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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇAO ANÁLISE DOS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS: O CASO DA UFRN GILMARA ROSENO ROSA Natal 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇAO

ANÁLISE DOS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS

NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS: O CASO DA UFRN

GILMARA ROSENO ROSA

Natal

2016

GILMARA ROSENO ROSA

ANÁLISE DOS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS

NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS: O CASO DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Coordenação do curso de graduação em

Administração da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, com requisito parcial para a

obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Alves Filho

Natal

2016

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Rosa, Gilmara Roseno.

Análise dos processos de recrutamento e seleção de pessoas nas

instituições públicas: o caso da UFRN / Gilmara Roseno Rosa – Natal, RN,

2016.

63f.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Alves Filho.

Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento

de Ciências Administrativas.

1. Gestão estratégica de pessoas - Setor Público – Monografia. 2.

Recrutamento - Monografia. 3. Seleção – Monografia. I. Alves Filho,

Antônio. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 35.08

GILMARA ROSENO ROSA

ANÁLISE DOS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS

NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS: O CASO DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Coordenação do curso de graduação em

Administração da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, com requisito parcial para a

obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em 15/06/2016.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Antônio Alves Filho, Dr.

Orientador

_______________________________________________

Profa. Maria Teresa Pites Costa, Dra.

Examinador

______________________________________________

Lucila Moura Ramos Vasconcelos, Msc.

Examinador

Dedico este trabalho à minha mãe, que sempre

me forneceu apoio, amor e carinho, ao meu

lado nas situações mais difíceis, e na

superação de todos os obstáculos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para percorrer este que foi um

longo e árduo caminho, e por me permitir conquistar mais esta vitória maravilhosa em minha

vida.

Agradeço em especial a minha mãe, Jeruza, pelo apoio incondicional, compreensão,

conselhos, amor, carinho e por estar ao meu lado em todos os momentos da minha vida, sendo

meu alicerce e base, meu espelho como pessoa, mãe, mulher e guerreira.

Agradeço este trabalho a todos aqueles que participaram e contribuíram de forma direta

ou indireta para a realização do mesmo;

Agradeço também aos meus amigos pelos conselhos, carinho, e me proporcionarem

tantos momentos felizes, além de estarem sempre comigo nas situações mais difíceis.

Agradeço a esta instituição Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, aos

funcionários e docentes, ou seja, agradeço a todos os que fazem parte da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte pelo trabalho e ensinamentos durante esta jornada.

Agradeço ao meu orientador, Antônio Alves Filho, que me ajudou na construção deste

trabalho, contribuindo para resolver minhas dúvidas e incertezas, auxiliando desta forma o

meu crescimento intelectual e acadêmico.

Agradeço a UFRN pela compreensão, atenção, ajuda, dedicação e toda a colaboração

para que eu pudesse realizar este estudo;

Assim, este trabalho é dedicado a todos aqueles que fizeram e ainda fazem parte da

minha vida, e que deixaram sua significativa contribuição para o meu desenvolvimento,

quanto pessoa, aluna, e profissional.

"Feliz o homem que encontrou a sabedoria e

alcançou o entendimento, porque a sabedoria

vale mais que a prata, e dá mais lucro que o

ouro. Ela é mais valiosa do que as pérolas, e não

existe objeto precioso que se iguale a ela. Na

mão direita ela tem vida longa, e na sua

esquerda, riqueza e honra."

Provérbios 3: 13-16

RESUMO

A gestão de pessoas passou, ao longo do tempo, por diversas transformações.

Inicialmente as pessoas eram tidas apenas como recursos que a organização tinha a sua

disposição. Contudo, atualmente as organizações começaram a entender melhor a necessidade

de gerir as pessoas de forma estratégica, e essa nova forma de gestão objetiva que as pessoas

ajam de forma cooperativa, atuando como verdadeiros parceiros organizacionais e que

utilizem todo seu potencial para impulsionar o desenvolvimento da organização da qual fazem

parte. Diante disso, é possível observar que existe grande competitividade entre as

organizações para conseguir reter os seus talentos. Observa-se, entretanto, que,

primeiramente, a organização precisa conseguir construir um quadro de funcionários repleto

de profissionais qualificados e com potencial a ser desenvolvido, ou seja, profissionais

caracterizados como talentos, o que gera a necessidade de busca, atração e seleção dessas

pessoas no mercado. Portanto, na realidade atual é importante para as organizações, dentro de

um contexto de gestão estratégica de recursos humanos, estudar especificamente seus

processos de recrutamento e seleção. Diante desse contexto, a presente pesquisa tem como

objetivo geral analisar como funciona o modo de ingresso de servidores na UFRN. Trata-se de

uma pesquisa exploratória descritiva, desenvolvida por meio de um estudo de caso. O

contexto do estudo foi a UFRN, especificamente a PROGESP e, os participantes foram

gestores responsáveis pelo desenvolvimento dos processos de recrutamento e seleção na

instituição. A coleta de dados foi feita através do estudo de documentos, legislação, e da

análise de bibliografia disponível acerca do tema, de questionário e entrevista aberta com

servidores da instituição envolvidos com o objeto estudado. Como resultados, foi apresentado

o atual modelo de processo seletivo utilizado na organização, além da percepção dos gestores

acerca do processo seletivo vigente. Também foram apontadas as considerações sobre o

aprimoramento dos processos seletivos na instituição e as sugestões dos gestores para

melhoria dos seus processos de recrutamento e seleção. Conclui-se que o processo de seleção

de servidores atualmente desenvolvido na UFRN pode ser considerado, de modo geral,

satisfatório. Entretanto, foi identificado que modelo vigente requer modificações para adquirir

perfil estratégico para universidade, propõe-se dar maior importância para colocação de

assuntos e situações nas provas de concursos que permitam aferir melhor, mesmo com

critérios objetivos, as competências necessárias aos cargos.

Palavras-chave: Gestão estratégica de pessoas. Recrutamento. Seleção. Setor Público.

ABSTRACT

People management is passed, over time, for various transformations. Initially people

were taken only as resources that the organization had at its disposal. However, today

organizations began to better understand the need to manage people strategically, and this

new form of objective management people to act cooperatively, acting as a true partner

organizations and using their full potential to boost development organization of which they

are part. Thus, it is observed that there are great competition between organizations to achieve

retain their talents. It is noted, however, that, first, the organization needs to be able to build a

staff full of qualified professionals with potential to be developed, that is, professionals

characterized as talent, which creates the need to search, attraction and selection of these

persons on the market. Therefore, the current reality is important for organizations within a

context of strategic human resource management, specifically studying their recruitment and

selection. In this context, the present study has the general objective to analyze how the way

ticket servers in UFRN. This is a descriptive exploratory research, developed through a case

study. The context of the study was the UFRN, specifically PROGESP and participants were

managers responsible for developing the recruitment and selection processes in the institution.

Data collection was done through the study of documents, legislation and bibliography

analysis available on the subject, questionnaire and open interviews with the institution's

servers involved with the studied object. As a result, the current selection process model used

in the organization was presented, beyond the perception of managers about the current

selection process. They were also cited the considerations on the improvement of the selection

process at the institution and suggestions from managers to improve their recruitment and

selection. It follows that it is concluded that the server selection process currently underway in

UFRN can be considered generally satisfactory. However, it was identified that the current

model requires modifications to acquire strategic profile for the university, it is proposed to

give greater importance to placement of issues and situations in evidence competitions that

can assess better, even with objective criteria, the skills required for the positions.

Key-words: Strategic management of people. Recruitment. Selection. Public sector.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de valores gestão de pessoas......................................................................24

Figura 2 – Macroprocesso de Admissão de pessoal no Setor Público......................................35

Figura 3 – Processo de recrutamento e seleção com a organização emanada do Decreto n.

52.833........................................................................................................................................38

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

1.1 CONTEXTO DO PROBLEMA ................................................................................................. 10

1.1.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ................................................... 13

1.1.2 PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAS – PROGESP .................................................... 14

1.1.3 O PROBLEMA DA PESQUISA ............................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 15

1.2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 15

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 15

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 17

2.1 GESTÃO............................................................................................................................... 17

2.2 GESTÃO DE PESSOAS .......................................................................................................... 20

2.2.1 GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS .................................................................................. 22

2.2.2 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS .......................................................................... 24

2.2.3 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS NO SETOR PÚBLICO ........................................... 33

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 44

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................................... 44

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA ............................................................................................ 45

3.3 INSTRUMENTOS E COLETA DE DADOS ................................................................................ 45

3.4 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................................. 46

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 48

4.1 CATEGORIAS PARA ANÁLISE .............................................................................................. 48

4.1.1 PROCESSOS SELETIVOS NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS................................................. 48

4.1.2 PERCEPÇÃO DOS GESTORES SOBRE O PROCESSO SELETIVO ATUALMENTE

DESENVOLVIDO ........................................................................................................................ 51

4.1.3 APRIMORAMENTO DOS PROCESSOS SELETIVOS NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS .............. 51

4.1.4 SUGESTÕES DE MELHORIA PARA OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO

SETOR PÚBLICO ........................................................................................................................ 53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ................................................................. 54

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57

APÊNDICES ........................................................................................................................... 59

9

1 INTRODUÇÃO

Atualmente as organizações estão em busca de adaptação às constantes mudanças

sociais, políticas e econômicas que as circundam, sob pena de não sobreviverem a elas. E

essas mudanças acontecem a cada dia de forma mais veloz, exigindo dessas organizações

capacidades de inovação. Como ponto decisivo, nesta busca pela inovação, a gestão de

pessoas assume um dos papeis centrais, através da utilização dos recursos humanos como

fonte de vantagem competitiva para que, assim, a organização consiga se sobressair ou

sobreviver nesse contexto. No entanto, essa preocupação que antes era uma prerrogativa

apenas das empresas privadas, apresenta-se também necessária às públicas.

A gestão de pessoas é composta de diversos subsistemas. Dentre eles está o

subsistema de suprimento, que é responsável pelas atividades de recrutamento e seleção de

pessoal na organização. As pessoas fazem parte da composição fundamental de qualquer

organização, nesse sentido, podem ser consideradas, em maior ou menor número, como

recursos indispensáveis ao funcionamento dos processos organizacionais, tanto no setor

privado, como no setor público.

No âmbito público, a administração pública é responsável pelo funcionamento da

estrutura do Estado, e por garantir o atendimento das necessidades da sociedade. Como

qualquer outra organização, para o seu pleno e correto funcionamento, o Governo precisa de

recursos e, dentre esses recursos, estão os servidores públicos. Sendo assim, o setor público,

não diferente do setor privado, precisa exercer as atividades de recrutamento e seleção a fim

de conseguir desempenhar suas funções essenciais.

Essa pesquisa pretende verificar qual é o modo como vem sendo realizado pelo setor

público o seu suprimento de pessoal e se tem alcançado seus objetivos a contento. Também

objetiva analisar como funciona o modo de ingresso de servidores na UFRN, no que concerne

às técnicas e procedimentos para que os servidores sejam selecionados da melhor forma,

visando detectar dentre os candidatos àqueles que realmente estejam preparados para o

desempenho das funções públicas, e assim, poderem contribuir para a superação dos desafios

que as organizações públicas enfrentam na busca pelo atingimento dos resultados esperados

pela população usuária dos serviços.

Portanto, este trabalho apresenta uma parte inicial, que é composta de introdução à

pesquisa, na qual serão encontrados o contexto do problema, o objetivo geral e objetivos

específicos e a justificativa da pesquisa realizada.

10

A segunda parte apresenta o referencial teórico, construído através da revisão da

literatura que trata da gestão de pessoas, especificamente dos processos de recrutamento e

seleção de pessoas, apresentando a forma como esses processos ocorrem no setor privado, e

como ocorre seu desenvolvimento no setor público.

Em seguida, é apresentada a metodologia da pesquisa que foi utilizada, nesse trabalho,

com as informações referentes à caracterização da pesquisa, a população e amostra,

instrumentos e coleta de dados, e considerações sobre a análise dos dados realizada. No

quarto capítulo foram expostos os resultados da pesquisa, e no quinto, são apresentadas as

considerações finais e sugestões.

1.1 Contexto do problema

Para a execução de qualquer objetivo traçado para uma organização, seja pública ou

privada, esta precisa dispor dos recursos necessários para o sucesso do planejamento que foi

realizado, para além dos recursos financeiros, tecnológicos, dentre outros que compõe a

organização, podendo-se dizer que o principal agente para efetivação da estratégia na

organização é conjunto de recursos humanos de que esta dispõe.

Os recursos humanos estão presentes na organização desde as suas concepções

originais. A gestão dos recursos humanos surge com o aumento da complexidade das

atividades organizacionais. O seu surgimento é fortemente ligado ao período da Revolução

Industrial, que nesta época tinha como função minimizar os conflitos que existiam entre os

interesses da organização e dos indivíduos que dela faziam parte. Nesse contexto, as pessoas

eram vistas de forma muito primitiva como uma extensão das máquinas que operavam, sendo

extremamente exploradas em prol do alcance dos objetivos favoráveis apenas aos

proprietários das organizações.

Com o passar do tempo, conforme a dinâmica organizacional tornou-se mais

complicada, foram necessárias mudanças no modo como as pessoas eram vistas dentro da

organização. Essa nova visão trás consigo o conceito de que as pessoas não mais podem ser

entendidas como meros recursos da organização, e sim, que é necessário haver a gestão das

pessoas de forma estratégica objetivando a cooperação das pessoas como parceiras

organizacionais, portadoras de potencial de contribuição significativo para o desenvolvimento

da organização, e que agregam valor e diferencial a esta, e desse modo representam um

diferencial competitivo diante da concorrência cada vez mais acirrada no mercado.

11

No setor público a evolução da gestão de pessoas está intimamente liga a própria

história da administração pública na qual passou, ao longo da história, por muitas mudanças,

que podem ser caracterizadas como fases da história do setor público. Usualmente, a

administração pública teve sua evolução marcada por três grandes momentos distintos,

conhecidos como modelos da administração pública, a saber: modelo patrimonialista; modelo

burocrata; e modelo gerencial. E inserida nesse cenário está a gestão de pessoas no setor

público, que também sofreu adaptações de acordo com as modificações que ocorreram no

Estado brasileiro (SARTURI, 2013).

No modelo patrimonialista, Matias-Pereira. (2009, p. 113) explica que “o aparelho de

Estado atua como uma extensão do poder do monarca. Os servidores possuem status de

nobreza real. Os cargos funcionam como recompensas, o que gera nepotismo. Isso contribui

para a prática de corrupção e do controle do órgão público por parte dos soberanos”. Oliveira

e Medeiros (2011) afirma que não existia preocupação com o bem-estar das pessoas no

ambiente interno nem externo das organizações no setor público. De acordo com Sarturi

(2013), o modelo patrimonialista é caracterizado principalmente por não haver clara distinção

entre o patrimônio público e particular. Nesse sentido, na gestão de pessoas eram comuns as

práticas de nepotismo e apadrinhamento, uma vez que mesmo no setor público, as pessoas

apenas visam atender a interesses pessoais próprios, em detrimento dos interesses da

sociedade como um todo.

A burocracia no setor público é caracterizada por introduzir a separação entre os

interesses pessoais dos que detém o poder e dispor de instrumentos para o Poder público

conseguir assegurar a satisfação do interesse público, sendo objetivo desse modelo evitar a

presença de poder arbitrário do soberano. Nesse modelo, os aspectos marcantes são a

formalidade, que apresenta o controle rígido dos processos de decisão, por meio de uma

hierarquia formal, e que é fundamentada nos princípios de profissionalização e formalismo.

Os funcionários são especializados para o desempenho dos procedimentos, apresentam

competências fixas, e respondem a hierarquia estabelecida. Nesse sentido, os funcionários na

burocracia são profissionalizados, exercendo o cargo técnico de acordo com a competência

apresentada, que é avaliada por meio do processo de seleção.

Os primeiros concursos públicos são realizados na década de 1930, durante o Governo

Vargas, e são um aspecto marcante da burocracia, pois foram responsáveis por iniciar as

primeiras carreiras para funcionários públicos (SARTURI, 2013). Outro aspecto importante

do período é citado por Oliveira e Medeiros (2011) que destacam que nesse período houve a

criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), que apresentava no

12

conjunto de suas funções administrativas, as atividades de um Departamento de Pessoal,

incluindo atribuições de ordem legal.

Outro grande período que marcou a administração pública é representado pelo modelo

gerencialista. Segundo Sarturi (2013), nesse modelo a administração pública gerencial é

marcada pelo controle dos resultados; enquanto no modelo burocrático o foco era mantido no

princípio da legalidade, no exercício de controle dos processos. No modelo gerencial, o foco

volta-se para o alcance dos resultados objetivados pela administração, sendo assim, pretende-

se evidenciar o cumprimento das metas, a correta aplicação das finanças públicas, além de

alcançar melhor qualidade na prestação de serviços públicos, ou seja, nesse modelo reina o

princípio constitucional da eficiência. De acordo com Ferreira et al.(2007 apud OLIVEIRA e

MEDEIROS, 2011), o modelo gerencialista de administração pública tem início após a

década de 1980.

Ainda nesse período a gestão de pessoas no setor público passou por reformas.

Marcelino (2003 apud OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011) aponta que o governo procurou

implantar a racionalização das estruturas administrativas e também elaborar uma política de

recursos humanos. A política de recursos humanos objetivava valorizar a função pública e

possibilitar renovação do quadro de pessoal. A fim de cumprir esses propósitos, houve a

criação da Secretaria de Administração Pública (Sedap), que seria responsável pelo

desenvolvimento do pessoal no setor público, através de uma nova Secretaria de Recursos

Humanos e da Fundação Centro de Formação do Servidor Público (Funcep). Outro objetivo

dessa política era a realização de avaliação de desempenho do servidor, fundamentando um

sistema de meritocracia, com base no novo plano de carreira, no Estatuto do Funcionalismo

Público e no plano de retribuições.

Contudo, na atualidade, um novo modelo de administração vem sendo cada vez mais

utilizado pelas organizações, e está começando a ser introduzido também no setor público,

que é o modelo conhecido como gestão estratégica. Esse modelo de administração enfatiza a

importância da estratégia nas organizações, sendo necessária a utilização de planos bem

construídos que apresentem metas e as formas para alcança-las, a fim de atingir os objetivos

traçados para o futuro da organização. Esse foco nas características estratégicas também é

introduzido na gestão de pessoas, dando origem a gestão estratégica de pessoas e, como citado

anteriormente, nessa visão, as pessoas são elevadas ao patamar de parceiras da organização. A

gestão de forma estratégica vem crescendo e começa a ganhar destaque no cenário do setor

público.

13

Contudo, para que as pessoas possam se tornar parceiras das organizações e constituir

parte fundamental do futuro destas, é necessário inicialmente o processo de ingresso dos

recursos humanos nas organizações, e esse processo é desenvolvido por meio das atividades

de recrutamento e seleção.

1.1.1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é uma instituição de ensino

que foi criada por meio de uma lei estadual como Universidade do Rio Grande do Norte,

porém foi tornou-se uma Universidade Federal em 1960 (UFRN, 2010). A instituição

apresenta sua administração realizada de forma descentralizada através de órgãos colegiados

deliberativos e órgãos executivos, distribuídos em níveis da administração central, acadêmica

e suplementar. A administração superior da universidade é desenvolvida pela Reitoria, que

apresenta sua estrutura composta por Pró-Reitorias, que atuam na supervisão e coordenação

nas áreas de sua competência (UFRN, 2011).

A UFRN apresentava em seu quadro de pessoal, até dezembro de 2010, o total de

7.136 pessoas, sendo 5.054 na categoria de docentes e técnicos administrativos efetivos e

2.082 temporários. Nos últimos anos a UFRN tem conseguido modernizar suas ações na área

de gestão de pessoas, houve a implantação de um sistema de alocação de vagas docentes, que

apresenta como atributos a organicidade, a distribuição coerente nos setores, a participação

dos indivíduos envolvidos e a transparência de suas ações. Essa modernização foi viável pela

evolução crescente da autonomia da instituição, assim, foi possível utilizar a gestão do banco

de professores-equivalentes que permite a substituição no quadro de docentes mediante

aplicação de critérios globais. Outra característica da gestão de pessoas na universidade é a

dificuldade para conseguir suprir as necessidades da instituição, graças à insuficiência de

técnicos administrativos e à política de contração. Existe ainda um problema referente à

capacitação de servidores técnicos administrativos para obter resultados mais próximos dos

objetivos traçados para organização, e é apresentada como solução a implantação de uma ação

de capacitação de gestores e uma ação para aprimorar a gestão de celetistas terceirizados

(UFRN, 2012a).

Diante do contexto de problemas enfrentados pela gestão de recurso humanos da

universidade, existe a busca por estratégias alternativas que permitam o atingimento de

resultados melhores para organização. A Pró-Reitoria de Gestão de pessoas, enquanto

14

responsável pela elaboração da política de gestão de pessoas, assume papel de destaque para o

desenvolvimento dessa missão.

1.1.2 Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas – PROGESP

A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas apresenta sua estrutura administrativa composta

pelo Gabinete do Pró-Reitor, Assessória Técnica, Diretoria de Administração de Pessoal,

Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas, Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor,

Coordenadoria de Atendimento ao Servidor, Coordenadoria de Concursos e Secretária

Administrativa.

A PROGESP é responsável, além de outras atividades, pela construção do processo de

ingresso dos servidores na universidade, por meio da elaboração das etapas de recrutamento e

seleção a fim de conseguir que os melhores candidatos possam contribuir efetivamente para o

desempenho da organização. Dentro da estrutura da Reitoria, o desenvolvimento do processo

de ingresso dos servidores concerne a Coordenadoria de Concurso. De acordo com o

Regimento interno da UFRN (UFRN, 2011), a Coordenadoria de Concursos é responsável,

pelas seguintes atividades para o ingresso de servidores técnicos administrativos e docentes:

planejar, coordenar e realizar concursos públicos e processos seletivos; e atuar no

desenvolvimento dos editais dos concursos e processos de seleção.

1.1.3 O problema da pesquisa

Ao longo de toda a sua evolução, a gestão de pessoas nas organizações passou por

diversas transformações, sendo intensificadas a valorização e importância dadas ao papel do

ser humano. Identificou-se que as estratégias empregadas pelas organizações sofreram certas

modificações e, as empresas, que antes focavam na necessidade de reter e qualificar os

profissionais para obter um melhor desempenho da organização, passam também a se

preocupar com as atividades de atração e triagem dos melhores talentos disponíveis no

mercado para compor o quadro de colaboradores da organização, e assim alcançar a melhoria

da sua atuação para o cumprimento dos objetivos traçados.

A princípio, essa situação de mudança na visão da gestão de pessoas pode ser

observada no setor privado. Porém, com os movimentos de modernização da administração

pública, as preocupações de reestruturação da administração de recursos humanos passam a

compor também as inovações adotadas pelo setor público.

15

Por meio de um sistema de suprimento bem estruturado que permita ao setor público

realizar os processos de recrutamento e seleção da melhor forma, identificando os candidatos

mais adequados para o desempenho das funções públicas, sem ferir a legislação vigente,

haverá, como consequência, profissionais capacitados para o exercício dos serviços públicos

em prol da sociedade atingindo os resultados pretendidos com a melhor eficiência.

De acordo com o exposto, para melhor atendimento das demandas da sociedade, a

administração pública direciona cada vez mais seus esforços para atingir o sucesso no alcance

dos melhores resultados, e para isso é necessário formar um quadro de profissionais preparado

para gerar o resultado pretendido. Ou seja, as organizações públicas atualmente visam aplicar

práticas de recrutamento e seleção aprimoradas para a triagem de profissionais de talento que

consigam o melhor desempenho das atividades no setor público para o atingimento dos

objetivos traçados. Para isso, é preciso identificar a melhor forma de recrutar e selecionar as

pessoas que irão compor o quadro de profissionais ideal para o alcance dos resultados. Diante

disso, visando compreender melhor a existência de um modelo mais adequado para o ingresso

de profissionais no setor público, este trabalho busca responder a seguinte questão: Como

funciona o modo de ingresso de servidores na UFRN?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar como funciona o modo de ingresso de servidores na UFRN.

1.2.2 Objetivos específicos

Especificamente, pretende-se:

a) Descrever os processos seletivos utilizado nas organizações públicas;

b) Identificar a opinião de gestores públicos sobre os processos seletivos atualmente

desenvolvidos nas organizações públicas;

c) Verificar até que ponto é possível aprimorar os processos seletivos, dentro do

permitido pela legislação;

d) Propor sugestões para incrementar os processos de recrutamento e seleção no setor

público.

16

1.3 Justificativa

A escolha do tema foi motivada pela experiência acadêmica e profissional da

pesquisadora que através do conhecimento adquirido no curso de administração, e também da

observação de tendências no mercado em relação à valorização das pessoas como recurso

essencial para as organizações, teve despertada a vontade de investigar as mais modernas

práticas na área de gestão de pessoas. Por meio da prática profissional da pesquisadora no

setor público, foi observado que este setor se apresentava como um campo de estudos viável,

possuindo correntes que propõem a modernização e o aprimoramento das práticas de gestão

na área pública, a fim de melhorar o seu desempenho e eficiência, incluindo movimentos que

buscam a inovação no tocante a gestão de pessoas. Além do exposto, foi verificado que a

bibliografia existente a respeito das variáveis que envolvem o tema é suficiente para a

elaboração da fundamentação teórica a respeito do assunto.

Atualmente se verifica no mercado a grande batalha pela retenção de talentos em

vários tipos de organização, em diversos setores e, além dessa batalha, na verdade, antes

mesmo desta, as organizações apresentam a constante necessidade de busca, atração e seleção

dos melhores talentos para a composição de seus quadros funcionais. É um fato que a

rotatividade de pessoas representa uma grande perda para as empresas, que procuram no

mercado os melhores profissionais e muitas vezes investem na qualificação destes pesando

sua retenção e, como consequência, no crescimento da organização. Nesse contexto, nota-se

ainda a grande necessidade de não somente reter esses profissionais, mas de engajá-los na

organização, de forma que se tornem reais colaboradores e seus parceiros, com o objetivo de

convergir mais forças, a fim de alcançar os objetivos que tragam benefícios para todos os

stakeholders1 da organização.

O estudo da gestão estratégica de pessoas, analisando especificamente os processos de

recrutamento e seleção de recursos humanos para a administração pública, procura apresentar

uma análise que possui potencial benéfico para organizações públicas, com a intenção de

esclarecer quais as possíveis modificações necessárias para que os profissionais ingressantes

no setor público, através do devido processo seletivo, possam ser triados com melhor

eficiência e quais contribuições para o desempenho das organizações podem ser alcançadas

1 Stakeholders são os grupos de interesse da organização, podendo ser definidos como todos os

indivíduos que apresentam forte impacto ou apresentam grande relevância para o sucesso no desempenho da

organização (SOBRAL e PECI, 2008).

17

com colaboradores realmente engajados com os propósitos dos cargos a serem exercidos e das

próprias organizações.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O estudo proposto fundamenta-se nas teorias da administração, especificamente da

gestão estratégica de pessoas na organização, com foco no subsistema de suprimento no setor

público, que envolve as atividades de recrutamento e seleção de pessoas. Para isso, os temas

que serão abordados são a gestão estratégica de pessoas e seus modelos, além dos aspectos

referentes ao ingresso dos colaboradores nas organizações públicas, avaliando as ferramentas

que são utilizadas para este fim, e as que são estudas com o objetivo de aprimorar o processo

de suprimento de recursos humanos nessas organizações.

2.1 Gestão

Durante toda a história da humanidade, desde os mais antigos ancestrais humanos,

coube ao homem a responsabilidade de lidar com os diversos recursos que estavam presentes

no meio ambiente no qual estava inserido, a fim de atender as suas necessidades. Contudo, os

recursos que o homem tem acesso requerem diferentes tratamentos, isso porque eles podem

ser classificados como recursos infinitos e como recursos finitos. O primeiro tipo de recursos

está disponível em abundância e pode ser usado livremente sem nem um tipo de restrição.

Porém também existem os recursos do segundo tipo, este possui uma quantidade limitada e

sua utilização não poderia ocorrer de forma indiscriminada, pois se assim fosse, esses os

recursos se esgotariam. A partir da necessidade de encontrar a melhor forma ou a mais

adequada de tratar esses recursos finitos surge a necessidade de gestão para o ser humano.

A gestão passou, ao longo do tempo, por um processo evolutivo, através do qual

sofreu aprimoramentos. No tocante ao âmbito organizacional, a gestão é também conhecida

como administração. A administração estuda as organizações, podendo ser entendida como a

forma de gerir os recursos disponíveis com a finalidade de alcançar objetivos e metas

traçados.

Contudo, verifica-se que a gestão não acontece de forma igual em todos os tipos de

organização, isso porque existe um conjunto de especificidades que define o modo de gestão

mais adequado para organizações de caráter público ou privado. Bergue (2014) coloca que o

principal diferencial entre as organizações públicas e privadas reside em seus objetivos,

18

entretanto essas organizações apresentam relativa proximidade no que diz respeito aos seus

meios para atingimento dos respectivos objetivos, ou seja, são similares em termos do sistema

de gestão que utilizam. Sendo assim, os modelos de gestão desses dois tipos de organização

apresentam diferenças, uma vez que diversos são os seus objetivos, orientação,

funcionamento e propósitos, os critérios devem diferir também para a avaliação dos

resultados.

Entretanto, de forma geral, segundo Oliveira (2009, p. 7), a administração pode ser

definida através do seguinte conceito:

Administração é o sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de

princípios, processos e funções para alavancar, harmonicamente, o processo de

planejamento de situações futuras desejadas e seu posterior controle e avaliação de

eficiência, eficácia e efetividade, bem como a organização – estruturação – e a

direção dos recursos alocados nas áreas das empresas, orientados para os resultados

esperados, com a minimização dos conflitos interpessoais.

Sobral e Peci (2008) afirmam que a administração é um processo realizado por meio

de quatro funções que norteiam o desenvolvimento de todas as atividades administrativas e

através destas funções é possível alcançar os objetivos organizacionais definidos. As quatro

funções são: planejamento, organização, direção e controle.

A função de planejamento, ainda segundo os autores, se refere à determinação dos

objetivos, a definição das estratégias que possibilitam atingi-los, e a construção de planos que

tornem os processos administrativos integrados e organizados. Por meio do planejamento é

possível direcionar esforços para os objetivos traçados, e ainda priorizar os aspectos que são

mais importantes para a organização.

Compete à função de organização a distribuição das atividades e dos recursos

disponíveis entre os componentes da organização, sendo responsável também pela definição

da autoridade entre os membros e das questões relacionadas à tomada de decisão. A

organização permite, a partir da distribuição das atividades, recursos e autoridade, seus

membros consigam atingir as metas especificadas de modo eficiente. A função de organização

consegue obter como forma de resultado a estrutura organizacional.

A direção é a função responsável pelos processos de gestão de pessoas no ambiente

organizacional. Dentro dessa função encontram-se as atribuições de liderar, motivar e

coordenar as pessoas guiando-as no processo de exercício de suas atividades. Essa função

deve também proporcionar um canal de comunicação satisfatório e conseguir solucionar

conflitos na organização.

19

A quarta função da administração é o controle, que tem como atribuição verificar e

confirmar se os objetivos estão sendo atingidos. O controle tem o papel de monitorar e avaliar

o desempenho, realizar a comparação entre o desempenho alcançado e os objetivos

planejados, além de atuar na correção das falhas de desempenho observadas.

Sabe-se que as organizações estão divididas em quatro áreas funcionais principais, a

saber: área de produção, marketing, finanças e recursos humanos. Cada uma das áreas

funcionais é responsável por um rol de atividades especificas que em conjunto permitem o

completo desempenho da organização.

A área de produção apresenta como principal foco a produção de bens ou serviços.

Sobral e Peci (2008) afirmam que o sistema de produção é o grupo de atividades e operações

que se relacionam para a produção de bens ou para a prestação de serviços. A administração

da produção é uma área que é composta pelas seguintes atividades: Planejamento do produto;

instalações; processo produtivo; organização do trabalho; planejamento da produção;

administração de estoques; controle e compra.

Para Sobral e Peci (2008), a área de marketing é responsável pelas atividades de

atração e retenção de clientes na organização. Nesta área, os objetivos principais são a busca

pela satisfação do cliente, persuadindo o comportamento, a fim de conseguir conquistar os

objetivos organizacionais. Dentro dessa área funcional existem diversas atividades

envolvidas, entre elas: pesquisa de mercado, definição de produto, preço, distribuição e

promoção, entre outras.

A área financeira tem a responsabilidade de gerir todos os aspectos relacionados aos

recursos financeiros da organização. Sobral e Peci (2008) apontam que esta área pode ser

identificada como uma área de apoio, entretanto apresenta grande importância para o

funcionamento organizacional. A área financeira visa adquirir e empregar os recursos

financeiros da melhor forma, para que os objetivos da organização sejam completados. As

principais atribuições da área financeira são: Informação de gestão; análise financeira,

investimento; financiamento; e distribuição de dividendos.

Ainda segundo os autores, a área de recursos humanos ou de gestão de pessoas possui

como propósito a administração dos objetivos individualmente das pessoas que compõe a

organização, em prol dos objetivos traçados coletivamente para toda a organização. Com a

finalidade de cumprir a este propósito, é necessário despertar o interesse das pessoas em fazer

parte da organização, prepará-las, e desenvolvê-las para que assim consigam atuar

conjuntamente no alcance dos objetivos traçados. Na área de gestão de pessoas, as principais

atividades desenvolvidas são: implementação de políticas e procedimentos; planejamento de

20

recursos humanos; avaliação de desempenho; remuneração; melhoria nas condições e no local

de trabalho; gestão administrativa de pessoal; treinamento e desenvolvimento; e recrutamento

e seleção.

2.2 Gestão de pessoas

Durante toda a história das organizações é inegável que a gestão de pessoas passou por

constates modificações a fim de adequar-se em procedimentos, técnicas e ferramentas

condizentes com as reais necessidades de cada contexto vivenciado. Ainda hoje é possível

dizer que este processo não acabou e está longe de uma conclusão. O motivo disso é simples,

as pessoas estão em constante evolução, assim sendo, é necessário que esse conjunto de

práticas e políticas também sofra atualizações para conseguir cumprir sua função de

administrar os recursos humanos por meio do gerenciamento do comportamento dos

indivíduos e do desenvolvimento do capital humano nas empresas.

A gestão de pessoas tem sido objeto de estudo nas organizações, pois é um fator

relevante e essencial para elas. Conforme dito anteriormente, a administração subdivide as

organizações, de forma geral, em quatro grandes áreas funcionais que são elas: Recursos

Humanos, Finanças, Marketing e Produção. Afirmar que qualquer uma dessas áreas

conseguiria ser instituída e realizar suas atividades normalmente sem o auxílio ou

fundamentação realizada pelo homem seria uma injuria. Mesmo na era da tecnologia em que a

humanidade se encontra, na qual muitos processos de produção, de fabricação, de finanças, de

marketing e divulgação, e até mesmo na própria área de recursos humanos são realizados por

máquinas e softwares cada vez mais avançados tecnologicamente, existe sempre um processo

criado, pensado e aplicado pelo ser humano. Organizações podem ser definidas como um

conjunto de pessoas que se reúnem para atingir objetivos em comum. Observa-se que de

acordo com a definição as pessoas possuem um papel fundamental na constituição de uma

organização. Em conformidade com esse pensamento, Sobral e Peci (2008, p.11) afirmam que

“Um dos recursos mais importantes em todas as organizações são as pessoas”. É possível

perceber que para estes autores as pessoas são de grande importância para qualquer

organização.

Segundo Lima e Teixeira (2000, p. 20), “as pessoas, quando comparadas a outras

variáveis, destacam-se sobremaneira. A razão é obvia: são as únicas que podem pensar e

agir”. Assim é possível afirmar que pela sua singularidade as pessoas são recursos

inigualáveis e, na realidade atual das organizações, insubstituíveis.

21

A concepção que se tem hoje das pessoas nas organizações nem sempre foi assim,

houve um longo processo evolutivo para que elas pudessem alcançar esse significado.

Atualmente sabe-se que a visão da gestão estratégica de pessoas deixou para trás a tradicional

perspectiva, na qual os recursos humanos eram vistos como gestores de funções

administrativas, para o pensamento atual no qual o fator humano apresenta maior relevância

tendo em vista que deve ser entendido como fonte de vantagem competitiva

(MASCARENHAS, 2013).

Fischer (2002) afirma que a gestão de pessoas teve sua evolução ao longo da história

interligada ao desenvolvimento das organizações e à evolução da teoria organizacional nos

Estados Unidos. Com o passar do tempo, as organizações sofreram mudanças nas suas formas

de estrutura e organização, da mesma formam as pessoas que delas faziam parte também

foram alvo das adaptações no modo como eram vista e tratadas.

Pode-se afirmar que a história da gestão de pessoas começou a partir da Revolução

Industrial, desenvolvendo-se e evoluindo ao longo do tempo, até chegar ao momento atual,

conhecido como Era da Informação, que apresenta um ambiente competitivo e ativo para

realidade em que se passa (COSTA, 2010). É notório, mediante a análise da sua história, que

a gestão de pessoas passou por transformações e evoluiu gradativamente com o tempo.

Costa (2010) apresenta a evolução histórica da gestão de pessoas subdivida em três

eras, sendo elas: Era da Industrialização Clássica, a Era da Industrialização Neoclássica e Era

da Informação.

A Era da Industrialização Clássica é marcada pelo início da estruturação e

formalização dos sistemas da gestão de pessoas por meio do surgimento do Taylorismo, com

o livro “Princípios da Gestão Científica”, no qual é feita a colocação de princípios e práticas

da gestão com foco na obtenção da maior eficiência industrial. Além disso, na mesma época,

surge o livro intitulado de “Teoria Geral da Administração” de Henry Fayol, iniciador da

escola científica da gestão e conhecido como “pai da Moderna Teoria da Gestão”, e como

uma de suas principais contribuições está o conjunto de funções da administração

introduzidas por ele. Pouco depois, a Teoria da Burocracia proposta por Max Weber surgiu

com o propósito de impor regras que possibilitassem a melhoria na gestão da organização, do

trabalho em si, e das relações no ambiente organizacional. Essas teorias trouxeram

insatisfação para os trabalhadores que passaram a ter maior resistência a mudanças. Nesse

contexto, surge a preocupação com o comportamento humano, e as relações humanas e

laborais entram em cena, e nesse quesito, houve significativa contribuição de Elton Mayo,

conhecido como o “pai” da Teoria das Relações humanas, seu início se deve a uma força de

22

oposição à Teoria Clássica da Administração, e dedicou seu foco e atenção às pessoas

(COSTA, 2010).

Ainda segundo Costa (2010), outro momento da evolução histórica em gestão de

pessoas é a Era da Industrialização Neoclássica, que começou após a Segunda Guerra

Mundial. Esse período foi marcado com a contribuição da Teoria Estruturalista que teve a

intenção de realizar a integração entre todas as teorias, tinha como bases a racionalidade e a

adequação dos meios em busca da máxima eficiência. Outra contribuição veio da Teoria de

Sistemas de Katz e Robert Khan, que propôs o conceito de que a empresa é um sistema aberto

e sofre a interação com o ambiente de forma contínua. Posteriormente, surgiu a Teoria da

Contingência que defendeu que a organização e sua forma de gestão dependem das

circunstâncias, e sofrem mutações para acompanhar as alterações do meio ambiente no qual

estão inseridas. Assim sendo, é possível destacar que essa era foi a responsável por trazer

modelos e teorias com foco nas mudanças organizacionais e adaptações, algo essencial

quando se trata de lidar com pessoas.

Segundo Chiavenato (1999), de acordo com a perspectiva histórica, tem início em

1990, a da Era da Informação. Essa era pode ser caracterizada pela velocidade com a qual

ocorrem mudanças que se tornam cada vez mais imprevisíveis e inesperadas.

Atualmente a área de gestão de pessoas vem desenvolvendo-se, cada vez mais, com a

consolidação da ideia de que as pessoas não devem apenas ser vistas como meros

instrumentos para organização, e sim, como colaboradores com potencial para contribuir de

forma efetiva para o atingimento dos objetivos e metas da organização, devendo esses

colaboradores, então, adquirir caráter estratégico para organização.

2.2.1 Gestão estratégica de pessoas

A gestão de pessoas em qualquer organização deve ser basear nos modelos que estão

presentes na história organizacional. É necessário, portanto, escolher o modelo que dará forma

e estrutura para o desenvolvimento das atividades organizacionais, pois, somente por meio de

um modelo estruturado com mecanismos e ferramentas adequadas, será possível construir

uma maneira viável de atingir os objetivos da organização com a colaboração de todas as

pessoas que dela fazem parte.

De acordo com Fischer (2002, p. 12) “entende-se por modelo de gestão de pessoas a

maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento

humano no trabalho”. De acordo com Sobral e Peci (2008), na realidade contemporânea, as

23

organizações já conseguem reconhecer o valor estratégico que as pessoas apresentam para o

sucesso no alcance dos seus objetivos. Dessa forma, as organizações consideram cada vez

mais importante o modelo de gestão estratégica de pessoas, por ser um modelo que apresenta

um conceito com abrangência que pode ser entendida como mais profunda na organização do

que os modelos tradicionais de gestão de pessoas. Assim a gestão estratégica de pessoas deve

propor um modelo que seja composto por um conjunto de práticas no gerenciamento e

orientação das pessoas de modo que estas sejam decisivas e influenciadoras sobre o

desempenho organizacional, as pessoas devem contribuir ao ponto se transformarem em

vantagem competitiva para organização.

A gestão estratégica de pessoas possui atualmente três perspectivas teóricas básicas

nos estudos desenvolvidos sobre o assunto, sendo elas: universalista, configuracional e

contingencial. Marras et al. (2010) colocam que a perspectiva universalista propõe a

existência de melhores práticas de gestão de pessoas, que geram melhores resultados

estratégicos em todas as situações, independentemente do tipo de organização, ou de sua

estratégia de negócio, setor ou tamanho. Já a perspectiva configuracional afirma que

determinada prática na gestão de pessoas somente trará benefícios consideráveis se for

realizado em conjunto com outras práticas efetivas, sugerindo a necessidade do ajuste de todo

o conjunto de estratégias, políticas e práticas de gestão de pessoas da organização. Por último

a perspectiva contingencial defende que as estratégias de gestão de pessoas apresentaram-se

resultados mais efetivos se estiverem integradas com o ambiente no qual a organiza está

inserida e às estratégias da organização.

Palthe e Kossek (2003 apud MARRAS et al., 2010, p.202) apresentam seu modelo de

estratégias de gestão de pessoas com quatro estratégias, sendo elas:

A estratégia de “fazer” pessoas é centrada no empregado, enfatiza o treinamento e o

desenvolvimento, valoriza a lealdade e a tradição e caracteriza-se por um forte

comprometimento. Na estratégia de “comprar” pessoas, ocorre uma identidade

maior com a profissão do que com a organização, e o reside na prática da avaliação

de desempenho. A estratégia de “contratar” pessoas está centrada na tarefa,

enfatizando o alcance de metas e oferece recompensas e incentivos. A estratégia de

parceria e colaboração é orientada para a inovação, valoriza o trabalho em equipe,

estimula a criatividade e caracteriza-se pelo baixo controle.

Outro conjunto de estratégias de gestão de pessoas é o modelo de Panayotopoulou,

Bourantas e Papalexandris (2003 apud MARRAS et al., 2010, p 203) que também propõe

quatro estratégias gerais de gestão de pessoas. Conforme mostra a Figura 1, esse modelo

apresenta duas dimensões, uma que representa a estrutura organizacional, que apresenta como

24

Flexibilidade

estremos a flexibilidade e o controle, e outra dimensão que representa o enfoque da

organização, que tem o foco interno e externo.

Figura 1 – Modelo de valores gestão de pessoas

MODELO DE RELAÇÕES HUMANAS

Papel do RH: Defensor dos funcionários

Significa: Responder às necessidades dos

funcionários

Alvos: Coesão, comprometimento,

capacidade

Competências: Avaliação moral,

desenvolvimento de gestão, melhoria de

sistemas

MODELO SISTEMA ABERTO

Papel do RH: Agente de mudança

Significa: Facilitar a transformação

Alvos: Renovação organizacional

Competências: Análise de sistemas,

habilidades de mudança organizacional,

consultoria e facilitação

MODELO DE PROCESSO INTERNO

Papel do RH: Especialista administrativo

Significa: Processos de reengenharia

Alvos: Infraestrutura eficiente

Competências: Melhoria de processos,

relações com clientes, avaliação das

necessidades de serviços

MODELO DE META RACIONAL

Papel do RH: Parceiro estratégico do

negócio

Significa: Alinhar o RH à estratégia de

negócios

Alvos: Impactos fundamentais

Competências: Habilidades gerais de

negócios, análise estratégica, liderança

estratégica

Fonte: Adaptado de Marras et al.(2010, p. 203)

De acordo com os modelos de algumas categorias de estratégias de gestão de pessoas

apresentados, bem como tantos outros presentes na literatura, as organizações podem

selecionar o modelo que seja mais adequado ao seu contexto e em acordo com as estratégias

organizacionais, com a finalidade de atender as necessidades da organização com a máxima

eficiência, tornando possível para a esta atingir o sucesso no alcance dos objetivos e metas a

que se propõe.

2.2.2 Recrutamento e seleção de pessoas

A área de gestão de pessoas apresenta um processo composto por diversas atividades

que são consequências da própria dinâmica das organizações e da necessidade de lidar com

algo tão complexo como é o ser humano. Segundo Chiavenato (1999) a área de gestão de

pessoas está diretamente relacionada às políticas e práticas necessárias para se gerenciar as

pessoas que atual em uma organização. O autor apresenta uma relação de políticas e práticas

Interno Externo

Controle

25

de recursos humanos, a saber: Análise e descrição de cargos da estrutura organizacional;

desenho de cargos; recrutamento e seleção de pessoal; admissão dos candidatos escolhidos;

orientação e integração de novos funcionários; gestão da política de cargos e salários;

estipulação de incentivos salariais e benefícios sociais; avaliação do desempenho dos recursos

humanos; comunicação com os funcionários; e treinamento e desenvolvimento de pessoal.

Sabe-se que para o pleno desempenho organizacional de qualquer uma das suas áreas

ou funções é necessário que a organização esteja preparada com os recursos exigidos, e dentre

eles é fundamental a presença das pessoas. Chiavenato (1999) apresenta os seis processos que

compõem a gestão de pessoas, dentre esses processo o primeiro deles é o processo de agregar

pessoas. Ainda de acordo com o autor, esse processo pode ser definido como responsável

pelas rotas de ingresso das pessoas na organização.

Contudo, antes de partir propriamente para o processo de agregar pessoas, a

organização estuda internamente suas necessidades para identificar se existe excesso ou falta

de recursos humanos para o funcionamento organizacional (SOBRAL e PECI, 2008). Caso a

organização identifique que existe a carência de pessoal, então esta dará início ao processo de

agregar pessoas que apresenta as atividades de recrutamento e seleção.

O recrutamento pode ser definido como “o processo de localização, identificação e

atração de candidatos qualificados para ocupar um cargo na estrutura de pessoal da

organização” (SOBRAL e PECI, 2008, p.335). Conforme Chiavenato (1999, p.92), o conceito

de recrutamento refere-se a “um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair

candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização”.

Pontes (1996) afirma que, de forma geral, o recrutamento é a maneira de localizar e atrair

candidatos para as vagas em aberto na organização. Toledo e Millione (1983 apud PONTES,

1996, p.64) definem recrutamento como “a etapa inicial do processo de busca e atração de

mão-de-obra para organização, procurando prover o número adequado de candidatos para as

posições em aberto”.

O recrutamento pode ser subdividido em basicamente duas categorias, que dizem

respeito a forma de localizar os candidatos para as vagas na organização, assim o

recrutamento pode ser: interno e externo. O recrutamento interno é aquele cujos candidatos já

fazem parte da organização, mas podem ser promovidos ou transferidos para outros cargos,

setores ou unidades de acordo com a necessidade da organização. Já o recrutamento externo

visa buscar candidatos no meio externo à organização, ou seja, no mercado de trabalho.

Quanto ao recrutamento interno Sobral e Peci (2008) afirmam que se refere ao

preenchimento de uma vaga para um cargo na empresa através da recondução de funcionários

26

atuais da organização, por meio da promoção ou deslocamento para outras unidades. Essa

modalidade de recrutamento pode ser realizada de variadas formas tal como um superior

hierárquico indicar um funcionário que possui o perfil julgado adequado para a vaga ou a

realização de um processo seletivo internamente na organização.

De acordo com Chiavenato (1999) é possível listar fatores positivos e negativos do

uso desse tipo de recrutamento. Destacam-se como fatores positivos: melhor aproveitamento

do potencial humano da organização; incentiva o desenvolvimento profissional dos atuais

funcionários da organização; estimula a permanência e fidelização à organização; adequado

para situações de equilíbrio no meio ambiente organizacional; o elevado nível de

conhecimento dos candidatos pode levar a uma melhor seleção; financeiramente é menos

dispendioso do que o recrutamento externo. Em relação aos pontos negativos: pode impedir

que nos conhecimentos, experiências e perspectivas entrem na organização; favorece o

conservadorismo; praticamente não altera o capital intelectual da empresa; compatível com

empresas com características burocráticas e mecanísticas; cultura organizacional permanece

inalterada; atua como um processo de reciclagem ininterrupto.

A segunda forma de recrutamento é a externa, que é desenvolvida por meio da busca

de pessoas no ambiente externo à organização. Nesse modelo de recrutamento, a organização

apresenta diversas alternativas para atrair candidatos para o preenchimento das vagas no

quadro de funcionário da empresa, algumas dessas formas são: anúncios em jornais ou

revistas, divulgação em sites especializados em recrutamento pela internet, indicações de

funcionário da empresa, entre outras (SOBRAL e PECI, 2008).

Assim como no recrutamento interno, a modalidade de recrutamento externo apresenta

aspectos considerados favoráveis e desfavoráveis a sua utilização. Chiavenato (1999) propõe

como aspectos favoráveis nesse recrutamento: ingresso de novos talentos, habilidades e

expectativas; enriquecimento do capital humano da organização; expansão do capital

intelectual com a integração de novos conhecimentos e experiências; permite mudanças na

cultura organizacional e transforma os objetivos da empresa; estimula a organização a se

relacionar com o mercado de recurso humanos do ambiente; apropriado para desenvolver o

capital intelectual de forma ágil. Por outro lado, o autor coloca também os aspectos

desfavoráveis ao uso desse recrutamento, a saber: geração de efeito negativo na motivação

dos funcionários que já fazem parte da organização; diminuição da consideração do

funcionário em relação à empresa pelo oferecimento de oportunidades ao mercado externo;

desenvolvimento de processos seletivos mais complexos para avaliar candidatos externos;

necessário implantar modelo de socialização para os novos funcionários; processo mais

27

trabalhoso, dispendioso, longo e apresenta maior possibilidade de incorrer em erros do que o

recrutamento interno.

A etapa de recrutamento geralmente consegue atrair um número maior de candidatos

do que a organização realmente necessita. A partir desse momento, a organização inicia o

processo de seleção dos candidatos. Portanto, a seleção pode ser definida como

uma espécie de filtro que permite que apenas algumas pessoas possam ingressar na

organização: aquelas que apresentam características desejadas pela organização. Há

um velho ditado popular que afirma que a seleção constitui a escolha certa da pessoa

certa para o lugar certo. Em termos mais amplos, a seleção busca, dentre os vários

candidatos recrutados, aqueles que são mais adequados aos cargos existentes na

organização, visando mantes ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal,

bem como a eficácia da organização. No fundo, está em jogo o capital intelectual da

organização que a seleção deve preservar ou enriquecer (CHAVENATO, 1999, p.

107).

Segundo Sobral e Peci (2008), a seleção pode ser entendida como um exercício que

visa identificar qual será o desempenho dos candidatos no cargo, e o candidato escolhido é

aquele que, conforme a avaliação, apresentar o melhor desempenho durante o processo, então

essa etapa busca identificar as competências, conhecimentos e potencial dos candidatos.

Dessa maneira, é analisado o nível de preparo do candidato para o cargo, especialmente

observando-se a personalidade e a experiência que contribuam para a execução de suas

atividades no cargo.

Chiavenato (1999) coloca a seleção entendida como um processo de comparação.

Conforme o autor a melhor maneira de definir seleção é através da comparação entre duas

variáveis. Sendo uma delas referente aos requisitos do cargo vago, ou seja, os requisitos que

os candidatos necessariamente precisam para ocupar a vaga e realizar suas atribuições; a outra

variável é o perfil dos candidatos à vaga com a descrição de suas características. A primeira

variável é identificada na organização por meio do estudo da descrição e análise do cargo, já a

segunda é identificada por intermédio do processo de seleção no qual pode ser aplicada uma

ou mais técnicas de seleção.

A análise comparativa entre as variáveis pode apresentar como resultado três cenários.

Considerando a primeira variável como A e a segunda variável como B, temos: (I) A variável

A maior do que B, nessa situação, o candidato não consegue atingir os requisitos necessário

para ocupar o cargo, consequentemente, considerado inapto para o cargo analisado; (II) As

variáveis A e B são equivalentes, indicando, para esse contexto, que o candidato atingiu os

requisitos necessários para o desempenho do cargo, e é considerado apto para o cargo; (III) A

variável B é superior a variável A, esse cenário indica que o candidato supera os requisitos

28

necessários para o desempenho do cargo, e é considerado superdotado para o cargo. A análise

comparativa não é realizada de forma que haja um único ponto de igualdade entre as variáveis

em questão, mas na realidade existe uma faixa de aceitação que permite uma avaliação

flexível dentro dos limites estabelecidos para mais ou para menos, em relação ao ponto

estabelecido como ideal.

A organização pode se deparar com a situação na qual os candidatos se encontrem em

nível equivalente, e, portanto, é preciso tomar decisões e realizar escolhas entre os candidatos.

O processo de seleção apresenta, como resultado de três modelos de decisão sobre os

candidatos, três modelos de tratamento, a saber: colocação, seleção e classificação

(CHIAVENATO, 1999).

O modelo de colocação é aquele que apresenta apenas um candidato e uma vaga a ser

preenchida; nesse modelo, não é considerada a possibilidade de rejeição do candidato. O

modelo de seleção é aquele no qual há diversos candidatos para apenas uma vaga; ocorre da

seguinte forma, os candidatos são comparados com os requisitos para o cargo, e estes são

considerados aprovados ou não, quando aprovado, o candidato deve ser admitido, já se for

reprovado, o candidato é dispensado do processo. Por fim, o modelo de classificação possui

diversos candidatos para diversas vagas; os candidatos são comparados com os requisitos das

vagas abertas, da mesma forma do modelo anterior, o candidato pode ser aprovado ou

reprovado, sendo aprovado, ele então é admitido, se for reprovado, será comparado com os

requisitos de outros cargos que estejam disponíveis para preencher, até que não existam mais

cargos abertos e as alternativas (CHIAVENATO, 1999).

Como mencionado anteriormente, a seleção é essencialmente um processo

comparativo, entre os requisitos do cargo e características dos candidatos. É preciso, portanto,

coletar as informações a respeito do cargo a ser preenchido como ponto de partida para a

seleção. Chiavenato (1999, p. 112) declara que uma das formas de coletar as informações

sobre o cargo é através da análise e descrição do cargo. O autor caracteriza a descrição e

análise de cargo como “informações a respeito dos requisitos e das características que o

ocupante do cargo deverá possuir para ocupá-lo adequadamente”. O processo de análise e

descrição do cargo envolve fatores intrínsecos e extrínsecos, que são, respectivamente, as

características relativas ao conteúdo do cargo e aos requisitos que são necessários ao seu

ocupante. Em relação à descrição e análise de cargos, Pontes (1996, p.35) coloca que

análise de cargos é o estudo das atribuições e responsabilidades dos cargos. Das

análises são obtidas as descrições e especificações (requisitos) dos cargos. Descrição

de cargos fornece a relação sistematizada das atividades, com detalhes que permitem

29

a compreensão do que, como e porque é feita cada uma das tarefas. A especificação

do cargo comtempla as condições exigidas do ocupante com relação à escolaridade,

experiência, iniciativa, habilidades, bem como estuda as responsabilidades do

ocupante por erros, materiais, equipamentos, ferramentas, condições de trabalho,

requisitos físicos etc.

A partir do momento em que a organização consegue as informações sobre os cargos

vagos, é necessário então analisar as informações sobre os funcionários (CHIAVENATO,

1999). Diz, ainda, o autor que para conhecer e decidir sobre os candidatos que melhor se

enquadram nos requisitos das vagas é preciso aplicar as técnicas de seleção. Essas técnicas

estão subdivididas em cinco grupos, a saber: entrevista, provas de conhecimento ou

capacidade, testes psicométricos, testes de personalidade e técnicas de simulação.

A entrevista é uma técnica de seleção que é amplamente utilizada na maioria dos

processos de seleção de candidatos, e ainda em outras situações dentro dos processos na

organização. Pode ser utilizada desde processo de triagem inicial para ingresso a organização,

ou de entrevista para avaliação de desempenho, até entrevista de desligamento dos

funcionários que foram demitidos ou pediram demissão. A entrevista consiste em um meio de

comunicação entre duas ou mais pessoas que se relacionam para que uma das partes consiga

conhecer melhor a outra. O entrevistador ou tomador de decisão incentiva o entrevistado por

meio de estímulos, para que possa analisar e estudar suas reações ao que foi estimulado, e

identificar o comportamento do candidato diante de determinados cenários propostos. Essa

técnica apresenta elevado teor de subjetividade e também imprecisão, porém ainda é a

entrevista pessoal que consegue maior nível de influência sobre a decisão final tomada com

relação ao candidato (CHIAVENATO, 1999).

Para Chiavenato (1999), as provas de conhecimento permitem avaliar o nível de

conhecimentos profissionais ou técnicos dos candidatos. As provas de capacidade, por outro

lado, apresentam demonstrações da atividade do cargo, a fim de testar os candidatos para

mensurar seu desempenho. Permitem avaliar, dessa forma, a capacidade ou habilidade para

desempenhar determinadas atividades pertinentes ao cargo disponível. Existe uma ampla

variedade de provas de conhecimentos e capacidades, que podem ser classificadas quanto aos

critérios de aplicação, abrangência e organização.

As provas de conhecimento ou capacidades podem ser classificadas quanto à forma

em: provas orais, escritas ou de realização. Provas orais são realizadas de modo verbal,

através do método de perguntas e respostas verbais. Provas escritas são também realizadas

através do método de perguntas e respostas, porém de forma escrita. Provas de realização são

desenvolvidas com a realização de uma atividade referente ao cargo a ser preenchido.

30

Em relação à abrangência as provas podem ser gerais ou especificas. As provas gerais

são as que buscam analisar os aspectos culturais, ou de caráter genérico. Já as provas

específicas são avaliações que objetivam identificar conhecimentos técnicos e específicos que

apresentem vínculos diretos com o cargo que se pretende preencher.

Ainda segundo Chiavenato (1999), a organização classifica as provas de conhecimento

ou de capacidade em tradicionais ou objetivas. As provas tradicionais são avaliações de

característica dissertativa e expositiva. Sua elaboração permite a realização por meio de

improvisação. São avaliações mais longas e demoradas, e por isso apresentam número menor

de questões, sendo assim, não conseguem abranger grande vastidão de conhecimentos, mas os

que são avaliados possuem elevado nível de complexidade. As provas objetivas requerem

planejamento para sua construção. Ao contrário das provas tradicionais, apresenta aplicação

simples e rápida, permitem abranger maior vastidão de conhecimentos. As provas objetivas

são também denominadas de testes, pois apresentam suas questões em forma de teste, sendo

os principais métodos de teste: alternativas simples ou testes dicotômicos, uma pergunta e

duas possibilidades de resposta; múltipla escolha, uma pergunta três, quatro ou cinco

possibilidades de resposta; preenchimento de lacunas, frases incompletas que possuem

espaços em branco para serem completadas; ordenação ou conjugação de pares, duas colunas

que apresentam assuntos para serem relacionados ou postos uma ao lado do outro; escala de

concordância ou discordância, uma afirmação que deve ser julgada pelos candidatos

expressando o nível de concordância ou discordância; escala de importância, uma

característica deve ser julgada pelo candidato dentro de uma escala de importância; escala de

avaliação, um aspecto é julgado pelo candidato dentro de uma escala que classifica a

avaliação em níveis.

Outra técnica de seleção é a utilização de teste psicométricos. Essa técnica pode ser

descrita como avaliações realizadas de forma objetiva e padronizada de certos

comportamentos no tocante as habilidades do candidato, busca medir a performance das

pessoas que são comparadas com resultados pré-determinados já disponíveis por análises e

estudos estatísticos, e a partir disso, ser possível prever o comportamento das pessoas no

desenvolvimento das atividades do cargo. Portanto, os testes psicométricos procuram

apresentar, de certa forma, uma previsão relacionada a possibilidade de desenvolvimento da

capacidade do candidato. Usualmente, as organizações fornecem para os candidatos uma

gama de testes psicométricos que avaliam tanto as aptidões quanto a inteligência geral dos

indivíduos. Esses testes são utilizados porque cada cargo diferente na organização exige do

seu ocupante um rol diferente de aptidões, que deve estar devidamente registrado na ficha

31

profissional, e com isso ser possível compará-la com o perfil dos candidatos, a fim de

encontrar o melhor candidato que se enquadre no perfil do cargo (CHIAVENATO, 1999).

O autor diz, ainda, que os testes de personalidade buscam definir as características da

personalidade dos candidatos. A personalidade pode ser definida como a união de

características e atributos passíveis de mensuração relacionados ao perfil consolidado e

definitivo do indivíduo. A análise desse perfil do indivíduo é possível determinar o que o

diferencia dos demais, ou seja, aquilo que o torna único. Essa técnica consegue revelar

aspectos do caráter, isto é, que são adquiridos pelo individuo durante sua vida e experiências,

e também os aspectos do temperamento, ou seja, que são inerentes ao candidato, pois os

apresenta desde o nascimento. O teste de personalidade podem mesurar aspectos gerais e

específicos; sendo nomeados psicodiagnósticos no momento em que expõem traços gerais da

personalidade em análise do todo, e são específicos quando analisam aspectos da

personalidade em especial.

Por último, Chiavenato (1999) apresenta as técnicas de simulação, que são realizadas

de forma coletiva com ênfase na atividade desenvolvida em um contexto social. A simulação

é uma técnica que envolve o drama, ou seja, construir uma situação na qual seja inserido o

problema ou condição que se pretende analisar. As técnicas de simulação se resumem

basicamente em dinâmicas de grupo, sendo a principal técnica o psicodrama. Essa técnica

funciona com base na teoria geral dos papéis, isto é, cada participante apresenta os papeis que

são da sua natureza na forma de comportamento, de forma isolada ou interagindo com os

demais; sendo assim, o psicodrama é realizado em torno das respostas comuns no cotidiano,

para que seja possível indicar qual é o perfil comportamental. As técnicas de simulação tem a

função de complementar o diagnóstico dos candidatos, pois assim os candidatos serão

colocados em situações de dramatização de uma cena que apresenta relação com o cargo e as

funções que eventualmente desempenhará na organização no futuro, caso seja admitido.

Existem variações entre os autores a respeito do desenvolvimento da atividade de

seleção. Outra perspectiva, por exemplo, é de Pontes (1996) que afirma que o processo de

seleção pode ser subdivido em etapas que tem como objetivo atingir a contratação de um ou

mais candidatos recrutados, conforme a necessidade da organização. As etapas podem sofrer

variação dependendo da empresa, ou até mesmo do cargo que se pretende preencher. O

processo tem início com a etapa de triagem, seja ela realizada por uma breve entrevista, com

análise curricular ou de ficha de inscrição. Em seguida, são realizados testes de

conhecimentos e/ou psicológicos. A próxima etapa utilizada é a entrevista, nessa fase a

capacidade, potencialidade e motivação para o cargo são avaliadas. Quando o candidato ideal

32

para o cargo é escolhido, são realizados exames médicos que também fazem parte da seleção

e busca: direcionar os funcionários para os cargos que estejam aptos fisicamente para

desempenhar; fornecer aos colaboradores o conhecimento sobre o seu estado de saúde;

assegurar aos demais trabalhadores saúde e segurança por não consentir que sejam admitidas

pessoas que ofereçam qualquer risco aos demais; repassar ao novo funcionário as noções

iniciais sobre saúde ocupacional; e satisfazer as condições legais que exigem a realização

desse exame nas organizações. A etapa final da seleção, ainda conforme o autor, é a

localização de referências, que apresentam elevado nível de insegurança, pois grande parte

das referências pode ser distorcida, seja por aspectos pessoais que pretendem privilegiar o

candidato, ou por aspectos legais, nos quais, por exemplo, empresa que visam evitar

complicações judiciais acabam omitindo certos pontos negativos no tocante as referências.

A análise do currículo é vista como uma ferramenta de pré-seleção. Essa análise

procura identificar quais foram as realizações do candidato, sendo, portanto, um meio de

conhecimento das informações do candidato quanto aos seus objetivos profissionais,

qualificações, escolaridade, dados pessoais, entre outros. É válido ressaltar que os dados

extraídos do currículo devem ser sempre passiveis de verificação, para identificar os casos em

que informações importantes tenham sido omitidas ou alteradas intencionalmente em uma

tentativa de enganar os avaliadores durante o processo de seleção (PONTES, 1996).

Segundo Pontes (1996), os testes de seleção envolvem testes de conhecimento,

desempenho e psicológicos. Os testes que avaliam os conhecimentos procuram mensurar as

habilidades dos candidatos por meio do estudo ou da prática. As avaliações podem ocorrer de

variadas formas: verbal ou escrita; de modo dissertativo ou objetivo, sendo alternativa

falso/verdadeiro, múltiplas alternativas, preencher lacunas, associação de colunas, ordenação.

Os testes de desempenho avaliam o potencial do candidato em realizar determinada atividade

ou função. Por fim os testes psicológicos analisam perfil individual do candidato tendo como

base os atributos necessários para assumir determinado cargo.

Para Pontes (1996, p.124-26) a entrevista de seleção exerce função importante durante

o processo de seleção. Afirma que “é o momento de conversamos com as pessoas, de

conhecê-las e dar a elas a oportunidade de conhecer a empresa.”. O autor propõe que o melhor

é que a entrevista tenha um roteiro que permita realizá-la de forma simples e organizada,

contudo, esse roteiro não enrijecer a entrevista de forma a torná-la algo mecânico. Para o

desenvolvimento da entrevista uma série contendo onze passos deve ser seguida.

O primeiro passo necessário de se realizar é o planejamento prévio da entrevista, que

envolve programar o local, horário, analisar os atributos necessários para o cargo, estudar o

33

currículo dos candidatos e preparar o roteiro a ser seguido. Em seguida, para dar início a

entrevista é preciso um momento em tentativa de tornar a situação mais confortável para o

candidato que normalmente se sente nervoso ou ansioso. Essa etapa consiste em atos simples

como um sorriso, uma oferta educada de água ou café, uma demonstração de simpatia que

permita o candidato sentir o respeito da empresa por ele. Continuando o processo de

entrevista, serão abordados os aspectos referentes à experiência profissional, que diz respeito

às vivencias ocorridas nas empresas das quais o candidato fez parte. As próximas informações

importantes de serem coletadas são sobre a formação acadêmica, nesse passo, pode-se

observar a vida escolar e seu desempenho, área de formação, até mesmo sobre o que o

candidato ainda pretende realizar academicamente, se pretende investir em novas formações a

área ou outras perspectivas. A coleta de dados familiares e sociais são respectivamente os

próximos passos; a primeira busca informações sobre relações familiares, educação familiar,

crescimento durante a vida, já a segunda tenta analisar dados sobre hábitos, preferências

políticas e religiosas e outras (PONTES, 1996).

Outro passo, conforme Pontes (1996, p. 130-31), é o que se refere às explicações sobre

o cargo, remuneração e negociação. Nesse momento, o entrevistador repassa aos candidatos

as informações sobre atividades desempenhadas no cargo, atributos, possibilidades,

complexidade, remuneração. A partir da exposição inicial, pode-se iniciar a negociação, por

exemplo, de salário com o candidato. Próxima etapa é a abertura para o candidato expor

qualquer questionamento que tenha ou deseje esclarecer sobre o processo, empresa ou cargo.

O entrevistador, na fase seguinte, pode analisar se o candidato está pré-disposto ao cargo e à

ingressar na organização, diante do exposto. A etapa subsequente é de encerramento, que

deve expor para o candidato como se dará a continuidade do processo de seleção, sendo

importante, que caso seja realizado algum filtro dos candidatos, os candidatos serão

devidamente comunicados, o melhor é que a comunicação ocorra tanto no aspecto positivo

quanto negativo, ou seja, caso o candidato seja aprovado ou não para a etapa seguinte. Por

fim, o último passo é o de síntese da entrevista, sendo nessa fase importante que somente após

a finalização da entrevista, o entrevistador realize anotações importantes, deve ser resumido e

objetivo, e passível de ser comparado com as demais entrevistas dos candidatos.

2.2.3 Recrutamento e seleção de pessoas no setor público

Nas organizações do setor público, da mesma forma que no setor privado, é preciso

cumprir os seus objetivos através da realização das suas atividades, e para isso também existe

34

a necessidade de ter pessoas para colocar em funcionamento a organização. Contudo, existem

diferenças essenciais entre os processos de recrutamento e seleção do setor público e privado.

As organizações de ambos os setores buscam atingir o máximo de eficiência no seu

desempenho, e para isso é preciso ter profissionais dedicados e qualificados. Esses

profissionais, no entanto, não são a maioria, e dentro de um cenário globalizado no qual a

competividade é generalizada, encontrar, atrair e reter esses profissionais se torna uma tarefa

que requer muito cuidado e atenção. Franco (2002 apud OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011,

p.61) afirma que vendo esses talentos como escassos e essenciais para as organizações, as

atividades de buscar e manter essas pessoas nas empresas assume um papel estratégico, no

qual as atividades de recrutar e selecionar candidatos se transformam num fato primordial a

preocupação com os resultados que serão alcançados com cada pessoa que entra na

organização.

A admissão de servidores para ocupar cargo público é muito bem amparada pela

estrutura legal. A Constituição Federal (1988) apresenta em seu texto que a investidura nos

cargos ou empregos públicos ocorre com base na aprovação prévia em concurso público de

provas ou de provas e títulos, conforme as características e complexidade do cargo ou

emprego; com exceção as nomeações que ocorrem para os cargos em comissão que de acordo

com a lei seja de livre nomeação e exoneração. Sendo assim, após a aprovação em concurso

público, os candidatos são necessariamente nomeados, em seguida são os procedimentos de

posse e exercício. Bergue (2007 apud OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011) aponta que a

nomeação é a convocação oficial do candidato aprovado em concurso público para assumir o

cargo; já a posse é o ato de aceite do cargo para o qual foi nomeado; e por fim, o exercício

que se refere ao ato de iniciar suas atividades conforme o cargo.

A pesar de ter ligação direta com as disposições da legislação, não há porque o

processo de recrutamento e seleção permanecer rígido e sem inovações ao longo do tempo,

contudo, é exatamente esse cenário que se verifica no setor público.

O contexto atual mostra que o desempenho das pessoas na organização tem adquirido

uma posição de destaque, afinal, hoje na maioria das organizações o grande diferencial

competitivo é conquistado através da eficiência, empenho e talento de grandes profissionais

que conseguem gerar resultado por meio de seus esforços. Esse cenário também está presente

no setor público, pois Marconi (2005 apud OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011) afirma que o

servidor na área pública não mais significa um recurso produtivo que apenas objetiva o

cumprimento de atividades específicas, seguindo somente as regras institucionais, e que é

remunerado e analisado pelo seu rendimento produtivo e obediência.

35

Macro processo do recrutamento e seleção no setor público ocorre conforme apresenta

a Figura 2.

Figura 2 – Macroprocesso de Admissão de pessoal no Setor Público

Fonte: Bergue (2007, p. 380 apud OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011, p. 63)

Como é possível observar pela figura acima, o macroprocesso é composto

primeiramente pela identificação da necessidade mediante a desocupação de cargos públicos,

ou criação legal de novos cargos. Em seguida vem o processo de recrutamento que envolve a

atração de candidatos para os cargos identificados, e depois a seleção que irá realizar a melhor

triagem dos candidatos que se adequam as vagas, que juntos são realizados por meio do

concurso público. A admissão é a próxima etapa que como citado antes envolve a nomeação,

posse e exercício. O estágio probatório é a fase de avaliação, após entrada em exercício, dos

servidores, envolve o período de adaptação ao cargo; e o registro que é realizado a partir do

início do exercício (OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011).

Dentre essas etapas do macroprocesso, o foco dado nesse trabalho, como dito

anteriormente, será às etapas de recrutamento e seleção, as duas etapas em conjunto são

representadas pelo Concurso Público como apresentado na Figura 2. Sendo assim, fica claro

que o Concurso público é a porta de ingresso no setor público.

Conforme o 11º art. da lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, o concurso público “será

de provas ou de provas e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem

a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato

ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as

hipóteses de isenção nele expressamente previstas”. Oliveira e Medeiros (2011, p. 64)

apontam que o concurso público é “o meio utilizado pela Administração Pública para

selecionar, de forma impessoal e igualitária, candidatos a cargos ou a empregos públicos, com

exceção dos cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração”.

36

Pensando já nesse contexto do concurso público, a parte do processo que compete às

atividades de recrutamento é subdividida em cinco fases por Bergue (2007 apud OLIVEIRA e

MEDEIROS, 2011), a saber: (I) Identificação da real necessidade; (II) análise legal da

existência; (III) construção e divulgação do edital de abertura do concurso; (IV) abertura e

período de inscrições; e (V) homologação e aprovação das inscrições (etapa final do

recrutamento).

Tanto o primeiro quanto o segundo item podem ser modificados e sofrer adequações

de acordo os limites pré-estabelecidos em lei. O item III pode apresentar um edital mais

amplo ou com maiores especificações, e com isso obter um número maior ou menor de

candidatos para a vaga. Existe ainda a questão da divulgação do edital, que pode ser

divulgado em um grande número de meios ou em menor quantidade de meios de

comunicação, sendo divulgado de forma parcial ou na integra, contudo quando na forma

parcial deve ser informado o local onde é encontrado o texto completo (OLIVEIRA e

MEDEIROS, 2011).

Ainda dentro do contexto de concurso público, a seleção é realizada com bem menos

ferramentas do que no setor privado. Normalmente no setor privado são utilizadas diversas

técnicas já mencionadas anteriormente para realizar uma única seleção combinando, ou seja,

ocorre uma combinação de técnicas, por exemplo, para uma seleção existe a análise

curricular, em seguida testes de conhecimentos, muitas vezes, são feitos testes psicológicos, e

na grande maioria das seleções, existe a presença da entrevista. Mas no setor público a seleção

não acontece bem assim. Conforme as disposições legais, o concurso é de provas ou provas de

títulos, e a variação ocorre confirme a necessidade do cargo, sua complexidade, sempre em

consonância com o regulamento legal do cargo e do órgão do qual o cargo faz parte.

Então a seleção no setor público acontece normalmente por meio de provas de

conhecimentos, podendo ser provas práticas, escritas, ou provas de títulos. A prova prática

usualmente é utilizada para seleção em cargos operacionais, podendo também se aplicar para

cargos administrativos e para professores (OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011). Contudo, como

a avaliação dessas provas requerem maior subjetividade, é preciso diminuir esse teor

subjetivo, Bergue (2007 apud OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011) alerta que essas provas

devem ter critérios de avaliação objetivos, estabelecidos previamente, algumas propostas do

autor incluem escolha de uma banca examinadora que tenha a capacidade necessária para

avaliar os candidatos, manutenção de documentos referentes ao desempenho dos

participantes, oferecimento de condições iguais de concorrência aos candidatos.

37

Oliveira e Medeiros (2011) apontam que a prova escrita pode apresentar varias formas

como a dissertativa, a objetiva com perguntas abertas e/ou fechadas, entre outras

possibilidades. Nos concursos as provas escritas normalmente são de questões fechadas.

Como no concurso público, assim como em toda a Administração Pública deve-se zelar pelo

principio da transparência, a maior frequência nos exames é de questões fechadas, que tem

gabaritos disponibilizados, assim como apresentam prazo para interposição de recursos, caso

o candidato discorde das respostas das questões com o devido embasamento teórico, então as

questões são reavaliadas pela organizadora do concurso. Gil (2001 apud OLIVEIRA e

MEDEIROS, 2011) sugere a utilização de testes escritos para cargos que apresentem

conhecimentos específicos relativos ao desempenho no cargo. O autor afirma ainda que as

provas devem ter sua construção feita por instituições que são credenciadas para isso, são

confiáveis, e já possuem experiência no assunto. Sendo preciso um trabalho em conjunto entre

a organizadora e o próprio órgão da administração pública a fim de que os resultados do

processo seletivos sejam os melhores e confirme-se com papel estratégico para a organização

pública.

A prova de títulos é uma avaliação que apresenta importância, contudo não deve ser a

única utilizada para avaliar os candidatos ao cargo, e deve ser realizada como forma de

complementar outras avaliações (OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011). A prova de título pode

também ser chamada análise de currículo, e de acordo com Gil (2001 apud OLIVEIRA e

MEDEIROS, 2011), é responsável por identificar os seguintes aspectos dos candidatos: (I)

competência profissional mediante dos motivos informados sobre a mudança de emprego caso

essa situação tenha ocorrido, e a evolução da carreira profissional do candidato; (II) vontade

de permanecer no emprego e de construir carreira; (III) vivência prática, como as atividades

desempenhadas pelo candidato; (IV) enquadramento no grupo, verificando as características e

competências explícitas e de fácil identificação; (V) abertura para mudanças desafiadoras,

analisar as responsabilidades anteriores do candidato observando se são adequadas para o

cargo pretendido; (VI) presença de intenção para o aprimoramento de desempenho nos

processos.

Independentemente do processo de seleção utilizado, a organização deve procurar

manter o processo seguindo a linha estratégica da organização, e para isso é essencial que as

atividades de recrutamento e seleção estejam engajadas a buscar os candidatos que

apresentam competências mais alinhadas com as competências que a organização deseja.

Além disso, durante o processo do concurso, muitas questões devem ser definidas com cautela

e assertividade, como identificar a instituição mais adequada para elaborar as provas, os

38

termos dessa parceria com a instituição, identificar para qual conteúdo ela estará orientando

os testes. Sobre as provas de título, é preciso detectar o que será considerado prioridade, e até

mesmo quais serão os padrões de pontuação e como ocorrerá a manutenção dos registros das

avaliações. Observando o exposto, percebe-se que existe viabilidade para direcionar o

processo de recrutamento e seleção no setor público de forma que estejam alinhados com a

estratégia que a organização traça para as pessoas, e ainda manter a transparência e o

cumprimento da legislação (OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011).

Omuro, Pereira e Pinto (2015, p.36) afirmam que o ponto crucial para conseguir

inovar no processo de seleção na área pública pode está ligado a uma visão ampla do processo

como um todo, e nesse sentido buscar alinhá-lo aos objetivos estratégicos da organização e à

visão que a mesma traça para o futuro. O que é proposto, assim, é um modelo que se relaciona

tanto com o planejamento de nível estratégico, quanto com a situação futura que se consegue

projetar para a organização.

Com o objetivo de exemplificar essa situação os autores apresentam um modelo que

oferece uma visão das orientações estratégicas de forma organizada e interligada na Figura 3.

Figura 3 – Processo de recrutamento e seleção com a organização emanada do Decreto n.

52.833

Fonte: Omuro, Pereira e Pinto (2015, p. 37)

39

O processo de recrutamento e seleção, como é possível observar pela Figura 3, está

ligado às outras funções do sistema de RH, que por sua vez, depende da identificação das

necessidades do quadro de pessoal atual e futuro da organização, e essa identificação ocorre

por meio do processo de planejamento estratégico.

Os autores destacam três pontos importantes que devem ser observados para que haja

sucesso do modelo, a saber: análise dos processos das áreas que solicitam vagas; análise das

competências solicitadas a partir das características das áreas e dos cargos; e elaboração do

edital para avaliar os conhecimentos que são necessários para alcançar a eficiência.

O primeiro fator crucial para recrutamento e seleção de pessoal no modelo

apresentado, trata da análise dos processos das áreas requisitantes de preenchimentos de

vagas, porque através do estudo dos cenários projetados para as áreas é possível identificar

qual é o crescimento em termos de demanda por serviço que foi previsto e com isso é possível

planejar qual ser o quadro de pessoal adequado e necessário para atender a demanda prevista.

Sendo assim, evita-se que a administração pública apresente um quadro com volume em

excesso, ou com faltas de pessoal, e sim, na quantidade certa para prestação do serviço de

forma adequada. A organização pública precisa estar atenta para perda de talentos no setor,

sendo necessária a devida atenção para situação, além do desenvolvimento de estudos que se

proponham a responder os motivos dessa movimentação de pessoal. Uma alternativa é o

acompanhamento da situação através de indicadores que comtemplem a distribuição de cargos

e suas respectivas quantidades, mas também a identificação das informações sobre a

formação, competências, análise e descrição de cargos, níveis salariais durante o

desenvolvimento de carreira. Outro ponto de estudo é a realização do monitoramento em

relação as vacâncias de cargos e dos motivos disso, que complementa o estudo referente a

falta de pessoal, e o objetivo desses estudos é identificar se o melhor para a organização é a

reocupação da vaga, ou se o ideal, com base nas projeções para o futuro, é a criação de vagas

que são essenciais para o desempenho organizacional futuro nas projeções realizadas.

(OMURO, PEREIRA E PINTO, 2015).

Diante do exposto, a organização pública, deve além de identificar o perfil do cargo e

do candidato ideal para assumi-lo, conseguir reconhecer a importância que esse cargo exerce

ou não para o futuro da organização. Ou seja, verificar os cargos que se apresentam como

essenciais para cumprir os objetivos estratégicos organizacionais, pensando não apenas no

momento presente, mas preparando a organização para que a mesma consiga atingir o

resultado esperado no futuro.

40

Omuro, Pereira e Pinto (2015) apontam que a decisão da realização de concurso

público é baseada nos estudo de identificação do perfil do quadro de pessoas presente na

organização, e estes podem ser melhorados mediante a análise de: (I) unidades da estrutura

básica que compõem cada área ou subárea, bem como suas responsabilidades; (II) relatórios

que caracterizam as atividades produzidas pelos servidores na unidade, identificando e

julgando a afinidade entre as suas atribuições e as exigidas para a unidade; (III) exigências

legais para os cargos de formação superior, média e básica adequadas ao efetivo atual de

pessoas; (IV) caracterização de servidores do quadro de pessoal suplementar e de provimento

em comissão na situação de serem incumbidos das atividades informadas.

Dessa forma, é possível perceber que analisar os processos da área que solicita

preenchimento de vagas mediante concurso não é simplesmente detectar o número de cargos

em vacância, porque vai bem mais além, sendo preciso um estudo detalhado do

desenvolvimento dos processos e atividades dos cargos na situação na qual se encontram, mas

também é preciso uma análise sobre o que a organização pretende realizar no futuro. Assim,

para que se cumpra com o planejamento, pode-se ter a necessidade de criação de novos

cargos, ou mesmo pode ser necessário extinguir um cargo que já não tem importância

estratégica para organização, é preciso, portanto, priorizar o quadro nas áreas que se tem real

valor para o crescimento da organização.

Portanto,

É conveniente utilizar indicadores para comparar a situação presente com a situação

proposta de vagas necessárias para cada cargo pleiteado para realização de concurso

público, mas o resultado de um cálculo de quantidade de pessoas necessárias para

um quadro de pessoal na administração pública deve ter sempre como escopo a

eficiência e efetividade na prestação dos serviços públicos, sejam os cargos

requeridos em processos finalísticos, sejam aqueles requeridos em processos ou

unidades de área meio. A eficiente prestação do serviço público é alcançada não

somente com o desempenho do pessoal técnico, mas também com o apoio

competente do pessoal administrativo (OMURO, PEREIRA E PINTO, 2015, p.39).

O segundo ponto crítico do modelo diz respeito à análise das competências necessárias

baseada nas atribuições das áreas e cargos. Na gestão por competência é possível organizar os

recursos humanos das organizações, além de se apresentar como essencial para que elas

melhorem o desempenho de seus colaboradores, buscando a eficiência e eficácia. Adota-se,

dentre os modelo de gestão por competências, o modelo que se baseia em três aspectos:

conhecimentos, habilidades e atitudes. Esses mesmo aspectos são responsáveis por produzir

resultados práticos no trabalho, no setor público as competências conseguem acrescentar valor

social a indivíduos e organizações (OMURO, PEREIRA E PINTO, 2015).

41

Os autores apontam que a identificação das competências normalmente é realizada,

nos processos seletivos do setor privado, por meio de dinâmicas de grupo e análise de

currículos. Contudo, no setor público a situação muda, em virtude das limitações impostas

pela Constituição e normas regulamentares sobre o assunto, não é possível utilizar formas de

aferição em concursos, e isso gera certo prejuízo ao processo de seleção dos melhores

candidatos aptos ao exercício dos cargos. Então na área pública como técnica de seleção por

competências uma prática comum é o aproveitamento de concursados de outras secretarias.

Entretanto, se não for realizado de forma adequada pode acontecer problemas, por exemplo,

as diferenças entre as competências técnicas e comportamentais para o cargo de um órgão

para o outro, e isso pode ser ariscado e trazer servidores que não são adequados para uma

atividade, e assim não conseguir alcançar a eficiência e eficácia que a organização precisa e

planeja atingir.

Os autores citam estratégias que visam reduzir ao mínimo as diferenças existentes

entre o perfil de candidato ideal para o cargo e as competências dos candidatos identificadas

através apenas das provas, quais sejam: atividade conjunta com a área requisitante da vaga

para determinar o perfil do cargo, discriminação dos atributos baseados na lei que institui a

carreira, condição de realização e apresentar situação de aprovado em curso preparatório

como etapa do concurso.

Conforme Omuro, Pereira e Pinto (2015) a percepção do processo de recrutamento e

seleção tem seu sido alterada e a inclusão de competências para gestão de pessoas consegue

gerar ganhos ao desempenho dessa área no sistema de recursos humanos, e com isso se torna

possível aproximar os candidatos do perfil de atributos e competências planejado para o

cargo.

Por último, o terceiro aspecto importante para garantir sucesso ao modelo de

recrutamento e seleção está na elaboração do edital com conhecimentos necessários para

garantir a eficácia dos processos. O edital é um item essencial para a realização do concurso,

porque ele apresenta todas as orientações e instruções do processo seletivo. Segundo Omuro,

Pereira e Pinto (2015), o órgão de recrutamento e seleção do concurso precisa estar envolvido

em todas as atividades do processo de seleção, a saber: definição dos tópicos importantes que

o edital deve conter em conjunto com as orientações do órgão demandante; elaboração de

questões relacionadas com a realidade e conhecimentos técnicos que avaliem o que é preciso

para a organização de modo apropriado; estruturação da prova com nível de complexidade e

duração conforme os conhecimentos cobrados dos candidatos; legitimação da avaliação

através de indicadores; aplicação de revisão técnica das questões da prova; e confronto entre

42

os resultados reais da aplicação da prova e os que foram idealizados no planejamento, e

identificar o nível que foi atingido.

Os autores mostram que o processo de seleção deve estar fundamentado em

indicadores de desempenho, e com isso avaliar a eficiência e eficácia na área, incentivando a

melhoria contínua, não somente com indicadores para prova, mas também para o próprio

exercício das funções no cargo e resultados obtidos.

Conseguir incluir avaliação de competências nas provas não é o único desafio dos

organizadores do processo de seleção, porque também é preciso conseguir avaliar durante as

provas, de forma adequada, cada competência que o candidato deverá apresentar no exercício

das funções. Omuro, Pereira e Pinto (2015) citam que a Fundap (Fundação do

Desenvolvimento Administrativo) teve uma experiência na qual para conseguiu avaliar todas

as competências, de forma criteriosa, incluiu na prova a aplicação prática dos conhecimentos

em situações corriqueiras das funções do cargo, e ainda determinou valores diferentes para as

questões, conforme a importância que possuía em relação ao conjunto de competências e ao

cenário projetado pelo planejamento estratégico da organização.

Sendo assim, é possível perceber que

Essas atividades essenciais colocam as questões técnicas de seleção a serviço do

processo de recrutamento e seleção públicos – o concurso público de forma a

atender os preceitos constitucionais e legais; os conhecimentos técnicos

administrativos da gestão pública; e as necessidades dos órgãos demandantes

voltadas ao ingresso de novos servidores públicos com as competências requeridas

para tornar realidade a efetividade do desempenho dos órgãos públicos voltados ao

atendimento das demandas dos cidadãos (OMURO, PEREIRA E PINTO, 2015,

p.44).

Os autores acreditam que apenas as provas não são suficientes para avaliarem as

competências dos candidatos, além disso, é importante aplicar instrumentos que a própria

legislação permite, como o estágio probatório e cursos de capacitação profissional, que

permita a melhor qualificação tanto de conhecimento na área pública, como do exercício das

suas funções no cargo que vai realizar. O estágio probatório é um instrumento legal, previsto

na constituição, que permite a administração pública avaliar se o servidor consegue se ajustar

a cultura da organização, além de ser observado o seu desenvolvimento profissional. O

estágio probatório requer o acompanhamento para que se possa julgar a evolução do servidor,

e poder decidir pela efetivação ou não, com base em dados fundamentados, esse processo

deve ser acompanhado pela área de recursos humanos, bem como pelo setor de recrutamento

e seleção. O curso de capacitação funciona como forma de introduzi-lo a organização e

43

possibilita analisar a diferença que ele apresenta nas suas atividades, conforme a

regulamentação pública e o poder discricionário na prestação de serviços ao povo. Em

conjunto, essas informações podem ser aproveitadas para futuras seleções, sendo utilizado na

elaboração de editais e na idealização de provas segundo as necessidades da organização

pública.

Fontainha (2014, apud OMURO, PEREIRA e PINTO, 2015) analisa que uma seleção

realizada de forma insatisfatória gera um serviço público defeituoso, isso porque não exige a

experiência prévia em atividades equivalentes, e sim, seleciona os candidatos que conseguem

solucionar questões de provas.

Esse pensamento do autor permite a reflexão de que realmente é preciso e com

urgência modificar o sistema de recrutamento e seleção que ainda é abundantemente utilizado

para ingresso ou movimentação de pessoas no setor público. Cada vez mais o serviço se torna

caótico e precário, e uma das explicações, segundo os autores aqui citados, refere-se aos

processos de recrutamento e seleção que não são modernizados e ampliados de forma a atingir

novos patamares, e com isso elevar também a qualidade na prestação dos serviços públicos.

Portanto, é necessário alinhar os processos de seleção com as estratégias organizacionais a

fim de conseguir realmente selecionar os candidatos que apresentem o perfil ideal para

cumprir e alcançar os objetivos traçados conforme as projeções de cenários para o futuro da

organização pública.

44

3 METODOLOGIA

Neste capítulo foram descritos os procedimentos técnicos e metodológicos utilizados

para a construção da pesquisa, tendo como base os objetivos propostos. Apresenta-se o tipo de

pesquisa utilizada, bem como sua classificação, são também detalhadas as características da

população e amostra que participaram da pesquisa, além de descrever os procedimentos de

coleta de dados e análise dos resultados obtidos.

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa pode ser definida como investigação que tem como propósito obter

respostas aos questionamentos estabelecidos. Gil (1991) afirma que a pesquisa pode ser

definida um procedimentos realizado de forma racional e sistemática que objetiva adquirir

respostas para problemas que são apresentados, sendo necessária quando não se possui

quantidade suficiente de informações, ou quando a informação que se tem está desorganizada

e não consegue ser ligada ao problema exposto.

Quanto a caracterização da pesquisa, existem diferentes métodos para sua elaboração,

entretanto, é preciso identificar a metodologia mais adequada para o atingimento do objetivo

de responder ao problema proposto. Para esse estudo, optou-se pela classificação apresentada

por Gil (1991), que classifica as pesquisas com base nos seus objetivos em três diferentes

categorias, e sendo assim, as categorias são de pesquisas: exploratórias, descritivas e

explicativas. A presente pesquisa caracteriza-se como exploratório, que, segundo o autor,

apresenta o propósito de tornar mais familiar o problema, para torná-lo mais claro ou elaborar

hipóteses sobre o assunto.

Santos (2001) afirma que as pesquisas podem ser caracterizadas conforme seus

procedimentos de coleta, que são os métodos usados para reunir as informações, que, por sua

vez, exercem função essencial para a elaboração do pensamento e conhecimento sobre o fato

pesquisado. O autor aponta ainda que dentre as formas mais usuais de coleta de informações

está o estudo de caso. Esse método se refere ao procedimento de escolha de um objeto de

pesquisa específico, realizando análises de forma profunda de suas características. Sobre esse

método, Gil (1991) afirma que tem como característica flexibilidade e que é indicado para

início de investigação sobre temas com maior complexidade, permitindo a construção de

hipóteses ou formulação do problema.

45

Considerando o exposto, o presente estudo tem como objetivo análise os processo de

recrutamento e seleção no setor público, e para isso foi construída uma pesquisa exploratória,

aplicando-se a metodologia de estudo de caso para análise do objeto de estudo em apenas uma

organização, a UFRN.

3.2 Participantes da pesquisa

A população de pesquisa científica é constituída de um conjunto de elementos,

podendo ser empresas, produtos, pessoas, entre outros, que apresentam possuem em comum a

presença das características que serão estudadas (VERGARA, 2004). Nesse sentido, a

população desta pesquisa foi representada pelos servidores da PROGESP que estão em

exercício efetivamente na Pró-Reitoria e possuem pleno conhecimento dos processos

desenvolvidos no setor.

Em relação à amostra, Vergara (2004) caracteriza como uma parcela da população

selecionada para o estudo, mediante algum critério estabelecido de representatividade. Na

pesquisa realizada, a amostra foi determinada pelos servidores da Pró-Reitoria que

atendessem ao pré-requisito de fazer parte, de forma efetiva, da cúpula de gestão de pessoas

na instituição, isso garantiria que os participantes realmente possuíssem as informações

necessárias e construtivas para elaboração da pesquisa, já que atuariam diretamente do nos

processos analisados.

Com base nesses critérios determinados, a amostra foi composta de duas pessoas,

sendo: 1 representante de chefia da diretoria de Administração de Pessoal da PROGESP e 1

servidor representante da Coordenadoria de Concursos.

3.3 Instrumentos e coleta de dados

Os instrumentos de pesquisa foram de autoria e elaboração própria com base nos

objetivos específicos do trabalho. Foram construídos dois roteiros de entrevista compostos de

perguntas abertas relacionadas aos processos de recrutamento e seleção (ver apêndice A e B).

De acordo com Vergara (2009), podemos definir a entrevista como “uma interação

verbal, uma conversa, um diálogo, uma troca de significados, um recurso para se produzir

conhecimentos sobre algo”. Ainda segundo a autora, que elenca os diferentes tipos de

entrevista, pode-se afirma que o roteiro de entrevista foi elabora para aplicação de forma

individual com os participantes, e sua aplicação seguiu uma estrutura composta de questões

46

abertas direcionadas por um roteiro pré-elaborado, mas que permitiu adaptações pontuais

conforme a necessidade a fim de obter maiores esclarecimentos e aprofundamento nos pontos

cruciais.

Diante do exposto, o procedimento de coleta de dados para o desenvolvimento desta

pesquisa ocorreu por meio de:

a) Pesquisa bibliográfica relacionada ao assunto estudado em livros, revistas

especializadas, artigos e dissertações, observando a importância da área de gestão

de pessoas nas organizações, inclusive públicas, além de verificar as ferramentas e

inovações que estão sendo difundidas especificamente nos processos de

recrutamento e seleção no contexto atual.

b) Aplicação dos roteiros de entrevistas, com o objetivo de levantar informações a

respeito da compreensão e opinião dos indivíduos envolvidos profundamente nos

processos de recrutamento e seleção na instituição.

Antes da aplicação de cada roteiro de entrevista foi exposto aos indivíduos

participantes o objetivo e relevância da pesquisa, ressaltada a importância da colaboração,

além de ser assegurada a confidencialidade da sua identidade. A aplicação do roteiro de

entrevista com a chefia da diretoria de Administração de Pessoal foi realizada na forma de

entrevista pessoalmente, já na coordenadoria de concursos houve a entrega do roteiro por

solicitação dos representantes do setor, para que suas questões fossem estudadas, sendo

devolvido após conclusão das respostas, enquadrando-se, portanto, no perfil de questionário.

3.4 Análise de dados

Para o tratamento e análise dos dados obtidos nas entrevistas, foi realizada análise

qualitativa dos dados. De acordo com Gibbs (2009), a análise representa uma ideia de

transformação, e nesse sentido, quando se refere aos dados qualitativos, inicialmente existe a

coleta de dados, que passam por procedimentos investigatórios, sendo obtidos resultados

compreensíveis e menos complexos.

Dessa forma, a técnica utilizada consiste em realizar uma análise qualitativa dos

discursos obtidos por cada individuo participante da pesquisa, explicitados através das

questões abertas dos roteiros elaborados. Sendo, em seguida, realizada uma análise

interpretativa a fim de extrair as informações que apresentem relevante significado e

importância para atingimento dos objetivos traçados, confrontando-se as informações obtidas

47

na Coordenadoria de concurso com as informações passadas pela chefia da diretoria de

administração de pessoal.

48

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesse capítulo são apresentadas as análises que foram realizadas com base nas

repostas fornecidadas pela chefia do Departamento de Administração de Pessoas e pela

Coordenadoria de Concursos, bem como a insvestição sobre os editais e legislação base dos

concursos realizados ao longo dos últimos cinco anos, tomando-se como base os objetivos

estudados.

4.1 Categorias para análise

Com o propósito de melhor estruturar os resultados obtidos foram estabelecidas, com

base nos objetivos da pesquisa, as seguintes categorias de análise: processos seletivos nas

organizações públicas; percepção dos gestores sobre o processo seletivo atualmente

desenvolvido; aprimoramento dos processos seletivos nas instituições públicas; e sugestões de

melhoria para os processos de recrutamento e seleção no setor público. A seguir essas

categorias serão explanadas.

4.1.1 Processos seletivos nas organizações públicas

Com o intuito compreender a metodologia aplicada nas organizações públicas para

realização dos seus processos seletivos e, especificamente na UFRN, essa categoria procurou

identificar juntamente com respondentes da pesquisa qual o modelo de ingresso de servidores

utilizado pela universidade.

Sobre o processo de ingresso de servidores na instituição, a chefia da Diretoria de

Administração de pessoas afirma que o processo de ingresso ocorre exclusivamente através de

concurso público.

O processo seletivo de concurso público está diretamente vinculado à legislação, pelo

princípio da administração pública de legalidade, segundo o qual a administração pública

deve agir conforme o que está previsto na legislação estando a ela estritamente vinculada.

No que compete à legislação seguida pela UFRN, para a construção dos editais de

concurso público, a Coordenadoria de Concurso afirma seguir o que rege: a Constituição

Federal de 1988; a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; os normativos internos da

49

UFRN (Resolução nº108/2013 – CONSEPE, Resolução nº 038/2013 – CONSEPE, Resolução

nº 083/2014 – CONSEPE); e o Decreto nº 6.944, de 21 de agosto de 2009.

No processo de elaboração de concurso, os editais publicados apresentam essencial

participação para o sucesso do certame. O edital é a porta de abertura que dá início

publicamente ao concurso. Foi realizado um levantamento, através do portal da PROGESP

(UFRN, 2012b), e nos últimos cinco anos, a universidade realizou, ao todo, 36 (trinta e seis)

concursos para área de docência, sendo 8 (oito) processos para professor do ensino básico,

técnico e tecnológico e 28 (vinte e oito) processos para professor de magistério superior de

caráter efetivo. Para área de cargos técnico-administrativos em educação foram realizados, no

mesmo período analisado, 9 (nove) concursos para diversos cargos.

A Coordenadoria de Concursos afirma que são publicados, em média, 30 (trinta)

editais por ano, que estão distribuídas entre os diversos cargos ofertados pela instituição,

sendo categorizados em concurso públicos para carreiras do Magistério Federal, Técnico-

Administrativos em Educação, e seleção simplificada para contratação de professores

substitutos.

A respeito do atual funcionamento do processo de elaboração de editais para os

concursos públicos na UFRN, a Coordenadoria de Contrato afirma que:

Para os concursos públicos voltados às carreiras do Magistério Federal há,

primeiramente, a distribuição interna das vagas disponíveis entre as unidades

acadêmicas por meio do Banco de Professor-Equivalente (BPEq), mediante abertura

prévia de edital de convocação, nos termos da Resolução nº 110/2008-CONSEPE,

de 10 de junho de 2008. A unidade acadêmica poderá requerer a vaga para três

finalidades: provimento através de concurso público; provimento através de

redistribuição; ou alteração de regime de trabalho. O pedido é analisado pela

Comissão Permanente de Desenvolvimento Institucional – CPDI e, posteriormente,

enviado ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE para deliberação

e aprovação, externada por meio de resolução. Caso a vaga seja aprovada para fins

de concurso público é elaborada por essa Coordenadoria de Concursos/PROGESP a

minuta de edital, bem como uma sugestão de cronograma das etapas do concurso. A

minuta de edital e o respectivo cronograma são enviados ao CONSEPE para a

devida aprovação.

Referente à elaboração do edital para cargos técnico-administrativos em educação, o a

Coordenadoria de Concursos explica que

a análise das carências das unidades acadêmicas e administrativas são,

primeiramente, mapeadas pelo processo de dimensionamento de pessoal, cabendo à

Comissão Própria de Pessoal Técnico Administrativo – CPPTAE o assessoramento à

Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e à Câmara de Gestão de Pessoas do CONSAD

na gestão do Quadro de Referências dos Servidores Técnico-Administrativos –

QRSTA. As vagas distribuídas e as respectivas unidades de destino são informadas a

essa Coordenadoria de Concursos para a elaboração da minuta do edital. A referida

50

minuta é enviada para o Núcleo Permanente de Concursos (Comperve) para

definição de cronograma e posterior execução do certame.

Em análise aos editais dos concursos dos últimos cinco anos, que estão disponíveis no

portal da PROGESP, observou-se que o processo seletivo desenvolvido para cargos de

magistério apresenta um processo seletivo composto de quatro tipos de avaliações, que são

realizadas na seguinte ordem: 1º Prova Escrita; 2º Prova Didática; 3º Defesa de Memorial e

Projeto de Atuação Profissional; e 4º Prova de Títulos. Sendo as primeiras três etapas de

caráter eliminatório e a quarta etapa de caráter classificatório.

Já em relação ao processo seletivo desenvolvido para cargos técnico-administrativos

apresentam na sua composição sempre a presença de provas objetivas, a partir do ano de

2013, começa-se a observar que além da presença das provas objetivas, são acrescentas ao

processo provas discursivas. Durante o período analisado foi possível identificar que em

alguns concursos para determinados cargos foi aplicado teste de avaliação prática.

Segundo a chefia da Diretoria de Administração pública, a legislação que rege a

realização dos concursos na instituição permite que a universidade realize modificações e

consiga aprimorar o processo, afirma ainda que existe a possibilidade de exigir na seleção

conhecimentos específicos e titulação que forem julgados necessários para o efetivo exercício

dos cargos.

É valido ressaltar que apenas a aprovação no processo seletivo não garante a

permanência do servidor na instituição, uma vez que o mesmo passa pelo processo de estágio

probatório, que também funciona como um filtro para realmente identificar se o perfil do

candidato aprovado é adequado para a instituição, e este conseguirá agregar valor e trazer

benefícios para a organização. Através da avaliação de seu comportamento e desempenho nas

atividades, é possível identificar se o servidor realiza suas funções de forma realmente

condizente com o que é esperado dele nas atribuições exigidas do cargo. Será que é possível

afirma que esse instrumento está sendo usado adequadamente?

De acordo com a chefia do Departamento de Administração de Pessoas, dentro dos

últimos cinco anos, houve caso de reprovação no estágio probatório na instituição. Quando

questionada sobre o motivo da não aprovação no estágio probatório, a mesma coloca que a

reprovação se deu pelo não atendimento aos critérios exigidos para aprovação, e cita, como

exemplos de aspectos julgados como insatisfatórios, o descumprimento de exigências como

assiduidade, compromisso, iniciativa, respeito, entre outros.

51

4.1.2 Percepção dos gestores sobre o processo seletivo atualmente desenvolvido

Nessa categoria, procurou-se identificar o ponto de vista dos gestores da universidade

que estão envolvidos nas atividades de recrutamento e seleção quanto a atual forma de

realização do processo seletivo. Através desse tópico objetivava-se identificar, segundo os

gestores, se a forma de ingresso dos servidores atualmente poderia ser considerada a mais

adequada para obtenção das competências exigidas para o exercício dos cargos na instituição.

Assim, a chefia do Departamento de Administração de Pessoas foi questionada se a

forma de ingresso que é utilizada pela instituição é a forma mais adequada para a obtenção

das competências exigidas e necessárias, e a mesma se posiciona em favor do modelo vigente

utilizado na UFRN. Afirma também que através desse modelo existe a aplicação de provas

específicas, de acordo com a área de conhecimento necessária para o desempenho das

atribuições do cargo, considerando esse aspecto como ponto positivo do processo de seleção

que é realizado na universidade.

A Coordenadoria de Concurso foi questionada se o modo como são feitos os processos

de recrutamento e seleção são suficiente para obter servidores com competências necessárias

de bom desempenho, e a mesma coloca que o processo de seleção deve se pautar ao máximo

por critérios objetivos, estando restrito às limitações estabelecidas em lei. O processo que

ocorre atualmente de selecionar os candidatos através de concurso público apenas consegue

garantir a escolha dos candidatos melhor preparados, e não consegue necessariamente

mensurar os candidatos quanto as suas competências. Afirma ainda que, dentre as

modalidades de seleção existentes, o concurso continua sendo a melhor ferramenta para

cumprir tal finalidade. Na concepção da Coordenadoria, a aferição das competências que não

conseguiram ser identificadas ou filtradas no concurso tem a oportunidade de serem avaliadas

em momento específico, ou seja, durante o período de estágio probatório.

4.1.3 Aprimoramento dos processos seletivos nas instituições públicas

Diante do panorama observado dos processos seletivos realizados pelas organizações

públicas, procurou-se verificar na universidade se existe a presença de dificuldades

identificadas no processo seletivo vigente, além disso, buscou analisar se existe a preocupação

com o aprimoramento dos processos de seleção.

A chefia do Departamento de Administração de Pessoas coloca que existem, sim,

dificuldades enfrentadas com o atual modelo de processo seletivo utilizado na instituição,

52

especialmente nos concursos para docente. Foi exposto que nos concurso para preenchimento

de vagas para docentes, dependendo da área do concurso e a titulação exigida, existe a

dificuldade de preenchimento das vagas em alguns casos.

Ao analisar essa dificuldade enfrentada pela PROGESP, é possível concluir que

realmente se trata de algo preocupante, pois a universidade não pode permanecer com vagas

em aberto, já que esse fato implica diretamente na qualidade e efetividade dos serviços

prestados. Contudo, a universidade também não pode abrir exceções quanto às exigências

para os cargos com o mero objetivo de preencher vagas, primeiramente, porque a legislação

não permite e, em segundo lugar, porque acarretaria a ocupação de vagas por profissionais

que não apresentam a qualificação e perfil exigidos e necessários para o melhor desempenho

das atribuições do cargo.

Enquanto uma ferramenta essencial para o processo seletivo no setor público, o edital

deve passar por aperfeiçoamento constante a fim de melhorar os resultados obtidos nos

certames, e corrigir os erros encontrados no processo, e dificuldades enfrentadas.

Indagada sobre o processo de avaliação dos editais com o objetivo de identificar

pontos adequados e inadequados, a Coordenadoria de Concursos afirma que os editais são

avaliados pela própria Coordenadoria e/ou pela PROGESP, além de avaliação desenvolvida

pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Em relação à atualização dos editais, aponta

que é realizada conforme determina a lei, resoluções em vigência e recomendações do

Ministério Público. A Coordenadoria diz ainda que existe também o controle social que é

originado através de questionamentos dos candidatos dos concursos ou terceiros interessados.

A Coordenadoria foi questionada sobre a liberdade de modificações no tocante a

elaborações dos editais que visem seu aprimoramento, e se os editais passaram por alguma

inovação nos últimos cinco anos. Foi exposto pela Coordenadoria que os aprimoramentos dos

instrumentos editalícios são permitidos contanto que estejam dentro do que estabelece a lei e

sigam os princípios constitucionais e administrativos. Em sua resposta, a Coordenadoria diz

que em caso de adaptações na natureza dos procedimentos, que objetive o aumento da

eficiência no processo, não será apresentada objeção para a implementação, um exemplo

citado foi a opção pela realização de inscrições exclusivamente através de meio eletrônico.

Nos últimos cinco anos existiram atualizações realizadas nos editais, visto que estas seguem o

perfil evolutivo da própria legislação, em especial na área de recursos humanos. Tendo como

exemplos disso, a previsão de cotas raciais, de acordo com a Lei nº 12.990/14, para

candidatos negros que se autodeclararem pretos ou pardos, e a adaptação do edital para

53

Libras, para situação na qual o mesmo apresenta vagas destinadas para essa disciplina e/ou

formação.

4.1.4 Sugestões de melhoria para os processos de recrutamento e seleção no setor público

Essa categoria teve como objetivo detectar, sob a ótica dos gestores participantes da

pesquisa, as propostas de melhoria a serem implantadas nos processos de recrutamento e

seleção no setor público que visassem diminuir os problemas e dificuldades enfrentadas, além

de aperfeiçoar os concursos, a fim de alcançar níveis melhores de seleção, e como isso,

conseguir identificar, durante o processo de seleção, aqueles candidatos que podem ser

considerados verdadeiros talentos e que apresentam real potencial de contribuição para o

desenvolvimento da instituição.

A chefia do Departamento de Administração de Pessoas, quando questionada sobre

suas sugestões para melhoria do processo de seleção utilizado atualmente pela UFRN, afirma

que na sua concepção o modelo atual está funcionando adequadamente e, portanto, não teria

modificações a sugerir. A mesma coloca ainda que os concursos realizados na instituição

possuem a preocupação inclusive com a realização de processos seletivos que apresentem

certas especificidades de acordo com o cargo em aberto, e sua composição pode ser composta

de prova escrita, prova didática, análise de currículo e, em alguns casos, provas práticas.

Já a Coordenadoria de Concursos aponta que como sugestão de melhoria para o

processo seletivo, especificamente em relação ao desenvolvimento do edital, seria o

planejamento e inclusão de um prazo, anterior ao período de inscrições, com o propósito de

que qualquer pessoa interessada fosse capaz de contestar o edital, e com isso, ser possível

garantir maior controle social sobre o processo.

Diante do exposto, é possível perceber que, na ótica dos gestores, apesar de serem

expostas dificuldades e também apresentarem recomendações para aperfeiçoar o processo de

seleção, o modelo que atualmente é responsável pelas atividades de recrutamento e seleção na

instituição, ou seja, o concurso público, ainda é considerado o modo mais adequado de

ingresso para servidores.

54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Atualmente, em virtude das mudanças no contexto do ambiente, que afetam

diretamente a forma gestão das organizações, em especial, as que buscam por uma gestão de

forma estratégica dos seus recursos humanos, porque precisam superar um novo desafio, no

qual, precisam localizar, atrair e selecionar os melhores talentos presentes no mercado para

composição do seu quadro profissional. Nesse sentido, cresce nas organizações a preocupação

com a realização de processos de recrutamento e seleção de qualidade, que permitam

identificar os candidatos que melhor irão contribuir para o desempenho organizacional.

Essa pesquisa se propôs a analisar como funciona o modo de ingresso de servidores na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e identificar se existiria um modo mais

adequado para o ingresso de servidores no setor público. Para isso, buscou-se adquirir

conhecimento de como acontece o processo seletivo em vigência na instituição, e entender

quais as possibilidades e limitações que compõe a realidade da universidade, enquanto ente da

administração pública, e até que ponto é possível realizar modificações com o objetivo de

aprimorar o processo. Foram averiguadas as características atuais do modelo vigente e as

opiniões coletadas dos gestores, o que possibilitou responder ao questionamento central que

motivou a pesquisa, tomando-se como base o aprofundamento dos objetivos específicos.

Em análise, foi verificado que o processo seletivo para o ingresso de servidores da

UFRN acontece unicamente por meio de concurso público. A realização dos concursos

apresenta-se vinculada à legislação especifica que trata do assunto e à normatização interna da

instituição. Contudo, até mesmo pelo caráter mutável da legislação, que está sempre em

atualização e sofrendo modificações e modernizações, o processo seletivo da instituição

também passou por transformações ao longo do tempo.

De acordo com as investigações, foi observado que o processo seletivo na

universidade corrobora com a proposta de Oliveira e Medeiros (2011) que explicam o

macroprocesso de admissão de pessoal, através do qual as atividades de recrutamento e

seleção são desempenhadas, no setor público, através do concurso público.

As análises dos resultados obtidos permitem afirmar que a instituição apresenta um

elevado número de certames que são realizados, em média por ano, sendo possível utilizar

esses documentos como fonte de controle, e partir da do estudo deles identificar pontos que

são passiveis de aplicar modificações para melhorá-los. A Coordenadoria de contrato afirma

que é feito procedimentos de avaliação, contudo não entra no mérito de detalhes, então, é

valido destacar que com um processo bem estruturado de avaliação é possível identificar e

55

extrair problemas e falhas no processo seletivo, que permitem que o mesmo apresente maior

eficiência.

Em relação às etapas que compõem o processo seletivo na instituição, existem

diferenças discrepantes entre o processo seletivo para cargos de magistério e cargos técnico-

administrativos em educação. Essa diferença marcante, em parte, se justifica pelo fato da

universidade direcionar seu foco principalmente para os profissionais que estão diretamente

ligados ao desempenho da sua atividade fim. Portanto, para os cargos de magistério, observa-

se que o processo seletivo é estruturado em mais etapas, com atividades que procuram

identificar da melhor forma as competências dos candidatos para os cargos aos quais são

candidatos.

Contrapondo-se a essas características, o processo seletivo para técnico-

administrativos em educação é basicamente subdivido em duas etapas, que são provas

objetivas e discursivas, somente em alguns casos foram observada a presença de provas

práticas. Embora não atuem diretamente na atividade fim, esses profissionais também

exercem papel fundamental para o bom desempenho da organização. Dessa forma, não faz

sentido selecioná-los de forma menos criteriosa, muito embora, o processo a ser realizado não

se iguale aos métodos utilizados para cargos de magistério, é possível aprimorar a forma de

selecionar os servidores para cargos técnico-administrativos, e com isso produzir impacto

positivo sobre os resultados da organização através de processo seletivo bem fundamentado e

planejado para selecionar os melhores profissionais para esses cargos.

É verdade que a administração pública ainda possui o estágio probatório que

funcionaria como instrumento de teste após a seleção, contudo, este não pode ser utilizado

para cobrir falhar do processo seletivo, tendo em vista que o mesmo possui, sim, a

característica de conseguir avaliar em loco as competências de cada indivíduo durante o seu

período de análise, porém é possível, pelo menos diminuir o índice de indivíduos que são

aprovados no concurso público, mas reprovados no estágio probatório. Para isso, devem-se

alinhar as etapas do concurso de acordo com as competências necessárias de modo que seja

possível identificar a ausência ou presença destas ainda durante o processo de seleção.

A avaliação de competências no processo de seleção pública será diferente do modo

que acontece no setor privado, isso porque as avaliações de competências no setor privado

normalmente envolvem alto teor subjetivo, algo que não acontece no setor público, sendo

priorizados os critérios objetivos. Sendo assim, as competências podem ser incluídas nos

concursos através da construção de provas com propostas de situações relacionadas ao cargo

56

ou à competência que se pretende aferir, porém seguindo parâmetros objetivos de resposta

dentro do perfil que se visa atender.

Com base no exposto, é possível concluir que o modelo de processo seletivo para

ingresso de servidores que atualmente está em vigor na universidade, qual seja, o concurso

público para os diversos cargos da instituição pode ser considerado o modo mais adequado de

ingresso de profissionais na UFRN. Contudo, diante dos comentários tecidos e observações

realizadas, conclui-se que o modelo vigente precisa de modificações para conseguir

apresentar o perfil estratégico de recrutamento e seleção para as organizações públicas, no

caso para a UFRN, dentre as melhorias propostas destaca-se a necessidade de aprimorar o

alinhamento do concurso público com as competências exigidas para o correto exercício dos

cargos.

57

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59

APÊNDICES

60

APÊNCE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO EM NÍVEL DE GESTÃO

COM REPRESENTANTE DE DIRETORIA DA PRÓ-REITORA DA PROGESP

Pesquisa sobre os processos de recrutamento e seleção da UFRN

01) Como atualmente funciona o processo de ingresso de servidores na UFRN (técnico-

administrativos e docentes)?

02) A forma de ingresso que vem sendo utilizada nas instituições públicas, inclusive na

UFRN, é a forma mais adequada à obtenção das competências exigidas e necessárias?

03) A legislação impõe certas regras a serem cumpridas no desempenho do processo seletivo,

mas existe a possibilidade da UFRN incluir alguma modificação que consiga aprimorar o

processo? Se sim, que tipo de modificação seria? Se não, por quê?

04) O processo de recrutamento e seleção passa por algum tipo de avaliação que procure

identificar pontos adequados e inadequados? Há um setor responsável por isso?

05) Os processos seletivos passaram por alguma inovação nos últimos cinco anos? De que

tipo?

06) Na sua concepção, como deveriam ser as etapas de um processo seletivo ideal (provas de

conhecimentos, entrevistas, testes psicológicos)? Esse processo de ingresso deve ser igual

para todas as funções ou não?

07) De acordo com os resultados obtidos dos últimos processos seletivos, quais são as

principais dificuldades enfrentadas com o atual modelo de processo seletivo?

08) Qual seria a sua sugestão de melhoria para o processo de seleção? É viável?

09) Nos últimos cinco anos, houve algum caso de servidor (professor ou técnico) não ter sido

aprovado no estágio probatório? Se sim, por qual motivo?

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO COM REPRESENTANTE

DA COORDENADORIA DE CONTRATOS

Pesquisa sobre o processo de recrutamento e seleção da UFRN

01) Como atualmente funciona o processo de elaboração de editais para o concurso público na

UFRN (técnicos e docentes)?

02) Qual é, em média, o número de editais elaborados por ano?

03) Existe algum processo de avaliação dos editais que procure identificar pontos adequados e

inadequados?

04) A construção de editais de concursos segue legislação própria da instituição ou a

legislação mais geral (constituição, regime jurídico único dos servidores públicos)?

05) Os editais passaram por alguma inovação nos últimos cinco anos?

06) Apesar das obrigações impostas pela legislação, é possível incluir modificações para

aprimorar a elaboração dos editais de concurso?

07) Qual seria a sua sugestão de melhoria para o processo de elaboração do edital? É viável?

08) O serviço público está cada dia mais atento às competências a ele necessárias. Você acha

que o modo como são feitos o recrutamento e seleção dão conta de obter servidores com

competências necessárias do bom desempenho?