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MANUAL DE FORMAÇÃO EM H.S.T. CGTP-IN PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO 1 MANUAL DE FORMAÇÃO DE HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO ÍNDICE CONTEÚDOS Pág. MÓDULO 1 INTRODUÇÃO. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS. METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T. 1.1 – INTRODUÇÃO 1.2 – FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS 1.2.1 – Conceito de Trabalho 1.2.2 – Desenvolvimento Metodológico do Curso 1.3 – METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T. MÓDULO 2 – DESCRIÇÃO DO TRABALHO. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO 2.1 – DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE TRABALHO 2.1.1 – A tarefa 2.1.2 – As entradas 2.1.3 – As saídas 2.1.4 – O Homem 2.1.5 – Os meios de trabalho 2.1.6 – O processo de trabalho 2.1.7 – As influências do meio ambiente 2.2 – DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO MÓDULO 3 – ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO. NOÇÕES BÁSICAS DE ERGONOMIA 3.1 – ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO 3.1.1 – Requisitos ligados aos conhecimentos 3.1.2 – Requisitos ligados à habilidade 3.1.3 – Requisitos ligados à responsabilidade 3.1.4 – Requisitos ligados ao esforço muscular 3.1.5 – requisitos ligados ao esforço mental 3.1.6 – requisitos ligados às influências do meio ambiente 3.2 – NOÇÕES BÁSICAS DE ERGONOMIA 3.2.1 – Critérios de avaliação do trabalho 3.2.2. – Princípio Carga-Esforço MÓDULO 4 – IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO 4.1 – CONCEITO DE RISCO DE TRABALHO 4.2 – CATEGORIAS DE RISCOS DE TRABALHO 4.2.1 – Micro-clima de trabalho 4.2.2 – Contaminantes do meio ambiente 4.2.3 – Sobrecarga muscular 4.2.4 – Sobrecarga psíquica 4.2.5 – Factores de insegurança ÍNDICE ( continuação ) 5 7 9 9 9 11 13 15 17 17 17 17 19 19 21 23 27 29 29 29 31 31 31 31 33 35 35 39 41 41 41 43 43 45 45

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MANUAL DE FORMAÇÃO EM H.S.T.

CGTP-IN PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

1

MANUAL DE FORMAÇÃO

DE HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO

ÍNDICE

CONTEÚDOS Pág. MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS.

METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T. 1.1 – INTRODUÇÃO 1.2 – FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS 1.2.1 – Conceito de Trabalho 1.2.2 – Desenvolvimento Metodológico do Curso 1.3 – METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T. MÓDULO 2 – DESCRIÇÃO DO TRABALHO. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES

DE TRABALHO 2.1 – DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE TRABALHO 2.1.1 – A tarefa 2.1.2 – As entradas 2.1.3 – As saídas 2.1.4 – O Homem 2.1.5 – Os meios de trabalho 2.1.6 – O processo de trabalho 2.1.7 – As influências do meio ambiente 2.2 – DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO MÓDULO 3 – ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO. NOÇÕES

BÁSICAS DE ERGONOMIA 3.1 – ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO 3.1.1 – Requisitos ligados aos conhecimentos 3.1.2 – Requisitos ligados à habilidade 3.1.3 – Requisitos ligados à responsabilidade 3.1.4 – Requisitos ligados ao esforço muscular 3.1.5 – requisitos ligados ao esforço mental 3.1.6 – requisitos ligados às influências do meio ambiente 3.2 – NOÇÕES BÁSICAS DE ERGONOMIA 3.2.1 – Critérios de avaliação do trabalho 3.2.2. – Princípio Carga-Esforço MÓDULO 4 – IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO 4.1 – CONCEITO DE RISCO DE TRABALHO 4.2 – CATEGORIAS DE RISCOS DE TRABALHO 4.2.1 – Micro-clima de trabalho 4.2.2 – Contaminantes do meio ambiente 4.2.3 – Sobrecarga muscular 4.2.4 – Sobrecarga psíquica 4.2.5 – Factores de insegurança ÍNDICE ( continuação )

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CGTP-IN PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

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MÓDULO 5 – AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE TRABALHO 5.1 – CONCEITO E OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO DOS RISCOS 5.2 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO 5.2.1 – Natureza e perigosidade dos riscos de trabalho 5.2.2 – Localização dos riscos de trabalho 5.2.3 – Trabalhadores afectados pelo risco 5.2.4 – tempo de exposição ao risco 5.2.5 – Intensidade do risco MÓDULO 6 – ACÇÕES DE PREVENÇÃO 6.1 – CONCEITO DE ACÇÕES DE PREVENÇÃO 6.1.1 – Eliminação dos riscos de trabalho 6.1.2 – Limitação dos riscos de trabalho 6.1.3 – Limitação das consequências dos riscos de trabalho 6.2 – TIPOS DE ACÇÕES DE PREVENÇÃO 6.2.1 – Acções de prevenção directas 6.2.2 – Acções de prevenção indirectas 6.2.3 – Acções de prevenção informativas 6.3 – CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DAS ACÇÕES DE PREVENÇÃO 6.3.1 – Critérios de prioridade 6.3.2 – Critérios de eficácia 6.3.3 – Critérios de operacionalidade 6.3.4 – Critérios de economia MÓDULO 7 – IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES DE

PREVENÇÃO 7.1 – IMPLEMENTAÇÃO DAS ACÇÕES DE PREVENÇÃO 7.1.1 – Caracterização e definição de objectivos das acções de prevenção 7.1.2 – Regras e âmbito de aplicação 7.1.3 – Desenvolvimento temporal do Plano de Prevenção 7.2 – AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES DE PREVENÇÃO MÓDULO 8 – APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T. A 5

CASOS 8.1 – CASO “ CONSTRUÇÃO CIVIL “ 8.2 – CASO “ METALOMECÂNICA “ 8.3 – CASO “ CONFECÇÃO “ 8.4 – CASO “ RESTAURAÇÃO “ 8.5 – CASO “ TRANSPORTES “

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Março/99

MANUAL DE FORMAÇÃO EM H.S.T.

CGTP-IN PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

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NOTA INTRODUTÓRIA O presente manual, realizado no âmbito do Projecto INOVAR – FORMAR do Programa Leonardo da Vinci, constitui o produto de formação nº 4 da responsabilidade da CGTP-IN previsto no referido projecto. No âmbito daquele projecto, este manual assume-se como o suporte principal dos conteúdos do curso de Formação a Distância para Representantes e Candidatos a Representantes dos Trabalhadores para a SHST ( Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho ) nas Empresas. Este curso, juntamente com mais 5 previstos no INOVAR – FORMAR, completa o programa formativo dirigido a Quadros Sindicais Europeus, os quais, globalmente, permitirão a aquisição de competências chave O presente manual constitui a 1ª versão das UNIDADES DE FORMAÇÃO EM HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO, as quais comportam os conteúdos temáticos e a metodologia do estudo da H.S.T., componentes do curso de formação em S.H.S.T. para representantes e candidatos a representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde nas empresas, no âmbito do decreto Lei nº 441 / 91. Esta 1ª versão do manual servirá, entretanto, de base ao estudo da H.S.T. do curso de Aperfeiçoamento Técnico e Pedagógico de Formadores de S.H.S.T., destinado à formação de Formadores / Coordenadores que farão a supervisão dos cursos de formação acima citados. Este curso de aperfeiçoamento, em virtude de se dirigir a um público alvo conhecedor das matérias que habitualmente comportam esta disciplina, permitirá a correcção estrutural e metodológica deste manual, possibilitando a eventual introdução de matérias e de conteúdos que se julgarem pertinentes para os cursos de representantes e candidatos a representantes dos trabalhadores para a S.H.S.T. nas empresas. Com a criação deste manual pretende-se construir um referencial didáctico e, simultaneamente pedagógico, que seja o suporte por excelência dos cursos a disseminar pelo País no âmbito do PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM S.H.S.T., que a CGTP pretende implementar com o objectivo global de contribuir para a diminuição, sistemática e permanente, dos acidentes e das doenças que afectam os trabalhadores e a comunidade, em resultado da actividade laboral, em Portugal. Patrocinado pelo I.D.I.C.T., este Programa desenvolver-se-á através de 3 projectos: PROJECTO 1 Criação de 5 manuais: o presente manual; um manual de formação metodológica de formadores; um manual de formação tecnológica de formadores; um manual de saúde ocupacional e um repositório legislativo sobre a legislação relativa à S.H.S.T. ; PROJECTO 2 Projecto de aperfeiçoamento técnico e pedagógico de formadores de S.H.S.T., já referido no 2º parágrafo; PROJECTO 3 Projecto de formação em S.H.S.T. para representantes e candidatos a representantes dos trabalhadores para a S.H.S.T. nas empresas. Este projecto, objectivo final do Programa, será posto em prática através de 2 vertentes distintas: VERTENTE 1 - destinada à formação de representantes e candidatos a representantes dos

trabalhadores e, em simultâneo, de formadores em S.H.S.T. e realizada essencialmente a distância;

VERTENTE 2 - exclusivamente presencial, dará, apenas, a formação dirigida a

representantes e candidatos a representantes dos trabalhadores em S.H.S.T. nas empresas.

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Em síntese, pretende-se que esta 1ª versão do manual de UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. seja analisada e criticada em profundidade por todos os participantes no curso do Projecto 2, com vista à sua utilização nos cursos do Projecto 3. Como tal, espera a equipa da CGTP responsável pelo Programa de Formação em S.H.S.T., um grande empenhamento de todos para a sua melhoria, quer ao nível dos conteúdos quer da metodologia, factor relevante para o sucesso do Projecto 3 e, em virtude disso, de todo o Programa. FORMA DE UTILIZAÇÃO DO MANUAL Esta 1ª versão do manual apresenta algumas particularidades que convirá serem previamente explicadas. 1. No início de cada um dos 8 módulos que compõem este manual, é apresentado o plano de

módulo, do qual constam os conteúdos a abordar, os objectivos terminais, ou operacionais, a atingir pelos participantes, os números das páginas em que as várias matérias constam no manual. No espaço destinado ao tempo de formação, deverão os participantes registar o nº de horas de estudo, tão aproximado quanto possível, que dedicaram ao conjunto das matérias contidas em cada módulo. Para além de ser um elemento estruturante das matérias a aprender, o plano de módulo permitirá aos participantes irem fazendo a sua auto-avaliação, isto é, comparar o nível de aprendizagem previsto com o nível de aprendizagem individual obtido.

2. O desenvolvimento do manual faz-se apenas nas páginas do lado esquerdo. Estas

apresentam 2 colunas: a da esquerda, larga, com a exposição das matérias; a da direita, estreita, com indicações sintéticas das matérias da coluna da esquerda, de forma a permitir uma rápida procura dos conteúdos. A página da direita é apresentada em branco e destina-se às anotações que o participante julgar úteis sobre as matérias da página esquerda, bem como à realização de exercícios de aplicação sobre as mesmas. Sempre que acontecer ser insuficiente este espaço, deverão os participantes agrafar uma folha em branco à anterior.

3. A realização dos casos de aplicação previstos no módulo 8 é totalmente aberta, embora se

trate de trabalho a realizar individualmente, naturalmente com o apoio, a distância, do tutor. 4. Como se pretende, no final da formação, melhorar substancialmente esta versão do manual,

os contributos nesse sentido deverão ser explicitados, via internet, para a conferência do módulo 2 – HIGIENE E SEGURANÇA. Desta forma poderão ser por todos apreciados e criticados de forma a serem incluídos no manual, sempre na perspectiva de que não se trata de um manual destinado à formação de especialista de H.S.T., mas destinado a representantes e candidatos a representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde nas empresas.

5. Deverão os participantes prestar uma especial atenção às matérias apresentadas em fundo

cinzento, pois elas contemplam os conceitos e as definições chave em que assentam todos os desenvolvimentos temáticos, logo constituem elementos fundamentais para a aprendizagem a realizar.

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CGTP PLANO DE FORMAÇÃO EM H.S.T.

REPRESENTANTES E CANDIDATOS A REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES PARA A SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE, NO ÂMBITO DO DECRETO LEI Nº 441/91

UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T.

MÓDULO 1 – Introdução. Fundamentos metodológicos. Metodologia de estudo da H.S.T.. ESTRUTURA OBJECTIVOS AUTO - AVALIAÇÃO CONTEÚDOS

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INTEGRAÇÃO DOS FORMANDOS.

1.1 - INTRODUÇÃO. 1.2 - FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS. 1.2.1 – Conceito de Trabalho. 1.2.2 - Desenvolvimento metodológico do

curso. 1.3 – METODOLOGIA DE ESTUDO DA

H.S.T.

No final o participante deverá:

Enunciar o objectivo geral do curso;

Distinguir o conceito de Trabalho a utilizar no curso, relativamente a outros conceitos;

Enumerar as duas vertentes que compõem o curso e a composição de cada uma delas;

Descrever os 6 passos da metodologia de estudo da H.S.T..

Páginas 7 a 11 do

Manual

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NOTAS E EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

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INTRODUÇÃO. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS. METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T.

1.1 – INTRODUÇÃO O presente manual pretende ser um guia metodológico e prático dos formadores e formandos dos módulos de Higiene e Segurança no Trabalho dos cursos a desenvolver no âmbito do Programa de Formação em Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho. Este programa, patrocinado pelo I.D.I.C.T., tem como objectivo primeiro formar os representantes e candidatos a representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho, em conformidade com o disposto no Decreto-Lei nº 441 / 91. Os cursos a realizar serão de 2 tipos: ♦ Cursos de formação a distância, através da utilização dos meios

telemáticos da CGTP. Estes cursos comportam, todavia, algumas sessões presenciais pré-programadas;

♦ Cursos de formação exclusivamente presencial. Os primeiros, para além dos conteúdos específicos ligados à S.H.S.T., habilitam os formandos com o curso de formação pedagógica de formadores, susceptível de certificação pelo I.E.F.P.. Desta forma, os formandos que frequentarem com aproveitamento este curso, ficarão, por sua vez, habilitados a ministrarem cursos do segundo tipo ( presenciais ), garantindo o efeito multiplicativo deste programa junto de um número que se pretende significativo de trabalhadores portugueses. Naturalmente que a formação em questão será, por congruência com as disposições do D.L nº 441 / 91, necessariamente do tipo transversal. De facto, um representante dos trabalhadores para a S.H.S.T. deverá estar capacitado para intervir ao nível de qualquer sector da empresa e não só no que melhor conhece ou onde trabalha habitualmente. Por esta razão, não será de estranhar que, por força da estratégia metodológica seguida, as matérias que compõem este manual fujam ao que é habitual encontrar-se nos manuais mais difundidos sobre H.S.T., normalmente virados para os aspectos mais gerais da prevenção e sem grandes preocupações no que toca à racionalização da prevenção enquanto atitude sistemática e cientificamente sustentada por parte do trabalhador.

Objectivo do manual

Enquadramento didáctico do manual no Programa de Formação em S.H.S.T.

A transversalidade da formação como resposta ao consignado no D.L.nº 441 / 91

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1.2 – FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS 1.2.1 – CONCEITO DE TRABALHO Porque se trata de higiene e segurança no trabalho, deverá ser este o primeiro conceito a ser definido. O Trabalho é definido de várias maneiras, conforme diferentes perspectivas de abordagem: ♦ Para a física ( mecânica ) o trabalho é o resultado de uma força em

movimento. ♦ A ergonomia define Trabalho como a transformação de energia e o

processamento de informação necessários para a concretização de uma tarefa pelo Homem.

♦ No âmbito da economia, o Trabalho é um factor de produção para fabricação de bens ou para a prestação de serviços.

♦ Na perspectiva do Trabalhador, o Trabalho consiste na actividade para o cumprimento de uma tarefa.

O conceito de Trabalho que melhor permite uma abordagem exaustiva de todos os seus componentes é o do Estudo do Trabalho: ♦ É o cumprimento de tarefas dentro de um Sistema pela acção

conjunta do Homem com os Meios de Produção sobre o Objecto de Trabalho.

As definições de Sistema de Trabalho, de Meios de Produção e de Objecto de Trabalho serão desenvolvidas no ponto 2.1 - DESCRIÇÃO DO TRABALHO. 1.2.2 – DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DO CURSO O presente manual desenvolve-se em 2 vertentes: 1. Metodologia de estudo da HST, dividida em: ♦ Descrição do Trabalho; ♦ Análise de Requisitos de Trabalho. Ergonomia; ♦ Identificação dos Riscos de Trabalho; ♦ Avaliação dos Riscos de Trabalho; ♦ Acções de prevenção; ♦ Implementação e avaliação das acções de prevenção. 2. Aplicação da metodologia a 5 casos dos sectores seguintes: ♦ Construção civil; ♦ Metalomecânica; ♦ Confecção; ♦ Restauração; ♦ Transportes

Conceitos deTRABALHO

Conceito de TRABALHO, na perspectiva do Estudo do Trabalho

Partes da metodologia

Casos de aplicação da metodologia

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1.3 – METODOLOGIA DE ESTUDO DA H.S.T. Pretende-se, com o estudo desta disciplina, fornecer um conjunto de conhecimentos que possibilitem aos trabalhadores a aplicação de medidas concretas capazes de, através da eliminação ou da limitação dos riscos de trabalho, prevenirem os acidentes ou as doenças que resultem da actividade laboral. Sendo assim, a grande preocupação desta metodologia é que ela possibilite uma abordagem muito concreta das questões ligadas à prevenção, em contraposição à maioria das abordagens até agora feitas e que mais não são de que um conjunto de princípios gerais desligados da realidade específica de cada trabalhador. A aplicação de uma metodologia única no estudo da H.S.T. apresenta, entre outras, duas vantagens relevantes: ♦ uniformidade no estudo das matérias que comportam esta disciplina,

criando formas de abordagem e códigos de linguagem comuns aos trabalhadores, independentemente do sector de actividade em que operam e do posto de trabalho que ocupam;

♦ criação de um único referencial de métodos e de conteúdos que, por

essa razão, são mais facilmente melhoráveis face às inovações que permanentemente são introduzidas no mundo do trabalho.

Os 6 passos, ou etapas, da metodologia são os seguintes: 1 – DESCRIÇÃO DO TRABALHO 2–ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO.

ERGONOMIA. 3 – IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS DE TRABALHO 4 – AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE TRABALHO 5 – ACÇÕES DE PREVENÇÃO 6 – IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES DE

PREVENÇÃO

Objectivo da H.S.T.

Porquê uma única metodologia ?

Os passos da metodologia

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REPRESENTANTES E CANDIDATOS A REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES PARA A SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE, NO ÂMBITO DO DECRETO LEI Nº 441/91

UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 2 – Descrição do Sistema de Trabalho e das condições de trabalho. ESTRUTURA OBJECTIVOS AUTO - AVALIAÇÃO CONTEÚDOS

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2.1 – DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE

TRABALHO. 2.1.1 – A Tarefa. 2.1.2 – As Entradas. 2.1.3 – As Saídas. 2.1.4 – O Homem. 2.1.5 – Os Meios de Trabalho. 2.1.6 – O Processo de Trabalho. 2.1.7 – As Influências do Meio Ambiente. 2.2 – DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE

TRABALHO.

No final o participante deverá:

Definir “ Sistema de Trabalho “, enumerando os seus 7 componentes;

Definir “ Tarefa “ , dando exemplos variados;

Definir “ Entradas “ , dando exemplos variados;

Definir “ Saídas “ , dando exemplos variados;

Definir “ Homem “ , dando exemplos variados;

Definir “ Meios de Trabalho “, Meios de Produção e Meios de

Auxiliares de Produção, dando exemplos variados de cada um ;

Definir “ Processo de Trabalho “ , dando exemplos e

descrevendo as suas fases;

Definir “ Influências do Meio Ambiente “ , as Físicas e as Psico-Sociais, dando exemplos variados de cada;

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Definir “ Condições de Trabalho “ aplicando o conceito a vários exemplos

Páginas 15 a 21 do Manual Páginas 23 a 25

do Manual

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DESCRIÇÃO DO TRABALHO. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO

2.1 – DESCRIÇÃO DO TRABALHO Descrever o trabalho consiste na identificação e caracterização dos 7 elementos que compõem o SISTEMA DE TRABALHO ( ST ) e das influências a que o sistema está sujeito. 2.1.1 – SISTEMA DE TRABALHO ( ST ) Define-se SISTEMA DE TRABALHO ( S.T. ) como um conjunto de elementos em que o Homem e meios de trabalho actuam, através de um processo, sobre as entradas, originando saídas, sob influências do meio – ambiente, para a execução de uma determinada tarefa. Na figura seguinte está esquematicamente representado o Sistema de Trabalho com os seus 7 componentes: Fig.1 – SISTEMA DE TRABALHO A habituação a esta representação gráfica do S.T. é um bom auxiliar para a memorização dos 7 elementos do sistema, pelo que se aconselha a sua utilização frequente nas descrições de trabalho utilizadas como casos práticos de aplicação. Este ST, aqui representado em esquema, corresponde ao chamado trabalho individual. Quando no ST existem mais que um Homem com o processo de trabalho em comum ( total ou parcialmente ) diz-se que estamos em presença de trabalho em grupo ou em equipa. Sempre que um Homem opera, simultaneamente, com vários meios de trabalho, o ST corresponde ao designado trabalho múltiplo.

TAREFA: objectivo do ST ENTRADAS PROCESSO INFLUÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE SAÍDAS

HOMEM

MEIOS DE

TRABALHO

Conceito de DESCRIÇÃO TRABALHO

Definição de Sistema de Trabalho ( S.T. )

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Os conceitos relativos a cada um dos 7 elementos do ST são os seguintes: 2.1.1.1 – A TAREFA

Tarefa: é uma solicitação dirigida ao Homem para a execução de funções, a fim de se atingirem determinados objectivos.

A tarefa é designada pelo verbo no infinito seguido do substantivo de forma a representarem claramente o objectivo do ST. Ex: rebarbar peças; transportar contentores; lavrar terra; embalar garrafas. 2.1.1.2 – AS ENTRADAS

Entradas: são os objectos, produtos, informações, energia ou pessoas que serão modificadas ou usadas quanto à sua condição, forma ou posição.

Frequentemente designadas por “ inputs “, as entradas podem ser, por exemplo, matérias primas, produtos semi-acabados, desenhos, ordens de serviço, electricidade, ar comprimido, gás, mas também pessoas, como clientes, doentes, etc. As entradas principais do ST são designadas por OBJECTOS DE TRABALHO. O termo “ objecto “ não deve ser aqui entendido como coisa, mas sim na acepção de objectivo, pois tanto pode ser uma coisa ( peça a tornear ) como pessoa ( cliente por atender ). Uma regra geral a fixar é a de que todas as entradas de um ST dão sempre origem a saídas. 2.1.1.3 – AS SAÍDAS

Saídas: são os objectos, produtos, informações ou pessoas que durante a realização da tarefa foram modificados ou usados.

Também designadas por “ outputs “, as saídas são os resultados da tarefa. Ex: placa furada, conjunto montado, gases de escape, desperdícios, clientes atendidos, ordem de serviço preenchida. 2.1.1.4 – O HOMEM

Homem: elemento principal do ST, é quem dirige e actua em conjunto com os meios de produção sobre as entradas para a concretização da tarefa.

Em ST’s individuais há um único Homem, mas em ST’s em grupo existirão dois ou mais.

Conceito de TAREFA

Conceito de ENTRADA

Conceito de SAÍDA

Conceito de HOMEM

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2.1.1.5 – OS MEIOS DE TRABALHO

Meios de trabalho: são aparelhos, máquinas ou equipamentos que actuam, dirigidos pelo Homem e em conjunto com ele, sobre as entradas para a concretização da tarefa.

Os meios de trabalho são o conjunto dos meios de produção e dos meios auxiliares de produção ( vulgo ferramentas ). Vejamos, através de um exemplo, o que significa cada um deles: Num ST de trabalho em que se realiza a tarefa “ Tornear eixos “, o meio de produção é o torno mecânico. A chave que o operador utiliza para fixar ou desapertar a peça do torno é um meio auxiliar de produção, tal como a craveira que utiliza para verificar medidas. Entretanto, se a tarefa em causa fosse “ Digitar dados em computador “, neste caso, o PC seria o meio de produção, pelo papel indispensável que assume para a realização dessa tarefa. A cadeira, a mesa e a esferográfica seriam meios auxiliares. Para efeitos do estudo da HST, todos eles são meios de trabalho. 2.1.1.6 – O PROCESSO DE TRABALHO

Processo de trabalho: consiste na interacção entre o Homem e os meios de trabalho com vista à concretização de uma tarefa.

Descrever o processo de trabalho é a pormenorização detalhada e cronológica de todas as operações contidas na interacção ou acção conjunta entre o Homem e os meios de trabalho. Vejamos um exemplo de descrição do processo de trabalho no ST seguinte: ♦ Tarefa: fazer 2 furos Ø 15 em 50 chapas, conforme desenho A 35 / 12. ♦ Entradas: 50 chapas AL 300x 200x20 Desenho A 35 / 12 Ordem de serviço por preencher ( OS ) Energia eléctrica Líquido de arrefecimento da furadoura ♦ Homem: Jorge Costa, operário 35.OM ♦ Meios de trabalho: furadoura Remix, mod. DD74

Broca Ø 15 Craveira Escova de limpeza Carrinho de transporte de chapas

Processo: Levantar OS e desenho na secção de planeamento Requisitar chapas no armazém Requisitar broca, craveira e escova na ferramentaria

Conceito de MEIOSDE TRABALHO

Diferença entre meio de produção e meio auxiliar de produção.

Definição de PROCESSO TRABALHO

Exemplo de descrição de um processo de Trabalho de um ST

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Verificar nível do líquido de arrefecimento da furadoura Colocar broca na furadoura Fixar 1ª chapa na mesa da furadoura Apontar o 1º furo conforme desenho Ligar a furadoura Efectuar o 1º furo Apontar 2º furo Retirar chapa furada e colocá-la no carrinho Fixar 2ª chapa na furadoura … … … Desmontar broca Levar carrinho c/ chapas para a secção de montagem e

duplicado da OS preenchida Entregar desenho e OS preenchida na s. de

planeamento Entregar Broca, craveira e escova na ferramentaria ( a manutenção da máquina é feita por pessoal da secção

de manutenção, devendo o operador requisitar esses serviços quando o nível do líquido de arrefecimento atinge o ponto crítico ou se ocorrem deficiências no funcionamento da furadoura. Periodicamente o operador controla o diâmetro e a posição dos furos com a craveira. O operador utilizará a escova de limpeza, quando necessário, para retirar as aparas da mesa da furadoura)

♦ Saídas: 50 chapas furadas

Desenho A 35 / 12 OS preenchida Aparas de alumínio Líquido de arrefecimento usado ♦ Influências do meio ambiente:

-Físicas: ausência de ar condicionado; iluminação artificial de luz branca ( 500 Lux ); ruído elevado resultante da furadoura e da proximidade de outras máquinas ( valor médio 60 dB (A) ); trabalho sempre na posição de pé.

-Psico-sociais: nível salarial correspondente ao contracto colectivo; realização frequente de horas extraordinárias; bom ambiente

social na empresa. ( as influências do meio ambiente serão abordadas de seguida )

2.1.1.7 – AS INFLUÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE

Influências do meio ambiente: são todos os factores de ordem física, psicológica, organizacional e social que condicionam o desempenho de tarefas pelo Homem num determinado ST.

As influências do meio ambiente dividem-se em 2 tipos: - Físicas: temperatura, ruído, iluminação, humidade, poeiras, radiações,

velocidade do ar, posições corporais, etc.

Conceito de INFLUÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE

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- Psico-sociais: remuneração, ambiente de trabalho, relação com chefias, horário, etc.

Na descrição do ST deverão ser referidas todas as influências do meio ambiente, independentemente de serem boas ou más e, sempre que possível, caracterizadas qualitativa e quantitativamente. 2.2 – DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO Define-se Condições de Trabalho como a totalidade das características dos 7 elementos do Sistema de Trabalho, assim como todas as influências técnicas, económicas, organizacionais e ambientais às quais o sistema está sujeito. A Descrição do Trabalho completa-se com a identificação e caracterização de todas as influências que atingem o Sistema de Trabalho que se está a analisar. Naturalmente que quando se está a fazer a descrição do ST faz-se, simultaneamente, a caracterização dos seus 7 elementos, tal como foi feito no exemplo indicado em 2.1.1.6 . Para que a Descrição do Trabalho fique completa dever-se-ão referir todas as influências que, embora exteriores ao sistema em causa, interferem com ele e, de certa forma, o condicionam quer positiva quer negativamente. Vejamos o exemplo seguinte e utilizemo-lo como síntese da DESCRIÇÃO DO TRABALHO: Zita Matos ( ZM ), 25 anos de idade, trabalha na MODEX - Confecções, Lda. ZM foi admitida há 3 anos para a função de costureira. Possui a escolaridade mínima e, até à data de admissão, nunca havia estado empregada. ZM mora a 6 km do local de trabalho. Desloca-se em autocarro, demorando o trajecto aproximadamente 15 minutos, em qualquer dos sentidos. Ao ingressar na MODEX iniciou um curso de formação de costureira com a duração de quatro semanas, após o que foi colocada na linha de costura. Esta linha compõe-se de doze postos de trabalho dispostos ao longo de um tapete transportador, através do qual a encarregada de linha faz chegar, a cada posto, um caixa de transporte contendo atados de componentes de camisas a costurar e a respectiva Ordem de Serviço (OS). Além desta linha há mais três: uma do lado oposto ao de ZM junto do mesmo tapete transportador e outras duas junto de um segundo tapete, paralelo ao primeiro, e a uma distância aproximada de 7 metros.

Conceito de CONDIÇÕES DE TRABALHO

Exemplo de aplicação: • Descrição do ST • Condições de

trabalho

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Nesta linha a temperatura é mantida nos 21º C. O ruído ambiente situa-se entre os 45 e os 60 dB ( A ). A iluminação artificial é de 600 Lux nos vários postos de trabalho. No ar são detectáveis pequenas fibras em suspensão provenientes da secção de corte. A máquina com que ZM trabalha é da marca TOP modelo Fast, tal como as restantes: eléctrica, accionada por pedal e com uma alavanca de abaixamento - levantamento da cabeça da agulha movida com o joelho direito. O corte da linha é realizado manualmente com utilização de tesoura. As ( OS ) são iguais por períodos relativamente longos ( 3 a 4 meses ) e são, invariavelmente, 3 ou 4 por dia, consoante há ou não horas extraordinárias a fazer. O dia de trabalho tem início às 8 horas. ZM faz uma pausa de 10 minutos durante a manhã e outra igual após o almoço. A interrupção do trabalho para almoço ocorre entre as 12 e as 13 horas. O dia normal de trabalho termina às 17 horas e 20 minutos. A tarefa de ZM nos últimos 2 meses tem sido costurar mangas de camisa. Após sentar-se na sua máquina, ZM verifica se esta foi alimentada com linha, alcança a caixa com as mangas a costurar e com a OS, tira-a do tapete e coloca-a ao lado da máquina. Lê a OS – costurar 50 mangas -, desata os atados e retira a 1ª manga a costurar. Com o auxílio de gabaritos posiciona a manga para ser costurada, toca com o joelho na alavanca da agulha e fá-la baixar. Acciona o pedal e vai controlando, com ambas as mãos, a realização da costura longitudinal. Terminada esta, retira o pé do pedal e com o joelho toca na alavanca da agulha e fá-la levantar. Pega na tesoura e corta a linha. Procede às outras costuras da mesma forma. Terminada a 1ª manga deposita-a ao lado da máquina e inicia a 2ª. Terminada a OS, faz um atado das mangas costuradas, preenche a OS e coloca-a juntamente com o atado na caixa de transporte. Pega nesta e coloca-a sobre o tapete e faz sinal à encarregada que terminou. A encarregada recolhe caixa e envia outra com novos atados e nova OS. O nível salarial de ZM corresponde ao salário mínimo nacional. A remuneração é completada com prémios de eficiência. Partindo da situação descrita indique, na folha ao lado, os seguintes pontos: 1. A descrição do Sistema de Trabalho ( tarefa, entradas, Homem, meios

de trabalho, processo, saídas e influências do meio ambiente. 2. As condições de trabalho ( todas as características que foram

indicadas para cada um dos 7 elementos do ST ).

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UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 3 – Análise de requisitos de trabalho. Noções básicas de Ergonomia. ESTRUTURA OBJECTIVOS AUTO-AVALIAÇÃO CONTEÚDOS

A

PA

NA

3.1 – ANÁLISE DE REQUISITOS DE

TRABALHO. 3.1.1 – Requisitos ligados aos conhecimentos. 3.1.2 – Requisitos ligados à habilidade. 3.1.3 – Requisitos ligados à responsabilidade. 3.1.4–Requisitos ligados ao esforço muscular. 3.1.5 – Requisitos ligados ao esforço mental. 3.1.6 – Requisitos ligados às influências do

meio ambiente. 3.2 – NOÇÕES BÁSICAS DE ERGONOMIA. 3.2.1 – Critérios de avaliação do trabalho. 3.2.2 – Princípio carga – esforço.

No final o participante deverá:

Definir “ Requisitos de Trabalho “ e enumerar os 6 tipos de requisitos estudados;

Definir , dando exemplos, “ Requisitos ligados aos

conhecimentos “ ;

Definir , dando exemplos, “ Requisitos ligados à habilidade “ ;

Definir , dando exemplos, “ Requisitos ligados à responsabilidade “ ;

Definir , dando exemplos, “ Requisitos ligados ao esforço

muscular “ ;

Distinguir, através de exemplos, os 3 tipos de esforços musculares estudados;

Definir , dando exemplos, “ Requisitos ligados ao esforço

mental “ ;

Definir , dando exemplos, “ Requisitos ligados às influências do meio ambiente “ ;

____________________________________________________ Definir “ Ergonomia “ , indicar os seus 2 grandes objectivos e

dar exemplos deles ; Enumerar os 4 critérios de avaliação do trabalho, explicá-los

e dar exemplos de cada um; Definir “ Carga “ e “ Esforço “, dando exemplos; Enunciar o Princípio carga – esforço.

Páginas 27 a 31 do Manual Páginas 33 a 37

do Manual

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ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO. NOÇÕES

BÁSICAS DE ERGONOMIA

3.1 – ANÁLISE DE REQUISITOS DE TRABALHO Designam-se por REQUISITOS DE TRABALHO o conjunto das exigências que se colocam ao Homem no Sistema de Trabalho No contexto da HST, a análise de requisitos consiste na determinação e, sempre que possível, na quantificação das exigências que são colocadas ao Homem no Sistema de Trabalho. Trata-se, afinal, de um método analítico que incide sobre todos os elementos do ST, exeptuando o Homem, para que se possam determinar quais as características básicas que este deve possuir para que possa integrar o sistema em causa, de forma a executar a tarefa respectiva. Os requisitos podem agrupar-se em tipos da seguinte forma: Conhecimentos, englobando os saberes e a experiência. Habilidade, contendo a habilidade manual e a agilidade corporal. Responsabilidade. Esforço muscular. Esforço mental. Ligados às influências do meio-ambiente. 3.1.1 – REQUISITOS LIGADOS AOS CONHECIMENTOS Estes requisitos agrupam a capacidade intelectual resultante da formação e da experiência, assim como a capacidade de raciocínio, necessárias ao cumprimento de determinada tarefa. Ex: conhecimentos para a leitura de desenho técnico; para a montagem de certa máquina; para a poda de videiras, etc. 3.1.2 – REQUISITOS LIGADOS À HABILIDADE Compreendem a habilidade manual e a agilidade corporal relevantes para o cumprimento de determinada tarefa. Ex: habilidade manual para medir com craveira; agilidade corporal para montagem de estrutura metálica, etc.

Definição de REQUISITOS DE TRABALHO

Conceito de ANÁLISE REQUISITOS

Tipos de requisitos

Requisitos ligados conhecimentos

Requisitos ligados habilidade

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3.1.3. – REQUISITOS LIGADOS À RESPONSABILIDADE Estes requisitos prendem-se com a atitude de seriedade e de confiabilidade necessárias ao correcto cumprimento da tarefa, levando em consideração a sua segurança e a de terceiros. Podem identificar-se 3 tipos de requisitos ligados à responsabilidade: ♦ Em relação ao próprio trabalho. Ex: responsabilidade pela montagem

de andaime. ♦ Em relação ao trabalho de terceiros. Ex: responsabilidade pelo

trabalho de uma equipa de montadores. ♦ Em relação à segurança de terceiros. Ex: responsabilidade pela

segurança dos operários de uma linha de produção, operando uma ponte rolante.

3.1.4 – REQUISITOS LIGADOS AO ESFORÇO MUSCULAR Decorrem da adequação das capacidades musculares que o trabalhador deverá possuir para o cumprimento de determinada tarefa. Os esforços musculares podem classificar-se em 3 tipos: Esforço muscular estático em que um grupo de músculos está sujeito

a uma contracção prolongada e continuada. Ex: furar com berbequim acima da linha dos ombros.

Esforço muscular dinâmico em que se sucedem contracções e

distenções musculares de forma regular. Ex: aparafusar chapas. Esforço muscular unilateral em que actuam um número limitado de

músculos de forma dinâmica, mas com elevada frequência de contracções. Ex: digitar dados em computador.

3.1.5 – REQUISITOS LIGADOS AO ESFORÇO MENTAL Diz-se que há um esforço mental sempre que o trabalhador está sujeito a uma carga relacionada com a observação ou o controlo de processos de trabalho, ou ainda com a realização de uma actividade mental em sentido restrito. Como exemplo de 1º caso pode referir-se a supervisão de máquinas automáticas e como exemplo do 2º a interpretação de desenhos técnicos. 3.1.6 – REQUISITOS LIGADOS ÀS INFLUÊNCIAS DO MEIO-AMBIENTE Estes requisitos estão ligados às influências ambientais que podem condicionar, ou mesmo impedir, a execução de determinada tarefa.

Requisitos ligados responsabilidade

Requisitos ligados esforço muscular

Requisitos ligados esforço mental

Requisitos ligados às influências do meio-ambiente

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Como exemplos, referem-se: - Temperatura; - Humidade; - Ruído; - Vibrações; - Luminosidade; - Poeiras; - Radiações; - Altitude; - Velocidade do ar; etc 3.2 – NOÇÕES BÁSICAS DE ERGONOMIA Para que seja possível a determinação de requisitos de trabalho, é indispensável possuírem-se conhecimentos fundamentais, ou básicos, de ERGONOMIA. Entende-se por ERGONOMIA a disciplina que utilizando conhecimentos de Anatomia, Fisiologia, Psicologia e Sociologia, fornece métodos para a determinação dos limites que podem ser atingidos na realização do trabalho humano, com o objectivo de adaptar o trabalho ao Homem e o Homem ao trabalho. A adaptação do trabalho ao Homem relaciona-se com a conformação de todas as condições de trabalho, logo com a melhoria permanente e metódica de todas as características dos elementos do Sistema de Trabalho e dos postos de trabalho. Como exemplos podem referir-se: • Adequação dos meios de produção • Espaço de trabalho • Esforço muscular aplicado • Nível de intensidade e tipo de luz utilizada no local de trabalho • Nível de intensidade sonora e de vibrações mecânicas • Condições climáticas • Organização do trabalho ( tempos de trabalho, horários, definição de

pausas, etc ) A adaptação do Homem ao trabalho tem a ver com o grau de formação e treinamento ministrado aos trabalhadores, a sua adequação ao posto de trabalho em função de capacidades, aptidões e familiarização para determinadas tarefas, sexo, idade, etc.

Conceito e objectivos da ERGONOMIA

Adaptação do trabalhoao Homem

Adaptação do Homem ao trabalho

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3.2.1 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO A Ergonomia avalia o trabalho humano segundo 4 critérios:

EXEQUIBILIDADE – Trata-se de uma avaliação a curto-prazo que abrange dados que limitam, de forma imediata, máximos e mínimos de certas condições de trabalho. Ex: espaço mínimo para trabalhar, máxima pressão com o pé, etc.

SUPORTABILIDADE – Avalia parâmetros de médio e longo-prazos relacionados com as condições de trabalho, analisadas na perspectiva da Fisiologia e da Medicina do Trabalho. Ex: limite de duração do trabalho muscular, tempo de exposição a fontes de radiação de calor, etc.

ADMISSIBILIDADE – Neste caso o trabalho é avaliado numa perspectiva sociológica e cultural. Ex: não é admissível um trabalho que leve o trabalhador a ir contra os seus princípios religiosos, culturais ou éticos.

SATISFAÇÃO – Este critério avalia o grau de satisfação que o trabalhador obtém no cumprimento das tarefas que realiza e todas as condicionantes de ordem psicológica que lhes estão associadas, partindo do pressuposto básico de que o trabalho deve dar satisfação a quem o realiza.

3.2.2 – PRINCÍPIO CARGA-ESFORÇO Designa-se por carga no trabalho o conjunto de todas as influências negativas que incidem sobre o Homem no local de trabalho. Ex: actividade muscular, actividade de atenção e de concentração, temperatura e humidade excessiva, problemas salariais, mau ambiente social na empresa, etc. Entende-se por esforço a resposta do Homem a qualquer carga que sobre ele incide. Ex: esforço muscular, esforço de atenção e de concentração. Diz-se que ocorre sobrecarga, muscular ou psíquica, para o trabalhador, sempre que o esforço que este tem que desenvolver está acima das suas capacidades.

Critérios de avaliação do trabalho, na perspectiva da Ergonomia

Definição de CARGA

Definição de ESFORÇO

Noção de sobrecarga

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O esquema seguinte mostra o percurso causa – efeito que atinge o Homem quando trabalha: A fadiga é o resultado do esforço e deverá ser eliminada através do descanso adequado, sem o que o Homem não poderá suportar novas cargas. O que se designa por PRINCÍPIO CARGA – ESFORÇO é uma regra que postula que a mesma carga incidindo em trabalhadores diferentes provoca esforços diferentes, porque são diferentes as suas capacidades. Tome-se, como exemplo, a carga de um peso de 30 Kg durante, aproximadamente, 10 segundos . Para determinado trabalhador está perfeitamente dentro das suas capacidades em termos de esforço muscular, mas para um outro poderá ser um esforço exagerado, mesmo ao ponto de não o conseguir levantar.

Definição do PRINCÍPIO CARGA-ESFORÇO

CARGA ESFORÇO FADIGA DESCANSO

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UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 4 – Identificação de riscos de trabalho ESTRUTURA OBJECTIVOS CONTEÚDOS Nº HORAS 4.1 – CONCEITO DE RISCO DE TRABALHO. 4.2 – CATEGORIAS DE RISCOS DE

TRABALHO 4.2.1 – Micro – clima de trabalho. 4.2.2 – Contaminantes do ambiente: físicos,

químicos e biológicos . 4.2.3 – Sobrecarga muscular. 4.2.4– Sobrecarga psíquica. 4.2.5 – Factores de insegurança.

No final o participante deverá:

Definir “ Riscos de Trabalho “ ;

Definir “ Identificação de riscos de trabalho “ ;

Enumerar as 5 categorias de riscos de trabalho ;

Dar exemplos de riscos ligados ao micro – clima de trabalho ;

Dar exemplos de riscos ligados a contaminantes físicos do ambiente ;

Dar exemplos ligados a contaminantes químicos do ambiente;

Dar exemplos ligados a contaminantes biológicos do

ambiente;

Dar exemplos de cada um dos 3 tipos de situações em que pode ocorrer a sobrecarga muscular ;

Dar exemplos de cada um dos 4 tipos de situações em que

pode ocorrer a sobrecarga psíquica;

Dar exemplos de cada um dos 5 tipos de factores de insegurança estudados.

Página 41 do Manual Páginas 41 a 47 do Manual

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IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO 4.1 – CONCEITO DE RISCO DE TRABALHO Consideram-se RISCOS DE TRABALHO todas as situações, reais ou potenciais, susceptíveis de a curto, médio ou longo prazo, causarem lesões aos trabalhadores ou à comunidade, em resultado do trabalho. Identificar riscos de trabalho consiste no despiste e na caracterização de todos os riscos ligados a cada um dos 7 elementos de um determinado Sistema de Trabalho. Trata-se, portanto, de um processo exaustivo de encontrar, ao nível da tarefa, das entradas, do Homem, dos meios de trabalho, do processo de trabalho, das saídas, das influências do meio-ambiente e respectivas características ( as condições de trabalho ), todas as situações consideradas riscos, em conformidade com a definição já feita. 4.2 – CATEGORIAS DE RISCOS DE TRABALHO Feito o despiste dos riscos dentro do Sistema de Trabalho, segue-se a sua caracterização. Os riscos podem agrupar-se em 5 categorias:

Ligados ao MICRO-CLIMA DE TRABALHO

Ligados aos CONTAMINANTES DO AMBIENTE

Ligados à SOBRECARGA MUSCULAR

Ligados à SOBRECARGA PSÍQUICA

Ligados a FACTORES DE INSEGURANÇA 4.2.1 – MICRO-CLIMA DE TRABALHO Aqui são abordados os riscos ligados a: • Temperatura efectiva, que comporta:

- Temperatura do ar

Definição de RISCOS DE TRABALHO

Conceito de IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS

As 5 CATEGORIAS DE RISCOS

Micro-clima de trabalho

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- Humidade relativa do ar

- Velocidade do ar ( quando no posto de trabalho existem fontes de radiação de calor, a temperatura efectiva é corrigida com a temperatura de radiação ) • Iluminação, que deverá ter em conta os seguintes factores:

- Tipo de luz

- Intensidade luminosa

- Uniformidade da iluminação

- Direcção da luz e efeito de sombra

- Distribuição e aproveitamento da luz

- Limites de ofuscamento

- Cor da luz 4.2.2 – CONTAMINANTES DO AMBIENTE Distinguem-se 3 tipos de contaminantes: • Contaminantes físicos que contemplam o ruído, as vibrações

mecânicas e as radiações de todos os tipos. Em todos estes factores de risco dever-se-ão considerar a sua intensidade e a duração de exposição.

• Contaminantes químicos como as poeiras, os gases e todas as

substâncias químicas de risco. • Contaminantes biológicos como fungos, bactérias e vírus detectáveis

no solo, na água e em suspensão no ar. 4.2.3 – SOBRECARGA MUSCULAR A sobrecarga muscular pode surgir em três casos que se podem sobrepor: • Posturas incorrectas com destaque para as seguintes:

- Excesso de trabalho em pé - Falta de espaço para movimentação do corpo - Exiguidade de espaço para os joelhos e pés, quando se executam

tarefas sentado ou em pé - Altura ou distância excessivas do trabalhador em relação ao plano

de trabalho

Contaminantes do ambiente

Sobrecarga muscular

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- Cadeiras e apoios para os pés incorrectos - Falta de apoio para os braços em tarefas de precisão

• Movimentação de pesos excessivos que obrigam a um esforço

muscular susceptível de provocar lesões ao trabalhador. • Movimentos forçados resultantes de forças mal aplicadas, intensidade

exagerada e de duração excessiva. 4.2.4 – SOBRECARGA PSÍQUICA As situações de sobrecarga psíquica ocorrem nos seguintes casos: • Falta de formação e de treino. O trabalhador que não conhece

suficientemente o processo de trabalho ou que não está familiarizado com ele é levado, por exigência de terceiros, a uma atitude de voluntarismo como forma de compensar a sua falta de capacidades, criando situações de risco para si e para outros trabalhadores.

• Ritmos de trabalho excessivos, que não contemplam as necessárias

pausas para descanso e, desta forma, conduzem o trabalhador a situações de esgotamento, potenciadoras de situações de risco.

• Trabalho monótono e repetitivo, que provoca inibições ao nível da

atenção e concentração, criando condições propícias para o acidente. • Outros casos como:

- Desmotivação para a tarefa;

- Excesso de supervisão e de controlo;

- Não reconhecimento do trabalho individual;

- Baixo salário Ocasionam a sobrecarga psíquica do trabalhador, criando condições de risco, logo, aumentando significativamente as probabilidades de acidente. 4.2.5 – FACTORES DE INSEGURANÇA Nesta categoria de riscos incluem-se todos as restantes situações, sistematizadas da seguinte forma: • Ausência de medidas profilácticas de saúde como: exames médicos

regulares, rastreios específicos, vacinação e outros procedimentos preventivos ligados às doenças profissionais.

Ex: rastreio de doenças pulmonares em indústrias extractivas.

Sobrecarga psíquica

Factores de insegurança

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• Ausência de meios de protecção colectivos destinados à prevenção de

riscos ligados a todos os trabalhadores, ou a sectores determinados, da empresa.

Ex: sistema de detecção de incêndios. • Ausência de meios de protecção individual específicos, adequados e

tecnicamente aprovados, aquando da realização de determinadas tarefas. Estes meios devem ser entendidos como entradas obrigatórias dos vários sistemas de trabalho.

Ex: capacete para trabalhadores da construção civil; máscara de soldador.

• Utilização de meios de trabalho inseguros, compreendendo meios de

produção e meios auxiliares de produção, não normalizados ou não indicados para a tarefa em causa, assim como outros que, embora respeitando as normas técnicas, a sua simples utilização cria riscos de trabalho.

• Realização de tarefas em condições difíceis, como trabalhar em

grandes alturas ou em locais herméticos são, só por si, situações de risco acrescido.

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UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 5 – Avaliação de riscos de trabalho ESTRUTURA OBJECTIVOS CONTEÚDOS Nº HORAS 5.1 – CONCEITO E OBJECTIVO DA

AVALIAÇÃO . 5.2 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE

RISCOS DE TRABALHO 5.2.1 – Natureza e perigosidade dos riscos de

trabalho. 5.2.2 – Localização dos riscos de trabalho . 5.2.3 – Trabalhadores afectados pelo risco. 5.2.4– Tempo de exposição ao risco. 5.2.5 – Intensidade do risco.

No final o participante deverá:

Definir o conceito de “ Avaliação de riscos de trabalho “ ;

Enunciar o objectivo da avaliação de riscos do trabalho ;

Descrever, dando exemplos, o que se entende por natureza e perigosidade dos riscos de trabalho ;

Descrever, dando exemplos, o que se entende por “Localização dos riscos de trabalho “ ;

Descrever, dando exemplos, o que se entende por

“Trabalhadores afectados pelo risco de trabalho “ ;

Descrever, dando exemplos, o que se entende por “Tempo de exposição ao risco de trabalho “ ;

Descrever, dando exemplos, o que se entende por “Intensidade do risco de trabalho “ ;

Página 51 do Manual Páginas 51 a 55 do Manual

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AVALIAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO

5.1 – CONCEITO E OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO A avaliação de riscos do trabalho consiste na análise da importância dos riscos identificados, no contexto específico do Sistema de Trabalho em que foram detectados. Os riscos de trabalho deverão ser avaliados com o objectivo principal de se tomarem decisões quanto às prioridades das acções de prevenção a desencadear. 5.2 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE

TRABALHO A avaliação dos riscos de trabalho deve ser efectuada tendo em vista 5 critérios:

NATUREZA E PERIGOSIDADE

LOCALIZAÇÃO

TRABALHADORES AFECTADOS

TEMPO DE EXPOSIÇÃO

INTENSIDADE 5.2.1 – NATUREZA E PERIGOSIDADE DOS RISCOS DE TRABALHO Trata-se de caracterizar os riscos quanto à qualidade ou essência, ligando-os ao grau de perigo que representam para os trabalhadores ou para a comunidade. Segue-se um exemplo: Num determinado Sistema de Trabalho foi identificado um risco ligado a uma das entradas. O Homem do sistema deverá retirar, duma transportadora, uma peça de 60 Kg que está a uma altura de 0,3 m do solo, passando-a para uma bancada com uma altura de 1 m e que se encontra a uma distância de 2 m.

Conceito de AVALIAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO

Critérios de avaliação

Natureza e perigosidade do risco

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Este risco identifica-se como do tipo SOBRECARGA MUSCULAR ( peso excessivo e postura incorrecta ) Como se avalia o risco em questão, no que respeita à sua natureza ? Esta sobrecarga muscular pode provocar rupturas musculares ao Homem, ao nível dos vários músculos que são chamados a actuar ( das mãos, dos braços, das pernas, dorsais, abdominais, etc. ). E quanto à sua perigosidade ? Neste caso pode-se, independentemente de eventuais escalas de referência, ( p.e.: de 1 a 5; de 1 a 10; de 1 a 20; de 1 a 100; etc ), definir qualitativamente o seu grau de perigosidade como muito perigoso, ao ponto de provocar lesões irreversíveis ( p.e.: hérnia discal ). 5.2.2 – LOCALIZAÇÃO DOS RISCOS DE TRABALHO Localizar o risco de trabalho consiste na determinação da amplitude, em termos de espaço físico, do risco em causa. No exemplo anterior, o risco de sobrecarga muscular circunscrevia-se a um posto de trabalho, mas podem identificar-se riscos que cobrem a quase totalidade do ambiente de trabalho. Vejamos o exemplo seguinte: Uma grua de construção de um prédio, ao movimentar cargas diversas, ocasiona vários riscos do tipo FACTORES DE INSEGURANÇA ( impacto, esmagamento, etc ) que abrangem todo o espaço coberto pelo seu braço. 5.2.3 – TRABALHADORES AFECTADOS Neste critério de avaliação dos riscos haverá que determinar, com exactidão quais os trabalhadores e o seu número, assim como o de outras pessoas, que estão sujeitos a cada risco identificado. Aproveitando os dois exemplos já referidos, no primeiro caso ( 5.2.1 ) tínhamos um único trabalhador, mas no segundo ( 5.2.2 ) são afectados todos os trabalhadores e outros que operam ou se movimentam no espaço em que se localiza o risco. Vejamos, todavia, outro exemplo: Na tarefa de pulverizar uma vinha com pesticidas, um dos vários riscos identificados foi um do tipo CONTAMINANTES QUÌMICOS DO AMBIENTE. Os trabalhadores afectados por este risco são, não só os que operam com os pulverizadores, mas todos os que, durante esta operação, estão a trabalhar noutras tarefas num raio de dispersão variável ( função do vento, temperatura e características específicas dos pesticidas aplicados ), assim

Localização do risco

Trabalhadores afectados

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como outras pessoas que, não estando a trabalhar, se encontram abrangidas por esse raio. 5.2.4 – TEMPO DE EXPOSIÇÃO Este critério de avaliação deve determinar o tempo durante o qual o trabalhador, ou trabalhadores, estão expostos a cada risco identificado. No exemplo indicado em 5.2.1, o tempo de exposição era o tempo que o trabalhador gastava na passagem, em esforço muscular estático, da peça da transportadora até à bancada, multiplicado pelo nº de vezes que realiza esse esforço em cada jornada de trabalho. No exemplo apontado em 5.2.2, o tempo de exposição dos trabalhadores ao risco identificado é composto pelo somatório dos tempos de operação da grua ao longo da jornada de trabalho. Já no exemplo referido em 5.2.3 haverá que levar em atenção outros factores que se ligam à permanência, maior ou menor, das partículas de pesticida em suspensão no ar. Neste caso, pode afirmar-se que o risco ainda persiste para além do termo da tarefa, podendo permanecer por várias horas, ou mesmo dias, após a sua conclusão. Num ponto extremo temos os riscos de contaminação física do ambiente por produtos radioactivos, cuja duração pode ultrapassar séculos ou mesmo milénios. 5.2.5 – INTENSIDADE O último dos 5 critérios de avaliação dos riscos de trabalho consiste na determinação, cálculo ou medição, do nível de intensidade com que cada risco ocorre. Voltamos a olhar para os exemplos já apresentados: ♦ No ponto 5.2.1 a intensidade do risco corresponde ao peso ( 60 Kg )

da peça a suportar; ♦ Em 5.2.2, a intensidade dos riscos de impacto ou de esmagamento

pela movimentação de cargas pela grua corresponde à capacidade disponível da grua em termos de peso das cargas movimentáveis;

♦ No ponto 5.2.3, a intensidade corresponde à densidade mais elevada

que o pesticida pode apresentar em suspensão no ar, isto é, logo após a aplicação;

♦ No caso extremo indicado em 5.2.4., a intensidade da contaminação

radioactiva do ambiente é determinada por equipamentos apropriados que calculam a quantidade de emissão de partículas radioactivas por unidade de tempo.

Vejamos outros exemplos: A intensidade do ruído em determinado local é medida com aparelhos designados por sonómetros, a intensidade da luz por luxímetros, a temperatura por termómetros, a humidade por higrómetros, etc.

Tempo de exposição

Intensidade do risco

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UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 6 – Acções de prevenção. ESTRUTURA OBJECTIVOS CONTEÚDOS Nº HORAS 6.1 – CONCEITO DE ACÇÕES DE

PREVENÇÃO . 6.1.1 – Eliminação dos riscos de trabalho. 6.1.2 – Limitação dos riscos de trabalho . 6.1.3 – Limitação das consequências dos

riscos de trabalho. 6.2 – TIPOS DE ACÇÕES DE PREVENÇÃO. 6.2.1 – Acções de prevenção directas. 6.2.2 – Acções de prevenção indirectas. 6.2.3 – Acções de prevenção informativas. 6.3 – CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DAS

ACÇÕES DE PREVENÇÃO 6.3.1 – Critérios de prioridade. 6.3.2 – Critérios de eficácia. 6.3.3 – Critérios de operacionalidade. 6.3.4 – Critérios de economia.

No final o participante deverá:

Definir “ Acções de Prevenção “ ; Enunciar, dando exemplos, o que se entende por “Eliminação

dos riscos de trabalho “ ; Enunciar, dando exemplos, o que se entende por “Limitação

dos riscos de trabalho “ ; Enunciar, dando exemplos, o que se entende por “Limitação

das consequências dos riscos de trabalho “ ;

Definir, dando exemplos, o que são acções de prevenção directas ;

Definir, dando exemplos, o que são acções de prevenção

indirectas ;

Definir, dando exemplos, o que são acções de prevenção informativas ;

___________________________________________________ Enunciar os 4 critérios para definição das acções de

prevenção ;

Dar exemplos de aplicação de critérios de prioridade ;

Dar exemplos de aplicação de critérios de eficácia ;

Dar exemplos de aplicação de critérios de operacionalidade ;

Dar exemplos de aplicação de critérios de economia ;

Página 59 a 61 do Manual Páginas 61 a 63 do Manual Páginas 65 a 67 do Manual

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ACÇÕES DE PREVENÇÃO

6.1 – CONCEITO DE ACÇÕES DE PREVENÇÃO Acções de prevenção são todas as medidas destinadas a evitar os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Definir as acções de prevenção consiste na tomada de decisões quanto às medidas a adoptar para:

ELIMINAR OS RISCOS

LIMITAR OS RISCOS

LIMITAR AS SUAS CONSEQUÊNCIAS 6.1.1 – ELIMINAÇÃO DOS RISCOS DE TRABALHO Diz-se que se elimina determinado risco de trabalho, quando as acções de prevenção adoptadas reduzem a zero a probabilidade de ocorrência de acidente ou de doença que esse risco poderia ocasionar. Como exemplo, voltemos ao exemplo indicado em 5.2.1: Se o transporte da peça de 60 Kg, em vez de ser feito por esforço muscular do trabalhador, for feito através de meios mecânicos ( guindaste, ponte rolante, tapete rolante, etc ), o risco de SOBRECARGA MUSCULAR, que foi identificado, é eliminado. O mesmo aconteceria se, no exemplo apontado em 5.2.3, fosse alterado o processo de produção para um processo do tipo “ agricultura biológica “. Aqui não se recorre à utilização de pesticidas, pelo que este risco de CONTAMINANTE QUÍMICO DO AMBIENTE nunca ocorreria. No primeiro caso o risco foi eliminado pela alteração dos meios de trabalho e no segundo pela alteração do processo de trabalho. Em ambos os casos os Sistemas de Trabalho foram substituídos por outros, porque se alterou um dos seus 7 elementos. Deve, entretanto, ter-se em conta que nunca poderá acontecer que uma medida de prevenção, para eliminar um determinado risco, faça surgir outro, ou outros riscos, de perigosidade idêntica ou superior.

Conceito de ACÇÕES DE PREVENÇÃO

Objectivos da Acções de Prevenção

Eliminação de riscos

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Tome-se, como exemplo, o uso de protectores auriculares contra o ruído: Se o nível de isolamento sonoro, pelo uso de certos protectores, for de 100% ou perto deste valor, considera-se eliminado o risco do tipo CONTAMINANTE FÍSICO DO AMBIENTE, mas, ao mesmo tempo, surgem vários riscos do tipo FACTORES DE INSEGURANÇA como, por exemplo, a não audição de avisos sonoros dos meios de movimentação (empilhadores, pontes rolantes, etc ) ou das sirenes de alerta de fogo. 6.1.2 – LIMITAÇÃO DOS RISCOS DE TRABALHO Sempre que não é possível eliminar determinado risco de trabalho, dever-se-á limitá-lo. Limitar um risco de trabalho significa reduzir a probabilidade da ocorrência de acidentes ou de doenças profissionais a ele ligadas. Quando numa fábrica são colocados exaustores para a extracção de gases poluentes está a limitar o risco do tipo CONTAMINANTE QUÌMICO DO AMBIENTE relativo aos gases produzidos. Voltando ao exemplo da grua apontado em 5.2.2: Se for instalado um aviso sonoro que actua sempre que o braço da grua se movimenta, está-se a limitar o risco do tipo FACTOR DE INSEGURANÇA a ela ligado. 6.1.3 – LIMITAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DOS RISCOS DE

TRABALHO Quando se limitam riscos de trabalho, estes continuam a existir, embora com menor probabilidade de ocasionarem acidentes ou doenças. Por este facto, é fundamental que também se limitem as suas consequências, isto é, se atenuem, tanto quanto possível, as lesões que eventualmente surjam em resultado dos acidentes ou doenças. Quando um operário da construção civil coloca o seu capacete de protecção, não está a limitar o risco do tipo FACTOR DE INSEGURANÇA, porque a sua probabilidade de ocorrer não diminuiu. Está, isso sim, a limitar as suas consequências no caso de um provável impacto.

Limitação de riscos

Limitação das consequências dos riscos

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6.2 – TIPOS DE ACÇÕES ( ou medidas ) DE PREVENÇÃO As acções, ou medidas, de prevenção podem agrupar-se em 3 tipos distintos: 1. DIRECTAS 2. INDIRECTAS 3. INFORMATIVAS 6.2.1 – ACÇÕES DE PREVENÇÃO DIRECTAS Designam-se por acções de prevenção directas as medidas construtivo-estruturais destinadas a prevenir os riscos de trabalho, tomadas logo na fase de projecto, isto é, antes do início da laboração. Como exemplos destas medidas, podem referir-se: Sistemas de detecção de incêndios; Definição de percursos especiais de evacuação ( portas, corredores e escadas ); Volumetria adequada do local de trabalho; Revestimentos do chão e paredes; etc. 6.2.2 – ACÇÕES DE PREVENÇÃO INDIRECTAS Trata-se da aplicação de equipamentos, de sistemas ou de medidas de protecção que eliminem os riscos de trabalho, os limitem ou limitem as suas consequências. Existem, basicamente, 2 tipos de acções indirectas: 1. De protecção individualizada ( óculos, máscaras, tampões

auriculares, capacetes, vestuário, calçado, luvas, etc) 2. De protecção não individualizada Estas últimas podem agrupar-se em 3 sub-tipos:

Protecção por fixação ao local, em que o trabalhador não pode estar na área de risco ( ex: as alavancas de accionamento de uma prensa estão afastadas do local de prensagem )

Protecção por interposição ou cobertura, de forma a não seja

possível que as partes do corpo em risco possam ser lesadas, especialmente as mãos e pés ( ex: bainhas de serras de corte )

Protecção por reacção de aproximação, em que através de

sensores a área de risco fica inacessível pelo trabalhador quando a aproximação é demasiada ( ex: interruptores automáticos que desligam as máquinas quando é realizada alguma operação não prevista e que acarreta riscos )

Tipos de acções de prevenção

Acções de prevenção directas

Acções de prevenção indirectas

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6.2.3 – ACÇÕES DE PREVENÇÃO INFORMATIVAS São dirigidas aos trabalhadores e a terceiros, com o objectivo de que tomem as atitudes e comportamentos adequados face aos riscos a que estão expostos. Estas acções de prevenção são de 2 tipos: ♦ Informativas propriamente ditas ( cartazes com mensagens, figuras

ou códigos avisadores de perigo; folhetos ou brochuras com recomendações de segurança; avisos sonoros ou visuais sobre perigos; etc )

♦ Formativas ( cursos de formação profissional ligados à H.S.T.;

debates, palestras, conferências, etc, sobre prevenção ) 6.3 – CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DAS ACÇÕES DE

PREVENÇÃO Identificados e avaliados os riscos ligados a todos os sistemas de trabalho da empresa, dever-se-ão planear as medidas que previnam a ocorrência de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais. Este planeamento deverá ser feito levando em conta os critérios seguintes: 1. PRIORIDADE 2. EFICÁCIA 3. OPERACIONALIDADE 4. ECONOMIA 6.3.1 – CRITÉRIOS DE PRIORIDADE As medidas ou acções de prevenção a implementar, em primeiro lugar, são as que contribuem para a segurança colectiva como, por exemplo, o sistema de detecção e combate a incêndios; exaustores de fumos e poeiras; medidas profilácticas de saúde; etc. No que respeita à prioridade a respeitar na prevenção individual, devem ser primeiramente postas em prática as medidas que previnam os riscos

Acções de prevençãoinformativas

Critérios para a definição das acções

Critérios de prioridade

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susceptíveis de provocarem os acidentes ou doenças mais gravosas, começando, naturalmente, pelos que põem em causa a vida dos trabalhadores. 6.3.2 – CRITÉRIOS DE EFICÁCIA O segundo critério a levar em conta tem a ver com capacidade da medida escolhida em eliminar ou, se tal não for possível, em limitar o riscos ou as suas consequências em caso de acidente. Sendo assim, uma medida de prevenção é tanto mais eficaz quanto mais remota for a probabilidade de ocorrência de acidente ou de doença ligada a determinado risco. A eficácia de uma medida não deverá, todavia, ser vista no imediato, mas também no médio e longo prazos. 6.3.3 – CRITÉRIOS DE OPERACIONALIDADE Qualquer medida de prevenção não deverá revestir dificuldades no que respeita à sua compreensão ou acatamento por parte dos trabalhadores envolvidos. Sempre que tal circunstância for perceptível, dever-se-ão aplicar medidas informativas ou formativas, de forma a minorar a complexidade da medida tomada. Imagine-se que a empresa adquiriu novos meios de produção aos quais estão ligados riscos do tipo FACTORES DE INSEGURANÇA ( p.e.:uma prensa de 200 ton.). Os trabalhadores que com eles vão operar deverão receber, para além da formação técnica indispensável, uma formação sobre os novos riscos a que irão ficar expostos e a forma correcta como os encarar, em termos de prevenção. Em síntese, as medidas de prevenção adoptadas têm que ser claras e os trabalhadores têm que saber pô-las em prática facilmente. 6.3.4 – CRITÉRIOS DE ECONOMIA Trata-se do último critério a observar na aplicação de medidas de prevenção. A aplicação destas deverá, naturalmente, levar em conta as eventuais limitações financeiras da empresa e, sendo assim, os recursos a afectar aos investimentos serão função da sua capacidade de investimento. Além disso, nem sempre as soluções mais caras são as melhores. As medidas de prevenção deverão ser entendidas como um investimento, embora com características especiais, e nunca como custos de exploração da empresa. O facto de uma empresa, num determinado momento, não ter possibilidades financeiras para a aplicação de acções ou medidas que se julguem mais convenientes, não constitui motivo para que nada se faça no sentido da prevenção. Pelo contrário, haverá que resolver o problema envolvendo os especialistas da empresa e os trabalhadores para a ultrapassagem desse estrangulamento.

Critérios de eficácia

Critérios de operacionalidade

Critérios de economia

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UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 7 – Implementação e avaliação das acções de prevenção. ESTRUTURA OBJECTIVOS CONTEÚDOS Nº HORAS 7.1 – IMPLEMENTAÇÃO DAS ACÇÕES DE

PREVENÇÃO. 7.1.1 – Caracterização e definição de

objectivos das acções de prevenção.

7.1.2 – Regras e âmbito de aplicação. 7.1.3 – Desenvolvimento temporal do Plano

de Prevenção. 7.2 – AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES DE

PREVENÇÃO.

No final o participante deverá:

Enunciar as 3 referências a considerar na implementação das acções de prevenção;

Descrever, dando exemplos, a caracterização e a definição de objectivos das acções de prevenção a implementar ;

Enunciar, dando exemplos, as 2 perspectivas a ter em conta na definição das regras e do âmbito de aplicação das acções de prevenção;

Descrever, dando exemplos, os 3 tipos de medidas que devem constar do Plano de Prevenção ;

__________________________________________________

Descrever, dando exemplos, como avaliar um Plano de Prevenção;

Conhecer a caracterização dos registos de ocorrências

ligadas à segurança, higiene e saúde na empresa.

Páginas 69 a 77 do Manual

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IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES DE

PREVENÇÃO 7.1 – IMPLEMENTAÇÃO DAS ACÇÕES DE PREVENÇÃO Identificados e avaliados os riscos de trabalho, a partir do Sistema de Trabalho, e definidas com critério as acções, ou medidas, de prevenção a aplicar, haverá que pô-las em prática para que se atinjam os objectivos pretendidos: prevenir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Mas a implementação das acções de prevenção não poderá ser feita de qualquer maneira. Esta implementação não poderá fazer-se de uma forma desorganizada, antes deverá subordinar-se a um PLANO DE PREVENÇÃO no qual constam todas as acções a desenvolver na empresa para a prevenção, sempre referenciadas em termos de: ♦ CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS ♦ REGRAS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO ♦ DESENVOLVIMENTO TEMPORAL 7.1.1 – CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS DAS

ACÇÕES DE PREVENÇÃO Caracterizar e definir objectivos para uma acção de prevenção consiste em: Identificar a acção ( p.e.: colocação de um dispositivo sonoro de

aviso de movimentação da grua indicada em 5.2.2 ). Indicar qual o tipo de acção a implementar, quais os riscos que se

pretendem prevenir e os objectivos a atingir. ( no caso da grua, trata-se de uma acção indirecta para limitar os riscos de impacto ).

No Plano de Prevenção, para cada uma das acções planeadas, deverá indicar-se quais os trabalhadores e sectores da empresa a abranger com as medidas de prevenção.

Ficará, desta forma, expressa a ligação entre o universo dos trabalhadores abrangidos pelas medidas e os sectores de actividade respectivos. ( p.e.: numa empresa de metalo-mecânica, uma das medidas planeadas foi a aquisição de calçado de biqueira de aço para os operários, visando a limitação dos riscos de impacto sobre os pés.

Implementação das acções de prevenção

Plano de Prevenção

Objectivos das acções de prevenção: sua caracterização e definição

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Em função do tipo de processos de trabalho existentes na empresa, deverá indicar-se quais os trabalhadores que deverão utilizar este meio de protecção individual e quais as secções em que a sua utilização permanente é obrigatória )

Especificar tecnicamente a medida a aplicar ( no caso da grua,

haveria que se especificar qual o tipo de som, ou sons, a produzir e a sua intensidade ).

7.1.2 – REGRAS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Sempre que uma medida de prevenção é planeada, dever-se-ão explicitar quais as normas a seguir para a sua aplicação. As normas a criar devem ser organizadas sempre em duas perspectivas: ♦ Na perspectiva técnica, ligada aos aspectos de funcionamento das

soluções propostas; ( p.e.:o aviso sonoro da grua só deve funcionar quando esta se movimenta )

♦ Na perspectiva preventiva, ligada às atitudes e comportamentos que

os trabalhadores que estão sujeitos aos riscos que se pretendem prevenir devem assumir após a aplicação da medida. ( p.e: sempre que é ouvido o aviso sonoro da grua, os trabalhadores deverão tomar precauções em relação a esse aviso )

7.1.3 – DESENVOLVIMENTO TEMPORAL DO PLANO DE PREVENÇÃO O plano de prevenção deverá referir qual a sua duração global, bem como os prazos de implementação das medidas de prevenção nele consignadas. Isto equivale a dizer que qualquer medida de prevenção que conste do plano deverá inserir-se num dos seguintes 3 tipos:

Medidas novas para prevenirem riscos já antigos.

Medidas novas para prevenirem riscos novos.

Medidas já tomadas e que devem ser melhoradas. Nunca se deverá considerar uma acção ou medida de prevenção como definitivamente conseguida face a determinado risco. Se este não foi eliminado, deve sempre pensar-se que é possível fazer melhor em termos de prevenção. Qualquer plano de prevenção não deverá ter um período de vigência superior a 1 ano, independentemente de poder conter acções ou medidas de prevenção cujo tempo de concretização é duração inferior ou superior aquele período. Por outro lado, sempre que as condições objectivas o determinem, como, por exemplo, alterações de Sistemas de Trabalho que originem novos riscos, deverá o plano de prevenção ser revisto no que toca às novas condições de trabalho.

Regras e âmbito de aplicação das acções de prevenção

Desenvolvimento temporal do Plano de Prevenção

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7.2 – AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES DE PREVENÇÃO O PLANO DE PREVENÇÃO, todas as acções nele contidas e os objectivos previstos deverão ser periodicamente avaliados com vista à melhoria permanente das medidas de prevenção planeadas e, dessa forma, diminuir-se sistematicamente, de forma organizada, os riscos de trabalho. Avaliar as acções de prevenção consiste, assim, na análise comparativa entre as medidas e os objectivos previstos e os resultados efectivamente obtidos, em termos da diminuição dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais, resultantes dos riscos que se planeou prevenir. Para que tal comparação se possa fazer, torna-se indispensável o registo, em protocolo próprio, de todas as ocorrências verificadas na empresa, durante o período em questão, e que se prendem com a segurança, higiene e saúde dos trabalhadores e da comunidade. De notar que se tratam de ocorrências e não apenas de acidentes ou doenças. Na verdade, nem todas as situações que ocorrem na empresa dão lugar a lesões. Isso não invalida que se faça o seu registo, pois, na maior parte dos casos, o acidente só não se verifica por mero acaso. A ocorrência a registar deve ficar caracterizada pelos elementos seguintes: • Dia e hora • Local • Descrição • Origem • Consequências Vejamos, na prática, como a avaliação das acções de prevenção poderá ser realizada e tomemos, novamente o caso da grua indicado em 5.2.2: No Plano de Prevenção ( anual ) elaborado, estava prevista a instalação, no prazo de 1 mês, do aviso sonoro que deverá actuar sempre que o braço da grua ou o seu sistema vertical se movimentam. As características do aviso foram definidas ( timbre e intensidade sonoras ) e foi prevista uma informação escrita aos trabalhadores sobre a nova medida a ser tomada. Ao fim do 1º mês de funcionamento tinha-se registado a seguinte ocorrência: • No dia 22 de Maio pelas 10.30 h, na obra 117, junto do alçado lateral

direito do prédio, verificou-se um impacto lateral ligeiro de um balde de massa contra um trabalhador. Este afirmou que não se desviou, porque não ouviu o aviso sonoro, pois a grua estava do lado oposto do prédio e o vento soprava em sentido contrário. O operador da grua afirmou que o trabalhador atingido estava numa zona de visão morta, encoberta por um silo de cimento. O trabalhador foi radiografado, não tendo sido detectada qualquer fractura. Foi-lhe diagnosticado um hematoma no antebraço direito que o obrigou a uma paragem por 1 semana.

Que avaliação fazer da medida implementada ? É evidente que a solução encontrada não tem eficácia suficiente, pois um trabalhador, pelo menos, não ouviu o aviso sonoro.

Registo de ocorrências

Exemplo de ocorrência

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Haverá, logicamente, que melhorar a medida posta em prática, de forma a garantir que todos os trabalhadores da obra possam ouvir, claramente, o aviso sonoro de movimentação da grua. Caberá ao técnico de higiene e segurança, eventualmente alertado pelo representante dos trabalhadores para a S.H.S.T., encontrar a solução correcta. Encontrada a solução ( p. ex: instalação de 2 altifalantes suplementares em pontos extremos da obra ), esta é inscrita no Plano de Prevenção e será ela que, de futuro, será avaliada quanto à sua eficácia e já não a solução anterior. Deste caso podemos inferir o objectivo principal do Plano de Prevenção: A melhoria permanente e sistemática de todas as condições de trabalho. Deve registar-se, como mensagem de síntese, que não existe trabalho seguro. As acções de prevenção destinam-se a tornar o trabalho menos inseguro. A prevenção é um processo, nunca terminado, de melhoria das condições de trabalho, só possível pela aplicação de medidas progressivamente mais eficazes no sentido de eliminar os riscos de trabalho, de limitá-los ou de limitar as suas consequências. Para que qualquer melhoria possa ocorrer, tem que ser construído um referencial de análise, sem o qual não é possível a constatação da eficácia das novas soluções implementadas. Esse referencial de análise é o PLANO DE PREVENÇÃO da empresa, para a segurança e saúde dos trabalhadores e da comunidade.

Conceito de prevenção

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UNIDADES DE FORMAÇÃO EM H.S.T. MÓDULO 8 – Aplicação da metodologia de estudo da H.S.T. a 5 casos. ESTRUTURA OBJECTIVOS CONTEÚDOS Nº HORAS 8.1 – CASO CONSTRUÇÃO CIVIL. 8.2 – CASO METALOMECÂNICA. 8.3 – CASO CONFECÇÃO. 8.4 – CASO RESTAURAÇÃO. 8.5 – CASO TRANSPORTES.

Através do método activo, o participante aplicará a metodologia estudada a cada um dos 5 casos para:

Descrever o Sistema de Trabalho e as Condições de Trabalho;

Identificar os Riscos de Trabalho;

Avaliar os Riscos de Trabalho;

Determinar as Acções, ou medidas, de Prevenção a aplicar aos riscos identificados e avaliados;

Definir formas de implementação e de avaliação das acções escolhidas.

Páginas 81 a 83 do Manual Páginas 85 a 87 do Manual Páginas 89 a 91 do Manual Páginas 93 a 95 do Manual Páginas 97 a 99 do Manual

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8.1 CONSTRUÇÃO CIVIL - OPERADOR DE MARTELO PNEUMÁTICO

João Santos ( JS ), 28 anos de idade, é operário da COMPOBRA, Lda. Foi admitido há 2 anos na empresa como servente de pedreiro. Após 1 ano nesta função, passou a operar com martelos pneumáticos em fundações de obras da empresa. Possui a escolaridade mínima obrigatória. A obra onde trabalha actualmente situa-se a 180 Km da sua residência, pelo que dorme, juntamente com 5 camaradas, num contentor adaptado a dormitório com uma pequena casa de banho. Às sextas-feiras, terminado o trabalho, uma viatura da empresa transporta-o, juntamente com outros camaradas, até à localidade onde habita. Desta forma, faz o percurso inverso na madrugada de 2ª feira, pelas 4 horas da madrugada. Na obra trabalham, actualmente, 14 pessoas. O salário de JS é de 115.000$. Tem os subsídio de deslocação e ajudas de custo que são devidas por acordo colectivo de trabalho. O horário de trabalho é das 08.00 às 17.30 horas. A interrupção para almoço é das 12.00 às 13.30 horas. Quando opera com o martelo pneumático, JS usa protectores auriculares e capacete fornecidos pela empresa. As movimentações na obra são realizadas por uma grua e por uma retro-escavadora. Além de operar com o martelo pneumático, JS deverá verificar os níveis de combustível e de óleo do compressor e, sempre que necessário, introduzi-los. Deverá indicar a pressão exigida no rotor do compressor. CASO: Dia 21 de Janeiro de 1999. Temperatura 7ºC. A OS que verbalmente recebeu do encarregado da obra indica que deverá continuar a partir uma formação rochosa situada num local definido. JS completou o depósito de combustível do compressor a partir de um bidão colocado perto daquele, verificou o nível do óleo e da pressão. JS colocou o protector auricular, ligou o martelo RMM-03 ao compressor FRT-54 e accionou este, após o que apontou o martelo e iniciou a tarefa. Durante a execução do trabalho não estão previstas pausas para descanso. Quando se sente cansado, JS vai verificar o compressor ou faz pequenas pausas de 1 a 2 minutos.

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Sempre que a retro-escavadora actua perto de si, JS desactiva o martelo e, com o recurso a uma pá, concentra os pedaços de pedra a serem arrastados por aquela máquina. Efectua esta operação cerca de 8 vezes ao dia.

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A grua não dispõe de qualquer aviso de movimentação. A refeição do almoço é aquecida numa fogueira, em local situado na periferia da obra, onde os restantes operários também se dirigem para o efeito. Baseando-se nos elementos fornecidos para esta OS, efectue o seguinte: • Descreva o Sistema de Trabalho e as Condições de Trabalho . • Identifique os riscos de trabalho • Avalie os riscos de trabalho • Defina as acções de prevenção a implementar

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8.2 METALOMECÂNICA - FRESADOR DE MECÂNICA DE PRECISÃO

Gil Gomes ( GG ), 48 anos de idade, trabalha na EXACTA, Metalomecânica de Precisão, Lda. Foi admitido em Fevereiro de 1980 para o lugar de fresador mecânico. Possui o curso Geral de Mecânica realizado na Escola Industrial de Loures. GG mora a 15 km do local de trabalho. Desloca-se em autocarro, demorando o trajecto aproximadamente 30 minutos, em qualquer dos sentidos. Antes da EXACTA, trabalhou como aprendiz de torneiro mecânico e depois como torneiro mecânico numa oficina de metalomecânica ligeira ( 1968 - 1980 ). Após o ingresso na EXACTA, ao fim de quatro semanas de formação, iniciou o desempenho das suas funções. A EXACTA emprega 38 trabalhadores em 5 sectores: produção, armazém, administrativo, planeamento e comercial. As fresadoras com que tem trabalhado são do tipo UNIVERSAL, modelo Speed9 ( eléctricas, de eixo vertical e controlo manual ) Actualmente frequenta num centro protocolar, em horário pós-laboral, um curso de formação profissional que o irá habilitar a trabalhar com fresadoras com controlo numérico computadorizado ( CNC ). As ordens de serviço ( OS ) são de periodicidade muito variável, função da quantidade de peças a fresar e da complexidade da fresagem a realizar. O horário de trabalho é das 8 às 17.30, com interrupção para o almoço entre as 12 e as 13.30 . No início de cada dia de trabalho, GG retoma tarefas de uma OS ainda não concluída ou levanta uma nova OS com os desenhos correspondentes. Em qualquer dos casos dirige-se ao posto de ferramentas e requisita as fresas e outras ferramentas necessárias (p.e.: craveira, chaves de aperto, pincel de limpeza, etc ). De seguida vai ao armazém e levanta as peças a fresar. Monta a fresa na fresadora. Na mesa desta coloca a 1ª peça a fresar e acerta a sua posição de forma a que possa referenciá-la com as coordenadas e cotas do desenho. Atesta o depósito do líquido de arrefecimento e liga a máquina. Inicia a fresagem controlando cada uma das fases através do recurso à craveira. Periodicamente limpa a mesa da fresadora onde se acumularam aparas e limalha metálicas. Terminada a operação, retira a peça fresada e coloca-a numa mesa para ser acabada por outro trabalhador e coloca nova peça a ser fresada na mesa da fresadora, repetindo as operações. No final do dia de trabalho ( 8 horas ) ou no final da OS, GG limpa o posto de trabalho, devolve as ferramentas requisitadas, as peças não fresadas e, no caso de terminar a OS, esta, assinada por si, juntamente com os desenhos correspondentes. A manutenção mecânica das fresadoras em que trabalha é por si, periodicamente, realizada. A manutenção eléctrica está a cargo de outros trabalhadores. Todas as tarefas de GG são realizadas em pé.

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No total, existem no sector de produção da EXACTA: 3 fresadoras manuais; 2 fresadoras CNC; 1 torno manual; 2 tornos CNC revólver com alimentação automática ; 2 máquinas de electro-erosão; 1 mandriladora; 1 guilhotina eléctrica; 1 quinadora; 1 furadora; 1 prensa de 30 ton; 1 esmeriladora; equipamento de soldadura e de pintura; 1 guindaste aéreo; máquinas ferramentas diversas (rebarbadoras, serras de corte, lixadoras,etc). O nível de ruído, no seu posto de trabalho, varia de 20 a 50 db (A). Quando a guilhotina actua, dá-se um ruído instantâneo de intensidade 100 db (A) no local onde se situa o seu posto. As rebarbadoras chegam a provocar um ruído de intensidade superior a 80 db (A) durante mais de 1 minuto e a sua utilização é frequente. O seu nível salarial corresponde ao código S18: 215.000$/mês Os equipamentos CNC são os únicos que se situam em locais com ar condicionado. Fora destes locais a temperatura varia entre os 10 e os 20oC no inverno e entre os 20 e os 35oC no verão. A iluminação artificial tem um nível de intensidade adequado, embora mal dirigida em muitos locais, nomeadamente no posto de trabalho de GG, onde se registam situações de sombra, pois este posto não tem iluminação específica. Trabalham neste sector 18 trabalhadores: 16 operários especializados e 2 aprendizes. CASO: Dia 21 de Julho de 1998 A OS que GG recebeu do sector de planeamento foi a nº 186/98, correspondente à fresagem de 50 peças iguais em aço, componentes de um molde, segundo o desenho M17.38. A peça por fresar tem um peso de 2,5 Kg e apresenta arestas vivas. Como se trata de peças cuja fresagem é complexa e demorada ( 38 min./peça ) e como a encomenda está atrasada, GG irá fazer horas extraordinárias durante 3 dias consecutivos, largando às 20.30. Baseando-se nos elementos fornecidos para esta OS, efectue o seguinte: • Descreva o Sistema de Trabalho e as Condições de Trabalho . • Identifique os riscos de trabalho • Avalie os riscos de trabalho • Defina as acções de prevenção a implementar

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8.3 confecção - COSTURAR CAMISAS EM FÁBRICA DE

CONFECÇÕES Zita Matos ( ZM ), 25 anos de idade, trabalha na MODEX - Confecções, Lda. ZM foi admitida em Maio de 1995 para costureira. Possui a escolaridade mínima e, até à data de admissão, nunca havia estado empregada. ZM mora a 6 km do local de trabalho. Desloca-se em autocarro, demorando o trajecto aproximadamente 15 minutos, em qualquer dos sentidos. Ao ingressar na MODEX iniciou um curso de formação de costureira com a duração de quatro semanas, após o que foi colocada na linha de costura. Esta linha compõe-se de doze postos de trabalho dispostos ao longo de um tapete transportador, através do qual a encarregada de linha faz chegar, a cada posto, um caixa contendo atados de componentes de camisas a costurar e a respectiva Ordem de Serviço (OS). Além desta linha há mais três: uma do lado oposto ao de ZM junto do mesmo tapete transportador e outras duas junto de um segundo tapete, paralelo ao primeiro, e a uma distância aproximada de 7 metros. A máquina com que ZM trabalha é da marca TOP modelo Fast, tal como as restantes: eléctrica, accionada por pedal e com uma alavanca de abaixamento - levantamento da cabeça da agulha movida com o joelho direito. O corte da linha é realizado manualmente com utilização de tesoura. As ( OS ) são iguais por períodos relativamente longos ( 3 a 4 meses ) e são, invariavelmente, 3 ou 4 por dia, consoante há ou não horas extraordinárias a fazer. O dia de trabalho tem início às 8 horas. ZM faz uma pausa de 10 minutos durante a manhã e outra igual após o almoço. A interrupção do trabalho para almoço ocorre entre as 12 e as 13 horas. O dia normal de trabalho termina às 17 horas e 20 minutos. A tarefa de ZM nos últimos 2 meses tem sido costurar mangas de camisa. Após sentar-se na sua máquina, ZM verifica se esta foi alimentada com linha, alcança a caixa com as mangas a costurar e com a OS, tira-a do tapete e coloca-a ao lado da máquina. Lê a OS, desata os atados e retira a 1ª manga a costurar. Com o auxílio de gabaritos posiciona a manga para ser costurada, toca com o joelho na alavanca da agulha e fá-la baixar. Acciona o pedal e vai controlando, com ambas as mãos, a realização da costura longitudinal. Terminada esta, retira o pé do pedal e com o joelho toca na alavanca da agulha e fá-la levantar. Pega na tesoura e corta a linha. Procede às outras costuras da mesma forma. Terminada a 1ª manga deposita-a ao lado da máquina e inicia a 2ª. Terminada a OS, faz um atado das mangas costuradas, preenche a OS e coloca-a juntamente com o atado na caixa de transporte. Pega nesta, coloca-a sobre o tapete e faz sinal à encarregada que terminou. A encarregada recolhe caixa e envia outra com novos atados e nova OS. Nas 4 linhas de produção trabalham 64 operárias em máquinas de costura, 4 controladoras de qualidade e 4 encarregadas de linha. A temperatura ambiente é controlada, situando-se entre os 21 e os 23oC. A iluminação é artificial, bem distribuída e de intensidade adequada.

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Não existem exaustores de ar pelo que são observáveis, a olho nu, partículas de fibras em suspensão no ar. O salário de ZM é de 65.000$/mês, acrescido de prémios de produtividade. CASO: Dia 19 de Novembro de 1998 A 1ª OS que ZM recebe indica 50 mangas de camisa para costurar do mesmo modelo que já vem fazendo há duas semanas. As 2ª, 3ª e 4ª são idênticas. Fará uma 5ª OS em horas extraordinárias, facto que já vem acontecendo todos os dias desde há um mês, razão pela qual tem terminado o dia de trabalho pelas 19.30 aproximadamente. Baseando-se nos elementos fornecidos para esta OS, efectue o seguinte: • Descreva o Sistema de Trabalho e as Condições de Trabalho . • Identifique os riscos de trabalho • Avalie os riscos de trabalho • Defina as acções de prevenção a implementar

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8.4 RESTAURAÇÃO - PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS EM REFEITÓRIO

Luísa Silva ( LS ) tem 30 anos e trabalha na ALIMENT há 4. A ALIMENT é uma firma de restauração que explora cerca de 25 refeitórios de empresas situadas na região do grande Porto. A empresa, no refeitório da qual LS trabalha actualmente, situa-se na Maia e emprega 650 trabalhadores, dos Qua 8is 590 são operários que trabalham em 2 turnos. Ao almoço são preparadas, em média, 350 refeições e ao jantar 250. No refeitório trabalham 14 pessoas que garantem a preparação, confecção, empratamento e lavagem das refeições de almoço e jantar. LS trabalha na secção de preparação, na qual são preparados os legumes, a carne e o peixe a confeccionar, destinados ao almoço e ao jantar. O seu horário de trabalho é das 8 às 17 horas ( a interrupção para almoço é das 12 às 13 horas ) A preparação das carnes comporta, habitualmente, as seguintes operações: 1. Recepção da ordem de serviço ( OS ) dada pela gerente. Desta constam o tipo de

carnes, as quantidades a preparar e o tipo de preparação a fazer em função das ementas;

2. Apresentação da OS à despenseira para o levantamento das carnes nas câmaras de refrigeração;

3. Carregamento das carnes nas câmaras para um pequeno carro de transporte; 4. Descarga das carnes para uma bancada da secção de preparação; 5. Corte das carnes segundo a OS, utilizando facas e cutelos; 6. Colocação das carnes cortadas em contentores e transporte destes, no carro já

mencionado, até às câmaras frigoríficas, para serem confeccionadas para o jantar desse dia e para o almoço do dia seguinte;

7. Colocação dos desperdícios num contentor que, diariamente, é transportado até ao contentor de lixo principal.

A preparação do peixe, quase sempre congelado, é idêntica. Neste caso haverá que o carregar na câmara de congelados, após o que é cortado em postas numa serra eléctrica, escamado, aparado das barbatanas e colocado em água para descongelar. A água é depois escorrida e o peixe colocado em contentor para a câmara de refrigeração. LS fez preparação de legumes durante os 2 primeiros anos, mas agora só o faz quando ocorre falta da funcionária destacada para o efeito. O refeitório não dispõe de ar condicionado, existindo apenas o exaustor central da confecção e dois exaustores de janela. A temperatura oscila entre os 12 e os 23 º C no inverno e entre os 18 e os 37 º C no verão. A humidade do ar atinge, em plena confecção, valores entre os 90 e os 95 %. Todas as operações de preparação são realizadas com luvas de borracha. A empresa não adquiriu qualquer vestuário de protecção para entrada nas câmaras frigoríficas. CASO: 27 de Julho de 1998 temperatura às 8 h : 20ºC humidade relativa do ar: 70% temperatura às 12h : 33ºC humidade relativa do ar: 90% temperatura às 17h: 35ºC humidade relativa do ar: 80%

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A OS que LS recebeu nesse dia indicava a preparação de 30Kg de carne para guisar e 10Kg de peixe em posta para fritar, para o jantar deste dia, bem como 55Kg de costeletas de porco para grelhar e 20Kg de peixe inteiro para assar no forno, para o almoço do dia seguinte. Para a preparação da carne para guisar utiliza uma faca de corte, mas para as costeletas, porque se apresentam em lombada, utiliza, além da mesma faca, um cutelo. O peixe em posta apresenta-se em espécimes sem cabeça e as postas são cortadas na serra eléctrica, após o que são escamadas com escova de pêlos de aço e aparadas com tesoura própria. O peixe para assar destina-se a ser servido 1 por prato. É apenas escamado e aparado. Baseando-se nos elementos fornecidos para esta OS, efectue o seguinte: • Descreva o Sistema de Trabalho e as Condições de Trabalho . • Identifique os riscos de trabalho • Avalie os riscos de trabalho • Defina as acções de prevenção a implementar

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8.5 TRANSPORTES - CONDUÇÃO DE AUTO-BETONEIRA

João Mendes ( JM ), 38 anos de idade, trabalha na CIMAL, Betão e Pré-esforçados, Lda., cuja central de produção se situa em Oeiras. Foi admitido em Fevereiro de 1992 para o lugar de condutor de auto-betoneira, actividade que nunca tinha desempenhado antes. Possui a escolaridade obrigatória e tirou a carta de pesados aos 23 anos. Antes da CIMAL, trabalhou como condutor de pesados numa empresa de celulose ( 1983 - 1992 ). Na CIMAL, ao fim de duas semanas de formação, iniciou o desempenho das suas funções. Neste momento está-lhe atribuída a auto-betoneira nº28 ( marca VOLVO, modelo DM258; capacidade de 8 m3 ; ano de fabrico: 1996 ). Para além deste tipo de auto-betoneira, a CIMAL tem outro tipo com 12 m3 de capacidade, para cuja condução JM está habilitado, embora só efectue tarefas com este tipo de viatura, em média, duas vezes por ano. JM é casado, tem dois filhos e mora a 20 Km da CIMAL, para onde se desloca de comboio até 5 km, e depois de autocarro. O trajecto total tem a duração média de hora e meia no sentido casa-emprego e duas horas no sentido inverso. Começa a trabalhar às 8 e termina às 18 horas, sendo o intervalo para almoço das 12 às 14 horas. As ordens de serviço ( OS ) são diárias e JM levanta-as na secção de operações. Após a leitura da OS do dia, JM vai ao parque onde está a viatura atribuída e, após a requisição desta, dirige-a para a zona de carga. Posiciona a viatura sob a bomba pré-indicada (de entre 5 existentes ) e aguarda na cabina que o enchimento termine. Dirige a auto-betoneira para a obra em questão. Ao chegar lá, dirige-se ao encarregado que lhe irá indicar o local onde deverá ser realizada a descarga. Aí, posiciona a viatura e acciona os comandos de descarga, controlando permanentemente esta operação. Terminada esta, e se estiverem previstas na OS mais descargas, regressa à CIMAL e repete estas operações. Se não ocorrerem mais descargas, ao chegar à CIMAL, dirige a viatura para o sector de lavagem e procede à lavagem do balde para a remoção de restos de betão. Se houver necessidade, procede a uma rápida lavagem ao exterior da viatura, se não fá-lo-á no final da semana de trabalho. Após a lavagem, JM dirige a viatura para o parque e faz a entrega da OS, assinada por si, na secção de operações. Periodicamente, de uma forma planeada, faz a manutenção de parte do equipamento da auto-betoneira e conduz a viatura até à oficina do representante para as revisões previstas. As avarias são reparadas por mecânicos da secção auto da CIMAL. O horário de trabalho de JM é de 40 horas semanais O seu nível salarial corresponde ao escalão T.12 da CIMAL: 129 000$.

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CASO: Dia 7 de Janeiro de 1999 A ordem de serviço diária recebida por JM consiste no carregamento, transporte e descarga de betão, utilizando a viatura distribuída. O estaleiro de descarga situa-se em Xabregas ( cerca de 20 Km da CIMAL ), pelo que terá que percorrer algumas artérias de Lisboa. Estão previstos 3 transportes de betão nesta ordem de serviços. A obra em questão é a construção de um prédio de 8 andares. Nela trabalham, neste momento, 28 operários. A obra é assistida por uma grua. O dia de hoje apresenta-se chuvoso e a temperatura prevista deverá oscilar entre os 7 e os 13º C.. Baseando-se nos elementos fornecidos para esta OS, efectue o seguinte: • Descreva o Sistema de Trabalho e as Condições de Trabalho . • Identifique os riscos de trabalho • Avalie os riscos de trabalho • Defina as acções de prevenção a implementar

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