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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA ANTÔNIO BAUER MACIEL BATISTA A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO ORAL PARA DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DE PNEUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO Brasília-DF

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA

ANTÔNIO BAUER MACIEL BATISTA

A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO ORAL PARA DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DE PNEUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO

Brasília-DF

Julho

2016

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ANTÔNIO BAUER MACIEL BATISTA

A Importância da Higienização Oral para Diminuição da Incidência de Pneumonia Associada a Ventilação(PAV).

Orientadora: Prof.ª Ms. Vanizia  Pádua

Mestre Terapia Intensiva / Sobrati

Brasília-DF

Julho

2016

Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentado à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

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ANTÔNIO BAUER MACIEL BATISTA

 

A Importância da Higienização Oral para Diminuição da Incidência de Pneumonia Associada a Ventilação(PAV).

 

Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentado à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

 

Brasília, 31 de Julho de 2016.

__________________________________________________

Vanizia  Pádua Antunes da Silva - Mestre em Terapia Intensiva - Sobrati

Orientadora

 _________________________________________________

 Douglas Ferrari  - Mestre e Doutor em Terapia Intensiva –Sobrati

Banca Examinadora 

____________________________________________________

Claudia Conforto - Mestre e Doutor em Terapia Intensiva -Sobrati

 Banca Examinadora 

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Resumo e Abstract..........................................................................................05

Introdução........................................................................................................07

Objetivo............................................................................................................08

Metodologia......................................................................................................08

Marco Teórico ..................................................................................................08

Resultados e discussão ...................................................................................16

Considerações finais.........................................................................................17

Referências Bibliograficas.................................................................................19

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A Importância da Higienização Oral para Diminuição da Incidência de Pneumonia Associada a Ventilação(PAV).

Resumo:

A pneumonia nosocomial é responsável por 15% de todas as infecções hospitalares, a segunda maior incidência de infecção em hospitais, deste um terço vem a óbito, agravando o prognóstico e tornando mais oneroso o tratamento destes pacientes. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de se prevenir a pneumonia associada a ventilação. Apesar de sua etiologia ser multifatorial, as condições bucais é um fator de grande importância, devido a sua intíma relação com o tracto respiratório, a alteração da flora bacteriana com o passar do tempo nos pacientes em UTI, também é outro fator importante. Com objetivo de verificar a importância da higienização oral na prevenção da PAV, foi proposto uma revisão da literatura.Onde ficou claro esta necessidade. Lembrando que os métodos mecânicos, por meio de escovas, fio dental e higienizadores de língua, para remoção do biofilme são os mais eficientes.Também verificou-se os agentes químicos têm um papel importante como coadjuvantes desta higienização, sendo que a clorexidina mostrou-se a mais eficiente. Outros procedimentos como raspagem coronária, exodontias, adequação do meio bucal, que eliminam os focos infecciosos na boca são de grande valia no controle da pneumonia associada a ventilação.

Descritores: Protocolo de higienização oral, importância da odontologia em UTI, Formação de Placa bacteriana,Pneumonia associada a ventilação mecânica,.

Abstract:

The importance of oral hygiene to decrease the incidence of associated Pneumocystis (PAV ) .

Nosocomial pneumonia is responsible for 15% of all hospital infections, the second highest incidence of infections in hospitals, one third of these ends up dead, aggravating the prognosis and making the treatment more expensive of those patients. Therefore it is evident the need to prevent ventilator-associated pneumonia. Although its etiology is multifactorial, oral condition it is a major factor because of your intimate relationship with the respiratory tract, besides that the change in the bacterial flora over time in patients in ICU is another important factor. In order to ascertain the importance of oral hygiene in VAP’s prevention, it was proposed a literature review, evidencing such need, reminding that mechanical methods, through brushes, dental floss and tongue sanitizers to remove biofilms are the most efficient. It were also verified that chemical agents have an important role as sanitation coadjutants, in which chlorhexidine has proved most efficient. Others methods as coronary scraping, exodontia, adequacy of the oral environment, which eliminates

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the infectious foci in the mouth, are of great value in the control of ventilator-associated pneumonia.

Descriptors: Oral hygiene in ICU , Dentistry in ICUs , preventing pneumonia associated with ventilation

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1 - Introdução

Com o crescente número de casos de pneumonia nosocomial em pacientes

submetidos a ventilação mecânica nas unidades de terapia intensiva, torna-se

necessário a investigação de meios de prevenção de pneumomia associada a

ventilação mecânica, pois além de agravar o prognóstico desses pacientes, torna

este tratamento mais oneroso.

Os profissionais dessa área passaram os últimos anos discutindo meios de

prevenir a pneumonia associada a ventilação mecânica. Sabendo que os processos

preventivos da pneumonia associada a ventilação são multifatoriais, por muito

tempo a importância da higienização oral ficou em segundo plano. Estudos recentes

passaram a mostrar cada vez mais, que a medida que o biofilme bucal “amadurece”

a prevalência de bactérias associadas a pneumonia aumentam no biofilme e a

possibilidade de aspiração do conteúdo infeccioso da orofaringe, principalmente os

oriundos da saburra lingual, placa bacteriana e dos cálculos supragengivais, não

deixando dúvida sobre a importância da eficiente higienização oral desses

pacientes.

Tornando premente a necessidade de padronização de cuidados bucais,

sendo que essa higienização deve ser meticulosa e constante desde a entrada do

paciente na unidade de terapia, até a sua saída, que o controle mecânico através de

escovas e limpadores de língua são os mais eficientes, porém devem ser

associados ao controle químico com antissépticos, dentre eles a clorexidina a 0,12%

a qual vem se destacando como a de maior eficácia. O processo de

descontaminação da cavidade oral requer técnica adequada.

Segundo Orlandini & Lazzari em 2012, após aplicação de questinário a uma

equipe de enfermagem, demonstraram que não se constitui uma preocupação

evidente essa atividade pela equipe, e que os mesmos não receberam formação

adequada para realizar procedimentos de higiene oral em pacientes critícos, Pettit et

al., 2012 também cita a falta do relacionamento interprofissional odontologia e

enfermagem como outro fator agravante. O processo de descontaminação da

cavidade oral vai além da higienzação oral, focos infecciosos, como restos

radiculares, cálculos salivares (tartáros), cárie, devem ser eliminados, através de

raspagem coronária, exodontias e adequação do meio bucal com material

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restaurador temporário, tornando de extrema importância a presença do cirurgião

dentista integrado a equipe multidiciplinar. Diante destes fatos e observando a

pequena presença da odontologia inserida nesta equipe multidiciplinar resta um

questionamento, é o que está faltando para que isto ocorra? Já que a prevenção a

pneumonia associada a ventilação está diretamente ligada a promoção de saude

oral.

2 - Objetivo

Avaliar através de uma meticulosa revisão da literatura, a importância e

necessidade da higienização oral para diminuição da incidência de Pneumonia

associada a ventilação (PAV) dos pacientes hospitalizados em uma unidades de

terapia intensiva, assim como os métodos mais eficazes dessa higienização.

3 – Metodologia

Estudo do tipo descritivo realizado através de um levantamento bibliográfico, a

partir de uma pesquisa eletrônica nas bases de dados da biblioteca virtual

MEDLINE, LILACS, SciELO utilizando os seguintes descritores, Protocolo de

higienização oral, Importância da odontologia em UTI, Formação de Placa

bacteriana, Pneumonia associada a ventilação mecânica, antissépticos bucais,

clorexidina.

Foram adotados como critérios de inclusão artigos publicados entre os anos

de 2004 á 2014, com inclusão também de um artigo bastante relevante do ano 1965

utilizado os idiomas português e inglês, e livros com tema principal Periodontia.

4 - Marco Teórico

A literatura mundial já consagrou a relação da microbióta bucal e as doenças

sistêmicas, sendo que, nos pacientes com a saúde debilidada essa vulnerabilidade

aumenta, especialmente nos pacientes internados em unidade de terapia intensiva.

Dentre as infeções sistemicas relacionadas a microbiota oral dos pacientes de UTI

está a pneumonia associada a ventilação.

Em um paciente sadio pode existir até 500 espécies de bactérias, sendo que a

condição oral esta diretamente relacionada a quantidade do número de espécies

bacteriana. As bactérias que predominam num paciente sadio são, Streptococcus

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mutans, Streptococcus Sanguis, Actinomycis, Bacterioides Gengivalis, S.

salivarius(dorso da lingua), S. mitis(mucosas), mas nos pacientes em estado crítico

essa predominância muda, passando a ser uma flora mais agressiva com

prevalência de Gram negativas anaeróbicas (Gibbons R. 1989).

Löe et al.,1965, em um estuto sobre gengivite, onde os pacientes deixaram de

higienizar a boca, mostrou que a partir do 3º dia iniciava-se a colonização de gram

negativos e ao 10º dia já havia um aumento ainda maior de gram negativos e de

formas espiraladas devido a ausencia de higienização oral.

Isso é ratificado pelo trabalho de Oliveira e et al. em 2007, que investigou a

presença de patógenos envolvidos na pneumomia nosocomial em pacientes em UTI,

chegando ao seguinte resultados:

Frequência e Distribuição das Bactérias Etiológicas da Pneumonia Nosocomial por Local

BactériasNúmeros de pacientes Tubo Umidificador

Biofilme Dental

Biofilme Língua TU+BD

TU + BL BD + BL TU+BD+BL

S. Pneumoniae 7(23,3%) 4 1 2

P. Aeruginosa 6(20,0%) 1 1 1 5

S. áureos 4(13,3%) 1 1 1 2

K. pneumoniae 4(13,3%) 1 3

Strep. A hemolitico 2(6,6%) 1 1

Stafilococos sp. 2(6,6%) 1

A. calcoaceticus 2(6,6%) 2 1

E. coli 1(3,3%) 1 2

E. cloacae 1(3,3%) 1

Total 30(100%) 7 2 2 2 4 4 13 Oliveira e et al. em 2007

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Carrilho et. al. em 2004, encontrou em maior frequência os agentes etiológicos,

Acinetobacter spp. e Staphylococcus aureus (33% e 22% das culturas positivas,

respectivamente). Barbosa, em 2010 cita em seu trabalho. Oliveira et al.(2007) que

colheram amostras do aspirado traqueal, biofilme do dorso da língua e dos primeiros

molares e encontraram Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus,

Klebsiella pneumoniae, Stenotrophomas maltophilia, Candida albicans,

Acinetobacter calcoaceticus, Candida tropicalis, Staphylococcus sp.,

Corynebacterium sp., Escherichia coli e Streptococcus pneumoniae. “O resultado

desse estudo suscita a alta probabilidade de colonização de patógenos respiratórios

no biofilme bucal de pacientes internados em UTI, sendo que 70% das bactérias

pesquisadas foram encontradas somente no biofilme dental”.

Pacientes com alteração da conciência, aspiram o fluido salivar em maior

quantidade, cerca de 70% a mais (Patarroyo;Gonçalves; Flexa, 2008), associado a

queda de imunidade, diminuição do fluxo salivar por uso de medicamentos ou

desidratção terapeutica, o decréscimo do reflexo de tosse, a diminuição da limpeza

natural da boca pelos alimentos duros e fibrosos, a movimentação da língua e

bochecha durante a fala (Amaral et al 2009), aumentando a possibilidade dos

patógenos bucais chegarem ao pulmão.

São duas formas dos micro-organismos bucais alcançarem o tracto respiratório

inferior: a aspiração e difusão hematógena, sendo esta ultima com apenas 2 casos

na literatura, segundo Oliveira, C. B.S. et al.(2007). A aspiração através de três

possíveis vias: 1) aspiração do contéudo da orofaringe, 2) inalação de aerosois

infectados, 3) disseminação da infecção de áreas contíguas, todos estes podendo

associar o biofilme as infecções respiratórias. O biofilme bucal estaria relacionado as

infecções do tracto respiratório devido uma higienização deficiente, que resultaria

numa grande concetração de patógenos, ou por abrigar colonias de patógenos

pulmoraes, além de facilitar a colonização destes patógenos.

Machado, A. C. (2013), revisando a literatura, conclui que a pneumonia

asssociada a ventilação (PAV) se desenvole após 48 a 72 horas do inicio da

ventilação, podendo estar associada até 48 horas após a extubação. Considerando

que a pneumonia associada a ventilação acomete de 20% a 25% dos pacientes que

estão sob ventilação mecânica, cuja taxa de mortalidade pode chegar em até 80% ,

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além de aumentar o tempo de internação de 10 a 13 dias, segundo Morais e et al

2006 e consequentemente aumentando os custos da mesma, nos EUA essa

majoração chega a 40 mil dólares por episódio, se faz necessário uma higienização

oral cuidadosa com objetivo de eliminar o máximo dos patógenos bucais.

4.1 - A formação do Biofilme bucal.

Segundo DeLorenzo (2010), em termos genéricos, o termo biofilme define uma

comunidade microbiana, embebida por uma matriz aglutinante e firmemente aderida

a uma superfície sólida úmida, como tecidos de seres vivos, rochas existentes em

mares e rios, casco de barcos, interior de tubulações. A Formação do biofilme bucal

inicia-se até 20 segundo após a uma completa higienização, onde a superficie

dentinária fica limpa e polida. O primeiro componente a ser formado é a pélicula

adquirida, um filme orgânico muito delgado, oriundo da saliva, acelular, constituído

principalmente pela glicoproteína salivar que além de hidrofóbica possui carga

negativa. Deposita-se diretamente sobre a superfície dos dentes, de materiais

restauradores, próteses, implantes e epitélio bucal (adsorção seletiva).

É rápida e seletivamente é colonizada por algumas espécies bacterianas. Ao

contrário da placa, a película adquirida não é removida pela escovação dos dentes,

mesmo porque se embrenha entre os prismas de esmalte; para tanto, torna-se

necessária uma vigorosa limpeza com materiais abrasivos, mas volta a se depositar

imediatamente após a retirada. A película adquirida possui algumas funções

proteger seletivamente o esmalte, lubrifica-lo, ajuda a sua remineração, porém

fornece nutrientes as bactérias da colonização inicial do biofilme, além de

proporcionar a agregação bacteriana.

4.1.1 Fase da colonização inicial: Em um período de 1 a 8 horas ocorre a

colonização, sendo que de 60 a 80% das bactérias são Streptococos viridans,

devido ao seu alto grau de adesão a película adquirida e ao dente, além da sua

facilidade de coagregação

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.

DE LORENZO, J. L. 2010

4.1.2 Fase de acumulação: ocorre em função de dois fatores: multiplicação dos

colonizadores iniciais, ou adesão de novas bactérias, da mesma ou de outras

espécies, sendo que fase se instalam os patógenos bucais. De Lorenzo 2010.

DE LORENZO, J. L. 2010

Em função da relevância de proteger os pacientes severamente agravados da

ação dos patógenos colonizados na cavidade oral, a remoção do biofilme é um fator

importante na prevenção da PAV, seja através de métodos mecânicos ou químicos

através de agentes antimicrobianos, sendo que a higienização oral através da

escovação é o metodo mais eficaz de eliminar o biofilme bucal, com a função de

desagregar e remover os depósitos microbianos aderidos, através da remoção

mecânica, assim com fio dental poderá ser utilizado para mesma função nos

espaços interdentais.(Silva, a. s. et al 2011).

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4.2 - O controle mecânico do biofilme dental.

É método mais aceito para remoção do biofilme dental. Estudos epidemiológicos

mostram a relação positiva entre o método mecânico e o biofilme dental. Esse

método é realizado principalmente através de escovas, fio dental e limpadores de

língua.

4.2.1 Escovação.

É o método mais usado. Existem várias técnicas e modelos de escovas, sendo

importante escolher a que melhor adapta ao operador, conforme a sua habilidade

manual e as condições bucais, permitindo até a um misto de técnica, prevalencendo

a melhor eficiência na higienização. Quanto ao tipo de escova, é importante

estabelecer algumas características como: o fácil manuseio, acesso a todas

superficies dentais, cerdas macias, cabeça pequena com múltiplos tufos e cerdas de

extremedidades arredondadas. Lembrando que o uso frequente da escova não é

sinômino de boa higienização o mais importante é a qualidade desse uso. (Silva, a.

s. et al 2011)

4.2.2 Fio Dental.

É uma técnica importante utlizada para higienização das regiões interproximais.

Assim como as escovas, existem vários tipos de fio: fino, grosso, encerado, com

flúor. Parece claro que os mais finos e encerados facilitam a passagem pelos pontos

de contados interproximais, portanto sendo a primeira escolha. (Silva, a. s. et al

2011)

4.2.3 Limpadores de Língua.

Santos et al descrevem a língua Saburrosa como formada por restos

alimentares depositados na língua que associam as bacterias, fungos e as células

descamadas e enzimas que participam do processo da digestão. esses

microorganismos servirão para disseminar bactérias para outras regiões do

paciente, sendo necessária a higienização diária dessa região da boca, através de

raspagem da saburra, com instrumentos próprios denominados raspadores de

língua. Pesquisas comparando a eficácia dos raspadores de língua frente a escova

dental na higienização da língua, mostrou que o primeiro é cerca de 66% mais

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eficiente, além do desconforto ser menor. Mostrando que limpador de língua deve

ser utilizado conjuntamente com outros dispositivos de higiene bucal pois sua ação é

de grande relevância.( Santos et al 2014) .

4.3 - Controle Químico Do Biofilme Bucal.

Como coadjuvante do controle mecânico, mas nunca substituto, são usados os

agentes químicos que atuam após a desorganização mecânica do biofilme. São

vários os agentes químicos os mais utilizados são a clorexidina, cloreto de

cetilpiridinio, tricosan e oleos essenciais, sendo que a clorexidina se consagrou e

hoje é unanimidade na literatura como antisséptico bucal. (Marinho, Söhsten e

Araujo; 2007).

Os agentes químicos para o controle do biofilme bucal são indicados quando da

falta de habilidade manual do operador, alterações sistêmicas, pacientes

hospitalizados, pré e pós operatórios. O controle químico tem por objetivo inibir a

aderência bacteriana, parar ou retardar o crescimento bacteriano, remover o

biofilme estabelecido, alterar a patogenicidade do biofilme. Um bom agente químico

deveria ter as seguintes caracteristícas, especificidade a alguns microrganismos,

eficácia, estabilidade, baixa toxicidade, substantividade. Sendo esse o principal

critério, pois adere aos tecidos bucais e continuam agindo por longo tempo.

4.3.1 Principais Agentes Químicos.

Triclosan: possui baixa toxicidade e amplo espectro, substantividade

moderada, pequena adsorsão, age alterando a permeabilidade celular bacteriana,

após 3 a 6 meses de uso consegue reduzir em 51% a formação do biofilme, está

presente em alguns cremes dentais.

Enzimas: Tem ação na matriz intercelular da placa, causando a dispersão da

matriz, as principais são : tripsina, quimiotripsina, carboxil e peptidase.

Óleos Essenciais: São feitos de essências naturais, tais como: mentol, timol,

eucaliptol, agem rompendo a parede bacteriana e inibindo enzimas bacterianas.

Compostos Fenólicos: Agem na parede celular em bactérias gram positivas e

negativas, reduz a placa de 20 a 25%, sendo usados 4 vezes ao dia. Seu

representante, Listerine.

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Quaternários de Amônia : O cloreto de cetilpiridinio (Cepacol) e o cloreto

benzalcônico tem maior ação em gram positivos, agem aumentando a

permeabilidade celular, tem baixa substantividade, reduz a placa bacteriana em

30%.

Clorexidina. É um antibacteriano de largo espectro, com propriedades

catiônicas, é uma molécula estável tendo afinidade com as bactérias, agindo através

da interação eletrostática de sua carga positiva com negativa da parede celular

bacteriana, aumentando a permeabilidade dessa parede, ocorrendo ruptura da

membrana, precipitação do citoplasma e consequentemente morte do

microorganismo. (Marinho, Söhsten e Araujo, 2007).

A clorexidina apresenta uma substantividade, isto é, tempo de permanência

ativa na cavidade bucal de aproximadamente 12 horas, não é absorvida pelo

organismo, motivo da sua baixa toxicidade, e não é também corrosiva. Além da sua

propriedade bactericida, também atua como: Fungicida, Algicida e Virucida. Ela é

desativada por compostos aniônicos, incluindo os surfactantes aniônicos comumente

utilizados como detergente em cremes dentais. Por essa razão, soluções para

enxague bucal à base de clorexidina devem ser usadas, no mínimo, trinta minutos

após outros produtos dentais.

A camada mais externa da célula bacteriana esta carregada de cargas

negativas, sendo a clorexidina uma agente catiônico, liga-se fortemente os sítios

aniônicos expostos da membrana e da parede celular, particularmente proteínas e

fosfolipídios. A clorexidina forma então pontes entre “cabeças” polares de

fosfolipídios adjacentes, deslocando os cátions associados à membrana, com perda

da atividade osmorregulatória e capacidade metabólica, levando ao colapso

bacteriano.

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http://phmb.info/

antissepsia_e_antissepticos.html

A clorexidina apesar de ser um excelente antisséptico bucal, provoca alguns

efeitos adversos como mancha mento de dentes, restaurações, próteses e língua,

alterações do paladar, principalmente para o sal, formação de cálculo supragengival

e, raramente, tumefação reversível nos lábios ou glândulas parótidas, descamações

na mucosa oral, urticária.

5.0 Resultados e Discussão

Ao revisar a literatura encontramos uma grande variação de estudos relatando

a quantidade de espécies bacterianas na flora bucal, chegando a variações de

quase 100%. Acredito que isso se deva a técnica empregada em cada estudo e a

diferença da flora bacteriana de cada paciente, sendo que o mais importante é a

grande variedade de espécies encontradas, independentemente dos números

encontrados, o fator coincidente em todos os estudos é que essa flora do biofilme

bucal modifica a sua prevalência com passar do tempo, devido a fatores como:

alteração do fluxo salivar, medicações e baixa da imunidade do paciente entre

outros.

O conhecimento mais aprofundado da formação e evolução do biofilme bucal

nos permite estabelecer estratégias de seu combate, sendo as superfícies sólidas do

dente, os componentes da saliva, a rica flora bacteriana, a agregação e interação

bacteriana que fazem com o passar do tempo que essa flora se torne mais

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agressiva, além de não podermos descartar a possibilidade de contaminação

cruzada através dos profissionais, durante a manipulação dos pacientes.

A literatura nos mostra que o controle do biofilme é barato, eficaz e fácil,

necessitando apenas de treinamento por parte do corpo técnico e de disciplina na

execução. Algumas instituições por desconhecimento ou tentativa de economia do

processo no controle mecânico do biofilme dental, negligenciam esses aspectos. No

paciente sadio, dificilmente se consegue 100% de eficiência nesse controle. Sendo

uma tarefa mais difícil de se alcançar em um paciente intubado, inconsciente e com

dificuldade de abrir a boca, reforçando mais a necessidade de treinamento e

disciplina na execução.

A língua outro sítio de preocupação na higienização oral, apesar de não

possuir um tecido duradouro como o esmalte dental, devido ao processo de

descamação da sua superfície, deve ser visto com um local a ser cuidado em função

de que o paciente normalmente está inerte no leito e a descamação juntamente com

as glicoproteínas da saliva facilitam o acúmulo de bactérias nessa região, sendo que

o limpador de língua mostra-se mais eficiente que qualquer outro método.

O controle químico é um fator importante como coadjuvante no processo,

nunca isolado, sendo que o consenso literário nos leva à clorexidina a 0,12%, por

suas características como substantividade, não absorção, entre outros.

Fazendo-se necessários estudos futuros sobre a resistência bacteriana dessa

substância. Procedimentos como raspagem coronária para remoção de tártaro

(placa bacteriana calcificada), adequação do meio bucal com cimentos provisórios,

remoção de raízes residuais, também auxiliam na melhora da higienização oral,

sendo que estes devem ser executados exclusivamente por cirurgiões dentistas.

6.0 - Considerações Finais O objetivo deste estudo foi avaliar através da revisão da literatura e discutir a

importância da higienização oral na prevenção de pneumonia associada a ventilação

mecânica, onde uma grande parcela da população brasileira dá pouca importância

aos cuidados com a saúde bucal, e quando é acometida por alguma patologia grave,

chega às unidades de terapia intensiva em péssima situação bucal. A baixa

imunidade, alteração do fluxo salivar, a situação inerte do paciente, entre outros

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fatores, provocam um aumento e mudança da flora bacteriana bucal e tornando-a

mais agressiva.

A consequência dessa mudança é o agravo do quadro clínico do paciente, com

a possibilidade do paciente contrair pneumonia associada à ventilação. Mesmo

lembrando que a PAV é multifatorial, essa situação clínica leva a um tempo maior de

internação, maior custo final do tratamento e a um número maior de óbitos.

A literatura mostra que o quadro pode ser amenizado com a intervenção do

cirurgião dentista inserido na equipe multidisciplinar que irá contribuir na melhoria

das condições bucais do paciente e consequentemente a um melhor o resultado

final do seu tratamento.

A pouca inserção da odontologia nesta equipe multidisciplinar se deve ao pouco

conhecimento dos profissionais de odontologia nesta área, assim como o pouco

conhecimento dos demais profissionais na área de odontologia, por isso sugiro que

a grade curricular das faculdades sejam alteradas levando mais conhecimento da

área de medicina intensiva aos Cirurgiões Dentistas, assim como de odontologia aos

demais profissionais, facilitando no futuro a integração das equipes.

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