universidade do vale do itajaÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/danielle caroline...

100
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DANIELLE CAROLINE CIPRIANI MELO PREPARAÇÃO DE BIOCATALISADORES CONTENDO DERIVADOS DA QUITOSANA, LIPASE E PARTÍCULAS MAGNÉTICAS PARA SÍNTESE DE ÉSTERES DE CADEIA LONGA Itajaí- 2012

Upload: duonghanh

Post on 30-Jun-2019

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DANIELLE CAROLINE CIPRIANI MELO

PREPARAÇÃO DE BIOCATALISADORES CONTENDO

DERIVADOS DA QUITOSANA, LIPASE E PARTÍCULAS

MAGNÉTICAS PARA SÍNTESE DE ÉSTERES DE CADEIA

LONGA

Itajaí- 2012

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

DANIELLE CAROLINE CIPRIANI MELO

PREPARAÇÃO DE BIOCATALISADORES CONTENDO

DERIVADOS DA QUITOSANA, LIPASE E PARTÍCULAS

MAGNÉTICAS PARA SÍNTESE DE ÉSTERES DE CADEIA

LONGA

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Clóvis Antonio Rodrigues

Itajaí, Setembro de 2012.

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

PREPARAÇÃO DE BIOCATALISADORES CONTENDO

DERIVADOS DA QUITOSANA, LIPASE E PARTÍCULAS

MAGNÉTICAS PARA SÍNTESE DE ÉSTERES DE CADEIA

LONGA

Danielle Caroline Cipriani Melo

‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’

(corpo 12)

____________________________________ Clóvis Antonio Rodrigues, Doutor

Orientador

__________________________________________________________ Tânia Mari Bellé Bresolin, Doutora

Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________ Doutor Clóvis Antonio Rodrigues (Univali)

Presidente

______________________________________ Doutora Fátima de Campos Buzzi (Univali)

Membro

______________________________________ Doutor Rogério Correa (Univali)

Membro

____________________________________ Doutor Edésio Luiz Simionatto (Furb)

Membro

Itajaí (SC), 27 setembro de 2012.

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

Dedico esta dissertação àqueles que sempre apoiaram minhas Dedico esta dissertação àqueles que sempre apoiaram minhas Dedico esta dissertação àqueles que sempre apoiaram minhas Dedico esta dissertação àqueles que sempre apoiaram minhas

decisões decisões decisões decisões e e e e escolhasescolhasescolhasescolhas....

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

AGRADECIMENTOS

Devo essa dissertação ao meu orientador, professor Doutor Clóvis

Antonio Rodrigues, pois sem seus conhecimentos, sua experiência e

orientação, não teria desenvolvido essa pesquisa. Agradeço também pela

atenção, compreensão, amizade e, principalmente, pelo aprendizado.

Agradeço, com muito carinho também, aos professores do Programa de

Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas que foram fundamentais durante o

desenvolvimento das leituras e pesquisas, sempre presentes e disponíveis

para solucionar minhas dúvidas e inquietações.

Aos amigos e colegas, pelo companheirismo, solidariedade e afeto.

Aos meus pais e familiares que souberam ser pacientes e

compreensivos nos momentos difíceis, apoiaram minhas escolhas e me deram

muita força nos momentos que precisei. Agradeço pelo amor, pelo carinho e

pela dedicação que sempre trataram tudo que me faz feliz.

Os meus agradecimentos vão a todos àqueles que, de alguma forma,

foram fundamentais para a realização deste sonho e que, junto comigo, o

tornaram possível.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

PREPARAÇÃO DE BIOCATALISADORES CONTENDO DERIVADOS DA QUITOSANA, LIPASE E PARTÍCULAS

MAGNÉTICAS PARA SÍNTESE DE ÉSTERES DE CADEIA LONGA

Danielle Caroline Cipriani Melo

Setembro/2012

Orientador: Clóvis Antonio Rodrigues, Doutor. Área de Concentração: Pesquisa e desenvolvimento de métodos analíticos, insumos e medicamentos. Número de Páginas: 100. A transesterificação de óleos vegetais e gorduras animais para a produção de ésteres de cadeia longa, que podem ser utilizados como biodiesel além de uma variedade de outras aplicações, como matéria-prima para a indústria farmacêutica, vem recebendo considerável atenção nos últimos anos. As novas rotas químicas utilizadas para a obtenção dos ésteres de cadeia longa envolvem a utilização de biocatalisadores como a lipase. Entretanto, a busca por matéria-prima de baixo custo, a reutilização do biocatalisador e a diminuição de etapas no processo de síntese são fatores fundamentais no processo de obtenção industrial destes ésteres. Dentro deste contexto, a proposta do projeto é preparar biocatalisadores imobilizando a lipase em derivados da quitosana e partículas magnéticas e sintetizar ésteres de cadeia longa utilizando óleo de sementes da Aleurites moluccana. A lipase foi imobilizada através do método de encapsulamento, empregando os derivados da quitosana e o alginato, em meio contendo íons cálcio, conhecido como complexo de polieletrólito. O processo de otimização do sistema catalítico foi monitorado através da esterificação do ácido láurico, sendo determinado através de alterações das condições reacionais. A produção dos ésteres de cadeia longa foi determinada via transesterificação do óleo de Aleurites moluccana com metanol. A presença do material magnético, além de favorecer o processo de separação das esferas, aumentou a eficiência. As esferas magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500 e QTS-Bz 250 que apresentaram taxa de conversão do ácido láurico em torno de 70,4 %-92,6 % dependendo das condições empregadas na síntese. As esferas foram reutilizadas por 13 ciclos apresentando manutenção na taxa de conversão em aproximadamente 60 %. As esferas preparadas com OC-Bz 500 e QTS-Bz 250 apresentaram taxas de conversão do óleo de Aleurites moluccana entre 54,0 e 38,0 % e mantiveram a taxa de conversão relativa em 100 % após 3 reutilizações. Os resultados mostram que os biocatalisadores contendo a lipase e o material magnético podem ser utilizados na preparação dos ésteres de cadeia longa. Palavras-chave: Ésteres de cadeia longa. O-carboximetilquitosana. Aleurites moluccana. Nanopartículas magnéticas. Imobilização enzimática. Esferas. Biocatálise.

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

PREPARATION OF BIOCATALYSTS CONTAINING DERIVATES OF CHITOSAN, LIPASE AND MAGNETIC PARTICLES FOR SYNTHESIS OF

LONG CHAIN ESTERS

Danielle Caroline Cipriani Melo September/2012

Supervisor: Clóvis Antonio Rodrigues, Dr. Area of Concentration: Natural Products and Bioactive Synthetic Substances Number of Pages: 100. The transesterification of vegetable oils and animal fats for the production of long chain esters, which can be used as biodiesel fuel and for variety of other applications, such as raw materials for the pharmaceutical industry, has received considerable attention in recent years. New chemical routes used to obtain long chain esters involve the use of lipase as a biocatalyst. However, the search for low cost raw materials, reusability of the biocatalyst, and the reduction of steps in the synthesis process are key factors in the process of obtaining these industrial esters. Within this context, the proposal of this project is to prepare biocatalysts, immobilize lipase on chitosan derivatives and magnetic particles, and synthesize long chain esters using oil from seeds of Aleurites moluccana. The lipase was immobilized by the encapsulation method, using chitosan derivatives and alginate in a medium containing calcium ions, known as polyelectrolyte complex. The optimization process of the catalytic system was monitored through the esterification of lauric acid, being determined through changes in reaction conditions. The production of long chain esters by transesterification was determined by transesterification of Aleurites moluccana oil with methanol. The presence of magnetic material, in addition to promoting the separation process of the beads, increased their efficiency. The most efficient magnetic beads were synthesized with OC-Bz 500 and QTS-Bz 250, which showed a lauric acid conversion rate of about 70.4% - 92.6%, depending on the synthesis conditions. The beads were reused for 13 cycles, presenting maintenance of the conversion rate of approximately 60%. The beads prepared with OC-Bz 500 and QTS-Bz 250 showed Aleurites moluccana oil conversion rates of between 54.0 and 38.0%, maintaining a conversion rate of 100% after 3 reuses. The results show that lipase-containing biocatalysts and magnetic material may be used in the preparation of long chain esters. Keywords: Long chain esters. O-carboxymethylchitosan. Aleurites moluccana. Magnetic nanoparticles. Enzyme immobilization. Spheres. Biocatalysis.

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

LISTA DE FIGURAS

Figura 01

Figura 02

Figura 03

Figura 04

Figura 05

Figura 06

Figura 07

Figura 08

Figura 09

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Figura 13

Figura 14

Figura 15

Figura 16

Figura 17

Figura 18

Figura 19

Figura 20

Figura 21

Figura 22

Figura 23

Figura 24

Processo ideal de transesterificação..................................................

Processo real de transesterificação....................................................

Mecanismo de transesterificação utilizando catalisador ácido...........

Mecanismo de transesterificação utilizando catalisador básico.........

Estrutura tridimensional da lipase de Candida rugosa. (a)

Conformação fechada. (b) Conformação aberta................................

Mecanismo de imobilização enzimática por cross-linking em um

suporte de quitosana..........................................................................

Estrutura da quitosana (QTS).............................................................

Estrutura do principal monômero da O-CMQTS.................................

Estrutura do principal monômero da OC-Bz.......................................

Esquema da síntese da O-CMQTS a partir da quitosana..................

Curva da titulação condutimétrica da O-CMQTS. Massa de

amostra: 50 mg, temperatura: 25 ºC, titulante: NaOH 0,1 M..............

Espectro no infravermelho da O-CMQTS na forma ácida..................

Esquema da síntese do derivado OC-Bz a partir da O-CMQTS........

Espectro no infravermelho do derivado OC-Bz..................................

Espectro de RMN 1H do derivado OC-Bz em D2O/CD3COOD à

temperatura ambiente.........................................................................

Esquema da síntese do derivado benzilado da QTS..........................

Curva de titulação potenciométrica da QTS-Bz. Massa do sólido:

200 mg, concentração do NaOH 0,118 M..........................................

Espectro no infravermelho do derivado QTS-Bz................................

Espectro de RMN 1H do derivado QTS-Bz em D2O/CD3COOD à

temperatura ambiente.........................................................................

Óleo extraído das sementes da Aleurites moluccana.........................

Esferas magnéticas de QTS-Bz 500...................................................

Efeito magnético das esferas com derivados da quitosana................

Gráfico dos ciclos de reutilização do biocatalisador com OC-Bz 500.

Placa de CCD da reação de transesterificação com óleo da

25

25

27

28

31

34

36

37

37

48

49

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

63

77

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

Figura 25

Figura 26

Aleurites moluccana............................................................................

Espectro de RMN 1H do éster em D2O/CD3COOD à temperatura

ambiente.............................................................................................

Gráfico dos ciclos de reutilização do biocatalisador com OC-Bz 500

na reação de transesterificação do óleo da Aleurites

moluccana...........................................................................................

78

79

83

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Quantidade de água e percentagem de intumescimento das esferas

com diferentes polímeros......................................................................

61

Tabela 2

Tabela 3

Tabela 4

Tabela 5

Tabela 6

Tabela 7

Tabela 8

Tabela 9

Efeito do biocatalisador sobre a taxa de conversão (%) de

esterificação do ácido láurico................................................................

Efeito do processo de armazenamento das esferas (congelamento)

sobre a taxa de conversão (%) de esterificação do ácido láurico.........

Efeito da quantidade de biocatalisador sobre a taxa de conversão

(%) do ácido láurico..............................................................................

Efeito da temperatura do meio reaciona sobre a taxa de conversão

(%) do ácido láurico..............................................................................

Efeito do álcool sobre a taxa de conversão (%) do ácido láurico, a

quantidade de álcool equivale 1,0 mmol...............................................

Efeito do álcool sobre a taxa de conversão (%) do ácido láurico, a

quantidade de álcool equivale 1,0 mmol...............................................

Efeito do tipo solvente utilizado na reação de esterificação sobre a

taxa de conversão (%) do ácido láurico................................................

Efeito da adição do álcool em uma única etapa e em três etapas na

reação de transesterificação sobre a taca de conversão (%) do óleo..

65

67

69

71

72

74

75

80

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

LISTA DE ABREVIATURAS

O-CMQTS: o-carboximetilquitosana

OC 250: esferas de o-carboximetilquitosana com 250 mg de material magnético

OC 500: esferas de o-carboximetilquitosana com 500 mg de material magnético

OC-Bz: o-carboximetilquitosana-N-benzilada

OC-Bz 250: esferas de o-carboximetilquitosana-N-benzilada contendo 250 mg

de material magnético

OC-Bz 500: esferas de o-carboximetilquitosana-N-benzilada contendo 500 mg

de material magnético

QTS: quitosana

QTS-Bz: quitosana benzilada

QTS-Bz 250: esferas de quitosana benzilada contendo 250 mg de material

magnético

QTS-Bz 500: esferas de quitosana benzilada contendo 500 mg de material

magnético

RMN H1: ressonância magnética nuclear de H1

SEs: ésteres de sacarose

SN2: reação de substituição nucleofílica bimolecular

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................14

2 OBJETIVOS....................................................................................................17

2.1 Objetivo Geral..............................................................................................17

2.2 Objetivos específicos...................................................................................17

3 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................18

3.1 Biodiesel......................................................................................................18

3.2 Aplicação de ésteres de cadeia longa na indústria farmacêutica................22

3.3 Métodos de obtenção de ésteres de cadeia longa......................................23

3.4 Catálise enzimática para a obtenção do biodiesel.......................................29

3.5 Imobilização enzimática...............................................................................33

3.6 Quitosana e seu derivado N-benzil..............................................................35

3.7 Nanopartículas magnéticas.........................................................................37

4 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................39

4.1 Síntese dos materiais................................................................................ 39

4.1.1 Síntese da O-CMQTS............................................................................. 39

4.1.2 Síntese da OC-Bz.................................................................................... 39

4.1.3 Síntese da QTS-Bz.................................................................................. 40

4.1.4 Preparação do material magnético inorgânico (Fe3O4/ γ-Fe2O3).............40

4.2 Preparação das esferas magnéticas de alginato/cálcio com derivados da

quitosana...........................................................................................................41

4.3 Reação de esterificação com ácido láurico.................................................41

4.3.1 Reutilização do biocatalisador..................................................................42

4.3.2 Determinação da taxa de conversão do ácido láurico.............................42

4.4 Extração do óleo da Aleurites moluccana...................................................43

4.5 Caracterização do catalisador.....................................................................43

4.5.1 Titulação condutimétrica...........................................................................43

4.5.2 Titulação pontenciométrica.......................................................................44

4.5.3 Espectroscopia de infravermelho (IV).......................................................45

4.5.4 Ressonância magnética nuclear (RMN H1)..............................................45

4.5.5 Determinação do teor de proteína............................................................45

4.6 Produção e caracterização de ésteres de cadeia longa..............................46

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

4.6.1 Efeito da reutilização do catalisador.........................................................46

4.6.2 Determinação da taxa de conversão do éster..........................................46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................48

5.1 Preparação dos materiais............................................................................48

5.1.1 Síntese e caracterização da O-CMQTS..................................................48

5.1.2 Síntese e caracterização da OC-Bz..........................................................51

5.1.3 Síntese e caracterização da QTS-Bz........................................................54

5.1.4 Preparação do material magnético inorgânico (Fe3O4/ γ-Fe2O3).............58

5.2 Extração do óleo da Aleurites moluccana....................................................59

5.3 Preparação das esferas magnéticas de alginato/cálcio com derivados da

quitosana...........................................................................................................60

5.4 Reação de esterificação com ácido láurico.................................................62

5.4.1 Efeito do tipo de biocatalisador................................................................62

5.4.2 Efeito do processo de armazenamento das esferas na reação de

esterificação do ácido láurico............................................................................66

5.4.3 Efeito da quantidade de esferas...............................................................68

5.4.4 Efeito da temperatura de reação..............................................................70

5.4.5 Efeito do tipo de álcool.............................................................................71

5.4.6 Efeito do solvente....................................................................................74

5.4.7 Reutilização do biocatalisador..................................................................76

5.5 Produção de ésteres de cadeia longa.........................................................77

5.5.1 Reutilização das esferas...........................................................................82

6 CONCLUSÃO.................................................................................................84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................86

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

14

1 INTRODUÇÃO

A biocatálise enzimática fornece uma alternativa que permite a

transesterificação de grande variedade de matérias-primas utilizando

catalisadores ambientalmente sustentáveis, com alta seletividade e em

condições suaves de reações, minimizando danos químicos a natureza. Além

disso, o uso de biocatalisadores permite o manejo de suportes que imobilizem

a enzima fornecendo ganhos econômicos e ambientais significativos por

facilitar a retirada do material enzimático da solução e sua posterior reutilização

(BADENES; LEMOS; CABRAL, 2010).

A lipase, como catalisador biológico, pode ter sua atividade, seletividade

e estabilidade modificadas quando imobilizada em um suporte sólido como a

quitosana (QTS), um oligossacarídeo obtido através da desacetilação da

quitina, quimicamente denominado como poli-N-acetilglicosamina. A QTS

apresenta-se altamente biocompatível, biodegradável e atóxica sendo utilizada

em diversas aplicações farmacêuticas e, como matriz, para a imobilização de

enzimas. Dentro deste contexto, muito esforço tem sido feito com o intuito de

desenvolver o melhor método de imobilização enzimática para sistemas

catalíticos utilizando biopolímeros como a QTS (CHIOU; WU, 2004; DENG et

al., 2009; WU et al., 2009).

Uma das características mais notáveis da lipase é o seu poder de

catálise na interface óleo/água. Quando imobilizada em suportes, sua área de

superfície específica aumenta e apresenta baixa resistência à difusão, sendo

muito eficaz para a catálise. Algumas metodologias de imobilização em

suportes podem dificultar a remoção do catalisador da solução, fazendo com

que a utilização de materiais com propriedades magnéticas se tornem uma boa

solução para este problema. A aplicação de campos magnéticos permitem a

retirada do catalisador magnético com praticidade e eficiência (WU et al.,

2009).

A transesterificação é uma reação química que consiste na produção de

um éster a partir de ácidos graxos com álcool ou outros aceptores de grupo acil

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

15

na presença de catalisadores químicos ou biológicos, que facilitam e amenizam

as condições da reação (JEGANNATHAN et al., 2010; ZHANG et al., 2010).

Alguns exemplos de ésteres provenientes de fontes naturais são

abordados na literatura e muito utilizados na indústria farmacêutica. Agentes

tensoativos naturais como os ésteres de sacarose (SEs) são formados a partir

de ácidos graxos de origem vegetal, possuindo vasta propriedade (SZÜTS;

SZABÓ-RÉVÉSZ, 2012; KAEWPRAPAN et al., 2012).

A preocupação com o meio ambiente aumentou o interesse pelo

desenvolvimento de metodologias e compostos com propriedades

ambientalmente favoráveis abrangendo todas as áreas, inclusive a área

farmacêutica. A obtenção de ésteres de cadeia longa através de fontes

renováveis tem sido largamente empregada pela indústria de biocombustíveis,

alimentícia e farmacêutica, pois permite que esses compostos sejam atóxicos e

biodegradáveis (SINGH, SINGH, 2010).

O esgotamento das reservas de combustíveis fósseis, a crescente

demanda por diesel e demais matérias-primas industriais produzidas a partir

deste, além da incerteza de sua disponibilidade, são fatos cruciais que

impulsionam a busca por fontes alternativas de combustíveis (SINGH, SINGH,

2010).

O biodiesel é um biocombustível composto, quimicamente, de alquil

ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, preparado a partir de lipídios de

fontes renováveis e tem sido o foco de uma quantidade significativa de

pesquisas recentes. É considerado uma alternativa promissora de combustível

renovável e sustentável, uma vez que é obtido a partir de fontes biológicas, tais

como óleos vegetais, gordura animal e óleos residuais (SUN et al., 2010; WEN

et al., 2010a, WEN et al., 2010b).

Dentre as fontes renováveis de óleos não comestíveis, a Aleurites

moluccana, conhecida popularmente como Nogueira-da-Índia, produz

sementes com grande teor de óleo e desperta grande interesse para a

produção de biodiesel, uma vez que não há competição com o mercado

alimentício, reduzindo o custo de produção. Esta planta está sendo utilizada

como fonte alternativa para a produção de biodiesel nas regiões da Índia e

Tailândia (AZAM; WARIS; NAHAR, 2005).

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

16

Dessa forma, o trabalho tem como objetivo a obtenção e caracterização

de um sistema de biocatálise, formado através da imobilização enzimática em

esferas magnéticas de quitosana modificada:alginato, para a obtenção de

ésteres de cadeia longa por transesterificação. A escolha do processo de

biocatálise, utilizando a enzima lipase incorporada a uma esfera magnética de

alginato e quitosana modificada, irá permitir o aumento da quantidade de

enzima imobilizada e a eficiência da catálise, proporcionando um processo

ambientalmente mais correto na produção de ésteres de cadeia longa. As

nanopartículas magnéticas incorporadas às esferas irão permitir a separação

do material enzimático da solução obtida, permitindo a reutilização do sistema.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

17

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um sistema catalítico, utilizando lipase imobilizada em

esferas magnéticas de quitosana modificada:alginato e cálcio, para a obtenção

de ésteres de cadeia longa a partir de fontes de ácidos graxos renováveis, a

fim de obter processos menos danosos ao ambiente e com menor custo.

2.2 Objetivos Específicos

- Sintetizar a O-carboximetilquitosana (O-CMQTS), seu derivado N-

benzilado (OC-Bz) e a Quitosana-benzilada (QTS-Bz) e caracterizar os

polímeros através da espectroscopia no infravermelho, ressonância magnética

nuclear de 1H e quanto ao grau de carboximetilação.

- Sintetizar as nanopartículas magnéticas (Fe3O4/y-Fe2O3) através da

metodologia de coprecipitação dos íons férricos (Fe3+) e ferrosos (Fe2+) em

meio aquoso básico.

- Incorporar o material magnético às esferas com derivados da quitosana

modificada (QTS-Bz e OC-Bz) através da metodologia de imobilização

enzimática e encapsulamento através da reticulação quitosana:cálcio utilizando

o alginato de sódio/cálcio, e determinar a eficiência da incorporação da lipase

ao sistema;

- Determinar as condições ótimas da atividade catalítica do

biocatalisador utilizando a reação de esterificação do ácido láurico através da

quantificação do éster determinando a taxa de conversão do ácido utilizado;

- Extrair o óleo das sementes da Aleurites moluccana;

- Obter os ésteres de cadeia longa através da reação de

transesterificação utilizando o óleo da Aleurites moluccana e o biocatalizador

contendo a lipase;

- Determinar a taxa de conversão do óleo por RMN-H1;

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

18

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Biodiesel

A disponibilidade de energia é um pré-requisito básico para o avanço

econômico de um país e sua demanda é exponencialmente crescente frente ao

desenvolvimento populacional e industrial. As fontes comuns de energia são

petróleo, gás natural e carvão, obtidos de combustíveis fósseis provenientes de

fontes não renováveis de energia. Seu consumo excessivo, crescente e

necessário; e o provável esgotamento das fontes não renováveis, remete ao

aumento do preço dos combustíveis e a uma grande preocupação sobre a

segurança energética de cada país (JUAN et al., 2011).

Além disso, existem muitas desvantagens da utilização de combustíveis

fósseis como principal fonte de energia mundial, principalmente no que diz

respeito às questões ambientais. Emissões de gases resultantes da combustão

de tais combustíveis fósseis são a principal fonte de gases com efeito estufa

que contribuem para o aquecimento global, além de serem fontes importantes

de poluição do ar, que consistem de monóxido de carbono (CO), óxidos de

nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), hidrocarbonetos (HC), partículas e

compostos cancerígenos (HARDING et al., 2007; JUAN et al., 2011).

Encontrar uma alternativa de combustível tem atraído considerável

atenção nos últimos anos devido à limitação dos tradicionais recursos fósseis,

aumento do preço do petróleo bruto e as crescentes preocupações ambientais,

principalmente com as emissões de gases de efeito estufa (LEUNG; WU;

LEUNG, 2010; ZABETI; DAUD; AROUA, 2009).

Dessa forma, o biodiesel foi recentemente considerado o melhor

candidato para a substituição do gasóleo porque ajuda a reduzir o dióxido de

carbono (CO2) e outras emissões poluentes provenientes dos motores; pode

ser utilizado em qualquer motor de ignição sem necessidade de modificação

por apresentar propriedades semelhantes ao diesel; é fabricado a partir de

fontes renováveis; o motor diesel tem melhor desempenho com a utilização do

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

19

biodiesel por apresentar um elevado número de cetano; apresenta elevado

grau de pureza o que eliminaria o uso de lubrificantes; sua produção é

considerada mais eficiente quando comparada aos combustíveis fósseis por

não haver perfuração de poços terrestres e submarinos assim como o processo

de refinaria. O biodiesel permite ainda que uma região se torne independente

em sua necessidade de energia, pois o mesmo pode ser produzido localmente

(LEUNG; WU; LEUNG, 2010; JUAN et al., 2011; MOSER; VAUGHN, 2010).

Além de ser biodegradável e atóxico tornando-o útil também para

aplicações de transportes em ambientes altamente sensíveis, como os

ecossistemas marinhos, por exemplo, o biodiesel é também essencialmente

livre de enxofre e compostos aromáticos (DEMIRBAS, 2009). As reduções de

CO2 líquido chegam a 78% em uma base do ciclo de vida quando comparado

com o diesel convencional. Quanto às reduções sobre emissões de poluentes,

a combustão de monóxido de carbono (CO) do biodiesel puro diminui para

46,7%, as emissões de partículas para 66,7%, de hidrocarbonetos (HC) não

queimados para 45,2%, provando suas vantagens ambientais (HELWANI et al.,

2009).

Segundo um estudo técnico realizado pela United States Environmental

Protection Agency em 2002, as emissões de escape de motores movidos a

biodiesel puro possuem quantidades muito menores de material particulado,

CO e HC em comparação com as emissões de diesel puro, apesar de

apresentar emissões de NOx 10% superiores. Um estudo ainda mais recente,

realizado em 2006 pelo mesmo departamento mostrou que o biodiesel emitiu

54% menos CO, 46% menos HC e 14,7% menos NOx, porém apresentou 0,5%

a mais na emissão de CO2 quando comparado ao diesel. As reduções de

emissões de poluentes são significativas frente à questão ambiental e de saúde

pública segundo a pesquisa, evidenciando a sua aplicação e sendo uma

promissora fonte de energia renovável (SUKKASI et al., 2010).

Quimicamente, o biodiesel é constituído de ésteres metílicos de cadeia

longa (C14-C20) de ácidos graxos provenientes de recursos biológicos como

óleos vegetais, gordura animal, óleos de cozinha e gordura reciclada da

indústria de alimentos, que faz com que 90% da sua composição seja

biodegradada em um período de 21 dias, sendo este um prazo médio de

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

20

decomposição do material no ambiente (LEUNG; WU; LEUNG, 2010; YANG et

al., 2010; ZIEBA et al., 2010).

Óleos vegetais são promissoras matérias-primas para a produção de

biodiesel uma vez que são renováveis e podem ser obtidos em larga escala.

São subdivididos em óleos comestíveis e não comestíveis, sendo mais de 95%

da produção de biodiesel obtida através de óleos comestíveis devido às suas

propriedades. No entanto, a utilização de óleos comestíveis pode provocar

problemas como a competição com o mercado de óleo comestível,

encarecendo a obtenção do óleo e a produção de biodiesel, inutilizando esse

recurso; e pode reforçar o desmatamento de florestas para fins de plantio das

fontes vegetais (JUAN et al., 2011).

Assim, a utilização dos óleos não comestíveis pode ser uma solução,

uma vez que não são adequados para o consumo humano por apresentarem

componentes tóxicos. Além disso, as oleaginosas não comestíveis podem ser

cultivadas em terrenos baldios, sendo desnecessário o desmatamento de

florestas e possuem baixo custo por não haver competição com o mercado de

óleos comestíveis e por apresentarem alto rendimento sem cuidados intensivos

(JUAN et al., 2011; LEUNG; WU; LEUNG, 2010).

Alguns exemplos de plantas oleaginosas não comestíveis são Jatropha

curcas (Pinhão manso), Pongamina pinnata (Karanja), Madhua indica,

Collophyllum iniphyllum (Polanga), Hevea brasiliensis (Seringueira) entre outras

(JUAN et al., 2011).

A Aleurites moluccana, uma oleaginosa conhecida popularmente como

Nogueira-da-Índia, é uma planta pertencente à família Euphorbiaceae e foi

escolhida como fonte para a produção de biodiesel por produzir sementes com

alto teor de óleo não comestível, aproximadamente 30% (m/m) em relação à

amêndoa (AKO; KONG; BROWN, 2005; SANTOS et al 2009; SILVA et al,

2012; SULISTYO et al 2009;).

A origem do biodiesel depende, geralmente, da porcentagem de óleo e

rendimento por hectare plantado e dos cultivos propícios para o clima regional

de cada país. Dessa forma, mesmo que o interesse econômico da produção do

biodiesel esteja voltado para os óleos não comestíveis, nos Estados Unidos, o

óleo de soja é a principal matéria-prima para esse biocombustível, assim como

no Brasil, onde o óleo de soja corresponde a 90 % da matéria-prima utilizada

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

21

para a produção do biodiesel, enquanto que o óleo de canola e o óleo de palma

são as fontes mais comuns na Europa e em países tropicais, respectivamente

(SINGH, SINGH, 2010).

Do ponto de vista químico, os óleos e gorduras de diferentes fontes têm

distintas composições de ácidos graxos, pois variam em seu comprimento de

cadeia e no número de ligações insaturadas que eles contêm (SINGH, SINGH,

2010).

Óleos e gorduras são basicamente insolúveis em água por

apresentarem substâncias hidrofóbicas, sendo comumente referidas como

triglicerídeos ou triacilgliceróis. Assim, óleos e gorduras consistem de 90-98%

de triglicerídeos e pequena quantidade de mono e diglicerídeos (GANESAN et

al., 2009; SINGH, SINGH, 2010).

Os triglicerídeos possuem quantidade significativa de oxigênio em suas

estruturas e, aqueles com um átomo de hidrogênio em falta, formam uma dupla

ligação entre átomos de carbono e são chamados de monoinsaturados, e

aqueles com mais de um hidrogênio em falta são chamados de poliinsaturados.

Triglicerídeos totalmente saturados podem levar a depósitos de carbono em

excesso em motores (SINGH, SINGH, 2010).

Os ácidos graxos são diferentes em relação ao comprimento da cadeia,

grau de insaturação ou presença de outras funções químicas. Além disso, óleo,

éster, e o diesel têm números diferentes de compostos de hidrogênio, porém o

óleo diesel não apresenta grande quantidade de oxigênio em sua

estrutura, formando uma boa qualidade de combustível (GANESAN et al.,

2009).

Por outro lado, a resistência à oxidação no caso dos óleos vegetais

é marcadamente influenciada pela composição de ácidos graxos. A grande

dimensão das moléculas de óleo vegetal (geralmente três ou mais vezes

maiores que as moléculas de combustível de hidrocarbonetos) e a presença de

oxigênio nessas moléculas sugere que algumas propriedades do combustível

proveniente de óleos vegetais diferem das de hidrocarbonetos (GANESAN et

al., 2009; SINGH, SINGH, 2010).

Combustível para motores diesel à base de petróleo apresentam

estruturas químicas diferentes de óleos vegetais e ésteres. O primeiro contém

apenas átomos de carbono e hidrogênio, que são organizados em cadeia linear

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

22

normal ou ramificados. As estruturas lineares são preferidas para uma melhor

qualidade de ignição. O diesel derivado de petróleo é composto por cerca de

75% de hidrocarbonetos saturados (n-alcanos e cicloalcano), e 25% de

hidrocarbonetos aromáticos (incluindo naftalenos e alquilbenzenos), sendo esta

uma quantidade insuficiente para causar problemas de oxidação do

combustível. A fórmula química média do diesel comum é C12H23, variando de

cerca de C10H20 a C15H28 (SINGH, SINGH, 2010).

Os óleos vegetais contêm ácidos graxos, fosfolipídios, fosfatídeos,

carotenoides, tocoferóis, compostos de enxofre e água. Os ácidos graxos que

são comumente encontrados em óleos vegetais são o esteárico, palmítico,

oleico, linoleico e linolênico. Os triglicerídeos apresentam peso molecular entre

800 e 900 e são, portanto, quase quatro vezes maiores que o normal para

moléculas de combustível diesel (GANESAN; RAJENDRAN; THANGAVELU,

2009).

Os diversos óleos vegetais e ésteres são distinguidos por suas

composições de ácidos graxos. Essa composição é utilizada para prever a

qualidade de ésteres metílicos ou etílicos do óleo para o uso como biodiesel.

Tendo como exemplo 26 espécies, incluindo Azadirachta indica, Calophyllum

inophyllum, Jatropha curcas e Pongamia pinnata foram selecionadas como

sendo adequadas para uso como biodiesel, pois elas atendem as

especificações das principais normas de produção de biodiesel de

organizações dos EUA, Alemanha e Europa (GANESAN; RAJENDRAN;

THANGAVELU, 2009; SINGH; SINGH, 2010).

3.2 Aplicação de ésteres de cadeia longa na indústria farmacêutica

Os ésteres de cadeia longa são muito utilizados na área farmacêutica.

Um dos principais exemplos se refere aos ésteres de ácido graxos de

sacarose, por serem muitos abundantes. Esses ésteres foram aprovados em

1959, no Japão, para uso como aditivos alimentares e, posteriormente, foi

aprovado para aplicação como surfactantes não-iônicos e emulsionantes. A

grande vantagem destes compostos reside no seu metabolismo total e

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

23

biodegradabilidade (POLAT, LINHARDT, 2001; SZÜTS; SZABÓ-RÉVÉSZ,

2012).

Monoésteres de sacarose são compatíveis com a pele, eles provocam

pouca ou nenhuma irritação, sugerindo aplicações na área de cosmetologia e

estética, incluindo preparações para a pele, tratamentos de cabelo e

formulações desodorizantes. Eles também têm utilidade na formulação e

liberação de fármacos na indústria farmacêutica (POLAT, LINHARDT, 2001;

SZÜTS; SZABÓ-RÉVÉSZ, 2012).

Exemplos de monoésteres de sacarose incluem o estearato, oleato,

palmitato, miristato e geralmente contêm 70% de monoésteres e 30% de di-, tri-

, e ésteres superiores. Esses compostos têm se mostrado promissores como

surfactantes, detergentes e emulsificantes quando comparados com o

desempenho de outros compostos tensoativos (POLAT, LINHARDT, 2001;

SZÜTS; SZABÓ-RÉVÉSZ, 2012).

A sacarose é uma molécula altamente quiral disponível em quantidades

a granel e com um custo relativamente baixo. A acilação regioespecífica da

sacarose proporciona tensioativos de forma semelhante e altamente quirais.

Estes surfactantes são capazes de interações específicas com outras

moléculas quirais, tais como proteínas, ácidos nucleicos, e polissacarídeos e a

exploração da especificidade quiral pode ter importância também na área

farmacêuticas (POLAT, LINHARDT, 2001; SZÜTS; SZABÓ-RÉVÉSZ, 2012).

Outro exemplo comum de éster de cadeia longa, muito utilizado na área

farmacêutica, são os ésteres de celulose. Esses compostos são aplicados em

formas sólidas de dosagem de fármacos, usados tipicamente para o controle

da liberação desses fármacos.

3.3 Métodos de obtenção de ésteres de cadeia longa

(biocombustível)

Existem diferentes métodos de produção de biodiesel, tais como uso

direto e mistura, microemulsão, craqueamento térmico (pirólise) e

transesterificação (BISEN et al., 2010; HELWANI et al., 2009; JUAN et al.,

2011).

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

24

Algumas metodologias propostas no passado, tais como a pirólise e a

quebra de óleos e gorduras podem produzir compostos que são menores do

que a sua fonte de triglicerídeos e, portanto, adequados para serem utilizados

como combustível. No entanto, a pirólise não é muito seletiva e uma ampla

gama de compostos é geralmente obtida. Dependendo da fonte de

triglicerídeos e do método pirolítico empregado, alcanos, alcenos, aromáticos,

ésteres, CO2, CO, H2 e água são produzidos em proporções variadas. A

remoção de oxigênio a partir de moléculas de substrato é outra desvantagem

dos métodos de produção pirolítico. Biocombustíveis obtidos por pirólise de

triglicerídeos podem ser ambientalmente menos interessantes do que os

combustíveis derivados do petróleo em termos de teor de oxigênio. Além disso,

os resíduos sólidos que são criados durante a pirólise de triglicerídeos

requerem etapas de separação adicional (BISEN et al., 2010; HELWANI et al.,

2009; JUAN et al., 2011).

O craqueamento catalítico tem sido utilizado em um esforço

para controlar os tipos de produtos gerados pela quebra de triglicerídeos,

utilizando uma grande variedade de catalisadores. De todos esses métodos, o

mais comum para a produção de biodiesel é a transesterificação (BISEN et al.,

2010; HELWANI et al., 2009; JUAN et al., 2011).

A transesterificação consiste na produção de três moléculas de ésteres

alquílicos a partir de uma molécula de triglicerídeo, formando o glicerol como

subproduto em uma razão molar de 1:1 glicerol:triglicerídeo. O processo geral é

normalmente uma sequência de três etapas consecutivas e reversíveis. Na

primeira etapa, o triacilglicerol reage com uma molécula de álcool formando

diacilglicerol, na segunda etapa, a partir do diacilglicerol é formado

monoacilglicerol, e na última etapa, o glicerol é obtido a partir do

monoacilglicerol (BISEN et al., 2010; MARTINS; PRADO, 2008; SAMIOS et al.,

2009; YAN et al., 2010).

Em todas estas reações, ésteres são produzidos, como é possível

observar na figura 1, ilustrando a reação ideal de transesterificação com um

álcool primário e na figura 2, ilustrando a reação real de transesterificação

também utilizando um álcool primário, observada durante a produção do

biodiesel; uma vez que a reação nunca ocorre de forma ideal, ou seja, com

100% de conversão (BISEN et al., 2010; MARTINS; PRADO, 2008; SAMIOS et

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

25

al., 2009; YAN et al., 2010). Samios et al. (2009) relatam conversões

superiores a 97% na transesterificação de girassol e óleo de linhaça,

correspondente a 85% de rendimento.

Entre os álcoois que podem ser utilizados no processo de

transesterificação, pode-se mencionar o metanol, etanol, propanol, butanol e o

álcool amílico. O metanol e o etanol são utilizados com mais frequência, sendo

o metanol o preferido para todo o desenvolvimento comercial devido ao baixo

custo e suas vantagens físicas e químicas (álcool de cadeia curta e polar)

(BISEN et al., 2010; MARTINS; PRADO, 2008; SAMIOS et al., 2009; YAN et

al., 2010).

O

O

O

R3

O

R2

O

R1

O

+ 3 OH R4

R1

O

O R4

R2

O

O

R4

R3

O

O

R4

+ OH

OH

OH

cat

Figura 01. Processo ideal de transesterificação (MARTINS; PRADO, 2008).

O

O

O

R3

O

R2

O

R1

O

+ 3 OH R4R

1

O

OR4 +

cat

OH

O

O

R3

O

R2

O

OH

O

O

R3

O

R2

O

3 OH R4cat

R2

O

OR4 OH

OH

O

R3

O

+

OH

OH

O

R3

O

+

+ 3 OH R4

cat

R3

O

OR4

+ OH

OH

OH

1a etapa

2a etapa

3a etapa

Figura 02. Processo real de transesterificação (MARTINS; PRADO, 2008).

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

26

Os parâmetros que afetam significativamente a taxa de reação na

transesterificação incluem a temperatura de reação, a relação molar

álcool/óleo, a concentração e o tipo do catalisador utilizado para acelerar a

reação. A transesterificação pode ser realizada em temperaturas diferentes, e

o aumento da produção de éster metílico está relacionado ao aumento da

temperatura da reação. No entanto, se a temperatura chegar ao ponto de

ebulição do metanol, bolhas serão formadas, inibindo a transferência de massa

na interface da reação. Na reação de transesterificação, a relação

estequiométrica do álcool e do óleo é de três mols de álcool para um

mol de óleo, podendo utilizar o álcool em excesso para favorecer a

formação de ésteres metílicos (ZABETI et al., 2009).

A reação de transesterificação pode ser realizada através de processos

não-catalíticos ou utilizando catalisadores que beneficiam o processo industrial

devido à aceleração da reação. Catalisadores ácidos, básicos e enzimáticos

são três categorias muito estudadas para a produção de biodiesel (JUAN et al.,

2011; ZABETI et al., 2009).

A transesterificação utilizando catálise ácida inclui a combinação de três

reações reversíveis, como mostrado na Figura 3. Os ácidos comumente

empregados são HCl, H2SO4, BF3 e ácidos sulfônicos. No entanto, a catálise

ácida é muitas vezes mais lenta do que a básica. A velocidade da reação de

produção de biodiesel com catalisador ácido está relacionada com as

condições da reação de transesterificação, como a razão molar

álcool/triglicerídeos, a temperatura, a concentração do catalisador, a pureza

dos reagentes que afetam a velocidade e o equilíbrio químico (SAMIOS et al.,

2009).

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

27

Figura 03. Mecanismo de transesterificação utilizando catalisador ácido

(MARTINS; PRADO, 2008).

A catálise básica é o processo de transesterificação mais utilizado

industrialmente. Apresenta muitas vantagens, já que é uma reação rápida e

utiliza baixa razão molar álcool/triglicerídeos, apresentando bons

rendimentos. No entanto, a catálise básica exige condições mais rígidas do que

quando comparada com a catálise ácida e a presença de água pode levar à

hidrólise irreversível dos lipídios (MARTINS; PRADO, 2008).

Pode formar emulsão se a concentração do catalisador for maior do

que o necessário. Essencialmente, as espécies utilizadas nesse processo são

hidróxido de potássio, hidróxido de sódio, e bases de Lewis em geral; exceto os

óxidos que formam sistemas heterogêneos (SAMIOS et al., 2009).

O

O

O

R3

O

R2

O

R1

O

H+

O

O

O

R3

O

R2

O

R1

O+

H

O

O

O

R3

O

R2

O

R1

OH

+

HOR

O

O

O

O

R3

R2

O

R1

OHH

+R

- H+

O

O

O

R3

R2

O

R1

OHOR

- H+O

+

O

O

R3

R2

O

R1

OHO

H

R

- H+

R1

O

O

R+ OH

O

O

R3

O

R2

O

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

28

A figura 4 mostra o mecanismo de reação da transesterificação

utilizando a catálise básica, onde ocorre a formação das espécies

ativas com forma semelhante à alcóxidos e, estas atacam a carbonila dos

triglicerídeos, originando um intermediário tetraédrico a partir do qual o alquil

éster e o ânion correspondente do diglicerídeo são formados. A

regeneração das espécies ativas ocorre após a liberação do mono alquil éster

e a formação do glicerol ocorre no final do processo. (SAMIOS et al., 2009).

O

O

O

R3

O

R2

O

R1

O

RO-

+O

O

O

R3

O

R2

O

R1

O-

OR

HOR

R1

O

O

R+ OH

O

O

R3

O

R2

O

OH-

HOR + RO-

+ H2O

+RO-

Figura 04. Mecanismo de transesterificação utilizando catalisador básico

(MARTINS; PRADO, 2008).

Existem dois tipos de catalisadores em função da mobilidade, o

homogêneo e o heterogêneo. A aplicação de catalisadores homogêneos,

ácidos ou básicos, gera mais problemas em relação aos catalisadores

heterogêneos, pois se torna difícil remover o catalisador homogêneo do

produto devido à sua forma líquida e durante a reação pode ocorrer a formação

de efluentes perigosos sendo necessário tratamento para um posterior

descarte. Já os catalisadores heterogêneos são sólidos, o que permite que este

seja separado do biodiesel por uma simples filtração. Além disso, a reutilização

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

29

do catalisador sólido também se torna possível após a separação do mesmo

(JUAN et al., 2011).

Reações enzimáticas para a produção de biodiesel tem atraído muita

atenção nos últimos anos, uma vez que as enzimas apresentam tolerância a

ácidos graxos livres e água em óleo, evitando a formação de sabão e tornando

a purificação do biodiesel e do glicerol mais fácil (JEGANNATHAN et al., 2010;

SAMIOS et al., 2009).

3.4 Catálise enzimática para a obtenção de biodiesel

Lipases (EC 3.1.1.3) são enzimas hidrolíticas versáteis que podem ser

obtidas a partir de animais e plantas, bem como de microrganismos naturais e

recombinantes com bons rendimentos. As enzimas desempenham papéis

essenciais na digestão, transporte e processamento de lipídios como os

triglicerídeos, gorduras e óleos; na maioria ou senão em todos os organismos

vivos (TAN et al., 2010; TOMIN et al., 2010; WANG et al., 2006).

Lipases microbianas, por exemplo, são fundamentais na obtenção de

queijos, iogurtes, vinhos, provando seu importante papel na vida cotidiana do

ser humano há muitos anos. No entanto, as lipases também estão sendo

exploradas como biocatalisadores multíplices em aplicações mais modernas,

como a produção de biodiesel, por exemplo, pois possuem a capacidade

intrínseca de catalisar a clivagem de ligações éster carbóxi em tri-, di-,

monoacilglicerol e ácidos graxos (TAN et al., 2010; TOMIN et al., 2010; WANG

et al., 2006).

Além disso, são considerados biocatalisadores flexíveis, pois podem

catalisar uma grande variedade de reações enantio e regiosseletivas tais como

hidrólise, esterificação, transesterificação, aminólise a amoniólise. A reação de

esterificação ou hidrólise geralmente ocorre com alta regio- e/ou

enantiosseletividade, fazendo das lipases um importante grupo de

biocatalisadores na química orgânica. Possuem ainda, excelente atividade e

estabilidade em meios não aquosos, facilitando a reação de transesterificação

no processo de produção do biodiesel (TAN et al., 2010; YIGITOGLU;

TEMOÇIN, 2010).

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

30

As principais lipases microbianas utilizadas na produção de biodiesel

são Candida antarctia, Candida rugosa, Rhizopus pryzae, Pseudomonas

cepacia e Mucor miehei (GHIACI et al., 2009; YANG; SOHN; KIM, 2009; YI;

NOH; LEE., 2009)

Quando a transesterificação química (com catalisadores sólidos) é

utilizada na produção do biodiesel, a reação apresenta baixo tempo e altos

rendimentos, porém, apresenta grandes desvantagens durante o processo

como exigência de elevada energia, dificuldades na recuperação do catalisador

e do glicerol como subproduto e potenciais de poluição do meio ambiente (TAN

et al., 2010).

A lipase como catalisador biológico, quando comparada com

catalisadores químicos, se sobressai, pois acelera a reação em condições

brandas de temperatura, não produz poluentes, apresenta facilidade na

remoção da solução (imobilização) e pode ser reutilizada várias vezes (TAN et

al., 2010). Tahir, Adnan e Mischnick (2009) realizaram quatro ciclos de

reutilização da matriz com a enzima imobilizada, tendo como resultado um

decréscimo na conversão de 80% para 70%. Já Yang, Sohn e Kim (2009)

obtiveram maior estabilidade operacional, mantendo a atividade inicial da

enzima em 85% durante dez ciclos.

Uma particularidade interessante das lipases refere-se ao seu

mecanismo de atuação, chamado de ativação interfacial. A maioria

das lipases tem uma cadeia de oligopeptídeos que funcionam como uma

"tampa" que cobre o seu sítio ativo fazendo com que se torne inacessível ao

substrato. Na ausência de uma interface hidrofóbica, o sítio ativo

é isolado do meio reacional formando a chamada “conformação fechada ou lid”.

Já na presença de uma interface hidrofóbica, importantes rearranjos

conformacionais ocorrem, resultando na “conformação aberta”, onde o lid é

deslocado expondo a o sítio ativo e permitindo o acesso do substrato. Além

disso, as lipases mostram alta afinidade por interfaces hidrofóbicas, incluindo

suportes quimicamente modificados com agentes hidrofóbicos. A estrutura

tridimensional da lipase proveniente da Candida rugosa é ilustrada na figura 05

(GAO et al., 2009; MENDES et al., 2010; WU et al., 2010).

O mecanismo de atuação das lipases é explicado através de sua

estrutura tridimensional e dos sítios ativos que possuem, o qual consiste de

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

31

uma tríade de aminoácidos; o resíduo nucleofílico da serina, o resíduo de sítios

ácidos (aspartato ou glutamato) e ainda, o resíduo de histidina. Essa sequência

de resíduos classificam as lipases como serino hidrolases (RODRIGUES,

2009).

Figura 05. Estrutura tridimensional da lipase de Candida rugosa. (a)

Conformação fechada. (b) Conformação aberta. (RODRIGUES, 2009).

O mecanismo de ação dessas enzimas apresenta quatro etapas, onde

ocorre a hidrólise da ligação éster presente em acilgliceróis, liberando o

ácido graxo e glicerol (RODRIGUES, 2009).

Na primeira etapa, ocorre um ataque do par de elétrons do átomo de

oxigênio, presente no grupamento OH do resíduo nucleofílico da serina, no

carbono da carbonila que forma a ligação éster do substrato. A propriedade

nucleofílica apresentada por esse átomo de oxigênio é aumentada pela

presença do aminoácido histidina, pois o próton do grupo OH da serina é

transferido para a histidina, que possui um anel imidazol, estabilizando a carga

formada. Na segunda etapa ocorre a formação de uma estrutura intermediária

tetraédrica, caracterizada pela carga negativa do átomo de oxigênio da

carbonila que é estabilizada pela interação de ligações de hidrogênios de dois

peptídeos através do grupos NH (DALLA-VECCHIA; NASCIMENTO; SOLDI,

2004; RODRIGUES, 2009; SKORONSKI, 2006).

A terceira etapa, também intermediária, é caracterizada pela formação

de uma ligação entre o próton do grupo imidazol da histidina com o oxigênio do

éster presente no intermediário tetraédrico formado anteriormente, sofrendo

clivagem e liberando um álcool. A água presente no meio é essencial para a

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

32

atividade enzimática porque é ativada pelo aminoácido histidina que libera o

grupo OH, o qual ataca o carbono da carbonila do grupo acil ligado ao

aminoácido da serina (DALLA-VECCHIA; NASCIMENTO; SOLDI, 2004;

RODRIGUES, 2009; SKORONSKI, 2006).

Por fim, a quarta etapa é caracterizada pela ação da histidina que doa

um próton do grupo imidazol para o átomo de oxigênio da serina, liberando o

grupo acil do ácido carboxílico formado. Após a difusão do ácido carboxílico,

inicia-se outro ciclo catalítico (DALLA-VECCHIA; NASCIMENTO; SOLDI, 2004;

RODRIGUES, 2009; SKORONSKI, 2006).

O metanol é geralmente utilizado como aceptor acila para a

produção biológica de biodiesel. No entanto, a sua presença pode inibir a

atividade da lipase e diminuir a produtividade do biodiesel, aumentando

o custo da suplementação enzimática, pois o metanol é insolúvel no óleo e as

lipases imobilizadas são facilmente inativadas pelo contato com gotículas de

metanol. Contudo, é um álcool simples, de cadeia curta e polar, sendo o

substrato mais utilizado devido ao baixo custo, o que o torna muito acessível

(JUNG et al. 2010; LI; ZHENG; YAN, 2010).

O glicerol, subproduto da reação é hidrofílico e insolúvel em óleos e

é facilmente adsorvido na superfície da lipase imobilizada, reduzindo a

estabilidade operacional do sistema. Para superar este efeito inibitório

do metanol, várias estratégias têm sido desenvolvidas. A adição de co-

solventes como o n-hexano e o tetrahidrofurano podem aliviar

esses obstáculos até certo ponto, mas um complexo processo deve ser

implementado para removê-los do meio reacional. Com o intuito de superar a

desativação da lipase e melhorar a eficiência do processo, o acetato de metila

e o acetato de etila já foram propostos como aceptores de grupamento acila. A

adição de etanol também já foi proposta para evitar a desativação inicial da

lipase e apresentou conversão de 90 a 95%, porém em um tempo reacional

muito longo, de 50 a 70 horas (JUNG et al. 2010; LI; ZHENG; YAN, 2010).

Assim, os processos detalhados, incluindo as condições ambientais e

os métodos de adição de metanol devem ser otimizados para maximizar o

rendimento de conversão e produtividade de biodiesel. O t-butanol pode ser um

promissor solvente na transesterificação com catálise enzimática (JUNG et al.

2010; LI; ZHENG; YAN, 2010).

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

33

Não é possível utilizar a lipase solúvel na síntese orgânica porque os

solventes e ácidos graxos livres são meio natural e substrato para a lipase.

Estes produtos químicos podem desnaturar a enzima, extraindo os últimos

vestígios de água da proteína, uma quantidade mínima que é essencial para a

manutenção das estruturas quaternárias da molécula enzimática, tal qual as

forças de estabilização, componente de sal, interações hidrofóbicas e ligações

de hidrogênio, que são alteradas em ambiente biológico. Além disso, os ácidos

graxos também podem desnaturar a enzima pela protonação se o pH estiver

baixo (TAHIR et al. 2009; TAN et al. 2010).

Um dos gargalos para aplicação industrial da lipase é o alto custo do

biocatalisador. A imobilização de enzimas é uma estratégia frequentemente

utilizada para superar problemas como a estabilidade de armazenamento,

capacidades operacionais térmicas e conformacionais e o elevado custo da

aquisição e utilização da enzima. Além de que, os efeitos estabilizadores e a

qualidade dos produtos também podem ser melhorados, evitando subprodutos

ou intermediários indesejáveis. Outro aspecto importante relacionado com a

imobilização refere-se à separação facilitada da enzima, podendo ser

reutilizada e tornando o processo economicamente mais viável. A técnica de

imobilização também influencia nas propriedades do biocatalisador e na

cinética da reação orgânica (TAHIR et al., 2009; TAN et al., 2010).

3.5 Imobilização enzimática

Muitas técnicas de imobilização de lipases têm sido desenvolvidas nos

últimos anos. Elas podem ser classificadas em quatro tipos: adsorção de

materiais à base de polímeros orgânicos ou inorgânicos; encapsulamento;

ligação covalente e reticulação com a utilização de uma molécula ‘ponte’ como

o glutaraldeído (DA RÓS et al., 2010; YANG et al., 2009).

Entre esses métodos, a adsorção tem sido habitualmente utilizada por

ser um processo de produção mais simples e de alta atividade. A adsorção em

suportes hidrofóbicos tem sido amplamente utilizada para lipases devido suas

características de ser hiperativada em interfaces hidrofóbicas; esse mecanismo

é chamado de ativação interfacial. No entanto, as enzimas adsorvidas

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

34

geralmente exibem pouco reaproveitamento devido à fraca interação entre as

enzimas e o suporte (DA RÓS et al., 2010; YANG et al., 2009).

Nos últimos anos, um método de imobilização foi desenvolvido baseado

no conceito de “reticulação”, envolvendo as seguintes etapas: moléculas de

enzima são ligadas covalentemente ao suporte, em seguida, outras moléculas

de enzima e seus agregados são reticuladas com glutaraldeído. Desta forma, a

carga mais elevada da enzima pode ser alcançada, resultando no aumento da

atividade global da enzima e em uma maior estabilidade do biocatalisador

imobilizado (DA RÓS et al., 2010; YANG et al., 2009).

O mecanismo de imobilização enzimática utilizando o método de

reticulação em uma matriz de quitosana pode ser observado na figura 06.

Nessa metodologia a enzima é imobilizada ao suporte através de um cross-

linking formado pela adição do glutaraldeído, permitindo que os sítios ativos da

enzima fiquem expostos e livres para que ocorra a catálise.

O

NH2OH

O

OHO

H

O

H

Lipase NH2

O

NOH

O

OH

N NH2Lipasen n

Figura 06. Mecanismo de imobilização enzimática por cross-linking em um

suporte de quitosana (YI; NOH; LEE, 2009).

Outro método tem-se tornado expansivo no que se refere à imobilização

de proteínas, o encapsulamento ou microencapsulamento, que consiste na

utilização de biopolímeros para a formação de microesferas ou microcápsulas

como carreadores. Biopolímeros são predominantemente escolhidos para

produzir as microcápsulas devido as suas vantagens, como biocompatibilidade,

biodegradabilidade e atoxicidade (MLADENOVSKA et al., 2007).

O alginato, um polissacarídeo natural, tem sido considerado um dos

biopolímeros mais adequados para a produção de microcápsulas devido sua

composição e estrutura, pois contêm dois ácidos urônicos, o ácido β-D(1-4)

manurônico (M) e o ácido α-L(1-4) gulurônico (G), e é composto por blocos

homopoliméricos M-M e G-G assim como blocos com alternâncias de

sequências (M-G). Além disso, o alginato de sódio possui uma propriedade

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

35

única de cross-linking ou reticulação quando em contato com cátions

multivalentes, como íons de cálcio em meio aquoso; formando complexos com

as sequências G-G da cadeia polimérica que por sua vez, originam as ‘junções

de caixas de ovos”. Assim, o alginato forma uma estrutura reticulada em

contato com os íons de cálcio e esta rede pode armazenar e transportar

proteínas (FINOTELLI et al., 2010).

Outro biopolímero, a quitosana, tem sido comumente associada ao

alginato na formação reticulada das microesferas devido à forte interação

eletrostática dos grupos amino com os grupos carboxílicos do alginato, o que

leva a formação do complexo quitosana/alginato que torna a microcápsula mais

resistente (FINOTELLI et al., 2010; ZHANG et al., 2011). O complexo

polieletrolítico entre a quitosana e o alginato tem sido utilizado na formação de

microcápsulas para liberação modificada e controlada de fármacos como a

insulina e outras substâncias sendo relatado por Finotelli et al. (2010).

As cápsulas formadas através do complexo quitosana-alginato podem

ser obtidas através de dois procedimentos diferentes; um método de passo

único, onde um complexo de coacervado é formado na interface entre as

soluções de alginato e quitosana quando a solução de alginato é descartada

diretamente em uma solução de cloreto de cálcio misturado com a quitosana. O

outro método é composto por dois passos, onde as cápsulas de alginato-cálcio

são recuperadas e posteriormente revestidas com quitosana (GASEROD et al.,

1998,; MLADENOVSKA et al., 2007).

Nesse contexto, torna-se importante a escolha de um suporte adequado

para a imobilização, levando em conta, principalmente, a sua interação com a

enzima, pois esta possui grande influência sobre a estabilidade e cinética o

processo.

3.6 Quitosana e seu derivado N-benzil

A quitosana (figura 07) é um polissacarídeo facilmente obtido por

hidrólise alcalina da quitina e tem sido utilizada em áreas farmacêuticas, na

formulação de medicamentos, como carreadores de liberação modificada de

fármacos e na engenharia de tecidos. É considerado um suporte adequado

para a imobilização enzimática porque é biocompatível, está disponível de

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

36

várias formas (gel, membrana de fibra e filme), é atóxico e passível de

modificações químicas. Anteriormente, grânulos de quitosana eram utilizados

para a imobilização de w-Transaminase, enzima útil na área farmacêutica

(CHIOU; WU, 2004; DENG et al., 2009; YI et al., 2009). Além disso, seu uso

está relacionado a vantagens ambientais, econômicas e sociais (MARTINS;

PRADO, 2008; KRAJEWSKA, 2004).

O OO

OH NH2

OH

n

Figura 07. Estrutura da quitosana (QTS) (KRAJEWSKA, 2004).

A quitosana tem grupos reativos amino (-NH2) e hidroxila (-OH) que,

após modificações químicas, podem fazer ligações covalentes com grupos

reativos da enzima. Devido a seus grupos amina a quitosana é um polieletrólito

catiônico (pKa= 6,5), sendo insolúvel em soluções aquosas neutras, mas

solúvel em soluções ácidas com pH abaixo de 6,5. As propriedades mecânicas

do polímero podem ser melhoradas através da reticulação adicional usando

reagentes bifuncionais como glutaraldeído. No método de reticulação as

moléculas de glutaraldeído reagem com grupamentos amino da quitosana e da

enzima (RODRIGUES et al., 2008).

Muitos estudos já demonstraram que a quitosana é um bom suporte

para a imobilização de lipase, porém, a lipase imobilizada em

quitosana geralmente apresenta menor atividade que a lipase livre, mas possui

a vantagem de ser reaproveitada (JIANG et al., 2005; WU et al., 2010).

A O-carboximetilquitosa (O-CMQTS), observada na figura 08 é o

derivado mais explorado da quitosana, sendo um polímero anfótero, pois é

solúvel em água no qual o grupamento o-hidroxila é substituído por um

grupamento carboximetil através da formação de uma ligação éter, conferindo

ao polímero solubilidade tanto em pH ácido quanto básico (RINAUDO, 2006;

ZHU et al., 2005).

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

37

O

O

NH2

O

OH

CH2COOH

Figura 08. Estrutura do principal monômero da O-CMQTS (DEBRASSI, 2008).

Um derivado da O-CMQTS estudado para aplicações farmacêuticas é a

O-carboximetilquitosana-N-benzil (OC-Bz) (Figura 09) no qual ocorre a

inserção de um grupamento benzil proveniente da adição do benzaldeído no

nitrogênio do monômero de O-CMQTS, conferindo a esse polímero uma região

hidrofílica (solúvel em água), condicionada pelo comportamento do ácido

carboxílico presente na estrutura e uma região hidrofóbica (solúvel apenas em

lipídios e solventes orgânicos), condicionada pela inserção do anel aromático,

caracterizando uma estrutura anfifílica (DEBRASSI, 2008).

O

O

NH

O

OH

CH2COOH

Figura 09. Estrutura do principal monômero da OC-Bz (DEBRASSI, 2008).

O derivado mencionado acima tem sido utilizado como auxiliar na

dissolução de compostos bioativos pouco solúveis, no preparo de matrizes

para a imobilização enzimática e em formulações para liberação de fármacos

em aplicações farmacêuticas (DEBRASSI, 2008; DEBRASSI, 2011; ROSA,

2008; BRESSAN, 2009; SANTOS, 2010).

3.7 Nanopartículas magnéticas

Recentemente, as nanopartículas magnéticas têm surgido como uma

alternativa para facilitar a remoção do material enzimático ligado ao suporte de

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

38

imobilização para que possa vir a ser reutilizado, beneficiando

economicamente o processo de transesterificação dos óleos vegetais para a

produção de biodiesel. As razões da escolha de partículas magnéticas para

este fim se dão, quanto ao tamanho do material de suporte, sendo este

normalmente em escala nanométrica. Sendo assim, por possuir propriedades

superparamagnéticas, as nanopartículas magnéticas podem facilmente

controlar a reciclagem do catalisador biológico empregado com a aplicação de

um campo magnético. Sendo assim não há necessidade de caros sistemas de

cromatografia líquida, centrífugas, filtros ou outros equipamentos para a

remoção do suporte (HU et al., 2009; JIANG et al., 2009; LEE et al., 2009).

Alguns artigos têm proposto o uso de nanopartículas magnéticas

como suporte para a imobilização da enzima como mostrado por Dussan e

colaboradores (2010), Lei e colaboradores (2009) e Wu e colaboradores

(2009).

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

39

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Síntese dos materiais 4.1.1 Síntese da O-CMQTS

A O-CMQTS foi sintetizada de acordo com método previamente descrito

na literatura (CHEN; PARK, 2003). Inicialmente, 27 g de hidróxido de sódio

foram dissolvidos em 20 mL de água e 180 mL de isopropanol, sendo

adicionado posteriormente 20 g de quitosana (lote H0512-A2, adquirida da

Purifarma Distribuidora Química e Farmacêutica Ltda, peso molecular de 265

g/mol, com grau de desacetilação de 80%). A solução permaneceu agitando

durante uma hora a 0 oC, sendo armazenada no freezer a 0oC por um período

mínimo de 24 horas. Após o tempo determinado, a mistura foi retirada do

freezer, e uma solução com 30 g de ácido monocloroacético dissolvidos em 40

mL de isopropanol foi gotejada na mistura que reagiu por, no mínimo, 24 horas,

conduzida em banho de gelo, à temperatura de 0 oC. Posteriormente, a mistura

foi armazenada novamente no freezer por, no mínimo, 15 dias, mantendo-se a

temperatura de 0 oC. O derivado formado foi filtrado, lavado em etanol 70 % e

seco em dessecador em temperatura ambiente.

4.1.2 Síntese da OC-Bz

Para a síntese da OC-Bz, 20 g da O-CMQTS foram dispersas em 800

mL de água e um equivalente de benzaldeído (10 mL), com base no monômero

da O-CMQTS, sendo previamente dissolvido em metanol foi adicionado à

mistura. Posteriormente, metanol foi adicionado à mistura até que esta

obtivesse um aspecto homogêneo. O pH foi ajustado para aproximadamente

4,0 e a mistura reagiu por 24 horas. Após o tempo determinado, uma solução

aquosa contendo 2 g de boroidreto de sódio foi dissolvida em

aproximadamente 200 mL de água, sendo gotejada à mistura sob agitação por

90 minutos. Os derivados formados foram precipitados, lavados com acetona e

filtrados. O benzaldeído remanescente foi removido e os derivados foram secos

em dessecador.

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

40

4.1.3 Síntese da QTS-Bz

Para a síntese do derivado benzaldeído da quitosana, 30 g de quitosana

(lote H0512-A2, adquirida da Purifarma Distribuidora Química e Farmacêutica

Ltda, peso molecular de 265 g/mol, com grau de desacetilação de 80%) foram

dissolvidos em uma solução de ácido acético a 3% sob agitação. Em seguida,

uma diluição de 20 mL de benzaldeído e metanol foram adicionados à mistura.

Posteriormente, metanol foi adicionado à mistura até que esta obtivesse um

aspecto homogêneo. O pH foi ajustado para aproximadamente 4,0 e a mistura

reagiu por 24 horas. Após o tempo determinado, uma solução aquosa contendo

10 g de boroidreto de sódio foi dissolvida em aproximadamente 200 mL de

água, sendo gotejada vagarosamente à mistura, sob agitação, para não haver

formação de espuma, por 90 minutos. Os derivados formados foram

precipitados, lavados com acetona e filtrados. O benzaldeído remanescente foi

removido e os derivados, por fim, foram submetidos ao dessecador para

secagem e armazenagem.

4.1.4 Preparação do material magnético inorgânico (Fe3O4/ γγγγ-Fe2O3)

As nanopartículas magnéticas foram preparadas através do método

descrito na literatura (WU et al., 2009). Assim, 4,53 g de FeCl3.6H2O e 3,33 g

de FeSO4.(NH2)SO4.6H2O foram dissolvidos em 50 mL de água,

separadamente, de forma a obter a proporção 2:1 de Fe3+:Fe2+. Em seguida, a

solução de FeCl3.6H2O foi adicionada aos poucos à solução de

FeSO4.(NH2)SO4.6H2O e o pH foi mantido em 9,0 utilizando hidróxido de sódio.

As nanopartículas formadas foram filtradas, lavadas com água e acetona e

secas em dessecador.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

41

4.2 Preparação das esferas magnéticas de alginato/cálcio com

derivados da quitosana

Para a preparação das esferas como catalisadores, 0,5 g de um

derivado da quitosana (O-CMQTS, OC-Bz ou QTS-Bz) foram dissolvidos em

100 mL de água sob agitação. Após a dissolução, 2 g de cloreto de cálcio

foram pesados e adicionados à solução, sob agitação e aquecimento. Em outro

béquer, uma solução de alginato de sódio a 1% foi preparada com ajustamento

do pH para aproximadamente 4,0. Após, um equivalente de nanopartículas

magnéticas (0,25 g ou 0,5 g) foram adicionadas a 25 mL da solução de alginato

de sódio; que foi agitada para a incorporação do material magnético e,

posteriormente, 0,5 mL de enzima (Lipozyme 100L TL) foram adicionadas à

mistura (REBELO, 1998).

A solução com o derivado da quitosana e cloreto de cálcio foi colocada

em uma placa de petri e com uma seringa, a mistura de alginato com as

partículas magnéticas e a enzima foi gotejada, formando as esferas através da

reticulação do alginato com o cálcio.

As esferas permaneceram, em repouso, por 6 horas para o

enrijecimento da esfera, foram lavadas com água e posteriormente, uma

solução de glutaraldeído a 5% foi adicionada, permanecendo em contato com

as esferas por um período mínimo de 2 horas. Por fim, as esferas foram

lavadas com água, sendo que o excesso foi removido com papel toalha,

separadas em frações de aproximadamente 2,0 g e armazenadas no

refrigerador até o seu uso (FINOTELLI et al., 2010; MLADENOVSKA et al.,

2007; ZHANG et al., 2011).

4.3 Reação de esterificação com ácido láurico

A reação de esterificação padrão utilizada foi preparada a partir de 0,2 g

de ácido láurico, sendo dissolvidos em 30 mL de hexano ou n-hexanol

(solvente). Uma alíquota de 0,074 mL de álcool butílico ou n-butanol foi

adicionada, assim como 2 g de esferas dos derivados da quitosana.

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

42

Alguns fatores foram alterados para avaliar as condições ótimas de

conversão do ácido láurico, como o tipo de polímero empregado para formar as

esferas (O-CMQTS, OC-Bz e QTS-Bz), as condições de armazenamento das

esferas, a quantidade de esferas empregadas durante a reação de

esterificação (0,10, 0,25, 0,5, 1,0 e 2,0 g) e a temperatura de reação entre 25 e

55 oC. Além desses fatores, vários tipos de álcoois foram empregados como

solventes.

Estas reações foram repetidas para os diferentes tipos de esferas

preparadas com os três polímeros e com diferentes quantidades de material

magnético.

4.3.1 Reutilização do biocatalisador

A reação de esterificação padrão utilizada foi preparada a partir de 0,2 g

de ácido láurico, sendo dissolvidos em 30 mL de hexano ou n-hexanol

(solvente). Uma alíquota de 0,074 mL de álcool butílico ou n-butanol foi

adicionada, assim como 2,5 g de esferas preparadas com a QTS-Bz possuindo

0,25 g de nanopartículas magnéticas de Fe e 0,5 mL de enzima. A mistura

permaneceu sob agitação mecânica, em banho-maria, a temperatura ambiente

durante 24 horas. Em seguida, as esferas foram separadas com a utilização de

um imã e a reação repetida.

4.3.2 Determinação da taxa de conversão do ácido láurico

A quantidade de ácido láurico remanescente após cada etapa de reação

foi determinada através da titulação com o KOH 0,05 M (preparado em etanol

95 % v/v) utilizando a fenolftaleína como indicador. Cinco mL do meio reacional

foram misturados com 10 mL de etanol e titulados até a mudança da coloração

da solução. A taxa de conversão foi calculada a partir da Equação 1

%C = 100 – {[V(t) / V(s.p.)] x 100} Equação 1

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

43

Onde, V(t) é o volume de KOH gasto para consumir o ácido láurico após a

reação e V(solução padrão) é o volume de KOH gasto para consumir a

quantidade de ácido láurico antes de iniciar a reação.

4.4 Extração do óleo da Aleurites moluccana

O óleo foi extraído das sementes da Aleurites moluccana, previamente

secas em estufa a 80 oC por 2 horas, foram quebradas manualmente e

trituradas, sendo, posteriormente, aquecidas sob refluxo, utilizando como

solvente CH2Cl2, CHCl3 e hexano. O material foi filtrado e submetido ao

rotaevaporador para eliminar os solventes utilizados (SANTOS et al 2009).

O óleo obtido na etapa de extração foi avaliado quanto a sua densidade

através do método de picnometria de acordo com metodologia Adolfo Lutz,

2004, calculada pela razão entre a massa da amostra e o volume do

picnômetro.

O rendimento do óleo extraído foi estimado pela regra aritmética a

seguir:

Q1 ..................................................100%

Q2.....................................................X Equação 02

Onde: Q1 se refere a quantidade (g) de sementes secas utilizadas para

extração; Q2 é a quantidade (g) de óleo obtido após extração e X é rendimento

em % do óleo extraído.

4.5 Caracterização do catalisador

4.5.1 Titulação condutimétrica

Para a determinação do grau de carboximetilação da O-CMQTS, a forma

ácida da O-CMQTS foi preparada através da adição de 5 mL de ácido clorídrico

0,25 M em 50 mg da O-CMQTS anteriormente preparada. Em seguida, sob

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

44

agitação magnética constante, foram adicionadas alíquotas de 0,25 mL de

hidróxido de sódio 0,1 M e os valores de condutividade da dispersão foram

obtidos com o auxílio de um condutivímetro Digimed DM-31. Através do gráfico

de condutividade em função do volume de hidróxido de sódio adicionado, com

o prolongamento das curvas ascendente e descendente, foram determinados

os pontos de inflexão V1 e V2. Estes valores foram então aplicados na Equação

03, onde 5,8 é o equivalente em massa correspondente a 0,1 mEq de

CH2COO- e m é a massa em miligramas do polímero (CASU; GENNARO,

1975).

%CH2COO =V2 −V1( )× 5,8 ×100

m Equação 03

4.5.2 Titulação potenciométrica

Para a determinação da porcentagem de grupamentos NH2 livres do

derivado benzilado da quitosana, foram dispersos 0,2 g do polímero em 50 mL

de água, adicionando-se posteriormente 5 mL de ácido clorídrico 0,25 M. Em

seguida, realizou-se a titulação utilizando uma solução de hidróxido de sódio

0,1 M, conforme a variação de pH apresentada. Através dos valores de pH

obtidos com pHmetro, foi construída uma curva de titulação de pH em relação

ao volume de hidróxido de sódio gasto durante a titulação, obtendo a primeira

derivada dessa curva. A porcentagem de grupamentos NH2 livres foi calculada

a partir dos pontos de inflexões obtidos, aplicando-se a fórmula abaixo

(BROUSSIGNAC, 1970):

Equação 04

Onde, V2 corresponde ao volume de neutralização do ácido forte (HCl) em

excesso; V1 refere-se ao volume de neutralização do ácido fraco (NH3+); M é

igual a molaridade do titulante (NaOH) utilizado; m é a massa do polímeros em

gramas, e o valor referente a 16,1 é relativo ao peso molecular do monômero

da D-glicosamina.

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

45

4.5.3 Espectroscopia de infravermelho (IV)

Os espectros no infravermelho dos polímeros foram obtidos via DRS,

utilizando o Espectrômetro de Infravermelho Prestige-21 Shimadzu.

4.5.4 Ressonância magnética nuclear de H1

Os espectros de RMN 1H foram obtidos pela dispersão do polímero em

água deuterada e ácido acético deuterado em temperatura ambiente, utilizando

o Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear Bruker AC-300 a 300 MHz

no Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear do Curso de Farmácia da

UNIVALI.

Para a determinação do grau de substituição da OC-Bz e da QTS-Bz

foram considerados os valores das integrais dos espectros (LIU et al., 2006).

Este método de determinação do grau de substituição baseia-se na relação

entre o valor da integral dos hidrogênios aromáticos (próximo a 7,0 ppm) e do

hidrogênio ligado ao C-2 do anel glicosídico (próximo a 3,0 ppm), conforme a

Equação 05.

GS =AI

1HAr ~ 7,0ppm

AI1HC2 ~ 3,0ppm

×1

N1HAr

Equação 05

Onde:

AI 1HAr: integral dos prótons aromáticos;

AI 1H C2: integral dos prótons do C-2 do anel glicosídico e

N 1HAr: número de prótons do anel aromático.

4.5.5 Determinação do teor de proteína

A quantidade de proteína na enzima Lipozyme 100L TL foi determinada

utilizando o reagente de azul de Comossie e a leitura em comprimento de onda

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

46

de 540 nm. Previamente foi preparada uma curva analítica de albumina sérica

bovina também para determinação da quantidade de proteína (ORREGO et al.,

2010).

4.6 Produção e caracterização de ésteres de cadeia longa

O óleo de Aleurites moluccana (5 g) foi agitado em um erlenmeyer

juntamente com as esferas (2,0 g) a 25ºC e a quantidade equivalente de álcool

para manter a relação molar óleo:álcool (1:10). Portanto 0,150 mL de metanol

foram adicionados em três etapas nos tempos 0, 12 e 24 horas (LI; ZONG; WU,

2009).

O mesmo procedimento foi realizado também sem o catalisador,

somente com a enzima livre. A formação do éster foi acompanhada através de

cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando hexano:acetona:ácido

acético (95:5:0,05) como fase móvel e posterior revelação com ácido

sulfúrico/metanol e aquecimento.

4.6.1 Efeito da reutilização do catalisador

Para avaliar a influência da reutilização do catalisador na produção dos

ésteres de cadeia longa, um sistema foi montado utilizando-se as esferas OC-

Bz 500, reutilizando-as a cada 48 horas.

4.6.2 Determinação da taxa de conversão do éster

A taxa de transesterificação dos componentes do óleo foi analisada por

Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN 1H) em Espectrômetro Bruker 300

MHz, utilizando CDCl3 como solvente e TMS como referência. A conversão foi

determinada através da equação que relaciona a integral do sinal

correspondente aos prótons dos metilenos adjacentes ao grupamento éster nos

triglicérides e ésteres metílicos (δ 2,3) com a do sinal correspondente aos

prótons metóxi dos ésteres metílicos (δ 3,7) (SILVA et al., 2008) Equação 06.

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

47

C=100 x (2 AME) Equação 06

(3 ACH2)

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

48

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Preparação dos materiais 5.1.1 Síntese e caracterização da O-CMQTS

A síntese da O-CMQTS ocorre através de uma reação de substituição

nucleofílica bimolecular (SN2), na qual o ataque nucleofílico ao átomo de

carbono ligado ao cloro acontece simultaneamente à expulsão do grupo de

saída formando um éter (Figura 10).

Figura 10. Esquema da síntese da O-CMQTS a partir da quitosana (DEBRASSI,

2011).

As baixas temperaturas empregadas durante o processo de síntese da

O-CMQTS têm como objetivo direcionar a substituição do grupamento ácido

carboxílico para o álcool primário do monômero da quitosana, pois este

encontra-se menos impedido estericamente quando comparado com o álcool

secundário também encontrado na estrutura do polímero. A substituição do

álcool primário ainda permite que o grupamento amina fique livre

estericamente, para que esta possa, posteriormente, reagir com o benzaldeído

formando o derivado anfifílico OC-Bz (CHEN; DU; ZENG, 2003; DEBRASSI,

2011; ROSA, 2008). .

A condição alcalina e a utilização do isopropanol como meio reacional

são fundamentais para diminuir a cristalinidade do polímero deixando a

estrutura amorfa e permitindo o acesso do ácido monocloroacético a estrutura

polimérica, possibilitando assim a carboximetilação, uma vez que o isopropanol

possui baixa constante dielétrica sendo um solvente ruim para o NaOH,

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

49

favorecendo uma alta concentração da base na superfície da quitosana e,

consequentemente, um maior rompimento da sua estrutura cristalina (CHEN;

DU; ZENG, 2003; DEBRASSI, 2011; ROSA, 2008).

A O-CMQTS foi obtida na forma salina utilizando 20 g de quitosana

como material de partida e apresentando 40 g de rendimento ao final da

reação, sendo uma pequena parte desta transformada na forma ácida para a

determinação do grau de carboximetilação através da titulação condutimétrica

que baseia-se na substituição dos íons com determinada condutividade por

outros com condutividade diferente (MUZZARELLI et al., 1982).

Através dos volumes correspondentes aos pontos de inflexão, obtidos

através da curva de titulação condutimétrica da O-CMQTS na forma ácida

utilizando NaOH 0,1 M como agente titulante (Figura 11) foi determinado o grau

de carboximetilação do derivado testado.

0 1 2 3 4 5200

400

600

800

1000

1200

2,250,84

Con

dutâ

ncia

(µS

/cm

)

Volume de NaOH (mL)

Figura 11. Curva da titulação condutimétrica da O-CMQTS. Massa de amostra: 50 mg, temperatura: 25 ºC, titulante: NaOH 0,1 M.

A curva de titulação condutimétrica da forma ácida da O-CMQTS é

dividida em três regiões: a primeira, em que há um decréscimo nos valores de

condutividade, corresponde à neutralização dos grupamentos NH3+ presentes

no polímero na forma ácida; a segunda refere-se à neutralização dos

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

50

grupamentos COOH e a terceira corresponde à adição dos íons Na+ e OH-. A

diferença entre os pontos de inflexão no fim e no início da neutralização do

COOH é empregada para o cálculo do grau de carboximetilação (DEBRASSI,

2011). Sendo assim, o grau de carboximetilação obtido através da diferença

dos pontos de inflexões foi de 19,20%. Este valor encontra-se abaixo dos

valores obtidos a derivados carboximetilados da quitosana anteriormente

através do mesmo método de síntese, cujos valores de carboximetilação se

situam entre 20 e 30% (CHEN; PARK, 2003; ROSA, 2008; SANTOS, 2010) e

mais recentemente, 44,31%, relatado por Debrassi, 2011. Esta diferença

implica a necessidade de caracterização para cada lote de derivado

sintetizado.

Outro método analítico complementar empregado para este derivado (O-

CMQTS) foi a técnica de espectroscopia no infravermelho, muito utilizada na

síntese orgânica, química farmacêutica, fitoquímica e áreas afins para a

determinação de estruturas químicas durante a identificação de compostos,

pois os espectros de absorção no infravermelho tem origem quando ocorre a

absorção da radiação eletromagnética em frequências correlacionadas à

vibração de ligações químicas de determinados grupos funcionais de uma

molécula. Assim, a condição fundamental para que haja absorção na região do

infravermelho é a existência de uma variação do momento de dipolo elétrico de

uma molécula como consequência da vibração ou rotação dos seus átomos.

(COATES, 2000; DEBRASSI, 2011).

O espectro no infravermelho do derivado carboximetilado da quitosana

(O-CMQTS) pode ser observado na figura 12, abaixo.

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

51

Figura 12. Espectro no infravermelho da O-CMQTS na forma ácida.

No espectro da O-CMQTS é possível verificar a presença de uma banda

na região de 1680 cm-1 (estiramento) correspondente à carbonila (C=O) e uma

banda larga na região de 3020 cm-1 (estiramento) relacionada à ligação O–H,

ambas indicando a presença do grupamento ácido carboxílico, confirmando a

carboximetilação da quitosana. Há também uma banda em 1560 cm-1 atribuída

à deformação angular de N–H dos grupamentos amino livres (NH2); em 1460

cm-1 (deformação) relativa ao grupamento amino protonado (NH3+) e na região

entre 1150 e 900 cm-1 (estiramento) relativas às ligações glicosídicas C–O e C–

O–C (ABREU; CAMPANA-FILHO, 2009; LIU et al., 2009).

5.1.2 Síntese e caracterização da OC-Bz

O derivado anfifílico da quitosana (OC-Bz) foi obtido tendo a quitosana

como polímero de partida, sendo obtido através de uma reação de aminação

redutiva, demostrada na figura 13.

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

52

+HO

NaBH4

O

NOH

O

O CH2COOH

O

NH2OH

O

O CH2COOH

+ H OH

1a etapa

2a etapa

O

NOH

O

O CH2COOH

+O

OH

O

O CH2COOH

N

H

Figura 13. Esquema da síntese do derivado OC-Bz a partir da O-CMQTS

(DEBRASSI, 2011).

No decorrer da síntese da OC-Bz, há a condensação entre o

grupamento amino livre da quitosana e o benzaldeído através do ataque

nucleofílico da amina à carbonila do aldeído e a posterior remoção de água,

formando a imina, também chamada de base de Schiff. A imina, em seguida, é

reduzida utilizando o borohidreto de sódio (NaBH4) como agente redutor. Para

a síntese desse derivado utilizou-se como material de partida 20 g da O-

CMQTS, obtendo-se ao final, 39,5 g do polímero desejado utilizando-se o

método homogêneo, onde a O-CMQTS é dissolvida para a obtenção do seu

derivado, mantendo-se as características de solubilidade.

A figura 14 representa o espectro obtido no infravermelho da OC-Bz, no

qual podem ser observadas as bandas correspondentes ao grupamento ácido

carboxílico, apresentando a banda relativa à carbonila (C=O) em

aproximadamente 1650 cm-1 e um conjunto de bandas em aproximadamente

1450, 1400, 1315 e 1050 cm-1 indicam a inserção do anel aromático na

estrutura do polímero e às ligações glicosídicas C–O e C–O–C (SAJOMSANG

et al., 2008).

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

53

Figura 14. Espectro no infravermelho do derivado OC-Bz.

O espectro da OC-Bz ilustrado na figura 15 apresenta um sinal em 1,82

ppm correspondente aos hidrogênios do grupamento acetamida dos

monômeros residuais de quitina e um sinal em 3,01 ppm relativo ao hidrogênio

que está ligado ao carbono C2 do anel glucosamina. Também apresenta um

grupo de sinais na região entre 3,42 e 3,81 ppm correspondente aos

hidrogênios ligados aos carbonos C3, C4, C5 e C6 do anel glucosamina; outro

grupo de sinais em aproximadamente 4,70 ppm correspondente ao hidrogênio

ligado ao carbono C1 e aos hidrogênios do carbono ligado ao oxigênio do

grupamento carboximetil e ainda, um sinal em 7,28 ppm que corresponde aos

hidrogênios do anel aromático, o que confirma a inserção do grupo benzil na

estrutura do polímero OC-Bz.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

54

Figura 15. Espectro de RMN 1H do derivado OC-Bz em D2O/CD3COOD à temperatura

ambiente.

O grau de substituição encontrado foi de 78,0%, sendo calculado a partir

da área da integral dos sinais em 3,01 ppm referente ao hidrogênio do C2 e

7,28 ppm, sinal referente aos hidrogênios do anel aromático obtidos através do

espectro do derivado OC-Bz.

5.1.3 Síntese e caracterização da QTS-Bz

O derivado benzaldeído da quitosana foi obtido através de uma reação

de aminação redutiva, semelhante ao processo empregado para a obtenção do

seu derivado anfifílico (OC-Bz), citado e descrito anteriormente e apresentado

na figura 16 abaixo. A reação de aminação permite o aumento da

hidrofobicidade do derivado obtido.

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

55

+HO

NaBH4

O

NOH

O

OH

O

NH2OH

O

OH

+ H OH

O

NOH

O

OH

+O

OH

O

OH

N

H

1a etapa

2a etapa

Figura 16. Esquema da síntese do derivado benzilado da QTS.

Para a síntese da QTS-Bz, 30 g de quitosana foram utilizadas como

material de partida, resultando em um rendimento final de 38,5 g.

A caracterização do material sintetizado foi determinada através dos

métodos de titulação pontenciométrica, para quantificar os grupamentos NH2

livres; espectroscopia no infravermelho (IV) e ressonância magnética nuclear

de H1 (RMN H1).

A figura 17 apresenta os dados obtidos pela titulação potenciométrica do

derivado benzilado da quitosana (QTS-Bz) ilustrando simultaneamente a curva

de titulação de pH versus volume de NaOH gasto e a curva da primeira

derivada da mesma titulação.

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

56

10 20 30 40 50 60

2

4

6

8

10

12

50,5

Volume de NaOH (mL)

pH

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

43,0

∆pH

/∆V

Figura 17. Curva de titulação potenciométrica da QTS-Bz. Massa do sólido: 200 mg, concentração do NaOH 0,118 M.

A porcentagem de grupamentos NH2 livres da quitosana encontrada

através da aplicação da equação 4 e dos pontos de inflexão obtidos foi de

71,24%. A quitosana livre apresenta %NH2 livres de 84%, indicando que o grau

de substituição foi 13% desse grupamento pelo anel aromático do benzaldeído

empregado durante a reação de aminação.

O espectro da QTS-Bz (figura 18) apresentou bandas características

desse polímero. A região entre 3080 cm-1 refere-se ao estiramento O-H; a

região próxima 3080 cm-1 é atribuída ao estiramento C-O do carbono

tetraédrico; os picos entre 1415 e 1360 cm-1 estão relacionados ao estiramento

e a vibração do anel glicosídico e em aproximadamente 1680 cm-1 e um

conjunto de bandas em aproximadamente 1130, 1072, 990 e 940 cm-1

indicando a inserção do anel aromático na estrutura do polímero

(SAJOMSANG et al., 2008; MARTINS, 2008).

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

57

Figura 18. Espectro no infravermelho do derivado QTS-Bz.

O espectro de RMN de H1 do derivado benzilado da quitosana

apresentou picos característicos visualizados na figura 19, como um sinal em

1,93 ppm correspondente aos hidrogênios do grupamento acetamida dos

monômeros residuais de quitina; 3,05 ppm referente ao hidrogênio ligado ao

carbono C2 do anel glicosídico; sinais na região entre 3,64 e 3,79 ppm

correspondente aos hidrogênios ligados aos carbonos C3, C4, C5 e C6 do

anel; um grupo de sinais em aproximadamente 4,70 ppm correspondente ao

hidrogênio ligado ao carbono C1 e um sinal em 7,38 ppm relativo aos

hidrogênios do anel aromático, confirmando novamente a inserção do grupo

benzil na estrutura do polímero.

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

58

Figura 19. Espectro de RMN 1H do derivado QTS-Bz em D2O/CD3COOD à

temperatura ambiente.

O grau de substituição encontrado para a QTS-Bz foi de 28,60 %, sendo

calculado a partir da área da integral dos sinais em 3,05 ppm referente ao

hidrogênio do C2 e 7,38 ppm, sinal referente aos hidrogênios do anel

aromático.

5.1.4 Preparação do material magnético inorgânico (Fe3O4/ γγγγ-Fe2O3)

As partículas magnéticas inorgânicas são compostas por uma mistura de

γ-Fe2O3 e Fe3O4 e foram obtidas através do método de coprecipitação dos íons

férricos (Fe3+) e ferrosos (Fe2+) em meio aquoso básico na razão de 2:1

(Fe3+:Fe2+).

A caracterização magnética das partículas compreende a análise do teor

de ferro, o comportamento magnético, avaliando como as partículas se

comportarão frente à aplicação de um campo magnético e a saturação

magnética que avalia até que ponto o aumento da intensidade do campo

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

59

magnético não mais interfere no aumento da magnetização do material

(DEBRASSI, 2011).

A obtenção das partículas magnética seguiu a metodologia utilizada por

Debrassi (2011) apresentando rendimento final de 28 g de material magnético,

valores de saturação magnética em torno de 54,4 emu/g e teor de ferro igual a

49,80 %. O comportamento magnético das partículas sintetizadas foi

comprovado através da indução do posicionamento das mesmas na direção de

um campo magnético externo.

5.2 Extração do óleo

O óleo total proveniente do processo de extração apresentou coloração

amarelada conforme pode ser observado na figura 20 e odor característico de

material oleoso, com rendimento de 58,2% obtido a partir de 350 g de

sementes trituradas e a densidade encontrada foi de 0,93 g/mL, determinada

por picnometria.

Figura 20. Óleo extraído das sementes da Aleurites moluccana.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

60

5.3 Preparação das esferas magnéticas de alginato/cálcio com

derivados da quitosana

É bem conhecido, da literatura, que ao gotejar uma solução de alginato

numa solução contendo íons cálcio, ocorre imediatamente à formação de gotas

de alginato/cálcio, devido ao processo de reticulação do tipo “caixa-de-ovos”

(RUTH, 1999). Posteriormente, esta esferas são mantidas em contato com uma

solução de polímero (OC, OC-Bz e QTS-Bz) para formar uma camada devido

as interações eletrostáticas entre os grupos -OOC-R do alginato e R-NH3+ dos

derivados. Finalmente o contato com uma solução de glutaraldeido induz o

endurecimento da camada externa devido à reação de reticulação entre os

grupos -NH2 e as carbonilas do aldeído (reação de formação de base de Schiff)

(CHAND et al, 2009; SATYARTHI, SRINIVAS, RATNASAMY, 2009).

Todas as esferas preparadas apresentaram forma arredondada, e

superfície lisa, a coloração levemente amarela, muda para preto dependendo

da quantidade de material magnético no seu interior, Figura 21. O diâmetro

médio das esferas foi de 2,3 ± 0,2 mm não sendo dependente do polímero que

a recobria nem do conteúdo de material magnético. As esferas secas

apresentaram forma levemente achatada com diâmetro médio de 0,75 ± 0,12

mm.

Figura 21. Esferas magnéticas de QTS-Bz 500.

A capacidade de intumescimento das esferas foi determinada pela

quantidade de água aprisionada durante o processo de formação das esferas.

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

61

Na Tabela 1 são mostrados os valores da quantidade de água e porcentagem

de intumescimento, obtida através da quantificação da massa das esferas

antes e depois do processo de secagem.

Tabela 1: Quantidade de água e percentagem de intumescimento das esferas

com diferentes polímeros.

Esfera * Peso da capsulas

úmidas (g)

Peso da capsulas

secas (g)

% de

intumescimento

OC 250 0,3792 0,0152 96,1

OC 500 0,8658 0,061 93,2

QTS-Bz 250 2,3955 0,0811 96,6

QTS-Bz 500 2,1485 0,0628 97,0

OC-Bz 250 2,1082 0,0683 96,7

OC-Bz 500 2,5170 0,1590 93,7

QTS-Bz 2,4570 0,09189 96,0

QTS-Bz 250

s/enzima

2,1070 0,0541 97,6

* As letras se referem ao tipo de polímero e os números á quantidade de material magnético.

Os resultados mostram que a quantidade de água incorporada pelas

cápsulas não muda com o tipo de polímero, quantidade de material magnético

ou presença de enzima. A quantidade de água encontrada, neste trabalho está

muito próxima daqueles relatados na literatura (JEGANNATHAN, CHAN,

RAVINDRA, 2009).

A eficiência de imobilização da lípase nas esferas foi monitorada através

da quantificação de proteína no meio reacional após a separação das esferas.

A quantidade de proteína encontrada no material enzimático foi de 1,46 g/L.

Em todos os casos não foi identificada proteína livre, no meio, após o

processo de imobilização. Portanto conclui-se que a lipase inicialmente

adicionada na solução de alginato ficou imobilizada nas esferas. Este processo

é o resultado do próprio aprisionamento durante a formação da esfera ou

durante a etapa de reticulação com o glutaraldeído (reação entre os grupos

NH2 da proteína, do polímero e carbonilas do aldeído). Este segundo processo

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

62

é muito utilizado para imobilizar enzimas em suportes contendo grupos NH2

(CHAND et al, 2009; SATYARTHI, SRINIVAS, RATNASAMY, 2009).

Outra possibilidade de imobilização da lípase são as interações não

especificas entre a proteína e os polímeros, tais como interações hidrofóbicas

(parte hidrofóbica da proteína e os grupos aromáticos) e eletrostáticas (grupos

que são protonados NH2 ou –COOH tanto dos polimeros quanto da proteína).

A eficiência na imobilização, neste sistema, é muito maior quando

comparado com dados sobre a imobilização da lípase em esferas k-

carragenina (42 %) (JEGANNATHAN, CHAN, RAVINDRA, 2009), em esferas

de estireno/divinilbenzeno (36,8 %) (YÜCEL et al, 2011).

5.4 Reação de esterificação com ácido láurico

A taxa de conversão do ácido láurico em éster está associada a diversos

fatores que incluem o tempo de reação, a quantidade de catalisador

empregado, o tipo de álcool, o solvente utilizado, o modo de armazenamento

do catalisador, temperatura; os quais tem influência no curso da esterificação.

Estes efeitos foram estudados e os resultados são mostrados abaixo

5.4.1 Efeito do tipo de biocatalisador

As esferas contendo a lípase foram recobertas com três tipos de

polímeros, um com característica hidrofílica (O-carboximetilquitosana), outro

com característica hidrofóbica (N-benzilquitosana) e finalmente um com

característica anfifilica (O-carboximetilquitosana-N-benzilada). Também foram

preparadas esferas contendo diferentes quantidades de material magnético. A

presença deste material está associada á facilidade de remoção do meio

reacional utilizando um separador magnético como pode ser visualizado na

figura 22. Entretanto a sua presença não pode reduzir a atividade enzimática

ou desativar totalmente. Normalmente a reação de esterificação catalisada pela

enzima depende da quantidade de água presente no meio reacional, neste

estudo, a água não foi adicionada ao meio, uma vez que há quantidade

suficiente de água no sistema.

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

63

Figura 22. Efeito magnético das esferas com derivados da quitosana.

Neste experimento a quantidade de esferas foi mantida constante em

2,0 g o que corresponde a aproximadamente 125 µL de lípase ou 180 µg de

proteína.

Para avaliar o efeito do tipo de polímero e da quantidade de material

magnético, utilizou-se a reação de esterificação clássica empregando o ácido

láurico e o álcool butílico (R1), com algumas modificações descritas na

metodologia (ZAIDAN et al., 2010).

Lipase CH3(CH2)10COOH + CH3CH2CH2CH2OH � CH3(CH2)10COOCH2CH2CH2CH3 + H2O (R1)

Na Tabela 2 são mostradas as taxas de conversão do ácido láurico

empregando os diferentes biocatalisadores. Pode ser observado que as

esferas preparadas com a OC não produziram o éster, mostrando que o

processo de preparação das esferas resultou na desativação da lipase, uma

vez que, como mencionado acima não foi detectado proteína livre no meio

reacional. No caso da OC o polímero apresenta em sua estrutura grupos NH2

livre e COOH que podem estar interagindo com os grupos NH2 e COOH da

proteína, comprometendo o sítio ativo, a desativação de enzima através de

interações eletrostática tem sido documentada na literatura (CHAND et al,

2009; SATYARTHI, SRINIVAS, RATNASAMY, 2009). A partir destas

observações, as esferas preparadas com a OC foram descartadas do restante

do trabalho.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

64

As esferas preparadas com o polímero hidrofóbico apresentaram taxa de

conversão bem superior àqueles preparados com polímero anfifílico. A

presença do anel aromático protege os sítios ativo da enzima, melhorando a

taxa de conversão. A lipase imobilizada está na sua forma “aberta” e é

estabilizada pelos grupos hidrofóbicos. A proteção da atividade enzimática de

lipase imobilizada em suportes hidrofóbicos é descrita na literatura (CHEN et al,

2012; JIANG et al, 2009).

As esferas preparadas com OC-BZ (anfifílico) apresentaram atividade,

entretanto, a taxa de conversão foi inferior às esferas preparadas com QTS-Bz.

A presença dos grupos carboximetil provavelmente interage com algum sitio

ativo da lipase, mas a presença dos grupos aromáticos também, de certa forma

protege a enzima. Este comportamento pode ser atribuído a heterogeneidade

do polímero que pode apresentar regiões hidrofóbicas e hidrofílicas distribuídas

de forma aleatória em sua estrutura.

Os dados da Tabela 2 também mostram que a presença do material

magnético tem grande influência na taxa de conversão, isto pode ser

observado quando os valores são comparados com aqueles obtidos para as

esferas sem o material. Como foi mencionado anteriormente, a intenção da

adição era somente para melhorar o processo de separação da enzima

imobilizada, do meio reacional. Entretanto a presença do material magnético

melhorou muito o desempenho do biocatalisador quando comparado com

aquele sem este material, cuja taxa de conversão foi de apenas 17 % nas

mesmas condições reacionais em 72 h de reação.

Não foi obervado uma tendência para os resultados, no caso do QTS-Bz

ocorre uma relação direta entre a taxa de conversão. No caso da OC-Bz foi

observado o comportamento oposto sendo que após 72 h a taxa de conversão

diminui aproximadamente 50 % quando OC-Bz 500 foi utilizada. Uma provável

explicação pode ser a interação entre o material magnético e os polímeros

utilizados na preparação das esferas, permitindo que a lipase permaneça na

forma mais ativa, sendo apenas confinada nestas esferas, sem

comprometimento dos sítios ativos.

Para esclarecer se o material magnético apresentava atividade catalítica,

um experimento foi conduzido empregando esferas preparadas com QTS-Bz

250 sem a lipase, nas mesmas condições. Os resultados obtidos mostraram

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

65

que o material magnético não tem a capacidade de catalisar a esterificação do

ácido láurico na ausência da enzima.

Como esperado, a taxa de conversão apresentada pela enzima livre é

muito superior àqueles preparados com a enzima imobilizada. O processo de

imobilização, seja ele qual for, provoca alteração no comportamento catalítico

das enzimas, podendo ser devido a bloqueio ou comprometimento dos sítios

ativos ou mudanças na conformação da enzima.

De acordo com as informações mostradas na revisão bibliográfica, a

dificuldade da utilização da lipase livre está relacionada principalmente com o

elevado custo, portanto a sua remoção, recuperação e reutilização quando está

no meio reacional são condições essenciais para o emprego na síntese de

ésteres de cadeia longa em grande escala. Desta forma a relação custo

beneficio entre taxa de conversão e reutilização deve ser levada em conta no

processo.

Tabela 2: Efeito do biocatalisador sobre a taxa de conversão (%) de

esterificação do ácido láurico. (Condições da reação: 2 g de esferas, 0,2 g de

ácido láurico, 0,074 mL de álcool butílico em 30 mL de hexano, temperatura 25

° C).

Tempo de reação (horas)

Esferas 24 48 72 144

Lipase livre 83,1% 96,7% 98,5% *

QTS-Bz NR 7% 17% 24% 1

OC 250 NR NR NR NR

OC 500 NR NR NR NR

QTS-Bz 250 35,2% 86,0% 92,6% 92,6%

QTS-Bz 250 sem

enzima NR NR NR NR

QTS-Bz 500 44,5% 50% 55,6% 51,9%

OC-Bz 250 16,7% 20,4% 35,2% 70,4%

OC-Bz 500 21,3% 38,9% 50% 68,6%

* - dados não coletados; NR - onde não houve conversão do ácido; 1- 96 hrs.

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

66

A esterificação, assim como a transesterificação são reações reversíveis

e a taxa de reação aumenta inversamente com a acumulação dos produtos

formados. Dessa forma a taxa de conversão obtida deve diminuir com o passar

do tempo, apesar de poder ser prolongada com o objetivo de se obter a

conversão completa do ácido em éster (GANESAN; RAJENDRAN;

THANGAVELU, 2009).

Os dados fornecidos pela Tabela 2 também estão relacionados com a

taxa de conversão em função do tempo reação. Para as esferas preparadas

com QTS-Bz a conversão máxima ocorre após 72 h sendo que em 48 h é

atingido 80 % da conversão máxima, independentemente da quantidade de

partículas magnéticas. Para a QTS-Bz sem material magnético o éster foi

detectado apenas após 48 h (segunda análise) e atinge a conversão máxima

no último período analisado. No caso da OC-Bz a taxa de conversão vai

aumentando com o tempo de reação, também atinge a conversão máxima

após 144 h, tempo limite do estudo. Na maioria dos dados da literatura o tempo

de aumento no tempo de contato entre o biocatalisador e o meio reacional tem

como resultado o aumento na taxa de conversão dos ácidos de cadeia longa

(CHAND et al, 2009; SATYARTHI, SRINIVAS, RATNASAMY, 2009).

Durante o tempo de estudo, não foi obervado a reversão da reação de

esterificação (hidrólise do éster) apenas com a QTS-Bz 500 foi encontrado uma

taxa de conversão um pouco abaixo após 144 h quando comparado com a taxa

máxima obtida.

5.4.2 Efeito do processo de armazenamento das esferas na reação de

esterificação do ácido láurico.

O processo de armazenamento geralmente tem efeito sobre a atividade

catalítica das enzimas imobilizadas. Nesta etapa do trabalho, as esferas

contendo lipase foram congeladas à -6 °C e armazenadas durante 24 h.

Posteriormente as esferas foram descongelas e utilizadas nas reações de

esterificação, empregando as mesmas condições utilizadas para as esferas

armazenadas no refrigerador. Os resultados são mostrados na Tabela 3.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

67

Tabela 3: Efeito do processo de armazenamento das esferas (congelamento)

sobre a taxa de conversão (%) de esterificação do ácido láurico. (Condições da

reação: 2 g de esferas, 0,2 g de ácido láurico, 0,074 mL de álcool butílico em

30 mL de hexano, temperatura 25 ° C).

Tempo de reação (horas)

Esferas Congeladas 24 48 72 144

QTS-Bz 250 12,1% * 46,3% 51,9%

QTS-Bz 500 NR * 38,9% 57,5%

OC-Bz 250 7,5% * 42,6% 55,6%

OC-Bz 500 26% * 57,5% 63%

* - dados não coletados; NR - onde não houve conversão do ácido

A taxa de conversão foi bem menor, para todas as esferas, quando

comparado com o experimento utilizando as esferas armazenadas no

refrigerador. Este comportamento se mantém mesmo quando os experimentos

são estendidos para 144 hrs. A presença de água no interior das esferas é

fundamental para a atividade da lipase (JIKE et al, 2008), o processo de

congelamento altera este ambiente, com provável expulsão da água para o

exterior das esferas.

Outra série de experimentos foi realizada com capsulas desidratadas, o

processo de desidratação foi conduzido mantendo as esferas em refrigerador,

mas sem proteção durante 48 hrs. Os resultados mostraram que após o

processo e desidratação todas as esferas perderam a atividade, não sendo

observada nenhuma conversão do ácido láurico. Portanto para o restante dos

experimentos foram utilizadas esferas armazenadas no refrigerador.

Outro experimento relacionado com o processo de armazenamento foi

conduzido para determinar a estabilidade dos biocatalisadores. As esferas

foram mantidas, no meio reacional, em refrigerador a 4°C durante 7 meses,

sendo em seguida utilizadas na reação de esterificação, empregado o método

padrão. Os resultados mostraram que a taxa de conversão diminui em torno de

42 % quando comparada com a taxa inicial, entretanto esta redução está

dentro dos valores normalmente encontrados na literatura (MICHAUX et al,

2010.)

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

68

5.4.3 Efeito da quantidade de esferas

Neste experimento a quantidade de esferas foi modificada para avaliar o

seu efeito sobre a taxa de conversão do ácido láurico. Foram escolhidas

quantidades de esferas inferiores àquelas empregadas na primeira etapa do

trabalho. Sistemas reacionais preparados com diferentes quantidades de

esferas (0,10, 0,25, 0,5, 1,0 e 2,0 g) foram mantidos nas mesmas condições

anteriores, fixando o tempo máximo de reação em 72 horas.

Os resultados do efeito da quantidade de biocatalisador na taxa de

conversão são mostrados na Tabela 4. Como pode ser observada, a

quantidade de esferas, de lipase imobilizada, tem influência da taxa de

conversão. Em quase todos os sistemas estudados, a redução na quantidade

de esferas provocou a diminuição da taxa de conversão, sendo que para

quantidades muito pequenas de esferas não ocorreu nenhuma reação.

Vários estudos mostram que o aumento na quantidade de enzima

durante o processo de imobilização ou o aumento da quantidade de

biocatalisador no sistema reacional provoca o acréscimo na taxa de conversão

ou na atividade enzimática. Também são relatadas situações na qual ocorre

uma saturação do sistema, ou seja, todo o substrato está ligado no sitio

enzimático (KARRA-CHÂABOUNIA et al, 2008) neste trabalho esta situação

não foi observada, pois foi adotado 2,0 g de esferas como limite.

Também de acordo com a literatura a quantidade de enzima tem

influência no tempo necessário para atingir a máxima taxa de conversão

(RONDHANE et al, 2011). Este comportamento é mais visível para as esferas

de QTS-Bz 250 que atinge 74 % da máxima taxa de conversão em 72 hrs para

1,0 g de as esferas e 92,6 % para 2,0 g de esferas, contudo este

comportamento é observado para as outras esferas.

Como a redução na quantidade de esferas diminui muito a atividade da

lipase foi mantida a quantidade de 2,0 g de esferas para o restante do trabalho.

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

69

Tabela 4: Efeito da quantidade de biocatalisador sobre a taxa de conversão

(%) do ácido láurico (Condições da reação: 0,2 g de ácido láurico, 0,074 mL de

álcool butílico em 30 mL de hexano, temperatura 25 ° C).

QTS-Bz 250

Tempo de reação (horas)

Quantidade de esferas (g) 24 48 72

0,10 NR * *

0,25 NR * *

0,50 7% * *

1,00 7% 51% 74%

2,00 35,2% 86% 92,6%

QTS-Bz 500

0,10 19% * *

0,25 NR * *

0,50 7% * *

1,00 7% 54% 64%

2,00 44,5% 50% 55,6%

OC-Bz 250

0,10 13% * *

0,25 11% * *

0,50 13% * *

1,00 13% 20% 14%

2,00 16,7% 20,4% 35,2%

OC-Bz 500

0,10 13% * *

0,25 11% * *

0,50 13% * *

1,00 13% 20% 14%

2,00 21,3% 38,9% 50%

(* - dados não coletados) (NR - onde não houve conversão do ácido)

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

70

5.4.4 Efeito da temperatura de reação

O efeito da temperatura sobre a taxa de conversão do ácido láurico nos

diferentes biocatalisadores foi avaliado na faixa de 25-55 °C, utilizando o álcool

butílico como substrato. Os dados são mostrados na Tabela 5, e o

comportamento variou muito dependendo do tipo de esfera utilizada.

De modo geral, o aumento da temperatura acima de 35 °C provoca uma

redução na taxa de conversão do ácido láurico. Os resultados mostraram que

dependendo da esfera utilizada, o aumento da temperatura do meio para 55 °C

pode provocar uma redução de até 58 % na taxa de conversão máxima,

considerando 72 h de reação, como, por exemplo, o QTS-Bz 250. Estes

resultados estão de acordo com a literatura mostrando que a temperatura ótima

para a atividade catalítica da lipase livre, fica em torno de 35-37 °C (KARRA-

CHÂABOUNIA et al, 2008).

Alguns autores mostram também que existe a possibilidade do processo

de imobilização aumentar a estabilidade térmica da lipase, protegendo a

enzima da degradação térmica devido as restrições na conformação tornando-

a mais rígida, aumentando, desta forma, o número de sítios ativos (KHARRAT

et al, 2011; RONDHANE et al, 2011).

Entretanto, neste trabalho não foram observadas diferenças nos valores

da taxa de conversão para a enzima livre, com o aumento da temperatura. O

aumento da temperatura, os experimentos conduzidos a 35 ° tiveram uma taxa

de conversão de 83,1 % em 24 h de reação, quando a temperatura foi mantida

em 55° a taxa de conversão ficou em 82,1 % no mesmo tempo de reação.

No presente estudo, pode ser observado que nas esferas contendo 500

mg de material magnético a taxa de conversão foi alterada apenas levemente

quando a temperatura do meio aumentou para 45 °C. Este comportamento é

muito importante para a aplicação dos biocatalisadores na síntese de biodiesel

utilizado como substrato óleos de cozinha reciclado ou de oleaginosa, pois o

aumento da temperatura diminui a viscosidade do óleo favorecendo a reação.

O aumento da temperatura, do meio reacional, acima de 50 °C deve ser

evitado, principalmente em reações contendo solventes, pois ocorre a

evaporação do solvente (DALLA-VECCHIA et al, 2005).

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

71

Tabela 5: Efeito da temperatura do meio reacional sobre a taxa de conversão

(%) do ácido láurico (Condições da reação: 2 g de esferas, 0,2 g de ácido

láurico, 0,074 mL de álcool butílico em 30 mL de hexano).

QTS-Bz 250

Tempo de Reação (hs)

Temperatura (°C) 24 48 72 96 144

25 35% 86% 92% * 92%

35 37% 40% 56% * *

45 56% 45% 54% 49% *

55 13% 22% NR * *

QT-Bz 500

25 44% 50% 55% * 52%

35 24% 37% 37% * *

45 40% 43% 54% 67% *

55 16% 16% 16% * *

OC-Bz 250

25 17% 20% 35% * 70%

35 32% 46% 46% * *

45 20% 7% 31% 30% *

55 NR NR NR * *

OC-Bz 500

25 21% 39% 50% * 68%

35 62% 73% 70% * *

45 51% 52% 67% 64% *

55 21% 16% 25% * *

Lipase livre

35 83,1% 96,7% 98,2% * *

55 82,1% * * * *

(* - dados não coletados) (NR - onde não houve conversão do ácido)

5.4.5 Efeito do tipo de álcool

O efeito do tipo de álcool (comprimento da cadeia, primário, secundário,

terciário, linear ou ramificado, aromático) sobre a taxa de conversão do ácido

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

72

láurico, foi avaliado, em todos os casos a relação estequiométrica mostrada na

R1 foi obedecida. Foram utilizadas as esferas QTS-Bz 500 mg, QTS-Bz 250 e

OC-Bz 500 e os resultados da taxa de conversão são mostrados nas Tabelas

6 e 7.

Tabela 6: Efeito do álcool sobre a taxa de conversão (%) do ácido láurico, a quantidade de álcool equivale 1,0 mmol (Condições da reação: 2 g de esferas, 0,2 g de ácido láurico, 30 mL de hexano, temperatura 25 ° C).

QTS-Bz 500

Tempo de reação (horas)

Álcool 24 48 72

metílico 6,9% * 12,8%

etílico 22,8% * 60%

propílico 45,5% 66% 71,9%

isopropílico 13,7% 9,1% 3,7%

butílico 63,7% * 78,2%

isobutílico 50,0% 75,0% 81,9%

t-butílico NR NR NR

amílico 29,6% 29,6% 50%

hexanol 31,9% 52,3% 63,7%

ciclo hexanol 4,6% * 9,1%

benzílico 70,5% * 80%

octanol 22,8% 27,3% 49,1%

esteárico 66% * 92,8%

QTS-BZ 250

Álcool 24 48 72

n-propílico 39,9% 51,9% 59,3%

n-butílico 20,4% 37,1% 50,1%

esteárico 16,7% 11,2% 11,2%

(* - dados não coletados) (NR - onde não houve conversão do ácido)

Para os alcoóis de cadeia linear, os resultados mostram que o

comprimento da cadeia tem influência na taxa de conversão, sendo menor para

o metanol, considerando a análise após 24 h.

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

73

A taxa de conversão vai aumentando à medida que o número de

carbonos na cadeia aumenta, sendo maior taxa de conversão foi atingida com

álcool butílico diminuindo a partir de álcoois com 5 carbonos, com exceção do

álcool esteárico que apresentou taxa de conversão máxima de 92,8% com as

esferas de QTS-Bz 500 e atividade reduzido para as esferas QTS-Bz 250 e

OC-Bz 500. Este comportamento pode ser atribuído à partição do álcool entre a

fase orgânica (hexano) e o meio contendo a enzima. A presença dos grupos

hidrofóbicos nas esferas distribui igualmente o álcool nos dois ambientes. Este

resultado fica mais evidente para álcool benzílico. Resultados semelhantes

foram relatados na literatura (ZHOU et al, 2001).

Por outro lado, o aumento da cadeia diminui a intensidade do ataque

nucleofílico do álcool diminuído a sua reatividade, e tendo como consequência

a diminuição da taxa de conversão (ZAIDI et al 2002).

A taxa de conversão também depende da estrutura do álcool. Quando

são comparados os valores da taxa de conversão dos alcoóis primário com

secundário ou terciário observa-se uma redução nos valores, isto é atribuído ao

impedimento estérico (BRUNO et al, 2004). Para o álcool t-butílico não foi

observado a formação do éster em nenhum dos sistemas estudados.

Para avaliar e efeito no tipo de álcool com a quantidade de material

magnético, foram realizados experimentos utilizando como substrato apenas

alcoóis primário com diferentes números de carbonos e a QTS-Bz 250. Os

resultados mostraram que os valores das taxas de conversão seguem o

mesmo comportamento daquelas observada anteriormente sendo

consideravelmente menores quando comparadas com os valores da QTS-Bz

500.

A comparação entre os tipos de polímeros e os alcoóis empregados

como substrato, foram avaliados utilizando esferas de OC-Bz 500, os dados

são mostrados na Tabela 7. Também neste caso foi observado o mesmo

comportamento, apenas os valores das taxas de conversão são menores

quando comparados com aqueles observados para a QTS-Bz 500.

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

74

Tabela 7: Efeito do álcool sobre a taxa de conversão (%) do ácido láurico, a

quantidade de álcool equivale 1,0 mmol (Condições da reação: 2 g de esferas,

0,2 g de ácido láurico, 0,074 mL de álcool butílico em 30 mL de hexano,

temperatura 25 ° C).

OC-Bz 500

Tempo de reação (horas)

Álcool 24 48 72

metílico 21,3% * NR

etílico 12,1% * NR

propílico 35,2% 58,4% 51,9%

isopropílico 12,1% 21,3% 9,3%

butílico 53,8% * 85,2%

isobutílico 53,8% 63,2% 59,3%

t-butílico NR NR NR

amílico 21,3% 63% 37,1%

hexanol 16,7% 39,9% 27,8%

ciclo hexanol 12,1% * NR

benzílico 35,2% * 26%

octanol 21,3% 21,3% 14,9%

esteárico 21,3% * NR

(* - dados não coletados; NR - onde não houve conversão do ácido)

5.4.6 Efeito do solvente

O uso de enzimas em meio orgânico é de grande interesse uma vez que

permite fazer reações de esterificação que são muito difíceis de ocorrer em

meio aquoso devido a reação de hidrólise que geralmente ocorre. Contudo, é

sabido que a atividade da lipase depende muito do solvente escolhido para o

meio reacional, pois pode provocar a desnaturação da enzima, mudar a

conformação pelo rompimento de ligações de hidrogênio e interações

hidrofóbicas, tendo como resultado a diminuição a sua atividade ou a

desativação completa (KHARRAT et al, 2011).

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

75

Para avaliar o efeito do solvente na taxa de conversão do ácido láurico

as reações de esterificação foram conduzidas em diferentes solventes,

empregando como substrato o álcool butílico, temperatura 35 °C.

Tabela 8: Efeito do tipo solvente utilizado na reação de esterificação sobre a

taxa de conversão (%) do ácido láurico (Condições da reação: 2 g de esferas,

0,2 g de ácido láurico, 0,074 mL de álcool butílico, temperatura 25 ° C).

QTS-Bz 500

Tempo de reação (horas)

Solvente 24 48 72 144

hexano 44,5% 50% 55,6% 51,9%

tolueno 7,5% 2,8% NR 16,7%

ciclohexano 53,8% 81,5% 81,5% 79,7%

diclorometano NR NR NR NR

QTS-Bz 250

hexano 16,7% 20,4% 35,2% 70,4%

tolueno NR NR NR NR

ciclohexano NR 2,8% 13% 27,6%

diclorometano NR NR NR NR

OC-Bz 500

hexano 21,3% 38,9% 50% 68,6%

tolueno NR * 74,1% 2,8%

ciclohexano 39,9% * 55,6% 61,2%

diclorometano NR * 55,6% NR

(* - dados não coletados; NR - onde não houve conversão do ácido)

De acordo com a literatura solventes com log P<2,0 promovem a reação

com pequenas taxa de conversão, por outro lado log P>3,0 apresentam

elevada taxa de conversão (DALLA-VECCHIA et al 2005; JIKE et al, 2008).

Este comportamento pode ser atribuído ao fato de que solventes muito polares

podem reduzir a quantidade de água ligada ao sitio ativo da lipase diminuindo a

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

76

sua atividade catalítica. Por outro lado solventes apolares aumentam a

solubilidade o substrato favorecendo a reação (SHU et al, 2006).

Os solventes empregados neste estudo apresentaram valores de log P

hexano (3,5), cilcohexano (3,2) tolueno (2,5) e diclorometano (1,5). Os

resultados da taxa de conversão são mostrados na Tabela 8. O comportamento

relacionado com a taxa de conversão encontrados neste trabalho está de

acordo com a literatura. Como esperado os valores das taxas de conversão

para o tolueno e diclorometano foram menores quando comparado com hexano

e ciclohexano.

5.4.7 Reutilização do biocatalisador

Do ponto de vista econômico, a reutilização dos catalisadores é

fundamental quando se pretende aplicar a produção de ésteres em grande

escala. No caso de biocatalisadores esta etapa é crucial devido ao elevado

custo das enzimas. Para testar a possibilidade de reutilização das esferas

contendo lipase foram realizados 13 ciclos de síntese do éster e lavagem das

esferas com hexano. Em todas as etapas foram empregadas as mesmas

condições reacionais empregadas nos estudos prévios, como substrato foi

escolhido a álcool butílico e as esferas de OC-Bz 500, os experimentos foram

conduzidos a 35 °C, o tempo de reação foi fixado em 24 h.

Na Figura 23 são mostrados os valores da taxa de conversão em função

do número de ciclos síntese/purificação, e como pode ser observado não há

diferença nas taxas de conversão da primeira etapa em torno de 65 % e da

décima terceira etapa.

Estes resultados mostram que as esferas podem ser reutilizadas sem

perder a atividade catalítica, ou seja, a lipase está confinada nas esferas e não

é liberada para o meio reacional durante a reação ou durante o processo de

remoção e purificação. Portanto, esta é a principal vantagem quando

comparada com a enzima livre (83 %), que apesar de apresentar maior taxa de

conversão não pode ser reutilizada.

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

77

Figura 23. Gráfico dos ciclos de reutilização do biocatalisador com OC-Bz 500.

Os resultados encontrados neste trabalho estão de acordo com dados

da literatura. Li Chen e Tan (2011) relatam comportamento semelhante quando

a manutenção da atividade catalítica de lipase imobilizada em membranas. Em

alguns casos são superiores, quando comparado com aqueles descritos na

literatura para reações de esterificação, utilizado lipase imobilizada, como por

exemplo, em suportes sintéticos, com decréscimo de até 96 % após cinco

ciclos, quando comparado com a atividade inicial (GUILLÉN, BENAIGES,

VALERO, 2012).

5.5 Produção de ésteres de cadeia longa

A atividade das esferas magnéticas contendo lipase, em relação a

produção de ésteres de cadeia longa (biodiesel), foi testada monitorando a

reação de esterificação do óleo de Aleurites moluccana com metanol em

sistema livre de solvente. Foram escolhidas as esferas que apresentaram

melhores resultados nas reações de esterificação do ácido láurico (QTS-Bz 250

e OC-Bz 500) também foram realizados experimentos com a QTS-Bz sem ferro

e enzima livre.

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

78

As reações foram conduzidas de acordo com a literatura (YANG, SOHN,

KIM, 2009), a razão molar metanol:óleo foi mantida constante em 1:10 e a

quantidade de esferas utilizadas foi de 2,0 g, tempo de reação 72 hrs e

temperatura de 35°C. O processo de adição do metanol foi modificado, sem

que em uma série a quantidade de metanol equivalente foi adicionada em uma

única etapa e em outra série a quantidade foi adicionada em três etapas uma a

cada 12 hrs. A reação de esterificação foi monitorada através de CCD e o

rendimento da reação foi calculado a partir dos dados de RMN (CHAND et al,

2009).

Na Figura 24 é mostrada uma placa de CCD para a reação de

esterificação do óleo de A. mollucana e do meio reacional após 24 horas. A

presença do éster pode ser observado na placa pela marca marrom com o Rf

de aproximadamente 0,75 cm acima da mancha atribuída ao óleo que

apresenta Rf de aproximadamente 0,58 cm.

Figura 24. Placa de CCD da reação de transesterificação com óleo da Aleurites

moluccana, utilizando hexano:acetona:ácido acético (95:5:0,05) como fase móvel e

ácido sulfúrico 10% como revelador.

O espectro de RNM 1H para uma amostra do produto da reação (figura

25) apresentou picos característicos sendo que a região entre 0,88 e 1,00 ppm

representa os hidrogênios referentes aos grupos metílicos terminais; entre 1,25

e 1,30 ppm aos hidrogênios ligados aos carbonos da cadeia principal; entre

2,28 e 2,33 ppm aos hidrogênios do grupo α-metileno do éster e em 3,66 ppm

referente aos hidrogênios do grupo metoxi nos éteres metílicos de ácido graxos

formados (SATYARTHI, SRINIVAS, RATNASAMY, 2009).

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

79

Figura 25. Espectro de RMN 1H do éster em D2O/CD3COOD à temperatura ambiente.

Os sinais relevantes escolhidos para o cálculo da taxa de esterificação do

óleo foram o singleto dos grupos metoxi em 3,66 ppm e o tripleto entre 2,28 e

2,33 referente aos prótons do grupo α-metileno presentes em todos os

derivados de triglicerídeos. A conversão foi calculada diretamente a partir das

áreas integradas desses dois sinais aplicando a equação 6 de conversão

(CHAND et al, 2009; SATYARTHI, SRINIVAS, RATNASAMY, 2009).

A taxa de esterificação do óleo a A. mollucana em relação às esferas

utilizadas são mostradas na Tabela 9. Os valores mostram que a taxa da

conversão da enzima livre é superior àquelas obtidas para a lipase imobilizada,

este comportamento segue aquele observado para a esterificação do ácido

láurico.

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

80

Tabela 9: Efeito da adição do álcool em uma única etapa e em três etapas na

reação de transesterificação sobre a taxa de conversão (%) do óleo (Condições

da reação: 2 g de esferas, 5,0 g de óleo, 0,500 mL ou 3 x 0,150 mL de álcool

metílico em 30 mL de hexano, temperatura 35 ° C).

Adição de metanol

Esferas Única etapa Três etapas

QTS-Bz 250 17,9% 38,0%

QTS-Bz NR 9,0%

OC-Bz 500 54,0% 45,2%

Enzima livre 59,5% 62,2%

Óleo de cozinha usado (QTS-Bz 250) 11,2% *

Óleo de cozinha usado (OC-Bz 500) 7,5% *

Óleo de oliva (QTS-Bz 250) 2,8% *

(* - dados não coletados; NR - onde não houve conversão do ácido)

Quando são comparadas as diferentes esferas, contendo o material

magnético a taxa de conversão comporta-se de maneira diferente. Para a

esterificação do óleo, o valor máximo de conversão, considerando uma única

etapa de adição do metanol, e 72 h de reação, foi obtido para a OC-Bz 500,

comportamento contrário ao observado para a esterificação do ácido láurico,

cujo maior taxa de conversão foi obtida com a QTS-Bz 250. A diferença pode

estar relacionada com a mudança do substrato, os ácidos graxos presentes no

óleo são de cadeia longa ou a ausência do solvente.

Também na esterificação do óleo, as esferas preparadas sem o material

magnético não apresentaram a taxa de conversão estando de acordo com o

comportamento observado para a esterificação do ácido láurico.

A adição do metanol em três etapas provocou alteração significativa nos

valore da taxa de conversão para as esferas utilizadas. De acordo com a

literatura um dos fatores limitantes da reação de esterificação de ácidos graxos

de cadeia longa é falta de solubilidade dos dois substratos, no presente caso o

metanol é pouco solúvel no óleo, resultando numa interface que dificulta o

processo de síntese, (GAGNON, VASUDEVAN, 2011) ou pode inibir a

atividade da lipase (JIKE et al, 2008).

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

81

Portanto uma das maneiras de evitar tal problema é a adição de álcool

em etapas, evitando o excesso momentâneo do álcool. Os resultados

mostrados na Tabela 9 estão de acordo com o que é relatado. Alguns estudos

mostram o efeito da adição do metanol no processo de produção do biodiesel

como, por exemplo, o aumento na conversão de 46 % par 84 % de rendimento

utilizando uma e três etapas de adição do metanol empregando lipase

imobilizadas em fibra têxtil (JIKE et al, 2008). Outro exemplo é o aumento na

taxa de conversão de óleo de cozinha reciclado e óleo de oliva empregando

enzima livre e enzima imobilizada, neste caso o efeito foi do número de etapas

de adição do metanol foi mais pronunciada nas enzimas imobilizadas, com

aumento de até 80 % na taxa de conversão quando três etapas foram

empregadas (YANG, SOHN, KIM, 2009). No presente estudo este

comportamento também foi observado uma vez que para a enzima livre as

taxas de conversão ficaram em 59,5 e 65,3 % para a adição do metanol em

uma e três etapas respectivamente.

Os dados de conversão encontrados nos experimento, após 72 h de

reação, quando esferas contendo material magnético, na faixa de 38 % - 45%

aparentemente são baixo quando comparados com a literatura em geral.

Entretanto, numa análise mais detalhada, no qual a taxa de conversão é

relacionada com a quantidade de proteína utilizada para a conversão do óleo, a

comparação com dados da literatura mostram que o biocatalisador apresenta

eficiência semelhante.

As esferas utilizadas contêm aproximadamente 180 µg de proteína e a

relação enzima imobilizada/óleo é de 36 µg/g com taxa de conversão entre 38 -

45%. Recentemente foi publicado um trabalho no qual a relação proteína/óleo

variou de 450 µg/g á 1000 µg/g e a taxa de conversão obtida variou de 80-100

% (MENDES et al, 2012). Em outro estudo a lipase imobilizada em um sistema

gel-sol é utilizada na relação enzima imobilizada/óleo de 550 µg/g resultando

numa taxa de conversão de 40% (MEUNIER, LEGGE, 2012). Quando a lipase

foi imobilizada em gel de quitosana-alginato a taxa de conversão ficou próximo

de 80 % para uma relação proteína imobilizada/óleo de 183 µg/g, (MENDES et

al, 2010).

A taxa de conversão do óleo encontrada neste trabalho é de 175 (mg de

óleo/mg de proteína imobilizada) para as esferas de OC-Bz 250, bem

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

82

próxima daquelas encontradas para a síntese do biodiesel a partir do óleo de

babaçu utilizando lipase imobilizada em polihidroxibutirato, que ficou entre 110-

388 (mg de óleo/mg de proteína imobilizada) dependendo da lipase (MENDES

et al, 2012), para lipase imobilizada em sistemas sol-gel a taxa de conversão

foi 29-120 (mg de óleo/mg de proteína imobilizada) (MEUNIER, LEGGE, 2012)

ou para lipase imobilizada em gel de quitosana/alginato 51,7 (mg de óleo/mg

de proteína imobilizada) (MENDES et al, 2010).

Na tabela 9 também são mostrados os valores da taxa de conversão de

outros dois tipos de óleo (óleo de oliva extra-virgem e óleo de cozinha usado),

foram empregadas as mesmas condições de reação, sendo que o metanol foi

adicionado numa única etapa e empregando as esferas contendo o material

magnético. Como pode ser observada, a taxa de conversão do óleo da A.

moluccana é bem superior aquelas obtidas para os outro dois substrato. A

redução na taxa de conversão pode ser atribuída á diferença na composição do

óleo utilizado.

No caso da utilização do óleo de cozinha usado, a elevada acidez e a

presença de água foram indicados como fatores para a diminuição da taxa de

conversão (YANG, SOHN, KIM, 2009), Um alternativa para melhorar a

eficiência do catalisador, neste caso, e fazer um pré-tratamento do substrato,

entretanto deve ser levado em conta a relação custo-benefício para a obtenção

do biodiesel economicamente viável.

5.5.1 Reutilização das esferas

O estudo de reutilização das esferas, na reação de esterificação do óleo

da A. moluccana foi feito empregando as esferas OC-Bz 500, as mais

eficientes, empregando uma única etapa de adição do metanol e tempo de

reação de 24 h. A cada reação, as esferas foram removidas, com auxilio de um

imã, lavadas com hexano e novamente colocadas no meio reacional.

A taxa de conversão relativa foi calculada tendo como base a primeira

etapa. Os resultados mostram que ocorre uma perda da atividade das esferas

na primeira reutilização com relação aos experimentos realizados com 72 h de

reação. Entretanto nas outras duas etapas de reutilização ocorrem uma

alteração significativa, considerando Figura 26. Estes resultados mostraram

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

83

que as esferas podem ser reutilizadas sem perdas significativas da atividade

catalítica. São encontrados relatos na literatura uma de até 80 % na taxa de

esterificação de óleos (YÜCEL et al, 2011).

Figura 26. Gráfico dos ciclos de reutilização do biocatalisador com OC-Bz 500 na

reação de transesterificação do óleo da A. moluccana.

Segundo a literatura, normalmente a perda da atividade enzimática está

associada á liberação da enzima, ao bloqueio dos sítios de ativos da enzima

provocado pela produção de glicerol ou mudanças da conformação da lipase

(WENLEI, NING, 2010). No sistema utilizado neste estudo a lipase fica

confinada na esfera, portanto perda da enzima para o meio como motivo para a

redução da atividade foi descartada, a mudança conformacional da enzima

também pode ser descartada pelo mesmo motivo. Portanto a provável causa

da perda da atividade é o bloqueio dos sítios ativo da lipase.

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

84

6 CONCLUSÃO

A O-CMQTS apresentou grau de carboximetilação de 19,2 %, OC-Bz

apresentou grau de substituição de 78,0 % QTS-Bz apresentou grau de

substituição 71,2 %.

O material magnético apresentou comportamento magnético indicado

pela indução de um campo magnético externo.

As esferas contendo a lipase e partículas magnéticas apresentaram

diâmetro de 2,3 ± 0,2 mm, que manteve sua atividade enzimática e

propriedades magnéticas.

As esferas apresentaram taxa de conversão do ácido láurico (padrão)

em torno de 83,1 % em 24 hr e 98,5 %.

As esferas magnéticas sintetizadas com OC-Bz e QTS-Bz apresentaram

taxas de conversão máxima durante a reação de esterificação do ácido láurico

de 70,4 % e 92,6 %, respectivamente, independentemente da quantidade de

ferro empregada.

A taxa de conversão apresentou uma redução em relação à quantidade

de ésteres formados em temperatura superiores à 35 °C.

A maior taxa de conversão foi atingida com álcool butílico, 63,7 % e

benzílico, 70,5 %.

Os solventes com logP acima de 3,0 apresentaram maior taxa de

conversão, pois apresentam menos polaridade favorecendo a reação.

As esferas magnéticas OC-Bz 500 foram reutilizadas 13 vezes,

mantendo a taxa de conversão em torno de 60 % durante as repetições. Esses

resultados indicam que as esferas são eficientes e que podem ser reutilizadas

inúmeras vezes sem perder seu potencial catalítico, favorecendo o processo

economicamente.

O óleo da Aleurites moluccana, utilizado para a reação de

transesterificação, foi extraído e apresentou rendimento final de 52,8 %.

A reação de transesterificação com o óleo da Aleurites moluccana foi

acompanhada através da análise de placas de CCD, apresentando uma

mancha referente aos ésteres sintetizados com Rf 0,75 cm.

Page 85: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

85

A taxa de conversão máxima de 62,2 % para a enzima livre, 54,0 % para

a OC-Bz 500 e 38,0 % para QTS-Bz 250, independente da forma de adição do

álcool.

As esferas mostram a manutenção da atividade em trono de 80 % após

a reutilização por três etapas.

Foi possível comprovar a eficiência do sistema biocatalítico em relação à

obtenção de ésteres de cadeia longa através das taxas de conversão do ácido

láurico e do óleo da Aleurites moluccana, bem como a manutenção da

atividade das enzimas após várias reutilizações nas reações de esterificação e

transesterificação. Os resultados demostram que a imobilização do material

biológico na esfera de quitosana e alginato não impediu estericamente os sítios

ativos da lipase, favorecendo a atividade catalítica quando em contato com os

substratos. O processo de imobilização também permitiu a reutilização do

sistema sem decaimento significativo nas taxas de conversão, comprovando a

eficácia da metodologia de imobilização utilizada, a reticulaçãoda quitosana

com alginato e cálcio.

O material magnético foi adicionado ao sistema catalítico com o objetivo

de facilitar a retirada do mesmo da solução, porém foi possível perceber que

pode existir alguma interferência deste componente durante a conversão dos

ésteres. A análise deste comportamento, em pesquisas futuras, pode vir a

explicar as variações das taxas de conversão obtidas, visando uma contínua

otimização do sistema.

Page 86: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, F. R.; CAMPANA-FILHO, S. P. Characteristics and properties of

carboxymethylchitosan. Carbohydrate Polymers, v. 75, p. 214-221, 2009.

AKO, H.; KONG, N.; BROWN, A. Fatty acids profiles of kukui nut oils over time

and from different sources. Industrial Crops and Products, v. 22, p. 169-174,

2005.

AZAM, M. B.; WARIS, A.; NAHAR, N. M. Prospects and potencial of fatty acid

methyl ester of some non-traditional seed oil for use as biodiesel in India.

Biomass and Bioenergy, v. 29, p.293-302, 2005.

BADENES, S. M.; LEMOS, F.; CABRAL, J. M. S. Transesterification of oil

misture catalyzed by microencapsulated cutinase in reversed micelles.

Biotechnology Letters, v. 32, p. 399-403, 2010.

BISEN, P. S.; SANODIYA, B. S.; THAKUR, G. S.; BAGHEL, R. K.; PRASAD, G.

B. K. S. Biodiesel production with special emphasis on lipase-catalyzed

transesterification. Biotechnology Letters, v. 32, p. 1019-1030, 2010.

BRESSAN, C. Preparação e caracterização de filmes de O-

carboximetilquitosana e derivado benzilado. 2009. 66 f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Farmácia, Universidade do Vale

do Itajaí, Itajaí, 2009.

BROUSSSIGNAC, P. Um haault polymère naturel peu connu dans I’industries

le chitosane. Chimie et Industrie-Genie Chimique, v.99, p.1211-1247, 1970.

BRUNO, L. M.; LIMA-FILHO, J. L.; MELO, E. H. M.; CASTRO, H. F. Ester

synthesis catalyzed by Mucor miehei lipase immobilized on magnetic

polysiloxane-polyvinyl alcohol particles. Applied Biochemistry

Biotechnology, v. 113, p. 189-199, 2004.

Page 87: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

87

CASU, B.; GENNARO, U. A conductimetric method for the determination of

sulphate and carboxyl groups in heparin and other mucopolysaccharides.

Carbohydrate Research, v. 39, p. 168-176, 1975.

CHAIBAKHSH, N.; RAHMAN, M. B. A.; BASRI, M.; SALLEH, A. B.; RAHMAN,

R. N. Z. R. A. Effect of alcohol chain length on the optimum conditions for

lipase-catalyzed synthesis of adipate esters. Biocatalysis and

Biotransformation, v. 27, p. 303-308, 2009.

CHAND, P.; REDDY, C. V.; VERKADE, J. G.; WANG, T.; GREWELL, D.

Thermogravimetric quantification of biodiesel produced via alkali catalyzed

transesterification of soybean oil. Energy Fuels, v. 23, p. 989-992, 2009.

CHEN, B.; YIN, C.; CHENG, Y.; LI, W.; CAO, Z. A.; TAN, T. Using silk woven

fabric as support for lipase immobilization: The effect of surface hydrophilicity/

hydrophobicity on enzymatic activity and stability. Biomass and Bioenergy, v.

39, p. 59–66, 2012.

CHEN, L.; DU, Y.; ZENG, X. Relationships between the molecular structure and

moisture-absorption and moisture-retention abilities of carboxymethyl chitosan II

– Effect of degree of deacetylation and carboxymethylation. Carbohydrate

Research, v. 338, p. 333-340, 2003.

CHEN, X.; PARK, H. Chemical characteristics of O-carboxymethyl chitosans

related to the preparation conditions. Carbohydrate Polymers, v. 53, p. 355-

359, 2003.

CHIOU, S.; WU, W. Immobilization of Candida rugosa lipase on chitosan with

activation of the hydroxyl groups. Biomaterials, v. 25, p. 197-204, 2004.

COATES, J. Interpretation of infrared spectra, a practical approach. In: MEYER,

R. A. Encyclopedia of Analytical Chemistry. Chichester: John Wiley & Sons,

2000. p. 10815-10837.

Page 88: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

88

DA RÓS, P. C. M.; SILVA, G. A. M; MENDES, A. A.; SANTOS, J. C.; CASTRO,

H. F. Evaluation of the catalytic properties of Burkholderia cepacia lipase

immobilized on non-commercial matrices to be used in biodiesel synthesis from

different feedstocks. Bioresource Technology, v. 101, p. 5508-5516, 2010.

DALLA-VECCHIA, R; NASCIMENTO, M. G.; SOLDI, V. Aplicações sintéticas

de lipases imobilizadas em polímeros. Química Nova, v. 27, p. 623-630, 2004.

DALLA-VECCHIA, R.; SEBRÃO, D.; NASCIMENTO, M. G.; SOLDI, V.

Carboxymethylcellulose and poly (vinyl alcohol) used as a film support for

lipases immobilization. Process Biochemistry, v. 40, p. 2677-2682, 2005.

DEBRASSI, A. Preparação de matrizes anfifílicas utilizando a O-

carboximetilquitosana para posterior aplicação como sistemas de

liberação de fármacos. 2008. 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação) – Curso de Farmácia, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2008.

DEBRASSI, A. Síntese e caracerização de nanopartículas magnéticas de

derivados da quitosana para aplicação como sistemas de liberação de

indometacina. 2011. 129 f. Dissertação (Mestrado) – Mestrado Acadêmico em

Ciências Farmacêuticas, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2011.

DEMIRBAS, A. Biodiesel from waste cooking oil via base-catalytic and

supercritical methanol transesterification. Energy Conversion and

Management, v. 50, p. 923-927, 2009.

DENG, H. T.; WANG, J. J.; MA, M.; LIU, Z. Y.; ZHENG, F. Hydrophobic surface

modification of chitosan gels by stearyl for improving the activity of immobilized

lipase. Chinese Chemical Letters, v. 20, p. 995-999, 2009.

DENKBAS, E. B.; KILIÇAY, E.; BIRLIKSEVEN, C.; ÖZTÜRK, E. Magnetic

chitosan microspheres: preparation and characterization. Reactive and

Functional Polymers, v. 50, p. 225-232, 2002.

DUSSAN, K. J.; CARDONA, C. A.; GIRALDO, O. H.; GUTIÉRREZ, L. F.;

PÉREZ, V. H. Analysis of a reactive extraction process for biodiesel production

Page 89: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

89

using a lipase immobilized on magnetic nanostructures. Bioresource

Technology, v. 101, p. 9542-9549, 2010.

FINOTELLI, P. V.; DA SILVA, D.; SOLA-PENNA, M.; ROSSI, A. M.; FARINA,

M.; ANDRADE, L. R.; TAKEUCHI, A. Y.;ROCHA-LEÃO, M. H. Microcapsules of

alginte/chitosan containing magnetic nanoparticles for controlled release of

insulin. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 81, p. 206-211, 2010.

GAGNON, M. D.; VASUDEVAN, P. T. Effects of solvent and enzyme source on

transesterification activity. Energy and Fuels, v. 25, p. 4669-4674, 2011.

GHIACI, M.; AGHAEI, H.; SOLEIMANIAN, S.; SEDAGHAT, M. E. Enzyme

immobilization: Part 1. Modified bentonite as a new and efficient support for

immobilization of Candida rugosa lipase. Applied Clay Science, v. 43, p. 289-

295, 2009.

GANESAN, D.; RAJENDRAN, A.; THANGAVELU, V. An overview on the recent

advances in the transesterification of vegetable oils for biodiesel production

using chemical and biocatalysts. Reviews in Environmental Science and

Biotechnology, v. 8, p. 367-394, 2009.

GAO, S.; WANG, Y.; WANG, T.; LUO, G.; DAI, Y. Immobilization of lipase on

methyl-modified silica aerogels by physical adsorption. Bioresource

Technology, v. 100, p. 996-999, 2009.

GASEROD, O.; JOLLIFFE, I. G.; HAMPSON, F. C., DETTMAR, P. W.; SKJAK-

BRAEK, G. The enhancement of the bioadhesive properties of calcium alginate

gel beads by coating with chitosan. International Journal of Pharmaceutics,

v. 175, p. 237-246, 1998.

GUILLÉN, M.; BENAIGES, M. D.; VALERO, F. Biosynthesis of ethyl butyrate by

immobilized recombinant Rhizopus oryzae lipase expressed in Pichia pastoris.

Biochemical Engineering Journal, v. 65, p. 1-9, 2012.

Page 90: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

90

GUO, Z.; CHEN, R.; XING, R.; LIU, S.; YU, H.; WANG, P.; LI, C.; LI, P. Novel

derivatives of chitosan and their antifungal activities in vitro. Carbohydrate

Research, v. 341, p. 351-354, 2005a.

GUO, Z.; XING, R.; LIU, S.; YU, H.; WANG, P.; LI, C.; LI, P. The synthesis and

antioxidant activity of the Schiff bases of chitosan and carboxymethyl chitosan.

Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 15, p. 4600-4603, 2005b.

HARDING, K. J.; DENNIS, J. S.; VON BLOTTNITZ, H.; HARRISON, S. T. L. A

life-cycle comparison between inorganic and biological catalysis for the

production of biodiesel. Journal of Cleaner Production, v. 16, p. 1368-1378,

2007.

HAYYAN, M.; MJALLI, F. S.; HASHIM, M. A; ALNASHEF, I. M. A novel

technique for separating glycerine from palm oil-based biodiesel using ionic

liquids. Fuel Processing Technology, v. 91, p. 116-120, 2010.

HELWANI, Z.; OTHMAN, M. R.; AZIZ, N.; FERNANDO, W. J. N.; KIM, J.

Technologies for production of biodiesel focusing on green catalytic techniques:

A review. Fuel Processing Technology, v. 90, p. 1502-1514, 2009.

HU, B.; PAN, J.; YU, H.; LIU, J.; XU, J. Immobilization of Serratia marcescens

lipase onto amino-functionalized magnetic nanoparticles for repeated use in

enzymatic synthesis of Diltiazem intermediate. Process Biochemistry, v. 44, p.

1019-1024, 2009.

JEGANNATHAN, K. R.; CHAN, E. S.; RAVINDRA, P. J. Design an Immobilized

Lipase Enzyme for Biodiesel Production. Journal of Molecular Catalysis B:

Enzymatic, vol. 58, p. 78-83, 2009.

JEGANNATHAN, K. R.; JUN-YEE, L.; CHAN, E.; RAVINDRA, P. Production of

biodiesel from palm oil using liquid core lipase encapsulated in k-carrageenan.

Fuel, v. 89, p. 2272-2277, 2010.

Page 91: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

91

JIANG, D.; LONG, S.; HUANG, J.; XIAO, H.; ZHOU, J. Immobilization of

Pycnoporus sanguineus laccase on magnetic chitosan microspheres.

Biochemical Engineering Journal, v. 25, p. 15-23, 2005.

JIANG, Y.; GUO, C.; XIA, H.; MAHMOOD, I.; LIU, C.; LIU, H. Magnetic

nanoparticles supported ionic liquids for lipase immobilization: Enzyme activity

in catalyzing esterification. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v.

58, p. 103-109, 2009.

JIKE, L.; KAILI, N.; FANG, W.; TIANWEI, T. Immobilized lipase Candida sp. 99-

125 catalyzed methanolysis of glycerol trioleate: Solvent effect. Bioresource

Technology, v. 99, p.6070-6074, 2008.

JUAN, J. C.; KARTIKA, D. A.; WU, T. Y.; HIN, T. Y. Biodiesel production from

jatropha oil by catalytic and non-catalytic approaches: An overview.

Bioresource Technology, v. 102, p. 452-460, 2011.

JUNG, S.; PARK, Y.; PARK, K. Effects of environmental conditions and

methanol feeding strategy on lipase-mediated biodiesel production using

soybean oil. Biotechnology and Bioprocess Engineering, v. 15, p. 614-619,

2010.

KAEWPRAPAN, K.; INPRAKHON, P.; MARIE, E.; DURAND, A. Enzymatically

degradable nanoparticles of dextran esters as potential drug delivery systems.

Carbohydrate Polymers, v. 88, p. 875-881, 2012.

KARRA-CHÂABOUNIA, M.; BOUAZIZB, I.; BOUFIB, S.; BOTELHO DO

REGOC, A. M.; GARGOURI, Y. Physical immobilization of Rhizopus oryzae

lipase onto cellulose substrate: Activity and stability studies. Colloids and

Surfaces B: Biointerfaces, v. 66, p. 168-177, 2008.

KHARRAT, N.; ALI, Y. B.; MARZOUK, S.; GARGOURI, Y. T.; KARRA-

CHÂABOUNIA, M. Immobilization of Rhizopus oryzae lipase on sílica aerogels

by adsorption: Comparison with the free enzyme. Process Biochemistry, v.

45, p. 1083-1089, 2011.

Page 92: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

92

KRAJEWSKA, B. Application of chitin- and chitosan- based materials for

enzyme immobilizations: a review. Enzyme and Microbial Technology, v. 35,

p. 126-139, 2004.

LEE, D.; PONVEL, K. M.; KIM, M.; HWANG, S.; AHN, I.; LEE, C. Immobilization

of lipase on hydrophobic nano-sized magnetite particles. Journal of Molecular

Catalysis B: Enzymatic, v. 57, p. 62-66, 2009.

LEI, L.; BAI, Y.; LI, Y.; YI, L.; YANG, Y.; XIA, C. Study on immobilization of

lipase onto magnetic microsphere with epoxy groups. Journal of Magnetism

and Magnetic Materials, v. 321, p. 252-258, 2009.

LEUNG, D. Y. C.; WU, X.; LEUNG, M. K. H. A review on biodiesel production

using catalyzed transesterification. Applied Energy, v. 87, p. 1083-1095, 2010.

LI, G. Y.; JIANG, Y. R.; HUANG, K. L.; DING, P.; YAO, L. L. Kinetics of

adsorption of Saccharomyces cerevisiae mandelated dehydrogenase on

magnetic Fe3O4-chitosan nanoparticles. Colloids and Surfaces A:

Physicochemical and Engineering Aspects, v. 320, p. 11-18, 2008.

LI, N. W.; ZONG, M. H.; WU, H. Highly efficient transformation of waste oil to

biodiesel by immobilized lipase from Penicillium expansum. Process

Biochemistry, v. 44, p. 685-688, 2009.

LI, Q.; ZHENG, J.; YAN, Y. Biodiesel preparation catalyzed by compound-lipase

in co-solvent. Fuel Processing Technology, v. 91, p. 1229-1234, 2010.

LI, W.; CHEN, B.; TAN, T. Comparative study of the properties of lipase

immobilized on nonwoven fabric membranes by six methods. Process

Biochemistry, v. 46, p. 1358-1365, 2011.

LIU, T. Y.; CHEN, S. Y.; LIM, Y. L.; LIU, D. M. Synthesis and characterization of

amphiphatic carboxymethyl-hexanoyl chitosan hydrogel: water-retention ability

and drug encapsulation. Langmuir, v. 22, p. 9740-9745, 2006.

Page 93: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

93

LIU, K. H.; CHEN, B. R.; CHEN, S. Y.; LIU, D. M. Self-assembly behavior and

doxorubicin-loading capacity of acylated carboxymethyl chitosans. Journal of

Physical Chemistry B, v. 113, p. 11800-11807, 2009.

MARTINS, P. C.; PRADO, A. G. S. Quitosana como catalisador na

transesterificação do óleo de soja para produção de biodiesel. 2008. 48 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação) – Pós-Graduação em

Química, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

MENDES, A. A.; CASTRO, H. F.; RODRIGUES, D. S.; ADRIANO, W. S.;

TARDIOLI, P. W.; MAMMARELLA, E. J.; GIORDANO, R. C.; GIORDANO, R. L.

C. Multipoint covalente immobilization of lipase on chitosan hybrid hydrogels:

influence of the polyelectrolyte complex type and chemical modification on the

catalytic properties of the biocatalysts. Journal of Industrial Microbiology and

Biotechnology, v. 38, p. 1055-1066, 2010.

MENDES, A. A.; OLIVEIRA, P. C.; VÉLEZ, A. M.; RIORDANO, R. C.;

GIORDANO, R. L. C.; CASTRO, H. F. Evaluation of immobilized lipases on

poly-hydroxybutyrate beads to catalyze biodiesel synthesis. International

journal of biological macromolecules, v. 50, p. 503-511, 2012.

MEUNIER, S. M.; LEGGE, R. L. Evoluation of diatomaceous earth supported

lipase sol-gels as a medium for enzymatic transesterification of biodiesel.

Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v. 77, p. 92-97, 2012.

MICHAUX, F.; ZOUMPANIOTI, M.; PAPAMENTZELOPOULOU, M.; STÉBÉ, M.

J.; BLIN, J. L.; XENAKIS, A. Immobilization and activity of Rhizomucor miehei

lipase. Effect of the matrix properties prepared from nonionic fluorinated

surfactants. Process Biochemistry, v. 45, p. 39-46, 2010.

MLADENOVSKA, K.; CRUAUD, O.; RICHOMME, P.; BELAMIE, E.; RAICKI, R.

S.; VENIER-JULIENNE, M. –C.; POPOVSKI, E.; BENOIT, J. P.;

GORACINOVA, K. 5-ASA loaded chitosan-Ca-alginate microparticles:

Preparation and physicochemical characterization. International Journal of

Pharmaceutics, v. 345, p. 59-69, 2007.

Page 94: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

94

MOSER, B. R.; VAUGHN, S.F. Evaluation of alkyl esters from Camelina sativa

oil as biodiesel and as blend components in ultra low-sulfur diesel fuel.

Bioresource Technology, v. 101, p. 646-653, 2010.

MUZZARELLI, R. A. A.; TANFANI, F.; EMANUELLE, M.; MARIOTTI, S. N. N-

(carboxymethylated) chitosans: novel chelating polyamopholytes obtained from

chitosan glyoxylate. Carbohydrate Research, v. 107, p. 199-214, 1982.

ORREGO, C. E., SALGADO, N., VALENCIA, J. S., GIRALDO, G. I., GIRALDO,

O. H., CARDONA, C. A. Novel chitosan membranes as support for lipases

immobilization: Characterization aspects. Carbohydrate Polymers, v. 79, p. 9-

16, 2010.

POLAT, T.; LINHARDT, R. J. Syntheses and applications of sucrose-based

esters. Journal of Surfactants and Detergents, v. 4, p. 415-421, 2001.

RABEA, E. I.; BADAWY, M. E.; ROGGE, T. M.; STEVENS, C. V.; HÖFTE, M.;

STEURBAUT, W.; SMAGGHE, G. Insecticidal and fungicidal activity of new

synthesized chitosan derivatives. Pest Management Science, v. 61, p. 951-

960, 2005.

REBELO, A. M. Síntese de ésteres, em meio orgânico, catalisada por

lipase (palatase M), encapsulada em gel de quitosana. 1998, 68f. Trabalho

de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Farmácia, Universidade do

Vale do Itajaí, Itajaí, 1998.

RINAUDO, M. Chitin and chitosan: properties and applications. Progress in

Polymer Science, v. 31, p. 603-632, 2006.

RODRIGUES, D. S.; MENDES, A. A.; ADRIANO, W.S.; GONÇALVES, L. R. B.;

GIORDANO, R. L. C. Muitpoint covalent immobilization of microbial lipase on

chitosan and agarose activated by different methods. Journal of Molecular

Catalysis B: Enzymatic, v. 51, p. 100-109, 2008.

RODRIGUES, R. Síntese de biodiesel através de transesterificação

enzimática de óleos vegetais catalisada por lipase imobilizada por ligação

Page 95: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

95

covalente multipontual. 2009, 183f. Tese de Doutorado (Pós-Graduação) –

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

RONDHANE, I. B. B.; ROMDHANE, Z. B.; GARGOURI, A.; BELGHITH, H.

Esterification activity and stability of Talaromyces thermophilus lipase

immobilized onto chitosan. Journal of Moecular Catalysis B: Enzymatic, v.

68, p. 230-239, 2011.

ROSA, T. R. O. Obtenção de derivados anfifílicos da O-

carboximetilquitosana e aplicação no aumento da solubilidade de fármaco

pouco solúvel. 2008. 124 f. Dissertação (Mestrado) – Mestrado Acadêmico em

Ciências Farmacêuticas, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2008.

RUTH, M. L. Preparação e caracterização de micropartículas de quitosana-

alginato. 1999. 154 f.Dissertação (Mestrado) – Mestrado Acadêmico em

Ciências Farmacêuticas, Universidade Estdual Paulista Júlio de Mesquita

Filho”, Araraquara, 1999.

SAJOMSANG, W.; TANTAYANON, S.; TANGPASUTHADOL, V.; THATTE, M.;

DALY, W. H. Synthesis and characterization of N-aryl chitosan derivatives.

International Journal of Biological Macromolecules, v. 43, p. 79-87, 2008.

SAMIOS, D.; PEDROTTI, F.; NICOLAU, A.; REIZNAUTT, Q. B.; MARTINI, D.

D.; DALCIN, F. M. A transesterification double step process – TDSP for

biodiesel preparation from fatty acids triglycerides. Fuel Processing

Technology, v. 90, p. 599-605, 2009.

SANTOS, H. H. Utilização da O-carboximetilquitosana e O-

carboximetilquitosana-N-bezil como carreadores de insulina: estudos in

vitro. 2010. 71 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de

Farmácia, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2010.

Page 96: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

96

SANTOS, L. S.; BRUM, M. C. SANTOS, R. B.; LACERDA JR. V.; CASTRO, E.

V. R.; GRECO, S. J.; TOZETTO, L. J.Síntese e Estudo das Propriedades

Físico-Químicas do Biodiesel do Óleo da Nogueira-de-Iguape (Aleurites

moluccana L. Wild.), Livro de Resumo, 32 Reunião Anual da Sociedade

Brasileira de Química, Salvador, 2009.

SATYARTHI, J. K.; SRINIVAS, D.; RATNASAMY, P. Estimation of free fatty

acids content in oils, fats, and biodiesel by 1H NMR spectroscopy. Energy and

Fuels, v. 23, p. 2273-2277, 2009.

SHU, B.; ZHENG, G.; WEI, L.; YAN, S. Resolution of (±)-menthol by

immobilized Candida rugosa lipase on superparamagnetic nanoparticles. Food

chemistry, v. 96, p. 1-7, 2006.

SILVA, D. B; FERNANDES, E. F. A.; FERREIRA, L. S.; CALLEJON, D. R.;

GUARATINI, T.; LOPES, J. N. C.; MEYRE-SILVA, C.; FILHO, V. C.; LOPES, N.

P. Megastigmanes from Aleurites moluccana (L.) Willd. (Euphorbiaceae).

Biochemical Systematics and Ecology, v. 40, p.34-37, 2012.

SILVA, R. B.; NETO, A. F. L.; SANTOS, L. S. S.; LIMA, J.; OLIVEIRA, R.;

CHAVES, M. H.; SANTOS JR, J. R.; LIMA, G. M.; MOURA, E. M.; MOURA, C.

V. R. Catalysts of Cu(II) and Co(II) ions adsorbed in chitosan used in

transesterification of soy bean and babassu oils – A new route for biodiesel

syntheses. Bioresource Technology, v. 99, p. 6793-6798, 2008.

SINGH, S. P; SINGH, D. Biodiesel production through the use of different

sources and characterization of oils and their esters as the substitute of diesel:

A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14, p. 200-216,

2010.

SKORONSKI, E. Estudo cinético da síntese do Octanoato de n-pentila

catalisada pela enzima Lipozyme TL IM. Dissertação (Mestrado) – Mestrado

em Engenharia Química, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis, 2006.

Page 97: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

97

SUKKASI, S.; CHOLLACOOP, N.; ELIIS, W.; GRIMLEY, S.; JAI-IN, S.

Challenges and considerations for planning toward sustainable biodiesel

development in developing countries: Lessons from the Greater Mekong

Subregion. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14, p. 3100-

3107, 2010.

SULISTYO, H.; RAHAYU, S. S.; SUARDJAJA, I. M.; SETIADI, U. H. Crude

Candlenut Oil Ethanolysis to Produce Renewable Energy at Ambient Condition

Proceedings of the World Congress on Engineering and Computer

Science, 2009.

SUN, P.; SUN, J.; YAO, J.; ZHANG, L.; XU, N. Continuous production of

biodiesel from high acid value oils in microstructured reactor by acid-catalyzed

reaction. Chemical Engineering Journal, v. 162, p. 364-370, 2010.

SZÜTS, A.; SZABÓ-RÉVÉSZ, P. Sucrose esters as natural surfactants in drug

delivery systems – A mini-review. International Journal of Pharmaceutics, v.

334, p. 1-9, 2012.

TAHIR, M. N.; ADNAN, A.; MISCHNICK, P. Lipase immobilization on O-

propargyl and O-pentynyl dextrans and its application for the synthesis of click

beetle pheromones. Process Biochemistry, v. 44, p. 1276-1283, 2009.

TAN, T.; LU, J.; NIE, K.; DENG, L.; WANG, F. Biodiesel production with

immobilized lipase: A review. Biotechnology Advances, v. 28, p. 628-634,

2010.

TOMIN, A.; WEISER, D.; HELLNER, G.; BATA, Z.; CORICI, L.; PÉTER, F.;

KOCZKA, B.; POPPE, L. Fine-tuning the second generation sol-gel lipase

immobilization with ternary alkoxysilane precursor systems. Process

Biochemistry, v. 46, p.52-58, 2011.

WANG, Z.; WANG, J.; XU, Z. Immobilization of lipase from Candida rugosa on

electrospun polysulfone nanofibrous membranes by adsorption. Journal of

Molecular Catalysis B: Enzymatic, v. 42, p. 45-51, 2006.

Page 98: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

98

WEN, L.; WANG, Y.; LU, D.; HU, S.; HAN, H. Preparation of KF/CaO

nanocatalyst and its application in biodiesel production from Chinese tallow

seed oil. Fuel, v. 89, p. 2267-2271, 2010a.

WEN, Z.; YU, X.; TU, S.; YAN, J.; DAHLQUIST, E. Synthesis of biodiesel from

vegetable oil with metanol catalyzed by Li-doped magnesium oxide catalysts.

Applied Energy, v.87, p. 743-748, 2010b.

WENLEI, X.; NING, M. Enzymatic transesterification of soybean oil by using

immobilized lipase on magnetic nano-particles. Biomass and Bioenergy, v. 34,

p. 890-896, 2010.

WU, Y.; WANG, Y.; LUO, G.; DAI, Y. Effect of solvents and precipitant on the

properties of chitosan nanoparticles in a water-in-oil microemulsion and its

lipase immobilization performance. Bioresource Technology, v. 101, p. 841-

844, 2010.

WU, Y.; WANG, Y.; LUO, G.; DAI, Y. In situ preparation of magnetic Fe3O4-

chitosan nanoparticles for lipase immobilization by cross-linking and oxidation in

aqueous solution. Bioresource Technology, v. 100, p. 3459-3464, 2009.

YAN, S.; DIMAGGIO, C.; MOHAN, S.; KIM, M.; SALLEY, S. O.; SIMON, K. Y.

N. Advancements in heterogeneous catalysis for biodiesel synthesis. Topics in

Catalysis, v. 53, p. 721-736, 2010.

YANG, G.; WU, J.; XU, G.; YANG, L. Enhancement of the activity and

enantioselectivity of lipase in organic systems by immobilization onto low-cost

support. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v. 57, p. 96-103,

2009.

YANG, K. S.; SOHN, J.; KIM, H. K. Catalytic properties of a lipase from

Photobacterium lipolyticum for biodiesel production containing a high methanol

concentration. Journal of Bioscience and Bioengineering, v. 6, p. 599-604,

2009.

Page 99: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

99

YANG, R.; SU, M.; LI, M.; ZHANG, J.; HAO, X.; ZHANG, H. One-pot process

combining transesterification and selective hydrogenation for biodiesel

production from starting material oh high degree of unsaturation. Bioresource

Technology, v. 101, p. 5903-5909, 2010.

YE, P.; XU, Z.; WU, J.; INNOCENT, C.; SETA, P. Entrusting poly(acrylonitrile-

co-maleic acid) ultrafiltration hollow fiber membranes with biomimetic surfaces

for lipase immobilization. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v. 40,

p. 30-37, 2006.

YI, S.; NOH, J.; LEE, Y. Amino acid modified chitosan beads: improved polymer

supports for immobilization of lipase from Candida rugosa. Journal of

Molecular Catalysis B: Enzymatic, v. 57, p. 123-129, 2009.

YIGITOGLU, M.; TEMOÇIN, Z. Immobilization of Candida rugosa lipase on

glutaraldehyde-activated polyester fiber and its application for hydrolysis of

some vegetable oils. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v. 66, p.

130-135, 2010.

YÜCEL, Y.; DEMIR, C.; DIZGE, N.; KESKINLER, B. Lipase immobilization and

production of fatty acids methyl esters from canola oil using immobilized lipase.

Biomass and Bioenergy, v. 35, p. 1496-1501, 2011.

ZABETI, M.; DAUD, W. M. A. W.; AROUA, M. K. Activity of solid catalysts for

biodiesel production: A review. Fuel Processing Technology, v. 90, p. 770-

777, 2009.

ZAIDAN, U. H.; RAHMAN, M. B. A; BASRI, M.; OTHMAN, S. S.; RAHMAN, R.

N. Z. R. A.; SALLEH, A. B. Silylation of mica for lipase immobilization as

biocatalysts in esterification. Applied Clay Science, v. 47, p. 276-282, 2010.

ZAIDI, A.; GAINER, J. L.; CARTA, G.; MRANI, A.; KADIRI, T.; BELARBI, Y.;

MIR, A. Esterification of fatty acids using nylon-immobilized lipasein n-hexane:

kinetic parameters and chain-length effects. Journal of Biotechnology, v. 93,

p. 209–216, 2002.

Page 100: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Danielle Caroline Cipriani Melo.pdf · magnéticas mais eficientes foram as sintetizadas com OC-Bz 500

100

ZHANG, S.; ZU, Y.; FU, Y.; LUO, M.; ZHANG, D.; EFFERTH, T. Rapid

microwave-assisted transesterification of yellow horn oil to biodiesel using a

heteropolyacid solid catalyst. Bioresource Technology, v. 101, p. 931-936,

2010.

ZHANG, Y.; WEI, W.; LV, P.; WANG, L.; MA, G. Preparation and evoluation of

alginate-chitosan microspheres for oral delivery of insulin. European Journal

of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 77, p. 11-19, 2011.

ZHOU, G. W.; LI, G. Z.; XU, J.; SHENG, Q. Kinetic studies of lipase-catalyzed

esterification in water-in-oil microemulsions and the catalytic behavior of

immobilized lipase in MBGs. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and

Engineering Aspects, v. 194, p. 41-47, 2001.

ZHU, A. P.; FANG, N.; PARK, M. B. C.; CHAN, V. Interaction between O-

carboxymethylchitosan and dipalmitoyl-sn-glycero-3-phosphocholine bilayer.

Biomaterials, v. 63, p. 6873-6879, 2005.

ZIEBA, A.; MATACHOWSKI, L.; GURGUL, J.; BIELANSKA, E.;

DRELINKIEWICZ, A. Transesterification reaction of triglycerides in the

presence of Ag-doped H3PW12O40. Journal of Molecular Catalysis A:

Chemical, v. 316, p. 30-44, 2010.