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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO Processo de Trabalho e Saúde do Trabalhador: uma revisão integrativa da literatura Mestranda: Elaine Cristina da Costa Orientador: Prof. Dr. Leo Lynce Valle de Lacerda Itajaí, SC 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

Processo de Trabalho e Saúde do Trabalhador: uma revisão integrativa da

literatura

Mestranda: Elaine Cristina da Costa

Orientador: Prof. Dr. Leo Lynce Valle de Lacerda

Itajaí, SC

2015

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ELAINE CRISTINA DA COSTA

Processo de Trabalho e Saúde do Trabalhador: uma revisão integrativa da

literatura

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação

em Saúde e Gestão do Trabalho da UNIVALI-

Itajaí/SC, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre. Área de concentração: Saúde e

Gestão do Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Leo Lynce Valle de Lacerda

Itajaí/SC

2015

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“O Ser Humano é capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorável, mas esta adaptação não ocorre impunemente”.

Lennart Levy

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COSTA, Elaine Cristina da. Processo de Trabalho e Saúde do Trabalhador: uma revisão

integrativa da literatura. Projeto de Pesquisa, Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho,

UNIVALI, 2015. Orientador: Prof. Dr. Leo Lynce Valle de Lacerda.

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo investigar a produção intelectual

acerca dos temas processo do trabalho e saúde do trabalhador com vistas a analisar criticamente

a efetividade das politicas de investimento na gestão do trabalho e verificar se as práticas

profissionais da área da saúde do trabalhador contemplam de forma concreta o cuidar e o

orientar seus usuários e/ou trabalhadores envolvidos, comparando as pesquisas sobre aspectos

organizacionais, condições de trabalho em saúde. Para tanto, foram selecionadas publicações

no período entre 2002 à julho de 2015 nas bases Scielo e Lilacs, totalizando 104 artigos. Para

análise, empregou-se o método de revisão integrativa. A análise destaca o Apoio Matricial

como auxiliar para os profissionais da Estratégia da Saúde a lidar com a saúde dos trabalhadores

de forma mais ampliada e integral, apontando para uma mudança de paradigma, que era

concebido de uma forma hospitalocêntrica e unidirecional, à medida que o processo saúde-

doença é percebido como mais complexo e dinâmico. Evidenciou-se que a falta de

conhecimento dos profissionais de saúde no campo da Saúde do Trabalhador e a grande

demanda de trabalho repercute em situações psicossociais envolvendo o adoecimento. No que

se refere a diretriz de descentralização da vigilância da saúde e da vigilância da saúde do

trabalhador concluiu-se que não há previsão de recursos materiais necessários para

descentralização. Nos processos de trabalho da Estratégia Saúde da Família apareceu a

concepção de gestão e a produção do cuidado, trazendo como resultado as principais forças e

fragilidades, relacionadas à concepção de gestão que estrutura seu trabalho. Os estudos revelam

que as ações de trabalho e o aspecto crítico político é um fator de mobilização social, tornando-

se necessário a criação de espaços de apoio e suporte para os trabalhadores, promovendo

mudança no modelo, envolvendo novos saberes e implementando educação permanente em

saúde.

Palavras-chave: Processo Saúde-Doença; condições de trabalho; saúde do trabalhador.

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COSTA, Elaine Cristina da. The Work Process and Worker health: an integrative

literature review. Research Project, Master’s degree in Health and Work Management,

UNIVALI, 2015. Supervisor: Prof. Dr. Leo Lynce Valle de Lacerda.

ABSTRACT: This study investigates intellectual production on the themes of the work

process and occupational health, in order to critically analyze the effectiveness of investment

policies on work management, and determine whether professional practices in the area of

workers’ health include, in concrete form, care and guidance for its users and/or workers

involved. It compares research on organizational aspects, and health work conditions. A search

was carried out of publications during the period 2002 to July 2015, in the Scielo and Lilacs

databases, identifying a total of 104 articles. For the analysis, we used the integrative review

method. The analysis highlights Matrix Support as a tool for helping Health Strategy

professionals deal with workers’ health in a broader and more integral way, pointing to a

paradigm shift, which was conceived in a hospital-centric and unidirectional way, as the health-

disease process is perceived as complex and dynamic. It was shown that the lack of knowledge

among health professionals in the field of Occupational Health, and the high demand for labor,

are reflected in psychosocial situations involving illness. As regards the policy of

decentralization of health surveillance and occupational health surveillance, it was concluded

that there is no provision of material resources needed for decentralization. In the work

processes of the Family Health Strategy, the concept of management and the production of care

appeared, bringing with them the main strengths and weaknesses relating to the conception of

management that structures their work. Studies reveal that the work actions and the political

critical aspect is a factor for social mobilization, creating a need for spaces to support workers,

promoting a shift in the model, involving new knowledge and implementing continuing

education in health.

Keywords: Health-disease process; work conditions; Worker's health.

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LISTA DE SIGLAS

ACS Agente Comunitário da Saúde

AM Apoio Matricial

BVS Biblioteca Virtual da Saúde

CEREST Centro de Referência de Saúde do Trabalhador

CIPA Comissão Interna de Prevenção à Acidentes

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

DECs Descritores de Saúde

DCO Doença Cérvico-braquial Ocupacional

DORT Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho

EPI Equipamento de Proteção Individual

ESF Estratégia da Saúde da Família

LER Lesão por Esforço Repetitivo

LTC Lesão por Trauma Cumulativo

LILACs Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

OMS Organização Mundial de Saúde

PACs Programa de Agentes Comunitários

PBE Prática Baseada em Evidências

RENAST Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador

SciELO Scientific Electronic Library Online

SESMT Serviço Especializado de Engenharia e Medicina do Trabalho

SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes

SSO Síndrome de Sobrecarga Ocupacional

ST Saúde do Trabalhador

SUS Sistema Único de Saúde

VISAT Vigilância em Saúde do Trabalhador

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de artigos encontrados de acordo com a base de dados e palavra-

chave.......................................................................................................................................

28

Tabela 2 Classificação das Revistas segundo o Qualis/capes de 2015..................................... 32

Tabela 3 Distribuição do número de descritores encontrados nos 104 artigos selecionados,

no período 2002-2015.............................................................................................................

44

Tabela 4 Distribuição dos descritores e seus principais temas dos 104 artigos selecionados

no período de 2002-2015.........................................................................................................

45

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Percentuais dos artigos selecionados no período 2002-2015 de acordo com a base

de conhecimento da pesquisa..................................................................................................

34

Gráfico 2 Percentuais dos artigos selecionados no período 2002-2015 de acordo com o

objetivo da pesquisa................................................................................................................

35

Gráfico 3 Percentuais dos artigos selecionados no período 2002-2015 de acordo com a

abordagem da pequisa.............................................................................................................

36

Gráfico 4 Percentuais dos instrumentos de coleta encontrados nos artigos selecionados no

período 2002-2015..................................................................................................................

Gráfico 5 Distribuição do número de artigos selecionados no período 2002-2015.................

38

40

Gráfico 6 Número de artigos de acordo com a base da pesquisa, no período 2002-

2015........................................................................................................................................

41

Gráfico 7 Número de artigos de acordo com o objetivo da pesquisa, no período 2002-

2015........................................................................................................................................

42

Gráfico 8 Número de artigos de acordo com a abordagem da pesquisa, no período 2002-

2015........................................................................................................................................

43

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Resultados dos estudos x número de inserções nos artigos...................... 51

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 11

2. CONTEXTUALIZANDO OS TEMAS: PROCESSO DE TRABALHO E SAUDE DO

TRABALHADOR...................................................................................................................

15

2.1. Processo de Trabalho......................................................................................................... 15

2.2. Trabalho e Saúde................................................................................................................ 18

2.3. Saúde do Trabalhador............................................................................................ ............. 20

3.PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS ..................................................................... 27

4.ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................................................... 32

4.1 Origem e meio de publicações............................................................................................. 32

4.2 Base de conhecimento da pesquisa...................................................................................... 33

4.3 Objetivos da Pesquisa.......................................................................................................... 34

4.4 Trajetória de busca: abordagem da pesquisa........................................................................ 36

4.5 Procedimentos e instrumento de coleta de dados................................................................. 37

4.6 Distribuição temporal dos artigos ....................................................................................... 39

4.7 Descritores utilizados nos artigos........................................................................................ 43

4.8 Resultados e intervenções estudadas nos artigos................................................................. 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 56

6 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 59

APÊNDICE.............................................................................................................................. 64

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1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais torna-se necessário assegurar a saúde do trabalhador por meio da

organização do processo de trabalho, a fim de que existam condições favoráveis e dignas ao ser

humano em suas atividades. Um fator importante é tornar o ambiente de trabalho prazeroso,

recompensador e envolvente, incentivando as pessoas a uma nova cultura de hábitos saudáveis e

tornando-as física e mentalmente capazes de realizar suas atividades laborativas em sua vida

diária (profissional, familiar, lazer), além de adquirirem reservas suficientes de energia para

enfrentar eventuais necessidades físicas extras (SOUZA, 2011).

De acordo com Nardi (2014) saúde do trabalhador é o conjunto de conhecimentos vindos

das disciplinas como Medicina Social, Saúde Pública, Saúde Coletiva, Clínica Médica, Medicina

do Trabalho, Sociologia, Epidemiologia Social, Engenharia, Psicologia, entre outras relacionadas

ao ambiente do trabalho e suas vivências, das situações de desgaste e reprodução bem como da

intervenção nos ambientes de trabalho. A saúde do trabalhador está relacionada à promoção, à

prevenção, à cura e à reabilitação, incluindo as ações da vigilância sanitária e epidemiológica, e

as formas de organização e gestão do trabalho na vida dos trabalhadores.

A dinâmica atual do trabalho, sua exigência quanto à produtividade, cumprimento de

prazos para atingir metas e conformidade do produto final causam consequências tanto

emocionais como orgânicas na vida do trabalhador. O trabalhador sob pressão precisa produzir, e

esta produção exige qualidade do produto final e tempo. Outro fator é a meta não alcançada e o

trabalho fora das forças humanas ou sobre-humano. Segundo Primi (2014) todas as empresas hoje

vivem a quantofrenia - a doença da medida, e ao mesmo tempo que se exige qualidade se exige

produtividade. Quando o trabalhador não consegue atingir sua meta, enquanto outros a atingem,

gera autoculpa e suas consequências como baixa de rendimento e diminuição na sua

produtividade.

França (2005) identifica fatores ambientais, socioeconômicos e culturais da sociedade

industrial e urbana como potenciais causadores de doenças.

Neste contexto, por vezes o sujeito reage de forma inadequada às situações de trabalho,

provocando impactos sobre a sua saúde, a exemplo do grande número de trabalhadores com

sintomas relacionados ao sistema musculoesquelético, principalmente alterações posturais, os

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quais têm procurado com grande frequência os serviços especializados no atendimento de doenças

profissionais na rede pública.

A Organização Mundial da Saúde -OMS estimou para o período 2013-2020 que 13% dos

distúrbios da saúde serão da área mental e 350 milhões de pessoas deverão sofrer de depressão e,

o abuso ou dependência de outras substâncias chegará a 90 milhões de pessoas (GIRALDI, 2013).

Destaca-se que o índice de doenças relacionadas ao trabalho vem crescendo

exageradamente nos últimos anos, tendo como principais causas fatores biomecânicos e

organizacionais no trabalho e, também, sociais.

A Agência Eletrônica do Ministério da Previdência Social - Brasil (2014) registra que em

2011 houve a ocorrência de 711.164 acidentes e doenças do trabalho, entre os trabalhadores

assegurados da Previdência Social. Este número, que já é alarmante, não inclui os trabalhadores

autônomos (contribuintes individuais) e as empregadas domésticas. Estas ocorrências provocam

enorme impacto social e econômico sobre a saúde pública no Brasil. Entre esses registros

contabilizou-se 15.083 doenças relacionadas ao trabalho, e parte destes acidentes e doenças

tiveram como consequência o afastamento das atividades de 611.576 trabalhadores devido a

incapacidade temporária - 309.631 até 15 dias e 301.945 com tempo de afastamento superior a 15

dias -, 14.811 trabalhadores por incapacidade permanente, e o óbito de 2.884 cidadãos.

Cabe aqui diferenciar saúde e doença. A OMS (1946) destaca que, “Saúde é o estado

completo de bem estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença ou

enfermidade”. Por outro lado, “o conceito moderno de doença compreende a análise estrutural

da matéria/corpo, fundamentada na anatomopatologia” (BACKES, 2009, p.115).

A propósito, França (2005) assinala que a doença possui dois olhares, ou seja, para o

trabalhador significa fragilidade, limitação e preocupação quanto à sua capacidade em relação ao

trabalho inadequado, levando à queda de desempenho e rendimento, além de afetar diretamente

a garantia do seu retorno financeiro para sua sobrevivência e de sua família. Todavia, para o

empregador, a doença implica em queda de produção, prejuízo por afastamento de funcionário,

pressão sindicalista, fiscalização e alteração da opinião pública referente a sua imagem perante a

sociedade.

Desta forma, entende-se que as condições de trabalho estão diretamente ligadas às

cargas de trabalho (física, química, biológica, mecânica, fisiológica e psíquica) a que o

profissional está submetido. De acordo com Schmoeller (2011) a interação no processo de

trabalho com o corpo do trabalhador pode desencadear alterações nos processos físicos e mentais.

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Como resultado, pode-se dizer que sem um corpo saudável e a mente comprometida por

equívocos quanto à sua capacidade para recuperação, o ser humano perde justamente o que mais

necessita nos tempos atuais, ou seja, capacidade laborativa e disposição para preservar a sua

autoestima.

Portanto, é de suma importância que se façam investimentos envolvendo o processo e a

organização do trabalho, promovendo assim, a saúde do trabalhador. No entanto, muitas empresas

ainda adotam um modelo de produção que contempla interesses econômicos e imediatistas,

considerando desnecessária a implantação de uma política digna e saudável para o trabalhador.

Ainda nesta mesma linha de considerações, como fisioterapeuta da Rede Pública de Saúde

do Município de Penha, SC, tenho executado o atendimento de aproximadamente 120

pacientes/dia, os quais na maioria encontram-se afastados do trabalho e/ou em tratamento clínico.

Nota-se claramente que muitos destes, não apresentam sequer esclarecimento sobre o processo de

trabalho e seus riscos e, tão pouco, como devem se posicionar frente às empresas contratantes e

às organizações trabalhistas.

Além disso, a atuação da Fisioterapia nas indústrias cresce a cada dia, devido à descoberta,

pelos empresários, da importância de investimento em ações preventivas nas suas empresas, para

o combate de doenças osteomusculares relacionados ao trabalho (NASCIMENTO; MORAES,

2000).

De acordo com Tomasi et al. (2008) estudos sobre o trabalho em saúde devem considerar

a complexidade das demandas em saúde, as relações entre as equipes e a articulação dos diferentes

trabalhos em uma equipe de saúde, determinando possibilidades e limites de respostas às

necessidades de saúde das pessoas.

As atividades inerentes ao Programa Saúde Família, representando o grande pilar da

atenção básica, cada vez mais vêm se tornando impactante no que se refere ao acúmulo de trabalho

e ao desgaste desses profissionais, até porque muitos não estão preparados para a grande

responsabilidade que é cuidar e orientar essas pessoas.

Percebe-se que poucas são as pesquisas na área da saúde com foco no processo e

organização do trabalho e na saúde do trabalhador. Dessa forma, esta pesquisa justifica-se pela

necessidade de investigar a produção acadêmica sobre o processo e organização do trabalho e a

saúde do trabalhador com vistas a responder as seguintes perguntas de pesquisa:

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Como a literatura aborda as questões relacionadas ao processo do trabalho e à

saúde de trabalhadores principalmente os que envolvem a Estratégia de Saúde

da Família - ESF, e que contribuições estas estão proporcionando às práticas

relacionadas a estes temas?

As políticas de investimentos são efetivas no processo de trabalho dos

trabalhadores envolvidos na literatura dessa pesquisa?

As práticas dos profissionais da saúde do trabalhador contemplam, de forma

concreta, o cuidar e o orientar de seus usuários?

Como proposta de resolução desta questão optou-se em desenvolver uma revisão

integrativa, compreendendo artigos científicos publicados entre os anos de 2002 a julho 2015,

em duas das principais bases: SciELO e Lillacs.

A revisão integrativa, de acordo com Souza (2010), é um método que proporciona a

síntese do conhecimento e a incorporação de estudos significativos na prática, caracterizado por

uma abordagem voltada ao cuidado clínico e ao ensino, fundamentado no conhecimento e na

qualidade da evidência.

Nesse sentido, espera-se que a revisão de estudos relativos ao processo de organização

do trabalho e saúde do trabalhador possam investigar a produção intelectual dessas temáticas,

com vistas a analisar criticamente a efetividade das políticas de investimento na gestão do

trabalho e verificar se as práticas profissionais da área da saúde do trabalhador contemplam de

forma concreta o cuidar e o orientar de seus usuários e/ou trabalhadores envolvidos. Espera-se

que esta análise possa contribuir para subsidiar ações de vigilância e promoção da saúde do

trabalhador.

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2. CONTEXTUALIZANDO O TEMA: PROCESSO DE TRABALHO E

SAÚDE DO TRABALHADOR

Atividades produtivas já existiam desde a pré-história com a transformação da pedra em

utensílio doméstico. No decorrer da história civilizatória, as pessoas passaram a produzir,

conforme solicitação e especificação, de acordo com as suas habilidades. Atividades

especializadas laborais surgem com os primeiros artesãos, que organizavam sua produção

conforme o prazo de entrega de seus produtos (ALBORNOZ, 2012).

Gelbcke (2004) estabelece que, a organização do trabalho pode ser entendida como um

processo que envolve as atividades dos trabalhadores, as relações de trabalho com seus pares e

com a hierarquia, que ocorre numa determinada estrutura institucional. Esta sofre influências

estruturais relacionadas à estrutura macroeconômica, bem como organizacionais, como o modo

de gestão empreendido pela instituição, que está, por sua vez, relacionado ao modo de produção

vigente. Compreende a divisão do trabalho, o sistema hierárquico e as relações de poder

significando que, ao dividir o trabalho, se impõe uma divisão entre os homens.

A este respeito, considera-se pertinente uma abordagem sobre a temática estudada,

processo de trabalho e saúde do trabalhador, as quais serão descritas a seguir:

2.1 Processo de Trabalho

De acordo com Costa (2001) os processos de trabalho - na busca do aumento da

produtividade, da redução de custos e ainda a introdução de novas tecnologias -, impõem aos

trabalhadores alterações significativas na sua forma de trabalhar, alcançadas através da

aceleração do ritmo de trabalho, diminuição de pausas de descanso e maior responsabilidade

sobre o produto final. As melhorias nas condições laborativas não têm seguido nas mesmas

proporções destas mudanças da organização do trabalho.

O mesmo autor considerou que, no modelo artesanal o trabalho é executado de forma

autônoma, onde o trabalhador pode administrar o tempo, interrompendo-o para o descanso

quando sentir necessidade. Ele pode desenvolver conhecimento e habilidades enquanto executa

o seu trabalho, pois precisa executar a operação com habilidade e especialização.

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Na Revolução Industrial, com a descoberta da máquina a vapor em 1764, por James

Watt, a força humana foi gradualmente substituída pela máquina, contribuindo para o

desaparecimento da produção artesanal. Assim, os artesãos começaram também a agrupar-se

nas primeiras fábricas, de acordo com suas habilidades técnicas, promovendo a divisão técnica

do trabalho. O rápido desenvolvimento da indústria exigiu das empresas novas formas de

organização do trabalho, capaz de substituir a improvisação e promover maior eficiência e

produtividade. Nesse contexto, surge o taylorismo que passa a defender a prática da divisão do

trabalho, enfatizando os tempos e os métodos a fim de assegurar seus objetivos - máxima

produção e mínimo custo -, priorizando os princípios da seleção científica do trabalhador, do

tempo padrão, da supervisão e da ênfase na eficiência (CASTRO, 2003).

A despeito do ocorrido Merlo (2007, p.62) argumenta que:

A administração científica de Taylor (1995) visava racionalizar a organização do

trabalho, o que envolveu buscar normas, procedimentos sistemáticos e uniformes. Pela

observação, pela descrição e pela medição, seria possível simplificar as operações,

eliminar os movimentos desnecessários, lentos e ineficientes e encontrar “o modo

melhor”, o movimento certo e mais rápido em todos os ofícios.

Posteriormente, Henry Ford cria a linha de montagem seriada, revolucionando os

métodos e processos produtivos até então inexistentes. Surge o conceito de produção em série,

caracterizado por grandes volumes de produtos extremamente padronizados, isto é, com

baixíssima variação nos produtos finais (CASTRO, 2003).

Não obstante, Merlo (2003, p.122) enfatiza que “às exigências da organização do

trabalho taylorista/fordista, somam-se novas exigências e outro sofrimento, que advém do medo

de não ser capaz de manter uma performance adequada no trabalho nas novas formas gestão

“reestruturadas”. Tais exigências incluem os aspectos de tempo, cadência, rapidez, formação,

informação, aprendizagem, adaptação à “cultura” ou à ideologia das empresas, às exigências

do mercado, etc.

Costa (2000, p.238) relata que:

[...] o fordismo tem como característica a) a concepção , a organização de métodos e

a engenharia tornadas autônomas. b) a fabricação qualificada exigindo mão de obra

adequada; c) execução e montagem desqualificadas, não exigindo em princípio

nenhuma qualificação. Assim sendo, a característica básica do processo de trabalho

fordista é a cadeia de produção semi-automática, desenvolvida na indústria

automobilística dos EUA, a partir de década de 1920, e que se difundia à produção

em séries de bens de consumo padronizados e dos componentes intermediários à sua

fabricação.

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Um dos principais problemas enfrentados pelo fordismo foi a consequência de seu

próprio modelo de acumulação, que causou declínio no ritmo da produtividade industrial e

afetou o crescimento econômico dos países desenvolvidos. No final dos anos 60 houve

dificuldade para que o capitalismo encontrasse novos mercados e, portanto, foi necessário que

as empresas racionalizassem a produção com vistas a preservação dos lucros (COSTA, 2000).

Surge assim, o toyotismo que segundo o mesmo autor, se fundamenta no trabalho operário em

equipe, com variedade de funções e flexível, onde o trabalhador pode operar várias máquinas;

tem como princípio o just in time, o melhor aproveitamento possível do tempo de produção. O

processo produtivo é horizontalizado, transferindo muitas atividades para terceiros. Além disso,

organiza grupos de trabalhadores “com vistas a melhorar a produtividade das empresas,

convertendo-se num importante instrumento para o capital apropriar-se do savoir faire

intelectual e cognitivo do trabalho, que o fordismo desprezava”.

É oportuno lembrar que, Sato (2002) afirma que os trabalhadores criam formas para

resistir à racionalidade imposta à organização do trabalho tal qual planejada pelo corpo

gerencial, denunciando que os trabalhadores buscam constantemente melhorar a sintonia entre

eles e os contextos de trabalho. Portanto, a maneira ideal de se negociar a melhora no processo

organizacional de dada tarefa é o replanejamento do trabalho, levando em consideração o

diálogo-discursivo entre trabalhador-gestor e o que deve ser conduzido pelo grupo primário de

trabalho.

Ao referir-se a tal assunto, Silva (2005) enfatiza que a referência central para o estudo

dos condicionantes da saúde-doença é o processo de trabalho. Esse controle exercido no interior

das unidades produtivas, por meio de velhos ou novos padrões de gestão da força de trabalho -

respectivamente, taylorismo, fordismo e neotaylorismo, pós-fordismo, toyotismo-, redunda na

constituição de coletivos diferenciados de trabalhadores e de uma multiplicidade de agravos

potenciais à saúde. A apropriação do conceito “processo de trabalho” como um instrumento de

análise possibilita reformular as concepções e estabelece articulações entre causa e efeito, sob

uma perspectiva uni e multicausal, considerando assim todo o trajeto histórico da saúde-doença

e do trabalho.

Para Bartolomeu (2014) a dinâmica imposta tanto pelo taylorismo quanto pelo

toyotismo contribui para o processo saúde-doença das sociedades humanas. No mundo

contemporâneo, a automação e a renovação dos equipamentos – microeletrônica,

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informatização, robotização, modernização das plantas industriais; a redefinição organizacional

da empresa; as novas técnicas de gestão; o trabalho informal e o desemprego - repercutem sobre

os acidentes, as doenças do trabalho e os estilos de vida da população evidenciando novas

relações entre a política econômica e a saúde.

2.2 Trabalho e Saúde

Na visão de Arendt (2007), para compreender o conceito de trabalho é necessário

entender a diferença entre labor e ação. Na vida ativa o labor é um processo de ordem biológica

do corpo e necessário para a sobrevivência do homem e para a continuidade da espécie. Na sua

visão a evolução do trabalho vem norteada pelo findar do produto, o qual exige habilidade,

tendo nascido para sobrevivência e evoluindo para um ofício. O labor é para a sobrevivência, e

a ação é exercida diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, mas

tem a ver com a condição humana da pluralidade, ao fato de que homens vivem na terra e

habitam o mundo.

De acordo com Santos (2012) o princípio da universalidade estabelece que

trabalhadores são todos os homens e mulheres que exercem atividades para seu próprio sustento

e/ou de seus dependentes, qualquer que seja a forma de inserção no mercado de trabalho, nos

setores formal e informal da economia.

Os homens são seres condicionados a uma forma de vida ativa, assim relata Arendt

(2007), o que os torna seres que buscam novas perspectivas para o trabalho, labor e ação. A

revolução industrial fez com que os produtos do labor fossem usados da mesma forma que os

instrumentos e ferramentas foram empregadas no processo do labor, como característica dos

modernos processos de trabalho. Neste contexto, verifica-se que os instrumentos diminuem o

esforço e a dor, mudando a forma de ver o trabalho, pois os mesmos podem produzir novas

formas de divisão do trabalho alterando o ritmo laboral.

Por outro lado, pensar no lado mais dramático da visão do trabalho leva-nos a lembrar

de uma frase bíblica que diz “ganharás o pão com o suor do teu rosto”. Esta expressão nos

remete a uma compreensão do trabalho como esforço, risco e sofrimento psíquico. Contudo,

devemos pensar o trabalho como uma atividade de transformação da natureza, empreendida

socialmente pelos homens, não devendo denotar marca de sofrimento (ANDRADE, 2002,

p.375).

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Muitos são os significados da palavra trabalho. E um dos significados para nós da língua

portuguesa, de acordo com Bueno (2010), é o esforço aplicado à produção de utilidades ou

obras de arte ou o conjunto das discussões e deliberações de uma sociedade e assembleia

convocada para tratar de assuntos de interesse público. No dicionário filosófico citado por

Albornoz (2012) diz que trabalho é força espiritual ou corporal do homem colocada para

realizar o que pretende executar. Há trabalhos que não aparecem como os realizados pela mente,

contrário aos que exigem o esforço físico, que apresentam resultado exterior ao corpo.

Para Schmoeller (2011) trabalho consiste em uma ação transformadora e, na área da

saúde, especifica-se pela identidade de natureza entre os sujeitos que recebem a assistência e os

cuidadores, além da indissociabilidade entre o processo de produção e o produto do trabalho.

De acordo com França (2005, p. 57):

O Ser Humano é um todo biológico, ecológico e socialmente determinado. E seu bem

estar além de físico, psicossocial, está dependente e relacionado à situações como

membro de um grupo em particular, e de uma comunidade, e mais do que isto, de um

sistema sociocultural em geral, não apenas de sua herança biológica ou de fatores

ecológicos.

A forma de inserção do indivíduo nos espaços de trabalho contribui decisivamente,

para formar específicas maneiras de adoecer e morrer. Do ponto de vista de Mendes (2007, p.

155):

A saúde e a doença referem-se a fenômenos vitais, sendo formas pelas quais a vida se

manifesta. As experiências dos sujeitos e as ideias dominantes do meio social são

determinantes no processo de construção social da doença e da saúde. Desse modo,

em um contexto de valorização da capacidade produtiva das pessoas, estar doente

pode significar, para o trabalhador, ser indesejável ou socialmente desvalorizado.

Na década de 1970 foram publicados estudos dando ênfase na relação saúde- trabalho.

As organizações de apoio ao trabalhadores nos anos 1980 apresentam significativas mudanças

no que se refere as políticas de saúde brasileira. Na Conferência Nacional de Saúde de 1986 se

consolida a proposta do SUS - Sistema Único de Saúde, com atributo de coordenar as ações de

saúde, direito social e cidadania, e a saúde do trabalhador. Além disto, os movimentos

sindicalistas exigem “dos serviços de saúde pública envolvimento com as questões de saúde

relacionadas com a saúde do trabalhador” (LACAZ, 2007, p.761).

As condições de trabalho tem duas funções: a de proporcionar o desenvolvimento dos

indivíduos, melhor qualidade de vida, fornecendo sustento e auto realização, e valorização do

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ser humano; ou encurtar a vida pela aquisição de doença que podem levá-lo a morte. Portanto,

é importante que se observe os riscos que corre cada trabalhador na função que exerce e que

este procure se adaptar em cada ação para uma melhor qualidade de vida, pois sabe-se que os

riscos estão presentes em cada ambiente de trabalho.

Nesta perspectiva, mesmo quando se incluem variáveis socioeconômicas na tentativa

de aprimorar a compreensão das razões do adoecimento, estas insistem em manter um caráter

reducionista, considerando o social como um elemento a mais, dentre os fatores de risco. Deste

modo, o operário e o seu local de trabalho são avaliados na sua exterioridade, ignorando-se sua

historicidade e o contexto que circunstancia as relações de produção materializadas em

condições específicas de trabalhar, geradoras ou não de agravos à saúde (SILVA, 2011).

Portanto, nossa saúde depende em grande parte de nossas condições e de nosso modo

de vida.

Ter saúde e bem-estar no trabalho é necessariamente compreender a noção de

sujeito e ator de sua vida e de sua vida no trabalho, numa relação social de

troca com os outros trabalhadores, numa busca constante de conhecimento e

de luta contra os mecanismos de desvalorização e de precariedade do trabalho,

o que implica um processo de construção e um avanço das condições de

trabalho e da qualidade de vida e de saúde dos trabalhadores. (ANDRADE,

2002, p.375).

2.3 Saúde do Trabalhador

Através dos tempos, a atuação do Estado no espaço do trabalho sustentou-se nas

concepções dominantes sobre a causalidade das doenças.

Nesse sentido, a Saúde do Trabalhador - ST pressupõe uma interface entre diferentes

alternativas de intervenção que contemplem as diversas formas de determinação do processo

saúde-doença dos trabalhadores. As alterações introduzidas na Carta Constitucional brasileira

de 05/10/1988 no seu artigo 196 não deixam dúvidas quanto ao fato de que, desde então, a

saúde passou a ser entendida como direito de cidadania, devendo ser garantida pelo Estado a

partir de suas políticas sociais e econômicas, bem como por meio de outras medidas que

possibilitem reduzir os riscos e os agravos e, ainda, que assegurem o acesso aos serviços através

do Sistema Único de Saúde (DIAS, 1996).

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Cabe citar o trabalho de Dias (2009, p.2064), no qual o mesmo aborda a definição do

campo da saúde do trabalhador do artigo 6º da Lei n0 8.080/90 como:

Conjunto de atividades que se destina, através de ações de vigilância epidemiológica

e sanitária, à promoção e proteção dos trabalhadores, assim como visa à recuperação

e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos

das condições de trabalho consideradas como atribuições do SUS.

A compreensão entre as relações do trabalho e o processo saúde-doença é designado

através do termo saúde do trabalhador (SAQUIS, 2004). A Saúde do trabalhador é caracterizada

como campo de práticas e conhecimentos que buscam conhecer e intervir nas relações de

trabalho e saúde-doença.

A ST tem como objetivo “resgatar o lado humano e capacidade protetora de agravos a

saúde dos trabalhadores, tais como mal-estares, incômodos, desgastes para além dos acidentes

e doenças” (LACAZ, 2007, p.760).

A preocupação com a saúde do trabalhador, segundo relato do mesmo autor, teve

ênfase nas décadas de 1950-1960 quando o industrialismo desenvolvimentista sustentou a

organização dos serviços médicos nas empresas as quais faziam atendimento médico aos

indivíduos, assumindo desta forma as atribuições prescritas pela ST. Atribuições estas que tem

como função cuidar da mesma, especialmente na prevenção de doenças ou problemas

provenientes do trabalho, promovendo o bem estar físico, mental e social dos trabalhadores no

exercício de suas ocupações.

Agostini (1999) salienta que a saúde do trabalhador se coloca dentro da área do

conhecimento técnico-científico como um instrumento que possibilita o controle social do

processo produtivo, tendo por base os critérios de saúde. Para entender este processo cabe

analisar os problemas de saúde relacionados ao processo de trabalho. E para que este

entendimento se concretize é necessário a compreensão da dimensão social e política da saúde

dos trabalhadores como a expressão de forças e de formas de organizações de um movimento

histórico e dinâmico da classe trabalhadora.

Andrade ( 2002, p.379) define:

A saúde do trabalhador, como um processo em instituição, aparece sob práticas

diferenciadas em diferentes momentos e regiões, dentro de um mesmo país, mantendo

os mesmos princípios: trabalhadores buscam ser reconhecidos em seu saber,

questionam as alterações nos processos de trabalho, particularmente a adoção de novas tecnologias, exercitam o direito à informação e à recusa ao trabalho perigoso

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ou arriscado à saúde, tendo como meta a ‘humanização’ do trabalho. A emergência

da ‘saúde do trabalhador’, em nosso país, deu-se a partir da década de 80 do século

XX, no contexto da transição democrática e em sintonia com o que ocorreu no mundo

ocidental.

A denominação ‘ST’ aparece, segundo Agostini (1999), incorporada na nova Lei

Orgânica da Saúde que estabelece sua conceituação e define as competências do SUS nesse

campo. Neste contexto, foi fundamental o papel desempenhado pelas assessorias técnicas

sindicais. Elas estudaram os ambientes e as condições de trabalho levantando riscos e

constatando danos para a saúde. Além disso, decodificaram o saber acumulado em processo de

socialização da informação de modo contínuo, resgatando e sistematizando enfim, o saber do

operário vivenciado na relação educador-educando e tentando construir a história do

trabalhador, o valor do seu trabalho e os resultados como uma forma de riqueza humana.

A ST se coloca dentro da área do conhecimento técnico-científico como um

instrumento que possibilita o controle social do processo produtivo, tendo por base os critérios

de saúde. Ao tentar analisar os problemas de saúde relacionados ao processo de trabalho, temos

a compreensão da sua dimensão social e política, o que possibilita entender a saúde dos

trabalhadores como a expressão de forças e de formas de organizações de um movimento

histórico e dinâmico da classe trabalhadora (ANDRADE, 2002, p.379).

Considera-se que as práticas discursivas da ST se consolidam na proposta

interdisciplinar, multiprofissional privilegiando medidas de prevenção ao incorporar melhorias

para as condições de trabalho em defesa da saúde.

No Brasil, há Órgãos atuantes na ST como o CEREST -Centro de Referência de Saúde

do Trabalhador e o RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador, que

visam a integração entre a Gestão e a Classe Trabalhadora. Estes baseados na lógica

participativa instigando o pensar e o agir, sobre assuntos pertinentes a esta área, e possibilitando

a identificação dos fatores de risco e orientações sobre ações de vigilância.

Contudo, é preciso uma requalificação da estrutura organizacional da saúde pública no

Brasil a fim de contemplar os diferentes processos de trabalho e a diversidade de necessidades

de cada serviço voltado a ST.

A ST na Atenção Básica tem como território e ferramentas de atenção à saúde a

competência das equipes da atenção básica, a vigilância em saúde do trabalhador, bem como

relação de produção e saúde ambiental, e práticas educativas implementando experiências

institucionais (SATO, 2002).

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Silva (2005) enfatiza que a medicina do trabalho centrada na figura do médico tem

como orientação a teoria da unicausalidade, a qual tem como referência que para cada doença

há um agente etiológico. Sendo assim, na propensão de isolar riscos específicos atuando sobre

as consequências, medicalizando em função de sintomas e sinais- sem exames específicos para

o reconhecimento da doença estabelecida, associa-se uma doença já legalmente reconhecida.

Estas ações podem gerar outras doenças ou outras preocupações pela saúde do

trabalhador. Atitudes do trabalhador sob orientação do empregador através do técnico em

segurança do trabalho pode gerar saúde e não doença. Desse modo, é importante o que está

acontecendo com a saúde ocupacional. Ela avança numa proposta interdisciplinar, com base na

higiene industrial, relacionando ambiente de trabalho-corpo do trabalhador. Incorpora a teoria

da multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco é considerado na produção da

doença, avaliada através da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos de

exposição e efeito.

No contexto da saúde ocupacional e saúde do trabalhador, as práticas discursivas

consolidam-se na proposta interdisciplinar, multiprofissional privilegiando medidas de

prevenção ao incorporar melhorias para as condições de trabalho em defesa da saúde (LACAZ,

2007).

Nessa perspectiva, também há de se considerar o Apoio Matricial - AM o qual auxilia

os profissionais a lidar com a saúde dos trabalhadores de forma mais ampliada e integral,

apontando para mudanças de paradigma, à medida que o processo saúde-doença é percebido

como mais complexo e dinâmico pela grande demanda de trabalho. Quando tem grande

demanda é de interesse do empregador fazer uma agenda compatibilizada de serviços, sem se

preocupar com a saúde do trabalhador, exigindo dele ações acentuadas e sem descanso. Isto vai

causar repercussões psicossociais do adoecimento (SANTOS, 2012)

Sato (2002) faz algumas reflexões sobre a prevenção de agravos à saúde ocupacional

através do replanejamento do trabalho. Desta forma é importante observar e reconhecer que

linhas diferentes têm interesses e ritmos diferentes, que pessoas diferentes veem as situações de

modos diferentes e que têm interesses pessoais, sociais e de trabalho também diferentes. A

prática dos profissionais que nela atuam será a de interlocutores que venham a facilitar o

processamento do planejamento/replanejamento do trabalho, concebida como atividade

dialógico-discursiva, potencializando e ampliando as mudanças de organização do processo de

trabalho, conduzidas a partir do grupo primário de trabalho.

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Por outro lado, as modalidades específicas de trabalho e exploração do corpo passaram

a ter forte relação com a saúde a partir da sociedade industrial. Havendo desta forma uma

necessidade da construção de uma nova interface entre a saúde do trabalhador e as práticas

emergentes de proteção à saúde do consumidor.

Segundo Lacaz (2007) a incorporação da ST na Atenção Básica caracteriza-se como

elemento para a redefinição de práticas e mudanças no modelo assistencial. Sendo assim, é

necessário a educação para a saúde do trabalhador seja na ação manual ou na operação de

máquinas, tendo em vista as novas tecnologias que alteram o conteúdo do trabalho, pois a

máquina embute a ciência não deixando mais transparecer o nexo causal entre a doença e a

ferramenta de trabalho.

De uma forma geral, entre as dificuldades enfrentadas pelo serviço de saúde para

cuidar dos trabalhadores, considerando sua inserção no processo produtivo, destaca-se a

invisibilidade dos danos decorrente das políticas de ocultamento, desenvolvidas pelos

empregadores e do despreparo dos profissionais da saúde para lidar com essas questões.

Em relação ao processo de trabalho da Estratégia da Saúde da Família - ESF, vale notar

a contribuição de Shimizu (2012, p. 2412):

Apesar de o trabalho em saúde trazer à consciência, de forma constante e intensa, nossa mortalidade e fragilidades diversas – em função do contato com a morte,

doenças, mutilações, e da inserção em ambientes por vezes perigosos – também traz

à tona uma sensação de potência, ao ter o profissional da área papel ativo na

recuperação da saúde de outrem. Essa potência, este poder gira em relação a situações

adversas; e ver os resultados de suas ações no corpo do outro, talvez ajude a

compreender as vivências de satisfação, de bem-estar e de orgulho.

Também Santos (2012) reflete essas dificuldades ao analisar os programas de Saúde

pela respectiva linha. Para o autor, alguns autores têm apontado as limitações da ESF e do

Programa de Agentes Comunitários - PACS restritos às atividades assistenciais e intrassetoriais,

em detrimento da vigilância e da promoção da saúde associada à proposta verticalizada, sem se

deter nas diferenças regionais de perfil epidemiológico, com pouca ou nenhuma função na

mudança do modelo assistencial.

Os trabalhadores são atendidos pela rede se serviços de saúde, apesar desse

atendimento não contemplar a centralidade dos processos produtivos na determinação da saúde-

doença, nem a perspectiva do direito à saúde, com universalidade de acesso ao cuidado integral.

Imbrizi (2013, p.308) sustenta que:

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Tanto as instituições responsáveis pela formação dos profissionais, quanto a

organização dos serviços tendem a responder o mais rápido possível às demandas

contemporâneas da produtividade, desconsiderando as perdas humanas. Muitas vezes,

os usuários chegam ao serviço imersos nessa lógica, ansiosos por uma resposta rápida

e concreta para seus problemas.

Assim, eles procuram o atendimento médico, e tudo o que ele significa: a receita

médica, a emissão de laudos, o diagnóstico, o prognóstico e os encaminhamentos

necessários, que, na maioria dos casos, significam a única possibilidade de

afastamento remunerado do trabalho.

Não raro nos deparamos também com a alta rotatividade dos profissionais de saúde,

devido as transferências para outras unidades, muitas vezes sem os consultar e sem verificar as

reais necessidades dos serviços.

A exemplo de Rosenstock (2011, p.594):

É mister que se avance nas políticas de Recurso Humanos (RH), a fim de atuar na

desprecarização do processo de trabalho, regulamentação de um plano de carreira, cargos e salários, valorização profissional, implantação de estratégias de educação

permanente que possibilitem a promoção profissional proporcionando maior

motivação para o trabalho, respeitando-se as necessidades dos serviços e a satisfação

dos trabalhadores.

Em outras palavras, isto é decorrente da não estabilidade dos profissionais do serviço

público, muitas vezes devido às mudanças nas políticas de saúde do município, comprometendo

assim, a continuidade dos projetos importantes, e não priorizando a importância de sua

capacitação e participação direta nas metas a serem alcançadas.

Ao referir-se a tal assunto, Silva (2011, p.860) reforça que:

Na produção do cuidado à saúde dos trabalhadores, os agentes desempenham papel

fundamental, em especial, pela facilidade de acesso aos usuários no território de atuação, possibilitando a identificação do perfil ocupacional dos membros das

famílias, das atividades produtivas desenvolvidas no espaço domiciliar e

peridomiciliar, e dos fatores de risco para a saúde e o ambiente relacionados aos

processos produtivos.

Isto vem ao encontro de Balista (2011, p.216):

A abordagem territorial é facilitadora da ação de Visat (Vigilância em Saúde do

Trabalhador), pois estimula e permite o conhecimento dos riscos presentes em

determinada área geográfica, como a área de abrangência de uma unidade de saúde

ou macrorregiões e também a atuação diferenciada para cada um deles, possibilitada por uma aproximação dos determinantes desses agravos e riscos.

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Tanto a falta de recursos humanos como a falta de compreensão e paciência da

comunidade podem sobrecarregar os trabalhadores no plano físico ou mental, traduzindo-se em

sofrimento. O sofrimento ou desgaste psíquico precisa ser identificado no cotidiano laboral,

uma vez que pode comprometer a saúde do trabalhador.

Por conseguinte, Beck, (2010, p.493) afirma:

O fato de o trabalhador não poder resolver todos os problemas identificados no

serviço, ou que não estejam vinculados ao que lhes compete, pode repercutir em

incompreensão por parte dos usuários: é imprescindível que a organização do trabalho

construa coletivamente medidas de promoção à valorização e o reconhecimento dos seus trabalhadores, o que poderá contribuir no sentimento de satisfação e alegria no

desempenho das atividades.

Nesse sentido, a educação permanente e o modelo de matriciamento adotado pela equipe

do CEREST - com ação pedagógica contínua e participação nos colegiados de gestão-,

aparecem como outros elementos-chave que facilitaram o compartilhamento de

responsabilidades por todos os atores envolvidos no processo de cuidar da saúde dos

trabalhadores.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a consecução do objetivo desta pesquisa considerou-se pertinente a abordagem de

pesquisa bibliográfica do tipo integrativa. Esta tem o objetivo de identificar, avaliar e sintetizar

tendências atuais sobre determinado assunto, neste caso a saúde do trabalhador e o processo e

a organização do trabalho.

Ela envolve a sistematização e a publicação dos resultados de uma pesquisa

bibliográfica em saúde, com a finalidade de utilizar os dados para benefício acadêmico e prática

clínica no âmbito da atuação profissional.

Revisões integrativas estudadas pelos autores Whittemore R.e Knafl K. (2005) são o

tipo mais amplo de avaliação de pesquisa de métodos que permite a inclusão simultânea de

pesquisa experimental e não-experimental, a fim de mais plenamente compreender um

fenômeno de preocupação. Podem também combinar os dados a partir do teórico, bem como a

literatura empírica. Além disso, podem incorporar uma ampla gama de propósitos para definir

conceitos, rever teorias, analisar provas e diferentes metodologias.

Torraco (2005) preconiza que, no Brasil, existe o equívoco de que a pesquisa integrativa

abordando revisões da literatura são menos rigorosas ou mais fáceis de escrever do que outros

tipos de artigos de pesquisa. Pelo contrário, a revisão integrativa da literatura é uma forma

sofisticada de pesquisa que exige uma grande dose de habilidade e pesquisa insight. Os autores

de artigos de revisão esperam identificar um tema adequado ou assunto, justificar por que uma

revisão da literatura é o meio mais adequado para abordar o tema ou o problema.

O mesmo autor defende que, a revisão integrativa da literatura é uma forma de pesquisa

que analisa, critica e sintetiza a literatura representante sobre um tema de forma integrada, de

tal maneira que novos quadros e perspectivas sobre o tema serão gerados.

Com base nas definições acima, para a elaboração da pesquisa foi necessário construir

uma trajetória que considerou o contexto, os autores, a natureza dos textos em sua base de

conhecimento, a lógica da busca - palavras-chave e sua interrelação-, a identificação do

problema, os objetivos, a análise crítica dos estudos e a análise dos dados, os quais serão

descritos posteriormente.

Na presente pesquisa levou-se em conta dois aspectos básicos, ou seja, o processo de

organização do trabalho e saúde do trabalhador, através da análise de 104 artigos.

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A investigação realizada partiu de uma coleta abordando artigos publicados entre os

anos de 2002 a julho de 2015, apresentando um histórico da saúde do trabalhador e os

procedimentos que serão explanados a seguir.

Os artigos para a revisão foram pesquisados na Biblioteca Virtual de Saúde – BVS e as

bases de dados eletrônicos utilizados foram as publicações científicas da Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências de Saúde - LILACS e da Scientific Electronic Library

Online - SciELO.

Ao analisar cada item, a identificação do tema e a seleção da hipótese ou a questão da

pesquisa após definida, destaca-se que o passo seguinte é a definição dos descritores ou

palavras-chave da estratégia de busca e o banco de dados que serão utilizados ( BROOME,

2011). A partir do banco de dados procura-se um conjunto de itens que constituem a resposta

da pergunta selecionada (LOPES, 2002). O ato de verificar a documentação decodificando os

dados de forma coerente pelo pesquisador é de fundamental importância para a revisão

integrativa.

Para tanto, utilizaram-se três descritores identificados no Descritores da Saúde -DECs:

saúde do trabalhador, condições de trabalho e processo saúde-doença. Optou-se por realizar o

cruzamento das palavras-chaves envolvendo, “Processo saúde-doença and Saúde do

Trabalhador”; “Saúde do Trabalhador and Condições de Trabalho”; por serem termos

relacionados ao objeto desta revisão, com o objetivo de encontrar nas bases de dados

selecionadas, estudos que esclareçam o tema. A Tabela 01 sumariza os resultados encontrados

da procura.

Tabela 01: Número de artigos encontrados de acordo com a base de dados e as palavras-

chave.

Palavras-chaves SciELO LILACS TOTAL

Saúde do trabalhador + processo saúde-doença 648 289 937

Saúde do trabalhador + condições de trabalho 637 64 701

Total de artigos 1285 353 1638

Fonte: o autor

Em seguida, foi realizada uma filtragem desta busca por meio de critérios de inclusão

e de exclusão, na qual foram escolhidos os artigos relacionados com a saúde do trabalhador,

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suas condições de trabalho e o processo de trabalho associado a saúde-doença. Os artigos que

não contemplavam estes itens foram descartados.

Selecionaram-se os artigos que:

a) Apresentaram no título e/ou no resumo o termo trabalho e/ou processo de trabalho

e/ou saúde doença; saúde do trabalhador e condições de trabalho;

b) Foram publicados no idioma português entre 2002 a 2015 e reconhecidos pela

comunidade científica;

c) Trabalhos que não abordassem diretrizes curriculares e

e) Bibliografias que possuíam texto completo.

Os critérios de inclusão e exclusão devem ser claros e objetivos. No entanto, estes

podem ser reorganizados durante o processo de consolidação dos artigos e elaboração da

revisão integrativa. Ainda, nos critérios de inclusão ou exclusão a identificação dos estudos se

dá pela leitura criteriosa dos títulos, resumos e palavras-chave e, se ainda não tiver a resposta

para definir a sua seleção, busca-se a publicação como um todo.

A aplicação dos critérios de inclusão e exclusão resultou em 104 artigos (Apêndice A)

selecionados para análise, dos quais foram registradas e sistematizadas as seguintes variáveis

de interesse:

Trajetória de Busca;

Ano de publicação ;

Descritores;

Local de publicação e Instituição de origem do estudos;

Qualificação das revistas científicas;

Resultados das pesquisas e

Intervenções Estudadas;

Recomendações e/ou conclusões.

Posteriormente foi necessário sumarizar e documentar as informações extraídas dos

artigos e documentos pesquisados.

Para a análise dos dados foram estabelecidas categorias de acordo com aspectos

básicos do desenvolvimento da pesquisa, a saber:

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Quanto a base de conhecimento: se o artigo foi teórico ou empírico. Teórico quando o

autor explorou o objeto de pesquisa por meio do conhecimento próprio e de outros

pesquisadores, confrontando ideias e conclusões; empírico, quando o autor se apropriou

do objeto por meio de suas evidências, por meio da extração de características deste

objeto.

Quanto ao objetivo: se a pesquisa foi exploratória, descritiva e explicativa. Exploratória

- quando se pretendeu uma aproximação inicial com o objeto de pesquisa, delineando

ou esclarecendo o fenômeno estudado, com vistas a posterior formulação de perguntas;

Descritiva - quando o foco central do estudo foi a descrição do fenômeno, seu registro

e análise necessários ao detalhamento do objeto de pesquisa; Explicativa - quando o

objetivo da pesquisa é analisar relações entre objeto e outros fatores, com vistas a

generalizações acerca do comportamento do fenômeno.

Quanto a abordagem metodológica: qualitativa, quantitativa ou mista. Qualitativa -

quando o objetivo principal foi o aprofundamento do conhecimento acerca do

fenômeno, de suas características não mensuráveis, com o intuito de compreende-lo,

descreve-lo ou explica-lo; Quantitativa - se a pesquisa se valeu de características

mensuráveis e quantificáveis para explorar, descrever ou explicar o objeto de pesquisa.

Quanto aos procedimentos ou instrumentos de coleta: quando a pesquisa utilizou de um

ou mais dos seguintes procedimentos e instrumentos: documentos, referências

bibliográficas, questionários, entrevistas e observação (grupos focais, vídeos, dados

quantificáveis). Não foi necessária a utilização da categoria “experimental” visto que

nenhum dos artigos selecionados utilizaram este procedimento de estudo.

Para avaliar os estudos incluídos é necessário uma discussão sobre os textos analisados

na revisão integrativa, realizando a interpretação dos dados, levantando as lacunas de

conhecimento existentes e sugerindo pautas para futuras pesquisas. Para validar o estudo, o

pesquisador deve deixar claro quais as lacunas encontradas na literatura e indicar caminhos para

as futuras pesquisas.

Após análise dos dados realizou-se avaliação e posterior síntese dos estudos, que foi

organizada e apresentada de forma descritiva, por meio de sínteses quantitativas das categorias

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de análise e avaliação qualitativa dos resultados, intervenções e recomendações, em um

movimento de ampliação quanti-qualitativo com vistas a atingir os objetivos do estudo.

A revisão integrativa precisa possibilitar aos leitores a avaliação dos procedimentos

empregados na elaboração da revisão. Esta é a última etapa e consiste na elaboração do

documento que deve contemplar a descrição de todas as fases anteriores percorridas pelo

pesquisador e de forma criteriosa para apresentar os principais resultados. Esta etapa é de

extrema importância, pois apresenta o resultado de um trabalho que produz impacto devido ao

acúmulo do conhecimento que já existe sobre a temática pesquisada (MENDES, 2008).

Ainda, segundo o mesmo autor, a revisão integrativa tem vantagens e benefícios como:

reconhecimento dos profissionais que mais investigam determinado assunto; separação entre as

descobertas científicas e as opiniões e ideias; bem como a descrição do conhecimento no seu

estado atual e a promoção de impacto sobre a prática clínica.

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este item apresenta a análise e os resultados da pesquisa sob os diversos aspectos

considerados no estudo: a base de conhecimento, os objetivos, a abordagem metodológica e os

procedimentos de pesquisa. Nesta linha de considerações, foi analisada a distribuição temporal

dos artigos relacionando-a com os aspectos mencionados.

Também foi considerado relevante compreender a temática através dos autores e

instituições, ou seja, o processo de escrita e publicações dos artigos referentes ao trabalho e

saúde do trabalhador. Desta forma, obteve-se descritores que também foram objeto de análise.

Em seguida, foram analisados qualitativamente os resultados, as intervenções e as

recomendações exploradas nos artigos.

Por fim, foi realizada uma descrição acerca da origem e dos meios de divulgação das

publicações.

4.1 Origem e meios de publicação

Considerando o Qualis/capes de 2015 da área interdisciplinar, observamos que dentre

todas as revistas relacionadas a pesquisa, as de maior destaque, possuem as seguintes

avaliações:

Tabela 2: Classificação das Revistas segundo o Qualis/capes de 2015

CLASSIFICAÇÃO REVISTAS

A1 Latino-americana de Enfermagem

A2 Texto e Contexto-Enfermagem

Caderno de Saúde Pública

Brasileira de Enfermagem

Acta Paulista de Enfermagem

Bahiana de Saúde Pública

B1 Ciência e Saúde Coletiva

Trabalho Educação e Saúde

Interface Botucatu

Escola Anna Neri

Epidemiologia e Serviço de Saúde

Gaúcha de Enfermagem

Saúde e Sociedade

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Physis

B2 Saúde Ocupacional

Interface-Comunicação Saúde e Educação

Fisioterapia e Pesquisa

B3 Escola de Enfermagem USP

Psicologia e Argumento

Medisan

B5 Psicologia e Sociedade

São Paulo em Perspectiva

Ciência e Saúde Fonte: o autor

Dentre as revistas de onde foram editados os 104 artigos em estudo, nota-se que as que

mais publicaram neste período foram, a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional com 16

inserções, seguida da Ciências e Saúde Coletiva com 13, classificadas como B1-B2.

Posteriormente, temos em número de 7 a Interface de Botucatu - B1 e com 5 a Escola de

Enfermagem da USP – B3 e a Saúde e Sociedade - B1.

4.2 Base de conhecimento da pesquisa

O primeiro resultado obtido diz respeito a base de conhecimento que fundamentou a

pesquisa, ou seja, se a pesquisa baseou-se na investigação própria, documental e/ou

bibliográfica do objeto de pesquisa (teórico) ou, se foi baseada na coleta de informações e dados

acerca do objeto (empírico). O Gráfico 01 apresenta os percentuais encontrados de acordo com

estas duas categorias.

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Gráfico 01 – Percentuais dos artigos selecionados no período 2002-

2015 de acordo com a base de conhecimento da pesquisa.

Fonte: o autor

Observa-se que no intervalo de 2002 a 2015 houve um percentual relevante de pesquisas

de cunho empírico, indicando a preferência por pesquisas oriundas de coleta de informações e

dados. Destes, destacaram-se os relatos de experiência e os estudos envolvendo a percepção

dos trabalhadores; em menor grau apareceram pesquisas relacionando fatores de risco

associados as condições de trabalho à saúde do trabalhador. Dos artigos de cunho teórico, os

assuntos abordados agruparam-se em três eixos: avaliação das politicas relacionadas à saúde do

trabalhador, análises teóricas acerca do processo saúde-doença e discussões acerca de

perspectivas e proposições para melhoria nos sistemas de saúde.

4.3 Objetivos da Pesquisa

A categorização das pesquisas em relação aos seus objetivos principais, ou seja, a forma

de como os autores conduziram seus estudos para alcançar suas conclusões foi feita com o

intuito de analisar a profundidade de pesquisa do objeto, se uma exploração preliminar, se a

Teórico; 23%

Empírico; 77%

Teórico; 23%

Empírico; 77%

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35

descrição do objeto em si ou uma análise das similaridades, diferenças e relações do objeto com

seu contexto. Os resultados estão apresentados no Gráfico 02.

Gráfico 02 – Percentuais dos artigos selecionados no período 2002-2015

de acordo com o objetivo da pesquisa.

Fonte: o autor

Observou-se equilíbrio em relação aos tipos de pesquisa descritiva e exploratória, com

preponderância de artigos nesta última. Destes, a maioria optou por pesquisas que envolveram

estudos de casos e/ou grupos, com aplicação de questionários que abordaram de forma

preliminar o objeto de pesquisa. As pesquisas descritivas apresentaram-se heterogêneas com

relação à profundidade da descrição do objeto, com preferência pela descrição textual em

relação a quantidades mensuráveis. Os 23% restantes que apontaram relações, causas e efeitos

e realizaram comparações do objeto a um contexto, utilizaram-se majoritariamente de análises

de opiniões e percepções de indivíduos, ocorrendo um único trabalho que se valeu de

inferências estatísticas em sua análise e discussão de resultados, como mostrado no próximo

item de análise.

Exploratória; 41%

Descritiva; 36%

Explicativa; 23%

Exploratória; 41%

Descritiva; 36%

Explicativa; 23%

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36

4.4 Trajetória da busca: abordagem da pesquisa

Uma questão relevante para compreender a temática estudada diz respeito a abordagem

metodológica adotada pelo pesquisador, o caminho utilizado para a condução da pesquisa. As

abordagens utilizadas, categorizadas em qualitativa, quantitativa e mista mostraram uma

distribuição fortemente assimétrica, conforme pode ser observado no Gráfico 03.

Gráfico 03 – Percentuais dos artigos selecionados no período 2002-2015 de

acordo com a abordagem de pesquisa.

Fonte: o autor

A preponderância da abordagem qualitativa nos estudos é esperada, tendo em vista a

importância dos registros de comportamentos, estados subjetivos e manifestações humanas

relacionadas à saúde do trabalhador. Tais estudos foram realizados por meio de documentos,

entrevistas e diários de campo. Entende-se que tanto os estudos qualitativos - ao

proporcionarem a real relação entre teoria e a prática-, como os quantitativos relacionados mais

a prática oferecem ferramentas eficazes para a interpretação das questões relacionadas ao

processo de trabalho e a saúde do trabalhador. Nesta pesquisa, os artigos analisados abordaram

assuntos que envolveram os papéis e as ações que cada segmento realiza em benefício do

trabalhador, ou seja, o SUS, a ESF e as equipes de profissionais envolvidos.

Quantitativa; 18%

Mista; 4%

Qualitativa; 78%

Quantitativa; 18%

Mista; 4%

Qualitativa; 78%

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37

Os 18% de pesquisas quantitativas concentraram-se nos temas condições de trabalho e

fatores associados as doenças associadas ao trabalho. Tais pesquisas tiveram caráter

exploratório ou descritivo. Dos 19 artigos com abordagem quantitativa, dez descreveram o

objeto da pesquisa e oito realizaram uma exploração preliminar. Somente um artigo teceu

comparações e relações. Tal resultado se soma ao percentual reduzido de pesquisas mistas.

Apenas quatro trabalhos associaram uma abordagem qualitativa - conduzida por meio de

entrevistas ou grupos focais, com análise de conteúdo-, com um método quantitativo descritivo

derivado da aplicação de questionários. Destaca-se aqui que nenhum destes quatro artigos

teceram relações entre o objeto de pesquisa e o contexto, limitando-se a um objetivo

exploratório ou descritivo.

4.5 Procedimentos e instrumento de coleta de dados

O Gráfico 04 mostra a distribuição dos procedimentos e instrumentos de coleta

utilizados nos artigos, que se valeram, em muitos casos, de mais de um instrumento ou

procedimento na pesquisa. Dos 104 artigos analisados, 67,3% fez uso de um único

procedimento, enquanto 32,7% utilizou-se de 2 ou mais.

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38

Gráfico 04 – Percentuais dos instrumentos de coleta encontrados nos artigos

selecionados no período 2002-2015.

Nota: mais de um instrumento pode ter sido utilizado na mesma pesquisa

Fonte: o autor

Percebe-se percentuais semelhantes dos diferentes procedimentos, com ligeira

preponderância para a pesquisa bibliográfica, que juntamente com a pesquisa documental

constituem os procedimentos fundamentais da pesquisa teórica. As empíricas utilizaram-se de

entrevistas, questionários e observação - gravação, diário de campo, grupo focal, transcrição de

falas e oficinas. Nas abordagens qualitativas os instrumentos de coleta mais utilizados foram os

grupos focais, observação e, finalizando, o diário de campo. Já a pesquisa quantitativa se

preocupou mais com instrumentos, como os questionários.

Dos 104 documentos analisados, oito apresentam como principal forma de coleta a

observação; 20 a análise dos conteúdos dos documentos; 26 análise bibliográfica; 25 aplicaram

entrevistas; e 25 estudos aplicaram questionários.

Destaca-se que os autores escolheram várias metodologias e, inseridas à elas, a

observação, a qual requer relatos dos dados com a finalidade de obtenção de resultados.

Entrevista; 20%

Observação; 23%

Questionário; 17%

Bibliografia; 26%

Documento; 15%

Entrevista; 20%

Observação; 23%

Questionário; 17%

Bibliografia; 26%

Documento; 15%

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39

Documentos por escrito são relatos de fatos que permitem uma análise do que foi

expressa pelo pesquisado. De igual forma os questionários e entrevistas registram suas opiniões.

A Oficina é uma metodologia que permite a expressão dos componentes dos grupos,

possibilitando o compartilhar de ideias, de pensamentos e oportunizando a tomada de decisões

e o planejamento para futuras ações. A pesquisa que utiliza o instrumento diário de campo

permite aos demais segmentos seguir os passos das ações realizadas pelo grupo.

Na análise dos artigos, nove pesquisas optaram pelos grupos focais, seguida das oficinas

com cinco registros, dois diários de campo, dois estudos de caso e um relato de experiência.

4.6 Distribuição temporal dos artigos

A distribuição temporal dos artigos mostrou um crescimento relevante no período de

análise, como pode ser observado pelo Gráfico 05. Optou-se por realizar uma projeção dos

artigos ao final do ano de 2015, tendo em vista que a pesquisa encerrou sua coleta no mês de

julho e até este mês o número de publicações do semestre já superava aquele encontrado nos

anos anteriores. Mantendo-se esta tendência, o crescimento dos artigos relacionados aos temas

de estudo a partir de 2013 é bem distinto dos anos anteriores. Desta forma, o período de estudo

pode ser dividido em três grandes grupos: o primeiro entre os anos de 2002 a 2008 - com

produção de até seis artigos anuais; um segundo grupo entre 2009 e 2013 - no qual ocorreu um

crescimento da produção nos três primeiros anos, seguido de decréscimo e o terceiro grupo já

citado.

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Gráfico 05 – Distribuição do número de artigos selecionados no período

2002-2015.

Nota: dados de 2015 projetados por tendência linear com base na coleta realizada até julho.

Fonte: o autor

Destaca-se que em 2008, de acordo com as palavras-chave utilizadas e os critérios de

inclusão e exclusão desta pesquisa, não foi possível selecionar artigo nas duas bases de dados

avaliadas.

Quando observada a distribuição temporal, de acordo com a base de conhecimento

adotada pela pesquisa (Gráfico 06), destaca-se a realização das pesquisas empíricas até 2012

frente às teóricas. A partir daí, estas apresentaram um crescimento relevante, envolvendo o tema

Saúde do Trabalhador associado à Vigilância, à Atenção Básica, à Estratégia Saúde Família,

aos Acidentes de Trabalho, à Participação Social, ao Processo Saúde-Doença, à Ergonomia, à

Segurança no Trabalho, à Bioética, ao Humaniza SUS, ao Trabalho, à Medicina do Trabalho,

ao Processo do trabalho, ao Apoio Institucional e Sofrimento e à Precarização do trabalho. Este

fato pode estar relacionado ao crescente volume de bibliografias disponíveis, permitindo aos

pesquisadores a produção de textos argumentativos com base em pesquisa documental e

bibliográfica. Estes constituíram-se por trajetórias que consideraram o contexto, os autores e a

natureza dos textos e sua lógica através de opiniões, além do exame de conceitos construtores

da ciência.

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015*

Ano

0

5

10

15

20

25

30

35

40

me

ro d

e a

rtig

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41

Gráfico 06 - Número de artigos de acordo com a base da pesquisa, no

período 2002-2015.

Nota: dados de 2015 projetados por tendência linear com base na coleta realizada até

julho.

Fonte: o autor

Examinando-se a distribuição dos artigos em relação aos objetivos da pesquisa (Gráfico

07) nota-se certa regularidade de publicações no período para as pesquisas explicativas, com

tendência a aumento após 2010 relacionado a um aumento nas pesquisas de cunho teórico,

evidenciado no gráfico anterior.

As publicações de pesquisas exploratórias e descritivas se alternam em relação a maior

frequência durante o período, sendo estas as responsáveis pelo aumento pontual do total de

publicações em 2005, 2010, 2011 e 2014.

Total

Empirico

Teorico

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2015*

Ano

0

5

10

15

20

25

30

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úm

ero

de

art

igo

s

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42

Gráfico 07- Número de artigos de acordo com o objetivo da pesquisa, no período

2002-2015.

Nota: dados de 2015 projetados por tendência linear com base na coleta realizada até julho.

Fonte: o autor

A análise da distribuição em relação a abordagem metodológica, mostrada no Gráfico

08, evidenciou uma regularidade na distribuição dos trabalhos qualitativos, majoritários na

amostragem, como descrito anteriormente. Entretanto, no período de 2009 a 2011 ocorreram

três pesquisas mistas (COSTA e TAMBELLINI, 2009; MENDONÇA et al., 2010; TRAD e

ROCHA, 2011), em contraste com o período anterior no qual somente uma pesquisa (COTTA

et al, 2006) foi realizada. As pesquisas com abordagens quantitativas surgem após 2009, com

exceção de um único trabalho (SANTOS e ROSENBERG, 2005) do período anterior.

Total

Exploratoria

Descritiva

Explicativa

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015*

Ano

0

5

10

15

20

25

30

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úm

ero

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art

igo

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Gráfico 08 - Número de artigos de acordo com a abordagem da pesquisa, no

período 2002-2015.

*Dados de 2015 projetados por tendência linear com base na coleta realizada até julho.

Fonte: o autor

4.7 Descritores utilizados nos artigos

Os autores nos artigos pesquisados tiveram como proposta relatar experiências que

contemplam a saúde do trabalhador, a saúde ocupacional e a saúde pública. Tendo como

enfoque a saúde do trabalhador na Atenção básica, na vigilância da saúde do trabalhador e a

atenção à Saúde Pública, Saúde mental e Saúde ambiental, Psicologia e Saúde do Trabalhador,

bem como a gestão do profissional da saúde do trabalhador e suas correlações e outros. Estes

foram agrupados em descritores, sumarizados na Tabela 03.

Observou-se que os cinco primeiros descritores perfizeram a maior parte dos artigos

(54,9%), com o descritor “saúde do trabalhador” contabilizando mais de um quarto dos artigos.

Como esperado, esta preponderância dos primeiros cinco descritores está diretamente ligada à

forma com que foram relacionados na busca em base de dados de informações, ou seja, na

Total

Quali

Quanti

Mista

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015*

Ano

0

5

10

15

20

25

30

35N

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art

igo

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associação de “Processo de Trabalho e Saúde do Trabalhador”; “nas Condições de Trabalho e

Saúde do Trabalhador”, destacando-se assim a presença do descritor “Atenção Básica à Saúde”.

Tabela 03 – Distribuição do número de descritores encontrados nos 104 artigos

selecionados, no período 2002-2015.

Descritor Frequência Percentual

Saúde do Trabalhador 89 25,7

Saúde Ocupacional 28 8,1

Atenção Básica à Saúde 28 8,1

Estratégia da Saúde da Família 23 6,6

Condições de Trabalho 22 6,4

Sistema Único de Saúde 20 5,8

Saúde Pública 18 5,2

Riscos Ocupacionais 14 4,0

Psicologia e Saúde do Trabalhador 14 4,0

Enfermagem em Saúde Pública 12 3,5

Processo de Trabalho 11 3,2

Vigilância em Saúde do Trabalhador 11 3,2

Qualidade de Vida 10 2,9

Gestão do Profissional da Saúde do Trabalhador 10 2,9

Saúde Mental 10 2,9

Avaliação de desempenho 9 2,6

Acidente de Trabalho 8 2,3

Saúde Ambiental 6 1,7

Terapia Ocupacional 2 0,6

Gestão do Trabalho 1 0,3

Total Geral 346 100,0

Notas: dados de 2015 projetados por tendência linear com base na coleta realizada até julho.

O Total de citações supera o numero de artigos tendo em vista a possibilidade de citação

de mais de um descritor para um mesmo artigo.

Fonte: o autor

Estes artigos permitiram obter informações pertinentes à saúde do trabalhador e a

importância dos cuidados que cada empresa deve ter com seus colaboradores, a fim de que se

possa prevenir que o trabalhador fique doente.

Ressalta-se que a pesquisa integrativa possibilitou avaliar os procedimentos relatados

nos diferentes artigos, apontando para a preocupação que cada segmento empregatício relatado

tem para com a saúde do trabalhador, como a percepção do trabalhador frente ao seu processo

de trabalho e suas dificuldades.

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45

Observou-se, no contexto acima que, a Saúde do Trabalhador está expressa em 89

artigos, seguida da Saúde Ocupacional e Atenção Básica à Saúde com 28. Cabe citar que, a

Estratégia da Saúde da Família também demostrou bastante interesse pelos autores, com 23

inserções, além de condições de Trabalho com 22, Sistema Único de Saúde com 20 e Saúde

Pública com 18. Os demais assuntos listados no quadro aparecem de 14 a 1 vez, mas todos são

de igual importância, pois estão voltados à temática envolvida neste trabalho.

Os temas abordados pelos autores refletem o enfoque no planejamento das ações nos

serviços básicos de atenção primária no contexto de saúde ambiental e da saúde trabalhador.

Esta preocupação está ligada com a saúde da família que é o órgão onde o trabalhador está

inserido e é cuidado.

Portando, abaixo seguem os três descritores mais utilizados pelos autores neste estudo:

Saúde do trabalhador, Saúde Ocupacional e Atenção Básica à Saúde.

Tabela 4: Distribuição dos descritores e seus principais temas, dos 104 artigos selecionados no

período de 2002-2015.

DESCRITORES DOS AUTORES TEMAS UTILIZADOS

SAÚDE DO TRABALHADOR - Apoio Matricial;

- Descentralização da Vigilância à Saúde;

- RENAST;

-VISAT;

-Gerenciamento participativo;

-Trabalho e Saúde;

-CEREST;

-NR32;

-Produção do Cuidado;

-Motivação;

-Atuação do Ministério do Trabalho;

-Bioética e Saúde do Trabalhador.

SAÚDE OCUPACIONAL -Processo Organizacional do Trabalho;

-Gestão do trabalho x sofrimento;

-Trabalho como fonte de prazer;

-Saúde e Adoecimento;

-LER e DORT;

-Segurança do trabalho;

-Ergonomia;

-Retorno ao trabalho;

-Risco Ocupacional;

-Saúde e Processo do Trabalho no

capitalismo ;

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46

Fonte: autor

A Saúde do trabalhador englobou temas utilizados pelos autores abrangendo a questão

de Leis, Normas e Políticas Públicas, ou seja, as que comandam o processo organizacional e de

fiscalização do trabalho e seus mecanismos de funcionamento. Sobre a descentralização da

vigilância da saúde do trabalhador e o desafio de implementar ações no SUS, que é uma

estratégia da RENAST, Balista (2011) aponta que as ações de atenção à saúde e a notificação

foram implantadas com êxito para acidentes de trabalho. A recomendação aqui é a criação de

novas modalidades de representação dos trabalhadores, para além das organizações sindicais

tradicionais. É necessário uma requalificação da estrutura organizacional da saúde pública no

Brasil.

Houve outras propostas como: requalificação da estrutura organizacional da Saúde

Pública no Brasil nos diferentes processos de trabalho; desafio à classe trabalhadora a lutar

pelos seus direitos; criação de novas estratégias de gestão incentivando a forma participativa,

promovendo assim, a articulação entre os diferentes níveis administrativos e políticos.

O que se esconde em cada ação? Merlo (2003) reforça que, o trabalhador nem sempre

sabe de seus direitos. Sendo assim, fica com a preocupação de não ter garantias sociais. Neste

contexto, a proteção jurídica à saúde do trabalhador é analisada por meio das normas em vigor,

nos âmbitos internacional e nacional. As transformações ocorridas no mundo - com a

globalização, a evolução tecnológica e as mutações que vêm ocorrendo desde a virada do século

XX para o século XXI, com metamorfoses no processo de produção do capital e repercussões

no processo de trabalho - são enfocadas para ressaltar que outras formas de adoecimento

passaram a ter visibilidade entre os trabalhadores, como as Lesões por Esforços

-Reforma Sanitária;

-Carga de Trabalho;

-Dor musculoesquelética;

-Síndrome de Bournot.

ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE -Territorialização;

-ESF e seu processo de trabalho;

-Atenção a ST nas Unidades Básicas;

-ACS e Saúde do Trabalhador;

-O trabalho da enfermagem;

-Participação em Saúde do Trabalhador;

-Perfil do PSF;

-Qualidade de vida da Enfermagem.

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47

Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) e os

transtornos psíquicos.

Shimizu e Carvalho Júnior (2012), estudaram o processo de trabalho na perspectiva da

estratégia da família. A pesquisa reflete sobre a omissão de práticas voltada para a saúde do

trabalhador e à Estratégia da Saúde da Família. Propõem que seja incluída a prática do diálogo

em suas estratégias, por considerar que a incorporação da temática da mesma deve ser realizada

pela operacionalização de: um instrumento que levante e analise variáveis e indicadores de

reprodução social; um sistema de apoio matricial que integre os Centros de Referência em ST

com as Unidades Básicas de Saúde; e educação permanente desta temática para as equipes da

ESF .

Sabe-se que a educação para a saúde dos trabalhadores é um desafio. Através da análise

de cada situação é possível distribuir e balancear o volume de atividades adequando-os aos

interesses e possibilitando mais tempo para o descanso. Por isso, a importância dos Órgãos

responsáveis pela fiscalização e execução dos treinamentos como a VISAT - Vigilância em

Saúde do Trabalhador, RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

e o CEREST - Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador

A incorporação do apoio matricial foi defendido por autores desta pesquisa como

Santos, 2012; Lacaz, 2013; Silva, 2011; Dias, 2011 entre outros, os quais sustentaram a

importância dos treinamentos das equipes e o aprimoramento da gestão. A qualificação e a

capacitação tornam-se instrumentos eficazes para melhorar o processo organizacional do

trabalho.

Santos e colaboradores (2012) realizaram um estudo de caso, no qual foi utilizado o

apoio matricial relatado nas redes do SUS, em Amparo- SP. Esse estudo retrata os profissionais

da Estratégia de Serviço à Família , os quais vem como auxílio para lidar com os trabalhadores

em suas agendas de serviços. Aponta para as repercussões psicossociais do adoecimento e

recebe, como recomendação, mudança no olhar dos profissionais da ESF, para os trabalhadores

que são atendidos, tendo em vista que isto pode ajudar a melhorar a recuperação do trabalhador

adoecido, requerendo portanto, uma maior atenção para a Saúde do Trabalhador.

Já a Saúde Ocupacional envolveu a temática do trabalho e suas resultantes. No processo

saúde e doença apareceram estudos sobre as representações sociais de trabalhadores com

DORT, onde são verificadas as ações repetitivas que causaram estes problemas à saúde, bem

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48

como, a organização do trabalho, sintomatologia dolorosa e significado de ser portador de

LER/DORT - (MERLO, 2003).

Insere-se ainda os desafios para a gestão do trabalho a partir de experiências de expansão

da Estratégia da Saúde da Família e as equipes de profissionais de qualidade de vida dos

enfermeiros das equipes Saúde Família com desafios para a mudança das práticas para uma

melhor atenção ao trabalhador, ou seja, no seu processo produtivo e organizacional.

Os acidentes e as doenças receberam uma abordagem burocrática, mas não ações

específicas para as reais necessidades, retratando a atenção à saúde do trabalhador, atendida

parcialmente. Por isso, a promoção da saúde do Trabalhador foi fortemente sustentada.

Santos (2007) ressalta que, há necessidade de promover uma gestão participativa, na

qual o planejamento de ações e a avaliação dos seus resultados no atendimento das necessidades

de saúde da população sejam verdadeiramente construídos conjuntamente entre o gestor e o

trabalhador coletivo de saúde. A pesquisa evidencia que o processo de trabalho está ligado à

ESF e suas repercussões no processo saúde-doença e traz a sua contribuição para o trabalhador

e sua saúde e bem estar no local em que atua profissionalmente.

Torna-se relevante a contribuição para a consolidação do SUS municipal em benefício

do trabalhador. No entanto, é preciso que os gestores e os trabalhadores do SUS assumam suas

responsabilidades em relação às violências cometidas com os trabalhadores nos locais de

atuação, superando-se a situação na qual se encontram em doenças e mutilações por acidentes

de trabalho (DIAS, 2009), tornando relevante assim, o reconhecimento do adoecimento por

parte da Gestão.

Estudos apontam ainda, para a perspectiva de um novo modelo de organização do

trabalho da enfermagem, pautado na democracia das relações, visando a expressão dos

trabalhadores enquanto sujeitos multidimensionais, como atores sociais e não meros executores

de tarefas delegadas, como hoje estabelece a divisão social e técnica do trabalho (MAGNAGO,

2010).

Portanto, há a necessidade de se pautar formas de minimizar esse desgaste, tornando-

se relevante a oferta de estímulos a atenção psicossocial.

Outra questão aparente é o trabalho entre prazer, sofrimento e adoecimento - a

realidade dos portadores de lesões por esforços repetitivos. Glanzner (2011) revela uma

avaliação da equipe de um Centro de Atenção Psicossocial. No processo avaliativo os

trabalhadores demonstraram prazer e realização com seu trabalho manifestado no orgulho, na

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realização e na valorização daquilo que produzem. Um sofrimento associado à dor física pode

estar vinculada às vivências subjetivas e à identidade social. A dor também pode ser a de perder

a saúde, pela decepção ao ser excluído do ambiente de trabalho, do não reconhecimento, da

humilhação no lócus da perícia médica ou de precisar aquilo que aflige.

Em “O sofrimento e seus destinos na gestão do trabalho”, (BRANT; GOMEZ;

MINAYO, 2005) mostram o impacto negativo do número de vínculos, da excessiva carga

horária de trabalho e da insatisfação com o trabalho nos domínios da qualidade de vida dos

enfermeiros.

Reforçando esse paradigma, a literatura traz algumas concepções do sofrimento

relegando o trabalhador à posição de doente ou vítima, negligenciando a sua capacidade de

resistência proporcionada pela manifestação do sofrimento. O que se verifica neste tema é a

importância dos Grupos de Acolhimento como princípio do SUS, abordado por Imbrizi (2013).

Os modelos teóricos que orientam as avaliações de serviços não contemplam os benefícios e

avanços originários das diferentes formas de resistência.

Quanto ao processo saúde-doença das representações sociais e a sintomatologia

dolorosa, e o significado de ser portador de LER/DORT nota-se que a ação do trabalhador é

comprometida pela dor, agravada pela perda dos movimentos, vivenciada pelo sentimento de

impotência e degradação das condições devida e trabalho (MERLO, 2007).

A Atenção Básica à Saúde descreve sobre as equipes de ESF, principalmente dos

agentes comunitários e enfermeiras, seus principais conflitos, decepções e angústias.

Agentes comunitários mantém diálogo com as famílias dos trabalhadores a fim de que

estratégias de cuidados e proteção para a saúde do trabalhador ocorram de forma efetiva e

eficaz. Magnago (2010) enfoca que a comunicação é um dos fatores que favorecem ou

dificultam o trabalho dos enfermeiros nos serviços de atenção à saúde e doença. Neste contexto

é necessário uma constante avaliação. A organização e as condições do trabalho de enfermagem

tem sua avaliação baseada no modelo demanda controle.

A atenção Básica e interfaces possibilitaram estabelecer o resgate histórico da Saúde do

trabalhador no SUS, como: território e ferramentas de atenção à saúde; competência das equipes

da atenção básica; vigilância em saúde do trabalhador; relações de produção e saúde ambiental;

práticas educativas em ST; vulnerabilidades do trabalhador da saúde; e implementação de

experiências institucionais. Esse plano demonstrou comprometimento dos sujeitos com a saúde

(SOUZA, 2013).

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As fragilidades de infraestrutura e o investimento tímido em formação das equipes

também são fatores que contribuem para a persistência de condições e práticas de trabalho que

se distanciam dos princípios da humanização.

Estas mudanças devem partir sempre do grupo primário, construindo práticas para

atenção à Saúde do Trabalhador dentro de uma abordagem interdisciplinar, incentivando

macroações no âmbito de Políticas Públicas.

Na busca pela qualidade, entra em ação o SUS que constitui um espaço público

privilegiado, dispondo de atendimento universalizado, recursos físicos e humanos, tecnologia

e técnicas acumuladas. As novas tecnologias de automação alteram o conteúdo do trabalho,

pois a máquina embute a ciência, não deixando mais transparecer o nexo causal entre a doença

e a ferramenta de trabalho (SILVA, 2003).

Em relação a saúde física e mental relata-se sobre a dificuldade de escuta por parte dos

profissionais da saúde frente aos usuários e dificuldade de estabelecer vínculo por parte da

equipe de saúde (REIS, 2007). Não obstante, o ritmo de trabalho, a pressão em termos de prazos

para a realização do trabalho, a cobrança por resultados e a falta de pessoal para a realização

das tarefas, a fiscalização de desempenho no trabalho e os resultados desejados não são

condizentes com a realidade. O trabalho em equipe é afetado porque a comunicação centra-se

nas relações pessoais, não nos profissionais.

Uma proposição metodológica para o planejamento das ações nos serviços de atenção

primária no contexto da saúde ambiental e da saúde do trabalhador encontra-se no artigo

“Pesquisa-ação” de Pessoa (2013). O método favorece a interação humana integrada ao lugar

em que vive. Nesta interação encontram-se saberes e práticas do agente comunitário de saúde

na atenção ao trabalhador. Insere-se na gestão do trabalho o sofrimento e seus destinos, na qual

constatou-se a existência de um processo de transformação do sofrimento em adoecimento.

A somatização, a psiquiatrização, a medicalização, a licença médica, a internação

hospitalar e a aposentadoria por invalidez figuraram como alguns dos destinos do sofrimento

nesse processo.

No que diz respeito aos agravos relacionado à saúde menciona-se a carga de trabalho,

comentada por Schmoeller et al. (2011), responsável pelo desgaste dos profissionais,

influenciando a ocorrência de acidentes e problemas de saúde.

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Todo o conhecimento elucidado nesta pesquisa enfatizou os descritores fortemente, pois

percebe-se grande preocupação por parte dos autores em relação à eficácia na execução da

equipe gestora, na forma como é planejado o processo de trabalho e seus envolvidos.

4.8 Resultados e intervenções estudadas nos artigos

As mudanças no mundo do trabalho que se iniciaram em meados dos anos 1970 como

a crescente incorporação tecnológica, a flexibilização e a precarização do trabalho refletiram-

se na saúde. Disto surgem questões envolvendo mecanismos institucionais de gestão no

trabalho cujo foco de análise se desloca para o plano de interação com a relação profissional e

entre os profissionais (NOGUEIRA, 2002).

Os resultados e intervenções selecionadas nos artigos versaram sobre estas interações e

outros temas relacionados com a saúde do trabalhador e o processo de trabalho, dos quais faz-

se um destaque para aqueles mais argumentativos e propositivos.

Os resultados serão discutidos a partir da figura abaixo:

Figura 1: Resultados dos estudos x número de inserções nos artigos

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Para a compreensão da saúde do trabalhador, este estudo contribuiu para o

conhecimento das condições de trabalho e seus processos envolvendo os profissionais da ESF,

dentre outros trabalhadores, considerando sua abrangência e modelo assistencial.

Com base nos resultados da pesquisa foi possível verificar que a participação dos

trabalhadores, através da reorientação dos profissionais, é considerada essencial para a

identificação dos fatores de risco presentes no trabalho e das repercussões destes sobre o

processo saúde – doença. Pode-se considerar que a estratégia da RENAST, por ter sido

considerada bem sucedida, poderia ampliar ainda mais a atenção diferenciada aos trabalhadores

no SUS, através de redefinição das Políticas Públicas.

Várias particularidades do trabalho em saúde ligadas às estratégias de gestão ou às

características dos trabalhadores parecem impedir o aspecto socioafetivo do trabalho,

propiciando adoecimento.

O sofrimento pode chegar pela invisibilidade das doenças e acidentes de trabalho na

sociedade atual, evidenciados em artigos que contemplavam a Percepção de Saúde.

A Gestão participativa é sem dúvida elemento fundamental para mobilizar o

trabalhador a participar de um processo de mudança, porém ele deve ser sensibilizado e

capacitado para que efetivamente tenha novas ferramentas de trabalho para lidar com o novo,

conforme melhoria organizacional do Sistema de Saúde.

Os Gestores Municipais ligam esses trâmites às questões envolvendo a organização do

trabalho e às questões pessoais dos trabalhadores.

No contexto de saúde física e mental se encontram os desafios para a mudança das

práticas na organização do processo de trabalho em unidades de saúde da família. Diante da

dificuldade do “escutar”, por parte dos profissionais frente aos usuários, existe o distanciamento

cada vez maior do vínculo por parte da equipe de saúde, descritos nos artigos de estratégias do

empoderamento no trabalho.

O modelo de matriciamento foi considerado como grande ação pedagógica contínua e

participativa nos colegiados de gestão, a educação permanente e o protagonismo dos

trabalhadores da saúde foram demonstrados como grande facilitador do processo, devendo,

portanto, ser prioridade dentro da Saúde do trabalhador na Atenção Básica. Uma das estratégias

usadas é a função do agente comunitário e a avaliação das equipes que atuam na atenção

psicossocial, e a prática de trabalhadores que atuam na saúde da família. Foi observado que

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alguns pontos chaves são levantados como, a teorização, as hipóteses de solução e a aplicação

à realidade.

Os fatores que favorecem e dificultam o trabalho dos enfermeiros nos serviços de

atenção à saúde compreendem conceitos como a simultaneidade, a copresença, o autosserviço

e o controle emocional, adquirindo preponderância no setor serviço e considerando que o cliente

ou usuário sofre consequências para a sua saúde. Estas, pouco conhecidas nas suas relações

com os trabalhadores na esfera do consumo. O médico ainda é figura central na unidade de

saúde, pois é o motivo do agendamento pelo usuário e, infelizmente, torna esse processo pouco

promocional e bastante curativo.

As principais barreiras ao retorno ao trabalho são a ausência de adequados programas

de reabilitação profissional e a insuficiente comunicação entre os atores dos diferentes níveis

administrativos e políticos. E os principais facilitadores são as atitudes e os comportamentos

individuais dos profissionais de saúde do CEREST, que fornecem acolhimento e suporte.

O que se observa aqui é que existe uma pressão psicológica daqueles que trabalham

em tarefas que não foram atingidas pela reestruturação produtiva. Acrescenta-se a isso o

sofrimento provocado pelas transformações em curso no trabalho, exigindo novos atributos ao

trabalhador, atingindo a saúde física e mental. Portanto, torna-se necessário repensar o processo

de trabalho desses profissionais, para fortalecer as ações perante o usuário do Sistema Único de

Saúde e buscar resolutividade diante das necessidades da comunidade. As fragilidades de

infraestrutura e o investimento tímido em formação das equipes são fatores que afetam a saúde

do trabalhador e contribuem para a persistência de condições e práticas de trabalho que se

distanciam dos princípios da humanização em saúde.

Outro fator de igual importância são os grupos de Acolhimento nas Unidades de Saúde,

utilizados como garantia do acesso universal - um dos princípios do SUS -, e que necessitam

de capacitação na área de Saúde do Trabalhador.

Um dos objetivos do acolhimento é o autocuidado do usuário, dando-lhe autonomia,

tornando-o protagonista e corresponsável pela produção da saúde. Isto se tornará possível

através da prática educativa.

Quanto ao processo de trabalho foram observadas algumas dificuldades, dentre elas: a

forma de contratação, a falta de infraestrutura das unidades de saúde, a dificuldade de trabalhar

em equipe, a falta de especialização dos trabalhadores, a não compreensão da população sobre

a proposta da ESF e, até mesmo, o relato da ausência de dificuldades.

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O estudo no Processo de Trabalho (SCHIMIZU; CARVALHO JÚNIOR, 2012) reflete

sobre a omissão de práticas voltadas para a saúde do trabalhador e a Estratégia da Saúde da

Família. Este estudo propõe que seja incluída a prática do diálogo em suas estratégias, por

considerar que a incorporação da temática Saúde do Trabalhador deve ser realizada pela

operacionalização de um instrumento que levante e analise variáveis e indicadores de

reprodução social; um sistema de apoio matricial que integre os Centros de Referência em ST

com as Unidades Básicas de Saúde; a educação permanente das equipes da ESF em conteúdos

de ST.

As equipes estudadas revelaram, de modo geral, alto grau de comprometimento com

o trabalho que desenvolvem e alta sensibilidade diante das necessidades e problemas da

população.

Diante do empenho dos trabalhadores para trabalhar com práticas inovadoras - tendo

as famílias e a comunidade como objeto-, constatou-se que grande parte delas não está

organizada com base no diagnóstico e no planejamento das necessidades de saúde da população

para uma vida mais saudável. Foi evidenciado que a predominância do ato de prevenir, nesta

área - que se consolidou ao longo dos anos -, é resultante de um modelo hegemônico centrado

no biológico e no indivíduo.

Os autores que deram suporte à pesquisa fazem relação entre o processo de trabalho e

saúde do trabalhador considerando que procuram mudar o olhar do profissional da ESF para os

trabalhadores atendidos, através de relação trabalho – saúde, na assistência à saúde da família.

De igual forma, a contribuição para a consolidação do SUS municipal em benefício do

trabalhador. No entanto, é preciso que os gestores e os trabalhadores do SUS assumam suas

responsabilidades em relação às violências cometidas com os trabalhadores nos locais de

trabalho, superando a situação na qual se encontram, ou seja, doenças e mutilações por

acidentes de trabalho. Igualmente é mencionado a necessidade de promover uma gestão

participativa, na qual o planejamento de ações e a avaliação dos seus resultados no atendimento

das necessidades de saúde da população sejam verdadeiramente construídos, conjuntamente

entre o gestor e o trabalhador coletivo de saúde.

O que se percebeu nesta pesquisa é que o processo do trabalho contribuiu para melhorar

a saúde do trabalhador ,a partir do momento em que as ações dos enfermeiros, das famílias e

da atenção básica da saúde tiveram em vista a saúde do trabalhador, porém ainda existe

fragilidade no que tange a Promoção de Saúde.

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A saúde do trabalhador está vinculada à carga do trabalho a que está submetido. Desse

modo, a equipe de atenção básica encontra muitas dificuldades para atuar conjuntamente na

territorialização, na saúde ambiental, na vigilância em saúde do trabalhador e, em especial, no

seu processo organizacional dentro da rede pública- SUS, o que leva à falta de atenção no que

se refere ao cuidado com a saúde do trabalhador.

Neste contexto, a proteção jurídica à saúde do trabalhador ressaltou que outras formas

de adoecimento passaram a ter visibilidade entre os trabalhadores, como as Lesões por Esforços

Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) e os

transtornos psíquicos. Portanto, para que tudo possa ser claro para os trabalhadores e

contratantes é necessário que se observe as normas que regulam os controles de acidente e as

que normatizam todos os setores de trabalho e a saúde do trabalhador, envolvendo assim a

Ergonomia.

Finalizando, nos 104 artigos avaliados destacou-se a produção bibliográfica relacionada

ao estudo das causas, fatores e condições que afetam a ST (25 artigos), a necessidade de

melhoria da estrutura organizacional do sistema de saúde (17), as estratégias que visem o

empoderamento do trabalhador em relação ao seu papel na sociedade, seus direitos e deveres

(11) e a redefinição das Políticas (oito). Ainda apareceram artigos que versaram sobre a

necessidade de ampliação de conceitos saúde e trabalho (nove); de sociedade (quatro) e da

necessidade de reorientação dos profissionais de saúde (seis). Cinco artigos propuseram

estratégias de promoção à saúde e três estabeleceram novos métodos de avaliação da ST. Os

demais investigaram temas como a percepção da saúde, a produção científica da área e outros.

É relevante destacar que do total de artigos analisados no período, somente oito estabeleceram

propostas objetivas para o aprimoramento das práticas profissionais da área de ST. São elas:

Lacerda e Silva (2013), Lacerda et al. (2014), Silva et al. (2014), Almeida et al. (2014), Souza

et al. (2015), Pontes et al. (2014), Grande et al. (2014) e Cardoso (2014).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar, este estudo mostra que a metodologia adotada pelos autores relaciona

pesquisas preferencialmente descritivas e exploratórias, com preponderância a estudos de casos

e/ou grupos, e aplicação de questionários. Observa-se ainda que a maioria apresenta cunho

teórico e empírico, indicando a preferência por pesquisas oriundas de coleta de informações e

dados, com predominância da abordagem qualitativa.

Em relação a questão problema do estudo:

Como a literatura aborda as questões relacionadas ao processo de trabalho e saúde do

trabalhador e que contribuições estas estão proporcionando às práticas relacionadas a

este tema?

Nas temáticas abordadas, apesar de muitos profissionais da Saúde da Família relatarem

estar satisfeitos com seu trabalho, evidencia-se o sofrimento frente a sua gestão e ao despreparo

para atender os trabalhadores, isto é, esse atendimento não contempla a centralidade dos

processos produtivos na determinação da saúde-doença, nem a perspectiva do direito à saúde

com universalidade de acesso ao cuidado integral.

A maioria dos estudos sustenta a qualificação e capacitação do profissional de saúde, ou

seja, apoio matricial, que estão relacionadas com a melhoria de ações em relação ao trabalhador,

de forma ampliada e integral. Melhorias nas condições de trabalho e infraestrutura dos serviços

prestados, também tornam-se prioridade neste caso.

Os estudos apontam para a prática ética nas ações do trabalho e retoma o aspecto crítico

do sofrimento ético-político envolvendo o adoecimento como importante fator de mobilização

social.

A construção de práticas voltadas para a atenção à saúde do trabalhador exige uma

abordagem interdisciplinar e passa pela apreensão de novos referenciais em saúde e trabalho,

compreendendo-os como processo dinâmico e social e, não hospitalocêntrico. Porém, percebe-

se, nesta pesquisa, que somente o atendimento médico é figura primordial para a qualidade da

assistência.

Tornam-se necessárias, então, medidas que visem a reduzir as demandas psicológicas

provenientes do trabalho e que permitam maior flexibilidade e autonomia ao trabalhador.

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Uma alternativa plausível, diante desta demanda, seria replanejar a organização do

trabalho para que se efetive a atuação das políticas públicas de saúde através de representações

simbólicas mais amplas sobre saúde, doença e cura.

É necessário promover uma gestão participativa na qual o planejamento das ações e a

avaliação dos seus resultados no atendimento das necessidades de saúde da população sejam

construídos conjuntamente entre o gestor, o trabalhador coletivo de saúde e os moradores, tendo

em vista, melhorias nas condições de trabalho e infraestrutura dos serviços prestados pelos

profissionais da saúde, estabelecendo novos saberes.

Observa-se que estar envolvido com o trabalho não é algo constante e as equipes tendem

a se sentir pouco comprometidas com a ESF, apesar de se identificarem com o trabalho que

desenvolvem. Assegurar que os trabalhadores em saúde estejam satisfeitos com o processo de

trabalho e seus resultados é um caminho prático e sustentável para o avanço na execução

operacional do sistema.

Em relação aos objetivos:

Investigar a produção intelectual acerca dos temas processo de trabalho e saúde do

trabalhador com vistas a analisar criticamente a efetividade das políticas de

investimentos na gestão do trabalho.

Nem todos os autores identificaram a falta de investimento na gestão do trabalhador.

Somente oito artigos abordaram essa efetividade: Lacerda e Silva (2013), Lacerda et al. (2014),

Silva et al. (2014), Almeida et al. (2014), Souza et al. (2015), Pontes et al. (2014), Grande et al.

(2014) e Cardoso (2014).

Ficou evidente que nas dificuldades por parte das equipes frente aos gestores, em

relação ao seu processo de trabalho, há falta de conhecimento, além do aspecto do sofrimento

e adoecimento que se repetem em muitos artigos.

Verificar se as práticas profissionais da área da saúde do trabalhador contemplam de

forma concreta o cuidar e o orientar de seus usuários e/ou trabalhadores envolvidos,

comparando as pesquisas sobre aspectos organizacionais e condições de trabalho em

saúde.

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Não foram contempladas de forma concreta o cuidar e o orientar de seus usuários e/ou

trabalhadores envolvidos, comparando as pesquisas sobre aspectos organizacionais, condições

de trabalho em saúde, no que se refere aos artigos relacionados a Atenção Básica e ESF. Houve

dificuldades para executá-las no que tange ao despreparo e insegurança por parte dos

profissionais em relação a ST.

Há um anseio por mudança na mentalidade nacional através da prática de

conscientização da população sobre seu direito a uma ambiente saudável pela Lei. Não se

verifica em todos os artigos que exista uma responsabilidade por parte dos três poderes (federal,

estadual e municipal) na construção de serviços eficientes que privilegiem a participação social,

referente à Saúde do Trabalhador na Atenção Básica.

Conclui-se que há a necessidade de incluir um olhar específico sobre a organização do

trabalho na Atenção Básica e a necessidade do apoio de uma política de saúde e gestão do

trabalhador de enfermagem e saúde.

Espera-se que esta pesquisa sirva como um novo despertar para futuros trabalhos

científicos, que venham auxiliar na efetivação da atenção especial à saúde do trabalhador,

principalmente no que diz respeito a criação de espaços de apoio e suporte para estes,

promovendo mudanças de modelo, envolvendo novos projetos e implementando educação

permanente e participação efetiva na saúde.

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