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1 1. INTRODUÇÃO Existem vários fatores que contribuem para o aumento dos resíduos no âmbito mundial, o crescimento populacional, o crescimento econômico, o aumento do poder aquisitivo, a indução ao consumismo, entre outros. Para atender as necessidades cada vez maiores dos consumidores, mais produtos são fabricados, gerando mais embalagens para armazenar seus produtos, sejam eles alimentícios, para vestuário ou materiais diversos. Na grande maioria, os produtos são acondicionados por embalagens nem sempre necessárias. Algumas dessas embalagens têm seu retorno garantido ao ciclo de reciclagem ou reutilização. Outras são simplesmente descartadas como rejeito pelo consumidor por não existirem campanhas de incentivo a separação adequada. Embalagens bem projetadas, coloridas e com design arrojado são destaque em várias redes de comércio isso porque aumentam a visibilidade e consequentemente às vendas. Novos produtos são lançados gerando novas embalagens e conseqüentemente mais resíduos, em uma velocidade, nem sempre acompanhada pelo reaproveitamento e reciclagem. A questão dos resíduos sólidos no Brasil tem sido amplamente discutida, principalmente a partir da publicação dos resultados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), em 2002, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007). Estes resultados mostraram a necessidade de maior envolvimento em todas as etapas da gestão de resíduos sólidos, desde o gerador até a definição de políticas públicas em todos os âmbitos, principalmente municipais. Segundo a PNSB, de todos os resíduos coletados, cerca de 3,6% são destinados aos aterros sanitários; 21,2% são encaminhados a lixões; 4,3% são

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Page 1: Introdução - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/05/ESTELA_TCC_FINAL...5 2. REFERENCIAL TEÓRICO Esta revisão bibliográfica apresenta a legislação pertinente aos resíduos

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1. INTRODUÇÃO

Existem vários fatores que contribuem para o aumento dos resíduos no

âmbito mundial, o crescimento populacional, o crescimento econômico, o aumento

do poder aquisitivo, a indução ao consumismo, entre outros.

Para atender as necessidades cada vez maiores dos consumidores, mais

produtos são fabricados, gerando mais embalagens para armazenar seus produtos,

sejam eles alimentícios, para vestuário ou materiais diversos.

Na grande maioria, os produtos são acondicionados por embalagens nem

sempre necessárias. Algumas dessas embalagens têm seu retorno garantido ao

ciclo de reciclagem ou reutilização. Outras são simplesmente descartadas como

rejeito pelo consumidor por não existirem campanhas de incentivo a separação

adequada.

Embalagens bem projetadas, coloridas e com design arrojado são destaque

em várias redes de comércio isso porque aumentam a visibilidade e

consequentemente às vendas. Novos produtos são lançados gerando novas

embalagens e conseqüentemente mais resíduos, em uma velocidade, nem sempre

acompanhada pelo reaproveitamento e reciclagem.

A questão dos resíduos sólidos no Brasil tem sido amplamente discutida,

principalmente a partir da publicação dos resultados da Pesquisa Nacional de

Saneamento Básico (PNSB), em 2002, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2007). Estes resultados mostraram a necessidade de maior

envolvimento em todas as etapas da gestão de resíduos sólidos, desde o gerador

até a definição de políticas públicas em todos os âmbitos, principalmente municipais.

Segundo a PNSB, de todos os resíduos coletados, cerca de 3,6% são

destinados aos aterros sanitários; 21,2% são encaminhados a lixões; 4,3% são

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destinados a estações de triagem, compostagem ou incineração e o restante, pouco

mais de 70%, está relacionado a outro destino final como, por exemplo, aterros

controlados (IBGE, 2007).

Medidas de separação, consumo consciente e constantes campanhas

educativas, utilizando diversos recursos como os 5R’s: reciclar, reduzir, reutilizar,

responsabilizar e respeitar contribui para as mudanças, sejam elas, a redução na

geração de resíduos ou a sua definição final.

Segundo o dicionário prático da língua portuguesa Michaelis, educar

significa: dar educação, formar a inteligência e o caráter, educar bem os filhos,

cultivar a inteligência, instruir-se. Desta forma, educar não significa apenas dizer

como e o que fazer, mas mostrar como se faz. Essa premissa certamente é o melhor

caminho para os desafios ambientais instalados no presente e diagnosticados para o

futuro.

Atualmente, as forças estão voltadas para a minimização de impactos

ambientais idealizando um novo fim já que comprovadamente não é possível realizar

um novo começo. Para tantas discussões e especulações do mundo globalizado

não há lugar para suposições, se faz necessário, estudos direcionados a fim de

conter os avanços causados pela constante geração de resíduos.

Contudo, por mais que todo o ser humano dê a destinação correta aos

resíduos que produz, ainda assim, essa medida mostra-se insuficiente dada à escala

produtiva de novas embalagens. Pesquisas realizadas no ano de 2007

demonstraram que cada brasileiro produzia aproximadamente 1 kg de lixo, desta

forma, a produção de lixo doméstica estava entre 125.000 mil toneladas por dia

(SECAD, 2007).

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O mercado de embalagens plásticas está em ascendência, a tal ponto que

não é possível mais eliminá-lo do cotidiano e por conseqüência, um potencial

gerador de resíduo.

Um das embalagens largamente utilizadas pelas indústrias de alimentos é o

BOPP (Polipropileno bi-orientado), para o acondicionamento de seus produtos. Há

uma carência de estudos para seu reaproveitamento pós-consumo.

Por ser produzido em grande quantidade, se faz necessária uma

investigação no sentido de identificar formas de reciclagem e reutilização do

polipropileno bi-orientado pós-consumo visando amenizar os impactos causados ao

meio ambiente.

Este estudo propõe uma solução ambiental para o polipropileno biorientado

pós-consumo descartado como rejeito nas associações de catadores de materiais

recicláveis e destinados para o aterro sanitário da cidade de Curitiba no Estado do

Paraná.

1.1 JUSTIFICATIVA

Em agosto de 2010 foi observado, em 11 associações de catadores de

materiais recicláveis em diversos bairros da Cidade Industrial de Curitiba no Estado

do Paraná, um grande volume de material plástico, identificado posteriormente como

polipropileno bi-orientado BOPP, sendo destinado ou qualificado como rejeito por

estas associações.

Essas associações recebem material separado pela população de Curitiba

por meio de caminhões. A capacidade de cada caminhão é variável podendo

chegar a duas toneladas de carga cada. Desse total, aproximadamente 10% torna-

se rejeito, e entre esse, está o BOPP, material leve, porém volumoso.

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Segundo entrevistas aos catadores das associações, o polipropileno

biorientado - BOPP não tem valor comercial, também informaram que desconhecem

compradores para esse material na região de Curitiba. Quando questionados sobre

o descarte irregular do BOPP, afirmaram que a não separação se dá devido ao

grande volume gerado do material e que o valor pago é insuficiente.

O BOOP é classificado com simbologia do material PP número 5, conforme

a norma da ABNT 13.230. A ausência de uma identificação pertinente poderá

nulificar a cadeia de reciclagem do polipropileno bi-orientado pós-consumo.

A justificativa desse estudo está na constatação da necessidade de uma

separação mais eficiente de resíduos plásticos, mais especificamente do material

denominado BOPP pós-consumo, pois, este material está sendo largamente

descartado como rejeito pelas associações já citadas (ABNT, 2008).

1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Este trabalho tem como objetivo geral uma hipótese de solução ambiental

para o destino do material polipropileno bi-orientado pós–consumo descartado como

rejeitos em associações de catadores na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná.

Para alcançar o objetivo geral desta pesquisa, os seguintes objetivos

específicos foram estabelecidos:

Realizar o levantamento de dados sobre o polipropileno bi-orientado -

BOPP para esta pesquisa;

Realizar revisão bibliográfica referente às soluções hoje mais aplicadas

para este material;

Definir a melhor hipótese de solução ambiental para o destino do

material.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Esta revisão bibliográfica apresenta a legislação pertinente aos resíduos

sólidos, ABNT-NBR 10004/04, apontando as definições, classificação,

segregação/coleta. Também são apontadas as simbologias citadas na normativa do

CONAMA nº 275. Por seguinte, são abordadas as interfaces dos plásticos, produção

de embalagens e sua destinação final. Por fim, são abordados o polipropileno (PP),

o polipropileno biorientado (BOPP) e quais os riscos de impactos ambientais

causadas pelo BOPP relacionadas a este estudo.

2.1 LEGISLAÇÃO APLICADA A RESÍDUOS SÓLIDOS – NBR 10004/04

No dia 7 de julho 2010, foram aprovadas no Senado, as adequações da

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) depois de aproximadamente duas

décadas. Estas mudanças foram apontadas como um significativo avanço na

legislação brasileira. A produção diária de lixo no Brasil gira em torno de 150 mil

toneladas e 59% são destinadas aos lixões. Em artigo publicado em 28 de julho de

2010, no jornal O Estado de São Paulo, a pesquisadora, diretora e coordenadora da

área de Meio Ambiente Urbano do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, avaliou os

pontos positivos e negativos da nova lei (OCEANOGRAFIA, 2010).

"Entre os positivos eu destacaria, em primeiro lugar, o fato de que o texto

aprovado é enxuto e enfatiza a redução, o reúso e o reaproveitamento. Em segundo

lugar, o texto tem dez referências à participação das cooperativas de catadores no

processo de gestão de resíduos. Há, inclusive, a previsão de financiamento para

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municípios que façam coleta seletiva com catadores, medida indutora do

desenvolvimento das cooperativas", comentou Grimberg.

Grimberg disse ainda que a nova legislação corrigiu alguns pontos falhos na

lei como a proibição da importação de resíduos perigosos e rejeitos onde as

características originem impactos negativos ao ambiente e à saúde.

A pesquisadora Elisabeth Grimberg finalizou com elogios ao planejamento

das metas e prazos previstos para a elaboração da PNRS, bem como o tratamento

consorciado de resíduos.

"O fato de a lei garantir remuneração ao Estado, caso ele tenha de se

ocupar das atribuições relativas à logística reversa dos geradores, também é

positivo", completou.

Quanto aos pontos negativos, salientou os artigos 9º e 33 da

regulamentação. O primeiro "abriu possibilidades para a 'recuperação energética'

dos resíduos, ou seja, a incineração".

A pesquisadora coloca em questionamento a queima devido a sua toxidade.

Segundo sua avaliação, após a queima os resíduos restantes como a cinza, deverão

ser encaminhados para um aterro especialmente preparado para esse fim. Citou

também a análise do ciclo de vida das embalagens, onde segundo ela, os

fabricantes também devem repensar seus produtos.

Elisabeth Grimberg decorre contrária ao artigo 33. Segundo ela, o artigo que

trata da logística reversa é muito flexível, pois deixa os grandes geradores de

resíduos (as empresas) a liberdade de escolha quanto ao recolhimento do material

ou não recolhimento. Sendo assim, a população deverá aceitar simplesmente a

decisão das empresas sem contestar a logística reversa.

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Em discurso o Sr. Severino Lima Júnior, representante do Movimento

Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, durante cerimônia em que o

presidente Lula sancionou a lei que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos no

Brasil, no dia 7 de julho 2010, disse que a discução sobre a PNRS é antiga, que a

grande preocupação do MNCR se refere à incineração, pois quando realizada a

incineração, automaticamente se deixa de reciclar. Admite que foram importantes as

mudanças, mas o MNCR não concorda com a incineração, porque diminui o material

que gera renda para os catadores. Informou que está à disposição no site do

movimento, à posição da categoria sobre a incineração e os perigos a saúde

humana. Entendem que a queima de resíduos chamado “reaproveitamento

energético” tem como premissa a queima de resíduos orgânicos, porém será

necessária a queima de outros produtos que podem ser reciclados como o papel e o

plástico, por exemplo.

De forma a corroborar as normas técnicas e aperfeiçoar a classificação de

resíduos sólidos, a ABNT criou a CEET, Comissão de Estudo de Resíduos

Sólidos, a fim de avaliar a constante preocupação da sociedade em relação aos

impactos ambientais a legislação determina a classificação dos resíduos sólidos

em dois grupos:

Resíduos perigosos.

Resíduos não perigosos (inerte e não inerte).

2.1.1 Definição

“Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes definições: Resíduos sólidos: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

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determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. ”(ABNT, 2004).

2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos

Resíduos Classe I - Perigosos - São aqueles que apresentam

periculosidade ou uma das características descritas em 4.2.1.1 a 4.2.1.5 da NBR

10004:2004, ou constem nos anexos A ou B.

Resíduos Classe II A – Não Inerte – São aqueles que não se enquadram na

classificação de resíduos CLASSE I – Perigosos ou de resíduos CLASSE II B – Não

Inertes. Os resíduos classe II A pode ter propriedades, tais como: combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduo Classe II B – Inerte - Qualquer resíduo que, quando amostrado de

forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato

estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente,

segundo a ABNT NBR 10006, não tenham nenhum de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G.

2.1.3 Segregação / Coleta

O apontamento da normativa do CONAMA nº 275 de 25 de Abril de 2001

Será utilizado o padrão de cores abaixo para identificação dos coletores, em

conformidade como a resolução CONAMA.

Coletores marrons - Orgânicos;

Coletores vermelhos – Plásticos;

Coletores azuis – Papel;

Coletores verdes – Vidros;

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Coletores pretos – Madeira;

Coletores amarelos – Metal;

Coletores laranja - Diversos Contaminados;

Coletores cinza: Lixo Comum,

Coletores brancos: Ambulatorial.

Todos os coletores deverão estar identificados por cor e inscrição para

facilitar a visualização dos resíduos a ser depositado em cada lixeira. A coleta de

resíduos contaminados proveniente de vazamentos será feita em depósitos

devidamente dimensionados conforme seu volume. Deverá estar devidamente

fechado, sinalizado e deve ser encaminhado para depósitos específicos (CONAMA,

2001).

2.1.4 Simbologia

A simbologia conforme a ABNT/NBR 13.230: embalagens e

acondicionamentos plásticos recicláveis – identificação e simbologia. Rio de Janeiro,

2008. 8p.

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QUADRO 2.1.4 - SIMBOLOGIA RECICLAGEM PLÁSTICOS

Produtos: embalagens para detergentes e óleos automotivos, sacolas de

supermercados, garrafeiras, tampas, tambores para tintas, potes, utilidades

domésticas, etc.

Benefícios: inquebrável, resistente a baixas temperaturas, leve, impermeável,

rígido e com resistência química.

Produtos: embalagens para detergentes e óleos automotivos, sacolas de

supermercados, garrafeiras, tampas, tambores para tintas, potes, utilidades

domésticas, etc.

Benefícios: inquebrável, resistente a baixas temperaturas, leve, impermeável,

rígido e com resistência química.

Produtos: embalagens para água mineral, óleos comestíveis, maioneses, sucos.

Perfis para janelas, tubulações de água e esgotos, mangueiras, embalagens para

remédios, brinquedos, bolsas de sangue, material hospitalar, etc.

Benefícios: rígido, transparente, impermeável, resistente à temperatura e

inquebrável.

Produtos: sacolas para supermercados e boutiques, filmes para embalar leite e

outros alimentos, sacaria industrial, filmes para fraldas descartáveis, bolsa para

soro medicinal, sacos de lixo, etc.

Benefícios: flexível, leve transparente e impermeável.

Produtos: filmes para embalagens e alimentos, embalagens industriais, cordas,

tubos para água quente, fios e cabos, frascos, caixas de bebidas, autopeças, fibras

para tapetes utilidades domésticas, potes, fraldas e seringas descartáveis, etc.

Benefícios: conserva o aroma, inquebrável, transparente, brilhante, rígido e

resistente a mudanças de temperatura.

Produtos: potes para iogurtes, sorvetes, doces, frascos, bandejas de

supermercados, geladeiras (parte interna da porta), pratos, tampas, aparelhos de

barbear descartáveis, brinquedos, etc.

Benefícios: impermeável, inquebrável, rígido, transparente, leve e brilhante.

Neste grupo encontram-se, entre outros, os seguintes plásticos: ABS/SAN, EVA,

PA e PC.

Produtos: solados, autopeças, chinelos, pneus, acessórios esportivos e náuticos,

plásticos especiais e de engenharia, CDs, eletrodomésticos, corpos de

computadores, etc.

Benefícios: flexibilidade, leveza, resistência à abrasão, possibilidade de design

diferenciado.

FONTE: Adaptado de PLASTIVIDA – INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL DO PLÁSTICO.

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2.1.5 Destinação dos resíduos sólidos

No Brasil, a constatação da presença indiscriminada dos resíduos no

ambiente, torna-se cada vez mais visível. Infelizmente, na há informações

estatísticas precisas sobre a demanda de resíduos sólidos no Brasil. Sabe-se que as

quantidades são elevadas e os problemas gerados são alarmantes. Algumas

tecnologias e políticas adequadas foram observadas em países desenvolvidos. O

caminho da qualidade ambiental está em ascendência no Brasil. Nos últimos anos,

foram implantados diversos meios para aperfeiçoar a separação de resíduos sólidos

e diminuir os impactos ambientais decorrentes do acumulo de materiais nos aterros

sanitários. A existência das embalagens descartáveis só foi possível, a partir da

reciclagem de uma parcela significativa das mesmas. (FERREIRA, 1995).

Os gerenciamentos de resíduos sólidos requerem recursos onerosos. O que

se percebe são planejamentos técnicos inviáveis e de alto custo. Artifícios como

caminhões compactadores, que não atendem a demanda, têm seu custo muito

elevado e consomem recursos públicos que, por sua vez, contribuem para o

crescimento desse déficit (FERREIRA, 1995).

A destinação não é algo simples, sustentabilidade não é algo que se possa

afirmar levianamente. Desnecessário citar que a vida do planeta e da própria

humanidade está em risco. A saída poderá ser a escolha de consumo. Consumir

causa impactos, o que ocorre depois do consumo é que definirá se esse impacto

será positivo ou negativo. O destino do resíduo sólido poderá ter seu impacto

facilitador a fim de construir um mundo melhor, ou deixar para a próxima geração

esse saldo negativo (DIAS, 1993).

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A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais apontou que em 2009 foram geradas 22 milhões de toneladas de resíduos

sólidos urbanos, e que estes tiveram uma disposição inadequada o que segundo a

ABRELPE, equivale a 154 estádios do Maracanã repletos de lixo. Também são

apontados problemas de avanço no sentido de otimizar conforme o planejamento de

décadas passadas podendo acarretar impactos negativos ao meio ambiente. No

Brasil são gerados atualmente cerca de 182.728 toneladas de resíduos sólidos

urbanos diariamente. Desse total, 21.644 toneladas que não são coletadas e, sendo

assim, acabam sendo dispostos em córregos, rios, terrenos baldios e outros lugares

inadequados. O total coletado em 2009 foi de 161.084 t/dia, das quais 91.524 t/dia

foram depositadas adequadamente em aterros sanitários e 69.560 t/dia tiveram

disposição inadequada, sendo 38.459 t/dia em aterros controlados e 31.101 t/dia em

lixões (ABRELPE, 2010).

Os índices de geração e coleta de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), por

habitante, ultrapassaram em mais de seis vezes o índice de crescimento da

população no Brasil, apontado pelo censo do IBGE no ano de 2010. A Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos (GIRS) é composta por várias ações destinadas a

reduzir as quantidades de resíduos gerados e promover a sustentabilidade por meio

de ações educativas, que por sua vez contemplem estímulos positivos e indutores

de boas práticas. A ABRELPE informa ainda em sua publicação “Panorama dos

resíduos sólidos no Brasil 2010” que com ações de redução dos resíduos gerados;

melhor utilização dos produtos; separação dos resíduos e encaminhamento destes

para processos de reciclagem; adoção de ações para recuperar a energia contida

nos resíduos cuja reciclagem não for viabilizada; e implementação da solução de

tratamento e destinação que traga consigo a melhor tecnologia disponível com custo

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que seja acessível pela população a ser servida, podem amenizar

consideravelmente os impactos ambientais eminentes (ABRELPE, 2010).

2.2 PLÁSTICOS

Em muitos segmentos importantes, o crescimento do mercado de materiais

poliméricos tem sido superior a 10% ao ano ao longo das últimas décadas

(ABIQUIM, 2002).

Esse crescimento do setor é devido à enorme flexibilidade das aplicações

que podem ser desenvolvidas com esses materiais, além do baixo custo e baixa

densidade de boa parte dos polímeros comercialmente importantes (ABIQUIM,

2002).

Muitas novas tecnologias de produção de resinas poliméricas têm sido

desenvolvidas e polímeros com as mais diversas propriedades são hoje produzidos.

Conseqüentemente, os materiais poliméricos foram e vêm gradativamente

substituindo outros materiais tradicionais, como o vidro, os metais e a madeira

(RABELLO, 1999).

No entanto, devido à lenta degradação dos materiais plásticos e aos

crescentes níveis de produção, esses materiais têm sido sumariamente descartados

como lixo pelos consumidores e vêm se acumulando no meio ambiente,

sobrecarregando os aterros sanitários e causando a impressão de poluição

descontrolada (RABELLO, 2007).

Para que a pressão ambiental não provoque a eventual redução da

utilização desses utilíssimos materiais, é de extrema importância que se

desenvolvam técnicas eficientes de reciclagem. O tempo de vida útil dos materiais

poliméricos varia em função da sua utilização final, ou seja, tempo de utilização do

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material plástico, sendo que em cerca de 20% dos casos, o tempo previsto para uso

e descarte é inferior a um ano. Essa é a principal área onde é possível atuar com o

objetivo de diminuir a quantidade de plástico descartado nos aterros sanitários

municipais, principalmente em relação aos materiais provenientes de embalagens

(REBELLO, 1999).

Segundo PINTO (2007), o plástico deve ser tratado como matéria-prima e

não como rejeito. Este autor enfatiza esta questão uma vez que, estes resíduos

geram acúmulos nos aterros sanitários, além de serem descartados sem nenhum

cuidado ou controle nas áreas urbanas.

A Plastivida - Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos realizou um estudo

sobre a Indústria de Reciclagem Mecânica dos Plásticos no Brasil (IRMP) com

índices estatísticos para servir de base no Brasil e suas regiões distintas. São

apresentados nos quadros 2.2.1, 2.2.2 e 2.2.3 (ABRELPE, 2007).

A ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico destacou o

aumento significativo em 58 anos de produção de plásticos no mundo, conforme

apontado no quadro 2.2.1. A produção de transformados plásticos em 2009 chegou

a 5,19 milhões de toneladas conforme o quadro 2.2.2, um aumento de 1% em

relação ao ano de 2008. Já o consumo aparente de transformados plásticos citado,

no quadro 2.2.3, foi de 5,38 milhões de toneladas que comparado ao ano anterior,

apontou um aumento de 1,6%.

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QUADRO 2.2.1 – PRODUÇÃO MUNDIAL DO PLÁSTICO

FONTE: Adaptado de ABIPLAST – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLASTICO

QUADRO 2.2.2 - PRODUÇÃO E CONSUMO DO SETOR DE TRANSFORMAÇÃO DO PLÁSTICO

FONTE: Adaptado de ABIPLAST – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLASTICO

PRODUÇÃO MUNDIAL DO PLÁSTICO (em milhões de

toneladas)

1,5

50

100

200

260245

0

50

100

150

200

250

300

1 1950 1976 1998 2002 2007 2008

PRODUÇÃO E CONSUMO DO SETOR DE TRANSFORMAÇÃO DO

PLÁSTICO

2000 - 2009 ( em mil tonetadas)

3.888 3.822 3.916 3.817

4.220 4.2134.536

4.8815.143 5.194

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 102000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

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QUADRO 2.2.3 - CONSUMO APARENTE DE TRANSFORMADOS PLÁSTICO 2000 - 2009 (em mil toneladas)

FONTE: Adaptado de ABIPLAST – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLASTICO

Com o objetivo de apurar a situação das indústrias de reciclagem de

plásticos no Brasil, a Plastivida – Instituto Sócio Ambienta, realizou um estudo a fim

de estimar por meio estatístico no ano de 2003, um estudo sobre a IRMP – Indústria

de Reciclagem Mecânica dos plásticos. No quadro 4.2.4 são apresentados os

resultados da origem do resíduo plástico consumido no Brasil. O quadro 4.2.5

destaca a reciclagem de plásticos por tipo de resíduos plástico consumido no Brasil,

destacando o PP – polipropileno que ocupa a terceira posição na reciclagem,

ficando apenas atrás PEBD/PELBD e PET. Quanto à reciclagem de plástico pós-

consumo por tipologia citado no quadro 4.2.6, o PP aparece em quarto lugar, com

7,17% de reciclagem (ABRELPE, 2010).

CONSUMO APARENTE DE TRANSFORMADOS PLÁSTICO

2000 - 2009 ( em mil toneladas)

3.983 3.982 3.9903.840

4.249 4.2404.496

4.959

5.298 5.383

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 102000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

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QUADRO 2.2.4 – ORIGEM DO RESÍDUO PLÁSTICO CONSUMIDO NO BRASIL

ORIGEM

QUANTIDADE DE RESÍDUO

PLÁSTICO CONSUMIDO (T/ANO)

(%)

Pós-consumo 500.672 59,38

Industrial 342.517 40,62

Total 843.189

FONTE: Adaptado de PLASTIVIDA – INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL DOS PLÁSTICOS/2005.

QUADRO 2.2.5 - RECICLAGEM DE PLÁSTICOS POR TIPO DE RESÍDUO PLÁSTICO CONSUMIDO NO BRASIL

TIPO DE RESÍDUO PLÁSTICO

QUANTIDADE (T/ANO)

(%)

PET 454.925 19,79

PEAD 335.387 14,59

PVC 149.736 6,51

PEBD/PELBD 788.713 34,30

PP 381.062 16,57

OS 133.441 5,80

Outros tipos 55.896 2,43

Total 2.299.160

FONTE: Adaptado de PLASTIVIDA – INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL DOS PLÁSTICOS/2005.

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QUADRO 2.2.6 - RECICLAGEM DE PLÁSTICO PÓS-CONSUMO POR TIPOLOGIA

TIPO DE RESÍDUO

PLÁSTICO

QUANTIDADE (TON/ANO)

(%)

PET 244.428 53,70

PEAD 51.896 11,40

PVC 9.742 2,14

PEBD/PELBD 89.995 19,77

PP 32.641 7,17

OS 18.389 4,04

Outros tipos 8.068 1,77

Total 455.159

FONTE: Adaptado de PLASTIVIDA – INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL DOS PLÁSTICOS/2005.

2.3 PRODUÇÃO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS

Os dados mais recentes disponibilizados pelas associações que congregam

as empresas dos segmentos mais diretamente envolvidos na fabricação de

embalagens e produtos potencialmente recicláveis são referentes ao ano de 2006.

Segundo informações do Plastivida os estudos não foram alvos de projeções

ou estimativos para o ano de 2007 em função das dificuldades no conhecimento do

comportamento dos principais recicláveis relativamente ao desempenho geral do

mercado. Isto se deu pela ausência de mecanismos de avaliação das atividades de

coleta e retorno dos mesmos ao processo produtivo e ainda pelo desconhecimento

da demanda real e potencial de sua utilização. Alguns dados estatísticos, referentes

ao ano de 2010, sobre a produção de embalagens são apresentados no gráfico

2.3.1 (PLASTIVIDA, 2010).

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GRÁFICO 2.3.1 – PRODUÇÃO FÍSICA DE EMBALAGENS - 2007

FONTE: IBGE – SITADO POR PLASTIVIDA

A ABRE - Associação Brasileira de Embalagens apontou que a produção

física de todos os segmentos foi positiva, com crescimento de 16,29% no primeiro

semestre de 2010 em relação a 2009. A participação de cada segmento na indústria

de embalagens, comparado ao ano de 2009, destacou o crescimento do mercado de

embalagens metálicas, que saltaram de 17,6% para 26,6%. (ABRE, 2010)

2.4 RECICLAGEM DE EMBALAGENS PLÁSTICAS

2.4.1 O Plástico e a Cadeia Petroquímica

O plástico é um tipo de polímero que tem alto peso molecular composto por

encadeamento sucessivo de pequenas unidades repetitivas de baixo peso molecular

chamada monômero (HANSMANN E MUSTAFA,1993).

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Mecanicamente, os polímeros podem ser classificados em elastômeros,

plásticos e fibras. Os elastômeros são materiais que exibem grande capacidade de

deformação reversível à temperatura ambiente. As fibras são materiais constituídos

por moléculas lineares ou de baixa ramificação, orientadas longitudinalmente e que

apresentam pouca extensão. Os plásticos são materiais poliméricos e podem ser

moldados quando submetidos à alta temperatura ou pressão. A palavra plástico tem

origem no grego plastikós, a qual significa adequado à moldagem

(PLASTIVIDA/ABIQUIM, 1997).

Quanto ao comportamento térmico, os polímeros podem ser classificados

em dois tipos: termoplásticos e termofixos.

Termoplásticos são polímeros que permitem a fusão por aquecimento e,

após o resfriamento, podem ser novamente moldados; isto é, podem ser

reprocessadas várias vezes. Os termoplásticos são os polímeros mais largamente

utilizados e como exemplo podem ser citados o polietileno de baixa densidade

(PEBD), o polietileno de alta densidade (PEAD), o policloreto de vinila (PVC), o

poliestireno (PS), o polipropileno (PP), o polietileno tereftalato (PET), poliamidas

(PA), entre outros.

Termofixos (ou termorrígidos) são polímeros que, uma vez moldados, não

permitem mais a possibilidade de fusão, ou seja não podem ser reprocessados. Não

se fundem, porém se decompõem quando reaquecidos. Entre os termofixos, podem

ser citados, o poliuretano (PU) e o poliacetato de etileno vinil (EVA) (Pinto, 1995).

O consumo de plásticos em todo o mundo, inclusive no Brasil, vem

aumentando. Isso se deve às vantagens proporcionadas pelo plástico:

Ampla gama de propriedades, que vão desde a rigidez até a alta

elasticidade e transparência;

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Segurança no manuseio;

Pequeno investimento para a transformação;

Resistência à corrosão;

Baixa densidade que possibilita conseguir propriedades mecânicas

extraordinárias com um peso relativamente reduzido;

Comodidade para o consumidor;

Excelente capacidade para receber impressão em várias cores;

Grande durabilidade, inclusive devido à reciclabilidade. (WIEBECK,

1997)

Apesar da variabilidade dos termoplásticos, apenas seis representam cerca

de 90% do consumo no país: PEBD, PEAD, PP, PS, PVC e PET (PINTO, 2007).

Na sequência são apresentadas as principais características e suas

aplicações:

PEBD- é flexível, leve, transparente e impermeável. Suas principais

aplicações são sacolas para supermercados e lojas, filmes para embalar leite e

outros alimentos, sacaria industrial, filmes para fraldas descartáveis, bolsas para

soro medicinal, sacos de lixo, frascos, fios e cabos, etc.;

PEAD – é inquebrável, resiste a baixas temperaturas, é leve,

impermeável, rígido e apresenta resistência química. Suas principais aplicações são

embalagens para detergentes e óleos automotivos, sacolas de supermercados,

tampas, tambores para tintas, potes, utilidades domésticas, tubos e conexões,

engradados de bebidas, autopeças;

PP – conserva o aroma dos alimentos, é inquebrável, transparente,

brilhante, rígido e resiste a mudanças de temperatura. Suas aplicações principais

são filmes para embalagens e alimentos, embalagens industriais, cordas, tubos para

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água quente, fios e cabos, frascos, caixas de bebidas, autopeças, fibras para

tapetes, utilidades domésticas, potes de margarina, fraldas e seringas descartáveis;

PS – é impermeável, inquebrável, rígido, transparente, leve e brilhante.

Suas principais aplicações são potes para iogurtes, sorvetes e doces, frascos,

bandejas de supermercados, parte interna da porta de geladeiras, pratos, tampas,

aparelhos de barbear descartáveis, brinquedos, copos descartáveis;

PVC – é rígido, transparente, impermeável, resistente à temperatura e

inquebrável. As suas principais aplicações são embalagens para água mineral, óleos

combustíveis, maionese e sucos, perfis para janelas, tubulações de água e esgotos,

mangueiras, embalagens para remédios, brinquedos, bolsas de sangue, material

hospitalar, revestimento de fios e cabos elétricos, cortinas de chuveiro, toalhas de

mesa, bolsas e roupas de couro artificial, calçados;

PET – é transparente, inquebrável, impermeável e leve. Suas principais

Aplicações são frascos e garrafas para uso alimentício/hospitalar (principalmente

garrafas de refrigerante), cosméticos, bandejas para microondas, filmes para áudio e

vídeo e fibras têxteis. (PLASTIVIDA/ABIQUIM, 1997, Gonçalves et al., 1997). As

figuras abaixo ilustram estes seis principais termoplásticos.

FIGURA 2.4.2 – EXEMPLO DE MATERIAL TERMOPLASTICO PEBD

FONTE: Adaptado de http://www.recicloteca.org.br

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FIGURA 2.4.3 – EXEMPLO DE MATERIAL TERMOPLASTICO PEAD

FONTE: Adaptado de http://www.abeltrame.com

FIGURA 2.4.4 – EXEMPLO DE MATERIAL TERMOPLASTICO PP

FONTE: Adaptado de http://www.aparassaojudas.com.br/produtos FIGURA 2.4.5 – EXEMPLO DE MATERIAL TERMOPLASTICO PS

FONTE: Adaptado de http://www.tudosobreplasticos.com/poliestireno.html

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FIGURA 2.4.6 – EXEMPLO DE MATERIAL TERMOPLASTICO PVC

FONTE: Adaptado de http://brasil.acambiode.com FIGURA 2.4.7 – EXEMPLO DE MATERIAL TERMOPLASTICO PET

FONTE: Adaptado de http://www.funverde.org.br

Apesar das estatísticas elevadas de produção do plástico mundial, no Brasil

ainda apresenta um baixo consumo per capita de plásticos. A previsão para o Brasil

é de expansão, uma vez que o consumo nacional é de cerca de 19 kg/ habitante/

ano (CEMPRE, 1998).

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QUADRO 2.4.8 - ORGANOGRAMA - DIVISÃO DA MATÉRIA PRIMA.

FONTE: MICHAELI, TECNOLOGIA DOS PLÁSTICOS, 1995.

Petróleo (100%)

Nafta (20%) Outros (10%)

Gaseificação (13%)

MP p/ indústria química (7%)

Plástico (4%) Outros produtos químicos (3%)

Polietileno (PE) Polivinilclorida

(PVC)

Espuma de

poliuretano (PUR) Polipropileno

(PP)

Poliamida (PA) Poliéster (UP)

Poliestireno (PS)

Diesel e óleo para

aquecimento (70%)

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2.5 DESTINAÇÃO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS

Os resíduos plásticos podem ser classificados em:

Pré-consumo ou pós-industrial: resíduos que provêm principalmente de

sobras e aparas do processo de produção industrial;

Pós-consumo: resíduos provenientes do descarte de produtos pelos

consumidores (PLASTIVIDA/ABIQUIM, 1997).

Os plásticos apresentam resistência à degradação, são leves flutuam com

facilidade em lagos rios e enxurradas, por isso chamam mais atenção do que outros

matérias. Além disso, o plástico, quando é disposto em lixões ou aterros, gera

problemas adicionais aos comuns de outros materiais, já expostos anteriormente.

Quando os resíduos plásticos são depositados em lixões, os problemas principais

são a queima indevida e sem controle. Quando são depositados em aterros,

dificultam a compactação do lixo e prejudicam a decomposição dos materiais

biologicamente degradáveis, através da criação de camadas impermeáveis que

afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da

matéria orgânica (PINTO, 1995).

A reciclagem, então, passa a ser a melhor alternativa de destinação dos

resíduos plásticos. As pesquisas realizadas no ano de 1999, em cidades brasileiras

que já implantaram coleta seletiva afirmaram uma diminuição considerável no

volume dos aterros sanitários (CEMPRE, 1999).

Segundo o Engenheiro Químico Francisco de Assis Esmeraldo, em sua

coluna no site da Plastivida (2008), um país que não dá tratamento ambientalmente

correto aos seus resíduos jamais será sustentável. Coloca também, que este é um

dos maiores desafios a serem superados pelo Brasil, que dispõe de coleta seletiva

em somente 7% de seus municípios e está com parte de seus aterros sanitários já

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comprometidos. Desta forma, a reciclagem se tornou indispensável, pois diminui o

volume de materiais nos aterro, além de atuar como fonte de geração de renda.

Bem como a redução da extração de recursos não renováveis. (PLASTIVIDA, 2008),

No Brasil, a nova indústria da reciclagem contribui com aproximados meio

milhão de postos de trabalho, segundo Francisco (2008). Devido à necessidade de

gerenciamento dos resíduos gerados, muitos países sentiram a urgência de novas

diretrizes para a eficiência do manejo, criando assim nova forma de legislar.

(Esmeraldo, 2008).

As embalagens plásticas foram idealizadas para longa duração e para

possibilitar várias reciclagens. Existem várias iniciativas para a reciclagem do

plástico, porém, devido a sua grande capacidade calorífica, os plásticos são capazes

de ser aplicados na recuperação energética como também em fábricas de

siderurgia, fabricantes de cimento, entre outros. (PINTO, 2007),

2.6 POLIPROPILENO BIORIENTADO (BOPP)

2.6.1 DEFINIÇÃO

O BOPP (polipropileno biorientado) é um filme plástico, que substitui o

celofane, cuja matéria-prima é derivada do petróleo. É obtido por um processo de

transformação que pode ser ilustrado na sequência da seguinte forma: petróleo,

nafta, propeno, polipropileno e Bopp. Os filmes de BOPP são utilizados em sua

grande parte para a fabricação de embalagens para alimentos e também para a

fabricação de etiquetas e rótulos adesivos. Para identificar o BOPP seguem algumas

dicas:

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1. Na tentativa de rasgo inicial desorientado, haverá grande resistência.

Uma vez iniciada a ruptura, haverá grande facilidade de o rasgo deslizar

facilmente.

2. Poderá ser realizado um o teste de queima onde o BOPP caracteriza-

se por soltar uma fumaça branca.

3. Quanto à elasticidade do BOPP, possui pouca ou nenhuma

elasticidade (ASA-ESPAÇO, 2010).

A película de polipropileno biorientada, é um filme capaz de ser utilizado

como mono lâmina ou para fazer complexos, bem como outros polipropilenos

(metalizados, transparentes, anti-fog, acrílicos,etc ) , com outros materiais plásticos

como os Polietilenos, e , em geral com qualquer película ou suporte compatível.

Para manter a "crocância" do alimento, a estrutura precisa protegê-lo da luz. É

também injetado um gás inerte no envase para evitar a oxidação. Características:

-Excelente brilho e transparência

-Soldadura resistente a um amplo nível de temperaturas

-Excelente estabilidade dimensional

-Ótimas características mecânicas

O polipropileno biorientado consegue aumentar de duas e meia a três vezes

o tempo de validade do produto embalado (LIMER – CART, 1991).

2.6.2 APLICAÇÕES

O polipropileno biorientado – BOPP foi especialmente desenvolvido para

aplicações em embalagens flexíveis. Possui ótima capacidade térmica e permite a

impressão em seu exterior. Pode se produzido em larga escala e com grande

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aplicabilidade em diversos segmentos de mercado. A figura 3.2.1 apresenta alguns

exemplos de embalagens compostas por BOPP.

Diversos produtos utilizam embalagens com BOPP devido à necessidade de

proteção dos produtos em seu interior e garantir a qualidade.

Produtos como o café e chocolates, precisam ficar livres da presença de luz,

calor e da umidade, assim a embalagem de BOPP atende a essas necessidades.

Alguns alimentos além de manter-se isolados da luz, calor e umidade, também

visam a “crocância”.

Alguns comestíveis bastante comuns como os saches de mostarda,

maionese e catchup, também são acondicionados em embalagens de BOPP.

Anteriormente eram utilizados alumínios e plásticos celofanes para acondicionar os

alimentos, as limitações ocorriam com a mudança de cor, sabor, textura e o tempo

de validade dos mesmos. Alguns produtos apresentavam a exteriorização de

gorduras e graxas por não encontrar resistência na vedação das embalagens. Com

o surgimento do BOPP melhorou a qualidade e a proteção dos alimentos devido a

suas propriedades isolantes e também por sua forma de vedação.

O material BOPP ganhou destaque por sua praticidade, por seu apelo visual

e a variabilidade de aplicações. De forma geral o polipropileno biorientado – BOPP

tem atributos que garantem a proteção contra ações de agentes externos evitando a

contaminação dos produtos (EMBALAGEM IDEAL, 2009).

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FIGURA 3.2.1 – EXEMPLO DE LAMINADOS POLIPROPILENO BIORIENTATO – BOPP

FONTE: Adaptado de http://www.embalagemideal.com.br

2.6.3 RECICLAGEM DO BOPP

Existem várias maneiras de transformação de resíduos em fonte de riqueza.

Bons empreendedores encontram no que para muita gente é lixo, uma abundante

fonte de riquezas, o empresário Tom Szaky de 28 anos, GEO e fundador da

empresa Terracycle nos EUA, não perdeu tempo. Quando descobriu a possibilidade

de gerar lucros com o que aparentemente era rejeito, logo identificou parceiros para

transformar lixo em luxo.

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Essa iniciativa da Terracycle se espalhou por vários países até chegar ao

Brasil por conta de um brasileiro chamado Guilherme Brammer, na rede LinkedIn.

Brammer que havia trabalhado em uma empresa que produzia o polipropileno

biorientado, verificou uma possível fonte de lucros no descarte de do rejeito

industrial, com isso, trouxe à tona a questão da destinação do BOPP. Começou a

sua busca por empresas com a mesma visão sobre o reaproveitamento de rejeitos.

Na atualidade, conta com o apoio de grandes empresas e cidadão brasileiros

(TERRACYCLE, 2009).

A questão de geração de renda, de beneficiamento ao meio ambiente, e a

valorização das empresas que contribuem para a destinação correta e responsável

de seus resíduos, contribui em grande escala para a minimização dos impactos

ambientais e para a melhoria da vida no planeta. São necessárias idéias inovadoras

para a coleta e reutilização de embalagens como o BOPP pós-consumo, material de

fácil separação, porém, de difícil reciclagem, visto a falta de opção de reinserção na

cadeia produtiva e a desvalorização na venda desse material. A coleta seletiva é

falha na maioria dos casos propiciando o destino incorreto dessas embalagens

(TERRACYCLE, 2009).

"Uma solução inovadora para as grandes corporações se responsabilizarem pelo destino das embalagens de seus produtos. Além de irem ao encontro dos projetos de lei brasileiros atuais sobre a responsabilidade compartilhada do descarte de lixo". (TERRACYCLE, 2009)

A Terracycle tem um sistema de coleta direcionada, onde qualquer cidadão

ou entidade como, por exemplo, uma escola, pode acumular um volume de

polipropileno biorientado (BOPP) chegando a um total de 100 embalagens de

salgadinhos (Pepsico) ou de tang e encaminham por correio sem custo para a

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Terracycle conforme esquema de reciclagem na figura 3.3.1 e 3.3.2. Os

participantes receberam R$ 0,12 centavos por cada unidade enviada. Inicialmente é

realizado um cadastro no site da Terracycle. Segundo informações da empresa, o

material arrecadado, é transformado em novos materiais como bolsas, estojos,

sacolas, mochilas e vendidas em grades redes varejistas. Uma parte do valor

arrecadado é doada a instituições beneficentes (TERRACYCLE, 2009).

"Essa idéia beneficia qualquer grande empresa que possua embalagens difíceis de reciclar e nos ajuda a oferecer aos consumidores produtos eco-amigáveis, com preços acessíveis", acrescenta Szaky. (TERRACYCLE, 2009)

A primeira impressão parece complicada e morosa, mas os resultados

segundo a Terracycle são visíveis. Mais de 3.300 pessoas colaboraram com a coleta

do BOPP e 210.000 embalagens deixaram de ir para os aterros sanitários desde a

divulgação do projeto (TERRACYCLE, 2009).

FIGURA 3.3.1 FIGURA ESQUEMÁTICA DA RECICLAGEM PÓS-CONSUMO DO BOPP – TERRACYCLE

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FONTE: http://www.terracycle.com.br/brigades/brigada-tang.html?locale=pt-BR

FIGURA 3.3.2 PRODUTOS CONFECCIONADOS A PARTIR DO BOPP PÓS-CONSUMO – TERRACYCLE

FONTE: http://www.terracycle.com.br/

Outro exemplo de reciclagem de materiais plásticos incluindo o BOPP, vem

da empresa Wisewood S/A Soluções Ecológicas. Esta foi fundada por Rogério Igel

no ano de 2007, localizada na cidade de São Paulo - SP, com a finalidade de

encontrar alternativas e pesquisar compósitos plásticos recicláveis. O objetivo foi de

substituir a madeira por madeira plástica. A empresa idealizou aliar a tecnologia

com o reaproveitamento de materiais plásticos descartados como rejeito nos aterros

sanitário colaborando de maneira significativa, para o real aproveitamento do

resíduo plástico no Brasil. A educação tem o poder de transformar o homem e o

fazer cidadão, com princípios éticos e morais. O projeto “Madeira Sábia” tem por

objetivo trazer o jovem para perto de ações e atitudes sustentáveis, demonstrando

na prática uma postura ecologicamente correta (WISEWOOD, 2007).

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Conforme indicação da Wisewood S/A, a empresa, também proporciona

educação ambiental aos alunos interessados o processo de transformação, desde a

matéria prima (plásticos recicláveis) ao produto acabado (madeira plástica).

(WISEWOOD, 2007).

Um material produzido através da mistura de plástico pós-consumo e fibras

naturais, visualmente idênticas à madeira convencional, porém tecnicamente

apresenta inúmeras vantagens. Os produtos oriundos dessa nova tecnologia

industrial, segundo Igel, são modernos resultados de alta tecnologia industrial e

totalmente sustentável. A madeira plástica é feita através de materiais recicláveis,

evita que plásticos sejam acumulados em Lixões e Aterros, além disso, contribui de

forma direta com a preservação ambiental e minimiza a extração de florestas. Esse

novo conceito exprime alto padrão de qualidade e excelência operacional

produzindo vários produtos que substituem a madeira convencional. Esta tecnologia

de ponta nos permite produzir até 60.000 dormentes por ano por linha de produção

com qualidade e especificações técnicas comprovadas, podendo suprir qualquer

dimensão de emprego ferroviário, metroviário ou VLT (Veiculo Leve sobre Trilhos),

explica Igel (WISEWOOD, 2007).

Citam especialistas que para cada três dormentes de madeira plástica, três

árvores deixam de ser cortadas, reduzindo assim o desmatamento de florestas.

Sendo que esses dormentes podem ser reaproveitados servindo de matéria-prima

novamente (WISEWOOD, 2007).

A WISEWOOD S/A trabalha com diversos produtos como tábuas, Pallets

tendo versatilidade de aplicações. Produtos como bancos para praça, diques

externos para piscina, divisórias, cercas, boca de lobo, e como citado acima,

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dormentes para a malha ferroviária, são exemplos da versatilidade da madeira

plástica conforme a figura ilustrativa (WISEWOOD, 2007).

FIGURA 3.3.3 – EXEMPLO ILUSTRATIVO DA MADEIRA PLÁSTICA QUE CONTÉM MATERIAL PÓS-USO – BOPP

FONTE: Adaptado de http://www.wisewood.com.br/produtos.html

A empresa Vitopel Indústria Gráfica, localizada na cidade de São Paulo

comercializa papel sintético desde outubro/2009, a empresa utiliza a tecnologia

BOPP, para aplicação em rótulos, biscoitos, salgadinhos, pet foob, que contém

diversos tipos de plásticos em sua composição. A inovação se encontra na

tecnologia aplicada para transformar vários tipos de plásticos em plástico sintético e

entre eles o BOPP, PP e PE. A Vitopel junto com o Departamento de Engenharia de

Materiais da Universidade Federal de São Carlos (DEMa – UFSCar) desenvolveu

um projeto audacioso. Em três anos de pesquisas desenvolveu o papel sintético

capaz de substituir o papel tradicional e com vantagens significativas. Os plásticos

descartados nos aterros sanitários e lixões têm a oportunidade de serem

transformados em livros, cadernos, rótulos e etiquetas, cartazes, impressões digitais,

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panfletos entre outros. A vantagem desse novo material e a possibilidade de retornar

a cadeia produtiva, ou seja, ciclo de reciclagem (VITOPEL, 2010).

A empresa Vitopel, na busca de aperfeiçoar seu produto, aprimorou as

formulações originais para o papel sintético e desenvolveu um produto final com

características como espessura mais fina, e mais resistente, com acabamento

gráfico de alta definição, durabilidade e resistência à água e contaminantes líquidos

(VITOPEL, 2010).

Chamado de Vitopaper, o papel plástico pode ser aplicado em cadernos

e livros escolares, permitindo a escrita manual com canetas esferográficas, canetas

de ponta porosa e lápis. Já a impressão pode ser feita pelos processos

gráficos editoriais usuais, como off-set plana ou rotativa (VITOPEL, 2010).

2.7 IMPACTOS AMBIENTAIS

Não obstante, com o passar dos anos, o plástico além dos benefícios

visíveis ao homem, traz a ameaça ambiental. O passivo ambiental causado por

plásticos é apontado como o grande vilão do século.

De qualquer forma, não será possível impedir o avanço desse material,

largamente utilizado nas indústrias. Também não é possível imaginar a vida

cotidiana sem sua presença imponente. Seguramente os processos para

reaproveitamento e reciclagem do plástico serão decisivos para minimização dos

resíduos nos aterros. Outra questão aponta para o tempo de decomposição a qual

pode chegar a montantes indescritíveis e indesejáveis.

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Investigando dados estatísticos, depara-se com números assustadores,

onde colocar tanto plástico? Mesmo com planejados aterros sanitários com

capacidades ampliadas a demanda de plásticos supera todos os projetos. O que

está ocorrendo é investir matéria prima a “fundo perdido” (CANTO, 2004).

Algumas soluções são apontadas para minimizar esses problemas, a

produção reduzida ou controlada, a reciclagem, a incineração e a degradação

induzida.

A produção reduzida ou controlada, aparentemente simples, envolve a

questão financeira, trabalhista, e porque não citar a mídia e outros interesses

globalizados. Vivemos em uma sociedade “naturalmente” consumista. Enquanto

alguns se preocupam com a conscientização do consumo consciente, a mídia

mostra incessantemente variáveis de bens de consumo nem sempre essenciais. Um

incentivo ao consumismo que geram lucros e inevitavelmente, alimenta o sistema

produtivo.

A incineração, como solução ambiental não parece também uma saída

viável, devido à emissão de poluentes na atmosfera. Mesmo que essa técnica

permita que a matéria orgânica volte ao ciclo natural, não se justifica a formação de

gases como o carbônico e o cloreto de hidrogênio (HCI). E o que dizer do gás

cianídrico (HCN) letal? A queima caseira e mesmo a industrial é altamente

prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Sendo assim restam apenas à reciclagem e

a degradação como possíveis soluções para diminuir os impactos ambientais

causados pelos polímeros sintéticos (CANTO, 2004).

“Plástico degradável, é aquele que contém na sua composição, aditivos capazes de acelerar as baixas velocidades de decomposição características dos polímeros sintéticos; ou ainda, aquele que possui estrutura química tal que processos naturais permitam a degradação, sem necessidade da intervenção humana.” (CANTO, 2004, p. 98).

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O CETEA (Centro de Tecnologia de Embalagem) realizou um estudo técnico

em 2009 sobre o uso correto do símbolo de reciclagem para laminados de BOPP,

metalizado ou não, a pedido da empresa Vitopel do Brasil Ltda. O relatório

recomendou a adoção do símbolo PP( polipropileno) e o número 5, tanto para o

BOPP metalizado como para o não-metalizado. Relatou ainda que existe um banco

de dados na Plastivida com 196 empresas recicladoras de PP no Estado de São

Paulo (PLASTIVIDA, 2008).

A pesquisa foi realizada em dezenove empresas e apenas duas realizavam

a reciclagem de polipropileno biorientado não-metalizado e de origem industrial, não

reciclam pós-consumo (CETEA, 2009).

Em entrevista à catadores das associações, foi constatada a necessidade de

encontrar compradores do polipropileno biorientado pós-consumo - BOPP na região

de Curitiba, como também investigar o valor pago pelo material descartado ora como

rejeito. O anexo I permitiu identificar alguns pontos importantes desse estudo.

Por meio de entrevista on line, Marcus de Alencar; Tecnólogo em polímeros,

proprietário da empresa Plastmaxi Comercio de Aparas Plásticas Ltda, com sede

nesta cidade. Disse não mais comercializar o BOPP, pois está em outro ramo de

atividade. O montante comercializado do BOPP girava em torno de 80

toneladas/mês, durante um período de dois anos, o que perfez um total de 1.920

toneladas no período. As vendas foram realizadas na cidade de São Paulo – SP,

para duas empresas daquela localidade. O valor de compra informado por Marcus

foi de R$250,00 1/tonelada, e o valor de venda, 50% maior. Sendo assim, o valor

pago na compra do material pelo empresário representa de R$0,25 kg de BOPP.

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As empresas que forneceram durante dois anos o BOPP eram do ramo

industrial e o rejeito surgiu das aparas e/ou defeitos de fabricação e impressão, não

de BOPP pós-consumo. Do beneficiamento do BOPP surgiram novos produtos no

mercado como, baldes, bacias, entre outros. Informou ainda que desconhecer

compradores de BOPP pós-consumo na Cidade de Curitiba – PR.

Marcus finalizou afirmando que o BOPP que comercializava não era de

origem pós-consumo e sim de origem industrial, e que os poucos materiais de pós-

consumo vendia por um valor muito inferior, cerca de R$100,00 p/ tonelada. Dessa

forma pode-se dizer que o valor pago na fonte recicladora era de R$0,05 por 1/Kg de

BOPP pós-consumo, posto o exemplo anterior.

No anexo II, foi realizada a mesma entrevista com Arcedir Bonetti,

empresário atuante na comercialização de diversos tipos de plásticos, proprietário

da empresa Tio Sid Reciclagem, empresa localizada na cidade de Curitiba no

Estado do Paraná. Encontrou um nicho de mercado na comercialização do BOPP,

pois percebeu que poucos demonstravam interesse nesse material. Atuante a mais

de cinco anos na área plástica, comercializa atualmente 20 toneladas/mês de BOPP.

As vendas são direcionadas para a cidade de São Carlos no Estado de São Paulo.

Bonetti informou que o valor de compra gira em torno de R$150,00 p/ tonelada e o

valor de venda R$400,00 p/ tonelada. Analisando os valores, chega-se ao valor

pago para os recicladores de R$0,15 p/ Kg representando assim uma lucratividade

de 62,5%. Os fornecedores desses materiais são na sua maioria do ramo industrial

e algumas associações de catadores. Ou seja, material BOPP de aparas industriais

e uma inviável parte de BOPP pós-consumo.

O BOPP tem alguns contaminantes agregados como tintas e laminação,

segundo informou Bonetti, mas há uma variedade de produtos que podem ser

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fabricados a partir do BOPP aparas ou pós-consumo como, por exemplo, cabides

pallet entre outros. Na cidade de Curitiba também não citou compradores em

potencial do BOPP pós-consumo.

“Se cada um fizer a sua parte, todos ganham. Mas o maior beneficiado sem dúvidas

é o meio ambiente” (Arcedir Bonetti).

Levando em consideração os apontamentos quando ao valor de venda do

BOPP e o volume gerado, iniciou-se uma coleta de dados nas associações, para

apurar estas questões. Inicialmente foi realizado inicialmente um contato via rádio

com os assessores de apoio das associações, no sentido de verificar a possibilidade

de inserirem mais um item na separação diária dos catadores. Mediante a

aprovação dos assessores e da coordenação do projeto, realizamos a seleção

aleatória dos indivíduos que participaram da amostragem. Para que não houvesse

tendências de escolha, foi realizado um sorteio simples com papéis numerados. Os

catadores que retiraram os números de 01 a 08 participaram da amostragem. Isso

garantiu que a amostra fosse realizada por indivíduos escolhidos aleatoriamente.

A coleta de dados foi realizada em um único dia nas onze associações

participantes, onde oito integrantes realizaram a separação cotidiana de quarenta

materiais diferentes, e durante uma hora acrescentaram a separação do BOPP

conforme figuras 3.1,3. 2, 3.3 e 3.4.

Após o término do tempo estipulado, realizou-se a pesagem do material em

cada associação para posteriormente fazer os cálculos de viabilidade para a

separação do polipropileno biorientado.

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FIGURA 3.1 – IDENTIFICAÇÃO DO DESCARTE DE BOPP

FIGURA 3.2 –SEGREGAÇÃO DE BOPP

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FIGURA 3.3 – SEGREGAÇÃO DE BOPP

FIGURA 3.4 – AMOSTRA BOPP

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Trabalhar com amostragem significa considerar uma parte válida da

totalidade de elementos. Por não ser possível tratar de todos os elementos, a

aproximação de resultados é bastante considerável quando obtido de uma amostra

confiável (GIL, 1991).

O tipo de amostragem escolhida para este estudo foi amostragem aleatória

simples. Foi atribuído a cada elemento um número único e posteriormente

selecionados alguns dentre esses aleatoriamente. (GIL, 1991)

Na determinação do tamanho da amostra, foi utilizada a amplitude de uma

população finita com margem de erro de 10% devido ao tamanho da população que

se mostrou inferior em relação à amplitude da população de um universo de 1000

conforme orientação técnica tabelada disposta no quadro 5.2 (GIL, 1991).

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QUADRO 5.6 - Quadro para determinar a amplitude de uma amostra tirada de uma população finita com margens de erro de 1%, 2%, 3%, 4%, 5% e 10% na hipótese de p=0,5.

Amplitude da

população (universo)

Amplitude da amostra com as margens de erro acima indicadas

+/- 1% +/- 2% +/- 3% +/- 4% +/- 5% +/- 10%

............... ____ ____ ____ ____ 222 83

1000 ____ ____ ____ 385 286 91

1500 ____ ____ 638 441 316 94

2000 ____ ____ 714 476 333 95

2500 ____ 1 250 769 500 345 96

3000 ____ 1 364 811 517 353 97

3500 ____ 1 458 843 530 359 97

4000 ____ 1 538 870 541 364 98

4500 ____ 1 607 891 549 367 98

5000 ____ 1 667 909 556 370 98

6000 ____ 1 765 938 566 375 98

7000 ____ 1 842 949 574 378 99

8000 ____ 1 905 976 480 381 99

9000 ____ 1 957 989 584 383 99

10 000 5 000 2 000 1 000 488 383 99

15 000 6 000 2 143 1 034 600 390 99

20 000 6 667 2 222 1 053 606 392 100

25 000 7 143 2 273 1 064 610 394 100

50 000 8 333 2 381 1 087 617 397 100

100 000 9 091 2 439 1 099 621 398 100

∞ 10 000 2 500 1 111 625 400 100

p= proporção dos elementos portadores do caráter considerado. Se p é < 0,5, a amostra pedida é menor. Neste caso determina-se o tamanho da amostra, multiplicando-se o dado que aparece na tabela por 4 [p(1-p)]. FONTE: GIL, Antonio Carlos; Como elaborar projetos de pesquisa; São Paulo; Atlas; 1991.

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A amostra foi aplicada para atender o coeficiente de confiança que aponta

um incide de 95,5%. A amplitude amostral foram 209 elementos, destes, 88

elementos foram selecionados aleatoriamente por meio de sorteio simples.

As análises foram realizadas em um único dia em todas as onze

associações, sento a população total de 209 integrantes. Para atender as normas de

amostragem significativas, decidiu-se escolher um total de oito catadores em cada

associação, totalizando oitenta e oito amostras no total. Consultando as diretrizes do

quadro 5.2, utilizou-se o índice de 10% de margem de erro devido à amplitude de a

população ser inferior a 1000.

Cada grupo de oito catadores realizou o trabalho em uma hora sendo que o

grupo da associação número 5 realizou a separação de menor quantidade,

0,512Kg/h. O grupo da associação denominada número 10 realizou a separação de

maior quantidade, 0,794Kg/h. Levando em consideração que estes catadores

realizam a separação em 6 horas de trabalho por dia, a associação número 5

poderá obter ao fim de um dia de trabalho o total de 3,072 kg/dia e a associação

número 10 obterá ao fim de 6 horas trabalhadas um total de 4,766 kg/dia. A maior

quantidade separada em um mês de 22 dias será da associação número 10,

chegando ao total de 104,86kg/mês. O valor de venda de R$0,05/Kg foi admitido

para este estudo, embasado nas entrevistas dos anexos I e II. Sendo assim, o valor

que cada catador da associação número 10 irá receber no final de um mês de

trabalho será de R$0,66. O valor para a separação de mais um item nas

associações de catadores, segundo a amostragem feita e citada no quadro 5.3

fundamenta a afirmação dos catadores de que o valor do material BOPP não motiva

a separação.

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QUADRO 5.7 – ANÁLISE DE AMOSTRAGEM – VALOR FINAL BOPP.

1 2 3 4 5 6 7 QTDE PQs POPULAÇÃO AMOSTRA Kg/h Kg/6h

Kg/ 22 MÊS

R$ MÊS CATADOR

1 12 8 0,728 4,368 96,10 R$ 0,60

2 15 8 0,722 4,334 95,36 R$ 0,60

3 20 8 0,744 4,464 98,21 R$ 0,61

4 18 8 0,576 3,456 76,03 R$ 0,48

5 20 8 0,512 3,072 67,58 R$ 0,42

6 23 8 0,566 3,398 74,76 R$ 0,47

7 16 8 0,648 3,888 85,54 R$ 0,53

8 17 8 0,737 4,421 97,26 R$ 0,61

9 23 8 0,670 4,022 88,49 R$ 0,55

10 26 8 0,794 4,766 104,86 R$ 0,66

11 19 8 0,631 3,787 83,32 R$ 0,52

209 88

Obs: Coeficiente de confiança de 95,5% - Valor admitido para venda R$0,05/Kg, conforme informação na pg. 39.

1 Quantidade de parques avaliados

2 Amplitude populacional

3 Amplitude da amostra

4 Total separado em uma hora

5 Total separado em 6 horas trabalhadas/dia

6 Total diário separado multiplicado por 22 dias/mês

7 Hipótese de venda do material por mês(R$0,05/Kg)

Legenda:

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Das opções citadas nesse estudo, as empresas especializadas em extrusão

utilizam-se de maquinários e tecnologias de ponta para o beneficiamento do material

polipropileno biorientado – BOPP, seja ele de origem industrial ou pós-consumo.

Para as associações de catadores analisadas se tornam inviáveis aquisições e

manutenção de tais estruturas, pois são entidades sem fins lucrativos.

Quanto à reciclagem do polipropileno biorientado - BOPP, objeto desse

estudo, não foi diagnosticada medida satisfatória para minimização de impactos

quanto ao seu destino final na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná, o estudo

não identificou empresas que realizem o reaproveitamento do BOPP pós-consumo

que acompanhe o grande crescimento do material nas indústrias.

Será de fundamental importância a realização seqüencial de estudos para

aplicação de metodologias de educação ambiental e separação de material plástico

como o BOPP. Como a geração de material plástico polipropileno biorientado vem

aumentando ano a ano, se faz necessária uma sensibilização aplicada em massa,

como exemplo, em condomínios, Shopping Center, Supermercados, Escolas entre

outros.

Louvável a motivação de empresas citadas nesse trabalho que iniciam a

saga pela sustentabilidade ambiental mesmo que em casos isolados.

A humanidade tem evoluído em todas as áreas do conhecimento, com o

desenvolvimento de novas tecnologias para diversas demandas e é certo que

haverá um momento, que poderá dominar o consumismo e apontar para o futuro

com soluções ambientalmente inovadoras e eficazes.

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6 REFERÊNCIAS

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ABRE Associação Brasileira de Embalagens. Dados de mercado 2010. Disponível em http://www.abre.org.br/centro_dados.php. Acesso em 15 mar. 2011.

ABRELPE, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, Ed.2010 -. São Paulo, Editora Moderna Ltda. ABELTRAME – Imagem do plástico PEAD. Disponível em: http://www.abeltrame.com. Acesso 22 mai. 2011

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.230 embalagens e acondicionamentos plásticos recicláveis – identificação e simbologia. Rio de Janeiro, 2004.

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CETEA – Centro de tecnologia de Embalagem, 2009. Disponível em: http://bagarai.com.br/wp-content/uploads/2010/07/Laudo-Cetea.pdf. Acesso em 18 de mar. 2011. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 2. ed. São Paulo: Gaia, 1993. 400 p. Embalagem Ideal – Embalagens flexíveis. Disponível em: http://www.embalagemideal.com.br/. Acesso em: 15 de maio de 2011. ESMERALDO, Francisco de Assis. A indústria do plástico e o consumo responsável. São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.plastivida.com.br/2009/pdfs/artigos/A-

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ANEXO I

Entrevistado: Marcus de Alencar

Formação: Tecnólogo em polímeros

Empresa: Plastmaxi Com. de Aparas Plásticas Ltda.

Entrevistador: Denise Estela Rohde

1- Porque escolheu a comercialização do polipropileno biorintado (BOPP)?

Entrevistado: Por conseguir encontrar um valor de venda bom em São Paulo com

um item que estava sendo destinado para aterro industrial por muitos.

2- Continua nesse ramo de atividade? Se não, por quê?

Entrevistado: Não, diretamente, pois recebi uma ótima proposta para gerenciar uma

indústria no ramo de sucatas metálicas, sendo assim estarei ampliando os meus

conhecimentos. Mas quando tenho oportunidade faço contatos diretos para envio de

cargas.

3- Qual a quantidade de material comercializado em um mês?

Entrevistado: eu estava comercializando 80 toneladas mês.

4- Por quanto tempo comercializou este produto?

Entrevistado: 2 anos

5- As vendas desse material eram realizadas em quais cidades?

Entrevistado: São Paulo

6- Quais empresas beneficiavam o BOPP?

Entrevistado: EeN , Policlin,

7- Qual era o valor de compra e de venda?

Entrevistado: compra: 250,00 a tonelada, venda: 500,00 a tonelada.

8- Quem eram os fornecedores desse tipo de material?

Entrevistado: gráfica, indústrias de alimentos.

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9- Qual o porte das empresas que captava o material?

Entrevistado: médio

10- Dentro do seu conhecimento, em quais produtos eram transformados o

polipropileno biorientado pós-uso?

Entrevistado: baldes, bacias, entre outros materiais que não sejam de engenharia.

11- Tem informação de compradores do BOPP na cidade de Curitiba?

Entrevistado: não

12- Gostaria de acrescentar algo?

Entrevistado: os materiais mencionados acima são de geração industriais e não pós-

consumo, é por isto que saem de gráficas e industrias alimentícias, antes do

processo de embalagem ou seja refugos ou erros de cortes.

Os materiais pós consumo eu os encaminhava com um valor bem menos, por

100,00 a tonelada.

Page 53: Introdução - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2015/05/ESTELA_TCC_FINAL...5 2. REFERENCIAL TEÓRICO Esta revisão bibliográfica apresenta a legislação pertinente aos resíduos

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ANEXO II

Entrevistado: Arcedir Bonetti Empresa: Tio Sid Reciclagem Entrevistador: Denise Estela Rohde 1- Porque escolheu a comercialização do polipropileno biorintado (BOPP)? Entrevistado: Por questões ambientais, pois percebi que ninguém comprava esse material. Comercializar vários tipos de plásticos. 2- Continua nesse ramo de atividade? Se não, por quê? Entrevistado: Sim. 3- Qual a quantidade de material comercializado em um mês? Entrevistado: Comercializo 20 toneladas/mês. 4- Por quanto tempo comercializa/ou este produto? Entrevistado: 5 anos 5- As vendas desse material eram realizadas em quais cidades? Entrevistado: São Carlos - SP 6- Quais empresas beneficiavam o BOPP? Entrevistado: sigilo comercial 7- Qual era o valor de compra e de venda? Entrevistado: compra: 150,00 a tonelada, venda: 400,00 a tonelada. 8- Quem são/eram os fornecedores desse tipo de material? Entrevistado: Associação de Catadores Copi Zumbi, Cooperativa de Catadores Catamare, Todesquini, Quero Mais, Parati Alimentos. 9- Qual o porte das empresas que captava o material? Entrevistado: Pequeno, Médio, Grande. 10- Dentro do seu conhecimento, em quais produtos eram transformados o polipropileno bi-orientado pós-uso? Entrevistado: devido à laminação e a contaminação de tinta, serve como PP de segunda, utilizado na fabricação de pallet, cabides entre outros. Não pode ser reaproveitado em material técnico devido aos seus contaminantes. 11- Tem informação de compradores do BOPP na cidade de Curitiba? Entrevistado: não 12- Gostaria de acrescentar algo? Entrevistado: Se cada um fizer a sua parte, todos ganham. Mas o maior beneficiado sem dúvidas é o meio ambiente.