aula 02 - pre hst crim

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uma pre historia da criminologia

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Apresentao do PowerPoint

Fonte: EYMERICH, Nicolau; PENA, Francisco. Manual dos inquisidores. 2. ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; Brasilia: Ed. UnB, 1993); FARINACII, Prosperi. Praxis, et theorica criminalis amplissima: quatuor titulis partita. Parmae: ex typographia Erasmi Viothi, 1605. Texto-base: SBRICCOLI, Mario. Justia criminal. In: Discursos Sediciosos, Rio de Janeiro, n. 17/18 (2011), p. 459-472; MECCARELLI, Massimo. El processo penal como lugar de determinacin de la justicia: algunas aproximaciones tericas en la poca del ius commune. In: LORDA, Mercedes Galn. Gobernar y administrar justicia: Navarra ante la incorporacin a Castilla. Navarra: Aranzadi, 2012. Textos complementares: HESPANHA, Antnio Manuel. Da iustitia disciplina: textos poder e poltica penal no Antigo Regime. In: HESPANHA, Antnio Manuel (org.). Justia e Litigiosidade: histria e prospectiva. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1993; SABADELL, Ana Lcia. Tormenta iuris permissione: tortura e processo penal na pennsula ibrica (sculos XVI XVIII), Rio de Janeiro, Revan, 2006.

AULA 02 Uma pr-histria da criminologiaO PENALA histria do penal pode ser pensada como a histria de uma longa fuga da vingana (M. Sbriccoli)o penal: mais adequado ao pr-modernoNo havia direito penalNo era apenas processo/procedimento penalPode ser mais do que a soma entre DP e DPP:Doutrina; juristas; normas no-penais; criminalidade; prxis judiciria; constituio material; uso pela poltica; sensibilidade, cultura, tica, civilizao

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesO PENALfuga da vingana:dos indivduosdas sociedadesdos Estadosprocesso civilizador dos sistemas penaisaparato: garantiasNo escatolgico/evolucionistaRegressos:obtuso meio repressivoimpunidade privilegiada

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA CRIMINALNEGOCIADA x HEGEMNICAJustia negociada:Vingana privadaJustia Hegemnica:Aparato pblico

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA NEGOCIADAVingana privadaSuperpacifico et bonu statu civitatisVtima/clReconhecimento: ressarcimento/satisfaoMentalidade germnicabem jurdico privado (vida, incolumidade, bens, honra), soluo entre privadosDiferente da faida (ritualizao)Processo pblico como estratgia de negociao

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA NEGOCIADADelito = iniuriareparao > punioJustia constitutiva pertencimento comunidadeProteode baixoIndigitados processo pblicoconsenso > certezaConsenso presumido: crimes pblicos: religio, majestade, sexualidadeoralidade

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego Nunes

MALLEUS MALEFICARUMPARTE I. QUESTO: Se as bruxas podem embotar o poder de gestao ou obstruir o ato venreo? Esclarecem-se algumas dvidas passageiras sobre o tema da cpula impedida pelos encantamentos malignos.Alm do mais, como a impotncia neste ato se deve s vezes frivolidade da natureza, ou a algum defeito natural, se pergunta: Como possvel distinguir se devido ou no a bruxaria? Hostiensis d a resposta em sua Summa (porm isto no deve ser pregado em pblico): quando o membro no se comove de jeito nenhum, e no pode executar o ato do coito, isso sinal de frigidez da natureza; mas quando se comove e se ergue e, no entanto no pode executar, um sinal de bruxaria. Tambm devemos assinalar que a impotncia do membro para executar o ato no o nico encantamento, mas s vezes se faz para que a mulher no possa conceber, ou que aborte. Observa-se, alm do mais, que segundo o que estabelece os Cnones, quem por desejo de vingana ou por dio faz a um homem ou a uma mulher algo que lhes impea engendrar ou conceber deve ser considerado um homicida. E adverte-se, ainda, que o Cnon fala de amantes livres que, para salvar seus apaixonados da vergonha, usam anti-conceptivos tais como poes ou ervas que vo contramo da natureza, sem ajuda alguma dos demnios. E esses penitentes devem ser castigados como homicidas. Mas as bruxas que fazem tais coisas por bruxaria so castigveis, pela lei, com a pena extrema.Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego Nunes

MALLEUS MALEFICARUMPARTE III. QUESTO: Que tipo de defesa podem ser admitidos, e da nomeao de um advogado.deve-se notar que um advogado no para ser apontado pelo desejo do acusado, como se ele pudesse escolher qual advogado ele ter; mas o juiz deve tomar muito cuidado para nomear nem um litigioso nem um homem mal-intencionado, nem mesmo aquele que facilmente subornado (como muitos o so), mas sim um homem honrado a quem nenhum tipo de suspeita incorra.Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesMUDANA CONSTITUCIONAL E O PENALConstituio materialModelo poltico-jurdico de uma sociedade organizadaO penal tende a modificar-se as transformaes sociaisCapacidade conformativaSculos XII a XIVVirada autoritria na poltica medievalNascimento do Estado moderno

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA HEGEMNICAHegemnico - ambiguidadePorque dominante (como foi a negociao)Modo verticalizado de conceber o aparelho judicial

Aparato pblicoNe crimina remaneant impunitaVingana inadequada ao novo modelo polticoManuteno do seu ncleo: satisfaoJustia criminal como meio de governo

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA HEGEMNICACaractersticasAo ex officioInquisiesDelaesCondenaes independente de negociao realizadaCampanha cultural dos juristas paz pblicaCentralidade do processo e do juiztipos penais a partir da provaCategorias a partir da dosimetria da pena

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA HEGEMNICACrime ofensa respublicaPena = satisfao do EstadoMeios (regulados)Interrogatrio: torturaArbtrio judicial: acusao, procedimento, provas, penasNascimento do modelo inquisitrioAccusatio e inquisitio: estilos processuaisAccusatio: direo das partes, juiz sem poder probatrioInquisitio: ao pblica, indisponibilidade do processo, justia = punio

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesDIRECTORIUM INQUISITORUMO Interrogatrio (Tortura)[...] O ru indiciado que no confessar durante o interrogatrio, ou que no confessar, apesar da evidncia dos fatos e de depoimentos idneos; a pessoa sobre a qual no pesarem indcios suficientemente claros para que se possa exigir a abjurao, mas que vacila nas respostas, deve ir para a tortura. Igualmente , a pessoa contra quem houver indcios suficientes para se exigir a abjurao. O veredicto da tortura assim:"Ns, inquisidor etc., considerando o processo que instauramos contra ti, considerando que vacilas nas respostas e que h contra ti indcios suficientes para levar-te tortura; para que a verdade saia da tua prpria boca e para que no ofendas muito os ouvidos dos juzes, declaramos, julgamos e decidimos que tal dia, a tal hora, ser levado tortura." [...]Finalmente, quando se pode dizer que algum foi "suficientemente torturado"? Quando parecer aos juzes e especialistas que o ru passou, sem confessar, por torturas de uma gravidade comparvel gravidade dos indcios. Entendero, portanto, que expiou suficientemente os indcios atravs da tortura (ut ergo intelligatur quando per torturam indicia sint purgata).Como o ru confirma a confisso efetuada sob tortura? O escrivo pergunta-lhe depois da tortura: "Lembras-te do que confessaste ontem ou anteontem sob tortura? Ento, repete tudo agora com total liberdade". E registra a resposta. Se o ru no confirmar, por que no se lembrou e, ento, novamente submetido tortura.

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesPunies para bruxaria no sculo XVI - AlemanhaXilogravura a partir de TenglerLaienspiegel, Mainz, 1508.

JUSTIA HEGEMNICAhegemonia da justia penal autoritriadirigida repressofundada sobre a submissoregulada por normas legislativas e doutrinaisadministrada por aparatos articulados e difusosformalizadas pela escritura. Pressupostos tcnicos:Lei: autoridade; no vinculativa; esparsa; setorial; doutrinaAo e Prova: modelos processuaisPena: resgate da negociao (dosimetria e execuo)Aparato: burocratizao; instncias; hibridao de estilos

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesA AUTONOMIA DO DIREITO PENALDoutrina: practicae criminalesDuplo carter: legitimao e conduo da prtica do juizParte da prtica: fuso cincia/experinciaObjetivo: detectar se a pena merecida, qual e quantoExecuo: problema do aparato estatal negociaoOrigem e perpetuao na prtica: torna-se direitoRacionalizao: consolidao, controle, moderao

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesA AUTONOMIA DO DIREITO PENALDoutrina: practicae criminalesOrigem e perpetuao na prtica: torna-se direitoConstruo do direito penal material/substancialtimo, rdea, freio: GarantiasPobres no mbito processual pressupe o poder do juizGiulio Claro, Receptae Sententiae, Liber Quintus (Practica criminalis):Mas certamente, qualquer que seja a regra de direito comum, tudo isto vem menos graas ao costume do tempo presente; de fato, [hoje] tambm segundo o direito civil [no cannico] em quaisquer casos consentido ao juiz de proceder de ofcio, e assim pela via da inquisio (Sed certe quidquid sit de iure communi, haec omnia cessant ex consuetudine praesentis temporis; nam etiam de iure civili in quocunque casu permissum est iudici procedere ex officio, et sic per inquisitionem).

Eroso do sistema: contra a autonomia do processo

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesPARADIGMA DA INFRAO POLTICA E EXPANSO DO PENALCrimen laesae majestatisOfensa respublicaGeneralizao do modelo mais gravoso

Justia = repressoLeis gerais: OrdonnancesPreveno geralOrdem pblica

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesMODELOS DE PENAL HEGEMNICOSanta InquisioFontes idnticas s do processo pblicoDistinesmbito: centralizao/expansoAtuao: legalismo/profissionalismoArticulao com jurisdio secularUnidade de estilo

Constitutio criminalis CarolinaNa Inquisio, estilo; aqui, norma cogenteEstilo prescritivo das practicae

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA COMO DISPOSITIVO CRIATIVO DO PENALFazer justia determina como justia eraO injusto vem antes da leiIluminismo inverte: justia passa a ser administradaVnculo direito-poltica

Penal e a justia:demanda de justia: negociada ou hegemnicaestrutura procedimental: accusatio e inquisitionatureza das regras: ordinarium e extraordinarium

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego NunesJUSTIA COMO DISPOSITIVO CRIATIVO DO PENALFazer justia determina como justia eraO injusto vem antes da leiIluminismo inverte: justia passa a ser administradaVnculo direito-poltica

Penal e a justia:demanda de justia: negociada ou hegemnicaestrutura procedimental: accusatio e inquisitionatureza das regras: ordinarium e extraordinarium

Criminologia e Poltica Criminal Prof. Diego Nunes

GRD02 Histria do Pensamento Jurdico Prof. Diego Nunes