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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO “EXCELÊNCIA ACADÊMICA X CULTURA DE RESULTADOS: O DILEMA DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADAS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. LUIZ ALBERTO MATTUA TEIXEIRA ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLAVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES Rio de Janeiro, 19 de maio de 2014.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

“EXCELÊNCIA ACADÊMICA X CULTURA DE RESULTADOS: O DILEMA DAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADAS NO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO”.

LUIZ ALBERTO MATTUA TEIXEIRA

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLAVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES

Rio de Janeiro, 19 de maio de 2014.

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“EXCÊLENCIA ACADÊMICA X CULTURA DE RESULTADOS: O DILEMA DAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADAS NO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO”

LUIZ ALBERTO MATTUA TEIXEIRA

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissional em Administração

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Gestão das

Organizações.

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLAVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES

Rio de Janeiro, 19 de maio de 2014.

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T266

Teixeira, Luiz Alberto Mattua.

Excelência Acadêmica x Cultura de Resultados: O dilema

das instituições de ensino privado do Rio de Janeiro / Luiz

Alberto Mattua Teixeira. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.

49 f. : il.

Dissertação de Mestrado Profissional em Administração

do IBMEC.

Orientador(a): prof.º Luiz Flavio Autran Monteiro Gomes.

1. Gestão das Organizações. 2. Resultado. 3. Acadêmica.

4. Financeira. 5. Dilema. 6. Compatibilidade. I. Título.

CDD 658

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Alcyone e Alberto (in memoriam)

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AGRADECIMENTOS

Ao corpo diretor do Grupo Ibmec, de hoje e ontem, pela confiança em mim depositada e o

apoio, que permitiram a conclusão desse trabalho e a obtenção do grau de mestre.

Ao meu orientador, Prof. Autran, pelos conselhos, ensinamentos e cobranças.

Aos Professores, Maria Augusta e Marcelo Sampaio, por gentilmente terem aceitado

participar da banca de avaliação.

À minha esposa Katia, meus filhos Pedro e Luiza, por toda a ajuda, paciência e incentivo, nos

melhores e piores momentos.

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RESUMO

Longe de ser um conjunto de regras estáticas, os sistemas de governança das IES

no Brasil vêm sofrendo mudanças ao longo dos últimos 20 anos, o que tem causado quebra de

paradigmas na forma de administrar, no conteúdo e nos objetivos das mesmas. Nesse estudo

discute-se e comparam-se dois formatos de políticas administrativas nas IES privadas, de

modo a se oferecer uma análise das suas vantagens e desvantagens. O processo e os efeitos

são mundiais, mas a pesquisa limita-se ao mercado brasileiro, mais especificamente ao do

município do Rio de Janeiro, visando torná-la mais objetiva, já que o mesmo se encontra

localizado na região sudeste, a qual, segundo dados de 2012 do MEC/INEP, abriga 49% das

IES privadas do país e sendo ele próprio responsável por 5,54 % do total das IES privadas do

país.

Na esteira do aumento do número de IES privadas, cuja causa estuda-se adiante,

vem a questão da tendência da profissionalização da gestão por diversos motivos, inclusive e

principalmente naquelas que vêm sofrendo processos de aquisição por grupos nacionais ou

internacionais, cujo principal foco é a lucratividade.

Pretende-se discutir o dilema de como, ao serem colocados diante dos problemas

de performance, os executivos das IES tomam a decisão entre seguir o modelo tradicional, de

foco acadêmico e com ênfase na excelência da formação dos alunos, mais de acordo com a

expectativa do corpo docente, ou adotar o modelo financeiro de modo a inserir uma cultura de

resultados, mensuráveis e com receitas maiores, mais de acordo com a expectativa dos

acionistas, sendo que ambos os modelos nem sempre são compatíveis. Além disso, procura-se

oferecer uma analise dos resultados da adoção de uma ou outra política.

Palavras Chave: Resultado, Acadêmica, Financeira, Excelência, Dilema, Compatibilidade.

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ABSTRACT

Far from being a set of static rules, systems of governance of HEIs in Brazil have been

changing over the past 20 years, which have caused a paradigm shift in the way to manage the

content and objectives of the same. The purpose of this study is to discuss and compare two

distinct administrative policies in private HEIs, in order to provide an analysis of their

advantages and disadvantages. The process and the effects are global, even though research is

limited to the Brazilian market, more specifically to the city of Rio de Janeiro, aiming to make

it more objective, as it is located in the southeastern region, which, according data of

MEC/INEP, 2012 research, homes 49% of private HEIs in the country and being himself

responsible for 5.54 % of total private HEIs in the country. In the wake of increasing number

of private HEIs, whose causes are studied further, comes the question of the trend of

professionalization of management for various reasons, including and especially those who

have been suffering for acquisition by national or international groups, whose main focus is

profitability.

The intention is to discuss the dilemma of how, when placed before the

performance problems, managers of HEIs make the decision between following the traditional

model of academic focus and emphasis on excellence in training students, more in line with

expectations faculty or to adopt the financial model in order to embed a culture of results,

measurable and with higher revenues, approaching of the expectations of shareholders,

provided that both models are not always compatible. In addition, it seeks to provide an

analysis of the results of the adoption of one or another policy.

Key Words: Results, Academic, Financial, Excellence, Dilemma, Compatibility.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – matrículas em IES privadas / país .................................................................................... 4

Gráfico 2 - comparativo do número de IES privadas de 2000 a 2012 no Brasil e Rio de Janeiro (estado

e município). ............................................................................................................................. 7

Gráfico 3– evolução do número de matrículas em IES privadas no Brasil, estado e município do Rio

de Janeiro – 2009 a 2012. .........................................................................................................10

Gráfico 4 – perfil da organização acadêmica das IES privadas do Rio de Janeiro. .............................23

Gráfico 5 – perfil da organização acadêmica das IES no universo pesquisado. ..................................24

Gráfico 6 – distribuição do perfil organizacional das IES no universo pesquisado. ............................24

Gráfico 7 – distribuição por faixa de número de cursos oferecidos nas IES no universo pesquisado. .25

Gráfico 8 – distribuição por faixa de número de alunos matriculados nas IES no universo pesquisado.

.................................................................................................................................................25

Gráfico 9 – distribuição das IES do Rio de Janeiro por tipo de governança. ......................................26

Gráfico 10 – perfil das IES do Rio de Janeiro por tipo de capital. ......................................................26

Gráfico 11 – perfil de participação de private equity funds nas IES do Rio de Janeiro. ......................27

Gráfico 12 – percentual das IES pesquisadas que reformularam o modelo de governança. ................27

Gráfico 13 – distribuição dos motivos da mudança para o modelo de resultado financeiro. ...............28

Gráfico 14 – perfil das principais dificuldades encontradas no processo da mudança. .......................29

Gráfico 15 – comparativo entre desempenho acadêmico das IES – Mudança governança X Status

Quo. .........................................................................................................................................29

Gráfico 16 - comparativo entre desempenho financeiro das IES – Mudança governança X Status Quo

.................................................................................................................................................30

Gráfico 17 - nível de aprovação das mudanças de governança nas IES pelo corpo docente. ...............31

Gráfico 18 – nível de aprovação das mudanças de governança nas IES pelo corpo discente. .............32

Gráfico 19 – nível de aprovação das mudanças de governança nas IES pelo corpo administrativo. ....32

Gráfico 20 – projeção das matrículas nas IES privadas com fins lucrativos .......................................33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo do número de IES Públicas e Privadas no RJ. ............................................... 9

Tabela 2 – Comparativo do percentual de matrículas em IES públicas e privadas no Brasil em 2011.. 9

Tabela 3 – Número total de Matrículas em Cursos de Graduação - 2012 ...........................................33

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

BMF Bolsa de Mercadorias e Futuros

BOVESPA Bolsa de Valores do Estado de São Paulo

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Liquido

FGV Fundação Getulio Vargas

FUNESEG Fundação Escola Nacional de Seguros

IBMR Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação

IES Instituição de Ensino Superior

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPO Initial Public Offering (oferta publica inicial)

IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISS Imposto Sobre Serviço

MEC Ministério da Educação e Cultura

MM Milhões

OCDE Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico

PIS Programa de Integração Social

PUC/RJ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

SEADE Fundação Sistema Estadual de Analise de Dados – São Paulo

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

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SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TI Tecnologia da Informação

UGF Universidade Gama Filho

UNESA Universidade Estácio de Sa

UNESCO United Nations Education, Scientific and Cultural Organization

WEI World Education Indicators

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO. ....................................................................... 3

1. HISTÓRICO da atuação das IES privadas no Rio de Janeiro ............................................................. 5

1.1. Fatores que possibilitaram a evolução das IES no Rio de Janeiro ................................................... 6

1.2. Tipos de IES Privadas ......................................................................................................................10

2. MODELOS DE GESTÃO DAS IES privadas DO RIO DE JANEIRO ..............................................11

2.1. Características da gestão sem fins lucrativos ..................................................................................11

2.2. Características da gestão com fins lucrativos ..................................................................................12

2.3. Diferenças entre os modelos .............................................................................................................13

3. Análise do cenário atual .......................................................................................................................14

3.1. Mudança de paradigmas na administração acadêmica e financeira das IES .................................14

3.2. Profissionalização.............................................................................................................................15

3.3. Gestão acadêmica x Gestão de resultados: o cerne do dilema. ........................................................17

3.4. Crescimento Orgânico x Fusões e Aquisições. Outra parte do dilema............................................19

3.5. Processos de IPO - As IES na bolsa de valores ................................................................................20

3.6. Pesquisa das causas determinantes do conflito dos modelos de gestão ...........................................21

4. Avaliação do processo de assimilação da cultura de resultados nas IES .............................................31

4.1. Tendência no desenvolvimento do mercado de educação superior privado do RJ .........................32

4.2. Consolidação do mercado de educação superior privado do RJ .....................................................34

5. Complementação do trabalho: sugestões para pesquisas futuras. .......................................................34

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 38

APÊNDICE A – PESQUISA DE ESTRUTURA, ENVIADA ÀS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADO DO RIO DE JANEIRO. .......... 40

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APÊNDICE B – RELAÇÃO E DETALHAMENTO DA ESTRUTURA DE CONSTITUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO MUNICIPIO DO RIO DE JANEIRO: ................................................................................................................. 44

APÊNDICE C – RESULTADO TABULADO DA PESQUISA COM AS IES DO RIO DE JANEIRO: ........................................................................................................... 45

APÊNDICE D – RESULTADO TABULADO DA PESQUISA COM AS IES DO RIO DE JANEIRO: ........................................................................................................... 46

APÊNDICE E – RESULTADO TABULADO DA PESQUISA COM AS IES DO RIO DE JANEIRO: ........................................................................................................... 47

ANEXO A – DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE FILANTROPIA. .................... 1

GLOSSÁRIO ............................................................................................................... 2

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INTRODUÇÃO

A história da educação superior brasileira começa no ano de 1550, em Salvador

na Bahia, com o curso de Artes e Teologia, ao qual foi depois agregado o de Ciências

Naturais e Filosofia, com a duração de três anos, fundados pelos jesuítas através de

autorização especial da coroa portuguesa, compreendendo o ensino de lógica, física,

matemática, ética e metafísica.

Mais tarde, os representantes da Companhia de Jesus fundaram o curso de

Teologia somente, com quatro anos de duração, destinado a formar apenas religiosos,

enquanto os cursos de Ciências Naturais e Filosofia continuaram a formar professores e foram

abertos também aos leigos.

Em 1759, a história da educação superior sofre um revés quando o marquês de

Pombal, como regente de fato em nome de D. José I, expulsa os jesuítas de todo o reino de

Portugal e as faculdades são fechadas (Pilleti, 1990).

Sob a proibição de abertura de IES na colônia pela coroa portuguesa, o ensino

superior só voltaria a fazer parte da nossa história em 1808, na transferência da corte e vinda

da família real para o Brasil. Na ocasião, D. João VI funda a Faculdade de Medicina da Bahia,

em Salvador. Ao longo dos 200 anos seguintes, o ensino superior no Brasil evolui através da

fundação de novas escolas, tanto de caráter público como confessional.

Da época do Brasil Colônia (1500-1822), passando pelo período imperial (1822-

1889), posteriormente pela primeira república (1889-1930), pela revolução de 1930 (1930-

1937), pelo O Estado Novo (1937-1945), pela nova República (1945-1964), pelo período da

ditadura (1964-1985) e até o período liberal que começa na década de 1990, pouco se fez em

prol de mudanças realmente relevantes na educação superior (Soares, 2002). As estruturas

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acadêmicas desse nível de ensino, tanto no Rio de Janeiro quanto no restante do País,

mantêm-se atreladas ao modelo colonial, e as IES são vistas como serviços não lucrativos. É a

partir da primeira década de 1990 que o ensino privado ganha um novo papel no Brasil e, por

conseguinte, no Rio de Janeiro. É desse período que se busca enfocar as mudanças, o dilema

acarretado por elas e suas consequências.

O objetivo deste trabalho é demonstrar-se o dilema que os gestores das IES

privadas do Rio de Janeiro enfrentam, ao escolherem entre a priorização do modelo de

administração voltado para o resultado acadêmico, ou aquele voltado para o resultado

financeiro, em suas respectivas empresas. Concomitantemente, analisam-se os fatores que

influenciam na adoção de um ou outro sistema de governança, bem como os resultados

obtidos pelas IES cujos gestores optaram por adotar cada um dos modelos; sem, no entanto,

aprofundar-se no viés ideológico ou político que envolve o assunto, definindo o foco

principalmente nas razões administrativas e seus resultados.

Por razões de síntese, excluiu-se toda IES cuja sede não esteja no município do

Rio de Janeiro. Relacionam-se aí, também, aquelas que foram fundadas nesse domicílio, mas

que posteriormente foram adquiridas por grupos administrativos de outros estados.

O estudo utiliza-se de uma pesquisa descritiva sobre o emprego de dois modelos

distintos de governança de IES, especificamente, o modelo de gestão voltado para a qualidade

acadêmica e o modelo de gestão voltado para o resultado financeiro. Nesse caso particular,

não especifica-se uma hipótese a ser demonstrada (Volpato, 2012), mas tão somente fixa-se

na dissertação dos métodos empregados em ambos os modelos, bem como nas possiveis

implicações de seus empregos. Ele fundamenta-se no levantamento feito não só com

administradores de IES no Rio de Janeiro, bem como na experiência de gestão do autor,

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exercidas no período de 1998 a 2013, quando ocupou cargos executivos nos segmentos de TI

e operações em IES.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO.

O Brasil pode ser citado, externa e até mesmo internamente, como um país de

pobreza acentuada, onde a educação é um privilégio de poucos. A desigualdade social

também é um fator determinante na distribuição de matrículas no ensino superior do país,

sendo esses fatores replicadores dos mesmos problemas no Rio de Janeiro, que é o município

objeto do estudo. Tais fatores contribuem decisivamente para a sedimentação do conceito de

que a educação na sociedade deve ser um papel exclusivo do estado ou de entidades que não

têm o lucro financeiro como objetivo final.

Discute-se esse conceito a fim de caracterizar-se a presença do ensino privado na

sociedade, visto por uma parte do segmento educacional como um organismo externo e sem

coadunar com a missão da educação. Atrela-se a IES privada ao lucro e, portanto, a mesma se

antagoniza à dedicação total à tarefa do ensino e principalmente da pesquisa, mesmo sabendo-

se que alguns dos fundadores de grandes IES privadas, são ou foram educadores de renome e

que tinham em mente o caráter desenvolvimentista a ser concretizado pela sua obra. Pode-se

afirmar que, o desenvolvimento de uma nação ou região, está vinculado à forma como as

lideranças das instituições convergem suas políticas, inclusive de ensino, em direção ao

crescimento (Acemoglu, 2012).

Eventualmente, afirma-se que as instituições de ensino privadas foram criadas

sob a égide da missão acadêmica e que, uma vez que não fossem gratuitas como as públicas, o

recebimento de mensalidade seria tolerado, mas deveria ser dirigido tão somente para a

manutenção da operação, e o seu foco, totalmente acadêmico.

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Segundo Nunes (2011), no Brasil apresenta-se, desde a década de 1960, uma

participação significativa das IES de cunho privado na vida acadêmica. Essa fase inicia-se na

primeira década do século XX e desenvolve-se até os nossos dias (Apêndice B).

Comparativamente a outros países, somos superados apenas pela Coreia do Sul

e Japão, na quantidade de alunos matriculados nesse tipo de instituição (Gráfico 1).

Gráfico 1 – matrículas em IES privadas / país

Verifica-se mais adiante, no início do século XX, que o Rio de Janeiro já

contava com instituições de ensino privadas, sendo que, nas décadas seguintes, continua o

movimento de fundação de outras. Apura-se ainda, que nos anos 1970, o movimento se

intensifica e temos a fundação de quatorze IES, sendo algumas das instituições de ensino

privadas mais importantes do Rio de Janeiro.

77,9

76,7

71,9

42,9

33,9

32,3

28,4

25

15,8

13,7

13,7

13,3

12,7

12,5

9,9

9,1

7,7

7,2

6

2,9

2

1,1

0,4

Coreia do Sul

Japão

Brasil

Chile

México

Polônia

EUA

Portugal

Federação Russa

Média OCDE

Estônia

Israel

Espanha

França

República Tcheca

Irlanda

Itália

Eslováquia

Turquia

Austrália

Suíça

Eslovênia

Nova Zelândia

% de alunos matriculados em instituições privadas, independentes do governo

Fonte: OCDE/UNESCI/WEI. Education Trends in Perspective (2009)

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Na década de 1990, o governo federal, de orientação liberal e com uma clara

determinação de aumentar o número de vagas para estudantes de nível superior, resolve

facilitar a criação de novas instituições de ensino.

Como a tarefa era considerada de alta complexidade e necessitava de grande

investimento, optou-se por deixar a mesma a cargo da iniciativa privada, de modo que essa

preenchesse os gaps no quantitativo de vagas e também arcasse com os investimentos para a

criação das mesmas. Ao próprio governo, caberia a missão de determinar algumas regras e a

fiscalizar as ações e desempenho (Nunes, 2011). Nesse momento, são criadas onze novas IES

no município. A partir do ano 2000, acirra-se a concorrência e observam-se os primeiros

movimentos na direção da profissionalização da administração do ensino superior privado no

Rio de Janeiro, sendo que, durante a primeira década do século XXI, grupos de investimento

de capital privado e grandes grupos de educação estrangeiros começam a fazer as primeiras

fusões e aquisições. É nesse contexto que se inicia o presente estudo.

1. HISTÓRICO DA ATUAÇÃO DAS IES PRIVADAS NO RIO DE JANEIRO

Até o fim dos anos 1960, as principais instituições de ensino no Rio de Janeiro

eram públicas, mas as privadas já despontavam como uma alternativa, quando, neste período,

totalizavam treze entidades. As privadas confessionais eram duas: a universidade Santa

Úrsula, fundada em 1937 por Alceu de Amoroso Lima, e a Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro, fundada em 1940 por D. Sebastião Leme e o padre Leonel Franca.

Dentre as que não são confessionais, lista-se a Universidade Cândido Mendes,

que detém o título da instituição de ensino privada mais antiga do Brasil, tendo sido fundada

em 1902 por Candido Mendes de Almeida; a Universidade Gama Filho, fundada pelo

ministro Luiz Gama Filho, que a iniciou como instituição de ensino em 1939 e foi elevada à

categoria de Universidade em 1972; o Centro Universitário Augusto Motta, fundado em 1968

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pela Professora Amarina Motta; o Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro –

Univercidade -, fundado em 1969 e mantido pela associação São Paulo apóstolo; o Centro

Universitário Carioca – Unicarioca -, fundado em 1990 por Celso Niskier; a Universidade

Estácio da Sá, fundada em 1970 por João Cavalcanti Uchoa, e finalmente o Ibmec

Educacional, fundado em 1970 pelos economistas Cláudio Haddad e Paulo Guedes.

Há ainda outras instituições de ensino que fazem parte do universo do ensino

superior do Rio de Janeiro (Apêndice B).

1.1. Fatores que possibilitaram a evolução das IES no Rio de Janeiro

Note-se que em dois momentos distintos do século XX há dois saltos no número

de IES. O primeiro, na década de 60; e o segundo a partir de 1990. Especificamente, no

segundo salto, com a crescente estabilização da moeda e da economia no país, o número de

matrículas em instituições de ensino privadas começa a crescer. Além disso, o governo federal

começa a implementar uma política de crescimento da educação superior. Como o déficit de

vagas nessa época estava além da capacidade de investimento estatal em IES públicas,

autoriza-se e incentiva-se a criação de novas IES e aumento de vagas nas já existentes.

No levantamento demográfico segundo o IPC Maps – 2008, apresenta-se a área

de abrangência do estado do Rio de Janeiro perfazendo 43.000 Km², com o município

ocupando 1.200 Km². Estima-se, no mesmo momento, uma população de estadual de 15,6

MM de habitantes com 39,3%, ou 6,1 MM habitando a capital.

Ainda segundo o IPC Maps – 2008, na faixa etária do município apura-se uma

maioria no quantitativo de pessoas com idades entre 30 e 49 anos, sendo essa prevalência de

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29,6%. A representatividade das faixas etárias de 20 a 29 anos e 30 e 49 anos representa

45,9% da população.

Já no início do século XXI começa-se a sentir o efeito das medidas adotadas na

década anterior e confirma-se o resultado, através dos dados publicados nas estatísticas do

MEC/INEP (Gráfico 2).

Gráfico 2 - comparativo do número de IES privadas de 2000 a 2012 no Brasil e Rio de Janeiro (estado e

município).

A partir daí, evidencia-se o interesse de grupos privados de investimento de

capitais, nacionais e estrangeiros, cujos negócios têm o foco na lucratividade e no resultado

financeiro.

Esses grupos compõem-se principalmente por investidores capitalizados,

oriundos de diversos segmentos: bancos de investimentos, capitalizados pelos movimentos de

aplicações financeiras lastreadas nas operações garantidas pela correção monetária da década

anterior; grupos de gestão de fundos e, de forma mais concentrada no fim da década, grupos

estrangeiros de administração escolar profissional.

Fonte: MEC/INEP

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Com isso, um novo perfil de instituição de ensino superior começa a despontar

no país, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. As instituições de ensino

privadas, com administração primariamente filantrópica, de administração familiar e de

orientação de governança com foco acadêmico, começam a sofrer dois processos distintos:

Venda para os grupos privados, com ou sem experiência prévia na gestão escolar

em processos de fusões e aquisições entre instituições de ensino e grupos de

capital privado;

Reestruturação dos seus modelos de governança, buscando uma melhora no

desempenho administrativo financeiro, de modo a enfrentar a nova concorrência.

Numa grande retroalimentação, experimenta-se um significativo afluxo de

alunos direcionado a essas instituições de ensino superior, motivado, primeiro, pelo fator

econômico, ou seja, a estabilização da economia, citado anteriormente, e, mais ainda, fazendo

com que as mensalidades atinjam valores na faixa media de R$300,00, pois, durante o

processo de expansão de negócios, estabelece-se uma acirrada disputa de preço nos nichos das

faculdades voltadas para o público de massa. Segundo, pelo fator político, também já citado,

em que há um esforço do governo federal, a partir de 1990, para aumentar as vagas

oferecidas.

No caso da universidade pública, por depender de políticas de governo, essas

nem sempre conectadas com as demandas da sociedade, sempre foi mais difícil para ela alocar

os investimentos e realizar planejamentos necessários para novos cursos e novas unidades. O

governo então, de tendência neoliberal na década de 1990 e que tem menor preconceito em

relação à iniciativa privada, buscou aí a alternativa de fechamento do gap de vagas (Nunes,

2011), criando incentivos e fomentando as instituições particulares (Tabela 1).

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A evolução do número de matrículas de alunos de graduação de nível superior

fez com que, em três décadas, as instituições de ensino privadas passassem a representar mais

de 50% do total (Tabela 1).

Tabela 1 - Comparativo do número de IES Públicas e Privadas no RJ.

No estudo, verifica-se que as faculdades, sujeitas às regras de expansão do MEC,

que as obriga a passar pelo processo de licenciamento e autorização para poder começar a

operar um curso de graduação, evoluem de forma mais lenta.

Já as universidades e centros universitários, cujo processo de licenciamento de

cursos é mais simples, uma vez que só precisam passar pelo processo de reconhecimento do

curso depois de o mesmo estar operando, apresentam um crescimento mais rápido, dobrando

ou até mesmo triplicando o seu número de alunos em uma década (Tabela 2).

Tabela 2 – Comparativo do percentual de matrículas em IES públicas e privadas no Brasil em 2011.

Além disso, pode-se verificar o crescimento do numero de matriculas em IES

privadas no Brasil, no Estado e município do Rio de Janeiro através do Gráfico 3.

Fonte: MEC/INEP

Fonte: MEC/INEP

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Gráfico 3– evolução do número de matrículas em IES privadas no Brasil, estado e município do Rio de Janeiro

– 2009 a 2012.

1.2. Tipos de IES Privadas

As IES de cunho privado têm como principal característica o fato de não serem

mantidas pelo governo ou por órgãos governamentais de qualquer esfera, seja federal,

estadual ou municipal. Elas podem ser:

Comunitárias e/ou Filantrópicas: também chamadas de beneficentes, são mantidas por

entidades sem fins lucrativos, sendo que uma Instituição Comunitária é aquela em que há

em seu corpo diretivo pessoas a fim de defender os interesses da comunidade onde ela

atua e Instituição Filantrópica é aquela que desempenha atividades, paralelas ou em

conjunto com o Estado, sem ser remuneradas, podendo ser Laicas (sem vínculo religioso)

ou Confessionais (mantidas por instituições religiosas).

Particulares em Sentido Estrito: instituídas por uma ou mais pessoas físicas e/ou jurídicas

de direito privado, constituem-se em entidades de caráter comercial, sendo esta apenas sua

missão maior, não sendo obrigadas a fazer atividades de cunho beneficente, embora, se

desejarem, possam desempenhá-las.

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

2009 2010 2011 2012

3.76

4.72

8

3.98

7.42

4

4.15

1.37

1

4.20

8.08

6

390.

739

395.

981

398.

929

401.

087

231.

709

237.

808

237.

312

238.

947

Brasil

Est.RJ

Mun.RJ

Fonte: MEC/INEP

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2. MODELOS DE GESTÃO DAS IES PRIVADAS DO RIO DE JANEIRO

2.1. Características da gestão sem fins lucrativos

É um engano considerar que as IES de caráter privado sem fins lucrativos têm

aversão ao lucro. Elas, de um modo geral, buscam, obviamente, o retorno financeiro que lhes

permite operar. A questão da lucratividade está presente, mas os dados das entrevistas feitas

com os gestores dessas IES (Apêndice A) mostram que não é a questão mais importante.

Não será citado aqui o modelo de gestão que apenas se aproveita do status

jurídico de “sem fins lucrativos” para auferir ganhos acima da média de mercado, utilizando

as benesses e brechas da legislação.

A principal característica do modelo de gestão das IES sem fins lucrativos, é que

ele apresenta um viés voltado para a docência, isto é, de cunho predominantemente

acadêmico, sendo os principais executivos, normalmente, acadêmicos de carreira e com forte

ligação com o grupo de fundadores. Nesse modelo a maior preocupação é o resultado

acadêmico propiciado pela formação de qualidade. A maioria entende que as atividades de

pesquisa, associadas a cursos de mestrado e ou doutorado, contribuem significativamente para

a formação, tanto do corpo discente, quanto para a percepção da qualidade de ensino e do

nome da IES.

A maioria admite ter maiores gastos com a infraestrutura e com o subsídio das

atividades do seu corpo docente para atingir os resultados esperados, principalmente nas

avaliações do MEC. Segundo Ruch (2001), dentre as principais características administrativas

das IES sem fins lucrativos podemos destacar:

Isenção de impostos;

Possibilidade de recebimento de dotações;

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Gestão recebe contribuição dos stakeholders;

Governança é conjunta;

Motivação pelo prestígio acadêmico;

Cultivo do conhecimento;

Orientação por disciplinas;

Ênfase na qualidade dos inputs;

Concentração do poder decisório no corpo docente.

2.2. Características da gestão com fins lucrativos

A principal motivação das IES cuja gestão visa o lucro é a opção pelo

investimento em um modelo de negócios que tem se expandido continuamente nos últimos

dez anos. Embora o estudo se limite ao Rio de Janeiro, pode-se estabelecer um paralelo com

os Estados Unidos (Rush, 2001), onde esse tipo de empresa fundou suas bases e hoje avança

consideravelmente, mas, ao contrário daquele país, nem o governo federal, ou municipal

fornecem subsídios para esse tipo de IES.

Similarmente, em ambos os países, esse tipo de escola fornece treinamento

técnico que preenche o gap de conhecimento entre o nível de educação secundário e o

superior (Nunes, 2011).

No estudo do crescimento do modelo privado, verifica-se que algumas IES

atingem um tamanho tal, que assumem o papel de grandes corporações nacionais ou

internacionais. O apetite dessas empresas pelo crescimento não é menor do que o por verbas.

Desse modo não estranha-se que, ao atingirem determinado tamanho, as mesmas procurem

financiar seu crescimento através da abertura de capital. Em seu artigo, Vale nos relata que,

no Rio de Janeiro, a primeira das grandes empresas de educação a sair das suas fronteiras e a

fazer, em 2010, uma oferta de ações ao público investidor - IPO -, foi a Universidade Estácio

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de Sá, adquirida ao fundador em 2007, pelo grupo GP, um fundo privado de investimento de

capitais. Ainda segundo Vale, as cotas da Universidade foram negociadas à época por um

valor individual de R$ 19,00 sendo captados R$ 685 MM (Bovespa, 2007). Esse ganho

permitiu que os controladores da Universidade pudessem levar o foco da empresa para a

expansão do negócio, através do crescimento orgânico e principalmente através de fusões e

aquisições.

Até a aquisição pelo grupo GP, A Universidade Estácio de Sá era uma IES sem

fins lucrativos, com suas operações atreladas às regras impostas para esse modelo de

negócios, segundo as descrições de Ruch (2001), vistas anteriormente.

Em 2007 ela contava com 145.000 estudantes, somadas as diversas unidades.

Em 2012, dois anos após realizar o seu IPO, ela já contava com 313.400 alunos (UNESA,

2013) e o valor da ação encontra-se, atualmente, no patamar de R$23,50 (Bovespa, 2014).

Obviamente, o modelo de expansão de uma IES com fins lucrativos, podendo

optar, com a maioria o faz, pelo lançamento de ações em bolsas de valores, é extremamente

atrativo para grupos que veem a educação como um modelo de ganho financeiro.

2.3. Diferenças entre os modelos

Hawthorne (1995) caracteriza as diferenças entre os dois modelos de negócio,

sem fins lucrativos e com fins lucrativos, em que ele cita que instituições com fins lucrativos

fornecem educação para obter dinheiro, enquanto as sem fins lucrativos aceitam dinheiro para

fornecer educação. Já segundo Ferreira (2008), a Universidade, no sentido de sua criação, a

partir do modelo da Universidade de Bolonha, deve ter objetivos puramente acadêmicos

sendo, portanto, totalmente incompatível com o modelo de “universidade mercantil” descrito

por Calderón (2000).

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3. ANÁLISE DO CENÁRIO ATUAL

O município do Rio de Janeiro conta hoje com 49 instituições de ensino superior

privado, sendo 7 universidades, 8 centros universitários e 34 faculdades.

Deve-se não só observar o detalhamento quantitativo de cada uma, bem como a

sua categoria administrativa, organização acadêmica, natureza jurídica e status de filantropia

(Apêndice B), para que se possa fazer a conexão com a pesquisa (Apêndice A), elaborada

para se entender o resultado das mudanças que estão em curso no universo da administração

desse segmento.

3.1. Mudança de paradigmas na administração acadêmica e financeira das IES

Previamente menciona-se que um dos movimentos complementares na direção

da profissionalização das instituições de ensino é o de fusões e aquisições. Nesse processo,

um grupo de capital aberto ou fechado, nacional ou estrangeiro, começa a prospectar e

adquirir uma instituição de ensino. A partir dessa primeira aquisição, o grupo cria uma ponte

para expandir os negócios nesse ramo.

O passo seguinte é dotar as escolas adquiridas de uma gestão voltada

principalmente para o resultado financeiro, fazendo com que o seu valor de mercado se eleve.

Para que isso ocorra, os seguintes passos são dados:

Avaliação da operação da instituição de ensino e seus processos;

Redesenho das atividades operacionais ligadas ao negócio com vistas a uma

significativa redução de custos operacionais;

Aumento significativo no volume de negócios. Esse crescimento pode ser

orgânico, baseado no lançamento de novos cursos, novas unidades (campi),

vestibulares e transferências externas para atração e entrada de novos alunos, ou o

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crescimento pode se dar através de aquisições, nas quais o grupo passa a comprar

outras instituições de ensino menores e que, após passarem pelo mesmo processo

de redesenho de operação e mudança de cultura, passarão a fazer parte do grupo de

ensino;

Encerramento das atividades não lucrativas. Isso inclui, desde cursos com poucos

alunos e baixa rentabilidade, até mesmo unidades (campi) inteiras, cujo resultado

não esteja de acordo com as metas de rentabilidade da matriz;

3.2. Profissionalização.

Uma importante quebra de paradigma na gestão da educação é a introdução do

conceito de produto e seu respectivo ciclo de vida, aos cursos oferecidos pelas IES.

Segundo Kotler (2006), um produto é considerado qualquer artigo que tenha

como objetivo satisfazer uma necessidade específica de um consumidor. No entanto, de

acordo com Irigaray et al. (2006), um produto pode ser algo tangível (um bem, por exemplo)

ou intangível (um serviço ou uma marca). Já o ciclo de vida de produto é um conceito da

administração de marketing. Segundo ele, um produto percorre quatro fases distintas ao longo

de sua presença no mercado: introdução, crescimento, maturidade e declínio (Dias, at all,

2003).

Em resumo, qualquer item que possa ser expresso em valor monetário, como

uma ideia, é considerado um produto. Um produto continuará vivo no mercado desde que

esteja atendendo às necessidades impostas pelos consumidores, sendo elas facilmente

perceptíveis ou não tão claras, mas que o delimitam dentro de um grupo ou estilo de vida.

Ao apurar-se que a maioria das instituições de ensino privadas do Rio de Janeiro

foi fundada e posteriormente administrada por grupos familiares, verifica-se que elas

evoluíram num cenário extremamente dirigido às ideias de seus fundadores. Além disso, de

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acordo com o entendimento dos governos no poder até então, que tinham o entendimento de

que a educação superior deveria não ser um negócio, mas sim uma atividade de complemento

à cidadania e de soberania, essa atividade deveria ser protegida e ganhar incentivos. Assim, a

grande maioria delas obteve o “status” de entidade filantrópica ou sem fins lucrativos.

A definição do conceito de filantropia é um dos pontos fundamentais e deve ser

destacada para o entendimento da dicotomia entre a cultura administrativa voltada para a

excelência acadêmica versus a cultura de resultados, mais voltada para o lado do sucesso

financeiro, que é o ponto central do nosso estudo.

Assim, temos a definição formal de filantropia segundo Ferreira (2008):

Filantropia – “sf. 1.Amor à humanidade. 2.A caridade”.

A partir dessa classificação, a instituição de ensino passa a gozar de privilégios,

principalmente no tocante ao recolhimento de impostos sobre o serviço prestado.

Isenta-se a IES dos seguintes tributos:

INSS patronal sobre a folha de pagamento: 11%;

INSS terceiros sobre a folha de pagamento: 4,5%;

IRPJ sobre o lucro: 15%;

CSLL sobre o lucro: 9%;

ISS sobre o faturamento: 5%;

COFINS sobre o faturamento: 3%;

PIS sobre o faturamento: 0,65%.

Em contraparte a instituição de ensino deve fornecer um percentual de bolsas de

estudo de 20%, calculados sobre a receita bruta, conforme exige a lei (artigo 3° do Decreto

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2.536/98 – Anexo A) e também deve investir em projetos culturais e sociais. A manutenção

dessas bolsas, concedidas ao aluno, é vinculada a critérios específicos que variam entre as

instituições de ensino, mas que normalmente usam o desempenho acadêmico como indicador.

A IES também fica isenta do cumprimento de algumas das leis trabalhistas, como a

necessidade de concessão de assistência medica ou auxilio refeição para seus funcionários.

3.3. Gestão acadêmica x Gestão de resultados: o cerne do dilema.

Um artigo quase de fé entre os membros seniores dos corpos acadêmicos das mais

renomadas IES, é que o ensino de graduação não pode nem deve se dissociar da pesquisa, fato

determinante na evolução da relevância da IES no mundo acadêmico, essa executada nos

cursos de mestrado e/ou doutorado.

Entretanto, manter-se esses cursos e as atividades a eles inerentes, alguns francamente

deficitários, que necessitam de alto investimento e cujo retorno financeiro quase nunca se

traduz de forma rápida, clara e direta, é tarefa difícil de justificar, perante o conselho

administrativo que representa os shareholders. Numa IES cujo foco é o retorno financeiro, os

dias desses cursos podem estar contados, se o corpo acadêmico não souber justificar, de forma

concisa, o papel relevante que têm no processo de atração de novos alunos e na viabilização

de novas formas de negócio que venham a cobrir os gastos e gerar mais lucros. Mesmo assim,

as duas correntes parecem ter objetivos por vezes irreconciliáveis.

Nem todas as IES privadas têm o mesmo entendimento dos motivos e formas de

executar suas respectivas expansões. Verifica-se que há aquelas cuja missão acadêmica está

fortemente arraigada no centro da sua fundação.

Por determinação do fundador ou proprietário, mantém-se o foco na academia. Apura-

se que, nesse caso, para sobreviver, a IES mandatoriamente deve ser filantrópica e sem fins

lucrativos; e, mesmo assim, dada a extrema concorrência atual, a mesma pode vir a enfrentar

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uma grande evasão de alunos, que partem em busca de IES que praticam mensalidades mais

baixas, têm maior raio de dispersão de unidades e maior capacidade de investimento, tanto em

instalações, como nos corpos docente e administrativo que, nesse caso, podem também sofrer

com a evasão dos seus melhores membros de seus quadros.

No exemplo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Guimarães (2013),

na visão acadêmica, fala sobre a migração gradual das IES para uma gestão com foco dito

comercial. Em seu texto, enfatiza-se o receio de que o simples fato de se gerir uma escola

como se gere uma empresa, traz riscos sérios para a atividade acadêmica. Em primeiro lugar,

tem-se o diferencial de objetivos: enquanto numa IES o objetivo é ou deveria ser a qualidade

dos produtos por ela fornecidos, ou seja, o ensino, a pesquisa e a extensão, numa empresa o

objetivo deve ser o lucro. Outra diferença se dá na estruturação dos quadros de profissionais.

Para ele, as empresas cultivam estruturas de poder; e, nessa base, as pessoas ascendem. Já nas

IES, a ascensão se dá através do mérito acadêmico, por titulações obtidas individualmente

pelo corpo docente.

Noutro ponto, ressalta que a estrutura de uma empresa é por natureza hierárquica,

enquanto que em um IES a estrutura é menos clara e mais sutil, e o corpo docente tem grande

autoridade sobre as diretrizes e também sobre a forma de operação.

Finalmente, evoca-se o conceito de cliente, comparando-o à visão empresarial e à

acadêmica. Na visão do autor uma empresa tem a missão de satisfazer o seu cliente da melhor

forma, nem sempre levando em conta se o que ele deseja é realmente o melhor.

Na academia, nem sempre o que o cliente (aluno) deseja, pode ou deve ser atendido, já

que o atendimento de uma necessidade ou expectativa pode ir de encontro à missão de

fornecer o melhor conhecimento através do melhor método, esse nem sempre o mais rápido e

mais fácil.

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3.4. Crescimento Orgânico x Fusões e Aquisições. Outra parte do dilema.

Quando se fala de IES privadas, é quase certo que em algum momento discuta-se a

questão da expansão das mesmas. As universidades e centros universitários gozam da

prerrogativa de lançarem novos cursos e turmas sem que haja a necessidade de uma

aprovação prévia (BRASIL, Lei nº 9.394, de 10 de maio de 1996) e tem mais facilidade de

crescerem organicamente.

As IES que são conjuntos de faculdades e institutos necessitam solicitar autorização

formal para a expansão dos seus negócios, antes de lançarem novos cursos e unidades

operacionais (campi) e, portanto, têm mais limitações na hora de crescer organicamente, visto

que um processo de lançamento de um curso ou de uma nova unidade pode levar anos.

Para elas a forma mais rápida de crescer pode ser através de processos de fusões e/ou

aquisições, em que uma IES se junta a outra, ou simplesmente a adquire pagando o valor de

mercado ao seu fundador ou proprietário.

Para as IES privadas, com fins lucrativos, e principalmente aquelas que são sociedades

anônimas ou que tem grupos grandes de acionistas, o crescimento e expansão dos negócios é

lei. Aqui, onde a expansão assume papel importante, senão predominante no discurso

administrativo, entende-se porque as universidades ou centros acadêmicos têm grande atrativo

para os investidores adquirentes. Os shareholders querem ver os resultados multiplicados e os

seus respectivos investimentos devidamente remunerados.

Nos processos de mudança capitaneados pelo fundador ou pelo proprietário

tradicional, ajusta-se o comportamento da IES de forma mais gradual, tentando-se coadunar

interesses financeiros (resultado financeiro) com os interesses acadêmicos (resultado

acadêmico).

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No caso de fusão ou aquisição, tende-se a haver uma transição mais rápida em direção

à cultura do adquirente, já que, em 100% das situações pesquisadas, esse tipo de processo de

expansão, visa ao aumento do resultado financeiro. Entende-se que nesse momento começam

os dilemas, principalmente no corpo acadêmico. Com o foco das atenções voltado para as

receitas e despesas, ressente-se a parte acadêmica de recursos para projetos.

No processo de transição, observa-se o risco de a IES não assimilar, da forma como

foi desejada, a nova cultura. Se a forma antiga de gestão esta intimamente ligada a processos,

leis, vícios, pessoas e estruturas monolíticas, a mudança é complexa (e cara), e, se mal feita,

pode acarretar a morte prematura da empresa que está sendo assimilada.

3.5. Processos de IPO - As IES na bolsa de valores

As IES que possuem fins lucrativos descobriram que os processos de oferta de

ações nas bolsas de valores, são mecanismos perfeitos de captação de recursos para suas

respectivas expansões.

Conforme citado anteriormente, no Rio de Janeiro, a única IES que executou

esse processo foi a Universidade Estácio de Sá. Segundo Vale (2012), o processo começou

em 2007 com a criação da Estácio Participações, e com um preparo que contou com a

contratação de diversas empresas de consultoria especializadas (essenciais a esse tipo de

processo) e, principalmente, com a condução de uma etapa significativa de reengenharia de

processos, a qual afetou pesadamente a cultura da empresa, uma vez que propôs cortes

significativos nos custos acadêmicos, sendo esse ponto, exemplo chave desse trabalho. Além

disso, na ocasião, a IES abriu mão de seu status de entidade filantrópica, passando a ser

definida como IES com fins lucrativos.

Em continuidade a esse trabalho Vale (2012) descreve uma das principais

atividades do processo de transformação:

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Em maio de 2008, o Garantia Participações S.A., por meio de uma

empresa aberta de que é controlador – Moena S.A. – adquire cerca de 20% do

capital social da Estácio Participações que, a esta altura, já tinha realizado uma série

de fusões e aquisições no país e até fora dele. [...] Imbuído de forte racionalidade

meritocrática, a gestão iniciada pelo Garantia – inicialmente compartilhada com os

sócios fundadores e principais acionistas – engendrou uma forte ênfase em corte de

custos e em operações que seguem a lógica financeira, deixando suas marcas na vida

acadêmica e administrativa do conjunto das IES que administra.

A referência nos ajuda a entender o impacto na cultura organizacional da IES,

caracterizando uma forte guinada na direção do resultado financeiro. Demais IES que

passaram pela mesma mudança, em outros estados do país, e, portanto fora do nosso objeto de

estudo, reportam as mesmas atividades. Vale (2012) ainda descreve o novo tipo de

composição acionária, sem um acionista controlador e concretamente majoritário, sendo o

controle pulverizado com acionistas diversos. O principal stakeholder passa a ser o acionista e

o seu benefício, através da redução de custos e aumento da lucratividade, é o objetivo a ser

perseguido.

3.6. Pesquisa das causas determinantes do conflito dos modelos de gestão

3.6.1. Metodologia

Organizou-se a divisão da aplicação da pesquisa da seguinte forma:

Aquisição dos dados

Descrição da amostragem

Seleção dos dados

Seleção das variáveis de analise

Transformação dos dados para o formato do Excel

Analise das informações

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A fim de corroborarmos os fatos descritos nesse trabalho, de modo a refutar ou

confirmar a tendência de remodelagem dos métodos de gestão das IES privadas no Rio

de Janeiro, foi enviado um questionário com 15 perguntas divididas entre 3 maiores

tópicos: Tamanho da IES, Administração acadêmica e financeira e Percepção das

mudanças. A pesquisa, quantitativa, visava não só determinar o perfil das IES e

auxiliar no entendimento das causas que levaram as mesmas a executarem mudanças

nos seus objetivos, bem como os efeitos e resultados dessas mudanças. Ela também

leva em conta as entrevistas com os gestores das principais representantes do ensino

superior privado, com ou sem fins lucrativos, que atuam no município. Para a

consolidação dos dados, utilizou-se o software Microsoft Excel, com o modulo Solver

instalado, para a geração das macros que implementam ferramentas de analise através

do uso de métodos quantitativos.

No apêndice C mostra-se o resultado tabulado das respostas a cada uma das perguntas,

numeradas de 1 a 15, de cada IES participante da pesquisa.

No apêndice D mostra-se, para cada IES analisada, a compilação dos resultados da

analise, onde correlaciona-se a opção pela mudança do sistema de governança com a

melhora, manutenção ou piora nos desempenhos acadêmico e financeiro, totalizando o

universo participante e informando o número de IES que optaram e o número daquelas

que não optaram por mudar o seu modelo de governança.

Finalmente, no apêndice E, tem-se a apuração numérica detalhada das IES que

optaram e as que não optaram pela mudança no sistema de governança, associada aos

desempenhos acadêmico e financeiro, ou seja, se os mesmos aumentaram,

mantiveram-se inalterados ou se pioraram, de acordo com a adoção de um ou outro

modelo de governança.

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3.6.2. Descrição da amostragem

O levantamento feito para viabilizar o estudo, mostrou 53 IES operativas

no município do Rio de Janeiro (Apêndice B), sendo dessas, 7 universidades, 8 centros

universitários e 38 faculdades. No universo pesquisado, 13 entidades têm fins

lucrativos e as 40 restantes não.

Os resultados finais estão descritos nos gráficos apresentados a seguir (Gráficos de 4 a

19).

Gráfico 4 – perfil da organização acadêmica das IES privadas do Rio de Janeiro.

Quanto à natureza jurídica, foram listadas 6 sociedades anônimas, 8

empresas limitadas, 3 fundações, 2 serviços sociais autônomos e 34 associações. Uma

única IES executou IPO e abriu capital na BOVESPA.

Foram enviados por e-mail, 24 questionários e conduzidas seis

entrevistas pessoais do total de 53 possíveis endereços, ou 56% do universo

pesquisável e obtidas 11 respostas válidas, ou 36% do universo pesquisado. O contato

visava os principais responsáveis pela gestão de resultados das IES.

72%

15%

13%

Faculdade

Centro Universitário

Universidade

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3.6.3. Resultados obtidos

Em relação à natureza das IES, verificou-se que, embora haja uma tendência do

mercado na direção da profissionalização da administração escolar, a quantidade de IES

filantrópicas é grande no município do Rio de Janeiro.

Gráfico 5 – perfil da organização acadêmica das IES no universo pesquisado.

O perfil de constituição das IES pesquisadas se contrapõe ao levantamento

anterior que aponta um maior número de faculdades. Como a tabulação da pesquisa levou em

conta as respostas e não a relação entre o número de respondentes e a quantidade total de IES

em cada categoria, as universidades aparecem como sendo a maioria, mas o são somente em

relação aos questionários respondidos.

Gráfico 6 – distribuição do perfil organizacional das IES no universo pesquisado.

50% 50%

Filantrópica

Comercial

30%

20%

50%

Faculdade

Centro Universitário

Universidade

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A pesquisa também leva em conta o número de cursos oferecidos e alunos

matriculados nas IES pesquisadas. O objetivo é saber se esse valor influi sobre a tendência da

perseguição de resultados financeiros em detrimento dos resultados acadêmicos.

Gráfico 7 – distribuição por faixa de número de cursos oferecidos nas IES no universo pesquisado.

Gráfico 8 – distribuição por faixa de número de alunos matriculados nas IES no universo pesquisado.

O gráfico abaixo mostra a tendência do formato de administração das IES

pesquisadas. Nesse item, a pesquisa levou em conta o universo total de IES do Rio de

Janeiro. As IES que estão sob o controle da família do fundador apresentaram um viés mais

30%

10% 60%

entre 1 e 10

entre 11 e 20

mais de 21

10%

20%

30%

40% entre 100 e 1.000

entre 1.001 e 5.000

entre 5.001 e 10.000

mais de 10.001

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relacionado à missão educadora, com mais dificuldade em mudarem para uma gestão voltada

para o resultado financeiro.

Gráfico 9 – distribuição das IES do Rio de Janeiro por tipo de governança.

As IES que avançaram na sua governança podem optar pela abertura de capital

na bolsa de valores. Abaixo, temos a distribuição percentual das que passaram pelo processo.

Notar que a esmagadora maioria ainda possui composição acionária restrita. No nosso estudo,

somente a universidade Estácio de Sá (UNESA), universidade Gama Filho (UGF) e o centro

universitário Hermínio da Silveira (IBMR), possuem ações negociadas na BOVESPA.

Gráfico 10 – perfil das IES do Rio de Janeiro por tipo de capital.

30%

70%

Familiar

Profissional

10%

90%

Aberto

Fechado

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Do mesmo modo que o item anterior analisado, a participação de private equity

funds ainda tem pouca presença no negócio da educação brasileira, o mesmo se refletindo no

Rio de Janeiro.

Gráfico 11 – perfil de participação de private equity funds nas IES do Rio de Janeiro.

A parte central da pesquisa versa sobre as mudanças ocorridas nas IES que

optaram por uma reestruturação do seu modelo de governança, passando o foco da gestão para

o resultado financeiro. O Gráfico 11, abaixo, mostra o percentual das IES que optaram por

elas.

Gráfico 12 – percentual das IES pesquisadas que reformularam o modelo de governança.

Podemos notar, no resultado tabulado da pesquisa (Apêndice C), que todas as

IES que passaram por um processo de lançamento de ações em bolsa, ou que possuem a

30%

70%

Com participação

Sem participação

50% 50% Sim

Não

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participação de um fundo de capitais privado em sua composição acionária, necessariamente

executaram uma mudança em seu processo de governança, priorizando os resultados

financeiros. Outras, entretanto, buscaram a mudança, porque detectaram a necessidade de

fazê-lo ao aferir o seu desempenho (Gráfico 13). Isso ajuda a explicar o elevado percentual de

IES que optaram pela mudança, ainda que a quantidade daquelas que ainda possuem

administração do fundador ou não possuem governança profissionalizada, seja maior do que

aquelas que já se profissionalizaram.

Gráfico 13 – distribuição dos motivos da mudança para o modelo de resultado financeiro.

As entrevistas com os gestores demonstraram que em 100% dos casos onde a

direção da IES optou pela mudança do modelo de governança, a execução desse processo foi

afetada por vários fatores.

Todas aquelas que buscaram a reestruturação do seu processo, principalmente as

que foram adquiridas por grupos administradores maiores ou tiveram aporte de capital de

fundos privados ou ainda aqueles que fizeram seus respectivos IPO´s, passaram por grandes

reestruturações administrativas, acadêmicas, de infraestrutura e principalmente cultural.

20%

30%

50%

Queda do volume de negócios

Perda financeira

Não houve reestruturação

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Nesses casos, a maioria optou por contratar consultorias com grande experiência

nesse tipo de projeto, para levar a cabo, e com os resultados desejados, a tarefa proposta. O

Gráfico 14 mostra a distribuição das principais dificuldades enfrentadas nessa jornada.

Gráfico 14 – perfil das principais dificuldades encontradas no processo da mudança.

Sobre os resultados acadêmicos e financeiros obtidos pelas IES, os Gráficos 15 e

16 mostram o comparativo entre as IES que optaram pelo processo de mudança e as que

optaram por continuar no modelo não profissional.

Gráfico 15 – comparativo entre desempenho acadêmico das IES – Mudança governança X Status Quo.

10%

30%

10%

50%

Resistência corpo administrativo

Resistência corpo docente

Falta de entendimento dos novos processos acadêmicos e adminstrativos

Não houve reestruturação

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Gráfico 16 - comparativo entre desempenho financeiro das IES – Mudança governança X Status Quo

A comparação mostra claramente que as IES que mudaram o foco da sua

governança para uma visão de resultados, melhoraram significativamente seu desempenho

acadêmico e financeiro. É importante notar que o estudo aponta dois casos em que essa

mudança não foi positiva: no processo da Universidade Gama Filho e Univercidade. As IES

que optaram pela permanência no status quo, ou seja, no modelo de governança antigo,

tiveram seus resultados piorados ou minimamente mantidos.

3.6.4. Limitações da pesquisa

Entre os fatores limitadores da pesquisa, pode-se destacar a dificuldade de

obtenção de respostas à própria pesquisa enviada às IES, o que restringiu a análise

comparativa entre elas, já que isso dificultou a formação de pares de comparação em situações

onde essas IES optaram por vieses de governança opostos.

Os dados levantados nas diversas pesquisas do MEC/INEP também não estão

segmentados exclusivamente no período onde as maiores mudanças de governança foram

introduzidas nas IES e, portanto, não pode-se assegurar uma precisão de 100% na relação

entre as alterações e os resultados administrativos e acadêmicos nas mesmas. Ainda assim,

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embora a quantidade de respostas tenha sido pequena em relação ao universo pesquisado, foi

possível obter algumas conclusões importantes para o trabalho realizado.

4. AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ASSIMILAÇÃO DA CULTURA DE

RESULTADOS NAS IES

A pesquisa também mostrou resultados interessantes quanto à assimilação das

mudanças pelos corpos docentes, discentes e quadro administrativo da IES que as

implementaram.

Os Gráficos 17, 18 e 19 mostram o grau de receptividade dessas entidades às

mudanças.

Gráfico 17 - nível de aprovação das mudanças de governança nas IES pelo corpo docente.

20%

30% 30%

20% entre 0 e 20%

entre 21 e 40%

entre 41 e 60%

entre 61 e 100%

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Gráfico 18 – nível de aprovação das mudanças de governança nas IES pelo corpo discente.

Gráfico 19 – nível de aprovação das mudanças de governança nas IES pelo corpo administrativo.

Claramente, o corpo docente das IES pesquisadas aparece como o principal

questionador das mudanças no processo de governança.

4.1. Tendência no desenvolvimento do mercado de educação superior privado do RJ

Conforme já observamos anteriormente, o mercado de ensino baseado em IES

privadas com fins lucrativos continua a se desenvolver no Rio de Janeiro (Tabela 3). As

matrículas, nessa modalidade, representam 75% do total (Tabela 3), sendo que esse número

tende a crescer nos próximos anos (Gráfico 20).

20%

10%

20%

50% entre 0 e 20%

entre 21 e 40%

entre 41 e 60%

entre 61 e 100%

20%

10%

50%

20% entre 0 e 20%

entre 21 e 40%

entre 41 e 60%

entre 61 e 100%

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Tabela 3 – Número total de Matrículas em Cursos de Graduação - 2012

As projeções de crescimento para o mercado de educação superior no Brasil são

otimistas.

Gráfico 20 – projeção das matrículas nas IES privadas com fins lucrativos

Após o término da primeira onda de fusões e aquisições do mercado de educação

superior ter sido encerrada, os novos acionistas começam a coletar dados sobre as projeções

de resultados e a criar novos acordos para entregas das metas. Interessante notar que as

entrevistas com os gestores, apontam que o processo de reestruturação da IES segue

normalmente o padrão definido na literatura de gestão voltada à performance (Kilts, 2007),

diferindo na forma, mais ou menos concentrada, e na intensidade e velocidade das mudanças,

maior ou menor. As instituições que foram adquiridas por grandes grupos de origem

acadêmica, tendem a implantar totalmente o seu modelo de gestão, optando por uma mudança

mais radical. As que mantêm o mesmo acionista tendem a fazer uma mudança mais leve,

preservando as pessoas e os valores.

Fonte: Observatório Universitário – Censo Educação Superior 2012 - MEC/INEP

Fonte: MEC/INEP

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4.2. Consolidação do mercado de educação superior privado do RJ

O mercado de educação superior do Rio de Janeiro ainda está em expansão.

Deve-se esperar a consolidação do mesmo apenas quando a curva de expansão de matriculas

(Gráfico 20) se estabilizar, provavelmente após 2018. Isso não acontecerá no curto prazo, já

que observa-se que cerca de 2 milhões de novos alunos devem se matricular até o final de

2016. Além disso, o mercado ainda está aberto para novas fusões e aquisições.

Em oposição a esse fenômeno de crescimento explosivo, situam-se as IES cujo

viés predominantemente acadêmico deve continuar inalterado para as próximas décadas.

Nesse nicho, pode-se citar a PUC-RJ, a FGV e demais faculdades privadas, mas vinculadas a

institutos, como a FUNESEG, SENAI e SENAC. Para essas, o apoio governamental ou

sindical, mesmo que indireto, pode oferecer garantia de estabilidade, ou pelo menos,

mudanças mais lentas.

5. Complementação do trabalho: sugestões para pesquisas futuras.

Os processos de privatização do ensino superior no Rio de Janeiro e mudança de

governança das IES são relativamente recentes. Os estudos feitos até agora são bem mais

abrangentes e falam de políticas de estado ou de estudos, com foco em casos específicos

envolvendo uma ou mais IES.

O mercado de educação superior possui um ciclo de produto relativamente

longo, de quatro a cinco anos para uma graduação de bacharelado ou dois anos e meio para

um tecnólogo. As grandes mudanças, resultantes das fusões e aquisições de IES, alterações de

processos de governança, investimentos em infraestrutura e flexibilização do acesso de

estudantes, de modo a garantir o alcance de metas, ainda não produziram resultados

mensuráveis. As IES que estão voltadas para o mercado de massa, gerenciando grandes

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plantéis de alunos, quase nunca disponibilizam recursos para pesquisas. Elas alegam que são

caros e produzem poucos resultados mensuráveis.

A pesquisa é hoje quase que exclusividade das IES públicas, que, como visto

anteriormente, por abrigarem atualmente menos de 30% dos alunos, formam um número

inexpressivo de pesquisadores, necessários à produção de conhecimento que é o diferencial

competitivo das nações modernas.

É muito importante prosseguir na discussão da questão, buscando em pesquisas

objetivas saber se o caminho do resultado financeiro, levando a educação para a

comercialização de um produto e mão de obra, ao invés da formação de recursos pensantes,

vai alavancar a estratégia de liderança do país a longo prazo, ou somente atender à demanda

de lucratividade de grupos setoriais.

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CONCLUSÃO

Conforme exposto no início desse trabalho, a educação no Brasil (e no mundo)

vem sofrendo grandes modificações ao longo dos últimos 20 anos. Nunes (2012) cita as

incongruências da legislação acerca da estrutura de ensino adotada em nosso país. A partir da

dificuldade histórica dos governos em investir seriamente em um modelo de educação que

atenda a nossa diversidade graus de formação no ensino básico e que, ao menos, consiga dar

um formato ao ensino superior, percebe-se que a iniciativa privada tem se aproveitado

sobremaneira dos gaps nesse mercado, utilizando-se das vulnerabilidades e transformando-as

em oportunidades, é claro, nem sempre visando o melhor interesse da educação.

Na pesquisa levada a cabo, verifica-se um viés de eficiência nas IES que

buscaram mudar seus modelos de governança para um que priorize os resultados,

principalmente os financeiros. Essas instituições, motivadas pelo fato de terem sido adquiridas

por outras maiores, que já tinham essas práticas ou pelo fato de estarem perdendo terreno em

relação a outras, se “reinventaram” por assim dizer.

Aquelas que se motivaram totalmente pelo viés financeiro fizeram as grandes

alterações no seu modelo de governança, mas também enfrentaram grandes dificuldades com

seus corpos docentes, discentes e quadros administrativos e processos, gerando possíveis

dúvidas e impactos sobre a sustentabilidade do modelo no longo prazo.

Observa-se nesse fenômeno, que as IES que buscaram o equilíbrio entre a opção

da perseguição desmedida do resultado financeiro e o foco exclusivo no modelo

administrativo voltado para a academia, geraram os melhores resultados entre os grupos

pesquisados.

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Por outro lado, grupos que entraram no negócio de educação superior sem uma

boa dose de experiência de gestão desse nicho, pautando-se apenas em suas experiências na

condução de outros modelos de negocio, amargaram grandes perdas, chegando mesmo a

inviabilizar a permanência de suas IES no mercado educacional do Rio de Janeiro.

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APÊNDICE A – PESQUISA DE ESTRUTURA, ENVIADA ÀS PRINCIPAIS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADO DO RIO DE JANEIRO.

Objetivo:

A pesquisa a seguir visa determinar o perfil das IES privadas no Rio de Janeiro e auxiliar no

entendimento das causas que levaram as mesmas a executarem mudanças nos seus objetivos,

bem como os efeitos e resultados dessas mudanças.

Questões:

Quanto a dimensão da IES:

1. A IES tem fins lucrativos?

a. Sim.

b. Não.

2. Quanto ao tipo de organização legal, a IES é:

a. Faculdade.

b. Centro Universitário.

c. Universidade.

3. Nº de cursos de graduação:

a. 1 a 10.

b. 11 a 20.

c. 21 ou mais.

4. Nº de alunos em graduação e pós:

a. 100 a 1.000.

b. 1.000 a 5.000.

c. 5.000 a 10.000.

d. 10.000 ou mais.

5. A IES tem estrutura de administração:

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a. Fundador.

b. Profissional.

6. A IES possui capital aberto?

a. Sim.

b. Não.

7. A IES possui algum fundo de “private equity” como sócio?

a. Sim.

b. Não.

Quanto a administração acadêmico/financeira da IES:

8. A IES passou por reestruturação administrativa acadêmica voltada para melhoria do

resultado financeiro?

a. Sim.

b. Não.

9. Se a resposta da pergunta anterior foi “Sim”, assinale o motivo principal da mudança.

a. Queda no volume de negócios.

b. Perda de resultado financeiro.

c. Queda no número de alunos matriculados.

d. Baixa avaliação da IES pelo mercado ou MEC.

10. Ainda em relação a resposta afirmativa à pergunta 8, assinale, se houver, a principal

dificuldade encontrada na mudança do modelo de gestão.

a. Resistência à mudança por parte do corpo administrativo.

b. Resistência à mudança por parte do corpo docente.

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c. Resistência à mudança por parte do corpo discente.

d. Falta de entendimento do modelo de negócio pelo(s) acionista(s).

e. Falta de entendimento dos novos processos acadêmicos e administrativos.

f. Falta de preparação das pessoas e processos para a mudança no modelo de gestão.

g. Novas metas acadêmicas e financeiras muito altas

11. Os resultados acadêmicos atuais são:

a. Aumento do número de alunos matriculados.

b. Manutenção do número de alunos matriculados.

c. Diminuição do número de alunos matriculados.

12. Os resultados financeiros (receita) atuais apresentaram:

a – Melhora no resultado.

b – Manutenção do resultado.

c – Queda do resultado.

Quanto a percepção das mudanças na IES:

13. O % de aprovação sobre o total do corpo docente, quanto ao atual modelo de gestão

adotado é:

a. Entre 0% e 20%.

b. Entre 21% e 40%.

c. Entre 41% e 60%.

d. Entre 61% e 100%.

14. O % de aprovação sobre o total do corpo discente, quanto ao atual modelo de gestão

adotado é:

a. Entre 0% e 20%.

b. Entre 21% e 40%.

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c. Entre 41% e 60%.

d. Entre 61% e 100%.

15. O % de aprovação sobre o total do corpo administrativo, quanto ao atual modelo de gestão

adotado é:

a. Entre 0% e 20%.

b. Entre 21% e 40%.

c. Entre 41% e 60%.

d. Entre 61% e 100%.

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APÊNDICE B – RELAÇÃO E DETALHAMENTO DA ESTRUTURA DE

CONSTITUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO MUNICIPIO DO RIO DE

JANEIRO:

Relação das IES privadas do Municipio do RJ Categoria Administrativa Organização acadêmica Natureza Jurídica Filantrópica Governança

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM) sem fins lucrativos Universidade Associação Não Fundador

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA (UVA) com fins lucrativos Universidade S.A. Não Profissional

CONSERVATÓRIO BRASILEIRO DE MÚSICA - CENTRO UNIVERSITÁRIO (CBM/CEU) sem fins lucrativos Centro Universitario Associação

UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA (USU) sem fins lucrativos Universidade Associação Sim Profissional

UNIVERSIDADE GAMA FILHO (UGF) com fins lucrativos Universidade S.A. Sim Profissional

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) sem fins lucrativos Universidade Associação Sim Profissional

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV) sem fins lucrativos Faculdade Fundação Profissional

FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAC RIO sem fins lucrativos Centro Universitario S.Social Autônomo Profissional

FACULDADES INTEGRADAS CAMPO-GRANDENSES (FIC) sem fins lucrativos Faculdade Fundação Não

FACULDADE SOUZA MARQUES (FSM) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não Fundador

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA (UNISUAM) sem fins lucrativos Centro Universitario Associação Fundador

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE (UNIVERCIDADE) sem fins lucrativos Centro Universitario S.A. Sim Profissional

CENTRO UNIVERSITÁRIO MOACYR SREDER BASTOS (UNIMSB) sem fins lucrativos Centro Universitario Associação Fundador

FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC (FACULDADES IBMEC) com fins lucrativos Faculdade S.A. Não Profissional

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ (UNESA) com fins lucrativos Universidade S.A. Não Profissional

CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA (UCL) sem fins lucrativos Centro Universitario Associação Fundador

ESCOLA SUPERIOR NACIONAL DE SEGUROS (ESNS) sem fins lucrativos Faculdade Fundação Profissional

FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO (FACHA) sem fins lucrativos Faculdade Associação Sim

FACULDADES INTEGRADAS SILVA E SOUZA (FAU) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN (FIS) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO (UCB) sem fins lucrativos Universidade Associação Não Fundador

FACULDADE SÃO JUDAS TADEU (FSJT) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS (FCHS) sem fins lucrativos Faculdade Associação Sim Fundador

FACULDADE SENAI-CETIQT sem fins lucrativos Faculdade S.Social Autônomo Profissional

CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA (UNI IBMR) com fins lucrativos Centro Universitario S.A. Não Profissional

FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ (FIJ) sem fins lucrativos Faculdade Associação Sim

FACULDADE DE REABILITAÇÃO DA ASCE (FRASCE) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não Fundador

FACULDADE SÃO CAMILO (FASC) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE BÉTHENCOURT DA SILVA (FABES) sem fins lucrativos Faculdade Associação Fundador

CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA (UNICARIOCA) sem fins lucrativos Centro Universitario Associação Não Fundador

INSTITUTO SUPERIOR DE INFORMÁTICA (ISI) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRO- AMBIENTAIS (FAGRAM) sem fins lucrativos Faculdade Associação Sim Fundador

FACULDADE DE TECNOLOGIA INFNET RIO DE JANEIRO (INSTITUTO INFNET) com fins lucrativos Faculdade Ltda Não Profissional

AVM - FACULDADE INTEGRADA (IAVM) com fins lucrativos Faculdade Ltda Não Fundador

FACULDADE PINHEIRO GUIMARÃES (FAPG) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE GAMA E SOUZA (FGS) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE MACHADO DE ASSIS (FAMA) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE BATISTA DO RIO DE JANEIRO (FABAT) Faculdade Associação Profissional

FACULDADE BEZERRA DE ARAÚJO (FABA) com fins lucrativos Faculdade Ltda Fundador

TREVISAN ESCOLA SUPERIOR DE NEGÓCIOS com fins lucrativos Faculdade Ltda Não

FACULDADE ANGEL VIANNA (FAV) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não Fundador

FACULDADE MERCÚRIO (FAMERC) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE GEREMÁRIO DANTAS (SFNSC) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE SÃO BENTO DO RIO DE JANEIRO (FSB/RJ) sem fins lucrativos Faculdade Associação Sim

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO PRÓ-SABER (ISEPS) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE CCAA (FAC CCAA) com fins lucrativos Faculdade Ltda Profissional

FACULDADE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA (FABEC) com fins lucrativos Faculdade S.A. Profissional

FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA DA CGADB (FAECAD) sem fins lucrativos Faculdade Associação Não

FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI com fins lucrativos Faculdade Ltda

N.I. - não informado

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APÊNDICE C – RESULTADO TABULADO DA PESQUISA COM AS IES DO RIO

DE JANEIRO:

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APÊNDICE D – RESULTADO TABULADO DA PESQUISA COM AS IES DO RIO

DE JANEIRO:

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APÊNDICE E – RESULTADO TABULADO DA PESQUISA COM AS IES DO RIO

DE JANEIRO:

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1

ANEXO A – DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE FILANTROPIA.

Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 7.237, DE 20 DE JULHO DE 2010.

Regulamenta a Lei no 12.101, de 27 de novembro

de 2009, para dispor sobre o processo de certificação das entidades beneficentes de assistência social para obtenção da isenção das contribuições para a seguridade social, e dá outras providências.

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2

GLOSSÁRIO

DISCENTE (ALUNO) - INDIVÍDUO DOTADO DE DADOS CADASTRAIS E DADOS

VARIÁVEIS REFERENTES AO VÍNCULO COM UM CURSO SUPERIOR, NAS

SEGUINTES SITUAÇÕES DE VÍNCULO: CURSANDO, MATRÍCULA TRANCADA,

DESVINCULADO DO CURSO, TRANSFERIDO PARA OUTRO CURSO NA MESMA

IES, FORMADO OU FALECIDO. UM MESMO ALUNO PODE TER MAIS DE UM

VÍNCULO A CURSO SUPERIOR, EM UMA OU MAIS IES.

DOCENTE - INDIVÍDUO DOTADO DE DADOS CADASTRAIS E DADOS VARIÁVEIS

CORRESPONDENTES AO VÍNCULO CRIADO EM CADA IES EM QUE ATUA. A

ATUAÇÃO DOS DOCENTES EM UMA IES PODE SER UMA OU MAIS DAS

SEGUINTES APRESENTADAS: ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO, PLANEJAMENTO

E AVALIAÇÃO. É CONSIDERADO DOCENTE O INDIVÍDUO QUE ESTEVE NA IES

POR PELO MENOS 16 DIAS NO ANO DE REFERÊNCIA DO CENSO.

GAP – DIFERENÇA ENTRE UM VALOR OBTIDO E O DESEJADO

IES COMUNITÁRIA - INSTITUÍDA POR GRUPOS DE PESSOAS FÍSICAS OU POR

UMA OU MAIS PESSOAS JURÍDICAS, INCLUSIVE COOPERATIVAS DE PAIS,

PROFESSORES E ALUNOS, QUE INCLUAM EM SUA ENTIDADE MANTENEDORA

REPRESENTANTES DA COMUNIDADE.

IES CONFESSIONAL – INSTITUÍDA POR GRUPOS DE PESSOAS FÍSICAS OU POR

UMA OU MAIS PESSOAS JURÍDICAS QUE ATENDEM A ORIENTAÇÃO

CONFESSIONAL E IDEOLOGIA ESPECÍFICAS.

IES FILANTRÓPICA – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO QUE NÃO

POSSUI FINALIDADE LUCRATIVA E PROMOVE ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL À

SOCIEDADE CARENTE.

IES PRIVADA - INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR COM CATEGORIA

ADMINISTRATIVA IGUAL À PRIVADA COM FINS LUCRATIVOS OU À PRIVADA

SEM FINS LUCRATIVOS.

IES PÚBLICA - INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR COM CATEGORIA

ADMINISTRATIVA IGUAL À PÚBLICA FEDERAL, PÚBLICA ESTADUAL OU

PÚBLICA MUNICIPAL.

IPO (INITIAL PUBLIC OFFERING) – OFERTA PUBLICA EM QUE AS AÇÕES DE

UMA EMPRESA SÃO OFERECIDAS NA BOLSA DE VALORES PELA PRIMEIRA VEZ.

SHAREHOLDERS – ACIONISTAS DE UM GRUPO EMPRESARIAL.

STAKEHOLDERS – PARTES INTERESSADAS, NORMALMENTE PERTENCENTES

AO PROCESSO OU AO GRUPO EMPRESARIAL.