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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA FACULDADE DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DE SAUDE CURSO DE ESPECIALlZA<;AO - TERAPIA OCUPACIONAL EM SAUDE MENTAL TERAPIA OCUPACIONAL EM ASSISTENCIA A SAUDE MENTAL NO MUNiCipIO DE JOINVILLE PEDRO CASTRO BREIS FILHO CURITIBAIPARANA. 2002

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

FACULDADE DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DE SAUDE

CURSO DE ESPECIALlZA<;AO - TERAPIA OCUPACIONAL EM SAUDE MENTAL

TERAPIA OCUPACIONAL EM ASSISTENCIA A SAUDE MENTAL

NO MUNiCipIO DE JOINVILLE

PEDRO CASTRO BREIS FILHO

CURITIBAIPARANA.2002

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

TERAPIA OCUPACIONAL EM ASSISTENCIA A SAUDE MENTAL

NO MUNiCiPIO DE JOINVILLE

PEDRO CASTRO BREIS FILHO

Monografia apresentada a Universidade Tuiuti do

Parana, como requisito parcial para a obten930 do

titulo de especialista em Terapia Ocupacional em

Salide Mental.

Orientador: Prof. Milton Carlos Mariotti

Co-orientadora: Prof. Rita A. Bernardi Pereira

Fevereiro I 2002

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AGRADECIMENTOS

Especialmentea Deus pelo dom da vida e porter-mepermitidoa realiza,ao deste trabalho.

ADS orientadores, Dr. Milton Carlos Mariotti eOra. Rita Aparecida Bernardi Pereira, peladisponibilidadee dedica9iio durante a realiza9iio destetrabalho.

ADS demais professores, pela partilha de seusconhecimentos 0 que muito favoreceu para a forma~oprofissional.

A minha esposa e filhos, pelo incentivo ecompreensao durante minha ausencia neste periodo deestudos.

Aos colegas de turma, pelos momentosagradaveis e companheirismo, os quais deixaraosaudades.

A todas as pessoas que de alguma formacontribuiram para a realiz8980 deste trabalho.

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"No dia 7 de abol de 2001, todos os povos e govemos do mundo observam a dia mundial

da saude, que neste ana e dedicado a saude mental.

Coneentramo~nos na saude mental em reeonhecimento ao onus que as perturbac;oes

mentais e eerebrais representam para as pessoas e as familias par elas afetadas.

Eo caminho que temos a nossa frente, entulhado de mitos, segredos e vergonha ... Poueos

sao as familias que estarao livres de se defrontar com perturba':foes mentais, ou que nao

neeessitem de assisteneia e atenc;aodurante urn periodo dinei!.

Cerea de 400 milhoes de pessoas que estao vivas hoje sofrem de perturbac;oesmentais au

neurol6gicas ou de problemas psicol6gieos, tais como aqueles relacionadas com 0 uso

abusivo de alcool au de drogas.

Muitas safrern silenciosamente.

Muitos sofrem sozinhos.

Alem do sofrimento da falta de cuidados, encontram-se as fronleiras do estigma da

vergonha, da exdusao e, com uma frequEmciamaior dO que queremos reconhecer, a

morte.

A pura verdade e que dispomos dos meios como tratar muitas disfun!(oes. Temos meios e a

reconhecimento eientifieo para ajudar as pessoas em seu sofrimento

Encaremos esle dia como uma oportunidade e urn desafio.

Urn dia para retletir a que falta fazer e como faze-Io .

(....) assumamos a compromisso de trabalhar em prol do dia em que boa saude tambem

signifique boa saude mental.

Em nossa busea por uma vida melhor temos que incluir de forma sistematica, soluyoes e

atendimento para a saude mental. S6 entao nossa sucesso tera mais sentido.

(....) temos que nos comprometer a cuidar sim, exduir nao~.

Fragmentos do discurso feilo pela

Ora. Gro Harlem Brundland.

Diretora geral da OrganizaQao

Mundial da Salide.

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SUMARIO

CAPA ..........................................................................................•...........•............•...•... 1

CONTRA CAPA II

AGRADECIMENTO III

MENSAGEM IV

SUMARIO V

1 RESUMO 7

2 INTRODUc;:Ao ..............................•........•..•............................................................. 8

3 HIST6RICO DA PSIQUIATRlA 10

3.1 HOSPITAlS PSIQUIATRICOS NO BRASIL.. . 113.2 A DESINSTITUCIONALIZACiiO.. .13

4 HIST6RICO DO ATENDIMENTO EM SAUDE MENTAL EM JOINVILLE 20

5 PROGRAMA EM SAUDE MENTAL NO MUNiCipIO DE JOINVILLE 25

5.1 ATENDIMENTO MUNICIPAL .. ... 275.1.1 Projeto Catavento.. . 275.1.2 Programa de tratamento da dependencia quimica ." 275.1.3 Equipe Multidisciplinar em Saude Mental 275.1.4 Paps- Pronto acolhimento psicossocial .... . 285.1.5 Oficina Protegida De Trabalho ( Produ9<io).. . 295.1.6 Oficina Protegida Terapeutica .. . 305.1.7 Presta9<io de Servi"" (Subcontratos).. ..30

5.2 ATENDIMENTO ESTADUAL 325.2.1 Hospital Regional Hans Dieter Schmidt 33

5.2.1.1 Funcionamento da Ala Psiquiatrica.. ... 345.2.1.2 Avalia9<io do paciente na Ala Psiquiatrica. . . 355.2.1.3 Atendimento medico . 365.2.1.4 Atendimento Psicol6gico. . 375.2.1.5 Atendimento do Servi"" Social. .. 375.2.1.6 Atendimento de Enfermagem.. . 385.2.1.7 Atendimento de Terapia Ocupacional. 39

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6 TERAPIA OCUPACIONAL ............•.........................•...........•..•.................•........... 41

6.1 CONCEITO... . . 416.2 AVALIAtyAo FUNCIONAL DO PACIENTE PELA TERAPIA OCUPACIONAL 456.30 COMEtyO DA TERAPIA OCUPACIONAL 486.4 OBJETIVO, OBJETO E METODO DA TERAPIA OCUPACIONAL. 496.5 TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL 516.6 TERAPIA OCUPACIONAL EM JOINVILLE 53

7 CONCLUsAo 55

8 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 57

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1 RESUMO

Este estudo monografico apresenta urn breve hist6rico dos servi9Qs de atendimento

em saude mental no municipio de Joinville, desde seu periodo de coloniz8<;8o ate as

dias atuais. Relata a introdu<;80 da Terapia Ocupacional nesses servi90s,

observando-se a estrutura funcional dos 6r9a05 assistenciais, a capacidade destes

em absorver a demanda de pessoas portadoras de doenyas menta is deste

municipio e dos encaminhados para atendimento por municipios vizinhos. Para a

realiza,ao desse trabalho, alE,mda pesquisa bibliogn,fica, foram coletados dados

junto aDs programas de atendimento prestado aDs portadores de transtornos

menta is de Joinville. as dados aqui apresentados objetivam avaliar a capacidade do

municipio em oferecer atendimento a demanda de pessoas portadoras de

transtornos menta is. Ah~m do aspecto social desencadeado pelo programa, abordar-

se-a a contribui<;ao da Terapia Ocupacional neste processo. Pretendeu-se com este

estudo caracterizar 0 inicio dos servi90s em saude mental, seus pioneiros, evolu9ao

e a capacidade de absor¢o destes analisando-se a oferta e avaliando se atende. As

necessidades das pessoas portadoras de transtornos em saude mental.

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2INTRODUC;:AO

Este estudo monografico, apresenta um levantamento de dados sobre a

historia da saude mental no municipio de JOinville, e a atu8C;80 da Terapia

Ocupacional neste processo. Para issa foi realizado pesquisas para levantamento

dos dados hist6ricos e estatlsticos junto ao aeervo do Arquivo Hist6rico Municipal e a

6rg805 de assistencia aos portadores de transtomos mentais do municipio e da

Secretaria de Saude do Estado, mantenedora do Hospital Hans Dieter Schmidt,

ande localiza-se a ala psiquiatrica.

Em 1951, as colonizadores conforme centrate entre a Companhia

Colonizadora de Hamburgo e 0 Principe de JOinviUe, da~ inleia 80 proceSSD de

desenvolvimento da entaD colonia Dona Francisca, hoje municfpio de Joinville. Neste

periodo, da-se inreia a construyao de escata, igreja, hospital entre Qutras

benfeitorias. 0 primeiro hospital construido denominou-se Hospital da Colonia, 0

qual atendia as mais variados tipos de molestias, alguns anos apos, constroem 0

Hospital de Caridade para pacientes menos perigosos durante as exacerbac;6es de

suas doenc;as.

Somente em 1923 0 municipio viria a ter um local especifico para tratamento

aos portadores de transtornos menta is. devida vontade expressa do ex-

superintendente do municIpio Sr. Oscar Schneider, contemplando assim os esforc;os

do Dr. Alfredo Schlemm, primeiro medico psiquiatra do municipio.

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o tratamento aDs portadores de transtornos menta is no municipio passou par

inumefas dificuldades, mantendo-se par abnegados como 0 Dr. Osmar Schroeder,

medico psiquiatra que mantem uma clinica particular para internar estes pacientes,

mas devido aos valores pagos pelo INSS, nao 0 possibilitou mante-Ia em

funcionamento, sendo as pacientes transferidos para Qutros centres.

Somente em meados de 1988 0 municipio contrata 0 10 Terapeuta

Ocupacional, para atendimento aos portadores de transtornos mentais, e em 1977

inaugura-se entao a ala psiquiatra do Hospital Hans Dieter Schmidt, mantendo uma

equipe multi-profissional para 0 processo de reabilita9ao. Hoje 0 municipio tern em

seu quadro de funcionarios 14 Terapeutas Ocupacionais atuando nos mais variados

setores de atendimento a saude mental e prestando significativa contribui~o para

amenizar 0 sofrimento, e reinsen;ao do individuo a soc1edade.

Para exito deste prop6sito, nos demais segmentos deste trabalho, serao

enfatizados as servic;os de atendimento prestados aos portadores de transtornos

menta is de Joinville, os programas de atendimento oferecidos pelo municipio e

estado, e a contribuic;ao das demais especialidades envolvidas neste processo.

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3 HISTORICO DA PSIQUIATRIA

Uma das mais importantes datas na hist6ria da psiquiatria e 1795, 0 ano que

marca a inauguragao do tratamento humanizado dos doentes mentais par Philippe

Pinel, em Paris.

Pinel deu aDs pacientes maior liberdade, proporcionando-Ihes trabalho e

atividades no hospital. Antes dele, as doentes menta is eram encarcerados e par

vezes acorrentados, eram ruidosos, destrutivos e anarquicos em seu

comportamento, mas, quando eram soltos, se Ihes dessem algum trabalho, 0

comportamento melhorava dramaticamente e urn ambiente de tranqGilidade reinava

em todo 0 hospital.

Essa importante reforma social foi continuada nos Estados Unidos par Rusch

e na Inglaterra par Connolly e Tuck, e estes pioneiros foram as verdadeiros

fundadores da psiquiatria social moderna.

A obra de Tuck em York e de Connolly em Hamwell, Middleser, nao 56 iniciou 0 movimento

em prol de um tratamento rna is humano de doenles menlais na Inglaterra. mas tambem

innuenciou a opiniao publica para considerar os doentes mentais como doente e nao como

criminosos ou possuidos do demonio, e no sentido de que a sociedade tinha 0 dever de

proporcionar-lhes tratamento e uma acolhida humanitaria. (LINFORD; 1976; p.14;lS).

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3.1 HOSPITAlS PSIQUIATRICOS NO BRASIL

o hist6rico dos hospitais psiquiatricos e abordado com muita propriedade por

Lanckman (1990), conforme mostra a sintese a seguir. Oiz a autora que as hospitais

psiquiatricos surgiram na hist6ria da humanidade, samente no final do sEkula XII na

Franc;:a. Antes disso, as doentes mentais quando internados eram abrigados nos

hospitais gerais, grandes albergues, cnde nao havia tratamento medico nem as

caracteristicas dos hospitais da atualidade .

Nestas instituic;:6es as insanos permaneciam com Qutros desvalidos, como

par exemplo: tuberculosos, venerios, pacientes terminais e idosos. Constatou-se

entaD, que deste modo, os pacientes nao seriam assistidos em sua problematica e

especificidade, necessitando de urn local proprio para serem tratados, surgiu entae,

es chamados asilos psiquiatricos.

A luta pela criaQf30 dos asilos foi realizada pelo movimento Alienista, 0 qual

propunha urn tratamento moral partindo da constrw;ao te6rica de que 0 ambiente

mental era portador de uma desorganizac;ao interna implicita, e que a asilo deveria

apresentar certas caracteristicas na sua constituic;80 fisica, como funcionabilidade e

organiz8c;ao, que possibilitassem atraves da ordem externa e ambiental restabelecer

a equilibria interno dos indivlduos, interligando assim, e asile e a pSiquiatria.

Em meados do seculo XIX, 0 nascimente da psiquiatria associou-se a criac;ao

do Hospital Oom Pedro II, no Rio de Janeiro, 0 qual surgiu profundamente

influenciado pel a movimento alienista frances, mantendo-se desta forma os

principies e influencias do tratamento moral.

o isolamento, vigiltmcia, organiza,.ao do espa,o terapeutico, a repressao, 0

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controle e ocupac;ao do tempo do internado, erarn dispositivos que tinham como

fjnalidade destruir a loucura atraves da introjeC;8o par parte do loueD, aos principios

morais. Essas eram as caracteristicas do funcionamento das instituic;6es prevista no

tratamento moral.

A justificativa dada para a isolamenta no interior dos hospitais, era

primeiramente pela necessidade de separar 0 loueo das causas sociais e dos

familia res que motivaram sua loucura, garantindo assim as interveny6es terapeuticas

aplicadas, sem que nenhum cantata externo atrapalhasse tal processo. Assim, 0

isolamento do loueD objetivava protege·lo das varias influencias e olhares externos.

A distribuiC;80 dos pacientes no interior do espac;o terapeutico deveria ser

organizada de tal forma, que a convivencia se estabelecesse de modo ordenado e

regular. Nesse caso, a caracteristica do asilo seria um espa~o ctassificatorio que

identificasse os internos a partir de categorias, que nem sempre eram medicas, tais

como: sexo, procedencla social, diagnostico, alem de criterios pouco objetivos, tais

como: tranquilo, agitado, Iimpo, sujo etc.

A qualquer momento poderiam ser observados no espa90 fisico, a forma que

eram dispostos no interior do asilo. Oessa maneira, a vigilancia continua deveria ser

introjetada pelo interno, garantindo assim urn funcionamento auto matico do poder.

Um sistema de repressao e controle sobre os internos se fazia necessaria,

para assegurar que a ordem fosse mantida a qualquer momenta, garantindo assirn,

a docilidade e a submissao dos toucos. Para tanto, existe dentrQ do asilo uma serie

de dispositivos repressivos que poderiam ser utilizados a qualquer momenta com a

finalidade de acalmar os internos, mas principal mente de submete~los mediante a

amea9a constanta, da possivel utiliza9ao desses instrumentos entre eles, 0

isolamento em quartos individuals, a camisa de forrya, os castigos disciplinares etc.

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Um dos dispositivos considerados dos mais importantes era 0 trabalho do

interno, na medida em que este, deveria organizar e encadear 0 tempo do individuo

de forma a afasta-lo dos pensamentos louces.

3.2 A DESINSTITUCIONALIZACAO

o termo desinstitucionalizac;ao, criado pelos americanos, teve inicio nos

EU.A, ha rna is au menes 30 anos. Este, designa 0 processo de alta dos pacientes

psiquiatricos e de reinsergao na comunidade. BARROS (1990) apresenta uma

interessante analise desse processo.

Segundo a autera a reorganizac;ao social do p6s-guerra na sociedade

europeia, fez surgir varios movimentos de reforma da psiquiatri8, produzindo muitos

desdobramentos e significados da noc;ao de desintitucionalizac;ao.

Novas propostas surgiram como meio de tratamento aos portadores de

transtornos menta is, proporcionando-Ihes tambem 0 tratamento na propria

comunidade e nao somente nos manicomios e institui~oes fechadas e isoladas.

A pSiquiatria publica, adota entao 3 grandes metodos para a continuidade do

processo, a prevenc;:ao, 0 tratamento e a reabilitac;:ao. Contudo dentro destes

criterios, que dominavam a politica social no campo da saude mental, duas posic;:oes

disputavam a hegemonia: 0 modelo da segrega9ao e intema9ao e 0 da intervengao

territorial. Para favorecer a criac;:ao do desmanche das instituic;6es manicomiais

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adotava-se estrategias de enfrentamento aos manicomios. Iniciou-se dentro desses,

a ac;ao de dar enfase a criac;ao de instituic;6es sociais.

o estado assistencial se legitima apenas enquanto e capaz de resolver os

problemas que uma determinada sociedade produziu em seu interior. A assistemcia

torna-se urn empreendimento social. E reorganizada como motor de

desenvolvimento social e tambem, de empreendimento economico, pois torna-se urn

terrene de investimento prod uti va. Sai da filantropia e da filosofia de ajuda social e

penetra num cem3rio onde doentes e rnarginais representam uma terra de

conquistas.

Assim 0 carater privado de miseria, de pebreza e de marginalidade, que

vinha sendo empreendido como culpa e responsabilidade social, torna-S8 um

problema publico. Isso significa que tais problemas nao devem ser (teoricamente)

reprimidos, mas administrados. Os desviantes saem de sua anomia e comec;am a

entrar num circuito de dependemcia. Todos os pobres e desviantes deverao ser

assistidos, pais serao os beneficiarios e as consumidores de assistencia social.

GOFFIMAN, citado pela autora diz que ap6s um primeiro momento de

denuncias da natureza e da violencia das instituic;6es totais, a desinstitucionaliza9ao

americana transformou-se em urn processo de altas forc;as: de transferencia de

pessoas (principal mente casas cronicos) a outras instituic;6es (asiles) nao

psiquiatricos e/au menores, a cemunidade privada au ainda, deixadas abandonadas

nas periferias das cidades. Criou-se assim uma populac;ao que gira de uma

institui9aO a outra, que entra e sai continuamente, situat;:ao conhecida como

revolving door. A desmontagem e das grandes estruturas hospitalares. A enfase dos

pequenos centres assistencrais e voltada para a preven9ao de uma populat;ao de

risco. oesta forma, nenhum servi90 faz-se responsavel pela assistencia global das

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necessidades dos pacientes.

Podernos dizer que se assistiu a urn contagio da cultura manicomial. A

psiquiatria reforma-se e cria uma instituiyao alargada e difusa no territorio, sem

transformar ou rever os paradigrnas que haviam criado 0 asilo.

Criou-se ao contrario, uma rede mais eficaz para 0 conhecimento e controle,

ampliando 0 campo da a980 tecnica (medica e psicologica ) e campos antes

estranhos a ela.

o individuo considerado doente ou delinqOente tern seu ser reduzido a estas

totalidades negativas, constituidas pela polarizayaa em um au outro elemento no

qual foi artificialmente dividido; justifica-se desta maneira a necessidade de sua

exclus8o-tratamento.

BARROS diz ainda, citando DERRIDA, que as estrategias das desmontagens

da institui9aOmanicomial, quando sao tambEim, estrategias de desmontagem dos

conceitas de saude e da doem;a mental, podem ser compreendidas como

desconstrury8o no senti do que esta categoria assume urna posiyao filosofica, uma

estrategia politica e uma modalidade de comunicac;8o.

A desinstitucionalizac;ao e a desconstruC;80 dos manicomios que e capaz de

decompor 0 agir institucional, isto e, quando compoe um feixe de estrategias que

demonstram, desconstroem as soluc;oes para compreender as problemas, usando

os mesmos espac;os, as mesmos recursos, mas decompondo 0 sistema de ayao, de

intera9ao e de justifica9ao no qual cada elemento se insere.

Desconstruir a instituiyao pSiquiatrica signifiea mostrar (a partir de seu interior)

como se subverte a filosofia que a sustenta e, ainda as oposiyoes hierarquicas sobre

as quais se baseia. A psiquiatria italiana procura esta estrada: sabre uma analise

historiea do saber e das praticas psiquiatricas, busca-se a desconstruc;ao do seu

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aparato material (0 manicomia) e simb6lico (dos mecanismos de eliminac;.ao e

exclusao). Assim, a OP980 pratica nao foi de criar novas estruturas no territorio (na

comunidade), confiando num enfraquecimento espontimeo do sistema asilar.

Em Trieste (situacao mais organica e longa da psiquiatria italiana), 0

manicomio fai desconstrufdo. Haje, 0 lugar concreto da exclusao, ua ilha felizn,

desapareceu, surgindo em seu lugar uma rede descenlralizada de multiplos servicos

de pequenas dimensoes mais estruturados como servi",s fortes (GIANNIGHEDDA,

citado por BARROS 1990), responsavel pela potencializagao de solugoes multiplas

para as necessidades e dificuldades concretas que ocorram no processo de vida de

uma determinada populagao (cerca de 50 mil habitantesl centro de saude mental). A

rela~o e contratual, de assistemcia e nao de tutela e custodia, uma vez que, em

1978, foi aprovada uma lei nacional que confere 0 estatuto de cidadao a todas

pessoas que sofram de problemas de saude mental e que proibiu novas alternativas

manicomiais, determinando ° progressivo esvaziamento dos ja existentes.

No entante referca a autera, citando ROTELLI, a desinstitucionalizayao e a

desconstru980 do manicomio, enquanto manifestayao concretizada au

institucionalizada dos processos de exclusao, de produyao, de dependencia , de

cronicidade, de expropria980, de formas da subjetividade e sua expressao e

interminavel eliminando-se ou nao os muros dos manicomios au da psiquiatria.

LANGMAN (1991) faz uma interessante revisao critica desse periodo,

apresentando sua evolu980 ate as modernas proposi90es de reforma psiquiatrica.

As vari8s leis que regulamentaram a confinamento dos loucos ao longo da

histona nao sao casuais. Refletem interven90es e momentos socia politicos. Antes

da Revoluyao Frances8, 0 poder executive e e judiciario exerciam a

respensabilidade sobre ° confinamento dos loucos. No poder judiciario 0 juiz deferia

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o embargo apos alguma denuncia familiar, devendo ouvir testemunhas e interrogar 0

louco. A pessoa reconhecida como insana podia ser sequestrada em uma casa de

deten"ao e ter seus bens tutelados.

A maiaria dos enclausuramentos eram efetuados a partir de uma ordem do

rei ou Lettre de Cachet que podia ser obtida pela sOlicita"ao da familia ou por

autoridades publicas, quando as insanos perturbavam a ordem social au no caso de

seqOestra provisorio poderia tambem acontecer, mas so poderiam ser legalizados

apcs a obten"ao da Lettre de Cachet.

Esse sistema garantia ainda ao rei urn duplo papel, 0 de preservar a ordem

publica das perturbagoes causadas pelos lou cos e 0 de intermediarios regulador do

poder disciplinador das familias, legitimando e julgando as necessidades familiares.

o poder real e 0 sistema desabam em 1789, com 0 desmoronamento do

antigo regime, passando a vigorar nova lei as pessoas detidas por causa da

demencia, as quais serao interrogadas pel as juizes, examinadas pelos medicos e S8

forem reconhecidas como insanas, serao tratadas em hospitais. (BARROS; 1990)No

Brasil 0 10 decreto que regulamenta a cria"ao dos hospitais psiquiatricos e de 1841,

assinada por D. Pedro I, e a primeira lei dos alienados, data de 1903, fazendo do

hospital 0 unico lugar apto a receber toucos, subordinando sua intemagao ao poder

medico.

Nao existe tratamento sem interna9ao, sendo 0 hospital parte integrante e

fundamental da causa. (BARROS; 1990).

Para a autora, os quase 150 anos da criag80 dos asilos, deixaram como

rastro urn numero enorrne de pacientes cr6nicos. As criticas que se fazem hoje aos

hospitais, sao as mesmas que S8 fazia aos hospitais gerais, au seja a model a

manicomiat proposta, nao modificou a realidade do secula passado e ainda deixou

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uma massa de pacientes internados par tempo indeterminado. Alem disso essa

pratica legitima junto com a disciplinizar;80 a violemcia e a arbitrariedade contra

aqueles que caem no circuito pSiquiatrico (BARROS; 1990).

Varios movimentos sociais entre as anos 60 e 80, defenderam a humanizaC;8o

e a racionalizac;ao dos hospitais psiquiatricos, algumas experiencias alternativas

surgiram na tentativa de defender esse sistema, lais como; comunidade

terapeutica, programas de pSicoterapias institucionais, entre Qutras.

No Brasil estas experiemcias caracterizam-se como inuteis na tentativa de

viabilizar os hospitais como lugar de tratamento. A partir dos anos 80, ap6s alguns

intercambios com a pSiquiatria Italiana, parte desse movimento come~ a defender a

extinc;:ao gradual do hospicia como (mica soluc;ao passive] vista a pouca eficacia

das reformas e do principia do modelo hospitalar

Com a tramita980 no Senado Federal, a projeto de lei do Deputado Paulo

Delgado em 1989, provocou muita polemica em toda a sociedade, projeto esse em

debate, que propoe:

A extin~o gradativa dos hospfcios e a criac;ao de outros model os de

interven98o;

A cria9ao de urn conselho estadual de reforma psiquiatrica que pela

primeira vez inclui as trabalhadores de saude mental, os pacientes e os

familiares, atendendo com isso as responsabilidades sobre as quest6es

pSiquiatricas a leigos e as pessoas diretamente envolvidas com 0

processo;

Proibe ahem da amplia980 de naves leitos, a cria980 de novas leitos

privados;

Determina que a interna98e psiquiatrica compulsoria devera ser

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comunicada pelo medico que a procedeu, no prazo de 24 horas a

autoridadejudicial local;

Estabelece que devera.o ser criadas enfermarias em hospitais gerais que

possam atender 0 paciente psiquiatrico ern crise, prevendo com isso a

extinc;ao gradativa dos espac;os diferenciados de internar;ao para

atender a [oucura.

Abordaremos no pr6ximo capitulo, a inicio dos atendimentos aos portadores

de transtomas mentais no municipio de Joinville, desde seu periocto de cotoniZ8t;aO,

as medicos pioneiros, os modelos de tratamento e a evolug8.o do tratamento ate as

dias atuais.

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4 HISTORICO DO ATENDIMENTO EM SAUDE MENTAL EM JOINVILLE

Desde 0 periodo de coloniza-;ao da entaD colonia Dona Francisca, futuro

municipio de Joinville, ja existia a preocupa/y8o com a saude dos primeiros

imigrantes, firmando-se assim urn contrato de prestaC;80 de servi90s entre 0 principe

de Joinville e a sociedade colonizadora de Hamburgo, ende em seu paragrafo IV,

cita que a empresa colonizadora comprometeu-se a construir escolas, hospitais,

igrejas e enviar padres, medicos e professores, dando suporte socia cultural ao

desbravadores.

o cuidado com a saude mental no municipio de Joinville, data desde 0

periodo de sua colonizac;ao, onde a primeiro hospital do municfpio, denominado

Hospital da Colonia, absorvia naquela epoca todos os pacientes portadores das

mais variadas moh~stias e as portadores de doen9as mentais eram tratados

conjuntamente. Somente mais tarde, esses pacientes passaram a ser tratados no

hospital de caridade, que albergava doentes menos perigosos durante as

exacerba90es de seus sintomas. Aos doentes cr6nicos cabia 0 triste destino dos

hospicios que, freqOentemente, selavam seus destinos.

o primeiro medico psiquiatra que trabalhou em Joinville foi 0 Dr. Alfredo

Schlemm, no periodo de 1892 a 1951. Na epoca pouco podia ser feito, pois as

eficientes drogas s6 apareceriam na segunda metade do sEkulo XX.

Neste periodo, a cidade ja necessitava de urn local apropriado para acolher

estes marginalizados da sociedade. Em 1923, a entao viuva do Dr. Oscar Schneider,

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ex. superintendente do municipio, seguindo a vontade expressa de seu marido

construiu urn predio, para internavao de doentes mentais cronicos. Para tanto, foi

destinada verba suficiente para a construgao em um terreno doado pela prefeitura.

o hospfcio contava com duas enfermarias isoladas, para homens e mulheres,

quatro quartos particulares e capacidade para 100 leitos. 0 hospital era muito

solicitado pelos municipios vizinhos e ate pela capital. Em 1934 estava superlotado,

com mais de 250 internos, tomando-se necessaria a construgao de mais dois

pavilh6es, com verbas do governo do estado.

Em 1942, a institui9ao fechou suas portas; os internos foram transferidos para

o hospital Colonia Santana, na capital. Neste perf ado a unica alternativa viavel era

internar alguns desses pacientes no Hospital Sao Jose, que e um hospital geral, em

Joinville.

Em 1952, 0 Dr. Osmar Nelson Schroeder, medico com especializagao em

higiene mental e psiquiatria clinica, aproveitou a viabilidade de internar alguns

doentes em dais quartos nos fundos desse hospital, criando um espago especifico

para esse atendimento que ja era uma pn3tica.

Em 1962, e aberta a Clinica Nossa Senhora da Saude com 30 leitos, todos

particulares. Com a aumento do numero de pacientes, Dr. Schroeder compra urn

im6vel na mesma rua, 0 que possibilita a abertura de um hospital com capacidade

de 80 leitos. Este hospital funcionou por 24 anos, com 14.636 pacientes atendidos

neste perfodo. A media de permanencia no hospital era de aproximadamente 30

dias. Na rotina hospitalar usavam-se as modernas conquistas

psicofarmacoterapicas: insulinoterapia modificada, convulsoterapia eletrica,

psicoterapia individual, de grupo e familiar, praxi e ludoterapia, alem de atendimento

social aos internados e familiares. 0 hospital encerrou suas atividades em setembro

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de 1986 , devido aos baixos valores pagos pelo INPS (Instituto Nacional de

Previdencia Social), que inviabilizavam urn atendimento digno em relagao aos custos

inerentes ao tratamento realizado.

Ap6s urn perlodo de 11 anos sem uma unidade psiquiatrica para interna~o

na cidade, e inaugurada em l' de maio de 1997, no Hospital Regional de Joinville

uma madema ala com capacidade de internar;80 para 27 pacientes, tendo par

objetivo atender as pacientes portadores de transtornos mentais agudos.

Ao lango dos anos, especialmente na decada passada, as autoridades

responsaveis pela area de saude deste municipio, observando a necessidade do

atendimento aos portadores de transtornos mentais, que ate entaD nao possufam

urn local para serem tratados, resolvem criar uma ala especializada em saude

mental no Hospital Hans Dieter Schmidt. Este ato, foi 0 grande marco nao apenas de

car<3ter clinica, mas tambem social, pais ate entao os pacientes eram transferidos

para Curitiba ou Florianopolis.

So mente em 1988, 0 municipio contrata 0 primeiro Terapeuta Ocupacional,

exercendo a fun~o de tecnico em assuntos educacionais, com atu8yao no setor de

saude mental composta por Psiquiatra e Psicologo. Neste mesmo perfodo foi

contratado um Assistente Social e um fonoaudiologo, para integrar a equipe de

saude mental. Inicialmente a equipe organizou 0 projeto de saude mental para 0

municfpio, formando equipes para os tres principais bairros da epoca: Boa Vista,

Costa e Silva e Floresta.

No decorrer desta decada, ate os dias atuais foram criados 42 postos de

saude para atendimento, com a96es de diagnostico, tratamento e acompanhamento

das pessoas com transtornos de ansiedade, depressao leve e moderada. Foi

estabelecido ainda 9 sedes regionais de saude, nas areas de Psiquiatria, Psicologia

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e Terapia Ocupacional, atraves de consultas individuais au em grupo e a¢es de

prevengao e promogao da saude mental, na comunidade. Este metodo de

tratamenta abjetivau a reinsergao do doente em comunidade, 0 acompanhamento e

o envolvimento dos familia res no processo terapeutico.

Foram muitos os objetivos alcangados na area de psiquiatria no municfpio de

Joinville, mas como toda cidade polo, ainda apresenta carencia de profissionais

devido a demanda de pacientes e os reduzidos servigos de apoio hospitalar,

numeros de leitos e atendimento pas - hospitalar para a sequencia do processo

terapeutico.

Ap6s estudos realizados pela Secretaria Municipal de Saude, em 2001 para

apontar as principais carencias para 0 tratamento em saude mental, foram

observados os seguintes aspectos:

o Municfpio nao disp6e de servigos intermediarios entre 0 atendimento

hospitalar e ambulatorial tais como: Centro/Hospital-dia (em lase de

implantagao) e residencias terapeuticas;

Os leitos psiquiatricos em hospital geral sao insuficientes (0 Ministerio da

Saude preconiza 1 leita por 3000 habitantes);

Institui,oes particulares, como 0 Hospital Dona Helena e Unimed nao

disp6em de Ala PSiquiatrica, sobrecarregando 0 Hospital Regional que

absorve tambem pacientes de outros municfpios;

Ausencia de Pronto Socorro Psiquiatrico, e inadequagao dos pronto

socarras gerais, para atender este tipo de clientela;

o hospital Sao Jose nao disponibiliza leitos para internagoes psiquiatricas;

o municipio nao oferece nenhum servigo de internar;ao para

desintoxicagao de dependentes quimicos;

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Os municipios vizinhos (AMUNESC - Associac;ao dos Municipios do

Nordeste de Santa Catarina), nao possuem a~6es de saude mental,

buscando em Joinville estes recursos, e aumentando significativamente a

demandade atendimentos;

Ha dificuldades para internar pacientes em crise no IPQ (Instituto de

Psiquiatria), muitas vezes desloca-se 0 paciente para Florian6polis e nao

se con segue a vaga, retornando sem tratamento.

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5 PROGRAMA EM SAUDE MENTAL NO MUNiCiPIO DE JOIN VILLE

Dentro de urna comunidade, faz-s8 necessaria compreender que as pessoas

portadoras de transtornos mentais devem ser reconhecidas como seres integrantes,

dignos com direitos a liberdade, a integridade social e moral, com direito areabilita9ilo para 0 trabalho e a qualidade de vida.

Para alcan<;ar esses objetivos, ha necessidade de urn trabalho em conjunto

para diminuir 0 preconceito par parte de profissionais da area da sauds, das familias

e da propria comunidad8. Portanto, ao reconhecer-se au aceitar-S8 as limita<;oes au

incapacidades desses indivfduos ficara mais facH trati3-los com respeito e afeta,

sendo ests 0 melhor caminho para a sua reabilita<;ao e para 0 fortalecimento da

cidadania.

Nenhuma pessoa e igual a Qutra, pois cada ser humano nasce e se

desenvolve de maneira diferente. E fundamental compreender e respeitar as

diferenY8s. Com esta visao, 0 Programa de SaLide Mental do Municfpio de Joinville

contempla 0 respeite aos direitos do cidadao portador de transtornos mentais,

propondo:

Buscar 0 compromissQ, a co-responsabilidade e a parceria cern 0 paciente,

a familia e a comunidade;

Criar novas alternativas de cuidados, com a implantayao de urn centro de

atenryao diaria e hospital-dia, diminuindo a internay80 pSiquiatrica integral e

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dando suporte aos leitos psiquiatricos em hospital geral;

Oferecer acompanhamento e tratamento aos pacientes com sintomas em

remissao, estabelecendo urn vinculo do paciente com as postas de saude

de referencia;

Reorganizar a referencia dos servic;os oferecidos as pessoas com

transtornos mentais, nos diferentes niveis de atenyao.

o principal objetivo do Programa de Saude Mental da Secretaria Municipal de

Joinville e acolher e acompanhar 0 portador de transtornos mentais e sua familia,

oferecendo suporte para 0 diagn6stico, tratamento e estabiliz8gao da doenc;a.

Busea-s8 a reabilitac;ao e a integraryao do portador de transtorno mental, tanto na

vida familiar, quanta social e comunitaria, em favor de seu bern estar e cidadania.

A Secretaria Municipal ainda presta ajuda as crian~s, adolescentes, adultos

e idosas, au seja, qualquer pessoa que esteja sujeita a desenvolver algum problema

de ordem mental. Ao perceber sinais persistentes de mudan9a no comportamento

de um parente au de um conhecido voce podera sugerir au acompanha-Io ate um

posta de sauds. Aa ser diagnasticada algum transtorna mental, faz-se necessaria

orientar a familia pais ela e um suporte indispensavel ao tratamenta, pais participa,

acompanha, e auxilia na avalia9ao das reac;:oes aas medicamentas e deve estar

sempre presente. 0 grupa familiar tambem precisa de orientac;ao e auxilio

terapeutica. Atraves da Secreta ria Municipal de Saude, dentro do Servic;o de

Programas Assistenciais 0 Programa de Saude Mental, tem como objetivo acolher e

acompanhar 0 portador de transtamos menta is, oferecendo suparte para a

diagnostica, tratamento e estabilizac;ao da doenc;:a, apartunizando a reabilitac;ao e a

integra93a deste, tanto na vida familiar, quanta social e comunitaria, em busea de

seu bem estar e cidadania.

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5.1 ATENDIMENTO MUNICIPAL

5.1.1 Projeto Catavento

o Projeto Catavento implantado nos 42 postos de saude, com ayGes de

diagnosticD, tratamento e acompanhamento de pessoas com transtornos de

ansiedade, depressao leve e moderada e somatoformes, realizados par profissionais

de saude mental, clinicos gerais e enfermeiros, atraves de atendimento individual e

grupaL

5.1.2 Programa de tratamento da dependencia quimica

Atende pessoas com dependemcia de alcool e drogas e seus familia res, com

equipe multi-profissional sendo referencia nas a¢es de diagnosticos, tratamento e

acompanhamento para Joinville e regia.o.

5.1.3 Equipe Multidisciplinar em Saude Mental

As equipes realizam atendimento ambulatorial em 9 sedes Regionais de

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Saude , nas areas de Psiquiatria, Psicologia e Terapia Ocupacional, atraves de

consultas individuais au em grupo, e ag:oes de prevenyao e promog8o da saude

mental, na comunidade. Atende a pacientes com transtornos mentais em geral, que

S8 beneficiam com acompanhamento e tratamento ambulatorial.

5.1.4 Paps- Pronto acolhimento psicossocial

o Paps 8tende a demanda expontanea ou referenciada oferecendo

acolhimento, triagem, avaliac;ao e encaminhamento para as servic;os de saude

mental. Oferece atendimentos a pessoas com dificuldades de reinsen;ao na famnia,

na comunidade e no trabalho, com atendimento diario distribuldos em dais turnos

de 4 haras. Os atendimentos sao realizados por medico Psiquiatra, Terapeuta

Ocupacional, Assistente Social, Psic6loga e Enfermagem. E atraves das atividades

desenvolvidas na oficina protegida, ande S8 realiza as atividades de vida pratica e

de vida diaria. As atividades visam evitar ou diminuir as reinternac;:oes pSiquiatricas.

Funciona anexo ao nucleo da Associac;ao de Recuperagao Para 0 Trabalho,

(REPART), entidade filantr6pica fundada em 30 de marI'o de1993 cern direitos

privados e sem fins lucrativos, criada por familiares, usuarios, voluntarios e

profissionais do serviyo de saude mental do municipio de Joinville.

o REPART, conforme seu estatuto, tern como objetivo ampliar 0 espal'o para

tratamento em saude mental, tendo referencia diaria, vivenciando atividades de

produyao, socio-culturais, esportivas e de lazer, melhorando aspectos cognitivos,

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prevenindo a agravamento dos quadros psiquiatricos (interna~6es e/ou

reagudiza"oes), atraves das oficinas protegidas de trabalho e terapeuticas.

5.1.5 Oficina Protegida De Trabalho ( Produ~ao)

Coardenada par dois terapeutas ocupacionais e urna psicologa, a oficina

protegida de trabalho e a unidade que se encontra no interior de entidades,

desenvolvendo trabalhos terapeuticos profissionalizantes, visando a preparac;ao do

portador de transtornos mentais para urn futuro processo seletivo au competitivo de

trabalho. Os trabalhos realizados nesta oficina objetiva a gera~aode verbas, au

receitas que viabilizem a auto manuten~aodo usuario

Oferece atividades desenvolvidas e coordenadas par terapeutas

ocupacionais, na elabara~ao de tape<;arias, pinturas (alguns dos trabalhos

participam do concurso nacional de artes, tendo alguns sido premiados), grupos de

maes onde sao enfocadas orienta<;6es sabre a patologia, trocas de ideias sabre a

situac;ao dos filhos, realizam trabalhos manuais. E, semanalmente, realiza-se 0

trabalho de conscientiza~o e integrac;ao da familia ao processo terapeutico.

Conforme a programac;ao das atividades propostas, destina-se urn dia da

semana para que as usuarios idealizem e realizem atividades par eles elaboradas.

Semanalmente realizam-se trabalhos de grupos de expressao, aratoria,

dinamica de grupo e relacionamento. Sao abordados ainda orientac;6es sobre

respeito, deveres e direitos e narmas da entidade.

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Uma vez ao mes, realiza-se atividades fisicas e culturais, com praticas de

esportes recreativDS, passeios e eventos culturais da cidade.

5.1.6 Oficina Protegida Terapeutica

A oficina protegida e a unidade que funciona em rela9ao de dependencia com

entidade publica beneficente de Assistencia Social, atraves de atividades de

adapta,iio e capacita,iio para 0 trabalho do usuario (adolescente e adulto). que

devido ao seu grau de comprometimento de suas fun~6es, nao possa desempenhar

atividades laborais no mercado competitivD de trabalho au em oficinas protegidas de

producyao. Nao caracteriza vinculo empregaticio e esta condicionado a processo de

avaliayao individual que considere 0 desenvolvimento biopsicossocial do individuo.

o usuario desta oficina, e acompanhado par equipe multidisciplinar, em atividades

individuais ou em grupos, preparando-os ou capacitando-os para a inclusao nas

oficinas de produc;ao.

5.1.7 Presta9ao de Servi90 (Subcontratos)

A prestaryao de serviryo e feito mediante celebraryao de convenios ou

contratos formais, entre a entidade beneficente de assistEmcia social e 0 tomador de

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servi~s, no qual constara a relac;ao nominal dos trabalhadores portadores de

deficiencias au patologias colocados a disposic;:ao do tomador.

o perfil do publico atendido e de pessoas com sofrimentos psiquicos el ou

com deficiencia mental associ ada.

Atualmente a parceria com a empresa atende 30 pessoas, divididos em dais

turnos de 15 pessoas, com atendimento diario de 04 horas, de segunda a sexta

feira. Participa tambem urn usuario de urn projeto piloto, em regime de hospital dia.

a criterios para a participac;:ao dos usuarios no projeto sao:

Estar em tratamento psiquiatrico regularmente;

Usar corretamente a medicac;:ao segundo a prescric;ao medica, recebendo

auxilio e orientac;:ao quando nao conseguirem administrar as horarios e

doses (em conjunto com a familia);

Usuarios com hist6rias de multiplas reinternac;:6es e au reagudizac;:6es;

Envolvimento dos familiares no tratamento buscando sua participaC;8o,

objetivando conscientiza-Ios de seu papel fundamental no tratamento,

orientando¥os quanta a psicopatologia, a importancia do usc correta das

medicac;oes e aS efeitos colaterais, a sintomatologia dos transtarnos

mentais, oportunizando espac;o aos familiares para que possam

compartilhar duvidas, expressar sentimentos, partieipando de grupos

terapeuticos mensa is eoordenados par Assistentes Sociais e Psiquiatra.

Os familiares devem ser s6eios e partieiparem de todos os eventos e

atividades da associac;ao, sob orientaC;8o e supervisao de Terapeuta Ocupaeional e

Assistente Social.

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As avaliac;6es dos usuarios sao realizadas individual mente ou em grupos,

respeitando-se as Iimita90es de cada individuo para a eXeCU9aO da atividade

proposta, e ou adequando a atividade de acordo com as suas habilidades.

Os recursos provenientes das empresas, sao distribuidos integral mente aos

usuarios.

o auxilio no transporte e arrecadado atraves das mensalidades dos

associ ados para os que nao possuem passe livre.

A equipe interdisciplinar que acompanha os usuarios e familiares em diversos

trabalhos e composta por: Psiquiatra, Assistente Social, Terapeuta Ocupacional,

Enfermeira, Auxiliar de Enfermagem, Recepcionista, Motorista e Auxiliar de Limpeza.

5.2 ATENDIMENTO ESTADUAL

o atendimento do paciente em crise (surto psic6tico) via pronto socorro do

Hospital Hans Dieter Schmidt, no municipio de Joinville, tem como retaguarda uma

ala pSiquiatrica com 27 leitos para internavao.

Em Florianopolis: Sao realizadas as intema90es psiquiiltricas no I. P.Q.

(In8tituto de P8iquiatria, antiga Colonia Santana).

Em Bocaina do Sui: Leitos psiquiatricos no Hospital Sao Jose, atendendo a

demanda encaminhada pela Secretaria Municipal de Saude.

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5.2.1 Hospital Regional Hans Dieter Schmidt

Ate 1997 nao existiam ieitos psiquiatricos no municipio de Joinville. IS50

implicava em prejuizo importante da assistencia a saude mental, tanto no munidpio

quanta nas cidades satelites. As interna90es hoje sao efetuadas, em sua maioria,

em Curitiba e Qutras instituiyOes em Florianopolis. As remo90es sao feitas par

pessoal nao qualificado. Geraimente, a padente tinha que esperar varios dias, em

sofrimento psiquico, par falta de leitos ou veiculos; deparav8-se com situa96es

intensamente estressantes e prejudiciais a sua saude.

o sofrimento estendia-se aos familiares que nao tern estrutura domiciliar para

tratar 0 paciente em crise.

A atual situa"ao da Saude Mental tanto no ambito federal como estadual

recomenda a criar;ao de unidades de interna<;8.o psiquiatrica nos Hospitais gerais em

detrimento da constru<;8.o de hospitais psiquiatricos. Varios sao os motivos que

justificam este procedimento:

As internac;:oes pSiquiatricas tornam-se mais breves em func;:ao da

participayao mais ativa da equipe na recuperac;:ao do paciente. Como con sequencia

ha um desencorajamento a institucionaliz8c;:ao do mesmo;

o modelo de atendimento e medico. Sao oferecidos ao paciente meios

modernos de diagnostico e tratamento, sendo possivel implantar uma terapia

farmacologica racional;

Viabilizou-se um intercambio de conhecimento e uma integrac;ao com outras

especialidades com beneficios para todos os pacientes do hospital para a criac;:ao de

servic;os de interconsultorias;

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Os hospitais pSiquiatricos correm urn grande risco de perder a qualidade e

eficiencia. Sao comuns prescrit;:oes medicas nao criteriosas, diagnosticos mal

formulados atitudes terapeuticas e de uma equipe de atendimento invariavelmente

insuficiente. Como corolario, tem-S8 intema90es mais prolongadas, com risco de

superlota~o que, per sua vez, geram urn circulo vicioso quase interminavel.

o servigo de Saude Mental da Secretaria Municipal de Saude de Joinville em

face das evidencias enumeradas propoe a criac;ao de uma unidade de internayao

psiquiatrica no Hospital Hans Dieter Schmidt objetivando viabilizar urn atendimento

em Saude Mental integrado dentro de um modelo global de a9"io que conte com

servi~s ambulatoriais, internayao psiquiatricas, servic;o de pronto socorro e

Hospital-dia. Esses dois ultimos servic;os poderao viabilizar-se a partir da interna980

psiquiatrica.

5.2.1.1 Funcionamento da Ala Psiquiatrica.

Apos 11 anos desde 0 fechamento da Clinica Nossa Senhora da Saude,

tambem conhecida por Clfnica Schroeder, desativada em 1986. A ala psiquiatrica do

Hospital Regional foi inaugurada no dia 01/05/97, iniciando suas atividades em

19/05/97 disponibilizando 27 leitos (13 masculinos, 13 femininos e 01 movel) para

pacientes em surto psic6tico agudo ou reagudizagao, cujo periodo de internac;ao

dever. ser de 30 dias.

Para suporte tecnico a ala pSiquiatrica contava em 1997, com urn corpo

tecnico composto por urna equipe rnultidisciplinar formada por: 3 Medicos

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Psiquiatras; 3 Enfermeiras; 1 Assistente Social; 1 Psicologa; 1 Supervisor de Estagio

em Terapia Ocupacional; 12 Estagiarios em Terapia Ocupacional; 20 Auxiliares de

enfermagem; 1 Tecnica de Enfermagem; 3 Copeiras; 3 Zeladoras; 1 Escriturario.

Os pacientes encaminhados para internar;:8o nesta unidade passam par

avalia<;iio no pronto atendimento (servi~o de emergencia), ou atraves dos medicos

psiquiatras, via consult6rio. Ao chegar na ala psiquiatrica sera recebido pelo servi90

de enfermagem, ande recebera cuidados relativos quanta a higiene pessoal,

medic8r;:80, alimentayao, hidratay8o, sana, vestes,

fisiol6gicas, estimulos a auto cuidados e Qutros.

movimentos, funr;:oes

5.2.1.2 Avalia~iio do paciente na Ala Psiquiatrica.

A avalia980 e a elapa inicial, durante a qual as problemas do paciente, seja

ale de ordem fisica, mental au social, sao identificados e sistematica mente

catalogados como lisla de problemas. Os recursos do paciente tambem sao

documentados. Ha uma organiza~o hierarquica na avaliar;:c3o; a mais ampla e feita

pelo medico. Avalia90es de competemcia mais detalhadas de problemas individuais

sao feitas pelos membros apropriados. Geralmente as avalia90es mais profundas

amplificam e suplementam, mas nao contradizem a avalia9aO geral. De um modo

geral, nos pacientes obrigados a permanecerern par urn longo periodo inativos, pode

advir uma profunda modificagao de atitude com 0 mundo que as cercam. De urn

lado, enfraquecida a vontade e uma indiferen9a no que diz respeito a sua pr6pria

vida; do outro, as preocupagoes familiares e as dificuldades financeiras, isto provoca

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uma tensao psiquica que pade impedir a obtenc;ao dos fins terapeuticos. Nesse caso

a Terapia Ocupacional e de fundamental importancia para a superag80 da crise. 0

papel da Terapia Ocupacional, segundo SILVEIRA citado por FINGER (1986), nao

sera distrair 0 doente nem esperar que ele realize urn trabalho vantajoso para a

economia hospitalar. Sera, como diz SIVADON citado pela mesmo autor fornecer-

Ihe condi90es de rela980 com 0 mundo exterior que solicitem sua capacidade

adaptativa existente na ocasi8o.

A avaliac;ao inicial do paciente e feita para esclarecer sua condig8o e estado,

quando apresentado para tratamento. Isso inc1uira uma avaliag80 funcional, fisica,

mental e social. E importante que isso seja feito sem demora, a fim de planejar-se 0

programa de tratamento inicial e estabelecer uma linha basica, com a qual possa ser

verificada a melhora do mesmo.

A reavaliac;ao do paciente e realizada periodicamente pel a equipe, para

posterior encaminhamento e continuidade do tratamento em outros regimes.

Quanta ao atendimento multidisciplinar, 0 atendimento ao paciente e realizado

por uma equipe tecnica.

5.2.1.3 Atendimento medico

Cada medico psiquiatra e respons8vel pelo tratamento de urn determinado

numero de pacientes. Assim como 0 atendimento a seus familiares. Desenvolvem

seu trabalho em esquema de sobreaviso conforme escala. Realizam inter-consultas

psiquiatricas e prestam consultorias a setores do hospital quando solicitados.

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Os atendimentos medicos tem como objetivo a assistencia a pacientes

psiquiatricos em surto agudo, visando uma intemac;ao breve para retirar 0 paciente

do surto atraves do arsenal terapeutico de farmacoterapia, associado a outros.

5.2.1.4 Atendimento Psicologico.

o psic6logo realiza atendimentos individuais e em grupo e atua junto a familia

e prestando assisb§ncia e orientayao junto a mesma. Seu objetivo e compreender 0

comportamento do paciente para facilitar a relacionamento interpessoal.

o psic6logo trabalha com psicoterapia breve, de apoio, tecnicas de

pSicoterapia corporal e grupos operativos, visando a melhoria da adaptac;ao social,

das habilidades na comunicac;ao e do manejo da propria doenc;a.

Faz tambem atendimentos a grupos de auxiliares de enfermagem.

5.2.1.5 Atendimento do Servic;o Social

Tern por objetivo ser urn canal de comunicac;ao para a compreensao e

capacidade de manejo da enfermidade junto a familia do paciente, bern como sua

aceitac;ao pel a comunidade.

Busca levantar questoes s6cio-econ6micas e culturais, para interagir de

acordo com cada caso.

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Atende diretamente familiares, colaterais e pacientes, atraves de entrevistas.

Contatos formais, abordagem individual, visitas domiciliares, contatos telef6nicos ,

correspondencias, encaminhamentos, reuni6es e orientac;;6es.

5.2.1.6 Atendimento de Enfermagem

o termo enfermagem, foi definido como: pres tar assistencia as pessoas

incapazes de satisfazerem suas proprias necessidades de saude (OREM,1980);

Promover uma adaptagao positiva as mudangas dos ambientes internos e externos

(ROY, 1978), citados por Baungartem, et al (1997).

Conforme DE YOUN (1981) citado pelo mesmo autor, a assist€mcia de

enfermagem consiste em cui dar e manter a bem-estar fisico, emocional, social,

espiritual e cultural de um individua, de uma familia ou de uma comunidade).

A atividade da enfermagem dentro de instituir;oes psiquiatricas funde-se com

a evalug8a de sua historia, ande, em 1890 no Rio de Janeiro, surge a primeira

tentativa de profissionaliza9aO. Neste ana, 0 hospital para doentes mentais, Hospicio

Pedro II deixou de ser atendido pel a Irmandade da Santa Casa e passou para 0

controle direto do governo, com 0 nome de Hospicia Nacional dos Alienados. As

irmas de caridade foram excluidas da serrao masculina, entregue a enfermeiros e

guardas. Sentiram-se desprestigiadas e abandonaram 0 manicomio. Par isso sua

direyao criou uma escola profissionalizante para Enfermeiros e Enfermeiras (Escola

Alfredo Pinto) com curso de dura<;iiode 2 anos.

As atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem dentro da ala

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psiquiatrica, estao ligadas diretamente aos cuidados ao paciente, cuidando das

necessidades basicas tais como: higiene pessoal, horario dos medicamentos,

alimenta980, hidrata98o, vestes, sono, funr;6es fisiologicas, auto cuidados e outros.

Neste processo compete a observa9ao direta do paciente, seu estado de humor,

comportamento, orienta9:30 e em seguida a transmissao par escrito au oral mente

para a equipe, trabalho que e indispensavel no decorrer do tratamento.

5.2.1.7 Atendimento de Terapia Ocupacional

A Terapia Ocupacional presta servi90 sob forma de estagio supervisionado e

supervisao, de acordo com convenio firmado com a Associa9ao Catarinense de

Ensino, para a pratica dos academicos do 4° ana como requisito para gradu89f3o.

Os atendimentos sao realizados em dais perf ados, manha e tarde, com

dura9ao de uma hora e meia em oficina terapeutica e pre-oficina, atraves de

atividades previamente elaboradas pel a equipe de estagiarios, conforme as

objetivos, podendo ser produtivas, expressivas, recreativas, artesanais, jogos

1udicos, expressao corporal, atividades fisicas e uso de materiais reciclados.

ARRUDA (1963), aponta como objetivo da ocUpa9iio terapeutica visar a

personalidade do doente a recuperar, e para alcan9ar seus objetivos, propoe 0

emprego de metodos de base empfrica e metodos cientificos. Para 0 autor, as

bases empfricas seriam aquelas atua90es sob a forma de atividades avulsas que

intuitivamente eram utilizadas e que resultavam na melhora do doente

ocasionalmente. Os metodos cientificos jil tem bases em conhecimentos adquiridos

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pela experiencia e tern indica95es especfficas. sao realizadas ainda atividades

culturais conforme as datas festivas com objetivo de refon;o de vinculo com a

realidade.

Os pacientes sao divididos em grupos conforme 0 nivel de estado mental. Os

mais agregados sao encaminhados para a oficina terapeutica ande desenvolvem

atividades mais elaboras ou construtivas. Os demais, fazem parte das atividades

desenvolvidas na pre-oficina, ande necessitam de um atendimenta au arientat;aa

mais efetiva. Os materia is utilizados para as atividades realizadas nas oficinas nao

oferecem perigo a integridade fisica dos pacientes. Sao ainda realizadas

atendimentos individuais duas vezes por semana para pacientes cronicos . Uma vez

par semana ocarre reuniao dos estagiarios para serem reaHzadas estudo de casas,

analise de intercarrencias, e trabalho de supervisao para analise das atividades

desenvolvidas, e planejamenta de atividades a serem realizadas durante a pr6xima

semana.

o objetivo e prom over a readequa<;iio do paciente respeitando suas

limitat;oes, promavendo e estimulando a sacializ89aa, as atividades da vida diaria e

explorayao das atividades manuais. No pr6ximo capitulo sao detalhadas as aspectos

e fundamentos do tratamento terapeutico ocupacional.

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6 TERAPIA OCUPACIONAL

6.1 CONCEITO

Terapia Ocupacional tem sido definida pela AOTA (American Ocupational

Therapy Association) como "todo tipo de trabalho au de recrea<;iio tanto fisica como

mental, prescrita e guiada com objetivD de contribuir e/ou apressar a recupera980 de

individuos acometidos par urna doen9a". Ela consiste em ocupa98o selecionada e

prescrita para cada paciente, em particular, de acordo com suas necessidades. Ela eurna forma especial de tratamento e, como qualquer Dutra, tambem deve contribuir

para apressar a recuperag80 dos pacientes com comprometimentos fisicos ou

mentals.

Semelhante a essa, e a defini<;iio dada par BOWIE, citado par

FINGER(1986):

Terapia Ocupacional pode ser definida como um tipo objetivo de tratamento, prescrito par urnmedico nu esfollto e conseguir a recupera<;ao do paciente, acometido par uma doenya oucontribujr para seu ajustamento ou hospitalizalf8o. Terapia OcupacionaJ inclui toda prescric;aode atividade mental au fisica que pode ajudar na recuperayBa de uma doenc;a e tarnar aconvalescenya mais agradavel.

Ja RUSSEL tambem citado pelo autor e mais especifico na sua defini9ao de

ocupagBo terapeutlca ao dizer que ela e essencialmente uma medida psicologica e

nao pode ser confundida com a aplicagao de exercicios para a correg80 de

deformidades.

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42

Para ARRUDA (1963), "terapeutica ocupacional engloba os conceitos

parciais da ergoterapia e laborterapia, tratamento pelos exerdcios ffsicos, a

musicoterapia, a ludoterapia, etc.., que tern sentido mais estrito". ARRUDA endossa

a opiniao de FERNANDES, segundo 0 qual 0 objetivo da Terapia Ocupacional e

despertar 0 homem normal no daente e a colocar;ao do recuperando em empregos

adequados, e orientar seu ajustamento no ambiente familiar e social.

Observando que a autar aeirna citado faz usa do termo ergoterapia ou

laborterapia e sendo ambos na pratica muito utilizados como sin6nimos de Terapia

Ocupacional, nao e passivel atribuir 0 mesma significado, par dedu~o como sendo

Terapia Ocupacional igual a laborterapia.

Os conceitos descritos a seguir, estao baseados nas ideia de FINGER (1986),

o autar descreve a ergoterapia ou Terapia Ocupacional como tecnicas que utilizam a

ocupa~o dos doentes mentals sob formas de atividades ffsicas e particularmente

manuals como meio de readaptac;ao a uma estrutura de tipo social, colocando em

jogo latores pSicologicose dinamicos proprio de cria9ao de um grupo de pacientes.

Ergoterapia, ou tratamento realizado atraves do trabalho, laz parte dos

procedimentos de reabilltac;ao que os auto res anglowsax6es tem desenvolvido no

decurso da ultima grande guerra e e uma das modalidades da terapeutica

ocupacional. Nos estados cr6nicos em que subsistem uma lucidez e uma saude

fisica suficiente, a ergoterapia se situa na mesma base do tratamento moral, quando

nao constitui 0 unico recurso do mesmo. E igualmente indispensavel nos estados

agudos suscetiveis de cura. A ergoterapia impede em grande parte a perseverac;ao

e garante em grande parte a readaptar;:ao social.

Assim como ARRUDA (1963) distingue Terapia Ocupacional da Laborterapia,

tambem outros autores (JANS, JENTSCHURA, citados por FINGER(1996), lazem

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distin~o em se falando de pSiquiatria entre as termos T erapia Ocupacional e

Laborterapia. Para as autores sem uma definic;ao de conceito de ambas as formas

de terapia nao se pode obter a emprego apropriado e uti I.

LINDEMANN, citado par FINGER (1996), elaborou as defini90es de Terapia

Ocupacional e Laborterapia que correspondem aquelas da literatura Anglo-

Sax6nica.

"Terapia Ocupacional e um metoda terapeutico au forma de tratamento

(terapia) que utiliza a ocupa9ao pelo trabalho como meio de tratamento dos

doentes".

Seu objetivo e a "cura" enquanto que a produto obtido pela ocupac;ao tern

importimcia secundaria. Sendo uma medida terapeutica deve ser prescrita pel a

medico que estabelecera 0 plano terapeutico e a momenta em que 0 paciente deve

ser submetido ao tratamento. A execUl;ao e a direc;ao do tratamento cabe aD

terapeuta ocupacional 0 qual, com base na propria experiemcia , conhecendo as

condic;6es do paciente, e 0 objetivo a atingir, estabelecera de modo racional a

tratamento apropriado para cada paciente (caso) em particular.

A Laborterapia tem, ao inves, a canMer de exercitar para 0 trabalho. 0

paciente que par causa da doenc;a perdeu 0 habito de uma atividade de trabalho

regular, deve ser conduzido par meio da Laborterapia a fornecer contribui~o

continua e util. A reintegrac;ao na vida de trabalho normal e 0 objetivo da

Laborterapia Contrariamente ao que acontece na Terapia Ocupacional ha, nesse

caso uma decisiva importancia: 0 produto do trabalho, sua qualidade, e 0 tempo

despendido. Para bem conduzir a trabalho da Laborterapia ha necessidade de

mestre de oficina, um monitor ou artesao apropriado.

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De acordo com FINGER a diferenc;a entre Terapia Ocupacional e

Laborterapia, clara mente expressa nestas definic;oes, acentua-se ainda mais S8 for

considerado 0 momento do seu emprego. No processo global da reintegra9ao do

paciente, a Terapia Ocupacional e empregada no inicio da terapia, enquanto que a

Laborterapia adquire seu significado somente no tim, com vistas a urn determinado

adestramento para 0 trabalho. Assim tambem a Terapia Ocupacional pode ajudar no

problema da escolha da profissao. De fato, a longa observa9ao do paciente por

parte de urn competente terapeuta pode fornecer preciosas indic8c;6es sobre sua

habilidade, sua capacidade de adaptaC;30 e sabre suas prefen§ncias com relar;ao a

determinados trabalhos manuais, au nao necessaria mente.

Relata ainda 0 autor que um decisive impulso para a passagem da

Laborterapia a Terapia Ocupacional deu-se com a primeira guerra mundial, quando

o emprego de determinados trabalhos manuais foi difundido em larga escala para a

melhor recuperaC;8o dos feridos, especialmente na America. Na segunda guerra

mundial, a Terapia Ocupacional tambsm fo; utilizada para a recupera980 dos feridos

tanto no senti do mais estrito da cura, como finalidade de reintegrac;ao na vida do

trabalho.

Alem das express6es ergoterapia e laborterapia que podem ser encontradas

como sin6nimos de Terap;a OcupacionaL Ha ainda uma terceira, a praxiterapia

(proposta por VIDONI e utilizada por CERQUEIRA), que entendem como tratamento

psicol6gico sobretudo de grupo, e que no parecer de ARRUDA e a que esta

conceitualmente mais proxima da terapeutica ocupacional, embora nela nao esteja

implicito 0 sentido finalista, utilitarista, de satisfa9ao e de a,ao moral que se

encontram no conceito de ocupayao.

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Esta, para FREIRE, citado por FINGER (1986) e que qualquer atividade ou

trabalho em que 0 indivfduo S8 ocupa: exercicio, emprego, profissao, ofieio, modo

de vida implicando portanto uma 89;30 tanto fisica como puramente intelectual.

Assim 0 trabalho e considerado tarn bam uma forma de ocupac;ao a que nao significa

ser toda a ocupac;ao necessariamente urn trabalho.

Outra definiyiio conceitual que ainda pode ser feita, e entre Terapia

Ocupacional e reabilitat;:ao. Parece oportuno tal definic;ao uma vez que observa-s8

na pratica 0 emprego desses termos como sinonimos, fato esse enfatizado par

CERQUEIRA

Para 0 autor existe entre Terapia Ocupacional e Reabilitat;ao diversidade de

tecnicas, metodos e ate de abjetivos. Quando S8 faz Terapia Ocupacional, maneja-

S8 atividades motoras, sociais e auto-expressivas que pouco tern de comum com as

16gicos pragmatismos pedag6gicos e sociais da reabilitar;ao.

6.2 AVALIACAO FUNCIONAL DO PACIENTE PELA TERAPIA OCUPACIONAL

A contribuit;ao da Terapia Ocupacional, esta no campo da capacidade

funcional, ° profissional estara menos interessado com a limite e a for92 do

movimento do que com 0 alcance apticado, resistfmcia e coordena~ao em termos

de competencia do paciente em atividades essenciais de ordem fisica, mental e

social.

o desempenho do paciente deve ser avaliado em relayao as suas

responsabilidades familiares, de seu lar, em rela~o a sua vizinhanc;:a e situac;ao de

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seu trabalho, ou as relac;oes vivid as na instituigao na qual esta inserido.

o terapeuta ocupacional deve registrar seus achados de tal modo que

possam ser bastante fiexiveis, para atender as exigencias do medico e para que se

adequem com as achados dos Qutros colegas. Todos os relatorios devem aehar-s8

prontamente disponfveis para todos as interessados no paciente, sendo a debate

verbal tambem importante.

A avaliac;ao funcional, das capacidades flsica e mental realizado pelo

Terapeuta Ocupacional e um metoda para integrar dados sabre as condic;6es

patologicas do estado de perturbac;ao com as dados relacionados com limitac;6es ou

capacidades residuais, no desempenho social, ende buscamos embasamento para

trac;ar um perfil da pessoa integra para compreender como funciona uma pessoa

em desvantagem.

Ap6s identificados os problemas e as areas de necessidades, promove-se a

estimulaC;ao para a independemcia pessoal proporcionando autonomia no

preenchimento dos papeis socia is. Os objetivos da avaliaC;ao funcional sao:

a- Relacionar os problemas dos pacientes(aspectos fisicos, mentais e

sociais);

b- Discriminar modificac;6es necessarias, comparando as atitudes do paciente

antes, durante e depois do tratamento;

c- Buscar as necessidades de uma populac;ao definida, atraves de avaliac;6es

e analise de func;6es, com a amostra de indivfduos representativQs daquela

populac;iio(estatistica);

d- Analisar a relac;ao custo-beneficia e eficacia para determinar beneficios da

assistencia clinica;

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e· Unir mao-de-obra capaz de relacionar as necessidades, numeros, tipo de

pessoal envolvido em assistencia a saude.

f- Revisar e justificar custos em niveis de assistencia e alternativas de

assistencia;

g- Priorizar as necessidades quando os recursos sao escassos;

h- Avaiiar programas assegurando a qualidade e aiditagem de assistemcia

medica, detectando deficiencias e aperfeiyoando-a;

i- Determinar os aspectos fortes e fracos do sistema, rastreando pacientes

atraves de um sistema assistencial;

j- Efetuar comparativos dos grupos assistidos para estudos de pesquisas,

efetuando planejamentos e orienta90es;

k- Maximizar a qualidade de vida do paciente, facilitando 0 tratamento para

assegurar que 0 programa de assistencia ataque as questoes que sejam

primordiais.

Para KOTTKE (1984), 0 processo de recupera\Oilo baseia-se em um

esquema de crescimento e desenvolvimento capaz de guiar profissionais da area de

reabilita9ao no sentido de auxiliar 0 paciente a alcanyar e manter uma qualidade

6tima de vida.

Os profissionais da reabilitac;ao atuam com maior intensidade durante 0

estabelecimento do equilibria psicofisiol6gico e da reintegra~a.

o paciente assume urn papel mais impcrtante se ela/ele, tiver que ser mais

afetivo nas relagoes interpessoais e nas interayaes com a sociedade. 0 proximo

passo, requer que 0 paciente, ouse ter sucesso, mas isso significa que ele se afaste

da super dependencia da ajuda profissional. Para tanto, 0 paciente ja deve ter

aprendido como utilizar as recursos de auto-auxilia e comeyado a organizar sua vida

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em esforc;os produtivQs e construtivDS. 0 maior crescimento, no entanto, erepresentado par menes dependencia de empenhos rotineiros, porem produtivos, e

de maior participaC;8oem performance criadoras.

Nesse processo, todos as profissionais devem estar encorajando as pacientes

a assumir responsabilidades pessoais par suas atividades, e mover-S8 para frente

construtivamente em objetivos pessoais.

Documentar as reaJizac;6es reconhecidas de reabilita.yao, atraves dos

estagios de recuperac;ao e passivel atraves da avaliac;ao funcional e do "feedback"

ao paciente; a motivac;ao e 0 progresso pessoa! podem ser incentivados.

A avaliac;ao funcional e aplicavel em pacientes internos e externos,

instituic;;:6es de abrigo e Qutrasinslala90es de assislencia a langa praza, e canstitui a

meio para estimar os niveis de incapacidade dentro de uma popula~o com

finalidade de estudos epidemiol6gicas relacionados com a julgamenta das

necessidades, e para a alocaC;aode mao de obra e outros recursos.

6.30 COMEC;:O DA TERAPIA OCUPACIONAL

SPACKMAN (1988, Pag. 27, Cap. 2) cita, a desenvolvimento da Terapia

Ocupacional onde S8 entrelaya uma trama, que se enriquece no seculo XIX e

comec;o do sEkulo XX. A ocupaC;aotem urn papel central na existencia humana,

provavelmente desde 0 comec;odos tempos. Ao longo dos seculos, sao formuladas

diversas ideias em relac;aocom a que €I urn trabalho e como desempenha-Io como

jogar e como deve comeyar a finalizar a jogo (BRAUDE, 1983; RODGERS, 1974). A

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saude e a ocupa~o estao vinculados porque perdida a saude diminui a

capacidade para comprometer-se em urna ocupac;ao.

Em urna sociedade e em urn contexte cultural da Inglaterra do seculo XIX as

temas da saude e da OCUpa9iioforam tratados em numerosos escritos (PRESSEY &

ROLLlNS,1904; WAGNER,1904). Por aquela epoca apareceram muitas ideias e

pontcs de vista diferentes que influenciaram sabre a Terapia Ocupacional e

pertenciam a filosofia do humanismo e aDs valores sociais de humanitarismo que

desenrolaram a tratamento moral e urn movimento das artes e offcios. Oeste modo

as ideias relacionadas com a Terapia Ocupacional, formam parte do patrimonio

Ingles, e foram transmitidas e alteradas par urna experiencia Norte Americana

(SHI,1985; LEARS,1981).

6.4 OBJETIVO, OBJETO E METODO DA TERAPIA OCUPACIONAL

Apos serem abordados as conceitos e a historia de Terapia Ocupacional, faz-

se necessaria e impartante canhecer seus abjetivos, seu objeta e seus metadas.

Para issa, muitos foram os autores que contribuiram para a evolUr;80 da Terapia

Ocupacianal. A seguir ser80 abordadas resumidamente as concepr;oes gerais sabre

o tratamento ativa descrita par estes autares:

SIMON, citado por FINGER considera indispensavel a a9;30 conjunta da

ocupa~a individualizada e educar;8o terapeutica para restituiyao de urn doente de

urn modo de vida ordenada e util. 0 tratamento tern como abjetiva introduzir a logica

sa na vida e no modo idea16gico dos doentes. Justifica 0 autar, de forma geral 0

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uso de uma proposta ordenada dentro de uma metodologia pedagogica, por

considerar ser a psicologia do doente mental, principal mente ern relat;:8o as atitudes

anti-sociais, comparado a psicologia da criant;a.

Com 0 objetivo de organizar as atividades, seria necessaria estabelecer uma

graduac;ao correlata a escolar para a trabalho, graduando em grau de dificuldades.

Para as ocupa90es de grau inferior, nao seria necessaria exigir esforyo de

atenyao, nem independencia do paciente. Estas atividades poderiam ser para

transportar objetos, carregar terras em carrinhos de mao e trabalhos domesticos

simples.

As ocupat;oes consideradas de segundo grau, necessitaria do paciente pouca

atenc;ao au iniciativa. Estes trabalhos devem exigir bastante tempo para a execu980

afim de que os pacientes possam habituar-se. Arrancar ervas daninhas do jardim ou

horta, e trabalhos domesticos como ajuda de empregados, sao alguns exemplos.

Ocupayoes de terceiro grau, requerem do paciente a atenyc3o, a iniciativa e

intelig€mcia regular, para poderem desenvolver atividades de conserto de roupas,

trabalhos em vime, ajudar em trabalhos de cozinha e limpeza em geral. Os trabalhos

domesticos ja poderiam ser confiados, sem que houvesse necessidade de vigilancia.

OcupaC(oes de quarto grau classifica-se nesse grupo, as atividades que

requerem boa atenyao e urn reflexo quase normal, para desenvolver trabalhos

especializados em agricultura e jardinagem, confecyao de roupas, atividades

manuais delicadas, etc.

As ocupayoes de quinto grau, requerem do paciente 0 usa pleno de suas

capacidades de rendimento, equiparado a um indivfduo normal de mesma dasse,

portadores de outras patologias, que nao estejam perturbados pela anormalidade

do pensamento.

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SCHNEIDER (1954). estabeleceu a teoria geral da Terapia Ocupacional que

nao seria somente sintomatica, mas que exerce uma 8980 biol6gica profunda, nao

exigindo para atuar, a ac;ao consciente do paciente, tendo apontado as seguintes

objelivos:

a- A profilaxia das manifestar;oes patol6gicas assim como supressao de

estabilidade;

b- Oescarga dos processos psiquicos patol6gicos, 0 que de uma Dutra

maneira deveria ser feito pel a via de excitar;ao motara;

c- Repouso da func;ao patologica e exercicios das fungoes conservadas.

Para RUSSEL (1957). a tralamenta ocupacianal nilo e uma mera

administra<;iio empirica de passatempos. Ele tem objetiva deliberada. planejado de

fixar 0 interesse do paciente sabre objetos materiais e suas relac;6es comuns, de

modo que sejam enfatizados seu valor e importancia, portanto prevenir a mente

doente de procurar refugio na introspecc;ao m6rbida.

6.5 TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL

Os dados hist6ricos descritos abaixo, foram extrafdos de trabalhos

apresentados no III encontro cientffico paulista de Terapeutas Ocupacionais,

realizado em 1975 relatando que "as ideias sabre assistencia psiquiatrica

imperantes ap6s a Revolu9<30 Francesa tiveram uma influencia maior e mais

imediata no Brasil do que em Portugal, tendo sido um dos fatores determinantes

para a vinda da familia real portuguesa para 0 Brasir.

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Ja em 1854, no Hospicio Pedro II havia oficinas de sapataria, alfaiataria,

marcenaria, florista e desfiac;ao de estopa. Em 1903, Juliano Moreira fai nomeado

Diretor do serviyo de assistencia a psicopatas e impulsionou a assistencia

pSiquiatrica pelo estimulo do trabalho como meio de beneficiar as doentes.

Em 1911, Juliano Moreira criou uma colonia para mulheres em Engenho de

Dentro (Rio de Janeiro) onde a terapeutica pelo trabalho passou a ser executada

com maior extensao. Fa! no entante com a criac;ao da Colonia Juliano Moreira, em

Jacarepagua, que a tratamento pelo trabalho tomou grande impulso , principal mente

os trabalhos de campo (plantio de frutas, cultivos de hortas, cria,ao de gados,

etc.(FINGER,1986).

Em Sao Paulo, sob a designac;ao de Praxiterapia, au tratamento pelo

trabalho, foi introduzido por Franco da Rocha e desenvolvido por Pacheco e Silva.

"Em 1946, no Rio de Janeiro, toi criado 0 servic;o de terapeutica ocupacional

no Centro PSiquiatrico Naciona! cuja direc;ao, em Engenho de Dentro, foi entregue a

Ora. Nise da Silveira. A finalidade desse servic;o era de beneficiar 0 doente com uma

ocupac;ao livre mente escolhida, metodicamente dirigida e s6 eventual mente util ao

hospital"

Em 1931, foi iniciada a Praxiterapia no Nordeste (Recife) por Ulisses

Pernambuco, com a criac;ao da assistencia a pSicopatas.

Para a forma<;8o de Terapeutas Ocupacionais em nosso pais, uma equipe da

ONU instalou, em 1959 no Hospital das Clinicas da FMUSP, um curso com a

dura9aOde doze (12) meses. Esse curso foi regulamentado em 1964, e somente

em 1969, ja entao com a dura,ao de tres (3) anos, foi reconhecido como nivel

superior (FINGER, 1986).

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o Decreta Lei n,o 938 de 13 de outubro de 1969, estabeleceu as atribui90es

profissionais do Terapeuta Ocupacional, assegurando-Ihe 0 uso exclusivo de

metodos e lecnicas terapeuticas e recreacionais com a finalidade de restaurar,

desenvolver e conservar a capacidade do individuD.

A prime ira entidade de classe dos Terapeutas Ocupacionais criada no Brasil

foi a Associa,ao dos Terapeutas Ocupacionais da Guanabara. A dez (10) de

novembro de 1964, criou-se em Sao Paulo, a Associac;ao Paulista de Terapeutas

Ocupacionais (FINGER,1986).

6.6 TERAPIA OCUPACIONAL EM JOINVILLE

A historia da Terapia Ocupacional em Joinville, leve seu inicio na Associar;80

Catarinense de Ensino, quando em 06/11/1985 foi instituido atraves do decreto lei

nO 91.891, sendo oficializado atraves do Diario Oficial da Uniao de 08/11/1985, com

reconhecimento atraves da Portaria 1124 de 06/12/1990 e oficializado pelo Diario

Oficial da Uniao de 10/12/1990.

A primeira contrata,ao de profissional Terapeuta Ocupacional pelo

municipio ocorreu em 09/05/1988, 0 profissional vindo do interior paulista, passa a

exercer a funr;80 de Tecnico em Assuntos Educacionais, par naG haver a funyao de

Terapia Ocupacional no quadro funcional da prefeitura. A partir desta data iniciou-se

as trabalhos dos atendimentos terapeuticos aos portadores de transtorno mentais,

que ate entao eram somente medicados e nao reabilitados para 0 meio social.

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Atualmente14 TerapeutasOcupacionaislazem parte do quadro luncional da

prefeitura, exercendo atividades nos postas e nucleos de atendimento aos

portadores de transtornos menta is, objetivando atraves do processo terapeutico a

reinsen;ao destes no meio social.

A Terapia Ocupacional, dentro do processo terapeutico mesma com as

pacientes em lase aguda internados na Ala Psiquiatrica, torna-se um elo de

fundamental importancia para resgatar as capacidades funcionais do paciente, este

trabalho tern sua sequencia apes 0 individuo reeeber alta hospitalar, sendo

encaminhados para os postas de atendimentos form ados par urna equipe

multidisciplinar composta por Psiquiatra, Terapeuta Ocupacional, Psicologo,

Assistente Social e Tecnico de Enfermagem, dando continuidade aD tratamento.

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7CONCLUSAO

Resgatar a historia da saude mental, as precursores e a forma de como eram

e hoje sao tratados os portadores de transtornos menta is em Joinvill8, possibilitou a

verificac;ao da forma e os melodos utilizados no processo terapeutico. Observou-se

ainda, os grandes avanc;osa partir de 1985 com a inclusao dos servic;osde apoio ao

Programa de Saude Mentat, com a cria9ao, atraves da Secretaria da Saude de

postos de atendimentos, Nucleo de Apoio Psicossociat, (NAPS) Programa de

Atendimento Psicossocial (PAPS), e outros, onde sao desenvolvidos programas e

projetos para 0 desenvolvimento assistencial.

Os postas assistenciais sao dotados de equipe multidisciplinar, sendo a

Terapia Ocupacional parte do tratamento atraves da realiza9iio de atividades em

oficinas terapeuticas objetivando a reinserry80 destes individuos aD meio social. As

estruturas fisicas dos 6rg805 assistenciais sao limitados em seus espac;os, naD

proporcionando urn conforto para a adequayao das oficinas, salas para

atendimentos individualizados e dinamicas de grupos. Observou-se ainda que em

virtude da demanda de pacientes encaminhados a estes setores, a numero de

profissionais e insuficiente para prestar urn atendimento efetivo para proporcionar a

readaptagl30 e reinsen,;:aodestes indivfduos ao meio social em um menor espago de

tempo. A capacidade de absor9iio hospitalar, nao e compativel em rela9iio a

demanda de pacientes que necessitam de intemagao pais conta-se com apenas 27

leitos em um hospital administrado pelo Estado. E ainda tem como agravante a

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absorgao dos pacientes de municfpios vizinhos, mantendo constantemente

esgotados a capacidade de internac;ao, sendo necessario encaminhar para hospitais

de Flarian6palisau Curitiba.

Faz-se necessaria a,oes paliticas que viabilizem as demais haspitais

publicos au privados dentro do municipio a criarem setores especializados para

receberem estes pacientes e oferecer-Ihes urn tratamento adequado, par ser este

urn direito de todo cidadao independente de sua situar;ao s6cio-econ6mica e

cultural.

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