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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia INFLUÊNCIA CLIMATOLÓGICA NA POPULAÇÃO DE SULA LEUCOGASTER (AVES, SULIDAE), NAS ILHAS MOLEQUES DO SUL, SC. Ac: Mônica Camargo Campoe Orientador: Sergey Alex de Araújo, Mestre Itajaí, dezembro/2011

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U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O I T A J A ÍCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia

INFLUÊNCIA CLIMATOLÓGICA NA POPULAÇÃO DE SULA LEUCOGASTER (AVES, SULIDAE), NAS ILHAS MOLEQUES DO

SUL, SC.

Ac: Mônica Camargo Campoe

Orientador: Sergey Alex de Araújo, Mestre

Itajaí, dezembro/2011

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U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O I T A J A ÍCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

INFLUÊNCIA CLIMATOLÓGICA NA POPULAÇÃO DE SULA LEUCOGASTER (AVES, SULIDAE), NAS ILHAS MOLEQUES DO

SUL, SC.

Mônica Camargo Campoe

Monografia apresentada à banca

examinadora do Trabalho de

Conclusão de Curso de

Oceanografia como parte dos

requisitos necessários para a

obtenção do grau de Oceanógrafo.

Itajaí, dezembro/2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, pois sem o apoio não conseguiria o título de Oceanógrafa.

Ao meu orientador Sergey Alex de Araújo pelos ensinamentos e por sua esplêndida

correção do trabalho.

Ao professor Joaquim Olinto Branco por aflorar minha apreciação em relação às

aves marinhas.

Ao professor Leo Lynce Valle de Lacerda, pois sem o auxílio estatístico o presente

estudo poderia estar comprometido.

Ao Fabrício pelas ajudas semanais.

E aos amigos feitos nesta jornada.

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RESUMO

Santa Catarina possui uma linha de costa de 670 km e contém cerca de 255 ilhas,

ilhotas, parcéis e lajes. Inserida na porção centro-sul do Estado estão as Ilhas Moleques do

Sul, onde durante 2002 a 2007 foram realizadas expedições mensais com o objetivo de

coletar dados populacionais de Sula leucogaster, sendo o local limite austral da ocorrência

de colônias reprodutivas da espécie. A região é característica de clima temperado, com

uniformidade no que se refere à pluviosidade e sem estação de seca. Devido o papel das

aves marinhas como predadoras de topo, estas podem ser utilizadas no monitoramento das

flutuações climáticas. Para isso, foi utilizado o método estatístico de regressão múltipla a fim

de confrontar os dados de população do atobá-marrom (adulto, macho, fêmea, jovens,

ninhos, adultos e filhotes mortos) com elementos meteorológicos (temperatura, umidade

relativa do ar, precipitação, pressão atmosférica reduzida ao nível do mar e velocidade do

vento). Foram gerados sete modelos de regressão, na qual cada variável biológica

respondeu de maneira diferente ao domínio climático da região. Os adultos e filhotes mortos

não puderam ser significativamente explicados pelo modelo, já os jovens e ninhos obtiveram

os maiores valores de explicabilidade. Machos e fêmeas não toleram forte intensidade de

vento e para os adultos a temperatura mínima média é satisfatória pois não ocasiona um

desconforto térmico. A pressão atmosférica prejudica os jovens devido a queda brusca de

temperatura, já em relação aos ninhos a umidade relativa do ar máxima desfavorece o

desenvolvimento do embrião. Apesar de o presente trabalho ser pioneiro na costa brasileira,

a análise de regressão múltipla reforçou as relações de significância que já haviam sido

constatadas para outras espécies de aves marinhas ao redor do globo, embora cada

espécie tenha diferentes níveis de tolerância às variáveis climáticas.

Palavras-chaves: Sula leucogaster, clima temperado, regressão múltipla.

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SUMÁRIO

1 Introdução ......................................................................................................................... 8

2 Objetivos ......................................................................................................................... 11

2.1 Geral ........................................................................................................................ 11

2.2 Específicos .............................................................................................................. 11

3 Fundamentação Teórica ................................................................................................. 12

3.1 Climatologia da região ............................................................................................. 12

3.2 Espécie em estudo .................................................................................................. 14

2.3 Mudanças Climáticas e comportamento das aves marinhas ....................................... 16

4 Metodologia .................................................................................................................... 22

4.1 Área de estudo ........................................................................................................ 22

4.2 Dados biológicos ..................................................................................................... 24

4.3 Dados climatológicos .............................................................................................. 24

4.4 Análise estatística dos dados .................................................................................. 25

4.5 Fluxograma do procedimento estatístico ................................................................ 26

5 Resultados e Discussão ................................................................................................. 27

5.1 Tamanho da População de Sula leucogaster e Comportamento Climatológico Nas

Ilhas Moleques do Sul. ....................................................................................................... 27

5.2 Correlação Simples ................................................................................................. 32

5.3 Regressão Linear Múltipla ....................................................................................... 35

5.3.1 Adultos ............................................................................................................. 36

5.3.2 Machos e Fêmeas ............................................................................................ 37

5.3.3 Jovens .............................................................................................................. 39

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5.3.4 Ninhos .............................................................................................................. 40

5.3.5 Adultos e Filhotes Mortos ................................................................................. 43

6 Considerações Finais ..................................................................................................... 44

7 Referências .................................................................................................................... 45

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Normais Climatológicas – período 1961 a 1990 – Estação meteorológica de

superfície de Florianópolis. Fonte: INMET. ........................................................................... 13

Figura 2: Representação do dimorfismo sexual aparente entre machos e fêmeas, junto a um

juvenil de Sula leucogaster nas Ilhas Moleques do Sul. Fonte: wikiaves, outubro de 2011. . 14

Figura 3: Combinação da temperatura global da terra e da superfície dos oceanos, durante

1850 a 2010. Imagem retirada do site da University of East Angila - UEA (EUA), setembro de

2011. ...................................................................................................................................... 17

Figura 4: Representação global das correntes marinhas e o clima relacionado. Fonte:

www.colegioweb.com.br/geografia/as-aguas-oceanicas.html, outubro de 2011. .................. 19

Figura 5: Mapa da Ilha Moleques do Sul, modificado de BRAUN, 2002. .............................. 22

Figura 6: Vista aérea das três ilhas que compõem o Arquipélago Moleques do Sul. Fonte:

Google Earth, setembro de 2011. .......................................................................................... 23

Figura 7: Quantidade de indivíduos de Sula leucogaster nas Ilhas Moleques do Sul,

monitorados mensalmente durantes os anos de 2002 a 2007. ............................................. 27

Figura 8: Média mensal da variação da pressão atmosférica nas Ilhas Moleque do Sul,

durante os anos de 2002 a 2007. .......................................................................................... 30

Figura 9: Média mensal da variação da precipitação nas Ilhas Moleque do Sul, durante os

anos de 2002 a 2007. ............................................................................................................ 31

Figura 10: Média mensal da variação da velocidade máxima do vento nas Ilhas Moleque do

Sul, durante os anos de 2002 a 2007. ................................................................................... 31

Figura 11: Média mensal da variação da temperatura média nas Ilhas Moleque do Sul,

durante os anos de 2002 a 2007. .......................................................................................... 32

Figura 12: Média mensal da variação da Umidade relativa do ar média nas Ilhas Moleque do

Sul, durante os anos de 2002 a 2007. ................................................................................... 32

Figura 13: Relação positiva da Média da temperatura mínima com o número de adultos

(Equação da Reta = 17,2436+0,0035*x). .............................................................................. 37

Figura 14: Relação positiva da Velocidade média do vento com o número de machos

(equação da reta= 9,2862+0,0037*x). ................................................................................... 38

Figura 15: Relação positiva da Velocidade média do vento com o número de fêmeas

(Equação da reta= 9,3106+0,0036*x). ................................................................................... 38

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Figura 16: Relação negativa da pressão atmosférica com o número de jovens (Equação da

reta= 1018,3788-0,0277*x). ................................................................................................... 40

Figura 17: Relação positiva da velocidade média do vento com o número de ninhos

(Equação da reta= 9,1482+0,0098*x). ................................................................................... 41

Figura 18: Relação negativa da Média da umidade relativa do ar máxima do ar com o

número de ninhos (Equação da reta= 96,1518-0,0022*x). .................................................... 42

Figura 19: Relação positiva da Média da umidade relativa do ar mínima com o número de

ninhos (Equação da reta= 58,678+0,0013*x). ....................................................................... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização dos jovens de Sula leucogaster, segundo adaptação de DOWARD

(1962) por Joaquim Olinto Branco. ........................................................................................ 15

Tabela 2: Somatório populacional de Sula leucogaster para cada variável biológica durante

cada ano do período de estudo (2002 a 2007), nas Ilhas Moleques do Sul. ........................ 28

Tabela 3: Normais climatológicas que circundam as Ilhas Moleques do Sul para os anos de

2002 a 2007. .......................................................................................................................... 30

Tabela 4: Resultados da Correlação Simples entre as variáveis climatológicas, demonstrado

apenas as relações que tiveram significância (p < 0,05). ...................................................... 33

Tabela 5: Resultados da autocorrelação das variáveis biológicas, incluindo apenas as

variáveis que obtiveram significância (p < 0,05). ................................................................... 34

Tabela 6: Resultados significativos (p < 0,05) da Correlação Simples entre as variáveis

biológicas e climatológicas. ................................................................................................... 34

Tabela 7: Significância (p) e coeficiente de determinação (R²) dos modelos de regressão

linear múltipla gerados para cada variável dependente. ....................................................... 35

Tabela 8: Resultados da regressão linear múltipla, incluindo as respectivas significâncias

(valor de p) e o sentido da influência que cada variável independente exerce sob a variável

dependente. ........................................................................................................................... 36

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1 INTRODUÇÃO

Os ecossistemas são considerados uma unidade funcional básica, pois todos os

organismos vivos e o ambiente abiótico estão inter-relacionados, ao mesmo tempo em que

os organismos interagem entre si. Essa relação é dita como necessária para a manutenção

da vida (ODUM, 1988).

Em meio aos variados tipos de ecossistemas, o que abriga umas das maiores

biodiversidades é o marinho compreendendo 70% da superfície do planeta. No mesmo a

plataforma continental (que abrange aproximadamente 7% dos oceanos), possui altas taxas

de produtividade biológica e é responsável por quase toda a concentração dos estoques

pesqueiros (ROSARIO, 1996).

As regiões de plataforma continental quando comparadas com mar aberto, trazem

consigo maior centralização e diversificação de aves marinhas, devido à alta disponibilidade

de alimento (ROSARIO, 1996).

No ecossistema pelágico estão inseridas as aves marinhas, desempenhando um

importante papel de predadoras de topo, junto aos elasmobrânquios, teleósteos, grandes

lulas, tartarugas e mamíferos marinhos (CROLL e TERSHY, 2008). Além disso,

proporcionam intensa movimentação de matéria orgânica, como na transferência de

nutrientes da zona pelágica e regiões offshore, para as ilhas, recifes e praias (CONGDON et

al, 2007 apud CHAMBERS et al, 2009).

Existem atualmente 156 famílias de aves e apenas nove dessas são denominadas

como estritamente marinhas, contabilizando num total de aproximadamente 300 a 350

espécies diferentes ao redor do globo (HUNT, 2001). As aves marinhas são assim

nomeadas, pois passam pelo menos 80% da vida no mar (MEEHAN et al, 1998),

compartilham as mesmas características, dependem do mar para se alimentar, defecam no

mar e quando morrem retornam ao mar, ou seja, participam em tempo integral dos ciclos de

energia marinhos (AINLEY, 1980).

Nelson (1979) destaca que quase todas as ordens e famílias de aves marinhas

tiveram origem do Oceano Indo-Pacífico e irradiaram a partir daí. A avifauna marinha do

Oceano Atlântico é mais jovem e menos diversificada, porém as regiões costeiras e

oceânicas do Sul-Sudeste do Brasil são banhadas por uma ramificação da Corrente das

Malvinas (importante processo oceanográfico enriquecido de nutrientes oriundos de águas

subantártica) que proporciona grande aumento da produção primária, seguido de elevação

dos recursos pesqueiros da região (SILVA JR et al, 1996), favorecendo a instalação de

populações de aves marinhas, visto que o sucesso reprodutivo desses organismos também

está ligado ao êxito perante ao forrageamento (HUNT, 2001).

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Nessa região enriquecida de águas subantárticas está localizado o Arquipélago

Moleques do Sul, considerado o maior abrigo reprodutivo de aves marinhas da costa

catarinense, que inclui espécies nidificantes como Fregata magnificens (fragata), Larus

dominicanus (gaivotão), Sula leucogaster (atobá-marrom) e Sterna eurygnatha (trinta-réis)

(BRANCO, 2004).

Nas Ilhas Moleques do Sul, a Sula leucogaster nidifica durante todo o ano em

colônias reprodutivas e mostra abundância diferenciada, com maior concentração de adultos

nos meses de agosto a novembro, e de juvenis entre julho até maio (BRANCO, 2004). A

mesma pertence a ordem Pelecaniformes e família Sulidae, sendo a espécie mais comum

da costa brasileira (SICK, 1997). Apresentam deslocamentos migratórios, principalmente

entre as regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde exemplares anilhadas em Santa Catarina

foram recapturadas nos estados do Rio de Janeiro e até mesmo no Rio Grande do Norte

(EFE et al, 2006). O atobá-marrom é uma espécie pantropical (HARRISON, 1983),

encontrada nas regiões tropicais e subtropicais de todo o globo (SICK, 1997), entretanto, as

Ilhas Moleques do Sul são consideradas como o limite austral de ocorrência das colônias

reprodutivas da espécie (BRANCO, 2004).

Em geral, as aves marinhas têm períodos reprodutivos tardios, alta longeividade e

baixas taxas reprodutivas, de modo que uma pequena redução na quantidade de indivíduos

adultos ocasiona altas taxas de mortalidade perante toda a colônia, pois os juvenis ainda

necessitam de ajuda nos primeiros meses de independência (HUNT, 2001). Os atobás-

marrom põem de dois a três ovos e apenas um costuma desenvolver, além do que, durante

o período reprodutivo esses organismos estão habituados a forragear próximo as áreas de

nidificação (SICK, 1997). Os pais visitam seus ninhos múltiplas vezes ao longo do dia (10

vezes ou mais), visando proteger ao máximo a prole, pois segundo Hunt (2001), espécies

que se alimentam próximo as colônias reprodutivas, possuem a garantia de levar mais

comida aos filhotes, de modo a maximar o desenvolvimento do mesmo.

Branco (2001) coloca que os atobás-marrom das Ilhas Moleques do Sul possuem

uma alimentação bem variada de peixes pelágicos, lulas e crustáceos. A presença de peixes

demersais encontrados em análises de regurgitos indica a influência da intensa atividade

pesqueira de Santa Catarina sob a dieta tradicional da espécie.

As aves marinhas são ótimos indicadores do funcionamento e da integridade do

ecossistema marinho, ou seja, por exercerem o papel de predadores de topo, indicam

alterações em diferentes níveis da trama trófica. Assim como o sistema marinho é afetado

pelas mudanças climáticas, o número e a composição das aves marinhas também. Estes

organismos dependem de diferentes porções do ambiente marinho, sendo então, um grupo

de espécies úteis no monitoramento das flutuações climatológicas (MEEHAN et al, 1998).

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Segundo Ainley e Divorky (2001), as aves marinhas respondem às oscilações

climáticas de maneira direta e indireta. As respostas diretas são aquelas relacionadas a

fatores ambientais que afetam a adequação física de um habitat, como as flutuações nas

temperaturas atmosféricas, padrão dos ventos, temperatura dos oceanos, entre outros, que

acabam por exceder a tolerância fisiológica de cada espécie. As respostas indiretas são

aquelas medidas através da disponibilidade dos recursos alimentares ou de áreas para

nidificar, na qual ambas são afetadas pelas mudanças climáticas.

O interesse pelo desenvolvimento do trabalho demonstrando o tipo de influência

climatológica sobre a população de Sula leucogaster, que nidifica nas Ilhas Moleques do

Sul, deu-se pelos conceitos citados e pela ausência de trabalhos realizados na costa

brasileira. Com a compreensão dos padrões atmosféricos que regem o Arquipélago

Moleques do Sul em Santa Catarina, visto que o clima é controlado pela entrada de radiação

solar na atmosfera, além da complexa interação entre os cinco subsistemas terrestres

(hidrosfera, atmosfera, biosfera, criosfera e litosfera) (GROSS e GROSS, 1996) indicaram

relações entre as aves e o clima da região.

Estudos realizados por Rodrigues et al (2004), mostraram que a região costeira de

Santa Catarina, é atingida pelas frentes frias de 3 a 4 vezes por mês, com intervalos de uma

frente a outra, numa média anual de 8 dias. Esses sistemas frontais são maiores nos meses

de primavera e para os meses de verão, a frequência e os intervalos são mais prolongados.

Os sistemas frontais são caracterizados pela virada do vento de Norte para Sul, junto à

queda na temperatura. A direção predominante dos ventos para a região foi de Nordeste

(NE), como constatado por Monteiro e Furtado (1995), e durante seu estudo a umidade

relativa do ar foi maior de 80% para todos os anos, corroborando com Nimer (1989).

No presente trabalho, que se estende pelos os anos de 2002 a 2007, prevaleceu à

atuação do fenômeno El niño. No ano de 2006 ocorreu pequeno período do fenômeno La

niña que se repetiu nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2007. Segundo o

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/CPTEC), para os anos de 2002 a 2003, o

El niño foi caracterizado como de intensidade moderada, já para os anos de 2004 a 2007

sua intensidade foi fraca. Este fenômeno é associado a um aquecimento anormal das águas

do Oceano Pacífico Tropical, que ocorre em intervalos alternados.

Devido as possíveis mudanças climáticas, a intensa exploração de recursos

pesqueiros da região, aliada à ausência de informações no Brasil da influência do clima em

populações de aves marinhas, fez-se necessário o uso de análises estatísticas entre as

variáveis biológicas de Sula leucogaster e as variáveis climatológicas que predominam no

entorno das Ilhas Moleques do Sul. Desta forma levou ao entendimento inicial da influência

do clima sobre essas populações e contribui para conservação e preservação da espécie.

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Avaliar a influência da climatologia no comportamento reprodutivo da população da

Sula leucogaster (Atobá-marrom), nas ilhas Moleques do Sul, SC.

2.2 ESPECÍFICOS

Propor e aplicar testes estatísticos entre os dados meteorológicos e os dados da

população reprodutiva do Atobá-marrom nas Ilhas Moleques do Sul, SC.

Averiguar as possíveis influências das condições climáticas sobre o Atobá-marrom

nas Ilhas Moleques do Sul, SC.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO

A climatologia da região Sul do Brasil pode ser considerada homogênea, no que se

refere à pluviometria e ao ritmo estacional de seu regime, tendo domínio do clima

mesotérmico do tipo temperado, esse tipo de clima aparece quase ao nível do mar,

diretamente relacionado às latitudes médias. (NIMER, 1989).

A região é influenciada pelos centros de ação positivos como o Anticiclone Móvel

Polar, que origina as massas de ar polares, e o Anticiclone do Atlântico Sul, formador da

massa de ar tropical marítima. Esses dois centros de alta pressão são os reguladores da

posição da Baixa do Chaco, centro de ação negativo (centro de baixa pressão continental),

que se encontra mais ativo durante o verão devido o forte aquecimento do continente nessa

época do ano. Localizados na faixa subtropical, tais centros de ação variam em posição

latitudinal durante as estações do ano, assim o clima é característico de regiões tropicais no

verão e de temperadas no inverno (NIMER, 1989; MONTERIO e FURTADO, 1995).

O Anticiclone do Atlântico Sul que possui divergência atmosférica, é característico

por temperatura quente e com forte umidade específica oriunda da evaporação do oceano.

Este centro de ação positivo de alta pressão, no verão desloca-se para leste e no inverno

com o enfraquecimento da baixa pressão térmica continental, a alta estende-se sob o

continente. Possui caráter de homogeneidade e estabilidade do tempo, porém com a

chegada de sistemas frontais frios (massa de ar polar) a estabilidade com tempo ensolarado

cessa (NIMER, 1989; CAVALCANTI et al, 2009).

A massa de ar polar (mPa) é formada na zona depressionária subantártica através

da divergência dos ventos da Alta Polar. Quando essa massa polar fria entra em contato

com a massa de ar marítima os ventos convergem, deixando o tempo geralmente chuvoso e

instável na região da área de estudo (latitude média) (NIMER, 1989). A frequência média

mensal de frentes frias não varia muito ao longo das estações do ano, obtendo uma média

mensal de três a quatro frentes frias, num intervalo de três e oito dias, resultando em mais

de 50 % desses sistemas frontais atingindo o litoral catarinense. Quando a massa de ar

polar é observada no Rio Grande do Sul, um dia depois já está sob a região de Santa

Catarina (RODRIGUES et al, 2009).

Segundo Cavalcante et al (2009), o estado de Santa Catarina apresenta o máximo

de pluviosidade nos meses de verão, apesar da região ser caracterizada por possuir um

ciclo unimodal de precipitação. As Normais Climatológicas de Florianópolis (Fig.: 1) do

período de 1961 a 1990 evidenciam a boa distribuição de chuva durante o ano, próxima ou

acima dos 100 mm. Também fica claro que a estações de outono e inverno possuem a

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menor precipitação, contudo sem período seco, e a partir da primavera a recuperação da

mesma, com o máximo no verão.

Figura 1: Normais Climatológicas – período 1961 a 1990 – Estação meteorológica de superfície de

Florianópolis. Fonte: INMET.

A região Sul é influenciada pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),

principalmente na sua porção norte e mais aparente sob a região Sudeste. Fenômeno que

atua em decorrência do encontro dos ventos úmidos da massa de ar equatorial continental

(mEc) e da massa tropical Atlântica (mTa). Possui direção noroeste-sudeste persistindo as

características de nebulosidade e precipitação no mínimo de três dias, entre os meses de

outubro e abril (VAREJÃO-SILVA, 2006; EPAGRI/CIRAM).

Segundo Estação Meteorológica de Florianópolis (INMET), durante o período de

1991 a 2006, a predominância de ventos para a região Sul foi do quadrante Norte,

ocorrendo em todos os meses do ano. Os ventos secundários foram durante o verão de

Nordeste e no outono o de Sul. A alta do atlântico sul está associada com os ventos do

quadrante norte e os do quadrante sul está relacionado com a massa de ar polar.

Finalizando Cavalcanti et al. (2009) coloca: Além da influência da diferente radiação solar que atinge cada latitude e dos importantes aspectos do relevo, o clima do Sul do Brasil é determinado basicamente pela posição e pela intensidade da alta subtropical do Atlântico Sul, um sistema semipermanente de pressão, e da circulação anticiclônica associada.

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3.2 ESPÉCIE EM ESTUDO

O atobá-marrom, Sula leucogaster (Boddaert, 1783) é uma ave marinha pelágica

encontrada em todas as regiões tropicais e subtropicais do globo, pertence à Família

Sulidae, Ordem Pelecaniformes (HARRISON, 1983). Das nove espécies de sulídeos

existentes, cinco são registradas no Brasil, Sula sula (atobá-de-pé-vermelho), Sula

dactylatra (atobá-branco), Morus serrator (atobá-australiano), Morus capensis (atobá-do-

cabo) e a espécie em estudo, Sula leucogaster (EFE et al, 2006).

O primeiro fóssil encontrado da espécie foi a 25 milhões de anos no Mioceno Inferior

na região da Flórida. A Sula leucogaster possui singular cauda cuneiforme, grandes

membranas natatórias, o bico é pontudo e serrilhado (SICK, 1997). Chegam até 22 anos de

idade, são filantrópicas, na qual a fêmea apresenta maior fidelidade ao sítio reprodutivo

(BRANCO et al, 2010). Possuem dimorfismo sexual aparente, sendo a região periofitálmica

no macho azul escura e na fêmea amarela-clara (Fig.: 2 ), quando na fase adulta e nos

períodos de maturação tal coloração torna-se mais evidentes (SICK, 1997).

Figura 2: Representação do dimorfismo sexual aparente entre machos e fêmeas, junto a um juvenil

de Sula leucogaster nas Ilhas Moleques do Sul. Fonte: wikiaves, outubro de 2011.

A reprodução tardia é característica do comportamento das aves marinhas, a

maioria começa a fase de acasalamento por volta dos 3 e/ou 4 anos, pois espécies que

reproduzem muito jovens ainda não adquiriram as habilidades frente ao forrageamento,

apresentando um insucesso reprodutivo quando comparado com os adultos (HUNT, 2001).

O período que esses organismos passam longe do mar é mínimo, todo o tempo em terra é

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devoto às atividades reprodutivas como a incubação dos ovos, onde passam a armazenar

gordura de modo a garantir reservas energéticas pós-reprodução (AINLEY, 1980).

Para o estabelecimento de um parceiro, a Sula leucogaster realiza a dança de

acasalamento, que consiste em movimentos verticais sincronizados de pescoço, na qual o

casal fica paralelo um ao outro. Quando o casal realiza o ato de enlaçar o pescoço, ambos

já estão postos no ninho para então a cópula ser concebida (BRANCO, 2004). Muitas das

aves marinhas utilizam o mesmo ninho na próxima estação reprodutiva, porém esse ato

filantrópico pode acabar prejudicando a própria espécie devido à baixa variabilidade

genética. Com a ocorrência de fracasso no crescimento do filhote, o casal se separa

diminuindo ainda mais o sucesso reprodutivo, pois para se reajustar a um novo parceiro

torna-se mais difícil e demorado (HUNT, 2001).

As ilhas e escarpas são locais propícios para o estabelecimento de uma colônia

reprodutiva, visto que os ninhos ficam protegidos do ataque de predadores terrestres

(HUNT, 2001). Caso notório ocorreu em ilhas no Golfo do Alaska, pois segundo Ainley e

Divoky (2001) a inserção de um mamífero exótico nas colônias reprodutivas de aves

marinhas ocasionou num declínio da população, quando esses mamíferos foram

erradicados, foi possível a recolonização e aumento na densidade desses organismos.

Em geral a S. leucogaster chega a 80 cm de altura, aproximadamente 1,75m de

envergadura e pesam em torno de 1,5 Kg (NACINOVIC, 2005; COUSTEAU, 2006). Nas

Ilhas Moleques do Sul, segundo Branco et al (2010), as fêmeas em média apresentam

bicos, tarso e massa corporal superior aos machos. A relação massa comprimento indica

que a espécie apresenta crescimento alométrico negativo, isto é, o bico cresce numa taxa

mais rápida que a massa corporal.

Tal crescimento reflete as exigências fisiológicas da espécie, onde o

desenvolvimento avançado do bico é resultado do grande consumo de alimento ofertado,

que ocorre devido o elevado investimento parental, além da enorme gama de alimento

disponível pela excessiva atividade pesqueira da região. Verificando assim, um elevado

investimento parental (BRANCO et al, 2010), onde os jovens são divididos em cinco

estágios, como demonstra a tabela abaixo.

Tabela 1: Caracterização dos jovens de Sula leucogaster, segundo adaptação de DOWARD (1962)

por Joaquim Olinto Branco.

Estágio Idade (dias) Característica Geral dos Jovens

Jovem I 1 – 13 Filhotes nus, despidos de plumagem

Jovem II 14 – 36 Filhotes cobertos de plumagem branca

Jovem III 37 – 60 Penas remiges e retrizes visíveis

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Jovem IV 85 – 105 Filhote completamente empenado ou com vestígios de

plumagem na cabeça, pescoço e flancos

Juvenil 120 Jovens com penas pardas e já voam

O Arquipélago Moleques do Sul é o limite austral da ocorrência de colônias

reprodutivas do atobá-marrom, e é considerado de importância ecológica, pelo fato de ser o

maior abrigo para nidificação de aves marinhas na costa catarinense (BRANCO, 2004).

Nesse, o atobá-marrom nidifica durante o ano todo, e 98 % dos ninhos são dispostos do

lado oeste da ilha, tendo maior frequência de ocorrência nas estações de inverno e

primavera (BRANCO, 2004). Os ninhos são construídos no solo em locais altos e íngremes,

onde na maioria das vezes, o macho que entrega o material à fêmea para que deposite no

local escolhido. A incubação demora em torno de 40 a 42 dias, sendo que, dos ovos

depositados apenas um desenvolve (SICK, 1997).

O fato desses organismos não possuírem narinas externas, deve-se a adaptação

evolutiva devido à maneira com que capturam alimento (SICK, 1997), pois rasgam

verticalmente a tensão oceano-atmosfera, a partir de uma altura estimada de 10 metros ou

mais da superfície da água, alcançando até 8m de profundidade (CRAWFORD e

ALTWEGG, 2009), deste modo, a água não invade os dutos respiratórios. Quando o atobá-

marrom não está em busca de alimento, estes costumam voar em pequenos grupos que se

deslocam em filas (NAKA e RODRIGUES, 2000).

O atobá-marrom é o mais comum dos atobás tropicais e apresentam grandes

deslocamentos ao longo da costa do Brasil. Estudos realizados por Efe et al (2006), afirma

que a migração de Sula leucogaster é mais evidente dentre os Estados de Santa Catarina,

Paraná e São Paulo, pelo possível fato dessas regiões apresentarem ambientes propícios,

como uma grande variedade de ilhas costeiras. Esses indivíduos além de se deslocarem

entre a região Sul e Sudeste, ainda quando jovens alcançam os Estados do Rio de Janeiro e

Rio Grande do Norte, mas quando atingem a maturidade sexual por volta dos três anos de

idade, retornam as Ilhas Moleques do Sul para reprodução.

2.3 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E COMPORTAMENTO DAS AVES MARINHAS

Através dos anos de história da Terra, o clima esteve entre 8° C a 15° C mais quente

que hoje em dia, durante a maior parte deste tempo as regiões polares perderam suas

principais características, como a extensa camada gélida. Estas condições de clima mais

quentes foram interrompidas por períodos glaciais, um aproximadamente a 700 milhões de

anos atrás (m.a.), outro a 300 m. a., e o último que se trata de tempos geológicos mais

recentes ocorreu por volta de 2 m. a. (AHRENS, 2007).

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De 1850 a 2010, foi realizada uma análise da combinação da temperatura

atmosférica e da temperatura superficial dos oceanos em escala global, onde foi possível

notar que no período de 2001 a 2010 houve um aumento no aquecimento de 0,20°C a mais

que na década anterior (1991 a 2000) (University of East Angila – UEA) (Fig.: 3). Para os

últimos 100 anos, o aumento da temperatura global foi de 0,6° C o qual parece ser um

aumento pequeno, mas quando comparado com o aumento de 2° C dos últimos 10.000

anos, este se torna significativo (AHRENS, 2007).

Figura 3: Combinação da temperatura global da terra e da superfície dos oceanos, durante 1850 a

2010. Imagem retirada do site da University of East Angila - UEA (EUA), setembro de 2011.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC) afirma que desde o

início da Revolução Industrial, por volta de 1750, a dispersão de gases poluentes à

atmosfera vem aumentando gradativamente, considerando que o aumento das temperaturas

atmosféricas e oceânicas nos últimos 50 anos, não se deve apenas às causas naturais, e

sim ao evidente componente antrópico.

A camada de Ozônio (O3) localiza-se na estratosfera e é responsável pela absorção

da luz ultravioleta vinda do Sol diminuindo seus danos aos seres vivos. Entretanto, essa

camada vem diminuindo principalmente nas regiões polares e com o aumento da radiação,

diminuem a produção de biomassa de produtores primários marinhos (fitoplâncton). Dessa

forma a cadeia alimentar é afetada (GROSS e GROSS, 1996), e as aves marinhas que

desempenham o papel de predadores de topo também são prejudicadas, pois dependem

estritamente dos recursos alimentares marinhos (CROLL e TERSHY, 2008).

As aves descenderam de um réptil no período Jurássico Superior, há

aproximadamente 148 milhões de anos atrás, e as aves marinhas posteriormente, há 60

milhões de anos atrás. Através dos fósseis identificou-se representantes dos biguás,

tropicbirds, gaivotas, trinta-réis, pinguins, porém este último encontrado fora do Círculo Polar

Antártico, caso distinto nos tempos de hoje (AINLEY e DIVORKY, 2001). Para tempos

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geológicos mais recentes, há 50 milhões de anos, foi identificado um fóssil de fragata, e foi

observado semelhanças maiores com os Sulídios do que com a fragata conhecida hoje em

dia. Isto indica que o ancestral dos Pelecaniformes (ordem a qual os atobás pertencem)

tenha divergido muito antes (NELSON, 1979).

As aves estritamente marinhas conhecidas hoje em dia são: Speniscidae (pingüins),

Diomedeidae (albatrozes), Procellaridae (petréis), Hydrobatidae (storm-petrel),

Pelecanoididae (diving petrels), Phaethonidae (tropicbirds), Sulidae (atobás), Fregatidae

(fragatas), Alcidae (auks), Laridae (gaivotas e trinta-réis) (AINLEY, 1980), Já, para as

famílias: Gaviidae (loons), Podicipedidae (grebes), Pelecanidae (pelicanos),

Phalacrocoracidae (biguás), Anatidae (patos e geese), Scolopacidae (shorebirds),

Stercorariidae (skuas), Rynchopidae (skimmers), apesar de passarem apenas parte do ciclo

de vida no mar, também são consideradas como marinhas, contudo, passam a remover

energia dos ecossistemas marinhos que não é retornado (AINLEY, 1980).

Mediante as estratégias de vida (k-estrategista), o conhecimento detalhado da

ecologia de algumas espécies, a fácil visibilidade e estarem na posição de topo da cadeia

trófica, as aves marinhas são organismos apropriados para o monitoramento da qualidade

dos ecossistemas marinhos. São então utilizados no biomonitoramento dos estoques

pesqueiros, utilizando a composição da dieta da ave marinha como um índice da

abundância relativa do estoque de presa (FURNESS e CAMPHUYSEN, 1997).

Flutuação na disponibilidade de alimento é rapidamente associada pelas aves

marinhas, notificando respostas diferentes perante o sucesso reprodutivo, composição da

dieta e no investimento reprodutivo dos adultos (FURNESS e CAMPHUYSEN, 1997). Na

Praia da Armação do Itapocorói (Penha/SC), tal característica de biomonitoramento não

pode ser utilizada como referência da abundância dos estoques pesqueiros, pois segundo

Branco (2001) o descarte da ictiofauna acompanhante da intensa atividade pesqueira torna

a possibilitar uma gama diferenciada de alimento, a qual não é tradicional da dieta das aves

marinhas.

O fato das aves marinhas estarem no topo da trama trófica agregado ao aumento

de poluentes nas regiões costeiras, significa que esses organismos também podem ser

biomonitores dos poluentes disponíveis na coluna d’água, o qual intensifica em termos de

concentração ao longo da cadeia alimentar (biomagnificação) (FURNESS e CAMPHUYSEN,

1997). Além de estarem vulneráveis à quantidade de presa disponível e da quantidade de

poluentes no meio, as aves marinham também indicam mudanças frente às variações

climáticas, das quais provocam mudanças drásticas ao estado físico dos ecossistemas,

provocando perturbações que interferem na produção primária seguindo ao longo de toda a

cadeia alimentar (EINODER, 2009).

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A rápida mudança na abundância dos predadores de topo reflete em mudanças na

base da cadeia alimentar também (EINODER, 2009), entretanto, se o clima modifica ou

reduz os recursos alimentares das quais as aves marinhas se alimentam, então esses

organismos respondem a esse impacto. Sendo as aves marinhas afetadas pelo clima de

forma indireta, esta é uma confirmação de sua utilidade como indicadores da condição dos

recursos de que se alimentam (CRAWFORS e ALTWEGG, 2009).

Desde os tempos mais remotos (Pleistoceno/Holoceno), as aves marinhas já

evidenciavam hábitos comportamentais diferenciados perante as mudanças climáticas. No

Oceano Austral, o período ótimo de ocorrência dos pingüins Adélia, corresponde a

temperaturas mais quentes que hoje em dia, devido à aparição da costa (praia), que é

propícia para o estabelecimento de ninhos. Para o Golfo do México, em épocas de

esfriamento as espécies mais do Norte passaram a visitar a região da Flórida, e quando as

temperaturas encontravam-se mais quentes, tais espécies não apareciam no local (AINLEY

e DIVORKY, 2001).

Para os tempos de hoje, as regiões polares e costas banhadas por correntes de

contorno leste, são locais onde as aves marinhas respondem mais evidentemente as

variações climáticas. Pois em altas latitudes, a presença da extensão de gelo acaba por se

tornar mais sensível devido ao derretimento, já as correntes de contorno leste, dependem da

influência dos ventos para que haja o upwelling (AINLEY e DIVORKY, 2001). A corrente de

Humbolt no Peru, a corrente da Califórnia e a corrente de Benguela na África (Fig,: 4), são

locais onde o processo de ressurgência é bem pronunciado, os ventos que deslocam a

massa de água superficial, faz com que as águas ricas em nutrientes da plataforma

continental aflorem.

Figura 4: Representação global das correntes marinhas e o clima relacionado. Fonte:

www.colegioweb.com.br/geografia/as-aguas-oceanicas.html, outubro de 2011.

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A zona costeira do Peru é uma das áreas mais produtivas do mundo, as águas frias

que banham a costa são repletas de peixes e outras forma de vida marinha, que é capaz de

suportar uma grande diversidade de populações de aves marinhas. Com o aquecimento da

temperatura superficial do Oceano Pacífico Equatorial, em decorrência do fenômeno El niño,

a fauna que era abundante passa a desaparecer temporariamente. Este evento interanual

ocorre em resposta aos ventos de superfície que controlam os oceanos. Alta temperatura

superficial do oceano, enfraquecimento dos ventos alísios e diminuição da pressão

atmosférica no Oceano Pacífico Tropical são características da influência do El niño (PIRIE,

1973).

O El niño tornou-se mais intenso ultimamente e está associado aos desastres

ecológicos e econômicos, que inclui em secas devastadoras no oeste do Oceano Pacífico

Tropical, alagamentos torrenciais no leste do Pacífico Tropical, e padrões meteorológicos

incomuns ao redor do globo. Durante 1982/1983 e 1997/1998, tal fenômeno foi avaliado

como de maior intensidade, desde o início das observações relatadas (INPE/CPTEC). Já, a

La niña é oposto do El niño, sendo observados ventos alísios de forte intensidade e baixa

temperatura superficial do oceano, no centro e no leste do Oceano Pacífico. O fenômeno de

ressurgência diminui no período de El niño e aumenta sua intensidade durante a La niña

(PIRIE, 1973).

Contudo foi feito um levantamento bibliográfico, que identifica como que as

populações de aves marinhas reagem às flutuações climatológicas nas diferentes regiões do

globo:

a) Mar Chukchi: Black guillemots (Cepphus grylle) e horned puffins (Fratercula corniculata)

requerem cavidades sem neve no mínimo de 80 a 90 dias respectivamente para o

sucesso no encontro de um parceiro, incubação dos ovos e crescimento dos filhotes.

Com o aumento da temperatura atmosférica, a estação de primavera aumentou mais de

cinco dias por década nos últimos 50 anos, assim o período sem neve regularmente

excede 90 dias, diminuindo a probabilidade dos ovos ficarem presos no sítio reprodutivo

antes de eclodir. Contudo, o aumento da temperatura permitiu a expansão no

estabelecimento das colônias reprodutivas e aumento no tamanho da população em

direção o Norte da região, para ambas as espécies (AINLEY e DIVORKY, 2001).

b) Mar Bellingshausen: O pinguim Adélia (Pygoscelis adeliae) espécie que habita as

camadas de gelo vem diminuindo nas últimas décadas, devido o derretimento da

extensão de gelo provocado pelo aumento da temperatura do ar e do oceano. A redução

da população está relacionada com o aumento da neve, que não dissipa cedo o bastante

para que os ovos sejam postos em terra seca, causando perda do sítio reprodutivo e dos

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ovos. A maior redução na população ocorreu durante períodos de El niño. Para o

pingüim chinstrap (Pygoscelisa Antarctica) foi notório o aumento da população, visto que

a espécie está expandindo mais para o Sul (AINLEY e DIVORKY, 2001).

c) Corrente da Califórnia: Na região central da corrente da Califórnia transitam aves

marinhas de regiões subtropicais e subantárticas. Durante os anos de maior força do El

niño (1982/1983), a mudança climática que o evento proporciona provocou a expansão

dos pelicanos marrom (Pelecanus occidentalis) do centro da região em direção ao Norte.

Inicialmente os juvenis chegaram ao local, desde então um grande número de P.

occidentalis passou a se alimentar na região. O hábito que tornou tradição para as

gerações seguintes é um exemplo de como o clima propicia expansão nos

deslocamentos para áreas que não eram comumente frequentadas. Na região, quase

toda expansão nos deslocamentos provindos da região do México, estão relacionados

com o aquecimento da temperatura do oceano e na maioria das vezes coincide com os

períodos de El niño (AINLEY e DIVORKY, 2001).

d) Corrente do Peru: Desde a época dos Incas, a quantia de guano tem sido fortemente

relacionada com a biomassa de aves marinhas e de presa preferencial (anchova). Em

1957 o El niño causou declínio das anchovas e consequentemente da população de

aves marinhas produtoras de guano. Nos próximos anos de El niño as anchovas

passaram a desaparecer da região e a recuperação da população das aves pós El niño

foi lenta. A recuperação de uma população de ave marinha após a ocorrência do

fenômeno El niño antigamente era mais rápida do que hoje em dia, foi notório para os

pinguins de Galápagos que depois do El niño de forte intensidade em 1982/83, os

pingüins passaram a regenerar a população bem lentamente (AINLEY e DIVORKY,

2001).

e) Austrália: variação nos parâmetros oceanográficos relata mudanças no sucesso

reprodutivo, na mortalidade e na distribuição das populações. Durante o El niño, a baixa

produtividade do oceano está associada com a dispersão das aves marinhas no

momento do forrageamento para longe das colônias reprodutivas. Em resultado às altas

temperaturas, as espécies se estabelecem mais ao Sul (local de águas mais frias).

Conforme Chambers et al (2009) apude Congdon et al (2007), na grande barreira de

corais o aumento da temperatura provocou baixas taxas (ou negativas) de crescimento

dos filhotes, para as espécies Sterna fuscata, Anous minutus e Puffinus pacificus

(CHAMBERS, 2009).

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f) Corrente de Benguela: População, demografia, dieta alimentar e parâmetros de

distribuição estão relacionados com a abundância e disponibilidade das espécies que

hão de se alimentar, como a sardinha e a anchova. A abundância de presa coincide com

a temperatura superficial da água, de modo que quanto maior a temperatura menor a

abundância de presa e consequentemente menor a biomassa das aves marinhas

(CRAWFORD e ALTWEGG, 2009).

4 METODOLOGIA 4.1 ÁREA DE ESTUDO

As Ilhas Moleques do Sul em Santa Catarina, localiza-se cerca de 12 km da porção

Sul da Ilha de Florianópolis, e compreende as coordenadas 27º51' S e 48º26' O, dentro da

zona de latitude média do Oceano Atlântico Sul (Fig.: 5) (BRANCO, 2004). O arquipélago é

constituído por três ilhas que estão inseridas no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro,

maior unidade de conservação de proteção integral do Estado (FATMA, 2011).

Figura 5: Mapa da Ilha Moleques do Sul, modificado de BRAUN, 2002.

Ilhas Moleques do Sul

ITAJAÍ

3049 48oo

o

o

o

o

26

30

30

30

30

27

28

29

Santa Catarina

o

By S.A.Araujo & J.R.R.Braun

LAGUNA

JOINVILLE

FLORIANÓPOLIS

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Apesar das ilhas serem ladeadas por paredões rochosos com aproximadamente 100

m de altitude, o topo é coberto com vegetação rasteira e arbustiva, ocorrendo o predomínio

de gramíneas e algumas dessas plantas quando secas ou mesmo verdes são utilizadas

para a formação dos ninhos de Sula leucogaster, (ROGALSKI; ARAÚJO, 2005), além de

algumas pedrinhas (SICK, 1997).

Figura 6: Vista aérea das três ilhas que compõem o Arquipélago Moleques do Sul. Fonte: Google

Earth, setembro de 2011.

O clima da região é característico de zonas temperadas, superúmido, sem estação

de seca, onde a instabilidade do tempo é gerada pela convergência dos ventos, oriunda do

encontro das massas de ar do Anticiclone do Atlântico Sul e do Anticiclone Móvel Polar. Tais

centros de ação positivos, de ventos divergentes, geram respectivamente, a massa de ar

tropical marítima (alta umidade e quente) e a massa de ar polar (fria e seca). Ambas

possuem características de estabilidade e tempo ensolarado, porém quando esses ventos

convergem nas latitudes médias, ocorrem às chamadas correntes de circulação

perturbadora, que está totalmente associada à entrada de sistemas frontais frios (NIMER,

1989).

N

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4.2 DADOS BIOLÓGICOS As amostragens foram realizadas em períodos mensais, durante janeiro de 2002 a

dezembro de 2007. Como as ilhas são de difícil acesso, o monitoramento das aves

marinhas foi feito na ilha maior e para as ilhas menores localizadas ao Norte da ilha maior, a

visualização foi feita com binóculos (Fig.: 6).

Foram registrados dados de Sula leucogaster no monitoramento da espécie, visando

inclusive realizar uma contagem das espécies de aves marinhas que nidificam no local. Os

procedimentos de coleta dos dados foram executados pela equipe do Professor Dr.²

Joaquim Olinto Branco do Laboratório de Biologia no Centro de Ciências Tecnológicas da

Terra e do Mar/UNIVALI, o qual disponibilizou dados do número de machos, fêmeas,

adultos, jovens, ninhos, adultos mortos e filhotes mortos. Para estes, houve ausência de

amostragens para o ano de 2002 no mês de julho, 2003 em dezembro, 2004 nos meses de

julho e dezembro, 2006 em dezembro e 2007 em julho.

Os dados biológicos são considerados como:

Adultos – exemplares avistados em pleno vôo, incluindo as diferentes faixas etárias e sexos;

Machos – exemplares presentes nas Ilhas Molequem do Sul do sexo masculino;

Fêmeas – exemplares presentes nas Ilhas Moleques do Sul do sexo feminino;

Jovens – exemplares correspondentes a 1 dia de idade até os 120 dias de idade;

Ninhos – período de incubação dos ovos, aproximadamente com 40 a 42 dias após postura

dos ovos.

4.3 DADOS CLIMATOLÓGICOS

A região de Florianópolis (Ilha e Continente) possui três estações meteorológicas

com série de dados compatível com o trabalho. Duas estações localizadas na Ilha de Santa

Catarina, município de Florianópolis. A primeira Estação Meteorológica do Aeroporto

Hercílio Luz que está situado nas coordenadas -27,6666º de latitude e -48,5500º de

longitude, a uma altura de 6 metros. A segunda Estação Meteorológica da Empresa de

Pesquisa Agropecuária e Extensão de Santa Catarina/ Centro de Informações de Recursos

Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (EPAGRI/CIRAM), localizada no

bairro Itacorubi entre as coordenadas -27,5666º de latitude e -48,5000º de longitude, a 2

metros de altitude. No continente temos a Estação do Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET) localizada em São José nas coordenadas -27,60000 de latitude e -48,61660 de

longitude a 1,8 metros. Foi escolhida a estação do Aeroporto Hercílio Luz pela proximidade

das Ilhas Moleques do Sul.

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As variáveis climatológicas utilizadas foram: média da temperatura máxima, média da

temperatura mínima e temperatura média (°C), umidade relativa do ar média (%), média da

pressão atmosférica reduzida ao nível do mar (hPa), velocidade máxima do vento (km/h),

velocidade média do vento (km/h) e precipitação (mm).

Referente à estação do Aeroporto de Florianópolis (Hercílio Luz) foram usadas duas

bases de dados: 1) Banco de Dados Climatológicos do Comando da Aeronáutica – ICEA

(Instituto do Controle do Espaço Aéreo); 2) Banco de dados da wunderground.com –

Weather Underground, Inc.

Os dados de temperatura, pressão reduzida ao nível do mar, umidade relativa do ar,

vento máximo e precipitação foram utilizados da estação do Aeroporto Hercílio Luz do banco

de dados da Aeronáutica (ICEA). A velocidade média do vento foi utilizada do banco de

dados da wunderground pelo motivo da base de dados da Aeronáutica não fornecer essa

informação.

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Foi usado o programa STATISTICA para examinar a relação entre os dados da

população de Sula leucogaster e os dados climatológicos. Para execução do modelo as

variáveis biológicas foram consideradas dependentes e as climatológicas independentes.

Inicialmente foi feito a correlação linear, que é baseada no coeficiente de correlação

linear r, este é uma medida estatística amostral usada para medir a intensidade da relação

entre duas variáveis que representem dados quantitativos, onde o valor de r deve estar

sempre entre -1 e +1, além do que, o modelo tem que apresentar o p < 0,05 (TRIOLA,

2008). Contudo, foram realizadas três análises, autocorrelação das variáveis dependentes e

independentes separadamente, e uma correlação entre as variáveis dependentes e

independentes.

Finalmente foi realizada a regressão linear múltipla, e esta só foi possível, pois a

correlação simples teve significância. A regressão múltipla é uma técnica estatística com

capacidade preditória, ou seja, analisa o tipo de relação entre uma única variável

dependente (resposta) e várias variáveis independentes (explanatória) (HAIR et al, 2005).

Para a análise dos modelos gerados, foi considerado significativo quando o p < 0,05,

e para entender o sentido da significância (negativo ou positivo), usou-se o sinal

representado por beta. A força da relação é representada pelo coeficiente de determinação

R². Este é a proporção da variância na variável dependente explicada pelas variáveis

independentes, ou seja, quanto maior o R² maior será o poder explicativo do modelo de

regressão, portanto melhor a previsão da variável dependente, tal coeficiente pode variar

entre 0 e 1 (HAIR et al, 2005).

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4.5 FLUXOGRAMA DO PROCEDIMENTO ESTATÍSTICO

PLANILHA COM A JUNÇÃO DOS DADOS

BIOLÓGICOS E CLIMATOLÓGICOS

DISPOSTOS EM PERÍODOS

MENSAIS (2002 a 2007)

CORRELAÇÃO SIMPLES

STATISTICS

BASIC STATISTIC/TABLES

CORRELATION MATRICES

TWO LISTS

OPTIONS

DISPLAY r, P levels, and N’s

REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA

MULTIPLE REGRESSION

CASEWISE

ADVANCED OPTIONS

FORWARD STEPWISE

GRÁFICOS

GRAPHS

SACTTER PLOT-2D

LINEAR

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5

5.1

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fême

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fême

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1

2

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2000

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02 200

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03 200

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Machos

Ninhos

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Jovens

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9

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Tabela 2: Somatório populacional de Sula leucogaster para cada variável biológica durante cada ano

do período de estudo (2002 a 2007), nas Ilhas Moleques do Sul.

ANOS/VARIÁVEIS Adultos Jovens Ninhos Machos Fêmeas Total Adultos Mortos

Filhotes Mortos

2002 6749 916 916 1418 1319 11318 21 4

2003 4401 771 786 1553 1494 9005 5 5

2004 4311 758 457 1518 1411 8455 13 6

2005 6010 1380 845 1952 1858 12045 10 6

2006 4876 659 858 1816 1800 10009 21 9

2007 5770 993 805 1674 1690 10932 6 3

Essas flutuações são comuns em qualquer comunidade, visto que os organismos e o

ambiente abiótico estão inter-relacionados (ODUM, 1988), além do aumento das

interferências humanas atuais. A variação nos eventos climatológicos (El niño/La niña),

processos oceanográficos, disponibilidade de alimento e os diversos fatores ambientais,

excedem a capacidade fisiológica de cada espécie, assim as aves marinhas evidenciam

respostas (AINLEY; DIVORKY, 2001), como na redução da capacidade reprodutiva,

problemas ao forragear, mudança nas rotas migratórias, entre outros (CHAMBERS et al,

2009; AINLEY; DIVORKY, 2001; AINLEY et al, 2005; MEEHAN et al, 1998).

Nos anos de 2002 e 2006 foi encontrado o maior número de adultos mortos e em

2006 a maior mortalidade de filhotes (Tab.: 2). Nesse último ano ocorreu a máxima

velocidade média do vento e da umidade relativa do ar (Tab.: 3). A quantidade de adultos

mortos foi maior do que os filhotes mortos para todos os anos de estudo, exceto no ano de

2003 quando a mortalidade foi similar entre ambos (Tab.: 2). Essa similaridade na

mortalidade coincide com o ano em que todas as variáveis climatológicas obtiveram os

menores valores, exceto para a velocidade máxima do vento e a pressão atmosférica (Tab.:

3).

Devido o curto período de estudo, o presente trabalho impossibilita uma relação

concisa dos eventos de El niño e La niña com as aves marinhas. Mesmo assim, durante a

transição de um evento de El niño de intensidade moderada (2002 a 2003) para fraca (2004

a 2006), a mortalidade dos filhotes aumentou gradativamente, sendo encontrando a menor

taxa de mortos em 2007, ano em que no último trimestre ocorreu a La niña (idem para

2006).

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Na Austrália o El niño está associado à redução no sucesso reprodutivo, inclusive

para algumas espécies da família Sternidae e a reprodução torna-se evidentemente tardia,

além do que o crescimento dos ovos é inibido. O empobrecimento da produtividade que o

evento proporciona, leva as espécies que são filantrópicas a buscar alimento longe das

respectivas colônias reprodutivas (CHAMBERS et al, 2009), tornando o sítio reprodutivo

ainda mais vulnerável aos predadores (HUNT, 2001).

Para os adultos mortos a variação foi tão diferente ao longo dos anos, que tornou

difícil de encontrar uma relação frente aos eventos climáticos. Essa flutuação na mortalidade

dos atobás-marrom em Moleques do Sul é um tipo de comportamento que pode ser

observado para algumas espécies de aves marinhas que cercam a corrente da Califórnia,

onde os deslocamentos são diferenciados durante esses eventos climáticos e também na

ausência dos mesmos (AINLEY; DIVOKY, 2001).

Apesar dos eventos climáticos modificarem algumas características da circulação

atmosférica, é possível observar um padrão na ocorrência das variáveis físicas estudadas.

Ao analisar a pressão atmosférica não é encontrada uma amplitude de variação, sendo esta

uma variável com valores semelhante durante os anos de estudo (Tab.: 3). Nos meses de

verão são encontradas as mais baixas pressões e durante o inverno as mais altas (Fig.: 9).

Acompanhando os sistemas de baixa pressão atuantes nos mês de verão

encontram-se os maiores índices de precipitação (Fig.: 10), e as maiores temperaturas (Fig.:

12) e as mais fortes intensidades de vento (Fig.: 11). Então, a alternância entre um sistema

de alta e baixa pressão nas diferentes estações do ano que controlam o regime climático da

região, corroborando com Nimer (1989) e Cavalcante et al. (2009) que o clima é controlado

pela “posição e intensidade da alta subtropical do Atlântico Sul”.

A precipitação foi a que mais variou ao longo dos meses do estudo, mas mesmo com

seus picos discrepantes, é notório os baixos índices pluviométricos no inverno e altos no

verão (Fig.: 10 ). No ano de 2005 obteve-se a maior taxa média de precipitação (146,90 mm)

junto a maior abundância total da população. Já em 2004 com a segunda maior taxa média

de precipitação (131,91 mm) a população de S. leucogaster apresentou o menor número

total de indivíduos, desconsiderando uma relação entre os dados biológicos e pluviométricos

(Tab.: 2 e 3).

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Tabela 3: Normais climatológicas que circundam as Ilhas Moleques do Sul para os anos de 2002 a

2007.

VARIÁVEIS/ANOS 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Temperatura Média (ºC) 21,12 21,03 20,73 21,45 21,13 21,10

Média da temperatura mínima (ºC) 19,00 18,56 18,59 19,13 18,63 18,84

Média da temperatura máxima (ºC) 24,19 24,51 23,65 24,60 24,37 24,35

Velocidade Média do Vento (km/h) 9,33 8,21 10,26 10,11 10,35 10,51 Média da velocidade máxima do

vento (km/h) 19,75 19,83 19,50 20,50 21,33 21,33

Umidade relativa do ar média (%) 84,31 77,75 80,39 81,59 81,73 84,29 Média da umidade relativa do ar

mínima (%) 64,05 58,42 57,51 56,00 56,68 59,82

Média da umidade relativa do ar máxima (%)

96,92 92,99 94,81 96,46 96,40 98,38

Pressão Atmosférica (hpa) 1.015,65 1.016,27 1.016,74 1.016,22 1.015,83 1.015,85

Precipitação Média (mm) 130,57 90,81 131,91 146,90 104,68 101,00

A velocidade média máxima do vento foi praticamente constante durante os anos de

estudo em torno dos 20 km/h como já proposto por Monteiro e Furtado (1995). Para a

umidade relativa do ar média também foi observado uma constância ao longo dos anos e ao

longo dos meses (Fig.: 13), sendo característico da região Sul a umidade não inferior a 80 %

(NIMER, 1989).

Figura 8: Média mensal da variação da pressão atmosférica nas Ilhas Moleque do Sul, durante os anos de 2002 a 2007.

1.005

1.010

1.015

1.020

1.025

Jan

Abr Ju

lO

utJa

nA

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Out

Jan

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lO

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Out

Jan

Abr Ju

lO

utJa

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Meses (2002-2007)

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Figura 9: Média mensal da variação da precipitação nas Ilhas Moleque do Sul, durante os anos de 2002 a 2007.

Figura 10: Média mensal da variação da velocidade máxima do vento nas Ilhas Moleque do Sul, durante os anos de 2002 a 2007.

050

100150200250300350

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1015202530354045

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Meses

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Figura 11: Média mensal da variação da temperatura média nas Ilhas Moleque do Sul, durante os anos de 2002 a 2007.

Figura 12: Média mensal da variação da Umidade relativa do ar média nas Ilhas Moleque do Sul, durante os anos de 2002 a 2007.

5.2 CORRELAÇÃO SIMPLES

Todos os resultados gerados pelo programa STATISTICA estão apresentados na

forma de Apêndice no final do trabalho.

As variáveis físicas (independentes) que caracterizaram as Ilhas Moleques do Sul

durante os seis anos de estudos, foram correlacionadas em 17 (24%) dos 71 casos

possíveis (Tab.: 4).

Quanto maior a pressão atmosférica, menores as temperaturas (média, máximas e

mínimas), obtendo boa concordância entre os dados, visto que, segundo Monteiro e Furtado

(1995) as maiores pressões estão associadas com as massas de ar polares, ocasionando

baixas temperaturas invernais.

05

1015202530

Tem

pera

tura

Méd

ia (°

C)

Meses (2002-2007)

020406080

100120

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(%)

Meses (2002-2007)

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Tabela 4: Resultados da Correlação Simples entre as variáveis climatológicas, demonstrado apenas

as relações que tiveram significância (p < 0,05).

VARIÁVEIS Temperatura Média

Média da temperatura

máxima

Média da temperatura

mínima

Umidade relativa do ar média

Média da umidade relativa do ar

máxima

Média da umidade relativa do ar

mínima

Pressão Atmosférica

Média da Velocidade Máxima do

Vento

Média da temperatura máxima

0,000

Média da temperatura mínima

0,000 0,000

Umidade Máxima

0,000

Umidade Mínima

0,000 0,002

Pressão Atmosféric

a

- 0,000 - 0,000 - 0,000

Velocidade Média Vento

- 0,008

Velocidade Média

Máxima Vento

- 0,037

Precipitação 0,002 0,006 0,001 0,030 - 0,000 0,012

A precipitação está relacionada positivamente com a temperatura média, máxima e

mínima, com a média da umidade relativa do ar mínima e com a velocidade média máxima

do vento, notando maior significância quando esta comparada com as temperaturas. A

pressão atmosférica com a precipitação possui uma relação inversa, quanto maior a pressão

menor a precipitação. Fato altamente significante, pois a instabilidade do tempo está

relacionada com os sistemas de baixa pressão atmosférica, ou seja, quando ocorre à

entrada da massa de ar polar e esta entra em contato com a massa de ar marítima, os

ventos tendem a convergir e a instabilidade do tempo é originada, apresentando para a zona

de latitudes médias um sistema de baixa pressão atmosférica (NIMER, 1989).

A Umidade relativa do ar média, máxima e mínima apresentaram correlação entre

elas mesmas, mostrando relação apenas com a velocidade média máxima do vento, porém

de modo negativo. A velocidade média do vento indica que quanto maior seu valor, menor a

Média da temperatura máxima.

Para a autocorrelação das variáveis dependentes (dados biológicos), todas as

significâncias obtiveram relações positivas. Das 71 combinações, 10 (14%) casos foram

explicados pelo modelo (Tab.: 5). Os ninhos, jovens, machos e fêmeas, mostraram-se

significativamente relacionados com os adultos.

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Quanto mais machos e fêmeas maiores o número de jovens e ninhos, sendo que os

jovens apresentam maior significância com os machos e os ninhos com as fêmeas. Os

adultos mortos estão fortemente relacionados com os filhotes mortos, ou seja, quanto mais

elevada a quantidade de adultos mortos maior a mortalidade dos filhotes.

Tabela 5: Resultados da autocorrelação das variáveis biológicas, incluindo apenas as variáveis que

obtiveram significância (p < 0,05).

VARIÁVEIS Adulto Jovem Ninho Macho Adultos Mortos

Jovem

0,000

Ninho

0,000

Macho

0,000 0,003 0,008

Fêmea

0,000 0,006 0,004 0,000

Filhotes Mortos

0,000

O modelo referente à correlação entre as variáveis de população da Sula leucogaster

e os elementos meteorológicos que controlam a região das Ilhas Moleques do Sul, obteve

24 % dos dados relacionados frente às 71 combinações possíveis (Tab.: 6).

Tabela 6: Resultados significativos (p < 0,05) da Correlação Simples entre as variáveis biológicas e

climatológicas.

VARIÁVEIS Adulto Jovem Ninho Adultos MortosTemperatura

Média

0,026 0,000 - 0,001 - 0,028

Média da temperatura

máxima

0,039 0,000 - 0,000

Média da temperatura

mínima

0,017 0,000 - 0,001 - 0,021

Pressão Atmosférica

- 0,017 - 0,000 0,006 0,030

Velocidade Média Vento

0,000

Precipitação 0,023

Os adultos e jovens mostraram relação positiva com as temperaturas (média,

máxima e mínima), sendo que os jovens apresentam maior significância do que os adultos,

pois o p-nível é menor. Já, para a pressão atmosférica a relação é negativa sendo que

quanto maior a pressão menor o número de adultos e jovens. Ainda para os jovens a

precipitação influencia de modo positivo.

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Para os ninhos as temperaturas (média, máxima e mínima) influenciam de maneira

negativa, ou seja, quanto maior as variáveis físicas, menor o número de ninhos. Ocorre o

oposto aos adultos e jovens. Os ninhos são beneficiados pela pressão atmosférica e a

velocidade média do vento, com maior significância positiva a velocidade média do vento.

A temperatura média e mínima é significativa para os adultos mortos, sendo que

quanto maiores os valores dessas variáveis físicas menos adultos mortos são encontrados.

Apesar da pressão se mostrar positiva para os adultos mortos, aumentando-se esta variável

menor a quantidade de adultos mortos.

Frente ao método estatístico de correlação simples utilizado entre os dados

biológicos e climatológicos, a umidade relativa do ar (média, máxima e mínima), a

velocidade média máxima do vento, os machos, as fêmeas e os filhotes mortos não

mostraram nenhuma significância.

5.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA Foram gerados sete modelos de regressão múltipla para cada variável dependente e

com exceção dos adultos e filhotes mortos, os outros cinco modelos puderam ser explicados

pelo método estatístico aplicado. A variabilidade de adultos mortos não pode ser explicada

pela variação das variáveis dependentes, pois o coeficiente de determinação foi muito baixo

(R² =0,12491), já para os filhotes mortos quase nulo (R²=0,03390), seguido de valores de

significância acima do nível tolerável com p>0,05 (p=0,06269 e p=0,30952, respectivamente)

(Tab.: 7).

Tabela 7: Significância (p) e coeficiente de determinação (R²) dos modelos de regressão linear

múltipla gerados para cada variável dependente.

Variáveis Dependentes p-nível R²

Adulto 0,01203 0,12191

Macho 0,01918 0,13679

Fêmea 0,03356 0,12094

Jovem 0,00000 0,31797

Ninho 0,00001 0,38006

Adultos Mortos 0,06269 0,12491

Filhotes Mortos 0,30952 0,03390

Nas Ilhas Moleques do Sul, 38% da variação no número de ninhos foram explicados

pela variabilidade das variáveis climatológicas utilizadas no modelo, apresentando o mais

alto coeficiente determinístico (R²=0,38006), seguido dos jovens (R²=0,31797). Os mesmos

foram significativos (p=0,0001 e p=0,0000, respectivamente). A explicabilidade para os

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adultos, machos e fêmeas foi praticamente semelhante (Tab.: 7), porém para os adultos foi

mais significativo (p=0,01203).

5.3.1 Adultos Os adultos mostraram-se significativamente relacionados com a Média da

temperatura mínima com p<0,05 e relação positiva (Tab.: 8). A média anual da temperatura

mínima nas Ilhas Moleques do Sul não alcança valores inferiores a 18°C, então o ótimo

fisiológico de Sula leucogaster encontra-se próximo a esse valor.

Tabela 8: Resultados da regressão linear múltipla, incluindo as respectivas significâncias (valor de p)

e o sentido da influência que cada variável independente exerce sob a variável dependente.

VARIÁVEIS Adulto Macho Fêmea Jovem NinhoMédia da

temperatura mínima

0,007040

Velocidade Média Vento

0,021000 0,033003 0,000134

Pressão Atmosférica

- 0,000001

Média da umidade

relativa do ar máxima

- 0,028542

Média da umidade

relativa do ar mínima

0,023163

A representação gráfica indica uma relação linear direta e a hipótese é de que

quando a temperatura encontra-se abaixo dos 16°C, o número de adultos cai levando ao

declínio da população, pois são os adultos que mantém a sobrevivência dos jovens e ninhos

(Fig.: 14).

A intolerância dos atobás-marrom às baixas temperaturas confere o fato das Ilhas

Moleques do Sul serem consideradas a última colônia austral reprodutiva da espécie

(BRANCO, 2004), além do que é uma espécie característica de regiões tropicais e

subtropicais (HARRISON, 1983).

As aves marinhas de regiões polares e tropicais possuem diferenças na quantidade

de gordura subcutânea (termorregulação), evidenciando respostas diferentes na maneira

como enfrentam situações rigorosas da temperatura do ar (AINLEY; DIVOK, 2001). Nos

últimos anos, o aumento da temperatura atmosférica foi associado ao stress por calor e à

mortalidade, especialmente para espécies que não ocorrem em áreas altamente produtivas

(regiões oligotróficas) (CULLEN apud CHAMBERS et al, 2009).

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Figura 13: Relação positiva da Média da temperatura mínima com o número de adultos (Equação da Reta = 17,2436+0,0035*x).

5.3.2 Machos e Fêmeas A velocidade média do vento foi satisfatória para os machos e fêmeas, sendo os

machos (p=0,021000) mais significativos do que para as fêmeas (p=0,033003) (Tab.: 8).

Presume-se pela distribuição demonstrada no gráfico que a intensidade do vento ideal para

o desenvolvimento das atividades diárias de S. leucogaster está entre 8 e 10 km/h,

considerado brisa ou vento leve conforme a Escala Beaufort (Fig.: 15 e 16). Visto que nas

Ilhas Moleques do Sul durante o período de estudo (2002 a 2007), a média anual da

velocidade nunca foi inferior a 8 km/h e nem superior a 11 km/h.

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Figura 14: Relação positiva da Velocidade média do vento com o número de machos (equação da reta= 9,2862+0,0037*x).

Figura 15: Relação positiva da Velocidade média do vento com o número de fêmeas (Equação da reta= 9,3106+0,0036*x).

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A intensidade amena da velocidade do vento só é cessada quando um sistema de

baixa pressão mais forte é atuante (sistemas frontais, ciclone extratropical e etc.) assim as

rajadas de vento associadas a esses sistemas (muitas vezes de intensidade forte a muito

forte) são de alguma forma prejudiciais à população de atobás-marrom.

Levando em consideração que em períodos de forte intensidade de vento o sucesso

frente ao forrageamento diminui (HUNT, 2001; CHAMBERS, 2009), e que devido a

movimentação constante das aves marinhas, suas altas taxas metabólicas são apenas

supridas com alimentação frequente (AINLEY et al, 2005), indicando que a velocidade do

vento é uma variável física fundamental para a sobrevivência de Sula leucogaster no

Arquipélago Moleques do Sul. Mesmo sabendo que vento contrário forte facilita parar em

pleno ar e observar os peixes a serem capturados (SICK, 1997).

Nos meses de agosto a outubro existe maior abundância de adultos, meses que

constam as mais altas velocidades de vento, durante maio a julho prevalecem as menores

intensidades e também são encontrados os maiores números de indivíduos juvenis.

Portanto, o período em que os atobás-marrom ainda não desenvolveram habilidades para

sobreviver independentemente é equivalente aos meses de ventos amenos.

Indiretamente os ventos também influenciam as aves marinhas de modo a retardar a

postura e diminuir o sucesso reprodutivo, quando os ventos de oeste no Norte do Atlântico

diminuem de intensidade. Esse parâmetro físico enfraquecido faz diminuir o volume de

zooplâncton e consequentemente a principal presa da espécie de ave marinha Rissa

tridactyla (AINLEY; DIVOKY, 2001).

5.3.3 Jovens A pressão atmosférica e os jovens mostraram uma relação linear inversa (Fig.: 17), à

medida que aumenta a pressão diminui o número de jovens, sendo um modelo altamente

significativo com p=0,000001 (Tab.: 8). Nas da Ilhas Moleques do Sul existem dois sistemas

de alta pressão que passam a controlar a região, o anticiclone do Atlântico Sul e o Polar

(NIMER, 1989).

Devido à característica de baixa temperatura, a alta Polar parece ser o sistema de

alta pressão que interfere no comportamento dos jovens, pois segundo a dinâmica

populacional de aves marinhas, o primeiro inverno é o período que ocorre a maior

mortalidade de organismos juvenis por encontrarem-se desprovidos de experiências, como

as habilidades de captura de alimento (HUNT, 2001).

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Figura 16: Relação negativa da pressão atmosférica com o número de jovens (Equação da reta= 1018,3788-0,0277*x).

O sistema de baixa pressão da região do mar de Bering (Aleutian Low Pressure

System) está relacionado às mudanças na biologia das populações de aves marinhas. Para

a espécie Rissa tridactyla, a produtividade está ligada à variação entre os sistemas de baixa

e alta pressão atmosférica. Apesar de ainda obscura essa relação, também é visto uma

mudança nas espécies predadas de acordo com a oscilação desse sistema atmosférico

(AINLEY; DIVOKY, 2001).

5.3.4 Ninhos

Os ninhos responderam significativamente positivo à velocidade média do vento

(p=0,000134) e a média da umidade relativa do ar mínima (p=0,023163). A média da

umidade relativa do ar máxima apresenta uma relação linear inversa, ou seja,

significativamente negativa a quantidade de ninhos de S. leucogaster (Tab.: 8).

Quando a postura é realizada, o ovo recém posto é coberto por uma rígida casca de

carbonato de cálcio com coloração branco-azulada e caso o ninho não seja sombreado os

ovos podem sucumbir (SICK, 1997). Durante os primeiros dias após a postura, há um

declínio no conteúdo de água das membranas internas à casca que aumenta a

permeabilidade dos gases, principalmente do oxigênio (SCHIMIDT-NIELSEN, 2002). Neste

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sentido, a umidade máxima que influencia de modo negativo os atobás de Moleques do Sul,

impede a difusão do oxigênio responsável pelo desenvolvimento do embrião.

Conforme os resultados a velocidade do vento ideal está entre 8 e 10 km/h. Esse

valor possivelmente deve favorecer a troca gasosa entre a casca e o meio (Fig.: 18). Acima

de 95% de umidade do ar os ovos mostram intolerância e entre 56% e 62% encontra-se a

umidade ótima (Fig.: 19 e 20).

Figura 17: Relação positiva da velocidade média do vento com o número de ninhos (Equação da reta= 9,1482+0,0098*x).

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Figura 18: Relação negativa da Média da umidade relativa do ar máxima do ar com o número de ninhos (Equação da reta= 96,1518-0,0022*x).

Figura 19: Relação positiva da Média da umidade relativa do ar mínima com o número de ninhos (Equação da reta= 58,678+0,0013*x).

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5.3.5 Adultos e Filhotes Mortos

Nenhum parâmetro meteorológico utilizado no modelo de regressão foi de

significativa importância para o número de adultos e filhotes mortos, indicando que algum

fator biológico ou mesmo outros fatores físicos não inseridos no modelo cause tais mortes.

Mesmo uma pequena redução na taxa de sobrevivência dos adultos irá proporcionar

um grande impacto na taxa de mortalidade da colônia (HUNT, 2001), pois o cuidado

parental é a garantia de sobrevivência dos filhotes, sendo a fêmea responsável pela maior

oferta de alimento quando comparado aos machos (MARTINS; DIAS, 2003).

Em Moleques do Sul, durante as fases iniciais de vida os filhotes se desenvolvem

rapidamente, havendo um aumento gradual de massa enquanto nos ninhos. Na fase juvenil,

a massa corporal diminui com os exercícios de vôo e para a captura de alimento (BRANCO,

2010). Desde o período de postura dos ovos até quando os filhotes abandonam os ninhos,

compreende em média 196 dias (MARTINS; DIAS, 2003).

Independentemente do grau de intensidade, todas as variáveis climatológicas

utilizadas no trabalho se relacionaram com os dados populacionais de Sula leucogaster nas

Ilhas Moleques do Sul, com exceção da precipitação. Porém, as regiões suscetíveis às

pancadas de chuva na Austrália provocam alagamento dos ninhos e perca do local de

nidificação diminuindo o sucesso das colônias reprodutivas residentes (CHAMBERS, 2009).

Um modelo de regressão múltipla semelhante foi utilizado por Ainley et al (2005), na

qual analisou o padrão de distribuição das espécies de aves marinhas que usufruem do

fenômeno de ressurgência ocorrente no tramo Norte da corrente da Califórnia. Como

resultado, o autor obteve que as aves marinhas respondem consideravelmente a salinidade,

a quantidade de clorofila e a disponibilidade de presa, todos de maneira positiva.

A maior dificuldade encontrada no presente trabalho foi estabelecer e compreender

as relações ou não frente aos resultados obtidos, pois não foi encontrado nenhum outro

estudo que comparasse elementos meteorológicos com dados populacionais de aves

marinhas.

Os trabalhos encontrados foram realizados ao longo de amplos períodos de tempo,

verificando ou considerando a influência de fenômenos de grande escala como El niño e La

niña sob as comunidades de aves marinhas. Essa relação é indireta (clima versus as aves

marinhas), ou seja, o clima afetando a disponibilidade de alimento que por sua vez afeta o

sucesso reprodutivo das espécies estudadas.

O presente trabalho obteve resultados satisfatórios frente os objetivos esperados e

como as aves marinhas são importantes componentes dos ecossistemas marinhos o

monitoramento desses organismos é indispensável para acompanhamento da qualidade dos

mesmos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

- Com exceção de adultos e filhotes mortos, os outros cinco modelos de regressão múltipla

aplicados para cada variável biológica puderam ser significativamente explicados.

- A precipitação foi à única variável física que não se relacionou com os dados populacionais

dos atobás-marrom.

- A temperatura ótima fisiologicamente para os adultos de Sula leucogaster encontra-se em

torno dos 18°C.

- Para os machos e fêmeas a velocidade média do vento foi satisfatória, pois vento forte

causa insucesso frente o forrageamento.

- O aumento da pressão atmosférica influenciou negativamente os jovens, estando

associada a atuação de massas de ar polares devido à queda brusca de temperatura.

- Umidade máxima prejudica os ninhos de modo a impedir a troca gasosa para o

desenvolvimento do embrião.

- A velocidade média do vento entre 8 km/h e 10km/h favorece a quantidade de ninhos.

- Foi notório, segundo o método estatístico, que a população de atobá-marrom das Ilhas

Moleques do Sul toleram diferentes elementos climáticos de acordo com a faixa etária.

- De modo geral, o sucesso da população de S. leucogaster está relacionado com

intensidade amena da velocidade do vento.

- De acordo com a bibliografia, foi possível compreender que insucesso na população de

aves marinhas está totalmente ligado à produtividade oceânica que por sua vez é controlado

pela circulação atmosférica.

- Recomenda-se para futuros trabalhos a adição de variáveis oceanográficas, a fim de

melhorar a compressão dos fatores ambientais no sucesso populacional das aves marinhas.

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APÊNDICE

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