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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Luciana Ferreira ALTERA90ES POSTURAIS EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO PORTADORES DE SiNDROME DE DOWN Curitiba 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Luciana Ferreira

ALTERA90ES POSTURAIS EM ADOLESCENTES DO SEXO

MASCULINO PORTADORES DE SiNDROME DE DOWN

Curitiba2006

Luciana Ferreira

ALTERAyOES POSTURAIS EM ADOLESCENTES DO SEXO

MASCULINO PORTADORES DE SiNDROME DE DOWN

Trabalho de Conclusao de Curso de Educa<;iio Fisica,Aprofundamento de Portadores de NecessidadesEspeciais - PNE, da Faculdade de CienciasBiol6gicas e da Saude, da Universidade Tuiuti doParana.

Orientador: Professor Mestre Paulo Air Micoski.

Curitiba2006

TERMO DE APROVACAO

Luciana Ferreira

ALTERACOES POSTURAIS EM ADOLESCENTES DO SEXO

MASCULINO PORTADORES DE SiNDROME DE DOWN

Este trabalho de Conclusao de Curso foi julgado e aprovado para a obten<;:ao do

titulo de Licenciado Pleno em Educa<;:ao Fisica com Aprofundamento em Portadores de

Necessidades Especiais - PNE, da Universidade Tuiuti do Parana.

Curitiba, 28 de novembro de 2006.

P( Ney-ae-Luca Mecking

Coordenador do Curso de Educa<;:ao Fisica

Universidade Tuiuti do Parana

pr~2r\Orientador: ~trePaUiO'Air Micoski

AGRADECIMENTOS

Ser grato e uma atribuic;ao muito dificil de ser feita com justic;a a todos aqueles

que ajudaram de alguma maneira ou de outra.

Para isso devo recorrer a minha lembranc;a para tentar nao esquecer ninguem.

Recordo dos meus familiares (pai, mae, irmaos) quando absorvida pelos estudos

nao pude dar a atenc;ao merecida a eles, meu muito obrigada a eles que entenderam

toda esta falta de carinho muitas vezes feita por mim.

Minha muito obrigada a Deus que me acompanhou nessa jornada estremamente

dificil, que e 0 term ina dos estudos.

Obrigada aos professores por repassar todo 0 seu conhecimento, que muitas

vezes foi determinante para minha formac;ao.

SUMARIO

RESUMO 051 INTRODU<;AO .....................................•.............................................................. 061.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA 061.2 OBJETIVOS 081.2.1 Objetivo Geral 081.2.2 Objetivos especificos 081.3 PROBLEMA 082 REVISAO DE LlTERATURA 092.1 POSTURA 092.1.1 Definiyoes 092.1.2 Habitos de uma Postura 102.1.3 Alterayoes Posturais: Causas e Consequ€mcias 102.1.3.1 Causas 102.1.3.2 Consequencias 102.2 SfNDROME DE DOWN 112.2.1 0 Surgimento da Sindrome de Down 112.2.2 Classificayao da Sindrome de Down 122.2.2.1 Trissomia Simples ou Livre 132.2.2.2 Trissomia por Translocayao 132.2.2.3 Mosaicismo 142.2.3 Caracteristicas dos Portadores de Sindrome de Down 142.2.4 Anomalias da Coluna e Problemas Esqueh3ticos 153 METODOLOGIA ...........................................................................•..................... 173.1 TIPO DE PESQUISA 173.2 POPULAyAO E AMOSTRA 183.2.1 Populayao 183.2.2 Amostra 183.3 INSTRUMENTOS 183.4 COLETA DE DADOS 183.5 ANALISE DOS DADOS 183.6 LlMITAyOES 194 APRESENTA<;AO E DISCUSSAO DOS RESULTADOS 204.1 VISTA LATERAL 204.2 VISTA POSTERIOR 224.3 VISTA ANTERIOR 245 CONCLUSOES E SUGESTOES •........................................................................ 265.1 CONCLUSOES 265.2 SUGESTOES 27REFERENCIAS 28APENDICE 29

RESUMO

ALTERA<;OES POSTURAIS EM ADOLESCENTES DO SEXO

MASCULINO PORTADORES DE SiNDROME DE DOWN

Autora: Luciana FerreiraOrientador: Professor Mestre Paulo Air Micoski

Curso de Educa980 FfsicaUniversidade Tuiuti do Parana

Este trabalho objetivou levantar as altera90es posturais da vista lateral, posterior

e anterior, em adolescentes portadores de Sfndrome de Down comparados com

Kendall. Para isso valeu-se de uma pesquisa descritiva comparativa, utilizando 0 estudo

de caso como coleta de dados. 0 estudo de caso foi constitufdo de um adolescente

com Sfndrome de Down. 0 resultado do estudo de caso mostra que comparado com

Kendall 0 portador de Sfndrome de Down apresenta um desvio postural significativo.

Quanto a vista lateral 0 ponto de origem e 0 maleolo lateral, apresenta um desvio de 8°

com 0 joelho, 5° com 0 ombro e 5° com 0 ponto na frente da orelha. Na vista anterior 0

ponto de origem e na cicatriz umbilical, apresenta um desvio de 3° com 0 umero

esternal, 4° com 0 ponto entre as sobrancelhas, no ponto de origem no joelho direito

apresenta um desvio de 4° com 0 joelho esquerdo e no ponto de origem na espinha

iliaca apresenta um desvio de 4° entre as espinhas. Na vista posterior 0 ponto de

origem e a C7, apresenta um desvio de 8° com a parte de tras do joelho esquerdo e de

5° com 0 joelho direito, um desvio de 5° com 0 calcanhar esquerdo e 3° com 0

calcanhar direito. Sugere-se que se tenha uma avalia980 comparativa com

adolescentes ditos normais e ate uma avalia980 de IMC dos portadores de Sfndrome

de Down.

Palavras-chave: Sfndrome de Down, Postura.E-mail: [email protected]

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1 INTRODUC;A.O

ALTERAC;:OES POSTURAIS EM ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO

PORTADORES DE SiNDROME DE DOWN

1.1 Justificativa do Tema

Hoje a boa postura e um bom habito que contribui para uma boa saude do

individuo. 0 corpo oferece para 0 individuo uma estrutura boa para se ter uma boa

postura. E por outro lado a ma postura e um mau habito que hoje em dia e de umas

incidencias muito maiores, tendo origem no mau uso do corpo e nao das capacidades e

funi(oes do corpo normal.

Conforme Kendall (1995), "os defeitos posturais que persistem podem dar origem

a desconforto, dor ou incapacidade. A amplitude de efeitos desde 0 desconforto ate 0

problema incapacitante relaciona-se com a gravidade e persistencias dos defeitos."

Esta falta de cuidados com a postura da criani(a apresenta varias, causas mais a

principal e a falta de conhecimento por parte dos pais e professores, da estrutura

anatomica e do funcionamento do organismo da criani(a envolvidos com a postura.

Com isso a postura e vista de forma simplista e quebrada sem considerar os fatores

que influenciam a sua manuteni(ao e desenvolvimento.

Estas variai(oes de postura estao ligadas aos estagios de crescimento que a

criani(a apresenta: surgindo em resposta aos problemas de equilfbrio que ocorrem em

razao das mudani(as de propori(ao do corpo e seus componentes.

A sindrome de Down (SO) e a sindrome genetica melhor conhecida.

Eo responsavel por 15% dos portadores de atraso mental que frequentam

instituil(oes pr6prias para crianl(as especiais. Eo tambem chamada de mongolismo

devido a aparencia facial de seus portadores.

7

o nome mongolismo foi dado devido as pregas no canto dos olhos que lembram

o aspecto das pessoas da ra"a mong61ica (amarela). Os termos "mongolismo",

"mongol" e "mongoI6ide", usados ha alguns anos para identificar a Sindrome de Down e

seus portadores, sao hoje considerados ofensivos. 0 nome correto e Sindrome de

Down. A palavra Sindrome significa um conjunto de caracteristicas que prejudica de

algum modo 0 desenvolvimento da pessoa e down e 0 sobrenome do medico (John

Langdon Down) que descreveu esta Sind rome no seculo passado em 1866. ha sinais

fisicos que acompanham, em geral a Sindrome de Down, e por isso ajudam a fazer 0

diagn6stico.

Os principais sinais fisicos no recem-nascido sao:

• Hipotonia:

• Abertura das palpebras inclinada com a parte externa mais elevada;

• Prega da palpebra no canto interno dos olhos como nas pessoas da ra"a

amarela;

Prega unica na palma das maos.

Neste trabalho entao sera, apresentado a rela"ao entre a postura do portador de

Sindrome de Down comparada com a postura segundo Kendall.

Entao,resta saber, se com esta aplica"ao e possivel verificar se ha desvios

posturais muito elevados em portadores de Sindrome de Down, quais sao eles e se e

possivel alterar estes desvios.

Poucos sao os estudos nesta area que tem esclarecido estas e outras quest6es.

Em vista destas reflex6es e outras que possam ser levantadas no decorrer deste

estudo enquanto se analisa a literatura pertinente e adequada a area de Postura e

Sindrome de Down, e tambem analisa 0 resultado de pesquisa que este estudo levanta

como problema a ser investigado.

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1.20BJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Levantar as altera90es posturais nos adolescentes do sexo masculino portador de

Sindrome de Down fazendo a compara9ao com Kendall.

1.2.2 Objetivos Especificos

• Tra9ar 0 perfil do portador de Sindrome de Down.

• Avaliar a postura de 01 adolescente do sexo masculino portadores de Sind rome

de Down.

• Avaliar as altera90es posturais da vista lateral, vista anterior e vista posterior de

01 adolescente do sexo masculino portadores de Sindrome de Down.

• Comparar as altera90es posturais levantadas com a postura de Kendall.

1.3 Problema

Quais as altera90es posturais apresentadas em um adolescente do sexo masculino

portadores de Sindrome de Down, comparadas com Kendall?

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2 REVISAO DE LlTERATURA

2.1 POSTURA

2.1.1 Defini~6es

Segundo 0 Comite de Postura da American Academy of Orthopaedic Surgeons

(1947) apud Kendall (1995), "postura define-se geralmente como 0 arranjo relativo das

partes do corpo. A boa postura e 0 estado de equilibrio muscular e esqueletico que

protege as estruturas de suporte do corpo contra lesao ou deformidade progress iva

independentemente da atitude (ereta, deitada, agachada, encurvada) nas quais essas

estruturas estao trabalhando ou repousando. Sob tais condi~6es os musculos

funcionam mais eficientemente e posi~6es ideais sao proporcionadas para os 6rgaos

toracicos e abdominais. A ma postura e uma rela~ao defeituosa entre as varias partes

do corpo que produz uma maior tensao sobre as estruturas de sup.orte e onde ocorre

um equillbrio menos eficiente do corpo sobre sua base de suporte."

A defini~ao de uma boa postura nao pode ser padronizada ou estabelecida

atraves de norm as, pois ela varia devido a a~ao do meio ambiente, das experiencias

anteriores de movimento, dos aspectos psico-afetivos, das condi~6es anatomo-

fisiol6gicas (sexo, ra~a, idade) e tambem pode ser determinada pelo componente

cultural. (TEIXEIRA, 1990).

10

2.1.2 Habitos de uma Postura

"Os habitos defeituosos de postura sao causados por diversos fatores:

traumatismo, doengas, habitos, fraqueza muscular ou nervosa, atitude mental,

hereditariedade, assim, acarretando varios males para a saude" (RODRIGUES, 1996).

Para Smith (1997), "a postura ideal consiste em um equilibrio muscular, um

alinhamento defeituoso resulta em sobrecarga e tensao indevidas sobre ossos,

articula<;:6es e musculos,"

Ao mesmo tempo em que a corre<;:ao dos defeitos posturais requer 0 uso de

medidas terapeuticas especiais, a preven<;:ao de defeitos depende amplamente do

ensino dos fundamentos para obter a postura ideal (KENDALL, 1994).

2.1.3 Alterag6es Posturais: Causas e Consequencias

2.1.3.1 Causas

Para Teixeira (1991), "sao inumeras as causas de altera<;:6es posturais e quase

sempre atuam em conjunto: atividades fisicas basicas insuficientes no desenvolvimento,

deficiencia proteica na alimenta<;:ao, altera<;:6es respiratorias, vicios posturais, excesso

de peso corporal, alongamento ou encurtamento muscular exagerado, anomalias osseo

congenitas ou adquirida e problemas de ordem psiquica."

2.1.3.2 Consequencias

• Escoliose: desvio lateral da coluna, vista no plano frontal. Tem como caracteristicas

principais 0 desnivelamento de ombros, das escapulas, a acentua<;:ao da prega

10mbar e a inclina<;:ao lateral da pelvis. Provoca um bloqueio inspiratorio do lade

concavo do desvio e e a causa de dores generalizadas nas costas.

11

• Cifose: aumento da curva posterior convexa da coluna. Tem como caracteristicas a

proje<;ao dos ombros para frente e para baixo, proje<;ao da cabe<;a a frente,

inclina<;ao pelvica anterior ou posterior, joelhos hiperextendidos ou semiflexionados

e em termos musculares 0 encurtamento dos musculos peitorais, e a hipotonia dos

dorsa is e abdominais. Provoca uma descida das costelas e, em consequEmcia, tem-

se uma insuficiente amplitude toracica e bloqueio inspirat6rio.

Lordose: aumento da curvatura lord6tica da regiao lombar. Tem como

caracteristicas a proje<;ao da bacia e do abdome para frente, 0 encurtamento dos

musculos lombares e insuficiencia nos abdominais e gluteos, sendo causa de dores

lombares.

2.2 SiNDROME DE DOWN

2.1.1 0 Surgimento da Sind rome de Down

As origens da Sindrome de Down se perdem no tempo remoto, voltemos ha

cerca de 2 milh6es de anos, quando muito provavelmente se teve a domestica<;ao do

homem na terra, pergunta-se se a Sindrome de Down vem junto com a evolu<;ao da

humanidade ou ela esta no desenvolvimento de caracteristicas da sociedade moderna?

o registro mais antigo encontrado sobre a origem da Sindrome de Down se da

"nas escava<;6es de um cranio sax6nio, datado do seculo VII, apresentando

modifica<;6es estruturais vistas com frequencia em crian<;as com Sindrome de Down"

(PUESCHEL,1995).

Werneck (1993), constatou que "a hist6ria oficial da Sindrome de Down no

mundo come<;a no seculo XIX. Ate entao, os deficientes mentais eram vistos como um

grupo homogeneo. Assim eram tratados e medicados identicamente, sem se levar em

considera<;6es as causas da deficiencia, que sao inumeras e podem ocorrer durante a

gesta<;ao, no momenta do parto e depois do nascimento".

12

Em 1866, quando 0 cientista John Langdon Down observou que "Algumas

crian9as, mesmo folhas de pais europeus, eram Hio parecidas entre si e tinham tra90s

que lembravam a popula9ao da ra9a Mong6lia, principalmente pela inclina9ao das

palpebras, similares ados asiaticos", entao se chegou a conclusao de que foi John L.

Down foi 0 primeiro a reconhecer e registrar que estava diante de um grupo distinto de

pessoas.

John Langdon Down nao foi 0 unico a perceber que esses portadores de

deficiencia mental eram parte de um grupo distinto entre as pessoas, tambem 0 frances

Seguin (1846) e 0 ingles Duncan (1866), tambem haviam notado em alguns pacientes,

caracteristicas similares e tipicas da condi9ao, mas foi John L. Down que levou 0 merito

fazendo uma descri9ao fisica e cHnica completa e valida ate hoje.

o nome Sindrome de Down foi dado pelo frances Lejune em homenagem ao

medico ingles John L. Down, que ha quase 130 anos come90u a perceber e chamar a

aten9ao da sociedade para a existencia de um grupo de pessoas ignorados ate entao.

FreqCJentemente, a Sindrome de Down e chamada de mongolismo, mongol6ide e

mongol, mas esses term os nao sao corretos e tao pouco adequados, pois traduzem 0

preconceito racial com a popula9ao mongol, e por isso esses termos devem ser

evitados.

"Os primeiros registros de Sind rome de Down, no reino Unido, tem origem nas

escava90es arqueol6gicas realizadas nos anos imediatos do p6s-guerra, no sitio de um

mosteiro anglo-saxao" (STRATFORD, 1997), e foi constatado que era um cranio

completo de uma crian9a de nove anos de idade com caracteristicas patol6gicas iguais

a de uma crian9a com Sindrome de Down.

2.1.2 Classifica9ao da Sindrome de Down

A causa da Sindrome de Down e 0 excesso de material genetico proveniente do

cromossomo 21. Seus portadores apresentam tres cromossomos 21, ao inves de dois,

por isto a Sindrome de Down e denominada tambem Trissomia do 21.

13

2.1.2.1 Trissomia Simples ou Livre

E a nao disjun~ao do par de cromossos 21 durante a gametogenese (meiose) de

um dos genitores, resultando em um 6vulo ou espermatoz6ide com 24 cromossomos,

devido a dissomia (dois cromossomos - pai e mae) do cromossomo 21. A nao

disjun~ao e mais frequente na mae, principalmente ap6s os 35 anos de idade, e se um

casal teve um filho com sindrome de Down devido a trissomia simples ou livre a

porcentagem disso acontecer novamente e de 1%. Essa trissomia ocorre em 95% a

96% dos portadores de Sindrome de Down.

2.1.2.2 Trissomia por Transloca~ao

Nesta trissomia 0 cromossomo 21 extra esta ligado a outro cromossomo,

frequentemente 0 14. Este rearranjo cromossomico e denominado transloca~ao. Assim

o individuo apresenta 46 cromossomos mas e portador de Sindrome de Down.

Segundo werneck (1993, p.7S), afirma que esta trissomia pode ser vista como

um acidente genetico, como tambem pode ser herdada da mao ou do pal. "0

cromossomo adicional esta montado sobre um cromossomo de outro par G ou D. A

transloca~ao ocorre quando um cromossomo do par 21 e 0 outro, ao qual depois fica

agregado, sofrem uma quebra na sua regiao central. Os dois bra~os curtos se perdem e

os dois mais long os se unem".

Esta trissomia pode ocorrer em cerca de 2% dos individuos portadores de

Sindrome de Down.

14

2.1.2.3 Mosaicismo

No mosaicismo sao apresentados dois tipos de celula, uma normal com 46

cromossomos e uma trissomica com 47 cromossomos (trissomia de cromossomo 21),

ocorrendo uma mistura desses cromossomos temos 0 mosaicismo.

A causa principal do mossaicismo e a nao disjun9ao de cromossomo 21 durante

o processo da mitose (divisao de celulas somaticas) no embriao.

o mosaicismo pode ocorrer em cerca de 2% dos portadores de Sind rome de

Down.

2.1.3 Caracteristicas dos Portadores de Sindrome de Down

"A aparencia e as fun90es de todo ser humano sao determinados,

principalmente, pelos genes. Da mesma maneira, as caracteristicas de crian9as com

sindrome de Down sao formadas por infiuencia de seu material genetico. Como as

crian9as herdam os genes tanto do pai quanto da mae, elas se parecerao, ate certo

ponto, com os pais em aspectos como estrutura corporal, cor de cabelos e olhos,

padroes de crescimento , em bora lentos" (PUESCHEL, 1993).

A seguir sera descrito segundo Pueschel (1993), as caracteristicas da crian9a

com Sindrome de Down:

1. CABE<;:A: e um pouco menor quando com parada com as das crian9as normais.

A parte posterior da cabe9a e levemente achatada na maioria das crian9as, 0

que da uma aparencia arredondada a cabe9a.

2. ROSTO: apresenta um contorno achatado, devido, principalmente, aos ossos

faciais pouco desenvolvidos e ao nariz pequeno. Geralmente, 0 osso nasal e

afundado.

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3. OLHOS: sao geralmente normais, quanto ao formato. As palpebras sao estreitas

e levemente obliquas.

4. ORELHAS: sao pequenas, e a borda superior da orelha e muita vezes dobrada.

5. BOCA: e pequena, e algumas crian9as deixam a boca aberta e a lingua pode

projetar-se um pouco a frente.

6. PESCO<;O: tem uma aparencia larga e grossa.

7. TORAX: tem um formato estranho, podendo apresentar um 0550 peitoral

afundado ou projetado para frente.

8. CORA<;Ao: 40% das crian9as apresentam defeito cardiaco congenito.

9. PULMAo: sao normais, somente alguns apresentam subdesenvolvimento.

10.ABDOME: sao por vezes fracos e pode ser um pouco protuberante mas nao

demonstram anormalidade geralmente.

11.0RGAOS GENITAlS: nao sao afetados na maioria das vezes, em alguns casas

podem ser pequenos.

12. DEDOS DO PEo: sao geralmente curtos, havendo um espa90 grande entre 0

dedao e 0 segundo dedo.

13. PELE: geralmente clara e pode ter uma aparencia manchada nos primeiros anos

de vida.

2.1.4 Anormalidades da Coluna e Problemas Esqueleticos

"Existe uma condi9aO que afeta 0 pesc090 e se apresenta quase que

exclusivamente na sindrome de Down. Trata-se da subluxa9aO atlanto-axial, as vezes

denominada de instabilidade atlanto-axial. Apesar dsse problema aparecer num

pequeno numero de portadores de sindrome de Down, ele e tao serio que precisa ser

detectado, nao somente para proteger quem 0 apresenta, como tambem para aliviar os

outros". (STRATFORD, 1997).

Estudos de grande porte tem indicado que a grande maioria dos portadores de

sindrome de Down (85% aproximadamente) nao apresenta nem a instabilidade

16

atlantoaxial, nem a atlantooccipital. Cerca de 10% a 15% tem instabilidade atlantoaxial

e cerca de 10% a 12% tem instabilidade atlantooccipital.

"Tanto a instabilidade atlantoaxial quanto a atlantooccipital em individuos com

sindrome de Down devem ser identificadas 0 mais cedo possivel por causa de sua

frequencia relativamente alta e pela possibilidade de corre9ao. 0 atraso no

reconhecimento dessas condi90es pode resultar em danos irreversiveis a medula

espinhal. Todas as crian9as com sindrome de Down devem se submeter a um raio-X do

pesco90 (coluna cervical), entre 2,5 anos a 3 anos de idade". (PUESCHEL, 1998).

Ha sinais que se apresentam, que pais, professores e profissionais responsaveis

pelos cuidados da crian9a com sind rome de Down devem conhecer. Entre eles, devem

estar atentos adores, ou rigidez frequente ou prolong ada no pesco90, particularmente

na regiao atras das orelhas, e mudan9as fisicas, como 0 enfraquecimento no controle

do esfincter. Se a crian9a apresentar qualquer um ou mais de um desses sintomas, ela

devera ser encaminhada a um pediatra com experiencia com crian9a com sind rome de

Down". (STRATFORD, 1997).

17

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa adotada para a realiza"ao deste trabalho foi do tipo descritiva.

Segundo Thomas e Nelson (2002) a pesquisa descritiva e um estudo de status de

pesquisa cientifica e e amplamente utilizada na educa"ao e nas ciencias

comportamentais. ° seu valor esta baseado na premissa de que os problemas podem

ser resolvidos e as praticas melhoradas por meio da observa"ao, analise e descri"ao

objetiva e completa.

"A pesquisa descritiva visa descrever as caracteristicas de determinada

popula"ao ou fenomeno ou 0 estabelecimento de rela,,5es entre variaveis. Envolve 0

uso de tecnicas padronizadas de coleta de dados: questionario e observa"ao

sistematica". (MAGALHAES, 2002, p.13)

"Trata-se de um tipo de pesquisa onde os fatos sao observados, registrados,

analisados, classificados e interpretados, sem que 0 pesquisador interfira nele. Isso

significa que os fenomenos do mundo fisico e humane sao estudados mas nao

manipulados". (ANDRADE, 1995, p.12)

"A pesquisa descritiva deseja conhecer a sua natureza, sua composi"ao,

processos que constituem ou nele se realizam". (RUDIO, 1996, p.57).

A forma de coletar dados para a pesquisa e 0 estudo de caso, que segundo

Thomas e Nelson (2002) e a compreensao em profundidade de uma (mica situa"ao ou

fenomeno, 0 estudo de caso e similar a muitas outras formas de pesquisa, envolvendo

a identifica"ao do problema, a coleta de dados e a analise e relat6rio de resultados.

18

3.2 POPULA<;:AO E AMOSTRA

3.2.1 Popula"ao

A popula"ao desse estudo foi de um adolescente do sexo masculino portador de

Sindrome de Down que estuda em uma institui"ao de ensino especializada em

portadores da Sind rome em questao.

3.2.2 Amostra

A amostra foi constituida de 01 adolescente do sexo masculino portador de

Sindrome de Down.

3.3 INSTRUMENTOS

Foi adotado como instrumento de pesquisa nesse trabalho uma avalia"ao postural

com fotografia e logo ap6s levantamento das altera"oes posturais, baseado no livro de

Kendall (1995).

3.4 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados mediante autoriza"ao dos pais para serem tiradas fotos

e autoriza"ao da escola para ser usada a escola para tal a"ao.

3.5 ANALISE DOS DADOS

As fotos foram analisadas no computador, mediante programa de niveis posturais

onde se mede 0 angulo entre um ponto e outro pre-determinado, CorelDraw 11.

19

3.6 LlMITA<;OES

No principio do trabalho seria feito uma compara"ao entre adolescentes do sexo

masculino portadores de Sindrome de Down com adolescentes do sexo masculinos nao

portadores de Sindrome de Down (normais), mas nas escolas regulares onde fomos

pedir autoriza"ao para utilizar as dependemcias da escola e mandar autoriza"ao para os

pais dos alunos nao obtivemos resposta positiva nao tendo libera"ao para tal,

acabamos efetuando a compara"ao com Kendall e nao entre os individuos ja citados

aqui.

Outra dificuldade encontrada foi achar uma escola especializada em adolescentes,

com Sindrome de Down que pudessem ser utilizados, para esta presente pesquisa.

Na escola de ensino regular a diretora falou que como era ana de elei"ao nao

queria se incomodar com essas coisas e nao queria trazer problemas para a escola.

A perde de fotos na maquina fotografica acabou nos limitando a pesquisa com

apenas um adolescente portador de Sind rome de Down.

A altera"ao de orientador no meio do processo de pesquisa e levantamento de

dados, pois a professora orientadora acabou saindo da Universidade Tuiuti.

20

4 APRESENTACAOE DISCUssAo DE RESULTADOS

4.1 VISTA LATERAL

Para Kendall (1987), "os pontos de referencia do fio de prumo devem estar

alinhados da seguinte maneira: at raves do 16bulo da orelha, atraves dos corp os das

vertebras, atraves da articula980 do ombro, atraves do meio do tronco, at raves do

trocanter do femur, atraves do centro da articula980 do joelho e atraves do maleolo

lateral". Existem algumas estruturas anat6micas que coincidem com a linha de

referencia como: apice da sutura coronal, 0 meato auditivo extemo, processo

odont6ide do axis, os corpos das vertebras lombares, 0 promont6ide do sacro, 0 centro

da articula980 do quadril, 0 eixo da articula980 do joelho e a articula980 calcaneo -

cub6idea.

Na fotografia do portador de Sindrome de Down 0 fio de prumo tem origem no

maleolo lateral e 0 alinhamento com 0 ponto do 16bulo da orelha apresenta um desvio

de 5 graus, demonstrando uma anterioriza980 da cabe9a, 0 alinhamento com 0 ponto

da articula980 do ombro apresenta um desvio de 5 graus demonstrando uma

anterioriza980 do ombro e 0 alinhamento com 0 ponto da articula980 do joelho

apresenta um desvio de 8 graus demonstrando um desvio significativo com uma

anterioriza980 no centro da articula980 do joelho.

21

22

4.2 VISTA POSTERIOR

Para Kendall (1987), "os pontos de referencia do fio de prumo devem estar

alinhados da seguinte maneira: atraves da C7, atraves do acromio, atraves do angulo

inferior da escapula, atraves das espinhas ilfacas e atraves da parte posterior da

articula<;:ao do joelho". Existem alguns musculos que funcionam juntos para estabilizar 0

tronco, a pelve e os membros inferiores: musculos laterais do tronco (quadrado da

lombar, obliquo interne e externo), abdutores do quadril (gluteo medio, tensor da fascia

lata, trato iliotibial da fascia lata), adutores, eversores (fibular longo e curto) e inversores

(tibial posterior, flexor longo dos dedos, flexor longo do halux).

Na fotografia do portador de Sind rome de Down, 0 fio de prumo tem origem na C7,

nas espinhas iliacas e no angulo inferior da escapula. Na C7 0 alinhamento com 0

angulo inferior apresenta dos dois lados em angulo de 63 graus, com a parte posterior

da articula<;:ao do joelho direito apresenta um desvio de 5 graus e com 0 esquerdo um

desvio de 8 graus mostrando que os joelhos sao Yaros, ou seja, virados para fora. E

com 0 tendao do calcanhar apresenta um desvio de 5 graus no pe esuqerdo e um

desvio no pe direito de 3 graus mostrando que os pes sao Yaros, ou seja, virado spara

fora, no angulo inferior da escapula mostra que ambos estao alinhados com 63 graus

em compara<;:ao de uma com a outra.

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4.3 VISTA ANTERIOR

Para Kendall (1987), "os pontos de referencia do fio de prumo devem estar

alinhados da seguinte maneira: atraves do ponto entre as sobrancelhas, entre 0 umero

esternal, entre a cicatriz umbilical, entre 0 maleolo medial e anterior, entre 0 acromio,

espinha iliaca antero superior e no meio da patela". Para se ter uma boa postura ou

uma postura padrao (ideal) alguns pontos devem estar alinhados, como os pontos entre

as sobrancelhas, 0 umero esternal e a cicatriz umbilical, os pontos da patela devem

estar alinhados entre eles e 0 da espinha iliaca deve estar alinhado entre elas.

Na fotografia do portador de Sindrome de Down 0 fio de prumo tem origem na

cicatriz umbilical e 0 alinhamento com 0 ponto entre as sobrancelhas apresenta um

desvio de 4 graus, 0 ponto com 0 umero esternal apresenta um desvio de 3 graus, 0 fio

de prumo que passa entre 0 meio das patelas apresenta um desvio de 4 graus, sendo

que, a perna esquerda esta mais baixa que a direita demonstrando uma proje9ao

anterior do corpo para a esquerda, e 0 fio de prumo que passa entre as espinhas iliacas

apresenta um desvio de 4 graus entre elas.

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26

5 CONCLUSOES E SUGESTOES

Este trabalho, com 0 objetivo geral e especifico de levantar as altera96es

posturais da vista lateral, posterior e anterior, em adolescentes portadores de Sindrome

de Down comparados com Kendall, sendo feita analise atraves de fotos tiradas de um

adolescente Portador de Sindrome de Down.

Na vista lateral pudemos observar um aumento de cifose toracica, apresentou

lordose lombar e a curva da coluna esta bem acentuada. Na vista lateral apresentou

desvio de 8 graus entre 0 maleolo e 0 joelho, um desvio de 5 graus entre 0 maleolo e 0

ombro e um desvio de 5 graus entre 0 maleolo e 0 ponta a frente da orelha.

Na vista posterior pudemos observar joelhos e pes varos, ou seja, virados para

fora. Na vista posterior apresentou um desvio de 8 graus entre a C7 e 0 meio de joelho

esquerdo, um desvio de 5 graus entre a C7 e 0 meio do joelho direito, um desvio de 5

graus entre a C7 e 0 tendao do calcanhar esquerdo, um desvio de 3 graus entre a C7 e

o tendao do calcanhar direito. Tambem apresentou 63 graus entre os angulos inferiores

das escapulas em rela9ao a C7.

Na vista anterior pudemos observar uma proje9ao anterior do corpo para a

esquerda, ou seja, a perna esquerda esta mais baixa que a direita. Na vista anterior

apresentou um desvio de 3 graus entre a cicatriz umbilical e 0 urnero esternal, um

desvio de 4 graus entre a cicatriz umbilical e 0 ponto entre as sobrancelhas. Tambem

apresentou um desvio entre os pontos situados no meio das patelas de 4 graus entre

elas, e tambem um desvio de 4 graus entre as espinhas iliacas.

Sugere-se que esta pesquisa seja aplicada fazendo a compara9ao entre

adolescentes normais para que se possa ter uma compara9ao real entre duas

popula96es distintas.

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Pode-se tambem aplicar est a pesquisa em um maior numero de adolescentes

tanto do sexo masculino como do sexo feminino fazendo assim uma maior comparacao

entre grupos distintos.

Tambem se sugere que se faca uma avaliacao do IMe dos portadores de

Sfndrome de Down.

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WERNECK, C. Muito prazer eu existo: um livro sobre pessoas com Sindrome de Down.Rio de Janeiro: WVA, 1993.

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ANEXOS

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APENDICE 1 - AUTORIZA<;.AO

AUTORIZACAo

Autorizo a publica9ao de fotografia de meu filho _--:-_-----::--::---:- __ ---,-' para efeito de complementa9ao de pesquisa para trabalhode conclusao de curso (monografia), do curso de Educa9ao Fisica da UniversidadeTuiuti do Parana, que tem por objeto de estudo a Avalia9ao Comparativa entrePortadores de Sindrome de Down e adolescentes normais.

COORDENADOR DO CURSODE EDUCACAO FislCA - UTP

LUCIANA FERREIRAACADEMICA

ASSINATURA DO RESPONSAvEL: _