises da Cepal (Comissão

Econômica para a América Latina e Caribe). As recomendações sobre o processo de

integração regional econômica eram exploradas juntamente as outras agendas sociais

como forma de integrar e fortalecer o projeto latino americano.

Percebe-se que, muito embora o cunho econômico-comercial das ações na

direção da integração regional fosse o principal, as políticas sociais, no caso a

educacional, estiveram presentes nas recomendações para integração. Isso porque a

1 Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina – Universidade de São Paulo (PROLAM-

USP). email: [email protected]. 2 Regionalismo aberto designa-se o processo conciliado de “interdependência nascida de acordos

especiais de caráter preferencial e a que é basicamente impulsionada pelos sinais de mercado” (CEPAL in

BIELSCHOWSKY, 2000: 945).

Page 2: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

articulação de medidas educacionais e econômicas está intrinsecamente relacionada ao

progresso técnico que pode ser estimulado pelo intercâmbio de informações e

conhecimento, através da integração educacional. Este tema já era trabalhado pela Cepal

mesmo antes da criação do MERCOSUL.

Historicamente, no campo educacional, alguns avanços podem ser identificados.

Observa-se a assinatura do Protocolo de Intenções feito pelos Ministros da Educação da

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai que deu origem ao SEM (Setor Educacional do

MERCOSUL). Além deste documento, existem outros elaborados pelo próprio SEM

que mostram o interesse na integração educacional do bloco.

1.1 Problematização do estudo e objetivos

Nesse processo, a integração educacional se mostra como um tema marginal nas

decisões do Mercosul. Apesar de ter tido avanços, as políticas educacionais de

integração não adentraram a agenda política do bloco. Assim, a pergunta que dirige o

presente artigo é: Por que o processo de integração educacional no MERCOSUL não

consegue imprimir uma agenda3 relevante na integração geral do bloco?

Os objetivos da reflexão se dividem em: a) analisar a trajetória da integração

educacional no MERCOSUL do ponto de vista formal e, b) traçar possíveis entraves ao

processo de consolidação da agenda educacional do bloco.

A hipótese que se considera é que a integração educacional evoluiu do ponto de

vista jurídico-formal, ou seja, do SEM ter promovido protocolos e planos de ação que

diziam respeito à educação. No entanto, mesmo com avanços significativos, este

processo não pauta a agenda política dos países latinoamericano por, principalmente4: a)

haver um processo formal que desconsidera a maioria da comunidade acadêmica do

bloco; b) por essa ação ter sido demasiadamente lenta e, por fim, c) pela existência de

atividades informais de cooperação esporádicas e paralelas ao processo de negociação

institucional do Mercosul que fragiliza a própria constituição da agenda educacional.

3 Por agenda governamental entende-se por questões para uma decisão ativa de formuladores de políticas

– em processo de tornar-se policies (Kingdon, 2003). Na visão do estudo, as policies são ações

horizontais de Estado, que perpassam vontades particulares de governo. 4 É possível identificar outros entraves à formação da agenda educacional. Como recorte de análise, o

presente estudo focaliza nessas três possíveis reflexões.

Page 3: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

1.2 Metodologia de Estudo

Para analisar o projeto de integração educacional, trajetórias e entraves, o estudo

utiliza da análise bibliográfica e documental. Realizou-se um levantamento

bibliográfico do processo de integração educacional, da formação da agenda social no

MERCOSUL e análises de redes universitárias e de pesquisadores com importância na

construção do projeto integrativo. Para identificar os avanços e a trajetória da integração

educacional, analisou-se acordos e planos apresentados pelo Setor Educacional do

Mercosul (SEM) desde a assinatura do Protocolo de Intenções, em 1991, ao Plano de

Ação de 2006.

Com efeito, o artigo se apresenta da seguinte forma: na primeira seção aborda-se

a ligação ou ligações que a educação tem com a economia de forma geral em um projeto

de integração regional. Conseguintemente, é tratado o processo histórico da integração

educacional no MERCOSUL, com detalhes ao avanço formal para as políticas

educacionais, em que se busca verificar alguns principais motivos para que esse tema

não fosse inserido na agenda política da integração regional. Ao final, avalia-se a

educação como importante promotora de desenvolvimento para um Estado ou região e,

consequentemente para o processo da integração regional. Além disso, afere-se que a

integração educacional no MERCOSUL evoluiu do ponto de vista formal (acordos e

tratados), mas ainda não pauta a agenda política do bloco.

Page 4: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

2. Educação e Integração Regional: a importância da educação para o

desenvolvimento e para a inclusão da sociedade no processo de integração

regional.

De acordo com Gremaud et. al (2009) o conceito de desenvolvimento é algo

complexo de se analisar. Na mesma análise, os autores consideram que o

desenvolvimento econômico está contido na idéia mais ampla de desenvolvimento que

gera bem estar para a população de determinada localidade. Assim, o bem estar

perpassa pelo desenvolvimento econômico e pela distribuição de riquezas na sociedade.

Além disso, indicadores sociais são importantes para avaliar a qualidade de vida da

sociedade em questão. Os indicadores referentes à educação “permitem examinar as

condições de qualificação e, portanto, de oportunidade no mercado de trabalho da

população do país” (GREMAUD et. al, 2009, p. 61)5.

Desta forma, percebe-se a educação como importante elemento promotor de

desenvolvimento e qualidade de vida de uma população. Como a integração regional

visa o desenvolvimento conjunto dos Estados que a constituem com objetivo de

proporcionar o bem estar, conclui-se que esta deve estar na agenda do processo de

integração.

A integração educacional é uma das formas da sociedade participar do processo

de integração regional, pois envolve seu conhecimento mútuo e promove a aproximação

de parte destas sociedades (OLIVEIRA, 2009). Neste sentido, é pertinente identificar o

processo de construção e abordagens da integração educacional como um dos alicerces

para refletir sobre a integração regional além das relações econômicas6.

Uma das principais questões apontadas para o projeto de integração econômica,

do ponto de vista da Cepal, é a incorporação do progresso técnico pela periferia7.

5 A importância da educação no processo econômico pode ser notada na promulgação do Protocolo de

Intenções (1991) no qual se avalia a relação entre economia e educação, na medida em “Que a melhoria

dos fatores de produção requer necessariamente a elevação dos níveis de educação e de formação integral

das pessoas” (Protocolo de Intenções, 1991). 6 Muito embora, as análises pactuem com a importância de políticas públicas gerais na educação, desde o

seus anos fundamentais de ensino até a formação de mão de obra, o presente estudo focaliza nas ações do

ensino superior no Mercosul. Isso porque o ensino superior permite uma análise em “lócus da geração,

sistematização, transmissão e socialização do conhecimento por meio de atividades de ensino, pesquisa e

extensão” (CABRAL, 839). 7 Nesse debate, Prebisch (CEPAL in BIELSCHOWSKY, 2000) pontua que o processo de integração

regional reverteria uma constante para a América Latina: o desequilíbrio existente entre o centro e a

periferia. Isso ocorre porque, nesse modelo, os benefícios do aumento da produtividade não são

Page 5: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

Segundo consta no documento da Cepal (BIELSCHOWSKY, 2000) a incorporação do

progresso técnico inclui a padronização de normas e regulações, fomento à criação de

centros de excelência e redução os custos da pesquisa pura e aplicada. Como forma de

reforçar o desenvolvimento tecnológico, a análise aponta a necessidade de aumentar o

fluxo de informações tecnológicas entre países. Dessa forma, a avaliação da Cepal

evidencia que:

“(…) é igualmente possível obter vantagens com a

cooperação em campos tão diversos quanto a educação

e o desenvolvimento de mercados de capitais”

(BIELSCHOWSKY, 2000: 941).

As propostas da Cepal na década de 1990 preconizam a transformação produtiva

com a tese central de que a educação propicia o elo entre incorporação e difusão do

progresso técnico e a transformação produtiva. Nesse sentido, Vieira (2001) analisa no

documento cepalino a idéia de que:

“o fortalecimento da base empresarial, a crescente

abertura à economia internacional e, muito

especialmente, a formação de recursos humanos e o

conjunto de incentivos e mecanismos que facilitam o

acesso e geração de novos conhecimentos (Cepal,

Unesco, 1995 in: Vieira, 2001, p. 69).

Uma possível abordagem para o processo de integração educacional utiliza da

categoria de cooperação na área. A análise de Senhoras (2007) avalia que a cooperação

internacional na área da educação pode ser tanto do ponto de vista formal, quanto

informal, conforme descreve abaixo:

apropriados pela periferia. Um dos fatores destacados pelo autor como importante para o aumento da

produtividade é o aproveitamento do progresso técnico nos países em desenvolvimento. Segundo essa

tese, a incorporação do progresso técnico nos países centrais pode aumentar a produtividade e os salários

reais, no entanto, não se reflete na queda de preços dos produtos manufaturados exportados. Essa relação

não ocorre nos países da periferia, visto que há nesses uma redução dos preços dos produtos exportados

enquanto que não há, necessariamente, um aumento dos salários.

Page 6: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

Quadro 1 – As Cooperações Internacionais na Educação

Fonte: Senhoras (2007, p. 4)

Essas categorizações auxiliam na reflexão sobre a integração educacional no

MERCOSUL, em que se combinam elementos formais e informais de cooperação na

área educacional. Entende-se como ações formais aquelas publicadas aos Estados-

membros como documentos oficiais (que serão analisados na primeira parte do estudo)

e por informais, as ações informais àquelas de ações peculiares entre grupos

acadêmicos.

4.0 A Educação no MERCOSUL: avanço formal, lentidão a baixa inclusão.

Especificamente no caso do MERCOSUL, Perrota (2008) alega que a integração

educacional desde seu início apresentou evolução contínua, ou seja, não apresentou

rupturas como aconteceu na esfera econômico-comercial. Assim, mesmo não sendo a

principal razão nem contendo o principal objetivo do MERCOSUL, pois estes são

relativos à economia e ao comércio, observa-se que a educação se insere no debate

sobre integração regional. Do ponto de vista da sua evolução, a educação não sofre

problemas da mesma complexidade da esfera principal da integração.

Além disso, a educação na integração serve para a formação de mão-de-obra

qualificada, difusão de conhecimento e tecnologia entre os Estados-membros

(OLIVEIRA, 2009, p. 18). Vieira (2001) analisa que a Cepal contribui para a visão de

que há vínculo entre a educação, capacitação, ciência e tecnologia e o sistema

produtivo, isto é, na relação entre a ciência e tecnologia e a formação de recursos

humanos especializados na América Latina (VIEIRA, 2001).

Outra informação colocada por Oliveira (2009) que vale a pena destacar é que o

MERCOSUL é o único projeto de integração regional que pressupõe a integração

educacional desde seu início. É verdade que a Europa inclui a educação superior em sua

integração e, até agora, obteve mais sucesso que a América Latina. No entanto, o fato

Page 7: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

deste tema estar presente na criação do MERCOSUL mostra a preocupação dos

idealizadores do bloco com questões sociais que, neste caso, são imprescindíveis para o

desenvolvimento.

No âmbito da cooperação formal, conforme se teorizou, a evolução do

tratamento despendido à educação superior no MERCOSUL do ponto de vista jurídico

se dá da seguinte forma: em 1991 houve a assinatura do Protocolo de Intenções por

parte dos Ministros da Educação de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Este

protocolo deu origem ao Setor Educacional do MERCOSUL (SEM).

De 1992 a 1994 vigorou o documento denominado “Primeiro Plano Trienal”

(que acabou sendo estendido até 1998). Entre os objetivos deste Plano estava a

compatibilização dos sistemas educacionais. Em 1998 foi lançado o “Segundo Plano

Trienal”. Este previa a melhora da educação e almejava identificar as carências de mão-

de-obra qualificada na região. O documento “MERCOSUL 2000” foi lançado no ano de

1997 e primava por um sistema digital com informações sobre o ensino no

MERCOSUL para consulta do público.

O Plano de Ação (2001 – 2005) foi um documento mais complexo que continha

desafios, princípios orientadores, objetivos estratégicos e estratégias de ação e planos de

ação específicos para a educação básica, educação tecnológica e educação superior. É

abordada a importância da educação para a integração e a tentativa de se criar

consciência favorável à integração.

O Plano de Ação (2006-2010) é mais extenso e contém proposições mais

ambiciosas para a educação superior do MERCOSUL. Este documento reafirma mais

uma vez a importância do tema para o projeto de integração ao qual se destina. A

mobilidade acadêmica também é ressaltada como importante elemento de inclusão da

sociedade no projeto. Destaca-se, nesse plano, o estratégico papel da Educação para a

integração regional, conforme se verifica:

“En todos los países signatarios del Tratado de

Asunción, se percibió con claridad que la educación

debía jugar un rol principal y que el MERCOSUR no

podía quedar supeditado a meros entendimientos

econômicos”. (Plano de Ação 2006-2010, 2006, p.4)

Com efeito, é evidente que o Setor Educacional do MERCOSUL teve um

avanço e uma produção jurídica desde a criação do bloco. A instituição também foi

responsável por programas de acreditação em diferentes universidades dos quatro

Page 8: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

membros plenos, Bolívia e Chile (observadores). Nos anos de 2006, 2008, 2009 e 2010

(2011 está previsto) houve mobilidade acadêmica de alunos de graduação entre os seis

países citados. Os créditos em universidades da região poderão ser aproveitados pelos

alunos para suas universidades de origem.

Não obstante, a abrangência destes acordos e ações ainda é bastante limitada

uma vez que inclui poucas instituições e poucos alunos. Por exemplo, o número de

alunos que exerceu intercâmbio no nível de graduação pelo Programa MARCA8

(promovido pelo SEM), foi de 58 alunos em 2006, 214 em 2008, 187 em 2009, e 266

em 2010 (PROGRAMA MARCA, 2010; SEM, 2009). Estes números são baixos se for

levada em consideração a quantidade de alunos de graduação dos seis países que fazem

parte do programa.

A lentidão da evolução mostrada também evidencia que a educação não é um

tema presente na agenda política do MERCOSUL. Entre 1991 (ano de criação do SEM)

e 2006 (ano da primeira mobilidade acadêmica), pode-se ver um gap de 15 anos entre a

constituição da instituição e a ação que realmente inclui parte da sociedade no processo

de integração.

A lentidão do processo e não-inclusão de alunos é analisada por Senhoras (2007)

como uma dependência econômica e política. O autor aponta que um motivo que

fragiliza a integração formal da educação entre os países sul-sul é a escassez de recursos

intelectuais, materiais e financeiros destinados ao ensino superior integrado. Por tal

motivo, as tímidas empreitadas integrativas ficam a cargo do Brasil e Argentina, os

países com maiores capacidades econômicas para bancar os gastos e recursos (Senhoras,

2007).

Essa condição é intensificada pela frágil divulgação das ações do SEM.

Conforme avalia-se no Plano de Ação (2006) a disponibilidade e visibilidade das

informações do setor tornou-se um desafio a ser reparado. Desta forma, não é possível

dizer que o SEM e suas iniciativas promovem a inclusão maciça da educação (neste

caso Educação Superior) no projeto de integração regional do MERCOSUL, muito

embora sejam medidas de cooperação formal entre os países do Bloco. Por esse motivo,

8 O Programa MARCA (Mobilidade Acadêmica para Cursos Credenciados) é uma iniciativa de

intercâmbio para alunos de graduação dos países membros do MERCOSUL, Bolívia e Chile. Participam

os cursos de Agronomia, Arquitetura, Medicina e Engenharias (elétrica, mecânica, química, industrial e

civil) (Programa MARCA, 2010).

Page 9: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

pode-se inferir que esses acordos formais não conseguem imprimir a agenda política dos

países em questão por serem ações organizadas de forma demasiadamente lenta.

Por outro lado, no processo de integração educacional, pode-se analisar que,

mesmo antes do Tratado de Assunção de 1991, as cooperações esporádicas entre

universidades e a formação de redes institucionais foram uma constante entre os países

latinoamericanos. Trata-se de organizações informais, paralelas, que não foram

incorporadas pelo Mercosul.

Neves e Morosini (1995) traçam o panorama inicial do Mercosul em que mesmo

que não haja direções jurídicas que incluam Grupo de Trabalho da Educação, as

universidades latinoamericanas buscam paralelamente a cooperação regional, via redes

institucionais. As discussões acerca do papel da universidade na integração dos países

do Mercosul surgiu na comunidade acadêmica, sobretudo entre os pesquisadores. O

objetivo dessas discussões era inserir a academia no debate sobre integração

latinoamericana, nos moldes do que ocorrera com as universidades européias de

cooperação e intercâmbio (NEVES e MOROSINI, 1995).

Entre essas redes institucionais formadas, pode-se apontar algumas que

desempenharam papel estratégico. Entre elas, destaca-se a Associação de

Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), o Consórcio de Universidades

Comunitárias Gaúchas (Comung), Rede Deusto e o Grupo de Universidades de

Fronteira do Mercosul. Nas ações de órgãos governamentais, pontua-se o Mercosul

Educativo, a Capes/MEC enquanto que no âmbito internacional, apresenta-se a Rede de

Integração e Mobilidade Acadêmica (RIMA), as Cátedras da Unesco, Programa Mistral,

Programa Alpha, Programa Bolívar, Projeto Columbus e o Centro de Formación para la

Integración Regional (Cefir). (NEVES e MOROSINI, 1995).

Com esse contexto, é possível afirmar que a trajetória da cooperação informal

esteve presente antes da criação do Mercosul e, como uma constância no processo

educacional, prevalece paralelamente ao processo formal de integração até os dias de

hoje. Esse processo, paralelo à agenda institucional do Mercosul na área educacional,

não fora incorporado e assumido pelo próprio Setor Educacional do Bloco.

No entanto, mesmo havendo articulações entre atores sociais, o que se pode

verificar é que essas ações são pontuais e dependentes do interesse e formação de redes

Page 10: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

pessoais, o que não imprime o caráter permanente que deve seguir as políticas norteadas

pelos Estados9.

Pode-se avaliar que essas cooperações informais auxiliam na integração

regional, na medida em que promovem o intercâmbio de informações entre universidade

se constituem redes de conhecimento. Nessa visão, as atividades são positivas e

frutíferas. Entretanto, como o foco do trabalho é a formação da agenda no Mercosul

Educacional, esse processo ainda continua à margem da integração institucional e se

torna dependente de grupos e ações pontuais. Por isso, enfraquece a instituição do

MERCOSUL por não imprimir o status de agenda aos Estados-Membros que deveriam

acoplar essas medidas como políticas públicas de Estado.

Com essa perspectiva, ações com o mesmo objetivo das informais, mas que

fossem produzidas e repensadas pelos governos como integração educacional,

fortificaria a criação de uma agenda decisional, de Estado, para a educação no

Mercosul. Com isso, criar-se-ia o vínculo de institucionalização e apoio dessas medidas

pontuais e dependentes pelo próprio Setor Educacional. Essa seria um compromisso que

poderia elevar a educação ao patamar primário na agenda do Mercosul.

Assim, pode-se inferir que as redes educacionais paralelas presentes na

integração latinoamericana se tornaram um entrave especificamente na formação da

agenda por não serem apropriadas pelos Estados-membros, e sim dependentes de

grupos esporádicos. Se fossem ações institucionalizadas com vínculo e responsabilidade

estatal, poder-se-ia estimular a entrada da educação na agenda do Mercosul.

Em consonância com a reflexão apresentada, Draibe (2007) pontua que mesmo

com preocupações originais na área, a agenda social do MERCOSUL10

- que inclui a

educação - não fora dotada de autonomia decisória, isto é, por mais que houvesse

intenções e avanços para a consolidação da integração social regional, essas políticas

não pautaram agenda a agenda decisional dos governos em questão.

Com o apresentado, pode-se perceber que por um lado houve avanços

significativos na institucionalização da integração educacional no MERCOSUL,

9 Configura, também, a visão de que há dificuldades administrativas, gestão e coordenação entre os

diferentes sistemas de ensino, cultura organizacional e interesse entre países. Entretanto, para efeito de

análise, essas questões não configuraram como essenciais para a agenda decisional dos Estados-membros. 10

Segundo Draibe (2007), a agenda política do MERCOSUL, na década de 1990, foi marcada pela

expansão e centralidade da questão social. A autora justifica que essa centralidade se deu pela dimensão

que a questão social adquiriu na época através da: a) a criação de instituições dedicadas à questão social e

b) amadurecimento de conceitos sobre integração e questão social (ibidem).

Page 11: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

principalmente do ponto de vista formal, sem, no entanto, adentrar a agenda política dos

países – como foi o caso da econômica11

.

Para elucidar essa dualidade da integração educacional, fez-se uma análise das

decisões jurídico-formais que foram crescentemente adotadas no âmbito do

MERCOSUL com a finalidade de evidenciar o avanço apontado pelo estudo. Do outro

lado, mostrou-se as razões para que, mesmo com avanços legais, a educação não foi

pauta na agenda de integração do MERCOSUL.

Conforme verifica Senhoras (2007), por mais que houvesse cooperações entre

redes – e pontua-se aqui as cooperações formais via acordos e planos – a integração

educacional necessita de políticas coordenadoras no âmbito do MERCOSUL:

“Embora as redes regionais de cooperação em C&T nas

universidades do Mercosul tenham se ampliado

espontaneamente a curtos passos com foco no

diagnósticos do bloco, uma política coordenadora,

que defina prioridades e estruture programas e

recursos no ensino superior inexiste (SENHORAS,

2007:11).

Considerações Finais

O processo de integração econômica foi a força propulsora da integração

regional na América Latina. Esse projeto passou por diferentes etapas e fases, em

consonância com as políticas adotadas pelos países latinoamericanos.

Na década de 1990, a integração regional se fortaleceu pela promulgação do

Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), especificamente em 1991, cujos objetivos

meramente econômicos passaram a ser re-pensados com a agenda social.

Muito embora esse processo tivesse foco na atuação econômica dos países,

recomendações foram traçadas aos países para que houvesse uma coordenação de

políticas sociais, especialmente a educacional. O papel da Cepal nessa análise foi de

suma importância, na medida em que os relatórios publicados pela Comissão

articulavam a educação com transformação produtiva e, dessa forma, a promoção do

desenvolvimento econômico e social.

11

Importante pontuar que a análise considera a importância e centralidade da integração econômica.

Entretanto, considera-se que, aliado às medidas econômicas, seria de suma necessidade considerar as

políticas educacionais para a integração regional dos países latinoamericanos.

Page 12: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

Dessa forma, reconhece-se, em documentos oficiais e entre pesquisadores da

área, que a educação assume uma dimensão estratégica para a integração regional. No

entanto, mesmo com avanços, a educação não imprime uma agenda essencial nos países

do MERCOSUL.

Os avanços na área educacional percorreram o caminho desde o Protocolo de

Intenções, em 1991. A partir desse momento, alguns planos e acordos foram traçados,

com metas de difícil mensuração e em trâmite demasiadamente lento. Essas

características fazem com que o processo de integração educacional paire sobre a

condição de intenções e idéias inatingíveis e não para o processo de decisão do Estado,

para a formulação de políticas coordenadas para os países. Além desse fator, os pactos

adotados não atingiam à maior parte da comunidade acadêmica, focalizado em poucas

instituições e alunos. Esses motivos dificultam a entrada da educação na agenda de

decisão dos países, visto que as medidas formais não são concretizadas na sua plenitude.

Contribui para essa visão a idéia de que as cooperações informais no âmbito

educacional – realizada entre diferentes universidades – são constantes e se configuram

como a estratégia de integração educacional, o que entrava a agenda do Estado de ações

macro e integrativa na política educacional. Por tal motivo, as ações informais também

constituem um fator de entrave à definição da agenda educacional nos países do

MERCOSUL.

Pode-se inferir, com esse cenário, que a entrada de políticas educativas na

agenda dos países latinoamericanos fortificaria o processo de integração regional. Esse é

um dos caminhos possíveis para solidificar o processo de integração regional, na

medida em que complementa a visão econômica, na formação da mão de obra

qualificada e no intercâmbio de informações.

Para tanto, considera-se que se propostas medidas de articulação entre as

políticas educacionais no MERCOSUL, haveria ganhos institucionais e sociais para a

integração regional. Dessa forma, trata-se de ampliar, sem desconsiderar, a visão

econômica de integração para amalgamar as integrações regionais na América Latina.

Page 13: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

Bibliografia:

BARROS, Ricardo Paes; MENDONÇA, Rosane: “Investimentos em Educação e

Desenvolvimento Econômico”. IPEA. Rio de Janeiro, 1997.

BRASIL, Decreto nº 7484/11. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2011/Decreto/D7484.htm.

CABRAL, Guilherme Perez. A integração educacional no âmbito do ensino superior no

Mercosul. In: XVI Congresso Nacional do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-

Graduação em Direito (CONPEDI), 2007, Belo Horizonte. Anais..., Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2007. Disponível em: <

http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/bh/guilherme_perez_cabral.pdf >.

Acesso em: 10/05/11.

CEPAL. O Desenvolvimento Econômico da América Latina e Alguns de seus

Principais Problemas. In Bielschowsky, Ricardo (org). Cinquenta Anos de Pensamento

na CEPAL. Conselho Federal de Economia – COFECON/Ed. Record. Rio de Janeiro,

2000.

CEPAL. O mercado comum latino-americano. In: Bielschowsky, Ricardo (org).

Cinquenta Anos de Pensamento na CEPAL. Conselho Federal de Economia –

COFECON/Ed. Record. Rio de Janeiro, 2000.

Page 14: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

CEPAL. O Regionalismo Aberto na América Latina e no Caribe: A Integração a

Serviço da Transformação Produtiva com Equidade. In: Bielschowsky, Ricardo (org).

Cinquenta Anos de Pensamento na CEPAL. Conselho Federal de Economia –

COFECON/Ed. Record. Rio de Janeiro, 2000.

DRAIBE, Sonia. Coesão social e integração regional: a agenda social do MERCOSUL

e os grandes desafios das políticas sociais integradas. Cadernos de Saúde Pública, Rio

de Janeiro, S174-S183, 2007.

FFRENCH-DAVIS, Ricardo e Oscar Munoz. As Economias Latino-Americanas. 1950-

1990. In: A América Latina após 1930. Organização Leslie Bethell. Editora da USP,

2005.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. O papel da educação na aliança estratégica. Brasil.

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/artigo_haddad_filmus.pdf. Acesso

em: 31/05/11.

MERCOSUR / RME / ACTA Nº 01/92 Acta de la reunión de Ministros de Educación

de los países signatários del Tratado del Mercado Común del Sur Buenos Aires, 1 de

junio de 1992.

MERCOSUL, Decisão 25/97 – Prorroga a vigência do Plano Trienal para o setor

Educacional do MERCOSUL, Montevidéu, 15/12/1997

MERCOSUL. Plano Trienal, 1997, disponível em: www.sic.inep.gov.br, acesso em

04/2010.

MERCOSUL, Decisão 04/99 “Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários

para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Países Membros do MERCOSUL”.

Assunção, 14/06/1999.

MERCOSUL, Decisão 05/99 “Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários

para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL, na

República da Bolívia e na República do Chile”. Assunção, 14/06/1999.

MERCOSUL, Plano de Estratégico 2001-2005, 2000. Disponível em:

http://www.sic.inep.gov.br, acesso em 04/2010.

Page 15: INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E …cac-php.unioeste.br/.../Trab...mercosul_avancos_entraves_agenda.pdf · INTEGRAÇÃO REGIONAL NO MERCOSUL: AVANÇOS E ENTRAVES DA AGENDA

MERCOSUL, Plan Del Sector Educativo Del MERCOSUR 2006-2010, 2004.

Disponível em: http://www.sic.inep.gov.br, acesso em 04/2010.

NEVES, Clarissa e MOROSINI, Marilia. Cooperação Universitária no MERCOSUL.

Em Aberto, Brasília, ano 15, n.68, p.16-35, out/dez. 1995.

OLIVEIRA, Elvys Patrick Ferreira: “Os Acordos de Integração Educativa do

MERCOSUL: uma análise a partir dos jogos de dois níveis”. Belo Horizonte, 2009.

OLIVEIRA, Ramon. O legado da Cepal à educação nos anos 90. Revista

Iberoamericana de Educação, Buenos Aires; 1995, Disponível em:

http://www.rieoei.org/deloslectores/Oliveira.PDF. Acesso em: 23/03/11.

PERROTA, Daniela, 2008: “La coperación en Mercosur: el caso de las universidades”

Temas, número 54: 67-76, abril-junho de 2008.

PREBISCH, Raúl. O Mercado Comum Latino-Americano e o Regime de Pagamentos

Multilterais, 1959. In: Bielschowsky, Ricardo (org). Cinquenta Anos de Pensamento na

CEPAL. Conselho Federal de Economia – COFECON/Ed. Record. Rio de Janeiro,

2000.

SENHORAS, E. M. . Políticas Transregionais na Academia: Da cooperação

universitária à proposição da Universidade do Mercosul. In: VI Fórum do Mercosul,

2007, Aracajú. Anais do VI Fórum do Mercosul. Aracajú : UFS, 2007.

TORRES, Carlos A. e SCHUGURENSKY, Daniel: The political economy of higher

education in the era of neolibreal globalization: Latin America in comparative

perspective. Higher Education, no 43, p. 429-455, 2002.

VIEIRA, Sofia Lerche. Políticas internacionais e educação – cooperação ou

intervenção?. In: DOURADO, L e PARO, V (orgs) Políticas Públicas & Educação

Básica – São Paulo: Xamã, 2001.p. 59-91.